APOSTILA DE HISTÓRIA DO AMAZONAS

download APOSTILA DE HISTÓRIA DO AMAZONAS

of 50

Transcript of APOSTILA DE HISTÓRIA DO AMAZONAS

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    1/50

    1

    HISTRIA DO AMAZONAS

    ORIGEM DO HOMEM AMERICANO

    O homem americano, para uma grande maioriade autores, no autctone. Possivelmente surgiu a

    partir de migraes advindas da sia, havendo essespovos migrantes atravessado pelo estreito de Bering, nonordeste da Amrica do Norte. De acordo com essasteorias, so trs as correntes de povoamento que vierampara a Amrica:

    Rota Terrestre

    Asitica:

    considerada por vrios estudiosos como sendoa mais importante, mas no provavelmente a nica. Os

    mongis teriam sado do nordeste da sia, pela Sibria(Russia), atravessando o Estreito de Bering e entrado naAmrica pelo Alasca (Estados Unidos). Essa travessia sfoi possvel porque o nvel do mar baixou e criou umaponte terrestre permitindo a passagem humana de umcontinente para o outro.

    Rotas Transocenicas

    Australiana:

    A migrao provavelmente saiu da Austrlia, em

    pequenas embarcaes, navegou pelo Oceano Pacfico eentrou na Amrica pela Terra do Fogo, na Argentina.

    Malaio-Polinsia:

    A corrente migratria provavelmente navegoupelo Oceano Pacfico America Central, tambmprovavelmente em pequenas embarcaes.

    Arqueloga Nide Guidon vem realizandopesquisas no municpio de So Raimundo Nonato, noPiau. L foram encontrados vestgios da presenahumana que datam de pelo menos 32.000 anos. Asdescobertas mais recentes podem chegar a 56.000 anos.Os vestgios descobertos na Gruta do Boqueiro daPedra Furada, aps numerosas escavaes so: fogespr-histricos, isto conjunto de pedras (seixos)colocadas em forma de crculos ou tringulo, no meiodos quais se fazia fogo. Nas proximidades destes fogestambm foram achados ossos de animais e instrumentosde pedras lascadas.

    Em torno da descoberta de Nide Guidonexistem grandes discusses. Outros arquelogosquestionam essa datao para a presena humana naAmrica. A tambm arqueloga Betty Meggers, diz queno se pode datar o carvo dos restos de uma fogueira eatribuir sua idade a de uma comunidade pr-histricapois esses vestgios talvez tenham sido resultado de umincndio espontneo. Para Betty Meggers, ainda notemos provas, o suficiente, para afirmar a presenahumana na Amrica, antes de 20 mil anos. No que serefere s dataes para o povoamento da Amaznia, osestudos arqueolgicos nos remetem a proximidade 11mil anos atrs. No entanto, devemos perceber queindependentemente do perodo que vieram ou por ondequando os europeus chegaram nessa regio j haviapessoas vivendo aqui.

    FASES DA PR-HISTRIA DA AMAZNIA

    Fase Paleoindgena

    As culturas paleoindgenas da Amrica do Norteparecem ter comeado entre 11.200 e 10.900 anos eterminado por volta 8.500 anos atrs. Em geral, aspopulaes paleoindgenas eram dispersas e pouconumerosas; viviam organizadas socialmente em bandosfrouxos e nmades; eram caadoras especializadas nacaptura de animais de grande porte, pertencia chamadamegafauna (mastodonte, bisontes, cervdeos ecameldeos, antigos cavalos, elefantes, preguias e tatus

    gigantes, antas, tigre-dente-de-sabre etc.), estavamaltamente adaptados aos ambientes terrestre abertos, declima temperado das Amricas.

    Os bandos paleoindgenas da Amrica do Sulapesar da sua contemporaneidade com os da Amrica doNorte, apresentavam caractersticas diferenciadas nopadro de subsistncia. Enquanto que as populaespaleoindgenas norte-americanas davam nfase caa demegafauna, as sul-americanas davam maior importncia coleta de moluscos de plantas e caa de animais entreos paleondigenas da Amrica do Sul constitua-se em

    uma rara freqncia. Fase Arcaica

    A cronologia da Fase Arcaica da Amazniagrosso modo, seria de 7.500 a 1.000 a.C.. De acordo como arquelogo Pedro Igncio Schmitz, a cultura dessa faseseria mais diversificada que a da Fase Paleoindgena. Ohomem do perodo Arcaico j buscava novos recursosalimentares nas savanas, nas estepes, no litoral e noslagos. A caa j no seria especializada em megafaunamas em geral e diversificada; a coleta animal e vegetal

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    2/50

    2

    aumentaria, e a experimentao e o conhecimentoacumulado levariam a domesticao das plantas e deanimais.

    Foram descobertos e identificados diversossambaquis no delta e regio do baixo Amazonas, costada Guiana e foz do Orenoco, pelos quais foi possvelinferir-se uma transio da subsistncia baseada na caae coleta para uma agricultura incipiente, e do estgiopr-cermico. O sambaqui de Taperinha (regio deSamtarm-Par), por exemplo, um sitio arqueolgicoda Fase Arcaica. Nele, foram encontrados instrumentosde pedra lascada: machados, pedras de quebrar nozes,moedores, alisadores e utenslios de osso e chifre.

    O sambaqui de Taperinha tambm contm umcomponente cermico de cor avermelhada, cujas formasse resumem a cuias abertas, de bases arredondadas e

    bordas cnicas, arredondadas ou quadradas, algumaspeas desse conjunto, cermicas apresentavam incisescurvilneas nas bordas.

    Fase da Pr-Histria Tardia

    A Fase Pr-Histria Tardia (1.000 a.C. a 1.000d.C.) pode ser caracterizada pelo surgimento, ao longodos principais braos e deltas dos rios, de sociedadesindgenas com grau de complexidade bastantesignificativo na sua economia, na demografia e nas suasorganizaes polticas e sociais. Tinham domnios

    culturais to grandes ou at mesmo maiores que os demuitos Estados pr-industriais do Velho Mundo, taiscomo a civilizaes minica e micnica e os Estadosafricanos como Ahanti Benim, ou as do vale do Indo,ndia. Essas sociedades indgenas so denominadas pelosantroplogos de cacicados complexos.

    Os dados arqueolgicos e os histricos revelama presena dessas sociedades indgenas complexas aolongo das vrzeas dos rios Amazonas e Orenoco e noscontrafortes orientais dos Andes e na regio costeira doCaribe. Estavam localizadas em assentamentos

    contnuos e permanentes, cujos territrios de domniomediam cerca de dezenas de milhares de quilmetrosquadrados e comportavam milhares de indivduos, sendopossvel que tenham existido outros ainda maispopulosos.

    TRATADO DE TORDESILHAS (1494)

    Pelo tratado de Tordesilhas (1494), a maior parte doterritrio que representa hoje a Amaznia pertencia Espanha. Apenas uma pequena parte, mais a Lestepertencia a Portugal. Desde a expedio de VicenteYaes Pinzn, que descobriu a foz do rio Amazonas, atpor volta de 1570, cerca de duas dezenas de expediescom patrocnio tentaram penetrar na Amaznia. Dessas

    apenas duas percorreram, totalmente, a calha doSolimes-Amazonas: a expedies de Francisco deOrellana, em 1542, e a Pedro de Ursa / Lopo deAguirre, em 1560-1561.

    O encontro entre o novo e o velho mundo

    O genovs Cristvo Colombo chegou aAmrica, em 1492, a servio da Coroa espanhola. UmNovo Mundo era descoberto pelos espanhisenquanto os portugueses conquistavam o Oriente. MasPortugal, para garantir uma parte desse Novo Mundorecorreu ao Tratado de Toledo, acordo firmado com aEspanha em 1488. Como resultado, os dois pasesibricos firmaram o Tratado de Tordesilhas, em 1492, noqual eles dividiam a Amrica. Em 1498, o portugusDuarte Pacheco Pereira navega o litoral brasileiro rumoao norte e chega a navegar o rio Amazonas, ainda nessemesmo ano.

    Em janeiro de 1500, Vicente Iaes Pinzonvisitou o esturio do Amazonas, entrando em contatocom as drogas do serto. Pinzon batizou o rio de SantaMaria De La Mar Dulce.

    As expedies Amaznia

    O capitalismo vivido na naquela poca, no dizerde Eduardo Hoornaert, era um mito grandioso dedescobertas, pois essa era a prtica do mercantilismo. Efoi assim que as notcias sobre o enriquecimento fcil noNovo Mundo chegavam Europa. Vrias expediessaram do Velho para o Novo Mundo na iminnciade encontrar riqueza fcil na Amrica. Dessasexpedies, muitas se voltaram para a conquista da

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    3/50

    3

    Amaznia, em busca do El Dorado e do Pas da Canela.Pedro de Candia e Pedro de Anzurey deCamporrendondo tentaram explorar, em 1533,respectivamente, o Madre de Dios e o Beni. Em abril de1539, Allonso de Alvarado fundou o que hoje oChachapoyos, no vale do Maraon.

    a) A Expedio de Gonzalo Pizarro e Franciscode Orellana (15411542).

    A primeira expedio que navegou todo o rio Amazonas

    foi organizada por Gonzalo Pizarro, governador de Quitoe irmo de Francisco Pizarro. Intentava conquistar o ElDorado e o Pas da Canela. Essa expedio foi compostapor ndios dos Andes, espanhis de origens sociaisdiversas: nobres, militares e degredados.

    A expedio partiu de Quito e, aps uma rdualuta contra o meio ambiente e com o tempo, devido achuvas constantes, chegou ao povoado de Zimaco, nasproximidades do rio Coca, onde encontraram o Pas daCanela. A regio era farta de canela, mas as rvoreseram dispersas, no compensando a atividade de

    explorao para o mercado. Passado um perodo de trsmeses, faltaram alimentos e, em funo da insalubridadeda regio, muitos morreram. Comeram ces, cavalos,ervas desconhecidas e algumas venenosas.

    O comandante Gonzalo Pizarro era implacvel,quando chegava s aldeias e perguntava sobre o ElDorado e os ndios no lhe sabiam responder, nopoupava uma s vida. Mandava queimar os aborginesvivos ou os jogavam aos ces, que dilaceravam-lhes ascarnes. Pizarro mandou construir um bergantim ecolocou Francisco de Orellana como comandante e frei

    Gaspar de Carvajal como relator. A partir dessemomento, a viagem ganhou nova dimenso: foramdescobertos os caudais que engrossam o rio Amazonasbatizado de o rio de Orellana, tanto pela direita quantopela esquerda.

    Orellana batizou o rio Negro, aps entrar emcontato com esse rio, em 3 de junho, e o rio Madeira, em10 de junho. Em 22 de junho de 1541, quase na foz doNhamund, aproximou-se da margem do rio paraabastecer a expedio e foi violentamente atacado pelaslendrias Amazonas. Segundo o relator Gaspar deCarvajal, as mulheres eram brancas e altas, comabundantes cabeleiras e de membros desenvolvidos;

    vestiam-se com pequenas tangas. Na realidade, aexpedio foi atacada pelos ndios tapajs. Aps essaluta, a expedio chegou ao Atlntico; Orellana partiu

    para a Espanha.b)A Expedio de Pedro de rsua e Lopo de Aguirre(1560-1561).

    A presena de desocupados, saqueadoresassassinos e outras escrias era muito grande naAmrica. Eles eram enviados da Espanha. Para resolveresse problema social e poltico, o governador e vice-reAndrs Hurtado de Mendonza decidiu utilizar-se dessagente na jornada de conquista do El Dorado e dosomguas.

    O governador passou a responsabilidade da

    empreitada a Pedro de rsua, que partiu de Lima, noPeru, rumo ao Atlntico. Pedro de rsua trouxe em suacompanhia a mestia Ignez Atienza para lhe dar auxlioViva, D.Ignez despertava paixes entre os tripulantes.

