Apostila - Estilos de Vida Sustentáveis
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
Copyright - 2013 Ministrio do Meio Ambiente.
Todos os direitos reservados. proibido qualquer tipo de reproduo total ou
parcial desta publicao, sem autorizao formal e por escrito do Ministrio do Meio
Ambiente. Os produtos eventualmente consultados ou citados nesta publicao so de
direitos reservados de seus respectivos autores.
Apesar de todas as precaues e revises, a editora no se responsabiliza por
eventuais erros de impresso, erros ou omisses por parte do autor, ou por quaisquer
danos financeiros, administrativos ou comerciais, resultantes do uso incorreto das
informaes contidas nesta publicao.
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Sumrio
1. INTRODUO ....................................................................................................................................... 5
1.1. Introduo ao tema ..................................................................................................................................... 5
1.2. Glossrio ..................................................................................................................................................... 7
2. CONSUMO ............................................................................................................................................ 10
2.1. Introduo ................................................................................................................................................ 10
2.2. Conceitos de consumo ............................................................................................................................... 16
2.3. Impactos socioambientais do consumo ...................................................................................................... 22
2.4. Responsabilidades do cidado-consumidor ................................................................................................ 24
2.5. Proposta de mudana de padro de consumo ............................................................................................ 30
2.6. Certificao e rotulagem ambientais .......................................................................................................... 36
2.7. Maquiagem verde (Greenwashing) ............................................................................................................ 42
2.8. Dicas prticas para um consumo sustentvel ............................................................................................. 47
3. GUA E ENERGIA .............................................................................................................................. 54
3.1. Introduo: Universo da gua .................................................................................................................... 54
3.2. Usos da gua ............................................................................................................................................. 60
3.3. Dicas prticas para economia de gua ....................................................................................................... 67
3.4. Tcnicas de reaproveitamento e armazenamento da gua ......................................................................... 74
3.5. Introduo: energia tudo ........................................................................................................................ 76
3.6. Fontes de energia ...................................................................................................................................... 81
3.7. Dicas prticas para economia de energia ................................................................................................... 85
4. RESDUOS SLIDOS DOMSTICOS .............................................................................................. 92
4.1. Introduo ................................................................................................................................................ 92
4.2. Resduos slidos no Brasil .......................................................................................................................... 97
4.3. Resduos perigosos .................................................................................................................................. 105
4.4. Impactos dos resduos ............................................................................................................................. 115
4.5. E o que o consumo tem a ver com isso? ................................................................................................... 119
4.6. Repensar, reduzir, recusar, reutilizar e reciclar (5Rs) ................................................................................ 123
4.7. Dicas prticas .......................................................................................................................................... 128
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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5. HABITAES SUSTENTVEIS ..................................................................................................... 137
5.1. Introduo .............................................................................................................................................. 137
5.2. Impactos da construo ........................................................................................................................... 140
5.3. Ecovilas, permacultura e bioconstruo ................................................................................................... 142
5.4. Sustentabilidade na sua construo ......................................................................................................... 153
5.5. Gesto de resduos de construo ........................................................................................................... 169
5.6. Cuidados ao adquirir um imvel .............................................................................................................. 173
5.7. Materiais de limpeza ............................................................................................................................... 174
6. TRANSPORTE E MOBILIDADE URBANA ................................................................................. 175
6.1. Introduo .............................................................................................................................................. 175
6.2. Transporte sustentvel ............................................................................................................................ 182
6.3. Meios de transporte no motorizados ..................................................................................................... 188
6.4. Casos bem-sucedidos .............................................................................................................................. 189
6.5. O que voc pode fazer ............................................................................................................................. 194
7. OUTROS TEMAS PARA REFLEXO ............................................................................................ 196
7.1. Sade ...................................................................................................................................................... 197
7.2. Alimentao ............................................................................................................................................ 200
7.3. Lazer ....................................................................................................................................................... 204
7.4. Ecoturismo .............................................................................................................................................. 207
7.5. Pegada Sustentvel ................................................................................................................................. 211
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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1. INTRODUO
Este material contm os assuntos tratados no curso Estilos de vida
sustentveis e pode ser utilizado como material de consulta e complemento.
Objetivo:
Incentivar a reflexo, discusso e ao interativas com informaes e conceitos
sobre mudana em favor de estilos de vida sustentveis.
Objetivos especficos:
Apresentar alternativas que possam substituir os atuais padres de consumo
insustentvel.
Apresentar os impactos negativos causados pelo atual padro de consumo e
produo de bens.
Indicar que possvel que voc tenha outras prticas mais sustentveis em
seu cotidiano.
Promover o debate acerca do atual padro de consumo e produo de bens.
Pblico-alvo:
Cidados-consumidores de ambos os sexos com faixa etria acima de 16 anos.
1.1. INTROD U O A O TEMA
Sustentabilidade tornou-se um princpio essencial a partir do crescimento da
populao mundial e de uma economia fundamentada no sobre-consumo dos recursos
naturais. Uma vez que a vida de cada um depende da utilizao desses recursos,
hora de reunir prticas verdes, dicas ecolgicas e modo de vida sustentvel como
ferramentas que podem auxiliar na reduo da pegada de carbono.
Segundo a ONU, at 2027, aproximadamente 85% da populao mundial
habitaro as grandes cidades. a demanda por produtos e servios voltados a quem
vive nas cidades que resulta na devastao do meio ambiente, na poluio em todos
os nveis e na escassez de recursos naturais.
Adaptar as regras de sustentabilidade mais gerais a escolhas de estilo de vida
pessoal um pequeno, mas importante passo na expanso de uma sociedade que
vive harmonicamente com a Terra.
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Existem muitos fatores que contribuem para o comportamento humano e as
escolhas que cada um de ns fazemos ao determinar como vivemos. Nosso estilo de
vida reflete como vemos o mundo, ns mesmos e nossos valores.
O estilo de vida representa o conjunto de aes cotidianas que reflete as atitudes
e valores das pessoas. Estes hbitos e aes conscientes esto associados
percepo de qualidade de vida que o indivduo traz consigo. Os componentes do
estilo de vida podem mudar ao longo dos anos, mas isso s acontece se a pessoa
conscientemente enxergar algum valor em algum comportamento que deva incluir ou
excluir, alm de perceber-se como capaz de realizar as mudanas pretendidas.
(Fonte: http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/RBAFS/article/viewFile/1002/1156)
Os estilos de vida nos ajudam a satisfazer nossas necessidades e aspiraes e
funcionam como dilogos sociais atravs dos quais comunicamos para os outros
nossa posio na sociedade e as coisas que gostamos.
Entretanto, eles tm um enorme impacto no fluxo de bens e servios na
sociedade e esto intimamente ligados produo, aos padres de consumo e
extrao de recursos em nossa sociedade.
(Fonte: Sustainable lifestyles: Todays facts & tomorrows trends. Disponvel em: http://www.sustainable-
lifestyles.eu/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-
4C6D3F6A3D763C3FFE6067B6E70965EB/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-
20EC98DDA95E/fileadmin/images/content/D1.1_Baseline_Report.pdf. Traduo: Ktia Cortez)
Os atuais estilos de vida e padres de consumo so insustentveis. Os nveis de
consumo tm crescido 6 vezes mais desde os anos 60. A populao global dobrou,
enquanto as despesas por pessoa com consumo quase triplicou. Alimentao,
habitao, transporte e turismo so responsveis por grande parte das presses e
impactos causados pelo consumo na Europa, por exemplo.
