Apostila de mtc

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Metodologia do Trabalho Científico 1 Valeska Guimarães Rezende da Cunha Iolanda Rodrigues Nunes Ivanilda Barbosa Ernani Cláudio Borges André Luís Teixeira Fernandes Raul Sérgio Reis Rezende Uberaba MG 2006 METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO UNIVERSIDADE DE UBERABA 2ª edição revista e ampliada

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Metodologia do Trabalho Científico 1

Valeska Guimarães Rezende da Cunha Iolanda Rodrigues Nunes

Ivanilda Barbosa Ernani Cláudio Borges

André Luís Teixeira Fernandes Raul Sérgio Reis Rezende

Uberaba ­ MG 2006

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO

UNIVERSIDADE DE UBERABA

2ª edição revista e ampliada

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2 UNIUBE ­ Educação a Distância

Produção e Supervisão: Programa de Educação a Distância

Revisão Textual e Tratamento Didático­Pedagógico: Marco Antônio Escobar

Capa: Layout e arte final: Ney Braga e Programa de Educação a Distância

Colaboração: Eliane Mendonça Marquez de Rezende Luiz Fernando Ribeiro de Paiva Maria Bárbara Soares e Abrão Raul Sérgio Reis Rezende

Edição: Universidade de Uberaba

Impressão: Gráfica Universitária ­ Universidade de Uberaba Gerência: Wilson Oliveira

Todos os direitos de publicação e reprodução em parte ou no todo, reservados para Universidade de Uberaba.

Série Metodologia do Trabalho Científico 2006 by Universidade de Uberaba

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência Biblioteca Central da UNIUBE

M567 Metodologia do trabalho científico / Valeska Guimarães Rezende da Cunha... [et al.]. – 2. ed. rev. e ampl. ­­ Uberaba : Universidade de Uberaba, 2006 120 p. – (Metodologia)

Colaboradores: Iolanda Rodrigues Nunes, Ivanilda Barbosa, Ernani Cláudio Borges, André Luís Teixeira Fernaneds, Raul Sérgio Reis Rezende

Produção e supervisão: Programa de Educação a Distância da UNIUBE

ISBN 85­88920­32­8

1. Pesquisa ­ Metodologia. 2. Metodologia científica. I. Nunes, Iolanda Rodrigues. II. Barbosa, Ivanilda. III. Borges, Ernane Cláudio. IV. Fernandes, André Luís Teixeira. V. Rezende, Raul Sérgio Reis. VI. Universidade de Uberaba. Programa de Educação a Distância. VII. Série.

CDD 001.42

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Metodologia do Trabalho Científico 3

APRESENTAÇÃO

Ao vivenciar esta nova forma de aprender, possibilitada pela, educação a distância, certamente você percebeu que ela lhe permite personalizar o seu processo de aprendizagem, uma vez que você pode imprimir aos seus estudos um ritmo próprio, permanecer em seu meio cultural e natural, não tendo que se locomover para estudar. Além disso, é você que escolhe os horários em que seu rendimento é maior. Entretanto, certamente pôde se conscientizar também de que, para um melhor desempenho nesta modalidade de estudo, precisa organizar­se e assumir uma postura mais autônoma em relação à sua aprendizagem.

Saber estudar é, como alguém já disse, o caminho mais fácil de aprender o que quer que seja. O conteúdo de Metodologia do Trabalho Científico, constante deste volume, pretende contribuir para que o aluno universitário adquira esta competência. Nele, você encontrará informações sobre os métodos e processos de produção do conhecimento científico, noções básicas sobre as normas técnicas e a sistemática que envolve os processos de investigação científica e de produção de um trabalho acadêmico.

Estas informações foram organizadas em quarto unidades de estudo.

Na primeira unidade, você encontrará orientações para a organização de seus estudos e ficará sabendo de que forma a universidade pode contribuir para a sua formação e também qual a sua parcela de responsabilidade, enquanto aluno, neste processo.

A segunda unidade contém os esclarecimentos necessários para ajudá­lo(a) no estudo dos textos acadêmicos. Você verá como os textos acadêmicos são organizados, os procedimentos adequados para a leitura desse tipo de texto e as diversas formas de registro de seus estudos.

A terceira unidade se ocupa do conhecimento, suas diversas formas de manifestação e respectivas características e também de sua aplicabilidade.

Na quarta e última unidade você aprenderá as normas para a elaboração e apresentação de trabalhos acadêmicos.

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Metodologia do Trabalho Científico 5

SUMÁRIO

ORIENTAÇÕES GERAIS .................................................................................. 07

UNIDADE 1 ­ ORGANIZAÇÃO DOS ESTUDOS NA UNIVERSIDADE ............... 09

1.1 Considerações iniciais ................................................................................ 11

1.2 Autonomia e aprendizagem ........................................................................ 11

1.3 Os instrumentos de trabalho ....................................................................... 13

1.4 O papel da universidade na formação acadêmica do aluno e o papel do aluno na própria formação ......................................................................... 21

Exercícios de Fixação ......................................................................................... 25

UNIDADE 2 ­ ESTUDOS DE TEXTOS ACADÊMICOS ....................................... 29

2.1 Conceito de texto e os modos de organização dos textos acadêmicos ................. 31

2.2 Procedimentos para a leitura de um texto didático­científico ............................. 49

2.3 Outras formas de registro de estudos acadêmicos ........................................... 53

Exercícios de Fixação ......................................................................................... 54

UNIDADE 3 ­ COMPREENDENDO O SIGNIFICADO DO CONHECIMENTO ..... 59

3.1 Considerações iniciais ................................................................................ 61

3.2 Bases conceituais e caracterísiticas dos tipos de conhecimento .......................... 62

3.3 A diferença entre conhecimento e informação ................................................ 69

3.4 Conhecimento científico e senso comum ....................................................... 73

3.5 Características e aplicabilidade do conhecimento ............................................ 79

Exercícios de Fixação ......................................................................................... 81

UNIDADE 4 ­ NORMAS DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS ................................................................................................. 85

4.1 Considerações iniciais ................................................................................ 86

4.2 O trabalho acadêmico ............................................................................... 86

4.3 A elaboração da questão geradora ............................................................... 89

4.4 O levantamento bibliográfico e as anotações.................................................. 90

4.5 Estrutura, etapas e principais elementos do trabalho acadêmico ........................ 91

4.6 Aspectos técnicos e normativos da apresentação de trabalhos

acadêmicos ............................................................................................102

Exercícios de Fixação ........................................................................................110

REFERENCIAL DE RESPOSTAS ......................................................................115

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 117

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ORIENTAÇÕES GERAIS

A fim de facilitar a sua aprendizagem, no decorrer do texto você encontrará ícones, quadros, esquemas e imagens que lhe fornecerão pistas valiosas para a compreensão do conteúdo. Elabora­ mos uma legenda para que você possa aprender mais facilmente seus significados. Recorra a ela sempre que precisar.

Quadro com borda simples

Exemplos ou Explicações.

Atenção! Informação Importante.

Conceito ou definição relativos ao conteúdo.

Esquemas ou resumos. Quadro com borda dupla

Ainda para facilitar a sua compreensão, optamos por colocar o glossário no decorrer do texto. Assim, sempre que houver uma palavra cujo significado é preciso esclarecer, ela virá marcada com uma tarja cinza e, ao lado, o esclarecimento aparecerá num quadro cinza, sem contorno.

Ao realizar o estudo de cada unidade, você deverá cumprir uma série de atividades que o(a) auxiliarão a compreender e fixar melhor o conteúdo. Para estas atividades, você encontrará as respostas no referencial colocado ao final deste volume.

Desejamos a você muito sucesso nos estudos!

Equipe de professores.

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UNIDADE 1

ORGANIZAÇÃO DOS ESTUDOS NA UNIVERSIDADE

Valeska Guimarães Rezende da Cunha Iolanda Rodrigues Nunes Ernani Cláudio Borges

André Luís Teixeira Fernandes Raul Sérgio Reis Rezende

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1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Ao final desta unidade, você deverá manifestar consciência da necessidade de se organizar em sua vida de estudos e ter discernimento quanto aos métodos e estratégias necessários ao seu bom desempenho neste componente curricular bem como nas outras disciplinas de seu curso. Deverá, também, saber posicionar­ se criticamente em relação ao papel que a universidade desempenha na formação acadêmica do aluno e ao papel do aluno na sua própria formação.

Sabemos que o estudo é fundamental na vida das pessoas e por meio dele buscamos alcançar os diversos tipos de conhecimento, que serão aplicados em inúmeras situações de nossa vida.

Durante sua formação escolar, você encontrará exigências, obstáculos e desafios que o(a) farão ter uma nova postura diante dos estudos. Daí a necessidade de você repensar e avaliar a forma como vem estudando até agora.

Muitos(as) alunos(as), apesar de seu esforço, não conseguem obter o sucesso escolar que estaria ao seu alcance, pois trabalham com métodos inadequados. A obtenção de bons resultados escolares, que é o objetivo de todos os estudantes, consegue­se com métodos e estratégias de estudo eficazes.

A princípio, é preciso que você se conscientize de que o resultado de todo o processo depende de você mesmo(a), ao assumir uma postura com maior autonomia para a efetivação da aprendizagem. Além disso, você deve empenhar­se num projeto de estudo altamente individualizado, apoiado no domínio e na manipulação de uma série de instrumentos, que o(a) auxiliarão na organização de sua vida de estudo e na disciplina de sua vida acadêmica.

Sabemos que cada aluno(a) tem um estilo e um método próprio para estudo. Alguns têm uma postura passiva e mecânica, ao passo que outros constróem seu conhecimento de forma ativa e dinâmica durante sua vida escolar. Nesta unidade, estaremos sugerindo instrumentos de estudo que o(a) ajudarão a assumir uma postura de agente construtor(a) de seu próprio conhecimento, conseguindo, assim, um aprendizado mais significativo. São palavras­chave para melhor aproveitamento dos estudos:

1.2 AUTONOMIA E APRENDIZAGEM

Para que tenha possibilidades de construção de sua autonomia ao longo do processo, é necessário que você seja autor(a) de sua própria fala e do seu próprio agir, pois a autonomia é uma conquista que somente se completa e se realiza à medida que a pessoa cresce e amadurece, no convívio com os outros (PRETI, 1996).

A autonomia, para ser construída, exige de você, aluno(a), uma tomada de posição e um compromis­ so consigo mesmo(a) e com a instituição onde estuda. Segundo Preti (1996), a sua capacidade de aprender de forma autônoma, fazendo com que você ganhe confiança em si mesmo(a), não depende passivamente da figura do professor, de alguém que vem para “ensinar ao outro que não sabe”.

Nesse sentido, sugerimos que você considere a sua participação nas atividades acadêmicas como um elemento indispensável para a construção da autonomia. Mas, nesta altura, você deve estar se perguntando:

Organização do tempo Motivação

Organização dos materiais Autonomia

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Esse é o grande desafio! Para isso, ofereceremos diversas técnicas de estudo e inúmeras atividades que facilitarão a sua aprendizagem.

Existem instrumentos e técnicas para me auxiliar

nesse processo?

Como estudar?

O que devo fazer, enquanto aluno(a), para aprender a aprender, a me autoformar, a regular a minha

aprendizagem, a ter autonomia no processo de aprendizagem?

Exercite, pratique a sua autonomia na realização dos trabalhos solicitados por seus professores. Freqüente

a biblioteca, navegue na Internet, para aprofundar seus estudos e fazer leituras diferentes. É importante

que você amplie sua visão.

Para Preti (1996), não há dúvida de que existem inúmeras dificuldades que você deverá considerar e procurar superar, tais como:

• dificuldade de adaptar­se a novas situações de aprendizagem • pouco tempo livre • descrença da validade e aplicabilidade de estudos teór icos • dificuldades econômicas • problemas de saúde • problemas inter pessoais • dificuldade de concentração • tr anstornos afetivos e outr os

É importante que você perceba suas limitações pessoais para procurar superá­las!

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Sugerimos, portanto, um conhecimento de si mesmo, enquanto aprendiz, pois essa auto­avaliação o(a) ajudará a melhor definir e ponderar suas metas em relação à disciplina. Reflita sobre as estratégias que você utiliza para estudar. Depois, organize seu tempo, distribuindo melhor suas atividades ao longo da semana.

Inicialmente, é fundamental um olhar para si mesmo, é importante observar­se e perguntar­se: como estudo, isto é, como apren­ do, quais as estratégias metacognitivas utilizadas? Como ocupo e orga­ nizo o tempo ao longo do dia e da semana? Quando, quanto, como e onde estudo? Quais os horários mais proveitosos? Que técnicas utilizo para ler, resumir e estudar, de uma maneira geral? (PRETI, 1996).

Apud

Citado por . Termo usado quando um au­ tor cita em seu livro outro autor e você deseja usar a mesma citação, e não tem acesso à obra original.

Metacognitiva

Etimologicamente, significa para “além da cognição”, isto é, a faculdade de co­ nhecer o próprio ato de conhecer, ou, dito de outra forma de “pensar sobre o pen­ sar”.

Segundo Aretio (1994, apud PRETI, 1996), é necessário que você “se eduque para que saiba como aprender, como adaptar­se e como mudar”, se quiser continuar desfrutando do seu estudo e de sua vida. Às vezes, não conseguimos superar todas as dificuldades, mas é preciso saber lidar com elas e ir superando­as aos poucos.

A nossa intenção até agora foi propor reflexões sobre as significações e as dimensões da autonomia, dentro do processo educacional. Não pretendemos torná­las um “receituário” ou um “pacote de regrinhas” que devem ser seguidas para, automaticamente, garantir o processo de autonomia na aprendizagem. Pretendemos, sim, dar uma orientação e um suporte a você, para que planeje suas ações, organize seu tempo de estudo e tenha consciência de que o seu sucesso depende, em grande parte, do seu envolvimento e esforço individual.

No início pode parecer difícil, principalmente se você não estiver muito habituado(a) a estudar com regularidade. Mas é importante não desanimar e

estar sempre prestando atenção ao seu desenvolvimento, aos horários nos quais você

produz com maior facilidade. Enfim, preste atenção em você e, aos poucos, crie um hábito de estudo

que se adapte ao seu ritmo pessoal.

1.3 OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO

Esperamos que você, realmente, tenha refletido sobre seu tempo, seu ritmo de estudo e que tenha procurado algumas alternativas. Agora, vamos prosseguir nosso conteúdo estudando os instrumentos que o(a) auxiliarão na organização de sua vida de estudo e na disciplina de sua vida acadêmica.

A tarefa de aprendizagem na universidade se inicia pelo embasamento teórico, próprio de cada área. Antes de iniciar as atividades práticas, de laboratório ou de campo, você precisa compreender o conteúdo específico de sua área de estudo. Para isso, é necessário dispor de diversos instrumentos de trabalho (cf. quadro 1) que, em nosso meio, são fundamentalmente bibliográficos, os quais garantirão seu estudo pessoal no decorrer de sua vida acadêmica (SEVERINO, 2002).

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É importante para seus estudos, que você comece a formar sua biblioteca pessoal, munindo­se de livros, resumos, textos complementares, periódicos, revistas, dicionários e recursos eletrônicos gerados pela tecnologia informacional.

Quadro 1 ­ Exemplos e definições de instrumentos de trabalho

O material didático científico é a base para o estudo pessoal do(a) aluno(a), que deve se esforçar para construir os sentidos dos conceitos ou das idéias apresentadas no texto, ou seja, você não precisa se preocupar com o “decorar”, com o “memorizar”. Algumas vezes é importante memorizar certas informações, mas de nada adianta memorizar sem compreender.

1.3.1 EXPLORAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE TRABALHO

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Veja, a seguir, no Quadro 2, exemplo de uma anotação concisa do que foi exposto até agora:

1. Universidade novas exigências novos desafios

necessidade de rever forma de estu- do

2. Ritmo de estudo é pessoal desenvolver a autonomia

3. Instrumentos de trabalho

livros / resumos / periódicos/ / dicionários / Internet

É importante: formar uma biblioteca básica

adquirir hábitos de anotação

Quadro 2 ­ Exemplo de anotações importantes

Durante seus registros você não conseguirá anotar tudo aquilo que é exposto, pois muitas idéias ficam truncadas e você acaba perdendo a concentração durante essas anotações. Preocupe­se com palavras ou expressões que traduzam conteúdos conceituais e idéias fundamentais, para que, mais tarde, em sua casa ou em um ambiente de estudo, possa submeter suas anotações a um processo de correção, de complementação e de triagem.

Chamamos sua atenção para o fato de que a prática de registro pessoal deve

tornar-se uma constante em sua vida, pois é preciso convencer-se de sua necessidade e

utilidade, considerando-a como parte integrante do processo de estudo.

Sugerimos que você crie o hábito de registrar a matéria abordada em aula, os

elementos complementares a esta matéria, as informações anotadas nas aulas

expositivas, nos debates em grupo, nos seminários e conferências.

Fazer registro é a maneira mais adequada e sistemática de estudar, pois expressa um resultado das atividades intelectuais de todo aquele que procura estar em dia com as produções do pensamento humano. O(a) aluno(a) tem de estar ciente de que sua aprendizagem é uma tarefa eminentemente pessoal.

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Indicaremos, a seguir, uma forma de fazer registro dos estudos, denominada fichamento.

Certamente que sim. Aí vão algumas razões: neles podemos buscar dados para chegar com mais agilidade a uma informação importante ou para fundamentar nossas afirmações; registrar nossas impressões e nossas reflexões acerca de um assunto e racionalizar o nosso trabalho.

Outro ponto interessante a ser observado é que sempre o estudo de um texto (científico, artístico, religioso etc.) se inicia por um processo de contextualização, gerando o fichamento do assunto estudado.

O FICHAMENTO é uma prática de escrita acadêmica que tem por objetivo identificar um objeto de estudo (um livro, um capítulo de livro, um artigo, um filme, um documento, um monumento, uma obra artística) ou reunir dados e proposições sobre determinado tema. Por ser um procedimento básico de identificação, está sempre relacionado a outras práticas de escrita acadêmica.

Enquanto método pessoal de estudo, podemos identificar três formas de fichamento: o fichamento bibliográfico, o fichamento temático e o fichamento geral. Veremos, a seguir, essas três formas de fichamento.

Para que fazer o registro da localização

de documentos, dos livros que lemos?

Será mesmo necessário nos ocuparmos com tais

fichamentos?

Para fazer fichamento, você pode utilizar fichas próprias, compradas em papelaria, que

podem ser manuscritas, ou utilizar o computador, criando pastas e arquivos.

Esta forma de registro se constitui num conjunto de referência sobre livros, artigos e trabalhos dentro de uma área do saber. Este tipo de fichamento é útil porque permite consultar, facilmente o conteúdo da obra que você leu sobre o assunto em questão, quando for realizar realizar algum trabalho sobre um determinado assunto.

1.3.1.1 Fichamento Bibliográfico

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Para exercitar esse tipo de fichamento, sugerimos que, à medida que você tome contato com os livros, artigos, trabalhos e informes diversos, habitue­se a fazer um fichário, que pode ser manuscrito, ou digitado no computador, o qual possibilita maior facilidade na inserção e manipulação dos dados.

Veja, no Quadro 3, um exemplo de fichamento bibliográfico, que complementará o fichamento temático.

Exemplo de fichamento bibliográfico

GARCIA, Ana Maria Felipe. O Conhecimento. In: HÜHNE, Leda Miranda (Org). Metodologia Científica: Cadernos de Texto e Técnicas. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1999.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 1990.

DEMO, P. Neutralidade Científica. IN: ______. Metodologia Científica em Ciências Sociais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1995.

Tema: O conhecimento

Quadro 3 ­ Exemplo de fichamento bibliográfico

1.3.1.2 Fichamento Temático

Esta forma de registro baseia­se nos conceitos fundamentais de uma determinada área do saber, podendo se referir a uma ou mais obras. Este tipo de fichamento é útil quando você for realizar algum trabalho sobre um determinado assunto. Ao consultar a ficha, você terá acesso às obras que tratam do assunto em questão, bem como a um breve resumo.

Esse tipo de fichamento pode ser elaborado de diversas formas:

idéias pessoais, anotadas a partir de uma aula

não é necessária a utiliza­ ção de aspas nem a indi­ cação da fonte.

transcrição literal (cópia fiel) das palavras do autor

colocar o conceito entre aspas, indicando o autor, a obra e a página de onde foi retirado

síntese das idéias do autor dispensam­se as aspas, mantendo a indicação da fonte

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AA seguir, apresentaremos um exemplo de um fichamento temático com a síntese das idéias do autor e também com idéias pessoais. Trata­se de uma forma dentre as muitas que podem ser utilizadas para este fim. A se

Exemplo de fichamento temático

O Conhecimento.

A autora analisa o sentido e o papel que o conhecimento exerce na realidade humana atual através de três relações: fazer, usar e se posicionar: a) apresenta o homem como ser racional que, pela linguagem, intrepreta o mundo e se mostra nessa interpreta­

ção; b) caracteriza o conhecimento como renascimento, isto é, formas sempre novas de estar no mundo; c) o processo do conhecimento dá a verdadeira medida do homem: ser que renasce sempre quando está aberto ao

mundo.

Comentário pessoal: O texto destaca três possibilidades de conhecimento, mas ainda não revela o papel específico da ciência.

Referência: GARCIA, Ana Maria Felipe. O Conhecimento. In: HÜHNE, Leda Miranda (Org.). Metodologia científica: cadernos de texto e técnicas. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1999.

Fonte: GARCIA, Ana Maria Felipe. O Conhecimento. In: HÜHNE, Leda Miranda (Org.). Metodologia cientí­ fica: cadernos de texto e técnicas. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1999.

Quadro 4 ­ Exemplo de fichamento temático

1.3.1.3 Fichamento Geral

­ Faça um apanhado amplo do assunto, sem muita profundidade (leitura do prefácio, sumário, introdução).

­ Em seguida, faça uma leitura mais aprofundada com apontamen­ tos mais rigorosos.

­ Lembre­se: as diversas informações devem ser seguidas pela in­ dicação, entre parênteses, das respectivas páginas.

Para esse tipo de fichamento, você pode proceder conforme sugerimos, a seguir.

É aquele realizado de maneira sistemática e organizada, no qual o(a) aluno(a) arquiva as apostilas, os textos de seminários, os trabalhos didáticos, os textos de conferência e outros, cujo uso seja julgado importante, formando um conjunto de textos relacionados com a área de estudo do(a) estudante.

Ao realizar algum trabalho acadêmico, com maior valor científico, você poderá recorrer a este tipo de fichamento que servirá de base para o fichamento temático ou mesmo para o fichamento bibliográfico (SEVERINO, 2002).

À medida que você desenvolve seus estudos, o trabalho de fichamento deve ser sistematicamente realizado. Procedendo habitualmente dessa forma, você perceberá, na prática, a utilidade do fichamento, inserido como parte integrante do seu processo de estudo.

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Relacionamos, a seguir, algumas orientações práticas, que serão úteis no seu dia­a­dia:

a) Considere material de fichamento tudo o que julgar importante e útil para seus estudos: as leituras, as aulas, os seminários, os grupos de discussão, as conferências;

b) para fichas manuscritas ou para os registros feitos no computador, deve­se observar as seguintes orientações:

∙ evitar longas transcrições; ∙ registros feitos a partir de leituras, devem conter: título e fonte no cabeçalho. Por ‘fonte’ se

entende: nome do autor, título da obra, local, editora, página, ano; ∙ registros feitos a partir de aulas devem conter: data, disciplina, assunto e nome do professor. ∙ providenciar um fichário próprio, no caso de se utilizar fichas; ∙ transcrever os assuntos dos cadernos para as fichas ou para o editor de textos/planilha, no

computador. c) para a elaboração da ficha manuscrita deve­se considerar:

∙ tamanho adequado, que pode ser grande, médio ou pequeno (optar por um tamanho único); ∙ cabeçalho – título e fonte – no verso escrever de cabeça para baixo; ∙ aspas ( “ “ ) para citação; asterisco ( * ) para resumo; duas barras ( // ) para indicar idéias

pessoais.

d) para a elaboração dos arquivos no computador deve­se considerar: ∙ tamanho do papel e margens adequados para impressão;

∙ espaçamento entre linhas de modo a permitir uma boa leitura;

∙ tipo e tamanho de fonte (letra) legíveis;

∙ cabeçalho contendo título e fonte da documentação;

∙ usar aspas ( “ “ ) para citação; asterisco ( * ) para resumo; duas barras ( // ) para indicar idéias pessoais.

O Quadro 5, a seguir, representa a estrutura padrão de um fichamento geral, e o Quadro 6, apresenta um exemplo de fichamento geral.

Quadro 5 ­ Estrutura padrão de um fichamento geral.

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Que tal colocar em prática os tipos de fichamentos, vistos anteriormente? Experimente criar exemplos

utilizando a forma manuscrita ou o computador. Siga o exemplo de fichamento geral, a seguir.

Exemplo de fichamento geral:

ESTUDAR

Técnicas de trabalho 1

Resumo: A autora cita que os textos são obra e produto humano, expressos pelos mais variados meios simbólicos e representam a memória do homem, constituindo­se na herança que possibilita a continuidade de sua obra. (p. 131) Sobre os textos teóricos, afirma que moldam a visão do homem e seu pensamento e que, além de ser obras que demonstram um conhecimento do mundo, fazem ver o que foi produzido pelos homens na sua existência, expressando momentos históricos contendo toda série de situações. Também são sistematizados, organizados e metódicos, fruto de construção de cientistas na tentativa de explicar o real. (p. 132) Interpreta o texto como uma “voz humana”, do passado, à qual se tem que “dar vida” e “ ‘ouvir’ a sua palavra, o seu mundo a compreensão dos significados nele implícitos”. Continua afirmando que é no encontro histórico, quando diversas experiências se defrontam, que se torna possível a compreensão e interpretação dos textos. (p. 133) Através dos textos teóricos é que entramos em contato com a produção científica. Portanto, para poder decifrar melhor o mundo, é necessário compreendê­los e, para tanto, é necessário ter um objetivo para o estudo dos mesmos. Também é necessário ter claro as questões e problemas contidos nos textos e saber localizá­lo no tempo e espaço, etapas estas que facilitam a compreensão. É também sugerida a demarcação dos conceitos, doutrinas desconhecidas, autores citados, para, a seguir, fazer uma consulta a dicionários, enciclopédias e manuais para buscar explicações, que facilitem a compreensão da mensagem do autor. (p. 134)

Citações: “Segundo Paulo Freire, o papel do educador é o de proporcionar a organização de um pensamento correto através da relação educador­educando e educando­educador”. (p. 108) “No laboratório de classe não há lugar para a reprodução mecânica do conhecimento mas para a recriação e, até, criação de um trabalho cooperativo de professor e aluno”. (p. 109) “O professor deverá orientar seus alunos para um sistema de auto­aprendizagem através de métodos de pesquisa bibliográfica e documentação”. (p. 109)

Idéias Pessoais: // Texto bastante significativo e que propõe uma metodologia aprofundada de leitura de textos teóricos//

Local: Consultar o livro conforme referência da parte superior da ficha.

FURLAN, Vera Irma. O estudo de textos teóricos. In: CARVALHO, Maria Cecília M. (Org.) Construindo o saber: técnicas de metodologia científica. Campinas: Papirus, 1988.

Quadro 6 ­ Exemplo de fichamento geral

Fonte: FURLAN, Vera Irma. O estudo de textos teóricos. In: CARVALHO, Maria Cecília M. (Org.) Construindo o saber : técnicas de metodologia científica. Campinas: Papirus, 1988.

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1.4 O PAPEL DA UNIVERSIDADE NA FORMAÇÃO ACADÊMICA DO ALUNO E O PAPEL DO ALUNO NA PRÓPRIA FORMAÇÃO

A universidade visa possibilitar aos diplomados o exercício competente da função ou emprego, com remuneração satisfatória. Acrescento dimensão social mais ampla: técnicos, funcionários saídos dos bancos universitários ajudam a elevar tanto o nível da qualidade da produção, como o do país, assim como qualidade e quantidade da produção nas diferentes áreas da atividade humana. (JUSTO, 1995).

...a instituição universitária, em qualquer realidade social, sempre tem respondido pela ex­ celência do saber científico e do nível filosófico e cultural, e por isso mesmo geralmente tem recebido por parte da sociedade o reconhecimento a que faz jus, mas também tem sido severamente criticada quando não consegue acompanhar os avanços científicos e tecnológicos, perdendo assim sua capacidade para traduzir em ações concretas as necessi­ dades emergentes da sociedade, através de suas funções básicas: o ensino, a pesquisa e a extensão. (SOLINO apud INFANTE, 2003)

Vamos prosseguir nosso conteúdo destacando o papel que a universidade desempenha na socieda­ de, analisando e enfatizando as contribuições que ela exerce na formação acadêmica do(a) aluno(a). Vamos também refletir sobre o papel do(a) aluno(a), inserido nessa sociedade, na sua própria formação.

Na verdade, há vários autores com opiniões divergentes sobre esse assunto. Por isso é interessante conhecer essas opiniões para que possamos refletir e tomar uma posição frente à questão apresentada.

Você deve ter constatado, por estas citações, que a função social da universidade é preparar profissionais para o mercado de trabalho. Segundo esses autores, a universidade precisa ouvir e compreen­ der as necessidades da sociedade, detectando as mudanças de mercado e elaborando estratégias que possi­ bilitem a otimização das relações que deve existir entre a universidade e a sociedade. Isso é um grande desafio a ser enfrentado, pois conhecer o perfil dinâmico e multifacetado dos profissionais que o mercado de trabalho exige é um trabalho cauteloso e de diálogo permanente (Figura 1). Torna­se necessário, portanto, criar condições para essa comunicação, oferecendo apoio à inovação tecnológica e à criatividade, para que o(a) universitário(a) se enquadre no mercado de trabalho que a sociedade exige.

A questão inicial que se coloca, portanto, é a seguinte: Qual o papel

da universidade na sociedade?

Setor privado, empresas, estatais e

fundações Setor público MERCADO DE

TRABALHO

SISTEMA EDUCACIONAL

Figura 1 – Ajuste entre o mercado de trabalho e o sistema educacional de terceiro grau.

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Segundo Infante (2003), atualmente se exige da universidade competitividade no nível de formação do novo profissional, preparando­o tanto na dimensão do “como fazer” quanto do “porque fazer”. Isto se dá pelo fato da universidade, ao gerir o conhecimento artístico, científico e tecnológico, estar sempre em confronto com as exigências da atual era da evolução da informação.

Essa idéia de Infante vem ao encontro das idéias de Pereira em um debate 1 sobre o papel da universidade. Segundo Pereira (2003), a universidade de qualidade é aquela que forma profissionais competitivos, críticos e eficientes e, para tal, é preciso que os docentes dessa universidade também sejam eficientes. A forma de avaliar a eficiência dos docentes é o número de artigos publicados, a participação em congressos, o número de pesquisas que orienta e outras formas de produção.

Nesse contexto, fica claro que a universidade produtiva é fundamentalmente uma universidade que produz conhecimento, através do ensino, pesquisa e publicações. Isso fica ainda mais claro quando ele afirma que “...os professores têm que ser eficientes, têm que produzir, se preocupar com os custos, e viabilizar alguma coisa que seja politicamente possível”.

Percebemos que todos os autores citados defendem a idéia de uma universidade produtiva. Sendo assim, é importante que entendamos o conceito de “universidade produtiva”, que está implícito nas idéias apresentadas até agora.

1 Debate entre Marilena Chauí e Luiz Carlos Bresser Pereira, que marcou a abertura pública do IV Congresso da USP. O título do debate foi ‘Que Universidade queremos: crítica ou produtivista?’

Certamente você compreendeu que o conceito de universidade produtiva defendido pelos autores Justo (1995), Solino (2003), Infante (2003) e Pereira (2003), é a de uma universidade que prepara profissi­ onais tecnicamente eficientes para atuarem no mercado de trabalho, esquecendo­se de pensar numa formação mais ampla, ou seja, a que prepara profissionais críticos e conscientes dos problemas sociais.

