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APOSTILA DE FILOSOFIA 7º ANO – ENSINO FUNDAMENTAL 2º TRIMESTRE 2020

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APOSTILA DE FILOSOFIA

7º ANO – ENSINO FUNDAMENTAL 2º TRIMESTRE

2020

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2020 – APOSTILA – 7º ANO – 2º TRIMESTRE

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CAPÍTULO 03

A DEFESA DA REVELAÇÃO DIVINA

DEUS EXISTE?

A criação de Adão. MICHELANGELO

"Existirá Deus? Esta é uma questão fundamental, uma questão que a maior parte das pessoas já enfrentou

num noutro período da vida. A resposta dada por cada um de nós não afeta apenas a forma como agimos, mas também a forma como compreendemos e interpretamos o mundo e o que esperamos do futuro. Se Deus existe, a existência humana pode ter sentido e podemos mesmo ter esperança na vida eterna. Se não, temos de criar nós mesmos o sentido das nossas vidas: nenhum sentido será dado a partir do exterior e a morte será provavelmente definitiva.”

(WARBURTON, Nigel. Elementos básicos de filosofia. Lisboa: Gradiva, 2007, p. 29).

Neste capítulo, vamos estudar a maneira como religiosos e padres da Igreja Católica, a partir do século I, defenderam não só a existência de Deus, mas também a mensagem de Cristo. Boa parte desses padres utilizou termos e conceitos filosóficos para justificar racionalmente sua fé.

COMEÇANDO O CAPÍTULO 1. Como o autor do trecho reproduzido acima responde à pergunta sobre a existência de Deus?

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2. Segundo o autor, que consequência a existência de Deus teria para o ser humano? E a inexistência dele, que

efeito traria para o homem?

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3. O que você pensa a respeito dessa questão?

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FILOSOFIA

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A RELIGIOSIDADE HUMANA

Pensar a respeito da existência de Deus é inevitável. Em algum momento de nossa vida, nós nos questionamos: Deus existe?

Não sei se você já se fez essa pergunta e qual foi sua resposta, mas provavelmente pensou ou pensará algumas vezes sobre isso. Pensou ou pensará também sobre a existência da alma e a possibilidade de vida após a morte. Esses questionamentos talvez o levem a determinadas crenças.

Você poderá não acreditar nas coisas divinas, achar que tudo não passa de ideias criadas pelo homem ou crer profundamente em Deus e em seus ensinamentos. Poderá manifestar a sua religiosidade de diversas maneiras, adotando a religião cristã (católica, protestante, ortodoxa, evangélica etc.), a islâmica, a judaica, alguma religião afro-brasileira (como o candomblé e a umbanda) ou apenas acreditar em Deus e, às vezes, pensar nele.

Todas as religiões ou manifestações de religiosidade devem ser respeitadas por que são expressões de uma necessidade humana: o vínculo com o sagrado e o divino. Também o indivíduo ateu deve ser respeitado, pois todos têm o direito de entender o mundo e compreender a realidade à sua maneira.

Neste capítulo, vamos estudar a filosofia cristã. Não porque as outras religiões não mereçam um estudo similar, mas porque o cristianismo está relacionado a um momento da história da filosofia. Vamos ver como muitas das ideias de Pitágoras, Sócrates, Platão, Epicuro e dos estoicos influenciaram o pensamento cristão, e como, ao mesmo tempo, muitas escolas filosóficas posteriores foram influenciadas por essa religião.

A RELAÇÃO DA FILOSOFIA COM O MÍSTICO E O RELIGIOSO

Pelo estudo que realizou até aqui, você sabe muito bem que a filosofia surgiu diferenciando-se dos mitos. Ao contrário dos mitos, que explicavam o mundo com base na tradição, a filosofia passou a explicá-lo valendo-se de argumentos racionais. Na Grécia antiga, o mito explicava o mundo e a realidade por meio de narrativas ou histórias nas quais predominava a vontade dos deuses. Já a filosofia é uma investigação racional sobre a natureza e o ser humano; ela busca os princípios (ou leis) que explicam a realidade. Você está lembrado disso?

No Entanto, embora a filosofia seja um discurso racional, isso não significa que ideias religiosas, mágicas ou místicas tivessem se afastado completamente das correntes filosóficas. Lembre-se, por exemplo, da filosofia de Pitágoras. Além de achar que o número estava presente em todas as coisas, esse filósofo acreditava que a alma, após a morte, reencarnava em outro corpo. Podemos considerar isso misterioso, você não acha?

Lembre que Platão também defendia a ideia de uma alma migrando em corpos diferentes. Recorde que sua filosofia gira em torno de uma realidade que não pode ser vista, uma realidade suprassensível, na qual estariam as formas inteligíveis, isto é, as essência das coisas visíveis. Esses são alguns exemplos de que as ideias sobre divindades, espíritos e certos mistérios acompanharam o desenvolvimento da filosofia.

Templo de Angkor Wat, no Camboja.

Esse templo tem um importante significado religioso tanto para o hinduísmo quanto para o budismo. No Oriente, hinduísmo e budismo são duas escolas de pensamento que unem a filosofia ao místico e ao religioso.

PARA LER E REFLETIR

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

“Art. XVIII

Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular."

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Fique atento! A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada e adotada pela Assembleia Geral das Nações

Unidas (ONU) em 1948. O documento estabelece, entre outras coisas, o direito de todo cidadão à liberdade religiosa, à vida e à educação.

