Apostila de Redação

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  • SUMRIO

    1. Introduo 2. O Enem

    2.1 A histria do Enem 3. A Redao do Enem

    3.1 Os temas da redao do Enem 3.2 As competncias avaliadas na redao do Enem 3.3 A correo da redao do Enem

    4. A dissertaoargumentativa: o tipo textual da redao do Enem 4.1 Redao nota 1.000 4.2 O que um texto dissertativo-argumentativo? 4.3 Como comear a escrever? 4.4 Como introduzir uma tese

    4.5 Como desenvolver e sustentar uma tese

    4.6 Argumentos e recursos lingusticos 4.7 Como desenvolver argumentos consistentes

    4.8 Como ser um autor proficiente

    4.9 Impessoalidade versus Subjetividade

    4.10 Coerncia e Coeso 4.11 Como no tirar 0 na redao do Enem 4.12 Com que letra escrevo?

    5. As competncias da redao do Enem: como cumpri-las. 4.1 N1: Demonstrar domnio da modalidade escrita formal da Lngua

    Portuguesa

    4.2 N2: Compreender a proposta de redao e aplicar conceitos das vrias reas do conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estrtuturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa

    4.3 N3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informaes, fatos, opinies e argumentos em defesa de um ponto de vista

  • 3

    4.4 N4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos lingusticos necessrios para a construo da argumentao

    4.5 Elaborar proposta de interveno social para o problema abordado, respeitando os direitos humanos

    6. Anlise das propostas de redao do Enem 6.1 1998: Viver e aprender

    6.2 1999: Cidadania e participao social 6.3 2000: Direitos da criana e do adolescente: como enfrentar esse desafio social

    6.4 2001: Desenvolvimento e preservao ambiental: como conciliar os interesses em conflito?

    6.5 2002: O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para

    promover as transformaes sociais que o Brasil necessita? 6.6 2003: A violncia na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo?

    6.7 2004: Como garantir a liberdade de informao e evitar abusos nos meios de comunicao 6.8 2005: O trabalho infantil na sociedade brasileira

    6.9 2006: O poder de transformao da leitura 6.10 2007: O desafio de se conviver com as diferenas 6.11 2008: Como preservar a floresta Amaznica: suspender imediatamente o desmatamento; dar incentivos financeiros a proprietrios que deixarem de desmatar ou aumentar a fiscalizao e aplicar multas a quem desmatar? 6.12 2009: O indivduo frente tica nacional 6.13 2010: O trabalho na construo da dignidade humana 6.14 2011: Viver em rede no sculo XXI: os limites entre o pblico e o privado

    6.15 2012: Movimento imigratrio para o Brasil no sculo XXI 6.16 2013: Os Efeitos da Implantao da Lei Seca no Brasil 6.17 2014: Publicidade Infantil em Questo no Brasil

    7. Dicas de preparao

  • 1. Introduo

    Prezado(a) candidato(a) ao Exame Nacional do Ensino Mdio (ENEM), com imensa satisfao que o portal InfoENEM apresenta a apostila A Redao

    no ENEM. Com o intuito de auxiliar e aprimorar o seu estudo e preparao para o Exame Nacional do Ensino Mdio, organizamos todo o material sobre redao que publicamos nesta apostila.

    Pensamos que ler e escrever no importante, apenas, para se passar ou obter uma boa nota em um exame e/ou vestibular, mas tambm fundamental e essencial para toda a vida acadmica e profissional, j que no paramos de ler e de escrever quando ingressamos na universidade e no mercado de trabalho; passaremos a ler e a

    escrever diferentes gneros do que os que conhecemos na escola e assim viveremos, sendo cidados protagonistas por meio da leitura e da escrita e isso, acima de tudo, que idealizamos ao produzirmos este material.

    Organizamos esta apostila tendo em mente seu melhor uso em casa, sozinho ou

    em grupos de estudos, para que haja o melhor proveito possvel. Enfatizaremos a prova de produo escrita e suas tradies, sua grade de correo com suas respectivas competncias, alm de dedicarmos captulos dissertao-argumentativa, o tipo textual exigido no exame, explorando sua estrutura, sua construo e dando dicas para voc se sair bem nesta e em outras provas que tambm a requerem, o que poder e dever ser levado para toda a vida.

    Tambm apresentaremos anlises de todas as propostas de redao do ENEM, desde a prova de 1998 at a de 2014, comentando a respeito da coletnea de textos motivadores at como o candidato poderia ter escrito para obter uma boa pontuao. Mitos e verdades sobre o exame a dissertao-argumentativa em si tambm sero abordados, alm de desvios que no devem ser cometidos.

    Esperamos que esta apostila seja de grande serventia para o seu estudo, no s para o ENEM, mas para outras provas e para a vida.

    Bons estudos e boa sorte!

    Equipe InfoENEM.

  • 2. O ENEM

    2.1 A histria do ENEM

    O Exame Nacional do Ensino Mdio ENEM foi criado pelo Ministrio da Educao, juntamente com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira INEP em 1998 com o intuito de avaliar o desempenho dos formandos do Ensino Mdio (ciclo final da educao bsica brasileira) a fim de contribuir para com a melhora da qualidade deste nvel de ensino por meio da elaborao de polticas pblicas atravs dos Parmetros Curriculares Nacionais PCN e foi a primeira iniciativa do governo federal de avaliar o ensino no Brasil.

    Pode-se dizer que o ENEM est em seu segundo modelo, j que o primeiro foi utilizado de 1998 a 2008 e tinha como objetivo, alm da avaliao, conceder bolsas de estudos integrais e parciais em cursos universitrios privados por meio do Programa Universidade para Todos ProUni e agregar pontos em vestibulares de universidades pblicas que aderissem ao exame. Este primeiro modelo continha 63 questes de mltipla escolha e a prova de redao e era realizado apenas em um domingo.

    A partir de 2009, a proposta de unificar os vestibulares das universidades

    federais criou o segundo modelo do ENEM, que vem sendo realizado desde ento. Assim, as universidades federais aderiram ao exame, fazendo dele seu vestibular ou

    parte dele. Para tanto, passou a ser realizado em dois dias, durante o fim de semana, j que as questes aumentaram para 180, mais a prova de redao. O contedo das avaliaes do ENEM definido a partir das chamadas matrizes de referncia de quatro reas do conhecimento, a saber:

    Linguagens, Cdigos e Suas Tecnologias: Lngua Portuguesa (Gramtica Normativa1 e Interpretao de Texto), Lngua Estrangeira Moderna, Literatura, Artes, Educao Fsica e Tecnologias da Informao. Matemtica e Suas Tecnologias. Cincias da Natureza e Suas Tecnologias: Qumica, Fsica e Biologia.

    Cincias Humanas e Suas Tecnologias: Geografia, Histria, Filosofia, Sociologia e conhecimentos gerais.

    1 No site no INEP, h, apenas, gramtica, mas pensamos ser vlido acrescentar o termo normativa, j que esta a gramtica ensinada nas escolas pblicas e privadas brasileiras.

  • O programa unificador dos vestibulares por meio do ENEM o Sistema de Seleo Unificada SiSu alm da continuidade do ProUni e da adeso do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior FIES ao exame. Outra atribuio acrescida ao ENEM foi a possibilidade de alunos de Educao de Jovens e Adultos EJA obterem seus certificados de concluso de curso atravs da pontuao obtida no exame.

  • 3. A Redao do ENEM

    3.1 Os temas da redao do ENEM

    A prova de redao do ENEM faz parte da matriz de referncia de Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias, j que esta abrange os contedos de Lngua Portuguesa como gramtica normativa, interpretao de textos e produo textual. O exame segue a tradio dos mais importantes vestibulares do Brasil: incluir uma avaliao de produo textual que, na verdade, no avalia apenas a escrita do candidato, mas tambm a leitura.

    A prova redao est presente no ENEM desde a sua primeira edio, em 1998 e tem como caracterstica abordar temas com vis social, voltados para as realidades poltica e histria do Brasil e, por isso, tem como especificidade buscar uma proposta de interveno social por parte do candidato, a qual abordaremos a seguir.

    Os temas de todas as propostas de redao do ENEM, desde sua concepo at o ano de 2014 foram:

    Podemos dizer que at 2003 os temas eras abordados de uma forma mais abrangente e generalizada e que a partir de 2004 essa abordagem passou a ser mais

    especfica e detalhada, focando um determinado aspecto. Porm, desde o incio do

    1998: Viver e aprender 1999: Cidadania e participao social 2000: Direitos da criana e do adolescente: como enfrentar esse desafio social 2001: Desenvolvimento e preservao ambiental: como conciliar os interesses em conflito? 2002: O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformaes sociais que o Brasil necessita? 2003: A violncia na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo? 2004: Como garantir a liberdade de informao e evitar abusos nos meios de comunicao 2005: O trabalho infantil na sociedade brasileira 2006: O poder de transformao da leitura 2007: O desafio de se conviver com as diferenas 2008: Como preservar a floresta Amaznica: suspender imediatamente o desmatamento; dar incentivos financeiros a proprietrios que deixarem de desmatar ou aumentar a fiscalizao e aplicar multas a quem desmatar? 2009: O indivduo frente tica nacional 2010: O trabalho na construo da dignidade humana 2011: Viver em rede no sculo XXI: os limites entre o pblico e o privado 2012: Movimento imigratrio para o Brasil no sculo XXI 2013: Os Efeitos da Implantao da Lei Seca no Brasil 2014: Publicidade Infantil em Questo no Brasil.

  • ENEM, os temas tm enfoque social, abordando assuntos fundamentais como cidadania, direitos humanos, meio ambiente, educao, convvio social, tica, poltica, liberdade, comunicao etc. Por vezes, um mesmo tema abrange vrios destes subtemas; por exemplo, o tema da prova de 2007 O desafio de se conviver com as diferenas engloba a questo da discriminao, dos inmeros preconceitos (que, infelizmente, ainda esto enraizados na sociedade, no s brasileira) e, portanto, do convvio social e da liberdade de expresso, tanto corporal, sexual, religiosa, de informao, dentre outras.

    Com esta postura, o ENEM nos mostra que objetiva que os candidatos, alm de argumentarem fortemente a favor do seu ponto de vista, atuem como sujeitos

    autnomos, protagonistas dos seus discursos e cidados, no apenas como sujeitos passivos que no tenham nada a dizer, nada a ajudar. A escola, como instituio, tem o dever de formar cidados conscientes, proativos e protagonistas de suas vidas e de seus dizeres, j que todos ns temos (e muito) o que falar.

    Para tanto, manter-se atualizado acerca das pautas cotidianas atuais, com vis social, fundamental, j que a tradio a de abordar temas sociais e atuais, como por exemplo, os efeitos da implementao da Lei Seca no Brasil, como foi o caso do ENEM 2013.