    Os descontentes acusavam-na de absoluta ascendnciasobre o chefe. Esse foi o estopim do conflito no interiorda expedio, resultando na morte do comandante Pedrode rsua. Em outubro 1560, a expedio alcanou oMaraon; em seguida, entrou em contato com asprovncias de Machifaro e Iurimgua, no Solimes.

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    4/50

    4

    Os soldados conjurados foram chefiados porLopo de Aguirre, segundo os relatos de FranciscoVasquez, do capito Altamirano e de Pedraria deAlmesto, que participaram da expedio. A expedioatingiu o Atlntico, em julho de 1561.

    c) A Unio Ibrica

    Em 1578, o rei de Portugal, D. Sebastio,morreu na batalha de Alccer-Quibir, travada contra osrabes, no norte da frica. A morte do monarcaportugus gerou um problema dinstico no pas, pois orei no possua nenhum descendente para substitu-lo.Inicialmente, o trono foi ocupado pelo seu tio-av, ocardeal D. Henrique. Mas, com a morte deste, em 1580,o problema continuou. Filipe II apresentou-se comocandidato legtimo ao trono portugus, pois era neto doantigo rei portugus D. Manuel I, o Venturoso. A atitude

    de Filipe II provocou forte resistncia dos nacionalistasportugueses, que no queriam a anexao de seu pas Espanha. As tropas espanholas invadiram Portugal,obtendo uma srie de vitrias, e impuseram como reiFilipe II, cujo governo foi legalizado em 1581 nas Cortesde Tomar.

    O Juramento de Tomar

    Filipe II da Espanha, ou Filipe I de Portugal,assumiu vrios compromissos pelo Juramento de Tomarcom relao ao reino luso, entre eles:

    Autonomia do pas;

    Funcionrios portugueses nas Cortes;

    Comrcio das colnias sob o monoplio

    Portugus;

    Lngua e moeda portuguesas como oficiais.

    d) Os Portugueses na Amaznia

    A presena dos portugueses na Amaznia estvinculada ao processo de expanso do movimentobandeirante, que propiciou a expanso dos domnioslusos na Amrica durante a Unio Ibrica. Osportugueses chegaram pelo nordeste, partiram dePernambuco e, no Maranho, chocaram-se com osfranceses, j haviam fundado a cidade de So Lus, em1612. Na Amaznia, os holandeses, os ingleses e osalemes j haviam fundado feitorias. O bandeiranteFrancisco Caldeira Castelo Branco, em 1616, aps a

    expulso dos franceses fundou o Forte do Prespio deBelm, iniciando o processo de ocupao da Amaznia.

    Os missionrios foram responsveis pelacatequizao dos indgenas. Para essa tarefa, recebiam acngrua. Os irmos leigos Domingos de Brieba e Andrde Toledo, dedicados tarefa de docilizar osgentios, partiram rumo ao territrio amaznico, em 17de outubro de 1636, e chegaram a Belm em 5 defevereiro de 1637.

    e) A Administrao Colonial

    A anexao da Amaznia ao Estado portugus ocorreunum perodo em que se desenvolvia a colonizao doBrasil. A distncia entre a Amaznia e o Brasil criavadificuldades administrativas. Da que a organizaoadministrativa da regio foi concebida da seguinte

    forma:

    1. Estado do Maranho Criado em 1621 porFilipe II, com capital em So Lus e ligado a Lisboa. Aregio administrada por essa unidade administrativa seestendia do Cear ao atual Estado do Amazonas. Essaorganizao administrativa foi extinta em 1652.

    2. Estado do Maranho e Gro-ParConstituaa administrao da mesma unidade territorial anteriorEm 1737, a sede dessa nova administrao passou a serBelm.

    3. Estado do Gro-Par e Maranho (1751-1772 Constitua uma organizao administrativa cuja sedepassou definitivamente para Belm. Em 1772, foidesmembrada em duas unidades: Maranho e PiauGro-Par e Rio Negro. Em 1823, a Amaznia foanexada ao Brasil, como regio norte, pelas tropas doalmirante ingls John Pascoe Greenfel, que estava aservio de D. Pedro I.

    e) A Expedio de Pedro Teixeira

    A expedio de Pedro Teixeira foi organizadapor Jcome de Noronha (1637-1638), aps a expedio

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    5/50

    5

    de Brieba e Toledo que lhe deram as informaesnecessrias. Em 27 de outubro de 1637, a expediopartiu de Camet e subiu o rio Amazonas. Os relatosforam feitos pelos padres Cristbal de Acua e Alonsode Rojas.

    O relato de Alonso de Rojas, intituladoDescobrimento do Rio Amazonas, junto com o relatodo padre Cristbal de Acua, Descobrimento DelGrand Rio de la Amazonas, surpreendem pela precisodos dados tcnicos sobre a largura, a profundidade e ocomprimento do rio; as sugestes de aproveitamento dasterras que o margeiam, assim como a construo defortalezas em pontos estratgicos. As crnicas enfatizama densidade populacional s margens do grande rio e dostributrios, informa sobre a diversidade lingstica, ashabitaes asseadas, a alimentao farta, os feiticeirostemidos e a inexistncia de templos, ritos e cerimniasreligiosas.

    A expedio de Pedro Teixeira abriu ascomunicaes com Quito, provando-as exeqveis;tornou o trecho entre os Andes e o Atlntico conhecido,possibilitando, dessa forma, o domnio portugus. Doponto de vista geopoltico, a expedio contribuiu para areforma territorial, at ento determinada pelo Tratadode Tordesilhas.

    FUNDAO DE MANAUS

    IForte de So Jos do rio Negro

    A fortaleza de So Jos do rio Negro foiconstruda pelo colonizador portugus para assegurar ocontrole da confluncia do rio Negro com o rio Amazonase controlar o porto de entrada da Amaznia ocidental,que pertencia Espanha pelo Tratado de Tordesilhas. Nose parecia muito com uma fortaleza, mas sim compequeno fortim com formato quadrangular e murosbaixos, com quatro canhes de pequeno calibre, cujas

    runas sumiram da paisagem da cidade h mais de 100anos. Esse fortim era a marca da colonizao e smbolo donascimento da cidade. Na fachada do belo edifcio em quefuncionou durante muitos anos a Secretaria de Fazenda,na antiga rua do Tesouro, hoje Monteiro de Souza, huma placa com a seguinte inscrio: Neste local, em1669, foi construda a Fortaleza de So Jos do RioNegro, sob a inspirao do Cabo de tropas Pedro da CostaFavela. Os construtores foram o capito Francisco daMota Falco e seu filho Manuel da Mota Siqueira. Oprdio, atualmente, pertence administrao do Porto, e oacesso a rea restrito.

    I.1. Lugar da Barra

    Em 1669, os portugueses fundaram o forte deSo Jos do Rio Negro, e em 1695, os carmelitasergueram a primeira capela em homenagem a NossaSenhora de conceio. Surgiu, assim, o primeiropovoado de Manaus, a princpio um aldeamento dendios descidos do Japur, os bares; do Japur/I, ospasses; do rio Negro, os banibas e os temidos Manaus.

    O colonizador foi estendendo seus domniossobre o miracangera dos antepassados dos manauenseso grande cemitrio indgena que cobria o grande largo daTrincheira. No lugar, abriram as ruas Deus Padre, DeusFilho e Deus Esprito Santo. Eram ruas estreitastortuosas e lamacentas, onde estava matriz, a casa dovigrio, do comandante e de outras praas. As casaseram humildes, feitas de taipa, cho batido, cobertas e

    cercadas de palha. A mo-de-obra indgena garantia aproduo de anil, algodo, arroz, caf, castanha, salsa etabaco.

    Em 1757, ocorreu uma rebelio dos ndios do rioNegro que destruiu as aldeias dos caboquenas, bararos elama longas, e apavorou os moradores da Barra.

    Em 1743, o cientista francs Charles-Marie de LaCondamine viajou pelo rio Maraon e todo o rioAmazonas de Jan, Peru, a Belm e registrou oscontrastes existentes entre a prosperidade das misses

    portuguesas, que ele visitou ao longo de sua viagem, e ade Belm.

    I.2. Regulamentao das fronteiras com a Espanha

    Francisco Xavier de Mendona Furtado assumiua responsabilidade de definir as reas de fronteiras naAmaznia entre Portugal e Espanha, estabelecida peloTratado de Madri. O governador chefiou as equipestcnicas demarcadoras e criou as condies para a infraestrutura. Para acomodar a equipe tcnica demarcadoramandou construir casas e estabelecimentos militares em

    Mariu (fundada em 1728 pelo frei carmelita Matias deSo Boa Aventura). Mariu passou a ser a sede daCapitania de So Jos do Rio Negro, fundada porMendona Furtado, at 1791, perodo em que Manuel daGama Lobo DAlmada transferiu-a para o Lugar da BarraNa Barra, DAlmada dinamizou a economia, construiu oPalcio do Governador, o hospital de So Vicente, umquartel, a cadeia pblica, o depsito de plvora, etcReergueu a pequena matriz e instalou pequenas indstriasAinda estava presente a coleta de drogas do serto: o breua piaaba, o cravo, a salsaparrilha, o cacau selvagem. Nogoverno de Lobo DAlmada, ocorreram algumas

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    6/50

    6

    rebelies, tais como as dos muras e mundurucus. Oretorno da sede a Mariu ocorreu em1799, a partir daCarta Rgia de 22 de agosto de 1798, assinada pela Coroaportuguesa sob a influncia de Francisco de SouzaCoutinho que, na poca, era governador do Par.

    A reinstalao do governo no Lugar da Barraocorreu em 29 de maro de 1808. Nesse perodo, ogovernador da Capitania de So Jos do Rio Negro era osenhor Jos Joaquim Vitrio da Costa. O genro dogovernador, Francisco Ricardo Zany, foi o responsvelpela destruio de Barcelos.

    Agitaes autonomistas1821

    No dia 29 de setembro de 1821, o governadorManuel Joaquim do Pao foi deposto por se recusar ajurar a Constituio do Porto de 1820. A populao, em

    resposta, destruiu as principais obras pblicas realizadaspelo governador deposto, entre as quais podemos citar: acapela de Nossa Senhora dos Remdios e o passeiopblico, arborizado com tamarindeiros. Da em diante,por todo o perodo colonial at os primeiros anos doimprio, o governo passou a ser exercido por sucessivasjuntas provisrias. A luta pela autonomia do rio Negrotinha forte conotao nativista, favorecendo apropagao do movimento pr-independncia do Brasil.

    A notcia da proclamao da Independncia doBrasil chegou Barra do Rio Negro com mais de um

    ano de atraso, em novembro de 1823; no mesmo dia, foiproclamada a adeso do Rio Negro Independncia.

    O conflito de Lages

    Na noite de 12 de abril de 1832, o soldadoJoaquim Pedro da Silva liderou um levante no quartel daBarra, motivado pela falta de pagamento do soldo aospraas. Dois meses depois, no dia 22 de junho do mesmoano, houve uma memorvel demonstrao de civismo: opovo rebelou-se contra a subordinao poltica do RioNegro ao Gro-Par, e foi proclamada a Provncia do

    Rio Negro. Os grandes articuladores do movimentoforam: frei Jos dos Santos Inocentes, frei Joaquim deSanta Luzia e frei Incio Guilherme da Costa. As vilas deSerpa e Barcelos aderiram Provncia do Rio Negro, masBorba recusou-se, guardando fidelidade ao foi governo doGro-Par. Os rebeldes entrincheiraram-se em Lages enos stios de Bonfim, com um contingente de mil homense 30 peas de artilharias vindas do forte Tabatinga,enfrentando as foras legalistas designadas pelo governoda Provncia do Par. A expedio, comandada pelocoronel Domingos Simes da Cunha Bahiana, saiu deBelm no dia 5 de maio, com 50 soldados, a canhoneira

    de guerra Independncia, recebendo o reforo de maisdois navios durante o percurso: o Patagnia, emCamet, e Andorinha, em Santarm. Frei Jos dosInocentes, ao ser enviado Corte como representante daProvncia do Rio Negro, teve seu navio interceptado noMato Grosso e foi obrigado a regressar Barra.

