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    IDEA Curso de Educao Ambiental 07 11 de Junho 2010 2

    Apresentao

    Voc est participando do Curso em Educao Ambiental promovido pela Secretaria Estadual de Recursos Hdricos e Meio Ambiente do Tocantins que tem por objetivo capacitar os servidores da rea de Educao e Meio Ambiente para melhorar o seu desempenho no desenvolvimento de aes com vistas a conservao e preservao do meio ambiente.

    Talvez muitos alunos tenham como expectativa atualizaes sobre as questes ambientais, exemplos de atividades prticas para desenvolver em sua comunidade ou apenas subsdios para sua vida profissional.

    Em primeiro lugar preciso pensar na Educao Ambiental como uma atividade que deve ser realizada em nosso dia a dia, incorporando os conhecimentos tericos e empricos, a preocupao que temos com relao as questes ambientais nas nossas atividades dirias.

    A Educao Ambiental a ferramenta para se conquistar uma cultura ambiental a qual deve ser construda e fortalecida por aes que disseminem na comunidade, os preceitos dos benefcios e servios prestados a ns humanidade, pelos recursos naturais.

    A Constituio Federal de 1988, em seu artigo 225 estabelece que o meio ambiente ecologicamente equilibrado direito de todos e bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, sendo de responsabilidade do Poder Pblico e da coletividade defend-lo e proteg-lo para as geraes presentes e futuras.

    Ao preparar este material com assuntos e informaes, que no so idias novas nem inditas, mas que podem ajudar os profissionais no preparo de seus planejamentos para atuarem com a Educao Ambiental em suas localidades. A maior parte do contedo aqui apresentado fruto de reviso bibliogrfica sobre assuntos relacionados com a Educao Ambiental, sua trajetria no mundo e no Brasil. posteriormente falaremos das estratgias na prtica da Educao Ambiental e da elaborao de projetos.

    Assim para facilitar o acompanhamento durante as aulas presenciais, organizamos o material em trs unidades:

    Mdulo I - Educao Ambiental no Contexto Evolutivo

    Mdulo II - Aspectos da Educao Ambiental no Brasil e a Poltica Nacional de Educao Ambiental Lei n. 9.795/99

    Mdulo III - Estratgias de Educao Ambiental e Elaborao de Projetos

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    Sumrio

    Mdulo I ..................................................................................................................................... 4 1 A questo ambiental e o processo histrico de apropriao dos recursos naturais ........... 16 2 A Educao Ambiental e a histria de vida de cada um .................................................... 18 3 Problemas e Potencialidades da questo ambiental em relao Educao. .................. 20 Mdulo II .................................................................................................................................. 66 4 Legislao, princpios instrumentos, formas Poltica e Programa Estadual de Educao Ambiental .................................................................................................................................. 69 5 A questo do conhecimento: novos paradigmas, novos conceitos, novos valores em Educao Ambiental ................................................................................................................. 71 6 A Educao, o meio ambiente e o desenvolvimento ......................................................... 75 7 O papel dos agentes Ambientais no contexto municipal; ................................................... 76 Educao para o futuro ............................................................................................................. 76 Mdulo III ................................................................................................................................. 88 8 O educador ambiental e sua postura dialgica, participativa, mediadora, holstica na construo de relao entre educao e cidadania .................................................................. 92 9 Bases metodolgicas na educao ambiental .................................................................. 96 10 Orientao para elaborao de projetos em Educao Ambiental .................................. 104

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    CURSO DE CAPACITAO EM EDUCAO AMBIENTAL

    Mdulo I

    Educao Ambiental: Conceitos e evoluo histrica Sylvia Salla Setubal

    Adaptao Apostila de Educao Ambiental de Elizabete Satsuki Sekine e Mrcia Aparecida de Oliveira

    Seco Material didtico Programa e-tec Brasil/SETEC/MEC

    Palmas, 2010

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    Mdulo I

    Educao Ambiental no Contexto Evolutivo

    Um pouco da histria da Educao Ambiental

    Conhecendo conceitos e definies

    Competncia: viso Filosfica/Antropolgica da relao Ser Humano e Ambiente

    Habilidades

    1. A questo Ambiental e o processo histrico de apropriao dos recursos naturais;

    2. A educao Ambiental e a histria de vida de cada um;

    3. Problemas e Potencialidades da questo ambiental em relao Educao.

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    Metodologia de trabalho

    A estratgia adotada para a realizao deste curso de Educao Ambiental foi a de formar multiplicadores entre os professores das escolas estaduais e outros servidores da rede pblica com o objetivo de promover a insero do componente ambiental como eixo transversal nas atividades escolares. Ao longo de 40 horas, os participantes junto com a instrutora, iro desenvolver atividades multidisciplinares, envolvendo vrias disciplinas; interdisciplinares, estabelecendo correlao dos contedos entre as disciplinas; e transdisciplinares, propiciando o compartilhamento do conhecimento produzido nas escolas com a comunidade situada no seu entorno.

    A metodologia A proposta Pedaggica priorizar uma metodologia alicerada em aes que assegurem formas de relacionamento dos participantes entre si e com a equipe de instrutores, bem como com a sua comunidade.

    A metodologia de observao participativa estar inserida em todas as aes desenvolvidas no mbito do curso. Estas aes sero voltadas para informar, comunicar, sensibilizar e incentivar os alunos a participarem do processo de aprendizagem, de modo que a partir desta experincia possam transformar suas realidades especficas. No processo de construo e expresso do conhecimento sero utilizados vrios recursos, dinmicas de grupo, e trabalhos interativos, os quais facilitaro o processo de aprendizagem e sensibilizao, motivando o envolvimento dos participantes do curso. A construo da proposta pedaggica do curso de Educao Ambiental est alicerada no conceito holstico, que tem como diretriz a viso integrada no s do meio ambiente, mas a relao do Homem com o ambiente, onde todos os fatores de interao so considerados e correlacionados.

    O plano de aula do curso contempla alguns temas centrais de Meio Ambiente: conceitos, gua, lixo, esgoto; Homem; Agenda 21 e Coleta Seletiva. Os participantes sero conduzidos a analisar estes temas, sob a tica das condies locais. Vrias estratgias sero utilizadas para trabalhar estes temas: leitura de texto, construo de painis, dramatizao, desenho, colagem, elaborao de textos, exposio de temas, vivencias, discusso.

    Durante o desenvolvimento do curso de multiplicador haver acompanhamento comportamental dos participantes, visando trabalhar o emocional para manter o clima de harmonia, melhorar a relao interpessoal, reforar o perfil do Multiplicador e promover a integrao da turma. Sero aplicados exerccios e dinmicas corporais com o objetivo de integrar os alunos, relaxar, descontrair e energizar as pessoas dispersas e /ou sonolentas. Estes trabalhos esto baseados na teoria da psicologia social, com a tcnica do grupo operativo, estando relacionados com os diversos momentos do curso.

    Durante cada uma das etapas do curso, o objetivo a ser alcanado pelas atividades ser extrado a partir da percepo dos participantes, utilizando uma avaliao processual do item trabalhado. Ser realizada junto aos participantes do curso, a validao dos recursos utilizados para trabalhar cada um dos temas ambientais. Para o desenvolvimento destes temas vrias metodologias foram definidas, visando tornar o processo de sensibilizao e aprendizagem uma atividade dinmica e participativa. Entre elas cabe destacar: METAPLAN; ZOOP Metodologia dos Desafios Teoria do Construtivismo

    a) O Metaplan caracteriza-se pelas tcnicas de moderao e de visualizao mvel (fichas coloridas) no trabalho com pequenos grupos. Foi desenvolvido a partir dos anos 70, por uma empresa de consultoria alem orientada para a capacitao de executivos de empresas Metaplan GMBH. Esses instrumentos foram desenvolvidos em uma poca em que a sociedade passou a exigir maior espao para a participao nas tomadas de deciso e orientao dos

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    processos segundo os desejos e necessidades de todos os diferentes grupos envolvidos. Para assegurar essa maior demanda por participao, foram desenvolvidos mtodos e instrumentos que efetivamente pudessem viabilizar esse propsito.

    b) O mtodo ZOPP (Planejamento de Projeto Orientado por Objetivos) foi desenvolvido a partir do Logical Framework Approach ou Marco Lgico. um mtodo de planejamento desenvolvido e adotado oficialmente, pela GTZ (Sociedade Alem de Cooperao Tcnica), desde 1983, em todos os projetos da Cooperao Tcnica Alem. Nesse perodo, tornou-se sinnimo de um processo de planejamento participativo voltado s necessidades e interesses dos envolvidos em determinado contexto. O mtodo ZOPP incorporou ao processo de planejamento as tcnicas Metaplan, ajustando a sua aplicao para os envolvidos nos projetos tcnicos da cooperao.

    c) A Metodologia dos Desafios (SENAI, 2002) est alicerada em um ambiente virtual que favorece a interao entre os atores do processo educacional (alunos, facilitadores, professores). Desde sua concepo, foi criada de forma colaborativa por uma equipe multidisciplinar do SENAI, em 2000 e 2001. As abordagens metodolgicas, PBL - Problem Based Learning - (SENAI, 2002 p. 50) e da Metodologia da Problematizao (SENAI, 2002, p. 58), foram as principais constituintes da Metodologia dos Desafios, que foi primeiramente pensada para ser usada em ambientes virtuais de aprendizagem, sem prejuzo para seu uso em cursos presenciais. Esta metodologia difere da concepo clssica de aula baseada na exposio de contedos previamente selecionados pelo professor para cada evento educacional. Aqui, os alunos trabalham colaborativamente na resoluo de desafios que foram definidos pelas equipes de elaborao do curso. O conjunto de desafios propostos para cada curso definido em funo do perfil profissional de sada definido, bem como das competncias previstas para o curso e requeridas pelo mercado profissional. Os desafios apresentam uma descrio da situao, definem o problema, os pontos-chave mnimos a estudar sobre o problema, os textos, as atividades, os recursos de pesquisa, diversas fontes adicionais para pesquisa e consulta, recursos de comunicao com outros alunos, com o professor e com o facilitador do ambiente web, alm de atividades de avaliao e auto-avaliao.