O Estilo ou Modo de Vida Sustentvel a reunio de diversas escolhas de vida
que visam adaptar os modelos globais de sustentabilidade escala da comunidade e
da famlia. um estilo de vida que atenta para o uso individual e coletivo de recursos
naturais, para a reduo da pegada de carbono, e busca uma melhor qualidade de
vida ao mesmo que tempo que contribui com a recuperao e preservao do meio
ambiente. Alm de permitir s pessoas suprirem suas necessidades pessoais e
aspiraes, sem privar as atuais e futuras geraes de fazerem o mesmo.
(Fonte: Estilo de vida sustentvel (Fernanda Capdeville))
Suprir nossas necessidades individuais e desejos dentro dos limites dos recursos
disponveis o nosso desafio coletivo!
http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/RBAFS/article/viewFile/1002/1156http://www.sustainable-lifestyles.eu/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-4C6D3F6A3D763C3FFE6067B6E70965EB/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/fileadmin/images/content/D1.1_Baseline_Report.pdfhttp://www.sustainable-lifestyles.eu/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-4C6D3F6A3D763C3FFE6067B6E70965EB/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/fileadmin/images/content/D1.1_Baseline_Report.pdfhttp://www.sustainable-lifestyles.eu/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-4C6D3F6A3D763C3FFE6067B6E70965EB/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/fileadmin/images/content/D1.1_Baseline_Report.pdfhttp://www.sustainable-lifestyles.eu/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-4C6D3F6A3D763C3FFE6067B6E70965EB/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/fileadmin/images/content/D1.1_Baseline_Report.pdf
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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O estilo de vida sustentvel est diretamente ligado com o desenvolvimento
sustentvel, que contempla cinco pilares para a sustentabilidade:
Social: fundamental por motivos tanto intrnsecos quanto instrumentais, por
causa da perspectiva de rompimento social que paira de forma ameaadora
sobre muitos lugares problemticos do nosso planeta.
Ambiental: com as suas duas dimenses (os sistemas de sustentao da vida
como provedores de recursos e como recipientes para a disposio de
resduos).
Territorial: relacionado distribuio espacial dos recursos, das populaes e
das atividades.
Econmico: sendo a viabilidade econmica uma condio para que as coisas
aconteam.
Poltico: a governana democrtica um valor fundador e um instrumento
necessrio para fazer as coisas acontecerem; a liberdade faz toda a diferena.
Apesar de alguns verem o modo de vida sustentvel como um passo para trs
tecnologicamente, a verdade que muitos dos que praticam esse estilo de vida o
fazem por meio das mais avanadas tecnologias. Os estilos de vida sustentveis
requerem uma grande mudana no comportamento individual e na colaborao entre
pessoas e comunidades. E, alm disso, implicam na necessidade do desenvolvimento
de infraestruturas alternativas e solues viveis que respeitem as distintas realidades
socioculturais.
Na qualidade de cidado, em casa e no trabalho, muitas das escolhas tomadas
em conformidade com o estilo de vida, relativas habitao, alimentao, ao
vesturio, higiene, ao uso de energia, de gua, ao transporte e ao tratamento de
resduos, tm papel fundamental na mudana climtica, na perda da diversidade e nas
desigualdades no mundo. Portanto, uma melhor compreenso dos estilos de vida
sustentveis, bem como uma maior inovao no desenvolvimento de solues
sustentveis em diferentes partes do mundo so cruciais para se alcanar a
sustentabilidade.
(Fonte: Estilo de vida sustentvel (Fernanda Capdeville))
1.2. GLOS S RIO
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Neste material existem alguns termos tcnicos bastante especficos aos temas
tratados. Pensando nisso, apresentamos um breve glossrio contendo esses
conceitos. Em caso de dvidas, retorne ao glossrio e consulte o termo desconhecido:
gua cinzenta: se refere a qualquer gua proveniente de processos
domsticos como lavar loua, roupa e tomar banho.
gua negra: provinda dos vasos sanitrios.
gua pluvial: aquela que vem da chuva.
gua virtual: aquela utilizada para produzir qualquer produto ou servio, mas
que no calculada formalmente nos custos e despesas de um processo
produtivo, e de compra e venda.
Alimentos transgnicos: alimentos geneticamente modificados com o objetivo
de melhorar a qualidade e aumentar a produo e a resistncia s pragas,
visando ao lucro.
Aterro controlado: rea de disposio final de resduos slidos que consiste
em uma fase intermediria entre o lixo e o aterro sanitrio. Normalmente
uma clula adjacente ao lixo que foi remediado, ou seja, recebeu cobertura de
argila, e grama e captao de chorume e gs.
Aterro sanitrio: rea disposio final de resduos slidos que teve o terreno
preparado previamente com o nivelamento de terra sua impermeabilizao.
Desta forma, os lenis freticos no sero contaminados pelo chorume.
Coleta seletiva: termo utilizado para o recolhimento dos materiais que so
possveis de serem reciclados, previamente separados na fonte geradora.
Combustveis fsseis: so substncias de origem mineral, formadas pelos
compostos de carbono e originadas pela decomposio de resduos orgnicos.
Compostagem: o conjunto de tcnicas aplicadas para controlar a
decomposio de materiais orgnicos, com a finalidade de obter, no menor
tempo possvel, um material estvel, rico em hmus e nutrientes minerais, o
qual usado como adubo.
Consumo tico/responsvel/consciente: aquele em que os consumidores
devem ter compromisso tico, conscincia e responsabilidade quanto aos
impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem
causar em ecossistemas e outros grupos sociais.
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Consumo sustentvel: essa proposta enfatiza tanto as inovaes tecnolgicas
e as mudanas nas escolhas individuais de consumo quanto as aes coletivas
e as mudanas polticas, econmicas e institucionais.
Consumo verde: aquele e que o consumidor, alm de buscar melhor qualidade
e preo, inclui em seu poder de escolha a varivel ambiental, dando preferncia
a produtos e servios que no agridam o meio ambiente.
Ecossaneamento: fundamenta-se na separao das diferentes formas de
guas residurias nas suas origens e, atravs da reciclagem de gua e de
nutrientes, promove a reduo no consumo de gua e energia em atividades de
saneamento.
Energia elica: energia produzida a partir da fora dos eventos.
Energia hidrulica: energia obtida a partir da energia potencial de uma massa
de gua.
Energia nuclear: energia liberada numa reao nuclear, ou seja, em processos
de transformao de ncleos atmicos.
Energia termeltrica: obtida a partir da energia liberada por qualquer produto
que possa gerar calor.
Estilo de vida sustentvel: Reunio de diversas escolhas de vida que visam
adaptar os modelos globais de sustentabilidade escala da comunidade e da
famlia.
Estilo de vida: conjunto de aes cotidianas que reflete as atitudes e valores
das pessoas.
Habitao sustentvel: aquela em que a adequao ambiental, a viabilidade
econmica e a justia social so incorporadas em todas as etapas do seu ciclo
de vida, ou seja, desde a fase de concepo, construo, uso a manuteno;
at em um processo de demolio.
Hidrovias interiores: tambm chamadas de vias navegveis interiores, se
referem aos rios, lagos ou lagoas nas quais a navegao pode ocorrer.
Logstica reversa: retorno de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro
produtivo.
Maquiagem verde (Greenwashing): prtica realizada por algumas empresas,
que consiste em aparentar uma atitude socioambiental, mas sem realizar, de
fato, aes efetivamente teis ao meio ambiente.
