Apostila Artes Visuais

download Apostila Artes Visuais

of 59

Transcript of Apostila Artes Visuais

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    1/59

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    2/59

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    3/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    3

    Elaborao do texto, projeto grfico, diagramao, capa, pesquisaiconogrfica e fotomontagens:Garcia Junior

    permitida a reproduo para fins didticos em sala de aula desdeque comunicada ao autor pessoalmente, por telefone ou meioeletrnico.

    Imagtica Comunicao & Design.Av. A, Qd. 01, Bl. 06, Apto. 404, Cond. Ipem-Angelim, Bairro Angelim,CEP: 65062-710, So Lus MaranhoFone: (98) 3246 9860E-mails: [email protected] / [email protected]: www.imagetica.net

    Azevedo Junior, Jos Garcia de.Apostila de Arte Artes Visuais. So Lus: Imagtica Comunicao eDesign, 2007.59 p.: il.

    1. Arte Artes Visuais Linguagem Cdigos e suas Tecnologias Ensino Mdio Ttulo.

    CDDCDU

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    4/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    4

    SUMRI O

    APRESENTAO p. 04

    UNIDADE 01 Entendendo a Arte p. 05Parte 01: Conceitos, importncia e funes da Arte p. 05Parte 02: Arte nas imagens do cotidiano p. 12Parte 03: A beleza, o feio e o gosto p. 14Parte 04: Arte erudita, arte popular e arte de massa p. 17Parte 05: Tcnicas e materiais artsticos e expressivos nas artes visuais p. 22

    UNIDADE 02 A linguagem visual p. 28

    Parte 06: Comunicao e linguagem p. 28Parte 07: Elementos bsicos da linguagem visual p. 31Parte 08: Fundamentos compositivos da imagem p. 45

    PROPOSTA DE PLANO DIDTICO p. 50

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS p. 58

    APRESENTAO

    Esta apostila parte de uma pesquisa pessoal do autor com alunos do Ensino Mdiosobre o Ensino de Arte, visando uma melhor metodologia de construo dos conhecimentos daArte, enfocando seus aspectos filosficos, sociolgicos, histricos, estticos e tcnicos.

    A abordagem dos contedos feita de maneira crtica e questionadora, orientando oleitor a traar paralelos com sua realidade para uma aprendizagem significativa e

    contextualizada. O texto organiza e explora os elementos conceituais didaticamente fazendorelao com as mais de 120 imagens que ilustram a apostila.

    Longe de ser uma referncia nica, propomos que essa apostila seja um dos pontos departida para o despertar do interesse artstico em suas principais dimenses: o saber, aapreciao e a produo.

    Quaisquer crticas, comentrios ou sugestes podero ser encaminhados para o [email protected]. Atualizaes podero ser obtidas no site www.imagetica.net.

    Garcia Junior.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    5/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    5

    APOSTI LA DE ARTE ARTES VI SUAI SGarc ia Juni or

    Unid ade 01 ENTENDENDO A ARTE

    Par t e 1 : Conce i tos , im por t nc ia e fun es da a r t e

    O mundo da arte concreto e vivo podendo ser observado, compreendido e apreciado.Atravs da experincia artstica o ser humano desenvolve sua imaginao e criaoaprendendo a conviver com seus semelhantes, respeitando as diferenas e sabendo modificarsua realidade. A arte d e encontra forma e significado como instrumento de vida na busca doentendimento de quem somos, onde estamos e o que fazemos no mundo.

    Pensando sobre o tema- Observe estas imagens:

    - Voc j viu algumaimagem e ficou na dvidase ela era ou no uma obrade arte? Quais foram asimagens?

    - Como voc faria paradistinguir a imagem de umcartaz de filme de cinema

    de uma tela pintada comosendo arte?- Voc sabe o que

    arte e para qu ela serve?

    01. P ie t .Michelangelo. Igreja de So Pedro,Vaticano, Itlia. C. de 1500

    02. Cadeira Kasese.Hella Jongerius. 2000.

    03. Mont Ste . V i to i re .Paul Czanne. Frana. 1885 - 1887. 04 . Pos te r de Sta r W ars Ep i sode I I I .

    LucasFilm. 2005.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    6/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    6

    Conhecendo mais sobre o tema

    Para podermos responder a essas perguntas devemos, antes de mais nada, saber que aarte conhecimento. A arte uma das primeiras manifestaes da humanidade como formado ser humano marcar sua presena criando objetos e formas (pintura nas cavernas, templosreligiosos, roupas, quadros, filmes etc) que representam sua vivncia no mundo, comunicando

    e expressando suas idias, sentimentos e sensaes para os outros.Desta maneira, quando o ser humano faz arte, ele cria um objeto artstico que noprecisa nos mostrar exatamente como as coisas sono mundo natural ou vividoe sim, comoas coisas podem ser, de acordo com a sua viso. A funo da arte e o seu valor, portanto, noesto no retrato fiel da realidade, mas sim, na representao simblica do mundo humano.

    Para existir a arteso precisos trselementos: o artista, oobservador e a obra dearte.

    O primeiro elemento o artista, aquele que criaa obra, partindo do seuconhecimento concreto,

    abstrato e individual transmitindo e expressandosuas idias, sentimentos, emoes em um objetoartstico (pintura, escultura, desenho etc) quesimbolize esses conceitos. Para criar a obra oartista necessita conhecer e experimentar osmateriais com que trabalha, quais as tcnicas quemelhor se encaixam sua proposta de arte e comoexpor seu conhecimento de maneira formal noobjeto artstico.

    O outro elemento o observador, que fazparte do pblico que tem o contato com a obra,partindo num caminho inverso ao do artista observa a obra para chegar ao conhecimento demundo que ela contm. Para isso o observadorprecisa de sensibilidade, disponibilidade paraentend-la e algum conhecimento de histria ehistria da arte, assim poder entender o contexto

    em que a obra foi produzida e fazer relao com oseu prprio contexto.Por fim, a obra de arte ou o objeto

    artstico, faz parte de todo o processo, indo dacriao do artista at o entendimento e apreciaodo observador. A obra de arte guarda um fim em simesma sem precisar de um complemento outraduo, desde que isso no faa parte daproposta do artista.

    1 . O Ar t i s ta cr ia ,t r a n s m i t i n d o eexpr essando id ias esen t imen tos . . .

    2 . Na fo rma de umObje to A r t s t i co a

    obra de a r t e que . ..

    3 . O Observador v ,anal i sa , compreende eaprec ia .

    0 5 . Artista Philippe Farraut esculpindo em pedra.

    0 6 . Visitantes no Museu do Vidro em Nova York,

    Estados Unidos.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    7/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    7

    Pensando sobre o tema

    Observe e analise asimagens de acordo comos questionamentos:

    Quais dessas imagens

    voc consideraria comosendo obra de arte? Quais so as

    caractersticas dasimagens que levam voc aconsiderar isso?

    Elas so parecidas entresi e so da mesma poca?

    Conhecendo mais sobre o tema

    Dentre os possveis e variados conceitos que a arte pode ter podemos sintetiz-los doseguinte modo a arte uma experincia humana de conhecimento esttico quetransmite e expressa idias e emoes na forma de um objeto artstico (desenho,pintura, escultura, arquitetura etc) e que possui em si o seu prprio valor. Portanto, paraapreciarmos a arte necessrio aprender sobre ela. Aprender a observar, a analisar, a refletir,a criticar e a emitir opinies fundamentadas sobre gostos, estilos, materiais e modos diferentesde fazer arte.

    Uma tela pintada na Europa no sc. XIX pode no ter o mesmo valor artstico para umacomunidade indgena ou para uma sociedade africana que conservem seus valores e tradies

    originais. Por que isso pode acontecer se a arte universal?Para esses grupos tnicos os significados da arte como a entendemos podem no seros mesmos por no pertencerem ao contexto em que eles vivem.

    0 6 .Colar-ap i to . Etnia indgena Urubu Kaapor.Maranho, Brasil.

    0 7 .Bicho. Ligia Clark. Brasil. 1960.

    0 8 .A Anun c iao.Ilum inura de evangelhomanuscrito. C. de 1150.

    0 9 . Pea de propaganda deindstria de papel.

    1 0 .Cra te ra ( vaso ) g rego . Im agem de espetculo teatral.Grcia. C. de 500 A.C.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    8/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    8

    Cada sociedadepossui seus prpriosvalores morais, religiosos,artsticos entre outros. Issoforma o que chamamos de

    cultura de um povo. Mas uma cultura no fica

    isolada e sofre influncias de outras, portanto,nenhuma cultura esttica e sim dinmica emutvel. A arte, ao longo dos tempos, tem semanifestado de modos e finalidades diversas. NaAntiguidade, em diferentes lugares a arte era

    vislumbrada em manifestaes e formas variadas na Grcia, no Egito, na ndia, na Mesopotmia...

    Os grupos sociais vem a arte de ummodo diferente, cada qual segundo a sua funo.Nas sociedades indgenas e africanas originais,por exemplo, a arte no era separada do convviodo dia-a-dia, mas presente nas vestimentas, naspinturas, nos artefatos, na relao com o naturale o sobrenatural, onde cada membro dacomunidade podia exercer uma funo artstica.

    Somente no sc. XX a arte foi reconhecidae valorizada por si, como objeto que possibilitauma experincia de conhecimento esttico.

    1 1 .Pin tu r as rupes t res de an ima i s .Cavernas de Lascaux. Frana. C. de 15-13000 A.C.

    1 2 .Pin tu r a na tumba de Ne fe r ta r i .Oferenda deusa sis. Bahri, Egito. C. 1279-1212 A.C(dinastia 19).

    Desde os p r im rd ios ose r hum ano buscat ransm i t i r e exp ressa rsuas id ias esen t imen tos .

    O se r hum anorep resen tas imbo l i camen t e suav ivnc ia , va lores ecrenas a t ravs daar te .

    Nes ta p i n tu ra l eo o a r t i s tano p resenc iou a cena en t r eCr is to e os seus aps to los ,mas rep resen tou a cena comoe la poder i a te r oco r r i do dem a n e i r a ex t r e m a m e n t e

    rea l i s ta .A ar te , ento, no pr ec isa nosmos t r a r a rea l i dade como e la, mas como perceb ida,i n te rp r e tada e mos t r ada pe lose r humano .

    1 3 .Tom, o inc rdulo .

    Caravaggio.Espanha. C. de 1602-1603.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    9/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    9

    Pensando sobre o tema

    Quando voc observa imagens de um modo geral procura entend-la? Para qu servea imagem e com que finalidade ela foi criada?

    Conhecendo mais sobre o tema

    Ao longo da histria da arte podemos distinguir trs funes principais para a arte apragmtica ou utilitria, a naturalista e a formalista.

    Funo pragmtica ou utilitria: aarte serve como meio para se alcanar umfim no-artstico, no sendo valorizada porsi mesma, mas pela sua finalidade.Segundo este ponto de vista a arte podeestar a servio para finalidades

    pedaggicas, religiosas, polticas ou sociais. No interessa aqui se a obra tem ou no

    qualidade esttica, mas se a obra cumpre seu papel moralde atingir a finalidade a que ela seprestou. Uma cultura pode ser chamada pragmtica quando o comportamento, a produointelectual ou artstica de um povo so determinados por sua utilidade.

