APOSTILA DE REDAÇÃO JORNALÍSTICA I

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MANUAL DE REDAO JORNALSTICAPROF. IVAN CARLOEdio especial para distribuio gratuita pela Internet, atravs da Virtualbooks, com autorizao do Autor. O Autor gostaria imensamente de receber um e -mail de voc com seus comentrios e crticas sobre o livro. A VirtualBooks gostaria tambm de receber suas crticas e sugestes. Sua opinio muito importante para o aprimoramento de nossas edies: [email protected] Estamos espera do seu e-mail.

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MANUAL DE REDAO JORNALSTICAO jornalismo no um gnero literrio a mais. Enquanto, na literatura, a forma compreendida como portadora, em si, de informao esttica, em jornalismo a nfase desloca-se para os contedos, para o que informado. O jornalismo se prope processar informao em escala industrial e para consumo imediato LAGE, Nilson. Linguagem Jornalstica. So Paulo, tica, 35 Surpresa agradvel: cientistas confirmam que o crebro adora o inesperado Nada mais chato que a rotina e os acontecimentos absolutamente previsveis, certo? Isso mesmo. A mente humana gosta de ser surpreendida. Essa foi a concluso a que chegaram neurologistas da Emory University Health Sciences Center, nos Estados Unidos. Por diversas vezes, os mdicos pingaram gotas de suco de frutas ou de gua em voluntrios monitorados por ressonncia magntica. A escolha da bebida era aleatria, ou seja, foram testadas diversas seqncias que podiam ser quebradas a qualquer momento. Quando a bebida era trocada o que pegava o crebro de surpresa , a atividade dos neurnios ficava mais intensa. De to entusiasmada, essa resposta chegava a ser mais forte do que aquelas causadas pela sensao de prazer. "A mente humana atrada por estmulos inusitados. Quando um evento foge do esperado, o crebro mobiliza mais clulas para gravar o acontecimento", explica o neurologista Paulo Henrique

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Bertolucci, professor de Neurologia do Comportamento da Universidade Federal de So Paulo. (Priscila Boccia. Revista Sade, abril de 2001)

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APRESENTAO Este texto resultado de minhas aulas como professor de cursos seqenciais e de graduao na rea de comunicao. Ele foi feito com o objetivo de solucionar as principais dvidas que eu encontrava em meus alunos quando estes comeavam a escrever jornalisticamente. Embora haja manuais de redao dos principais jornais do pas, eles so visivelmente feitos para pessoas graduadas. A bibliografia de iniciao ao texto jornalstico totalmente deficiente. O objetivo deste trabalho , portanto, abrir caminho para a realizao de um trabalho desse tipo, que sirva de guia para quem no conhece ainda nem mesmo os conceitos bsicos de jornalismo, tais como pauta e lide. Sendo um texto experimental, eu ficaria muito satisfeito ao receber crticas e comentrios que possam enriquec-lo.

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INTRODUO Seja uma senhora perguntando sobre seus novo vizinhos, um homem do campo ouvindo um radinho de pilha ou um executivo lendo um jornal, todos atualmente esto muito interessados em um produto chamado informao. A necessidade de informao, de novidade, to antiga quanto o homem. Os nossos antepassados que se aproximavam cuidadosos de uma rvore em chamas aps um relmpago estavam curiosos com o fenmeno e queriam conhec-lo melhor. Da mesma forma, uma criana que coloca um objeto na boca est querendo informaes sobre ele. A curiosidade e a necessidade de informaes movem o mundo. Mas o que , exatamente, informao?

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Leia a matria abaixo e tente responder porque ela configura informao:

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Pedreiro morde cachorro e quase linchado O pedreiro Jair Rodrigues da Silva, 32 anos, escapou de um linchamento em Americana (133 km de So Paulo), depois de morder o focinho de um cachorro vira-lata que o atacou, no bairro Antnio Zanaga, periferia da cidade. O fato ocorreu quando Silva amarrou uma corda de nailon no pescoo do cachorro e saiu para passear. Como o animal no andava, o pedreiro resolveu empurr-lo com um chute. O cachorro o mordeu e o pedreiro revidou, primeiro com pauladas, depois a dentadas, que feriram gravemente o animal. Moradores do bairro que assistiram a cena ficaram revoltados e passaram a perseguir o pedreiro, que s foi salvo graas interveno da Guarda Municipal de Americana. O cachorrofoi levado para o Centro de Zoonoze da cidade. Silva foi para o Hospital Municipal de Americana, onde foi medicado e liberado. Os dois passam bem. A polcia registrou boletim de ocorrncia contra o pedreiro por maus tratos a animais. Cachorros mordendo homens so muito comuns e, portanto, no do notcia. Entretanto, um homem mordendo um cachorro um evento que foge do normal e, portanto, configura informao. J temos, portanto, uma indicao do que seria informao: tudo aquilo que foge do normal, que novo, diferente. Esse conceito est intimamente relacionado ao de redundncia. Redundncia repetio. Se escrevo duas vezes a mesma palavra, estou sendo redundante. Se levo meia-hora para dizer algo que poderia ser dito em dois minutos, estou sendo redundante. A redundncia um conceito oposto ao de informao. O que redundante no informao, e o que informao no redundante. Um cachorro mordendo um homem redundncia, pois diariamente milhares de cachorros mordem humanos. Mas um homem mordendo um cachorro um evento com baixa probabilidade de ocorrer, sendo, portanto, informativo.

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7 As pessoas costumam ter certa ojeriza redundncia. Pessoas que falam muito e dizem pouco costumam ser evitadas e chamadas de chatas. O indivduo chato , na verdade, um tremendo redundante. Nosso crebro tem tanta necessidade de informao que, quando o estmulo muito redundante, ele simplesmente apaga. Esse o princpio da hipnose. O hipnotizador balana um pndulo monotonamente na frente do hipnotizado e repete sempre as mesmas palavras, no mesmo tom. Como defesa, o crebro entra em estado hipntico. O mesmo ocorre com aquelas aulas chatas, em que todo mundo dorme. O estmulo to redundante que o crebro se nega a continuar prestando ateno. Se quisermos uma definio um pouco mais cientfica de informao, podemos recorrer ao conceito emitido pelo matemtico Claude Shannon, criador da teoria da informao. Ele diz que informao a diminuio da quantidade de incerteza quando se recebe uma resposta a uma pergunta. Vamos imaginar uma situao. Eu recebo meus proventos por um determinado banco e ligo para o mesmo, perguntando se o dinheiro j saiu. Se o funcionrio responder sim, a minha quantidade de incerteza diminuiu, no mesmo? O mesmo ocorre se ele responder no. Nos dois casos, a minha dvida est sendo respondida de forma que eu tenha mais informaes do que antes. Entretanto, se o funcionrio me der respostas como No sei ou talvez, eu vou continuar com a mesma dvida de antes. Assim, a mensagem de nvel informacional baixssima. A mesma situao pode ser aplicada a uma eleio. Temos dois candidatos, A e B, ambos com chance de serem eleitos. Se o jornal me diz: A venceu, ele estar, certamente, repassando uma informao. Quanto maior a quantidade de respostas possveis, maior a quantidade de informao da mensagem. E a mensagem ser mais informativa se a resposta for a menos provvel. A manchete A e B empataram tem muito mais informao do A venceu. Primeiro, porque agora o leque de respostas foi aumentado (antes eram apenas duas possibilidades, agora so trs), segundo porque a resposta dada foi justamente a mais improvvel. muito pouco provvel que dois candidatos tenham exatamente o mesmo nmero de votos. Portanto, quanto maior a quantidade de respostas possveis, maior a carga de informao da mensagem. E quanto mais improvvel a mensagem, mais informativa ela ser.