Obsolescncia programada: quando produtos so concebidos pela indstria
para se tornarem inutilizveis num curto prazo de tempo.
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Obsolescncia: condio que ocorre a um produto ou servios que deixa de
ser til.
Pegada ecolgica: metodologia que busca examinar como a forma de vida das
pessoas deixa rastro e marcas no meio ambiente, estando diretamente ligada,
portanto, aos padres de consumo dos indivduos.
Pegada hdrica: indicador do uso da gua que analisa seu uso de forma direta
e indireta, tanto do consumidor quanto do produtor.
Placas fotovoltaicas: dispositivos utilizados para converter a energia da luz do
Sol em energia eltrica.
Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto
de atribuies que faz com que fabricantes, importadores, distribuidores,
comerciantes e consumidores atuem tanto na reduo da gerao de resduos
slidos, do desperdcio de materiais, da poluio e dos danos ambientais
quanto no estmulo ao desenvolvimento de mercados, produo e consumo de
produtos derivados de materiais reciclados e reciclveis.
Sociedade de consumo: expresso utilizada para se referir sociedade
contempornea.
Sustentabilidade: capacidade de o ser humano suprir suas atuais
necessidades sem comprometer o futuro das prximas geraes.
2. CONSUMO
2.1. INTROD U O
O sistema industrial produz muitos e muitos bens de consumo, o que acaba
sendo considerado por muitas pessoas como um smbolo de sucesso das economias
modernas baseadas no capital, como a nossa.
Entretanto, essa enorme quantidade de bens de consumo comeou a ser
criticada por aqueles que consideram o consumismo (valorizao do ter ao invs do
ser) um dos principais problemas da nossa sociedade.
(Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Os questionamentos acerca do consumo exigem que primeiro se saiba a
diferena entre o consumo e o consumismo:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Consumo: atividade exercida pelo consumidor que consiste em consumir o
bsico, de maneira consciente.
Consumismo: atividade exercida pelo consumista que consiste em consumir de
forma desenfreada ou desnecessria.
O problema no consumo - visto que essa uma atividade natural de ser
humano e indispensvel na nossa sociedade , mas sim o consumo em excesso,
desenfreado, sem conscincia e dispensvel para a nossa qualidade de vida.
Segundo relatrio produzido pelo Worldwatch Institute em 2010, na ltima
dcada, a humanidade aumentou seu consumo de bens e servios em 28%. Somente
em 2008, foram vendidos no mundo 68 milhes de veculos, 85 milhes de
refrigeradores, 297 milhes de computadores e 1,2 bilho de telefones celulares.
Alm de excessivo, o consumo desigual. Em 2006, os 65 pases com maior
renda, que somam 16% da populao mundial, foram responsveis por 78% dos
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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gastos em bens e servios. Somente os americanos, representantes de apenas 5% da
populao mundial, abocanharam uma fatia de 32% do consumo global.
Entretanto, a pior notcia que nem mesmo um padro de consumo mdio,
equivalente ao de pases como Tailndia ou Jordnia, seria suficiente para atender
igualmente todos os habitantes do planeta. A concluso do relatrio no deixa dvidas:
sem uma mudana cultural que valorize a sustentabilidade e no o consumismo, no
haver esforos governamentais ou avanos tecnolgicos capazes de salvar a
humanidade dos riscos ambientais e sociais.
(Fonte: http://www.agrosoft.org.br/agropag/214852.htm)
No que concerne forma com que os brasileiros consomem, a revista Exame fez
uma previso de como ser o consumo no Brasil em 2020. Tal previso foi realizada
com base numa pesquisa exclusiva da consultoria americana McKinsey,
complementada por dados da empresa de geomarketing Escopo. Vejamos seus
principais resultados.
O estudo indica que no intervalo de uma dcada, o mercado consumidor
brasileiro ir quase dobrar de tamanho: de 2,2 trilhes para 3,5 trilhes de reais, sendo
que esse valor abarca todos os gastos das famlias, que vo de moradia e escola ao
carrinho do supermercado.
Desse total, a McKinsey analisou o comportamento das 45 principais categorias
de produtos consumidos no pas, que incluem cosmticos, comida congelada e
vesturio, os quais devero movimentar 1,3 trilhes de reais no fim da dcada. J a
Escopo projetou o consumo de itens como carros, eletrodomsticos e passagens
areas. Somadas, as 55 categorias representaro um mercado de quase 1,8 trilhes
de reais em 2020, ante 800 bilhes de hoje.
http://www.agrosoft.org.br/agropag/214852.htm
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Algumas projees do a noo do salto frente: at o fim desta dcada, os
brasileiros devero consumir tanto macarro quanto os italianos; devemos ter o
terceiro maior mercado de carros do mundo; o consumo de cerveja, que era metade
do alemo em 2005, dever ser trs vezes maior; o valor das vendas de produtos para
cabelo, apenas na cidade de So Paulo, vai crescer o dobro do que na Frana. Assim,
o consumo no pas dever ganhar outra dimenso, chegando a 65% de um PIB de 5
trilhes de reais.
Hoje o pas o oitavo maior mercado consumidor do mundo. A previso
realizada pela Exame indica que, at 2020, o Brasil dever ultrapassar Frana,
Inglaterra e Itlia e chegar ao quinto posto.
(Fonte: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1022/noticias/o-novo-mapa-do-consumo)
No por acaso, etimologicamente a palavra consumir significa esgotar.
Enquanto os mais ricos exageram no consumo, os mais pobres sofrem de perto as
consequncias do desequilbrio ambiental. Nos ltimos 30 anos, o consumo mundial
de bens cresceu numa mdia anual de 2,3%; em alguns pases do leste asitico essa
taxa supera o patamar de 6%.
De um lado, cresce exageradamente o consumo e a dilapidao de todo
patrimnio natural (diminuio das florestas e de toda a biodiversidade; a
disponibilidade da gua potvel que era de 17000 metros cbicos per capita em 1950
hoje atinge 7000 metros cbicos) do outro, disparam os ndices de desigualdade
social, tornando mais crnicos o modo de viver da populao mais pobre.
Nessa camada populacional:
Mais de 50% no dispem de infraestrutura higinica;
1/3 no tem gua potvel;
1/4 no mora num local em condies decentes;
1/5 desconhece qualquer tipo de acesso aos servios mdicos e
sanitrios.
82% da populao da ndia, 65% da populao da Indonsia, 55% da chinesa e
17% da brasileira ganham menos de US$2/dia, segundo dados do estudo Sustainable
Consumption: A Global Status Report, produzido pela United Nations Environment
Programme (2002).
http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1022/noticias/o-novo-mapa-do-consumo
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Para exemplificar, de acordo com o mesmo estudo, os cinco pases mais ricos -
pelo tradicional indicador PIB (Produto Interno Bruto) (EUA, China, Japo, Alemanha
e Frana) consomem:
45% das protenas disponveis;
58% da energia;
84% do papel;
14% das linhas telefnicas.
Enquanto os cinco pases mais pobres (Zimbbue, Chade, Burundi, Libria e
Guin-Bissau) consomem:
5% das protenas;
4% da energia;
1,1% do papel;
1,5% das linhas telefnicas.
(Fonte: http://www.coreconpr.org.br/wp-content/uploads/2013/05/26-QUANDO-O-CONSUMO-
EXCESSIVO-DEGRADA-O-MEIO-AMBIENTE-Marcus-Eduardo-de-Oliveira.pdf)
No Brasil, a situao no muito diferente, j que a desigualdade entre ricos e
pobres, no que se refere ao consumo, permanece de maneira muito acentuada.