A partir destas colocações, seria interessante levantarmos outras questões: Qual seria a função social da universidade? A universidade é acessível a todas as camadas sociais?

Como dissemos anteriormente, há autores que defendem idéias diferentes dessas apresentadas até agora. Para Ramos (1996),

a universidade não se universalizou de fato, pelo menos nos países do Terceiro Mundo. E mesmo naqueles países que conseguiram eliminar o analfabetismo e proporcionar à totalidade da sua população uma educa­ ção básica, ela continua reproduzindo as classes sociais diferenciadas, conforme a origem social de seus alunos. Aqueles provenientes das classes que detêm o poder econômico encaminham­se ‘naturalmente’ para os cursos de estudos superiores; os demais, para os cursos técnicos profissionalizantes ou, simples­ mente, para as ocupações manuais não especializadas.

Chauí (2003), também tem um posicionamento diferente, defendendo o papel da universidade em uma outra perspectiva. Ao contrário dos outros autores citados, ela se opõe à universidade voltada, apenas, para o mercado de trabalho. A professora defende uma universidade crítica, reflexiva, aberta a questões que possam interessar a todo o conjunto da sociedade e no qual a educação é colocada como um dever do Estado.

Reflita sobre as afirmações anteriores e faça suas considerações referentes aos

questionamentos colocados.

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Metodologia do Trabalho Científico 23

“Muitas vezes o professor é impedido de realizar o seu trabalho de docência, e ano após ano, repete a mesma aula, porque não tem tempo de preparar outra, porque ele vai ser avaliado pelo número de papéis, de livros, de notas de rodapé, de congressos” (CHAUÍ, 2003). Nesse sentido, ela defende que a avaliação da qualidade da universidade, não deve ser feita apenas pela quantidade de vezes que seus docen­ tes participam de congressos, pelo número de artigos que publicam ou por outras medidas quantitativas, mas, principalmente, pela qualidade das aulas ministradas pelos docentes, o que implica, necessariamente, uma reavaliação das condições de trabalho desses docentes. Torna­se necessário que ocorra uma revalorização da docência para que o professor reveja o que é preparar, ministrar e avaliar uma aula universitária.

Cabe ressaltar que no espaço universitário, a pesquisa não pode estar separada do ensino, conforme observa Demo (1992), ao considerar que a maioria dos professores das universidades fizeram “opção” pelo ensino, passando a vida contando aos alunos o que aprenderam de outrem, imitando e reproduzindo subsidiariamente. Segundo esse autor, “quem ensina carece pesquisar” e “quem pesquisa carece ensinar”.

Para Chauí(2003), o mercado exige rotina, repetição, tudo que não inclui inovação, nem criatividade, nem originalidade, nem profundidade. Isso é devido ao fato de o mercado considerar que somente as agênci­ as de publicidade é que precisam ser originais e criativas. Entretanto, não haveria desenvolvimento do conhecimento sem inovação nem criatividade. Por isso, a necessidade da pesquisa, que, por seu caráter questionador, sempre produz novos conhecimentos.

Nesse sentido, a pesquisa, o ensino e a extensão devem estar integrados dentro de uma universidade.

Você deve ter percebido que o conceito de universidade crítica, defendida pelos autores, vai além do conceito de universidade produtiva, porque embora eles não desprezem a competência técnica do profis­ sional, defendem que a universidade deve ter critérios de avaliação mais qualitativos do que quantitativos e que a universidade deve ser direito de todos e os profissionais que forma devem ser mais críticos e reflexi­ vos, engajados em pesquisas e projetos sociais.

A essa altura, você já deve ter se posicionado frente às contribuições dos autores citados. Qualquer que seja a sua opinião, gostaríamos de abrir agora um outro questionamento: Qual o seu compromisso com a sua própria formação?

Você deve ter percebido que, ao pensarmos sobre o papel da universidade na formação acadêmica do(a) aluno(a), inevitavelmente devemos pensar no tipo de sociedade que temos. Ao expressar nossa idéia de sociedade e, portanto, o tipo de profissional que a universidade deve formar, estamos, na verdade, expres­ sando a maneira como compreendemos o mundo.

Paradigma

Visão de mundo que predomina em um momento histórico e que influencia o comportamento, as atitudes e os valores das pessoas.

Por isso, para pensar no seu compromisso com a sua própria formação, não podemos deixar de considerar a sociedade da qual faze­ mos parte. Sendo assim, precisamos levar em conta a nova era da infor­ mação que estamos vivendo por meio da globalização do conhecimen­ to, que propicia a aceleração da quebra de paradigmas de forma multidimensional, permitindo a concepção e o nascimento de novos mo­ delos de gestão, comportamento, demanda e outros. Estamos vivenciando uma grande transformação proveniente do confronto e da aliança do ensino com as tecnologias de comunicação, surgindo então novas for­ mas de comunicação da universidade com a sociedade.

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24 UNIUBE ­ Educação a Distância

Cultura midiática

Uma forma cultural proveniente do contexto social atu­ al. Se até há pouco tempo livros, apostilas, jornais e revis­ tas eram a principal fonte de estudo e de pesquisa, hoje também se integram a esses recursos os CD­ROMs e as páginas de Internet, bem como os de áudio e videoconferências. Se a biblioteca era a referência para pesquisas nas diversas áreas do conhecimento, o próprio conceito de biblioteca hoje muda, com os sistemas de pes­ quisa online nas bibliotecas digitais e virtuais.

Segundo Bentes apud Barichello (2003), em re­ lação a essa transformação é essencial enfatizarmos dois pontos cruciais e relevantes nessa nova comunicação en­ tre universidade e sociedade: a cultura midiática, que é utilizada atualmente por uma grande parte da sociedade, e o excesso de informações descontextualizadas, que atin­ gem desde a população mais carente até os setores mais privilegiados da sociedade. Nesse novo contexto midiático, o professor passa a ser um orientador, utilizando diversos recursos tecnológicos nas atividades educacionais, criando, assim, uma nova possibilidade de interação entre os diferentes campos de conhecimento. Tal interação otimiza novas formas de sociabilidade, sem acabar com as diferenças e especificidades de cada saber ou realida­ de.

Após as reflexões você percebeu que o professor que apenas transmite informação está fazendo o mesmo papel das mídias, ou seja, transmitindo informações descontextualizadas. Na verdade, o papel do (a) professor(a), hoje, deve ser o de problematizar, criar situações e orientar os(as) alunos(as) no sentido de buscar, organizar e analisar as informações, aplicando­as na resolução dos problemas.

Consideramos, diante da realidade atual, que o(a) aluno(a) universitário(a) não está em busca, apenas, de informações. Ao contrário, ele(ela) está em busca de uma formação pessoal e profissional que o(a) torne competente, mas também agente transformador(a) da sociedade. Nesse sentido, cabe ao(à) professor(a) orientá­lo(a) nesse processo.

Quando falamos do papel do professor e do aluno entramos em um assunto chamado processo de ensino­aprendizagem. Se tomamos ensino­aprendizagem como algo a ser construído, a partir da interação dos sujeitos envolvidos (professor(a) – aluno(a)), de forma cooperativa e colaborativa e que esse processo se dá em um meio sócio­cultural, então precisamos elencar algumas atitudes, habilidades e competências fundamentais que precisam ser desenvolvidas pelos(as) alunos(as) sob a orientação do(a) professor(a).

Sendo assim, busca­se uma mudança de mentalidade e atitude, tanto por parte do(a) aluno(a) como por parte do(a) professor(a), que devem criar um ambiente favorável para que essa mudança ocorra.

Veja, no quadro, a seguir, a relação de algumas atitudes, habilidades e competências que servem como diretrizes para essa mudança:

• Desenvolver uma atitude mais participativa e ativa nas aulas. • Trabalhar individualmente para aprender. • Aplicar as técnicas de registro dos estudos realizados. • Interagir com os colegas, sabendo debater e dialogar. • Ver professores e colegas como parceiros colaboradores no processo de aprendizagem. • Saber pesquisar. • Assumir a responsabilidade da própria aprendizagem. • Saber trabalhar em equipe. • Desenvolver atitudes e valores como ética, respeito aos outros e às suas opiniões. • Estar aberto ao novo. • Desenvolver a criticidade. • Desenvolver a sensibilidade às necessidades da comunidade na qual atuará como

profissional. • Buscar soluções técnicas e condizentes com a realidade para melhoria da qualidade de

vida da população.

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Metodologia do Trabalho Científico 25

Todos os pontos citados, anteriormente, devem ser desenvolvidos desde as séries iniciais do curso. Não basta apenas memorizar conteúdo. É necessário ir além, desenvolvendo uma consciência crítica em relação ao conhecimento e aos problemas sociais.

Para que tudo isso ocorra, uma das formas que os professores utilizam, além das aulas, é a orientação de projetos e a solicitação de trabalhos. Por isso é importante que você fique atento(a) a dois pontos:

1. Entender que os trabalhos solicitados pelos professores não são mera formalidade, mas parte fundamental da sua própria aprendizagem;

2. Ser capaz de analisar, comparar, discutir, transformar a informação em conhecimento, expressando a sua opinião sobre o tema discutido.

Um trabalho nunca deve ser mera formalidade a ser cumprida, mas meio de aprendizagem para o(a) aluno(a) que o realiza.

O(a) professor(a), ao avaliar o trabalho realizado pelo(a) aluno(a), pode perceber falhas e enganos conceituais que precisam ser esclarecidos ou lacunas com relação ao conteúdo que precisam ser preenchidas. Portanto, os trabalhos acadêmicos são instrumentos auxiliares na tarefa do professor, que é a de orientar o(a) aluno(a) para alcançar a aprendizagem. Por isso, é importante realizá­los com seriedade.

1.4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando que estamos diante de uma realidade marcada por conflitos sociais, chegamos à conclusão de que a alternativa que temos para caminharmos na direção de uma sociedade um pouco mais justa é a conscientização das pessoas no sentido de que exerçam seus direitos e deveres como cidadãos. Profissionais competentes tecnicamente falando, não ajudam muito a alcançarmos este ideal. Tornam­se necessários profissionais com competência técnica sim, mas também engajados em projetos sociais que possam contribuir para a transformação da sociedade.

Chegamos, assim, ao final de nossa primeira unidade! Esperamos que você tenha

compreendido os pontos essenciais e se sinta motivado(a) a colocar em prática o que aprendeu.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01. A vida de estudo na universidade exige do aluno uma organização e uma racionalidade técnica e prática afim de que seu estudo seja prazeroso, positivo, consistente e de qualidade. Para que o aluno consiga atingir os objetivos propostos para uma disciplina é necessário que:

a) ( ) as atividades de ensino­aprendizagem utilizem sempre das tecnologias mais modernas e atraente.

b) ( ) o hábito de estudo, a manutenção de horários e a organização do tempo escolar sejam constantemente mantidos pelo aluno.

c) ( ) as tarefas exigidas e as reflexões assimiladas pelos alunos podem ser adquiridas e dinamizadas de acordo com o seu interesse.

d) ( ) o sucesso dos estudos desenvolvidos pelo aluno na universidade, dependem fundamentalmente do nível das aulas expositivas apresentadas pelo professor.

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26 UNIUBE ­ Educação a Distância

02. A criação do hábito de documentar os conteúdos abordados em aula, as informações obtidas nos debates, seminários e conferências possibilitam uma racionalização do trabalho do tempo e a assimilação das idéias centrais. Podemos classificar as formas de documentação em três níveis: a) ( ) Fichamento geral, fichamento específico e fichamento científico. b) ( ) Fichamento temático, fichamento bibliográfico e fichamento oficial. c) ( ) Fichamento geral, fichamento temático e fichamento do cotidiano. d) ( ) Fichamento temático, fichamento bibliográfico e fichamento geral.

03. O estudo, compreensão e aplicação do conteúdo de Metodologia do Trabalho Científico, possibilitará ao aluno: I­ Tomar decisões rápidas e apropriadas, utilize métodos adequados e seja agente construtor

do seu conhecimento. II­ Perceber que se não partilhar com os colegas o processo de aquisição de conhecimentos,

seus resultados serão ineficazes. III­Estudar individualmente, mas é amparado por uma série de instrumentos, que contribuem

para uma melhor organização de sua vida escolar. IV­ Colaborar com os demais colegas de disciplina na construção de um conhecimento coletivo,

autônomo e eficaz.

Agora, dentre as alternativas a seguir, marque a que agrupa as afirmativas corretas.

a) ( ) I e II b) ( ) II e IV c) ( ) I e III

d) ( ) II e III

04. A prática do fichamento é a maneira mais importante, sistemática e adequada de um bom método pessoal de estudo. Sobre as formas desses fichamento, podemos afirmar que:

a) ( ) o fichamento temático é o mais importante porque ela apresenta níveis aprofundados e uma visão de conjunto ampla.

b) ( ) o fichamento geral é realizada de maneira sistemática e organizada, possibilitando que as apostilas, os textos de seminários e conferências sejam agrupados formando um conjunto coeso e científico.

c) ( ) o fichamento bibliográfico apresenta uma visão panorâmica da produção acadêmica e as informações possibilitam uma visão menos profunda.

d) ( ) o fichamento bibliográfico contempla muitas informações, que se não forem resumidas em fichários, único instrumento que as unifica, o acervo se perde.

b) Para cada situação apresentada a seguir, aponte o tipo de fichamento mais adequado:

05. Em relação à prática da escrita acadêmica, responda as questões a seguir:

a) Explique, com suas palavras, as características das 03 formas de fichamento: bibliográfico, temático e geral. ________________________________________________________________

________________________________________________________________

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Metodologia do Trabalho Científico 27

06. Ao pensar sobre o papel da universidade na formação acadêmica do aluno, devemos pensar no tipo de sociedade que temos. Estabeleça na tabela abaixo a diferenciação entre universidade crítica e produtiva, apontando o papel de cada uma, o tipo de profissional que deve formar e a sua opinião sobre elas.

07. Ao praticar a autonomia no convívio com os outros, existem inúmeras dificuldades que devemos considerar e procurar superar. Aponte 04 dificuldades que você possuiu e já superou ou ainda possui em relação ao estudo do componente de Metodologia do Trabalho Científico bem como em relação às demais disciplinas de seu curso.

a) __________________________________________________________________

b) __________________________________________________________________

c) __________________________________________________________________

d) __________________________________________________________________

08. Na universidade, antes de iniciar as atividades específicas próprias de cada área de conhecimento é fundamental utilizar diversos instrumentos de trabalho que auxiliam na organização de sua vida de estudo e na disciplina de sua vida acadêmica.

Cite 02 instrumentos que você mais utiliza e aponte 02 vantagens que cada um proporciona.

a) __________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

b) __________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

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UNIDADE 2

ESTUDO DE TEXTOS ACADÊMICOS

Ivanilda Barbosa

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Metodologia do Trabalho Científico 31

2.1 CONCEITO DE TEXTO E OS MODOS DE ORGANIZAÇÃO DOS TEXTOS ACADÊMICOS

2.1.2 A PALAVRA TEXTO

Para compreender o que é um texto acadêmico, seria interessante investigar o lugar que a palavra texto vem assumindo em nossa vida dentro e fora da escola. Desde que aprendemos a ler e a escrever, ouvimos diariamente as pessoas dizerem “leia o texto”, “escreva um texto”, “gostei de seu texto”, “foi publicado um texto no jornal sobre...”, “o texto constitucional garante...”.

Ouvindo essas expressões, relacionamos texto a uma seqüência articulada de palavras escritas que, em maior ou menor extensão, nos permite:

• obter informações; • expressar o que pensamos; • dizer do que ou de quem gostamos; • saber da Física, da Química, da Biologia, das leis de uma sociedade, da política e dos costu­ mes dos povos;

• aprender a geografia e a história do país; • conhecer o pensamento do meu colega, do cientista, do poeta. Poderíamos enumerar uma infinidade de situações e de pessoas com as quais nos envolvemos por

meio de um texto escrito. E o gesto, o desenho, a fala? É possível construir situações e relações humanas com os gestos, os desenhos e as falas, assim como fazemos com as palavras escritas? E entre os povos que não adotaram a escrita como um recurso de comunicação e trabalho, não existe texto? Como são passadas as tradições, os costumes, as normas de convivência em grupos sociais que não adotam a língua escrita?

À medida que essas questões vão sendo respondidas, a imagem de texto vai se diversificando, pois empregamos a palavra TEXTO para nomear diferentes objetos:

• as seqüências de gestos nos rituais; • de linhas e cores, em uma pintura; • de sons, nos diálogos e músicas.

Assim, é comum ouvirmos: “ esse texto fotográfico foi tirado da revista x”, “o texto em quadrinho era do Ziraldo...”, “o texto cinematográfico .....”. Então, perguntamos:

O que há de comum entre uma fotografia, uma história em quadrinho, um filme, uma letra de música, um ritual indígena e uma seqüência musical para que todos sejam denominados TEXTO?

2.1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Nesta unidade, estudaremos o texto acadêmico. Desenvolveremos algumas reflexões sobre o seu conceito e sua organização. Em seguida, veremos alguns procedimentos mais adequados para a leitura de um texto científico e, finalizando, serão indicadas as formas de textos acadêmicos mais freqüentes para os registros dos estudos que são realizados nos cursos de graduação.

Além dos exemplos que serão dados, vamos sugerir algumas atividades para o exercício da leitura.

O que se pretende é que você amplie seus conhecimentos sobre as formas de organização e o uso adequado desses textos, para o seu melhor desempenho nos estudos.

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Inter locução Conversação entre duas ou mais pessoas. Todo aquele que produz um texto, tem em mente uma pessoa a quem se dirige quando fala, escreve, gesticula, desenha, ou seja, o seu interlocutor.

Coesão Relações de sentido entre os componentes do texto.

Coerência Relações de sentido do texto com o mundo, isto é, com o contexto externo.

UNIDADE DE SENTIDO

notícia um chamado elogio artigo científico lei

história em quadrinho poema resenha relato

mapa gráfico relatório de pesquisa livro portfólio

resumo memorial crônica propaganda

TEXTO

O texto verbal é um espaço de diálogo, de interlocução. E, como todo diálogo, necessita de condições para sua existência. Entre essas condi­ ções se destacam a coesão e a coerência. Da coesão, depende a organização interna entre as partes dos texto, para que seja um todo significativo. Da coerência , depende o sentido histórico do texto, o seu conteúdo, que poderá ser ponto de partida e de chegada para o conhecimento de mundo.

Portanto, um texto resulta das relações de coesão e coerência que se juntam para constituir uma unidade de sentido.

Sendo uma unidade de sentido, cada texto tem existência própria, embora se relacione com tantas outras unidades de sentido, isto é, outros textos, que o antecederam ou que dele poderão surgir.

Como você pode perceber, o ato de ler deve ser entendido em seu sentido mais amplo. Estamos continuamente lendo os textos que são produzidos no cotidiano do espaço cultural em que vivemos.

­ surgem de uma necessidade: a pessoa (o autor) quer se expressar para se relacionar com outra (ouvinte, leitor, expectador);

­ trazem as marcas do seu autor e do seu destinatário;­ relacionam­se a uma situação;

­ suas partes relacionam­se umas com as outras, formando uma unidade de sentido;

­ mantêm relação com o mundo do autor e do destinatário;

­ o autor se utiliza de código(s) para produzí­los

Seria diferente ler um artigo de jornal ou um poema? Um romance ou um tratado científico? Se eles têm formas e finalidades diferentes, é possível que nós os leiamos de variadas maneiras. Mas, quem determina as maneiras de ler um ou outro texto?

Para responder a essas indagações, vamos ler dois textos.

O ato de ler pode ser definido como o momento em que o leitor se volta para compreender essa unidade de sentido que é o texto.

Vamos refletir juntos. Todos esses textos:

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Texto 1 A barata e o rato

Era uma dessas baratinhas brancas e nojentas, acostumadas só a imundicies e ao monturo, comendo calmamente sua refeição composta de um pedaço de batata podre e um pedaço de tomate podre . Chegou junto dela um Rato transmissor de peste bubônica e lhe disse: "Comadre, ontem tive uma aventura extraordinária. Estive num lugar realmente impressionante, como você, comadre, certo jamais encontrará em toda sua vida". Barata comendo. "O lugar era uma coisa que realmente me deixou de boca aberta" ­ prosseguiu o Rato ­ "tão espantoso e tão diferente é de tudo que tenho visto em minha vida roedora" . Barata comendo. "imagina você" ­ prosseguiu o Rato ­ "que descobri o lugar por acaso. Vou indo numa das cavidades subterrâneas por onde passeio sempre, entrando aqui e ali numa casa e noutra, quando, de repente, percebo uma galeria que não conheço. Meto­me nela, um pouco amedrontado por não saber onde vai dar e de repente saio numa cozinha inacreditável. O chão, limpo, que nem espelho! Os espelhos, de um brilho de cegar! As panelas, polidas como você não pode imaginar! O fogão, que nem um brinco! As paredes, sem uma mancha! O teto, claro e branco como se tivesse sido acabado de pintar! Os armários, tão arrumados e cuidados que estavam até perfumados! Poeira em nenhuma parte, umidade inexistente, no chão nem um palito de fósforo...

E foi aí que a Barata não se conteve. Levou a mão à boca num espasmo e protestou: "Que mania! Que horror! Sempre vem contar essas histórias exatamente no momento em que a gente está comendo!"

MORAL: PARA O VÍRUS A PENINCILINA É UMA DOENÇA. SUBMORAL: A ECOLOGIA É MUITO RELATIVA

(MILLÔR, Fernandes. Literatura Comentada. São Paulo: Abril Cultural,1980.)

Este texto é uma fábula. As fábulas são textos narrativos que apresentam questões complexas de uma forma simples e concisa. Algumas circulam há séculos, mas, em cada época que são lidas, elas se renovam. Podemos fazer uma leitura das fábulas com a intenção de satirizar os costumes (paródia, crítica) ou para resgatar a moral nelas existentes. Foi o que Millôr fez, retomando a antiga história da D. Baratinha.

Observe nesta fábula as partes da narrativa simples:

• uma situação inicial (a barata come calmamente sua refeição); • uma mudança de situação (a chegada do rato); • o desenvolvimento (o relato do rato enquanto a barata come); • uma situação final (o protesto da barata).

O que garante a conexão entre as partes da narrativa são alguns elementos como: a pontuação, os tempos verbais (era, chegou, lhe disse), expressões como “barata comendo”, “prosseguiu o rato”, “e foi aí”. Articuladas, bem conectadas, a história vai progredindo e as partes formam um todo. Também podemos estabelecer uma relação entre a situação vivenciada pelo rato e pela barata com situações cotidianas em nosso meio social e com os valores culturais e pontos de vista das pessoas.

Vejamos um outro texto.

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34 UNIUBE ­ Educação a Distância

Não é fácil perceber todas as significações encerradas no termo "Direito", ou tirar desse termo o conteúdo que possa nos aproximar da compreensão do que seja a finalidade da ciência que pretendemos conhecer: direito, do latim directus, adj. ­ colocado em linha reta; direito, reto; certeiro; direto; preciso. O vocábulo ora significa: a) ordenamento ou norma ­ conjunto de normas ou sistema jurídico vigente num país:o Direito da Alemanha; b) autorização ou permissão de fazer o que a norma não proíba, ou o que a norma autorize, ou seja, certo poder de exigir ou dispor de uma ação :isso é direito meu; c) qualidade do que atende a um anseio de justiça e retidão, do que é justo e reto: isso não é direito; d) prerrogativa que alguém possui de exigir de outrem a prática ou abstenção de certos atos: defendo­me porque alguém põe em risco o meu direito; e) ciência de norma coercitivamente imposta (obrigatória): o Direito é a ciência normativa; f) conjunto de conhecimentos acerca dessa ciência: essa regra de Direito.

Também pode significar um conjunto de conhecimentos englobantes, que se ocupa de uma série de disciplinas diferentes: "a filosofia do Direito, a sociologia do Direito, a história do Direito e a Jurisprudência ("dogmática jurídica"), para se referir somente às mais importantes .(9)

(9) Karl Larenz, Metodologia da ciência do direito, 3.ed.,cit.,p.261

NERY, Rosa Maria de Andrade. O Direito como ciência, arte e técnica. In:______. Noções preliminares de Direito Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

Texto 2 O Termo Direito

Este texto foi retirado de uma publicação dirigida a pessoas que se interessam por adquirir conhecimentos básicos sobre Direito. Lendo­o, podemos observar que o autor:

• situa­se como alguém solidário ao leitor, quando usa as expressões "...nos aproximar ...pretendemos";

• fornece pistas para o leitor ampliar seu conhecimento acerca do assunto quando fundamenta suas explicações, recorrendo a outros autores;

• usa termos técnicos: preocupa­se em traduzir, nos parênteses, cada palavra que possa impedir a compreensão do significado do termo Direito.

O leitor se sente amparado pelo autor que parece compreender suas dificuldades de se relacionar com um assunto novo. Podemos afirmar que o objetivo do autor é didático, ou seja, facilitar a compreensão do significado do termo Direito.

Como você pode observar, cada um dos textos exige um tipo de leitura . Portanto, é o próprio texto que nos fornece o caminho para a leitura.

Vamos prosseguir nossa reflexão, procurando compreender o que se denomina ‘texto acadêmico’.

2.1.3 O TEXTO ACADÊMICO: UMA DEFINIÇÃO

Na primeira unidade, você teve a oportunidade de trocar idéias sobre a organização dos estudos na universidade. Entre outros pontos, destacou­se a importância dos recursos que são utilizados em seus estudos, para que você seja um dos atores do processo de ensino­aprendizagem durante seu curso de graduação. Entre esses recursos estão os textos verbais.

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Metodologia do Trabalho Científico 35

Usando a linguagem verbal, os cidadãos produzem textos orais e escritos, conforme suas necessidades e as suas circunstâncias sociais e históricas. A produção dos textos orais é tão variada quanto variadas são as situações de encontros entre as pessoas. Mas, ainda assim, podemos identificar uma estrutura de base em todos os textos orais. É a estrutura do diálogo:

• há sempre a suposição de que uma pessoa se dirige a outra; • a fala pode ser mais espontânea ou mais formal, conforme a pessoa esteja mais ou menos à vontade na situação;

• gestos, expressões faciais, complementam a fala; • as pessoas falam a mesma língua.

Em geral, distinguimos dois tipos de diálogos, os informais (bate­papos) e as conversas dirigidas (entrevistas e debates).

Como a universidade é um espaço de pesquisa, de produção e de difusão de conhecimentos acumu­ lados ao longo da história da humanidade, em princípio, os textos que circulam no espaço universitário são os mesmos que encontramos no espaço social mais amplo e que estão disponíveis para os cidadãos.

Se considerarmos as funções da escrita numa dada sociedade, identificamos cinco grandes gêneros de textos: literário; comercial e oficial (incluindo nesses últimos os tipos legal e jurídico); científico (e didático­ científico); jornalístico e publicitário; religioso.

Cada um deles pode se apresentar sob diferentes formas ­ variantes ­ que resultam de técnicas de redação que são escolhidas a partir dos objetivos que o autor tem, nas diferentes situações em que se usa a escrita.

Observe o quadro, a seguir:

Gêneros de texto Os gêneros de textos surgem de uma prática social, uso da linguagem em determinadas situações e para determina­ dos fins.

Geralmente são os textos técnicos e científicos os mais indicados como referência para a ampliação das reflexões realizadas em sala de aula com colegas e professor ou para subsidiar a pesquisa e conhecimen­ to do que já se produziu sobre assuntos de interesse para a sua formação profissional, estejam esses textos nos livros, em revistas especializadas e em jornais impressos ou online.

Ao mesmo tempo, você também é solicitado(a) a registrar o que ouve e lê, a dizer o que leu, a opinar sobre o assunto que pesquisou, de forma oral ou escrita. Ou seja: você também produz textos para apresentar ao professor e aos colegas em sala de aula, em eventos científicos ou para publicar em periódicos.

Na prática escolar, o debate, a entrevista, o artigo, a resenha, o resumo, o relatório, a monografia o memorial e o portfólio são produzidos com a finalidade específica de alimentar o processo de ensinar e de aprender.

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36 UNIUBE ­ Educação a Distância

TEXTOSACADÊMICOS: conjunto de textos com os quais lidamos, no dia­a­dia de nossos estudos na universidade, com o objetivo de ampliar nossos conhecimentos científicos sobre determinado assunto, ou que produzimos para registrar o estudo que realizamos.

2.1.4 MODOS DE ORGANIZAÇÃO DOS TEXTOS ACADÊMICOS

No contexto da universidade desenvolvemos um conjunto de ações que nos levam a memorizar, analisar, interpretar, a compreender e a produzir textos orais e escritos.

Para cada situação, procuramos recuperar o que já conhecemos e adequar a nossa fala e escrita, com o propósito de realizar mais competentemente os nossos estudos. Por exemplo, se o professor pede a você que participe de um debate. Você, que já assistiu a debates entre candidatos a cargos políticos, entre especialistas em esportes, entre cientistas e educadores, faz uma idéia do que o professor espera de você enquanto debatedor. Da mesma forma, podemos pensar sobre uma entrevista, que pode ser instrumento de coleta de dados para uma pesquisa ou para a realização de uma matéria jornalística. Temos experiência, conhecimento dos componentes de um debate ou de uma entrevista, pois são duas práticas de linguagem muito freqüentes no nosso contexto social. Somos, também, capazes de contrapor uma carta familiar a uma correspondência oficial; de distinguir um artigo científico de uma reportagem. Quanto mais temos contato com essas formas de textos, mais fácil se torna reconhecê­las e identificar o espaço delas no contexto social.

Afirmamos, no item anterior, que, na prática escolar, esses tipos de textos são adequados ao exercício do ensinar e do aprender. Na escola, além de usarmos a linguagem para estabelecer os vínculos de cooperação e de interação, como em qualquer outro espaço da sociedade, também simulamos situações de comunicação como um recurso de aprendizagem.

Assim sendo, para nossa maior competência comunicativa, é interessante conhecer um pouco mais sobre a composição e finalidade dos textos acadêmicos. Precisamos aprender a adequar o que já sabemos fazer com os objetivos de nossos estudos. Ou ainda, saber como usar o debate, a entrevista, a reportagem, o artigo científico para o desenvolvimento de habilidades que são esperadas dos profissionais que têm formação universitária.

2.1.4.1 Textos orais: a entrevista e o debate

ENTREVISTA

Você já foi entrevistado(a)? Já entrevistou alguém? Já assistiu a uma entrevista de algum grupo musical ou de uma equipe esportiva?

Certamente, em todas essas situações, reconhecemos dois papéis distintos, presentes em toda entre­ vista: o papel do entrevistador, que é o responsável por abrir o diálogo, fazer as perguntas, dar continuidade ao assunto, controlar os rumos da conversa e encerrar a entrevista; e o papel do entrevistado, que é o de responder às perguntas.

A entrevista se organiza a partir de um esquema padrão:

­ situação inicial: apresentação dos interlocutores e as razões da entrevista (INTRODUÇÃO);

A escola adota, então, alguns modelos de textos, adequando­oes aos estudos que os alunos e os professores desenvolvem para a progressiva ampliação e troca de conhecimentos necessárias à formação profissional. A esses textos estamos denominando textos acadêmicos.

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Metodologia do Trabalho Científico 37

­ desenvolvimento do diálogo: seqüência de perguntas, respostas e comentários que estabele­ cem a relação entre um e outro ponto da conversa (DESENVOLVIMENTO);

­ finalização da entrevista: palavras finais, despedidas, agradecimentos que nem sempre vêm transcritos quando a entrevista é publicada (FECHAMENTO).

No entanto, é diferente a entrevista que o profissional da saúde faz com o paciente, que o repórter realiza com o político ou o gerente da empresa com o candidato a um emprego, o advogado com o seu cliente. Essa variação decorre dos propósitos das pessoas em cada situação. Em todas elas, as habilidades de comunicação oral do entrevistador e do entrevistado contribuem para o êxito da entrevista e, conseqüen­ temente, para o alcance dos objetivos.

Exemplo de uma entrevista realizada com a finalidade de ser divulgada, na mídia impressa.

