Apostila de algebra linear

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Fortaleza, Fevereiro/2010 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL APOSTILA DE Álgebra Linear Realização :

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Fortaleza, Fevereiro/2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL

APOSTILA DE Álgebra Linear

Realização:

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II Curso Pré-Engenharia Apostila de Álgebra Linear

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Sumário

1. Matrizes .......................................................................................................................................................... 3

1.1. Operações com matrizes ............................................................................................................................. 4

1.2. Operações elementares com linhas de uma matriz ...................................................................................... 5

1.3. Questões ..................................................................................................................................................... 6

2. Determinantes ................................................................................................................................................ 7

2.1. Regra de Chió .............................................................................................................................................. 8

2.2. Teorema de Laplace .................................................................................................................................... 9

2.3. Questões .................................................................................................................................................... 10

3. Sistemas Lineares ........................................................................................................................................... 11

3.1. Método do escalonamento ......................................................................................................................... 11

3.2. Regra de Cramer ........................................................................................................................................ 13

3.3. Questões .................................................................................................................................................... 13

4. Vetores ........................................................................................................................................................... 14

4.1. Adição de Vetores ...................................................................................................................................... 15

4.2. Multiplicação por escalar ........................................................................................................................... 15

4.3. Questões .................................................................................................................................................... 16

5. Operações com vetores .................................................................................................................................. 16

5.1. Módulo ....................................................................................................................................................... 16

5.2. Produto escalar (ou produto interno) ......................................................................................................... 16

5.3. Produto vetorial (ou produto externo)........................................................................................................ 17

5.4. Questões .................................................................................................................................................... 19

6. Espaços vetoriais ............................................................................................................................................ 19

6.1. Questões .................................................................................................................................................... 21

7. Subespaços vetoriais ...................................................................................................................................... 22

7.1. Questões .................................................................................................................................................... 24

8. Interseção, união e soma de subespaços ........................................................................................................ 25

8.1. Interseção .................................................................................................................................................. 25

8.2. Soma .......................................................................................................................................................... 26

8.3. União ......................................................................................................................................................... 27

8.4. Questões .................................................................................................................................................... 27

9. Combinação linear .......................................................................................................................................... 27

9.1. Questões .................................................................................................................................................... 28

10. Subespaços gerados ................................................................................................................................... 29

10.1. Questões .................................................................................................................................................... 30

11. Dependência e Independência Linear ......................................................................................................... 31

11.1. Questões .................................................................................................................................................... 32

12. Base de um espaço vetorial ........................................................................................................................ 33

12.1. Questões .................................................................................................................................................... 36

13. Dimensão ................................................................................................................................................... 36

13.1. Questões .................................................................................................................................................... 37

14. Mudança de base ....................................................................................................................................... 38

14.1. A inversa da matriz de mudança de base ................................................................................................... 39

14.2. Questões .................................................................................................................................................... 40

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1. Matrizes

Sejam m e n inteiros positivos. Chama-se matriz m × n (sobre R) qualquer lista ordenada de m-n

números reais, dispostos em m linhas e n colunas. Os números que constituem uma matriz são chamados

de termos da matriz.

Uma matriz A, m × n, pode ser denotada como se segue:

A =

a11 ⋯ a1n

⋮ ⋱ ⋮am1 ⋯ amn

Ou, simplesmente, A = (aij ), onde 1 < 𝑖 < 𝑚 e 1 < 𝑗 < 𝑛. Notamos que os índices i e j indicam a

posição que o termo ocupa na matriz. O termo aij está na i-ésima linha e na j-ésima coluna.

Seja A = (aij ) uma matriz n × n. Chama-se diagonal principal, ou simplesmente diagonal da matriz A,

a lista ordenada (a11 , a22 , . . . , ann ). Chama-se diagonal secundária da matriz A, a lista ordenada

(a1n , a2(n−1), an1). A soma dos índices dos termos da diagonal secundária é sempre igual a n+1.

Igualdade de Matrizes:

Sendo A = (aij ), e B = (bij ), matrizes, A e B são iguais, se e somente se, aij = bij para quaisquer

valores de i e de j.

Tipos de Matrizes:

o Chama-se matriz linha toda matriz 1 × 𝑛, ou seja, toda matriz constituída de uma só linha.

o Chama-se matriz coluna toda matriz 𝑚 × 1, ou seja, toda matriz constituída de uma só

coluna.

o Chama-se matriz nula aquela cujos termos são todos nulos.

o Uma matriz 𝑚 × 𝑛 chama-se quadrada se 𝑚 = 𝑛.

o Uma matriz quadrada 𝐴 = (𝑎𝑖𝑗 ) chama-se triangular superior se todos os termos que ficam

abaixo da diagonal principal são iguais a zero, ou seja, 𝑎𝑖𝑗 = 0 sempre que 𝑖 > 𝑗.

o Uma matriz quadrada 𝐴 = (𝑎𝑖𝑗 ) chama-se triangular inferior se todos os termos que ficam

acima da diagonal principal são iguais a zero, ou seja, 𝑎𝑖𝑗 = 0 sempre que 𝑖 < 𝑗.

o Uma matriz quadrada 𝐴 = (𝑎𝑖𝑗 ) chama-se diagonal se todos os termos fora da diagonal

principal são iguais a zero, ou seja, 𝑎𝑖𝑗 = 0 sempre que 𝑖 ≠ 𝑗.

o Chama-se matriz identidade 𝑛 × 𝑛 a matriz diagonal 𝑛 × 𝑛 cujos termos da diagonal principal

são todos iguais a 1. Ela é denotada por 𝐼𝑛 ou simplesmente por I.

o Uma matriz quadrada 𝐴 = (𝑎𝑖𝑗 ) chama-se simétrica se 𝑎𝑖𝑗 = 𝑎𝑗𝑖 para quaisquer que sejam i

e j, isto é, se os termos simetricamente situados em relação à diagonal principal são iguais.

o Exemplos: 2 −1

−1 0 ,

5 1 31 0 23 2 1

, 𝐼𝑛 , toda matriz diagonal.

o Uma matriz quadrada 𝐴 = (𝑎𝑖𝑗 ) chama-se anti-simétrica se 𝑎𝑖𝑗 = −𝑎𝑗𝑖 para quaisquer que

sejam i e j, ou seja, se os termos simetricamente situados em relação à diagonal principal são

números reais simétricos e os termos da diagonal são todos nulos.

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o Exemplos: 0 1

−1 0 ,

0 4 84 0 −1

−8 1 0 , matriz quadrada nula.

1.1. Operações com matrizes

Adição de Matrizes:

Sejam A = (aij ), e B = (bij ) matrizes m × n. Definimos a soma das matrizes A e B como sendo a

matriz A + B = (cij ), em que cij = aij + bij . Ou seja, somar A com B consiste em somar termos

correspondentes.

Propriedades (1): Para quaisquer matrizes m × n, A = (aij ), B = (bij ) e C = (cij ), as seguintes

propriedades são válidas:

o Associatividade: A + (B + C) = (A + B) + C;

o Comutatividade: A + B = B + A;

o Elemento neutro: A + O = A, onde O é a matriz m × n nula;

o Matriz oposta: A + (-A) = O, onde −A = (aij ). Chamamos (–A) de matriz oposta de A;

o Multiplicação de um escalar por uma matriz: Sejam x ∈ R e A = (aij ) uma matriz

m × n. Definimos o produto da matriz A pelo escalar x como x. A = (x. aij ). Isto é,

multiplicar x por A consiste em multiplicar x por todos os termos de A.

Propriedades (2): Para quaisquer que sejam as matrizes m × n, A = (aij ) e B = (bij ) e os números

reais x e y, valem as seguintes propriedades:

o x.(A + B) = x.A + x.B (Distributiva para escalar)

o (x + y).A = x.A + y.A (Distributiva para matrizes)

o x.(y.A) = (xy).A (Associativa)

o 1.A = A (1 é o escalar que representa o elemento neutro dessa operação)

Multiplicação de Matrizes:

Seja A = (aij ) uma matriz m × n. Denotaremos por Ai a i-ésima linha de A e Aj a j-ésima coluna de A.

Isto é:

𝐴𝑖 = 𝑎𝑖1 𝑎𝑖2 … 𝑎𝑖𝑛 e 𝐴𝑗 =

𝑎1𝑗

𝑎2𝑗

⋮𝑎𝑚𝑗

Sejam A = (aij ) uma matriz m × n e B = (bjk ) uma matriz n × p. Definimos o produto da matriz A pela

matriz B como A. B = C = (cij ) = aij bjknj=1 .

Observação 1: O produto A.B é uma matriz m × p;

Observação 2: O termo de A.B que se situa na i-ésima linha e na j-ésima coluna é Ai . Bk.

Observação 3: Quando existe uma matriz A−1 tal que A. A−1 = I, dizemos que A é uma matriz

invertível, e chamamos A−1 de matriz inversa de A.

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Propriedades:

o Se A é uma matriz m × n, então A. In = Im . A. Isso indica que a matriz identidade é o

elemento neutro para a multiplicação de matrizes.

o Se A é uma matriz m × n e B e C são matrizes n × p, então A(B + C) = AB + AC, ou

seja, a multiplicação se distribui à esquerda em relação à soma de matrizes.

o Para as mesmas matrizes A, B e C, temos (A + B) = BA + CA, ou seja, a multiplicação

se distribui à direita em relação à soma de matrizes.

o Seja A uma matriz m × n, B uma matriz n × p e x ∈ ℝ, então x. (AB) = A(x. B).

o Se A, B e C são, respectivamente, matrizes m × n, n × p e p × q, então A(BC) =

(AB)C (comutatividade).

Transposição de Matrizes:

Seja A uma matriz m × n, definimos a transposta de A como sendo a matriz n × m At = (bji ), em que

bji = aij .

Exemplo:

2 3 4 5

−1 0 2 1 𝑡

=

2 −13 04 25 1

Propriedades: Sejam x um número real, A e B matrizes m × n e C uma matriz n × p. Então valem as

seguintes propriedades:

o At t = A

o (A + B)t = At + Bt

o (xA)t = x(A)t

o (BC)t = CtBt

1.2. Operações elementares com linhas de uma matriz

Seja A uma matriz m × n. Chama-se operação elementar com linhas de A qualquer uma das

operações descritas a seguir:

Permutação de duas linhas de A;

Multiplicação de uma linha de A por um número real não nulo;

Substituição de Ai por Ai + xAj, em que j ≠ i e x é um número real qualquer.

Exemplo:

3 0 3 122 1 −1 3

1

3𝐴1

1 0 1 42 1 −1 3

𝐴2−2𝐴1

1 0 1 40 1 −3 −5

A primeira operação acima consistiu em multiplicar a primeira linha por 1/3 e a segunda operação em

substituir a segunda linha por ela mais (-2) vezes a primeira (A2 − 2A1).

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Sejam A e B matrizes m × n. Dizemos que A é linha-equivalente a B se B pode ser obtida a partir de A

através de operações elementares com linhas. (No exemplo anterior, notamos que a primeira matriz é

linha-equivalente à terceira)

Matriz na forma escada:

Seja A uma matriz m × n. Dizemos que A é uma matriz na forma escada, se as seguintes condições

são satisfeitas:

As possíveis linhas nulas ficam abaixo das possíveis linhas não nulas.

O primeiro termo não nulo de cada linha não nula é igual a 1.

Os demais termos da coluna à qual pertence o primeiro termo não nulo de uma linha não nula são

todos nulos.

A coluna à qual pertence primeiro termo não nulo de uma linha não nula fica à direita do primeiro

termo não nulo da linha anterior, isto é, se p é o número de linhas não nulas e se o primeiro termo não

nulo da i-ésima linha não nula ocorre na ki-ésima coluna, então k1 < k2 < ⋯ < kp .

Exemplos:

1 0 1 40 1 −3 5

, 1 0 0 −10 0 1 50 0 0 0

, 1 −2 0 00 0 1 30 0 0 0

, O, I.

Teorema: Toda matriz m × n é linha-equivalente a uma matriz na forma escada.

Exemplo:

2 3 −1

−4 0 21 1 3

1

2A1

1 3/2 −1/2

−4 0 21 1 3

A2+4A1A3−A1

1 3/2 −1/20 6 00 −1/2 7/2

1

6A2

1 3/2 −1/20 1 00 −1/2 7/2

A1−3

2A2

A3+1

2A2

1 0 −1/20 1 00 0 7/2

1

7A3

1 0 −1/20 1 00 0 1

A1+

1

2A3

1 0 00 1 00 0 1

1.3. Questões

1) Se A = 1 −23 −6

e B = 4 22 1

, calcule AB e BA.

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2) Se A= 3 −2

−4 3 , ache B, de modo que B2 = A.

