Apostila compesa

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6 Um sistema de abastecimento de água pode ser concebido e projetado para atender pequenos povoados ou a grandes cidades, variando nas características e no porte de suas instalações. Caracteriza-se pela retirada da água da Natureza, adequação de sua qualidade, transporte até os aglomerados humanos e fornecimento à população em quantidade compatível com suas necessidades. A água abrange quase 4/5 da superfície terrestre; desse total, 97,0% referem-se aos mares e os 3% restantes às águas doces. Dentre as águas doces, 2,7% são formadas por geleiras, vapor de água e lençóis existentes em grandes profundidades, não sendo economicamente viável seu aproveitamento para o consumo humano. Em conseqüência, constata-se que somente 0,3% do volume total de água do planeta pode ser aproveitado para nosso consumo, sendo 0,01% encontrada em fontes de superfície (rios, lagos) e o restante, 0,29% em fontes subterrâneas (poços e nascentes)¹. A população metropolitana do Recife tem o seu abastecimento de água fundamentado na exploração conjunta de mananciais de superfícies e subterrâneos, sendo a parcela captada em superfície significativamente maior que a obtida pela exploração através de poços². O uso dos mananciais de superfície corresponde a uma oferta de aproximadamente 8.300 L/s, que somados aos poços perfaz um total de 10,5 m 3 /s, insuficiente para atender a demanda da população da RMR. (Região Metropolitana do Recife)³. Constitui, portanto, fator de suma importância que haja um aproveitamento adequado dos recursos hídricos, visando a manutenção da qualidade e fornecimento de água em quantidade suficiente para a preservação da saúde e bem estar da população consumidora. Os sistemas de tratamento de água são processos realizados na água bruta (suja), visando obter um produto de qualidade (física, química e microbiológica) de tal maneira que a mesma esteja livre de organismos capazes de originar enfermidades e de qualquer mineral ou substância orgânica que possa prejudicar a saúde. 1 23 1 BARROS, R.T.V. et al. Saneamento. Belo Holizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 221p. (Manual de Saneamento e Proteção Ambiental para os Municípios, 2), 1995. 2 LIMA, J.C.A.L. de. Água: Abundância e escassez. Recife: COMPESA, Diretoria de Operações, GERE, 2001. 3 OLIVEIRA, W.E, de et al. Técnica de abastecimento e tratamento de água. 2 ed. rev. São Paulo. CETESB, 1976. v. 10.

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Um sistema de abastecimento de água pode ser concebido e projetado para atender pequenos

povoados ou a grandes cidades, variando nas características e no porte de suas instalações.

Caracteriza-se pela retirada da água da Natureza, adequação de sua qualidade, transporte até os

aglomerados humanos e fornecimento à população em quantidade compatível com suas

necessidades.

A água abrange quase 4/5 da superfície terrestre; desse total, 97,0% referem-se aos mares e

os 3% restantes às águas doces. Dentre as águas doces, 2,7% são formadas por geleiras, vapor de

água e lençóis existentes em grandes profundidades, não sendo economicamente viável seu

aproveitamento para o consumo humano.

Em conseqüência, constata-se que somente 0,3% do volume total de água do planeta pode

ser aproveitado para nosso consumo, sendo 0,01% encontrada em fontes de superfície (rios, lagos) e

o restante, 0,29% em fontes subterrâneas (poços e nascentes)¹.

A população metropolitana do Recife tem o seu abastecimento de água fundamentado na

exploração conjunta de mananciais de superfícies e subterrâneos, sendo a parcela captada em

superfície significativamente maior que a obtida pela exploração através de poços².

O uso dos mananciais de superfície corresponde a uma oferta de aproximadamente 8.300

L/s, que somados aos poços perfaz um total de 10,5 m3/s, insuficiente para atender a demanda da

população da RMR. (Região Metropolitana do Recife)³.

Constitui, portanto, fator de suma importância que haja um aproveitamento adequado dos

recursos hídricos, visando a manutenção da qualidade e fornecimento de água em quantidade

suficiente para a preservação da saúde e bem estar da população consumidora.

Os sistemas de tratamento de água são processos realizados na água bruta (suja), visando

obter um produto de qualidade (física, química e microbiológica) de tal maneira que a mesma esteja

livre de organismos capazes de originar enfermidades e de qualquer mineral ou substância orgânica

que possa prejudicar a saúde.

1 23

1 BARROS, R.T.V. et al. Saneamento. Belo Holizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 221p. (Manual de Saneamento e Proteção Ambiental para os Municípios, 2), 1995. 2 LIMA, J.C.A.L. de. Água: Abundância e escassez. Recife: COMPESA, Diretoria de Operações, GERE, 2001.

3 OLIVEIRA, W.E, de et al. Técnica de abastecimento e tratamento de água. 2 ed. rev. São Paulo. CETESB, 1976. v. 10.

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Os dados e informações contidos nesta apostila constam de um enfoque geral a respeito dos

mananciais para abastecimento público do Sistema Tapacurá, as etapas de tratamento que a água

sofre ao chegar na ETA, princípios químicos envolvidos no processo, destino da água após

tratamento, e controle laboratorial o qual é realizado desde o ponto de captação até a distribuição.

Integram a apostila fotos e esquemas utilizados para facilitar a leitura e ensejar uma melhor

compreensão das questões envolvidas, o layout da ETA, o esquema hidráulico do Sistema

Tapacurá, esquema do leito filtrante, esquema dos decantadores, informações adicionais da ETA,

um breve histórico do saneamento, ilustrações mostrando formas de se evitar o desperdício de água

e algumas tabelas dos padrões de potabilidade da portaria 1469/00 do Ministério da Saúde.

Page 3: Apostila compesa

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3 Fundamentação Teórica

3.1 Mananciais para abastecimento público

Um manancial é uma nascente ou fonte de água utilizada para vários fins e classificam-se

em:

Manancial superficial – compreende as águas dos rios, córregos, ribeirão, lagos e

reservatórios artificiais.

Manancial subterrâneo – é a parte da água que se encontra totalmente abaixo da superfície e

é captada através de poços rasos ou profundos.

A escolha do manancial se constitui na decisão mais importante na implantação de um

sistema de abastecimento de água. Realiza-se previamente no mesmo, análises de componentes

orgânicos e bacteriológicos para verificação dos teores de substâncias prejudiciais, limitados pela

resolução nº 20 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA)4. E observa-se a vazão

mínima do manancial necessária para atender a demanda por um determinado período de anos.

A - Captação de águas superficiais

Captar água significa aproveitar ou colher nas nascentes (água corrente) e é composta por

barragens ou vertedores para manutenção do nível ou para regularização da saída da água na

unidade de tempo, dispositivos para impedir a entrada de materiais flutuantes e para controlar a

entrada de água, canais ou tubulações (adutora) utilizados para conduzir a água até o seu destino,

poços de sucção e casa de bombas para abrigar os conjuntos elevatórios.

