Apostila de Introdução à Psicologia

download Apostila de Introdução à Psicologia

of 42

Transcript of Apostila de Introdução à Psicologia

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    1/42

    APOSTILA DE INTRODUO PSICOLOGIA

    (Com noes em Aconselhamento Bblico)

    Letra grega Psi

    PROFESSOR PR. LUCAS LIMA

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    2/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    2

    CONTEDO

    INTRODUO .....................................................................................................................................04

    1. A HISTRIA DA PSICOLOGIA NO MUNDO .............................................................................04

    1.1

    JOHN LOCKE E A PSICOLOGIA ...........................................................................................06

    1.2 DAVI HUME E A PSICOLOGIA ...........................................................................................06

    1.3 DARWIN E A PSICOLOGIA ................................................................................................06

    1.4 WILHELM WUNDT E A PSICOLOGIA .................................................................................07

    1.5

    PSICOLOGIA DA INTELIGNCIA E DA FORMA ...................................................................08

    1.6

    O PRINCPIO DO SENTIDO. ..............................................................................................08

    2. ABORDAGENS PSICOLGICAS, ESCOLAS E PENSADORES .......................................................09

    2.1 ESTRUTURALISMO .........................................................................................................09

    2.2 FUNCIONALISMO ...........................................................................................................10

    2.3

    ASSOCIACIONISMO .......................................................................................................10

    2.4

    PAVLOV E A REFLEXOLOGIA ..........................................................................................10

    2.5

    BEHAVIORISMO ............................................................................................................11

    2.5.1 BURRHUS FREDERIC SKINNER ............................................................................11

    2.6 GESTALT PSICOLOGIA DA FORMA ..............................................................................12

    2.7 PSICANLISE ................................................................................................................12

    2.8

    HUMANISMO ...............................................................................................................15

    2.8.1

    A PIRMIDE DE MASLOW .................................................................................16

    2.9 PSICOLOGIA TRANSPESSOAL ........................................................................................16

    2.10 PSICODRAMA ..............................................................................................................17

    2.11 PSICOLOGIA ANALTICA ...............................................................................................18

    2.12 PSICOLOGIA COGNITIVA ..............................................................................................19

    3. O CONCEITO DE SADE E OS PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS .......................................19

    3.1

    O CONCEITO DE SADE ................................................................................................19

    3.2

    TRANSTORNOS MENTAIS .............................................................................................21

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    3/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    3

    3.3

    PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS .............................................................................22

    3.3.1

    DEPRESSO ........................................................................................................22

    3.3.2 ANSIEDADE ........................................................................................................25

    3.3.3

    TRANSTORNO BIPOLAR ......................................................................................26

    3.3.4 TOC (TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO) ..................................................28

    3.3.5 ESQUIZOFRENIA .................................................................................................30

    3.3.6 HIPERATIVIDADE (DFICIT DE ATENO).............................................................33

    4.

    TEORIA DOS QUATRO TEMPERAMENTOS ...............................................................................35

    5.

    TAREFA TESTE DE PERSONALIDADE .....................................................................................37

    6.

    A PSICOLOGIA E A BBLIA NOES DE ACONSELHAMENTO BBLICO .....................................38

    7. GLOSSRIO ............................................................................................................................40

    8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...............................................................................................42

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    4/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    4

    INTRODUO

    A Psicologia talvez seja uma das mais controversas cincias da atualidade. Amada por uns e odiada por

    outros, sem dvida ainda permanece obscura para a grande maioria. Alguns grupos evanglicos e catlicos

    tratam-na como coisa do diabo. At mesmo cientistas questionam sua autenticidade como cincia, visto

    que seu propsito adentrar o campo ainda obscuro das emoes e do funcionamento do crebro. Se paraestudiosos e religiosos ela no unanimidade, quem dir para outros grupos de pessoas?

    Mas, antes de qualquer concluso ou preconceito, preciso conhecer as propostas, tcnicas e abordagens

    da Psicologia. A partir de uma anlise mais aprofundada, pode-se ento chegar a alguma concluso, quer

    seja de apoio, questionamento ou repulsa.

    A Psicologia uma das mais complexas cincias da atualidade. Estudar a alma humana talvez seja a mais

    complexa de todas as tarefas, visto que as pessoas so frutos de influncias genticas, sociais, fsicas,

    ambientais, cognitivas e espirituais.

    De forma direta ou indireta, outras cincias se juntam Psicologia nessa empreitada. So elas: neurologia,

    filosofia, psiquiatria, sociologia, pedagogia, etc. A Psicologia, no entanto, busca adentrar as profundezas do

    SER humano, identificando suas motivaes, traumas e carncias. Ningum que se aprofunde nesta cincia

    sara ileso.

    Um dos diferenciais da Psicologia sua proposta de no encontrar respostas ou solues simples e prontas

    para coisas que so complexas por natureza (Ex.: um psiquiatra que trata a depresso com antidepressivo

    na cura da mesma e desconsidera os fatores causadores e desencadeantes do mal). A Psicologia procura

    entender quem o ser humano e como ele age e reage.

    Antes de qualquer tentativa de comparar ou colocar em choque a Psicologia e a Teologia, vamos conhecer

    o campo psicolgico sem preconceitos e com a certeza de que, como toda cincia, a Psicologia fruto da

    busca do homem para se autoconhecer. Uma coisa certa: ao se conhecer melhor, o homem noconseguir fugir da verdade de que h um vazio enorme em sua alma... Um espao que s Deus pode

    preencher por completo.

    1. A HISTRIA DA PSICOLOGIA NO MUNDO (INFLUNCIAS RECEBIDAS)

    Tendo em vista que desde o incio dos tempos o ser humano busca conhecer suas origens, o mundo que o

    rodeia e seu interior, no seria difcil afirmarmos que os antigos filsofos, os pr-socrticos, eram em sua

    essncia psiclogos, mesmo que ainda no fossem assim denominados.

    Na busca da compreenso sobre a origem do homem, destacam-se duas vises: o Criacionismo e o

    Evolucionismo. Na primeira corrente, cr-se que um Ser Superior tenha criado todas as coisas que existem

    de forma distinta, permanecendo invariveis (todo o fundamento, o homem, as plantas e os animais). Este

    relato encontra-se pormenorizado na Bblia Sagrada, o livro sagrado dos cristos.

    A segunda corrente, conhecida como Evolucionismo, aquela que apresenta o mundo como algo em

    processo de mudana gentica em que as caractersticas de toda uma espcie so alteradas durante muitas

    geraes, com a funo de proporcionar uma melhor adaptao dos indivduos daquela espcie ao meio

    ambiente, processo conhecido como Seleo Natural. O que diferencia a primeira corrente da segunda

    que no Criacionismo o ingrediente que move esta compreenso a f, enquanto que o Evolucionismo

    uma teoria cientfica, proposta e divulgada por Charles Darwin, em sua obraA Origem das Espcies.

    Mas, independentemente das questes de origem do Universo, o ser humano sempre se interessou pelo

    seu universo interior. De onde vim e para onde vou? e tambm Quem sou e qual meu papel neste

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    5/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    5

    mundo?. As respostas para estas perguntas trariam alvio para a prpria angstia e inquietao inerentesao ser humano. Era preciso entender as prprias emoes, ansiedades, sentimentos, o porqu daexistncia, do nascimento e da morte. Este processo de autoconhecimento importantssimo, pois nos levaa entender que no precisamos e nem devemos fugir das sensaes desconfortveis, mas sim devemosenfrent-las para encontrar equilbrio em nossa jornada terrena.

    Um dos maiores equvocos atuais talvez seja o de querer se livrar a todo e qualquer custo da dor e dossofrimentos. Mas eles so parte da complexa natureza humana. No existem frmulas miraculosas parafazer com que o ser humano pare de sofrer, por mais que os livros de autoajuda, a religio, a cincia e afilosofia digam o contrrio. A Psicologia, a Teologia e todas as reas do conhecimento humano devem seempenhar sim em entender a alma humana e aprender a lidar com a prpria existncia, repleta de vitriase derrotas. A aflio foi e ainda tema de muitos estudos. O prprio mestre Jesus ensinou aos seusseguidores que a vida seria de aflies.

    Seria ento correto afirmar que a Psicologia surgiu com base em dois ramos distintos do conhecimento: aFilosofia e a Medicina. Por que no dizer ento que a Psicologia a resposta humana para o que a Teologiah tempo j nos ensina? Talvez muitos psiclogos no aceitem tal posio, mas, se analisarmos o objetivo

    de Deus ao criar o homem, vemos que, com o passar das geraes, novas teorias humanas so criadas,mas, no fundo, apenas corroboram o que Jesus buscou ensinar com toda sua histria de vida.

    A primeira grande obra psicolgica de que se tem notcia do pensador Aristteles (384-322 a.C.), DeAnima (Acerca da Alma). Embora j se estudasse a alma humana, o termo Psicologias aparece no sculoXVI, com Rodolfo Goclnio. A palavrapsicologiatem sua raiz etimolgica nos termos (psich alma + logos

    razo, estudo). Apesar de sua histria no ser antiga, sua regulamentao como profisso ocorreu apenasem 27 de agosto de 1962, quando passou a se comemorar o dia do psiclogo.

    Tem-se afirmado que a Psicologia uma cincia com um longo passado, mas com uma curta histria dereconhecimento enquanto atividade profissional e cincia. A partir de relatos histricos da ndia, China,sia Menor, etc., v-se que o ser humano sempre refletiu sobre a alma, morte e imortalidade, bem e mal, eas causas dos medos e preocupaes. A partir da compreenso de que a alma do ser humano e a suaexistncia so assuntos interligados, e que o ser humano est sempre em processo de aprendizagem, noh dvidas de que a Psicologia uma cincia em construo e o psiclogo, um profissional que nuncaestar pronto, mas sempre em formao.

    Aristteles foi o divulgador da ideia de que o todo vem antes das partes e , portanto, mais do que osomatrio das partes. Ex.: Uma floresta mais do que o somatrio das suas rvores, arbustos, ervas eanimais que a constituem; , na verdade uma totalidade prpria com caractersticas especiais que

    pertencem totalidade. Assim tambm o ser humano, no domnio psquico, uma totalidade especial,muito mais do que uma soma de pensamentos e emoes isoladas. Este pensamento se perpetuou atravsda corrente psicolgica conhecida como Gestaltou Psicologia da Forma.

    Esta concepo ope-se ideia de Wilhem Wundt (1832-1920) de que o todo da mente humana constitudo a partir de processos elementares, a qual denominou, a princpio, de a moderna PsicologiaCientfica, orientada pelo pensamento atomista da Fsica.