3) Suponha que A≠0 e AB=AC onde A,B,C são matrizes tais que a multiplicação esteja definida.

a) B=C? b) Se existir uma matriz Y, tal que YA=I, onde I é a matriz identidade, então B=C?

4) Diz-se que as matrizes A e B são comutativas se AB = BA. Encontre todas as matrizes x yz w

que

sejam comutativas com 1 10 1

5) Seja A = 2 23 −1

.

a) Encontre A2 e A3 . b) Se f x = x3 − 3x2 − 2x + 4 , encontre f A c) Se g x = x2 − x − 8, encontre g(A)

6) Para cada uma das matrizes a seguir, encontra uma matriz na forma escada, à qual a matriz dada

é linha equivalente.

a) 2 1 56 3 15

b) 2 0 −2 00 2 −1 0

c) 2 1 51 −3 6

d) 1 2 1 0

−1 0 3 51 −2 1 1

e)

2 −1 31 4 21 −5 14 16 8

f)

0 2 0 21 1 0 33 −4 0 22 −3 0 1

7) Sejam A e B matrizes quadradas do mesmo tamanho, em que A é invertível. Mostre, por indução,

que (𝐴𝐵𝐴−1)𝑛 = 𝐴𝐵𝑛𝐴−1 para todo inteiro positivo n.

2. Determinantes

Determinante é uma função que associa a cada matriz quadrada um escalar. Seu cálculo é feito

somando os termos ligados pelas diagonais paralelas à diagonal principal, e subtraindo deste valor a soma

dos produtos dos termos ligados pelas setas paralelas à diagonal secundária:

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Temos que:

det A = (a11 ∙ a22 ∙ a33 + a12 ∙ a23 ∙ a31 + a21 ∙ a32 ∙ a13) − (a13 ∙ a22 ∙ a31 + a12 ∙ a21 ∙ a33 + a23 ∙ a32

∙ a11)

Sejam A, B e C matrizes quadradas de ordem n, e x um escalar qualquer, essas são algumas das

propriedades dos seus determinantes:

o det(x ∙ A) = xn ∙ det A

o det A = det(At)

o Se uma fila (linha ou coluna) da matriz é composta de zeros, então o determinante

desta matriz será zero.

o Se A tem duas filas iguais, então detA = 0

o Se permutarmos duas linhas ou colunas de A, então o determinante muda de sinal.

o Se A e B são matriz quadradas da mesma ordem, então det AB = detA. detB

Observação 1: O determinante de uma matriz triangular ou diagonal é o produto dos termos de sua

diagonal principal.

Observação 2: O determinante permite saber se a matriz tem ou não inversa, pois as que não têm são

precisamente aquelas cujo determinante é igual a 0.

A. A−1 = I, aplicando determinante dos dois lados, temos:

det A. A−1 = detI

detA. det A−1 = 1

det A−1 =1

det A

Assim, se o determinante da matriz A for nulo, a matriz inversa não pode existir.

2.1. Regra de Chió

Através dessa regra é possível diminuir de n para (n − 1) a ordem de uma matriz quadrada A sem

alterar o valor do seu determinante.

A regra prática de Chió consiste em:

1) Escolher um elemento aij = 1 (caso não exista, aplicar as propriedades para que apareça o

elemento 1).

2) Suprimir a linha i e a coluna j do elemento aij = 1, obtendo-se o menor complementar do

referido elemento.

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3) Subtrair de cada elemento do menor complementar obtido o produto dos elementos que ficam

nos pés das perpendiculares traçadas do elemento considerado às filas suprimidas.

4) Multiplicar o determinante obtido no item anterior por (−1)i+j onde i e j designam as ordens da

linha e da coluna às quais pertence o elemento aij = 1 do primeiro item.

Exemplo:

det 𝐴 = 1 5 72 4 33 2 4

= 4 − 5.2 3 − 2.72 − 3.5 4 − 3.7

. (−1)1+1 = −6 −11−13 −17

= 6.17 − 13.11 = −41

2.2. Teorema de Laplace

Chama-se de menor complementar (Dij ) de um elemento aij de uma matriz quadrada A o determinante

que se obtém eliminando-se a linha i e a coluna j da matriz.

Assim, dada a matriz quadrada de terceira ordem a seguir:

A = 2 0 35 7 93 5 1

, podemos escrever:

D23 = menor complementar do elemento a23 = 9 da matriz A. Pela definição, D23 será igual ao

determinante que se obtém de A, eliminando-se a linha 2 e a coluna 3, ou seja:

D23 = 2 03 5

= 2.5 − 3.0 = 10

Chama-se de cofator de um elemento aij de uma matriz o seguinte produto:

cof aij = (−1)i+j . Dij

Assim, por exemplo, o cofator do elemento a23 = 9 da matriz do exemplo anterior é igual a:

cof a23 = (−1)2+3. D23 = (−1)5 . 10 = −10

Observações sobre o teorema:

o O determinante de uma matriz quadrada é igual à soma dos produtos dos elementos de uma

fila qualquer (linha ou coluna) pelos seus respectivos cofatores.

o Este teorema permite o cálculo do determinante de uma matriz de qualquer ordem. Como já

conhecemos as regras práticas para o cálculo dos determinantes de ordem 2 e de ordem 3, só

recorremos à este teorema para o cálculo de determinantes de 4ª ordem em diante. Seu uso

possibilita diminuir a ordem do determinante. Assim, para o cálculo de um determinante de

4ª ordem, a sua aplicação resultará no cálculo de quatro determinantes de 3ª ordem.

o Para expandir um determinante pelo teorema de Laplace, é mais prático escolher a fila (linha

ou coluna) que contenha mais zeros, para que seu produto seja nulo.

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2.3. Questões

1) Dadas as matrizes A = 1 21 0

e B = 3 −10 1

, calcule

a) det 𝐴 + det 𝐵 b) det(A + B)

2) Sejam A e B matrizes do tipo n × n. Verifique se as colocações abaixo são verdadeiras ou falsas:

a) det(AB) = det(BA) b) det A’ = det A c) det(2A) = 2 det A d) det(A²) = (det A)²

3) Calcule o det A, onde:

a) A =

3 −1 5 00 2 0 12 0 −1 31 1 2 0

b) A =

i 3 2 −i3 −i 1 i2 1 −1 0−i i 0 1

4) Prove que

𝑎1 0 0 0𝑏1 𝑏2 𝑏3 𝑏4

𝑐1 𝑐2 𝑐3 𝑐4

𝑑1 𝑑2 𝑑3 𝑑4

= 𝑎1

𝑏2 𝑏3 𝑏4

𝑐2 𝑐3 𝑐4

𝑑2 𝑑3 𝑑4

5) Mostre que det 1 1 1a b ca² b² c²

= a − b b − c (c − a).

6) Verdadeiro ou falso?

a) Se det A = 1, então A-1 = A. b) Se A é uma matriz triangular superior e A-1 existe, então também A-1 será uma

matriz triangular superior. c) Se A é uma matriz escalar n × n da forma kIn , então det A = kn . d) Se A é uma matriz triangular, então det A = a11+. . . +ann .

7) Calcule

a2 (a + 2)2 (a + 4)2

(a + 2)2 (a + 4)2 (a + 6)2

(a + 4)2 (a + 6)2 (a + 8)2

.

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8) Mostre que cos2a cos2a sen2acos2b cos2b sen2bcos2c cos2c sen2c

= 0.

3. Sistemas Lineares

Definição 1: Seja 𝑛 um inteiro positivo. Chama-se equação linear a 𝑛 incógnitas toda equação

do tipo 𝑎1𝑥1 + 𝑎2𝑥2 + ⋯𝑎𝑛𝑥𝑛 = 𝑏 em que 𝑎1, 𝑎2, ..., 𝑎𝑛 , 𝑏 são constantes reais e 𝑥1, 𝑥2, ...,

𝑥𝑛 são incógnitas. Chamamos cada 𝑎𝑖 de coeficiente de 𝑥𝑖 e 𝑏 de termo independente da

equação.

Definição 2: Sejam 𝑚 e 𝑛 inteiros positivos. Chama-se sistema linear a 𝑚 equações e 𝑛

incógnitas todo sistema com m equações lineares, todas às mesmas n incógnitas.

Denotaremos o sistema citado como se segue:

a11x1 + a12x2 + ⋯ + a1nxn = b1

a21x1 + a22x2 + ⋯ + a2nxn = b2

⋮a31x1 + a32x2 + ⋯ + a3nxn = b3

Chama-se solução do sistema toda lista ordenada (x1 , x2 , … , xn) de números reais que satisfaz a

todas as equações do sistema linear e chama-se conjunto solução do sistema o conjunto constituído de

todas as soluções.

Dizemos que o sistema linear é, respectivamente, impossível, possível determinado ou possível

indeterminado conforme seu conjunto solução seja vazio, unitário ou tenha pelo menos dois elementos.

3.1. Método do escalonamento

O método do escalonamento consiste em transformar uma matriz qualquer em uma matriz na

forma escada através de operações elementares com linhas. O objetivo disso é resolver sistemas lineares.

Para tanto, devemos saber que cada sistema linear tem duas matrizes correspondentes: uma chamada

matriz dos coeficientes ou matriz incompleta do sistema e outra chamada matriz completa do sistema.

Listemos a seguir as matrizes referentes a um sistema genérico:

a11 a12 … a1n

a21 a22 … a2n

⋮ ⋮ ⋮ ⋮am1 am2 … amn

Matriz incompleta

Matriz completa

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Se A é a matriz dos coeficientes, X =

x1

x2

⋮xn

e B =

b1

b2

⋮bm

, então o sistema pode ser representado

(matricialmente) pelas seguintes equações:

A1 . X = b1

A2 . X = b2

⋮Am . X = bm

O método do escalonamento para resolver um sistema linear cuja matriz completa é C consiste

em encontrar uma matriz C’, tal que C’ seja linha-equivalente a C e o sistema cuja matriz é C’ já explicite o

seu conjunto solução. Para tanto, essa matriz deverá estar na forma escada.

Exemplo: Resolvamos o sistema 2x + 3y − z = 6−4x + 2z = −1x + y + 3z = 0

, que tem a seguinte matriz completa:

2 3 −1 6

−4 0 2 −11 1 3 0

Devemos operar essa matriz com linhas, de maneira a deixar a matriz dos coeficientes na forma

escada.

2 3 −1 6

−4 0 2 −11 1 3 0

→ 1 3/2 −1/2 3

−4 0 2 −11 1 3 0

→ 1 3/2 −1/2 30 6 0 110 −1/2 7/2 3

→ 1 3/2 −1/2 30 1 0 110 −1/2 7/2 3

/6 →

1 0 −1/2 1/40 1 0 11/60 0 7/2 −25/12

1 0 −1/2 1/40 1 0 11/60 0 1 −25/42

1 0 0 −1/210 1 0 11/60 0 1 −25/42

Assim, o sistema inicial é equivalente a

x = −1/21y = 11/6

z = −25/42

. Portanto, está resolvido.

Observações:

o Um sistema linear AX = B chama-se homogêneo se B = O. Isto é, se todos os termos

independentes são nulos. Neste caso, uma solução óbvia é a trivial, composta apenas de

zeros. (Por exemplo, para n = 3, a solução trivial é (0,0,0).)

o Se, num sistema linear homogêneo, o número de incógnitas é maior do que o número de

equações, ele admite solução não trivial.

o Se m = n, então o sistema linear AX = B tem uma única solução, então A é linha-

equivalente a In .

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3.2. Regra de Cramer

A regra de Cramer é utilizada para a resolução de um sistema linear a partir do cálculo de

determinantes. Vamos considerar aqui um sistema linear Ax = B, sendo x uma matriz de incógnitas.

Seja A uma matriz invertível n × n e seja B ∈ ℝn . Seja Ai a matriz obtida substituindo a i-ésima

coluna de A por B. Se x for a única solução de Ax = B, então

xi =det(Ai)

det(A) para i = 1,2, … , n

Com i variando até n, é possível encontrar as matrizes-solução do sistema, e descobrir se ele é

possível determinado (quando há somente uma matriz-solução), possível indeterminado (infinitas

matrizes-solução) ou impossível (nenhuma solução).

Exemplo: Considerando o sistema de equações:

x1 + 2x2 + x3 = 5

2x1 + 2x2 + x3 = 6

x1 + 2x2 + 3x3 = 9

Solução:

det A = 1 2 12 2 11 2 3

= −4

det A1 = 5 2 16 2 19 2 3

= −4 det A2 = 1 5 12 6 11 9 3

= −4 det A3 = 1 2 52 2 61 2 9

= −8

Portanto:

x1 =−4

−4= 1 x2 =

−4

−4= 1 x3 =

−8

−4= 2

Então temos como solução a matriz x = 112 e o sistema é possível determinado.