AATUALIDADE DE PAULMcCARTNEY

“O sonho acabou”, disse John Lennon em 1970, depois do fim dos Beatles. Para o principal parceiro de Lennon, Paul McCartney, o sonho continua até hoje. Dotles, Paul atravessou gerações da música pop. Assistiu à explosão do rock progressivo, do punk e da new wave e chegou intacto – e competitivo ­ à era dos megashows no fim dos anos 80. Em 1990, Paul McCartney bateu o recorde de público em espetáculos musicais solo. Levou 184.000 pessoas ao estádio do Maracanã, uma marca que resiste até hoje. O ex­beatle sobreviveu a Lennon (assassinado em 1980 em Nova York), George Harrison (vitimado por um câncer em 2001) e Ringo Starr (que, apesar de tecnicamente vivo, está artisticamente morto). Na canção When I´m Sixty­Four, gravada pelos Beatles no antológico álbum Sgt. Pepper´s, Paul McCartney canta: “Quando eu tiver 64 anos, você ainda precisará de mim?”. Paul McCartney, aos 61 anos, está na ativa e é criativo – e não é exagero dizer que a cultura pop ainda precisa dele.

Cristina Lopes de Medeiros

Tema da entrevista

Apresentação da pessoa entrevistada

Entrevistadora, represen­ tante da revista Veja

Veja – Você acha que os jovens dos anos 80 são mais conservadores que os dos anos 60?

Paul McCartney – Não são mais conservadores, mas mais conscientes e, de certa forma, mais bem preparados. Na minha época, não se falava em sexo em casa. A gente descobria todo sozinho. Havia muitos tabus, muita repressão. É natural, então, que a juventude dos anos 60 quisesse se liberar das convenções e romper todas as amarras. Hoje isso não é mais necessário, essas questões já foram discutidas e esclarecidas. Não existe mais a necessidade de revolucionar os costumes de uma forma drástica, como foi feito naquela época. Mas isso não significa conservadorismo. Essa nova mentalidade, mais aberta, mais condescendente, esse amadurecimento é o grande legado da revolução que nós lideramos. D

ESEN

VOLV

IMEN

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DIÁLOGO

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38 UNIUBE ­ Educação a Distância

DESE

NVOLV

IMENTO DO DIÁLOGO (C

ontiu

ação)

Veja – Alguns conservadores apontam a Aids como a principal conseqüência dessa revolução. Você concorda com isso?

Paul McCartney – A Aids é um mal que não saiu da cabeça de ninguém. Ela existe como uma nova peste, e eu não acho que se possa culpar alguém por isso. Nós temos é de aprender a conviver com essa ameaça e fazer o possível para reduzi­la ao máximo. Mas naturalmente ela contribui para uma nova postura em relação ao sexo. É preciso ser muito mais cauteloso hoje em dia, e isso certamente reduz a liberdade sexual.

Veja – Você já foi preso por porte de maconha. Como vê as drogas hoje em dia?

Paul McCartney – Eu não sou um pregador da maconha, mas acho que existem muitas outras drogas mais nocivas que ela. Heroína mata, crack mata, cocaína mata, remédios matam. É assim que eu vejo as drogas.

Veja – Você não toma mais drogas?

Paul McCartney – Olhe, eu não diria numa entrevista que tomo drogas. A privacidade nesse caso é fundamental.

Veja – Você acha que os artistas têm um papel a cumprir no sentido de conscientizar as pessoas no combate às drogas e à Aids?

Paul McCartney – Todo artista tem um papel a cumprir, seja no sentido de combater aquilo que critica, seja no de despertar a consciência das pessoas. Se eles puderem usar essa influência para divulgar boas causas, tanto melhor, mas não se pode atribuir­lhes o papel de gurus.

Veja – O que os Beatles tinham que Madonna e Michael Jackson não têm?

Paul McCartney – Falta­lhes profundidade. Falta­lhes qualidade musical. Parece pretensioso, mas é certo que as músicas de Lennon e McCartney eram muito melhores do ponto de vista musical. Até hoje são modernas, intrigantes, ousadas. Michael Jackson, por exemplo, é um bom cantor, mas é sobretudo um showman. É um grande bailarino, mas não toca nenhum instrumento. A diferença entre os Beatles e a maior parte dos novos ídolos do rock começa com a formação musical e a habilidade de extrair músicas dos instrumentos. Eu compus com Michael Jackson e compus com John Lennon e posso dizer que John Lennon era realmente um gênio musical. Ele podia não cantar como Michael Jackson e certamente não dançava como ele – a menos que estivesse bêbado, mas isso era uma outra história ­, mas era um homem muito profundo e um músico excepcionalmente habilidoso.

(Revista Veja, Especial 35 anos. p. 116­117, set. 2003. )

Entrevista: pode ser definida como uma situação de comunicação em que estão envolvi­ dos o entrevistador e o entrevistado e que:

a) se organiza com base na apresentação dos motivos, na seqüência de perguntas e respostas,

no fechamento; b) apresenta­se em estilos diferentes: entrevista jornalística, médica, empresarial, científica;

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Metodologia do Trabalho Científico 39

DEBATE

Quem participa de um debate usa argumentos para defender um ponto de vista sobre determinado assunto e quer levar o seu interlocutor e o público ouvinte a pensar como ele; ou, pelo menos, a conhecer as razões que o levam a pensar daquela maneira sobre o tema em questão. No meio acadêmico, o debate contribui para a ampliação das reflexões e para a divulgação dos conhecimentos científicos.

A realização de um debate, no espaço acadêmico, requer: ­ uma definição dos objetivos: para quê? qual a finalidade do debate? ­ o estabelecimento de normas: os debatedores devem conhecer e concordar com as regras

estabelecidas, relacionadas ao tempo para a exposição, para a formulação de perguntas e respostas; ­ a presença do moderador, aquele que coordena o debate e é o responsável por garantir a progressão

das idéias em torno do tema que está em questão. No espaço da sala de aula, essa função normalmente é exercida pelo professor. Nada impede que seja desempenhada por um aluno;

­ a presença dos debatedores: eles podem se servir de documentos, anotações para fundamentar o seu ponto de vista ou comprovar suas afirmações.

c) deve ser adequada ao suporte (meio utilizado para sua divulgação), conforme o público que se quer alcançar: ao vivo, transmitida pela TV e rádio; publicada, em periódicos impressos ou online

d) é realizada com finalidades diversas: selecionar candidatos; conhecer o paciente ou dar um diagnóstico; esclarecer a população sobre determinado assunto; divulgar conhecimentos científicos; colher dados para pesquisa.

DEBATE: é uma situação de comunicação motivada pela necessidade de esclarecimento sobre temas polêmicos, pela existência de novas descobertas científicas e pelo interesse em buscar soluções para questões sociais, econômicas e políticas.

As novas tecnologias proporcionam formas inovadoras de debate. São cada vez mais freqüentes os debates online por meio de listas e fóruns de discussão. Assim como os estudantes e professores se reúnem em um auditório ou na sala de aula, para expor idéias, confrontar opiniões sobre um assunto de interesse de todos, a mídia eletrônica proporciona a criação de espaços virtuais em que o debate se desenvolve com grande potencial de reflexão sobre os mais variados temas.

O esquema de base do debate é sempre o mesmo: pessoas se reúnem para apresentar suas razões a favor ou contra uma idéia ou acontecimento. Porém, as suas formas variam em decorrência dos propósitos, dos espaços sociais e dos meios de comunicação em que o debate ocorre. No contexto universitário, a situação de debate é vivenciada em seminários, aula dialogada e mesa redonda, por exemplo.

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40 UNIUBE ­ Educação a Distância

Você já deve ter vivenciado alguma situação de comunicação em sua vida

acadêmica. Certamente você percebeu que se trata de um momento importante

para a troca de idéias e de interação com colegas e professores!

2.1.4.2 Textos Escritos

Vamos mostrar aqui a organização de alguns tipos de textos científicos e didático­científicos mais freqüentes tanto para a leitura como para a redação de trabalhos que desenvolvemos na universidade.

Os textos científicos resultam da necessidade de se comunicarem as investigações no âmbito das ciências. A comunidade científica, através de agremiações, academias ou sociedades, define os critérios para o reconhecimento e validação de resultados de estudos e de pesquisas nas variadas áreas do conheci­ mento. Embora pareçam distintos entre si um tratado de Direito e um tratado de Genética ou de Lingüística, para que eles tenham crédito e possam ser divulgados como conhecimento científico, eles passam por uma avaliação da comunidade científica.

As universidades, no mundo todo, têm sido um lugar privilegiado para a produção, validação e certificação do conhecimento. Outro compromisso da comunidade acadêmica é o de difundir o conhecimento científico. Com essa finalidade, são criados os periódicos especializados e os livros didáticos. O intuito é torná­lo mais acessível para os pesquisadores iniciantes. Colaboram para essa prática algumas formas de textos que se tornaram recorrentes no desenvolvimento dos estudos no espaço da universidade.

A seguir serão apresentados alguns deles.

Organização textual

Se considerarmos a organização e as finalidades, podemos identificar três grupos distintos entre as formas de textos acadêmicos mais freqüentes nos cursos de graduação.

PRIMEIRO GRUPO ­ relatório, relato de experiência e informe científico

Textos que têm por objetivo relatar o que se desenvolveu em uma pesquisa ou o que foi observado durante um período de estudo. Todos esses textos têm sua origem em um trabalho já realizado. São considerados documentos de grande importância para o desenvolvimento de uma pesquisa, para a gestão de recursos humanos e para a destinação de recursos financeiros, seja no meio acadêmico, seja no setor público ou empresarial. Embora apresentando algumas variações, são organizados de forma muito semelhante.

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Metodologia do Trabalho Científico 41

Ministério da Agricultura e Abastecimento Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária PROGRAMA NACIONAL DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE CAFÉ

Relatório Final de Subprojeto

Vejamos um exemplo de um relatór io final de sub­projeto.

Código: 19.2000.304.04 Unidade/Instituição Executora: Uniube Título: Avaliação da fertirrigação com diferentes fontes de fertilizantes químicos e orgânicos na nutrição do cafeeiro cultivado em condições de cerrado Período: 2001 a 2004 Ano de Relatório: 2002 Responsável: André Luís Teixeira Fernandes Situação: Em Andamento Categoria: P&D Data de Elaboração: 20 / 02 /2002

Unidade/ Instituições Participantes

Resumo Final

Com a ampliação da cafeicultura para regiões consideradas marginais climaticamente, a irrigação passou a ser uma tecnologia necessária para a garantia da qualidade e produtividade do cafeeiro. Muitos são os sistemas utilizados para irrigação de café, porém, têm­se destacado aqueles que permitem a economia de água, energia e mão­de­obra, como o gotejamento. No entanto, uma das principais vantagens desse sistema e que não está sendo corretamente utilizada pelos cafeicultores irrigantes é a fertirrigação, que se constitui na técnica da aplicação simultânea de água e fertilizantes, através do sistema de irrigação. Dentro dessa perspectiva, foi instalado um experimento na Fazenda Escola da Universidade de Uberaba (Uberaba ­ MG), em Latossolo Vermelho amarelo textura arenosa, a 850 metros de altitude, em lavoura de café Catuaí 144, plantado em dezembro de 1998 no espaçamento de 4,0 x 0,5 m, e irrigada por gotejamento. Antes do início do experimento, procedeu­se a avaliação do sistema de irrigação, para determinação de sua uniformidade de aplicação. Esse procedimento se repetiu após a colheita da primeira safra, sendo obtidos coeficientes de uniformidade superiores a 90% para todos os tratamentos, o que permite concluir que o sistema opera de forma extremamente satisfatória, especialmente para a prática da fertirrigação. Os tratamentos se referiram às variações na forma e parcelamento da adubação recomendada de cobertura, da seguinte forma: a) Adubação de cobertura convencional química em 04 aplicações; b) Adubação de cobertura com adubos

Verifique os esquemas, a seguir.

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42 UNIUBE ­ Educação a Distância

Exemplo de um relato de exper iência.

Fonte: http://www.opas.org.br/servico/paginas/Experiencia/CadastraExperiencia.cfm?hTipo=Mural

convencionais, via fertirrigação em 16 aplicações, via água de irrigação; c) Adubação de cobertura com adubos próprios para fertirrigação em 16 aplicações, via água de irrigação; d) Adubação de cobertura com fertilizantes organominerais sólidos, em 4 aplicações; e) Adubação de cobertura com fertilizantes organominerais líquidos em 16 aplicações, via fertirrigação. Para efeito de comparação, foram mantidas para os diferentes tratamentos as mesmas dosagens de N, K2O e P2O5. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente ao acaso, com 5 tratamentos e 3 repetições, totalizando 15 parcelas experimentais de 100 m. O controle da irrigação foi realizado a partir de uma estação agrometeorológica automática, que possibilitou a estimativa da evapotranspiração da cultura pelo Método de Penman Monteith, segundo recomendações da FAO. Analisando­se os dados, obtidos após as duas primeiras safras, observa­se que não foram verificadas grandes diferenças estatísticas entre os tratamentos, com produtividades de 53,2 até 67,7 sacas beneficiadas por hectare. O tratamento que se baseou na aplicação de fontes químicas de nutrientes aplicados diretamente no solo foi superior aos demais. Após a análise sensorial, o melhor tratamento em relação à qualidade de bebida foi a fertilização com produtos organominerais via água de irrigação, que resultou em bebida apenas mole. O restante dos tratamentos forneceu café com bebida dura, notando­se no geral grande quantidade de frutos verdes em todas a amostras (valores superiores a 40%), característica de áreas irrigadas de café. Em relação à peneira, verificou­se uma porcentagem mínima de 65% de peneira 16 ou acima, sendo o melhor tratamento neste quesito o referente à aplicação de produtos químicos via adubação convencional, com a porcentagem de 85% de peneira 16 ou acima. Em linhas gerais, após duas safras, pode­se concluir preliminarmente que: a) a fonte de fertilizante não afeta significativamente a produção do cafeeiro, desde que o mesmo seja bem suprido de água e nutrientes; b) a irrigação promove desuniformidade de colheita, o que afeta a qualidade final da bebida, apesar de garantir a produtividade da lavoura mesmo em anos subsequentes; c) em geral, a fonte de fertilizante e o número de parcelamentos não afetou a qualidade final do café colhido.

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Metodologia do Trabalho Científico 43

SEGUNDO GRUPO ­ comunicação ­ paper, artigo científico e monografia

Textos geralmente elaborados para publicação em periódicos especializados ou em anais de eventos científicos. Têm por objetivo apresentar e avaliar as novidades em pesquisas ou refletir sobre fatos de relevância científica e cultural. São eles: a comunicação científica (paper), o artigo científico e a monografia. Estes se apresentam como um texto integral, organizados em introdução, desenvolvimento (corpo) e conclusão. Os dois primeiros, de extensão reduzida; a monografia tem o seu desenvolvimento subdividido em partes ou capítulos. Verifique os quadros seguintes.

TERCEIRO GRUPO ­ resumo, resenha e portfolio

O resumo e a resenha têm origem em outros textos, pois a finalidade deles é apresentar obras já prontas, sejam elas jornalísticas, artísticas ou científicas.

Requerem do seu autor habilidades de observação e análise. Em um nível mais complexo, requerem, também, consistentes conhecimentos sobre o assunto tratado na obra, pois é preciso identificar o pensamento do autor, saber traduzi­lo e, no caso da resenha, saber situar a obra e o pensamento do autor, comparando­os com outras obras para emitir um julgamento sobre ela.

A organização textual da resenha e do resumo varia em decorrência: • do gênero da obra que lhes dá origem; • dos objetivos com que são produzidos e; • do suporte para sua publicação.

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44 UNIUBE ­ Educação a Distância

RESUMO: é um texto de dimensões menores do que o texto que lhe dá origem. Sua finalidade é traduzir, em menos palavras, o pensamento do autor, preservando suas intenções e realçando os pontos para os quais ele dispensou maior atenção. Um mesmo texto pode dar origem a vários resumos, pois cada pessoa considera relevantes os aspectos que estão relacionados ao motivo pelo qual está lendo a obra.

3ª parte: Conclui, situando a relevância do tema para a ciência

Dentro destas questões, uma grande relevância é dada em relação ao papel que as publicações eletrônicas terão dentro do sistema sócio­tecnológico presente atualmente na socilogia e nos processos comunicacionais da ciência.

Fonte: http://bocc.ubi.pt/pag/sabattini­marcelo­publicacoes­electronicas.html CONCLU

SÃO

As publicações eletrônicas dentro da comunicação científica

Marcelo Sabbatini Instituição: UMESP

Título

Autor ia

Resumo / texto

1ª parte: Situa o tema IN

TRODUÇÃO

DESENV

OLV

IMEN

TO

O presente trabalho caracteriza e descreve o surgimento das pubicações eletrônicas científicas na Internet, traçando o histórico de seu desenvolvimento e abordando também as principais questões envolvidas na transição do modelo de publicação baseado no papel para o modelo eletrônico...

2ª parte: Destaca as questões da transição entre os modelos de publicação

...dentre as quais se destacam as questões dos direitos autorais, a questão econômica, a legitimidade acadêmica, a percepção de qualidade e o acesso e preservação destas publicações, que são tratadas na revisão da literatura sobre o tema.

Exemplos de resumos de comunicação científica:

Um olhar sobre o humor em Dom Casmurro

Acadêmica: Márcia Regina Pires Orientador(a): Profa. Msc. Ivanilda Barbosa Instituição/curso: Universidade de Uberaba ­ UNIUBE/Curso de Letras

Título

Autoria

Uma característica marcante do discurso literário de Machado de Assis é o humor, que se evidencia, sobretudo, em seus romances da segunda fase. O romance Dom Casmurro, publicado em 1899, é uma das obras mais discutidas pela crítica literária ainda nos dias de hoje. Esta obra participa da segunda fase da produção machadiana e se distingue pela abordagem psicológica, pela análise crítica dos senti­ mentos e intervenções do narrador que dialoga, constantemente, com os leitores.

Resumo / texto

1ª parte: Situa o tema, o autor e a obra IN

TRODUÇÃO

Page 44: Apostila de mtc

Metodologia do Trabalho Científico 45

O objetivo deste estudo foi observar o humor que é configurado na narração deste romance sob o foco do personagem protagonista, Bentinho. Uma análise semântica e estilística permitiu­nos observar o humor sob três perspectiva: o humor­graça, o humor­intimidade e o humor­ironia. Percebeu­se que o humor foi instituído, não de forma evidente e despojada, mas sutilmente, provocando o envolvimento do leitor, de maneira quase imperceptível, porém gradativa. Constatou­se que a maturidade do narrador possibilita uma visão mais ampla de sua história e, assim, Bentinho assume a posição de quem assiste cenas de sua existência, construindo uma narração crítica como quem, a distância, observa, comenta e ironiza situações.

DES

ENVO

LVIM

ENTO

2ª parte: Apresenta o objetivo; os pres­ supostos e a metodologia para análise

3ª Parte Conclui, emitindo um julga­ mento sobre a obra no que se refere ao aspecto estudado: o humor C

ONCLU

SÃO

Concluiu­se que o humor emDom Casmurro foi propositalmente empregado, ora para estabelecer uma intimidade com o leitor, ora para surprendê­lo, ora para chamar­lhe a atenção e convidá­lo a refletir sobre a condição humana.

Área de conhecimento: Lingüística, Letras e Artes

Palavras­chaves: humor, romance, literatura Fonte: Anais do I Seminário de Iniciação Científica, Uberaba, 08 de novembro de 2000/ Universidade de Uberaba. ­ Uberaba: A Universidade, 2000. p181.

Veja um breve resumo do livro Estação Carandiru publicado no site http:// www.psicologia.spo.com.br/Dicas_Livros_dezembro.htm.

Em 1989, Drauzio Varella iniciou na detenção um trabalho voluntário de prevenção à Aids. Seu relato nesse livro tem as tonalidades da experiência pessoal: resulta dos relacionamentos que a profissão de médico permitiu manter com presos e funcionários; não busca denunciar um sistema prisional antiquado e desumano; expressa uma disposição para tratar com as pessoas caso a caso, mesmo em condições nada propícias à manifestação das individualidades.

Na cidadela do Carandiru, Drauzio conheceu pessoas como Mário Cachorro, Xanto, Roberto Carlos, Sem­Chance, seu Jeremias, Alfinete, Filósofo, Loreta e seu Luís. Não importa a pena a que tenham sido condenados, todos estavam sujeitos às normas do controle de comportamento que era vigente na instituição. Por outro lado, todos seguiam um rígido código penal não escrito, criado pela própria população carcerária(contrariá­lo pode equivaler a morte ).

Estação Carandiru fala dessas pessoas . São crônicas sobre formas de viver e morrer.

Para redigir um resumo é preciso ter compreendido detalhadamente o texto.Vale lembrar: um aluno do curso de Psicologia e um do curso de Direito lêem um mesmo livro, Estação Carandiru, de Drauzio Varella. Provavelmente elegerão como importantes os aspectos que estão relacionados com sua área de estudos. Mas, uma coisa é fundamental: que os dois mantenham as informações ou o ponto de vista do autor sobre cada aspecto que indicaram como relevantes.

Page 45: Apostila de mtc

46 UNIUBE ­ Educação a Distância

RESENHA: é um texto completo, redigido de forma contínua, que tem por finalidade apresentar uma obra: descrevendo o seu conteúdo e sua composição, analisando os recursos utilizados, bem como a pertinência do pensamento do autor em relação ao conhecimento já disponível, a importância da obra e sua contribuição para o desenvolvimento do contexto social, científico e cultural .

A Questão Ambiental ­ Diferentes Abordagens de Sandra Baptista da Cunha e Antonio José Teixeira Guerra (orgs.) Bertrand Brasil, 252 págs., R$ 35

Ecologia virou moda, disciplina de escola, programa de TV, bandeira política e campo profissional. O assunto envolve vários discursos arriscados: o reducionismo do senso comum, o tecnicismo dos burocratas, a demagogia dos governantes de plantão. Como entender as causas econômicas e políticas das agressões à natureza e, ao mesmo tempo, capacitar­se para enfrentá­las no campo dos conceitos históricos, filosóficos e políticos? Esta coletânea de ensaios tenta encontrar um equilíbrio entre ideologização e prática, causa e conseqüência, técnicas e leis. É o sétimo de uma série de obras da Bertrand Brasil sobre o meio ambiente.

(Fluxos ­ Revista do Instituto de Humanidades da Universidade de Uberaba . p. 46, 1º/2003.)

Resenha de livro publicada em revista impressa

MCCLURE, Stuart; SCAMBRAY, Joel; KURTZ, George. Hackers expostos: segre­ dos e soluções para a segurança de redes. São Paulo: Makron Books, 2000.

Ident ificação da obra

Resenha de livro, publicada em uma revista eletrônica de jornalismo científico, disponível em: http://www.comciencia.br/resenhas/internet/hackers.htm.

por Fábio Júnior Beneditto Autor ia

Apresentação dos au­ tores da obra e de sua atuação profissional

Stuart McClure é gerente­sênior do grupo eSecurity Solutions, da Ernest & Young. Ele é co­autor da Security Watch da revista InfoWorld, uma coluna que trata de assuntos atuais relativos à segurança eletrônica, bem como invasões e vulnerabilidade de sistemas de computadores. Além disso, possui uma vasta experiência em software e hardware de segurança de redes (firewall, sistemas de detecção de intrusos, entre outros). Joel Scambray é gerente do grupo eSecurity Solutions, onde fornece serviços de consultoria de segurança em sistemas de informação para diversos tipos de organizações. Também é co­autor da Security Watch. George Kurtz é gerente­sênior do grupo eSecurity Solutions e diretor naci­ onal de "Ataque e Penetração da linha de serviços Profiling" da Ernest & Young. Como consultor, executou centenas de avaliações em firewalls, redes e sistemas de comércio eletrônico ao longo dos anos. É um dos principais instrutores do aclamado curso "Extreme Hacking ­ Defending Your Site".

Hackers expostos, apesar do nome, trata única e exclusivamente de segurança de redes e sistemas. Com uma enorme quantidade de detalhes, o livro é uma espécie de manual, já que serve de alerta para todos os administradores de sistemas e usuários, para que percebam o quão vulnerável seus preciosos dados podem estar, trafegando livremente pela Internet. Para que a leitura e a compreensão fossem fa­

Apresentação da obra, destacando o tema e o gênero.

Page 46: Apostila de mtc

Metodologia do Trabalho Científico 47

Organização da obra.

Resumo comentado sobre o assunto de cada módulo do livro

cilitadas, o livro foi todo estruturado em pequenos módulos, como em um guia de referências, onde o leitor não precisa ler tudo para encontrar a resposta para a sua dúvida sobre um determinado assunto. Todos os assuntos estão agrupados por área de interesse: a "Identificação do Alvo" trata de como fazer o footprint (espécie de planta­baixa da rede de computadores utilizados por um determinado domínio) e a varredura, onde são identificados e verificados todos os serviços que estão disponíveis no sistema, e a sua enumeração. O segundo módulo trata de "Hacking de sistemas", trazendo as características e as falhas, comuns ou não, dos principais sistemas operacionais utilizados em estações de trabalho e servidores, sempre focalizando o grau de dificuldade para o atacante obter sucesso em sua empreitada de quebrar o sistema (uso de exploits), além de sugestões para a correção ou minimização das chances dessas empreitadas ocorrerem. O terceiro trabalha com "Hacking de rede", onde são vistas formas de proteger os dados da empresa do acesso indevido através de exploits, como os encontrados em sistemas de firewall, roteadores, dial­up's e falhas nos protocolos de rede. É dada uma maior ênfase para a prevenção aos Ataques de Recusa de Serviço (DoS ­ Denial Of Service) que nos últimos anos tem tirado muitos websites do ar (por exemplo o UOL). No último módulo se enfoca "Hacking de software". É nesse campo que entram os softwares de admi­ nistração remota (autorizada ou não), os "cavalos de tróia", conhecidos como trojans, que são os maiores causadores das noites de insônia de muitos administradores de sistemas, porque permitem, através de programas aparentemente inofensivos, a instalação de servidores de acesso remoto, facilitando o roubo de informações, entre muitas outras possibilidades de prejuízo.

Análise e avaliação da obra

Indicação da leitura.

Houve uma grande preocupação dos autores em detalhar os ataques mais comuns às redes e sistemas operacionais, baseando­se em suas próprias vivências como consultores e em sites/newsgroups especializados, de forma a exibir uma visão mais abrangente do problema: a visão do atacante (cracker) que não tem nada a perder. Como os autores citam nos agradecimentos, "Conhecimento e informação os libertará", referindo­se aos nobres hackers que, no sentido literal e correto da palavra, têm­se preocupado em expôr e solucionar esses problemas. É uma obra que não pode faltar na bibliografia de qualquer administrador de sistemas preocupado em garantir a paz e a tranqüilidade de sua empresa e que quer proteger os dados vitais da mesma do acesso não­autorizado e, dessa forma, garantir por mais tempo o seu emprego e o desenvolvimento de sua organização.

Resenha de filme, disponível em: http://www.comciencia.br/resenhas/framerese.htm.

Gattaca Título da obra

Gattaca ­ A experiência Genética (Gattaca). EUA, 1997. Dir. Andrew Niccol. Com Ethan Hawke, Uma

Thurman, Jude Law, Loren Dean, Alan Arkin, Gore Vidal e Ernest Borgnine. Dados de identifica­ ção

Contextualização situa o momento sócio­ cultural em que a obra é produzida, articula o motivo de sua reali­ zação a esse contex­ to. 1ª

Parte: INTRODUÇÃO

A recente divulgação do final dos trabalhos de sequenciamento do genoma humano trouxe um importante questionamento com relação às consequências deste novo conhecimento. Ao mesmo tempo que gera a esperança de cura de muitas doenças de origem genética, gera também muitas especulações ­ algumas gratuitas, outras não ­ sobre a possibilidade de um uso indesejável do conhecimento genético. Dentro desta última perspectiva,

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48 UNIUBE ­ Educação a Distância

Breve resumo do en­ redo, ressaltando o tempo da história e o personagem principal.

Apresentação da obra, situando o gênero, o autor e o tema. IN

TRODUÇÃO

2ª Parte:DESE

NVOLV

IMENTO

Com roteiro e direção de Andrew Niccol, que também foi roteirista de O Show de Truman, Gattaca é um ensaio sobre o que pode ser uma sociedade em que o destino das pessoas esteja pré­determinado cientificamente em que não haja o mínimo espaço para a ação do indivíduo na construção de seu próprio futuro. Também é uma reflexão sobre como a ciência pode ser usada para legitimar e, no caso, criar uma hierarquia social, principalmente se feita sem crítica e controle da sociedade.

Rafael Evangelista

Comentário crítico 3ª Parte: C

ONCLU

SÃO

Autor da resenha

Mas, será que resumo e resenha são textos diferentes?

Diferente do resumo, a resenha inclui também uma avaliação crítica por parte de quem a redige e, ainda, uma indicação para leitura da obra,considerando os interesses do leitor.

o filme Gattaca, de Andrew Niccol é uma interessante reflexão sobre os caminhos a que a engenharia genética pode levar e os impactos que esta tecnologia ­ e a ciência de um modo geral ­ pode ter na sociedade. Passado em um tempo futuro,Gattacamostra uma sociedade em que as corporações tornaram­se mais poderosas que o Estado e em que a manipulação genética criou uma nova espécie de preconceito e hierarquia racial, legitimada pela ciência. Aos pais que desejam ter filhos é dada a oportunidade de manipular a interação entre seus DNAs de modo que gerem filhos com a melhor combinação de qualidades genéticas possível. Este procedimento acaba criando duas categorias diferentes de pessoas: os Válidos, frutos desta combinação genética planejada, que são quase super­homens, com raras doenças genéticas; e os Inválidos, frutos de nossa interação sexual usual. Aos empregos e as melhores oportunidades enquanto que os Inválidos chegam a ser impedidos de freqüentar determinados lugares. A história do filme é a de dois irmãos, um concebido da maneira natural e o outro manipulado geneticamente. O Inválido, interpretado por Ethan Hawke, tem várias doenças genéticas e, ao ter seu DNA examinado quando nasce, já tem uma data prevista para sua morte.

Contudo, o garoto sonha em viajar ao espaço ­ emprego impensável para alguém com seus problemas ­ e vai buscar todas as maneiras possíveis para superar suas limitações ao mesmo tempo em que tem que esconder de todos que é um Inválido.

RESUMINDO: se compararmos os quadros aqui apresentados, podemos afirmar que os textos acadêmicos escritos contêm uma estrutura básica: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. Quando redigidos e enviados para publicação, devem conter os dados de identificação do autor e do tipo de texto que se apresenta.

Pertencendo todos ao gênero científico e/ou didático­científico, esses textos dialogam entre si, para que o autor alcance o objetivo de comunicar suas investigações através dos estudos que realiza.

Compreender a organização e a finalidade dos textos, com os quais lidamos no dia­a­dia de nossos estudos, contribui para ampliar nossa competência de leitura. Mas, também, é importante que a nossa familiaridade com esses textos nos estimule não só a ler, mas também a escrever, a nos identificar como autores de textos acadêmicos. Este é um processo que se inicia com o registro das leituras que fazemos.

Vamos prosseguir nosso estudo, abordando agora os procedimentos de leitura. Antes, porém, vamos retomar alguns pontos para a nossa reflexão.

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Metodologia do Trabalho Científico 49

Até aqui, refletimos sobre conceito, modos de organização e finalidades dos textos acadêmicos. Se recorrermos aos esquemas propostos para a composição desses textos, poderemos constatar que as partes da dissertação se encontram presentes em todos eles: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.

Segundo Soares e Campos (1987):

A dissertação é a forma de redação mais usual. Com mais freqüência é a forma de redação solicitada às pessoas envolvidas com a produção de trabalhos escolares, com a administração e produção de pesquisas em Instituições que fazem Ciência, com a administração e execução técnico­burocráti­ cas de serviços ligados à Indústria, Comércio etc. A prosa dissertativa é, assim, predominante nos textos de trabalhos escolares, nos textos de produção e divulgação científicas (monografias, ensaios, artigos e relatórios técnico­científicos) e nos textos técnico­administrativos.