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8 A mensagem A venceu ter mais informaes, quanto maior for a quantidade de candidatos com chances reais de serem eleitos. E a mensagem ter ainda mais informao se A for justamente o candidato que se achava ter menores chances de vitria. Um jornalista se v diariamente diante de vrios fatos e acontecimentos. Alguns devem ser enunciados, outros no. A escolha entre um e outro ficar a cargo da quantidade de informao desses eventos. Isso fica bem claro no caso das pessoas vitimadas por balas perdidas no Rio de Janeiro. No comeo a imprensa noticiou muito esses fatos, e agora parece ter se esquecido deles. O que aconteceu? As pessoas deixaram de ser atingidas por balas perdidas? No. Simplesmente a coisa se tornou to redundante que perdeu toda a carga de informao. A primeira pessoa acertada por uma bala perdida um novidade. A centsima j redundncia. O jornalista estar sempre em busca de eventos novos, improvveis. No toa que uma das perguntas prediletas de todo reprter O que aconteceu de diferente?. Ao fazer uma matria sobre vigilantes noturnos, o jornalista procurar retirar do entrevistado casos e histrias que saiam do normal e, portanto, tenham interesse para o leitor. Por outro lado, uma notcia que j tenha sido veiculada dificilmente vai voltar a ter interesse para o receptor. H um conto de Coltazar que mostra bem isso. Um homem senta-se em um banco de praa e comea a ler um jornal. medida em que l, as pginas vo ficando em branco, demonstrando que aquilo j no mais informao para ele. O homem termina de ler e deixa as folhas em branco sobre o banco. Passa uma outra pessoa e v um jornal normal. Afinal, como ela ainda no leu o jornal, ele ainda traz informaes para ela. A pessoa comea a ler e as pginas vo ficando em branco, como ocorrera com o outro. O processo continua por todo o dia, at a mei-noite, quando o jornal fica definitivamente em branco, ou seja, ele deixa de ser informativo e passa a ser, definitivamente, redundante. Lembre-se: o jornalismo lida com o diferente, improvvel, com fatos que fogem do normal.

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Repertrio J sabemos o que informao e o que redundncia. Sabemos que um fato deixa de ser informao quando todos j o conhecem e sabem sobre ele. O leitor pode chegar concluso de que o texto jornalstico totalmente informativo, mas isso no verdade. Mesmo o jornalismo precisa ter alguma redundncia. Isso porque o texto jornalstico, alm de informativo, precisa ser compreendido pelo pblico ao qual se destina. Imagine que um rapaz vai enviar uma carta de romntica sua amada. L pelas tantas ele escreve: Voc o sol e eu sou um heliotrpio. Qual seria a reao dela? No mnimo ela iria achar que o coitado estava doido e que heliotrpio era doena. Isso porque heliotrpio no faz parte do repertrio dela. Mas o seu sinnimo, girassol, faz. Assim, se ele reescrevesse a frase, o resultado seria muito melhor:Voc um sol e eu sou um girassol. Da mesma forma, o jornalista precisa adaptar sua linguagem ao repertrio das pessoas que lm jornal. A maioria das pessoas que cobram uma linguagem mais acadmica nos jornais ignora completamente a questo do repertrio. No quero dizer que o jornalismo deve usar uma linguagem inculta, mas deve-se privilegiar a linguagem coloquial. Alm disso, deve-se sempre procurar palavras que sejam mais acessveis ao pblico. Quando isso no ocorre ( o caso de uma matria sobre cincia), deve-se explicar o significado das palavras que esto sendo usadas no texto. No basta ser informativo. necessrio ser compreensvel.

CAPTULO 1 A REDAO JORNALSTICA E AS OUTRAS MODALIDADES DE TEXTO Antes de comearmos, bom definir exatamente o que um texto jornalstico para evitar problemas futuros. Devemos, acima de tudo, diferenciar o jornalismo da propaganda e de outras modalidades de texto.

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Um texto jornalstico igual a uma dissertao? No. No . Existe um tipo de texto jornalstico aparentado com a dissertao, o artigo, mas ele fica para depois. As matrias jornalsticas tm uma grande diferena da dissertao. Veja um exemplo de uma dissertao e um texto jornalstico: EXEMPLO DE DISSERTAO ANTROPOFAGIA CULTURAL Uma discusso que tem intrigado intelectuais, artistas e pesquisadores a cultura brasileira. O que cultura nacional? Quais so as manifestaes culturais que podem ser caracterizadas como legitimamente tupiniquins? Existe realmente uma cultura nacional, ou somos simples imitadores? Uma resposta curiosa para essas perguntas representada pela antropofagia cultural. Esse ponto de vista ganha uma metfora na desafortunada viagem do Bispo Sardinha. O episdio se passou na poca do Brasil Colnia. O sacerdote teve srias desavenas com o Governador Geral do Brasil, em Salvador. A coisa se tornou to sria que a Corte o chamou a Portugal para que explicasse a situao. Ainda na costa brasileira, o barco naufragou e os sobreviventes nadaram desesperados at a praia. Deram azar. Os ndios antropfagos estavam l, esperando que a comida chegasse at eles. Que me desculpem o trocadilho, mas jantaram o sardinha. O mesmo fez o povo brasileiro com a cultura que veio de fora. Ela foi jantada e digerida. Danas tpicas, como a quadrilha e o carimb tiveram sua origem nos sales nobres da Europa, mas aqui foram transformadas com o tempero ndio e negro, transformando-se em algo completamente diferente. Algo tpico do Brasil, embora tenha se originado de algo estrangeiro. Quando Gilberto Gil e os Mutantes introduziram a guitarra eltrica na MPB, muitos chiaram. Para os patrulheiros de planto, usar guitarra eltrica era se render dominao cultural americana. Quem conhece a tropiclia sabe que foi exatamente o oposto que aconteceu. A mistura de ritmos, instrumentos e influncias deu origem a algo completamente novo e inusitado. Algo genuinamente nacional. Mais recentemente tivemos outros exemplos, ainda na msica. Chico Science e Pato fu fazem uma msica sem fronteiras, misturando ritmos e dando continuidade a uma tradio que remonta aos primeiros antropfagos que jantaram os nufragos europeus.

