Apostila de Ef Unidade 2 Grecia Roma Idade Media (1)

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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAU CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE - CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA MÓDULO: BASES HISTÓRICAS E ANTROPOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA PROFESSOR: JOSE MACHADO LINHARES UNIDADE 3: A Educação Física na Grécia Antiga I. INTRODUÇÃO No século XVI a.C., o povo predominante na Grécia eram os Helenos. Dividiam-se em quatro tribos: Aqueus, Eólios, Jônios e Dórios, que por terem origem comum, segundo a tradição, desenvolveram em elevado grau o espírito de nacionalidade de que resultou a enorme influência política e social que tiveram na Grécia. Nos últimos tempos da história primitiva grega, os Dórios e Jônios constituíram os ramos mais importantes, radicando-se Dórios em Esparta e os Jônios em Atenas. Os hábitos e costumes dos Dórios eram adversos dos Jônios. Enquanto os primeiros tinham um caráter rude e brutal e acentuadas intenções belicosas e praticavam a guerra como forma de obtenção de recursos, os Jônios desenvolviam a brandura e tendência para a civilização pacifica e colaboraram significativamente com o desenvolvimento da cultura na Grécia Antiga, principalmente, da ciência e do racionalismo; Devido essas diferentes posturas eram rivais. Essas duas tribos que se contrastavam radicalmente e ao mesmo tempo se completavam no antagonismo, formaram o que de progresso houve na educação física naqueles tempos, cujo desenvolvimento chegou ao máximo só comparável aos progressos dos nossos dias. II. Esparta A Educação Física em Esparta se caracterizava pelo seu utilitarismo guerreiro constante. As crianças que nascessem defeituosas eram sacrificadas. Até a idade de 7 anos tinham vida ao ar livre nessa idade a criança era entregue ao Estado e passava a ter um regime comum, uma alimentação sóbria, sendo habituada aos exercícios violentos, para se adaptar aos rigores da natureza. Aos 13 anos era colocada sobre um regime mais violento ainda, dormindo sobre palha e praticando exercícios militares, como equitação, funda, o arco a fim de que se desenvolvesse na criança no mais alto grau, as qualidades guerreiras. Além disso, a criança era obrigada a roubar para comer e, se fosse descoberta, era punida violentamente com objetivo de controlar a resistência moral da criança em relação ao sofrimento físico. III. Atenas Em Atenas, logo após o nascimento, o filho era apresentado ao pai, que o adotava ou não. Até aos 6 anos, a criança dedicava-se aos brinquedos infantis, sendo a esferística (brinquedo jogado com uma bola) o predileto. Aos 6 anos, a criança era entregue a uma do Estado, para receber os primeiros rudimentos de gramática, aprender como deve o indivíduo manter-se na sociedade, conhecimento de música, etc., era então a educação orquéstrica. A educação intelectual era feita pelo gramático e a educação moral social e artística era ministrada pelo citarista. Aos 12 anos, a criança iniciava a Educação Física com a prática da Ginástica fácil (flexionamento) e continuava a educação orquéstrica. Aos 18 anos, finalmente, o indivíduo iniciava a prática da educação atlética guerreira na efébia. Na Grécia, nenhum homem livre era dado deixar de freqüentar as instituições educacionais do corpo e do espírito. Os cidadãos de Atenas e de Esparta guardavam por toda a sua vida, os traços e os benefícios salutares resultantes dos exercícios físicos. Era uma condição imposta pela sociedade a frequência aos lugares onde se praticava os exercícios físicos e os maiores filósofos poetas e historiadores, participando desses exercícios, distinguiram-se muitas vezes. Pitágoras foi vencedor no pugilato, Eurípedes nos jogos olímpicos e muitos outros foram atletas respeitáveis.

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ED.FISICA E ROMA

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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAU CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE - CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA MÓDULO: BASES HISTÓRICAS E ANTROPOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA PROFESSOR: JOSE MACHADO LINHARES UNIDADE 3: A Educação Física na Grécia Antiga I. INTRODUÇÃO No século XVI a.C., o povo predominante na Grécia eram os Helenos. Dividiam-se em quatro tribos: Aqueus, Eólios, Jônios e Dórios, que por terem origem comum, segundo a tradição, desenvolveram em elevado grau o espírito de nacionalidade de que resultou a enorme influência política e social que tiveram na Grécia. Nos últimos tempos da história primitiva grega, os Dórios e Jônios constituíram os ramos mais importantes, radicando-se Dórios em Esparta e os Jônios em Atenas. Os hábitos e costumes dos Dórios eram adversos dos Jônios. Enquanto os primeiros tinham um caráter rude e brutal e acentuadas intenções belicosas e praticavam a guerra como forma de obtenção de recursos, os Jônios desenvolviam a brandura e tendência para a civilização pacifica e colaboraram significativamente com o desenvolvimento da cultura na Grécia Antiga, principalmente, da ciência e do racionalismo; Devido essas diferentes posturas eram rivais. Essas duas tribos que se contrastavam radicalmente e ao mesmo tempo se completavam no antagonismo, formaram o que de progresso houve na educação física naqueles tempos, cujo desenvolvimento chegou ao máximo só comparável aos progressos dos nossos dias. II. Esparta A Educação Física em Esparta se caracterizava pelo seu utilitarismo guerreiro constante. As crianças que nascessem defeituosas eram sacrificadas. Até a idade de 7 anos tinham vida ao ar livre nessa idade a criança era entregue ao Estado e passava a ter um regime comum, uma alimentação sóbria, sendo habituada aos exercícios violentos, para se adaptar aos rigores da natureza. Aos 13 anos era colocada sobre um regime mais violento ainda, dormindo sobre palha e praticando exercícios militares, como equitação, funda, o arco a fim de que se desenvolvesse na criança no mais alto grau, as qualidades guerreiras. Além disso, a criança era obrigada a roubar para comer e, se fosse descoberta, era punida violentamente com objetivo de controlar a resistência moral da criança em relação ao sofrimento físico. III. Atenas Em Atenas, logo após o nascimento, o filho era apresentado ao pai, que o adotava ou não. Até aos 6 anos, a criança dedicava-se aos brinquedos infantis, sendo a esferística (brinquedo jogado com uma bola) o predileto. Aos 6 anos, a criança era entregue a uma do Estado, para receber os primeiros rudimentos de gramática, aprender como deve o indivíduo manter-se na sociedade, conhecimento de música, etc., era então a educação orquéstrica. A educação intelectual era feita pelo gramático e a educação moral social e artística era ministrada pelo citarista. Aos 12 anos, a criança iniciava a Educação Física com a prática da Ginástica fácil (flexionamento) e continuava a educação orquéstrica. Aos 18 anos, finalmente, o indivíduo iniciava a prática da educação atlética guerreira na efébia. Na Grécia, nenhum homem livre era dado deixar de freqüentar as instituições educacionais do corpo e do espírito. Os cidadãos de Atenas e de Esparta guardavam por toda a sua vida, os traços e os benefícios salutares resultantes dos exercícios físicos. Era uma condição imposta pela sociedade a frequência aos lugares onde se praticava os exercícios físicos e os maiores filósofos poetas e historiadores, participando desses exercícios, distinguiram-se muitas vezes. Pitágoras foi vencedor no pugilato, Eurípedes nos jogos olímpicos e muitos outros foram atletas respeitáveis.

