Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas...

50
CESUMAR CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ ENSINO À DISTÂNCIA TECNOLOGIA EM AGRONEGÓCIO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I Profº. Luciano Alfredo Bonaccini FEVEREIRO DE 2008

Transcript of Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas...

Page 1: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ

ENSINO À DISTÂNCIA

TECNOLOGIA EM AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I

Profº. Luciano Alfredo Bonaccini

FEVEREIRO DE 2008

Page 2: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 2

Desenvolvimento é o crescimento das socieda-

des com o intuito de aumentar as liberdades

fundamentais, em que o crescimento econômico

é só parte geral imprescindível do processo.

E para que ele ocorra é necessário que se re-

movam as principais fontes de privação da liber-

dade: pobreza e tirania, carência de oportunida-

des econômicas e destituição social sistemática,

negligência do serviço público e intolerância ou

interferência de Estados repressivos.

Amartya Sen

Page 3: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 3

SUMÁRIO

Apresentação ..................................................................................................... 5 Unidade I – Introdução ao desenvolvimento sustentável ............................. 71. Justificativa para o desenvolvimento sustentável ........................................... 8

2. Princípios do desenvolvimento sustentável .................................................... 9

3. Causas do subdesenvolvimento ..................................................................... 16

3.1. Degradação do solo ................................................................................. 17

3.2. Disponibilidade limitada de água ............................................................. 18

3.3. Esgotamento de outros recursos naturais ............................................... 19

3.4. Pobreza ................................................................................................... 20

3.5. Crescimento rápido da população e diminuição da

força de trabalho agrícola ....................................................................... 20

4. Questões para auto-estudo ............................................................................. 21

Unidade II – Fundamentos do desenvolvimento integrado e sustentável ... 221. As quatro dimensões do desenvolvimento sustentável .................................. 23

1.1. Dimensão humana ................................................................................... 24

1.2. Dimensão produtiva ................................................................................. 25

1.3. Dimensão social ....................................................................................... 25

1.4. Dimensão ambiental ................................................................................ 26

2. O desenvolvimento integrado e sustentável ................................................... 28

3. Premissas para o desenvolvimento sustentável ............................................. 29

4. Questões para auto-estudo ............................................................................. 31

Unidade III – Pesquisa, ensino e desenvolvimento sustentável ................... 321. Importância da pesquisa aplicada no desenvolvimento sustentável ............... 33

2. Identificação das demandas de pesquisa ....................................................... 34

3. Assistência técnica de resultados ................................................................... 35

4. Questões para auto-estudo ............................................................................. 36

Page 4: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 4

Unidade IV - Ambiência para o desenvolvimento sustentável ..................... 371. Construção de um ambiente favorável ao desenvolvimento sustentável ....... 38

2. Estratégias para o desenvolvimento sustentável ............................................ 39

2.1. Utilização eficiente de tecnologias adequadas ........................................ 40

2.2. Melhoria da infra-estrutura rural ............................................................... 40

2.3. Disponibilidade de recursos financeiros ................................................... 41

2.4. Qualificação dos produtores rurais .......................................................... 41

2.5. Desenvolvimento de pesquisas aplicadas ............................................... 41

3. Questões para auto-estudo ............................................................................. 42

Referências bibliográficas ................................................................................ 43Bibliografia complementar ............................................................................... 44Fonte para consulta complementar ................................................................. 44 Anexos digitais .................................................................................................. 451. Documentos de referência .............................................................................. 45

1.1. Artigos de Polan Lacki ............................................................................. 45

1.2. Diretrizes para o desenvolvimento rural sustentável ............................... 46

1.3. Livro: Baixo Sul da Bahia ......................................................................... 47

1.4. Livro: Valorização de produtos com diferencial de qualidade

e identidade .............................................................................................. 48

1.5. Relatório de Desenvolvimento Humano 2007-2008 ................................ 49

2. Softwares ........................................................................................................ 49

2.1. Atlas do Desenvolvimento Humano ......................................................... 49

2.2. Acrobat Reader 8.0 .................................................................................. 50

2.3. Compactador WinRar ............................................................................... 50

Page 5: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 5

APRESENTAÇÃO

Caro Aluno, Cara Aluna.

A partir de agora vamos caminhar pelo universo do desenvolvimento sus-

tentável! Vamos conhecer seus conceitos, seus princípios e, principalmente, como

construir um mundo melhor a partir da aplicação deste conhecimento!

E você deve estar se perguntando: Porque um/a aluno/a de Tecnologia do

Agronegócio precisa ter uma disciplina chamada “Desenvolvimento Sustentável”?

Que diferença isso faz?

Vejamos. No Plano de Ensino desta disciplina é solicitado ao Professor

que faça duas definições:

Primeiro: qual a justificativa da inserção desta disciplina no contexto do

Plano de Formação do curso?

E que neste caso teve a seguinte resposta: “A questão da responsabilida-

de sócio-ambiental é a tônica atual da discussão dos papéis nas relações público-

privadas. Isto cria um cenário onde a im-

plementação de políticas públicas é viabi-

lizada pela liberação de recursos, associ-

ados à oportunidade para que empresas

privadas destinem parte de seus impostos

devidos, a ações de desenvolvimento

sustentável. E neste contexto, a formação

multidisciplinar do Tecnólogo em Agrone-

gócios, para atuação nesta área, amplia o leque de possibilidades, e aumenta o

grau de empregabilidade destes profissionais”.

E segundo: qual o objetivo desta disciplina?

A resposta: “Qualificar de forma aplicada os educandos a respeito do te-

ma, para que possam ter capacidade de avaliar criticamente e contextualizar sua

realidade, de modo a conceber e implementar ações de melhoria da qualidade de

vida nas comunidades, dentro de sua área de atuação profissional”.

Page 6: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 6

Neste contexto podemos observar palavras de cunho positivo, como: res-

ponsabilidade sócio-ambiental, oportunidade, ações, possibilidades, avaliar, con-

textualizar, qualidade de vida, comunidades. Na prática, Desenvolvimento Susten-

tável é tudo isso! É uma ciência pura e aplicada, e que está permanente em mo-

vimento e evolução, como o Ser Humano!

Além disso, devemos considerar que toda a produção agropecuária – e

seus respectivos processos agroindustriais, acontecem a partir da utilização dos

recursos naturais, renováveis ou não, como

a água e o solo. E que a partir destes dois

componentes, temos um impacto direto so-

bre a fauna e a flora, e que em uma visão

expandida chamamos de Meio Ambiente!

E considerando que o Ser Humano

é parte integrante deste processo, seja co-

mo responsável pela produção, logística ou

beneficiamento, seja como consumidor, é

que inserimos a palavra “responsabilidade

sócio-ambiental” na justificativa do curso.

E como este contexto só pode ser

compreendido de forma integrada, é que

também foi inserida a palavra “formação multidisciplinar”, porque o desafio é fazer

a integração entre as pessoas, o meio ambiente, a tecnologia e o processo de

produção, a industrialização, a logística e os clientes. Tudo ao mesmo tempo,

como acontece no metabolismo dos organismos vivos!

Mas para dar uma “lógica” a tudo, isto é, facilitar o ensino e a aprendiza-

gem, vamos dividir a disciplina em duas partes: nesta primeira vamos trabalhar

princípios e conceitos, e na segunda vamos tratar de aplicá-los na prática!

No entanto, o assunto é imenso, e demanda estudo e prática para sua

profunda compreensão, e é o que recomendo após a conclusão desta disciplina.

E assim como na foto da página anterior, o tema “Desenvolvimento Sus-

tentável” é um caminho em permanente construção!

Ao trabalho!

Page 7: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 7

UNIDADE I

INTRODUÇÃO AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Profº Luciano Alfredo Bonaccini

Objetivos da Aprendizagem Contextualizar o subdesenvolvimento e a importância da promoção do Desen-

volvimento Sustentável.

Apresentar os princípios e os conceitos do Desenvolvimento Sustentável, para

fundamentar o processo de ensino-aprendizagem da disciplina.

Plano de estudo A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

A justificativa para o desenvolvimento sustentável.

Princípios do desenvolvimento sustentável.

Causas do subdesenvolvimento.

Questões de auto-estudo

Page 8: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 8

1. JUSTIFICATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O ser humano é caracterizado por uma insatisfação permanente, em rela-

ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos!

Nesta busca incessante alguns são mais rápidos, outros mais lentos - a-

qui falando de países e/ou pessoas. Alguns são éticos, outros nem tanto. Uns

buscam socializar os resultados conquistados na forma de benefícios, outros em

acumulá-los de forma incessante. E há alguns que estão no meio termo de tudo

isso!

E onde vamos chegar com este raciocínio? É simples: a acumulação de

capital de um lado gera a falta em outro. É o que chamamos de desigualdade so-

cial.

Isso é um fato. Mas há uma questão controversa: como

melhorar as condições de vida dos desfavorecidos (países e pes-

soas), sem penalizar os que geraram resultados e riquezas? Isto

vem sendo modernamente discutido desde o advento da Era In-

dustrial e da publicação de O Capital de Carl Marx. E não há con-

senso!

Por isso o tema Desenvolvimento Sustentável é um pouco “árido”: ele a-

contece em meio a um “tecido” que se situa entre duas camadas distintas, que

são as várias correntes do pensamento humano, como o: capitalismo x socialis-

mo, produtivismo x humanismo, monetarismo x desenvolvimentismo, dogmatismo

x positivismo, e tantas outras.

