APOSTILA DE ECONOMIA - PRESENTE AOS COLEGAS

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Um presente do amigo JULENIO BRAGA RODRIGUES ECONOMIA EMPRESARIAL

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ECONOMIA EMPRESARIAL

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MICROECONOMIA

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MECANISMO DE MERCADO

A Teoria Microeconômica (ou Teoria dos Preços, como também é conhecida) preocupa-se em estudar o comportamento econômico das unidades individuais, tais como consumidores, empresas e proprietários de recursos. Ela trata, basicamente, dos fluxos de bens e serviços das empresas para os consumidores, dos fluxos dos recursos produtivos (ou seus serviços) dos seus proprietários para as empresas, da composição desses fluxos e formação dos preços dos componentes desses fluxos. Nesse sentido, um dos objetivos básicos da Teoria Microeconômica é responder questões do tipo: Que determina o preço dos diversos tipos de bens e serviços? Que determina a remuneração de um trabalhador? Que determina o quanto de cada mercadoria será produzida? Que determina a maneira pela qual um indivíduo gasta sua renda entre os mais

diversos tipos de bens e serviços?

Iremos, então, iniciar o nosso estudo pelo modelo simples de oferta e demanda procurando mostrar como funcionam os mercados competitivos e a maneira pela qual preços e quantidades são determinadas nesse tipo de mercado; a Teoria da Produção e a Teoria dos Custos, cujos conceitos são básicos para o entendimento da última parte, quando então faremos um analise das estruturas de mercado.

DEMANDA OU PROCURA A procura ou demanda de um bem indica, dados determinados condicionantes, a quantidade que os consumidores desejam adquirir por unidade de tempo. Os fatores principais que influenciam a procura ou demanda por um bem são: Gosto, preferência e hábitos do consumidor Renda do consumidor Preços dos bens substitutos Preços dos bens complementares Preço do bem em questão Propaganda Clima Tamanho da População

Observando os determinantes de demanda, verificamos que todos variam simultaneamente, ficando difícil avaliar o efeito que cada um exerce sobre a demanda.

Para tentar contornar esse problema vamos nos valer da imposição da condição “Coeteris Paribus”, que é uma expressão latina que significa “Tudo o mais permanecerão constante”. Permitiremos, por exemplo, que o preço de um produto se modifique, fazendo a suposição de que a renda do consumidor, seus hábitos e preferências, o preço dos bens relacionados e suas expectativas permaneçam inalteradas. Assim procedendo, conseguiremos considerar o efeito que somente as mudanças de preço provocam nas quantidades demandadas de uma determinada

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mercadoria. Devemos então que a demanda dessa mercadoria depende se seu preço, “Coeteris Paribus”.

Da mesma forma, se quisermos saber como mudanças na renda afetam a demanda fazemos a suposição de que apenas a renda varia, enquanto mantemos os outros fatores determinantes da demanda constantes. Dizemos então que a demanda depende da renda, “Coeteris Paribus”.

Naturalmente, esse procedimento pode ser estendido a todos os outros elementos que influenciam a procura.

LEI GERAL DA PROCURA “A quantidade procurada de determinada mercadoria varia na razão inversa dos seus respectivos preços; mantidas as demais influencias constantes”.

Assim, a quantidade procurada de um bem e seu preço deve se comportar inversamente: toda vez que o preço diminui a quantidade procurada deve diminuir.

FUNÇAO GERAL DA PROCURA Há diversos fatores que influenciam a demanda de um bem. Pode-se associar esses fatores à quantidade de demanda do bem, utilizando a seguinte expressão matemática.

qi = f (pi,ps,pe,R,G) Onde: qi = quantidade do bem pi = preço do bem ps = preço dos bens substitutos pe = preço dos complementares R = renda dos consumidores G = gasto, hábito e preferência do consumidor. A fórmula nos diz que a quantidade demandada ao bem i, depende do seu preço (pi), do preço dos outros bens consumidores (ps,pe), de sua renda ® e seus hábitos, gastos e preferências (G).

REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA PROCURA A representação gráfica da função de demanda do consumidor nos dá a curva de demanda (procura). Assim a tabela seguinte está relacionado às quantidades procuradas pelos indivíduos a cada nível de preço, mantendo-se constantes os demais fatores. Preço 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Quant. 0 1 2 3 4 5 6 7 8

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A curva da procura mostra a quantidade de um bem que será consumido, a nível de preço, durante um determinado período de tempo. Neste caso apenas o preço varia mantido constante todos os outros fatores que afetam a procura. A curva de procura convencional é, portanto negativamente inclinada; o preço é marcado no eixo vertical e a quantidade demandada ou procurada no eixo horizontal. Assim ao preço de R$ 6,00 a quantidade procurada será de 2 unidades ao preço de R$ 4,00 a quantidade aumentará para 4 unidades e assim por diante. Qualquer ponto da curva corresponderá um preço e uma quantidade demandada a aquele preço. Ela nos dá o conjunto de combinações possíveis entre preços e quantidades. Deve-se enfatizar ainda que, as variações no preço do bem provocam mudanças na quantidade demandada, com a curva de demanda permanecendo inalterada. Assim quando se fala em demanda estamos nos referindo a toda curva, enquanto se denomina quantidade demandada a um dado ponto dessa mesma curva.

DESLOCAMENTOS NAS (DAS) CURVAS DE DEMANDA

Quando qualquer das condições “COETERIS PARIBUS” se modifica, toda curva de demanda se desloca. Referindo-nos a isso como uma variação de demanda ou deslocamento da curva de demanda em oposição à variação da quantidade procurada ao longo da mesma curva de demanda, mantendo-se a condição dita “COETERIS PARIBUS”. OBS.: Variação da quantidade procurada: é o deslocamento desta variável

ao longo dos diversos preços, mantendo-se outras condições constantes; Variação ou deslocamento da demanda: significa o deslocamento da curva de demanda completa, em virtude de não se manterem constantes as demais condições.

Variações nos preços e as respectivas variações nas quantidades demandadas são movimentos ao longo da curva da procura. Se, no entanto a renda

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ao consumidor ou ao outro fator que influencia a demanda sofrer modificações, ocorrerá um deslocamento da curva, já que movimentos ao longo da curva ocorrem quando apenas os preços do bem em questão variam. Assim ocorrerá deslocamento da curva para a direita ou para a esquerda, quando qualquer outro fator de influência na demanda, que não seja o próprio preço, variar. Tais deslocamentos representam aumentos ou quedas na procura, ao passo que movimentos ao longo da curva representam aumentos ou quedas nas quantidades procuradas. Gráfico mostra as variações na demanda ou procura Partindo da curva D, a curva D´ representa uma redução na demanda e D´´

representa um aumento na demanda. Em D, pode-se dizer que ao preço p, a demanda é q. Em D´ ao preço p, a

demanda é q´, mesmo que q. Em D´´, ao preço p, a demanda é q´´, maior que q e q´.

ALGUNS FATORES QUE INFLUENCIAM A PROCURA

1 – Preço do Bem: É o fator mais importante. Preço e quantidade são inversamente relacionados. Ou seja, um aumento no preço corresponde a uma diminuição na quantidade procurada e uma diminuição no preço um aumento na quantidade procurada, supondo os demais fatores constantes. 2 – Renda do Consumidor Existe uma relação crescente e direta entre a renda e a demanda de um bem. Quando a renda cresce, a demanda do bem deve aumentar. Ou seja, o indivíduo ficando mais rico vai desejar aumentar seu padrão de consumo e, portanto demandará maiores quantidades de bens. Ao contrário, quando a renda diminui, a demanda deve diminuir. 3 – Gasto, Preferência e hábitos do consumidor:

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O gosto, a preferência e hábitos do consumidor influenciam na quantidade comprada dos bens. Assim se houver uma campanha publicitária incentivando o consumo de determinado ponto haverá um aumento na demanda e um deslocamento na curva para a direita. Se por qualquer motivo, ocorrer uma diminuição na preferência, ocorrerá o inverso, ou seja, diminuição na demanda e um deslocamento na curva para a esquerda. 4 – Preço de Outros Bens: Substitutos e Bens Complementares: Bens substituídos ou concorrentes são aqueles que o consumo de um bem substitui o consumo de outro bem. Bens Complementares são aqueles que são consumidor conjuntamente. Bens Substitutos (manteiga e margarina): Se houver um aumento do preço da manteiga, acorrerá COETERIS PARIBUS, diminuição da quantidade o que provavelmente provocará aumento no consumo de margarina. Bens Complementares (café e Açúcar): Se houver um aumento no preço do café ocorrerá, COETERIS PARIBUS, diminuição da quantidade o que provavelmente provocará diminuição no consumo de açúcar. Assim o aumento nos preços da manteiga e do café provocaram alterações na demanda de margarina e açúcar.

CURVA DE PROCURA DO MERCADO Até agora sempre falamos sobre a procura individual. E a procura de mercado? A procura de mercado é a soma das procuras individuais. Suponhamos que a um dado preço o consumidor “A” deseja adquirir 10 sorvetes, o consumidor “B” deseja 7 e o “C” 5 sorvetes. Sendo o mercado constituído destas pessoas, a procura de mercado será de 22 sorvetes ao preço dado. Em termos rigorosos, diz-se que a curva de procura de mercado é a soma horizontal das curvas de procura dos indivíduos que compõe este mercado. É chamada horizontal porque sempre se somam as quantidades e não os preços. Podemos exemplificar com uma tabela para um mercado constituído de três pessoas.

Preço

Consumidor A

Consumidor B

Consumidor C

Mercado (A + B + C)

3,00 2 3 4 9 2,50 4 5 12 21 2,00 14 10 22 46 1,50 24 15 32 71 1,00 34 20 42 96 0,50 44 25 52 121

Para análise da demanda total, devemos observar que, além dos determinantes apresentados anteriormente, um outro deve ser destacado: a demanda total depende do número de indivíduos economicamente aptos a participar do mercado. Em outras palavras, a demanda total depende do tamanho da

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população, Exemplificando, em cidades cuja população está a crescer a demanda por alimentos também deverá aumentar.

DEMANDA NÃO LINEAR Outro fator que deve ser notado é que a demanda não é, necessariamente, linear. Apresentamos a seguir, a título de exemplo, uma escala de demanda com representação gráfica não linear.

Escala de Demanda Não Linear

Preço (R$ / unidade)

Quantidade Demanda

(em unidades / mês) 25,00 100 20,00 140 15,00 200 10,00 300 5,00 500

A curva de demanda mostrada a seguir foi construída a partir dos dados acima.

Figura 3 Curva de Demanda Não Linear

Há duas exceções à lei de procura: os chamados bens de Giffen e bens de

Veblen. Os bens de Giffen são bens de pequeno valor, porém de grande importância

no orçamento dos consumidores de baixa renda. Caso haja uma elevação em seus preços, seu consumo paradoxalmente tende a aumentar, uma vez que, embora seu preço tenha sido majorado, são ainda baratos que os demais bens; como ao

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consumidor após o aumento, sobre menos renda, ele não poderá adquirir outros bens (por serem mais caros) e acabará consumindo maiores quantidades do bem de Giffen.

Os bens de Veblen são bens de consumo ostentatório, tais como obras de arte, jóias, tapeçarias e automóveis de luxo. Como o objetivo de seu consumidor é mostrar aos outros que é possuidor de grande renda (e não o consumo do bem em si), quanto mais caros mais são procurados.

Tanto os bens de Giffen como os de Vablen têm curvas de demanda com inclinação positiva, ou seja, ascendentes da esquerda para a direita. Observações Gerais Vale dizer, ainda, que a procura por qualquer bem ou serviço pode ser uma demanda composta, isto é, constituída de uma série de usos diferentes. Exemplificando, a demanda por couro é um composto da demanda doe couro para cintos, sapatos, casacos, etc. Existe, também, a demanda conjunta, que ocorre quando os bens são complementares. Nesse caso, um produto é procurado juntamente com outros. Exemplificando, há uma demanda conjunta de raquetes e bolas de tênis, de automóveis e pneus para automóveis. A demanda de um bem ou serviço pode, ser derivada da procura de algum bem final. Exemplificando, a demanda de mão-de-obra de pedreiro é derivada da procura por casas. A oferta de um bem indica, dados determinados condicionantes, a quantidade que os produtores desejam produzir e oferecer no mercado por unidade de tempo. Os principais fatores que influenciam a oferta de um bem são;

Preço do bem Custo de Produção Tecnologia Concorrência (nº de empresas no mercado) Clima Preço de outros bens produzidos pela empresa Oferta de fatores de produção

Observando os elementos que determinam a oferta, verificamos que todos variam simultaneamente, tornando difícil uma análise da influência de cada um deles sobre a oferta. Para contornar esse problema, vamos nos valer novamente da condição “COETERIS PARIBUS”. Permitiremos, então, que o preço de um produto se modifique, fazendo a suposição de que os preços dos fatores de produção, a tecnologia, o preço dos outros bens e o clima (quando for o caso) permaneçam inalterados. Assim procedendo. Conseguiremos identificar o efeito que mudanças de preços provocam nas quantidades oferecidas de uma determinada mercadoria. Dizemos, então, que a oferta dessa mercadoria depende do seu

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preço, “COETERIS PARIBUS”. Esse procedimento pode ser estendido a todos os elementos que influenciam a oferta.

LEI GERAL DA OFERTA “A oferta de um bem, em determinado período de tempo, varia na razão direta da variação de preços desse bem a partir de um nível de preços tal que seja suficiente para fazer face ao custo de produção e até o limite superior de pleno emprego dos fatores”. Assim quanto maior for o preço do produto ou serviço em consideração, maior deverá ser a quantidade ofertada do mesmo e vice-versa. Entretanto, essa relação entre quantidades ofertada e preço deverá possuir um limite mínimo (custo de produção) e um limite máximo (pleno emprego dos fatores).

FUNÇÃO GERAL DA OFERTA

Há diversos fatores que influenciam a oferta de um bem. Pode-se associar esses fatores à quantidade do bem, utilizando a seguinte expressão matemática:

qi = f (pi, C, T, Conc, Cli, pó, Of...)

Onde: qi = quantidade do bem pi = preço do bem C = custo de produção T = tecnologia Conc = concorrência Cli = clima po = preço de outros bens Of = oferta de fatores de produção A fórmula nos diz que a quantidade ofertada do bem i, depende de seu preço

(Pi), do custo de produção (C), da tecnologia (T), do clima (Cli), da competência (Conc.), do preço de outros produtos produzidos pela empresa (Po), da oferta de fatores de produção (Of).

REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA OFERTA

A representação gráfica da função oferta do produtor nos dá a curva de oferta. Assim na tabela seguinte estão relacionadas às quantidades ofertadas pelos produtores, a cada nível de preços, mantendo-se constante os demais fatores; Preço 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Quant. 6 5 4 3 2 1 0 0 0

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A curva da oferta mostra a quantidade de um bem que está oferecida, a cada nível de preço, durante um determinado período de tempo. Neste caso apenas o preço varia, mantendo-se constantes todos os demais fatores que influenciam a oferta. A curva de oferta convencional é, portanto positivamente inclinada; o preço é marcado no eixo vertical e a quantidade ofertada no eixo horizontal. Assim ao preço de R$4,00 a quantidade ofertada será de 2 unidades, ao preço de R$6,00 a quantidade aumentará para 4 unidades e assim por diante. Qualquer ponto da curva corresponderá a um preço e uma quantidade ofertada àquele preço, ela nos dá o conjunto de combinações possíveis entre preços e quantidades ofertadas. Deve-se enfatizar ainda que, as variações no preço do bem provocam mudanças na quantidade ofertada, com a curva de oferta permanecendo inalterada. Assim quando se fala em oferta estamos nos referindo a toda curva, enquanto se denomina quantidade ofertada a um dado ponto dessa mesma curva.

DESLOCAMENTO NA (DAS) CURVAS DE OFERTA:

Quando os fatores que se mantiveram constantes ao definirmos a curva da oferta sofrem uma variação (elimina a condição COETERIS PARIBUS), toda a curva de oferta sofre uma variação ou um deslocamento para cima ou para baixo. Isto é chamado variação ou deslocamento da oferta e deve ser claramente distinguida na quantidade ofertada (que é o movimento ao longo da mesma curva de oferta). Variações nos preços e as respectivas variações nas quantidades ofertadas são movimentos ao longo da curva de oferta. Se, no entanto o custo de produção ou outro fator que influencia a oferta sofrer modificações, ocorrerá um deslocamento da curva, já que movimentos ao longo da curva ocorrem quando apenas os preços do bem em questão variam. Assim ocorrerá deslocamento da curva, para a direita ou para a esquerda, quando qualquer outro fator de influência na oferta, que não seja o próprio preço, variar. Tais deslocamentos representam aumentos ou quedas na oferta, ao passo

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que movimentos ao longo da curva representam aumentos ou quedas nas quantidades ofertadas.

gráfico mostra as variações na oferta partindo da curva S´, a curva S representa uma redução na oferta e S´´

representa um aumento na oferta. Em S´, pode-se dizer que o preço p, a oferta é q. Em S´, ao preço p, a oferta

é menor que q. Em S´´, ao preço p; a oferta é q´´, maior que q e q´.

ALGUNS FATORES QUE INFLUENCIAM A OFERTA

1 – Preço do bem: É fator mais importante. Preço e Quantidade são diretamente relacionados. Se o preço for alto os empresários tendem a ofertar uma maior quantidade, ao contrário se o preço for baixo à quantidade será menor. 2 – Custo de Produção O custo de produção ao ser modificado provoca um deslocamento da curva de oferta. Se houver um aumento no custo de produção a curva de oferta se deslocará para cima e para esquerda (redução na oferta). Ao contrário se houver uma diminuição no custo de produção, a curva de oferta se deslocará para a direita (aumento na oferta). 3 – Concorrência (Nº de empresa no mercado). O número de empresas no mercado influencia na oferta porque quanto maior o número de empresas no mercado maior será a oferta de produtos. Assim na medida que novas empresas entram no mercado a curva de oferta se desloca para a direita e a preços constantes a quantidade que será ofertada será maior. Com a saída de empresas ocorrerá o contrário; diminuição na oferta e deslocamento da curva para a esquerda.

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4 – Tecnologia: A possibilidade de se adotar uma tecnologia mais aprimorada gera um aumento na oferta. Quando se troca equipamentos antigos por outros mais modernos e sofisticados, no mesmo período de tempo, a produção aumentará. Por outro lado quando os equipamentos se tornarem obsoletos e desgastados a produção tende a diminuir.

CURVA DE OFERTA DE MERCADO Tal como fizemos com a demanda, podemos determinar a oferta de mercado através da soma horizontal das quantidades ofertadas pelos produtos individuais a cada preço. Suponhamos então um mercado hipotético composto por apenas 2 produtores, cujas escalas de oferta são dadas a seguir:

Escala de Oferta de Mercado

Preço por unidade (R$)

Quantidade ofertada (camisas / mês) Produtor A Produtor B Mercado (A + B)

100,00 400 600 1000 80,00 300 500 800 60,00 200 400 600 40,00 100 300 400

A escala de oferta de mercado será dada pela soma das quantidades oferecidas pelos produtores A e B a cada preço. Verificamos então que a o preço de R$ 80,00 produtor. A estará disposto a oferecer 300 camisas enquanto que, a esse preço, o produtor B oferecerá 500 camisas / mês. Assim, ao preço de R$80,00 a quantidade ofertada de mercado será de 800 camisas / mês. O mesmo raciocínio aplica-se aos demais preços. Devemos observar que, na discussão sobre oferta total, além dos determinantes da oferta já observados, há mais um elemento a ser considerado: a oferta total também era depender do número de produtores existentes no mercado. Assim, quanto mais empresas existirem no mercado oferecendo determinado mais para a direita a curva de oferta haverá para serem somadas. Como conseqüência, mais para a direita a curva de oferta se encontrará. Exemplificando, a curva de oferta total de computadores se deslocou para a direita a partir do surgimento de mais empresas que passaram a produzi-los.

OFERTA NÃO LINEAR

A oferta não é, necessariamente, linear. A título de exemplo apresentamos a seguir uma escala de oferta com representação gráfica não linear.

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Preço R$ / unidade

Quantidade Oferecida

(em unidade/mês) 25,00 540 20,00 500 15,00 420 10,00 300 5,00 140

EQUILÍBRIO ENTRE DEMANDA E OFERTA

O equilíbrio se refere às condições do mercado, as quais, uma vez atingidas, tendem a persistir. Em Economia isto ocorre quando a quantidade demanda de um mercado, na unidade de tempo, iguala a quantidade ofertada do bem ao mercado nessa mesma unidade de tempo. Geometricamente, o equilíbrio ocorre na interseção das curvas de demanda e oferta do mercado. O preço e a quantidade para os quais existe equilíbrio são conhecidos, respectivamente como preços e quantidade de equilíbrio. Da curva de demanda e curva de oferta, vistas anteriormente pode-se determinar o preço de equilíbrio e a quantidade de equilíbrio para o bem em questão.

Preço Quantidade Demandada

Quantidade Ofertada

8,00 0 6 7,00 1 5 6,00 2 4 5,00 3 3 4,00 4 2 3,00 5 1 2,00 6 0 1,00 7 0

0 8 0

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No ponto de equilíbrio, não existe nem excesso nem escassez do bem e o mercado é normal. COETERIS PARIBUS, o preço e a quantidade de equilíbrio tendem a persistir ao longo do tempo.

EXCEDENTE E ESCASSEZ

O mercado está em equilíbrio ao nível de preço R$5,00 e com a quantidade 3 unidades. Suponha que o preço se eleve para R$7,00; se isto ocorre à quantidade ofertada será 5 u e a quantidade procurada será 1 u. Conseqüentemente, há um excesso de oferta de produto dado pela diferença 5 –1. A quantidade 5 –3 é parte do excesso de oferta devido ao aumento de quantidade ofertada e 3 –1 é à parte do excesso de oferta provocada pela diminuição na quantidade demandada. Suponha que, ao invés de uma alta, tenha ocorrido uma baixa no preço de R$5,00 para R$3,00. Portanto passou a ocorrer um déficit de mercadoria, pois os

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consumidores desejam adquirir a quantidade 5 u e os produtores desejam oferecer a quantidade 1u. A quantidade 5 –3 é à parte do excesso de demanda devido ao aumento da quantidade demandada 3 –1 é parte do excesso de demanda provocada pela diminuição na quantidade ofertada. VARIAÇÕES NO PREÇO DE EQUILÍBRIO: DESLOCAMENTO DAS CURVAS

DE DEMANDA E OFERTA

Mesmo que se admita que a maioria dos equilíbrios é estável não haverá razão para acreditar que o preço e a quantidade de equilíbrio permanecem invariáveis. Tão logo varie alguma das condições COETERIS PARIBUS da oferta, da procura ou de ambas haverá deslocamento de uma ou de ambas as curvas. Quando o deslocamento ocorre, um ou ambos valores de equilíbrio (preço e quantidade) devem variar.

