Apostila Corrosão e Proteção

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Fundamentos de C orrosão e Degradação de Materiais em Equipamentos de Processo Prof. Moacir Ramos Júnior

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    Fundamentos de Corroso e Degradao de Materiais em

    Equipamentos de Processo

    Prof. Moacir Ramos JniorEngenheiro de Materiais: [email protected]

    2004

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    NDICE

    1. PROCESSOS CORROSIVOS ................................................ ..................................................... ..................7

    1.1. A CORROSO E A IMPORTNCIA DO SEU ESTUDO .................................................... .................. 7

    Pilhas de Corroso Eletroqumica.........................................................................................................8

    Principais Tipos de Pilha.......................................................................................................................9

    1.2. Meios corrosivos.................................................... ...................................................................... ....... 14

    1.3. Polarizao - Passivao - Velocidade de Corroso ....................................................... ................... 15

    1.3.1. POLARIZAO.........................................................................................................................15

    1.3.1.1. Polarizao por Concentrao......................................... ................................................ 15

    1.3.1.2. Polarizao por Ativao ....................................................... .......................................... 15

    1.3.1.3. Polarizao hmica............. ............................................................ ................................ 16

    1.3.2. PASSIVAO............................................. .................................................... .......................... 16

    1.3.3. CURVAS DE POLARIZAO....................................................... ............................................ 17

    Mtodo Galvanosttico ................................................... .................................................... ................17

    Mtodo Potenciosttico.......................................................................................................................171.3.4. VELOCIDADE DE CORROSO ...................................................... ......................................... 18

    Influncia de Outros Fatores na Velocidade da Corroso ....................................................... ........... 19

    1.3.5. TAXAS DE CORROSO............................................ ........................................................ .......20

    1.4. TIPOS DE CORROSO ...................................................... ............................................................... 21

    1.4.1. Corroso Galvnica.................. ....................................................... .......................................... 21

    1.4.2. Corroso por Concentrao Diferencial ...................................................... .............................. 22

    1.4.2.1. Corroso Por Concentrao Inica Diferencial... ............................................................ . 23

    1.4.2.2. Corroso por Aerao Diferencial............................. ....................................................... 23

    1.4.2.3. Corroso em Frestas ................................................... .................................................... 23

    1.4.2.4. Corroso Filiforme ...................................................... ..................................................... 23

    1.4.3. Corroso Atmosfrica..................... ........................................................... ................................ 23

    1.4.4. Corroso pelo Solo........................................ .................................................... ........................ 24

    1.4.5. Corroso pela gua ............................................... .................................................... ...............25

    1.4.6. Corroso por Bactrias ou Corroso Microbiolgica ..................................................... ............ 25

    1.4.7. Corroso Eletroltica ........................................................... ....................................................... 25

    1.4.8. Corroso Intergranular ................................................ .............................................................. 25

    1.4.8.1. Corroso Intergranular nos Aos Inoxidveis ............................................................... ... 26

    1.4.8.2. Corroso Intergranular de Ligas de Alumnio ........................................................ .......... 27

    1.4.9. Fissurao por Corroso............................................... ............................................................ 281.4.10. Corroso por Compostos de Enxofre ......................................................... ............................... 28

    1.4.11. Corroso Seletiva.... ....................................................... ........................................................... 28

    1.4.11.1. Corroso Graftica ....................................................... .................................................... 28

    1.4.11.2. Dezincificao..................................................................................................................29

    1.4.12. Corroso em Concreto ....................................................... ....................................................... 29

    1.4.13. Corroso Associada ao Escoamento de Fluidos.......... ............................................................ . 29

    1.4.13.1. Corroso-Eroso .................................................... ......................................................... 29

    1.4.13.2. Corroso com Cavitao ................................................. ................................................ 30

    1.4.13.3. Corroso por Turbulncia .......................................................... ...................................... 30

    1.4.14. Corroso sob Atrito ............................................... .................................................................... 30

    1.4.15. Fendimento por lcali......................... ........................................................... ............................ 31

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    1.4.16. Corroso sob Fadiga................................................... .............................................................. 32

    1.4.17. Corroso sob Tenso................................................... ............................................................. 33

    1.4.18. Fissurao Induzida pela Presso de Hidrognio .......................................................... ........... 34

    1.4.19. Fragilizao por Metal Lquido ......................................................... ......................................... 35

    1.5. FORMAS DE CORROSO......................................... ....................................................... .................35

    1.5.1. Corroso Uniforme................................................ .................................................... ................35

    1.5.2. Corroso por Placas.............................. .................................................... ................................ 35

    1.5.3. Corroso Alveolar.......................................... .................................................... ........................ 36

    1.5.4. Corroso por Pite ................................................... ................................................................... 36

    1.5.5. Corroso Intergranular ou Intercristalina ............................................................ ....................... 36

    1.5.6. Corroso Transgranular ou Transcristalina .................................................... ........................... 36

    2. A corroso em tubulaes........................................................... ................................................................. 38

    2.1. Clula de Corroso de Metal Dissimilar....... ........................................................ ............................... 40

    2.1.1. Tubulao Nova e Tubulao Velha ................................................. ........................................ 41

    2.1.2. Corroso resultante de Solos Dissimilares....................... ......................................................... 41

    2.2. Mtodos de Controle da Corroso em Tubulaes.................................................. ........................... 432.2.1. Isolamento Eltrico........................................................ ............................................................ 43

    2.2.2. Revestimentos...........................................................................................................................43

    2.2.3. Proteo Catdica....................................................... .............................................................. 44

    2.2.3.1. Lei de OHM........................................ ....................................................... ....................... 44

    2.2.3.2. Aplicao Prtica da Proteo Catdica.................. ........................................................ 45

    2.2.4. Sistemas de Anodo Galvnico ................................................. ................................................. 45

    2.2.5. Sistemas de Corrente Impressa ........................................................ ........................................ 46

    3. MTODOS DE COMBATE CORROSO E PROTEO DE SUPERFCIE............................................. 47

    3.1. Proteo Contra a Corroso Eletroqumica ........................................................ ................................ 47

    3.1.1. Mtodos de Proteo Baseados no Metal............................. .................................................... 47

    3.1.1.1. Utilizao de ligas resistentes corroso..................... ................................................... 47

    3.1.1.2. Aplicao de tratamentos trmicos, para aumento da resistncia corroso. ................ 47

    3.1.2. Prticas de projeto .............................................. .................................................... ..................48

    3.1.3. Modificaes do meio corrosivo ............................................... ................................................. 48

    3.1.3.1. Diminuio de Temperatura.......................................... ................................................... 49

    3.1.3.2. Diminuio da Velocidade do Eletrlito....................................................... ..................... 49

    3.1.3.3. Emprego de Desaerao........................................................ ......................................... 49

    3.1.3.4. Emprego de Inibidores de Corroso ........................................................... ..................... 49

    3.2. REVESTIMENTOS PROTETORES.............................................................................. ...................... 493.2.1. Mecanismos de Proteo....................................................... ................................................... 50

    3.2.2. Revestimentos Metlicos .................................................... ...................................................... 50

    3.2.3. Revestimentos No-Metlicos Inorgnicos ...................................................... ......................... 51

    3.2.4. Revestimentos Orgnicos ................................................ ......................................................... 51

    3.2.5. Revestimentos para Tubulaes Enterradas ou Submersas .................................................... 52

    3.3. ASPERSO TRMICA (METALIZAO) ....................................................... ................................... 55

    3.3.1.1. Aplicaes e Materiais Utilizados ............................................... ..................................... 56

    3.3.1.2. Processos de Asperso Trmica .................................................. ................................... 57

    a) Processos por Combusto ............................................ .................................................... ........57

    b) Detonao.................................................................................................................................58

    c) Processos Eltricos........................................................ ........................................................... 59

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    3.3.1.3. Preparao da Superfcie .................................................. .............................................. 60

    a) Limpeza e Manuseio ............................................. ..................................................... ...............60

    b) Criao de Rugosidades .................................................. ......................................................... 62

    3.4. PINTURA INDUSTRIAL E SEUS FUNDAMENTOS...................................................... ..................... 63

    3.4.1. Abordagem Sistmica da Pintura ............................................... ............................................... 64

    3.4.2. Pelcula de Tinta................................ ..................................................... ................................... 64

    3.4.3. Constituintes Fundamentais das Tintas ........................................................ ............................ 65

    3.4.4. Constituintes Eventuais - Aditivos .................................................... ......................................... 70

    3.4.5. Esquema de Pintura........................................................ .......................................................... 70

    3.4.6. Seleo de Esquemas de Pintura ........................................................ ..................................... 71

    3.4.6.1. Atmosferas rural e urbana ........................................................ ....................................... 72

    3.4.6.2. Atmosferas Industrial e Marinha de Agressividade Moderada............. ............................ 73

    3.4.6.3. Atmosferas Marinha e Industrial de Elevada Agressividade............................................ 73

    3.4.6.4. Estruturas Enterradas ou Imersas em guas Agressivas............... ................................. 74

    3.4.6.5. Estruturas Metlicas Sujeitas a Temperaturas Elevadas.................... ............................. 74

    3.4.6.6. Ambientes Abrasivos ................................................... .................................................... 753.4.6.7. Equipamentos Sujeitos a Ataques Qumicos ........................................................ ........... 75

    3.4.6.8. Superfcies Galvanizadas ............................................... ................................................. 75

    3.4.7. Mecanismos de Formao de Pelculas de Tinta.......... ........................................................... . 76

    3.4.8. Mecanismos de Proteo de Pelculas de Tinta..................................................... ................... 76

    3.4.9. Espessuras de Pelculas Recomendveis ........................................................... ..................... 77