Assim, vamos tratar o tema de uma forma “desapaixonada”, isto é, apre-

sentando todas as faces desta questão, para que cada um de vocês compreenda

e conceitue o que é Desenvolvimento Sustentável, e defina a melhor forma de

contribuir!

Mas neste início de Século XXI está havendo uma gradativa tomada de

consciência global, onde dois aspectos são especialmente relevantes:

1. O Meio Ambiente está seriamente ameaçado e pode chegar a um pon-

to tal que a degradação não possa ser revertida, principalmente na

Inserir uma foto da Revo-lução Indus-trial e uma de Carl Marx.

Page 9: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 9

questão do aumento da temperatura média da Terra e da escassez da

água potável; e

2. A concentração de renda está tão elevada, que países e comunidades

pobres entrarão em um estágio de convulsão social – a exemplo do

Haiti e de Timor Leste, em que a instabilidade levará a degradação

institucional e a queda da qualidade de vida.

Em função disto, compulsoriamente, os países desenvolvidos buscam es-

tabelecer estratégias para apoiar a regeneração ambiental e a estabilidade social

dos países ditos do 3º Mundo. Só que estes investimentos devem gerar resulta-

dos estáveis e duradouros, o que na prática se chama de Desenvolvimento Sus-

tentável!

E a este Desenvolvimento Sustentável devemos anexar mais uma vari-

ável ainda: que ele seja Integrado, isto é, que seja dada atenção simultaneamen-

te às dimensões Humana, Produtiva, Social e Ambiental!

Concluindo: em função de um contexto tão amplo, a formação de profis-

sionais qualificados para atuar nesta área é determinante para o sucesso dos

programas de desenvolvimento internacionais, nacionais ou privados. E uma es-

trutura empresarial é determinante para garantir os resultados esperados por es-

tes investidores, no prazo e nos orçamentos propostos.

E assim, estaremos realizando o sonho de transformar nosso planeta em

um lugar mais humano e habitável!

2. PRINCÍPIOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O nosso trabalho terá como ponto de partida a apresentação de uma sé-

rie de definições e princípios, que embasam a questão do desenvolvimento sus-

tentável. E tem por finalidade a construção de uma sólida base conceitual, que

permitirá uma discussão mais ampla e aprofundada dos conceitos relacionados

ao Desenvolvimento Sustentável.

Vamos começar pelas definições do que é Desenvolvimento Sustentável,

na visão de três estudiosos do assunto:

Page 10: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 10

Amartya Sen1: é o crescimento das sociedades com o in-

tuito de aumentar as liberdades fundamen-

tais, em que o crescimento econômico é só

parte geral imprescindível do processo.

E para que ele ocorra é necessário

que se removam as principais fontes de

privação da liberdade: pobreza e tirania,

carência de oportunidades econômicas e

destituição social sistemática, negligência

do serviço público e intolerância ou interfe-

rência de Estados repressivos.

Korten2: é um processo por meio do qual os membros de

uma sociedade incrementam suas capacidades pessoais e insti-

tucionais, para mobilizar e maximizar recursos para produzir com

sustentabilidade e distribuir, com justiça, estes incrementos em

suas qualidades de vida, coerentemente com suas próprias aspi-

rações.

Souza3: é um processo de aprimoramento (gradativo ou,

também, através de bruscas rupturas) das condições gerais de vi-

ver em sociedade, em nome de uma maior felicidade individual e

coletiva.

É um movimento sem fim, ou seja, sem “estágio final” ou

mesmo direções concretas pré-determinadas ou previsíveis, e que

não poderá jamais ser declarado como “acabado”; e sujeito a re-

trocessos em cuja esteira uma sociedade torna-se mais justa e

aceitável para os seus membros.

1 SEN, Amartya Kumar. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 2 KORTEN, D. Getting to the 21st century: voluntary action and global agenda. In: DIAS, Marcelo Miná (org). Glossá-

rio de termos utilizados em desenvolvimento rural. Rio de Janeiro: Instituto Souza Cruz. 2006, p 23. 3 SOUZA, M.L.. Algumas notas sobre a importância do espaço para o desenvolvimento social. In: DIAS, Marcelo

Miná (org). Glossário de termos utilizados em desenvolvimento rural. Rio de Janeiro: Instituto Souza Cruz. 2006, p 24.

Page 11: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 11

Lendo estes três conceitos é fácil perceber que não há consenso a respei-

to do que é Desenvolvimento Sustentável!

Para Sen a base de tudo é a liberdade, para Korten o foco é a produtivi-

dade e a distribuição justa da renda, e para Souza é a melhoria da qualidade de

vida.

E se citarmos outros autores encontraremos outros diferentes pontos de

vista; logo, é possível perceber que Desenvolvimento é um conceito amplo e ge-

ral, que está relacionado diretamente com a visão e formação do autor, e com a

realidade em que ele está inserido.

Agora vamos tratar de definições específicas de Desenvolvimento, que

são: a) Sustentável; b) Agrícola sustentado; e c) Humano:

Desenvolvimento sustentável4: é o que atende as ne-

cessidades do presente, sem comprometer a capacidade de ge-

rações futuras de fazer face às suas próprias necessidades.

Desenvolvimento agrícola sustentado (FAO)5: é o ge-

renciamento e conservação da base dos recursos naturais e a o-

rientação da mudança tecnológica e institucional, assegurando a

realização e satisfação continuada das necessidades humanas

para as gerações presentes e futuras.

Esse desenvolvimento sustentado (nos setores agrícola,

florestal e pesqueiro) conserva os recursos genéticos da terra,

água, vegetação e animal, não degrada o meio ambiente, é apro-

priado tecnicamente, viável economicamente e aceitável social-

mente.

Desenvolvimento humano6: pode ser descrito como o

processo de ampliação das opções das pessoas. Além da satisfa-

4 MAALOUF, Wajih. Recursos humanos e desenvolvimento agrícola sustentado. São Paulo: Fundação Salim Farah

Maluf, 1993. 47 p. 5 MAALOUF, Wajih. Recursos humanos e desenvolvimento agrícola sustentado. São Paulo: Fundação Salim Farah

Maluf, 1993. 47 p. 6 PNUD. Informe sobre desarrollo humano. In: DIAS, Marcelo Miná (org). Glossário de termos utilizados em desen-

volvimento rural. Rio de Janeiro: Instituto Souza Cruz. 2006, p 25.

Page 12: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 12

ção de suas necessidades básicas, as pessoas valorizam benefí-

cios menos materiais. Entre eles figuram, por exemplo, a liberda-

de de movimento e expressão e ausência de opressão, violência

ou exploração.

As pessoas também desejam ter um sentido de propósito

para suas vidas, além de um sentimento de empoderamento.

Como membros de famílias e comunidades, as pessoas valorizam

a coesão social e o direito de afirmar suas tradições e culturas.

Você percebeu que a definição do PNUD para Desenvolvimento Susten-

tável é muito parecida com a de Amartya Sen? Isto acontece porque ele, como

Economista, desenvolveu uma série

de estudos que passaram a influenciar

de forma decisiva o conhecimento que

temos hoje estruturado a respeito des-

te assunto!

Outra questão importante é

que para a avaliação da qualidade de

vida da população, até 1990, somente

era levado em consideração o cresci-

mento do Produto Interno Bruto (PIB),

e seu valor por pessoa (valor do PIB per capita), considerando que quanto mais

alto, maior é a qualidade de vida da população.

O que é na verdade é uma referência equivocada, já que o dinheiro pode

existir, mas se ele estiver concentrado nas mãos de poucas pessoas, a pobreza e

o subdesenvolvimento é que retratam a realidade da qualidade de vida da popu-

lação.

Daí a importância dos trabalhos conduzidos por

Mahbub ul Haq, que levaram à definição do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), agregando – num só

número – indicadores relativos à longevidade, à educa-ção e à renda.

Trabalhos que Amartya Sen, na qualidade de co-

Produto Interno Bruto (PIB): nada mais é do que o conjunto de todos os bens e serviços finais produzidos em um país durante certo período de tempo. Ou seja, desde o "pãozinho" até um luxuoso apartamento constru-ído neste ano, tudo isso entra no cálculo do Produto Interno Bruto do país.

E um ponto muito importante é o fato de que o PIB só computa os bens e serviços finais, para não calcular o mesmo item duas vezes. Ou seja, voltando ao exemplo anterior, o pãozinho vendido na padaria entra no cálculo do PIB, mas a farinha de trigo comprada para a fabrica-ção do mesmo, não.

Outro aspecto importante: a venda de um carro ano 2005, por exemplo, não será computada no PIB de 2006, já que o valor do bem já foi incluído no cálculo do Produto Inter-no Bruto daquele ano. Daí tira-se uma importante conclu-são: só devem entrar no cálculo do PIB os bens e servi-ços finais produzidos no país no ano corrente.

Mahbub ul Haq

Page 13: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 13

laborador de Mahbub ul Haq, assinala que foram publicados, inicialmente, em

1990, como protesto contra os critérios de mensuração do desenvolvimento eco-

nômico, então seguidos pelo FMI e pelo Banco Mundial, mas que hoje, são reco-

nhecidos como os mais adequados.

Assim, para facilitar a compreensão, segue a definição do IDH segundo o

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD):

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano7: este índice

mede o nível de desenvolvimento humano dos países, a partir de

indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula), lon-

gevidade (esperança de vida ao nascer) e renda (PIB per capta).

O índice varia de zero (nenhum desenvolvimento huma-

no) a um (países com desenvolvimento humano total). Países

com IDH até 0,499 têm desenvolvimento humano considerado

baixo; os países com índice entre 0,500 e 0,799 são considerados

de médio desenvolvimento humano; países com IDH maior que

0,800 têm desenvolvimento humano considerado alto.