OBS: Barragem é uma obra executada em um rio ou córrego, ocupando toda a sua largura, com a

finalidade de elevar o nível de água do manancial, e aumentar a capacidade de acumular água

além do seu leito.

O Sistema Tapacurá começou a operar em 1977 e possui um universo de atendimento de

aproximadamente 60% da cidade do Recife; São Lourenço da Mata, Camaragibe e Jaboatão (Sede,

Socorro e Sucupira).

3.1.1 – Rio Tapacurá

Acumula água na Barragem Tapacurá, localizada em São

Lourenço da Mata. A água bruta é trazida para a ETA (Estação de

Tratamento de Água) através da adutora do Tapacurá (conjunto de

tubulações), possui uma extensão de 27,3 Km, diâmetro 1600mm

e capacidade nominal de transporte 3.100 l/s. Ainda no trecho da

adutora existe as interligações do Sistema Várzea do Una e das

elevatórias de Tiúma e Castelo5. 4 5

4 Brasil. CONAMA. Resolução 20, de 18/06/1986 Estabelece classificação das água, salobras e salinas do território nacional. 5 Relatório do Sistema Tapacurá. Recife: COMPESA – GPR, 2000.

Fig. 01 Barragem Tapacurá

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3.1.2 – Rio Duas Unas

Acumula água na Barragem Duas Unas localizada em

Jaboatão dos Guararapes. Sua adutora transporta 1.000 l/s de

água, por recalque (através de bombas) ou por gravidade

(proporcionada pelo desnível existente entre o ponto inicial e

final da adução). Possui um diâmetro de 800mm e extensão

total de aproximadamente 7,6 km da Barragem até a ETA.

3.1.3 – Rio Capibaribe

Foi regularizado para operação das elevatórias de Tiúma e Castelo pelas Barragens do

Carpina e Goitá. Estas barragens foram construídas para contenção de enchente mas passaram a

desempenhar dupla função, ou seja: contenção de enchente e abastecimento.

3.1.4 – Rio Goitá

Acumula água na Barragem do Goitá, localizada em

Paudalho. Possui finalidade e funções idênticas as de Carpina.

3.1.5 – Rio Várzea do Una

Acumula água na Barragem Várzea do Uma localizada

em São Lourenço da Mata. Possui uma adutora que funciona no

regime de gravidade da barragem de mesmo nome até a injeção

no stand pipe em tubos de 800 mm e 3996 m de extensão.

B - Elevação de água bruta É realizada através da Estação Elevatória, na qual o líquido é levado por meio de bombas

para um local situado em nível superior ao terreno circundante.

O Sistema Tapacurá possui três Estações Elevatórias:

a) Estação Elevatória Duas Unas: Localizada na BR-232,

em Jaboatão dos Guararapes, e conduz cerca de

1000 l/s de água da Barragem Duas Unas até a

ETA Tapacurá (Castello Branco).

Fig. 02 Barragem Duas Unas

Fig. 03 Barragem do Goitá

Fig. 04 Barragem Várzea do Una

Fig. 05 Estação Elevatória Duas Unas:

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b) Estação Elevatória Tiúma: Situada na localidade de Tiúma, próxima à BR-408, em São

Lourenço da Mata, bombeia a água do Rio Capibaribe e injeta no

stand pipe. Possui duas adutoras de 600 mm e transporta 400 l/s.

c) Estação Elevatória Castelo: Localizada em São Lourenço da Mata, próxima à BR-408, bombeia

também a água do Rio Capibaribe e injeta na Adutora do

Tapacurá. Possui uma vazão de 100 l/s 6.

6

6 Relatório do Sistema Tapacurá. Recife: COMPESA – GPR, 2000.

Fig. 06 Estação Elevatória Tiúma

Fig. 07 Estação Elevatória Castelo

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3.2. Etapas do Tratamento da água

Nosso planeta tem muita água, no entanto, ela não é potável. Não pode ser usada sem antes

passar por um tratamento por meio de vários processos, que a limpa e descontamina para garantir a

saúde e o bem-estar da população.

A finalidade do tratamento é remover ou destruir quaisquer microorganismos nocivos,

substâncias químicas prejudiciais, bem como materiais em suspensão ou em solução prejudiciais à

aparência ou ao aspecto estético da água.

Após o processo de captação da água num determinado ponto do manancial, a água é

bombeada até a Estação de Tratamento onde é submetida aos seguintes processos:

3.2.1 – Coagulação (mistura rápida)

As águas possuem partículas que necessitam de um

tratamento químico capaz de propiciar sua deposição. Este

tratamento é realizado provocando-se a coagulação (inicio

do processo de união das partículas de sujeira),

empregando-se o sulfato de alumínio (que tem a função de

promover a aglomeração das impurezas), e é adicionado

quando a água passa pela calha Parshall, provocando-se

uma mistura rápida do produto à água. Nesta calha

também é feita a medição de água que está entrando na

ETA.

OBS: A aplicação de cal está condicionada à necessidade de correção de pH (Parâmetro que mede o

grau de acidez ou basicidade de uma solução).

Reações do sulfato de alumínio:

Estas reações ocorrem em duas situações:

a) O sulfato de alumínio reagindo com os sais naturalmente encontrados na água, resulta na

precipitação do hidróxido de alumínio e origina sulfato de cálcio e gás carbônico segundo a reação:

Al2(SO4)3 + 3 Ca (HCO3)2 2 Al(OH)3 + 3 CaSO4 + 6 CO2

b) O sulfato de alumínio reagindo com sais como carbonato de sódio ou uma base hidróxido de

cálcio proveniente da conversão do pH:

1. Al2(SO4)3 + 3 Na2 CO3 + 4 H2O 2 Al(OH)3 + 3 Na2SO4 + 3 CO2 + H2O

O sulfato de alumínio reage com o carbonato de sódio adicionado e origina hidróxido de

alumínio, sulfato de sódio e gás carbônico.

2. Al2(SO4)3 + Ca (OH)2 3 CaSO4 + 2 Al2(OH)3

O sulfato de alumínio reage com o hidróxido de cálcio adicionado e origina hidróxido de

alumínio (precipitante)7.

3.2.2 – Floculação (Mistura lenta) 7

Nesta etapa a água é submetida a uma agitação lenta nos floculadores, que são tanques

constituídos de pás giratórias e vão favorecer a continuação do processo de formação de pesados

flocos (aglutinação das impurezas). Esta fase deve ser bem conduzida, pois é da boa formação dos

7 Considerações teóricas do tratamento da água. Recife: COMPESA – GPR (Gerência de Produção do Recife), 1999.

Fig. 08 Calha Parshall

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flocos que dependerá o consumo dos agentes coagulantes, como também a eficiência e melhores

condições de funcionamento das outras partes.