    Os gregos consideravam a alma como o sopro da vida, como aquilo que vivifica a vida. No entanto, aresposta de como esse processo ocorria no foi encontrada. Tales de Mileto (625-556), primeiro filsofoocidental de que se tem notcia, muito antes de Aristteles, considerou o movimento como algo essencialpara o processo de vivificao. Defendeu a existncia de uma substncia fundamental que daria origem aomovimento e transformao da vida. Para ele, o princpio de tudo era a gua. "O morto resseca, enquantoos germes so midos e os alimentos, cheios de seiva", ele dizia.

    Alguns filsofos da Antiga Grcia pensavam que a alma era "ar"; outros, que os odores eram os elementosvivificantes. Plato (427-347 a.C.) qualifica a alma de ser espiritual; seu discpulo Aristteles a considerava

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    6/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    6

    como uma fora, alis, incorprea, que movia e dominava os corpos. A partir de tais concepes, adquiridas

    exclusivamente pela especulao, existiam, contudo, tambm j na antiguidade, estudos amplos sobre

    processos cerebrais, sobre as funes dos rgos sensoriais e sobre perturbaes destas funes em caso

    de leses cerebrais.

    Muito se houve falar sobre a teoria dos quatro temperamentos (a qual estudaremos mais adiante),

    sobretudo em livros norte-americanos de Psicologia e aconselhamento, mas a grande verdade que estadoutrina remonta ao grande mdico grego Hipcrates (460-377 a.C.), conhecido como o pai da medicina.

    O mdico romano Galeno (201-131 a.C.) retomou e desenvolveu tal teoria. Os humores ou temperamentos

    seriam: sanguneo, colrico, melanclico e fleumtico, seguindo princpios fsicos de identificao. Apesar

    do seu funcionamento pseudocientfico, a doutrina dos quatro temperamentos afirmou-se na prtica e os

    quatro tipos foram finalmente introduzidos como noes da nossa linguagem diria.

    Outro importante nome ao estudarmos os primrdios da Psicologia o de Agostinho, ou Santo Agostinho

    (354-430), pelo fato de ter descoberto dois mtodos importantes: o da auto-observao e o da descrio

    da experincia interior, dando origem a uma Psicologia mais subjetiva e qualitativa, baseada na fala e na

    introspeco, ao contrrio daquela que prioriza apenas o comportamento observvel. De certa forma,

    pode-se citar a Psicologia Europeia como aquela que mais se aproxima de uma prtica menos comercial eimediatista para uma mais aprofundada e introspectiva, denominada por alguns de Psicologia Profunda.

    1.1 JOHN LOCKE (1632-1704) E A PSICOLOGIA

    Grande parte das pessoas que trabalha na educao j ouviu falar que a criana como

    uma folha em branco na qual so registradas vrias experincias. Esta ideia, que

    tambm influenciou bastante a Psicologia, principalmente as abordagens que priorizam a

    experincia como principal fonte de formao do ser humano, provm de um pensador

    chamado John Locke.

    Locke destacava que as impresses sensoriais so de grande importncia para o desenvolvimento de nossa

    experincia. Imaginou o esprito da criana como uma folha em branco (tbula rasa) na qual sero

    registradas as experincias. John Locke tambm tem papel decisivo na Pedagogia e na Psicopedagogia.

    1.2 DAVID HUME (1711-1776)E A PSICOLOGIA

    David Hume foi um filsofo escocs que aperfeioou a teoria aristotlica das associaes.

    Hume ensinou que as representaes eram imagens de impresses sensoriais e se

    encontravam ligadas umas s outras com base em leis mecanicamente funcionais.

    Reforando o pensamento de Aristteles, formulou as leis da associao do contato

    espao-tempo, da semelhana, do contraste e da causalidade.

    Desde ento se verifica a importncia que as experincias exercem sobre a vida de todo ser humano,gerando gratificao ou traumas. As experincias tm uma funo primordial na estrutura do indivduo,

    principalmente de zero a seis anos de vida. Aquilo que vivenciado nesta fase torna-se determinante na

    vida adulta. A forma de ser, de reagir e de enfrentar as crises em boa parte construda na infncia, assim

    como a forma feliz de celebrar a vida em seus detalhes mais simples.

    1.3 CHARLES DARWIN (1809-1882) E A PSICOLOGIA

    A Psicologia sempre viveu o dilema de optar entregar-se objetividade, para que

    ocorresse a apropriao do fazer cientfico, ou exercer um modo alternativo de fazer

    seus estudos da maneira mais alternativa e aberta especulao e assim correr o

    risco de no ser legitimada nos meios acadmicos. Pela prpria raiz eminentementefilosfica, toda a Psicologia fora praticada at meados do sculo XX de modo

    predominantemente especulativo. Julgava-se poder solucionar todos os problemas a

    partir da reflexo, da anlise e da sntese. Ledo engano. Atualmente, percebe-se que

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    7/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    7

    as alternativas acima citadas no so excludentes, mas que podem se complementar e se enriquecer

    mutuamente e assim o fazer cientfico enriquece seu olhar, tornando-se mais holstico e menos

    fragmentado.

    Um exemplo desta viso integral do indivduo e seus problemas o caso de algum que esteja com

    gastrite. Esta pessoa pode ser tratada como algum que tem uma irritao gstrica ou ento pode ser

    avaliada interdisciplinarmente, em que profissionais de diversas reas identificam as causas fsicas,alimentares e emocionais que levaram o paciente a este estado doentio no estmago, o qual passa ento a

    ser denominado como rgo de choque.

    Quanto ao modo emprico de fazer cincia, pode-se afirmar que um dos principais impulsos na Psicologia

    teve sua origem nas observaes e experimentos de Darwin, fundador da moderna teoria gentica e da

    hereditariedade. Como citado anteriormente, a sua obra de maior impacto para a cincia foi A Origem das

    Espcies (1859). Esta obra, publicada para garantir originalidade e reconhecimento de autoria, visto que

    outros escritores comeavam a apresentar ideias semelhantes, inclusive anteriormente a seus escritos. A

    obra de Darwin influenciou de modo revolucionrio quase todos os domnios da cincia, desde a Fsica e a

    Qumica, passando pela Biologia, at chegar Psicologia. Ela promove debates acalorados e inmeras

    teses, colocando telogos e cientistas como inimigos frontais, lgico, dentro de uma perspectivaexcludente e fragmentada.

    Alm de suas investigaes biolgicas, Darwin ocupou-se igualmente de uma srie de problemas que hoje

    denominaramos psicolgicos. As ideias de Darwin deram um novo impulso investigao psicolgica e

    constituram o fundamento para muitos campos da moderna Psicologia, tais como: a Psicologia do

    Desenvolvimento e Psicologia Animal; o estudo da expresso dos movimentos afetivos, a investigao das

    diferenas entre os diversos indivduos; o problema da influncia da hereditariedade em comparao com

    a do meio ambiente; o problema do papel da conscincia; e, logo a seguir; o estudo experimental das

    funes anmicas, como tambm a introduo do princpio quantitativo da investigao.

    1.4 WILHELM WUNDT (1832-1920) E A PSICOLOGIA

    Mdico, filsofo e psiclogo alemo, Wilhelm Wundt considerado o pai da Psicologia

    moderna, devido criao, em 1879 do Instituto Experimental de Psicologia, em Leipzig.

    Desenvolveu, alm disso, um sistema amplo para o nascimento desta nova cincia,

    pesquisando aspectos que iam desde a Psicologia Experimental Fisiolgica at a

    Psicologia dos Povos, dando origem ao que hoje se conhece como Psicologia Social e

    Comunitria. Um fato curioso sobre Wundt que sua base terica sobre a Psicologia era

    proveniente da Fsica. No toa que hoje termos como campos de tenso so utilizados em dinmicas

    de grupo.

    Wundt pretendia encontrar elementos e processos elementares, pois acreditava poder construir a alma

    como um todo. Apesar da grandiosa concepo fundamental, a Psicologia dos Povos de Wundt no levou aquaisquer resultados duradouros, precisamente no que se refere compreenso dos fenmenos mais

    complexos ou mesmo daqueles que dizem respeito ao desenvolvimento humano, mesmo porque Wundt

    no chegou a desenvolver um conceito preciso daquilo que seria essa rea, chamada Psicologia dos Povos

    (mais adiante veremos as abordagens que resultaram do trabalho de Wilhelm Wundt).

    Enquanto Wundt trabalhava seus conceitos, outros pensadores, paralelamente, estudavam os fenmenos

    de maturao por meio da observao de animais e crianas, o que daria origem Psicologia do

    Desenvolvimento. Esse sistema de pensamento incide exclusivamente sobre a observao do

    comportamento animal e humano e dos processos de maturao de tal comportamento. De Francis Galton

    a Lloyd Morgam, William McDougall, Thorndike, Yerkes e John B. Watson, encontramos uma srie de

    investigaes brilhantes que se ocupam das questes da hereditariedade, do comportamento animal, dosinstintos e do comportamento infantil.

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    8/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    8

    O estudo do comportamento observvel um dos pilares doutrinrios do Behaviorismo e os estudosrealizados por seus seguidores baseavam-se quase que exclusivamente em observaes de animais e decrianas. Hoje em dia, a Psicologia Animal e a Psicologia Infantil constituem dois ramos extremamentevastos e significativos da investigao psicolgica, apesar de que j so necessrios vrios cuidados legais,pelos abusos antes cometidos por pesquisadores menos avisados. Para pesquisas que envolvam sereshumanos, por exemplo, necessrio, atualmente, que seja assinado um termo de Livre Consentimento.

    preciso conhecer de que trata a pesquisa e os possveis riscos envolvidos, para assim decidir se deseja fazerparte da experincia ou no.

    Praticamente toda a teoria piagetiana foi obtida a partir de observaes dos seus prprios filhos. Umestudo cuidadoso e que certamente exigiu muito do esprito investigativo de Piaget. Foram anos a fio paraque fosse possvel elaborar a sua teoria, de contribuio inestimvel tambm para a Psicologia Clinicainfantil.

    1.5 PSICOLOGIA DA INTELIGNCIA E DA FORMA

    impossvel falar da Psicologia da Inteligncia e da Forma sem citar nomes como: Franz Brentano (1838-

    1917), Christian von Ehrenfels (1859-1932) e Edmund Husserl (1859-1938). Estes dois grupos, quecostumam normalmente ser designados por Escola de Wurzburg e de Berlim, insistiam na compreenso dasrelaes de sentido e na percepo de formas, ou seja, de formas e totalidades. So processos de umaespcie prpria e no se podem explicar como sendo formados por elementos, ou seja, a forma no semostra absoluta, mas existe uma relao entre a forma e a percepo de quem v, para que haja umsentido. Esse pensamento explica, de certa forma, a existncia da relatividade e do significado da arte.

