Apostila Analise Quantitativa RTA

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Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho Disciplina: Gerenciamento de Risco – PARTE 1 Professora: Roberta Nóbrega Torreão de Melo Ementa: Apresentar e discutir aspectos teóricos e práticos sobre gerenciamento de riscos, quando assumi-los com recursos próprios e quando transferi-los para terceiros sob a ótica secundária. Carga Horária: 60 h/a Objetivos Gerais: -Conhecer e interpretar corretamente a natureza dos riscos empresariais; utilizar corretamente as modernas técnicas de análise de riscos. -Saber quando e como fazer um retenção ou transferência de riscos. Objetivos Específicos: -Analisar corretamente os fundamentos matemáticos e administrativos utilizados na avaliação de riscos e perdas. -Ter conhecimento das técnicas básicas de seguro. -Ter condições de planejar e executar um “programa de segurança de sistemas”. Conteúdo Programático: Análise Quantitativa de Riscos (16 horas) – dia 20/07/13 (M e T) e 21/07/13 (M): Fundamentos Matemáticos - Confiabilidade e Álgebra Booleana; Distribuição de Probabilidades; Previsão de Perdas por estatística; Gerência de Riscos (28 horas) – 03/08/2013 (M e T), 04/08/2013 (M), 17/08/2013 (M e T), 18/08/2013 (M), 24/08/2013 (M e T), 25/08/2013 (M): Natureza dos riscos empresariais; Riscos puros e riscos especulativos; Conceituação e evolução histórica; Segurança de sistemas e subsistemas; a empresa como sistema; Identificação e análise de acidentes, Técnica de Incidentes Críticos; Análise de riscos: Análise Preliminar de Riscos, Análise de Modos de falhas, Série de Riscos, Árvores de Falhas, avaliação de riscos; Prevenção e controle de perdas; Planos de emergência; Retenção de riscos: auto adoção e riscos e auto seguro; Transferência de riscos; Noções básicas de seguro; Administração de seguros; Exercício: modelo de um programa de gerenciamento de riscos. Custos de Acidentes (16 horas) 31/08/2013 (M e T) e 01/09/2013 (M): Conceituação de custos; Aspectos legais; A empresa e o custo do acidente; Custo do acidente: composição e importância; Taxa seguro de acidentes do trabalho; Enquadramento tarifário; Encargos sociais e incidência; Cálculo do custo segurado ou direto; Custo não segurado ou indireto; Estimativa de custo de acidentes fora do trabalho. Avaliação: -Execução de exercícios práticos dados em aula. -Prova escrita embasada em questões (sem consulta) ou embasada em casos práticos (com consulta). -Elaboração de um Programa de Gerenciamento de Riscos. 1. Introdução geral Para as antigas civilizações gregas, romanas e judaicas, o privilégio de antever o futuro era um dom destinado apenas aos oráculos e adivinhos que detinham um monopólio sobre todo o conhecimento humano e possuíam a capacidade de realizar previsões sobre possíveis eventos futuros. 08799514692 Porém uma ideia revolucionária que define a fronteira entre os tempos modernos e o passado foi a capacidade do ser humano em pensar, analisar e tomar suas próprias decisões e assumir as responsabilidades pelas consequências, fazendo com que o futuro da humanidade deixasse de ser um fruto do capricho dos deuses. O processo racional de enfrentar riscos mostrou ao mundo como compreender, medir e avaliar suas consequências, convertendo o ato de correr riscos em dos principais catalisadores do desenvolvimento. No mundo de hoje, sabe-se que com exceção da existência de impostos e da imutabilidade das leis fundamentais do universo, a única coisa realmente previsível é que tudo se modifica no decorrer do tempo. A disciplina de Gerenciamento de Risco está intimamente ligada aos conceitos de "Qualidade e Competitividade", que vem sendo difundidos e empregados por um número cada vez maior de empresas que

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Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho Disciplina: Gerenciamento de Risco – PARTE 1 Professora: Roberta Nóbrega Torreão de Melo Ementa: Apresentar e discutir aspectos teóricos e práticos sobre gerenciamento de riscos, quando assumi-los com recursos próprios e quando transferi-los para terceiros sob a ótica secundária. Carga Horária: 60 h/a Objetivos Gerais: -Conhecer e interpretar corretamente a natureza dos riscos empresariais; utilizar corretamente as modernas técnicas de análise de riscos. -Saber quando e como fazer um retenção ou transferência de riscos. Objetivos Específicos: -Analisar corretamente os fundamentos matemáticos e administrativos utilizados na avaliação de riscos e perdas. -Ter conhecimento das técnicas básicas de seguro. -Ter condições de planejar e executar um “programa de segurança de sistemas”. Conteúdo Programático: Análise Quantitativa de Riscos (16 horas) – dia 20/07/13 (M e T) e 21/07/13 (M): Fundamentos Matemáticos - Confiabilidade e Álgebra Booleana; Distribuição de Probabilidades; Previsão de Perdas por estatística; Gerência de Riscos (28 horas) – 03/08/2013 (M e T), 04/08/2013 (M), 17/08/2013 (M e T), 18/08/2013 (M), 24/08/2013 (M e T), 25/08/2013 (M): Natureza dos riscos empresariais; Riscos puros e riscos especulativos; Conceituação e evolução histórica; Segurança de sistemas e subsistemas; a empresa como sistema; Identificação e análise de acidentes, Técnica de Incidentes Críticos; Análise de riscos: Análise Preliminar de Riscos, Análise de Modos de falhas, Série de Riscos, Árvores de Falhas, avaliação de riscos; Prevenção e controle de perdas; Planos de emergência; Retenção de riscos: auto adoção e riscos e auto seguro; Transferência de riscos; Noções básicas de seguro; Administração de seguros; Exercício: modelo de um programa de gerenciamento de riscos. Custos de Acidentes (16 horas) 31/08/2013 (M e T) e 01/09/2013 (M): Conceituação de custos; Aspectos legais; A empresa e o custo do acidente; Custo do acidente: composição e importância; Taxa seguro de acidentes do trabalho; Enquadramento tarifário; Encargos sociais e incidência; Cálculo do custo segurado ou direto; Custo não segurado ou indireto; Estimativa de custo de acidentes fora do trabalho. Avaliação: -Execução de exercícios práticos dados em aula. -Prova escrita embasada em questões (sem consulta) ou embasada em casos práticos (com consulta). -Elaboração de um Programa de Gerenciamento de Riscos. 1. Introdução geral

Para as antigas civilizações gregas, romanas e judaicas, o privilégio de antever o futuro era um dom

destinado apenas aos oráculos e adivinhos que detinham um monopólio sobre todo o conhecimento humano e possuíam a capacidade de realizar previsões sobre possíveis eventos futuros. 08799514692 Porém uma ideia revolucionária que define a fronteira entre os tempos modernos e o passado foi a capacidade do ser humano em pensar, analisar e tomar suas próprias decisões e assumir as responsabilidades pelas consequências, fazendo com que o futuro da humanidade deixasse de ser um fruto do capricho dos deuses.

O processo racional de enfrentar riscos mostrou ao mundo como compreender, medir e avaliar suas consequências, convertendo o ato de correr riscos em dos principais catalisadores do desenvolvimento.

No mundo de hoje, sabe-se que com exceção da existência de impostos e da imutabilidade das leis fundamentais do universo, a única coisa realmente previsível é que tudo se modifica no decorrer do tempo.

A disciplina de Gerenciamento de Risco está intimamente ligada aos conceitos de "Qualidade e Competitividade", que vem sendo difundidos e empregados por um número cada vez maior de empresas que

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descobriram aí uma fonte de ganhos sociais, econômicos e financeiros, e acima de tudo uma excelente forma de competitividade empresarial.

Dentre todas as vertentes associadas à qualidade, existe uma que é a qualidade do público interno, dos colaboradores, e dentro desta categoria se encontra o aspecto da segurança no trabalho. E quem viabiliza a qualidade neste ambiente é a adoção de uma Política de Segurança no Trabalho que busque proteger e preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores. O foco dessa política deve ser um Sistema de Prevenção, ou seja, a minimização dos erros e falhas (acidentes).

Então, o que Gerenciamento de Risco busca é administrar as possibilidades de falhas, buscando evitar que essas aconteçam; caso aconteçam, que não se propaguem; caso as possibilidades de falhas sejam de difícil controle, decidir entre reter ou transferir.

Resultados de investigações de grandes acidentes mostram que as falhas responsáveis pelos mesmos estão associadas a quatro fatores principais, a saber: tecnologia, sistemas de gerenciamento, fatores humanos e agentes externos. Deste modo, muitas indústrias têm se preocupado com a confiabilidade de seus equipamentos e investido em melhores tecnologias. Porém, uma análise mais detalhada acerca das causas que precedem estas situações mostra que o erro humano e a falta de sistemas de gerenciamento de riscos adequados são os contribuintes mais significativos para a concretização dos acidentes.

O aumento dos riscos de acidentes industriais de grande periculosidade, provenientes da utilização de tecnologias mais avançadas e complexas, maior número de matérias primas e insumos, criação de novos processos e produtos, grandes capacidades de armazenamento e transporte de produtos perigosos, fez com que aumentasse a pressão sobre as empresas no sentido de reduzirem seus riscos, esclarecerem os cidadãos sobre os mesmos e adotarem medidas de emergência e contenção de riscos eficientes. Além do mais, com a evolução do tecido social, temas notadamente ligados às áreas ecológicas e de acidentes do trabalho passaram a preocupar o público ao redor das indústrias e, consequentemente, as autoridades governamentais. Como consequência, as indústrias foram obrigadas a examinar com mais acuidade os efeitos de suas operações intra e extramuros.

O grande número de variáveis que interagem dinamicamente no decurso de um processo operacional atribui uma elevada complexidade aos sistemas industriais atuais que, apesar de altamente automatizados, continuam dependentes do desempenho humano em diversos aspectos. Portanto, o desconhecimento dos riscos associados ao uso de novas tecnologias e a velocidade com que determinadas ações devem ser tomadas frente a problemas operacionais conduzem ao aumento da probabilidade de falha humana, podendo comprometer o bom andamento operacional e resultar em acidentes catastróficos, com elevadas perdas tanto materiais quanto humanas.

Neste sentido, o gerenciamento de riscos surgiu como instrumento de mitigação e administração de riscos presentes no meio industrial, oferecendo filosofias e ferramental técnico que visam otimizar o uso da tecnologia, a qual sofre avanço acelerado e, não raramente, inconsistente com os padrões mínimos de segurança que devem estar presentes dentro de atividades industriais. O gerenciamento de riscos dentro de uma empresa representa a possibilidade de se atribuir segurança e confiabilidade aos processos e procedimentos, constituintes do seu ambiente operacional, permitindo a integração de dois polos que, até então, se relacionavam indiretamente: a segurança do trabalho e a segurança patrimonial. 2. Conceituação

a) Perigo: Fonte ou situação (condição) com potencial para provocar danos em termos de lesão, doença, dano à propriedade, dano ao meio ambiente, ou uma combinação destes. Uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos tais como: lesões pessoais, danos a equipamentos e instalações, meio ambiente, perda de material em processos ou redução da capacidade produtiva. b) Desvio: é qualquer ação ou condição que tem potencial para conduzir, direta ou indiretamente, a danos a pessoas, ao patrimônio ou causar impacto ambiental, que se encontre desconforme com as normas de trabalho, procedimentos, requisitos legais ou normativos, requisitos do sistema de gestão, ou boas práticas. O conceito de