Convém ressaltar, ainda, que, dependendo da intenção do autor, em um texto dissertativo pode predominar a :

­ descrição: quando o autor quer conceituar um termo, apresentar as fases de um processo ou caracterizar um objeto, ele constrói um texto dissertativo­expositivo;

­ argumentação: quando o objetivo do autor é defender um ponto de vista, ele constrói um texto dissertativo­argumentativo.

Raramente encontramos uma destas formas de dissertar em estado puro. No texto argumentativo, para a defesa de uma idéia, de uma tese, de uma opinião, o autor se serve tanto da descrição quanto da narração. Assim garante o efeito desejado com a sua argumentação. Podemos lembrar aqui o texto produzido na situação de acusação e defesa nos tribunais.

Se várias são as intenções de quem escreve e variadas são as formas da escrita, diante de diferentes textos, precisamos ter procedimentos de leitura diferentes. Como deve ser, então, o procedimento do leitor diante de um texto científico ou didático­científico?

Vejamos alguns procedimentos que nos auxiliam a realizar uma leitura adequada dos textos com os quais lidamos no dia­a­dia da nossa vida universitária.

2.2 PROCEDIMENTOS PARA A LEITURA DE UM TEXTO DIDÁTICO­CIENTÍFICO

2.2.1 LER PARA IDENTIFICAR

A primeira leitura deve ser realizada de forma seqüencial e integral. É importante ficar atento(a) às marcas de composição gráfica: os tipos de letras e fontes costumam ser diferentes para o título, para as partes e para os itens. Pode ser também observado o estilo do autor.

Assim, lemos para identificar:

­ tipo de texto: é um capítulo de um livro ou um artigo científico? ­ autoria: quem o escreveu? ­ suporte: foi publicado em um livro, jornal ou periódico? ­ data de produção e de publicação, editora e localidade da publicação. ­ extensão do texto: número de páginas. ­ assunto: qual o conteúdo é desenvolvido no texto? ­ plano geral do texto: como o autor organizou o texto?

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50 UNIUBE ­ Educação a Distância

Contextualização das tecnologias e do mer­ cado de trabalho

1ª Parte: INTR

ODUÇÃO

A Nova Economia

As mudanças em curso estão provocando uma onda de "destruição criadora" em todo o sistema econômico. Além de promover o aparecimento de novos negócios e mercados, a aplicação das tecnologias de informação e comunicação vêm propiciando, também, a modernização e revitalização de segmentos maduros e tradicionais; em contrapartida está ameaçando a exis­ tência de setores que já não encontram espaço na nova economia.

Efeitos das mudanças provocadas pelas Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação ­ NTIC, sobre a dinâ­ mica do mercado

Vantagens

A globalização e a difusão das tecnologias de informação e comunicação são uma via de mão dupla: por um lado, viabilizaram a expansão das atividades das empresas em mercados distantes; por um outro, a atuação globalizada das empresas amplia a demanda por produtos e serviços de rede tecnologicamente mais avançados. Neste processo, as empresas passam a definir suas estratégias de competição, conforme os mais variados critérios (disponibilidade e capacitação de mão­de­obra, benefícios fiscais e financeiros, regulamentação, etc.), estabelecendo, de maneira descentralizada, unidades produtivas em locais mais vantajosos, independentemente das fronteiras geográficas.

A difusão acelerada das novas tecnologias de informação e comunicação vem promovendo profundas transformações na economia mundial e está na origem de um novo padrão de competição globalizado, em que a capacidade de gerar inovações em intervalos de tempo cada vez mais reduzidos é de vital importância para as empresas e países. A utilização intensiva dessas tecnologias introduz maior racionalidade e flexibilidade nos processos produtivos, tornando­os mais eficientes quanto ao uso de capital, trabalho e recurso naturais. Propiciam, ao mesmo tempo, o surgimento de meios e ferramentas para a produção e comercialização de produtos e serviços inovadores, bem como novas oportunidades de investimento.

2.2.2 LER PARA DELIMITAR AS PARTES DO TEXTO

Após tomar conhecimento do plano geral do texto, é importante ler para identificar:

­ a introdução ­ o desenvolvimento ­ a conclusão

Veja, a seguir, um exemplo a partir de um texto dissertativo­expositivo.

2ª Parte: D

ESEN

VOLV

IMENTO

Através das redes eletrônicas que interconectam as empresas em vários pontos do planeta, trafega a principal matéria­prima desse novo paradigma: a informação. A capacitação de gerar, tratar e transmitir informação é a primeira etapa de uma cadeia de produção que se completa com sua aplicação no processo de agregação de valor a produtos e serviços. Nesse contexto, impõe­se, para empresas e trabalhadores, o desafio de adquirir a competência necessária para transformar informação em um recurso econômico estratégico, ou seja, o conhecimento.

Exigências

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Metodologia do Trabalho Científico 51

Necessidades

DES

ENVO

LVIM

ENTO

3ª Parte: C

ONCLUSÃ

O

O conhecimento é hoje fator essencial em todas as etapas do processo produtivo, desde a pesquisa básica até o marketing final e assistência ao consumidor. Mas é na fase inicial de projeto e concepção de produtos e serviços que esse fator é mais crítico. Essa etapa requer domínio de tecnologias­chave, vultosos investimentos em pesquisa, ambiente institucional favorável e pessoas altamente capacitadas, fatores das economias avançadas. Relativamente, as fases subseqüentes do processo são menos intensivas em conhecimento e podem ser desenvolvidas em um grande número de países.

Na transição para a nova economia, esse padrão de especialização poderá agravar ainda mais a desigualdade entre os países especializados em gerar novos produtos e serviços e os demais, que implementam os projetos desenvolvidos pelos países líderes.

Tal padrão de especialização tem profundo impacto na distribuição das oportunidades de trabalho, no padrão de consumo da sociedade e na repartição da renda entre os países. A despeito das grandes desigualdades entre nações, novas oportunidades se abrem para os países em fase de desenvolvimento econômico que saibam estruturar suas políticas e iniciativas em direção a sociedade da informação.

Perspectivas do mer­ cado de trabalho com políticas direcionadas para as NITCs

TAKAHASHI, Tadao. (Org.) et al. Mercado, Trabalho e Oportunidades. In:______ Sociedade da Informação no Brasil: Livro Verde. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000. cap. 2, p.17­28.

2.2.3 LER PARA ANALISAR

­ a adequação no uso de termos técnicos; ­ a consistência dos dados; ­as relações entre ilustrações, gráficos e tabelas e sua pertinência com o assunto tratado; ­ coerência dos argumentos apresentados.

Platão e Fiorin (1996) definem cinco tipos de argumentos como principais recursos usados em textos dissertativos e que se aplicam ao texto científico:

­ ARGUMENTO DEAUTORIDADE ­ a citação de autores renomados, de autoridades num certo domínio do conhecimento ou da atividade humana: é usado para confirmar o pensamento do autor, demons­ trando que ele pesquisou sobre o assunto. Por isso, é muito importante dar atenção às notas de rodapé ou ao final de texto, às citações, às alusões ou referências, ainda que breves, a outros autores e a outros textos.

Exemplo:

Afirmação: "A ligação entre arte e ciência não é nova. Argumentação: Entre outros, o físico inglês Paul Dirac, autor da descoberta teórica da

antimatéria, foi um dos que defenderam esta idéia. Em um dos seus escritos mais conhecidos, Dirac propôs que o melhor critério para avaliação de uma teoria deve ser sua beleza."

(Ponto de vista ­" Ciência e beleza"­ Revista Scientific American Brasil­ ano 1­ número11­ p.5)

­ ARGUMENTO BASEADO NO CONSENSO ­ são afirmações de base científica e aceitas como verdadeiras, não necessitando, portanto, de serem demonstradas. Em todas as áreas do conhecimento existem argumentos universalmente aceitos: os axiomas da Matemática e as proposições como as que constam da declaração dos direitos humanos, por exemplo.

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52 UNIUBE ­ Educação a Distância

Exemplo:

Afirmação: Diante de um mesmo delito, algumas pessoas são punidas e outras não. Isso não poderia acontecer, pois

Argumentação: “todos são iguais perante a lei e, sem distinção.” (Declaração Universal dos Direitos Humanos)

­ ARGUMENTO BASEADO EM PROVAS CONCRETAS ­ afirmações baseadas em dados de pesquisa, em fatos comprovados e em documentos ou similares. Usam­se, para tanto, dados divulgados por órgãos oficiais nacionais e internacionais.

Exemplo:

Afirmação: A família brasileira está diminuindo, ao mesmo tempo que cresce a proporção de famílias lideradas por mulheres. Além destas mudanças nos padrões de organização familiar no Brasil, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) mostram que, nas duas últimas décadas, cresceu a proporção de pessoas que moram sozinhas, embora ainda predomine no Brasil o tipo de família formada pelo casal e seus filhos.

Apresentação dos dados:Com base nos dados da PNAD de 1992 a 2001, é possível destacar algumas tendências recentes no perfil da família brasileira. Nesse período, cresceu de forma contínua o número relativo de famílias nas quais a pessoa de referência é mulher e reduziu­se a quantidade de componentes das famílias, como reflexo do ritmo de queda da fecundidade. A PNAD 2001 estimou em cerca de 13,8 milhões o número de arranjos familiares em que a mulher era a pessoa de referência, ou 27,3% das 50,4 milhões de famílias brasileiras. Em duas décadas, a proporção desse tipo de arranjo familiar cresceu cerca de 24,7% no país. O fenômeno é mais recorrente nas regiões metropolitanas, dentre as quais se destacam Belém e Salvador, com, respectivamente, 40,4% e 35,9% de famílias com pessoa de referência do sexo feminino(tabelas 6.1 e 6.2 e gráficos 6.1 e 6.2).

( Síntese dos indicadores sociais 2002, IBGE )

­ ARGUMENTO COM BASE NO RACIOCÍNIO LÓGICO ­ são argumentos baseados nas relações de causa e conseqüência. Muito comuns nos textos de ciências da natureza e de matemática.

Afirmação: “Os conhecimentos são adquiridos. Explicação: A engenharia genética não é capaz de incorporá­los aos cromossomos.Eles existem

na forma de uma rede. Ou seja, seria preciso transplantar um cérebro inteiro para as crianças... Conclusão: Daqui a vinte e cinco anos, portanto, os estudantes ainda terão que aprender para

saber, isto é, terão de desenvolver uma atividade mental intensa para compreender, memorizar,, comparar, organizar os conhecimentos.”

(PERRENOUD, Philippe.Sinapse. Folha de São Paulo, São Paulo, p. 12, 29 set. 2003.)

­ ARGUMENTO DE COMPETÊNCIA LINGÜÍSTICA ­ atualização e adequação no uso de termos técnicos e científicos, de expressões lingüísticas no encadeamento de enunciados, de parágrafos e partes do texto (essas expressões possibilitam ao leitor acompanhar o raciocínio do autor) e domínio no uso da língua culta.

"Grandes efeitos sobre a diversidade biológica em áreas urbanas também podem resultar de fontes menos diretas, incluindo muitos dos poluentes oriundos do ar e da água que colocam em perigo a saúde humana. Descobriu­se que subprodutos tóxicos de produção industrial, como a bifenila policlorada, o dióxido de enxofre e oxidantes, assim como os pesticidas direcionados para espécies daninhas, afetam os ecossistemas naturais, descortinando­os(Ehrlich e Erlich, 1981)."

( MURPHY, D. D. Desafios à diversidade biológica em áreas urbanas. In: WILSON, E. O. (ed.). Biodiver sidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p. 91)

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Metodologia do Trabalho Científico 53

2.2.4 LER PARA ESTABELECER RELAÇÃO

­ do texto com outros textos da mesma área do conhecimento; ­ do texto com o conteúdo da discplina; ­ do texto com a realidade sócio­cultural em que o texto foi produzido e na qual, você, leitor, está inserido.

2.2.5 LER PARA EMITIR UM JULGAMENTO SOBRE O TEXTO

Utilizando dos registros que foram feitos em cada uma das etapas anteriores, você poderá, com a maior clareza possível:

2.3 OUTRAS FORMAS DE REGISTRO DE ESTUDOS ACADÊMICOS

Os procedimentos de leitura indicados no item 2.2 nos levam a perguntar: quais são os nossos objetivos quando tomamos um texto para objeto de estudo?

Lemos para conhecer, analisar, interpretar situações, dados e informações, para ampliar nosso conhecimento do mundo e a partir daí construir novos conhecimentos.

Na condição de cidadãos participantes, o que se espera de um estudante universitário é que ele seja agente no processo de sua formação profissional. Para isso, é necessário que desenvolva suas habilidades de lidar com o conhecimento já disponível na sociedade, aplicando­o, avaliando­o, criticando­o para transformá­ lo.

Mas, toda construção de conhecimentos, além de uma motivação pessoal, exige métodos e técnicas, pois quando o volume de informações e de operações, com que precisamos trabalhar, é grande, por melhor que seja a nossa memória, ela precisa ser ativada.

As anotações, os registros que fazemos auxiliam na ativação da nossa memória e recuperação dos conhecimentos que já adquirimos no decorrer da nossa existência. Em um curso de formação profissional esses registros devem ser freqüentes.

Todos os tipos de texto acadêmico apresentados nesta unidade são formas de registro dos estudos realizados no âmbito da universidade. Aqui foi dado especial destaque para:

traduzir o conteúdo do texto, isto é, dizer ou escrever com outras palavra, mantendo o pensa­ mento do autor; analisar a consistência do raciocínio do autor em relação aos conhecimentos já produzidos na mesma área de estudo; reconhecer a coerência do pensamento elaborado pelo autor; avaliar uma produção acadêmica; avaliar a contribuição do estudo do texto para a ampliação dos seus conhecimentos e para sua formação profissional.

E, como a leitura e a escrita são práticas complementares, você estará ampliando seu repertório para a produção de textos do mesmo gênero.

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54 UNIUBE ­ Educação a Distância

RELATÓRIO: expressa o processo de desenvolvimento de uma situação de estudo ou de pesquisa, isto é, tem sua origem em um trabalho realizado. É considerado documento de grande importância para a continuidade da investigação científica, para a gestão de recursos humanos, para destinação de recursos financeiros, para planejmanto político e educacional.

RESUMO: é um texto de dimensões menores do que o texto que lhe dá origem. Sua finalidade é traduzir, em menos palavras, o pensamento do autor, preservando as intenções do autor e realçando os pontos para os quais ele dispensou maior atenção. Um mesmo texto pode dar origem a vários resumos, pois cada pessoa considera relevantes os aspectos que estão relacionados ao motivo pelo qual está lendo a obra.

PORTFOLIO: palavra de origem latina, muito utilizada pelos norte­americanos, que signfica coleção daquilo que está ou pode ser guardado em um porta­folhas. No meio acadêmico, significa a reunião das diferentes produções do aluno, baseada nos registros de suas reflexões, de suas leituras, de suas indaga­ ções. Expressa o desenvolvimento de sua própria aprendizagem.

RESENHA: é um texto completo, redigido de forma contínua, que tem por finalidade apresentar uma obra: descrevendo o seu conteúdo e sua composição, analisando os recursos utilizados, bem como a pertinência do pensamento do autor em relação ao conhecimento já disponível, a importância da obra e sua contribuição para o desenvolvimento do contexto social, científico e cultural .

MONOGRAFIA: tratamento escrito de um tema específico que resulte de uma pesquisa científica e que apresenta uma contribuição relevante para a ciência. Por extensão, identifica um trabalho científico que resulte de pesquisa, como por exemplo, trabalho de conclusão de curso de graduação ­ TCC. Deve estar relacionado a uma disciplina do curso e ser feito sob orientação docente.

É importante lembrar que o estudo de um texto acadêmico inicia­se por um processo de identificação e de localização, isto é, por um processo de fichamento do texto.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. As afirmativas a seguir contemplam algumas características de um TEXTO ACADÊMICO. Marque V, nas alternativas verdadeiras, ou F, nas alternativas falsas:

a) ( ) são textos característicos da difusão e produção do conhecimento nas universidades;

b) ( ) são textos técnicos e científicos;

c) ( ) são textos intuitivos e cotidianos na universidade em geral;

d) ( ) são textos produzidos por alunos e professores para publicação em eventos científicos;

e) ( ) são textos elaborados só por professores universitários;

f) ( ) são textos que visam a progressiva ampliação e troca de conhecimentos necessários à formação profissional;

g) ( ) são textos que visam a progressiva informação e generalização necessárias à formação profissional;

h) ( ) são textos que produzimos na universidade para registrar o estudo que realizamos;

i) ( ) são as teorias que produzimos na universidade para registrar o estudo que realizamos;

j) ( ) são textos que na prática escolar são apropriados para o exercício do ensinar e do aprender;

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Metodologia do Trabalho Científico 55

02. Dentre as diversas formas de registro dos estudos realizados no âmbito da universidade, podemos destacar o resumo, a resenha e o portfólio. Segundo os seus conhecimentos, numere a coluna B de acordo com a coluna A:

a) resumo

b) resenha

c) portfólio

( ) Inclui uma avaliação crítica por parte de quem a redige; ( ) Seu objetivo é traduzir em poucas palavras, a idéia do autor. ( ) Um mesmo texto pode dar origem à vários outros textos, dependendo

de quem o faz. ( ) Apresenta uma obra descrevendo seu conteúdo e sua composição. ( ) É um texto completo, redigido de forma contínua. ( ) Significa reunião das diferentes produções dos alunos. ( ) É preciso saber situar a obra e o pensamento do autor, comparando­os

com outras obras para emitir julgamento. ( ) Não precisa contemplar uma indicação para leitura da obra. ( ) É um texto de dimensões menor do que o texto que lhe dá origem. ( ) Expressa o desenvolvimento qualitativo e quantitativo da aprendizagem

do aluno da Universidade.

03. Na universidade, a entrevista tem se apresentado como um eficaz instrumento de coleta de dados para a pesquisa nas diversas áreas do conhecimento. Descreva uma situação em que você usaria da entrevista em seus estudos.

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

Na sua opinião, quais requisitos são exigidos de um entrevistador?

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

04. Enumere, de 1 a 5, a seqüência adequada para a realização de uma boa leitura. O leitor diante de um texto científico utiliza alguns procedimentos que o auxiliam na leitura correta desses textos. O leitor ao ler o texto:

( ) relaciona­o com outros textos da mesma área, com o conteúdo da disciplina e com a realidade na qual o leitor está inserido.

( ) procura identificar as suas partes estruturais, delimitando cada uma de acordo com suas finalidades.

( ) traduz o pensamento do autor e avalia a contribuição do estudo do texto para a ampliação dos conhecimentos e para a formação profissional.

( ) analisa a consistência dos dados, as relações entre gráficos e tabelas com o assunto tratado e a coerência dos argumentos apresentados.

( ) identifica o plano geral do texto, a autoria, o tipo, o suporte do texto e o conteúdo desenvolvido no mesmo.

05. Assinale, nos parênteses, ( V ), para as alternativas verdadeiras e ( F ), para as falsas.

a ­ ( ) O relatório é um texto originado de um trabalho realizado.

b ­ ( ) Um texto científico, assim como textos oficiais, pode conter relatos de acontecimentos históricos.

c ­ ( ) O relato de experiência tem por objetivo registrar o processo vivenciado por uma pessoa ou por uma equipe, durante um determinado período de estudos, proporcionando uma avaliação e a reflexão sobre o tema em questão.

d ­ ( ) Os textos científicos são escritos de acordo com critérios estabelecidos por instituições científicas e passam por um processo de validação e avaliação, antes de serem divulgados.

e ­ ( ) O conhecimento científico só existe nas instituições públicas.

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56 UNIUBE ­ Educação a Distância

06. Leia o fragmento extraído da resenha do filme Gattaca. “Com roteiro e direção de Andrew Niccol, que também foi roteirista de O Show de Truman, Gattaca é um ensaio sobre o que pode ser uma sociedade em que o destino das pessoas esteja pré­determinado cientificamente, sem que não haja o mínimo espaço para a ação do indivíduo na construção de seu próprio futuro. Também é uma reflexão sobre como a ciência pode ser usada para legitimar e, no caso, criar uma hierarquia social, principalmente se feita sem crítica e controle da sociedade.”

Considerando a relação do fragmento com as demais partes da resenha, analise as afirmativas, a seguir. Assinale com um ( X ) as alternativas coerentes com a resenha.

a) ( ) No fragmento, a palavra “ensaio” articulada à palavra “sociedade”, remete o leitor a uma prática de experimentação científica. Nesse sentido, leva o leitor a pensar que o contexto vivenciado no filme é real.

b) ( ) No fragmento, a afirmação do autor de que a obra é uma reflexão sobre as possíveis conseqüências da utilização inadequada da ciência, tem por objetivo convencer o leitor da fragilidade do enredo do filme Gattaca.

c) ( ) Associando o nome do roteirista a outros trabalhos produzidos anteriormente, o autor da resenha dá ao uma leitor informação que lhe permite situar melhor a obra que está sendo apresentada. Nessa perspectiva, o leitor cria mais ou menos uma expectativa em relação ao filme.

d) ( ) Na conclusão, é possível perceber que o autor da resenha explicita claramente a indicação do filme, utilizando um argumento de autoridade: o filme foi realizado por um renomado diretor.

07. No item 2.1.4.1 , a entrevista e o debate foram destacados como textos orais que exigem habilidades de comunicação que todo profissional precisa ter no exercício de sua profissão.

Leia os itens, a seguir, e marque com um X, no quadro correspondente, de acordo com a seguinte legenda:

‘E’ , o que é característico da entrevista; ‘C’ , o que é comum às duas situações. ‘D’ , o que é característico do debate;

E C D

exige a presença de um moderador; tem por objetivo colher informações ou dados que possam ser usados para fins determinados; visa esclarecer a opinião pública sobre um determinado tema;

geralmente surge da necessidade de esclarecimento sobre temas polêmicos;

tem por objetivo buscar soluções para questões de interesse social e científico;

se estabelece por um confronto de opiniões; se estrutura com base no esquema de perguntas e respostas seqüenciadas, seguidas ou não de comentários; predomina a argumentação, a defesa de um ponto de vista;

predomina a exposição do assunto, a informação;

necessita do estabelecimento de regras para ocorrer o diálogo.

A ­ Quanto à situação de comunicação:

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Metodologia do Trabalho Científico 57

B­ Quanto às habilidades e atitudes requeridas dos participantes:

E C D

usar adequadamente provas e argumentos;

conhecer pontos de vista diferentes sobre o tema em questão;

ter domínio do tema a ser apresentado;

saber respeitar a pessoa que tem opinião divergente;

ter disponibilidade para dialogar;

usar a linguagem adequada ao seu interlocutor;

saber distinguir um fato de uma opinião;

respeito a normas estabelecidas;

saber ouvir para dar continuidade a uma reflexão.

08. No contexto universitário, muitas são as situações em que temos a oportunidade de apresentar os conhecimentos científicos que construímos, nas várias etapas de nossa formação acadêmica. Para apresentá­los utilizamos textos escritos: resumo, resenha, relatório, artigo científico, comunicação ou paper, monografia, entre outros.

Relacionamos, a seguir, algumas situações que você pode vivienciar, durante seu curso de graduação.

Escreva, nos espaços, o tipo de texto adequado a cada uma das situações descritas. a ­ Você é integrante de uma equipe de monitoria e deve apresentar,

formalmente, ao responsável pela equipe, o trabalho que foi desenvolvido na semana.

b ­ Você e seus dois colegas participam de um grupo de iniciação científica. Estão numa determinada fase da pesquisa, e foram solicitados a apresentar os resultados obtidos até o momento, para o órgão financiador.

c ­ Tendo participado de uma aula de campo, o professor lhe solicitou o registro de tudo que ali ocorreu.

d ­ O professor indicou a leitura de um artigo sobre o assunto estudado na semana. Pediu que lhe apresentasse, de forma detalhada: os dados de identificação do artigo, a forma como o autor desenvolveu o assunto, a relação do pensamento do autor com o que foi estudado nas aulas daquela semana e, ainda, que você emitisse sua opinião sobre o artigo como um todo, fazendo referência a quem mais poderia interessar a leitura desse texto.

e ­ Com a orientação do professor, você desenvolveu um estudo sobre as opções de lazer que Uberaba oferece ao jovem. A pesquisa apontou a necessidade de alertar a população sobre providências que deverão ser tomadas pelo poder público, associações de bairros, associações estudantis. Você foi aconselhado, pelo professor, a publicar esse estudo no Jornal Revelação.

f ­ Para participar de um seminário, na sala de aula, o professor solicita a leitura prévia de um capítulo do livro didático que foi adotado para estudo do assunto. Você deve fazer o registro da leitura, situando o conteúdo de cada item do capítulo, sendo fiel ao pensamento do autor, mas sem se preocupar em emitir sua opinião.

g ­ Para elaborar o projeto de seu Trabalho de Conclusão de Curso, o seu orientador solicitou que você realizasse e lhe apresentasse um levantamento bibliográfico de obras publicadas nos dois últimos anos sobre o tema a ser desenvolvido.

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58 UNIUBE ­ Educação a Distância

09. Leia o fragmento: “Uma característica marcante do discurso literário de Machado de Assis é o humor, que se evidencia, sobretudo, em seus romances de segunda fase. O romance Dom Casmurro, publicado em 1899, é uma das obras mais discutidas pela crítica literária ainda nos dias de hoje.”

Analise as alternativas e assinale as que podem ser comprovadas pelo fragmento:

a) ( ) Com objetivo de fundamentar as idéias apresentadas, a autora do resumo utiliza­ se do argumento de autoridade, fazendo referência à critica literária.

b) ( ) Nas duas afirmações, a autora utiliza­se do argumento baseado no consenso, uma vez que tais afirmações têm base científica e são aceitas como verdadeiras..

c) ( ) a autora utiliza­se de dois argumentos baseados em provas concretas, remetendo o leitor a documentos analisados.

d) ( ) A autora utiliza­se do argumento com base no raciocínio lógico, na medida em que evidencia uma relação de causa e conseqüência estabelecida entre o humor do discurso machadiano e o fato de o romance Dom Casmurro ser, ainda hoje, uma das obras mais discutidas pela crítica literária.

Page 58: Apostila de mtc

Metodologia do Trabalho Científico 59

UNIDADE 3

COMPREENDENDO O SIGNIFICADO DO CONHECIMENTO

Iolanda Rodrigues Nunes Valeska Guimarães Rezende da Cunha

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60 UNIUBE ­ Educação a Distância

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Metodologia do Trabalho Científico 61

Você, neste momento, deve estar se perguntando:

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Antes de definirmos o que é conhecimento, precisamos ter em mente que o homem, por ser dotado de racionalidade, procura compreender a realidade e agir sobre ela tornando­a mais adequada às suas necessidades. À medida em que isso ocorre, ele transforma essa realidade ampliando e desenvolvendo suas próprias necessidades.

Sabemos que essa compreensão e ação sobre a realidade é limitada às condições de cada época, ou seja, muito do que era verdadeiro para o sábio da Antigüidade ou do Renascimento Cultural do século XV e XVI, não é assim considerado em nossos dias. E, ao final do século em que vivemos, com certeza, a ciência disporá de conhecimento muito diferente do que possuímos hoje.

O homem, ao construir conhecimento, apropria­se da realidade e, assim, modifica as circunstâncias em benefício próprio. Entretanto, desvendar e apropriar­se da realidade não é algo fácil, pois ela se revela por meio de uma grande complexidade.

Por entender o conhecimento dessa forma é que nos propomos a estudá­lo como uma maneira de compreender a realidade que nos cerca e não, simplesmente, como algo abstrato. Neste volume, pretendemos levantar questões em torno da idéia de que o conhecimento é o produto de um enfrentamento do mundo realizado pelo homem e que só faz plenamente sentido na medida em que o produzimos com a intenção de compreender a realidade, e não, pura e simplesmente, como uma forma enfadonha e desinteressante de memorizar fórmulas abstratas e inúteis para a nossa vivência e convivência no mundo.

Por que estudar sobre o conhecimento? Todos nós já não sabemos

o que é conhecimento?

Page 61: Apostila de mtc

62 UNIUBE ­ Educação a Distância

Como vimos nas considerações iniciais, no início deste texto, o homem é um ser existencial, que interpreta a si e ao mundo em que vive, atribuindo­lhes significado. A esta representação significativa da realidade, denominamos conhecimento.

Agora apresentaremos alguns conceitos sobre conhecimento para que possamos traçar uma base conceitual para as nossas reflexões.

Para Luckesi (1985), o conhecimento pode ser abordado de três formas:

1. Como mecanismo de compreensão e transformação do mundo 2. Como uma necessidade para a ação 3. Como elemento de libertação

Vejamos, resumidamente, cada uma dessas abordagens!

Como mecanismo de compreensão e

transformação do mundo

Por conhecimento, aqui, entendemos não só a com­ preensão teórica de alguma coisa, mas também a sua tradução em “modo de fazer”, em tecnologia. Aliás, entendimento e “modo de fazer” são duas faces inseparáveis do mesmo modo de conhecer. Teoria e prática, ação e reflexão são elementos indissociáveis de um todo.

Como necessidade para a ação

O conhecimento é uma necessidade enquanto modo de “iluminação” da realidade. Não se pode agir a não ser que se “veja” o caminho. Por desco­ nhecermos o modo de agir adequadamente sobre alguma resistência do mundo, em nossa ação, nem sempre conseguimos atingir aquilo a que nos propomos. Se conhecêssemos tudo, tanto nos as­ pectos teóricos quanto tecnológicos, certamente que não teríamos erros e dificuldades na tentativa de atingir nossos objetivos.

Como elemento de libertação

O conhecimento, como compreensão da realidade e como necessidade para o ser humano, pode ter uma função de libertação, pois serve de mecanis­ mo ao ser humano para que atue de maneira mais adequada e mais condizente com suas necessida­ des.

3.2 BASES CONCEITUAIS E CARACTERÍSTICAS DOS TIPOS DE CONHECIMENTO

Leia estas idéias de Luckesi (1985) sobre o conhecimento como forma de libertação e de opressão.

O conhecimento liberta o sujeito porque lhe dá independência e autonomia. Desde que saiba que se conheça, pode­se agir sem estar dependendo da alienação de nossas necessidades a outros. (...) Desconhecer nossos direitos torna­nos seres dependentes. Ignorar nossas capacidades e nossos poderes de luta e transformação conduz­nos ao entreguismo e ao co­ modismo social e histórico.

Page 62: Apostila de mtc

Metodologia do Trabalho Científico 63

O ato de conhecer é tão natural que muitas vezes não nos damos conta de sua complexidade. Nesse sentido, ao tentarmos nos apropiar da realidade nos defrontamos com vários tipos de conhecimento como: conhecimento de senso comum, filosófico, mitológico, científico, teológico e outros.

O conhecimento é construído de várias formas, tais como: pela observação das informações do mundo exterior; pelas crenças religiosas; pelos sentimentos e motivações das pessoas; pelas normas e procedimentos determinados por pais, professores, jornalistas e escritores; pelos ensinamentos dos filósofos, enfim, pelos diversos segmentos de nossa sociedade.

É claro que quando se trata de conhecer, temos em mente o conhecimento da verdade, do pensamento verdadeiro. (OLIVEIRA, 2002). Entretanto, nem todos os nossos conhecimentos são verdadeiros; logo, en­ tendemos por conhecimento (independente de ser falso ou verdadeiro) todo conhecimento que representa uma relação entre sujeito cognoscente (mente, consciência) e o objeto conhecido (fatos, acontecimentos, objetos e fenômenos da realidade exterior).

Nesse sentido, o conhecimento implica numa dualidade de realidades:

Será que todos os nossos conhecimentos são verdadeiros?

Reflexo e/ou reprodução do objeto na nossa mente

O homem apropria­se da realidade

PRODUTO DO PROCESSO

São os conhecimentos sensíveis e racionais

O homem penetra na realidade

PROCESSO DE CONHECER

Veremos, portanto, quatro tipos fundamentais de conhecimento. Cada um deles originário do tipo de apropriação que o homem faz da realidade. Esses quatro tipos são: o conhecimento científico, o conhecimento de senso­comum, o conhecimento filosófico e o conhecimento teológico.