    O valor da obra artstica, uma tela, por exemplo, est no significado atribudo pelo observador. Esta EscolaPsicolgica demonstra que o todo tem um significado maior do que o que teria simplesmente se as suas

    partes fossem unidas. Fazendo uma analogia a esse pensamento e demonstrando-o, por exemplo,na rotina de uma policlnica, diria que trabalhar numa equipe interdisciplinar de sade tem um

    efeito muito superior a que tentar unir concluses de trabalhos isolados de diversos profissionaisde sade, produzidos de forma individualizada. Da ser a mxima desta Escola: "O todo mais quea soma de suas partes". Os pensadores da Psicologia da Inteligncia e da Forma apresentavam,alm disso, a comprovao experimental para demonstrar sua tese. No so as representaes,mas sim as suas relaes que decidem o sentido de um pensamento, afirmou Karl Buhler, um dos

    jovens representantes da Escola de Wurzburg, ao ser contestado por Wundt.

    As percepes estruturais do pensamento so operaes especficas, por meio das quais se constroem asnossas percepes: as impresses sensoriais no so simplesmente refletidas e ligadas umas com as outras,mas d-se a partir de diferentes centros cerebrais, uma projeo das impresses sensoriais em diferentesdirees, o que faz com que cada pessoa interprete e veja o mundo de uma determinada forma. (Pimentel,

    2003; Perls, 1969).

    1.6 O PRINCPIO DO SENTIDO

    "Minha vida carece de sentido". preciso dar sentido existncia". "Menino, d um rumo sua vida!".Todos certamente j ouviram frases assim, que denotam, de certa forma, a necessidade de que a vidatenha um significado, uma direo, seno se transformaria num barco a derivas. Eduard Spranger trouxe Psicologia o que denominava de valores espirituais, aos poucos retornando mesa de discusso, dentro deuma perspectiva mais abrangente e menos reducionista. "Reivindico a palavra Psicologia para a cincia davida provida de sentido" declarou Eduard Spranger no ano de 1922, numa mxima verdadeiramenteclssica. A palavra "sentido" definida aqui de modo diferente do que na Psicologia da Inteligncia, para a

    qual sentido significa o contexto espiritual de um pensamento. Sentido aqui definido como "aquilo queest integrado num todo de valores como membro constituinte" ou, por outras palavras, provido desentido aquilo que contribui para a realizao de valores, o que amplia a funo da Psicologia, de apenas

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    9/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    9

    explicativa para algo compreensivo. Spranger, que, seguindo as ideias de Wilhelm Dilthey (1833-1911),contrape uma Psicologia compreensiva Psicologia explicativa dos experimentalistas.

    O essencial na vida humana passa a ser a orientao dos valores. Dever-se-ia compreender a pessoa apartir do "esprito objetivo", produtor de valores. Na linguagem da moderna Psicologia isso quer dizer queSpranger se ocupava exclusivamente com as finalidades de valor e com os produtos de cultura formados

    atravs deles, enquanto considera o estudo da realizao das aes humanas desprovidas de importncia.

    Porm, como Karl Buhler acentua na sua obra "A Crise da Psicologia", ambos os aspectos so importantes. necessrio entender que se tratam apenas de aspectos diferentes de um mesmo ser, o ser humano.Portanto, uma dimenso no deve excluir a outra, mas a ela se complementar. Ao e sentido soinerentes alma da pessoa. De nada adianta a execuo de tarefas se aquilo no vier provido de sentido e,a falta deste sentido tem promovido diversos transtornos psquicos no mundo do trabalho. Um terceirogrupo ocupou-se ainda de outra maneira com a relao de sentido das finalidades.

    Este fato mostra cada vez mais claramente que o ponto de vista do sentido ocupa um plano especial naPsicologia atual. a relao de sentido da ao motivada, tal como Sigmund Freud (1856-1939), o fundador

    da Psicanlise, a viu e descreveu - alis, descreveu-a, no inicio da sua teorizao dentro dos limites daquiloque ele definiu como Libido, e que pode ser rapidamente conceituado como energia vital.

    Aos poucos a relao de sentido da ao motivada foi se ampliando, at compreender-se a concepo cadavez mais divulgada de que todo o nossopensamento e procedimento visam satisfao de determinadasnecessidades e adquire o seu sentido a partir de tal necessidade ou desejo.

    Sob este ponto de vista, todo o procedimento provido de sentido, uma vez que determinado pormotivos. Mesmo o pensamento e procedimento daqueles que esto em sofrimento psquico tm sentido,isto , tem em vista um objetivo, ainda que o sentido dos prprios objetivos se j mal compreendidonaquele momento. No entanto, uma vez que mesmo esse sentido mal compreendido muitas vezessusceptvel de ser interpretado pelo analista, possvel, em muitos casos, ajudar a pessoa a adquirir uma

    melhor auto-compreenso e a partir da um modo de vida mais equilibrado e harmnico. Dentro de umaperspectiva psicanaltica, pode-se afirmar que at aquilo que se sonha provi do de sentido, visto que lhe inerente uma finalidade dirigida no sentido da satisfao de necessidades.

    A interpretao, introduzida por Freud no pensamento psicolgico como novo princpio fundamental, deveser utilizado sempre que a pessoa que atua oculta a si prpria e aos outros o verdadeiro objetivo dos seusanseios. Em tais casos, ela pensa e atua simbolicamente, quer dizer, (acontece inconscientemente), em vezdo objetivo verdadeiro coloca um objetivo substituto ou ilusrio, para desviar a ateno das intenes quelhe parecem contestveis, reprovveis ou punveis. No principio do sentido amplo aqui desenvolvido,encontram-se includos, tanto o principio da relao do sentido no nosso pensamento, acentuado pelaPsicologia da Inteligncia, como o princpio do sentido das finalidades de valor, defendido por Spranger.

    Atravessada por vrias teorias, recorrendo a mtodos e tcnicas de investigao diversificada, organizadaem vrias especialidades, a Psicologia procura, nesta diversidade, responder s questes que desde semprese colocaram acerca do comportamento, emoes, sentimentos, relaes sociais, sonhos, perturbaes...(NASIO, 1988)

    2. ABORDAGENS PSICOLGICAS, ESCOLAS E PENSADORES

    2.1 ESTRUTURALISMO

    Considera-se como fundador da Psicologia moderna Wilhelm Wundt, por ter criado, em 1879 , o primeirolaboratrio de Psicologia na universidade de Leipzig, Alemanha. A Psicologia s se tornou uma cincia

    independente da filosofia graas a Wundt, no final do sculo XIX. Foi a partir deste acontecimento que sedesenvolveram de forma sistemtica as investigaes em Psicologia, atravs de vrios autores que a estacincia se dedicaram, construindo mltiplas escolas e teorias.

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    10/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    10

    Wundt criou o que, mais tarde, seria chamado de Estruturalismo, por Edward Titchener; cujo objeto deestudo era a estrutura consciente da mente, as sensaes. Segundo esta perspectiva, o objetivo daPsicologia seria o estudo cientifico da Experincia Consciente atravs da Introspeco. Titchener levou aideia da Psicologia para os Estados Unidos da Amrica, modificando-a em alguns pontos. As principaislimitaes do Estruturalismo residem no fato de a introspeco no ser um verdadeiro mtodo cientficoincontestvel e de esta corrente excluir a Psicologia animal e infantil. Esta corrente foi extinta em meados

    do sculo XX (Badcock, 1976).

    2.2 FUNCIONALISMO

    O Funcionalismo o modelo que substitui o Estruturalismo na evoluo histrica da Psicologia, sendo o seuprincipal impulsionador William James. O principal interesse desta corrente terica residia na utilidade dosprocessos mentais para o organismo, nas suas constantes tentativas de se adaptar ao meio. O ambiente um dos fatores mais importantes no desenvolvimento. (Cultural, 1974).

    2.3 ASSOCIACIONISMO

    Wilhem Wundt (1832-1920), juntamente com o seu discpulo Tichener, inicia o caminho que ir levar aPsicologia a atingir o estatuto de cincia. Comea por definir como objeto da Psicologia o estudo da mente:O estudo da mente (ou conscincia) faz-se ao nvel do consciente do ser humano pela anlise doselementos simples da mente, semelhana da diviso em tomos da realidade. (Monteiro 2003). Para ele eseus seguidores (nomeadamente Edward Tichener, 1867-1927), as operaes mentais no eram mais doque a organizao de sensaes elementares, procurando relacion-las com a estrutura do sistemanervoso. No seu laboratrio, em Leipzig, vai procurar conhecer a forma como se relacionam e associam oselementos da conscincia: a concepo associacionista (vide associacionismo) dos comportamentos.

    Para atingir este objetivo, vai utilizar como mtodo a introspeco (observao interna), mas de um modocontrolado: Observadores treinados deveriam, no laboratrio, descrever as suas prprias experincias,resultantes de uma situao experimental definida. Os dados eram depois relacionados e interpretados por

    uma equipe de psiclogos; ex.: aps a apresentao de um estmulo visual ou som teriam de descrever assensaes recorrendo a um conjunto definido de termos para maior objetividade.

    2.4 PAVLOV (1849-1936) E A REFLEXOLOGIA

    Voc est condicionado a fazer isto ou aquilo. Joozinho precisa de um reforo escolar.Os trabalhadores da empresa esto sem estmulo. Sequestradores precisariam serpunidos no Brasil. Todos no j ouvimos expresses desse tipo pelo menos uma vez navida.

    Em grande parte o nosso vocabulrio de base comportamentalista se deve ao pensador e

    filsofo russo chamado Pavlov, devido a uma de suas clssicas experincias fisiologistas euma das mais conhecidas a que ele realizou com ces.

    De modo simples esse experimento pode ser descrito deforma simplista, da seguinte forma: O cientista tocava umasineta e em seguida oferecia alimento ao co. Depois dealgumas vezes repetindo essa experincia ele passou aapenas tocar a sineta e observou, atravs de equipamentosde laboratrio que esse simples estmulo fazia com que asglndulas salivares do co produzissem secreo e exibir umcomportamento de esperar pela chegada do alimento. Esse

    comportamento poderia ser reforado e se tornar cada vezmais forte ou se tornar tnue at a ponto de ser extinto, adepender das variveis apresentadas ao sujeito.

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    11/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    11

    Os conhecimentos advindos dos experimentos de Pavlov se generalizaram e, com as devidas adaptaes,puderam se r utilizados em muitas outras reas e atualmente so empregados nos setores empresarial,escolar e clnico, principalmente. Na rea de adestramento animal, at hoje os princpios da Reflexologia dePavlov so empregados.

    Pavlov continuou sua pesquisa em ritmo intenso, estudando minuciosamente aquilo a que hoje

    denominamos sistema nervoso e sistematizou um conjunto de leis fisiolgicas, o que lhe valeu o PrmioNobel de Medicina em 1904. Segundo este cientista, no crtex cerebral o local onde reside o esprito. londe os comportamentos nascem, modificam-se e so extintos.