    1 4 .A redeno de Cam .Modesto Broccos Y Gomes.Rio de Janeiro, Brasil. 1895.

    1 5 .So Joo Nepom uceno. Aleijadinho.Minas Gerais, Brasil. 1895.

    1 6 .Abs t ra to .Antnio Bandeira.Brasil. 1967.

    1 7 .Vaso de car i t idesCultura Santarm . Par, Brasil.

    C. 1000-1500.

    Vaso de cermica em arg i lada Cu l tu r a San ta rm , e tn i aindgena que se desenvolveuna foz do r io Tapajs , noBaixo Am azonas . Es ta peapossua uma f ina l idader i tua l s t i ca e era adornadacom r icos deta lhes .Car i t ides so os nom es dasf i gu ras an t ropomr f i cas(m is tu ra de hum anos com

    an ima i s ) que susten tam ovaso na base.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    10/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    1 0

    Funo naturalista: o queinteressa a representaoda realidade ou daimaginao o mais naturalpossvel para que ocontedo possa ser

    identificado e compreendidopelo observador. A obra dearte naturalista mostra uma realidade que est fora delaretratando objetos, pessoas ou lugares. Para a funonaturalista o que importa a correta representao(perfeio da tcnica) para que possamos reconhecer aimagem retratada; a qualidade de representar o assuntopor inteiro; e o vigor, isto , o poder de transmitir demaneira convincente o assunto para o observador.

    Funo formalista: atribui maior qualidade na forma de apresentao da obrapreocupando-se com seus significados e motivos estticos. A funo formalista trabalha comos princpios que determinam a organizao da imagem os elementos e a composio daimagem. Com o formalismo nas obras, o estudo e entendimento da arte passaram a ter umcarter menos ligado s duas funes anteriores importando-se mais em transmitir eexpressar idias e emoes atravs de objetos artsticos. Foi s a partir do sc. XX que a

    funo formalista predominou nas produes artsticas atravs da arte moderna, com novaspropostas de criao. O conceito de arte que temos hoje em dia derivado desta funo.

    1 8 .Recado di f c i l .Almeida Jnior.Rio de Janeiro. Brasil. 1995.

    Nes ta p i n tu ra l eo o a r t i s tare t ra t a uma s i t uao de modorea l i sta com personagenshum i l des t i rados do co t i d i anobras i le i ro da poca.A per fe io da tcn ica dap in tu r a ressal ta a i n teno derep resen ta r a imagem o ma i s

    natura l poss ve l .

    Es ta p i n tu ra l eo marca oin c io nas ar tes v isua is do

    mov im en to cu l tu ra l conhecidocomo Modern i smo n o B ras i l.Ela s imbol i za e lement osreg iona i s (so l , mandacaru ) comcores v ivas e f iguras es t i l i zadase d is torc idas , sem se pr eocuparcom a ana tom ia pe r fe i t a e s imcom a fo rm a de ap resen taoes t t i ca da a r t e em s i .O nom e Abaporu s i gn i f i ca nal ngua Tup i -Guaran i o hom emque come re l ac ionado ao a n t r o p o f ag i sm o c u lt u r a l c o m opropos ta a r t st i ca doModern i smo.

    1 9 .O Abaporu .Tarsila do AmaralSo Paulo. Brasil. 1927.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    11/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    1 1

    Para saber mais

    Arte Figurativa ou Figurativismo: aquela queretrata e expressa a figura de um lugar, objeto,pessoa ou situao de forma que possa seridentificado, reconhecido. Abrange desde a

    figurao realista (parecida com o real) at aestilizada (sem traos individualizadores). Ofigurativismo segue regras e padres derepresentao da imagem retratada.

    Arte Abstrata ou Abstracionismo:termo genricoutilizado para classificar toda forma de arte que seutiliza somente de formas, cores ou texturas, semretratar nenhuma figura, rompendo com a

    figurao, com a representao naturalista darealidade. Podemos classificar o abstracionismo emduas tendncias bsicas: a geomtrica e a informal.

    2 0 .A le i te i ra .Jan Vermeer. Holanda. 1660.

    2 1 .Broadway Boog ie Woog ie .Piet Mondrian. Holanda. 19942-1943.

    Nesta p i n t u ra l eo , f e i t a du ran te oper odo a r t s t i co chamadoRenascimen t o , o a r t i s ta exp lo rou arep resen tao de um a cena do d i a -a -d i ade modo r ea l is ta re t ra tand o comper fe i o a n a tu ra l i dade f i gu ra t i va dasfo rm as , il um inao , co res e tex tu ras

    c r i ando toda uma a tm os fe ra que nos fazmer gu lha r na cena . Es ta ob ra de a r t epode ser c lass i f i cada como Nat ura l i s t asegundo sua funo o r i g i na l quando fo ic r iada.

    Aqu i o a r t i s ta reduz a im agem aos seus e lemen t osbs icos v isua is : form as, cores , d i reo e mov im ento.Es ta ob ra faz pa r t e do m ov imen to Express ion i staA lemo na A r t e Moderna que ev i tava a rep resen taoda natu reza ta l qua l a vem os. Para es tes ar t i s tas aAr te e ra a s imp l i c i dade e o rgan i zao geom t r i ca doespao. Nes ta p in t ura leo o ar t i s ta no sep reocupou em c r i a r a l go i den t i f i cvel m as , s im ,t ransm i t i r va l o res e s i gn i f i cados est t i cos nas fo rm asbs icas, por i sso pode ser c lass i f i cada como sendo da

    funo Form a l i sta .

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    12/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    1 2

    Par te 2 : A r te n as im agens do co t id iano

    Pensando sobre o tema

    Onde e como voc v a arte no seu dia-a-dia?

    Quais so as caractersticas formais e quaissignificados as imagens que voc consideraarte transmitem para voc?

    O que leva voc a entender estas imagenscomo sendo arte?

    Ampliando os conhecimentos

    Uma imagem guarda uma semelhana com

    algo, representando aquilo que o nosso sentido daviso pode captar, aquilo que podemos ver, ou quenossa imaginao pode criar. Assim, o reflexo denosso rosto na gua uma imagem que anatureza se encarregou de criar.

    O ser humano, ao longo de seudesenvolvimento, tem procurado encontrar formas

    de registrar essa imaginao ou realidade captada,atravs de pinturas, desenhos, esculturas, gravurasou filmes, ou seja, atravs de representaesimagticas.

    A principal diferena entre imagem e representao imagtica que imagem tudo aquiloque nosso sentido da viso pode captar registrando tanto o que realidade quanto imaginao,e representao imagtica so imagens carregadas de significados organizados ou no demaneira consciente com valores artsticos.

    Os significados e intenes na criao variam de acordo com o perodo, lugar e pessoas,ou seja, de acordo com o contexto histrico. Desde tempos remotos, o ser humano jprocurava fazer representaes imagticas nas paredes das cavernas. Essas imagens podiamter finalidades msticas e de sobrevivncia. Na Idade Mdia, as imagens das obras de artepossuam um cunho educativo a servio da religio. J no Renascimento as imagens artsticasprocuravam elevar a condio do ser humano a um nvel maior. No Romantismo eModernismo, as obras de arte possuam fins diversos, como protestos e denncias dosproblemas polticos e sociais.

    Na atualidade existem vrias maneiras de se representar a realidade ou a imaginao. Hojeem dia, alm das formas tradicionais (desenho, pintura, escultura, gravura, arquitetura), existeo cinema, a televiso, o computador e a Internet. Atravs dessas novas tecnologias surgiramtambm vrias manifestaes artsticas que so produzidas basicamente utilizando-se dassuas possibilidades e inovaes.

    Atravs da TV encontramos vrias manifestaes de produes artsticas, como, porexemplo, telenovelas, seriados, filmes ou desenhos animados. Estes ligados diretamente sartes cnicas, porm utilizando mecanismo de representao imagtica das artes visuais, comoo vdeo. Nesse caso, so linguagens artsticas que se fundem, se unem. Podemos denominar

    essa linguagem artstica como audiovisual unio de som e de imagem.Outras manifestaes com elementos artsticos que esto presentes nas imagens do nossocotidiano so as publicaes grficas como os jornais, as revistas, os livros, os outdoors, os

    2 2 .Fo tom on tagem com e lemen tos s im b l i cosd a a r t e. Garcia Junior. 2005.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    13/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    1 3

    panfletos, entre outras. Nessas publicaes encontramos vrias formas de representao, quevo desde o desenho at a fotografia.

    Nos jornais, por exemplo, nos divertimos freqentemente com as tiras de histrias emquadrinhos, os cartuns e as charges polticas. Em contrapartida, tambm podemos nos chocarvendo imagens com cenas de violncia captadas com preciso pela cmera do fotgrafo. Nasrevistas utiliza-se dessas mesmas imagens, porm, com um pouco mais de sofisticao,

    elaborando o visual da pgina junto com texto, fotografias e grficos para que se torne maisinteressante ao leitor. As prprias histrias em quadrinhos (tambm conhecidas por HQs), queinicialmente surgiram para entreter os leitores de antigos jornais norte-americanos, alcanaramum nvel artstico elevado, em que artistas fazem uso de sua linguagem para expressaremsuas criaes.

    Para saber mais

    Voc j reparou que as roupas variam deacordo com vrias situaes: o ambiente, apoca, o nvel social, o poder de aquisio, o

    grupo cultural, os lugares... Esta variao nosgostos, estilos e modos de se vestir possui umnome: moda. Geralmente atribumos a moda aalgo ftil, sem contedo e passageiro, que sepreocupa apenas com a beleza exterior domodelo. De certa maneira isto tem um sentido.Contudo, tambm podemos pensar na modacomo um registro de impresses ecaractersticas de grupos humanos queconvivem socialmente e que procuram transmitire expressar, pelas suas vestimentas, elementosartsticos no cotidiano.

    O homem pr-histrico tinha uma moda ouum modo de vestir para atrair a caa, paravencer uma guerra ou para cultuar os mortos, ohomem moderno se veste de jeito diferente paraseduzir, para fechar um negcio ou parapassear. Estar na moda incorporar ossmbolos de determinado grupo social. comoafirmar aos outros, atravs das roupas, quevoc est bem informado sobre o que se passa

    no mundo. Em qualquer que seja a poca amoda est relacionada ao conceito de status, onvel social a que pertence a pessoa.

    A moda, tanto nas vestimentas quanto nosacessrios e peas de decorao, tem mostradodiferentes faces ao longo das pocas, funcionando como registro dirio do convvio emsociedade, com suas diferenas de classe, de nvel cultural, financeiro etc. O que devemospreservar e respeitar a diversidade existente nas manifestaes da moda pelo mundo, j queela possui elementos artsticos que tambm devem se manter. As diversas formas de tecidos,cortes, peas de roupas e cores so usadas para identificar a que grupo uma pessoa pertence,no que isto resuma a personalidade dela, nem que seja motivo para exclu-la de outros

    grupos, mas como questo de atitude perante os demais.

