APOSTILA DE ECONOMIA BRASILEIRA - Aspectos Demográficos

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INSTITUTO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO VALE DO ACARAÚ IVA CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ECONOMIA BRASILEIRA (Resumo baseado no livro Economia Brasileira Contemporânea Amaury Patrick Gremaud; Marco Antonio Sandoval de Vasconcelos e Rudinei Toneto Júnior ) Profª Michele Arlinda 1. Aspectos Demográficos Ao analisar a economia brasileira após o período de transição do século XX para o século XXI é possível perceber que a fisionomia do país no final deste século é substancialmente diferente daquela de seu início ou mesmo daquela do pós- Segunda Guerra Mundial, enfim, a economia brasileira cresceu. Vejamos a seguir alguns fatores que analisam esse crescimento do ponto de vista demográfico. Ao se comparar com a população mundial, a população brasileira cresceu em média percentual maior (deve-se considerar que é um dos maiores países em território); A produção e a geração de renda brasileira também sofreram forte expansão, medidos através: o PIB: Produto Interno Bruto; o PNB: Produto Nacional Bruto (em termos internacionais); Transformação estrutural base produtiva e as condições de vida da população; De uma população agrícola, temos uma expansão da população urbana, principalmente, em meados do século XX, com o “modelo” econômico do processo de industrialização por substituição das importações; Ainda assim a produção agrícola tem grande participação na economia do país, logo, os produtos considerados importantes desta como os industrializados e os semi-industrializados têm origem na agricultura. Esses também têm forte expressão no mercado de exportações; Levantadas essas considerações, vejamos alguns conceitos: A população de um país representa o potencial de consumidores deste país, e ainda parte dessa população, a chamada população economicamente ativa, representa os potenciais trabalhadores/ produtores do país; As fontes dos dados populacionais são os Censos Demográficos, que são pesquisas em grande escala, cujo objetivo é captar a maior quantidade possível de informação sobre determinada sociedade, região e setor econômico; Explosão Demográfica: é o aumento elevado e repentino da população de seres humanos. É freqüentemente associada a avanços tecnológicos, tendo a maior delas ocorrido no século XX da era cristã. O aumento brusco da população leva a um aumento também brusco do território ocupado, e tem alguns efeitos ambientais e econômico-sociais catastróficos, daí a comparação com uma explosão. Crescimento populacional de um país deve-se a uma combinação de três fatores básicos: a mortalidade, a natalidade e o saldo migratório;

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INSTITUTO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO VALE DO ACARAÚ – IVA CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

ECONOMIA BRASILEIRA

(Resumo baseado no livro Economia Brasileira Contemporânea – Amaury Patrick Gremaud; Marco Antonio Sandoval de Vasconcelos e Rudinei Toneto Júnior )

Profª Michele Arlinda

1. Aspectos Demográficos

Ao analisar a economia brasileira após o período de transição do século XX para o século XXI é possível perceber que a fisionomia do país no final deste século é substancialmente diferente daquela de seu início ou mesmo daquela do pós-Segunda Guerra Mundial, enfim, a economia brasileira cresceu. Vejamos a seguir alguns fatores que analisam esse crescimento do ponto de vista demográfico. Ao se comparar com a população mundial, a população brasileira cresceu em

média percentual maior (deve-se considerar que é um dos maiores países em território);

A produção e a geração de renda brasileira também sofreram forte expansão, medidos através:

o PIB: Produto Interno Bruto; o PNB: Produto Nacional Bruto (em termos internacionais);

Transformação estrutural – base produtiva e as condições de vida da população;

De uma população agrícola, temos uma expansão da população urbana, principalmente, em meados do século XX, com o “modelo” econômico do processo de industrialização por substituição das importações;

Ainda assim a produção agrícola tem grande participação na economia do país, logo, os produtos considerados importantes desta como os industrializados e os semi-industrializados têm origem na agricultura. Esses também têm forte expressão no mercado de exportações;

Levantadas essas considerações, vejamos alguns conceitos: A população de um país representa o potencial de consumidores deste país,

e ainda parte dessa população, a chamada população economicamente ativa, representa os potenciais trabalhadores/ produtores do país;

As fontes dos dados populacionais são os Censos Demográficos, que são pesquisas em grande escala, cujo objetivo é captar a maior quantidade possível de informação sobre determinada sociedade, região e setor econômico;

Explosão Demográfica: é o aumento elevado e repentino da população de seres humanos. É freqüentemente associada a avanços tecnológicos, tendo a maior delas ocorrido no século XX da era cristã. O aumento brusco da população leva a um aumento também brusco do território ocupado, e tem alguns efeitos ambientais e econômico-sociais catastróficos, daí a comparação com uma explosão.