    Comarca do Alto Amazonas

    O governo regencial instituiu o Cdigo doProcesso Criminal, em 1832, instrumento jurdico quetinha por finalidade unificar a legislao no territriobrasileiro. No dia 25 de junho de 1833, o governo daProvncia do Par baixou um decreto que dividiu aProvncia em trs Comarcas: a do Gro-Par, a do AltoAmazonas e a do Baixo Amazonas. A criao daComarca do Alto Amazonas, em substituio antigaCapitania de So Jos do Rio Negro, reduzia o territrio

    do outeiro de Marac-Au at a Serra de Parintins econtrariava as aspiraes autonomistas. O decretoparaense tambm elevava o Lugar da Barra condiode Vila de Manaus e ganhava a prerrogativa de sede daComarca do Alto Amazonas. Ao termo de Manausficavam subodinadas as seguintes freguesias: Sarac(Silves), Serpa (Itacoatiara) e Santo Elias do Ja (Airo)e as povoaes de Amatari, Jatapu e Uatum. Apopulao total era de 15.775 habitantes.

    Manaus, de vila a cidade

    A Assemblia Provincial do Par editou a Len. 147, de 24 de outubro de 1848, elevando a Vila deManaus categoria de Cidade da Barra de So Jos doRio Negro, fazendo retornar a antiga denominao dopovoado que havia comeado em 1669. Em 4 desetembro de 1856, a cidade receberia a sua denominaodefinitiva de Manaus.

    A Provncia do Amazonas

    A Lei n. 582 de 5 de setembro de 1850 criou aProvncia do Amazonas, propiciando a sua emancipao

    poltica com relao ao Par. O territrio da Provnciaseria o mesmo da antiga Capitania de So Jos do RioNegro, e a sede seria a Cidade da Barra. A provnciasurgiu a partir da necessidade da ocupao definitiva doAlto Amazonas e para impedir a expanso do Peru queapoiado nos EUA, desejava internacionalizar o rioAmazonas, que se encontrava fechado s navegaesinternacionais desde o tratado de MadriReivindicava-se a posse da margem esquerda do rioSolimes entre Japur, Tabatinga e os territrios ao suldo Amazonas e Acre.

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    7/50

    7

    O Brasil conseguiu neutralizar essas pretensesem 23 de outubro de 1851, quando foi assinado umtratado com o Peru, que cedia a regio pretendida noSolimes e concordava em manter o rio Amazonasfechado navegao estrangeira. E, para reforar asposies conseguidas no sentido de proteger o nossoterritrio, o Imprio apressou-se em instalar a Provnciado Amazonas, empossando como primeiro presidenteJoo Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, que viajoupara Manaus no Vapor Guapiau e instalou a provncia,em 1 de janeiro de 1852.

    Economicamente, as atividades da provnciaeram inexpressivas. Dois anos aps sua instalao, osprincipais produtos de exportao eram a piaava, aborracha, a salsaparrilha, o pirarucu, o caf, o tabaco, amanteiga de ovos de tartaruga, o peixe-boi, o cacau, etc.

    COLONIZAO DA AMAZONIAFrancisco Caldeira de Castelo Branco, construiu

    um alojamento provisrio e um forte ao qual denominouforte do Prespio, em lembrana ao dia em que partira dacapital do Maranho. Com isso, assentaram-se as basesda cidade que viria a ser chamada de Santa Maria deBelm, atual capital do Estado do Par (Belm), cujafuno principal consistia em permitir que Portugalpudesse controlar toda a bacia amaznica e irdominando, gradativamente, as terras que pertenciam Espanha.

    Com a fundao do forte do Prespio, em 1616,por Francisco Caldeira, intensificou-se oprocesso de depopulao dos povos indgenas daregio, pois o colonizador (Portugal) decidiratomar posse da regio.

    A maior parte da Europa (PORTUGUESES,INGLESES, FRANCESES,HOLANDESES,IRLANDESES), estava em guerra pelaAMAZONIA.

    Interessada em conquistar a regio, j tinhammanchado os rios da Amaznia com o sanguedas tribos indgenas aliadas ou adversriasusadas nas lutas, agora, os invasores portuguesesvisavam no apenas usar o corpo, mas tambmdominar o esprito dos povos nativos.

    A DESTRUIO DA IDENTIDADENHEENGATU (LINGUA GERAL)

    O processo de conquista da Amazniacaracterizou-se, entre outras, por uma contradiofundamental: de um lado, a absoluta dependnciados europeus recm-chegados em relao aos ndiosque j ocupavam a regio com uma experinciadevido s dificuldades de comunicao originadaspelas diferenas de lnguas. Estas diferentes formasditadas pela poltica de lnguas da Coroa Portuguesa

    e mais tarde do Estado brasileiro, no foram aindasuficientemente estudadas, e por esta razo torna-seprematuro tentar estabelecer uma periodizaomesmo porque o processo no se desenvolveu emforma simultnea em todas as regies da Amazniarequerendo-se uma aproximao histrica da questolngua em cada sub-regio.

    EXPLORA DA MO DE OBRA INDNENA(Ouro Vermelho)

    A expanso do mercantilismo europeutransformou a Amaznia num palco de batalhasonde os principais protagonistas eram estrangeirosque estrangeiros que disputavam a posse doterritrio e as riquezas nele contidas. Colonos dediferentes nacionalidades, armados, se instalaram narea, realizando um intenso comrcio e a exploraoda fora de trabalho indgena.

    Processo de Recrutamento

    Descimentos: Eram expedies, em princpio nomilitares, realizada desde o inicio da colonizao doBrasil pelos missionrios com o objetivo deconvencer os nativos para que descessem, de suasaldeias de origem para os aldeamentos dosreligiosos.

    Os descimentos eram feitos atravs doconvencimento dos nativos para sarem de suas

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    8/50

    8

    terras por livre e espontnea vontade. Osmissionrios, para conseguirem tal objetivo, faziaminmeras promessas de melhorias nas condies devida dos nativos, caso fossem viver nos aldeamentosquando isso no funcionava, usavam a coao,obrigando-os, atravs do medo, a aceitarem aconvivncia indesejada nos aldeamentos. Aps odescimento os nativos eram armazenados emaldeias de reparties, pois eram consideradoslivres, para da serem alugados e distribudos entreos colonos, os missionrios e o servio real.

    NDIOS DE REPARTIO: Tambm chamados dendios livresem oposio aos escravos, eram todosaqueles que aceitavam ser descidos sem oferecerresistncia armada.

    TROPAS DE RESGATE: Eram expedies armadas

    realizadas pelas tropas de resgates, com o objetivode fazer uma troca comercial entre os portugueses eas tribos consideradas aliadas. Os colonos trocavamquinquilharias (espelhos, faces, miangas, colares,panelas, etc), por nativos prisioneiros de guerrasintertribais, os chamados ndios de corda.

    Os ndios resgatados podiam ser escravizadosdurante dez anos em retribuio ao seu salvador, queos livrava da morte. No entanto, 1626, quandocompletaria os dez primeiros anos de presenaportuguesa na Amaznia e os primeiros escravos

    deveriam ser libertadas, as legislaes foimodificada estabelecendo que pudessem serescravizados por toda vida.

    GUERRAS JUSTAS: Eram expediesarmadas, realizadas pelas tropas de guerra. Invadiriaos territrios indgenas com o objetivo de capturar omaior nmero possvel de ndios inclusive mulherese crianas.

    De acordo com o conjunto de leis de 1611, aguerra s era considerada justa quando:

    1. Os nativos atacavam e roubavam colonos;2. Se os nativos se negassem a ajudar os

    portugueses na luta contra outras tribos ouna defesa de suas vidas;

    3. Fossem contra o Cristianismo, impedindo apregao do Santo Evangelho;

    4. Se os nativos se aliassem a outros povoseuropeus como holandeses, franceses,ingleses e irlandeses.

    Enfim, qualquer demonstrao de independnciae vontade prpria poderia servir de pretexto paraa guerra justa.

    Os nativos presos eram conduzidos ao mercadode escravos da aldeia, onde tambm eramrepartidos entre os colonos, os religiosos e osservios da coroa portuguesa. Foram incontveisas expedies que penetraram no sertoAmaznico com o objetivo de capturar nativosforados.

    Cabo das Canoas

    Encarregado de dirigir as primeirasexpedies de explorao da mo de obraindgena usava esta para a coleta das drogas doserto, assim como a funo de remeiros, sua

    funo daria a coroa de Portugal o entendimentode que seria preciso a criao de uma legislaoque melhor controlasse o processo de exploraodas riquezas da regio da em 1611 foramimplantados os sistemas de chefia

    SISTEMA DE CAPITES DE ALDEIA

    (1616-1686)

    Quando Portugal decidiu ocupar a Amazniaenquadrou-a no sistema legal de organizao do

    trabalho indgena vigente na poca: o sistema decapites de aldeia.

    O incio do projeto de colonizao da Amaznia porPortugal d-se sob vigncia da Carta de Lei de 10 desetembro de 1611, na qual estava determinado ocumprimento do modo de organizar o trabalho indgenana regio, denominado capites de aldeia.

    Tarefas do Capito de aldeia:

    Representar e fazer cumprir as atribuiesimpostas pela Coroa portuguesa aldeia;

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    9/50

    9

    Comandar as formas de recrutamento eescravizao de mo-de-obra indgena;

    Empreender a distribuio e aluguel dos ndiosentre colonos, missionrios e o servio real daCoroa portuguesa;

    Atuar como juiz, civil e criminal, julgando eestabelecendo penas;

    Fiscalizar o pagamento dos salrios aos ndios,a fim de impedir que esses fossem enganadospelos colonos.

    Os Colonos Missionrios

    Os missionrios constituam uma categoria decolonos que, alm dos interesses econmicos emateriais, tinham objetivos espirituais declaradosconverter os ndios religio, disciplina para queaceitassem as novas condies de trabalho.

    Nesta poca, a igreja no estava separada doestado como agora. E os missionrios das trs ordensreligiosas carmelitas, capuchinhos e jesutas eramfuncionrios da Coroa Portuguesa que lhes pagava oCngrua, uma espcie de salrio pelos serviosprestados.

    Como os colonos leigos controlavam os doissistemas de trabalho: os ndios repartidos e dos ndiosescravos, os missionrios estavam descontentes ecomearam a luta contra os colonos, para tentar obter o

    controle de fora de trabalho indgena.

    ORDENS RELIGIOSAS

    Presena dos missionrios. Na virada do sculoXVII o domnio portugus balizava-se na Amazniapelo posto avanado de Franciscana, a oeste, e porfortificaes em Guapor, ao norte. Os franceses,instalados em Caiena, pretendiam descer o litoral paraalcanar o Amazonas, instigando surtidas constantes desacerdotes, pescadores e predadores de ndios. Aomesmo tempo, as expedies lusas de reconhecimento

    enfrentavam grandes dificuldades na atual regio doAmazonas: no rio Negro, os Manaus, coligados comtribos vizinhas, e os tors, na bacia do Madeira,entregavam-se a guerra de morte contra sertanistas ecoletores de especiarias.

    Na zona do Solimes a penetrao portuguesadefrontou-se com misses castelhanas, dirigidas pelojesuta Samuel Fritz, que floresciam na bacia do Juru, etalvez mais a leste. Logo chegaram ordens de Lisboapara que foras militares invadissem o territrio dasmisses espanholas, a fim de expulsar os padres e os

    soldados que as amparavam. Com efeito, entre 1691 e1697, Incio Correia de Oliveira, Antnio de Miranda eJos Antunes da Fonseca apossaram-se do Solimesenquanto Francisco de Melo Palheta garantia o domniolusitano no alto Madeira e Belchior Mendes de Moraisinvadia a bacia do Napo. Restava aproveitar o imensoespao conquistado, tornando-o produtivo. A coroaportuguesa, necessitando assim consolidar sua posiosolicitou o trabalho missionrio na rea.

