Apostila Assistencia de Enferm Ao Cliente Paciente Critico
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Transcript of Apostila Assistencia de Enferm Ao Cliente Paciente Critico
Revisado por:
Eliana Porfírio
Magda Bandouk
Lucia Tobase
Glades Tenenbojn
Miriam de Araújo Campos
Ana Aparecida S. S. Gonçalez
Mariza dos Santos
CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO
EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
CEFACS – INCOR - FUNDAÇÃO ZERBINI
CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM MÓDULO II
Assistência de Enfermagem ao Cliente / Paciente Crítico
2010
2
CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
INSTITUTO DO CORAÇÃO – FUNDAÇÃO ZERBINI
Assistência de Enfermagem ao Cliente / Paciente Crítico
Revisado por:
Eliana Porfírio
Magda Bandouk
Lucia Tobase
Glades Tenenbojn
Miriam de Araújo Campos
Ana Aparecida S. S. Gonçalez
Mariza dos Santos
São Paulo
2010
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FICHA CATALOGRÁFICA Assistência de enfermagem ao Cliente/Paciente críti co . São Paulo: Centro de Formação e Aperfeiçoamento em Ciências da Saúde, Instituto do Coração, F. Zerbini, 2010. 527p., (Curso Técnico de Enfermagem - Módulo II) 1 Ética Profissional 2 Bioética
610 CDD
4
SUMÁRIO
CAP. I POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO
1. Humaniza SUS..................................................................................................16
1.1 Princípios e diretrizes............................................................................17
1.2 Diretrizes para a implementação do Humaniza SUS............................18
1.3 Objetivo do Humaniza SUS...................................................................19
1.4 Como o Humaniza SUS atua................................................................20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................22
CAP. II PREVENINDO INFECÇÕES EM UTI
2 Introdução..........................................................................................................23
2.1 Condições para as infecções hospitalares...........................................24
2.2 Os Agentes Patogênicos.......................................................................24
2.2.1 Fatores de risco para infecções hospitalares na UTI..............26
2.2.2 As infecções mais presentes nos pacientes de UTI..............27
2.2.2.1 Infecção do Trato Respiratório..................................27
2.2.2.2 Infecção do Trato Urinário.......................................28
2.2.2.3 Infecção da Corrente Sangüínea..............................29
2.2.2.4 ferida Cirúrgica........................................................31
2.2.3 Cuidados básicos na Prevenção de Infecção de UTI............32
2.3 Tratamento das Infecções...................................................................35
2.3.1 Tabela de diluição de antimicrobianos...................................38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ...................................................................46
CAP. III ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM DOR
3.Introdução...........................................................................................................47
3.1 Fisiologia da Dor...................................................................................47
3.1.1 Fatores que influenciam a percepção dolorosa.......................48
5
3.2 Tipos de Dor.........................................................................................48
3.2.1 Classificação da Dor segundo a Temporalidade.....................49
3.2.2 Mitos relacionados com a dor e sua correção.........................50
3.3 Avaliação da Dor...................................................................................51
3.3.1 Componentes da Avaliação da Experiência Dolorosa............52
3.4 Instrumento para Avaliação da Dor....................................................53
3.5 Tratamento da Dor..............................................................................54
3.5.1 Tratamento Farmacológico da Dor.........................................54
3.5.2 Principais grupos de fármacos utilizados no controle da dor..56
3.5.3 Analgesia Controlada pelo Paciente (PCA)...........................57
3.5.4 Terapias alternativas para o Tratamento da dor.....................58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................59
CAP. IV POLITICA NACIONAL DE ATENÇÃO EM URGENCIAS E
EMERGENCIAS
4 Introdução........................................................................................................60
4.1 Aspectos gerais do atendimento em emergência ...............................61
4.1.1 Aspectos legais do socorro......................................................61
4.1.2 Custo do atendimento em emergência....................................62
4.1.3 Abordagem ao cliente..............................................................62
4.1.4 Hospital de destino – Centro de Trauma................................63
4.2 Estrutura e funcionamento do serviço de emergência.........................64
4.2.1 Educação em saúde...............................................................66
4.3 Normas técnicas sobre func. e utilização de aparelhos e Equip........66
4.4 Epidemiologia do trauma......................................................................73
4.4.1 Cinemática do trauma – mecanismos de lesões.....................74
4.4.2 Resgate e transporte..............................................................75
4.4.3 Equipamentos de imobilização................................................79
4.4.4 Transporte de emergência......................................................82
CAP. V POLITICA NACIONAL DE ATENCÇÃO AO PACIENTE CRITICO
5.1 Aspectos históricos das UTIs................................................................84
5.2 A Unidade de Terapia Intensiva ...........................................................85
6
5.2.1 Indicação de internação na UTI..............................................86
5.2.2 Características da estrutura física da UTI...............................86
5.3 A Enfermagem na UTI.........................................................................92
5.4 O Paciente na UTI................................................................................93
5.5 Atividades do Téc. de enferm Cuidados Intensivos..............................94
5.5.1 As principais funções..............................................................96
5.5.2 O papel do Téc. de enferm. na assist. ao paciente na UTI....98
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................99
CAP. VI CUIDADOS PALIATIVOS NA UTI
6.1 Definição.............................................................................................100
6.1.1Hospices.................................................................................102
6.1.2 Final de vida..........................................................................103
6.1.3Luto.........................................................................................103
CAP. VII PROTOCOLO DE REANIMAÇÃO CARDIORESPIRATO RIO
CEREBRAL
7.1 Suporte básico de vida........................................................................106
7.2 Exame físico da vítima de trauma.......................................................112
7.3 Suporte avançado de vida...................................................................114
7.3.1 Monitorização cardíaca em emergência.....................................115
7.3.2 Desfibrilação externa..................................................................115
7.3.3 Ventilação artificial......................................................................118
7.3.3.1 Cricotirostomia....................................................................119
7.3.3.2 Traqueostomia....................................................................120
CAP. VIII PARADA CARDIORESPIRATÓRIA
8.1 Conceitos..................................................................................................121
8.2 Procedimentos na PCR............................................................................122
8.3 Obstrução de vias aéreas por corpos estranhos – OVACE.....................124
8.3.1 Manobra de Heimlich......................................................................124
7
CAP. IX CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM O PACIENTE PORTA DOR DE
FERIDAS - CURATIVOS .
9.1 Pele.................................................................................. ...................126
9.2 Classificação das Feridas...................................................................128
9.2.1 Quanto à causa.....................................................................128
9.2.2 Quanto a Etiologia.................................................................128
9.2.3 Quanto ao Agente..................................................................128
9.3 Conteúdo Bacteriano...........................................................................129
9.3.1 Tipos de Secreção.................................................................129
9.3.2 Aparência da Ferida..............................................................129
9.4 Tipos de cicatrização..........................................................................130
9.4.1 Finalidades do Curativo.........................................................131
9.4.1.1 Curativos com manutenção em meio úmido............131
9.4.1.2 Curativos com manutenção em meio seco..............131
9.4.2 Critérios Básicos para realização do curativo........................132
9.5 Ulceras de Pressão.............................................................................132
9.5.1 Conceito.................................................................................132
9.5.2 Fatores Externos Facilitadores..............................................132
9.5.3 Fatores Internos Contribuintes..............................................133
9.5.4 Cuidados gerais para o tratamento de Ulcera de Pressão...134
9.5.5 Técnicas de Curativos...........................................................135
9.6 Produtos utilizados nos tratamentos de feridas..................................137
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................142
CAP. X QUEIMADURAS
10. Introdução.....................................................................................................143
10.1 Causas da s queimaduras................................................................143
8
10.2 Classificação das queimaduras .......................................................143
10.3 Avaliação e condutas em situação de queimaduras.........................145
10.3.1 Fisiop. e manif. clinicas do cliente queimado na UTI..........147
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................154
CAP. XI TRAUMA I
11.1 Farmacologia ....................................................................................155
11.1.1.Vias de administração das drogas em emergência.............156
11.2 Agentes simpatomiméticos..........................................................................156
11.3 Fisiologia dos receptores.............................................................................156
11.4 Drogas utilizadas em situação de urgência e emergência..........................157
11.4.1 Drogas vasoativas...........................................................................162
11.4.2 Drogas vasodilatadas......................................................................167
11.4.3 Trombolíticos...................................................................................167
11.5 Choque........................................................................................................168
11.5.1 Fisiopatologia do choque...............................................................169
11.5.2 Identificação das causas do choque..............................................169
11.5.3 Classificação do choque hipovolêmico..........................................170
11.5.4 Tratamento do choque...................................................................171
11.6 Emergencias cardíacas...............................................................................172
CAP. XII TRAUMA II
12.1 Trauma de tórax ........................................................................................175
12.2 Trauma abdominal ............................................................................................176
12.3 Lesões do aparelho locomotor...................................................................178
12.3.1 Sindrome de compartimento.........................................................183
12.3.2 Desenluvamento...........................................................................183
12.3.3 Amputação....................................................................................184
CAP. XIII TRAUMA III -
13.1 Trauma crânio-encefálico e de coluna........................................................186
13.1.2 Escala de coma de glasgow............................................................187
13.2 Trauma de face..........................................................................................191
9
13.2.1 Empalamento.................................................................................192
CAP. XIV INTOXICAÇÃO
14.1 Conceito.......................................................................................................194
CAP. XV SISTEMA NERVOSO
15.1 Anatomia e fisiologia do Sistema Neurológico.............................................196
15.1.2 Funcionamento do Sistema Nervoso.............................................198
15.2 Circulação celebral......................................................................................200
15.2.1 Circulação sanguínea....................................................................201
15.2.2 Circulação ligúorica.......................................................................201
15.3 Divisão do sistema mental central...............................................................202
15.3.1 Sistema nervoso central.................................................................202
15.3.2 Sistema nervos periférico...............................................................208
15.3.2.1 Sistema nervoso autônomo..............................................211
15.4 Doenças do sistemanervoso........................................................................211
15.4.1 Doenças Cerobrovasculares..........................................................212
15.4.1.1 Acidente vascular encefálico............................................212
15.4.1.2 Aneurisma celebral...........................................................220
15.4.2 Avaliação do nível de consciência.................................................225
15.4.3 Tumores celebrais..........................................................................229
15.5 Hipertensão intracraniana............................................................................238
15.5.1 Manifestações clínicas por aumento da pressão intracraniana.....240
15.5.2 Medidas de contenção do HIC.......................................................242
15.5.3 Cuidados com a monitorização de PIC..........................................244
15.5.4 Exames diagnósticos em neurologia..............................................245
15.6 Morte encefálica e potencial doador............................................................249
15.6.1 Declaração de morte encefálica....................................................250
15.6.2 Técnica dos procedimentos diagnósticos de ME..........................253
15.6.3 Principais med. para manut. do potencial doador de órgãos........255
15.6.4 Assistência enfermagem do potencial doador de órgãos.............262
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ..................................................................264
CAP. XVI SISTEMA RESPIRATÓRIO
10
16.1 Anatomia e Fisiologia do Sistema Respiratório...........................................266
16.1.1 Vias Aéreas Superiores.................................................................266
16.1.2 Vias Aéreas Inferiores...................................................................268
16.2 Fisiologia Respiratória................................................................................271
16.2.1 Difusão e Perfusão........................................................................272
16.2.2 Transporte de Oxigênio e Dióxido de Carbono..............................272
16.2.3 Mecanismo de ventilação...............................................................274
16.2.4 Controle Neurológico da ventilação...............................................275
16.3 Avaliação geral do Sistema Respiratório.....................................................276
16.3.1 Avaliação Geral..............................................................................276
16.3.2 Exames Diagnósticos.....................................................................280
16.3.3 Manifestações comuns das Patologias Respiratórias....................283
16.4 Patologias mais comuns..............................................................................284
16.5 Pós-operatório de Cirurgias Torácicas e Procedimentos Invasivos............293
16.5.1Procedimentos Invasivos................................................................295
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................302
CAP. XVII VENTILAÇÃO MECÂNICA
17.1 Introdução....................................................................................................303
17.2 Objetivos da ventilação mecânica...............................................................303
17.3 Classificação dos ventiladores mecânicos..................................................305
17.4 Modos ventilatórios......................................................................................306
17.4.1 Ventilação Mandatória Contínua....................................................307
17.4.2 Pressão Positiva Expiatória Final (PEEP).....................................308
17.4.3 Pressão Mandatória Intermitente (IMV).........................................309
17.4.4 Ventilação com Suporte.................................................................309
17.4.5 Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP)....................310
11
17.5 Aspiração das Secreções............................................................................311
17.5.1 Passos e Justificativas...................................................................312
17.5.2 Material para Aspiração Endotraqueal..........................................316
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................317
CAP. XVIII SISTEMA CARDIOVASCULAR
18.1 Anatomia e Fisiologia Cardíaca...................................................................317
18.1.1 Anatomia........................................................................................317
18.1.2 Fisiologia do Músculo Cardíaco.....................................................323
18.2 Noções de ECG...........................................................................................328
18.3 Provas Diagnósticas ..................................................................................329
18.4 Manifestações comuns da doença Cardíaca...............................................331
18.5 Patologias Cardíacas...................................................................................333
18.5.1 Arritmias Cardíacas........................................................................333
18.5.2 Síndromes Coronárias Agudas......................................................342
18.5.3 Insuficiência Cardíaca Congestiva.................................................348
18.5.4 Choque Cardiogênico.....................................................................353
18.5.5 Edema Agudo de Pulmão..............................................................353
18.5.6 Cirurgias Cardíacas.......................................................................354
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................358
CAP. XIX MONITORAÇÃO HEMODINÂMICA
19.1 Introdução....................................................................................................359
19.2 Medidas de Controle Hemodinâmico...........................................................360
19.2.1 Pressão Arterial não Invasiva.........................................................360
12
19.2.2 Pressão Arterial média invasiva (PAM ou PAI)..............................364
19.2.3 Pressão Venosa Central (PVC)......................................................366
19.2.4 Oximetria de Pulso.........................................................................372
19.2.5 Cateter de Swan Ganz...................................................................375
19.2.6 Balão Intra-Aórtico – BIA................................................................382
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................389
CAP. XX EQULIBRIO ÁCIDO-BÁSICO
20.1 Introdução....................................................................................................390
20.2 pH dos fluídos do corpo...............................................................................391
20.2.1 O conceito do pH............................................................................391
20.2.2 Faixa do pH....................................................................................391
20.2.3 Mecanismos que controlam o pH fluídos do corpo........................392
20.3 Ação tampanante.........................................................................................394
20.3.1 Do bicabornato de sódio................................................................394
20.3.2 Do ácido carbônico.........................................................................394
20.3.3 Distúrbios metabólicos...................................................................395
20.4 Mecanismos respiratórios de controle de pH...............................................396
20.4.1 Distúrbios respiratórios...................................................................397
20.5 Mecanismos urinário de controle de pH......................................................397
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................399
CAP. XXI EQUILIBRIO HIDROELETROLÍTICO
21.1 Introdução....................................................................................................400
21.2 Equilibrio hídrico..........................................................................................400
21.3 Equilíbrio eletrolítico....................................................................................409
21.3.1 Distúrbios no equilíbrio eletrolítico.................................................410
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................417
13
CAP. XXII SISTEMA URINÁRIO
22.1 Introdução....................................................................................................418
22.1.1 Função básica do Rim....................................................................420
22.1.2 Composição da urina.....................................................................422
22.2 Ureteres.......................................................................................................423
22.2.1 Bexiga urinária...............................................................................424
22.2.2 Uretra.............................................................................................424
22.2.3 Micção............................................................................................425
22.3 Terminologia referentes ao trato urinário.....................................................425
22.3.1 Provas diagnósticas.......................................................................427
22.3.2 provas de diagnósticos através da urina........................................430
22.4 Conceitos sobreinsuficiências renal aguda-IRA..........................................432
22.4.1 Conceitos sobre insuficiências renal crônica-IRC.........................435
22.5 Métodos dialíticos........................................................................................437
22.5.1 Diálise peritoneal............................................................................437
22.5.1.1 Tipos de diálise peritoneal................................................438
22.5.1.2 Tipos de cateteres utilizados em diálise peritoneal..........439
22.5.3 Hemodiálise..............................................................................................442
22.5.3.1 Tipos de hemodiálise..................................................................442
22.5.3.2 Acesso vascular..........................................................................443
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................447
CAP. XXIII SISTEMA ENDOCRINO
23.1 Revisão de anatomia...................................................................................448
23.2 Patologias....................................................................................................454
23.2.1 Hipertireoidismo.............................................................................454
23.2.2 Hipotireoidismo...............................................................................457
23.2.3 Tireoidectomia................................................................................460
23.2.4 Síndrome de Cushing.....................................................................461
23.2.5 Doença de Addison........................................................................462
23.2.6 Diabetes Mellitus............................................................................464
23.2.7 Cetoacidose diabética....................................................................470
23.3 Terminologia................................................................................................472
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................474
14
CAP. XXIV SISTEMA DIGESTÓRIO
24.1 Anatomia fisiológica do sistema digestório..................................................475
24.1.1 Boca...............................................................................................476
24.1.2 Esófago..........................................................................................476
24.1.3 Estômago.......................................................................................477
24.1.4 Intestino delgado............................................................................478
24.1.5 Intestino grosso..............................................................................480
24.2 Terminologias..............................................................................................481
24.3 Afecções do sistema digestório...................................................................482
24.3.1 Megalsôfago ou acalasia................................................................482
24.3.2 Gastrite...........................................................................................485
24.3.3 Gastrite aguda................................................................................485
24.3.4 Gastrite crônica..............................................................................485
24.3.5 Úlcera péptica................................................................................486
24.3.6 Síndrome do intestino irritável.......................................................488
24.3.7 Doença divesticular.......................................................................490
24.3.8 Colite ulcerativa.............................................................................492
24.3.9 Apendicite......................................................................................495
24.3.10 Câncer gástrico............................................................................497
24.3.11 Câncer colorretal..........................................................................499
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................501
CAP. XXV SISTEMA HEPÁTICO
25.1 Introdução....................................................................................................502
25.2 Insuficiência hepática...................................................................................503
25.3 Cirrose hepática...........................................................................................504
25.4 Biopsia hepática...........................................................................................506
25.4.1 Assistência de enfermagem na biópsia hepática...........................507
25.5 Paracentese.................................................................................................508
25.5.1 Assistência de enfermagem na Paracentese.................................509
25.6 Hipertensão porta e ascite...........................................................................510
25.7 Encefalopatia hepática e coma....................................................................512
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................515
15
CAP. XXVI SUPORTE NUTRICIONAL EM UTI
26.1 Introdução....................................................................................................516
26.2 Nutrição enteral (NE)...................................................................................517
26.2.1 Ações de enfermagem com o paciente que faz uso de terapia
nutrição enteral....................................................................................................519
26.2.2 Componentes das dietas enterais (DE).........................................519
26.2.3 Administração da nutrição enteral..................................................521
26.2.4 Complicações da nutrição enteral..................................................523
26.3 Nutrição oarenteral – NP.............................................................................524
26.3.1 Complicações da nutrição parenteral.............................................527
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................530
16
CAPÍTULO I
Política Nacional de Humanização
1. Humaniza SUS
Instituída pelo Ministério da Saúde em 2003, a Política Nacional de
Humanização da Atenção e Gestão do SUS (HumanizaSUS) foi formulada a partir
da sistematização de experiências do chamado "SUS que dá certo". Ela
reconhece que estados, municípios e serviços de saúde estão implantando
práticas de humanização nas ações de atenção e gestão com bons resultados, o
que contribui para a legitimação do SUS como política pública.
O HumanizaSUS tem o objetivo de efetivar os princípios do Sistema
Único de Saúde no cotidiano das práticas de atenção e de gestão, assim como
estimular trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários para a
produção de saúde e a produção de sujeitos. Queremos um SUS humanizado,
comprometido com a defesa da vida e fortalecido em seu processo de pactuação
democrática e coletiva.
Entendemos a humanização do SUS como:
- Valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de
saúde: usuários, trabalhadores e gestores;
- Fomento da autonomia e do protagonismo desses sujeitos e dos coletivos;
- Aumento do grau de co-responsabilidade na produção de saúde e de sujeitos;
- Estabelecimento de vínculos solidários e de participação coletiva no processo de
gestão;
- Mapeamento e interação com as demandas sociais, coletivas e subjetivas de
saúde;
- Defesa de um SUS que reconhece a diversidade do povo brasileiro e a todos
oferece a mesma atenção à saúde, sem distinção de idade, etnia, origem, gênero
e orientação sexual;
- Mudança nos modelos de atenção e gestão em sua indissociabilidade, tendo
como foco as necessidades dos cidadãos, a produção de saúde e o próprio
processo de trabalho em saúde, valorizando os trabalhadores e as relações
sociais no trabalho;
17
- Proposta de um trabalho coletivo para que o SUS seja mais acolhedor, mais ágil
e mais resolutivo;
- Compromisso com a qualificação da ambiência, melhorando as condições de
trabalho e de atendimento;
- Compromisso com a articulação dos processos de formação com os serviços e
práticas de saúde;
- Luta por um SUS mais humano, porque construído com a participação de todos
e comprometido com a qualidade dos seus serviços e com a saúde integral para
todos e qualquer um.
1.1 Princípios e diretrizes
São princípios da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS:
Inseparabilidade entre a atenção e a gestão dos pro cessos de produção de
saúde - Refere-se a práticas interdependentes e complementares. A
incorporação da humanização deve ocorrer considerando-se tal entendimento.
Transversalidade - Trata-se de concepções e práticas que atravessam as
diferentes ações e instâncias, que aumentam o grau de abertura da comunicação
intra e intergrupos e ampliam as grupalidades, o que se reflete em mudanças nas
práticas de saúde.
Autonomia e protagonismo dos sujeitos - Têm relação com a co-
responsabilidade entre gestores, usuários e a participação coletiva nos processos
e na gestão.
18
1.2 Diretrizes para a implementação do HumanizaSUS
- Ampliar o diálogo entre os trabalhadores, entre trabalhadores e a população e
entre os trabalhadores e a administração, promovendo a gestão participativa,
colegiada e compartilhada dos cuidados/atenção;
- Implantar, estimular e fortalecer Grupos de Trabalho e Câmaras Técnicas de
Humanização com plano de trabalho definido;
- Estimular práticas de atenção compartilhadas e resolutivas, racionalizar e
adequar o uso dos recursos e insumos, em especial o uso de medicamentos,
eliminando ações intervencionistas desnecessárias;
- Reforçar o conceito de clínica ampliada: compromisso com o sujeito e seu
coletivo, estímulo a diferentes práticas terapêuticas e co-responsabilidade de
gestores, trabalhadores e usuários no processo de produção de saúde;
- Sensibilizar as equipes de saúde ao problema da violência em todos os seus
âmbitos de manifestação, especialmente a violência intrafamiliar (criança, mulher,
idoso), a violência realizada por agentes do Estado (populações pobres e
marginalizadas), a violência urbana e para a questão dos preconceitos (racial,
religioso, sexual, de origem e outros) nos processos de recepção/acolhida e
encaminhamentos;
- Adequar os serviços ao ambiente e à cultura dos usuários, respeitando a
privacidade e promovendo a ambiência acolhedora e confortável;
- Viabilizar participação ativa dos trabalhadores nas unidades de saúde por meio
de colegiados gestores e processos interativos de planejamento e de tomada de
decisão;
- Implementar sistemas e mecanismos de comunicação e informação que
promovam o desenvolvimento, a autonomia e o protagonismo das equipes e da
população, ampliando o compromisso social e a co-responsabilização de todos os
envolvidos no processo de produção da saúde;
19
- Promover ações de incentivo e valorização da jornada de trabalho integral no
SUS, do trabalho em equipe e da participação do trabalhador em processos de
educação permanente em saúde que qualifiquem sua ação e sua inserção na
rede SUS;
- Promover atividades de valorização e de cuidados aos trabalhadores da saúde,
contemplando ações voltadas para a promoção da saúde e qualidade de vida no
trabalho.
1.3 Objetivos do HumanizaSUS
A Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS tem como
propósitos:
- Contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os princípios e as
diretrizes da humanização;
- Fortalecer iniciativas de humanização existentes;
- Desenvolver tecnologias relacionais e de compartilhamento das práticas de
gestão e de atenção;
- Aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodologias de apoio a mudanças
sustentáveis dos modelos de atenção e de gestão;
- Programar processos de acompanhamento e avaliação, ressaltando saberes
gerado no SUS e experiências coletivas bem-sucedidas.
Para isso, o HumanizaSUS trabalha com três macro-objetivos:
- Ampliar as ofertas da Política Nacional de Humanização aos gestores e aos
conselhos de saúde, priorizando a atenção básica/fundamental e hospitalar, com
ênfase nos hospitais de urgência e universitários;
- Incentivar a inserção da valorização dos trabalhadores do SUS na agenda dos
gestores, dos conselhos de saúde e das organizações da sociedade civil;
20
- Divulgar a Política Nacional de Humanização e ampliar os processos de
formação e produção de conhecimento em articulação com movimentos sociais e
instituições.
Na prática, os resultados objetivados são:
- Redução de filas e do tempo de espera, com ampliação do acesso;
- Atendimento acolhedor e resolutivo baseado em critérios de risco;
- Implantação de modelo de atenção com responsabilização e vínculo;
- Garantia dos direitos dos usuários;
- Valorização do trabalho na saúde;
- Gestão participativa nos serviços.
1.4 Como o HumanizaSUS atua
A Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS possui
uma Coordenação vinculada à Secretaria de Atenção à Saúde e conta com um
Núcleo Técnico sediado em Brasília e um quadro de consultores espalhados pelo
Brasil que trabalham de forma integrada com as demais secretarias e órgãos do
Ministério da Saúde e apóiam as atividades de cooperação para o
desenvolvimento dos projetos e das inovações no modelo de atenção e gestão do
SUS nos estados, nos municípios e nas instituições de saúde.
Para alcançar os objetivos planejados, o HumanizaSUS oferta a gestores
diversos dispositivos, entendidos como tecnologias ou modos de implementar a
humanização. Os principais são:
- Acolhimento Com Classificação de Risco nas unidades de saúde;
- Equipe de Referência e Apoio Matricial;
- Projeto Terapêutico Singular, Projeto de Saúde Coletiva e ativação/constituição
de redes de continuidade de atenção;
- Construção coletiva da Ambiência;
- Gestão compartilhada: Colegiados, Contratos de Gestão inter e intra-
institucionais;
- Sistemas de escuta qualificada para usuários e trabalhadores da saúde:
gerência de porta aberta, ouvidorias, grupos focais e pesquisa de satisfação;
21
- Projeto de acolhimento do familiar/cuidador: agenda com a Equipe de
Referência, Visita Aberta, Direito de Acompanhante e envolvimento no Projeto
Terapêutico;
- Programa de Formação em Saúde e Trabalho e atividades de Qualidade de
Vida e Atenção à Saúde para os trabalhadores da saúde;
- Grupo de Trabalho em Humanização (GTH).
Além disso, o HumanizaSUS desenvolve e oferece cursos, oficinas e
seminários, certifica e divulga experiências bem-sucedidas de humanização no
SUS. Produz, ainda, materiais educativos e de divulgação para a implantação dos
dispositivos.
22
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA:
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/area.cfm?id_area=1342 –
acessado 17/02/2010
23
CAPÍTULO II Eliana Porfírio
PREVENINDO INFECÇÕES EM UTI
2. Introdução
As infecções são um importante problema de saúde em todo o mundo, pois
são responsáveis por um número elevado de morbidade, mortalidades e por uma
grande parte do custo da assistência à saúde, exigindo atenção especial dos
profissionais da saúde.
Infecção é a invasão e a multiplicação de microorganismos patogênicos
dentro do corpo humano, produzindo sinais e sintomas decorrentes de lesões
provocadas no hospedeiro.
As infecções hospitalares são aquelas adquiridas no período de
internação, ou mesmo após a alta e que estejam relacionadas a procedimentos
realizados no hospital.
Os hospitais contam com um grupo de profissionais que atuam no controle
de infecção hospitalar, este grupo surgiu na década de 1980, CCIH – Comissão
de Controle de Infecção Hospitalar, com o objetivo de organizar trabalhos de
prevenção e controle de infecção hospitalar, estabelecer novas técnicas, rotinas
normatiza o uso de anti-sépticos e degermantes, controla o uso de
antimicrobianos, e elabora métodos para diminuir taxas de infecção hospitalar
As infecções hospitalares são freqüentes nas Unidades de Terapia
Intensiva, pois os pacientes estão expostos uma série de riscos que podem
colaborar para agravar ainda mais o seu estado geral, muitas vezes já
comprometido de forma severa. Sendo que as UTIs cirúrgicas possuem maiores
taxas de infecção hospitalar.
24
As infecções constituem a causa mais importante de óbito dos pacientes
internados em UTI. A maioria dessas infecções está associada com
microorganismos encontrados na flora endógena do paciente ou na flora do
ambiente hospitalar.
Estes patógenos possuem características que lhes permitem sobreviver no
espaço hospitalar.
Sabendo-se que a transmissão das infecções se faz através da via cruzada e
que o paciente é um reservatório natural de microorganismos, é evidente que a
equipe multidisciplinar pode-se constituir um importante meio de transmissão de
infecções exógenas.
2.1 Condições para as infecções hospitalares são:
• Condições gerais críticas do paciente levando a diminuição de
suas defesas orgânicas naturais, o que favorece a proliferação
de agentes patogênicos;
• Contaminação causada pelos microorganismos do ambiente
hospitalar, facilitando a instalação de diversos processos
infecciosos, através de equipamentos, torneiras, até as pessoas
presentes no ambiente (profissionais, outros pacientes, familiares
e visitantes) também traz riscos de infecção hospitalar.
2.2 Os Agentes Patogênicos
Os patógenos que mais prevalecem nas Utis são: Staphylococcus
epidermides, Staphylococcus aureus, Psedomonas aeroginosa, Enterococcus sp,
Enterobacter spp, Acinetobacter baumannii e os fungos e leveduras vem
aumentando sua incidência consideravelmente em pacientes graves e
imunodeprimidos.
25
Estes agentes presentes nas UTIs são propensos a serem resistentes, ou
seja, alguns microorganismos desenvolvem cepas resistentes, pois não são
destruídas normalmente pelos antibióticos utilizados para combatê-las, sua
resistência acontece por diversas mutações na tentativa de sobrevivência e com
isso os genes de resistência podem ser transferidos de um microorganismo para
outro através de seu DNA.
Os pacientes suscetíveis à infecção hospitalar são aqueles que
permanecem por um longo período hospitalizado. Esses são os idosos, crianças,
portadores de doenças graves e aqueles com o sistema imunológico debilitado.
E sua disseminação ocorre através:
• Das mãos dos profissionais da saúde
• Animais e insetos: barata, moscas, ratos, mosquitos, formigas.
• Plantas de adornos e objetos contaminados.
• Assepsia e esterilização inadequada.
• Pelo ar: o paciente inala poeiras encontradas nos acessórios de
ventilador, janelas abertas, sacudir roupas de cama, limpeza incorreta
nos sistemas de filtração do ar condicionado.
• Alimentos: se não são devidamente conservados.
Uma vez penetrado o microorganismo no paciente, o sistema imunológico
põe em ação uma série de mecanismos para atuar contra as toxinas do invasor e
evitar sua reprodução e desenvolvimento de uma infecção.
O processo infeccioso desencadeia uma reação localizada: exsudato,
secreção purulenta, tumefação, rubor, calor, febre, chegando a uma Infecção
generalizada = septicemia.
26
2.2.1 Fatores de risco para infecção hospitalar em UTI
Propedêutica medicamentosa - em muitos casos é usada em altas doses
e por período de tempo prolongado, devido às exigências do estado do paciente,
podendo proporcionar cepas resistentes, é um dos fatores que aumenta a
susceptibilidade do indivíduo às infecções. Ex: esquema de 21 dias de
antibioticoterapia
Sondas, drenos e cateteres - são extremamente necessários nos
pacientes críticos, porém, constituem importante ameaça à integridade.
cutâneo-mucosa do indivíduo que já tem uma diminuição do seu sistema de
defesa natural devido à gravidade do seu estado. Ex: cateteres intravenosos,
arteriais, vesicais, tubos traqueais, torácicos, etc...
Número de pessoal na UTI - devido à gravidade dos pacientes internados
na UTI faz necessário um número elevado de pessoas da equipe multidisciplinar
atuando no cuidado direto ao paciente, o que pode ser um fator de risco para o
aumento do número de infecções cruzadas se não forem tomados os devidos
cuidados em relação à prevenção de infecções. Ex: médicos, enfermeiros,
técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, pessoal de limpeza, escriturários, etc...
Estado geral do paciente - o próprio estado crítico do paciente pode ser
um fator predisponente de infecções devido à diminuição das defesas naturais do
organismo, sua idade, doenças prévias, etc...
Incisão cirúrgica - além das defesas naturais do organismo já estarem
diminuídas no paciente cirúrgico, a própria incisão cirúrgica funciona como uma
excelente porta de entrada aos agentes infecciosos.
Planta física inadequada - pode dificultar cuidados em relação à
prevenção de infecções. Ex: número reduzido de pias, lavabos e expurgos,
proximidade entre os leitos, falta de local apropriado para casos de isolamento,
27
local inadequado para preparo de medicações, de locais para guardar material
estéril, material contaminado próximo à área limpa, etc...
Recursos materiais inadequados - falta de luvas, aventais, sabão líquido
para lavagem das mãos, papel toalha, materiais descartáveis como seringas,
agulhas, sondas, etc...
Equipe multidisciplinar - qualquer procedimento que negligencie o rigor
das técnicas assépticas constitui um verdadeiro risco de infecção para o paciente.
As mãos dos profissionais são o maior veículo de transmissão de infecções
cruzadas.
2.2.2 As Infecções mais presentes nos pacientes de UTI
2.2.2.1 Infecção do Trato Respiratório : Pneumonia é a mais comum e que
acomete os pacientes internados em UTI submetidos à ventilação mecânica, com
tubo oro ou naso traqueal ou traqueostomia, drenos torácicos, utilizando sondas
nasogástrica ou nasoenterais, pois grande parte das pneumonias acontece
devido à aspiração de bactérias da orofaringe ou trato gastro intestinal, inalação
de aerossóis contaminados e também contaminação dos equipamentos ou mão
da equipe de saúde. Os bacilos mais comuns são: Psedomonas aeruginosa,
Staphylococcus aureus, Klebsiella sp. Enterobacter e coli, Serratia marcescens,
Proteus sp, sendo que o Streptococcus pneumoniae, o Haemophylus influenzae e
a Moraxella catarrhalis freqüentemente estão presentes em pacientes idosos ou
com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
As infecções respiratórias, geralmente são decorrentes da imobilização do
paciente no leito e do acúmulo de secreção brônquica favorecendo a
disseminação de patógenos e, procedimentos ligados à permeabilidade, higiene e
ventilação das vias aéreas (inaladores, nebulizadores, máscaras, cânulas,
respiradores, sondas de aspiração,...) facilitam a veiculação de germes.
28
Assistência de Enfermagem
• Manter nebulizadores e umidificadores com água estéril, a qual deve ser
colocada imediatamente antes do seu uso e trocada a cada 24 horas.
• Estar atento para que a água acumulada nas extensões do ventilador
mecânico, não retorne para dentro da cânula traqueal;
• Trocar os circuitos dos respiradores a cada 24 ou 48 horas ou utilizar filtros
de ar acoplados a esses circuitos aumentando o intervalo de troca do
circuito
• Manter todos os equipamentos do ventilador mecânico limpo e devem ser
desinfetados e esterilizados, após o uso.
• Lavar as mãos sempre antes e depois de manipular o paciente
• Aspirar à cânula traqueal e traqueotomia com técnica asséptica evitando a
infecção cruzada
• Manter a cânula traqueal bem como o material para a aspiração estéril e
descartável; utilizando uma sonda a cada aspiração.
• Manter ambús individuais para cada paciente e desinfetado após a
utilização.
• Esterilizar ou desinfetar o fio guia para intubação antes de sua utilização
• Atentar para que as extensões e frascos de aspiração sejam descartáveis,
caso contrário às extensões deverá ser lavado e esterilizado e os frascos
lavados diariamente.
2.2.2.2 Infecção no Trato Urinário
É de grande importância e muito freqüente, principalmente pela
necessidade dos pacientes críticos necessitarem de cateter vesical de demora
para controle rigoroso do volume urinário; com isso é uma porta de entrada de
bactérias, o tipo do sistema de drenagem está intimamente relacionado com a
29
infecção das vias urinárias. há também fatores relacionados com o paciente,
como: Diabetes Mellitus, Disfunção renal prévia e paciente idosos.
Na comunidade 85% das infecções são causadas por Escherichia coli, nos
pacientes hospitalizados a distribuição dos agentes é diferente, sendo Escherichia
coli 50%, e o restante Klebsiela sp, Pseudomonas aeruginosa,
Enterococcus,Enterobacter sp , Serratia sp, Staphylococcus epidermides e
Candida sp.
Assistência de enfermagem
• Lavar as mãos sempre antes e depois de manipular o paciente
• Sempre que possível, realizar manobras que esvaziem a bexiga
evitando a sondagem vesical;
• Lavar as mãos antes da sondagem vesical
• Utilizar técnica asséptica e equipamentos estéreis na sondagem vesical
• Escolher a sonda vesical do calibre da uretra para evitar vazamentos
• Utilizar coletor fechado de urina com válvula anti-refluxo
• Não deixar a sonda e as extensões dobradas impedindo o fluxo da
urina;
• O coletor não deve ser desconectado da sonda; a urina deve ser
coletada em local apropriado da extensão através de punção;
• Quando houver suspeita de qualquer problema no circuito, substituí-lo
por outro;
• Realizar limpeza em meato uretral com água e sabão duas vezes ao
dia. Usar luvas de procedimento
• Não tracionar a sonda e nem introduzi-la mais profundamente
• A sonda vesical não deverá ser trocada até que haja qualquer sinal de
infecção, ou alteração na própria sonda ou no sistema de drenagem.
30
• Retirar a sonda vesical o mais breve possível
2.2.2.3 Infecção da Corrente Sanguínea
Os cateteres para acesso vasculares em geral representam uma
verdadeira invasão ao organismo. São amplamente utilizados para terapia
intravenosa e estão diretamente associadas ao desenvolvimento de infecções
devido à contaminação do dispositivo por microorganismos da pele do paciente,
contaminação durante a inserção do cateter ou na manipulação do sistema,
agravando a situação quando é necessária a permanência prolongada destes
dispositivos. Ex: cateteres para infusão de Nutrição Parenteral Prolongada (NPP),
drogas, hemoderivados e monitorização hemodinâmica.
Assistência de Enfermagem com Acessos vasculares
• Todo material descartável como equipo de soro a cada Lavar as mãos
sempre antes e depois de manipular o paciente
• O acesso vascular deverá sempre ser realizado com técnica asséptica
e com material estéril;
• Os acessos venosos periféricos deverão ser trocados a cada 48-72
horas ou sempre que houver qualquer sinal de infecção, flebite, celulite
ou bacteremia;
• Na passagem de cateteres centrais, o médico deverá estar
paramentado e utilizar técnica asséptica e material estéril;
• Os acessos venosos centrais deverão ser trocados ou retirados sempre
que houver qualquer sinal de infecção, flebite, celulite ou bacteremia;
• Cateteres colocados em caráter de urgência deverão ser trocados logo
que possível
31
• Curativos de cateteres centrais devem ser estéreis, feitos com PVPI ou
clorexidine e trocados a cada 24 horas;
• 48 horas para solução comum, equipo próprio e único para NPP,
hemoderivados e Lipídeos, torneiras, extensões e polifix devem ser
trocados a cada 24 horas;
• NPP deve ser preparada na farmácia sob condições assépticas e
serem infundidos por via exclusiva.
2.2.2.4 Ferida cirúrgica
A região anatômica da cirurgia é um importante determinante da infecção,
assim como duração do ato cirúrgico e circulação extracorpórea, emprego de
drenos, cirurgias limpas ou contaminadas, os patógenos implicados na infecção
em ferida cirúrgica são determinados por algumas variáveis, entre elas o
procedimento realizado, a flora predominante no hospital e o local cirúrgico
abordado.
O Staphylococcus aureus, atua principalmente em feridas de partes moles,
mas depende muito da flora hospitalar.
Assistência de Enfermagem
• Lavar as mãos e calçar luvas de procedimento
• Retirar o curativo cuidadosamente utilizando soro fisiológico recentemente
aberto
• Quando a ferida se apresentar seca, deixá-la descoberta (não há
necessidade de fazer curativo);
• Quando a ferida apresentar secreção hemática, serohemática, etc., realizar
a limpeza do local com SF0, 9% recentemente aberto, por meio de
32
movimentos delicados do centro da ferida para a periferia, utilizando luvas
ou pinças estéreis, e cobrir a ferida com gaze estéril e micropore.
• Lavar as mãos após procedimento.
Métodos que auxiliam no diagnóstico de infecção:
• RX tórax e de outras estruturas
• Tomografia computadorizada e Ressonância magnética
• Hemoculturas, uroculturas, cultura de aspirado traqueal, cultura de material
suspeito de estar infectado, etc...
• Exames laboratoriais e bioquímicos
• Monitorização hemodinâmica
2.2.3 Cuidados na Prevenção de infecções em UTI
Precauções Padrão
Muitas das infecções são preveníveis se medidas de prevenção de
infecções forem instituídas e respeitas por toda a equipe multidisciplinar que cuida
do paciente na UTI.
Lavagem das mãos
• É a principal forma de se prevenir infecções cruzadas em UTI
• Enfatizar a sua importância para toda a equipe multidisciplinar que
manipula paciente constantemente
• Deve ser realizada sempre antes e após o contato com cada paciente
• O número de pias deve ser adequado e em local acessível
• Deve ser utilizado apenas sabão líquido (ao invés de sabão em pedra)
contendo anti-sépticos
33
• É indicado o uso de torneiras e saboneteiras que não necessitem do
contato direto da mão do profissional, por exemplo, os que são acionados
com os pés.
• As mãos devem ser secas com papel toalha descartável
Uso de luvas
• Devem ser utilizadas na presença de sangue, secreções, líquidas corporais
contato com mucosas e pele não íntegra, venopunção.
• Devem ser trocadas após cada procedimento e desprezadas
imediatamente
• O uso das luvas não substitui a lavagem das mãos.
Avental
Utilizado como barreira física quando houver a possibilidade de contaminar
com material biológico a roupa/pele do profissional, e desprezar imediatamente
após o uso.
Máscara e óculos de proteção
Quando há o risco de respingos de material biológico sobre as mucosas da
boca, olho, durante a realização de procedimentos com o paciente, ou manuseio
com materiais contaminados.
Atenção – todos os equipamentos e superfícies devem ser limpos e desinfetados
quando em presença de sangue, líquidos corporais ou secreções, assim como
todo material perfuro cortante deverá ser desprezado em recipiente próprio.
Isolamento
Visam o controle da disseminação de cepas bacterianas resistente.
Bactéria multiresistente requer quarto individual, luvas para contato com sangue
ou secreções, máscara quando houver risco da secreção atingir a. mucosa oral e
34
nasal do profissional, avental quando houver contato direto com o paciente ou
secreções infectadas, lavagem das mãos sempre;
O isolamento do paciente
O hospital deverá dispor de quartos individualizados, com filtragem do ar,
banheiro para o paciente e pia para a equipe multiprofissional, materiais
individualizados, profissionais de enfermagem, exclusivo para a assistência ao
paciente.
O paciente por sua vez, sentir-se-á isolado e incomunicado, podendo
levá-lo a traumas psicológicos e ao medo. O isolamento, portanto torna-se um
procedimento caro para o hospital.
Qualidade no isolamento:
• Necessidade de isolar o paciente, segundo o germe causador,
• Exigir o cumprimento universal das normas protocolarizadas
acerca da sala ideal, do número de visitas, vestuário apropriado
e eliminação de materiais;
• Exames complementares aos demais pacientes da unidade
• Apoio psicológico
• Número adequado de profissionais, atentando para não
descuidar da assistência dos outros pacientes da unidade,
• Todo material manipulado no isolamento deverá ser identificado.
Manuseio seguro do lixo do isolamento – cada instituição determina suas
próprias normas relativas ao descarte do lixo.
35
2.3 Tratamento das Infecções
Na UTI, o sucesso do tratamento das infecções depende de alguns fatores
que estão interligados entre si como localização do foco infeccioso, escolha
correta do antimicrobiano e prevenção das infecções cruzadas.
A equipe médica fará a escolha da antibioticoterapia considerando os
fatores do hospedeiro como: exposição anterior a antibióticos, idade, função renal
e hepática, local da infecção, administração concomitante com outras drogas,
gravidez e identificando o microorganismo infeccioso para determinar a
susceptibilidade aos agentes antimicrobianos, pois os germes encontrados nas
UTIs são mais resistentes, portanto necessitam de antibiograma.
Pacientes graves recebem uma associação de antibióticos, o que pode ser
maléfica, uma vez que pode haver antagonismo na associação, aumento da
colonização bacteriana e posterior infecção por germes resistentes, o que gera
um aumento da toxicidade e do custo do tratamento. A enfermagem deve ter
cautela na administração desses medicamentos, para evitar iatrogênias.
Os antimicrobianos são classificados em: antifúngicos, antiprotozoários,
antibacterianos, anti-helmínticos e antivirais
AAnntt iibbaacctteerr iiaannooss
PENICILINAS: Penicilina G potássica cristalizada; Bezentacil; Despacilina;
Wycillin; Pen-ve-oral; Staficilin - N; Ampicilina; Amoxil.
CEFALOSPORINAS : 1a. Geração - Keflex; 2a. Geração - Mefoxin, Zinacef; 3a.
Geração - Claforan; Rocefin; Fortaz; Ceclor.
AMINOGLICOSÍDEOS : Gentamicina; Neomicina; Amicacina; Netilmicina.
MACRÓLIDOS : Eritromicina; Clindamicina; Lincomicina; Roxetomicina.
TETRACICLINAS: Tetrex.
ANFENICÓIS: Cloranfenicol
36
OUTROS ANTIBIÓTICOS : Vancomicina; Polimixina b; Norfloxacina; Imipenem;
Pefloxacina; Teicoplanina; Ciprofloxacina.
SULFONAMIDAS : Cotrimoxazole
Assistência de enfermagem
• Orientar o paciente sobre os medicamentos a serem administrados,
• Perguntar ao paciente se tem alergia medicamentosa,
• Conhecer os efeitos colaterais das drogas,
• Observar o funcionamento intestinal e débito urinário,
• Diluir os medicamentos na aplicação intravenosa,
• Observar o local da punção antes da administração,
• Observar o horário prescrito do medicamento,
• Administrar lentamente, em caso de aplicação intravenosa.
• Administrar Oxacilina VO em jejum
• Administrar Ampicilina longe dos horários das refeições.
• Administrar AMinoglicosídeos observando mudanças no grau de audição
do paciente. A Heparina precipita com os aminoglicosídeos.
• Armazenar clindamicina abaixo de 25 C
• TETRACICLINA: Não deve ser administrada com leite, antiácidos ou sais
de ferro (diminui a absorção).
• POLIMIXINA B: deve ser protegido da luz e evitar a mistura com outras
soluções.
AANNTTIIFFÚÚNNGGIICCOOSS
ANFOTERICINA B
NISTATINA
FLUCONAZOL
37
Assistência de enfermagem
• Orientar o paciente sobre os medicamentos a serem administrados,
• Perguntar ao paciente se tem alergia medicamentosa,
• Conhecer os efeitos colaterais das drogas,
• Observar o funcionamento intestinal e débito urinário,
• Diluir os medicamentos na aplicação intravenosa,
• Observar o local da punção antes da administração,
• Observar o horário prescrito do medicamento,
• Administrar lentamente, em caso de aplicação intravenosa.
• Controlar SSVV e comunicar as alterações
ANFOTERICINA B: deve ser armazenada abaixo de 8 C e evitar a mistura com
outras soluções, e ser diluída apenas em solução de glicose 5%.
ANTIVIRAIS
ACICLOVIR (Zovirax)
ZIDOVUDINA (Azitromicina). VÍRUS: são os menores agentes infecciosos e acometem principalmente o
organismo humano. Disseminam-se particularmente pela via respiratória ou pelas
excreções entéricas, consistindo essencialmente de ácido nucléico (DNA ou RNA)
encerrado em um revestimento protéico.
Algumas doenças causadas por vírus: Varíola, Varicela, Herpes zoster,
Conjuntivite, Gripe, Sarampo, Raiva, Meningite, Poliomielite, AIDS, Leucemia de
células T.
Cuidados de enfermagem
• Orientar o paciente sobre os medicamentos a serem administrados
• Perguntar ao paciente se tem alergia medicamentosa
• Conhecer os efeitos colaterais das drogas
• Administrar as medicações endovenosas diluídas e lentamente
• Observar as condições de sono e repouso
• Manter controle rigoroso de assepsia para evitar infecções oportunistas
• Observar o horário prescrito do medicamento a ser administrado
38
• Observar o funcionamento intestinal
• Observar o débito urinário
• Observar o local da punção antes de administrar a medicação
2.3.1 Tabela de Diluição de antimicrobianos utiliza dos em UTI
DROGA DILUIÇÃO
VOLUME
INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA
AMICACINA
(Ph 4,5)
SF0, 9% / SG5%
em quantidade
suficiente para
administrar em 30 a
60 minutos: 50 a
100 ml.
Anfotericina -aumenta nefrotoxicidade.
Diuréticos-efeito aditivo-aumenta a
otoxicidade. Quinidina –aumenta
bloqueio neuromuscular.
Bloqueadores neuro muscular – aumenta
o efeito destes podendo produzir paralisia
respiratória.
AMPICILINA SF0, 9% /.
SG 5% /
H2O estéril
20ml
Alopurinol - predispõe a erupção cutânea
Hidrocortisona – inativa a ampicilina
(ADMINISTRAR em horário diferente)
AMPHOCIL
ANFOTERICINA B
SG5% - 1mg/ml
(infundir em via
única num período
de 02 a 06 h).
ANTINEOPLÁSICOS –potencializa
toxicidade renal; broncoespasmo e
hipotensão.
Glicosídeos Digitálicos-hipopotassemia
Imidazólicos (miconazol, cetoconazol,
fluconazol, etc) pode induzir a resistência
fúngica.
Sulfato de amicacina, ampicilina, cloreto
de cálcio, glu.Cálcio, Nacl, Kcl, procaína
cimetidina= incompatíveis.
39
BACTRIM
(Sulfametoxazol+
Trimetropina)
SF 0,9%/SG 5%
05ml em 125ml ou
10ml em 250ml
Anticoagulante oral aumenta o TP
Fenitoína – aumenta o efeito desta.
CLAFORAM
(Cefotaxima)
Usar diluente
próprio. Administrar
direto na veia ou no
injetor lateral do
equipo de soro.
Administrar antes dos aminoglicosídeos.
Claritromicina SF0, 9%.
SG5% –250ml
Teofilina e Carbamazepina- aumenta os
níveis séricos destas drogas
Cefepime
Maxcef
SF 0,9% /
SG5% - 10 ml
Não devem ser administrados juntos:
vancomicina, metronidazol, gentamicina,
tobramicina devido ao potencial de
interação; cada antibiótico deve ser
administrado separadamente.
CARBENICILINA
(Carbenicilina)
SF 0,9 ou SG 5%.-
100ml
Administrar no
mínimo em 20 min.
-Inativa quimicamente a Tobramicina e
Gentamicina (nos pacientes renais).
Administrar em vias e horários diferentes.
-Cloranfenicol e Tetraciclina devem ser
administrados algumas horas depois.
-Anfotericina B. Fenitoína, Hidrocortisona,
Vitamina B e C, Vancomicina –
Inativação, Precipitação e Quelação.
Administrar em horários diferentes.
Ciclosporina SF0, 9%.
SG5%-1:20 e 1:100
ml -usar frasco de
vidro
Administrar em horário diferente dos
aminoglicosídeos
40
Dalacin -C
Clindamicina (Sulfato)
pH6, 3
Diluir 300mg/ 50 ou
100 ml
De SF 0,9% ou SG
5%. e/ou 600mg/
100ml
Bloqueador neuromusculares aumenta
O efeito desses.
Ampicilina, aminofilina, gluconato de
cálcio, sulfato de magnésio.
FORTAZ
(Ceftazidima)
Diluir: 1g/10ml de
água bidestilada.
Administrar
diretamente na
veia.
Precipita com Vancomicina. Administrar
em horários diferentes.
FUNGISON
(Anfotericina B)
Reconstituir 1
frasco/10 ml de
água bidestilada.
Após diluir:
1mg/10ml SG 5%.
Administrar num
período de 6 horas.
-Hidrocortisona: incrementam depleção
de potássio causada pela Anfotericina B.
-Glicosídeos Digitálicos pela
hipopotassemia pode facilitar a
intoxicação digitálica.
-Relaxantes músculos-esqueléticos tem
efeito aumentado pela hipopotassemia.
-Aminoglicosídeos, Penicilina,
Tetraciclina precipitam. Administrar em
horários diferentes.
-Soro Fisiológico precipita, - não
associar.
- Aminoglicosídeos aumentam a –
nefrotoxidade.
FLAGIL
(Metronidazol)
Administrar em 20
min.
-Potencializa a ação da Warfarina.
-Nitrofurantoína é antagonista, aumentam
41
Preparado pelo
fabricante
o metabolismo – do Metronidazol.
Administrar em horários diferentes.
Ipsilon
SF0, 9%.
SG5%- 250 a
500ml
Não deve ser associado no mesmo
equipo a outros medicamentos
GARAMICINA
(Gentamicina)
Diluir:
1 amp./50 a 100ml
de SF 0,9%.
Administrar em ½ a
2 horas.
-Carbenicilina e Penicilina G diminuem o
efeito da Gentamicina por inativação
química. Administrar em horários
diferentes.
-Keflin aumenta a nefrotoxidade da
Gentamicina quando administrado em
pacientes renais.
-Dalacin-C aumenta a nefrotoxidade da
Gentamicina, mesmo em pacientes com
função renal normal.
KEFLIN
(Cefalotina)
Diluir: 1g/10ml de
água bidestilada,
SG 5%, SF 0,9.
Administrar direto
na veia ou no
injetor lateral do
equipo de soro,
desde que
interrompa
momentaneamente
a infusão.
Administrar em 3 a
5 min.
Para todas as Cefalosporinas:
-Aminoglicosídeos: aumentam
nefrotoxidade.
-Anticoagulantes orais: aumentam efeito
anticoagulante. Cefalosporinas de 3ª
geração potencializam a ação da
Warfarina.
-Furosemida aumenta nefrotoxidade.
Monitorar função renal.
-Hipoglicemiantes orais aumentam efeito
hipoglicemiante.
-Cloreto ou Gluconato de Cálcio,
42
Precipita com
Aminofilina e
Solumedrol.
Administrar em
horários diferentes
Eritromicina, Polimixina B: precipitam.
Administrar em horários diferentes.
-AAS e Heparina: ação aditiva.
-Tetraciclina precipita. Administrar
algumas horas antes as cefalosporinas.
MEFOXIN
(Cefoxitina)
Após reconstituição
acrescentar: 10 ml
de SF 0,9%, SG
5%. Administrar
direto na veia ou no
injetor lateral do
equipo de soro.
Administrar durante
3 a 5 min.
Para todas as Cefalosporinas:
-Polimixinas aumentam nefrotoxidade.
-Probenicida (Policilim) inibe a excreção
renal das Cefalosporinas.
NOVAMIN
Amicacina
(sulfato)
-Diluir em SF 0,9%,
SG 5% em
quantidade
suficiente para
administrar em 30
min. a 1 hora.
-50 a 100 ml
Para todos os Aminoglicosídeos:
-Anfotericina B aumentam a
nefrotoxidade. Monitorar a função renal.
-Diurético – efeito aditivo – aumenta
ototoxidade.
-Quinidina = efeito aditivo. Aumenta
bloqueio neuromuscular.
-Novobiocina = precipitação insolúvel.
-Associação de aminoglicosídeos
aumenta a nefro e ototoxidade.
-Bloqueadores neuro musculares:
aumenta o efeito destes podendo
produzir paralisia respiratória. Ministrar
com cuidado durante ato cirúrgico e pós-
operatório imediato.
Omeprazol Injeção EV: Claritromicina: aumenta concentração
43
reconstituir
no frasco. Infusão
contínua:
SF0, 9% ou
SG5%- 100ml
plasmática de ambas as drogas
PENICILINA
G. POTÁSSICA
(Benzilpenicilina)
-Diluir 100.000
UI/ml de diluente.
Administrar
lentamente.
-Cloranfenicol e Tetraciclinas devem ser
administrados algumas horas depois.
-Anfotericina-B, complexo B e
Vancomicina precipitam. Administrar em
horários diferentes.
-Altas doses de Penicilina G. inativam
quimicamente Gentamicina e
Tobramicina. Administrar em vias e
horários diferentes.
Profenid
(cetoprofeno)
SF0,9%
SG5%-100 a 150ml
Anticoagulante-aumenta o risco
hemorrágico
Não é recomendável administrar junto
com outros medicamentos.
QUEMICETINA
(Cloranfenicol)
Reconstituir com
diluente próprio, e
acrescentar 50 ou
100 ml de SF0, 9%
/ SG 5%.
-Acetaminofen aumentam meia vida do
cloranfenicol.
-Barbitúricos podem aumentar o
metabolismo do Cloranfenicol e esse
pode inibir o metabolismo dos
barbitúricos. Associação perigosa.
-Preparados com Ferro, em pacientes
com anemia ferro priva, o Cloranfenicol
aumenta a toxidade deste. (nistagmo,
Ataxia).
-Anticoagulante oral: o cloranfenicol
44
aumenta o T.P.T.
-Cloranfenicol diminui a resposta para
Vitamina B12.
-Penicilina G., Carbenicilina e
Vancomicina precipita. Administrar essas
algumas horas antes.
-Tetraciclina precipita. Administrar
separadamente.
ROCEFIN
(Ceftriaxona)
Diluir 1 g/10 ml de
água bidestilada.
Administrar direto
na veia ou no
injetor lateral do
equipo de soro,
durante 3 a 4 min.
Stilamim
(Somatostatina)
SF0, 9%- volume a
critério médico.
Hexabarbital- prolonga o sono
Pentetrazol-potencializa sua ação
STAFICILINN
(Oxacilina)
Após reconstituir
cada ampola:
Acrescentar 10 ml
de SF 0,9%.
Administrar em 2 a
5 min.
-Sulfonamidas diminuem a absorção GI
da Oxacilina.
-Complexo B inativa o antibiótico.
Administrar em horários diferentes.
TIENAN
(Imipenen)
Diluir: 1frs/100 ml
de SF 0,9% ou SG
5%. Administrar
cada 500 mg em 20
a 30 min.
Ganciclovir = convulsões
45
Targocid
(Teicoplanina)
SF0, 9%
SG5% - 100ml
Devem ser administradas em horários
diferente dos aminoglicosídeos
Tazocin (Piperacilina
sódica,Tazobactama
sódica)
SF0,9%
SG5% -100 a
250ml
Não deve ser administrado junto com
outro antibiótico.
Vecurônio-potencializa sua ação
VANCOMICINA
(Cloridrato de
Vancomicina)
Reconstituir com 10
ml de diluente e
após: Diluir em 100
ml a 200 ml de SF
0,9% ou SG 5%.
Administrar em 20 a
30 min.
Clorandenicol,Eritromicina precipitam.
Administrar Vancomicina algumas horas
antes.
-Fortaz precipita. Administrar em horários
diferentes.
-Heparina e Hidrocortisona precipitam.
Administrar em horários diferentes.
46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOMES, A.M. Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. São Paulo: EPU,
1978.
CINTRA, Eliane de NISHIDE, M. Vera; NUNES, A. Wilma, Assistência de
Enfermagem ao Paciente Crítico , São Paulo: Atheneu, 2000.
LUCKMANN & SORENSEN. Enfermagem Médico-Cirúrgica . 4. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.
RUTHERFORD, J.Mary, et al. Segurança e Controle de Infecção: Enfermagem
Prática , Reichmann & Affonso Editores, 2000.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Hospital das Clínicas. Grupo e Subcomissões
de Controle de Infecção Hospitalar. Guia de Utilização de antiinfecciosos e
Recomendações para a Prevenção de Infecções Hospita lares. São Paulo,
2005-2006
DICIONÁRIO de Especialidades Terapêuticas – DEF 2003/04 – 32ed. São Paulo:
EPUC, 2004.
47
CAPÍTULO III Magda Bandouk
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM DOR
3. Introdução
A dor foi conceituada em 1986, pela Associação Internacional para o
Estudo da Dor (IASP) como uma “experiência sensorial e emocional
desagradável associada a lesões reais ou potenciais”.
Sempre considerada subjetiva, a dor representa para cada individuo, uma
experiência que se caracteriza pela complexidade e multidimensionalidade, não
relacionada com lesão tecidual.
Atualmente é vista como o quinto sinal vital devendo ser avaliada e
registrada desde o momento da internação do cliente, durante e após todo e
qualquer procedimento.
É considerada como uma das principais causas de sofrimento, desgaste
físico, psíquico e social bem como limitadora das atividades diárias e,
conseqüente, piora da qualidade de vida.
3.1 Fisiologia da Dor
A sensação dolorosa resulta da estimulação de receptores nociceptivos.
A atividade dos receptores nociceptivos é modulada pela ação de
substâncias químicas (algiogênicas) liberadas na presença de processos
inflamatórios, traumáticos e/ou isquêmicos.
Esses receptores, localizados pelo organismo, podem ser classificados em:
• Termonociceptivos: sensíveis a estímulos térmicos
• Mecanonociceptivos: sensíveis a estímulos mecânicos
48
• Polimodais: sensíveis a estímulos térmicos, mecânicos e químicos.
A dor ocorre como atividade dos receptores em tecidos cutâneos e
profundos. O caminho percorrido pelo estímulo se dá pela via aferente chegando
até o Sistema Nervoso Central quando a mensagem é decodificada e retorna ao
ponto de partida, pela via eferente onde provoca a resposta dolorosa.
3.1.1 Fatores que influenciam a percepção dolorosa
Cada indivíduo, de acordo com seus valores pessoais, experimenta
sensações dolorosas adversas. Os fatores que podem influenciar são:
• Culturais
• Religiosos
• Étnicos
• Experiências prévias
• Idade
3.2 Tipos de dor
• Dor visceral: dor difusa, desconfortável, de difícil localização.
Exemplo: distensões, torções, irritação de mucosas.
• Dor referida: manifestação cutânea relacionada a pontos distantes da
região acometida.
Exemplo: dor no ombro em decorrência de tumor hepático.
• Dor somática: originada da excitação de receptores que inervam
estruturas profundas geralmente de caráter intenso e de fácil localização.
Exemplo: dor de cabeça
• Dor neuropática e dor central : é a dor advinda de lesões ou doenças das
vias periféricas de condução do impulso nervoso ou dos locais que
49
processam as mensagens para o SNC. Pode surgir de maneira
espontânea ou gerada por estímulos não nocioceptivos
Exemplo: o roçar de algodão na pele.
3.2.1 Classificação da dor segundo a temporaridade
• Dor aguda: é a dor relacionada à doença aguda.
• Dor crônica: é a quela que se preserva mesmo após a cura da lesão.
Nomenclatura
Analgesia: ausência de sensação dolorosa pela estimulação nociva.
Dor central: causada por lesão do SNC como tálamo, medula espinhal ou tronco
encefálico.
Hiperalgesia: sensibilidade aumentada à estimulação nociva. Resulta da
diminuição do limiar para estimulação nociva.
Hiperestesia : sensibilidade aumentada a estímulos externos.
Limiar de dor: a menor intensidade de estímulo.
Nível de Tolerância à dor: maior intensidade de estímulo que causa dor para a
qual a pessoa está preparada a tolerar.
Nociocepção: é a resposta neural ao estímulo nocioceptivo.
Nociceptor: receptor sensitivo a estímulo nocivo ou potencialmente nocivo.
Nocivo: é aquela que lesa um tecido.
Parestesia: sensação anormal, geralmente não agradável que pode ser
espontânea ou provocada.
50
3.2.2 Mitos relacionados com a dor e sua correção
Mitos Correção
A equipe de saúde é a autoridade que
sabe da existência e da natureza da
sensação de dor do paciente
A pessoa com dor é a única autoridade
sobre a existência da dor e a natureza
já que a dor só é sentida pela pessoa
Valores pessoais e intuição sobre
confiança de outras pessoas são
ferramentas importantes para identificar
a veracidade da informação dada pelo
paciente
A credibilidade do paciente não está em
sob julgamento
A dor é em grande parte um problema
psicológico ou emocional principalmente
para pacientes ansiosos ou deprimidos
Ter uma reação emocional à dor não
significa que ela é causada pelo
problema emocional. A dor não é
aliviada caso a ansiedade ou a
depressão forem menos intensas
É comum a mentira sobre a existência
da dor
A dor mentirosa é considerada rara
O cliente com dor, ganha benefícios no
tratamento
O paciente pode sentir tanta dor quanto
diz e não ser um simulador
Toda dor real tem uma causa física
identificável
Toda dor é real independente da sua
causa. Quase toda dor tem
componentes físicos e mentais.
Raramente tem caráter psicogênico.
Sinais visíveis, fisiológicos ou
comportamentais, acompanham a dor e
Ocorrem períodos de adaptação da dor.
A ausência de expressão de dor não
51
podem ser usados para verificar sua
existência e intensidade.
significa a ausência da dor.
A intensidade e a duração da dor pode
ser prevista com exatidão em qualquer
pessoa.
Não há como prever nem a intensidade
nem mesmo sua duração.
Deve-se ensinar as pessoas a ter
grande tolerância à dor.
Tolerância é algo individual, variando de
acordo com seu limiar.
3.3 Avaliação da dor
A avaliação da dor deve ser ampla e conter o maior número de
informações possíveis. Deve ser sistemático, registrado e de forma contínua.
Abrange:
• A história do cliente
Aquilo que é contado pelo paciente, sua história pregressa e atual, a
localização da dor, intensidade e natureza da dor.
• O exame físico
Compreendem a inspeção do local, da identificação de dispositivos como
sondas, drenos e cateteres, da mensuração dos sinais vitais.
• A coleta de exames laboratoriais
Na presença da dor alguns parâmetros bioquímicos podem se alterar como
níveis de corticóides, catecolaminas, associados aos aspetos anteriores, não
significando que a manutenção dos valores normais retrate a ausência da dor.
52
3.3.1 Componentes da Avaliação da Experiência Dolor osa
Características da dor
• Data do início
• Localização
• Intensidade
• Qualidade (como ela é ou como que se parece)
• Periodicidade
• Duração dos episódios
• Padrão evolutivo
• Fatores que pioram ou melhoram
• Sintomas associados
Aspectos Psíquicossociais
• Depressão, ansiedade, raiva, hostilidade,
• Atitudes e crenças frente à dor e seu manejo,
• Estratégias para lidar com a dor.
Prejuízos advindos da Dor
• Sono
• Movimentação e deambulação
• Padrão respiratório
• Atenção e concentração
• Apetite
• Trabalho
• Humor
• Relacionamento interpessoal
53
• Lazer
• Vida sexual
3.4 Instrumentos para avaliação da dor
Vários são os instrumentos utilizados para avaliar a dor e todos são
utilizados para obter uma base subjetiva e objetiva do escore de dor.
A finalidade destes instrumentos facilita a compreensão e entendimento da
dor. A escolha do instrumento é feita de acordo com o grau de entendimento do
cliente.
Um dos instrumentos utilizados é a escala de dor analógica visual onde o
cliente através de um escore, que varia de zero a dez, e análise de um desenho
com várias fisionomias, aponta a figura que represente sua manifestação
dolorosa. O ideal de resposta é quando o cliente permaneça com zero de dor e
aponte a fisionomia mais “alegre”.
Para clientes sob efeito anestésico ou sedação, é necessária a utilização
de outros instrumentos.
Modelos de escala de dor
54
Fig. 3.1 Escala da dor. Fonte:http//www.scielo.br
Fig. 3.2 Escala analógica de dor. Fonte: http://www.scielo.br/img/revistas 17/02/20010 3.5 Tratamento da dor
3.5.1 Tratamento farmacológico da dor
Vários são os grupos farmacológicos utilizados na dor para seu tratamento,
seu controle ou como coadjuvantes. São eles: antiinflamatórios, ansiolíticos,
antidepressivos, anticonvulsivante, neurolépticos e os opiáceos. A escolha do
grupo farmacológico ou a associação dos grupos depende da avaliação e
definição do médico ou equipe de dor de acordo com os protocolos institucionais.
55
Os opiáceos são utilizados em larga escala pela sua abrangência e
obtenção de uma analgesia efetiva.
Podem ser administrados por doses ou de forma contínua.
A equipe de enfermagem deve conhecer os principais fármacos utilizados,
seus efeitos colaterais e a assistência de enfermagem dispensada na sua
utilização.
Principais Opiáceos
• Meperidina, morfina, fentanil, tramadol.
Efeitos Colaterais
Dependência física e psíquica, constipação, depressão respiratória,
hipotensão postural entre outros.
Assistência de Enfermagem
• Controlar sinais vitais com ênfase na freqüência respiratória e
pressão arterial
• Observar nível de consciência
• Estimular dieta laxativa e hidratação
• Encorajar o cliente a deambular quando possível
• Manter grades elevadas
• Anotar efeito satisfatório ou não em relação a ação da droga.
• Em infusões contínuas, utilizar bomba de infusão.
56
3.5.2 Principais Grupos de Fármacos utilizados no controle da dor
Grupos Principais fármacos Mecanismos de Ação
AINEs Acetaminofeno
Acido acetil salicílico
Ácido propiônico
Dipirona
Tenixican
Diclofenaco sódico e
potássico
Reduzem a dor e o
processo inflamatório pela
inibição de enzimas que
são responsáveis pela
síntese de
prostaglandinas
Morfínicos Metadona
Codeína
Fentanila
Meperidina
Morfina
Tramadol
Reduzem a dor pela
ligação com receptores
localizados no encéfalo e
medula espinhal
Antidepressivos Fluoxetina
Imipramina
Amitriptilina
Reduzem a dor pelo
bloqueio da recaptação
de serotonina e
noradrenalina
Antsiolíticos Clonazepan
Diazepan
Lorazepan
Midazolan
Reduzem a ansiedade
melhorando a resposta à
dor
Anticonvulsivantes Carbamazepina
Valproato de sódio
Hidantoína
Reduzem a dor pela
supressão dos circuitos
hiperativos da medula e
do córtex
Neurolépticos Clorpromazina
Haloperidol
Levopromazina
Modulam a dor por
modificação do aspecto
afetivo
57
3.5.3 Analgesia controlada pelo paciente (PCA)
Método conhecido e desenvolvido com a finalidade de minimizar o
sofrimento do cliente e os efeitos da farmacocinética e farmacodinâmica que pode
variar entre os indivíduos.
Os aparelhos de PCA intravenosos constituem de uma bomba infusora
controlada por microprocessador acionado por um botão.
Quando seu mecanismo é acionado, a dose pré-estabelecida pelo médico
entra na corrente sanguínea para a analgesia.
O próprio cliente pode administrar doses extras, também pré-
estabelecidas, na vigência da dor, porém, um há um contemporizador junto à
bomba que impede a administração de doses antes do tempo estipulado.
Fig. 3. 2 Bomba de PCA Fig. 3.3 Bomba de PCA Fig. 3.4 Controle Fonte :http// www.arduzmedical Fonte:cardiva.biz Fonte: www.uam.es
58
3.5.4 Terapias adjuvantes para o Tratamento da Dor
• Musicoterapia • Técnicas de relaxamento • Acupuntura • Hipnose • Crioterapia • Aplicação de calor • Homeopatia • Shantala • Florais • Exercícios físicos • Técnica do esparadrapo • Moxambustão
Assistência de Enfermagem
• Acreditar na dor
• Incentivar o cliente a referir sua dor
• Medicar de forma profilática e não somente na vigência da dor
• Observar nível de consciência
• Manter ambiente calmo (diminuir luzes, ruídos)
• Medicar e certificar-se do efeito da droga
• Atentar para os efeitos colaterais das drogas como náuseas,
vômitos, constipação, hipotensão postural
• Manter grades elevadas se necessário
• Estimular terapias alternativas para dores crônicas
• Aplicar medidas de conforto
59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERNARDO, Cecília de Lourdes E. O papel da enfermagem . CINTRA, Eliana de Araújo; NISHIDE, Vera Médice; NUNES, Wilma Aparecida Assistência de Enfermagem ao Paciente Gravemente En fermo . 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003.
TEIXEIRA, Manoel Jacobsen. Dor: Conceitos Gerais . Fascículos 1 e 2.
Site:http//www.scielo.br Site:http// www.Arduzmedical Site: http.//.www.cardiva.biz Site:http.//www.uam.es
http://www.scielo.br/img/revistas/abo/v70n2/11f1.gif - 17/02/2010.
60
CAPÍTULO IV
Lucia Tobase
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO EM URGÊNCIA
4. Introdução
“A atenção em situações de emergência, geralmente, refere-se á situações
de gravidade onde há necessidade urgente na prestação da assistência.
Entretanto, os serviços de emergência, hospitalares ou não, estão
progressivamente sendo utilizados para atendimentos que não são considerados
urgentes. Considera-se que a filosofia da assistência em emergência tem-se
ampliado, passando a incluir o conceito de que emergência é aquilo que o
paciente e sua família consideram ser.” (BRUNNER, 1994).
A realidade brasileira atualmente reflete este tipo de demanda nos serviços
de emergência; assim sendo, uma situação pode parecer muito grave para o
cliente e aos familiares, porém, ao procurar o serviço, pode parecer na visão da
equipe multiprofissional, que a situação não é tão grave. Porém, cabe a equipe
compreender e respeitar essas ansiedades, prestando a assistência necessária e
colaborando no processo terapêutico.
Além do aspecto da “emergência social”, verifica-se que há uma tendência
no aumento da expectativa de vida, aonde o número de pessoas idosas vem
crescendo. Com essa clientela é necessária muita atenção, pelas próprias
características dessa população (várias patologias crônicas, alteração do estado
mental, sintomatologia inespecífica). Uma situação inicialmente sem nenhum grau
de urgência pode tornar-se séria muito rapidamente, daí a importância da equipe
manter-se atenta, sempre pronta para uma intervenção adequada.
Considerando que as atividades realizadas em situações de emergência
são desenvolvidas de forma muito rápida e devido a crescente presença de
infecção pelo vírus HIV, Hepatite, entre outros, aumenta o risco de contaminação
em relação à equipe profissional. Portanto, é necessário manter-se vigilante
quanto à atenção, aplicação das precauções básicas e manutenção de um
controle rigoroso da infecção hospitalar.
61
E no contexto atual, a procura por este tipo de serviço é cada vez mais
freqüente á medida em que os serviços para atendimento de saúde
disponibilizada à população são insuficientes, principalmente nas regiões
periféricas, em função da demanda elevada e da (des) atenção às políticas
públicas voltadas à saúde coletiva.
A necessidade da integração dos serviços nos diferentes níveis de
assistência à saúde (primária, secundária e terciária) pode significar uma solução
racional frente a uma questão de tal magnitude.
Para tanto, é fundamental que a comunidade mantenha-se informada e
articulada, para ter revertido para si e para a sociedade, o preconizado direito à
saúde.
4.1 Aspectos gerais do atendimento em emergênc ia
No atendimento em urgência e emergência, levamos em consideração
alguns aspectos relevantes na discussão e reflexão em relação à ocorrência e
repercussão de um evento, que embora aparentemente isolado, atinge a cada um
de nós, como cidadãos inseridos na sociedade.
4.1.1 Aspectos legais do socorro: obrigação moral X obrigação legal
Obrigação moral: associada à não obrigatoriedade de socorrer alguém.
Ex.: O indivíduo que não sabe como prestar os primeiros socorros e ao acaso,
presenciar uma ocorrência na rua e não auxiliar a vítima.
Consta, porém, no Código Civil que se um indivíduo, ao presenciar uma
situação de emergência, sem risco para acessar o local e a vítima, não prestar o
atendimento mínimo (chamar por serviço especializado em emergência) pode ser
indiciado e punido por omissão de socorro.
Obrigação legal: determinado pela função do profissional (profissionais de
atendimento pré-hospitalar - APH, bombeiros) a obrigatoriedade de atender
quando solicitado. Ex.: no período de trabalho, esse profissional deverá atender
prontamente quando necessário.
Ainda na condição de obrigação legal ao atendimento, a pré-existência de
responsabilidade intrínseca, como o pai ou a mãe atender o filho, ainda que os
62
genitores não sejam profissionais treinados em primeiros socorros, implica que os
responsáveis não podem deixar de prestar socorro a aqueles que estão sob seus
cuidados.
Autorização: em qualquer situação é importante, se for possível, identificar-
se à vítima, informar sobre as pretensões de atendimento e obter o
consentimento para iniciar os primeiros socorros.
4.1.2 Custo do atendimento em emergência
É extremamente elevado o custo no atendimento pré-hospitalar, no
hospital de destino (PS, CC, UTI), devido à necessidade de intervenções
complexas, utilização de grande número e diversidade em métodos diagnósticos.
Geralmente, o tempo de internação deste cliente é prolongado, há
necessidade de acompanhamento para reabilitação e inserção social, podendo
até mesmo culminar com a invalidez.
Por definição: um acidente é “um evento que ocorre por acaso ou é
desencadeado por causas desconhecidas”. Reflita: Podemos considerar o trauma
como sendo um acidente?
Muitas mortes e lesões por trauma não se ajustam a essa definição, por
serem evitáveis (uso de cinto de segurança, capacete, não dirigir embriagado ou
sob efeito de drogas, respeitar os sinais e leis de trânsito, evitar conflitos armados
e violência interpessoal, entre outras).
Então, é correto concluir que grandes partes dos traumas que ocorrem
diariamente podem ser evitadas, prevenidas. Estatisticamente, ficou comprovado
que medidas educativas, orientação e a conscientização da população,
modificações na legislação relativa ao trânsito e á fabricação de veículos, com a
inclusão de itens na construção, bem como as exigências quanto ao uso de
equipamentos de segurança, contribuíram muito para a redução drástica dos
índices de acidentes de trânsito e os traumas secundários á esses incidentes.
4.1.3 A abordagem ao cliente
É diferenciada conforme o tipo de agravo (clínico: fase aguda da doença
ou trauma), daí a necessidade de treinamento e atualização da equipe para
63
proporcionar uma assistência eficiente, pois, o tempo é vital neste tipo de
atendimento.
Geralmente, o cliente em fase aguda da doença (doença coronariana,
acidente vascular cerebral) procura o atendimento em presença de sintomas e
desconfortos orgânicos. Já as vítimas de trauma (ocorrências no trânsito, quedas,
situações de violência) freqüentemente, precisam ser atendidas prontamente no
local da ocorrência, daí a importância do atendimento pré-hospitalar, prestada por
uma equipe de profissionais especializados na assistência em emergência.
A portaria 814 de 01/06/2001 do Ministério da Saúde, portanto, com
validade nacional, estabelece que: a assistência à saúde em situações de
emergência está disponibilizada à população através do dígito 192. Entretanto,
existem outros recursos que a comunidade pode recorrer, como serviços de
empresas conveniadas e privadas. Através do dígito 193 também é possível ter
acesso ao atendimento de emergência.
4.1.4 Hospital de destino - Centros de Trauma
A assistência adequada ao cliente depende também das condições
oferecidas pelo hospital de destino, onde será efetuado o tratamento definitivo e
traçado as diretrizes para a reabilitação.
Assim sendo, os centros de trauma podem ser categorizados baseados
nos recursos e programas disponíveis em cada instituição:
Nível I : centro de recurso regional, completo (PS, CC, UTI, todos os recursos em
métodos diagnósticos, diversas especialidades como Clínica Geral, Cardiologia,
Clínica Cirúrgica, Neurocirurgia, Ortopedia, Bucomaxilofacial, Microcirurgia,
Anestesiologia). Conta também com programas de prevenção ao trauma até a
reabilitação do paciente. Considerado referência no atendimento ao trauma
dentro de uma área geográfica, geralmente é vinculado á universidades, onde são
desenvolvidos programas de educação, ensino e pesquisa.
Nível II: neste centro, o paciente pode ser atendido desde o atendimento inicial
até o definitivo, porém, não dispõe de todos os recursos existentes no centro de
nível I.
64
Nível III: é um centro designado para comunidades que não dispõe de acesso
imediato aos anteriormente citados. Possibilitam a realização de avaliação,
reanimação e intervenções cirúrgicas para estabilização do paciente; conforme a
evolução é necessária a transferência para um centro de nível mais completo
para tratamento definitivo.
Nível IV: foram criados para áreas rurais ou distantes, do porte de uma clínica.
Possibilitam a avaliação inicial e estabilização, sendo necessária transferência
posterior.
Independente da categorização da instituição, o treinamento, a capacitação
e a atualização da equipe multiprofissional é essencial para prestar uma
assistência eficiente e segura ao cliente.
4.2 Estrutura e funcionamento do serviço de eme rgência
Um serviço de emergência deve estar permanentemente preparado para
receber e atender adequadamente o cliente, uma vez que a procura pelo serviço
não ocorre de forma previamente agendada.
A estrutura deste tipo de serviço deve seguir os critérios e normas
estabelecidas pela legislação em vigor, segundo o Regulamento Técnico para
Planejamento, Programação, Elaboração e Avaliação de Projetos Físicos de
Estabelecimentos de Assistência à Saúde, da ANVISA (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária).
Também segundo o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) a
área física deve ser dimensionada de acordo com o tamanho, complexidade e
perfil assistenciais da unidade e adequados para acolhimento e atendimento
especializado aos portadores de danos e / ou agravos específicos em situação de
urgência e emergência.
Com relação à planta física, é desejável que o serviço esteja localizado em
uma área de fácil acesso para as pessoas e veículos geralmente situados no
andar térreo do prédio onde está situado.
Internamente, deve conter ambientes amplos, bem ventilados, com
portas largas, ser bem iluminado, com pisos e revestimentos claros, laváveis.
65
Geralmente, é composto de diversas salas para: triagem, consultório,
sutura / centro cirúrgico, emergência, aparelhos gessados, observação,
medicação, Enfermagem, guarda de material e equipamentos, copa, banheiros,
expurgo.
O perfil do profissional que atua neste serviço está relacionado à
característica da unidade: exige um profissional calmo, prático, observador, ágil,
com bom embasamento científico, habilidade técnica, organizado, responsável e
comprometido com o trabalho.
Considerando-se que as ações do profissional de enfermagem estão
imbuídas de elevado grau de responsabilidade, devemos realizar nossas
atividades com atenção, planejamento e organização (NÃO esqueça de checar,
anotar, comunicar, repor material e revisar equipamentos).