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IV.LOCAIS PARA A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Os locais onde se praticava a cultura física na Grécia eram: GINÁSIO, PALESTRA; EFÉBIA E O ESTÁDIO. A palavra Ginásio de gummos significa nu, e a Grécia dava esse nome ao conjunto de lugares especialmente destinados a educação dos jovens e aos exercícios que todos os bons cidadãos se impunham, como um dever para com eles e para com a pátria. Os Ginásios primitivos consistiam em simples pistas de corridas a pé, de lançamentos e áreas arenosas para os exercícios corporais. Os locais em geral, eram à margem de rios e junto aos bosques. Os ginásios eram de propriedade do Estado. As Palestras eram locais de dimensões restritas com o piso ensaibrado, providas de banheiros e compartimentos para fricções (massagens), lutas, duchas, banhos quentes, etc. Em geral pertenciam à particulares. Ao Palestra e ao Ginásio, juntava-se o Estádio, geralmente perpendicular aos dois xistos (pistas cobertas) e apoiados sobre eles; o Estádio destinava-se aos prélios esportivos. Proximo aos Ginásios ficavam os Palestras pertencentes a particulares, que desejavam evitar a proximidade com o público, ou mesmo para os exercícios à vontade, sem que as observâncias regulamentares que regiam os estabelecimentos do Estado os atingissem. Na Grécia, quase todas as cidades possuíam seu Ginásio com destaque os existentes em Atenas, Olímpia, Delfos, Efeso, entre outros. Em Atenas existiam em número de três: a Academia; o Liceu; o Quinosargo, todos localizados fora da cidade, em bosques de oliveira e em terrenos consagrados às divindades. A administração do Ginásio era feita pelo ginasiarca; sua influência era mais moral. Possuía vários auxiliares, dos quais o primeiro era o ginasta que, tendo noções de higiene e medicina, orientava as lições de ginástica, o treinamento, etc. O auxiliar do ginasta era o pedotriba, que seguia os preceitos do ginasta agindo na ginástica nos desportos. Sua insígnia era uma vara com uma forquilha. Havia ainda o xistarca (treinador de corridas) e o agonistarca (treinador de lutas) que faziam parte do corpo de treinadores do ginásio. Pertencentes a Efébia havia os sofronistas (ensinavam a moral) e hoplomacos (gladiador), que treinavam os efebos. A partir dos 18 anos, era o ateniense obrigado a se inscrever na efébia, estabelecimento de aspecto puramente militar, instituída pelo governo e destinada a preparar os efebos para a arte da guerra (quartel de hoje). Na efébia, o 1º ano era destinado para o adestramento de armas e das longas marchas, no 2º ano os efebos se entregavam aos exercícios correspondentes às manobras. Mais tarde, a finalidade da efébia foi se deturpando. Passaram a ser nela admitidos somente os ricos, transformando-se numa academia superior e nela aparece a figura dos filósofos e seus estudos. V. OS JOGOS 1. JOGOS FÚNEBRES No canto XXIII da Ilíada, Homero descreve o que foram os jogos fúnebres mandados celebrar por Aquiles em honra de Pátroclo, os quais constaram de 7 provas: 1. Corrida de carros 2. Pugilato 3. Luta combate armado 4. Arremesso 5. Arremesso de lança tiro ao alvo 2. JOGOS GREGOS

Os Jogos Gregos, festas populares e religiosas, eram cerimônias pan-helênicas, nas quais tomavam parte quase todas as cidades gregas. Não é de estranhar a importância de tais manifestações desportivas, pois o povo da Velha Grécia caracterizava-se por seu elevado espírito

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de querer se diferenciar dos outros, ser o melhor, estar a cima dos outros através de feitos ímpares. Ésquilo (importante poeta da Grécia Antiga) exigia que todo grego fosse um competidor. No começo as competições ficaram restritas à Grécia Continental, mas pouco depois se estenderam às colônias, que, muitas vezes, conquistaram os louros da vitória. Will Durant, notável pensador e historiador, discorrendo sobre a importância dos Jogos, de maneira bastante feliz conceituou tais certames: “A religião não conseguiu unir a Grécia, mas os desportos, periodicamente, conseguiram”. Os homens dirigiram-se a Olímpia, a Delfos, a Corinto e a Neméia, não tanto para venerar os deuses, pois estes podiam ser adorados em qualquer lugar, mas principalmente, para assistir as heroicas competições de atletas escolhidos e a reunião ecumênica de vários gregos. Alexandre, apreciando a Grécia do lado de fora, considerava Olímpia, a capital do mundo grego. Todos os jogos se adaptavam à medida do tempo olímpico. No primeiro ano da Olimpíada, realizavam-se as pungas em Olímpia. Em maio do segundo, os atletas dirigiam-se ao Istmo; em julho, competiam na Neméia, disputas que se repetiam, na mesma época, de dois em dois anos. O mês de agosto estava reservado para os Jogos Píticos. A) – JOGOS OLÍMPICOS Os Jogos Olímpicos, celebrados cada 4 anos em Olímpia, na Hélida eram disputados em hora à Júpiter. É incontestável o grau de adiantamento e esplendor que a atividade física atingiu na Grécia Antiga. Os jogos olímpicos nela tiveram origem e se destinavam a durar muito tempo ainda. Havia na Grécia Antiga a crença de que os reis e as altas personagens das diferentes cidades eram descendentes direto dos deuses e na história mitológica da Grécia encontram-se, comumente, descrições de lutas entre heróis e atletas gregos em que estes, geralmente, levavam a melhor. Isso fazia com que cada grego procurasse ser um atleta e, portanto, um herói, um semideus, dedicando-se a prática da atividade física, visando seu aperfeiçoamento físico, a par do seu desenvolvimento intelectual e moral. Hércules é citado como instituidor dos jogos olímpicos, quando apresenta a corrida dos stadium ou estádio (192 metros); também o episódio heróico-desportivo da corrida de carros disputada entre o Rei Genemaus e Pelópidas é citado como gênese dos referidos jogos. Depois de uma longa interrupção, Ifitos, Rei da Hélida, restabeleceu os Jogos Olímpicos no ano 776 A.C. Na confusão cronológica do mundo antigo, as Olimpíadas converteram-se em era comum para toda a Grécia, constituindo-se em marcas do tempo. Os Jogos determinavam o seu início, sendo atribuído, comumente, o nome do corredor da corrida de estádio para designá-las. Aos helidenses, em cujo país se celebravam os jogos, cabia a honra de presidi-los e a recompensa aos vencedores era um ramo de oliveira. Ao tempo de Píndaro, as provas que em Olímpia se concediam prêmios eram: a corrida a pé (o diaulo ou duplo estádio), a luta, o pentatlo (considerado o desporto mais completo, compreendendo: a corrida, o salto, disco, dardo e a luta), o pugilato, o pancrácio, a corrida armada, a corrida de carros e a corrida de cavalos. Dos jogos não participavam somente os atletas de escola, como também a fina flor da cultura literária e artística da época. Havia concursos musicais, de eloquência, de canto oral, de harpa, da cítara, de lira, de flauta, de danças e de declamações, sobre tudo das obras de Homero. Píndaro recitava e entusiasmava o povo com as suas odes e Heródoto, o pai da História, em mais de uma Olimpíada, leu as suas admiráveis crônicas sobre as guerras persas. Representações teatrais constavam também do programa. Havia duas categorias de competidores; até 18 anos (juvenis) e mais de 18 anos (adultos). Em certa época surgiram provas de 18-20 anos. Nos demais jogos pan-helênicos existiam três categorias. A corrida de carros era a prova mais emocionante e Pínadaro conta que em uma delas viraram 40 carros. No começo os atletas usavam um pequeno calção. A partir da XV Olimpíada (720 AC), porém, passaram a competir inteiramente nus.