    Atualmente, estas ideias j no so utilizadas de forma to radical, apesar de muitas delas se fazerempresentes, de forma mais sutil, no chamado neobehaviorismo; contudo, na aprendizagem onde ganha umforte impacto. Veja o nosso sistema de avaliaes, por exemplo!

    O pensamento pavloviano foi aprofundado pelo cientista J.B.Watson. Ao reflexo condicionado de Pavlov,ele acrescentou o condicionamento denominado operante. Era tanta a confiana de Watson que eleafirmou em certa ocasio que bastava entregar nas mos dele uma dzia de crianas bem nutridas e um

    ambiente favorvel no qual ele as transformaria naquilo que ele quisesse e isso no iria depender da raa,aptides ou inclinaes intelectuais. Da mesma forma, poderia transformar essas crianas em ladres oupedintes, caso desejasse.

    Essa forma de pensar e fazer a Psicologia trouxe para si um sem-nmero de crticas, principalmente a de ser"reducionista", ou seja, o pensar psicolgico estaria reduzido ao comportamento, fosse ele humano ouanimal.

    O fato que, por causa desse sistema de conhecimentos sobre o comportamento, a Psicologia pode serreconhecida atualmente como Cincia, embora ainda seja vista com certa desconfiana pelos pensadoresmais radicais de outras reas, principalmente aquelas mais antigas, como o Direito e a Medicina. lgicoque isso no se aplica a todos. Para os behavioristas, entretanto, que se utilizavam e ainda se utilizam, do

    conhecimento objetivo, todo e qualquer comportamento poderia ser medido, quantificado, controlado,como tambm a possibilidade de repetir aes poderia ser prevista.

    Dentro de uma perspectiva mais radical, pode-se afirmar que a hereditariedade no levada em conta e oambiente s considerado como forma de exercer um maior controle sobre as variveis. Emoes no solevadas em conta. No se cogita o subjetivo. Contudo, houve um intenso estudo dos processos cognitivos,dando origem em grande parte quilo que hoje se denomina Neuropsicologia.

    O pensamento Behaviorista Radical norteado por princpios que aos nossos olhos podem parecerestranhos, a depender da perspectiva com que observarmos esses parmetros: Essa corrente apregoa quetodo e qualquer comportamento se constitui de uma resposta a estmulos. Comportamentos simples so

    formados por cadeias menores e comportamentos mais complexos so simplesmente o somatrio de redesmais simples de comportamentos interligados.

    O comportamento humano passa a ser visto, ento, como fruto dos movimentos musculares e dassecrees glandulares, o que parece absurdo aos nossos olhos. Watson no se resumiu vida acadmica,mas chegou a ser vice-presidente de uma agncia de propaganda. Dentro dessa linha de pensamentotambm se destacaram nomes como Skinner, Tolman e Hull.

    2.5 BEHAVIORISMO

    J. B. Watson(1878-1958) - Fonte: John B. Watson. Retirado de arbeitsblaetter.stangl-taller.at

    A maior escola de pensamento americana surgiu no inicio do sculo XX, sendo influenciadapor teorias sobre o comportamento e fisiologia animal. A traduo do ingls de Behaviorcomportamento, portanto, o foco de estudo do comportamentismo ou

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    12/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    12

    comportamentalismo (titulo traduzido) o comportamento observvel, e o condicionamento o mtodoutilizado nesta escola. Foi fundada por John B. Watson (Behaviorismo Metodolgico) que acreditava que ocontrole do ambiente de um indivduo permitia desencadear qualquer tipo de comportamento desejvel.Traz do funcionalismo a aplicao prtica da Psicologia; o seu foco est na aprendizagem. Segundo estaperspectiva no se pode estudar cientificamente os pensamentos, desejos e sentimentos que acompanhamos comportamentos em estudo. (Watson, 1972).

    2.5.1 BURRHUS FREDERIC SKINNER (1904-1990)

    Foi influenciado, inicialmente, pelas teorias de Ivan Pavlov e Edward Thorndike. E,posteriormente, pelas teorias do operacionismo. Foi Burrhus Frederic Skinner omaior autor neocomportamentalista, levantando a tona seu condicionamentooperante e a modificao do comportamento (Behaviorismo Radical).

    No meio do sculo XX, vrios autores escreveram sobre o pensamento, a cognio.Diziam fazer parte do comportamento este pensamento, estava sendo criada umadiviso no behaviorismo: a Psicologia Cognitiva . Alguns autores desta escola foram:

    Albert Bandura, Julian Rotter e Aaron Beck . Estes falavam que o comportamento pode ser entendidotambm a partir da cognio. O aprendizado pode existir sem a necessidade de condicionamento emlaboratrio, mas pela observao e elaborao do que foi visualizado. chamada de a primeira grande

    fora da Psicologia(Skinner, 2006).

    2.6 GESTALT, A PSICOLOGIA DA FORMA

    Fundada dentro da filosofia por Max Wertheimmer e Kurt Koffka a Gestalt traz novas perguntas e respostaspara a Psicologia. Ela se detm nos campos da percepo e na viso holstica do homem e do mundo. Apalavra gestalt no tem uma traduo para o portugus, mas pode ser entendida como forma,configurao. Criticava principalmente a Psicologia de Wundt, que era chamada de Psicologia do "tijolo eargamassa", pois via a mente humana dividida em estruturas.

    A gestaltpreocupa-se com o homem visto como um todo, e no como a soma das suas partes (o lema daGestalt , como visto anteriormente, justamente este: O todo mais que a soma das suas partes). No anode 1951, Frederic S. Pearls cria a teoria Gestalt - terapia, trazendo consigo a teoria de campo de grupos deKurt Lewin.

    ________________________________________

    ________________________________________

    ____________________________________

    ____________________________________

    2.7 PSICANLISE

    Sigmund Freud (1856-1939). Retirado de www.thecjc.org/sfreud.htm

    Quando se pensa em procurar um psiclogo, um emaranhado de ideias

    invade a mente: Tem-se a falsa impresso de que preciso estartranstornado emocionalmente ou mentalmente para procurar ajuda. Naverdade o psiclogo deveria trabalhar numa perspectiva muito mais de

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    13/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    13

    promoo sade que propriamente no mbito meramente curativo, mas os preconceitos em relao aoseu trabalho muitas vezes o impedem de trabalhar dentro dessa perspectiva. Tambm se imagina uma salasombria, com mveis pretos e um div. Atrs dele algum calado e de aspecto severo, fechado. Muitodesse imaginrio coletivo faz parte do legado deixado por Sigmund Freud, Pai da Psicanlise. Na verdadenem todo psicanalista psiclogo. Ele pode ser formado em Medicina, por exemplo. O mdico psiquiatratambm pode se utilizar a Psicanlise para a elaborao de alguns conceitos.

    O psiclogo por sua vez, trabalha dentro do que denomina abordagem, que pode ser: Humanista,Existencialista, Behaviorista ou Psicanalista, a depender da base terica que de sustentao sua prtica.Isso tambm no quer dizer que o psiclogo s possa utilizar-se dos conhecimentos de sua abordagem. cada vez maior o nmero de psiclogos denominados temticos, ou seja, aqueles que se utilizam diversosarcabouos tericos, a depender da demanda daquele momento. So tambm denominados de psiclogoseclticos.

    Sigmund Freud foi um mdico psiquiatra que estudou sobre vrios assuntos e levou bem mais tempo queseus colegas para se formar, por ter utilizado boa parte de seus anos em estudos de laboratrio.Estudou, por exemplo, temas como a fisiologia dos peixes. O seu interesse pela Psiquiatria, entretanto, se

    iniciou com as descobertas de Charcot, seu futuro mestre, e os estudos sobre Histeria, considerado naquelapoca, doena de mulher, principalmente daquelas que no haviam casado. O termo histeria vem detero e at hoje as mulheres solteiras de idade mais avanada so chamadas de forma desprezvel, dehistricas.

    Freud descobriu que a histeria possua causas emocionais e que as pessoas nas quais eram recalcadas, ouseja, as que no extravasavam seus desejos libidinais, poderiam sofrer de crises histricas, inclusivehomens. Essa descoberta, ao ser proclamada em um encontro cientfico, causou furor nos mdicospresentes, que se retiraram, deixando o Dr. Freud falando sozinho naquele encontro internacional. Freudviu suas aulas particulares se esvaziarem de alunos. Como tambm suas turmas da faculdade se tornarampouco frequentadas.

    Polmico, mas obstinado, estudava at as trs horas da manh, e muito material escrito acabava sendojogado no lixo, pois j discordava de tudo aquilo. Suas teorias iam ser reescritas por vrias vezes durante asua vida. Trabalhou com hipnose, mas logo reconhecera a sua falta de habilidade com tal tcnica epercebeu que poderia produzir os mesmos efeitos com a tcnica da associao livre, o que daria origem cura pela fala, ou, como ficaria conhecida mais tarde, psicanlise. A Psicanlise foi considerada por Freudcomo um conhecimento firmado em um trip composto por tcnica, teoria e pesquisa, principalmente. APsicanlise conhecida pela investigao do inconsciente e pela descoberta da sexualidade infantil, temapolmico at hoje. Freud no teve apenas um mestre, mas vrios nomes inspiraram sua teoria, desdeGoethe a Nietzsche. Costumava ler desde literatura e antropologia, a livros de Biologia e Fisiologia Animal.Tambm tinha uma predileo por antiguidades.

    Um personagem importante da psicanlise foi seu discpulo, Carl G. Jung, primeiro presidente da sociedadepsicanaltica. Com o avano da teoria de Freud em relao sexualidade infantil, Jung, que no concordavacom o que Freud afirmava acerca do assunto, rompe com o psicanalista e segue outro caminho, criandouma nova teoria, denominada Psicologia analtica.

    A proposta inicial foi retirar do inconsciente o seu teor puramente sexual. Mas Freud retifica o ex-colega,dizendo que "o ego possui vrias naturezas das pulses, mas a pulso sexual a que ganha maisinvestimento". Freud, inclusive, alerta que possvel canalizar as pulses libidinais para as artes ou produo cientfica.

    O conceito de inconsciente foi criado anos antes, e Freud utilizou-se desse termo com outro sentido,

    encarregando-se de criar uma teoria acerca do tema. Na psicanlise, inconsciente significa outra ordem,com outras regras, um dos elementos do aparelho psquico, constitudo por pensamentos, memrias e

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    14/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    14

    desejos que no se encontram em nvel consciente, mas que exercem grande peso no comportamentohumano.

    Existem atualmente vrias correntes psicanalticas, oriundas de pensadores que ampliaram ou discordaramda viso freudiana. Dentre estes nomes esto Anna Freud, filha de Freud, Melanie Klein, Lacan, Bion,Winnicott, Carl G. Jung, Alfred Adler, Erik Erikson, Carl Rogers, etc. (TALAFERRO, 1996).