DESLOCAMENTO NA DEMANDA Mudanças na procura de um produto, sendo dada sua curva de oferta provocarão alterações no seu preço e na quantidade transacionada.

O aumento na procura, de DD para D1D1, na figura acima, elevará o preço de p para p1. Quando a procura aumenta, há escassez no antigo preço p. Portanto, os consumidores ofertarão preço maior, até alcançar p1. Os vendedores são induzidos a oferta maior quantidade de produto e as transações crescem até x1. Assim a aumento na procura provocou mudanças no ponto de equilíbrio: de E para E1; ocorrendo aumento na quantidade (de x para x1) e o preço (de p para p1). Suponhamos agora que inicialmente D1D1 é a curva de procura, p1 e preço de x1 a quantidade. Uma diminuição na procura provocou uma mudança no ponto de equilíbrio: de E1 para E; ocorrendo diminuição na quantidade (de x1 para x) no preço (de p1 para p).

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Fatores Causadores de Deslocamento para Direita: (Aumento na Demanda).

Mudança no hábito do consumidor Aumento na Renda Aumento dos preços de bens substituídos Redução dos preços de bens complementares

Fatores Causadores de Deslocamento para Esquerda (Redução na Demanda) Mudança no hábito do consumidor Redução da Renda Redução de preços de bens sucedâneos Aumento de preço de bens complementares.

DESLOCAMENTO NA OFERTA Igualmente, mudanças na oferta, sendo dada a curva de procura, provocarão alterações no preço e na quantidade negociada. Suponha que uma técnica de produção aumente a oferta, de SS para S1S1 no gráfico abaixo.

Verifica-se então um excedente, ao antigo preço p. Cada vendedor cotará o produto a preços inferiores aos de seus concorrentes, a fim de livrar-se do excedente e o preço caíra a p1. A quantidade negociada irá elevar-se a x1. Assim o aumento na quantidade (de x para x1) e se consideramos, agora, S1S1 a curva de oferta. Suponhamos que o aumento no preço dos recursos reduza a oferta de S1S1 para SS. Depois que a oferta diminui, verifica-se uma escassez ao preço inicial p1. Os consumidores ofertarão maior preço, elevando-se até p. A quantidade transacionada decrescerá para x. Da mesma forma, uma diminuição na oferta provoca uma mudança no ponto de equilíbrio: de E1 para E; ocorre diminuição na quantidade (de x1 para x) e aumento no preço (de p1 para p). Fatores Causadores de Deslocamento para Direita: (Aumento na Oferta)

Aperfeiçoamento das Técnicas de Produção Redução dos custos de produção

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Clima favorável Entrada de empresas no mercado.

DEMANDA ELÁSTICA

Demanda elástica: quando o aumento da quantidade demandada é relativamente maior do que proporcional do que a queda dos preços.

DEMANDA INELÁSTICA Demanda inelástica: diz que a demanda é inelástica quando o aumento da quantidade demandada é relativamente menor do que a queda dos preços.

DEMANDA UNITÁRIA Demanda de elasticidade unitária: quando a expansão da quantidade demandada é rigorosamente proporcional à queda dos preços. Assim:

DEMANDA PERFEITAMENTE ELÁSTICA Demanda perfeitamente elástica: trata-se de uma situação extrema, em que a curva de demanda se posiciona paralelamente ao eixo horizontal. Nesta situação, é alta a resposta da demanda a pequenas variações no preço com epd tendendo para o infinito:

DEMANDA PERFEITAMENTE INELÁSTICA Demanda perfeitamente inelástica: também retrata uma situação extrema, com a curva de demanda posicionando-se perpendicularmente ao eixo horizontal. A resposta da demanda às variações no preço é praticamente nula, com ep tendendo para zero:

ELASTICIDADE Tanto produtores quanto consumidores são sensíveis a variações do preço. Uma alteração para mais nos preços provoca diminuição na quantidade demandada e um aumento na quantidade ofertada. Para descrever essa sensibilidade da demanda e da oferta às variações de oferta mostram a relativa sensibilidade da quantidade demandada e ofertada a alterações de preços. Alta elasticidade significa alto grau de respostas da demanda e da oferta a alteração no preço do produto, baixa elasticidade aponta relativa insensibilidade a alterações de preços. Analogamente a elasticidade-renda da demanda procura medir a repercussões sobre s demandas provocadas pela variação na renda do consumidor e a elasticidade-cruzada da demanda procura medir as variações no consumo de um bem quando ocorre variações nos preços de outros bens. 1 – Elasticidade – Preço da Procura

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Mede a variação percentual na quantidade demandada em função da variação percentual no preço do bem, COETERIS PARIBUS.

Q = Variação na quantidade Q = Quantidade demandada P = Variação no preço P = Preço

Com preço e quantidade são inversamente relacionados. ΔQ / ΔP é negativo (lei geral da procura), e P e Q são positivos, o coeficiente elasticidade-preço da procura (ep) é um número negativo. Com o objetivo de evitar o trabalho com valores negativos, um sinal negativo é freqüentemente introduzido na fórmula. Suponha que a tabela a seguir demonstre o comportamento do consumidor em relação à demanda por determinado produto representado graficamente. 1 - ELASTICIDADE E RECEITA (GASTO) TOTAL

Outra abordagem sobre elasticidade preço da demanda diz respeito à sua

associação com o dispêndio total dos consumidores com relação a determinado produto, ou do ponto de vista da empresa, com a receita total auferida pela venda do produto.

Todas as curvas de procura em forma de reta, que se inclina para baixo e para direita, tem elasticidade diferentes.

Se definirmos o dispêndio total como preço multiplicado pela quantidade, haverá uma importância relação entre ele e a elasticidade preço da procura. Na tabela abaixo, pode-se examinar a relação preço-quantidade e suas conexões com a elasticidade e a despesa total.

Preço 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Qde 0 1 2 3 4 5 6 7 8

Desp.T 0 7 12 15 16 15 12 7 0 Elast. ∞ 7 3 5/3 1 3/5 1/3 1/7 0

Q2 - Q1 ep = -Q1

P2 - P1

P1

P P = - P P

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Um estudo da tabela indicará que o dispêndio total aumenta quando o preço cai, se o coeficiente de elasticidade-preço da procura é maior que 1 e que o dispêndio total diminui quando o preço cai se o coeficiente de elasticidade-preço da procura é menor que 1. Ou, ainda: se o preço aumenta na fase elástica da curva de procura, o dispêndio total diminui; se o preço aumenta da fase inelástica o dispêndio total aumenta. Se o preço aumenta ou diminui o gasto total não varia, estamos na faixa ou no ponto de elasticidade unitária. O quadro abaixo resume estas relações:

ELASTICIDADE

PREÇO QUANT. DEMANDADA

DESPESA COM O PRODUTO

ep > 1 aumenta cai

cai aumenta

cai aumenta

ep < 1 aumenta cai

cai aumenta

aumenta cai

ep = 1 aumenta cai

cai aumenta

constante constante

1. Se a elasticidade-preço da demanda no ponto a for maior do que 1,

denotando demanda elástica em relação ao preço, um aumento no preço ocasionará diminuição na quantidade mais do que proporcional em relação ao aumento no preço. Então, a receita total cairá. De forma inversa, a receita total aumentará quando os preços diminuírem de forma que provoque maior variação proporcional na quantidade.

2. Uma elasticidade-preço da demanda no ponto a menor do que indica demanda inelástica em relação ao preço. Neste caso, as variações nos preços. Os reflexos sobre a receita total poderão tanto ser positivos como negativos isto é, a receita total aumentará, beneficiada pelos preços maiores ou, no caso de redução nos preços, o aumento na quantidade não será suficiente para provocar aumento proporcional na receita total.

3. No caso de demanda de elasticidade unitária, a receita total não se alterará com a mudança no preço.

Esta relação elasticidade e receita total, aspecto aparentemente técnico, assume

por vezes caráter eminentemente prático, de considerável interesse. Deve-se considerar ainda os principais fatores que influenciaram a elasticidade-

preço da demanda.

a) Disponibilidade de bens substituídos para o produto b) Número de aplicações para o produto c) Peso do bem no orçamento do consumidor d) Se o preço estabelecido está próximo da extremidade superior da curva

de procura e) Essencialidade do bem

2 – ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA (PROCURA) Quando se estuda o lado da procura no mercado encontrou-se outros

coeficientes de elasticidade, além do coeficiente de elasticidade-preço. Neste ponto,

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há varias medidas que devem ser mencionadas. A primeira é a noção Elasticidade-Renda da Procura, que se define como a variação percentual na quantidade procurada dividida pela variação percentual na Renda do Consumidor. Neste caso, a quantidade procurada continua a ser variável o dependente, as agora tomamos a renda como variável independente e colocamos o preço como uma condição COETERIS PARIBUS. O conceito de elasticidade-renda é semelhante ao de elasticidade-preço. Através desse instrumental, procura-se medir quais as repercussões sobre a demanda, provocadas por variação na renda do consumidor. Pode-se indicar a fórmula da elasticidade-renda da demanda por:

Q = Variação na quantidade Q = Quantidade R = Variação na renda R = Renda

Bens Quantidade demandada Y = 1.000 Y = 1.300

A 40 36 B 50 60 C 60 78 D 20 30

1) Er (bem A) = -10% = -1/3

30%

2) Er (bem B) = -20% = 2/3 < 1 30%

3) Er (bem C) = 30% = 1 30%

4) Er (bem D) = 50% = 5/3 >1 30%

Q Q Er = = Var % Q Var % R R R

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A formula é útil para mostrar o efeito sobre a procura por um determinado bem quando somente a renda varia. Se o coeficiente é positivo, o bem é um bem normal, mas se o coeficiente é negativo, é chamado um bem inferior. Um bem normal é usualmente uma mercadoria supérflua ou de luxo se a elasticidade-renda é maior que 1. Depende do nível de renda do consumidor er pode variar consideravelmente. Assim, um bem pode ser de luxo para pessoas de baixo nível de renda e uma necessidade para os de renda intermediária e ainda, um bem inferior para pessoas de alto nível de renda. As interpretações são as seguintes: Er > 1 – produto superior, supérfluo ou de luxo Er > 0 – produto normal ou necessário Er = 0 – produto de consumo saciado Er < 0 – produto inferior (bem inferior)

3 – ELASTICIDADE-CRUZADA DA DEMANDA (OU ELASTICIDADE-PREÇO

CRUZADA DA DEMANDA) O conceito de elasticidade-cruzada é bastante semelhante ao conceito de elasticidade-preço da demanda. A diferença reside em que se comparam variações percentuais de quantidade procurada de um bem com variações percentuais de preço de outro bem. A elasticidade-curzada de demanda entre os bens x e y á a variação percentual da quantidade procurada do bem x, resultante da variação percentual no preço do bem y COETERIS PARIBUS.

Qx = Variação na quantidade do bem x Qx = Quantidade do bem x Py = Variação no preço do bem y Py = preço do bem y

Este conceito mede a extensão em que os vários produtos estão entre si e é, às vezes, usado para definir os limites de uma industria. Se Exy é positivo os bens x e y são substituídos; por outro lado, se x e y são bens complementares Exy é negativo. Quando as mercadorias não se relacionam ou são independentes.

Qx Q x Exy = = Var % Qx Var % Py Py Py

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Exy > 0 � bens substituídos Exy < 0 � bens complementares Exy = 0 � bens independentes

No caso dos bens substituídos, como margarina e manteiga, é de se supor um aumento no consumo de manteiga, como resposta a variações no preço da margarina (queda no consumo de margarina). No caso dos bens complementares, como café e açúcar, é de se esperar uma queda no consumo de açúcar, como resposta a um aumento no preço do café (diminuição no consumo de café). 4 – ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA

O conceito de elasticidade pode ser aplicado à curva de oferta tão bem quanto à curva de demanda. Assim a elasticidade-preço da oferta mede a variação percentual da quantidade ofertada de um bem em função da variação percentual no preço do bem, COETERIS PARIBUS.

A elasticidade-preço da oferta nos dá, então, a relação entre a variação

relativa na quantidade ofertada e a variação no preço. Como preço e quantidade são diretamente relacionados o coeficiente elasticidade-preco da oferta (es) é um número positivo.

A elasticidade-preco da oferta também é medida em um ponto, portanto

valem as mesmas observações feitas para a elasticidade-preco da procura. Analogamente é procura, configuram-se cinco situações.

OFERTA ELÁSTICA (RELATIVAMENTE ELÁSTICA)

Quando o aumento na quantidade ofertada é relativamente menor que o

aumento nos preços.

OFERTA PERFEITAMENTE ELÁSTICA Trata-se de uma situação extrema, em que a curva de oferta se posiciona paralelamente ao eixo horizontal. Nesta situação, é alta a resposta da oferta a pequenas variações no preço, com es tendendo para o infinito.

OFERTA PERFEITAMENTE ELÁSTICA

Q Q Es = = Var % Q Var % P P P

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Também retrata uma situação extrema, com a curva de oferta posicionando-se perpendicularmente ao eixo horizontal. A resposta da oferta às variações no preço é praticamente nula, com es tendendo para zero.

OFERTA DE ELASTICIDADE UNITÁRIA Quando a expansão da quantidade ofertada é rigorosamente proporcional ao aumento dos preços.

SÍNTESE DAS ELASTICIDADES A seguir são apresentado quadros com resumo dos principais pontos referentes aos conceitos de elasticidades. 1 – Elasticidade-Preço da Demanda Medição Numérica

Terminologia

O que significa

Epd = 0

Perfeitamente ou completamente inelástica

A quantidade procurada não varia à medida que o preço varia.

Epd > 0 mas <1

Inelástica A variação percentual da quantidade procurada é menor que a variação percentual do preço.

Epd = 1

Elasticidade Unitária A variação percentual da quantidade procurada é maior que a variação percentual do preço.

Epd > 1 mas <

Relativamente elástica

A variação percentual da quantidade procurada é igual à variação percentual do preço.

Epd =

Perfeitamente ou Infinitamente Elástica

Os consumidores estão dispostos a comprar tudo o que puderem a algum preço determinado, e nada a um preço ligeiramente superior.

2 – Elasticidade-Renda da Demanda Medição Numérica

Terminologia

O que significa

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Er >0 Er >0 mas <1

Bem normal A quantidade procurada aumenta à medida que a renda aumenta

Er > 1 Inelástico em relação à renda

A variação percentual da quantidade é menor que a variação percentual da renda

Er < 0 Elástico em Relação à renda

A variação percentual da quantidade é maior que a variação percentual da renda

Er = 0 Bem inferior

A quantidade procurada diminui à medida que a renda aumenta

Er = 1 Perfeitamente Inelástica

A quantidade procurada não varia em resposta à variação na renda

Elasticidade-Renda Unitária

A variação percentual da quantidade é igual que a variação percentual da renda

3 – Elasticidade-Preço Cruzada da Demanda Medição Numérica

Terminologia

O que significa

Exy > 0 Bem Substituído Um aumento no preço do bem y leva a um aumento na quantidade demandada do bem x.

Exy < 0 Bem Complementar Um aumento no preço do bem y leva a uma diminuição na quantidade demandada do bem x.

Exy = 0 Bens Independentes Um aumento no preço do bem y não provoca nenhuma modificação na quantidade demandada do bem x.

5 – Elasticidade-Preco da Oferta Medição Numérica

Terminologia

O que significa

E0 = 0 Perfeita ou Completamente Inelástica

A quantidade ofertada não varia à medida que o preço varia.

E0 >0 mais <1 Inelástica A variação percentual da quantidade ofertada é menor que a variação percentual do preço.

E0 = 1 Unitária A variação percentual da quantidade ofertada é igual que a variação percentual do preço.

E0 > 1 mas < Elástica A variação percentual da quantidade ofertada é maior que a variação percentual do preço.

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E0 = Perfeitamente ou Infinitamente elástica

Os vencedores estão dispostos a vender tudo o que puderem a algum preço determinado, e nada a um preço ligeiramente inferior.

A FUNÇÃO DE PRODUÇÃO DA EMPRESA Até agora vimos que a Empresa é a unidade básica de produção em um sistema econômico. Ela contrata recursos produtivos, transforma-os em bens e serviço e os coloca ou à disposição dos consumidores, no caso de bens finais, ou à disposição de outras empresas, no caso de bens intermediários. Vamos, então, analisar o comportamento da empresa quando ela desenvolve sua atividade produtiva. Iremos examinar as teorias de produção e custo. Os princípios de produção estudados são fundamentais para o entendimento da teoria dos custos, a ser exposta a seguir. A teoria dos custos, por sua vez, serve de base para o entendimento de como se processa a oferta e serviços em cada mercado especifico.

CONCEITOS BÁSICOS A) Firma (ou empresa) – é uma unidade técnica que produz bens e serviços. B) Empresário – é quem decide quanto e a maneira pela qual uma ou mais

mercadorias serão produzidas. Ele está sujeito a receber lucros ou incorrer em prejuízos, conforme o resultado se sua decisão.

C) Fatores de Produção – são os bens e serviços transformáveis em produção. A

titulo de exemplo, alguns fatores de produção na industria de construção civil são o cimento, a madeira, os tijolos, a água, a mão-de-obra, os serviços de administração da empresa construtora etc. Para dar um exemplo mais simples, os fatores de produção utilizados na prestação e venda de cachorro-quente por um vendedor de rua são pães, as salsichas, o fogão, o carrinho e os serviços do vendedor.

D) Produção – pode ser definida como sendo a transformação dos fatores de

produção adquiridos pela firma em bens ou serviços para a venda no mercado. Se a produção dá origem a um único produto ela é chamada simples; será múltipla caso dê origem a mais de um produto. Devemos ainda estar atentos para o fato de que o conceito de produção é bastante amplo, não se restringindo somente à transformação física ou química de fatores de produção em bens materiais. Ele abrange também a oferta de serviços tais como transporte, serviços bancários.

E) Produto – qualquer bem ou serviço resultante de um processo de produção. F) Tecnologia – é o conjunto de processos de produção conhecidas. Geralmente,

existe mais de uma grande quantidade de mão-de-obra e relativamente poucas máquinas e equipamentos, até pouco mão-de-obra e uma considerável quantidade de máquinas e equipamentos. A tecnologia, portanto, especifica todas as possibilidades técnicas pelas quais os fatores de produção podem ser

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transformados em produto. De todas as possibilidades disponíveis a uma firma, o empresário selecionará aquela que ele julgar ser a mais eficiente economicamente. A técnica economicamente mais eficiente será aquela que permitirá a obtenção do mesmo nível de produção que as técnicas alternativas, ao menor custo possível.

EFICIÊNCIA TÉCNICA E EFICIÊNCIA ECONÔMICA

A tecnologia existente à disposição da empresa permite a obtenção de um determinado volume de produção através da utilização de diferentes quantidades de fatores de produção. Assim, um mesmo volume de produto pode ser obtido utilizando-se mais mão-de-obra e mais capital. Exemplificando, um agricultor que produza milho poderá obter uma mesma quantidade de produto através de um processo de produção que utilize uma maior quantidade de trabalhadores e uma menor quantidade de máquinas e equipamentos, tais como tratores e colhedeiras, ou alternativamente, poderá utilizar-se de um processo de produção que utilize menos trabalhadores e uma maior quantidade de tratores e colhedeiras. Se perguntássemos ao agricultor qual processo seria escolhido, certamente ele escolheria o processo de produção que fosse mais eficiente. Para que essa resposta tenha sentido, é preciso definir adequadamente o termo eficiência, fazendo a distribuição entre “eficiência técnica” e “eficiência econômica”.