3.3. Questões

1) Determine os valores de k tais que o sistema nas incógnitas x, y e z tenha: (i) única solução, (ii)

nenhuma solução, (iii) mais de uma solução.

a)

𝑘𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 1𝑥 + 𝑘𝑦 + 𝑧 = 1𝑥 + 𝑦 + 𝑘𝑧 = 1

b)

𝑥 + 𝑦 + 𝑘𝑧 = 23𝑥 + 4𝑦 + 2𝑧 = 𝑘2𝑥 + 3𝑦 − 𝑧 = 1

2) Ache as soluções dos problemas dados ou prove que não existem soluções

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II Curso Pré-Engenharia Apostila de Álgebra Linear

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c)

𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 12𝑥 − 3𝑦 + 7𝑧 = 03𝑥 − 2𝑦 + 8𝑧 = 4

d)

x − y + 2z = 43x + y + 4z = 6

x + y + z = 1

e)

2x − y + 5y = 19x + 5y − 3z = 4

3x + 2y + 4z = 25

f)

x + 3y + z = 02x + 7y + 4z = 0

x + y − 4z = 0

3) Dado o sistema:

1 21 0

0 −12 −1

1 23 4

2 −14 −3

𝑥𝑦𝑧𝑤

=

2248

a) Encontre uma solução dele sem resolvê-lo (atribua valores para x, y, z e w). b) Resolva efetivamente o sistema, isto é, encontre sua matriz-solução. c) Resolva também o sistema homogêneo associado. d) Verifique que toda matriz-solução obtida em (b) é a soma de uma matriz-solução

encontrada em (c) com a solução particular que você encontrou em (a).

4) Dado o sistema linear:

3𝑥 + 5𝑦 + 12𝑧 − 𝑤 = −3𝑥 + 𝑦 + 4𝑧 − 𝑤 = −6

2𝑦 + 2𝑧 + 𝑤 = 5

a) Discuta a solução do sistema. b) Acrescente a equação 2z + kw = 9 a este sistema, encontre um valor de k que

torne o sistema impossível.

5) Dê o conjunto solução do seguinte sistema linear:

𝑥1 + 𝑥2 + 5𝑥3 − 8𝑥4 = 1𝑥1 + 4𝑥2 + 13𝑥3 − 3𝑥4 = 1

−2𝑥1 + 𝑥2 − 2𝑥3 + 21𝑥4 = −23𝑥2 + 8𝑥3 + 5𝑥4 = 0

4. Vetores

Um vetor é definido por três características: intensidade, direção e sentido. Força, deslocamento

e velocidade são representados por vetores, mas um vetor pode ser bem mais do que isso. Ao longo do

curso de Álgebra Linear, o seu conceito será desenvolvido de forma bem mais ampla. Soluções de

sistemas lineares poderão, por exemplo, ser representadas por vetores.

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II Curso Pré-Engenharia Apostila de Álgebra Linear

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Desenhando um vetor no plano cartesiano, ele deve apresentar uma origem e uma extremidade.

Os segmentos orientados cuja origem é o ponto (0,0) são chamados de vetores no plano, e são muito

mais fáceis de trabalhar. Para representá-lo, basta indicar o par ordenado que corresponda à sua

extremidade, pois já conhecemos seu ponto inicial. A definição segue para vetores no espaço, caso em

que a origem dos vetores é o ponto (0,0,0), e assim por diante.

De tal forma, para representar um vetor V = OP com ponto inicial na origem, usa-se usualmente

a notação de coordenadas V = (a, b, c), mas também existe a notação de matriz coluna V = abc e matriz

linha V = a b c .

Com essas notações, a soma de vetores e a multiplicação do vetor por um escalar são operações

que ficam bem mais simples.

4.1. Adição de Vetores

Propriedades:

o Associatividade: A + B + C = A + B + C, ∀ A, B, C ∈ ℝn

o Comutatividade: A + B = B + A, ∀ A, B ∈ ℝn .

o Elemento neutro:

o Seja O o vetor nulo. Então A + O = A, para qualquer A ∈ ℝn. Assim, O é o elemento neutro

em relação à operação de adição, o qual chamaremos de elemento nulo de ℝn .

o Elemento oposto:

o Dado A = a1 , a2 , … , an , denotaremos por – A o vetor (−a1, −a2, … , −an). Então

A + (−A) = O. Chamaremos (−A) de elemento oposto a A.

o Considerando que: A − B = A + −B e as quatro propriedades anteriores, teremos três

propriedades conseqüentes:

1. 𝐴 + 𝐵 = 𝐴 + 𝐶 ⟹ 𝐵 = 𝐶 2. 𝐴 + 𝐵 = 𝐶 ⟹ 𝐴 = 𝐶 − 𝐵 3. 𝐴 + 𝐴 = 𝐴 ⟹ 𝐴 = 𝑂

Exemplo:

Sendo v = 1,2 e w = (3,5), temos:

v + w = 1,2 + 3,5

v + w = (4,7)

Do mesmo modo, 2v = (2,4).

4.2. Multiplicação por escalar

Sejam A = (a1 , a2 , … , an) ∈ ℝn e λ ∈ ℝ. Definimos a multiplicação de A por λ como sendo:

λ ∙ A = (λa1 , λa2 , … , λan)

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A seguir as propriedades de vetores:

1. Associativa na adição:

2. Comutativa: 3. Existência de elemento neutro na adição:

4. Existência de elemento oposto:

5. Distributiva por vetor:

6. Distributiva por escalar:

7. Associativa na multiplicação:

8. Existência de elemento neutro na multiplicação:

4.3. Questões

1) Determine o vetor X, tal que , para vetores V e U dados.

2) Determine os vetores X e Y, tal que e para vetores V e U

dados.

5. Operações com vetores

5.1. Módulo

Seja , definimos o módulo ou a norma de um vetor como sendo:

Observação: para , note que o módulo de um vetor é o seu comprimento. Chamaremos de

vetor unitário todo vetor cuja norma é 1.

5.2. Produto escalar (ou produto interno)

Sejam e dois vetores não nulos nos reais. Considere os vetores

A+B e A - B.

Temos que se, e somente se , pois as diagonais de um paralelogramo só são

iguais se o paralelogramo é um retângulo. Como consequência dessa condição podemos observar que:

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𝐴 ⊥ 𝐵 ⟺ 𝑎1𝑏1 + 𝑎2𝑏2 + … + 𝑎𝑛𝑏𝑛 = 0

Esta condição é necessária para que dois vetores sejam perpendiculares.

Sejam 𝐴 = (𝑎1 , 𝑎2 , … , 𝑎𝑛) e 𝐵 = (𝑏1 , 𝑏2 , … , 𝑏𝑛) dois vetores quaisquer em ℝ𝑛 . O produto escalar é

definido como a multiplicação termo a termo e a soma dos produtos:

𝐴 ∙ 𝐵 = 𝑎1𝑏1 + 𝑎2𝑏2 + … + 𝑎𝑛𝑏𝑛

Assim, dois vetores não nulos 𝐴 e 𝐵 em ℝ𝑛 são perpendiculares apenas se 𝐴 ∙ 𝐵 = 0.

Propriedades do produto escalar:

i. 𝐴 ∙ 𝐵 = 𝐵 ∙ 𝐴, para quaisquer 𝐴, 𝐵 ∈ ℝ𝑛 ii. 𝐴 ∙ 𝐵 + 𝐶 = 𝐴 ∙ 𝐵 + 𝐴 ∙ 𝐶, para quaisquer 𝐴, 𝐵, 𝐶 ∈ ℝ𝑛 iii. 𝐴 ∙ 𝜆𝐵 = 𝜆 𝐴 ∙ 𝐵 = 𝜆𝐴 ∙ 𝐵, para quaisquer 𝐴, 𝐵 ∈ ℝ𝑛 e qualquer 𝜆 ∈ ℝ iv. 𝐴 ∙ 𝐴 ≥ 0, para qualquer 𝐴 ∈ ℝ𝑛 e 𝐴 ∙ 𝐴 = 0 ⟺ 𝐴 = 𝑂

A norma (ou módulo) de um vetor pode ser caracterizada pelo produto escalar: 𝐴 = 𝐴 ∙ 𝐴, como é

provado a seguir:

𝐴 ∙ 𝐴 = 𝑎1𝑎1 + 𝑎2𝑎2 + … + 𝑎𝑛𝑎𝑛

𝐴 ∙ 𝐴 = 𝑎12 + 𝑎2

2 + … + 𝑎𝑛2

𝐴 ∙ 𝐴 = 𝐴

5.3. Produto vetorial (ou produto externo)

Consideremos dois vetores em 𝐴 = (𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3) e 𝐵 = (𝑏1 , 𝑏2 , 𝑏3). Queremos encontrar um vetor 𝐶, em

ℝ3, de preferência não nulo, de tal forma que C seja simultaneamente perpendicular a A e a B.

Devemos ter 𝐶. 𝐴 = 0 e 𝐶. 𝐵 = 0. Se 𝐶 = (𝑥, 𝑦, 𝑧), então:

𝑎1𝑥 + 𝑎2𝑦 + 𝑎3𝑧 = 0𝑏1𝑥 + 𝑏2𝑦 + 𝑏3𝑧 = 0

Tentaremos resolver este sistema. Para isso, começaremos multiplicando a primeira equação por 𝑏2, a

segunda por −𝑎2 e, em seguida, somaremos as duas equações.

A seguinte equação é obtida:

𝑎1𝑏2 − 𝑎2𝑏1 . 𝑥 = 𝑎2𝑏3 − 𝑎3𝑏2 . 𝑧

Depois, multiplicando a primeira equação do sistema acima por −𝑏1, a segunda por 𝑎1 e, em seguida,

somando as duas equações, chegamos a:

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Enfim, temos as seguintes equações:

Agora fica fácil visualizar os valores das variáveis. Se x assumir o valor do coeficiente de z na primeira

equação, y assumi o valor do coeficiente de z na segunda equação, basta que z assuma o valor dos

coeficientes de x e de y (que são iguais) para as equações serem verdadeiras. O conjunto-solução é:

Há mais soluções do sistema. Contudo, esta é especialmente chamada de produto vetorial de A por B e

será denotado por 𝐴 × 𝐵.

Note que 𝐴 × 𝐵 é o determinante formal:

em que

Observe ainda que: , visto que cada gerador (pois temos os

três vetores que formam a base de ) está num eixo diferente, x, y ou z.

Nós o chamamos de determinante formal uma vez que não é um determinante formado só por números.

A primeira linha é constituída de vetores.

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Como vimos, o produto vetorial de dois vetores já surgiu com uma propriedade importante: é um vetor

simultaneamente perpendicular aos dois vetores. Vejamos a seguir mais propriedades do produto

vetorial:

i. 𝐴 × 𝐵 = −(𝐵 × 𝐴) ∈ ℝ3 ii. 𝐴 × (𝜆𝐵) = 𝜆(𝐴 × 𝐵) = (𝜆𝐴) × 𝐵, para quaisquer 𝐴, 𝐵 ∈ ℝ3 e qualquer 𝜆 ∈ ℝ iii. 𝐴 × 𝜆𝐴 = 0, para qualquer 𝐴 ∈ ℝ3 e qualquer 𝜆 ∈ ℝ iv. 𝐴 × 𝐵 + 𝐶 = 𝐴 × 𝐵 + (𝐴 × 𝐶) e

(𝐵 + 𝐶) × 𝐴 = (𝐵 × 𝐴) + (𝐶 × 𝐴), para quaisquer 𝐴, 𝐵, 𝐶 ∈ ℝ3

v. (𝐴 × 𝐵) × 𝐶 = (𝐴. 𝐶)𝐵 − (𝐵. 𝐶)𝐴, para quaisquer 𝐴, 𝐵, 𝐶 ∈ ℝ3 vi. (𝐴 × 𝐵). (𝐴 × 𝐵) = (𝐴. 𝐴)(𝐵. 𝐵) − (𝐴. 𝐵)2 vii. Se A e B são dois vetores não nulos de ℝ3 e θ é a medida do ângulo formado por A e B, então:

𝐴 × 𝐵 = 𝐴 . 𝐵 . 𝑠𝑒𝑛θ

viii. (Produto misto) 𝐴. 𝐵 × 𝐶 =

𝑎1 𝑎2 𝑎3

𝑏1 𝑏2 𝑏3

𝑐1 𝑐2 𝑐3

, em que 𝐴 = (𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3), 𝐵 = (𝑏1 , 𝑏2 , 𝑏3), e

𝐶 = (𝑐1 , 𝑐2 , 𝑐3)

5.4. Questões

1) Ache dois vetores mutuamente ortogonais e ortogonais ao vetor (5, 2, -1).