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Após a vitória, o vencedor apresentava-se ao árbitro, que colocava na sua cabeça um fio de lã púrpura e lhe entregava costume introduzido na época de Alexandre Magno, uma palma que significava a eterna juventude. A notícia da vitória chegava rapidamente a pátria por meio de pombos mensageiros. O vencedor era recebido, na sua terra, de maneira apoteótica. Após um largo período de decadência, em 394 DC foram os Jogos suprimidos por Teodósio, o Grande, Imperador Romano. B) – JOGOS PÍTICOS Criados em 528 AC e realizados em Delfos, em honra de Apolo, eram os mais antigos, importantes e populares. Sob o ponto de vista religioso, é interessante ressaltar o papel dos sacerdotes de Delfos sobre toda a vida grega, sobre tudo na caracterização do sentimento de responsabilidade coletiva. Nos Jogos Píticos, além das competições desportivas, quase idênticas às de Olímpia, mas abertas para adultos e adolescentes em provas distintas, disputavam-se, com muito entusiasmo, prêmios de poesia de canto e de música. Nunca faltava a composição de um hino a Apolo. A parte artística do programa, nos primeiros tempos a única prevista, mais do que nos demais Jogos, sempre foi muito cuidada, tornando a festividade uma verdadeira síntese de arte e desporto. C) – JOGOS ÍSTMICOS Realizados no Ístmo de Corinto em honra de Poseidon, aconteciam de dois em dois anos, baseados em um culto local de tempos imemoriais. As provas eram as mesmas constantes do programa olímpico, com competições atléticas e hípicas, variando apenas em pequenos pormenores. No pentatlo, por exemplo, a cada prova especializada cabia em prêmio. Havia também competições artísticas e intervenções de poetas e historiadores, apontando-se Sócrates e Ésquilo entre os seus frequentadores. O vencedor recebia uma coroa de aipo silvestre, substituído mais tarde pelo pinheiro. Em certas épocas, aplicou-se aos Jogos Ístmicos como aos de Olímpia, a “trégua sagrada”. Os gregos muito se interessavam por tais competições; Corinto constituía centro de atração, por sua situação intermediária entre o Oriente e o Ocidente. Foram imitados em Ankara, Nicea (Bitnia) e Siracusa. VI – PREPARAÇÃO, DIREÇÃO E CONDUÇÃO DOS JOGOS OLÍMPICOS Nas proximidades do mês de competição, um arrepio de entusiasmo corria a Grécia, quando os mensageiros partiam de Olímpia e percorriam as cidades e os campos para anunciar a data dos Jogos e proclamar o início da trégua sagrada. Na ocasião oportuna, os candidatos às competições iam se apresentar aos juízes gregos suas credenciais, a fim de que estes julgassem os seus méritos e as possibilidades de sua participação. Os juízes gregos, cujo número oscilava de 8 a 12 eram os magistrados supremos, homens que se impunham por sua grande envergadura moral e que tinham como funções: treinamento dos atletas, organização das provas, julgamento dos vencedores, policiamento o período de realização dos Jogos. Competia aos mesmos verificar se os atletas inscritos não infringiram as seguintes regras: a) Não ser escravo ou bárbaro (ser grego puro); b) Não ser culpado de crime difamante, de morte, sacrilégio ou multado por falta para com o

Estado; c) Não chegar atrasado à disputas; d) Não ser do sexo feminino. VII – ANÁLISE DAS PROVAS PRATICADAS PELOS GREGOS

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1. CORRIDAS A corrida era a mais natural, antiga, e o mais popular dos desportos praticados na Grécia. O estádio ou stadium era a corrida de velocidade de aproximadamente 192 metros. O diaulio era a corrida em que o concorrente corria duas vezes a extensão do estádio. A hípica era uma corrida de 740 metros, que apresentava analogia ao seu percurso com as corridas de cavalos. Délica era uma corrida de fundo, atingindo 4.440 metros. Antes das corridas, os corredores praticavam ginástica preparatória para beneficiar os músculos e lubrificar as articulações. Usavam a corrida para trás, em círculo como treinamento e uma espécie de corrida de joelhos. A técnica dos concorrentes era quase igual dos nossos dias e isso se prende ao fato de ser a corrida um desporto eminentemente natural. Dava-se a saída, tirando-se bruscamente um cordão colocado na frente dos concorrentes e a meta final era assinalada por 2 estátuas de Hércules ou Zeus, à guisa de poste de chegada. A partida e a chegada eram indicadas com precisão por linha de pedras brancas cravadas no nível do solo. Chegam até os nossos dias, ainda que envolvidas nas névoas da lenda, as façanhas de Lacedônia (cuja corrida era tão veloz, que seus pés não deixavam marcas na areia), de Lastheno (que no trajeto de Queronea a Tebas, conseguiu vencer um cavalo), de Polynestor (que conseguiu alcançar uma lebre na corrida). Entre os corredores de fundo, citava-se Philonide, corredor de Alexandre, O Grande, que gastou apenas 9 horas para ir de Ciciono a Helos (230 Km). Havia ainda o Hóplito, que era uma corrida no qual o corredor corria armado. O percurso era dentro da arena e a corrida representava uma exaltação do valor guerreiro do grego. Corrida de carros, prova de aristocracia, foi uma das causas do aparecimento do atleta profissional, que, vencendo a prova, dá o prêmio ao seu senhor. O carro era uma caixa baixa sobre duas rodas, muito leve e frágil, puxado por dois cavalos (bigas) ou 4 cavalos (quadrigas). Mais tarde o número de cavalos aumentou. Corrida de cavalos: eram de duas espécies, realizadas em hipódromos onde o cavaleiro montava sem sela ou com uma simples manta. Se o cavaleiro caísse e o cavalo chegasse em 1º lugar, assim mesmo era considerado vencedor. 2. SALTOS