    A psicanlise hoje se apresenta de vrias formas, que so: a psicanlise ortodoxa, a psicanlise nova (ouneopsicanlise) e a Psicologia de orientao analtica ou de orientao psicanaltica (utilizada no s porpsicanalistas formados, mas tambm por psiclogos no especializados), todas com algumaspeculiaridades.

    A Psicanlise considerada a segunda grande fora da Psicologia, e segundo o Conselho Federal dePsicologia Brasileiro e demais Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs). A psicanlise aceita no meioacadmico, porm s pode ser utilizada de forma integral com uma formao em Psicanlise, devo dizerque ainda no reconhecida pelo MEC. Caso contrrio, deve-se utilizar a tcnica de psicoterapia deorientao psicanaltica.

    Para a Psicanlise, as aes humanas so orientadas, por trs instncias mentais (simblicas):- Consciente (EGO)- Raciocnio, operaes lgicas;

    - Pr-consciente (SUPEREGO)- Memrias, interiorizao de regras sociais, produzem angstias, ansiedadese "pune" o EGO quando este aceita impulsos vindos do ID;

    - Inconsciente (ID)- pulses, desejos e medos recalcados. No obedece lgica nem moral. Representaos impulsos e os instintos.

    Para ter acesso ao inconsciente, o psicanalista utiliza processos indiretos, tais como:

    - Hipnose- Consiste em induzir o paciente, atravs de uma sugesto intensa, a um estado semelhante aosono, a partir do qual possvel estabelecer a comunicao com o hipnotizador e ser sugestionado,podendo assim revelar memrias ocultas ou ser condicionado para determinada ao ou comportamento.A hipnose pouco usada atualmente. Sua utilizao se restringe ao controle de comportamentos de usoabusivo de lcool e drogas e s deve ser praticado por profissionais capacitados e treinados devidamente.

    - Mtodo psicanaltico, recorrendo s tcnicas de:

    * Interpretao de sonhos;

    * Interpretao de atos falhos;

    * Transferncia, ou seja, o paciente atua, durante a sesso, em relao ao psicanalista, como se ele fosseoutra pessoa: pai, me, namorado, etc. Cabe ao profissional trabalhar com essa "encenao" de forma alevar o paciente cura de seu trauma. Nesse jogo se encontram envolvidos sentimentos e emoes muitofortes, de raiva, ressentimento, paixo, etc.

    A Psicanlise se popularizou demais , o que levou seu vocabulrio a ser utilizado de forma indiscriminada etambm a graves erros de interpretao. Alm disso, vrias pessoas praticantes de charlatanismo se dizem"psicanalistas".

    Freud ainda elaborou o que chamava de 4 fases psicossexuais do desenvolvimento:

    Fase Oral Perodo: de 0 a 1 ano aproximadamente.

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    15/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    15

    Caractersticas principais: a regio do corpo que proporciona maior prazer criana a boca. pela bocaque a criana entra em contacto com o mundo, por esta razo que a criana pequena tende a levar tudoo que pega boca. O principal objeto de desejo nesta fase o seio da me, que, alm de aliment-la,proporciona satisfao ao beb.

    Fase Anal Perodo: 2 a 4 anos aproximadamente

    Caractersticas: Neste perodo a criana passa a adquirir o controle dos esfncteres, a zona de maiorsatisfao a regio do nus. A criana descobre que pode controlar as fezes que sai de seu interior,oferecendo-o me ora como um presente, ora como algo agressivo.

    nesta etapa que a criana comea a ter noo de higiene.

    Fase Flica Perodo: de 4 a 6 anos aproximadamente.

    Caractersticas: Nesta etapa do desenvolvimento a ateno da criana volta-se para a regio genital.Inicialmente a criana imagina que tanto os meninos quanto as meninas possuem um pnis. Ao seremdefrontadas com as diferenas anatmicas entre os sexos, as crianas criam as chamadas "teorias sexuais

    infantis", imaginando que as meninas no tm pnis porque este rgo lhe foi arrancado (complexo decastrao). neste momento que a menina tem medo de perder o seu pnis. Neste perodo surge tambmo complexo de dipo, no qual o menino passa a apresentar uma atrao pela me e a se rivalizar com o pai,e na menina ocorre o inverso.

    Fase de Latncia Perodo: de 6 a 11 anos aproximadamente.

    Caractersticas: este perodo tem por caracterstica principal um deslocamento da libido da sexualidadepara atividades socialmente aceitas, ou seja, a criana passa a gastar sua energia em atividades sociais eescolares.

    A partir dos 11 anos, o agora adolescente, retoma seus impulsos sexuais, partindo ento em busca de amorfora do seu grupo familiar. Freud definia como fase Genital. A adolescncia um perodo de mudanas noqual o jovem tem que elaborar a perda da identidade infantil e dos pais da infncia para que pouco a poucopossa assumir uma identidade adulta.

    2.8 HUMANISMO

    Carl Rogers (1902-1987)- www.psychotherapie-netzwerk.de

    O enfoque da psicanlise no inconsciente, e seu determinismo, e o enfoque naobservao apenas do comportamento, pelo behaviorismo, foram as crticas maisfortes dos novos movimentos de Psicologia surgidos no meio do sculo XX. Na verdade

    o humanismo no uma escola de pensamento, mas sim um aglomerado de diversascorrentes tericas. Em comum elas tm o enfoque humanizador do aparelho psquico,em outras palavras elas focalizam o ser humano como detentor de liberdade, escolha,sempre no presente. Traz da filosofia fenomenolgico-existencial um extenso gabarito

    de ideias. Foi fundada por Abraham Maslow, porm a sua histria comea muito tempo antes. A Gestalt foiagregada ao humanismo pela sua viso holstica do homem, sendo importante campo da Psicologia, naforma de Gestalt-terapia . Mas foiCarl Rogers, um psicanalista americano, um dos maiores exponenciais daobra humanista.

    Ele, depois de anos afinco praticando psicanlise, notou que seu estilo de terapia se diferenciara muito daterapia psicanaltica. Ele utilizava outros mtodos, como a fala livre, com poucas intervenes, e o aspecto

    do sentimento, tanto do paciente, como do terapeuta. Deu-se conta de que o paciente era detentor de seutratamento, portanto no era passivo, como passa a ideia de paciente, denominando ento este comocliente.

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    16/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    16

    Era a terapia centrada no cliente (ou na pessoa). Seus mtodos foram usados nos mais vastos campos doconhecimento humano, como nas aulas centradas nos alunos, etc. Apresentou trs conceitos, que seriamagregados posteriormente para toda a Psicologia. Estes eram a congruncia (ser o que se sente, sem mentirpara si e para os outros), a empatia (capacidade de sentir o que o outro quer dizer, e de entender seusentimento), e a aceitao incondicional (aceitar o outro como este , em seus defeitos, angstias, etc.).Erik Erikson, tambm psicanalista, trouxe seu estudo sobre as oito fases psicossociais, em detrimento s

    quatro fases psicossexuais de Freud, onde todas as fases eram interdependentes, e no necessariamentedeterminam as fases posteriores; para ele o homem sempre ir se desenvolver, no parando na primeirainfncia. Viktor Frankl , com sua Logoterapia* , veio a acrescentar os aspectos da existncia humana, e dosentido da vida, onde um homem, quando sente um vazio de sentido na vida, busca auxlio, pois no sesente confortvel em viver sem sentido ou ideais. Diz tambm que eventos muito fortes podem adiantar abusca pelo sentido da vida. Tais eventos podem criar desconforto, trauma intenso, mas podem criar umaspecto de fortaleza no indivduo (ROGERS, 1961, 1974).

    *A Logoterapia um sistema terico prtico de Psicologia, criado pelo psiquiatra vienense Viktor Frankl, que setornou mundialmente conhecido a partir de seu livro "Em Busca de Sentido" (Um Psiclogo no Campo deConcentrao) no qual expe suas experincias nas prises nazistas e lana as bases de sua teoria. Para a Logoterapia,

    a busca de sentido na vida da pessoa a principal fora motivadora no ser humano... A Logoterapia considerada edesenhada como terapia centrada no sentido. V o homem como um ser orientado para o sentido. O Nome surgiu dapalavra grega logosque significa razo, palavra, sentido, princpio, etc.

    2.8.1 PIRMIDE DE MASLOW

    Maslow trouxe, para a Psicologia que havia fundado,estes autores, agregando, ainda seus estudos sobrea pirmide de necessidades humanas. Para Maslow,as necessidades fisiolgicas precisam ser saciadaspara que sejam saciadas as necessidades desegurana. Estas, se saciadas, abrem campo para asnecessidades sociais, que se saciadas, abrem espaopara as necessidades de autoestima. Se uma destasnecessidades no est saciada, h a incongruncia.Quando todas estiverem de acordo, abre-se espaopara a auto-realizao, que um aspecto defelicidade do indivduo. Esta hoje considerada aterceira grande fora dentro da Psicologia (FRICK,1975).

    2.9 PSICOLOGIA TRANSPESSOAL

    Maslow estava insatisfeito com sua prpria teoria, dizendo que lhe faltava o fato de o homem ser um serespiritualizado. Para ele era importante a espiritualidade e as caractersticas da conscincia alterada, teoriade Stanislav Grof. Criou ento, com ajuda de outros psiclogos, uma teoria que era abrangente nesteaspecto. Como Carl G. Jung era um estudioso dos aspectos transcendentais da conscincia, foi tomada suateoria para incorporar a Psicologia transpessoal.

    A abordagem Transpessoal , portanto, uma rea da Psicologia que estuda as possibilidades psquicas(mentais, emocionais, intuitivas e somatossensoriais) do ser humano pelos diferentes estados ou graus deconscincia pelos quais passa a pessoa (para se ter ideia do que sejam estados de conscincia, lembre-seque o estado de conscincia de quando se est acordado diferente do estado de conscincia de quandose est dormindo; que o estado de conscincia de quando se resolve um problema de matemtica

    diferente de quando se assiste a um filme, etc.). (Jornal Infinito, 2003).

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    17/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    17

    Em cada um destes estados de conscincia (que so vrios, alguns ainda desconhecidos) experimentadouma forma diferente de se perceber ou interpretar a realidade (quando estamos com raiva ou frustrados,percebemos o mundo de uma maneira bem diferente de quando estamos apaixonados).

    A Psicologia Transpessoal, portanto, volta-se para o estudo destes diversos estados, no os encarandocomo contrrios, mas como complementares, dando, porm, especial nfase aqueles estados de

    conscincia superiores, espirituais ou "transpessoais". Porque em tais estados, o sentimento de separaoe de egosmo torna-se um segundo plano em relao a um sentimento e identificao mais ampla,cooperativa, fraternal, transpessoal para com todos os seres vivos (conscincia crstica, bdica, nirvnica,universal ou ecolgica).