A FORMAÇÃO DA FILOSOFIA CRISTÃ

No século III, quando o Império Romano mergulhava em uma crise profunda, as escolas filosóficas ampliaram o conteúdo místico e religioso. Enquanto isso acontecia, o cristianismo se expandia até se transformar na mais importante religião da Europa Ocidental. Ao longo desse período, ocorreram relações de aproximação e de afastamento entre a filosofia grega e o cristianismo. Muitos conceitos e ideias da filosofia grega (pagã, isto é, não cristã) foram utilizados para defender o cristianismo e para desenvolver a filosofia cristã.

Antes de estudarmos essa filosofia, vamos conhecer um pouco do neoplatonismo, que em alguns aspectos pode ser considerado uma corrente filosófica intermediária entre a filosofia grega e a filosofia cristã.

NEOPLATONISMO

O principal filósofo do neoplatonismo foi Plotino, fundador de uma escola de grande influência em Roma no século III. Plotino, apoiado no pensamento de Platão, desenvolveu uma filosofia própria. Para ele, o objetivo mais importante da filosofia era ensinar os homens a se libertarem da vida terrena e dos prazeres do mundo para que pudessem se unir ao Divino por meio da contemplação, da meditação. Perceba que Plotino defendia um objetivo religioso para a filosofia: ajudar o indivíduo a se aproximar de Deus.

De acordo com esse pensador, Deus (ou o Uno) é o princípio supremo do qual tudo depende. Deus é perfeito, imóvel, eterno e é a causa da existência de todas as coisas. Assim como o Sol é a fonte propagadora de luz, Deus seria a fonte propagadora de realidade.

Mafalda (2016), tirinha de Quino.

Na tirinha, fica nítida a ideia de que o mundo está doente e precisa de salvação. Que doenças são essas?

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A UNIÃO MÍSTICA COM DEUS E A SALVAÇÃO

Plotino defendia o que a contemplação poderia promover a união mística do homem com o Divino. O indivíduo deveria deixar de lado as coisas materiais e externas para se concentrar em seu interior. A interiorização é um processo de retorno da alma para si mesma, buscando a purificação. De acordo com o filósofo, se a alma humana é derivada de Deus, quando ela se concentra em si mesma também retorna ao Uno, ao todo infinito. A alma, então, entraria em comunhão, em harmonia com o Divino.

Para esse pensador, a tarefa da filosofia é deixar clara a vinculação entre o homem (sua alma) e a totalidade cósmica (Deus), mostrando que o caminho de purificação da alma exige o afastamento do homem das coisas sensíveis e a meditação profunda. A filosofia teria de ajudar o indivíduo (a alma humana) a perceber sua unidade com Deus.

Talvez você já tenha percebido uma novidade no pensamento de Plotino, novidade que também está presente em alguns pensadores do mesmo período: a subordinação da filosofia a crenças místicas e religiosas. A filosofia passa a refletir de maneira profunda sobre questões como a salvação da alma e a união do indivíduo com Deus. Isso vai ficar ainda mais evidente na filosofia cristã.

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O INÍCIO DA PATRÍSTICA E A FILOSOFIA CRISTÃ

Quando você ouve a palavra “Cristo”, o que pensa? Quais ideias surgem em sua mente? Salvação? Crucificação? Amor? Sacrifício divino? Pecado? Castigo? Religião? Todas essas ideias estão relacionadas à mensagem do Novo Testamento, que é a segunda parte da Bíblia. Os livros do Novo Testamento têm como centro a vida de Jesus Cristo, seus ensinamentos e sua morte. A filosofia cristã, por sua vez, está ligada intimamente a esse conteúdo.

TROCANDO IDEIAS A ideia de que o indivíduo deve buscar a verdade em seu íntimo ou em seu interior já estava presente em filosofias anteriores a de Plotino. Você saberia citar quais? Escreva o nome da algumas delas.

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A BOA NOVA: A VINDA DE CRISTO

Adoração dos Magos, Domingos Siqueira,1828.

Segundo o Antigo Testamento, que é a primeira parte da Bíblia, Adão e Eva foram o primeiro casal criado por

Deus. Eles viviam tranquilamente no Jardim do Éden, mas, por ordem divina, não podiam se alimentar dos frutos de uma das árvores desse jardim, a árvore do conhecimento do bem e do mal. O casal, convencido por uma serpente a saborear o fruto proibido, acabou sendo expulso do Éden. Após a expulsão, Deus teria condenado todos os homens à mortalidade e ao trabalho. Esse episódio é conhecido como pecado original. No entanto, Deus, por causa de seu profundo amor pelo gênero humano, teria enviado o próprio filho, Jesus Cristo, para salvar todos nós. “Pois Deus amou de tal forma o mundo que entregou seu filho único para que todo o que nele acredita não morra,

mas tenha vida eterna.” Bíblia. São Paulo: Paulus, 1990. P. 1295.

O verbo ou o Logos de Deus teria se transformado em carne, em homem, em Jesus Cristo, para salvar os

que nele acreditassem. O filho de Deus teria sido crucificado para redimir os que vivem conforme seus ensinamentos. O cristianismo, então, é uma religião que busca a salvação do ser humano por meio da crença e da fé.

O SURGIMENTO DA PATRÍSTICA

No entanto, apesar de ser uma religião que busca Despertar a fé em Deus, em Cristo e na salvação da alma, o cristianismo em seu início teve de se defender das perseguições dos não cristãos (pagãos) e do Estado romano. Ao mesmo tempo, precisou criar um discurso harmônico para unir seus fiéis. O cristianismo precisava criar argumentos racionais para manter a unidade dos devotos de Cristo e para convencer outras pessoas a respeito de um dos caminhos que levariam à salvação do ser humano.