    2 3 .Di fe ren tes t i pos deves t imen tas de aco rdocom a cu l tu ra .Garcia Junior. 2005.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    14/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    1 4

    Par t e 3 : A be leza, o fe io e o gos to

    Pensando sobre o tema

    O que voc considera como belo? Um rosto feminino ou masculino? Um corposaudvel? Um pr-do-sol na praia? Uma roupa que est na moda?

    Observe as imagens e indique aquelas que voc julga como sendo belas e escrevaexplicando os motivos que levaram voc a esse julgamento.

    Reflita sobre as questes anteriores e compare com as opinies de seus colegas.

    2 4 .Const r uo mole com fe i jes coz idos prem onio da Guerr a Civ i l . Salvador Dali.Espanha. 1936.

    2 5 .Fotograf ia de formaes rochosas .Deserto do Arizona. Estados Unidos.

    2 6 .I l us t rao fe i t a com aerg ra fo demu lhe r na p ra i a. 27. Fotograf ia de Quedas d gua. Montana.

    Estados Unidos.

    2 8 .Fotog ra f i as de hom ens de d i f e ren tes cu l tu ras .

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    15/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    1 5

    Ampliando os conhecimentos

    Quando voc sabe que algo possuibeleza? Quando a imagem agradvel deser vista, quando voc sente uma emoo aov-la, quando voc entende o que est

    vendo?Se voc encontrou dificuldades paraformular uma resposta, saiba que ela no amesma para todos. Alguns estudiosos dearte dizem que existe uma beleza universal,um padro de beleza que mantm omesmo valor para qualquer pessoa. Vocconcorda com esta afirmao?

    Assim como o conceito de arte, oconceito de beleza vem mudando de acordocom as pocas e os lugares, assumindo

    diferentes rostos e personalidades. Voc jdeve ter ouvido a expresso gosto no sediscute, que podemos entender como o que belo para voc pode no ser para outrapessoa, portanto no podemos julgar. Vocj deve tambm ter ouvido a frase a belezaest nos olhos de quem v, isto , a belezano est no objeto, pessoa ou paisagem quevemos, mas no entendimento da pessoa queobserva sobre o que beleza. Voc j

    conseguiu criar um conceito e entender oque a beleza?Como foi mencionado anteriormente, a

    arte uma experincia de conhecimentoesttico de transmisso e expresso deidias e sentimentos. Associamos a palavraesttica arte e tambm beleza. A palavraesttica vem do grego aisthesis e significafaculdade de sentir, compreenso pelossentidos, percepo totalizante.

    Quando observamos uma obra de arte

    ou uma imagem qualquer ela primeiro sentida (percepo pelos sentidos), depoisela analisada (interpretao simblica domundo) e, por fim, entendida e apreciada(conhecimento intuitivo). Para apreciarmosalgo belo no usamos imediatamente nossarazo, mas os sentimentos, nossa intuio,nossa imaginao. Desta maneira quetemos uma experincia esttica com a obrade arte ou imagem.

    O conceito de beleza teve vrias

    modificaes ao longo dos tempos. O queuma cultura pode considerar como feio outracultura pode considerar como belo.

    2 9 .Cabea de Nefer t i t i .Arte Egpcia. C. 1348-1336 A.C.(dinastia 18)

    3 0 .Vnus de Mi lo . Arte Grega(perodo Helnico). C. 150-100A.C.

    3 1 .O Nasc iment o de Vnus .Sandro Botticelli. Itlia. C. 1435-86

    3 2 .A Banhis ta de Valp ion.I n res. Fran a. 1808.

    A be leza fem in i na fo i econ t i nua sendo um dostemas p re fe r i dos dosar t i s tas . Observe comoo p a d r o e st t i comu da con fo rme a poca ,l uga r e exp ress iv i dadedo au to r .

    3 3 .Mary l i n MonroeDourada .Andy Warhol.Estados Unidos. 1962

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    16/59

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    17/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    1 7

    quando a forma de representao feia, ou seja, quando o criador no temconhecimento da tcnica e dos materiais que escolheu para trabalhar e noconsegue transmitir sua proposta; e

    quando o observador no possui o conhecimento ou sensibilidade para apreciar eentender a proposta do criador da obra.

    Como podemos ento julgar se uma obra feia, quando podemos cham-la de arte? A

    partir do sc. XIX, quando a arte deixa de ter puramente uma funo utilitria e naturalista epassa a se preocupar mais com a forma da representao esttica, ela passa a ser avaliadapela sua proposta e capacidade de falar ao sentimento. Assim, a arte passa a ser autntica,deixa de ser uma cpia do real. Ento, s haver obras feias quando forem malfeitas, isto ,quando no corresponderem proposta de criao do artista (por falta de conhecimento,tcnica, etc). Se houver uma obra feia, no existe uma obra de arte.

    O gosto capacidade de julgarmos a beleza de uma obra entendendo-a e apreciando-a.O gosto pode ser subjetivo, mas ele parte da observao e experincia objetiva com a obra dearte. O que no devemos criar pr-conceitos sobre determinadas obras antes de vivenci-lasesteticamente, ou seja, com sentimento. Para podermos adquirir o gosto devemos refin-locom informaes, conhecimento e a experincia com obras de arte. No devemos nos impedir

    de termos contato com o universo da arte, pois ele muito rico e vivo, atravs deledescobrimos o que o mundo pode sere, tambm, o que ns podemos ser e conhecer.

    Par te 4 A r te e rud i t a , a r te popu la r e a r t e de massa

    Pensando sobre o tema

    Na sua cidade existem museus, galerias, teatros, cinemas ou bibliotecas? Voccostuma freqent-los? Voc acredita que estes lugares e seu contedo esto longeda sua realidade?

    Como voc tem contato com as produes artsticas da sua localidade? Baseado no que voc conhece, saberia diferenciar entre as imagens abaixo o que

    seria arte erudita, arte popular e arte de massa?

    3 8 .Quadr i l ha com no i vos .Maria Cndida Monteiro. Brasil. 1998.

    3 9 .Primei r a missa no Bras i l .Glauco Rodrigues. Brasil. 1980.

    4 0 .Primei r a missa no Bras i l .Vtor Meireles. Brasil. 1861.

    3 9 .Procisso.Heleno Manoel. Caruaru PE.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    18/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    1 8

    Ampliando os conhecimentos

    A arte erudita refere-se quela produzida e apreciada pela elite de uma sociedade. Masno necessariamente uma elite econmica, compreendida pelas pessoas ricas, e sim por umapequena parcela, uma minoria de pessoas que conhecem vrios estilos artsticos e que sobem informadas, ou seja, a elite cultural. Os artistas eruditos so reconhecidos por grande

    parte da populao, possuem estudos refinados de diversas tcnicas, materiais, estudos e dehistria da arte. Geralmente esses artistas so homenageados postumamente com seu nomena Histria cultural de um povo, como o caso de Sandro Botticelli, Leonardo da Vinci,Michelangelo, Salvador Dalli, Pablo Picasso, Cndido Portinari, Di Cavalcanti, Tarsila doAmaral entre outros.

    A arte erudita facilmente encontrada em grandes museus e galerias e possuem um valorartstico e qualidade esttica incontestvel pelos crticos e pelos apreciadores mais exigentes.

    A arte erudita caracteriza-se por: apresentar esforo para captar o significado da existncia humana; instigar o pblico apreciador a mudar sua viso de mundo; envolver o desenvolvimento dos cdigos artsticos; abarcar a expresso individual do artista.

    Ampliando os conhecimentos

    No outro extremo encontra-se aarte popular, ou seja, aquela feitapelo povo e para o povo. O artistapopular mantm razes com acomunidade que faz parte sendograndemente influenciado na sua

    criao pelos seus motivos esignificados simblicos e estticos.A arte popular faz referncia a umaherana cultural das diferentesetnias que consistem um povo,como no caso do Brasil. Os temasda arte popular so dos mais

    variados desde a representao do sagrado e mstico,como nas figuras de santos e ex-votos, passando porcenas do cotidiano, como nas estatuetas de cermica oumadeira, at nas indumentrias e artefatos de festas

    folclricas, como no Bumba-meu-boi, festa do DivinoEsprito Santo ou Maracatu.Dentro do estudo da arte, a arte popular tem sido

    encarada como a prima pobre da arte erudita, devido sua origem junto a comunidades consideradas seminstruo. As manifestaes da arte popular como oartesanato, a cermica em argila, as peas de madeira,as xilogravuras na literatura de cordel etc. tm sidoconsideradas como artes menores em relao arteerudita e as pessoas que produzem esse tipo de arte noso reconhecidas como artistas e, sim, como artesos.

    Esta diferenciao acontece, principalmente, pelamaneira e inteno que a arte popular produzida jque, na maioria das vezes, a pessoa que cria a arte

    4 1 .Garrafa com are iaco lor ida. Natal RN.

    4 2 .Cermica p in tada.Maria Cndida Monteiro.1998.

    4 3 .Gola de caboc lo d eMaraca tu de bequeso l to .Mestre Calumbibi.Recife PE.

    4 4 . B u m b a - m e u - b o ide So Sim o. AntonioRibeiro. So Lus MA.

    4 1

    4 2

    4 3

    4 4

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    19/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    1 9

    popular aprendeu seu ofcio com os pais ou outra pessoa mais experiente.O que tem se discutido em arte que a arte popular, assim como a arte erudita, tem seus

    valores estticos prprios oriundos da maneira como produzida, dos materiais e tcnicasempregados e da inteno do criador. De fato, a arte popular facilmente encontrada ecomercializada nos centros das comunidades a que pertence sendo tambm exportada para osapreciadores da arte erudita.

    Podemos afirmar ento, que a arte popular atribuda produo esttica de uma parte dapopulao que no formalmente intelectualizada, nem urbana, nem industrial. A arte popularpossui como principais caractersticas:

    ser geralmente annima, pois resultado de vrias colaboraes que passam degerao em gerao ao longo do tempo, geralmente feita oralmente;

    apresentar viso de mundo de um determinado grupo social, ou seja, o contedo datradio cultural e folclrica expressa os sentimentos comuns de uma coletividade;

    desenvolver-se dentro de convenes tradicionais; ter como maior pblico apreciador pessoas de seu prprio grupo ou comunidade; resistir s influncias dos modismos ditados pela elite dirigente.

    A arte popular pode ser considerada o retrato de uma nao, pois guarda caractersticaspeculiares e genunas do povo que formou esse grupo durante anos. Muitas pessoas acreditamque esse tipo de arte produto apenas de pessoas que vivem na zona rural ou de povosimigrantes. No entanto, grande parte da populao que vive na zona urbana, de grandescidades, composta de pessoas que vieram do interior ou de outros pases, incorporando cidade manifestaes de sua cultura.

    Para saber mais

    Arte popular e o folclore: No Brasil a

    produo de arte popular muito rica. Esse tipode produo atrai a ateno de muitas pessoase, de modo especial, os turistas. Em cada regiodo pas existe um tipo de arte popular que sedestaca, e por isso mesmo pode ser vista comouma peculiaridade dos costumes desse lugar, acaracterstica cultural e folclrica desse povo.Essas manifestaes artsticas popularescompreendem alm de artes visuais, a msica, adana, artes cnicas e at mesmo a arquitetura.