Para aferir o nível de desenvolvimento humano de muni-

cípios as dimensões são as mesmas – educação longevidade e

renda –, mas alguns dos indicadores usados são diferentes. Em-

bora meçam os mesmos fenômenos, os indicadores levados em

conta no IDM Municipal são mais adequados para avaliação de

núcleos sociais menores.

E para apresentar uma visão adequada da realidade, veja a relação dos

quatro primeiros e os quatro últimos IDHs do Mundo, em comparação com o Bra-

sil (70ª. posição):

7 PNUD. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Entenda o cálculo do IDM Municipal e saiba quais os

indicadores usados. In: DIAS, Marcelo Miná (org). Glossário de termos utilizados em desenvolvimento rural. Rio de Janeiro: Instituto Souza Cruz. 2006, p 39.

Page 14: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 14

Tabela: Índice de Desenvolvimento Humano, PNUD8

POSIÇÃO IDH

PAÍS IDH

Esperança de vida ao

nascer (anos)

Taxa de es-colarização

(%)

PIB per capita (US$)

1º. Islândia 0,968 81,5 95,4 36.510

2º. Noruega 0,968 79,8 99,2 41.420

3º. Austrália 0,962 80,9 113,0 31.794

4º. Canadá 0,961 80,3 99,2 33.375

70º. Brasil 0,800 71,7 87,5 8.402174º. Níger 0,374 55,8 22,7 781

175º. Guiné-Bissau 0,374 45,8 36,7 827

176º. Burquina Faso 0,370 51,4 29,3 1.213

177º. Serra Leoa 0,336 41,8 44,6 806

E a partir desta mesma fonte é possível acompanhar a evolução do IDH

brasileiro, no período que vai de 1975 a 2005:

E se continuarmos a seguir a linha de raciocínio de que “não adianta ha-

ver riqueza se as pessoas não têm acesso a ela” – como adotado para o PIB (to-

tal e per capita), mais dois índices são adotados pelo PNUD para avaliar o desen-

volvimento de um País: o Índice de Pobreza Humana e o Índice de Gini, defini-

dos a seguir: 8 PNUD / Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008:

Combater as alterações climáticas / Solidariedade humana num mundo dividido. Coimbra: Edições Almedina. 2006, 402 p.

EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL (PNUD, 2006)

0,60

0,65

0,70

0,75

0,80

0,85

1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005

Page 15: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 15

IPH – Índice de Pobreza Huma-na: é uma medida composta, que se con-

centra na medição das privações humanas

segundo três dimensões: longevidade,

escolarização e padrão de vida decente -

% de pessoas sem acesso a água canali-

zada e aos serviços de saúde básicos e %

de crianças com menos de 5 anos com

peso deficiente. São indicadores de uma

melhor qualidade de vida.

Índice de GINI: criado pelo matemático italiano Conrado

Gini, é um instrumento para medir o grau de concentração de

renda em determinado grupo. Ele aponta a diferença entre os

rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos.

Numericamente, varia de zero a um (alguns apresentam

de zero a cem). O valor zero representa a situação de igualdade,

ou seja, todos têm a mesma renda. O valor um (ou cem) está no

extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda a riqueza.

Na prática, o Índice de Gini costuma comparar os 20%

mais pobres com os 20% mais ricos. No Relatório de Desenvolvi-

mento Humano 2007-2008, elaborado pelo PNUD, o Brasil apare-

ce com Índice de 57,0 – quase no final da lista de 177 países. A-

penas sete nações apresentam maior concentração de renda.

E, a exemplo dos valores de IDH apresentados na tabela anterior, agora

seguem – na mesma ordem, o Índice de Gini, o Índice de Pobreza Humana e o

percentual da população que vive abaixo da linha de pobreza, sendo que este

último está subdividido em “Países em Vias de Desenvolvimento” e os “Países

Desenvolvidos”:

Page 16: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 16

Tabela: Pobreza humana e concentração de renda, PNUD9

IPH POPULAÇÃO

ABAIXO DA LINHA DE POBREZA (%) POSIÇÃO

IDH PAÍS ÍNDICE DE GINI

POSIÇÃO VALOR(%) 1 2

1º. Islândia 25,8 - - n/a 0,0

2º. Noruega 35,2 2 6,8 n/a 4,3

3º. Austrália 32,6 13 12,1 n/a 17,6

4º. Canadá 34,3 8 10,9 n/a 7,4

70º. Brasil 57,0 23 9,7 21,5 n/a 174º. Níger 50,5 104 54,7 63,0 n/a 175º. Guiné-Bissau 47,0 99 44,8 n/d n/a 176º. Burquina Faso 39,5 106 55,8 46,2 n/a 177º. Serra Leoa 62,9 102 51,7 70,2 n/a

1. Pessoas que moram nos países em vias de desenvolvimento. 2. Pessoas que moram nos países da: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Europa

Central, Europa Oriental e Comunidade de Estados Independentes (CEI); e que vivem com menos de US$ 11,00/dia.

Bom, até aqui já é possível perceber que o assunto Desenvolvimento

Sustentável é extenso e exige uma visão multidisciplinar para sua compreensão.

As informações que disponibilizei servem de balizamento para continuar aprofun-

dando esta questão.

E para facilitar este trabalho, além dos links para pesquisa na Internet,

disponibilizei no CD que acompanha a apostila, o software “Atlas do Desenvolvi-

mento Humano” e o “Relatório de Desenvolvimento Humano 2007-2008”, que têm

uma explicação resumida no item “Anexos Digitais”.

E agora vamos discutir o subdesenvolvimento e suas possíveis causas.

3. CAUSAS DO SUBDESENVOLVIMENTO

O subdesenvolvimento é uma situação tão comum aos nossos olhos, em

função da banalização das mortes pela fome, pelas guerras fratricidas e pelos

cataclismos ambientais, que temos certa dificuldade em definir quais são as suas

9 PNUD / Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008:

Combater as alterações climáticas / Solidariedade humana num mundo dividido. Coimbra: Edições Almedina. 2006, 402 p.

Page 17: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 17

reais causas. Porque normalmente o nosso foco é sobre seus efeitos, e isso ocor-

re pela falta de hábito em problematizar as situações e os cenários que nos são

apresentados.

Um exemplo clássico é a violência, que

tem seu nascedouro no analfabetismo, no de-

semprego, na miséria e na fome, e é tratada sim-

plesmente como um “caso de polícia”...

E para sairmos com mais embasamento

nesta questão, vamos elencar as cinco principais

causas do subdesenvolvimento, na ótica do pes-

quisador da FAO / ONU Wajih D. Maalouf10. São elas:

3.1. DEGRADAÇÃO DO SOLO

O modelo equivocado de

manejo dos solos tropicais, prepara-

dos com sucessivas passagens de

arado e grade, levou à sua desestru-

turação e uma conseqüente compac-

tação; que aliado a adubações quími-

cas e pulverizações intensivas de

agrotóxicos, resultou na queda de

sua capacidade produtiva, ou em casos extremos, na sua desertificação.

Este fator restritivo ocorrido em modelos agrícolas de produção familiar ou

de subsistência gerou resultados devastadores, sendo o grande responsável pela

fome e pelo êxodo rural.

Na agricultura empresarial resultou em produções abaixo do ponto de e-

quilíbrio, que inviabilizaram o negócio e a conseqüente saída da atividade de pro-

dução agropecuária.

10 MAALOUF, Wajih. Recursos humanos e desenvolvimento agrícola sustentado. São Paulo: Fundação Salim Farah

Maluf, 1993. 47 p.

Problemático*: 1) conjunto de proble-mas da mesma natureza ou de um mesmo campo de atuação, ou concer-nentes a um mesmo objeto; 2) o conjun-to das questões que se podem levantar em relação aos meios, pontos de vista ou objetos de estudo de uma ciência ou um sistema filosófico; 3) incerteza ou dificuldade inerentes a um plano, contex-to, situação, etc. Problematizar*: (problemático + izar) pôr em dúvida; questionar. *Houaiss, Dicionário Eletrônico (2001)

Page 18: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 18

A partir desta constatação novas tecnologias foram desenvolvidas, e al-

gumas adaptadas, de forma a respeitar as particularidades físicas, químicas e

biológicas dos solos tropicais, como: a suspensão no uso do fogo, a adoção do

plantio direto, a construção de curvas de nível, a readequação de estradas, a a-

dubação verde, a rotação de culturas, e a reposição controlada de micro (molib-

dênio, cobalto, zinco e manganês) e macroelementos (nitrogênio, fósforo, potás-

sio, cálcio, magnésio e enxofre).

3.2. DISPONIBILIDADE LIMITADA DE ÁGUA

A viabilização da ativi-

dade agropecuária tem deman-

da por fatores de produção, que

são relativamente acessíveis,

como: a terra, o capital e o tra-

balho.

No entanto a escassez

de água – eventual ou crônica –

é um dos maiores fatores restritivos à produção, por demandar elevados investi-

mentos em irrigação e capacitação.