2) Calcule 𝑢. 𝑣, onde:

a) 𝑢 = (2, −3, 6) e 𝑣 = (8,2, −3) b) 𝑢 = (1, −8,0,5) e 𝑣 = (3,6,4) c) 𝑢 = (3, −5,2,1) e 𝑣 = (4,1, −2,5)

3) Sejam 𝑢 = (1, −2,5), 𝑣 = (3, 1, −2). Encontre:

a) 𝑢 + 𝑣 b) −6𝑢

c) 2𝑢– 5𝑣 d) 𝑢. 𝑣

4) Ache dois vetores mutuamente ortogonais de comprimento unitário, e ambos ortogonais ao vetor (2,-

1,3).

5) Determine o número real positivo c de maneira que os pontos (−1,1, 𝑐) e (−1,1, −𝑐) e a origem sejam

vértices de um triângulo retângulo em (0,0,0).

6) Sabendo que o ângulo entre os vetores (2, 1,-1) e (1,-1,m+2) é 60°, determine 𝑚.

7) Determine os ângulos do triângulo cujos vértices são (-1,-2,4), (-4,-2,0) e (3,-2,1).

6. Espaços vetoriais

Um espaço vetorial é um conjunto de vetores. As oito propriedades citadas acima devem ser satisfeitas, além de duas operações: soma e multiplicação por escalar. Considerando dois vetores quaisquer de um

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espaço vetorial V, a soma deles deve ser um terceiro vetor que ainda faz parte de V. Se multiplicarmos um vetor de V por um escalar, o resultante também deve ser elemento de V. Em resumo, um espaço vetorial real é um conjunto V, não vazio, com duas operações:

Soma: 𝑉 𝑥 𝑉 → 𝑉 Se 𝑥 , 𝑦 ∈ 𝑉, então 𝑥 + 𝑦 ∈ 𝑉;

Produto por escalar: ℝ 𝑥 𝑉 → 𝑉 Se 𝛼 é escalar e 𝑥 ∈ 𝑉, então 𝛼𝑥 ∈ 𝑉. Se uma dessas duas operações não for válida para um conjunto W, então é porque o conjunto não é um espaço vetorial. Dizemos que um espaço vetorial é fechado em relação às duas operações (soma e multiplicação por escalar). Para saber se um conjunto é um espaço vetorial, verifica-se se as duas operações são válidas e depois se as oito propriedades dos vetores também são válidas. Observação: O conjunto de todas as matrizes de ordem 2 é um espaço vetorial. Deste modo, os vetores desse espaço são matrizes 2x2.Tal conjunto é designado assim: 𝑉 = 𝑀 2,2 . Exemplo: Seja o conjunto W = { 𝑎, 1 /𝑎 ∈ ℝ}. Com as duas operações de soma e multiplicação por escalar definidas, verifique se W é um espaço vetorial. Solução: Considere os elementos 3,1 e (5,1) ∈ 𝑊. Assim, i) Soma: 3,1 + 5,1 = (8,2) ∉ 𝑊 ii) Produto: 𝛼 3,1 = 3𝛼, 𝛼 ∉ 𝑊 𝑠𝑒 𝛼 ≠ 1, assim não é válido para todo 𝛼 Logo, W não é um conjunto fechado em relação a essas duas operações e, portanto, não é um espaço vetorial. Exemplo: Verifique se o conjunto ℝ3 é um espaço vetorial. Solução: Sejam 𝑢 = 𝑥1 , 𝑦1 , 𝑧1 , 𝑣 = 𝑥2 , 𝑦2 , 𝑧2 e 𝑤 = (𝑥3 , 𝑦3 , 𝑧3) vetores de ℝ3 e 𝛼, 𝛽 ∈ ℝ. i) Soma: 𝑢 + 𝑣 = (𝑥1 + 𝑥2 , 𝑦1 + 𝑦2 , 𝑧1 + 𝑧2) ∈ ℝ3 Multiplicação por escalar: 𝛼𝑢 = (𝛼𝑥1 , 𝛼𝑦1 , 𝛼𝑧1) ∈ ℝ3 ii) 1. 𝑢 + 𝑣 = 𝑥1 + 𝑥2 , 𝑦1 + 𝑦2 , 𝑧1 + 𝑧2

= 𝑥2 + 𝑥1 , 𝑦2 + 𝑦1 , 𝑧2 + 𝑧1 = 𝑣 + 𝑢 2. 𝑢 + 𝑣 + 𝑤 = 𝑥1 + 𝑥2 , 𝑦1 + 𝑦2 , 𝑧1 + 𝑧2 + 𝑥3 , 𝑦3 , 𝑧3

= 𝑥1 + 𝑥2 + 𝑥3 , 𝑦1 + 𝑦2 + 𝑦3 , 𝑧1 + 𝑧2 + 𝑧3 = 𝑥1 + (𝑥2 + 𝑥3 , 𝑦1 + (𝑦2 + 𝑦3), 𝑧1 + (𝑧2 + 𝑧3)] = 𝑢 + (𝑣 + 𝑤 )

3. ∃0 = 0,0,0 ∈ ℝ3 / 𝑢 + 0 = 𝑥1 , 𝑦1 , 𝑧1 + 0,0,0 = 𝑥1 + 0, 𝑦1 + 0, 𝑧1 + 0 = 𝑥1 , 𝑦1 , 𝑧1

4. ∃ −𝑢 = −𝑥1 , −𝑦1 , −𝑧1 ∈ ℝ3 / 𝑢 + −𝑢 = 𝑥1 , 𝑦1 , 𝑧1 + −𝑥1 , −𝑦1 , −𝑧1 = 𝑥1 − 𝑥1 , 𝑦1 − 𝑦1 , 𝑧1 − 𝑧1

= 0,0,0 = 0 5. 𝛼 𝑢 + 𝑣 = 𝛼 𝑥1 + 𝑥2 , 𝑦1 + 𝑦2 , 𝑧1 + 𝑧2

= 𝛼 𝑥1 + 𝑥2 , 𝛼 𝑦1 + 𝑦2 , 𝛼 𝑧1 + 𝑧2 = (𝛼𝑥1 + 𝛼𝑥2 , 𝛼𝑦1 + 𝛼𝑦2 , 𝛼𝑧1 + 𝛼𝑧2) = (𝛼𝑥1 , 𝛼𝑦1 , 𝛼𝑧1) + (𝛼𝑥2 , 𝛼𝑦2 , 𝛼𝑧2) = 𝛼 𝑥1 , 𝑦1 , 𝑧1 + 𝛼 𝑥2 , 𝑦2 , 𝑧2 = 𝛼𝑢 + 𝛼𝑣

6. 𝛼 + 𝛽 𝑢 = 𝛼 + 𝛽 𝛼𝑥1 , 𝛼𝑦1 , 𝛼𝑧1 = [ 𝛼 + 𝛽 𝑥1, 𝛼 + 𝛽 𝑦1 , 𝛼 + 𝛽 𝑧1] = [𝛼𝑥1 + 𝛽𝑥1 , 𝛼𝑦1 + 𝛽𝑦1 , 𝛼𝑧1 + 𝛽𝑧1] = 𝛼𝑥1 , 𝛼𝑦1 , 𝛼𝑧1 + (𝛽𝑥1 , 𝛽𝑦1 , 𝛽𝑧1) = 𝛼 𝑥1 , 𝑦1 , 𝑧1 + 𝛽 𝑥1 , 𝑦1 , 𝑧1 = 𝛼𝑢 + 𝛽𝑢

7. 𝛼𝛽 𝑢 = 𝛼𝛽 𝑥1 , 𝑦1 , 𝑧1 = 𝛼𝛽𝑥1 , 𝛼𝛽𝑦1 , 𝛼𝛽𝑧1 = [𝛼 𝛽𝑥1 , 𝛼 𝛽𝑦1 , 𝛼 𝛽𝑧1 ] = 𝛼[(𝛽𝑥1), (𝛽𝑦1), (𝛽𝑧1)] = 𝛼[𝛽 𝑥1 , 𝑦1 , 𝑧1 ]

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= 𝛼(𝛽𝑢 ) 8. 1𝑢 = 1 𝑥1, 𝑦1 , 𝑧1 = 1𝑥1 , 1𝑦1 , 1𝑧1 = 𝑥1 , 𝑦1 , 𝑧1 = 𝑢 Exemplo: Considere em V = ℝ2 o produto por escalar usual, mas com a adição, a operação definida por: 𝑥1 , 𝑦1 + 𝑥2 , 𝑦2 = (𝑥1 + 𝑥2 , 𝑦1 + 2𝑦2). Determine se V, com essas operações, é um espaço vetorial. Solução: i) 1. Soma: 𝑥1 , 𝑦1 + 𝑥2 , 𝑦2 = (𝑥1 + 𝑥2 , 𝑦1 + 2𝑦2) ∈ 𝑉 2. Produto por escalar: 𝛼 𝑥1 , 𝑦1 = (𝛼𝑥1 , 𝛼𝑦1) ∈ 𝑉 Logo, V é um espaço fechado em relação a essas duas operações. Portanto, temos que verificar as oito propriedades. ii) 1. Associativa na adição: 𝑢 + 𝑣 = 𝑥1 , 𝑦1 + 𝑥2 , 𝑦2 = (𝑥1 + 𝑥2 , 𝑦1 + 2𝑦2)

𝑣 + 𝑢 = 𝑥2 , 𝑦2 + 𝑥1 , 𝑦1 = (𝑥2 + 𝑥1 , 𝑦2 + 2𝑦1) Como 𝑢 + 𝑣 = 𝑣 + 𝑢 já não é satisfeita, não precisamos mais testar as outras propriedades. V não é espaço vetorial. Exemplo: O conjunto que contém um único objeto, com as operações definidas por:

𝑜𝑏𝑗𝑒𝑡𝑜 + 𝑜𝑏𝑗𝑒𝑡𝑜 = 𝑜𝑏𝑗𝑒𝑡𝑜

𝑜𝑏𝑗𝑒𝑡𝑜 = 𝑜𝑏𝑗𝑒𝑡𝑜, com 𝛼 ∈ ℝ

Solução: i) Da própria definição no enunciado, o conjunto é fechado em relação às operações de soma e multiplicação por escalar e, portanto, não precisamos verificá-las; ii) Substituindo 𝑜𝑏𝑗𝑒𝑡𝑜 por 𝑥 :

1. 𝑢 + 𝑣 = 𝑥 + 𝑥 = 𝑥 𝑣 + 𝑢 = 𝑥 + 𝑥 = 𝑥

⇒ 𝑢 + 𝑣 = 𝑣 + 𝑢

2. 𝑢 + 𝑣 + 𝑤 = 𝑥 + 𝑥 + 𝑥 = 𝑥 + 𝑥 = 𝑥

𝑢 + 𝑣 + 𝑤 = 𝑥 + 𝑥 + 𝑥 = 𝑥 + 𝑥 = 𝑥 ⇒ 𝑢 + 𝑣 + 𝑤 = 𝑢 + 𝑣 + 𝑤

3. Seja 𝑛 o vetor nulo. Logo, 𝑢 + 𝑛 = 𝑢 ⇒ 𝑥 + 𝑛 = 𝑥 ⇒ 𝑛 = 𝑥 . Assim, existe vetor nulo, que equivale ao próprio 𝑥 . 4. Seja 𝑝 o vetor oposto. Logo, 𝑢 + 𝑝 = 𝑛 ⇒ 𝑥 + 𝑝 = 𝑥 ⇒ 𝑝 = 𝑥 . Assim, existe vetor oposto, que também equivale ao próprio 𝑥 . O vetor oposto de 𝑢 é 𝑢 .

5. 𝛼 𝑢 + 𝑣 = 𝛼 𝑥 + 𝑥 = 𝛼𝑥 = 𝑥

𝛼𝑢 + 𝛼𝑣 = 𝛼𝑥 + 𝛼𝑥 = 𝑥 + 𝑥 = 𝑥 ⇒ 𝑢 + 𝑣 = 𝑢 + 𝑣

6. + 𝛽 𝑢 = + 𝛽 𝑥 = 𝑥

𝑢 + 𝛽𝑢 = 𝑥 + 𝛽𝑥 = 𝑥 + 𝑥 = 𝑥 ⇒ ( + 𝛽)𝑥 = 𝑎𝑢 + 𝛽𝑣

7. 𝛽𝑢 = 𝛽𝑥 = 𝑥 = 𝑥

𝛼𝛽 𝑢 = 𝛼𝛽 𝑥 = 𝑥 ⇒ 𝛽𝑢 = β 𝑢

8. 1𝑢 = 1𝑥 = 𝑥 = 𝑢

6.1. Questões

1) Verifique que 𝑀 2,2 = 𝑎 𝑏𝑐 𝑑

𝑎, 𝑏, 𝑐 e 𝑑 ∈ ℝ é um espaço vetorial com as operações.