    A obra a que se deviam entregar os religiososestava compreendida no chamado Regimento dasMisses (1686). Inclua, afora a converso catlica dosgentios, sua incorporao ao domnio poltico da coroamediante o aprendizado da lngua portuguesa, aorganizao das tribos em ncleos de carter urbano esobretudo, o aproveitamento racionalizado de sua forade trabalho em atividades extrativas e agrcolasRegulada a diviso do territrio entre as ordens, pormeio de cartas rgias (1687-1714), vrios grupos dereligiosos iniciaram a tarefa sistemtica de colonizaoespalhando suas misses num raio de milhares dequilmetros pelo vale amaznico.

    Foram os carmelitas, acompanhados de pertopelos inacianos e mercedrios, que mais aprofundaram acolonizao nos antigos domnios espanhis, ocupando area atual do estado do Amazonas. As misses jesuticasespalharam-se pelo vale contguo do Tapajs e, mais aoeste, pelo do Madeira, enquanto os mercedrios seestabeleceram prximo divisa com o Par, nos cursosdo Urubu e do Uatum. Os carmelitas disseminaramseus aldeamentos ao longo do Solimes, do Negro e, aonorte, do Branco, no atual estado de Roraima.

    Assim distribudas, as misses entregaram-se adiligente trabalho de explorao econmica em suascircunscries. A prpria metrpole incentivou talempreendimento, uma vez que perdera seu imprioasitico e necessitava dar continuidade ao comrcio deespeciarias, de que o Amazonas se mostrava muito ricoOs religiosos corresponderam de imediato a essasolicitao, iniciando as primeiras atividades extrativasde vulto. Firmou-se, dessa maneira, a exportao regularde cravo, cacau, baunilha, canela, resinas aromticas eplantas medicinais, toda ela sob o controle dosmissionrios, que dispunham do indgena como mo-deobra altamente produtiva.

    No empenho de converter os gentios fcatlica e de ampliar o comrcio de especiarias, ou"drogas do serto", os religiosos com freqnciatransferiam suas misses de um ponto a outro, seguindosempre a margem dos rios. Da multiplicidade desses

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    10/50

    10

    aldeamentos surgiram dezenas de povoados, a exemplode Camet, no desge do Tocantins; Airo, Carvoeiro,Moura e Barcelos, no rio Negro; Santarm, na foz doTapajs; Faro, no rio Nhamund; Borba, no rio Madeira;Tef, So Paulo de Olivena e Coari, no Solimes; e emcontinuao, no curso do Amazonas, Itacoatiara e Silves.Capitania do Rio Negro. Os sertanistas acompanharamos missionrios na intensa atividade de explorao doAmazonas. Sua ao, em geral estimulada pelasautoridades coloniais, devia facilitar o trabalho dosprovedores da fazenda, sob a direo dos quais corriamos servios do fisco.

    Os Franciscanos

    Os Franciscanos da Provncia de Santo Antniochegaram a Belm em 1618, mas j estava a mais tempono Maranho. Os da Provncia da Piedade e da Provncia

    da Conceio da Beira do Mecho chegaram a Belm nosanos 1693 3 1706, respectivamente.

    Esses missionrios, at o sculo XVIII,administraram cerca de 20 aldeamentos indgenasdistribudos por diversas reas do baixo Amazonas: Lado Maraj, regio entre a margem esquerda do rioAmazonas e a fronteira da Guiana Francesa, adjacnciade Gurup, distritos do Amazonas at Nhamund,inclusive o Xingu e Trombetas.

    Os Jesutas

    Antes mesmo de ser iniciada a colonizao daAmaznia, os Jesutas j tinham se apresentado na partenorte da Amrica Portuguesa. Em 1607, esteve na serrade Ibiapada, no Cear, sob a liderana do padre LusFigueira. Outros chegaram a So Lus nos anos de 1615,1622 e em 1636 e 1643 chegaram at Belm. Mas suasobras missionrias, propriamente ditas, iniciam-se com achegada do padre Antonio Vieira na Amaznia, em1653. Essa obra passou por vrias fases, perdurou at1759, quando foram expulsos definitivamente daAmaznia e de todos os domnios portugueses.

    No tempo do padre Vieira, os jesutasdefenderam veementemente a liberdade dos ndios, oque lhe custou duas expulses da regio (1661 e 1684).

    Esses atos foram liderados por colonos leigosdescontentes com a poltica indigenista que praticavam.A partir de fins do sculo XVII, atuaram comoadministradores espirituais e temporais em cerca dedezenove aldeamentos indgenas ao longo do rioAmazonas. Pela margem direita e seu serto azul, no

    trecho compreendido do delta do rio ate a regio domadeira.

    Os Carmelitas

    Os primeiros carmelitas chegaram a Belm em 1627

    Esses missionrios administravam todos os aldeamentosindgenas do Solimes a partir do sculo XVIII quandoos portugueses expulsaram os espanhis da regioAdministraram tambm os aldeamentos do rio negro ebranco. A grande maioria desses ncleos colnias foramtransformadas em vilas, que atualmente so cidades emunicpios.

    Alguns dos aldeamentos missionrios do Solimesadministrados pelos carmelitas foram fundados em finsdo sculo XVII e inicio do XVIII pelo padre SamuelFritz, jesuta a servio do governo espanhol.

    Os Mercedrios

    Os mercedrios espanhis da ordem de NossaSenhora das Mercs chegaram a Belm, com expediode Pedro Texeira, em 1639, oriundo do vice-reino doPeru. Administraram uns poucos aldeamentos no deltado Amazonas, mas atuaram, principalmente, na poroterritorial que compreende o rio urubu at o baixo rionegro.

    REGIMENTO DAS MISSES

    Em 21 de dezembro de 1686, foi baixado pelorei de Portugal o Regimento das Misses, estedocumento dava o direito de tutela dos ndios capturadosaos missionrios portugueses e certificava o direito deposse de 20 % dos escravos Coroa Portuguesa

    Com esta tutela os missionrios tinham o direitode aculturar e doutrinar os ndios de acordo com seusinteresses, ou seja, converter o ndio em cristo. Apscatequizar o ndio era mais fcil convenc-lo deexecutar as tarefas designadas pelos missionrios, comoextrao de madeira, frutos e drogas do serto

    A Junta das Misses era habilitada para autorizaros descimentos (persuadir ndios, afim de que saiam desuas aldeias de origem para viver nas aldeias demissionrios), as tropas de resgates ( resgates de nativospresos por nativos de outras tribos) e as guerrasjustas(guerras promovidas com o propsito cristo)todas estas tinham o acompanhamento de missionrios

    Os padres da Companhia tero o governo , nos espiritual, que antes tinham, mas o poltico e temporadas aldes de sua administrao, e o mesmo tero osPadres de Santo Antonio, nas que lhes pertceadministrar...?.

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    11/50

    11

    Os privilgios eram atribudos aos Missionriosda Companhia de Jesus, que incluam o poder poltico etemporal destas aldeias, e que depois tambm seestendeu aos franciscanos de Santo Antonio.

    O Regimento das Misses foi um dos motivosde destruio de muitas tribos amaznicas, alm de noconservar a liberdade e a cultura destas, causando muitosconflitos entre colonos e missionrios.

    O Regimento das Misses durou sete dcadas.Foi no governo de Marques de Pombal que os

    jesutas foram expulsos devido concorrncia de poderentre eles.Pombal instituiu ento, o Regimento doDiretrio dos ndios.

    TRATADO DE UTRECHT - 1713

    Primeiro Tratado de Utrecht - 1713. Firmadoentre Portugal e a Frana para estabelecer os limitesentre os dois pases na costa norte do Brasil. Estasdisposies serviram, quase dois sculos aps, paradefender a posio brasileira na questo do Amap.

    TRATADO DE MADRI - 1750

    D. Joo V (Portugal) / D. Fernando VI (Espanha)

    - 13.Janeiro.1750 -

    desejando eficazmente consolidar e estreitar a sincera ecordial amizade . . . e particularmente os que se podemoferecer com o motivo dos limites das duas Coroas naAmrica, cujas conquistas se tem adiantado comincerteza e dvida, por se no haverem averiguado atagora os verdadeiros limites daqueles domnios, ou aparagem donde se h de imaginar a Linha Divisria, . . .

    Por parte da Coroa de Portugal, se alegava quehavendo de contar-se os 180 de sua

    demarcao, desde a linha para o Oriente,ficando para Espanha os outros 180 paraOcidente; . . . contudo, se acha, conforme asobservaes mais exatas e modernas dosastronomos . . . se estende o domnio espanholna extremidade Asitica do mar do sul, muitomais graus que os 180 da sua demarcao; e,por conseguinte, tem ocupado muito maiorespao do que pode importar qualquer excessoque se atribua aos portugueses, no que talveztero ocupado na Amrica meridional, aoOcidente da mesma Linha, . . .

    Tambm se alegava que pela Escriturade venda, com pacto de retrovenda, outorgadapelos procuradores das duas Coroas, emSaragoa, a 22 de abril de 1529, vendeu a Coroada Espanha Portugal tudo o que por qualquervia ou direito lhe pertencesse ao ocidente deoutra Linha Meridiana, imaginada pelas Ilhasdas Velas, situadas no mar do sul, a 17 grus dedistancia de Molucas . . . Que, sem embargodesta conveno, foram depois os espanhis adescobrir as Filipinas, . . .

    Quanto ao territrio da margemsetentrional do rio da Prata, alegava que, com omotivo da fundao da colnia do Sacramentose excitou uma disputa entre as duas corassobre limites; a saber, se as terras, em que sefundou aquela praa, estavam ao oriente, ou aoocidente da linha divisria, determinada emTordesilhas; .

    Que tocando aquele territrio a Portugapor ttulo diverso da linha divisria determinadaem Tordesillas, isto , pela transao feita notratado de Utrecht (de 1715) . . .

    Por parte da coroa de Espanha sealegava que, havendo de imaginar-se a linha denorte a sul a 370 lguas ao poente das ilhas deCabo Verde, . . . e ainda que por no estar

    declarado de qual das ilhas de Cabo Verde seho de comear a contar as 370 lguas, . . . econsentindo que se comece a contar desde amais ocidental, que chamam de Santo Antoapenas podero chegar as 370 lguas cidade doPar . . . e como a coroa de Portugal temocupado as duas margens do rio dos Amazonasou Maraon, subindo at a boca do rio Javar, . . sucedendo o mesmo pelo interior do Brasil coma internao que fez esta coroa at o Cuiab eMato Grosso.

    Vistas e examinadas estas razes pelos dousSerenssimos Monarcas, . . . resolveram prtrmo s disputas passadas e futuras, e esquecerse, e no usar de tdas as aes e direitos, quepossam pertencer-lhes em virtude dos referidostratados de Tordesillas, Liboa, Utrecht e daescritura de Saragoa, ou de outros quaiquerfundamentos, que possam influir na diviso dosseus domnios por linha meridiana; .

    http://www.info.lncc.br/utrech1.htmlhttp://www.info.lncc.br/utrech1.html
  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    12/50

    12

    TRATADO PRELIMINAR DE LIMITES - Sto.ILDEFONSO

    Dona Maria I (Portugal) / Carlos III (Espanha) -1.Outubro.1777

    Havendo a Divina Providncia excitado nos augustoscoraes de Suas Majestades Fidelssima(Portugal) eCatlica (Espanha) o sincero desejo de extinguir asdiscrdias que tem havido entre as duas Coroas dePortugal e Espanha, e seus respectivos Vassalos noespao de quase trs sculos, sobre os limites de seusdomnios na Amrica e da sia: . . .