    A metodologia est estruturada em:

    introduo contextualizada; pontos-chave para a resoluo do desafio, descrio do desafio; apresentao das atividades de avaliao; exerccios de auto-avaliao.

    Compreendem, ainda, contedos e atividades que propiciam a realizao de experimentaes cognitivas e pesquisas, tais como estudo de casos, manipulao de objetos de aprendizagem publicados no ambiente e interao com outros sujeitos, estimulando nveis de pensamento diferenciados nos alunos.

    A estrutura de atividades e pontos-chave, que compem os desafios, so ferramentas que possibilitam o aprender a aprender. Os pontos-chave ricos em mdias como textos, imagens, animaes e simulaes, so apresentados de maneira criativa e dinmica. No ambiente virtual, no privilegiada a pura transmisso de informaes a partir de uma estrutura rgida e pr-definida de contedos, conforme tradicionalmente entendida. As orientaes so destinadas a manter coerncia entre objetivos, contedos, estratgias de estudo, atividades de avaliao e o foco no escopo das competncias previstas e homologadas para os respectivos cursos.

    d) Teoria do Construtivismo: Baseada no conceito heurstico, que considera o conhecimento adquirido a partir de experincias prticas na busca de solues de problemas locais. Os participantes sero

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    convidados a compartilhar suas experincias sobre os temas ambientais previamente selecionados e sobre as questes caractersticas da realidade, utilizando para tal: desenhos, colagens, textos etc.

    Introduo: Conceitos e Preceitos Legais

    Neste mdulo voc estudar algumas definies de Educao Ambiental e os principais marcos histricos na evoluo do estudo e da luta pelo meio ambiente e da Educao Ambiental.No decorrer da histria da humanidade, no so poucas as demonstraes de apreo, admirao e respeito natureza.

    Porm, a partir da dcada de 1950 que as conseqncias do progresso desordenado e dos avanos tecnolgicos sobre o meio ambiente comeam a ser percebidos com maior clareza. Com base no conhecimento dos principais eventos histricos mundiais que ocorreram a partir da dcada de 1970, ser possvel perceber como os princpios norteadores da EA foram se desenvolvendo e se modificando ao longo do tempo.

    Esperamos que, ao final do estudo deste primeiro mdulo, voc consiga atingir os seguintes objetivos: - Conhecer os principais marcos histricos internacionais da Educao Ambiental - Entender os princpios e algumas definies de Educao Ambiental

    Lembre-se: Para trabalhar em Educao Ambiental, importante que tenhamos noes de como ocorreu o desenrolar histrico das preocupaes ambientais e de quando e como a Educao Ambiental passou a ser parte essencial de discusses nacionais e internacionais. igualmente relevante que voc tenha conhecimento sobre os princpios e as leis que regem a EA no Brasil e no mundo. Porm, o mais significativo de tudo que: Tenha disposio para o trabalho e acredite que pequenas aes locais podem levar as grandes transformaes e que suas atitudes so capazes de fazer com que um mundo melhor seja o legado s futuras geraes.

    UM POUCO DA HISTRIA DA EDUCAO AMBIENTAL

    Considerando os limites deste texto, centraremos nossa apresentao histrica da Educao Ambiental nos principais eventos que marcaram o tema no Brasil e no mundo, a partir da dcada de 1970, quando se intensificaram as discusses acerca do tema.

    Inicialmente, os sistemas educacionais incorporavam contedo relativo ao meio ambiente, limitando-se aos aspectos do ambiente natural, sem a incorporao das cincias sociais (como Histria, Sociologia, Economia, Filosofia) na compreenso e melhoria do meio humano. Agregavam conhecimentos sobre os ecossistemas sem a preocupao com o desenvolvimento de comportamentos e valores nos sujeitos da educao, que pudessem orient-los na construo de uma sociedade em harmonia com a natureza, observando os conceitos do Desenvolvimento Sustentvel.

    Desenvolvimento Sustentvel o desenvolvimento que atende s necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das geraes futuras em atender s suas prprias necessidades.

    O primeiro passo que instigou a preocupao com a Educao Ambiental no foi resultante de algum estudo cientfico, antes foi provocado por um livro de carter literrio chamado Primavera Silenciosa de Rachel Carson. Alertava sobre os efeitos danosos de inmeras

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    aes humanas relativas ao ambiente, como o uso de pesticidas. A autora teve uma percepo aguada do contexto econmico e social da poca e o retratou em seu livro.

    Antes de iniciarmos o estudo sobre a trajetria da EA, faa como a autora de Primavera Silenciosa. Descreva quais podem ser, a seu ver, os principais problemas ambientais na atualidade. ____________________________________________________________________________

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    Para resgatar a histria dos movimentos sociais, necessrio voltar ao sculo XIX, quando a primeira ao organizada de ambientalistas americanos culminou com a criao do primeiro parque nacional do mundo, o parque de Yellowstone, nos Estados Unidos, em 1872. Nessa poca se instituiu que a responsabilidade em garantir a integridade do meio natural cabia ao governo.

    No entanto, pode-se dizer que os movimentos ambientalistas comearam a se intensificar e a envolver a sociedade a partir da dcada de 1960. Pases como a Frana, Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra modificaram suas leis e suas instituies, alarmados com os problemas ambientais. O objetivo era a conservao e a recuperao do meio ambiente e dos recursos hdricos. Ainda na mesma dcada, percebeu-se, nos pases do hemisfrio norte, a necessidade de articulao internacional diante da crise ambiental.

    E aqui no Brasil, voc sabe quando se iniciaram os primeiros movimentos ambientalistas?

    Pois bem, vamos identificar, por meio da linha do tempo, os marcos referenciais da Educao Ambiental:

    Vamos traar aqui uma linha histrica da educao ambiental, evidenciando os principais marcos.

    O primeiro registro representativo foi o Clube de Roma, que surgiu em 1968 na academia de Lincei em Roma. Composto por cientistas de vrios pases, tinha o objetivo de discutir e propor solues a problemas complexos que surgiram com o crescimento da populao mundial. Dessas reunies, resultou um relatrio redigido por Dennis Meadows The limits of Grouth Limites do Crescimento, em 1971. Ento, foi apresentado um modelo matemtico que embasava o estudo sobre o crescimento e mostrava que efeitos catastrficos ocorreriam em longo prazo, decorrncia do crescimento demogrfico.

    Esses efeitos desastrosos seriam: doena, fome, poluio, falta de recursos renovveis que levariam grande mortandade e, consequentemente, diminuio da populao. No relatrio, foi apresentada tambm a proposta de adoo da poltica crescimento zero que previa o controle do crescimento populao. Porm, tal poltica foi pouco aceita por pases subdesenvolvidos, pois estes acreditavam que era uma estratgia dos pases ricos para frear seu desenvolvimento.

    Foi alicerada no relatrio redigido por Dennis Meadows que se iniciou a preparao para a conferncia de Estocolmo, Sucia. Reuniram-se 113 pases na Conferncia das Naes Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano.

    - Conhecida como Conferncia de Estocolmo, ocorreu de 5 a 16 de junho de 1972. Destacava os problemas da natureza, tendo elaborado metas ambientais e sociais cuja ateno centrava nos pases em via de desenvolvimento. O eixo principal da Conferencia foi Meio Ambiente

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    versus Desenvolvimento. A conferncia gerou a Declarao sobre o Ambiente Humano, que estabelece princpios que serviriam de inspirao e orientao para a preservao e melhoria do ambiente humano. Este documento, entre outros princpios, recomenda que seja estabelecido um programa internacional de Educao Ambiental.

    Em seu princpio 19, estabelece:

    indispensvel o trabalho de educao em questes ambientais, dirigida tanto s geraes jovens como aos adultos, e que tenha a devida ateno com a populao menos privilegiada, para erigir as bases de uma opinio pblica bem informada e uma conduta dos indivduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilidade com a proteo e melhoria do meio em toda a sua dimenso humana. tambm essencial que os meios de comunicao de massas evitem contribuir com a deteriorao do meio ambiente humano e difundam informaes de carter educativo sobre a necessidade de proteg-lo e melhor-lo, a fim de que o homem possa desenvolver-se em todos os aspectos.

    Entre as recomendaes do Plano de Ao aprovado em Estocolmo, importante destacar a Recomendao n. 96 dirigida Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO), que reconhece o desenvolvimento da Educao Ambiental como elemento crtico para o combate crise ambiental do mundo e recomenda o estabelecimento do Programa Internacional de Educao Ambiental (PIEA).

    Voc sabe o que o Programa Internacional de Educao Ambiental (PIEA)? J leu algum texto que trata deste programa? um programa de enfoque interdisciplinar, com carter escolar e extraescolar, para envolvimento de todos os nveis de ensino, dirigido ao pblico em geral, jovem e adulto indistintamente, com vista a ensinar-lhes as medidas simples que, dentro de suas possibilidades, possam tomar para ordenar e controlar seu meio.

    A Conferncia de Estocolmo considerada um marco histrico internacional, decisivo no despontar de polticas de gerenciamento ambiental, chamando a ateno do mundo para os problemas ambientais. A partir dela foi institudo o Dia Internacional do Meio Ambiente (5 de junho).

    Alguns resultados da Conferncia de Estocolmo: - PNUMA: primeira agncia ambiental global do Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente, cuja sede fica em Nairobi. Tem o objetivo de potencializar atividades de proteo ambiental dentro do sistema das naes unidas. - Fundo Voluntrio para o Meio ambiente gerido pelo PNUMA. Entre 1973 e 1975, a UNESCO e o PNUMA promoveram vrios encontros em diversos pases, que culminaram num Encontro Internacional de Educao Ambiental.

    Em 1975, se deu o Encontro Internacional de Educao Ambiental de Belgrado realizado nesta cidade, antiga Iugoslvia, em 1975. Nesse encontro foram formulados os princpios e orientaes para o Programa Internacional de Educao Ambiental (PIEA).

    Igualmente a, foi elaborada a Carta de Belgrado, que veio a ser um dos mais importantes documentos sobre a questo ambiental na poca, devido lucidez de seu contedo.

    Essa carta trata da necessidade de uma nova tica global, capaz de promover a erradicao da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluio, da explorao e da dominao humana.