A seguir, iremos estudá­lo com mais detalhes.

3.2.1 CONHECIMENTO CIENTÍFICO

É o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade.

O conhecimento científico surge da necessidade de o homem não assumir uma posição meramente passiva, de testemunha dos fenômenos, sem nenhum poder de ação ou controle dos mesmos.

O que impulsiona o homem em direção à ciência é a necessidade de compreender a cadeia de relações que se esconde por trás das aparências sensíveis dos objetos, fatos ou fenômenos, captadas pela percepção sensorial e analisadas de forma superficial, subjetiva e acrítica pelo senso comum. O homem quer ir além dessa forma de ver a realidade imediatamente percebida. (KÖCHE, 2000).

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O conhecimento científico é, portanto, um produto que resulta da investigação científica. Decorre não apenas da necessidade de buscar soluções e respostas para problemas de ordem prática da vida diária, característica essa também do conhecimento do senso comum, mas do desejo de fornecer explicações sistemáticas, que possam ser submetidas a testes rigorosos e ao crivo da crítica. Resulta, assim, da necessidade de alcançar um conhecimento mais seguro e confiável.

Podemos, então, relacionar as seguintes características do conhecimento científico (GALLIANO, 1986):

• racional e objetivo • atém­se aos fatos • transcende aos fatos • analítico • requer exatidão e clareza • comunicável • verificável • depende de investigação metódica • busca e aplica leis • explicativo • pode fazer predições • aberto • útil

3.2.2 CONHECIMENTO EMPÍRICO OU SENSO COMUM

O conhecimento do senso comum é um conhecimento espontâneo ou instintivo. É resultado da neces­ sidade de resolver os problemas diários, imediatos, não sendo, portanto, antecipadamente programado ou planejado. À medida que a vida vai acontecendo, ele se desenvolve, segundo a ordem natural dos acontecimentos.

É o conhecimento obtido ao acaso, seguindo ações não planejadas.

Esse tipo de conhecimento é também chamado empírico, porque se refere à experiência imediata sobre fatos ou fenômenos observados, ou seja, baseia­se na experiência cotidiana e comum das pessoas. Como se baseia na experiência, ao buscar informações e elaborar soluções para os seus problemas imediatos, não esclarece as razões ou fundamentos teóricos que possam demonstrar ou justificar a sua utilização, bem como a sua possível correção ou confiabilidade, por não compreender e não saber explicar as relações que há entre os fenômenos. Em geral, no conhecimento do senso comum, utilizam­se conhecimentos que funcionam razoavelmente bem na solução dos problemas imediatos, embora não se compreendam ou se desconheçam as explicações a respeito de seu sucesso. Quando acontece de darem certo, esses conhecimentos se transformam em convicções, em crenças que são transmitidas de um indivíduo para o outro e de uma geração para a outra.

Podemos ilustrar, aqui, com o conhecimento que o lavrador iletrado tem das coisas do campo: ele interpreta a fecundidade do solo, os ventos anunciadores de chuva, o comportamento dos animais; sabe onde cavar um poço para obter água, quando podar uma planta, etc. Os conhecimentos que esse lavrador possui, entretanto, são frutos de sua experiência prática e, por isso, não penetram nos fenômenos, permanecendo, apenas, na ordem aparente da realidade.

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Metodologia do Trabalho Científico 65

3.2.3 CONHECIMENTO FILOSÓFICO

É o conhecimento que é fruto do raciocínio e da reflexão humana.

Segundo Oliveira (2002), o conhecimento filosófico procura conhecer as causas primeiras dos fenômenos, ou seja, as causas profundas e remotas de todas as coisas, a origem das coisas, e, para elas, as respostas.

Na acepção clássica, a filosofia era considerada como o conhecimento das coisas por suas causas primeiras. Modernamente, prefere­se falar em filosofar. O filosofar é um interrogar, é um contínuo questionar, é uma busca constante de sentido, de justificação, de interpretação a respeito de tudo aquilo que envolve o homem e sobre o próprio homem em sua existência concreta, em seu contexto histórico.

Esse contexto muda através dos tempos, o que explica o surgimento de novos temas de reflexão filosófica. Alguns temas são permanentes, outros vão surgindo conforme muda o contexto histórico.

O campo de reflexão se ampliou muito em nossos dias. Hoje, os filósofos, além das interrogações metafísicas tradicionais, formulam novas questões, como as que envolvem a técnica, os valores, etc. Além disso, a filosofia está presente em todos os setores do conhecimento e da ação, como reflexão crítica a respeito dos fundamentos desse conhecimento e dessa ação. Assim, por exemplo, a Física, a Química, são ciências e usam determinado método, mas saber o que é ciência, o que distingue este conhecimento de outros, o que é método, qual a sua vali­ dade, não é da alçada do próprio físico ou do químico. Esses são problemas filosóficos (CERVO e BERVIAN, 1972).

Metafísica

Meta, em grego, significa acima ou além. Literalmente, essa palavra significa “para além da natureza (física)”, ou seja, refere­se ao que transcende a realidade material, empírica.

3.2.4 CONHECIMENTO TEOLÓGICO

A religião existiu e existe em todos os povos. Para as civilizações do passado e do presente da história da humanidade, a religião tem seus fundamentos em dogmas e ritos, que são aceitos pela fé e não podem ser provados, não se admitindo críticas, porque a fé é a única fonte de verdade (OLIVEIRA, 2002).

Segundo Chauí (2000), esse conhecimento busca uma explicação para a realidade e se endereça ao coração dos crentes, despertando emoções e sentimentos ­ admiração, espanto, medo, esperança, amor, ódio. Nesse tipo de conhecimento, a religião pede ao crente uma só coisa: fé, ou seja, a confiança e a adesão plena ao que lhe é manifestado como ação da divindade.

É o conhecimento revelado pela fé divina ou pela crença religiosa.

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66 UNIUBE ­ Educação a Distância

O conhecimento teológico abrange 3 fases (OLIVEIRA, 2002):

FETICHISMO

Nessa fase, o homem atr ibui poderes às forças mágicas imanentes que existiam dentro dos objetos ­ coisas, ani­

mais ou pessoas. Ex.: os antigos adoravam o sol, a lua; os hindus, a vaca; adoração por amuletos, que significavam o bem e o mal.

POLITEÍSMO

Nessa fase, o homem atr ibuía uma força mágica que era retirada dos objetos mater iais e transpor tadas a seres

fictícios com formas humanas. Ex.: atribuir à Diana, como sendo deusa da caça; Eolo, deus do vento; Netuno, deus do mar (os homens pensavam que o

mar estava bravo porque Netuno estava zangado).

MONOTEÍSMO

Nessa fase, o homem atr ibuía a causa de todos os fenômenos a um único Deus.

Ex.: Na religião judaico­cristã, Deus é o único criador de tudo o que existe e se atribui a ele a responsabilidade de tudo o que acontece no mundo: a criação do homem e dos

animais, sua existência, transformação e fim.

3.2.5 CONHECIMENTO MITOLÓGICO

É o conteúdo formulado a partir da existência de uma ordem transcendente, por meio da existência de deuses e deusas.

O conhecimento mítico é aquele que se vale de uma linguagem figurada, metafórica, fantasiosa, para explicar a realidade em geral, fatos da existência ou a própria existência. Segundo Andrey, apud Filho (2003), o mito surge da necessidade consciente e inconsciente que o homem tem de explicar seu meio, seus problemas desconhecidos. O mito não é questionado, não é objeto de crítica, mas objeto de crença, de fé. Não se discute, simplesmente submete sua razão à fé.

Então, que vem a ser um mito? Mito é um contexto explicativo não­lógico, muitas vezes fantástico, motivado pelo meio físico e humano em que vive a comunidade. Fantasioso, porque apela mais para as forças da imaginação, pouco lógico, porque não tem coerência interna, é contraditório; explicativo, se não tiver por função explicar algum fenômeno, alguma coisa, não é mito.

Além disso, o mito apresenta uma espécie de comunicação de um sentimento coletivo; é transmitido por meio de gerações como forma de explicar o mundo, explicação que não é objeto de discussão; ao contrário, ele une e canaliza as emoções coletivas, tranqüilizando o homem no mundo que o ameaça. É indispensável na vida social, na medida em que fixa modelos da realidade e das atividades humanas.

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Metodologia do Trabalho Científico 67

Para saber mais...

É impossível, por exemplo, testar empiricamente uma hipótese como a de que o céu é a morada dos deuses ou a de que a alma é imortal. O que não quer dizer que os enunciados metafísicos

sejam destituídos de significado. Eles possuem significado, só não são testáveis. Por isso, estas são, indiscutivelmente, formas de conhecimento,

apenas excluídas do âmbito científico.

Os tipos de conhecimentos citados (mitológico, teológico e filosófico)

se distinguem do conhecimento científico pelo fato de não poderem

ser submetidos a testes, uma vez que não possuem conteúdo empírico,

sendo por isso chamados de “metafísicos”.

Além desses tipos de conhecimento existem outros. Na seqüência, vamos

conhecer alguns deles.

3.2.6 CONHECIMENTO INTELECTUAL

É o conhecimento obtido pela razão e pela experiência.

Segundo Platão, apud Júnior (2003), dentre as quatro formas ou graus de conhecimento, que ele considerava (crença, opinião, raciocínio e a intuição intelectual), o conhecimento intelectual (raciocínio e intuição) era o que permitia que o ser alcançasse a essência das coisas, pois, para Platão, o raciocínio treina e exercita nosso pensamento, objetivando uma preparação para as causas intelectuais.

Esse conhecimento é dividido emconhecimento racional e conhecimento intuitivo. Vejamos, agora, cada um desses tipos de conhecimento.

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68 UNIUBE ­ Educação a Distância

Podemos afirmar que o conhecimento intuitivo é aquele baseado na experiência (também chamado conhecimento tácito).

A intuição é uma das áreas que ainda necessita de maior pesquisa no sentido de descobir as potencialidades de cognição e de comunicação psíquicas do indivíduo e de aprofundar novas formas de interação com os outros e com o universo.

Segundo Moran (2003), a intuição não se opõe à razão, mas não segue exatamente os mesmos caminhos, pois está ligada à capacidade de:

Segundo Moran (2003), para que haja o desenvolvimento do conhecimento intuitivo, precisamos relaxar internamente, dialogar conosco, decodificar a linguagem do silêncio, fazer conexões e superposições inesperadas, navegar não­linearmente.

B ­ Conhecimento racional

É o conhecimento que se origina da razão.

Para Moran (2003), o racional é o caminho mais conhecido para o conhecimento e a comunicação. Pela razão organizamos, sistematizamos, hierarquizamos, priorizamos, relacionamos, seqüencializamos, causalizamos os dados que nos chegam de forma caótica, dispersa, ininteligível. O racional explica, contextualiza, aprofunda as dimensões sensoriais e intuitivas. Mas, sem elas, torna­se reducionista, simplificador, incompleto. O caminho para o conhecimento integral funciona melhor se começa pela indução, pela experiência concreta, vivida, sensorial e vai incorporando a intuição, o emocional e o racional.

• relacionar mais livremente os dados;

• associar temas de forma inesperada;

• aprender pela descoberta.

A ­ Conhecimento Intuitivo

É a percepção imediata de um objeto sem conhecimento prévio.

3.2.7 CONHECIMENTO SENSITIVO

O conhecimento sensorial possui a vantagem de ser imediato, “natural”, fácil de perceber. Nele predomina a idéia de integração corpo­mente, sujeito­objeto. Por ser fruto da experiência imediata, ele pressiona por respostas imediatas, por soluções muitas vezes ditadas pela emoção, portanto, sem aprofundamento (MORAN, 2003).

É o conhecimento adquirido pelos órgãos dos sentidos.

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Metodologia do Trabalho Científico 69

Segundo Moran (2003), o afetivo proporciona:

dinamização das interações, das trocas, da busca, dos resultados; •

• facilita a comunicação, toca os participantes, promove a união;

• prende totalmente, envolve plenamente, multiplica as potencialidades.

O homem contemporâneo é marcado por esse tipo de conhecimento por meio da forte relação com os meios de comunicação e pela solidão da cidade grande, estando muito sensível às formas de comunicação que enfatizam os apelos emocionais e afetivos mais do que os racionais.

Finalizamos essa primeira parte dessa unidade com a seguinte reflexão, de Moran (2003):

O conhecimento não pode ser reduzido unicamente ao racional. Conhecer significa compre­ ender todas as dimensões da realidade, captar e expressar essa totalidade de forma cada vez mais ampla e integral. Entendo a educação como um processo de desenvolvimento global da consciência e da comunicação (do educador e do educando), integrando, dentro de uma visão de totalidade, os vários níveis de conhecimento e de expressão: o sensorial, o intuitivo, o afetivo e o racional.

Vamos prosseguir, enfatizando a diferença entre conhecimento e informação, considerando que milhões de informações não representam nenhum conhecimento, pois para “saber algo em profundidade é preciso relacionar conceitos, saber as causas, o porquê das coisas. Este é um dos grandes dilemas do novo século, impulsionado pelo rápido e fácil acesso a fontes de informação. Podemos obter instantaneamente milhões de informações, mas corremos o perigo de tornar­nos incapazes de processá­las de um modo orgânico, integrado, coerente, através da relação causa­efeito que caracteriza o conhecimento científico” (RAMOS, 2003).

Por possibilitar facilmente a manifestação do subjetivismo, a interferência de valores e percepções altamente pessoais, ele predispõe e facilita a interação em ambientes de aprendizagem.

O aspecto afetivo é um componente básico do conhecimento e está intimamente ligado ao conhecimento sensitivo e ao intuitivo, pois se manifesta no clima de acolhimento, de empatia, de inclinação, de desejo, de gosto, de paixão, de ternura, da compreensão para consigo mesmo, para com os outros e para com o objeto do conhecimento.

Agora que você já compreendeu o que é conhecimento e que existem várias formas de conhecimen­ to, chegou o momento de diferenciarmos conhecimento de informação. E por que é importante fazer esta distinção? Porque há muita confusão entre esses termos e, em geral, são utilizados como sinônimos. Acres­ centaríamos, ainda, mais um termo a esses dois, que é o dado. O sucesso ou o fracasso de um estudo, de uma pesquisa ou mesmo de uma empresa, muitas vezes pode depender de saber de qual deles precisamos, com qual deles contamos e o que podemos ou não fazer com cada um deles. Entender o que são esses três elementos e de como podemos passar de um para outro é fundamental para a realização dos estudos, de uma pesquisa, enfim, da realização bem­sucedida do trabalho ligado ao conhecimento e adquirirmos, assim, a competência.

Temos, assim, alguns termos que precisamos compreender bem: dado, informação, conhecimento e competência.

3.3 A DIFERENÇA ENTRE CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO

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1 SETZER, Valdemar W. Dado, informação, conhecimento e competência. Disponível em: <http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/datagrama.html. Acesso em: 25 abr. 2003.>

A princípio, podemos afirmar que conhecimento não é dado nem informação, embora esses elemen­ tos estejam relacionados. Iniciaremos com a definição do que vem a ser dado para, a partir daí, caracterizar­ mos informação, conhecimento e competência, e, para tal, recorremos ao professor Valdemar W. Setzer 1.

Vejamos!

DADO ­ Definimos dado como uma seqüência de símbolos quantificados ou quantificáveis. Portan­ to, um texto é um dado.”

E por que Setzer considera que um texto é um dado e não uma informação? Porque as letras são símbolos quantificados, já que o alfabeto por si só constitui uma base numérica. Também são dados imagens, sons e animação, pois todos podem ser quantificados.

É muito importante notar que o dado pode ser ou não inteligível para o leitor. Isso vai depender do conhecimento prévio que o leitor tenha. Se souber interpretar os dados, esses dados tornam­se informação, que podem tornar­se base para a construção de um novo conhecimento.

Como são símbolos quantificáveis, dados podem obviamente ser armazenados em um computador e processados por ele.

Na definição apresentada por Setzer (2003), um dado não é necessariamente uma entidade matemá­ tica e, dessa forma, puramente sintática. Isto significa, segundo o autor, que os dados podem ser totalmente descritos através de representações formais, estruturais. Dentro de um computador, trechos de um texto podem ser ligados virtualmente a outros trechos, por meio de contigüidade física ou por “ponteiros”, isto é, endereços da unidade de armazenamento sendo utilizada (o que chamamos de link). Ponteiros podem fazer a ligação de um ponto de um texto a uma representação quantificada de uma figura, de um som, etc.”

Quando estamos diante de uma planilha, com números que expressam valores em dinheiro ou quan­ tidade de objetos, etc., estamos diante de dados, que poderão tornar­se informação se soubermos interpretá­ los, ou seja, se atribuirmos a esses dados um significado.

INFORMAÇÃO ­ “...é uma abstração informal (isto é, não pode ser formalizada através de uma teoria lógica ou matemática), que representa algo significativo para alguém através de textos, imagens, sons ou animação.”

Por exemplo, a frase “A reunião iniciará às 14h” é um exemplo de informação ­ desde que seja lida ou ouvida por alguém, e desde que, quem a ouve, saiba o significado da palavra “reunião” e saiba, também, sobre qual reunião se está falando. Sendo assim, um dado só se torna informação se lhe for atribuído algum significado.

Não é possível processar informação diretamente em um computador. Para isso é necessário reduzi­ la a dados. No nosso caso, para colocar essa informação em um computador, cada palavra da frase “A reunião iniciará às 14:00 horas” teria que ser quantificada, usando­se, por exemplo, uma escala de zero a quatro. Então, isto não seria mais informação.

Setzer (2003) afirma que uma distinção fundamental entre dado e informação é que o dado é pura­ mente sintático e a informação contém necessariamente semântica (implícita na palavra “significado” usado em sua caracterização).

Quando lemos um cartaz e compreendemos os dados que ali estão, estamos diante de uma informa­ ção. Mas se abrirmos uma revista escrita em um idioma totalmente incompreensível para nós, estamos diante de dados que não conseguimos interpretar e, portanto, não chegam a ser informação. Da mesma forma, se estivermos diante de uma planilha, com vários números, organizados de uma certa forma, mas não souber­ mos para que servem e a que se referem, estamos diante de dados que não nos servem como informação pelo simples fato de não compreendê­los.

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CONHECIMENTO ­ “...é uma abstração interior, pessoal, de alguma coisa que foi experimentada por alguém.”

Na frase “A reunião iniciará às 14:00 horas”, alguém tem algum conhecimento do que seja reunião se já participou de alguma. Nesse sentido, Setzer (2003) afirma que o conhecimento não pode ser descrito inteiramente ­ de outro modo seria apenas dado (se descrito formalmente e não tivesse significado) ou informação (se descrito informalmente e tivesse significado). Isso significa dizer que o conhecimento não pode ser transferido para alguém, pois não depende apenas de uma interpretação pessoal, como acontece com a informação. O conhecimento requer uma vivência do objeto do conhecimento.

Na caracterização feita por Setzer (2003), os dados que representam uma informação podem ser armazenados em um computador, mas a informação não pode ser processada quanto a seu significado, pois depende de quem a recebe. O conhecimento, contudo, não pode nem ser inserido em um computador por meio de uma representação, pois senão foi reduzido a uma informação. Assim, neste sentido, segundo o autor, é absolutamente equivocado falar­se de uma “base de conhecimento” em um computador. No máximo, pode­ mos ter uma “base de informação”, mas se é possível processá­la no computador e transformá­la em seu conteúdo, e não apenas na forma, Setzer diz que o que nós temos de fato é uma tradicional “base de dados”.

Um outro aspecto interessante levantado por Setzer (2003) é que ele associa informação à semânti­ ca e o conhecimento com pragmática, isto é, relaciona­se com alguma coisa existente no “mundo real” do qual temos uma experiência direta.

Após essa leitura, vamos retomar um pouco da primeira parte desta unidade, quando apresentamos as bases conceituais sobre conhecimento. Lá utilizamos as idéias de Luckesi (1985), que caracterizou o conhecimento de três formas:

1 ­ Como mecanismo de compreensão do mundo 2 ­ Como uma necessidade para a ação 3 ­ Como elemento de libertação

Estabeleça e registre a relação entre a caracterização que Setzer e Luckesi fazem de conhecimento?

Quando Setzer (2003) diz que conhecimento é uma “abstração interior, de alguma coisa que foi experimentada por alguém” e que, portanto, está associado compragmática, podemos relacionar com Luckesi (1985), quando ele diz que conhecimento não é só a compreensão teórica de alguma coisa, mas também a sua tradução em “modo de fazer”, ou seja, não há conhecimento que se faça fora da prática do sujeito, com o mundo que o cerca, e ao qual é necessário compreender, pela criação de significados e sentidos.

Antes de darmos prosseguimento à nossa leitura, vamos tentar relacionar os três elementos apresen­ tados até agora: dado, informação e conhecimento.

Você observou que o dado é a base da informação? Ou seja, quando lemos um texto ou temos acesso a uma imagem, na verdade estamos tendo acesso a dados e, ao atribuírmos a esses dados algum significado, passam a ser informação.

A informação pode ser a base de um novo conhecimento se soubermos transformá­la e aplicá­la em uma nova situação.

DADO

INFORMAÇÃO

CONHECIMENTO

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Vejamos o que nos diz Setzer (2003) sobre a competência!

COMPETÊNCIA ­ “É uma capacidade de executar uma tarefa no mundo real.”

Por exemplo:

Se uma pessoa estiver realizando um estudo, vai precisar ler algum livro ou algum artigo de revista, jornal, etc. Bem, esses textos são dados que, ao serem lidos, podem tornar­se informação desde que a pessoa compreenda as idéias dos autores ali apresentadas. Entretanto, não passarão de informações caso a pessoa simplesmente copie os fragmentos desses textos.

Não é a quantidade de informação adquirida que fará com que uma pessoa construa um novo conhe­ cimento. Milhares de informações não representam conhecimento algum. Para tornar­se conhecimento é ne­ cessário que, ao interpretar essas informações, a pessoa consiga relacionar conceitos, saber as causas e o porquê das coisas. Enfim, trata­se de um processo interno.

No caso do exemplo dado anteriormente, é competente a pessoa que consegue realizar uma reunião com êxito e uma pessoa que consegue participar de uma reunião também com êxito. Setzer (2003), portanto, associa competência com atividade física.

Vejamos as associações que Setzer (2003) faz:

1 ­ Dado sintático 2 ­ Informação semântica 3 ­ Conhecimento pragmática 4 ­ Competência atividade física

E a competência? O que é e como a adquirimos?

Para ilustrar melhor essas associações, leia esse exemplo:

Uma pessoa pode ter um bom nível de conhecimento sobre futebol, mas nem por isso ser um jogador competente. Como um matemático, por exemplo, não é competente apenas porque sabe resolver problemas matemáticos, como um advogado competente não é apenas aquele que memorizou o Código Penal, e assim por diante. Um profissional competente é aquele que sabe transmitir o que conhece, sabe aplicar, isto é, sabe conciliar conhecimento com habilidade pessoal, através de ações externas. Podemos acrescentar que, se esse profissional conseguir agregar criatividade a essa habilidade pessoal, ele se tornará ainda mais competente. Por isso, é impossível introduzir competência em um computador. A criatividade está relacionada com a capacidade de improvisar, de buscar alternativas diferentes, enfim, de criar.

“Se alguém seguiu um curso teórico ou leu alguns manuais referentes a uma certa área, essa pessoa adquiriu certas informações. Se a mesma pessoa fez alguns exercícios práticos ou examinou cuidadosamente alguns produtos desenvolvidos com o uso daquela informação, classificamos isso como conhecimento. Inse­ rimos um grau de competência somente no caso do profissional ter produzido algum produto relativamente complexo naquela área ou ter trabalhado nela há algum tempo.”

Vejamos um outro exemplo, dado por Setzer (2003):

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DADO ­ É puramente objetivo, não depende de seu usuário. INFORMAÇÃO ­ É objetiva­subjetiva no sentido de que é descrita de uma forma obje­ tiva (textos, figuras, etc.), mas seu significado é subjetivo, pois depende do usuário.

CONHECIMENTO ­ É puramente subjetivo, pois cada um tem a experiência de algo de uma forma diferente. COMPETÊNCIA ­ É subjetiva­objetiva, no sentido de ser uma característica puramente pessoal, mas cujos resultados podem ser verificados.

3.4 CONHECIMENTO CIENTÍFICO E SENSO COMUM

Em nosso mundo acadêmico, o conhecimento com que lidamos diariamente é o conhecimento cien­ tífico, que veremos, a seguir, contrastando­o com o conhecimento do senso comum.

Veremos a seguir, as características do conhecimento do senso comum e do conhecimento científico

procurando fazer um paralelo da diferenciação, da dependência e da fronteira entre ambos.

O conhecimento científico é considerado um produto que resulta da investigação científica, fornecendo explicações sistemáticas que possam ser submetidas a testes rigo­ rosos e ao crivo da crítica, através de provas empíricas. É, portanto, um conhecimento mais seguro e confiável.

O conhecimento do senso comum refere­se à experiência imediata sobre fatos ou fenômenos observados, baseando­se na experiência cotidiana e comum das pessoas. Des­ sa forma, não esclarece as razões ou fundamentos teóricos que possam demonstrar ou justificar a sua utilização, bem como a sua possível correção ou confiabilidade, por não compreender e não saber explicar as relações que há entre os fenômenos.

Inicialmente, vamos falar do conhecimento do senso comum. Quais são as suas características? Como distingui­lo do conhecimento científico? A ciência precisa do senso comum? Onde termina o “senso comum” e começa o “conhecimento científico”?

O conhecimento humano que se adquire no contato com a realidade, a partir das experiências vivi­ das pelo homem, denomina­se SENSO COMUM. É, portanto, um saber que adquirimos espontaneamente, sem procura sistemática ou metódica e sem estudo ou reflexão prévia.

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Esse conhecimento passa a ser demonstrado a partir do momento que o homem:

Como podemos caracterizar o conhecimento do senso comum?

O senso comum se caracteriza pelas seguintes características, segundo Lakatos (1991):

• interpreta o mundo; • interpreta a si mesmo;

• resolve problemas imediatos; • descobre, testa e observa os resultados para satisfação de suas necessidades; • interpreta o universo em que habita.

Como percebemos esse tipo de conhecimento?

A herança cultural, que constitui o senso comum, se manifesta em diversos comporta­ mentos do ser humano. Seria impossível viver se não pudéssemos aproveitar a nossa experiência de mundo e de vida, que nos orienta e nos guia em nossas ações e decisões, bem como nos adequa ao meio em que vivemos (FERNANDES;BARROS, 2003).

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Metodologia do Trabalho Científico 75

Vejamos, agora, o que diferencia o conhecimento do senso comum do

conhecimento científico.

Vamos partir do exemplo, a seguir:

Que o sol, amanhã de manhã, nascerá novamente. É uma convicção que tanto cientistas como leigos têm.

Como esse exemplo seria tratado no senso comum e como seria tratado no conhecimento científico?

Vejamos:

Senso comum

• as pessoas acreditam simplesmente pelo hábito ­ porque o sol sempre nasceu, deverá amanhã nascer novamente;

• as pessoas não dão motivos (razões) para seu julgamento, ou seja, o leigo acredita sem saber das razões.

Conhecimento científico

• o cientista (no caso o astrônomo) saberá explicar porque amanhã o sol nascerá com base na teoria do movimento de rotação da terra

• o cientista conhece as razões.

Logo, a diferença entre o senso comum e o conhecimento científico está relacionada com a maneira de conhecer ou justificar o conhecimento, ou seja, “o que os diferencia é a forma, o modo ou método e os instrumentos do conhecer” (cf. LAKATOS, 1991). Podemos afirmar, portanto, que o primeiro é utilizado pela maioria das pessoas por meio de conhecimentos que também são do senso comum. Já o segundo, é caracte­ rizado por ser crítico; é submetido a uma série de testes, análises, controles; é organizado; é prognosticador (baseado em princípios ou leis); é geral e possui um caráter metódico que permite uma maior precisão na obtenção de resultados.

É interessante, neste instante, caracterizarmos o conhecimento científico. Vejamos as suas caracte­ rísticas mais relevantes. Segundo Bunge (2003), o conhecimento científico é:

1. REAL, FACTUAL

• Lida com ocorrências, fatos; • diz respeito a toda forma de existência que se manifesta de

algum modo; • nesse conhecimento, ocorre a transcendência dos fatos: os

cientistas põem de lado os fatos, produzem fatos novos e explica­os.

Em relação aos fatos, o senso comum se atém a eles, limitando-se a um fato isolado, sem o trabalho de

correlacionar ou explicar outros fatos.

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76 UNIUBE ­ Educação a Distância

2. CLARO E PRECISO • Os problemas são distintos, mas os resultados são claros.

4. VERIFICÁVEL • o conhecimento passa sempre pelo exame da experiência;

• todas as suposições levantadas pela ciência são postas à prova.

3. COMUNICÁVEL

• não é inefável, mas expressável;

• não é privado, mas público, pois a linguagem da ciência é informativa e não imperativa.

Nesse caso, o senso comum trabalha com os resultados de maneira

nebulosa.

6. GERAL

• situa os fatos singulares em hipóteses gerais; • situa os enunciados particulares em esquemas amplos; • trabalha com fatos singulares quando estes fazem parte de

um classe ou de uma lei.

5. SISTEMÁTICO • a ciência é um sistema de idéias ligadas logicamente entre si, e

não um agregado de informações desconexas e dispersas.

7. LEGISLADOR

• busca leis da natureza e da cultura e procura uma forma de aplicação;

• os fatos singulares são inseridos nas leis naturais ou sociais.

8. EXPLICATIVA

• explicam os fatos em termos de lei e leis em termos de prin­ cípios;

• além da inquisição de como são as coisas, os cientistas pro­ curam responder ao porquê: por que é que ocorrem os fatos tal como ocorrem e não de outra maneira.

9. PREDITIVO

• transcende os fatos de experiência;

• põe à prova as hipóteses;

• funda­se em leis e informações específicas fidedignas.

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Metodologia do Trabalho Científico 77

10. ABERTO

• barreiras que limitem o conhecimento, não são reconhecidas;

• as noções acerca de algo são todas falíveis;

• possibilidade de surgir novas situações mesmo que estejam firmemente estabelecidas, pois podem parecer inadequadas em algum sentido.

11. METÓDICO

• os cientistas sabem o que buscam e como o encontrar;

• as investigações de algo se originam de regras e técnicas que foram eficazes no passado e são aperfeiçoadas continuamente.

12. OBJETIVO

• a ciência afasta de seu domínio todo elemento afetivo e subjetivo;

• o conhecimento científico é válido para todos;

• a objetividade da ciência é chamada de intersubjetividade.

13. POSITIVO • adere aos fatos e os submete à fiscalização da experiência.

14. RACIONAL

• não consta de elementos empíricos, pois é uma construção do intelecto;

• parte dos dados empíricos e por meio de sínteses desses dados, chega ao domínio dos fatos.

A partir da enumeração dessas características, pensamos ter esclarecido a diferença entre o conhe­ cimento do senso comum e o conhecimento científico. É importante ressaltar ainda que o conhecimento científico é produzido pela investigação científica, através do método científico.

Segundo Saiz (2003), através dos métodos se obtém enunciados, teorias, leis, que explicam as condições que determinam a ocorrência dos fatos e dos fenômenos associados a um problema, sendo possí­ vel fazer predições sobre esses fenômenos e construir um corpo de enunciados, fundamentados na verifica­ ção dessas predições e na correspondência desses enunciados com a realidade.

O conhecimento científico surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida diária, mas do desejo de fornecer explica­ ções sistemáticas que possam ser testadas e criticadas através de provas empíricas. Essas explicações sistemáticas estão sempre numa busca permanente da verdade, expondo as hipóteses à constante crítica, livre de crenças e interesses pessoais, conclusões precipitadas e preconceitos (SAIZ, 2003).