OBS: A lavagem do floculador é realizada simultaneamente com a lavagem do decantador

3.2.3 – Decantação ou sedimentação:

Após o processo de floculação, a água entra em outros tanques, onde vai ocorrer a

decantação, ou seja, as impurezas que se aglutinaram e formaram flocos, vão se separar da água,

indo para o fundo dos tanques ou ficando presas em suas paredes.

São utilizados tanques chamados decantadores convencionais (de forma retangular e fundo

inclinado) e decantadores tubulares (formado por módulos de PVC).

.

Fig. 09 Floculador

Fig. 10 Floculador vazio

Fig. 11 Decantador convencional Fig. 12 Decantador tubular

Page 8: Apostila compesa

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A limpeza do decantador é realizada periodicamente, dependendo da sujeira da água, da

quantidade de coagulante gasto e da estação do ano, pois na época das chuvas ela deve ser bem

mais freqüente.

Remove-se a sujeira manualmente com pás (decantador convencional) ou com jato de água,

de preferência tendo bastante pressão (decantador tubular).

A falta de uma limpeza periódica faz com que o floco seja arrastado para a etapa

subseqüente.

3.2.4 – Filtração

A grande maioria das partículas fica retida no

decantador, porém uma parte ainda encontra-se em

suspensão na água. Desta forma, a mesma passa por filtros

constituídos de camadas filtrantes compostos de seixo e areia

que irão contribuir para reter as impurezas.

A água filtrada, numa operação bem conduzida, é

límpida. A remoção de bactérias neste estágio já é, no

mínimo, igual a 90%.

Fator influente na velocidade de filtração é a granulometria da areia, isto é, o tamanho de

seus grãos. De acordo com a granulometria a filtração pode ser lenta ou rápida.

A limpeza do filtro é realizada através do manuseio de válvulas na mesa de comando de

cada filtro.

Fig. 13 Decantador convencional (Lavagem)

Fig. 13 Decantador convencional (lavagem)

Fig. 15 Filtro em funcionamento

Fig. 16 Mesa de Comando

Fig. 17 Injeção de ar

Fig. 18 Água de lavagem

Fig. 14 Decantador tubular (Lavagem)

Page 9: Apostila compesa

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3.2.5 – Desinfecção

Desinfectar uma água significa eliminar os microorganismos patogênicos presentes na

mesma. Para isso utiliza-se o cloro que é aplicado em forma de gás ou soluções de hipoclorito,

numa proporção que varia de acordo com a qualidade da água, mantendo-se um residual de cloro

que serve para conservar sua potabilidade na rede de abastecimento.

O acondicionamento do cloro é feito em cilindros de aço

no qual, o produto vem sob pressão, ou na carreta onde o cloro

líquido é transformado em gás pela ação do vaporizador. É

aplicado na água por meio de dosadores que são aparelhos que

regulam a quantidade do produto a ser ministrado.

O cloro também é usado no tratamento para:

Eliminar odores e sabores;

Diminuir intensidade da cor;

Auxiliar no combater à proliferação de algas;

Colaborar na eliminação de matérias orgânicas;

Auxiliar a coagulação de matérias orgânicas.

Vantagem de sua aplicação:

Age sobre os microrganismos patogênicos presentes na água;

Não é nocivo ao homem na dosagem requerida para a desinfecção;

É econômico8.

Reação do cloro com a água:

O cloro reage com a água formando o ácido hipocloroso (HClO) que se constitue a ação

desinfetante principal, além dos íons H+ e Cl.-

Cl2 + H2O HClO + H+ + Cl- 8

8 Técnica de abastecimento e tratamento de água – vol 2: tratamento de água. 3 ed. São Paulo: CETESB: ASCETESB, 1987.

Fig. 19 Carreta de cloro

Fig. 20 Cilindro de cloro

Fig. 21 Vaporizador

Fig. 22 Dosador de cloro

Page 10: Apostila compesa

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A dissociação do ácido hipocloroso origina mais íons H+, o que faz com que ocorra uma

melhor atuação do cloro em meio ácido.

HClO H+ + ClO -

A adição de cloro à água provoca o abaixamento do pH (aumento de acidez), pela formação

de ácidos, o que pode conceder corrosividade a mesma no sistema de distribuição9.

3.2.6 – Eliminação de ferro, manganês e matéria orgânica com cloro e carvão ativado.

a) Em determinadas épocas, as concentrações de ferro e manganês se apresentam muito alteradas

sendo necessário adicionar cloro numa operação chamada (pré-cloração) – onde se aplica o

produto no canal de água decantada para propiciar a devida remoção através das reações:

1) Fe2+ + 0

2Cl + 3 H2O Fe(OH)3 + 2 Cl - + 3 H+

2) Mn2+ + 0

2Cl + 2 H2O MnO2 + 2 Cl - + 4 H+

O cloro age como oxidante promovendo a formação do precipitado de ferro e de manganês.

O processo de oxidação ocorre quando há aumento da carga do elemento, sendo assim o Fe +2

(solúvel), ao reagir com o cloro forma o hidróxido de ferro III (Fe +3 - insolúvel), e o manganês

Mn+2 (solúvel), forma o dióxido de manganês (Mn+4 - insolúvel). Na forma insolúvel, tanto o ferro

quanto o manganês são removidos da água na etapa da filtração10.

b) Quando ocorre uma proliferação muito acentuada de algas (plantas que vivem no fundo ou na

superfície das águas doces ou salgadas), a água passa a apresentar sabor e odor desagradáveis,

além de cor e toxidade, sendo necessária a aplicação de carvão ativado, consistindo numa

suspensão que é adicionada à água na caixa de reunião (ponto onde ocorre o encontro das águas

dos mananciais na ETA); posteriormente o carvão e os contaminantes serão removidos no

decantador, sedimentando junto com os flocos.

3.2.7 – Reservação e distribuição

Após o tratamento a água é conduzida para os

reservatórios da ETA para ser empregada com os seguintes

propósitos:

Atender as variações de consumo ao longo do dia;

Promover a continuidade do abastecimento no caso

de paralização da produção de água;

Garantir uma reserva estratégica em casos de

incêndio.

Para evitar contaminação, os reservatórios são protegidos com estrutura adequada, tubo de

ventilação, impermeabilização, cobertura, sistema de drenagem, abertura para limpeza, registro de

descarga, ladrão e indicador de nível.

Dos reservatórios da ETA a água segue por tubulações destinadas a distribuição a todos os

usuários do Sistema. 910

9 Considerações teóricas do tratamento da água. Recife: COMPESA – GPR (Gerência de Produção do Recife), 1999. 10 DI BERNARDO, L. Métodos e Técnicas de Tratamento de água Volume I / Luiz Di Bernardo - Rio de Janeiro. ABES, 1993.