    Tambm censura o desenvolvimento de uma nao custa de outra e acentua a vantagem de formas de desenvolvimento que beneficiem toda a humanidade. - O marco seguinte foi em 1977, com a Conferncia de Tbilisi, considerada a Primeira Conferncia Intergovernamental sobre Educao Ambiental organizada pela UNESCO, em

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    cooperao com o PNUMA. Foi realizada em Tbilisi, capital da Gergia, ex-Unio Sovitica, em outubro de 1977. At hoje, considerada referncia internacional para o desenvolvimento de atividades de Educao Ambiental. Entre os pontos discutidos destacamos:

    - principais problemas ambientais da sociedade contempornea, - pressupostos da educao como forma de contribuir para a resoluo de problemas ambientais, - implementao de atividades para o desenvolvimento da Educao Ambiental

    A conferencia estabelece que a Educao Ambiental deve ser tratada como processo com as seguintes caractersticas:

    - Dinmico e integrativo: um processo permanente no qual os indivduos e a comunidade tomam conscincia do seu meio ambiente e adquirem o conhecimento, os valores, as habilidades, as experincias e a determinao que os torna aptos a agir individual e coletivamente e a resolver problemas ambientais. - Transformador: possibilitando a aquisio de conhecimentos e habilidades capazes de induzir mudanas de atitudes. A consolidao de novos valores, conhecimentos, competncias, habilidades e atitudes refletir na implantao de uma nova ordem ambientalmente sustentvel. - Participativo: atuando na sensibilizao e conscientizao do cidado, estimulando a participao do indivduo nos processos coletivos. - Abrangente: extrapola as atividades da escola tradicional, devendo ser oferecida em todas as fases do ensino formal, envolvendo a famlia e a coletividade. - Globalizador: considerando o ambiente em seus mltiplos aspectos e atuando com uma viso ampla de alcance local, regional e global. - Permanente: considerando que a compreenso das questes ambientais um processo contnuo e crescente.

    Por isso, nesta conferncia, foram traados os objetivos e as estratgias a serem adotados por todos os pases, considerando a Educao Ambiental elemento essencial para a reduo dos problemas ambientais.

    Como conseqncia, a Conferncia de Tbilisi recomenda aos Estados-Membros que incluam, em suas polticas de educao, contedo, orientaes e atividades ambientais baseadas nos objetivos e caractersticas definidos para a Educao Ambiental.

    So as aes propostas e decididas nestas conferencias que permeiam os programas que existem hoje em vrios segmentos governamentais, sejam eles em nvel federal, estadual ou municipal.

    - Em agosto de 1987, no Congresso Internacional de Moscou, com suas fundamentaes em Educao e Formao Ambientais (conhecido como Congresso de Moscou), reuniu trezentos especialistas de cem pases. O objetivo do congresso foi discutir as dificuldades encontradas e os progressos alcanados pelos pases com relao Educao Ambiental. Neste congresso, foi discutido que a Educao Ambiental deveria se voltar para modificaes comportamentais nos campos cognitivos e afetivos (DIAS, 2004).

    O documento final, denominado Estratgia internacional de ao em matria de educao e formao ambiental para o decnio de 90, ressalta a necessidade de fortalecer as orientaes de Tbilisi e enfatiza a necessidade da formao de recursos humanos em EA e na incluso da dimenso ambiental nos currculos em todos os nveis de ensino.

    Enfim, chegamos a um grande marco no histrico da Educao Ambiental. A Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), realizada no Rio de Janeiro, em 1992, estabelece uma proposta de ao para os prximos anos, denominada

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    Agenda 21. O documento procura assegurar o acesso universal ao ensino bsico. Com relao Educao Ambiental, a Agenda 21, assim chamada por ser um programa de estratgias para alcanarmos o desenvolvimento sustentvel no sculo XXI, reconhece a necessidade de considerar as questes educacionais fundamentais para a preservao dos recursos naturais e de criar nova tica ambiental.

    No captulo 36, seo IV, da Agenda 21, a Rio-92 enfatiza as recomendaes feitas em Tbilisi: A necessidade do enfoque interdisciplinar e a priorizao da reorientao do ensino para o desenvolvimento sustentvel, do aumento da conscincia pblica, da promoo de treinamento.

    Considera-se que o ensino, a conscincia pblica e o treinamento devem ser reconhecidos como um processo pelo qual os seres humanos e as sociedades podem desenvolver plenamente suas potencialidades, tendo uma importncia fundamental na promoo do desenvolvimento sustentvel.

    A Educao Ambiental tambm est presente em vrios outros captulos do documento, estabelecendo uma proposta de ao para os anos seguintes. Sobreleva a importncia de promover programas que incentivem a educao permanente sobre meio ambiente e desenvolvimento, centrando-se nos problemas locais. A Educao Ambiental deve ser feita com a colaborao de vrios setores da sociedade, como as organizaes no governamentais, organizaes de mulheres e de populaes indgenas.

    Os pases participantes da Rio-92 firmaram um programa de aes com o objetivo de promover novo estilo de desenvolvimento, em escala mundial o desenvolvimento sustentvel , que visa a um estilo de desenvolvimento que garanta a conservao e a preservao dos recursos naturais e a melhoria da qualidade de vida da populao.

    A Agenda 21 uma espcie de guia para os governos e sociedades tendentes ao estabelecimento deste novo modelo de desenvolvimento.

    Apesar de, ainda, ser pouco conhecido pelo pblico, nos ltimos anos se percebe uma preocupao maior de elaborao de Agendas 21, nacionais e locais. - Cinco anos aps a conferncia Rio-92, foi realizada a primeira reunio internacional no oficial para verificar os avanos alcanados (que ficou conhecida como Rio + 5). Paralelamente, foi realizada uma reunio oficial das Naes Unidas em Nova Iorque. Nas duas reunies foram avaliados os progressos alcanados com relao Agenda 21. A concluso foi que os avanos se revelaram insuficientes, sendo necessrios esforos maiores, tanto dos governos como da sociedade, para a implementao efetiva do Desenvolvimento Sustentvel. Paralelo Rio-92, foi realizado tambm um Frum Global, organizado pelas Organizaes no governamentais (ONGs).

    Durante as discusses do Frum, foi elaborado e aprovado o Tratado de Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis e Responsabilidade Global, uma orientao das aes da sociedade civil organizada nos anos posteriores.

    Conferncia Internacional de Thessaloniki em 1997, denominada Conferncia Internacional sobre Ambiente e Sociedade: Educao e Conscientizao Pblica para a Sustentabilidade. Foi realizada em dezembro de 1997, em Tessalnica, Grcia. Contou com representantes de 83 pases. Nesta conferncia, fez-se um balano do que foi alcanado nos 20 anos que se passaram desde Tbilisi. Uma das observaes da conferncia foi a de que: As recomendaes e planos de ao da Conferncia de Belgrado em Educao Ambiental (1975) e Tbilisi (1977), Moscou (1987) e Toronto (1992) so todavia vlidas e ainda no totalmente exploradas.

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    Declara-se, em Tessalnica, que a Educao Ambiental e a conscientizao pblica devem ser consideradas os pilares da sustentabilidade, juntamente com a legislao, economia e tecnologia.

    Todas as reas do conhecimento precisam dirigir seus interesses para o desenvolvimento sustentvel e o ambiente, sendo necessria uma abordagem holstica e interdisciplinar, com diferentes disciplinas e instituies. Em Tessalnica, alm de observaes e reafirmaes, foram feitas algumas recomendaes. Algumas delas esto reproduzidas a seguir: Governos e lderes em todo o mundo participem dos encontros realizados durante as conferncias da ONU e ofeream condies educacionais necessrias para alcanar, futuramente, a sustentabilidade.

    [...] A educao deve ser parte integrante das iniciativas das Agendas 21 locais. Os governos e as instituies financeiras internacionais, nacionais, regionais, bem como o setor produtivo, devem ser estimulados a mobilizar recursos adicionais e aumentar os investimentos em educao e conscincia pblica. O estabelecimento de um fundo especial para a educao para o desenvolvimento sustentvel deve ser considerado um meio especfico para aumentar o apoio e promover a sua evidncia.

    A comunidade cientfica desempenhe um papel importante, assegurando que o contedo da educao e dos programas de conscincia pblica seja baseado em informaes acuradas e atualizadas. A mdia seja sensibilizada e convidada a mobilizar seus recursos e conhecimentos para difundir as mensagens-chaves, ajudando a traduzir a complexidade das questes ambientais de uma forma compreensvel para o pblico. Todo o potencial dos novos sistemas de informao dever ser utilizado para esse propsito.

    As escolas devem ser estimuladas e apoiadas a ajustar seus currculos visando atender s necessidades para um futuro sustentvel.

    Pense e escreva sua contribuio:

    SE EU FOSSE SECRETRIO(A), O QUE EU FARIA?

    Vamos colocar nosso conhecimento e nossa experincia para funcionar!!! Se voc fosse convidado a ocupar um cargo na gesto pblica que aes voc faria para que pudesse mudar esta situao? ____________________________________________________________________________

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    Voc percebeu mudana na concepo de Educao Ambiental, ao longo destes anos, nos documentos das Conferncias que mencionamos? Pois bem, de incio as discusses se centravam na preservao dos recursos naturais, levando-se em considerao somente os conceitos de natureza e ecologia. Gradativamente, estes conceitos se ampliam, incluindo as relaes entre as sociedades humanas e a natureza, incorporando, a partir de 1992 (Rio- 92), o conceito de desenvolvimento sustentvel.

    A EA, aps a incorporao de Desenvolvimento sustentvel, aponta para a necessidade de uma educao que leve a uma mudana de valores e de comportamentos para a modificao da postura dos seres humanos com relao ao meio onde vivem, mediante uma educao interdisciplinar, continuada e responsvel.

    CONCEITOS E DEFINIES DA EDUCAO AMBIENTAL

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    Os homens se educam entre si, intermediados pelo mundo. Paulo Freire Antes de iniciar a leitura deste tpico, gostaramos que voc escrevesse seu entendimento sobre o que Educao Ambiental: ____________________________________________________________________________

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    A evoluo do conceito de EA est intimamente ligada evoluo do conceito de meio ambiente. Existem vrias definies de Educao Ambiental. Iremos apresentar apenas algumas para que voc possa compreender a complexidade da expresso. Na Conferncia de Tbilisi, a Educao Ambiental foi definida como uma dimenso dada ao contedo e prtica da educao, orientada para a resoluo dos problemas concretos do meio ambiente atravs de um enfoque interdisciplinar e de uma participao ativa e responsvel de cada indivduo e da coletividade.