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11 O mesmo fenmenos pode ser visto no cinema, literatura, quadrinhos e televiso. Veja-se o caso das telenovelas. Inicialmente realizadas com roteiros importados do Mxico ou de Cuba, elas acabaram tomando uma cara nacional. O Brasil inventou um jeito de fazer novela que reconhecido em todo o mundo e supera em qualidade at mesmo quem nos serviu de modelo. Fechar-se em si prprio no parece ser a caracterstica do brasileiro. Somos, como dizia Srgio Buarque de Holanda, um povo cordial. Estamos sempre abertos ao novo, ao que vem de fora. Exemplo disso foram os imigrantes que ajudaram a construir o pas e fizeram de nossa populao um fenmeno de mistura e beleza. Observar as arquibancadas de um jogo do Brasil observar um espetculo de mistura racional e beleza. H desde pessoas negras a loiras de olhos azuis. A maioria de nosso povo uma mistura de negros, ndios, portugueses, espanhis e italianos. O mesmo ocorrre com nossa cultura. Nossa tica a da mistura. A cultura nacional parece ser uma mescla de todas as outras culturas, mas tambm extremamente original. Somos, portanto, antropfagos. Antropfagos culturais. Mas para que a antropofagia no degenere em macaquismo (imitao pura e simples) so necessrios alguns cuidados. O primeiro deles, claro, preservar o que j temos. No se faz antropofagia abandonando o que j existe para adotar o que vem de fora, e sim misturando o alingena com o nacional. Como mixar rock com maracatu. Fico-cientfica com cordel. Chiclete com banana. Se no preservamos e no damos valor ao que j faz pare da cultura nacional, ento seremos eternos imitadores. Um outro cuidado fazer uma leitura crtica do que chega at ns. Os ndios antropfagos escolhiam as melhores partes para devorarem (preferencialmente o crebro, pois se acreditava que a inteligncia da vtima passaria para o guerreiro). Andar por a usando camisas de universidade americanas ou vestido de cowboy no antropofagia, macaquismo. Podemos, claro, aproveitar at mesmo o lixo cultural que chega at ns, mas devemos fazer isso criticamente. Isso sim antropofagia. Observe que o texto tem por objetivo expor a opinio do autor sobre o assunto. O ponto de vista do escritor, sua idia sobre a questo claramente identificada. Ele defende que a cultura brasileira caracterizada pela antropofagia cultural.

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No texto jornalstico, ao contrrio, o autor apenas expe os fatos, sem tomar partido e sem defender um ponto de vista.

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EXEMPLO DE TEXTO JORNALSTICO Filha de Fidel lidera manifestao em Nova Jersey A filha de Fidel Castro, Alina Fernndez, vai liderar a manifestao que ocorrer na prxima quarta-feira (10) em Nova Jersey, Estados Unidos, para pedir que o menino cubano Elin Gonzlez fique no pas. Lzaro Gonzlez, tio-av do menino, com quem Elin viveu em Miami aps seu resgate, tambm vai liderar a manifestao. O protesto, que acontece em Jersey City, onde vive a comunidade de exilados cubanos mais importante depois de Miami, foi organizada por grupos anticastristas, entre os quais a FNCA (Fundao Nacional Cubano Norte-americana). Lzaro Gonzlez e sua filha Marisleysis tentam impedir a volta de Elin ilha. Para isso, querem que um tribunal permita ao menino cubano pedir asilo poltico nos Estados Unidos. O pai do menino, Juan Miguel Gonzlez, pediu atravs de seu advogado, Gregory Craig, que o Tribunal Federal de Apelaes de Atlanta, que deve examinar o caso na quinta-feira, reconhea o que ele considera seu direito de ser o nico representante dos interesses de Elin nos Estados Unidos. Observe que o jornalista se mantm neutro quanto ao assunto. Ele nem defende que o menino Elin continue nos EUA, nem defende a ida dele para Cuba. Alm disso, h toda uma preocupao de organizar as informaes. Trata-se da pirmide invertida: as informaes mais importantes aparecem primeiro, depois as informaes menos importantes. Jornalismo o mesmo que propaganda? No. Para comear, h a diferena de objetivos. A propaganda tem como objetivo vender uma idia, ou um produto. O jornalismo tem o objetivo de informar. Alm disso, h outras diferenas que analisaremos a partir dos exemplos abaixo.

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EXEMPLO DE PROPAGANDA

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Observe que no exemplo a funo mais utilizada a funo conativa. Ou seja, ela centrada no receptor. O texto tem por objetivo modificar o comportamento do receptor e lev-lo a assinar o uol. O verbo no imperativo demonstra isso: Assine. Um texto publicitrio pode at repassar informaes, mas isso algo secundrio. O objetivo maior convencer o consumidor a comprar.

CAPTULO 2 O CONTEDO DA MATRIA JORNALSTICA O contedo no texto jornalstico pode ser resumido em 6 aspectos: o que, quem, quando, onde, como, por que. O que est acontecendo? Quem est participando dessa notcia? Quais so os personagens? Quando aconteceu ou quando acontecer? Onde aconteceu? Como aconteceu? Por que aconteceu? Quais so as razes que levaram esses fatos a acontecerem. Vamos dizer que estejamos lendo uma matria sobre um homem que matou a esposa no bairro do Zero no Sbado, s 19 horas, com uma facada. Veja como as perguntas so respondidas: O que? Um homem matou a esposa. Quem? Os personagens principais dessa histria so o homem e sua esposa.

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Quando? No Sbado, dia 6, s 19 horas. Onde? No bairro do Zero. Como? Ele matou a esposa com uma facada. Por qu? Cime. Toda matria jornalstica deve responder a 6 perguntas: O que? Quem? Quando? Onde? Como? Quando? Por qu? Tente responder s seis perguntas no texto abaixo. China liberta milhares de vtimas de trfico de mulheres Em um pouco mais de um ms, as autoridades chinesas resgataram mais de dez mil mulheres e crianas que eram vtimas do trfico, segundo anunciou o jornal oficial "China Daily nesta quarta-feira.

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A reportagem disse que desde abril o Ministrio da Segurana Pblica e a Federao de Mulheres Chinesas identificaram os criminosos que praticavam o comrcio de mulheres e crianas nas reas rurais do pas. O governo chins tem intensificado sua luta contra o trfico de pessoas, sendo a prioridade das polcias das Provncias neste ano. De acordo com a imprensa estatal, as mulheres eram recrutadas em zonas rurais empobrecidas, para serem utilizadas como escravas sexuais em regies costeiras mais prsperas. Algumas tornavam-se esposas de homens que viviam em comunidades onde existe um menor nmero de mulheres. Os meninos so freqentemente vendidos a famlias que possuem apenas uma menina ou a casais que no conseguem ter filhos. Esse problema esbarra em questes culturais e tradicionais da China, que persistem at hoje. O "China Daily afirmou em uma srie de matrias que os efeitos do trfico de mulheres e crianas tornou-se o maior problema social do pas, porque compromete a recuperao psicolgica das vtimas. No ms passado, o governo executou quatro fazendeiros e condenou 18 pessoas priso perptua por crimes de rapto e trfico de crianas e pessoas do sexo feminino. Tambm em abril, a polcia chinesa disse que desmantelou uma

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15 quadrilha que forava prostituio de pelo menos 105 mulheres e crianas. Na poca, os policiais prenderam 77 pessoas envolvidas no crime, que comeou em 1998. Em 19 de abril, a agncia de notcias Xinhua revelou que a polcia quebrou o cativeiro de 84 mulheres e crianas, que eram obrigadas a prestar servios sexuais no sudeste da provncia de Fujian.