    A questo da atualidade, por vezes, questionada por alguns, que no pensam ser atual o tema da redao no contexto da aplicao da prova. Na verdade, no mundo contemporneo, no qual tudo acontece muito rpido, no qual somos bombardeados por inmeras informaes do mundo todo, a atualidade pode ser vista, apenas, como o agora, mas, na verdade, ela mais extensa.

    Esta questo foi bastante discutida na ocasio do ENEM 2012, cujo tema da redao dizia respeito aos movimentos imigratrios para o Brasil, mas devemos salientar que este tema, em geral, estava sendo abordado pela mdia, principalmente impressa e virtual, desde 2011, quando o Haiti foi desvastado por um desastre natural e

    uma verdadeira onda de haitianos imigrou no pas pelas fronteiras do estado do Acre. importante ressaltar que a preparao e o planejamento da banca elaboradora

    do ENEM comea muito cedo; mal acaba a aplicao de uma edio, a prxima j comea a ser idealizada para haver, justamente, tempo hbil para todas as questes serem feitas e selecionadas e para que a proposta de redao seja produzida, por isso temas oriundos de acontecimentos que ocorreram prximos ao exame, normalmente, so descartados para o ano em questo, mas devem ser guardados para o prximo.

  • Portanto, temas relevantes em 2014 podem ser temas da redao do ENEM 2015, por exemplo.

    Como dissemos anteriormente, desde seu nascimento, o ENEM traz como

    propostas de redao temas sociais e nacionais, isto , que dizem respeito ao Brasil e sociedade brasileira; portanto, podemos descartar, para a prova de produo escrita, temas e acontecimentos internacionais. Voltando ao ENEM 2012, a questo da imigrao para o nosso pas neste sculo tem a ver com ocorrncias internacionais, como a devastao do Haiti, a crise na Zona do Euro, a busca por qualidade de vida dos latinos americanos (como bolivianos e colombianos, por exemplo, que buscam melhores condies de vida e de trabalho no nosso pas), mas relacionados ao Brasil, no isolados em seus pases. Assim, temas internacionais podem, sim, servir como panos de fundo para o tema da redao do ENEM, que, por sua vez, sempre relacionado ao nosso pas.

    3.2 As competncias avaliadas na redao do ENEM

    A banca elaboradora do ENEM concebe todas as questes, de todas as disciplinas e a proposta de redao baseada na Matriz de Competncia do ENEM, a qual divulgada pelo INEP, em seu site2 , e organizada em eixos e competncias que tm como objetivo nortear a avaliao. Este documento o alicere das competncias avaliadas na redao do exame, das quais falaremos logo a seguir.

    Primeiramente, h os cinco eixos cognitivos comuns a todas as reas do conhecimento3; so eles:

    2 O documento pode ser acessado atravs do endereo http://download.inep.gov.br/educacao_basica/Enem/downloads/2012/matriz_referencia_Enem.pdf. 3 Extrados do documento intitulado Matriz de Referncia ENEM, acessado no endereo eletrnico escrito a cima.

    I Dominar Linguagens: dominar a norma culta da Lngua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemtica, artstica e cientfica e das lnguas espanhola e inglesa; II Compreender Fenmenos: construir e aplicar conceitos das vrias reas do conhecimento para a compreenso de fenmenos naturais, de processos histricos geogrficos, da produo tecnolgica e das manifestaes artsticas. III Enfrentar Situaes Problemas: selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informaes representados de diferentes formas, para tomar decises e enfrentar situaes problemas.

  • Como estes eixos so a base da grade de correo da redao do ENEM, veremos uma certa repetio, pois eles reverberam nas matrizes de referncia da rea de Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias, na qual est inserida a prova de produo escrita e, portanto, nas competncias especficas para esta avaliao.

    O domnio da norma culta, por exemplo, a primeira competncia a ser avaliada; as coletneas de textos motivadores que acompanham as propostas de redao nos colocam fenmenos e situaes problemas, os quais os candidatos devem entender, enfrentar e intervir por meio de elaborao de propostas e, tudo isso, atravs de uma argumentao consistente4.

    As matrizes de referncia da rea de Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias so, ao todo, nove, mas aqui abordaremos as que tm relao com a prova de redao, j que esta rea abrange, como j dissemos, alm da Lngua Portuguesa, a Literatura, as lnguas estrangeiras, as artes, a Educao Fsica e as tecnologias da informao5.

    Competncia de rea 1 - Aplicar as tecnologias da comunicao e da informao na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.

    H1 - Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como

    elementos de caracterizao dos sistemas de comunicao. H2 - Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de

    comunicao e informao para resolver problemas sociais. H3 - Relacionar informaes geradas nos sistemas de comunicao e

    informao, considerando a funo social desses sistemas. H4 - Reconhecer posies crticas aos usos sociais que so feitos das linguagens

    e dos sistemas de comunicao e informao.

    4 Mais adiante, alm de descrevermos as competncias especficas da avaliao da prova de redao do ENEM, abordaremos como cumpri-las da melhor maneira possvel e, nesta parte, as detalharemos melhor. 5 Idem nota de rodap de nmero trs.

    IV Construir Argumentao: relacionar informaes, representadas em diferentes formas e conhecimentos disponveis em situaes concretas, para construir argumentao consistente. V Elaborar Propostas: recorre aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaborao de propostas de interveno solidria na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

  • Esta competncia relaciona-se, basicamente, ao uso das informaes obtidas pelos meios de comunicao na escola, no ambiente de trabalho e na vida social. Como existem diferentes meios de comunicao atualmente, como por exemplo, jornais e revistas impressos, jornais e revistas online, jornais televisivos e a televiso como um todo, blogs, redes sociais etc, tambm existem diferentes linguagens, adequadas as diversas esferas de comunicao e circulao social e os candidatos devem saber identific-las e diferenci-las.

    Competncia de rea 4 - Compreender a arte como saber cultural e esttico gerador de significao e integrador da organizao do mundo e da prpria identidade.

    H12 - Reconhecer diferentes funes da arte, do trabalho da produo dos artistas em seus meios culturais.

    H13 - Analisar as diversas produes artsticas como meio de explicar diferentes culturas, padres de beleza e preconceitos.

    H14 - Reconhecer o valor da diversidade artstica e das inter-relaes de elementos que se apresentam nas manifestaes de vrios grupos sociais e tnicos. Alm da arte ser um saber cultural e esttico que gera significao e integrante do mundo e da prpria identidade individual de cada um, ela linguagem, linguagem artstica que se prope a ter as mais variadas funes que, por sua vez, dependem de seu respectivo autor,esfera de circulao, suporte, pblico-alvo, dentre outros aspectos.

    O que isso tem a ver com a prova de redao? Um exemplo artstico pode compor a coletnea de textos motivadores, como por exemplo, uma gravura, um grafite, uma charge, uma foto etc e, assim, fazer parte de toda uma proposta de produo textual.

    Competncia de rea 5 - Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza,

    funo, organizao, estrutura das manifestaes, de acordo com as condies de produo e recepo.

    H15 - Estabelecer relaes entre o texto literrio e o momento de sua produo, situando aspectos do contexto histrico, social e poltico.

    H16 - Relacionar informaes sobre concepes artsticas e procedimentos de construo do texto literrio.

    H17 - Reconhecer a presena de valores sociais e humanos atualizveis e permanentes no patrimnio literrio nacional.

  • Esta competncia aborda a contextualizao de informaes, contedos e dados, a qual os candidatos devem estar atentos. Por exemplo, ter uma ideia de em que

    contexto histrico social uma notcia foi veiculada ou um livro escrito essencial para lidar bem com este material, tanto nas questes objetivas quanto no momento de ler a proposta de redao e sua coletnea de textos motivadores, j que o trecho de um romance, de um conto ou de uma crnica, por exemplo, ou um poema ou uma poesia podem fazer parte de uma coletnea.

    Competncia de rea 6 - Compreender e usar os sistemas simblicos das diferentes linguagens como meios de organizao cognitiva da realidade pela constituio de significados, expresso, comunicao e informao.

    H18 - Identificar os elementos que concorrem para a progresso temtica e para a organizao e estruturao de textos de diferentes gneros e tipos.

    H19 - Analisar a funo da linguagem predominante nos textos em situaes especficas de interlocuo.

    H20 - Reconhecer a importncia do patrimnio lingustico para a preservao da memria e da identidade nacional.

    J esta competncia trata dos textos e das linguagens no-verbais como meios de constituio de significados, expresso, comunicao e informao que so tpicos de alguns gneros, como por exemplo, infogrficos, fotos, grficos etc que esto presentes em reportagens, artigos cientficos, relatrios dentre outros. O ENEM sempre traz, nas coletneas de textos motivadores, como veremos mais adiante, textos no-verbais e a interpretao acertada destes gneros fundamental, alm de eles estarem presentes em nosso dia a dia.

    Competncia de rea 7 - Confrontar opinies e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestaes especficas.

    H21 - Reconhecer em textos de diferentes gneros, recursos verbais e no-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hbitos.

    H22 - Relacionar, em diferentes textos, opinies, temas, assuntos e recursos lingusticos.

    H23 - Inferir em um texto quais so os objetivos de seu produtor e quem seu pblico alvo, pela anlise dos procedimentos argumentativos utilizados.

    H24 - Reconhecer no texto estratgias argumentativas empregadas para o convencimento do pblico, tais como a intimidao, seduo, comoo, chantagem, entre outras.

  • A competncia de rea sete visa avaliar a interpretao dos textos em geral, de qualquer linguagem e todos os recursos aos quais um autor pode recorrer ao escrever,

    como por exemplo, os textos no-verbais dos quais falamos anteriormente, suas intenes e objetivos (por meio da anlise da argumentao, da descrio, da exposio e da narrao) etc.

    Competncia de rea 8 - Compreender e usar a lngua portuguesa como lngua materna, geradora de significao e integradora da organizao do mundo e da prpria identidade.

    H25 - Identificar, em textos de diferentes gneros, as marcas lingusticas que singularizam as variedades lingusticas sociais, regionais e de registro.

    H26 - Relacionar as variedades lingusticas a situaes especficas de uso social. H27 - Reconhecer os usos da norma padro da lngua portuguesa nas diferentes

    situaes de comunicao. A variedade lingustica o ponto nesta competncia, que a reconhece e a

    legitima, j que falamos de acordo com a nossa idade, classe social, gnero, contexto histrico, poltico e cultural etc e saber distingui-la muito importante em um exame como o ENEM, que a aborda em suas questes desde o seu incio.

    Competncia de rea 9 - Entender os princpios, a natureza, a funo e o impacto das tecnologias da comunicao e da informao na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos

    cientficos, s linguagens que lhes do suporte, s demais tecnologias, aos processos de produo e aos problemas que se propem solucionar.

    H28 - Reconhecer a funo e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicao e informao.

    H29 - Identificar pela anlise de suas linguagens, as tecnologias da comunicao e informao.

    H30 - Relacionar as tecnologias de comunicao e informao ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem.