    Na Agenda 21, a Educao Ambiental definida como um processo que busca:

    [...]) desenvolver uma populao que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhe so associados. Uma populao que tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivaes e compromissos para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de solues para os problemas existentes e para a preveno dos novos [...] (Captulo 36 da Agenda 21).

    Na Conferncia da Organizao das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), a Educao Ambiental foi apresentada da seguinte maneira:

    A educao ambiental se caracteriza por incorporar as dimenses socioeconmicas, poltica, cultural e histrica, no podendo se basear em pautas rgidas e de aplicao universal, devendo considerar as condies e estgio de cada pas, regio e comunidade, sob uma perspectiva histrica. Assim sendo, a Educao Ambiental deve permitir a compreenso da natureza complexa do meio ambiente e interpretar a interdependncia entre os diversos elementos que conformam o ambiente, com vista a utilizar racionalmente os recursos no presente e no futuro (DIAS, 1994).

    Ou ainda, de acordo com a Poltica Nacional de Educao Ambiental (Lei n 9.795/99), em seu artigo 1:

    Entendem-se por Educao Ambiental os processos por meio dos quais o indivduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias voltadas para a conservao do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

    De acordo com as definies acima, ao trabalhar com Educao Ambiental, no basta que nos preocupemos apenas com o aspecto ecolgico de uma questo. A Educao Ambiental tambm incorpora dimenses sociais, polticas, econmicas, culturais, ecolgicas e ticas, para a compreenso dos mecanismos de inter-relao natureza-homem.

    MAIS CONCEITOS DE EDUCAO AMBIENTAL

    Entende-se por educao ambiental os processos por meio do qual o indivduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias voltadas para a conservao do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. A educao ambiental deve estar presente em todos os nveis e modalidades do processo educativo, em carter formal e no formal.

    Pode-se trabalhar com Educao Ambiental em trs grandes reas:

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    1. EDUCAO FORMAL Desenvolvida nas escolas, em todos os nveis, no como disciplina especfica, mas em todas as disciplinas, como elo que as interliga.

    2. EDUCAO NO FORMAL Direcionada comunidade, como a visitantes de uma rea de proteo ambiental, a uma empresa com seus funcionrios, educao ambiental feita nos bairros, entre tantas outras propostas possveis. So desenvolvidas por associaes de bairros, comerciais, industriais, organizaes no governamentais ou por instituies de ensino, a exemplo dos cursos de extenso universitria.

    3. EDUCAO INFORMAL Transmitida, o prprio nome j o diz, de maneira informal, como as informaes que so veiculadas pelos jornais, rdio, TV, filmes, peas teatrais, out-doors, traseiras de nibus, em meio a outros. Embora a EA possa ser feita da maneira formal, nas escolas, em todos os nveis de ensino, deve ser estendida, como educao no formal, ao pblico em geral. Pode ser feita tambm em diversos segmentos da populao, como organizaes de bairros, empresas, associaes, etc.

    De acordo com a Conferncia de Tbilisi, os princpios bsicos da EA so os seguintes:

    Todos tm direito a educao ambiental, incumbindo: -Ao poder pblico, definir polticas pblicas que incorporem a dimenso ambiental, promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservao, recuperao e melhoria do meio ambiente -s instituies educativas, promover a educao ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem; -Aos rgos integrantes do SISNAMA, promover aes de educao ambiental integradas aos programas de conservao, recuperao e melhoria do meio ambiente; -Aos meios de comunicao de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminao de informaes e prticas educativas sobre o meio ambiente e incorporar a dimenso ambiental em sua programao; -s empresas, entidades de classe, instituies pblicas e privadas, promover programas destinados a capacitao dos trabalhadores, visando a melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercusses do processo produtivo no meio ambiente; - sociedade como um todo, manter ateno permanente a formao de valores , atitudes e habilidades que propiciem a atuao individual e coletiva voltada a preveno , a identificao e a soluo de problemas ambientais.

    SO PRINCPIOS BSICOS DA EDUCAO AMBIENTAL:

    -O enfoque humanista, holstico, democrtico e participativo; -A concepo do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependncia entre o meio natural, o scio-econmico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; -O pluralismo de idias e concepes pedaggicas, na perspectiva da inter, multi e trasdisciplinariedade; -A vinculao entre a tica, a educao, o trabalho e as prticas sociais; -A garantia de continuidade e permanncia do processo educativo; -A permanente avaliao crtica do processo educativo; -A abordagem articulada das questes ambientais locais, regionais, nacionais e globais; -O reconhecimento e o respeito pluralidade e a diversidade individual e cultural.

    SO OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA EDUCAO AMBIENTAL:

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    -O desenvolvimento de uma compreenso integrada do meio ambiente em suas mltiplas e complexas relaes, envolvendo aspectos ecolgicos, psicolgicos, legais, polticos, sociais, econmicos, cientficos, culturais e ticos; -A garantia de democratizao das informaes ambientais; -O estmulo e o fortalecimento de uma conscincia crtica sobre a problemtica ambiental e social; -O incentivo a participao individual e coletiva, permanente e responsvel, na preservao do equilbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparvel do exerccio da cidadania; -O estmulo cooperao entre as diversas regies do pas, em nveis micro e macroregionais, com vistas construo de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princpios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justia social, responsabilidade e sustentabilidade; -O fomento e o fortalecimento da integrao com a cincia e a tecnologia; -O fortalecimento da cidadania, autodeterminao dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.

    Resumo Ao longo desta Unidade, pudemos conhecer a origem das discusses acerca da Educao Ambiental. Foram elas impulsionadas principalmente pela polmica causada pelo livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carlson. Estudamos as principais conferncias que discutiram a EA e ativaram a realizao de estudos e planejamentos internacionais sobre o tema. Por fim, pudemos conhecer as diversas formas e definies da EA, bem como os princpios que a regem de acordo com a Agenda 21, embasando todo o plano de ao governamental.

    1 A questo ambiental e o processo histrico de apropriao dos recursos naturais

    Para compreender a relao que existe entre o Homem e os recursos ambientais necessrio voltar as nossas origens. Como era a forma de ocupao? Quais eram as modificaes e alteraes impostas pelo homem no ambiente? Como se dava o domnio e posse das riquezas naturais? Para quais finalidades que eram dados aos recursos naturais? Como selecionavam os elementos da biodiversidade para os seus mais diversos fins? Como descobriam e manipulavam os recursos minerais?

    Para entender o quadro com o qual nos deparamos hoje, para a questo ambiental, necessrio retroceder no tempo histrico e verificar como o homem se relacionava com o ambiente ao seu redor desde o incio da nossa histria na Terra. Temos que nos conhecer como espcie - Homo sapiens, e descobrir como ocorreu o processo evolutivo pela qual passamos no decorrer do tempo cronolgico de vida na terra. Como a espcie interagia com outras espcies e qual era a sua relao de dependncia com elas. Quais eram os nossos medos, nossos desafios, nossos anseios nos primrdios da civilizao humana e como foi sua evoluo ao longo do tempo.

    Ainda hoje temos uma verso dessa relao antiga com o meio ambiente, com o qual podemos aprender so as comunidades tradicionais (indgenas, quilombolas, pescadores artesanais, agricultores familiares entre outras), mas esta relao tambm se vai perdendo rapidamente, devido em parte pelas presses e imposies trazidas por uma sociedade urbana e uma economia capitalista de uma cultura de consumo desenfreado que obriga uma maior explorao dos recursos naturais e tambm pela desvalorizao de sua cultura pelas comunidades.

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    O homem contemporneo perdeu sua ligao de coexistncia com os outros elementos naturais na Terra, sonha em encontrar um outro mundo para morar Marte, Vnus, Saturno ou planeta XY, mas no quer cuidar do nico Planeta onde possvel sobrevivermos - a Terra. A proposta de uma educao ambiental inserida no contexto educacional (seja formal ou informal) deve resgatar esta relao intrnseca que tnhamos com o meio ambiente e tocar na sensibilidade de cada individuo para que haja uma mudana real de atitude com o ambiente a sua volta, no esquecendo que nele est includo o homem que ali convive com ele. A escola em todas as suas diversidades: pblicas e privadas, religiosas ou no devem trabalhar na construo deste novo indivduo, mas para isso devem deixar os discursos e retrabalhar as prxis do ensino proposto em suas instituies. A incluso do ensino de educao ambiental no pode ser atribuda como mais uma disciplina na grade curricular, mas sim o elo que far com que o conhecimento faa a mudana que a sociedade esta necessitando para alcanar a sustentabilidade e a manuteno da vida na Terra.

    ATIVIDADE 1

    Os alunos devero formar grupos; Cada grupo deve realizar a leitura do Texto correspondente ao seu grupo, textos encontram-se no Anexo; Aps a leitura devem identificar os pontos principais do texto; Relacionar os pontos identificados com a questo do processo de apropriao dos recursos naturais Tempo de durao: 15 minutos leitura e anotaes 10 minutos concluses 05 minutos apresentao

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    2 A Educao Ambiental e a histria de vida de cada um

    Neste contexto temos que analisar alguns fatores que condicionam as comunidades e que a base para se trabalhar a questo da educao ambiental: sensibilizao, mobilizao, participao, ao para a mudana e por fim a gesto integrada participativa dos recursos naturais locais. Tudo isso demanda um esforo imenso e no ser em poucos dias que obteremos sucesso. A mudana de comportamento um processo longo. S para termos idia os paises desenvolvidos, como exemplo a Unio Europia, comearam a trabalhar as questes ambientais com as crianas das suas escolas, h trs dcadas atrs, para que hoje, os adultos estivessem uma formao e percepo da questo ambiental e se tornassem consumidores, e vou mais alm, cidados conscientes da sua importncia no elo da cadeia natural.

    Outro aspecto diz respeito forma de gesto e prticas intrnsecas as instituies pblicas vigentes nos pases subdesenvolvidos e em desenvolvimento: corrupo, gesto paternalista, etc.