Responda agora as seis perguntas, retirando as informaes do texto: O que? Quem? Onde? Quando? Como? Por qu?

CAPTULO 3 A FORMA DO TEXTO JORNALSTICO

A forma a maneira como a matria deve ser escrita. O jornalismo tem as suas prprias regras de redao, assim como a lngua portuguesa. Voc deve seguir essas regras, assim como segue as regras da lngua portuguesa. Voc deve aprender essas regras para poder escrever um texto jornalstico.

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O que mais informativo vem primeiro

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O objetivo do jornalismo repassar informaes e isso se reflete na maneira como se escreve o texto. Para isso existe o lide. O lide o primeiro pargrafo do texto jornalstico. Ele resume as informaes da matria ou expe as informaes mais relevantes, aquilo que a notcia tem de diferente de curioso, de fora do normal. Lembra-se das seis perguntas? Pelos menos quatro delas precisam ser respondidas pelo lide: O que, quem, onde e quando. O lide o primeiro pargrafo do texto. Ele resume as informaes principais da matria. Faa um exerccio. Releia as matrias jornalsticas que foram usadas no exerccios anteriores e tente descobrir o lide delas. Agora vamos ver um exemplo de lide. Exemplo de lide O destino e o tratamento final do lixo gerado no ano passado no Estado apresentou melhoras pelo terceiro ano consecutivo. Segundo o Inventrio Estadual de Resduos Slidos Domiciliares, apresentado ontem pelo Secretrio do Meio Ambiente, Ricardo Tripoli, e produzido pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), de 1998 para 1999 houve uma reduo de 6% nos 645 municpios do Estado com disposio inadequada do lixo gerado. Tambm foi constatado um aumento de 10% das cidades que guardam seus resduos domsticos de forma adequada. Leia o lide com ateno. Perceba que ele repassa as informaes principais sobre o assunto. Atravs dele, possvel saber sobre o que a matria. Voc informado que a matria trata da questo do lixo, que essa questo est comeando a ser solucionada no Estado de So Paulo. H um personagem (Ricardo Tripoli), h um fato (aumento do nmero de cidades que guarda o lixo adequadamente), um onde (O Estado de So Paulo). H tambm um quando (1998 a 1999). Observe tambm que essas informaes esto devidamente organizadas. So 7 linhas com trs frases. Cada frase repassa uma informao. As frases, portanto, so simples, para facilitar a compreenso e organizar as

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informaes. Falaremos disso mais tarde, mas, por enquanto, fica o recado: O jornalismo trabalha com frases simples para ajudar a organizar as informaes e facilitar a compreenso

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Agora vou dar um exemplo de uma matria que teve o lide retirado. A partir das informaes que so dadas ao longo do texto, tente reconstruir o lide. Boa sorte! Motoristas param terminais de nibus hoje das 9h s 12 h Lide:

Trata-se do maior protesto no transporte desde que a campanha salarial comeou, h cerca de um ms. Segundo o secretrio-geral do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de nibus, Alcides Arajo dos Santos, o movimento deve atingir 2 mil nibus, que atendem a 200 mil passageiros no perodo. A manifestao, aprovada no fim da tarde de ontem numa plenria realizada na sede do sindicato, contra a m vontade do sindicato patronal, o Transurb, em negociar as reivindicaes trabalhistas apresentadas por ocasio da data-base da categoria, em 1. de maio. De acordo a Transurb, o funcionrio que aderir paralisao ter o dia descontado. A So Paulo Transporte (SPTrans) deve acionar um plano de apoio para as regies mais prejudicadas (Paese), que consiste na utilizao de veculos de empresas que no esto em greve em bairros onde a populao enfrenta problemas mais graves com a falta dos nibus. Os empresrios do setor, que ficam sem parte do faturamento do dia, temem que mais veculos sejam depredados, como aconteceu anteontem numa manifestao contra a demisso de um sindicalista da viao Campo Belo. Na ocasio, 37 carros foram depredados e o prejuzo, estimado em R$ 50 mil. Os metrovirios decidiram em assemblia participarem hoje do ato unificado no Estdio do Morumbi, s 14 horas, promovido pela CUT. Amanh, a categoria ir reunir-se na Avenida Paulista, em frente da Estao Brigadeiro, para discutir formas de luta, como trabalhar sem uniforme, e se entra ou no em greve. Conforme Onofre Gonalves de

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18 Jesus, presidente do Sindicato dos Metrovirios, no houve negociao. A pauta tem 104 itens, entre eles o reajuste salarial de 7,38%, produtividade de 11,45% e aumento da estabilidade de 90 dias para um ano. Ateno: o contrrio do lide o nariz de cera. Nariz de cera quando o jornalista usa o primeiro pargrafo para enrolar. Ele no repassa as informaes principais sobre o assunto. Veja um exemplo de lide: O advogado do prefeito Celso Pitta (PTN), Mrio Srgio Duarte Garcia, classificou ontem como estratgia poltica a deciso da Comisso Processante de dar continuidade ao processo de impeachment na Cmara Municipal. Garcia disse que pretende incluir novos documentos na defesa do prefeito antes de apresent-la comisso. Agora veja como seria um nariz de cera sobre o mesmo assunto: As pessoas esto cada vez acreditando menos nos polticos. A falta de tica dos polticos tradicionais faz com que as pessoas percam a confiana. Os casos de corrupo so cada vez mais freqentes. Mas os polticos tm dinheiro e bons advogados e no final tudo acaba em pizza. Vamos dizer que voc v fazer uma matria sobre uma rebelio na FEBEM. Os internos da FEBEM de Tatuap se revoltaram e fizeram dois refns na manh do dia 12 de abril. A polcia entrou no prdio e reprimiu a rebelio. Os refns foram libertados. Dois internos foram hospitalizados com vrios ferimentos. Essas so as informaes. Veja como seria um nariz de cera dessa matria: Os menores infratores esto se tornando um problema cada vez maior. A FEBEM o melhor exemplo disso. Todo mundo est preocupado, mas ningum faz nada. O pargrafo no apresenta nenhuma informao importante para compreender o episdio. Ou seja, o redator usou o texto apenas para enrolar. Tente escrever um lide usando as mesmas informaes.