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78 UNIUBE ­ Educação a Distância

Quando afirmamos, durante muito tempo, que o Sol girava em torno da Terra, que uma determinada raça era superior a outra, que as guerras foram travadas devido ao preconceito racial e cultural, estamos nos baseando em conhecimentos espontâneos e intuitivos, que se expressam no nível das crenças. Entretanto, a maioria de nossas crenças são problemáticas, exigindo novas respostas, isentas de emoções e passíveis de verificação. Nesse caso, utilizamos a ciência para a verificação de nossas crenças e desenvolvimento de nossas descobertas.

Sabemos que a ciência, para dar início a uma investigação, precisa ir além do senso comum. Entre­ tanto, a ciência não pode dispensar o senso comum, pois está enraizada na sociedade, na qual o ser humano é sujeito e aprendiz de seus próprios enganos e erros.

Segundo Santos (2003), a ciência precisará estar sempre em contato com o senso comum, seja para refletir se as suas atitudes frente às pesquisas trazem conteúdos inconscientes, que falseiam as análises, seja para descobrir, através de análises, que certos usos do senso comum trazem alguma veracidade. Podemos ilustrar aqui o caso da erva­doce que, após anos e anos de uso pela população, teve comprovado que real­ mente tem propriedades terapêuticas.

Após tudo o que foi explicitado anteriormente, perguntamos: será que a ciência precisa do

senso comum?

Finalizamos este tópico com o pensamento do grande filósofo da ciência, que diz:

“A ciência parte do senso comum, sendo que é justamente a crítica ao senso comum que permite que este seja corrigido ou substituído. Assim toda a ciência é senso comum esclarecido”. (POPPER apud HÜHNE, 1989)

Vejamos, agora, onde termina o senso comum e começa o conhecimento científico.

Quando nos perguntamos qual é a fronteira que separa o conhecimento científico do senso comum, podemos responder a esta pergunta imaginando como três pessoas reagem de maneira diferente à chuva:

uma reage abrigando­se em algum lugar;

a última inventa o guarda­chuva. • outra aprende a perceber o céu e antecipa­se à precipitação;

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Metodologia do Trabalho Científico 79

Será que inventar o guarda­chuva foi aplicar conhecimento científico ou apenas houve o refinamento do senso comum? E seja que tipo de conhecimento for, que mecanismo lhe está subjacente?

Quanto à invenção do guarda-chuva, podemos afirmar que houve o emprego do

conhecimento científico. Entretanto, poderiam ter sido utilizadas folhas de

bananeira, ligadas entre si evidenciando um comportamento que não é herdado

nem observado em alguma circunstância. Logo, temos dois tipos de conhecimento

que não têm fronteiras rígidas.

A reação à chuva procurando abrigo, é uma aplicação do senso comum, no sentido de que

a pessoa ficou doente um dia por se ter molhado ou ter experimentado diversas situações que exigiram dela proteger-se

antes da chuva.

A adaptação ao fenômeno da chuva ao olhar o céu e antecipar-se à

precipitação, também é uma aplicação do conhecimento do senso

comum.

Afirmamos, então, que o limite entre o senso comum e o conhecimento científico é a representação que damos ao senso comum, de acordo com o que a nossa imaginação compreende e que o mesmo serve de ponto de partida para novos conhecimentos.

Prosseguiremos esta unidade falando da aplicabilidade do conhecimento científico, pois sabemos que a ciência, ao estudar os fatos, possui métodos diferentes de fazê­lo e cada método possui um objeto de estudo. Logo, é importante ressaltarmos a importância da aplicabilidade do conhecimento científico para cada área de estudo, pois, embora as ciências tenham muitos pontos em comum, cada uma delas possui técnicas e estilos específicos.

3.5 CARACTERÍSTICAS E APLICABILIDADE DO CONHECIMENTO

Após o estudo sobre o que é o conhecimento em geral e o científico em particular, voltemos nossa atenção para a aplicabilidade do conhecimento científico. Comecemos refutando a crença de que o conheci­ mento científico é infalível e absoluto. Tal crença é inteiramente falsa, porque, uma vez construído, o conhecimento científico não é um receituário a ser seguido e aplicável em qualquer ciência.

O que o conhecimento científico realmente proporciona é uma verdade relativa, isto é, aplicável àquele determinado objeto investigado. Além disso, não podemos nos esquecer de que o conhecimento cien­ tífico é produzido dentro de um determinado contexto histórico e isso significa dizer que o cientista fica limitado às possibilidades de sua época, seja pelos limites das tecnologias disponíveis seja pelo conheci­ mento possível. Quantas teorias científicas já foram modificadas na história da humanidade e quantas ainda estão sendo modificadas atualmente!

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80 UNIUBE ­ Educação a Distância

Você pode estar se perguntando: qual a vantagem, então, do conhecimento científico, se ele é passível de ser modificado?

Mas, é justamente aí que reside a sua importância. Pode parecer paradoxal mas não é!

O que podemos afirmar é que o conhecimento científico nos possibilita dar continuidade às investi­ gações feitas pelo próprio cientista ou por outro. É importante porque permite que o conhecimento se amplie, justamente pela possibilidade de ser testado, verificado, refutado ou confirmado, podendo ser modificado e renovado continuamente.

E por que isso é possível com o conhecimento científico?

Porque...

• ...resulta de um trabalho racional • ...pode ser transmitido a outros de forma sistemática • ...é objetivo, isto é, procura as estruturas universais e necessárias das coisas investigadas • ...prevê racionalmente novos fatos como efeitos dos já estudados • ...estabelece relações causais só depois de investigar a natureza ou estrutura do fato estudado e suas

relações com outros semelhantes ou diferentes.

Podemos dizer, pois, que apesar de sua relatividade, sob quase todos os aspectos, o conhecimento científico difere ponto por ponto das características do senso comum.

Entretanto, ele não é aplicável por igual a todas as ciências, nem da mesma maneira em uma ciência formal, como a Matemática, e em uma ciência fática, como a Fisiologia ou a Química, ou nas Ciências Humanas. Isto explica a múltipla variedade de técnicas e os diversos tipos de pesquisa.

Nesse sentido, os diversos tipos de pesquisa dependem:

• do problema, da natureza e da situação espaço­temporal do objeto a ser investigado; • da natureza e do nível de conhecimento do investigador.

Segundo Oliveira (2002), “a pesquisa tem por objetivo estabelecer uma série de compreensões no sentido de descobrir respostas para as indagações e questões que existem em todos os ramos do conhecimen­ to humano, envolvendo os diversos tipos de ciências.”

Muitas vezes o pesquisador, ao finalizar uma pesquisa, sequer imagina que a mesma poderá ter uma aplicação prática. É neste sentido que o uso da ciência escapa das mãos dos pesquisadores. Por exemplo, a microfísica ou a física quântica trabalha com armas nucleares; a bioquímica e a genética, com armas bacteriológicas; as teorias sobre a luz e o som permitem a construção de satélites artificiais, que são responsáveis por espionagem militar e guerras.

O investigador, ao se propor a fazer uma pesquisa, parte da necessidade de utilizar uma série de conhecimentos teóricos e práticos, além da capacidade de manipular as técnicas, conhecer os métodos e outros tipos de procedimentos para, desse modo, alcançar os resultados para suas questões e perguntas anteriormente formuladas.

Segundo Koche (2000), podemos distinguir três tipos de pesquisa:

• BIBLIOGRÁFICA – explica um problema utilizando o conhecimento disponível a partir de teorias publicadas em livros ou em obras congêneres. A grande contribuição deste tipo de pesquisa é que auxilia na compreensão do objeto de investigação, ou seja, parte do conhecimento e da análise das contribui­ ções teóricas sobre um tema. É considerada um instrumento para qualquer tipo de pesquisa.

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Metodologia do Trabalho Científico 81

O que irá determinar o tipo de pesquisa a ser realizada ou mesmo

a combinação desses tipos de pesquisa, é a natureza do

problema a ser investigado.

• EXPERIMENTAL – trabalha com o problema considerando as variáveis que se referem ao fenômeno observado. Por meio da manipulação na qualidade e na quantidade das variáveis verifica­se a relação entre causas e efeitos de um fenômeno, que é controlado e avaliado através dos resultados dessas relações.

• DESCRITIVA – é aquela que estuda as relações entre duas ou mais variáveis de um certo fenômeno, sem contudo, manipulá­las. Neste tipo de pesquisa, ocorre a constatação e avaliação das relações entre as variáveis, à medida que se manifestam espontaneamente em fatos, situações e condições que já existem. A opção de utilizar a pesquisa experimental ou a pesquisa descritiva depende dos fatores como: natureza do problema e de suas variáveis; fontes de informação; recursos humanos, instrumentais e financei­ ros; capacidade do investigador, e outros.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01. Sabemos que o conhecimento é construído de várias formas. As alternativas abaixo exemplificam como um conhecimento foi construído. Partindo desse princípio podemos afirmar que o conhecimento é construído:

Leia as afirmativas a seguir, relacionadas às formas como o conhecimento é adquirido e marque, com um X, todas as afirmativas verdadeiras.

( ) pela observação das informações do mundo externo; ( ) pela memorização dos temas que caem nas avaliações da escola; ( ) pela crença religiosa; ( ) pela necessidade de o homem assumir uma posição passiva frente aos fatos e situações; ( ) pelas motivações pessoais; ( ) pela repetição do que ouvimos os outros falarem; ( ) pela necessidade de ação e reação ao mundo externo; ( ) pelas normas e procedimentos determinados por pais, professores e outros; ( ) pelos ensinamentos dos filósofos; ( ) pela apropriação da realidade; ( ) pelas coisas que experienciamos em nosso cotidiano; ( ) pela necessidade de compreender a cadeia de relações sociais isoladas; ( ) pela necessidade de o homem assumir uma posição ativa frente aos desafios; ( ) pela força de vontade e capacidade de explicar os fatos.

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82 UNIUBE ­ Educação a Distância

02. O conhecimento é produto de um enfrentamento do mundo realizado pelo homem e só tem sentido quando o produzimos com a intenção de compreender a realidade.

Leia os itens a seguir, relacionados aos diversos tipos de conhecimento e marque com um x, as características de cada tipo de conhecimento. Siga a legenda abaixo:

C = conhecimento científico SC = conhecimento do senso comum F = conhecimento filosófico T = conhecimento teológico M = conhecimento mitológico I = conhecimento intelectual

03. Identifique e exemplifique a diferença entre CONHECIMENTO e INFORMAÇÃO.

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

04. Complete as sentenças, abaixo, usando os termos SENSO COMUM, CIENTÍFICO ou FILOSÓFICO e marque X na alternativa CORRETA de acordo com o que você completou.

I) Um médico, quando recomenda a uma pessoa que tome determinada medicação ele faz essa recomendação porque está embasado em um conhecimento.....................

II) Quando uma pessoa questiona sobre a qualidade de vida, reflete sobre esse assunto e até redige artigos com base nessas reflexões pessoais, essa pessoa está produzindo um conhecimento...........................................

III) Quando uma pessoa faz um chá para baixar a febre e faz isso porque sempre viu seus pais procederem assim, essa pessoa está procedendo com base em um conhecimento .........................................

a) ( ) Científico, filosófico, de senso comum;

b) ( ) Filosófico, científico, de senso comum;

c) ( ) de senso comum, filosófico, científico;

d) ( ) de senso comum, científico, filosófico.

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Metodologia do Trabalho Científico 83

05. Assinale a alternativa correta.

O homem, por ser dotado de racionalidade, procura compreender a realidade e agir sobre ela tornando­a mais adequada a sua necessidade. Nesse sentido, o homem, ao construir conhecimento, apropria­se da realidade e, assim, a modifica em benefício próprio. Sobre o conhecimento produzido pelo homem, podemos afirmar que:

a) ( ) o conhecimento pode ser construído de várias formas, pela observação das informações do mundo exterior; pelas crenças religiosas; pelos sentimentos e motivações das pessoas.

b) ( ) o conhecimento não pode ser construído de várias formas, a não ser pela observação, experimentação e validação dos resultados.

c) ( ) o conhecimento não pode ser construído pelos ensinamentos filosóficos, pelos diversos segmentos da sociedade; pela experiência vivida no dia­a­dia, enfim, por diversas formas.

d) ( ) os dois tipos de conhecimento existentes são: o conhecimento de senso comum e o conhecimento científico.

06. Relacione os tipo de conhecimento contidos na 1ª COLUNA com suas características contidas na 2ª COLUNA.

a) Conhecimento científico

b) Conhecimento de senso comum

c) Conhecimento filosófico

d) Conhecimento mitológico

( ) Conhecimento também chamado de empírico, porque refere­se à experiência imediata sobre fatos ou fenômenos observados.

( ) Conhecimento que surge da necessidade de buscar expl icações sistemáticas, que possam ser submetidas a testes e ao crivo da crítica.

( ) Conhecimento resultante da reflexão, do raciocínio lógico, que busca conhecer as causas primeiras de todas as coisas.

( ) Conhecimento que se vale da linguagem figurada, metafórica fantasiosa para explicar a realidade em geral, fatos da existência ou a própria existência.

07 . O conhecimento na concepção do educador Luckesi, pode ser abordado de três formas: como mecanismo de compreensão e transformação do mundo, como uma necessidade para a ação e como elemento de libertação.

Como elemento de libertação, o conhecimento:

a) ( ) é uma necessidade de “iluminação” da realidade, possibilitando aberturas de caminhos para uma vivência mais real.

b) ( ) é uma necessidade para o ser humano, pois possibilita a sua atuação como sujeito livre, responsável e atuante.

c) ( ) é importante para aquisição da Teoria e da Prática e da ação e reflexão para compreender e transformar o mundo.

d) ( ) é importante porque possibilita a observação do mundo exterior, das crenças religiosas e dos procedimentos e ensinamentos dos filósofos.

08. Sobre o conhecimento podemos apontar que: (marque as três alternativas corretas)

a) ( ) O conhecimento científico segue e obedece as ações não planejadas.

b) ( ) O conhecimento científico é investigativo, dinâmico, sistematizado, seguro e possibilita a avaliação confiável da realidade.

c) ( ) O conhecimento baseado no senso comum é obtido através da aquisição espontânea e instintiva.

d) ( ) O conhecimento teológico está intimamente ligado à fé divina, à crença religiosa e às emoções e sentimentos.

e) ( ) O conhecimento filosófico liga­se à interrogação, ao questionamento, à reflexão crítica e é resultado do raciocínio humano.

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84 UNIUBE ­ Educação a Distância

09. A junção dos três elementos: dado, informação e conhecimento, são fundamentais para a realização dos estudos, de uma pesquisa e de um trabalho ligado ao conhecimento. Assim adquirimos a competência.

Sobre a aquisição da competência na realização de um trabalho científico, podemos afirmar que:

a) ( ) é adquirida através da realização de exercícios práticos e da produção de um trabalho dentro de um rigoroso padrão exigido.

b) ( ) é adquirida ao transmitir o que o profissional conhece, sabe explicar e concilia conhecimento com habilidade pessoal.

c) ( ) é adquirida quando o profissional utiliza o computador e os seus múltiplos recursos de improvisar a aquisição de conhecimentos

d) ( ) é adquirida quando um profissional utiliza somente a sua habilidade pessoal.

10. No nosso século, obtemos milhões de informações instantaneamente e não as processamos de maneira coerente e precisa, como fazemos com o conhecimento. O conhecimento é, portanto, diferente da informação.

Sobre os elementos que caracterizam a informação, podemos apontar:

I – A formalização de dados através de uma teoria lógica ou matemática;

II – A ausência de um significado complexo e concreto;

III – A existência de um “mundo real” do qual temos uma experiência direta.

IV – A base de um novo conhecimento, se soubermos transformá­lo e aplicá­lo em uma nova situação.

a) ( ) I e II

b) ( ) I e IV

c) ( ) II e III

d) ( ) III e IV

Marque a alternativa que agrupa as afirmativas corretas

11. Assinale com um V as alternativas corretas e com um F as alternativas falsas.

a) ( ) O conhecimento científico resulta da investigação científica, fornece explicações científicas, é seguro e confiável.

b) ( ) O conhecimento do senso comum relaciona­se com a experiência imediata e cotidiana e não compreende cientif icamente as relações existentes entre os fenômenos.

c) ( ) O saber humano que se adquire espontaneamente sem procura sistemática, sem estudo ou reflexão própria denomina­se senso comum.

d) ( ) Os elementos do senso comum podem ser caracterizados como profundas objetivas sistemáticas, críticas, desprezando a tradição e as crenças passadas de geração a geração.

e) ( ) O senso comum prioriza os fatos coletivos porque são eles que justificam o conhecimento científico.

f) ( ) O senso comum trabalha com os resultados de maneira clara, precisa e metódica.

g) ( ) O conhecimento adquirido pelo senso comum possibilita ao homem interpretar a si mesmo e o mundo e facilita a resolução de problemas imediatos.

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Metodologia do Trabalho Científico 85

UNIDADE 4

NORMAS DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS

Iolanda Rodrigues Nunes Valeska Guimarães Rezende da Cunha

André Luís Teixeira Fernandes Ernani Cláudio Borges

Raul Sérgio Reis Rezende

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86 UNIUBE ­ Educação a Distância

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Metodologia do Trabalho Científico 87

Nesta unidade, apresentaremos o que vem a ser trabalho acadêmico, questão geradora e levanta­ mento bibliográfico e, em seguida, trataremos das normas de apresentação desse tipo de trabalho.

Este material poderá ser consultado sempre que você tiver que realizar trabalhos durante o seu curso, pois são tratados aqui os aspectos mais técnicos e normativos da apresentação de trabalhos.

Então, atenção para as informações que se seguem!

1 ­ As normas técnicas para apresentação de trabalhos aqui expostas, são indicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

2 ­ Estas normas aplicam­se aos trabalhos intra e extraescolares da graduação, que serão solicitados durante o seu curso.

4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

4.2 O TRABALHO ACADÊMICO

No decorrer do seu curso, você será solicitado(a) a realizar muitos trabalhos acadêmicos e, por isso, é importante que aprenda como fazê­los. É através desses trabalhos que você, além de ampliar seus conhecimentos, inicar­se­á no método da pesquisa e da reflexão.

Trabalho acadêmico são as formas de trabalho exigidas dos(as) alunos(as) durante os cursos de graduação e mesmo de pós­graduação, como parte das atividades que integram o processo de ensino­aprendizagem. Tais trabalhos são as monografias, os relatór ios de estudo, os relatór ios das práticas de ensino, os r elatór ios de estágio, os r esumos de capítulos ou de livros, as r esenhas e outros, que sintetizam posições e opiniões encontradas em outros textos ou pesquisas. Ao contrário das dissertações [mestrado], teses [doutorado] e ensaios, que são exemplos de monografias científicas, resultado de uma pesquisa mais ampla, profunda, rigorosa, autônoma e pessoal (SEVERINO, 2002).

Segundo a ABNT (2005, p.3), trabalhos acadêmicos ou similares, como trabalhos de conclusão de curso ­ TCC, trabalhos de graduação interdisciplinar ­ TGI, trabalhos de conclusão de curso de especialização e/ou aperfeiçoamento, são documentos que representam o resultado de estudos, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, sendo obrigatoriamente emanados da disciplina, módulo, estudo independente, curso,ou programa. Devem ser feitos sempre sob a coordenação de um orientador.

Você sabe que cada trabalho exige uma apresentação específica, mas antes de começar a fazer a leitura das normas, iremos esclarecer melhor a importância de estudar as normas técnicas.

Agora que você já sabe o que é trabalho acadêmico, gostaríamos de ressaltar que cada trabalho exige uma forma de apresentação específica. Sendo assim, você

deverá ficar atento(a) às especificidades de cada trabalho, pois nem todos exigem capa, folha de rosto ou

outros elementos que estaremos apresentando aqui.

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88 UNIUBE ­ Educação a Distância

Observe os textos abaixo: texto 1

texto 2

texto 3

Fonte: Folha de São Paulo, 28 de julho de 2003

Fonte: Ministério da Agricultura / PROCAFÉ ­ 2003 Folder de divulgação

Carlos Drumond de Andrade Fonte: Chauí, 2000.

Estes três textos estão com a imagem destorcida propositalmente, pois queremos chamar a sua atenção para a forma como estão apresentados. Observe como você consegue identificá­los, mesmo que não possa ler o que está escrito.

Quando observamos um texto, seja uma propaganda, uma poesia ou uma notícia de jornal, nós o identificamos pela linguagem e por sua forma de apresentação. Os textos acadêmicos também têm uma lin­ guagem própria, que caracteriza o discurso científico. A linguagem utilizada em um livro técnico, relatório ou uma monografia, por exemplo, não é a mesma utilizada em uma propaganda, em um texto jornalístico ou em um poema. Mas, além de uma linguagem mais formal, os textos acadêmicos também exigem uma forma padronizada de apresentação, que os diferenciam de outros tipos de textos. Por isso, a importância de estudar as normas técnicas e padronizações formais, neste momento do seu curso.

A justificativa para tais normas reside no fato de que o objetivo de um trabalho acadêmico é o de apresentar a síntese das idéias estudadas sobre um determinado assunto ou a consolidação dos resultados de uma pesquisa científica. As monografias, dissertações, teses, livros e artigos científicos constituem o corpo do conhecimento científico já estabelecido e, sendo este um conhecimento especial, justificado empírica e racionalmente, embasado em rígidas normas metodológicas, nada mais natural do que normalizar também o produto final desse tipo de conhecimento, ou seja, normalizar a apresentação desses textos (dar­lhes uma forma própria).

Não devemos, no entanto, exagerar a importância dessas normas, nem, como comumente se faz, confundi­las com a própria metodologia científica.

Page 88: Apostila de mtc

Metodologia do Trabalho Científico 89

No Brasil, as normas técnicas dos textos científicos são regulamentadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em documentos identificados por número, data e título. O número sempre possui o prefixo NBR e o título explicita o aspecto que está sendo normatizado e a data corresponde ao mês e ao ano de publicação da norma.

As normas e técnicas de textos científicos representam um conjunto de regras e normas, definidas pela própria comunidade acadêmica, com a finalidade de padronizar a apresentação desses textos.

Ametodologia científica trata dos métodos e processos de produção do conhecimento científico e está relacionada com a forma de obtenção e de justificativa desse tipo de conhecimento.

Além das normas da ABNT, em sua versão oficial, há inúmeros livros publicados que apresentam, de forma didática, uma compilação dessas normas. Muitos deles, inclusive, esclarecendo sobre outros as­ pectos da produção de trabalhos científicos, que vão muito além das normas técnicas.

Por exemplo, a NBR 6023: Informação e documentação – Referências – Elaboração, de agosto de 2002, estabelece os elementos a serem incluídos em referências.

Leia com atenção as explicações, a seguir:

4.3 A ELABORAÇÃO DA QUESTÃO GERADORA

Para chegar à elaboração de um trabalho acadêmico, do tipo dissertativo, é necessário, em primei­ ro lugar, escolher um assunto, delimitando­o com precisão.

Quando um professor solicita um trabalho na graduação, geralmente ele indica o assunto, cabendo ao(à) aluno(a) delimitá­lo melhor. Essa delimitação do assunto pode ser feita de várias formas, mas aqui estaremos sugerindo que você o delimite a partir de uma questão, a qual chamaremos de questão geradora. Acreditamos que, a partir de um questionamento, fica mais fácil escrever sobre um determinado assunto, pois uma pergunta é sempre problematizadora.

Bem, uma vez que se tenha definido o assunto, faz­se necessário elaborar a questão geradora.

Page 89: Apostila de mtc

90 UNIUBE ­ Educação a Distância

Exemplos:

ASSUNTO: “Direito do trabalhador” PERGUNTA: A reforma, que está sendo proposta nas leis trabalhistas, pelo atual governo, irá

beneficiar ou prejudicar o trabalhador?

ASSUNTO: “Internet” PERGUNTA: A Internet leva ao individualismo ou contribui para aumentar o espírito colaborativo

entre as pessoas?

Essa pergunta é o que chamamos de questão geradora. É chamada de questão geradora, pois, ao tentar respondê­la, será necessário tomar uma posição e, para tal, será necessário fazer leituras a respeito do assunto. Essas leituras trarão idéias, que ajudarão na argumentação e, conseqüentemente, na elaboração do texto. Portanto, o conhecimento que será construído a partir das leituras realizadas será gerado por essa pergunta, ou seja, por essa busca de encontrar a resposta.

Não é necessário encontrar respostas definitivas, pois o conhecimento produzido nunca é abso­ luto, sendo sempre passível de reformulações. Está sempre em construção/reconstrução. O im­ portante é encontrar algumas respostas, que possam abrir caminhos para novos questionamentos.

4.4 O LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO E AS ANOTAÇÕES

Depois de definir o assunto e elaborar a questão geradora, chegou o momento de fazer o primeiro levantamento bibliográfico.

Um levantamento bibliográfico se faz indo à biblioteca e procurando por revistas especializadas e livros que tratam do assunto definido. Uma outra forma de fazer levantamento bibliográfico, muito utilizada atualmente, é pela Internet.

Ao fazer esse levantamento, deve­se anotar todos os dados das fontes encontradas (nome do autor, título da obra, editora, ano, dentre outros.). Ao encontrar artigos na Internet, deve­se anotar o endereço da página e a data da consulta.

De posse desses materiais, deve­se seguir os seguintes passos:

1. Folhear o livro e ler o sumário para identificar os assuntos principais que contém. 2. Fazer uma leitura breve do prefácio dos livros encontrados. 3. Fazer uma leitura rápida dos artigos encontrados.

Esse primeiro contato com o levantamento bibliográfico realizado é para se certificar de que, nes­ ses materiais, há realmente um conteúdo que irá ajudar na elaboração da resposta à questão geradora.

Após esse primeiro contato e seleção dos materiais que realmente interessam, chegou o momento de proceder a uma leitura mais detalhada.

Ao fazer essa leitura detalhada de cada livro, capítulo ou artigo, é importante fazer o registro dos mesmos, pois tais registros serão fundamentais na elaboração do trabalho.

E como elaborar uma questão geradora?

Deve­se fazer uma pergunta que desperte o desejo de buscar a resposta. Ao elaboramos uma pergun­ ta estamos, na verdade, problematizando, e, assim, delimitando o assunto. De um modo geral, o assunto é amplo, mas quando elaboramos uma pergunta, especificamos melhor sobre o que queremos tratar. Veja, nos exemplos, a seguir, como a pergunta nos coloca um problema e delimita cada assunto.

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Metodologia do Trabalho Científico 91

Um trabalho acadêmico deve ser apresentado de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas ­ ABNT. Veja a figura, a seguir, que apresenta a ordem em que devem estar dispostos os elementos para a apresentação de um trabalho:

4.5 ESTRUTURA, ETAPAS E PRINCIPAIS ELEMENTOS DO TRABALHO ACADÊMICO

Figura 1 ­ As partes de um trabalho monográfico

Quadro 1 ­ Elementos mais utilizados em trabalhos acadêmicos na UNIUBE.

Veja a seqüência dos elementos que, de um modo geral, são solicitados em trabalhos acadêmicos de cursos de graduação, na Universidade de Uberaba.

Veremos, a seguir, detalhadamente, cada um desses tópicos.

Elementos pré­textuais Elementos textuais Elementos pós­textuais

Capa Folha de rosto Agradecimento / Dedicatória Resumo Listas de figuras, tabelas, abreviaturas Sumário

Introdução

Desenvolvimento

Conclusão

Referências

Apêndices

Anexos

Pós­textuais

Textuais

Pré­textuais

Agradecimentos

Epígrafe

Resumo na língua vernácula

Dedicatória

Folha de aprovação

Errata

Folha de rosto

Capa

Índice

Anexos

Apêndice

Referências

Conclusão

Desenvolvimento

Introdução

Sumário Listas de ilustrações, tabelas, abreviaturas, siglas e símbolos

Resumo em língua estrangeira

Glossário

Elementos Obrigatórios

Elementos Opicionais

Legenda

Page 91: Apostila de mtc

92 UNIUBE ­ Educação a Distância

4.5.1 ­ CAPA

Existem vários modelos de capa. Apresentaremos um modelo adotado pela Universidade de Uberaba, dentro das normas da ABNT:

A capa deve conter os seguintes elementos, que devem figurar na seguinte ordem:

Quadro 2 ­ Elementos utilizados em uma capa

“Proteção externa do trabalho e sobre a qual se imprimem as informações indispensáveis à sua identificação.” (ABNT, 2005)

Figura 2 ­ Modelo de uma capa de um trabalho acadêmico.

UNIVERSIDADE DE UBERABA <NOME DOS AUTORES>

<TÍTULO DO TRABALHO: SUBTÍTULO>

Aproximadam

ente 12,0 cm

UBERABA ­ MG 2006

Margem esquerda: 3,0 cm

Margem superior: 3,0 cm

Margem direita 2,0 cm

Margem inferior: 2,0 cm

Fonte: Times New Roman ou Arial Tamanho: 14 Estilo: negrito Alinhamento: centralizado Espaçamento entre linhas: simples Todas as letras em maiúsculas

Fonte: Times New Roman ou Arial Tamanho: 12 Estilo: normal (sem negrito) Alinhamento: centralizado Espaçamento entre linhas: simples Todas as letras em maiúsculas

4.5.2 FOLHA DE ROSTO

• Nome da instituição (opcional) • Nome do autor • Título • Subtítulo, se houver • Local • Ano de depósito (da entrega)

O título deve expressar o tema do trabalho, sendo apresentado de forma concisa. Lembrar que o título do trabalho será lido por muitas pessoas. Um bom título deve ser:

a) curto; b) específico e c) sem fórmulas de qualquer espécie.

Não se recomendam: títulos­frases, títulos­perguntas.

É na folha de rosto que se apresentam os elementos essenciais à identificação do trabalho e é também nela que se esclarece qual é o tipo de documento ­ monografia, dissertação, tese, dentre outos

Page 92: Apostila de mtc

Metodologia do Trabalho Científico 93

Existem vários modelos de folha de rosto. O modelo adotado pela Universidade de Uberaba, de acordo com as normas da ABNT, é o seguinte:

Figura 3 ­ Modelo de uma folha de rosto.

<NOME DOS AUTORES>

<TÍTULO DO TRABALHO: SUBTÍTULO>

Aproximadam

ente 12,0 cm

UBERABA ­ MG 2006

Margem esquerda: 3,0 cm

Margem superior: 3,0 cm

Margem direita 2,0 cm

Margem inferior: 2,0 cm

Fonte: Times New Roman ou Arial Tamanho: 14 Estilo: negrito Alinhamento: centralizado Espaçamento entre linhas: simples Todas as letras em maiúsculas

Fonte: Times New Roman ou Arial Tamanho: 12 Estilo: normal (sem negrito) Alinhamento: centralizado Espaçamento entre linhas: simples Todas as letras em maiúsculas

Aproximadam

ente 15,0 cm

Trabalho apresentado à Universidade de Uberaba, como parte das exigências à conclusão da disciplina de Metodologia do Trabalho Científico do 1º semestre do curso de Xxxxxx

Recuo esquerdo: 8,0 cm

Fonte: Times New Roman ou Arial Tamanho: 12 Estilo: normal (sem negrito) Alinhamento: justificado Espaçamento entre linhas: simples

Orientador: Monomo nomono momo

A folha de rosto deve conter os seguintes elementos: Quadro 3 ­ Elementos utilizados em uma folha de rosto

• Nome do autor • Título • Subtítulo, se houver (evidenciar a subordinação ao título) • Natureza do trabalho (tese, dissertação, trabalho de conclusão de curso) e objetivo (aprovação em disciplina, grau pretendido e outros); nome da instituição a que é submetido; área de concentração.

• Nome do orientador(a) e, se houver, do co­orientador • Local • Ano de depósito (da entrega)

No verso da folha de rosto, para trabalhos de conclusão de curso, deverá figurar a ficha catalográfica, que contém as informações fundamentais de um documento, tais como: autor, título, local, data, assunto, número de folhas, dentre outros. Normalmente ela é eleaborada pela biblioteca central, mediante solicitação prévia.