    3.4.10. Preparao da Superfcie Metlica para Pintura............................................... ........................ 77

    3.4.10.1. Tipos De Limpeza Por Ao Mecnica...................................................... ...................... 79

    3.4.10.2. Graus de Jateamento .................................................... .................................................. 81

    3.4.10.3. Equipamentos de Preparao de Superfcie por Ao Mecnica.................................... 82

    3.4.11. Complementao da Preparao da Superfcie...................... .................................................. 83

    3.5. TINTAS INDUSTRIAIS ....................................................... ................................................................ 85

    3.5.1. Nomenclatura das Tintas ........................................................ .................................................. 85

    3.5.2. Constituintes das Tintas ................................................ ............................................................ 86

    3.5.3. Veculo - Classificao das Tintas Quanto ao Veculo ................................................... ........... 86

    3.5.4. Consideraes Tecnolgicas Sobre Aplicabilidade de Algumas Tintas Industriais ................... 91

    3.5.4.1. Alqudicas ............................................ .................................................... ........................ 91

    3.5.4.2. Vinlicas ........................................................ ................................................................... 92

    3.5.4.3. Borracha Clorada........................... .................................................... .............................. 92

    3.5.4.4. Acrlicas ........................................................ ................................................................... 933.5.4.5. Tintas Anti-Incrustantes .......................................................... ......................................... 93

    3.5.4.6. Resinas Epxi.................................................... .............................................................. 94

    3.5.4.7. Tintas Epxi ................................................ ....................................................... ..............95

    3.5.4.8. Tintas de Base Aquosa........ ........................................................... ................................. 97

    3.5.4.9. Tintas Ricas em Zinco .................................................. ................................................... 97

    3.5.4.10. Poliuretanos.....................................................................................................................98

    3.5.4.11. Polisters e ster-Vinlicas ..................................................... ......................................... 98

    3.5.5. Preparao da Aplicao ............................................................ .............................................. 99

    3.5.6. Mtodos de Aplicao de Tintas ................................................ ............................................... 99

    3.5.7. Inspeo e Controle ..................................................... ........................................................... 100

    3.5.8. Falhas em esquemas de pintura anticorrosiva................................................. ....................... 100

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    3.5.8.1. reas mais Sujeitas a Falhas ........................................................ ................................ 101

    3.5.8.2. Principais Falhas ou Defeitos ................................................... ..................................... 102

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    1. PROCESSOS CORROSIVOS

    1.1. A CORROSO E A IMPORTNCIA DO SEU ESTUDO

    A corroso consiste na deteriorao dos materiais pela ao qumica ou eletroqumica do meio,

    podendo estar ou no associado a esforos mecnicos.Ao se considerar o emprego de materiais na construo de equipamentos ou instalaes necessrio

    que estes resistam ao do meio corrosivo, alm de apresentar propriedades mecnicas suficientes e

    caractersticas de fabricao adequadas.

    A corroso pode incidir sobre diversos tipos de materiais, sejam metlicos como os aos ou as ligas de

    cobre, por exemplo, ou no metlicos, como plsticos, cermicas ou concreto, neste caso o processo de

    deteriorao chamado degradao. A nfase aqui descrita ser sobre a corroso dos materiais metlicos.

    Esta corroso denominada corroso metlica.

    Dependendo do tipo de ao do meio corrosivo sobre o material, os processos corrosivos podem ser

    classificados em dois grandes grupos, abrangendo todos os casos deteriorao por corroso:

    Corroso Eletroqumica;

    Corroso Qumica.

    Os processos de corroso eletroqumica so mais freqentes na natureza e se caracterizam basicamente

    por:

    Necessariamente na presena de gua no estado lquido;

    Temperaturas abaixo do ponto de orvalho da gua, sendo a grande maioria na temperatura ambiente;

    Formao de uma pilha ou clula de corroso, com a circulao de eltrons na superfcie metlica.

    Em face da necessidade do eletrlito conter gua lquida, a corroso eletroqumica tambm

    denominada corroso em meio aquoso.

    Nos processos de corroso, os metais reagem com os elementos no metlicos presentes no meio, O 2,

    S, H2S, CO2entre outros, produzindo compostos semelhantes aos encontrados na natureza, dos quais foram

    extrados. Conclui-se, portanto, que nestes casos a corroso corresponde ao inverso dos processos

    metalrgicos, Figura 1.

    Figura 1. O ciclo dos materiais metlicos com relao ao seu contedo energtico.

    Os processos de corroso qumica so, por vezes, denominados corroso ou oxidao em altas

    temperaturas. Estes processos so menos freqentes na natureza, envolvendo operaes onde as temperaturas

    so elevadas.

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    Tais processos corrosivos se caracterizam basicamente por:

    Ausncia da gua lquida;

    Temperaturas, em geral, elevadas, sempre acima do ponto de orvalho da gua;

    Interao direta entre o metal e o meio corrosivo.

    Como na corroso qumica no se necessita de gua lquida, ela tambm denominada em meio no

    aquoso ou corroso seca.

    Existem processos de deteriorao de materiais que ocorrem durante a sua vida em servio, que no se

    enquadram na definio de corroso.

    Um deles o desgaste devido eroso, que remove mecanicamente partculas do material. Embora

    esta perda de material seja gradual e decorrente da ao do meio, tem-se um processo eminentemente fsico e

    no qumico ou eletroqumico. Pode-se, entretanto ocorrer, em certos casos, ao simultnea da corroso,

    constituindo o fenmeno da corroso-eroso.

    Outros tipos de alterao no material que ocorre em servio, so as transformaes metalrgicas que

    podem acontecer em alguns materiais, particularmente em servio com temperaturas elevadas. Em funodestas transformaes as propriedades mecnicas podem sofrer grandes variaes, por exemplo, apresentando

    excessiva fragilidade na temperatura ambiente. A alterao na estrutura metalrgica em si no corroso

    embora possa modificar profundamente a resistncia corroso do material, tornando-o, por exemplo,

    susceptvel corroso intergranular.

    Durante o servio em alta temperatura pode ocorrer tambm o fenmeno da fluncia, que uma

    deformao plstica do material crescente ao longo do tempo, em funo da tenso atuante e da temperatura.

    Pilhas de Corroso Eletroqumica

    A pilha de corroso eletroqumica constituda de quatro elementos fundamentais.

    rea andica: superfcie onde se verifica a corroso (reaes de oxidao);

    rea catdica: superfcie protegida onde no h corroso (reaes de reduo);

    Eletrlito: soluo condutora ou condutor inico que envolve simultaneamente as reas andicas e

    catdicas;

    Ligao eltrica entre as reas andicas e catdicas.

    A Figura 2 mostra esquematicamente uma pilha de corroso eletroqumica.

    Figura 2. Pilha de Corroso Eletroqumica.

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    O aparecimento das pilhas de corroso conseqncia de potenciais de eletrodos diferentes, em dois

    pontos da superfcie metlica, com a devida diferena de potencial entre eles.

    Um conceito importante aplicvel s pilhas de corroso o da reao de oxidao e reduo. As

    reaes da corroso eletroqumica envolvem sempre reaes de oxi-reduo.

    Na rea andica onde se processa a corroso ocorrem reaes de oxidao, sendo a principal a de

    passagem do metal da forma reduzida para a forma inica.

    Figura 3. Reao rea Andica.

    Na rea catdica, que uma rea protegida (no ocorre corroso), as reaes so de reduo de ons

    do meio corrosivo, onde as principais reaes so:

    Em meios aerados- caso normal de gua do mar e naturais

    H2O + 1/2 O2+ 2e 2 OH-

    Em meios desaerados- caso comum em guas doces industriais

    2 H2O + 2e H2+ 2 OH-

    Sero discutidas a seguir as principais causas de aparecimento de pilhas de corroso com as

    respectivas denominaes das pilhas formadas.

    Principais Tipos de Pilha

    Pilha de eletrodo diferente: esta pilha tambm denominada de pilha galvnica e surge sempre que dois metais

    ou ligas metlicas diferentes so colocados em contato eltrico na presena de um eletrlito. A diferena de

    potencial da pilha ser to mais acentuada, quanto mais distantes estiverem os materiais na tabela de potenciais

    no eletrlito considerado;

    Pilha de ao local: esta pilha provavelmente a mais freqente na natureza, ela aparece em um mesmo metal

    devido a heterogeneidades diversas, decorrentes de composio qumica, textura do material, tenses internas,

    dentre outras. As causas determinantes da pilha de ao local so:

    Incluses, segregaes, bolhas, trincas;

    Estados diferentes de tenses e deformaes;

    Acabamento superficial da superfcie;

    Diferena no tamanho e contornos de gro;

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    Tratamentos trmicos diferentes;

    Materiais de diferentes pocas de fabricao;

    Gradiente de temperatura.

    A Figura 4 mostra de forma esquemtica a pilha de ao local.

    Figura 4. Pilha de Ao Local.

    Pilha ativa-passiva: esta ocorre nos materiais formadores de pelcula protetora, como por exemplo: o cromo, o

    alumnio, os aos inoxidveis, titnio, dentre outros. A pelcula protetora se constitui numa fina camada do

    produto de corroso que passiva a superfcie metlica.

    Se a pelcula for danificada em algum ponto por ao mecnica e, principalmente pela ao de ons

    halogenetos (especialmente cloreto), ser formada uma rea ativa (andica) na presena de uma grande rea

    passiva (catdica) com o conseqente aparecimento de uma forte pilha, que proporciona corroso localizada.