2) Seja 𝐹 o conjunto de todas as funções reais, de variável real, ou seja 𝐹 = {𝑓: ℝ → ℝ}. O vetor soma

𝑓 + 𝑔, para quaisquer funções 𝑓 e 𝑔 em 𝐹 é definido por:

𝑓 + 𝑔 𝑥 = 𝑓 𝑥 + 𝑔 𝑥

e para qualquer escalar 𝑟 ∈ ℝ e qualquer 𝑓 ∈ 𝐹 o produto 𝑟𝑓 é tal que:

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𝑟𝑓 𝑥 = 𝑟. 𝑓 𝑥

Mostre que 𝐹, com essas operações, é um espaço vetorial.

7. Subespaços vetoriais

Dado um espaço vetorial V, há subconjuntos de V tais que eles próprios também são espaços vetoriais, só que menores. Esses subconjuntos são chamados de subespaços de V. Dado um espaço vetorial V, um subconjunto W, não-vazio, será um subespaço vetorial de V se forem válidas as mesmas duas operações de antes:

Soma: 𝑉 𝑥 𝑉 → 𝑉 Se 𝑥 , 𝑦 ∈ 𝑉, então 𝑥 + 𝑦 ∈ 𝑉;

Produto por escalar: ℝ 𝑥 𝑉 → 𝑉 Se 𝛼 é escalar e 𝑥 ∈ 𝑉, então 𝛼𝑥 ∈ 𝑉. Se ambas as operações forem válidas em W, não é necessário verificar as oito propriedades dos vetores para dizer que W é espaço vetorial, pois elas já são válidas em V, que contém W. Todo espaço vetorial admite pelo menos dois subespaços (que são chamados triviais): 1. O conjunto formado somente pelo vetor nulo (a origem). 2. O próprio espaço vetorial: V é subconjunto de si mesmo. Todo subespaço vetorial tem como elemento o vetor nulo, pois ele é necessário à condição de

multiplicação por escalar: quando 𝛼 = 0 ⇒ 𝛼𝑢 = 0 . Para conferirmos se um subconjunto W é subespaço, basta verificar que 𝑣 + 𝛼𝑢 ∈ 𝑊, para quaisquer 𝑣 𝑒 𝑢 ∈ 𝑉 e qualquer 𝛼 ∈ ℝ, em vez de checar as duas operações separadamente. Exemplo: Em ℝ3, os únicos subespaços são a origem, as retas e os planos que passam pela origem e o próprio ℝ3. Exemplo: Seja 𝑉 = 𝑀(3,3), ou seja, o conjunto das matrizes de ordem 3, e W o subconjunto das matrizes triangulares superiores. W é subespaço de V? Solução: Está implícito que V é um espaço vetorial. Assim, verificamos as duas operações para W:

i) 𝑎 𝑏 𝑐0 𝑑 𝑒0 0 𝑓

+ 𝑔 𝑕 𝑖0 𝑗 𝑘0 0 𝑙

=

𝑎 + 𝑔 𝑏 + 𝑕 𝑐 + 𝑖0 𝑑 + 𝑗 𝑒 + 𝑘0 0 𝑓 + 𝑙

∈ 𝑊

ii) 𝛼 𝑎 𝑏 𝑐0 𝑑 𝑒0 0 𝑓

= 𝛼𝑎 𝛼𝑏 𝛼𝑐0 𝛼𝑑 𝛼𝑒0 0 𝛼𝑓

∈ 𝑊

Logo, W é subespaço de V. Observação: as matrizes triangulares inferiores formam um conjunto que também é subespaço, o que também é o caso das matrizes diagonais e das simétricas. Exemplo: Verifique se o conjunto-solução do sistema linear homogêneo abaixo é um subespaço de 𝑉 = 𝑀(3,1).

2𝑥 + 4𝑦 + 𝑧 = 0𝑥 + 𝑦 + 2𝑧 = 0𝑥 + 3𝑦 − 𝑧 = 0

Solução: Temos o seguinte sistema: 2 4 11 1 21 3 −1

𝑥𝑦𝑧 =

000

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Desta forma, estamos procurando, dentro do espaço vetorial 𝑀(3,1), os vetores que satisfazem o sistema, isto é, o conjunto dos vetores-solução. Depois precisamos saber se esse conjunto é subespaço de 𝑀(3,1).

Assim, considere os vetores-solução:

𝑥1

𝑦1

𝑧1

e

𝑥2

𝑦2

𝑧2

i) 2 4 11 1 21 3 −1

𝑥1

𝑦1

𝑧1

+

𝑥2

𝑦2

𝑧2

= 2 4 11 1 21 3 −1

𝑥1

𝑦1

𝑧1

+ 2 4 11 1 21 3 −1

𝑥2

𝑦2

𝑧2

= 000 +

000 =

000

ii) 2 4 11 1 21 3 −1

𝛼

𝑥1

𝑦1

𝑧1

= 𝛼 2 4 11 1 21 3 −1

𝑥1

𝑦1

𝑧1

= 𝛼 000 =

000

O resultado de (i) e (ii) ainda pertence ao conjunto dos vetores-solução e, portanto, ele é subespaço de 𝑀(3,1). Exemplo: Seja 𝑉 = ℝ2 e 𝑊 = { 𝑥, 𝑥2 / 𝑥 ∈ ℝ}. Verifique se W é subespaço de V. Solução: Se escolhermos 𝑢 = 1,1 e 𝑣 = (2,4), temos 𝑢 + 𝑣 = (3,5) ∉ 𝑊. Logo, W não é subespaço. Exemplo: Seja 𝑉 = 𝑀(𝑛, 𝑛) e W o subconjunto de todas as matrizes em que 𝑎11 < 0. Verifique se W é subespaço de V. Solução: i) A condição de soma é satisfeita, pois ainda gera uma matriz em que 𝑎11 < 0. ii) Se fizermos 𝛼𝑀, com 𝛼 < 0, temos que 𝑎11 da nova matriz será maior que zero. Assim, W não é subespaço. Exemplo: Verifique se o conjunto solução do sistema linear não-homogêneo abaixo é um subespaço.

2𝑥 + 4𝑦 + 𝑧 = 1𝑥 + 𝑦 + 2𝑧 = 1𝑥 + 3𝑦 − 𝑧 = 0

Solução:

Temos o seguinte sistema: 2 4 11 1 21 3 −1

𝑥𝑦𝑧 =

110 e os seguintes vetores-solução:

𝑥1

𝑦1

𝑧1

e

𝑥2

𝑦2

𝑧2

.

Assim,

i) 2 4 11 1 21 3 −1

.

𝑥1

𝑦1

𝑧1

+

𝑥2

𝑦2

𝑧2

= 2 4 11 1 21 3 −1

.

𝑥1

𝑦1

𝑧1

+ 2 4 11 1 21 3 −1

.

𝑥2

𝑦2

𝑧2

= 110 +

110 =

220

O vetor dos termos independentes resultante 220 é diferente do vetor do sistema linear

110 .

Logo, o conjunto dos vetores-solução não é um subespaço de M(3,1). Exemplo: Seja 𝑆 = 𝑥1 , 𝑥2 / 𝑥2 = 2𝑥1 . Sendo S subconjunto de ℝ2, verifique se S é subespaço de ℝ2. Solução: i) 𝑐1 , 2𝑐1 + 𝑐2 , 2𝑐2 = 𝑐1 + 𝑐2 , 2𝑐1 + 2𝑐2 = 𝑐1 + 𝑐2 , 2(𝑐1 + 𝑐2) ∈ 𝑆 ii) 𝑐1 , 2𝑐1 = 𝑐1 , 2𝑐1 ∈ 𝑆 Exemplo: Verifique se 𝑊 = 𝑥, 𝑦 ∈ ℝ2 / 𝑦 = −2𝑥 + 1 é subespaço de ℝ2. Solução: i) 𝑊 = 𝑥, −2𝑥 + 1 / 𝑥 𝜖 ℝ . Como (0,0) ∉ 𝑊, pode-se concluir que o subconjunto 𝑊não é um subespaço vetorial de ℝ2. Exemplo: Verifique se 𝑊 = 𝑥, 𝑦, 𝑧 ∈ ℝ3 / 𝑥 − 2𝑦 − 4𝑧 = 6 é subespaço de ℝ3. Solução:

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II Curso Pré-Engenharia Apostila de Álgebra Linear

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i) 𝑊 = 6 + 2𝑦 + 4𝑧, 𝑦, 𝑧 ; 𝑦, 𝑧 𝜖 ℝ . Tomando 𝑦 = 0 e 𝑧 = 0 temos (6,0,0). Como (0,0,0) ∉ 𝑊, então 𝑊não é um subespaço vetorial de ℝ3.

7.1. Questões

1) Mostre que os seguintes subconjuntos de ℝ4 são subespaços

a) W = {(x, y, z, t) ∈ ℝ4 / x + y = 0 e z – t = 0} b) U = {(x, y, z, t) ∈ ℝ4 / 2x + y – t = 0 e z = 0}

2) Considere o subespaço S = [(1, 1, -2, 4), (1, 1, -1, 2), (1, 4, -4, 8)] de ℝ4.

a) O vetor ( 2

3, 1, -1, 2) pertence a S?

b) O vetor (0, 0, 1, 1) pertence a S?

3) Nos problemas que seguem, determine se W é ou não um subespaço do espaço vetorial:

a) 𝑉 = ℝ3, 𝑊1 = 𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑛𝑜 𝑥0𝑦, 𝑊2 = { 𝑥, 𝑦, 𝑧 ; 𝑥 = 𝑦 = 𝑧} e 𝑊3 = { 𝑥, 𝑦, 𝑧 ; 𝑥 = 𝑦}

b) 𝑉 = ℝ2; 𝑊 = {(𝑥, 𝑦); 𝑥2 + 𝑦2 ≤ 1};

4) Considere os seguintes conjuntos de vetores. Quais deles são subespaços de ℝ3?

a) (x,y,z), tais que z = x3

b) (x,y,z), tais que z = x + y;

c) (x,y,z), tais que z >= 0;

d) (x,y,z), tais que z = 0 e xy >= 0;

e) (x,y,z), tais que x = z = 0;

f) (x,y,z), tais que x = -z;

g) (x,y,z), tais que y = 2x + 1;

h) (x,y,z), tais que z2 = x2 + y2.

5) Determine se W é subespaço de ℝ3 ou não, onde W consiste nos vetores (𝑎, 𝑏, 𝑐) ∈ ℝ3 para os quais:

a) a = 2b

b)a ≤ b ≤ c

c)ab = 0

d)a = b = c

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6) Seja W o conjunto de todos os vetores em ℝ4 de forma (x, x+y, y, 2x + 3y), onde 𝑥, 𝑦 ∈ ℝ.

W é um subespaço de ℝ4?

7) Seja W o conjunto de todos os vetores do ℝ3 da forma (x, y, x2 + y2), onde 𝑥, 𝑦 ∈ ℝ.

W é um subespaço de ℝ3?

8) Seja W o conjunto de todos os vetores ℝ4 da forma (x, y, x+1, 2x + y – 3), onde 𝑥, 𝑦 ∈ ℝ.

W é um subespaço de ℝ4?

9) Dados os conjuntos W em cada espaço vetorial V indicado proceda assim: i) Reescreva W apresentando seu vetor genérico; ii) Verifique se W é subespaço vetorial de V.

a) 𝑊 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑡) ∈ ℝ4; 𝑥 = 𝑦 e 𝑧 = 2𝑡} sendo 𝑉 = ℝ4; b) W é o conjunto de todas as matrizes identidade de ordem 𝑛 × 𝑛, sendo 𝑉 = 𝑀(𝑛, 𝑛); c) 𝑊 = {(𝑥, 𝑦) ∈ ℝ2; 𝑦 ≤ 0} sendo 𝑉 = ℝ2; d 𝑊 = {(𝑎, 2𝑎, 3𝑎); 𝑎 ∈ ℝ} sendo 𝑉 = ℝ3. 10) Considere o subespaço de ℝ3 gerado pelos vetores v1=(1,1,0), v2=(1,-1,1) e v3=(1,1,1). O espaço gerado por esses vetores é igual ao ℝ3? Por quê?

8. Interseção, união e soma de subespaços

8.1. Interseção

Dados W1 e W2 subespaços de um espaço vetorial V, a interseção 𝑊1 ∩ 𝑊2 sempre será subespaço de V. Prova: Inicialmente observamos que 𝑊1 ∩ 𝑊2 nunca é vazio, pois ambos contêm o vetor nulo de V. Assim, basta verificar as condições de soma e produto por escalar apresentadas anteriormente para os subespaços. Suponha então 𝑤 𝑒 𝑣 ∈ 𝑊1 ∩ 𝑊2

W1 é subespaço ↔ 𝑤 + 𝑣 ∈ 𝑊1

𝛼𝑣 ∈ 𝑊1

W2 é subespaço ↔ 𝑤 + 𝑣 ∈ 𝑊2

𝛼𝑣 ∈ 𝑊2

, deste modo → 𝑤 + 𝑣 ∈ 𝑊1 ∩ 𝑊2

𝛼𝑣 ∈ 𝑊1 ∩ 𝑊2

Exemplo: Seja 𝑉 = ℝ3, 𝑊1 ∩ 𝑊2 é a reta de interseção dos planos 𝑊1 e 𝑊2.