Assim sendo, alguns conceitos são relevantes para proporcionar um bom
atendimento neste serviço:
� Planejamento: após a identificação do perfil da clientela potencial que
poderá recorrer ao serviço, é fundamental à previsão das necessidades
relacionadas à aquisição e manutenção de materiais e equipamentos, além
dos recursos humanos e capacitação desses profissionais.
� Organização : considerando a grande diversidade de profissionais que
atuam nestes serviços, faz-se necessário que cada elemento conheça bem
suas atribuições e a hierarquia nas respectivas categorias. Ainda que a
equipe seja multiprofissional, o objetivo deve ser comum: maximizar as
chances de sobrevida e recuperação do paciente. Estabelecer rotinas e
protocolos de atendimento é fator facilitador no desenvolvimento das
ações, possibilitando a padronização e sistematização da assistência
prestada.
� c - Triagem: envolve a classificação do grau de complexidade de cada
paciente, seja em trauma ou fase aguda da doença; neste tipo de serviço,
é freqüente uma grande demanda de clientes, que buscam atendimento
pelos mais variados motivos. Considera-se, então, que a triagem pode
iniciar-se no local do acidente (APH), onde as vítimas são atendidas,
66
estabilizadas e transportadas para hospitais mais próximos e adequados
segundo cada caso.
No Pronto-Socorro também ocorre uma triagem, o que possibilita adequar
o atendimento, destinando á cada cliente os recursos e tempo necessário,
segundo o grau de gravidade de cada caso.
4.2.1 Educação em saúde
Muitos eventos (seja trauma ou clínico) ocorrem no domicílio, na escola,
em áreas de lazer. Estas situações dramáticas são presenciadas por várias
pessoas, e em geral, mostram-se impotentes e sem ação diante deste fato,
mesmo sabendo que o tempo é precioso para iniciar os primeiros cuidados.
Representa um grande diferencial se uma pessoa que esteja próxima ao
indivíduo que apresente um desmaio ou mesmo parada cárdio-respiratória, saiba
reconhecer a necessidade de ação imediata, ou seja, solicitar ajuda e iniciar as
manobras de reanimação cárdio-pulmonar precocemente.
Nesse sentido enfatiza-se a importância da educação em saúde, pois,
quanto maior o número de pessoas (leigos e profissionais) orientadas a prestar os
primeiros socorros corretamente, maiores serão as chances de manter a vida e
minimizar as seqüelas da vítima.
4.3 Normas técnicas sobre o funcionamento e utiliza ção de aparelhos e
equipamentos
Com o avanço da tecnologia, a assistência ao cliente tornou-se mais ágil,
eficiente, proporcionando maior segurança aos usuários de serviços de saúde.
Para otimização desses benefícios, é compreensível a exigência desses
serviços em relação aos seus colaboradores, no sentido de incentivar a
atualização científica, á fim de que todos os recursos disponíveis na instituição
sejam utilizados de forma segura e racional.
Vencidas as primeiras dificuldades em conhecer o equipamento, o
funcionamento, a manutenção e os riscos que ele pode representar se
inadvertidamente utilizado, o profissional sente-se mais seguro e confiante no
67
manuseio dessas máquinas, conseguindo então, administrar melhor o tempo
disponível, prestando uma assistência de qualidade.
Nos serviços de emergência, onde cada minuto é vital ao cliente, é
freqüente lançar mão desses recursos, tornando-se assim uma área de alta
complexidade tecnológica.
Existem á disposição dos consumidores diferentes instrumentos,
aparelhos, equipamentos destinados a propósitos semelhantes, porém, segundo
o fabricante, cada item tem as suas especificidades, algum aspecto diferencial
que o torna mais ou menos competitivo no mercado.
Cabe ao profissional que irá utilizar o produto ou equipamento, conhecer
muito bem alguns aspectos fundamentais relacionados ao funcionamento, bem
como ler com calma o manual de instruções e compreendê-lo realmente.
Esta atitude revela o compromisso e responsabilidade do colaborador em
relação ao cliente, à equipe mutiprofissional e a instituição, ao conhecer:
• Finalidade do equipamento: qual a função, a que / a quem se destina.
• Funcionamento: como ligar / desligar, a voltagem e especificações
elétricas, os modos de funcionamento de cada botão do painel, quais os
recursos oferecidos / não contemplados, o significado dos números
indicados nos leds, os alarmes, como realizar os ajustes dos parâmetros.
• Do aparelho e a relação com o paciente, como efetuar as conexões com
outros dispositivos e equipamentos, como interferir se algo errado /
inesperado acontecer se dispõe de bateria (tempo de duração), se o
equipamento pode ser utilizado durante o transporte e a necessidade de
itens complementares para este fim, cuidados especiais no transporte.
• Localização: qual a melhor / não indicação de localização ou
posicionamento dentro do espaço físico disponível, riscos de danos /
interferência se posicionado próximo ao outro aparelho.
• Manutenção: como devem ser realizadas a limpeza e conservação,
indicação / contra-indicação de produtos na higienização do equipamento,
68
necessidade de troca de determinados componentes regularmente,
cuidados especiais com partes / peças frágeis, necessidade de manter o
aparelho ligado na rede elétrica, mesmo quando não conectado ao
paciente, a quem recorrer para assistência técnica, tempo de garantia do
produto e o que provoca a perda da garantia.
Portanto, é possível utilizarmos um produto ou um equipamento de
forma racional considerando que o referido é um instrumento de trabalho
que pode facilitar muito o desenvolvimento das atividades durante a
assistência de Enfermagem.
Certamente, outros aspectos estão envolvidos nesse investimento
como o fator econômico, a relação custo x benefício na aquisição, a
característica da instituição, o perfil dos clientes e colaboradores que irão
utilizá-lo.
Algumas regras básicas orientam para o manuseio adequado de
equipamentos em geral:
a) Conhecer o aparelho, seus recursos e recomendações específicas;
b) Ligar (na voltagem certa) / desligar a tomada corretamente com o
aparelho desligado (puxe a tomada sem tracionar o fio – ele pode ser
confeccionado com material frágil);
c) Manter os níveis mínimos recomendados pelo fabricante (solução do
umidificador, fluxo de gases);
d) Seguir as recomendações do fabricante quanto ao uso dos
complementos e acessórios, em função das especificações para obter
um bom rendimento do aparelho, evitando desgastes de componentes
e danos inesperados;
e) Manusear o equipamento e acessórios com cuidado, evitando a tração
brusca de um componente, torção e quebra de conexões, cabos e
extensões delicadas;
f) Evitar improvisações de partes avariadas, utilizando fita adesiva ou
outros produtos que podem danificar mais o equipamento;
g) Posicionar cada equipamento em suporte adequado, destinado á este
fim, evitando sobrepor um aparelho diretamente sobre o outro;
69
h) Planejar e organizar as atividades para não utilizar a superfície do
equipamento como uma “mesa de procedimentos”, evitando apoiar
materiais e soluções sobre o aparelho;
i) Conhecer os valores de custo (geralmente não são pequenos) é uma
forma de utilizar os produtos de forma racional e cuidadosa;
j) Conscientizar-se sobre o grau de responsabilidade de cada profissional
porque o uso incorreto dos aparelhos prejudica e compromete a equipe,
a instituição mas principalmente, a vida do paciente.
Dentre a imensa diversidade de itens disponíveis, segue abaixo as
especificações que o ajudarão a compreender sobre a finalidade e
funcionamento básico dos equipamentos, independente da marca ou
projeção no mercado de produtos hospitalares.
OXIGENOTERAPIA: itens mais utilizados na obtenção e manutenção da
permeabilidade da via aérea e para oxigenoterapia.
Máscara Facial
70
Máscaras para ventilação boca a boca com válvula unidirecional
Máscara Laríngea Cânula endotraqueal
Bolsa Valva Máscara (Ambú) com reservatório e em di versos amanhos
71
OXÍMETRO DE PULSO: indicado para monitorizar a concentração de oxigênio no
sangue.
A leitura é realizada pela
emissão de feixes luminosos através
de uma presilha que pode ser
adaptada no dedo do paciente; após a
conversão desses dados no interior do
aparelho, pode-se realizar a leitura em
valores numéricos da saturação de O2
(Sp O2) e da FC, além da visualização da onda de pulso, indicando o adequado
posicionamento ou eventual distúrbio do paciente.
VENTILADOR PULMONAR MECÂNICO : indicado na incapacidade do paciente
em manter os padrões respiratórios minimamente adequados para suprir as
necessidades celulares de oxigênio.
Esse tipo de aparelho pode ser ativado em ciclos de pressão ou volume.
É possível estabelecer diferentes modos de ventilação conforme a
necessidade do paciente (IMV, CMV, CPAP), bem como estabelecer a
FR, FiO2 , PEEP, o volume corrente, o tempo
inspiratório e expiratório, temperatura do
umidificador. (Alguns aparelhos possibilitam
acoplar outros dispositivos como o aspirador,
inalador e capnógrafo).
72
Ventilador Pulmonar Mecânico do tipo portátil indicado para uso durante o
transporte
Monitor multiparametrico:
através do aparelho é possível
acompanhar a evolução do
paciente, identificando as
variáveis que necessitam
avaliação contínua.
Os monitores multiparamétricos têm a vantagem de oferecer inúmeros
parâmetros vitais simultaneamente (FC, FR, PA, T, PVC, curvas para
monitorização hemodinâmica, saturação de O2 e CO2 ).
BOMBA DE INFUSÃO: equipamento utilizado para infusão de drogas e líquidos
por via endovenosa, bem como
administração de dietas por gavagem.
Pode ser programada conforme
o volume a ser administrado e o tempo
de infusão.
A vazão pode ser programada,
variando conforme o tipo de droga ou
faixa etária do paciente.
73
CAPNÓGRAFO: equipamento utilizado para avaliar o nível de CO2 expirado;
permite ser adaptado no circuito do aparelho de ventilação pulmonar mecânica,
fornecendo informações importantes sobre a concentração de CO2 indicando
prováveis distúrbios
respiratórios, dispensando
coletas seriadas de sangue para
exame como gasometria arterial
e venosa.
4.4 Epidemiologia do trauma
O trauma é a principal causa de morte na faixa etária de 05 á 49 anos. Na
infância 60% dos óbitos são secundários ao trauma. Entre os adolescentes 80 %
das mortes são decorrentes do trauma. Na faixa etária acima dos 50 anos,
apenas o câncer e as doenças cardiovasculares superam o trauma, que se
apresenta como terceira causa de morte.
A maior incidência na ocorrência do trauma está associada às condições
que o propiciam, onde foram identificados os fatores predisponentes mais
comuns.
São considerados como os principais fatores de risco:
� Idade (jovem, adulto);
� Sexo (masculino);
� Meio-ambiente (área urbana X violência);
� Estresse (qualidade de vida);
� Abuso de substâncias (álcool, drogas);
� Os acidentes (trânsito, quedas, agressão FAF / FAB, afogamento, tentativa
de suicídio).
74
4.4.1 Cinemática do trauma - Mecanismo da lesão
A compreensão dos mecanismos desencadeados no trauma é fundamental
para o entendimento dos agravos e prevenção de conseqüências como lesões e
seqüelas secundárias ao trauma, uma vez que as forças físicas exercidas sobre o
corpo humano na vigência do trauma, originam diferentes agravos para a vítima,
dependendo da maneira como ela é atingida.
Conhecer detalhes da ocorrência pode contribuir para a assistência
direcionada aos problemas específicos decorrentes do trauma. É preciso
compreender a ação de fatores como aceleração / desaceleração, velocidade,
força de impacto e explosão em relação ao corpo humano, pois, as lesões
decorrentes nem sempre são evidentes.
Veja os exemplos abaixo:
Evento Conhecendo os detalhes Prováveis agravos
Queda De onde caiu, motivo, altura, como caiu, local na queda.
TCE, risco de lesão raquimedular, ocorrência de fraturas diversas, hemorragia interna, choque, sangramento, hematomas e conseqüências específicas no local atingido.
Acidente de
trânsito
Veículos envolvidos, tipo de colisão (frontal, lateral, traseira, capotamento, rotacional), posição do cliente no veículo, uso de equipamento de segurança (cinto, capacete), contusão craniana (cabeça contra o pára-brisa), torácica (tórax contra o volante) ou abdominal.
TCE, edema cerebral, risco de lesão raquimedular, ruptura de ligamentos paravertebrais, fratura de base de crânio, trauma torácico, abdominal, fraturas, hemorragia interna, choque, sangramento.
Ferimento por
arma de fogo
Verificar o ponto de entrada e de saída do projétil, identificando a provável trajetória no interior do organismo e relacionando com prováveis órgãos atingidos (coluna, pulmão, coração, aorta, estômago, baço, intestino).
Sangramento, hemorragia interna, considerar a ferida como infectada; a ocorrência de lesões internas é conseqüente à trajetória do projétil com liberação de calor.
75
Ferimento por
arma branca
Tipo de objeto utilizado; examinar a área atingida associando à localização dos órgãos adjacentes e prováveis conseqüências.
Sangramento, hemorragia interna, considerar a ferida como infectada; avaliar motricidade e sensibilidade (lesão de vasos e nervos).
POLITRAUMA: Pode ser definido como um politraumatizado aquele paciente que
apresentar pelo menos lesão de uma das cavidades do corpo e pelo menos uma
fratura.
“Considerar sempre toda vítima de acidente como uma vítima de trauma” -
para efeito de atendimento, a vítima de trauma é tratada como um paciente grave,
até que se comprove o contrário.
Um atendimento sistematizado, coordenado e disciplinado representa
condição essencial para a sobrevida destas pessoas.
O atendimento destes clientes deve ser iniciado no local onde ocorreu o
trauma, prosseguir durante o transporte e completar-se no hospital.
Estudos demonstram que em 20% dos óbitos em acidentes de trânsito, as
vítimas apresentavam lesões, que se tratadas em tempo hábil, evitariam a morte.
4.4.2 Resgate e transporte
O ato de resgatar está associado à retirada da vítima de uma situação de
risco, além de prestar os primeiros socorros; o ideal é iniciar os primeiros
atendimentos à vítima ferida no próprio local do trauma.
Nesse contexto, destaca-se a importância do Atendimento Pré-Hospitalar
(APH). Este serviço é regulado por uma central, responsável por receber as
solicitações, realizar a triagem e acionamento de uma unidade móvel de
ANEXO 1 TESE TANIA
76
emergência (ambulância). O veículo é tripulado por uma equipe de profissionais
(enfermeiros, auxiliares / técnicos de enfermagem e / ou médicos) especializados
no atendimento em emergência e podem chegar ao local da ocorrência em curto
período de tempo, iniciando os primeiros atendimentos até o transporte ao
hospital mais próximo e adequado para cada tipo de evento.
Esses meios de transporte de emergência, segundo o Ministério da Saúde,
podem ser classificados de acordo com os recursos humanos e materiais
disponibilizados, bem como a característica da clientela a ser atendida.
Define-se ambulância como um veículo (terrestre, aéreo ou aquaviário) que
se destine exclusivamente ao transporte de enfermos.
As dimensões e outras especificações do veículo terrestre deverão
obedecer às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.
As ambulâncias são classificadas em:
TIPO A - Ambulância de Transporte: veículo destinado ao transporte em decúbito
horizontal de pacientes que não apresentam risco de vida, para remoções simples
e de caráter eletivo.
TIPO B - Ambulância de Suporte Básico: veículo destinado ao transporte inter-
hospitalar de pacientes com risco de vida conhecido e ao atendimento pré-
hospitalar de pacientes com risco de vida desconhecido, não classificado com
potencial de necessitar de intervenção médica no local e/ou durante transporte
até o serviço de destino.
TIPO C - Ambulância de Resgate: veículo de atendimento de urgências pré-
hospitalares de pacientes vítimas de acidentes ou pacientes em locais de difícil
acesso, com equipamentos de salvamento (terrestre aquático e em alturas).
TIPO D - Ambulância de Suporte Avançado: veículo destinado ao atendimento e
transporte de pacientes de alto risco em emergências pré-hospitalares e/ou de
transporte inter-hospitalar que necessitam de cuidados médicos intensivos. Deve
contar com os equipamentos médicos necessários para esta função.
TIPO E - Aeronave de Transporte Médico: aeronave de asa fixa ou rotativa
utilizada para transporte inter-hospitalar de pacientes e aeronave de asa rotativa
77
para ações de resgate, dotada de equipamentos médicos homologados pelo
Departamento de Aviação Civil - DAC.
TIPO F - Embarcação de Transporte Médico: veículo motorizado aquaviário,
destinado ao transporte por via marítima ou fluvial. Deve possuir os equipamentos
médicos necessários ao atendimento de pacientes conforme sua gravidade.
Existem também os veículos de intervenção rápida, também chamados de
veículos leves, veículos rápidos ou veículos de ligação médica são utilizados para
transporte de enfermeiros e médicos com equipamentos que possibilitam oferecer
suporte avançado de vida nas ambulâncias do Tipo A, B, C e F.
A padronização dos procedimentos através da implementação de
protocolos otimiza o atendimento, pois, o tempo é vital neste tipo de atendimento.
É importante ressaltar que a rapidez e agilidade no atendimento não
podem comprometer a qualidade da assistência, visando a prevenção de outros
agravos.
Assim sendo, ao iniciar os primeiros atendimentos, a movimentação da
vítima de trauma deve ser realizada cuidadosamente, em bloco, como mostra a
figura abaixo:
78
Em situações clínicas, quando o cliente estiver estável, ou seja,
apresentando sinais respiratórios, com pulso presente, é possível colocá-lo em
posição de recuperação .
Neste caso, mantenha-o em
decúbito lateral, de forma que a
cabeça acompanhe esta
lateralização e com os membros
ligeiramente flexionados.
Posição de recuperação
Entretanto, se a segurança da vítima ou do profissional estiver ameaçada,
ela deverá ser retirada e levada rapidamente para um local seguro. São exemplo
destas situações os locais de incêndio, alagamento e desabamento.
O método a ser escolhido para remover a pessoa depende: do local, dos
riscos, do peso do paciente, do tipo de terreno, da força física de quem está
socorrendo, do número de pessoas que podem auxiliar na retirada, e
principalmente do estado da vítima.
Em casos clínicos, por exemplo, um IAM - a preocupação maior é com a
provável causa e os sintomas manifestados, buscando a estabilização do quadro.
Em casos de trauma, por
exemplo, um TCE – a
preocupação é voltada á
preservação da integridade da
coluna, prevenindo os riscos de
lesão raquimedular. Daí a
indicação do uso de colar cervical, como na figura ao lado.
79
Portanto, cada situação permite o uso de diferentes recursos para
mobilização e remoção do cliente do local até iniciar o transporte propriamente
dito.
4.4.3 Equipamentos de imobilização e transporte
Com o aumento da incidência do trauma, diversos tipos de equipamento e
material específicos ao atendimento e estabilização da vítima, estão disponíveis
no mercado. Há que se considerar as peculiaridades em relação ao tipo de
material de que o equipamento é confeccionado, a adequação anatômica e a
segurança proporcionada pelo equipamento.
A seguir, uma breve descrição de alguns itens mais utilizados no
atendimento em emergência:
Colar cervical
Dispositivo utilizado para imobilização da coluna cervical, embora a
movimentação latero-lateral não seja totalmente impedida, daí a necessidade de
complementar as manobras de imobilização de forma manual até a completa
imobilização na prancha longa.
Confeccionado de material leve, possui diversos tamanhos para adaptação
adequada conforme o paciente.
Colar Cervical Variação de tamanhos do colar cervical
80
Prancha longa
Consiste em uma prancha, semelhante á uma tábua comprida, pode ser
construída de compensado naval ou de plástico.
É um dispositivo de baixo custo, alta
resistência e versatilidade. Indicada para
transporte de pacientes politraumatizados, com
suspeita de lesão vertebral, fraturas de MMII ou
impossibilitados de deambular.
A cabeça, após a colocação do colar
cervical, pode ser imobilizada com os fixadores
laterais de cabeça e segura por duas tiras de
velcro (região frontal e mentoniana).
Possui também no mínimo três cintos de segurança para que o paciente
não deslize e caia durante o transporte; os cintos são colocados na altura dos
ombros, do quadril e joelhos do paciente.
Fixação da cabeça na prancha longa
KED - Kendrick Extrication Device
Dispositivo utilizado para retirada da vítima do local do trauma, seja do
interior de um veículo, ou de outro local em que ela tenha que se manter em
posição sentada, para preservação da integridade da coluna.
81
É confeccionada de material
resistente tipo lona, cuja estrutura é
reforçada internamente por material
rígido á fim de proporcionar
estabilidade da coluna vertebral
durante a remoção do paciente do
local.
Possui cinco cintos fixos no
dispositivo (região torácica, abdominal,
quadril e inguinal bilateral).
A colocação do KED exige no
mínimo 2 pessoas: enquanto a primeira
promove a imobilização da cabeça para
colocação do colar cervical, a segunda
insere o equipamento aberto (como na figura) por trás da vítima, visando a
imobilização da coluna.
A seqüência para a fixação dos cintos, após a fixação da cabeça, é
realizada na seguinte ordem: cinto amarelo (região abdominal), cinto vermelho
(região pélvica) e por último o cinto verde (região torácica). Finalmente, a fixação
das regiões inguinais, passando os dois cintos inferiores sob as coxas da vítima,
prendendo nas fivelas posteriores do KED.
Segue-se, então, à retirada da vítima, com o auxílio da prancha longa.
Imediatamente à colocação em prancha, a fixação da região inguinal é removida,
para possibilitar a extensão dos MMII.
Após a remoção do paciente e posicionamento em prancha longa em DDH,
os cintos podem ser ligeiramente afrouxados para possibilitar melhor conforto e
facilitar na avaliação física.
Cadeira
Geralmente confeccionada de plástico resistente ou de lona, com estrutura
de alumínio.
82
Indicada para remover o paciente consciente, com dificuldade de
deambular, porém, não deve ser utilizada em pacientes politraumatizados.
Maca – cadeira dobrável Cadeira dobrável
4.4.4 Transporte de emergência
Após a estabilização da vítima, é realizado o transporte para uma
instituição adequada segundo a necessidade em cada caso (Centro de Trauma,
Hospital de Referência, Pronto-Atendimento, entre outros).
É desejável que o transporte seja efetuado com veículos adequados para
este fim, por ser tripulado e equipado especificamente para o atendimento em
emergência.
Na impossibilidade de efetuar o transporte como anteriormente descrito,
encaminhar a vítima de maneira que não agrave as suas condições, mantendo os
princípios da manipulação e imobilização corretas.
Posição do paciente durante o transporte:
O posicionamento do cliente durante o transporte, varia conforme o tipo de
agravo e as próprias condições, que favorecem ou não, adotar determinada
posição.
83
O objetivo principal é manter o quadro estabilizado durante o transporte até
a chegada ao hospital de destino.
Dor torácica: manter decúbito dorsal ou com tronco elevado,
Dispnéia: permanecer semi-sentado,
Choque: manter decúbito dorsal com extremidades elevadas,
Inconsciente: manter decúbito dorsal ou lateral (vômitos),
Dor abdominal: manter decúbito dorsal ou lateral com joelhos flexionados,
Gestantes: manter decúbito lateral esquerdo (DLE) para contribuir na
descompressão da veia cava e facilitar o retorno venoso.
84
CAPÍTULO V Eliana Porfírio
POLITICA NACIONAL DE ATENÇÃO AO PACIENTE CRÍTICO
5.1 Aspectos Históricos das Unidades de Terapi a Intensiva
O surgimento das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) aconteceu a partir
da necessidade de reunir recursos humanos e materiais para um atendimento
especializado de pacientes graves. Foi no século passado que se pensou em
separar pacientes graves dos não graves, com isso a diferenciação da gravidade
do doente.
Na enfermagem durante o século XIX, Florence Nightingale, e outras
mulheres colaboraram nos cuidados e na higiene de soldados feridos durante a
Guerra da Criméia (1854-l). Nessa época ela já classificava os doentes de acordo
com o grau de dependência, dispondo-os nas enfermarias, de tal maneira que os
mais graves ficassem próximos à área de trabalho das enfermeiras, para maior
vigilância e melhor atendimento.
Foi nos meados de 1946 que as Unidades de Terapia Intensiva
começaram a se tornar realidade, surgindo primeiro as salas de recuperação pós-
anestésica, neurocirurgia e posteriormente vítimas de trauma, pacientes em
choque, insuficiência respiratória, passando a exigir profissionais especializados
para prestar assistência a estes enfermos. As unidades coronarianas
começaram a surgir em 1962 nos Estados Unidos.
As Unidades de Terapia Intensiva como conhecemos hoje surgiram no final
da década de 1960, quando ingleses e americanos envidaram esforços para a
criação de UTIs para todos os outros países.
85
No Brasil as primeiras Unidades de Terapia Intensiva surgiram na década
de 1970.
O surgimento da prática em UTI marcou um dos maiores progressos
obtidos pelos hospitais de nosso século, visto que, antes dela, o cuidado ao
doente grave realizavam-se nas próprias enfermarias, faltando, assim, área física
adequada, recursos materiais e humanos para melhor qualidade desse cuidado.
5.2 A Unidade de Terapia Intensiva
UTI é uma unidade hospitalar, que deverá estar localizada em área de fácil
acesso, fora da circulação interna, o que possibilitará transporte rápido do
paciente na qual estarão presentes médicos e equipe de enfermagem
especialmente treinados, juntamente com equipes de diagnóstico e tratamento e
outros elementos necessários para uma assistência adequada ao paciente
criticamente doente e que tenha possibilidades de sobrevivência e recuperação.
Objetivos da Assistência de Enfermagem em UTI
• Dispender assistência a clientes /pacientes críticos, para a sua sobrevida,
integração e existência normal, com o mínimo de desconforto
• Prestar assistência de enfermagem de forma integral a clientes
recuperáveis, porém que necessitam de supervisão contínua e
procedimentos especializados.
• Reduzir a morbi-mortalidade de clientes graves, através da assistência
integral e constante da enfermagem.
• Manter monitorização das funções vitais do cliente/ paciente com
disfunções agudas dos sistemas vitais, com risco de vida, porém
reversíveis.
86
5.2.1 Indicação de internação em Unidade de Terapia Intensiva
• Cliente/paciente em pós-operatório crítico que apresenta
comprometimento de uma ou mais função orgânica,
• Pós-operatório estável, porém com situação clínica potencialmente
crítica,
• Alteração hemodinâmica
• Desequilíbrio grave de fluidos e eletrólitos
• Insuficiência respiratória, que necessite de apoio ventilatória.
• Insuficiência renal aguda ou com complicação aguda decorrente da
mesma
• Insuficiência hepática aguda ou complicações da insuficiência hepática
crônica
• Angina instável ou infarto do miocárdio e suas complicações
• Arritmias que causam alterações hemodinâmicas
• Parada cardio-respiratória, ou em recuperação da mesma.
• Comprometimento neurológico, ou por lesão primária, ou conseqüente a
distúrbio hemodinâmico, respiratório ou metabólico.
5.2.2 Características da estrutura física da U TI
Segundo normas para projetos físicos de Estabelecimentos Assistenciais de
Saúde (E.A.S.), 1995, a organização físico funcional de internação de paciente
em regime de terapia intensiva deve:
• Proporcionar condições de internar pacientes críticos em ambientes
individuais e ou coletivos conforme grau de risco, faixa etária, patologia
e requisitos de privacidade;
• Executar e registrar assistência médica e de enfermagem intensiva;
87
• Prestar apoio diagnóstico-laboratorial, de imagem e terapêutico 24
horas;
• Manter condições de monitoramento e assistência respiratória contínua;
• Prestar assistência nutricional e distribuir alimentos aos pacientes;
• Manter pacientes com morte encefálica, nas condições de permitir a
retirada de órgãos para transplantes, quando consentida.
• Proporcionar observação individual e de conjunto aos pacientes
• Ter espaço suficiente para mobilização do paciente e locomoção do
pessoal
• Ser de fácil acesso, ambiente tranqüilo e agradável.
• Atender pacientes de ambos os sexos, com manutenção da
privacidade.
• Possuir meios para intercomunicação
• Ter boa iluminação e aeração
• Proporcionar rápido atendimento, facilitando os cuidados prestados.
Planta física
Projetar uma UTI ou modificar uma unidade existente exige conhecimento
das normas dos agentes reguladores, experiência dos profissionais de terapia
intensiva, e engenheiros. Esse grupo deve avaliar a demanda esperada da UTI
baseado na avaliação dos pontos de fornecimento de seus pacientes, nos
critérios de admissão e alta, e na taxa esperada de ocupação.
É necessária análise dos recursos médicos, pessoal de suporte
(enfermagem, fisioterapia, nutricionista, psicólogo e assistente social) e pela
disponibilidade dos serviços de apoio (laboratório, radiologia, farmácia e
outros).Uma Unidade de Terapia Intensiva pode prestar assistência por
88
especialidade (cirurgia, clínica, cardiologia, trauma...) ou ser generalista (todas as
especialidades são atendidas num mesmo espaço físico).
Órgãos que orientam a criação das UTIs:
• Society of Critical Care Medicine - localização, dimensionamento, forma
área de apoio e infra-estruturas de serviços.
• Ministério da Saúde e Tecnologia - Normas para Projetos físicos de
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde
• AMIB - Associação de Medicina Intensiva Brasileira
Localização
• Próxima ao Centro Cirúrgico e à Recuperação Pós-Anestésica,
• Facilidade de acesso aos serviços de Apoio Diagnóstico,
• Longe de áreas de intensa circulação, fácil acesso aos elevadores,
• Possibilitar acesso fácil aos familiares e profissionais, local sem ruídos ou
poluição.
Número de leitos e área
Os leitos necessários para fornecer uma cobertura segura e adequada
para pacientes gravemente doentes num hospital, dependem da população do
hospital, quantidade de cirurgias, grau do compromisso de cuidados intensivos.
pela administração do hospital, pelos médicos e enfermeiros, e dos recursos
institucionais.
Um método empírico freqüentemente relatado é que um hospital geral
deveria destinar 10% da capacidade de leitos para UTI. Varia com o tipo de
hospital, com a especialidade da unidade.
O ideal considerado do ponto de vista funcional, são oito a doze leitos por
unidade. Caso se indique maior número de leitos, esta deve ser dividida em
89
subunidades. Esta divisão proporciona maior eficiência de atendimento da equipe
de trabalho.
Piso
Resistentes a impacto, fácil limpeza, e que permita fácil deslocamento de
equipamentos.
Iluminação
Iluminação natural e artificial, geral e individualizada.
Saída de gazes e rede elétrica
Para cada leito - 2 saídas de O2, 2 saídas de vácuo, 1 saída de ar
comprimido, numa altura de 1,5 m acima do piso, tomadas elétricas - 11 mínimo e
18 ideal, de 110 e 220 volts e dispostas em painéis individualizados.
Ar condicionado
Umidade de 50 a 60% e temperatura entre 22 e 24 graus.
Posto de enfermagem
O posto de enfermagem deve ser centralizado, favorecendo a visualização
dos pacientes, no mínimo um para cada doze leitos e prover uma área
confortável, de tamanho suficiente para acomodar todas as funções da equipe de
trabalho.
Cada posto deve ser servido por uma área de serviços destinada ao
preparo de medicação, com dimensão mínima de 8m2 e ser localizado anexo ao
posto de enfermagem.
Deve haver iluminação adequada de teto para tarefas específicas, energia
de emergência, Instalação de água fria, balcão, lavabo, um sistema funcional de
estocagem de medicamentos, materiais e soluções e um relógio de parede deve
estar presente.
90
Espaço adequado para terminais de computador e impressoras é essencial
quando forem utilizados sistemas informatizados.
Deve ser previsto espaço adequado para se colocar os gráficos de
registros médicos e de enfermagem.
Os formulários de registro médicos e impressos devem estar armazenados
em prateleiras ou armários de modo que possam ser facilmente acessados por
todas as pessoas que requeiram o seu uso.
A planta física pode ser um elemento facilitador ou dificultador do
tratamento do paciente na Unidade de Terapia Intensiva.
O atendimento ao paciente grave demanda mais do que um espaço
disponível qualquer, mas sim, uma planta física especialmente projetada para
esse fim.
Ambientes de apoio obrigatórios na UTI
• Sala de utilidades, laboratório, rouparia, depósito de equipamentos e
materiais, sala de preparo de equipamentos/material, banheiro para
pacientes (geral e isolamento), quarto de plantão para funcionários, sala de
espera de acompanhantes e visitantes (anexa à unidade), sala
administrativa, depósito de material de limpeza, sanitário com vestiários
para funcionários e copa, totalizando 12 elementos.
• Não é obrigatório o sanitário para o público em sala de espera.
Área de Descanso dos Funcionários
Uma sala de descanso deve ser prevista em cada U.T.I. ou grupamento de
U.T.Is, para prover um local privado, confortável e com ambiente descontraído.
Devem existir sanitários masculinos e femininos dotados de chuveiro e armários.
91
Uma copa com instalações adequadas para armazenamento e preparo de
alimentos, incluindo uma geladeira, um fogão elétrico e/ou forno microondas. A
sala de descanso precisa estar ligada à U.T.I. por um sistema de
intercomunicação.
Equipamentos e materiais necessários na UTI
• Unidade do paciente – cama, mesa de cabeceira, suportes para soro,
monitor de freqüência cardíaca, monitor de pressão invasiva e não
invasivo, termômetros.
• Equipamentos gerais – respiradores ciclados por volume e pressão em
quantidade suficiente, central de monitorização, carro de ressucitação,
aspiradores volantes, ventilômetro, maca balança, ambú, bomba de
infusão, desfibrilador, cardioversor, isolete, etc.
• Material para execução de procedimentos específico -Instrumental para
pequena cirurgia, pacote com material para curativo, pacote de cateterismo
vesical, agulhas de punção, material para diálise peritoneal.
• Equipamento geral -foco portátil, aspiradores para sucção intermitente e
contínua, geladeira para medicamentos, extensões elétricas, cilindro de
oxigênio de reserva, tábua para massagem cardíaca, martelo de reflexos,
régua para PVC.
• Equipamento de consumo - seringas, agulhas, luvas, fios de sutura, drenos
em geral (penrose, tórax,...) Equipos em geral (macro e micro-gotas, PVC,
diálise peritoneal, transfusão, buretas, para administração de dieta,...).
Cateteres (oxigênio, SNG, SV, dissecção e punção de veias e artérias,
diálise peritoneal, aspiração traqueal, retal,...) Coletores de urina, bolsas de
colostomia, cânulas de intubação e de traqueostomia.
92
Armazenamento de Equipamentos
Uma área para guardar os equipamentos que não estão em uso ativo
deve ser planejada. A localização deve ser de fácil acesso e espaço adequado
para pronta localização e remoção do equipamento desejado. Deve ser previsto
tomadas elétricas aterradas em número suficiente para permitir à recarga dos
equipamentos operados a bateria.
Suprimentos para a assistência de enfermagem - bacias, papagaios,
comadres, roupas de cama e banho, drogas e fluidos intravenosos, anti-sépticos,
material para limpeza e desinfecção campos e aventais cirúrgicos, frascos de
drenagem, extensões de borracha, intermediários para sondas e drenos, tubos
para exames, frascos para culturas.
5.3 A Enfermagem na UTI
A assistência de Enfermagem prestada a pacientes graves e a atenção
dispensada aos familiares envolvem cooperação, participação, dinamismo,
aprimoramento, responsabilidade, motivação, competência e satisfação, este
conjunto conduzirá a busca de uma excelente qualidade no atendimento ao
cliente/ paciente.
Alguns Fatores que interferem na qualidade das ativ idades da
enfermagem na UTI:
• Deficiência da aplicação do conhecimento teórico na prática de
enfermagem.
• Ambiente com alto e rápido desenvolvimento tecnológico gera
impossibilidade da enfermagem dominar todo o conhecimento dessa área
• Dificuldade em encontrar equilíbrio com o lado humanístico do cuidado
devido o nível elevado de stress e angústia nos profissionais de UTI.
93
• Paciente e familiares têm se tornado cada vez mais exigentes buscando a
qualidade dos produtos e dos serviços em geral.
5.4 O paciente na UTI
As UTIs apresentam à sociedade as duas faces de uma mesma moeda: a
vida e a morte, uma experiência inesquecível, que resulta um indivíduo que
colabora ou não com sua recuperação.
Agressões do ambiente físico:
• Atmosfera emocionalmente comprometida
• Stress constante
• Confinamento de espaço físico
• Distanciamento de casa
• Ausência de familiares
• Desconhecimento do ambiente
• Presença de pessoas estranhas
• Equipamento complexo
• Perda de privacidade
• Iluminação artificial e ausência de janelas
• Circulação constante de pessoal
• Agressões físicas constantes
• Linguagem desconhecida
• Ruídos contínuos e monótonos
• Ambiente sem variedade de estímulos
• Percepção quanto à auto-imagem
• Perda integridade orgânica
• Limitação das atividades
• Dependência de terceiros
• Medo da morte
94
O paciente inconsciente:
Os pacientes em coma devem ter um cuidado especial, já que não se sabe
até que ponto o paciente ouve ou não, agir como se ele ouvisse, falando e
explicando-lhe o que se vai fazer, evitando comentários.
Estes pacientes provocam em nós reflexões muito profundas, algumas
emotivas e muitas vezes nossas emoções não são exteriorizadas.
O cliente/ paciente é o centro de atenção da equipe :
O cliente/paciente merece um atendimento qualificado, onde cada
profissional desenvolve um papel definido, porém mantendo entrosamento,
coordenação e equilíbrio com os demais profissionais, resultando numa somatória
de conhecimentos e experiências.
A assistência de Enfermagem deve ser individualizada a cada Ser
Humano, priorizando suas necessidades bio-psico-social e espiritual.
5.5 Atividades do Técnico de enfermagem em cuidados intensivos
Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987
Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o
exercício da Enfermagem, e dá outras providências.
O Presidente da República, usando das atribuições que lhe confere o Art. 81, item
III, da Constituição, e tendo em vista o disposto no Art. 25 da Lei nº 7.498, de 25
de junho de 1986,
Decreta:
Art. 10 - O Técnico de Enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível
médio técnico, atribuídas à equipe de Enfermagem, cabendo-lhe:
95
I - assistir ao Enfermeiro:
a) no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de
assistência de Enfermagem;
b) na prestação de cuidados diretos de Enfermagem a pacientes em estado
grave;
c) na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral em programas
de vigilância epidemiológica;
d) na prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar;
e) na prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam ser
causados a pacientes durante a assistência de saúde;
f) na execução dos programas referidos nas letras "i" e "o" do item II do Art. 8º.
II - executar atividades de assistência de Enfermagem, excetuadas as privativas
do Enfermeiro e as referidas no Art. 9º deste Decreto:
III - integrar a equipe de saúde.
José Sarney / Eros Antonio de Almeida
Dec. nº 94.406, de 08.06.87 /publicado no DOU de 09.06.87.
seção I - fls. 8.853 a 8.855
96
5.5.1 As principais funções /atribuições do Técnico de En fermagem
• Identificar as atividades próprias e delegadas que lhes são destinadas
aos clientes/pacientes que requerem cuidados intensivos, oferecendo-
lhes uma assistência com qualidade em todos os procedimentos
efetuados.
• Participar em equipe, nos cuidados intensivos, para recuperação do
paciente.
• Participar nas técnicas clínicas e de enfermagem, invasivas que
consistem na introdução de cateteres e drenos em cavidades naturais
do organismo, punção venosa e arterial; intubação endotraqueal e
traqueostomia; coleta de amostras sanguíneas, exsudados etc.,
realização de curativos etc.
• Participar nos procedimentos não-invasivos que proporcionam dados
diagnósticos e permitem a observação clínica do paciente. Exemplos:
realização de eletrocardiograma, avaliação dos sinais vitais.
• Participar do aporte nutricional e terapêutico, tais como a administração
de alimentação enteral, por boca ou por sonda nasogástrica, assim
como a administração de medicamentos por via oral sonda gástrica,
retal e tópica.
• Realizar drenagens de drenos cirúrgicos, diureses, coleta e
encaminhamento de amostras, assim como participar no controle
dessas atividades.
• Manter limpeza concorrente, montagem e manutenção de aparelhos
específicos e sistemas de drenagens: ventiladores, desfibriladores,
bombas de infusão e demais equipamentos.
97
• Preparar, organizar e controlar todo material cirúrgico para o seu envio
à central de esterilização.
• Participar na arrumação, reposição e controle dos materiais nas
estantes de cada boxe, na formulação de pedidos ao almoxarifado,
• Farmácia, rouparia e na manutenção e controles do material existente
no carro de parada cardio respiratória ou de urgência.
• Orientar a família e pessoas próximas do paciente sobre as normas da
unidade.
• Participar da coleta de amostras e encaminhar de forma imediata e
acompanhar o paciente quando este necessitar realizar exames
diagnósticos, cumprindo as atividades que lhe sejam destinadas.
• Participar dos protocolos de atuação face à recepção ou evacuação de
pacientes em situações de catástrofe hospitalar, prestando colaboração
assistencial nas áreas assistenciais que lhe estejam destinadas.
• Respeitar o pudor e a privacidade do paciente.
• Atuar com integridade pessoal e respeito pelos valores éticos, morais e
religiosos do paciente e de seus familiares.
• Fazer o controle dos prazos de validade dos medicamentos e
esterilização dos produtos.
• Efetuar os registros de enfermagem, os resultados de atividades
assistenciais, como por exemplo: controle dos débitos de drenagens,
administração de medicação, nutrição enteral etc.
98
5.5.2 O papel do Técnico de enfermagem na assistên cia ao paciente na
UTI
• Chamar o cliente/paciente pelo nome
• Proporcionar segurança e tranqüilidade, orientando quanto aos
procedimentos realizados.
• Evitar comentários junto ao paciente, pois aumentam a angústia e
incerteza.
• Observar o paciente continuamente através dos equipamentos, sem que
ele perceba que está sendo observado.
• Orientar o paciente quanto ao tempo e espaço
• Permitir objetos religiosos, fotos, rádios, ajudam o paciente a enfrentar um
processo lento de recuperação.
• HUMANIZAR as atividades de enfermagem
• Proporcionar a visita dos familiares.
99
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria N\acional de Organização e
Desenvolvimento de Serviços de Saúde. Normas e Padrões de construções e
Instalações de Serviços de Saúde . Brasília, 1987. p. 25 e 87.
GOMES, A. M. Planta física, equipamento e dotamento de pessoal. Enfermagem
na Unidade de Terapia Intensiva . São Paulo: EPU, 1988. Cap. 3; p.17-31.
PADILHA, K.G. et al. Estrutura física das Unidades de Terapia Intensiva do
Município de São Paulo in: Revista Brasileira de Terapia Intensiva , v. 9; n. 2, p.
71-76, 1997.
100
CAPÍTULO VI
CUIDADOS PALIATIVOS
6.1 Definição
Cuidado paliativo é a atenção total e ativa aos pacientes que apresentam
sintomas desagradáveis de difícil controle, tais como dor e outros sintomas
físicos, psicológicos, sociais e espirituais. Oferece um sistema de suporte para
ajudar a família a enfrentar a doença, assim como o cuidado ao cuidador.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, Cuidados Paliativos consistem na
abordagem para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares, no
enfrentamento de doenças que oferecem risco de vida, através da prevenção e
alívio do sofrimento. Isto significa a identificação precoce e o tratamento da dor e
outros sintomas de ordem física, psicossocial e espiritual.
O objetivo é oferecer a melhor qualidade de vida possível aos pacientes e
seus familiares. A equipe de cuidados paliativos é multiprofissional e deve ser
minimamente composta de médico, enfermeiro, psicólogo e assistente social,
podendo ter nutricionista, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psiquiatra, dentre
outros.
Para que a equipe multidisciplinar obtenha sucesso em seu trabalho é
necessário que seus profissionais sejam igualmente reconhecidos, valorizados e
trabalhem em sintonia, reconhecendo que o paciente e sua família devem
participar da tomada de decisões em relação ao seu tratamento.
A medicina aplicada no século XXI segue dois modelos: o modelo
curativo e o modelo paliativo.
A OMS enfatiza que o tratamento ativo e o tratamento paliativo não são
mutuamente exclusivos e propõe que os cuidados paliativos podem ser
aumentados gradualmente, como um componente dos cuidados do paciente do
diagnóstico até a morte, conforme é demonstrado na figura 1. Os cuidados
paliativos de forma contínua, desde o diagnóstico da doença até a morte, têm
sido reconhecidos como benéficos no tratamento ao paciente com câncer e isso
tem sido demonstrado através de modelos de pesquisas que integram a
abordagem de modelos terapêuticos (curativos) e paliativos.
101
No modelo curativo, a ênfase é dada ao entendimento fisiopatológico das
doenças mais do que à própria doença e ao doente. A investigação, o
diagnóstico, a cura e o aumento da sobrevida tornaram-se o foco de tal
abordagem, e o foco humano em si ficou sacrificado pela ciência e tecnologia.
Pacientes terminais, especialmente aqueles com câncer, ainda são submetidos a
abordagens agressivas de tratamento curativo, mesmo quando este se torna
impossível.
O modelo paliativo é centrado no paciente em si, tendo como essência
não apenas a atenção às necessidades físicas, mas também às necessidades
psicológicas e espirituais dos pacientes. Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), Cuidados Paliativos são uma abordagem que objetiva a melhoria
na qualidade de vida do paciente e seus familiares diante de uma doença que
ameaça a vida, através da prevenção e alívio de sofrimento, através da
identificação precoce e avaliação impecável, tratamento de dor e outros
problemas físicos, psicológicos e espirituais.
Figura 1. Fonte http://www.praticahospitalar.com.br/pratica%2042/pgs/materia%2009-42.html – 17/02/2010
O Dr. Cisio Brandão (2005), médico titular do Hospital do câncer comenta
que para muitos profissionais da medicina, os cuidados paliativos são
considerados uma alternativa de tratamento quando as opções dos modelos
curativos se esgotam e erroneamente vistos como uma prática médica passiva. E
102
isso não é verdade. Com a incurabilidade das doenças e conseqüentemente sua
progressão, os pacientes evoluem com uma gama devastadora de sintomas de
ordem física, emocionais e psicológicas de forma dinâmica e ativa, o que requer a
necessidade de diagnóstico precoce e terapêutica paliativas também dinâmicas e
ativas, respeitando-se os limites do próprio paciente frente a sua situação de
incurabilidade. Fica claro que apesar da conotação passiva ao nome paliativo, a
abordagem e o tratamento paliativo são eminentemente ativos, principalmente em
pacientes portadores de câncer em fase avançada, onde algumas modalidades
de tratamento cirúrgicas, radioterápicas e até mesmo quimioterápicas são
essenciais para o controle de sintomas físicos e até mesmo sintomas
psicológicos.
De acordo com o National Council for Hospice and Specialist Palliative
Care Services – NCHSPCS,(11) o período de cuidados terminais é uma parte
importante dos cuidados paliativos, e geralmente refere-se ao manejo do paciente
nos últimos dias, semanas ou meses de vida, tendo início em um ponto na
evolução da doença em que se torna claro que o paciente encontra-se em um
estado progressivo de declínio. Nesta fase de tratamento, os efeitos colaterais da
terapêutica direcionada não podem acarretar uma piora na qualidade de vida do
paciente, que passa a ser o foco principal do tratamento.
6.1.1 Hospices
Os Hospices existentes nos países desenvolvidos caracterizam-se por
um programa de cuidados de suporte que ajudam pacientes e familiares durante
o período de fase final da doença, servindo-os no seu próprio lar ou em leitos
facilitadores, e ajuda aos familiares durante toda a fase final de doença até o luto. (13,14) São exemplos de excelência em programas de Hospices o Trinity Hospice e
o St. Christopher Hospice, ambos em Londres, que desenvolvem um trabalho de
educação continuada a profissionais da área de saúde. Um dos grandes objetivos
do movimento de hospice é o de permitir que o paciente em período de fase final
da vida permaneça em sua própria casa o maior tempo possível, usando a
hospitalização apenas quando absolutamente necessária.(15) Vale salientar que os
cuidados de hospices são apenas uma fase de todo o tratamento paliativo que o
paciente pode desfrutar e que tal programa ainda não é disponível no Brasil de
forma legal; entretanto, tem sido aplicado em leitos ativos hospitalares,
103
acarretando ônus desnecessário às instituições e aos próprios pacientes.
6.1.2 Final de vida
Definir o período de tempo como “final da vida” é difícil, porém necessário.
Geralmente não é fácil saber quando o paciente entra no período de fase final da
vida, não havendo ainda uma uniformidade de definição na literatura. Vigano et
al.(16) definem o começo da fase terminal como o período em que as metas
estabelecidas primariamente para o tratamento do controle do crescimento
tumoral precisam ser redefinidas para controle de sintomas, e citam três
condições que precisam ser conhecidas antes de definir o câncer como uma
doençaterminal:
- confirmação diagnóstica de doença maligna progressiva,
- reconhecimento de aproximação da morte e,
- exaustão de todas as alternativas terapêuticas.
Apesar da falta de uniformidade na literatura em relação à definição do que
é final de vida, o tempo de sobrevida geralmente não é um ponto final importante
em cuidados paliativos, onde a ênfase é a qualidade e não a quantidade de vida.
6.1.3 LUTO
Mesmo após o óbito do paciente, a equipe de cuidados paliativos deve dar
atenção à discussão de como todo o processo de morte ocorreu e quais impactos
trouxe aos familiares e à própria equipe multiprofissional. A assistência familiar
pós-morte pode ocorrer de duas formas: através de uma ligação telefônica para
expressar condolências, a presença de um dos membros da equipe no funeral, ou
até mesmo através da participação dos familiares em um dos eventos promovidos
pela equipe de cuidados paliativos. Outra forma de assistência pode se dar
através da identificação de membros da família que possam se beneficiar de
intervenções preventivas.
104
Apesar das definições de períodos de tratamento em câncer e suas
relações com Cuidados Paliativos, a possibilidade de sobreposição entre os
grupos existe e as distinções podem não ser exatas à medida que a doença
progride ou responde ao tratamento. Uma classificação e definições não apenas
baseadas nas características tumorais, mas também nas atitudes psicológicas e
nos objetivos do paciente, podem diminuir os conflitos e dúvidas em relação às
decisões terapêuticas.
105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BRANDÃO, C; Câncer e Cuidados paliativos: definições. Pratica hospitalar. n.42. Nov/dez 2005.
http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISED23ADBCPTBRIE.htm-consulta 17/02/2010 http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=474 – consulta em 17/02/2010 http://www.praticahospitalar.com.br/pratica%2042/pgs/materia%2009-42.html – consulta em 17/02/2010
106
CAPÍTULO VII
Lucia Tobase
PROTOCOLO DE REANIMAÇÃO CARDIORESPIRATÓRIO CEREBRAL
7.1 Suporte básico de vida – SBV
Consiste nas medidas básicas, essenciais para manutenção dos
parâmetros vitais, ou seja, a permeabilidade das vias aéreas, promovendo a
respiração e assegurando a circulação, pelo funcionamento da bomba cardíaca.
O rápido reconhecimento e rápida intervenção ao indivíduo em parada ou
insuficiência respiratória ou cardíaca, aliada à aplicação das manobras de suporte
básico de vida (SBV) é a chave para o sucesso no atendimento.
A sistematização dos procedimentos no atendimento inicial assegura a
racionalização e otimização da assistência prestada e do tempo gasto no
atendimento.
Lembre-se que uma vez iniciado os primeiros atendimentos, é proibido
abandonar o local e a vítima até a chegada da equipe especializada que
continuará a assistência.
A seqüência a ser obedecida ao iniciar o SBV envolve:
1- Avaliação da cena : trata-se da investigação rápida de riscos iminentes no
local da ocorrência. Assegurar-se da segurança da equipe profissional e do
cliente, antes de iniciar o primeiro procedimento.
- No ambiente pré-hospitalar: ver risco de desabamento, fio elétrico solto, queda
de poste.
- No ambiente hospitalar: teoricamente, trata-se de um ambiente seguro. Atentar
para risco de queda por pisos molhados, escorregadios, tracionar drenos ou
extensões ao abaixar a grade ou a cama rapidamente.
Além dos riscos no local do evento, verificar o número de vítimas, realizar uma
triagem rápida para avaliar a gravidade de cada uma. Procurar identificar a causa
do acidente e os aspectos a ele relacionados.
107
2- Avaliação primária : consiste na identificação e tratamento imediatos das
condições que colocam o paciente em risco iminente de vida seguindo uma
ordem de prioridades.
Nesta fase, é realizado um exame rápido para verificar as condições do
cliente, identificando os fatores que podem
ser associados ao risco de vida.
Primeiramente, tentar estabelecer
contato com a vítima / cliente,
identificando-se; se possível, solicitar
autorização para assisti-la: posicione-se de
frente (em situação de trauma, jamais faça
a abordagem por trás do cliente), toque na
pessoa, utilizando um tom de voz
adequado.
Movimente a pessoa apenas se necessário (em situação de trauma, faça a
movimentação em bloco), tomando os devidos cuidados para prevenir e não
agravar o risco de lesão raquimedular, fraturas e injúrias não evidentes
externamente.
3 S = Segurança na cena (riscos iminentes)
Segurança do profissional / equipe
Segurança da vítima
108
Movimentação em bloco, apoiando a cabeça e protegen do a coluna
Verificar o A, B, C seguindo a seqüência:
A – Airway = Abertura da via aérea (em situação de trauma, com controle da
coluna cervical), para manter a permeabilidade das vias aéreas, assegurando a
passagem de ar:
a) Manobras de Chin Lift (levantamento do queixo):
realizada na ausência de trauma;
b) Jaw Thrust (projeção da mandíbula): realizada
quando houver suspeita / presença de lesão
cervical;
c) Desobstrução das vias aéreas: a obstrução pode
ser causa por corpo estranho, sangue, secreções,
vômitos ou até mesmo pela própria língua.
Proceder à aspiração de sangue e secreções
109
com aspirador de ponta rígida (preferencialmente) para liberação e manutenção
da permeabilidade das vias aéreas.
d) Estar sempre atento às indicações de obtenção de uma via aérea definitiva
através da intubação naso ou orotraqueal, cricotirostomia, traqueostomia e
providenciar o material adequado.
B- Breathing and Ventilation = Respiração e ventilação (Ver, Ouvir, Sentir)
• Verifique se há movimentos
respiratórios (elevação da caixa
torácica).
• Ouvir os ruídos respiratórios (gemido,
som, tosse).
• Sentir o fluxo de ar expirado.
Se ausentes:
a) Observar expansibilidade da caixa torácica e se necessário, promover duas
ventilações de resgate – Fig. A;
b) Oferecer O2 úmido (cerca de 3 a 5 litros /min por catéter nasal) ou máscaras de
O2 (10 à 12 litros/ O2 /min). Em caso de inconsciência, manter o posicionamento
da base da língua inserindo a cânula orofaríngea (Guedel) – Fig. B;
OBS: Em geral, todo paciente com múltiplos traumatismos, com lesões
aparentes acima da linha clavicular e, especialmente com alteração do
nível de consciência, deve ser considerado como portador de lesão de
coluna cervical. Até a confirmação por RX coluna, CT, RM = manter
imobilização cervical.
110
c) Em casos de bradipnéia ou parada respiratória iniciar ventilação com bolsa-
valva-máscara (ambú) realizando 2 VENTILAÇÕES – Fig. C ;
Obs.: Atenção às situações que comprometem uma adequada ventilação:
� Contusão pulmonar;
� Pneumotórax aberto;
� Pneumotórax hipertensivo (desvio de traquéia);
� Hemotórax maciço. Fig. B – Inserindo Cânula de
Guedel
Fig. A – Promovendo ventilação de
resgate Fig. C – Iniciando ventilação artificial
C- Circulation = circulação - presença de pulso e circulação efetiva
Preferencialmente, identificar a presença de pulso
em grandes artérias, já que a vasoconstrição
periférica dificulta a palpação.
a) verificação do pulso carotídeo: posicione o
dedo indicador e médio sobre a traquéia; em
seguida, deslize os dedos e lateralmente no
pescoço, apalpe a artéria carótida, procurando sinais
circulatórios.
111
Se ausentes:
b) Iniciar as compressões torácicas externas
- 30 COMPRESSÕES : localize o rebordo
costal até o processo xifóide; posicione a
palma da mão cerca de três dedos acima do
processo; em seguida, coloque a outra mão
sobre a primeira, sem encostar os dedos na
região esternal.
A contagem deve ser realizada em voz alta,
em uma freqüência de cerca de 100
compressões / minuto.
c) Identificar precocemente a presença de
hemorragia é fundamental: verificar
sangramento, examinando todos os
segmentos, observando a presença de
lesões e sangue nas roupas;
d) Estancar hemorragia: inicialmente realizando compressão local; se não cessar
mantenha o membro elevado; por último, se não cessar efetue a compressão do
ponto arterial proximal em relação ao local de sangramento.
Obs.: Atenção para alterações na coloração da pele , enchimento capilar, P.A ,
sudorese, hipovolemia e presença de lesões que podem comprometer a
circulação:
� Lesões intratorácica e intra-abdominais;
� Fraturas pelve e / ou fêmur;
� Lesões penetrantes.
3- Avaliação secundária : após a realização completa da avaliação
primária e cuidar dos fatores que ameaçavam a vida do cliente, proceder a um
exame físico mais detalhado, em busca de outras lesões.
A avaliação rápida do nível de consciência e responsividade podem ser
facilitadas através da memorização dos itens abaixo (AVDI):
A - Alerta
V - Resposta ao estímulo verbal
112
D - Resposta ao estímulo doloroso
I - Nenhuma resposta
Iniciar a exposição do cliente para realização de um exame físico
cuidadoso, onde o indivíduo deve ser completamente despido para que sejam
pesquisados outros sinais não visíveis na primeira avaliação ( Primária).
Lembre-se que ao proceder essa exposição, mantenha-se atento à
privacidade do cliente e à prevenção de risco de hipotermia.
Se possível proceder à entrevista em busca de informações sobre a
ocorrência e coletar dados específicos sobre o cliente, fornecidos pelo próprio ou
através do acompanhante.
Nesta etapa, a entrevista é realizada com perguntas objetivas - podemos
memorizar os aspectos básicos á serem questionados (AMPLE):
A- Alergias (histórico em relação á alergias)
M-Medicação (se o cliente faz uso de medicações, dosagem)
P-Patologia (doenças atuais e anteriores)
L-última refeição / ingestão de bebida alcoólica, drogas
E -Eventos que precederam a ocorrência (como aconteceu, fator desencadeante).
7.2 Exame físico
Durante a avaliação secundária, é fundamental realizar um exame físico
minucioso, á procura de anormalidades e disfunções, por vezes não aparentes,
porém, significativas na evolução do paciente.
A- CABEÇA
- verificar lesões (ferimentos corto-contusos, sangramentos, edemas, hematomas,
fraturas, deformidades, depressões).
OBS: ao presenciar uma situação de emergência, não se
esqueça de chamar por socorro para atendimento especializado
(em casos clínicos chame primeiro e socorra depois).
113
- examinar a integridade da face (fraturas, lesão palpebral, presença de corpo
estranho no olho, tamanho e fotorreação das pupilas, sinais de sangramento e
saída de fluído claro - líquor pelos orifícios das narinas e ouvidos, hematoma
retroauricular = Sinal de Battle e hematoma periorbital = Olhos de Guaxinim).
Estes últimos são indicativos de fratura em base de crânio.
- inspecionar da boca (lesão, sangramento, prótese, resíduo de alimentos,
vômitos, substâncias de coloração estranha, integridade e coloração da mucosa e
estruturas da cavidade oral = corte na língua, dente quebrado ou solto).
B- PESCOÇO
- observar a região cervical (lesões, fraturas, dor à palpação, déficit de
sensibilidade e movimentação).
- manter imobilização cervical (colar cervical, coxim bilateral) quando houver
suspeita de lesão raquimedular = Situações de Trauma.
C- TÓRAX
- examinar a região torácica (expansibilidade, creptação, abaulamento,
afundamento, integridade da clavícula, esterno e costelas, lesão, sangramento,
orifício de projétil, ferimento por arma branca).
D- ABDOME
- visualizar o abdome para identificar presença de lesão, corte, contusão, objetos
penetrantes ou empalados.
- proceder à palpação (no trauma abdominal fechado, o abdome pode encontrar-
se rígido e doloroso = provável hemorragia interna).
E- PELVE
- fazer uma leve compressão pélvica no sentido antero-posterior e latero-lateral
para identificar fraturas (atenção às queixas de dor e instabilidade pélvica =
indicativo de fratura de quadril)
- observar sinais de hematúria, após a cateterização vesical de demora.
F- REGIÃO GENITAL
- inspecionar cuidadosamente à procura de lesões, ferimentos, edemas e
hematomas, sangramentos (diferenciar entre sangramento anal e genital).
114
- observar a presença de priapismo = indicativo de lesão raquimedular.
G- MEMBROS / EXTREMIDADES
- realizar uma observação cuidadosa para identificar integridade dos membros
superiores e inferiores, coloração, perfusão, dor, lesão, edema, sangramento,
creptação, deformidade, fratura, presença / ausência de pulso distal, déficit motor
e sensitivo.
H- REGIÃO DORSAL
- solicitar auxílio para movimentação do cliente em bloco, para inspeção e
palpação da região posterior do corpo, em busca de alterações que podem
passar despercebidas (contusão, ferimento, hematoma, orifícios de projétil, lesão
da coluna torácica, lombar e sacral).
EM RESUMO: o atendimento nas situações de emergência tem como metas:
- Restabelecimento dos sinais vitais (aplicação e reavaliação permanente do A, B,
C);
- Manobras de desobstrução de vias aéreas;
- Manutenção da ventilação adequada (ventilação pulmonar mecânica);
- Manutenção de padrão adequado da circulação (CTE, infusão de líquidos e
eletrólitos);
- Reavaliação permanente (estabilidade instabilidade );
- Tratamento definitivo = proporcionar a assistência hospitalar mais próxima e
adequada ao caso, onde serão definidas as medidas diagnósticas, terapêuticas e
de reabilitação, quando indicada.
7.3 Suporte avançado de vida
O suporte avançado de vida na PCR consiste em aplicar manobras
avançadas adicionais as técnicas de suporte básico de vida na RCPC. Nesta
etapa inclui-se a administração de fluidos e medicamentos, uso do desfibrilador
(conforme a indicação, também pode ser utilizada no SBV), realização de
procedimentos invasivos como obtenção do acesso venoso, intubação
115
endotraqueal, instalação de marcapasso externo, punção e drenagem para
descompressão torácica, entre outros.
As manobras de suporte avançado de vida - SAV na PCR podem ser
realizadas quase que simultaneamente ao SBV:
� Monitorização cardíaca;
� Estabelecer uma via aérea definitiva: entubação traqueal, cricotirostomia,
traqueostomia;
� Avaliar a adequação da ventilação;
� Estabelecer acesso venoso periférico de bom calibre e iniciar a
administração de fluidos e medicamentos;
� Identificar o motivo da PCR.
7.3.1 Monitorização cardíaca
São vários os métodos utilizados para a monitorização cardíaca, porém, o
mais utilizado é através de uma tela de monitor, no qual é visualizado o ritmo
cardíaco nos casos de PCR - a primeira monitorização a ser utilizada será pelas
pás do desfibrilador, pois, o ritmo inicial de uma PCR é geralmente a fibrilação
ventricular e a melhor maneira de reverter tal arritmia é através da desfibrilação
elétrica.
A utilização de monitores multiparamétricos contribui para a avaliação de
vários parâmetros vitais simultaneamente, agilizando a assistência ao cliente.
7.3.2 Desfibrilação externa
A desfibrilação consiste no uso terapêutico da corrente elétrica,
administrada com grande amplitude e intensidade, por períodos extremamente
breves, sobre o tórax. O choque do desfibrilador despolariza temporariamente as
células do miocárdio, fazendo com que um coração que esteja funcionando de
modo irregular volte a ter uma atividade mais coordenada, ou seja, volte a ter uma
atividade elétrica normal.
O princípio da desfibrilação precoce advoga que todas as pessoas
preparadas para oferecer o SBV devam ser treinadas para operar um
desfibrilador; recentes pesquisas mostram que a taxa de sobrevida aumenta
116
consideravelmente quando a PCR é presenciada por pessoas treinadas na
realização do SBV e no uso do desfibrilador.
Este procedimento pode ser realizado utilizando equipamentos como:
- Desfibrilador: alguns aparelhos podem ser utilizados no modo Cardioversão
- Desfibrilador Externo Automático (DEA): diferencia-se por possuir eletrodos
(pás) adesivos, analisar o ritmo cardíaco e orientar o operador a efetuar o choque.
Descarga elétrica recomendada:
Desfibrilação externa transtorácica (indireta) em adultos:
1ª desfibrilação = 200 J
2ª desfibrilação = 300 J
3ª desfibrilação e subseqüentes = 360J
Desfibrilação externa transtorácica (indireta) em c rianças
Freqüentemente a PCR em crianças é secundária á insuficiência / parada
respiratória, portanto, a terapia inicial é voltada para adequação da oxigenação e
ventilação.
Em presença de FV recomenda-se uma dose de energia proporcional ao
peso da criança na relação de 2 J / Kg. É correto utilizar um equipamento
adequado á criança, aplicando a descarga com pás de dimensões pediátricas.
117
Seqüência para realização de desfibrilação externa
Antes de iniciar o procedimento, coloque o paciente em local seguro, longe
do contato com água empoçada ou superfície de metal (sob o paciente e
operador):
a) Passar pasta condutora nas pás de monitorização / fixar os eletrodos adesivos
– DEA;
b) Assegurar-se que o botão de sincronismo está desligado;
c) Selecionar o nível de energia (CARGA);
d) Posicionar as pás no tórax do paciente;
e) Assegurar-se que ninguém mantém contato direto ou indireto com o paciente;
f) Solicitar a todos que se afastem e somente após certificar-se da segurança dos
envolvidos no atendimento, efetuarem a descarga;
Posicionamento das pás na região torácica.
g) A posição das pás deve ser antero-apical (esternal), ou seja, a pá anterior é
colocada à direita da parte superior do esterno, abaixo da clavícula e a outra é
colocada à esquerda do mamilo, sendo que seu centro deve estar na linha axilar
118
média; h) Acompanhar no monitor a efetividade das manobras. Após a utilização
do aparelho, proceder à limpeza, deixando-o pronto para uso posteriormente.
Cardioversão sincronizada
Procedimento realizado no paciente, independente da situação de PCR,
com o objetivo de reverter arritmias. Recomendada aos pacientes com TSV, FA e
flutter atrial, á fim de resgatar um ritmo cardíaco mais adequado, evitando
eventual piora ou assistolia – nessa última condição não se deve aplicar o
choque, pelo risco de inibir a recuperação dos marcapassos naturais do coração.
7.3.3 Ventilação artificial
A recuperação e minimização de seqüelas no cliente em PCR estão
diretamente relacionadas à capacidade de oxigenar as células dos órgãos nobres.
Considerando a incapacidade do indivíduo nesta condição, em manter um
padrão de ventilação e oxigenação adequadas, diversos procedimentos podem
ser realizados, com o objetivo de
assegurar uma via aérea
definitiva, como entubação
endotraqueal, cricotirostomia,
traqueostomia.
Observando o esquema
abaixo, é possível visualizar o
trajeto do ar nas vias aéreas e
como esta passagem é facilitada
ao modificarmos ligeiramente o
posicionamento do pescoço.
A opção pelo tipo de procedimento a ser realizado depende das condições
do cliente e do local onde se encontra. Freqüentemente, a técnica de primeira
escolha é a intubação endotraqueal, realizada através da introdução de uma
cânula por via nasal ou oral.
119
Lembre-se que, após a intubação é conveniente realizar o cateterismo
gástrico.
Fig. A - mostra a resistência encontrada pelo ar no posicionamento
em DDH.
Fig. B – ilustra a facilidade da passagem do ar quando a pos ição do
pescoço é retificada.
7.3.3.1 Cricotirostomia
Na impossibilidade de realização da intubação endotraqueal, outras
técnicas podem ser utilizadas
como a cricotirostomia por punção.
A Cricotirostomia por punção consiste na introdução de um cateter tipo
“Jelco” acoplado em uma seringa, para obtenção de uma via aérea rápida.
Localizando-se a cartilagem cricóide, esta punção é realizada na membrana
cricóide.
120
Pode ser necessária uma conexão de cânula de intubação para adaptar o
ambú no cateter.
Uma vez que a saída do ar expirado fica dificultada, gerando a retenção de
CO2, esta via é mantida temporariamente até o estabelecimento de uma via aérea
mais adequada.
7.3.3.2 Traqueostomia
A outra possibilidade de acesso à via aérea consiste na realização da
traqueostomia. É um procedimento cirúrgico, onde através de uma pequena
incisão na pele, atingem-se os anéis de cartilagem (3º. anel) da traquéia.
Neste orifício, é possível inserir uma cânula de traqueostomia, facilitando
assim, a ventilação do paciente.
Incisão na pele Incisão no anel da traq uéia
A obtenção desta via requer atenção durante a sua realização devido ao
risco de lesão da glândula tireóide, pela proximidade nesta região em relação á
área de acesso durante o procedimento (Cricotirostomia e Traqueostomia).
Após o procedimento, observar sinais de sangramento, realizando a
aspiração traqueal com cuidado, evitando a tração brusca da cânula, por
exemplo, ao adaptar o aparelho de ventilação.
121
CAPÍTULO VIII Lucia Tobase
PARADA CÁRDIO-RESPIRATÓRIA
8.1 Conceitos:
Parada cardíaca – é a cessão súbita da circulação sistema em indivíduos
com expectativa de restauração da junção cárdio-pulmonar e cerebral, não
portador de moléstia crônica incurável ou em fase terminal.
Parada respiratória - é a cessão súbita dos movimentos respiratórios com
preservação temporária dos batimentos cardíacos. Este tipo de evento é mais
freqüente em crianças.
Reanimação cárdio-pulmonar cerebral (RCPC) – conjunto de manobras
destinadas a promover a restauração dos batimentos cardíacos e da circulação
do sangue oxigenado para o cérebro e outros órgãos vitais, a fim de prevenir
lesões por isquemias associadas à parada cárdio-respiratória (PCR).
CAUSAS: O déficit no fornecimento do oxigênio está relacionado primariamente
ao mau funcionamento da bomba cardíaca. Porém, quando a função respiratória
encontra-se prejudicada por algum motivo, as trocas gasosas (Hematose) ao
nível alvéolo-capilar não são efetivas, ocasionando a hipoxemia.
As causas mais comuns da PCR podem ser de origem:
a) Cardíaca: Doença Coronariana Aguda, Tamponamento Cardíaco,
Hipovolemia.
b) Respiratória: Hipóxia, Pneumotórax Hipertensivo, Tromboembolismo
Pulmonar.
c) Outras causas: Acidose Metabólica, Distúrbio Eletrolítico ( Ca, K ), Hipotermia,
Intoxicação.
Objetivos permanentes na reanimação cárdio-pulmonar cerebral (RCPC):
Corrigir a hipoxemia;
Promover a função cardíaca;
Estabelecer a circulação com pressão adequada;
Prevenir / controlar arritmias;
Corrigir a acidose.
122
8.2 Procedimentos na RCPC
• Avaliação do local;
• Verificação rápida do nível de consciência e sinais de vida;
• Se ausentes, solicitar auxílio e iniciar as manobras do SBV;
• Posicionar a vítima em decúbito dorsal sobre superfície plana e rígida;
• Abertura da via aérea (inclinação da cabeça e elevação do queixo ou
elevação da mandíbula);
• Verificação da respiração espontânea – na ausência:
� Iniciar ventilação artificial (2 ventilações)
� Verificar presença de pulso carotídeo – na ausência: iniciar compressão
torácica externa (30 CTE) – contar em voz alta a cada compressão
realizada.
RCPC COM 1 PROFISSIONAL
• O profissional se ajoelha ao lado do paciente, ao nível do ombro;
• Realizar a avaliação primária determinando se o paciente está em PCR;
• Iniciar o A, B, C;
• Expor o tórax da vítima;
• Fazer 2 ventilações;
• Localizar o ponto de compressão com a seguinte técnica: percorrer o rebordo
costal até o processo xifóide; cerca de três dedos acima do processo, colocar
a palma de uma das mãos sobre o esterno. Apoiar a outra mão com os dedos
estendidos sobre a primeira mão;
• Fazer em seguida 15 compressões torácicas com freqüência de mais ou
menos 100 por minuto;
• Relação: 2 ventilações : 30 compressões
• Verificar pulso carotídeo após 1 min de RCP e depois a cada 3 min.
123
RCPC COM 2 PROFISSIONAIS
• Iniciar o A, B, C;
• Um dos reanimadores se responsabiliza pela ventilação e outro pela
compressão;
• Iniciar com 2 ventilações e em seguida 30 compressões. A contagem das
compressões deve ser feita em voz alta;
• O reanimador responsável pela ventilação verifica a eficácia das massagens
por meio da palpação do pulso carotídeo;
• A eficácia das compressões deve ser mantida: ao sinal de cansaço físico,
recomenda-se a inversão dos papéis entre os reanimadores.
RCPC EM CRIANÇA
• Identificação do evento: Parada Respiratória, PCR;
• Iniciar o A, B, C : Conhecer os parâmetros vitais (FR, FC) conforme cada
faixa etária;
• Verificar pulso carotídeo somente nas crianças maiores; em bebês (devido à
proporção reduzida do pescoço – é mais curto) verifique o pulso na artéria
braquial ou femural;
• Relação: 1 ventilação : 5 CTE
• Realizar as manobras de RCPC adequada segundo a idade da criança;
• Criança maior de 8 anos: manobras de reanimação como adulto;
• Criança menor de 8 anos: realizar a compressão a cerca de 2 cm acima do
processo xifóide, utilizando a região tenar de uma só mão;
• Em lactente: a compressão é realizado no terço médio do esterno, cerca de 1
124
dedo abaixo da intersecção entre a linha intermamilar e o esterno, utilizando
apenas 2 dedos para realizar as compressões torácicas, mantendo uma
• freqüência de 100 a 120 por minuto.
8.3 OVACE – Obstrução da Via Aérea por Corpo E stranho
A obstrução de via aérea por corpo estranho é rapidamente identificada na
abordagem do indivíduo, caracterizada pelo “sinal de sufocação” (“mãos
envolvendo o pescoço”), causada por engasgamento ou obstrução das vias
aéreas por corpo estranho como objetos pequenos, pedaço de alimento, prótese
dentária ou secreção mais espessa.
Na primeira abordagem devemos observar sempre: nível de consciência,
abertura ocular espontânea, dificuldade para falar. Com uma avaliação rápida já
teremos uma noção imediata se há comprometimento das vias aéreas e
adequada ventilação.
8.3.1 Manobra de Heimlich:
a) Indivíduo Consciente:
- posicione-se atrás da vítima;
- leve suas mãos ao redor da cintura dela, entre a cicatriz umbilical e o processo
xifóide do esterno;
- com uma das mãos fechadas e a outra aberta sobre a primeira, realize de 6 a 10
compressões abdominais (direcionando a mão para dentro e para cima);
- observe a saída do corpo estranho ou repita a seqüência;
- esta manobra poderá ser utilizada em crianças á partir de dois (02) anos
utilizando apenas uma das mãos.
ATENÇÃO: A presença de tosse indica uma obstrução parcial; a
ausência de tosse ou ruídos respiratórios indicam obstrução importante /
total. Esta situação exige cuidados imediatos devido á asfixia e risco de
desencadear uma PCR.
125
b) Indivíduo Inconsciente:
- coloque a vítima em posição supina;
- posicione-se de joelhos para realizar as compressões abdominais, como
descritas anteriormente no item a .
Manobra de Heimlich
Indivíduo Consciente Indivíduo Inconsciente
c) Desobstrução de vias aéreas em bebês:
- posicione o bebê de bruços em seu braço,
deixando-o levemente inclinado para baixo;
- com a outra mão espalmada efetue quatro
(04) “pancadas” entre as omoplatas
(direcionando o golpe em sentido cefálico);
- gire o bebê de costas no outro braço e
efetue cinco (05) compressões no esterno;
observe a saída do corpo estranho ou repita a
seqüência.
126
CAPITULO IX Eliana Porfírio
CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM O PACIENTE PORTADOR DE F ERIDAS -
CURATIVOS
O tratamento das feridas é um processo complexo e dinâmico, que
depende de avaliações contínuas, e prescrições da freqüência e do tipo de
curativo, de acordo com cada fase do processo de cicatrização.
9.1 Pele
As estruturas da pele são: epiderme, derme e hipoderme (tela
subcutânea).
Epiderme: camada superficial e protetora, mantém a resistência ao atrito, a
pressão e fricção. Na epiderme encontram-se os melanócitos, que produzem o
pigmento que dá cor à pele (melanina) e células de defesa imunológica. E
também os anexos cutâneos: unhas, glândulas sudoríparas e glândulas
sebáceas. A abertura dos folículos pilossebáceos (pêlo + glândula sebácea) e das
glândulas sudoríparas na pele formam os orifícios conhecidos como poros.
Derme: localizada entre a epiderme e a hipoderme, é responsável pela
resistência e elasticidade, promovendo o tônus da pele, por ser constituída de
fibras colágenas e elásticas.
Vasos sanguíneos (fornecendo nutrientes e oxigênio, removem água e
toxinas) e vasos linfáticos (estocam proteínas).
Nervos e terminações nervosas, (distinguem o calor, frio, dor, toque) Os
folículos pilossebáceos e glândulas sudoríparas (produzindo o suor); originadas
na epiderme, também se localizam na derme.
Hipoderme: também chamada de tecido celular subcutâneo, a porção mais
profunda da pele, envolvem células gordurosas. Sua estrutura fornece proteção
127
contra traumas físicos, além de ser um isolante térmico, é o local para injeções
subcutâneas.
Fig. 9.1 Estrutura da pele Fonte: GRAAFF, 2003
. 9.1.1 Funções da pele:
Proteção - promove uma barreira de proteção contra as infecções.
Regulação térmica - mantém a temperatura normal do corpo.
Absorção - graças às partículas de gorduras da epiderme, a pele absorve
substâncias gordurosas sem permitir que a água penetre.
Excreção - as glândulas sebáceas excretam sebo, o qual ajuda a manter a
pele saudável.
Sensações - terminações nervosas da pele ajudam a detectar a sensação
de calor, frio, prazer, pressão e dor.
128
9.2 Classificação das Feridas
Ferido é o rompimento da integridade da pele, tecido ou órgão, e se
classifica em:
9.2.1 Quanto à causa
Intencional ou cirúrgica - lesão programada e realizada em condições
assépticas
Acidental ou traumática - lesão imprevista
9.2.2 Quanto à Etiologia
Aguda - desencadeamento imediato do processo de hemostasia de início
rápido e de curta duração. Ex. feridas cirúrgicas, traumáticas, como as
queimaduras, cicatrizam com facilidade. Este tipo de ferimento requer um
ambiente seguro, para evitar infecções.
Crônica - quando há desvio na seqüência do processo cicatricial fisiológico
e é caracterizada por uma resposta mais proliferativa. É uma ferida que acomete
mais pessoas idosas ou com doenças sistêmica, como o diabetes mellitus.
9.2.3 Quanto ao Agente
Iatrogênicas – secundária a algum tratamento
Incisão – lâmina
Perfuração – armas de fogo, armas branca (faca)
Contusa – machado, foice, martelo, mordeduras
Escoriação – fricção da pele sobre uma superfície áspera
Temperatura – calor (queimaduras) e frias (geladura)
Eletricidade – fulguração (raios solares) e eletroplessão (energia elétrica)
Agentes químicos – soda cáustica
Venenos – animais peçonhentos
129
9.3 Conteúdo Bacteriano
Limpas – feridas não contaminadas por agentes patogênicos
Infectadas – feridas com presença de corpos estranhos e agentes
patogênicos
Ao realizar um curativo é necessário avaliar e utilizar a terminologia correta
no processo de cicatrização, portanto é preciso distinguir o tipo de exsudato
presente na ferida.
9.3.1 Tipos de exudatos:
Transudato – é um líquido que passa através dos vasos, e possui uma
quantidade ínfima de proteínas e células.
Exsudato – é um material fluído composto por células que escapam de um
vaso sanguíneo esse depositam nos tecidos, é constituído de proteínas, células e
materiais sólidos derivados das células.
Esxudato Seroso – de cor amarela claro transparente é encontrado nos
estágios precoces de infecção,
Exsudato Hemorrágico ou serosanguinolento ou serohemático –
decorrente de lesões com ruptura de vasos sanguíneos
Exsudato Supurativo ou purulento – líquido viscoso, produzido por um
processo inflamatório num foco de infecção, com presença de microorganismos.
Fibrinoso – no ferimento a fibrina é aderente aos tecidos e tem
coloração esbranquiçada ou amarelada.
9.3.2 Aparência da ferida
A aparência da ferida determina o estágio em que ela se encontra,
exemplo:
130
Necróticas - apresenta uma crosta ou escara escura de cor preta ou
marrom, espesso, e o local é isquêmico.
Infectadas - são feridas com presença de grande quantidade de
microorganismos patogênicos, e dão origem as secreções com pus.
Com crostas - de cor branca /amarelado, é uma membrana fibrinosa que
surge na superfície das feridas.
Granulada - está relacionado ao estágio de reconstrução do processo de
cicatrização, e é de cor vermelha, este tecido sangra com facilidade, devido à
fragilidade dos vasos sanguíneos.
Epitelizadas - pode ser observado nas margens das ferida com uma
ligeira elevação de coloração rósea.
9.4 Tipos de Cicatrização
Cicatrização por primeira intenção – quando a perda do tecido é mínima e
as extremidades da pele ficam justapostas uma à outra.
Nesta situação o curativo é apenas para proteção.
Cicatrização por segunda intenção – ocorre em feridas que houve perda
de tecido, as extremidades ficam distantes e o curativo deve ser realizado como
tratamento.
Cicatrização por terceira intenção – é quando uma ferida não fecha por
primeira intenção, e há necessidade de deixar a ferida aberta para drenagem.
Fatores que afetam o processo de cicatrização:
• Infecção / presença de corpos estranhos
• Desidratação do leito da ferida / edema localizado
• Necrose do tecido
• Desnutrição proteica
131
• Doenças crônicas: vasculares diabetes
9.4.1 Finalidades do Curativo
• Manter a ferida limpa
• Proteger de traumatismo mecânico
• Prevenir contaminação
• Absorver secreções
• Manter a imobilização da ferida
9.4.1.1 Curativos com manutenção em meio seco
Indicado para locais com inserção de cateteres, drenos, e lesões com
suturas. Devem ser mantidos limpos e secos, a umidade é fator de risco para a
contaminação bacteriana.
Para incisões cirúrgicas, a oclusão deverá ser de 24 a 48 horas mantendo
o curativo seco.
9.4.1.2 Curativos com manutenção em meio úmido
A proposta atual é a oclusão e manutenção do meio úmido para que o
processo de cicatrização ocorra de forma mais adequada nas feridas abertas.