    Figura 5. Pilha Ativa-Passiva

    Pilha de concentrao inica diferencial: esta pilha surge sempre que um material metlico exposto a

    concentraes diferentes de seus prprios ons. Ela ocorre porque o eletrodo torna-se mais ativo quando

    decresce a concentrao de seus ons no eletrlito.Esta pilha muito freqente em frestas quando o meio

    corrosivo lquido. Neste caso, o interior da fresta recebe pouca movimentao de eletrlito, tendendo a ficar

    mais concentrado em ons de metal (rea catdica), enquanto que a parte externa da fresta fica menos

    concentrada (rea andica), com conseqente corroso das bordas da fresta. A Figura 6 mostra de formaesquemtica uma pilha inica.

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    Figura 6. Pilha de Concentrao Inica Diferencial.

    Figura 7.Pilha de Concentrao Inica Diferencial.

    Pilha de aerao diferencial: esta pilha formada por concentraes diferentes do teor de oxignio. De forma

    idntica pilha de concentrao inica diferencial, esta pilha tambm ocorre com freqncia em frestas. Apenas

    as reas andicas e catdicas so invertidas em relao quela. Assim, o interior da fresta, devido a maior

    dificuldade de renovao do eletrlito, tende a ser menos concentrado em oxignio (menos aerado), logo, rea

    andica. Por sua vez a parte externa da fresta, onde o eletrlito renovado com facilidade, tende a ser mais

    concentrada em oxignio (mais aerada), logo, rea catdica. O desgaste se processar no interior da fresta.

    Figura 08. Pilha de Concentrao Diferencial de Oxignio

    Sendo a corroso, em geral, um processo espontneo, est constantemente transformando os materiais

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    metlicos de modo que a durabilidade e desempenho dos mesmos deixam de satisfazer os fins a que se

    destinam. No seu todo esse fenmeno assume uma importncia transcendental na vida moderna, que no pode

    prescindir dos metais e suas ligas.

    Algumas dessas ligas esto presentes:

    Nas estruturas metlicas enterradas ou submersas, tais como minerodutos, oleodutos, gasodutos, adutoras,

    cabos de comunicao e de energia eltrica, peres de atracao de embarcaes, tanques de

    armazenamento de combustveis como gasolina, lcool e leo diesel, emissrios submarinos;

    Nos meios de transportes, como trens, navios, avies, automveis, caminhes e nibus;

    Nas estruturas metlicas sobre o solo ou areas, como torres de linhas de transmisso de energia eltrica,

    postes de iluminao, linhas telefnicas, tanques de armazenamento, instalaes industriais, viadutos,

    passarelas, pontes;

    Em equipamentos eletrnicos, torres de transmisso de estaes de rdio, de TV, repetidoras, de radar,

    antenas, etc.

    Em equipamentos como reatores, trocadores de calor e caldeiras.Todas essas instalaes representam

    investimentos vultosos que exigem durabilidade e resistncia corroso que justifiquem os valoresinvestidos e evitem acidentes com danos materiais incalculveis ou danos pessoais irreparveis.

    Com exceo de alguns metais nobres, como o ouro, que podem ocorrer no estado elementar, os

    metais so geralmente encontrados na natureza sob a forma de compostos, sendo comuns as ocorrncias de

    xidos e sulfetos metlicos. Os compostos que possuem contedo energtico inferior aos dos metais so

    relativamente estveis. Desse modo, os metais tendem a reagir espontaneamente com os lquidos ou gases do

    meio ambiente em que so colocados: o ferro se "enferruja" ao ar e na gua, e objetos de prata escurecem

    quando expostos ao ar.

    Em alguns casos, pode-se admitir a corroso como o inverso do processo metalrgico, cujo objetivo

    principal a extrao do metal a partir de seus minrios ou de outros compostos, ao passo que a corroso tende

    a oxidar o metal. Assim, muitas vezes o produto da corroso de um metal bem semelhante ao minrio do qual

    originalmente extrado. O xido de ferro mais comumente encontrado na natureza a hematita, Fe2O3, e a

    ferrugem o Fe2O3hidratado, Fe2O3 nH2O, isto , o metal tendendo a retomar a sua condio de estabilidade.

    Os problemas de corroso so freqentes e ocorrem nas mais variadas atividades, como por exemplo

    nas indstrias qumica, petrolfera, petroqumica, naval, de construo civil, automobilstica, nos meios de

    transportes areo, ferrovirio, metrovirio, martimo, rodovirio e nos meios de comunicao, como sistemas de

    telecomunicaes, na odontologia (restauraes metlicas, aparelhos de prtese), na medicina (ortopedia) e em

    obras de arte como monumentos e esculturas.

    As perdas econmicas que atingem essas atividades podem ser classificadas em diretas e indiretas.

    So perdas diretas:

    a) Os custos de substituio das peas ou equipamentos que sofreram corroso, incluindo-se energia

    e mo-de-obra;

    b) Os custos e a manuteno dos processos de proteo (proteo catdica, recobrimentos, pinturas,

    etc.).

    As perdas indiretas so mais difceis de avaliar, mas um breve exame das perdas tpicas dessa espcie

    conduz concluso de que podem totalizar custos mais elevados que as perdas diretas e nem sempre podem

    ser quantificados.

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    So perdas indiretas:

    a) Paralisaes acidentais:

    Para a limpeza de trocadores de calor ou caldeiras;

    Para a substituio de um tubo corrodo, o que pode custar relativamente pouco, mas a parada da unidade

    pode representar grandes custos no valor da produo;

    b) Perda de produto, como perdas de leo, solues, gs ou gua atravs de tubulaes corrodas at

    se fazer o reparo;

    c) Perda de eficincia:

    Diminuio da transferncia de calor atravs de produtos de corroso em trocadores de calor;

    Nos motores automotivos, os anis de segmentos dos pistes e as paredes dos cilindros so continuamente

    corrodos plos gases de combusto e condensados. A perda das dimenses crticas faz com que haja umexcesso de consumo de leo e gasolina, quase igual ou maior do que o causado pelo desgaste natural

    devido ao uso;

    Incrustaes nas superfcies de aquecimento de caldeiras ocasionam aumento no consumo de combustvel:

    incrustaes de baixa condutividade trmica e elevada espessura provocam baixa transferncia de calor,

    ocasionando queda na eficincia da caldeira com conseqente aumento no consumo de combustvel;

    Entupimento ou perda de carga em tubulaes de gua, obrigando a custo mais elevado de bombeamento,

    devido deposio de produtos de corroso;

    d) Contaminao de produtos:

    Caso de pequena quantidade de cobre, proveniente de corroso de tubulaes de lato ou de cobre, que

    pode invalidar uma fabricao de sabo, pois os sais de cobre aceleram a rancidez, provocando a

    diminuio do tempo de estocagem;

    Alterao nas tonalidades de corantes motivadas por traos de metais;

    Equipamentos de chumbo no so permitidos na preparao de alimentos e bebidas, devido s

    propriedades txicas de pequenas quantidades de sais de chumbo, que podem causar saturnismo, doena

    que afeta o sistema nervoso. Da, atual-mente, a no-utilizao de tubos de chumbo para gua potvel;

    Arraste, pela gua, de produtos de corroso, como xidos de ferro, tomando-a imprpria para consumo

    humano ou para uso industrial, como, por exemplo, fbricas de alimentos, laticnios, papel e celulose;

    e) Superdimensionamento nos projetos:

    Fator comum no dimensionamento de reatores, caldeiras, tubos de condensadores, paredes de oleodutos,

    tanques, estruturas de navios, etc. Isto porque a velocidade de corroso desconhecida ou os mtodos de

    controle da corroso so incertos. Como exemplo tpico de superdimensionamento, pode-se citar o de uma

    tubulao de 362 km de comprimento e 20,3 cm de dimetro que foi especificada preliminarmente para ter

    uma espessura de 0,82 cm, mas com adequada proteo contra a corroso pde ser especificada com uma

    espessura de 0,64 cm, economizando-se, ento, 3.700 toneladas de ao, com aumento da capacidade

    interna em 5%;

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    Em alguns setores, embora a corroso no seja muito representativa em termos de custo direto, deve-

    se levar em considerao o que ela pode representar em:

    Questes de segurana: corroso localizada muitas vezes resulta em fraturas repentinas de partes crticas

    de avies, trens, automveis e pontes, causando desastres que podem envolver perda de vidas humanas.

    Vazamentos em tubulaes de gasolina, gs natural ou em tanques de combustveis podem causar

    exploses e incndios de grandes propores;

    Interrupo de comunicaes: corroso em cabos telefnicos, ocasionada por correntes de fuga

    existentes no solo e provenientes de fontes de corrente contnua, usadas em sistema de transporte

    eletrificado;

    Preservao de monumentos histricos: com o desenvolvimento industrial, tem-se a conseqente

    poluio atmosfrica e com esta a possibilidade da presena de cido sulfuroso e sulfrico, que atacam os

    materiais metlicos e no-metlicos, como mrmore ou concreto, usados nesses monumentos. O cido

    sulfrico pode tambm ser originado, neste caso, pela presena de bactrias oxidantes de enxofre ou de

    compostos de enxofre;

    Poluio ambiental: vazamentos em oleodutos causando contaminao em mares, rios, lagos e solos,com custos, em muitos casos, incalculveis.

    1.2. MEIOS CORROSIVOS

    Os meios corrosivos em corroso eletroqumica so responsveis pelo aparecimento do eletrlito. O

    eletrlito uma soluo eletricamente condutora constituda de gua contendo sais, cidos ou bases.