E o fato mais grave é que esta escassez pode ser provocada de várias

formas, todas elas resultantes dos impactos da produção agropecuária, como:

Desmatamento nas Áreas de Preservação Permanente (APPs), como

nascentes e margens de cursos d’água, causando a diminuição ou ex-

tinção do fluxo de água da primeira, e assoreamento do segundo;

Movimentação intensa de máquinas e implementos agrícolas, que re-

sulta na compactação do solo e impede a infiltração da água para o

subsolo;

Retirada da cobertura do solo, verde ou seca, resultando na evapora-

ção excessiva da água, e seu conseqüente ressecamento; e

Page 19: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 19

Poluição dos mananciais por efluentes industriais, agrotóxicos ou ferti-

lizantes solúveis, que torna a água imprópria para uso humano, pecuá-

ria e agricultura, em uma escala crescente de contaminação.

Estes fatores associados têm efeito direto sobre o microclima, resultando

em uma diminuição gradativa do volume de chuvas, também chamado de Índice

Pluviométrico, expresso em milímetros por unidade de tempo, como: hora, dia,

mês ou ano.

E a conseqüência disso é miséria e a fome, situados em um patamar em

que não há retorno sem um aporte externo de recursos de forma subsidiada.

3.3. ESGOTAMENTO DE OUTROS RECURSOS NATURAIS

Na mesma velocidade em que se degrada o solo e contamina-se a água,

outros recursos naturais também são afetados, considerando a necessidade im-

periosa de manutenção da vida em um

cenário de curto ou curtíssimo prazo.

Esse esgotamento se dá de vá-

rias formas, como a:

Derrubada indiscriminada de

árvores para venda da ma-

deira e lenha, que dificulta a

regeneração da floresta;

Caça predatória de animais, répteis e aves, para venda do couro ou

penas, ou para criatórios ilegais no Brasil ou no exterior;

Extração indiscriminada de minérios, pedras, metais ou pedras preci-

sas, degradando o meio ambiente e poluindo a água com sólidos solú-

veis ou mercúrio (no caso do ouro); e

Biopirataria de plantas medicinais, ornamentais ou frutíferas.

E da mesma forma que a degradação do solo e escassez gradativa da

água, a agressão contínua sobre os recursos renováveis ou não, acrescenta mais

um fator no caminho da desertificação e da pobreza.

Page 20: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 20

3.4. POBREZA

A pobreza, como fator principal do subdesenvolvimento, não pode ter co-

mo causa somente a “falta de dinheiro”. Isto é uma visão simplista e reduzida da

realidade!

A pobreza deve ser vista dentro de uma ótica ampliada, onde se acres-

centa à “falta do dinheiro”: analfabetismo, doenças crônicas e/ou endêmicas, des-

nutrição histórica, habitações subumanas, opressão política, falta de acesso a

informações, ausência de documentação básica e desorganização social.

Estes fatores associados caracterizam um indivíduo que não pode ser

chamado de CIDADÃO, ele simplesmente subsiste! E logo pode-se concluir que o

Desenvolvimento para ser Sustentável deve ser includente!

3.5. CRESCIMENTO RÁPIDO DA POPULAÇÃO E DIMINUIÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO AGRÍCOLA

Na zona rural há um desbalanço

crescente na relação “disponibilidade de

mão-de-obra” x “demanda de trabalho”.

Por que?

Eis algumas das causas:

As atividades agrícolas que

demandavam muito trabalho

braçal para a colheita estão se mecanizando, a exemplo: do café, da

cana, do algodão; e agora evoluindo para a mandioca e a laranja.

As máquinas agrícolas estão aumentado sua capacidade operacional,

o que se traduz em menos máquinas para uma mesma unidade de á-

rea, e por extensão necessita de menos operadores e funcionários de

apoio.

A base de produtos agrícolas está se estreitando, com foco naqueles

que têm elevado aporte de capital (máquinas e insumos), associados

Page 21: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 21

a diminuição da necessidade de mão-de-obra (os chamados commodi-

ties). Esta ação permite culti-

var áreas mais extensas com

menos pessoas.

Os jovens estão deixando o

trabalho rural, e mudando-se

para os grandes centros urba-

nos, em função da falta de

conforto e de oportunidades descentes de trabalho. Assim, o que se

tem é uma população rural com idade entre os extremos: crianças e

idosos, e com pouca força de trabalho, que leva a uma baixa produção

e a uma diminuição significativa da renda rural.

Assim pode-se concluir que o subdesenvolvimento é uma associação de

fatores negativos, intimamente relacionados, que se permanecerem inalterados

por um longo tempo, geram um quadro de miséria e submissão.

Ao constatar tudo isto, agora vamos às soluções!

4. QUESTÕES PARA AUTO-ESTUDO

Seguem agora alguns questionamentos para que você continue a apro-

fundar o estudo do assunto, no caminho à compreensão!

São eles:

1. Qual a sua definição de Desenvolvimento Sustentável? Elabore uma

resposta e justifique.

2. Além das que foram apresentadas no segundo item, quais outras cau-

sas você identifica para o subdesenvolvimento? Justifique.

3. Que iniciativas, públicas e/ou privadas, de apoio ao desenvolvimento

sustentável você conhece? Qual a sua avaliação a respeito desta(s) i-

niciativa(s): é positiva ou negativa? Justifique.

Page 22: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 22

UNIDADE II

FUNDAMENTOS DO DESENVOLVIMENTO INTEGRADO E SUSTENTÁVEL Profº Luciano Alfredo Bonaccini

Objetivos da Aprendizagem Ampliar a visão a respeito do Desenvolvimento Sustentável.

Demonstrar a necessidade de estruturar programas de forma a integrar as

quatro dimensões do desenvolvimento: a Humana, a Produtiva, a Social e a

Ambiental.

Apresentar premissas básicas para estruturação de projetos de Desenvolvi-

mento Rural.

Plano de estudo A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

As quatro dimensões do desenvolvimento sustentável.

O desenvolvimento integrado e sustentável.

Premissas para o desenvolvimento sustentável.

Questões para auto-estudo

Page 23: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 23

1. AS QUATRO DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Antes de começarmos a discutir o conteúdo desta Unidade, vamos relem-

brar a conceituação de Desenvolvimento Agrícola Sustentado da FAO, citado

na Unidade anterior:

“É o gerenciamento e conservação da base dos recursos

naturais e a orientação da mudança tecnológica e institucional,

assegurando a realização e satisfação continuada das necessida-

des humanas para as gerações presentes e futuras.

Esse desenvolvimento sustentado (nos setores agrícola,

florestal e pesqueiro) conserva os recursos genéticos da terra,

água, vegetação e animal, não degrada o meio ambiente, é apro-

priado tecnicamente, viável economicamente e aceitável social-

mente”.

Você percebeu que esta definição englobou várias dimensões do Desen-

volvimento Sustentável? Vejam quais são elas separadamente:

Humana: “(...) assegurando a realização e satisfação continuada das

necessidades humanas para as gerações presentes e futuras (...)”;

Produtiva: “(...) orientação da mudança tecnológica e institucional

(...)”; e “(...) é apropriado tecnicamente, viável economicamente (...)”.

Social: “(...) e aceitável socialmente”.

Ambiental: “É o gerenciamento e conservação da base dos recursos

naturais (...)”; e “(...) conserva os recursos genéticos da terra, água,

vegetação e animal, não degrada o meio ambiente (...)”.

Esta definição, de uma forma aplicada, representa a integração das qua-

tro dimensões do Desenvolvimento Integrado e Sustentável; que também segun-

do alguns autores são chamados de “quatro capitais”, no sentido de “valor”.

Page 24: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 24

Mas, como nos autores situados mais à esquerda do pensamento eco-

nômico, a palavra capital não é bem aceita, vamos chamá-las somente de “as

quatro dimensões do desenvolvimento integrado e sustentável”.

A seguir vamos fazer uma breve descrição do que engloba cada uma des-

tas dimensões.

1.1. DIMENSÃO HUMANA

Atualmente o Ser Humano apare-

ce de forma destacada em um programa

de Desenvolvimento Sustentável, sendo

levado em consideração do princípio ao

fim em todo o planejamento, na busca de

resultados consistentes e duradouros.

Mas nem sempre foi assim...

Nos projetos elaborados há algu-

mas décadas atrás – notadamente entre 1960 e 1980 – a partir de uma visão tec-

nicista, o Ser Humano era somente o meio pelo qual se realizavam as ações e se

alcançavam metas e objetivos.

Em função disto é que vemos tantos investimentos realizados e várias

instituições criadas neste período, que nos parecem anacrônicas e sem missão

definida nos dias atuais.

E para tudo isso, a valorização da dimensão humana passa pelo desen-

volvimento das habilidades e das competências, e pela ampliação dos conhe-cimentos – tanto acadêmicos como tradicionais; com a finalidade permitir às pes-

soas o acesso a oportunidades de maior remuneração e a realização de seus so-

nhos.

No entanto, é de fundamental importância que este conhecimento a ser

desenvolvido, esteja embasado na prática e na aplicabilidade; bem como lastrea-

do pela ética e por uma Visão de Futuro positiva!

Page 25: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 25

1.2. DIMENSÃO PRODUTIVA

A dimensão produtiva está relacionada diretamente ao trabalho e suas vá-

rias formas de organização, e a partir dele devem derivar: a geração digna de

renda, a produção de alimentos saudáveis, o lucro para reinvestimentos, a forma-

ção de novos profissionais e a identifica-

ção de novas oportunidades de desen-

volvimento.

E quando se fala em organiza-

ção da produção, entram vários aspec-

tos, tais como: integração da produção

agropecuária, verticalização da produ-

ção, logística, planejamento, controle

físico e financeiro, agroindustrialização, certificação, divulgação, vendas, e tantas

outras ações relativas à operacionalização das cadeias produtivas agroalimen-tares.