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Faa o lide:

CAPTULO 4 O JORNALISMO ESSENCIALMENTE REFERENCIAL

Voc j deve ter estudado em lngua portuguesa as funes da linguagem. Elas esto intimamente ligas ao processo de comunicao. Ento vamos lembrar um pouco de como funciona o processo de comunicao. Vamos imaginar uma conversa. Temos duas pessoas conversando. Como ocorre o processo de comunicao nesse caso? Para que o processo comece necessrio haver um emissor. ele que vai transmitir a mensagem. A mensagem ser transformada em um cdigo (lngua portuguesa) a ser transmitido atravs de um canal (ondas sonoras). A mensagem deve fazer referncia a algo exterior a ela. Se eu digo Olhe a cor desta mesa, os referencias so a mesa e sua cor. Se um namorado declara seu amor namorada, o referente o amor do qual ele est falando. A mensagem ser recebida por receptor, que decodificar a mensagem e reagir a ela, atravs de um feed-back. Feed-back a resposta mensagem. Ele pode vir tanto pelo mesmo canal e pelo mesmo cdigo, quanto por canal e cdigo diferentes. Se o namorado diz que ama a garota e recebe um beijo, o feed-back o beijo. O processo de comunicao, portanto, ficaria mais ou menos assim:REFERENTE MENSAGEM CDIGO CANAL

EMISSOR

RECEPTOR

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FEED.BACK

A cada elemento do processo de comunicao ( com exceo do feeed-back) corresponde uma funo da linguagem. Quando a mensagem centrada no emissor, temos a funo emotiva. quando o texto fala de quem o est escrevendo. um tipo de texto usado, por exemplo, em declaraes de amor. Notem o pronome na frase Eu te amo. Quando a mensagem centrada no receptor, temos a funo apelativa, ou conativa. Funo normalmente usada na publicidade: Compre isso!, Beba Coca-cola!. A comunicao centrada no cdigo metalingustica. o caso, por exemplo, de um filme sobre o cinema. A funo ftica usada quando queremos testar o canal. a funo que usamos quando queremos Ter certeza de que o receptor est captando a mensagem. Alguns exemplos de frases fticas: Al, Voc est me ouvindo?. Nesse caso, a carga de informao da mensagem quase nula. A funo potica quando a comunicao centrada na mensagem. Finalmente, a funo referencial ocorre quando a comunicao centrada no referente: Esta cadeira azul. O referente da frase so a cadeira e sua cor. O jornalismo trabalha, essencialmente, com a linguagem referencial. Ou seja, o que realmente interessa so os fatos e seus personagens. Para cumprir sua funo referencial, o jornalismo deve recorrer s seis perguntas (o que, quando, onde, como, quem, por que). Mas a busca da funo referencial leva a um cuidado ainda maior. O jornalismo deve procurar informar o momento exato em que o evento ocorreu, o local exato, as pessoas que realmente participaram, etc. O jornalismo evita o achismo (funo emotiva eu acho) e o parecismo (parece que fulano estava bbado, parece que o presidente vai falar nao). O texto deve ser referencial. Se o jornalista quiser dizer que determinado motorista estava bbado, ele deve procurar fatos que comprovem isso (teste de bafmetro, depoimento de testemunhas, declaraes do policial rodovirio).

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Tambm se evita frases ou expresses que tenham sentido vago ou impreciso. Deve-se, sempre que possvel, troc-los por informaes concretas. Veja alguns exemplos:

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Comerciante prspero - o correto seria lista os bens do comerciante. Bela mulher o ideal seria um fato dela ou opinio de pessoa abalizada, como um descobridor de talentos. Grande salrio - dizer o salrio. Grande distncia - distncia correta. Edifcio alto - nmero de andares. Episdio chocante - contar o episdio e deixar ao leitor a interpretao. General anunciou a abertura de inqurito rigoroso - pela lgica, no deveria haver inqurito no rigoroso. Ligeiramente desafinado - ou est desafinado ou no. Aparentemente grvida ou estava grvida ou no. Na calada da noite horrio exato em que ocorreu o fato. Fora do prazo estipulado um dia atrasado. Fazia um calor de rachar 40 graus sombra. Parlamentar deputado federal

CAPTULO 5 O JORNAL NO PRODUZ INFORMAO, ELE A DIVULGA Algum forneceu a informao ao jornal. Essa fonte deve ser citada. Quando uma matria diz O consumo de energia eltrica em Macap nunca foi to alto, temos de lembrar que algum repassou essa informao ao jornal. Deve-se citar o autor da fonte. A informao ficaria assim: Segundo o Presidente da Companhia Eltrica, o consumo de energia eltrica em Macap nunca foi to alto. Nem sempre se usa segundo. H outras maneiras de identificar a fonte. Veja: O Consumo de energia eltrica em Macap nunca foi to alto, diz o Presidente da Companhia Eltrica.

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Outra maneira de citar a fonte: O Presidente da Companhia Eltrica diz que o consumo de energia eltrica em Macap nunca foi to alto. Se a citao for mais longa, a identificao do seu autor pode vir no meio do texto. Veja: O Consumo de energia eltrica nunca foi to alto, afirma o Presidente da Companhia Eltrica. Estamos aumentando a produo para evitar o um blecaute. Citar a fonte d mais credibilidade notcia . Se o jornal no a cita, o leitor pode considerar que a informao no confivel. O uso de citaes do matria maior verossimilhana. Alm disso, h um outro motivo para a citao literal do que a pessoa disse. A citao literal da fala dos personagens fator importante da retrica do jornalismo. Ela permite ao leitor se identificar com a pessoa e com seu drama, ou compreender melhor seu ponto de vista. A fala tambm serve para demonstrar aspectos do personagem que sejam importantes, caracterizando-o. COMO FAZER A CITAO Veja no exemplo abaixo como reprter organizou as citaes. Tudo que expressa o ponto de vista do personagem foi colocado entre aspas: Sem definir o que uma vida "honrada", Buchanan disse aos reprteres que gays e lsbicas em sua administrao precisariam manter sua sexualidade "privada", e no defenderem direitos para os homossexuais. "No vou analisar a vida das pessoas", disse. "Se passarem pelo crivo do FBI, para mim o bastante." Buchanan disse que, no passado, trabalhou com pessoas que ele "achava que eram gays", e que trabalhavam "muito bem". As citaes mostram para o leitor o preconceito do personagem. Ao colocar entre aspas o texto, o jornalista deixa bem claro que aquele o ponto de vista de Buchanan, e no seu. Por outro lado, embora qualquer um possa perceber o preconceito implcito na situao, em nenhum momento o texto diz que Buchanan

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preconceituoso. Ele simplesmente citas as falas do mesmo e deixa a cargo do leitor essa compreenso.

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Ateno: O fato de voc fazer uma entrevista com uma pessoa, no significa que isso v sair no texto na forma de entrevista, com perguntas e respostas.