A defesa da fé cristã foi feita por padres da Igreja que reafirmavam o cristianismo usando ideias e conceitos filosóficos. Por isso, essa defesa e as ideias que resultaram dela são conhecidas como Patrística. Podemos dizer, então, que a Patrística inaugurou a filosofia cristã. E o Pensador mais importante desse período foi Agostinho de Hipona.

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CONHEÇA UM POUCO MAIS

A DEFESA DA VERDADE REVELADA

Para os padres da patrística, que defendiam a mensagem de Cristo, o cristianismo era a verdade tão procurada e nunca encontrada pelos filósofos da Grécia Antiga ponto para eles, além de ter fé, era necessário preservar a verdade revelada por Deus e torná-la conhecida utilizando argumentos Racionais. Esse era fundamentalmente o papel dos pensadores que atuavam em defesa de sua fé.

ATIVIDADE 1. Assinale as afirmativas corretas. a) Em sua origem, a filosofia se diferenciou do mito por tentar explicar a realidade por meio da razão. b) O mito, a religião e a filosofia são uma coisa só, todos tentam explicar a realidade da mesma forma. c) Embora a filosofia seja um discurso racional, as ideias religiosas e místicas não se afastaram completamente

das correntes filosóficas. d) Platão combatia qualquer afirmação que não pudesse ser verificada na prática ou confirmada por meio

dos sentidos. e) Pitágoras era contrário a qualquer pensamento místico; em seu sistema só havia racionalidade. 2. Relacione cada filósofo (ou filosofia) à frase (ou ao pensamento) que o identifica. a) Platão b) Plotino c) Epicuro d) Estoico ( ) É preciso identificar os prazeres bons e os ruins.

( ) Existem duas realidades: a visível e inteligível.

( ) É o principal filósofo do neoplatonismo.

( ) Seu nome deriva de uma palavra grega que significa Pórtico.

3. A filosofia cristã tem início com:

a) a filosofia patrística, que incentivava o amor à pátria e a unidade de todos que acreditavam em Cristo.

b) a atuação dos padres da Igreja, que defendiam a mensagem de Cristo e elaboravam uma teoria cristã.

c) a atuação dos padres da Igreja que buscavam a conciliação entre pátria e religião.

d) Sócrates, segundo o qual o aprimoramento da alma era a meta mais importante para o ser humano.

4. As palavras a seguir, escritas por Plotino, aproximam-se das reflexões de um dos principais filósofos da

Grécia antiga. Identifique esse filósofo e explique a vinculação entre as duas teorias.

“Quando vemos as belezas corporais, não devemos correr atrás delas, mas saber que elas são imagens,

traços e sombras; e que, portanto, devemos fugir em direção àquela Beleza da qual são uma imagem. Se

corrermos para apanhar as imagens como se fossem reais, seremos semelhantes ao homem que quis apanhar

sua bela imagem refletida nas águas, caiu em suas profundezas e desapareceu.” (PLOTINO)

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5. Observe a imagem e faça as atividades.

Jovens seguram cartazes com o símbolo coexiste (em português, “coexistia”) em Paris (França) após ataques terroristas ocorridos na cidade, 2015.

a) Quais são as três religiões representadas nos cartazes?

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b) Você concorda que todas as manifestações religiosas, assim como o ateísmo, devem ser respeitadas? Por quê? Justifique sua resposta.

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6. Para Plotino, a música, o Amor e a filosofia conduziriam ao encontro com o divino. Leia o texto abaixo e, com

base nele, crie um breve poema, tentando associar a beleza musical à beleza das ações.

“O belo está sobretudo na visão, mas está tão bem na audição, por conta de combinações de palavras, e está também na música de todos os tipos: pois melodias e ritmos também são belos; há também, para aqueles que se elevam das sensações ao que é superior, belas ocupações, ações, hábitos, conhecimentos e ainda a beleza das virtudes.”

PLOTINO. Enéadas. In: BARACAT JR., J.C. Plotino, Enéadas I, II e III;Porfírio, Vida de Plotino. Campinas: Unicamp, 2006. P. 303.

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7. Redija um breve texto sobre as principais ideias a respeito do neoplatonismo e o início da filosofia cristã.

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REFLETINDO SOBRE O TEXTO

ESPANTO, CALAMIDADE E MILAGRE

“Para o nordestino do sertão, a chegada da chuva é sempre recebida com

espanto. Quando os céus mandam a chuva exata, milagre é ver o chão fecundado e o

verde que brota do solo seco da noite para o dia; quando exageram, a chuva é

calamidade, água em excesso que o chão empedernido não consegue absorver e

alaga as terras, os pastos, as casas. Mas por que o espanto? Por que espantar-se

com o regime irregular das chuvas em uma região danificada pela exploração feroz e

irresponsável da terra, praticada desde os tempos da colônia, que transformou quase

toda a caatinga em deserto?

A chuva parece milagrosa porque representa a renovação da vida em regiões

sempre ameaçadas pela morte dita “natural” que a seca traz; parece milagrosa porque é imprevisível; mas

sobretudo, porque os agricultores pobres não dispõem de nenhuma medida protetora contra a falta de chuvas. As

roças e os animais podem vingar ou morrer longe dos açudes, sem poços artesianos, sem recursos para irrigação.

[... ] O espantoso, a meu ver, não é que chova demais, ou deixe de chover durante meses a fio. A alegria e a

esperança trazidas pelas primeiras chuvas que chegam (quando chegam) para trazer vida ao sertão não impedem

que nos espantemos com o fato de que o destino do pequeno agricultor que tenta sobreviver de seu trabalho

naquelas paragens ainda esteja, literalmente nas mãos de Deus.” KEHL, Maria Rita. Espanto, calamidade e milagre: o imaginário da chuva na canção popular do Nordeste.