Eficiência técnica: diz-se que um método de produção é tecnologicamente o “mais eficiente” entre os métodos alternativos conhecidos se permitir à obtenção da mesma quantidade de produto que os outros processos com a utilização da menor quantidades de todos os fatores de produção, ou menor quantidade de pelo menos um fator de produção, com a quantidade dos demais fatores de produção permanecendo inalterada. Eficiência Econômica: Um método de produção será considerado “economicamente eficiente” se permitir à obtenção da mesma quantidade de produto que os métodos alternativos, ao menor custo possível. Para exemplificar a diferença entre esses conceitos, suponhamos que o agricultor mencionado anteriormente conseguisse obter, em sua propriedade, uma produção de 10 toneladas de milho por mês. Para tanto poderia ter-se utilizado dos fatores de produção terra, trabalho e capital de seguinte forma:

Método

Terra (há/mês)

Capital (Nº de

tratores/mês)

Trabalho (Nº de

trabalhadores/mês)

Produção

(em toneladas/mês)

A 5 6 17 10 B 5 8 12 10 C 5 10 20 10

A cada método corresponde uma determinada combinação de fatores de

produção. Exemplificando, pelo método A, 10 toneladas de milho / mês são obtidas combinando-se 5 hectares, 6 tratores e 17 trabalhadores. Pelo método B a mesma produção é obtida combinando-se 5 hectares, 8 tratores e 12 trabalhadores. De

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acordo com o método C, as 10 toneladas de milho são obtidas combinando-se 5 hectares, 10 tratores e 20 trabalhadores. De acordo com o exemplo, o método C é o menos eficiente tecnologicamente, uma vez que se utiliza uma maior quantidade de fatores de produção para obter o mesmo volume de produto alcançado através dos métodos A e B. Qual será, então, o processo “economicamente mais eficiente?”. Para saber qual o método que custará menos, é necessário conhecer o preço dos serviços dos fatores. Suponhamos, então, que o aluguel da terra seja de R$ 2000,00 / hectares/mês, que o trator custe R$ 500,00/mês e que a unidade de trabalho custe R$100,00/mês. Nessas condições, o método mais eficiente será o método A, conforme demonstrado a seguir:

Método A Fator de produção

Quantidade (mês) Preço (R$/mês) Custo (R$/mês)

Terra (h/a) 5 2.000,00 10.000,00 Trator 6 500,00 3.000,00 Trabalho 17 100,00 1.700,00 CUSTO TOTAL 14.700,00

Método B Fator de produção

Quantidade (mês) Preço (R$/mês) Custo (R$/mês)

Terra (h/a) 5 2.000,00 10.000,00 Trator 8 500,00 4.000,00 Trabalho 12 100,00 1.200,00 CUSTO TOTAL 15.200,00

Vejamos, portanto, que aos preços dados, o método economicamente mais eficiente é o método A, uma vez que apresenta o menor custo total. Na escolha do método mais adequado, devemos estar atentos a eventuais alterações nos preços relativos dos recursos produtivos, uma vez que a eficiência econômica de cada método dependerá do comportamento dessas variáveis. Suponhamos, a titulo de exemplo, que haja uma mudança nos preços relativos dos fatores capital e trabalho, com o custo mensal do trator passando para R$800,00 e o salário para R$400,00 / mês. Vejamos, então, qual seria o método economicamente mais eficiente:

Método A Fator de produção

Quantidade (mês) Preço (R$/mês) Custo (R$/mês)

Terra (h/a) 5 2.000,00 10.000,00 Trator 6 800,00 4.800,00 Trabalho 17 400,00 6.800,00 CUSTO TOTAL 21.600,00

Método B

Fator de produção

Quantidade (mês) Preço (R$/mês) Custo (R$/mês)

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Terra (h/a) 5 2.000,00 10.000,00 Trator 8 800,00 6.400,00 Trabalho 12 400,00 4.800,00 CUSTO TOTAL 21.200,00

FUNÇÃO DE PRODUÇÃO

Podemos conceituar a função de produção como sendo a relação que indica a quantidade máxima que se pode obter de um produto, por unidade de tempo, a partir da utilização de uma determinada quantidade de fatores de produção, e mediante a escolha do processo de produção mais adequado. Ela pode ser representada da forma:

Q = f (L,K,T)

Onde: q – é a quantidade total produzida (ou produto total), por unidade de tempo; L – é a quantidade de mão-de-obra utilizada por unidade de tempo; K – é o capital físico utilizado por unidade de tempo; e T – é a quantidade de área utilizada por unidade de tempo.

Para exemplificar, imaginemos uma empresa que fabrique sapatos em um turno de oito horas. Sua função de produção consistira no número máximo de sapatos que poderão ser produzidos a partir de determinadas quantidades de couro, prego, fios, energia elétrica, tempo de mão-de-obra, maquinas e equipamentos e área utilizada de oficina, naquele período de 8 horas.

OS FATORES DE PRODUÇÃO FIXOS E VARIÁVEIS Na analise do processo de produção costuma-se classificar os fatores de produção utilizados em fixos e variáveis. Vamos, portanto, conceituá-los:

Fator de produção Fixo: Um fator de produção é definido como fixo quando a quantidade desse fator não pode ser mudada de imediato quando se deseja uma rápida variação na produção de uma firma. A administração, o prédio onde está instalada uma fabrica, certos tipos de maquinas e a própria terra (no caso da agricultura) são exemplos de fatores de produção que não podem ser aumentados ou diminuídos tão rapidamente quanto se queira, uma vez que a construção de um novo prédio, a compra e instalação de grades máquinas e equipamentos ou a aquisição de novas terras geralmente um considerável período de tempo. Fator de Produto variável: O fator de produção variável é aquele cuja quantidade pode variar facilmente, quando se deseja um aumento ou uma diminuição na produção. Muitos tipos de mão-de-obra enquadram-se nessa categoria uma vez que, para a maioria das circunstâncias, uma empresa tem condições de empregar e despedir seus trabalhadores sem nenhuma demora considerável. Também as matérias-primas, a energia elétrica e os combustíveis são, entre outros, exemplos de fatores de produção que se incluem nessa categoria.

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PERÍODOS DE TEMPO RELEVANTES A FIRMA

A partir da classificação dos fatores de produção em fixos e variáveis, estabelece-se a noção dos períodos de tempo relevantes para a firma: o curto e o longo prazo:

O curto prazo: diz respeito ao período de tempo em que pelo menos um dos fatores de produção empregados na produção é fixo. Assim, se o empresário quiser aumentar o volume físico de produção, em curto prazo, só poderá fazê-lo mediante a utilização mais intensa dos fatores de produção variáveis. Ele pode, por exemplo, usar mais horas de trabalho com o mesmo conjunto de maquinas e equipamentos existentes. Por outro lado, ele pode, também, em curto prazo, querer reduzir seu volume de produção. Nesse caso ele tem possibilidades de se desfazer rapidamente de certos tipos de mão-de-obra. Entretanto, ele não tem condições de se desfazer, rapidamente, de um prédio, de um alto-forno (no caso de uma usina siderúrgica) ou de uma grande maquina qualquer, que são, conforme conceituamos, fatores de produção fixos. O longo Prazo: é definido como sendo o período de tempo em que todos os fatores de produção são variáveis. No longo prazo o tamanho da empresa pode mudar. Assim, ela pode aumentar sua capacidade instalada através da aquisição de novas instalações e equipamentos. Da mesma forma, no longo prazo, a empresa pode se retrair, ou vendendo seus equipamentos e instalações, ou simplesmente não repondo à medida que se depreciam. Devemos observar ainda que as definições apresentadas para curto e longo prazo são gerais, variando conforme o tipo de empresa. Exemplificando, o curto prazo para uma empresa de confecção será menor que o curto prazo para uma companhia de navegação, operando com petroleiros, já que os navios levam muito tempo para serem construídos. Nesse caso, o curto prazo pode durar, inclusive, vários anos.

PRODUÇÃO A CURTO PRAZO Uma vez conceituados os períodos de tempo relevantes à empresa, empreenderemos agora uma análise da produção no curto prazo de tempo, porque toda ação econômica tem lugar no curto prazo. Iniciaremos com o exemplo de uma fazenda que produza trigo. Suponhamos então que essa fazenda possua uma determinada área cultivável de, por exemplo, 10 hectares. Façamos então hipótese de que esse fator de produção permanecerá fixo e que a mão-de-obra será o único fator de produção variável, de tal forma que essa fazenda possa produzir volumes maiores de produção (trigo) por meio do aumento do seu fator de produção de trigo se modifica à medida que o número de trabalhadores varia. Em termo de função de produção teríamos: Q = f(T,L) onde T = Terra e L = Trabalho Logo, q = f(L)

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Ou seja, o nível de produto varia apenas em função (ou depende) de alterações na mão-de-obra, em curto prazo, coeteris paribus.

Produção de Trigo com um fator de Produção Variável (mão-de-obra) Quantidade de Terra utilizada

(T)

Unidades De mão-de-obra empregadas (L)

Produto Total (q)

Produto Médio

Pme = q/L

Produto Marginal

Pmg = q/L 10 0 0 - - 10 1 10 10 10 10 2 22 11 12 10 3 39 13 17 10 4 52 13 13 10 5 60 12 8 10 6 60 10 0 10 7 56 8 -4 10 8 48 6 -8

Os dados da coluna 3 indicam a produção máxima de trigo que pode ser obtida a partir de diferentes quantidades de mão-de-obra, sempre na suposição de que o fator terra permaneça fixo. A mão-de-obra (L) é medida em homens/ano e o produto total (q) em sacas/ ano. Tais dados mostram que quando o fator mão-de-obra é zero, o volume de produto também é zero. O resto da tabela deve ser lida da seguinte forma: se o fazendeiro contratar um trabalhador a produção de trigo será de 10 sacas/ano; se contratar dois trabalhadores a produção de trigo deverá ser de 22 sacas/ano. Se contratar três trabalhadores então a produção total será de 39 sacas/ano e assim por diante. O produto Médio do Fator de Produção Variável (Pme) O produto médio (ou produtividade media) do fator variável é obtido a partir da divisão da produção total pela quantidade de fator de produção variável empregada para se atingir esse nível de produção. Como em nosso exemplo o único fator de produção variável é o trabalho, o produto médio por trabalhador é dado por;

Pme = q/L

Produto Marginal do Fator de Produção variável (Pmg)

O produto marginal (ou produtividade marginal) do fator variável é definido como sendo a variação na produção total decorrente da variação de uma unidade no fator de produção variável. Como em nosso exemplo, a mão-de-obra é o único fator de produção variável. Nesse caso, o produto marginal por trabalhador é dado por;

Pmg = q/L

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A Lei dos Rendimentos Decrescentes

As formas das curvas de produto total e marginal servem para ilustrar a “Lei dos Rendimentos Decrescentes” (também conhecida como “Lei das Proporções Variáveis” ou “Lei da Produtividade Marginal Decrescente”) que descreve a taxa de mudança na produção de uma firma quando se varia a quantidade de apenas um fator de produção. Ela é assim anunciada:

“Aumentando-se a quantidade de um fator de produção variável em iguais incrementos por unidade de tempo, enquanto a quantidade dos demais fatores se mantém fixa, a produção total aumentará, mas, a partir de certo ponto os acréscimos resultantes no produto se tornarão cada vez menores. Continuando o aumento na quantidade utilizada do fator variável a produção alcançará um máximo podendo, então, decrescer”.

A “Lei dos Rendimentos Decrescentes” pode ser melhor compreendida através de um exemplo. Imaginaremos então uma fazenda de trigo que possua um apropriado conjunto de maquinas, ferramentas, sementes e uma determinada área para ser cultivada, por exemplo, 2 hectares. Suponhamos que esses sejam os fatores de produção fixos, necessários à realização e que o trabalho seja o único fator de produção variável. Se contratarmos apenas um empregado para trabalhar na fazenda, ele acabará por desempenhar um número muito grande de atividades. Se contratarmos novos trabalhadores, cada um poderá especializar-se em uma tarefa, aumentando assim sua eficiência, uma vez que haverá economia no tempo gasto na locomoção e no preparo para a execução de cada atividade. É possível, então, que inicialmente, a produção aumente a taxas crescentes, indicando a ocorrência de rendimentos marginais crescentes (o produto marginal começa a descrever) A razão básica da sua ocorrência é que cada unidade adicional de mão-de-obra disporá cada vez menos de fatores de produção fixos para trabalhar. Contratando ainda mais trabalhadores, chegaremos a um ponto em que a produção irá cair. Os trabalhadores estarão todos tão próximos que um passará a atrapalhar o trabalho do outro. Poderíamos até imaginar uma situação em que haveria tantos trabalhadores que não sobraria espaço sequer para o cultivo do trigo, de tal sorte que a produção seria nula. A prova de que os rendimentos decrescentes existem é que se eles não ocorressem poderíamos, somente com a utilização de mais trabalhadores, somente com a utilização de mais trabalhadores, sementes e fertilizantes produzir, apenas nesses 2 hectares, trigo suficiente para alimentar a população do mundo inteiro o que, naturalmente, carece de sentido. Para melhor entendermos a “Lei dos rendimentos Decrescentes”, daremos, então, um outro exemplo: “Suponhamos que temos uma da porção de terra e desejamos abrir uma vala. Trazemos um operário e ele começa a escavar. Se acrescentarmos um segundo, talvez os dois possam cavar a vala mais eficientemente, porque poderão especializar-se. Um usaria a picareta e o outro, a pá. A produção aumentará a uma taxa crescente. Ocorrerá um maior grau de especialização se acrescentarmos um terceiro operário e a produção continuará a aumentar a uma taxa crescente. Entretanto, se acrescentarmos alguns operários a mais, embora a produção possa aumentar, o fará a uma taxa decrescente, pois os operários se atrapalharão uns aos outros. Contratando ainda mais trabalhadores, chegaremos a um ponto em que a produção vai cair; estarão tão próximos que não serão capazes de cavar ao mesmo tempo. Poderíamos, enfim, colocar tantos

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trabalhadores em nosso terreno, que eles não teriam espaço para cavar, e a produção seria nula.”

AS CURVAS DE PRODUTO TOTAL, MÉDIO E MARGINAL Consideremos inicialmente a curva de Produto Total. Até o ponto A da curva, com a utilização da quantidade OK de fator variável, a Produção Total cresce a uma taxa crescente. N ponto A, a inclinação de reta que sai da origem e vai até esse ponto, e que nos dá o Pme, é menor do que a inclinação das tangente à curva nesse mesmo ponto, a qual nos dá o valor do Pmg. Podemos observar que nesse trecho a curva de Pmg está acima da curva de Pme. Voltando à curva de Produto Total, ela atinge sua inclinação máxima no ponto B, com a quantidade OL de fator variável. Desde que a inclinação da curva de Produção Total se iguala à do Produção Marginal, a inclinação máxima (ponto B) deve corresponder ao ponto de máximo da curva de Produto Marginal (ponto B’). Após atingir sua inclinação máxima em B, a curva de Produção Total continua a crescer. A produto, no entanto, cresce a uma taxa decrescente, e a curva de Produto Total torna-se cada vez menos inclinada (o Produto Marginal começa a diminuir). Aumentando-se a quantidade utilizada do fator variável até OM, verificaremos que a reta OC, que sai da origem e vai até a curva de Produto Total é tangente a essa curva, atingindo nesse ponto sua maior inclinação, indicando que o Pme é máximo. Devemos observar que a inclinação de OC representa não só o Produto Médio, mas também a Produtividade Marginal para a quantidade OM de fator variável. Assim, o Produto Médio e Marginal são iguais no ponto em que o Produto Médio é máximo. Isso pose ser observado, onde C’= C”.

Curvas de produto Total, Médio e Marginal

Se prosseguirmos aumentando a quantidade utilizada de fator variável além de OM, verificaremos que a Produto Total continuará a crescer; entretanto, sua taxa de crescimento será progressivamente menor. Vamos, então, que, para a quantidade ON de fator variável a inclinação da reta OD é menor do que a inclinação da reta OC, indicando que o Produto Médio diminui. Vale notar, entretanto, que a inclinação

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da tangente à curva-de-Produto Total é menor do que a inclinação da reta OD. Isso significa que, nesse trecho, o Pme é maior do que o Pmg, sendo que tanto um quanto o outro, estão diminuindo. Finalmente, aumentando a quantidade de fator variável, verificaremos que o Produto Total atinge seu valor máximo no ponto E, para quantidade OP do fator de produção variável. A inclinação da curva de Produto Total nesse ponto é zero, significando que o Pmg também é zero esse ponto corresponde ao ponto E´´ na curva de produto Marginal. A partir daí, quantidades adicionais do fator de produção variável farão Produto Total diminuir. Isto significa que o Produto Marginal passa a ser negativo (a inclinação da tangente à curva de Produto Total torna-se negativa).

OS CUSTOS DE PRODUÇÃO O conceito de custo, tal como ele é entendido pelos economistas, difere grandemente do conceito de custo utilizado na contabilidade das empresas. Isso acontece porque os contadores, ao elaborarem a contabilidade de lucros e perdas de uma empresa qualquer, levam em consideração somente os custos explícitos, que consistem nas despesas explicitas realizadas pela firma para adquirir ou contratar recursos. Como exemplo desses custos podemos citar as despesas com salários, encargos sociais dos empregados, energia, água, aluguel, seguro, impostos sobre vendas etc. Os economistas, por sua vez, consideram como custo econômico não apenas os custos explícitos, mas também os custos implícitos, que correspondem aos valores dos recursos que por pertencerem à empresa são normalmente desprezados no calculo de custo da firma. Tais custos são estimados a partir do que poderia ser ganho por esses recursos no seu melhor emprego alternativo. Seriam, por exemplo, o quanto o empresário ganharia se estivesse trabalhando em outro emprego ou o renderia seu dinheiro caso fosse empregado em outra atividade. Além desses custos os economistas consideram como fazendo parte do custo econômico uma quantia mínima de lucro, chamado lucro normal, que é uma quantia suficiente apenas para manter o empresário no seu negócio. Os custos econômicos serão, portanto, sempre maiores que os custos contábeis. Assim, uma empresa estará obtendo um lucro normal quanto a receita total for igual aos seus custos econômicos (já que o lucro normal faz parte dos custos econômicos). Se a receita total exceder os custos econômicos, então a empresa estará obtendo lucros extraordinários (ou lucro econômico puro). Finalmente, se a receita total não cobrir os custos econômicos, a empresa estará incorrendo em prejuízo econômico.

O CURTO E O LONGO PRAZOS Uma vez entendido o significado do custo, estamos agora em condições de fazer uma avaliação mais cuidadosa dos custos econômicos em que firma incorre. Anteriormente, fizemos uma distinção entre fatores de produção fixos e variáveis e entre curto e longo prazo. Dissemos, na ocasião, que o fatores fixos são aqueles cuja quantidade não pode ser alterada rapidamente, enquanto que os fatores variáveis são aqueles cuja quantidade pode variar facilmente. Naquela oportunidade associamos as definições de curto e longo prazo às definições de fatores fixos e variáveis. O curto prazo foi

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então conceituado como um período de tempo em que determinados tipos de fatores não podem ser aumentados ou reduzidos, qualquer que seja o nível de produção. Assim, a produção só poderá ser aumentada ou diminuída se aumentarmos ou diminuirmos a quantidade utilizada de fatores variáveis. A rigor, a existência de pelo menos um fator fixo já configura uma situação de curto prazo. O longo prazo, por sua vez, foi definido como sendo o período de tempo em que todos os fatores são variáveis. Neste segmento, à semelhança do que foi feito, nossa atenção estará voltada à produção no curto prazo, embora também façamos algumas considerações a respeito do comportamento dos custos no longo do prazo.

CUSTOS DE PRODUÇÃO NO CURTO PRAZO Custos Fixos, Custos Variáveis e Custo Total Da mesma forma que os recursos produzidos podem ser divididos em fixos e variáveis, no curto prazo os custos de produção também podem ser divididos em custos fixos e custos variáveis. Custos Fixos (CF): os custos fixos estão associados ao emprego dos fatores de produção fixos. Incluem certos tipos de impostos, aluguel de prédios, pagamentos de juros seguros custos de conservação, depreciação, certos tipos de ordenados etc. Incluem também os custos implícitos já mencionados anteriormente. Os custos fixos respeito às despesas nas quais a firma terá de incorrer, quer a empresa produza ou não, e serão sempre iguais, quaisquer que sejam os níveis de produção. Custos Variáveis (CV): os custos variáveis, por sua vez, dizem respeito aos pagamentos que a firma terá de efetuar pela utilização de fatores de produção variáveis. Os custos variáveis variam de acordo com o volume de produção da empresa, e incluem itens tais como despesas com matérias-primas, energia elétrica, mão-de-obra etc. Esses custos serão zero quando não houver produção (uma vez que, nesse caso, nada se emprega fator variável) e aumentarão à medida que a produção aumentar, por exemplo, quanto maior a produção de uma confecção, maior quantidade de tecido terá de comprar e, conseqüentemente, maiores serão seus custos com esse fator de produção. Custo Total (CT): é o custo de produção total associado a cada possível nível de produção. Ele é dado pela soma dos custos fixos mais os custos variáveis. É claro que, se a produção for zero, o Custo Total será igual ao Custo Fixo. Algebricamente:

O quadro abaixo nos mostra valores hipotéticos de custo para uma empresa.

A coluna (1) nos fornece as possíveis taxas de produção da empresa. A coluna (2) nos fornece os custos fixos. Eles atingem a cifra de R$ 180,00 qualquer que seja o volume de produção considerado (ou seja, eles mudam com mudanças de produção).

CT = CF + CV

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A coluna (3) nos mostra supostos valores para os custos variáveis. Quando a produção é zero o Custo Variáveis também é zero. Devemos observar que à medida que a produção cresce, o Custo Variável também é zero. Devemos observar que à medida que a produção cresce, o Custo Variável também cresce. A coluna (4), finalmente, nos mostra o Custo Total. Ele é obtido a partir da soma das colunas (2) e (3) – a soma dos custos fixos e variáveis. Custo Fixo, Variáveis e Total

Quantidade Produzida

(q)

Custo Fixo CF (R$)

Custo Total

CT (R$) 0 180,0 180,0 1 180,0 270,00 2 180,0 300,00 3 180,0 315,00 4 180,0 345,00 5 180,0 405,00 6 180,0 540,00

Representação Gráfica do Custo Fixo, Custo Variável e Custo Total a) O Custo Fixo

A representação gráfica do Custo Fixo é mostrada a seguir. No eixo vertical

colocamos o valor do Custo Fixo, enquanto que a produção é representada no eixo horizontal. Verificamos, então, que o Custo Fixo é uma linha horizontal paralela ao eixo da produção. Isso significa dizer que o Custo Fixo será de R$ 180,00 qualquer que seja a quantidade produzida. Assim, para a produção de 1 unidade o Custo Fixo é R$ 180,00 de 2 unidades é R$180,00 e assim por diante. Reparem que o Custo Fixo é de R$ 180,00 quando a produção é zero.

O custo Fixo

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b) Custo Variável

A representação gráfica do Custo Variável é mostrada a seguir. No eixo vertical são colocadas as cifras relativas ao Custo Variável, enquanto que no eixo horizontal são colocadas as quantidades produzidas.

O Custo Variável

O Custo Variável começa em zero quando a produção é zero, para aumentar em seguida. O Custo Variável da primeira unidade produzida é de R$90,00 da Segunda unidade é R$120,00 e assim por diante. Observando-se que desenhamos uma curva continua através dos pontos de CV. Seu formato deriva da lei de rendimentos decrescentes. Assim, enquanto os rendimentos decrescentes não vigoram, o Custo Variável aumenta a uma taxa decrescente (tem a concavidade voltada para baixo). A partir do início da operação dos rendimentos decrescentes, ela possa a ter concavidade voltada para cima crescendo, portanto, as taxas crescentes. c) O Custo Total

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Finalmente, nos fornece o Custo Total. Para qualquer nível de produção o Custo

Total resulta da soma do Custo Fixo mais o Custo Variável. Assim, ele começa em $180 e também aumenta com os aumentos de produção. Na verdade, a curva de Custo Total é idêntica à curva de Custo Variável, mas está acima desta pelo valor de $180 relativos ao Custo Fixo.

Desta forma, o Custo Total da primeira unidade produzida é de R$270 (R$180 + R$90), da Segunda unidade produzida é de R$300 ( R$180 + R$120), e assim por diante. O Custo Total da Quinta unidade produzida é, por exemplo, de R$405 (R$180 + R$225).