CAPTULO 6 O TTULO, O ENTRETTULO, O SUBTTULO, O CRDITO Ttulo Segundo o Manual Geral de Redao da Folha de So Paulo, o ttulo deve: despertar a ateno do leitor para o tema de trata. Deve ser uma sntese precisa da informao mais importante do texto e destacar o particular em detrimento do geral. Norma geral: proibido colocar dois pontos, ponto, ponto de interrogao, reticncias, travesso ou parnteses, Deve-se evitar a reproduo literal das palavras iniciadas no texto; Deve conter necessariamente verbo, sempre que possvel na voz ativa; Deve estar no tempo presente, exceto quando o texto se referir a fatos distantes no futuro ou no passado. Entrettulo Os entrettulos so ttulos colocados no meio do texto para ajudar a separar e organizar as informaes. Subttulo O subttulo um texto curto, colocado logo abaixo do ttulo, para esclarecer melhor qual o assunto da matria. Crdito O crdito o nome de quem fez a matria. Geralmente aparece no incio da matria, em destaque. Mas pode vir tambm no final da matria, entre parnteses.

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EXEMPLO A seguir apresento um exemplo de uma matria cientfica sobre o parentesco gentico entre rabes e judeus. Tente perceber nela os vrios elementos que j estudamos at agora: 1) Descubra qual dos pargrafos o lide da matria. 2) Quantas informaes importantes da matria esto reunidas no lide? 3) O texto responde as seis perguntas? O que? Quem? Quando? Onde? Como? Por qu? Como? 4) Como esto organizadas as citaes? Quem fala? Como essa fala apresentada ao leitor? 5) H uma parte da matria que pode ser facilmente cortada sem que isso prejudique a compreenso do leitor. Qual essa parte? 6) Qual o ttulo? Qual o subttulo? Quais so os entrettulos? Qual o crdito? 7) O texto d alguma opinio sobre o assunto? Ele defende algum ponto de vista ou se limita a repassar as informaes e as falas dos personagens? 8) Como esto organizadas as informaes? Atravs de frases curtas, com perodos simples, pargrafos curtos, ou atravs de frase longas, com perodos compostos e grandes pargrafos?

rabes e judeus tm origem gentica comum, diz estudo Pesquisa divulgada ontem afirma que "irmos" genticos teriam um ancestral comum MARCELO STAROBINAS E PAULO DANIEL FARAH Mais que "primos", rabes e judeus podem ser considerados irmos geneticamente e teriam um ancestral comum, segundo estudo divulgado ontem.Pesquisadores norte-americanos, europeus, israelenses e sul-africanos analisaram 1.371 homens de vrias partes do mundo, incluindo o Oriente Mdio, a Europa e a frica, para observar eventuais similaridades genticas e tentar traar suas origens. O estudo observou um grupo de genes do cromossomo Y (presente exclusivamente nos homens) e chegou concluso de que judeus e rabes compartilham genes semelhantes. "Os judeus so os irmos genticos de palestinos, srios e libaneses, e

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25 todos eles compartilham uma linha gentica comum que se estende at milhares de anos", afirmam os pesquisadores na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences", publicao da Academia Nacional de Cincias dos EUA. Srgio Dani, mdico e geneticista molecular ligado Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo em Ribeiro Preto, analisou a pesquisa, a pedido da Folha, e disse que o estudo leva a crer realmente que rabes e judeus so "irmos". O trabalho refora a antiga tese de parentesco. Os dois povos que eventualmente costumam se chamar de "primos"- so de origem semita e da mesma regio. O rabe e o hebraico pertencem mesma famlia lingustica. E as crenas religiosas do judasmo, do cristianismo e do islamismo apontam para um "pai" comum: Abrao (leia texto abaixo). No final do sculo 19, surgiu o movimento sionista. Sua idia central era levar os judeus espalhados pelo mundo Palestina para formar um Estado judeu, o que gerou disputas pela terra com palestinos que ali viviam. Mais intensamente aps a criao do Estado de Israel, em 1948, fraternidade uma palavra de raras aparies na histria das relaes entre os "irmos genticos" do Oriente Mdio. Israelenses e palestinos negociam h quase uma dcada um acordo de paz definitivo. Israel anunciou uma retirada do sul do Lbano at 7 de julho, e o governo discute com a Sria um acordo para estabelecer relaes diplomticas. Paz J houve trguas nessa guerra entre irmos. Na Pennsula Ibrica, judeus e rabes (muulmanos e cristos) tiveram convivncia muito mais pacfica -acompanhada de uma significativa produo cientfica e literria- , at a expulso da Espanha de 1492. As negociaes de paz em desenvolvimento no Oriente Mdio, que obtiveram importantes avanos, apesar dos ataques de extremistas de ambas as partes, levam esperana de um fim ao fratricdio deste sculo. "A estreita afinidade (gentica) entre judeus e no-judeus do Oriente Mdio observada apia a hiptese de uma origem comum", diz Michael Hammer, da Universidade de Tucson, no Arizona (EUA), principal responsvel pelo estudo divulgado ontem.

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Bomba tnica Israel teria abortado o desenvolvimento de uma "bomba tnica" armamento que seria capaz de matar apenas seus inimigos rabes- por causa das caractersticas genticas semelhantes. O projeto poderia atingir judeus, segundo pesquisadores de um instituto biolgico da cidade de Nes Tziona (prxima a Tel Aviv) ouvidos pelo jornal britnico "Sunday Times", em novembro de 1998. Israel teria aproveitado pesquisas iniciadas durante o apartheid na frica do Sul. Na dcada de 80, o governo segregacionista da minoria branca tentou desenvolver uma arma biolgica que atingisse apenas a populao negra. O governo israelense nunca confirmou a existncia desses estudos. A anlise gentica demonstra ainda que os judeus tiveram pouca miscigenao com outros povos.

CAPTULO 7 A RETRICA DO JORNALISMO

O objetivo do jornalismo no s informar, mas tambm criar uma empatia do leitor com a matria. A matria jornalstica precisa, tambm seduzir. Exemplos: Matrias sobre olimpianos - habitantes do olimpo da indstria cultural. Pel, papa, lady Di. Notcias sobre personagens que correspondem a esteretipos ou arqutipos sociais: o malandro que engana a todos, o vingador destemido, o ladro Robin Hood, o heri revolucionrio ou destemido. Notcias sobre dramas humanos. Todos os pais se identificam com o pai de uma criana sequestrada. Todas a mulheres solteironas se identificam com o drama da mulher que no consegue arranjar marido. Todo motorista se identifica com o drama do motorista que no consegue tirar carteira. Toda pessoa honesta se identifica e se comove

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27 com o caso do comerciante que foi preso por ter sido confundido com perigoso bandido. Notcias sobre personagens que representam as aspiraes coletivas, quilo que as pessoas gostariam de ser: mais felizes, mais realizadas, mais saudveis. Um sub-item dessa categoria o daquelas pessoas que conseguiram vencer os obstculos, chegando mais prximo daquilo que so as aspiraes coletivas. So notcias sobre pessoas que conseguiram vencer os problemas e deram a volta por cima. Exemplos de matrias que exploram esse aspecto: eu venci o cncer, eu venci a morte, eu venci o preconceito racial, eu venci a pobreza.