1. Qual é a associação feita pela autora entre o fenômeno natural em questão e a religiosidade?

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2. A autora aponta a causa do “regime irregular” das chuvas e comenta a representação desse fenômeno como “renovação da vida”. Essas duas ideias, de “regime irregular” e de “renovação da vida”, estão ligadas a crença ou a razão? Explique.

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3. Com base nos estudos feitos neste capítulo, seria possível realizar uma leitura ao mesmo tempo crente e

racional de um texto bíblico? Justifique sua resposta.

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CAPÍTULO 04

AGOSTINHO: DEUS É VERDADEIRO

COMO DEUS E O MAL PODEM EXISTIR AO MESMO TEMPO?

“Há mal no mundo: isso não pode ser seriamente negado. Basta pensar no Holocausto, nos massacres de

Pol Pot no Camboja ou na prática generalizada da tortura. Todos eles são exemplos de mal moral e crueldade: seres humanos que provocam sofrimento há outros seres humanos por uma razão qualquer. A crueldade tem também muitas vezes como objeto os animais. Há também outro tipo de mal, conhecido como mal natural ou metafísico: terremotos, doença e fome são exemplos desse tipo de mal.

Visto existir tanto mal, como pode alguém acreditar seriamente na existência de um Deus sumamente bom? Um Deus onisciente saberia que o mal existe; um Deus todo poderoso poderia evitar que o mal ocorresse; e um Deus sumamente bom não quereria que o mal existisse. Mas o mal continua a existir. Esse é o problema do mal: o problema de explicar como os alegados atributos de Deus podem ser compatíveis com o fato inegável de o mal existir.”

WARBURTON, Nigel. Elementos básicos de filosofia.

Falar de Deus é falar do bem. Mas falar do bem é pensar também na existência do mal. Mal e bem habitam a imaginação do ser humano. Será que eles existem fora de nossos pensamentos? Se Deus existe e é o criador de tudo, como o mal pode existir? Deus teria criado o Mal? Mas como isso é possível, se Deus só pratica ou bem?

Muitos pensadores cristãos refletiram sobre a relação entre o bem, o mal e a melhor maneira de o ser humano conduzir sua vida. Agostinho, que será estudado neste capítulo, defendeu que o mal era a ausência do bem, isto é, o resultado do afastamento de Deus. Para ele, ou mal não era, portanto, criação divina.

Cena do filme Liga da Justiça (2017), dirigido por Zack Snyder. Em histórias de super-heróis, é muito frequente a

representação da luta do bem contra o mal.

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COMEÇANDO O CAPÍTULO 1. O que o autor do texto considera ser real e inquestionável? Quais exemplos ele apresenta para sustentar

sua posição?

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2. Qual é a dúvida despertada por esse fato? O que você pensa a respeito disso?

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3. Como Agostinho responde a esse problema? Você concorda com ele? Justifique.

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A FILOSOFIA E A DEFESA DA MENSAGEM DE CRISTO

Se você ler o Novo Testamento, encontrará inúmeras noções da filosofia grega. Talvez isso fique mais

evidente pela utilização da palavra “Logos”, conforme está anunciado no Evangelho segundo João: “E o Logos se

fez homem e habitou entre nós”. O Logos (com Inicial maiúscula) é a razão ou o verbo de Deus, que se tornou

homem no corpo de Jesus Cristo para salvar os fiéis.

Você conhece a palavra “logos”, não é? Ela foi utilizada por diversos filósofos. Por exemplo, Heráclito

afirmava que havia uma razão, denominada logos, governando o mundo. Os estoicos também defendiam que

cada indivíduo deveria colocar sua razão em harmonia com a razão universal, o logos universal. Assim, essa

expressão, antes de ser utilizada no discurso bíblico, já fazia parte da tradição filosófica.

A religião cristã e a filosofia estabeleceram um contato mais intenso a partir do século II, quando muitos

gregos se converteram ao cristianismo. Na ocasião, a Grécia fazia parte do Império Romano, assim como a

Judeia, onde nasceu Jesus Cristo. Alguns desses gregos convertidos ao cristianismo eram cultos, já haviam

estudado filosofia e passaram a utilizar os termos filosóficos com um novo sentido, ligado à religião. Esses gregos

cultos serviam-se do pensamento racional para defender o cristianismo.

TROCANDO IDEIAS

A racionalidade da filosofia se uniu à fé cristã durante um importante período da história da filosofia. Na sua opinião, é possível essa junção? Justifique sua resposta.

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CONHEÇA UM POUCO MAIS

OS PADRES APOLOGISTAS

Nos domínios romanos, a partir do século II, surgiram padres de vasta cultura que faziam a apologia, isto é, a defesa ou o elogio da religião cristã. Eles ficaram conhecidos como apologistas ou apologetas.

O período em que viveram foi marcado por intensas perseguições aos cristãos, os quais eram sentenciados à morte pelo Estado romano pelo fato de professarem uma religião proibida. Nesse momento, as crenças e ideias pagãs predominavam no Império Romano, e o cristianismo ainda não havia conquistado muitos devotos.

O filósofo Justino foi um desses apologistas. Nas apologias que escreveu, ele defendeu os cristãos contra a campanha de repressão promovida pelos imperadores Adriano e Marco Aurélio. Usando o seu vasto conhecimento, Justino reuniu em seus escritos a filosofia grega e a doutrina cristã para fortalecer o cristianismo e tentar reconhecer a existência legal dos cristãos em uma Império Pagão.