Os gregos conheciam os saltos em altura, em extensão (com e sem impulso), salto em profundidade e o salto em extensão com auxílio de uma vara. O único salto empregado nos Jogos Olímpicos era salto em extensão. A partir da XVIII olimpíada, os saltos foram praticados com auxílio de halteres. Segundo Demeny, o emprego de halteres tinha por finalidade aumentar a força de impulsão. 3. LANÇAMENTOS Lançamento do dardo No princípio nada mais era do que o lançamento de um lança, utilizada quer como arma de guerra, quer como arma de caça. Era empregada a pé ou a cavalo, como arma de choque ou de arremesso. Inicialmente os arremessos foram feitos em precisão, mais tarde em alcance e, finalmente, em distância e ao alvo. De início, os lançamentos eram feitos com dardo de guerra; desde que houve um acidente, foi ele substituído por de madeira, com a ponta de metal. Tinham de 2,40 m a 3,00 m de comprimento e de peso variado. Lançamento do disco É também uma prova muita antiga. Começou com o lançamento de um pequeno escudo. Nas olimpíadas, o lançamento era feito de uma plataforma inclinada, sendo sua técnica idêntica à dos nossos dias. Seu peso variava de 2 a 2,5 Kg com diâmetro de mais ou menos 20 cm.

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Haviam duas espécies de lançamentos: um em distância e outra em altura. Os lançamentos em alcance eram feito de um pedestal e parado. 4. LUTAS A mais comum era a luta vertical (em pé), vencendo aquele que derrubasse o outro. Havia também a horizontal, em que vencia o que colocasse as espáduas do outro contra o solo por um determinado tempo. Pugilato era a luta com os punhos, muito violenta, pois as luvas eram ligaduras de couro que iam da mão até o alto do antebraço, e possuíam pontas de ferro. Tais luvas eram denominadas cestos. Pancrácio era a luta livre combinada com a o pugilato, mas praticada sem cesto. Nela valia tudo e teve enorme prestígio. As lutas apaixonaram os gregos. Nas Olimpíadas acabam por surgir as lutas para crianças, e, nas palestras, lutas entre as mulheres com o cesto modificado e as regras atenuadas. 5. PENTATLO Era a prova olímpica mais importante, reunindo as seguintes provas: corrida, arremesso do disco, salto em distância, arremesso do dardo e luta. As provas eram eliminatórias de modo que só chegassem para a última prova, a luta, dois atletas que iriam disputar a vitória. VIII – CAUSAS DA DECADÊNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA GRÉCIA A primeira causa da decadência da cultura física na Grécia foi o ciclo de sua civilização, o determinismo histórico. A mentalidade, a cultura, a civilização desse povo, teria que nascer, ascender em progresso, atingir seu apogeu e, fatalmente, degradar-se na sucessão mutável dos fatos históricos. A cultura física não se poderia furtar a esse calendário que determina a marcha dos acontecimentos através dos tempos. O amor ao luxo e a degradação dos costumes dos últimos tempos da Grécia foram o prelúdio de sua agonia, sob a garra do poderoso Império Romano. Quando as Legiões de Roma puseram os pés no solo sagrado das cidades helênicas, restou para o soldado grego, a lembrança dos feitos de seus heróis, a grandeza de seus atletas. A decadência da cultura física da Grécia que se sintetizou no desprestígio dos Jogos Olímpicos teve como causa direta e intrínseca a agonia do idealismo grego, que se extinguiu a proporção que se impunha o profissionalismo no atletismo e nos Jogos Olímpicos. O profissionalismo surgiu, na Grécia, de duas causas distintas e antagônicas: a aristocracia e plebe. Assim é que, nas provas hípicas, que faziam delírio da nobreza da época, era permitido aos inscritos, delegar poderes aos seus assalariados, para disputar as provas, sendo considerados nas mesmas condições que os atletas e, conquistando os troféus das suas vitórias. Isto porque, sendo provas muito numerosas, em virtude do alto custo dos carros e dos cavalos, somente os ricos poderiam dar-se ao luxo de nelas, se inscrever, e como suas condições físicas geralmente não permitissem que eles próprios as disputassem, lançavam mão de atletas profissionais que a peso de ouro e de recompensas, iam arriscar a vida em busca de um título de vitória para seu chefe ou senhor. Por outro lado, o instinto sanguinário da multidão reclama incessantemente, a realização de lutas, pugilatos e pancrácios, que se haviam tornando nos últimos tempos, a sensação máxima para a plebe. Os atletas especializam-se cada vez mais nas lutas, lutando a poder do dinheiro, cercados de vultosas apostas. É o profissionalismo, arrastando o seu cotejo de misérias, deturpando o idealismo puro dos primeiros tempos, corrompendo a dignidade até dos próprios Gregos. Inicia-se o processo de venalização dos juízes. Além disso, a especialização nas lutas acarretava, como consequência, uma hipertrofia muscular, em detrimento do equilíbrio do organismo. O herói olímpico não era mais o tipo equilibrado e perfeito do penta-atleta, que nos legou a escultura de Praxiteles, dando lugar à figura nodosa e gigantesca de Pancrasiasta. Poderíamos acrescentar como causa subsidiária para o aparecimento do profissionalismo, o fato de que, passados os primeiros jogos Olímpicos, o prêmio ao vencedor não se limitava à