Fig. 23 Reservatório

Page 11: Apostila compesa

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3.3 - Controle Laboratorial

3.3.1 – Monitoramento no Laboratório da ETA

Para controle de qualidade do processo operacional,

são realizadas de duas em duas horas as análises de cloro cor,

turbidez, pH, e com freqüência diária (uma vez por dia) as

análises de alcalinidade, cloreto, ferro e manganês.

Para confirmação da quantidade do sulfato de

alumínio que está sendo aplicado, realiza-se o teste de jarro

(jartester), também chamado ensaio de floculação. O mesmo

visa determinar as condições ótimas de floculação no

momento em que ocorre modificação nas características da

água (bruta).

Este teste consiste numa simulação da ETA através da utilização de jarros de 2 litros, onde

(rápida) reduzindo-se rapidamente a agitação (para a formação do floco).

Transcorridos um certo tempo, a agitação é interrompida. Coleta-se uma amostra de cada

jarro e procede-se as análises de cor e turbidez. A quantidade de sulfato aceita no ensaio será

aquela que apresentou boa floculação e os menores valores de cor e turbidez (numa quantidade

econômica do produto).

OBS.: Cor da água – causada por substâncias solúveis ou suspensão.

Turbidez – caracterizada pela ocorrência de partículas em suspensão.

3.3.2 – Monitoramento no laboratório central

Além das análises realizadas nas ETA’s, a portaria 1469/00 do Ministério da Saúde também

exige que sejam monitorados parâmetros orgânicos e inorgânicos que podem alterar a potabilidade

da água, bem como sua aceitação para consumo humano.

Como alguns parâmetros possuem forma de análise mais complexa, torna-se necessário a

existência de um laboratório que possua equipamentos mais sofisticados, como por exemplos os

cromatógrafos líquidos e gasosos e o espectrofotômetro de absorção atômica.

Neste laboratório são realizadas as seguintes análises:

Laboratório físico-químico (freqüência semestral)

pH, cor, turbidez, alcalinidade, condutividade, cloretos, dureza total, cálcio, sulfato, amônia,

nitrito e nitrato.

Além destas, nas águas brutas, também são realizadas:

Fosfato total, oxigênio dissolvido, e demanda bioquímica de oxigênio.

Laboratório de absorção atômica (freqüência semestral)

São realizadas as análises de ferro, manganês, sódio, potássio, cádmio, cobre, chumbo, zinco,

cromo total (em águas bruta e tratada).

Fig. 24 – Laboratório da ETA

Page 12: Apostila compesa

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Laboratório de cromatografia gasosa (semestral)

Análises de resíduos de pesticidas

Laboratório de hidrobiologia

Contagem e identificação de algas (semanal, mensal, bimestral e trimestral, a depender do

número de células / ml de água)

Laboratório de produtos químicos

Sulfato de alumínio líquido e granulado;

Hipoclorito de cálcio

Laboratório de cromatografia líquida

Análise de toxinas (em fase de teste)

Laboratório bacteriológico (mensal)

Fig. 25 – Laboratório físico-químico Fig. 26 – Laboratório de Bacteriologia

Page 13: Apostila compesa

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A partir dos fatos abordados nesta apostila acredita-se que o tratamento da água e o controle

de qualidade da mesma foi devidamente apresentado de forma clara e objetiva cujo aspecto

evidenciou-se com a utilização de fotos retratando o processo.

Tendo a água uma função extremamente valiosa para o ser humano e sendo um recurso

prestes a se esgotar, espera-se que o leitor reflita sobre a necessidade da ação conjunta no sentido de

contribuir para a formação de uma preservação dos recursos hídricos.

Nos anos de 1999 a 2000, o Estado passou por uma crise no fornecimento de água muito

sério, cujo fato resultou num racionamento que teve sua escala de abastecimento de 24x120h, ou

seja, um dia com água e cinco sem. Este problema se agravou em virtude da longa estiagem

ocorrida neste período. Considerando-se esta incerteza meteorológica cabe a nós economizar,

utilizá-la de forma racional, controlar a poluição e se envolver em ações concretas de transformação

desta realidade.

Page 14: Apostila compesa

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DI BERNARDO, L. Métodos e Técnicas de Tratamento de água Volume I / Luiz Di

Bernardo - Rio de Janeiro. ABES, 1993.

BARROS, R.T.V. et al. Saneamento. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG,

221p. (Manual de Saneamento e Proteção Ambiental para os Municípios, 2), 1995

Brasil. CONAMA. Resolução 20, de 18/06/1986 Estabelece classificação das águas,

salobras e salinas do território nacional.

BONHENBERGER, J.C. Sistemas públicos de abastecimento de água. Viçosa:

Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Viçosa, 1993.

Técnica de abastecimento e tratamento de água – vol 2: tratamento de água. 3 ed. São Paulo:

CETESB: ASCETESB, 1987.

DACASH, N.G. Saneamento Básico. 3 ed. Rio de Janeiro: Editora Didática e Científica,

1990.

Considerações teóricas do tratamento da água. Recife: COMPESA – GPR (Gerência de

Produção do Recife), 1999.

Relatório do Sistema Tapacurá. Recife: COMPESA – GPR, 2000.

Apostila de Treinamento da operação. Recife: COMPESA – GPR, 2000.

OLIVEIRA, W.E, de et al. Técnica de abastecimento e tratamento de água. 2 ed. rev. São

Paulo. CETESB, 1976. v. 10.

LIMA, J.C.A.L. de. Água: Abundância e escassez. Recife: COMPESA, Diretoria de

Operações, GERE, 2001.

SERRA, J. Portaria nº 1469, de 29 de dezembro de 2000. Brasília: Ministério da Saúde,

2001.

www.compesa.com.br/tratamento_dagua.htm

Page 15: Apostila compesa

20

A - Breve Histórico do Saneamento

A análise da situação atual passa pela visão que todos nós devemos ter da evolução histórica

do abastecimento d’água na região metropolitana do Recife, assim sendo apresentamos a seguir de

forma bastante resumida os principais eventos ocorridos na RMR desde os primeiros momentos em

que foi iniciada a colonização de nosso Estado.

Os primeiros meios de abastecimento d’água em nossa Região, datam dos idos de 1540,

quando em Olinda foi instalada a Sede da Administração da Capitania de Pernambuco, doada ao

Fidalgo Duarte Coelho Pereira, em 1534, através de uma Carta Régia assinada por D. João III.

Do engenho Nossa Senhora da Ajuda, bem próximo a Olinda e pertencente a Jerônimo de

Albuquerque, vinha água fresca em abundância para o abastecimento da localidade. Daí se

transportava ao Recife em canoas abertas, pois a água que se tirava dos poços era salobra e a dos

rios que confluíam em torno da povoação era imprestável para ser bebida.

O Príncipe Maurício de Nassau mandou construir palácios, fortes, canais, pontes, etc. No

entanto, um problema de capital importância atingia as pessoas que moravam na cidade, era o

abastecimento d’água potável. No Recife, de então, o abastecimento era feito através de cisternas

em que se acumulavam as águas da chuva.