E considerando a extensão deste tema, ele será tratado mais detalhada-

mente na disciplina “Desenvolvimento Sustentável II”, como forma de aplicar e

operacionalizar os conceitos que apresentamos aqui.

1.3. DIMENSÃO SOCIAL

A dimensão social enfoca as pessoas e as relações entre elas, sejam pro-

fissionais, familiares, religiosas, políticas ou educativas. E estas relações podem

ser informais ou institucionalizadas, no entanto a base aglutinadora de tudo é a

confiança!

Se as pessoas confiam entre si toda a relação é saudável, e está pautada

na reciprocidade e na complementaridade – o que gera uma espiral ascendente

de desenvolvimento e novos laços de relações.

E na visão ampliada deste conceito, ainda existe a questão da cidadania,

que é a expansão das relações em comunidade.

Page 26: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 26

É a participação nas decisões políticas e públicas, mas para que isso a-

conteça é necessário que no mínimo estas pessoas tenham sua documentação

básica, os títulos da propriedade da terra,

e acesso a justiça para fazer valer seus

direitos, da mesma forma com que cum-

prem suas obrigações.

A organização social pode ser fo-

mentada para discussão de assuntos da

comunidade – na forma de uma associa-

ção; para fins de beneficiamento e comer-

cialização da produção – como uma cooperativa; com fins políticos – em um par-

tido; ou participando de conselhos nos âmbitos municipal, territorial, estadual ou

federal.

1.4. DIMENSÃO AMBIENTAL

A dimensão ambiental é a discussão mais complexa, pois ao mesmo

tempo em que ela é a base de sustentação da vida; ela é vista como um entrave

dentro das propriedades rurais, porque simplesmente ela é encarada pela grande

maioria dos produtores com um adicional de custo sem resultados financeiros i-

mediatos (e nem a longo prazo...).

A Natureza tem um mecanismo oculto e poderoso que é o seguinte: ela

não tem como se defender no presente, mas ela se vinga no futuro! Como? In-

constâncias climáticas, secas prolongadas, chuvas torrenciais, temperaturas ex-

tremas e ventos intensos.

Obviamente as pessoas somente vêem somente os resultados, sem

questionar muito as causas. Um exemplo muito claro disto é o do racionamento

de energia elétrica em um passado recente: colocou-se a culpa na falta de chu-

vas, enquanto que o problema é um pouco mais estrutural, que é a destruição da

vegetação natural, responsável pela proteção das nascentes e das matas ciliares,

causando a diminuição da vazão e da constância da água.

Page 27: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 27

Em função de todo esse quadro caótico, uma estratégia a ser adotada se-

ria proporcionar a estas áreas de proteção ambiental, um caráter econômico a

partir do desenvolvimento de atividades que possibilitem ganhos aos produtores,

como:

Criação regularizada de animais silvestres em regime semi-aberto (ca-

teto, capivara, paca, preá, dentre outros),

Implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs), onde as áreas de ma-

ta são enriquecidas com árvores frutíferas e medicinais;

Implantação do Plano de Manejo Sustentado (PMS) nas áreas de flo-

restas com possibilidade de corte; e

Utilização racional dos recursos do Cerrado e da Caatinga, com tecno-

logias adaptadas.

Em resumo, os itens que devem ser receber maior atenção, dentro de um

processo consciente de valorização da dimensão ambiental, são os seguintes:

Preservação e recuperação das Áreas de Reserva Legal (RL) e de

Preservação Permanente (APP);

Avaliação do impacto ambiental das atividades existentes e daquelas

a serem implantadas;

Uso de quebra-ventos arbóreos;

Conservação e revitalização do solo.

Utilização de técnicas mais brandas e limpas de cultivo e criação.

Page 28: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 28

2. O DESENVOLVIMENTO INTEGRADO E SUSTENTÁVEL

Os conceitos das quatro dimensões do desenvolvimento foram profunda-

mente discutidos por ocasião da concepção, implantação e consolidação do Pro-grama de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Baixo Sul da Bahia (DIS Baixo Sul), que teve seu

início em Maio de 2003 e continua até o momento.

A concepção desta filosofia aplicada coube ao Economista Antônio Carlos

Viard, que sistematizou todo este conhecimento (e grande parte da forma com

que os conceitos foram apresentados nesta apostila), e a repassou a todos os

líderes e técnicos do Programa, visando a sua aplicação no dia-a-dia das institui-

ções.

E a visão integrada das quatro dimensões do desenvolvimento foi deta-

lhada no documento É possível promover o desenvolvimento local, integrado e

sustentável no nordeste: o caso do Baixo Sul da Bahia 11, a qual reproduzo a se-

guir:

O capital humano alimentando o capital social com a prática da cida-

dania e o capital produtivo com as habilidades, as competências e

os conhecimentos indispensáveis ao crescimento contínuo da produ-

tividade;

O capital social disseminando a consciência ecológica, que contri-

bui para valorizar o capital ambiental, ao mesmo tempo em que re-

força os laços de confiança entre os detentores do capital produtivo;

O capital produtivo oferecendo biotecnologia ao capital ambiental

e renumerando o capital humano em função de sua produtividade; e

O capital ambiental oferecendo ao capital produtivo a biomassa

que este irá transformar em riqueza.

11 VIARD, Antônio Carlos. É possível promover o desenvolvimento local, integrado e sustentável no nordeste: o

caso do Baixo Sul da Bahia. Salvador: Fundação Odebrecht. Apostila, 05/03/2002.

Conheça o Programa DIS Baixo Sul no se-guinte endereço: www.disbaixosul.org.br

Page 29: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 29

Esta definição integrada é representada esquematicamente abaixo:

3. PREMISSAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Ao se conceber estratégias para viabilização de programas e/ou projetos

que têm como objetivo o desenvolvimento integrado e sustentável, é necessário

também definir prioritariamente quais as premissas serão adotadas, para definir

as ações que serão implementadas.

Ou como se aplica em consultoria, “primeiro

é preciso identificar o problema real, para depois re-

comendar a solução mais adequada”; assim, a defi-

nição das premissas corretas é o primeiro passo em

direção ao sucesso de um Programa ou Projeto de Desenvolvimento Sustentável.

A seguir apresento como referência, as que elaborei para um projeto de

educação rural no município de Presidente Tancredo Neves (BA):

Premissa*: 1) do latim, prae-missa, colocada antes; 2) cada uma das proposições que com-põem um silogismo e em que se baseia a conclusão; 3) ponto ou idéia de que se parte para armar um raciocínio. *Houaiss, Dicionário Eletrônico (2001)

(VIARD, A.C., 2002)

Page 30: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 30

1. Os jovens talentos são

o caminho para a con-

solidação de um novo

modelo agrícola, com

rentabilidade, produtivi-

dade, respeito ao meio

ambiente e garantia da

segurança alimentar.

2. A agricultura familiar terá sua perpetuidade, a partir de ações que es-

timulem a permanência dos jovens no meio rural, com a garantia de

uma renda e qualidade de vida dignas.

3. A agricultura familiar será viabilizada a partir da produção agropecuá-

ria integrada a agroindustrialização, em sistema cooperativo, que ga-

ranta escala, regularidade, qualidade e praticidade.

4. Uma das estratégias para o aumento da renda mensal familiar é a in-

tegração das atividades agropecuárias e a racionalização no uso dos

resíduos dessas atividades.

5. Os problemas da comunidade têm a origem e as soluções dentro da

própria comunidade.

6. A assistência técnica é eficaz quando atua de forma grupal, buscando

a solução em comum para os problemas da comunidade, e quando

respeita a cultura e a realidade na qual ela está inserida.

7. Os clientes do terceiro milênio querem alimentos limpos – livres de a-

grotóxicos, contaminantes e de transgenia; e que sejam ao mesmo

tempo ecológico e socialmente corretos.

Page 31: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 31

4. QUESTÕES PARA AUTO-ESTUDO

Seguem agora alguns questionamentos para que você continue a apro-

fundar o estudo do assunto, no caminho à compreensão!

São eles:

1. Em relação aos conceitos apresentados das quatro dimensões do de-

senvolvimento integrado e sustentável, qual(is) você discorda? E por

que.

2. A partir do contexto da região em que você mora, quais são as pre-

missas básicas de maior relevância, para elaboração de um projeto de

desenvolvimento integrado e sustentável? Cite pelo menos cinco, e

justifique.

Page 32: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 32

UNIDADE III

PESQUISA, ENSINO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Profº Luciano Alfredo Bonaccini

Objetivos da Aprendizagem Demonstrar a importância da pesquisa aplicada nos programas e projetos de

desenvolvimento sustentável, e da comunicação entre produtores, extensionis-

tas e pesquisadores.

Apresentar a estratégia da implantação de unidades demonstrativas, como

formas de disseminar as tecnologias geradas, que resultem em aumentos de

produtividade e resultados.

Destacar a necessidade da formação acadêmica condizente com as deman-

das de programas e projetos de desenvolvimento sustentável.

Plano de estudo A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

Importância da pesquisa aplicada no desenvolvimento sustentável.

Identificação das demandas de pesquisa.

Assistência técnica de resultados.

Questões para auto-estudo.

Page 33: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 33

1. IMPORTÂNCIA DA PESQUISA APLICADA NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A produção vegetal é diretamente influenciada pelas condições ambien-

tais – ou seja, uma mesma cultivar (o mesmo que variedade cultivada) tem um

comportamento diferente em regiões diversas, em função da variabilidade edafo-

climática (de solo e clima), tais como: a temperatura, a chuva (pluviosidade), a

umidade do ar, a altitude, os ventos, o índice de luminosidade, e as característi-

cas físico-químicas do solo.