Escultura em bronze do imperador romano Marco

JUSTINO: DA FILOSOFIA GREGA À CRISTÃ

Justino é considerado o fundador da Patrística. Ele teve contato com o pensamento pagão dos estoicos, dos

aristotélicos e dos pitagóricos. Concordou durante muito tempo, ainda, com a filosofia platônica. Depois de se

converter ao cristianismo, passou a considerar a doutrina cristã como a única filosofia inteiramente verdadeira,

segura e útil.

Para esse filósofo e teólogo, somente a filosofia cristã era capaz de conduzir e unir o ser humano a Deus. O

cristianismo, por meio da verdade revelada, tinha chegado aonde nenhuma filosofia pagã conseguiu chegar.

Isso não significa que Justino descartasse os ensinamentos da filosofia grega. Ao contrário, ele achava que

pensadores como Sócrates, Platão e Aristóteles, ao desenvolverem suas ideias e seus pensamentos, estavam

inspirados ou iluminados pelo Logos divino. Desta forma, o Logos de Deus já atuava mesmo antes de Cristo. Com

a vinda do salvador, esse Logos se tornou homem, como afirmou João no Evangelho, revelando toda a verdade

que os filósofos procuravam.

Para Justino, algumas ideias elaboradas pelos filósofos antigos eram apenas uma antecipação do

cristianismo. Nesse sentido, tudo o que se fez ou foi dito de verdadeiro, mesmo antes da encarnação de Cristo,

teria acontecido por causa do Logos divino e pertenceria, assim, à doutrina Cristã.

O COMBATE À FILOSOFIA GREGA

Além de Justino, outros teólogos também defenderam uma forte relação entre a filosofia pagã e a filosofia

cristã. Para eles, o cristianismo deveria utilizar o pensamento dos filósofos gregos para fortalecer e promover o

discurso cristão. Entretanto, muitos pensadores cristãos também perceberam uma grande diferença entre o

cristianismo e a filosofia pagã. Eles sabiam que a religião não tinha como aspecto central a busca pelo

entendimento racional dos fatos e fenômenos do mundo, mas o desenvolvimento da fé em Cristo. Para esses

pensadores, é na fé (e só na fé) que o cristão deve buscar a salvação.

Alguns apologistas, como Tertuliano, combateram intensamente a filosofia grega, argumentando que seus

estudos e suas polêmicas eram perda de tempo, pois apenas atrapalhavam quem desejasse avançar no caminho

da salvação. Para Tertuliano, qualquer pessoa ou alma simples, sem estudos, poderia encontrar Deus, bastando

para isso, seguir o caminho da fé.

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AGOSTINHO: FILOSOFAR NA FÉ

Não sei se você já viu um beija-flor de perto, batendo as asas e beijando uma flor; se observou um joão-de-

barro construindo sua casa; se sentiu com as mãos a textura de uma grande árvore e se desfrutou de sua sombra;

se viu germinar alguma planta; se já se encantou com a Lua e as estrelas; ou se admirou algum pôr do Sol. Não

sei se alguma vez em sua vida você teve admiração por algum fenômeno da natureza. Não sei o que você sentiu

quando viu o mar pela primeira vez, ou se ao menos se lembra desse fato.

Para muitas pessoas, a natureza está cheia de vestígios de Deus, e todos os seres seriam criações da

inteligência e da perfeição divinas. Deus teria criado tudo a partir do nada.

Assim pensava Agostinho, o mais importante filósofo do pensamento Cristão. Para ele, havia uma frase

bíblica que resumia o significado do ser divino: “eu sou aquele que sou”. Deus seria o ser verdadeiro tão

procurado pelos filósofos, que, por seu amor e bondade, teria criado o céu, a terra, o homem e todas as coisas.

Deus seria o único ser verdadeiro porque não dependeria de nada para existir. Ele seria perfeito, eterno e

imutável. Todas as coisas teriam saído de suas mãos e, portanto, a existência delas dependeria da vontade

divina. Em outras palavras, caso fosse o desejo de Deus, elas poderiam deixar de existir. Para Agostinho, a única

existência completa seria a divina e assim nunca poderia deixar de ser.

PERSONAGEM AGOSTINHO DE HIPONA nasceu em 354 em Tagaste, na atual Argélia, e morreu em

430. Foi professor de retórica e bispo da cidade de Hipona.

Embora tenha vivido antes da Idade Média, no período de declínio do Império Romano,

foi o filósofo de maior influência da Europa medieval. Ele combinou a filosofia grega com os

princípios da Bíblia, estabelecendo referências centrais para o cristianismo e a Patrística.

DEUS É O BEM E O AMOR

As palavras a seguir inspiraram vários escritores e compositores. Elas foram extraídas do texto bíblico conhecido como “Carta aos Coríntios”, escrito pelo apóstolo Paulo, e mostram como o amor ao próximo e a caridade são importantes para o cristianismo. “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e a dos anjos, se eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e toda a

ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se eu não tivesse o amor, eu não seria nada.”

Bíblia. São Paulo: Paulus, 1980. P. 1474.

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Para Agostinho, Deus não é apenas o ser verdadeiro, não é só a verdade procurada pelos filósofos, mas é também o amor e o bem. Amar a Deus seria amar o amor. Desse modo, o amor e a verdade andariam juntos. Ao contrário de Sócrates e de Platão, Agostinho defendia que o ser humano bom não seria aquele que somente conhece ou busca a verdade mas, sobretudo, aquele que ama.

Aquele que ama o próximo pode amar a Deus por que se coloca no caminho em direção ao ser verdadeiro.

O QUE É O MAL?