    Na cidade de So Lus, Maranho, intitulada

    pela Unesco como Patrimnio Cultural daHumanidade, por exemplo, o que se destacacomo arte popular so os vasos cermicos,feitos em argila e com desenhos variados,herana dos povos indgenas e africanos. Asindumentrias e adereos das festas efolguedos folclricos de So Joo e do Carnavalso confeccionados por grupos comunitriosque preservam e divulgam a tradio cultural dopovo. Os azulejos nas paredes dos casaresantigos do centro histrico possuem diferentes

    desenhos padronizados com tcnicas deproduo oriundas dos portugueses. Todo esteconjunto de elementos forma um acervo queconta um pouco da histria do povo ludovicense.

    45 . Fo tomon t agem casaro do Cen t ro H i st r i co deSo Lus, azu le jos e nd ias do Bum ba-m eu-bo i .

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    20/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    2 0

    Ampliando os conhecimentos

    Algumas manifestaes artsticasdurante a histria da arte possuram epossuem alcance muito grande, ou seja,atingem a uma quantidade maior de

    pessoas, de diferentes classes sociais eculturais por isso so consideradas comoarte popular e, ao mesmo tempo, arte demassa. O termo arte de massa -significando ao alcance de todos e paratodos - recente, surgido no sculo XXcom o advento da fotografia, cinema eteleviso, mas o seu conceito remonta Antiguidade quando os faras egpcios

    representavam sua autoridade poltica e religiosa ao povo naforma de pirmides, templos e outras obras monumentais

    para serem observadas e entendidas por todos de uma svez. Portanto, a inteno da produo do objeto artstico erautilitria e buscava atingir grande massa da populao que,em geral, no tinha acesso s produes mais refinadasdestinadas elite dominante. O imprio romano fez muito usoda imagem como smbolo de poder na representao deesttuas dos imperadores para impressionar os povosdominados, a Igreja Catlica fez uso das representaesimagticas do sagrado para assegurar e converter fiis suaf crist, j que na Idade Mdia, por exemplo, grande parte dapopulao era analfabeta e a Bblia impressa no existia.

    Nos tempos modernos, com a evoluo tecnolgica dosmeios de comunicao de massa rdio, televiso, jornais,revistas e cinema a arte pde ser explorada no sentido deampliar o pblico que pretende conhec-la, entend-la eapreci-la.

    Contudo, mesmo com a arte ao alcance de quase todos,ela continua sendo produzida por uma minoria que forma umaelite cultural. A grande diferena entre arte popular e arte demassa seria sua origem, ou seja, quem as produz. As demaispessoas no adquirem conhecimentos suficientes para

    usufruir a arte de maneira plena em todos os seus sentidos.A arte s percebida e compreendida pela massaenquanto se mantm figurativa e guarda referncias aocotidiano e experincias mais imediatas e concretas daspessoas tornando difcil o acesso ao entendimento demanifestaes artsticas mais complexas e sofisticadas comoa arte abstrata. Por isso os filmes de cinema ou telenovelascom pouco contedo conceitual e argumentos simples somais consumidos pela massa, salvas excees queextrapolam o mercado comum e lanam propostas inovadorasem termos de roteiro, narrativa e visual.

    46. P i rm ides de Quops , Quf ren e Miquer in os .Deserto de Giz. Egito. C. 2570-2544 A.C.

    47. Deta lhe da Coluna de Tra jano.Roma. C. 114 A.C.

    48 . Ca ted ra l de No t r e -Dame.Amiens, Frana. 1220-1269.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    21/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    2 1

    Podemos citar como caractersticas da arte de massa: ter um alcance abrangente; ser de rpida visualizao e de fcil acesso; ser produzida por uma minoria cultural para entretenimento e apreciao de muitos; ser interpretada por vrios pontos de vista diferentes em relao aos seus

    significados; poder se utilizar de todas as manifestaes artsticas como as artes visuais, as artes

    cnicas, a dana e a msica atravs dos meios audiovisuais; acompanhar tendncias e mudanas contemporneas que influenciam a sua criao; ser comercializada fazendo parte de um grande mercado consumidor.

    Alm das manifestaes artsticas demassa j citadas existem tambm outras quefazem parte de grupos especficos. Umadessas forma de arte de massa o graffiti(tcnica de pintura mural usando tintasspray) ligada ao movimento cultural Hip Hop,surgido na dcada de 1970, nos centrosurbanos dos Estados Unidos, que incluitambm o Rap (msica), Break (dana) e DJ(Disc Jquei msica).

    Atualmente a arte de massa possuialgumas mdias que atingem um nmeroimpressionante de pessoas. Uma produocinematogrfica ou televisa, por exemplo,pode atingir facilmente milhes deespectadores, do mais variados nveis

    culturais e sociais, tendo seus significadosinterpretados em diferentes graus deentendimento e apreciao.

    Outra mdia que j existe a quase umsculo no seu formato atual so as revistasde histrias em quadrinhos, originalmentefeitas com um fim puramente deentretenimento e sem pretenses artsticasmaiores. Com a evoluo da linguagem dosquadrinhos (comics, formato americano oumang, no formato japons) muitos

    escritores (argumentistas ou roteiristas)deram um direcionamento mais literrio stramas, dilogos e personagens e os artistasvisuais passaram a utilizar tanto tcnicastradicionais desenho, pintura leo ou aquarela quanto tcnicas contemporneas pinturadigital usando softwares (programas) grficos avanados. Este tipo de revistas em quadrinhosso vendidos na forma de Graphic Novels, que poderia ser traduzido como romancesgrficos.

    Mas nenhuma mdia divulga a arte com mais intensidade e democracia do que aInternet. Na Internet voc pode encontrar desde imagens de obras de arte dos grandespintores quanto o trabalho mais novo de um jovem artista. Voc pode visitar virtualmente

    galerias e museus, pode divulgar suas prprias obras, debater sobre arte, receber e emitircrticas e comentrios, alm de aprender com outros profissionais ou amadores da arte.

    49. L iga da Jus t i a .Alex Ross. Pintura em aquarela. Estados Unidos. 2003

    50 . Gra f f i t i de r ua .Bryan Andersen. Inglaterra. 2001.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    22/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    2 2

    Par t e 5 Tcn icas e m ater ia is a r t s t i cos e exp ress ivos nas a r t es v isua is

    Nas artes visuais quase todo material e tcnica podem ser utilizados para criar uma obra,mas existem aqueles que so mais conhecidos, considerados como tradicionais ouconvencionais e os modernos ou contemporneos.

    Entre os meios artsticos tradicionais ou convencionais, trs deles manifestam-se em duasdimenses (bidimensional altura e comprimento): o desenho, a gravura e a pintura. Emborao resultado formal de cada um deles seja bastante diferente (embora o desenho e a gravurasejam similares), a grande diferena entre eles se encontra na tcnica envolvida. Os outrosmeios tradicionais a escultura e a arquitetura manifestam-se nas trs dimenses doespao (tridimensional altura, comprimento e largura ou profundidade).

    Desenho o processo pelo qual uma superfcie

    marcada aplicando-se sobre ela a presso

    de uma ferramenta (em geral, um lpis,carvo, nanquim, grafite, pastel, caneta,pincel etc.) e movendo-a, de forma asurgirem pontos, linhas e formas planas. Oresultado deste processo (a imagem obtida)tambm pode ser chamada de desenho.Desta forma, um desenho manifesta-seessencialmente como uma composiobidimensional. Quando esta composiopossui uma certa inteno esttica, odesenho passa a ser considerado uma

    expresso artstica.A escolha dos meios e materiais estintimamente relacionada tcnica escolhidapara o desenho. Um mesmo objetodesenhado a bico de pena e a grafite produzresultados absolutamente diferentes.

    As ferramentas de desenho maiscomuns so o lpis, o carvo, os pastis,crayonse pena e tinta. Muitos materiais dedesenho so base de gua ou leo e soaplicados secos, sem nenhuma preparao.Existem meios de desenho base d'gua (o"lpis-aquarela", por exemplo), que podemser desenhados como os lpis normais, eento umedecidos com um pincel molhadopara produzir vrios efeitos. H tambmpastis oleosos e lpis de cera.

    Desde a inveno do papel, no sculoXIV, ele se torna o suporte dominante para arealizao de desenhos. possvelclassificar o desenho em funo dos

    instrumentos utilizados para a sua execuo,ou da ausncia deles. Pode-se pensar aindaem modalidades distintas do registro deacordo com as finalidades almejadas.

    52 . Desenho a r t s t i co m o l i v re .Garcia Junior. 2006.

    53 . Desenho a r t s t i co m o l i v re .www.centraldequadrinhos.com.2006.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    23/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    2 3

    Entre as vrias modalidades de desenho, incluem-se:

    Desenho tcnico ou industrial: uma formapadronizada e normatizada de desenho, voltado representao de peas, objetos e projetos inseridosem um processo de produo.

    Desenho arquitetnico: desenho voltadoespecialmente ao projeto de arquitetura realizado, demodo geral, com o auxlio de rguas, compassos,esquadros e outros instrumentos.

    Desenho cientfico: empregado na zoologia, nabotnica e anatomia (fartamente empregados comoilustraes de manuais didticos) Ilustrao: um tipo de desenho que pretende

    expressar alguma informao, normalmenteacompanhado de outras mdias, como o texto.

    Croqui ou esboo: um desenho rpido,

    normalmente feito mo sem a ajuda de demaisinstrumentos que no propriamente os de traado e opapel, feito com a inteno de discutir determinadasidias grficas ou de simplesmente registr-las.Normalmente so os primeiros desenhos feitos dentrode um processo para se chegar a uma pintura ouilustrao mais detalhada.

    GravuraDifere do desenho na medida em que ela

    produzida pensando-se na sua impresso ereproduo. Uma gravura produzida a partir de umamatrizque pode ser feita de metal (calcografia), pedra(litografia), madeira (xilogravura) ou seda (serigrafia).O artista trabalha nesses suportes fazendo umagravao da imagem de acordo com as ferramentasque utiliza com o propsito de imprimir uma tiragemde exemplares idnticos podendo ser feita peloprprio artista ou orientando um impressorespecializado.

    Uma gravura considerada original quando

    assinada e numerada pelo artista dentro de conceitosestabelecidos internacionalmente. Aps aprovar umagravura o artista tira vrias provas que sochamadas p. a. (prova do artista). Ao chegar ao

    resultado desejado feita uma cpia "bonne tirer"(boa para imprimir b.p.i.). A tiragem finaldeve ser aprovada pelo artista, que, ento, assina a lpis, coloca a data, o ttulo da obra enumera a srie. Finda a edio, a matriz deve ser destruda ou inutilizada. Cada imagemimpressa um exemplar original de gravura e o conjunto destes exemplares denominadotiragem ou edio. Em uma tiragem de 100 gravuras, as obras so numeradas em fraes:1/100, 2/100 etc. Conhea um pouco mais sobre as quatro tcnicas de gravura:

    Litografia (matriz de pedra):a litografia (lithos = pedra e graphein = escrever) foi criadano ano de 1796 por Alois Senefelder.