Custo fixo Médio, Custo Variável Médio, Custo Médio e Custo Marginal

Vimos até agora que o Custo Total de produção pose ser dividido em Custo Fixo e Variável. Sem dúvida, a determinação do Custo Total e de seus componentes é muito importante para o empresário. Contudo, uma analise da empresa no curto prazo de exige um conhecimento mais adequado sobre o comportamento dos custos por unidade, ou custos médios, e do custo marginal.

(1) Quantidad

e Produzida

Q

(2) Custo Fixo

CF (R$)

(3) Custo

Variável

CV (R$)

(4) Custo Total

CT (R$)

(5) Custo

Fixo Médio (2) +(1)

Cfme (R$)

(6) Custo

Variável Médio

(3) + (1) Cvme (R$)

(7) Custo Médio

( 4) + (1)

Cme (R$)

(8) Custo

Marginal ΔCT /Δq

Cmg (R$)

0 180,00 0 180,00 - - - - 1 180,00 90,00 270,00 180,00 90,00 270,00 90,00 2 180,00 120,00 300,00 90,00 60,00 150,00 30,00 3 180,00 135,00 315,00 60,00 45,00 105,00 15,00 4 180,00 165,00 345,00 45,00 41,25 86,25 30,00 5 180,00 225,00 405,00 36,00 45,00 81,00 60,00 6 180,00 360,00 540,00 30,00 60,00 90,00 135,00

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A) Custo Fixo Médio (Cfme): é o Custo Fixo dividido pela quantidade produzida: Custo Fixo Médio = Custo Fixo / Produção = CF/q = Cfme B) Custo Variável Médio (Cvme): é o custo variável dividido pela quantidade produzida: Custo Variável Médio = Custo Variável / Produção = CVq = Cvme C) Custo Médio (Cme): o custo médio é obtido é obtido através da divisão do custo total pelo volume de produção: Custo Médio = Custo Total / Produção = CT/q = Cme O Cme pode também ser obtido de outra maneira: Sabemos que CT = CF + CV - Dividindo tudo por q obtemos:

CT/q = CF/q + CV/q Ou, o que é a mesma coisa, Cme = CFme + CVme Logo, o custo médio pode ser calculado pela soma do custo fixo médio e do custo variável médio. D) Custo Marginal (Cmg): é o acréscimo no custo total resultante do acréscimo de uma unidade na produção. Isso significa que o custo marginal corresponde ao custo adicional em que se incorre ao produzir-se mais uma unidade de produto. Ele é dado pela seguinte expressão:

Cmg = CT / q

Cálculo do Custo marginal

(1) Quantidade Produzida

q

(2) custo Total

CT (R$)

(3) custo Marginal

Cmg (R$) 0 180,00 - 1 270,00 90,00 2 300,00 30,00 3 315,00 15,00 4 345,00 30,00 5 405,00 60,00 6 540,00 135,00

A relação entre as Curvas de Custos Médio e Marginal

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Custos no Curto Prazo

ANÁLISE DO BREAK- EVEN POINT (OU PONTO DE EQUILÍBRIO)

Definição O Break-Even Point, ou ponto de equilíbrio de uma empresa, é definido como sendo o nível de produção e vendas em que todos os custos fixos e variáveis são cobertos pela receita, isto é, o ponto em que o lucro é igual a zero. Em outras palavras, é o nível mínimo de produção e vendas em que uma empresa pode funcionar sem que ocorram perdas.

O Break-Even Point

ESTRURA DE MERCADO

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Noções de Mercado No seu sentido geral econômico, a noção mais simples de mercado está associada ao comércio. Constituiria o local onde os ofertantes expõem suas mercadorias para vender e os compradores vão adquiri-las. Alternativamente, com o objetivo de tornar o conceito mais abrangente, é possível, definir o mercado como um conjunto de pontos de contato, segundo os quais os compradores e os ofertantes de recursos produtivos ou de determinado produto, ou grupo de produtos finais e os usuários e prestadores de um serviço ou grupo de serviços estabelecem condições contratuais de compra e venda ou de prestação de serviço, e concretizam os negócios resultantes do acordo. Os mercados estão no centro da atividade econômica, e muitas das questões que sobressaem ao debate, relacionam-se com o modo de funcionamento dos mercados. As principais questões discutidas, podem ser assim relacionadas: por que apenas um pequeno número de empresas concorre entre si em alguns mercados, enquanto em outros um grande número de empresas estão concorrendo? Será que os consumidores estarão em melhores condições se existirem muitas empresas? Em caso afirmativo, o governo deveria intervir em mercados que tenham poucas empresas? Como se vê. As dúvidas são muitas. 3 – Classificação dos Mercados Tendo sido abordadas as características gerais de um mercado, passamos a analisar as diferenças estruturais existentes nele, bem como suas particularidades. A teoria econômica classifica as estruturas de mercado da seguinte forma: 3.1 – Concorrência Perfeita Uma estrutura de mercado atuando em regime de concorrência perfeita limita o poder da exploração no sistema econômico, pois neste mercado encontra-se um grande número de vendedores que defrontam-se com um grande número de compradores; realizando transações de compra e venda de produtos e/ou serviços homogêneos, sem, contudo interferirem na condução do mercado. O estudo da concorrência perfeita é fundamental para a compreensão das demais estruturas de mercado, razão pela qual é o primeiro modelo de formação de preços a ser considerado. Podemos caracterizar este mercado através dos seguintes fatores:

a) existência de um grande número de pequenos vendedores e compradores: a quantidade de agentes compradores e vendedores é tal que as compras e vendas individuais são insignificantes quando comparadas com o volume total de transações (mercado atomizado);

b) o produto transacionado é homogêneo: todas as empresas participantes do mercado fabricam produtos rigorosamente iguais que não se distinguem um dos outros por qualidade, marca, rótulo e qualquer outras características (padronização do produto);

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c) perfeito conhecimento, pelos compradores e vendedores, de tudo o que ocorre no mercado (transparência): as informações sobre as preferências e condições econômicas das empresas e dos consumidores são acessíveis e pactuadas por todos os agentes presentes no mercado.

d) Perfeita mobilidade dos recursos produtivos: significa que a mão-de-obra e os outros insumos utilizados na produção podem ser facilmente deslocados da fabricação de uma mercadoria para outra.

Como pode-se perceber, pelas características apresentadas, o mercado de concorrência perfeita não é facilmente encontrado na realidade. Os mercados que mais se aproximam desta estrutura são os mercados de produtos agrícolas e de ações. Assim, estas condições, estamos presentes, eliminarão, via concorrência, qualquer exploração no mercado, fazendo com que os preços se igualem aos custos1, permitindo aos consumidores pagarem pelo bem o seu custo real. 1 – Está incluindo nos custos a remuneração do empresário, a qual se chama de lucro normal. 3.2 – Concorrência Imperfeita As estruturas de mercado que deixarem de atender a quaisquer das características da concorrência perfeita são denominados imperfeitas. Entre os mercados imperfeitos, temos as estruturas correspondentes ao monopólio, à concorrência monopolística e ao oligopólio.2 2 – Outras duas derivações dessa imperfeição mercadológica são o monopsônio, que atuam pelo lado da procura e que é caracterizado por um mercado em que há apenas um único comprador. Um exemplo interessante é uma região pulverizada por inúmeros pequenos produtores de leite e uma apenas grande usina onde este leite pode ser pasteurizado. A usina será, assim, a única opção de venda para os produtores dessa região e poderá impor o seu preço para a compra de leite. A outra imperfeição pelo lado também da procura, é o oligopsônio, onde o mercado é caracterizado pela existência de um pequeno número de grandes compradores. Um exemplo é a indústria automobilística em relação à indústria de autopeças, onde a primeira, constituída por um pequeno número de empresas, tem um poder oligopsonista em relação à indústria de autopeças, uma vez que é responsável por um grande volume de compras da produção desta última. 3.2.1 – Monopólio É o mercado que se caracteriza pela existência de um único vendedor, ou seja, existe apenas um vendedor para um produto ou serviço que não possui substituto próximo. Neste regime mercadológico, o vendedor não sofre nem recebe influências das decisões sobre preços e quantidades dos demais produtos ou serviços comercializados. É a estrutura de mercado ou regime de preços onde somente um vendedor é responsável pela totalidade da oferta de um produto ou de um serviço que não possui sucedâneos, produtos ou serviços esse que, em dado momento, é oferecido a um único preços de mercado. As hipóteses básicas para a configuração deste modelo podem ser assim enumeradas:

o produto ou serviço é fornecido por uma única empresa ou um grupo de empresas que age em bloco;

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a possibilidade de entrada de concorrentes no curto prazo é impossível; a empresa ou grupo de empresas monopolistas conhece a procura e os

custos de produção do seu produto; e o objetivo buscado pelo monopolista é a maximização do lucro.

Portanto na qualidade de único de um determinado produto, o monopolista encontra-se em um posição única. Se o monopolista decidir elevar o preço do produto, ele não necessita preocupar-se com concorrentes que, cobrando preço menor, poderiam capturar uma fatia maior do mercado à custa do monopolista. O monopolista é o mercado, tendo assim completo controle sobre a quantidade de produto que será colocada à venda. Entretanto, isto não significa que o monopolista poderá cobrar o preço que desejar, ou melhor, não deverá faze-lo caso seu objetivo seja a maximização de lucros. Mas qual a quantidade que o monopolista deveria produzir para poder maximizar o seu lucro? Sabe-se que para poder maximizar lucros, o monopolista deve em primeiro lugar determinar as características da demanda de mercado, bem como seus custos. O conhecimento da demanda e do custo é fundamental para a tomada de decisão econômica por parte da empresa. Dispondo de tal informação, o monopolista terá então de decidir qual a quantidade que produzirá e venderá. Tal situação está exemplificada no gráfico I Pelo gráfico I, o lucro é maximizado quando a receita marginal iguala-se ao custo marginal. Q é o nível de produção para o qual RMg=CMg. Se a empresa produzir uma quantidade menor, digamos Q1 então ela estará sacrificando parte de seus lucros, pois a receita extra, que poderia estar auferida com a produção e venda de quantidades entre Q1 e Q, excederia seus custos de produção. Analogamente, um aumento do nível de produção de Q para Q2 resultaria em uma redução dos lucros, já que o custo adicional excederia a receita adicional obtida.

Gráfico I

Além da questão da maximização de lucros pelo monopolista, vale frisar que a condição básica da existência de um monopólio, é que os potenciais concorrentes

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sejam mantidos a distância, pois, como se sabe, a concorrência potencial representa o “freio” mais importante para as intenções do monopolista. Para isso, devem ser estabelecidas barreiras é entrada de potenciais concorrentes. As barreiras são bases para que o monopólio apareça e permaneça em um mercado e podem ser: tecnológicas e legais. As barreiras tecnológicas derivam do fato de ser possível que as economias de escala3, geradas por uma empresa de grandes dimensões, tornem a produção dessa última mais econômica, evidenciando assim que uma única empresa pode suprir todo o mercado a custos mais baixos do que um grupo de empresas concorrentes entre si poderia faze-lo. São denominados de “monopólios naturais”, formados por empresas com grandes plantas industriais, que atuam nos setores em que a oferta realizada por firmas menores e concorrentes se torna menos eficientes e mais custosa aos consumidores. 3 – Ganhos que se verificam no produto e/ou nos custos quando se aumenta, por exemplo, a dimensão de uma fábrica, de uma indústria ou de uma loja. As economias de escala, ao reduzirem o número de empresas, favorecem à criação de monopólios ou oligopólios. Esse tipo de situação ocorre com freqüência nos serviços públicos. Como exemplo, podemos citar uma empresa de gás, que usa tecnologia de ponta e tem em sua planilha custos fixos elevados – instalação e manutenção de canos (tubulação) para passagem do gás – e um custo marginal baixo para ofertar unidades extras de gás. Uma vez instalada a tubulação, custa muito pouco bombear gás para seu interior. De forma análoga, temos em mesmas condições os setores de comunicação, ferroviário e petroquímico. Portanto, pode-se afirmar que quando há custos fixos elevados e custos marginais pequenos, a empresa alcança a situação descrita no gráfico II, qual seja o monopólio natural.

Gráfico II

De acordo com o gráfico II, se um monopolista natural operar onde o preço se iguala ao custo marginal, então ele irá produzir um nível eficiente de produto YCMg, mas não será capaz de cobrir os seus custos. Se for obrigado a produzir um produto que o

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preço se iguala ao custo médio, YCme, então cobrirá seus custos, mas produzirá muito pouco produto em relação à quantidade eficiente. As barreiras legais é outro instrumento usado para existência e permanência de um monopólio. As principais formas de levantar barreiras à entrada de potenciais concorrentes são as patentes, licenças e as marcas registradas, ou quando uma lei assegura ao vendedor a primazia no mercado, como o exemplo da empresa Petróleo Brasileiro S/A (PETROBRÁS) que até 1995, possuía, por lei, o monopólio das atividades de extração e refino do petróleo. Em relação à patente, se uma empresa consegue obter o seu controle, certamente desfrutará de uma redução substancial de custos e impossibilitará o aparecimento, pelo menos por um determinado período, de concorrentes potenciais. 4 Outro caso são as marcas registradas. Protegidas por lei que impedem as imitações por parte de eventuais concorrentes, conseguem usufruir vantagem e dominar o mercado, enquanto manterem a preferência dos consumidores pelo produto que traz a sua logomarca registrada e não surgirem produtos similares. 4 – De acordo com a Lei nº 9.279 de 14/05/96 que regula direitos e obrigações relativos à propriedade intelectual, estabelece em seu artigo 40 – caput, que a patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade vigorará pelo prazo de 15 (quinze) anos contados da data do depósito. 3.2.2 – Concorrência Monopolística Um mercado atua em regime de concorrência monopolística quando existem muitas empresas, e a entrada de novas companhias não é limitada. Aqui prevalece a hipótese de atomização do mercado, tal qual na concorrência perfeita. Contudo, nesse mercado, difere-se da concorrência perfeita pelo fato dos produtos serem diferenciados, ou, substitutos próximos, mas não perfeitos. Cada empresa vende uma marca ou versão de um produto que difere em termos de qualidade, aparência ou reputação, e cada empresa é a única produtora de sua própria marca. A quantidade de poder de monopólio que a empresa terá dependerá do seu sucesso na diferenciação do seu produto, em relação aos das demais empresas. Outro aspecto é que, embora uma empresa possa ter um monopólio legal nas suas marcas registradas e nomes de marca, de forma que as outras empresas não possam produzir exatamente o mesmo produto, é sempre possível para outras empresas produzirem produtos similares. Do ponto de vista empresarial, as decisões de produção de seus competidores serão um ponto a ser considerado no momento de decidir exatamente quanto produzirá e qual preço cobrará. São tomadores, e não fixadores de preços; as conseqüências de suas ações diluem-se totalmente no mercado. Vale lembrar que nesse mercado subsiste o princípio da livre mobilidade dos agentes, ou seja, trata-se de um mercado de livre entrada e livre saída onde é relativamente fácil a entrada de novas empresas com suas próprias marcas de

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produto e também é relativamente fácil para as empresas que nele já atuam sair, caso seus produtos deixem de ser lucrativos. Desta forma, as características do modelo de concorrência monopolística podem ser assim sintetizadas:

admite-se a existência de um grande número de vendedores, geralmente de pequeno porte, que concorrem entre si, oferecendo substitutos próximos;

a entrada de novas empresas no mercado é relativamente fácil; e o incentivo para o ingresso de novas empresas está no lucro supernormal

existente no curto prazo. No longo prazo este lucro supernormal é absorvido pelo aumento de novas empresas concorrentes.

Um bom exemplo desse tipo de concorrência, é o que acontece no momento com relação a um boom de restaurantes que vendem alimentação a quilo. Verificou-se que existia uma demanda relativamente reprimida por restaurantes a preços acessíveis e com uma grande variedade de pratos, e que esta passou a dirigir-se de forma crescente para este tipo de mercado, permitindo aos proprietários desse comércio usufruírem, no curto prazo, de lucros extraordinários ou supernormais. Esses lucros muito altos, atraíram novos interessados em montar novos restaurantes a quilo e assim participar como ofertantes dessa atividade tão lucrativa. Como o acesso a esse mercado era livre, verificou-se um forte incremento nas quantidades de restaurantes que oferecem este tipo de serviço. Esse rápido crescimento da oferta tem reduzido a procura em relação aos restaurantes instalados e conseqüentemente, os lucros, outrora supernormal, passam por uma situação de redução. Estes, imediatamente procurando manter uma posição que lhes garantam uma situação favorável de lucros, lançaram mão da diferenciação: passaram a oferecer além do tradicional cardápio, o churrasco, a comida japonesa, sorvetes e tortas de vários sabores, e até brindes, como sorteio de automóveis, de bicicletas, de viagens, entre outros. Mesmo com a diferenciação, os grandes lucros de curto prazo tendem a se transformarem em lucros normais. Assim, a oferta de restaurantes de alimentação a quilo e a demanda por esse tipo de serviço, tendem a ajustarem-se em uma posição de equilíbrio de longo prazo sem lucros supernormais ou, melhor dizendo, com lucros extraordinários bem pequenos para não estimular a entrada de novos restaurantes a quilo. Embora bastante específico, parece-nos um ótimo exemplo de formação de preços em uma estrutura, senão idêntica, pelo menos muito próxima do modelo de concorrência monopolística. 3.2.3 – Concorrência Monopolística e Eficiência Econômica Os mercados perfeitamente competitivos são desejáveis porque apresentam-se economicamente eficientes. A concorrência monopolística se assemelha à concorrência perfeita em alguns aspectos, no entanto, será que teria uma estrutura de mercado eficiente? Os gráficos IIa e IIb mostram que não, existindo duas fontes de ineficiência no setor de concorrência monopolística.

Gráfico II a,b

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Os gráficos acima objetivam fazer uma comparação entre equilíbrio monopolístico competitivo e equilíbrio perfeitamente competitivo. Na perfeita competição, como mostra o gráfico (a), o preço é igual ao custo marginal, porém na competição monopolística o preço ultrapassa o custo marginal, gerando assim uma perda bruta (de excedente), representada pela área hachuriada no gráfico (b). em ambos os tipos de mercado, a entrada ocorre até que os lucros tenham sido reduzidos a zero. Em relação as duas fontes de ineficiência, podemos apresentar os seguintes motivos: primeiramente, ao contrário do que ocorre na concorrência perfeita, o preço de equilíbrio é mais alto do que o custo marginal. Isto significa que o valor atribuído pelos consumidores a unidades adicionais do produto é maior do que o custo de produção destas mesmas unidades. Em segundo lugar, a empresa em regime de competição monopolística opera com excesso de capacidade, ou seja, seu nível de produção é melhor do que o nível capaz de minimizar seu custo médio. Este excesso de capacidade é ineficiente porque os custos médios poderiam ser menores caso existissem menos empresas atuando. Tais ineficiências pioram o bem-estar dos consumidores. Assim sendo, a concorrência monopolística seria uma estrutura de mercado que deveria ser regulamentada? Em princípio, a resposta é negativa, devido duas situações apresentadas a seguir. A primeira situação baseia-se que, na maioria dos mercados monopolísticos, o poder de monopólio é pequeno. Em geral, têm-se um grande número de empresas concorrendo entre si, cada qual possuidora de marcas substituíveis, de forma que nenhuma das empresas poderá chegar a ter um elevado poder de monopólio. A segunda situação deve ser analisa em relação a um importante ponto que a concorrência monopolística apresenta, a diversidade de produtos. A maioria dos consumidores valoriza ao fato de poder escolher entre uma grande variedade de produtos concorrentes e marcas que diferem sob várias formas entre si. Os ganhos

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decorrentes desta diversidade de produtos tenderá superar com facilidade os custos da ineficiência. Em resumo, pode-se dizer que uma estrutura de mercado conforme descrito acima, traz consigo elementos de competição e monopólio, daí, ser referida como concorrência monopolística. É monopolística na medida em que cada empresa possui algum grau de monopólio, no sentido de poder estabelecer o seu preço ao invés de aceitar passivamente o preço de mercado, como no regime de concorrência perfeita. É competitiva, pois as empresas competem pelos clientes em termos tanto do preço, quanto na diferenciação de produtos que fabricam para vender. 3.2.4 – Oligopólio É o mercado em que existe um pequeno número de vendedores ou em que, apesar de existir um grande número de vendedores, uma pequena parcela destes domina a maior parte do mercado. O oligopólio é uma indústria cuja produção se concentra num pequeno número de grandes firmas, todas elas suficientemente ponderáveis para afetar com suas decisões os preços de mercado. Observa-se pelas colocações acima que é dado ênfase ao fato do oligopólio se caracterizado pelo domínio do mercado de oferta de um bem qualquer por um número reduzido de empresas que compõem a indústria. Sendo pequeno o número de empresas, estas têm condições de influenciar os preços. Devido a essa interdependência, as empresas atuando em estruturas de mercado oligopolizadas poderão se degladiarem entre si na busca de uma eventual maior participação relativa no mercado onde atuam,5 poderão estabelecer acordos para evitar a destruição de todos, como também poderão melhorar a situação de todos.6 5 – via de regra, o oligopólio divide-se em três categorias: 1) a do oligopólio conivente e organizado que equivale à formação de trustes e cartéis; 2) a do conivente e não organizado caracterizado pelos acordos informais ou tácitos e por último. 3) do oligopólio não conivente e não organizado caracterizado pela ação independente da empresa. 6 – neste sentido, as estratégias adotadas por estas empresas passam por campanhas publicitárias maciças, à variação de produtos à espionagem industrial e à guerra de preços, sendo que esta última raramente é empregada pois poderá levar ao desaparecimento do mercado das empresas beligerantes. Outra importante característica desse regime é a de que um pequeno número de empresas concentram sua produção na oferta de um dado bem. Ou melhor dizendo, um determinado setor industrial pode ser composto por um grande número de empresas, mas a produção estará concentrada em uma, duas, três ou cinco empresas que dominam o mercado em sessenta, setenta ou noventa por cento da produção. Um exemplo é a indústria de cervejas no Brasil, cujo produto cerveja é oferecido por várias empresas, mas o domínio do mercado está nas mãos de um reduzido número de empresas, conforme o Quadro III de participação por marcas.