    Para efeito, pois de conseguir to importantesobjetos, se nomeou . . . os quais depois de haver-

    se comunicado os seus plenos poderes, e dehav-los julgado expedidos em boa e devidaforma, convieram nos artigos seguintes,regulados pelas ordens e intenes dos seusSoberanos.

    ERA POMBALINA (1750-1777)

    Primeiro-Ministro

    No reinado de D. Jos I, foi nomeado SebastioJos de carvalho e Melo, o Marqus de Pombal,

    para o cargo de primeiro-ministro do governoportugus. Por mais de 25 anos, Pombal dirigiu odestino do Reino e da Colnia.

    Despotismo esclarecido

    Durante o governo de Pombal, instaurou-se oDespotismo Esclarecido e ocorreu uma serie deeventos que se relacionaram a um s esforo: anacionalizao da economia brasileira.Pombal organizou uma poltica de intervenodo Estado nos diferentes setores da vida

    colonial, visando obter maior racionalizaoadministrativa e conseguir maior eficincia naexplorao colonial.

    Medidas Pombalinas

    Incentivos estatais para a instalao de manufaturas.

    1755: criao da Capitania de So Jos do Rio Negro,hoje Estado do Amazonas.

    1755: criao da Companhia de Comrcio do

    Estado do gro-Par e Maranho, estimulandoas culturas do algodo, do arroz, do cacauetc., e tentando resolver o problema da mode-obra escrava para a regio.

    1755: criao do Diretrio, rgo composto por homensde confiana do governo portugus, cuja funo era geriros antigos aldeamentos. Pombal proibiu a utilizao delnguas gerais (uma mistura das lnguas nativas com oportugus), tornando obrigatrio o uso do idiomaportugus em toda a Colnia.

    1759: criao da Companhia de Comrcio dePernambuco e Paraba, com o objetivo de estimular ocultivo da cana-de-acar e do tabaco.

    1759: extino do sistema de capitanias.

    1759: expulso dos jesutas (inacianos) da metrpole eda colnia, confiscando-lhes os bens.

    1762: criao da Derrama com a finalidade de obrigaros mineradores a pagar os impostos atrasados.

    1763: transferncia da capital da colnia de Salvadorpara o Rio de janeiro.

    Queda de Pombal

    Em 1777, com a morte de D. Jos I, subiu aotrono Dona Maria I, que afastou pombal dogoverno. A queda do ministro foi comemoradapor todos os opositores que, finalmente, podiamvoltar ao poder.

    O governo da metrpole suspendeu o monopliodas companhias de comrcio e baixou um alvarproibindo a produo manufatureira da colnia(com exceo do fabrico de tecidos grosseirospara uso dos escravos).

    CRISE DO SISTEMA COLONIAL

    (sc. XVII-XVIII)

    MOVIMENTOS NATIVISTAS

    Foram rebelies coloniais com tendnciaslocalizadas. No contestavam o sistema colonial

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    13/50

    13

    e nem pretendiam a independncia do Brasil. Asprincipais revoltas desse perodo foram:

    a) Revolta de Beckman (1684)

    Em 1661, os religiosos da Companhia de Jesus foram

    expulsos do Maranho.Nessa data, o governo portugus proibiu termi-

    nantemente a escravizao de ndios. Em 1682, ogoverno portugus criou a Companhia de Comercio doEstado do Maranho, que no cumpriu os compromissosassumidos: os escravos africanos no foram trazidospara o Maranho em numero suficiente, e os gnerosalimentcios negociados pela companhia, alm de muitocaros, no eram de boa qualidade. Revoltaram-se contraessa situao elementos do clero, da classe mais elevadae do povo, chefiados por Manuel Beckman, fazendeiro

    muito rico e respeitado na regio. Os revoltososexpulsaram os jesutas, declararam deposto o governadore extinta a Companhia de Comrcio. Beckman governouo Maranho durante um ano, at a chegada de uma frotaportuguesa sob o comando de Gomes Freire de Andrada.Manuel Beckman foi, ento, preso e enforcado.

    b) Guerra dos Emboabas (1709)

    Inmeros portugueses, da metrpole ou daprpria colnia, to logo souberam da descoberta deouro, em Minas gerais, dirigiram-se para o local das

    jazidas com inteno de apoderar-se delas.Inconformados com a ambio lusa, os paulistasdeclararam guerra aos portugueses (emboabas). Em1709, ocorreu uma sangrenta matana de diversospaulistas, no chamado Capo daTraio.

    O fim da guerra dos Emboabas fez que ospaulistas se lanassem procura de novas jazidas deouro em outras regies do Brasil. Como conseqncia,houve a descoberta do ouro na regio centro-oeste (emGois e em mato Grosso).

    c) Guerra dos Mascates (1710)

    A Guerra dos Mascates foi um movimento decarter regionalista desencadeado pelos seguintesfatores:1) decadncia da atividade agroindustrial aucareira emvirtude da concorrncia internacional;

    2)desenvolvimento comercial e urbano em Pernambuco;

    3)elevao do povoado de Recife categoria de vila.

    Com a decadncia do acar, a situao dospoderosos senhores de engenho de Pernambuco sofreugrandes modificaes. Empobrecidos, osfazendeiros de Olinda eram obrigados a endividar-se comos comerciantes portugueses do Recife.

    Os olindenses chamavam os recifenses demascates. Os recifenses por sua vez, designavam oshabitantes de Olinda pelo apelido de ps-rapados.

    Em 1709, o rei D. Joo V elevou o povoado deRecife categoria de vila, desagradando oshabitantes de Olinda, a vila mais antiga da capitania.

    A Coroa portuguesa confirmou Recife como vila ecapital da Capitania de Pernambuco.

    d) Revolta de Filipe dos Santos (1720)

    A Revolta de Filipe dos Santos, ou de Vila Ricaocorreu como conseqncia dos crescentes impostosaplicados por Portugal em Minas Gerais.

    A rebelio comeou quando o governo portugusproibiu a circulao de ouro em p, exigindo que todo oouro fosse entregue as Casas de Fundio, onde seriaquitado, transformado em barras e selado. Mais de 2.000mineradores, liderados pelo portugus Filipe dos Santosdirigiram-se ao governador, o Conde de Assumar. Estecomo no dispunha de fora militar que fizesse frente aos

    manifestantes, prometeu-lhes atender s exigncias; entreelas, a de no-instalao das Casas de Fundio.

    Quando o governador conseguiu reunir tropassuficientes, acabou com a manifestao foraFilipe dos Santos foi enforcado.

    Diretrio dos ndiosO Diretrio dos ndios foi elaborado em 1755, mas sse tornou pblico em 1757. um documento que

    expressa importantes aspectos da poltica indgena doperodo da histria de Portugal e do Brasil denominadopombalino. Esse nome deriva do ttulo nobilirquico deSebastio Joseph de Carvalho e Mello, Marqus dePombal, poderoso ministro do rei de Portugal D. Jos I.Mendona Furtado, que assina a redao dos 95 artigosdeste regimento, era irmo do Marqus e com eletrocou significativa correspondncia sobre aadministrao do Gro-Par e Maranho, Estado quegovernava. Destaca-se no Diretrio a inteno dogoverno do Reino de Portugal, nesta poca, de evitar a

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    14/50

    14

    escravizao dos ndios, sua segregao, seuisolamento e a represso ao tratamento dos indgenascomo pessoas de segunda categoria entre oscolonizadores e missionrios brancos. O documentoestabelece, entre outras medidas, a proibio do uso dotermo 'negro' (10), o incentivo ao casamento de colonosbrancos com indgenas (88-91), a substituio da lnguageral pela lngua portuguesa (6), e punio contradiscriminaes.

    Em 1755 uma lei foi editada por D. Jos I, rei dePortugal, atravs de seu ministro o Marqus de Pombalque era o responsvel pelo estado do Gro-Par eMaranho. Essa lei foi chamada de O Diretrio dosndios, que extinguia o trabalho missionrio dosreligiosos, e elevava os aldeamentos a condio de vilaou aldeia, e seria administrada por um diretor.

    Essa lei assegurava a liberdade aos ndios, e continhaalgumas regras que beneficiavam ou prejudicavamcomo, cada vila ou aldeia teria escola com um mestrepara menino e um para as meninas, s seria ensinado emportugus, sendo assim proibido qualquer outro idioma,todo indgena deveria ter sobrenome portugus e nopoderiam andar nus. Com isso, o Marqus de Pombal,no tinha a inteno de acabar com os ndios e comsuas culturas, ele estava tentando inserir os ndios nomeio social dos brancos, para poder transform-los emtrabalhadores ativos e assegurar o povoamento dacolnia.

    As mudanas iniciais foram de carter econmico, para oaumento da produo o ndio seria ideal na regiocentro-norte, pois o estado ganharia mais mo de obra eeles conheciam toda a regio e no se tinha o risco defuga como acontecia com os negros. Isso diminua osriscos para o estado portugus j que ainda no era umaregio muito explorada por eles.

    A idia dos portugueses era mostrar aos ndios que eleseram livres e no seriam escravizados, porm no seriapossvel torn-los cidados para que no ficasse em igual

    condio com os colonizadores.A primeira regio brasileira em que foi inserido odiretrio foi a regio norte, governada por MendonaFurtado, l foram feitas as primeiras expulses deesutas e a primeira insero de tutela direta do estado

    portugus.

    Aps as mudanas as regies ficaram sendo observadaspara que se o resultado fosse positivo pudesse ento sercolocada em pratica nas outras regies. Em 1798 odiretorio revogado atravs da Carta Rgia. Marques de

    Pombal j no era mais o primeiro ministro portugus, eos objetivos principais ja tinham sido alcanados: osndios de uma regio pouqussima explorada, agoratrabalhavam diretamente para a coroa e povoavam aregio, garantindo a consolidao das fronteirasconquistadas em acordos polticos.

    CAPITANIA DE SO JOS DO RIO NEGRO

    Com a separao do Brasil em dois governosadministrativos por Filipe IV da Espanha, a parte norterepresentada pelo governo do Maranho (incluindo osatuais Estados do Par e Amazonas), com sede em SoLus, ficou destacada do governo do Brasil. Depois dessegolpe veio a criao da Capitania do Cabo Nortetornada realidade pela carta-rgia expedida em 1637 ecujo governo fora dado a Bento Maciel Parente. Osentimento de distncia, que preocupava aos

    governantes, no impediria que lentamente fosseocupada a regio com a implantao dos ncleosurbanos. Da que a instalao de mais fortalezas seseguisse numa ordem quase contnua: So Jos deMarabitanas, em 1762, no rio Negro; So FranciscoXavier de Tabatinga, em 1766 o forte de registro e em1770 o forte real que caiu em runas at os nossos diasForte de So Joaquim do Rio Branco, em 1775levantado por Felipe Sturn; Santo Antnio do Ia em1754; Castelo, em Barcelos, capital da Capitania em1755; e em 1776 fundado o forte Prncipe da BeiraEsse crculo de defesas militares nas linhas com pasesestrangeiros demonstrava a preocupao do governo emdefender e consolidar o espao fsico conquistado.A criao da Capitania de So Jos do Rio Negroassegurada pela carta-rgia de 3 de maro de 1755, sob ainfluncia poltica e prestgio de Francisco Xavier deMendona Furtado, primeiramente governador do Parmais tarde na qualidade de Comissrio de Limites eDemarcaes, trouxe para a Amaznia benefcios semconta em todas as reas: administrativa, econmicafinanceira, cultural, mas principalmente com a criao dencleos ativos, considerando-se a enormidade depopulao indgena entrada na mestiagem. A doishomens de pulso e de viso deve o Amazonas daqueletempo a sua tentativa de expanso scio-econmica; aMendona Furtado como criador e incentivador dosnovos ncleos e a Manuel da Gama Lobo D'Almadagovernador da Capitania, partilhando da implantao deservios administrativos e de indstrias (inclundo o hojeTerritrio Federal de Roraima) que vieram socorrer asituao de misria do homem amaznico.Deve-se a Mendona Furtado a fundao da Vila deMarira (Barcelos), criada a 6 de maio de 1758; Borba,criada em 1756; e outras a seguir. A capital da Capitaniaficou sediada em Barcelos (Mariu d'Almada), at que

    http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/diretorio-dos-indios/http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/diretorio-dos-indios/http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/diretorio-dos-indios/http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/diretorio-dos-indios/
  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    15/50

    15

    Manuel da Gama Lobo D'Almada, j na governana daCapitania de 1786 a 1799, transferisse a capital para olugar da Barra, atualmente Manaus.