Vantagens da cicatrização em meio úmido:
• Estimula a epitelização e a formação do tecido de granulação,
• Facilita a remoção do tecido necrótico,
• Mantém a temperatura,
• Evita trauma nas trocas do curativo,
• Diminui o odor.
132
9.4.2 Critérios básicos para realização do curativo
• Lavar as mãos antes e após a realização do curativo
• Obedecer a princípios de assepsia
• Obedecer ao princípio que primeiro deve ser realizado o
procedimento no local menos contaminado para depois fazer no
local mais contaminado.
Existem 2 técnicas para realização de curativos:
Técnica asséptica ou estéril - usada em tratamento hospitalar utilizando-
se pinças ou luvas estéreis, solução estéril, cobertura estéril.
Técnica limpa - domiciliar, utilizando-se material limpo, limpeza com água
limpa e cobertura preferencialmente estéril.
9.5 Úlceras de Pressão
9.5.1 Conceito
É uma lesão localizada que ocorre quando a pressão aplicada à pele, por
determinado tempo, é maior que a pressão capilar normal, (cerca de 32mmHg
nos capilares ,e 12 mmHg nas vênulas) diminuindo o fornecimento de sangue
para a área, pessoas que permanecem um longo tempo acamada , são
consideradas de risco para tal lesão.
9.5.2 Fatores Externos Facilitadores:
Pressão exercida por uma força perpendicular à pele, resultando em
hipóxia tecidual, presente quando o tecido mole é comprimido entre uma saliência
óssea e uma superfície dura, ocorrendo uma isquemia localizada, quando a
região é aliviada surge a hiperemia.
133
• Escoriação – lesão da pele como resultado da fricção, pressão e
maceração, causando o rompimento da microcirculação da pele e tecido
subcutâneo.
• Fricção – é o esfregar da pele do paciente com a superfície da cama ou
da cadeira de rodas, isso faz com que as camadas superiores de células sejam
retiradas. A umidade contribui muito para o efeito de fricção.
9.5.3 Fatores Internos Contribuintes
• Estado geral do paciente
• Idade
• Mobilidade reduzida
• Estado nutricional inadequado
• Peso corporal aumentado ou diminuído
• Baixa percepção sensorial
As úlceras de pressão são classificadas por estágio, como descritos abaixo:
134
9.5.4 Cuidados gerais para o tratamento de úlceras de pressão
Eliminar fatores predisponentes como:
• Pressão
• Fricção
• Cizalhamento
• Umidade
ESTÁGIO ASPECTO TRATAMENTO
I
Eritema não esbranquiçado na pele ainda
intacta, edema, calor, iniciando ulceração
da pele.
Prevenção, hidratação da
pele, aplicação de
protetores de ferida.
II
Envolve epiderme e derme, a úlcera é
superficial formando bolha, abrasão ou
cratera
Prevenção, hidratação da
pele, aplicação de
protetores de ferida.
III
Ferida com lesão total da pele atingindo o
subcutâneo apresenta cratera profunda
com ou sem comprometimento dos
tecidos adjacentes.
Manutenção de meio
úmido na interface do
curativo com o leito da
ferida.
IV
Comprometimento total, envolvendo
tecidos como músculos, tendões e
estruturas ósseas, apresentando tecidos
necróticos e também infectados.
Manutenção de meio
úmido na interface do
curativo com o leito da
ferida.
Desbridamento químico e/
ou cirúrgico
135
• Diminuição da circulação sanguínea
Promover tratamento sistêmico :
• Melhorar suporte nutricional (anemia, desnutrição)
• Controlar condições sistêmicas que afetam a cicatrização (infecções)
Manter leito da ferida em condições favoráveis :
• Prevenir e controlar a infecção
• Limpar e favorecer desbridamento químico
Controlar exsudação
• Diminuir odor
• Proteger de traumas
9.5.5 Técnicas de Curativos
Curativo com manutenção em meio seco:
Materiais : 01 pacote de curativo estéril ou luva estéril, gazes estéreis,
micropore, soro fisiológico 0,9%.
Procedimento:
• Lavar as mãos, para evitar infecções cruzada
• Reunir o material e levar próximo ao paciente, para evitar desperdício de
tempo.
• Explicar ao paciente o que será feito, respeito á sua individualidade.
• Fechar a porta e/ ou utilizar biombos, para manter a privacidade do cliente
/paciente.
• Posicionar o paciente, expondo apenas a área a ser tratada.
• Abrir o material de curativos com técnica asséptica, evita contaminação.
• Colocar as pinças com os cabos voltados para a borda do campo.
• Colocar gazes suficientes sobre o campo estéril
136
• Retirar o curativo anterior com cuidado, utilizando uma pinça dente de rato,
e após colocá-la na borda do campo,
• Montar a pinça Kelly com gaze e umedecê-la com Soro Fisiológico 0,9%.
• Limpar a ferida, utilizando as duas faces da gaze, sem voltar ao início da
ferida,
• Limpar as regiões laterais após ter feito da limpeza do centro da ferida
• Secar a ferida e as laterais, de cima para baixo.
• Ocluir a ferida, evitar trauma.
• Manter a ferida ocluída enquanto houver presença de secreção
• Realizar troca a cada 24 horas e quando necessário
• Deixar o paciente confortável, e organizar a unidade
• Lavar as mãos, evitando infecção cruzada.
• Fazer anotação de enfermagem, descrevendo o aspecto da ferida.
Técnica de Curativo com manutenção em meio úmido:
Materiais : 01 pacote de curativo estéril ou luva estéril, gazes estéreis,
micropore, soro fisiológico 0,9%, seringa de 20 ml, agulha 40 x 12, compressa
de gaze e algodão estéril ( Zobec).
Procedimento:
• Lavar as mãos, para evitar infecções cruzada
• Reunir o material e levar próximo ao paciente, para evitar desperdício de
tempo.
• Explicar ao paciente o que será feito, respeito á sua individualidade
• Fechar a porta e/ ou utilizar biombos, para manter a privacidade do cliente
/paciente.
• Posicionar o paciente, expondo apenas a área a ser tratada.
137
• Abrir o material de curativos com técnica asséptica, evita contaminação.
• Colocar as pinças com os cabos voltados para a borda do campo.
• Colocar gazes suficientes sobre o campo estéril
• Retirar o curativo anterior com cuidado, utilizando uma pinça dente de rato,
e após colocá-la na borda do campo,
• Montar a pinça Kelly com gaze e limpar ao redor da ferida
• Lavar o leito da ferida com grande quantidade de Soro Fisiológico 0,9%,
através de pequenos jatos com seringa de 20 ml e agulha 40x 12
• Remover resíduos de esfacelos utilizando gaze embebida em SF0,9%,
com movimentos leves e lentos para não provocar sangramento e
prejudicar o processo cicatricial,
• Manter o leito da ferida úmido com gaze de algodão ou gaze de rayon
umedecida com SF0,9% (cobertura primária), ou outra cobertura indicada
pela Enfermeira,
• Ocluir a ferida, protege contra traumas.
• Realizar troca a cada 24 horas e quando necessário
• Deixar o paciente confortável, e organizar a unidade.
• Lavar as mãos
• Fazer anotação de enfermagem, descrevendo o aspecto da ferida.
Observação: se a realização do curativo for com luvas estéreis não esquecer de
manter a mão dominadora sem contaminar.
9.6 Produtos utilizados no tratamento das feri das
• Pomadas – são misturas de emulsão de água em óleo, contém
medicamentos e conservantes.
138
• Cremes – emulsão de óleo em água, podem conter álcool e conservantes,
indicados para lubrificação.
• Loções – pó em suspensão líquida (água, álcool, óleo), refrescante,
indicados para lubrificação e tratamento.
• Gel – misturas semi-sólidas, podem conter álcool, tem ação refrescante.
• Pó – grânulos, tem a função de absorção, indicado para áreas úmidas
• Pasta – pó em pomada, menor absorção percutânea
• Aerossol – medicamentos ou cosméticos em suspensão aplicados por
pressão.
PAPAINA
Indicações: como desbridante químico e facilitador do processo cicatricial,
coadjuvante da antibioticoterapia sistêmica de feridas infectadas.
Vantagens: efetua desbridamentos seletivos.
Ácido Graxo Essencial (AGE):
Composição - óleo vegetal composto por ácido linolêico, ácido capúlico,
ácido cáprico, vitamina A, E e lecitina de soja.
Mecanismo de ação - promove a angiogênese (formação de novos vasos)
e a quimiotaxia (atração de leucócitos), mantém o meio úmido e portanto acelera
o processo de granulação.
Indicação - tratamento de lesões abertas de qualquer etiologia
Contra-indicação - não há
Hidrocolóide:
Composição - gelatina, pectina carbonimetilcelulose sódica.
Mecanismo de ação - estimula a angiogênese e o desbridamento
autolítico, acelera o processo de cicatrização tecidual
139
Indicação - feridas não infectadas
Contra-indicação - feridas colonizadas ou infectada s
Curativo com alginato de cálcio:
Composição - fibras de não tecido derivado de algas marinhas, composto
de ácido gulurônico e manurônico, com íons de cálcio e sódio e incorporados de
suas fibras.
Mecanismo de ação - o sódio presente no exsudato e no sangue interage
com o cálcio do curativo, esta troca iônica facilita o desbridamento autolítico, tem
alta capacidade de absorção, resulta na formação de um gel que mantém o meio
úmido, induz a hemostasia
Indicação - feridas abertas, sangrantes, altamente exsudativas, com ou
sem infecção.
Contra-indicação - lesões superficiais ou com pouca exsudação
Curativo de carvão ativado com íons de prata
Composição - cobertura de não tecido que envolve uma camada de
carvão ativado impregnado com prata.
Mecanismo de ação - o carvão ativado absorve o exsudato e filtra o odor,
a prata tem ação bactericida
Indicação - feridas abertas fétidas, infectadas e exsudativas
Contra-indicação - feridas limpas, presença de tendões e ossos.
Curativo de hidrogel
Composição - hidrogel é um composto transparente e incolor composto de
77,7% de água, carbonimetilcelulose e propilenoglicol
140
Mecanismo de ação - amolece e remove tecido necrosado propiciando o
desbridamento autolítico
Indicação - feridas com crostas, fibrina e tecidos desvitalizados.
Contra-indicação - uso em pele íntegra
Filmes semi-permeáveis
Composição - poliuretano, transparente, elástico, semi-permeável e
aderente
Mecanismo de ação - mantém o meio úmido, permeabilidade seletiva,
permite difusão gasosa e evaporação de água, impermeável a fluidos e
microorganismos.
Indicação - fixação de cateteres vasculares, proteção de pele íntegra,
cobertura de incisões cirúrgicas limpas poucas exsudativas.
Agentes germicidas permitidos
(Ministério da saúde – Portaria no. 930, de 27 de a gosto de 1992.)
Álcool etílico 70% -
• Anti-sepsia das mãos e antebraço
• Não apresenta ação residual
• Resseca a pele e mucosa
• Inativo na presença de matéria orgânica
141
Soluções iodadas
• Bactericida, fungicida e virucida.
• Utilizado como antisséptico tópico sobre a pele íntegra
• Inativo na presença de matéria orgânica
Iodóforos – PVPI
• Não irritam a pele íntegra
• Agrava o trauma tecidual e retarda a cicatrização
• Citotóxico para fibroblastos
• Resseca a pele
• Intoxicações pela absorção do iodo em pacientes queimados
Clorohexidina
• Ativo contra Gram + e Gram –
• Inativado na presença de sabão, matéria orgânica
• Irritante de pele e meninges
• Facilmente colonizado por pseudomonas
• Sensível ao calor e luz
Solução salina a 0,9%
• É o único agente de limpeza totalmente seguro
• Tratamento de escolha para a maioria das feridas.
142
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEALEY, C. Cuidando de feridas : um guia para as enfermeiras. São Paulo:
Atheneu, 1996.
GRAAFF, Van de. Anatomia humana. 6. ed. São Paulo: Manole, 2003. p. 107.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. Hospital das Clínicas. Grupo de
Estudos de Feridas. Manual de tratamento de feridas . Campinas. 1999
143
CAPITULO X
Lucia Tobase
Glades Tenenbojm
QUEIMADURAS
10.1 Introdução
Agressões diretas ou indiretas atingindo pele, mucosa, vasos e tecidos
adjacentes à área lesada, trazendo conseqüências variadas em função do grau
de agressão e comprometimento morfológico e funcional do local afetado.
10.2 Causas:
1- Calor: exposição ao sol (insolação, intermação), ao fogo, líquidos quentes;
2- Frio: hipotermia por imersão / submersão (exposição drástica em situações de
baixa temperatura, afogamento);
3- Radiação: exposição á fontes radioativas, radioterapia (raios Alfa e Beta são
menos perigosos em relação aos raios X e Gama);
4- Elétrica: descarga elétrica direta (raio, choque elétrico) ou conduzida por
objetos;
5- Química: contato com substâncias químicas (pó, líquido) ácidas ou alcalinas;
6- Inalatória: fumaça, monóxido de carbono (CO), gases de produtos químicos.
10.3 Classificação das Queimaduras:
• Lesão de espessura superficial (1º. Grau) – lesão da epiderme, pele
inflamada com vermelhidão, dor ao toque, pequeno / nenhum edema. Pode
ser resfriada com água corrente, não necessita de cuidados especiais,
melhorando em cerca de dois á cinco dias. A área afetada pode ter
descoloração temporária ou permanente.
• Lesão de espessura parcial (2º. Grau) – lesão da epiderme e derme, pele
inflamada com vermelhidão, dor intensa, presença de bolhas. Pode ser
resfriada com água corrente, evite passar produtos que dificultam sua
remoção e prejudicam a cicatrização. Não romper as bolhas para evitar
infecções. A cicatrização pode ocorrer no período de cinco dias á três
semanas, na ausência de infecção.
144
• Lesão de espessura total (3º. Grau) – lesão da epiderme, derme e
hipoderme / tecido subcutâneo e adjacentes, ausência de dor e
enchimento capilar (perfusão periférica comprometida); a pele
desvitalizada fica com aspecto de couro. O período de cicatrização varia
conforme as dimensões da área queimada, necessidade de enxerto,
presença de infecção.
REGRA DOS NOVE
Fonte: First Aid and PCR – Procedimentos em situações de Emergência
Área corporal afetada e a porcentagem da superfície queimada:
Cabeça – 9 % Tronco anterior – 18 % posterior – 18 % Membro superior – 18 % ( 9 % cada) Membro inferior – 36 % (18 % cada) Períneo – 1 %
145
Tabela 1- Gravidade da queimadura e superfície corp oral queimada (SCQ)
Menor gravidade Média gravidade Maior gravidade
Extensão da lesão
< 15 % SCQ adulto
15 á 20 % SCQ adulto
> 20 % SCQ
Profundidade da lesão
< 2 % SCQ espessura total
3 á 10 % SCQ > 10 % SCQ
Etiologia da lesão
Calor Exposição ao sol
Calor, Fogo Escaldo, Química
Calor, Química Elétrica, Radiação Inalatória
Área atingida Tronco sem afetar períneo Membros sem afetar extremidades
Pode envolver face, extremidade, períneo, sem comprometer a estética ou funcionalidade
Queimaduras significativas envolvendo face, extremidade, períneo, comprometendo a estética ou funcionalidade
Lesões associadas
Nenhuma Lesão sem gravidade
Fraturas, choque, doenças pré-existentes, trauma fechado
Idade da vítima
< 10 % SCQ criança (até 10 a.) < 10 % SCQ idoso (acima 40 a.)
10 á 20 % SCQ criança 10 á 20 % SCQ idoso
> 20 % SCQ criança > 20 % SCQ idoso
Tratamento Hospital geral ou acompanhamento ambulatorial
Hospital geral comprometido na assistência ao queimado
Centro especializado para queimados
Fonte: Manual do Curso de Suporte Avançado no Trauma / ATLS, Colégio Americano de Cirurgiões, 1989. In: Manual do Curso de Suporte de Vida no Trauma para Enfermeiros / TLSN, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 2003.
10.4 Avaliação e conduta em situação de quiemadur as
* Avaliar o local, a extensão e profundidade da queimadura: atenção especial se
houver comprometimento da face (sobrancelhas, cílios “chamuscados”; narinas –
escurecidas e vibrissas queimadas), genitália, extremidades (queimadura do tipo
circunferencial – avaliar pulso, perfusão periférica, temperatura, provável
necessidade de realização de escarotomias, maior risco de desenvolver síndromes
de compartimento);
146
* Considerar a superfície corporal atingida: aplicar a regra dos nove ou outro método
rápido para avaliação da área corporal atingida;
* Relacionar a causa da queimadura e outras lesões / doenças pré-existentes:
investigar outras patologias uso de medicações e alergias;
* Controlar / deter / reverter o processo de queimadura conforme a causa:
- calor: o local pode ser resfriado com solução salina / água corrente abundante;
- frio: aquecer gradativamente o paciente com cobertores, manta térmica,
aquecedores, infusão endovenosa de soluções aquecidas. Observar a coloração
do local afetado (cianótico, amarelado, marmóreo, acinzentado).
A presença de frostibite (comprometimento do tecido decorrente da
exposição á baixas temperaturas – congelamento) pode ser:
. Superficial: dor leve, sensação de queimação e adormecimento.
. Profunda: congelamento das terminações nervosas, ausência de dor
nem sensação de adormecimento.
O desbridamento precoce pode não ser indicado, pois, essas alterações
podem durar por dias ou semanas, até que se descongele o local afetado e se
inicie o processo de reparação.
- radiação: cuidados com a área afetada e resíduos eliminados / excretados
(vômito, fezes) – considerados contaminados conforme o grau de exposição à
radiação (atenção à segurança da equipe profissional).
- elétrica: verificar os pontos de entrada e saída da corrente elétrica, associando
prováveis riscos e lesões aos órgãos localizados neste trajeto. A condução
elétrica e o funcionamento do coração podem estar comprometidos.
- química: se possível, remover pedaços de tecidos, roupas sem lesar a pele.
Vestígios de pó devem ser retirados antes de realizar a irrigação do local, pelo
risco de promover reações químicas e piorar a área queimada.
147
- inalatória: sinais de inalação de fumaça (áreas escurecidas nas narinas,
vibrissas “chamuscadas”) são indicativos de provável lesão pulmonar - padrão
respiratório alterado (expansibilidade, freqüência respiratória, dispnéia, ruídos e
estridor laríngeo).
A inalação de CO é caracterizada pela coloração da pele (vermelho cereja)
e queixas de náuseas e cefaléia.
Assistência de Enfermagem:
a) Identificar o grau da queimadura e associar às necessidades de reposição
volêmica;
b) Proceder aos cuidados com a pele / local afetado utilizando técnica asséptica;
c) Realizar procedimentos: punção venosa, cateterismo gástrico, vesical conforme
indicação;
d) Aliviar a dor;
e) Promover a retirada imediata de anéis, adornos (o edema dificulta a retirada
posteriomente);
f) Manter o paciente e o ambiente aquecido / climatizado ao paciente;
g) Controlar desequilíbrio hidro-eletrolítico e risco de infecção;
h) Controlar débito urinário e características (presença de mioglobina confere cor
alaranjada / avermelhada na urina – risco de insuficiência renal);
i) Investigar / realizar profilaxia anti-tetânica.
10.4.1 Fisiopatologia e Manifestações Clínicas da Q ueimadura
A necessidade metabólica do queimado é 6 vezes superior ao normal,
fazendo com que o índice calórico torne-se insuficiente para alcançar a alta
demanda do organismo.
Suporte nutricional
É um aspecto muito importante no tratamento do queimado. O aumento do gasto
energético do queimado excede o de qualquer outro tipo de trauma.
148
O suporte nutricional deve ser iniciado de preferência até 4 horas após o trauma e
deve-se utilizar o trato gastrintestinal sempre que possível, por via oral, sonda
gástrica ou a combinação de ambas.
Sempre que necessário deve-se associar a Nutrição Parenteral Prolongada, pois
as necessidades protéicas calórica são grandes.
Sistema Cardio vascular
Imediatamente após uma lesão de queimadura, substâncias vaso ativas
como: catecolamina, histamina e serotonina, são liberadas dos tecidos lesados.
Essas substâncias causam aumento na permeabilidade capilar, permitindo que o
plasma extravase para dentro do tecido ao redor. O calor direto lesa os vasos e
aumenta a permeabilidade capilar; a lesão direta da membrana celular permite a
entrada de sódio e saída de potássio da célula, levando a um aumento do líquido
intracelular e intersticial e depleção do volume de líquido intravascular.
Queimados extensos apresentam edema corporal generalizado , tanto no
tecido queimado como no não queimado e aumento da circulação do volume de
sangue intravascular. A freqüência cardíaca aumenta, pela liberação de
catecolaminas.
A perda de líquido por evaporação através do ferimento queimado é 4-20
vezes maior que o normal e permanece elevada até que seja obtido o
fechamento completo do ferimento. Se o espaço intravascular não for reposto
com líquidos intravenosos, o cliente pode ter um choque hipovolêmico .
� O cliente pode apresentar choque hipovolêmico
Cuidados:
• Estar atento aos sinais de insuficiência renal
• Passagem de sonda vesical de demora, com controle rigoroso de diurese
(mínimo de 30 ml/h).
149
• Observar presença de oligúria e anúria
� O cliente apresenta déficit de volume circulante, diminuição do débito
cardíaco e alteração da perfusão periférica.
Cuidados:
• Manter reposição volêmica adequada
• Peso diário e balanço hídrico
• Reposição de volume conforme prescrição médica: a reposição
endovenosa nas primeiras 24 horas deve ser rigorosa
• Evitar líquidos via oral nas primeiras 24 horas
� A resposta sistêmica às queimaduras envolve: diminuição do retorno
venoso, troca gasosa prejudicada e diminuição de perfusão tecidual em
vários órgãos.
Cuidados:
• Monitorizar sinais vitais, ritmo cardíaco, nível de consciência, padrão
respiratório e perfusão periférica.
• Verificar pulso periférico
Sistema Gastrintestinal e Renal
O organismo reage inicialmente, desviando sangue dos rins, reduzindo a
taxa de filtração glomerular, causando oligúria. O fluxo de sangue para o
mesentério também é diminuído, levando ao desenvolvimento do íleo paralítico e
disfunção gastrintestinal em clientes com queimaduras superiores a 255 de área
total superficial do corpo.
Reposição volêmica :
1º DIA: Administração de cristalóide sob forma de Ringer Lactato, 4 ml/Kg/% de
área queimada.
O débito urinário deve ser de 30-70 ml/h.
150
2º DIA: Administração de Soro Glicosado 5¨% e Cloreto de sódio 20% em
proporções variadas, suficientes para manter os níveis de sódio plasmático em
torno de 140mEq/l.
Administração de albumina para manter o volume plasmático em pacientes com
área queimada superior a 40%.
Administração de Cloreto de Potássio para repor perdas urinárias.
Deve-se manter restauração dos dados vitais, débito urinário, PVC e nível de
consciência.
Sistema imune
Ocorre alteração no funcionamento dos neutrófilos e macrófagos,
depressão da atividade linfocitária, resultando em aumento do risco para
infecção e septicemia .
Cuidados para controle de infecção
• Manutenção de condições gerais: o cliente deve ser mantido com suporte
nutricional adequado.
• Tratamento local: curativo cirúrgico sempre que necessário para exerése
de tecidos necróticos e remoção de material purulento.
Sistema Respiratório
O envenenamento por fumaça resulta da inalação dos produtos de
combustão. A resposta pulmonar inclui uma reação inflamatória localizada, uma
redução na ação ciliar dos Brônquios e uma redução no surfactante alveolar.
O edema de mucosa, ocorre nas vias aéreas de menor calibre, levando a uma
sibilância audível à ausculta. Após várias horas, pode ocorrer o encharcamento
do epitélio brônquico e pode desenvolver a traqueobronquite hemorrágica. O
cliente pode apresentar discreta hipertensão arterial, resultando em uma redução
nos níveis de tensão de oxigênio arterial.
151
� O paciente queimado apresenta troca gasosa prejudicada, podendo estar
relacionada com dano alveolar e obstrução das vias aéreas.
Cuidados:
• Manter via aérea permeável
• Avaliar padrão respiratório e presença de respiração ruidosa
• Administrar oxigênio umidificado
• Observar presença de escarro carbonáceo, rouquidão, dispnéia, tosse,
pelo nasal chamuscado (ocorrem com as lesões por inalação).
• Observar edema de vias aéreas superiores
Farmacológico
Tópico
• Sulfadiazina de prata; atua em Gram + e Gram e Cândida Albicans.
Via sistêmica
• Penicilina Cristalina nos 4 primeiros dias
• Cefalosporinas
Deve-se fazer biópsia de tecidos comprometidos a cada 48 horas.
Fig. 15.2 Flictenas
Rompimento de flictenas
Argumentos para manutenção das bolhas:
152
• O conteúdo das bolhas é semelhante ao plasma e é reabsorvido quando
estas estão integras, evitando maior espoliação.
• A ressecção precoce, expõe a área que fica sujeita à contaminação e
proliferação de bactérias.
Argumentos para remoção das bolhas:
• As bolhas podem romper-se sob o curativo transformando-se em meio de
cultura com secreção purulenta.
• As quantidades de líquido que é reabsorvido das bolhas não são tão
significativas, assim sua drenagem também não vai alterar o cálculo de
reposição.
• Há dificuldade de reabsorção quando o líquido se coagula no interior das
bolhas.
� As queimaduras circunferenciais apresentam edema qu e dificulta a
circulação local
Cuidados:
• Avaliar queimaduras circunferenciais (membros e tórax)
• Verificar pulso distal do membro
� O cliente queimado apresenta quadro de hipotermia d evido a perda
imensurável de líquido pela pele.
Cuidados:
• Manter paciente aquecido, área corpórea protegida, para evitar perda de
líquido e de calor. Sugere-se utilização de plástico estéril sobre a área
queimada para facilitar retenção de líquido e calor. Evite utilização de
compressas úmidas para evitar hipotermia
153
Outros cuidados
• Manter ambiente asséptico
• Colocar arco de proteção
• Glicemia capilar se o cliente estiver recebendo NPP
• Observar sinais de íleo paralítico
• Estar atento a sinais de: agitação e diminuição do nível de consciência
(choque hipovolêmico)
154
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GEMPERLI, Rolf; DIAMANT, Jorge; ALMEIDA, Maria Flora de. O grande
queimado. In: KNOBEL, Elias. Condutas no paciente grave . 2. ed., São Paulo:
Atheneu, 1998. cap. 72, p. 937.
TORTORA, J. Gerard. Corpo Humano – Fundamentos de anatomia e fisiologia.
4. ed. Porto Alegre: Art. Méd, 2000.
155
CAPITULO XI
Lucia Tobase
TRAUMA I
11.1 Farmacologia em emergência
No suporte avançado de vida são realizados o preparo e administração de
medicamentos para resgate e manutenção das funções vitais.
Basicamente, em relação aos fármacos, é necessário conhecer:
Ação: por que a medicação é utilizada
Indicação: quando administrar a medicação
Dosagem: como / quanto preparar para administrar
Precauções: cuidados especiais ao utilizar a medicação
A administração da medicação, preferencialmente, é realizada por via
endovenosa. Considerando a rapidez, facilidade e segurança na obtenção do
acesso venoso, a canulação de uma veia periférica é o procedimento de escolha.
Estudos recentes mostram que há um intervalo prolongado entre a administração
da droga na circulação periférica e sua detecção na circulação central.
Assim sendo, após a administração da droga recomenda-se:
- manter o membro puncionado um pouco mais elevado em relação ao nível do
corpo (se possível);
- administrar um bolus de fluído EV (solução salina, A.D.) após cada medicação
injetada.
A canulação de veia central é realizada prontamente quando for necessário
o acesso à circulação central para:
� Colocação de eletrodo de marcapasso;
� Monitorização hemodinâmica;
� Infusão rápida de volume;
� Infusão de soluções concentradas.
Em situação de emergência, eventualmente, pode ser difícil a utilização de
uma técnica totalmente asséptica durante a punção venosa.
156
Logo após a estabilização do paciente, o cateter deve ser substituído,
repetindo o procedimento em condições adequadas de assepsia.
11.1.1 Vias de Administração mais utilizadas na adm inistração de drogas
em emergência:
• EV – endovenosa: não há restrição de volume ou tipo de droga á ser
infundida; inicialmente obtêm-se vias de acesso periféricas, até a
instalação do cateter de acesso venoso central;
• ET – endotraqueal (intubação oro / nasotraqueal): administração de
Epinefrina, Atropina, Lidocaína e Vasopressina; não possibilita infusão de
volume e hemocomponentes;
• IO – intra-óssea: não há restrição de volume e hemocomponentes ou tipo
de droga á ser infundida; indicada após tentativa sem sucesso na punção
venosa – pode ser utilizada como via de acesso temporária em criança e
adulto, até o estabelecimento de uma linha venosa definitiva;
• Intra-cardíaca: administração da droga diretamente no coração.
11.2 Agentes simpatomiméticos
Catecolaminas: são substâncias produzidas naturalmente pelo organismo
e podem ser sintetizadas artificialmente, na fabricação dos fármacos. Exemplo:
Norepinefrina, Epinefrina, Dopamina, Dobutamina, Isoproterenol
Não catecolaminas: são substâncias que não são produzidas pelo
organismo. Exemplo: Metoxamina, Fenilefrina
Ação no organismo:
- Direta: atua nas células efetoras simpáticas, estimulando os receptores.
Ex.:Norepinefrina
- Indireta: promove a liberação periférica de Norepinefrina. Ex.: Metaraminol
11.3 FISIOLOGIA DOS RECEPTORES
Conceito: são estruturas específicas presentes na membrana celular em
determinadas áreas da parede vascular ou musculatura lisa de alguns órgãos.
157
Ação: alta especificidade e afinidade de ligação às catecolaminas
específicas, convertendo o sinal de um hormônio ou neurotransmissor num efeito
celular específico.
Tabela 1 - Tipos de receptores
Receptor Localização Efeito Local de ação
Alfa-adrenérgico Alfa 1
(pós-sinapse)
vasoconstricção
arteriolar
PA com melhora da
circulação coronariana e
cerebral
nível cutâneo, renal e
esplâncnico (Ad., NorAd,
Fenilefrina)
Alfa 2
(pré-sinapse)
modulam o tônus
vascular: vasodilatação
e vasoconstricção
inibe a liberação de
NorAd e causando
vasodilatação periférica
Beta-adrenérgico Beta1 FC e contratilidade
do miocárdio
miocárdio
Beta 2 vasodilatação arteriolar
( PA)
broncodilatação
musculatura lisa de
vasos, brônquios e útero
Dopaminérgicos Dopa 1
(pós-sinapse)
vasodilatação =
diurese e natriurese
nível renal; inibição
Aldosterona e ADH
Dopa2
(pré-sinapse)
ventilação =
hipoxemia
carótida
158
11.4 Drogas utilizadas em situação de urgência e em ergencia
EPINEFRINA
Conceito: droga vasoativa e inotrópica (aumenta a força contrátil do
coração), é uma catecolamina natural com atividade Alfa e Beta adrenérgica =
vasoconstrição.
Ação: vasoconstritor, hipertensor, broncodilatador.
Indicação: PCR, em Fibrilação Ventricular (FV) ou Taquicardia Ventricular
(TV) sem pulso, não responsivo a desfibrilação; assistolia; Atividade Elétrica Sem
Pulso (AESP) ; pode ser utilizada também em crises agudas de asma e choque
anafilático.
Dosagem: 1 mg à cada 3 – 5 min (EV, ET, IO, intracardíaca); em geral:
via SC, IM, EV, aerossol por inalação. Em uso pediátrico, a droga é diluída (1 ml
Epinefrina + 9 ml A.D.) resultando em uma solução decimal, da qual utiliza-se
apenas o volume indicado, segundo o peso da criança.
Cuidados de Enfermagem:
a) o efeito vasoconstritor pode causar isquemia miocárdica quando administrada
em doses elevadas. Atenção: quando administrada por via SC = risco de
necrose;
b) manter monitorização;
c) a droga pode ser inativada quando diluída ou administrada simultaneamente
com solução alcalina.
ATROPINA
Conceito: droga anticolinérgica que inibe a acetilcolina no Sistema
Parassimpático bloqueando o efeito no nó sino-atrial (NSA), em relação à geração
dos impulsos elétricos anômalos.
resistência vascular
força contrátil miocárdio
fluxo coronariano cerebral
PA
159
Ação: aumenta a condução átrio-ventricular e a FC (efeito cronotrópico por
aumentar a freqüência cardíaca).
Indicação: PCR em assistolia; utilizada também em bradicardia, arritmia,
bradiarritmia (intoxicação exógena); diminuir produção secreção (pré-operatório /
procedimentos diagnósticos).
Dosagem: 1 mg à cada 3 – 5 min (na PCR: EV, ET, IO, intracardíaca); em
geral: via EV, IM.
Cuidados de Enfermagem:
a) Doses baixas podem originar bradicardia;
b) Doses elevadas podem causar TV e FV (monitorização hemodinâmica);
c) Atenção às reações: boca seca, constipação, retenção urinária, visão turva,
rubor, delirium e coma.
LIDOCAÍNA
Conceito: droga anti-arrítmica também empregada como anestésico local.
Ação: redução da automaticidade (formação alterada do impulso –
controle da formação de estímulo ectópico ventricular) e bloqueio reversível na
propagação dos impulsos ao longo das fibras nervosas.
Indicação: TV, FV refratária a desfibrilação; utilizada também em
isquemia miocárdica, extra-sístoles.
Dosagem: 20 – 30 mg / min ; na PCR pode ser administrada em bolus (1
mg / Kg) e depois mantida em infusão contínua por via EV.
Cuidados de Enfermagem:
a) monitorização permanente (alargamento do complexo QRS, prolongamento do
intervalo PR );
b) controle dos níveis pressóricos: hipotensão rápida quando administrada por via
EV (usar Bomba de Infusão);
c) atenção aos sinais de intoxicação = sonolência, confusão, convulsão.
160
VERAPAMIL / DILTIAZEN
Conceito: drogas de efeito cronotrópico e inotrópico negativo que
reduzem o consumo de O2 gerando uma importante ação anti-isquêmica.
Ação: bloqueadores dos canais de cálcio (o íon Ca² aumenta a força de
contração do miocárdio), tem ação hipotensora (vasodilatação coronariana e
diminuição da FC) e anti-arrítmica.
Indicação: Taquicardia Paroxística Supra Ventricular - TPSV (efeito no Nó
Átrio Ventricular), Flutter Atrial, Fibrilação Atrial, Angina, Hipertensão Arterial.
Dosagem
a) Verapamil: 2,5 – 5 mg - EV em bolus (dose única). Pode ser administrada em
intervalos regulares conforme a resposta do paciente.
b) Diltiazem: 20 mg – EV em 2 min. Pode ser administrada em bolus e infusão
contínua para manutenção.
Cuidados de Enfermagem:
a) Observação de sintomas como tontura, cefaléia, risco de hipotensão postural;
b) Controle regular da PA, FC, débito urinário;
c) Atenção = bradicardia, hipotensão arterial, edema de extremidades.
ADENOSINA
Conceito: droga de ação anti-arrítmica por diminuir a condução através
do Nó Átrio Ventricular (NAV) restaurando o ritmo sinusal ao interromper as vias
de reentrada no NAV. Tem efeito vasodilatador coronariano; é uma droga cuja
meia vida livre é curta ( < 10 seg ), portanto, não desencadeia hipotensão.
Indicações: TPSV de reentrada (provoca interrupção da atividade
reentrante) ou na Síndrome de Wolf-Parkinson White. Em razão da meia vida ser
muito curta, pode-se recorrer ao Verapamil ou Diltiazen nos episódios repetitivos
de arritmias supraventriculares. Inversamente, os pacientes receptores de
transplante cardíaco são mais sensíveis à Adenosina.
Dosagem: 6 mg em bolus. Se não obtiver boa resposta após 1 – 2 min,
doses extras podem ser administradas.
161
Cuidados de Enfermagem:
a) Observar a ocorrência de rubor, dispnéia e dor torácica;
b) Controlar FC = Bradicardia transitória;
c) A infusão EV deve ser rápida. Pode ocorrer formação de cristais em ambientes
de baixa temperatura, dias frios (observe a solução; se necessário, aqueça a
ampola com o calor da mão).
AMIODARONA
Conceito: droga de ação anti-arrítmica, recomendada no tratamento de
FV, TV, TSV, TPSV.
Indicações: utilizada para uma ampla variedade de taquiarritmias
ventriculares e supraventriculares; controle de arritmias atriais rápidas quando a
Digoxina não tenha sido eficaz.
Dosagem: 300 mg – EV em bolus; se necessário, repetir a dose de 150
mg após 3 á 5 minutos.
Cuidados de Enfermagem:
a) Atenção aos sinais de vasodilatação e hipotensão (a droga é cumulativa);
b) Uso com cautela em caso de insuficiência renal (a meia vida é de até 40 dias).
BICARBONATO DE SÓDIO (NaHCO3)
Conceito: é o agente tampão mais utilizado para correção da acidose no
desequilíbrio ácido-básico, resultante da hipoxemia na PCR.
Indicações: PCR de longa duração. Pode ser utilizado na acidose
metabólica, hipercalemia e intoxicação por tricíclicos ou fenobarbital.
Dosagem : 1 mEq / Kg – EV (solução à 8,4 % ).
Cuidados de Enfermagem:
a) Por ser uma solução alcalina, pode desativar outras drogas – administração
isolada na linha infusão venosa;
b) Devido ao risco de hipernatremia, pela ação não desejada sobre a
hemoglobina dificultando a liberação de O2, conseqüente acidose pela difusão de
162
CO2 (causando depressão do miocárdio), atualmente recomenda-se pouco o uso
do NaHCO3.
11.4.1 DROGAS VASOATIVAS
Conceito: drogas que interferem no tônus vascular periférico (arterial)
originando a vasoconstrição e melhora da perfusão tecidual em isquemia.
Finalidades:
1- Otimizar a relação DO2 / VO2 - oferta / consumo de O2 ;
2- Suprir as necessidades metabólicas dos diferentes tecidos / órgãos;
3- Preservar ao máximo a função bioquímica celular;
4- Evitar a falência de múltiplos órgãos.
Condições para uso de drogas vasoativas:
a) Monitorização das condições clínicas / hemodinâmicas / oximetria;
b) Controle laboratorial das condições metabólicas (gasometrias, dosagem de
eletrólitos, compostos nitrogenados, função renal, hepática);
c) Uso de via exclusiva de infusão;
d) A retirada das drogas vasoativas deve ocorrer de forma gradativa.
Classificação das drogas vasoativas :
a) Agentes vasoativos inotrópicos (aumentam a força contrátil do
miocárdio)
a.1. Epinefrina
a.2. Norepinefrina
a.3. Dopamina
a.4. Dobutamina
a.5. Isoproterenol
a.6. Amrinone
a.7. Digital
b) Agentes vasodilatadores (anti-hipertensivos )
b.1. Nitroprussiato de Sódio
b.2. Nitroglicerina
163
c) Bloqueadores Beta-adrenérgicos
c.1. Propanolol
c.2. Atenolol
d) Diuréticos
d.1. Furosemida
e) Trombolíticos e.1. Estreptoquinase
e.2. Complexo ativador do plasminogênio
NOREPINEFRINA
Conceito: É uma catecolamina de ação inotrópica, com estimulação sobre
os receptores Alfa 1 e Beta 1 adrenérgicos, levando à vasoconstrição arterial e
venosa. Indicada nos casos de hipotensão grave, choque séptico, choque não
responsivo à reposição volêmica.
Cuidados de Enfermagem :
a) Manter acesso venoso calibroso – observar extravasamento do leito vascular;
b) Diluição em S.G.5% - infusão controlada por BI;
c) Monitorização da PA;
d) Observar a coloração da solução (evitar se cor rosa / marrom).
Norepinefrina Estimulação dos receptores
Vasoconstricção
resistência periférica Pressão Arterial
164
DOPAMINA
Conceito: É uma catecolamina, precursora química da Norepinefrina, que
estimula os receptores: dopaminérgicos, Alfa e Beta adrenérgicos, conforme a
dose administrada.
Ação: Provoca vasoconstrição, aumenta o fluxo cardíaco e a PA. Estimula
também a liberação de Noradrenalina.
Indicação: Indicado em casos de hipotensão sem hipovolemia, baixo
débito cardíaco, choque, insuficiência renal.
Cuidados de Enfermagem :
a) Acesso venoso calibroso – observar extravasamento do leito vascular;
b) Diluição em S.G.5% ou S.F.0,9% - infusão controlada por BI ;
c) Monitorização da PA, P, PVC, débito cardíaco (monitorização hemodinâmica);
d) Balanço hídrico / débito urinário.
DOBUTAMINA
Conceito: é uma catecolamina de efeito inotrópico que estimula os
receptores Alfa 1 e Beta 2 adrenérgicos.
Ação: aumenta a contratilidade do miocárdio e melhora o débito cardíaco.
Indicação: indicada nos casos de insuficiência cardíaca e congestão
pulmonar, por manter a perfusão de órgãos vitais (vasodilatação reflexa), ICC,
choque cardiogênico.
Dopamina Fluxo Coronariano Vasoconstricção
PA Diurese
165
Cuidados de Enfermagem :
a) Acesso venoso calibroso – observar extravasamento do leito vascular;
b) Diluição em S.G.5% ou S.F.0,9% - infusão controlada por BI ;
c) Monitorização da PA, P, PVC, débito cardíaco (monitorização hemodinâmica);
d) Balanço hídrico / débito urinário;
e) Troca do acesso venoso periférico no máximo á cada 48 hs (flebite).
ISOPROTERENOL
Conceito: é uma catecolamina com propriedade inotrópica (melhora a
força de contratilidade do miocárdio) e cronotrópica (aumenta a FC).
Ação: resultam no aumento do débito cardíaco, com aumento da força
contrátil e freqüência cardíaca. Provoca vasodilatação periférica e em altas doses
tem ação anti-arrítmica.
Indicação: indicado no tratamento de arritmia ventricular, bradicardia,
choque cardiogênico e receptores de transplante cardíaco desnervados.
Cuidados de Enfermagem :
a) Controle rigoroso de PA / P e ritmo ( monitorização);
b) Ocorrência de taquicardia (TV / FV).
AMRINONE
Conceito: é um cardiotônico não-adrenérgico e não digitálico, agente
inotrópico de ação rápida cujos efeitos são similares aos da Dobutamina.
Ação: aumento da contratilidade miocárdica, melhorando o débito cardíaco
e indiretamente, provoca a vasodilatação periférica.
Dobutamina Estímulo receptores
contração miocárdio
Débito cardíaco
Vasodilatação reflexa
Perfusão renal
Diurese Natriurese
166
Indicação: i ndicado em casos de ICC grave, refratária ao uso de
diuréticos, vasodilatadores e outras drogas convencionais, choque circulatório
(ação pouco conhecida).
Cuidados de Enfermagem :
a) Atenção á monitorização e parâmetros hemodinâmicos;
b) Observar sinais de sangramento (diminuição da sobrevida das plaquetas =
Trombocitopenia );
c) Contra-indicado aos alérgicos à Sulfa (presente na composição =
Metabissulfito).
11.4.2 DROGAS VASODILATADORAS
Nitroprussiato de Sódio
Conceito: potente vasodilatador periférico, cujo efeito hipotensor provoca
a redução da PA. É empregado no tratamento de emergência da hipertensão, na
ICC ( hipervolemia, congestão pulmonar) , edema pulmonar.
Cuidados de Enfermagem :
a) Monitorização da PA / P;
b) Atenção ao acesso venoso com infusão BI;
c) Observar orientação do fabricante quanto à necessidade (ou não) de proteção
da solução reconstituída devido a fotossensibilidade e validade da solução
reconstituída (alteração das características da medicação);
d) Sinais de intoxicação: visão turva, náuseas, dor abdominal, confusão e
disfunção hepática.
Nitroglicerina
Conceito: provoca o relaxamento da musculatura lisa vascular e
conseqüente vasodilatação, com efeito hipotensor. A ação vasodilatadora
coronariana possibilita limitar e reduzir a área infartada.
167
Indicada em casos de angina instável, angina pós-infarto e determinadas
ICC, podendo ser administrada por via SL ou EV – nos casos mais estáveis pode-
se utilizar as vias: cutânea (pomada, adesivos), oral (spray).
Cuidados de Enfermagem :
a) Oriente o paciente para não mastigar ou macerar a droga, ao ingerir;
b) Atenção aos sinais e sintomas: bradicardia, taquicardia, hipotensão, náusea,
vômito, sudorese, cefaléia;
c) Observar o acesso venoso (flebite);
d) Tricotomia, s/n , para aplicar o adesivo.
11.4.3 TROMBOLÍTICOS
Estreptoquinase
Conceito: é um agente trombolítico indicado na isquemia miocárdica
(IAM).
A dose inicial = 750.000 à 1.500.000 UI diluídas em cerca de 45 ml por
aproximadamente 30 – 60 min.
Cuidados de Enfermagem :
a) A reconstituição do medicamento em pó pode ser em S.G.5% ou em S.F.0,9%
sem agitar o frasco; na infusão não associar com outras drogas por via EV;
b) Observe sinais de sangramento; faça compressão prolongada após
procedimentos invasivos;
c) Investigar junto ao paciente: história de TB, úlcera ativa, cirurgia recente.
Alteplase
Conceito: Ativador de Plasminogênio Tecidual – TPA - droga trombolítica,
eficaz na reperfusão coronariana, principalmente quando infundida precocemente
durante as crises de infarto miocárdico.
A dose recomendada em infusão rápida é de 15 mg – EV – em bolus, não
excedendo 50 mg na infusão seguinte (em cerca de 30 minutos).
168
Reteplase
Conceito : Retevase Recombinante é um agente trombolítico relativamente
recente, tem a vantagem de ser administrada em bolus.
A dose recomendada é de 10 Unidades – EV – em bolus por 2 minutos;
após 30 minutos administra-se mais 10 Unidades.
11.5 CHOQUE
Conceito: O choque é uma síndrome caracterizada por uma incapacidade
do sistema circulatório em fornecer oxigênio e nutrientes aos tecidos de forma a
atender as suas necessidades metabólicas.
Pode ocorrer durante o ato cirúrgico devido à hemorragia ou uso de drogas
anestésicas, durante a evolução de doenças coronarianas, queimaduras e
processos infecciosos graves. Essa síndrome necessita de correção rápida, caso
contrário, pode evoluir até á parada cárdio-respiratória em curto período de
tempo.
O choque, ou a deficiência de perfusão tecidual é determinado pelo
desequilíbrio entre os componentes básicos da circulação:
� Bomba cardíaca;
� Volume sanguíneo;
� Tônus vascular.
Outros fatores, além do desequilíbrio desencadeante da hipóxia, podem
resultar no estado de choque como:
Redução na oferta de nutrientes;
Deficiência na depuração de substâncias tóxicas;
Ação direta de toxinas;
Ativação de mecanismos agressores;
Deficiência nos mecanismos de defesa;
Interdependência entre órgãos e efeitos danosos do esquema terapêutico.
Insuficiência coração Déficit circulatório Hipoperfusão tecidual
Hipóxia celular
Sofrimento e morte celular
169
11.5.1 FISIOPATOLOGIA DO CHOQUE
Diminuição do volume sanguíneo circulante Decréscimo do retorno venoso ao coração Diminuição do rendimento cardíaco Queda da pressão arterial Vasoconstricção sistêmica e periférica Insuficiência microcirculatória (hipóxia isquêmica por cosntricção capilar) Insuficiência microcirculatória de estase (hipóxia de estase) Diminuição do retorno venoso Diminuição do volume sanguíneo circulante
11.5.2 IDENTIFICAÇÃO DAS CAUSAS DO CHOQUE
Tabela 1 – Causas do choque x sintomatologia
Tipo de Choque
Hipovolêmico Cardiogênico Neurogênico
Séptico
Causas
Hemorragia Queimadura extensa
ICC Arritmia Contusão miocárdica
TCE Lesão da medula espinhal
Infecção generalizada
Temperatura da pele
Pele fria e pegajosa
Pele fria e pegajosa
Pele quente e seca
Pele fria e pegajosa
Coloração da pele
Palidez Palidez
Rosada Palidez com aspecto rendilhado
Pressão Arterial
Diminuída Diminuída Diminuída Diminuída
Nível de consciência
Alterado Alterado Mantido Alterado
Enchimento capilar
Lentificado Lentificado Normal Lentificado
Fonte: Manual do Curso de Suporte Avançado no Trauma / ATLS, Colégio Americano de Cirurgiões, 1989. In: Manual do Curso de Suporte de Vida no Trauma para Enfermeiros /
170
TLSN, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 2003.
11.5.3 CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE HIPOVOLÊMICO
A classificação do choque hipovolêmico está relacionada ao grau de perda
de volume de líquido e / ou sangue. Para calcular o nível de perdas, lembre-se
que a volemia estimada para um adulto é cerca de 5.000 ml.
. Classe I: perda inferior á 15 % (menor que 750 ml)
. Classe II: perda inferior á 30 % ( menor que 1500 ml)
. Classe III: perda de 30 á 40 % (menor que 2000 ml)
. Classe IV: perda superior á 40 % (maior que 2000 ml)
Tabela 2 – Classificação do Choque Hipovolêmico
Classe I
Classe II Classe III ClasseIV
Perda de sangue (ml)
Até 750 ml 750 - 1500 1500 - 2000 > 2000
Perda de sangue (%)
Até 15 15 - 30 30 – 40 > 40
Freqüência cardíaca (bpm)
<100 >100 >120 >140
Pressão Arterial (mmHg)
Normal Normal Diminuída Diminuída
Aumentada Diminuída Diminuída Diminuída Freqüência respiratória (rpm)
14 -20 20 – 30 > 30 > 40
Enchimento capilar
Normal Lentificado Ruim Ruim
Débito urinário (ml / hora)
> 30 20 – 30 5 -15 < 5 Anúria
Nível de consciência (SNC)
Levemente ansioso
Ansiedade moderada
Ansioso e confuso
Confusão e letargia
Fluídos na reposição volêmica
Cristalóide Cristalóide Cristalóide e Hemoderivado
Cristalóide e Hemoderivado
Fonte: Manual do Curso de Suporte Avançado no Trauma / ATLS, Colégio Americano de Cirurgiões, 1989. In: Manual do Curso de Suporte de Vida no Trauma para Enfermeiros / TLSN, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 2003.
171
11.5.4 TRATAMENTO DO CHOQUE
O objetivo principal é restaurar a perfusão celular e dos órgãos, através da
adequada oxigenação do sangue circulante. As medidas freqüentemente
utilizadas para atingir este objetivo consistem em:
a) Repor o volume de líquidos perdidos na relação 3:1 (o triplo do volume perdido);
b) Melhorar a oxigenação através do aumento da FiO2 (a hipoxemia é presente no
estado de choque, portanto, a oferta precoce de O2 através de dispositivo com
reservatório acoplado e com alto fluxo de O2 é recomendável);
c) Sedação (redução da agitação e do consumo metabólico de O2);
d) Correção dos distúrbios: metabólicos, infecciosos e arritmias;
e) Uso de drogas inotrópicas (Dopamina, Dobutamina, Digitálicos, Vasodilatadores);
f) Buscar a estabilização dos órgãos, evitando o colapso e falência sistêmica.
Assistência de enfermagem
a) Observar do nível de consciência;
b) Manter monitorização hemodinâmica e avaliação dos parâmetros vitais;
c) Estar atento às condições dos acessos venosos (sinais de flebite, infiltração);
d) Controlar rigorosamente o volume e drogas infundidas;
e) Controlar o débito urinário realizando balanço hídrico;
f) Aquecer o paciente;
g) Manter cuidados gerais com cateteres diversos.
Lembre-se que cada tipo de solução tem características e finalidades diferentes, ou seja, da infusão de solução glicosada, após a metabolização da glicose resulta apenas a água, que provocará edema celular.
Já as soluções cristalóides, uma hora após a infusão, cerca de 2/3 do volume é desviado para o espaço extracelular, provocando edema.
Finalmente, há possibilidade de infusão de colóides, substitutos do plasma e hemocomponentes.
Este último apresenta larga vantagem por proporcionar melhora na volemia e possibilitar a melhora no transporte de O2, através da
172
11.6 EMERGENCIAS CARDÍACAS
O coração é a bomba que impulsiona o sangue, com determinada pressão,
proporcionando nesta circulação a nutrição e oxigenação das células do nosso
organismo.
Através da realização do ECG, da monitorização cardíaca podemos
acompanhar como está ocorrendo a atividade elétrica cardíaca.
No traçado eletrocardiográfico é possível detectar inúmeras alterações,
que se corretamente detectadas, permitem que condutas e assistências
adequadas sejam estabelecidas, evitando a parada cardíaca.
Entretanto, se houver uma falha no funcionamento dessa bomba,
importantes agravos podem advir, gerando sérias conseqüências ao indivíduo,
desde o aparecimento de sintomas sugestivos de uma patologia até parada
cardíaca.
Nesta última condição, esforços de ressuscitação podem restaurar a
atividade espontânea do coração, antes que o cérebro e outros órgãos nobres
sejam lesados em decorrência da hipoxemia.
Assim sendo, o principal objetivo do atendimento cardíaco em emergência
é fornecer um tratamento eficaz, tão rápido quanto possível, buscando a
restauração dos batimentos cardíacos espontâneos.
Os fatores mais comuns, causadores da falha no funcionamento do
coração são:
� Cardíacos (HAS, Arritmias, Doenças Coronarianas – IAM , Angina,
ICC, Choque)
� Traumas torácicos (contusão cardíaca, tamponamento cardíaco)
� Acidente Vascular Cerebral
� Distúrbios respiratórios importantes (Obstrução VAS, Hipóxia,
Broncoaspiração, EAP)
� Distúrbios metabólicos (hipocalcemia, desequilíbrio eletrolítico,
falência renal, transfusão maciça de sangue, sepsis)
� Choque elétrico
� Afogamento
� Hipotermia
173
� Drogas (cardiotóxicas, anestésicos)
Os métodos diagnósticos mais utilizados para identificar as injúrias no
coração são:
� Gráficos: ECG, Holter, Teste de Esforço
� Imagem: Ecocardiograma, Cintilografia
� Laboratoriais: sangue (TGO, TGP, CPK, CKMB, DHL)
� Cirúrgicos: EEF, Cateterismo Cardíaco
O algoritmo universal para atendimento cardíaco em emergência
preconizado pela American Heart Association (AHA) estabelece a seguinte
seqüência:
Avalie a responsividade;
Se não responsivo, chame ajuda especializada;
Peça um desfibrilador (em FV, TV promover a desfibrilação);
Avalie a respiração (abrir via aérea, VER, OUVIR, SENTIR);
Se o paciente não estiver respirando, faça duas ventilações de resgate
lentas;
Verifique a circulação (checar pulso carotídeo).
Os cuidados gerais estão associados á estabilização do quadro
durante e após a fase aguda:
a) Manter decúbito elevado e monitorização para avaliação permanente
da evolução do paciente;
b) Orientar o cliente para permanecer em repouso (absoluto até o 4º. dia
no IAM), evitando realizar esforços;
c) Observar as condições do acesso venoso, drenos e cateteres;
d) Verificar possíveis alterações (nível de consciência, déficit motor e
sensitivo);
e) Explicar sobre os diversos exames e o respectivo preparo;
f) Controlar rigorosamente a infusão de drogas e soluções, realizando
balanço hídrico;
g) Estar atento ás reações indesejadas das drogas administradas;
174
h) Proporcionar conforto (posicionamento adequado, higienização,
alimentação);
i) Fornecer oxigenoterapia, quando indicado;
j) Controlar peso para avaliação do edema / anasarca;
k) Realizar movimentação passiva ou orientar movimentação ativa,
informando sobre a gradativa redução dos sintomas;
l) Observar e valorizar as queixas do cliente;
175
CAPITULO XII
Lucia Tobase
TRAUMA II
12.1 TRAUMA DE TÓRAX
As lesões de tórax são a segunda principal causa de morte por trauma,
embora a maioria de todas as lesões traumáticas (90 % dos traumas fechados e
80 % dos ferimentos penetrantes), possa ser tratada sem cirurgia.
A avaliação imprecisa ou incompleta impede o reconhecimento de lesões
que podem passar despercebida, prejudicando a ventilação e a troca gasosa,
produzindo uma hipóxia tecidual, má perfusão, hipercabia (aumento de CO2 no
sangue) e acidose secundária ao metabolismo anaeróbio celular devido á má
oxigenação.
Causas: lesões por esmagamento, colisão veículos, quedas, prática de
esporte, FAF, FAB – fratura de costela, tórax instável, contusão pulmonar,
pneumotórax aberto / hipertensivo, hemotórax, tamponamento cardíaco.
Sintomatologia:
- Dor à palpação do tórax
- Presença de creptação óssea à palpação
- Presença de lesões ou equimoses no local
- Enfisema subcutâneo na parede torácica
- Taquipnéia progressiva
- Retração torácica na inspiração e abaulamento na expiração (tórax instável)
- Diminuição / ausência do murmúrio vesicular no lado afetado (pneumotórax)
- Cianose / tórax hipertimpânico à percussão / distensão das veias do pescoço /
desvio de traquéia ( pneumotórax hipertensivo)
- Sinais de choque / submacicez à percussão / hiporressonância (hemotórax)
- Abafamento das bulhas cardíacas / distensão das veias do pescoço
(tamponamento cardíaco
176
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:
a) Realizar a avaliação primária e secundária;
b) Administrar O2 - 100% á 15 lt / min;
c) Promover a analgesia e sedação se necessário;
d) Providenciar ventilação com pressão positiva (bolsa – valva – máscara ou VPM
após entubação);
e) Puncionar um acesso venoso;
f) Preparar o paciente para exames: R X, USG, CT ;
g) Iniciar reposição volêmica;
h) Preparar o paciente para procedimentos: pericardiocentese (tamponamento
cardíaco); descompressão pleural (pneumotórax); drenagem torácica
(pneumotórax, hemotórax); toracotomia;
i) Preparar o paciente para intervenção cirúrgica: cuidados pré-operatórios e
encaminhar ao C.C.
12.2 TRAUMA ABDOMINAL
Evento conseqüente de traumas na região abdominal, onde a força do
impacto contra objetos, superfícies, socos ou a penetração de objetos provocam
lesões nos órgãos e vasos internamente localizados nesta região.
Causas: Trauma abdominal fechado (contusão, compressão, fratura de bacia,
com lesão interna de órgãos e vasos importantes) ou trauma abdominal aberto
(lesão penetrante, FAF, FAB, atingindo órgãos como fígado, a. aorta abdominal,
v. cava, alças intestinais e derramamento de líquidos para a cavidade peritoneal).
EXAME FÍSICO
* Inspeção: expor o abdome, observar contusões, abrasões, ferimentos,
sangramentos, hematomas, evisceração (não recolocar as vísceras de volta na
cavidade abdominal) ou objetos empalados (manter imobilizado no local e evitar
remover, devido ao risco de sangramento);
177
* Palpação: rigidez abdominal (provável sangramento interno), dor à palpação, com
gestos de defesa;
* Distensão é encontrada raramente, desencadeia-se mais tardiamente;
* Atenção às gestantes (considerar 2 vítimas = mãe e feto): tratar a gestante como
uma paciente em condições fisiológicas especiais, em decorrência das alterações na
volemia, nos níveis pressóricos, na lentidão do peristaltismo no trato digestório, da
necessidade de posicionamento correto, além dos sinais próprios de trabalho de
parto prematuro (dinâmica uterina, amniorrexe prematura, sangramento,
descolamento de placenta). Se possível, providencie a monitorização do batimento
cárdio fetal.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM:
a) Observar nível de consciência;
b) Puncionar acessos venosos calibrosos / coleta de sangue (exames laboratoriais);
c) Infundir líquidos / hemocomponentes;
d) Preparar o cliente para exames diagnósticos (UlSG, CT, RX) e / ou
procedimentos cirúrgicos;
e) Cuidar das lesões externas / controle do sangramento;
f) Proceder ao cateterismo: gástrico, vesical, quando indicado;
g) Em caso de empalamento: manter o objeto encravado no local até possibilidade
de retirada segura, através de identificação radiológica da forma e localização do
objeto e órgão afetado (pronta reposição sanguínea e equipe cirúrgica presente);
h) Em caso de evisceração: proteger a porção eviscerada com compressas estéreis
umedecidas em solução salina estéril até a realização da cirurgia – não tente
recolocar o órgão de volta à cavidade, pelo risco de causar maiores danos
(ruptura, torções e isquemia);
i) Em caso de gestantes: conhecer as alterações anatômicas na gestação é
importante (o útero está protegido na pelve até cerca de 12 semanas; com o
aumento da idade gestacional, a altura uterina vai progredindo, o que significa
maior exposição e risco ao feto, às membranas e à placenta).
178
Considerar o aumento da volemia ao final da gestação, portanto, a gestante
pode perder cerca de 30 á 35 % do volume sanguíneo sem sinais evidentes na
alteração da PA ou hipovolemia.
Em razão do aumento uterino e compressão gástrica, a digestão é mais lenta,
tornando a gestante mais susceptível ao vômito e risco de broncoaspiração.
Em relação ao feto, é seguro manter a oferta de O2.
Manter a gestante em DLE, se possível, também contribui no
restabelecimento da circulação venosa materna. Na impossibilidade do
posicionamento lateralizado, elevar a perna direita e mobilizar o útero,
empurrando-o suavemente para a esquerda.
12.3 LESÕES DO APARELHO LOCOMOTOR
As lesões do sistema locomotor podem acometer o indivíduo em diversas
situações, da forma mais corriqueira como no caso de uma entorse ou mais
grave, com múltiplas lesões, por vezes incapacitantes.
A incidência maior está relacionada aos acidentes automobilísticos,
acidentes de trabalho, acidentes domiciliares, especialmente com idosos e
crianças (risco de acidentes domésticos e vítima de violência familiar).
Freqüentemente podemos encontrar:
a) CONTUSÃO: quando ocorre um impacto de uma parte do corpo contra uma
superfície rígida. A reação inflamatória local é caracterizada por: dor, calor, rubor,
edema e posteriormente, aparecimento de hematomas e equimoses.
O tratamento da contusão requer cuidados simples, desde que não haja
outra lesão associada:
- administração de analgésicos / antiinflamatórios para alívio da dor;
Lembre-se que a aparente estabilidade da gestante não implica na
estabilidade do feto – a monitorização fetal é importante bem como o
acompanhamento da dinâmica uterina, em presença de contrações.
179
- aplicação de gelo nas primeiras horas para minimizar o edema e hematoma;
- se possível, manter o membro elevado, em repouso.
b) ENTORSE: ocorre na movimentação brusca de uma área articular, sem
deslocamento dos ossos na cápsula articularem. A lesão local é caracterizada
por: dor, calor, rubor, edema, deformidade e posteriormente, aparecimento de
hematomas.
Dependendo da gravidade da entorse, pode ser acompanhada de
rompimento de ligamentos, tendões, comprometendo a capacidade funcional do
membro afetado.
O tratamento requer cuidados, conforme os agravos causados:
- utilização de analgésicos / antiinflamatórios para alívio da dor;
- aplicação de gelo nas primeiras horas para minimizar o edema e hematoma;
- se possível, manter o membro elevado, em repouso;
- realização de R X (excluir possibilidade de fratura);
- imobilização (tala, aparelho gessado);
- reabilitação fisioterápica, quando indicado.
c) LUXAÇÃO: após a movimentação brusca da articulação, ocorre o
deslocamento dos segmentos ósseos dentro da cápsula articular, podendo voltar
imediatamente ao posicionamento original ou manter-se desalinhado. A luxação é
caracterizada por: dor, calor, rubor, edema, deformidade e posteriormente,
aparecimento de hematomas.
Dependendo da gravidade da luxação, podem ser acompanhada de
rompimento de meniscos, ligamentos, tendões, comprometendo a capacidade
funcional do membro afetado.
O tratamento da luxação requer cuidados, conforme os agravos causados:
- utilização de analgésicos / antiinflamatórios para alívio da dor;
- aplicação de gelo nas primeiras horas para minimizar o edema e hematoma;
- se possível, manter o membro elevado, em repouso;
- realização de R X (excluir possibilidade de fratura);
- imobilização (tala, aparelho gessado);
- reabilitação fisioterápica, quando indicado.
180
d) FRATURA: decorrente da aplicação de uma força brusca, provocando a
perda da integridade de um ou mais segmentos ósseos. A fratura é caracterizada
por: dor, calor, rubor, edema, deformidade, crepitação e posteriormente,
aparecimento de hematomas.
Dependendo do tipo e da gravidade da fratura, pode ser acompanhada de
lesões dos tecidos adjacentes, comprometendo a capacidade funcional do
membro afetado.
Com relação à manutenção da integridade da pele, a fatura pode ser
classificada em dois tipos:
- Fechada: quando ocorre a perda da integridade do segmento ósseo, porém,
externamente a pele mantém-se íntegra. Os tipos de fraturas fechadas mais
comuns são: Simples, Espiralada, Composta, Cominutiva, Galho Verde (freqüente
em crianças).
- Exposta: quando ocorre a perda da integridade do segmento ósseo, e
externamente da pele, apresentando uma solução de continuidade que
representa uma porta de entrada e significativo risco de infecção.
O tratamento requer cuidados, conforme os agravos causados:
- realização de R X (confirmar a possibilidade de fratura e o tipo);
- utilização de analgésicos / anti-inflamatórios para alívio da dor;
- imobilização (tala, aparelho gessado);
- se possível, manter o membro elevado, em repouso;
- reabilitação fisioterápica, quando indicado.
EXAME FÍSICO
* Avaliar o paciente de maneira global (nem sempre as lesões aparentes
merecem tanta atenção nem representam os fatores de maior risco);
* Examinar todos os segmentos (as queixas imediatas podem não estar
associadas ás outras lesões existentes, porém, não evidentes);
181
* Identificar ferimentos (FCC), sangramentos, edemas, hematomas,
deformidades, crepitações e locais dolorosos à palpação – proceda à palpação de
forma criteriosa, porém, delicada para não agravar o quadro;
* Analisar as queixas e suas causas (o mecanismo da lesão, posição e local onde
o paciente se encontrava), associando á área afetada (coerência das informações
– situações de violência, principalmente domiciliar, em geral, são omitidas);
* Avaliar lesões que representam maior risco ao paciente: lesões com
esmagamento, fratura no cotovelo ou joelho (maior risco de incapacidade
funcional), presença de edema circunferencial (risco de síndrome de
compartimento), fraturas com lesão vascular ou nervosa (compromete a
circulação, sensibilidade e motricidade), fraturas expostas (risco de infecção,
lesão de tecidos, vasos e nervos adjacentes, embolia gordurosa), fratura da bacia
e fêmur (choque hipovolêmico hemorrágico risco de lesões associadas);
Sintetizando, em relação ao membro afetado:
• Avaliar circulação local (coloração, temperatura, perfusão periférica);
• Avaliar função motora (solicitar a flexão / extensão de parte do membro ou
extremidades);
• Avaliar função sensitiva (sensibilidade preservada, parestesia);
• Presença / ausência de pulso distal (a palidez e ausência de pulso
ocorrem quando há comprometimento da irrigação arterial e podem ser
melhoradas com a mudança cuidadosa na posição do membro fraturado).
Assistência de Enfermagem:
a) Priorizar o controle e manutenção do A, B, C ;
b) Remover jóias e adornos principalmente no lado afetado (formação de edema e
dificuldade de retirada posteriormente);
c) Manter o alinhamento dos segmentos fraturados;
d) Realizar a punção venosa para reposição de fluídos e drogas (analgesia);
182
e) Preparar o paciente para exames e procedimentos (RX, redução da luxação ou
fratura, colocação e cuidados com aparelho gessado, preparo pré-operatório);
f) Verificar a perfusão periférica e presença de pulso distal do membro fraturado
antes e após a imobilização;
g) Manter cuidados com a lesão em fraturas expostas: higienizar bem, proteger com
curativo oclusivo e orientar sobre os procedimentos cirúrgicos (uso de tração,
colocação de fixadores externos), providenciar / manter a imobilização do
segmento fraturado, á fim de não provocar mais danos nos tecidos, vasos e
inervação adjacente;
h) Atenção aos sintomas tardios relacionados á embolia gordurosa;
i) Investigar a necessidade de profilaxia do tétano.
Talas de diferentes
tamanhos e formatos
podem ser utilizadas para
a imobilização
Método de imobilização utilizando madeira e tiras d e tecido / bandagem
triangular
183
12.3.1 SÍNDROME DE COMPARTIMENTO
Causada pelo aumento de pressão no tecido decorrente da formação de
um envelope limitador constituído pela pele, fáscia, osso, como um molde
apertado, gerando isquemia.
Suspeite da ocorrência da síndrome de compartimento quando:
� Dores intensas, desproporcionais ao tipo de lesão;
� Ausência de pulso, palidez, parestesia, paralisia;
� Cuidados específicos:
� Promover ótima circulação;
� Elevar e resfriar o membro lesado;
� Cuidar e aliviar as pressões de compartimento;
� Preparo para realização de escarotomias ou procedimentos cirúrgicos.
12.3.2. DESENLUVAMENTO
Consiste na laceração e descolamento da pele, com a exposição das
estruturas internas, como o tecido subcutâneo, vasos, músculo; atinge mais
freqüentemente extremidades como os dedos, mãos e pés.
Cuidados pré-hospitalares específicos:
- Recolocar as partes lesadas em posição funcional;
- Não lavar, esfregar ou aplicar solução antisséptica nas partes afetadas;
- Proteger com curativo seco, estéril;
- Controlar o sangramento com o curativo compressivo;
- Imobilizar o membro apoiando com uma tala;
- Aplicar bolsa de gelo na parte externa do curativo;
LEMBRETE: Ao realizar a imobilização de um membro: - verificar pulso distal e perfusão periférica antes e após a imobilização, - a imobilização da área fraturada deve envolver a articulação acima e abaixo do local
fraturado, - para isto utilize um material rígido o suficiente para evitar a mobilização dos segmentos
ósseos fraturados. - o enfaixamento deve ser realizado da parte distal para proximal (ou seja, da extremidade em
direção ao tronco)
184
- Não tocar no ferimento;
- Guardar os pedaços de pele ou partes laceradas em saco plástico e mantê-la
resfriada em gelo (não imergir os fragmentos de pele em água gelada nem
colocar diretamente no gelo).
Cuidados hospitalares específicos:
- Controle da dor;
- Limpeza do local com solução salina estéril;
- Controle do sangramento;
- Cuidados pré-operatórios para microcirurgia, enxerto de pele;;
- Profilaxia do tétano.
12.3.3. AMPUTAÇÃO
Consiste na separação parcial ou total de um membro em relação ao corpo.
a) amputação parcial : quando parte da área afetada continua ligada ao corpo (dedo
parcialmente cortado preso à mão).
Cuidados pré-hospitalares específicos:
- Recolocar as partes lesadas em posição funcional;
- Não lavar, esfregar ou aplicar solução antisséptica nas partes afetadas;
- Proteger com curativo seco, estéril;
- Controlar o sangramento com o curativo compressivo;
- Imobilizar apoiando com uma tala;
- Aplicar bolsa de gelo na parte externa do curativo.
Cuidados hospitalares específicos:
- Controle da dor;
- Limpeza do local com solução salina estéril;
- Controle do sangramento;
- Cuidados pré-operatórios para microcirurgia e reimplante se possível;
- Profilaxia do tétano.
b) amputação completa: quando ocorre a separação total da parte lesada em
relação ao ponto de origem (separação do dedo em relação à mão)
185
Cuidados específicos:
- Colocar a parte amputada em um saco plástico e mantê-la resfriada em gelo;
- Não colocar a parte amputada diretamente em água gelada ou no gelo;
- Em caso de mais de uma parte amputada, procurar mantê-las em posição
funcional;
- Não lavar, esfregar ou aplicar solução antisséptica nas partes afetadas;
- No local lesado, aplicar curativo seco, esterilizado, mantendo compressão para
controlar sangramento;
- Manter a extremidade imobilizada com tala e elevada;
- Aplicar bolsa de gelo na parte externa do curativo;
- Cuidados pré-operatórios, quando indicado.
186
CAPITULO XIII
Lucia Tobase
TRAUMA III
13.1 Trauma crânio-encefálico e de coluna
O trauma crânio-encefálico é a causa mais comum de morte por trauma.
Em geral, atingem adultos jovens vítimas de colisões automobilísticas,
freqüentemente associadas ao abuso de álcool e drogas.
O impacto da cabeça contra qualquer objeto pode provocar lesões no
crânio ou no encéfalo, daí a importância de analisar a cinemática do trauma
(velocidade do veículo, aceleração /desaceleração, uso de equipamento de
segurança, força do impacto na colisão, na queda, perda de consciência).
EXAME FÍSICO
* Nível de consciência: responde prontamente aos estímulos, confusão mental
(diferenciar um lapso de memória temporário em decorrência da situação de estresse
e uma dificuldade de associação de fatos por lesão cerebral). Para avaliação
neurológica rápida pode-se empregar o método mnemônico AVDI (Alerta, resposta
Verbal, resposta à Dor ou Irresponsivo);
* Inspeção da cabeça: ferimentos corto-contusos (FCC), laceração do escalpo,
sangramento, deformidades e creptações (fratura craniana), abaulamentos (edema,
hematoma), saída de líquor (LCR) por orifícios naturais (ouvidos, narinas). Proceder
à inspeção e palpação com movimentos cuidadosos, evitando causar lesões
raquimedulares na região cervical;
• Função motora-sensorial: percepção e reação aos estímulos, tônus
muscular.
a) Fotorreação das pupilas: a anisocoria é indicativo de lesão cerebral;
b) O priapismo, perda de controle esfincteriano (anal, vesical) são indicativos de
lesão cerebral;
c) Aplicação da Escala de Coma de Glasgow.
187
No exame do quadro neurológico se utilizam os valores da Escala de
Coma de Glasgow para se identificar a melhor resposta ocular, verbal e motora,
com pontuação que varia de 3 à 15.
Esta escala foi idealizada por Teasdale e Jennett, sendo considerada a
forma mais prática de avaliação quantitativa do nível de consciência e da
intensidade do coma.
Pela simplicidade nas informações, é comparável com outras escalas ou
métodos mais complexos, fornecendo dados para uma avaliação rápida e
adequada quanto à condição neurológica do cliente.
13.1.2 ESCALA DE COMA DE GLASGOW
Abertura ocular
Espontânea
4
Estímulo verbal 3 Estímulo doloroso 2 Nenhuma 1 Resposta verbal
Orientado
5
Confuso 4 Palavras inapropriadas 3 Sons / gemidos 2 Nenhuma 1
Resposta motora
Obedece a comandos
6 Localiza a dor 5 Retirada do membro 4 Flexão 3
Extensão 2 Nenhuma 1
Pacientes que recebem pontuação menor ou igual a oito são pacientes
considerados em estado de coma grave. No traumatismo crânio encefálico grave,
os padrões respiratórios podem evoluir desde taquipnéia a bradipnéia, ou até
mesmo para padrões respiratórios patológicos por lesão cerebral e do tronco
cerebral (Cheyne-Stokes, hiperpnéia neurogênica central, respiração apnêustica e
188
agônica). Esses dados nos permitem, então, associar a informação com possível
deterioração crânio-podal.
EXAMES COMPLEMENTARES
A tomografia computadorizada de crânio é o método radiológico mais
importante no paciente com trauma de crânio encefálico grave, pois, é realizada
para identificar lesões agudas, como hemorragia intracraniana aguda, lesões do
parênquima cerebral, fraturas de crânio e pneumocrânio.
A avaliação deste método permitiu, em 1991, uma nova classificação do
trauma de crânio realizada por Marshall e col., com dois objetivos principais:
permitir uma classificação mais acurada para que pacientes com maior riscos de
deterioração e permitir predizer mais precisamente, quando da avaliação inicial do
paciente, sobre a evolução deste (fatal ou não).
Assistência de Enfermagem:
a) Observar nível de consciência e evolução: orientado, alterna períodos de
orientação e confusão mental, torpor, coma;
b) Manter imobilização cervical até indicação de retirada segura (risco de trauma
raquimedular);
c) Otimizar a perfusão cerebral:
. oxigenação (ventilação espontânea / VPM)
. monitorização hemodinâmica e por oximetria
. reposição de fluídos
. administração de corticosteróides, diuréticos, sedativos
. manutenção dos níveis pressóricos adequados
. posicionamento da cabeça e decúbito elevado
. controle da pressão intra-craniana (PIC)
d) Manter parâmetros vitais, especialmente temperatura e PA;
e) Preparar e encaminhar o paciente para exames e procedimentos:
. R X, tomografia computadorizada
. Cateterização: venosa, gástrica, vesical
. Cuidados pré-operatórios para cirurgia craniana
f) Controle da infusão hidroeletrolítica e do débito urinário
190
Tabela 1 – Lesão da inervação da medula espinhal e o controle da função
motora
Fonte: Manual do Curso de Suporte Avançado no Trauma / ATLS, Colégio Americano de Cirurgiões, 1989. In: Manual do Curso de Suporte de Vida no Trauma para Enfermeiros / TLSN, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 2003.
Nível da inervação da medula espinhal
Função motora comprometida pela lesão
C 4 Perda de toda função motora da parte abaixo do pescoço
C 5 Incapacidade de levantar os braços
C 5 – 6 Incapacidade de realizar a flexão dos cotovelos
C 6 Incapacidade de realizar a dorsiflexão dos punhos
C 7 Não realização da flexão dos dedos da mão
T 1 – 8 Alteração na movimentação da musculatura da região torácica
T 6 – 12 Alteração na movimentação da musculatura da região abdominal
L 1 – 3 Comprometimento na realização da flexão do quadril
L 2 – 4 Comprometimento na realização de movimentos do joelho
L 4 – 5 Comprometimento na realização da dorsiflexão dos joelhos
L 5 – S 1 Comprometimento na movimentação do hálux
S 1 – 2 Alteração na realização da flexão plantar do pé
S 3 – 5 Alteração na movimentação da musculatura do períneo
191
13.2 Trauma de face
São eventos decorrentes do impacto da região facial contra uma superfície,
cuja resistência provoca danos funcionais e estéticos ao paciente.
As causas mais comuns estão associadas aos acidentes de carro, quedas,
lesão penetrante, trauma contuso, queimaduras.
Em decorrência da intensa vascularização na área facial, são freqüentes o
sangramento e hemorragia, com possível comprometimento na respiração e
ventilação do cliente, devido risco de aspiração.
A estrutura óssea também pode ser acometida, originando fraturas, uma
vez que as estruturas nessa região são mais delicadas. As áreas proeminentes
como a testa, maçã do rosto, queixo e articulação têmporo mandibular (ATM) são
mais freqüentemente atingidas.
Conseqüentemente, a funcionalidade da região também fica
comprometida, gerando dificuldades quanto á visão, olfato, paladar e capacidade
de alimentação (ingestão de líquidos, alimentos pastosos).
A higienização também merece cuidados especiais, principalmente a
higiene oral nos clientes que necessitam manter uma oclusão total entre a arcada
superior e inferior.
Em geral, essas lesões originadas de contusões, lacerações, onde as
bordas da ferida são irregulares, ás vezes de difícil cicatrização em função da
contaminação, tem comprometido em seu resultado final, a aparência e auto-
estima do cliente.
EXAME FÍSICO
* Verificar nível de consciência: certifique-se que as lesões na face não estão
relacionadas a um provável TCE, portanto, não deixe de examinar a cabeça (lesão
craniana / couro cabeludo);
* Avaliar a permeabilidade das vias aéreas e respiração eficaz: o trauma na face
pode ocasionar sangramento abundante e hemorragia, por vezes difíceis de
controlar, devido à impossibilidade de manter uma compressão efetiva no local. Esta
192
circunstância pode provocar certa dificuldade respiratória, com risco de aspiração do
sangue;
* Identificar sinais e sintomas de choque: esta associando diz respeito ao
sangramento copioso e risco de hipovolemia;
* Examinar a integridade da face: investigue a presença de lesão, sangramento,
creptação, deformidade, fratura, assimetria, má oclusão bucal, dente solto ou prótese
dentária na cavidade oral.
Assistência de Enfermagem:
a) Verificar a manutenção ou variação do nível de consciência;
b) Avaliar a capacidade respiratória (angústia, dispnéia), atentando para presença
de cianose; desconforto respiratório, diminuição da saturação (Oximetria);
c) Identificar e controlar sangramento;
d) Promover o alívio da dor;
e) Cuidar das lesões e realizar de curativos;
f) Providenciar a profilaxia do tétano, quando indicada;
g) Identificar a presença de déficit motor e / ou sensoriais;
h) Orientar quanto às medidas de autocuidado: higienização oral, uso de material e
produtos adequados, não abrasivos. Quando em uso de tampão ocular unilateral,
promover o descanso visual periodicamente. Acompanhamento de profissionais
especializados em diversas áreas: fonoaudiólogo, psicólogo, esteticista, cirurgia
plástica, bucomaxilofacial.
193
13.2.1 EMPALAMENTO
Em caso de
empalamento de objetos,
evitar retirá-los até a
realização de RX para
identificar o risco de lesão de
áreas adjacentes e possíveis
hemorragias.
Mantenha o objeto
imobilizado no próprio local
em que estiver encravado,
promovendo uma fixação
para evitar a mobilização e
maiores agravos.
Proteja a extremidade
do objeto para evitar traumas
maiores, decorrentes de
impacto sobre o objeto
encravado.
Se o empalamento
ocorrer na região ocular,
promova um enfaixamento a
fim de ocluir inclusive o olho
sadio.
194
CAPITULO XIV
Lucia Tobase
INTOXICAÇÃO
14.1 Conceito
Um tóxico é qualquer substância que, quando ingerida, inalada, aplicada na
pele ou produzida dentro do corpo e absorvida, mesmo em quantidade
relativamente pequena, lesa o organismo através de sua ação química.
A intoxicação por inalação e ingestão de substâncias tóxicas, inadvertida ou
propositalmente, constitui um risco importante de saúde e uma situação de
emergência.
O tratamento de emergência é iniciado visando ás seguintes metas:
a) Remover ou inativar o tóxico antes que ele seja absorvido;
b) Fornecer cuidados de suporte na manutenção de sistemas orgânicos vitais;
c) Administrar um antídoto específico para neutralizar a substância tóxica;
d) Implementar o tratamento que acelere a eliminação do tóxico absorvido,
minimizando os riscos decorrentes da presença da droga e seus efeitos
nocivos.