    Xilogravura (matriz de madeira): surgiu como conseqncia da demanda cada vezmaior de consumo de imagens e livros sacros a partir da inveno da imprensa por Gutenberg,

    54 . Desenho tcn i co com i ns t rum en tos .www.sxc.hu.2006.

    55. Esboos de expr esses de person agens .www.centraldequadrinhos.com.2006

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    24/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    2 4

    quando as iluminurase cdigos manuscritospassaram a ser um luxo de poucos. A gravura emmadeira seria um meio econmico de substituir o desenho manual, imitando-o de forma ilusriae permitindo a reproduo mecnica de originais consagrados.

    Calcografia (matriz de metal): surgiu nos atelis de ourivesaria e de armaduras, nosculo XV, onde era usual imprimir-se os desenhos das jias e brases em papel para melhorvisualizao das imagens.

    Serigrafia (matriz de seda ou nilon):tambm conhecida como silk-screen(tela de seda) um processo de impresso no qual a tinta vazada -pela presso de um rodo ou puxador - atravs deuma tela preparada. utilizada na impresso emvariados tipos de materiais (papel, plstico, borracha,madeira, vidro, tecido, etc.), superfcies (cilndrica,esfrica, irregular, clara, escura, opaca, brilhante,etc.) espessuras ou tamanhos, com diversos tipos detintas ou cores. Tambm pode ser feita de forma

    mecnica (por pessoas) ou automtica (pormquinas).

    PinturaRefere-se genericamente tcnica de aplicar

    pigmento em forma lquida a uma superfciebidimensional, a fim de colori-la, atribuindo-lhematizes, tons e texturas. Em um sentido maisespecfico, a arte de pintar uma superfcie, taiscomo papel, tela, ou uma parede (pintura mural oude afrescos). A pintura considerada por muitoscomo uma das expresses artsticas tradicionaismais importantes; muitas das obras de arte maisimportantes do mundo, tais como a Mona Lisa, sopinturas. Diferencia-se do desenho pelo uso dospigmentos lquidos e do uso constante da cor,enquanto aquele apropria-se principalmente demateriais secos. Enquanto tcnica, a pinturaenvolve um determinado meio de manifestao (asuperfcie onde ela ser produzida) e um materialpara lidar com os pigmentos (os vrios tipos de

    pincis e tintas).A escolha dos materiais e tcnicas adequadasest diretamente ligada ao resultado final desejadopara o trabalho como se pretende que ele sejaentendido. Desta forma, a anlise de qualquer obra

    artstica passa pela identificao do suporte e datcnica utilizadas. Enquanto tcnica, a pintura

    envolve um determinado meio de manifestao (a superfcie onde ela ser produzida) e ummaterial para lidar com os pigmentos (os vrios tipos de pincis e tintas).

    O suporte mais comum a tela (normalmente uma superfcie de madeira coberta por algumtipo de tecido), embora durante a Idade Mdia e o Renascimento o afresco tenha tido mais

    importncia. possvel tambm usar o papel (embora seja muito pouco adequado maiorparte das tintas). Quanto aos materiais, a escolha mais demorada e, normalmente, envolveuma preferncia pessoal do pintor e sua disponibilidade. Materiais comuns so: a tinta a leo, atinta acrlica, o guache e a aquarela.

    56 . P roduo de te l a (m a t r i z ) de se r i g ra f i a .http://pt.wikipedia.org.2006.

    57 . A r t i s ta em a te l i de p i n tu ra .Garcia Junior. 2006.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    25/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    2 5

    tambm possvel lidar com pastis e crayons,embora estes materiais estejam mais identificadoscom o desenho.

    No entanto, h controvrsias sobre essa definiode pintura. Com a variedade de experincias entrediferentes meios e o uso da tecnologia digital, a idia

    de que pintura no precisa se limitar aplicao do"pigmento em forma lquida". Atualmente o conceitode pintura pode ser ampliado para a representaovisual atravs das cores. Mesmo assim, a definiotradicional de pintura no deve ser ignorada.

    O elemento fundamental da pintura a cor. Arelao formal entre as massas coloridas presentesem uma obra constitiu sua estrutura fundamental,guiando o olhar do espectador e propondo-lhesensaes de calor, frio, profundidade, sombra, entreoutros. Estas relaes esto implcitas na maior partedas obras da Histria da Arte e sua explicitao foiuma bandeira dos pintores abstratos.

    Para saber mais

    Conhea as principais tcnicas e materiais da pintura:Muralismo, pintura mural ou parietal: a pintura executada sobre uma parede, quer

    diretamente na sua superfcie, como num afresco, quer num painel montado numa exposiopermanente. Ela difere de todas as outras formas de arte pictrica por estar profundamentevinculada arquitetura, podendo explorar o carter plano de uma parede ou criar o efeito deuma nova rea de espao. A tcnica tradicional de uso mais generalizado a do afresco, queconsiste na aplicao de pigmentos de cores diferentes, diludos em gua, sobre argamassaainda mida.

    Tinta a leo: uma mistura de pigmento pulverizado e leo de linhaa ou papoula. umamassa espessa, da consistncia da manteiga, e j vem pronta para o uso, embalada em tubosou em pequenas latas. Dissolve-se com leo de linhaa ou terebintina para torn-la mais

    diluda e fcil de espalhar. O leo acrescenta brilho tinta; o solvente tende a torn-la opaca.A grande vantagem da pintura a leo a flexibilidade, pois a secagem lenta da tinta permiteao pintor alterar e corrigir o seu trabalho.

    Acrlico: uma tinta sinttica solvel em gua que pode ser usada em camadasespessas ou finas, permitindo ao artista combinar as tcnicas da pintura a leo e da aquarela.Se voc quiser fazer tinta acrlica, voc pode misturar tinta guache com cola.

    Aquarela: uma tcnica de pintura na qual os pigmentos se encontram suspensos oudissolvidos em gua. Os suportes utilizados na aquarela so muito variados, embora o maiscomum seja o papel com elevada gramatura (espessura do papel). So tambm utilizadoscomo suporte o papiro, casca de rvore, plstico, couro, tecido, madeira e tela.

    Guache: um tipo de aquarela opaca. Seu grau de opacidade varia com a quantidade depigmento branco adicionado adicionado cor, geralmente o suficiente para evitar que a texturado papel aparea atravs da pintura, fazendo com que no tenha a luminosidade dasaquarelas transparentes.

    58. Meninos no barco.Beto Niccio. Pintura leo.2006.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    26/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    2 6

    ColagemTambm considerada uma tcnica

    convencional de artes visuais que utiliza vriosmateriais aplicados em diferentes suportes paracriar um efeito diferente e interessante. Ao abrigarno espao do quadro elementos retirados da

    realidade - pedaos de jornal e papis de todo tipo,tecidos, madeiras e objetos variados, a colagempassa a ser concebida como construo sobre umsuporte, o que dificulta o estabelecimento defronteiras rgidas entre pintura e escultura.

    Escultura uma arte que representa imagens plsticas em relevo total

    ou parcial usando a tridimensionalidade do espao.Os processos da arte em escultura datam da Antigidade e

    sofreram poucas variaes at o sculo XX. Estes processospodem ser classificados segundo o material empregado: pedra,metal, argila, gesso ou madeira.

    A tcnica da modelagem consiste em elaborar esculturasinditas atravs desta tcnica. So utilizados materiais macios eflexveis, facilmente modelveis, como a cera, o gesso e a argila.No caso da argila, a escultura ser posteriormente cozida,tornando-se resistente. A modelagem , tambm, o primeiro

    passo para a confeco de esculturas atravs de outrastcnicas, como a fundio e a moldagem.

    A tcnica do entalhe um processo que requer tempo eesforo, j que o artista trabalha minuciosamente numaescultura, cortando ou extraindo o material suprfluo (madeira,por exemplo) at obter a forma desejada.

    O material sempre rgido e, com freqncia, pesado. A artede esculpir em madeira utiliza poucas espcies de rvores, queso selecionadas em funo da sua textura, da beleza domaterial proporcionado pelos veios e pela tonalidade da matria-prima. As madeiras comumente utilizadas so o cedro e omogno, por serem fceis de trabalhar e mais leves. Oacabamento da obra dado com tintas e vernizes preparadoscom resinas qumicas ou naturais.

    Outra tcnica utilizada para a escultura fundio de metal(ferro, cobre, bronze etc) em que se faz um processo complexoque comea com um modelo em argila, passando por um moldeque ser preenchido com cera, obtendo-se outra pea idnticaneste material, que poder ser retocada, para corrigir algumasimperfeies derivadas do molde. Depois de modelada em cera.Em seguida, o metal lquido vazado dentro de um molde,

    ocupando o lugar deixado pela cera. O gesso dissolvido emuma lavagem a jato de gua, revelando a pea com seuscontornos. A escultura de metal passa, ento, por um processofinal de recorte e de acabamento.

    59. Colagem ( papel ce lo fane, car t o l ina e co la) .www.sxc.hu. 2006.

    60 . Escu l tu r a em pedra .www.sxc.hu. 2006.

    61 . Escu l tu r a em m ade i ra .www.sxc.hu. 2006.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    27/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    2 7

    Arquitetura

    Entre muitas outras coisas, a Arquitetura aorganizao do espao tridimensional. umaatividade humana existente desde que ohomem passou a se abrigar das intempries do

    clima. Uma definio mais precisa da reaenvolve todo o design do ambiente construdopelo homem, o que engloba desde o desenhode mobilirio (desenho industrial) at o desenhoda paisagem (paisagismo) e da cidade(urbanismo), passando pelo desenho dosedifcios e construes (considerada a atividademais comum dos arquitetos). O trabalho doarquiteto envolve, portanto, toda a escala davida do homem, desde a manual at a urbana.

    A arquitetura se manifesta de dois modosdiferentes: a atividade (a arte, o campo detrabalho do arquiteto) e o resultado fsico (oconjunto construdo de um arquiteto, de umpovo e da humanidade como um todo).

    A Arquitetura depende ainda,necessariamente, da poca da sua ocorrncia,do meio fsico e social a que pertence, datcnica decorrente dos materiais empregados e,finalmente, dos objetivos e dos recursosfinanceiros disponveis para a realizao da

    obra, ou seja, do programa proposto.Bem mais do que planejar uma

    construo ou dividir espaos para sua melhorocupao, a Arquitetura fascina, intriga e,muitas vezes, revolta as pessoas envolvidas

    pelas paredes. Isso porque ela no apenas uma habilidade prtica para solucionar osespaos habitveis, mas encarna valores. A Arquitetura desenha a realidade urbana queacomoda os seres humanos no presente. o pensamento transformado em pedra, mastambm a criao do pensamento.

    6 2 . Pr d i o d o I t a m a r a t y ( a r q u i t e t u r a m o d e r n a ) .Lcia Costa. Braslia. 2006.