    BarcelosPrimeira Capital

    A aldeia de Mariu, fundada em 1621 Carmelita FreiMartias de So Boa Aventura, iniciamente povoadapelos ndios Manaos, bares, wanivas, foi indicada em1754 para sediar as negociaes das demarcaes delimites. A partir de 1755, comeou a mudar de aspecto,com a chegada do pessoal das demarcaes: de aldeiapassou a ser arraial do Rio Negro e, a partir de umplanejamento urbano, foram executadas diversas obrasde infra estruturas, tais como: os aterramentos das areiasalagadias; as construes de pontes ligando os bairros;aterramento das terras alagadias; arruamento de umagrande praa, envolta de que um engenheiro alemo

    Filipe Sturn erigiu o prdio da resistncia do demarcadorespanhol o palcio das demarcaes, local de reuniodos plenipotencirios, a casa de espera, local dascortesias entre os demarcadores de terra.

    A vila de Barcelos ficou como sede da capitania do RioNegro at 1791, quando ento governador Manuel GamaLobo D almada a transferia a barra do rio negro a200km da boca do rio negro. Voltou a ser novamentesede em 1798, mas 1808 a sede da capitania mudou-sedefinitivamente para a barra do Rio Negro.

    1755 COMPANHIA GERAL DO GRO-PAR EMARANHO

    O Conselho Ultramarino portugus, rgoregulamentado em julho de 1642 para tratar de todas asmatrias e negcios de qualquer qualidade que fossemrelativos ndia, Brasil, Guin, ilhas de So Tom eCabo Verde e demais partes ultramarinas, haviaautorizado os habitantes da capitania brasileira do Gro-Par, em 1752, a organizar uma companhia para o trficode africanos. O governador e capito-mor daquelacapitania, Francisco Xavier de Mendona Furtado (1700-

    1769), irmo de Jos Sebastio de Carvalho e Melo, omarqus de Pombal (1699-1782), tentou reunir os fundosnecessrios realizao do projeto, mas como o dinheiroarrecadado no alcanou montante suficiente, umadelegao de moradores da localidade decidiu ento ir aPortugal para tentar convencer capitalistas portugueses aparticiparem da sociedade. O que realmente foiconseguido aps autorizao do rei Dom Jos I (17141777).

    Mendona Furtado servia no exrcito quandoseu irmo assumiu o governo, sendo ento designado

    para os cargos que ocupou nas provncias brasileiras doPar e Maranho, com a incumbncia de reprimir asatividades dos jesutas e obrigar os ndios, que elesdominavam, a submeter-se ao governo da MetrpoleRegressando a Portugal em 1759, foi nomeado secretriodos negcios do reino at 1762, quando ocupou a pastada Marinha e Ultramar. Quanto ao marqus de Pombalao ser empossado como secretario dos Estrangeiros noreinado de D. Jos I - sucessor de D. Joo V, seu pai,falecido em 1750 -, por indicao de um de seus mestresdemonstrou logo nas primeiras determinaes aprepotncia que caracterizaria sua atuao como homemde confiana do rei, degredando, deportando, mandandoprender e impondo reformas com mo de ferro (uma dasmedidas que decretou foi a criao da companhiacomercial entregue direo de seu irmo). Pouco apouco, ele enfeixou em suas mos todos os poderes doEstado, conservando-os at o fim do reinado.

    Com relao ento recm-criada CompanhiaGeral do Gro-Par e Maranho, a ela foi concedido omonoplio, por vinte anos, de toda a importao eexportao feitas pelas duas capitanias, ficando-lhevedado, porm, o comrcio a varejo. A administrao dacompanhia foi declarada independente de todos ostribunais e subordinada diretamente ao rei, ao mesmotempo em que lhe foram concedidas importantesisenes. Por sua vez, ela se obrigou a manter os preostabelados, a vender com abatimento considervel algunsprodutos coloniais, e a auxiliar, em caso de guerra, aformao de armadas.

    Foi muito grande a influncia que a Companhiaexerceu na vida da colnia. Suas atividades foramfavorecidas pela Revoluo Industrial, que aumentou aprocura de produtos coloniais, bem como pela Guerra daIndependncia americana. Foi ela a responsvel pelaintroduo do brao africano no Par e Maranho, assimcomo as sementes de arroz e melhores processos decultura do algodo, o que incrementou grandemente ocomrcio dessa fibra vegetal e fez com que suaexportao subisse, entre 1760-1771, de 651 para 25.473arrobas. Os navios da Companhia no navegavamapenas nos mares cujo trfego exclusivo lhe foraconcedido, mas iam at aos portos da ndia e da Chinaeram carregados de escravos na costa da frica epercorriam todo o litoral brasileiro. A prosperidadeeconmica que beneficiou as capitanias do Gro-Par eMaranho logo se refletiu no perfil urbano de So Lus,pois nessa poca foi construda a maior parte doscasares que compem o Centro Histrico de So Lusque hoje Patrimnio Mundial da Humanidade. Aregio enriqueceu e ficou fortemente ligada Metrpolequase inexistindo relao comercial com o sul do pas.

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    16/50

    16

    No entanto, abusos de toda a espcieprovocaram a decadncia da companhia, e decorridos osvinte anos que o contrato estabelecia para a suaexistncia, o prazo do privilgio no foi prorrogado pelarainha Maria I, que havia sucedido seu pai dom Jos I notrono de Portugal. Oito dias depois de assumir o poderela demitiu o marques de Pombal, libertou os que seencontravam presos por ordem do clebre ministro, aomesmo tempo em que fazia perseguir os parentes eafeioados do estadista, os quais fez processar. Em16/06/1681 foi exarada a sentena que considerava omarqus culpado dos crimes de que fora acusado, e odeclarava merecedor de castigo exemplar, do qual foipoupado por motivo de sua idade avanada e precriascondies de sade.

    Com relao aos atuais estados do Par eMaranho, ao longo dos anos de dominao portuguesaeles foram includos em diversas divisesadministrativas promovidas pela Metrpole:

    - Em 1621 o territrio brasileiro foi dividido emdois Estados autnomos: o do Maranho, ao norte, comcapital em So Lus, abrangendo as capitanias do Par,Maranho e tambm a do Cear, e o do Brasil ao sul,com capital em Salvador, integrado por todas as demais

    capitanias;

    - Em 1737 o Estado do Maranho passou adenominar-se Estado do Gro-Par e Maranho, e suacapital foi transferida da cidade de So Lus para a deBelm do Par. Seu territrio compreendia as regiesdos atuais estados do Amazonas, Roraima, Par, Amap,Maranho e Piau.

    - Em 1772, pouco antes de expirar o contratoque privilegiava as atividades da Companhia Geral doGro-Par e Maranho, a Coroa Portuguesa dividiu a

    regio Norte da colnia em duas unidadesadministrativas: a do Gro Par e Rio Negro, com sedeem Belm do Par, e a do Maranho e Piau (que s setornou capitania em 1811), com sede em So Lus.

    O ESTADO DO GRO-PAR E RIO NEGRO(LOBO D ALMADA)

    O Estado do Maranho virou "Gro-Par e Maranho"em 1737 e sua sede foi transferida de So Lus paraBelm do Par. O tratado de Madride 1750 confirmou aposse portuguesa sobre a rea. Para estudar e demarcaros limites, o governador do Estado, Francisco Xavier deMendona Furtado, instituiu uma comisso com base emMariu em 1754. Em 1755 foi criada a Capitania de SoJos do Rio Negro, no atual Amazonas, subordinadaao Gro-Par. As fronteiras, ento, eram bem diferentesdas linhas retas atuais: o Amazonas inclua Roraimaparte do Acre e se expandia para sul com parte do quehoje o Mato Grosso. O governo colonial concedeuprivilgios e liberdades para quem se dispusesse aemigrar para a regio, como iseno de impostos por 16anos seguidos. No mesmo ano, foi criada a CompanhiaGeral do Comrcio do Gro-Par e Maranho paraestimular a economia local. Em 1757 tomou posse oprimeiro governador da capitania, Joaquim de Melo ePvoas, e recebeu do Marqus de Pombal adeterminao de expulsar fora todos os jesutas(acusados de voltar os ndios contra a metrpole e nolhes ensinar a lngua portuguesa).

    Em 1772, a capitania passou a se chamar Gro-Par eRio Negro e o Maranho foi desmembrado. Com amudana da Famlia Real para o Brasil, foi permitida ainstalao de manufaturas e o Amazonas comeou aproduzir algodo, cordoalhas, manteiga detartaruga, cermica evelas. Os governadores que maistrabalharam pelo desenvolvimento at entoforam Manuel da Gama Lobo D'Almada e Joo PereiraCaldas. Em 1821, Gro Par e Rio Negro viraram aprovncia unificada do Gro-Par. No ano seguinte, oBrasil proclamou a Independncia.

    Em meados do sculo XIX foram fundados os primeirosncleos que deram origem s atuais cidadesde Itacoatiara, Parintins, Manacapuru e Careiro e Moura.A capital foi situada em Mariu (entre 1755-1791 e1799-1808), e em So Jos da Barra do Rio Negro(1791-1799 e 1808-1821). Uma revoltaem 1832 denominada "Revolta de Lages" exigiu aautonomia do Amazonas como provncia separada doPar. A rebelio foi sufocada, mas os amazonensesconseguiram enviar um representante Corte ImperialFrei Jos dos Santos Inocentes, que obteve no mximo acriao da Comarca do Alto Amazonas. Coma Cabanagem, em 1835-1840, o Amazonas manteve-sefiel ao governo imperial e no aderiu revolta. Comoespcie de recompensa, o Amazonas se tornou umaprovncia autnoma em 1850, separando-se