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II Curso Pré-Engenharia Apostila de Álgebra Linear

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Exemplo:

Seja 𝑉 = 𝑀(𝑛, 𝑛) e 𝑊1 = 𝑀𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧𝑒𝑠 𝑡𝑟𝑖𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟𝑒𝑠 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟𝑒𝑠

𝑊2 = {𝑀𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧𝑒𝑠 𝑡𝑟𝑖𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟𝑒𝑠 𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟𝑒𝑠} , então

𝑊1 ∩ 𝑊2 = 𝑀𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧𝑒𝑠 𝐷𝑖𝑎𝑔𝑜𝑛𝑎𝑖𝑠 .

8.2. Soma

Podemos construir um conjunto que contenha 𝑊1 e 𝑊2 e ainda é subespaço de V. Este conjunto será formado por todos os vetores de V que forem a soma de vetores de W1 com vetores de W2. 𝑊1 + 𝑊2 = 𝑢 ∈ 𝑉 / 𝑢 = 𝑣 + 𝑤 𝑐𝑜𝑚 𝑣 ∈ 𝑊1𝑒 𝑤 ∈ 𝑊2 Prova:

Dados: 𝑢 = 𝑤 + 𝑣 ∈ 𝑊1 + 𝑊2 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑣 ∈ 𝑊1 𝑒 𝑤 ∈ 𝑊2

𝑢′ = 𝑤′ + 𝑣′ ∈ 𝑊1 + 𝑊2 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑣′ ∈ 𝑊1 𝑒 𝑤′ ∈ 𝑊2

Temos que:

𝑢 + 𝑢′ = 𝑤 + 𝑣 + 𝑤 ′ + 𝑣 ′ = 𝑣 + 𝑣′ + 𝑤 + 𝑤 ′ ∈ 𝑊1 + 𝑊2

𝛼𝑢 = 𝛼 𝑤 + 𝑣 = 𝛼𝑤 + 𝛼𝑣 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝛼𝑤 ∈ 𝑊1 𝑒 𝛼𝑣 ∈ 𝑊2 𝑙𝑜𝑔𝑜 𝛼𝑢 ∈ 𝑊1 + 𝑊2 Caso os dois subespaços sejam retas não-colineares, a soma deles equivale ao plano formado por elas.

Se as parcelas 𝑊1 e 𝑊2 têm interseção 𝑊1 ∩ 𝑊2 = 0 , a soma 𝑊1 + 𝑊2 é dita soma direta e é denotada

por 𝑊1⨁𝑊2.

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Exemplo: Seja 𝑊1 = 𝑎 𝑏0 0

e 𝑊2 = 0 0𝑐 𝑑

, onde a, b, c, d ∈ ℝ, então 𝑊1 + 𝑊2 = 𝑎 𝑏𝑐 𝑑

= 𝑀(2,2).

Esta é uma soma direta, pois 𝑊1 ∩ 𝑊2 = 0 00 0

= 0 .

8.3. União

A união de dois subespaços 𝑊1 e 𝑊2, diferente da soma, é um conjunto que contém exatamente todos os elementos de 𝑊1 e de 𝑊2. Deste modo, nem sempre a união de subespaços é um subespaço. Exemplo:

𝑊1 = (𝑥, 0) / 𝑥 ∈ ℝ = 𝑥(1,0) / 𝑥 ∈ ℝ 𝑊2 = (0, 𝑦) / 𝑦 ∈ ℝ = 𝑦(0,1) / 𝑦 ∈ ℝ

W1 e W2 são retas que passam pela origem. Assim, 𝑊1 ∩ 𝑊2 = 0 e 𝑊1 ∪ 𝑊2 é o feixe formado pelas

duas retas, que não é subespaço vetorial de ℝ3. De fato, se somarmos os dois vetores 𝑣 𝑒 𝑤 , vemos que

𝑣 + 𝑤 está no plano que contém 𝑊1 e 𝑊2, mas 𝑣 + 𝑤 ∉ 𝑊1 ∪ 𝑊2.

8.4. Questões

1) Sejam 𝑊1 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑡) ∈ ℝ4|𝑥 + 𝑦 = 0 e 𝑧 − 𝑡 = 0} e 𝑊2 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑡) ∈ ℝ4|𝑥 − 𝑦 − 𝑧 + 𝑡 = 0}

subespaços de ℝ4.

a) Determine 𝑊1 ∩ 𝑊2

b) Exiba uma base para 𝑊1 ∩ 𝑊2

c) Determine 𝑊1 + 𝑊2

d) 𝑊1 + 𝑊2 é soma direta? Justifique.

e) 𝑊1 + 𝑊2 = ℝ4?

9. Combinação linear

Considere um conjunto de vetores qualquer, pertencente a um espaço vetorial V. Já foi mostrado que somar estes vetores entre si em qualquer combinação resultará em um vetor pertencente a V. Também

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II Curso Pré-Engenharia Apostila de Álgebra Linear

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foi mostrado que multiplicar cada vetor por um escalar também gera um resultado pertencente a V, caso contrário V não seria um espaço vetorial. De fato, sejam 𝑣 1 , 𝑣 2 , … , 𝑣 𝑛 ∈ 𝑉 e sejam os escalares 𝑎1 , 𝑎2 , … , 𝑎𝑛 ∈ ℝ. Então qualquer vetor 𝑣 da forma

𝑣 = 𝑎1𝑣 1 + 𝑎2𝑣 2 + … + 𝑎𝑛𝑣 𝑛 é um elemento do mesmo espaço vetorial V. Por ter sido gerado pelos vetores primitivos 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑛 , o vetor 𝑣 é denominado o resultado de uma combinação linear de 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑛 . O conjunto de escalares {𝑎1 , … , 𝑎𝑛} é arbitrário, mas sendo um conjunto de números reais, o vetor 𝑣 sempre pertencerá a V. O vetor 𝑣 não é único, pois para cada combinação de escalares pode gerar um vetor 𝑣 diferente.

Exemplo: O vetor 𝑣 = (−4, −18,7) é combinação linear dos vetores 𝑣 1 = 1, −3,2 e 𝑣 2 = (2,4, −1), já

que 𝑣 pode ser escrito como 𝑣 = 2𝑣 1 − 3𝑣 2.

9.1. Questões

1) Quais dos seguintes vetores são combinação linear de 𝑥1, 𝑥2 e 𝑥3?

𝑥1 = 4,2, −3 , 𝑥2 = (2,1, −2) e 𝑥3 = (−2, −1,0)

a) (1,1,1)

b) 4,2, −6

c) −2, −1,1

d) (−1,2,3)

2) Escreva 𝐸 como combinação linear de 𝐴 = 1 10 −1

, 𝐵 = 1 1

−1 0 , 𝐶 =

1 −10 0

, onde:

a) 𝐸 = 3 −11 −2

b) 𝐸 = 2 1

−1 −2

3) Considere os vetores 𝑢 = (1, −3,2) e 𝑣 = (2, −1,1) em ℝ3.

a) Escreva (1,7, −4) como combinação linear de 𝑢 e 𝑣.

b) Escreva (2, −5,4) como combinação linear de 𝑢 e 𝑣.

c) Para que valor de 𝑘 o vetor (1, 𝑘, 5) é uma combinação linear de 𝑢 e 𝑣?

d) Procure uma condição para 𝑎, 𝑏 e 𝑐 de modo que (𝑎, 𝑏, 𝑐) seja combinação linear de 𝑢 e 𝑣.

4) Determinar o valor de 𝑘 para que o vetor 𝑢 = (−1, 𝑘, −7) seja combinação linear de 𝑣1 = (1,3,2) e

𝑣2 = (2,4,1).

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10. Subespaços gerados

Um conjunto de vetores {𝑣 1, 𝑣 2 , … , 𝑣 𝑛} pode construir vetores 𝑣 por meio de combinação linear. Fazendo todas as combinações possíveis (isto é, fazendo cada escalar ter todos os valores reais possíveis), o conjunto constrói uma infinidade de vetores que compõem um conjunto expandido. Esse conjunto é um subespaço vetorial. O conjunto 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑛 é chamado de conjunto de vetores de base, pois, em termos formais, ele gerou o subespaço W, definido abaixo. Definição: Um subespaço gerado por um conjunto de vetores 𝐵 = 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑛 é o conjunto de todos os vetores V que são combinações lineares dos vetores 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑛 ∈ 𝑉.

𝑊 = 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑛 = {𝑣 ∈ 𝑉 / 𝑣 = 𝑎1𝑣 1+. . . +𝑎𝑖𝑣 𝑖+. . . + 𝑎𝑛𝑣 𝑛 , 𝑐𝑜𝑚 𝑎𝑖 ∈ ℝ, 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑛} Obs.: A notação de colchetes informa que o conjunto W é o conjunto gerado por 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑛 . Não confundir com o próprio conjunto gerador 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑛 . Ou seja, 𝑣 1 , 𝑣 2 é um conjunto com infinitos vetores formados da combinação destes dois e {𝑣 1, 𝑣 2} é um conjunto com apenas dois vetores.

Exemplo: Seja 𝑉 = ℝ3 e 𝑣 ∈ 𝑉 (sendo 𝑣 ≠ 0 ), então 𝑣 = {𝑎𝑣 , 𝑎 ∈ ℝ} é a reta que contém o vetor 𝑣 , pois é o conjunto de todos os vetores com a mesma direção de 𝑣 que tem origem em (0,0).

Exemplo: Se 𝑣 1 , 𝑣 2 ∈ ℝ3 são tais que 𝛼𝑣 1 ≠ 𝑣 2 qualquer que seja 𝛼 ∈ ℝ, então 𝑣 1 , 𝑣 2 será o plano que passa pela origem e contém 𝑣 1 e 𝑣 2:

A condição 𝛼𝑣 1 ≠ 𝑣 2 é importante para garantir que os dois vetores gerem um plano. Caso ela não seja satisfeita, os vetores 𝑣 1 e 𝑣 2 seriam colineares, e não existira nenhuma combinação deles que pudesse gerar um vetor que não pertencesse à reta que eles geram.

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Nota-se que um conjunto gerador de dois elementos que um é combinação linear do outro equivale a um conjunto gerador com apenas um desses dois elementos. Assim, se 𝑣 3 ∈ 𝑣 1 , 𝑣 2 , então 𝑣 1 , 𝑣 2 , 𝑣 3 = 𝑣 1 , 𝑣 2 , pois todo vetor que pode ser escrito como combinação linear de 𝑣 1 , 𝑣 2 , 𝑣 3 é uma combinação linear apenas de 𝑣 1 e 𝑣 2, já que 𝑣 3 é combinação linear de 𝑣 1 e 𝑣 2. Exemplificando: Seja 𝐵 = {𝑣 1 , 𝑣 2 , 𝑣 3} tal que 𝑣 3 = 𝑝𝑣 1 + 𝑞𝑣 2. Um elemento qualquer do conjunto gerado por B é da forma:

𝑣 = 𝑎1𝑣 1 + 𝑎2𝑣 2 + 𝑎3𝑣 3 = 𝑎1𝑣 1 + 𝑎2𝑣 2 + 𝑎3(𝑝𝑣 1 + 𝑞𝑣 2) = 𝑎1 + 𝑝𝑎3 𝑣 1 + 𝑎2 + 𝑞𝑎3 𝑣 2 = 𝑏1𝑣 1 + 𝑏2𝑣 2

Exemplo: Seja 𝑉 = ℝ2, 𝑣 1 = (1,0) e 𝑣 2 = (0,1). Assim, 𝑉 = 𝑣 1 , 𝑣 2 , pois dado 𝑣 = (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑉, temos 𝑥, 𝑦 = 𝑥 1,0 + 𝑦(0,1), ou seja, 𝑣 = 𝑥𝑣 1 + 𝑦𝑣 2.

Exemplo: Seja 𝑣 1 = 1 00 0

e 𝑣 2 = 0 10 0

, então 𝑣 1 , 𝑣 2 = 𝑎 𝑏0 0

, 𝑐𝑜𝑚 𝑎 𝑒 𝑏 ∈ ℝ

Observa-se que se em um conjunto gerador existir algum vetor que é combinação linear de outros elementos do próprio conjunto gerador, esse elemento é inútil. Eliminá-lo do conjunto gerador não modifica o conjunto gerado. Tal propriedade pode ser verificada lembrando que a combinação linear é uma soma de vetores, e que a parcela da soma do vetor que é gerado por outros pode ser substituída pelos próprios vetores que o geram. Assim, qualquer elemento do conjunto gerado por B pode ser escrito como combinação linear de apenas 𝑣 1 e 𝑣 2. Surge então a necessidade de verificar quando um vetor é combinação linear de outros.