Mercado Brasileiro de Cerveja Participação por marcas (%)

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1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 Média Brahma 37,8 38,1 38,0 37,4 35,2 33,3 31,4 35,9

Antárctica 40,8 37,8 35,1 34,0 31,5 30,2 31,9 34,5 Skol 12,5 12,7 13,3 14,2 15,0 16,8 15,2 14,2

Schincariol 0,2 0,8 1,2 2,1 3,8 4,7 5,4 2,6 Outras 0,8 0,8 0,8 0,9 0,9 1,1 1,5 1,0

Fonte: Nielsen, BNDES. Elaboração CADE, publicado no Jornal Gazeta Mercantil, 19/06/97, p. A-17. O ponto relevante desta característica reside no fato de que, a existência do oligopólio não baseia-se na quantidade de ofertantes que compõem um determinado setor industrial, mas sim no fato da oferta ser dominada por um pequeno número de empresas. Vale ressaltar que a estrutura de oligopólio pode ser classificada em duas categorias: puro ou diferenciado. Será Oligopólio Puro quando os produtos ofertados pelas várias empresas que compõem a indústria forem homogêneos e será Oligopólio Diferenciado quando estes produtos apresentarem diferenças pelo formato, embalagem, qualidade, tamanho, propaganda, entre outros quesitos. No primeiro caso, temos o exemplo da indústria de cimento, onde o número de empresas que fabricam o produto é pequeno, mas os consumidores, em geral, não manifestam nenhuma preferência particular em relação ao produto de um ou de outro fabricante. No segundo caso, de oligopólio diferenciado, temos a indústria de cigarros, onde são poucos os fabricantes atendendo ao mesmo objetivo de satisfazer ao fumante, mas ao contrário do primeiro exemplo, aqui o consumidor manifesta sua preferência por esta ou aquela marca. Cabe salientar que a distinção entre os oligopólios, sejam puros ou diferenciados, envolve pelo menos três empresas. Mas podem existir apenas duas que estabeleçam interdependência entre suas ações. Esta situação, quando ocorre, é chamada de Duopólio. Um exemplo comum desta situação se dá em pequenas cidades do interior, onde podem existir apenas dois postos de gasolina ou duas padarias. 3.2.5 – Como surgem e porquê mantêm-se os Oligopólios De como surgem, podemos destacar duas situações: a) Quando as empresas já possuem, desde o início de suas atividades, uma posição dominante no mercado, posição esta que procuram conservar através de vários mecanismos naturais ou artificiais; b) Quando são estabelecidas fusões e/ou incorporações, que possibilitam que algumas empresas passem a dominar ou garantir para si parcelas crescentes desse mercado. Em relação ao porquê manter-se em posição de oligopólio, podemos destacar quatro situações. Antes, porém, vale dizer que essas situações funcionam como barreiras ao surgimento de novas empresas no mercado.

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Economias de escala: geralmente são puçás as empresas que apresentam condições de produção em grandes quantidades, de modo que garantam para si distribuição. Neste aspecto as empresas que se originam do processo de fusão e/ou incorporação estão em situação de nítida vantagem sobre as outras empresas, no sentido de poderem abastecer a quase totalidade do mercado de determinado produto, a custos significativamente inferiores do que anteriormente estariam em condições de efetuar. Perspectivas de maior lucratividade: as empresas podem julgar conveniente proceder uma fusão ou uma incorporação a fim de restringir a concorrência entre si e adquirir uma estrutura concentrada que possibilitará eliminar a concorrência e, dessa forma, elevar seus níveis de lucratividade. Vantagens na diferenciação de produtos: determinadas empresas conseguem obter vantagens na diferenciação de seus produtos, convencendo os consumidores a adquiri-los em detrimento a outros similares. Esse fator possibilita que estas empresas dominem uma parcela significativa de mercado, repassando para os seus concorrentes eventuais prejuízos. Melhor estrutura nos custos: as empresas podem, em decorrência de uma estratégia comercial, ter acesso mais facilmente aos insumos básicos necessários ao processo produtivo, como matérias-primas, por exemplo ou ainda, domínio tecnológico inovador no processo de produção e na organização do trabalho, onde assim, desfrutarão de vantagens de custo sobre os potenciais concorrentes, e conseqüentemente, obterão níveis de preços melhores (lucros maiores) que as demais empresas não conseguirão suportar. 3.2.6 – A Teoria dos Jogos e os Mercados Contestáveis Uma visão diferenciada do comportamento oligopolista é dada pela Teoria dos Jogos, desenvolvida por Von Neumann e Morgenstern, quando observaram que os instrumentos convencionais da teoria microeconômica nem sempre poderiam produzir uma solução definitiva para a determinação do preço no oligopólio. Esta teoria enfatiza a importância dos fatores subjetivos como determinantes da competição viável. Como condição básica da Teoria dos Jogos, cada participante da situação de competição conhece os possíveis resultados de uma dada situação e tem um padrão de preferência entre esses resultados, que seriam o padrão buscado se não houvesse o conflito de interesses entre os competidores. Sua decisão individual entre várias alternativas pode ser representada por uma função-utilidade. Assim, o desejo individual para determinados resultados a serem obtidos, na teoria dos jogos, é um problema de maximização da utilidade esperada. Cada jogador escolhe uma estratégia que leve em conta seus possíveis ganhos e perdas se o outro participante reagir ao seu movimento de várias formas. O caso mais simples, análogo à competição, é o do jogo de dois participantes. Se o que um jogador ganha for exatamente igual ao que o outro perde, o jogo é de soma zero (Zero-sum game). Mas na realidade, a rivalidade entre as empresas em regime de oligopólio raramente se ajusta ao pressuposto da soma zero.

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Como as empresas tenderão agir de forma racional, assumirão uma estratégia “minimax”, isto é, a empresa ganhadora escolherá a menor perda máxima de todas as estratégias que a empresa ganhadora adotar. Se o número de participantes for maior que dois, existe a possibilidade de se formarem colisões de dois ou mais jogadores contra os outros, se for vantajoso para os que se unem. Mesmo assim, o resultado do jogo dependerá dos padrões de comportamento do grupo específico de jogadores. Esses comportamentos são baseados em produtos homogêneos e a variação de resultados possíveis se ampliaria com a possibilidade de diferenciação do produto. Dentro do campo econômico, o jogo praticado pelas empresas podem ser cooperativos ou não-cooperativos. Um jogo é cooperativo quando seus participantes podem negociar contratos entre si, permitindo planejamentos estratégicos em conjunto. Um jogo é não-cooperativo quando não é possível a negociação de contratos entre os participantes. Um exemplo de jogo cooperativo é quando duas empresas de um determinado setor desejam desenvolver conjuntamente uma nova tecnologia, pois sozinhas, nenhuma delas teria know-how suficiente para desenvolver a pesquisa e obter sucesso. Se as empresas puderem assinar um contrato entre si, dividindo os lucros decorrentes de seu investimento conjunto torna-se possível um resultado cooperativo que beneficiará ambas as partes. 7 Um exemplo de jogo não-cooperativo é a situação na qual duas empresas concorrentes levam em consideração os prováveis comportamentos uma da outra e determinam independentemente uma estratégia de preço ou propaganda, visando aumentar a participação no mercado. 7 – Uma joint venture sendo uma associação entre empresas para o desenvolvimento e execução de um projeto específico é, em princípio, um jogo cooperativo. É importante comentar que a diferença fundamental que existe entre os jogos cooperativos e os não-cooperativos está na possibilidade de negociar e implementar contratos. Nos jogos cooperativos os contratos são possíveis, já nos não-cooperativos eles não são possíveis. Para melhor caracterizar o jogo cooperativo e não-cooperativo relataremos um caso clássico em teoria dos jogos, denominado Dilema dos Prisioneiros. A situação passa-se da seguinte forma: duas pessoas foram presas e acusadas de terem cooperado entre si durante a prática de um crime. Eles encontram-se aprisionados em celas diferentes, não havendo comunicação entre eles. Foi feita a opção de confissão do crime a cada um dos cúmplices individualmente. Se ambos os prisioneiros confessares o crime, cada um receberá uma condenação de três anos de prisão. Se nenhum dos dois confessarem, irão a julgamento e diante das circunstâncias do andamento do processo poderão ser condenados a dois anos de prisão. Porém, se um dos prisioneiros confessar o crime mas o outro não, aquele que confessou será condenado a apenas seis meses de prisão, enquanto que o outro será condenado a cinco anos de prisão. O Quadro IV, sumariza as opções de cada prisioneiro:

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Quadro IV

Prisioneiro B Confessa não confessa

Prisioneiro A Confessa Não confessa

Como visto acima, os prisioneiros defrontam-se com um dilema. Se os dois entrassem em um acordo para não confessar cada um permaneceria na prisão por dois anos. Entretanto, estão incomunicáveis, mas se pudessem comunicar, de fato poderiam confiar um no outro? Se o prisioneiro A não confessar ele estará correndo o risco de beneficiar seu cúmplice às suas custas. Afinal, não importando o que possa fazer o prisioneiro A, o melhor negócio para o prisioneiro B é confessar. De igual modo, o prisioneiro A se confessar, estará fazendo o melhor negócio, portanto o prisioneiro B não necessita estar preocupado com o fato de que por não confessar, ele poderia estar beneficiando o seu cúmplice às suas custas. Sendo assim, ambos os prisioneiros provavelmente confessarão, e serão condenados a três anos de prisão. Neste contexto, as empresas oligopolísticas freqüentemente se encontram em situação semelhante à do Dilema dos Prisioneiros. Elas devem decidir se concorrerão de forma agressiva (não-cooperativa) para obter maiores fatias de mercado às custas de sua concorrente, ou, atuarão de forma cooperativa, competindo mais passivamente e coexistindo com sua concorrente, aceitando manter-se na atual posição no mercado, podendo, até implicitamente estar praticando conluio. Se as empresas cooperarem poderão determinar preços elevados, auferindo maiores lucros do que se partissem para uma competição agressiva. Todavia, da mesma forma que os prisioneiros, cada empresa poderá sentir-se estimulada a romper o acordo e vender por menos do que a concorrência. Assim por mais desejável que a cooperação possa ser, cada empresa estará atenta na possibilidade de sua concorrente “furar” o acordo e passar a concorrer agressivamente, obtendo uma posição melhor no mercado. Isto posto, observa-se que os conflitos inerentes ao sistema econômico. Tornam difícil a prática da Teoria dos Jogos na obtenção de resultados certos. De um lado, é difícil especificar precisamente os conjuntos de estratégias disponíveis pelos jogadores, devido a várias externalidades, tais como uma inovação tecnológica ou uma descoberta científica que transformaria as condições do processo durante o jogo. De outro lado, a maior parte das decisões requerem uma especificação temporal, ou seja, a introdução da variável tempo no conjunto de alternativas tende a causar dificuldades operacionais consideráveis, pois a determinação das quantidades necessárias para descrever a situação econômica no jogo torna-se uma limitação prática.

-3, -3 -0,6; -5 -5; -0,6 -2, -2

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Não se pode deixar de mencionar, também, outra recente e importante tentativa de construir uma alternativa teórica que fosse capaz de explicar o funcionamento dos mercados oligopolizados – a teoria dos mercados contestáveis. Nessa teoria desloca-se a análise que estava centrada, em modelos como concorrência perfeita, no número e no tamanho das empresas, para uma análise que privilegia a questão da liberdade de entrada e saída dos mercados. Um mercado contestável seria aquele que a entrada e saída são absolutamente livres, ou seja, todas as empresas que nele queiram entrar devem ter acesso às melhores técnicas de produção desta indústria e as empresas que queiram sair, ao faze-lo, possam recuperar todos os custos advindos de sua entrada, o que equivale a dizer que, nestes mercados, os sunk cost 8 são iguais a zero. A grande descoberta é que este resultado, típico dos mercados concorrenciais, poderiam ser aplicados, também, a mercados concentrados. Em outras palavras, mesmo os mercados concentrados, como os monopólios e os oligopólios, em uma função de contestabilidade, funcionariam como se fossem concorrenciais.9

O FLUXO CIRCULAR DA ATIVIDADE ECONÔMICA: PRODUTOS E RENDA Introdução A expressão “Fluxo Circular da Atividade Econômica” pode parecer estranha à primeira vista. Mas, na verdade, retrata como a economia como um todo se movimento; são aspectos diretamente relacionados ao nosso dia-a-dia e sobre os quais nunca refletimos, pelo menos até agora. A economia, nos dias de hoje, se caracteriza por uma quantidade infinita e contínua de transações entre as pessoas, empresas, pessoas e empresas, significando que todas as unidades econômicas transacionam entre si. O Fluxo Circular da Atividade Econômica, apresentando a seguir, mostra de forma simplificada a maneira pela qual indivíduos e empresas interagem na economia, cada qual buscando atingir diferentes objetivos: as empresas procurando maximizar seus lucros e os indivíduos procurando maximizar a satisfação de seus desejos e necessidades. Fluxo Básico da Economia Imaginemos inicialmente uma sociedade bem simples onde existam apenas dois setores: indivíduos e empresas. Os indivíduos oferecem a sua mão-de0obra para as empresas, que a utilizam para a produção de bens e serviços remunerando-a sob a forma de salários; com estes salários os indivíduos adquirem bens e serviços das empresas. O fluxo destas operações é apresentado na figura a seguir.

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Fluxo Básico da Economia

Pagamentos pelos Bens e Serviços

Fluxo de bens e Serviços

Oferta de Mão-de-obra

Pagamentos de Salários Fluxo da Atividade Econômica Imaginemos agora que os indivíduos sejam detentores de outros fatores de produção, além da mão-de-obra, tais como: capital, construções, máquinas e equipamentos, recursos naturais, etc., e que estes fatores sejam utilizados, direta ou indiretamente, para a produção de bens e serviços, conforme a figura a seguir.

Fluxo da Atividade Econômica

Fluxo Básico da Economia

Pagamentos pelos Bens e Serviços

Fluxo Real de bens e Serviços

Fluxo Real de Recursos (trabalho, Terra, Capital etc.)

Pagamentos de Salários, juros, Aluguéis, Lucro

Para que posssamos analisar estes fluxos de forma mais precisa, alguns critérios são adotados, para se agregar o conjunto de informações geradas nestas relações entre indivíduos e empresas.

CONSUMIDORES

EMPRESAS

CONSUMIDORES

EMPRESAS

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Como já vimos na primeira parte deste livro, ao conjunto de itens representativos à remuneração dos proprietários de fatores de produção atribuiu-se o nome renda, que é formada por:

salários: pagamentos feitos aos proprietários do fator trabalho; lucros: remuneração dos empresários; juros: remuneração do capital; e aluguéis: remuneração dos bens imóveis;

Se somarmos a renda auferida por todos os indivíduos de uma sociedade,

em um determinado período, obteremos a Renda Nacional relativa a esse período. Isso pode ser observado na parte inferior da figura 2, onde apresentamos o fluxo de renda (juros, lucros, salários e aluguéis) das empresas para os indivíduos, fruto do fornecimento dos fatores de produção dos indivíduos para as empresas (capital, terra, mão-de-obra, etc). As empresas, utilizando os fatores de produção disponíveis, irão produzir bens e serviços que serão oferecidos aos indivíduos. Denomina-se, portanto, Produto Nacional ao valor de toda a produção gerada pelas empresas. O fluxo do Produto Nacional pode ser observado na parte superior do nosso diagrama. Se, nessa economia simples, fizermos a suposição de que toda a renda dos indivíduos é destinada ao consumo, esse consumo retratará o total das despesas efetuadas pelos indivíduos na aquisição de todos os bens e serviços produzidos pelas empresas. Assim, denomina despesa o pagamento pelos bens e serviços adquiridos pelos indivíduos às empresas. A soma de todos os pagamentos efetuados dentro de uma economia, num determinado período de tempo, chama-se Despesa Nacional, ou:

PN = DN = RN

Chamamos a atenção para o fato de que esta é a identidade básico da Contabilidade Nacional. Fluxo Real e Fluxo Monetário Devemos observar que o fluxo da Atividade Econômica – ou Fluxo circular de Renda, como também é conhecido é composto de outros dois fluxos, bem definidos: Fluxo Real Fluxo Monetário Fluxo Real As firmas contratam mão-de-obra, compram matérias-primas e bens de investimentos, e produzem bens que são, posteriormente, vendidos a outras firmas as quais transformam o produto ainda mais, até que o produto final seja vendido ao consumidor. Durante todas essas posições, há uma constante transferência de bens e serviços entre os agentes econômicos. Por fluxo real entende-se o movimento dos recursos produtivos e bens e serviços entre os diversos agentes econômicos.

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Fluxo Monetário Como contrapartida monetária dos fluxos reais temos os fluxos monetários. Toda vez que um bem ou serviço é transferido de um agente para outro, são efetuados pagamentos em troca deles. O fluxo monetário, conseqüentemente, gira em direção contrária ao fluxo real. A figura 3 retrata o mesmo fluxo de renda visto anteriormente. Entretanto, agora, na parte superior temos o movimento dos recursos produtivos e de bens e serviços que denominamos, concretamente, Fluxo Real. O pagamento em moeda pela utilização desses recursos produtivos e pela aquisição dos bens e serviços denomina-se Fluxo Monetário, conforme apresentado na parte inferior da figura. Em síntese, pode-se dizer que a preocupação do estudo macroeconômico consiste em estudar o que determina a magnitude desses fluxos e porque esses fluxos variam ao longo do tempo.

Fluxo Real de Recursos

(Terra, Trabalho, Capital, Capacidade Empresarial)

Fluxo Real de Bens e Serviços

Fluxo Monetário: Pagamentos pelos Bens e Serviços

Fluxo Monetário: Pagamento pelos Recursos Produtivos

A ATIVIDADE ECONÔMICA E SUA MENSURAÇÃO A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE NACIONAL A exemplo do que ocorre com uma empresa, a contabilização das atividades internas e externas de um país, desenvolvidas num determinado período de tempo, normalmente um ano, é de fundamental importância para os dirigentes de um país. É a partir desta contabilidade, que denominamos Contabilidade Nacional, que surgem informações para a execução da “Política Econômica”. Portanto, estuda-se a contabilidade nacional não apenas para medir o desempenho da economia, mas sim porque ela evidencia as relações entre as três variáveis macroeconômicas básicas: A contabilidade nacional é composta de cinco contas básicas conhecidas como: Conta de Produção, que equivale à identidade entre produto nacional e despesa nacional Conta de Apropriação, que mostra como a renda é distribuída entre consumo e poupança; Conta de Capital, que é equivalente à identidade entre poupança e investimento;

Consumidores Empresas

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Conta Corrente do Governo, que retrata as receitas e despesas do setor público, e Conta do Resto do Mundo, que resume as relações econômicas entre o Brasil e o resto do Mundo.

Estas contas constituem a medida oficial do fluxo de produto e renda da economia. A contabilidade nacional foi realizada pelo Centro de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas no período de 1947 e 1986, a partir de quando essa responsabilidade passou para a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A grande parte dos agregados econômicos que estudaremos, tais como consumo e investimento, são definidos nestas contas, que fornecem também o referencial para a análise do nível de atividade econômica. A Contabilidade Nacional é, basicamente, uma metodologia para registrar e quantificar os agregados macroeconômicos de uma forma sistemática e coerente. Este é o objetivo central da elaboração de um sistema de contas nacionais, que representa e quantifica a economia de uma país. Esse sistema visa reproduzir os fenômenos essenciais do circuito econômico tais como: Produção Geração de Renda Consumo Financiamento Acumulação Relações com o Resto do Mundo

Outra importante contribuição da Contabilidade Nacional ao progresso do conhecimento econômico relaciona-se com a possibilidade de, através dos dados levantados e por meio de técnicas econométricas, se poder testar empiricamente os modelos macroeconômicos. Produto Nacional Bruto (PNB) O Produto Nacional Bruto (PNB) é dado pelo valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos na economia em um dado período de tempo (geralmente um ano). O Produto Nacional Bruto é a medida básica da atividade econômica. Ele inclui itens como roupas, serviços médicos etc. Por outro lado, o bem-estar geral de uma nação depende, basicamente: da quantidade de recursos disponíveis; e da eficiência na utilização desses recursos na produção de bens e serviços. Portanto, quanto maior a quantidade de recursos disponíveis e maior a eficiência na utilização dos mesmos, maior será o Produto Nacional gerado, e, conseqüentemente, maior será o nível de bem-estar geral da nação, já que maior será o conjunto de opções oferecidas aos consumidores, no atendimento de suas necessidades.

Assim, em linhas gerais, o Produto Nacional é um indicador, ainda que discutível, do bem-estar da sociedade. Além disso, o cômputo do PNB é importante porque permite avaliar o desempenho da economia em diferentes períodos.

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Medindo o Produto Total Mostrando, até o momento, que o PNB é um conceito importante. Mostramos também que ele inclui os milhares de bens e serviços produzidos, tais como laranjas, casas, tratores, bebidas, etc. Como, então, podemos medi-lo, ou seja, como podemos somar coisas heterogêneas? O denominador comum usado para tornar possível a soma dos vários bens e serviços produzidos na economia é o preço de cada um deles, expresso um unidades monetárias. O que fazemos, então, é calcular o valor monetário de cada bem para depois somarmos o total desses valores chegando, dessa forma, ao conceito de Produto Total para um determinado ano. Assim, o valor da produção de automóveis será dado pela quantidade produzida de automóveis será dado pela quantidade produzida de automóveis multiplicada pelo seu preço. O mesmo raciocínio deve ser estendido aos outros bens. Exemplificando, suponhamos uma economia bastante simples que produza apenas cinco tipos de bens. O quadro 1 fornece o tipo de produto, a unidade de medida, a quantidade produzida e o respectivo preço de mercado.