    Principais Meios Corrosivos e Respectivos Eletrlitos

    Atmosfera: o ar contm umidade, sais em suspenso, gases industriais, poeira, etc. O eletrlito constitui-se

    da gua que condensa na superfcie metlica, na presena de sais ou gases presentes no ambiente. Outros

    constituintes como poeira e poluentes diversos podem acelerar o processo corrosivo;

    Solos: os solos contm umidade, sais minerais e bactrias. Alguns solos apresentam tambm,

    caractersticas cidas ou bsicas. O eletrlito constitui-se principalmente da gua com sais dissolvidos;

    guas naturais (rios, lagos e do subsolo): estas guas podem conter sais minerais, eventualmente

    cidos ou bases, resduos industriais, bactrias, poluentes diversos e gases dissolvidos. O eletrlito

    constitui-se principalmente da gua com sais dissolvidos. Os outros constituintes podem acelerar o

    processo corrosivo;

    gua do mar: estas guas contm uma quantidade aprecivel de sais. Uma anlise da gua do marapresenta em mdia os seguintes constituintes em gramas por litro de gua:

    Componente g/LCloreto (Cl-) 18,9799

    Sulfato (SO -) 2,6486Bicarbonato (HCO ) 0,1397

    Brometo (Br-) 0,0646Fluoreto (F-) 0,0013

    cido Brico (H3BO3) 0,0260Sdio (Na+) 10,5561

    Magnsio (Mg2+) 1,2720Clcio (Ca2+) 0,4001Potssio (K+) 0,3800

    Estrncio (Sr 2+) 0,0133

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    A gua do mar em virtude da presena acentuada de sais, um eletrlito por excelncia. Outros

    constituintes como gases dissolvidos, podem acelerar os processos corrosivos;

    Produtos qumicos: os produtos qumicos, desde que em contato com gua ou com umidade e formem um

    eletrlito, podem provocar corroso eletroqumica.

    1.3. POLARIZAO - PASSIVAO - VELOCIDADE DE CORROSO

    1.3.1. POLARIZAO

    Polarizao a modificao do potencial de um eletrodo devido a variaes de concentrao,

    sobrevoltagem de um gs ou variao de resistncia hmica.

    Caso no houvesse o efeito do fenmeno da polarizao a corrente entre anodos e catodos seria muito

    mais elevada, semelhana de um quase curto circuito. Isto se daria porque as resistncias eltricas do metal e

    do eletrlito so muito baixas, restando apenas as resistncias de contato dos eletrodos.

    Os fenmenos de polarizao promovem a aproximao dos potenciais das reas andicas e catdicase produzem aumento na resistncia hmica do circuito, limitando a velocidade do processo corrosivo.

    Graas a existncia destes fenmenos as taxas de corroso observadas na prtica so

    substancialmente inferiores quelas que ocorreriam caso as pilha de corroso funcionassem ativamente em

    todas as condies dos processos corrosivos.

    Quando as reaes de corroso so controladas predominantemente por polarizao nas reas

    andicas : diz-se que a reao de corroso controlada anodicamente e que o eletrodo est sob o efeito de uma

    polarizao andica.

    Quando as reaes de corroso so controladas predominantemente por polarizao nas reas

    catdicas: diz-se que a reao controlada catodicamente e que o eletrodo est sob o efeito de uma polarizao

    catdica.

    Quando controlada pelo aumento de resistncia de contato das reas andicas e catdicas: diz-se

    que a reao controlada ohmicamente.

    De modo geral tem-se um controle misto das reaes de corroso.

    So basicamente trs as causas de polarizao:

    1.3.1.1. Polarizao por Concentrao

    Este tipo de polarizao ocorre freqentemente em eletrlitos parados ou com pouco movimento.

    O efeito de polarizao resulta do aumento de concentrao de ons do metal em torno da rea andica(baixando o seu potencial na tabela de potenciais) e a rarefao de ons H+no entorno da rea catdica.

    Caso o eletrlito possua movimento, ambas as situaes no devem acontecer.

    1.3.1.2. Polarizao por Ativao

    Este tipo de polarizao ocorre devido a sobrevoltagem de gases no entorno dos eletrodos.

    Os casos mais importantes no estudo da corroso, so aqueles em que h liberao de H 2no entorno

    do catodo ou do O2no entorno do anodo.

    A liberao de H2 no entorno do catodo denominada polarizao catdica e assume particular

    importncia como fator de controle dos processos corrosivos.

    Em eletrlitos pouco aerados o H2liberado e absorvido na rea catdica provoca uma sobretenso ou

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    sobrevoltagem do hidrognio capaz de reduzir sensivelmente a agressividade do meio. Podendo-se considerar

    por este fato a corroso do ao desprezvel na presena de gua doce ou salgada, totalmente desaerada.

    A sobrevoltagem do hidrognio foi estudada por Tafel estabelecendo a seguinte equao:

    onde:- sobrevoltagem do hidrognio, em V;

    , em V e , em A/cm2- constantes que dependem do metal e do meio;

    - densidade de corrente aplicada que provoque a sobrevoltagem , em A/cm2.

    Figura 9. Curva de TAFEL - Sobre voltagem em funo da densidade de corrente

    1.3.1.3. Polarizao hmica

    A polarizao hmica ocorre devido a precipitao de compostos que se tornam insolveis com a

    elevao do pH no entorno das reas catdicas.

    Estes compostos so principalmente carbonatos e hidrxidos que formam um revestimento natural

    sobre as reas catdicas, principalmente carbonato de clcio e hidrxido de magnsio.

    1.3.2. PASSIVAO

    Passivao a modificao do potencial de um eletrodo no sentido de menor atividade (mais catdico

    ou mais nobre) devido a formao de uma pelcula de produto de corroso. Esta pelcula denominada pelcula

    passivante.

    Os metais e ligas metlicas que se passivam so os formadores de pelculas protetoras.

    Como exemplo podem ser citados: Cromo, nquel, titnio, ao inoxidvel, monel que se passivam na grande maioria dos meios corrosivos,

    especialmente na atmosfera;

    Chumbo que se passiva na presena de cido sulfrico;

    O ferro que se passiva na presena de cido ntrico concentrado e no se passiva na presena de cido

    ntrico diludo;

    A maioria dos metais e ligas passivam-se na presena de meios bsicos, com exceo dos metais

    anfteros (Al, Zn, Pb, Sn e Sb).

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    Figura 10. Taxas de Corroso de um Metal

    Passivvel

    Figura 11.Taxas de Corroso de um Metal

    No Passivvel

    1.3.3. CURVAS DE POLARIZAO

    As modificaes no potencial de eletrodo resultante da polarizao provoca mudana no valor deste

    potencial alterando o ponto de equilbrio, fazendo com que o potencial andico desloque no sentido catdico evice-versa.

    A determinao experimental da curva de polarizao de um certo material, num dado eletrlito, pode

    ser feita por dois mtodos distintos.

    Mtodo Galvanosttico

    O mtodo mais simples e tambm o mais antigo o galvanosttico, que caracterizado pelo fato de ter

    como varivel de controle a intensidade da corrente que circula no sistema, a qual variada por meio de um

    resistncia.

    Mtodo Potenciosttico

    O outro mtodo, de que se dispe para a realizao e ensaio de polarizao, o mtodo

    potenciosttico, o qual apresenta como variante o mtodo potenciocintico. Este mtodo caracterizado pelo

    fato de ter como varivel de controle o potencial e no a intensidade da corrente, como no modo galvanosttico.

    A clula de polarizao semelhante anterior, porm a aparelhagem requerida diferente. Para variar o

    potencial aplicado ao corpo de prova em estudo necessrio um potenciostato, que um aparelho bem mais

    complexo. Por meio do potenciostato varia, no sentido andico ou no catdico, o potencial do metal em relao

    ao eletrodo de referncia. Para cada valor do potencial imposto, o sistema demanda uma certa corrente que suprida pelo prprio potenciostato.

    A curva de polarizao catdica que se obtm por este mtodo semelhante obtida pelo mtodo

    galvanosttico, porm a curva andica para metais que apresentam a transio ativo/passivo tem aspecto

    completamente diferente. Curvas deste tipo no poderiam ser obtidas pelo mtodo galvanosttico.

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    Figura 12.Potencial andico e catdico Figura 13. Curva de Polarizao Andica e Catdica

    Os fenmenos de polarizao assumem grande importncia na cintica dos processos de corroso

    eletroqumica e muito particularmente para a proteo catdica, a qual consiste essencialmente na polarizao

    catdica da estrutura a proteger.

    tambm muito importante para a tcnica da proteo andica porque, neste caso, o fundamento da

    tcnica consiste em se aplicar um potencial andico estrutura, levando-a ao campo de passividade, onde a

    corrente de corroso muito mais baixa. Esta tcnica no elimina portanto a corroso e s possvel de ser

    aplicada em materiais que apresentam a transio ativo/passivo.

    As curvas de polarizao so tambm denominadas diagramas E (potencial de eletrodo) / (corrente) ou

    diagrama de Evans e so apresentados de um modo geral sob a forma de retas, como o resultado da

    extrapolao dos trechos retos das curvas de polarizao.

    Figura 14.Curva de polarizao andica para metal apresenta transio ativa/passiva

    1.3.4. VELOCIDADE DE CORROSO

    A velocidade com que se processa a corroso dada pela massa de material desgastado, em uma

    certa rea, durante um certo tempo, ou seja, pela taxa de corroso. A taxa de corroso pode ser representada

    pela massa desgastada por unidade de rea na unidade de tempo.

    A massa deteriorada pode ser calculada pela equao de Faraday:

    m = e.i.t

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    onde:

    m = massa desgastada, em g;

    e = equivalente eletroqumico do metal;

    i = corrente de corroso, em A;

    t = tempo em que se observou o processo, em s.

    A corrente l de corroso , portanto, um fator fundamental na maior ou menor intensidade do processo

    corrosivo e o seu valor pode ser varivel ao longo do processo corrosivo.