Como explicar a existência do mal se Deus, além de responsável por tudo o que existe, é o ser verdadeiro e o bem? Deus criou o Mal? Mas como o bem poderia criar o mal, como o perfeito poderia criar o imperfeito? Essas eram algumas dúvidas que estavam presentes no pensamento do homem medieval e que surgem na mente de algumas pessoas ainda hoje.

Para entender a resposta de Agostinho, vamos comparar Deus ao Sol. Sabemos que o Sol é responsável pela vida em nosso planeta. Se por acaso a Terra mudasse de posição no Sistema Solar e os raios solares deixassem de chegar até aqui, todos os seres humanos morreriam. De modo semelhante, segundo o pensamento de Agostinho, isso aconteceria com a existência das coisas em relação a Deus. Ele, que é o ser e o bem, seria a causa de todas as existências e de toda a bondade. Assim, quanto mais afastados de Deus, menos existência e bondade as coisas teriam. O mal seria, então, a ausência do bem, o afastamento de Deus; não teria uma existência própria, pois seria a ausência completa do verdadeiro ser.

Seguindo esse pensamento, para Agostinho, o ser humano praticaria o mal quando ignorasse os mandamentos de Deus, quando se afastasse do ser divino. Os homens praticariam o mal quando, por escolha própria (livre-arbítrio), seguissem outro caminho que não os levasse a Deus. SUGESTÃO DE ATIVIDADE:

Neste jogo, você deve decifrar os enigmas propostos pelas imagens utilizando conceitos da

filosofia medieval.

O HOMEM E A ILUMINAÇÃO DIVINA

Agostinho acreditava que a alma humana deveria se dirigir a Deus, ao ser verdadeiro, à verdade, ao bem e ao amor. O ser humano deveria procurar o divino em seu interior, pois, assim, poderia ter a alma iluminada.

Para o filósofo, após o episódio bíblico do pecado original, o ser humano teria tomado outro caminho, afastando-se de Deus. A alma, em vez de seguir na direção Divina, voltou-se para os prazeres do corpo e do mundo. Desde então, o ser humano viveria no vício e no pecado, no prazer sem limite, na preguiça, na ostentação, na busca pelo poder e pelo enriquecimento.

O ser humano, sozinho, não conseguiria sair dessa situação. Ele precisaria da iluminação divina, pois sem a ajuda de Deus o homem permaneceria no vício. O Logos divino transformou-se em Cristo exatamente para salvar o ser humano.

A FÉ E A RAZÃO NA COMPREENSÃO DO DIVINO

Para Agostinho, não havia contraposição entre fé e razão. O problema, segundo ele, é que a imperfeição humana não permitiria que o ser humano compreendesse racionalmente a perfeição divina e assimilasse a sua totalidade. Nesse sentido, o homem teria de ter fé na verdade revelada por Deus.

Embora a razão não fosse considerada suficiente para a compreensão do divino, Agostinho entendia que ela estimulava o ser humano a aprender, a questionar, a ter curiosidade, antes mesmo de confiar em qualquer crença. Para perceber isso, bastaria observar as crianças: elas estão sempre perguntando a respeito dos fatos e das pessoas, e isso é uma curiosidade natural delas.

As investigações racionais, quando são guiadas pela fé, podem fazer o ser humano compreender algumas verdades que estão na Bíblia. A razão humana pode demonstrar, então, que essas verdades levam à salvação. Assim, esse filósofo defendia que a fé e a razão são complementares. Ele resumiu esse pensamento na seguinte frase: “Compreender para crer e crer para compreender”.

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Interior da Basílica de Saint Denis, iluminada por raios solares. Para Agostinho, o seu humano teria a alma iluminada ao procurar Deus em seu

interior.

ATIVIDADES

1. Marque a alternativa incorreta. a) Os estoicos defendiam que a razão individual devia se colocar de acordo com o destino estabelecido

pelo Logos. b) Heráclito defendia que o o universo tinha uma ordem determinada pelo Logos Universal. c) Jesus Cristo criou o logos em Deus. d) Para o cristianismo, o Logos se transformou em filho de Deus. 2. Por que, segundo Agostinho, o ser humano precisa da ajuda (iluminação) de Deus?

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3. Leia o texto de Justino reproduzido abaixo e explique qual era a posição desse teólogo a respeito da filosofia

ou dos filósofos. Leve em conta que a expressão “verbo” tem o mesmo sentido da palavra “Logos”.

“Com efeito, tudo o que os filósofos e legisladores disseram e encontraram de bom foi elaborado por eles pela investigação e intuição, conforme a parte do verbo que lhes coube. Todavia, como eles não conheceram o verbo

inteiro, que é Cristo, eles frequentemente se contradisseram uns aos outros." JUSTINO. Segunda apologia

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4. Leia o texto abaixo e explique o argumento de Tertuliano contra a filosofia ou os filósofos. “Qualquer artesão cristão conhece a Deus e o mostra aos outros e, além disso, afirma com seu viver tudo quanto os filósofos buscam acerca de Deus, ainda que Platão afirme que não é fácil conhecer o Arquiteto do Universo e

dar-lhe a conhecer a outros..." TERTULIANO. Apología contra los gentiles en defensa de los cristianos.

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5. Nesse capítulo, aprendemos que para Agostinho os homens deveriam procurar Deus em seu interior. O filósofo defendia que o ser humano encontraria a salvação quando se aproximasse do divino por meio do autoconhecimento.Observe a tirinha a seguir e explique-a com base no pensamento de Agostinho.

Tirinha de Laerte (2005).

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REFLETINDO SOBRE A PINTURA

A incredulidade de São Tomé, pintura de Caravaggio.

Com base na pintura de Caravaggio e no texto a seguir, retirado da Bíblia, faça o que se pede. “Os outros discípulos disseram para ele: ‘Nós vimos o Senhor’. Tomé disse: ‘Se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não acreditarei’.”