Quadro 1 Medindo o Produto Nacional Bruto

Bem Unidade de

Medida Preço (R$) Quantidade

A Litros 50,00 200 B Dúzias 10,00 3 C Galões 30,00 60 D Quilos 0,50 500 E Metros 8,00 120

O Produto Nacional Bruto nessa economia hipotética será dado por:

Substituindo as siglas da expressão acima por seus respectivos valores, obtemos: PNB = R$50,00 . 200 + R$10,00 . 3 + R$30,00 . 60 + R$0,50 . 500 +R$8,00 . 120 PNB = R$10.000,00 + R$30,00 + R$1.800,00 + R$250,00 + R$960,00 PNB = R$13.040,00 O cálculo do PNB feito para essa economia simples pode ser utilizado em uma economia mais complexa, incluindo bens como livros, camisas e serviços como transporte ou uma consulta médica, desde que tenham preços e, portanto, possam ser somados, como foi apresentado acima. O Problema da Dupla Contagem

PNB = Pa . Qa + Pb . Qb + Pc . Qc + Pd . Qd + Pe . Qe

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Ao medirmos a produção de um país surge um grande problema, que é a possibilidade de computarmos mais de uma vez um bem no Produto Nacional, acabando por superestima-lo. Devemos, portanto, excluir os chamados bens intermediários do nosso cálculo, uma vez que eles já estão incluídos no valor do produto final. Exemplificando, devemos considerar apenas o valor do automóvel como parte do PNB. O valor de todos os componentes utilizados em sua montagem, tais como pneus, aço, vidro, produzidos por outras empresas, já está incluído no preço do veículo. Se incluíssemos o valor dos bens intermediários no computo do PNB, estaríamos incorrendo no erro da dupla (mais precisamente, da múltipla) contagem. Existe duas maneiras de evitar o problema da dupla contagem: a) excluindo os produtos intermediários: ao calcularmos o Produto Nacional devemos incluir somente os bens finais e nunca os produtos intermediários; e b) computando somente o valor adicionado: nesse caso, levamos em consideração os valores adicionados ao produto à medida que ele passa pelos vários estágios do processo produtivo. O Quadro 2 fornece um exemplo de como evitar o problema da dupla contagem utilizando o método do valor adicionado ao produto consiste no valor de suas vendas menos o valor de suas compras de bens intermediários de outras empresas. Em nosso exemplo, fazemos a suposição de que os produtores de trigo não compram bens intermediários de outras firmas.

Quadro 2

O Método do Valor Adicionado

Estágios de Vendas de - Compras de = Valor Produção vendas Outras Empresas Adicionado 1. Produção de trigo (fazenda)

R$ 700 R$ 0 R$ 700

2. Produção de farinha (moinho)

R$ 1.000 R$ 700 R$ 300

3. Produção de pão (padaria)

R$ 1.400 R$ 1.000 R$ 400

4. VALOR ADICIONADO R$ 1.400

Por esses dados podemos dizer que o fazendeiro vende sua produção de trigo a um moinho por R$ 700. O dono do moinho, por sua vez, processa o trigo transformando-o em farinha, vendendo-a posteriormente a uma padaria por R$ 1.000. O padeiro, por sua vez, utiliza-se da farinha para fabricar o pão, vendendo-o aos consumidores por R$ 1.400. Vemos então que o valor adicionado na produção de trigo é de R4700; na produção de farinha adicionam-se R$300 (R$300 = R$1000 – R$700); na produção de pão, finalmente, adicionam-se R$400 (R$400 = R$1.400 – R$1000). A soma dos valores adicionados em cada estágio de produção totalizam R$1.400 (R$700 + R$300 + R$400), que é igual ao valor do pão, que é o produto final. Esse resultado não é fruto do acaso e origina-se do fato de que os dois métodos evitam a contagem dos bens intermediários. O PNB Nominal e PNB Real

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O PNB foi definido anteriormente como sendo o valor de mercado dos bens e serviços finais produzidos na economia, em um determinado período de tempo, em outras palavras, o PNB é avaliado em termos monetários, levando em conta o preço de cada bem, no período em que esse bem foi produzido. Essa é uma medida satisfatória se quisermos saber do PNB de um ano qualquer. Sabemos, porém que, ano a ano, o produto nacional pode variar ou devido a aumento de preços, ou devido a uma aumento na quantidade de bens, ou devido a ambos. Por essa razão é importante que saibamos que parte do aumento correspondente à quantidade de bens e serviços produzidos, e que parte do aumento corresponde à variação de preços. Como então os economistas resolvem esta questão? Imaginemos, para exemplificar, que em uma economia hipotética se produzam apenas dois produtos: laranjas e maçãs. Suponhamos, também, que para 1995, os dados de produção total dessa economia sejam os seguintes:

Quadro 3

PNB Nominal de 1995 (PNB de 1995 medido a preços de 1995)

Preço Quantidade Produto

Laranjas R$0,50 200 R$100,00 Maçãs R$1,80 300 R$450,00 PNB R$550,00

O PNB de 1995 é, portanto, de R$ 550,00 e é chamado de PNB Nominal ou PNB a Preços Concorrentes porque é medido aos preços do próprio ano em que foi produzido. Imaginaremos, agora, que em 1996 essa economia apresente os seguintes dados de produção:

Quadro 4

PNB Nominal de 1996 (PNB de 1996 medido a preços de 1996)

Preço Quantidade Produto

Laranjas R$0,75 250 R$187,50 Maçãs R$1,80 330 R$594,00 PNB R$781,50

Temos, então, que o PNB de 1996 é de R$781,50, e é chamado de PNB nominal porque foi medido aos preços de 1996. De posse dessas informações podemos concluir que o PNB Nominal de 1996, de R$781,50 teve uma aumento de 42,09% em relação ao PNB de 1995, de R$550,00. Entretanto, muito desse aumento resulta do aumento de preços ocorrido de um ano para o outro,não refletindo, portanto, um aumento físico da produção, ou seja, o produto real da economia não aumentou tanto quanto a comparação dos valores nominais desse dois períodos parece indicar. Como, então, fazem os economistas para resolver esse problema? O caminho que os economistas seguem para contornar esse tipo de problema consiste

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em tomar os preços de determinado ano (ano-base) e usá-lo através das séries de medições do PNB em diferentes anos. Em nosso exemplo, poderíamos usar os preços de 1995 para calcular o PNB de 1996. Assim procedendo, estaríamos eliminando a variação de preços ocorrida de um ano para o outro. Vejamos, então, como fica o nosso exemplo:

Quadro 5 PNB Real de 1996

(PNB de 1996 medido a preços de 1995)

Preço Quantidade Produto Laranjas R$0,50 250 R$125,00 Maçãs R$1,50 330 R$495,00 PNB R$620,00

Assim, quando calculamos o PNB real em 1996, avaliando-o pelos preços de 1995, encontramos um PNB real de R$620,00, o que indica um aumento de R$12,72% em vez de um aumento de 42,09%. Esse aumento de 12,72% é uma medida melhor do aumento na produção física da economia. Dessa forma fica solucionado o problema total devido a variações do nível de preços. Na prática, para superar esse problema, os economistas utilizam um índice de preço, o qual nos dá uma estimativa da variação no nível geral de preços da economia. Esse índice terá o valor de 100 em um ano-base, e mostrará a variação geral ocorrida nos preços a partir dessa base 100. Exemplificando, suponhamos que o ano de 1990 tenha sido escolhido como ano-base. Nesse caso, o índice desse ano seria 100. Se, no ano seguinte, o índice fosse de 140, isso significaria que, em média, os preços teriam aumentado em 40% nesse ano (1991). Uma vez tendo o índice de preços, podemos utiliza-lo para deflacionar o PNB nominal (ou a preços correntes) e encontrar o PNB real (ou preços constantes). Para tanto, vamos nos valer dos dados do Quadro 6.

Quadro 6

Como se Calcula o PNB Real (em R$ Milhões)

Ano PNB Nominal (preço correntes)

em R$ milhões

Índice De

Preços

PNB Real (preço constante

- 1990) 1990 20,6.458,8 100 206.458,8 X 100 = 206,458,8

100

1991 274.348,0 117,3 274.348,0 X 100 = 233.855,7 117,3

1992 359.856,8 137,7 359.856,8 X 100 = 261.339,9 137,7

Observamos, então, que entre 1990 e 1991 os preços cresceram, em média, 17,3%. Se dividirmos o PNB nominal de 1991 pelo índice de preços (117,3) e

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multiplicarmos esse resultado por 100 (para compensar o uso das porcentagens), encontraremos o PNB de 1991, medido a preços de 1990. A conclusão a que se chega é que entre 1990 e 1991 o aumento do PNB nominal foi causado, em grande parte, pelo aumento de preços. Podemos dizer também que, a preços constantes de 1990, o produto nacional aumentou de R$206.458,80 para R$233,885,7, aumento este de 13,2%. Podemos, então, definir o PNB nominal e PNB real: PNB nominal: mede o valor da produção aos preços prevalecentes no período durante o qual o produto é produzido. PNB real: mede o produto produzido em qualquer período aos preços de um ano-base. Ele nos dá uma estimativa da variação real ou física na produção entre anos específicos. PNB Per Capita O PNB per capita é obtido dividindo-se o PNB pela População:

PNB per capita = PNB Pop.

O PNB pela ótica da despesa O PNB pode ser medido como a despesa total com a produção final da economia. Essa despesa da sociedade por bens e serviços divide-se em: gastos pessoais em consumo; gastos com investimentos efetuados pelas empresas, gastos do governo (federal, estadual e municipal) em bens e serviços; e exportações líquidas. Consumo (C) As despesas em consumo efetuadas pelas famílias se constituem no maior componente da demanda agregada no Brasil. Os gastos em consumo dividem-se em três itens básicos: a) bens duráveis: televisores, geladeiras, automóveis, etc. b) bens não duráveis: alimentos, roupas, combustível, etc. c) serviços: educação, corte de cabelo, assistência médica, etc. Investimentos (I) O investimento é a despesa em bens que aumentam a capacidade produtiva da economia. Ele é um fluxo de capital novo na economia que é acrescentado ao Estoque de Capital (que é a quantidade de capital produtivo existente). O investimento inclui as despesas em novas edificações (novas fábricas e instalações) e em novos equipamentos (novos caminhões, novos tornos, novas máquinas, novos instrumentos, etc.). O investimento inclui também a variação nos

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estoques de bens mantidos pelas empresas. Sabemos que os bens produzidos mas não vendidos são classificados como estoques. Por essa razão, aumentos nos estoques representam bens que foram produzidos no período e, por isso, devem ser incluídos no cômputo do Produto Nacional. Assim, quando as empresas acumulam estoques de seus produtos, consideramos esses estoques como sendo bens comprados pelas próprias empresas, o que faz com que o produto que assume a forma de estoque seja igual a uma despesa no valor do produto estocado, e que é chamada, como já dissemos, de investimentos em estoques. A Questão da Depreciação Sabemos que o estoque de capital de uma economia está em constante desgaste, ou seja, as ferramentas, máquinas, edificações e outros instrumentos de produção utilizados durante o ano se depreciam. Por essa razão, parte das despesas de investimento destina-se à substituição do capital desgastado e, por isso, não aumenta o estoque de capital da economia. Devido a isso temos duas definições de investimento: Investimento Bruto (Ib) Que é igual às despesas com novas edificações, novos equipamentos, etc. mais a variação de estoques; e Investimento Líquido (IL) Que é igual ao investimento bruto menos a depreciação. Assim temos que: Devemos notar, portanto, que é o investimento líquido que aumenta o estoque de capital da economia. Gastos Governamentais (G) As despesas governamentais em bens e serviços também são um importante componente da demanda agregada da economia. São incluídas nesse item despesas com educação, segurança, justiça, construção de estradas, hospitais etc. Exportações Líquidas (X-M) Podemos, finalmente, introduzir os chamados componentes externos: as exportações (X) e as importações (M). As exportações de bens e serviços são despesas feitas por residentes no estrangeiro com bens produzidos no país em que está sendo calculada a despesa nacional. Por essa razão devem ser somadas ao total das despesas internas. Da mesma maneira, as despesas de importação devem ser reduzidas das despesas internas. SÍNTESE DO PRODUTO NACIONAL

IL = Ib - Depreciação

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A partir de tudo o que foi descrito até aqui, podemos derivar o quadro demonstrativo formas do Produto Nacional, pelo ângulo das despesas: Portanto, de forma sintética, podemos escrever que:

Produto Nacional = C + I + G + X – M = Despesa Nacional O Produto Nacional Bruto (PNB) e o Produto Nacional Líquido (PNL) Das nossas definições anteriores sabemos que:

IL = Ib – Depreciação Por decorrência, existam duas definições de Produto Nacional:

Produto Nacional Bruto (PNB) (=) C + Ib + G + X – M (=) Despesa Nacional Bruta (DNB)

Produto Nacional Líquido (PNL) (=) C + IL + G + X – M (=) Despesa Nacional Líquida (DNL)

Assim, o PNL é o agregado econômico que define o valor dos bens e serviços

finais realmente acrescentados à riqueza nacional. Consistem na produção líquida total gerada pela economia de um país no período de um ano. Inclui as despesas de consumo em bens e serviços do setor privado (C), os gastos do governo em bens e serviços (G), e as despesas em investimentos líquidos (IL), isto é, excluindo-se os fundos destinados à depreciação. Para calcular o PNL precisamos conhecer o índice de depreciação dos estoques de bens depreciáveis, como edifícios, maquinarias, etc. Desta forma, podemos chegar ao PNL a partir do próprio PNB, apenas fazendo a depreciação do capital. Do Conceito de Produto ao Conceito de Renda Vimos, até agora, que PNB = RENDA = DESPESA Vamos, agora, introduzir outros conceitos. Como sabemos, se do PNB tirarmos as reservas para depreciação obteremos o PNL:

PNB – DEPRECIAÇÃO = PNL

PNL a Custo dos Fatores e o Conceito de Renda Nacional O PNL avalia os bens a preços de mercado. O preço de mercado inclui impostos indiretos, tais como o IPI e o ICMS.

Produto Nacional (=) Gastos Pessoais em Consumo (+) Gastos do Governo em Bens e Serviços (+) Investimentos Privado Nacional (+) Exportações de Bens e Serviços (-) Importações de Bens e Serviços

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Se excluirmos do preço de mercado os impostos indiretos, teremos de fato o valor realmente recebido pelos fatores de produção utilizados, e que inclui salários, aluguéis, juros e lucros. Essa renda recebida pelos fatores de produção é que se constitui na Renda Nacional. Logo,

PNLCF = Renda Nacional

significando que o Produto Nacional Líquido a Custo dos Fatores é igual à Renda Nacional. Se da Renda Nacional excluirmos os lucros retidos pelas empresas, os impostos diretos pagos pelas empresas, as contribuições à previdência e adicionarmos os pagamentos de transferência e os juros pagos pelo governo chegaremos ao conceito de Renda Pessoal (RP). Se da Renda Pessoal excluirmos os Impostos Diretos Pagos pelos indivíduos (Imposto de Renda, ISS, etc.) chegaremos ao conceito de Renda Pessoal Disponível (RPD). A Renda Pessoal Disponível (RPD) tem três destinos: parte vai para consumo, parte vai para poupança e parte assume a forma de pagamentos de juros e de prestações. Vamos, agora, mostrar sinteticamente a alocação do PNB sob a ótica da renda.

Quadro 7 Alocação do PNB – Ótica da Renda

PNB Menos Reservas para Depreciação PNL Menos Impostos Indiretos das Empresas Renda Nacional (RN) Menos Lucros Retidos pelas Empresas Impostos Diretos pagos pelas Empresas Contribuições à Previdência Mais Pagamentos de Transferência Renda Pessoal (RP) Menos Impostos Diretos Renda Pessoal Disponível (RPD) O Produto Interno Bruto (PIB) Refere-se ao valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico do país, independentemente da nacionalidade dos proprietários das unidades produtores desses bens e serviços. Exclui as transações intermediárias, isto é, é medido a preços de mercado. A Renda Líquida dos Fatores Externos (RLFE)

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A RLFE divide-se em Renda Enviada ao Exterior (RE) e Renda Recebida do Exterior (RP). A Renda enviada ao Exterior (RE) é o resultado das transferências de rendas de estrangeiros obtidas no Brasil e enviadas a seus países de origem, sob a forma de remessa de lucros, royalties, juros e outras remessas técnicas e de rendas obtidas por brasileiros com atividade no exterior e enviadas ao Brasil. A Renda Recebida do Exterior (RP) diz respeito à renda que recebemos devido à produção de nossas empresas no exterior. Assim, temos: RLFE = RR – RE Assim, PIB + RLFE = PNB Desta forma, se RE > RR, então PNB < PIB

ou RE < RR, então PNB > PIB

ALFUMAS IDENTIDADES IMPORTANTES Uma Economia Simples sem Governo No modelo do fluxo circular da renda apresentado no início do Capítulo IX nós não incluímos nem a poupança e nem o investimento, significando que a economia só produzia bens de consumo e que toda a renda privada era gasta em bens e serviços de consumo. Vamos agora abandonar essa hipótese simplificada e introduzir a poupança e o investimento no circuito. Entendemos por poupança aquela parcela da renda que não é gasta em bens de consumo, e por investimento a poupança utilizada na aquisição de bens de capital e estoques de produtos acabados. Isso torna o nosso modelo de fluxo circular ainda bastante simples, que não possua governo e nem mantenha relações comerciais com outras economias. Assim, do ponto de vista da Renda Nacional (RN), temos que toda a renda gerada poderá ter apenas duas destinações: o consumo (C) e a poupança (S), ou seja:

RN = C + S (1) Pelo lado do produto, as firmas podem, por exemplo, ter reservado uma parte de sua produção para investimento, financiando a aquisição de bens de capital com as poupanças das famílias. Nessas condições tudo o que é produzido, o Produto Nacional (PN), somente pode ter dois destinos: consumo (C) e investimento (I). assim, temos que:

PN = C + I (2) Como já foi visto anteriormente, o Produto Nacional é igual à Renda Nacional. Assim podemos combinar (1) e (2), de tal forma que: RN = PN (3) Então, C + S = C + I logo, S = I (5)

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Isso significa que a poupança e o investimento nessa economia são iguais. Em outras palavras, o excesso de renda sobre o consumo (poupança) inevitavelmente será canalizado para o investimento. A princípio pode parecer coincidência essa igualdade entre a poupança e o investimento, uma vez que as razões que levam uma pessoa a poupar são diferentes das razões que levam as empresas a investir. Normalmente o ato de investir está associado a questões, entre outras, de rentabilidade e risco, ao passo que o ato de poupar está associado a segurança, precaução, risco, avareza etc. Entretanto, em termos contábeis, essa igualdade sempre irá ocorrer, devido à própria definição de investimento, que inclui não só aquela parte da produção não consumida e que é utilizada para a produção de outros bens no futuro, mas também aquela parcela da produção não consumida que é estocada. Para exemplificar, vamos imaginar uma economia cuja Renda Nacional (que é igual ao Produto Nacional) seja de R$500. Suponhamos então que os indivíduos gastem R$300 em bens de consumo (C=R$300) e poupem R$200 (S = R$ 200). Suponhamos ainda que as empresas desejam investir apenas R$100. Nessas condições a poupança não é igual ao investimento no sentido de formação de capital. Entretanto, a poupança será igual ao investimento (formação de capital) mais a variação de estoques, que também é investimento. Vejamos como isso ocorre: de um produto no valor de R$500, R$100 são despesas de investimento realizadas pelas empresas. Sobram, então, R$400 em bens que as empresas desejam vender à família. Os consumidores, entretanto, desejam gastar apenas R$300 em bens de consumo, poupando os R$200 restantes. Por essa razão as empresas não venderão tudo o que desejam, estocando então mercadorias no valor de R$100. Dizemos então que houve um investimento não planejado (um variação de estoques) no valor de R$100. Assim,

S = I Onde a poupança é igual a R$200 e o investimento realizado é de R$200 também, sendo composto por R$100 de formação de capital e R$100 de variação de estoques. Dizemos então que o investimento planejado pelas empresas, no valor de R$100, difere do investimento realizado, no valor de R$200. Uma Economia Fechada com Governo Consideremos agora uma economia um pouco mais sofisticada, introduzindo o Governo; mas, a exemplo do caso anterior, ela continua não possuindo relações comerciais com outras economias. O governo, então, também realiza despesas de consumo e de investimento, as quais denominaremos de Gastos do Governo (G). Assim temos:

PN = C + I + G (6) Ou seja, tudo o que é produzido pela economia destina-se ao consumo e investimento das unidades, bem como para o consumo e investimento do Governo. O Governo, por sua vez, para poder realizar suas despesas de consumo e investimento, necessita de receita que, via de regra, é obtida através dos impostos (T) pagos pela sociedade. Matematicamente temos então que:

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RN = C + S +T (7)

Que nos mostra que a renda nacional é destinada ao consumo, poupança e aos impostos pagos para o governo. Desta forma, temos:

RN – T = C + S (8) Sendo, (RN-T) definida como renda disponível do setor privado. Combinando (6) e (7), temos uma identidade que é equivalente à equação (4) para a economia com governo:

C + I + G = C + S + T (9)

De onde resulta que: I + G = S +T (10) ou, ainda: G – T = S – I (11) Essa identidade pode ser assim interpretada: o excesso das despesas do governo (G) sobre a receita de impostos (T), isto é, o déficit do orçamento do governo, é contabilmente idêntico ao excesso de poupança (S) sobre o investimento privado (I). A identidade (11) mostra ainda que, em uma economia fechada com governo, qualquer desequilíbrio no orçamento do Governo era repercutir sobre o setor privado da economia. Uma Economia Aberta Consideremos agora o caso de uma economia completa, isto é, de uma economia que, além dos setores privado e público, possua também o setor externo, ou seja, mantenha relações comerciais com outros países. Normalmente, em uma economia aberta, a produção é destinada ao consumo e o excedente é destinado à Exportação (X). Entenda-se também por excedente a produção de determinados bens que não se destinam apenas ao mercado consumidor doméstico (dentro do país). Existem produtores, especialmente os do setor agrícola, como no caso brasileiro, que destinam parte significativa de sua produção ao mercado externo, levando-se em conta que os países que compram estes produtos não possuem o clima adequado para o plantio de determinadas culturas; é o caso do café, cacau, suco de laranja. Existem ainda, no caso do Brasil, produtos industrializados como o calçado e a carne processada, por exemplo, que possuem ampla penetração no mercado internacional e que são, por essa razão, exportados. Assim temos que o produto nacional, ou tudo o que é produzido dentro de um país, é destinado ao Consumo (C), Investimento (I), Governo (G) e também para a Exportação (X). Desta forma podemos reformular a identidade do produto e despesa escrevendo:

PN = C + I + G + X (12) Por outro lado, sabemos que nenhum país é auto-suficiente em produtos e recursos naturais. Para poder atender à demanda interna, ou seja, às necessidades

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do consumidor, alguns produtos são importados (M) como é o caso, por exemplo do trigo. Neste sentido, parte da renda nacional é destinada à aquisição não apenas do trigo, como também, de outros produtos, o que nos permite escrever a seguinte identidade;

RN – T = C + S + M (13)

Ou

RN = C + S + T + M (14) A combinação das identidades (12) e (14) nos leva a:

C + I + G+ X = C + S + T + M (15) Ou então

I + G + X = S + T + M (16) E finalmente

G – T = (S-I) + (M-X) (17) (S – I) ou pela poupa A identidade (17) nos mostra um importante aspecto: o déficit do governo (G – T) pode ser financiado pela poupança líquida interna (S – I) ou pela poupança líquida externa (M-X).