    Segundo a Teoria Transpessoal, Francisco de Assis, Gandhi, Jesus Cristo, Einstein, Luther King e tantosoutros grandes nomes foram detentores de outra forma de ver e sentir o mundo que o fizeram capazes deajudar o prximo e tornaram-se capazes de ver o mundo de outra forma. A essa capacidade elesdenominam "conscincia csmica".

    A Psicologia Transpessoal fala de vrios nveis de conscincia, que vo do mais obscuro (sombra), at o

    mais alto grau de conscincia, a transpessoal. Por ter seu foco na conscincia e seus aspectos, foi tambmchamada de Psicologia da conscincia. Seu estudo recente e traz muitas caractersticas que necessitam deum estudo maior. (TABONE, 2005). Vale ressaltar que a Psicologia Transpessoal ainda no reconhecidacomo prtica cientfica pelo Conselho Federal de Psicologia e os psiclogos inscritos no Conselho no estoautorizados a t-la como prtica profissional.

    2.10 PSICODRAMA

    "Um Encontro de dois: olhos nos olhos, face a face. E quando estiveres perto,

    arrancar-te-ei os olhos e coloc-los-ei no lugar dos meus; E arrancarei meus

    olhos para coloc-los no lugar dos teus; Ento ver-te-ei com os teus olhos e tu

    ver-me-s com os meus." (J. L. Moreno)

    2.10.1 JACOBO LEVY MORENO (1892-1974)

    O Psicodrama pode ser considerado como um dos meios psicoterpicos maisinovadores. Falar em Psicodrama nos remete a um mdico romeno chamado Jacob Levy Moreno. Ele foi ocriador do Psicodrama e do Sociodrama, reverenciado como exemplo de criatividade e dedicao investigao psicolgica e social. Ele nasceu na Romnia em 1892 e faleceu nos EUA em 1974.

    Foi um homem de ampla cultura e fortes ideias religiosas e filosficas, amante do teatro e incansvelinvestigador do ser humano e de seus vnculos afetivos; deixou-nos uma vasta obra escrita e ummovimento psicodramtico que abrange a Amrica, Europa e sia.

    Em 1925, indo morar no EUA, desenvolveu e sistematizou suas descobertas: a socionomia, sendo divididaem sociometria, sociodinmica e a sociatria. A socionomia o estudo do grupo e suas relaes. Asociometria visa a medir as relaes entre os membros do grupo, evidenciando as preferncias e evitaespresentes nas relaes grupais.

    Utiliza como mtodo o teste sociomtrico. A sociodinmica se interessa pela dinmica do grupo e utilizacomo mtodo o role-playing ou jogo de papis. J a sociatria busca tratar as relaes grupais e utiliza trsmtodos: o sociodrama, a psicoterapia de grupo e o Psicodrama.

    Com a leitura de suas obras, muitos autores declaram que o psicodrama possui um grande contedoemocional e uma audcia renovadora, pois surgiu como uma nova e dinmica linha de investigao para oconhecimento e terapia dos conflitos psicolgicos.

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    18/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    18

    Para o surgimento desta teoria, Moreno desafiou criticas, rompeu com o movimento mdico da sua poca,atacando os valores oficiais, conseguindo desenvolver uma teoria baseada numa concepo de ser humanoe de sade que tm como ncleo a espontaneidade. O otimismo sobre o vital, o amor, a catarse e os papisque o Eu do indivduo vai formando (MORENO, 1980).

    Esta busca pelo reencontro dos verdadeiros valores ticos, religiosos e culturais em uma forma dramtica

    espontnea, (mais tarde, denominado como desenvolvimento do Axiodrama) foi o primeiro contedo doPsicodrama.

    O lugar do nascimento do psicodrama foi um teatro dramtico de Viena. Moreno declarou que no possuanenhuma equipe de atores, nem uma pea e que neste dia apresentou- se sozinho, sem nenhumapreparao, ante um pblico de mais de mil pessoas. Segundo ele no palco havia somente uma poltrona deespaldar alto, como o trono de um rei, no assento, uma coroa dourada. Surgiu com um intento de tratar ecurar o pblico de uma enfermidade, uma sndrome cultural e patolgica que os participantescompartilhavam no momento (Viena encontrava-se em ps-guerra, no havia governos... A ustria estavainquieta em busca de uma nova alma). Mas psicodramaticamente, Moreno possua um elenco e uma obra.Uma vez que o pblico era seu elenco, e a obra era retratada pela trama demonstrada pelos

    acontecimentos histricos, no qual cada um representava seu papel real. Cada representante de um papelfoi ento convidado para subir ao palco, e encenar o papel de um rei, sem preparao e diante de umpblico desprevenido, que funcionava como jurado.

    Mas neste primeiro momento nada se passou. Ningum foi achado digno de ser rei e o mundo permaneceusem lder. Apesar do aparente fracasso desta primeira representao, este foi o marco do nascimento deuma nova modalidade de expresso catrtica que, instrumentada pelo exerccio da espontaneidade esustentada na teoria dos papis, viria a se constituir o mtodo psicodramtico de abordagem dos conflitosinterpessoais, cujo mbito natural o grupo.

    Surge ento, a expresso "psicoterapia de grupo". O psicodrama desde seus primrdios estabeleceu umsetting basicamente grupal, com a presena do terapeuta (diretor de cena), seus egos auxiliares e ospacientes (tanto como protagonistas como pblico). Alis, a expresso, "psicoterapia de grupo" foi pelaprimeira vez utilizada por Moreno.

    2.11 PSICOLOGIA ANALTICA

    Tambm conhecida como Psicologia junguiana, um ramo de conhecimentoe prtica da Psicologia, iniciado por Carl Gustav Jung (1875-1961)no qual sedistingue da psicanlise iniciada por Freud, por uma noo mais alargada dalibido e pela introduo do conceito de inconsciente coletivo . (JUNG, 1981)

    Divergindo da perspectiva de Freud, Jung via a psique como positiva e

    negativa, um repositrio no s das memrias e das pulses reprimidas, mastambm uma instncia da dinmica da divindade. A Psicologia analtica foidesenvolvida com base nos estudos de Freud e no amplo conhecimento queJung tinha da tradio psicolgica contida na alquimia e na mitologia.

    Quando Jung conheceu a obra de Freud, identificou-se com suas ideias e logo quis conhec-los. Ao seconhecerem a admirao foi mtua, pois Freud rapidamente recebeu o jovem como seu discpulo e um dosdefensores de suas ideias. Porm, esta parceria durou pouco, pois Jung mostrava-se insatisfeito, comalgumas das posiesde Freud, especialmente a teoria da libido e sua relao com os traumas. Freud, porsua vez, no compartilhava do interesse de Jung pelos fenmenos espirituais como fontes vlidas deestudo.

    A Psicologia Analtica conheceu, depois da estruturao por Jung, um grande desenvolvimento noschamados ps-junguianos, que ampliaram a viso de Jung. Merece destaque neste desenvolvimento aEscola Desenvolvimentista, que estudou o desenvolvimento humano desde o nascimento at a fase adulta.

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    19/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    19

    E, que tem como fonte a Escola Junguiana de Londres e a pessoa de Michael Fordham com sua obra "Acriana como individuo" e tambm a pessoa de Eric Neumann, com a obra "A criana".Alm desta, h tambm a Psicologia Arquetpica, que fruto do trabalho de James Hillman, o qual explorae desenvolve ao mximo a importncia dos arqutipos na vida das pessoas. Marie-Louise voz Franz foi umadas mais importantes colaboradoras de Jung, e aps sua morte desenvolveu um amplo trabalho abordandotemas como a alquimia, a interpretao psicolgica dos sonhos e dos contos de fada.

    2.12 PSICOLOGIA COGNITIVA

    A Psicologia cognitiva um ramo da Psicologia que estuda a cognio, isto , o processo mental que estpor trs do comportamento. Este processo mental de conhecimento envolve ateno, memria,percepo, raciocnio, juzo, imaginao, linguagem e pensamento. Acredita-se que possvel reprogramara mente a ponto de encontrar solues para as questes atuais e problemas vividos.

    Diferentemente de outras abordagens, ela desconsidera aspectos sobrenaturais e introspectivos para asoluo de problemas. O foco est no hoje, diferentemente, por exemplo, da psicanlise, a qual aborda adescoberta dos traumas como soluo para o problema. Na psicologia cognitiva, o foco est no hoje. Saber

    dos traumas s faria andar para trs, a proposta deve ser para o hoje. Como solucionar o processocognitivo e assim solucionar seus problemas.

    A Psicologia cognitiva um dos mais recentes ramos da investigao em Psicologia, tendo se desenvolvidocomo uma rea separada desde os fins dos anos 1950s e princpios dos anos 1960s (apesar de teremexistido exemplos de pensadores na rea da cognio). O termo comeou a ser usado com a publicao dolivro Cognitive Psychology de Ulrich Neisser em 1967. No entanto a abordagem cognitiva foi divulgada porDonald Broadbent no seu livro Perception and Communication em 1958. Desde ento o paradigmadominante na rea foi o do processamento de informao, modelo defendido por Broadbent. Neste quadrode pensamento, considera-se que os processos mentais so comparveis a software a ser executado numcomputador que neste caso seria o crebro. As teorias do processamento de informao tm como base

    noes como: entrada; representao; computao ou processamento e sadas.

    Devido ao desenvolvimento de metforas de terminologia computacionais, a Psicologia cognitivabeneficiou muito do florescimento da investigao na rea da inteligncia artificial e suas congneres, nosanos 1960s e 1970s. De fato, desenvolveu-se como um dos aspectos significantes da rea interdisciplinar dacincia cognitiva, que tenta integrar um conjunto de abordagens investigao da mente e dos processosmentais.

    3. O CONCEITO DE SADE E OS PRINCIPAIS TRANSTORNOS EMOCIONAIS

    3.1 CONCEITO DE SADE

    Seria possvel compreender bem o que significa e o que representa transtorno psicolgico sem ter oentendimento prvio do que significaria sade? A definio mais conhecida de sade a encontrada naConstituio da Organizao Mundial de Sade, ou seja, aquela que se prope a consider-la um completobem-estar fsico, mental e social e no apenas ausncia de doena. Seria possvel ser portador de umcompleto bem-estar? Dentro dessa perspectiva, at parece que para ter sade necessrio viver em outroplaneta e no habitar naquele que denominamos Terra. O conceito de sade cada vez mais relativo e suasdiscusses atrelam esse bem a outras dimenses do bem-viver humano como saneamento bsico, lazer eacesso educao e cultura, por exemplo.

    O certo que a percepo de sade varia muito entre as diferentes culturas, assim quanto s crenas sobreo que traz ou retira a sade. A Organizao Mundial de Sade (OMS) define ainda a Engenharia Sanitriacomo sendo um conjunto de tecnologias que promovem o bem-estar fsico, mental e social. Sabe-se que

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    20/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    20

    sem o saneamento bsico (sistemas de gua , de esgoto, sanitrios e de limpeza urbana) a sade pblicafica completamente prejudicada.