    A corrente de corroso depende fundamentalmente de dois fatores:

    Diferena de potencial das pilhas (diferena de potencial entre reas andicas e catdicas) - DV;

    Resistncia de contato dos eletrodos das pilhas (resistncia de contato das reas andicas e catdicas) - R;

    A diferena de potencial - DV - pode ser influenciada pela resistividade do eletrlito, pela superfcie de

    contato das reas andicas e catdicas e tambm pelos fenmenos de polarizao e passivao.

    A velocidade de corroso pode ser, ainda, alterada por outros fatores que sero tratados no item

    seguinte e que influenciam de modo direto ou indireto na polarizao ou na passivao.O controle da velocidade de corroso pode se processar na rea andica ou na rea catdica, no

    primeiro caso diz-se que a reao de corroso controlada anodicamente e no segundo caso catodicamente.

    Quando o controle se d andica e catodicamente diz-se que o controle misto.

    Influncia de Outros Fatores na Velocidade da Corroso

    Alguns outros fatores influem na velocidade de corroso, principalmente porque atuam nos fenmenos

    de polarizao e passivao.

    Tais fatores que tambm influenciam a velocidade de corroso so:

    Aerao do meio corrosivo: como foi dito anteriormente oxignio funciona como controlado dos

    processos corrosivos. Portanto, na presso atmosfrica a velocidade de corroso aumenta com o

    acrscimo da taxa de oxignio dissolvido. Isto ocorre por ser o oxignio um elemento despolarizante e

    que desloca a curva de polarizao catdica no sentido de maior corrente de corroso;

    pH de eletrlito: a maioria dos metais passiva-se em meios bsicos (exceo para os metais

    anfteros). Portanto, as taxas de corroso aumentam com a diminuio do pH.

    Temperatura: o aumento de temperatura acelera, de modo geral, as reaes qumicas. Da mesma

    forma tambm em corroso as taxas de desgaste aumentam com o aumento da temperatura. Com a

    elevao da temperatura diminui-se a resistividade d eletrlito e conseqentemente aumenta-se avelocidade de corroso;

    Efeito da velocidade: a velocidade relativa, superfcie metlica-eletrlito, atua na taxa de desgaste de

    trs formas:

    o Para velocidades baixas h uma ao despolarizante intensa que se reduz medida que a

    velocidade se aproxima de 8 m/s (para o ao em contato com gua do mar). A partir desta

    velocidade as taxas praticamente se estabilizam voltando a crescer para altas velocidades

    quando diante de um movimento turbulento tem-se, inclusive, uma ao erosiva.

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    Figura 15. Efeito do pH na velocidade de

    corroso.

    Figura 16. Efeito da velocidade relativa do

    metal/eletrlito na corroso do ao em gua do mar

    1.3.5. TAXAS DE CORROSO

    As taxas de corroso expressam a velocidade do desgaste verificado na superfcie metlica. A

    avaliao correta das taxas de corroso , de modo geral, de grande importncia para a determinao da vida

    til provvel de equipamentos e instalaes industriais. Os valores das taxas de corroso podem ser expressos

    por meio da reduo de espessura do material por unidades de tempo, em mm/ano ou em perda de massa por

    unidade de rea, por unidade de tempo, por exemplo, mg/dm2/dia (mdd). Pode ser expressa ainda em milsimos

    de polegada por ano (mpy).

    O clculo das taxas de corroso em mm/ano e mpy, quando se conhece a perda de massa pode ser

    dada pelas seguintes expresses:

    onde:

    mm/ano = a perda de espessura, em mm por ano;= perda de massa, em mg;

    S = rea exposta, em cm2;

    t = tempo de exposio, em dias;

    = massa especfica do material, em g/cm3.

    onde:

    mpy = a perda de espessura, em milsimos de polegada por ano;= perda de massa, em mg;

    S = rea exposta, em pol2;

    t = tempo de exposio, em horas;

    = massa especfica do material, em g/cm3.

    Para converso das taxas dadas em mm/ano e mpy para mdd usa-se as seguintes expresses:

    sendo: mdd = mg/dm2/dia

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    1.4. TIPOS DE CORROSO

    1.4.1. Corroso Galvnica

    Denomina-se corroso galvnica o processo corrosivo resultante do contato eltrico de materiais

    diferentes, em presena de um eletrlito. Este tipo de corroso ser to mais intenso quanto mais distantes

    forem os materiais, na tabela de potenciais eletroqumicos, no eletrlito considerado. Neste caso vai haver uma

    maior transferncia de eltrons entre os materiais. Casos que envolvem este tipo de corroso so observados

    em:

    Trocadores de calor, com feixe de tubos em alumnio. A presena de pequenas concentraes de Cu2+

    na gua de resfriamento ocasiona, em pouco tempo, perfurao nos tubos;

    Trocadores de calor, com feixes de tubos de ao inoxidvel e chicanas ou separadores de ao-carbono.

    H corroso severa nas chicanas ou separadores;

    Tubos de caldeiras onde ocorre, em alguns casos, depsitos de cobre ou xido de cobre. Isso porque a

    gua de alimentao da caldeira pode conter ons cobre, cobre metlico ou suas ligas; Tanques de ao-carbono ou de ao galvanizado. A corroso ocasionada pela presena de cobre ou

    compostos originados pela ao corrosiva ou erosiva da gua sobre a tubulao de cobre que alimenta

    o tanque. Por isso deve-se evitar, sempre que possvel, que um fluido circule por um material metlico

    que seja catdico antes de circular por um material que lhe seja andico. A figura a seguir exemplifica

    esta situao:

    Figura 17.Deslocamento de fluido entre duas tubulaes de materiais dissimilares ocasionando corroso

    galvnica.

    No caso (A), se o fluido ocasionar ao mecnica e/ou ao corrosiva no tubo de cobre, arrastar

    partculas e/ou ons Cu2+, desse metal para o tubo de ao, tendo-se ento corroso galvnica do tubo de ao

    devida possvel deposio das partculas de cobre e dos ons Cu2+.

    No caso (B), se o fluido ocasionar ao mecnica e/ou corrosiva no tubo de ao, arrastar partculas de

    ao e/ou ons Fe2+, para o tubo de cobre, tendo-se o par galvnico ao-cobre, o mesmo do caso (A).

    Entretanto, a corroso se processar nas partculas de ao, no afetando o tubo de cobre.Quando no for possvel a inverso de sentido do fluido pode-se usar o esquema abaixo:

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    Figura 18.Deslocamento de fluido entre duas tubulaes de materiais dissimilares com minimizao dos

    efeitos da corroso galvnica.

    Tem-se a colocao de um trecho de tubo de ao, intercalado entre o tubo de cobre que transporta o

    fluido e o equipamento de ao-carbono, ou de outro material metlico andico em relao ao cobre. Como o tubo

    de ao flangeado, pode ser facilmente substitudo quando necessrio, e deve apresentar dimetro maior do

    que o de cobre para que haja reduo de velocidade, possibilitando a deposio de partculas de cobre

    arrastadas pelo fluido.

    H, tambm, grande influncia a relao entre as reas andica e catdica. Esta relao dever ser a

    maior possvel, a fim de que o desgaste seja menor e mais uniforme na rea andica. Se a relao rea andica/

    rea catdica for muito maior do que um, isto rea catdica muito pequena que a rea andica, a corroso no

    ser to prejudicial, mas se no caso contrrio, isto rea catdica maior que a rea andica, a corroso ser

    tanto mais intensa quanto maior for a rea catdica e menor a rea andica, pois tem-se uma alta densidade de

    corrente na parte do metal anodo, que est sendo corroda. Por isso, quando necessrio, mais indicado o uso

    de parafusos e rebites de material metlico catdico, em uma estrutura que seja andica, do que o caso inverso.

    Assim, por exemplo, placas de ao justapostas por rebites de cobre sofrem corroso muito atenuada nas placas

    de ao quando imersa em guas do mar. Se as placas fossem de cobre e os rebites de ao, a taxa de corroso

    dos rebites de ao (rea andica) seria acentuadamente perigosa, pois a pequena rea do rebite poderia

    provocar sua ruptura.

    Figura 19.Maneiras de se evitar a corroso galvnica em chapas rebitadas.

    1.4.2. Corroso por Concentrao Diferencial

    Os processos corrosivos ocasionados por variao na concentrao de determinados agentes no meio

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    provocam tambm, de um modo geral corroso localizada. So resultantes da ao de pilhas de concentrao

    inica diferencial e pilhas de aerao diferencial.

    Os principais processos corrosivos por concentrao diferencial so: a corroso por concentrao inica

    diferencial, a corroso por aerao diferencial, a corroso em frestas e a corroso filiforme.

    1.4.2.1. Corroso Por Concentrao Inica Diferencial

    Este tipo de corroso ocorre toda vez que se tem variaes na concentrao de ons do metal no

    eletrlito. Como resultado ter-se- potenciais eletroqumicos diferentes e conseqentemente uma pilha onde a

    rea em contato com menor concentrao funcionar como anodo e a rea em contato com maior concentrao

    como catodo.

    1.4.2.2. Corroso por Aerao Diferencial

    Este tipo de corroso ocorre toda vez que se tem variaes na concentrao de oxignio no eletrlito.

    Como o potencial eletroqumico de um material metlico torna-se cada vez mais catdico quanto maiorfor a concentrao de oxignio no meio ao seu redor, as reas com contato com maior concentrao de oxignio

    sero catdicas, enquanto que aquelas com contato com menor concentrao sero andicas.

    A corroso por aerao diferencial ocorre com muita freqncia na interface de sada de uma estrutura do solo

    ou da gua para a atmosfera.

    1.4.2.3. Corroso em Frestas

    Nas frestas, os metais esto sujeitos corroso por aerao diferencial e por concentrao diferencial.