Existiam onde está o Quartel das Cinco Pontas as cacimbas públicas de Ambrósio Machado.

Também se tirava água de outros poços onde se captava o líquido do lençol freático. Mandava-se

buscar em canoas, pipas ou barris, água do Capibaribe, do Beberibe e do Apipucos, em pontos

distantes do bairro do Recife, sendo vendida em domicílio pelos “aguadeiros”.

De obtenção difícil, custosa no preço, poluída e contaminada, foi a água com que a

população recifense contou para as suas necessidades domésticas nesses recuados tempos.

A água mais abundante procedia do Rio Beberibe, que banhava Olinda. Havia-se levantado

no Varadouro de Olinda um paredão barrando o Rio Beberibe e aí se colhia água para vender no

Recife e na própria Olinda.

Por volta de 1750 realizaram-se em Olinda notáveis melhoramentos na captação das águas

do Rio Beberibe para o consumo público.

Construíram no Varadouro um cais, uma ponte com arco e uma represa, os quais impediam

que o rio fosse atingido pelas marés altas. Vinte e quatro torneiras deixaram a água jorrar à vontade.

A instalação solene da Companhia Beberibe ocorreu em 1837 e projetava dotar o Recife de

um serviço de água encanada.

Em 1847, ficaram concluídos os serviços de captação d’água do Açude do Prata, em Dois

Irmãos.

A distribuição era feita através de oito chafarizes localizados respectivamente, na Praça da

Boa Vista, no Pátio do Carmo, no Pátio do Paraíso, na Ribeira, no Passeio Público, na Tempae, na

Soledade e na subida da Ponte da Boa Vista. Posteriormente foram instalados mais quatorze

chafarizes, atingindo-se o total de vinte e dois.

Um grande reservatório fora construído na rua do Pires, a caixa da Boa Vista, situada onde

hoje se ergue o Hotel Central.

Em 1887, foram concluídas as ampliações do sistema a partir de galerias filtrantes às

margens do Açude do Prata, tendo sido também construída a Estação Elevatória de Dois Irmãos e

um reservatório em um morro próximo, que ficou na altura de 75 metros. O sistema de distribuição

d’água passou a funcionar com alta pressão, constituindo-se de fato, em um melhoramento

significativo.

Page 16: Apostila compesa

21

Em julho de 1909, o Governador do Estado Herculano Bandeira convidou o engenheiro

Francisco Saturnino de Brito para assumir a direção dos trabalhos de saneamento de Recife, o qual

estava na época responsável pelo saneamento da cidade de Santos.

Em 02 de outubro de 1912, o Governo realizou a encampação da companhia do Beberibe,

anexando-a à Diretoria de Viação e Obras Públicas e posteriormente, à Comissão de Saneamento.

Em 14 de abril de 1918 foi concluído e inaugurado o Abastecimento d’água, sendo as águas

colhidas no ribeirão de Gurjaú, afluente do rio Pirapama.

De 1920 a 1952, foram feitas diversas pequenas obras de ampliação do sistema de

abastecimento d’água de Recife, dentre elas destacamos: - Capitação no rio Beberibe e tratamento

em Alto do Céu; - Captação e tratamento em Jangadinha; - Ampliação e modernização do sistema

de Gurjaú.

Entre 1956 e 1965 foram executadas as obras de ampliação do Sistema de abastecimento

d’água de Recife, através do sistema de Monjope; já em 1958 foi colocada em funcionamento a

primeira etapa do sistema com a construção parcial da estação de tratamento.

A entidade responsável pelo saneamento atravessou sucessivas modificações após a extinção

da Companhia do Beberibe, quando foi criada a Comissão de Saneamento transformada em

Repartição de Saneamento (1915), Diretoria de Saneamento do Estado (1937), em Departamento

de Saneamento do Estado (1946), esse atuando preponderamente na capital.

A interiorização do saneamento, em termo efetivo, ocorreu a partir de 1949, quando foi

criado o Fundo de Saneamento do Interior, permitindo a construção ou ampliação de vários

sistemas, entre os quais, Caruaru, Garanhuns, Bezerros, Afogados da Ingazeira, Bonito, Sertânia,

Vitória de Santo Antão, Timbaúba, Vicência e São Joaquim do Monte.

O DSE foi extinto em 1970, sendo substituído por três entidades distintas, o Saneamento do

Recife S.A – SANER, o Saneamento do Interior de Pernambuco S.A. – SANEPE, além de uma

autarquia estadual denominada Fundo de Saneamento de Pernambuco – FUNDESPE. Com o

advento do Plano Nacional de Saneamento – PLANASA, definido pelo Governo Federal, foi

necessário a criação de um órgão de coordenação geral que proporcionasse a integração econômico-

financeiro de todo o sistema de saneamento.

Em 1971 foi criada a Companhia Pernambucana de Saneamento – COMPESA, extinguiu-se

o Fundo de Saneamento de Pernambuco – FUNDESPE, passando a SANER e SANEPE a funcionar

como subsidiárias da nova empresa holding. Tendo a incorporação das subsidiárias e a

transformação em uma empresa única, sido feita em julho de 197411.

11

11 www.compesa.com.br/tratamento_dagua.htm

Page 17: Apostila compesa

22

B - Formas de se evitar o desperdício de água

A população está constantemente aumentando e com ela os problemas relacionados à água,

como poluição e desperdício. Independente de ser água do rio ou do subsolo, poluindo e explorando

descontroladamente acarretará a falta do produto. Portanto, deve-se ter consciência da situação e

contribuir para a manutenção deste líquido tão preciso e essencial à vida diária.

Destaca-se abaixo alguns desperdícios mais comuns com dicas de economia:

Conserte os

vazamentos. Não

deixe válvulas e

torneiras vazando.

Mantenha a torneira

fechada enquanto

escova os dentes.

Ao tomar banho

mantenha a torneira

fechada enquanto se

ensaboa.

O uso da mangueira nesta atividade

também não é recomendável. É

comum se ver pessoas lavando o carro

mantendo a torneira constantemente

aberta. Então procure usar o balde pois

terá uma economia considerável de

água.

Regar o jardim com mangueira é

muito mais fácil, no entanto,

desperdiça muita água. Procure

utilizar o regador

preferencialmente ao anoitecer

pois assim a planta vai aproveitar

melhor a água.