Bíblia. São Paulo: Paulus, 1990. P 1322.

1. Descreva a cena representada na pintura.

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2. Qual é a relação entre experiência sensível e crença na cena representada nessa pintura?

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3. Existe a mesma relação entre experiência sensível e crença para o filósofo Agostinho? Justifique.

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COMPREENDER UM TEXTO

DEUS É NEGRO

“Trago no sangue uma África. O reboar de tambores, a ponta afiada de lanças, os riscos coloridos realçando

a pele e, na boca, o gosto atávico dos frutos do Jardim do Éden. Na alma, as cicatrizes abertas de tantos açoites, o grito imperial dos caçadores de gente, os filhos apartados de seus pais e os maridos de suas mulheres, o balanço agônico da travessia do Atlântico e, nos porões, a morte ceifando corpos engolidos pelo mar e triturados pelos dentes afiados dos peixes.

Sou filho de Ogum e Oxalá, devoto de Iemanjá, a quem elevo as oferendas de todas as dores e cores, lágrimas e sabores, o choro inconsolável das senzalas, a carne lanhada de cordas, os pulsos e os tornozelos a ferros, a solidão da raça[...]

Sou escravo e, no entanto, senhor de mim mesmo, pois não há ferrolho que me tranque a consciência nem moralismo que me faça encarar o corpo com os olhos da vergonha... faço do carinho, liturgia, do amor, bonança, multiplicando a raça na esperança de quem fertiliza sementes. Dou ao senhor novos braços que haverão de derrubá-lo de seu trono.[...]

Sou liberto e, no fundo das matas, recrio um espaço de liberdade, defendendo com espírito guerreiro o meu reduto de paz. No quilombo, volto à África, resgato a força mistérica do meu idioma, celebro reisados e congadas, o canto livre ecoando no couro da passarada, as águas da cachoeira expurgando-me de todo temor, as árvores em sentinelas cobertas de mil olhos vigilantes.

Cidadão brasileiro, ainda luto por alforria, empenhado em abolir preconceitos e discriminações, grilhões forjados na inconsciência e inconsistência dos que insistem em fazer da diferença divergência e ignoram que Deus é também negro.”

BETTO, Frei. Deus é negro. QUESTÕES

1. O que o texto nos informa sobre o passado e o presente da população afro-brasileira?

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2. Que lições Frei Betto nos ensina nesse texto, quando se declara filho de Ogum e Oxalá, mesmo sendo católico?

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3. Interprete a afirmação “Deus também é negro” com base no assunto estudado nessa unidade.

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NOSSO COTIDIANO

RELIGIOSIDADE E TOLERÂNCIA RELIGIOSA

Nesta unidade, estudamos a Patrística. Vimos como padres e pensadores da Igreja Católica defenderam a fé

cristã utilizando argumentos racionais ou filosóficos, dando início ao que posteriormente ficou conhecido como

filosofia cristã.

A filosofia cristã está ligada ao desenvolvimento da filosofia ocidental. Mas a defesa de Deus e a necessidade

do ser humano de se relacionar com o sagrado e o divino não são exclusividade dessa corrente de pensamento,

pois são preocupações que acompanham a história do homem.

Na origem de qualquer cultura estão presentes manifestações míticas e religiosas. Percebemos isso em boa

parte das respostas dadas às perguntas existenciais do ser humano - “O que é a vida?”,”O que é a morte?”,

“Existe um ser supremo?”. Trata-se de um fenômeno universal: as manifestações religiosas mudaram no tempo e

no espaço, mas sempre estiveram presentes na existência humana, por meio da religiosidade, uma tendência

para as coisas sagradas.

O reconhecimento dessa tendência nos faz refletir sobre uma aparente contradição: se a religiosidade é um

fenômeno universal ou pelo menos amplamente difundido entre os seres humanos, por que há tanta

intolerância religiosa?

RELIGIÃO, RELIGIOSIDADE E DIVERSIDADE RELIGIOSA

O filósofo e sociólogo Émile Durkheim definiu a religião como um sistema solidário de crenças e de práticas

relativas a coisas sagradas que reúne uma comunidade. As coisas sagradas são aquelas que participam de uma realidade inteiramente diferente da nossa realidade comum, natural ou apenas física.

O sagrado varia de religião para religião, mas todas têm seus seres, ações ou coisas que são venerados e em volta dos quais se desenvolvem as crenças, os cultos e os ritos. Por exemplo: os orixás (divindades) do candomblé, que representam ou materializam forças e potências da natureza; os caboclos (entidades) da Umbanda, espíritos que se manifestam por meio dos médiuns; a palavra sagrada de Deus, que a Bíblia para o catolicismo, o Alcorão para os muçulmanos e o Antigo Testamento para o judaísmo; o Brama, princípio constitutivo do Universo, do hinduísmo. Esses são apenas alguns exemplos.

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O filósofo e historiador Mircea Eliade utilizava um termo para tratar da experiência religiosa: “hierofania”, palavra de origem grega que significa que o sagrado (hieros) está se revelando ou se manifestando (fania). A manifestação do Sagrado pode se dar em um objeto, como uma pedra, ou em um ser, como é o caso de Jesus Cristo.

Ao longo de nossa história, as crenças e as práticas religiosas se organizaram de diversas formas, como cristianismo, islamismo, budismo, hinduísmo, judaísmo, espiritismo, umbandismo, e candomblé. Isso significa que a religiosidade se expressa de maneiras diversas, embora não seja absoluta, pois há pessoas que não acreditam em deuses (ateus).