    A OMS reconhece ainda que a cada unidade monetria (dlar, euro, real, etc.) direcionada ao saneamentobsico economiza-se cerca de quatro a cinco unidades em sistemas de sade (postos, hospitais,tratamentos, etc.) e que cerca de 80% das doenas mundiais so causadas por falta de gua potvel

    suficiente para atender as populaes. Portanto, a sade deve ser entendida em sentido mais amplo, comocomponente da qualidade de vida. (Wood; Cohen, 2007) Assim, no um "bem de troca", ma s um "bemcomum", um bem e um direito social, em que cada um e todos possam ter assegurado o exerccio e aprtica do direito sade. A partir da aplicao e utilizao de toda a riqueza disponvel, conhecimentos etecnologia desenvolvidos pela sociedade nesse campo, adequados s suas necessidades, abrangendopromoo e proteo da sade, preveno, diagnstico, tratamento e reabilitao de doenas. Em outraspalavras, considerar esse bem e esse direito como componente e exerccio da cidadania, que umreferencial e um valor bsico a ser assimilado pelo poder pblico.

    Para o balizamento e orientao de sua conduta, decises, estratgias e aes. A partir dai, deve-seperguntar: afinal, o que significa esse processo sade- doena e quais suas relaes com a sade e com o

    sistema de servios de sade? Em sntese, em termos da determinao causal, pode-se dizer que elerepresenta o conjunto de relaes e variveis que produz e condiciona o estado de sade e doena de umapopulao, que se modifica em diversos momentos histricos e do desenvolvimento cientfico dahumanidade. Assim, houve a teoria mstica sobre a doena, que os antepassados julgavam co mo umfenmeno sobrenatural, ou seja, ela estava alm da sua compreenso do mundo, superada posteriormentepela teoria de que a doena era um fato decorrente das alteraes ambientais no meio fsico e concretoque o homem vivia. Em seguida, surge a teoria dos miasmas (gazes), que vai predominar por muito tempo.At que, com os estudos de Louis Pasteur na Frana, entre outros, vem a prevalecer a "teoria daunicausalidade", com a descoberta dos micrbios (vrus e bactrias) e, portanto, do agente etiolgico, ouseja, aquele que causa a doena.

    Devido a sua incapacidade e insuficincia para explicar a ocorrncia de uma srie de outros agravos sadedo homem, essa teoria complementada por uma srie de conhecimentos produzidos pela epidemiologia,que demonstra a multicausalidade como determinante da doena e no apenas a presena exclusiva de umagente.

    Finalmente, uma srie de estudos e conhecimentos provindos principalmente da epidemiologia social nosmeados deste sculo esclarece melhor a determinao e a ocorrncia das doenas em termos individuais ecoletivos. O fato que se passa a considerar sade e doena como estados de um mesmo processo,composto por fatores biolgicos, econmicos, culturais e sociais. Deve-se ressaltar ainda o recente eacelerado avano que se observa no campo da Engenharia Gentica e da Biologia Molecular, co m suasimplicaes tanto na perspectiva da ocorrncia como da teraputica de muitos agravos. Desse modo,

    surgiram vrios modelos de explicao e compreenso da sade, da doena e do processo sade-doena,como o modelo epidemiolgico baseado nos trs componentes: agente, hospedeiro e meio, consideradoscomo fatores causais, que evoluiu para modelos mais abrangentes, como o do campo de sade, com oenvolvimento do ambiente (no apenas o ambiente fsico), estilo de vida, biologia humana e sistema-servio de sade, numa permanente inter-relao e interdependncia.

    Alguns autores questionam esse modelo, ressaltando, por exemplo, que o "estilo de vida" implicaria umaopo e conduta pessoal voluntria, o que pode no ser verdadeiro, pois pode estar condicionado a fatoressociais, culturais, entre outros. De qualquer modo, o importante saber e reconhecer essa abrangncia ecomplexidade causal: sade e doena no so estadas estanques, isolados, de causa aleatria - no se estcom sade ou doenapor acaso. H uma determinao permanente, um processo causal, que se identifica

    com o modo de organizao da sociedade. Da se dizer que h uma "produo social da sade e/ou dadoena". Em ltima instncia, como diz Breilh, "o processo sade-doena constitui uma expresso

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    21/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    21

    particular do processo geral da vida social". Outro nvel de compreenso que se h de ter em relao aoprocesso sade-doena o conceito do que ser ou estar doente ou o que ser ou estar saudvel.

    Independentemente de qualquer conceito ou teoria, o que se v, atualmente so doenas que atacamdiretamente o sistema emocional e cerebral, para as quais no h microorganismos causadores e simfatores variados. No estamos falando da Deficincia Mental, na qual os pacientes apresentam problemas

    crnicos ou agudos no funcionamento intelectual, na adaptao a ambientes, no relacionamento comoutras pessoas, etc.

    A deficincia Mental tem vrios nveis e, em geral, so fruto de m-formao gentica ou traumascranianos que danificam a estrutura cerebral, por vezes de forma irreversvel, impedindo o paciente de tersuas faculdades mentais plenas. Mas o que chama a ateno dos dias de hoje so os transtornos mentais.

    3.2 TRANSTORNOS MENTAIS

    Durante sculos as pessoas com sofrimento mental foram afastadas do resto da sociedade, algumas vezesencarcerados, em condies precrias, sem direito a se manifestar na conduo de suas vidas. Hoje em dia,

    as atitudes negativas os afastam da sociedade de maneiras mais sutis, mas com a mesma efetividade. Vocprovavelmente conhece algum que tem problemas mentais. Transtornos mentais como a ansiedade,depresso, distrbios alimentares, uso de drogas e lcool, demncia e esquizofrenia, podem afetarqualquer pessoa em qualquer poca da sua vida. Na realidade, elas podem causar mais sofrimento eincapacidade que qualquer outro tipo de problema de sade.

    Apesar disso, pessoas com essas condies, muitas vezes atraem medo, hostilidade e desaprovao em vezde compaixo, apoio e compreenso. Tais reaes no somente influem para que se sintam isolados einfelizes, como so impedimentos para que busquem ajuda efetiva e tratamento. A sade mental componente chave de uma vida saudvel.

    O termo "doena mental" ou transtorno mental engloba um amplo espectro de condies que afetam amente. Doena mental provoca sintomas tais como: desconforto emocional, distrbio de conduta eenfraquecimento da memria. Algumas vezes, doenas em outras partes do corpo afetam a mente; outrasvezes, desconfortos, escondidos no fundo da mente podem desencadear outras doenas do corpo ouproduzir sintomas somticos.

    Um grande espectro de fatores - nosso mapa gentico, qumica cerebral, aspectos do nosso estilo de vidapodem causar algum tipo de transtorno mental. Acontecimentos que nos acometeram no passado e nossasrelaes com as outras pessoas - participam de alguma forma. Seja qual for a causa, a pessoa quedesenvolve a "doena mental" ou o transtorno mental, muitas vezes se sente em sofrimento,desesperanada e incapaz de levar sua vida na sua plenitude. Existem muitos tratamentos efetivos para a

    doena mental. Eles podem incluir medicamentos e outros tratamentos fsicos, ou tratamentos pela fala(Psicoterapias) de vrias espcies, aconselhamento e/ou apoio no dia-a-dia da vida em diferentes formas.Diferentes profissionais da sade podem estar envolvidos na assistncia da pessoa que est mentalmenteenferma: clnicos gerais, psiquiatras, enfermeiros, psiclogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais egrupos de apoio voluntrios, dentre outros..

    As causas do sofrimento mental so complexas e os psiclogos, assim como outros profissionais da sademental no tm todas as respostas. Sabe-se que alguns aspectos da doena mental, tais como ansiedade,desespero e sentimentos suicidas, nem sempre so fceis de serem tratados, pois envolvem mbitos osmais diversos da existncia humana.

    Na antiga Grcia, sinais corporais ou "stigmata" feitos por cortes ou queimaduras no corpo, marcavam aspessoas como diferentes. Pessoas com doena mental que h muito no so marcadas no corpo, masatitudes crticas e prejudiciais podem ser to danosas quanto s marcas corporais. Basta abrir um jornal,

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    22/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    22

    ligar a TV ou ir ao cinema para perceber tais atitudes. Enquanto a mdia no aceitar essas queixa pelaspercepes negativas, toda vez que um programa, artigo ou filme retrata um esteritipo ou falha emesclarecer um mal entendido sobre doena mental, ela auxilia na manuteno de mitos.

    Os estigmas podem surgir por diferentes caminhos. As pessoas com sofrimento mental podem agir deforma diferente. Uma pessoa deprimida pode se apresentar triste ou aptica; algum na fase manaca da

    doena bipolar pode parecer exageradamente feliz ou irritvel. O problema que quando algum marcado como diferente, difcil para ele ser aceito, no importa o quanto ele tente, Eles no conseguemafastar o estigma e o resultado disso, pois perdem a confiana em si mesmos. Com o tempo, comeam a sesentir como estranhos e que no se enquadram na vida.

    Pessoas com transtornos mentais ou doenas mentais continuam a ser prejudicadas e discriminadas emtodas as reas de suas vidas, desde onde encontrar um lugar para viver, encontrar um trabalho. No surpreendente que muitas pessoas com doena mental grave terminem pobres ou sem teto. Cabe a todosns tomarmos conhecimento do dano que provocamos com nossas atitudes negativas e nossa colaboraopara isol-los. Seja quem formos e seja o que fazemos, ns podemos combater os efeitos danosos doestigma estendendo nossa amizade, apoio e compreenso em vez do nosso julgamento e discriminao,

    para as pessoas que esto mentalmente doentes.

    Descrever pessoa com doena mental como "louco", "esquisito", "Pinel" "luntico", o diminui como pessoaa no ser levada seriamente ou com a percepo que ele perigoso pode exclu-lo das atividades do dia adia. Muitas pessoas acreditam que doena mental incurvel. Eles podem at ver certos tratamentos,como com antidepressivos ou psicoterapias, como sem valor ou mesmo danosos, mesmo que em muitoscasos tenham se mostrado efetivos. O fato que cientistas esto fazendo progressos no desvendamento daestrutura e qumica do crebro. Como consequncia tem-se melhor compreenso da mente e como elafunciona. Entretanto, a doena mental te m muitas causas. Ela no apenas uma questo de qumicaalterada e envolve questes sociais, emocionais, cognitivas e fsicas.