    http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Lu%C3%ADs_(Maranh%C3%A3o)http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Madrihttp://pt.wikipedia.org/wiki/1750http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Xavier_de_Mendon%C3%A7a_Furtadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Xavier_de_Mendon%C3%A7a_Furtadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/1754http://pt.wikipedia.org/wiki/1755http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitania_de_S%C3%A3o_Jos%C3%A9_do_Rio_Negrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Capitania_de_S%C3%A3o_Jos%C3%A9_do_Rio_Negrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A3o-Par%C3%A1http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Companhia_Geral_do_Com%C3%A9rcio_do_Gr%C3%A3o-Par%C3%A1_e_Maranh%C3%A3o&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Companhia_Geral_do_Com%C3%A9rcio_do_Gr%C3%A3o-Par%C3%A1_e_Maranh%C3%A3o&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/1757http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Joaquim_de_Melo_e_P%C3%B3voas&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Joaquim_de_Melo_e_P%C3%B3voas&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/Marqu%C3%AAs_de_Pombalhttp://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_portuguesahttp://pt.wikipedia.org/wiki/1772http://pt.wikipedia.org/wiki/Algod%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Cordoalha&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/Cer%C3%A2micahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Velahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_da_Gama_Lobo_D%27Almadahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Pereira_Caldashttp://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Pereira_Caldashttp://pt.wikipedia.org/wiki/1821http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIXhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Itacoatiara_(Amazonas)http://pt.wikipedia.org/wiki/Parintinshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Manacapuruhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Careirohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Mourahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Barceloshttp://pt.wikipedia.org/wiki/1832http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Jos%C3%A9_dos_Santos_Inocentes&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/Cabanagemhttp://pt.wikipedia.org/wiki/1835http://pt.wikipedia.org/wiki/1840http://pt.wikipedia.org/wiki/1850http://pt.wikipedia.org/wiki/1850http://pt.wikipedia.org/wiki/1840http://pt.wikipedia.org/wiki/1835http://pt.wikipedia.org/wiki/Cabanagemhttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Jos%C3%A9_dos_Santos_Inocentes&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/1832http://pt.wikipedia.org/wiki/Barceloshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Mourahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Careirohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Manacapuruhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Parintinshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Itacoatiara_(Amazonas)http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIXhttp://pt.wikipedia.org/wiki/1821http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Pereira_Caldashttp://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Pereira_Caldashttp://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_da_Gama_Lobo_D%27Almadahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Velahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cer%C3%A2micahttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Cordoalha&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/Algod%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/1772http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_portuguesahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Marqu%C3%AAs_de_Pombalhttp://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Joaquim_de_Melo_e_P%C3%B3voas&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Joaquim_de_Melo_e_P%C3%B3voas&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/1757http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Companhia_Geral_do_Com%C3%A9rcio_do_Gr%C3%A3o-Par%C3%A1_e_Maranh%C3%A3o&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Companhia_Geral_do_Com%C3%A9rcio_do_Gr%C3%A3o-Par%C3%A1_e_Maranh%C3%A3o&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A3o-Par%C3%A1http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitania_de_S%C3%A3o_Jos%C3%A9_do_Rio_Negrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Capitania_de_S%C3%A3o_Jos%C3%A9_do_Rio_Negrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/1755http://pt.wikipedia.org/wiki/1754http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Xavier_de_Mendon%C3%A7a_Furtadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Xavier_de_Mendon%C3%A7a_Furtadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/1750http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Madrihttp://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Lu%C3%ADs_(Maranh%C3%A3o)
  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    17/50

    17

    definitivamente do Par. Com a autonomia, a capitalvoltou para esta ltima, renomeada como "Manaus"em 1856.

    Amaznia Ps PombalComandada pelo naturalista Alexandre RodriguesFerreira, a Viagem Filosfica foi a mais importanteexpedio cientfica portuguesa do sculo XVIII. Elapercorreu o interior da Amrica portuguesa durante noveanos e produziu um rico acervo, composto de dirios,mapas populacionais e agrcolas, cerca de 900 pranchase memrias (zoolgicas, botnicas e antropolgicas). Osdirios, a correspondncia e umas poucas memriassomente foram publicados a partir da segunda metade dosculo XIX, sobretudo na Revista do Instituto Histrico.

    Na dcada de 1870, os trs primeiros volumes dos Anaisda Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro divulgaramuma enorme lista de manuscritos oriundos da viagem.No entanto, somente na dcada de 1970, o ConselhoFederal de Cultura editou uma parte representativa daspranchas e memrias. Deve-se destacar, porm, queainda h documentao da maior importncia quecontinua indita em arquivos portugueses e brasileiros.Na Fundao Biblioteca Nacional e no ArquivoHistrico do Museu Bocage esto depositados osprincipais registros textuais e visuais da expedio.

    Contando com recursos precrios, Ferreiracomandou a Viagem Filosfica que percorreu ascapitanias do Gro-Par, Rio Negro, Mato Grosso eCuiab entre 1783 e 1792. O grupo era composto de umnaturalista, um jardineiro botnico, Agostinho do Cabo,e dois riscadores (desenhistas), Jos Codina e JosJoaquim Freire. A Viagem Filosfica foi planejada pelaSecretaria de Estado de Negcios e DomniosUltramarinos e pelo naturalista italiano DomenicoVandelli, radicado em Portugal desde o fim do perodopombalino. No mesmo ano da partida da ViagemFilosfica, duas outras expedies foram lanadas aos

    domnios lusitanos. Empreendidas por bacharis emCoimbra, as viagens de Manuel Galvo da Silva eJoaquim Jos da Silva pretendiam investigar Goa,Moambique e Angola.

    Inicialmente planejada para ser composta porquatro naturalistas, a Viagem Filosfica Amrica ficouresumida a um apenas, sem contar com os drsticoscortes financeiros e materiais. Nessas condies, ficaramsobre os ombros de Alexandre R. Ferreira e uns poucosauxiliares as tarefas de coletar espcies, classificar eprepar-las para o embarque rumo a Lisboa. Estudavam

    ainda o desempenho das lavouras, os percursos de rios eproduziam mapas populacionais e agrcolas. Cabia-lhestambm verificar as condies materiais das vilas efortalezas destinadas a suportar as possveis invasesestrangeiras. Esses aspectos constituem o corpo dosdirios e memrias produzidos ao longo da ViagemFilosfica.

    H mais de um sculo a historiografia se divideem relao ao carter cientfico dessa viagem. A fartabibliografia dedicada a Ferreira prima por exaltar seusfeitos, tornando-se, por vezes, obras apologticasestudos de exaltao ao naturalista esquecido eabandonado pela sorte. Em 1895, Emlio A. Goeldi, noentanto, apontou a insuficincia das memrias sobrebotnica e zoologia. Faltou ao naturalista, ressaltouGoeldi, educao profissional. Em resposta sprovocaes, Carlos Frana escreveu, em 1922, umartigo em defesa do naturalista, apontando a qualidadecientfica das memrias e culpava Vandelli, consideradoestrangeiro traidor, por inviabilizar o aproveitamentoposterior do material coletado por Ferreira. O americanoWilliam J. Simon destacou a importncia de AlexandreR. Ferreira para o progresso do conhecimento naHistria Natural. Rmulo de Carvalho descreveu aenorme coleo deixada por Ferreira. Ao longo daornada, ele comps dezenas de memrias e centenas de

    desenhos, recolheu artefatos da cultura indgena eespcies dos trs reinos. Recentemente, P. E. Vanzoliniconsiderou que a expedio almejava, sobretudo, metasde carter administrativo e estratgico, assegurando aosportugueses a posse e explorao de fronteiras aindaindefinidas e disputadas por metrpoles europias.

    Para alm da polmica, deve-se destacar quenem sempre, a Viagem Filosfica pautou-se nas normassetecentistas para a coleta e descrio do material. Asmemrias sobre plantas e animais destacaramsobretudo, o carter econmico e utilitarista, emdetrimento dos avanos cientficos. O farto materiapermaneceu, por quase um sculo, desconhecido e nofoi devidamente estudado pelos sbios portugueses, nemmesmo por Ferreira. Ao retornar a Lisboa, o naturalistadedicou o resto de sua vida administraometropolitana, sendo nomeado vice-diretor do RealGabinete de Histria Natural e do Jardim Botnico eadministrador das Reais Quintas da Bemposta, Caxias eQueluz. Jamais retornaria os trabalhos com as espcies eamostras recolhidas na viagem; as memrias no foramaperfeioadas, aprimoradas e publicadas. Boa partedesses fragmentos da natureza amaznica seria, maistarde, conduzida a Paris como botim de guerra. Empoucas ocasies, Alexandre Rodrigues Ferreira observoua natureza e as comunidades indgenas como um

    http://pt.wikipedia.org/wiki/1856http://pt.wikipedia.org/wiki/1856
  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    18/50

    18

    naturalista setecentista, mas antes como um lealfuncionrio da coroa lusitana. A Viagem Filosfica,portanto, era parte de um empreendimento colonialdestinado a empreender reformas de carter ilustrado emum territrio desconhecido e disputado pelas metrpoleseuropias. Desgostoso, entrevado e alcolatra, Ferreiramorreu em 1815.

    Apesar dos percalos, nas pranchas e memriasdedicadas aos tapuias, Ferreira esboou umaclassificao muito original para identificar as diferentesetnias da Amaznia. Nesse sentido, ele recorreu aoscorpos, s deformidades fsicas e aos artefatos paraidentificar os grupos e entender a sua capacidade decontrolar a natureza. As roupas, armas e moradias eramindcios do grau de organizao social das comunidades.A forma de controlar a natureza era, enfim, indcio daevoluo tcnica dos povos. Embora pouco explorada,essa abordagem era, poca, extremamente inovadora, oque demonstra a insero do naturalista nos debatesdedicados a explicar a diversidade de raas e costumes.

    CHARLES MARIE DE LA CONDAMINE

    Quatro sculos antes da chegada dos conquistadores, osOmagus usavam tnicas, tinham uma organizaosocial, eram belicosos, hbeis agricultores e pescadores.

    Por seis mil quilmetros dos rios Napo e Amazonas (doEquador ao Brasil), fizeram sua cultura a qual hoje se

    podem encontrar objetos cermicos, utenslios detrabalho domstico, urnas funerrias e jias em ouro degrande fora expressiva, pois tm uma decorao quereflete uma forma de escrita bastante desenvolvida parao sculo XII, quando nasceu esta comunidade indgena.

    Com a chegada dos espanhis, so eles que alimentam aslendas do Eldorado repleto de ouro. Tm seus primeirosenfrentamentos j em 1540 com Orellana.

    Quando chegam os Jesutas, so os Omagus que tornamvivel a conquista primeira da regio amaznica, poistodas as outras tribos so pequenas, nmades e comdistintas lnguas, o que torna a catequizao invivel. OsOmagus se unem as redues jesutas para escapar aocerco dos bandeirantes do lado portugus e dosencomendeiros do lado espanhol que buscavam ndiospara escravizar.

    O movimento Iluminista promoveu o interesse cientficoeuropeu pelo Novo Mundo, como por outrasdesconhecidas regies do Globo. A primeira expediocientfica na Amaznia aconteceu em 1743 com aviagem de Charles-Marie de La Condamine, membro da

    Academia de Cincias da Frana, em uma viagemempreendida a partir de 1735, para comprovar ou no asteorias de Newton sobre a circunferncia terrestreComprovada a hiptese newtoniana, ele decidiuconhecer a Terra das Amazonas e empreendeu aprimeira viagem completa pelo rio Amazonas desde asua nascente at o Atlntico, pelas vias fluviaisamaznicas. Novamente aparecem os Omagus, que lheapresentam o ltex e demonstram os vrios tipos deutilidades daquilo que, no sculo XIX, seria o produtoprincipal da economia amaznica

    ele que descreve os Omagus: A Misso de SoJoaquim composta de muitas naes indgenas esobretudo os Omagus. Seu nome, assim como o deCambebas que lhes deram os portugueses do Par nalngua do Brasil, significa cabea plana. que essespovos tm o bizarro costume de prensar entre duaspranchas a cabea das crianas recm nascidas, para lhesdar uma estranha forma, fazendo com que pareammelhor, dizem eles, com a lua cheia

    E descreve tambm a estranha e desconhecidaresina que utilizavam: A resina chamada cahuchu nasterras da provncia de Quito, vizinha ao mar, tambmmuito comum nas margens do Maraon, e se presta aosmesmos usos. Quando fresca, pode ser moldada naforma desejada. impermevel chuva, mas o que atorna mais notvel a sua grande elasticidade. Fazem-segarrafas que no so frgeis, botas, bolas ocas, que seachatam quando apertadas, mas retomam a forma

    original quando cessa a presso

    Charles-Marie de la Condamine leva a Europa ecomea a estudar o processo do ltex mas s em 1839que Charles Goodyear desenvolve uma maneiraindustrial de utilizao com a descoberta davulcanizao.

    Com a expulso dos jesutas em 1767, os Omagus seviram ameaados por todos os lados: os ndios de outrasetnias os viam como traidores por terem ajudado aosesutas, os portugueses os achavam aliados dos

    espanhis e os espanhis aliados dos portugueses. Empouco tempo a grande nao desceu o Amazonasfugindo de tudo, perecendo com doenas e enfimdesapareceram mesclados com outras etnias

    Como disse o padre Angel Cabo devilla: A relao comos estranhos trouxe sobre eles todas as enfermidades docontato, principal causa de seu extermnio, assim comoas demais violncias prprias de uma conquista.