    A qualidade de vida encontrada nas comunidades principalmente nos bairros mais distantes onde a pobreza se instala e acaba por transformar as pessoas nos excludos, dos desvalidos da sorte e sem viso de um futuro melhor.

    Esta situao parece estar arraigada nestas comunidades e que no h nenhuma possibilidade de livrar estas pessoas deste estigma da pobreza. Mas ento se faz necessrio atacar a raiz do problema quais so as causas desta pobreza? O que preciso fazer para que a pobreza abandone de vez estas comunidades? Qual o papel da educao ambiental para combater a pobreza? E ainda devemos nos perguntar o que a Educao Ambiental tem a ver com a pobreza? Pois bem, esta ao uma das Metas do Milnio, mais precisamente a primeira e o Brasil se comprometeu juntamente com mais 191 paises a erradicar a fome e a misria em nossa casa. A pobreza segundo Leonardo Boff (2008) uma questo social e est ligada a conservao do ambiente. Considera-se ainda que, apesar de uma comunidade ser um sistema cultural. Tomando por base sua transcendncia sobre os indivduos, no podemos assumir que uma comunidade harmoniosa, pois no o . Sendo que a mesma esta recheada de faces, lutas e conflitos, baseados em diferenas tais como a de gnero, religio, acesso riqueza, etnia, classe, nvel de educao, rendimento, propriedade, lngua e muitos outros fatores ligados ao desenvolvimento dos capitais.

    Como comentamos anteriormente uma comunidade no harmoniosa, geralmente ela apresenta grande diversidade nos aspectos sociais, tnicos... E, estas diversidades, quase sempre esto ligadas pobreza, um dos principais problemas sociais retratados mundialmente. Partindo de tal principio ao interagir numa comunidade necessrio reconhecer os aspectos que a envolvem e a faz permanecer no contexto da pobreza, pois a mesma interfere em todas as dimenses da cultura e da sociedade. A pobreza se retrata em baixos nveis de rendimento, falta de acesso a servios como a educao, mercados, servio de sade, falta de capacidade para a tomada de decises, e ausncia de infra-estruturas comunitrias como gua, saneamento, estradas, transportes, e comunicaes. preciso salientar que no se combate a pobreza aliviando seus sintomas, mas a mesma s ser combatida se os fatores de pobreza forem trabalhados e sanados.

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    Segundo o Guia do Passo a passo da ONG Tearfund os fatores que favorecem a pobreza so:

    Ignorncia - A ignorncia se traduz na falta de informao ou falta de conhecimento. O que no deve ser confundido com a estupidez que a falta de inteligncia. Conhecimento poder e por saber disso algumas pessoas o manipula tentando guardar para se como estratgia na obteno de vantagem, por isso o simples fato de se transmitir conhecimento a um nico membro de uma comunidade, no significa que o mesmo ser transmitido ao restante dos seus membros.

    Determinar qual a informao que falta em dada comunidade outro fator a ser considerado. Tendo em vista que educao significa diversas coisas e uma informao poder ser importante em determinada situao e para outra j no se mostrara essencial. Assim sendo para um agricultor, por exemplo, saber que Romeu e Julieta morreram na pea de Shakespeare, no to importante quanto saber qual a semente melhor se adequa ao seu cultivo.

    Desta forma em se tratando do empoderamento de uma comunidade a informao deve ser trabalhada no sentido de seu fortalecimento, de aumentar sua capacidade. Doena a baixa produtividade, menor gerao de riqueza tambm so ligados a elevada taxa de doena. O bem estar no s ajuda os indivduos que esto saudveis, mas tambm contribui para a erradicao da pobreza na comunidade. Neste momento preciso preocupar com os fatores que levam as doenas e no com as causas. Conhecer as causas no ir remover a doena. Conhecer os fatores pode levar a melhor higiene e comportamentos de preveno, que levam erradicao (SEBRAE/MG). A preveno princpio bsico no cuidado de sade. E, considerando este fato o acesso gua potvel, ao saneamento, ao conhecimento de higiene e preveno de doenas se torna mais essencial que clinicas e hospitais, que so artifcios de cura, no combate a doena que tambm um importante fator de pobreza.

    Apatia - quando as pessoas no se interessam ou no se sentem capacitados a buscar modificaes ou melhorar uma dada condio, as mesmas se tornam apticas. s vezes, as pessoas se sentem to incapazes que passam a ter sentimento de inveja dos seus parentes, membros de sua comunidade que esto se desenvolvendo. Neste momento ao invs de tentar se levantar e seguir rumo ao crescimento, estas pessoas tentam rebaixar seus invejados. 4) Corrupo o uso do poder ou autoridade para conseguir obter vantagens, utilizando do dinheiro pblico para o seu prprio interesse ou de um integrante da famlia ou amigo.

    POBREZA

    Ignorncia

    Apatia

    Doena

    Dependncia

    Corrupo

    Os cinco fatores de pobreza

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    O desvio de dinheiro (verbas) destinado a servios de infra-estrutura de uma comunidade, para os bolsos de algum que ocupa uma posio de poder esta entre as principais causas da pobreza. 5) Dependncia - a crena de que se to pobre, to desesperado a ponto de no poder ajudar a si prprio que um grupo no se consegue ajudar a si prprio, e que deve depender de assistncia que vem de fora. A dependncia ou a necessidade de se receber s se justifica se ocorrer no curto prazo, em que a caridade resulte num fator de sobrevivncia. Caso ela se estenda no longo prazo, pode contribuir para a possvel para a falta de ao ou desgraa do receptor, o incentivando a ficar no mesmo lugar sem lutar pela sua independncia, lutando pelo aumento de sua capacidade ( Fonte: www.tearfund.org).

    Aqui vale o ditado popular: ... no adianta dar o peixe, preciso ensinar a pescar....

    preciso conhecer a comunidade e agir sobre estes fatores para que se possa realmente ter sucesso em uma proposta de educao ambiental.

    SUGESTO - complementao de informaes Ler o texto de Leonardo Boff - Ecologia social: pobreza e misria, em anexo. Assista ao filme: um Jardineiro Fiel de Fernando Meirelles Resenha do filme encontra-se no anexo.

    Em seu material que recebeste encontra-se um conjunto de apostilas com as quais ter que trabalhar no processo de formao dos multiplicadores em sua localidade.

    A prxima atividade est relacionada a proposta inclusa no Guia. importante que voc dedique um tempo a leitura da Parte I pgina 19 a 36.

    Link com Parte 1 - Guia de atividades para a sala de aula: Parmetros em Ao Meio Ambiente na escola de 5 a 8 serie.

    ATIVIDADE 2 descrio da atividade no anexo pgina 33. Em grupo: os participantes do curso devero se agrupar conforme localizao de seu municpio geograficamente.

    Como percebemos o meio ambiente em que vivemos? ____________________________________________________________________________

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    3 Problemas e Potencialidades da questo ambiental em relao Educao.

    As estratgias de enfrentamento da problemtica ambiental, para surtirem o efeito desejvel na construo de sociedades sustentveis, envolvem uma articulao coordenada entre todos os tipos de interveno ambiental direta, incluindo nesse contexto as aes em educao ambiental. Dessa forma, assim como as medidas polticas, jurdicas, institucionais e econmicas voltadas proteo, recuperao e melhoria scio ambiental, despontam tambm as atividades no mbito educativo. (ProNea)

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    Com efeito, diante da constatao da necessidade de edificao dos pilares das sociedades sustentveis, os sistemas sociais atualizam-se para incorporar a dimenso ambiental em suas respectivas especificidades, fornecendo os meios adequados para efetuar a transio societria em direo sustentabilidade. Assim, o sistema jurdico cria um direito ambiental, o sistema cientfico desenvolve uma cincia complexa, o sistema tecnolgico cria uma tecnologia eco-eficiente, o sistema econmico potencializa uma economia ecolgica, o sistema poltico oferece uma poltica verde; e o sistema educativo fornece uma educao ambiental. Cabe a cada um dos sistemas sociais, o desenvolvimento de funes de acordo com suas atribuies especficas, respondendo s mltiplas dimenses da sustentabilidade. E nesse contexto onde os sistemas sociais atuam na promoo da mudana ambiental, a educao assume posio de destaque para construir os fundamentos da sociedade sustentvel, apresentando uma dupla funo a essa transio societria: propiciar os processos de mudanas culturais em direo a instaurao de uma tica ecolgica e de mudanas sociais em direo ao empoderamento dos indivduos, grupos e sociedades que se encontram em condies de vulnerabilidade face aos desafios da contemporaneidade. ( PRONEA)

    Para MELLOWS (1972) deveria ocorrer um desenvolvimento progressivo de um senso de preocupao com o meio ambiente, completo e sensvel entendimento das relaes do homem com o ambiente a sua volta.

    Para MININI (2000), a Educao Ambiental deve propiciar s pessoas uma compreenso crtica e global do ambiente. Esclarecer valores e desenvolver atitudes que lhes permitam adotar uma posio consciente e participativa dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade de vida e a eliminao da pobreza extrema e do consumismo desenfreado. DIAS (2000), acredita que Educao Ambiental seja um processo onde as pessoas apreendam como funciona o ambiente, como dependemos dele, como o afetamos e como promovemos a sua sustentabilidade.

    Para VASCONCELLOS (1997), a presena, em todas as prticas educativas, da reflexo sobre as relaes dos seres entre si, do ser humano com ele mesmo e do ser humano com seus semelhantes condio imprescindvel para que a Educao Ambiental ocorra. Portanto, no sentido de promover a articulao das aes educativas voltadas s atividades de proteo, recuperao e melhoria scia ambiental, e de potencializar a funo da educao para as mudanas culturais e sociais, que se insere a Educao Ambiental no planejamento estratgico para o desenvolvimento sustentvel.

    A Escola na Educao Ambiental Considerando toda essa importncia da temtica ambiental e a viso integrada do mundo, no tempo e no espao, sobressaem-se as escolas, como espaos privilegiados na implementao de atividades que propiciem essa reflexo, pois isso necessita de atividades de sala de aula e atividades de campo, com aes orientadas em projetos e em processos de participao que levem autoconfiana, a atitudes positivas e ao comprometimento pessoal com a proteo ambiental implementados de modo interdisciplinar (DIAS, 1992). Ressaltado que as geraes que forem assim formadas crescero dentro de um novo modelo de educao criando novas vises do que o planeta Terra.