Assistência de Enfermagem:
a) Identificar o tipo de substância causadora da intoxicação;
b) Instituir medidas que visem reduzir os efeitos deletérios: cateterismo e lavagem
gástrica associada ou não á administração de carvão ativado; retirada de eventuais
resíduos sobre a pele através de irrigação abundante com água ou solução salina;
administração de fármacos de ação antagonista;
c) Realizar a punção venosa, conforme a causa da intoxicação (droga depressora do
SNC e risco de PCR), administrando fluidos e fármacos indicados;
d) Observar o nível e alteração de consciência (convulsão, agitação, confusão,
letargia, coma);
e) Manter decúbito elevado e oferta de O2, se necessário;
f) Preparar o cliente para exames: RX, ECG, coleta de sangue;
196
CAPÍTULO XV
Miriam Campos
SISTEMA NEUROLÓGICO
15.1 Anatomia e Fisiologia do Sistema Nervoso
O sistema nervoso (SN) está organizado em nosso corpo juntamente com
o sistema endócrino, com a finalidade de controlar e coordenar todos os
processos vitais que se desenvolvem involuntariamente nos órgãos internos e as
manifestações voluntárias que promovem o relacionamento do organismo com o
meio ambiente. Isto é, ele cria um reconhecimento do meio ambiente e torna-o
possível para que o corpo humano responda as mudanças ambientais
precisamente.
Por exercer um papel fundamental no funcionamento de nosso organismo,
os órgãos do sistema nervoso, encontram-se protegido por ossos que compõem o
crânio e a coluna vertebral, como que protegido por uma armadura.
Fig. 15..1 Osso do crânio. Fonte: wwww.corpohumano.hpg.ig.com.br
197
Os ossos que compõem o crânio são: um frontal, dois parietais, dois
temporais e um occipital que darão os nomes aos respectivos lobos cerebrais: um
frontal, dois parietais, dois temporais e 1 occipital.
Os ossos que compõem a coluna vertebral são as vértebras. Cada vértebra
possui um orifício em seu interior denominado de forâmen vertebral. As vértebras
se apresentam justapostas por discos cartilaginosos, denominados discos
vertebrais, compondo um tubo chamado de canal medular por onde passa a
medula espinhal. A coluna vertebral está descrita como a coluna cervical com
sete vértebras cervicais, a coluna torácica com 12 vértebras torácicas, a coluna
lombo-sacral 5 vértebras lombares e o osso sacro que é composto por quatro
vértebras soldadas formando um só osso onde em sua extremidade distal está o
osso coccígeo conhecido como cóccix.
O Tecido Nervoso
Neurônio
O tecido nervoso é formado por células altamente especializadas,
denominadas neurônios (fig.2). O núcleo do neurônio situa-se no centro do corpo
celular. Deste corpo saem ramificações denominadas dentritos e um
prolongamento chamado axônio. O axônio é revestido por uma membrana
gordurosa denominada bainha de mielina. Esta bainha é responsável por
aumentar a velocidade com que o impulso nervoso é conduzido de um neurônio
ao outro e esta relacionada com várias doenças degenerativas do SN. O impulso
nervoso é transmitido de um neurônio ao outro pelos dentritos, chegando até o
198
cérebro. Identificamos de cor acinzentada o conjunto de corpos celulares dos
neurônios e de cor branca o conjunto de axônios, denominando assim de
substância cinzenta e substância branca respectivamente. Por esta razão ao
analisarmos macroscopicamente a
estrutura encefálica encontramos em sua
periferia, o córtex cerebral de coloração
cinza e em seu interior a coloração
esbranquiçada. Esta apresentação
acompanha por toda a
Fig. 15..2 Neurônio a medula espinhal. Fonte: wwwwcorpohumano.hpj.ig.com.b
15.1.2 Funcionamento do Sistema Nervoso
O impulso nervoso
O SN é dividido descritivamente em duas partes: Sistema Nervoso Central
(SNC) que incluem o encéfalo e a medula espinhal e o Sistema Nervoso
Periférico (SNP) que incluem 12 pares de nervos cranianos e trinta e um pares de
nervos espinhais. Os nervos espinhais captam informações sensitivas e
conduzem seus impulsos a várias estruturas do SNC e a centros encefálicos
tornando-os possíveis suas interpretações e o envio de resposta, conscientes ou
inconscientes, apropiados ao impulso sensitivo.
199
Fig. 15.3 Fonte: BARROS e PAULINO, 1999
Esse mecanismo de captar a informação, encaminhar ao cérebro, codificar
a informação, formar a resposta e enviar de volta aos músculos voluntários,
involuntários ou glândulas, depende da ação de estruturas específicas. Esse
mecanismo é conhecido como “arco-reflexo”, o qual expressa essa complexa
“excitação-resposta” realizado pelas vias sensitivas, motoras e pelos centros
nervosos. .
As fibras aferentes ou sensitivas – são vias nervosas que conduzem os impulsos
originados nos receptores externos (visuais, auditivos, olfatórios, gustativos e
táteis) ou internos existentes em diversos órgãos e sensíveis a modificações
químicas, à pressão ou tensão.
� Centros nervosos – locais de formação da resposta ao estímulo enviado
pelas vias sensitivas.
� Vias eferentes ou motoras – são vias nervosas que conduzem à resposta
voluntária ou involuntária dos centros nervosos para o tecido muscular ou
glandular.
200
As fibras nervosas eferentes periféricas que enervam os músculos lisos, músculo
cardíaco e glândulas são referidas como Sistema Nervoso Autônomo, Simpático e
Parassimpático.
15.2 Circulação Cerebral
A circulação cerebral é constituída por dois compartimentos. A circulação
sanguínea e a circulação liquórica.
15.2.1 Circulação Sanguínea
O tecido nervoso é nutrido por uma complexa rede circulatória arterial e
venosa. O sangue arterial nutre o tecido nervoso basicamente com glicose e
oxigênio provendo desta maneira todo o suprimento energético necessário. As
artérias carótidas levam sangue ao cérebro
pelas artérias vertebral direita e esquerda,
distribuindo-o aos hemisférios através do
polígono de whilis.
Fig. 15.4 Polígono de whilis
Fonte: www.cerebromente.org.br/n14/doenças/avc.
html
O retorno venoso ocorre pelas veias cerebrais, jugulares, chegando ao
coração pela cava superior. Distúrbios no suprimento sanguíneo arterial ou da
anatomia circulatória ou então problemas dos vasos sanguíneos levam a
comprometimentos graves do funcionamento da massa encefálica e,
conseqüentemente, a debilidades, ou então, até mesmo a morte do indivíduo.
201
15.2.2 Circulação liquórica
Além da circulação sanguínea cerebral temos a circulação liquórica. Esta
consiste na circulação do líquor, ou líquido cefalorraquidiano, em torno do sistema
nervoso central. O líquor é um componente intracerebral muito importante para
sua homeostase. Em condições de normalidade apresenta aspecto límpido,
incolor, denominado “água de pedra”. Tem como função principal proteger o SNC,
agindo como amortecedor de choques e mantendo o equilíbrio das pressões
internas e externas entre a cavidade craniana e o encéfalo além de auxiliar na
defesa contra agentes e microorganismos externos devido aos seus anticorpos e
leucócitos. Seu compartimento restringe-se nas cavidades ventriculares
encefálicas e no espaço subaracnóide por todo o encéfalo e medula espinal. É
produzido nos plexos coróides ventriculares e absorvido pelas granulações
aracnóides para os seios da dura máter passando para rede venosa cerebral. Sua
produção é em média de 0,35 ml/min, cerca de 500ml/dia.
ventriculares e o espaço subaracnóide contêm cerca de 150ml de líquor, que se
renovam 3 a 4 vezes por dia. Qualquer
distúrbio na produção, absorção ou condução
do líquor acarreta em danos sérios ao
funcionamento cerebral. Sua função além de
proteção mecânica e de participar da
homeostase.
Fig. 24.5 Circulação Liquórica Fonte: http://images.google.com.br/images?imgur/=http://www.cerebromente.org.br
202
15.3 Divisão do Sistema Nervoso Central
15.3.1 Sistema Nervoso Central
O SNC dirige todos os processos físicos e intelectuais que podem ser
provocados voluntariamente e que são capazes de se transformar em sensações
conscientes. O encéfalo é constituído pelo cérebro, tronco cerebral e cerebelo.
Apresenta na sua parte central a substância branca (formada predominantemente
por fibras nervosas com bainha de mielina) e externamente a substância cinzenta
(formada principalmente pelos corpos das células nervosas e fibras sem bainha
de mielina).
Cérebro
É a maior parte do encéfalo, e na sua superfície estão localizados os
“centros nervosos” a partir dos quais os impulsos motores são enviados aos
músculos, e para o qual chegam os impulsos sensitivos a partir de vários nervos
sensitivos. Compõem-se de dois hemisférios cerebrais os quais possuem
circunvulsões ou giros, salientes, separados por sulcos. As partes maiores dos
hemisférios são separadas por fendas mais profundas e constantes. Entre os dois
hemisférios encontra-se a fissura longitudinal ou inter-hemisférica. Cada
hemisfério cerebral além de abrigar a sua respectiva cavidade ventricular
(ventrículos laterais), é dividido por lobos de funções distintas. O corpo caloso une
os dois hemisférios. Esses têm a forma e o aspecto simétricos. Os lobos
relacionam-se com os ossos homônimos do crânio. (fig. 6)
203
Fig. 15.6 Lobos cerebrais Fonte: http://www.marcobueno.net/administração/img/galeria_imagem/1651.gif
� Lobo Frontal – Em número de um, é o centro das funções mentais
superiores (atitudes e respostas emocionais, processo de pensamento,
senso de humor, autoconfiança, motivação...).
� Lobo Parietal – Em número de dois, direito e esquerdo, é o centro das
impressões táteis, térmicas e coordenação dos movimentos musculares
voluntários.
� Lobo Temporal – Em número de dois, direito e esquerdo, é o centro das
impressões auditivas.
� Lobo Occipital – Em número de um, é o centro das impressões visuais.
Tronco Encefálico
Também chamado de tronco cerebral, situa-se inferiormente ao cérebro e
anteriormente ao cerebelo, recobrindo-o em grande parte. Possui células que
formam o núcleo da maioria dos nervos cranianos, entre eles, centros vitais
204
relacionados com o controle reflexo da respiração e cardiocirculatório. Relaciona-
se com o cerebelo, a medula espinhal e o cérebro. Está relacionado com os
reflexos, pois as vias aferentes e eferentes passam por ele concluindo a repostas
a um estímulo sensitivo.
Apresenta três subdivisões principais:
� Mesencéfalo – conecta a ponte e o cerebelo aos hemisférios cerebrais.
� Ponte – anteriormente ao cerebelo, entre o mesencéfalo e o bulbo, reúne
importantes centros controladores do coração, respiração e pressão
sanguínea.
� Bulbo – passa as fibras motoras do encéfalo para a medula espinhal e as
fibras sensitivas da medula espinha para o encéfalo. A maioria dessas
fibras se cruza a esse nível, portanto, a região direita abastece o lado
esquerdo do corpo e vice-e-versa.
Cerebelo
Funciona de maneira coordenada com o cérebro e o tronco encefálico. Sua
função típica é auxiliar a seqüência simultânea e consecutiva de ativação e
inativação de músculos agonistas e antagonistas durante um movimento.
Controla
movimento, a tonacidade muscular e participa na manutenção de equilíbrio do
corpo.
Meninges
Tanto o encéfalo como as medulas espinhal são envolvidas e protegidas pelas
três meninges, formadas por tecido conjuntivo. As meninges recobrem e dão
proteção ao tecido nervoso. Os espaços entre elas têm importância anátomo-
205
clínica e é nele por onde percorre o líquido cefalorraquidiano, o líquor. As
meninges são e seus espaços são respectivamente.
Fig. 15.7 Meninges e os espaços entre elas Fonte: http://www.nananline.org/nondestance/nanneuro2/modules/dev/mod3pics/meninges.gif
06/04/2006.
� Dura-máter – externa, mais espessa e resistente, está justaposta à parede
interna do crânio.
� Espaço subdural
� Aracnóide – intermediária, mais delicada.
� Espaço subaracnóide
� Pia-máter – interna e fina adere intimamente ao encéfalo e à medula
espinhal.
Ventrículos cerebrais
São cavidades que se comunica entre si e no seu interior circula o
líquor. Existem quatro ventrículos cerebrais. Dois laterais, direito e esquerdo,
situados no interior dos hemisférios cerebrais correspondentes. Outro entre o
tálamo direito e esquerdo, o III ventrículo, que se comunica com os ventrículos
206
laterais através dos forames interventriculares. E por fim, o IV ventrículo,
localizado entre o tronco e o cerebelo. Este se comunica com o III ventrículo
através do aqueduto cerebral ou de Sylvius. Sua continuação inferior é o canal
da medula que se comunica com o espaço subaracnóideo.
Tálamo
São duas massas de substância cinzenta, situadas uma de cada lado do III
ventrículo. Atuam de forma associada com o córtex cerebral. É por ele que
passam todas as vias sensitivas que informam as percepções da sensibilidade
dos órgãos dos sentidos, exceto o olfato. Esses impulsos são integrados pelo
tálamo, que os retransmite ao córtex cerebral. Algumas sensações mais rudes
como pressão e dor intensa e calor extremo, são analisadas nele. Dessa forma, o
tálamo se relaciona também com a emoção, a motricidade, ativação cortical entre
outras funções.
Hipotálamo
Situa-se abaixo do tálamo. Nele se aloja a hipófise. Suas funções
principais são de regular a temperatura corporal, estimular a secreção de
hormônios pela hipófise, contém o centro da fome, sede e também o centro da
enervação do Sistema Nervoso Autônomo. Ainda controla e harmoniza as
funções metabólicas, endócrinas e viscerais como se fosse um intermediário
entre o meio externo e o meio interno. Participa ainda no controle do sono e influi
no comportamento afetivo-emocional.
207
Hipófise
Conhecida também como glândula pituitária, é o órgão mestre do sistema
endócrino atuando como estimuladora da ação de outros órgãos endócrinos.
Medindo cerca de um
centímetro encontra-se alojada
na sela túrcida do osso
esfenóide, estrategicamente no
eixo central do crânio.
Fig. 15.8 Hipófise
Fonte: www.sosgerbil.hpg.ig.com.br/hipófise.htm. 26/06/06.
Medula Espinhal
É um longo eixo com cerca de 45cm de comprimento e aproximadamente
um dedo de espessura de onde saem nervos à direita e à esquerda da coluna
vertebral. Ela se liga ao encéfalo e mantém conexão com ele e o resto do
corpo. É a continuação direta do bulbo e esta alojada no interior da coluna
vertebral. É formada por substância branca externamente e substância
cinzenta internamente. Em um corte sagital, o contraste das cores desenha a
forma “H” ou então a figura de uma borboleta.
208
Fig.15.9 Medula Fonte: wwww. corpohumano.hpj.ig.com.br È importante centro de ações reflexas do corpo e contém vias de condução
aferentes e eferentes para os centros superiores na medula e no encéfalo. Dá
origem a 31 pares de nervos espinhais ou periféricos, que fazem conexão do
SNC com o resto do corpo. Cada um é formado pela união de raízes, a raiz
anterior ou motora e a raiz posterior ou sensitiva na qual se encontra um gânglio
sensitivo. Dessa forma, todos os nervos espinhais são mistos. Aqueles que saem
do lado direito da medula enervam os músculos correspondentes a do lado direito
do corpo e aqueles que saem do lado esquerdo inervam os músculos
correspondentes ao o lado esquerdo do corpo.
15.3.2 Sistema Nervoso Periférico
O SNP é composto por 12 pares de nervos cranianos e 31 pares de nervos
espinhais.
Nervos cranianos
Os pares de nervos cranianos partem do tronco cerebral com conexões
bilaterais no encéfalo e recebem uma nomenclatura específica. Podem ser
209
sensitivos, motores ou mistos. Inervam principalmente os órgãos da cabeça e do
pescoço. São denominados por algarismos romanos. São eles:
� I nervo oftálmico – responsável pelo olfato.
� II nervo óptico – responsável pela visão.
� III nervo oculomotor – responsável pela inervação da pupila, pálpebras
superiores e pela motricidade ocular intrínseca e intrínseca.
� IV nervo troclear – responsável pela motricidade ocular extrínseca.
� V nervo trigêmeo - responsável pela função motora dos músculos da
mandíbula e sensitiva da face e córnea.
� VI nervo abducente – responsável pela motricidade extrínseca.
� VII nervo facial – responsável pela motricidade de todos os músculos da
face e pelo paladar dos dois terços anteriores da língua.
� VIII nervo acústico - responsável pela audição e pelo equilíbrio.
� IX nervo glossofaríngeo – responsável pelo paladar na parte posterior da
língua e juntamente com o X nervo resulta em contração coordenada da
faringe.
� X nervo vago – desempenha papel importante na função autônoma do
coração. XI nervo espinhal acessório - inerva os músculos
esternocleidomastoideo e trapézio.
� XII nervo hipoglosso – responsável pela motricidade da língua.
210
Fig. 15.9 Nervos cranianos
Fonte: BARROS E PAULINO, 1990.
Nervos Espinhais
Os nervos espinhais são formados pela fusão de raízes motoras e
sensitivas, isto é, são sempre mistos. São divididos e denominados de acordo
com a sua localização na coluna vertebral: 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5
sacrais e 1 coccígeo.
Fig. 15.9 Nervos periféricos Font e: BARROS E PAULINO,
211
15.3.2.1 Sistema Nervoso Autônomo
Responsável pelas funções viscerais do organismo de forma autônoma,
controla as atividades da musculatura lisa, cardíaca e glandular. Funciona de
maneira coordenada com o DNC. É coordenado pelo hipotálamo. Desmembra-se
em simpático e parassimpático os quais trabalham de forma antagônica, isto é,
opostos, para manter um equilíbrio interno orgânico.
� Simpático – pode ser chamado de sistema adrenérgico. Responsável pela
liberação dos neurotransmissores adrenalina e noraadrenalina
desencadeando diferentes efeitos em cada órgão, a partir de um impulso
nervoso.
� Parassimpático – pode ser chamado de sistema colinérgico. Responsável
pela liberação do neurotransmissor acetilcolina agindo de forma antagônica
ao SN simpático.
15.4 Doenças do Sistema Nervoso
Encontramos várias patologias que acometem o SN. Iremos estudar neste
capítulo aquelas que causam impacto na sociedade e no mundo. São as doenças
cerebrovasculares, os tumores cerebrais e as doenças degenerativas periféricas.
Estudada remos suas repercussões, complicações e tratamentos, e a assistência
de enfermagem à esses clientes.
212
15.4.1 Doenças Cerobrovasculares
15.4.1.1 Acidente Vascular Encefálico
O estudo dos acidentes vasculares encefálicos, AVEs, torna-se de grande
importância epidemiológica, pois são a terceira causa de morte no mundo
onerando o sistema de saúde, promovendo debilidades/incapacidades físicas
e/ou emocionais tanto ao indivíduo acometido como a seus familiares.
Anteriormente conhecidos como acidentes vasculares cerebrais ou então
vulgarmente denominado derrame cerebral, os AVEs, são hoje quadros
patológicos graves, de instalação abrupta com ocorrência maior após os 55 anos
de idade. O quadro instala-se na circulação sanguínea cerebral provocando
diminuição ou ausência do suprimento sanguíneo aos tecidos cerebrais. São
classificados em: AVE isquêmico (AVEI) e AVE hemorrágico (AVEH).
O AVEI tem maior incidência na etnia negra e tende a aumentar após os
65 anos de idade. Freqüentemente o AVEI é a conseqüência de doenças
cardiovasculares já existentes.
Causas de AVE:
• Trombose: é a presença de um coágulo sanguíneo dentro da luz
arterial que pode instalar-se na carótida ou então em qualquer de seus ramos. A
gravidade do quadro e a extensão das conseqüências dependerão de qual área
cerebral foi atingida. O entupimento de grandes vasos provoca isquemias
cerebrais extensas o que leva o indivíduo a apresentar hemiplegias e alterações
do conteúdo cerebral como fala, compreensão e interação com o meio ambiente.
O entupimento de ramos vasculares cerebrais causa danos menos perceptíveis
ou então reversíveis.
• Embolia: o processo é semelhante ao de trombose, porém este é
causado pela interrupção do fluxo sanguíneo cerebral por outro material levado
213
pela corrente sanguínea ao cérebro. Pode ser por fragmentos de tumores,
gorduras, ar ou mesmo fragmentos de sangue coagulado.
Existe também o que chamamos de Ataque Isquêmico transitório (AIT ou
TIA). Este episódio é caracterizado por uma disfunção neurológica com duração
de poucos segundos com manifestações clínicas que não persistem por mais de
24 horas. Pode este servir como aviso para um AVE iminente nos próximos
primeiros trinta dias. A causa deste quadro clínico é um comprometimento
temporário da perfusão de uma área específica do encéfalo, principalmente por
aterosclerose, obstruindo a microcirculação por pequenos êmbolos, diminuição da
perfusão cerebral e arritmias cardíacas. Os pontos mais comuns de aterosclerose
são na bifurcação das artérias carótidas comuns e na origem das artérias
vertebrais média.
• Estenose vascular: a estenose vascular é caracterizada pelo
estreitamento da luz do vaso sanguíneo acarretando a diminuição do suprimento
de nutrientes aos tecidos. Esta ocorrência é encontrada devido à irritação da
parede externa arterial vascular podendo ser por presença de sangue
intracerebral ou mesmo por hipóxia cerebral. É conhecido como espasmo
cerebral ou então vasoespasmo. O espasmo de curta duração não causa
necessariamente dano cerebral permanente.
• Hemorragia cerebral: este quadro ocorre quando há a ruptura de um
vaso cerebral com sangramento para o interior da massa encefálica, sangramento
intraparenquimatoso, ou no espaço aracnóide. Os aneurismas e as más
formações artério-venosas são grandes responsáveis por esta ocorrência. A
hemorragia subaracnoide ocorre mais comumente por causa de traumas ou
hipertensão. Sangramentos expressivos são causados geralmente por rupturas
de artérias. Já os de menor intensidade são por veias.
214
Fatores predisponentes para AVE
� Genética – história familiar de AVE ou doenças cardíacas
� Idade
� Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
� Aterosclerose
� Cardiopatias – embolias, arritmias, infartos do miocárdio,
Insuficiência cardíaca congestiva, hipertrofia ventricular esquerda,
prolapso de válvula mitral ou aórtica.
� Dislipidemias
� Diabetes Mellitus (DM)
� Arteriosclerose
� Tabagismo
� Obesidade
� Sedentarismo
� Estresse
� Uso de anticoncepcional hormonal orais
Manifestações Clínicas
Os sinais e sintomas apresentados pelo indivíduo que sofre AVEI
dependem, e muito, da área cerebral afetada.
Nos casos de trombose, geralmente a isquemia ocorre gradualmente
durante o sono ou então uma hora após o indivíduo ter se levantado. Desta
maneira as manifestações clínicas desenvolvem-se mais gradativamente,
lentamente, durante as primeiras horas de atividade do dia.
Na isquemia por embolia a instalação do quadro é mais rápida e com
manifestações imediatas, podendo desaparecer após alguns momentos.
215
Na maioria dos casos de AVEI, a procura por um serviço médico, ocorre
quando o indivíduo apresenta diminuição ou ausência da função motora ou então
da fala e quando o indivíduo no momento do evento perde parcial ou totalmente a
consciência. Como a instalação do quadro é abrupta, isto é, inesperado, força o
indivíduo a procurar assistência em serviços de emergência.
A equipe que atende esse paciente tem que ser muito criteriosa, pois
muitas das manifestações clínicas podem parecer outros quadros como
hiperglicemia. O sucesso no tratamento está na identificação precoce do
diagnóstico de AVE evitando assim lesões secundárias e melhora do prognóstico.
Já nos AVEH a isquemia ocorre tipicamente durante as atividades diárias
do indivíduo, isto é, quando está desperto, por exemplo: lavando roupa ou
durante as relações sexuais. Apresenta forte cefaléia e muitas vezes seguido de
náuseas, vômitos, perda consciência e até o coma.
A amaurose (perda da visão total ou parcial) é um sintoma clássico de
isquemia cerebral causado pela artéria carótida ou oftálmica. Outros sintomas
como letargia, sonolência, confusão mental, agitação psicomotora, vertigem,
diplopia (visão dupla), dificuldade de expressão, fala, articulação oral,
compreensão, perda parcial ou total da força motora, da sensibilidade e da
motricidade estão mais relacionados ao sistema vertebro-basilar.
Tratamento
Tratamento médico visa identificar o mais precocemente a etiologia do
AVE, isquêmico ou hemorrágico, e instituir tratamento medicamentoso efetivo a
fim de evitar lesões secundárias.
Tratamento do AVEI
Sabemos, sem dúvida, que o principal fator de risco para os AVE é a HAS.
Sua prevenção se inicia por educação para hábitos saudáveis de vida, como
216
evitar fumo, álcool e drogas e de comportamento como praticar atividade física
supervisionada e ingerir alimentação pobre em gorduras, açúcares e sal. São
essas medidas de educação em saúde “pontos chaves” para o tratamento eficaz.
Os procedimentos cirúrgicos mais comuns são: a endarterectomia, retirada
da placa de ateroma ou então de um trombo do interior da artéria carótida; ou
então a angioplastia que se resume na introdução de um cateter balonado na
artéria a fim de remover a placa e melhorar a luz em seu interior promovendo
assim melhora do fluxo sanguíneo para o cérebro.
Terapia medicamentosa:
Terapia trombolítica – t-PA ativador plasminogênio tecidual. Esse
tratamento é indicado aos AVEI que forem diagnosticados até 3 horas após o
evento isquêmico. Os estudos mostraram que aqueles que receberam o ativador
plaminogênio tecidual no intervalo de até 3 horas após o AVEI apresentaram
diminuição do tamanho do acidente vascular encefálico e uma melhora global no
resultado depois de 3 meses ( Nathional Institutes of Neurologic Disorders and
Stroke – NINDS 1995). Portanto a educação em saúde e dos profissionais que
trabalham em prontos socorros devem estar preparados para diagnosticar
precocemente os eventos de AVEI beneficiando assim os clientes e prevenindo
os agravos decorrentes do quadro.
Dose terapêutica: é calculada no mínimo 0,9mg/kg e a máxima de90mg/kg.
A dose de ataque equivale a 10% da dose total calculado e é infundida
endovenosamente por 1 minuto. O restante é calculado para infusão em bomba
de infusão por uma hora. Ao término da infusão deverá ser lavado a linha do
equipo a fim de infundir toda a droga. Deve-se obter monitorização contínua dos
sinais vitais P, R, PA e T°C, monitorização eletroc ardiagrafica. A pressão arterial
217
deve ser mantida abaixo de 18X10cmHg. O suporte de oxigênio será definido
conforme a condição clínica do cliente e o resultado da gasometria arterial.
Efeitos colaterais : sangramentos devem-se monitorar constantemente os
locais de inserção dos cateteres endovenosos, sondagens vesicais, tubo
orotraqueal, sondas nasogástricas, aspectos de fezes, vômitos e outras
secreções.
Terapia anticoagulante – indicada para aqueles clientes que não
contemplam os critérios de inclusão para o tratamento de t-PA. É utilizado
administração de anticoagulante (heparina ou heparina de baixo peso molecular
endovenosa).
Cuidados estão focalizados para a manutenção da PIC. (ver cuidados com
a PIC).
Tratamento AVEH
Tratamento nos AVEH é controverso. Dependendo do tipo da hemorragia
pode ser possível o tratamento conservador e sintomático que visa tratar
sintomas. O médico aguarda a reabsorção do coágulo pelo organismo
monitorando o nível de consciência clinicamente e por exames neuroradiológicos
para avaliação e acompanhamento da evolução do quadro. Porém quando a
hemorragia é abrupta e o comprometimento cerebral torna-se importante é
necessário realizar craniotomia para a drenagem do hematoma abreviando uma
irreversibilidade das funções cerebrais. Esta situação é característica de
emergência neurológica.
Assistência de Enfermagem
A assistência de enfermagem se estabelece nos possíveis diagnósticos de
enfermagem centralizando suas ações na debilidade que o indivíduo apresenta.
218
O objetivo dessa assistência é de melhorar o prognóstico e evitar possíveis
agravos; assistir as debilidades; prevenir infecções, trombose venosas profundas,
úlceras de pressão aumento da pressão intracraniana (PIC) e promover a
reabilitação precocemente.
Debilidades apresentados pelo paciente acometido po r AVCI
Déficit Motor – a disfunção motora mais comum é a hemiplegia (paralisia
de um lado do corpo) seguida da hemiparesia (diminuição da força muscular de
um lado do corpo) causadas pela lesão encefálica contralateral. Ataxia (marcha
instável cambaleante).
Déficit da comunicação – são as afasias, disfunção que afetam as
funções da linguagem e comunicação que podem manifestar-se como disartria
(dificuldade de dicção ou pronuncia), disfasia ou afasia propriamente dita (déficit
ou perda da fala) representada pela incapacidade de formar palavras ou
compreendê-las,
Disfunções visuais – hemianopsia homônima (perda da metade do
campo visual) ou diplopia (visão dupla) ou então amaurose (perda total da visão)
Alteração na deglutição – disfagia (dificuldade de deglutição).
Disfunções cognitivas – podem manifestar-se por perda da memória de
fatos recentes, diminuição da capacidade de concentração e da capacidade de
julgamento.
Disfunções emocionais - perda do autocontrole, labilidade emocional,
medo, hostilidade e até mesmo depressão.
Disfunção vesical – pode apresentar retenção ou incontinência urinária
transitória por incapacidade de se expressar, comunicar ou então por dificuldades
motoras de controle esfincteriano logo após evento isquêmico encefálico. Pode
ainda apresentar perda da espasticidade da bexiga permanecendo com
219
incontinência urinária permanente. Quando isso ocorre reflete lesões neurológicas
extensas podendo ocorrer também incontinência fecal ou intestinal.
Sinais de agravo no paciente AVE
O edema cerebral, desencadeado pela lesão isquêmica principal, evolui
por aproximadamente 4 a 5 dias para atingir o pico máximo. Desta maneira a
avaliação de enfermagem é de extrema importância, pois o edema desencadeia
um aumento da pressão intracraniana podendo levar o paciente a morte
encefálica se não for reconhecido os sinais de PIC aumentada precocemente.
Outras manifestações clínicas também são indícios de deterioração do SN
e piora do prognóstico do paciente. São elas a alteração do nível de consciência,
alteração de diâmetro e reflexo à luz da pupila, alteração dos movimentos
oculares, posturas inadequadas, diminuição ou ausência de força motora, crise
convulsiva, rigidez ou flacidez da nuca e alterações de pressão
arterial/pulso/freqüência respiratória conhecida como Tríade de Curshing.
Exames diagnósticos
Eletrocardiograma, ecodopller transesofágico, ecocardiograma, exames
de sangue, tomografias de crânio computadorizadas, ressonância magnética
cerebral, dopller transcraniano.
Reabilitação e prognóstico do AVC
O cliente acometido por AVE está sujeito a várias complicações incluindo
alterações emocionais, comportamentais, problemas musculoesqueléticos,
dificuldade de deglutição, disfunção vesical ou intestinal, incapacidade de realizar
o autocuidado e lesões de pele. Depois da fase aguda do evento vascular
encefálico é recomendável que inicie um programa de reabilitação o mais precoce
possível para quaisquer déficits.
220
15.4.1.2 Aneurisma cerebral
O aneurisma intracraniano é um quadro neurológico caracterizado pela
dilatação das paredes de uma artéria cerebral. Pode ser causada por
aterosclerose, problemas congênitos, doença vascular hipertensiva, traumatismo
craniano ou então pelo processo de envelhecimento do corpo, isto é, pela própria
idade. Podemos dizer que parede interna da artéria se enfraquece favorecendo
formações saculares extremamente sensível à ruptura, como se fosse uma
bexiga enchendo a partir da parede vascular tornando-as mais delgadas e
prontas para estourar. Quando ocorre a ruptura do vaso acontece à hemorragia
cerebral. Portanto os sintomas do aneurisma aparecem quando esse
abaulamento da parede vascular comprime o cérebro ou nervos cerebrais
causando alteração da pressão intracraniana. Este quadro é mais grave, pois o
sangue irrita o tecido cerebral e pode provocar isquemia ou então vasoespasmo.
Os aneurismas podem surgir em qualquer artéria, porém a causa mais
comum é o aneurisma extravazante na área do polígno de Willis (figura ao lado)
de má formação artério-venosa congênitas do cérebro.
Manifestações clínicas – A cefaléia é muito característica e particular nas
hemorragias por aneurisma cerebral. É identificada como súbita, repentina e de
forte intensidade por toda a extensão da cabeça, circundando-a, denominada de
cefaléia halocraniana. Freqüentemente a cefaléia halocraniana é acompanhada
por perda da consciência, rigidez da nuca devido à irritação sanguínea nas
meninges, alterações visuais, zumbido, tontura e hemiparesia. Casos fatais são
de grande incidência principalmente quando a artéria comprometida é de grande
calibre ou o aneurisma é demasiadamente grande causando hemorragias
extensas com comprometimento cerebral irreversível, coma e morte cerebral.
221
Fatores de risco para aneurisma cerebral
� História familiar – a doença tende a se repetir entre familiares
próximos, em especial irmãos.
� Hipertensão arterial
� Dislipidemias – alteração do colesterol e triglicérides do sangue.
� Doenças dos colágenos - inflamações envolvendo tecido conjuntivo.
� Diabetes Melitus - Alteração no metabolismo da glicose.
� Fumo.
Complicações do aneurisma cerebral
Novo sangramento causado pelo mesmo aneurisma, no mesmo local,
vasoespasmo cerebral resultando em isquemia cerebral, aumento da pressão
intracraniana por dilatação dos ventrículos cerebrais, convulsões, herniação,
coma e morte.
Diagnóstico
O diagnóstico é proporcionado pelos sinais clínicos já mencionados, porém
a Tomografia Computadorizada (CT) é o exame confirmador do quadro, pois
identifica claramente o sangue nos espaços intracerebrais.
A Arteriografia Cerebral é outro exame para diagnóstico do aneurisma e
fornece precisamente dado como localização e o tamanho do aneurisma, a artéria
comprometida e seus ramos afetados. Portanto sua importância é propriamente
para programação cirúrgica.
A punção lombar , para coleta de líquido cefalorraquidiano, torna-se
muitas vezes necessária, pois o líquor puncionado quando acompanhado com
sangue indica hemorragia subaranóide e esse dado é decisório para definição do
tratamento. Porém esse procedimento é arriscado podendo levar a herniação.
222
Tratamento
O tratamento visa três princípios básicos para a assistência: recuperação
do tecido cerebral lesado pela hemorragia; minimizar o risco de um novo
sangramento e evitar as complicações.
As medidas iniciais são:
Manter o paciente em repouso absoluto no leito, evitar qualquer tipo de
esforço ou estresse, controle medicamentoso para evitar vasoespasmo, novo
sangramento e convulsões, e, quando possível, programação para tratamento
cirúrgico corretivo da lesão aneurismática do vaso sanguíneo arterial cerebral
comprometido.
O tratamento de enfermagem visa os mesmos objetivos tendo como ações
prioritárias o entendimento das complicações e o quadro atual do cliente/paciente.
Deve-se portando reconhecer sinais e sintomas de complicação neurológica
decorrente dos aneurismas.
Assistência de enfermagem
� Manter repouso absoluto no leito, decúbito 30°; ca beça em posição mento-
esternal ou posição neutra;
� Auxiliar em todas as atividades diárias e de autocuidado como nas
refeições e eliminações vesicais e intestinais;
� Monitorizar PA, pulso, freqüência e padrão respiratório, alteração do nível
de responsividade, alterações pupilares e motoras;
� Manter acesso venoso puncionado e pérvio;
� Fazer balanço hídrico; anotar todas as ingestões e perdas corpóreas
� Medicar conforme prescrição médica para dor
� Medicar conforme prescrição com laxativos e emolientes
223
� Proporcionar ambiente calmo e tranqüilo, diminuir luminosidade, por
fotofobia;
� Colocar meias elásticas em membros inferiores para evitar trombose
venosa
Profunda (TVP);
� Monitorar presença de sinais de TVP, inchaço, dor, calor e rubor em
panturrilha e sinal de Homans.
� Orientar familiar quanto o tratamento e a importância dos cuidados para
evitar outro sangramento.
Cuidando das complicações decorrentes do aneurisma cerebral
Sinais possíveis que identificam o vasoespasmo : surgimento ou mudança de
aspecto da cefaléia referida pelo cliente; diminuição da responsividade do cliente
como confusão mental, desorientação ou letargia, afasia ou paralisia parcial.
Portanto é de suma importância que o profissional técnico de enfermagem esteja
apto a reconhecer esses sintomas e informe imediatamente o médico ou ao
enfermeiro responsável para que as medidas sejam implementadas o mais
precocemente.
Os cuidados de enfermagem são os já citados com o aneurisma, porém a
conduta medicamentosa difere do tratamento convencional.
Medicamentos utilizados para tratamento do vasoespasmo são:
bloqueadores dos canais de cálcio e expansores do volume, SF 0,9%. O Balanço
hídrico deste cliente não pode negativar.
Sinais de convulsão : convulsão parcial caracteriza-se por tremores de um
lado do corpo ou de um membro podendo manifestar-se dos dois lados do corpo.
Acompanha falta de ar, sialorréia e às vezes perda do controle esfincteriano
vesical e até intestinal concomitantemente. É de suma importância nesse
224
momento à atenção do técnico de enfermagem, pois as medidas prioritárias são
de manutenção das vias aéreas pérvias com prevenção às lesões decorrente dos
abalos dos membros e administração de medicamento prescrito pelo médico.
Os cuidados com crise convulsiva incluem:
� Administrar oxigênio por máscara facial 2-3 l/min
� Manter via aérea pérvia
� Aspirar conteúdo da boca, sialorréia, sangue ou conteúdo
sorogástrico;
� Colocar protetores na cama tipo almofadas, travesseiros ou lençóis;
� Puncionar acesso venoso e mantê-lo pérvio;
� Preparar o medicamento e medicar prontamente; diazepan.
� Observar e anotar padrão da convulsão;
� Monitorar alteração da responsividade;
� Manter carro de emergência pronto para uso e próximo, pois pode
ser necessário entubação endotraqueal.
Sinais de hipertensão intracraniana (HIC) : sonolência, alteração do
comportamento e responsividade, torpor e coma que pode evoluir subitamente ou
acompanhada por vômitos, cefaléias e dificuldade respiratória.
Cuidados de enfermagem na vigência de HIC
É o mesmo descrito para contenção de HIC e a anotação de enfermagem
é necessária para monitorar a evolução do quadro. Também se faz necessário o
carro de emergência próximo e pronto para possível entubação endotraqueal.
Sinais de novo sangramento: Pode surgir após 14 dias do episódio inicial
e é considerado grave, pois piora o prognóstico da cliente. Os sintomas incluem
cefaléia intensa e súbita, náuseas, vômitos, alteração da responsividade e
presença de déficit neurológico.
225
Tratamento cirúrgico
As cirurgias para correção do aneurisma são as craniotomias para
clipagem do aneurisma. O “clip” é um material metálico próprio que fecha a base
do aneurisma, adjacente a parede da artéria cerebral, corrigindo a lesão. É um
tratamento curativo e definitivo. A local da incisão cirúrgica depende da artéria
comprometida e da melhor via de acesso intracerebral decidida pelo cirurgião.
Prognóstico
O aneurisma cerebral é um acometimento neurológico súbito que pode
evoluir para morte. A recuperação torna-se proporcional a agressividade da
instalação do quadro. Ocorre com maior incidência em mulheres na fase adulta
jovem e o tratamento cirúrgico é corretivo e definitivo. Pode haver a correção do
aneurisma, porém as debilidades permanecem e conferem às lesões cerebrais
ocorridas. Hemiparesias e hemiplegias tornam-se as mais debilitantes das lesões
ocorridas.
15.4.2 Avaliação do Nível de Consciência
A avaliação do nível de consciência é prática imprescindível para
determinar as necessidades assistenciais de um paciente com distúrbio
neurológico. Devemos, portanto compreender o que isto significa. Primeiramente
entendemos que o fenômeno consciência compreende o ato de despertar e todo
o conteúdo cerebral. O ato de despertar está relacionado a estrutura anatômica
localizada no bulbo cerebral chamada Sistema Retículo Ativador (SRA) que se
estende desde a medula passando pelo bulbo e levando as informações ao
tálamo onde informa o despertar. O conteúdo da consciência é tudo aquilo que
armazenamos como informação apreendida desde o nosso nascimento e para
seu funcionamento adequado é necessário que o córtex cerebral esteja íntegro.
226
Dizemos então que a avaliação do nível de consciência envolve as respostas de
perceptividade (conteúdo da consciência) e reatividade (ato de despertar). Para
realizarmos a avaliação do nível de consciência é necessário o uso de escalas
nominais.
A Escala de Coma de Glasgow (EGl) é, ainda hoje, a mais usada para
avaliar nível de consciência como também é empregada para avaliar gravidade
de trauma cranioencefálico. Sua aplicabilidade é baseada em tres parâmetros
fisiológicos: melhor resposta verbal, melhor resposta motora e abertura ocular.
Essas respostas são obtidas por meio de aplicação de estímulos verbais e
dolorosos. Cada manifestação a cada parâmetro recebe uma nota e a somatória
das três notas dará uma pontuação final que será atribuída o valor numérico do
nível de consciência o que envolve interpretação do profissional e implementação
de condutas a beira do leito.
A figura 12 mostra a seqüência de aplicação dos estímulos verbais e
dolorosos (tátil) e a figura 13 indica os locais de aplicação do estímulo doloroso.
Apesar de existir 4 opções anatômicas para aplicação do estímulo doloroso, é
indicado pela clínica neurológica que o faça sobre o osso esterno, por meio de
fricção da dobra dos dedos da mão em punho.
Fig. 12. Sequência da aplicação dos estímulos verbais e doloroso na avaliação do nível de consciência.
227
Lembrar que a pontuação para cada avaliação é atribuída pela melhor
resposta manifestada frente aos estímulos. Portanto devemos seguir uma ordem
na aplicação dos estímulos para não obtermos falsas interpretações.
Primeiramente devemos aplicar os estímulos auditivos através da voz do
avaliador ou outros sons em tons normais e depois mais intensos. Se não houver
resposta passamos para os estímulos táteis de baixa intensidade com leves
toques no cliente seguindo para toques mais enérgicos e por último a fricção
esternal.
A EGl permite obter valores de no mínimo 3 e no máximo 15, sendo o valor
3 indicador de coma e o 15 de função neurológica normal.
Quanto mais baixo o valor nominal obtido pela aplicação da escala pior a
condição neurológica do cliente. Valores menores que 8 indicam alteração
neurológica crítica sendo indicador para instalação de ventilação mecânica para
garantir oxigenação adequada ao indivíduo e às necessidades cerebrais.
Fig. 13. Locais de aplicação do estímulo doloroso em ordem de escolha. 1° esterno; 2° trapézio; 3° supra-orbital ; 4º leito ungueal.
228
Fig15.14. Escala de Coma de Glasgow; Fonte: CAMPOS, A, 2006
Avaliação pupilar
A avaliação das pupilas envolve a observação do tamanho e da reatividade
a luz. As alterações indicam deterioração do SNC e também pode indicar a
localização da lesão cerebral. Em situação de normalidade as pupilas, direita e
esquerda, são do mesmo tamanho e reagem à luz de forma idêntica, quanto mais
luz menor seu diâmetro e vice e versa. As alterações consistem na variação do
tamanho da pupila e resposta a reatividade luminosa. A anisocoria define a
Escala de Coma de Glasgow
Parametro Resposta Pontuação
Abertura Ocular Espontânea 4
Ao comando verbal 3
A dor 2
Ausente 1
Melhor Resposta Verbal Orientado 5
Confuso 4
Palavras desconexas 3
Sons inteligíveis 2
ausente 1
Melhor Resposta
Motora Obedece ordens 6
Localiza dor 5
Retirada inespecífica 4
Reage com padrão flexor 3
Reage com padrão
extensor 2
ausente 1
229
desigualdade do tamanho pupilar e pode surgir no estágio inicial do aumento da
PIC e aparece do mesmo lado do processo expansivo. Já as alterações motoras
surgem no lado contrario da lesão isto é contrario a pupila dilatada.
Quando a pupila está maior, ou seja, dilatada, dizemos que está midriática
e quando ela está menor, isto é contraída, ela está miótica.
As duas pupilas podem apresentar o mesmo comportamento ou então
comportamento contrário. Quando estão do mesmo tamanho denominamos
isocóricas e de tamanhos diferentes anisocóricas. Quanto a resposta a luz
dizemos que está fotoreagente ao não. É importante especificar as respostas
tanto de tamanho como de reação a luz mencionando em relação a qual das
pupilas, direita ou esquerda, a resposta é enunciada.
Avaliação respiratória
Certos padrões respiratórios acompanham deterioração do SNC e podem
determinar o nível anatômico da lesão juntamente com outros parâmetros. São
eles: Cheyne-Stoke, hiperventilação neurogênica central, respiração apneustica,
respiração atáxica (Biot), apnéia.
Avaliação dos movimentos oculares
A avaliação dos movimentos oculares pode indicar diferentes níveis de
disfunção encefálica. Manifestações como movimentos oculares assimétricos,
desvios conjugados ou ausentes indicam lesões de tronco cerebral o que indica
deterioração grave de SNC.
15.4.3 Tumores cerebrais
O tumor cerebral é uma lesão localizada no cérebro ocupando espaço
dentro dele. São aglomerados de células que preferencialmente crescem e se
multiplicam em padrões esféricos, porém podem desenvolver-se de modo difuso,
230
infiltrando-se no tecido cerebral, sendo esta forma mais invasiva. As causas dos
tumores cerebrais são ainda desconhecidas, mas acredita-se em causas
genéticas, sistema imune deficiente, hereditariedade, viral ou trauma encefálico. A
incidência aumenta a partir dos 50 anos de idade. Existem os tumores primários e
os secundários. Os primários são aqueles que se desenvolvem das próprias
células ou estruturas cerebrais. Já os tumores secundários cerebrais são aqueles
provenientes de tumores de outros órgãos que migram suas células para dentro
do sistema nervoso central. Esses tumores são denominados tumores
metastáticos, isto é, as metástases cerebrais.
Classificação dos tumores cerebrais:
I. Tumores intracerebrais
A - Gliomas -infiltram-se em qualquer parte do cérebro
1. Astrocitomas
2. Glioblastomas
3. Oligodendrocitoma
4. Ependinoma
5. Meduloblastoma
II. Tumores que se originam das estruturas de suste ntação
A. Meningeoma
B. neurinomas (acústico)
C. Adenomas hipofisários
III. Tumores de desenvolvimento
A. Angiomas
B. Dermóide, epidermoide, craniofaringeoma
IV. Lesões metastáticas
231
Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas podem ser localizatórios em relação à área que o
tumor acomete o cérebro. A progressão dos sinais e sintomas é importante
porque indica o crescimento e a expansão do tumor. Outros não se manifestam
por se apresentarem em áreas cerebrais denominadas silenciosas, áreas essas
que não apresentam funções cerebrais determinadas.
As manifestações clínicas neurológicas estão relacionadas às áreas
cerebrais onde se instalam e com sua malignidade, isto é, o quanto ele é invasivo
dificultando o acesso ao então à ressecção cirúrgica total.
Manifestação clínica relacionada às áreas cerebrais
� Córtex cerebral - convulsões de um lado do corpo chamadas de
convulsões jacksonianas.
� Lobo occiptal - alterações visuais
� Cerebelar - tontura marcha atáxica ou cambaleante, tendência a cair
do lado que o tumor esta instalado.
� Lobo frontal - distúrbio da personalidade, alterações emocionais e
comportamentais.
� Nervo acústico - zumbido e paralisia da face por compressão do
sétimo nervo.
� As complicações decorrem da compressão causada aos tecidos
adjacentes a massa tumoral em crescimento podendo desencadear
� Hipertensão intracraniana, convulsões e edema cerebral e as
manifestações clínicas são difusas.
Exames diagnósticos
� O exame físico e a evolução dos sinais e sintomas são indicadores
da lesão cerebral.
232
� Tomografia computadorizada fornece informações específicas em
relação ao número, tamanho e densidade das lesões bem como a
extensão do edema cerebral secundário. Também fornece
informações sobre o sistema ventricular, qual o comportamento dos
ventrículos em relação à massa tumoral crescente. Isso é um fator
importante para discutir a probabilidade de piora do quadro clínico
por decorrência de hipertensão intracraniana.
� Ressonância magnética é útil na detecção de tumores menores, de
tronco cerebral, região hipofisária onde o osso interfere na imagem
da tomografia cerebral.
� Biópsia exteriotáxica diagnostica tumores cerebrais profundos de
difícil acesso cirúrgico e determinam tratamento e informações
prognósticas.
� Angiografia cerebral pode localizar tumores cerebrais pela
visualização dos vasos sanguíneos
� Eletroencefalograma detecta ondas cerebrais anormais e auxilia a
exclusão de outros distúrbios.
� Estudos citológicos do líquor detectam células malignas dos
tumores cerebrais, pois elas adentram o espaço liquórico.
Tratamento médico
O tratamento médico baseia-se em destruir parte ou totalmente o tumor
sem aumentar o déficit neurológico (paralisia, cegueira, alteração de fala ou
compreensão). A conduta específica depende do tipo do tumor, da sua
localização e acessibilidade.
As cirurgias exteriotáxicas possibilitam uma melhor localização do tumor
com auxilio de estudos múltiplos de imagem incluindo radiologia, tomografia
233
computadorizada e mapeamento cerebral permitindo acesso seguro ao tumor
protegendo as demais estruturas adjacentes a ele.
A braquiterapia - consiste na implantação de radioisótopos diretamente no
tumor liberando altas doses de radiação enquanto minimiza os efeitos sobre o
tecido circunvizinho. Essas partículas são implantadas por procedimento de
extereotaxia.
Atualmente está sendo testada a terapia de transplante endovenoso de
medula óssea autóloga para alguns pacientes que receberão quimioterapia ou
radioterapia. Após receber altas doses de quimioterapia ou radioterapia a medula
óssea é reinfundida por via endovenosa depois que o tratamento é completado. A
terapia de transfusão genética utiliza vetores retrovirais para transportar os genes
para o tumor, reprogramando o tecido tumoral para a suscetibilidade ao
tratamento.
Cirurgias convencionais intracerebrais são indicadas para curar os clientes
com meningiomas, neuromas acústicos, astrocitomas císticos do cerebelo, cistos
coloidais do terceiro ventrículo, tumores congênitos como cisto dermoide e alguns
dos granulomas.
A quimioterapia, a radioterapia e a cirurgia para os tumores metastáticos
envolvem medidas paliativas, eliminando sintomas e melhorando a qualidade de
vida do cliente, prolongando assim a vida do mesmo. A quimioterapia não é
utilizada por apresentarem baixa penetração através da barreira
hematoencefálica. A tendência em quimioterapia atualmente é o esquema com
múltiplas substâncias simultâneas como carmustina (BCNU), lomustina (CCNU) e
PCV que consiste de três substâncias: procarbazina, lomustina e vincristina e
também o uso de topotecan (Hycamtin) outro agente quimioterápico.
234
O tratamento medicamentoso inclui:
Corticóides - diminuem o edema peritumoral minimizando o processo
inflamatório e desta maneira alívio da cefaléia e das alterações do nível de
consciência. (dexametasona-predinisona)
Agentes osmóticos - para diminuir o conteúdo hídrico do cérebro,
diminuindo a PIC. (manitol-glicerol)
Anticonvulsivantes - evitam e tratam convulsões. (fenitoína)
Assistência de enfermagem
A assistência de enfermagem visa suprir as necessidades para os déficits
apresentados pelo cliente e contenção da PIC. (vide contenção de PIC)
Cirurgias cranianas
A abordagem cirúrgica é realizada através da craniotomia que consiste na
abertura do crânio para criar um acesso às estruturas intracranianas. As vias para
a abertura craniana são supratentorial, infratentorial e a transfeinodal sendo esta
última utilizada para permitir acesso à hipófise.(Fig. 17)
Existe ainda outro procedimento cirúrgico comumentemente utilizado para
diagnósticos de tumores cerebrais ou cirurgias neurofuncionais denominado
exteriotáxia cerebral.
Fig. 24.17 Função neurológica. Acessos neurocirúrgicos A) Supratentorial; B) Infratentorial; C)
Transfeenoidal
Fonte: BRUNNERe SUDDART, 2003
A B C
235
O Cliente Submetido à Cirurgia Neurológica
Cuidados de enfermagem no pré-operatório de cirurgi a neurológica
� O cliente deve estar banhado e orientado a respeito da cirurgia
� O jejum é estabelecido pela equipe médica porém geralmente é de
12 horas
� O técnico tem que supervisionar o jejum, pois pode acontecer do
cliente se alimentar indevidamente pelo próprio distúrbio
neurológico, esquecimento, alteração do comportamento, não
compreensão das informações fornecidas.
� O holl deve ser feito com todos os pertences do cliente e
devidamente anotado, pois o paciente pode apresentar alteração do
� Julgamento e depois requerer pertences que não estavam no
quarto. Sempre que possível entregar para a família próteses,
óculos, anéis e outros ornamentos pessoais. Nunca anotar “anel de
ouro”, “brinco de brilhante” e sim anel dourado, brinco com pedra cor
de água etc.
� Todos os exames devem estar contidos no prontuário que será
encaminhado juntamente com o paciente ao centro cirúrgico. Ex.
exames de sangue, tipagem sanguínea, eletrocardiograma,
radiografia de tórax, tomografias e arteriografias cerebrais.
� Administrar medicamento conforme orientação pré-anestésica e
checar no prontuário.
� A tricotomia de couro cabeludo deve ser realizada no máximo 2 hs
antes da cirurgia. Muitos cirurgiões fazem à tricotomia parcial do
couro cabeludo na própria sala operatória a fim de evitar
constrangimento e diminuir ansiedade do cliente preservando assim
236
a auto-imagem que já poderá estar abalada pelo próprio quadro da
doença.
� O técnico de enfermagem deve manter monitorização desse cliente
por todo o período pré-operatório, pois alterações da responsividade
devem ser comunicadas imediatamente ao médico neurocirurgião
que acompanha o caso.
Alterações Pós-operatórias em Neurocirurgia
� Alterações cardiovasculares: arritmias atriais, bloqueios
atrioventriculares, extra-sístoles, elevação do débito cardíaco,
freqüência cardíaca, bradicardia e taquicardia.
� Alterações pulmonares: padrões anormais de respiração, hipóxia e
edema pulmonar neurogênico.
� Alterações gastrointestinais: úlceras de estresse, atonia gástrica e
íleo paralítico.
� Alterações hidroeletrolíticas: pode ocorrer déficit ou excesso de
sódio, potássio, cálcio, magnésio ou água.
� Alterações neuroendócrinas: diabets insípido nas lesões
hipotalâmicas devido à secreção diminuída de hormônio
antidiurético; ou alteração dos hormônios catecolaminas, insulina,
glicocorticóides e do crescimento devido ao comprometimento da
hipófise.
� Complicações infecciosas: pneumonias, trato urinário, meningites e
feridas traumáticas. As meningites estão relacionadas às fraturas de
ossos da face, sinusites, lesões abertas de crânio, fistúlas liquóricas
e raramente pelo uso de cateteres intraventriculares.
237
Complicações nos transportes: os clientes devem ser transportados
recebendo suplementação de oxigênio, as drogas vasoativas devem vir
em bombas de infusão, as passagens para o leito ou maca deve ser
realizado em equipe, verificando sempre as condições da coluna,
evitando posição inadequada da cabeça, extubação acidental e perda
de drenos, sondas e cateteres.
Cuidados Pós-operatórios de cirurgia neurológica
Todas as ações de enfermagem estão voltadas a detectar precocemente
os agravos e para minimizar danos garantindo o prognóstico do cliente.
O cliente após ser submetido à cirurgia neurológica será encaminhado à
unidade de terapia intensiva neurológica ou a unidade de recuperação
anestésica. Permanece entubado sob ventilação mecânica e monitorado com
equipamentos multiparamétricos: pressão arterial não invasiva, respiração, pulso,
temperatura, pressão venosa central, saturação de oxigênio, capmetria acoplado
ao tubo endotraqueal e eletrocardiograficamente e valores de pressão
intracraniana quando estiver com cateter de PIC.
Devem-se manter todas as monitorizações permissíveis para detectar
alterações neurológicas e sinais e sintomas indicativos de piora do quadro.
O exame neurológico deve ser sistemático e é conveniente o uso de
escalas para monitorar o nível de consciência. Os sinais e sintomas relacionados
ao aumento da pressão intracraniana devem ser relatados a equipe médica
imediatamente. Quando o cliente retorna da cirurgia com monitorização da
pressão intracrania por meio de cateter de PIC cuidados devem ser adicionados
para manutenção e preservação desse dispositivo. Comumente ele sai da cirurgia
com um dreno cefálico, dreno subgaleal, próprio para drenagem dos fluidos
238
decorrentes do fechamento dos planos cirúrgicos. O curativo cirúrgico é oclusivo
e pode apresentar enfaixamento de toda a superfície do couro cabeludo.
Sinais e sintomas indicativos de alteração neurológica estão relacionados
aos sinais e sintomas apresentados por aumento de pressão intracraniana. (Ver
cuidados relacionados à contenção da pressão intracraniana)
15.5 Hipertensão Intracraniana
A pressão intracraniana (PIC) é a pressão exercida pelo líquor nas paredes
dos ventrículos cerebrais. Quando essa pressão é alterada significa que alguma
coisa referente ao conteúdo intracraniano esta errado. O conteúdo intracraniano é
composto basicamente pelo cérebro constituído por dois hemisférios, a circulação
do líquido cefalorraquidiano conhecido como líquor e a circulação sanguínea
venosa e arterial. Esse conteúdo esta alojado em uma caixa óssea rígida, o
crânio e mantém controlada a PIC dentro dos valores considerados normais que
vai de 15 a 20mmHg.
Quando ocorre um desequilíbrio no volume de um ou mais desses
elementos instala-se o quadro de Hipertensão Intracraniana (HIC). A HIC pode
ser causada por traumas cerebrais, acidentes vascular encefálicos, tanto
isquêmicos como hemorrágicos, tumores cerebrais ou qualquer processo
expansivo intracraniano.
O SN possui mecanismos fisiológicos de defesa que se esforçam para
manter o equilíbrio entre os três componentes intracerebrais evitando o colapso.
Como a massa encefálica é incompressível o sangue venoso /arterial e o
líquor são geralmente os responsáveis pela compensação.
A auto-regulação do fluxo sanguíneo cerebral é o mecanismo pelo qual o
cérebro mantém o fluxo sanguíneo cerebral (FSC). O FSC varia conforme valores
239
da pressão arterial média (PAM). Portanto quando a PAM é menor que 40 Mmhg
ou quando a PAM ultrapassa limites superiores a 150mmHg esse mecanismo de
auto-regulação entra em colapso. Assim quando os valores da PAM estão entre
40 a 150mmHg a auto-regulação é efetiva.
O gráfico de Langfitt e Coll (fig. 15), 1996 ilustra a relação entre volume
intracraniano e PIC. A curva apresentada no gráfico é exponencial isto é, em
princípio, variações do volume intracraniano causam elevações da PIC
compensatórios. A partir de um certo momento variações pequenas causam
aumento da PIC significativos o que significa que o cérebro está perdendo seus
mecanismos de compensação. Isto pode acarretar herniações, deslocamento de
grande volume de massa intracerebral. Esse deslocamento de massa empurra
estruturas do tronco cerebral pelo forame magno, destruindo nervos e vasos
sanguíneos causando colapso no SN e morte encefálica.
Os estágios do aumento da pressão intracraniana
Estágio I: assintomático, caracterizado por pouca ou nenhuma
manifestação clínica. O organismo lança mão de mecanismos de compensação
deslocando outros conteúdos intracerebrais para compensar a compressão
causada pelo volume do conteúdo novo.
Fig. 24..15 Curva de Langfitt e Coll. Relação tempo e volume na pressão intracraniana. Fonte: Arquivo Pessoal (campos, A.)
Estágio II : os mecanismos de compensação já estão se esgotando, há
comprometimento do fluxo encefálico e isquemia dos centros bulbares. O volume
240
novo, intracerebral, equivale ao volume que sai do conteúdo intracraniano. Ocorre
diminuição da freqüência cardíaca.
Estágio III: ocorre o aumento da pressão intracrania a níveis muito
elevados. Ocorre hipóxia, que leva a vasodilatação e agrava a hipertensão
intracraniana pelo aumento do volume de sangue no encéfalo. Um pequeno do
volume causa grande aumento da PIC. Fase crítica onde os sinais e sintomas
tornam-se exuberantes há o comprometimento do nível de consciência,
hipertensão arterial, bradicardia e irregularidade do padrão respiratório.
Estágio IV: abolição dos mecanismos de auto-regulação da circulação
cerebral. A PIC atinge níveis incompatíveis com a perfusão vascular cerebral,
levando os doentes ao coma, midríase paralítica bilateral, redução progressiva da
pressão arterial e a morte ocorrem por parada cardio-respiratória.
15.5.1 Manifestados clínicas por aumento da pre ssão intracraniana
Sinais e sintomas gerais:
� Cefaléia - pode ser generalizada ou localizada, de caráter
progressivo e mais intenso durante a noite (retenção de CO2 –
vasodilatação), dilatação e tração de grandes artérias e veias,
compressão e distensão de nervos cranianos.
� Vômitos – decorrem do aumento da PIC ou do deslocamento e
torção do tronco encefálico. Maior freqüência no período da manhã ao
despertar devido ao acumulo de CO2 durante o sono pela
hipoventilação durante o sono. O ato de vomitar provoca
hiperventilação, diminuição do edema cerebral aliviando a cefaléia.
� Edema de papila – é o sinal mais característico de HIC. Resulta da
compressão da veia central da retina pelo líquor contido no espaço
241
subaracnóide que envolve os nervos ópiticos. Quando a HIC não é
convenientemente tratada, o cliente evolui com cegueira causada por
atrofia secundária da papila.
� Alterações da personalidade e do nível de consciênc ia – fadiga,
apatia, irritação, desatenção, indiferença, diminuição da
espontaneidade, instabilidade emocional, sonolência, rebaixamento
progressivo do nível de consciência e coma.
� Crise convulsiva – mais precoce nos processos expansivos de
rápida evolução e naqueles situados próximos ao córtex motor.
� Tonturas – queixa de atordoamento, edema de labirinto secundário
à comunicação existente entre a cavidade intracraniana e o ouvido
interno.
� Macrocefalia – principalmente em crianças, ocorre o aumento do
perímetro craniano, congestão das veias do couro cabeludo. Observa-
se a percussão “som de pote rachado”.
� Alterações da pressão arterial, freqüência cardíaca e respiração
– “Tríade de Cushing”. Ocorre alteração da pressão arterial, alteração
da freqüência cardíaca e arritmia respiratória na tentativa de restaurar o
fluxo sanguíneo encefálico aos centros vitais bulbares.
Sinais e sintomas focais; resultam da disfunção da área onde está localizado o
processo responsável pela HIC e seu reconhecimento auxilia na localização e
tratamento da doença. Podem surgir precocemente e muitas vezes se confundem
com os sinais e sintomas gerais da HIC. São eles: paresia ou paralisia, convulsão
focal, ataxia, distúrbios cognitivos, alterações endócrinas e comprometimento dos
nervos cranianos.
242
Monitorização da PIC é realizada pela introdução de um cateter intracerbral com o
objetivo de obter o valor da PIC.
Fig. 24.17 Monitor de pressão intracrania, fibra óptica. Fonte: Arquivo pessoal
15.5.2 Medidas de contenção da HIC visam:
� Aplicar medidas de contenção da PIC
� Aplicar medidas que evitem infecções
� Intervir o mais precocemente visando seu melhor prognóstico
� Sedação ___________________________Facilitar a ventilação
adequada
� Prevenção de convulsões _____________ Uso de
anticonvulsivantes
� Decúbito à 30° posição mento-esternal ___ Facilita drenagem
venosa/arterial
� Hiperventilação _____________________ Diminui CO2
� Manitol ____________________________Reduz fluído
extracelular
� Hipotermia _________________________ Diminui metabolismo
celular
� Craniotomia descompressiva___________Permite espaço para o
desenvolvimento do inchaço
� Redução do volume do líquor____por meio de punção lombar, DVE ou
DVI (DVP- DVA)
� Redução do volume do sangue encefálico – controle da PAM
� Redução do edema cerebral__com uso de soluções hipertônicas
(manitol), corticóides, corticoides (decadron) e hipotermia
243
Assistência de enfermagem
Os cuidados de enfermagem devem ser planejados de maneira que as
atividades que geram aumento da PIC sejam adequadamente conduzidos.
Avaliação neurológica : avaliar continuamente o nível de consciência
(ECGl, tamanho e reatividade pupilar, movimentos oculares, padrão respiratórios
e respostas motoras); avaliar continuamente os sinais vitais: PA, P, T, R, satO2 e
CO2.
Vias aéreas e ventilação : avaliar a freqüência, ritmo e padrão respiratório,
presença de cianose, ausculta torácica, manter vias aéreas permeáveis para
prevenir hipóxia – retenção de CO2 – edema cerebral, aspiração traqueal, instalar
oximetria de pulso, monitorar gases sanguíneos com gasometria arterial e
venosa.
Posição e movimentação do paciente : manter a cabeça elevada 30° e
alinhada com o corpo para facilitar a drenagem venosa, evitar que o paciente faça
esforço físico como tossir, espirrar, esforço para evacuar, movimentos bruscos no
leito ou fora dele, pois aumenta a PA e aumenta a PIC, evitar contrações
musculares. Prevenir atelectasias e complicações pulmonares. Prevenir e tratar
úlceras de pressão.
Terapias com drogas: conhecer a ação, a dosagem, o preparo e os
efeitos colaterais das drogas utilizadas para diminuir a PIC. Administrar e
executar a prescrição médica. Reconhecer sinais sugestivos de infecção em
punções venosas.
Eliminação urinária e intestina l: monitorar débito urinário, facilitar a
eliminação intestinal (dietas, laxantes e manobras). Proteger e prevenir lesões de
pele.
244
Drenagem ventricular : conhecer o nível adequado da derivação para
manutenção do sistema de drenagem e manter técnica asséptica no seu
manuseio.
Monitorização da PIC : manusear todo o sistema com técnica asséptica e
interpretar os resultados (ondas e valor numérico) para direcionar as condutas.
Cuidados gerais : avaliação cuidadosa da influencia de estímulos que
possam gerar stress no paciente (dor, banho, procedimentos médicos,
fisioterápicos e de enfermagem, iluminação e ruído ambiental, visitas dos
profissionais de saúde e de familiares, medos, dúvidas...) Espaçar os cuidados de
enfermagem quando possíveis.
A observação e a vigilância contínua fazem parte da assistência de
enfermagem ao paciente neurológico na UTI, identificando os problemas,
prevenindo-os antes que se agravem ou ainda atuando na resolução dos mesmos
juntamente com a equipe multidisciplinar.
15.5.3 Cuidados com a monitorização de PI C
O cateter de PIC ventricular é conectado a um sistema de drenagem e ao
monitor multiparamétrico por meio de equipo em “Y” com torneirinhas nesse
equipo o que permite realizar medidas de valores da pressão intracraniana e se
necessário à drenagem do conteúdo líquorico a partir da abertura da torneira no
equipo aliviando a PIC. O valor da PIC é decodificado por um transdutor que fica
acoplado ao monitor multiparamétrico. Deve-se portando tomar cuidado quanto:
� Permeabilidade do cateter-observar a oscilação, aspecto e presença
do conteúdo desse sistema de drenagem. Lembrar que o líquor é
líquido e cor de “água de pedra” qualquer anormalidade comunicar o
médico.
245
� O transdutor que decodifica o valor da pressão intracraniana deve
permanecer ao nível do leito ao lado da cabeça não pode molhar ou
umedecer.
� O cateter de PIC é confeccionado por fibra ótica portando não pode
dobrar, pois se rompe. As conexões do cateter com o equipo devem
permanecer bem atadas.
� Deve-se ainda manter uma fixação secundária para evitar tração.
� O curativo na inserção do cateter deve manter-se limpo e seco
� A cabeça deve ser posicionada de modo que não fique sobre a
cirurgia e o cateter de PIC
� Manter sempre posicionamento mento-esternal ou então posição
neutra da cabeça respeitando as extensões do ventilador mecânico
promovendo conforto e ventilação adequada ao cliente.
� As anotações de enfermagem devem ser sistemáticas conforme
rotina da instituição e as alterações apresentadas relatadas.
15.5.4 Exames Diagnósticos em Neurologia
Punção lombar
O procedimento de coleta de líquor para análise laboratorial consiste na
punção lombar nos espaços intervertebrais entre a terceira e quarta vértebra ou
entre a quarta ou quinta vértebra. É um procedimento médico que
preferencialmente deve ser realizado por neurologista ou neurocirurgia. O médico
deve utilizar de paramentação estéril e o técnico que o auxilia deve usar máscara
descartável e luva de procedimento.O líquor é aspirado por seringa de vidro,
preferencialmente, e colocado em frascos de vidro estéril seguindo técnica estéril.
246
Assistência de enfermagem
Fig.15.18Punção lombar
Fonte: http://www.corpohumano.hpg.ig.com.br/sist_nervoso/s_n_p
� Explicar a necessidade e a importância do procedimento ao cliente.
� Orientar que necessita da colaboração do mesmo para que
mantenha a posição exigida para realização do exame.
� Instruir para que o paciente esvazie a bexiga antes do
procedimento.
� Preparar todo o material para realização da punção lombar.
� Auxiliar a posicionar o cliente e manter a calma para conforto do
próprio.
� O técnico deve permanecer todo tempo necessário para finalização
do procedimento próximo ao cliente, orientando-o continuamente e
colaborando para manutenção do posicionamento do paciente,
mantendo suas mãos sobre os ombros e a cintura pélvica, evitando
movimentos bruscos que o paciente possa vir apresentar.
� A amostra de líquor aspirado deve ser acondicionada nos tubos
para exame, estéril, tampada e rotuladas na ordem da coleta e com
247
a devida identificação do paciente e do exame a ser realizado.
Geralmente são colhidas 3 amostras para exames de bioquímica e
bacterioscópia.
� Os tubos com o material coletado devem ser encaminhados
imediatamente para o laboratório, com o pedido do médico.
� Realizar curativo pequeno, no local da punção, imediatamente após
a retirada da agulha.
� Instruir o cliente a permanecer deitado em decúbito ventral por
aproximadamente 3 horas para facilitar a cicratização nas meninges
e evitar o extravazamento de líquor pelo orifício da punção.
� Encorajar para a ingestão de líquidos para diminuir o risco de
cefaléia pós-punção.
� Anotar no prontuário o procedimento. A anotação deve conter nome
do médico que realizou a punção, reações que o cliente apresentou
durante o procedimento, aspecto do líquor puncionado, número de
amostras coletadas, quem encaminhou o material ao laboratório e a
orientação dada ao cliente após a coleta. Assinatura do profissional
que realizou a anotação.
� Manter monitoradas possíveis alterações apresentadas pelo
paciente pós-punção lombar. Como queixa álgica, cefaléias,
tonturas, alteração nível de consciência, frio e febre.
� Comunicar o médico ou enfermeiro imediatamente às alterações
apresentadas pelo cliente após realização da punção lombar.
Posição do paciente para realização do procedimento de punção lombar
Colocar o paciente em decúbito lateral na borda do leito ou da mesa do
exame, com as costas em arco, queixo encostado na região esternal, as pernas
248
flexionadas mantendo o máximo possível às coxas encostadas no abdome
abraçadas pelos braços para assegurar a posição. (Fig. 19) Solicitar que respire
calmamente e procurar relaxar a tensão muscular. Esta postura facilita aumentar
os espaços intervertebrais facilitando a introdução da agulha durante a punção,
no espaço subaracnoide. Se preciso, colocar travesseiro sob a cabeça e entre as
pernas para facilitar manutenção da posição.
Fig.15.19 Posição para punção de líquor lombar e auxílio do técnico de enfermagem.
Fonte: BURNNER; SUDDART, 2003
Material necessário para punção lombar
� 03 Luvas estéreis – 01 para assepsia realizada pelo médico e outra
para punção em si, a terceira para reserva caso necessite.
� 01 campo estéril para colocação do material
� 02 pacotes de gaze estéril
� 01 Kit punção lombar que deve conter: 01 agulha epidural e 01
seringa de vidro 10ml
� 03 tubos de exame estéril – tubo seco
� 01 curativo estéril – adaptic ou micropore
249
� Bolas de algodão com álcool 70% para realizar anti-sepsia da área
puncionada.
15.6 Morte Encefálica e potencial doador
Ao contrário do que muita gente pensa morte encefálica (ME) e coma não
são a mesma coisa. No estado de coma, o encéfalo ainda esta executando suas
funções rotineiras, ainda que com dificuldades. Com a morte encefálica, essas
funções não possam mais ser executadas. O estado de coma é um processo
reversível. A ME não. Do ponto de vista médico legal o cliente em coma ainda
esta vivo. Já na ME não. Portanto, a morte encefálica a interrupção definitiva e
irreversível de todas as funções cerebrais. Como o SN comanda todas as
atividades do corpo, quando ele morre, os demais órgãos e tecidos também
morrem. Alguns resistem mais tempo, como às córneas e a pele. Outros, como o
coração, pulmão, rim e fígado sobrevivem por muito pouco tempo.
Quando o cliente esta em ME ele pode vir a ser um “Potencial Doador”.
Isto é permitido com o emprego de meios artificiais. A bioengenharia permite a
manutenção das funções respiratórias e circulatórias por ventiladores mecânicos
e medicamentos que atuam na pressão arterial. Para tal o “potencial Doador” tem
que necessariamente ocupar um leito de unidade de terapia intensiva e
permanecer sob cuidados intensivos até que seus órgãos sejam legalmente
removidos e doados ao receptor vivo artificiais.
Muitos conceitos errôneos ainda são comuns entre os profissionais que
participam da assistência ao cliente critico em UTI. Essa torna-se uma das
principais causas de dificuldades na captação de órgãos para transplante no
Brasil. O passo inicial para reverter esse aspecto é a compreensão dos aspectos
250
legais que envolvem esse tema pelos próprios profissionais da UTI. Visto isto, o
primeiro passo é reconhecer os sinais de ME.
Através da Resolução do Conselho Federal de Medicina de n° 1480 de 08
de agosto de 1997, foi estabelecido um documento oficial denominado: Termo de
Declaração de Morte Encefálica. Este documento conciso e auto-explicativo
define oficialmente o diagnóstico de ME de maneira uniforme.
15.6.1 Declaração de Morte encefálica
O termo de declaração de ME consiste em 5 partes.
1. A identificação do cliente e a especificação da cau sa do coma . A
descrição do coma deve excluir distúrbios metabólicos, drogas que deprimem o
SNC, choque, intoxicação por drogas e hipotermia. Caso a causa do coma seja
duvidosa, deve-se interromper imediatamente o processo de diagnóstico de ME.
2. Exame clínico neurológico por dois médicos, sendo u m deles
neurologista. Esses exames devem obedecer a um intervalo mínimo entre as
avaliações seguindo critérios por idade. Ver tabela abaixo.
Elementos do exame neurológico
Para o diagnóstico de ME interessa, exclusivamente a arreatividade
supratentorial. Conseqüentemente, não afasta este diagnóstico a presença de
sinais de reatividade infratentorial (atividade reflexa medular) tais como reflexos
Idade Intervalo
7 dias a 2 meses incompletos 48 horas
2 meses a 1 ano incompleto 24 horas
1 ano a 2 anos de idade incompletos 12 horas
Acima de 2 anos 6 horas
251
osteotendinosos (reflexos profundos), cutâneo-abdominais, cutâneo-plantar em
reflexão ou extensão, superficiais ou profundas, ereção peniana reflexa, arrepio,
reflexos flexores de retirada dos membros inferiores ou superiores, reflexo tônico
cervical.
Resultado
1° exame 2° exame
Coma aperceptivo ( ) sim ( ) não ( ) sim ( ) não
Pupilas fixas e arreativas ( ) sim ( ) não ( ) sim ( ) não
Ausência de reflexo córneo-
palpeblral
( ) sim ( ) não ( ) sim ( ) não
Ausência de reflexos
oculocefálicos
( ) sim ( ) não ( ) sim ( ) não
Ausência de respostas às provas
calóricas
( ) sim ( ) não ( ) sim ( ) não
Ausência de reflexo de tosse ( ) sim ( ) não ( ) sim ( ) não
Apnéia ( ) sim ( ) não ( ) sim ( ) não
3. Assinatura dos exames clínicos : os exames devem se realizados por dois
médicos, sendo um deles neurologista, e não poderão fazer parte da equipe de
remoção e transplante. E como já citado deverão obedecer ao critério do intervalo
de tempo, segundo faixa etária. O protocolo segue abaixo:
1. Primeiro exame 2. Segundo exame
Data: / / Hora: : Data: / / Hora: :
Nome do médico: Nome do médico:
CRM: Fone: CRM: Fone:
End: End:
Ass: Ass:
252
4. Exame Complementar : o exame clínico deve estar acompanhado de um
exame complementar que demonstre inequivocamente a ausência de circulação
sanguínea intracraniana ou atividade elétrica cerebral, ou atividade metabólica
cerebral.
4.1. Definição dos exames :
Atividade circulatória cerebral – angiografia, cintilografia radioisotópica, dopller
transcraniano, monitorização da pressão intracraniana, tomografia
computadorizada com xenônio, SPECT.
Atividade elétrica cerebral- eletroencefalograma.
Atividade metabólica: PET, extração cerebral de oxigênio.
Existem especificidades com relação ao exame para pacientes com dois anos ou
mais basta um exame complementar dos citados.
Existem especificidades com relação ao exame dependendo da faixa etária.
4.2.Para clientes com 2 anos de idade ou mais basta um exame dos citados
acima.
4.3.Para clientes abaixo de 2 anos de idade:
-De 1 ano a 2 anos de idade incompletos o tipo de exame é facultativo dentro dos
mencionados. No caso de eletroencefalograma são necessários dois registros
com intervalo mínimo de 12 horas.
-De 2 meses a 1 ano incompleto dois eletroencefagramas com intervalo de 24
horas.
-De 7 dias a 2 meses de idade dois eletroencefalogramas com intervalo de 48
horas.
253
15.6.2 Técnica dos Procedimentos Diagnósticos de ME
1. Reflexo pupilar : deve ser realizado com fonte luminosa de boa intensidade,
observando se há resposta tanto direta quanto consensual e, se necessário,
utilizar lupas e em ambientes com baixa luminosidade.
Material necessário
• Lanterna
• luva
2. Reflexo corneano : explorar utilizando mecha de algodão, tocando
alternadamente as córneas e observando-se a presença de fechamento
palpebral e/ou desvio conjugado dos olhos para cima (fenômeno de Bell).
Atenção : algodão seco é o material mais adequado para ser utilizado!
Material necessário
• Bolas de algodão seco
• Luvas de procedimento
3. Reflexo oculocefalógiro : explora-se com movimentos rápidos de rotação da
cabeça no sentido horizontal e flexão e extensão do pescoço. Na resposta
normal, observa-se um deslocamento ocular no sentido contrário aos
movimentos realizados. Atenção : devido ao risco de lesão medular estas
manobras são proibitivas em pacientes vítimas de trauma, pelo menos até que
se tenha evidência radiológica de integridade da coluna vertebral.
Material necessário
• Luvas de procedimento
254
4. Reflexo oculovestibular : explora-se elevando a cabeça do paciente a 30
graus do plano horizontal; determinar previamente por otoscopia a
permeabilidade do conduto auditivo e aplicar lentamente 50 ml de água à 4oC
sobre a membrana timpânica, observando se há desvio ocular. Resposta
normal seria desvio em direção ao estímulo.
Prova Calórica
• Certificar-se de que não há obstrução do canal auditivo por cerumem
ou qualquer outra condição que dificulte ou impeça a correta realização
do exame.
• Usar 50 ml de líquido (soro fisiológico, água, etc.) próximo de 0 graus
Celsius, em cada ouvido.
• Manter DDH com a cabeça elevada em 30 (trinta) graus durante a
prova.
• Constatar a ausência de movimentos oculares.
Material necessário:
� SF 0,9% ou água destilada gelada
� Seringa de 20ml
� Toalha pequena
� Luvas de procedimento
� O médico instila 50ml da solução gelada no ouvido direito e
esquerdo alternadamente e observa a resposta dos
movimentos oculares.
5. Teste da apnéia : tem como intuito comprovar se há movimento ventilatório
espontâneo pela estimulação de centros respiratórios pela hipercapnia de no
255
mínimo 60 mmHg. O teste consiste inicialmente em observar se o paciente
não realiza nenhum esforço contrário à ventilação mecânica. Após 15 minutos,
o paciente é ventilado durante 10-20 minutos com 100% de oxigênio e colhe-
se uma gasometria arterial que deve mostrar um pO2 de 100 ou mais mmHg.
Na seqüência, ele é desconectado do ventilador e com um catéter traqueal se
administra oxigênio a 6 litros/minuto. Por um período de 10 minutos, observa-
se se há movimento ventilatório e colhe-se outra gasometria. O teste é dito
positivo quando a pCO2 da segunda gasometria atingir um nível mínimo de 60
mmHg sem nenhum movimento ventilatório concomitante. Caso pCO2 seja
menor que 60 mmHg, o teste deve ser repetido e, utilizando do aumento
médio de pCO2, de 3 mmHg/minuto em adultos, para cálculo do período de
observação.
• Ventilar o paciente com 02 de 100% por 10 minutos.
• Colher uma gasometria arterial
• Desconectar o ventilador.
• Instalar catéter traqueal de oxigênio com fluxo de 6 litros por minuto.
• Observar se aparece movimentos respiratórios por 10 minutos ou até
quando o pCO2 atingir 55mmHg.
• Observar parâmetros ventilatórios atentando para as alterações que
comprometam o cliente. Queda da PA e saturação de oxigênio
Material necessário
� Sonda nasogastrica nº 10
� Nebulizador
� Extensão de nebulizador
� Luvas
256
15.6.3 Principais Medidas para Manutenção do Pote ncial Doador de Òrgãos
Sempre manter a estrutura de suporte até que se comprove a
impossibilidade técnica ou recusa da doação
• Identificar a causa do coma
• Suspender toda medicação curarizante ou sedativa
• Manter a pressão arterial sistólica acima de 90mmHg
• Manter a temperatura central acima de 36,4°C
• Manter fluxo urinário maior que 1 ml/kg/hora
• Utilizar a menor quantidade possível de drogas vasoativas
• Ajustar condição metabólica mínima: distúrbios ácido-básicos,
hidroeletrolíticos, anemia e glicemia.
• Identificar a recusa da doação
Uma vez constatado ME, cópia deste termo de declaração deve ser
enviado ao órgão controlador estadual (lei 9434/97, Art.13).