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desvio é similar ao de perigo, mas com uma diferença sutil: um desvio está associado a uma não conformidade com requisitos pré-definidos, ou seja, é algo desconforme com o adequado. Todo desvio é um perigo, mas alguns perigos, no entanto, não são desvios: perigos naturais, ou aqueles oriundos de mudanças e processos inovadores, que (ainda) não estejam desconformes a normas e/ou requisitos. Desvios são usualmente evidenciados por inspeções in loco, sendo um importante conceito nas chamadas auditorias comportamental. Perigos podem ser identificados tanto in loco quanto por análise a priori (técnicas de análises de risco). Quando ocorre um acidente, perigos ou desvios se tornam as causas do mesmo, que se encadeiam desde a origem das sequências até o acidente em si e seus efeitos (danos ou perdas). c) Segurança: é a garantia de um estado de bem-estar físico e mental, traduzindo por saúde, paz e harmonia. Segurança do Trabalho: é a garantia de um estado de bem-estar físico e mental do empregado, no trabalho para a empresa e se possível, fora do ambiente dela (viagem de trabalho, lar, lazer, etc.). É um compromisso acerca de uma relativa proteção da exposição a perigos. d) Dano: É a consequência negativa do acidentes, ou seja, é o produto ou resultado negativo do acidente (prejuízo). Gravidade da perda humana, material ou financeira que pode resultar se o controle sobre um risco é perdido. A probabilidade e a exposição podem manter-se inalterados, e mesmo assim, existir diferença na gravidade do dano. Os danos podem ser: -Pessoais: lesões, ferimentos, perturbação mental -Materiais: danos em aparelhos, equipamentos -Administrativo: prejuízo monetário, desemprego em massa e) Causa: Origem, de caráter humano ou material, relacionada com o evento catastrófico (acidente) pela materialização de um perigo, resultando em danos. É aquilo que provocou o acidente, sendo responsável por sua ocorrência, permitindo que o risco se transformasse em danos. Antes do acidente existe o risco. Após o acidente existe a causa. Existem três tipos de causas: Atos inseguros, Condições Inseguras e Fator Pessoal de Insegurança. f) Sinistro: Prejuízo sofrido por uma organização, com garantia de ressarcimento por seguro ou por outros meios. g) Incidente: Qualquer evento ou fato negativo com potencial para provocar danos, mas por algum fator não satisfeito, não ocorre o esperado acidente. Também denominado de “quase-acidente”. Os estudos dos incidentes trazem um conhecimento maior sobre as causas, que poderiam vir a tornar-se acidentes, além de conter estes. h) Perdas: é o prejuízo sofrido por uma organização, sem garantia de ressarcimento através de seguros ou outros meios. Prejuízos (materiais e/ou humano) ocorridos em uma organização, os quais são ressarcidos através de seguros ou de outros meios. Frequentemente é associado com: desperdício, sobras, refugos, retrabalhos. As perdas podem ser: - Tangíveis, quando se referem a prejuízos mensuráveis; - Intangíveis, quando se referem a elementos de difícil mensuração como a imagem da empresa. i) Ato inseguro: É todo ato, consciente ou não, emitidos pelo trabalhador ou empresa, capaz de provocar danos ao trabalhador, a seus companheiros ou a máquinas, materiais e equipamentos, estando diretamente relacionado a falha humana. Os atos inseguros são cometidos por imprudência, imperícia ou negligência. Exemplo: A falta de

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treinamento, excesso de trabalho / pressa, teimosia, curiosidade, improvisação, autoconfiança, entre outros são fatores que levam à prática do ato inseguro. j) Condição Insegura: Consiste em irregularidades ou deficiências existentes no ambiente de trabalho que constituem riscos para a integridade física do trabalhador e para a sua saúde, bem como para os bens materiais da empresa. A falta de limpeza e ordem no ambiente de trabalho, bem como máquinas e equipamentos sem proteção ou a segurança “jampeada” são fatores que produzem a condição insegura. l) Fator pessoal de Insegurança: Problema pessoal do indivíduo que pode vir a provocar acidentes: Problemas de saúde, Problemas familiares, Dívidas, Alcoolismo, Uso de Substâncias Tóxicas, etc. m) Nível de exposição: Relativa exposição a um risco que favorece a materialização do risco como causa de um acidente e dos danos resultantes deste. O nível de severidade varia de acordo com as medidas de controle adotadas, ou seja: Nível de Exposição = Risco/Medidas de Controle adotadas n) Acidente: toda ocorrência não programada que pode produzir danos. É um acontecimento que não prevemos, ou se prevemos, não sabemos precisar quando acontecer. Temos diferentes conceitos para acidente, os principais são o legal e o prevencionista. Conceito Legal: Acidente é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade laboral para o trabalho. Conceito Prevencionista: Acidente é uma ocorrência não programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil, lesões nos trabalhadores ou danos materiais. Outros Conceitos de Acidente do Trabalho É a ocorrência, uma perturbação no sistema de trabalho que, ocasionando danos pessoais ou materiais, impede o alcance do objetivo do trabalho. Qualquer evento não programado que interfere negativamente na atividade produtiva e que tem cobertura da seguradora. OBS: Em geral um acidente acontece em decorrência da conjunção de várias falhas, que possuem causa ou modo de falhas. Estas falhas possuem probabilidade ou chance de acontecerem, quando acontecem geram incidentes, também chamados de quase-acidente (sem danos tangíveis), ou acidentes que causam danos. Se os danos estão segurados chama-se de sinistro, quando não, houve perda para a empresa. A associação dos danos (efeitos adversos) com a probabilidade de acontecerem chama-se risco. Quando o acidente acontece o risco passa a chamar-se de causa. A exposição relativa ao risco é denominada perigo. Quando o perigo refere-se a procedimentos e regulamentos não atendidos, chama-se de desvio. o) Definição dos Acidentes Tradicional Abordagem Corretiva Moderna Abordagem Preventiva Acidentes considerados como fatos inesperados, com causas fortuitas e/ou desconhecidas. Ocorrências inevitáveis e incontroláveis. Acidentes considerados como fatos indesejáveis, com a maior partes das causas sendo conhecidas, previsíveis e controláveis. Os acidentes com causas fortuitas ou desconhecidas devem-se geralmente a fatores incontroláveis da natureza como terremotos, maremotos, raios, etc.

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p) Programas de SST Tradicional Abordagem Corretiva Moderna Abordagem Preventiva. Enfoque corretivo, Espera pela ocorrência do acidentes para depois atacar as consequências ou evitar acidentes semelhantes. Enfoque preventivo, Conceitos de ato e condição insegura, Maior preocupação com os acidentes pessoais e perdas a eles associados. q) Atividades de Segurança Tradicional Responsabilidade centralizada Moderna Responsabilidade compartilhada. Executantes com pouca informação e poder de ação preventiva. Impossibilidade de prevenção dos riscos inerentes aos processos produtivos. Falta de compromisso por parte dos executantes Integração da organização. Aumento da eficácia das medidas corretivas e preventivas. Maior conhecimento dos trabalhadores sobre os riscos aos quais estão expostos, bem como sobre sua redução ou eliminação. Após a apresentação destes conceitos básicos iremos detalhar um pouco mais os dois conceitos bases desta disciplina. O que é Risco? O que é Gerenciamento de Risco? 3.0 Risco

Como base na origem etimológica da palavra, “risco”, é uma derivação da antiga língua italiana denominada “risicare”, que representa evolução social, científica e tecnológica do ser humano em “ousar”, que possibilita uma “escolha” do homem e não um destino divinamente determinado.

Alguns autores costumam definir risco como a possibilidade de um evento adverso que possa afetar negativamente a capacidade de uma organização para alcançar seus objetivos. Dentro dessa acepção o risco é considerado um evento indesejável. No entanto, dentro de uma visão macro, sabemos que ao apostar na Mega Sena estamos correndo o risco de ganhar, o que, de forma alguma, é algo negativo ou indesejável. Para esses autores a possibilidade de um evento conduzir a um resultado favorável é chamada de Chance, enquanto a Possibilidade de um evento conduzir a um resultado desfavorável é de Risco.

O risco poderá ter pelo menos três significados:

-Hazard: Uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos como: lesões pessoais, danos a equipamentos e instalações, danos ao meio-ambiente, perda de material em processo ou redução da capacidade de produção. A existência do risco implica na possibilidade de existência de efeitos adversos. -Risk: Expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro de um período específico de tempo ou número de ciclos operacionais, podendo ser indicado pela probabilidade de um acidente multiplicado pelo dano em valores monetários, vidas ou unidades operacionais. -Incerteza: Quanto à ocorrência de um determinado acidente.

Para a Segurança do Trabalho o risco expressa uma probabilidade de possíveis danos dentro de um período específico de tempo ou número de ciclos operacionais, ou seja, representa o potencial de ocorrência de consequências indesejáveis.

O Risco pode ser calculado através da identificação dos efeitos adversos potenciais de um fenômeno a ser analisado, com a compreensão da estimativa de sua probabilidade e da magnitude de seus efeitos. Risco = Probabilidade x Impacto

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4.0 Gerenciamento de Risco

A gerência de riscos pode ser definida como a ciência, a arte e a função que visa proteger a empresa (recursos humanos, materiais e financeiros) das consequências de eventos aleatórios que possam reduzir sua rentabilidade, sob forma de danos físicos, financeiros ou responsabilidades para com terceiros.

A proteção fornecida pela Gerência de Risco compreende esforços na tentativa de eliminar, reduzir, controlar ou ainda financiar os riscos, caso seja economicamente viável.

O gerenciamento de riscos pode, ainda, ser definido como um processo formal no qual fatores de incerteza presentes em determinado contexto são sistematicamente identificados, analisados, estimados, categorizados e tratados. Procura-se alcançar um equilíbrio entre a concretização de oportunidades de ganhos e a minimização de perdas. Trata-se de atividade interativa que permite o aprimoramento contínuo do processo de decisão e a melhora crescente do desempenho da organização.

O processo envolve a criação de infraestrutura e cultura adequadas, com aplicação de método sistemático, a fim de permitir que as decisões sejam tomadas mediante o conhecimento dos riscos associados às atividades da organização.

O Gerenciamento de Risco é ainda definido como a área de atuação que busca administrar as possibilidades de falhas, buscando evitar que essas aconteçam; caso aconteçam, que não se propaguem; caso as possibilidades de falhas sejam de difícil controle, decidir entre reter ou transferir.

Compreende toda uma metodologia que visa aumentar a confiança na capacidade de uma organização de prever, priorizar e superar obstáculos para obtenção de suas metas, e visa, ainda, proteger a empresa das consequências de eventos aleatórios que possam reduzir sua rentabilidade, sob forma de danos físicos, financeiros ou responsabilidades para com terceiros.

A finalidade da Gerência de Riscos é prevenir todos os fatos negativos que distorcem um processo de trabalho, impedindo que se cumpra o programado, podendo provocar danos e/ou perdas às pessoas, materiais, instalações, equipamentos e meio ambiente.

Outra forma de compreender o Gerenciamento de Risco é através dos seus objetivos, entre os quais, podemos citar fornecer orientações a fim de possibilitar que as organizações: -tomadas de decisão com confiabilidade; -identificar melhor as ameaças, oportunidades, pontos fortes e fracos (matriz swot); -tirar proveito de incertezas e variabilidade; -gestão proativa e não reativa; -torna a alocação de recursos mais eficaz; -reduzir perdas e custos (prêmios, indenizações, etc.); -atender as exigências legais; -melhorar a qualidade de vida através da redução de acidentes. 4.1 Conceitos

Além dos conceitos básicos já vistos anteriormente referentes à disciplina, veremos a seguir outros conceitos, mais específicos, referentes à metodologia de gerenciamento de risco. a) Análise de riscos: processo sistemático de entendimento da natureza e do nível de risco. b) Avaliação do risco: processo de comparação do nível de risco em relação a determinados critérios. c) Consequência: resultado ou impacto de um evento. d) Critério de risco: termo de referência pelo qual a significância do risco é estimada. e) Estimativa de risco: processo global de identificação, análise e avaliação do risco. f) Evento: ocorrência de um conjunto particular de circunstâncias. g) Evitar o risco: decisão de não se envolver ou de se retirar de uma situação de risco. h) Frequência: medida do número de ocorrências por unidade de tempo. i) Identificação do risco: processo para determinar o que, onde, quando, por que e como algo poderia ocorrer.