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coroa de folhas de oliveira, surgindo recompensas materiais, como a isenção de impostos, as pensões vitalícias dadas pelo Estado, o lucro das apostas, etc. Era supremo o contraste com os tempos que em Esparta, o vencedor olímpico alcançava a glória, combatendo no posto de maior perigo. Desencadeou-se, então, uma enorme campanha contra as atividades físicas pelas classes cultas das cidades gregas, representadas pelos literatos, médicos e filósofos. Hipócrates dizia que o atleta supertreinado era uma coisa absurda, antinatural e que, o que se devia procurar eram as condições ótimas de saúde. Galeno ironizava o acúmulo constante de montes de carne e sangue, enquanto o espírito se achafurdava na lama, e concluía que a alma de um Milone de Cretena não era superior a do touro que ele carregava nas costas. Demonstrava, teoricamente, a fragilidade do atleta treinado, pois que, sendo uma coisa que atingira a seu apogeu, não era susceptível de aperfeiçoamento e, não podendo estacionar, necessariamente teria que decair. E surge um Diógenes “o cínico”, que no recinto sagrado da arena olímpica, teve a ousadia de aparecer com a coroa de louros do vencedor, explicando que tinha o direito de usá-la porque havia vencido suas próprias paixões. Para terminar esse processo que já vinha se deteriorando ano após ano, o Imperador Romano Teodósio suprime os jogos em 394 DC, havendo sido realizados até então 293 olimpíadas.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAU CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE - CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA MÓDULO: BASES HISTÓRICAS E ANTROPOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA PROFESSOR: JOSE MACHADO LINHARES TEMA 4: A Educação Física em Roma Antiga 1. CARACTERÍSTICAS DA CIVILIZAÇÃO ROMANA Os romanos construíram um dos mais poderosos impérios da antiguidade, dominando toda a orla do Mediterrâneo; sua história pode ser dividida em três períodos. I. ORGANIZAÇÃO MONÁRQUICA DO ESTADO Vai da fundação de Roma (753 AC) até o ano 510 AC, com pelo menos, sete reis. II. VIGÊNCIA REPUBLICANA Do no 510 AC ao ano 30 AC, quando o Estado era governado pelos cônsules que se apoiavam no Senado; é quando se iniciam as grandes conquistas. III. CONSTITUIÇÃO DO IMPÉRIO Do ano 30 AC a 476 DC, quando Roma domina todo o mundo conhecido da antigüidade, até verificar-se a sua decadência. Desde a fundação de Roma, delimitaram-se bem duas classes: os patrícios, pertencentes às famílias dos fundadores da cidade que constituíram uma aristocracia cheia de privilégios e a plebe, formada pela massa do povo, cativos e libertos. O apogeu verificou-se durante o Império, por ocasião do século de Augusto, comparável ao século de Péricles na Grécia. Os romanos transformaram uma cidade de ladrilhos em cidade de mármore, foram grandes construtores com palácios fabulosos, havendo introduzido um elemento novo na arquitetura; o arco abobado. 2. ASPECTOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA Após o nascimento, a criança era colocada aos pés do pai que a erguia nos braços quando a reconhecia: se permanecesse indiferente, isto significava o repúdio. Neste último caso a criança ou era colocada sob tutela do Estado ou adotada por alguma família nobre; algumas vezes era recolhida por gente inescrupulosa, que depois a explorava de todas as formas. Até os sete anos a criança permanecia sob os cuidados maternos; a partir desta idade, se a família era abastada, a sua educação se processava em casa com a ajuda de preceptor, geralmente escravo ou liberto e quase sempre grego. Quando a família não dispunha de recursos para isso, a criança frequentava escolas denominadas “Ludus”, mantida por particulares, que, mediante pagamentos módicos, se encarregavam de sua educação. O professor, quase sempre liberto, denominava-se “Ludimagister”. A educação limita-se a ensinar a ler, escrever e contar; os exercícios físicos estavam representados por jogos e pequenas tarefas agrícolas ou militares. Aos doze ou treze anos o menino passa a frequentar uma escola dirigida pelo gramático, que o fazia ler e lhe explicava os poetas latinos e gregos. O castigo corporal era habitual e a FERULA era empunhada com facilidade, daí derivando o célebre refrão; “letra com sangue entra”. Os dezesseis anos o jovem ingressava na escola de retórica, onde aprendia a arte de dizer discurso praticando a eloquência, política e forense. Além desses, alguns jovens realizavam estudos complementares de ciências ou artes. A música e a dança,

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3. A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ROMA ANTIGA Pouco a pouco as atividades físicas ganharam muita aceitação; a ginástica foi combatida porque os romanos achavam imoral e repulsiva a nudez dos ginastas e atletas. A partir dos dezoito anos, os jovens substituíam a toga pretexto pela toga viril, insígnia dos cidadãos romanos; alguns eram enviados ao estrangeiro para aperfeiçoarem a sua educação. Os exercícios físicos eram praticados com a finalidade militar e não com a preocupação estética dos gregos. As mulheres eram educadas para as tarefas do lar, algumas vezes aprendendo danças, música, poesia e canto. 4. A EDUCAÇÃO FÍSICA ENTRE OS ROMANOS Para o estudo da Educação Física entre os romanos, dividimos em dois períodos: Período Ante-Grécia e Período Pos-Grécia. I. PERÍODO ANTE-GRÉCIA Característica: Utilitário militar, com tendências sanguinárias. Local: Campo de Marte. O Campo de Marte, situado fora de Roma, numa grande planície junto ao rio Tigre, por trás do Capitólio e do Quirinal, era uma enorme extensão de três quilômetros de comprimento e um meio quilômetro de largura; era o local onde os jovens adestravam-se diariamente nos exercícios militares à semelhança dos espartanos. No Campo de Marte, assim chamado em homenagem ao Deus da Guerra, efetuavam-se festas e competições físicas, intelectuais e era uma das mais estupendas construções romanas. Todo ele achava-se rodeado de outros edifícios nacionais e monumentos como o PANTECA (Tumba dos Deuses), o MAUSOLÉU (Tumba da Família Imperial), ANFITEATRO DE STATILIUS, BOSQUE SAGRADO, etc. Exercícios praticados: Corridas, saltos, transporte de fardos, arremessos de dardo com caráter militar, lutas, esgrima, exercícios eqüestres, natação (no rio Tigre); hidroterapia – massagem. II. PERÍODO POS-GRÉCIA Nota-se a grande influência grega, através de assimilação de muitos desportos praticados pelos helenos e pela adoção de locais semelhantes para as práticas desportivas. A ESFEROMAQUIA era a mesma esferística dos gregos, jogada com uma bola (Pela) e apresentando 4 modalidades: CHOLI, TRIGON, PAGANI e HARPASTUM (semelhante ao nosso futebol). O QUINQUERTIUM, oriundo do pentatlo, constava das mesmas provas: corrida, salto, arremesso do disco e dardo e luta. A MÚSICA e a DANÇA, aos poucos ganharam mais aceitação; a GINÁSTICA foi muito combatida porque os romanos achavam imoral e repulsiva a nudez dos ginastas e atletas. As mulheres era educadas para as tarefas do lar algumas vezes aprendendo dança, música, poesia e canto. Moldados nos Jogos Olímpicos, os romanos criaram os JOGOS AUGUSTUS (realizados anualmente), os JOGOS ACCIACOS (cada 5 anos para comemorar a vitória de Augusto sobre Marco Antônio e Cleópatra), JOGOS CAPITOLINOS (realizados de 5 em 5 anos), para comemorar a libertação do Capitólio das devastações dos gauleses, mas sem o mesmo êxito, devido em particular à mentalidade romana, contrária a que o Estado dirigisse a educação da criança (como se fazia na Grécia) e a concepção do povo romano, orientada quase que somente para a prática das guerras de conquista e domínio do mundo.