Page 18: Apostila compesa

23

C – Layout da ETA

01 – Prédio da Administração

02 – Área Coberta

03 – Corredor de Comando dos Filtros

04 – Prédio de Química

05 – Oficina Mecânica

06 – Oficina Elétrica

07 – Prédio da Cantina

08 – Portaria

09 – Calha Parshall

10 – Tanque de Coagulação

11 – Canal de Coagulação

12 – Floculadores (1ª etapa)

13 – Floculadores (2ª etapa)

14 – Decantadores (1ª etapa)

15 – Decantadores (2ª etapa)

16 – Canal de água Decantada (1ª e 2ª etapa)

17 – Filtros (meio filtrante)

18 – Cascata

19 – Caixa de Reunião

20 – Caixa de Distribuição

21 – Reservatório de Distribuição I

22 – Reservatório de Distribuição II

23 – Reservatório de Distribuição III

Page 19: Apostila compesa

24

D – Esquema Hidráulico do Sistema Tapacurá

Page 20: Apostila compesa

25

E – Esquema do leito filtrante

33

mm

Sistema de coleta d’água fitrada e

lavagem ascencional com ar e água

por fundo falso/crepina:Vista lateral

Sistema de coleta d’água filtrada e

lavagem ascencional com ar e água por

fundo falso/crepina:Vista superior

Ranhuras

0,6mm

Argamassa

de cimento

60

mm

100 mm 252 mm

Laje do

filtro

Crepina para

coleta d’água

filtrada e lavagem

ascencional com ar

e água

Abertura para

passagem de ar

Page 21: Apostila compesa

26

E – Esquema do leito

Sistema de distribuição tipo

manifold

Page 22: Apostila compesa

27

F – Esquema dos Decantadores

Calhas de

coleta Fluxo

Vista superior

Canal de

água

floculada

Cortina

Entrada

de água

Canal de água

floculada

Orifícios

Partículas

decantadas

Canal de água

decantada Vista lateral

Esgoto

Decantador convencional

Calhas de

coleta

Page 23: Apostila compesa

28

Canal de água

floculada

Fluxo

Esgoto

Detalhe do

módulo

Sentido do

fluxo d’água

Sentido do fluxo

das partículas

Decantador modular

Page 24: Apostila compesa

29

C - Informações adicionais da ETA

Estação de Tratamento de água Presidente

Castello Branco (ETA)

Construída em 1974

Inaugurada em 12/03/1975

Tipo de ETA: Convencional

Sistema: Tapacurá

Mananciais aduzidos: Tapacurá, Duas Unas, e Capibaribe

Vazão (aduzida): 4,0 m³/s

Unidade de Mistura rápida: Calha Parshall de 3,05 m (garganta).

1ª Etapa – 1975

Quant. Dimensões (m) Volume

Unitário (m³)

Área

Unitária (m²)

Capacidade

Nominal (m³/s)

Floculadores

Mecânicos 04 20,95x21,21x3,0 1.326,1 ------ 2,95

Decantadores

Convencionais 04 82,0x20,70x4,0 ------ 1697,4 2,36

Filtros

descendentes 08 6,60x11,0x ------ 72,6 1,68

2ª Etapa – 1982

Quant. Dimensões (m) Volume

Unitário (m³)

Área

Unitária (m²)

Capacidade

Nominal (m³/s)

Floculadores

Mecânicos 04

3 células de:

10,0x19,0x3,2 1.824 960 2,13

Decantadores

Modulares 04 20,50x19,10x ------ 391,55 2,17

Filtros

descendentes 08 5,60x13,20 ------ 73,92 1,71

Produtos químicos utilizados no tratamento: sulfato de alumínio líquido, carvão ativado em

pó e cloro gasoso.

A reservação consta de três reservatórios:

- Reservatório I e II com capacidade para 23.000 m³ cada, construídos na 1ª etapa;

- Reservatório III com capacidade para 35.000 m³ construído na 2ª etapa.

Total de armazenamento: 81.000 m³.

Freqüência de lavagem dos tanques:

Filtros: Possui um intervalo de aproximadamente 40 horas até a próxima lavagem. A cada duas

horas está se lavando um filtro pois é o tempo necessário para que caixa de água do elevado

encha novamente.

Page 25: Apostila compesa

30

Decantador: Permanece operando por um período aproximado de 30 dias (dependendo da estação

do ano)

Reservatório: Não há tempo determinado para a lavagem mas pode ocorrer por motivo de parada

do sistema.

OBS 1: A água de lavagem dos filtros e o lodo do decantador são recolhidos numa lagoa próxima a

ETA, isolada para esse fim.

OBS 2: O volume total de água na caixa do elevado corresponde a 600m³. A mesma é utilizada na

aplicação do sulfato, na formação do vácuo para injeção de cloro gasoso e na lavagem dos

filtros que corresponde aproximadamente 450m³ de água em cada lavagem.

Page 26: Apostila compesa

31

9.8 - Tabela do Padrão de potabilidade da portaria 1469/00 do ministério da

saúde de 29/12/2000

A água potável deve estar em conformidade com o padrão microbiológico conforme Tabela ,

a seguir:

TABELA 1

PADRÃO MICROBIOLÓGICO DE

POTABILIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

PARÂMETRO VMP(1)

Água para consumo humano(2)

Escherichia coli ou coliformes

termotolerantes Ausência em 100 ml

Água na saída do tratamento

Coliformes totais Ausência em 100 ml

Água tratada no sistema de distribuição (reservatórios e rede)

Escherichia coli ou coliformes termotolerantes(3) Ausência em 100 ml

Coliformes totais

Sistemas que analisam 40 ou mais amostras

por mês:

Ausência em 100 ml em 95% das amostras

examinadas no mês;

Sistemas que analisam menos de 40

amostras por mês:

Apenas uma amostra poderá apresentar

mensalmente resultado positivo em 100 ml

NOTAS:

(1) Valor máximo permitido.

(2) Água para consumo humano em toda e qualquer situação, incluindo fontes individuais como

poços, minas, nascentes, dentre outras.

(3) A detecção de Escherichia coli deve ser preferencialmente adotada.

§ 1º No controle da qualidade da água, quando forem detectadas amostras com resultado positivo

para coliformes totais, mesmo em ensaios presuntivos, novas amostras devem ser coletadas em dias

imediatamente sucessivos até que as novas amostras revelem resultado satisfatório. Nos sistemas de

distribuição, a recoleta deve incluir, no mínimo, três amostras simultâneas, sendo uma no mesmo

ponto e duas outras localizadas a montante e a jusante.

§ 2º As amostras com resultados positivos para coliformes totais devem ser analisadas para

Escherichia coli e, ou, coliformes termotolerantes, devendo, neste caso, ser efetuada a verificação e

confirmação dos resultados positivos.

Page 27: Apostila compesa

32

§ 3º O percentual de amostras com resultado positivo de coliformes totais em relação ao total de

amostras coletadas nos sistemas de distribuição deve ser calculado mensalmente, excluindo as

amostras extras (recoleta).

§ 4º O resultado negativo para coliformes totais das amostras extras (recoletas) não anula o

resultado originalmente positivo no cálculo dos percentuais de amostras com resultado positivo.

§ 5º Na proporção de amostras com resultado positivo admitidas mensalmente para coliformes

totais no sistema de distribuição, expressa na Tabela 1, não são tolerados resultados positivos que

ocorram em recoleta, nos termos do § 1º desse artigo.