O nome mais adequado é Central de Notificação, Captação e Distribuição
de Órgãos (CNCDO). É o setor da Secretaria de Saúde de cada Estado
responsável por organizar e coordenar todos os assuntos relacionados com a
notificação dos potenciais doadores, a captação dos órgãos, a locação dos
órgãos doados e a realização dos transplantes.
O hospital notifica a Central de Transplantes sobre um paciente com
suspeita de morte encefálica (potencial doador). No Estado de São Paulo a
captação se faz de forma regionalizada - a Central de Transplantes repassa a
notificação para uma OPO (Organização de Procura de Órgão) que cobre a
região do hospital notificador.
A OPO se dirige ao Hospital e avaliam o doador com base na sua história
clínica, antecedentes médicos e exames laboratoriais. Avalia-se a viabilidade dos
257
órgãos, bem como a sorologia para afastar doenças infecciosas e teste de
compatibilidade com prováveis receptores. A família é abordada sobre a doação e
também pode autorizar a remoção do paciente para o hospital da OPO, que
muitas vezes tem mais condições para uma melhor manutenção. Somente após a
assinatura do Termo de Doação de Órgãos e Tecidos, pelos familiares, ocorrerá à
doação.
A OPO informa a Central de Transplantes quando o doador já tem toda a
sua avaliação completada e o mesmo é viável. São passadas todas as
informações colhidas, resultados de exames, peso, altura, medicações em uso,
condições hemodinâmicas atuais, bem como local e hora marcada para a
extração dos órgãos.
NÃO. A família não é responsável por qualquer despesa com exames,
cirurgias ou outro procedimento envolvido com a doação dos órgãos. O Sistema
Único de Saúde (SUS) cobre todas as despesas.
Seleção dos receptores
Todo paciente que precisa de transplante é inscrito na Lista Única de
Receptores do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde (cuja
ordem é seguida com rigor, sob supervisão do Ministério Público), por uma equipe
responsável pelo procedimento do transplante. A partir desse cadastro, a Central
de Transplantes emite uma lista de receptores inscritos, compatíveis para o
doador; no caso dos rins deve-se fazer ainda uma nova seleção por
compatibilidade imunológica ou histológica.
Identificação das equipes transplantadoras
A Central de Transplantes informa a equipe de transplante (aquela equipe
específica que inscreveu o paciente na Lista Única de Receptores do Sistema
Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde - controlada pelo Ministério
258
Publico) sobre a existência do doador e qual paciente receptor foi nomeado. Cabe
à equipe decidir sobre a utilização ou não deste órgão, uma vez que é o médico o
conhecedor do estado atual e condições clínicas de seu paciente.
Os órgãos
As equipes fazem a extração no hospital (OPO) onde se encontra o
doador, em centro cirúrgico, respeitando todas as técnicas de assepsia e
preservação dos órgãos. Terminado o procedimento, as equipes se dirigem para
seus hospitais de origem para procederem à transplantação.
Liberação do corpo
O corpo é entregue à família condignamente recomposto, sendo fornecida
toda orientação necessária para a família.
Perguntas mais comuns
Quem pode ser doador de órgãos em vida?
Restrições legais - ·Podem ser doador em vida toda pessoa que tiver parentesco
consangüíneo de até quarto grau com o indivíduo que receberá o órgão
transplantado. Isso significa pais, irmãos, filhos, avós, tios e primos. Além desses
casos, cônjuges podem fazer doações e toda pessoa que apresentar autorização
judicial. Essa autorização é dispensada no caso de transplante de medula óssea.
A doação por menores de idade é permitida somente com autorização de ambos
os pais ou responsáveis. Pessoas não identificadas e deficientes mentais não
podem ser doadores.
Restrições de idade - Em geral, o doador devem ter até 60 anos. Para o caso de
transplante de fígado, a idade do doador pode chegar até 80.
Restrições de saúde - O doador precisa fazer exames de HIV e de hepatites B e
C. Deve fazer também provas de função hepática, de função renal e de função
pulmonar.
259
O “Doador Vivo ”
• O "Doador Vivo" é considerado uma pessoa em boas condições de saúde
(sempre avaliada por médico), capaz juridicamente e que concorde com a
doação. A decisão deve ser orientada por médico;
• Por lei, pais, irmãos, filhos, avós, tios, primos e cônjuges podem ser doadores.
Não parentes podem ser doadores somente com autorização judicial;
• Antes da doação é feito um check-up completo para certificar que a pessoa
pode doar com segurança;
• A compatibilidade sangüínea é primordial. Existem também testes especiais
(Prova Cruzada e HLA) para selecionar o melhor doador, ou seja, aquele com
maior chance de sucesso do transplante.
O Doador Vivo pode doar:
Rim : por ser um órgão duplo, pode ser doado em vida. Doa-se um dos rins, e
tanto o doador quanto o transplantado pode levar uma vida perfeitamente normal.
Medula Óssea : pode ser obtida por meio da aspiração óssea direta ou pela
coleta de sangue
Parte do fígado ou do pulmão : podem ser doados.
Quais são os órgãos que podem ser daodos?
• De doador vivo
Rim: por ser um órgão duplo, pode ser doado em vida. Doa-se um dos rins, e
tanto o doador quanto o transplantado pode levar uma vida perfeitamente normal.
Medula óssea: pode ser obtida por meio da aspiração óssea direta ou pela coleta
de sangue.
Parte do fígado ou do pulmão: podem ser doados.
• De doador com morte encefálica
Órgãos : coração, pulmões, fígado, rins, pâncreas e intestino.
260
Tecidos : córneas, partes da pele não visíveis, ossos, tendões e veias
Quem pode se beneficiar de um Transplante?
Principais indicações:
Coração : portadores de cardiomiopatia grave de diferentes etiologias (Doença de
Chagas, isquêmica, reumática, idiopática, miocardites);
Pulmão : portadores de doenças pulmonares crônicas por fibrose ou enfisema;
Fígado : portadores de cirrose hepática por hepatite; álcool ou outras causas;
Rim : portadores de insuficiência renal crônica por nefrite, hipertensão, diabetes e
outras doenças renais;
Pâncreas : diabéticos que tomam insulina (diabetes tipo l) em geral, quando
estão com doença renal associada;
Córneas : portadores de ceratocone, ceratopatia bolhosa, infecção ou trauma de
córnea;
Medula óssea : portadores de leucemia, linfoma e aplasia de medula;
Osso : pacientes com perda óssea por certos tumores ósseos ou trauma
Pele: pacientes com grandes queimaduras.
Os órgãos retirados
Após a cirurgia de retirada, os órgãos precisam ser transportados, em
recipientes estéreis, para o centro que realizará o transplante no paciente definido
pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada Estado. Há uma
equipe de profissionais responsável pelo procedimento do transplante a ser
realizado. Desde a notificação do potencial doador até a realização do
transplante, mais de 30 profissionais altamente especializados estão envolvidos.
261
Aspectos da nova Lei de Transplantes
• A Lei determinou ao Conselho Federal de Medicina que definisse os critérios
clínicos e exames necessários para o diagnóstico de morte encefálica (morte do
paciente), resultando na Resolução CFM 1480/97.
• Sistema Nacional de Transplantes - criado para dar controle e organização à
atividade. Agora, o transplante de órgãos e tecidos só pode ser realizado por
equipes e hospitais autorizados e fiscalizados pelo Ministério da Saúde.
• Lista Única de Receptores - a ordem da Lista é seguida com rigor, sob
supervisão do Ministério Público. O cadastro é separado por órgãos, tipos
sangüíneos e outras especificações técnicas.
• Consulta obrigatória à família - a decisão final sobre a doação é tomada pela
família após a morte. A consulta é obrigatória mesmo que você tenha autorizado
à doação em vida. Assim, se a família não for localizada, não ocorre à doação.
Como é a cirurgia para a retirada dos órgãos?
A retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra, sendo realizado com
todos os cuidados de reconstituição do corpo, obrigatório por lei.
E o corpo após a doação?
Após a retirada dos órgãos o corpo fica como antes, sem qualquer deformidade.
Não há necessidade de sepultamentos especiais. O doador poderá ser velado e
sepultado normalmente.
Quem recebe os órgãos e tecidos doados?
Com a nova Lei dos Transplantes foi instituída a Lista Única de receptores
(regional) pelas Secretarias Estaduais de Saúde. Os órgãos do potencial doador
serão transplantados nos pacientes, obedecendo-se os critérios da lista Única.
262
Como devo expressar meu interesse em ser doador?
Informe sua família sobre seu desejo de ser doador de órgãos. Não é necessário
qualquer registro em nenhum documento. O mais importante é comunicar em vida
sua vontade pela doação.
15.6.4 Assistência de Enfermagem ao “Potencial Doador” de Órgãos
• Controlar sinais vitais de 2/2hs PA, P, T, R, PVC, PAM e saturação
de oxigênio.
• Manter a temperatura corpórea a 36-37°C com auxili o de mantas
térmicas (hipotermia pode ocasionar arritmias e parada cardíaca)
• Aspirar VAS, por tubo orotraqueal ou traqueostomia, promovendo
ventilação adequada.
• Controlar a pressão do cuff da cânula endotraqueal ou
traqueostomia a intervalos regulares
• Checar posicionamento da cânula pela marcação em rima bucal
• Acompanhar resultados de gasometria e outros exames
laboratoriais
• Identificar sinais de insuficiência respiratória, freqüência respiratória
diminuída, apnéia, saturação de oxigênio em queda e comunicar
imediatamente a equipe da OPO.
• Manter cateteres e cânulas permeáveis, evitar obstrução a fim de
garantir infusão correta das medicações prescritas e confiabilidade
nos dados hemodinâmicos.
• Manter com cateterismo vesical, sistema fechado e técnica
asséptica às manipulações.
263
• Fazer balanço hídrico, controle correto das infusões, garantir
volêmia que permita diurese superior à 50ml/h, pressão sistólica >
90 e 100 Mmhg, FC entre 60 e 120bpm.
• Administrar drogas vasoativos em bombas de infusão, adequar
infusão para manutenção de valores hemodinâmicos, monitorar a
cada 30 minutos.
• Ficar atento a sinais de diabetes insipidus, comunicar
imediatamente o médico da OPO
• Administrar hormônio ADH corretamente conforme prescrição
médica para evitar vasoconstrição hepática e coronária.
• Administrar antibióticos com cautela e diluição correta e tempo de
infusão conforme orientação do fabricante para evitar
vasoconstrição e lesão dos órgãos a doar.
• Manter higiene corporal e troca de curativos sempre que
apresentarem úmidos e com secreção.
• Manter técnica asséptica ao manipular sondas, drenos e cateteres.
• Mediante febre colher hemocultura.
264
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Coração – Fundação Zerbini. Assistência ao Cliente/Paciente Clínico-
Cirúrgico II. cap. 12; 22 . p. 227-258; 348-350.
CAMPOS, MA. Assistência de enfermagem ao paciente neurocirúrgico na UTI. In:
Pinto, FCG. Manual de Iniciação em Neurocirurgia . São Paulo: Santos, 2003 p.
189-205.
BURNNER; SUDDART. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. Função
Neurológica .. ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2003. 14. cap. 56-57 e 59.
v.4.
JACOB; FRANCONE; LOSSON. Anatomia e Fisiologia Humana . 5. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1984. cap. 3, p. 204-299.
GUYTON, AC; HALL, JE. Fisiologia Humana e mecanismos das doenças. O
Sistema Nervoso: (A) Organização Básica e Fisiologi a Sensorial . Cap. 11. p.
395-443. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2003.
1° Curso de Terapia Intensiva do Hospital Albert Ei nstein de 6 a 8 de dezembro
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Neurológica. Morte Encefálica . p.245-253. cap. 12.
BARROS, C; PAULINO, W. R. O Corpo Humano. In: O Sistema Nervoso . São
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265
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http://www.cerebromente.org.br/n14/doenças/avc. html. 04/04/2006
266
CAPÍTULO XVI
Magda Bandouk
SISTEMA RESPIRATÓRIO
16. 1 Anatomia e Fisiologia do Sistema Respirató rio
Didaticamente as vias respiratórias ou vias aéreas são divididas em duas
partes, vias aéreas superiores e inferiores. Resumidamente as vias aéreas
superiores conduzem, ou servem de caminho para a entrada e saída do ar
(porção de condução). Já as vias aéreas inferiores são responsáveis pelas trocas
gasosas (porção de respiração).
16.1.1 Vias Aéreas Superiores
Descreveremos a seguir a anatomia e função das estruturas que compõem as
vias aéreas superiores: nariz, seios para nasais, faringe, laringe, amídalas,
adenóides.
Nariz
O nariz é composto de uma porção externa e uma interna. A porção
externa é sustentada pela cartilagem e ossos nasais. As narinas são as aberturas
para o meio ambiente. A porção interna do nariz é oca e separa-se pelo septo em
duas cavidades. As cavidades são revestidas por membranas mucosas ciliadas,
altamente vascularizadas. A superfície da mucosa nasal é revestida de muco,
produzido pelas células caliciformes. O nariz serve como trajeto para o ar ser
levado até os pulmões, filtrando as impurezas, umidificando e aquecendo o ar.
267
Seios paranasais
Os seios paranasais incluem quatro pares de cavidades ósseas, que estão
ligados por uma série de ductos, que drenam para a cavidade nasal. Os seios são
denominados de frontal, etmoidal, esfenoidal e maxilar. Eles servem como
câmara de ressonância na fala.
Faringe
A faringe, ou garganta é uma estrutura semelhante a um tubo, que liga as
cavidades oral e nasal à laringe, é dividida em três regiões: nasal, oral e faríngea.
A nasofaringe está localizada posteriormente ao nariz e situa-se acima do
palato mole. A orofaringe aloja as amídalas palatinas. A laringo-faringe estende-
se desde o osso hióide até a cartilagem cricóide. A entrada da laringe é formada
pela epiglote. As adenóides, ou amídalas faríngeas estão localizadas no teto da
nasofaringe. São importantes elos na cadeia de linfonodos que protegem o corpo
da invasão de organismos que penetram no nariz e garganta. A função da faringe
é fornecer uma passagem para os tratos respiratório e digestivo.
Laringe
A laringe é uma estrutura cartilaginosa revestida de epitélio que liga a
faringe à traquéia. Tem como principal função permitir a vocalização e proteger as
vias aéreas inferiores de substâncias estranhas e facilitar a tosse. A laringe
consiste de epiglote, glote, cartilagem tiróide, cartilagem cricóide, cartilagem
aritenóide e cordas vocais.
268
16.1.2 Vias Aéreas Inferiores
A via aérea inferior é composta basicamente pelo pulmão, no entanto, no
pulmão existem estruturas anatômicas de grande importância, que estão
coligadas e interdependentes, que serão descritas a seguir, tais como a traquéia,
músculos respiratórios, pleuras, mediastino, lobos, brônquios, bronquíolos e
alvéolos.
Pulmão
Os pulmões são estruturas elásticas contidas no tórax, como uma câmara
impermeável com paredes distensíveis. A ventilação envolve movimentos das
paredes do tórax e de seu assoalho, o diafragma. O efeito desses movimentos é
aumentar e diminuir alternadamente a capacidade do tórax. O aumento da
capacidade do tórax diminui a pressão no seu interior e faz com que o ar penetre
através da traquéia e encha os pulmões. O retorno da parede torácica e do
diafragma às suas posições anteriores determina a retração elástica dos pulmões
e força à saída do ar pelos brônquios e traquéia.
A pleura é uma membrana fina e deslizante que reveste a superfície
externa dos pulmões. A pleura parietal reveste o tórax e a pleura visceral recobre
os pulmões. Existe uma pequena quantidade de líquido entre as duas superfícies
pleurais que as lubrifica e permite que deslizem livremente durante a ventilação.
O mediastino é a parede que divide a cavidade torácica em duas metades.
Cada pulmão é dividido em lobos. O pulmão esquerdo tem lobos superiores e
inferiores, e o direito tem lobos superior, médio e inferior.
Os brônquios têm várias ramificações em cada lobo. As primeiras são os
brônquios lobares (três no pulmão direito e dois no pulmão esquerdo). Os
brônquios lobares subdividem-se em brônquios segmentares (10 à direita e 8 à
269
esquerda). Os brônquios segmentares dividem-se em brônquios
subseguimentares, esses brônquios são envolvidos por tecido conjuntivo que
contém artérias, vasos linfáticos e nervos; eles se dividem em bronquíolos, que
não possuem cartilagem em suas paredes. Os bronquíolos contêm glândulas na
submucosa que produzem muco, o qual recobre ininterruptamente o revestimento
interno da via aérea.
Os brônquios e bronquíolos são revestidos por células que têm suas
superfícies recobertas por cílios. Esses cílios fazem um movimento constante de
“varredura” que serve para impelir o muco e as substâncias estranhas do pulmão
para a laringe e da laringe para fora do corpo.
Os bronquíolos ramificam-se em bronquíolos terminais, que não possuem
glândulas de muco ou cílios. Os bronquíolos terminais tornam-se bronquíolos
respiratórios, que são considerados vias de transição entre as vias aéreas e os
espaços de troca gasosa. Os bronquíolos respiratórios terminam em ductos e
sacos alveolares e, posteriormente, em alvéolos. A troca de oxigênio e dióxido de
carbono (hematose) ocorre nos alvéolos.
O pulmão é formado por cerca de 300 milhões de alvéolos, dispostos em
grupos de 15 a 20. Esses numerosos alvéolos se suas superfícies fossem unidas,
abrangeriam uma área de 70 metros quadrados.
270
Fig. 8.1 Anat . do Ap. Respiratório Fig. 8.2 Pulmão
Fonte: http//www.Webciencia.com
Parede torácica e músculos
Como já visto, o sistema respiratório é constituído pelos pulmões, órgão
responsável pelas trocas gasosas e pela parede torácica, responsável pelo
processo ventilatório. Os músculos ventilatório têm a função primária de deslocar
a parede torácica, impulsionado o ar para dentro e para fora dos pulmões,
auxiliando assim a manutenção da troca gasosa.
A parede torácica compreende a caixa torácica e o abdômen, separados
entre si pela estrutura músculo-tendinosa que forma o diafragma. Quando o
diafragma se contrai e se rebaixa, ocorre o deslocamento da parede abdominal
para fora. Na contração dos músculos abdominais, a parede torácica se desloca
para dentro, e o diafragma se move em direção cranial relaxado.
A caixa torácica é formada pelas vértebras dorsais, as costelas, o esterno e
as cartilagens costais. Ela apresenta movimentos devido às articulações costo-
esternais.
271
Os músculos respiratórios estão classificados em expiratórios e
inspiratórios. Os músculos inspiratórios são os diafragmas, os intercostais
externos, os intercostais internos (paraesternais) e os escalenos. Os músculos
expiratórios são os intercostais internos, os abdominais e outros músculos da
cintura escapular.
Fig.16.3 Inspiração
Fig. 16.4. Expiração Fonte: http//www.Webciencia.com Fonte: http//www.Webciencia.Com
16.2 Fisiologia Respiratória
As células do organismo tiram a energia de que precisam da oxidação dos
carboidratos, lipídios e proteínas. O oxigênio é necessário neste processo, assim
como em qualquer tipo de combustão. Certos tecidos vitais, como o cérebro e o
coração não conseguem sobreviver por muito tempo sem uma oferta contínua de
oxigênio. O resultado da oxidação nos tecidos orgânicos é a produção de dióxido
de carbono, que precisa ser removido das células.
O sangue circulante fornece oxigênio às células e delas retira o dióxido de
carbono. A hematose ocorre entre os alvéolos e os capilares. Depois dessas
272
trocas nos capilares dos tecidos, o sangue venoso entra nas veias sistêmicas e
vai para a circulação pulmonar.
16.2.1 Difusão e Perfusão
Difusão é o processo no qual o oxigênio e o dióxido de carbono são
permutados na interface ar-sangue. A membrana alvéolo capilar é ideal para a
difusão por causa de sua grande área de superfície e de sua membrana delgada.
O oxigênio e o dióxido de carbono atravessam a membrana alvéolo capilar sem
dificuldade, nos pulmões saudáveis.
A perfusão pulmonar é o fluxo real de sangue através da circulação
pulmonar. A pressão da artéria pulmonar, a gravidade e a pressão alveolar
determinam os padrões de perfusão.
Fig. 16.5 Troca gasosa Fonte:http//www.webciencia.com
16.2.2 Transporte de Oxigênio e Dióxido de Carbono
O oxigênio e o dióxido de carbono são transportados simultaneamente em
virtude da sua capacidade de se dissolverem no sangue ou de se combinarem a
alguns elementos do sangue. Difundem-se em direção oposta.
273
A entrada e a saída de ar nas vias aéreas são chamadas ventilação, pois,
repõem continuamente o oxigênio e removem o dióxido de carbono dos espaços
aéreos do pulmão. Este processo de troca gasosa entre o ar atmosférico e o
sangue e entre o sangue e as células do organismo é chamado de respiração.
O oxigênio é transportado no sangue de duas maneiras: como oxigênio
fisicamente dissolvido no plasma e em combinação com a hemoglobina das
hemácias. O sangue pode transportar grandes volumes de oxigênio porque este
forma uma ligação com a hemoglobina, transformando-a em oxi-hemoglobina
(HbO2).
O dióxido de carbono é transportado para o pulmão para eliminação. A
quantidade de CO2 em trânsito é um dos principais determinantes do equilíbrio
ácido-básico do organismo. Grande parte do CO2 (90%) entra nas hemácias e a
pequena fração (5%) permanece dissolvida no plasma (PC02) e é o fator
fundamental que determinará a entrada ou saída do CO2 no sangue,
Fig. 16.6 Transporte de O2 Fonte:http//afh.bio.br
274
16.2.3 Mecanismo de Ventilação
Os fatores físicos que orientam a entrada e saída de ar nos pulmões são
denominados, em conjunto, de mecânica da ventilação.
O ar flui de uma região de maior pressão para outra de menor pressão .
Na inspiração, as contrações do diafragma e dos outros músculos
respiratórios aumentam a cavidade torácica reduzindo a pressão dentro do tórax
abaixo do nível da pressão atmosférica. Assim, o ar é sugado através da traquéia
e dos brônquios para os alvéolos.
Na expiração normal, o diafragma relaxa e os pulmões retraem, o que
resulta em redução no tamanho da cavidade torácica. A pressão alveolar
ultrapassa a pressão atmosférica e o ar flui dos pulmões para a atmosfera.
A resistência de entrada de ar na via aérea é determinada pelo raio da via
aérea, ou seja, qualquer processo que modifique o diâmetro brônquico afetará a
resistência da via aérea e alterará a velocidade de fluxo de ar em determinado
gradiente de pressão durante a respiração.
O gradiente de pressão entre a cavidade torácica e a atmosfera faz com
que o ar entre e saia dos pulmões.
A facilidade que os pulmões apresentam para se expandirem é chamada
de complacência pulmonar .
O pulmão complacente distende-se facilmente quando se aplica pressão,
ao passo que o não-complacente exige uma pressão maior do que a normal para
distender-se.
Os pulmões com baixa complacência despendem mais energia do que o
normal para conseguir os níveis habituais de ventilação. Os principais fatores que
determinam a complacência pulmonar são:
• O tecido conjuntivo (colágeno e elastina)
275
• A tensão na superfície dos alvéolos, (mantida pela surfactante).
Os volumes e capacidades pulmonares estão descritos abaixo:
• VOLUME CORRENTE (VC): é o volume de ar inspirado e expirado a cada
respiração
• VOLUME DE RESERVA INSPIRATÓRIA (VRI) : é o volume máximo de ar
que pode ser inspirado depois de uma inspiração normal.
• VOLUME DE RESERVA EXPIRATÓRIA (VRE): é o volume máximo de ar
que pode ser expirado forçosamente depois de uma expiração máxima.
• VOLUME RESIDUAL (VR): é o volume de ar que permanece nos pulmões
depois de uma expiração máxima.
• CAPACIDADE VITAL (CV) : é o volume máximo de ar expirado a partir do
ponto de uma inspiração máxima.
• CAPACIDADE INSPIRATÓRIA (CI) : é o volume máximo de ar inspirado
depois de uma expiração normal.
• CAPACIDADE RESIDUAL FUNCIONAL (CRF) : é o volume de ar que
permanece nos pulmões depois de uma expiração normal.
• CAPACIDADE PULMONAR TOTAL (CPT): é o volume de ar nos pulmões
depois de uma inspiração máxima e igual à soma de todos os volumes
(VPI, VRE. VR).
16.2.4 Controle Neurológico da Ventillação
O ritmo da respiração é controlado pelos centros respiratórios situados no
cérebro. Os centros inspiratório e expiratório localizados no bulbo e na ponte
controlam a freqüência e profundidade da ventilação para satisfazerem as
demandas metabólicas do organismo.
276
Os quimioreceptores centrais respondem a alterações químicas no líquor
cefalorraquidiano, que decorrem de alterações químicas no sangue. Eles
respondem ao aumento ou diminuição no PH e transmitem mensagens para que
os pulmões modifiquem a profundidade e/ou a freqüência da ventilação para
corrigir o desequilíbrio.
Os quimioreceptores periféricos localizados no arco aórtico e nas artérias
carótidas, respondem primeiro a mudanças na P02, depois na PC02 e no pH.
Existem ainda outros recptores situados nos alvéolos, nos músculos e
articulações, que respondem com o aumento dos movimentos do corpo,
aumentando a ventilação. Ainda há os barorreceptores situados no corpo aórtico
e carótido, que respondem ao aumento ou diminuição da pressão arterial
causando hipoventilação ou hiperventilação reflexa.
16.3 Avaliação geral do Sistema Respiratório
16.3.1 Avaliação Geral
História Pregressa e Atual
Relato de doenças pré-existentes do próprio sistema respiratório ou que
possam interferir na função respiratória (AVC, diabetes, ICC, insuficiência renal,
neuromiopatias). Pesquisar hábitos da postura ao dormir, cansaço após
exercícios entre outros.
História Familiar
Acredita-se que o fator hereditariedade pode estar associado a doenças
pulmonares como o enfisema, doenças alérgicas.
277
Hábitos e Vícios
O relato de tabagismo está ligado estatisticamente às doenças do sistema
respiratório. Perguntar precisamente ao paciente se fuma, caso sim há quanto
tempo e a quantidade de cigarros por dia.
Obs: Bronquite crônica, enfisema pulmonar são comumente encontradas nos
fumantes.
Risco Ocupacional
Ocorrência de doenças pulmonares conseqüentes à exposição a certos
inalantes. Perguntar ao paciente a ocupação profissional. Exemplos de doenças
relacionadas ao trabalho:
• Silicose (mineração, fundição de ferro, jato de areia),
• Asbestose (inalação de asbesto - mineração fabricação de
caldeiras)
• Bissinose (trabalhos com algodão).
Padrão Respiratório
Dispnéia
É a sensação de ventilação insuficiente percebida pelo paciente. O exame
completo deve avaliar a queixa de dispnéia pela observação dos movimentos
respiratórios do paciente. Em geral, as doenças agudas dos pulmões produzem
um grau mais sério de dispnéia do que as doenças crônicas.
Outros padrões respiratórios: ortopnéia, bradipnéia, angústia
respiratória , etc.
Tosse
É um mecanismo importante de defesa. Os estímulos podem ser
mecânicos, químicos, térmicos ou inflamatórios, incluindo reações decorrentes
das infecções.
278
Tipos de Tosse
• Tosse Produtiva: É um sinal de condições inflamatórias agudas ou
crônicas dos pulmões e vias aéreas (processo inflamatório ou
infeccioso onde há eliminação de secreções).
• Tosse Improdutiva : Não tem utilidade alguma, poderá causar
trauma mecânico e agravar a lesão. (estímulo mecânico ou
irritativo).
• Tosse Aguda: Geralmente associada a laringotraqueobronquite
viral, infecção broncopulmonar ou inalação de substâncias irritativas.
• Tosse Crônica: Indício de bronquite crônica, tuberculose,
bronquiectasia e carcinoma broncogênico.
• Tosse Metálica: Geralmente se origina de doenças da laringe.
• Tosse Noturna: pode ser indicativo de ICC .
Tipos de Escarro
• Escarro com mau cheiro : infecção anaeróbica, abscessos
pulmonares ou pneumonia necrotizante.
• Escarros abundantes, espumosos : característico de carcinoma
broncoalveolar.
• Escarro róseo abundante e espumoso : Edema agudo Pulmonar.
• Escarro, de coloração ferruginosa ou de ‘’suco de a meixas'':
ocorre na pneumonia pneumocócica.
• Escarros purulentos, copiosos: com raios de sangue: É indício
de bronquiecatsia expectorado com mudança de postura.
• Escarro com sangue (Hemoptise): presente em distúrbios
pulmonares ou cardíacos, varia do escarro sanguinolento à grande
279
hemorragia súbita. Tem como causas mais comuns à tuberculose,
bronquiectasia, abcesso pulmonar, neoplasia, infarto pulmonar e
lesões vasculares e câncer pulmonar.
Faz parte desse escarro:
Sintomas na hemoptise :
Sensação de coceira na garganta,
Gosto salgado,
Sensação de queima ou borbulhamento no tórax
Dor torácica.
Coloração da pele (perfusão)
Cianose: coloração arroxeada da pele associada a hipoxemia ou oxigenação
deficiente do sangue. A cianose é mais facilmente observada no leito vascular
dos lábios, língua, lobo da orelha e unhas.
Exemplos de cianose secundária a outras patologias:
Anemia → devido à baixa quantidade de Hb
Policitemia → apesar da tensão de O2 ser elevada.
Outros sinais de desconforto e/ou dificuldade respi ratória
• Utilização de musculatura acessória cervical,
• Batimentos de asa de nariz,
• Agitação,
• Ansiedade,
• Confusão.
280
Exame do Tórax
Ausculta, Inspeção e Palpação.
As deformidades esqueléticas (cifose e escoliose) devem ser avaliadas
cuidadosamente uma vez que podem alterar a mecânica da respiração ou afetar
a transmissão do som através do tórax.
Avaliar:
• Simetria dos pulmões
• Posição da traquéia
• Presença de roncos, sibilos e extertores.
• Presença de cicatrizes cirúrgicas
• Surgimento de circulação colateral em conseqüência à obstrução da
veia cava superior por tumor.
• Formato do tórax:
Tórax em barril
Tórax em funil
Peito de pombo
16.3.2 Exames Diagnósticos
Culturas e pesquisas em secreção traqueal / escarro
O escarro pode ser obtido para determinar a presença de organismos ou
células malignas. A cultura é utilizada no diagnóstico, para testar a sensibilidade
às drogas e como guia no tratamento.
Gasometria
Estudos do ph sanguíneo, pCO2, pO2, Sat. O2 e HCO3 são indicativos da
função respiratória. Avalia o grau em que os pulmões são capazes de fornecer O2
adequado e de remover CO2. Determina também a capacidade dos rins de
reabsorverem ou excretarem os íons de bicarbonato.
281
Broncoscopia
É a inspeção e observação direta da laringe, traquéia e brônquios
utilizando-se o broncoscópio. Pode ter indicação diagnóstica ou terapêutica:
Indicações diagnósticas
• Identificação do local da hemorragia
• Exclusão da possibilidade de obstrução por CA ou corpo estranho
• Lavagem broncoalveolar e biópsia transbrônquica
• Verificação de possíveis lesões por inalação aguda, por intubação.
• Pesquisa de traumatismo torácico fechado
• Coleta de material para culturas
Indicações terapêuticas
• Remoção de secreções excessivas e atelectasia
• Remoção de corpos estranhos
• Tamponamento de uma hemorragia ativa utilizando cateter de
Fogarty
RX de tórax
Fornecem importantes informações clínicas:
• Localização de tubos endotraqueais, traqueostomia, linhas venosas,
SNG, drenos torácicos, fios de marca-passo.
• Presença de derrame pleural, pneumotórax, pneumomediastino,
alargamento mediastínico, embolia pulmonar, infiltração
parenquimatosa (edema, pneumonia), cistos aéreos.
282
US de tórax
É mais utilizado para evidenciar o derrame pleural e distinguir líquido
pleural do subfrênico. Servem também para guiar toracocentese.
Tomografia de tórax
Fornece filmes de seções dos pulmões nos diferentes planos dentro do
tórax. É valiosa na demonstração da presença de lesões sólidas, calcificação de
uma lesão. Permite a definição precisa das anormalidades torácicas que não
foram claramente evidenciadas em RX convencional.
RNM de tórax
Fornece imagens ainda mais precisas que a tomografia.
Biópsia Pulmonar
Obtenção de material histológico do pulmão, quando a lesão está fora do
alcance visual do broncoscópio, ou quando o exame do escarro e radiografias é
conclusivo.
Mapeamento Pulmonar
Injeção de radioisótopo no corpo que passam através do coração direito e
se distribuem nos pulmões proporcionalmente ao fluxo sanguíneo regional,
medindo-se a perfusão através do pulmão. É usado para detectar a isquemia
pulmonar, como se observa nas embolias pulmonares.
283
16.3.3 Manifestações Comuns das Patologias Res piratórias
Atelectasia; ocorre quando uma área pulmonar não é ventilada e então o
parênquima pulmonar entra em colapso resultando atelectasia.
Os sinais e sintomas dependem da extensão da área envolvida podendo
ser desde uma sombra radiográfica assintomática até desconforto respiratório
agudo. Quando a área é grande pode ocorrer o desvio das estruturas
mediastínicas para o pulmão afetado. Desaparecem os sons respiratórios e há
perda de frêmito na área afetada. Predispõe a atelectasia, a inconsciência, a
desidratação e anestesia.
Cianose : cor arroxeada das extremidades, devido o hipoxemia.
Derrame pleura: c oleção de líquido na cavidade torácica entre as pleuras parietal
e visceral. Pode acompanhar a insuficiência cardíaca, doença hepática ou
alterações renais, bem como alterações primárias dos pulmões e da pleura. Há
desvio das estruturas mediastínicas para o lado oposto ao do derrame,
transmissão deficiente dos ruídos respiratórios para a área da parede torácica
correspondente ao derrame.
Dispnéia: padrão respiratório onde o cliente relata a dificuldade de respirar.
Hipoxemia: diminuição da quantidade de oxigênio no sangue arterial.
Hipercapnia : aumento do dióxido de carbono no sangue arterial
Ortopnéia: posição sentada adotada pelo cliente para facilitar a respiração.
Pneumotórax: é o acúmulo de ar no espaço pleural. O paciente pode queixar-se
de falta de ar ou de dor súbita no tórax. Quando a quantidade de ar é grande, o
desvio mediastínico pode causar o deslocamento da traquéia e do coração para o
lado.
284
16.4 Patologias mais Comuns
Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas - DPOC
Denominação genérica para caracterizar doenças onde há obstrução do fluxo de
ar de caráter progressivo e irreversível. O estreitamento das vias aéreas e a
diminuição do fluxo levam a perda da elasticidade pulmonar. Como conseqüência,
há um aumento do trabalho respiratório, o diafragma perde sua capacidade e
ocorre a destruição alveolar prejudicando a troca gasosa.
Dentre as DPOC, citaremos o enfisema e a bronquite.
Bronquite Crônica
É caracterizada por produção exsudativa e hiperreatividade de
secreçãomucosa associada a infecções do trato respiratório inferior causando
obstrução dos alvéolos e conseqüente lesão alveolar. Pode ser caracterizada como
tosse não explicada por outras causas.
A produção de catarro é persistente, e o material varia entre uma
substância mucóide pegajosa, branca, brilhante, ao pus. Estertores ou sibilos
podem ser ouvidos nos pulmões.
Causas
• Infecções virais e bacterianas,
• Tabagismo
• Exposição a poluentes e substâncias químicas
• Fatores hereditários.
Manifestações Clínicas
• Dispnéia de instalação lenta e progressiva
• Dor torácica
• Tosse
285
• Peito de pombo
• Perda de peso
• Anorexia
Enfisema pulmonar
É um aumento anormal dos espaços alveolares com sua destruição.
Normalmente está associada à degeneração das paredes alveolares, a
coalescência dos alvéolos em sacos alveolares maiores (bolhas) e a perda do
tecido de suporte brônquico.
Ocorre dispnéia como resultado da constante expansão do tórax com
expiração prolongada.
Na expiração forçada podem ocorrer sibilos. A bronquite acompanha
freqüentemente o enfisema.
Fatores de risco
• Tabagismo
• Exposição ocupacional
• Hereditariedade
• Envelhecimento
• Infecções
• Poluições
Manifestações Clínicas
• Tosse
• Infecções de vias aéreas,
• Anorexia;
• Emagrecimento
286
• Cansaço,
• Tórax em tonel,
• Cianose de extremidades,
• Dedos em baqueta de tambor.
Tratamento
Broncodilatadores, oxigenioterapia, eliminação de fatores prejudiciais (fumo),
fisioterapia respiratória.
Cuidados de Enfermagem nas DPOC
• Controlar sinais vitais com ênfase em respiração e temperatura;
• Incentivar o abono do cigarro;
• Manter decúbito elevado;
• Estimular hidratação;
• Estimular alimentação;
• Observar perfusão periférica;
• Estimular fisioterapia respiratória;
• Manter oxigenioterapia;
• Proporcionar repouso relativo com recreação;
• Atentar para efeitos colaterais dos broncodilatadores.
Pneumonia
Qualquer infecção pulmonar que envolva os alvéolos e ocasione o acúmulo
de exsudato ou secreções inflamatórias é denominada de pneumonia. As
pneumonias, usualmente, envolvem um segmento ou lobo do pulmão. Quando a
287
pneumonia não envolve segmentos anatomicamente completos dos pulmões, é
denominada de broncopneumonia.
Fig. 16.7 Pneumonia lobar Fig. 16.8 Broncopneumonia
Fonte:http//www.spt.org.br Fonte: http//www.spt.org.br
Causas
• Infecções bacterianas, virais e fúngicas,
• Exposição ocupacional a substâncias químicas na forma de pós,
névoas, neblinas,
• Inalação acidental de outras substâncias químicas
• Aspirações de secreção gástrica
• Imobilização prolongada no leito
• Exposição ao frio intenso e umidade
Manifestações Clínicas
• Hipertermia
• Dor torácica durante a respiração.
• Dispnéia, cianose de extremidades, sudorese, taquicardia,
• Tosse produtiva com escarro purulento e raiado de sangue,
• Fadiga
• Estertores.
288
Tratamento
• Medicamentoso: antibióticos, broncodilatadores e sintomáticos
• Oxigenioterapia
Cuidados de Enfermagem
• Orientar repouso relativo;
• Controlar sinais vitais com ênfase em temperatura e respiração;
• Administrar inalação e oxigenioterapia;
• Administrar antitérmicos, analgésicos e antibióticos;
• Realizar mudança de decúbito;
• Estimular fisioterapia respiratória;
• Estimular dieta;
• Estimular hidratação;
• Realizar aspiração de secreções;
Embolia Pulmonar
É uma patologia decorrente de complicações que alguns pacientes podem
apresentar após cirurgias ou pela própria hospitalização. Ocorre uma obstrução
vascular no pulmão causada pela formação de trombos (gordurosos ou gasosos).
O deslocamento de trombos venosos distais pode causar embolia na rede
capilar do pulmão e, quando infectados, dão origem a áreas de pneumonia ou
abcessos. Dependendo do grau de obstrução leva ao infarto pulmonar.
Fatores de Risco
• História anterior de trombose venosa;
• Carcinomas;
289
• Cirurgias;
• Uso de contraceptivos orais;
• Distúrbios de coagulação;
• Doenças cardíacas,
• Traumas e fraturas;
• Imobilização por períodos prolongados.
Sinais e Sintomas
• Hipotensão e cianose;
• Dispnéia;
• Traquipnéia;
• Dor pleurítica;
• Traquicardia e /ou arritmias;
• Ingurgitamento jugular;
• Agitação;
• Sudorese;
• Dor, calor, rubor, quando a embolia estiver associada a TVP;
• Hemoptise.
Tratamento
• Terapia com anticoagulantes e agentes fibrinolíticos
(estreptoquinase)
• embolectomia
• Oxigenioterapia.
290
Assistência de Enfermagem
• Manter o paciente em decúbito elevado continuamente;
• Observar desconforto respiratório;
• Controlar sinais vitais;
• Observar hemoptise, cianose;
• Manter oxigenioterapia de acordo com necessidades respiratórias
do paciente.
Edema Agudo Pulmonar
Definição
Acúmulo de líquido no espaço extravascular, alvéolos e vias aéreas, dos
pulmões gerando hipoxemia por conseqüência da diminuição das trocas gasosas.
Os capilares encontram-se congestionados. A história deve perceber
exposição a um inalante nocivo ou de doença cardíaca.
Sinais e Sintomas
• Tosse com expectoração espumosa rosada;
• Dispnéia;
• Traquipnéia;
• Sudorese;
• Ansiedade e/ou agitação;
• Cianose de extremidades;
• Rebaixamento do nível de consciência;
• Estertores e roncos
• Hipotermia;
• Coma.
291
Causas
• ICC (Insuficiência Cardíaca Congestiva),
• SARA (Síndrome da Angústia Respiratória do Adulto),
• Septicemia,
• Choque Cardiogênico e não Cardiogênico.
Tratamento
• Oxigenioterapia através de O2 úmido (por máscara, cateter, ou
ventilação mecânica)
• Medicamentoso: diuréticos, digitálicos, nitroprussiato de sódio
(vasodilatador), ansiolíticos,
• Redução do retorno venoso.
Assistência de Enfermagem
• Manter o paciente em decúbito elevado continuamente;
• Manter vias aéreas permeáveis;
• Aplicar oxigenioterapia;
• Controlar sinais vitais;
• Manter acesso venoso pérvio;
• Observar rigorosamente o paciente (cianose de extremidade, dor,
agitação, etc.);
• Fazer o balanço hídrico;
• Observar rebaixamento do nível de consciência.
292
Insuficiência Respiratória
Definição
É a incapacidade que se apresentam nos pacientes das mais variadas
patologias.
Dizemos insuficiência respiratória quando qualquer um dos sistemas
envolvidos na respiração apresentarem uma sobrecarga ou comprometimento.
Pode ser caracterizada quando há hipoxemia e/ou hipercapnia.
Causas
• Afecções neurológicas: Traumatismo cranioencefálico (TCE),
fraturas cervicais, Acidente Vascular Encefálico (AVE), síndrome de
Guillam Barré;
• Afecções musculares: miopatias
• Afecções respiratórias: asma, enfisema, pneumonia.
• Afecções cardíacas: Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC), Infarto
Agudo do Miocárdio (IAM).
• Outras: Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD), insuficiência
renal entre outros.
Sinais e Sintomas
• Traquipnéia;
• Dispnéia;
• Rebaixamento do nível de consciência;
• Cianose.
Tratamento
• Correção da afecção que está causando insuficiência respiratória;
293
• Broncodilatadores;
• Oxigenioterapia: máscara de Venturi, intubação e respiração
mecânica;
16.5 Pós-Operatório de Cirurgias Torácicas
São candidatos a cirurgias torácicas aqueles indivíduos que apresentarem
algum comprometimento pulmonar como tumores, bolhas enfisematosas,
abscessos, traumas, tuberculose unilateral extensa.
Alguns preceitos básicos como incisões que minimizem o trauma cirúrgico,
drenagem de tórax que, por vezes, necessita ser bilateral devem ser seguidos.
As principais cirurgias são:
Fig. 16.12 cirurgia torácica Fonte:htpp.//.www.chirurgiatoracica.org.br
Lobectomia
É a remoção de um ou mais lobos do pulmão. Faz-se quando a patologia é
limitada a uma área do pulmão.
Fig. 8.13 Lobectomia Fonte:htpp.//.www.chirurgiatoracica.org.br Pneumectomia
294
É a remoção de todo o pulmão
Fig. 16.14 Pneumectomia Fonte:htpp.//.www.chirurgiatoracica.org.br Segmentectomia
Os segmentos broncopulmonares são unidades reunidas por tecido
conectivo. Quando a lesão é confinada a um segmento pulmonar faz-se somente
a remoção desse segmento (bronquiectasia).
Fig. 16.15 Segmentectomia Fonte:http//www.chirurgiatoracica.org
Ressecção em cunha
Remoção de uma lesão pequena e perfeitamente circunscrita sem
considerar a localização dos planos intersegmentares (biópsia pulmonar e
excisão de pequenos nódulos periféricos).
Complicações no pós-operatório
• Arritmias
• IAM
• ICC
• Pneumonia
• Embolia pulmonar
295
• Fístula broncopleural
Os cuidados de enfermagem nas principais cirurgias do tórax são:
• Monitorizar continuamente parâmetros vitais
• Atentar para padrão respiratório, expansibilidade pulmonar e
freqüência respiratória.
• Realizar balanço hídrico
• Realizar cuidados com sondas, drenos e cateteres
• Manter cuidados com ventilação mecânica
• Manter vias aéreas pérvias
• Realizar analgesia profilática e não sob demanda
16.5.1 Procedimentos Invasivos
Traqueostomia
É uma abertura feita na traquéia para se manter vias aéreas permeáveis.
É mais útil quando reservada e procedimentos eletivo nos pacientes
críticos. Pode ser definitiva ou temporária.
Fig. 16.16 Traqueostomia Fonte: http//www.uc.cl
296
Indicação :
• Alívio da obstrução das vias respiratórias superiores,
• Realização de toalete pulmonar na presença de grande quantidade
de secreção, Acesso traqueal na ventilação mecânica de longa
duração,
• Auxílio do desmane do suporte ventilatório nos pacientes que
apresentam função pulmonar marginal.
• Obstruções de vias aéreas superiores
• Traumas
• Cirurgias principalmente de cabeça e pescoço.
Complicações tardias da traqueostomia:
• Pneumonia,
• Estenose traqueal,
• Fístula traqueo esofágica,
• Obstrução do tubo,
• Aspiração,
• Disfunção ao deglutir,
• Infecção do estoma.
Drenagem de tórax
Depois que o tórax é aberto, deve-se aplicar o vácuo para restabelecer a
pressão negativa. A água atua como vedação e impede que o ar seja puxado
para dentro do espaço pleural. A incisão para a cirurgia causa pneumotórax e
acúmulo de líquido no espaço pleural impedindo a expansão pulmonar e
297
diminuindo a troca gasosa. Algumas vezes utiliza-se a sucção para acelerar a
reexpansão pulmonar ou para compensar um vazamento de ar persistente.
A drenagem (geralmente no 2º espaço intercostal) consiste na passagem
de um dreno que fica no espaço pleural.
Pode ser realizada para retirada de:
• Secreção purulenta (empiema)
• Sangue (hemotórax)
• Ar (pneumotórax).
O pneumotórax pode ser espontâneo (ruptura de um alvéolo), após
procedimento invasivo como no caso de biópsia pleural ou secundário à infecção
ou ventilação mecânica. Há também o pneumotórax hipertensivo causado por um
trauma:
Material para drenagem de tórax
• Dreno de tórax, frasco e equipos de drenagem, intermediários
para os equipos de drenagem
• Cabo com lâmina de bisturi n.10
• Solução anti-séptica, luvas estéreis, gazes, campos cirúrgicos
estéreis, aventais estéreis, máscara, gorro, esparadrapo.
• Bandeja de drenagem de tórax ou de dissecção de veia
• Xylocaína a 1%, seringas de 5, 10 e 20 ml, agulhas médias e
calibrosas
• Fio de algodão 2.0 agulhado (agulha cortante)
• Frasco de 500 ml com soro fisiológico ou água destilada
298
Técnica de drenagem de tórax
Em princípio, é indicado fazer a drenagem de tórax no nível do 5o ou 6o
espaço intercostal, na linha axilar anterior, para todos os casos. A abordagem
lateral pode ser realizada a beira do leito, em pacientes críticos, com segurança e
resultados satisfatórios.
O local é anestesiado com xylocaína, é feita a abertura na pele
aprofundando-se até o espaço pleural (sempre pelo médico) e logo após é
inserido o tubo torácico sendo conectado ao sistema de drenagem com um selo
d'água. O tórax é auscultado e são observados sinais clínicos de melhora após o
procedimento. O paciente deverá estar monitorizado com oxímetro de pulso,
monitor cardíaco, e a equipe deverá ter disponível material para intubação
traqueal.
Assistência de Enfermagem
• Pinçar a extensão do frasco de drenagem no momento do
transporte ou de mobilizar o paciente, e despinçar logo em seguida;
• Manter o dreno abaixo do nível do tórax do paciente. Jamais
esquecer de retirar a pinça após o transporte ou mobilização do
paciente.
• Manter as extensões livres de compreensão
• Manter coxins quando o paciente encontrar-se em decúbito lateral,
coloqur (ou rolos de lençol)
• Observar oscilação
• Medir e anotar cor, quantidade e aspecto da secreção drenada.
• Trocar selo dágua e colocar água destilada ou soro fisiológico estéril
299
• Estimular tosse e deambulação, realizar analgesia antes da
fisioterapia respiratória.
• Atentar para padrão respiratório
• Trocar curativo e observar aspecto da pele na inserção do dreno
Retirada do dreno
A retirada do dreno deve ser feita através da confirmação de regressão do
pneumotórax realizada pelo exame clínico e pelo RX de tórax. A permanência
prolongada do dreno leva ao risco de uma infecção ascendente.
• Comunicar ao paciente os passos do procedimento e que
necessitará da sua colaboração para realizar o procedimento.
• Retirar o curativo, cortar os pontos de sutura que mantêm o dreno
fixado na pele
• Fazer o curativo compressivo e pedir ao paciente que inspire ou
expire e pare de respirar.
• Retirar o dreno
• Fazer o curativo compressivo com esparadrapo.
Complicações da drenagem de tórax
• Infecção,
• Empiema,
• Abscesso pleural,
• Atelectasia,
• Pneumonia,
• Laceração pulmonar,
• Perfuração do diafragma,
300
• Reação pleural ao tubo torácico,
• Enfisema subcutâneo,
• Hemotórax.
Intubação
Conceito
É a introdução de uma cânula diretamente nas vias aéreas com a
finalidade de restabelecer uma respiração mais próxima da fisiológica.
Esse procedimento é realizado somente pelo médico cabendo à
enfermagem o auxílio para que sejam mantidas as condições ideais em prol do
paciente.
O controle do carro de emergência ou apenas de intubação fica sob a
responsabilidade da equipe de enfermagem, o qual deve ser controlado e
checado periodicamente.
Indicação
• Insuficiência respiratória aguda;
• Obstrução de vias aéreas;
• Reanimação cardio-pulmonar;
• Medida profilática para aspiração de secreção.
Tipos
• Nasotraqueal
• Orotraqueal
301
Assistência de Enfermagem
• Preparar o material necessário (cânulas, laringoscópio, sondas de
aspiração, seringa, máscara, luva estéril, umidificador)
• Promover privacidade e posicioná-lo em decúbito dorsal horizontal para o
procedimento,
• Montar sistema de aspiração com sonda de calibre adequado, e aproximar
os carros de intubação e emergência testados e prontos para uso.
• Montar o laringoscópio com a lâmina adequada;
• Testar a cânula de intubação;
• Checar o material antes do procedimento;
• Auxiliar o médico durante o procedimento;
• Preparar sedativos de acordo com o pedido médico;
• Aspirar secreções.
• Introduzir o fio-guia se necessário(estéril);
• Lubrificar a extremidade da cânula;
• Auxiliar na insuflação do cuff;
• Fixar o tubo na face do paciente, marcando a extremidade próxima do
tubo e trocá-la pelo menos um vez ao dia
• Ventilar o paciente com ambú conectado em fonte de O2;
• Manter acesso venoso pérvio;
• Observar possíveis alterações clínicas do paciente.
• Verificar a simetria da expansão torácica, providenciar radiografia torácica
para confirmação do posicionamento do tubo endotraqueal,
• Inserir uma cânula de Guedel se necessário
• Manter oximetria de pulso
302
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CINTRA, Eliana de Araújo; NISHIDE, Vera Médice; NUNES, Wilma Aparecida. Assistencia de Enfermagem ao Paciente Gravemente En fermo . 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003 Site: htpp.//.www.chirurgiatoracica.org.br
Site: http//www.uc.cl
site : http//www.spt.org.br
Site: http//afh.bio.br
Site: http//www.Webciencia.com
303
CAPÍTULO XVII
Magda Bandouk
VENTILAÇÃO MECÂNICA
17.1 Introdução
Ventilação mecânica ou suporte ventilatório mecânico é a aplicação em um
paciente, invasivamente ou não, de uma máquina que substitui parcial ou
totalmente sua atividade ventilatória espontânea. As máquinas ou equipamentos
utilizados para esse fim são chamados de ventiladores mecânicos.
Podem ser eficientes tanto quando o paciente apresenta respiração
insuficiente ou quando a respiração está ausente.
Sua utilização principal é de diminuir o trabalho respiratório e
conseqüentemente prevenir a insuficiência respiratória que se caracteriza pelo
acúmulo de CO2 nos pulmões e na circulação.
O cuidado de um paciente sob ventilação mecânica tornou-se parte
integrante do cuidado de enfermagem em unidades de tratamento intensivo, em
unidades clínico-cirúrgicas e até no domicílio.
A equipe de enfermagem deve compreender as necessidades pulmonares
específicas de cada paciente e trabalhar em conjunto para estabelecer objetivos
realistas. A compreensão dos princípios da ventilação mecânica e o cuidado de
um paciente em um ventilador são necessários para atender tais objetivos.
17.2 Objetivos da ventilação mecânica
Os objetivos fundamentais do suporte ventilatório nos pacientes críticos
podem ser visualizados do ponto de vista fisiológico e clínico. Estes objetivos
devem ser continuamente avaliados orientando tanto o evoluir como a retirada do
304
ventilador mecânico, quando estes não estiverem mais presentes no contexto do
paciente.
Os objetivos fisiológicos são:
⇒ Manter e manipular a troca gasosa pulmonar pela ventilação alveolar
(PaCO2 e pH), pela oxigenação arterial (FiO2 e SaO2) e aumentar o
volume pulmonar otimizando a inflação pulmonar, otimizando a capacidade
residual funcional e reduzindo o trabalho respiratório.
Os objetivos clínicos são:
⇒ Dar suporte de vida ao sistema respiratório comprometido de forma
importante, até o momento de sua recuperação.
Objetivos Gerais
• Reverter a hipoxemia (com aumento do volume pulmonar,
diminuição do consumo de oxigênio),
• Aumentar a ventilação alveolar, fornecendo uma fração inspirada de
oxigênio maior de 21%,
• Tratar a acidose respiratória aguda,
• Aliviar a angústia respiratória,
• Prevenir ou tratar atelectasias,
• Reverter a fadiga dos músculos respiratórios,
• Permitir sedação e/ou bloqueio neuromuscular,
• Diminuir o consumo de oxigênio miocárdico ou sistêmico,
• Reduzir a pressão intracraniana
305
Fig. 9.1 Ventiladores mecânicos Fonte: http//www.biomedicai.com
17.3 Classificação de Ventiladores Mecânicos
Existem vários tipos de ventiladores mecânicos no mercado. Os
ventiladores são classificados de acordo com a maneira como suportam a
ventilação. As duas categorias gerais são os ventiladores de pressão negativa e
os de pressão positiva. A categoria mais comumente utilizada é a de pressão
positiva. Os ventiladores de pressão positiva são classificados pelo método de
encerrar a fase inspiratória (ciclados a volume, pressão ou por tempo).
Tempo : é determinado um tempo ideal para que somente após essa
programação o ar consiga adentrar.
Volumétricos: é pré-determinado um volume ideal para que somente após essa
programação o ar consiga adentrar.
Pressão: é pré-estabelecida uma determinada pressão para que somente após
essa programação o ar consiga adentrar.
306
Ajustes dos parâmetros dos ventiladores mecânicos
Numerosos aspectos são utilizados no controle do paciente em um
ventilador mecânico. O ajuste do ventilador deve ser feito de modo que o paciente
fique confortável e em sincronia com a máquina de maneira que hajam alterações
mínimas das dinâmicas cardiovascular e pulmonares normais. Os parâmetros
iniciais do respirador devem ser estabelecidos para cada paciente, seguindo as
seguintes recomendações:
• Volume corrente entre 1O a 15 ml/Kg.
• Menor FiO2, fração de oxigênio a ser inspirada, para manter a PaO2
normal (80 a 100 Mmhg)
• Pressão inspiratória máxima
• Modo ventilatório.
• Sistema de alarmes.
A análise da PaO2, PC02, pH através de gasometria arterial depois de 20
minutos de ventilação mecânica contínua pode indicar a modificação de alguns
parâmetros como o ajuste da FiO2 e da freqüência respiratória.
17.4 Modos ventilatórios
Os modos ventilatórios tradicionais, ou melhor, os pioneiros na ventilação
mecânica, são hoje considerados isoladamente deficientes. Com a era
tecnológica surge na década de 80, com a introdução dos microprocessadores
nos ventiladores mecânicos, foram desenvolvidos outros métodos de ventilação, e
atualmente tem sido usado à associação de métodos de ventilação. Por outro
lado à pressão negativa e o suspiro anteriormente muito utilizado, têm sido pouco
utilizados.
307
A prática da ventilação atualmente, tem associado os seguintes modos,
que abaixo serão descritos:
CMV ou ACMV = Ventilação Mandatória Contínua com Pressão Positiva
Intermitente - Assistida ou Controlada
CMV + PEEP = Ventilação Mandatória Contínua com Pressão Positiva
Intermitente e Pressão Positiva Expiratória Final
SIMV ou IMV = Ventilação Mandatória Intermitente - Sincronizada ou não
SIMV + PEEP = Ventilação Mandatória Intermitente e Pressão Positiva Expiratória
Final
VPS = Ventilação com Suporte Pressórico
SIMV + VPS = Ventilação Mandatória Intermitente e Ventilação com Suporte
Pressórico
SIMV + VPS + PEEP = Ventilação Mandatória Intermitente e Ventilação com
Suporte Pressórico com Pressão Positiva Expiratória Final
CPAP = Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas.
Segue abaixo uma sucinta explicação do mecanismo de funcionamento dos
modos ventilatórios:
17.4.1 Ventilação Mandatória Contínua
Este modo de ventilação injeta em todas as fases inspiratórias pressão
positiva que retoma ao zero ao final da expiração. Os níveis são previamente
demarcados, sendo o limite determinado por pressão, volume ou fluxo.
Pode ser:
• Controlado quando todos os parâmetros são assumidos pelo
aparelho
308
• Assistida quando cabe ao paciente dar o estímulo de início da
inspiração.
Os efeitos dessa modalidade são:
• Redução do trabalho respiratório
• Melhora da distribuição dos gases,
• Broncodilatação mecânica,
• Aumento da ventilação e da oxigenação.
As complicações mais comuns são:
• Assincronia entre o paciente e o aparelho pelo ajuste incorreto da
sensibilidade.
• Alcalose respiratória pela alta freqüência respiratória
• Elevados volumes correntes.
• Repercussões hemodinâmicas, decorrentes do nível de pressão
gerada dentro do tórax e ao tempo de exposição da mesma;
• Barotrauma e volotrauma relacionados com a pressão e volume
corrente que estão sendo injetados na árvore brônquica.
17.4.2 Pressão Positiva Expiratória Final (PEE P)
É uma resistência expiratória que mantém níveis de pressão positiva nas
vias aéreas.
Seus objetivos são:
• Reabrir e manter aberto as vias aéreas,
• Aumentar a capacidade residual funcional,
• Redistribuir os gases,
309
• Reduzir a distância de difusão alvéolo-capilar,
• Redistribuir a água intrapulmonar,
• Reduzir o trauma alveolar induzido pela ventilação artificial.
A principal complicação do PEEP são os efeitos hemodinâmicos, pela
alta pressão intratorácica.
17.4.3 Ventilação Mandatória Intermitente (IMV)
Essa modalidade ventilatória caracteriza-se por intercalar ciclos
mandatários com períodos variáveis de respiração espontânea.
A indicação do IMV é para o desmame. Também auxilia a:
• Reduzir a alcalose respiratória decorrente da CMV,
• Diminuir os efeitos hemodinâmicos da pressão da vias aéreas,
• Manter o ritmo respiratório e dos estímulos proprioceptivos da
respiração espontânea.
17.4.4 Ventilação com Suporte Pressórico (VPS)
É uma versão aprimorada da pressão positiva contínua nas vias aéreas. A
ventilação com pressão suporte apesar de manter constante a pressão, opera
com fluxo variável, onde o início da inspiração há um fluxo alto com grande oferta
de volume de gás para em seguida tornar-se mais lento, cessando quando este
fluxo torna-se menor que 25% do inicial.
A VPS permite:
• Melhor aproveitamento de enchimento dos diversos segmentos
pulmonares, melhorando a distribuição dos gases,
310
• Permite que o paciente com ritmo respiratório próprio regule a
freqüência, tempo inspiratório, relação 1/E e o volume corrente,
conseguindo mais conforto respiratório.
17.4.5 Pressão Positiva Continua nas Vias Aé reas (CPAP)
Este modo de ventilação gera uns fluxos contínuos, que não permite ao paciente
variar com conforto suas necessidades ventilatórias. Os níveis de pressão intratorácica são
maiores, pois o volume é dependente da pressão e para se aumentar o volume é necessário
aumentar a pressão. Este método pode ser usado em pacientes com ou sem via aérea
artificial.
Assistência de enfermagem aos pacientes com Ventila ção mecânica
Ao elaborar um plano assistencial para pacientes em ventilação mecânica,
é fundamental que o enfermeiro conheça os conceitos básicos de fisiopatologia
pulmonar, bem como a importância de sua atuação profissional com ênfase na
previsão e prevenção de complicações.
Para que a atuação do enfermeiro seja eficiente, suas ações devem estar
fundamentadas no processo de enfermagem com um planejamento da
assistência conforme os seguintes objetivos:
• Reduzir a ansiedade do paciente e da família com provisão de
informações, explanações e encorajamento.
• Manter ventilação e oxigenação adequadas, com níveis de PaO2 e
PACO2 dentro dos limites normais do paciente.
• Adequar a oxigenação e perfusão dos órgãos e tecidos, para manter
suas funções normais
• Manter estabilidade hemodinâmica com débito cardíaco adequado,
normovolemia e ausência de arritmias.
311
• Prevenir infecções.
• Resolver a causa básica da ventilação mecânica.
• Prevenir complicações associadas à ventilação mecânica.
• Manter a sincronicidade da respiração do paciente com o ventilador
mecânico
17.5 Aspiração de Secreções
A aspiração traqueal tem como finalidade manter as vias aéreas
permeáveis, garantir uma ventilação e oxigenação adequada e prevenir
complicações provocadas por acúmulo de secreções nos pulmões. Esta técnica
consiste na introdução de uma sonda flexível e esterilizada nas vias aéreas.
Ela pode ser realizada com ou sem sistema fechado, onde uma sonda de
aspiração traqueal envolta em material plástico totalmente vedado, com uma
válvula de segurança que pode ser mantida fechada quando não houver
necessidade do procedimento, e que não necessita da retirada do paciente do
respirador durante o procedimento, proporcionando maior conforto e segurança
ao paciente.
Embora os benefícios deste procedimento sejam evidentes, vários autores
concordam que a técnica possui indicações específicas que devem ser
previamente avaliadas:
• Respiração irregular e ruidosa.
• Alterações da ausculta dos sons pulmonares,
• Elevação da pressão inspiratória
• Presença de secreções nas vias aéreas.
312
As principais complicações decorrentes da aspiração endotraqueal são:
• Tosse paroxistica,
• Trauma de mucosa traqueobrônquica,
• Broncoespasmo,
• Atelectasias,
• Hipoxemia,
• Arritmias,
• Hipotensão arterial,
• Diminuição do débito cardíaco,
• Aumento do trabalho respiratório
• Aumento da pressão intracraniana.
17.5.1 Passos e Justificativas
• Providenciar todo material necessário (vide lista de material)
⇒ Economizar tempo
Orientar o paciente consciente ou mesmo aquele que não responde a
ordens verbais
⇒ Tranqüilizar o paciente, diminuir o estress gerado pela asfixia e
comunicação ineficiente e obter colaboração.
• Monitorizar freqüência respiratória, pulso e pressão arterial.
• Anotar a saturação de oxigênio, quando o paciente estiver com oxímetro
de pulso.
⇒ Identificar possíveis alterações destes parâmetros antes, durante e
após o procedimento, prevenindo complicações.
• Colocar a máscara facial e óculos de proteção (o auxiliar deve calçar as
luvas de procedimentos)
313
⇒ Evitar contaminação, protegendo o paciente e os ex ecutantes da
técnica.
• Lavar as mãos antes de iniciar o procedimento
⇒ Evitar contaminação cruzada e infecção pulmonar
• Abrir a embalagem da sonda expondo somente a válvula de sucção e
conectá-lo à extensão do aspirador
⇒ Manter a sonda na embalagem, evitando contaminá-la.
• Abrir o pacote de gaze e mantê-lo aberto sobre a cama, na altura
cabeceira, do lado do ventilador mecânico.
⇒ Utilizar como apoio e proteção para o bocal do circ uito-paciente do
ventilador mecânico, evitando contaminação do mesmo .
• Calçar a luva com técnica asséptica
⇒ Evitar contaminação
• Apanhar a sonda com a mão dominante mantendo-a enrolada entre os
dedos, e com a outra mão, ligar e regular o aspirador.
⇒ Evitar contaminação e excesso de pressão negativa
• Hiperoxigenar e hiperventilar o paciente, no ventilador mecânico ou
Ressuscitador manual conectado a rede de oxigênio.
⇒ Prevenir hipoxemia e outras complicações
• Desconectar o circuito-paciente do tubo endotraqueal, e apoiá-lo sobre o
pacote de gaze aberto.
⇒ Evitar contaminação do circuito-paciente e solicita r ao auxiliar para
que realize esta manobra
• Com a mão dominante, introduzir a sonda no tubo endotraqueal até
encontrar uma resistência à sua progressão, sem promover aspiração.
314
⇒ Manter a abertura lateral do intermediário livre, e vitando traumatizar a
mucosa traqueal.
• Recuar a sonda 1 cm, ocluir a válvula de sucção para gerar pressão
negativa e promover a aspiração de secreções, retirando a sonda lentamente com
aspiração
⇒ Evitar excesso de pressão
• Conectar o circuito-paciente ao tubo endotraqueal
⇒ Solicitar ao auxiliar para que realize esta manobra
• Repetir os passos 10 a 14 quantas vezes forem necessárias e de acordo
com as condições clínicas do paciente
⇒ Remover as secreções acumuladas e manter a permeabi lidade
do tubo endotraqueal
• Realizar a limpeza das vias aéreas superiores, obedecendo a seqüência:
introduzir a sonda alternadamente em cada narina, em seguida na boca, até a
faringe.
• Promover a aspiração de cada cavidade durante a retirada da sonda
⇒ Manter vias aéreas superiores pérvias, evitar conta minação das
fossas nasais, por translocação microbiana; evitar traumatismo de
mucosas
• Lavar a extensão do aspirador com a água destilada, desprezando em
seguida a sonda, a gaze, as luvas e a máscara.
⇒ Manter a extensão do aspirador limpa e protegida, e vitando
contaminação, manter a unidade em ordem.
• Lavar as mãos
⇒ Prevenir contaminação
315
• Anotar no prontuário: horário característico das secreções aspiradas (cor,
odor, quantidade e consistência), as reações do paciente e intercorrências.
⇒ A anotação contribui com informações para a avaliaç ão e evolução do
paciente
Recomendações
• Executar a técnica após examinar o paciente e constatar a
necessidade da aspiração: ausculta pulmonar com diminuição de
murmúrio vesicular, presença de roncos e estertores, dispnéia,
agitação, aumento da pressão inspiratória, presença de secreção no
tubo endotraqueal.
• Executar o procedimento em 2 pessoas: uma para aspirar e outra
para auxiliar, promovendo a ventilação e desconexão do circuito-
paciente do ventilador mecânico.
• Utilizar preferencialmente aspirador a vácuo, por permitir controle
mais rigoroso da pressão de aspiração.
• Ajustar a pressão de aspiração não excedendo 120 mmHg, para
evitar lesão de mucosa.
• Hiperventilar e hiperoxigenar o paciente no próprio ventilador
mecânico. Utilizar o ressuscitador manual somente quando não for
possível realizar esta manobra
• Realizar cada aspiração num tempo total de até 15 segundos.
• Quando a secreção estiver muito espessa ou de difícil remoção,
instilar 3 a 5 ml de soro fisiológico 0,9% no tubo endotraqueal,
aspirando em seguida.
316
• Interromper o procedimento se o paciente apresentar alterações de
pressão arterial, arritmia cardíaca ou diminuição acentuada da
saturação arterial de oxigênio.
• Durante a técnica, lateralizar a cabeça do paciente para o lado
contrário do brônquio a ser aspirado durante o procedimento.
17.5.2 Material para Aspiração Endotraquea l
• 1 par de luva de procedimento
• 1 par de luva estéril
• 1 máscara facial
• 2 óculos de proteção
• 1 sonda de aspiração endotraqueal estéril (n 12 para adulto)
1aspirador elétrico ou vácuo testado
• 1 frasco coletor de secreções ou extensão de PVC transparente
estéril
• 1 ampola de água destilada de 20m1
• 1 ampola de SF 0,9% 20mL
• 1 seringa 20mL estéril com agulha
• 1 ressuscitador manual adulto estéril conectado à rede de 02 Ambú
317
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CINTRA, Eliana de Araújo; NISHIDE, Vera Médice; NUNES, Wilma Aparecida. Assistência de Enfermagem ao Paciente Gravemente En fermo . 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003. http//www.biomedicai.com
318
CAPÍTULO XVIII
Magda Bandouk
SISTEMA CARDIOVASCULAR
18.1 Anatomia e Fisiologia Cardíaca
18.1.1 Anatomia
O coração é um órgão muscular oco responsável pelo bombeamento do
sangue. Localiza-se no mediastino, que é o espaço no centro do tórax
compreendido entre os dois pulmões. Está sobre o diafragma e inclinado para a
esquerda.
Fig. 18.1 Posição do coração
Fonte:http//www.home.fmh.pt
Possui três camadas sendo elas:
• Endocárdio : revestimento interno do miocárdio que está em contato
com o sangue.
• Miocárdio : camadas intermediárias, musculares.
• Epicárdio : camadas externas, superficiais.
319
Envolvendo o coração, encontra-se uma camada fibrosa fina com função
de proteção do órgão chamada pericárdio . Entre esta camada e a superfície do
coração há um discreto espaço na qual é preenchido por uma quantidade de
mínima de líquido, que tem a função de lubrificar a superfície e reduzir o atrito,
durante a contração do músculo cardíaco.
Olhando internamente este órgão, nota-se 4 divisões denominadas
câmaras sendo 2 átrios e 2 ventrículos.
Fig. 18.2 anatomia do coração
Fonte: http//:www.webciencia.com
Anatomicamente são duas bombas (câmaras) de cada lado (D e E). À
direita estão o átrio e ventrículo direito que são separados por uma válvula
chamada de tricúspide, por onde passa sangue venoso.
À esquerda estão localizados o átrio esquerdo e ventrículo esquerdo
separados pela válvula mitral (ou bicúspide) por onde passa sangue arterial.
Essas válvulas localizam-se entre os átrios e os ventrículos e denominam-
se válvulas átrio-ventricular.
Existem ainda duas válvulas chamadas de semilunares que estão situadas
entre cada ventrículo e sua artéria correspondente, ou seja, a válvula entre o
ventrículo direito e a artéria pulmonar chama válvula pulmonar, aquela localizada
entre o ventrículo esquerdo e a aorta é a válvula aórtica.
320
A função das válvulas é a de manter o fluxo sanguíneo sempre em uma
mesma direção.
As câmaras cardíacas são separadas por estruturas chamadas de septos.
• Entre os átrios existe o septo interatrial
• Entre os ventrículos existe o septo interventricular
• Entre os átrios e os ventrículos existe o septo atrioventricular.
O peso do coração varia em torno de 300 g embora suas dimensões
podem ser influenciadas pela idade, sexo, peso corpóreo, freqüência da atividade
física e cardiopatia.
Irrigação sanguínea do Coração
As artérias coronárias são vasos que fornecem sangue para o músculo
cardíaco (irrigação e suprimento de oxigênio). São duas artérias principais, as
Coronarianas Direita e Esquerda ( que se originam da Artéria Aorta).
A artéria Coronária D irriga o nó sinusal, o átrio D, parte do ventrículo D, o
nódulo A.V. e parede posterior do V.E.
A artéria Coronária E irriga a maior parte do V.E., parte do ventrículo D e o
septo interventricular.
1 - ramo da artéria aorta 2 - artéria coronária esquerda 3 - artéria descendente anterior 4 - artéria circunflexa 5 - artéria coronária direita fonte;http//www.fac.ar Fig. 18.3 circulação do coração
Função Cardíaca
O coração tem a função de bombear sangue para os tecidos, suprindo-os
de oxigênio e outros nutrientes, ao mesmo tempo retirando dióxido de carbono e
outros produtos de degradação metabólica.
321
O volume ejetado pelo coração direito é totalmente distribuído para os
pulmões através da artéria pulmonar, enquanto que o sangue ejetado pelo
coração esquerdo segue para o restante do corpo através da aorta. Essas duas
bombas ejetam o sangue simultaneamente, e aproximadamente na mesma
velocidade de ejeção.
Circulação coração – pulmão – coração (ou pequena c irculação)
O sangue sai do coração através do ventrículo direito, passa pela válvula
semilunar pulmonar, segue seu curso para a artéria pulmonar e chega nos
pulmões onde ocorre a hematose (oxigenação ou troca gasosa através da
respiração); o sangue agora oxigenado sai dos pulmões através das veias
pulmonares seguindo para o átrio esquerdo.
Fig. 18.4 Circulação sanguínea
Fonte:http//www.bioatividade.com.br
Circulação Sistêmica ou grande circulação.
O sangue sai do ventrículo esquerdo, passa através da válvula aórtica
seguindo para artéria que irá distribuir o sangue para todo o corpo nutrindo e
oxigenando os tecidos. Depois deste processo, o sangue retorna aos corações
através das veias cavas superiores e inferior e chegando novamente no átrio
direito onde recomeça o processo.
322
Nota: É muito importante saber que a artéria pulmon ar leva sangue ‘’não
oxigenado’’ para o pulmão e sai desse através das v eias pulmonares
oxigenado. É o único local do organismo que isso ac ontece.
Foto Ilustrativa da anatomia do Coração
Fig. 11.5 Anatomia do coração Fonte:http//www.paginasterra.com.br
Revisão de Alguns Conceitos
Pressão Arterial (PA)
É a pressão que o sangue é ejetado do coração, através da artéria aorta
exercendo na parede dos vasos uma força proporcional ao volume ejetado.
Ela é o resultado da contração do coração a cada batimento e da
contração dos vasos quando o sangue por eles passa. Esta pressão é necessária
para que o sangue consiga chegar aos locais mais distantes do corpo como
cérebro, pés, mãos.
323
Fração de Ejeção
É o volume de sangue em percentual que sai do ventrículo esquerdo.
Representa em torno de 75%, aproximadamente.
Pressão Arterial média (PAM)
É a média da variação das pressões sistólica e diastólica, na unidade de
tempo (minuto). É a média da pressão durante todo o ciclo cardíaco, é a mais
importante do ponto de vista de perfusão tecidual. Ela somente pode ser
fidedignamente definida por meio da medida direta da pressão. (procedimento
invasivo).
Pode ser estimada grosseiramente pela fórmula:
PAM = Pressão Diastólica + 1/3 (Pressão Sistólica - Pressão diastólica)
Freqüência cardíaca (FC)
Número de batimentos cardíacos, na unidade de tempo (minuto).
Débito cardíaco (DC)
É o volume de sangue bombeado por um ventrículo pro unidade de tempo.
É determinada pela relação entre a Freqüência Cardíaca (FC) e o Volume
Sistólico (VS).
DC = FC x VS.
A unidade usualmente utilizada é litros por minuto.
Pressão Venosa Central (PVC)
É a pressão do sangue no átrio direito (ou veia cava).
18.1.2 Fisiologia do Músculo Cardíaco
É um músculo estriado, com miofibrilas típicas que contém filamentos de
actina e miosina que ‘’deslizam’’ no momento da contração cardíaca.
Microscopicamente, o músculo cardíaco assemelha-se ao estriado
(esquelético), que está sujeito ao controle consciente. Entretanto, o músculo
cardíaco é semelhante ao músculo liso, já que seu controle é involuntário. As
324
fibras do músculo cardíaco são dispostas de forma interconectada (sincício), de
modo que elas possam contrair e relaxar coordenadamente.
O padrão seqüencial de contração e relaxamento das fibras musculares
individuais (através desta interconexão ou sincício) assegura o comportamento
rítmico do músculo cardíaco como um todo e possibilita que funcione como uma
bomba.
As células do coração possuem propriedades que permitem a contração
do músculo cardíaco que são:
• Automaticidade: capacidade de gerar impulso elétrico
• Excitabilidade: capacidade de reconhecer o impulso elétrico
• Condutividade : capacidade de transmitir o impulso elétrico
• Contratilidade: capacidade de se contrair ante o impulso elétrico
Cada batimento cardíaco normal é um resultado de im pulso elétrico
do coração e essas fibras musculares especializadas são fundamentais
nesse processo.
Circulam no adulto, cerca de 5 a 6 litros de sangue por minuto pelo coração
que é chamado débito cardíaco.
Ciclo Cardíaco
O ciclo cardíaco é a seqüência de fatos que ocorre a cada batimento
cardíaco.
Para entender a sincronia que rege este fenômeno, antes é preciso
descrever os dois fenômenos que acontecem durante o batimento cardíaco. O
primeiro é um potencial elétrico que é gerado pelo nó sino-atrial e o segundo é o
potencial mecânico gerado pela contração ordenada do miocárdio
No primeiro evento ocorre um disparo da atividade elétrica que
rapidamente se dissipa por cada célula miocárdica e o segundo evento é a
resposta do conjunto de células miocárdicas que produz a contração e, por
conseguinte, o movimento de sangue dentro de cada câmara cardíaca.
O coração , ciclicamente se contrai e relaxa. Quando se contrai, ejeta o
sangue em direção das artérias, na fase chamada de sístole . Quando relaxa,
recebe o sangue proveniente das veias, na fase chamada diástole . Portanto:
Sístole - contração do miocárdio para expulsão do sangue da cavidade.
325
Diástole - relaxamento do miocárdio, enchimento de sangue no coração.
Fig. 18.6 Ciclo cardíaco Fonte: http//www.icb.ufm.com.br
1. Início da diástole, abertura das válvulas tricúspide e mitral e enchimento
ventricular
2. Fechamento das válvulas de entrada, final da diástole
3. Contração ventricular, abertura das válvulas pulmonar e aórtica - sístole
ventricular
4. Final da sístole ventricular, fechamento das válvulas pulmonar e aórtica
5. Reinício da diástole atrial e ventricular.
É importante relembrar que para o normal funcionamento cardíaco, os íons
são fundamentais e que seu aumento ou sua diminuição podem resultar em
alteração da condução cardíaca, força e tempo de contração do músculo
cardíaco. Esses íons são: o potássio (K)+, o cálcio (Ca+ e o sódio ( Na)+.
Controle nervoso do coração
O músculo cardíaco é inervado pelos nervos simpáticos e parassimpáticos
(sistema nervoso autônomo). Os átrios são supridos quase que igualmente por
ambos, enquanto que os ventrículos são enervados principalmente pelo sistema
simpático.
326
Sistema Nervoso Simpático:
• Aumenta a força de contração
• Aumenta a freqüência cardíaca
• Aumenta a velocidade de condução e excitação
• Aumenta a atividade global do coração
Sistema Nervoso Parassimpático:
• Diminui a freqüência cardíaca
• Diminui a velocidade de condução e excitabilidade
• Diminui a força de contração
• Diminui a atividade global do coração
Fisiologia do Sistema de Condução elétrica do coraç ão
As células do músculo cardíaco têm ritmicidade intrínseca, demonstrada
pelo fato de que se um segmento do miocárdio for removido o restante do
coração continuará a bater ritmicamente, se mantido em condições adequadas. A
contração ordenada ocorre porque as células especializadas do sistema de
condução geram e conduzem, metodicamente, impulsos elétricos para as células
miocárdicas.
O nódulo sinoatrial (SA), localizado na junção entre a veia cava superior e
o átrio direito, dá início ao sistema de condução do coração e, normalmente,
funciona como marcapasso para todo o miocárdio. O nódulo SA inicia
aproximadamente 60 a 100 impulsos por minuto, no coração em repouso, porém
pode alterar sua freqüência em resposta às necessidades do corpo.
O sinal elétrico iniciado pelo nódulo SA é conduzido ao longo das células
miocárdicas do átrio até o nódulo atrioventricular (AV). Este nódulo (localizado na
parede do átrio direito, próximo à válvula tricúspide) constitui um outro grupo de
células musculares especializadas semelhantes ao nódulo SA, porém com uma
freqüência de aproximadamente 40 a 60 batimentos por minuto. O nódulo AV
coordena os impulsos elétricos que provêm dos átrios e, depois de um ligeiro
retardo, transmite o impulso aos ventrículos.
327
Esse impulso é conduzido por um feixe de fibras musculares
especializadas (feixe de Hiss), que percorrem o septo que separa os ventrículos
direito e esquerdos. O feixe de Hiss se divide em ramos direito e esquerdos que
terminam nas fibras de Purkinje que se localizam em todos os ventrículos.
A freqüência cardíaca é determinada pelas células miocárdicas com maior
freqüência intrínseca. Normalmente, o nódulo SA é o mais rápido. Se o nódulo
SA não funcionar adequadamente, o nódulo AV geralmente assume a função de
marcapasso do coração. Se os nódulos SA e AV falharem, o miocárdio
continuará a se contrair com freqüência inferior a 40 batimentos por minuto, que é
a freqüência do marcapasso intrínseco das células miocárdicas ventriculares.
Portanto, o estímulo elétrico é gerado no nó sinusal, atravessa os átrios
atingindo os ventrículos através das fibras de Purkinje.
Quando estas são estimuladas ocorre uma descarga de forças elétricas
armazenadas dentro das células miocárdicas, este fenômeno elétrico é chamado
despolarização e resulta em contração ventricular. Após a despolarização, as
células recuperam e armazenam energia elétrica, este processo de recuperação
é denominado repolarização.
Fig. 18.7 sistema de condução elétrica
Fonte:http//www.octopus.furg
328
18.2 Noções de ECG
O impulso elétrico gerado no nó sinusal, a condução através das fibras, a
estimulação dos músculos e o período de recuperação são transmitidas para a
superfície do corpo, onde podem ser captadas através de eletrodos fixados na
pele.
O eletrocardiograma designado pelas letras – ECG - é o registro de forma
impressa da atividade elétrica do coração.
Essas forças elétricas em forma de ondas (positivas e negativas) podem
ser visualizadas através de um monitor cardíaco, o visor, osciloscópio ou
registradas em fita de papel milimetrado (eletrocardiograma).