CAPTULO 8 A PAUTA Ela uma introduo a respeito do tema, orientando o reprter quanto ao assunto e o ponto de vista que deve ser explorado. Normalmente feita pelo editor ou pelo pauteiro e entregue ao reprter assim que ele chega redao. Segundo o Manual Geral da Redao da Folha de So Paulo, a pauta deve ter: 1) Um breve histrico dos acontecimentos que constituem o objeto da reportagem; 2) Um roteiro das questes essenciais que a reportagem dever responder; 3) Pelo menos uma hiptese que a reportagem vai confirmar ou refutar; 4) Aspectos mais relevantes para a linha editorial da FOLHA no tema da reportagem; 5) Aspectos at ento pouco explorados sobre o assunto; 6) Indicaes de nomes de pessoas, com endereos e telefone, que podem ser procuradas como fonte de informaes. Claro que esse padro ideal de uma pauta. Algumas pautas podem ter menos informaes. Mas essencial que seja repassado ao reprter o assunto de maneira bastante clara, com o enfoque que deve ser seguido e as sugestes de fontes, com nome e telefone.

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EXEMPLO DE PAUTA INTERNET ATRAI PUBLICITRIOS A confeco de home-pages, uma atividade antes dominada por tcnicos em informtica, est atraindo cada vez mais publicitrios. A matria deve enfocar essa mudana e esclarecer porque os empresrios esto preferindo contratar agncias de publicidade para fazer suas home-pages. O que os publicitrios fazem de diferente? Um visual mais bonito? Mais facilidade de navegao? Entrevistar: publicitrios que esto se aventurando na nova mdia. Empresrios que esto dando preferncia s agncias. Tcnicos em informtica. Sugestes de fontes: Elsio Eliam, da agncia Da Vinci - fone 333-3333 Sugesto de pergunta: Qual o atrativo da internet para as agncias? Fernando Silva - tcnico - fone 444-4444 Sugesto de pergunta: Os tcnicos esto se sentido ameaados? Jos Moreira - empresrio - fone 222-2222 Sugesto de pergunta: O que o levou a preferir um publicitrio para a confeco de sua homepage? Ateno: pauta no o mesmo que matria jornalistica! A pauta antecede a matria. Ela serve para o reprter se orientar e poder fazer a matria.

A seguir apresento dois exemplos. Um uma pauta. O outro a matria jornalstica. Tente estabelecer as diferenas entre os dois.

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Exemplo 1 E-BOOKS

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Os livros eletrnicos esto conquistando cada vez mais adeptos. A matria deve explorar essa mudanas de comportamento. Devem ser entrevistadas pessoas que adoram e-books e pessoas que simplesmente no os suportam. Algumas perguntas que devem ser respondidas: O que os e-books trazem de novo? Quais so as suas vantagens? Quais as desvantagens? Sugestes de fontes: Michella Cunha - Ela um exemplo de algum que no gosta de ebooks. Fone 111-1111 Sugesto de pergunta: -Por que voc no trocaria um livro de papel pelo livro eletrnico? Vtor Conceio um exemplo de algum que adora os e-books. Fone: 777 7777. Sugesto de pergunta: - O que os livros eletrnico tm que os livros de papel no tm?

Exemplo 2 Pgina virada para o papel Alessandra Carneiro Ainda cedo para dizer que o e-book popular, mas j h muita gente apostando alto nesse novo formato. Em controvrsia, existem aqueles que garantem no trocar a leitura tradicional por nada. Michella Cunha, de 23 anos, se enquadra no segundo caso. Alm de provocar cansao, os livros eletrnicos no vo superar a emoo de virar as pginas. Eu adoro ficar lendo deitada na minha cama. A capa e uma orelha bem escrita so capazes de me envolver completamente. No costumo dizer 'dessa gua no beberei', mas os e-books no me fascinam, confessa. Vtor Conceio, de 25 anos, apesar de ser um f declarado dos e-books, no discorda de Michella quando ela afirma que ler no monitor pode ser um tanto quanto fatigante. Porm, ele acredita que os livros digitais tm se adaptado bem a essa nova forma. A maioria dos textos para Internet curta. Acho que um bom tamanho seria algo entre 50 e 100 pginas. Mais do que isso, fica cansativo, opina. No entanto, Vtor

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30 no se esquece de apontar as vantagens dos e-books. Permitir que um autor novo tenha seu trabalho distribudo sem influncia de questes mercadolgicas importante. Alm disso, temos a possibilidade de fugir da linearidade. Alguns dos melhores e-books que j li, como o Tristessa e o Quensboro Ballads, so trabalhos feitos em hypertexto, coisa que no seria possvel se eles fossem livros tradicionais, garante. Se os e-books tomaro o lugar dos livros tradicionais uma outra histria. Por enquanto, tanto quem a favor quanto quem contra a literatura eletrnica dividem a mesma opinio. No acredito que eu v deixar de comprar livros. Gosto de poder olhar, sentir o cheiro do papel, a textura, ler a dedicatria, coisas assim. Acho que o e-book e os livros tradicionais so apenas complementares, conclui Vtor.

Veja outro exemplo de pauta:

ECONOMIA INFORMAL

Aproveitando o crescimento da economia informal em nosso Estado, vamos fazer uma matria sobre o assunto. Sero entrevistados os camels do centro da cidade. A matria deve esclarecer as razes que os levaram a desenvolver essa atividade. Alm disso, podem ser mostradas as dificuldades dos camels no dia-a-dia. Verificar como os camels esto organizados em nosso Estado. Que tipo de apoio eles recebem das instituies estaduais e municipais? Fazer fotos mostrando os entrevistados em local de trabalho e fazer foto mostrando uma geral do local em que eles trabalham.

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CAPTULO 9 ORGANIZANDO AS INFORMAES EM FRASES SIMPLES Um dos principais problemas de quem comea a fazer matrias jornalsticas a tendncia de juntar vrias informaes em uma nica frase. A funo do jornalista, alm de divulgar informaes, tambm organiz-las de forma que o leitor possa identificar rapidamente o que quer no texto. Ao se juntar vrias informaes numa nica frase, o jornalista dificulta a leitura e pode levar a compreenses completmente equivocadas isso quando o leitor consegue ir at o fim do texto. Vamos imaginar uma situao. O jornalista Jos Energmeno foi mandado para fazer uma matria a respeito de um acidente de trnsito. Ele descobriu que o acidente havia ocorrido com um nibus e redigiu a seguinte frase: UM NIBUS SE ACIDENTOU NA BR 346. Energmeno achou que era pouco. Podia ser at um bom ttulo, mas certamente ainda faltava algo para se tornar uma matria. Voc consegue imaginar o que falta? Sim, basta se lembrar das seis perguntas. Ele percebeu que faltavam personagens para a histria: os passageiros, e redigiu assim a sua frase: UM NIBUS, TRANSPORTANDO 20 PASSAGEIROS, SE ACIDENTOU NA BR 346. Tudo bem. S que seria interessante dizer quem eram essas pessoas.O leitor deve ser seduzido pela matria. Energmeno achou que a presena de crianas no nibus ia ajudar o leitor a se identificar com a situao. Ento ficou assim: UM NIBUS, TRANSPORTANDO 20 PASSGEIROS, ENTRE ELES UM MULHER E DUAS CRIANAS, SE ACIDENTOU NA BR 346. Em seguida ele foi acrescentando novas informaes frase: UM NIBUS, TRANSPORTANDO 20 PESSOAS, ENTRE ELES UMA MULHER E DUAS CRIANAS, BATEU EM UM CARRO NA BR 346.