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5. LOCAIS PARA A PRÁTICA DESPORTIVA EM ROMA CIRCO: Com arquibancadas enormes e luxuosas, era uma imitação do hipódromo grego. Nele se realizavam as provas hípicas e as competições atléticas. Ficaram célebres os circos COLISTEU e MAXIMUM. Os circos romanos apresentavam magnífica construção arquitetural, com pavimentos, arcadas, escadarias interiores, colunas, pilastras, muralha exterior e fachada monumental. Constituíam uma pálida imitação dos gregos, de linhas simples e sempre localizados próximos de bosques e rios. Nele se realizavam provas hípicas (corridas de carros e o célebre torneio “troia”). No período de decadência do Império Romano, as lutas de gladiadores, entre si ou com feras, constituíam também partes importantes do espetáculo. Em Roma, os circos foram numerosos, podendo citar-se o Máximo, o de Flamínio, o de Salústio, o de Nero, o de Domiciano, o de Adriano, etc. Em Constantinopla, foi construído um de rara beleza, cheio de monumentos de arte gregra. As corridas de carros faziam as delícias dos espectadores. Os carros denominavam-se bigas, trigas ou quadrigas, conforme fossem puxados por dois, três ou quatro animais. O condutor, chamado “auriga”, no decorrer da corrida, bastante perigosa, muitas vezes perdia a vida. ANFITEATRO O anfiteatro, esplêndida obra arquitetural romana, diferia do circo, já pela sua finalidade, sua forma e disposição interna, mas a ele se nivelava no fausto, na majestade e na capacidade de público. Tinha por peça principal uma arena circular ou elíptica, circundada por maciça arquitetura, onde se desenrolavam os combates de gladiadores, de feras e os sacrifícios. Estes consistiam em lançar às feras os cristãos indefesos, que eram devorados ante os aplausos frenéticos da multidão. O primeiro anfiteatro foi construído por Júlio César, mas o mais célebre, conservado mutilado até hoje, foi de Flavios, mais conhecido pelo nome de Coliseu. Ao lado dele, o Castrense (ou militar) o de Cápua e o de Verona tiveram também os seus dias de fausto. Igualmente em Nimes, Arles, Pola, Poestum, Pompéia, Puteoli e Agrigento, magníficas instalações no gênero foram estabelecidas. ESTÁDIO Nos moldes dos exemplares gregos. O estádio era destinado às competições e lutas atléticas. Os Jogos Capitolinos, muito parecidos com os Olímpicos, tinham lugar nos estádios. Neles, muitas vezes, realizavam-se concursos de ginástica, exercícios equestres, canto, música, poesia e eloquência. No Campo de Marte sempre houve estádios aparelhados. O de Domiciano, nele assentado, estava situado no centro da cidade, na atual Piazza Navona. TERMAS Locais próprios para banhos quentes duchas, massagens, fricções e banhos a vapor. Possuíam piscinas, onde o belo sexo se fazia apresentar. Em Roma faziam-se construir tais locais em centros populosos, visando o lucro monetário das grandes assistências, contrariamente ao que sucedia na Grécia, onde se dava preferência às proximidades dos bosques, onde a saúde e a higiene seriam melhor favorecidas. 6. DESPORTOS PRATICADOS NA ROMA ANTIGA Nesse período praticavam-se os seguintes desportos: Esferomaquia (jogo de bola), corrida de carros, corrida a cavalo (em pelo), quinquertium, luta de gladiadores, atletismo, naumaquia (competições navais) é luta entre embarcações. 7. CAUSAS DA DECADÊNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA EM ROMA

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a) Cristianismo: O Cristianismo, na sua reação contra os excessos do Paganismo, brigava pela

renúncia de tudo que era material e relegou a um segundo plano a integridade corporal, tornando-se, assim, funesto às atividades físicas. Filostrato, autor de um “TRATADO DE GINÁSTICA”, escrito no século I DC mostra-nos que tal estado de coisas trouxe inevitavelmente sérios prejuízos e a deturpação da prática dos exercícios físicos.

Com o decorrer do tempo, os espetáculos bárbaros a opulência, o luxo e as orgias foram, pouco a pouco abastardando o povo; os romanos tornam-se indolentes e deixaram de praticar os exercícios, preferindo os fáceis prazeres de Roma às duras lides dos campos de combate. b) Concepção guerreira da educação física c) Profissionalismo: Que muito contribuiu para a degradação moral do povo, o profissionalismo,

principalmente as práticas sangrentas e amorais, fez o desporto, cada vez mais perder a sua nobreza e as suas essências mais puras. A plebe romana embota em sua sensibilidade, somente almeja “panem e circenses” (pão e circo).

d) Invasões dos bárbaros: Numerosas tribos bárbaras, realizaram incursões e arrasaram o antigo e poderoso Império Romano. Os Germanos, esmagando a civilização romana, acaba liquidando o pouco que ainda existia de atividade física, muito deturpada em seus benefícios e finalidade.