    O ENEM mostra-se um exame atualizado e contemporneo e, como no podia deixar de ser, est atento ao mundo tecnolgico e informacional que nos cerca e, portanto, contextualizar toda esta tecnologia na dia a dia a fim de solucionar problemas

    essencial; pensando na prova de redao, voltamos esta competncia para a proposta de interveno social requerida pela quinta competncia especfica da redao. Agregar as tecnologias proposta de soluo, na redao, importante e a fortalece, j que,

  • como veremos mais adiante, a interveno deve ser o mais prtica, palpvel e verossmil possvel.

    Estas competncias de rea servem como base para as especficas da redao, que compem, assim, a grade de correo da redao do ENEM. O INEP divulga, desde o ano de 2012, em meados de setembro, um guia do candidato sobre a prova de

    produo escrita do ENEM com as cinco competncias avaliadas e exemplos de textos que obtiveram nota mxima, isto , 1.000 pontos6, j que a pontuao vai de 0 a 1.000, pois cada uma das cinco competncias vai de 0 a 200 pontos.

    baseados neste material oficial publicado que escreveremos sobre as competncias da redao, j que no fazemos parte da banca corretora do exame.

    importante que estes guias sejam lidos com calma pelos candidatos, pois trazem informaes e orientaes valiosas acerca da prova de redao do ENEM. Por exemplo, nele h a discriminao de todas as cinco competncias com detalhes sobre suas pontuaes e objetivos. A saber7:

    Competncia N1: Demonstrar domnio da modalidade escrita formal da Lngua Portuguesa

    Demonstrar domnio dos requisitos da ordem textual coeso, coerncia, sequenciao, informatividade - e escrever um texto sem marcas de oralidade e de registro informal, ter preciso vocabular e demonstrar obedincia s regras de concordncia verbal e nominal, regncia verbal e nominal, ponttuao, flexo de nomes e verbos, colocao de pronomes oblquos (tonos e tnicos), grafia das palavras (acentuao e emprego de letras maisculas e minsculas) e diviso silbica na mudana de linhas. 200 pontos: demonstra excelente domnio da modalidade escrita formal da Lngua Portuguesa e de escolha de registro. Desvios gramaticais ou de convenes da escrita sero aceitos apenas em casos excepcionais e quando no so reincidentes. 160 pontos: demonstra bom domnio da modalidade escrita formal da Lngua Portuguesa e de escolha de registro, com poucos desvios gramaticais e de convenes de escrita que no prejudicam a modalidade e a coeso do texto. 120 pontos: demonstra domnio mediano da modalidade escrita formal da Lngua Portuguesa e de escolha de registro, com alguns desvios gramaticais e de convenes de escrita que pouco prejudicam a modalidade e a coeso do texto. 80 pontos: demonstra domnio insuficiente da modalidade escrita formal da Lngua Portuguesa e de escolha de registro, com muitos desvios gramaticais e de convenes de escrita que prejudicam a modalidade e a coeso do texto. 40 pontos: demonstra domnio precrio da modalidade escrita formal da Lngua Portuguesa e de escolha de registro, de forma sistemtica, com diversificados e frequentes desvios gramaticais e de convenes de escrita que prejudicam a modalidade

    6 Os guias dos candidatos de 2012 e de 2013 podem ser acessados por meio do endereo http://portal.inep.gov.br/web/Enem/Enem. 7 Tabela baseada no contedo do Guia do Participante A Redao no ENEM 2013, que pode ser acessado por meio do endereo http://download.inep.gov.br/educacao_basica/Enem/guia_participante/2013/guia_participante_redacao_Enem_2013.pdf.

  • e a coeso do texto. 0 ponto: demonstra desconhecimento da modalidade escrita formal da Lngua Portuguesa.

    Competncia N2: Compreender a proposta de redao e aplicar conceitos das vrias reas do conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites

    estrtuturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa

    200 pontos: desenvolve o tema por meio de argumentao consistente, a partir de um repertrio sociocultural produtivo, e apresenta excelente domnio da dissertao-argumentativa.

    160 pontos: desenvolve o tema por meio de argumentao consistente e apresenta bom domnio da dissertao-argumentativa, com proposio, agumentao e concluso. 120 pontos: desenvolve o tema por meio de argumentao previsvel e apresenta domnio mediano da dissertao-argumentativa, com proposio, agumentao e concluso. 80 pontos: desenvolve o tema recorrendo cpia de trechos dos textos motivadores ou apresenta domnio insuficiente da dissertao-argumentativa, no atendendo estrutura com com proposio, agumentao e concluso. 40 pontos: h tangenciamento do tema ou demonstra domnio precrio da dissertao-argumentativa, com traos constantes de outros tipos tetxuais. 0 ponto: h fuga total do tema ou no atendimento do tipo textual.

    Competncia N3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informaes, fatos, opinies e argumentos em defesa de um ponto de vista

    Coerncia: relao de sentido entre as partes do texto, preciso vocabular, coerncia interna e externa, progresso temtica. 200 pontos: apresenta informaes, fatos, opinies e argumentos relacionados ao tema proposto de forma consistente e organizada, configurando autoria e autonomia em defesa de um ponto de vista.

    160 pontos: apresenta informaes, fatos, opinies e argumentos relacionados ao tema proposto de forma pouco consistente e organizada, com indcios de autoria e autonomia em defesa de um ponto de vista.

    120 pontos: apresenta informaes, fatos, opinies e argumentos relacionados ao tema proposto limitado aos textos motivadores e pouco organizados em defesa de um ponto de vista.

    80 pontos: apresenta informaes, fatos, opinies e argumentos relacionados ao tema proposto limitado aos textos motivadores, mas desorganizados em defesa de um ponto de vista.

    40 pontos: apresenta informaes, fatos, opinies e argumentos pouco relacionados ao tema proposto ou incoerentes e sem defender um ponto de vista.

    0 ponto: apresenta informaes, fatos, opinies e argumentos no relacionados ao tema proposto e sem defender um ponto de vista

    Competncia N4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos lingusticos necessrios para a construo da argumentao

    Coeso: paragrafao, estruturao dos perodos, referenciao. 200 pontos: apresenta um texto bem articulado e um repertrio diversificado dos recursos coesivos.

    160 pontos: apresenta um texto articulado, com poucas inadequaes e um repertrio diversificado dos recursos coesivos.

    120 pontos: apresenta um texto razoavelmente articulado, com algumas inadequaes

  • e um repertrio pouco diversificado dos recursos coesivos. 80 pontos: apresenta um texto com articulao insuficiente, com muitas inadequaes e repertrio limitado dos recursos coesivos. 40 pontos: apresenta um texto com articulao precria. 0 ponto: apresenta um texto no articulado.

    Competncia N5: Elaborar proposta de interveno social para o problema abordado, respeitando os direitos humanos

    200 pontos: elabora muito bem a proposta de interveno social, de modo detalhado, relacionada ao tema e articulada discusso desenvolvida no texto. 160 pontos: elabora bem a proposta de interveno social e esta relacionada ao tema e articulada discusso desenvolvida no texto. 120 pontos: elabora uma proposta de interveno social mediana e esta relacionada ao tema e articulada discusso desenvolvida no texto. 80 pontos: elabora uma proposta de interveno social insuficiente e esta relacionada ao tema, mas no articulada discusso desenvolvida no texto. 40 pontos: elabora uma proposta de interveno social precria, vaga. 0 ponto: no apresenta uma proposta de interveno social.

    Por ora, no detalharemos as competncias especficas da redao do ENEM, pois pensamos ser melhor fazermos isso aps explorarmos ao mximo a dissertao-argumentativa, o tipo textual pedido na prova de produo escrita, quando poderemos explicar e exemplificar como cumprir cada uma da melhor maneira possvel, dedicando espaos especiais para cada uma delas.

    3.3 A correo da redao do ENEM

    A banca corretora da prova de redao do ENEM composta por professores de Lngua Portuguesa da educao bsica, que esto ou no cursando mestrado ou doutorado em universidades pblicas e/ou privadas brasileiras. Primeiramente, os professores candidatos a corretores passam por um treinamento durante o segundo

    semestre, no qual so avaliados e os que so aprovados compem a banca corretora e corrigem os textos por meio da internet. Como o ENEM possui dimenses continentais, impraticvel confinar todos os corretores da banca como fazem, por exemplo, os vestibulares da Universidade de So Paulo (USP) e da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e outras, ento o INEP envia os textos e os corretores os reenviam corrigidos.

    Cada redao corrigida por, no mnimo, dois corretores e s cegas, isto , nenhum dos dois corretores sabe que nota foi dada pelo outro e nem qual foi o outro

    corretor, para haver a imparcialidade que o processo exige. Cada corretor atribui uma

  • nota de 0 a 200 pontos para cada competncia e a soma desta pontuao a nota dada por cada corretor, podendo chegar aos 1.000 pontos. A nota final do texto a mdia aritmtica das notas dos dois corretores.

    Caso haja uma discrepncia, isto , uma diferena maior do que 100 pontos entre as notas dos dois corretores ou maior do que 80 pontos em qualquer uma das

    competncias, a redao ser corrigida uma terceira vez, por um corretor diferente e a nota final do texto ser a mdia aritmtica das duas notas mais prximas, sendo a mais distante descartada. Caso a discrepncia permanea depois da terceira correo, a redao ser corrigida uma quarta vez, agora por uma banca composta por trs professores e esta nota absoluta, ou seja, a que valer.

    Candidatos surdos, com alguma deficincia ou com dislexia tero suas redaes avaliadas por meio de mecanismos condizentes com estas condies; basta, no momento da inscrio, estipular se trata-se de candidatos especiais.

    Todas as correes (primeiras, segundas, terceiras e quartas) so realizadas baseadas nas cinco competncias especficas da redao do ENEM e nas regras estipuladas pelo INEP no Guia do Participante, sobre as quais falaremos mais adiante.

  • 4. A dissertaoargumentativa: o tipo textual da redao do ENEM

    4.1 Redao nota 1.000

    Redao de Mary Clea Ziu Lem Gun, Barueri (SP). Cidadania virtual

    Assistimos hoje ao fenmeno da expanso das redes sociais no mundo virtual, um crescimento que ganha ateno por sua alta velocidade de propagao, trazendo como consequncia, diferentes impactos para o nosso cotidiano. Assim, faz-se necessrio um cuidado, uma cautelosa discusso a fim de encarar essa nova realidade com uma postura crtica e cidad para ento desfrutarmos dos benefcios que a globalizao dos meios de comunicao pode nos oferecer.

    A internet nos abre uma ampla porta de acesso aos mais variados fatos,

    verbetes, imagens, sons, grficos etc. Um universo de informaes de forma veloz e prtica permitindo que cada vez mais pessoas, de diferentes partes do mundo, diversas idades e das mais variadas classes sociais, possam se conectar e fazer parte da grande

    rede virtual que integra nossa sociedade globalizada. Dentro desse contexto as redes

    sociais simbolizam de forma eficiente e sinttica como o conviver no sculo XXI, como se estabelecem as relaes sociais dentro da nossa sociedade ps-industrial , fortemente integrada ao mundo virtual.