4.5.3 FOLHA DE APROVAÇÃO

A folha de aprovação deve conter os seguintes elementos:

Quadro 4 ­ Elementos utilizados em uma folha de aprovação

• Nome do autor • Título • Subtítulo, se houver • Natureza do trabalho • Área de concentração (campo do conhecimento)

• Data de aprovação

• Assinatura, titulação e instituição dos membros da banca examinadora

Página inserida na versão final de trabalhos acadêmicos e contém os elementos essenciais para a aprovação de um trabalho.

Page 93: Apostila de mtc

94 UNIUBE ­ Educação a Distância

Também de caráter opcional, colocado após a dedicatória, correspondem a um texto em estilo livre no qual se agradece a pesso­ as e/ou a instituições que colaboraram para a realização do trabalho. Algumas agências de fomento à pesquisa costumam “exigir” serem citadas nos agradecimentos, caso tenham fornecido bolsa ao estudan­ te. Veja, ao lado, um exemplo de agradecimento.

4.5.5 AGRADECIMENTOS (opcional)

Figura 6 ­ Modelo de agradecimento

4.5.4 DEDICATÓRIA (opcional)

A dedicatória é um item opcional do trabalho, ficando a cargo do autor colocá­la ou não. Representa um pequeno texto atra­ vés do qual se presta homenagem a uma pessoa ou a um grupo de pessoas, dedicando­lhe(s) o trabalho. Veja um exemplo, ao lado:

Aos meus pais, Paulo e Maria, pela paciência, ca­ rinho e apoio in­ condicionais

Figura 5 ­ Modelo de dedicatória

Figura 4 ­ Modelo de uma folha de aprovação.

< NOME DOS AUTORES>

<TÍTULO DO TRABALHO: SUBTÍTULO>

Margem esquerda: 3,0 cm

Margem superior: 3,0 cm

Margem direita 2,0 cm

Margem inferior: 2,0 cm

Fonte: Times New Roman ou Arial Tamanho: 14 Estilo: negrito Alinhamento: centralizado Espaçamento entre linhas: simples Todas as letras em maiúsculas

Fonte: Times New Roman ou Arial Tamanho: 12 Estilo: normal (sem negrito) Alinhamento: centralizado Espaçamento entre linhas: simples

Trabalho apresentado à Universidade de Uberaba, como parte das exigências à conclusão da disciplina de Metodologia do Trabalho Científico do 1º semestre do curso de Xxxxxx, sob orientação do Prof. Xxxx Xxxx.

Fonte: Times New Roman ou Arial Tamanho: 12 Estilo: normal (sem negrito) Alinhamento: justificado Espaçamento entre linhas: simples

Área de concentração: Xxxxxx

Aprovado em: dia/mês/ano Banca Examinadora:

Titulação. Nome do examinador Instituição a que pertence

Titulação. Nome do examinador Instituição a que pertence

Titulação. Nome do examinador Instituição a que pertence

Fonte: Times New Roman ou Arial Tamanho: 12 Estilo: normal (sem negrito) Alinhamento: justificado Espaçamento entre linhas: simples

Expresso aqui a minha sincera gratidão:

a minha esposa Aparecida, pela paciência e toda ajuda na digitação e revisão grama­ tical;

aos Srs. José Bonifácio e Aristides Antão, que me permitiram pesquisar em suas fa­ zendas;

a FAPEMIG ­ Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, pela concessão de bolsa de Iniciação Científi­ ca;

ao grupo de tutores da Universidade de Uberaba, sempre solícitos a esclarecer todas as minhas dúvidas;

a minha orientadora Erileine Benedeti, que com muita competência me ajudou nas diversas fases de minha pesquisa.

Page 94: Apostila de mtc

Metodologia do Trabalho Científico 95

4.5.6 LISTAS DE FIGURAS, TABELAS E ABREVIATURAS (opcional)

Consiste numa relação com nome, número e página de todas as figuras, tabelas e abreviaturas presentes no trabalho. É um item de caráter opcional. Recomendamos sua inclusão sempre que houver mais de cinco itens a relacionar. Convém separar os itens de natureza distinta em listas distintas, fazendo uma lista de tabelas, uma de ilustrações e uma de abreviaturas. Vejamos um exemplo de lista de figuras e outro de relação de abreviaturas:

Representa uma relação das principais divisões, seções e outras partes do trabalho, que devem estar dispostos na mesma ordem em que aparecem no texto, com indicação do número da página. Vejamos um exemplo:

4.5.7 SUMÁRIO

1 Introdução ................................................07

1.1 Considerações gerais .......................09

1.2 Conceito de texto ..............................10

1.3 Modos de organização dos textos acadêmicos .......................................15

2 Procedimentos de leitura ........................27

3. Conclusão ...............................................31

Anexos .........................................................35

Exercícios de verificação da aprendizagem ..............................................43

Referencial de respostas ............................49

Referências .................................................51

SUMÁRIO

Figura 9 ­ Modelo de um sumário

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ­ Mapa de Solos do Triângulo

Mineiro .................................... 17

Figura 2 ­ Lavoura não irrigada em

Itajubá .................................... 22

Figura 3 ­ Lavoura irrigada em São Roque de Minas ...................... 23

Figura 4 ­ Esquema de um sistema

pivô central ............................. 27

Figura 5 ­ Fluxo de água pelo pivô

central ..................................... 29

Figura 6 ­ Esquema geral do sistema de gotejamento ............................ 35

Figura 7 ­ Localização das lavouras no Triângulo Mineiro ..................... 40

Figura 7 ­ Modelo de lista de figuras

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT– Associação Brasileira de Normas Técnicas

EAD – Educação a Distância

CNPq– Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MEC – Ministério da Educação e Cultura

Figura 8 ­ Modelo de lista de abreviaturas (categoria siglas)

Page 95: Apostila de mtc

96 UNIUBE ­ Educação a Distância

4.5.8 INTRODUÇÃO

Segundo a ABNT (2002b), introdução é a “parte inicial do texto, onde devem constar a delimitação do assunto tratado, objetivos da pesquisa e outros elementos necessário para situar o tema do trabalho”. Como sugestão, para facilitar a elaboração da Introdução, basta responder, na sequência, às seguintes questões:

1) De que assunto trata o seu trabalho? 2) Por que é importante tratar esse assunto? 3) Como você tratou o assunto? 4) Qual o seu objetivo neste trabalho?

4.5.9 DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento do texto é feito em parágrafos, os quais devem apresentar os argumentos do autor com o seu posicionamento em relação à questão que foi colocada. Esses parágrafos devem ter uma relação entre si, mantendo uma unidade de sentido. Para elaborar o desenvolvimento, são utilizadas as citações, que serão vistas em tópico mais adiante.

4.5.10 CONCLUSÃO

Na conclusão de um texto, o autor deve apresentar o seu posicionamento final. Se, durante o desen­ volvimento, foram apresentados os argumentos com o objetivo de convencer o leitor, ao final do texto, o autor deve dedicar de um a dois parágrafos para indicar sua posição, sua expectativa em relação a outras possibilidades de ação, apontar sugestões, enfim, deve deixar claro o seu posicionamento.

4.5.11 APÊNDICES E ANEXOS (opcional)

Anexos são os documentos, nem sempre do próprio autor, que servem de fundamentação, compro­ vação ou ilustração.

Apêndices são documentos elabora­ dos pelo autor, a fim de complemen­ tar sua argumentação, sem prejuízo da unidade nuclear do trabalho.

Esses elementos são identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respecti­ vos títulos, devem ser enumerados, identificados e referenciados no texto. Veja, a seguir, alguns exemplos destas identificações que figuram na parte superior da folha:

APÊNDICE A ­ Avaliação numérica de células inflamatórias

ANEXO A ­ Representação gráfica da uniformidade do sistema de irrigação por gotejamento.

Page 96: Apostila de mtc

Metodologia do Trabalho Científico 97

Quando se faz uma referência deve­se levar em consideração a ordem convencional dos seus ele­ mentos, prevista pelas normas da ABNT. Para cada tipo de material consultado, existe uma composição adequada de elementos. Veja, a seguir, alguns exemplos da estrutura básica de algumas referências mais utilizadas, e como estas composições devem ser elaboradas:

Monografia como um todo

Estrutura com os elementos essenciais:

Inclui: livros, folhetos, manuais, dicionários, catálogos, guias, enciclopédias, trabalhos acadêmicos (dissertações, teses, relatórios, resenhas, dentre outros).

Título do livro: Convite à Filosofia Autora: Marilena Chauí Edição: 13ª / 2003 Local de publicação: São Paulo Editora: Ática Total de páginas: 424

Composição: CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003. 424 p.

Dados para a elaboração: Exemplo:

Somente utilizado a partir da 2ª edição Quando possuir

SOBRENOME, pré­nome. Título: subtítulo. Edição. Local de publicação: Editora, ano de publicação. Número de páginas.

Estrutura com elementos essenciais e complementares: SOBRENOME DO AUTOR, Prenome. Título: subtítulo. Indicação de tradutor/revisor. Edição. Local: Editora, Data. Paginação ou volume, ilustração, dimensões. (série ou coleção). Notas. ISBN.

4.5.12 REFERÊNCIAS

Referência é o conjunto de elementos que permitem a identificação de documentos impressos ou registrados em qualquer suporte físico, tais como: livros, periódicos e material audiovisual, no todo ou em parte.

Dois a três autores: separam­se os nomes dos autores por ponto­e­vírgula.

SANTINATO, Roberto; FERNANDES, André Luís Teixeira. Cultivo do cafeeiro irrigado em plantio circular sob pivô central. Belo Horizonte: O Lutador, 2002. 251 p.

Variações:

Mais de três autores: indica­se apenas o primeiro autor seguido da expresão ‘et al.’ (que significa ‘e outros’). Em casos específicos (projetos de pesquisa científica, indicações de produção científica em relatórios para órgãos de financiamento, etc.) nas quais a menção dos nomes é necessária para indicar a autoria, é facultado indicar todos os nomes.

XAVIER, Carlos Magno da Silva et al. Metodologia do Gerenciamento de Projetos: Methodware. 3 ed. São Paulo: Livraria Universitária, 2005. 336 p.

Quando a autoria for de orgãos govenamentais: A entrada é feita pelo nome geográfico, em caixa alta.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Entendendo o meio ambiente. São Paulo, 1999. 35 p.

O autor é o editor (Ed.), organizador (Org.), coordenador (Coord.) ou compilador (Comp.): coloca­se a indicação do tipo de participação após o nome do(s) responsável(eis).

ESCOBAR, Marco Antônio; ABRÃO, Maria Bárbara; CUNHA, Valeska Guimarães Rezende da (Org.). Série Licenciatura: letras português/inglês. Uberaba: Universidade de Uberaba, 2006. v. 3, n.1.

Sem autoria conhecida: A entrada é feita pelo título, com a primeira palavra em caixa alta.

ENCICLOPÉDIA Mirador Internacional. São Paulo: Encyclopaedia Britannica, 1993. 20 v.

Page 97: Apostila de mtc

98 UNIUBE ­ Educação a Distância

Faz parte de uma coleção: indicar o nome da coleção, após o número de páginas, entre parênteses.

ALENCAR, José de. O guarani. 20. ed. São Paulo: Ática, 1996. 153 p. (Bom Livro)

Disponível em meio eletrônico (Internet): indica­se, ao final da referência, o endereço da página e a data em que houve o acesso.

AZEVEDO, Álvares de. Noite na taverna. 3.ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988. Disponível em: <http://www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/autores/alvaresazevedo/taverna/taverna.pdf>. Acesso em: jul. 2006.

Dividido em mais de um volume (para referenciar todos os volumes): indica­se o número total de volumes seguido da abreviatura v.

DOLCE, Osvaldo; POMPEO, José Nicolau. Fundamentos de matemática elementar. São Paulo: Atual, 1993. 10 v.

Dividido em mais de um volume (para referenciar apenas um dos volumes): indica­se o número do volume consultado precedido da abreviatura v.

BARBOTTIN, Gerard; VAPAILLE, Andre (Ed.). Instabilities in silicon devices: silicon passivation and related instabilites. Amsterdam:Elsevier Science, 1989. v. 2.

Dissertação de mestrado:

FERREIRA, Marisa Auxiliadora Mayrink Santos. As influências da vida escolar na escolha da profissão e na formação docente. 2003. 155 f. Dissertação (Mestrado em Educação) Universidade de Uberaba, Uberaba, 2003.

Disponível em meio eletrônico (CD­ROM): indica­se, ao final da referência, a quantidade de CDs, seguida do termo CD­ROM.

KINDERSLEY, Dorling. O corpo humano 2.0. São Paulo: Globo, 1997. 1 CD­ROM.

Com ISBN: indica­se o número (International Standard Book Numbering ­ numeração internacional para livros), precedido do termo ISBN.

CRUZ, Carla; RIBEIRO, Uira. Metodologia Científica: Teoria e Prática. 2.ed. Rio de Janeiro: Axcel Books, 2004. 340 p. ISBN 8573232366.

Indicação de tradutor, prefaciador, revisor, ilustrador, dentre outros: Indica­se após o título, conforme aparece no documento.

NORTON, Peter; AITKEN, Peter; WILTON, Richard Peter. Norton: a bíblia do programador. Tradução: Geraldo Costa Filho. Rio de Janeiro: Campus, 1994. 640 p.

Exemplo (quando o autor do capítulo é diferente do autor do livro):

Composição: ROMANO, Giovani. Imagens da juventude na era moderna. In: LEVI, Giovanni; SCHMIDT. Jean Claude (Org.). História dos jovens 2. São Paulo: Companhia da Letras, 1996. cap. 3. p. 15­24.

Capítulo: Imagens da juventude na era moderna Número do capítulo: 3 Autores do Capítulo: Giovan Romano Título do livro: História dos jovens 2 Organizadores do livro: Giovanni Levi e Jean Claude Schimidt Edição: 1ª / 1996 Local de publicação: São Paulo Editora: Companhia da Letras Páginas que compreende o capítulo: de 15 à 24.

Dados para a elaboração:

Parte de Monografia

Estrutura com os elementos essenciais:

Quando possuir

SOBRENOME, pré­nome. Título da parte. In: SOBRENOME, pré­nome. Título: Subtítulo. Edição. Local de publicação: Editora, ano de publicação. Número do capítulo, páginas em que o capítulo está.

Inclui: capítulo de livro, e outras partes de uma obra.

Page 98: Apostila de mtc

Metodologia do Trabalho Científico 99

Exemplo (quando o autor do capítulo é o mesmo do livro):

Composição: DOLCE, Osvaldo; POMPEO, José Nicolau. Semelhança de triângulos e potência de ponto. In: ______. Fundamentos de matemática elementar: geometria plana. 7. ed. São Paulo: Atual, 1993. cap. XIII, v. 9, p.198­212.

Capítulo: Semelhança de triângulos e potência de ponto Número do capítulo: XIII Autores do Capítulo: Osvaldo Dolce e José Nicolau Pompeo Título do livro: Fundamentos de Matemática Elementar Autores do livro: Osvaldo Dolce e José Nicolau Pompeo Edição: 7ª / 1993 Volume: 9 Local de publicação: São Paulo Editora: Ática Páginas que compreende o capítulo: de 198 à 212

Dados para a elaboração:

Publicação periódica ­ Coleção como um todo

Estrutura com os elementos essenciais:

Título do periódico: Revista Brasileira de Geografia Local de publicação: Rio de Janeiro Editora: IBGE Período de publicação: 1939 ­ atual Periodicidade: trimestral ISSN: 0034­723X

Composição: REVISTA BRASILEIRA DE GEOGRAFIA. Rio de Janeiro: IBGE, 1939­. Trimestral. ISSN 0034­723X

Dados para a elaboração: Exemplo:

TÍTULO DO PERIÓDICO, Local de publicação: Editora, ano de início­encerramento da coleção. Periodicidade. ISSN

Publicação periódica

São publicações editadas em unidade físicas sucessivas (ABNT, 2005)

Inclui: Coleção completa de periódico

Publicação periódica ­ Fascículo no todo

Estrutura com os elementos essenciais:

Composição: REVISTA JURÍDICA UNIJUS. Uberaba: Uniube, v. 6, n. 2, ago. 2003, 239 p. Exemplo:

TÍTULO DO PERIÓDICO, Local de publicação: Editora, volume, número, mês e ano de publicação. total de páginas.

Inclui: Fascículo completo de revista

Artigo e/ou matéria de revista, boletim, etc.

Estrutura com os elementos essenciais:

Autores: André Luís Teixeira Fernandes, Rubens Duarte Coelho e Tarlei Arriel Botrel Título do artigo: Avaliação do desempenho hidráulico da bomba injetora Indek para fertigação Título do periódico: Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental Local de publicação: Campina Grande Volume: 7; Número: 3; Páginas: 409 até 414 Ano de publicação: 2003

Composição: FERNANDES, André Luís Teixeira; COELHO, Rubens Duarte; BOTREL, Tarlei Arriel. Avaliação do desempenho hidráulico da bomba injetora Indek para fertigação. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 7, n. 3, p. 409­414, 2003.

Dados para a elaboração:

Exemplo:

SOBRENOME, pré­nome. Título da parte, artigo ou matéria.Título da publicação, Local de publicação, numeração correspondente ao volume e/ou ano, fascículo ou número, paginação inicial e final (quando se tratar de artigo ou matéria), data ou intervalo de publicação.

Inclui: parte de publicações periódicas (volumes, fascículos, números especiais e suplementos, com título próprio), comunicações, editoriais, etc.

Page 99: Apostila de mtc

100 UNIUBE ­ Educação a Distância

VIEIRA, Cássio Leite; LOPES, Marcelo. A queda do cometa. Neo Interativa, Rio de Janeiro, n.2, 1994. 1 CD­ROM. Exemplos:

As referências devem obedecer aos padrões indicados para artigo e/ou matéria de revista, boletim, etc., de acordo com o tópico anterior, acrescidas das informações à descrição física do meio eletrônico (disquetes, CD­ROM, online, etc.).

SILVA, M. M. L. Crimes da era digital. .Net, Rio de Janeiro, nov. 1998. Seção Ponto de Vista. Disponível em: <http:// www.brazilnet.com.br/contexts/brasilrevistas.htm>. Acesso em 28 nov. 1998.

Artigo e/ou matéria de jornal

Estrutura com os elementos essenciais:

Autor: Luiz Roberto Amaral Título do artigo: A feijoada completa nacional: uma revolução do bom e velho feijão com arroz Título do jornal: Jornal Revelação Local de publicação: Uberaba Data de publicação: 15 de junho de 2006 Paginação: páginas 6 e 7

Composição: AMARAL, Luiz Roberto. A feijoada completa nacional: uma revolução do bom e velho feijão com arroz. Jornal Revelação,Uberaba, p. 6­7, 15 jun. 2006.

Dados para a elaboração:

Exemplo:

SOBRENOME, pré­nome. Título.Título do jornal, Local de publicação, data de publicação, seção, caderno ou parte do jornal e a paginação correspondente. Quando não houver seção, caderno ou parte, a paginação do artigo precede a data.

Inclui: comunicações, editorial, entrevistas, recensões, reportagens, resenhas e outros.

Artigo e/ou matéria de jornal em meio eletrônico

GUIBU, Fábio . MST inicia jornada de lutas com invasões em Pernambuco. Folha de São Paulo, São Paulo, 26 jul. 2006. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u80715.shtml>. Acesso em: 26 jul. 2006.

Exemplo:

As referências devem obedecer aos padrões indicados para artigo e/ou matéria de jornal, de acordo com o tópico anterior, acrescidas das informações à descrição física do meio eletrônico (disquetes, CD­ROM, online, etc.).

Artigo e/ou matéria de revista, boletim, etc. em meio eletrônico

Trabalho apresentado em evento

Estrutura com os elementos essenciais:

Autores: André Luís Teixeira Fernandes, Luís César Dias Drumone e Roberto Santinato Título do artigo: Avaliação de diferentes fontes de fertilizantes minerais e organominerais na nutrição do cafeeiro fertirrigado por gotejamento. Nome do evento: Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada Numeração do evento: VIII Ano de realização: 2006; Local de realização: Araguari; Páginas: 25 a 29 Local de publicação: Araguari; Editora: Associação dos Cafeicultores de Araguari; Data de publicação: março de 2006 Título do documento: Anais

Composição: FERNANDES, André Luís Teixeira; DRUMOND, Luís César Dias; SANTINATO, Roberto. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PESQUISA EM CAFEICULTURA IRRIGADA, 8., 2006, Araguari. Anais... Araguari: Associação dos Cafeicultores de Araguari, 2006. p. 25­29.

Dados para a elaboração: Exemplo:

SOBRENOME, pré­nome. Título do trabalho apresentado, seguido da expressão In:, NOME DO EVENTO, numeração do evento (se houver), ano e local (cidade) de realização, título do documento (anais, atas, tópico temático), local, editora, data de publicação e página inicial e final da parte referenciada.

Inclui: trabalhos apresentados em eventos (parte do evento)

Page 100: Apostila de mtc

Metodologia do Trabalho Científico 101

SILVA, R. N.; OLIVEIRA, T. Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4., 1996, Recife.Anais eletrônicos....Recife.: UFPe, 1996. Disponível em: <http:/ /www.propesq.ufpe.br/anais/anais/educ/ce04.htm>. Acesso em: 21 jan. 1997.

Exemplo:

As referências devem obedecer aos padrões indicados para trabalhos apresentados em eventos, de acordo com o tópico anterior, acrescidas das informações à descrição física do meio eletrônico (disquetes, CD­ROM, online, etc.).

Trabalho apresentado em evento em meio eletrônico

SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 42.822, de 20 de janeiro de 1998. Lex: coletânea de legislação e jurisprudência, São Paulo, v. 62, n. 3, p. 217­220, 1998.

LEGISLAÇÃO

Inclui: legislação, jurisprudência (decisões judiciais) e doutrina (interpretação dos textos legais).

Documento jurídico

JURISPRUDÊNCIA

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 14. In: ________.Súmulas.São Paulo: Associação dos Advogados do Brasil, 1994. p.16.

Inclui toda e qualquer disposição técnica sobre questões legais (monografias, artigos de periódicos, papers, etc.), referenciada conforme o tipo de publicação.

BARROS, Raimundo Gomes de. Ministério Público: sua legitimação frente ao Código do Consumidor. Revista Trimestral de Jurisprudência dos Estados. São Paulo, v. 19, n. 139, p. 53­72, ago. 1995.

Compreende a Constituição, as emendas constitucionais e os textos legais infraconstitucionais e normas emanadas das entidades públicas e privadas: os elementos essenciais são: jurisdição, título, numeração, data e dados da publicação. No caso de Constituições e suas emendas, entre o nome da jurisdição e o título, acrescenta­se a palavra Constituição, seguida do ano de promulgação, entre parênteses.

Exemplo:

Compreende súmulas, enunciados, acórdãos, sentenças e demais decisões judiciais: os elementos essenciais são: jurisdição e órgão judicionário competente, título (natureza da decisão ou ementa) e número, partes envolvidas (se houver), relator, local, data e dados da publicação.

DOUTRINA

Exemplo:

Exemplo:

REGRAS GERAIS DE APRESENTAÇÃO DE REFERÊNCIA (NBR 2002a)

• Para compor cada referência, deve­se obedecer à seqüência dos elementos conforme apresentados nos exemplos das páginas 97 a 101 desta unidade.

• As referências são alinhadas somente à margem esquerda do texto e de forma a identificar individualmente cada documento em espaço simples e separados entre si por espaço duplo.

• Quando apresentadas em nota de rodapé serão alinhadas a partir da segunda linha da mesma referência, abaixo da primeira letra da primeira palavra.

• O recurso tipográfico negrito, grifo ou itálico utilizado para destacar elementos deve ser uniforme em todas as referências de um mesmo documento.

• Em termos de localização, a referência pode aparecer: no rodapé, no fim de texto ou de capítulo, em lista de referência, etc.

• Para ordenação das referências dos documentos citados no trabalho, os sistemas mais utilizados são: alfabético (ordem alfabética de entrada) e numérico (ordem de citação no texto).

Page 101: Apostila de mtc

102 UNIUBE ­ Educação a Distância

REGRAS BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DA REFERÊNCIA

• Os itens para a elaboração da referência deverão ser retirados, principalmente, da folha de rosto, porém, pode­se encontrá­los também em outras partes do livro.

• Em caso de até três autores, separá­los por ponto e vírgula. • Em caso de mais de três autores, colocar o primeiro seguido da expressão et al.. • Sobrenome acompanhado de denominação de família (Neto, Filho, Sobrinho, Júnior), usa­se tal

denominação junto ao sobrenome. Ex: VARGAS NETO, José; ALVES JUNIOR, Henrique. • Quando não se pode determinar a autoria, entra­se pela primeira palavra do título em letras maiúscu­

las. Ex.: PREFEITURA Municipal fiscaliza com autonomia total. • Em edição, somente colocar a partir da 2ª. Ex: 2.ed. • Em caso de mais de um local, colocar o primeiro ou o de maior destaque. • Em caso de mais de uma editora, colocar a primeira ou a de maior destaque. • Na dificuldade de se encontrar qualquer dado importante para a referência, verificar no verso da

folha de rosto, na falsa folha de rosto e no final do livro. • Na falta de local, colocar [S.l.]. • Na falta de editora, colocar [s.n.]. • Na falta de local e editora, colocar [S.l.: s.n.]. • Na falta dos três elementos relacionados a local, editora e ano, sugere­se que esses elementos sejam

representados dentro de um único conjunto de colchetes. Ex.: [S.l:s.n,199­]. • No caso de não aparecer data de publicação, usar:

− [1969?] para data provável − [1973] para data certa, não indicada − [19­­] para século certo − [19­?] para século provável − [199­] para década certa, não indicada − [199­?] para década provável

4.6. ASPECTOS TÉCNICOS E NORMATIVOS DA APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS

Numeração progressiva:

Tem por objetivo proporcionar o desenvolvimento claro e coerente de um texto e facilitar a locali­ zação de cada uma de suas partes. Os capítulos constituem as seções primárias, as subdivisões desses, as seções secundárias, e assim sucessivamente. A Associação Brasileira de Normas Técnicas sugere até cinco subdivisões. Os títulos das seções primárias, por serem as principais divisões de um texto, devem iniciar em folha distinta. Utiliza­se para o destaque das seções, o negrito, itálico ou grifo, caixa alta ou versal. (ABNT, 2003)

4.6.1 NUMERAÇÃO DE PÁGINAS

No trabalho acadêmico, a numeração de página deve ser colocada no canto superior direito da página, em algarismos arábicos. Pode­se utilizar algarismos romanos na parte pré­textual, iniciando­se a numeração em algarismos arábicos a partir da parte textual. Havendo apêndice e anexo, as suas folhas devem ser numeradas de maneira contínua e sua paginação deve ser continuação à do texto principal.

Caixa alta ou versal

Maiúscula tipográfica, assim chama­ da por ficar situada na parte superi­ or da caixa de tipos gráficos. O mesmo que versal ou letra versal.

Para podermos trabalhar com a numeração dessa forma, devemos inserir quebras de seção, sempre que quisermos que os números não apareçam em alguma página.

Page 102: Apostila de mtc

Metodologia do Trabalho Científico 103

4.6.2 CONFIGURAÇÃO DA PÁGINA

A primeira coisa que deve ser feita quando vamos iniciar a digitação de um trabalho acadêmico é a configuração da página, pois, caso contrário, o trabalho poderá se desestruturar completamente.

Quadro 4 ­ Orientação para numeração de páginas

Definição das margens

Em um trabalho acadêmico, as margens devem ser configuradas conforme a especificação, a seguir:

Tamanho do papel

De acordo com as normas da ABNT, o tamanho do papel a ser utilizado deve ser A4. As definições Largura e Altura são definidas automaticamente quando é escolhido uma opção de tamanho do papel, porém, em algumas máquinas esta opção pode não estar instalada. Neste caso, é preciso que você digite no campo Largura, o valor de 21 cm, e, no campo Altura, o valor de 29,7 cm.

A orientação deve ser Retrato. Essa orientação utiliza o papel na posição mostrada na imagem ao lado. Essa é a opção padrão, e é a mais utilizada!

A opção de orientação Paisagem é utilizada no caso de impressões que não cabem na largura do papel, na posição padrão (Retrato). Então, é necessário alterar a configuração para Paisagem.

• Margem Superior 3 cm • Margem Inferior 2 cm

• Margem Esquerda 3 cm ou 3,5 cm

• Margem Direita 2 cm

4.6.3 FONTES

Na Universidade de Uberaba, em um trabalho acadêmico, a fonte é definida da seguinte forma:

Nos elementos pré­textuais e nas páginas de início dos capítulos, os números não aparecem. O trabalho acadêmico deve possuir páginas numeradas, levando em consideração as seguintes ob­

servações:

4.6.4 PARÁGRAFOS

Em um trabalho acadêmico, você precisa defini­los da seguinte forma:

• Recuo especial de primeira linha de 1,5 cm • Espaçamento entre linhas de 1,5 linha

Page 103: Apostila de mtc

104 UNIUBE ­ Educação a Distância

4.6.5 CITAÇÕES

Em seus trabalhos acadêmicos você deve citar os autores dos textos que serviram como base para a elaboração dos mesmos. Para isso você deve utilizar a citação, que é a menção no texto de uma informação colhida em outra fonte. O objetivo da citação é “oferecer ao leitor condições de comprovar a fonte das quais foram extraídas as idéias, frases ou conclusões, possibilitando­lhe ainda aprofundar o tema em discussão” (CRUZ; RIBEIRO, 2003, p.125). A apresentação das idéias de teóricos, presentes em publicações impressas e eletrônicas, dá maior clareza e autoridade ao texto.

As citações dividem­se em três tipos: 1. citação direta ou textual; 2. citação indireta; 3. citação de citação.

No parágrafo anterior utilizamos uma citação direta com até 03 linhas (utilizamos as aspas; o nome dos autores em maiúsculo, separados por ponto e virgula, e indicamos o ano e a página)

Veja as definições e aplicações de cada uma. Para ajudá­lo na compreensão das citações, leia com atenção o texto em destaque. Veja, a seguir, as regras básicas para citar os autores de um determinado texto consultado.

Educação cada vez mais complexa

A educação será cada vez mais complexa, porque a sociedade vai tornando todos os campos mais complexa, exigente e necessitada de aprendizagem contínua. A educação acontecerá cada vez mais ao longo da vida, de forma seguida, mais inclusiva, em todos os níveis e modalidades e em todas as atividades profissionais e sociais.

A educação será mais complexa porque vai incorporando dimensões antes menos integradas ou visíveis como as competências intelectuais, afetivas e éticas.

A educação será mais complexa porque cada vez sai mais do espaço físico da sala de aula para ocupar muitos espaços presenciais, virtuais e profissionais; porque sai da figura do professor como centro da informação para incorporar novos papéis como os de mediador, de facilitador, de gestor, de mobilizador. Sai do aluno individual para incorporar o conceito de aprendizagem colaborativa, de que aprendemos também juntos, de que participamos de e contribuímos para uma inteligência cada vez mais coletiva.

As tecnologias na educação do futuro também se multiplicam e se integram; tornam­se mais e mais audiovisuais, instantâneas e abrangentes. Caminhamos para formas fáceis de vermo­ nos, ouvirmo­nos, falarmo­nos, escrevermo­nos a qualquer momento, de qualquer lugar, a custos progressivamente menores (embora altos para a maior parte da população).

As modalidades de cursos serão extremamente variadas, flexíveis e “customizadas”, isto é, adaptadas ao perfil e ao momento de cada aluno. Não se falará daqui a dez ou quinze anos em cursos presenciais e cursos à distância. Os cursos serão extremamente flexíveis no tempo, no espaço, na metodologia, na gestão de tecnologias, na avaliação. Também não se falará de “e­ learning”, mas de “learning” simplesmente, de aprendizagem.

Apesar de que caminharmos nesta direção, não podemos esquecer que a escola é uma instituição mais tradicional que inovadora. A cultura escolar tem resistido bravamente às mudanças. Os modelos de ensino centrados no professor continuam predominando, apesar das tecnologias e dos avanços teóricos na aprendizagem.

Tudo isto nos mostra que não será fácil mudar esta cultura escolar tradicional, que as inovações serão mais lentas do que desejamos, que muitas instituições continuarão reproduzindo no virtual o modelo centralizador no conteúdo e no professor do ensino presencial.