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j) Expectativa de ocorrência de evento: chance de algo ocorrer, seja ela definida, medida ou estimada de modo objetivo ou subjetivo. É expressa em termos de frequência, de probabilidade ou por meio de um descritor. k) Monitorar: verificar, supervisionar, observar criticamente e medir o progresso de uma atividade, ação ou sistema de maneira regular, a fim de identificar mudanças no nível de desempenho requerido ou esperado. l) Organização: grupo de pessoas e de instalações submetidos a um arranjo de responsabilidades, autoridades e relacionamentos. m) Perigo: fonte de dano em potencial. n) Perda: qualquer consequência negativa. o) Probabilidade: medida da chance de ocorrência expressa por um número entre 0 e 1. p) Processo de gerenciamento de riscos: aplicação sistemática de gerenciamento de políticas, procedimentos e práticas às tarefas de comunicar, estabelecer o contexto, identificar, estimar, tratar, monitorar e rever os riscos. q) Risco: chance de que algo ocorra, causando impacto nos objetivos. r) Risco residual: risco remanescente após implementação do tratamento. s) Stakeholders: pessoas e organizações que podem afetar, serem afetadas ou possuírem a percepção de serem afetadas por uma decisão, atividade ou risco. t) Tratamento do risco: processo de seleção e implementação de ações para modificar o risco. u) Risco aceitável: é o que foi reduzido a um nível aceito pela organização. 4.2 Metodologia

As melhores práticas indicam que o gerenciamento de riscos se dá por meio de método sistemático que estabelece um contexto para depois identificar, analisar, estimar, tratar, monitorar e comunicar os riscos associados a alguma atividade, função ou processo da organização. Tal gerenciamento deve ser visto como parte da cultura interna, tomando lugar em sua filosofia, práticas e processos, a fim de se tornar parte da gestão estratégica. Organizações que gerenciam riscos de maneira eficaz e eficiente tendem a alcançar seus objetivos com menores custos. 4.3 Processos de Gerenciamento de Risco

Simplificadamente, o processo envolve a definição do contexto no qual a organização atua, ou seja, objetivos, estratégias, valores e cultura, estabelecendo-se, assim, a estrutura sobre a qual as decisões se apoiam. Então, passa-se à identificação dos Perigos análise dos riscos, estimando-se a expectativa de ocorrência dos eventos e os impactos que estes causam à organização. Concluída a análise, os riscos são avaliados e categorizados para que lhes seja dado o tratamento adequado.

Essa abordagem exige que os administradores da organização conheçam a natureza e a magnitude dos riscos, identificados e analisados em um processo sistemático, evitando-se abstrações e complexidades que dificultem seu entendimento. Entenda-se que, em alguns casos, se torna necessário utilizar técnicas mais sofisticadas para a adequada análise dos riscos.

A fase de análise dos riscos pode ser feita de forma quantitativa ou qualitativa. Em muitas situações, quantificar os riscos é uma tarefa árdua e incerta, até mesmo para especialistas. Nesses casos, a solução adotada é o emprego de métodos qualitativos. Um consenso para a análise qualitativa dos riscos pode ser obtido por meio de técnicas adequadas, como o método Delphi.

Após a categorização dos riscos, deve-se decidir qual tratamento a dar e quais recursos alocar. Conceitualmente, quatro opções estão disponíveis: • evitar o risco, pela modificação do sistema, de modo que desapareça; • reduzir o risco, atuando-se sobre os fatores que influenciam a expectativa de ocorrência ou as consequências; • transferir o risco, por meio de seguros, cooperação ou outro ato; e • reter o risco, quando for impossível ou economicamente inviável tratá-lo de modo diferente.

As três primeiras opções são medidas preventivas, enquanto a última é de caráter contingencial ou mitigatório.

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5.0 Evolução Histórica

A origem da Gerência de Riscos se confunde com a própria evolução do prevencionismo. Dentro da gerência de riscos estão aglutinados todos os aspectos apresentados por diversas filosofias prevencionistas que surgiram ao longo dos tempos, sob uma ótica gerencial e objetiva. Nos Estados Unidos e em alguns países europeus, a Gerência de Riscos (Risk Management) surgiu há aproximadamente 40 anos, logo após a Segunda Guerra Mundial, e vem sendo sustentada e aprimorada pela ação conjunta de empresários, trabalhadores e organizações governamentais.

Na América Latina, os primeiros sinais do prevencionismo foram motivados pelos movimentos sociais iniciados na década de 20. Em 1947, vários países implantaram serviços de higiene e segurança, incentivados pelo programa de ajuda norte-americana, iniciado em Lima e dirigido pelo engenheiro John J. Bloomfield.

No Brasil, os primeiros passos prevencionistas surgiram com a criação do Ministério do Trabalho, na década de 30. No entanto, desde 1919, com Rui Barbosa, o país contava com uma lei de acidentes do trabalho, a qual foi reformulada em 1934, mas continuou deficiente em termos prevencionistas, pois preocupava-se apenas com a compensação do acidentado e não com a prevenção de lesões. Apenas em 1941 foi incluído um capítulo sobre prevenção de acidentes e, em 1943, foi lançada a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes. Porém, somente em fins da década de 70 e início da década de 80, é que trabalhos sobre prevenção e controle de perdas começaram a ser divulgados, impulsionados por órgãos como a Fundacentro.

Já a Gerência de Riscos foi introduzida, no Brasil, pelas filiais de empresas multinacionais com o objetivo de reduzir os custos relativos ao pagamento de seguros e, ao mesmo tempo, aumentar a proteção do patrimônio e dos trabalhadores. Porém, somente em finais da década de 80 e início da atual década é que o gerenciamento de riscos começou a ser divulgado e utilizado de forma mais ampla por um número maior de empresas.

Com a evolução das políticas prevencionistas, passou-se a analisar mais criteriosamente os riscos industriais e os métodos para reduzir os mesmos, valendo-se da filosofia de prevenção de perdas para a tomada de decisões técnicas e gerenciais, tanto a nível de prevenção de acidentes do trabalho, como de acidentes catastróficos envolvendo as instalações, o meio ambiente e o público em geral.

Sob esta ótica, a prevenção de perdas e, consequentemente, a Gerência de Riscos, são caracterizadas pelo seu envolvimento com a evolução da tecnologia e com os riscos associados a este desenvolvimento, conferindo uma abordagem gerencial e sistêmica ao tratamento de problemas relativos a acidentes e riscos industriais.

Seguem a seguir alguns marcos que podem ser ressaltados ao longo dessa evolução:

O cenário que permitiu o surgimento dos primeiros estudos de risco aconteceu entre os séculos XIV e XVI, época do Renascimento. Nesse período histórico ocorreram grandes transformações sociais, científicas, culturais, religiosas e políticas, as pessoas começassem a se libertar e desafiar as crenças consagradas, prevalecendo uma época de grande turbulência religiosa, de capitalismo nascente e uma abordagem vigorosa da ciência e do futuro.

Com o renascimento, o desenvolvimento das civilizações foi ganhando mais força, fazendo com que o misticismo cedesse espaço ao desenvolvimento científico e lógico, abrindo as portas para a Reforma Protestante, que enfraqueceu o domínio da Igreja Católica sobre os povos, o que significou mais que uma mera mudança da relação da humanidade com Deus. Com a extinção da confissão, as pessoas dali em diante, tiveram que caminhar com os próprios pés e se responsabilizar pelas consequências das próprias decisões. A partir de então os conceitos de fragilidade e abstinência foram substituídos pela importância crescente sobre o futuro em relação ao presente, abrindo uma série de opções e decisões, fazendo com que os povos reconhecessem que o futuro oferecia, além de perigos, grandes oportunidades, e que era ilimitado e cheio de promessas. O resultado de tudo isso, não poderia ser diferente, trouxe a era do capitalismo, a necessidade de correr riscos.

Em 1760, surgem os primeiros indícios de ações prevencionistas na Inglaterra, após o nascimento da Revolução Industrial. As profundas alterações tecnológicas provocadas pela revolução industrial, lançada com o aparecimento da primeira máquina de tear e marcada pela invenção da máquina a vapor (em 1781) por James Watts, deram início aos grandes processos de industrialização, que prosseguiram até nossos dias, substituindo o trabalho humano pela máquina.

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A existência de duas novas classes sociais caracterizou as sociedades pós-revolução industrial: a classe dos

patrões (empregadores) e a classe dos trabalhadores, que se enfrentavam direta e Individualmente, não existindo qualquer organização, por parte dos trabalhadores, para proteger os seus interesses. Portanto, as massas trabalhadoras foram impiedosamente exploradas durante o início da revolução industrial, pagando o custo social desta mudança.

Ainda no século XVIII, Através da publicação do livro “De Morbis Artificum Diatriba” (A Doença dos Trabalhadores), o médico Bernadino Ramazzini relaciona as doenças desenvolvidas por trabalhadores de 50 profissões.

No entanto, nesta fase inicial, a segurança foi criada e desenvolvida para fazer frente aos excessos praticados pelas empresas contra a força de trabalho. A preocupação em termos de segurança era totalmente voltada para morte ou lesões incapacitantes permanentes dos trabalhadores.

A partir de acordos e algumas leis específicas foram criados alguns planos de assistência, beneficiando o empregado e sua família. Porém, essa legislação não resolvia senão uma parcela mínima dos problemas e, portanto, foi seguida por leis complementares, em geral pouco eficientes devido à pressão dos empregadores.

Com o passar do tempo e com os avanços das lutas sociais, além dos planos de assistência, os trabalhadores passaram a ser cobertos por seguros e outros dispositivos que os protegia não apenas contra as lesões incapacitantes permanentes, mas também pela perda momentânea da capacidade de trabalho. Mais tarde, tiveram atenção especial outras formas de lesões pessoais, inclusive as que não afastavam o indivíduo do trabalho.

Foram necessárias gerações para que estes homens começassem a se organizar. Porém, em meados do século XIX, quase meio século após o início da revolução industrial, ainda na Inglaterra, a preocupação com a prevenção de acidentes do trabalho e de outros fatores de risco, que eram freqüentes no ambiente das primeiras fábricas, gerou a união de trabalhadores e homens públicos para a concretização das bases da política prevencionista. Através das campanhas de melhoramento social, que surgiram com as leis de segurança social, foram introduzidos o trabalho sistemático e a legislação fabril.

O fato das empresas adotarem planos para reduzir as lesões dos trabalhadores não aconteceu de forma voluntária, mas devido à pressão dos altos gastos financeiros oriundos das indenizações e seguros, às reivindicações sociais e à discriminação caso não acompanhassem os novos rumos da segurança.

Desta forma, apesar dos avanços, os acidentes que não envolvessem pessoas não tinham valor nenhum, embora muitos destes acidentes possuíssem as mesmas causas ou causas semelhantes aos acidentes com pessoas. O motivo deste desinteresse, talvez fosse devido ao simples desconhecimento do alto índice de ocorrência dos acidentes, bem como dos custos que acarretavam.

Apesar da evolução em que chegamos atualmente, em termos de engenharia e segurança do trabalho, esta filosofia perdura até hoje em grande parte das empresas e órgãos do governo, principalmente nos países subdesenvolvidos, sendo que grande parte dos acidentes como: quebra de equipamentos, interrupção do processo produtivo e agressões ao meio ambiente, não são nem mesmo registrados e muito menos analisados ou divulgados.

Após seu surgimento na Inglaterra, a revolução industrial espalhou-se pela Europa Ocidental e, atravessando o Atlântico, desembarcou nos Estados Unidos da América, país este onde o movimento prevencionista se radicou e se desenvolveu devido às ações conjuntas entre governo, empresários e especialistas.

Em 1928, o American Engineering Councill já fazia referência à relação existente entre os custos indiretos (não segurados) e os custos diretos (segurados) dos acidentes, e atribuía aos custos indiretos o pagamento de salários improdutivos, perdas financeiras, redução de rendimento da produção, falhas no cumprimento de prazos de entrega de produtos, etc.

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Em 1931, o americano H. W. Heinrich, que pertencia a uma companhia de seguros dos Estados Unidos, publicou um estudo onde afirmava existir uma relação de 4:1 entre os custos indiretos e os custos diretos dos acidentes, sendo sua pesquisa fundamentada em dados médios da indústria americana da década de 20, demonstrou ainda que o desenvolvimento de ações prevencionistas seria a saída para redução desses custos. No mesmo estudo, Heinrich lançou a ideia de acidentes com danos à propriedade, ou melhor, acidentes sem lesão. Heinrich é considerado o pai do prevencionismo, e foi ele quem definiu acidente como todo evento não planejado, não controlado e não desejado que interrompe uma atividade ou função.

Posteriormente, R.P. Blake analisou os resultados e, junto com Heinrich, formulou alguns princípios e sugestões, dentre elas a de que as empresas deveriam promover medidas tão importantes ou mais do que aquelas que visassem apenas à proteção social dos seus empregados, ou seja, as empresas deveriam, efetivamente, partir para evitar a ocorrência de acidentes.