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UM NIBUS DA LINHA SO JOS DOS CAMPOS- SO PAULO, TRANSPORTANDO 20 PESSOAS, ENTRE ELES UMA MULHER E DUAS CRIANAS, BATEU EM UM CARRO NA BR 346. UM NIBUS DA LINHA SO JOS DOS CAMPOS- SO PAULO, TRANSPORTANDO 20 PESSOAS, ENTRE ELES UMA MULHER E DUAS CRIANAS, BATEU EM UM CARRO MODELO CORSA NA BR 346.

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UM NIBUS DA LINHA SO JOS DOS CAMPOS- SO PAULO, TRANSPORTANDO 20 PESSOAS, ENTRE ELES UMA MULHER E DUAS CRIANAS, BATEU EM UM CARRO MODELO CORSA, QUE CAPOTOU, NA BR 346. UM NIBUS DA LINHA SO JOS DOS CAMPOS- SO PAULO, TRANSPORTANDO 20 PESSOAS, ENTRE ELES UMA MULHER E DUAS CRIANAS, BATEU, NA NOITE DE ONTEM, EM UM CARRO MODELO CORSA, QUE CAPOTOU, NA BR 346. UM NIBUS DA LINHA SO JOS DOS CAMPOS- SO PAULO, TRANSPORTANDO 20 PESSOAS, ENTRE ELES UMA MULHER E DUAS CRIANAS, BATEU, S 19 HORAS DE ONTEM, EM UM CARRO MODELO CORSA, QUE CAPOTOU, NA BR 346 E MORRERAM 15 PESSOAS. UM NIBUS DA LINHA SO JOS DOS CAMPOS- SO PAULO, TRANSPORTANDO 20 PESSOAS QUE ESTAVAM DE FRIAS, ENTRE ELES UMA MULHER E DUAS CRIANAS, BATEU, S 19 HORAS DE ONTEM , EM UM CARRO MODELO CORSA, QUE CAPOTOU, NA BR 346 E MORRERAM 15 PESSOAS. UM NIBUS DA LINHA SO JOS DOS CAMPOS- SO PAULO, TRANSPORTANDO 20 PESSOAS QUE ESTAVAM DE FRIAS, ENTRE ELES UMA MULHER E DUAS CRIANAS, BATEU, S 19 HORAS DE ONTEM, EM UM CARRO MODELO CORSA, QUE CAPOTOU, NA BR 346 E MORRERAM 15 PESSOAS E A POLCIA ACREDITA QUE O MOTORISTA ESTIVESSE EMBRIAGADO. . UM NIBUS DA LINHA SO JOS DOS CAMPOS- SO PAULO, TRANSPORTANDO 20 PESSOAS QUE ESTAVAM DE FRIAS, ENTRE ELES UMA MULHER E DUAS CRIANAS, BATEU, S 19 HORAS DE ONTEM, EM UM CARRO MODELO CORSA, QUE CAPOTOU, NA BR 346 E

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MORRERAM 15 PESSOAS E A POLCIA ACREDITA QUE O MOTORISTA, QUE SOBREVIVEU, ESTAVA EMBRIAGADO. No final, Energmeno redigiu a seguinte frase:

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UM NIBUS DA LINHA SO JOS DOS CAMPOS- SO PAULO, TRANSPORTANDO 20 PESSOAS QUE ESTAVAM DE FRIAS, ENTRE ELES UMA MULHER E DUAS CRIANAS, BATEU, S 19 HORAS DE ONTEM, EM UM CARRO MODELO CORSA, QUE CAPOTOU, NA BR 346 E MORRERAM 15 PESSOAS E A POLCIA ACREDITA QUE O MOTORISTA, QUE SOBREVIVEU, ESTAVA EMBRIAGADO, MAS ELE NEGA PORQUE NO H NENHUMA PROVA DISSO E OS POLICIAIS NO FIZERAM TESTE DE BAFMETRO. O editor, claro, no entendeu nada. Nem os leitores. Vamos tentar melhorar o texto do Energmeno. Reescreva o pargrafo, organizando as informaes em frases simples.

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BIBLIOGRAFIA EPSTEIN, Isaac. Teoria da Informao. So Paulo, tica, 1986. LAGE, Nilson. Linguagem Jornalstica. So Paulo, tica, 1993. Manual de Estilo Editora Abril. So Paulo, Nova Fronteira, 1990. Manual Geral da Redao - Folha de So Paulo. So Paulo, Folha de So Paulo, 1987. MEDINA, Cremilda. Entrevista - o dilogo possvel. So Paulo, tica, 1990. PIGNATARI, Dcio. Informao. Linguagem. Comunicao. So Paulo, Perspectiva, 1976. VANOYE, Francis. Usos da Linguagem. So Paulo, Martins Fontes, 1991. Folha on line - http://www.uol.com.br/folha Terra Notcias - http://www.terra.com.br/frterra.htm

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Sobre o Autor e sua ObraO Prof. Ivan Carlo jornalista, professor, roteirista e escritor. Mestre em comunicao pela Universidade Metodista de So Paulo. Tem realizado trabalhos para publicidade, como o roteiro do desenho animado "SUS", para a Secretaria de Sade de Curitiba. Sua produo literria inclui um livro infantil (Os Gatos, editora Mdulo), um artigo na coletnea de artigos acadmicos Histrias em Quadrinhos no Brasil: Teoria e prtica e o livro Spaceballs, publicado pela Associao Brasileira de Arte Fantstica. Colabora com vrios sites e publicaes, sob o pseudnimo de Gian Danton. Produz roteiros de quadrinhos desde 1989, quando estreou na extinta revista Calafrio. Sua produo de roteiros para quadrinhos inclui histrias para as editoras Nova Sampa, ICEA, Darte, Brazilian Heavy Metal, Metal Pesado e para a editora norteamericana Phantagraphics. Seu trabalho mais recente na rea de quadrinhos foi o roteiro e a edio de texto da revista Manticore pelo qual ganhou os prmios ngelo Agostini (melhor roteirista de 1999) e HQ Mix (melhor lanamento de terror). Mantm o site Idias de Jeca-tatu (http://www.lagartixa.net/jecatatu), nico no Brasil especializado na discusso sobre roteiro para quadrinhos. professor titular de Lngua Portuguesa do Centro de Ensino Superior do Amap CEAP e coordenador do curso de jornalismo da Faculdade SEAMA. Para corresponder com o Prof. Ivan Carlo escreva: [email protected]