O eletrocardiograma apresenta menores divisões que têm um milímetro
de comprimento e um milímetro de altura e representam 0,04 segundos. Existem
cinco quadradinhos entre cada uma das linhas mais escuras e representam 0,2
segundos.
O ciclo cardíaco é representado pela onda P , pelo complexo QRS e pela
onda T . Este ciclo se repete continuamente.
• A onda P representa a despolarização dos átrios (contração dos
átrios).
• O complexo QRS representa a despolarização dos ventrículos
(contração dos ventrículos relaxamento dos átrios).
• A onda T representa a repolarização dos ventrículos (relaxamento
dos ventrículos)
O ritmo sinusal é o ritmo normal do coração. O impulso é iniciado no nó
sinusal em ritmo regular numa freqüência de 60 a 80 batimentos por minuto. Uma
onda P aparece antes de cada complexo QRS .
Como as forças elétricas geradas pelo coração se espalham
simultaneamente em várias direções, as ondas podem ser captadas em
diferentes planos do coração. Há 2 planos principais chamadas de:
• Derivações periféricas I, II, III, AVR, AVL, AVF.
• Derivações precordiais V1, V2, V3, V4, V5, V6.
329
Monitorização Cardíaca
A colocação adequada dos eletrodos na pele do paciente é importante
para uma monitorização cardíaca eficiente.
RA- right arm braço direito
LA- left arm braço esquerdo
LL- left leg perna esquerda
Fig. 18.8 monitoração cardíaca
Fonte: http//icb.br
Assistência de Enfermagem
• Fazer tricotomia, se necessário, nas áreas selecionadas,
• Limpar a área com álcool para remover a oleosidade cutânea e secá-la,
Quando forem usados eletrodos descartáveis que já contenham geléia, a
embalagem deverá ser aberta momentos antes da colocação no paciente. O
eletrodo é colocado na superfície cutânea por meio de uma simples pressão
sobre a superfície não adesiva.
• Trocar os eletrodos diariamente de preferência após o banho ou quando o
padrão eletrocardiográfico perder a nitidez, se o paciente tiver sudorese
intensa ou quando surgir irritação cutânea.
18.3 Provas Diagnósticas
Raio X – imagem
Exame feito através de uma carga de irradiação ionizante.
Utilizado para observar e auxiliar no diagnóstico tanto em patologias cardíacas
quanto pulmonares.
330
Ecocardiograma
Exame de imagem feito através de um aparelho que utiliza ondas ultrassônicas
para visualização do coração, avaliando a função do mesmo.
É indicado para auxílio diagnóstico para detectar dilatações cardíacas, sopros e
outras estruturas anômalas.
Fig. 18.9 Aparelho de
Ecocardiograma
Fonte: http//www.icb.br
ECG: registro da atividade elétrica cardíaca.
À medida que a transmissão da onda passa através do coração, corrente elétrica
dissemina-se pelos tecidos que o circundam e uma pequena proporção dessas
correntes também se propaga até a superfície do corpo.
Se eletrodos são colocados sobre a pele, em lados opostos do coração, potenciais
elétricos por ele gerados são registrados.
Esse registro é conhecido como eletrocardiograma.
Composto de 12 derivações sendo:
• 6 periféricas - DI, DII,DIII, AVR, AVF, AVL,
• 6 precordiais - V1, V2,V3,V4, V5,V6
Fig. 18.10 aparelho de ECG
Fonte: http//www.icb.br
331
Holter (ECGD) : é uma gravação em fita do ritmo cardíaco em 6h,12h ou 24h. O
paciente é monitorizado nesse período. Após a retirada do aparelho, a fita é
codificada e são analisados os batimentos cardíacos anormais registrados nesse
tempo.
Fig. 18.11 Holter
Fonte: http//www.gori.blo
Teste ergométrico : o paciente é submetido a um esforço programado (esteira ou
bicicleta). O esforço libera adrenalina que aumenta a freqüência cardíaca e o
débito cardíaco, podendo gerar angina (teste positivo para isquemia miocárdica)
ou arritmias.
Estimulação esofágica : é introduzido um eletrodo no esôfago do paciente com
os seguintes objetivos: interromper a taquiarritmia, estudar a função do nó sinusal
ou diagnosticar o tipo de taquicardia que o paciente apresenta.
Estudo Eletrofisiológico (EEF) : consiste na introdução de um catéter especial
via endovenoso (punção da veia femural) até o coração com a finalidade de
registrar as atividades elétricas de regiões específicas do sistema de condução
permitindo análise de arritmias e distúrbios de condução.
18.4 Manifestações Comuns das Doença Cardíacas Precordialgia
Dor torácica que se manifesta como uma sensação desagradável
associada normalmente a doenças cardiovasculares.
332
Costuma-se localizar na parte média e inferior do esterno, lateralizada à
esquerda, podendo se irradiar para a região cervical esquerda e membro superior
esquerdo.
Dispnéia
É caracterizada como sendo “uma dificuldade da respiração ou uma
intromissão desagradável da sensação respiratória, subconsciente no domínio da
consciência”.
Mais rotineiramente é conhecido como falta de ar.
Observada em pacientes com doenças do coração ou dos pulmões e também em
pacientes com disfunção mecânica do aparelho respiratório.
Síncope
De origem grega “synkope” que significa um breve corte.
Indica perda relativamente brusca da consciência devido à redução do aporte
sangüíneo cerebral.
Essa manifestação é vista em várias patologias não só cardíacas como também
neurológicas (epilepsia), endócrinas (hipoglicemia), entre outras.
Palpitações
Sensação descrita por aceleração regular ou irregular dos batimentos
cardíacos causados por diversas doenças cardíacas. É também observada em
situações de angústia e medo.
Fadiga
Sensação de cansaço de causa inespecífica. Está presente em uma gama
de patologias. O cansaço referido pelo paciente pode ser por aspectos físicos
e/ou emocionais.
Fraqueza
Referida por pacientes como sendo uma incapacidade de se manter em
condições normais de atividade.
333
Tontura
Manifestação que se apresenta em doenças variadas referidas como
sendo uma sensação de desequilíbrio estático.
Pode ser causada também por ingestão de algumas drogas.
Cianose
Manifestação caracterizada pela coloração acinzentada /azulada da pele e
mucosa traduzida pela má circulação periférica e conseqüentemente diminuição
de oxigênio sangüíneo.
Podem estar presentes em distúrbios respiratórios, cardíacos, traumas, entre
outros.
18.5 Patologias Cardíacas
18.5.1 Arritmias Cardíacas
O ritmo normal do coração é chamado de ritmo sinusal. É comandado por um
"marcapasso" natural, chamado nó sinusal. A variação desse ritmo é considerada
uma patologia chamada de arritmia cardíaca. Podem ocorrer variações deste
ritmo em virtude de vários distúrbios que veremos a seguir:
As arritmias cardíacas resultam de um dos três mecanismos:
• Distúrbios do automatismo: podem envolver aceleração ou desaceleração de
estruturas automáticas tais como o nó sinusal (taquicardia ou bradicardia
• sinusal), o nó atrioventricular ou o próprio miocárdio. Batimentos anormais
podem surgir por distúrbios elétricos dos átrios, da junção atrioventricular ou
dos ventrículos.
• Distúrbios da condução: pode ser rápida ou lenta.
• Combinações de distúrbios de automatismo e condução
Outra forma, talvez mais didática de classificar as arritmias fosse quanto a:
Localização : podendo ser supraventriculares ou atriais e ventriculares
Freqüência : bradiarritmias e taquiarrtimias
Batimento que for gerado fora do nó sinusal, ou seja, um batimento extra é
chamado de foco ectópico caracterizando assim uma extrassístole. Essa
334
extrassístole pode ser gerada nos átrios que denominamos de extrassístole
supraventricular ou nos ventrículos denominada de extrassístole ventricular .
Fig. 18.13 Extrassístoles
Fonte:http//www.cardiologos .org
Principais Arritmias Cardíacas
Bradiarritmias
• Bradicardia Sinusal
É definida como um ritmo com impulsos originando-se no nó sinusal em uma
freqüência cardíaca menor que 60 batimentos por minuto e todos os complexos
são normais. Normalmente, é observada em atletas (devido o condicionamento
físico) ou efeito secundário a administração de determinados medicamentos
(exemplo: uso de digitálico).
Na bradicardia Sinusal a freqüência varia em torno de 46 bpm e o ritmo é
regular.
Fig. 18.14 Bradicardia sinusal
Fonte:http//www.cardiologos.org
• Bloqueio atrioventricular (AV)
335
É resultante de um distúrbio de alguma parte do sistema de condução AV.
O bloqueio pode ocorrer no nível do nó AV, feixe de His ou ramos do feixe. O
bloqueio AV pode ser de 3 tipos: BAV 1o. grau, BAV 2o. grau e BAV 3o. grau ou
total. Nos bloqueios de 1o. e 2o. graus, eles são incompletos, isto é, parte ou
todos os impulsos são conduzidos para os ventrículos. No bloqueio de 3o. grau
nenhum dos impulsos iniciados no nó sinusal é conduzido.
Taquiarritmias
• Taquicardia sinusal
É caracterizada por elevação da freqüência cardíaca acima de 100 batimentos
por minuto. Todas as outras características do ECG são normais. As causas mais
comuns são: febre, exercícios, ansiedade e choque.
Taquicardia Sinusal . Ritmo regular.
• Flutter Atrial
É uma taquicardia atrial resultante de um foco diferente do nó sinusal. As
ondas P adquirem um padrão de serra denteada, pois chegando ao nó AV, este
não consegue conduzir todos os estímulos. A freqüência atrial no flutter fica entre
250 a 350 batimentos por minuto. A anormalidade se localiza acima do nó AV, o
complexo QRS está normal.
Flutter atrial. A frequência atrial é alta: 250 batimentos/min. O ritmo é regular, com
frequência de 125 bpm
Fig. 18.15 Flutter Auricular
Fonte: http//www.cardiologos.org
336
• Fibrilação atrial
É definida como um ritmo ectópico atrial rápido ocorrendo com freqüências
atriais de 400 a 650 batimentos por minuto. Caracteriza-se pela atividade
atrial caótica com a ausência de ondas P definíveis provocadas por diversos
focos ectópicos.
Fig. 18.16 fibrilação Atrial Fonte: http//www.cardiologos.org
Fibrilação atrial. O ritmo é irregular. As ondas de fibrilação variam de tamanho e
forma.
• Taquicardia ventricular
É definida como três ou mais batimentos prematuros ventriculares em série. Ela é
reconhecida por amplos complexos QRS bizarros ocorrendo em um ritmo regular
e com freqüência superior a 100 batimentos por minuto. Nesta arritmia o
tratamento elétrico é a cardioversão.
• Fibrilação Ventricular
É definida como uma despolarização rápida, irregular e ineficaz do ventrículo,
portanto, não existirá contração eficaz da musculatura cardíaca e
conseqüentemente não haverá pulso. Nesta arritmia o tratamento elétrico é a
desfibrilação.
Fibrilação Ventricular. Atividade ventricular caótica, ondas variam em tamanho,
forma e ritmo.
337
Tratamento das Principais Arritmias Cardíacas
Tratamento elétrico (Cardioversão)
No tratamento das taquiarritmias o choque elétrico é utilizado para
converter as arritmias supraventriculares e ventriculares ao ritmo sinusal.
A cardioversão fornece um choque sincronizado com a atividade
cardíaca, isto é, ele é fornecido na onda R.
A desfibrilação fornece uma corrente elétrica não sincronizada na
tentativa de converter a taquicardia ventricular ou a fibrilação ventricular sem
pulso ao ritmo sinusal.
Implantação de Marcapasso
No tratamento das bradiarritmias pode-se administrar atropina, manter a
monitorização de controle ou colocar marcapasso externo transcutâneo ou
transvenoso provisório de acordo com a severidade da bradicardia.
Os marcapassos são dispositivos eletrônicos constituídos de cabo,
eletrodo e gerador. São capazes de substituir os impulsos elétricos do coração
doente.
Fig. 18.17 marcapasso e Implantação de Marcapasso
Fonte:http//www.gmf
Cuidados de Enfermagem na implantação e manutenção do marcapasso
• Orientar o paciente sobre o procedimento e a necessidade de
anestesia;
• Manter jejum de 6 horas antes do procedimento
• Checar o funcionamento do gerador;
• Preparar material de emergência;
• Limpar e realizar tricotomia do tórax se necessário;
• Manter acesso venoso calibrosos;
338
• Manter paciente monitorizado;
• Avaliar nível de consciência;
• Fazer ECG após o procedimento;
• Observar arritmias e manter o paciente monitorizado de 6 a 24
horas;
• Fazer curativo diário;
• Avaliar sinais de infecção;
• Manter gerador bem fixado.
Orientação ao portador de Marcapasso
• Carregar sempre a carteirinha do marcapasso que ele vai receber
no hospital
• Participar sempre das revisões com o seu médico conforme
determinado
• Evitar traumatismos sobre o marcapasso (agressões, traumas,
esportes violentos)
• Evitar choques elétricos
• Não ultrapassar portas que apresentem detectores de metais (em
bancos e aeroportos). Nestes casos avisar o segurança do local que ele
saberá como agir
Cardioversor Desfibrilador Implantável – CDI
É um dispositivo capaz de monitorar e tratar alguns tipos de arritmia que
podem levar a morte como taquicardia ventricular (TV) e fibrililação ventricular
(FV). Ao reconhecer um desses ritmos o aparelho é ativado tentanto reverter à
situação.
Fig. 18.18 Cardioversor Desfibrilador Implantável
Fonte: http//www.puc.saude.br
339
Ablação por cateter
Tratamento invasivo feito através da introdução de um cateter até o coração
com a finalidade de interromper a trilha do estímulo elétrico anormal. A ponta do
cateter, pela ativação energética por radiofreqüência, se aquece e rompe o tecido
que contém a área desencadeadora ou mantenedora da arritmia. Sua utilização é
feita após a tentativa com a terapia medicamentosa sem sucesso.
Tratamento Medicamentoso
A maioria das arritmias deve ser tratada com drogas antiarritmicas, que
são medicamentos que evitam ou interrompem as arritmias.
Qualquer que seja o tipo de arritmia cardíaca, o objetivo do tratamento é
sempre o mesmo, isto é, normalizar o ritmo dos batimentos cardíacos, permitindo
que o nó sinusal reassuma a função normal de marcapasso do coração.
São muitas as drogas que contribuem para evitar ou diminuir a freqüência
das arritmias, mas a escolha para o uso dependerá de alguns fatores dentre
eles:
● O tempo de duração da arritmia,
● Da causa determinante
● Do tipo de ritmo.
Todas as drogas antiarritmicas devem ser administradas ao paciente
através do uso de bombas de infusão para garantir o gotejamento correto e evitar
iatrogenias.
As drogas anti-arriímicas atuam alterando a automaticidade,
excitabilidade ou a condutividade das células cardíacas.
As principais drogas antiarritmicas são:
• QUINIDINA:
Nome comercial: Quinicardine
Usada para controlar ou erradicar arritmias, principalmente fibrilação atrial.
Diminui a condutividade e excitabilidade das células atriais.
340
Cuidados de Enfermagem: observar presença de diarréia, naúseas e vômitos
que são os sintomas mais freqüentes; observar bradicardia ou taquicardia
(medicamento em doses tóxicas), controlar pressão arterial (hipotensão).
• PROCAINAMIDA:
Nome comercial: Procamide
São mais comumente empregados na prevenção de arritmias ventriculares,
os efeitos são parecidos com os da Quinidina.
Cuidados de Enfermagem: observar presença de naúseas, anorexia, vômitos;
observar reações alérgicas como erupções ou lesões cutâneas; administrar o
medicamento via EV diluído e lentamente; controlar PA e FC.
• LIDOCAÍNA:
Nome comercial: Xylocaína
Controla as arritmias ventriculares através de seu efeito depressivo sobre
a automaticidade do sistema Hiss-Purkinje e elevando o limiar de excitabilidade
dos ventrículos.
Nas doses normais a lidocaína exerce efeito mínimo sobre a contratilidade
miocárdica, portanto, o débito cardíaco e a pressão arterial não se alteram com a
administração da droga.
Sua ação ocorre 60 segundos após a administração da dose de ataque.
Cuidados de Enfermagem: observar alterações neurológicas de intoxicação
como sonolência, parestesias, agitação e desorientação no tempo e no espaço;
observar crises convulsivas; controlar rigorosamente o gotejamento da droga.
• PROPANOLOL:
Nome comercial: Inderal
O principal efeito é reduzir o estímulo simpático sobre o coração. Age
diminuindo a condução elétrica dos átrios e do feixe de His, ao mesmo tempo em
que reduz acentuadamente a força de contração ventricular e conseqüentemente
o débito cardíaco.
Cuidados de Enfermagem: em situações de emergência, quando administrado
via EV o medicamento deve ser diluído e administrado lentamente com controle
rigoroso da PA; não deve ser administrado em caso de bradicardia; detectar
sinais e sintomas de insuficiência cardíaca ou hipotensão arterial; interromper a
341
droga se o paciente apresentar sibilos ou qualquer sinal de broncoespasmo;
observar alterações de comportamento, principalmente lassidão e depressão.
• AMIODARONA
Nome comercial: ancoron, atlansil ou miodaron.
É indicado nas arritmias cardíacas: Flutter, FA, extrassístoles, pois reduz
a excitabilidade miocárdica, têm efeito bradicardizante.
Cuidados de Enfermagem: observar hipotensão e bradicardia; na administração
EV deve ser diluído segundo prescrição médica e administrado lentamente;
observar náuseas e vômitos; observar descoloração facial violácea nas pessoas
que fazem uso prolongado do medicamento, observar ECG.
• VERAPAMIL:
Nome comercial: dilacoron
A sua ação é o retardo da condução no nódulo AV. Este efeito
representa o principal mecanismo de FA, Flutter atrial, taquicardia paroxística
supra ventricular.
Cuidados de Enfermagem: observar hipotensão e bradicardia;
na administração EV deve ser diluído segundo prescrição médica e administrado
lentamente; observar naúseas; vômitos; tontura; cefaléia; distúrbio do sono e
observar ECG.
• PROPAFENONA:
Nome comercial: Ritmonorm
Atua sobre todo sistema formador e condutor dos estímulos cardíacos. Está
indicado nas taquiarritmias supraventriculares, especialmente extra sístoles
ventriculares.
Cuidados de Enfermagem: observar hipotensão e bradicardia; na administração
EV deve ser diluído em soro glicosado e administrado lentamente; observar
náuseas, vômitos, obstipação e tontura; observar ECG.
• BRETÍLIO:
Nome comercial: bretílio
342
É indicado no tratamento de FV e TV sem pulso refratário a outras
terapias, possui atividade antifibrilatória.
Cuidados de Enfermagem: observar hipotensão postural em pacientes sem
parada cardio-respiratória; detectar náuseas e vômitos.
• ADENOSINA:
Nome comercial: adenosina
É um novo agente antiarritmico eficaz na conversão de taquicardia supra
ventricular paroxística ao ritmo sinusal, lentificando a condução através do nódulo
AV.
Cuidados de Enfermagem: observar hipotensão; rubor facial; dispnéia; dor
torácica; pode ocorrer diverso grau de bloqueios AV, bradicardia sinusal antes
que o ritmo se restabeleça. Manter material de emergência próximo.
18.5.2 Síndromes Coronarianas Agudas
Angina e Infarto Agudo do Miocárdio
Doenças consideradas um problema de saúde público devido sua incidência
em ambos os sexos. Reconhecida como um processo multifatorial que inclui estilo
de vida e constituição física.
Um grande número de indivíduos que infartam acabam morrendo na primeira
hora devido ao tamanho do dano muscular (extensão do infarto) e por arritmias,
especialmente a fibrilação ventricular.
Certas condições chamadas fatores de risco predispõem e aceleram o
depósito de gordura ou a aterosclerose e desse modo propiciam o IAM.
Fisiopatologia da Coronariopatia
Estreitamento da luz da artéria devido a formação do placa de ateroma* e
injúria do endotélio. Devido a essa lesão ocorre um desequilibrio entre a oferta e o
consumo de oxigênio pelo miocárdio podendo levar a dor de origem isquêmica.
Para diferenciarmos didaticamente dizemos que a Angina Estável é aquela
que após o desequlíbrtio não houve sofrimento celular e o músculo cardíaco fica
preservado.
Já na Angina Instável pode-se evidenciar também devido ao desequilíbrio
entre a oferta e a demanda de oxigênio, porém, com manifestações clínicas até
343
mesmo em repouso. Ocorre um espasmo sobre a placa de ateroma e a dor
anginosa aparece devido a isquemia.
No Infarto Agudo do Miocárdio ocorre a obstrução da luz da artéria que
impede o suprimento sangüíneo do miocárdio levando a necrose tecidual. É tempo
depentente, isto é, quanto mais tempo permanecer a oclusão, maior a área de
comprometimento e menor a chance de reperfusão do músculo cardíaco.
* placas de ateroma : degeneração de lipideos e depoósitos de colesterol e saias
de cálcio.
Fatores Predisponentes
• Sexo: até a menopausa, as mulheres têm menor incidência de
infarto agudo do miocárdio, pela proteção dos hormônios femininos.
Após, A essa incidência tende a ser na proporção de dois homens
para cada mulher.
• Idade: as mortes devido a doença coronária aumentam com a idade,
contudo hoje, observa-se um aumento gradual de infartos em
pessoas jovens, devido a mudança de comportamento, ↑ estresse,
bem como a piora na qualidade de vida.
• Hereditariedade: sugere suscetibilidade aumentada devido ao fator
genético
• Doenças pré existentes tais como diabetes: distúrbio bioquímico,
produz microangiopatia (lesão em microvasos), podendo
comprometer vasos do coração, rins, cérebro, etc.
• Hipertensão arterial: ↑ a resistência periférica, ↑ o trabalho cardíaco,
↑ consumo de O2, acelera o processo aterosclerótico.
• Tabagismo: sugere vasoconstrição e arterite
• Estresse: a ansiedade crônica favorece o aparecimento da
aterosclerose e distúrbios de coagulação sanguínea.
• Sedentarismo: evolução do processo aterosclerótico favorece
obesidade.
• Dislipidemia: consumo exagerado de gordura que leva ao acúmulo
de gordura na parede dos vasos causando estreitamento das
344
paredes das artérias e a possibilidade de vasoespasmos e / ou
oclusão total das artérias
• Obesidade: está associado a HAS, DM, colesterol alto, aumento do
trabalho cardíaco
Diagnóstico
• Anamnese;
• ECG;
• Enzimas cardíacas (DHL, CPK-MB, TGO, Troponina)
• Cateterismo cardíaco
Manifestações Clínicas
• Dor precordial com ou sem irradiação para MSE e região cervical
• Náuseas e vômitos
• Sudorese
• Dispnéia
• Ansiedade
• Fraqueza
• Síncope
Tratamento
• Tratamento medicamentoso – fribrinolítico
• Angioplastia convencional, ou colocação de “stent”
• Revascularização do miocárdio
Tratamento Medicamentoso (após intenação em unidade coronariana)
Nitratos : drogas que diminuem o consumo de O2 pelo miocárdio e aumentam o
fluxo coronariano
AAS: como anti - agregante plaquetário
Beta bloqueador : utilizado para diminuir o consumo de O2 pelo miocárdio
Benzodiazepínicos : diminuir a ansiedade e promover sedação
Analgésicos: para alívio da dor
Anticoagulante: aumenta a permeabilidade e evita a formação de trombos
Antiarritmicos: para prevenção ou tratamento das posíveis arritmias
345
Assistência de Enfermagem
• Avaliar nível consciência
• Monitorizar o paciente
• Avaliar a evolução da dor (rigoroso)
• Controlar sinais vitais
• Atentar para saturação de O²
• Manter ambiente tranqüilo
• Orientar repouso
• Instalar oxigenação
• Manter acesso venoso calibroso
• Atentar para alterações eletrocardiograficas
• Manter decúbito elevado
• Oferecer dieta hipossódica, laxativa.
• Realizar balanço hídrico
• Atentar para sinais de sangramento
Complicações
• Pericardite
• Angina instável
• Arritmias
• Edema agudo de pulmão
• Choque cardiogênico
• Ruptura septal
• Ruptura cardíaca
Tratamento Trombolítico
O medicamento chamado trombolítico (dissolução de trombos) tem
como função a dissolução do trombo que está ocluindo o vaso. Por ser tempo
dependente, essa terapia só deverá ser aplicada até 6 horas do início da dor.
Quanto mais precoce for a reperfusão, menor será a extensão da
necrose e maiores serão as chances do paciente.
346
A introdução dos trombolíticos na última década diminuiu a mortalidade,
sua indicação baseia-se no fato do trombo ser responsável pela oclusão da
artéria relacionada ao infarto em cerca 90% dos casos.
A reperfusão miocárdica ocorre freqüentemente com a melhora da dor
precordial e regressão da alteração no ECG.
Uma droga ainda utilizada é a Streptoquinase – (SK= 1.500.000 U) E.V.
em 60 minutos em uma diluição com 100ml de soro fisiológico.
Atualmente, serviços que possuem um setor de hemodinâmica, estão
preferindo, como conduta médica, realizar o estudo do grau de obstrução das
artérias coronarianas através do cateterismo e, assim, estabelecer a
conduta.imediatamente e conseqüentemente melhora para o cliente, ao invés da
administração dos trombolíticos em virtude dos efeitos colaterais entre outros.
Contra – indicações para o uso
• Hemorragia ativa
• Suspeita de dissecção da aorta
• Gravidez
• Traumas e cirurgias há menos de duas semanas
• História de acidente vascular
Cateterismo Cardíaco e Angioplastia
Trata-se de um procedimento invasivo feito em serviço especializado de
hemodinâmica. É a prática da introdução de dispositivo próprio para atingir as
cavidades cardíacas, vasos arteriais com finalidade diagnóstica ou terapeutica.
As vias de acesso para inserção do cateter são: a via braquial e a via
femural.
A finalidade terapêutica permite saber o grau de obstrução das coronárias
ou de suas ramificações.
Já a angioplastia está indicada quando for possível a reversão da oclusão.
Esse procedimento poderá ser feito de forma convencional, ou seja, somente com
a insuflação do balão. Como complicação aguda pode ocorrer a reoclusão por
retração elástica do vaso. Em médio prazo, a possibilidade de uma reestenose
não é desacatada.
347
Endopróteses
São estruturas metálicas que cobrem parcialmente o interior do vaso
impedindo sua oclusão. Chamados de stent, essa armação reduziu muito o
problema da reestenose. Com o avanço tecnológico, outros tipos de stent foram
inventados como aqueles que possuem medicamento (stent com rapamicina).
Cuidados da Enfermagem com pacientes submetidos ao cateterismo
Pré-cateterismo
• Certificar-se do jejum do paciente
• Realizar tricotomia
• Retirar próteses e outros objetos de uso pessoal
• Realizar anamnese acerca de alergias, uso medicamentoso, etc.
• Administrar tranqüilizante quando pedido médico
Pós-cateterismo
• Avaliar condição neurológica e hemodinâmica,
• Observar sinais de sangramento no local da incisão,
• Re-orientar quanto a não fletir o membro puncionado (S e I),
• Observar presença de pulso, temperatura, perfusão e parestesia do
membro.
• Avaliar a presença de introdutor (caso tenha sido por via inguinal)
• Estimular hidratação para eliminação do contraste.
• Orientar a necessidade de repouso de acordo com o local da
punção do cateterismo e da rotina da instituição
Tratamento Cirúrgico
O tratamento cirúrgico baseia-se nas revascularização do músculo
cardíaco através da colocação de pontes que servirão de novos caminhos para a
circulação do coração.
Falaremos das cirurgias cardíacas após as patologias clínicas.
348
18.5.3 Insuficiência Cardíaca Congestiva
Definição
Anormalidade da função do coração em proporcionar o fluxo sanguineo
adequado para atender as necessidades metabólicas dos órgãos e tecidos do
corpo. É a insuficiência das câmaras cardíacas, podendo ser classificada como
sistólica ou diastólica, de baixo débito ou débito elevado.
Comumente chamamos de insuficiência direita, esquerda ou ambas.
Associada as diversas cardiopatias, o aparecimento de ICC pode limitar o
prognóstico do paciente, pois resulta em índices elevados de morbidade e
mortalidade.
Causas
• Idiopáticas
Miocardiopatia dilatada idiopática
• Coronariopatias
Miocardiopatia isquêmica
• Sobrecarga de pressão
Hipertensão
Estenose aórtica
• Sobrecarga de volume
Insuficiência mitral e aótica
• Outras
Inflamatórias
Metabólicas
Tóxicas
349
Fig. 18.19 Aumento das câmaras cardíacas
Fonte: http:// www.divelol.com.br
O que pode levar a descompensação da ICC
• Infecções,
• Hipóxia;
• Tromboembolismo pulmonar;
• Arritmias;
• Infarto agudo do miocárdio;
• Intoxicação digitálica.
Diagnóstico
• Anamnese;
• Exame clínico;
• Raio X;
• ECG;
• Ecocardiograma.
Manifestações Clínicas
• Tonturas aos esforços,
• Sudorese fria e viscosa,
• Fraqueza, oligúria,
• Cansaço,
• Dispnéia, dispnéia paroxística noturna,
350
• Ortopnéia, edema agudo dos pulmões,
• Tosse seca e persistente,
• Chiado no peito, cianose,
• Sensação de plenitude gástrica,
• Náuseas,
• Aumento do volume abdominal,
• Edema de membros inferiores.
Tratamento Medicamentoso
• Dopamina;
• Dobutamina;
• Diuréticos;
• Vasodilatadorers;
• Betabloqueadores;
• Sintomáticos;
Assistência de Enfermagem
• Manter decúbito elevado;
• Atentar para sinais de hipoxemia;
• Observar padrão respiratório;
• Monitorar PA, FC e oximetria de pulso;
• Realizar controle de débito urinário e balanço hídrico;
• Observar presença de edemas.
Valvulopatias
É uma alteração estrutural das valvas cardíacas causando alteração do
fluxo sanguíneo (obs: normalmente o fluxo sanguíneo tem sentido unidirecional).
São disfunções valvares aquelas que acometem a valva mitral, tricúspide,
pulmonar, aórtica.
Estenose Mitral
Ocorre quando há o espessamento e imobilidade dos folhetos da valva
dificultando ou impedindo do fluxo sangüíneo passe do átrio para o ventrículo.
Normalmente é por conseqüência de cardiopatia reumática.
351
Sinais e Sintomas
• Fadiga
• Cansaço
• Hemoptise ou escarro com raias de sangue (apoplexia pulmonar)
• Arritmias,
• Dispnéia,
• Ortopnéia,
• Edema agudo de pulmão
Insuficiência Mitral
É a alteração dos folhetos da valva impedindo seu fechamento
adequadamente, podendo levar ao espessamento devido a calcificação da
mesma.
Sinais e Sintomas
• Fadiga
• Dispnéia aos esforços
• Palpitações
• Congestão pulmonar
Estenose Aórtica
É a fusão das comissuras e contraturas das válvulas e acarreta em
obstrução do fluxo sangüíneo e hipertrofia do ventrículo esquerdo. Pode ter
como causa a febre reumática ou associada a outras patologias. Pode ser
de origem congênita ou adquirida.
Sinais e Sintomas
• Síncope,
• Angina,
• Diminuição da perfusão cerebral
• ICC
• Dispnéia
352
Insuficiência Aórtica
É o espessamento dos folhetos valvulares ocasionando o regurgitamento
do sangue arterial para dentro do ventrículo esquerdo. Pode ser causada por
doença reumática, anormalidades congênitas ou endocardite.
Sinais e Sintomas
• Dispnéia aos esforços
• Dispnéia paroxística noturna
• Ortopnéia
• Pulsação na cabeça ou no tórax (relato de pacientes)
• Fadiga
• Insuficiência cardíaca esquerda, EAP.
Diagnóstico
Como medida primária o ecocardiograma é o exame de escolha, pois,
pode avaliar além da injúria das valvas, permite a visualização das câmaras
cardíacas e seus preenchimentos.
O cateterismo cardíaco está indicado para monitorização alterações
hemodinâmicas
É também utilizada a ultra-sonografia com Doppler e o ecocardiograma
transesofágico.
Tratamento das Cardiopatias Valvulares
O tratamento medicamentoso baseia-se na sintomatologia podendo ser
utilizado:
• Vasodilatadores
• Diuréticos
• Drogas inotrópicas
• Vasopressores
• Anticoagulantes
Normalmente está indicado a correção da valva ou sua substituição por
tipos de valvas que estão disponíveis como as biológicas e as mecânicas.
353
Assistência de Enfermagem
Dependerá da sintomatologia e gravidade da lesão
• Observar padrão respiratório;
• Observar sinais e sintomas da síncope;
• Observar sinais de fadiga;
• Administrar medicações paliativas;
• Preparar o paciente no caso de tratamento cirúrgico;
• Reforçar orientação médica a respeito da profilaxia de endocardite.
18.5.4 Choque Cardiogênico
É a falência do coração como bomba, ou seja, colapso da circulação
sangüínea.
Causas
• Insuficiência mitral e/ou aórtica agudas;
• Ruptura do septo interventricular;
• Aneurisma gigante de ventrículo esquerdo;
• Estenose aórtica e mitral;
• IAM;
• Cardiomiopatia congestiva;
• Arritmias;
• Tamponamento cardíaco;
• Pneumotórax hipertensivo.
18.5.5 Edema Agudo de Pulmão
Doença na qual ocorre um aumento de fluído extravascular pulmonar como
conseqüência de alterações das pressões oncótica e hidrostática
Etiologia
• Doenças do coração que determinam falência cardíaca;
• IAM;
• Crise hipertensiva;
• ICC descompensada;
354
• Embolias pulmonares;
• Sobrecargas volumétricas.
Diagnóstico
• Exame clínico com avaliação dos sinais e sintomas;
• RX de tórax;
• Gasometria arterial.
Sinais e Sintomas
Ansiedade e agitação; dispnéia; cianose; sudoreses frias, viscosas e
profusas; palidez cutânea; respiração ruidosa (sororoca) com estertores e sibilos
ouvidos à distância; tosse seca e persistente, seguida de tosse úmida com
expectoração espumosa branca ou rósea; confusão mental.
Tratamento
• Oxigênioterapia;
• Sedação;
• Diurético;
• Vasodilatador;
• Digitálicos;
• Albumina humana.
Assistência de Enfermagem
• Manter decúbito elevado;
• Atentar para sinais de hipoxemia;
• Observar padrão respiratório;
• Monitorar PA, FC e oximetria de pulso;
• Realizar controle de débito urinário e balanço hídrico.
18.5.6 Cirurgias Cardíacas
As cirurgias cardíacas são feitas para correção de diversas patologias,
anomalias ou complicações que afetam tanto o músculo cardíaco como suas
estruturas e sua circulação.
As principais cirurgias cardíacas são:
355
• Correção ou troca de válvulas cardíacas: correção da estese ou
insuficiência das válvulas cardíacas ou ainda sua substituição por
prótese biológica de menor durabilidade utilizada em pacientes mais
idosos ou mecânicos de maior durabilidade utilizada em pacientes
mais jovens.
• Revascularização miocárdia: derivações feitas com a colocação de
enxertos para permitir uma melhor irrigação e conseqüente
oxigenação do músculo cardíaco. São utilizadas as artérias mamária
e radial ou ainda a veia safena.
• Transplante cardíaco: substituição do órgão afetado por outro em
boas condições através da doação de um doador não vivo. Indicado
quando o coração perde sua força contrátil e as medidas clínicas
deixam de ser eficientes e esgotadas, comprometendo a expectativa
de vida.
Para algumas cirurgias cardíacas utiliza-se a circulação extracorpórea
(CEC) como forma de manutenção da circulação cardiopulmonar devido à
manipulação do órgão.
A CEC ou by pass cardiopulmonar é uma máquina desenvolvida para
realizar a circulação e oxigenar o cliente enquanto ocorre o procedimento
cirúrgico uma vez que a volemia é desviada do coração e do pulmão.
Juntamente com a CEC, a temperatura corpórea do paciente é reduzida
para que haja uma diminuição do metabolismo basal causando uma hipotermia
fisiológica.
Antes de o sangue passar pelos vasos normais novamente, e é aquecido
antes do término da cirurgia.
Complicações Cirúrgicas
Cardiovascular: hipertensão arterial sistêmica, síndrome de baixo débito,
tamponamento cardíaco, choque cardiogênico, arritmias.
Pulmonares: atelectasia, edema pulmonar, derrame pleural, pneumotórax,
ventilação mecânica prolongada, infecções.
Renal: alterações de volume e eletrólitos, falência renal.
Neurológicas: alteração neurológica pela possibilidade de microembolias,
356
diminuição da perfusão cerebral.
Infecciosas: infecção hospitalar, ferida cirúrgica, pulmonar e septicemia.
Assistência de Enfermagem nas Cirurgias Cardíacas
• Controlar rigorosamente condições hemodinâmicas: pressão arterial,
pressão venosa central, temperatura, pulso; PAM,
• Instalar e controlar as drogas vasoativas e vasodilatadoras;
• Atentar para sangramento (drenos torácicos, mediastinal, pleural), SNG,
incisões cirúrgicas, cateteres, etc;
• Atentar para resultados exames laboratoriais.
• Avaliar perfusão periférica, pulsos periféricos,
• Controlar débito urinário
Manter cuidados com ventilação mecânica tais como:
• Fixação de cânula,
• Oximetria de pulso (sat 02),
• Realizar coleta de gasometria arterial e venosa a critério médico,
• Observar a freqüência respiratória
• Observar e anotar os parâmetros ventilatórios
• Manter a umidificação e aquecimento do respirador,
• Manter as vias aéreas pérveas
• Aspirar as secreções quando necessário.
• Atentar para alterações eletrocardiograficas
• Verificar posição dos fios de marcapasso protegê-los com micropore,
• Manter os cuidados na instalação e administração de sangue e
hemoderivados
• Realizar balanço hídrico:
• Promover a higiene, o conforto e a segurança do paciente mantendo a
auto-confiança e imagem, conforme seu grau de dependência da
enfermagem.
• Fornecer informações aos familiares dando apoio, confiança e conforto.
357
Realizar medidas de proteção tais como :
• Mudança de decúbito
• Proteção das saliências ósseas
• Manutenção dos pés apoiados em posição anatômica,
• Aquecimento do paciente;
• Realização de massagem de conforto
• Proteção dos olhos do paciente
• Manutenção das grades elevadas
358
REFERÊNCIAS BIBLIIOGRÁFICAS
CINTRA, Eliana de Araújo; NISHIDE, Vera Médice; NUNES, Wilma Aparecida. Assistência de Enfermagem ao Paciente Gravemente En fermo . 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003
SMELTZER, Suzanne C; BARE, Brenda G. Brunner& Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgico. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. v. 2.
http//www.home.fmh.pt
http//:www.webciencia.com
http//www.bioatividade.com.br
http//www.paginasterra.com.br
http//www.icb.ufm.com.br
http//www.octopus.furg
http//www.gori.blo
http//www.cardiologos .org
http//www.gmf
http//www.puc.saude.br
http:// www.divelol.com.br
359
CAPÍTULO XIX
Ana Aparecida S. S. Gonçalez
MONITORAÇÃO HEMODINÂMICA
19.1 INTRODUÇÃO
A oferta de oxigênio para as células é função essencial desenvolvida pelos
seres aeróbicos, já que a sua falta está inevitavelmente associada à falência das
funções celulares e até mesmo com a morte do organismo. Desta forma, a
monitorização hemodinâmica a qual avalia os parâmetros de perfusão e
oxigenação tecidual, através de métodos invasivos e não invasivos, tem sido de
grande valia e utilidade para médicos e profissionais da saúde que prestam
assistência à pacientes graves, no entanto, tem sido sonho dos médicos
desenvolverem meios no qual esta avaliação que é de forma contínua e em
tempo real seja preferencialmente através de métodos pouco invasivos.
Em pacientes críticos, a avaliação da perfusão tecidual inicia-se pelo
exame físico, principalmente através da avaliação do nível de consciência e das
características da pele, que pode estar pálida, fria, e sudoreica nos casos de
choque cardiogênico ou quente e rubra nos pacientes em choque séptico, e da
monitorização do volume urinário que dá informações indiretas sobre da perfusão
cerebral, pele e renal, respectivamente.
Em seguida, os médicos partem para aferição da pressão arterial
sistêmica, que nos casos de pacientes em choque, é necessário o procedimento
invasivo denominado de Pressão Arterial Média Invasiva, mas em outros casos,
pode-se utilizar o tradicional método não invasivo.
Outro parâmetro hemodinâmico importante à pacientes nestas condições é
a medida da Pressão Venosa Central (PVC). Em 1962 foi introduzida PVC a beira
360
o leito, que foi o primeiro passo importante na avaliação da volemia e função
cardíaca de pacientes críticos.
Atualmente a medicina conta com um número crescente de recursos
sofisticados e precisos que visam fornecer dados sobre as condições clínicas do
paciente assim, outros equipamentos de medidas hemodinâmicas também são
tão essenciais no controle da perfusão e oxigenação tecidual como estes citados
acima, podemos citar a oximetria de pulso, e o cateter de Swan-Ganz que devem
ser usados conforme a disponibilidade e experiência técnica do pessoal médico e
de enfermagem.
A equipe médica, geralmente junto com a enfermagem, avalia e considera
a relação custo-benefício da monitorização hemodinâmica, pois muitas vezes o
emprego de recursos altamente sofisticados e caros não é indicado devido ao
mau prognóstico do paciente.
Todas essas medidas de controle hemodinâmico serão descritas a seguir
com maiores detalhes.
19.2 Medidas de Controle Hemodinâmico
19.2.1 Pressão Arterial Não Invasiva
É a pressão gerada na parede das artérias e cujo resultante dos
batimentos cardíacos e da resistência da parede do vaso ao fluxo sangüíneo.
Pode ser aferida por método não invasivo auscultatório e por monitorização não
invasiva automatizada. A automatizada apresenta como vantagem a possibilidade
de medidas mais freqüentes em comparação ao método auscultatório e como
desvantagens a possibilidade de congestão venosa por medidas freqüentes e
pode ser um procedimento difícil em pacientes com lesões cutâneas.
361
A pressão arterial representa a força exercida nas paredes arteriais durante
a contração e relaxamento ventricular e é medida em milímetros de mercúrio
(mmHg). O pico do ciclo é chamado de pressão sistólica , o ponto mais baixo do
ciclo denomina-se pressão diastólica .
A pressão é medida por um aparelho chamado esfigmomanômetro.
Existem 2 tipos, o manômetro de mercúrio e o manôme tro aneróide . (O
esfigmomanômetro baseia-se no princípio do equilíbrio da pressão atmosférica
(que eleva o mercúrio) no tubo calibrada ou ativa a mola do aneróide).
Vamos rever como funciona o aparelho.
• Quando a pêra da braçadeira é inflada, a pressão do ar leva à oclusão da
circulação na artéria braquial e à elevação do mercúrio no manômetro ou à
ativação da agulha no manômetro aneróide.
Fig. 19.1 aparelho aneróide Fig. 19.2 aparelho com coluna mercúrio
Fonte: http: //www.corpohumano.hpg.ig.com.br/generalidades/quimica/quimica_08.html
• Quando soltamos o ar, a circulação retorna e a coluna de mercúrio desce
(ou a agulha do aparelho aneróide começa a voltar ao zero).
• O sangue flui, então, através das artérias e a força exercida pelo sangue
contra a parede arterial pode ser medida no manômetro, no momento em
que observamos a oscilação da agulha ou do nível de mercúrio. Essa é a
362
pressão sistólica . É medida auscultatoriamente como um “tum”, ouvido ao
estetoscópio.
• Quando os ventrículos relaxam, a pressão nos vasos é mínima. Essa é a
diástole . Essa fase é comumente medida no ponto que antecede ao
término dos sons auscultados. Em alguns locais do corpo, é medida
quando o som passa a ser ma.
A pressão arterial depende de uma variedade de fato res:
• Força contrátil do coração. Quanto menor a força, menor a pressão
arterial;
• Quantidade de sangue circulante. Se o volume sangüíneo diminui,
como nas hemorragias, a pressão diminui;
• Resistência periférica, determinada pelo lúmen (calibre) e pela
elasticidade dos vasos periféricos (arteríolas) e pela viscosidade do
sangue.
O aumento na pressão arterial é chamado de hipertensão; a diminuição,
hipotensão.
O registro exato da pressão arterial depende da atenção para com vários
detalhes críticos. O manguito é firmemente passado do braço e o seu balão fica
centralizado sobre a artéria braquial. O estetoscópio é colocado diretamente
sobre a artéria braquial, imediatamente abaixo da prega do cotovelo, no ponto
onde a artéria braquial emerge das duas cabeças do músculo bíceps. O tamanho
adequado do manguito é aquele que é 20% mais largo do que o diâmetro do
membro. Se o manguito for muito largo para o braço, como na criança,
subestima-se a magnitude da pressão, isto é, a pressão obtida estará
consideravelmente abaixo da pressão verdadeira. Se o braço for excessivamente
363
gordo como o é em muitas pessoas obesas, haverá uma superestimação do nível
da pressão, isto é, ó paciente parecerá estar hipertenso quando a pressão é, na
verdade, normal. São fabricados manguitos especiais para pessoas obesas e
para crianças.
A pressão arterial também pode ser medida nos membros inferiores. No
entanto, o ideal é usar um manguito extra largo.
Técnica de medida
Como especial atenção aos fatores que afetam sua variabilidade.
• Equipamento adequado
• Fatores de variação
- a hipertensão do “jaleco branco”.
• Erros mais comuns: a posição e a colocação do manguito.
O que fazer para diminuir este erro?
• Paciente sentado (tórax apoiado e o braço nivelado com o coração),
deitado e em pé (intervalo maior que 2 minutos entre as medidas);
• Devemos EVITAR uso recente de cafeína, fumos,
descongestionantes ou colírios com vasoconstritores;
• Ambiente tranqüilo, manguito adequado, balão sobre a artéria
braquial;
• Aneróide calibrado a cada seis meses.
Como medir?
• Iniciar com método palpatório para determinação da PA sistólica;
364
• Inflar o manguito 20 a 30 mmHg acima da PA sistólica, esvaziando 3
mmHg.
• Observar atentamente os sons de koroktoff;
• Repetir a medida 2 a 3 vezes avaliando o grau de variabilidade entre
estas medidas.
Quanto mais rápida a inflação e a deflação, mais ní tidos os sons serão.
Os sons de koroktoff são:
• PA mais elevada onde se ouve o primeiro som = pressão sistólica;
• Sons são substituídos por um sopro;
• Retorno de um som alto e forte;
• Abafamento dos sons (avalia melhor a pressão diastólica em
crianças);
• Desaparecimento dos ruídos (mais utilizados em adultos);
19.2.2 Pressão Arterial Média Invasiva (PAM OU PAI)
Pressão Arterial Média Invasiva (PAM ou PAI): é aquela medida através da
inserção de um cateter em alguma artéria periférica do corpo humano, num
sistema ligado a um computador que recebe os dados e os coloca na tela
continuamente, para ser observado. Também se transforma numa via de acesso
para coleta de sangue sem ser necessário ficar obtendo novo acesso a cada
coleta, poupando o paciente deste incômodo.
365
Fig. 19.3 PAM ou PAI
Fonte:httpwww.medstudent.com.br
A pressão intra-arterial é monitorizada diretamente através da introdução
intra-arterial de um cateter flexível de polyvinyl. Os acessos para a cateterização
arterial são as artérias radiais, braquiais e femorais. A artéria radial é mais
utilizada, devido a sua estabilidade, melhor visualização de sangramento
pericateter e pela boa circulação colateral existente na mão.
A curva de pressão pode apresentar alterações morfológicas devido à
obstrução do cateter, queda da pressão na bolsa pressurizadora, ar no sistema
de monitorização ou mesmo por queda da pressão arterial.
Fig. 19.4 Bolsas pressurizadara
Fonte: www.politec.net/Produtos/Ethox/infusurg.jpg
Assistência de enfermagem
• A enfermagem deve estar atenta a alterações citadas acima sabendo
identificá-las e corrigindo-as o quanto antes;
366
• Monitorizar alarmes todo o tempo, a fim de detectar desconexão do
sistema, queda ou elevação da pressão;
• Monitorizar freqüentemente a circulação, pulso, coloração, temperatura e
movimentação do membro cateterizado;
• Manter permeabilidade do cateter através do fluxo contínuo de SF0,9%,
mantendo a bolsa pressurizadora com 300mmHg;
• Realizar curativo diário no local de inserção do cateter e trocar extensões,
danulas e domus a cada 72 horas.
A PAM apresenta algumas contra-indicações tais como: doença vascular
periférica, doenças hemorrágicas uso de anticoagulantes; a punção arterial é
contra-indicada em áreas infectadas. Apresenta algumas complicações:
embolização arterial e sistêmica, insuficiência vascular, necrose isquêmica,
infecção, hemorragia, injeção acidental de drogas. Também apresenta vantagens:
é um método contínuo, é mais confiável em doentes instáveis e permite a coleta
de gasometria arterial. Como desvantagens é um método invasivo, apresenta
maior risco de complicações, necessita de pessoal treinado para a inserção do
cateter e em mãos não capacitadas pode não perceber valores distorcidos e
considerar falsos valores como verdadeiros.
19.2.3 Pressão Venosa Central (PVC)
A Pressão Venosa Central (PVC) é a pressão de retorno do sangue ao
lado direito do coração e é um importante parâmetro hemodinâmico a ser aferido
em numerosas situações clínicas, cirúrgicas e experimentais. Para sua
realização, utiliza-se um Cateter Venoso Central (CVC) e é medida geralmente na
veia cava já bem próxima ao coração, representando assim, a medida da
capacidade relativa do coração em bombear o sangue venoso.
367
Tais medidas podem ser expressas em mmHg ou cm H2O, sendo esta
última a mais utilizada em Medicina Veterinária.
Quando a PVC encontra-se baixa pode sugerir hipovolemia e quando alta
pode sugerir sobrecarga volumétrica, porém nunca deve ser usada como
marcador único de volemia.
Assistência de enfermagem
Ação de enfermagem na fase preparatória – (durante a passagem do cateter
central)
Antes de qualquer coisa, e pela própria definição de PVC, lembrar que será
necessária a realização de um acesso central através de uma via central (cateter
central) do tipo single lúmen, duplo lúmen, Swan-Ganz, não importa, no entanto, é
importante ficar claro para os profissionais de enfermagem que este procedimento
é realizado EXCLUSIVAMENTE pelo médico, treinado e habilitado para este
procedimento. Portanto, se o paciente não possuir este acesso, deverá ser
providenciado também material para passagem de cateter central, além do
material para a PVC. Assim, seguem os cuidados de enfermagem durante a
passagem do cateter central.
• Reunir os materiais para a passagem do cateter central (o tipo de cateter
será escolhido pelo (a) médico(a) a qual irá realizar o procedimento).
• Reunir TODOS os materiais necessários e montar o sistema de PVC (ver
lista).
• Deixar o sistema da PVC devidamente montado a beira do leito.
• Colocar o paciente em uma posição confortável, porém, mantendo
Decúbito Dorsal Horizontal e seguindo as orientações do (a) médico(a) que
irá realizar o procedimento, se necessário, colocar o paciente levemente na
368
posição com a cabeça para baixo (trendelenburg) afim de aumentar o
enchimento venoso e reduzir o risco de embolias gasosas.
• Lembrar que para o procedimento, deverão ser mantidas técnicas
assépticas, pois será introduzido pela veia subclávia (direita ou esquerda)
ou pela jugular (interna ou externa), veias de grosso calibre, onde o cateter
será conduzido até a veia cava superior e depois para o Átrio D.
• Explicar ao paciente o procedimento da passagem do cateter central que
será realizado e que é semelhante a uma injeção EV, porém, com alguns
cuidados extras, reforçando as vantagens do cateter central, pois poderá
mover-se no leito livremente após e através desta via poderá ser, inclusive,
colhido sangue quando necessário, assim, o ajudará a tranqüilizá-lo.
• Após a passagem do cateter central, testar o refluxo sanguíneo e
comunicar o médico se houver qualquer irregularidade.
• Realizar curativo no local seguindo as orientações da instituição.
Atualmente o curativo mais utilizado é aquele que se aplica um filme
transparente, onde facilita a observação diária do local.
• Após o procedimento, o médico DEVERÁ OBRIGATORIAMENTE solicitar
RX para confirmação da posição do cateter e ocorrências de possíveis
iatrogênias durante o procedimento o qual o exame deverá ser analisado e
liberado para uso do cateter pelo médico, O ideal é aguardar este resultado
antes da utilização do mesmo, no entanto, se houver urgência no resultado
da PVC, imediatamente após a passagem, o médico poderá solicitar a
medição do mesmo, o que não exclui a solicitação do pedido do exame.
Ação de enfermagem na fase preparatória (durante a montagem do sistema de
PVC)
369
Reunir os materiais necessários
• Equipamentos para medida de PVC manual
• Equipo de PVC
• Soro fisiológico de 250 ml
• Suporte de soro
• Fitas adesivas
• Régua de nível para zerar o sistema
Procedimentos de montagem do sistema e medida de PV C com coluna
d`água
• Lavar as mãos com o objetivo de reduzir transmissão de
microrganismos;
• Reunir os materiais; abrir o soro e equipo;
• Fechar as pinças;
• Conectar soro ao equipo, preencher equipo com soro, evitando
entrada de ar e mantendo técnica asséptica;
• Instalar fita que acompanha o equipo no suporte de soro;
• Fixar o equipo Y do equipo no zero da fita e a extensão do
equipo do soro e do equipo mais curto paralelamente ao longo
da fita;
• Conectar extremidade do equipo ao conectar central na via
distal;
• Localizar e marcar o ponto zero na fita, obtido pelo nivelamento
da régua na linha axilar média localizado no 4º espaço
370
intercostal do paciente. Toda vez que se verificar a PVC deve-se
verificar novamente este ponto;
• Abrir soro, abrir pinça do paciente, observar infusão do soro;
• Fechar soro e abrir pinça do ar ambiente, mantendo a do
paciente aberta;
• Aguardar coluna d`água descer até que oscile, memorizar esse
número e considerá-lo em relação ao zero para obtenção do
valor da PVC.
Importante: Se, ao nivelar o zero na fita, a marca estiver em 5, e a coluna de
água oscilar em 9, considera-se que a pressão venosa central (PVC) é 4. Se
a coluna de água oscilar em 4, considera-se que a PVC é -1. Se oscilar acima
de seu ponto zero, é considerado positivo (+), se abaixo do seu ponto zero, é
negativo (-).
Equipamentos para monitorização com transdutor de p ressão (no caso
de pacientes em UTI).
• Kit para monitorização de pressão com transdutor de pressão
• Suporte para monitorização de pressão
• Bolsa pressurizadora
• Soro fisiológico 250 ml
• Heparina o,25 ml 5.000UI/ml
• Monitor com entrada de pressão invasiva
371
Procedimento de montagem do sistema e medida de PVC com transdutor de
pressão
• Lavar as mãos para reduzir transmissão de microrganismos;
• Reunir os materiais;
• Verificar se as conexões estão adequadamente fixadas;
• Preparar soro com heparina;
• Conectar soro ao kit de monitorização;
• Preencher equipo do kit com soro, retirando o ar, o que favorece obtenção
de valores acurados;
• Instalar o soro no pressurizador a 300 Mmhg, o que promove a infusão de
fluxo de 3ml/h da solução e evita obstrução do cateter. Ao pressurizar o
soro, fazê-lo com equipo voltado para cima, permitindo a retirada de todo o
ar contido no sistema;
• Posicionar suporte do transdutor no suporte de soro;
• Instalar kit de monitoração no suporte;
• Conectar cabo do transdutor ao kit de monitoração, e o cabo ao monitor;
• Conectar kit ao cateter central na via distal mantendo técnica asséptica;
• Posicionar o paciente para zerar o sistema (se houver necessidade);
• Fechar linha do paciente;
• Realizar comando do monitor para obter o ponto zero;
• Fechar linha para o ar ambiente e abrir linha para paciente;
372
• Aguardar aparecimento e estabilidade da curva, observando se a curva da
PVC está adequada (pressão das 3 ondas). Caso a curva não apresente
morfologia adequada, pesquisar:
• Obstrução do cateter,
• Presença de ar ou sangue no sistema
• Extensões longas,
• Extensões complacentes.
Fig. 19.5 Monitor multiparamétrico com destaque para os parâmetros da Pressão Venosa Central – PVC - e Pressão artéria pulmonar – PAP. Fonte: Arquivo pessoal. CAMPOS, M.
19.2.4 Oximetria de Pulso
As bases fisiológicas da oximetria de pulso é a medida da concentração de
oxigênio no sangue e habitualmente na UTI é realizada de forma contínua sem
373
invadir o organismo, com a colocação de um eletrodo na ponta dos dedos
(oximetria periférica).
A captação de oxigênio acontece primariamente nos pulmões constituindo-
se no primeiro passo para o processo de oferta de oxigênio aos tecidos. O
oxigênio captado nos pulmões é transportado no sangue em duas formas:
dissolvido no plasma (2%) e combinado com a hemoglobina (98%).
A saturação de oxigênio refere-se à quantidade de oxigênio que é
transportado no sangue ligado a hemoglobina. Cada molécula de hemoglobina é
capaz de carregar 4 moléculas de oxigênio. A saturação de oxigênio arterial é
normalmente de 95 a 100%, enquanto a venosa é de 60 a 80%.
A entrada periódica do valor do hematócrito e a calibração in vivo são
muito importantes para garantir a confiabilidade dos dados.
Fig. 19.6 Aparelho para oximetria de pulso Fonte: http//www.medix.com
Assistência de enfermagem
• Escolher e preparar região em que será colocado o sensor;
• Remover esmalte colorido das unhas do paciente, caso esteja dando erro
de leitura, pois em alguns casos o esmalte poderá interferir na leitura;
374
• Quando o equipamento de leitura for o mesmo do monitor cardíaco,
manter alarmes do mesmo acionados em limites adequados;
• Selecionar os limites dos alarmes as SaO2 a a 90% pois abaixo deste valor
pode ser considerada hipóxia;
• Verificar o alarme acústico dos equipamentos ligados a monitores
cardíacos;
• Estar atento ao valor registrado no monitor ou de qualquer outro
equipamento de oximetria de pulso, lembrando que a apuração e avaliação
precisa das medidas podem ser reduzidas ou impedidas diante das
condições do local de instalação do sensor (diminuição do pulso periférico,
temperatura corporal, principalmente periférico, pressão arterial e
movimentação excessiva o que poderá deslocar o sensor).
• Manter vigilância da área na qual o sensor foi colocado, prevenindo lesão
cutânea, alergia ou isquemia.
• Alternar posicionamento e localização do sensor no paciente, no máximo a
cada 2 horas, visando evitar ulcerações de pele.
• È necessário que a enfermagem esteja atenta a sinais de taquipnéia,
dispnéia, utilização de músculos acessórios, sinais de cianose, que
mostram sinais de redução ventilatória, resultando em baixa saturação.
• Realizar troca do sensor descartável, conforme orientação do fabricante,
garantindo qualidade no método e segurança no resultado.
NOTA: - a) A evolução do paciente vai determinar a necessidade ou não da
manutenção da monitorização da oximetria de pulso. A
antecipação de condições de hipóxia pode otimizar o tratamento.
375
b) Interpretar freqüentemente os dados obtidos, permitindo tratamento
precoce dos problemas detectados.
19.2.5 Cateter de Swam-Ganz
Dados Históricos
O primeiro cateterismo da artéria pulmonar foi feito por Leniz Dexter, em
1945, para diagnosticar doenças congênitas do coração.
Em 1967, um cardiologista chamado H. J. C. Swan tentava imaginar como
conduzir um cateter central até a circulação pulmonar dos seus pacientes. Assim,
a história da monitorização hemodinâmica clínica começou após publicação de
Swan e Ganz, introduzindo o uso do cateter balonado de artéria pulmonar, em
1970, possibilitando aos intensivistas, medidas hemodinâmicas à beira do leito
antes só conseguidas em unidades de hemodinâmica, além de melhor
compreensão da fisiopatologia de pacientes críticos. Dois anos depois, esse
cateter, já com um sensor de temperatura acoplado à extremidade distal,
possibilitava medidas de débito cardíaco através da termodiluição, que será
descrita abaixo.
O uso do cateter de Swan-Ganz vem aumentando a cada ano no mundo,
apesar de ser um método invasivo e de alto custo.
Em 1975, foi usado em 7,2% de pacientes com infarto agudo do miocárdio
(IAM), aumentando para 19,9%.
Em 1984 era descritos o primeiro cateter com balão acoplado à sua ponta,
o qual, inflado, permitia que o cateter fosse conduzido pelo fluxo sangüíneo
através das câmaras cardíacas direitas até a artéria pulmonar. Era descrito,
então, o cateter de Swan-Ganz, ou cateter de artéria pulmonar (CAP).
376
Indicações
As principais indicações do uso do CAP são: necessidade de medida de pressão
de câmaras cardíacas direitas, pressão de artéria pulmonar (PAP) e pressão de
artéria pulmonar ocluída (PAPO) ou capilar pulmonar, medida de débito cardíaco
(DC) e obtenção de sangue venoso misto da artéria pulmonar.
Bases Fisiológicas da Termodiluição
O cateter de termodiluição (fluxo dirigido) é um acessório de fundamental
importância no diagnóstico, na monitorização e análise terapêutica do paciente
criticamente enfermo. É utilizado em pacientes com instabilidade oxi-
hemodinâmica como naqueles em choque cardiogênico, sépticos, na síndrome de
angústia respiratória aguda, em pré, per e pós-operatório de cirurgias cardíacas
ou naquelas cirurgias realizadas em cardiopatias de alto risco.
Uma quantidade conhecida e fixa de um líquido resfriado é injetado na
circulação sanguínea proximal (átrio direito) e a temperatura é registrada de forma
contínua no leito distal (artéria pulmonar). O líquido frio determina uma queda da
temperatura produzindo uma curva cujo traçado depende do fluxo sangüíneo
(débito cardíaco).
Indicações do Cateter de Artéria Pulmonar
Sua utilização está centrada na premissa de que as variáveis
hemodinâmicas, mensuradas e calculadas, interferirão na conduta do paciente.
Questões importantes antes da passagem do swan ganz: Os dados
hemodinâmicos auxiliariam o diagnóstico e ou tratamento? A introdução do
cateter oferece riscos particulares ao paciente? (ex: pacientes com distúrbio de
coagulação), Haveria alguma técnica não invasiva que poderia oferecer as
377
mesmas informações. Haveria grande dificuldade na interpretação de qualquer
dado hemodinâmico?
Principais indicações: Infarto agudo do miocárdio, angina instável,
insuficiência ventricular esquerda aguda, choque, tamponamento cardíaco,
embolia pulmonar, insuficiência respiratória aguda, cirurgia cardíaca, cirurgias não
cardíacas, neurocirurgia e outros como, por exemplo, queimado grave.
Em resumo, a inserção do CAP deve nortear a investigação diagnóstica
e ou terapêutica nos seguintes contextos: instabilidade hemodinâmica com
necessidade de drogas vasoativas para manter pressão arterial e ou débito
cardíaco; insuficiência respiratória grave, especialmente no contexto séptico,
dúvida quanto ao volume sanguíneo circulante (volemia).
Descrição do Cateter Swan Sanz
Atualmente os cateteres de Artéria Pulmonar (AP) podem ser feitos de
poliuretano e ou látex. Podem apresentar diversos tamanhos, mas, habitualmente
em um paciente adulto, utilizamos cateteres de 110 cm de comprimento por 7,5
french de diâmetro.
Este tipo de cateter é composto de 4 lumens:
Lúmen distal: este lúmen termina na ponta do cateter e é utilizado para medir a
pressão na AP.
Lúmen proximal: este lúmen termina numa abertura situada a 26 cm da ponta do
cateter. Neste lúmen é medido a PVC.
Lúmen do termistor: este lúmen contém os cabos elétricos utilizados para medir a
temperatura sanguínea da AP e gerar uma curva de variação térmica utilizada
para calcular o débito cardíaco. Sua abertura fica posicionada na superfície de
cateter a 4cm de distância da ponta distal.
378
Lúmen do enchimento do balão: este lúmen termina em um balão de látex na
ponta distal. Através deste balão é medida a pressão ocluída na artéria pulmonar.
Em geral a injeção de 1,5 ml de ar são seguros para a medida da pressão ocluída
da artéria pulmonar.
Lúmen acessório: este lúmen tem sua abertura próxima à abertura que mede a
PVC. Em geral é utilizado para administrar drogas e líquidos, mas isto pode
influenciar a mensuração da PVC.
O Cateter de AP com débito cardíaco por termodiluição e oximetria venosa
mista contínua:
Lúmen de oximetria: este lúmen que termina na ponta do cateter contém as fibras
ópticas que transmitem luz a AP para medir a saturação venosa mista.
Lúmen do filamento térmico: este lúmen contém cabos que emitem energia
térmica e que fica localizado entre 14-25 cm da extremidade distal. A onda
térmica gerada é usada para calcular de forma contínua o débito cardíaco.
Fig. 19.7 Cateter de Swan Ganz Fonte: http://www.bd.com/brasil/acesso/fami12.asp
Técnica de Introdução do Cateter de Artéria Pulmona r
Todo o equipamento de monitorização deve estar posicionado,
calibrado e zerado. O paciente deve colaborar com a realização do procedimento
ou uma sedação eficaz deverá ser empregada.
379
Preparo do paciente: instrua o paciente sobre os aspectos técnicos do
procedimento, garantindo a sua colaboração. Proceda à sedação se tiver dúvida
quanto à cooperação do paciente. Coloque o paciente preferencialmente em
decúbito dorsal horizontal.
Sempre que possível utilize a via jugular, pois o pneumotórax é a
complicação mais freqüente e mais grave. Use sempre paramentação completa
incluindo avental, máscara e gorro. Use campos grandes e estéreis. Proceda a
punção venosa e introdução do fio guia; após a dilatação e colocação do
introdutor. Lembre-se que o introdutor não bloqueia a entrada de ar no sistema.
Coloque a tampa do introdutor quando houver demora na introdução do cateter
para evitar embolia gasosa. Fixe o introdutor na pele para permitir maior
segurança na manipulação. Após proceda a colocação do protetor do cateter (que
é indispensável para futuros reposicionamentos do cateter) e ao teste do balão e
inserção (antes de introduzir o cateter verifique a integridade do balão em sua
extremidade).
A progressão do cateter deve ser acompanhada pelas curvas de pressão.
Arritmias são comuns durante a permanência do balão insuflado dentro do
ventrículo direito. Insufle o balão no máximo de volume e proceda a sua
introdução. No intervalo de 30 a 45 cm notaremos súbita mudança no traçado,
observando-se grande amplitude sistólica nas curvas indicativas de seu
posicionamento no ventrículo direito.
Complicações Associadas ao uso do Cateter de Artéri a Pulmonar
As complicações decorrentes da inserção do introdutor são: pneumotórax,
hemotórax, punção arterial, hematoma, mau posicionamento ou mau
380
funcionamento do introdutor. Existem ainda relatos de entrada inadvertida na
artéria carótida, formação de fístulas artério venosas e de pseudo-aneurismas.
Posicionamento do CAP: neste grupo de complicações estão incluídas as
arritmias cardíacas, as lesões estruturais e o posicionamento incorreto. Durante o
posicionamento ou passagem do CAP, arritmias cardíacas ocorrem entre 13 a
78% dos pacientes, sendo a maioria delas autolimitadas e não requerendo
tratamento. A lesão estrutural geralmente é chamada de necropsia. Existem
lesões descritas na válvula pulmonar (perfurações), valva tricúspide, parede atrial,
ventricular e na artéria pulmonar. O mau posicionamento do CAP poderá ocorrer
e deverá ser detectado quando as curvas de pressão apropriadas não são
observadas ou pela radiografia de tórax de controle.
As complicações relativas à permanência do CAP são: infecção,
endocardite, embolia (gasosa, ruptura do balão, fragmento do cateter e
trombose), arritmias, infarto pulmonar, hemorragia (ruptura do VD, ruptura da
artéria pulmonar, falso pseudoaneurisma da artéria pulmonar) e má interpretação
das medidas. Apesar da maioria das arritmias ocorrem durante o posicionamento
do CAP, elas podem surgir em qualquer período do seu uso. Estas arritmias são
decorrentes da irritação mecânica causada pelo cateter e podem ser persistentes,
necessitando a remoção do mesmo.
As complicações decorrentes da remoção do CAP incluem: arritmias
cardíacas, nós no cateter, quebra do cateter e lesões estruturais Para que não
ocorra lesão estrutural na retirada do CAP, é necessário estar seguro que o balão
encontra-se vazio antes de se iniciar a remoção do cateter.
Em particular com o uso do CAP, é importante lembrar a possibilidade de
embolia gasosa nas seguintes situações: pelo pertuito deixado pelo introdutor,
381
quando este é trocado por um cateter venoso comum utilizando-se um fio guia e
pelo pertuito deixado pelo introdutor após sua retirada. Esta complicação pode ser
evitada pelas seguintes medidas: sempre posicionar o paciente em decúbito de
Trendelemburg para troca ou retirada do introdutor e oclusão imediata do orifício
de punção com um curativo impermeável.
Evite a rotura do balão sempre insuflando o balão gradualmente. Para
evitar arritmias é essencial que o paciente esteja constantemente monitorizado
com ECG durante a inserção e manutenção do CAP.
Evite lesões da vasculatura e do parênquima pulmonar mantendo o tempo
de medida da pressão de oclusão de artéria pulmonar no mínimo necessário.
Assegure que o balão esteja desinsuflado após cada medida.
Hemoptise é um sinal grave e necessita avaliação diagnostica imediata.
Evite injetar soluções pelo cateter com altas pressões; nunca injete durante um
traçado de POAP. Se o cateter não puder ser removido facilmente, não force e
avalie sua posição por fluoroscopia. Evite cateterização prolongada.
Seqüência da Implantação do Cateter de Swan Ganz
382
Fig. 19.8. Seqüência de passagem de cateter de Swan Ganz Fonte: http.// www.medstudents.com.br/proced/swan-ganz
19.2.6 Balão Intra Aórtico – BIA
O balão intra-aórtico tem sido utilizado como meio de suporte
hemodinâmico (tratamento) em doentes com falência circulatória. Quase todas as
unidades de cuidados intensivos o utilizam atualmente, em particular as que
recebem doentes no pós-operatório de cirurgias cardíacas. Também um número
crescente de salas de hemodinâmica o tem adquirido, o que se justifica pelo
crescente número de doentes que são submetidos a procedimentos diagnósticos
e terapêuticos e que necessitam do seu uso profilático ou na seqüência de
complicações.
A principal indicação para utilização do BIA refere-se ao Choque
Cardiogênico a qual ocorre quando a capacidade do coração em se contrair e
383
bombear o sangue está comprometida e o suprimento de oxigênio é inadequado
para o coração e os tecidos, causando, assim, uma falha na bomba cardíaca.
Esta incapacidade pode ser decorrente de um distúrbio coronariano (ex: IAM,
sendo o mais comum) ou não-coronário (causadas por miocardiopatias, lesão
vascular, tamponamento cardíaco e arritmias).
Esta técnica tem sido nos últimos anos uma das mais eficientes no que se
refere ao tratamento a pacientes com complicações cardíacas, na qual tem
aumentado à sobrevida dos doentes.
No que consiste o Balão Intra Aórtico?
O balão intra-aórtico (BIA) compreende essencialmente dois componentes:
1. Um cateter contendo um balão cilíndrico em sua extremidade;
2. Um console capaz de bombear e aspirar, alternadamente, um volume de gás
no interior do balão.
O catéter-balão é constituído por um cateter rígido, em cuja extremidade
existe uns balões cilíndricos construído de poliuretano, que é um polímero de
biocompatibilidade elevada e baixa trombogenicidade.
O balão é fabricado em tamanhos variados, para atender às diversas faixas
de peso dos pacientes. Os mais comuns são de 20, 30 e 40 c. O de 40 cc de
capacidade é o mais usado para pacientes adultos. O balão deve simplesmente
"ocluir" a aorta, sem traumatizar as suas paredes.
O gás que insufla o balão, alcança o seu interior mediante pequenos
orifícios existentes no cateter, na região recoberta pelo balão. Para o
esvaziamento do balão, o gás é aspirado do seu interior pelos mesmos orifícios,
384
Fig. 19.9 Balão Intra Aórtico Fonte: Perfusion Line – centro de Estudos de circulação Extracorpórea Tutorial
Na diástole ventricular: observa-se o BIA completamente inflado. As setas
ilustram a impulsão do sangue em direção retrógrada. Aumenta a perfusão
coronariana e dos troncos cerebrais (carótidas e vertebrais). A função cerebral,
habitualmente deteriorada nos estados de choque, também melhora
substancialmente. As setas menores ilustram a propulsão do sangue para a aorta
descendente distal que também propicia algum aumento no fluxo de perfusão das
artérias renais e contribui para acentuar a diurese. O principal efeito, contudo,
consiste no aumento da perfusão das artérias coronárias. Há ainda um estímulo à
acentuação de circulação colateral na rede coronariana.
Na sístole ventricular observa-se o balão completamente colapsado. A deflação
do balão reduz a pressão diastólica e a pressão diastólica final da aorta, que
representa a redução da pós-carga. Este efeito contribui para reduzir o consumo
de oxigênio do miocárdio.
Introdução e posicionamento do Balão
Constitui-se por um balão longo, fino e flexível, introduzido por via femoral,
axilar ou pela aorta descendente, até atingir a artéria torácica, onde é implantado
abaixo da origem da artéria subclávia esquerda. Durante a colocação do balão a
distância a ser introduzida é estimada pela distância entre o ligamento inguinal na
385
virilha e a borda da axila do paciente. Também existe um kit cujo balão pode ser
introduzido mediante uma técnica de punção percutânea, bastante útil e fácil de
usar e que elimina a dissecção cirúrgica e o uso de enxertos. Antes da fixação
definitiva do catéter, ou assim que for possível, a posição do balão deve ser
avaliada, em geral, pela radiografia de tórax no leito. Em certas situações
extremas, durante a cirurgia, para permitir a desconexão de um paciente da
perfusão, o balão pode ser inserido mediante um pequeno enxerto anastomosado
na aorta ascendente.
Console da BIA
O console, de um modo simplificado, pode ser conceituado como uma fonte
capaz de gerar a pressão positiva destinada a inflar o balão e, em seguida, gerar
a pressão negativa destinada a desinflar o balão.Os componentes do console do
BIA são:
1. Monitor Fisiológico. O console inclui um osciloscópio e transdutores,
destinados a monitorizar o eletrocardiograma e a curva de pressão arterial. As
curvas obtidas no monitor do console são utilizadas para sincronizar as fases de
enchimento e esvaziamento do balão com as fases do ciclo cardíaco do paciente.
2. Seção Pneumática. Compreende um sistema de bombas pneumáticas e
válvulas para gerar a pressão positiva e negativa que, respectivamente, insuflam
e desensuflam o balão, comandadas pelos eventos assinalados no traçado do
ECG.
3. Unidade Controladora. É o verdadeiro sistema nervoso do sistema.
Compreende os dispositivos de controle do tempo, calibradores e os sistemas de
alarme contra mal função do aparelho.
386
4. Tanque de Gás. Constitui o reservatório de gás (dióxido de carbono ou hélio)
destinado a insuflar o balão.
5. Baterias. Um conjunto de bateria permite o funcionamento temporário do
dispositivo, na ausência de energia elétrica ou serve para uso durante o
transporte dos pacientes.
O
Fig.19.10 Balão Intra-aórtico
Fonte: Perfusion Line Centro de Estudos de Circulação Extracorpórea Tutorial
O diagrama da figura ilustra o console, ao qual está conectado o catéter-balão (linha de gás). O balão está introduzido através à artéria femoral e posicionado na aorta descendente, junto ou imediatamente abaixo da emergência da artéria subclávia esquerda.Os eletrodos que capturam o traçado do eletrocardiograma estão conectados ao monitor fisiológico do console. O traçado do ECG é usado para sincronizar as fases de enchimento e esvaziamento do balão com os eventos - diástole e sístole - do ciclo cardíaco.
Existem 2 (dois) tipos básicos de balões usados para a contrapulsação intra-
aórtica:
1. Balão bidirecional
2. Balão unidirecional
387
O balão bidirecional é um balão de uma única câmara, que enche a partir
da porção mediana e desloca o sangue nos dois sentidos, proximal e distal,
durante a diástole ventricular. O balão unidirecional aumenta a perfusão coronária
e cerebral a também aumenta a perfusão renal e mesentérica. Quando o balão
precisa ser introduzido pela artéria axilar ou pela própria aorta ascendente, o
balão de uma única câmara deve ser utilizado, em razão de produzir um fluxo de
natureza bidireciona.
O balão unidirecional, em geral possui duas câmaras. Ambas são infladas
quase simultaneamente. O balão menor, esférico, oclui a aorta distal de modo
que todo o sangue deslocado pela inflação do balão maior flui no sentido
retrógrado, para aumentar a perfusão coronariana e cerebral. O catéter com balão
duplo produz contrapulsação mais eficaz com relação ao aumento da pressão de
perfusão coronariana.
Nesta figura observam-se os dois tipos de balão - de uma câmara e de duas câmaras. O volume de gás necessário ao enchimento de cada balão depende da sua capacidade. Os balões para pacientes adultos costumam ser de tr6es tamanhos (capacidades) diferentes: 20 cc, 30 cc e 40 cc. Fig. 19.11 Balão Intra –Aórtico Fonte: Perfusion Line Centro de Estudos de Circulação Extracorpórea Tutorial
O balão de uma única câmara propicia um fluxo bidirecional, enquanto o balão de
duas câmaras produz fluxo unidirecional.
Assistência de enfermagem
388
Como este procedimento exige cuidados considerados críticos e
complexos, de alto risco, O Conselho Regional de Enfermagem orienta que o
enfermeiro deverá ter sempre à frente de todo o processo de cuidar, devendo ser
delegado, ao Técnico de Enfermagem, somente os cuidados básicos
relacionados com as necessidades humanas básicas afetadas, devidamente
identificadas pelo Enfermeiro e já discutidas nos capítulos anteriores.
389
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KNOBEL, Elias. Condutas no Paciente Grave. São Paulo: Atheneu; 1999.
Guia Farmacêutico- HSL- 2 ed.03/2003
http://www.msd-brazil.com/msd43/m_manual/mm_sec12_138.html. Acesso em:
17/07/2006
http://perfline.com/cursos/cursos/acbas04.html . Acesso em: 17/07/2006
http://www.fmrp.usp.br/revista/1999/vol32n4/disturbios_equilibrio_hidroeletrolitico.
pdf . Acesso em: 15/07/2006
http://www.medspain.com/n5_jun99_acido-base.html. - Acesso em: 15/07/2006
http://www.hc.unicamp.br/especialidades_medicas/uti/apostilas/equilibrio.pdf. -
Acesso em: 15/07/2006.
http: //www.corpohumano.hpg.ig.com.br/generalidades/quimica/quimica_08.html
390
CAPÍTULO XX
Ana Aparecida S. S. Gonçalez
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÀSICO
20.1 Introdução
A avaliação acido-básico do sangue é feita na grande maioria dos doentes
que são atendidos em UTI, qualquer que seja a patologia de base. A sua
avaliação é fundamental, pois, além dos desvios do equilíbrio ácido-básico,
propriamente dito, pode fornecer dados sobre a função respiratória do doente e
sobre as condições de perfusão tecidual.
Os sistemas orgânicos enfrentam dois desafios básicos para a manutenção
do Equilíbrio Acido-Básico (EAB). O primeiro é a disposição da cota fixa de
ácidos, ingerida na dieta diária. O segundo é o destino dado ao CO2 gerado como
produto final do metabolismo. Para manter o pH em limites compatíveis com os
processos vitais, o organismo lança mão de uma série de mecanismos
bioquímicos , com destaque para o papel desempenhado pelo chamado sistema
tampão. O sistema tampão do organismo pode ser dividido em três grandes
componentes: bicarbonato/ácido carbônico, proteína e fosfatos. As substâncias
tampões são responsáveis pelo fato de que pH uma solução se modifica menos
do que deveria pela adição ou subtração de íons H+. Com a queda do pH da
solução, estas substâncias aceitam os íons H+ para entregá-los novamente,
quando aumenta o pH, desta maneira, agem contra as modificações abruptas da
reação. Entre os tampões do espaço extracelular, o bicarbonato e as proteínas
plasmáticas desempenham um papel relevante, enquanto a hemoglobina e os
fosfatos estão em primeiro plano no compartimento intracelular. Graças a estes
sistemas de tamponamento, pequenas alterações do EAB manifestam-se por um
391
deslocamento do equilíbrio da reação dos tampões com atenuação de
modificações significativas da concentração dos íons H+ livres ou do pH.
O tampão bicarbonato é o mais importante assim podemos descrevê-lo:
CO2 + H2 0 H2 CO3 H+ + HCO –
20.2 PH dos Fluidos do Corpo
• Água e todas as soluções aquosas contêm íons hidrogênio (H+) e íons
hidróxido (OH-)
• pH 7: neutro: =concentração de íons H+ e OH- (Ex.: água pura)
• pH 7: neutro: = concentração de íons pH > 7: alcalino ou básico: <
concentração de íons H+ do que de OH- (Ex.: saliva, pH 7,7)
• pH < 7: ácido: > concentração de íons H+ do que de OH- (Ex.:suco gástrico,
pH 1,6)
• Se as concentrações de H+ se afastam, mesmo que pouco do normal, as
reações químicas celulares não podem ocorrer normalmente.
20.2.1 O Conceito de pH
O equilíbrio ácido-básico (homeostase) dos fluidos é essencial para a
sobrevivência. Escala de pH . Em pH7 (neutralidade), as concentrações de
H+ e OH- são iguais. Um valor de pH acima de 7 indica uma solução alcalina
(básica). Uma mudança de uma unidade na escala de pH representa uma
mudança de 10 vezes da concentração anterior.
pH do sangue : Arterial: 7,45
Venoso: 7,35
392
pH do sangue venoso discretamente inferior ao do arterial principalmente
pela entrado de dióxido de carbono (CO2 ) – produto inútil do metabolismo celular.
20.2.2 Faixa do pH
A faixa total do pH é expressa numericamente, chamada de escala logarítmica de
1 a 14.
À medida que aumenta a concentração de íons H+ a solução torna-se cada vez
mais ácida e o valor do pH diminui.
À medida que a concentração de OH-aumenta, o valor do pH também aumenta e a
solução torna-se cada vez mais básica ou alcalina.
O pH de 7 é neutro; o pH de 1 é muito ácido; e o pH de 13 é muito básico.