Em 1947, R.H. Simonds propôs um método para cálculo do custo de acidentes, que enfatizava a necessidade de se realizar estudos-pilotos, em todas as empresas, sobre os custos associados a quatro tipos de acidentes: lesões incapacitantes, casos de assistência médica, casos de primeiros socorros e acidentes sem lesões. Simonds também propôs a substituição dos termos custo direto e custo indireto por custo segurado e custo não-segurado, respectivamente, muito utilizados hoje em dia em gerenciamento de riscos.

Durante a década de 50, desenvolveu-se, nos Estados Unidos, uma conscientização no sentido de se valorizar os programas de prevenção de riscos de danos materiais procurando reduzir suas despesas com seguros passam a definir metodologias no sentido de aumentar o seu grau de proteção em relação aos seus riscos associados. Esta ideia de aumentar a proteção e diminuir as despesas com seguros, foi chamada de Gerência de Riscos.

Em 1965, o Conselho Nacional de Segurança dos EUA concluiu que o país havia perdido U$ 7,2 bilhões em acidentes com danos materiais e U$ 7,1 bilhões em acidentes com danos pessoais nos últimos dois anos, sendo que, em 1964, os danos materiais resultantes de acidentes no trânsito e, em 1965, os danos materiais resultantes de acidentes nas empresas somavam juntos U$ 2,8 bilhões.

Em 1966 o engenheiro americano Frank Bird Jr., propõe o Loss Control ou Controle de Perdas, que era uma visão mais abrangente da prevenção, que tinha como objetivo principal a redução das perdas oriundas de danos materiais, sem no entanto se descuidar dos acidentes com danos pessoais.

Os quatro aspectos principais em que se baseava o desenvolvimento de programas de controle de perdas eram: informação, investigação, análise e revisão do processo. Mais tarde, Bird, já com fortes influências do trabalho apresentado por J.A.Fletcher e H.M.Douglas, nomeou a sua teoria como Controle de Perdas e o procedimento gerencial como Administração do Controle de Perdas.

Após os estudos anteriores, Frank Bird foi nomeado diretor de segurança de serviços de engenharia da ICNA. Introduziu o conceito de “quase acidentes”, que demonstram que, se o acidente quase ocorreu, também a perda ou dano quase ocorreu, e poderia ser tanto material quanto pessoal.

Em 1970, os engenheiros canadenses John Fletcher e Hugh M. apresentaram um trabalho, baseado nos estudos de Bird, onde aplicavam os princípios do Controle de Danos de forma extensiva a todos os acidentes passíveis de ocorrência dentro de um sistema, ou seja, acidentes com máquinas, materiais, instalações, meio ambiente, etc. E acabam por acrescentar a palavra total e propõe o Total Loss Control, Controle Total de Perdas. Os programas de Controle Total de Perdas têm o objetivo de reduzir ou eliminar todos os acidentes que possam interferir ou paralisar o processo produtivo, abordam todo e qualquer tipo de evento que interfira negativamente no mesmo, prejudicando a utilização plena de pessoal, máquinas, materiais e instalações.

Os estudos desenvolvidos, até então, tanto por Bird quanto por Fletcher, constituíam-se apenas de práticas administrativas, sendo negligenciados os problemas que exigiam uma análise técnica mais acurada.

Partindo desta observação, em 1972, Willie Hammer, engenheiro especialista em Segurança de Sistemas, área intimamente relacionada à Engenharia de Confiabilidade, e com larga experiência em projetos aeroespaciais dos EUA, ampliou os conceitos, com relação ao estabelecimento de segurança de sistemas,

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defendendo a previsão de acontecimentos para organizar a identificação e o manejo de riscos, ao invés da análise de eventos a posteriori. Desta forma, Hammer alertou para a necessidade de se incluir um reforço complementar, do ponto de vista da engenharia, nos programas de administração e controle de riscos desenvolvidos até então. Segundo Hammer, as atividades administrativas eram muito importantes, mas existiam problemas técnicos que teriam obrigatoriamente que ter soluções técnicas. Os estudos de Hammer ajudaram a compreender melhor os chamados erros humanos, muitas vezes provocados por projetos deficientes e que, por isso, deveriam ser debitados à organização e não ao executante. O enfoque sistêmico apresentado por Hammer estabelece a responsabilidade, quando da elaboração de um produto, para prevenir riscos inerentes aos bens e serviços que farão uso deste produto, evitando o transpasse de possíveis danos aos usuários do mesmo.

A corrida espacial e a guerra fria criam na década de 70 a Engenharia de Segurança de Sistemas. Esta engenharia desenvolveu várias técnicas de avaliação de riscos através de metodologias oriundas da indústria militar e aeroespacial americanas. Willie Hammer foi o responsável por trazer e adaptar estas metodologias para a área da indústria civil.

A Grã-Bretanha, através do BSI – British Standards Instituction, que é o organismo normalizador que produz as normas naquele país, equivalente à nossa ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, publica em 1979 a BS 5750, sobre sistemas de qualidade. Esta norma deu origem à série ISO 9000, que foi editada oficialmente em 1987.

Em 1992 o BSI edita a norma BS 7750 revisada em 1994, que dá origem à série ISO 1400 sobre sistemas de gestão ambiental, editada oficialmente em 1996.

Em 1994, sai a primeira revisão da ISO 9000, já incorporando a visão de gestão.

Na área de Segurança e Saúde Ocupacional é publicada em 1995 a BS 8750, revisada em 1996 e publicada como BS 8800. Devido a questões econômicas e políticas a BS 8800 ainda não se transformou em ISO 18000.

Porém em 1999, após um acordo entre várias instituições de diversos países ( National Standards Authority of Ireland; South African Bureau of Standards; British Standards Institution; Bureau Veritas Quality International; Det Norske Veritas; Lloyds Register Quality Assurance; National Quality Assurance; SFS Certification; SGS Yarsley International Services; Asociación Española de Normalización y Certificación; International Safety Management Organisation Ltd; Standards and Industry Resaerch Institute of Malasya; International Certification Services) e a urgente demanda de clientes por uma norma reconhecida para Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho são publicadas as diretrizes OHSAS– Occupational Helth and Safety Assessment Series, OHSAS 18001

Especificações para Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho e OHSAS 18002 – Diretrizes para Implantação da OHSAS 18001.

A OHSAS 18001 é um padrão internacional que estabelece requisitos relacionados à Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional, por meio do qual é possível melhorar o conhecimento dos riscos existentes na organização, atuando no seu controle em situações normais e anômalas. Este padrão é aplicáveis aos mais diversos setores e atividades econômicas, orientando tais organizações sobre como promover a melhoria contínua do desempenho de Segurança e Saúde Ocupacional, com os benefícios para as organizações:

• Melhoria na cultura de segurança, na eficiência e, consequente redução de acidentes na produção; • Incremento no controle de perigos e redução de riscos; • Demonstração do atendimento das exigências legais e aumento da reputação no gestão da SSO; • Redução de prêmios de seguros; • Constituição de uma parte integral de sua estratégia de desenvolvimento sustentável; • Demonstração do seu compromisso com a proteção do seu pessoal e dos ativos fixos; • Promoção das comunicações internas e externas.

Em 2004, na área de Gestão de Risco foi publicada a primeira norma do mundo sobre Gestão de Riscos: a

AS/NZS 4360:2004. Ela fornece um modelo genérico do processo de Gestão de Riscos, que pode ser utilizado por organizações de qualquer tipo, tamanho e setor de atividade.

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A AS/NZS 4360:2004 (base da futura ISO 31000) dá ênfase à inserção da Gestão de Riscos na filosofia, nas

práticas e nos processos de negócio da organização, em vez de ser vista ou praticada como uma atividade separada. Embora o conceito de risco seja frequentemente interpretado em termos de perigo ou impacto negativo, a norma vê os riscos como a exposição às consequências da incerteza ou como potenciais desvios do que foi planejado ou do que é esperado. 6.0 A empresa como sistema, subsistemas empresariais, natureza dos riscos empresariais, Riscos Puros e Especulativos. 6.1 A Empresa como Sistema

É comum nos dias de hoje a divisão do trabalho dentro de uma organização. Porém é necessária a completa integração entre os vários elementos. Esta integração, por sua vez, pode ser realizada eficazmente ao se adotar uma abordagem sistêmica.

Visão sistêmica significa entender e interligar todos os processos empresariais (cadeia de suprimento, produção, distribuição e planejamento) de forma que a tomada de decisão leve em consideração a otimização de todo o sistema. A soma dos resultados de áreas isoladas (marketing, finanças, produção...) não é o resultado do todo.

Sob o ponto de vista sistêmico, qualquer organização é um sistema composto de partes, cada uma com metas próprias. Para alcançar as metas globais, deve-se visualizar todo o sistema e procurar compreender e medir as inter-relações e integrá-las de modo que capacite a organização a buscar suas metas eficientemente.

Um sistema pode ser considerado como um conjunto de elementos inter-relacionados que interagem entre si e com outros sistemas, de modo a cumprir um certo objetivo que evolui no tempo num determinado ambiente. Pode ser definido, literalmente, como um todo organizado ou complexo, um agrupamento ou combinação de coisas ou partes que formam um todo complexo ou unitário.

A empresa na concepção sistêmica é tratada como um sistema de entradas e saídas, que transforma e combina os fatores de produção, suas entradas, através de um processo tecnológico de produção, dando origem a outros produtos ou serviços, que se constituem nas saídas. As entradas são os insumos necessários à produção (materiais, informação, recursos financeiros e humanos), o processamento são as operações necessárias à construção de um bem ou serviço (manufatura, atendimento, logística...) e as saídas são os bens e serviços ofertados aos mercados consumidores.

A abordagem sistêmica teve sua origem na junção dos estudos de dois pesquisadores: O americano, Norbert Wiener, em 1946 e o alemão Von Bertallanfy. Enquanto este, desenvolveu estudo na forma de abordagem dos estudos de todas as ciências; aquele, desenvolveu o conceito de feedback ou retroalimentação.

Teoricamente os sistemas podem ser considerados abertos ou fechados. Os fechados são aqueles cuja seu desenvolvimento ao longo do tempo e do espaço compreende apenas variáveis controláveis; enquanto os fechados sofrem influências de variáveis externas e incontroláveis.

Os sistemas de interesse à Segurança do Trabalho são os produtivos que são do tipo aberto, pois são tantas as variáveis e tamanha a velocidade de modificação da realidade, que se considera impossível ter um controle completo do sistema produtivo, o que leva a uma interação entre o sistema e meio-ambiente externo, onde recebe e causa influência.

Os elementos fundamentais de um sistema são: objetivo, entrada, processamento, saída, controles e retroalimentação e as formas de interação entre elas, sendo uma conjunção de Recursos Humanos (RH), Recursos Financeiros (RF) e Recursos Materiais (RM) que interagem tendo objetivos específicos, amplos e diversificados.

As mudanças no ambiente externo também provocam alterações na empresa e em seus subsistemas. Assim, as organizações devem monitorar e compreender as mudanças no ambiente, adequando seus sistemas e subsistemas de modo a maximizar os resultados (saídas).

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A fronteira da empresa, enquanto sistema é uma delimitação calcada nas áreas próprias de influência dos

recursos e subsistemas envolvidos, por onde flui a interação e o relacionamento com outros sistemas, dentro do conceito de empresa, não como um sistema fechado, mas sim, como parte de um sistema maior do qual participa e sofre influências. 6.2 O Processo Decisório segundo uma abordagem Sistêmica

No mundo atual a modernização, o desenvolvimento tecnológico e a globalização exigem cada vez mais a execução de projetos com qualidade e rapidez para satisfazer a necessidade dos clientes.

A velocidade com que a dinâmica do ambiente se altera e o aumento da competitividade exigem tomadas de decisões oportunas, precisas e de baixo custo. No entanto, a tomada de decisões tem por base a existência de alternativas que possam promover o estado de coisas que ele deseja alcançar. Essas alternativas disponíveis constituem o centro de qualquer problema de decisão.

Para que a melhor decisão seja tomada é preciso compreender o ambiente de trabalho, como ele funciona, quais suas peculiaridades, sua cultura organizacional, sua visão, suas restrições, seus pontos fortes e fracos. Isso no âmbito global como a nível departamental.

A análise de sistemas auxilia o profissional que toma decisões a compreender melhor a estrutura do problema, possibilitando definir a solução deste, com a escolha da melhor dentre um conjunto de ações alternativas.