E dentro desta questão de pro-

dução vegetal, as variações podem o-

correr em vários aspectos, tais como: a

suscetibilidade a pragas e doenças (au-

mento ou diminuição); alterações fisioló-

gicas (que também causam doenças);

características dos frutos (concentração

de açúcar, coloração, formato e peso),

dos grãos (peso, teor de proteína e amido), das fibras (resistência a ruptura, com-

primento e coloração), das pastagens (matéria seca, teor de proteína, capacidade

de rebrota) e das raízes (teor de amido e umidade).

Assim, a pesquisa aplicada é necessária para se definir quais as melho-

res cultivares e seus respectivos sistemas de produção, que atendam simulta-

neamente às quatro dimensões do desenvolvimen-

to, que para isto devem ser:

Tecnicamente apropriado;

Economicamente viável;

Socialmente aceitável; e

Ambientalmente correto.

Logo, na concepção do programa ou projeto de desenvolvimento, deve

ser considerado – de forma indispensável, o aporte tecnológico para garantir pro-

dutividades elevadas, associadas a características industriais ou de consumo de-

sejáveis.

Para você conhecer 60 Siste-mas de Produção que atendam a estes quatro pré-requisitos, visite o site da EMBRAPA: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/

Page 34: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 34

2. IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDAS DE PESQUISA

Ao se elaborar programas e/ou projetos de Desenvolvimento Sustentável,

tendo como base a geração de trabalho e renda a partir da produção agropecuá-

ria, é necessário executar um diagnóstico preliminar, para se parta de premissas

verdadeiras, com o objetivo de focar as ações diretamente sobre os fatores restri-

tivos.

Os aspectos a serem avaliados são:

Situação atual das atividades agropecuárias, para se definir os valores

históricos de produção e produtividade;

Avaliação da incidência de pragas, doenças e plantas daninhas;

Cultivares tradicionais;

Levantamento das características de clima e solo;

Custo médio de produção atual e preço histórico de venda;

Centro fornecedor de insumos e comprador de produtos; e

Logística de transporte de insumos e produtos.

Estas informações têm como objetivo subsidiar a elaboração de um plano

de pesquisa aplicada, de forma a garantir os resultados demandados pelo projeto

executivo. E devem ser realizadas diretamente com os produtores da região, que

já têm experiência e dominam o sistema de produção local.

Assim, a pesquisa deve ser orientada no seguinte sentido:

Demanda dos produtores (diagnóstico) > pesquisas > resul-

tados da pesquisa > divulgação dos resultados pela assis-

tência técnica > novas demandas dos produtores > novas

pesquisas > e assim continuamente (...)

Fica claro neste conceito, que a pesquisa dissociada da assistência técni-

ca, passa a ter um fim em si mesmo, não gerando benefícios na ponta da produ-

ção agropecuária. No entanto, a ação de extensão agrícola também precisa estar

bem estruturada, para alcançar sua missão. E é isso que discutiremos no tópico a

seguir.

Page 35: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 35

3. ASSISTÊNCIA TÉCNICA DE RESULTADOS

O desenvolvimento de uma metodologia de assistência técnica para a a-

gricultura familiar é um grande desafio a ser conquistado, pois da mesma forma

que o modelo de produção agropecuária brasileira tem o foco sobre a grande pro-

dução (os commodities), em atividades intensivas e com a utilização dos insumos

(ditos) modernos, a assistência técnica como ela é feita hoje reflete esta mesma

realidade.

Neste caso, a figura central

é o proprietário e seus subordina-

dos. Na agricultura familiar há uma

despolarização, com o técnico as-

sumindo a responsabilidade junta-

mente com os agricultores; pois

nesta situação é exigido um envol-

vimento maior – no que se refere à

tomada de decisão, a elaboração do planejamento físico-financeiro, a recomen-

dação do nível tecnológico a ser implementado, a definição dos índices e dos sis-

temas de controle, e o cálculo dos custos de produção, muitas vezes apoiados

pelo uso da informática.

A aplicação de todo este conteúdo pressupõe uma sólida base conceitual,

que muitas vezes estão distantes da realidade do agricultor familiar, mas próxi-

mos da atividade profissional do técnico.

Desta forma, o pressuposto para o desenvolvimento de um modelo de as-

sistência técnica para a agricultura familiar é o seguinte: o atendimento a uma

propriedade rural familiar de modo individualizado torna-se inviável, pelo resultado

negativo da relação benefício/custo, em função das variáveis envolvidas: pouca

disponibilidade de dados e informações da propriedade x o tempo consumido pelo

técnico para este processamento, resultando na baixa efetividade do trabalho.

No gerenciamento grupal, os recursos tempo, equipamentos e resultados

são otimizados, permitindo a obtenção de informações e definição de processos,

que serão a base para a inserção do agricultor no agronegócio, como: custo do

Page 36: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 36

alimento produzido, definição de um padrão de qualidade, garantia da segurança

alimentar e programação da colheita – garantindo a escala e a regularidade.

No âmbito de todo esse processo a verdadeira mudança de paradigma

deverá se iniciar nos cursos médios e superiores de ciências agrárias, pois ali es-

tá a base de fundamentação do repasse de todo o modelo tecnológico, e que se

não for repensado e readequado, continuará a disponibilizar ao mercado de traba-

lho, profissionais pouco qualificados para essa missão de reconstrução do modelo

de viabilização da agricultura familiar no Brasil.

4. QUESTÕES PARA AUTO-ESTUDO

Seguem agora alguns questionamentos para que você continue a apro-

fundar o estudo do assunto, no caminho à compreensão!

São eles:

1. Como está estruturada a assistência técnica rural em sua região?

Quais os pontos fortes dela? E em que ela poderia melhorar?

2. Em relação à produção agropecuária do seu município, quais as prin-

cipais atividades agrícolas e pecuárias? Em que patamar está a produ-

tividade? Quais os fatores restritivos ao seu aumento? A pesquisa po-

de resolver estes fatores restritivos?

3. A partir do padrão de Sistema de Produção sugerido pela EMBRAPA

(link do Item 1 desta Unidade), descreva-o para uma cultura de impor-

tância relevante para a sua região.

Page 37: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 37

UNIDADE IV

AMBIÊNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Profº Luciano Alfredo Bonaccini

Objetivos da Aprendizagem Demonstrar a necessidade da construção de um ambiente propício ao proces-

so de desenvolvimento sustentável, tanto localmente, como nas esferas muni-

cipal, estadual e nacional.

Apresentar propostas globais para estímulo ao desenvolvimento sustentável,

com objetivo de estimular a análise crítica e proposição de novas estratégias e

ações.

Plano de estudo A seguir apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

Construção de um ambiente favorável ao Desenvolvimento Sustentável.

Estratégias para o Desenvolvimento Sustentável.

Questões para auto-estudo.

Page 38: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 38

1. CONSTRUÇÃO DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A construção de um futuro melhor é o sentimento principal que norteia

aqueles que têm como foco a implementação de projetos de desenvolvimento

sustentáveis – sejam eles com finalidade social, comercial ou ambiental.

E para o alcance dos objetivos e metas propostos é fundamental o ali-

nhamento com as macrotendências, que são representadas pela mudança dos

hábitos e costumes das pessoas, o sentido da movimentação do capital, a atuali-

zação tecnológica, a disponibilidade dos recursos de produção, a responsabilida-

de ambiental, a segurança alimentar, a organização dos blocos econômicos, a

regulamentação dos mercados e aqueles imutáveis, como a ética e o respeito ao

próximo.

E esse alinhamento é a transformação de todos esses aspectos em con-

ceitos claros e simples, repassados diretamente a todas as pessoas envolvidas

com o processo, para que o projeto não vá de encontro com a realidade e se invi-

abilize, causando um grande prejuízo à comunidade.

Por isso é de fundamental importância que todos os fatores, ponderáveis

e imponderáveis, sejam avaliados e validados na fase de planejamento, para que

posteriormente não sejam constatados erros de rota, que sejam de difícil corre-

ção.

Como exemplo, segue abaixo uma tabela apresentada durante um semi-

nário organizado pelo IICA – Instituto Interamericano de Cooperação para a Agri-

cultura, onde alguns desses aspectos são confrontados entre o passado e o pre-

sente:

MMUUDDAANNÇÇAA DDEE CCOONNCCEEIITTOOSS1122

PPAASSSSAADDOO PPRREESSEENNTTEE

Vender o que se produz Produzir o que se vende

Mercados protegidos Abertura comercial e demanda por competitividade

12 PROCODER / Programa Cooperativo de Desenvolvimento Rural Sustentável dos Países do Cone Sul. Workshop de

Atualização Técnica – Negociação e Comercialização Agropecuária e Agricultura Familiar no Mercosul. Brasília: PROCODER, 2001. 238 p.

Page 39: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 39

MMUUDDAANNÇÇAA DDEE CCOONNCCEEIITTOOSS1122

PPAASSSSAADDOO PPRREESSEENNTTEE Mercados internos e externos diferen-

ciados Mercados globalizados indiferenciados

Mercados e demandas estáveis de produtos básicos

Mercados e demandas variáveis de produtos específicos e sofisticados

Vantagem comparativa Vantagem competitiva

Confrontação: público x privado Cooperação: público e privado

Iniciativa privada passiva Iniciativa privada ativa

Planejamento operacional Planejamento estratégico

Tecnologia de ponta Tecnologia adaptada

Setor agropecuário primário Cadeias agroalimentares e agricultura sistêmica

Produtos tradicionais Produtos não-tradicionais

Competitividade por produtos Competitividade por cadeias

Assistência técnica pública Assistência técnica privada

Produtores organizados por produtos Produtores organizados setorialmente Produtores organizados horizontalmen-

te Produtores organizados verticalmente

O que se percebe nesse quadro são mudanças radicais de princípios, ti-

dos como imexíveis até então, que foram se consolidando de forma gradativa na

década passada e que a partir de agora determinam o modus operandi, queiram

os conservadores ou não...