§ 6º Em 20% das amostras mensais para análise de coliformes totais nos sistemas de distribuição,

deve ser efetuada a contagem de bactérias heterotróficas e, uma vez excedidas 500 unidades

formadoras de colônias (UFC) por ml, devem ser providenciadas imediata recoleta, inspeção local

e, se constatada irregularidade, outras providências cabíveis.

§ 7º Em complementação, recomenda-se a inclusão de pesquisa de organismos patogênicos, com o

objetivo de atingir, como meta, um padrão de ausência, dentre outros, de enterovírus, cistos de

Giardia spp e oocistos de Cryptosporidium sp.

§ 8º Em amostras individuais procedentes de poços, fontes, nascentes e outras formas de

abastecimento sem distribuição canalizada, tolera-se a presença de coliformes totais, na ausência de

Escherichia coli e, ou, coliformes termotolerantes, nesta situação devendo ser investigada a origem

da ocorrência, tomadas providências imediatas de caráter corretivo e preventivo e realizada nova

análise de coliformes.

Art. 12 Para a garantia da qualidade microbiológica da água, em complementação às exigências

relativas aos indicadores microbiológicos, deve ser observado o padrão de turbidez expresso na

Tabela 2, abaixo:

TABELA 2

PADRÃO DE TURBIDEZ PARA

ÁGUA PÓS-FILTRAÇÃO OU PRÉ-DESINFEÇÃO

TRATAMENTO DA ÁGUA VMP(1)

Desinfeção (água subterrânea) 1,0 UT (2) em 95% das amostras

Filtração rápida (tratamento completo ou filtração direta) 1,0 UT(2)

Filtração lenta 2,0 UT(2) em 95% das amostras

NOTAS:

(1) Valor máximo permitido.

(2) Unidade de turbidez.

Page 28: Apostila compesa

33

§ 1º Dentre os 5% dos valores permitidos de turbidez superiores aos VMP estabelecidos na Tabela

2, o limite máximo para qualquer amostra pontual deve ser de 5,0 UT, assegurado,

simultaneamente, o atendimento ao VMP de 5,0 UT em qualquer ponto da rede no sistema de

distribuição.

§ 2º Com vistas a assegurar a adequada eficiência de remoção de enterovírus, cistos de Giardia spp

e oocistos de Cryptosporidium sp., recomenda-se, enfaticamente, que, para a filtração rápida, se

estabeleça como meta a obtenção de efluente filtrado com valores de turbidez inferiores a 0,5 UT

em 95% dos dados mensais e nunca superiores a 5,0 UT.

§ 3º O atendimento ao percentual de aceitação do limite de turbidez, expresso na Tabela 2, deve ser

verificado, mensalmente, com base em amostras no mínimo diárias para desinfeção ou filtração

lenta e a cada quatro horas para filtração rápida, preferivelmente, em qualquer caso, no efluente

individual de cada unidade de filtração.

Art. 13. Após a desinfeção, a água deve conter um teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 mg/l,

sendo obrigatória a manutenção de no mínimo, 0,2 mg/l em qualquer ponto da rede de distribuição,

recomendando-se que a cloração seja realizada em pH inferior a 8,0 e tempo de contato mínimo de

30 minutos.

Parágrafo único. Admite-se a utilização de outro agente desinfetante ou outra condição de

operação do processo de desinfeção, desde que fique demonstrado pelo responsável pelo sistema de

tratamento uma eficiência de inativação microbiológica equivalente à obtida com a condição

definida neste artigo.

Art. 14. A água potável deve estar em conformidade com o padrão de substâncias químicas que

representam risco para a saúde expresso na Tabela 3, a seguir:

TABELA 3

PADRÃO DE POTABILIDADE PARA SUBSTÂNCIAS

QUÍMICAS QUE REPRESENTAM RISCO À SAÚDE

PARÂMETRO UNIDADE VMP(1)

INORGÂNICAS

Antimônio mg/L 0,005

Arsênio mg/L 0,01

Bário mg/L 0,7

Cádmio mg/L 0,005

Cianeto mg/L 0,07

Chumbo mg/L 0,01

Cobre mg/L 2

Cromo mg/L 0,05

Fluoreto(2) mg/L 1,5

Mercúrio mg/L 0,001

Nitrato (como N) mg/L 10

Nitrito (como N) mg/L 1

Selênio mg/L 0,01

Page 29: Apostila compesa

34

ORGÂNICAS

Acrilamida g/L 0,5

Benzeno g/L 5

Benzoapireno g/L 0,7

Cloreto de Vinila g/L 5

1,2 Dicloroetano g/L 10

1,1 Dicloroeteno g/L 30

Diclorometano g/L 20

Estireno g/L 20

Tetracloreto de Carbono g/L 2

Tetracloroeteno g/L 40

Triclorobenzenos g/L 20

Tricloroeteno g/L 70

AGROTÓXICOS

Alaclor g/L 20,0

Aldrin e Dieldrin g/L 0,03

Atrazina g/L 2

Bentazona g/L 300

Clordano (isômeros) g/L 0,2

2,4 D g/L 30

DDT (isômeros) g/L 2

Endossufan g/L 20

Endrin g/L 0,6

Glifosato g/L 500

Heptacloro e Heptacloro epóxido g/L 0,03

Hexaclorobenzeno g/L 1

Lindano (Gama HCH) g/L 2

Metolacloro g/L 10

Metoxicloro g/L 20

Molinato g/L 6

Pendimetalina g/L 20

Pentaclorofenol g/L 9

Perpetrina g/L 20

Propanil g/L 20

Simazina g/L 2

Trifuralina g/L 20

CIANOTOXINAS

Microcistinas(3) g/L 1,0

DESINFETANTES E PRODUTOS SECUNDÁRIOS DA DESINFEÇÃO(4)

Bromato mg/L 0,025

Clorito mg/L 0,2

Cloro livre mg/L 5

Monocloramina mg/L 3

2,4,6 Triclorofenol mg/L 0,2

Trihalometanos Total mg/L 0,1

Page 30: Apostila compesa

35

NOTAS:

(1) Valor máximo permitido.

(2) Os valores recomendados para a concentração de íon fluoreto devem observar a legislação específica vigente relativa à

fluoretação da água, em qualquer caso devendo ser respeitado o VMP desta Tabela.

(3) É aceitável a concentração de até 10 g/l de microcistinas em até 3 (três) amostras, consecutivas ou não, nas análises

realizadas nos últimos 12 (doze) meses.

(4) Análise exigida de acordo com o desinfetante utilizado.

§ 1º Recomenda-se que as análises para cianotoxinas incluam a determinação de

cilindrospermopsina e saxitoxinas (STX), observando, respectivamente, os valores limites de 15,0

g/l e 3,0 g/l de equivalentes STX/l.