Crescimento populacional de um país deve-se a uma combinação de três fatores básicos: a mortalidade, a natalidade e o saldo migratório;

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o Taxa de crescimento populacional = taxa de natalidade – taxa de mortalidade + taxa de migração

Taxa de mortalidade: relação entre a quantidade de óbitos e a quantidade total da população, normalmente é afetada:

o Pelo desenvolvimento da medicina e da saúde pública (técnicas de controle e de imunização de doenças epidêmicas);

o Pelas condições socioeconômicas que afetam a nutrição, a habitação e a educação da população (a educação das mães é relevante para este fator);

o Por questões institucionais, como regras sanitárias, legislação trabalhista, entre outras.

o Por aspectos culturais que influenciam na alimentação, educação e outros.

Taxa de natalidade corresponde a relação entre os nascimentos a população total, pode ser medido também pela taxa de fecundidade, que é a relação entre os nascimentos e o número de mulheres em idade fértil (dos 15 aos 44 anos), é afetadas:

o Pelas condições socioculturais de cada sociedade, tais como a religião e os valores morais/filosóficos, as relações familiares, as regras legais e morais relativas ao casamento, à herança, etc.;

o Por aspectos econômicos, logo, antes pensava-se em filhos para garantir à assistência na terceira idade, atualmente são considerados além dos custos materiais com alimentação e saúdo, por exemplo, mas também custos em termos de mobilidade social e de oportunidade no mercado de trabalho, especialmente para as mães;

o Por aspectos informacionais relativos ao conhecimento (e ao acesso) das mulheres a métodos contraceptivos.

As migrações são relativas aos deslocamentos populacionais de uma região a outra. Estas envolvem as chamadas “forças de expulsão” que procuram dar conta dos motivos que levam as pessoas a abandonar sua região de origem e, por outro, as “forças de atração”, que explicam a escolha da região de destino, ou seja, do novo local de residência dos migrantes.

o As migrações externas alteram efetivamente a população de uma região ou país, pois são migrações entre outras regiões e a região em análise;

o As migrações internas não alteram a população da região ou país, o que há é um deslocamento da população dentro do país, refletindo somente uma distribuição localizacional (ou regional) desta população dentro do país.

Quando o crescimento populacional é fortemente influenciado pela entrada de imigrantes em um país, dizemos que a população deste país é aberta. Já uma população é fechada quando seu crescimento depende apenas do chamado crescimento vegetativo, isto é, apenas da diferença entre nascimentos e óbitos.

1.1. Transição Demográfica Brasileira No inicio do século XX o Brasil possuía uma população aberta, a maior parte

do crescimento populacional era explicado pela imigração (portugueses e

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italianos) e o restante pelo crescimento vegetativo (altas taxas de natalidade e um pouco menos de mortalidade);

A partir da década de 30 há o “fechamento” da população, então o crescimento populacional passa a depender do crescimento vegetativo;

o As migrações passam a acontecer dentro do país e não afetam o total da população.

Dá-se inicio o processo de transição demográfica do país na década de 40, onde as altas taxas que compõem o crescimento vegetativo (mortalidade e natalidade) diminuem. Porém, inicialmente apenas as de mortalidade diminuem e as taxas de natalidade continuam elevadas. Surgiram os receios sobre uma explosão demográfica no Brasil;

No entanto, a partir dos anos 60 e décadas seguintes as taxas de natalidade começam a diminuir, isso fez com que o crescimento da população reduzisse drasticamente, marcando o final do período de transição demográfica brasileira. Alguns fatores explicam a queda da natalidade:

o A entrada da mulher no mercado de trabalho, que fez com que os “custos de oportunidade” de se ter um filho crescessem fortemente;

o A grande proliferação de métodos contraceptivos. Quanto a evolução da população brasileira nas últimas décadas se deve ao

fato da população feminina ser maior que a masculina, devido, principalmente, pela grande quantidade de óbitos masculinos jovens nos grandes centros urbanos por razões externas ou violentas, consecutivamente uma maior expectativa de vida feminina.

1.2. Estrutura Etária Considerada um efeito da queda da fecundidade, a estrutura etária da população brasileira passa por um efeito lento e defasado, que atinge primeiro os grupos etários mais jovens, mas o que se verifica nos últimos anos é um processo de envelhecimento dessa população. Esse processo é observado pelo crescimento do índice de envelhecimento do

IBGE, isto é, a relação entre a população com mais de 65 anos e a população com menos de 15.

1.3. Migrações internas e urbanização As variações na distribuição populacional entre regiões podem ser observadas principalmente pelas migrações que ocorrem dentro do país. Alguns fluxos migratórios se destacam: Característico do século XX, o êxodo rural, diminuiu em muitos números a

população rural. O processo de industrialização foi o grande responsável por essa transição;

No entanto a crise do setor industrial dos anos 80 e o atrativo das fronteiras agrícolas, regiões onde novas terras são incorporadas à produção agropecuária, moldaram outro fluxo migratório, porém menos expressivo;

Esse deslocamento é responsável pela urbanização, logo, essas pessoas passaram a promover o desenvolvimento local (regiões de fronteiras agrícolas). Enquanto que o êxodo rural foi responsável pela metropolização da população.

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A tendência é de continuidade do processo de urbanização da economia brasileira, porém com menor intensidade e provavelmente com menor concentração de pessoas nas grandes regiões metropolitanas.