e) No ano 394 d C, O Imperador Teodósio aboliu os Jogos Olímpicos e a prática de toda forma de atividade física.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAU CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE - CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA MÓDULO: BASES HISTÓRICAS E ANTROPOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA PROFESSOR: JOSE MACHADO LINHARES TEMA 5: A Educação Física na Idade Media 1. INTRODUÇÃO Quando o Imperador Teodósio, no século IV de nossa era, aboliu os Jogos Olímpicos que levavam mais de 1200 anos de existência, a civilização helena e a romana que a sucedeu, estavam já feridas de morte. Por dentro, o cristianismo havia suplantado as antigas crenças nas divindades olímpicas; por fora, o Império Romano estava ameaçado pelas invasões dos bárbaros. Sob o comando de Genseríco, hordas de bárbaros invadem e saqueiam Roma, havendo um retrocesso cultural, depois lentamente assimilado pelos povos bárbaros. 2. PODERES DA IDADE MÉDIA A Idade Média se caracteriza pela disputa entre 3 poderes para a direção do mundo europeu: 1) a força dos bárbaros representava o poder militar; 2) as organizações municipais e provinciais (estabelecidas pelo Direito Romano), os costumes, a família, traduziam o poder civil; 3) a substituição do paganismo pelo cristianismo e a sua disseminação e estruturação alicerçavam o crescente poder religioso. O cristianismo era o refúgio dos pobres e dos escravos que nele encontravam a igualdade e fraternidade; a isso, sobretudo, se deve a sua rápida propagação. O horror aos circos e aos jogos que neles se celebravam e uma religião que pregava o descanso pelas coisas do corpo para a salvação da alma, o desprezo por tudo isto concorreu para que a Educação Física se tornasse inexpressiva durante a Idade Média. As cruzadas que a Igreja posteriormente organizou durante os séculos XI, XII e XIII, exigiram preparação militar, cuja base teria que ser os exercícios corporais. E assim, as justas e torneios se encarregavam do adestramento dos cavaleiros; a esgrima, o manejo do arco e flecha, as marchas e corridas a pé, foram as práticas mais desenvolvidas. O desenvolvimento do cristianismo, como não poderia deixar de suceder, trouxe uma grande apatia pelos espetáculos públicos; foi a época das grandes cruzadas, das guerras santas e, por circunstâncias decorrentes dos próprios interesses dominantes, a cavalaria substituiu as antigas festas populares. 3. A CAVALARIA - IDEAL NOVO, VIDA NOVA Surge então a cavalaria, que não é uma instituição e sim o ideal mesmo da Idade Média. O cavaleiro é sempre nobre, mas é mais que um nobre; representa uma nobreza dentro da nobreza. O título de cavaleiro não de herda, se adquire. Como? Com o próprio esforço colocando-se à serviço das causas justas, a defesa dos ideais da igreja, ao serviço da pátria, ao apoio dos desvalidos, ao império da justiça, em suma formam o ideal da cavalaria. Quando se arma um novo cavaleiro, se o diz: “seja esforçado”; e ser esforçado significa ser digno de levar as armas e converter-se no braço armado da justiça. Simultaneamente a sociedade se transforma, já não é só o espírito; também os costumes e os gestos se modificam. Todavia, ainda não havia se inventado a imprensa, mas os manuscritos correm de mão em mão e os JOGRAIS vão de castelo em castelo, contando a preza dos cavaleiros. O cavaleiro participará nas caças feudais e nas justas e torneios. Ele domina duas espécies de equitação; as deslumbrantes cargas que se pratica nas guerras e a do adestramento que aprendeu com as árabes. Os cavaleiros têm a palavra fácil, bonita e flutuante, sem a qual é impossível abrir-se caminho até o coração das damas. É preciso saber narrar e ter a resposta pronta e engenhosa.

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Não seria possível também, ao cavaleiro, correr mundo sem levar impresso em seu coração o nome da dama a quem dedica todas as suas proezas. 4. USOS E COSTUMES DA ÉPOCA Renasceu com a paz, as comodidades e o luxo que se importa das cortes bizantinas ou dos reinos andaluzes, junto com alguns instrumentos musicais, até então desconhecidos. Os trajes dos cavaleiros e das damas alcançam a suntuosidade e colorido até então jamais visto no Ocidente. Do Oriente chegam também os perfumes e, quando os cavaleiros voltam das cruzadas, aumenta ainda mais o luxo. As mulheres e os homens levam o cabelo cuidadosamente encrespado; as mulheres aprendem o uso do cabelo postiço e diversos procedimentos para impedir a queda do cabelo. Já não se come em prato só, com os dedos e contando com um copo para três pessoas. As casas se adornam com pinturas e se aprende a apreciar o valor dos tapetes, os cristais talhados, os móveis esculpidos e as pedras preciosas. 5. JOGOS E OS DESPORTOS MEDIEVAIS Na educação adquire maior predomínio a destreza da equitação e no manejo das armas. Nos pátios castelhanos e nos campos vizinhos, os jovens se adestram na esgrima da lança, da adaga, da espada e da maça. Praticam corridas e a doma de potros bravios. Os meninos maiores e os jovens se divertem ao ar livre com uma enormidade de jogos, cerca de 220, segundo a recompilação de que deles fez um grande escritor do século XV. Aprendem também a dançar e a cantar. Nos dias chuvosos e de intenso inverno, se joga junto ao fogo o xadrez e a dama. Mas os grandes desportos da Idade Média, como a caça de feras e a caça por intermédio do falcão, serão: o torneio e a justa. Foram praticados intensamente na França, Alemanha, Inglaterra, Itália e na Espanha, alternando com a cavalaria de torear, dos entreversos e outros, durante vários séculos. Em todos eles, não só se porão a prova da força, a habilidade e a resistência, bem como a arte e fidalguia. Porque todos esses desportos tendem a um só fim: “Enobrecer ao homem e fazê-lo forte e apto”. O verdadeiro espírito desportivo tem sido sempre o mesmo debaixo de todas as suas formas e todas as épocas. 6. OS TORNEIOS a – SUAS ORIGENS O torneio, é por excelência o desporto da Idade Média que se praticou com maior entusiasmo e o que atraiu maior número de espectadores. Suas origens são obscuras. Os alemães dizem tê-lo inventado; o mesmo dizem os franceses. Sem dúvida, não se tem notícias de que se houvessem torneios na Alemanha antes de princípios do século XII. Hoje se aceita a crença de que cada nação organizou seus torneios, quiçá, sem copiá-los; mas, depois se codificaram suas regras, de sorte que chegaram a ser poucas as variantes segundo os países. Seu codificador, foi o francês Geoffroy de Preuilly, cujas regras foram universalmente adotadas a partir do século XIII e passou por muito tempo como inventor dos referidos torneios. b – O TORNEIO, IMAGEM DA GUERRA A esta festa, que apesar de todos os paliativos não cessava de ser sangrenta em maior ou menor grau, assinalavam-se duas fases: uma delas, a de maior duração, de brutalidade quase sem freio e a outra mais moderada. Até chegar a segunda, houve muita mortalidade. O torneio primitivo era uma escala reduzida das guerras medievais de verdade. Havia no torneio, dois grupos, mais ou menos numerosos, que se chocavam um contra a o outro, de sol a sol, ao