    63 . Pa lci o dos Lees (a rqu i te tu r a co l on ia l ) .Brasil - Maranho. 2006.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    28/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    2 8

    Unidad e 02 A L I NGUAGEM VI SUAL

    Par t e 6 : Com un icao e l inguagem

    Para garantir sua sobrevivncia no mundo e preservar seus conhecimentos e memria, oser humano necessita da comunicao atravs da linguagem oral e escrita. Veremos que alinguagem visual tambm tem grande importncia no mundo humano.

    Pensando sobre o tema Observe as imagens de sinais de trnsito e placas na sua cidade e liste quais as que

    voc consegue identificar o significado. Voc prefere se comunicar por meio verbal ou escrito? Voc acha os meios de

    comunicao que s usam imagens so mais fceis de serem compreendidos do queos que s utilizam a escrita?

    Voc identifica rapidamente e consegue compreender o significado de todas asimagens que observa em cartazes, outdoors ou muros?

    Voc sabe o que comunicao e linguagem?

    Ampliando os conhecimentos

    Algumas das caractersticas que determinam a condio humana so possuir inteligncia,raciocnio, capacidade de simbolizao e pensamento abstrato, se relacionar com osemelhante de maneira que o convvio social funcione como forma de garantir que oconhecimento adquirido hoje seja preservado e passado adiante para possveis modificaes eatualizaes, levando construo de diferentes culturas em diversos contextos histricos. Istos existe devido capacidade que o ser humano tem de se comunicar nos nveis pessoal,interpessoal e social.

    Outros seres vivos tambm se comunicam, mas no em um nvel de complexidade enuances que o ser humano, nem preservam aquilo que comunicado ou simbolizam

    significados concretos em idias abstratas. A comunicao humana, enquanto perpetuao doconhecimento, entendida como uma troca de informaes (estmulos, imagens, smbolos,mensagens) possibilitada por um conjunto de regras explcitas ou implcitas, a que chamamosde cdigo.

    64 . D i fe ren tes modos do ser hum ano se comu n i ca r .

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    29/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    2 9

    Para saber mais

    A comunicao existe basicamente para satisfazer a trs necessidades primrias: paraque algum saiba algo, para que algum faa algo ou para que algum aceite algo.

    Um dos modelos de entendimento do processo de comunicao baseia-se nos

    componentes emissor mensagem receptor Emissor: aquele que envia ou transmite uma idia ou sentimento atravs de uma

    mensagem; Mensagem: o contedo da idia ou sentimento do emissor; Receptor: aquele que recebe a mensagem podendo envi-la de volta ou a outros.

    Ampliando os conhecimentos

    A linguagem funciona como a ordenadorados smbolos da comunicao num contexto

    de espao e tempo, atravs de acordos(convenes) estabelecidos por gruposhumanos para transmitir determinadossignificados, organizando suas percepes,classificando e relacionando acontecimentospara que os smbolos guardem um mesmosentido para todos que o empregam.

    Talvez por isso tenha sido mais demoradopara voc identificar alguns dos smbolos

    mostrados anteriormente, por no fazeremparte da sua cultura local ou por serem deuma lngua estrangeira que voc noconhece. A lngua que usamos no Brasil oPortugus, oral e escrito, mas nem todos tmacesso devido ao alto ndice de analfabetismono nosso pas. Se voc estiver lendo este livro por que consegue entender um cdigo (aLngua Portuguesa) que comum sualocalidade. Este tipo de linguagem (Portugus,Ingls, Espanhol etc) chamamos delinguagem conceitual.

    Mas alm da linguagem conceitual (orale escrita) existe tambm a linguagem visual. Alinguagem visual simblica e funciona

    atravs de analogias e metforas. A linguagemvisual uma linguagem talvez mais limitada do

    que a falada, porm mais direta. Isto nos mostra que a transmisso de informaes no modovisual tem um maior no impacto e efeito no observador, j que utilizamos maneiras maisobjetivas atravs das mensagens visuais em seus diversos exemplos.

    Ver significa essencialmente conhecer, perceber pela viso, alcanar com as vista osseres, as coisas e as formas do mundo ao redor. Ver tambm um exerccio de construoperceptiva onde os elementos selecionados e o percurso visual podem ser educados.

    Observar olhar, pesquisar, detalhar, estar atento de diferentes maneiras sparticularidades visuais relacionando-as entre si. O saber ver e observar podem sertrabalhados de maneira que a pessoa possa analisar, refletir, interferir e produzir visualmenteatravs do entendimento da linguagem visual.

    65 . Como voc i n te rp re ta r i a as m ensagens nes tasimagens?

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    30/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    3 0

    Um cd igo ao a l cance de todos

    A linguagem visual pode ser encontrada portoda parte aeroportos, rodovias, fbricas. Decompreenso imediata para pessoas de idiomasdiversos, ela j faz parte da moderna paisagemurbana. A placa com o desenho de um avio indica

    o caminho para o aeroporto; com um prato entreuma faca e um garfo alerta que h um restaurantelogo ali; o cartaz com um cigarro aceso, cortadopor uma faixa vermelha, lembra que no permitido fumar; o contorno de um homem oumulher sobre uma porta informa que ali umbanheiro masculino ou feminino; flechasapontam as mos do trnsito; silhuetas humanasimitando determinados movimentos simbolizamatividades esportivas; degraus avisam que h umaescada por perto; e a clssica caveira sobre duastbias cruzadas adverte: perigo vista.

    Estes so exemplos de glifos, palavra grega quesignifica inscrio. Se comparados a seusancestrais os aristocrticos hierglifos egpcios, os modernos at que so sinais muitocorriqueiros. Enquanto os egpcios usavam oshierglifos apenas para adornar monumentos,templos e tmulos, os atuais glifos podem serencontrados por toda parte. A tal ponto estoincorporados paisagem urbana, em lugarespblicos, mas tambm em fbricas e escritriosque chegam a ser uma imagem de modernidade.

    Hierglifos, em grego, significa inscriessagradas. Mas os glifos atuais so apenasutilitrios. Eles foram se espalhando medida quea revoluo nos transportes e comunicaesproduziu o turismo internacional de massa, pondoa circular pelo mundo milhes de pessoas poucofamiliarizadas com a lngua dos pases visitados.Da a necessidade de uma linguagem que pudesseser compreendida por qualquer um, principalmenteem lugares grandes, movimentados e complexos,como os aeroportos, onde a informao rpida eprecisa fundamental no apenas para osviajantes como tambm para o funcionamento doprprio sistema.

    Alis, essa mais uma diferena entre os atuaise antigos glifos. Enquanto os sinais dos egpcioseram de propsito indecifrveis para os mortaiscomuns, os atuais s tm sentido se foremfacilmente identificveis pelo maior nmeropossvel de pessoas de todas as condies. No meiode tantas diferenas, h pelo menos umasemelhana. Cada qual sua maneira, os dois tiposde glifos so bonitos. Os atuais, como resultado demuitas pesquisas dos especialistas em arquitetura,comunicao visual, arte grfica e design. Osantigos, como resultado de uma valorizao

    cultural comparvel s tradicionais formas de arte,como a pintura ou a escultura.

    Adap tado de : Super i n te ressan te , ed . 004 , p . 64 -6 7 .

    66 . H ie rg l i f os em ba i xo re l evo s i s tema deescr i t a do Egi t o Ant igo.

    67. Diver sos t ipos de s ina l i zao.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    31/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    3 1

    Par t e 7 Elem ent os bsicos da l ingu agem v isua l

    Ampliando os conhecimentos

    Estudamos anteriormente que a linguagem visual transmite idias e sensaes atravs desmbolos que causam um maior impacto e efeito no observador do que a linguagem conceitual

    (oral e escrita) em alguns momentos. Vamos aprender agora que a linguagem visual pode serreduzida aos seus elementos bsicos, aqueles que formam a imagem e o modo como ospercebemos.

    Ponto: primeira unidade da imagem, tendo comocaracterstica a simplicidade e irredutibilidade (no pode serreduzido), no possuindo formato nem dimenso. O pontoconstri a imagem e funciona como referncia no espaovisual por ter um grande poder de atrao para a visohumana. Os pontos podem agir agrupados obtendo um

    expressivo efeito visual com formas ordenadas ou aleatriasem que o olho rene os pontos em uma nica imagem.

    Para saber mais

    Pon t i l h i smo :

    Fo i um a tcn i ca i novadora de p i n tu radesenvo l v i da pe lo a r t i s ta f r ancsGeorges Seurat n o f ina l do sc . X IXque t i nha como p ropos ta fo rmar aimagem a t ravs de m inscu los pon tosde cores p ince lados na te la de manei raque, quan do as pessoas observassem d i s tnc ia co r re ta , m i s tu rassem osmi l ha res de pon tos fo rmando a

    i m a g e m .

    68 . Dependendo de como os pon tos so o rgan i zados e l es podem se rmu i to exp r essi vos .

    70 . Domingo ta rde na I l ha Grande Jat t e .Georges Seurat. Frana. 1884-86.

    6 9 . I m a g em f o r m a d a p o r p o n t o s .Garcia Junior. 2006.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    32/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    3 2

    Linha: quando agrupamos os pontos muito prximos, em uma seqncia ordenada unsaps os outros e de mesmo tamanho, causam viso uma iluso de direcionamento eacabamos visualizando-os como uma linha.

    As linhas podem ser classificadas como: geomtricas: so abstratas e tem apenas uma dimenso, o comprimento; grficas: linhas desenhadas ou traadas numa superfcie qualquer;

    fsicas: pode ser observada, principalmente, nos contornos dos objetos, naturais ouconstrudos, criada de maneira abstrata na forma de uma percepo visual ilusria eimaginria como fios de l, fios de energia, rachaduras em pisos, horizonte etc.

    A linha grfica pode indicar a trajetria de um ou vrios pontos de maneira contnua variandoquanto:

    espessura, (fina ou grossa); forma (reta, sinuosa, quebrada ou mista); ao traado (cheia, tracejada, pontilhada, trao e ponto, etc) e; posio (horizontal, vertical ou inclinada).

    73 . L i nha geomt r i ca. 74. L inha grf i ca . 75. L inha f s ica.

    7 1 . Lin h as g r f icas d el in ean do u m d esen ho. 7 2 . Lin h as f sicas im ag in r ias n a n at ur eza.

    76. Var iaes de t ipos de l inha grf i ca .

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    33/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    3 3

    Destas caractersticas destacamos a forma e a posio que, dependendo da inteno dequem a desenha, a linha pode estar carregada de movimento e energia, assumindo diversasapresentaes para expressar vrios significados.

    Para saber mais

    - Reta: linha ilimitada nos dois sentidos (sem comeo oufim) e possui uma nica direo.- Semi - r e ta : linha que parte de um ponto de origem e ilimitada apenas num sentido de crescimento.- Retas para le las : linhas retas que no se cruzam e todosos seus pontos possuem a mesma distncia.- Retas perpendicu lares : linhas retas que se cruzam tem

    aberturas iguais formando um canto reto- ngu lo : a abertura formada por duas linhas semi-retasque partem de um mesmo ponto.- Curv a: linha que muda o seu sentido de direo podendoser sinuosa, quebrada ou mista.