10.1. Questões

1) Quais dos seguintes conjuntos de vetores é um conjunto gerador de ℝ4?

a) {(1,0,0,1); (0,1,0,0); (1,1,1,1); (0,1,1,1)}

b) {(1, −1,0,2); (3, −1,2,1); (1,0,0,1)}

c) {(0,0,1,1); (−1,1,1,2); (1,1,0,0); (2,1,2,1)}

2) Resolva o seguinte sistema, usando a Regra de Cramer:

𝑥 − 2𝑦 + 𝑧 = 12𝑥 + 𝑦 = 3𝑦 − 5𝑧 = 4

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11. Dependência e Independência Linear

Um conjunto de vetores é dito linearmente independente (freqüentemente indicado por LI) quando

nenhum elemento contido nele é gerado por uma combinação linear dos outros (lembrar o conceito de

combinação linear apresentado anteriormente). Naturalmente, um conjunto de vetores é dito

linearmente dependente (LD) se pelo menos um de seus elementos é combinação linear dos outros.

Sejam V um espaço vetorial e 𝑣 1, … , 𝑣 𝑛 ∈ 𝑉.

Dizemos que o conjunto 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑛 ou que os vetores 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑛 são linearmente independentes (LI) se a

equação

𝑎1𝑣 1+. . . + 𝑎𝑛𝑣 𝑛 = 0

admitir apenas a solução trivial, isto é: 𝑎1 = . . . = 𝑎𝑛 = 0

Se existir algum 𝑎𝑗 ≠ 0, dizemos que 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑛 ou que os vetores 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑛 são linearmente

dependentes (LD).

Em outras palavras, o conjunto 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑛 é LD se, e somente se um destes vetores for combinação linear

dos outros.

Prova:

Sejam 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑛 LD e 𝑎1𝑣 1+. . . +𝑎𝑗𝑣 𝑗 +. . . + 𝑎𝑛𝑣 𝑛 = 0. Suponha que 𝑎𝑗 ≠ 0 (para ser LD).

Então 𝑣 𝑗 =−1

𝑎𝑗 𝑎1𝑣 1+. . . +𝑎𝑗−1𝑣 𝑗−1 + 𝑎𝑗 +1𝑣 𝑗+1+. . . + 𝑎𝑛𝑣 𝑛 .

Portanto, 𝑣 𝑗 é combinação linear.

Por outro lado, se tivermos 𝑣 1, … , 𝑣 𝑗 , … , 𝑣 𝑛 tal que para algum 𝑗

𝑣𝑗 = 𝑏1 ∙ 𝑣1 + ⋯ + 𝑏𝑗−1 ∙ 𝑣𝑗−1 + 𝑏𝑗+1 ∙ 𝑣𝑗+1 + ⋯ + 𝑏𝑛 ∙ 𝑣𝑛

Então, 𝑏1 ∙ 𝑣1 + ⋯− 𝑣𝑗 + ⋯ + 𝑏𝑛 ∙ 𝑣𝑛 = 0

Logo, 𝑏𝑗 = −1 e, portanto, V é LD.

A Independência Linear tem uma interpretação geométrica útil:

i) Seja 𝑉 = 𝑅2 e 𝑣1 , 𝑣2 ∈ 𝑉. 𝑣1 , 𝑣2 é LD se e somente se 𝑣1 e 𝑣2 estiverem na mesma reta quando colocados com seus pontos iniciais na origem 𝑣1 = 𝜆 ∙ 𝑣2 *são pararlelos:

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ii) Seja 𝑉 = 𝑅3 e 𝑣1 , 𝑣2 , 𝑣3 e 𝑉. 𝑣1 , 𝑣2 , 𝑣3 é LD se estes 3 vetores estiverem no mesmo plano quando colocados com seus pontos iniciais na origem:

Exemplo: Os vetores 1 (2,2,0)v

, 2 (0,5, 3)v

e 3 (0,0,4)v

são LI ou LD?

Solução: Verificando a expressão 1 2 3(2,2,0) (0,5, 3) (0,0,4) (0,0,0)a a a

1 1

1 2 2

2 3 3

2 0 0

2 5 0 0

3 4 0 0

a a

a a a

a a a

Logo, como o sistema admite somente a solução trivial, os vetores são LI.

11.1. Questões

1) Considere dois vetores (𝑎, 𝑏) e (𝑐, 𝑑) no plano. Se 𝑎𝑑 − 𝑏𝑐 = 0, mostre que eles são LD. Se 𝑎𝑑 − 𝑏𝑐 ≠

0, mostre que eles são LI.

2) Para quais valores de 𝑎 o conjunto de vetores {(3,1,0); (𝑎2 + 2,2,0)} é LD?

3) Verifique se os polinômios seguintes são linearmente dependentes ou independentes.

a) 𝑡2 − 2𝑡 + 3, 2𝑡2 + 𝑡 + 8 e 𝑡2 + 8𝑡 + 7

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II Curso Pré-Engenharia Apostila de Álgebra Linear

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b) 𝑡2 − 1, 𝑡 + 1 e 𝑡 + 2

4) Ache as relações lineares não triviais satisfeitas pelos seguintes conjuntos de vetores.

a) (2,1,1), 3, −4,6 e (4, −9,11) ∈ ℝ3

b) (2,1), (−1,3) e (4,2) ∈ ℝ2

c) (1,0,2,4), 0,1,9,2 e (−5,2,8, −16) ∈ ℝ4 R4

d) (1,4), 3, −1 e (2,5) ∈ ℝ2

5) Verifique se o conjunto a seguir é LD ou LI: {(1,2𝑥, −𝑥2), (2, −𝑥, 3𝑥2), (3, −4𝑥, 7𝑥2)}.

12. Base de um espaço vetorial

Considere um espaço vetorial V. Admita a existência de um subconjunto B desse espaço (não

necessariamente um subespaço) tal que B gere V por combinação linear. Notar que para um espaço

particular V, B não é único, vários conjuntos B distintos podem gerar V. De fato, o próprio V pode gerar

ele mesmo. Porém, é mais simples trabalhar com conjuntos menores, e é de interesse resumir um grande

conjunto V em um pequeno conjunto B. Foi verificado acima que dentro de B quaisquer elementos

formados por combinações lineares dos outros são “inúteis”. Ou seja, se B for um conjunto LD, existe pelo

menos um vetor “inútil”, que pode ser eliminado para tornar B menor e mais simples. O processo pode

continuar até que B se torne LI. Se B é LI, e ainda consegue gerar V (Lembre-se que a eliminação de

elementos LD de um conjunto gerador não modifica o conjunto gerado) é denominado base.

Uma base de um espaço vetorial é um conjunto LI gerador deste espaço. É também a maneira mais

simples de “resumir” o espaço.

Condições:

i) {𝑣1 , … , 𝑣𝑛 } é LI

ii) 𝑣1 , … , 𝑣𝑛 = 𝑉 (O conjunto gera V) Atenção! Todo conjunto LI de um vetorial V é base de um

subespaço gerado por ele.

Exemplo: Prove que {(1,1),( 1,0)}B é base de 2R

Solução:

i) (1,1) ( 1,0) (0,0)a b ( , ) (0,0) 0a b a a b B é LI

ii) (1,1) ( 1,0) ( , )a b x y

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II Curso Pré-Engenharia Apostila de Álgebra Linear

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2( , ) ( , ) gera a b x b y x

a b a x y B Ra y

Exemplo: Prove que {(0,1),(0,2)} Não é base de 2

R

Solução:

i) (0,1) (0,2) (0,0)

(0, 2 ) (0,0) 2

a b

a b a b

Mas como 𝑎 e 𝑏 não são necessariamente zero, o conjunto é LD.

Exemplo: 1,0,0 , 0,1,0 não é base de ℝ3. É LI, mas não gera todo ℝ3, isto é, 1,0,0 , 0,1,0 ≠ ℝ3

𝑎 ∙ 1,0,0 + 𝑏 ∙ 0,1,0 = 𝑥, 𝑦, 𝑧

𝑎, 𝑏, 0 = 𝑥, 𝑦, 𝑧 ⟹ 𝑧 = 0

Como o ℝ3 não é composto apenas de pontos com a coordenada z nula, os dois vetores não podem ser

base.

Exemplo: 𝑉 = 𝑀 2,2 . 1 00 0

; 0 10 0

; 0 01 0

; 0 00 1

é uma base de 𝑉.

Observação: Existem espaços que não tem base finita, principalmente quando trabalhamos com espaços

de funções. Então, precisaremos de um conjunto infinito de vetores para gerar o espaço. Isto não implica

que estamos trabalhando com combinações lineares infinitas, mas sim, que cada vetor do espaço é uma

combinação linear finita daquela “base infinita”. Ou seja, para cada vetor dado, podemos escolher uma

quantidade finita de vetores da base para escrevê-lo. Por exemplo, o conjunto de todos polinômios de

coeficientes reais formam um espaço vetorial. Uma base naturalmente definida é {1, 𝑥, 𝑥2 , 𝑥3 , . . . }, que é

infinita, pois não há restrição para o grau do polinômio. Porém, para formar um polinômio particular é

possível utilizar um número finito de elementos da base.

Teorema: Sejam 𝑣1 , … , 𝑣𝑛 vetores não nulos que geram um espaço vetorial 𝑉. Dentre estes vetores

podemos extrair uma base de 𝑉.

Prova:

i) Se 𝑣1 , … , 𝑣𝑛 são LI, eles cumprem as condições para uma base e não temos mais nada a fazer.

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II Curso Pré-Engenharia Apostila de Álgebra Linear

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ii) Se 𝑣1 , … , 𝑣𝑛 são LD, então existe uma combinação linear deles com algum coeficiente diferente de zero,

dando o vetor nulo: 𝑥1 ∙ 𝑣1 + … + 𝑥𝑛 ∙ 𝑣𝑛 = 0

Por exemplo, seja 𝑥𝑢 ≠ 0, então:

𝑣𝑛 = −𝑥1

𝑥𝑛∙ 𝑣1 −

𝑥2

𝑥𝑛∙ 𝑣2 − ⋯− −

𝑥𝑛−1

𝑥𝑛∙ 𝑣𝑛−1 .

Ou seja, 𝑣𝑛 é uma combinação linear de 𝑣1 , … , 𝑣𝑛−1 e, portanto 𝑣1 , … , 𝑣𝑛−1 ainda geram 𝑉.

Se 𝑣1 , … , 𝑣𝑛−1 ainda for LD, podemos prosseguir da mesma forma até chegar a um subconjunto

𝑣1 , … , 𝑣𝑟 com 𝑟 ≤ 𝑛 que ainda geram 𝑉, ou seja, formaremos uma base.

Isto é, de um espaço gerador qualquer é possível retirar elementos “inúteis” até que ele se torne uma

base. Veremos agora uma propriedade curiosa dos espaços vetoriais: o número de elementos de

qualquer base de um espaço vetorial particular é constante, independe da base escolhida. Este número é

uma propriedade inerente à natureza do espaço.

Teorema: Seja um espaço vetorial 𝑉 gerado por um conjunto de vetores 𝑣1 , … , 𝑣𝑛 . Então, qualquer

conjunto LI tem no máximo "𝑛" vetores.

Prova: Como 𝑣1 , … , 𝑣𝑛 = 𝑉, então podemos extrair uma base para 𝑉. Seja {𝑣1 , … , 𝑣𝑟 } com 𝑟 ≤ 𝑛, esta

base. Considere agora 𝑤1 , 𝑤2 , … , 𝑤𝑚 , 𝑚 vetores de 𝑉, com 𝑚 > 𝑛.