Fig. 10.1 Faixa do PH
Fonte: tp://www.corpohumano.hpg.ig.com.br/generalidades/quimica/quimica_08.html
20.2.3 Mecanismos que controlam o pH Fluídos do Cor po
• Mecanismo de tampão
393
– Tampão: substância química que impede uma mudança brusca de pH
nos fluidos orgânicos
– Principais pares de tampões:
- Bicarbonato de sódio: NaHCO3
- Ácido carbônico: H2CO3
– Conceitos:
• Ácido forte: ácido que se dissociam completamente, ou quase
completamente, em íons H+ (Ex: HCl).
• Ácido fraco: dissocia-se pouco, gerando pequena quantidade de
íons H+ (Ex.: H2CO3).
� Mecanismo respiratório
� Mecanismo urinário
QUÍMICA DA VIDA
KCl K+ + Cl- (Cloreto de Potássio)
NaCl Na+ + Cl- (Cloreto de Sódio)
H2O H+ + OH- (Água)
HCl H+ + Cl- (Ácido Clorídrico)
H2CO3 H+ + HCO3
- (Ácido Carbônico)
NaOH Na+ + OH- (Hidróxido de Sódio)
HCO3- (Bicarbonato)
394
Ácido Base
• HCl + NaOH
H+ + Cl- + Na+ + OH-
H2O + NaCl
Água Sal de cozinha
20.3 Ação Tamponante
20.3.1 Do Bicabornato de Sódio
Em decorrência da ação de tamponamento, o acido forte (HCI) é
substituído por um ácido mais fraco (H-HCO3). O HCI, como ácido forte, “dissocia-
se” quase que completamente e libera mais H+ que H2CO3. O tamponamento
diminui o número de H+ no sistema.
20.3.2 Do Àcido Carbônico
Em decorrência da ação de tamponamento, a base forte (NaOH) é
substituída por NaHCO3 e H2O. Como base forte, NaOH “dissocia-se” quase
completamente liberando grandes quantidades de OH-. A dissociação de H2O é
mínima. O tamponamento diminui o número de OH- no sistema.
Ácido láctico tamponado pelo bicarbonato de sódio
Ácido láctico (H-lactato) e outros ácidos “fixos” são tamponados pelo
NaHCO3 no sangue. Ácido carbônico (H-HCO3 ou H2CO3, um ácido mais fraco
que o ácido láctico) substitui o ácido láctico. Em decorrência disso, menor número
395
de íons H+ será adicionado ao sangue, que seria o caso se o ácido láctico não
fosse tamponado.
20.3.3 Distúrbios metabólicos
Desequilíbrios do pH
• Equilíbrio: 20 vezes mais H2CO3 do que NaHCO3
• Desequilíbrios ocorrem por distúrbios Metabólicos e Respiratórios
• Desequilíbrios podem ser: ACIDOSE e ALCALOSE
ACIDOSE
• Queda do pH (Raramente valores < a 7)
• Concentração de íons H+
• Perda de bases
ALCALOSE
• Elevação do pH
• Ocorre menos freqüentemente
• Perda de ácidos
• Acúmulo de bases Acidose Metabólica
– Deficiência de bicarbonato (HCO3)
• Alcalose Metabólica
– Excesso de bicarbonato (HCO3)
396
Freqüentemente ocorre por: terapia com diuréticos, perda de fluido gástrico
(vômito)
20.4 Mecanismo Respiratório de Controle de pH
• A cada respiração H2O e CO2 deixam o corpo através do ar expirado.
• CO2 se difundiu para fora do sangue venoso ao passar pelos capilares
pulmonares.
• Menos CO2 fica no sangue arterial que está deixando os capilares pulmonares
e assim, há menor quantidade de CO2 para combinar-se com H2O e formar
H2CO3 (ácido carbônico).
• Os pulmões removem o equivalente a mais de 30 litros de H2CO3 mediante a
eliminação de CO2.
• Essa quantidade de ácido é bem tamponada e 1L de sangue venoso contém
cerca de 1/100.000.000 g a mis de H+ que 1L de sangue arterial.
• Parada respiratória
� Não sai CO2
� ↑ quantidade de H2CO3 e a concentração sanguínea de íons H+
�� Reduzindo o pH sanguíneo ACIDOSE
• Aumento excessivo das respirações
� Diminuição da concentração de CO2
� Elevação do pH ALCALOSE
397
20.4.1 Distúrbios Respiratórios
Acidose Respiratória
• Excesso de ácido carbônico (H2CO3)
► Freqüentemente causado pela respiração lenta que resulta em acúmulo de
CO2 no sangue arterial
► Causas depressão do centro respiratório, doenças do pulmão (Ex.:
pneumonia, enfisema)
Alcalose Respiratória
•• Deficiência de ácido carbônico (H2CO3)
► Freqüentemente ocorre por hiperventilação, pela perda excessiva de CO2
no ar expirado.
► Causas: Ansiedade, pacientes tratados com “respiradores”, pacientes em
coma hepático.
20.5 Mecanismo Urinário de Controle de pH
Acidificação da urina por secreção tubular de amôni a (NH3)
O aminoácido (glutamina) passa para o interior da célula tubular e perde
um grupo amina (NH2) para formar amônia que é secretada pela urina. Em troca,
a célula tubular reabsorve um sal básico (principalmente NaHCO3) para o sangue,
retirando-o da urina.
398
Acidificação da urina e conservação da base de íons H+ pelo túbulo renal
distal
Os rins podem eliminar quantidades maiores de ácido e podem também
excretar bases em excesso.
Mais ácidos que bases entram no sangue; assim, também é comum que mais
ácidos que bases sejam excretadas pelo organismo.
Assistência de enfermagem
• Observar nível de consciência;
• Buscar as causas, tanto na acidose quanto na acidos e respiratória
ou metabólica.
• Valorizar as queixas do paciente;
• Monitorizar rigorosamente os parâmetros hemodinâmicos (atenção para
as arritmias);
• Oferecer suplementação de oxigênio;
• Manter conforto e segurança;
• Para os pacientes entubados e em alcalose ou acidose respiratória,
verificar a adequação dos parâmetros do ventilador.
399
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TRUNIGER, Bruno. Equilíbrio hidro-eletrolítico : diagnostico e terapêutica. São
Paulo: EPU, 1977.
HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. Curso de Monitorização
Hemodinâmica Básica e Avançada. São Paulo: s.c.p., [ 200?].
http://www.corpohumano.hpg.ig.com.br/generalidades/quimica/quimica_08.html -
Acessado em 01/07/2006
400
CAPITULO XXI
Magda Bandouk
EQUILIBRIO HIDROELETROLÍTICO
21.1 Introdução
Todas as nossas funções celulares estão na dependência do equilíbrio entre
os fluídos, especialmente águas e, eletrólitos, sais minerais, de nosso organismo,
bem como das suas interações eletrolíticas. Para tanto, utilizamos inúmeros
mecanismos, hormonais, iônicos, tanto pelos rins como pelos pulmões.
21.2 Equilíbrio Hídrico
Água total do organismo
A água representa 50 a 60% do peso corporal, estando presente, em maior
quantidade, nas pessoas magras, ao contrário das obesas. Para fins didáticos, as
composições iônicas do plasma e do líquido intersticial podem ser consideradas
idênticas, embora possa haver pequenas diferenças, resultantes da concentração
desigual de proteína. O plasma tem um conteúdo muito maior de proteína, e
esses ânions orgânicos exigem um aumento na concentração total de cátions.
Permeabilidade e tonicidade
As diferenças na composição entre o líquido intracelular (LIC) e o
extracelular (LEC) são mantidas ativamente pela membrana celular. Essa é uma
membrana semipermeável, uma vez que é totalmente permeável à água, porém é
seletivamente permeável a outras.
Assim, o corpo humano possui um contingente hidrossalino de composição
semelhante em proporção à água do mar, composição esta altamente regulada.
O resultado é um meio iônico constante e equilibrado.
401
Como dissemos, o corpo humano possui 60 % de água, distribuída entre
os meios intra e extracelulares - Plasma e interstício, e esta água sofre regulação
através de 2 parâmetros:
1- Volume
2- Osmolaridade
• Regulação do Volume :
Através do sistema Renina / Angiotensina / Aldosterona.
Os baroreceptores localizados no aparelho justaglomerular renal detectam
variações mínimas de pressão sanguínea e liberam a renina; esta, por sua vez,
inicia um sistema em cascata que, como resultado final, estimula a liberação pelo
córtex adrenal da aldosterona. A aldosterona, por retenção de sódio a nível renal,
aumenta a reabsorção de água e a normalização da pressão arterial.
• Regulação da Osmolaridade :
Mediada por osmoreceptores que controlam a liberação do ADH
hipofisário, cujo efeito também é o de estímulo da reabsorção de água nas
porções finais do néfron.
Distúrbios no Equilíbrio Hídrico:
2 Critérios:
• Volume : Desidratação ou Hiperidratação
• Osmolaridade: Hipo, Iso ou Hiperosmolar
1 – de volume
a) Desidratação
• Isotônica:
402
Causas: Perda de líquidos isotônicos - vômitos, diarréia, por exemplo.
Achados : Aumento do VG; Diminuição da pressão arterial e do volume urinário.
• Hipotônica:
Causas: perda de sódio com compensação de volume.
Achados : Diminuição do Sódio sérico.
• Hipertônica:
Causas: Ingesta insuficiente de água ou perda excessiva - suor, poliúria, por
exemplo. Achados: Sede intensa e oligúria. Aumento de Sódio sérico.
Classifica-se, a desidratação em:
Leve (perda de 3% do peso corpóreo);
Moderada (perda de 5 a 8%) e;
Grave (perda de 10%); 4) reponha o volume perdido, representado pela perda do
peso corpóreo, dando 1/2 do volume total a repor nas primeiras doze horas,
dependendo do estado clínico; determine o estado iônico do paciente e reponha
as necessidades, utilizando soluções eletrolíticas adequadas. Quando houver
desidratação grave, use soluções eletrolíticas em grandes quantidades, não
espere pelos resultados das determinações eletrolíticas.
Etiologia
Perdas gastrintestinais (diarréia, vômitos, aspiração gástrica); perdas
geniturinárias (poliúria de qualquer etiologia, doença de Addison, diabetes,
terapêutica com diuréticos, etc.); perdas pela pele (sudorese abundante,
queimaduras, etc.); ingestão insuficiente (numerosas etiologias).
403
Sinais e Sintomas
• Precoces: Sede (com perda de 2% do peso corpóreo); mucosas secas,
pele intertriginosa seca, perda da elasticidade da pele e oligúria;
• Tardios (taquicardia, hipotensão postural, pulso fraco, obnubilação, febre,
coma); morte (com perda de 15% do peso corpóreo).
Conduta
• Corrigir o problema primário;
• A diferença entre o peso prévio ao processo mórbido e o peso atual
(na possibilidade de obtenção), corresponde ao grau de
desidratação e o volume a ser reposto;
• Se não for possível a utilização do peso como parâmetro, estimar o
grau de desidratação, combinando a história com os sinais e
sintomas e exames de laboratório.
b) Hiperidratação
• Isotônica:
Causas: Excreção diminuída de sódio
Achados: Edema, aumento de sódio sérico.
• Hipotônica:
Causas: Ingestão em excesso de água com excreção insuficiente; Hiperprodução
de ADH.
Achados: Hiposmolaridade do plasma
• Hipertônica : Causas: Rara; ingestão excessiva de sódio - água do
mar, por exemplo.
404
Achados: aumento da osmolaridade com fluxo de água das células para o
interstício.
Edema e desidratação celular.
É possível ocorrer uma desidratação por seqüestro interno de líquido.
Quando ocorrem lesões, como as queimaduras, trauma acidental e cirurgia, o
líquido extra celular (LEC) é seqüestrado na área de lesão, formando um
“terceiro” espaço líquido anormal. Esta perda se faz por conta do LEC normal e
reduz o seu volume efetivo, produzindo hemoconcentração e hipovolemia. A
terapêutica imediata com soluções salinas ou balanceadas em sais e plasma
restaura os volumes plasmáticos e do interstício. As perdas para o terceiro
espaço devem ser
repostas como uma perda externa, uma vez que o líquido seqüestrado não tem
nenhum valor do ponto de vista volêmico do paciente.
Edema
O edema não é, por si só, uma emergência. A sua presença, no entanto, é
indicativa de doença de base, cuja natureza deve ser elucidada. As causas
cardíacas, hepáticas ou renais são as mais comuns. Vias de regra os médicos
não devem dar diuréticos até que se tenham analisados os múltiplos fatores que
podem levar ao edema. Os diuréticos empregados sem critério podem induzir
distúrbios eletrolíticos, coma hepático, azotemia e arritmias.
Conduta
Restrição hídrica, reposição de sódio (administração de sal hipertônico em
pequenas quantidades - 300 ml de NaCL a 3%), uso cuidadoso de diurético
osmótico (manitol) e administração lenta de glicose hipertônica. O tempo com a
405
perda insensível de água pelos pulmões, juntamente com o fluxo de urina, pode,
por si só, levar o paciente gradualmente ao normal.
2 – de osmolaridade
O organismo está permanentemente em busca da Homeostase
Hidroeletrolítica. O Balanço Hídrico corporal representa esta tentativa em se
manter o equilíbrio entre a água ingerida e a eliminada. A água livre na dieta é
aquele presente nos alimentos sólidos representam cerca de 90% do aporte
hídrico diário do organismo. Por outro lado, a água endógena corresponde àquela
produzida pela combustão dos alimentos e responde por apenas 10% do aporte
hídrico, mas, nos estados hipercatabólicos, pode chegar a 1.200 mL por diae
assim, se descreve os diversos distúrbios, aqui mais especificamente os de
osmolaridade pois já discutimos os distúrbios de volume.
a) Hiperosmolaridade
Este estado também costuma ser denominado Hipertonicidade ou
Hipernatremia e decorre: (a) da perda excessiva de água em relação à perda de
sódio, (b) do aumento de solutos em relação ao ganho de água ou (c) do
aumento de solutos associado à perda de água. O cenário clínico mais comum
da Hiperosmolaridade é a desidratação verdadeira, mas esta alteração
hidroeletrolítica também pode ser encontrada em paciente com diabetes insipidus
ou sobrecarga de solutos.
Causas de Hiperosmolaridade
• Privação hídrica
• Febre alta e prolongada
• Outros estados de sudorese profusa
• Diabetes melito
406
• Diabetes insípido
• Outros estados de diminuição dos níveis de ADH
• Reposição hídrica insuficiente
• Superdosagem de diurético osmótico
• Nutrição parenteral total
• Hiperfunção da adrenal
• Síndrome de Cushing
• Hiperaldosteronismo
• Taquipnéia
As manifestações mais freqüentes da hiperosmolaridade são sede intensa,
febre, confusão mental (podendo evoluir para coma), perda ponderal, pele seca e
quente, densidade urinária reduzida e hemoconcentração. O tratamento é feito
com solução glicosada a 5%. Nos pacientes com hiperglicemia, recomenda-se
solução salina a 0,45%. O volume a ser reposto pode ser definido por diversas
fórmulas. Deve-se infundir metade do valor encontrado nas primeiras 24h e o
restante nas 48h seguintes, sempre respeitando o limite de 100 ml/Kg/dia.
Havendo hipernatremia sem sinais de desidratação, deve-se diminuir a oferta de
sódio por via oral ou parenteral. Pacientes com Diabetes Insipidus devem receber
reposição de ADH (p.ex: 01 a 02 gotas instiladas por via nasal de 8/8h).
b) Hipoosmolaridade
Este estado também costuma ser denominado Hipotonicidade ou
Hiponatremia e, na maioria dos casos, resulta de uma sobrecarga hídrica
associada a um distúrbio de excreção. Boa parte dos pacientes com hiponatremia
(sódio plasmático abaixo de 134 mmol/L) não possui deficiência de sódio, mas
excesso de líquidos (hiponatremia dilucional).
407
Causas de Hipoosmolaridade
• Hiponatremia dilucional (é a mais comum)
• Insuficiência hepática Insuficiência cardíaca
• Insuficiência renal
• Desnutrição
• Síndrome de secreção inapropriada do ADH
• Pneumopatia aguda
• Hemorragias graves
• Uso de diuréticos sem restrição hídrica
• Cirrose Hepática
• Neoplasias
• Hiperglicemia
• Diarréia
Uso de drogas que aumentam a excreção de ADH (p.ex: meperidina,
indometacina, ciclofosfamida, carbamazepina)
A Hipoosmolaridade costuma ser oligo ou mesmo assintomática, com
manifestações clínicas ocorrendo apenas nos casos de hiponatremia severa de
instalação abrupta. Mesmo assim este é um diagnóstico difícil e exige um alto
índice de suspeição por parte do médico assistente. Podem ser observados
cefaléia, irritabilidade, distúrbios da personalidade, delírios, alucinações, ataxia,
hipo/hiperrreflexia, afasia, midríase paralítica, convulsões, vômitos, bradicardia,
apnéia, edema, oligúria e aumento do peso corporal. A presença de insuficiência
renal sugere um prognóstico sombrio. As manifestações neurológicas são as
mais importantes e, em alguns casos agudos e severos, pode ocorrer uma
complicação grave denominada Mielinólise Pontina Central (MPC). Pacientes
com MPC apresentam perda seletiva da bainha de mielina nos neurônios
408
localizados na porção mais central da ponte. Este evento é mais comum em
alcoólatras e manifesta-se com ausência de resposta ao estímulo doloroso,
incapacidade de falar ou deglutir apesar do estado alerta, flutuações do nível de
consciência, convulsão, hipotensão, paralisia pseudo-bulbar ou mesmo
quadriplegia flácida. A MPC também pode decorrer da correção excessivamente
rápida de um estado hiponatrêmico crônico. A abordagem terapêutica da
Hipoosmolaridade deve ser iniciada descartando-se a pseudo-hiponatremia e isto
pode ser feito utilizando-se a determinação da osmolaridade plasmática.
Pacientes com hiponatremia e hiperosmolaridade apresentam pseudo-
hiponatremia por aumento dos níveis circulantes de glicose. A hiponatremia
associada a osmolaridade normal decorre do excesso de lipídios ou proteínas.
Na maioria dos casos de hiponatremia, porém, a osmolaridade encontra-se
diminuída. Nos pacientes com Hiponatremia Hipoosmolar deve-se inicialmente
procurar corrigir o distúrbio de base (p.ex.: ressuscitação volêmica com soluções
salinas isotônicas para o choque hipovolêmico, tratamento da diarréia, etc). Nos
casos suspeitos de SIADH, indica-se reposição de sódio via SNG em doses
fracionadas a infusão endovenosa pode acentuar a poliúria e agravar o quadro. A
tetraciclina pode ser empregada para bloquear o ADH. Sendo necessário repor
sódio, o déficit deve ser calculado segundo a fórmula abaixo. Repõe-se metade e
então se repete o ionograma. Muitos autores recomendam iniciar imediatamente
a reposição nos casos de natremia < 118 mEq/L, mas esta reposição deve ser
igualmente cautelosa, lenta e parcial.
c) Isosmolaridade .
A isosmolaridade não se trata de um distúrbio, mas sim determina que a
osmolaridade é a mesma no sistema de líquidos do organismo, entre os quais a
água passa livremente.
409
Assistência de enfermagem
• Monitorização rigorosa dos parâmetros hemodinâmicos (atenção
para as arritmias cardíacas);
• Controle rigoroso e diário do peso;
• Balanço hídrico;
• Atenção para alteração do nível de consciência;
• Manter integridade da pele (atenção a prevenção de descamação e
lesão de pele – manter a mesma hidratada).
21.3 Equilíbrio Eletrolítico
Distribuição de íos entre os espaços intra e extracelulares DESIGUAIS! Os
cátios predominantes no meio:
• Intracelular: Potássio
• Extracelular: Sódio
Os ânions predominantes no meio:
• Intracelular Proteinatos, fosfatos e sulfatos.
• Extracelular Cloretos
A regulação é feita por:
• Transporte ativo de sódio/potássio
• Equilíbrio de Donnan, onde as proteínas "forçam" a saída do cloreto da
célula para o meio extracelular.
410
21.3.1 Distúrbios no Equilíbrio Eletrolítico
Do Sódio - O sódio é o cátion que existe em maior quantidade nos líquidos
extracelulares.A regulação deste íon está diretamente relacionada à regulação da
água. A sua concentração normal no Líquido Extra Corpóreo (LEC) varia entre
136 e 144mEq/l.
• Hiponatremia
Pode ser resultado da deficiência corpórea do sódio, uma diluição por excesso de
água, ou uma combinação dos dois fatores. A causa mais comum é a excreção
ineficiente de água frente ao excesso de administração (freqüentemente induzida
iatrogênicamente)
Etiologia - é importante tentar diferenciar o tipo de hiponatremia presente, isto é,
super-hidratação ou deficiência de sódio, já que a causa básica e o tratamento
são muito diferentes. A depleção de sódio (hiponatremia) é encontrada quando
as perdas de fluidos que contêm Na com continuada ingestão de água: perdas
gastrintestinais (diarréia, vômito); perdas pela pele (lesões exsudativas da pele,
queimaduras, sudorese); seqüestros no corpo (obstrução intestinal); perda
renal (primária ou secundária a estados de depleção, incluindo as perdas por
diuréticos e na doença de Addison).
Outras causas incluem: síndrome de hiponatremia familiar (assintomática, vista
em muitos tipos de doenças de depleção); sódio sérico artificial baixo, como nas
hiperlipidemias, hiperglicemias e hiperproteinemia do mieloma múltiplo. Sinais e
sintomas - dificuldade na concentração mental, alterações da personalidade,
confusão, delírio, coma, oligúria.
Conduta - tratar a doença de base, pesar o paciente, determinar se a
hiponatremia é secundária à perda de sal ou à sobrecarga de água.
411
• Hipernatremia
Está, geralmente, associada à desidratação com Na+ superior a 150 mEq/l.
Etiologia - perda de água superior à de sódio: diarreia e vômitos, insuficiência
renal, diabetes insipidus, diabetes mellitus, febre, insolação, hiperventilação;
Reposição insuficiente das perdas hídricas: diminuição da ingestão hídrica por
náuseas, vômitos ou incapacidade física; administração de sobrecarga de
soluto: suplementação de proteínas e sal, na alimentação, por sonda,
envenenamento acidental por sal de cozinha, diuréticos osmóticos, diálise;
excesso de esteróides.
Sinais e Sintomas - a detecção clínica precoce pode ser difícil, porque o plasma
hipertônico atrai água das células, escondendo os sinais de colapso circulatório,
vistos na desidratação hiponatrêmica. O turgor cutâneo pode ser normal (em
oposição à desidratação hiponatrêmica)- As mucosas e a boca estão secas. A
sede está presente, mas pode ser ocultada pela náusea e vômitos. A fraqueza
muscular e as cãibras são comuns. Pode ocorrer febre (maior que 40ºC graus em
alguns casos). Sinais e sintomas neurológicos, incluindo tremor, hiperreflexia
profunda, memória alterada, confusão e alucinações podem estar presentes.
Conduta - pesar o paciente e tratar a doença primária. Estimar a porcentagem de
perdas em termos de peso corpóreo, planejar a reposição de aproximadamente
metade do volume nas primeiras oito a doze horas. O edema cerebral pode
complicar a reposição muito rápida.
Dos Cloretos - O cloreto segue o sódio. Pode ocorrer hipocloremia isolada na
perda prolongada de suco gástrico.
Do Potássio - O potássio é o principal cátion intracelular que regula a
excitabilidade neuromuscular e a contratilidade muscular. O potássio é necessário
412
para a formação do glicogênio, para a síntese protéica e para a correção do
desequilíbrio acido - básico. A sua importância no Equilíbrio Ácido Básico (EAB) é
importante, porque os íons K+ competem com os íons H+. Por conseguinte, na
acidose, ocorre eliminação de um H+ para cada K+ retido. Na alcalose, dá-se o
contrário. A regulagem do potássio está a cargo, principalmente, dos rins. Quando
a aldosterona aumenta, a urina elimina maior quantidade de potássio e o nível de
potássio no sangue pode diminuir. Outro mecanismo regulador baseia-se na
permuta com o Na+ nos túbulos renais. A retenção de sódio é acompanhada pela
eliminação de potássio. Os níveis séricos normais de potássio oscilam entre 3,5 a
5 mEq/l. Ressalte-se que os valores plasmáticos representam os valores
extracelulares. a tal problema. Os pacientes digitalizados são especialmente
suscetíveis às arritmias, se hipopotassêmicos. O seu valor plasmático é
importante no caso de hiperpotassemia, porque é o aumento dos seus níveis
extracelulares que pode levar à parada cardíaca diastólica.
• Hiperpotassemia
Etiologia - insuficiência renal aguda, doença de Addison, acidose, transfusões e
hemólise, lesões por esmagamento de membros e outras causas de degradação
de proteínas, grande ingestão de K+ frente à insuficiência renal, entre outras.
Sinais e Sintomas - fraqueza muscular, paralisia flácida, diminuição de ruídos
hidroaéreos, parestesias (face, língua, pés, mãos), irritabilidade muscular,
arritmias cardíacas e outras alterações do Eletrocardiograma (ECG) (onda T “em
campânula”, complexos QRS alargados), parada cardíaca em diástole.
Conduta - gluconato ou cloreto de cálcio, bicarbonato de sódio, solução
polarizante sem K (glicose-insulina), resinas de troca iônica (Kayexalate, Sorcal),
diálise.
413
• Hipopotassemia
Etiologia - perdas gastrintestinais (diarréia, fístula Gastrintestinal (GI), vômitos);
perdas geniturinárias (acidose tubular renal e outras doenças renais, doença de
Cushing, síndrome de Cohn, uso de diuréticos); ingestão insuficiente (notar que
há perda obrigatória nas fezes); desvio iônico (alcalose). Sinais e Sintomas -
neuromusculares (fraqueza muscular, parestesias); renais (concentração
prejudicada, poliúria); gastrintestinais (náuseas, íleo adinâmico); SNC
(irritabilidade, letargia, coma); cardíacos (arritmias tipo bigeminismo e/ou
trigeminismo, onda U ao ECG)
Conduta - via oral (KCl xarope, K efervescente ou em comprimidos); via
endovenosa (aumentando- se a concentração de K+ nas soluções eletrolíticas
usuais, solução polarizante: G-I-K).
Nota: a reposição do K+ se faz de maneira empírica, sendo um esquema usual a
reposição de 40 a 60 mEq/L por via EV (Endovenosa) a velocidades não maiores
do que 30-40 mEq/hora.
Do Cálcio e do Fosfato - Dependem diretamente da função das paratireóides e
da calcitonina. O paratormônio aumenta a concentração sérica de cálcio por
estímulo da reabsorção óssea e renal, e bloqueia a reabsorção renal do fosfato. A
vitamina D Ativada também é importante. O cálcio ocupa o quinto lugar entre os
elementos mais abundantes no corpo humano. O organismo precisa do cálcio
para a integridade e estrutura das membranas celulares, condução adequada dos
estímulos cardíacos, coagulação sangüínea e formação e crescimentos ósseos.
• Hipocalcemia
Etiologia - perda de tecido da paratireóide após tireoidectomia,
hipoparatireoidismo idiopático, insuficiência renal (raramente sintomática).
414
Sinais e Sintomas - parestesias (especialmente perorais e nas mãos e pés);
labilidade emocional; miastenia e cãibras; diarréia e poliúria; disfagia; estridor
laríngeo e broncoespasmo, convulsões; arritmias cardíacas e intervalo Q-T
aumentado; espasmo carpopedal (espontâneo ou com uso de manguito de
pressão durante três minutos, inflado acima da pressão sistólica - Sinal de
Trousseau); contração do músculo facial após leve golpe na frente da orelha -
Sinal de Chvostek; opistótono.
Conduta - a reposição é empírica, usando-se tantas ampolas de gluconato de
cálcio quantas forem necessárias, até o desaparecimento dos sinais clínicos. A
infusão venosa deve ser lenta. Nos casos dehipoparatireoidismo, pode-se utilizar
extrato de paratireóide (100 a 200 unidades USP) por via EV. No tratamento pós-
controle da fase aguda, deve-se acrescentar cálcio oral e Vitamina D.
Nota importante: se não houver resposta ao tratamento com cálcio, considerar a
possibilidade de hipomagnesemia.
Do Magnésio – O magnésio ocupa o segundo lugar, por ordem de importâncias,
entre os cátions do LIC. Ele é indispensável para as atividades enzimáticas e
neuroquímicas, assim como para a excitabilidade dos músculos. Seus níveis
plasmáticos variam entre 1,5 e 2,5 mEq/l.
Etiologia - o excesso de magnésio é quase sempre o resultado de uma
insuficiência renal e inabilidade em excretar o que foi absorvido do alimento ou
infundido. Raros os distúrbios; associados à dieta e função renal.
Sinais e Sintomas - fraqueza muscular, queda da pressão sangüínea, sedação e
estado de confusão mental. O ECG mostra aumento do intervalo P-R,
alargamento dos complexos QRS e elevação das ondas T. A morte, geralmente,
resulta da paralisia dos músculos respiratórios.
415
Conduta - o tratamento é dirigido no sentido de melhorar a insuficiência renal. O
cálcio age como antagonista do magnésio e pode ser empregado por via
parenteral para benefício temporário. Pode estar indicado na diálise peritoneal ou
extracorpórea.
• Hipomagnesemia
Etiologia - pode ser encontrado no alcoolismo crônico em associação com
“delirium tremens”, cirrose, pancreatite, acidose diabética, jejum prolongado,
diarréia, má absorção, aspiração gastrintestinal prolongada, diurese exagerada,
hiperaldosteronismo primário e hiperparatireoidismo, particularmente depois de
paratireoidectomia e quando largas doses de Vitamina D e cálcio são
consumidas.
Sinais e Sintomas - hiperirritabilidade neuromuscular e do SNC, tremores
amplos (“flapping”), sinal de Babinski, nistagmo, taquicardia e arritmias
ventriculares, hipertensão e distúrbios vasomotores. Confusão, desorientação e
inquietação podem estar em destaque.
Conduta - infusão parenteral de soluções eletrolíticas, contendo magnésio (10 a
40 mEq/l/dia, durante o período de maior gravidade, seguindo-se manutenção
com 10 mEq/dia). O sulfato de magnésio pode também ser dado por via IM (4 a 8
g / 66 a 133mEq, diariamente, divididos em quatro doses; os níveis séricos devem
ser monitorizados para prevenir a concentração superior a 5 - 5,5 mEq/l).
Assistência de enfermagem
• A principal assistência de enfermagem para qualquer dos desequilíbrios
(hidro ou eletrolíticos) é a busca das causas. Esta deve ser eliminada
imediatamente ;
416
• Monitorar os parâmetros hemodinâmicos, principalmente às arritmias
cardíacas, visto que qualquer um dos eletrólitos aqui discutido pode levar
a esta alteração, principalmente a hipo ou hiperpotassemia;
• Em caso de hipopotassemia, estar atento aos sinais de câimbras;
• Estar atento às queixas de formigamento, principalmente de extremidades,
pois pode ser indicador de hipocalcemia;
• Observar e anotar alterações do nível de consciência;
• Observar, valorizar e anotar qualquer queixa do doente.
417
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. Curso de Monitorização
Hemodinâmica Básica e Avançada. São Paulo: s.c.p., [ 200?}.
TRUNIGER, Bruno. Equilíbrio hidro-eletrolítico : diagnostico e terapêutica. São
Paulo: EPU, 1977.
http://www.msd-brazil.com/msd43/m_manual/mm_sec12_138.html. Acesso em:
17/07/2006
http://perfline.com/cursos/cursos/acbas04.html . Acesso em: 17/07/2006
http://www.fmrp.usp.br/revista/1999/vol32n4/disturbios_equilibrio_hidroeletrolitico
pdf . Acesso em:15/07/2006
http://www.medspain.com/n5_jun99_acido-base.html. - Acesso em: 15/07/2006
http://www.hc.unicamp.br/especialidades_medicas/uti/apostilas/equilibrio.pdf. -
Acesso em: 15/07/2006.
418
CAPÍTULO XXII
Eliana Porfírio SISTEMA URINÁRIO
22.1 Introdução
O sistema urinário chamado de sistema de excreção é responsável pelo
equilíbrio hídrico e eletrolítico dos líquidos corporais, eliminando resíduos do
produto final do metabolismo do sangue, e o resultado desse processo é a
formação da urina pelos rins.
A função excretora dos rins é responsável pela manutenção da vida
humana, porém a disfunção renal total não leva o indivíduo à morte durante
alguns dias, pois pode substituir a função do rim através da diálise, ou seja, o “rim
artificial”.
O sistema urinário compreende os órgãos responsáveis pela formação da
urina, os rins, e outros associados destinados à eliminação da urina: ureteres,
bexiga urinária e uretra.
Rins
É um órgão par, de cor
marrom avermelhada, localizados
contra a parede posterior da
cavidade abdominal, entre os
níveis das vértebras décima
Fig. 22.1 Sistema Urinário
Fonte: GRAAF, 2003
419
segunda torácica e terceira lombar, são retroperitoneais, isto é, estão atrás do
peritôneo.
O peso de cada rim é de 125 a 170 gramas no sexo masculino e 115 a 155
gramas no feminino.O rim direito normalmente é 1,5 a 2,0 cm mais baixo que o
esquerdo, por causa da grande área ocupada pelo fígado no lado direito.
Apresenta duas faces, anterior e posterior e duas extremidades, superior e
inferior, são comumente denominadas pólos, e sobre o pólo superior, situa-se a
glândula supra-renal, pertencente ao sistema endócrino.
Os rins estão envolvidos por uma cápsula fibrosa e, quase sempre, é
abundante o tecido adiposo peri renal constituindo a cápsula adiposa. A borda
medial do rim apresenta uma fissura vertical, o hilo , por onde passam o ureter,
artéria e veia renais.
Dentro do rim o hilo se expande em uma cavidade central denominada seio
renal que aloja a pelve renal, esta não é mais que a extremidade dilatada do
ureter.
O rim consiste em um córtex renal externo em contato com a cápsula renal,
e uma medula renal interna que contém as pirâmides renais. A urina é formada
como um filtrado do sangue nos néfrons e coletados pelos cálices e pelve renal,
antes de fluir do rim pelo ureter.
O Néfron unidade funcional responsável pela formação da urina, são cerca
de um milhão em cada órgão, observando a redução progressiva com o
envelhecimento do indivíduo. Cada néfron é composto por túbulos renais e um
dispositivo filtrante chamado de glomérulo de Malpighi.
Glomérulo compreende um emaranhado de capilares supridos com
sangue por uma arteríola aferente e drenados por uma arteríola eferente ,
420
encontra-se invaginado em uma camada de células denominada de cápsula de
Bowman.
Túbulos renais se dividem em três partes:
• O Túbulo proximal inicia-se no pólo do glomérulo, no qual se distingue
numa porção inicial contornada.
• Alça de Henle tem o formato de grampo de cabelos, apresenta
componentes espessos e finos em seu trajeto.
• Túbulo distal conecta os segmentos mais distais das alças de Henle,
formando ductos coletores que passam através do córtex renal e
medula para desembocar na pelve renal.
Fig. 22.2 Corte do Rim Fonte: GRAAF, 2003
22.1.1 Função Básica do Rim
A função dos rins é filtrar o sangue, removendo os resíduos nitrogenados
produzidos pelas células, sais e outras substâncias em excesso, controlando a
eliminação de água e sais da urina, mantendo a tonicidade do sangue adequada
às necessidades de nossas células.
421
O suprimento sanguíneo para cada rim é levado pela artéria renal e
drenado através da veia renal. As artérias renais têm origem na aorta abdominal e
as veias renais transportam o sangue de volta até a veia cava inferior.
O sangue chega ao rim através da artéria renal, que se ramifica muito no
interior do órgão, originando grande número de arteríolas aferentes, onde cada
uma ramifica-se no interior da cápsula de Bowman do néfrom, formando um
enovelado de capilares denominado glomérulo de Malpighi.
Os capilares do glomérulo deixam extravasar diversas substâncias
presentes no sangue (água, uréia, glicose, aminoácidos, sais e diversas
moléculas de tamanho pequeno), através de suas finas paredes.
Essas substâncias extravasadas passam entre as células da parede da
cápsula de Bowman e atingem o túbulo contorcido proximal, onde constituem o
filtrado glomerular (urina inicial). O filtrado glomerular é semelhante, em
composição química ao plasma sanguíneo, com a diferença de que não possui
proteínas, incapazes de atravessar os capilares glomerulares.
Os rins podem limpar eficientemente o sangue das escórias, em parte
porque seu fluxo sangüíneo total é grande e representa 25% do débito cardíaco.
Os rins também exercem funções endócrinas muito importantes para o
organismo humano, através de substâncias hormonais produzidas pelo próprio
rim e extra renal. Citamos aqui alguns hormônios com ação renal, exemplo:
Hormônio Anti Diurético (HAD) ou vasopressina (VP)- produzido no
núcleo supra-óptico e paraventricular do hipotálamo, sendo liberado pela hipófise
posterior, sua principal ação é a conservação da água no organismo pelos rins,
sendo responsável pela concentração e diluição urinária.
422
Calcitonina – produzida na tireóide tem como principal ação diminuir a
concentração plasmática de cálcio colabora também na conservação renal de
cálcio e magnésio. A calcitonina é degradada na própria tireóide, fígado, rins e
ossos, sua excreção é por via renal.
Catecolaminas – epinefrina, norepinefrina e dopamina são catecolaminas
endógenas que agem diretamente nos rins, e têm o importante papel na
regulação do fluxo sangüíneo, da filtração glomerular e na secreção de renina e
eritropoetina.
Corticóides – atuam na regulação do sódio, potássio.
Eritropoetina – é sintetizada nas arteríolas glomerulares, e depois liberada
na circulação, onde se liga a receptores específicos, formando um complexo
receptor-eritropoetina, aumentando a produção de eritrócitos.
O paciente portador de insuficiência renal crônica deve fazer uso de
eritropoetina parenteral, pois está indicada na anemia do renal crônico submetido
a diálise regular. A administração da eritropoetina produz uma ação imediata,
liberando hemáceas da medula óssea, aumentando o número de células
precursoras da eritropoese.
Renina-Angiotensina-Aldosterona - sua principal ação é modificar a
resistência vascular e as excreções renais de sódio, atuando sobre as alterações
de volume extra celular e da pressão arterial sistêmica.
22.1.2 Composição da urina
Como descrito anteriormente o rim é um órgão excretor que elimina
produtos finais do metabolismo corporal, no indivíduo normal, as quantidades
423
dessas substâncias excretadas por dia são exatamente iguais às quantidades
ingeridas e formadas, de maneira que em um determinado período de tempo não
há nenhuma alteração nítida na composição total do organismo.
A urina é composta basicamente de água, uma pessoa normal ingere
aproximadamente 1 a 2 litros de água por dia e normalmente 400 a 500 ml dessa
água sai pela urina. O restante é perdido pela pele, durante a respiração e nas
fezes.
Nela também são excretados alguns eletrólitos como: sódio, potássio
bicarbonato, substâncias do produto final do metabolismo das proteínas como a
uréia, creatinina, fosfatos, o ácido úrico que é o produto do metabolismo dos
ácidos nucléicos.
Os aminoácidos e a glicose são reabsorvidos, não são excretados na urina,
e só aparecerão na urina quando sua concentração sanguínea for elevada ,
excedendo a capacidade dos túbulos de reabsorvê-los. As substâncias
reabsorvidas passam para o sangue dos capilares que envolvem o néfrom. A
uréia, por não ser reabsorvida pelas paredes do néfrom, é a principal constituinte
da urina.
22.2 Ureteres
É definido como um tubo muscular que une o rim à bexiga e adentra a
bexiga nos ângulos póstero-laterais, partindo da pelve renal, com trajeto
descendente, acolá-se à parede posterior do abdome, são retroperitoneais, o tubo
muscular é capaz de contrair-se e realizar movimentos peristáticos.
O peristaltismo tem início com a presença de urina na pelve renal, e a
freqüência é determinada pelo volume de urina, que é empurrada até ser
conduzida para a bexiga urinária.
424
22.2.1 Bexiga Urinária
É uma bolsa situada atrás da sínfise púbica, por diante do reto e que
funciona como reservatório da urina. A sua forma é determinada pelo volume de
urina, quando vazia tem a forma piramidal e cheia é ovóide, provocando uma
protuberância para cima, que é percebida no abdome.
A base da bexiga recebe os ureteres, e a uretra sai no ângulo inferior, a
região que circunda a abertura uretral é conhecida como o colo da bexiga
urinária.A distensão da bexiga se dá por presença de pregas da mucosa,
chamadas de rugas. Quando os ureteres atravessam a parede da bexiga urinária,
sua mucosa específica colabora para que estes óstios atuam como válvulas para
evitar o refluxo da urina para os rins quando a bexiga urinária enche.
É constituída de camadas musculares, chamadas de músculo detrusor,
este músculo é modificado no colo da bexiga urinária para formar o esfíncter
interno da uretra.
No sexo feminino a bexiga está em contato com o útero e a vagina. No sexo
masculino, a próstata está embaixo da bexiga urinária.
22.2.2 Uretra
Último segmento das vias urinárias, que difere nos dois sexos, mas em
ambos é um tubo mediano que estabelece a comunicação entre a bexiga urinária
e o meio exterior, glândulas uretrais especializadas situada na parede da uretra,
secretam muco protetor no canal uretral.
A uretra feminina tem uma única função, eliminar a urina através do óstio
externo da uretra no vestíbulo da vagina entre o clitóris e o óstio da vagina.
No homem tem dupla função, eliminar a urina e faz parte do sistema
genital.
425
22.2.3 Micção
É o ato de expelir a urina formada pelos rins através dos ureteres, para a
bexiga e ureter.
A urina é expelida para a bexiga por contrações peristálticas, não há
esfíncteres entre a bexiga e os ureteres, o refluxo em indivíduos normais não
acontece devido às ondas peristálticas serem unidirecionais, também pela forma
anatômica em que adentra os ureteres na bexiga em seu ângulo oblíquo.
A eliminação da urina ocorre quando o esfíncter uretral externo relaxa e o
músculo detrusor se contrai e expele a urina da bexiga para a uretra. Isto
acontece por estímulo dos impulsos provenientes de receptores de distensão na
bexiga urinária, e daí são ativados os nervos parassimpáticos que estimulam o
músculo detrusor da bexiga e o esfíncter interno da uretra, provocando uma
contração rítmica para o esvaziamento da bexiga.
22.3 Terminologias referentes ao Trato Urinário
• Poliúria – eliminação de grande volume de urina no período de 24 horas
(acima de 2.000ml), demonstrada principalmente no diabetes.
• Oligúria – diminuição do volume de urina eliminado em 24 horas (inferior a
500ml), sendo manifestação de insuficiência renal, choque e desidratação.
• Anúria – débito urinário reduzido nas 24 horas (inferior a 50ml), indicando
disfunção renal grave.
• Polaquiúria ou polaciúria – caracterizada pela necessidade freqüente de
urinar, com emissão de pequenas quantidades de cada vez, observada na
infecção urinária.
• Disúria – dor no momento da emissão da urina, observada em uma ampla
variedade de condições patológicas.
426
• Nictúria – micção excessiva durante a noite, associada a uma diminuição
da capacidade de concentração renal ou a insuficiência cardíaca.
• Enurese – micção involuntária durante o sono, sendo fisiológica até a
idade de 3 anos, podendo, posteriormente, ser indicativa de lesão funcional
do trato urinário inferior.
• Tenesmo vesical – sensação e desejo constante de urinar, sem que haja
emissão de urina, sintoma associado às lesões inflamatórias do trato
urinário.
• Incontinência urinária – perda involuntária de urina em virtude de lesão
do esfíncter urinário externo ou de doença neurogênica.
• Hematúria – presença, microscópica ou macroscópica, de hemácias na
urina, sintoma de discrasias sangüíneas, terapêutica anticoagulante e
afecções renais como câncer, traumatismo e tuberculose.
• Piúria – pus na urina (por infecção )
• Proteinúria – presença de proteínas na urina, geralmente observada em
todas as formas de doença renal.
• Leucocitúria – presença de leucócitos degenerados indicando pus na
urina, conseqüência de infecções no trato urinário.
• Uricosúria ou uricúria – presença de grande quantidade de ácido úrico na
urina, que indica uricemia (teor elevado de ácido úrico no sangue),
calculose renal, gota.
• Colúria ou uribilinúria – presença de bilirrubina ou pigmentos biliares na
urina, geralmente manifestadas nas afecções hepáticas.
• Dor renal – é sentida na região lombar, irradiando-se para a cicatriz
umbilical.
427
• Dor ureteral – é sentida na região dorsal, irradiando-se para o abdome e a
região escrotal ou vulvar.
• Cólica renal – dor no flanco que se irradia para a região epigástrica,
acompanhada de náuseas e vômitos, e íleo paralítico.
• Dor vesical – é sentida no baixo abdome, na região suprapúbica, e
acompanhada de disúria.
22.3.1 Provas Diagnósticas
• Radiografia – raios X simples é usado para determinar tamanho e
posição dos rins e visualização de cálculos, ureter e bexiga.
• Urografia excretora – raios X com contraste radiopaco ( hypaque sódico),
por via endovenosa para visualização dos rins, ureter e bexiga.É utilizado
para avaliação inicial de qualquer problema urológico.
Preparo do paciente para a realização da urografia excretora
• Orienta o paciente quanto à ingestão de laxante na véspera do exame;
• Fazer restrição hídrica por algumas horas antes do exame (para que
não ocorra hiperdiluição do contraste);
• Investigar sobre possível alergia ao contraste (Hypaque sódico), no
sentido de se evitar uma reação anafilática.
• Jantar dieta leve
Materiais necessários
• 03 seringas de 20 ml/ agulhas 40x12 para aspirar o contraste
• Dispositivo para infusão venosa (scalp ou jelco)
• Equipo de soro, SF0,9% 250 ml ,
• Garrote de látex, álcool 70%,
• Algodão, protetor de chumbo para as gônodas
428
Assistência de Enfermagem
• Orientar a esvaziar a bexiga
• Posicionar confortavelmente, em decúbito dorsal, para a realização do
Raio-X
• Monitorar sinais vitais
• Proteger as gônadas com protetor de chumbo
• Puncionar acesso venoso periférico calibrosos para a administração do
contraste, na presença de alergia ao medicamento, parar a infusão e
administrar SF0, 9%.
• Preparar o meio de contraste e injetar todo o conteúdo prescrito pelo
médico.Avisar o paciente sobre a realização das radiografias com
espaços de tempo de 05 minutos, após com 15 minutos com
compressão da bexiga, e 25 minutos pós-descompressão da bexiga
cheia e pós miccional. Se cólica renal será suspensa a compressão da
bexiga, e a seqüência de raio-x, obedecerá à eliminação do contraste.
• Manter observação rigorosa dos Sinais Vitais, e reações alérgicas.
Ao término do exame:
• Retirar o SF0,9% do paciente e ajuda-lo a sair da cama e encaminha-lo
ao banheiro
• Orientar a ingerir maior quantidade líquida, desde que não haja contra
indicação.
• Orientar quanto ao retorno para a retirada do resultado
• Colocar a Unidade em ordem.
429
• Pielografia retrógrada – manobra utilizada para visualizar rins, estruturas
musculares e contornos da bexiga, por meio de cistoscopia, pela
introdução de contraste através de cateteres colocados em cada ureter.
• Cistografia – introdução de um cateter na bexiga com contraste radiopaco,
para delinear a parede vesical e avaliar o refluxo vesicoureteral.
• Cistouretrograma - para visualização da uretra e da bexiga por injeção
retrógrada ou pela micção do contraste, sendo indicada para avaliar a
• presença de refluxo vesicoureteral ou anomalias congênitas do trato
urinário inferior, problemas de esvaziamento e incontinência vesical.
• Angiografia renal – permite a visualização da circulação renal por meio
da injeção de contraste, sendo empregada para avaliar a circulação
anormal e presença de tumores.
• Tomografia computadorizada – permite a visão em cortes da anatomia
dos rins e do trato urinário, para detectar a presença e a extensão de
qualquer doença urológica.
• Ecografia renal ou mapeamento ultra-sônico – uso do ultra-som para
investigar uma alteração renal.
• Cistoscopia – permite a visualização direta da bexiga através do
cistoscópio, sendo indicada para a realização de biópsias, remoção de
cálculos e pesquisa de lesões, inclusive da próstata.
• Biópsia renal – punção renal, com uso de anestesia local, para determinar
diagnósticos e prognósticos de pacientes com doença renal.
Cuidados de Enfermagem
Pré biópsia
• Jejum de 06 a 08 horas antes do exame
• Estabelecer acesso venoso
430
• Uma amostra de urina deve ser reservada para ser comparada com a
amostra pós-biópsia
• Durante a punção orientar o paciente a “segurar” a respiração para evitar o
movimento do rim
• Colocá-lo sob decúbito ventral
• A agulha da biópsia é colocada na cápsula renal do quadrante externo do
rim, podendo ser confirmada por um ultra-som.
Pós-biópsia
• Reservar a amostra do fragmento com cautela
• Mantê-lo em decúbito ventral imediatamente após a Bx, e em repouso no
leito por 24 horas, reduz sangramento.
• É importante que os sinais vitais sejam verificados a cada 15 minutos na
primeira hora e a seguir com freqüência decrescente
• Observar sinais sugestivos de sangramento como: hipotensão, anorexia,
vômitos, dor intensa no abdome, costas.
• Toda urina deve ser examinada com cautela, observando hematúria,
disúria
• O paciente deve ser orientado a evitar atividades e esportes vigoroso, e na
presença de dor no flanco, hematúria, procurar o serviço médico.
22.3.2 Provas de diagnósticos através da urina:
• Urina tipo I ou rotina – usa qualquer micção, frasco limpo e volume de 10
a 100ml, para verificação de: aspecto, coloração, pH, densidade (a de
1.005 a 1.025 é considerada normal), osmolaridade (especificamente, é o
número de partículas por unidade de volume de água) e componentes
anormais na urina (proteínas, hemácias, leucócitos, bactérias, cristais etc.);
431
• Glicosúria – pesquisa de glicose na urina, freqüente no diabético (usar
urina recente e fitateste);
• Cetonúria – pesquisa de corpos cetônicos (produtos tóxicos do
metabolismo incompleto dos lipídios) na urina, em casos de cetoacidose
diabética, desidratação, desnutrição e ingestão excessiva de aspirina (usar
urina recente e fita teste ou reação química);
• Diurese de 24 horas – destina-se a determinações qualitativas (proteínas,
cortisol, glicose etc.) e pesquisa de elementos anormais (hemácias,
leucócitos, cilindros etc.);
• Provas de diluição e concentração de urina – avaliação da densidade
urinária feita através de uma dieta líquida (prova de diluição: o normal
esperado é uma densidade inferior a 1.005) ou de uma dieta seca (prova
de concentração: o normal esperado é densidade superior a 1.025). Este
teste detecta anormalidades precoces da função renal;
• Clearance de creatinina pode ser efetuada durante um período de 4
horas ou de 24 horas. Coleta-se toda a urina do período acompanhada de
uma amostra de sangue. Este teste é indicado para avaliação precoce da
doença renal e para acompanhamento de sua evolução;
• Urocultura – estudo microbiológico da urina para pesquisa de bactérias e
fungos. A amostra deve ser colhida com técnica asséptica rigorosa e ser
encaminhada imediatamente ao laboratório para conservação adequada. O
• ideal é fazer o antibiograma (prova de sensibilidade aos antibióticos), caso
o resultado seja positivo.
Manifestações mais comuns relacionadas a afecções r enais
• Hipertensão – em conseqüência da retenção hídrica e/ou alteração
glomerular.
432
• Anorexia – por acúmulo de produtos catabólicos no sangue.
• Náuseas – por uremia, isto é, acúmulo de uréia no sangue.
• Anemia – por diminuição da produção de eritropoetina.
• Cefaléia – por acúmulo de uréia.
22.4 Conceitos sobre Insuficiência Renal Aguda – IR A
Insuficiência Renal Aguda – IRA é uma síndrome que acomete pessoas de
qualquer idade, avaliando os vários conjuntos de conceitos pode-se dizer que a
IRA é a deterioração súbita da função renal, é quando o rim passa a produzir um
volume inferior a 400ml de urina em 24 horas, não mantém o equilíbrio
hidroeletrolítico e acido-básico, deixando de eliminar juntamente as escórias do
sangue entre elas uréia e creatinina, causando transtornos ao ser humano,
podendo levá-lo a morte, se não tratado a tempo.
A IRA é classificada em três grupos: pré-renal ou funcional, renal ou
orgânica e pós-renal ou obstrutiva.
PRÉ-RENAL ou FUNCONAL : é desencadeado pela diminuição do fluxo
plasmático renal, ocorrendo uma vasoconstrição da arteríola aferente, constitui
uma causa freqüente da IRA que ocorre por hipovolemia (hemorragias, perdas
gastro -intestinais); insuficiência cardio-circulatória em decorrência a Insuficiência
cardíaca congestiva (tamponamento cardíaco, arritmias, embolia pulmonar) e
aumento da resistência vascular renal (anestesia, cirurgias).
É reversível com o restabelecimento da volemia e a correção do fator
primário da vasoconstrição.
RENAL: ou necrose tubular aguda (NTA), ocorre após agressão isquêmica
pode ter como causa a isquemia resultante da IRA pré renal prolongada ,
nefrotóxicos desencadeados por: antibióticos aminoglicosídeos, anfotericina B,
433
quimioterápicos, contraste radiológico, drogas imunossupressoras como a
ciclosporina. Outras causas que atingem diretamente o rim com causas variadas
são: glomerulonefrite, vasculopatias renais, nefrite intersticial, necrose tubular
aguda.
PÓS-RENAL : uma obstrução que pode acometer as vias urinárias bilateral,
impedindo a passagem da urina causando a oligúria aguda.A obstrução pode ser
por cálculo renal bilateral, tumores de bexiga ou ureter e preciptação de cristais
de ácido úrico ou medicamentos (sulfas, aciclovir,por exemplo), hiperplasia
prostática benigna, adenocarcinoma de próstata, neoplasia de colo uterino,
neoplasia colorretal.
É reversível após a desobstrução do trato urinário e costuma acontecer em
casos de obstrução simples de curta duração, até mais ou menos duas semanas.
O diagnóstico da IRA avaliando o volume urinário nem sempre é fácil de
ser avaliado, uma vez que a IRA não oligúrica representa atualmente a maioria
dos casos.
Diagnóstico
História e exame clínico : desidratação grave, dispnéia caussada por
congestão pulmonar, edema periférico, politraumatizados com história de grandes
sangramento, exposição a drogas nefrotóxicas, febre pouco elevada,
emagrecimento e fadiga, que estão presentes em pacientes com
glomurulonefrites
Achados laboratoriais : aumento da uréia, creatinina, potássio,
hipermagnesemia, aumento do tempo de sangria e coagulação.
Exames radiológicos : ultra-sonografia, radiografia simples do abdômem,
pielografia, cintilografia, biópsia renal.
434
Tratamento
Tratamento não dialítico ; correção dos fatores desencadeante -
manutenção da volemia, diuréticos, correção da acidose e dos distúrbios
eletrolíticos.
Tratamento dialítico : é utilizado para prevenir as complicações
associadas à IRA, até que ocorra a resolução da insuficiência renal. Está indicada
em pacientes com hiperpotassemia, hipervolemia e acidose metabólica não
responsivo ao tratamento clínico e uremia.
Assistência de Enfermagem
• Participar do tratamento de emergência dos desequilíbrios
hidroeletrolíticos e acidose,
• Controlar rigorosamente a ingestão hídrica e débito urinário,
• Atentar para que as medicações parenterais sejam diluídas com
critério,
• Ter atenção cuidadosa para as alterações do peso corporal, edema,
taquipnéia,
• Fazer monitorização contínua da freqüência cardíaca (arritmias),
• Orientar quanto ao repouso no leito ajuda a reduzir os esforços,
promovendo mudança de decúbito,
• Fazer mensuração dos sinais vitais, para detectar a presença de febre
e infecção,
• Realizar assepsia com cateteres para diminuir o risco de infecção,
• Manter a pele com hidratação periódica, pois pode estar seca e
suscetível à ruptura devido o edema,
435
• Praticar a HUMANIZAÇÃO, pois o paciente com IRA, necessitará de
tratamento dialítico, neste momento pacientes e familiares necessitarão
de orientação.
22.4.1 Conceitos sobre Insuficiência Renal Crônica (IRC)
É a perda da função renal de forma lenta e progressiva geralmente
irreversível, onde a função renal perde totalmente o equilíbrio metabólico e
hidroeletrolítico, resultando na concentração excessiva da uréia e de outros
produtos no sangue.
Causas principais:
• Glomérulo nefrite crônica (40%) é uma série de moléstias que levam a
inflamação do glomérulo (hepatite B)
• Nefropatias túbulo intersticiais (20%) afeta túbulos e interstício (pielonefrite
crônica)
• Fatores cardio vasculares (10%) hipertensão arterial maligna, insuficiência
cardíaca congestiva evoluindo para choque cardiogênico
• Causas congênitas
• Outras causas, moléstias sistêmicas, lupus, esclerodermia, artrite
reumatóide
• Agentes ambientais e ocupacionais como: chumbo, mercúrio e cromo.
Manifestações Clínicas
• Fadiga, letargia, fraqueza geral.
• Cefaléia, confusão mental, anorexia.
• Náuseas, vômitos, diarréia.
• Diminuição do fluxo salivar, sede;
436
• Gosto metálico na boca, perda do paladar;
• Respiração tipo de Kussmaul
• Pode desenvolver o coma
Tratamento
• Regulação cuidados da ingestão de proteínas e de potássio,
• Controle hídrico e peso diário
• A hipertensão deve ser tratada com anti-hipertensivos
• Administração de bicarbonato de sódio para suplementar a acidose (neste
estágio a acidose não produz sintomas)
• A eritropoetina é indicada no tratamento da anemia (pacientes com IRC
possuem um baixo nível de hematócito), pelas vias IV, SC, três vezes por
semana;
• Encaminhamento para diálise e transplante
Assistência de Enfermagem
• Estimular a ter uma alimentação hiper calórica, salientando a diminuição de
dietas hiper protéica;
• Junto ao serviço de nutrição, fornecer lista dos alimentos permitidos e
quantidades limitadas;
• Manter Controle hídrico
• Pesar diariamente
• Avaliar turgor cutâneo e presença de edema
• Manter assiduidade na higiene oral antes e após às refeições
• Fazer observação da freqüência e esforço respiratório
• Promover sentimentos de encorajamento e auto cuidado
437
22.5 MÉTODOS DIALÍTICOS
DIÁLISE
É a difusão de moléculas de soluto através de uma membrana
semipermeável, as quais passa do lado de maior concentração para aquele de
menor concentração. Se o paciente com insuficiência renal não responde ao
tratamento, realiza-se algum método de diálise para remover os catabólitos. O
objetivo da diálise é manter a vida do paciente até a função do rim normalizar-se.
Peritôneo - é uma membrana que recobre todas as vísceras abdominais, é
altamente vascularizada, permitindo então a troca de catabólitos do sangue para
a solução que será drenada.
MÉTODOS DE DIÁLISE
• Diálise peritoneal
• Hemodiálise
22.5.1 Diálise Peritoneal
É um método artificial intracorpóreo que se utiliza a membrana peritoneal
para depurar o sangue. O peritôneo propicia grande troca devido à sua rica
vascularização.
Este processo mantém o equilíbrio da água, remove substâncias tóxicas,
mantém equilíbrio hidroeletrolítico e equilíbrio ácido-básico.
É a introdução de 1 a 3 litros de solução de diálise na cavidade peritoneal,
onde os produtos tóxicos movem-se do sangue e tecidos circunjacentes para a
solução de diálise por difusão (passagem do soluto do meio de maior
concentração para o de menor concentração); osmose (passagem do solvente do
meio de maior concentração para o de menor concentração); difusão e
ultrafiltração.
438
O processo ocorre de forma passiva, a remoção dos produtos residuais e o
excesso de água ocorrem quando o líquido dialisado é drenado.
Indicação:
• Insuficiência Renal Aguda, Insuficiência Renal Crônica,
• Hiperhidratação / intoxicação exógena barbitúricos / álcool etílico
22.5.1.1 Tipos de Diálise Peritoneal
DPI - diálise peritoneal intermitente : onde o líquido da cavidade é
trocado com mais freqüência, realizado em ambiente hospitalar por enfermagem
especializada.
DPIN – diálise peritoneal intermitente noturna a troca é de cinco a
sete vezes à noite, com o volume de dois a dois litros e meio de solução de
dialisato, e durante o dia a cavidade permanece seca.
DPAC - diálise peritoneal ambulatorial contínua : o líquido dialisado
está sempre presente no abdome, e é trocado 3 a 4 vezes por dia. Durante o dia
utiliza-se o dialisado de 1.5% e a noite 4.25% para aumentar a taxa de filtração.
Porém estas concentrações podem variar de acordo com o quadro
clínico do paciente e com a prescrição médica. A DPAC é auto administrada
Para o sucesso do DAPC requer que o paciente a família estejam motivados, uma
enfermagem capacitada, serviço social, médico, psicóloga e rotinas escritas.
Complicações - peritonite, infecção de túnel, extrusão do cuff, perda da
eficiência dialítica do peritôneo, obesidade.
DPCC - diálise peritoneal cíclica contínua : o paciente é conectado a
uma máquina cicladora durante a noite e recebe três a cinco trocas de dois litros,
e pela manhã o paciente clampeia o cateter, após infundir de um a dois litros de
439
dialisador na cavidade peritoneal, e este permanece na cavidade abdominal até a
próxima conexão (próxima noite).
O procedimento não interfere no sono do paciente, pois a máquina é
silenciosa, o tubo conector é longo e a máquina é programada para o
procedimento.
22.5.1.2 Tipos de Cateteres utilizados em Diálise P eritoneal
Cateter temporário de diálise peritoneal – são retos ou levemente
curvos, rígidos, com diversos orifícios distais, não possuem cuffs.
Complicação : risco de peritonite, perfuração intestinal.
Cateter crônico de diálise peritoneal – cateteres de silicone ou
poliuretano possui um ou dois cuffs, o material promove o desenvolvimento de
epitélio escamoso no túnel subcutâneo próximo ao orifício, e o cuff é invadido
pelo tecido fibroso que é formado ao longo dos dias, causando uma fixação do
cateter no peritôneo, com isso diminui o risco de peritonite.
Promove as seguintes vantagens:
• Diminui as alterações hemodinâmicas
• Dispensa anticoagulação
• Dispensa acesso vascular
• Dispensa equipamento altamente especializado
• É de grande disponibilidade na maioria dos serviços hospitalares
• Depuração de soluto e ultrafiltração reduzida
• Possui menor risco de infecção
Solução para Diálise: composição dos banhos e a apresentação comercial
diferem entre as empresas, são acondicionadas em bolsas de PVC, possui alta
concentração de glicose, a qual facilita a ultrafiltração nos diversos tipos de diálise
440
peritoneal, quando a cavidade peritoneal é esvaziada, o volume da drenagem
deve ser superior ao volume infundido.
Na prática utilizamos principalmente as bolsas de 2 litros de concentração
1.5% ou 4.25% podemos acrescentar na solução de diálise caso seja necessário,
potássio, heparina, antibióticos, xylocaína, insulina, confome prescrição médica.
Complicações
• Infecção (peritonite)
• Dor (pode ser má posição do catéter, presença de ar na cavidade)
• Perfuração de vísceras
• Sangramentos
• Desconforto respiratório quando há grande quantidade de líquido na
cavidade peritoneal
• Contra-indicação relativa
• Gravidez
• Cirurgias abdominais até 48 horas ou presença de drenos na cavidade
• Peritonite
Assistência de enfermagem
• Promover esvaziamento vesical e intestinal antes da passagem do cateter
• Após a colocação do cateter (feita pelo médico, com técnica asséptica),
orientar o paciente para que não realize movimentos bruscos.
• Observar a presença de sinais de infecção e vazamento.
• Manter o cateter fixo com curativo oclusivo, limpo e seco.
• Retirar o cateter rígido após o término de todo o processo de diálise com
movimentos rotatórios e delicados.
• Manter curativos oclusivos, limpos e secos.
441
• Controlar sinais vitais de 2/2h
• Controlar diálise (início, término, volume, início da drenagem e balanço)
• Verificar curativo e funcionamento do cateter;
• Promover conforto,
• Promover mudança de decúbito;
• Controlar líquidos ganhos e perdidos;
• Controlar número de banhos de diálise realizados
• Medicamentos adicionados à solução de diálise
• Verificar sondas e gotejamento de soros;
• Comunicar alterações do líquido de drenagem e sinais vitais
• Pesar antes e após procedimento, sempre com a cavidade peritoneal
vazia.
• Observar e medicar mediante a queixas de dor
• Anotar toda intercorrência que houver durante o procedimento, devendo
ser comunicada ao enfermeiro /médico
Observação de Enfermagem
Peritonite: observe a presença de dor, sensibilidade, rigidez abdominal, retorno
do dialisado turvo. Enviar uma amostra do dializado para cultura
Sangramento : um sangramento pequeno em volta do cateter não é importante se
não persistir. Não é incomum durante os primeiros banhos um líquido
serosanguinolento. Deve-se acrescentar heparina conforme prescrição médica
par impedir que o cateter fique obstruído.
Se houver dificuldade respiratória :
• Diminua a velocidade de infusão
442
• Certifique-se de que o equipo não está acotovelado
• Evite que o ar entre no peritônio mantendo o circuito com a solução de
diálise. Na dificuldade respiratória grave o líquido da cavidade peritoneal
deve ser drenado e comunicar enfermeiro /médico .
22.5.3 Hemodiálise
É um processo de difusão utilizado para remover do organismo o produto
tóxico que normalmente são filtrados pelos rins. Para isso usa-se uma máquina
capilar onde o sangue passa através de uma membrana semipermeável, e o
líquido de diálise flui no outro lado da membrana.
Neste processo as toxinas e escórias (uréia, creatinina, potássio, fósforo,
ácido úrico) presentes no sangue são removidos por difusão, saindo de uma área
de maior concentração no sangue, para uma de menor concentração no dialisato,
e outras substâncias como o bicarbonato e o cálcio, são transferidos do dialisato
para o sangue.
Isto é permitido devido à diferença de pressão entre os dois lados da
membrana semipermeável.
22.5.3.1 Tipos de hemodiálise
Hemodiálise Clássica
É indicada para pacientes com insuficiência renal crônica e insuficiências
renais agudas estáveis hemodinâmicamente. Pode ser realizada a nível
ambulatorial e também em pacientes hospitalizados.
Ultrafiltração
É usado para retirada de líquido em um tempo relativamente curto, não
remove produtos tóxicos do sangue. Usado para portadores de ICC
descondensada, hipervolêmicos. Vias de acesso - cateter de duplo lúmen, FAV.
443
Hemodiálise contínua lenta
Usada para remoção lenta dos solutos e da água durante um período
prolongado de tempo (superior a 24 horas) dependendo da situação. Usada para
pacientes clinicamente enfermos com insuficiência renal.
Freqüência dos tratamentos
Insuficiências Renais Crônica e estáveis . É realizado três vezes por
semana, de quatro a cinco horas, e quando indicada diariamente o tempo é de
uma hora e meia a duas horas de procedimento.
Insuficiência Renal Aguda . Pacientes estáveis, o tratamento pode ser
intermitente e três vezes por semana. Nos pacientes graves e
hemodinâmicamente instáveis, o procedimento dialítico deverá ser contínuo para
gerar menos instabilidade.
22.5.3.2 Acesso Vascular
Fístula arteriovenosa (FAV) – procedimento cirúrgico unindo uma veia
a uma artéria, preferencialmente no antebraço com o decorrer do tempo sofre
uma dilatação e espessamento, e após duas a seis semanas pode ser
puncionada.
Shunt arteriovenoso (SAV ) - procedimento raro, indicado para uso em
curto prazo, é a fixação de um tubo em uma artéria e uma veia adjacente os dois
lados do tubo são reunidos formando um arco. Com a presença deste tubo a
circulação da artéria envolvida fica comprometida, porém o membro não perde a
irrigação, pois as outras veias e artérias mantêm a irrigação.
Cateter de duplo lúmem - pode ser colocado à beira do leito, veia
jugular interna ou sub clávia, o cateter possui em seu interior um septo que o
444
divide em duas partes, e na sua extremidade orifícios, portanto não há
comunicação do sangue intracateter, o que possibilita o procedimento de
hemodiálise.
Complicações durante o procedimento de hemodiálise
• Hipotermia
• Hipo /hipertensão
• Náuseas/ vômitos
• Dor lombar
• Hemorragia
• Embolia gasosa
• Convulsões
• Hemólise
Complicações gerais
• A principal causa de morte é a insuficiência cardíaca congestiva
• Angina/ Acidente vascular encefálica
• Anemias/ fadiga contribuem para a redução do bem estar físico e
emocional.
• Osteodistrofia (diminuição do cálcio, e leva a dor óssea e fraturas)
• Hepatite /menorragia
• Disfunção sexual
Assistência de Enfermagem ao paciente submetido à h emodiálise
• Orientar o paciente e seus familiares: o apoio pela enfermagem é dado
explicando-se a mecânica do procedimento, dando oportunidade para o
paciente verbalizar seus sentimentos e proporcionando uma assistência
física correta.
445
• Orientar os pacientes ambulatoriais para higienizar o local da fístula
artériovenosa.(FAV)
• Fazer curativo oclusivo na fístula artériovenosa e/ou inserção do cateter,
após a sessão de hemodiálise.
• Orientar o paciente para não fazer esforços com o braço da FAV
• Fazer e orientar quanto ao controle da ingesta hídrica ou restrição
hídrica: conforme o estado do paciente
• Pesar o paciente antes da hemodiálise: o peso no início do procedimento
serve como informação básica.
• Orientar o paciente que a pesagem diária é útil para se avaliar o estado
de hidratação.
• Anotar PA, P, T, R antes da diálise: para que possa compará-los
posteriormente se necessário;
• Verificar os sinais vitais a cada hora, e PA e FC devem ser monitoradas
a cada quinze minutos, para pacientes graves
• Fazer controle da PVC a cada duas horas: deve ser realizado em
pacientes graves
• Oferecer conforto ao paciente durante a diálise: mudança de decúbito,
mantendo-o higienizado e aquecido.
Mantenha anotações precisas:
• Hora exata do início e término de cada banho
• Volume da solução infundida
• Balanço hídrico
• Número de banhos
• Medicamentos adicionados à solução de diálise
• Peso pré e pós-diálise
446
• Avaliação do nível de consciência no início, durante e no término do
tratamento.
• Intercorrências como hipotensão, náuseas, vômitos, cefaléia, câimbras.
447
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUNNER/STUDART, Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgico. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
CRUZ, Jenner. et al. Nefrologia. São Paulo: Sarvier, 2006.
GRAAFF, V.M.K. Anatomia Humana , 6. ed. São Paulo: Manole, 2003.
GUYTON, M. D.Arthur. Fisiologia Humana e Mecanismos das Doenças , 5. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
448
CAPÍTULO XXIII
Gladis Tenenbojm
SISTEMA ENDÓCRINO
23.1 Revisão de Anatomia e Fisiologia
O sistema endócrino em conjunto com o sistema nervoso controla e integra
o funcionamento do corpo. Existem as glândulas endócrinas, exócrinas e mistas.
Exócrinas: liberam suas secreções em ductos nas superfícies corpóreas.
Exemplo: glândulas salivares, sudoríparas, lacrimais e mamárias.
Endócrinas: lançam seu produto de secreção (hormônio) diretamente na
corrente sangüínea.
Exemplo: ilhotas de Langerhans (pâncreas), gônadas, adrenais, hipófise, tireóide
e paratireóide.
Mistas : enviam algumas secreções por ductos e outras pela corrente sangüínea.
Exemplo: pâncreas: a parte exócrina lança o suco pancreático pelo ducto
pancreático no interior do intestino, e a parte endócrina é responsável pela
produção de insulina.
Hormônios
São substâncias químicas fabricadas pelas glândulas endócrinas; são
lançadas na corrente sangüínea e transportadas até o local de ação.
Funções:
• Controlam a velocidade das reações químicas celulares
• Regulam o crescimento e desenvolvimento do indivíduo ou de
determinados órgãos
• Influenciam na parte psíquica e formação do caráter e personalidade do
indivíduo
449
• Atuam no equilíbrio endócrino.
Glândulas
HIPÓFISE (Glândula pituitária)
Os hormônios da hipófise regulam tantas atividades corporais, que a
hipófise é chamada de glândula mestra. É uma estrutura pequena, arredondada
que está fixada ao hipotálamo por meio de uma estrutura: infundíbulo.
É composta de uma adeno hipófise (lobo anterior) e uma neuro hipófise
(lobo posterior).
A adeno hipófise secreta 7 hormônios:
HORMÔNIO DE CRESCIMENTO (HGH)
Causa o crescimento das células do corpo, age no esqueleto e nos
músculos esqueléticos. A secreção do HGH atinge sua máxima no fim do pico de
crescimento do adolescente.
HORMÔNIO ESTIMULANTE DA TREÓIDE(TSH)
Estimula a produção e a secreção de hormônios da glândula tireóide
HORMÔNIO ADRENOCORTICOTRÓFICO (ACTH)
Controla a produção e secreção de certos hormônios do córtex supra renal.
A secreção é controlada por um hormônio liberador hipotalâmico.
HORMÔNIO FOLÍCULO ESTIMULANTE(FSH)
Na mulher, o FSH é transportado da adeno hipófise até os ovários, onde
ele estimula o desenvolvimento folicular a cada mês.O FSH também estimula as
células do ovário a secretar estrógeno.
No homem, o FSH estimula os testículos a produzirem espermatozóides.
450
HORMÔNIO LUTEINIZANTE(LH)
Na mulher, o LH juntamente com o FSH, estimula a secreção de
estrógenos pelos ovários e provoca a ovulação, e também estimula a formação
do corpo lúteo.
No homem, o LH estimula os testículos a desenvolverem-se e secretarem
grandes quantidades de testosterona.
PROLACTINA(PRL)
Mantém a produção de leite pelas glândulas mamárias.
• Neuro hipófise
A neuro hipófise, não é uma glândula, pois ela não produz hormônios; ela
armazena e mais tarde libera hormônios.
Os corpos celulares dos neurônios produzem 2 hormônios: Ocitocina e Hormônio
antidiurético, que são transportados através de axônios para a neuro hipófise,
para armazenamento e liberação.
OCITOCINA (OT)
A Ocitocina estimula a contração das células musculares lisas do útero
grávido e as células contráteis das glândulas mamárias. Quando se inicia o
trabalho de parto, a ocotocina é transportada para a Neuro hipófise, e daí,
liberada na corrente sanguínea e transportada até o útero para reforçar as
contrações uterinas.
A Ocitocina é transportada da neuro hipófise pela corrente sanguínea até as
glândulas mamárias, estimulando os ductos glandulares a se contraírem e
ejetarem leite.
HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO(ADH)
O ADH causa nos rins a remoção de água do fluído que constituirá a urina,
para devolvê-la à corrente sanguínea, diminuindo assim o volume de urina.
451
O ADH pode aumentar também a pressão sanguínea por meio da constrição
arteriolar; por esta razão, o ADH é também referido como Vasopressina.
Se ocorrer uma intensa perda de volume sanguíneo devido à hemorragia, a
produção de ADH aumenta.
TIREÓIDE
Está situada junto à laringe e anteriormente à traquéia. Consiste de 2 lobos
conectados por uma massa de tecido chamado istmo.
Ela recebe um suprimento sangüíneo abundante, podendo assim liberar
altos níveis de hormônio em um curto período de tempo, se necessário.
A tireóide produz os hormônios:
Tiroxina (T-4): contém 4 átomos de iodo
Triiodotiroxina (T-3): contém 3 átomos de iodo
Calcitonina (CT)
Funções
T-3 e T-4
• Regulam o metabolismo, o crescimento, o desenvolvimento e a
atividade do sistema nervoso.
• Estimulam a síntese protéica
• Aumentam a lipólise e excreção do colesterol
• Aumentam o uso da glicose para a produção de ATP.
Calcitonina (CT)
A CT está envolvida na homeostase dos níveis sanguíneos de Cálcio e
Fosfato no sangue.
• Diminui a quantidade de Cálcio e fosfato no sangue.
• Acelera assimilação óssea de cálcio e fosfato.
452
PÂNCREAS
É uma glândula mista, com cerca de 15-20 cm de comprimento, localizada
posteriormente ao estômago. A porção endócrina do pâncreas consiste de
agrupamentos de células chamadas de ilhotas de Langerhans. As ilhotas contém
numerosos capilares sanguíneos. Quatro tipos de células são encontrados nestes
agrupamentos:
• Células alfa: secretam o hormônio Glucagon
• Célula beta: secretam insulina
• Células delta: secretam somatostatina que inibe a secreção de insulina e
glucagon
• Células F; secretam um polipeptídeo pancreático que regula a liberação de
enzimas digestivas pelo pâncreas.
O glucagon e a insulina são os principais reguladores do nível de glicose no
sangue.
Glucagon
• Aumenta o nível de glicose no sangue através da aceleração de conversão
de glicogênio em glicose no fígado.
• Estimula e libera glicose do fígado para o sangue, diminuindo assim o nível
sanguíneo de glicose.
Insulina
A insulina tem ação oposta a do glucagon;
• Diminui o nível de glicose sanguínea quando esta está acima do normal.
• Aceleram o transporte de glicose do sangue para as células,
especialmente fibras musculares esqueléticas.
453
• Acelera a conversão de glicose em glicogênio e a síntese dos ácidos
graxos
• Aumenta a velocidade da síntese protéica das células
• Diminui a conversão do glicogênio em glicose no fígado
PARATIREÓIDE
São 4 pequenas glândulas, duas atrás de cada lobo tireoidiano que
secretam o Paratormônio (PTH).
As funções são:
• Controlar metabolismo do cálcio e fósforo no sangue
• Aumentar a reabsorção óssea, mantendo a normalidade dos níveis séricos
do cálcio.
SUPRA RENAL
São 2 pequenas glândulas situadas sobre os rins.
São constituídas de 2 partes: córtex (externa) e medula (interna).
Medula supra renal libera os hormônios: Adrenalina e Noradrenalina.
Durante situações estressantes, a adrenalina atua no fígado, para converter
glicogênio em glicose e no coração para aumentar o débito cardíaco.
É a liberação de adrenalina que produz suor frio, taquicardia e respiração rápida
em situações de emergência.
A noradrenalina produz uma extensa vasoconstrição e acentuada elevação na
pressão sangüínea.
O córtex supra renal produz os hormônios:
• Mineralocorticóide, glicocorticóide e hormônios sexuais
• Mineralocorticóides : regulam o balanço eletrolítico, promovendo retenção
de sódio e excreção de potássio.
454
A aldosterona é o mineralocorticóide mais importante.
Glicocorticóide : o cortisol é o principal glicocorticóide e tem as seguintes
funções:
• Metabolismo de glicose
• Metabolismo de proteínas
• Balanço hídrico e eletrolítico
• Inflamação e imunidade: os glicocorticóides reprimem a resposta
inflamatória aos danos tissulares e protegem a resposta imune da invasão
por agentes infecciosos.
Glucagon :
• Promove elevação da glicose quando os níveis de glicose estão baixos
• O glucagon causa hiperglicemia, promovendo a conversão do glicogênio
hepático em glicose.
23.2 Patologias
23.2.1 Hipertireodismo
Conceito:
Distúrbio endócrino causado pelo hiperfuncionamento da glândula tireóide, com
conseqüente produção excessiva de hormônio tireoideano. Afeta mais mulheres
do que homens.
Fisiopatologia :
O hipertireodismo é caracterizado pela perda dos controles reguladores
normais de secreção do hormônio tireoideano.
Como a ação do hormônio tireoideano no corpo é estimuladora, resulta em um
hipermetabolismo, com aumento da atividade do sistema nervoso simpático. As
quantidades excessivas de hormônio tireoideano estimulam o sistema cardíaco e
455
aumentam o número de receptores beta adrenérgicos; isto leva a taquicardia,
aumento do débito cardíaco, sobrecarga de volume e fluxo sangüíneo periférico.
O metabolismo aumenta muito, levando a um balanço negativo de nitrogênio,
depleção de lipídios, e deficiência nutricional.
O hipertireodismo também resulta na alteração de secreção e metabolismo de
hormônios hipotalâmicos, hipofisários e gonodais.
Manifestações clinicas :
Agitação e irritabilidade, tremores nas mãos, apetite voraz com perda de peso
resultante do metabolismo acelerado, aumento do peristaltismo, causando
diarréia, intolerância ao calor, sudorese, taquicardia e descoordenaçao motora
devido ao tremor, pele quente e lisa devido à circulação acelerada nos tecidos,
cabelos finos e macios, temperamento cíclico, variando desde uma moderada
euforia até uma extrema atividade, podendo levar a uma fadiga extrema e
depressão e bócio : hipertrofia das células tireoideanas: a glândula pode
aumentar 3-4 vezes seu tamanho normal.
Avaliação diagnóstica :
• Quadro clínico
• Níveis séricos de hormônios T-4 aumentado
• Níveis séricos de colesterol diminuídos
• Níveis séricos de TSH diminuído.
Complicações :
• Exoftalmia : o cliente apresenta olhos protusos e o olhar fixo, devido ao
acúmulo de líquido nos coxins gordurosos e músculos que ficam atrás dos
globos oculares. Pelo fato de os olhos serem rodeados por ossos, os
edemas os forçam para fora das cavidades, produzindo a exoftalmia. Nos
casos graves, os clientes podem ser incapazes de fechar as pálpebras e
456
devem mantê-las fechadas para proteger os olhos, podendo progredir para
ulceração de córnea e perda da visão.
• Doença cardíaca : a taquicardia e a fibrilação atrial quase sempre surge
com a tireotoxicose.
• Crise tireoideana : episódio agudo de hiperatividade tireoideana
caracterizado por febre alta, taquicardia grave, delírio, desidratação e
extrema irritabilidade.
Tratamento :
• Terapia medicamentosa antitireoideana: tiouréia e propiltiouracil
• Nutricional: dieta de 4000-5000 calorias com altos níveis de proteína para
evitar a perda de peso que ocorre
• Cirúrgico: tireoidectomia total ou parcial.
Assistência de enfermagem :
• Supervisionar dieta balanceada e rica em calorias; podem se necessárias 6
refeições completas por dia
• Orientar a não ingerir alimentos que aumentam o peristaltismo
• Peso diário
• Oferecer ambiente repousante e refrigerado
• Orientar quanto a utilização de protetores de olhos em casos de exoftalmia
e administração de colírio de Metilcelulose
• Oferecer terapia ocupacional.
457
23.2.2 Hipotireoidismo
Conceito:
Deficiência de hormônio tireoideano, resultando em diminuição do
metabolismo do corpo, devido ao consumo diminuído de oxigênio pelos tecidos;
afeta as mulheres mais do que os homens (cerca de 4:1).