    Entretanto, no raramente a escola atua como mantenedora e reprodutora de uma cultura que predatria ao ambiente, ou se limita a ser somente uma repassadora de informaes. Nesse caso, as reflexes que do incio a implementao da Educao Ambiental devem contemplar aspectos que no apenas possam gerar alternativas para a superao desse quadro, mas que o invertam, de modo a produzir conseqncias benficas (ANDRADE, 2000), favorecendo aos poucos a compreenso global da fundamental importncia de todas as formas de vida coexistentes em nosso planeta, do meio em que esto inseridas, e o desenvolvimento do respeito mtuo entre todos os diferentes membros de nossa espcie (CURRIE, 1998).

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    Dentro da escola deveremos encontrar meios efetivos para que cada aluno compreenda os fenmenos naturais, as aes humanas e sua conseqncia para consigo, para sua prpria espcie, para os outros seres vivos e o ambiente. fundamental que cada aluno desenvolva as suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para a construo de uma sociedade socialmente justa, em um ambiente saudvel.

    A escola dentro da Educao Ambiental deve sensibilizar o aluno a buscar valores que conduzam a uma convivncia harmoniosa com o ambiente e as demais espcies que habitam o planeta, auxiliando-o a analisar criticamente os princpios que tem levado destruio inconseqente dos recursos naturais e de vrias espcies. Tendo a clareza que a natureza no fonte inesgotvel de recursos, suas reservas so finitas e devem ser utilizadas de maneira racional, evitando o desperdcio e considerando a reciclagem como processo vital. Que as demais espcies que existem no planeta merecem nosso respeito. Alm disso, a manuteno da biodiversidade fundamental para a nossa sobrevivncia. E, principalmente, que necessrio planejar o uso e ocupao do solo nas reas urbanas e rurais, considerando que necessrio ter condies dignas de moradia, trabalho, transporte e lazer, reas destinadas produo de alimentos e proteo dos recursos naturais.

    Esse processo de sensibilizao da comunidade escolar pode fomentar iniciativas que transcendam o ambiente escolar, atingindo tanto o bairro no qual a escola est inserida como comunidades mais afastadas nas quais residam alunos, professores e funcionrios. SOUZA (2000) afirma, inclusive, que o estreitamento das relaes intra e extra-escolar bastante til na conservao do ambiente, principalmente o ambiente da escola.

    Os participantes do Encontro Nacional de Polticas e Metodologias para a Educao Ambiental (MEC/SEMAM,1991) sugeriram, entre outras propostas, que os trabalhos relacionados Educao Ambiental na escola devem ter, como objetivos, a sensibilizao e a conscientizao; buscar uma mudana comportamental; formar um cidado mais atuante; (...) sensibilizar o professor, principal agente promotor da Educao Ambiental; (...) criar condies para que, no ensino formal, a Educao Ambiental seja um processo contnuo e permanente, atravs de aes interdisciplinares globalizantes e da instrumentao dos professores; procurar a integrao entre escola e comunidade, objetivando a proteo ambiental em harmonia com o desenvolvimento sustentado. (DIAS, 1992).

    Com os contedos ambientais permeando todas as disciplinas do currculo e contextualizados com a realidade da comunidade, a escola ajudar o aluno a perceber a correlao dos fatos e a ter uma viso integral do mundo em que vive. Para isso a Educao Ambiental deve ser abordada de forma sistemtica e transversal, em todos os nveis de ensino, assegurando a presena da dimenso ambiental de forma interdisciplinar nos currculos das diversas disciplinas e das atividades escolares.

    Assim sendo a escola o espao social e o local onde o aluno ser sensibilizado para as aes ambientais e fora do mbito escolar ele ser capaz de dar seqncia ao seu processo de socializao. Comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prtica, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formao de cidados responsveis.

    A metodologia terica e prtica dos projetos ocorrero por intermdio do estudo de temas geradores que englobam aulas crticas, palestras, oficinas e sadas a campo. Esse processo oferece possibilidades para os professores atuarem de maneira a englobar toda a comunidade escolar e do bairro na coleta de dados para resgatar a histria da rea para, enfim, conhecer seu meio e levantar os problemas ambientais e, a partir da coleta de dados, elaborao de pequenos projetos de interveno.

    Considerando a Educao Ambiental um processo contnuo e cclico, deve-se desenvolver projetos e cursos de capacitao de professores para que estes sejam capazes de conjugar alguns princpios bsicos da Educao Ambiental. Nesse contexto a educao ambiental

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    aponta para propostas pedaggicas centradas na conscientizao, mudana de comportamento, desenvolvimento de competncias, capacidade de avaliao e participao de professores e educandos.

    A Implementao da Educao Ambiental no mbito Escolar

    Se existe inmeros problemas que dizem respeito ao ambiente, isto se devem em parte ao fato das pessoas no serem sensibilizadas para a compreenso do frgil equilbrio da biosfera e dos problemas da gesto dos recursos naturais. Elas no esto e no foram preparadas para delimitar e resolver de um modo eficaz os problemas concretos do seu ambiente imediato, isto porque, a educao para o ambiente como abordagem didtica ou pedaggica, apenas aparece nos anos 80. Somente a partir desta data os alunos tm a possibilidade de tomarem conscincia das situaes que acarretam problemas no seu ambiente prximo ou para a biosfera em geral, refletindo sobre as suas causas e determinarem os meios ou as aes apropriadas na tentativa de resolv-los.

    A Educao Ambiental, como componente essencial no processo de formao e educao permanente, com uma abordagem direcionada para a resoluo de problemas, contribui para o envolvimento ativo do pblico, torna o sistema educativo mais relevante e mais realista e estabelece uma maior interdependncia entre estes sistemas e o ambiente natural e social, com o objetivo de um crescente bem estar das comunidades humanas.

    As finalidades desta educao para o ambiente foram determinadas pela UNESCO, logo aps a Conferncia de Belgrado (1975) e so as seguintes:

    "Formar uma populao mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas com ele relacionados, uma populao que tenha conhecimento, competncias, estado de esprito, motivaes e sentido de empenhamento que lhe permitam trabalhar individualmente e coletivamente para resolver os problemas atuais, e para impedir que eles se repitam.

    Implementar a Educao Ambiental nas escolas tem se mostrado ma tarefa exaustiva. Existem grandes dificuldades nas atividades de sensibilizao formao, na implantao de atividades e projetos e, principalmente, na manuteno e continuidade dos j existentes. Segundo ANDRADE (2000), ...fatores como o tamanho da escola, nmero de alunos e de professores, predisposio destes professores em passar por um processo de treinamento, vontade da diretoria de realmente implementar um projeto ambiental que ir alterar a rotina na escola, alm de fatores resultantes da integrao dos acima citados e ainda outros, podem servir como obstculos implementao da Educao Ambiental. Dado que a Educao Ambiental no se d por atividades pontuais, mas por toda uma mudana de paradigmas que exige uma contnua reflexo e apropriao dos valores que remetem a ela, as dificuldades enfrentadas assumem caractersticas ainda mais contundentes.

    A Conferncia de Tbilisi (1977) j demonstrava as preocupaes existentes a esse respeito, mencionando, em um dos pontos da recomendao n. 21, que deveriam ser efetuadas pesquisas sobre os obstculos, inerentes ao comportamento ambiental, que se opem s modificaes dos conceitos, valores e atitudes das pessoas. (DIAS, 1992) Segundo OLIVEIRA (2000) tem-se trs dificuldades a serem vencidas na processo da efetiva implementao da Educao Ambiental no mbito escolar:

    1. A busca de alternativas metodolgicas que faam convergir o enfoque disciplinar para indisciplinar; 2. A barreira rgida da estrutura curricular em termos de grade horria contedos mnimos, avaliao, etc;

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    3. A sensibilizao do corpo docente para a mudana de uma pratica estabelecida, frente s dificuldades de novos desafios e reformulaes que exigem trabalho e criatividade.

    Segundo ANDRADE 2000 a escola deve posicionar-se por um processo de implementao que no seja hierrquico, agressivo, competitivo e exclusivista, mas que seja levado adiante fundamentado pela cooperao, participao e pela gerao de autonomia dos atores envolvidos. Projetos impostos por pequenos grupos ou atividades isoladas, gerenciadas por apenas alguns indivduos da comunidade escolar como um projeto de coleta seletiva no qual a nica participao dos discentes seja jogar o lixo em lates separados, envolvendo apenas um professor coordenador no so capazes de produzir a mudana de mentalidade necessria para que a atitude de reduzir o consumo, reutilizar e reciclar resduos slidos se estabelea e transcenda para alm do ambiente escolar. Portanto, devem-se buscar alternativas que promovam uma contnua reflexo que culmine na metania (mudana de mentalidade); apenas dessa forma, conseguiremos implementar, em nossas escolas, a verdadeira Educao Ambiental, com atividades e projetos no meramente ilustrativos, mas fruto da nsia de toda a comunidade escolar em construir um futuro no qual possamos viver em um ambiente equilibrado, em harmonia com o meio, com os outros seres vivos e com nossos semelhantes.