Metas de Política Macroeconômica 1. alto nível de emprego (estabilização do nível de atividade e do emprego, controle da demanda agregada = C+I+G+X-Z) 2. estabilidade de preços (inflação) 3. distribuição de renda socialmente justa (teoria do bolo) 4. crescimento econômico (atividade produtiva)

Instrumentos de Política Macroeconômica 1. POLÍTICA FISCAL: os instrumentos de política fiscal são constituídos pela tributação (T) e pelo dispêndio público (G), tomados isoladamente, ou pelo saldo da execução orçamentária do Setor Público (T-G), que se apresenta na forma de déficit, quando as despesas excedem a receita (G>T, expansionista), ou de superávit, no caso de a receita exceder os gastos do governo (G<T, contracionista). A análise das funções econômicas e do dispêndio só pode ser feita à luz das funções do próprio governo, pois se, de um lado, a tributação fornece os recursos para realização da maior parte das atividades governamentais, o dispêndio, do outro lado, é o principal instrumento de execução das políticas do setor público.

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A política fiscal, é implementada através do processo orçamentário que, de conformidade com o que dispõe a CF/88 (art. 165, I, II, III) e as CE/89 (art. 153, I, II, III), consiste do seguinte conjunto de instrumentos: Plano Plurianual: que define, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e programas governamentais de longa duração Lei de Diretrizes Orçamentárias(LDO): que estabelece as prioridades das despesas de capital, alterações da política tributária e os objetivos do programa governamental de fomento, para o exercício fiscal subseqüente. Orçamento Geral: que estima a receita, aloca recursos e fixa as despesas, em consonância com o Plano Plurianual e com a LDO, através do orçamento fiscal das administrações públicas direta e indireta, do orçamento de investimento das empresas estatais e do orçamento de seguridade social (assist. médico-hospitalar, pensões, aposentadorias) do governo. A execução do orçamento, após aprovada pelo Poder Legislativo e sancionada pelo Poder Executivo, é realizada pelos três poderes de forma independente, cabendo aos Tribunais de Conta a sua fiscalização contábil, financeira, orçamentária e operacional. FORMAS DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO O governo financia seus déficits através das seguintes fontes de recursos: do Banco Central (através de emissões monetárias) do setor privado (via emissões de títulos) dos banqueiros Quando o governo toma emprestado ao BC, corresponde a uma emissão monetária, isto é, a uma expansão da base monetária. Quando toma empréstimo do setor privado, via mercado aberto (open market), emite títulos e cria dívida interna. Quando toma empréstimo dos banqueiros internacionais, está criando dívida externa. Conceito de Déficit Público DÉFICIT NOMINAL: inclui todas as receitas e despesas das três esferas do governo, mais as estatais e previdência social. Inclui juros e correção monetária da dívida pública, interna e externa. DÉFICIT OPERACIONAL: é o déficit nominal excluindo-se deste as parcelas de correção monetária e cambial da dívida passada. DÉFICIT PRIMÁRIO: são os gastos da administração direta menos o total da arrecadação tributária no período corrente. A diferença com o conceito operacional é que este inclui ainda os juros reais da dívida contraída anteriormente. 2. POLÍTICA MONETÁRIA: refere-se à atuação o governo sobre a quantidade de moeda e títulos públicos e a taxa de juros. O objetivo final é promover a estabilização econômica que consiste na adequação da quantidade de moeda em circulação ou do nível de taxas de juros às necessidades da atividade econômica de

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modo a estimular a expansão da produção, do emprego e da renda. Alternativamente, o objetivo pode ser o de controlar a demanda e conter a inflação. Há significativa correlação entre oferta monetária e desempenho da atividade econômica: Oferta Monetária Insuficiente: provoca racionamento do crédito das taxas de juros; retração no consumo com efeitos subseqüentes sobre os níveis de oferta e do emprego. Oferta Monetária Exagerada: provoca hiatos inflacionários, elevando os níveis nominais do poder aquisitivo e da demanda acima da oferta global de pleno emprego. - O objetivo é o equilíbrio entre oferta monetária e crédito, suficiente para ativar o sistema econômico, sem desajustes deflacionários ou inflacionários (Políticas restritivas ou expansionistas) INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA Os instrumentos monetários usuais são representados pelos RECOLHIMENTOS COMPULSÓRIOS, pelas OPERAÇÕES DE REDESCONTO e pelo OPEN MARKET. RECOLHIMENTO COMPULSÓRIO: é o recolhimento resultante da obrigação que tem os bancos de depositarem no BC, uma parcela de seus depósitos a vista e a prazo, com base em um percentual determinado pelo CMN. O uso da reserva compulsória como instrumento de política monetária consiste em promover variações na taxa de reserva. OPERAÇÕES DE REDESCONTO: o redesconto é o mecanismo através do qual o BC cumpre sua função de “banco dos bancos”, fornecendo assistência financeira aos bancos comerciais através do redesconto dos títulos descontados. MERCADO ABERTO: as transações de compra e venda de títulos federais realizadas pelo BC, são denominadas operações de mercado aberto. 3. POLÍTICA CAMBIAL e COMERCIAL: refere-se ao controle do Governo sobre a taxa de câmbio (valorizações ou desvalorizações cambiais). A política comercial diz respeito aos instrumentos de incentivos às exportações e/ou desestímulo às importações.

BALANÇO DE PAGAMENTOS E POLÍTICA CAMBIAL 1. Introdução Por alguns momentos, gostaríamos que o leitor imaginasse ser ele totalmente auto-suficiente. Assim, teria de fazer suas próprias roupas, produzir seus próprios alimentos, construir sua própria casa, enfim, teria de ter condições de sozinho, tentar satisfazer a todas as suas necessidades e desejos.

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Caro leitor, o seu padrão de vida por certo cairia muito, uma vez que faltariam os recursos materiais, habilidade e tempo para você fazer muitas dessas coisas. Um fato é certo: nós não participamos diretamente da produção de tudo aquilo que consumimos. Mas, como resolver esse problema? Uma possibilidade seria você se especializar, isto é, você passar a trabalhar apenas nas coisas que faz melhor. Assim, poderia produzir uma quantidade maior do que o necessário ao seu auto-abastecimento e vender ou trocar o excedente por outras coisas que porventura desejasse. Na realidade, isto é o que a maioria das pessoas procura fazer. Um médico, um economista, um professor, um pedreiro, cada um procura tirar vantagens se especializando naquilo que faz melhor e ganhando o suficiente para poder comprar seus bens e serviços que não produz. O fenômeno da especialização, também ocorre entre os países, uma vez que os recursos existentes são distribuídos desigualmente. Enquanto que alguns países, são mais bem dotados de terra, outros são mais bem dotados de mão-de-obra especializada; outros, ainda, são mais bem dotados de capital. Dessa forma, tendem a ser ricos ou pobres com relação a determinado fator de produção. Por causa dessas diferenças, os custos de produção variam de país para país. Algumas mercadorias podem ser obtidas a custos menores do que se fossem produzidas internamente, por meio de comércio internacional. O fato é que a existência do comércio internacional faculta aos países o aproveitamento de suas aptidões empregando seus recursos na produção daqueles bens de custo relativamente mais baixo e trocando-as por bens de custos relativamente mais altos. Assim, os países produzem e trocam entre si uma maior variedade e quantidade de bens que seriam menores e teriam um custo mais elevado, caso cada país tentasse ser auto-suficiente. Vamos, portanto, neste capítulo, proceder ao estudo não só do comércio internacional, mas das relações econômicas internacionais. Tal estudo justifica-se pelo fato de que não só as trocas de bens e serviços e de fatores de produção, mas também as intermediações de recursos financeiros não se processam apenas no interior de um país; essas trocas e intermediações tendem a se processar também com outras economias, tendo em vista as muitas vantagens decorrentes da divisão do trabalho e da especialização.

2. Teorias do Comércio Internacional

Por diversas questões que envolvem desde a sobrevivência de uma nação até a satisfação de necessidades menos vitais, fortes razões induzem os países ao comércio exterior de bens e serviços. Dentre estas razões podemos citar: as desigualdades entre as nações no tocante às reservas não reprodutíveis (recursos naturais); diferenças internacionais no tocante aos: fatores climáticos (que são determinados por fatores relativamente estáticos como altitude, latitude,topografia e tipo de superfície); e fatores edáficos (natureza e distribuição de solos); desigualdades nas disponibilidades estruturais de capital e trabalho; e diferença nos estágios de desenvolvimento tecnológico.

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E a partir da combinação destes quatro fatores que surge a divisão internacional do trabalho, a especialização das nações. Por decorrência, o comércio externo tem contribuído, continua e persistentemente, para a internacionalização dos processos econômicos e, é inegável, para o gradativo aumento das taxas de dependência de cada economia com relação ao resto do mundo. Apenas para ilustrar, apresentamos a seguir alguns países altamente dependentes da exportação de seu produto principal, para poder importar bens e serviços com a finalidade de atender às necessidades de sua população:

Quadro 1 Países Altamente Dependentes de Exportações

PAÍS PRODUTO

Árabes Petróleo Burundi Café

Sri Lanka Chá México Petróleo Jamaica Alumínio

Serra Leoa Diamantes Gâmbia Amendoim Islândia Pescado

Chile Cobre Bolívia Estanho

Honduras Banana Iremos, agora, dar uma visão geral a respeito das principais teorias que procuram explicar a existência do comércio internacional. 2.1 A Teoria da Vantagem Absoluta Em 1776, Adam Smith publicou seu tratado A Riqueza das Nações, quando, então, atacou o ponto de vista mercantilista a respeito do comércio, defendendo o livre comércio como a melhor alternativa para todas as nações. O argumento de Adam Smith residia no fato de que cada nação poderia especializar-se na produção de mercadorias que ela produzisse com maior eficiência que as outras nações, ou seja, em que tivesse uma vantagem absoluta, e importar as mercadorias em que tivesse desvantagem absoluta (ou produzisse menos eficientemente). Esta especialização de fatores de produção e o comércio permitiria um aumento na produção e do consumo, beneficiando as nações que comerciavam entre si. O Quadro 2 nos mostra um exemplo de vantagens absolutas. Nesse exemplo estamos fazendo a suposição de que existam 2 países – Estados Unidos e Brasil – e que produzam apenas 2 mercadorias: milho e tecido. A mão-de-obra é o único fator de produção e ela está habilitada tanto a trabalhar na produção de milho quanto na de tecido. Nesse exemplo, os Estados Unidos têm uma vantagem absoluta sobre o

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Brasil na produção de milho e o Brasil tem uma vantagem absoluta na produção de tecido sobre os Estados Unidos.

Quadro 2 Exemplo de Vantagem Absoluta

Países Fator de Produção Produtos

Milho Tecido Estados Unidos

1/ trabalhador/ ano produz

1.200 Kg ou 400 m

Brasil 1/ trabalhador/ ano produz

600 Kg ou 800 m

O exemplo nos mostra claramente que um trabalhador nos Estados Unidos produz mais milho (1.200 Kg) que um trabalhador no Brasil (600 Kg), ao passo que um trabalhador nos Brasil produz mais tecido (800 m) do que um trabalhador nos Estados Unidos (400 m). Suponhamos, agora, que não houvesse especialização e nem comércio, de tal sorte que nos primeiros 6 meses do ano os trabalhadores, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil só produzissem milho e na outra metade do ano só produzissem tecido. Se isso acontecesse, nos primeiros 6 meses os Estados Unidos produziriam 600 Kg de milho (observe que se no período de um ano o trabalhador produz 1.200 Kg de milho, em 6 meses ele só poderá produzir metade do que produz em um ano). Já na segunda metade do ano produziriam 200 m de tecido. O Brasil, se fizesse a mesma coisa, conseguiria produzir 300 Kg de milho no primeiro semestre e 400 m de tecido no segundo semestre do ano. O Quadro 3 mostra como ficaria essa situação.

Quadro 3

Os Dois Países Sem Especialização e Sem Comércio Países

Produção Brasil Estados Unidos Produção

Total Produção Anual de

Milho (Kg) 300 600 900

Produção Anual de Tecido (m)

400 200 600

De acordo com nosso quadro, a produção total, se a especialização, seria de 900 Kg de milho e 600m de tecido.

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Vejamos, agora, como ficaria a situação caso os Estados Unidos resolvessem produzir apenas milho (durante o não inteiro) e caso o Brasil fizesse mesmo em relação ao tecido. O quadro 4 mostra os resultados que seriam alcançados.

Quadro 4 Os Estados Unidos Produzindo Somente Milho e o Brasil Somente Tecido

Países Produção

Brasil Estados Unidos

Produção Total

Ganho Líquido

Produção Anual de

Milho (Kg)

0 1200 1200 300

Produção Anual de

Tecido (m)

800 0 800 200

Com a especialização de cada país na produção daquele bem em relação ao qual ele tem vantagem absoluta, haveria um ganho líquido de 300 Kg de milho e de 200 m de tecido. Assim, se os Estados Unidos se especializassem na produção de milho e o Brasil na de tecido, a produção conjunta de milho e tecido seria maior e os dois países partilhariam desse aumento por intermédio das trocas. 2..2 A Teoria da Vantagem Comparativa A teoria de Adam Smith quanto à vantagem absoluta é correta. Entretanto, explica apenas uma parte do comércio internacional. Coube a David Ricardo, no início do século XIX, explicar a maior parte do comércio mundial, com sua Teoria da Vantagem Comparativa. Ricardo mostrou, com sua teoria, que não é necessária a existência da vantagem absoluta para que a especialização e o comércio sejam vantajosos. Ricardo afirmou que ainda que uma nação apresentasse desvantagem absoluta na produção de ambas as mercadorias em relação a outra nação, ainda assim o comércio seria vantajoso, desde que ela se especializasse na produção e exportação do bem em que sua vantagem absoluta fosse maior. Além disso, deveria importar a mercadoria em que sua vantagem absoluta fosse menor.

Quadro 5

Um Exemplo de Vantagem Comparativa Países Fator de Produção PRODUTOS

Milho Tecido Estados Unidos

1/ trabalhador/ ano produz

1.200 Kg ou 600 m

Brasil 1/ trabalhador/ ano produz

400 Kg ou 400 m

Como podemos observar no Quadro 5, os Estados Unidos superam o Brasil tanto na produção de milho quanto na produção de tecidos. Mesmo assim, valerá a

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pena para os Estados Unidos se concentrarem apenas na produção de milho. Vamos entender o porquê desse fato. Nos Estados Unidos, para se obter 1 Kg de milho teríamos de deixar de produzir 0,5 m de tecido. Já no Brasil, o custo é de 1 Kg de milho. Para que se estabeleça o comércio entre eles, os Estados Unidos deverá se especializar na produção de milho, ao passo que o Brasil deverá se especializar na produção de tecidos. E qual será a relação de troca entre os dois produtos? Para os Estados Unidos, qualquer quantidade de tecido superior a 0,5 m que ele receba em troca de 1 Kg de milho será vantajosa. Já para o Brasil, qualquer quantidade de milho que seja superior a 1 m de tecido também será vantajosa. Suponhamos, então, que se estabeleça uma relação de troca tal que 1 m de tecido será trocado por 1,5 Kg de milho. Teríamos a seguinte situação: Na ausência de comércio nos Estados Unidos, para se obter 1 m de tecido, 2 Kg de milho teriam de deixar de ser produzidos. Com o comércio, o mesmo 1m de tecido se obtém agora 1,5 Kg de milho. Concluindo, podemos dizer que a Teoria da Vantagem Absoluta e a Teoria da Vantagem Comparativa procuram mostrar que a especialização da produção estimula o comércio internacional e favorece o consumidor. 3. Política Comercial Internacional A existência do comércio internacional, nos moldes que relatamos na Teoria da Vantagem Comparativa, que na terminologia técnica seria o Livre Comércio, sofre interferências governamentais através do instrumento denominado “Política Comercial Internacional”, onde são introduzidas ações artificiais que possibilitam ou o incremento das importações, ou redução nas importações, ou ambos. O comércio interno de um país tem influência significativa na geração de recursos aos governos, através das taxas e impostos. O mesmo raciocínio se aplica no comércio internacional, apenas mudando o fato gerador do imposto. Nas operações de comércio internacional é praxe eliminar-se os impostos internos de um país, ou seja, não se exporta impostos, mas por outro lado, cria-se o imposto alfandegário, significando que para a mercadoria entrar no país ela será taxada de acordo com a política econômica do país que está importando. É nesse estágio que voltamos ao ponto a que nos referíamos como Política Comercial Internacional uma vez que os governos, através da política alfandegária, poderão distorcer os princípios do chamado livre comércio (em que a Teoria das Vantagens ou Custos Comparativos explica a existência dos fluxos comerciais), interferindo no comércio internacional. 3.1 Intervenção Governamental no Comércio Internacional 3.1.1 O Porquê das Medidas Protecionistas Mesmo com as vantagens existentes advindas do livre comércio, em certos casos se aconselha a intervenção do Estado com a finalidade de restringir a entrada de determinados produtos no país. São as chamadas “medidas protecionistas”, cujas justificativas são dadas a seguir:

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Argumento da Indústria Nascente Uma indústria nascente pode não estar em condições de sobreviver à competição externa. O argumento da indústria nascente sustenta que tais indústrias deveriam ser protegidas, ao menos temporariamente, por altas tarifas ou cotas até que conseguissem desenvolver eficiência tecnológica e economias de escala que lhes possibilitassem competir com as indústrias estrangeiras. Argumento da Produção Nacional Deve-se promover proteger indústria consideradas estratégicas do ponto de vista de segurança nacional. Argumento da Proteção ao Emprego Deve-se promover a substituição das importações por bens fabricados no próprio país. Desta forma, estimula-se a criação de novas indústrias e a geração de novos empregos. Argumento do Combate aos Déficits Comerciais Nesse caso, deve-se procurar combater os déficits entre importações e exportações. 3.1.2 Restrições ao Livre Comércio O governo pode criar restrições ao comércio internacional, dentre as quais destacamos: - Barreira Tarifária O governo pode aplicar uma barreira tarifária, isto é um imposto que, adicionada ao preço internacional do produto, poderá fazer com que o preço da mercadoria produzida internamente se torne competitivo; desta forma, o governo protege os produtos nacionais a fim de que não sofram a concorrência de produtos importados mais baratos. - Barreira não-tarifária Neste caso, assim como no caso da barreira tarifária, o governo visa dar maior competitividade ao produto nacional. A diferença básica é que não se aplica um imposto, mas sim obstáculos quantitativos ou burocráticos que oneram ou inviabilizam as importações. Como restrições burocráticas podemos citar os certificados de origem e vistos consulares. Como restrições quantitativas temos a fixação de cotas (volume máximo a ser importado). 3.1.3 Incentivos O incentivo à ampliação do comércio internacional é a forma adotada pelo governo para fazer com que, artificialmente, o preço do produto nacional, no exterior, se torne mais barato do que o preço do produto equivalente. Para tanto ele se utiliza dos incentivos fiscais às exportações ou, ainda, de incentivos creditícios (o produtor nacional consegue finalmente a juros subsidiados). Utiliza-se, também, de incentivos burocráticos, com a eliminação de uma série de passos burocráticos que deveriam ser observados em uma exportação. 3.1.4 Conclusão

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A forma a que nos referimos nos itens anteriores, barreiras ou incentivos, é a maneira mais usual de o governo intervir no comércio Internacional. No entanto, em condições especiais da economia de um país, a aplicação das políticas adotadas poderá ser exatamente inversa, ou seja, incentivar as importações e desestimular as exportações. 4. Balanço de Pagamentos O campo das relações econômicas internacionais não se restringe apenas ao fluxo de comércio e serviços, mas sim a uma série de outras transações econômicas, tais como empréstimos, financiamentos, investimentos, donativos etc. E todos estes aspectos estão retratados no Balanço de Pagamentos de um país. Tradicionalmente, o balanço de pagamentos de um país é definido como sendo um registro sistemático das transações econômicas, ocorridas em um certo período de tempo, entre residentes e não residentes. Por registro sistemático entenda-se a escrituração das transações econômicas de um país como resto do mundo. Isto é viabilizado por um sistema contábil, através do método das partidas dobradas, e obedecendo um determinado plano de contas. As transações econômicas podem ser agrupadas em três grandes itens: fluxo de mercadorias e serviços; variação de ativos e passivos com o exterior e transferências unilaterais. Fluxo de mercadorias e serviços: como o próprio nome define, refere-se às transações internacionais com bens e serviços. Variação de ativos e passivos com o exterior: aqui são registrados os empréstimos, financiamentos, investimentos e outros capitais concedidos ou recebidos do exterior, inclusive amortizações. Transferências unilaterais: trata-se de transações econômicas sem uma correspondente contrapartida econômica de um dos lados. É o caso das doações, manutenção de estudante no exterior, pagamento ou recebimento de aposentadoria, etc. 4.1 Plano de Contas O Plano de Contas do balanço de pagamentos será tão analítico quanto as Autoridades Monetárias do país desejarem. Mas se o país for membro do Fundo Monetário Internacional – FMI, deverá incorporar, pelo menos, as contas definidas por aquele órgão. Isto decorre do fato de que o FMI torna público os números do balanço de pagamentos de cada país membro, e a nível consolidado; para que isto seja possível há necessidade de que as informações sejam uniformizadas. O Quadro 6 nos mostra a estrutura geral do balanço de pagamentos.