Ao abordar-se a análise de sistemas é importante ter-se a consciência que, além da necessidade de conhecer-se a fundo o sistema e o meio atuante, criar alternativas viáveis requer uma variedade de habilidades técnicas. Comumente nenhum único indivíduo possui todas as habilidades requeridas. Assim sendo, o conceito de equipe interdisciplinar é benéfico à análise de sistemas. Uma equipe interdisciplinar é um grupo de trabalho, composto de pessoas com formações e habilidades variadas, cada uma delas trazendo seu próprio ponto de vista e experiências para atuar sobre o problema, conseguindo frequentemente resultados significativamente superiores àqueles que se poderia esperar de um único indivíduo.

De acordo com SELL (1995), "num sistema de trabalho, em seu estado ideal, os fatores técnicos, organizacionais e humanos estão em harmonia. Por ocasião de um acidente ou quase-acidente essa harmonia é perturbada, sendo assim, é de fundamental importância que no planejamento e projeto de sistemas de trabalho, sejam eliminadas ou ao menos restringidas as condições de risco, aumentando-se assim a segurança do trabalhador".

De forma enfática o risco está associado à probabilidade de perdas durante a realização de uma atividade dentro do sistema, e todos os elementos de um sistema apresentam potencial de riscos que podem resultar na destruição do próprio sistema. 6.3 Subsistemas empresariais

É possível que um sistema seja constituído por vários subsistemas ou ainda, que faça parte de um sistema mais amplo, participando ele próprio como subsistema de um sistema maior.

Os subsistemas empresariais são suas áreas/departamentos e/ou suas unidades de negócios (marketing, financeiro, contabilidade, produção, RH, vendas, etc). Qualquer alteração em um de seus subsistemas poderá provocar reações em outras áreas, bem como em toda a empresa. Exemplo: A empresa decide alterar o sistema de distribuição de seus produtos, passando a ter entregas menos frequentes no intuito de reduzir seus custos com fretes. Como consequência, esta medida poderá acarretar maior formação de estoques, maiores custos com a manutenção destes, como também alterações nas relações com seus clientes externos.

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Dentro da concepção de subsistemas uma forma de mapear os processos é através do planejamento e controle dos fluxos de: matérias; recursos financeiros; mão-de-obra; máquinas e equipamentos; e informação. O Fluxo de materiais interliga fornecedores e consumidores, na logística de compra de matéria-prima e na distribuição de produtos acabados.

O fluxo de recursos financeiros compreende: as atividades de financiamento junto a bancos, acionistas e governo; das atividades de compra com respeito a fornecedores; das atividades de comercialização junto a clientes; e das atividades de contabilidade dos direitos trabalhistas.

Uma forma de representar esses fluxos é através de representação gráfica com o uso de fluxogramas produtivos, que podem ser usados para representar sistemas produtivos ou fluxos específicos. 6.4 Natureza dos Riscos Empresariais

A identificação dos riscos potenciais e inerentes a cada atividade numa empresa é uma questão fundamental, principalmente no início do gerenciamento de riscos. Existem diferentes tipos de riscos com características diferenciadas em função do ambiente de atuação da empresa e das suas próprias características operacionais. Novos riscos surgem com novos tipos de estruturas corporativas e mudanças na tecnologia da informação (Vanca, 1998, p.21).

Os tradicionais estudiosos da Gerência de Riscos, entre eles De Cicco, os classificam em:

• riscos especulativos (ou dinâmicos) • riscos puros (ou estáticos) à propriedades, pessoas e materiais

A principal diferença entre essas duas categorias é que os riscos especulativos envolvem uma

possibilidade de ganho ou de perda; ao passo que os riscos puros envolvem somente possibilidade de perda, não existindo nenhuma possibilidade de ganho ou de lucro.

Para uma Gestão Global ser eficiente, temos que considerar a conjunção dos dois gerenciamentos: Empresarial e de Riscos, em que este último está a serviço do primeiro.

No entanto, como os Riscos Puros não geram ganhos, acaba sendo colocado em segundo plano em relação aos Riscos Especulativos.

No tratamento dos riscos, perante a probabilidade de ocorrência e magnitude de cada perda virtual deve-se verificar o suporte da empresa e em função dos recursos disponíveis e medidas serão aplicadas para se enfrentamento.

Na área de segurança os riscos são basicamente puros e são relativos aos perigos. As técnicas de análise valem para ambos. 6.5 Riscos Puros

Os riscos puros serão nosso campo de atuação na Segurança do Trabalho. Compreendem que os prejuízos decorrentes de danos à propriedade são provenientes de incêndios e/ou explosões, vandalismo, roubo, sabotagem, danos aos equipamentos, ações naturais (ventos, inundações, etc.), etc. Os riscos às pessoas são aqueles que podem resultar em doenças ou acidentes do trabalho (morte, invalidez permanente, etc.). Por último, mas de grande importância nos dias atuais, encontram-se os riscos por responsabilidade, que são aqueles que resultam em prejuízos por danos a terceiros (pagamento de indenizações por lesões ou morte, pensões, etc.) e por danos ao meio ambiente.

A classificação dos riscos puros envolve também a avaliação de sua probabilidade de ocorrência e dos seus possíveis impactos estratégicos, operacionais, financeiros, etc. A magnitude do impacto de cada risco precisa ser identificada, para que assim se tenha um adequado grau de controle. Cada risco pode ser classificado como: catastrófico, alto, médio ou baixo. Já com relação a tendência o risco pode ser: estável, crescente ou decrescente.

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Os riscos baixos (leves) são aqueles cujo prejuízo financeiro resultante é baixo, podendo ser assimilado

integralmente pela empresa, obrigando a adoção de outros meios para o alcance dos objetivos da empresa. Um risco médio é aquele que o seu acontecimento impede o alcance dos objetivos da empresa.

Os riscos graves são aqueles cuja perda é significativa para a empresa e só podem ser assumidos sob determinadas condições que assegurem a mitigação de seus resultados. Os riscos puros considerados catastróficos são aqueles que, caso venham a se concretizar, resultam em prejuízos de grande monta para a empresa com possibilidade de colapso financeiro, sendo, portanto, transferidos a terceiros.

De um modo geral, uma organização possui bens tangíveis e intangíveis expostos à perda. As perdas podem ser tangíveis, quando se referem a prejuízos mensuráveis, ou intangíveis, quando se referem a elementos de difícil mensuração como a imagem da empresa.

As principais perdas resultantes da materialização dos riscos puros numa empresa são:

• perdas decorrentes de morte, invalidez ou afastamento de funcionários. Tanto ao acidentado, como a dependentes (indenizações), inclusive advogado; • perdas de tempo e produtividade por profissional não treinado, equipamento danificado, baixa na moral da equipe; • perdas por danos à propriedade e a bens em geral não cobertos por seguros, tais como: reposição de produto e/ou itens danificados; • perdas decorrentes de fraudes ou atos criminosos; • custos com: investigação de acidentes, perito de defesa, ações corretivas, honorários com advogados, assistência emergencial; • perdas por danos causados a terceiros (responsabilidades da empresa por poluir o meio ambiente, responsabilidade pela qualidade e segurança do produto fabricado ou do serviço prestado).

Normalmente, considera-se que a Gerência de Riscos trata apenas das questões relativas à prevenção e

ao financiamento dos riscos puros. Entretanto, vale mencionar que muitas de suas técnicas podem ser igualmente aplicadas aos riscos especulativos. 6.6 Riscos Especulativos

Os riscos especulativos são chamados de riscos de negócio podem ser divididos em três tipos: 1 - riscos administrativos: relacionados ao processo de tomada de decisões gerenciais. Uma decisão errada poderá provocar perdas consideráveis, uma decisão correta pode trazer lucros para a empresa.

Neste tipo de risco é difícil prever antecipadamente e com precisão o resultado da decisão adotada, entretanto, a incerteza quanto à exatidão do resultado nada mais é do que uma das definições de risco. Podem ainda ser subdivididos em:

-riscos de mercado: são fatores que tornam incerta a venda de um determinado produto ou serviço, a um preço suficiente que traga resultados satisfatórios em relação ao capital investido; -riscos financeiros: relativos às incertezas em relação às decisões tomadas sobre a política econômica -financeira da organização; -riscos de produção: tratam questões e incertezas quanto a materiais, equipamentos, mão-deobra e tecnologia utilizados na fabricação de um produto ou prestação de um serviço.

2 - riscos políticos -referem-se a leis, decretos, portarias, resoluções, etc., emanados do Governo Federal, Estadual ou Municipal que possam ameaçar os interesses e objetivos da organização. 3 - riscos de inovação -referem-se às incertezas decorrentes, normalmente, da introdução (oferta) de novos produtos ou serviços no mercado, e da sua aceitação (demanda) pelos consumidores. Os riscos de inovação estão também associados às inovações tecnológicas no objetivo de otimizar o trabalho.

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6.7 Outras Classificações

Vanca, outro estudioso, recomenda a classificação dos riscos por natureza e relevância entre:

• Riscos estratégicos - estão associados ao modo que uma organização é gerenciada. Está focada nas questões corporativas amplas, tais como fatores competitivos, estrutura organizacional, desenvolvimento de novos produtos, estratégia de formação de preços, etc.

Os riscos estratégicos são os mais relevantes, pois envolvem situações que impedem o alcance dos

objetivos corporativos ou a não ocorrência de situações consideradas necessárias para estes objetivos, como por exemplo, o investimento em inovações tecnológicas. Obviamente, os demais riscos têm também relevância e implicações diferenciadas.

• Riscos operacionais -referentes à habilidade de uma organização controlar e distribuir seus processos principais de maneira previsível e pontualmente. Está focada na integridade e consistência dos processos diários que suportam o negócio. • Riscos de conformidade - relacionados com a habilidade da organização cumprir normas regulatórias legais e exigências fiduciárias. • Riscos financeiros - estão ligados à exposição financeira da organização. São observadas as ferramentas relacionadas à Tesouraria e fluxos financeiros, como os relatórios financeiros (internos ou externos), que estão sujeitos a, por exemplo, erros decorrentes de incompetência, falhas em sistemas, furtos ou fraudes. Esta classificação é bem abrangente e considera questões como normalização e estratégias, presentes em

muitas organizações. De modo que as duas classificações citadas se complementam.

Sánchez (1995), outro estudioso, recomenda a classificação dos riscos nas seguintes categorias:

• Riscos às propriedades físicas – (construções, edifícios, terrenos, instalações) devido a: incêndios, raios, terremotos, explosões, enchentes, etc. • Riscos ao conteúdo – (matéria-prima, insumos, equipamentos, máquinas, produtos) devido a: incêndios, raios, terremotos, explosões, enchentes, quebras e defeitos em máquinas e equipamentos, explosão de caldeiras, etc. • Riscos que emanam da lei – responsabilidade comercial, ou trabalhista. • Riscos decorrentes – paralisação das operações, perda de profissionais-chaves no processo produtivo. • Riscos por atos criminosos – roubo, fraude, má fé. • Riscos pessoais – funcionários, visitantes, vizinhos.

7.0 Mapeamento de Risco

Apesar de não fazer parte do conteúdo básico da disciplina o Mapa de Risco têm função importante no Gerenciamento de Risco, pois permite:

a) reunir as informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho na empresa; b) possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e divulgação de informações entre os trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção. A obrigatoriedade da elaboração do Mapa de Risco foi determinada pela Portaria nº5 de 17 de agosto de

1992 do Ministério do Trabalho e da Administração. Segundo a portaria, ele é obrigatório nas empresas com grau de risco e número de empregados que exijam a constituição de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.

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O mapa de riscos é a representação gráfica dos riscos de acidentes nos diversos locais de trabalho, inerentes ou não ao processo produtivo. De fácil visualização e afixada em locais acessíveis no ambiente de trabalho, para informação e orientação de todos os que ali atuam e de outros que eventualmente transitem pelo local, quanto às principais áreas de risco.

No mapa de riscos, círculos de cores e tamanhos diferentes mostram os locais e os fatores que podem gerar situações de perigo pela presença de agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.

Mapa de riscos é elaborado segundo a Portaria nº 25, pela CIPA, ouvidos os trabalhadores envolvidos no processo produtivo e com a orientação do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho SESMT da empresa, quando houver.