    OLIEVEIRA (2000) Sugere os seguintes passos, para a busca de alternativas na escola, de planejamento escolar, com equipes de coordenao multidisciplinar:

    Formulao de um projeto pedaggico para a escola que reflita o espao sciopoltico econmico- cultural que ela se insere; Levantamento de situaes-problemas relevantes, referente realidade em que a escola est inserida, a partir das quais se busca a formulao de temas para estudo, analise e reflexo; Estruturao de uma matriz de contedos inter-cruzandos contedos/disciplina x situaes problemas/temas; Realizao de seminrios, encontros, debates entre professores, para compatibilizar as abordagens dos contedos/disciplinas x situaes-problema/temas, buscando sobre situaes-problemas a serem trabalhadas. (OLIVEIRA, 2000). Tendo isso realizado e concretizado pode-se partir para pontos efetivos de aes escolares como: Levantamento do perfil ambiental da escola (se possui rea verde, horta, separao de lixo, etc.); Levantamento dos projetos que esto sendo desenvolvidos na escola; Acompanhamento de projetos especficos na escola que sero desenvolvidos pelos professores ou pelo Grmio Estudantil (horta comunitria, reciclagem de lixo, bacia hidrogrfica como unidade de estudo, trilhas ecolgicas, plantio de rvores, recuperao de nascentes, etc...); Mobilizao de toda a comunidade escolar para o desenvolvimento de atividades durante a semana do meio ambiente, com finalidade de conscientizar a populao sobre as questes ambientais; Realizao de campanhas educativas utilizando os meios de comunicao disponveis, imprensa falada e escrita, distribuio de panfletos, folder, cartazes, a fim de informar e incentivar a populao em relao problemtica ambiental; Promover a integrao entre as organizaes que trabalham nas diversas dimenses da cidadania, com o objetivo de ampliar o conhecimento e efetivar a implementao dos direitos de cidadania no cotidiano da populao. Com o intuito de levar s escolas e comunidade o conhecimento necessrio para a construo da cidadania ser necessrio o envolvimento de diferentes rgos que asseguram os direitos e deveres de cada indivduo na sociedade, entre esses rgos podemos citar a polcia militar, o corpo de bombeiros, a vigilncia sanitria, IAP, etc. sero trabalhados temas relacionados melhoria da qualidade de vida da populao, por exemplo: Lixo (reduo, reutilizao e reciclagem); Lixo hospitalar (destinao); gua (consumo, desperdcio, poluio);

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    Florestas (por que preserv-las?); Fogo (preveno, efeitos negativos ao meio ambiente); Agrotxicos (riscos para a sade, danos ambientais); Caa ilegal; Respeito aos animais silvestres e domsticos; Drogas (Proerdi); DST Doenas sexualmente transmissveis; Segurana no trnsito; Respeito ao prximo; Noes de sade (higiene, preveno de doenas); Cidadania (direitos do cidado); Voto consciente; Promover a dimenso ambiental 5R Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Reeducar e Replanejar.

    Ao implementar um projeto de educao para o ambiente, estaremos facilitando aos alunos e populao uma compreenso fundamental dos problemas existentes, da presena humana no ambiente, da sua responsabilidade e do seu papel crtico como cidados de um pas e de um planeta. Desenvolveremos assim, as competncias e valores que conduziro a repensar e avaliar de outra maneira as suas atitudes dirias e as suas conseqncias no meio ambiente em que vivem.

    Como o aluno ir aprender a propsito do ambiente, os contedos programticos lecionados, tornar-se-o uma das formas de tomada de conscincia, tornando-se, mais agradveis e de maior interesse para o aluno.

    Tendo a capacidade de tornar nossos alunos conscientes e sensibilizados a essa nova viso sobre o ambiente, eles prprios se tornaro educadores ambientais em suas casas em seu meio de convvio. Tornando assim esse processo em uma seqncia de aes benficas, a vida, a natureza ao futuro.

    ATIVIDADE 3 ir para a pgina ____ do anexo

    Atividade em Grupo

    Leia o Item 4 (pgina ______) da apostila e com base nas informaes contidas nele faa a seguinte atividade:

    Quais so os Problemas? Qual a Potencialidade ? Quem, Como e o Que fazer para resolver?

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    ANEXOS*

    MDULO I

    "Comporta-te de tal maneira que os efeitos de tuas aes sejam compatveis com a permanncia da natureza e da vida humana sobre a terra"

    Hans Jonas

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    Dinmica 1 Apresentao 1. Quem sou eu? Objetivo Tornar os membros do grupo conhecidos rapidamente, num ambiente relativamente pouco inibidor.

    Passos 1- Cada um recebe uma folha com o ttulo: Quem sou eu? 2- Durante 10 minutos cada um escreve cinco tens em relao a si mesmo, que facilitem o conhecimento. 3- A folha escrita ser fixada na blusa dos participantes. 4- Os componentes do grupo circulam livremente e em silncio pela sala, ao som de uma msica suave, enquanto lem a respeito do outro e deixa que os outros leiam o que escreveu a respeito de si. 5- Logo aps reunir 2 a 3 colegas, com os quais gostariam de conversar para se conhecerem melhor. Nesse momento possvel lanar perguntas que ordinariamente no fariam.

    Avaliao - Para que serviu o exerccio? - Como nos sentimos?

    2. Carto Musical Objetivo Facilitar o relacionamento entre os participantes de um grupo.

    Passos 1- Coordenador distribui um carto, um lpis e um alfinete para cada participante e pede que cada um escreva no carto o nome e prenda-o na blusa. (No pode ser apelido). 2- Os participantes sentam-se em crculo. O coordenador coloca-se no centro e convida os demais a cantar: Quando vim para este grupo, um(a) amigo(a) eu encontrei (o coordenador escolhe uma pessoa) como estava ele(a) sem nome, de (nome da pessoa) eu o(a) chamei. Oh! amigo(a), que bom te encontrar, unidos na amizade iremos caminhar(bis). (Melodia: Oh, suzana!!) 3- O coordenador junta-se ao crculo e a pessoa escolhida, entoa a cano, ajudada pelo grupo, repetindo o mesmo que o coordenador fez antes. E assim prossegue o exerccio at que todos tenham se apresentado. 4- A ltima pessoa entoa o canto da seguinte maneira:

    Quando vim para este grupo, mais amigos encontrei, como eu no tinha nome, de ...(cada um grita seu nome) eu o chamei. Oh! amigos(as), que bom nos encontrar, unidos lutaremos para o mundo melhorar" (bis).

    Avaliao - Para que serviu a dinmica? - Como nos sentimos?

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    TEXTO 1 Texto: Porque conquistamos e dominamos o Planeta Terra Um pouco da nossa histria Homo sapiens Texto baseado e compilado da wik

    Modificaes Biolgicas primeiro passo para o sucesso A evoluo humana caracterizada por uma srie de importantes alteraes morfolgicas, de desenvolvimento, fisiolgico e comportamental, que tiveram lugar desde que a separao entre o ltimo ancestral comum de humanos e chimpanzs. A primeira grande alterao morfolgica foi a evoluo de uma forma de adaptao de locomoo arborcola ou semi-arborcola para uma forma de locomoo bpede, com todas as suas adaptaes decorrentes, tais como um joelho, pernas longas em relao aos braos, e reduo da fora superior do corpo.

    Mais tarde, os humanos ancestrais desenvolveram um crebro muito maior - normalmente de 1.400 cm em seres humanos modernos, mais de duas vezes o tamanho do crebro de um chimpanz ou gorila. O padro de crescimento ps-natal do crebro humano difere do de outros primatas (heterocronia) e permite longos perodos de aprendizagem social e aquisio da linguagem nos seres humanos juvenis.

    Outras mudanas morfolgicas significantes foram: a evoluo de um poder de aderncia e preciso; um sistema mastigatrio reduzido; a reduo do dente canino; e a descida da laringe e do osso hiide, tornando a fala possvel. Uma importante mudana fisiolgica em humanos foi evoluo ovulao oculta, o que pode ter coincidido com importantes mudanas comportamentais, tais como a ligao em casais. Outra mudana significativa de comportamento foi o desenvolvimento da cultura material, com objetos feitos pelo homem cada vez mais comuns e diversificados ao longo do tempo.

    Transio para a civilizao

    H 10 000 anos, a maioria dos seres humanos viviam como caadores-coletores, em pequenos grupos nmades. O advento da agricultura levou a Revoluo Neoltica, quando o acesso a grande quantidade de alimentos levou formao de assentamentos humanos permanentes, a domesticao dos animais e a utilizao de instrumentos metlicos. A agricultura incentivou o comrcio e a cooperao, resultando em sociedades complexas. Devido importncia desta poca para o surgimento das civilizaes humanas, essa era ficou conhecida como "Era dos Humanos".

    H cerca de 6 000 anos, os primeiros proto-estados desenvolveram-se na Mesopotmia, no Saara/Nilo e no Vale do Indo. Foras militares foram formadas para a proteo das sociedades e burocracias governamentais foram criadas para facilitar a administrao dos estados. Os estados colaboraram e concorreram entre si em busca de recursos e, em alguns casos, travaram guerras. Entre 2 000 e 3 000 anos atrs, alguns estados, como a Prsia, a ndia, a China, o Imprio Romano e a Grcia, desenvolveram-se e expandiram seus domnios atravs da conquista de outros povos. Religies influentes, como o judasmo, originrio do Oriente

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    Mdio, e o hindusmo, uma tradio religiosa que se originou no Sul da sia, tambm aumentaram de importncia neste momento.

    No final da Idade Mdia ocorre o surgimento de ideias e tecnologias revolucionrias. Na China, uma avanada e urbanizada sociedade promoveu inovaes tecnolgicas, como a impresso. Durante a "Era de Ouro do Islamismo" ocorreram grandes avanos cientficos nos imprios muulmanos. Na Europa, a redescoberta das aprendizagens e invenes da Era clssica, como a imprensa, levou ao Renascimento no sculo XIV. Nos 500 anos seguintes, a explorao e o colonialismo deixaram as Amricas, a sia e a frica sob o domnio europeu, levando posteriores lutas por independncia. A Revoluo Cientfica no sculo XVII e a Revoluo Industrial nos sculos XVIII e XIX promoveram importantes inovaes no setor dos transportes (transporte ferrovirio e o automvel), no desenvolvimento energtico (carvo e a eletricidade) e avanos nas formas de governo (democracia representativa e o comunismo).

    Com o advento da Era da Informao, no final do sculo XX, os humanos modernos passaram a viver em um mundo que se torna cada vez mais globalizado e interligado. Em 2008, cerca de 1,4 bilhes de seres humanos estavam ligados uns aos outros atravs da Internet, e 3,3 bilhes pelo telefone celular.

    Embora a interligao entre os seres humanos tenha estimulado o crescimento das cincias, das artes e da tecnologia, ocorreram tambm confrontos culturais, o desenvolvimento e a utilizao de armas de destruio em massa e o aumento da poluio e da destruio ambiental, que alm de afetarem a prpria sociedade humana, afetaram todas as outras formas vida no planeta.