Trecho retirado de: MORAN. José Manoel, Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: MASETTO, Marcos; MORAN. José Manoel; BEHRENS. Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2000. cap. 1. p 11­66.

1. CITAÇÃO DIRETA OU TEXTUAL: Consiste na transcrição textual de parte da obra do autor consultado. Nesse tópico veremos a citação

direta ou textual até 03 linhas ou com mais de 03 linhas.

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Metodologia do Trabalho Científico 105

A educação a distância é uma modalidade que atende a grandes contingentes de alunos de forma mais efetiva que outras modalidades, sem reduzir a qualidade dos serviços oferecidos em decorrência da ampliação da clientela atendida. Nesse sentido, “a educação será mais complexa porque cada vez sai mais do espaço físico da sala de aula para ocupar muitos espaços presenciais, virtuais e profissionais” (MORAN, 2006, p.1).

A educação a distância é uma modalidade que atende a grandes contingentes de alunos de forma mais efetiva que outras modalidades, sem reduzir a qualidade dos serviços oferecidos em decorrência da ampliação da clientela atendida. Para Moran (2006, p.1), “a educação será mais complexa porque cada vez sai mais do espaço físico da sala de aula para ocupar muitos espaços presenciais, virtuais e profissionais”.

Ou

Moran (2006, p.1) afirma que “a educação será mais complexa porque cada vez sai mais do espaço físico da sala de aula para ocupar muitos espaços presenciais, virtuais e profissionais”. Dessa forma, considerando essa complexidade, ressaltamos que A educação a distância é uma modalidade que atende a grandes contingentes de alunos de forma mais efetiva que outras modalidades, sem reduzir a qualidade dos serviços oferecidos em decorrência da ampliação da clientela atendida.

Ou

CITAÇÃO DIRETA OU TEXTUAL – com mais de 03 linhas:

A citação deve ser destacada com recuo de 4cm da margem esquerda, com espaço simples, com letra menor que a utilizada no texto e sem aspas.

As tecnologias possibilitam uma nova organização curricular na escola, que apesar de ser uma instituição mais tradicional que inovadora, proporciona que alunos conversem e pesquisem com outros alunos da mesma cidade, país ou do exterior, no seu próprio ritmo.

Para Moran (2006, p.1),

As tecnologias na educação do futuro também se multiplicam e se integram; tornam­se mais e mais audiovisuais, instantâneas e abrangentes. Caminhamos para formas fáceis de vermo­nos, ouvirmo­nos, falarmo­nos, escrevermo­ nos a qualquer momento, de qualquer lugar, a custos progressivamente menores (embora altos para a maior parte da população).

CITAÇÃO DIRETA OU TEXTUAL – até 03 linhas:

A citação deve estar contida entre aspas duplas, escritas com o mesmo tipo e tamanho de letra utilizadas no parágrafo no qual está inserida. As aspas simples (apóstrofe) são usadas para indicar citação no interior da citação. É preciso especificar no texto a(s) página(s), volume(s), tomo(s) ou seção(ões) da fonte consultada.

As tecnologias possibilitam uma nova organização curricular na escola, que apesar de ser uma instituição mais tradicional que inovadora, proporciona que alunos conversem e pesquisem com outros alunos da mesma cidade, país ou do exterior, no seu próprio ritmo. Vários teóricos enfatizam as novas possibilidades da tecnologia na educação:

As tecnologias na educação do futuro também se multiplicam e se integram; tornam­se mais e mais audiovisuais, instantâneas e abrangentes. Caminhamos para formas fáceis de vermo­nos, ouvirmo­nos, falarmo­nos, escrevermo­ nos a qualquer momento, de qualquer lugar, a custos progressivamente menores (embora altos para a maior parte da população) (MORAN, 2006, p.1).

Ou

recuo de 4 cm

recuo de 4 cm

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106 UNIUBE ­ Educação a Distância

2. CITAÇÃO INDIRETA:

Consiste na redação, pelo autor do trabalho (aluno), das idéias e contribuições do autor (filósofos, teóricos) mencionado em uma obra consultada. Nesse tipo de citação não importa se a idéia a ser apresentada possui ou não mais de 03 linhas, a construção é sempre seguindo­se o estilo do texto. A indicação da(s) página(s) é opcional. Num trabalho acadêmico, é preferível utilizar as citações indiretas, pois há contribuição do autor do trabalho no entendimento do texto citado.

Ou

Para Moran (2006), apesar das tecnologias ainda serem aplicadas com um verniz de modernidade, com as quais os professores continuam fazendo o de sempre – o professor fala e aluno ouve – elas tendem a se multiplicarem e se integrarem, tornando­se cada dia mais audiovisuais e abrangentes.

Apesar das tecnologias ainda serem aplicadas com um verniz de modernidade, com as quais os professores continuam fazendo o de sempre – o professor fala e aluno ouve – elas tendem a se multiplicarem e se integrarem, tornando­se cada dia mais audiovisuais e abrangentes (MORAN, 2006).

3. CITAÇÃO DE CITAÇÃO

Consiste na citação de um documento ao qual não se teve acesso direto. Deve­se apresentar a referência completa apenas do documento consultado. Este tipo de citação pode ser utilizado quando a citação for direta ou indireta e para indicar a autoria de um autor que não se teve acesso à obra original, usa­ se a expressão latina apud.

Segundo Vargas (2001 apud MORAN, 2005, p.1) “as possibilidades trazidas pelas novas tecnologias tornou mais fácil e atraente o antigo processo de ensinar e de aprender a distância, despertando o interesse das organizações para outras formas de treinar e desenvolver os empregados. Entre as tecnologias de ponta, a videoconferência tem se destacado como uma poderosa mídia para executar treinamentos a distância, principalmente pela sua capacidade de reproduzir a interação face­a­face dos cursos presenciais”.

Ou

“As possibilidades trazidas pelas novas tecnologias tornou mais fácil e atraente o antigo processo de ensinar e de aprender a distância, despertando o interesse das organizações para outras formas de treinar e desenvolver os empregados. Entre as tecnologias de ponta, a videoconferência tem se destacado como uma poderosa mídia para executar treinamentos a distância, principalmente pela sua capacidade de reproduzir a interação face­a­face dos cursos presenciais” (VARGAS, 2001 apud MORAN, 2005, p.1).

Devem ser indicadas as supressões, interpolações, comentários, ênfase ou destaques, caso ocorra, do seguinte modo:

a) supressões: [...] b) interpolações, acréscimos ou comentários: [ ] c) ênfase ou destaque: negrito, grifo ou itálico.

SISTEMAS DE CHAMADA

As citações devem ser indicadas no texto por um sistema de chamada: numérico ou autor­data. Na Uniube, temos adotado o sistema autor­data.

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Metodologia do Trabalho Científico 107

4.6.6 NOTAS DE RODAPÉ

As notas de rodapé são colocadas ao pé da página e separadas do texto por um traço horizontal de 3cm aproximadamente, iniciado na margem esquerda. Devem ser grafadas em letra menor que a do texto, com espaço simples entre as linhas e cada nota iniciando nova linha. Devem ser alinhadas, a partir da segunda linha da mesma nota, abaixo da primeira letra da primeira palavra. As notas podem ser: explicativas ou de referência. Notas explicativas:

Têm como finalidade: • fazer certas considerações suplementares que não caberiam no texto, sem quebrar a seqüência

lógica. • remeter o leitor a trabalhos não publicados ou em fase de publicação, ou quando se tratar de

dados obtidos por informação verbal.

Notas de referência:

• Têm como finalidade indicar a referência da citação. • A numeração deve ser única e consecutiva para cada capítulo ou parte do trabalho e feita em

algarismos arábicos. • A primeira nota de referência de uma obra, deve ser completa, as subseqüentes da mesma obra

podem aparecer de forma abreviada, com as seguintes expressões:

Algumas observações: ∙ Quando houver coincidência de sobrenomes de autores, acrescentam­se as iniciais de seus

prenomes; se mesmo assim existir coincidência, colocam­se os prenomes por extenso:

(FERNANDES, A., 1999) (FERNANDES, André, 2002)

(FERNANDES, C., 2001) (FERNANDES, Celso, 2002)

∙ As citações de diversos documentos de um mesmo autor, publicadas num mesmo ano, são distinguidas pelo acréscimo de letras minúsculas, em ordem alfabética, após a data e sem espacejamento, conforme a lista de referências:

De acordo com Santinato (1999a)

(SANTINATO, 1999a)

∙ As citações indiretas de diversos documentos da mesma autoria, publicados em anos diferentes e mencionados simultaneamente, têm as suas datas separadas por vírgula:

(REZENDE, 2001, 2002, 2006)

(CRUZ; FERRAZ; COSTA, 1999, 2001, 2002)

∙ As citações indiretas de diversos documentos de vários autores, mencionados simultaneamente, devem ser separadas por ponto­e­vírgula, em ordem alfabética.

ATENÇÃO! As expressões ID., IBID., OP. CIT. e CF. só podem ser usadas na mesma página ou folha da citação a que se referem.

A irrigação aumenta a produtividade do cafeeiro (FERNANDES, 1997; SANTINATO, 1998; DRUMOND, 2001).

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108 UNIUBE ­ Educação a Distância

Veja os exemplos!

• Exemplo de uma nota explicativa:

• Exemplo de uma nota de referência:

Essa idéia de Infante vem ao encontro das idéias de Bresser em um debate 1 sobre o papel da universidade.

1 Debate entre Marilena Chauí e Luiz Carlos Bresser Pereira, que marcou a abertura pública do IV Con­ gresso da USP. O título do debate foi “Que universidade queremos: crítica ou produtivista?”.

“Do ponto de vista da teoria do conhecimento, a imaginação possui duas faces: a de auxiliar precioso para o conhecimento da verdade e a de perigo imenso para o conhecimento verda­ deiro.” 2

2 CHAUÍ, 2000, p. 135.

4.6.7 ILUSTRAÇÕES, TABELAS E QUADROS

Constituem parte integrante do desenvolvimento de um trabalho e desempenham papel significativo na expressão de idéias científicas e técnicas. Devem ser inseridos o mais próximo possível do trecho a que se referem.

São os desenhos, esquemas, fluxogramas, fotografias, gráficos, mapas, organogramas, pantas, quadros, retratos e outros, que explicitam ou complementam visualmente o texto.

Sugestões: ­ utilizar linhas visíveis, escala real (não existe tempo negativo, por exemplo);

­ evitar cores;

­ somente ligar pontos de gráficos se estes representarem uma função matemática;

­ clolocar uma escala legível e condizente com o número de algarismos significativos da medida, colocar as unidades de forma inteligível e usando sempre o sistema internacional de medidas ­ SI;

­ a legenda deve conter todas as informações a respeito da figura de modo que ela e a figura formem um corpo independente do texto;

­ evitar misturar as palavras esquema, gráfico ou figura, utilize, preferencialmente, o termo figura.

Ilustrações

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Metodologia do Trabalho Científico 109

Observe as formas de apresentação nos exemplos a seguir!

Figura XX ­ Folder de divulgação Fonte: Ministério da Agricultura (2003)

Tabela XX ­ Distribuição dos aposentados por acidentes de traba­ lho na RMS, segundo o sexo, em 1985 e 1986, e população ocupa­ da na indústria

Apresentam informações tratadas estatisticamente. Para a sua elaboração, utilizam­se apenas linhas horizontais, conforme exemplo na página seguinte.

Sugestões: ­ organizá­las com o maior número possível de dados de forma compreensível, sem exagerar o número de colunas ou linhas;

­ usar o mínimo possível de traços, evitar cores, colocar as unidades de forma inteligível e usando os símbolos do sistema internacional de medidas ­ SI;

­ as legendas devem ser numeradas em sequência, dando todos os detalhes para se entender a tabela sem ler o texto, mas sem ser muito extensa.

Tabelas

Quadros

Apresentam informações textuais agrupadas em linhas e colunas.

Observações:

XX ­ indica o número seqüencial das ilustrações, tabelas e quadros que aparecem no documento.

A fonte contém somente a citação; a referência completa deve constar na lista final de referências ou em nota de rodapé.

Quadro XX ­ Gêneros de texto.

Adaptado de (SANTOS, 2001. p. 33)

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110 UNIUBE ­ Educação a Distância

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

01. um livro como um todo.

a) ( ) Weiss, Donald. Como Escrever com Facilidade. Círculo do Livro: São Paulo, 1992.

b) ( ) DONALD WEISS. Como Escrever com Facilidade. São Paulo: Círculo do Livro, 1992.

c) ( ) WEISS, Donald. Como Escrever com Facilidade. Círculo do Livro: São Paulo, 1992.

d) ( ) WEISS, Donald. Como Escrever com Facilidade. São Paulo: Círculo do Livro, 1992.

e) ( ) Weiss, Donald. Como Escrever com facilidade. São Paulo: Círculo do Livro, 1992.

a) ( ) CALEGARI, Ademir. Rotação de culturas e uso de plantas de cobertura. Revista Agroecologia Hoje. Botucatu, v. 1, n. 14, p. 14­17, jun. 2002.

b) ( ) CALEGARI, Ademir. Rotação de culturas e uso de plantas de cobertura. Revista Agroecologia Hoje. Botucatu, p. 14­17, n. 14, v. 1, jun. 2002.

c) ( ) CALEGARI, Ademir. Rotação de culturas e uso de plantas de cobertura. Revista Agroecologia Hoje. Botucatu, v. 1, n. 14, p. 14­17, jun. 2002.

d) ( ) CALEGARI, Ademir. Rotação de culturas e uso de plantas de cobertura. Revista Agroecologia Hoje. Botucatu, n. 14, jun. 2002, v. 1, p. 14­17.

e) ( ) Calegari, Ademir. Rotação de culturas e uso de plantas de cobertura. Revista Agroecologia Hoje. Botucatu, v. 1, n. 14, jun. 2002, p. 14­17.

02. um artigo publicado em uma revista.

03. um texto extraído de uma revista em meio eletrônico.

a) ( ) ROSSI, Paulo Egydio. Revista Administração On Line. A satisfação dos clientes em relação aos serviços prestados por um organismo de inspeção veicular. São Paulo, n.3, jul. 2004. Disponível em: <http://www.fecap.br/adm_online/adol/ artigo.htm>. Acesso em: jun. 2005.

b) ( ) ROSSI, Paulo Egydio. A satisfação dos clientes em relação aos serviços prestados por um organismo de inspeção veicular. Revista Administração On Line. São Paulo, n.3, jul. 2004. Disponível em: <http://www.fecap.br/adm_online/ adol/artigo.htm>. Acesso em: jun. 2005.

c) ( ) Rossi, Paulo Egydio. A satisfação dos clientes em relação aos serviços prestados por um organismo de inspeção veicular. Revista Administração On Line. São Paulo, n.3, jul. 2004. Acesso em: jun. 2005. Disponível em: http://www.fecap.br/ adm_online/adol/artigo.htm>.

d) ( ) EGYDIO ROSSI, Paulo. A satisfação dos clientes em relação aos serviços prestados por um organismo de inspeção veicular. Revista Administração On Line. São Paulo, n.3, jul. 2004. Disponível em: <http://www.fecap.br/adm_online/adol/ artigo.htm>. Acesso em: jun. 2005.

e) ( ) ROSSI, Paulo Egydio. A satisfação dos clientes em relação aos serviços prestados por um organismo de inspeção veicular. Revista Administração On Line. São Paulo, n.3, jul. 2004. Disponível em: <http://www.fecap.br/adm_online/adol/ artigo.htm>. Acesso em: jun. 2005.

Atenção: Para as questões de 1 a 9, assinale a alternativa que apresenta a referência de forma correta de:

04. parte de uma monografia, na qual o autor do capítulo é o mesmo do autor da monografia.

a) ( ) SANTOS, F. R. dos. A colonização da terra dos Tucujús. In: SANTOS, F. R. dos. História do Amapá. Macapá: Valcan, 1994. cap. 3, p. 15­24.

b) ( ) SANTOS, F. R. dos. A colonização da terra dos Tucujús. In: _____________. História do Amapá. Macapá: Valcan, 1994. cap. 3, p. 15­24.

c) ( ) SANTOS, F. R. dos. A colonização da terra dos Tucujús. In: SANTOS, F. R. dos. História do Amapá. Macapá: Valcan, 1994. cap. 3, p. 15­24.

d) ( ) SANTOS, F. R. dos. A colonização da terra dos Tucujús. In: _____________. História do Amapá. Macapá: Valcan, 1994. cap. 3, p. 15­24.

e) ( ) SANTOS, F. R. dos. A colonização da terra dos Tucujús. In: ___________. História do Amapá. Cap. 3, p. 15­24, Macapá, Valcan, 1994.

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Metodologia do Trabalho Científico 111

05. um artigo disponível em meio eletrônico.

a) ( ) MESQUITA FILHO, Alberto. Teoria sobre o método científico: em busca de um modelo unificante para as ciências e de um retorno à universidade criativa. Disponível em: <http://www.apollonialearning.com.br>. Acesso em: 30 jan. 2002.

b) ( ) Mesquita Filho, Alberto. Teoria sobre o método científico: em busca de um modelo unificante para as ciências e de um retorno à universidade criativa. Disponível em: <http://www.apollonialearning.com.br>. Acesso em: 30 jan. 2002.

c) ( ) MESQUITA FILHO, Alberto. Teoria sobre o método científico: em busca de um modelo unificante para as ciências e de um retorno à universidade criativa. Acessar: <http://www.apollonialearning.com.br>.

d) ( ) MESQUITA FILHO, Alberto. Teoria sobre o método científico: em busca de um modelo unificante para as ciências e de um retorno à universidade criativa. Disponível em: <http://www.apollonialearning.com.br>. Acesso em: 30 jan. 2002.

e) ( ) Mesquita Filho, Alberto. Teoria sobre o método científico: em busca de um modelo unificante para as ciências e de um retorno à universidade criativa. http:// www.apollonialearning.com.br> (30/01/2002)

06. um trabalho apresentado em evento e publicado em Anais.

a) ( ) Carvalho, Margarida Mesquita. Utilização de sistemas silvipastoris. In: SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMA DE PASTAGENS, 3., 1997, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: UNESP, 1997. p. 164­207.

b) ( ) CARVALHO, Margarida Mesquita. Utilização de sistemas silvipastoris. In: SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMA DE PASTAGENS, 3., 1997, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: UNESP, 1997. p. 164­207.

c) ( ) SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMA DE PASTAGENS, 3., 1997, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: UNESP, 1997. p. 164­207. CARVALHO, Margarida Mesquita. Utilização de sistemas silvipastoris.

d) ( ) Carvalho, Margarida Mesquita. Utilização de sistemas silvipastoris. In: SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMA DE PASTAGENS, 3., Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: UNESP, p. 164­207. 1997.

e) ( ) CARVALHO, Margarida Mesquita. Util ização de sistemas silvipastoris. In: SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMA DE PASTAGENS, 3., 1997, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: UNESP, 1997. p. 164­207.

07. um livro no qual o autor do capítulo é diferente do autor do livro.

a) ( ) FERREIRA, Naura Syria Carapeto e AGUIAR, Márcia Ângela da S. (Orgs.). Gestão da educação. São Paulo: Cortez, 2000. p.243­254.

b) ( ) Melo, Maria Teresa Leitão de. Gestão educacional ­ os desafios do cotidiano escolar. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto e AGUIAR, Márcia Ângela da S. (Orgs.). Gestão da educação. São Paulo: Cortez, 2000. p.243­254.

c) ( ) MELO, Maria Teresa Leitão de. Gestão educacional ­ os desafios do cotidiano escolar. Cortez, 2000. p.243­254.

d) ( ) MELO, Maria Teresa Leitão de. Gestão educacional ­ os desafios do cotidiano escolar. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto e AGUIAR, Márcia Ângela da S. (Orgs.). Gestão da educação. São Paulo: Cortez, 2000. p.243­254.

e) ( ) MELO, Maria Teresa Leitão de. Gestão educacional ­ os desafios do cotidiano escolar. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto ; AGUIAR, Márcia Ângela da S. (Orgs.). Gestão da educação. São Paulo: Cortez, 2000. p.243­254.

08. um artigo publicado numa revista disponível em CD­ROM.

a) ( ) VIEIRA, Cássio Leite & LOPES, Marcelo; Neo Interativa. A queda do cometa. Rio de Janeiro, n. 2, inverno 1994, 1 CD­ROM.

b) ( ) VIEIRA, Cássio Leite; LOPES, Marcelo. A queda do cometa. IN: Neo Interativa. 1 CD­ROM, Rio de Janeiro, n. 2, inverno 1994.

c) ( ) VIEIRA, Cássio Leite; LOPES, Marcelo. A queda do cometa. Neo Interativa. Rio de Janeiro, n. 2, inverno 1994, 1 CD­ROM.

d) ( ) VIEIRA, Cássio Leite; LOPES, Marcelo. A queda do cometa. Neo Interativa. Rio de Janeiro, n. 2, inverno 1994, 1 CD­ROM.

e) ( ) VIEIRA, Cássio Leite & LOPES, Marcelo. A queda do cometa. IN: __________ Neo Interativa. Rio de Janeiro, n. 2, inverno 1994, 1 CD­ROM.

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112 UNIUBE ­ Educação a Distância

09. um trabalho apresentado em evento e disponibilizado em meio eletrônico.

a) ( ) SILVA, R. N.; OLIVEIRA, B. C. Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPE, 4., 1996, Recife. Anais eletrônicos...Recife: UFPE, 1996. http:www.propesq.ufpe.br/anais/ ce04.htm, 21 jan. 1997.

b) ( ) SILVA, R. N.; OLIVEIRA, B. C. Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPE, 4., 1996, Recife. Ana i s e l e t rô n i co s ...Recife: UFPE, 1996. Disponível em: <http:www.propesq.ufpe.br/anais/ce04.htm>. Acesso em: 21 jan. 1997.

c) ( ) SILVA, R. N.; OLIVEIRA, B. C. Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPE, 4., 1996, Recife. Ana is e le trôn ico s ...Recife: UFPE, 1996. Disponível em: <http:www.propesq.ufpe.br/anais/ce04.htm>. Acesso em: 21 jan. 1997.

d) ( ) SILVA, R. N.; OLIVEIRA, B. C. Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade total na educação. Anais eletrônicos...Recife: UFPE, 1996. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPE, 4., 1996, Recife. Disponível em: <http:www.propesq.ufpe.br/anais/ce04.htm>. Acesso em: 21 jan. 1997.

e) ( ) SILVA, R. N.; OLIVEIRA, B. C. Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPE, 4., 1996 , Reci f e. Ana is e letrôn icos ...Recife: UFPE, 1996. Disponível em: <http:www.propesq.ufpe.br/anais/ce04.htm>. Acesso em: 21 jan. 1997.

10. Na citação, a seguir, a expressão APUD significa:

É na indústria têxtil de São Paulo que temos o melhor exemplo da participação da família na divisão do trabalho. A mulher, neste setor, tem uma participação mais ativa na gestão dos negócios e os filhos um envolvimento precoce com a operação da empresa da família. (DURAND apud BERHOEFTB, 1996, p. 35).

a) ( ) apoiado em.

b) ( ) citado por, conforme.

c) ( ) referência direta.

d) ( ) referência indireta.

e) ( ) parentesco entre autores.

11. Dentre as alternativas a seguir, identifique a alternativa correta que representa a expressão de uma citação direta. Ao elaborar um trabalho acadêmico, você freqüentemente utiliza citações, que são informações retiradas de fontes consultadas para a realização do seu trabalho. Elas podem ser diretas ou indiretas.

a) ( ) O papel do pesquisador é o de servir como veículo inteligente e ativo entre esse conhecimento acumulado na área e as novas evidências que serão estabelecidas a partir da pesquisa (Lüdke e André, 1986, p.11).

b) ( ) “O papel do pesquisador é o de servir como veículo inteligente e ativo entre esse conhecimento acumulado na área e as novas evidências que serão estabelecidas a partir da pesquisa” (LÜDKE, 1986, p.11).

c) ( ) “O papel do pesquisador é o de servir como veículo inteligente e ativo entre esse conhecimento acumulado na área e as novas evidências que serão estabelecidas a partir da pesquisa” (Lüdke e André, 1986, p.11).

d) ( ) “O papel do pesquisador, segundo LÜDKE E ANDRÉ (1986, p.11), é o de servir como veículo inteligente e ativo entre esse conhecimento acumulado na área e as novas evidências que serão estabelecidas a partir da pesquisa”.

e) ( ) O papel do pesquisador, segundo Lüdke e André (1986), é o de servir como veículo inteligente e ativo entre esse conhecimento acumulado na área e as novas evidências que serão estabelecidas a partir da pesquisa.

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Metodologia do Trabalho Científico 113

12. Assinale as alternativas corretas. Notas de rodapé são anotações colocadas ao pé da página e separadas do texto por um traço horizontal de 3 cm aproximadamente, iniciado na margem esquerda. Podem ser explicativas ou de referência. Nesse sentido, podemos afirmar que as notas de rodapé: a) ( ) têm como finalidade indicar a referência das citações;

b) ( ) têm como finalidade acrescentar informações que não caberiam no texto;

c) ( ) têm como finalidade remeter o leitor a trabalhos não publicados ou em fase de publicação.

d) ( ) podem aparecer expressões como id., ibid., op. cit., passim, etc.

e) ( ) podem conter gráficos e figuras.

13. O objetivo da pesquisa era esclarecer os caminhos e as etapas por meio dos quais essa realidade se construiu. Dentre os diversos aspectos sublinhados pelas autoras, vale ressaltar que:

[...] para compreender o desencadeamento da abundante retórica que fez com que a AIDS se construísse como ‘fenômeno social’, tem­se freqüentemente atribuído o principal papel à própria natureza dos grupos mais atingidos e aos mecanismos de transmissão. Foi construído então o discurso doravante estereotipado, sobre o sexo, o sangue e a morte [...] (HERZLICH; PIERRET, 1992, p.30).

a) ( ) citação direta b) ( ) citação indireta c) ( ) citação de citação d) ( ) referência bibliográfica e) ( ) Resenha

14. Em termos de localização, as referências de um trabalho acadêmico podem aparecer em:

a) ( ) no rodapé; b) ( ) no fim do texto; c) ( ) no final do capítulo; d) ( ) numa lista de referências; e) ( ) em qualquer um dos locais citados nas alternativas anteriores.

15. Percebemos em nossos estudos que as citações são trechos transcritos ou informações retiradas das publicações que consultamos durante a realização de trabalhos acadêmicos. Com base nesse estudo, identifique, na segunda coluna, o tipo de citação que a expressão descreve.

1 – Citação direta

2 – Citação indireta

3 – Citação de citação

a) ( ) Ocorre quando a reprodução de informações é baseada num documento que já fez a citação, como base no documento original. Esse tipo de citação deve ser utilizado apenas quando o documento original não for encontrado.

b) ( ) Ocorre quando se reproduz as idéias e informações do documento, sem, entretanto, transcrever as próprias palavras do autor.

c) ( ) Transcrição literal de textos de outros autores, ou seja, reprodução na íntegra, com as palavras dos autores.

16. Utilizando os elementos indicados, coloque as referências, dentro da ordem convencional dos seus elementos, previstas pelas normas da ABNT.

a)

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114 UNIUBE ­ Educação a Distância

b)

c)

d)

e)

f)

g)

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Metodologia do Trabalho Científico 115

Unidade 01 ­ Organização dos Estudos na Universidade

01. b 02. d 03. c 04. b 05. a) pessoal

b) temático; geral; bibliográfico 06. pessoal 07. pessoal (dificuldade de adaptar­se a novas situações de aprendizagem; pouco tempo livre;

descrença da validade e aplicabilidade de estudos teóricos; dificuldades econômicas; problemas de saúde; problemas interpessoais; dificuldade de concentração; transtornos afetivos e outros)

08. pessoal (livros, resumo, publicações (periódicos, jornais, anuários, revistas técnicas ou científicas, atas), dicionários, Internet)

01. V, V, F, V, F, V, F, V, F e V 02. B, A, A, B, B, C, B, A, A e C 03. Sua resposta deverá incluir: respeito pelo outro, habilidade de ouvir e investigar, senso de

organização, observação e honestidade na realização do trabalho. Esses são requisitos indispensáveis ao entrevistador.

04. 4, 2, 5, 3 e 1 05. V, V, V, V e F

06. A, C e D

07. A)

Unidade 02 ­ Estudos de Textos Acadêmicos

E C D X exige a presença de um moderador;

X tem por objetivo colher informações ou dados que possam ser usados para fins determinados; X visa esclarecer a opinião pública sobre um determinado tema;

X geralmente surge da necessidade de esclarecimento sobre temas polêmicos; X tem por objetivo buscar soluções para questões de interesse social e científico; X se estabelece por um confronto de opiniões;

X se estrutura com base no esquema de perguntas e respostas seqüenciadas, seguidas ou não de comentários; X predomina a argumentação, a defesa de um ponto de vista;

X predomina a exposição do assunto, a informação; X necessita do estabelecimento de regras para ocorrer o diálogo.

B) E C D

X usar adequadamente provas e argumentos; X conhecer pontos de vista diferentes sobre o tema em questão;

X ter domínio do tema a ser apresentado; X saber respeitar a pessoa que tem opinião divergente;

X ter disponibilidade para dialogar; X usar a linguagem adequada ao seu interlocutor; X saber distinguir um fato de uma opinião;

X respeito a normas estabelecidas; X saber ouvir para dar continuidade a uma reflexão.

08. a) relatório; b) relatório; c) relatório; d) resenha; e) artigo; f) resumo; g) fichamento

09. A e D

REFERENCIAL DE RESPOSTAS

Page 115: Apostila de mtc

116 UNIUBE ­ Educação a Distância

Unidade 03 ­ Compreendendo o Significado do Conhecimento

01. A, C, E, G, H, I, J, K, L, M e N 02. T, SC, F, C, S, M, e I 03. Conhecimento: puramente subjetivo, pois cada um tem a experiência de algo de uma forma

diferente. Exemplo: qualquer dado ou informação que possa trazer significado ou entendimento. Informação: objetiva­subjetiva no sentido de que é descrita de uma forma mais objetiva, mas seu significado é subjetivo, pois depende do usuário, diferente do dado, que é puramente objetivo e não depende de seu usuário. Exemplo: a frase “A reunião iniciará às 14h” é uma informação, desde que seja lida ou ouvida por alguém que saiba o significado da palavra “reunião” e sobre qual reunião está sendo falada.

04. A 05. A 06. B, A, C e D 07. B 08. B, D e E 09. B 10. D 11. V, V, V, F, F, F e V

Unidade 04 ­ Normas de Apresentação de Trabalhos Acadêmicos

01. d 02. a 03. e 04. d 05. a 06. b 07. e

08. c 09. b 10. b 11. b 12. a, b, c, d 13. a 14. e

15. 3, 2, 1

16. a) MARTINS, Vicente. D i s l ex ia e edu cação espec i a l . Disponível em: <http:// www.pedagogiaemfoco.pro.br/spdslx03.htm>. Acesso em: 03 dez. 2003.

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c) MELLO, Luiz Antonio. A Onda Maldita: como nasceu a Fluminense FM. Niterói: Nova Fronteira. 1992. Disponível em: <http://www.actech.com.br/aondamaldita/ creditos.html> Acesso em: 13 out. 1997.

d) MENEZES, Cláudia; TAVARES, Olívia; PESSOA, José Manoel. Qsabe: Trocando experiências sobre informática educativa em uma rede de educadores. In: Congresso SBIE, 1., 1997, São José dos Campos. Anais... São José dos Campos: [s.n], 1997.

e) TREVISAN, Edvaldo José Trevisan. A importância da astronomia amadora. Revista Ciência on line. Disponível em: < http://www.cienciaonline.org/revista/03_09/astronomia/ index.html>. Acesso em: 10 nov. 2004.

f) MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas. Atlas celeste. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1984. v. 21. 175 p.

g) SACCONI, Luiz Antônio. Não erre mais. 21. ed. São Paulo: Atual, 1997. 421 p.

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