Para elaboração do Mapa de Risco, devemos considerar a realização das seguintes etapas: a) conhecer o processo de trabalho no local analisado: • Os trabalhadores: número, sexo, idade, treinamentos profissionais e de segurança e saúde, jornada; • Os instrumentos e materiais de trabalho; • As atividades exercidas, o ambiente. b) identificar os riscos existentes no local analisado, conforme a classificação da tabela 1, apresentada a seguir. c) identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia: medidas de proteção coletiva • Medidas de organização do trabalho; • Medidas de proteção individual; • Medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouro, refeitório, área de lazer. d) identificar os indicadores de saúde: • Queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos riscos; • Acidentes de trabalho ocorridos; • Doenças profissionais diagnosticadas; • A intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes de círculos.

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Tabela 1 – Classificação dos Principais Riscos Ocupacionais

Após discutido e aprovado pela CIPA, o Mapa de Riscos, completo ou setorial, deverá ser afixado em cada

local analisado, de forma claramente visível e de fácil acesso para os trabalhadores.

No caso das empresas da indústria da construção, o Mapa de Riscos do estabelecimento deverá ser realizado por etapa de execução dos serviços, devendo ser revisto sempre que um fato novo e superveniente, modificar a situação de riscos estabelecidas. 8.0 Sinalização e Rotulagem

Assim como o Mapa de Risco o uso de sinalizações e rotulagens em produtos são ferramentas de comunicação de grande importância no Gerenciamento de Riscos. A base normativa desses conteúdos está na NR-18 e na NR-26. A NR-18 aplica-se ao ambiente da construção civil e visa à adoção placas de sinalização de forma a proteger a saúde e a integridade física dos trabalhadores. Já a NR-26 estabelece a padronização das cores a serem utilizadas como sinalização de segurança nos ambientes de trabalho, com o mesmo objetivo da NR-18.

A adoção de sinalizações e rotulagens visa estabelecer um vínculo de comunicação indireto entre o SESMT e os trabalhadores. A comunicação pode se valer de algumas formas básicas, como a escrita, os símbolos e as cores. As cores têm uma grande vantagem em relação a outras formas de comunicação: chamam a atenção do observador e provocam reações imediatas neste, através de um mecanismo de associação da cor com a ideia que se quer transmitir.

A utilização das cores nos locais de trabalho tem a intenção fundamental de permitir uma identificação imediata do risco existente. No entanto, sua utilização não deve ser exagerada para se evitar fadiga visual.

Outra aplicação das cores é na decoração de ambientes de forma a tornar o ambiente agradável. Na China, paredes pintadas de vermelho deixam as pessoas sentindo-se bem. Já no Brasil essas cores

carregam o ambiente, enquanto as cores como azul, verde e bege suaves são consideradas calmantes. A cor vermelha é utilizada para distinguir equipamentos destinados à proteção contra incêndio.

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Assim sendo, tubulações, caixas de incêndio, portas de emergência, extintores etc, são todos pintados de vermelho. É utilizada também, no mapa de riscos (ver NR 5), para identificar o grupo II (riscos por agentes químicos).

A cor amarela tem a função de alertar ou de chamar a atenção. Deve ser utilizada nas situações relacionadas a seguir. É também utilizada para a identificação, no mapa de riscos, do grupo III (riscos ergonômicos).

A cor branca é utilizada conforme determinado a seguir. Em algumas situações, quando associada a uma caveira, identifica produtos tóxicos.

A cor preta além de utilizada para indicar as canalizações de inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade, também é utilizada na indústria petroquímica, com o objetivo de favorecer a transmissão de calor e facilitar a transferência do produto.

A cor azul, além de servir de alerta, também é utilizada, no mapa de riscos, para identificar o grupo V (riscos de acidentes).

A cor verde representa segurança. É também utilizada para identificar, no mapa de riscos, o grupo I (riscos por agentes físicos).

As cores laranja, púrpura, lilás, cinza e alumínio têm sua utilização especificada conforme o exposto a seguir.

A cor marrom é também utilizada para identificar, no mapa de riscos, o grupo III (riscos por agentes biológicos).

A rotulagem preventiva visa orientar os empregados para o risco dos produtos ao serem manuseados. Estando presente não só em produtos industriais como em produtos domésticos que apresentem um determinado risco inerente à sua utilização. Por exemplo, um inseticida contém informações em seu frasco que dizem respeito aos riscos que oferece caso não seja corretamente manuseado.

Nem sempre é possível disponibilizar-se todas as informações de segurança necessárias. Isto vai depender do tamanho da embalagem e o espaço destinado a estas informações.

Devido a esta restrição de espaço, é dever das empresas que produzem produtos químicos prover maiores informações sobre os riscos que o produto oferece.

No que se refere ao transporte de produtos perigosos, todas as embalagens devem possuir identificação preventiva. Esta rotulagem deve ser feita em português.

A ABNT adota o FISPQ – Ficha de Informação de Produto Químico para padronizar informações referentes à proteção, segurança, saúde e meio ambiente.

O FISPQ deve disponibilizar as seguintes informações: -Identificação do produto e da companhia; -Composição e informação do conteúdo; -Identificação dos perigos; -Medidas de primeiros socorros; -Medidas de prevenção e combate a incêndios; -Medidas de controle no caso de derramamento ou vazamento; -Manuseio e armazenagem; -Controle da exposição e proteção individual; -Propriedades físico-químicas; -Estabilidade e reatividade; -Informações toxicológicas; -Informações sobre impactos ao meio ambiente; -Considerações sobre tratamento e disposição de resíduos; -Informações sobre o transporte; -Regulamentações específicas; -Outras informações.

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9.0 Fundamentos Matemáticos:

Previsão de Perdas por Estatística;

Probabilidade;

Confiabilidade;

Álgebra Booleana; e

Avaliação do Risco.

Os fundamentos matemáticos, em especial, os estatísticos e probabilísticos são de grande importância no estudo de falhas na determinação de sua probabilidade de ocorrência e na confiabilidade do sistema em não produzir perdas.

Cientes da dificuldade da maioria dos profissionais com conceitos e cálculos de estatística e probabilidade, uma maneira objetiva e prática de se aplicar estes métodos é o uso da ferramenta computacional o Microsoft Office Excel. 9.1 Aplicação da Estatística à Previsão de Perdas

A Estatística auxilia o profissional de segurança do trabalho na organização, descrição, análise e interpretação dos dados. Para a estatística dados são informações retiradas de eventos (acontecimentos).

A Estatística é dividida em descritiva e indutiva. A estatística descritiva visa apresentação dos dados obtidos em gráficos e distribuições de frequência de

forma permitir uma melhor compreensão do cenário. Já a estatística indutiva os dados são analisados e interpretados.

9.1.1 Conceitos de Estatística População: é o conjunto dos elementos em estudo, podendo ser infinita ou não. Amostra: é uma parte finita e representativa da população capaz de reproduzir as características da população. Subconjunto da população. O processo de extração da amostra é chamado amostragem. Associado ao conceito de amostragem encontra-se a fração de amostragem correspondente a razão entre o tamanho da amostra (n) e o tamanho da população (N). Fração de amostragem = n/N c) Dados brutos: ou simplesmente dados, representam a correlação entre uma variável, um elemento e uma medida ou valor. São fatos, informações que podem ser trabalhadas e produzir alguma conclusão. d) Conjunto de dados: Relação de vários dados coletados de uma ou mais variáveis, referentes a mais de um elemento. e) Elementos: é a origem dos dados, é a fonte que fornece os valores ou medidas. f) Variável: é uma característica, uma propriedade um tipo de informação de interesse e encontrada nos elementos. g) Medida: ou valor é o dado na sua forma numérica, isto é, é o valor puro sem nenhum significado estatístico. A medida pode ser um dado a partir do momento que é referenciado com a variável e o elemento de onde foi obtido. h) Tipos de dados: Podem ser QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS.

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Dados Quantitativos: referem-se a quantidades e podem ser medidas em uma escala numérica e sobre os quais se podem aplicar operações matemáticas. As variáveis quantitativas subdividem-se em dois grupos: VARIÁVEIS DISCRETAS e VARIÁVEIS CONTÍNUAS. Variáveis discretas: são aquelas que assumem apenas determinados valores tais como 0,1,2,3,4,5,6 dando saltos de descontinuidade entre seus valores. Variáveis contínuas: são aquelas cujos valores assumem uma faixa contínua e não apresentam saltos de descontinuidade. Dados Qualitativos: referem-se a dados não numéricos. As variáveis qualitativas subdividem-se também em dois grupos: as VARIÁVEIS QUALITATIVAS ORDINAIS e as VARIÁVEIS QUALITATIVAS NORMAIS Variáveis qualitativas ordinais: são aquelas que definem um ordenamento ou uma hierarquia. Exemplos: o grau de instrução, a classificação de um estudante no curso, etc. Variáveis qualitativas nominais: por sua vez não definem qualquer ordenamento ou hierarquia. São exemplos destas a cor, o sexo, o local de nascimento, etc. i) Fonte de dados: As fontes de obtenção dos dados podem ser de dois tipos: Fonte de dados existentes e Estudos estatísticos. Fontes existentes: referem-se a dados que já existem recentes ou não. Estudos Estatísticos: dados não existem. Devem ser buscados através de ESTUDOS ESTATÍSTICOS EXPERIMENTAIS OU DE OBSERVAÇÃO. Estudos estatísticos experimentais: é quando a análise de comportamento de uma determinada variável está relacionada com outras. Assim, para colher dados da variável de estudo é preciso estabelecer uma correlação entre ela e as demais variáveis que a influenciam. Estudos estatísticos de observação: é quando a coleta de dados compreende simplesmente a medição de valores, sem nenhuma correlação entre as variáveis.

Tabela 2 – Amostragem com dados qualitativos

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Tabela 3 – Amostragem com dados quantitativos j) Origem dos dados: Os dados podem ter sua origem em uma SEÇÃO TRANSVERSAL ou em uma SÉRIE HISTÓRICA. Seção Transversal: Dados coletados ao mesmo tempo ou aproximadamente no mesmo ponto no tempo. Série Histórica: Dados coletados em diversos períodos do tempo. k) Coleta: processo de obtenção de dados, que pode ser de forma direta ou indireta. Na forma indireta os dados já existem, enquanto que na forma direta os dados não existem tendo que ser buscados. l) Censo: inclui todos os elementos de uma população na pesquisa. m) Amostragem: é utilizada na pesquisa de uma amostra da população. 9.1.2 Distribuição de Frequência a) Distribuição de Frequência: é a sintetização dos dados QUALITATIVOS OU QUANTITATIVOS de forma tabular (em forma de tabelas) no intuito de fornecer conclusões sobre o estudo estatístico. b) Distribuição de Frequência QUALITATIVA: Mostra o número (frequência) de observações em cada uma das classes não sobrepostas. c) Distribuição de Frequência Relativa: é quando a frequência de observação de cada classe é apresentada em relação proporcional ao número total de observações.

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d) Distribuição de Frequência Percentual: é a Frequência Relativa Multiplicada por 100. e) Gráficos de Barra e de Pizza: dispositivos gráficos para representar os dados qualitativos sintetizados através da Distribuição de Frequência. f) Distribuição de Frequência QUANTITATIVA: Assim como para dados Qualitativos, a Distribuição de Frequência Quantitativa mostra o número (frequência) de observações em cada uma das classes não sobrepostas. No entanto, é preciso ter especial cuidado na definição das classes. Em Distribuição de Frequência Quantitativa, podemos definir: Classe: os intervalos usados para agrupar os dados observados. g) Etapas para definição de Classes: em uma distribuição de frequência, a determinação das classes segue as seguintes etapas: 1) Determinar o número de classes não sobrepostas; 2) Determinar a extensão de cada classe; 3) Determinar os limites da classe. h) Número de Classes (NC): representa o número de intervalos usados para agrupar os dados observados. Recomenda-se que o número de Classes fique entre 5 e 20, dependendo do número de observações, isto é, quanto maior o número de dados levantados maior o número de Classes. i) Largura das Classes (LAC): Como diretriz geral, recomenda-se que a largura seja a mesma para cada uma das classes. Assim quanto maior o número de classes menor a largura e vice-versa. LAC = Maior Valor de dados – Menor Valor de dados /Número de Classes A Largura das Classes pode ser arredondada para um valor mais conveniente. E em função do número de Classes pode-se estabelecer uma série de combinações que permite a escolha da melhor para sintetização dos dados. j) Limite de Classes (LIC): representam os limites inferior e superior que definem cada classe e impede a sobreposição de elementos. Pode-se definir cada classe em função de seus limites. A diferença entre dois limites inferiores ou dois superiores adjacentes fornece a Largura das Classes. k) Ponto Médio da Classe (PMC): é a média entre os limites inferior e superior para cada classe. A Tabela abaixo apresenta o tempo de fabricação de um produto em linhas de montagens de uma fábrica para vinte diferentes tipos de produtos. Com base na Tabela abaixo é possível calcularmos NC, LAC e LIC. Tempo de Fabricação 12 15 20 22 14 21 18 19 18 22 17 23 28 13 18 15 16 27 33 14 NC = 5 (escolhido) LAC = (33-12)/5 = 4,2 ˜ 5 LIC = (10-14); (15-19); (20-24); (25-29); (30-34) PMC = 12; 17; 22; 27 e 32 l) Distribuição de Frequência Relativa e Percentual: para dados Quantitativos são definidas da mesma forma que para dados Qualitativos. m) Gráfico de Pontos e Histogramas: dispositivos gráficos para representar os dados quantitativos sintetizados através da Distribuição de Frequência.