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terminar a luta havia mortos e feridos e prisioneiros; um grupo vitorioso e outro vencido. Não existia o propósito deliberado de matar-se ou de ferir-se e, depois da batalha os contendores de ambos os grupos se reuniam em um banquete, ao qual se seguia um baile. O campo de batalha praticamente ilimitado era escolhido cercado de obstáculos, matagais e barrancos. Nele era assinalado um lugar de refúgio, no qual os combatentes não podiam ser atacados; esta era, talvez a única regra que era respeitada, todas as armas eram válidas, a lança, a espada e a maça, e todas as maneiras de combate se consideravam lícitas. Os lutadores levavam cota de malha, elmo ou capacete de ferro e escudo. c – REALIZAÇÃO DOS TORNEIOS No dia e hora combinados, compareciam ao lugar da luta, dois grupos de cavaleiros, cada um dos quais tinham seus chefes e bandeiras e levavam os correspondentes palafraneiros (cuidadores de cavalos), para a custódia das armas e cavalgaduras de reserva. Havia também os Marechais de Campo que davam o sinal de início e assinalavam o fim da luta, à caída da tarde, caso a falta de combatentes não o houvesse antecipado. O primeiro choque era terrível, pois os dois bandos ao sinal de início do torneio, se precipitavam um contra o outro, arremetendo-se com toda a força que dava as terríveis e emocionantes cargas. Procuravam os ginetes derrubar de suas cavalgaduras o maior número possível de adversários. Em continuação, prosseguia a luta com a espada ou maça. Os derrubados que não conseguiam montar continuavam a luta de pé. Além da nobreza, muitas vezes tomavam parte nos torneios profissionais denominados Trapaceiros, mantidos pelos senhores feudais e que lançavam mão de todos os meios ilícitos para alcançar a vitória. Ao por do sol, o Marechal de Campo dava por finda a batalha e se fazia o balanço dos mortos e feridos, aos quais se atendiam. Havia também vencedores e vencidos. Os primeiros tinham direito de ficar com os cavalos dos vencidos e exigir-lhes um resgate em dinheiro. O capitão da equipe vencedora recebia das mãos da dama do castelo próximo, o broche ou joia que simbolizava a vitória e para cuja entrega solene efetuava a festa mundana, composta de banquete e baile. Nesta festa, enquanto os cavaleiros repassavam as vitórias e derrotas, tratavam de dissimular o melhor que podiam o muito que doíam os ossos. Tal foram os torneios de primeira época. O Torneio Moderno, isto é, na segunda época (após o século XIV; aproximadamente), continuou ainda a produzir vítimas, parecendo-se mais um jogo. Já se luta com armas sem ponta e sem gume, assinalavam-se uma série de golpes proibidos, e o cavaleiro que cai ao solo não pode ser atacado ou se levanta a viseira do elmo, também não pode ser atacado. Dá-se maior proteção aos disputantes, substituindo-se a “cota de malha” por uma armadura. Do campo livre os torneios primitivos se transladaram aos pátios ou praças de armas dos castelos senhoriais, donde se realizava a liça com tribunas para os numerosos assistentes. A liça se compunha de um cercado, mais comprido que largo, cujos limites eram marcados por duas barreiras paralelas, separadas entre si por uma distância de 4 passos; elas serviam para que no seu interior se refugiassem gente a pé que em caso de necessidades socorriam os combatentes desmontados. No limiar do Renascimento, apareceu o Carrossel, que consistia em combates simulados de cavaleiros que, em grupo de lança em punho, arremetiam contra manequins de madeira, colocados a quiçá de alvo, na arena, onde se realizava o jogo. 8. AS JUSTAS Dois cavaleiros que se arremetem, lança em resiste com o propósito de derrubar-se do cavalo, eis aqui a justa. Se o torneio é jogar-se à guerra, a justa é jogar-se ao duelo. Nos primeiros tempos, os cavaleiros na justa, ao precipitar-se um contra o outro, com todo o vigor de suas montadas, o que procuravam era desmontar o adversário, alcançando-o em cheio com lança; não raro, a arremetida era tão violenta que a lança transpassava a cabeça ou o peito

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dos justadores. A lança era pesada e tinha em seu extremo ofensivo o ferro. Posteriormente, já não se tratava de derrubar o adversário e sim, o de quebrar a lança sobre sua armadura ou escudo. Ganhava, pois, aquele cuja lança voava feita em pedaços, o qual indicava quem havia feito melhor pontaria. Cada parelha de justadores tinha o direito a correr 3 lança, e para saber qual deles havia ganho, bastava contar o número de lanças que cada um havia partido. As modificações sucessivas que as levaram ao seu aperfeiçoamento se referem ao elmo, a lança, a armadura e a disposição da liça. Para evitar que os cavalos se chocassem, e introduzida na liça, a barreira. 9. O PASSO D’ARMA Participavam também dois grupos. Mas, em vez de lutar em campo aberto, faziam distribuídos em dois minúsculos exércitos, um dos quais era defensor e outro era atacante. O que se defendia era um castelo, uma montanha, a passagem de um rio, uma ponte, etc. 10. DECADÊNCIA DA CAVALARIA Sucessivamente, em épocas posteriores, os ideais de Cavalaria se transformaram, até desvirtuaram-se e perecer. A cavalaria degenerou em uma espécie de bandoleiros, em estúpida fanfarrice ou em jactância ridícula. Nessa forma decadente a ridicularizou Cervantes no seu livro “DON QUIXOTE”. Aos torneios, a força de se cometer neles abusos como do profissionalismo, converteram-se em uma ostentação de luxo que arruinava os nobres. A Idade Média, embora repleta de ascetismo, não foi um período de completa ignorância, uma noite de trevas na cultura do antigo mundo europeu. Diga-se a bem da verdade que, até certo ponto, existe um exagero sobre isso. De fato, os povos, acorrentados ao regime feudal, sofreram o impacto do cristianismo, porém, nos mosteiros e universidades, frades e estudantes, ávidos de saber, continuaram enriquecendo o patrimônio dos conhecimentos humanos. A cultura não desapareceu, tanto que, nessa época, floresceu a arte gótica e viveram personalidades geniais como Santo Tomás de Aquino, Rogério Bacon e Dante Alighiere. O Renascimento recebeu da Idade Média numerosas contribuições. É uma reação que se processa em todos os setores de atividades contra a opressão e as limitações impostas ao espírito. Os humanistas se extasiam a redescobrem as civilizações gregas e romanas. A filosofia, a literatura, as artes, as ciências, recebem um magnífico influxo e encontram campo próprio à sua florescência, com o Renascimento tivemos PETRARCA, na poesia, BOCACCIO na prosa italiana ERASMO na literatura, MIGUEL ÂNGELO na pintura, escultura, arquitetura e engenharia, RAFAEL na pintura, LEONARDO DA VINCI na pintura, arquitetura e engenharia, GALILEU e HARVEY nas ciências e dezenas de outros são nomes que simbolizam uma época bastante expressiva do domínio cultural. Os sistemas educacionais no Renascimento assimilam a nomenclatura das instituições gregas e surge o ginásio na Alemanha, o Liceu na França e a Academia na Inglaterra. FONTES: RAMOS, Jordão Ramos. Os exercícios físicos na historia e na arte. IBRASA – São Paulo 1982 OLIVEIRA, Vitor Marinho de. O que é educação física. São Paulo: Nova Cultural, 1986. TOSETI, Solange – A educação física. Erechim: Edelbra, RS GONÇALVES, Maria Cristina et all. Aprendendo educação física. Curitiba: Bolsa Nacional do Livro, Curitiba Paraná, 1998. BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. Divisão de educação física. Curso de Educação Física por Correspondência. 1967 Disponível em: www.esefex.ensino.eb.br/.../MANUAL_DE_HIST_RIA_DA_ED_F_... Acessado em: 01/02/14