Uma pesquisa produzida pela Federao do Comrcio do Estado de SP
(Fecomrcio SP) constatou, por exemplo, que a classe A brasileira, composta por 6,9
milhes de pessoas, gasta com artigos como joias, bijuterias, sabonetes, brinquedos e
jogos R$ 91 milhes por ms.
http://www.coreconpr.org.br/wp-content/uploads/2013/05/26-QUANDO-O-CONSUMO-EXCESSIVO-DEGRADA-O-MEIO-AMBIENTE-Marcus-Eduardo-de-Oliveira.pdfhttp://www.coreconpr.org.br/wp-content/uploads/2013/05/26-QUANDO-O-CONSUMO-EXCESSIVO-DEGRADA-O-MEIO-AMBIENTE-Marcus-Eduardo-de-Oliveira.pdf
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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A pesquisa da Fecomrcio SP, batizada como ProConsumo, abrange 5.560 municpios dos 27
Estados do pas. Para produzi-la, os economistas usaram dados oficiais das pesquisas do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) como o Censo, Pesquisa de Oramentos Familiares (POF)
e Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (Pnad).
Esse valor 18,5% maior do que as despesas da classe E (54 milhes de
pessoas) com carne bovina. Tambm superior ao consumo de arroz e de produtos
como mveis, artigos para o lar e eletrodomsticos entre os brasileiros mais pobres.
Entre os achados, os economistas mostram que a despesa total das famlias
paulistanas com renda superior a 30 salrios mnimos mensais (ou o equivalente a R$
3,5 bilhes) maior do que todo o gasto da Regio Norte do Pas mais o Estado de
Alagoas (ou R$ 3,4 bilhes).
(Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=31159)
A problemtica do consumo atualmente to grande que alguns estudiosos
esto se referindo a nossa sociedade como sociedade de consumo. Voc j ouviu
falar nesse assunto? Vejamos um pouco mais sobre ele:
Sociedade de consumo uma expresso utilizada para se referir sociedade
contempornea. Consumir, seja para a satisfao de "necessidades bsicas" e/ou
"suprfluas", uma atividade presente em toda e qualquer sociedade humana.
Nesse momento, voc deve estar se perguntando: Mas se consumir uma
atividade presente em todas as sociedades, por que s a sociedade atual recebeu
essa denominao?.
Bom, alguns autores defendem que alm do consumo exacerbado, a sociedade
de consumo englobaria outras caractersticas, como a forte presena da moda e o
sentimento permanente de insaciabilidade (consumir cada vez mais, sem nunca estar
satisfeito).
Observe as diferenas:
Sociedades tradicionais Sociedade contempornea
Unidade de produo e consumo era a famlia. Unidade de consumo o indivduo.
Sociedade composta por grupos de status
definidos pelas roupas, atividades de lazer,
padres alimentares etc.
Cada um faz as suas prprias escolhas segundo
seu senso esttico e conforto.
Consumo de ptina, que corresponde a um Consumo da moda, que expressa temporalidade
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=31159
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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ciclo de vida mais longo do objeto. O valor
estava na tradio dos bens: quanto mais velho,
mais valioso.
de curta durao, pela valorizao do novo e do
individual.
Dessa forma, notamos a mudana nos padres de consumo. E embora, alguns
defendam a autonomia e a soberania do consumidor nessa nova sociedade,
importante ter em mente o quanto ela materialista, pecuniria e na qual o valor das
pessoas aferido pelo o que elas tm e no pelo que so.
(Fonte: http://jus.com.br/revista/texto/14028/sociedade-e-consumo-analise-de-propagandas-que-
influenciam-o-consumismo-infantil#ixzz2X8vH3Wap)
Com a mudana nos padres de consumo, houve tambm, nas ltimas dcadas,
um aumento significativo dessa atividade em todo o mundo. Algumas causas podem
ser apontadas:
Crescimento populacional.
Acumulao de capital das empresas que puderam se expandir e oferecer
os mais variados produtos.
Anncios publicitrios que propem consumo a todo o momento.
No Brasil, especificamente, aumento do poder de compra da classe mdia,
e da populao como um todo.
Consumir em excesso no o nico problema. Devemos buscar escolhas mais
conscientes, e no campo do consumo inclui pensar na procedncia do produto
(recursos humanos e naturais), impactos do ciclo de vida do produto e destinao dos
resduos, por exemplo, como veremos no decorrer desta apostila.
2.2. CON CEI TOS DE CON SU MO
CONSUMO VERDE
Consumo verde aquele em que o consumidor, alm de buscar melhor
qualidade e preo, inclui em seu poder de escolha, a varivel ambiental, dando
preferncia a produtos e servios que no agridam o meio ambiente, tanto na
produo, quanto na distribuio, no consumo e no descarte final.
Essa estratgia tem alguns benefcios importantes, como o fato de os cidados
comuns perceberem, na prtica, que podem ajudar a reduzir os problemas ambientais.
Alm disso, os consumidores verdes sentem-se parte de um grupo crescente de
pessoas preocupadas com o impacto ambiental de suas escolhas.
http://jus.com.br/revista/texto/14028/sociedade-e-consumo-analise-de-propagandas-que-influenciam-o-consumismo-infantil#ixzz2X8vH3Waphttp://jus.com.br/revista/texto/14028/sociedade-e-consumo-analise-de-propagandas-que-influenciam-o-consumismo-infantil#ixzz2X8vH3Wap
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(Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Mas a estratgia de consumo verde tem algumas limitaes. Os consumidores
so estimulados a trocar uma marca X por uma marca Y, para que os produtores
percebam que suas escolhas mudaram. A possibilidade de escolha, portanto, acabou
se resumindo a diferentes marcas e no entre consumismo e no consumismo.
Portanto, bem interessante que voc se preocupe com os produtos que est
consumindo e opte por opes que agridem menos o meio ambiente. Entretanto, esse
apenas um passo para uma sociedade mais sustentvel, visto que so necessrias
outras medidas como: consumir menos, gerar menos resduos e descart-los
corretamente.
CONSUMO TICO, CONSUMO RESPONSVEL E CONSUMO CONSCIENTE
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Fonte: http://casinhabrancabyvaniasiguel.blogspot.com.br/2010/09/consumo-consciente-divulgar-
sempre.html
Essas expresses surgiram como forma de incluir a preocupao com aspectos
sociais, e no s ecolgicos, nas atividades de consumo. Nestas propostas, os
consumidores devem ter compromisso tico, conscincia e responsabilidade quanto
aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem
causar em ecossistemas e outros grupos sociais, na maior parte das vezes geogrfica
e temporalmente distantes.
(Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
O consumo consciente um movimento social crescente. Cada vez mais
pessoas baseiam suas decises de compras no efeito ou impacto do produto no meio
ambiente, na sade e na sociedade. Por esse impacto, devemos entender todo o ciclo
de vida dos produtos, desde a extrao, a gerao de resduos em sua fabricao e
processamento, as relaes ticas de trabalho, at o descarte e reciclagem.