    Forma: a forma derivada da organizao imaginria que damos a umconjunto de linhas dando um sentido de orientao espacial e de reconhecimentoda imagem representada. A mesma forma pode se apresentar diferente paranossa observao de acordo com a referncia visual da superfcie em ela est.

    Existem trs formas bsicas: o crculo, o quadrado e o tringulo eqiltero,cada qual com suas caractersticas e especificidades, exercendo no observadordiferentes efeitos visuais e impresses quanto aos seus significados. As formastambm podem se dividir em dois grandes grupos:

    Geomtricas: figuras ordenadas perfeitamente (formas bsicas, polgonosetc), no to facilmente reconhecidos na natureza no seu estado maispuro;

    Orgnicas: formas ordenadas ou aleatrias em estruturas no geomtricas,observadas principalmente na natureza, da o seu nome (asa de inseto,folha de rvore, curso e ramificaes de um rio etc).

    79 . As fo rmas geom t r i cas que obse rvamos nomu ndo rea l so const ru das pe lo se r hum ano .

    80 . As fo rm as o rgn i cas so fac i lmen teobservadas na na tu r eza.

    77. T ipos de l inhas geomt r i cas .

    78. Form as bs icas .

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    34/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    3 4

    Ampliando os conhecimentos

    Textura: a qualidade impressa em uma superfcie, enriquecendo as impresses esentidos que teremos de determinada forma. A textura pode ser classificada de duas maneiras:quanto sua natureza e quanto forma que ela se apresenta.

    Quanto natureza:

    Textura ttil - aquela que podemos tocar e sentir fisicamente a sua caractersticapeculiar pelo tato, como, por exemplo, o reboco granuloso de uma parede, a asperezade uma lixa, a lisura de uma cermica polida;

    Textura tica - aquela existente apenas na iluso criada pelo olho humano, como, porexemplo, a capa de um livro que reproduza a imagem de uma parede rebocada ou asimagens impressas num tecido que criam um padro de textura reconhecido pela viso,mas no sentido pelo tato.Quanto forma que se apresenta:

    Geomtrica a organizao de formas geomtricas num padro dentro de uma rea ousuperfcie acaba dando a esta a caracterstica de uma textura. Isto acontece por queagrupamos muito prximos visualmente os elementos semelhantes.

    Orgnica a superfcie possui uma aparncia de algo natural, iludindo o olho como sepudesse ser percebida pelo toque.

    Para saber mais

    Pi e t M o n d r i an ( 1 8 7 2 - 1 9 4 4 ) :

    a r t i s ta ho lands que t raba lhava com a a r te abs t ra tageomt r i ca buscando rom per com a rep r esen tao f i gu ra t i vana a r te , ou se ja , sendo con t ra a cp ia m a i s ou menos f i e l darea l i dade. Segu ia o mov imen t o chamado De St i j l (o Es t i l o) eredu z ia a imag em aos seus e lem entos bs icos l inhas ,fo rm as , co res e r i tm o num a compos i o que abandona a a r tedo na tu ra l e passa a segu i r f o r mas r g i das e geomt r i cas .

    83 . Compos i o VI I . Piet Mondrian. Holanda. 1913.

    82 . Exemp los de t ex tu ras o r gn i cas

    81 . Exemp los de tex t u ras geomt r i cas

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    35/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    3 5

    Dimenso: trabalha em conjunto com a linha e com a forma para iludir o nosso olharcriando um efeito tridimensional na imagem, que est numa superfcie bidimensional, uma folhade papel, por exemplo. As trs dimenses so: altura, comprimento e profundidade.

    Junto com o elemento da dimenso relacionaremos o conceito de plano, que uma reada imagem que possui duas dimenses (comprimento e largura) e que, atravs de suasobreposio, podemos obter uma iluso da

    terceira dimenso (altura).A representao da dimenso deprofundidade no espao bidimensional (alturae largura) vai depender da capacidade que oolho tem de se iludir quanto ao modo deperceber a imagem. A linha funciona como ocontorno das formas obtidas que, por suavez, so projetadas na superfcie planabidimensional de modo que paream estarem diferentes planos. O principal artifciousado para criar este efeito de profundidade

    a perspectiva, podendo ser intensificadospelos efeitos de claro-escuro nos diferentestons da imagem. A representao do espaotridimensional numa superfcie bidimensional,atravs da perspectiva, vai exigir uma sriede regras e mtodos estabelecidosmatematicamente para iludir o olhar.

    A i l uso de p ro fun d idade

    A superfcie do papel que voc est lendo possui apenas duas dimenses (altura e largura),portanto como podemos representar objetos com volume tendo trs dimenses e termos a iluso daterceira dimenso a profundidade? Usando os truques da Perspectiva para enganar a viso. Odesenho em perspectiva reproduz o efeito que temos quando observamos o ambiente fsico asimagens se apresentam cada vez menores medida que aumenta a distncia de quem observa. Ailuso de perspectiva pode ser causada de duas maneiras no desenho artstico:- Perspec t iva L inear que tem como referncia a linha do horizonte e um ou mais pontos de fugalocalizados nesta linha para causar o efeito de profundidade;- Perspec t i va Tona l ou A tm os f r i ca usa diferentes tonalidades de cores, graduando conforme adistncia que se quer representar quanto mais prxima do observador a figura est (1 plano) ostons so mais fortes e quanto mais distante do observador os tons so mais fracos.

    ALTURA

    COMPRIMENTO

    PROFUNDIDADEOU LARGURA

    85. Perspec t iva l inear

    86 . Pe rspec t i va no tada po r d i f e ren tesp lanos na imagem .

    87 . Pe rspec t i va tona l ou a tm os f r i ca .

    84 . F i gu ras t r i d imens iona i s.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    36/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    3 6

    Escala: quando

    trabalhamos com os elementosvisuais em uma rea especficabidimensional, devemos prestarateno na relao entre ostamanhos das imagens. Estarelao entre os tamanhos aescala, tambm conhecidacomo proporo.

    Ao falarmos sobre escalaou proporo vamos estar

    comparando conceitos opostos:grande e pequeno. A medidapara se estabelecer umarelao comparativa de escala o prprio ser humano, tendosido desenvolvida pelos gregosantigos uma relaoproporcional perfeita, a seo urea, obtidaatravs do seccionamento de um quadrado,usando a diagonal de uma de suas metadescomo raio para ampliar as suas dimenses

    originais, convertendo-o num retngulo ureo. Aescala, como elemento da linguagem visual, traz em si um grande potencial de criao deefeitos e significados na construo de mensagens comunicativas e expressivas.

    89 . Escala: rela o de tamanhos entre as formas.

    88. Pro jeo de perspec t iva: linha do horizonte, linhas convergentes e dois pontos de fuga.

    90 . Temp lo de A tena (Ac ropo l i s - Pa r tenon) .

    Atenas, Grcia. C. 447-432 A.C.

    As cons t r uesda Grc ia Ant ig asegu iam u m

    ideal dep roporo .Nesta ob r a afachada doPar tenoncor responde au m r e t n g u loureo pe r fe i t o .

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    37/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    3 7

    Para saber mais

    Cubismo:

    Um dos pr in c ipa is m ov im entos ar t st i cos do sc. XX, que tevedes taque en t re os anos de 19 08 e 1 914 . Possu i esse nome po rque um a p in t u ra d e Georges B raque , seu p recu rso r , pa rec iam

    cub inhos , e o nom e pegou . Os cub i stas qu ebravam aimagem da rea l i dade rep resen tando n a sua a r te fo rm as v i stas ,ao m esmo tem po , em todas as pos i es. Faz uso de fo rm as ,cores e m ater ia is e tcn icas var iadas como p in tu ra , co lagem,escu l tu r a e t c . Es te es t i l o va r i ava en t re a a r t e f i gu ra t i va ea b st r a t a j q u e p a r e ci a d e s m o n t a r e r e m o n t a r o s o b j et o sde mane i ra qu e todos os seus l ados fossem v i s tos em u m sins tant e . Des taca-se nesse mov im ento o espanhol PabloP icasso (188 1-197 3) conside rado um dos ma io res a r t i s tas dosc. XX, que causou uma r evo luo na ar t e com seu quadr o Les Demo ise ll es DAv ignon (As senhor i t as de Av ignon) ,p i n tando m u lhe res nuas com co rpos e ros tos de fo rmados , semrespe ita r p ropores ou a pe rspec t i va , i ndo do f i gu ra t i vo aoquase abst ra t o .

    Conhecendo mais sobre o tema

    Direo: quando observamos qualquer imagem procuramos sempre organiz-la e entend-la visualmente quanto sua forma, dimenso, tamanho e outros elementos. Tambmprocuramos um sentido para a nossa observao, isto , a direo que percebemos naimagem. Podemos fazer relao das direes principais com as trs formas bsicas: quadrado horizontal e vertical; tringulo a inclinada; o crculo a curva. Cada direo bsica expressaum sentido prprio: horizontal estase, calma; vertical prontido, equilbrio; inclinada instabilidade, atividade; curva continuidade, totalidade.

    Movimento: ao percorremos a imagem com os olhos durante a observao seguindo uma

    ou vrias direes (horizontal, vertical, inclinado e curva) estamos trabalhando tambm com oelemento bsico do movimento. O movimento funciona como uma ao que se realiza atravsda iluso criada pelo olho humano. Podemos observar uma imagem esttica num papel eparecer que ela est se movimentando para os nossos olhos. Isso acontece devido maneiracomo os elementos bsicos so arranjados e combinados entre si para criar a iluso domovimento.

    91. Les Demoise l les DAv ignon .Pablo Picasso. Frana. 1907.

    92. Di reo.

    93 . Mov imen t o .

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    38/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    3 8

    Para saber maisFu tu r i smo :

    Es t i l o a r t s t i co su rg i do na Frana , em 1 909 , com u m man i fes to l i t e r r i op rom ov ido pe lo poe ta Mar i ne t t i convocando os a r t i s tas para demons t r a rem audc ia , co ragem e r evo l ta e comemor a rem a nova be leza , a beleza dave loci dade . O es t i l o se desenvo l veu ma i s na I t l i a onde os p i n to r es fo ramin f l uenc iados pe la v i da u rb ana m oderna com suas mqu inas , a ve l oci dade dos

    ca r ros , o ba ru l ho da c i dade g rande . Os p i n to res comb inavam co res fo r t es ev i b ran tes com fo rm as e l i nhas que t ransmi t i s sem u ma sensao de mov im en tona te l a . Para os fu t u r i s tas , a v i so hum ana d i nmica , observa t udo , po r i s soseu t raba lho no p od ia se r est t i co , t i nha de m os t ra r t odos os espaos efo rm as ao mesmo tem po . En t r e os p r i nc ipa i s ar t i s tas des te mov im en toes tavam Giacomo Bal la , Umb ert o Bocc ion i , Car lo Carr e G ino Sever in i .