DIREITO À LIVRE MANIFESTAÇÃO DE CRENÇA

Se a religiosidade é uma tendência humana e está presente nas mais variadas sociedades e culturas, e se ela se manifesta em religiões diferentes, então a intolerância religiosa vai contra uma tendência humana universal.

Se eu pretendo manifestar minha religiosidade plenamente, de acordo com minha crença, e acredito que todas as pessoas têm os mesmos direitos, tenho de defender que todos possam fazer a mesma coisa. Assim, a intolerância religiosa é uma atitude irracional, um fanatismo que demonstra a falta de capacidade ou de vontade de conviver com as diferenças.

Cada indivíduo, então, deve poder praticar sua religião sem ser perseguido por outra pessoa, grupo social ou pelo Estado, pois ele nada mais faz do que expressar uma tendência ou necessidade humana. Esse direito está previsto na Constituição da República Federativa do Brasil, na qual se afirma a liberdade de consciência e de crença e a proteção legal aos locais de culto. O desrespeito a tais garantias também atinge a liberdade de pensamento, direito tido como básico na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948.

DIVERSIDADE RELIGIOSA NO BRASIL

A tolerância religiosa é fundamental para a boa convivência entre os brasileiros, pois a pluralidade faz parte

de nossa identidade. Antes mesmo da chegada dos portugueses, diferentes etnias indígenas, como os

Tupinambá, os Aruaque e os Caraíba, expressavam sua religiosidade de maneira particular por meio dos mitos.

Apesar do politeísmo ser um elemento comum entre tais culturas, havia formas distintas de tratar o sagrado.

No início das primeiras décadas do século XVI o catolicismo foi introduzido no país por meio dos missionários

da Companhia de Jesus. Esses missionários tentavam cristianizar os indígenas, propagando ideias do catolicismo,

entre elas, a da existência de um único Deus, o monoteísmo. Durante muito tempo, até o início da Primeira

República (1889), o catolicismo foi a religião oficial do Estado brasileiro.

Ruínas jesuíticas de igreja em sítio arqueológico do município de São Miguel Arcanjo (RS).

Os negros capturados em diversas regiões do continente africano e escravizados no Brasil, de etnias como

Iorubá, Peul e Bantu, trouxeram, por sua vez, um conjunto também rico e diversificado de costumes, tradições e crenças, em grande parte presente ainda hoje em religiões afro-brasileiras, como o candomblé, o Xangô, a umbanda, o batuque e o tambor de mina.

Essa diversidade religiosa, que está na origem do povo brasileiro, foi ainda ampliada por meio de

imigrações estrangeiras mais recentes ou missões destinadas a difundir religiões, as quais trouxeram ao território

nacional diversas formas de protestantismo. São protestantes os luteranos, anglicanos, episcopais, metodista,

presbiterianos, congregacionalistas, batistas e, mais recentemente, os pentecostais e neopentecostais. Estes

últimos contam com inúmeras igrejas, como a Congregação Cristã do Brasil e a Assembleia de Deus.

Além disso, há ainda, outras formas de manifestação religiosa, como as chamadas por alguns estudiosos de

“neocristãs” - testemunhas de Jeová, mórmons, adventistas e outros, e também espiritismo, judaísmo, budismo,

islamismo, Hare Krishna, xintoísmo, Seicho-no-Ie, entre outras.

Conviver, respeitar e aprender com as múltiplas formas religiosas é a melhor maneira de promover a

experiência humana da religiosidade, o que não significa abrir mão das próprias convicções.

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SINCRETISMO RELIGIOSO

Há uma expressão polêmica que é utilizada por alguns estudiosos para caracterizar a mistura de religiões ou

de aspectos de religiões diferentes: sicretismo religioso. Da nossa diversidade religiosa derivaria o sincretismo

religioso brasileiro. Há outros pensadores, no entanto, que entendem que toda religião é formada por uma mistura

de crenças e, nesse sentido, não haveria religião “pura”, o que faria tal expressão perder o sentido.

De qualquer maneira, é possível observar que nossa religiosidade e as manifestações religiosas são produtos

de uma combinação de crenças. Não é incomum, por exemplo, que uma pessoa seja devota de princípios e

valores cristãos, que frequente a Igreja Católica e, ao mesmo tempo, participe de centros de umbanda. Outro

exemplo é o da noite de réveillon, na qual milhões de pessoas vestidas de branco soltam nos mares oferendas,

mesmo não sendo adeptas do candomblé ou da umbanda.

Esse sincretismo pode ainda ser observado no interior de uma religião. Os exemplos mais evidentes no caso

da religiosidade brasileira são as religiões afro-brasileiras. Na colonização, muitos escravos adeptos do

candomblé, resistindo à repressão portuguesa, que visava acabar com a tradição religiosa africana no país,

associaram os deuses e orixás de sua religião aos santos católicos e, assim puderam disfarçadamente praticar

sua religião. Por isso Ogum costuma ser associado a São Jorge ou a Santo Antônio; Iansã, a Santa Bárbara;

Iemanjá, a Nossa Senhora da Conceição; e assim por diante.

Já a umbanda, religião brasileira surgida no início do século XX e criada com base em influências africanas,

agrupa aspectos de outras tradições religiosas, como catolicismo, cultos indígenas e espiritismo.

QUESTÕES

1. Qual é a diferença entre religiosidade e religião?

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2. Há dois aspectos tratados na definição de religião feita por Émile Durkheim. Quais são eles? Explique.

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3. Por que se pode dizer que a tolerância religiosa é um pressuposto importante para a convivência entre os brasileiros? Justifique.

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4. Que argumento você usaria para defender o direito a manifestação de crença?

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