CONSUMO SUSTENTVEL
http://casinhabrancabyvaniasiguel.blogspot.com.br/2010/09/consumo-consciente-divulgar-sempre.htmlhttp://casinhabrancabyvaniasiguel.blogspot.com.br/2010/09/consumo-consciente-divulgar-sempre.htmlhttp://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Essa proposta se apresenta de forma mais ampla que as anteriores, pois alm
das inovaes tecnolgicas e das mudanas nas escolhas individuais de consumo,
enfatiza aes coletivas e mudanas polticas, econmicas e institucionais para fazer
com que os padres e os nveis de consumo se tornem mais sustentveis.
Alm disso, a preocupao se desloca da tecnologia dos produtos e servios e
do comportamento individual para os desiguais nveis de consumo. Afinal, meio
ambiente no est relacionado apenas a uma questo de como usamos os recursos
(os padres), mas tambm uma preocupao com o quanto usamos (os nveis),
tornando-se uma questo de acesso, distribuio e justia social e ambiental.
(Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Utilizando como exemplo a rea de transportes, na estratgia de consumo verde
haveria mudanas tecnolgicas, para que os carros se tornassem mais eficientes
(gastando menos combustvel) e menos poluentes, e mudanas comportamentais dos
consumidores, que considerariam essas informaes na hora da compra de um
automvel.
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Na estratgia do consumo sustentvel, haveria tambm investimentos em
polticas pblicas visando melhoria dos transportes coletivos, o incentivo aos
consumidores para que utilizem esses transportes e o desestmulo para que no
utilizem o transporte individual (como por exemplo, a proibio da circulao de carros
em certos locais e horrios).
(Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
A ideia de um consumo sustentvel, portanto, no se limita a mudanas
comportamentais de consumidores individuais ou, ainda, a mudanas tecnolgicas de
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf
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produtos e servios para atender a este novo nicho de mercado. Apesar disso, no
deixa de enfatizar o papel dos consumidores, porm priorizando suas aes,
individuais ou coletivas, enquanto prticas polticas. Neste sentido, necessrio
envolver o processo de formulao e implantao de polticas pblicas e o
fortalecimento dos movimentos sociais.
Por essa razo, o que importa no somente o impacto ambiental do consumo,
mas tambm o impacto social e ambiental da distribuio desigual do acesso aos
recursos naturais, uma vez que tanto o superconsumo quanto o subconsumo
causam degradao social e ambiental.
(Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf
2.3. IMPA CT OS S OCI OA MBIE NTAIS D O C ONS UMO
Chamamos de impacto ambiental as alteraes nas propriedades fsicas,
qumicas e biolgicas do meio.
A partir do crescimento do movimento ambientalista, surgem novos argumentos
contra os hbitos ostensivos, perdulrios e consumistas, deixando evidente que o
padro de consumo das sociedades ocidentais modernas, alm de ser socialmente
injusto e moralmente indefensvel, ambientalmente insustentvel.
A crise ambiental mostrou que no possvel a incorporao de todos com os
atuais padres de consumo ocidental em funo da finitude dos recursos naturais. O
ambiente natural est sofrendo uma explorao excessiva que ameaa a estabilidade
dos seus sistemas de sustentao (exausto de recursos naturais renovveis e no
renovveis, desfigurao do solo, perda de florestas, poluio da gua e do ar, perda
de biodiversidade, mudanas climticas etc.).
Por outro lado, o resultado dessa explorao excessiva no repartido
equitativamente e apenas uma minoria da populao planetria se beneficia desta
riqueza. Assim, se o consumo ostensivo j indicava uma desigualdade dentro de uma
mesma gerao (intrageracional), o ambientalismo veio mostrar que o consumismo
indica tambm uma desigualdade intergeracional, j que este estilo de vida
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf
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ostentatrio e desigual pode dificultar a garantia de servios ambientais equivalentes
para as futuras geraes.
Estas duas dimenses, a explorao excessiva dos recursos naturais e a
desigualdade inter e intrageracional na distribuio dos benefcios oriundos dessa
explorao, conduziram reflexo sobre a insustentabilidade ambiental e social dos
atuais padres de consumo e seus pressupostos ticos. Torna-se necessrio associar
o reconhecimento das limitaes fsicas da Terra ao reconhecimento do princpio
universal de equidade na distribuio e acesso aos recursos indispensveis vida
humana, associando a insustentabilidade ambiental aos conflitos distributivos e
sociais.
Para exemplificar:
No Par, regio Norte do Brasil, encontra-se um grande complexo industrial de
produo de alumnio. Esse complexo est situado no municpio de Barcarena, a
regio brasileira mais rica em bauxita.
Complexo industrial Alunorte, situado em Vila do Conde, municpio de Barcarena.
L j ocorreram diversos acidentes decorrentes da produo do alumnio. Alguns
geraram TACs (Termo de Ajuste de Conduta) e outros so negados pelas empresas,
mas confirmados pelas comunidades e noticiados pela imprensa. Os maiores
ocorreram em 2003 e 2005, com vazamento de rejeito da indstria (lama vermelha)
para os rios e igaraps da regio.
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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As declaraes e os relatos de pessoas das diversas comunidades locais em
Barcarena foram bastante contundentes em afirmar que os rios e igaraps estavam
mortos devido aos constantes vazamentos de resduos da produo de alumnio.
Essas populaes de baixa renda no podem usar a gua do subsolo,
irremediavelmente contaminada pelas indstrias que operam na regio, sendo
obrigadas, em muitos casos, a comprar gua mineral engarrafada e outras bebidas
para garantir o consumo dirio de lquidos. Alm disso, as diversas lideranas so
enfticas em afirmar que, devido contaminao e aos problemas fundirios na
regio, no possvel mais manter nossas pequenas plantaes, coletar plantas e
frutos (contaminados e deformados) e pescar nos rios e igaraps.
Outro impacto social causado pelo complexo de alumnio, que ele atraiu um
grande nmero de pessoas para regio, sob falsas promessas de desenvolvimento,
progresso e emprego hoje essas pessoas esto desempregadas e em ocupaes
sem condies mnimas.
(Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2009/06/05/o-consumo-nosso-de-cada-dia-e-os-impactos-sociais-
e-ambientais-artigo-de-ciro-torres/)
O consumo em excesso tambm exige que os Recursos Naturais sejam
extrados de forma devastadora e a Produo de bens de consumo seja feita em um
escala monstruosa, o que gera outro problema muito grave: muitas pessoas que antes
viviam longe dos centros urbanos, acabaram sendo obrigadas a migrar para as
cidades e a trabalhar em grandes indstrias, no s pela oferta de empregos ser maior
nesses grandes centros, mas tambm pela prpria devastao dos recursos naturais
em suas comunidades ou zonas rurais.
Na maioria dos casos, esses trabalhadores so expostos a condies
desumanas de trabalho, exercendo suas atividades sem segurana alguma e ainda
muito mal remunerados.
(Fonte: Revista Terceiro Setor: Consumo Excessivo e o modelo de economia de materiais. Disponvel
em: http://revistas.ung.br/index.php/3setor/article/viewFile/519/614)
2.4. RESP ON SABIL ID ADES DO C IDAD O -CONS UMID OR
Quando selecionamos e adquirimos bens de consumo, seguimos uma definio
cultural do que consideramos importante para nossa integrao e diferenciao
sociais. Assim, consumo e cidadania podem ser pensados de forma conjunta e
inseparvel, j que ambos so processos culturais e prticas sociais que criam este
sentido de pertencimento e identidade.
http://www.ecodebate.com.br/2009/06/05/o-consumo-nosso-de-cada-dia-e-os-impactos-sociais-e-ambientais-artigo-de-ciro-torres/http://www.ecodebate.com.br/2009/06/05/o-consumo-nosso-de-cada-dia-e-os-impactos-sociais-e-ambientais-artigo-de-ciro-torres/http://revistas.ung.br/index.php/3setor/article/viewFile/519/614
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A educao para o consumo, na sociedade atual, se impe como elemento
sociocultural imprescindvel do cidado consciente. Esta realidade exige que o
indivduo tenha conhecimento de seus direitos e deveres como consumidor.