§ 2º Para avaliar a presença dos inseticidas organofosforados e carbamatos na água, recomenda-se a

determinação da atividade da enzima acetilcolinesterase, observando os limites máximos de 15% ou

20% de inibição enzimática, quando a enzima utilizada for proveniente de insetos ou mamíferos,

respectivamente.

Art. 15. A água potável deve estar em conformidade com o padrão de radioatividade expresso na

Tabela 4, a seguir:

TABELA 4

PADRÃO DE RADIOATIVIDADE PARA ÁGUA POTÁVEL

PARÂMETRO UNIDADE VMP(1)

Radioatividade alfa global Bq/L 0,1(2)

Radioatividade beta global Bq/L 1,0(2)

NOTAS:

(1) Valor máximo permitido.

(2) Se os valores encontrados forem superiores aos VMP, deverá ser feita a identificação dos radionuclídeos presentes e a medida

das concentrações respectivas. Nesses casos, deverão ser aplicados, para os radionuclídeos encontrados, os valores estabelecidos pela

legislação pertinente da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, para se concluir sobre a potabilidade da água.

Art. 16. A água potável deve estar em conformidade com o padrão de aceitação de consumo

expresso na Tabela-5, a seguir:

Page 31: Apostila compesa

36

TABELA 5

PADRÃO DE ACEITAÇÃO PARA CONSUMO HUMANO

PARÂMETRO UNIDADE VMP(1)

Alumínio mg/L 0,2

Amônia (como NH3) mg/L 1,5

Cloreto mg/L 250

Cor Aparente UH(2) 15

Dureza mg/L 500

Etilbenzeno mg/L 0,2

Ferro mg/L 0,3

Manganês mg/L 0,1

Monoclorobenzeno mg/L 0,12

Odor -- Não objetável(3)

Gosto -- Não objetável(3)

Sódio mg/L 200

Sólidos Dissolvidos Totais mg/L 1000

Sulfato mg/L 250

Sulfeto de Hidrogênio mg/L 0,05

Surfactantes mg/L 0,5

Tolueno mg/L 0,17

Turbidez UT(4) 5

Zinco mg/L 5

Xileno mg/L 0,3

NOTAS:

(1) Valor máximo permitido.

(2) Unidade Hazen (mg Pt-Co/l).

(3) Critério de referência.

(4) Unidade de turbidez.

1º Recomenda-se que, no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5.

2º Recomenda-se que o teor máximo de cloro residual livre, em qualquer ponto do sistema de

abastecimento, seja de 2,0 mg/l.

3º Recomenda-se a realização de testes para detecção de odor e gosto em amostras de água

coletadas na saída do tratamento e na rede de distribuição de acordo com o plano mínimo de

amostragem estabelecido para cor e turbidez nas Tabelas 6 e 7.

Art. 17. As metodologias analíticas para determinação dos parâmetros físicos, químicos,

microbiológicos e de radioatividade devem atender às especificações das normas nacionais que

disciplinem a matéria, da edição mais recente da publicação Standard Methods for the Examination

of Water and Wastewater, de autoria das instituições American Public Health Association (APHA),

American Water Works Association (AWWA) e Water Enviroment Federation (WEF), ou normas

publicadas pela ISO (International Standardzation Organization).

Page 32: Apostila compesa

37

1º Para análise de cianobactérias e cianotoxinas e comprovação de toxicidade por bioensaios em

camundongos, até o estabelecimento de especificações em normas nacionais ou internacionais que

disciplinem a matéria, devem ser adotadas as metodologias propostas pela Organização Mundial da

Saúde (OMS) em sua publicação Toxic Cyanobacteria in Water: a guide to their public health

consequences, monitoring and management.

2º Metodologias não contempladas nas referências citadas no 1º e “caput” deste artigo, aplicáveis

aos parâmetros estabelecidos nesta Norma, devem, para ter validade, receber aprovação e registro

pela FUNASA.

3º As análises laboratoriais para o controle e a vigilância da qualidade da água podem ser

realizadas em laboratório próprio ou não que, em qualquer caso, deve manter programa de controle

de qualidade interna ou externa ou ainda ser acreditado ou certificado por órgãos competentes para

esse fim12.

12

12 SERRA, J. Portaria nº 1469, de 29 de dezembro de 2000. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

Page 33: Apostila compesa

38

Glossário de Termos

Adutora – Canal, galeria ou encanamento destinado a conduzir as águas de um manancial.

Alga – Família de plantas da classe das criptogâmicas, que vivem no fundo ou na superfície

de águas salgadas ou doces.

Aglutinação – Ato ou efeito de unir, reunir ou ligar.

Barragem de acumulação – Construção que se destina a represar água para utilização no

abastecimento de cidades, em irrigação ou em produção de energia.

Coagulação – Preparação das partículas de sujeira para que possam se aglutinar.

Corrosividade – Destruição ou dano progressivo de um material proveniente da ação de

algum agente.

Captação – Ato ou efeito de apanhar, atrair ou colher alguma coisa.

Contenção – Ato de reprimir ou refrear algo.

Convencional – Aquilo que é consagrado ou aprovado pelo uso, pela experiência.

Dosador – Equipamento destinado a regular a quantidade do produto a ser ministrado.

Deposição – Ato ou efeito de depor (assentar, ir para o fundo).

Estação Elevatória – Estação de um sistema de um esgoto ou de abastecimento de água, na

qual o líquido é levado, por meio de bombas, para um reservatório situado em nível superior

ao terreno circundante.

Floco – Partícula que se forma a partir da aglutinação da sujeira na água.

Granulometria – Proporções relativas com que partículas de diferentes dimensões entram

na composição de um solo ou de um agregado. (Tamanho dos grãos de areia).

Potável – Que é bom para se beber.

Matéria Orgânica – Pertinente ou própria dos compostos de carbono com algumas

exceções.

Microorganismo patogênico – Tipo de micróbio causador de fermentações e doenças

infecciosas.

Manancial – Nascente ou fonte de água.

Monitoramento – Acompanhamento e avaliação de dados

Page 34: Apostila compesa

39

Oxidação – Processo em que ocorrem o aumento do número de cargas positivas de íon

proveniente da combinação de uma substância com o oxigênio.

pH – Parâmetro físico que mede o grau de acidez ou basicidade de uma substância, também

definido como o logaritmo decimal do inverso da atividade dos íons hidrogênio numa

solução.

Proliferação – Ato ou efeito de ter prole ou geração, reproduzir-se.

Reservatório – Lugar amplo apropriado para acumular certas coisas.

Suspensão – Líquido em que flutuam pequenas partículas sólidas.

Toxidade – Caráter do que e tóxico (que tem a propriedade de envenenar).

Vaporizador – Equipamento utilizado para converter em vapor.

Vazão – Porção de líquido ou de gás fornecida por uma corrente fluida, na unidade de

tempo.