    As frestas ocorrem normalmente em juntas soldadas com chapas sobrepostas, em juntas rebitadas em ligaes

    flangeadas, em ligaes roscadas, em chapas aparafusadas, dentre outras situaes geradores de frestas. De

    qualquer forma as frestas devero ser evitadas ou eliminadas por serem regies preferenciais de corroso.

    1.4.2.4. Corroso Filiforme

    Designa-se corroso filiforme a um tipo de corroso que se processa sob filmes de revestimentos,

    especialmente de pintura.

    Acredita-se que a corroso filiforme tenha um mecanismo semelhante corroso em frestas, devido

    aerao diferencial provocada por defeito no filme de pintura, embora o mecanismo real no seja ainda bem

    conhecido.Ocorre geralmente em superfcies metlicas revestidas com tintas ou com metais, ocasionando o

    deslocamento do revestimento. Tem sido observada mais freqentemente quando a umidade relativa do ar

    maior que 85% e em revestimentos mais permeveis penetrao de oxignio e gua apresentando falhas,

    como riscos, ou em regies de arestas.

    De modo geral o processo corrosivo comea nas bordas, progride unifilarmente apresentando a

    interessante caracterstica de refletir com o mesmo ngulo de incidncia em obstculos.

    1.4.3. Corroso Atmosfrica

    Designa-se, genericamente, de corroso atmosfrica aos processos corrosivos em estruturas areas. A

    intensidade de corroso atmosfrica depende basicamente da umidade relativa do ar, do teor de sais em

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    suspenso e do teor de gases poluentes, especialmente gases de enxofre.

    Umidade relativa do ar: Sua influncia muito acentuada, pois se sabe que o ferro em atmosfera de

    baixa umidade relativa praticamente no sofre corroso. Em umidade relativa em torno de 60% o

    processo corrosivo lento, mas acima de 70% acelerado;

    Substncias poluentes: as partculas slidas, sob a forma de poeiras, existem na atmosfera e a tornam

    mais corrosiva, porque se pode verificar:

    Deposio de material no-metlico, como slica, SiO2, que, embora no atacando diretamente

    o material metlico, cria condies de aerao diferencial, ocorrendo corroso localizada

    embaixo do depsito (as partes sujeitas a poeira so as mais atacadas em peas estocadas

    sem nenhuma proteo);

    Deposio de substncias que retm umidade, isto , so higroscpicas ou deliqescentes,

    acelerando o processo corrosivo, pois aumentam o tempo de permanncia da gua na

    superfcie metlica (Ex.: cloreto de clcio e cloreto de magnsio);

    Deposio de sais que so eletrlitos fortes, como sulfato de amnio (NH4)2SO4proveniente da

    reao entre amnia, NH3, e xidos de enxofre, presentes na atmosfera e cloreto de sdio,NaCl;

    Deposio de material metlico;

    Deposio de partculas slidas que, embora inertes para o material metlico, podem reter

    sobre a superfcie metlica, gases corrosivos existentes na atmosfera (caso de partculas de

    carvo que, devido ao seu grande poder de adsoro, retiram gases de atmosferas industriais,

    os quais, com a umidade, formam substncias corrosivas como, por exemplo, cidos sulfrico,

    ntrico e sulfdrico.

    Outros fatores que influenciam a corrosividade de uma atmosfera so:

    Regime de chuvas: importantssimo em atmosferas muito poludas, pela lavagem dos poluentes que a

    chuva proporciona;

    Partculas slidas em suspenso: as partculas de poeira podem depositar-se nas superfcies metlicas,

    proporcionando o aparecimento de pilhas de aerao diferencial, alm de contribuir para a reteno de

    umidade na superfcie metlica;

    Regime dos ventos: os ventos podem contribuir para dispersar poluentes ou para lan-los sobre as

    estruturas metlicas. A ao dos ventos pode, tambm, provocar eroso (ventos com partculas

    abrasivas em suspenso) sobre revestimentos protetores e, at mesmo, sobre os materiais metlicos;

    Temperatura: se for elevada, ir diminuir a possibilidade de condensao de vapor de gua nasuperfcie metlica e a adsoro de gases, minimizando a possibilidade de corroso;

    Tempo de permanncia do eletrlito: evidente que quanto menor for o tempo de permanncia do

    eletrlito sobre a superfcie metlica, menores sero os processos corrosivos;

    1.4.4. Corroso pelo Solo

    Designa-se genericamente de corroso pelo solo aos processos corrosivos observados em estruturas

    enterradas. Estas estruturas so, normalmente, tubulaes, estacas metlicas, cabos de transmisso de energia

    e de telecomunicaes, tanques enterrados e outros.

    A intensidade da corroso pelo solo depende do teor de umidade, da composio qumica e do pH do

    prprio solo. Na prtica de corroso, utiliza-se comumente o valor da resistividade eltrica do solo como ndice

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    de sua agressividade. Um solo de resistividade baixa mais agressivo, possui umidade permanente e sais

    minerais dissolvidos, enquanto que um solo de resistividade elevada menos agressivo e possui menos

    umidade e sais minerais dissolvidos. Outros fatores que podem influenciar a corrosividade do solo so:

    Permeabilidade do solo: os solos mais permeveis permitem maior aerao da estrutura e,

    conseqentemente, maiores taxas de corroso;

    Presena de bactrias: certos tipos de bactrias podem acelerar os processos corrosivos, em

    condies particulares;

    Presena de poluentes: os poluentes, de modo geral, podem tornar o solo mais agressivo.

    1.4.5. Corroso pela gua

    Designa-se corroso pela gua aos processos corrosivos observados em estruturas em contato com

    meios aquosos, tais como: estacas de piers, tubulaes submersas, embarcaes, instalaes de gua de

    refrigerao, instalaes de gerao de vapor e instalaes de tratamento e distribuio de gua. Nas estruturas

    submersas em gua doce, as taxas de corroso dependem da quantidade de sais, cidos ou bases dissolvidos.As estruturas submersas em gua salgada esto sempre sujeitas a grandes taxas de corroso, que podero

    ainda ser aumentadas pela presena de poluentes. Outros fatores influentes na corrosividade das guas so:

    Velocidade e temperatura: as taxas de corroso, de modo geral, crescem com o aumento da velocidade

    da gua e com o aumento da temperatura;

    Presena de bactrias: as bactrias de certas famlias, em determinadas condies, podem

    desencadear processo de corroso ou acelerar os j iniciados;

    Grau de aerao: quanto maior o teor de oxignio, maior ser a taxa de corroso.

    1.4.6. Corroso por Bactrias ou Corroso Microbiolgica

    Os processos de corroso eletroqumica podem ser desencadeados ou acelerados por certos tipos de

    bactrias, em determinadas condies, provocando o que se denomina de corroso por bactrias, corroso

    microbiolgica, ou ainda corroso bacteriana ou bacteriolgica. A ocorrncia deste tipo de corroso no rara

    em tubulaes enterradas, principalmente em terrenos de alta umidade, inclusive pantanosos. Pode incidir

    tambm em feixes de permutadores de calor (resfriadores e condensadores que operam com gua). E

    importante observar que a atuao das bactrias se d atravs da modificao do meio, tornando-o agressivo ou

    intensificando sua agressividade.

    1.4.7. Corroso Eletroltica

    Designa-se corroso eletroltica aos processos corrosivos de natureza eletroqumica, ocasionados em

    estruturas metlicas enterradas ou submersas, como resultado de um fluxo indesejvel de corrente contnua

    dispersa no eletrlito. As instalaes mais sujeitas a este tipo de ataque so os oleodutos, adutoras, cabos

    eltricos e cabos de comunicaes enterrados.

    1.4.8. Corroso Intergranular

    A corroso intergranular, ou intercristalina, como tambm conhecida, acontece quando existe um

    caminho preferencial para a corroso na regio dos contornos de gro. Observando-se que os gros vo sendo

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    destacados a medida que a corroso se propaga.

    O principal fator responsvel pela diferena na resistncia a corroso da matriz (material no meio do

    gro) e do material vizinho ao contorno a diferena que apresentam na composio qumica nestes locais.

    Deste modo, mesmo que a alterao na composio qumica no seja suficiente para eliminar

    totalmente a capacidade de formao da camada passiva, verifica-se que existe uma corrente de corroso

    devido a diferena de potencial ocasionada pelas caractersticas diferentes dos materiais.

    No caso da corroso intergranular dos aos inoxidveis, a diferena na composio qumica se deve

    formao de uma zona empobrecida em cromo nas vizinhanas dos contornos de gro, em conseqncia da

    precipitao de carbonetos de cromo. Em outros casos tomos solutos podem ser segregados no contorno de

    gro, aumentando a sua reatividade. Em outros casos ainda, os prprios tomos do contorno podem ter maior

    tendncia passar para soluo.

    O exame metalogrfico geralmente no capaz de detectar a susceptibilidade corroso intergranular,

    sendo necessria a realizao de testes especficos para esta finalidade.

    A corroso intergranular no requer a presena simultnea de meio corrosivo e esforos de trao como

    o caso da corroso-sob-tenso.