De acordo com Grada Hellman Tuitert, a educao para o consumo o processo
atravs do qual os consumidores:
1. Desenvolvem tcnicas para tomar decises sobre a compra de bens e servios
considerando seus valores pessoais e questes ecolgicas e econmicas.
2. Adquirem conhecimentos sobre as leis, direitos e mtodos para participar
efetivamente e com segurana do mercado e empreender a necessria ao de
seus desagravos.
3. Desenvolvem a percepo do novo papel do cidado-consumidor na economia,
no sistema social e no governo e tentam influenciar esses sistemas a se
tornarem sensveis s suas necessidades.
Espera-se dos cidados-consumidores, neste processo, o desempenho de suas
responsabilidades que so:
Ter conscincia crtica, distinguir necessidade e desejo, exigir qualidade,
comparar preos.
Ter responsabilidade social, agir de forma consciente e equilibrada,
lembrando as consequncias das aes junto a outros grupos sociais,
particularmente os menos favorecidos.
Ter responsabilidade ecolgica, conscincia do efeito que suas aes podem
causar no meio ambiente e no desgaste dos recursos naturais.
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Ter solidariedade, promover aes conjuntas de grupos de cidados. Pois
da fora, credibilidade e influncia do consumidor que vem a considerao
dos seus interesses nas polticas que o afetam.
(Fonte: THOMAZELLI, Maria Ceclia. Educao para o consumo: guia para o professor. 1.ed., So
Paulo: Fundao Procon, 1998).
A esfera do consumo tambm pode gerar decepo e insatisfao. Diante disso,
o consumidor tem, basicamente, duas formas de reao. Se pensar que no teve sorte
e que recebeu um produto defeituoso, provvel que ele o devolva ou pea um
desconto; esta , portanto, uma reao individual a um problema individual.
(Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Mas se, por outro lado, o consumidor descobrir que o produto adquirido, ou o
servio contratado, no seguro ou traz prejuzos sociais e ambientais, e que isso
uma das suas caractersticas, o interesse pblico que estar em jogo, tornando mais
provvel um engajamento numa manifestao pblica.
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf
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Consumidores fazem protesto contra alto preo dos combustveis no DF
(Fonte: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2011/05/consumidores-fazem-protesto-contra-o-alto-
preco-dos-combustiveis-no-df.html)
Manifestantes protestam contra o aumento das passagens das Barcas S/A, em Niteri (RJ)
(Fonte: http://tarifazero.org/2012/04/04/rio-de-janeiro-rj-apos-derrota-na-justica-usuarios-de-barcas-no-
rio-preparam-novas-manifestacoes-contra-aumento-de-tarifa/#more-4290)
http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2011/05/consumidores-fazem-protesto-contra-o-alto-preco-dos-combustiveis-no-df.htmlhttp://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2011/05/consumidores-fazem-protesto-contra-o-alto-preco-dos-combustiveis-no-df.htmlhttp://tarifazero.org/2012/04/04/rio-de-janeiro-rj-apos-derrota-na-justica-usuarios-de-barcas-no-rio-preparam-novas-manifestacoes-contra-aumento-de-tarifa/#more-4290http://tarifazero.org/2012/04/04/rio-de-janeiro-rj-apos-derrota-na-justica-usuarios-de-barcas-no-rio-preparam-novas-manifestacoes-contra-aumento-de-tarifa/#more-4290
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Protesto rene centenas em Dublin
(Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/brasileiros-protestam-em-ny-dublin-berlim-montreal-8706727)
Desta forma, surge a possibilidade de que um conjunto de pessoas busque criar
espaos alternativos de atuao, enfrentamento e busca de solues coletivas para os
problemas que parecem ser individuais. Trata-se de sujeitos coletivos que buscam
juntos contribuir para uma sociedade mais justa e feliz.
Nesse sentido:
O consumidor deve cobrar permanentemente uma postura tica e responsvel
de empresas, governos e de outros consumidores. Deve, ainda, buscar informaes
sobre os impactos dos seus hbitos de consumo e agir como cidado consciente de
sua responsabilidade em relao s outras pessoas e aos seres do planeta. Alm
disso, o consumidor precisa saber que seu consumo individual tem impactos no
coletivo, sendo assim importante que ele repense constantemente seus hbitos de
consumo.
http://oglobo.globo.com/pais/brasileiros-protestam-em-ny-dublin-berlim-montreal-8706727
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As empresas devem agir de forma social e ambientalmente responsvel em
todas as suas atividades produtivas. Nesse sentido, responsabilidade socioambiental e
empresarial significa adotar princpios e assumir prticas que vo alm da legislao,
contribuindo realmente para a construo de sociedades sustentveis.
Os governos devem garantir os direitos civis, sociais e polticos de todos os
cidados; elaborar e fazer cumprir a Agenda 21 que pode ser definida como um
instrumento de planejamento para a construo de sociedades sustentveis, em
diferentes bases geogrficas, que concilia mtodos de proteo ambiental, justia
social e eficincia econmica - por meio de polticas pblicas, de programas de
educao ambiental e de incentivo ao consumo sustentvel. Alm disso, devem
incentivar a pesquisa cientfica voltada para a mudana dos nveis e padres de
produo e consumo e fiscalizar o cumprimento das leis ambientais.
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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A Sociedade Civil: O IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) um
excelente exemplo de instituto que trabalha pela defesa do consumidor e tambm com
o consumo sustentvel. Por meio de seu site, publica notcias e demais informaes
para que os consumidores se previnam ou solucionem problemas relacionados ao
consumo utilizando o Cdigo de Defesa do Consumidor.
Para saber mais acesse: http://www.idec.org.br/o-idec/o-que-faz
2.5. PR OPOS TA DE MUDA NA D E PA DR O D E C ONS UMO
Atualmente, os 500 milhes de pessoas mais ricas do mundo, cerca de 7% da
populao, so responsveis por 50% das emisses de gases de efeito estufa,
enquanto 3 bilhes de pessoas mais pobres emitem apenas 6%.
http://www.idec.org.br/o-idec/o-que-faz
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Em 2006, a humanidade consumiu algo em torno de US$30 trilhes em
mercadorias e servios (cerca de 28% a mais do que se consumiu h dez anos), o que
levou a um aumento considervel da extrao de recursos naturais para atender a
essa demanda.
Os norte-americanos, por exemplo, consomem aproximadamente 88 kg de
recursos por dia. Se todos vivessem dessa forma, a Terra s poderia sustentar um
quinto da populao mundial, ou seja, 1,4 bilho de pessoas.