    Toda a comodidade que a rede virtual nos oferece , no entanto, acompanhada pelo desafio de ponderar aquilo que se publica na internet, ficando

    evidente a instabilidade que existe na tnue linha entre o pblico e o privado. Afinal, a internet se constitui tambm como um ambiente social que primeira vista pode trazer a falsa ideia de assegurar o anonimato. A fragilidade dessa suposio se d na medida em que causas originadas no meio virtual podem sim trazer consequncias para o mundo real. Crimes virtuais, processos jurdicos, disseminao de ideias, organizao de manifestaes so apenas alguns exemplos da integrao que se faz entre o real e o virtual.

    Para um bom uso da internet sem cair nas armadilhas que esse meio pode

    eventualmente nos apresentar, necessria a construo da criticidade, o bom senso entre os usurios da rede, uma verdadeira educao capaz de estabelecer um equilbrio

  • entre os dois mundos, o real e o virtual. papel de educar tanto das famlias, dos professores como da sociedade como um todo, s assim estaremos exercendo de forma plena nossa cidadania.

    Texto extrado do documento A Redao no ENEM 2012 Guia do Participante disponvel em http://www.inep.gov.br/.

    4.2 O que um texto dissertativo-argumentativo?

    O texto dissertativo-argumentativo um texto opinativo que se organiza na defesa de um ponto de vista sobre determinado assunto. Nele, a opinio fundamentada com explicaes e argumentos, para formar a opinio do leitor ou ouvinte, tentando convenc-lo de que a ideia defendida est correta. preciso, portanto, expor e explicar ideias. Da a sua dupla natureza: argumentativo porque defende uma tese, uma opinio, e dissertativo porque se utiliza de explicaes para justific-la.

    Seu objetivo , em ltima anlise, convencer ou tentar convencer o leitor mediante a apresentao de razes, em face da evidncia de provas e luz de um raciocnio coerente e consistente e esse tipo textual que a proposta de redao do ENEM pede.

    O texto atender s exigncias de elaborao de um texto dissertativo-argumentativo se combinar dois princpios de estruturao:

    I apresentar uma tese, desenvolver justificativas para comprovar essa tese e uma concluso que d um fecho discusso elaborada no texto, compondo o processo argumentativo.

    II utilizar estratgias argumentativas para expor o problema discutido no texto e detalhar os argumentos utilizados.

    Um texto dissertativo difere de um texto dissertativo-

    argumentativo por no haver a necessidade de demonstrar a verdade de uma ideia, ou tese, mas

    apenas de exp-la.

    Ao ler esta redao, o que lhe chamou a ateno? O que voc acha que a faz ser uma redao nota 1.000? Guarde suas respostas e, ao longo da apostila,

    veja se voc acertou ou no seus palpites!

  • ESTRATGIAS ARGUMENTATIVAS So recursos utilizados para desenvolver os argumentos, de modo a convencer o leitor:

    exemplos;

    dados estatsticos; pesquisas;

    fatos comprovveis; citaes ou depoimentos de pessoas especializadas no assunto;

    aluses histricas; e comparaes entre fatos, situaes, pocas ou lugares distintos.

    Por exemplo, para desenvolver um texto dissertativo-argumentativo sobre o

    tema Viver em rede no sculo XXI: os limites entre o pblico e o privado (ENEM 2011), voc poderia desenvolver:

    Tese: O excesso de exposio da vida privada nas redes sociais pode ter consequncias graves, como situaes de violncia ciberntica.

    Argumentos:

    1. explicao sobre o que violncia ciberntica; 2. dados de pesquisas que comprovam a tese;

    3. exemplos de situaes de violncia, como o cyber bullying; 4. depoimento de especialista no assunto e

    5. contra-argumento: aspectos positivos das redes sociais.

    Proposta de interveno: Alertar os jovens, por meio de campanhas, tanto na escola, por professores, como em em casa, com os familiares, sobre os perigos da

    superexposio nas redes sociais.

    Como desenvolver uma tese?

    TESE a ideia que voc vai defender no seu texto. Ela deve estar relacionada ao tema e deve estar apoiada em argumentos ao longo da

    redao. ARGUMENTO a justificativa utilizada por voc para convencer o leitor a concordar com a tese defendida. Cada argumento deve responder pergunta por qu? em relao tese defendida.

    Quais outras teses

    poderiam ser

    desenvolvidas e com quais

    argumentos?

  • Voc pode iniciar o desenvolvimento da tese transformando o tema em uma pergunta. Ainda usando o tema do ENEM 2011, ficaria da seguinte forma: Viver em rede no sculo XXI: quais so os limites entre o pblico e o privado? ou Como viver em rede no sculo XXI? Quais so os limites entre o pblico e o privado?.

    A seguir, responda esta pergunta da maneira mais simples e clara possvel, concordando ou discordando ou, ainda, concordando em parte e discordando em parte;

    esta resposta ser seu ponto de vista. Pergunte a si mesmo o porqu da sua resposta buscando uma justificativa para

    ela em uma causa, um motivo, uma razo etc: essa justificativa ser seu principal argumento.

    Em seguida, reflita sobre os motivos que o levaram ao argumento principal, pois

    eles o ajudaro a fundamentar a sua posio: eles so seus argumentos auxiliares. Atravs das estratgias argumentativas mencionadas anteriormente, voc desenvolver seus argumentos.

    A partir dessa reflexo voc poder iniciar o rascunho do seu texto, planejando-o. A sugesto proposta a partir do passo a passo acima :

    interrogue o tema;

    responda com a opinio; justifique com o argumento principal;

    fundamente-o com os argumentos auxiliares;

    apresente as estratgias argumentativas; apresente a proposta de interveno social e conclua.

    Ao lermos as propostas de redao do ENEM, percebemos que elas vm acompanhadas do tema e da coletnea de textos que tem a funo de inspirar, motivar e expandir o seu raciocnio e a de fixar um padro temtico e no deixar que voc fuja do que foi exigido. A coletnea no um roteiro temtico e sim um conjunto de possibilidades diversas de abordar a complexidade do tema com o qual, supe-se, voc, candidato, j teria tido algum contato. Os textos no possuem, entre si, uma hierarquia;

    Como o ENEM sempre pede uma proposta de interveno social, normalmente, o tema est inserido em uma problemtica; caso ele no esteja, caso no haja um problema, problematize e depois intervenha.

  • eles podem e devem ser aproveitados de diferentes formas, conforme o modo de cada

    um mobilizar seu trabalho de leitura e escrita em funo de seu projeto de texto. Assim, ao lermos o tema e a coletnea textual, devemos analisar que padro

    temtico ela estabelece. Por exemplo, a proposta de redao do ENEM 2011 (Viver em rede no sculo XXI: os limites entre o pblico e o privado) vinculava-se a um assunto mais amplo, tecnologia, e envolveu a discusso sobre privacidade no uso da internet na vida cotidiana, sob a forma das redes sociais. Isso comprova que o tema

    proposto um recorte do assunto tecnologia sob o ponto de vista da insero da informtica na vida cotidiana, que poderia gerar tambm outros temas como A influncia do telefone celular nas relaes interpessoais, O comrcio eletrnico via Web, Incluso digital e a mudana de hbitos de leitura e Hackers e crimes cibernticos etc.

    Para desenvolver o tema proposto, o participante deveria abordar o uso das redes

    sociais, tais como MSN, Orkut, Twitter e Facebook, discutindo a questo da privacidade quais os pontos positivos e negativos da exposio da vida pessoal que hoje ocorrem devido aos avanos tecnolgicos. A redao deveria, portanto, problematizar as consequncias dessa exposio excessiva que torna a vida privada cada vez mais pblica e os riscos decorrentes dessa exposio, procurando defender uma tese, um ponto de vista a esse respeito.

    Considera-se tangenciamento ao tema a abordagem parcial, ou marginal, do

    tema dentro do assunto. Por exemplo, se um candidato ao ENEM 2011 abordasse outros

    aspectos relacionados insero da informtica na vida cotidiana, como incluso digital, internet de um modo geral, referindo-se de forma superficial e paralela s redes sociais e questo da privacidade, poder ser considerada como fuga parcial ao tema, ou tangenciamento. Isso ocorre porque o autor partiu do assunto tecnologia (levando-se em conta que assunto mais amplo do que tema) sem focalizar plenamente o tema redes sociais e privacidade. O tema foi abordado, portanto, apenas parcialmente, de maneira marginal, superficialmente. O tangenciamento tambm ocorrer se a redao abordar a questo da privacidade sem relacion-la s redes sociais ou se confundir a distino entre pblico x privado com governamental x particular, gratuito x pago.

  • Fugir do tema abord-lo de uma forma completamente diferente do recorte temtico feito pela coletnea textual e, assim, construir um texto que nada tenha a ver com a proposta de redao. Ainda no exemplo do ENEM 2011, dentro do assunto tecnologia, a no considerao dos limites entre o pblico e o privado na questo dos avanos em hardware, como tablets e smartphones, foi considerada fuga ao tema. Foi considerada tambm fuga ao tema a abordagem de temas relacionados a outros assuntos, como meio ambiente, sade ou educao.

    4.3 Como comear a escrever?

    Uma prova de redao , essencialmente, uma prova de leitura e escrita que visa avaliar a leitura do aluno da proposta de redao, seu conhecimento prvio (escolar e de mundo) e sua escrita, isto , como ele definiu sua tese e a desenvolveu atravs de argumentos e estratgias argumentativas. Para tanto, essencial um projeto de texto no qual tudo esteja organizado e ele pode ser feito no rascunho.

    O projeto bsico de uma dissertao argumentativa o seguinte: ttulo (diferente do tema)

    introduo da tese desenvolvimento

    o argumento principal

    o argumentos secundrios estratgias argumentativas o contra-argumento

    concluso No rascunho, voc pode construir o seu projeto de texto tendo em mente esta

    estrutura bsica.

    Ttulo

    No Guia do Participante sobre a redao no ENEM, publicado em 2013, h a afirmao de que o ttulo no uma marca obrigatria na dissertao-argumentativa, ou seja, segundo este documento, o candidato que no intitular seu texto no ser

  • prejudicado, isto , no ter descontos na nota por isso. Caso haja um ttulo, esta redao no pode ser beneficiada apenas por isso, j que ele facultativo.

    Esta no obrigatoriedade ajuda quem no gosta ou tem dificuldades em intitular textos, j que no , mesmo, uma tarefa fcil, pois o ttulo deve ter relaes com o tema da redao, ser conciso, criativo e chamar a ateno do leitor, j que a primeira parte a ser lida. Portanto, quem no se sente bem criando ttulos ou perde muito tempo pensando nisso, no ENEM, pode deixar a dissertao-argumentativa no intitulada.