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No Gráfico de Barras no eixo do X ficam as classes e as frequências são apresentadas por classe, previamente agrupadas na tabela pelo profissional. Já no Histograma, basta definir os limites superiores das classes, que o Excel faz o agrupamento e define as frequências. n) Distribuição de Frequência Cumulativa: nessa distribuição são usados o número, a largura e os limites das classes, já referidos. No entanto, é apresentado o número de observações com valores menores ou iguais ao limite superior de cada classe. Assim para o nosso exemplo temos: o) Distribuição de Frequência Relativa e Percentual Cumulativa: são definidas da mesma forma apresentada para dados Qualitativos e Quantitativos. p) Usando o Excel para Distribuição de Frequência: Ferramentas – Análise de Dados – Histograma. -Intervalo de Entrada: Dados; -Intervalo de bloco: Limite superior de cada Classe; -Opção de Saída: Define-se o local de saída, informando a célula, ou a planilha ou o arquivo. Defina ainda: · Nenhuma das caixas de seleção assinalada: Distribuição de Frequência; · Caixa Pareto: Distribuição de Frequência em ordem decrescente; · Caixa Porcentagem cumulativa: Distribuição de Frequência Cumulativa; · Caixa Resultado do Gráfico: Distribuição de Frequência e o Histograma; OBS: Para acessar essas ferramentas, clique em Análise de Dados, no grupo Análise, na guia Dados. Se o comando Análise de Dados não estiver disponível, carregue o programa suplementar Ferramentas de Análise. 9.1.2 Medidas de Tendência Central

a) Média: é talvez a medida de posição mais importante, fornece uma medida da posição central de todos os dados. Se os dados são de uma amostra, a média é denominada de x , se os dados forem da população, a média é chamada de m.

b) Moda: É o valor de dados que ocorre com maior frequência. A moda é um importante valor que serve tanto para dados Quantitativos como para dados Qualitativos. c) Mediana: é o valor que fica no meio da sequência quando os dados são arranjados na ordem ascendente ou crescente. Divide a curva em duas áreas iguais. Assim definida: -Com um número ímpar de observações a Mediana é o termo do meio; -Para um número par de observações a Mediana é a média dos dois valores do meio. d) Percentis: fornece informações de como os valores de dados estão distribuídos sobre um intervalo, do menor para o maior. Assim o p-ésimo percentil é um valor tal que pelo menos p% das observações assumem esse valor ou menos e pelo menos (100 -p)% das observações assumem esse valor ou mais. Para calcular o Percentil deve-se: 1. Arranjar os dados em ordem crescente; 2. Calcular o índice:

, onde p é o percentil e n é o número de observações;

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3. Se i não for inteiro, arredonde para cima. O próximo inteiro maior que i denota a posição do p-ésimo percentil. Se i for inteiro, o p-ésimo percentil é a média dos valores de dados nas posições i e i + 1. Para o Excel, não é calculada a média e sim feita uma interpolação. e) Quartis: Em tratamentos estatísticos deseja-se dividir os dados em quatro partes, contendo aproximadamente um quarto dos dados, ou seja, 25% das observações. Assim: -Q1 = primeiro quartil = 25% percentil; -Q2 = segundo quartil = 50% percentil; -Q3 = terceiro quartil = 75% percentil; f) Média Ponderada: é a média aritmética aplicada a dados agrupados, isto é, dados distribuídos em classes. É dada pelo somatório do produto da frequência de cada classe pelo Ponto Médio da Classe (Mi), dividido pelo número de amostras.

g) Média Harmônica: média harmônica de n números reais positivos x1, x2,... , xn é o número real positivo MH. Representa a capacidade média individual da ação de n agentes que estão agindo harmonicamente, ou seja, MH representa a capacidade de um agente que é capaz de substituir cada um dos n agentes quando atuando em conjunto.

h) Média Geométrica: Consideremos uma coleção formada por n números racionais não negativos: x1,x2, x3, ..., xn. A média geométrica entre esses n números é a raiz n-ésima do produto entre esses números, isto é:

Nota: Como medida de localização, a mediana é mais robusta do que a média, pois não é tão sensível aos dados. Quando a distribuição é simétrica, a média e a mediana coincidem. A mediana não é tão sensível, como a média, às observações que são muito maiores ou muito menores do que as restantes. Por outro lado, a média reflete o valor de todas as observações. A partir do exposto, deduzimos que se a distribuição dos dados: 1. for aproximadamente simétrica, a média aproxima-se da mediana 2. for enviesada para a direita (alguns valores grandes), a média tende a ser maior que a mediana. 3. for enviesada para a esquerda (alguns valores pequenos), a média tende a ser inferior à mediana. i) Tabela de Funções do Excel:

(*) indica o percentual de números que é menor ou igual a selecionado.

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(**) Indica o valor entre dentro do intervalo tal que pelo menos p% das observações assumem esse valor ou menos. Observe no exemplo do Excel, que a fórmula não realiza aproximações, e sim, interpolações. Se Interpolarmos Linearmente para Q1: (2.380,00 27,20%); (2.350,00 18,10%) e (X 25,00%)

, teremos X = 2.372,75, que se aproxima muito do valor obtido = pela função Quartil do Excel 2.372,50, a diferença encontra 25,00% -18,10% X - 2.350,00 se no tipo de interpolação (linear ou geométrica) Em Dados – Análise de Dados – Ordem e Percentil é possível gerar uma tabela que ordena de forma decrescente os dados, informa a sua posição na listagem inicial e apresenta a ordem percentil para cada valor.

Medidas de Dispersão: a) Amplitude: é a medida de variabilidade mais simples e é dada pela diferença entre o Maior Valor e o Menor Valor da População ou da Amostra. Existe uma variação da amplitude chamada de Amplitude Interquartil, que é dada pela diferença entre o terceiro e o primeiro quartil (Q3 – Q1). b) Desvio médio absoluto: representa a distância média que cada observação n encontra-se da média da

amostra, considerando para tanto a diferença modular entre . c) Variância: é a medida baseada na diferença entre o valor de cada observação (xi) e a média ( x para a amostra e µ para a população) que é chamado de desvio ao redor da média. A Variância é dada pela média do somatório do quadrado dos desvios ao redor da média. Assim:

Quando a Variância da População ou da Amostra Variância da População Variância da Amostra refere-se a dados agrupados, isto é, estão p/ dados agrupados p/ dados agrupados distribuídos em classes, tem que se levar em consideração o ponto médio da classe (Mi) e a frequência de cada classe. Assim:

d) Desvio padrão: Uma vez que a variância envolve a soma de quadrados, a unidade em que se exprime não é a mesma que a dos dados. Assim, para obter uma medida da variabilidade ou dispersão com as mesmas unidades

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que os dados, tomamos a raiz quadrada da variância e obtemos o desvio padrão. O desvio padrão é uma medida que só pode assumir valores não negativos e quanto maior for maior será a dispersão dos dados.

Desvio Padrão da População:

Desvio Padrão da Amostra: e) Coeficiente de variação: Indica o tamanho do desvio-padrão em relação à média, estabelecendo uma relação percentual dada pela fórmula:

f) Tabela de Funções do Excel:

g) Medidas associadas entre duas variáveis: Em determinadas situações estamos interessados na relação entre duas variáveis, isto é no impacto de uma variável sobre a outra. Para compreendermos as medidas apresentadas abaixo, considere uma Loja de equipamentos eletrônicos que pretende verificar o impacto dos comerciais na TV sobre o volume de vendas. Para isso, durante 10 semanas fez número de divulgações diferentes e acompanhou o volume de vendas, tudo apresentado abaixo:

h) Covariância: Apresenta para uma correlação entre duas variáveis de uma amostra ou de uma população. Representamos por x e y as duas variáveis em análise. sxy= 11

Analisando o Diagrama de Dispersão em função de x = 3 e y = 51. - Setor I: xi > x e yi > y , logo sxy positivo - Setor III: xi < x e yi < y , logo sxy positivo - Setor II: xi < x e yi > y , logo sxy negativo - Setor IV: xi > x e yi < y , logo sxy negativo Quando sxy é positivo, a maioria dos pontos esta nos Setores I e III e indica uma associação linear positiva para x e y. Quando x aumenta y também aumenta e vice-versa.

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Quando sxy for negativo, a maioria está nos Setores II e IV e indica uma associação linear negativa para x e y. Quando x aumenta y diminui e viceversa. Quando os pontos estiverem distribuídos uniformemente entre os setores o valor de sxy será próximo de zero, o que indica que não existe uma associação linear entre x e y.

Para nosso exemplo sxy= 11 é positivo o que indica uma relação de linearidade positiva entre o número de comerciais (x) e o volume de vendas (y). Nota: Um maior valor de sxy positivo ou negativo não indica um maior ou menor intensidade da relação de linearidade, apenas indica a existência da relação ou não, mas não serve para quantificar a intensidade da relação de linearidade entre as variáveis. i) Coeficiente de Correlação: para dados da amostra, serve para medir a intensidade com que duas variáveis estão relacionadas. Para o nosso exemplo, sx = 1,49 e sy = 7,93, logo rsy = 0,93. O Coeficiente de correlação também pode ser dado pela fórmula:

O Coeficiente de correlação para dados de População é dado pela fórmula ao lado e está sempre no intervalo de -1 e + 1, onde: -1 indica uma forte relação linear negativa; 0 indica a inexistência de uma relação linear; +1 indica uma forte relação linear positiva; j) Usando o Excel para Medidas associadas entre duas variáveis: • Função =COVAR(Matriz1;Matriz2): para as variáveis apresentadas nas matrizes 1 e 2 calcula a Covariância; • Função =CORREL(Matriz1;Matriz2): para as variáveis apresentadas nas matrizes 1 e 2 calcula o Coeficiente de Correlação. k) Representações Gráficas: Para a Distribuição de Frequência apresentada ao lado, pode-se optar por quatro tipos de representações gráficas: Histograma, Polígono de Frequência, Ogiva e Gráfico de Setores.

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4.1.6 Conceitos de Engenharia de Segurança com aplicação estatística: a) Índice de Freqüência (IF): mede o número de acidentes ocorridos para cada 1.000.000 de homens-horas trabalhadas, que é calculado pelo somatório das horas de trabalho de cada pessoa exposta ao risco de acidente, que pode ser aproximado pelo produto do número de funcionário por 8 horas/dia pelo número de dias de trabalho do período considerado.

b) Índice de Gravidade (IG): mede o nível de gravidade de cada acidente com base no período de afastamento, permitindo avaliar a perda laborativa devido à incapacidade, ocorridos para cada 1.000.000 de homens-horas trabalhadas.

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c) Taxa de Incidência de Acidente de Trabalho: indicador da intensidade com que ocorrem os acidentes de trabalho ocorrem em relação à população exposta ao risco de sofrer algum tipo de acidente, que deve representar o número médio de trabalhadores dentro de um mesmo grupo de referência do CNAE. Porém, como um trabalhador pode ter mais de um vínculo de trabalho, optou-se pelo número médio de vínculos ao invés do número médio de trabalhadores.

De acordo com o tipo de acidente a taxa de incidência pode ser diferenciada em taxa de incidência para doenças do trabalho, para acidentes do trabalho típicos, para acidente de trajeto, para doença profissional e para incapacidade temporária.