Como princípio, pode-se afirmar com segurança que a única ação permanente é a mudança!

2. ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Ao continuarmos tomando por referência a análise do documento do pes-

quisador da FAO / ONU Wajih D. Maalouf13, citado no Item 3 da Unidade I, onde

relacionamos as principais causas do subdesenvolvimento, agora vamos discutir

a estratégias para o desenvolvimento sustentável. 13 MAALOUF, Wajih. Recursos humanos e desenvolvimento agrícola sustentado. São Paulo: Fundação Salim Farah

Maluf, 1993. 47 p.

Page 40: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 40

2.1. UTILIZAÇÃO EFICIENTE DE TECNOLOGIAS ADEQUADAS

A grande disponibilidade de tecnologias e a facilidade ao seu acesso têm

um reflexo negativo sobre a atividade agropecuária: a recomendação pouco crite-

riosa e sua utilização, baseada no princípio da “tentativa-e-erro”, tem levado mui-

tos produtores a desacreditarem da tecnologia como um todo, e terem saudades

dos “velhos tempos”...

Assim, o que precisamos é daquelas que sejam adequadas: a disponibili-

dade de capital, e ao nível de conhecimento das pessoas que vão aplicá-las, além

de se ter de forma muito clara quais os ganhos efetivos que elas vão gerar.

Nesta linha, uma ação que tem se demonstrado positiva é a instalação de

campos avançados de pesquisa aplicada, e de unidades demonstrativas de tec-

nologias; que apoiadas por manuais técnicos e dias-de-campo têm motivado pro-

dutores e técnicos a uma melhoria crescente de resultados.

2.2. MELHORIA DA INFRA-ESTRUTURA RURAL

Uma das causas do êxodo rural é a falta de recursos modernos de produ-

ção, e do conforto que se tem nas cidades. Principalmente os mais jovens, pela

oportunidade de estudarem na zona urbana, passam a perceber uma outra reali-

dade, mais atraente, e sabem que dificilmente terão acesso um dia, na situação

em que se encontram.

Em outra ótica, a infra-estrutura de apoio à produção é fator indispensável

para o sucesso da atividade agropecuária, como: estradas bem conservadas

(principalmente na época das chuvas, que coincidem com o maior trânsito de ca-

minhões), pontes, energia elétrica, unidades armazenadoras, dentre outras.

Page 41: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 41

2.3. DISPONIBILIDADE DE RECURSOS FINANCEIROS

A carência de recursos na época e no volume necessários representam

hoje, na visão dos produtores rurais, um dos maiores entraves ao aumento da

produção.

Assim, o que se necessita é de agentes financeiros que trabalhem em si-

nergia com seus clientes, respeitando o calendários de produção agropecuária, e

a sua respectiva demanda por recursos.

E no outro sentido é necessário que os produtores tenham um nível de

planejamento tal, que consigam quitar suas dívidas e diminuir a inadimplência em

suas agências, que é uma das principais causas da escassez de recursos.

2.4. QUALIFICAÇÃO DOS PRODUTORES RURAIS

A ação de capacitação dos produtores deveria ser uma constante na ati-

vidade agropecuária, considerando a grande produção de informação e sua rápi-

da disseminação pelos canais de comunicação, como o rádio, a TV (aberta e a

cabo), além da própria Internet.

No entanto é preciso definir o que é relevante para se repassar aos pro-

dutores, e principalmente, qual o impacto que aquela capacitação vai gerar sobre

o seu negócio. O foco deve ser a aplicabilidade!

Porque senão entramos em um ciclo de “capacitismo”, onde ela ocorre

somente porque existem recursos disponíveis, ou alguma empresa está “patroci-

nando”...

2.5. DESENVOLVIMENTO DE PESQUISAS APLICADAS

Esta questão já foi discutida anteriormente, mas o que se deve reforçar é

a necessidade de um forte vínculo entre os pesquisadores, os extensionistas e os

Page 42: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 42

produtores – porque cada um, ao seu modo, possui informações relevantes para

o desenvolvimento de novas tecnologias de produção agropecuária.

Além disso, um novo cenário que se desenvolveu atualmente foi a entra-

da de empresas privadas da área de insumos – como produtores de sementes,

fertilizantes e defensivos; na área da pesquisa aplicada, em parceria com órgãos

federais e estaduais de pesquisa, onde temos como exemplo as Fundações MT,

MS e GO.

3. QUESTÕES PARA AUTO-ESTUDO

Seguem agora alguns questionamentos para que você continue a apro-

fundar o estudo do assunto, no caminho à compreensão!

São eles:

1. Considerando todo o conteúdo apresentado nesta disciplina, faça um

resumo dos pontos mais relevantes, destacando quais têm aplicabili-

dade na sua região.

Page 43: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BONACCINI, Luciano. Gestão integrada de propriedades rurais: oportunida-des, planejamento e resultados. In: I Semana da Fruticultura, Floricultura e

agroindústria / Frutal Amazônia. Fortaleza: Instituto Frutal, 2007. 94 p.

GIANSANTI, Roberto. O Desafio do desenvolvimento sustentável. São Paulo:

Atual, 1998. 112 p.

HAQ, Mahbub ul. A cortina da pobreza: opções para o Terceiro Mundo: São

Paulo: Nacional, 1978. 249 p.

MAALOUF, Wajih. Recursos humanos e desenvolvimento agrícola sustenta-do. São Paulo: Fundação Salim Farah Maluf, 1993. 47 p.

PROCODER – Programa Cooperativo de Desenvolvimento Rural Sustentável dos

Países do Cone Sul. Workshop de Atualização Técnica – Negociação e Co-

mercialização Agropecuária e Agricultura Familiar no Mercosul. Brasília:

PROCODER, 2001. 238 p.

PUTNAM, Robert. Comunidade e Democracia: a experiência da Itália moder-na. Rio de Janeiro: FGV, 2006. 255 p.

REIS, Carlos Nelson dos & MEDEIROS, Luiz Edgar. Responsabilidade social das empresas e balanço social: meios propulsores do desenvolvimento econômico e social. São Paulo: Atlas, 2007. 185 p.

SACHS, Ignacy. Desenvolvimento humano, trabalho decente e o futuro dos empreendedores de pequeno porte no Brasil. Brasília: SEBRAE, 2002.

200 p.

SEN, Amartya Kumar. Sobre ética e economia. São Paulo: Companhia das Le-

tras, 1999. 143 p.

VIARD, Antônio Carlos. É possível promover o desenvolvimento local, inte-grado e sustentável no nordeste: o caso do Baixo Sul da Bahia. Salva-

dor: Fundação Odebrecht. Apostila, 05/03/2002.

VIARD, Antônio Carlos. Projetos exemplares: em busca de resultados na área social. Salvador: Fundação Odebrecht. Apostila, 28/11/2001.

Page 44: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 44

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

CAPRA, Fritjof. O Tao da Física: um paralelo entre a Física Moderna e o Mis-ticismo Oriental. São Paulo: Cultrix, 1993. 260 p.

FISCHER, Fernando (org.) et alli. Baixo Sul da Bahia: uma proposta de desen-volvimento territorial. Salvador: CIAGS / UFBA, 2007. 224 p.

GEPAI: Grupo de Estudos e Pesquisas Agroindustriais & BATALHA, Mário Otávio

(coord.). Gestão Agroindustrial. São Paulo: Atlas, 2001. 383 p.

ZYLBERSZTAJN, Décio & NEVES, Marcos Fava (orgs). Economia e gestão dos negócios agroalimentares: indústria de alimentos, indústria de insu-mos, produção agropecuária e distribuição. São Paulo: Pioneira, 2000.

428 p.

FONTE PARA CONSULTA COMPLEMENTAR

CEPEA / Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada:

www.cepea.esalq.usp.br

CONDRAF / Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável:

www.condraf.org.br

FAO / Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação:

www.fao.org.br

GIFE / Grupo de Institutos, Fundações e Empresas: www.gife.org.br

IICA / Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura: www.iica.org.br

IPEA / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada: www.ipea.gov.br/

MAPA DO TERCEIRO SETOR / FGV: www.mapa.org.br

MOVIMENTO SLOW FOOD: www.slowfoodbrasil.com

PNUD / Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento: www.pnud.org.br

POLAN LACKI: www.polanlacki.com.br

Page 45: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 45

ANEXOS DIGITAIS

1. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA

1.1. ARTIGOS DE POLAN LACKI14 Polan Lacki nasceu no meio rural, em Foz

do Iguaçu (PR). Estimulado pelo pai, também agrô-

nomo, começou a executar, desde os seis anos de

idade, pequenas e crescentes tarefas agropecuá-

rias.

Graças a este antecedente, conheceu os

problemas da agricultura convivendo com eles e

aprendeu a solucioná-los, solucionando-os. Depois de obter o título de Engenhei-

ro Agrônomo pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, trabalhou duran-

te 15 anos como extensionista e dirigente dos serviços de extensão rural do Pa-

raná e do Piauí.