    J para quem quer escrever um ttulo, algumas orientaes so importantes. O ttulo deve ser diferente do tema, j que trata-se do seu ponto de vista particular sobre ele. O ttulo como se fosse o carto de visitas do texto, pois ele ser a primeira parte dele a ser lido e, por isso, deve ser expressivo, isto , deve chamar a ateno, de alguma forma, para o seu texto; como uma manchete de jornal que deve ser boa o bastante a levar o leitor a ler a matria inteira. Assim, o ttulo deve estar relacionado ao tema e tese e deve ser, na medida do possvel, criativo e nada vago.

    Pensando no ENEM 2011, ttulos como A internet seriam considerados pouco expressivos, vagos e nada criativos. Palavras-chaves retiradas do tema e da coletnea podem compor um bom ttulo.J em relao proposta da redao do ENEM 2013 - Efeitos da Implantao da Lei Seca no Brasil - colocar esta frase como ttulo da redao uma prova de que o candidato apoiou-se, totalmente, por falta de criatividade, dificuldade em estabelecer relaes, conhecimento prvio precrio ou at preguia no tema da proposta.

    Introduo

    A introduo , normalmente, o 1 pargrafo da dissertao argumentativa e nela que o tema e a sua tese devem ser apresentados ao seu leitor. Alis, pensando nele, lembre-se que qualquer um deve conseguir ler seu texto e, assim, no pressuponha que o leitor conhea a proposta de redao e o tema: o leitor deve conhecer o tema atravs do seu texto, atravs da sua tese. como quando um jornalista escreve uma notcia: ele quem deve contar e apresentar os fatos ao leitor, que nada sabe do ocorrido. Vamos

    ver um exemplo de uma das melhores redaes da Fuvest 2012; voc saberia dizer, pela introduo, qual o tema e a tese da redao?

    O triste aborto poltico

  • Em 2011, a revista Time elegeu como a pessoa do ano o ser que protesta, The Protestant. De fato, tal ao foi amplamente verificada no ano que se passou, como exemplifica a Primavera rabe. Nesta, milhares de pessoas lutaram pelos seus direitos e exigiam algo que muitos parecem ter esquecido: participao poltica.

    Entretanto, enquanto muitos rabes lutam por seus direitos polticos, o mundo ocidental parece ter descartado tal conquista, tratando-a como um objeto substituvel por outras coisas que preenchem o vazio ali estabelecido. (...)

    Texto disponvel em http://www.fuvest.br/vest2012/bestred/127933.html

    Esta candidata optou por fazer a introduo em dois pargrafos e no h problemas nisso, j que no h uma frmula perfeita e nica de se escrever uma dissertao-argumentativa. Ela poderia, muito bem, ter juntado estes dois pargrafos, mas optou por separ-los. Repare como a meno de informaes atuais como a eleio da Time e a Primavera rabe contextualizam melhor o tema. O tema tambm auxilia, j que impactante.

    Exemplo da Fuvest 2011; qual o tema e a tese?

    Sobre equvocos, Narcisos e imediatismos

    Caracterizada pela evidente degradao do ser em ter, a atual estrutura socioeconmica, embasada no que efmero e aparente, acarreta na vida uma desvastadora inverso de valores. Os indivduos, influenciados pela vivncia em meio a um mercado de consumo marcado pela competio, passaram a enxergar o outro como um inimigo em potencial. Diante disso, entre relacionamentos superficiais, valores

    egocntricos e atitudes que priorizam o imediato, o altrusmo vai se desfalecendo e se tornando uma raridade no mundo contemporneo. (...)

    Texto disponvel em http://www.fuvest.br/vest2011/bestred/132240.html

    J na introduo, a candidata no s apresenta o tema e introduz a sua tese como as contextualiza e as relaciona com aspectos sociais e econmicos e isto ela tambm faz

  • no ttulo que traz uma aluso histrica mitolgica, o que demonstra seu amplo conhecimento prvio e sua capacidade de relacionar assuntos8.

    4.4 Como introduzir uma tese

    Em uma aula de redao, no momento em que o professor explica a proposta, grande parte dos alunos diz no saber como comear a escrever, como introduzir a tese no primeiro ou nos primeiros pargrafos do texto. Realmente no fcil iniciar a escrita, mas se escrevermos com frequncia, isso se tornar mais fcil com o tempo e com as orientaes abaixo, podemos ver que h vrios modos de comear uma dissertao argumentativa.

    Conceituando (definindo) algo a forma mais comum de se comear. Por exemplo:

    Violncia toda ao marginal que nos atinge de maneira irresersvel: um tiro que nos dado, um assalto sem que esperemos, nosso amigo ou conhecido que perde a vida inesperadamente atravs de aes inominveis...

    Apresentando alguma(s) estratgias argumentativas como dados estatsticos, exemplos, citaes, depoimentos etc No ENEM, no adequado copiar dados da coletnea, j que nele esta , apenas, fonte de inspirao para ampliar seu conhecimento sobre o tema, ento, este modo de apresentar a tese requer um conhecimento prvio bastante vasto e certeiro, pois se voc escrever algo errado, pode comprometer seu texto no quesito coerncia externa/verosimilhana.

    Para TCU, atraso da Anatel pe em risco transmisso da Copa A Anatel (Agncia Nacional de Telecomunicaes) enfrentar dificuldades para

    concluir projetos que visam garantir a segurana e o funcionamento do setor durante a Copa de 2014. A constatao de um relatrio do TCU (Tribunal de Contas da Unio), ao qual a Folha teve acesso. Segundo o documento, foram concludas licitaes referentes a apenas 11,6% dos R$ 45,7 milhes que a reguladora deveria ter comprometido em 2012 com projetos exigidos pelo Gcopa (Comit Gestor da Copa

    8 PS: Se voc respondeu que os temas da Fuvest 2012 e 2011 foram, respectivamente, participao poltica (Participao poltica: indispensvel ou superada?) e altrusmo (O altrusmo e o pensamento a longo prazo ainda tm lugar no mundo contemporneo?), voc acertou! Parabns!

  • 2014, grupo do Executivo que acompanha as aes de preparao para a Copa do Mundo de 2014).

    Extrado de http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1240692-para-tcu-atraso-da-anatel-poe-em-risco-transmissao-da-copa.shtml

    Usando linguagem metafrica ou sentido figurado Mtodo mais indicado, geralmente, para iniciar redaes cujos temas so reflexivos, como por exemplo, amizade, liberdade etc (temas mais recorrentes em provas da Fuvest e da Unesp). O

    ENEM normalmente elabora temas de cunho social e no reflexivos, mas nada impede que voc inicie sua redao utilizando metforas ou o sentido figurado.

    "Sorteio de vagas na educao... triste Brasil! Tristes e desamparadas criaturas que transformam-se em nmeros sem particularidade individual e acabam, como num bingo do analfabetismo, preenchendo cartelas da ignorncia.(...)

    Narrando Sim, voc pode iniciar uma dissertao argumentativa narrando algo, mas deve parar por a e voltar a dissertar e a argumentar logo em seguida, seno seu texto ser zerado na segunda competncia da grade de correo do ENEM (Compreender a proposta de redao e aplicar conceitos de vrias reas do conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limtes estruturais do texto

    dissertativo-argumentativo). Pensando na proposta do ENEM 2012, vejamos um exemplo:

    Maria, cidad boliviana, no conseguia encontrar emprego em seu pas e, desesperada por uma vida melhor para ela e para seus filhos, aceitou a proposta de um conhecido que a ofereceu um

    emprego no Brasil, em So Paulo, como costureira. Sonhando com com um trabalho digno, embarcou, mas logo se desiludiu ao conhecer a confeco escura, apertada, mal ventilada onde iria trabalhar; decepcionou-se com seu baixssimo salrio e cansou-se de, j no primeiro dia, costurar por mais de 15 horas e mal conseguir dormir no alojamento.

    Interrogando o tema Na primeira publicao desta srie, segurimos um tipo de planejamento da sua redao a partir da transformao do tema em pergunta e das respostas para esta pergunta que, por sua vez, orientariam toda a argumentao e assim podemos introduzir uma tese, questionando. Mas ateno: todas as perguntas feitas devem ser respondidas pelo autor. Tendo em mente o ENEM 2012, temos um exemplo:

  • O que leva uma pessoa a imigrar para outro pas? A busca por uma vida melhor? A fuga de um regime totalitrio, de uma crise financeira ou da misria? Um grande amor?...

    Contestando o tema Sim, voc pode discordar do tema (e assim contest-lo) desde que tenha argumentos fortes para isso. Muitos perguntam se h a possibilidade do corretor no gostar do texto, no concordar e assim dar nota baixa e a resposta no. O corretor est l para verificar se a redao atende s expectativas da banca em relao grade de correo (as competncias) do ENEM e no para gostar ou no do seu ponto de vista, at porque voc deve escrever imaginando um leitor universal e no o corretor.

    Embora se divulgue que o trabalho infantil no Brasil diminuiu consideravelmente, isso no o bastante, j que o ideal que ele seja erradicado no s do nosso pas, mas do mundo todo. Crianas ainda trabalham, at em regime escravo, em plantaes, carvoarias, nas cidades e at em suas prprias casas

    Traar uma trajetria histrica comparando passado e presente, projetando um futuro.

    A histria da humanidade deu-se atravs dos movimentos imigratrios em busca de desenvolvimento, de poder, de riquezas, de conquistas e se d at hoje pelos mesmos motivos...

    Descrever lugares, pessoas etc Aqui vale a mesma orientao para o incio narrativo: descreva, narre e logo v para a dissertao argumentativa para no zerar no tipo textual.

    Um poro escuro, fechado e mal ventilado; nele h vrias mquinas de costura nas quais h, em cada uma, uma pessoa que buscou na imigrao um sonho de vida e acabou deparando-se com o trabalho escravo em uma confeco que vende roupas para uma grande rede de lojas que, por sua vez, vendem estas peas a preos que elas nunca podero pagar, mesmo trabalhando mais de 15 horas por dia.

    4.5 Como desenvolver e sustentar uma tese

    Em dissertaes argumentativas, como o ENEM pede, opinio sem argumentao no vale nada, isto , no basta opinar sobre o tema da proposta, tem de argumentar a fim de convencer ou tentar convencer o seu leitor acerca do seu ponto de

  • vista. Caso haja apenas a opinio, sem argumentao, no houve cumprimento da segunda competncia que, dentre outras coisas, verifica se o texto realmente uma dissertao argumentativa que, o prprio nome diz, requer argumentos; redao com apenas opinio somente dissertativa e no dissertativa argumentativa.