    Habitat e populao

    Os seres humanos muitas vezes vivem em famlia criando complexas estruturas sociais e abrigos artificiais. Os primeiros assentamentos humanos eram dependentes da proximidade de gua e, dependendo do estilo de vida daquele grupo, outros recursos naturais, tais como terras arveis, para a prtica da agricultura e criao de animais herbvoros, e presena de populaes de animais selvagens para a caa. No entanto, graas grande capacidade dos seres humanos de alterar o seu prprio habitat atravs de mtodos como a irrigao, o planejamento urbano, a construo de abrigos, o transportes de suprimentos e pessoas, a fabricao de mercadorias, a agricultura e a pecuria, a proximidade de assentamentos humanos a fontes de recursos naturais tornou-se desnecessria e, em muitos lugares, esse fator j no uma fora motriz no crescimento ou declnio de uma populao. A maneira pela qual um habitat alterado muitas vezes fator determinante na evoluo demogrfica humana.

    A tecnologia permitiu ao homem colonizar todos os continentes e adaptar-se a praticamente todos os climas. Nas ltimas dcadas, os seres humanos tm explorado a Antrtida, as profundezas dos oceanos e o espao exterior, embora a longo prazo a colonizao desses ambientes ainda seja invivel. Com uma populao de mais de seis bilhes de indivduos, os

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    seres humanos esto entre os mais numerosos grandes mamferos do planeta. A maioria dos seres humanos (61%) vive na sia. O restante vive nas Amricas (14%), na frica (14%), na Europa (11%) e na Oceania (0,5%).

    A habitao humana em sistemas ecolgicos fechados e em ambientes hostis, como a Antrtida e o espao exterior, cara, normalmente limitada no que diz respeito ao tempo e restrita a avanos e expedies cientficas, militares e industriais. A vida no espao tem sido muito espordica, com no mais do que treze pessoas vivendo no espao por vez. Entre 1969 e 1972, duas pessoas de cada vez estiveram na Lua. Desde a conquista da Lua, nenhum outro corpo celeste foi visitado por seres humanos, embora tenha havido uma contnua presena humana no espao desde o lanamento da primeira tripulao a habitar a Estao Espacial Internacional, em 31 de outubro de 2000. No entanto, outros corpos celestes foram visitados por objetos criados pelo ser humano. Em 2004 39,7% dos seres humanos viviam em aglomeraes urbanas denominadas cidades. Na fotografia, uma imagem de satlite da Terra noite, mostrando todos os pontos luminosos formados pelas cidades.

    Desde 1800, a populao humana aumentou de um bilho a mais de seis bilhes de indivduos. Em 2004, cerca de 2,5 bilhes do total de 6,3 bilhes de pessoas (39,7%) residiam em reas urbanas, e estima-se que esse percentual continue a aumentar durante o sculo XXI. Em Fevereiro de 2008, a Organizao das Naes Unidas estimou que metade da populao mundial viveria em zonas urbanas at ao final daquele ano. Existem muitos problemas para os seres humanos que vivem em cidades como a poluio e a criminalidade,[33] especialmente nos centros e favelas de cada cidade. Entre os benefcios da vida urbana incluem o aumento da alfabetizao, acesso global ao conhecimento humano e diminuio da suscetibilidade para o desenvolvimento da fome.

    Os seres humanos tiveram um efeito dramtico sobre o ambiente. A atividade humana tem contribudo para a extino de inmeras espcies de seres vivos. Como atualmente os seres humanos raramente so predados, eles tm sido descritos como superpredadores. Atualmente, atravs da urbanizao e da poluio, os humanos so os principais responsveis pelas alteraes climticas globais. A espcie humana tida como a principal causadora da extino em massa do Holoceno (Periodo Geologico atual), uma extino em massa, que, se continuar ao ritmo atual, poder acabar com metade de todas as espcies ao longo do prximo sculo.

    Como o Homem organiza seu pensamento

    A natureza do pensamento fundamental para a psicologia e reas afins. A Psicologia Cognitiva o estudo da cognio, o comportamento dos processos mentais subjacentes. Ele usa o processamento de informao como um quadro para a compreenso da mente. Percepo, aprendizagem, resoluo de problemas, memria, ateno, linguagem e emoo so todas reas bem estudadas tambm.

    A psicologia cognitiva associada com uma escola de pensamento conhecida como cognitivismo, cujos adeptos defendem um modelo de processamento de informao da funo mental, informado pelo positivismo e pela psicologia experimental. Tcnicas e modelos da psicologia cognitiva so amplamente aplicados e formam a base das teorias psicolgicas em muitas reas de pesquisa e psicologia aplicada. Em grande parte com foco no desenvolvimento da mente humana atravs da esperana de vida, a psicologia do desenvolvimento procura compreender como as pessoas chegam a perceber, entender e agir no mundo e como estes processos mudam com a idade. Isto pode incidir no desenvolvimento intelectual, cognitivo, neural, social ou moral. Alguns filsofos dividem a conscincia em conscincia fenomenal, que a prpria experincia, e conscincia de acesso, que a transformao das coisas em experincia. A conscincia fenomenal o estado de ser consciente, como quando dizem: "Estou consciente". A conscincia de acesso a conscincia de algo em relao a conceitos abstratos, como quando algum diz: "Eu estou consciente destas palavras." Vrias formas de acesso conscincia incluem a sensibilizao, auto-percepo, conscincia, fluxo de conscincia, a fenomenologia de Husserl e a intencionalidade. O conceito de conscincia

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    fenomenal, na histria moderna, segundo alguns, est intimamente relacionado com o conceito de qualia. A psicologia social une a sociologia com a psicologia, em seu estudo comum da natureza e as causas da interao social humana, com nfase em como as pessoas pensam em relao uns aos outros e como elas se relacionam entre si. O comportamento e os processos mentais, tanto humanos como no-humanos, podem ser descritos atravs de cognio animal, etologia, psicologia evolucionista e da psicologia comparativa. A ecologia humana uma disciplina acadmica que investiga como os seres humanos e as sociedades humanas interagem com o ambiente natural e o seu ambiente social humano.

    Motivao e emoo

    A motivao a fora motriz por trs do desejo de todas as aes deliberadas dos seres humanos. A motivao baseada em emoes, especificamente, na busca de satisfao (experincias emocionais positivas), e preveno de conflitos. Positivo e negativo so definidos pelo estado individual do crebro, que pode ser influenciado por normas sociais: uma pessoa pode ser levada a auto-agresso ou violncia, porque seu crebro est condicionado a criar uma resposta positiva a essas aes. A motivao importante porque est envolvida no desempenho de todas as respostas aprendidas. Dentro da psicologia, a preveno de conflitos e a libido so vistas como motivadores primrios. Dentro da economia, a motivao muitas vezes vista por basear-se em incentivos, estes podem ser de ordem financeira, moral ou coercitiva. As religies, em geral, colocam influncias divinas ou demonacas.

    A felicidade, ou o estado de ser feliz, uma condio humana emocional. A definio de felicidade um tema filosfico comum. Algumas pessoas podem definir-se como a melhor condio que um ser humano pode ter, uma condio de sade fsica e mental. Outros a definem como a liberdade de carncia e angstia, a conscincia da boa ordem das coisas, a garantia de um lugar no universo ou na sociedade. A emoo tem uma significante influncia, podemos dizer que serve at mesmo para controlar o comportamento humano, porm historicamente muitas culturas e filsofos, por diversas razes tem desencorajado essa influncia por no ser checvel. As experincias emocionais percebidas como agradveis, como o amor, a admirao e a alegria, contrastando com aquelas percebidas como desagradveis, como o dio, a inveja ou a tristeza. H muitas vezes uma distino entre emoes refinadas, que so socialmente aprendidas, e emoes orientadas sobreviventes, que so pensa-se serem inatas. No pensamento cientfico moderno, algumas emoes refinadas consideradas um trao complexo neural inato em uma variedade de mamferos domesticados e no domesticados. Estas normalmente foram desenvolvidas em reaco a mecanismos de sobrevivncia superior e inteligentes de interao entre si e o ambiente; como tal, no em todos os casos distinta e separada da funo neural natural como foi uma vez assumida a emoo refinada. No entanto, quando seres humanos vivem de forma civilizada, verificou-se que a ao desinibida em extrema emoo pode levar desordem social e criminalidade.

    Cultura

    Cultura definida como um conjunto de distintos materiais, intelectual, emocional, espiritual e caractersticas de um grupo social, incluindo arte, literatura, esporte, estilos de vida, sistemas de valores, tradies, rituais e crenas. A ligao entre a biologia, o comportamento humano e a cultura humana muitas vezes muito prxima, tornando difcil a clara diviso de temas em uma rea ou outra, como tal, a colocao de alguns assuntos pode ser baseada principalmente em conveno. A cultura constituda por valores, normas sociais e artefatos. Os valores de uma cultura definem o que tem de ser importante ou tico para uma sociedade. Intimamente ligada so normas, as expectativas de como as pessoas devem se comportar, obrigadas pela tradio. Artefatos, ou a cultura material, so objetos derivados a partir dos valores da cultura, normas e compreenso do mundo.

    Linguagem

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    A capacidade que os seres humanos tm de transferir conceitos e idias atravs da fala e da escrita incomparvel com qualquer outra espcie conhecida. Ao contrrio dos sistemas de chamada de outros primatas que so fechados, a linguagem humana muito mais aberta e ganha diversidade em diferentes situaes. A linguagem humana tem a qualidade de deslocamento, usando palavras que representam coisas e acontecimentos que no esto atualmente ou localmente ocorrendo, mas em outro lugar ou em um horrio diferente. Desta forma, as redes de dados so importantes para o contnuo desenvolvimento da linguagem. A faculdade de expresso uma caracterstica definidora da humanidade, possivelmente anterior a separao filogentica da populao moderna. A linguagem fundamental para a comunicao entre os seres humanos, alm de ser central para o senso de identidade que une as naes, culturas e grupos tnicos. A inveno dos sistemas de escrita, pelo menos, h 5 000 anos permitiu a preservao da lngua sobre os objetos materiais e foi um passo importante na evoluo cultural. A cincia da lingustica descreve a estrutura da linguagem e a relao entre as lnguas. H aproximadamente 6 000 lnguas diferentes em uso atualmente, incluindo lnguas de sinais e muitas milhares mais que so consideradas extintas.

    Espiritualidade e religio

    Uma igreja catlica ao lado de uma mesquita no Lbano. As sociedades humanas so