    3.3 PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS

    3.3.1 DEPRESSO

    Depresso uma palavra frequentemente usada para descrever nossos sentimentos. Todos se sentemangustiados de vez em quando, ou muito alegre s vezes, e tais sentimentos so normais. A depresso,enquanto evento psiquitrico algo bastante diferente: uma doena como outra qualquer que exigetratamento. Muitas pessoas pensam estar ajudando um amigo deprimido ao incentivarem ou mesmocobrarem tentativas de reagir, distrair-se, de se divertir para superar os sentimentos negativos. Os amigosque agem dessa forma fazem mais mal do que bem, so incompreensivos e talvez at egostas. O amigoque realmente quer ajudar procura ouvir quem se sente deprimido e no mximo aconselhar ou procurar

    um profissional quando percebe que o amigo deprimido no est s triste.

    Uma boa comparao que podemos fazer para esclarecer as diferenas conceituais entre a depressopsiquitrica e a depresso normal seria comparar com a diferena que h entre clima e tempo. O clima deuma regio ordena como ela prossegue ao longo do ano por anos a fio. O tempo a pequena variao queocorre para o clima da regio em questo. O clima tropical exclui incidncia de neve. O clima polar excluidias propcios a banho de sol. Nos climas tropicais e polares haver dias mais quentes, mais frios, maiscalmos ou com tempestades, mas tudo dentro de uma determinada faixa de variao.

    O clima o estado de humor e o tempo as variaes que existem dentro dessa faixa. O paciente deprimidoter dias melhores ou piores, assim como o no deprimido. Ambos tero suas tormentas e dias

    ensolarados, mas as tormentas de um, no se comparam s tormentas do outro, nem os dias de sol de um,se comparam com os dias de sol do outro. Existem semelhanas, mas a manifestao final muito

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    23/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    23

    diferente. Uma pessoa no clima tropical ao ver uma foto de um dia de sol no plo sul tem a impresso deque estava quente e que at se poderia tirar a roupa para se bronzear.

    Este tipo de engano o mesmo que um a pessoa comete ao comparar as suas fases de baixo astral(tristeza) com a depresso psiquitrica de um amigo. Ningum sabe o que um deprimido sente, s elemesmo e talvez quem tenha passado por isso. Nem o psiquiatra sabe: ele reconhece os sintomas e sabe

    tratar, mas isso no faz com que ele conhea os sentimentos e o sofrimento do seu paciente. Os sintomasda depresso so muito variados, indo desde as sensaes de tristeza, passando pelos pensamentosnegativos at as alteraes da sensao corporal como dores e enjos. Contudo para se fazer o diagnstico necessrio um grupo de sintomas centrais:

    Perda de energia ou interesse

    Humor deprimido

    Dificuldade de concentrao

    Alteraes do apetite e do sono

    Lentido nas atividades fsicas e mentais

    Sentimento de pesar ou fracasso

    Os sintomas corporais mais comuns so sensaes de desconforto no batimento cardaco, constipao,dores de cabea, dificuldades digestivas. Perodos de melhora e piora. Eles so comuns, o que cria a falsaimpresso de que se est melhorando sozinho quando durante alguns dias o paciente sente-se bem.Geralmente tudo se passa gradualmente, no necessariamente com todos os sintomas simultneos, alis, difcil ver todos os sintomas juntos. At que se faa o diagnstico praticamente todas as pessoas possuemexplicaes para o que est acontecendo com elas, julgando sempre ser um problema passageiro.

    Outros sintomas que podem vir associados aos sintomas centrais so:

    Pessimismo

    Dificuldade de tomar decises

    Dificuldade para comear a fazer suas tarefas

    Irritabilidade ou impacincia

    Inquietao

    Achar que no vale a pena viver; desejo de morrer

    Chorar toa

    Dificuldade para chorar

    Sensao de que nunca vai melhorar, desesperana

    Dificuldade de terminar as coisas que comeou

    Sentimento de pena de si mesmo

    Persistncia de pensamentos negativos

    Queixas frequentes:

    Sentimentos de culpa injustificveis Boca ressecada

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    24/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    24

    Constipao

    Perda de peso e apetite

    Insnia

    Perda do desejo sexual

    Basicamente existem as depresses monopolares (este no um termo usado oficialmente) e a depressobipolar (este termo oficial). O transtorno afetivo bipolar se caracteriza pela alternncia de fasesdeprimidas com manacas, de exaltao, alegria ou irritao do humor. A depresso monopolar s temfases depressivas.

    Os sintomas depressivos apesar de muito comuns so pouco detectados nos pacientes de atendimento emoutras especialidades, o que permite o desenvolvimento e prolongamento desse problemacomprometendo a qualidade de vida do individuo e sua recuperao. Anteriormente estudos associaram ofumo, a vida sedentria, obesidade, ao maior risco de doena cardaca. Agora, pelas mesmas tcnicas,associa-se sintoma depressivo com maior risco de desenvolver doenas cardacas. A doena cardaca maisenvolvida com os sintomas depressivos o infarto do miocrdio.

    Tambm no se pode concluir apressadamente que depresso provoca infarto, no assim. Nem todoobeso, fumante ou sedentrio enfarta. Essas pessoas enfartam mais que as pessoas fora desse grupo, masa incidncia no de 100%. Da mesma forma, a depresso aumenta o risco de infarto, mas numa parte dospacientes. Est sendo investigado.

    A depresso costuma atingir 15 a 25% dos pacientes com cncer. As pessoas e os familiares que encaramum diagnstico de cncer experimentaro uma variedade de emoes, estresses e aborrecimentos. Omedo da morte, a interrupo dos planos de vida, perda da autoestima e mudanas da imagem corporal,mudana no estilo social e financeiro so questes fortes o bastante para justificarem desnimo e tristeza.

    O limite a partir do qual se devem usar antidepressivos no claro, depender da experincia de cadapsiquiatra. A principio sempre que o paciente apresente um conjunto de sintomas depressivos semelhanteao conjunto de sintomas que os pacientes deprimidos sem cncer apresentam, dever ser o ponto a partirdo qual se deve entrar com medicaes. Existem alguns mitos sobre o cncer e as pessoas que padecemdele. Ex.: "os portadores de cncer so deprimidos".

    A causa exata da depresso permanece desconhecida. Eventos desencadeantes so muito estudados e defato encontra-se relao entre certos acontecimentos estressantes na vida das pessoas e o inicio de umepisdio depressivo. Contudo, tais eventos no podem ser responsabilizados pela manuteno dadepresso. Na prtica a maioria das pessoas que sofre um revs se recupera com o tempo. Os eventosestressantes provavelmente disparam a depresso nas pessoas predispostas, vulnerveis. Exemplos deeventos estressantes so: perda de pessoa querida, perda de emprego, mudana de habitao contravontade, doena grave, pequenas contrariedades no so consideradas como eventos fortes o suficientepara desencadear depresso. O que torna as pessoas vulnerveis ainda objeto de estudos. A influnciagentica como em toda medicina muito estudada. Trabalhos recentes mostram que mais do que ainfluncia gentica, o ambiente durante a infncia pode predispor mais as pessoas. O fator gentico fundamental uma vez que os gmeos idnticos ficam mais deprimidos do que os gmeos no idnticos.

    Uma forte corrente afirmava que a queda no nvel de serotonina (um neurotransmissor que desempenhaimportante papel no sistema nervoso do ser humano) era uma das principais causas da depressopsiquitrica. No entanto, fato que os pacientes em depresso apresentam baixos nveis de serotonina.Porm, alguns pacientes que conseguem vencer a depresso nunca mais voltam a apresentar os mesmosnveis do neurotransmissor, o que nos faz questionar: A depresso causada ou causa para os baixosnveis de serotonina?

  • 7/23/2019 Apostila de Introduo Psicologia

    25/42

    Escola Teolgica Batista Livre Introduo Psicologia Pr Lucas Lima

    25

    3.3.2 ANSIEDADE

    A ansiedade uma sensao ou sentimento decorrente da excessiva excitao do Sistema Nervoso Centralem consequncia da interpretao de uma situao de perigo. Parente prximo do medo, a ansiedade(muitas vezes onde a diferenciao no possvel) distinguida dele pelo fato de o medo ter um fatordesencadeante real e palpvel enquanto na ansiedade o fator de estmulo teria caractersticas mais

    subjetivas.

    A ansiedade o grande sintoma de caractersticas psicolgicas que mostra a interseco entre o fsico epsquico, uma vez que tem claros sintomas fsicos como: taquicardia (batedeira), sudorese, tremores,tenso muscular, aumento das secrees (urinrias e fecais) aumento da motilidade intestinal, cefaleia (dorde cabea). Quando recorrente e intensa tambm chamada de Sndrome do Pnico (Crise ansiosa aguda).Toda esta excitao acontece decorrente de uma descarga de um Neurotransmissor chamadoNoradrenalina. O nosso Sistema Nervoso Central e a nossa mente necessitam de uma situao de confortoe de segurana para usufruir da sensao de repouso e de bem estar. Quando a nossa percepo nos alertapara uma situao de perigo acontece o estado ansioso.

    Os que defendem a Teoria da Evoluo afirmam que faz muito pouco tempo que samos dos tempos dacaverna, onde os perigos de vida e a necessidade de luta eram uma constante. A excitao do SistemaNervoso Central vinha como uma forma de estimular o nosso corpo para a luta ou para a fuga. Por outrolado, os que defendem a existncia com base na criao do mundo por Deus acreditam que fomos criadospara a sensao de bem estar mas, com a entrada do pecado no mundo, passamos a no desfrutarplenamente das sensaes de prazer e segurana, fazendo com que sintamos sempre um vazio enormedentro de ns. A sensao de perigo, quando no confrontada de maneira correta, gera ansiedade e aconsequente necessidade de confiar no seu Deus.

    O que interpretamos como perigo hoje, transcende e muito o perigo de vida biolgica. Perda de status, deconforto, de poder econmico, de afetos, amizades, de privilgios, vantagens, de possibilidade de

    concretizar interesses, de vaidade, so fatores mais do que suficientes em muitos casos para disparar oestado ansioso. Em estados de desequilbrio emocional, o simples contacto com o novo, com situaesinesperadas e desconhecidas so o suficiente para disparar estados ansiosos.

    A principal caracterstica psquica do estado ansioso uma excitao, uma acelerao do pensamento,como se estivssemos elaborando, planejando uma maneira de nos livrar do perigo e da maneira maisrpida possvel. Este movimento mental, na maioria das vezes acaba causando certa confuso, umaineficincia da ao, um aumento da sensao de perigo e de incapacidade de se livrar do perigo o queconfigura um circulo vicioso, pois esta sensao s faz aumentar ainda mais o estado ansioso. "Menteacelerada mente desequilibrada". Este movimento impulsivo de a mente se acelerar, de precisar ter tudosob controle, para poder usufruir a sensao de repouso e conforto faz com que ela se excite e se o

    problema no tiver uma soluo mental imediata. Como o que acontece na maioria dos casos ter achamada ansiedade patolgica, que t