Nesses 15 anos atuando em permanente contato com os agricultores, te-

ve reiteradas oportunidades de constatar que as promessas dos governantes

simplesmente não chegavam às propriedades e comunidades rurais. Entre outros

motivos, porque existia um evidente desequilíbrio ente as crescentes necessida-

des de muitos agricultores e as decrescentes possibilidades dos "desfinanciados"

governos em satisfazê-las.

Percebeu que este desequilíbrio é uma tendência irreversível e que, por-

tanto, insistir no paternalismo significaria perder tempo e enganar os agricultores

com ilusões e utopias.

Por esta razão resolveu dedicar o resto da sua vida profissional ao se-

guinte desafio: o que e como fazer para que os agricultores possam ser eficientes

e competitivos com menos crédito, com menos subsídios, com menos garantias

oficiais de comercialização, enfim, com menos Estado?

14 http://www.polanlacki.com.br/indexbr.htm

Page 46: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 46

Dedicou-se a formular uma proposta de desenvolvimento agrícola, na

qual os agricultores pudessem emancipar-se da dependência de ajudas gover-

namentais; pois estava convencido de que, na realidade concreta, tais ajudas

simplesmente não existiam; e quando existiam eram excludentes, efêmeras ou

ineficazes.

1.2. DIRETRIZES PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

O debate sobre o desenvolvimento rural sustentável tem sido retomado

em vários eventos nacionais e internacionais, tanto pelos movimentos sociais e

sindicais, como pelos órgãos governamentais, organizações não-governamentais

(ONGs), pesquisadores, conselhos, fóruns e outros atores que atuam no meio

rural.

No caso do Brasil, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sus-

tentável (CONDRAF) vem realizando permanentemente este debate no intuito de

construir um Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável, que sirva de

referência para as políticas públicas e para a sociedade, e para a construção de

espaços de concertação social que promovam a sustentabilidade das atividades

econômicas, a preservação ambiental e a justiça social.

Nos dias 4, 5 e 6 de março de 2006, o CONDRAF realizou a Plenária Na-

cional de Desenvolvimento Rural Sustentável, em Porto Alegre RS, antecedendo

a II Conferência Internacional de Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural (CI-

RARD) da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação -

FAO (ONU).

A Plenária teve como objetivo propor diretrizes conjuntas de governos e

sociedade civil relacionadas ao desenvolvimento rural sustentável e contribuir

com os debates da II CIRARD, para tanto uma versão resumida deste documento

foi traduzida para o inglês e distribuída aos participantes da conferência.

A representatividade, diversidade e pluralidade dos(as) participantes dada

pelos diversos movimentos representantes de agricultores(as) familiares, popula-

ções tradicionais, assentados(as) da reforma agrária, indígenas, quilombolas, mu-

lheres e jovens, dos(as) representantes de governos que participaram, e da rede

Page 47: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 47

de colegiados de desenvolvimento rural bem como a qualidade dos debates reali-

zados conferiu à Plenária e ao documento produzido, uma legitimidade social e

política que o credencia para ser o documento de referência para a realização da

Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável.

1.3. LIVRO: BAIXO SUL DA BAHIA15

Contribuir para desvendar o enigma de

uma microrregião é a proposta deste trabalho.

“Como o Baixo Sul pode ser tão belo e, ao mes-

mo tempo, tão pobre e miserável? Esta é a ques-

tão crucial que evoca imagens de paraíso tropical

e cenários utópicos, onde as pessoas e as orga-

nizações locais vivem o dramático cotidiano da

pobreza. É possível, sim, uma região, onde a na-

tureza é tão bela, ter pobres, muitos pobres. É

uma amostra dos muitos brasis aquém das utopi-

as.

Se a sociedade e as organizações no Brasil do século XX I são solidárias

e violentas, desenvolvidas e desiguais, no final do ano 2005, o país vive uma

transição política sem precedentes. Qual é o principal desafio da nova agenda da

sociedade brasileira? Uma vida digna e de qualidade para todos os cidadãos.

Discute-se, assim, a possibilidade de um pacto social, a formulação de políticas

inclusivas, a cultura de paz, os novos sentidos do trabalho e o desenvolvimento

de territórios.

O território, em diversas escalas, tem sido tratado como um ator do de-

senvolvimento. Desenvolvimento é uma palavra de muitos significados e uma re-

de de conceitos que se amolda a múltiplos interesses. Não é possível tratar do

desenvolvimento de territórios sem tratar de solidariedade e competição, estabili-

dade e transformação, inovação e permanência.

15 http://www.gestaosocial.org.br/conteudo/quemsomos/serie-editorial-ciags/baixosul.pdf

Page 48: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 48

Tal tarefa, no entanto, precisa ser apoiada pelo conhecimento da realida-

de e, no caso do Baixo Sul, resultou em uma parceria entre o CIAGS, a Escola de

Administração da Universidade Federal da Bahia e pesquisadores associados. A

ação cooperativa tenta evitar tanto o que Milton Santos chama de “olhar dissonan-

te”, ou seja, o viés de uma instituição que olha de fora o território e sua gente,

como uma visão disciplinar redutora.

Neste livro, especialistas de diversos campos do conhecimento analisam

o Baixo Sul e apontam propostas de ação. A gestão do desenvolvimento territorial

é tarefa de mutirão, que se apóia no conhecimento da realidade e na participação

popular. Conhecer melhor o território e sua gente, identificar especificidades seto-

riais, mapear possibilidades, integrar necessidades em políticas de convergência

é o que este trabalho propôs-se a fazer.

Se há enigmas no Baixo Sul, esta é uma tentativa de avançar na trilha

deixada por Rômulo Almeida ao questionar os impasses para o desenvolvimento

na Bahia. O livro Baixo Sul da Bahia é uma contribuição à reflexão, ao debate e

à ação, porém apenas o começo de uma longa jornada.

1.4. LIVRO: VALORIZAÇÃO DE PRODUTOS COM DIFERENCIAL DE QUALIDADE E IDENTIDADE16

O livro Valorização de produtos com diferencial

de qualidade e identidade: indicações geográficas e cer-

tificações para competitividade nos negócios, produto do

seminário sobre Denominação de Origem e Sistemas de

Certificação de Produtos Agroalimentares, realizado em

outubro de 2003 em parceria entre o Sebrae, o Cirad e a

Embaixada da França, chega em boa hora, num mo-

mento em que as indicações geográficas e as denomi-

nações de origem estão se multiplicando e difundindo

16 http://www.sebrae.com.br/setor/agricultura-organica/acesse/biblioteca-on-

line/integra_documento?documento=304869CC2D5D5FBF0325713F004CC682

Page 49: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 49

em escala mundial, devido ao seu reconhecimento internacional como direito de

propriedade intelectual no marco da Organização Mundial do Comércio.

1.5. RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO 2007-200817

Combater a mudança do clima: Solidariedade Humana em um mundo dividido. O relatório faz um mapeamento da ameaça representada pelas

mudanças climáticas e afirma que o mundo caminha para um ponto em que os

países e as pessoas mais pobres podem ficar permanentemente aprisionados

num ciclo de pobreza.

O estudo recomenda que as emissões de gases do efeito estufa, em

2050, sejam reduzidas em pelo menos 80% em relação a 1990. A publicação traz

também o ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), em que pela

primeira vez o Brasil aparece entre os países de alto desenvolvimento humano.

2. SOFTWARES

2.1. ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO18

O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil é um banco de dados

eletrônico feito com o objetivo de democratizar o acesso e aumentar a capacidade

de análise sobre informações socioeconômicas relevantes dos 5.507 municípios

brasileiros e das 27 Unidades da Federação.

Baseado nos microdados dos censos de 1991 e de 2000 do IBGE (Fun-

dação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), este sistema disponibiliza

informações sobre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) e 124

outros indicadores georreferenciados de população, educação, habitação, longe-

vidade, renda, desigualdade social e características físicas do território.

17 http://www.pnud.org.br/rdh/ 18 http://www.pnud.org.br/atlas/

Page 50: Apostila Desenvolvimento Sustent.vel I - EAD - LB - 080213F1 · ção aos seus bens e suas condições de vida – em todos os sentidos! Nesta busca incessante alguns são mais rápidos,

CESUMAR / CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ TECNOLOGIA DE AGRONEGÓCIO

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL I / Educação à Distância 50

Com uma navegação simples e auto-

explicável, o Atlas permite ao usuário criar seus pró-

prios instrumentos de análise sobre diversas dimen-

sões do desenvolvimento humano, através de mapas

temáticos, tabelas, gráficos, relatórios, ordenamento

(rankings) de municípios e Estados, e ferramentas

estatísticas.

Os resultados podem ser impressos ou ex-

portados para serem trabalhados em outros progra-

mas, como planilhas eletrônicas, por exemplo.

Já na tela de apresentação é possível visualizar todas as principais fun-

ções do Atlas: 1) Consulta Simples; 2) Consulta Avançada: 3) Maiores e Menores;

4) Perfil; 5) Mapa Temático; 6) Histograma; 7) Correlação; e 8) Relatório.

2.2. ACROBAT READER 8.0

O software Acrobat Reader 8.0 é de distribuição livre (freeware), e permite

a leitura dos documentos disponibilizados no formato PDF, no item Anexos Digi-

tais.

2.3. COMPACTADOR WINRAR

O compactador WinRar é de distribuição livre e de utilização por 30 dias

(shareware), e destina-se a compactação e descompactação de arquivos, para

facilitar a gravação em disquetes ou CDs, além de facilitar o seu envio por e-mail.