    A corroso intergranular ocorre com maior freqncia nos aos inoxidveis, porm incide tambm noalumnio, duralumnio, cobre e suas ligas, alm de outros materiais. Particularmente, os aos inoxidveis

    austenticos (304, 309, 310, 316 ou 317) quando aquecidos prolongadamente na faixa de 400 a 950C, devido a

    tratamentos trmicos, processos de soldagem ou mesmo trabalho nesta faixa, podem tornar-se sensitizados. Os

    aos ferrticos podem sensitizar-se em torno de 925"C. Um dos mecanismos mais aceitos para explicar a

    sensitizao o da precipitao de carbonetos de cromo no contorno dos gros, criando uma rea muito

    empobrecida em cromo, na vizinhana daquele contorno. Como a passivao dos aos inoxidveis s ocorre

    acima de um determinado teor de cromo na liga, os aos sensitizados, quando expostos a um eletrlito, mesmo

    pouco agressivo, apresentam uma rea ativa junto ao contorno dos gros (rea andica), formando uma pilha

    com o restante da rea passiva (rea catdica), do que resulta a corroso intergranular. Quando a sensitizao

    provocada por processos de soldagem, a corroso incide na zona afetada pelo calor, vizinha ao cordo de solda.

    A seguir so apresentadas como exemplos os casos de corroso intergranular em dois grupos de

    material, os aos inoxidveis e as ligas de alumnio. Outros casos de corroso intergranular existem, como em

    ligas de nquel.

    1.4.8.1. Corroso Intergranular nos Aos Inoxidveis

    Os aos inoxidveis sofrem corroso intergranular devido formao de um zona empobrecida em

    cromo ao longo dos contornos de gro, como conseqncia da precipitao, neste local, de carbonetos de cromo

    (Cr23C6). tomos de cromo desta regio, que se encontravam em soluo slida no ao, difundem-se para oscontornos de gro, formando carbonetos, diminuindo a resistncia corroso.

    A formao desta zona empobrecida em cromo chama-se sensitizao, porque torna o material sensvel

    corroso intergranular.

    A sensitizao depende do teor de carbono do ao inoxidvel e do tempo em certa temperatura. Os

    aos austenticos sofrem sensitizao quando so expostos na faixa de 400 a 950oC, enquanto que os ferrticos

    somente para temperaturas acima de 925oC.

    A exposio de um ao inoxidvel sensitizado ao meio corrosivo no leva necessariamente ocorrncia

    da corroso intergranular. Muitos meios corrosivos como, por exemplo, cido actico na temperatura ambiente,

    solues alcalinas como carbonato de sdio, ou ainda gua potvel no causam corroso intergranular, nestes

    casos no h motivo de preocupao quanto a sensitizao.

    Por outro lado diversos meios causam corroso intergranular, como: cidos actico quente, ntrico,

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    sulfrico, fosfrico, crmico, clordrico, ctrico, frmico, ltico, oxlico, ftlico, maleico e graxos; nitrato de amnia,

    sulfato de amnia, cloreto ferroso, sulfato de cobre e SO2(mido).

    Existem diversos testes para se verificar a susceptibilidade corroso intergranular, sendo que os mais

    comuns se encontram descritos no ASTM A 262. Um destes (prtica A) o ataque eletroltico numa soluo de

    cido oxlico, que um ensaio da realizao simples e rpida e que permite ou a aprovao do material

    (ausncia de sensitizao) ou indica a necessidade de um teste adicional, mais caro e demorado.

    Existem tambm testes eletroqumicos, como o teste baseado na reativao potenciocintica. Um ao

    inoxidvel no sensitizado ter sua camada passiva protetora eficiente durante um certo tempo, caso lhe seja

    imposto um certo potencial eletroqumico antes do cotovelo da curva de polarizao andica. Caso o ao esteja

    sensitizado as regies empobrecidas em cromo iro nuclear a ruptura da passividade rapidamente, sendo

    detectvel uma elevada corrente de corroso. Este teste eletroqumico possvel de ser feito em campo.

    A preveno da corroso intergranular (a preveno da sensitizao) se faz empregando-se aos

    inoxidveis austenticos com teor de carbono inferior a 0.03% ou aos contendo elementos como nibio ou

    titnio, que fixam o carbono, no o deixando livre para formar precipitados com o cromo. Mesmo com o emprego

    destes aos devem ser tomados cuidados quanto realizao de tratamentos trmicos posteriores soldagem,

    os quais podem causar sensitizao.Outra tcnica de preveno a solubilizao, que consiste no reaquecimento de um ao inoxidvel

    sensitizado acima de 1050oC, seguido de um resfriamento muito rpido de modo que no haja tempo para a

    reprecipitao dos carbonetos. Esta tcnica s vivel em peas que possam ser submetidas ao desempeno (o

    choque trmico causa significativas deformaes) e tambm decapagem (o aquecimento provoca a oxidao).

    Uma aplicao usual do tratamento de solubilizao est na fabricao de tubos de ao inoxidvel com costura.

    Os aos inoxidveis ferrticos apresentam uma velocidade de difuso do cromo muito maior que os

    austenticos, o que significa que nestes aos a sensitizao muito mais rpida.

    Nos aos inoxidveis ferrticos a sensitizao deve-se precipitao de carbonetos e nitretos de cromo.

    Nestes materiais o nmero de meios corrosivos capazes de provocar a corroso intergranular bem maior.

    O uso de baixo de carbono ou o uso de elementos estabilizantes, como o nibio ou titnio no so

    medidas to efetivas como o caso dos aos austenticos.

    Para se prevenir a corroso intergranular dos aos inoxidveis ferrticos, a soluo consiste em se

    aplicar um tratamento trmico relativamente prolongado (cerca de 2 a 3 horas) a 790 oC, com o objetivo de

    promover a difuso do cromo da matriz (interior do gro) para a regio empobrecida, restaurando a resistncia

    corroso.

    Os aos inoxidveis de estrutura duplex (austeno-ferrticos) tem geralmente maior resistncia

    corroso intergranular que os aos austenticos de mesmo teor de carbono. Isto ocorre porque a precipitao de

    carbonetos mais aleatria na estrutura, em vez de ficar concentrada junto aos contornos de gro, e porque a

    fase ferrita mais rica em cromo que a austenita, podendo perder cromo para os precipitados e manter aindacromo em soluo slida suficiente para resistir corroso.

    1.4.8.2. Corroso Intergranular de Ligas de Alumnio

    Ligas de alumnio-magnsio contendo acima de 3% de magnsio podem formar precipitados de Mg 2Al8

    nos contornos de gro. Estes precipitados so corrodos porque so menos resistentes corroso do que a

    matriz.

    Caso similar ocorre nas ligas de alumnio-magnsio-zinco devido formao do precipitado de MgZn2.

    No caso das ligas alumnio-cobre os precipitados de CuAl2 so mais nobres que a matriz,

    aparentemente agindo como catodos e acelerando a corroso da regio vizinha ao contorno de gro,

    empobrecida em cobre.

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    Eliminando-se os precipitados, elimina-se a causa da corroso intergranular. Entretanto, no caso das

    ligas de alumnio mencionadas, os precipitados so imprescindveis para a elevao da resistncia mecnica. Na

    seleo do material para servio em um determinado meio corrosivo, deve-se evitar o uso de ligas susceptveis

    corroso intergranular.

    1.4.9. Fissurao por Corroso

    As trincas formadas pela corroso intergranular, como visto no item anterior, no requerem a ao de

    esforos externos. Neste caso a fissurao decorre da corroso segundo um estreito caminho preferencial.

    Neste item so abordados mecanismos de corroso que produzem trincas e que esto associados com

    esforos mecnicos, sejam aplicados sobre o material, sejam decorrentes do processo de fabricao, como

    tenses residuais, ou sejam ainda conseqncia do prprio processo corrosivo.

    Os tipos de trincas podem ser intergranulares ou transgranulares, e podem ou no estar associadas a

    incluses ou segundas fases presentes.

    A propagao das trincas associadas aos processos de corroso geralmente muito lenta, at que seja

    atingido o tamanho crtico para a ocorrncia da fratura frgil. Nesta situao, em funo dos esforos atuantes,pequenas trincas podem nuclear fraturas de grandes propores, deflagradas de modo praticamente

    instantneo.

    A anlise da significncia de defeitos (trincas) feita pela mecnica da fratura, utilizando-se, por

    exemplo, publicaes como o PD 6493 - Guindance on Some Methods for the Derivation of Acceptance Levels

    for Defects in Fusion Welded Joints, editado pela British Standards Institution.

    1.4.10. Corroso por Compostos de Enxofre

    Denomina-se corroso por compostos de enxofre principalmente aos processos corrosivos observados

    em unidades de processamento qumico, petroqumico ou de petrleo, onde o enxofre aparece como impureza

    ou como matria necessria. Ela incide tambm nas partes frias de equipamentos onde ocorre condensao dos

    gases de combusto de combustveis de alto teor de enxofre.

    1.4.11. Corroso Seletiva

    Os processos corrosivos denominados de corroso seletiva so aqueles em que se tenha a formao

    de um par galvnico devido a grande diferena de nobreza entre dois elementos de uma liga metlica. Os dois

    principais tipos de corroso seletiva so a graftica e a dezincificao.

    1.4.11.1. Corroso Graftica

    Chama-se corroso graftica ao processo corrosivo que ocorre nos ferros fundidos cinzentos e no ferro

    fundido nodular, em presena de um eletrlito. Sendo o grafite um material muito mais nobre do que o ferro, os

    veios e ndulos de grafite contidos nesses ferros fundidos agem como ctodo em relao ao ferro, que ento

    corrodo, enquanto o ferro age como rea andica transformando-se em produto de corroso. Deste modo,

    observa-se que, em tubulaes velhas deste material, encontra-se sobre ele uma camada porosa, de baixa

    resistncia, facilmente riscada com um estilete qualquer, constituda de grafite.

    A corroso graftica, em geral, no contra-indica a utilizao dos tubos de ferro fundido para os usos

    normais, porque as exigncias de presses pequenas e o tubo suporta bem, mesmo quando corrodo. Para

    minimizar os problemas de corroso graftica prtica usual revestir os tubos, internamente com argamassa de

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    cimento e externamente com um revestimento adequado por tubulaes enterradas.