(Fonte: Cadernos de educao ambiental: Consumo sustentvel. Disponvel em:
http://www.ambiente.sp.gov.br/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-
20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-83D2C82440F3E67EA1EFA6AC8DCC7683/DCAA2A49-
666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/wp-content/uploads/publicacoes/sma/10-ConsumoSustentavel.pdf)
Diante desses dados, possvel constatar que, sem uma mudana cultural que
coloque valores sustentveis acima do consumismo, nenhuma revoluo tecnolgica
http://www.ambiente.sp.gov.br/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-83D2C82440F3E67EA1EFA6AC8DCC7683/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/wp-content/uploads/publicacoes/sma/10-ConsumoSustentavel.pdfhttp://www.ambiente.sp.gov.br/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-83D2C82440F3E67EA1EFA6AC8DCC7683/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/wp-content/uploads/publicacoes/sma/10-ConsumoSustentavel.pdfhttp://www.ambiente.sp.gov.br/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-83D2C82440F3E67EA1EFA6AC8DCC7683/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/wp-content/uploads/publicacoes/sma/10-ConsumoSustentavel.pdf
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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ou poltica pblica sero capazes de resgatar a humanidade de problemas graves
climticos, sociais e ambientais.
No se pode desconsiderar o fato positivo de que o aumento progressivo da
conscincia da populao em relao necessidade de adotar padres mais
responsveis de utilizao dos recursos naturais ter consequncias virtuosas,
principalmente a mdio e longo prazo, com a modificao de comportamentos e
hbitos de consumo.
A partir da Rio92 o tema do impacto ambiental do consumo surgiu como uma
questo de poltica ambiental relacionada s propostas de sustentabilidade. Ficou
cada vez mais claro que estilos de vida diferentes contribuem de formas diferentes
para a degradao ambiental. Os estilos de vida de uso intensivo de recursos naturais,
principalmente das elites dos pases de hemisfrio norte, so um dos maiores
responsveis pela crise ambiental.
Conhecida mundialmente como Rio92, trata-se da II Conferncia das Naes Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento Humano, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, que teve como principal
tema a discusso sobre o desenvolvimento sustentvel e sobre como reverter o atual processo de
degradao ambiental.
Diversas organizaes ambientalistas comearam a considerar o impacto das
nossas tarefas cotidianas para a crise ambiental. Atravs de estmulos e exigncias
para que mudem seus padres de consumo, comearam a cobrar sua
corresponsabilidade. Assim, atividades simples e cotidianas como ir s compras, seja
de bens considerados de necessidade bsicas, seja de itens considerados luxuosos,
comearam a ser percebidas como comportamentos e escolhas que afetam a
qualidade do meio ambiente.
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Dessa forma, muitos cidados se tornaram mais conscientes e interessados em
reduzir sua contribuio pessoal para a degradao ambiental, participando de aes
em prol do meio ambiente na hora das compras.
No entanto, esta nfase na mudana dos padres de consumo no deve nos
levar a entender que os problemas ambientais decorrentes da produo industrial
capitalista j tenham sido solucionados com sucesso. Ao contrrio, as lutas por
melhorias e transformaes na esfera da produo esto relacionadas e tm
continuidade nas lutas por melhorias e transformaes na esfera do consumo, uma
vez que os dois processos so interdependentes.
Poderamos identificar seis caractersticas essenciais que devem fazer parte de
qualquer estratgia de consumo sustentvel:
Deve ser parte de um estilo de vida sustentvel em uma sociedade sustentvel;
Deve contribuir para nossa capacidade de aprimoramento, enquanto indivduo e
sociedade;
Requer justia no acesso ao capital natural, econmico e social para as
presentes e futuras geraes;
O consumo material deve ser tornar cada vez menos importante em relao a
outros componentes da felicidade e da qualidade de vida;
Deve ser consistente com a conservao e melhoria do ambiente natural;
Deve acarretar um processo de aprendizagem, criatividade e adaptao.
Por isso, uma das primeiras questes que devemos fazer se no estaria
havendo uma espcie de transferncia da responsabilidade, do Estado e do mercado
para os consumidores. Muitas vezes, governos e empresas buscam aliviar sua
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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responsabilidade, transferindo-a para o consumidor, que passou a ser considerado o
principal responsvel pela busca de solues. Mas os consumidores no podem
assumir sozinhos toda a responsabilidade. Ela deve ser compartilhada por todos, em
cada esfera de ao.
(Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Assim, a soluo para a sustentabilidade exigir a participao de diversos
agentes sociais, envolvendo organizaes multilaterais, governos, corporaes e
organizaes da sociedade civil.
Fica clara, ento, a necessidade de uma referncia concreta quanto a alguns
caminhos a seguir para que a produo e o consumo se tornem mais sustentveis. Da
nasceu o declogo abaixo realizado pelo Instituto Akatu -, que prope um consumo
que valorize:
1. Os produtos durveis mais do que os descartveis ou os de obsolescncia
acelerada: como j acontece com a substituio das sacolas plsticas
descartveis por sacolas retornveis e durveis;
2. A produo e o desenvolvimento local mais do que a produo global: como as
organizaes comunitrias na produo e comercializao de produtos tpicos
regionais;
3. O uso compartilhado de produtos mais do que a posse e o uso individual: como
as bicicletas compartilhadas em diversas grandes cidades, inclusive So Paulo,
que ficam disponveis para retirada e devoluo em pontos estratgicos;
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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4. A produo, os produtos e os servios social e ambientalmente mais
sustentveis: como hoje j ocorre com o selo Procel, que ser trabalhado mais
adiante;
5. As opes virtuais mais do que as opes materiais: como livros, discos e filmes
baixados em aparelhos MP3 em vez da verso material;
6. O no desperdcio dos alimentos e produtos, promovendo o seu aproveitamento
integral e o prolongamento da sua vida til: como acontece nos brechs de
roupas usadas;
7. A satisfao pelo uso dos produtos e no pela compra em excesso: como fazem
aqueles que mantm seus celulares por anos e no os trocam a cada novo
lanamento;
8. Os produtos e as escolhas mais saudveis: como os alimentos orgnicos
disponveis em feiras e supermercados;
9. As emoes, as ideias e as experincias mais do que os produtos materiais:
como as viagens propostas por agncias que oferecem vivncias por meio de
visitas participativas e educativas;
10. A cooperao mais do que a competio: como ocorre com empresas do setor
varejista que praticam uma logstica colaborativa para melhorar o nvel dos
servios e reduzir custos e emisses de CO2.
Diante de tantos problemas causados pelo consumo exagerado, outro tema
interessante de ser discutido a simplicidade voluntria, um novo estilo de vida vem
ganhando representatividade atualmente:
Vida simples ou simplicidade voluntria um estilo de vida no qual os indivduos
conscientemente escolhem minimizar a preocupao com o "quanto mais, melhor", em
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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termos de riqueza e consumo. Seus adeptos escolhem uma vida simples por
diferentes razes, que podem estar ligadas a espiritualidade, sade, qualidade de vida
e do tempo passado com a famlia e amigos,-- reduo do stress, preservao do meio
ambiente, justia social, anticonsumismo etc.
Algumas pessoas que praticam a simplicidade voluntria agem conscientemente
para reduzir as suas necessidades de comprar servios e bens, e por extenso,
reduzir tambm a necessidade de vender o seu tempo por dinheiro. Alguns usam suas
horas extras, para ajudar os seus familiares ou a sociedade, se voluntariando para
alguma atividade. Alguns outros podem tambm utilizar o tempo para melhorar a
prpria qualidade de vida, fazendo atividades criativas como arte ou artesanato.
Outra abordagem procurar a verdadeira razo de toda a problemtica do
porque ns compramos e consumimos tantos recursos para ter certa qualidade de
vida.
Uma das preocupaes de quem escolhe o estilo de vida simples, o meio
ambiente. O estilo de vida consumista impacta o mundo, por isso, preciso estar
atento, rever e refletir sobre a real necessidade das nossas compras e da quantidade
de recursos que so utilizados para mant-las. Opte por bens "amigos da natureza", e
sempre que possvel, procure compartilhar bens pouco usados, com vizinhos e
amigos.