    Neste momento, o planejamento da sua redao essencial para que ela tenha progresso e seja autnoma, isto , para que ela progrida em termos de tema e tese (evolua e no seja maante, j que h textos que falam, falam, falam, mas nada dizem) e possa ser lida fora do contexto do ENEM, ou seja, por qualquer pessoa (lembrem-se de

    pensar em um leitor universal e no no corretor). neste ponto da produo escrita que importante ressaltarmos duas questes:

    o uso da coletnea e o conhecimento prvio de mundo. O ENEM nomeia o conjunto de textos que acompanha a proposta de redao de coletnea e esta serve como motivao, inspirao para a ampliao dos seus pensamentos sobre o tema, j que a banca elaboradora pressupe que voc j tenha ouvido falar, pelo menos um pouco, sobre o assunto.

    Obviamente difcil e praticamente impossvel ser especialista em todas as reas do conhecimento, mas o candidato ao ENEM e a qualquer outra prova oficial deve ser

    aquela pessoa que saiba conversar um pouco de tudo, aquela pessoa com a qual gostoso bater um papo, pois tem uma opinio formada sobre vrios assuntos.

    Como exemplo, pensemos no tema do ENEM 2013 sobre os movimentos

    imigratrios no Brasil no sculo XIX: muita gente reclamou deste tema, pois realmente foi uma supresa, j que nem os professores o esperavam e os argumentos de quem no gostou foram de que o tema era difcil (e mesmo, pois envolve vrias questes geogrficas, histricas, sociais etc) e de que no era to atual como a Copa, Olimpadas, Rio + 20 dentre outros. Como no era atual se em janeiro de 2012 comeou a ser noticiada a vinda em massa de haitianos para o nosso pas, principalmente pelo estado do Acre, devido s gravssimas consequncias do terremoto que assolou o Haiti

    O ENEM nos diz que o candidato deve usar a coletnea apenas como textos motivadores e no como textos fontes, ou seja, no devemos copi-la nos textos e sim apenas fazer referncias e relacion-la, por meio de parfrases, com o nosso conhecimento prvio de mundo que, nada mais , do que o conhecimento que adquirimos na nossa vida escolar e fora dela, no mundo e aqui que estar bem informado sobre qualquer assunto indispensvel.

  • recentemente? O jornal O Globo, por exemplo, em seu site, disponibilizou uma

    verdadeira coletnea sobre o tema (ver http://oglobo.globo.com/infograficos/haitianos-no-brasil/). Outro fato que comprova a atualidade do tema a denncia de que uma das confeces que fornece roupas para a rede de lojas espanhola Zara, em So Paulo, escraviza seus funcionrios, boliavianos em sua maioria em agosto de 2011 e a vinda de imigrantes europeus em busca de uma vida melhor no Brasil em decorrncia da crise ecommica na zona do Euro. So estas e outros tipos de informaes que deveriam vir cabea do candidato ao conhecer a proposta de redao do ENEM 2013 e isto deve acontecer sempre, em qualquer tema de redao.

    4.1 Argumentos e recursos lingusticos

    Vejamos agora uma redao feita por uma candidata ao ENEM 2012 disponibilizada pelo MEC para analisarmos os argumentos usados e a construo do texto, que por sua vez deve explicitar as intenes do autor, pois sempre temos intenes ao escrever e ao falar e, na dissertao argumentativa, a principal inteno opinar, sustentar esta opinio e, assim, convencer o seu leitor.

    Redes sociais: o uso exige cautela

    Uma caracterstica inerente s sociedades humanas sempre buscar novas maneiras de se comunicar: cartas, telegramas e telefonemas so apenas alguns dos vrios exemplos de meios comunicativos que o homem desenvolveu com base nessa perspectiva. E, atualmente, o mais recente e talvez o mais fascinante desses meios, so as redes virtuais, consagradas pelo uso, que se tornam cada vez mais comuns.

    Orkut, Twiter e Facebook so alguns exemplos das redes sociais (virtuais) mais acessadas do mundo e, convenhamos, a popularidade das mesmas se tornou tamanha

    que no ter uma pgina nessas redes praticamente como no estar integrado ao atual mundo globalizado. Atravs desse novo meio as pessoas fazem amizades pelo mundo inteiro, compartilham ideias e opinies, organizam movimentos, como os que derrubaram governos autoritrios no mundo rabe e, literalmente, se mostram para a sociedade. Nesse momento que nos convm cautela e reflexo para saber at que ponto se expor nas redes sociais representa uma vantagem.

  • No saber os limites da nossa exposio nas redes virtuais pode nos custar caro e colocar em risco a integridade da nossa imagem perante a sociedade. Afinal, a partir

    do momento em que colocamos informaes na rede, foge do nosso controle a conscincia das dimenses de at onde elas podem chegar. Sendo assim, apresentar informaes pessoais em tais redes pode nos tornar um tanto quanto vulnerveis moralmente.

    Percebemos, portanto, que o novo fenmeno das redes sociais se revela como uma eficiente e inovadora ferramenta de comunicao da sociedade, mas que traz seus riscos e revela sua faceta perversa queles que no bem distinguem os limites entre as esferas pblicas e privadas jogando na rede informaes que podem prejudicar sua prpria reputao e se tornar objeto para denegrir a imagem de outros, o que, sem dvidas, um grande problema.

    Dado isso, essencial que nessa nova era do mundo virtual, os usurios da rede tenham plena conscincia de que tornar pblica determinadas informaes requer cuidado e, acima de tudo, bom senso, para que nem a prpria imagem, nem a do prximo possa ser prejudicada. Isso poderia ser feito pelos prprios governos de cada pas, e pelas prprias comunidades virtuais atravs das redes sociais, afinal, se essas revelaram sua eficincia e sucesso como objeto da comunicao, sero, certamente, o melhor meio para alertar os usurios a respeito dos riscos de seu uso e os cuidados necessrios para tal .

    Redao de Camila Pereira Zuconi, Viosa (MG). Texto extrado do documento A Redao no ENEM 2012 Guia do Participante disponvel em http://www.inep.gov.br/.

    Iniciaremos nossa anlise a partir do ttulo, um item essencial em dissertaes-argumentativas e, atravs dele, podemos verificar que a candidata compreendeu a proposta e o seu foco, pois j nele menciona as redes sociais e, inclusive, opina sobre elas ao afirmar que necessrio cautela.

    Na introduo, ela recorre histria da tecnologia da comunicao para resgatar a trajetria das relaes interpessoais e necessidade e inerncia (por causa da capacidade de falar) do homem de se comunicar, o que j pontua na competncia nmero dois que avalia a aplicao de conhecimento de vrias reas para desenvolver o tema. Ao traar essa rota histrica, a candidata chega internet, mais especificamente s redes sociais e afirma que seu uso cada vez mais comum e fascinante e, assim, introduz sua tese, que ser mais embasada no pargrafo seguinte, ao citar as redes sociais mais famosas e afirmar que quem no tem conta em alguma delas ou em

  • nenhuma praticamente no existe no mundo globalizado (mais pontuao na segunda competncia). Alm disso, ela cita a importncia que estas redes tm nas relaes entre as pessoas, inclusive na sua atuao poltica, dando como exemplo e mostrando mais conhecimento de mundo, a Primavera rabe (o que casou com a proposta de redao da segunda fase da Fuvest do mesmo ano, que tratava da participao poltica; tambm no mesmo ano, a Unicamp, em sua primeira fase, elaborou suas propostas de redao com a internet e seus usos e consequncias como pano de fundo. s vezes isso acontece e bom o candidato que presta estes e outros exames lembrar-se, pois um pode at ajudar no outro) e, da, finalmente (o que aqui no ruim) destaca sua tese, dizendo que preciso cautela e reflexo para saber at que ponto se expor nas redes sociais representa uma vantagem (ZUCONI, C. P. Redes sociais: o uso exige cautela In A Redao no ENEM 2012 Guia do Participante disponvel em http://www.inep.gov.br/.).

    Seu argumento principal vem logo em seguida, quando ela diz que no saber dos limites da exposio nas redes sociais pode sair caro e at colocar em risco a integridade da pessoa diante da sociedade, alegando que ao colocar algo na rede, perde-se o controle

    desta publicao, o que pode causar vulnerabilidade. Neste momento, a candidata poderia lanar mo de uma estratgia argumentativa para fortalecer este argumento e dar como exemplo casos recentes de crimes cibernticos, como por exemplo, manipulaes e e-mails virais com fotos de pessoas famosas (artistas em geral), citando nomes ou no. Ao fazer isso, apenas tenha certeza de que o dado fornecido por voc verdadeiro, j que a redao no pode ter incoerncias externas.

    No pargrafo seguinte, ela faz uma ponderao, o que mostra bom senso: a candidata volta a afirmar a importncia da internet na comunicao humana, mas faz a ressalva de que ela perigosa para aqueles que no conhecem os limites entre o pblico e o privado ao publicar informaes que podem prejudicar moralmente quem as publicou, alm de poder denegrir a imagem alheia. Neste ponto, a autora tambm poderia, para alicerar melhor seu argumento, mencionar casos de cyberbullying que, infelizmente, aumentaram com o uso das redes sociais e de pessoas que abusaram das redes sociais e foram prejudicadas de uma forma ou de outra (foi despedida do

    emprego, por exemplo). Dar exemplos que voc conhece no tem problema, desde que seja feito de modo impessoal, isto , usando a terceira pessoa e no a primeira, j que em dissertaes-argumentativas o foco est nas ideias e no no autor.

  • No ltimo pargrafo, a candidata parte para a concluso, lugar comum para a proposta de interveno social, ltima competncia a ser julgada. Ela reafirma a importncia da conscincia e do bom senso ao se utilizar as redes sociais e diz que isso poderia ser alcanado atravs de aes conjuntas entre os governos e as prprias redes scias. Apesar de ser uma proposta de soluo simples, inovadora, pois sugere uma parceria entre governo e redes sociais.

    Alm de tudo o que foi esmiuado acima, a autora escreveu seu texto mostrando domnio da norma culta da Lngua Portuguesa, alm de demonstrar um bom uso dos recursos lingusticos a fim de produzir um texto coeso e coerente dentro do tipo textual dissertativo-argumentativo.

    4.2 Como desenvolver argumentos consistentes O tipo textual requerido na prova de redao do ENEM a dissertao

    argumentativa, na qual no basta, apenas, dissertar, expor, apresentar fatos, ideias, exemplos, citaes, dados etc; o fundamental opinar acerca das questes expostas embasado em argumentos consistentes, fortes, que no so rebatidos facilmente e que tenham como objetivo tentar (e se conseguir melhor ainda) convencer o leitor em

    relao ao que foi posto. Para chegar a este ponto, essencial que o candidato ao ENEM conhea e saiba

    utilizar estratgias argumentativas, algo que abordado durante toda a passagem pela escola (s vezes at em demasia, deixando de lado outras coisas como gneros e demais capacidades de linguagem, como por exemplo, o relatar, o descrever etc, mas isso uma outra histria) devido a sua importncia inclusive social e pblica, j que linguagem e a compreenso so dialgicas, nas quais, a todo momento, estamos respondendo ativamente ao que lemos, ao que ouvimos, ao que vemos e sempre entramos em

    embates ideolgicos, pois a lngua ideolgica e nunca ser neutra e, assim, sempre pensamos algo sobre tudo, sempre temos uma opinio sobre tudo; podemos at ser metamorfoses ambulantes como dizia Raul Seixas, podemos mudar de ideias, mas

    sempre a temos acerca de todo e qualquer assunto, tema, pessoa etc (neste exato

    momento voc, leitor, est pensando algo sobre este texto; voc pode estar gostando ou no, concordando ou no, achando chato, interessante, instrutivo, repetitivo dentre tantas outras coisas).