    1.4.11.2. Dezincificao

    Designa-se por dezincificao ao processo corrosivo que se observa nas ligas de zinco, especialmente

    lates, utilizados largamente em permutadores de calor (resfriadores, condensadores, etc), tubulaes para gua

    salgada, e outros equipamentos. E tambm um processo seletivo semelhante ao encontrado na corroso

    graftica, pelo qual o zinco corrodo, deixando sobre a superfcie do material uma camada porosa de cobre,

    sem qualquer resistncia mecnica. Observa-se maior tendncia dezincificao nos lates de alto teor de

    zinco, por exemplo, o metal muntz, o lato de alumnio no inibido (76% Cu, 22% Zn, 2% Al), alm de outros

    materiais da mesma famlia de ligas.

    O processo corrosivo pode se apresentar mesmo em ligas mais resistentes como o lato vermelho (85%

    Cu e 15% Zn), caso a liga no seja bem homognea.

    A dezincificao pode ser evitada com tratamento trmico de solubilizao da liga e com uso das ligas

    que contenha elementos inibidores como As e o Sb.

    1.4.12. Corroso em Concreto

    A corroso em concreto abrange, principalmente, os processos corrosivos que incidem na ferragem de

    reforo do concreto armado, e alguns casos de deteriorao da prpria argamassa de cimento. Esta ferragem

    est sujeita corroso, tanto em estruturas areas como nas submersas e enterradas. O ataque devido

    infiltrao de umidade que alcana o metal, o que muito facilitado no caso de pequenas espessuras de

    recobrimento da armadura do concreto. No caso de concreto com baixa porosidade e alta espessura de

    recobrimento da armadura, havendo pequena infiltrao de umidade esta no chegar a constituir problema,

    porque a basicidade do concreto pode neutralizar a sua ao agressiva. As atmosferas sulfurosas podem atacar

    os cimentes ricos em aluminato triclcico (3CaO . Al203) e, alm de deteriorar o concreto, acabam por expor a

    ferragem ao meio, intensificando o processo de degradao da estrutura.

    1.4.13. Corroso Associada ao Escoamento de Fluidos

    No escoamento de fluidos pode-se ter a acelerao dos processos corrosivos em virtude da associao

    do efeito mecnico com a ao corrosiva.

    Os principais tipos de corroso associada com escoamento so a corroso-eroso, a corroso com

    cavitao e a corroso por turbulncia.

    1.4.13.1. Corroso-Eroso

    Eroso de um material metlico o desgaste mecnico provocado pela abraso superficial de uma

    substncia slida, lquida ou gasosa. A ao erosiva sobre um material metlico mais freqente nos seguintes

    casos:

    - Quando se desloca um material slido;

    - Quando se desloca um lquido contendo partculas slidas;

    - Quando se desloca um gs contendo partculas lquidas ou slidas.

    No caso de lquidos e gases a ao erosiva ocorre normalmente, em tubulaes, em permutadores, em ps

    de turbinas.

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    A eroso provoca o desgaste superficial capaz de remover as pelculas protetoras constitudas de produtos

    de corroso.

    Desta forma, um processo corrosivo torna-se mais intenso quando combinado com eroso.

    A corroso produz a pelcula de produto de corroso, o processo erosivo remove expondo a superfcie a

    novo desgaste corrosivo.

    O resultado final ser de um desgaste muito maior do que se apenas o processo corrosivo ou erosivo agisse

    isoladamente.

    1.4.13.2. Corroso com Cavitao

    Cavitao o desgaste provocado em uma superfcie metlica devido a ondas de choque do lquido,

    oriundas do colapso de bolhas gasosas.

    A cavitao surge em zonas de baixa presso onde o lquido entra em ebulio formando bolhas, as

    quais ao tomarem em contato com zonas de presso mais alta so destrudas instantaneamente criando ondas

    de choque no lquido.

    A cavitao da mesma forma que a eroso destri as pelculas de produtos de corroso expondo omaterial a novo desgaste corrosivo, alm de provocar a deformao plstica com encruamento em face da

    incidncia de ondas de choque de alta presso e portanto a criao de reas andicas.

    Deste modo, o desgaste resultante ser maior no caso de conjugar os dois fenmenos do que aquele

    observado pela ao de cada um isoladamente.

    1.4.13.3. Corroso por Turbulncia

    um processo corrosivo associado ao fluxo turbulento de um lquido. Ocorre particularmente quando h

    reduo na rea de fluxo.

    Se o movimento turbulento propiciar o aparecimento de bolhas gasosas, poder ocorrer o choque destas bolhas

    com a superfcie metlica e o processo erosivo resultante denominado de impingimento. O ataque difere da

    cavitao quanto a forma do desgaste, sendo no caso do impingimento comum alvolos sob a forma de

    ferradura e as bolhas causadoras so em geral de ar, enquanto que na cavitao so bolhas de vapor do

    produto.

    1.4.14. Corroso sob Atrito

    Se duas superfcies, em contato e sob carga, das quais pelo menos uma metlica, forem submetidas

    a pequenos deslizamentos relativos, originados comumente por vibraes, observa-se freqentemente um tipoespecial de corroso na interface, denominado corroso sob atrito, corroso sob frico (fretting corrosion)ou

    aindaoxidao por fricooucorroso por atrito oscilante.

    Como requisito necessrio para a ocorrncia desse tipo de corroso, a interface do metal deve estar

    sujeita carga.

    Os danos causados por esse tipo de corroso so caracterizados por descoramento da superfcie do

    metal, com a formao de produtos pulverulentos de corroso e, em alguns casos, pites. Esses pites podem

    servir de ncleos para a ocorrncia de fraturas por fadiga. A incidncia do fenmeno muito grande, sendo

    quase todos os metais suscetveis ao mesmo. Ocorre em locais de unies como ajustes prensados, locais onde

    metais esto em movimento relativo, como rolamentos de esferas e mancais, implantes cirrgicos e em contatos

    eltricos. O funcionamento do componente pode ser prejudicado no somente pela perda acelerada das

    dimenses como pela reduo de resistncia fadiga.

    Prof. Moacir Ramos Jnior

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  • 5/21/2018 Apostila Corroso e Proteo

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    Fundamentos de Corroso e Degradao de Materiais

    Quando a corroso sob atrito ocorre no ar, os produtos de corrososo comumente misturas de xidos

    metlicos, hidratados ou no, e partculas do metal. As partculas tm em geral dimenses da ordem de um

    micrmetro.

    O mecanismo do fenmeno est naturalmente ligado ao desgaste mecnico na ausncia de ambiente

    corrosivo. Como se sabe, quando dois materiais so justapostos o contato ocorre em nmero limitado de pontos,

    representando os picos da rugosidade. Quando os materiais so deslocados esses pontos de contato so

    cisalhados, com ou sem a ocorrncia prvia de soldagem entre os metais. Tal ao resulta do aparecimento

    constante de novas superfcies metlicas, seja no metal-base, seja nas partculas produzidas. Essas superfcies

    imediatamente ficam cobertas com oxignio, ou outro agente corrosivo, ou se oxidam superficialmente. A

    prxima aspereza retira o xido ou pode, mecanicamente, ativar a reao do oxignio adsorvido com o metal

    para formar xido, que por sua vez arrastado, formando novamente uma superfcie metlica limpa. Os detritos

    de xido que se vo acumulando tm muitas vezes caractersticas abrasivas, que contribuem para o desgaste. O

    alumnio e o ao inoxidvel so suscetveis corroso sob atrito, o que pode ser explicado tanto pela formao

    de xidos abrasivos, como Al2O3, e Cr2O3como pela adsoro de oxignio por esses metais.

    Dados experimentais mostram que na corroso sob atrito de ao com ao ocorrem interaes qumicas

    dos metais, sobretudo com o oxignio do ar e tambm com o nitrognio e vapor d' gua. A avaria menor em armido do que em ar seco, e muito menor em atmosfera de nitrognio. Tais observaes caracterizam a

    contribuio de um componente de natureza qumica em adio aos fatores mecnicos.

    Como processos de proteo contra a corroso sob atrito podem ser citados:

    Combinao de metal mole com metal duro com essa combinao o processo de solda nos pontos

    de contato entre metais similares impedido. Em alguns casos, tambm fica impedido o deslizamento

    da interface e a presena de ar. Alguns metais recomendados para serem usados com aos, a fim de

    diminuir a corroso, so o estanho, prata, chumbo, ndio e metais revestidos com cdmio. Como ligas,

    so recomendados os lates;

    Construo de superfcies de contato de maneira a evitar quase por completo o deslizamento isso

    pode ser conseguido tornando-se a superfcie rugosa, embora no seja fcil impedir completamente o

    deslocamento, pois se presume que a avaria seja causada por movimento relativo de dimenses

    extremamente diminutas, muitas vezes da ordem de alguns micrmetros em amplitude. Embora o

    aumento da carga diminua a possibilidade de deslizamento, deve-se ter em conta que em cargas

    elevadas a avaria maior. Acrscimo de carga aumenta a corroso, de modo que pites tendem a se

    desenvolver nas superfcies de contato quando produtos de corroso, por exemplo, Fe 2O3, ocupam

    maiores volume do que o metal do qual se originaram. Devido ao xido no ter capacidade de escapar

    durante o deslocamento oscilatrio, sua acumulao aumenta as tenses locais;

    Uso de lubrificantes leos de baixa viscosidade, isolados ou combinados com uma superfcie

    fosfatizada, reduzem as avarias quando a carga no muito grande; graxas contendo sulfeto demolibdnio, MoS2;

    Uso de juntas de elastmeros ou materiais de baixo coeficiente de atrito a borracha absorv