Fisiopatologia :
A tireóide necessita de iodo para sintetizar e secretar seus hormônios.
Caso a dieta de uma pessoa não tenha quantidades suficientes de iodo, ou se a
produção de hormônio tireoideano for suprimida por algum outro motivo, a tireóide
aumenta de tamanho na tentativa de compensar a deficiência hormonal.
Ocorre o bócio, que é o aumento da glândula em resposta ao aumento da
secreção de TSH pela hipófise.
O TSH estimula a tireóide a secretar mais T-4, quando os níveis de T-4
sérico estão baixos. A glândula fica tão grande que comprime estruturas no
pescoço e tórax, causando dificuldade respiratória e disfagia.
Níveis diminuídos de hormônios tireoideanos levam a uma redução na taxa
metabólica basal. Essa diminuição leva a acloridria, diminuição da motilidade do
trato gastrintestinal, bradicardia, diminuição do funcionamento neurológico e
diminuição da produção de calor.
Os níveis diminuídos dos hormônios tireoideanos afetam o metabolismo de
lipídios, resultando em aumento de colesterol sérico, nível de triglicérides e
aumento do risco de arteriosclerose e doenças coronarianas.
Os hormônios tireoideanos também têm um importante papel na produção
de hemácias, provocando anemia e deficiência de vitamina B-12 e fosfato.
Avaliação diagnóstica :
• Níveis séricos de T-3 e T-4 diminuídos
458
• Níveis séricos de TSH aumentado
• Aumento dos níveis de colesterolemia.
Manifestações clínicas :
• Sensibilidade ao frio pela diminuição da taxa metabólica, letargia, pele
seca, inelástica e escamosa, cabelo seco, esquecimento, depressão,
ganho de peso, constipação intestinal pela diminuição do peristaltismo,
bócio, susceptibilidade a infecções, dificuldade de deglutição.
• Quando se desenvolve o mixedema o cliente apresenta edema, devido a
infiltração de liquido nos tecidos intersticiais.
• O paciente com mixedema pode ter hipercolesterolemia, hiperlipidemia e
proteinemia.
• Níveis elevados de lipídeos podem contribuir para o desenvolvimento de
problemas cardíacos.
• A hiponatremia pode ocorrer pela redução na liberação de sódio e volume
para os túbulos renais, como conseqüência da diminuição do fluxo
sangüíneo renal.
Complicações :
• Coma mixedematoso: o mixedema é caracterizado por um estado
hipometabólico generalizado, quando todos os sistemas corporais são
gravemente comprometidos pelo estado hipometabólico. É caracterizado
por uma intumescência com depósitos anormais de mucina na pele e
outros tecidos. O edema é comum na face e na área pré-tibial.
O coma mixedematoso é caracterizado por hipoventilação, podendo levar à
acidose respiratória, hipotermia e hipotensão.
459
Tratamento :
Os princípios básicos do tratamento é correção da deficiência de hormônio
tireoideano, com a finalidade de evitar mais danos cardíacos e arteriais.
Farmacológico :
Em geral o cliente necessita receber preparações de hormônio tireoideano
por toda a vida: Levotiroxina de Sódio (Sintróide) e Liotironina de Sódio (Citomel).
Os clientes com complicações cardíacas devem iniciar com pequenas doses de
hormônio tireoideano, pois grandes doses podem precipitar insuficiência cardíaca
ou infarto do miocárdio, aumentando o metabolismo do corpo, as necessidades
de oxigênio do miocárdio com conseqüente sobrecarga cardíaca.
Nutricional :
Caso o hipotireoidismo ou bócio seja devido à deficiência de iodo, deve-se
administrar dieta rica em iodo.
Cirúrgico :
A cirurgia é realizada quando o bócio está muito grande, não respondendo
ao tratamento, ou fazendo muita pressão no pescoço.
Assistência de enfermagem :
• Peso diário
• Supervisionar dieta pobre em calorias e rica em fibras
• Ingerir 6-8 copos de água/dia
• Examinar pontos de pressão quanto a sinais de vermelhidão ou
rompimento de tecidos, pois tecidos edematosos são mais propensos a
formação de úlceras por pressão.
• Oferecer ambiente aquecido
• Avaliar sinais de depressão respiratória ou nível de consciência diminuído
em pacientes que recebem sedativos
460
• Fazer balanço hídrico
• Orientar quanto à importância de ingestão do sal iodado
• Controle da diurese
• Avaliar sintomas de tireotoxicose: taquicardia, aumento do apetite e da
diurese, sudorese, agitação, tremores, palpitações e respiração curta.
23.2.3 Tireoidectomia
Conceito:
Retirada total ou parcial da tireóide; a total é realizada em casos de câncer de
tireóide.
Cuidados pré-operatórios :
• Administração de drogas antitireoideanas para suprimir a secreção de
hormônio tireoideano
• Preparações de iodo pra reduzir o tamanho e a vascularização do órgão,
reduzindo assim a chance de hemorragia.
• O cliente deve estar tranqüilo, descansado e com bom peso.
• Assistência de enfermagem no pós-operatório :
• Observar dispnéia, respiração ruidosa e retração de tecidos do pescoço,
pois indicam obstrução respiratória;
• Posição semi-fowler: imobilização da cabeça e pescoço para evitar flexão e
hiperextensão do pescoço, causando tensão na linha de sutura;
• Observar sangramento em incisão cirúrgica
• Manter no quarto material de traqueostomia, oxigênio, material para
intubação;
• Orientar o paciente a tossir e respirar profundamente
461
• Controle de temperatura a cada 4 horas para avaliar sinais de crise
tireoideana
• Observar ronquidão de voz: pode indicar trauma ou dano ao nervo laríngeo
• Observar sinais de tetania e hipocalemia, resultante da remoção acidental
da glândula paratireóide.
23.2.4 Síndrome de Cushing
Conceito:
Doença que resulta da hiperatividade da glândula supra renal com a
conseqüente hipersecreção de glicocorticóides, mineralocorticóides e hormônios
sexuais. É uma doença que ocorre principalmente em mulheres entre 20-40 anos.
A hipersecreção de cortisol pode ser causada por:
• Tumor adrenal secretor de corticóide
• Superprodução de ACTH (por tumor hipofisário)
Manifestações clínicas / fisiopatologia :
• Hiperglicemia persistente
• Fraqueza
• Fragilidade capilar, resultando em equimose;
• Osteoporose
• Depleção de potássio pelo aumento da produção de aldosterona, levando
a hipocalemia, arritmia, fraqueza muscular e distúrbios renais;
• Retenção de sódio e água pelo aumento da produção de aldosterona,
causando edema e hipertensão arterial;
• Insuficiência cardíaca congestiva e acidente vascular cerebral
• Distribuição anormal de gordura, resultando em face de lua cheia, coxins
gordurosos na nuca e obesidade do tronco;
462
• Membros finos
• Estrias em mamas, abdome e pernas;
• Aumento da susceptibilidade a infecções
• Aumento do virilismo nas mulheres pelo aumento da produção de
andrógenos: acne, cabelos mais finos e hirsutismo
• Perda da memória, pouca concentração, euforia e depressão. A depressão
predispõe o paciente a pensamentos suicidas
• Lenta cicatrização de feridas
Avaliação diagnóstica :
• Elevados níveis plasmáticos de cortisol durante o dia
• Tomografia computadorizada da adrenal para detecção de massa tumoral.
Tratamento :
• Agentes citotóxicos que bloqueiam a síntese de glicocorticóides e
esteróides adrenais
• Adrenalectomia: em casos de tumor de adrenal
Assistência de enfermagem :
• Proteger o cliente de exposição a microorganismos infecciosos; realizar
lavagem meticulosa das mãos.
• Proteger o cliente de quedas e acidentes, devido á osteoporose. Manter a
cama na posição mais baixa e levantar grades de proteção
• Peso diário
• Glicemia capilar e teste de glicosúria
• Controle de pressão arterial e redução de edema
• Supervisionar dieta hipossódica e sem açúcar
• Evitar uso de esparadrapo ou outros irritantes que possam resultar em
rompimento ou escoriações da pele.
463
23.2.5 Doença de Addison
Conceito :
Doença causada pela hipofunção adenocortical, resultando em diminuição
dos níveis de mineralocorticóides (aldosterona), glicocorticóides (cortisol) e
androgênios.
Fisiopatologia :
A deficiência de aldosterona causa vários desequilíbrios hidroeletrolíticos.
A aldosterona promove conservação de sódio e água e excreção de potássio.
A deficiência de aldosterona causa aumento de excreção de sódio e água,
depleção de volume extra celular causando desidratação, hipotensão, diminuição
do débito cardíaco e o coração fica menor pela diminuição de seu trabalho,
podendo levar a um colapso circulatório, choque e morte. Ocorre a retenção de
potássio, resultando em arritmias e parada cardíaca.
A deficiência de glicocorticóides causa diminuição da glicogênese,
resultando em hipoglicemia e deficiência hepática de glicogênio.
A deficiência de cortisol resulta em aumento da secreção de hormônio
ACTH pela hipófise, ocasionando aumento de pigmentação da pele e mucosas.
Manifestações clínicas :
• Aumento da excreção de sódio, causando desidratação
• Hipotensão arterial
• Diminuição do débito cardíaco; o coração fica menor como resultado da
diminuição do seu trabalho;
• Hipercalemia, resultando em arritmias, com possível parada cardíaca;
• Hipoglicemia
• Fraqueza, anorexia, perda de peso, náusea e vômitos.
464
• Aumento da secreção de ACTH pela hipófise, levando ao aumento da
pigmentação da pele e mucosas, ficando com aspecto bronzeado.
Avaliação diagnóstica :
• Baixo nível de sódio sérico
• Alto nível de potássio sérico
• Baixo nível de glicose sangüínea
• Níveis aumentados de ACTH.
Tratamento :
• Reposição de glicocorticóides e mineralocorticóides
Assistência de enfermagem :
• Controle rigoroso de sinais vitais
• Controle de sinais de infecções: dor de garganta, disúria;
• Ficar atento a sinais de crise Addisoniana: súbita fraqueza, intensa dor
abdominal e nas pernas, hiperpirexia seguida de hipotermia, coma e morte;
• Peso diário
• Controle de glicemia capilar.
23.2.6 Diabetes Mellitus
Conceito :
A diabetes mellitus é uma doença caracterizada por níveis elevados de
glicose sangüínea, causada pela incapacidade do pâncreas de produzir insulina.
Isto leva à hiperglicemia, que pode levar á complicações metabólicas, vasculares
e neuropáticas.
Fisiopatologia e manifestações clínicas :
Diabetes mellitus tipo I : diabetes mellitus insulino dependente.
465
É caracterizada pela destruição das células beta pancreática; há
incapacidade do pâncreas em produzir insulina.
Ocorre hiperglicemia , e se a concentração de glicose no sangue for alta,
os rins podem não reabsorver toda a glicose filtrada; a glicose será eliminada na
urina: glicosúria ; como resultado do excesso de perda de liquido, o cliente sofre
um aumento do volume urinário: poliúria e aumento da sede: polidipsia .
A deficiência de insulina também prejudica o metabolismo de proteínas e
gorduras, levando a perda de peso .
Os clientes podem ter um aumento de apetite: polifagia , devido a reserva
diminuída de calorias. Ocorre também fadiga e fraqueza .
Diabetes mellitus tipo II : diabetes não insulino dependente.
É causada pela secreção prejudicada de insulina.
TIPOS DE DIABETES MELLITUS
Diabetes Tipo I Diabetes Tipo II
Geralmente ocorre antes dos 30 anos, Geralmente ocorre acima
mas pode ocorrer em qualquer idade. dos 35 anos, mas pode ocorrer
em qualquer idade.
Inicio: geralmente abrupto. Início: insidioso.
Pouca ou nenhuma produção de Produção de insulina
insulina. abaixo do normal.
Injeções de insulina: necessário Injeções de insulina: necessário
em 20-30% dos pacientes.
Tratamento feito com
antidiabéticos orais.
466
Geralmente são clientes magros 80% dos clientes são obesos
Avaliação diagnóstica :
A presença de níveis de glicose anormalmente altos, é o critério que
orienta o diagnóstico de diabetes; níveis de glicose plasmática em jejum acima
de 140mg/dl ou níveis aleatórios de glicose acima de 200mg/dl em mais de uma
ocasião são diagnósticos de diabetes.
Tratamento :
O principal objetivo do tratamento do diabetes é tentar normalizar a
atividade de insulina e os níveis sangüíneos de glicose numa tentativa de reduzir
o desenvolvimento das complicações vasculares e neuropáticas.
Existem 4 componentes do tratamento para diabetes:
Dieta :
• Diminuir o numero de calorias ingeridas
• Não pular refeições
• Controle de ingestão de açúcar e gorduras
• Ingerir alimentos ricos em fibras
• Evitar ingestão de bebidas alcoólicas.
Atividade física :
• O exercício físico é muito importante, pois acelera o metabolismo e a
queima de carboidratos, reduzindo as necessidades de insulina; também
reduz o stress e a tensão, melhora a circulação, facilitando a redução de
peso.
Monitorização :
• Monitorar a glicose sangüínea através de teste de glicemia capilar 3 vezes
ao dia
467
Medicação :
• Antidiabéticos orais
• Insulina.
Complicações :
Os níveis altos de glicose no cliente portador de Diabetes mellitus fazem
com que a glicose se acumule na membrana basal da célula e entre as células,
afetando a micro circulação, fazendo com que as células recebam O2 e nutrientes
de modo inadequado.
Complicações agudas
• Hiperglicemia
• Hipoglicemia: pode ser causado por doses muito elevadas de insulina,
pular refeições ou exercícios em excesso.
Sintomas da hipoglicemia : pele fria ou úmida, palidez, taquicardia, náuseas, mal
estar, irritabilidade, dormência em lábios, convulsão e coma.
Complicações tardias
Neuropatia : é a complicação crônica mais comum do diabetes, causada por
insuficiência vascular, elevações crônicas dos níveis de glicose sangüínea,
hipertensão.
A neuropatia diabética atinge o sistema nervoso por inteiro, mas se evidencia
mais rapidamente nos nervos periféricos, resultando em um reduzido
fornecimento de sangue aos pés, causando parestesia, ulceração e gangrena em
extremidades. Essas lesões podem se tornar tão graves que o cliente pode sofrer
amputação de artelhos, pé ou perna.
• Vasculares : ocorre pelo espessamento da membrana capilar em todos os
órgãos; a oclusão dos grandes vasos pode levar a Infarto agudo do
miocárdio, acidente vascular cerebral e hipertensão arterial.
468
• Infecções: os pacientes com diabetes são mais susceptíveis a infecções,
pois quando a glicose no sangue está elevada, os leucócitos são
incapazes de destruir as bactérias de maneira eficiente.
Uma vez ocorridas as infecções, são difíceis de tratar, pois o sistema
vascular danificado não pode transportar oxigênio suficiente, leucócitos e
anticorpos ao local danificado, dificultando assim a cicatrização.
a. Renais : a nefropatia diabética ocorre devido a danos nos capilares que
nutrem o rim, podendo levar à insuficiência renal crônica.
b. Retinopatia diabética : é a principal causa de cegueira entre os clientes
diabéticos.
A retina tem a mais alta taxa de oxigênio dos tecidos do corpo.
Conseqüentemente, se a retina é privada de sangue portador de oxigênio pela
destruição de seus capilares, rapidamente ocorre anóxia tissular.
Plano de cuidados ao cliente diabético :
• Seguir plano nutricional balanceado elaborado por um nutricionista
• Executar um programa de exercícios físicos
• Verificar regularmente níveis de glicose sangüínea
• Manter consultas periódicas com equipe de saúde para avaliação do
controle de glicose sangüínea
• Aumentar a quantidade de carboidratos na refeição antes dos exercícios
longos, para evitar reações hipoglicêmicas.
• Fazer refeições e lanches em horários regulares
• Nunca pular refeições
• Instruir o cliente quanto à auto aplicação de insulina: técnica de preparo e
local das injeções, guardar a insulina na geladeira e fazer rodízio de local
de aplicação de insulina.
469
• O cliente tem que conhecer sinais de hipoglicemia
• Levar cartão de identificação de diabético
• Ingerir suco de laranja, bala, água com açúcar se ocorrerem sinais de
hipoglicemia.
• Cuidados com os pés: não usar sapatos apertados, ir ao podológo
regularmente, fazer inspeção rotineira dos pés, observando presença de
calos, bolhas, alterações cutâneas e não andar descalço;
• Verificar se dentro dos sapatos, existem pedras ou outros objetos antes de
calçá-los;
• Não usar bolsa de água quente ou cobertor térmico nos pés.
TIPOS DE INSULINA
Ação Tipo de insulina Início Pico de ação Duração efetiva
Ultra-rápida Lispro
< 15 min
0,5-1,5 h
2-4 h
Rápida Regular 0,5-1 h 2-3 h 3-6 h
Intermediária NPH 2-4 h
4-10 h
10-16 h
Lenta 3-4 h 4-12 h 12-18 h
Longa Ultra-lenta
6-10 h
10-16 h(variável)
18-20 h
Glargina/Basal 2 h Não tem 24 h
Insulina Glargina/Basal :
A Glargina/Basal é uma nova insulina de ação prolongada. Ela é absorvida
lentamente de forma estável pelo organismo a partir do local de aplicação (daí ser
conhecida como insulina basal), o que permite uma única aplicação diária. Em
470
alguns casos, no entanto, torna-se necessário o uso combinado com outros tipos
de insulina.
É produzida a partir da tecnologia de DNA recombinante e seu perfil sem
picos está relacionada à menor incidência de hipoglicemias.
23.2.7 Cetoacidose Diabética
Conceito :
É uma complicação do Diabetes Mellitus, onde há uma relativa ou absoluta
falta de insulina.
Fisiopatologia :
Quando o organismo não tem insulina e não pode utilizar carboidratos para
obter energia, ele recorre a gorduras e proteínas, transformando-as em energia,
tentando obter assim combustível para o funcionamento do corpo.
À medida que o metabolismo de gorduras aumenta, o fígado pode produzir muitos
corpos cetônicos. Os corpos cetônicos se acumulam no sangue e são excretados
na urina (cetonúria).
Esta condição é denominada cetoacidose diabética.
Etiologia :
• Omissão de doses de insulina
• Cirurgias, gestação, stress e infecções;
• Desenvolver resistência à insulina devido a anticorpos à insulina.
Quadro clínico :
• Coma
• Hálito cetônico
• Polidipsia
• Mucosas secas
471
• Pele quente
• Rubor
• Respiração de Kussmaul
• Hipotensão arterial
• Náuseas e vômitos
• Poliúria e cetonúria
• Dor e rigidez abdominal
• Fraqueza
• Parestesia
• Desidratação
• Hipercalemia.
Tratamento e assistência de enfermagem :
• Infusão intravenosa de 1000ml de SF 0,9% deve ser iniciada
imediatamente durante a 1ª hora, seguidos de 2000 a 8000ml a mais de
solução fisiológica durante as próximas 24 horas. Os clientes com
comprometimento do funcionamento cardiovascular podem necessitar
de uma reposição intravenosa mais lenta de líquidos
• Avaliar sinais vitais e nível de consciência a cada 1 ou 2 horas
• Passagem de SNG para evitar aspiração de conteúdo gástrico
• Freqüente higiene oral
• Avaliar peso e turgor da pele do paciente
• Fazer balanço hídrico
• Passagem de sonda vesical de demora, com rigoroso controle de
diurese;
• Avaliar constantemente sinais de hipercalemia: bradicardia, parada
respiratória, fraqueza e oligúria ou hipocalemia: fraqueza, íleo paralítico
472
e oligúria. A hipercalemia pode estar presente durante as primeiras 4-
24 horas após a internação inicial
• Monitorar ECG, avaliando assim a hipocalemia e a hipercalemia
• Administração de insulina por via EV em bomba de infusão
• A insulina nunca deve ser administrada por via SC ao cliente com
cetoacidose diabética, pois os tecidos subcutâneos estão desidratados
e pouco perfundidos pela desidratação;
• Monitorar glicose sangüínea inicialmente a cada 1-2 horas
• Quando a cetoacidose diabética estiver tratada, deve-se administrar
Insulina Regular ou NPH via SC, ½ hora antes da infusão EV ser
descontinuada, pois a Insulina EV tem meia vida muito curta.
23.3 Terminologia :
Bócio : aumento das dimensões da glândula tireóide.
Exoftalmia: aumento da atividade tireoideana, ocorrendo uma protusão dos
globos oculares, aumento do metabolismo, aumento de pulso, tremores,
nervosismo e diarréia.
Mexedema: síndrome devido ao hipotiroidismo , sendo caracterizado por pele
ressecada, edemas dos membros e face, atraso no desenvolvimento físico e
mental; rebaixamento metabólico e aumento da sensibilidade pelo frio.
Hiperglicemia : elevada concentração de açúcar no sangue; ocorre no diabetes
mellitus.
Hipoglicemia : diminuição da concentração de açúcar na circulação sangüínea.
Poliúria : excessiva eliminação de urina nas 24 horas; pode ser ou não um
indicativo de diabetes mellitus descompensada.
Polifagia: excesso de fome.
473
Polidipsia : excesso de sede, sintoma característico de diabetes mellitus
descompensada.
Glicosúria: presença de glicose na urina, sintoma comum de diabetes mellitus.
Hálito cetônico : odor característico de corpos cetônicos, originados de ácido
oxibutírico, ácido acetoacético e acetona (os dois últimos são produtos do
metabolismo incompleto dos lipídeos, devido ao catabolismo insuficiente dos
hidratos de carbono).
Cetoacidose: é a acidose metabólica derivada de corpos cetônicos, produzidas
excessivamente nos casos graves de diabetes mellitus descompensada.
474
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MORTEN, Honnor. Dicionário de Enfermagem . Lisboa: Publicações Don
Quixote, 1992.
Black, Joyce M. Enfermagem Médica Cirúrgica. 4.ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan , 1996.
Smeltzer, Suzanne C; Bare, Brenda G. Tratado de Enfermagem Médico
Cirúrgica , 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002
Tortora, J. Gerard. Corpo humano Fundamentos de Anatomia e fisiologia. 4.
ed. Porto Alegre: Art. Méd, 2000.
Site: www.diabetesnoscuidamos.com.br
475
CAPÍTULO XXIV
Mariza dos Santos
SISTEMA DIGESTÓRIO
Fig. 24.1 Sistema digestório
Fonte www.rgnutri.com.br
24.1 Anatomia e Fisiologia do Sistema Digestóri o
O Trato Gastrintestinal (GI) é uma via de 4,9 a 5,8 metros de comprimento,
se inicia na boca e termina no ânus. É constituído por um conjunto de tubos
musculares ocos e por glândulas secretoras de sucos digestivos e hormônios
relacionados com a digestão. Sua principal função consiste em transformar os
alimentos, absorvê-los e excretar os seus resíduos, fornecendo ao organismo
nutrientes, água e eletrólitos.O sistema GI consiste em: boca, esôfago, estômago,
intestino delgado, intestino grosso, até o ânus.
476
24.1.1 BOCA
As estruturas bucais estão adaptadas para receber os alimentos,
transformá-lo em partículas menores, iniciar o processo da digestão e encaminhá-
los para o esôfago.Quando o alimento chega a boca, são desencadeados
reflexos que dão início á mastigação, a secreção salivar e a deglutição. À medida
que os alimentos vão sendo mastigados, eles se umedecem na saliva, que é
secretada pelas glândulas salivares, principalmente as parótidas, as sublinguais e
as submandibulares (debaixo da língua). A saliva contém a enzima ptialina ou
amilase salivar, responsável pela digestão dos carboidratos. A saliva também
contém muco e água, os quais auxiliam a lubrificar o alimento a medida que ele é
mastigado, facilitando assim a deglutição. A deglutição resulta na impulsão do
bolo alimentar para dentro da parte superior do esôfago.
24.1.2 Esôfago
È um tubo oco, posterior a traquéia e ao coração, mede aproximadamente
25cm de comprimento, funciona como passagem do alimento da boca para o
estômago. O alimento progride através de movimentos peristálticos. O esôfago
não tem função na digestão nem na absorção dos alimentos, entretanto possui
glândulas que secretam muco que mantém suas paredes umedecidas,
lubrificadas e protegidas contra a ação corrosiva das enzimas digestivas do
estômago.
477
Fig. 24..2 Esôfago Fonte www.chirurgiatoracica.org
24.1.3 Estômago
È uma víscera oca localizada na parte superior do abdome. É uma bolsa
distensível, com uma capacidade aproximadamente de 1500ml. A função do
estômago é reduzir os alimentos a uma massa semifluída chamada quimo , o que
é feito através da secreção de sucos digestivos. O estômago é forrado
internamente por uma camada denominada mucosa gástrica responsável pela
produção de muco protetor e onde se alojam as glândulas gástricas produtoras do
suco gástrico, contendo ácido clorídrico e enzimas digestivas (pepsina, renina e
lípase gástrica)
Devido a sua acidez o ácido clorídrico auxilia na destruição da maioria das
bactérias ingeridas. No estômago ocorre apenas absorção de água, sais, álcool,
algumas drogas e vitaminas.
Na parte superior do estômago existe uma válvula o CÁRDIA que quando
fechada impede o refluxo do alimento do esôfago para o estômago e quando
aberta permite a passagem do alimento do esôfago para o estômago. Outra
válvula de igual natureza, o PILORO quando se abre permite a passagem do
alimento para o duodeno e quando se fecha impede o seu retorno ao duodeno.
Quando o estômago está vazio, as ondas peristálticas que promovem a
contração de suas paredes desaparecem gradativamente, porém, quando cheio,
478
estas ondas se intensificam. As contrações do estômago são responsáveis pela
mistura dos alimentos com os sucos digestivos e pela propulsão (impulso) dos
alimentos para o duodeno.O peristaltismo impulsiona o alimento para frente, na
região próxima ao piloro o peristaltismo se torna mais potente e capaz de abrir o
esfíncter pilórico para promover a passagem do quimo para o duodeno. A
presença no estômago de certos tipos de alimentos, principalmente a carne,
estimula a liberação do hormônio denominado gastrina que aumenta a mobilidade
gástrica e também a secreção de enzimas digestivas.
Fig. 24.3 Estomago Fonte www.uned.es
24.1.4 Intestino Delgado
È o segmento mais extenso do sistema gastrintestinal, tendo cerca de
cinco metros e representando três quartos do comprimento do tubo gastrintestinal
humano. É dividido em três partes: duodeno, jejuno e íleo.
Duodeno – inicia – se na válvula pilórica do estômago, mede aproximadamente
25cm.
Jejuno é a porção média e se estende até o íleo, mede aproximadamente 2,5
metros.
479
Íleo é a porção terminal, mede aproximadamente 3,6 metros de comprimento
une-se ao cólon na válvula ileocecal.
Os movimentos peristálticos impulsionam o quimo a passar para o intestino
grosso, esta passagem é regulada pela válvula ileocecal que separa a parte
terminal do íleo do ceco (primeira porção do intestino grosso) através de seu
relaxamento permite que pequenas quantidades de quimo abram a válvula por
um breve período e ganhe o ceco. O ceco fecha a válvula impedindo o refluxo de
quimo do ceco para o íleo.
As glândulas intestinais secretam mucos, hormônios, eletrólitos e enzimas.
O muco cobre as células e protege a mucosa contra a lesão pelo ácido clorídrico.
As enzimas digestivas presentes no intestino delgado são capazes de promover a
digestão de todas as modalidades de alimentos. A principal ação digestiva no
intestino delgado é dada pelo suco pancreático, que juntamente com a bile chega
ao duodeno. O duodeno e o jejuno apresentam maior capacidade de absorção
dos açucares e proteínas. O cloro e bicarbonato são absorvidos em grandes
quantidades no jejuno. O cálcio é absorvido no duodeno. O potássio a maior
absorção ocorre no jejuno e íleo.
480
Fig. 18.4 Intestino delgado
Fonte www.gastroalgarve.com
24.1.5 Intestino Grosso
Estende-se da válvula ileocecal até o ânus, mede cerca de 1,70 metros de
comprimento. Divide-se em três segmentos: ceco cólon e reto.
Ceco – representa os 05 a 7,5 centímetros do intestino grosso, conecta – se ao
íleo através da válvula ileocecal. Na sua extremidade projeta-se o apêndice
vermiforme que é um pequeno tubo oco do tamanho aproximado de um dedo
mínimo.
Cólon – segmento que se prolonga até o reto. Está subdividido em cólon
ascendente, cólon transverso, cólon descendente e cólon sigmóide. O intestino
grosso tem a função de absorção de água, e eletrólitos e armazenamento do
material fecal até que o mesmo possa ser expelido. A população bacteriana é um
componente importante do conteúdo do intestino grosso. As bactérias auxiliam na
complementação do material residual. As ondas peristálticas impulsionam esse
conteúdo por distâncias consideráveis. As fezes consistem em alimentos não
481
digeridos, materiais inorgânicos, água e bactérias. O material fecal é composto de
cerca de 75% de líquido e 25% de material sólido.
Reto – estende-se do cólon sigmóide ao ânus. O canal anal mede cerca de 2,5
centímetros de comprimento. A eliminação das fezes começa com a distensão do
reto, que de modo reflexo inicia as contrações da musculatura anal e relaxa o
esfíncter anal interno, normalmente fechado. Durante a defecação, o esfíncter
anal externo relaxa – se voluntariamente, de modo a permitir que o conteúdo fecal
seja expelido. A contração dos músculos abdominais (esforço) facilita o
esvaziamento do cólon. A freqüência média de defecação nos seres humanos é
de uma vez ao dia, mas varia entre os indivíduos.
Fig. 24.5 Intestino grosso Fonte www. msd-brazil.com
24.2 Terminologias
Afagia – incapacidade de deglutir.
Acolia – ausência de secreção biliar.
Anorexia – falta de apetite.
Disfagia – dificuldade de deglutir.
Dispepsia – dificuldade na digestão.
Emese – ato de vomitar.
482
Enteralgia – dor intestinal.
Espasmo – contração muscular súbita.
Flatus – gases intestinais.
Flatulênci a – presença de gases no trato intestinal.
Gastralgia – dor no estômago.
Hematêmese – vômito com sangue.
Halitose – hálito de odor fétido.
Melena – fezes escuras ou como piche fétida, sinal indicativo de sangue nas
fezes.
Pirose – sensação de queimação na região retroesternal.
Regurgitação – refluxo da comida do estômago para a boca.
Sialorréia – salivação excessiva.
Sialosquiese – salivação deficiente (boca seca)
Vômito – ejeção forçada do conteúdo do estômago através da boca.
24.3 Afecções do Sistema Digestório
24.3.1 Megaesôfago ou Acalasia
Decorre da peristalse ausente ou deficiente do esôfago acompanhada por
falta de relaxamento do esfíncter esofagiano em resposta á deglutição.
A etiologia baseia–se na Doença de Chagas, incidência familiar e causa
idiopática.
483
Fig.24.6 Megaesôfago Fonte www.gastronet.com.br
Manifestações Clínicas – o sintoma primário é a dificuldade em deglutir líquidos
e sólidos. O alimento é comumente regurgitado, quer de forma espontânea ou
intencionalmente pelo paciente, de modo a aliviar o desconforto produzido pela
distenção prolongada do esôfago pelo alimento, o qual não irá passar para dentro
do estômago. O paciente pode apresentar pirose (azia), dor no tórax,
emagrecimento, sialorréia e halitose. Pode aparecer complicação pulmonar a
partir da aspiração do conteúdo gástrico.
Diagnóstico – é realizado através de:
• Exame de sangue – Machado Guerreiro (para Doença de Chagas)
• Coleta de dados epidemiológicos
• Exames radiológicos contrastado do esôfago que mostra a dilatação
esofagiana acima do estreitamento ao nível da junção gastresofágica.
• Esofagoscopia para realização de biópsia ou elucidação do diagnóstico
• Cintilografia esofágica é a ingestão de substâncias líquidas, pastosas ou
sólidas, marcadas com compostos radioativos e na captação da
radioatividade emitidas pelos mesmos, mapeando a região
484
toracoabdominal, com isto consegue-se avaliar tanto o fluxo
esofagogástrico, quanto o refluxo gastresofágico.
Tratamento Clínico
• Medicamentos como: Nitratos (verapamil, nefidipina) diminuem a pressão
esofágica e melhora a deglutição.
• Dilatação pneumática – o dilatador é introduzido por um guia, e quando
está em posição correta, ele e insuflado para dilatar a área estreitada do
esôfago.
Tratamento Cirúrgico
• Cardiomiectomia – retira-se uma fita muscular extramucosa que abrange
o esôfago e o estômago, dessa forma destrói-se a área de maior pressão
do esôfago, e o alimento passa para o estômago por efeito da gravidade.
• Esofagectomia total – indicada nos grandes megaesôfagos retira-se parte
do esôfago dilatado e faz-se a anastomose esofagogástrica, ou seja, leva-
se o estômago ao coto esofágico.
Assistência da Enfermagem
• Orientar o paciente a fazer refeições pequenas e freqüentes, comê-las
lentamente.
• Evitar bebidas irritantes como: muito quente e fria, bebidas alcoólicas
e evitar fumar.
• Orientar a adotar a posição vertical sempre após as refeições por uma
a quatro horas para prevenir o refluxo.
• Orientar o paciente quanto aos exames a serem realizados.
• Pesar o paciente diariamente.
• Orientar o paciente a não se alimentar antes de dormir.
• Manter a cabeceira da cama elevada.
485
• Nos casos cirúrgicos, preparar o paciente fisicamente e
psicologicamente.
24.3.2 Gastrite
Inflamação da mucosa gástrica ou estomacal; pode se aguda ou crônica:
Fig.24.7Gastrite Fonte escuela.méd.puc.com
24.3.3 Gastrite Aguda
A membrana da mucosa gástrica fica edemaciada e hiperemiada.
Freqüentemente ocasionadas por imprudência dietética (alimentos
condimentados, ou deteriorados), uso exagerado de aspirinas e outros agentes
antiinflamatórios, excesso de ingestão de álcool.
Manifestações Clínicas – o cliente queixa-se de sensação de desconforto
abdominal, cefaléia, cansaço, náuseas e acompanha vômitos e soluços.
24.3.4 Gastrite Crônica
Inflamação prolongada do estômago que leva a atrofia da mucosa podendo
ser causadas por úlceras benignas como malignas do estômago ou pela bactéria
Helicobacter pylori (H. pylori).
486
Manifestações Clínicas - o cliente queixa-se de anorexia, azia após as refeições,
gosto amargo na boca, eructações, náuseas e vômitos.
Diagnósticos – determinado através de:
• Endoscopia digestiva
• RX do GI superior
• Exame histológico – amostra de biópsia
• Testes serológicos para detectar H. pylori
Tratamento – varia dependendo de ela ser aguda ou crônica:
Gastrite aguda – a mucosa gástrica é capaz de auto regenerar-se, inclui com a
instrução do cliente a evitar bebidas alcoólicas e alimentos condimentados até
que os sintomas passem.
Gastrite crônica – é tratada modificando-se a dieta do cliente, reduzindo o
estresse e iniciando farmacoterapia.Em casos de presença de H.pyloris pode ser
tratada com antibióticos.
Assistência de Enfermagem
• Administrar antiácidos, antieméticos e antibióticos conforme prescrito.
• Orientar o cliente a ingerir alimentos irritantes ou bebidos com cafeína ou
álcool, evitar fumar.
• Orientar e preparar o cliente para os procedimentos de diagnóstico.
• Proporcionar ambiente tranqüilo ao cliente para reduzir ansiedade.
24.3.5 Úlcera Péptica
É uma escavação (cavidade) formada na parede mucosa do estômago, do
piloro, do duodeno ou do esôfago. Causada pela erosão de uma área limitada de
membrana de mucosa, devido ao aumento na concentração ou na atividade de
ácido-pepsina, ou então a uma redução na resistência normal da mucosa. Uma
mucosa lesada não consegue secretar muco suficiente para agir como barreira
487
contra o ácido clorídrico. As úlceras pépticas são encontradas mais no duodeno
do que no estômago. Trata-se de uma doença crônica, tem elevada incidência,
porém baixa mortalidade.
Como fatores predisponentes podemos citar:
• Estresse profissional e emocional.
• Ingestão de bebidas alcoólicas.
• Predisposição genética
• Ingestão de alimentos ou drogas que danificam ou alteram a
mucosa gástrica.
Fig. 24.8 Úlcera péptica
Fonte www.orbita.starmedia.com
Manifestações Clínicas – podem durar dias, semanas ou meses, e podem até
desaparecer, reaparecendo depois, sem uma causa identificável.
Alguns clientes queixam-se de:
• Pirose (azia) sensação de queimação no esôfago e no estômago, subindo
até a boca.
• Dor ou sensação de queimação na parte média do epigástrico ou no dorso.
• vômitos
• Constipação e diarréia ou sangramento.
488
Diagnósticos – determinado através de:
• Endoscopia digestiva alta (EDA)
• Biópsia endoscópica
• Pesquisa de Helycobacter pylori (Hp)
Tratamento – realizado através de:
• Terapia farmacológica
• Redução do fumo
• Mudanças de hábito alimentar
• Redução do estresse emocional
Assistência de enfermagem
• Aliviar a dor através das medicações prescritas
• Orientar o cliente a evitar alimentos ou substâncias que provoquem
sintomas ou estimulem a secreção de ácido gástrico (alimentos
condimentados, fritos, café e bebidas alcoólicas)
• Orientar o cliente a abstenção do fumo
• Orientar o cliente a diminuir a ansiedade
• Observar eliminações para detectar presença de melena
24.3.6 Síndrome do Intestino irritável
Síndrome do intestino irritável resulta de uma disfunção da mobilidade
intestinal.
È um dos problemas gastrintestinais mais comuns, atinge de 8 a 14% da
população e ocorre mais em mulheres do que nos homens. Embora sua causa
continua desconhecida, está associada a fatores tais como:
• Estresse emocional
489
• Hereditariedade
• Dieta rica em alimentos estimulantes ou irritantes
• Consumo de álcool ou tabagismo
Não existe evidência de inflamação ou mudanças no tecido da mucosa intestinal.
Manifestações Clínicas – o principal problema são as alterações nos padrões
intestinais constipação, diarréia ou a combinação dos dois, acompanhado de dor
gases, distensão abdominal. Esses sintomas variam de intensidade e duração.
Diagnósticos - determinado através de:
• Colonoscopia
• Estudos radiológicos contrastados
• Estudos de fezes
Tratamento - realizado através de:
• Instituir terapia dietética - retirar alimentos que podem estar agindo
como irritantes (feijão, álcool, produtos cafeínados, alimentos fritos,
condimentados) e introduzir uma dieta balanceada rica em fibras.
• Exercícios para reduzir a ansiedade
Assistência de Enfermagem
• Orientar o cliente a alimentar-se regularmente e a mastigar o alimento
devagar
• Orientar o cliente a não ingerir líquidos com as refeições, porque resultaria
em distenção abdominal.
• Orientar o cliente a não consumir álcool e fumo.
490
24.3.7 Doença Diverticular
O divertículo é como uma bolsa saindo da camada interna do intestino e
que se estende por um defeito na camada muscular (fraqueza muscular da
cavidade abdominal) O divertículo pode ocorrer em qualquer lugar ao longo do
trato gastrintestinal, mas é mais comum no cólon sigmóide (95%) e sua incidência
aumenta nas pessoas acima de 60 anos.
A DIVERTICULITE resulta quando a retenção de alimento e de bactéria em
um divertículo produz infecção e inflamação, podendo levar a perfuração ou a
formação de abscesso.
Fig. 18.9 Divertículo do cólon Fonte www. gastroalgarve.com
Manifestações Clínicas – os sinais mais comuns são:
• Dor ou sensibilidade no quadrante esquerdo inferior
• constipação
• Sangramento intestinal intermitente
• febrícula
• Distensão abdominal podem estar presente
• Fraqueza, fadiga e anorexia podem estar presentes.
491
Diagnósticos – determinado através de:
• Colonoscopia
• RX de abdomen
• Sigmoidoscopia
• Enema opaco
• CT
• Exames laboratoriais
Complicações – na diverticulite incluem:
• Peritonite (inflamação do peritônio, membrana serosa interna da
cavidade abdominal que recobre a víscera).
• Formação de abscesso e sangramento
Tratamento Clínico
A diverticulite pode ser tratada nos clientes não hospitalizados com:
• Dieta que inicialmente é líquida até que a inflamação passe e
após uma dieta com muita fibra e pouca gordura.
• Antibioticoterapia
• Analgésicos
• Antiespasmódicos
• Sedativos
Cirúrgico – onde se realiza DIVERTICULECTOMIA que a ressecção do cólon
comprometido por diverticulite devido à obstrução, perfuração e hemorragia.
A cirurgia pode ser de dois tipos diferentes:
492
• Em um único tempo, através da ressecção da área inflamada é removida e
uma importante anastomose de extremidade a extremidade é feita.
• Em dois tempos através da ressecção da área inflamada, mas sem
anastomose, ambas extremidades dos intestinos são exteriorizadas pela
parede abdominal em uma colostomia provisória.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
• Oferecer dieta rica em fibras
• Orientar o cliente a aumentar ingestão hídrica 2L / dia.
• Aliviar a dor administrando sedativos prescritos
• Atentar para os SSVV (hipotensão, taquicardia, hipertermia)
• Na diverticulite, jejum e administração de líquidos e eletrólitos por via EV.
• Na diverticulectomia, observar funcionamento e cuidados com a
colostomia.
24.3.8 Colite Ulcerativa
È uma doença inflamatória e úlcerativa recorrente da mucosa do cólon e
reto. Sãocaracterizadas por ulcerações múltiplas, inflamações difusas e
descamação do epitélio colônico. Ocorre sangramento como resultado das
ulcerações. As lesões são contínuas, ocorrendo uma após a outra. A doença
começa no reto podendo às vezes envolver todo o cólon. Acomete mais brancos,
incluindo a raça judaica.
É uma doença grave com alta taxa de mortalidade e 10 a 15% dos clientes
desenvolve carcinoma de cólon.
Embora a causa da colite seja desconhecida, os fatores associados a doença
incluem:
493
• Infecção (bacteriana, fúngica ou viral)
• Disfunção auto-imune
• Predisposição genética
• Estresse
Fig. 24.10 Colite ulcerativa Fonte:bib18.ulb.ac.be
Manifestações Clínicas – os sintomas predominantes são:
• Diarréia (nos casos mais graves de dez a trinta vezes ao dia)
• Dor abdominal
• Presença de sangue nas evacuações
• Emagrecimento
• Hipertermia
• Anemia
• Desidratação
• Vômitos
Diagnósticos – determinado através de:
• Colonoscopia
494
• Enema opaco
• Exame de fezes positivo para presença de sangue
• Exames laboratoriais (hematócrito e hemoglobina baixa)
Complicações – as complicações da colite úlcerativa incluem:
• Megacólon tóxico (o processo inflamatório se estende na
musculatura, inibindo sua capacidade de contrair e resultando na
distenção colônica).
• Perfuração
• Peritonite
• Abscesso
Tratamento Clínico:
• Antibioticoterapia
• Articóides
• Antimicrobianos (sulfassalazina)
• Antidiarréicos e anticolinérgicos
• Imunossupressores
• Nutrição Parenteral Prolongada (NPP)
• Dieta hipercalórica e hiperprotéica
• Suporte psicoterápico
• Reposição hidroeletrolítica
Cirúrgico: Aproximadamente 15 a 20% dos pacientes com colite úlcerativa
requerem intervenção cirúrgica. Indicações para cirurgia incluem falta de melhora
e deterioração contínua, sangramento profuso, perfuração.
495
A cirurgia pode ser recomendada:
COLECTOMIA – retirada de todo o cólon com uma ileostomia
COLECTOMIA TOTAL – com anastomose ileoanal (esfíncter anal intacto)
COLECTOMIA TOTAL - com uma ileostomia
Assistência de Enfermagem
• Orientar o cliente a realizar refeições fracionadas em pequena quantidade
• Observar consistência, quantidade e freqüência das eliminações intestinais
• Aliviar a dor administrando sedativos prescritos
• Monitorar peso do paciente
• Monitorar os SSVV
• Fornecer apoio emocional ao cliente
• Controlar ingestão hídrica
• Cuidados com NPP e controle de glicemia capilar
• Cuidados com ileostomia ou colostomia
• Controlar líquidos e eletrólitos
• Controlar o sistema de drenagem gástrica
• Cuidados com a ferida cirúrgica
24.3.9 Apendicite
Inflamação do apêndice vermiforme (próximo à válvula ileocecal)
podendo levar a obstrução ou perfuração seguida de peritonite. O apêndice se
torna inflamado e edemaciado, possivelmente por um corpo estranho, fezes
endurecidas ou tumor, dando início a uma dor abdominal localizada no quadrante
inferior direito. É a razão mais comum de cirurgia abdominal de emergência. Os
496
homens são mais afetados que as mulheres e os adolescentes mais que os
adultos.
Manifestações Clínicas – geralmente acompanhadas de:
• Dor intensa no quadrante inferior direito
• Febre baixa
• Náuseas
• Às vezes vômitos
• Pode ocorrer diarréia ou constipação
Diagnósticos – determinado através de:
• Exame fisco completo
• Exames laboratoriais, principalmente o hemograma completo (elevação
dos leucócitos maior que 10.000).
• RX abdominal
• US abdominais
Complicações – a principal é a perfuração do apêndice podendo levar a uma
peritonite ou a um abscesso
Tratamento – deve ser:
Cirúrgico : através de uma APEDICECTOMIA (ressecção do apêndice
vermiforme).
Assistência de Enfermagem
• Manter o cliente em jejum
• Preparar o cliente para cirurgia
497
• Administrar antibióticos prescritos
• Aliviar a dor administrando sedativos prescritos
• Monitorar os SSVV
• Realizar sondagem gástrica se prescrito
• Cuidados com drenos (penrose ou tubular)
• Colocar o cliente em posição semi fowler
• Cuidados com a incisão cirúrgica
24.3.10 Câncer Gástrico
Embora a etiologia do câncer gástrico seja desconhecida a sua
incidência está relacionada com alguns fatores:
• A dieta parece ser um fator significativo. Uma dieta rica em
alimentos defumados e com poucas frutas e legumes pode
aumentar o risco de câncer gástrico.
• A gastrite crônica
• A anemia perniciosa
• Os pólipos gástricos
• As úlceras gástricas
• A predisposição genética
Manifestações Clínicas – Alguns estudos mostram que os sintomas iniciais
podem ser semelhantes aos sintomas com úlceras benignas e sua dor é aliviada
com antiácidos. Sintomas da doença progressiva podem incluir:
• Indigestão
• Dispepsia
• Anorexia,
498
• Perda de peso
• Dor abdominal
• Constipação
• Anemia
• Hemorragias (hematêmese com melena)
• Náusea e vômitos.
Diagnósticos - determinado através de:
• Endoscopia digestiva com biópsia
• RX de abdome
• CT
Tratamento – deve ser:
Cirúrgico: através de uma gastrectomia (ressecção parcial ou total do estômago)
e após o cliente pode ser submetido a sessões de quimioterapia e radioterapia.
Assistência de enfermagem
• Orientar o cliente sobre os procedimentos e tratamentos a serem
realizados
• Oferecer suporte emocional
• Aliviar a dor administrando analgésicos conforme prescrição
• Orientar o cliente a fazer refeições pequenas e freqüentes
• No pós-operatório cuidado com o sistema de drenagem gástrica
499
24.3.11 Câncer Colorretal
A causa exata do câncer de cólon e reto é desconhecida, mas fatores de
riscos foram identificados, incluindo história familiar de câncer de cólon ou
pólipos, história de doença intestinal inflamatória e dieta rica em gordura,
proteínas e carne vermelha e pobre em fibras. A incidência aumenta com a idade
(acima de 50 anos)
Manifestações Clínicas – os sintomas mais comuns são:
• Mudança no hábito intestinal
• Enterorragia (presença de sangue vivo nas fezes)
• Dor abdominal e cólica
• Perda de peso
• Dor retal
Diagnósticos - determinado através de:
• Colonoscopia
• Biópsia
• Enema opaco
• Exame de sangue CEA (antígeno carcinoembriônico)
Tratamento – deve ser:
Cirúrgico : a cirurgia é o principal tratamento para a maioria dos cânceres
colorretal e pode ser paliativa ou curativa e depende da localização e do tamanho
do tumor. Após a cirurgia o cliente pode ser submetido a sessões de
quimioterapia e radioterapia.
500
Assistência de Enfermagem
• Orientar o cliente sobre os procedimentos e tratamentos a serem
realizados
• Oferecer suporte emocional
• Aliviar a dor administrando analgésicos conforme prescrição
• Preparar o cliente para cirurgia
• Cuidados com ostomias
• Cuidados com drenos, sondas e cateteres.
501
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G. et al. Brunner &
Suddarth:Tratado de Enfermagem Medico Cirúrgica . 9.ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2002. v. 3
SINGI, Glenan. Fisiologia Dinâmica . São Paulo: Atheneu, 2001.
ARONE Evanisa; PHILIPPI Maria Lúcia. Enfermagem Médica Cirúrgica
Aplicada ao Sistema Gastrintestinal . 6 ed. São Paulo: Editora Senac, 2003.
PARADISO, Catherine. Fisiopatologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1998. (Série de Estudos em Enfermagem).
DÂNGELO, José Geraldo; FATTINI, Carlo Américo. Anatomia Humana
Básica . Rio de Janeiro: Atheneu, 2004.
DUNCAN, Helen. Dicionário Andrei para Enfermeiros e outros
Profissionais da Saúde. 2. ed. São Paulo. Editora Andrei, 1995.
HUTTEL-HARGROVE, Ray. Enfermagem Médica Cirúrgica . 2. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. v. 1 (Série de Estudos em Enfermagem).
KAWAMOTO, Emília. Anatomia e Fisiologia Humana. 2. ed. São Paulo:
EPU, 2003.
502
CAPÍTULO XXV
Mariza dos Santos
SISTEMA HEPÁTICO
25.1 Introdução
O fígado é a maior glândula do corpo, localizado no quadrante abdominal
superior direito, pesa aproximadamente 1500 gramas, e pode ser considerada
uma “fábrica”, produz, armazena, altera e excreta um grande número de
substâncias que participam no metabolismo. O suprimento sanguíneo para o
fígado é proveniente de duas fontes: 75% da veia porta que drena os tratos
gastrintestinais, sendo rico em nutrientes e 25% pela artéria hepática, sendo rico
em oxigênio, sendo assim os hepatócitos (células hepáticas) são banhadas por
uma mistura de sangue venoso e arterial.
O fígado desempenha papel importante na regulação da concentração
sanguínea da glicose. Após a refeição a glicose é removida do sangue venoso
portal pelo fígado e transformada em glicogênio que é armazenado nos
hepatócitos, a seguir o glicogênio é transformado novamente em glicose e
liberado de acordo com as necessidades para dentro da corrente sanguínea para
manter níveis normais de glicose no sangue. As vitaminas A, B12, D e várias das
vitaminas do complexo B são armazenadas em grande quantidade no fígado,
assim como os metais ferro e cobre.
O fígado fabrica e secreta a bile que possui importante função na digestão
e absorção dos lipídeos no trato gastrintestinal. A bile é constituída principalmente
por água e eletrólitos como ferro, potássio, cálcio, cloreto e bicarbonato e contém
também quantidades significativas de lecitina, ácidos graxos, colesterol, bilirrubina
e sais minerais. A bile é coletada e armazenada temporariamente na vesícula
biliar.
503
A vesícula biliar é uma bolsa em forma de pêra medindo de 7,5 a 10 cm de
comprimento, localizada sobre a superfície inferior do fígado. Com capacidade de
armazenar 30 a 50ml de bile, funciona como um depósito para o armazenamento
da bile até que seja necessária para o processo de digestão, quando a
vesícula biliar se contrai lançando a bile que penetra no intestino.
Fig. 25.1 Fígado
Fonte: www. virtual.epm.br
25.2 Insuficiência Hepática
A insuficiência hepática pode ser o resultado final de qualquer doença
hepática. O fígado desempenha mais de cem funções diferentes no corpo.
Quando falha, uma síndrome complexa envolvendo o comprometimento de
muitos órgãos e funções corporais diferentes ocorrem.
A insuficiência hepática resulta do comprometimento das células hepáticas, a
partir das doenças hepáticas primárias, da obstrução do fluxo biliar ou da
desordem da circulação sanguínea. A insuficiência hepática pode aguda ou
crônica (sendo que esta é muito mais comum).
A insuficiência hepática pode ser decorrente de qualquer tipo de distúrbio
hepático, podem ser causados por agentes infecciosos como vírus, bactérias, por
504
deficiências nutricionais, distúrbios metabólicos, toxinas e medicamentos. A causa
mais comum de lesão parenquimatosa é a desnutrição, em especial no
alcoolismo. O resultado final da doença parenquimatosa crônica é o fígado
diminuído e fibrótico (observado na cirrose)
25.3 Cirrose Hepática
È uma doença crônica caracterizada pela substituição do tecido hepático
normal pela fibrose difusa rompendo a função do fígado. Sua incidência é duas
vezes mais alta nos homens do que em mulheres, o pico de incidência ocorre
entre as idades de 40 a 60 anos.
Vários fatores podem estar implicados na etiologia da cirrose (exposição a
determinadas substâncias químicas, infecção por esquitossoma), mas o consumo
de álcool é a principal causa.
A cirrose alcoólica é uma doença caracterizada por episódios de necrose
envolvendo as células hepáticas, estas células lesadas ou destruídas são
substituídas por tecido cicatricial. A regeneração do tecido hepático é em placas,
resultando em um aspecto característico de “tacha”.
.
Fig. 25.2 Fígado com Cirrose
Fonte: wwww. leadershipmedica.com
505
Manifestações Clínicas - os sinais e sintomas aumentam à medida que a
doença progride e se agrava.
• Icterícia - resultante da concentração aumentado de bilirrubina no
sangue.
• Deficiências nutricionais – incapacidade das células hepáticas
lesionadas de metabolizar determinadas vitaminas.
• Perda de peso
• Fraqueza
• Febre branda
• Eritema palmar
• Epistaxe
• Hepatomegalia (fígado aumentado)
• Esplenomegalia (baço aumentado)
• hipotensão
• Debilidade muscular
• Dor abdominal
• dispepsia
• Ascite (acúmulo de liquido na cavidade peritoneal)
Diagnóstico - determinado através de:
• Exames laboratoriais de sangue para avaliação dos níveis de fostatase
alcalina, bilirrubina, coagulograma, transaminase glutâmico -oxalacética
sérica (TGO) e transaminase glutâmico – pirúvica (TGP) , são os exames
mais freqüentemente utilizados para avaliar lesões hepáticas.
• US
• RM
506
• CT
• Laparoscopia – biopsia hepática
Tratamento – baseia-se nos sintomas apresentados. Embora a fibrose do fígado
cirrótico não possa ser revertida, sua progressão pode ser parada ou mais lenta
através destas medidas:
• Antiácidos para diminuir o desconforto gástrico
• Vitaminas e suplementos nutricionais promovem a cura das células
lesionadas e melhoram o estado nutricional do cliente.
• Diuréticos poupadores de potássio podem ser indicados para diminuir a
ascite.
• Dieta balanceada e adequada
• Suspensão do álcool
25.4 Biopsia Hepática
É a retirada de uma pequena quantidade de tecido hepático, através da
aspiração com agulha, permite determinar alterações das células hepáticas. O
sangramento e a peritonite biliar são as principais complicações após a realização
da biópsia, portanto os exames de coagulação são realizados antes da biópsia.
Fig. 25.3 Punção hepática Fig. 25.4 Tecidos hepático
Fonte www. pro-figado.com.br Fonte www. pro-figado.com.br
507
Fig. 25.5 Biópsia Hepática por Laparoscopia
Fonte www.meca.vert.br
25.4.1 Assistência de Enfermagem na Biópsia Hepá tica
Pré Procedimento :
• Verificar se os resultados dos testes de coagulação (TP e contagem de
plaquetas) encontra-se no prontuário.
• Verificar se existe o termo de consentimento assinado pelo cliente ou
responsável.
• Preparar material necessário para o procedimento (campos cirúrgicos,
instrumental adequado, seringa de 10ml, xylocaina sem
vasoconstritor,agulhas 40x12, 30x8, 30x7, agulhas apropriadas para
biópsia recipiente próprio para coletar o fragmento)
• Verificar SSVV.
• Orientar o cliente sobre as etapas do procedimento, as sensações
esperadas, os efeitos pós-exame, restrições de atividades.
Durante o Procedimento:
• Expor o lado direito da parte superior do abdome (hipocôndrio direito)
508
• Instruir o paciente a inspirar e expirar profundamente várias vezes e por fim
prendendo a respiração no final da expiração. O médico imediatamente
introduz a agulha de biópsia que penetra no fígado, aspira e retira o
material.
• Orientar o paciente a retomar a respiração.
Pós Procedimento:
• Imediatamente após a biópsia colocar o cliente em decúbito lateral direito,
para facilitar a compressão da cápsula do fígado contra a parede do tórax,
impedindo o sangramento e o extravasamento de bile pela perfuração.
• Controlar SSVV com intervalos de 10 a 15 minutos durante a primeira
hora, em seguida a cada 30 minutos durante as próximas 1 ou 2 horas, ou
até que o cliente se estabilize.
• Orientar o cliente para permanecer em decúbito lateral direito por 4 horas
para evitar sangramentos internos.
• Completado o tempo de repouso, o cliente poderá ser liberado para casa ,
orientá-lo que deverá prosseguir o repouso até completar 24 horas após o
procedimento.
• Orientar o cliente a evitar exercícios físicos por uma semana, e que a dieta
não necessita ser alterada.
25.5 Paracentese
É a retirada de líquido ascitico da cavidade peritoneal, através de uma punção
feita na parede abdominal, sob condições estéreis.
A paracentese é um método seguro e econômico para o tratamento de
clientes hospitalizados com ascite grave (retirada de 4 a 6 litros). Em casos onde
509
o cliente apresente comprometimento respiratório grave, ruptura iminente de
hérnia umbilical ou ascite refratária, utiliza-se essa técnica associada à infusão
endovenosa de albumina pobre em sal para reduzir o edema e fazer com que o
líquido ascitico seja puxado para dento da corrente sanguínea e eliminado pelos
rins. A paracentese é um procedimento que propicia a retirada temporária de
líquido, pois ele reincide rapidamente exigindo um novo procedimento.
25.5.1 Assistência de Enfermagem na Paracentese
Pré Procedimento :
• Orientar o cliente quanto ao procedimento, assim como tranqüilizá-lo.
• Orientar o paciente a urinar antes de iniciar o procedimento
• Reunir instrumental e material estéril necessário (campos cirúrgicos, jelco
nº14, equipo de soro / gazes, frasco coletor, seringas de 10 e 20ml,
xylocaína sem vasoconstritor, frasco para coleta de material para
laboratório)
• Expor o abdome a ser puncionado.
• Puncionar acesso venoso periférico calibroso
• Controle dos SSVV
Durante o Procedimento:
• Controlar SSVV
• Auxiliar o cliente a manter-se na posição durante todo o procedimento.
• Controlar débito drenado
Pós Procedimento:
• Retornar o cliente ao leito ou para uma posição mais confortável
• Medir a quantidade de líquido drenado, descrever e anotar.
510
• Colher, rotular e enviar as amostras do líquido ao laboratório.
• Controlar SSVV a cada15 minutos durante a primeira hora, a cada 30
minutos durante 2 horas, e em seguida a cada horas e por fim a cada 4
horas.
• Verificar o local da punção quando for controlar os SSVV.
Fig. 25.6 Paracentese
Fonte www.documentation.ledamed.org
25.6 Hipertensão Porta e Ascite
É a obstrução ao fluxo sanguíneo através do fígado comprometido
resultando em pressão sanguínea aumentada (hipertensão porta) em todo
sistema venoso porta. A hipertensão porta está mais associada a cirrose
hepática, mas pode ocorrer com doenças hepáticas não cirrótica.
A hipertensão porta deixa duas grandes seqüelas:
• A formação de varicosidades (varizes) esofágicas, gástricas e hemorroidais.
Essas varizes se desenvolvem devido ao aumento da pressão venosa que é
transmitida a todas as veias que drenam para dentro do sistema porta.
Essas varizes ficam propensas a se romper-se com freqüência, sendo a
fonte de hemorragias proveniente do trato gastrintestinal (GI) alto e do
511
reto.Devido as anormalidades de coagulação, este sangramento se torna
mais propenso.
• A formação de ascite (acúmulo de líquido) no interior da cavidade
abdominal. A ascite tende a ocorrer em distúrbios crônicos e não em
distúrbios agudos. Ocorre mais comumente na cirrose, especialmente na
alcoólica. A ascite pode ocorrer em doenças não hepáticas, como o câncer,
insuficiência cardíaca, insuficiência renal e a tuberculose. No cliente com
uma hepatopatia, o líquido extravasa da superfície do fígado e intestino. A
responsabilidade pela ocorrência da ascite recai em uma combinação de
fatores como: hipertensão portal, diminuição da capacidade dos vasos
sanguíneos em reter líquido, retenção de líquidos pelos rins e alterações em
diversos hormônios e substâncias químicas que regulam os líquidos do
corpo.
Manifestações Clínicas:
• Aumento do perímetro abdominal
• Ganho rápido de peso
• Dispnéia
• Aparecimento de estrias e veias distendidas visíveis na parede abdominal
Tratamento:
• Dieta hipossódica
• Administração de diuréticos
• Paracentese
512
Fig. 25. 7 Ascite
Fonte www.mackenzie.com.br
25.7 Encefalopatia Hepática e Coma
É síndrome clínica caracterizada por uma deterioração da função cerebral,
devido ao acúmulo de substâncias tóxicas no sangue, as quais são comumente
removidas pelo fígado. É a complicação mais temida da doença hepática, resulta
da insuficiência hepática profunda, do acúmulo de amônia (as células hepáticas
lesadas não conseguem converter amônia em uréia, os níveis sanguíneos de
amônia se elevam e ela é aportada ao cérebro) e outros metabólitos tóxico no
sangue.
513
Estágios da Encefalopatia Hepática:
Estágio
Sintomas Clínicos
1
Nível normal de consciência, com períodos de letargia e
euforia, inversão dos padrões de sono dia - noite.
3
Torporoso, difícil de acordar, dorme a maior parte do
tempo, confusão acentuada, falta incoerente.
4
Comatoso podendo não responder a estímulos dolorosos,
flacidez muscular , pode apresentar convulsão e
descerebração
Manifestações Clínicas -os sintomas incluem:
• Pequenas alterações mentais que com o agravamento da doença mais
acentuada.
• Alterações de humor
• Padrão de sono alterado (dorme durante o dia e fica agitado a noite)
• Dificuldade em escrever
• Edema generalizado
• Epistaxe
• Aparecimento de equimoses
• Sangramento do GI
514
Diagnóstico :
• EEG mostra lentificação generalizada e um aumento na amplitude das
ondas cerebrais.
• Hálito hepático - odor característico semelhante ao de maçã deteriorada.
Tratamento:
• Administração de lactulose – para diminuir o nível sérico de amônia.
• Administração de vitaminas para corrigir as deficiências.
• Correção dos desequilíbrios eletrolíticos.
• Esplenomegalia
• Prurido
• Rubor das palmas das mãos.
Assistência de enfermagem
• Avaliar diariamente o estado neurológico do cliente.
• Controlar diariamente o peso corporal.
• Observar comportamentos agressivos.
• Manter paciente no leito com grades elevadas.
• Estar atento à presença de crises convulsivas.
• Manter acesso venoso.
• Observar funcionamento do trato intestinal.
• Controlar SSVV.
• Oferecer ao paciente alimentação assistida caso não esteja prescrito jejum.
515
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARONE E; PHILIPPI, M.L. Enfermagem Médica Cirúrgica Aplicada ao Sistema
Gastrintestinal. 6 ed.São Paulo: Editora Senac, 2003.
BRUNER&SUDDARTH. Tratado de Enfermagem medico Cirúrgica. 9ª ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
HUTTEL-HARGROVE, Ray. Enfermagem Médico Cirúrgica . 2. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. v. 1 (Série de Estudos em Enfermagem).
KAWAMOTO Emília. Anatomia e Fisiologia Humana . 2. ed. São Paulo: EPU,
2003.
GUIA PROFISSIONAL PARA FISIOPATOLOGIA . Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2005.
SINGI G. Fisiologia Dinâmica . São Paulo: Atheneu, 2001.
www. virtual.epm.br www. virtual.epm.br www. pro-figado.com.br www.meca.vert.br www.documentation.ledamed.org www.mackenzie.com.br
516
CAPÍTULO XXVI
Eliana Porfírio
SUPORTE NUTRICIONAL EM UTI
26.1 Introdução
O suporte nutricional é parte vital da terapia da maioria dos pacientes
hospitalizados, é um instrumento fundamental na diminuição da morbi-
mortalidade e diminuição da permanência destes pacientes em UTI.
O estado nutricional do paciente crítico pode ser melhorado ou mantido
através da introdução precoce do suporte nutricional que, dependendo do estado
do paciente pode ser feito por método fisiológico. A terapia nutricional (TN)
também exige que os funcionários envolvidos detenham conhecimentos teórico-
prático para permitir sua melhor aplicação, visando melhor resultado, com menor
risco e custo.
As portarias nº 272/98 e a 337/99 do Ministério da Saúde, fixam os requisitos
mínimos para as Terapia de Nutrição Parenteral e Enteral respectivamente.
A Resolução cofen-162 regulamenta:
“Veta a equipe de enfermagem de manipular e preparar a nutrição parenteral e
enteral”.
E quanto aos recursos humanos:
O grupo de suporte nutricional em Enfermagem é composto obrigatoriamente por
profissionais de enfermagem diretamente envolvidos com a terapia e previstos na
lei 7498/86 – art. 2.
A enfermagem desempenha importante papel na administração da Terapia
Nutricional (TN): na avaliação, acompanhamento diário do estado nutricional e
evolução dos pacientes, mas principalmente no controle da infusão das soluções,
na escolha e monitoramento dos equipamentos necessários para esta prática.
517
26.2 Nutrição Enteral (NE)
A NE é a administração de produtos líquidos por: V.O, gástrica, entérica,
gastrostomia e por jejunostomias, as sondas utilizadas para administração de
nutrição enteral são finas e flexíveis, denominadas sondas enterais ou tipo
Doobhoff e conforme a portaria do Ministério da Saúde no. 337 de 14/04/1999, a
passagem da sonda enteral e a verificação da sua posição são de
responsabilidade do enfermeiro.
Deve ser a primeira escolha de suporte nutricional, pois tem muitas
vantagens sobre a nutrição parenteral, entre elas: evita translocação bacteriana,
apresenta menor custo e por ser mais fisiológica apresenta menor probabilidade
de contaminação; se não for possível, a via parenteral deverá ser a opção.
A inserção da sonda em posição pré ou pós-pilórica na maioria é feita à
beira do leito, pode ser manual ou com ajuda do endoscópio ou fluoroscópio.
Uma vez preferida à via enteral deverá ser estimado o tempo pelo qual a
Terapia de Nutrição Enteral (TNE) será necessário para a escolha de melhor via
de acesso, que poderá ser: orogástrica, nasogástrica, oroenteral, nasoenteral,
gastrostomia, jejunostomia, podendo ser também por esofagostomia.
TNE pode ser em curto prazo: realizada por meio de sondas nasoenteral /
oroenteral, cuja localização poderá ser pré-piloro ou pós-piloro (posição gástrica
ou duodenal e jejunal).
518
Fig. 26.2 Sonda enteral Fig. 26.3 Gastrostomia
Fonte: POHL, 2000.
TNE em longo prazo: de modo geral a TNE em longo prazo deverá ser
oferecida através de um estoma, seja ela gástrica ou jejunal (gastrostomia,
jejunostomia) .
A sonda nasoenteral (SNE) por tempo prolongado, pode levar a
complicações tardias (migração da sonda para o esôfago), aspiração pulmonar,
lesão da mucosa doTrato Gastro Intestinal (TGI) pela ponta da sonda, infecção
das vias aéreas e trato respiratório, estenose esofágica e paralisia de cordas
vocais.
A Nutrição Enteral está indicada na presença das seguintes afecções:
Neurológica /Psiquiátrica – acidentes cerobrovasculares, neoplasias,
doenças desmielinizantes, depressão grave, anorexia.
Gastrintestinal – doença inflamatória intestinal, síndrome do intestino curto,
síndrome de má absorção, neoplasias, inflamações, trauma.
Miscelânea – ·Orofaríngea /esofageano queimadura, quimioterapia,
radioterapia.
519
Contra–Indicação
• Obstrução intestinal mecânico completa
• Íleo paralítico ou hipomotilidade intestinal
• Diarréia severa
• Fístulas de alto débito
• Prognóstico extremamente pobre e sem esperança de melhora
26.2.1 Ações de Enfermagem com o paciente que faz u so de Terapia
Nutricional Enteral
Satisfazer as necessidades do cliente/ paciente quanto:
• Aprendizagem - auto cuidado com a administração da NE e manutenção
da sonda.
• Psicológica - encaminhar para Serviço de psicologia.
• Social - ajudar e incentivar a manter o convívio social.
26.2.2 Componentes das Dietas Enterais (DE)
Os nutrientes utilizados na elaboração das DE são:
Carboidratos : glicose, frutose, sacarose, lactose, maltose, amido.
Proteínas : aminoácidos; extratos protéicos de soja, ovo, carne, peixe...
Lipídeos : triglicerídeos de cadeia longa: óleo vegetal (soja, milho, girassol).
Triglicerídeos de cadeia média: gordura de côco, e triglicerídeos de cadeia curta:
leite de vaca, cabra.
520
Classificação das Dietas
Fórmulas poliméricas: são dietas nutricionalmente completas, compostas por
macronutrientes na forma de proteínas, carboidratos e lipídeos. Podem ser
usadas por v.o e por sonda enteral.
Em geral essas dietas necessitam do Trato Gastro Intestinal funcionante
para a digestão e absorção adequada dos nutrientes.
Fórmulas oligoméricas ou pré-digeridas: são compostos de nutrientes de baixo
peso molecular, baixos resíduos, que promovem estímulo mínimo das secreções
pancreáticas e gastrointestinais. São indicados para pacientes com má absorção
de gorduras ou insuficiência pancreática exócrina grave.
Fórmulas especializadas: elaboradas para patologias específicas como:
Insuficiência renal: necessitam de restrição protéica, eletrolítica. Para paciente
com IRA na UTI a escolha da dieta deve ser criteriosa, uma vez que ela fornece
quantidade inadequada de proteínas para esses indivíduos, que são
hipercatabólico. Atualmente sugere-se que a primeira opção para estes pacientes
seja a diálise para a retirada de catabólicos tóxicos, mantendo-se uma dieta
adequada em proteínas.
Insuficiência hepática: é mais precisamente indicada para encefalopatia
hepática. É rica em aminoácidos de cadeia ramificada (leucina, isoliucina, valina)
e com baixa quantidade de aminoácidos aromáticos (fenilanina, tirosina e
triptofano). Essa conduta visa modificar o perfil plasmático de Aa com algum
benefício aparente na encefalopatia hepática, uma vez que a principal alteração
metabólica nestes pacientes é a diminuição dos 3 aminoácidos ramificados e o
aumento dos aromáticos, no sangue e o fluido cérebro espinhal.
Função respiratória comprometida: são pacientes que apresentam algum grau
de desnutrição, e é importante fornecer a estes indivíduos nutrientes adequados
521
e sem excesso, esses pacientes podem ter um aumento de CO2 que pode ser
causado pelo excesso de carboidratos, podendo diminuir a porcentagem de
carboidratos e compensar com lipídios.
Pacientes com intolerância à glicose: são utilizadas dietas isentas de sacarose,
com maior teor lipídico, facilitam o controle glicêmico, mas exige
concomitantemente o controle de níveis de triglicérides séricos pelo menos 1
semana.
A terapia nutricional pode trazer algumas complicaç ões para o paciente,
e todas as ocorrências observadas deverão ser anota das, e comunicadas
ao enfermeiro/médico/nutricionista.
26.2.3 Administração da Nutrição Enteral
As Boas Práticas da Administração da Nutrição Enteral - BPANE estabelecem
os critérios a serem seguidos pelas Unidades de Saúde na administração de NE,
em nível hospitalar, ambulatorial ou domiciliar - Ministério da Saúde/ Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, Resolução nº 63, de 06 de Julho de 2000.
Este regulamento fixa os procedimentos de Boas Práticas de Administração
da Nutrição enteral que devem ser seguidas pela equipe de enfermagem
assegurando que a operacionalização da mesma seja realizada de forma correta.
Assistência de Enfermagem com a sonda de Nutrição E nteral
As sondas para administração de Nutrição Enteral podem ser de
poliuretano e silicone (biocompatíveis), flexíveis, macias e de fino calibre, na
ponta distal possui um peso de tungstênio de mais ou menos seis gramas, o que
ajuda na sua migração. Em algumas situações pode-se administrar a nutrição
enteral por sonda gástrica tipo Levine
522
Após a inserção e verificação do posicionamento da sondas (gástrica,
duodeno ou jejunal) através de controle radiológico, é importante:
• Fixar de modo a não tracionar a narina, evitando escara na asa do nariz,
• Manter a permeabilidade da sonda, para evitar que obstrua.
• Limpar e manter conservação externa da sonda, mantendo boa aparência.
• Higienizar as narinas, ajuda a prevenir infecção (sinusite)
Assistência de enfermagem com a dieta enteral
• Lavar as mãos, evitar contaminação,
• Observar aspecto da dieta, observando a validade,
• Conferir o rótulo do recipiente da NE com a prescrição médica, leito do
paciente, clínica de internação, volume prescrito;
• Controlar a temperatura da NE, pois deve chegar na Unidade aquecida
pronta para ser instalada;
• Colocar o equipo adequado
• Colocar o paciente em posição confortável -semi fowler, para evitar bronco
aspiração;
• Conferir a permeabilidade da sonda, para prevenir obstrução.
• Checar o residual gástrico, observando distensão gástrica.
• Limpar a ponta da sonda, para evitar contaminação;
• Instalar dieta
• Controlar gotejamento/ Bomba de infusão, checando a velocidade da
infusão.
• Administrar a NE, cumprindo rigorosamente o prazo estabelecido.
• Orientar o paciente sobre o tempo
• Lavar a sonda com água ou conforme prescrição médica, após cada dieta,
523
• Prevenir complicações (diarréias, bronco aspiração, desconforto
abdominal)
• Trocar equipos de acordo com a rotina de cada Unidade ou em
consonância com o CCIH – Centro de Controle de Infecção Hospitalar.
26.2.4 Complicações da Nutrição Enteral
Complicações
Gastrintestinais
Causas Ação da Enfermagem
Diarréias
Refeições Hiperosmolares
Infusão rápida ( a jato)
Contaminação da dieta por
bactérias
Deficiência de lactose
Medicações
Alergias alimentares
Controlar gotejamento/
Bomba de infusão
Trocar equipo
conforme rotina ( 12 h
ou 24h)
Conhecer história de
alergias do paciente
Náuseas Mudança na velocidade da
infusão
Cheiro desagradável
Esvaziamento gástrico
inadequado
Controlar gotejamento/
Bomba de infusão
Checar resíduo
gástrico
Gases / Cólicas Ar na sonda Evitar ar na sonda
Complicações
Pulmonares
Causas Ação da Enfermagem
Atelectasia/ possível
pneumonia
Vômito e dieta aspirada por
mal posicionamento da sonda
Manter decúbito
superior a 35 graus
524
Outras
Complicações
Causas Ação da Enfermagem
Mecânica Lesão traqueobrônquica
Sangramento e perfuração
gástrica
Manter fixação
adequada
Deslocamento da sonda Tosse/ vômitos
Aspiração da dieta
Intubação das vias aéreas
Checar posição da
sonda a cada plantão
Obstrução da sonda Lavagem inadequada Instilar 20 ml de água
após cada dieta
Resíduos Trituração inadequada das
medicações
Lavar a sonda após
cada medicação
Irritação naso faríngea Sonda mal posicionada Checar posição da
sonda , manter bem
fixada
Hiperglicemia Deficiência de insulina Controle de glicemia
capilar
Hipoglicemia Suspensão súbita da dieta
em pacientes
hiperglicêmicos.
Controle de glicemia
capilar
26.3 Nutrição Parenteral - NP
Está indicada no momento que o paciente não pode fazer uso de Nutrição
Enteral, é denominada de Nutrição Parenteral Total porque são fornecidos todos
os nutrientes necessários para a mantutenção do equilíbrio orgânico.
525
A NP é administrada exclusivamente por via endo venosa, podendo ser por
via venosa central, através de veias de grosso calibre, subclávia ou jugular
interna, por terem maior fluxo sanguíneo, o que permite a administração de
soluções hiperosmolares, ou seja, com maior concentração de glicose, proteínas
e aminoácidos.
O acesso venoso central é um procedimento médico, que pode ser
realizado por punção das veias subclávia ou jugular interna, e por dissecção e
cateterização através de veias dos membros superiores.
A nutrição parenteral periférica isto é, por veias localizadas no braço ou
antebraço, devem ser selecionadas com cautela, pois se deve manter sua
preservação para posterior utilização da rede venosa, evitando-se flebite.
Indicação
• Grande Queimado; SIC – Síndrome do Intestino Curto; má nutrição: são
casos onde a ingestão é insuficiente para manter um estado de
equilíbrio protéico.
• Incapacidade da ingestão de alimentos por via oral ou por sonda. Ex:
íleo paralítico; Crohn com obstrução; enterite pós-irradiação.
• Recusa da ingestão adequada de nutrientes: anorexia nervosa; p.
operatórios geriátricos.
• Pacientes que não devem ser alimentados por via oral e sonda:
pancreatite aguda.
• Apoio nutricional pré e pós-operatório. Ex: pós-operatório cirurgia
intestinal.
Fórmulas parenterais : depende da necessidade de cada paciente.
Gorduras : podem ser infundidas separadas da solução de aminoácidos (Aa) e
administradas juntamente com a solução de glicose .
526
Aminoácidos : a fonte mais usada são os Aa cristalinos que está disponível com
ou sem adição de eletrólitos e minerais.
Glicose : encontramos nas concentrações que variam de 5% a 70% que são
misturadas com a quantidade apropriada de Aa para obter-se a solução desejada.
Eletrólitos e minerais : é fornecido junto à mistura de Aa padrão, ou numa
combinação de concentrado de eletrólitos, como também podem ser adicionados
separadamente como sais independentes.
Vitaminas : multivitamínicos intra-venosos recomendados pela OMS
(Organização Mundial de Saúde) são formulações usadas numa dose de
manutenção diária.
Concentração da Nutrição Parenteral – ( NP)
NP central: administrada por acesso venoso central é feita em geral em partes
iguais de solução de aminoácidos a 10% e glicose a 50% e deve ser administrada
na velocidade de 50 ml/h nas primeiras 24h. Caso não ocorra hiperglicemia,
eleva-se a oferta até 100 a 120 ml/h.
NP periférica: consiste na administração de glicose a 5-10% emulsão gordurosa
e aminoácidos por veia periférica, por curto prazo (3 a 5 dias), em pacientes que
não podem utilizar plenamente a via enteral.
Sua complicação mais freqüente é a flebite ( exigindo nova punção venosa a cada
48 a 72 horas). Suas contra-indicações são: alergia às emulsões lipídicas,
disfunção hepática, hiperlipidemia.
527
26.3.1 COMPLICAÇÕES DA NUTRIÇÃO PARENTERAL
COMPLICAÇÃO CAUSA AÇÃO DE ENFERMAGEM
Sepse
Separação do tubo
/contaminação
Separação do curativo
Solução contaminada
Infecção no local do cateter
Proteger todas as
conexões,
Trocar curativo,
Avisar o médico, monitorar
a Tempo.
Embolia gasosa Tubo desconectado Proteger as conexões
Segmento bloqueado do
sistema Vascular
Colocar o pte.em decúbito
lateral E, com a cabeça
para baixo
Hiperglicemia Intolerância à glicose
Monitorizar níveis de
glicose (sangue
/urina) OBS.:estupor,
confusão,letargia
Hipoglicemia As NPP são suspensas
Monitorizar sinais de:
fraqueza, sudorese
Tremores, cefaléia.
Desmamar a NPP
gradualmente
Sobrecarga líquida Infusão rápida do líquido
reduzir a infusão,
monitorizar SSVV, avisar
enfermeiro/ médico
528
Assistência de Enfermagem ao Instalar Nutrição Pa renteral
• Retirar o frasco de NPP da geladeira com duas horas de antecedência
• Lavar as mãos:, evitar contaminação
• Preparar o material necessário em uma bandeja, economizar tempo;
• Pegar o frasco da solução, conferindo o rótulo com a prescrição e a
data de validade;
• Abrir o lacre e fazer assepsia com algodão umedecido em álcool a 70%
• Conectar o equipo próprio no frasco, preenchendo-o com a solução:
• Instalar o equipo na bomba de infusão conforme as orientações do
fabricante, evitar erros;
• Programar a bomba da infusão de acordo com a prescrição médica:
• Em caso de cateter venoso central de multilumem, deixar um lúmem
exclusivamente para a nutrição parenteral.
• Trocar curativo uma vez ao dia, se cateter venoso central, evitar
infecção.
• Se nutrição parenteral periférico, manter cateter exclusivo.
• Observar refluxo sangüíneo se cateter venoso periférico e sinais de
inflamação
• Fazer a troca de cateter periférico a cada três dias, e antes se
necessário, para evitar flebite.
• Manter o cateter pérveo. Evitando obstrução e/ ou extravasamento
• Fazer a troca do equipo a cada 24 horas ou conforme rotina da
instituição, evitando infecção;
• Pesar o paciente diariamente, para controle de ganho de peso;
• Fazer controle da glicemia capilar, conforme a prescrição médica,
prevenindo hiper - hipoglicemia;
529
• Fazer controle da temperatura no mínimo três vezes ao dia, atentando
para estado febril (sepsis)
• Ligar a bomba de infusão, controlar volume /hora, mantê-la limpa,
• Lavar as mãos, evitar infecção;
• Checar e anotar a administração da solução.
Observação – A bolsa da Nutrição Parenteral não deve permanecer em
infusão por mais de 24 horas.
530
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASÍL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº 272 de 8 de Abril
de 1998. Dispõe sobre: Terapia de Nutrição Parenteral.
___________. Portaria nº 377 de 26/04/1999.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução nº 162 de 14/05/1993.
Dispõe sobre a Administração da Nutrição Parenteral e Enteral.
POHL, Frederico F; PETRONIAU, A Tubos, Sondas e Drenos . Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2000.
SMELTZER, Suzanne C; BARE, Brenda G. Brunner & Suddarth – Tratado de
Enfermagem Médica . 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. v. 1
WAITZBERG, Dan L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3. ed.
São Paulo: Atheneu, 2004. v. 1