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    19/50

    19

    ALEXANDER VON HUMBOLT

    Charles Darwin Alemo - No seria um exagero dizerque Alexander Von Humboldt foi uma espcie deCharles Darwin alemo. A exemplo do clebre cientistae bilogo ingls, Humboldt passou boa parte da vida emnavios e expedies. Ele nasceu no dia 14 de setembrode 1769, em Berlim. A morte do pai, um oficial doexrcito prussiano, quando tinha oito anos, noatrapalhou sua formao, voltada Matemtica e aosestudos lingsticos. Aos 23 anos, empregou-se em umacompanhia mineradora. Obcecado pela eficincia,conseguiu racionalizar os procedimentos da minerao.A medida provocou o aumento na produo de ouro.Pouco depois comeou a estudar Botnica, Fsica eMatemtica. Com o dinheiro herdado da me, pderealizar o grande sonho de sua vida: viajar pelasAmricas, ao lado do mdico e botnico francs AimeBonpland. A dupla fez um estudo detalhado sobre afauna e flora da regio. O resultado dos mais de 9.500quilmetros de expedies est registrado no livroViagem s regies equinociais do novo continente. Emoutra obra, Ensaio poltico no reino da nova Espanha, eledesnudou o Mxico, pas at ento praticamentedesconhecido do europeu.

    Um projeto pode levar 200 anos para ser concretizado.Difcil esperar para ver. O cientista alemo AlexanderVon Humboldt, por exemplo, no conseguiu realizar asua maior empreitada. Em 1799, montou uma expedioe saiu em viagem pelo mar do Caribe. O sonho era subiro rio Orinoco na Venezuela e atravessar a BaciaAmaznica at alcanar o Oceano Atlntico, na costa doPar. S conseguiu cumprir a primeira parte. Ao chegar fronteira brasileira, no canal de Cassiquiare, Humboldtfoi impedido de entrar no territrio tupiniquim pelaburocracia lusitana. O Brasil no passava de uma colniade Portugal e o conceituado cientista no parecia ser toconceituado assim. Dois sculos depois, 39pesquisadores da Universidade de Braslia (UnB) e deoutras nove universidades do Brasil e do Exteriorencamparam o projeto do alemo.

    A equipe partiu do Caribe em 1 de setembro econseguiu alcanar o Atlntico no dia 4 de novembro,dessa vez com o apoio dos governos do Brasil e daVenezuela. Foram 9.200 quilmetros navegados em 18rios e canais da regio. Os pesquisadores repetiram opercurso de Humboldt e seguiram em frente. Desceram orio Negro at Manaus e, depois de percorrer o Tapajs eo rio Trombetas, chegaram foz do Amazonas,contornando a Ilha de Maraj at Belm do Par.

    Diversidade Durante os 64 dias da expedioque aindaincluiu uma viagem por terra de Macap at o rioOiapoque, na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa, os cientistas realizaram estudos em 18 reas depesquisa to diversas quanto microbiologia, ornitologia ehistria. A expedio permitiu que fizssemos ummapeamento completo da Amaznia. A regio focontemplada em todas as suas peculiaridades e asconseqncias sero muito positivas, afirma um doscoordenadores da expedio, o professor VictorLeonardi, da UnB. Leonardi organizou os trabalhos depesquisa nas reas de cincias humanas e se surpreendeucom os achados dos pesquisadores Francisco Jorge dosSantos e Carlos Tijolo, do Museu Amaznico deManaus. Eles descobriram um stio arqueolgico nasmargens do Paran do Ramos, brao do rio Amazonasno municpio de Barreirinha, 600 quilmetros a leste deManaus. Uma civilizao pr-colombiana (anterior chegada de Colombo) parece ter ocupado doisquilmetros da margem do canal durante pelo menosdois mil anos. Agora, os fragmentos de cermicaencontrados sero submetidos a testes com Carbono 14para determinar a sua idade.

    Outras descobertas significativas foram feitas pelaequipe do microbiologista Csar Martins de Scoordenador dos estudos da rea de cincias naturaisForam encontradas duas espcies de microorganismosdesconhecidas at hoje. Uma delas tem luminescncianatural brilha no escuro e poder ser utilizadaamplamente na medicina. Hoje, uma protenaluminescente extrada de algas marinhas, que brilhaquando submetida a raios ultravioleta, usada para fazero acompanhamento de tumores cancerosos. Se omicroorganismo descoberto puder ser produzido emescala industrial, a Amaznia estar colocando nomercado um produto capaz de render milhes de dlaresao ano para o Pas, prev Csar de S. O outromicroorganismo encontrado um biodigestor natural, ouseja, auxilia na decomposio da biomassa gerada pelafloresta. Poder ser a sada para o tratamento natural derejeitos industriais, agrcolas e domsticos. AAmaznia um potencial inesgotvel de riquezas

    naturais ainda desconhecidas, garante.

    Passado Todo o aparato cientfico da ExpedioHumboldt Amaznia 2000 no foi suficiente para tiraro gostinho de passado. Os barcos utilizados pela equipede cientistas, por exemplo, seguem modelosreproduzidos h muitas dcadas e no diferem em nadados barcos empregados atualmente no transporte dapopulao local. O toque supremo de nostalgia ficou porconta dos artistas plsticos Carlos e Beatriz Vergarapresentes expedio. Suas telas, pintadas durante a

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    20/50

    20

    viagem, faro parte de um livro que a UnB lanar em2001. Modernidade, s mesmo no equipamento utilizadopara documentao em vdeo, graas ao apoio dosgovernos brasileiro e venezuelano. Dois vdeo makersgravaram dezenas de horas de fitas, que serotransformadas em um documentrio e em uma videoteca,com os depoimentos de 50 moradores da Amaznia nantegra. Outros registros do que os pesquisadores viram,como as runas de cidades bicentenrias, a exubernciada mata, os povos e os animais da floresta, ficaram acargo do fotgrafo Juan Pratignests, da UnB. Veteranoem Amaznia, Pratignests colheu com sua cmera nadamenos do que dez mil fotos. So dele as belas imagensque ISTO publica com exclusividade.

    BARO DE LANGSDORFF

    Fascinado por viagens e conhecimentos cientficos, obaro Langsdorff conseguiu patrocnio do czar russoAlexandre I para organizar uma grande expedio dereconhecimento no interior do Brasil, em 1821. Entre osintegrantes estavam artistas, botnicos, naturalistas ecientistas.A cidade do Rio de Janeiro, sede do governo portugusno Brasil, foi o ponto de partida para o grupo deexploradores, que percorreria cerca de 17 milquilmetros entre os anos de 1822 e 1829.Primeiramente, os estudiosos exploraram a regio do Rio

    de Janeiro. No ano de 1824, partiram rumo provnciade Minas Gerais. No mesmo ano, ainda em territriomineiro, o artista austraco Rugendas deixou aexpedio, aps uma srie de desentendimentos comLangsdorff, e retornou ao Rio de Janeiro. Rugendas foisubstitudo por Aim-Adrien Taunay, jovem desenhistafilho de Nicolas Taunay integrante da MissoArtstica Francesa. A partir de 1825, a expedio seguiuviagem pelas provncias de So Paulo, Mato Grosso eAmazonas, analisando os aspectos naturais, sociais,etnolgicos e lingsticos brasileiros.A fantstica trajetria desses estudiosos os primeirosa estudar certos aspectos da flora, fauna e povosindgenas brasileiros , tambm apresentou momentosruins, pois muitos sofreram com doenas tropicais,sobretudo, malria. O prprio baro Langsdorff perdeu amemria em 1828, aps contrair febre tropical, da qualnunca se recuperou. Colocando em nmeros, dos 39integrantes da expedio, somente 12 sobreviveram.Todo o material coletado amostras minerais, animaise vegetais , os desenhos e os manuscritos foramenviados Rssia, permanecendo no esquecimento emcaixas lacradas no Jardim Botnico de So Petersburgoat 1930, quando foram encontrados ocasionalmente em

    funo de uma reforma. Mesmo com as dificuldadesenfrentadas pela Rssia durante a Segunda GuerraMundial (1939-1945) e a Guerra Fria (1945-1989)pesquisadores conseguiram estudar e divulgar boa parteda coleo enviada pela expedio um sculo antesAtualmente, o professor Boris Komissarov, daUniversidade de So Petersburgo, considerado o maiorespecialista no estudo do material coletado pelaExpedio Langsdorff, alm de ser presidente daAssociao Internacional de Estudos Langsdorfffundada em Braslia no ano de 1990.

    EXERCCIO

    01. (Positivo) Nide Guidon foi a primeira pesquisadoraa afirmar que no Brasil esto os mais antigos restosarqueolgicos a registrarem a presena humana no:

    a) Stio Arqueolgico da Pedra Furada, na Serra daCapivara, interior do Piaub) Stio Arqueolgico da Pedra Lascada na Amaznia.

    c) Estado do Acre, no stio arqueolgico de PedraFurada.

    d) Planalto Goiano, nas proximidades de Braslia.

    e) Rio Grande do Sul, beira da Lagoa dos Patos.

    02.(UFAM) O trabalho desenvolvido pela arquelogafranco-brasileira Nide Guidon no stio arqueolgico daPedra Furada, no Piau, reacendeu as discusses sobre aorigem do homem americano. Sobre os achadosarqueolgicos e suas respectivas concluses pode-seafirmar que:

    a) Foram encontradas, em sambaquis, centenas depinturas rupestres, que permitem identificar nossosprimeiros habitantes;

    b) Foi encontrado o crnio de Luzia com a datao de9.000 anos, acreditando-se tratar dos restos humanosmais antigos das Amricas;

    c) Foram encontrados artefatos lticos, em sambaquisque comprovam a tradicional hiptese de penetraoterrestre do Estreito de Behring;

    d) Foram encontrados restos de fogueira e fsseis comdatao aproximada de 50.000 anos, que contrariam ateoria das correntes australiana e malaio-polinsio;

  • 8/4/2019 APOSTILA DE HISTRIA DO AMAZONAS

    21/50

    21

    e) Foram encontrados restos de fogueira com dataoaproximada de 50.000 anos, que indicam que o homempode ter chegado Amrica, a esse tempo, via oceanoPacfico.

    03.(UFAM) Havia nesse povoado uma casa dediverses, dentro da qual encontramos louas das maisvariadas: havia vasos e cntaros enormes, de mais devinte e cinco arrobas, e outras vasilhas pequenascomo pratos, tigelas e castiais, de uma loua de melhorque j se viu no mundo, mesmo a de Mlagua no secompara a ela, porque toda vitrificada e esmaltada comtodas as cores, to vivas que espantavam, apresentandoalm disso, desenhos e figuras to compassadas quenaturalmente eles trabalhavam e desenhavam como osromanos.

    Frei Gaspar de Carvajal, cronista da expedio deFrancisco de Orellana, 1542. O relato acima refere-se :

    a) Aldeia que os membros da expedio de Orellanabatizaram de Aldeia da Loua, localizada na regio deCodajs e pertencente Provncia de Yoriman.

    b) Provncia de Solimes, localizada na regio quecompreendia um pouco acima do rio Coari estendendose at quase a foz do rio Purus.

    c) Misso de Nuestra Senhora de ls Neves de losYurimguas, que os membros da expedio de Orellanabatizaram de Aldeia do Ouro.

    d) Provncia de Conduris, na regio que medeia os riosNhamund e Tapajs, onde os espanhis no sculo XVIteriam se defrontado com as lendrias Amazonas.

    e) Aldeia de Aissuari, que os membros da expedio dePedro Teixeira apelidaram de Aldeia do