    Op Ar t / Op t i cal A r t (A r t e t i ca ) :

    Desenvo l v i da nos anos 1960 , a Op A r t (em po r tu gus A r te t i ca)buscavam m enos exp resso sen t im en ta l e ma i s v i sua l i zao nos seust r aba lhos . Cons t r u am suas obras usando l inhas , form as e coresorgan izadas com pr ec iso e r ig idez , sem tem as def in idos e de carterabs t ra to , mas quando obse rvadas t ransm i t i am i ns tab i l i dade e mov im en tode m anei ra a causar i luses de t i ca . Os ar t i s tas que m ais se des tacaramfo i o p i n t o r f r anco -hngaro V i to r Vasare l y , a i ng l esa B r i dge t R i l ey e oamer i cano R i cha rd Anuszk iew i cz.

    Pensando sobre o tema Fique em um ambiente fechado com a iluminao artificial (lmpada) desligada. Utilize

    uma lanterna ou vela e observe como a sua luz cria diferentes efeitos de sombras.

    Consiga uma televiso que tenha controle de intensidade de cores e diminua at ficarpreto e branco. Observe como existe uma grande diferena na imagem entre as reasclaras e sombreadas.

    Pesquise em revistas diversas, propagandas que tenham feito o uso de cores. Tenteachar um significado para estas cores e por qu elas foram empregadas na imagem.

    Ampliando os conhecimentos

    Tom: Ns percebemos o mundo pelossentidos da audio, olfato, tato, paladar e,principalmente, pela viso que s possvel pela existncia da luz. Asensibilidade dos olhos para a luz faz comque possamos discernir formas,movimentos, texturas, cores e tons. O tom a quantidade relativa de luz existente emum ambiente ou numa imagem, definindosua obscuridade ou claridade, ausncia oupresena de luz. Temos uma relao decontraste entre o claro-escuro. 9 6 . O t o m ( q u a n t i d ad e d e i lu m i n a o n u m a i m a g e m )

    i ndependen te da i n fo rmao de co r (c rom a) .

    94. Form as n icas decont inu idade do espao.Umberto Boccioni. Itlia.1913.

    95 . O r i on .Victor vasrely. 1956.

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    39/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    3 9

    Sem esta relao no veramos o mundo da maneira que ele nos aparenta. A luz naturalemitida pelo sol, a luz branca, refletida, absorvida, circunda e penetra nos objetos que, porsua vez, tm caractersticas de absorver ou refletir a luminosidade que recebe. Assim,podemos enxergar as sombras e perceber o volume das coisas (elemento da dimenso), oespao que elas ocupam, identificando sua forma, massa, cor, textura, se est esttica ou emmovimento etc. As mltiplas gradaes entre o claro e escuro consistem numa escala tonal.

    Esta escala tonal pode ser aplicada para obtermos vrios efeitos sendo um dosprincipais a perspectiva (iluso de tridimensionalidade) causada pelo jogo de luz e sombra,chamada de perspectiva tonal. Dentro da linguagem visual o elemento bsico do tom se tornaessencial para uma representao imagtica reconhecida pela percepo humana.

    Cor: Este um elemento bsico da linguagem visual que merece um estudo maior,descrevendo seus aspectos, caractersticas, composio e classificao bsicas.

    Ao longo da histria, tericos e artistas tentaram explicar a natureza da cor e como o elaocorre enquanto fenmeno percebido pela viso.

    Como foi dito, enxergamos graas presena da luz, e as cores s existem devido sua presena tambm. A luz natural ou solar tambm denominada de luz branca,deslocando-se a uma velocidade a cerca de 300.000 km/s quando propagada no vcuo(espao sem ar). A luz branca pode ser decomposta em milhes de cores na natureza, mas oser humano s capaz de enxergar e identificar uma parte que chamamos de espectroluminoso visvel. As cores principais do espectro luminoso visvel obtido atravs da

    decomposio da luz branca so: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Estascores podem ser observadas na natureza na forma do arco-ris, com as gotculas de guasuspensas na atmosfera funcionando como prismas para a decomposio da luz branca.

    Na imagem aolado o a r t i s tausando a tcn icada li t og ravu r a( f e i t a usandop e d r a co m o m a t r i zde im presso)

    c r i ou u m a m i s t u r ade v r i ose lementos bs icosda l i nguagemvisua l , em que sedes tacam a fo rm a ,d im enso, esca la ,m o v i m e n t o e t o m ,pa ra i l ud i r oobservador . Vocconsegue seo r i en ta r e de f i n i ronde a l t o eba i xo e o que opersonagenm es tfazendo?

    97. Exemp los de esca las tona is e are l ao do con t r as te en t re o c l aroe o escur o.

    98 . Cic lo. M.C. Escher. Sua. 1938

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    40/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    4 0

    A cor, enquanto fenmeno fsico, possui leis naturais que a regem, e, enquantofenmeno fisiolgico, possui caractersticas identificveis quanto ao modo como percebidapelo olho humano. De acordo com a percepo, as cores possuem trs dimenses: matiz(croma), saturao (pureza relativa da cor) e brilho (valor tonal).

    O matiz ou croma a corem si, com suas especificidades

    individuais. A saturao apureza relativa da cor ou aintensidade da sua presenaindo da presena mxima doseu matiz at um cinza neutro.

    O brilho relativocorresponde ao valor tonal dasgradaes entre sualuminosidade ou obscuridade.Vale destacar que a presenaou ausncia de cor no afeta o

    tom, que constante. Quandodiminumos a saturao de ummatiz ele se tornagradativamente um cinza (assimcomo a experincia da televisono comeo do assunto).

    As cores so divididas emcor luz e cor pigmento, cada qualcom uma classificao para osdiferentes matizes. Para os quetrabalham com cor-luz (como na

    televiso ou no cinema), asprimrias so: vermelho, verde eazul-violetado. A mistura dessastrs luzes coloridas produz o

    branco, denominando-se o fenmeno sntese aditiva. Para o qumico, o artista e todos quetrabalham com substncias corantes opacas (cores-pigmento) as cores primrias so overmelho, o amarelo e o azul. A mistura das cores-pigmento vermelho, amarelo e azul produz ocinza neutro por sntese subtrativa. Nas artes grficas, pintura em aquarela e para todos queutilizam cor-pigmento transparente, ou por transparncia em retculas, as primrias so omagenta, o amarelo e o ciano. A mistura dessas trs cores tambm produz o cinza neutro porsntese subtrativa.

    99 . Decom pos i o da l uz b ranca no espec t ro v i s vel po r um p r i sma.

    103 . Sn tese ad i t i va cor luz . 104 . S n tese sub t r a t i va co r p i gmen t o opaco .

    105. Sn tese subt ra t i va co r p igm en to t ransparen te .

    102 . Lum inos idade .

    101. Saturao.

    100 . Ma t i z .

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    41/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    4 1

    Outro aspecto importante a ser lembrado no elemento bsico cor a existncia dascores complementares, isto , aquelas que se equivalem e se equilibram enquanto matizesexpressivos e com saturao mxima. Para entendermos as cores complementares devemosdeixar claro que as cores primrias fundamentais so indivisveis no campo perceptivo visual:vermelho, azul e amarelo. As complementares derivam da relao destas trs coresfundamentais da seguinte forma: o azul mais o vermelho originam o violeta ou roxo, que uma

    cor secundria por ter sido obtida da combinao de duas primrias em igual poro. A coramarela no participou desta combinao logo, a cor violeta ou roxo e a cor amarela socomplementares. Assim, o verde o complementar do vermelho, e o laranja complementardo azul e o roxo complementar do amarelo. Esta complementaridade entre as cores encontrauma explicao fisiolgica no efeito da imagem posterior (ps-imagem). Este o fenmeno

    visual fisiolgico que ocorre quando o olhohumano esteve fixado ou concentrado emalguma informao visual. Quando essainformao ou objeto substitudo por umcampo branco e vazio, v-se uma imagemnegativa no espao vazio.

    Este efeito de ps-imagem visualizado atravs dos contrastessimultneos existentes entre a relao deduas ou mais cores, explorando as trsdimenses da cor. Os contrastessimultneos so notados entre as corescomplementares, quando colocadas juntasou entre uma mesma cor tendo a saturaodo seu matiz alterada, ou ainda quandocolocamos uma cor com um valor tonaldiferente, criando assim um jogo de claro-

    escuro, destacando ou apagandodeterminada cor.

    Alm destas caractersticas fsicas efisiolgicas da cor, ela possui tambmatributos qualitativos: classificao em coresquentes (vermelho, amarelo e seusderivados), cores frias (azul, violeta, verde esuas variaes); e atributos emotivos: viva,morta, alegre, triste, calma, ativa etc.

    106 . C rcu lo c romt ico

    107 . Con t ras tes de d imenso das

    1 0 8 . I m a g em c o m s at u r a o e t o m n o r m a l n a scores .

    1 0 9 . I m a g e m s e m n e n h u m a s at u r a o d eco res somen te com o tom no rm a l .

  • 7/31/2019 Apostila Artes Visuais

    42/59

    APOSTILA DE ARTE ARTES VISUAIS Garcia Junior

    4 2

    Jogo de cores

    As cores tm forte influncia sobre as pessoas.Animam, relaxam, provocam emoes boas e ms.As cores quentes aumentam o apetite nas pessoas,no toa que as lanchonetes preferem os tons devermelho, laranja e amarelo na decorao. J as

    chamadas cores frias tm efeito inverso. Eis por quese tem uma sensao de relaxamento ao se olhar omar. Essas cores, principalmente o azul, levam reduo das atividades do corpo, como se a pessoaestivesse prestes a adormecer. De certa maneira,instintivamente, se conhece a ao das cores.Ningum associa emoes fortes, que fazem dispararo corao, com tonalidades suaves e, muito menos,escuras. A paixo, por exemplo, eternamentesimbolizada por coraes vermelhos. J quando seest desanimado, a tendncia usar roupas de coresfrias. Se as cores estimulam as pessoas, h quem

    acredite que podem at curar doenas, cada matizfornecendo energia para uma parte especfica doorganismo. Nos quartos dos hospitais modernos, asparedes esto sendo pintadas de cores suaves emsubstituio ao clssico branco, isso porque o brancotraz tamanha sensao de paz que, em pessoasdeprimidas por causa de doenas, pode acabarresultando numa impresso de solido. A idia deusar cores para obter determinadas reaes decomportamento antiga. Os monges tibetanos hmilhares de anos enfatizam uma cor como overde, para obter harmonia conforme a meditao que pretendem fazer. Tem lgica: na escalacromtica, que vai do vermelho ao violeta, a cor verde fica bem no meio. Nessa posio estratgica,parece quente ou frio, dependendo da tonalidade. Os tons que puxam mais para o azul, como omusgo, so repousantes. J o verde-limo, prximo do amarelo, considerado uma cor estimulante.O verde mdio o perfeito equilbrio. Mas, em geral, qualquer verde d sensao de bem-estar, epor esse motivo a cor que significa "siga" no semforo: diante da luz verde, o motorista induzidoa crer que tudo est tranqilo e ele pode avanar. O gritante vermelho, porm, provoca sempre umchoque pois a cor associada agressividade, s mudanas repentinas, s revolues onde corresangue. No h quem ouse ignor-lo, a no ser algumas pessoas ao volante, com