    Portanto, em todas as relaes sociais que temos (pessoais, profissionais, acadmicas etc) a nossa opinio essencial e requerida e no poderia deixar de ser em

  • um exame como o ENEM e nos demais vestibulares, at porque atravs de toda a prova a instituio traa o perfil do candidato almejado e toda faculdade e universidade deseja, sem dvida, alunos que tenham o que dizer e que sustentem esse dizer em argumentos consistentes. Mas como desenvolver bons argumentos? Escrever apenas dissertaes argumentativas j o suficiente? A resposta para esta segunda pergunta no, j que h outros textos, gneros textuais, que so da ordem do argumentar e, conhec-los, com certeza ajuda e muito no momento de planejar e escrever o tipo textual pedido no

    ENEM, j que a dissertao argumentativa no a nica que traz opinies e argumentos.

    Onde h discusso sobre problemas sociais (normalmente controversos) h argumentao e, junto a ela, est a refutao (contestao), sustentao e a negociao de tomadas de posio, ou seja, toda uma estratgia argumentativa que compe a ordem do argumentar (quando falamos em argumentar falamos em opinar baseado em

    argumentos, j que opinar sem argumentar de nada vale, no ENEM e na vida, pois entrar em um debate sem argumentos praticamente um suicdio). Gneros escritos como artigos de opinio, editoriais, cartas do leitor e resenhas crticas e orais como debates, entrevistas, palestras, discursos so alguns dos exemplos de textos que possuem, em sua essncia, o argumentar.

    Em um artigo de opinio o articulista defende seu ponto de vista sobre determinado assunto, normalmente atual e relevante, relacionando-o com seus

    conhecimentos de mundo; a diferena entre este gnero e a dissertao argumentativa que esta escrita de modo impessoal e o artigo opinativo pode ser escrito na 1 pessoal do singular, j que trata-se da opinio de uma determinada pessoa, a qual o leitor se interessa em ler porque concorda ou at discorda dela e, assim, tem o costume de ler para refutar as colocaes. J o editorial um texto tambm opinativo, mas de autoria institucional, isto , a opinio de um determinado veculo de comunicao (jornal escrito, revista e jornal televisionado, j que os ncoras podem emitir suas opinies, que refletem os pensamentos da emissora, sobre os assuntos).

    Cartas do leitor (seja para denunciar ou reclamar algo, elogiar, discordar,

    questionar etc) so essencialmente argumentativas, j que nenhum leitor escreve para um jornal ou revista por lazer, para passa o tempo e sim por alguma motivao e para dialogar e expor sua opinio para o veculo de comunicao (destinatrio) e para os demais leitores. Uma resenha crtica um texto sobre um livro, um filme, uma exposio, um programa de TV, rdio etc que expressa uma opinio sobre seu objeto de

  • anlise e so escritas por crticos, profissionais especializados que argumentam contra ou a favor e, assim, expem o que pensam.

    Assim, ao lermos e analisarmos estes textos (Quais estratgias argumentativas o articulista utilizou para refutar aquela afirmao? Como o editorial opina de forma impessoal, j que sua autoria institucional? Como o leitor constri sua carta a fim de reclamar de um problema em seu bairro ou para contestar uma reportagem de um

    jornal? De que maneira o crtico tentar convencer o leitor de que este livro no vale a pena ser lido?) em seus meios de publicao, podemos refletir sobre como o argumentao foi estruturada, de que forma ela progride (no se esqueam da progresso temtica) e como os textos so finalizados.

    Mas no temos apenas os textos escritos; os gneros orais como os debates so 100% argumentao, j que cada debatedor quer convencer o outro e o espectador de que ele, e apenas ele, est certo; seja em um programa de debates ou em um debate poltico, o objetivo central o convencimento do outro. Em entrevistas na televiso nos quais h mais de um entrevistador para somente um entrevistado, s vezes deixa de ser um entrevista e passa a ser um verdadeiro debate, principalmente se o tema for

    polmico como religio, poltica, polticas pblicas (cotas, programas assistenciais etc). J em palestras e discursos, tambm temos a exposio, a apresentao de diferentes formas de saber, mas, no fundo, a meta tambm o convencimento de que aquele trabalho, aquela pesquisa importante e tem resultados teis, prticos e relevantes.

    Nestes gneros orais podemos analisar e refletir, por exemplo, por que um debatedor se sobressai, que artimanhas um bom entrevistador utiliza, como um

    entrevistado sai de uma saia justa ou como no sai, se os argumentos so do senso comum ou revelam algo inovador e lgico, de que ordem eles so (pessoal, cientfica, poltica, religiosa etc) e como so rebatidos pelo outro dentre outras questes.

    Obviamente temos de separar muito bem suas estruturas composicionais e

    estilos da estrutura composicional e estilo da dissertao argumentativa; este bom senso fundamental, mas podemos concluir que conhecer, ler e escrever gneros da ordem do argumentar s enriquecem nosso poder de argumentao, atravs da anlise e da reflexo. No bastar ler, decodificar; para ter uma boa nota no ENEM, devemos ter a cultura e o hbito da anlise e da reflexo acerca de tudo o que lemos, vemos e ouvimos.

    4.3 Como ser um autor proficiente

  • Uma boa parte da populao que frenquentou e frequenta a escola no Brasil (j que, infelizmente, ainda h pessoas que no tm acesso educao no nosso pas) pensa que escrever bem , apenas, escrever corretamente, de acordo com a gramtica normativa e com a norma culta da lngua. Porm, ser um autor proficiente muito mais do que saber regras de ortografia, concordncia, regncia, conjugao verbal, pontuao etc; um bom texto requer um autor que o planeje atravs de uma postura autoral, isto , uma atitude responsvel pelo o que se escreve e objetivar um texto autnomo e que tenha uma progresso textual adequada. isso, muito mais do que escrever corretamente, que deve-se fazer na redao do ENEM e de qualquer outra prova, vestibular ou concurso.

    Um texto planejado aquele que, ao lermos, percebemos que foi pensado e organizado de maneira a progredir, ou seja, um texto no qual o autor sabe de onde partir e para onde ir, muito mais do que ter um comeo, um meio e um fim ou uma introduo, um desenvolvimento e uma concluso. H redaes com todas estas partes bem estabelecidas, mas que no atingem uma progresso adequada em relao ao sentido, ao o que se quer dizer. Assim, o ENEM requer um texto coeso e coerente

    interna e externamente, que faa sentido no contexto da proposta e fora dela e aqui que entra o conceito de autonomia.

    Como devemos imaginar um leitor universal para o nosso texto e no o corretor ou o professor que o ler (pois sempre escrevemos com algum objetivo, com uma motivao (e, no caso da dissertao argumentativa, nossa motivao opinar sobre um tema e mostrar que o nosso ponto de vista coerente) para algum, para um leitor, devemos redigir um texto que funcione dentro e fora do contexto da prova, que qualquer um que no conhea a proposta do ENEM possa ler e entender sem nenhum problema; aquele texto que pode ser publicado em um jornal ou revista, por exemplo sem nenhuma alterao.

    Para tanto, deve-se possuir uma postura de autor e leitor proficientes ao longo de

    toda a jornada escolar e buscar no professor um mediador, uma pessoa que ajude nesse

    processo de torna-se, forma-se um autor. No basta ler muito para escrever bem, j que isso depende da concepo de leitura que temos. Quem pensa que ler apenas decodificar, no ser um bom autor, pois um bom autor ler reconstruindo o sentido do que l, respondendo ativamente, concordando ou discordando, agregando, inferindo e

  • reconhecendo os discursos ali presentes, as vozes as quais o autor daquele texto recorreu

    para escrever o seu (j que estamos sempre parafraseando o que j lemos, vimos ou ouvimos). O autor proficiente relaciona fatos, ideias e opinies com as suas prprias concepes (terceira competncia do ENEM) em um texto autnomo, bem organizado e com progresso textual.

    Um bom autor, por exemplo, no recorre mera colagem dos textos da coletnea da proposta e nem transforma essa cpia em fragmentados em um texto desarticulado, ou seja, apenas por copiar para preencher o vazio da folha em branco. Assim, alm de mostrar que no conhece o tema proposto ou que no sabe utilizar seu conhecimento prvio para escrever, redige um texto com srios equvocos de coeso e coerncia, com muitos prejuzos articulao interna. Uma outra questo a qual o autor proficiente deve preocupar-se com meno de dados incorretos: resultados de pesquisa, dados estatsticos, citaes etc. Isso chama-se responsabilidade. O autor proficiente relaciona a coletnea com o que ele quer dizer.

    O ENEM busca autores com bom senso e criticidade, isto , pessoas que saibam ponderar e que no escrevam sobre forte emoes e/ou sejam radicais, j que o radicalismo, por vrias vezes, fere direitos fundamentais (quinta competncia avaliada). Assim, importante fugir do senso comum e dos clichs. Por exemplo, muitos alunos colocam a culpa de todos os males do mundo no capitalismo, na influncia das mdias (principalmente na televisiva) e da publicidade, na indstria da moda etc. Obviamente que h essa influncia, mas ningum nos obriga a nada. Caso numa proposta de redao sobre consumismo, por exemplo, o candidato afirmar que as pessoas consomem

    demasiadamente devido ao capitalismo e influncia da moda e nada mais, caiu no senso comum, pois claro que somos bombardeados de propagandas, trocas de colees, desfiles e o sistema capitalisma objetiva o lucro, mas ningum sai da TV, te pega pelo brao e te leva ao shopping para comprar uma roupa ou um celular novo. Por que as pessoas se deixam influenciar? O que elas buscam ao consumir tanto: preencher

    um vazio ou realmente comprar o que precisam? Quais as consequncias disso? Ir alm, com progresso, planejamento e ser coerente o que o ENEM e os

    demais vestibulares e concursos que tm redaes em suas provas buscam nos candidatos: um autor que entende a proposta (pois a prova de redao tambm uma prova de leitura), conhece o tema e escreve um texto verdadeiramente autoral e

    autnomo; um texto, em todos os aspectos e no s nos gramaticais, nota 1000, que d

  • vontade de ler de novo, pois fluido, gostoso de ser lido e que lhe diga alguma coisa: o que o autor pensa.