Por incapacidade temporária deve-se a falta de condições momentânea para exercer suas atividades loborias. Durante os primeiros 15 dias consecutivos ao do afastamento da atividade, caberá à empresa pagar a segurado acidentado o seu salário integral. Após esse período o segurado deverá ser encaminhado à Perícia Médica da Previdência Social para requerimento de um auxílio-doença acidentário. d) Taxa de Mortalidade: relaciona o número total de óbitos decorrentes de acidentes de trabalho e a população exposta ao risco de morte.

e) Taxa de Letalidade: representa o maior ou menor poder que o acidente tem de causar a morte. É um bom indicador para medir a gravidade do acidente.

f) Taxa de acidentalidade proporcional específica para a faixa etária de 16 a 34 anos: é um aprimoramento dos indicadores de acidentes, pois permite avaliar o risco específico que um determinado subgrupo populacional, compreendido em uma determinada faixa etária, está exposto, neste caso de 16 a 34 anos.

Nota: Segundo a OIT, os indicadores devem ser multiplicados por 1.000, conforme apresentado acima. A ABNT através da NBR 14.280, por outro lado, orienta multiplicar por 1.000.000. No entanto o INSS optou pela fórmula sugerida pela OIT, que fornece valores com mesma ordem de grandeza dos índices de frequência o que facilita a análise dos dados.

NOÇÕES SOBRE CONFIABILIDADE:

A operação prolongada e eficaz dos sistemas produtivos de bens e serviços é uma exigência vital em

muitos domínios. Nos serviços, como a Produção, Transporte e Distribuição de Energia, ou no serviço de transportes, as falhas súbitas causadas por fatores aleatórios devem ser entendidas e contrabalançadas se se pretende evitar os danos não só econômicos, mas especialmente sociais.

Também nas Indústrias, hoje caracterizadas por unidade de grande volume de produção e de alta complexidade, dotadas de sistemas sofisticados de automação, impõe-se, com grande acuidade, a necessidade de conhecer e controlar as possibilidades de falhas, parciais ou globais, que possam comprometer, para lá de certos limites, a missão produtiva. As perdas operativas traduzem-se aqui por elevados prejuízos econômicos para a empresa e para o país.

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Estas exigências impulsionaram a criação e desenvolvimento de uma nova ciência: A TEORIA DA CONFIABILIDADE.

Esta disciplina tem por escopo os métodos, os critérios e as estratégias que devem ser usados nas fases de concepção, projeto, desenvolvimento, operação, manutenção e distribuição de modo a se garantir o máximo de eficiência, segurança, economia e duração.

Em especial, visa-se ao prolongamento da atividade do sistema a plena carga e de modo contínuo, sem que o sistema seja afetado por defeitos nas suas partes integrantes. Fundamentalmente, a teoria da Confiabilidade tem como objetivos principais:

• Estabelecer as leis estatísticas da ocorrência de falhas nos dispositivos e nos sistemas. • Estabelecer os métodos que permitem melhorar os dispositivos e sistemas mediante a introdução de estratégias capazes da alteração de índices quantitativos e qualitativos relativos às falhas.

A teoria da Confiabilidade (ou, apenas, Confiabilidade) usa como ferramentas principais: • A Estatística Matemática • A Teoria das Probabilidades • O conhecimento experimental das causas das falhas e dos parâmetros que as caracterizam nos diversos tipos de componentes e sistemas. • As regras e estratégias para melhorar o desempenho dos sistemas de várias naturezas e as técnicas para os desenvolvimentos dos sistemas. Uma das finalidades da Confiabilidade é a elaboração de regras que permitam a concepção de sistemas

muito complexos (computadores, redes elétricas, usinas químicas, sistemas de geração elétrica, aviões, naves espaciais, sistema de controle e proteção, etc) capazes de funcionar satisfatoriamente mesmo com a ocorrência de falhas em alguns dos seus componentes mais críticos. Os princípios da Teoria da Redundância nasceram deste problema. Um dos primeiros domínios onde, por força da necessidade foram usados computos estatísticos para a determinação da confiabilidade foi o da Produção e Distribuição de Energia Elétrica.

Mas foram, especialmente, o advento dos computadores de altíssima complexidade de circuito e com enorme número de componentes, as missões espaciais e as necessidades militares que forçaram à maturação, em termos mais elaborados, da Teoria da Confiabilidade.

Para citar alguns domínios onde a Teoria da Confiabilidade é de aplicação necessária, nomeamos os seguintes:

• Sistemas elétricos de potência, de geração, transmissão e distribuição. • Concepção de sistemas eletrônicos analógicos e digitais. • Redes de transporte, aéreas, marítimas e terrestres. • Organização da Manutenção Corretiva e Preventiva dos processos e serviços. • Cadeias de produção de peças. • Estocagem de peças. • Usinas nucleares. • Missões Espaciais. • Concepção de sistemas de controle e proteção. • Planejamento da expansão dos Sistemas de Produção e Transporte de Energia Elétrica, etc.

CONCEITOS BÁSICOS DE CONFIABILIDADE CONFIABILIDADE - É a probabilidade de um sistema (componente, aparelho, circuito, cadeia de máquinas, etc) cumprir sem falhas uma missão com uma duração determinada. Por exemplo, se a confiabilidade de um computador de um Centro de Operações do Sistema (COS) for de 99,95% (para um período de 1 ano) isto significa que a probabilidade de o computador funcionar sem defeito durante um ano é de 99,95%. TEMPO MÉDIO ENTRE FALHAS (TMF ou MTBF) - É o tempo médio de trabalho de certo tipo de equipamento (reparável) entre 2 falhas seguidas. DURAÇÃO DE VIDA - Tempo durante o qual um componente ou um sistema mantém a sua capacidade de trabalho, fora do intervalo dos reparos, acima de um limite especificado (de rendimento, de pressão, etc).

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TEMPO MÉDIO PARA A FALHA (MTFF) - É o valor médio dos tempos de funcionamento, sem contar o tempo de manutenção. MTBF = MTFF + Tempo de Reparo CONFIABILIDADE MEDIDA (OU ESTIMADA) - É a confiabilidade de certo equipamento medida através de ensaios empíricos (normalmente no fabricante). CONFIABILIDADE PREVISTA (OU CALCULADA) - É a confiabilidade observada durante a operação real dos componentes e dos sistemas. É este valor da confiabilidade média de grande número de casos que permite a aferição das confiabilidades medida e prevista. EFICÁCIA DE UM COMPONENTE OU SISTEMA - É a capacidade de desempenho da função pretendida, incluindo a freqüência de falhas, o grau de dificuldades da manutenção e reparação e a adequação ao trabalho projetado. É interessante notar que o projetista e o utilizador tem conceitos diferentes sobre o melhor modo de desempenhar a função pretendida. Assimilando o sistema a um ser vivo, poderíamos dizer que o projetista fornece a hereditariedade do sistema e o utilizador contribui com o meio ambiente. A eficácia do sistema depende da interação entre os 2 conjuntos de fatores.

DEPENDABILIDADE - Medida da condição de funcionamento de um item em um ou mais ponto durante a missão, incluindo os efeitos da Confiabilidade, Mantenebilidade e Capacidade de sobrevivência, dadas as condições da seção no início da missão, podendo ser expressa como probabilidade de um item:

a) entrar ou ocupar qualquer um dos seus modos operacionais solicitados durante uma missão especificada, ou b) desempenhar as funções associadas com aqueles modos operacionais.

DISPONIBILIDADE - Medida do grau em que um item estará em estado operável e confiável no início da missão, quando a missão for exigida aleatoriamente no tempo. ENVELHECIMENTO ACELERADO - Tratamento prévio de um conjunto de equipamentos ou componentes, com a finalidade de estabilizar suas características e identificar falhas iniciais. MANTENEBILIDADE - Facilidade de um item em ser mantido ou recolocado no estado no qual pode executar suas funções requeridas, sob condições de uso especificadas, quando a manutenção é executada sob condições determinadas e mediante os procedimentos e meios prescritos. TIPOS DE FALHAS

Entende-se por falhas a diminuição parcial ou total da eficácia, ou capacidade de desempenho, de um componente ou sistema.

De acordo com o nível de diminuição da capacidade, pode se classificar as falhas em: • Falhas Totais • Falhas Parciais

Por exemplo, um rolamento de esferas defeituoso pode ainda operar durante algum tempo, apesar de

ruidoso e com sobreaquecimento (falha parcial) ao passo que a capacidade de desempenho de uma lâmpada fundida é nula, sem qualquer meio termo.

Conforme o modo como a falha evolui no tempo, desde o seu início, podemos considerar duas possibilidades de falhas:

• Falhas Catastróficas • Falhas Graduais Como falhas catastróficas, cita-se um curto-circuito numa linha de transporte de energia elétrica ou um

bloco motor de explosão quebrado. A alteração gradual da emissão catódica de um monitor de computador ou o desgaste na camisa de um

cilindro de um motor diesel constituem casos de falhas graduais (ou paramétricas). Em alguns domínios da indústria e dos serviços podem ocorrer, quanto à duração da falha:

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• Falhas Temporárias (curto-circuito linha terra ou entre fases, devido a uma causa passageira). • Falhas Intermitentes (mau contato no borne de um relé) • Falhas Permanentes (lâmpada fundida, bobina queimada)

As falhas de vários componentes podem, ou não, estar ligadas causalmente entre si. Se uma falha em um

elemento induz falhas em outros, diz-se que a falha é do tipo DEPENDENTE. Por exemplo, um resistor aberto no circuito anódico de uma válvula, pode levar esta à destruição. Uma

folga excessiva no mancal de um motor elétrico pode levar a um roçamento do rotor na massa estatórica e produzir a destruição do motor.

Se não houver inter-relação entre falhas, elas são do tipo INDEPENDENTE. A FUNÇÃO CONFIABILIDADE

A confiabilidade constitui a probabilidade de funcionamento sem falhas durante um tempo t, cuja função designativa é:

É interessante deduzir diretamente esta expressão da Confiabilidade.

Considere-se o caso de uma população inicial de No Componentes idênticos, todos em funcionamento (ou sob teste). Ao fim do tempo t há um número Ns(t) de sobreviventes. O número Nf(t) de elementos falhados ao fim do tempo t é:

Nf(t) = No - Ns(t). Por definição, a confiabilidade será dada pela probabilidade de sobrevivência, ou seja:

Admitamos uma população homogênea de componentes para os quais a taxa de falha λ seja constante.

Taxa de falhas constantes significa que, em intervalos de tempo elementares, de duração dt, o número de componentes falhados (mortalidade) é dado por:

dN(t) = -N(t) λ.dt Sendo: N(t) a população no instante t.

A partir desta expressão é fácil deduzir a equação que dá N(t) em função do tempo.

De modo que:

A curva representativa da diminuição da população útil em função do tempo está ilustrada na figura abaixo:

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CURVA TÍPICA DE FALHAS

A curva da taxa de falhas de grande número de componentes e sistemas é caracterizada por uma curva, designada por Curva em Banheira, na qual se distinguem 3 regiões:

• Região J, designada como Período de Taxa de Falhas Inicial (ou período Juvenil). Corresponde ao período de partida da componente ou sistema e é caracterizado por uma taxa de falhas relativamente alta, a qual decresce com o tempo tendendo para um valor mais baixo e constante.

Na população humana verifica-se uma curva deste tipo para a mortalidade dos indivíduos. A taxa de mortalidade é mais alta nos primeiros meses de vida (mortalidade infantil); essa taxa cai rapidamente e, por exemplo, é muito menor para crianças de 2 anos do que para recém nascidos.

O mesmo acontece com circuitos eletrônicos, rolamentos, lâmpadas elétricas, etc. • Região A, designada como Período de Taxa de Falhas Constante (ou período adulto). Durante este período, que normalmente abrange a maior parte da vida útil do componente ou sistema, a taxa de falhas é, aproximadamente, constante. Corresponde à idade adulta nas populações humanas. Durante este período, a mortalidade devida as causas aleatórias verifica-se a uma taxa constante. • Região V, designada como Período de Falhas devidas à Deterioração (ou período Senil). É um período que se segue ao de taxa de falhas constante e durante o qual a taxa de falhas sobe rapidamente, devido a processos de deterioração (mecânica, elétrica, química, etc.). As avarias, se não forem tomadas precauções prévias (manutenção preventiva), acabam por se suceder catastróficamente em toda a população.