Quadro 6 Estrutura geral do Balanço de Pagamentos

Discriminação 1. Balança Comercial (FOB) Exportações

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Importações 2. Balança de Serviços (líquido) Viagens Internacionais Transportes Seguros Renda de Capitais Serviços Governamentais Serviços Diverso 3. Transferências Unilaterais 4. Saldo de Balanço de Pagamentos em Transações Correntes (1+2+3) Movimentos de Capitais 5. Movimento de Capitais Autônomos Investimento (líquido) Re-investimentos Financiamentos Amortizações Empréstimos a médio e longo prazo Capitais à curto prazo Outros capitais 6. Erros e Omissões 7. Saldo Total do Balanço de Pagamentos (4+5+6) Demonstrativo de Resultados 8. Movimento de Capitais Compensatórios Haveres e obrigações no exterior Empréstimos de regularização Atrasados 4.2 Detalhamento do Grupo de Contas Detalhamento, para efeito de entendimento dos grupos de contas, temos: Balança Comercial Nela são registradas as exportações e as importações de mercadorias, sendo as primeiras computadas com um sinal positivo (crédito) e as segundas com um sinal negativo (débito). Elas são computadas pelo valor FOB (free on board), ou seja, pelo valor de embarque, não incluídos os seguros e os fretes. Os lançamentos são uniformizados em uma moeda, normalmente o dólar norte-americano ou DES (Direitos Especiais de Saque, moeda escritural, no âmbito do FMI). Balanço de Serviços Neste grupo de contas são registradas as receitas e despesas de divisas oriundas de transações de bens intangíveis, tais como, os recebimentos e pagamentos de viagens de residentes ao exterior e de não-residentes ao país, fretes, seguros, lucros, dividendos, etc. Registra também o item “Serviços Governamentais”, que diz respeito aos gastos com embaixadas, consulados, representações no exterior, etc. Engloba ainda, no item “Serviços Diversos” os royalties, pagamentos e recebimentos de assistência técnica, aluguéis de filmes, etc. Os pagamentos ao exterior são registrados com sinal menos (débito) e os recebimentos com sinal mais (crédito).

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Transferências Unilaterais São registradas nesta rubrica as receitas e despesas de divisas decorrentes de donativos, manutenção de estudantes no exterior, aposentadorias etc. e que não tem como contrapartida a compra ou a venda de bens e serviços. Transações Correntes É o resultado do somatório dos saldos da Balança Comercial, de Serviços e de Transferências Unilaterais. O Saldo do Balanço de Transações Correntes indica se houve poupança externa negativa ou positiva. Se o Saldo em Transações Correntes foi deficitário, significará que o país comprou mais bens e serviços do exterior do que vendeu, indicando ter havido uma poupança externa positiva. Em outras palavras, é um montante de renda que não foi consumido no “Resto do Mundo”, isto é, foi poupado, e transferido para o país que apresentou o déficit em transações correntes. A poupança externa positiva é chamada de Passivo Externo Líquido, uma vez que aumenta as obrigações financeiras com o exterior. Caso o Saldo em Transações Correntes seja superavitário, significará que o país vendeu mais bens e serviços ao exterior do que comprou. Nesse caso, haverá uma Poupança Externa Negativa, também chamada de Ativo Externo Líquido. Capitais Autônomos É um dos componentes do lado financeiro do balanço de pagamentos, e reflete a variação entre ativos e passivos no exterior. Nesse item são registrados as entradas e saídas de capitais voluntários que tomam a forma de investimentos diretos (aquisição ou venda de participações societárias), novos empréstimos e amortizações de empréstimos anteriores, são contabilizadas com sinal positivo as entradas de novos investimentos externos diretos, as entradas de novos empréstimos externos, as amortizações de empréstimos concedidos pelo país ao resto do mundo e as repartições de investimentos do país no exterior. Por outro lado, são contabilizados com sinal negativo os novos investimentos de residentes realizados no exterior, os novos empréstimos dos residentes no país ao resto do mundo, as amortizações pagas ao exterior de empréstimos contraídos pelos residentes no país e as repartições de investimentos estrangeiros diretos. Erros e Omissões O balanço de pagamentos é um fluxo contabilizado pelo método das partidas dobradas, ou seja, todo débito tem um crédito. Assim sendo, o confronto do saldo do balanço de pagamentos com o saldo de capitais compensatórios deve ser igual a zero. No entanto, isso nem sempre ocorre. Assim este valor da diferença é lançado neste item do balanço de pagamentos. Saldo do Balanço de Pagamentos É o confronto entre o saldo das transações correntes e o saldo de capitais autônomos. Se negativo, indica que as saídas autônomas de divisas foram superiores às entradas gerando, então, um déficit; se positivo, significa que as entradas de divisas foram superiores às saídas, gerando, portanto, um superávit. Capitais Compensatórios

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Também chamados capitais induzidos ou financiamento oficial compensatório, são geridos pelas Autoridades Monetárias e refletem o tratamento dado ao saldo do balanço de pagamentos. Se superavitário, qual o destino dado ao excesso de divisas e, se deficitário, a origem dos recursos que neutralizaram o excesso de despesas de divisas. Este item contém três tipos de contas: as de haveres e obrigações no exterior (conta caixa); as contas referentes aos empréstimos de regularização do Fundo Monetário Internacional e outra instituição, destinados a cobrir déficits no balanço de pagamentos, e os atrasados, que são as contas vencidas no exterior e não pagas pelo país. As contas de caixa, mas especificamente, registram o movimento dos meios de pagamento internacionais à disposição do país. São contabilizadas neste item as variações de reservas internacionais. As contas de caixa são assim classificadas: Haveres à curto prazo no exterior; Ouro monetário; Direitos especiais de saque; Posição de reservas no FMI. Nas contas de caixa são contabilizados todos os ativos que as Autoridades Monetárias possam considerar disponíveis para pagamento de qualquer dívida ou aquisição de direitos junto a não-residentes. 4.3 Ajuste do Balanço de Pagamentos Os déficits de um balanço de pagamentos somente poderão subsistir se o país possuir reservas ou tiver acesso a capitais compensatórios que financiem este déficit. Dessa forma, os déficits crônicos ou contínuos ao longo do tempo, exigem uma correção, que poderá ser efetuada através das seguintes medidas: a) desvalorizações reais da taxa de câmbio; b) redução do nível da atividade econômica; c) restrições tarifárias ou quantitativas às importações; d) subsídios às exportações; e) aumento da taxa interna de juros; e f) controle da saída de capitais e de rendimentos para o exterior. As desvalorizações reais da taxa de câmbio, a redução do nível da atividade econômica, as restrições às importações e os subsídios às exportações são medidas comumente utilizadas para se atacar o problema mais importante do balanço de pagamentos, o déficit de transações correntes. A adoção da redução do nível da atividade econômica, para se reduzir o déficit das transações correntes pode ter os seguintes impactos sobre a economia: produzindo menos, o país irá importar menos bens e serviços utilizados na indústria; e a queda na atividade gerará uma capacidade ociosa que incentivará as empresas nacionais a buscarem novos mercados no exterior. Esta medida, apesar de eficiente, não é recomendada pois poderá trazer graves conseqüências à economia do país, levando-o à recessão.

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O aumento da taxa interna de juros e o controle da saída de capitais e de rendimentos para o exterior procuram melhorar o balanço de pagamentos, atraindo ou evitando a saída de capitais autônomos. São medidas eficazes no curto prazo. Apresentamos, a seguir, a título de exemplo, dados do balanço de pagamentos do Brasil referentes aos anos de 1995 e 1996.

O Balanço de Pagamentos do Brasil 1995 e 1996 (Em US$ milhões)

Discriminação 1995 1996

1. Balança Comercial (FOB) -3.352 -5.539 Exportações Importações

46.506 49.858

47.747 53.286

2. Balança de Serviços (líquido) -18.594 -21.707 Juros Outros Serviços

-8.158 -10.436

-9.840 -11.867

3. Transferências Unilaterais 3.974 2.899 4. Saldo de Balanço de Pagamentos em Transações Correntes (1+2+3)

-17.972 -24.347

Movimento de Capitais 5. Movimento de Capitais Autônomos 29.359 32.391 Investimentos (líquido) Re-investimentos Financiamento Amortizações Empréstimos a médio e longo prazos Capitais a curto prazo Outros capitais

4.663 384

2.834 -11.023 14.736 18.834 -1.069

15.558 447

4.302 -14.423 22.802 3.995 -290

6. Erros e Omissões 2.093 973 7. Saldo Total do Balanço de Pagamentos (4+5+6)

13.480 9.017

Demonstrativo de Resultados 8. Movimento de Capitais Compensatórios -13.480 -9.017 Haveres e obrigações no exterior Empréstimos de regularização Atrasos

-12.919 -47

-514

-8.655 -72 -280

TAXAS DE CÂMBIO

5.1 Introdução A taxa de câmbio é o preço, em moeda nacional, de uma unidade de moeda estrangeira. Em outras palavras, a taxa de câmbio é o preço de uma moeda em termos de outra. Obviamente há pelo menos tantas taxas de câmbio quanto moedas estrangeiras. Contudo, a expressão Taxa de Câmbio geralmente indica o preço de uma moeda internacional de referência que, no caso brasileiro, é o dólar americano. Assim quando falamos que um dólar americano vale um real e oito centavos, já estamos expressando a taxa de câmbio entre as duas moedas:

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US$ 1,00 = R$ 1,08

Sendo a taxa de câmbio um preço, ela também será influenciada pela oferta e demanda, no caso, de divisas, ou seja, pela oferta e demanda de moeda estrangeira num determinado país. A oferta de divisas depende: do volume de exportações, uma vez as moedas estrangeiras recebidas pelas vendas externas têm de ser trocadas por moeda nacional; e da entrada de capitais externos, e que também precisam ser trocados por moeda nacional. A demanda de divisas depende: do volume de importação, uma vez que os importadores necessitam de moeda estrangeira para pagar suas compras realizadas em outros países, já que a moeda nacional não é aceita; e da saída de capitais externos, sob a forma de amortizações de empréstimos, pagamentos de juros, etc. 5.2 Taxas de Câmbio Flexíveis e Taxas de Câmbio Fixas A taxa de câmbio é flexível (ou flutuante) quando seu valor é determinado livremente no mercado, através da oferta e da procura por divisas, sem nenhuma intervenção do Banco Central. A taxa de câmbio é fixa quando é determinada pelo Banco Central, ou seja, o Banco Central se compromete a comprar e a vender divisas a um preço fixado por ele. Em geral, há um pequeno diferencial entre as taxas de compra e venda para cobrir os custos da transação. Nesse caso, o país fixa sua taxa de câmbio, porém reserva-se o direito de altera-la caso enfrente um desequilíbrio fundamental em seu balanço de pagamentos. A vantagem desse sistema é a de facilitar a tomada de decisões dos diversos agentes econômicos. 5.2.1 A Determinação da Taxa de Câmbio em um Sistema de Taxa de Câmbio Flexível Normalmente, quanto mais alta a taxa de câmbio, maior deverá ser a quantidade que as empresas desejarão exportar. Da mesma forma quanto menor for a taxa de câmbio, menos as empresas desejarão exportar. Vejamos por exemplo:

Quadro 8

Taxa de Câmbio e Exportação

Taxa de Câmbio R$ por Dólar

Preço do bem X Em dólar

Preço do bem X Em Reais

Exportadores

1,08 50,00 54,00 Querem exportar mais

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0,98 50,00 49,00 Querem exportar menos Observemos o exemplo do Quadro 8. Se a taxa de câmbio fosse de R$ 1,08 por dólar, taxa esta considerada alta pelo mercado, e se o preço do bem a ser exportado fosse de US$ 50,00, o exportador receberia R$ 54,00 por unidade exportada. Nesse caso ele se sentiria estimulado a exportar. Se a taxa de câmbio fosse menor, por exemplo, de R$ 0,98 por dólar, pela mesma unidade exportada o exportador receberia apenas R$ 49,00. Nesse caso, ele se sentiria desestimulado a exportar. Assim, quanto maior for a taxa de câmbio, maior o volume exportado e maior a oferta de divisas; quanto menor a taxa de câmbio, menor o volume exportado e menor a oferta de divisas. Podemos, então, desenhar uma curva de oferta de divisas positivamente inclinada, indicando que ela é crescente em relação à taxa de câmbio. A figura 1 nos mostra uma curva de oferta de divisas com essas características. Assim, se a taxa de câmbio por P(), a quantidade ofertada de divisas será qo0. Se a taxa de câmbio se elevar para P1, a quantidade ofertada de divisas irá se elevar para qo1.

Vamos observar agora o lado das importações. Normalmente, quanto mais alta de câmbio, menor deverá ser a quantidade que as empresas desejarão importar. Da mesma forma, quanto menor for a taxa de câmbio, mais as empresas desejarão importar. Vejamos, então, um exemplo:

Quadro 9

Taxa de Câmbio e Importação Taxa de Câmbio

R$ por Dólar Preço do bem X

Em dólar Preço do bem X

Em Reais Exportadores

1,08 30,00 32,40 Querem importar menos 0,98 30,00 29,40 Querem importar mais

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Observemos, agora, o exemplo do Quadro 9. Se a taxa de câmbio fosse de R$ 1,08 por dólar, taxa esta considerada alta pelo mercado, e se o preço do bem a ser importado fosse de US$ 30,00, o importador pagaria R$ 32,40 por unidade importada. Nesse caso ele se sentiria desestimulado a importar o produto. Se a taxa de câmbio fosse menor, por exemplo, de R$ 0,98 por dólar, pela mesma unidade importada o importador pagaria uma quantia menor em reais, mais precisamente, R$ 29,40. Nesse caso, ele se sentiria estimulado a importar mais mercadorias. Assim, quanto maior for a taxa de câmbio, menor o volume importado e menor a demanda de divisas; quanto menor a taxa de câmbio, maior o volume e maior a demanda de divisas. Podemos, então, desenhar uma curva de demanda de divisas negativamente inclinada, indicando que ela é decrescente em relação à taxa de câmbio. A Figura 2 nos mostra uma curva de demanda de divisas com essas características. Assim, se a taxa de câmbio for P0, a quantidade demandada de divisas será qd0. Se a taxa de câmbio diminuir para P1, a quantidade demandada de divisas irá se elevar para qd1.

Estamos aptos, agora, a juntar os dois lados do mercado e tentar estabelecer a taxa de câmbio de equilíbrio. A figura 3 nos mostra as curvas de oferta e demanda de divisas. A taxa de câmbio de equilíbrio será Pe, ao passo que a quantidade de equilíbrio será qe, quando então a oferta de divisas será igual à demanda de divisas. Graficamente, o equilíbrio será determinado da maneira usual, isto é, na intersecção entre as curvas de oferta e demanda, quanto então a quantidade de divisas que os importadores desejam comprar é exatamente igual à quantidade de divisas que os exportadores desejam vender.

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5.3 Flutuação Suja (Dirty Floating) No Brasil, utiliza-se hoje um sistema misto, denominado dirty floating (flutuação suja). Nesse tipo de sistema a taxa de câmbio flutua dentro de um intervalo com limites máximos e mínimos, também chamado de “banda”. Se a taxa se aproxima do limite máximo, o Banco Central entra no mercado vendendo divisas. Um aumento da oferta de divisas provoca uma diminuição da taxa de câmbio. Caso a taxa de câmbio se aproxime do limite máximo, ameaçando rompê-lo, o Banco Central entra no mercado comprando divisas, elevando, assim, a taxa de câmbio. 5.4 Desvalorização Cambial A um aumento no preço da moeda estrangeira dá-se o nome de desvalorização cambial. Assim, o termo desvalorização significa que a moeda nacional passa a valer menos em termos de moeda estrangeira. Reciprocamente, uma diminuição no preço da moeda estrangeira denomina-se valorização cambial. Uma desvalorização da taxa de câmbio estimula as exportações, uma vez que os exportadores passarão a receber mais reais por dólar de produto exportado; por outro lado, desestimula as importações, uma vez que os importadores receberão menos reais por dólar de produto importado. Isto faz aumentar o saldo comercial e de serviços em conta corrente do Balanço de Pagamentos. Por outro lado, não podemos nos esquecer dos impactos inflacionários de uma desvalorização cambial, uma vez que ela aumenta o custo dos produtos importados. No caso de fatores de produção importados, uma desvalorização significa um aumento nos custos de produção. Se as empresas repassarem esses aumentos de custo para os preços dos produtos, os preços internos acabam por se elevar.

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Caso: Tempos Modernos (Caso retirado do livro Introdução à Administração, de Antonio César Amaru Maximiano, editado pela Atlas em 1995).

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A fábrica de camisa Carol era uma das fábricas pertencentes a um grupo empresarial que tinha seus negócios mais importantes concentrados no ramo de vestuário. Assim como as demais fábricas do grupo, a Carol sempre trabalhara com o esquema da linha de montagem. Em primeiro lugar, o tecido era cortado e, depois disso, a primeira operação na montagem das camisas era costurar as peças que compunham o corpo. Em seguida, vinham mangas, punhos, bolsos, colarinho e botões, que haviam passado por operações separadas de confecção. A última tarefa era a embalagem das camisas prontas. Nesse esquema de trabalho, cada trabalhador tinha uma única tarefa muito simples e especializada, de acordo com as fases da produção. Como a Carol era um centro de distribuição para todo o Brasil, seus volumes de produção e ocupação de mão de obra eram expressivos. A Carol era uma fábrica grande e os problemas peculiares da linha de montagem, quando ocorriam, eram difíceis de consertar. Por exemplo, quando havia uma interrupção ou desaceleração de uma fase, por qualquer motivo, dava muito trabalho colocar as coisas em ordem novamente. Bastava alguém andar depressa ou mais devagar e pronto – havia trabalho sobrando ou faltando em algum outro lugar. Com a grande especialização e a conseqüente monotonia, a qualidade era baixa, provocando grande perda de material, já que as possibilidades de reaproveitamento eram pequenas. Numa reunião na sede do grupo, o Presidente apresentou o projeto de uma experiência que se ia fazer com a Carol: - Meus amigos, esses problemas de absenteísmo, impontualidade, desatenção, falhas e muitos outros que ocorrem na Carol são comuns em todas as fábricas do grupo. Além do mais, nossa qualidade é baixa, estamos perdendo dinheiro e isso tudo é reflexo de um modelo superado de produção e gerência. Ao longo da reunião, foi ficando claro que a idéia era modernizar radicalmente a fábrica, como efetivamente aconteceu logo depois. A transformação mais importante foi a substituição de uma parte da linha de montagem por um esquema de “ilhas de produção”. Essas ilhas eram grupos de operários que tinham a responsabilidade de fabricar lotes inteiros de produtos acabados. Para tanto, essas ilhas funcionavam como micro-fábricas, que tinham as máquinas necessárias e recebiam o material pronto para trabalhar (peças cortadas, embalagens, etiquetas). Nesse esquema, os trabalhadores recebiam as metas de produção e tinham autonomia para planejar a forma de cumpri-las, bem como responsabilidade sobre a qualidade dos produtos fabricados. Os trabalhadores não eram mais especializados como antes, mas poderiam dividir o trabalho entre si como bem entendessem. Se acontecia de faltar alguém, o trabalho redistribuído pela própria equipe e não ficava acumulado. As pessoas que trabalhavam nas outras partes da linha, que continuaram a operar de modo tradicional, logo se interessaram pela novidade. A experiência havia sido precedida de intenso programa de treinamento e de ampla divulgação, inclusive com a projeção do filme Tempos Modernos e de filmes técnicos sobre as células de fabricação. Numa reunião em que os resultados foram debatidos, disse o Presidente: - Meus amigos, parece que o nosso projeto está indo bem. Muito bem, eu diria, sem exagerar. A produtividade aumentou e a qualidade melhorou muito. Uma ilha de produção fabrica uma quantidade muito maior de camisas do que sua linha de montagem equivalente, com muito menor índice de rejeição. A fábrica é muito

Page 89: APOSTILA DE ECONOMIA - PRESENTE AOS COLEGAS

Um presente do amigo JULENIO BRAGA RODRIGUES

melhor que antes e podemos dizer que esta experiência será bem sucedida em outros lugares. É importante não perder de vista as condições que estão na raiz do sucesso: educação e qualificação da mão-de-obra, premiação pelo aumento da produtividade, envolvimento das pessoas na implantação do novo modelo e avaliação dos resultados e mais uma porção de outros detalhes que estão aí no relatório que vocês acabam de receber o que nós vamos receber daqui a pouco. No entanto, parece que há alguns pequenos problemas nos quais temos que pensar antes de levar adiante. Com a palavra nosso Diretor Técnico: - Bem pessoal, há alguns imprevistos, mas é para isso que servem as experiências. Em primeiro lugar, para falar com franqueza, os gerentes intermediários perderam um pouco de seu papel. Esses grupos de trabalhadores das linhas de produção têm poder de decisão, porque absorvem as funções de planejamento que antes estavam acima deles, e também, porque se tornaram responsáveis pela qualidade e pelo controle de seu próprio trabalho. Os supervisores de primeira linha passaram a integrar os grupos e fazem a ligação com as outras funções, principalmente suprimentos e expedição. Desse modo, esta avaliação ainda é preliminar, mas tudo indica que neste sistema não se precisa de tantos gerentes intermediários como é caso numa linha de montagem, onde se exerce muito mais controle e fiscalização. Em segundo lugar, a tecnologia da informação já havia absorvido algumas tarefas gerenciais. Assim, alguns técnicos e gerentes, especialmente da função de suprimentos, tanto na fábrica quanto aqui no escritório central, a médio prazo, bem, para esclarecer as coisas, essas pessoal irão ficar sem ocupação, é o que tudo indica. Me dá licença um minuto. Há um ponto que eu pessoalmente quero abordar. O Projeto Tempos Modernos não é segredo para ninguém, de forma que esses impactos sobre a mão-de-obra estão ficando conhecidos e, se de um lado são positivos para a administração superior e a mão-de-obra operacional, parecem ameaçadores para a gerência intermediária. E é dessas pessoas, acho que vocês já sabem disso, que estão o sucesso é momentâneo, que se conseguem melhores resultados com mais supervisão e coisas parecidas. Questões: 1 – Qual foi a transformação que a Carol sofreu? 2 – Como se explicam os resultados alcançados com o projeto de modernização? 3 – Quais as condições para que um projeto desse tipo continue a ter sucesso? 4 – O que pode acontecer em seguida?