    4.4 Impessoalidade versus Subjetividade

    O ENEM, assim como outras provas oficiais como os vestibulares da USP e da

    UNESP, aplica em sua avaliao de produo escrita a redao de um texto dissertativo argumentativo, o qual um dos mais presentes objetos de ensino nas escolas brasileiras (por vezes majoritariamente, criando defasagem em relao ao processo de ensino-aprendizagem dos mais diversos gneros que circulam nas esferas de atividade humana, nas prticas sociais de lngua e linguagem), sendo apresentado aos alunos, desde o incio, como um texto que deve ser escrito de modo formal, objetivo e impessoal e aqui que muitos alunos, com todo o direito, fazem os seguintes questionamentos: se na dissertao argumentativa devo opinar e mostrar meu ponto de vista sobre o tema da proposta, argumentando a fim de convencer o leitor, por que no posso escrever em 1 pessoa do singular se a opinio minha?

    Podemos afirmar, com toda certeza, que esta uma das principais e uma das primeiras perguntas que os alunos fazem ao professor (e a si mesmos) quando comeam a ter contato com este tipo de texto; por que devemos ser impessoais na dissertao argumentativa? A tenso entre a impessoalidade e a subjetividade muito forte no momento de se escrever este tipo de texto tanto na escola quanto em uma prova oficial

    como o ENEM e legtima a preocupao dos estudantes, j que a cobrana por se redigir um texto que atenda s estruturas do texto dissertativo argumentativo (segunda competncia do ENEM) feita deste o incio do Ensino Mdio, s vezes at antes, estressando muito os candidatos.

    Primeiramente, devemos analisar as propostas de redao, pois h aquelas em que obrigatrio e/ou possvel, indicado, que se estabelea relaes entre o texto a ser escrito e os da coletnea, j que a linguagem (escrita e oral) essencialmente dilogica, isto , todas as vezes que escrevemos ou falamos, relacionamos nossos enunciados a outros que j lemos ou ouvimos e, assim, tratamos de determinado assunto sob diferentes formas, ticas etc. O ENEM pede isso ao candidato, mas de um outro modo, j que afirma em seu Guia do Participante A Redao no ENEM 2013 que o candidato no deve copiar trechos da coletnea por ela ser inspiradora, ou seja, ela deve

  • motivar o autor a relacionar o que j sabe do tema em sua redao, dialogando com os enunciados que j conhece, j que a banca examinadora pressupe que os candidatos conheam, pelo menos algo, sobre o tema abordado na prova.

    Porm, apesar disso, mesmo as propostas que permitem o uso da coletnea levam o aluno a escrever a dissertao argumentativa de modo impessoal, levando-o a um processo de dessubjetivao (AMORIM, 2001 apud VIDON, 2012), isto , a um apagamento de marcas subjetivas tanto do eu quanto do outro dialgicos constitutivos desse gnero (VIDON, 2012, p.423). Historicamente, a dissertao argumentativa tem como caracterstica ser um texto objetivo, impessoal, no qual o autor distancia-se do leitor e de si mesmo, j que a mxima de que a subjetividade compromete a defesa de um ponto de vista porque menos confivel ainda prevalece. Obviamente que no conseguimos ser impessoais o tempo todo em um texto, j que escrevemos por uma razo e com um objetivo, os quais mostramos, por vezes, em um questionamento colocado, na escolha lexical, no ponto de vista (expresso de juzo de valor, algo muito autoral), na concluso e, no caso do ENEM, inclusive, na proposta de interveno social (quinta competncia) e, assim, a tenso entre a impessoalidade e a subjetividade deve ser equilibrada pelo candidato no momento da produo escrita.

    Professores orientam os alunos a escreverem de maneira distante, impessoal, j que o foco nas ideias contidas no texto e no no seu autor. Assim, expresses como fato, bvio, notrio, pensa-se, afirma-se, deve-se ou devemos, conclue-se, por fim dentre tantas outras so valorizadas quando trata-se da dissertaoargumentativa, pois possuem um tom racionalista do discurso argumentativo (VIDON, 2012, p.425) que visa um leitor universal que deve ser convencido por argumentos coerentes interna e externamente. Por

    isso no se deve pressupor que o leitor conhea a proposta, a coletnea e o tema que est sendo abordado.

    Assim, o autor desse tipo textual foi sendo configurado, ao longo do tempo, por

    um autor culto e objetivo, mas sendo a autoria algo pessoal, singular e da ordem do

    estilo discursivamente falando, porm a realidade vista na maioria dos vestibulares e prova oficiais no assim, inclusive no ENEM, que pede um autor impessoal, j que requer uma dissertao argumentativa de seus candidatos.

    Por fim, para atender s expectativas da banca avaliadora do ENEM, o candidato deve escrever de modo impessoal, objetivo e culto a fim de convencer o seu leitor

    acerca do seu ponto de vista sem achismos, sem generalizaes e sem sua

  • subjetividade explcita, mas sim implcita, j que quando escrevemos possumos intenes e juzos de valor que, neste caso, estaro presente nos detalhes, na eterna tenso entre a impessoalidade e a subjetividade que, infelizmente, no acabar na universidade, nos trabalhos, resenhas, resumos e monografias que sero produzidos (usando citaes como foram feitas e referindo-se s obras estudadas como est abaixo), em qualquer curso da graduao, das humanas, exatas, biolgicas e tecnolgicas. Neste espao, a interlocuo permitida, pois escreve-se para um pblico especfico (e querido), mas este texto foi escrito de modo impessoal para servir de exemplo, mas a

    opinio, o juzo de valor est a; basta ler com ateno.

    4.5 Coerncia e Coeso

    Ao planejarmos e escrevermos um texto, seja de qualquer tipo e/ou gnero, devemos objetivar que ele seja, dentre outras coisas, fluido (que a sua leitura flua para o

    leitor tanto no sentido formal (de se estar bem escrito, bem pontuado) tanto no sentido

    semntico, isto , em relao aos seus significados), bem organizado em termos de paragrafao (relao entre pargrafos, com as ideias bem estruturadas) e objetivo (sem enrolar o leitor ou escrever, escrever e no dizer nada) e, para tanto, a coerncia e a coeso so pontos fundamentais, tanto para se escrever textos em provas oficiais como o ENEM e os demais vestibulares quanto quando se escreve na escola, no trabalho, nos

    afazeres dirios etc. A coerncia e a coeso so essenciais para escrevermos textos harmnicos e que faam sentido e, consequentemente, fluidos e que no tenham, pelo leitor, uma leitura truncada, que deve ser parada de pargrafo em pargrafo porque no houve entendimento.

    O texto, seja ele de que tipo e/ou gnero for, deve ser gostoso e fcil de ser lido e, para conseguir isso, no basta escrever bastante, pois h quem escreve muito na escola, por exemplo, e no consegue muita evoluo de um texto para o outro. Tenha, para quem ainda est na escola ou frequenta um cursinho, no professor, alm de um corretor, um mediador, algum com o qual voc possa conversar abertamente sobre suas redaes, ideias e estratgias de escrita. Se s escrever e ler adiantasse, bastaria trancar os alunos em uma biblioteca por alguns meses. Obviamente deve-se ler e escrever com

    certa frequncia, inclusive reescrever os textos j corrigidos pelo professor para refletir sobre o que e como foi escrito e, claro, para buscar uma melhora, mas ter no docente um

  • mediador, algum que incentive e lhe ajude muito importante. Para quem no tem contato com um professor, busque esse mediador em um familiar ou amigo, j que mesmo em um dilogo cotidiano sobre um tema atual tentamos convencer, sempre, o nosso interlocutor sobre o que argumentamos, j que sempre respondemos ativamente a tudo o que ouvimos, lemos e vemos, mesmo que seja com um movimento de cabea concordando ou discordando.

    Depois desse parntese, voltemos coerncia e coeso. A redao no ENEM deve ser coerente tanto externamente quanto internamente: externamente por ser

    verossmil com a realidade, com a sociedade atual, inclusive ao inserir a proposta de interveno social (quinta competncia), j que ela deve ser palpvel, realizvel e no utpica ou possvel apenas em um filme de fico cientfica, por exemplo. O texto deve ser coerente externamente nos argumentos, principal e auxiliares e no estar fundamentado em dados incorretos, inventados ou que expressem algum tipo de

    preconceito. A coerncia interna, por sua vez, se d em uma sequncia lgico-racional das ideias, tecendo relaes de continuidade entre os pargrafos e a tambm entra a coeso para escrever com sentido. Um texto que falha na coerncia possivelmente falhar na coeso.

    Ao planejar uma redao, no rascunho, por exemplo, deve-se mirar um texto que leve o leitor a uma concluso, sua concluso, autor, atravs de uma lgica interna que ordena a linguagem que evita as lacunas e os deslocamentos. Uma boa redao no pode ter lacunas, isto , espaos para dvidas do leitor pela presena de quebras de partes fundamentais para o entendimento.

    J os deslocamentos quando uma parte essencial do texto est em um local inapropriado, ou seja, quando a redao possui problemas de paragrafao.

    Um texto coerente e coeso no redundante e no generalizante, no repetitivo tanto no campo das ideias quanto em relao ao vocabulrio, no possui digresses, ou seja, elementos soltos, sem relao com o texto em si, sem ideias ambguas e/ou com duplo sentido, com bons exemplos, possui adequao ao tema e proposta de redao, alm de delimitar adequadamente este tema, ser claro e ter criticidade.

    interessante estudar conjunes e atentar-se para as relaes de sentido (causa e consequncia, finalidade, oposio, contrariedade, adio etc) que elas estabelecem

    O leitor no pode se perguntar: como assim?, por qu?, o que?, quem?, onde? etc.

  • para entender como a coeso e a coerncia funcionam, j que o mais importante, alm de saber para que cada uma delas serve, que sentido elas iro estabelecer dentro do texto, j que a presena da incoerncia ainda , infelizmente, bastante forte nos textos dos candidatos, tanto do ENEM quanto dos outros vestibulares. Deve-se ter ateno e cuidado para manter o sentido ao longo de toda a redao e no se contradizer no fim do texto, contradizendo o que foi dito no incio, inclusive em termos opinativos. Porm, no basta estudar conjunes apenas atravs de anlises sintticas, mas tambm nos textos, atentando-se para os efeitos de sentido que o autor estabeleceu naquele texto; ao

    lermos uma notcia, uma reportagem, um artigo de opinio, um editorial, um resumo, uma entrevista e uma dissertao de ENEM dentre tantos outros textos, devemos prestar ateno no caminho que o autor trilhou para ns, leitores, notando as relaes de sentido que as conjunes estabelecem.

    4.6 Como no tirar 0 na redao do ENEM

    No ano de 2013, quando as notas do ENEM 2012 foram divulgado, vieram a

    pblico redaes que obtiveram notas medianas, em torno dos 500 pontos, com quebras grotescas de sentido, pois continham, no meio do texto, receitas de macarro instantneo e o hino de um time