Então, existem constantes tais que:

(𝑖)

𝑤1 = 𝑎11 ∙ 𝑣1 + 𝑎12 ∙ 𝑣2 +. . . +𝑎1𝑟 ∙ 𝑣𝑟

𝑤2 = 𝑎21 ∙ 𝑣1 + 𝑎22 ∙ 𝑣2 +. . . +𝑎2𝑟 ∙ 𝑣𝑟 ⋮

𝑤𝑚 = 𝑎𝑚1 ∙ 𝑣1 + 𝑎𝑚2 ∙ 𝑣2 +. . . +𝑎𝑚𝑟 ∙ 𝑣𝑟

Consideremos agora uma função linear de 𝑤1 , … , 𝑤𝑛 dando zero:

(𝑖𝑖)0 = 𝑥1 ∙ 𝑤1 + 𝑥2 ∙ 𝑤2 +. . . +𝑥𝑚 ∙ 𝑤𝑚

Substituindo (𝑖) em (𝑖𝑖), temos:

0 = 𝑥1 ∙ 𝑎11 ∙ 𝑣1 + 𝑎12 ∙ 𝑣2 +. . . +𝑎1𝑟 ∙ 𝑣𝑟 +. . . +𝑥𝑚 ∙ 𝑎𝑚1 ∙ 𝑣1 + 𝑎𝑚2 ∙ 𝑣2 +. . . +𝑎𝑚𝑟 ∙ 𝑣𝑟

0 = 𝑎11 ∙ 𝑥1 + 𝑎21 ∙ 𝑥2+. . . +𝑎𝑚1 ∙ 𝑥𝑚 ∙ 𝑣1 + ⋯ + 𝑎1𝑟 ∙ 𝑥1 + 𝑎2𝑟 ∙ 𝑥𝑟+. . . +𝑎𝑚𝑟 ∙ 𝑥𝑚 ∙ 𝑣𝑟

Como 𝑣1 , 𝑣2 , … , 𝑣𝑛 são LI, então os coeficientes dessa equação devem ser nulos:

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II Curso Pré-Engenharia Apostila de Álgebra Linear

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𝑎11 ∙ 𝑥1+. . . 𝑎𝑚1 ∙ 𝑥𝑚 = 0

⋮𝑎1𝑟 ∙ 𝑥1+. . . 𝑎𝑚𝑟 ∙ 𝑥𝑚 = 0

Temos então um sistema linear homogêneo com 𝑟 equações e 𝑚 incógnitas 𝑥1 , … , 𝑥𝑚 e, como

𝑟 ≤ 𝑛 < 𝑚, ele admite uma solução não trivial, ou seja, existe uma solução com algum 𝑥𝑖 não nulo.

Portanto 𝑤1 , … , 𝑤𝑚 são LD.

12.1. Questões

1) Quais são as coordenadas de x = (1,0,0) em relação à base β = {(1,1,1),(-1,1,0),(1,0,-1)}?

13. Dimensão

A dimensão de um espaço vetorial 𝑉 é definida como o número de vetores de uma base de 𝑉 e é

denotada por 𝑑𝑖𝑚 𝑉. Se 𝑉 não possui base, 𝑑𝑖𝑚 𝑉 = 0.

Qualquer base de um espaço vetorial tem sempre o mesmo número de elementos e o número de bases

para cada espaço vetorial é infinito.

Exemplo: 𝑑𝑖𝑚ℝ2 = 2, pois toda base do ℝ2 tem dois vetores, como { 1,0 ; 0,1 } ou { 1,1 ; 0,1 }.

Exemplo: 𝑑𝑖𝑚ℝ𝑛 = 𝑛.

Exemplo: 𝑑𝑖𝑚𝑀 2,2 = 4.

Exemplo: 𝑑𝑖𝑚𝑀 𝑚, 𝑛 = 𝑚𝑥𝑛.

Exemplo: 𝑑𝑖𝑚𝑃𝑛 = 𝑛 + 1 (polinômios de grau n).

Exemplo: dim 0 = 0, pois a origem é apenas um ponto.

Observação: Quando um espaço vetorial V admite uma base finita, dizemos que V é um espaço vetorial de

dimensão finita.

Teorema: Qualquer conjunto de vetores LI de um espaço vetorial V de dimensão finita pode ser

completado de modo a formar uma base de V.

Prova: Seja 𝑑𝑖𝑚𝑉 = 𝑛 e 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑖 vetores LI, com 𝑖 ≤ 𝑛.

i) Se 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑖 = 𝑉, então 𝑖 = 𝑛 e o conjunto forma uma base. ii) Se existe 𝑣 𝑖+1 ∈ 𝑉

tal que 𝑣 𝑖+1 ∉ 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑖 , isto é, 𝑣 𝑖+1 não é uma combinação linear de 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑖 ,

então {𝑣 1, … , 𝑣 𝑖 , 𝑣 𝑖+1} é LI. Se 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑖 , 𝑣 𝑖+1 = 𝑉, então {𝑣 1, … , 𝑣 𝑖 , 𝑣 𝑖+1} é a base procurada. Caso contrário, existe 𝑣 𝑖+2 ∉ 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑖 , 𝑣 𝑖+1 e {𝑣 1 , … , 𝑣 𝑖 , 𝑣 𝑖+1, 𝑣 𝑖+2} é LI. Se 𝑣 1 , … , 𝑣 𝑖 , 𝑣 𝑖+1 , 𝑣 𝑖+2 = 𝑉,

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nossa prova está concluída. Se não, prosseguimos analogamente. Como não poderemos ter mais do que n vetores LI em V, então após um número finito de passos teremos obtido uma base de V.

Teorema: Se 𝑑𝑖𝑚𝑉 = 𝑛, qualquer conjunto de n vetores LI formará uma base de V.

Prova: Se não formasse uma base, poderíamos completar o conjunto até formá-la e dessa forma teríamos

uma base com mais do que n vetores em V, o que é um absurdo.

Teorema: Se U e W são subespaços de um espaço vetorial V que tem dimensão finita, então 𝑑𝑖𝑚𝑈 ≤

𝑑𝑖𝑚𝑉 e 𝑑𝑖𝑚𝑊 ≤ 𝑑𝑖𝑚𝑉. Além disso:

dim 𝑈 + 𝑊 = 𝑑𝑖𝑚𝑈 + 𝑑𝑖𝑚𝑊 − dim(𝑈 ∩ 𝑊)

Para permitir uma interpretação geométrica, consideramos o espaço tridimensional ℝ3. A dimensão de

qualquer subespaço S de ℝ3 só poderá ser 0,1,2 ou 3. Portanto, temos os seguintes casos:

i) 𝑑𝑖𝑚𝑆 = 0, então 𝑆 = {0 }. Ou seja, o subespaço é a origem (apenas um ponto); ii) 𝑑𝑖𝑚𝑆 = 1, então S é uma reta que passa pela origem; iii) 𝑑𝑖𝑚𝑆 = 2, então S é um plano que passa pela origem; iv) 𝑑𝑖𝑚𝑆 = 3, então S é o próprio ℝ3.

13.1. Questões

1) Ilustre com um exemplo a proposição: “se U e W são subespaços de um espaço vetorial V que tem

dimensão finita então dim 𝑈 + 𝑊 = 𝑑𝑖𝑚𝑈 + 𝑑𝑖𝑚𝑊 − dim(𝑈 ∩ 𝑊)”.

2) Escreva uma base para o espaço vetorial das matrizes 2 × 2. Qual a dimensão desse espaço?

3) Resolva a questão anterior considerando o espaço das matrizes 3 × 3. E qual seria a dimensão de um

espaço de matrizes 𝑛 × 𝑛?

4) Seja V o espaço das matrizes 2 × 2, e seja W o subespaços gerado por

1 −5

−4 2 ,

1 1−1 5

, 2 −4

−5 7 ,

1 −7−5 1

Encontre uma base e a dimensão de W.

5) Considere o subespaço de ℝ4 gerado pelos vetores 𝑣1 = (1, −1,0,0), 𝑣2 = (0,0,1,1),

𝑣3 = −2,2,1,1 e 𝑣4 = (1,0,0,0).

a) O vetor (2, −3,2,2) pertence a [𝑣1 , 𝑣2 , 𝑣3 , 𝑣4]? Justifique.

b) Exiba uma base para [𝑣1 , 𝑣2 , 𝑣3 , 𝑣4]. Qual a dimensão?

c) 𝑣1 , 𝑣2 , 𝑣3 , 𝑣4 = ℝ4? Por quê?

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14. Mudança de base

Sejam 𝛽 = {𝑢 𝑖 , … , 𝑢 𝑛} e 𝛽′ = {𝑤 𝑖 , … , 𝑤 𝑛} duas bases ordenadas de um mesmo espaço vetorial V de

dimensão 𝑛. Dado 𝑣 ∈ 𝑉, podemos escrevê-lo como:

(i)1 1

1 1

...

...

n n

n n

v x u x u

v y w y w

Devemos relacionar 𝑣 𝛽 =

𝑥1

…𝑥𝑛

com 𝑣 𝛽′ =

𝑦1

…𝑦𝑛

.

Já que {𝑢 1 , …𝑢 𝑛} é base de V, podemos escrever os vetores 𝑤 𝑖 como combinação linear dos vetores 𝑢 𝑖 :

(ii)

1 11 1 21 2 1

2 12 1 22 2 2

1 1 2 2

...

...

...

...

n n

n n

n n n nn n

w a u a u a u

w a u a u a u

w a u a u a u

Substituindo (ii) na segunda equação de (i), temos:

1 1 ... n nv y w y w

= 1y ( 11 1 21 2 1... n na u a u a u

) + ... + ny ( 1 1 2 2 ...n n nn na u a u a u

)

11 1 1 1 1 1( ... ) ... ( ... )n n n nn n na y a y u a y a y u

Mas 1 1 ... n nv x u x u

, e, como as coordenadas em relação a uma base são únicas, temos:

1 11 1 1

1 1

...

...

...

n n

n n nn n

x a y a y

x a y a y

𝑥1

…𝑥𝑛

=

𝑎11 … 𝑎1𝑛

⋮ ⋱ ⋮𝑎𝑛1 … 𝑎𝑛𝑛

𝑦1

…𝑦𝑛

A matriz dos coeficientes está atuando como uma matriz de mudança de base, pois transforma o vetor

𝑣 𝛽′ =

𝑦1

…𝑦𝑛

em outro 𝑣 𝛽 =

𝑥1

…𝑥𝑛

, numa segunda base. Assim:

𝑎11 … 𝑎1𝑛

⋮ ⋱ ⋮𝑎𝑛1 … 𝑎𝑛𝑛

= 𝐼 𝛽𝛽 ′

Esta é a matriz de mudança de base da base 𝛽′para a base 𝛽.

Uma vez obtida 𝐼 𝛽𝛽 ′

, podemos encontrar as coordenadas de qualquer vetor 𝑣 em relação à base 𝛽

multiplicando a matriz pelas coordenadas de 𝑣 em relação à base 𝛽′ (ambas as bases supostamente

conhecidas).

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𝑣 𝛽 = 𝐼 𝛽𝛽 ′

𝑣 𝛽′

Observação: Note que a matriz 𝐼 𝛽𝛽 ′

é obtida de (ii) transpondo a matriz dos coeficientes.

Questão: Calcule 𝑣 𝛽de 𝑣 = (5, −8) para 𝛽 = { 2, −1 ; 3,4 } e 𝛽′ = { 1,0 ; 0,1 }.

Solução 1:

i) Inicialmente, procurando 𝐼 𝛽𝛽 ′

, então colocamos 𝛽′em função de 𝛽:

w1 = 1, 0 = a11 2, −1 + a21 3, 4 = 2a11 + 3a21 , −a11 + 4a21

w2 = 0, 1 = a12 2, −1 + a22 3, 4 = 2a12 + 3a22 , −a12 + 4a22

𝑎11 =4

11 ; 𝑎12 =

−3

11 ; 𝑎21 =

1

11 ; 𝑎22 =

2

11

Dessa forma,

11 12

21 22

4 3

11 11

1 2

11 11

a aI

a a

ii)

4 3

5 411 115, 8 5, 8

1 2 3 1

11 11

I

Isto é, (5, 8) 4(2, 1) 1(3,4) ;

Solução 2: Basta resolver o sistema: (5, 8) (2, 1) (3,4)a b

2 3 5

4 8

a b

a b

4

1

a

b

Observação: O cálculo feito da matriz de mudança de base só é vantajoso quando se trabalha com vários

vetores, para não ter que resolver um sistema de equações a cada vetor.

14.1. A inversa da matriz de mudança de base

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Um fato importante é que a matriz 𝐼 𝛽𝛽′

é invertível e 𝐼 𝛽𝛽′

−1

= 𝐼 𝛽′𝛽

. Dessa forma, podemos usá-la

para encontrar 𝑣 𝛽′ pois 𝑣 𝛽′ = 𝐼 𝛽′𝛽 𝑣 𝛽 .

14.2. Questões

1) Se [𝐼]𝛼𝑎′ =

1 1 00 −1 11 0 −1

, ache [𝑣]𝑎′ onde [𝑣]𝛼 = −123

.

2) Se α é base de um espaço vetorial, qual é a matriz de mudança de base [𝐼]𝛼𝛼?

3) Seja V o espaço vetorial de matrizes 2 × 2 triangulares superiores. Sejam 𝛽 e 𝛽′ duas bases de V tais

que 𝛽 = 1 00 0

, 0 10 0

, 0 00 1

e 𝛽′ = 1 00 0

, 1 10 0

, 1 10 1

.

a) Ache [𝐼]𝛽𝛽′

.

b) Mostre que 𝐼 𝛽𝛽′

−1

= 𝐼 𝛽′𝛽

.

4) Uma elipse em uma base cartesiana está rotacionada em um ângulo de 45° e sua base é formada pelos

vetores {(1,0); (0,1)}. Ache a matriz de mudança de base para uma nova base onde os vetores sejam

respectivamente (−1,1) e (2,2).