2.6. CERTIF I CA O E ROTUL A GE M A MBIENTA I S
A rotulagem ambiental consiste, basicamente, na atribuio de um selo ou rtulo
a um produto ou servio para informar a respeito dos seus aspectos. Tais produtos ou
servios devem apresentar menor impacto ambiental em relao a outros produtos ou
servios comparveis e disponveis no mercado.
Desta forma, os consumidores podem obter mais informaes para fazer suas
escolhas de compra com maior compromisso e responsabilidade social e ambiental. A
rotulagem ambiental pode ser considerada tambm uma forma de fortalecer as redes
de relacionamento entre produtores, comerciantes e consumidores.
(Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)
Outras formas de se referir rotulagem ambiental so: Selo verde, selo
ecolgico, declarao ambiental, rtulo ecolgico, ecorrtulo, ecosselo, etiqueta
ecolgica.
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf
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Convm salientar a diferena entre rotulagem ambiental (eco-labeling) e
certificao ambiental (eco-certification):
A rotulagem ambiental relaciona-se s caractersticas do Produto ou servio e
destina-se aos consumidores finais.
A certificao ambiental relaciona-se aos mtodos e processos de produo e
destina-se s indstrias utilizadoras de recursos, objetivando atestar um ou
mais atributos do processo de produo.
Lembrando que existem programas de certificao que tambm emitem um selo
ou rtulo nos produtos oriundos da matria-prima certificada. Nesse caso, o programa
atinge tanto as indstrias como os consumidores finais.
A seguir vamos conhecer os principais selos utilizados no Brasil:
FSC (Forest Stewardship Council)
Este selo atribudo a produtos florestais, como toras de madeira, mveis, lenha,
papel, nozes e sementes. Ele atesta que o produto vem de um processo produtivo
ecologicamente adequado, socialmente justo e economicamente vivel. Dez princpios
devem ser atendidos, entre eles a obedincia s leis ambientais, o respeito aos
direitos dos povos indgenas e a regularizao fundiria.
Se voc quiser saber mais, acesse o site do FSC: www.fsc.org.br
LEED (Liderana em Energia e Design Ambiental)
http://www.fsc.org.br/
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Este selo concedido a edificaes que minimizam impactos ambientais, tanto
na fase de construo quanto na de uso. Materiais renovveis, implantao de
sistemas que economizem energia eltrica, gua e gs e controle da poluio durante
a construo so alguns dos critrios. Um exemplo de edificao que possui esse selo
uma grande rede do varejo, localizada na cidade de Indaiatuba (SP), que incorporou
em suas instalaes diversos recursos para contribuir com a minimizao dos
impactos ambientais.
Para saber mais sobre essa iniciativa, acesse:
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conteudo_282198.shtml.
Rainforest Alliance Certified
Este selo atribudo a produtos agrcolas, como frutas, caf, cacau e chs e
comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais
envolvidos no processo. Com grande aceitao na Europa e nos EUA, auditado no
Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificao Florestal e Agrcola (Imaflora).
Saiba mais em: www.imaflora.org
Ecocert
Este selo concedido a alimentos orgnicos e cosmticos naturais ou orgnicos.
Para receb-lo os produtos devem conter um mnimo de 95% de ingredientes
orgnicos. O selo Ecocert um s (demonstrado na figura), mas, por contrato com a
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conteudo_282198.shtmlhttp://www.imaflora.org/
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certificadora, o fabricante obrigado a identificar no rtulo se o produto orgnico ou
natural.
Se quiser mais informaes sobre esse selo, acesse: www.ecocert.com.br
IBD (Instituto Biodinmico)
Este selo concedido a alimentos, cosmticos e algodo orgnicos. Alm de
cumprir os requisitos bsicos para a produo orgnica (como fazer rotao de
culturas e no usar agrotxicos), o rtulo garante que a fabricao daquele produto
obedece ao Cdigo Florestal Brasileiro e s leis trabalhistas.
Saiba mais em: www.ibd.com.br
PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat)
um instrumento do Governo Federal para cumprimento dos compromissos
firmados pelo Brasil quando da assinatura da Carta de Istambul (Conferncia do
Habitat II/1996). A sua meta organizar o setor da construo civil em torno de duas
questes principais: a melhoria da qualidade do habitat e a modernizao produtiva.
Dessa forma, espera-se o aumento da competitividade no setor, a melhoria da
qualidade de produtos e servios, a reduo de custos e a otimizao do uso dos
recursos pblicos.
Saiba mais em: www.cidades.gov.br/pbqp-h/pbqp_apresentacao.php
http://www.ecocert.com.br/http://www.ibd.com.br/http://www.cidades.gov.br/pbqp-h/pbqp_apresentacao.php
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Selo Casa Azul Caixa
uma classificao socioambiental de empreendimentos residenciais. Com 53
critrios de avaliao, o selo reconhece os empreendimentos residenciais que
otimizam o uso dos recursos naturais, como gua e luz eltrica, e que reduzem custos
de manuteno.
So 6 categorias:
Qualidade Urbana
Projeto e Conforto
Eficincia Energtica
Gesto da gua
Conservao de Recursos Materiais
Alm de promover a conscientizao ambiental e promover o uso racional dos
recursos naturais, o Selo Casa Azul a garantia da CAIXA de que preservao do
meio ambiente tambm o melhor negcio.
Para saber mais, acesse:
http://www1.caixa.gov.br/popup/generico/700x450_1.asp.
PROCEL (Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica)
http://www1.caixa.gov.br/popup/generico/700x450_1.asp
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Este talvez o selo mais conhecido aqui no Brasil, ele atribudo a
equipamentos eletrnicos e eletrodomsticos e indica os produtos que apresentam os
melhores nveis de eficincia energtica dentro de cada categoria. Para receberem
esse rtulo, os equipamentos passam por rigorosos testes feitos em laboratrios
credenciados no programa.
Se quiser obter mais informaes sobre o selo Procel, acesse:
www.eletrobras.gov.br/PROCEL
Temos, tambm, a certificao ambiental ISO 14001, que certifica o sistema de
gesto ambiental de empresas e empreendimentos de qualquer setor. Em sua
operao, a empresa deve levar em conta o uso racional de recursos naturais, a
proteo das florestas e a preservao da biodiversidade, entre outros quesitos. No
Brasil, quem confere essa certificao a Associao Brasileira de Normas tcnicas
(ABNT).
Lembre-se: por se tratar de uma certificao, e no de uma rotulagem, no h um
selo visvel nos produtos produzidos pelas empresas certificadas. Para saber se uma
http://www.eletrobras.gov.br/PROCEL
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empresa tem a ISO 14001, deve-se consultar seu site ou centro de atendimento ao
cliente.
Se quiser saber sobre a ISO 14001, acesse: www.abnt.org
Alm de todos os selos apresentados, temos ainda, no Brasil, o Inmetro,
importante rgo de fiscalizao e verificao do produto, que tem como uma de suas
funes a realizao do acompanhamento dos produtos certificados e
regulamentados. Esse acompanhamento objetiva verificar se esses produtos esto de
acordo com as Normas e os Regulamentos Tcnicos vigentes, pois a sua
conformidade a garantia da sade e da segurana dos cidados que os consomem.
Os tipos de selo apresentados so muito importantes, pois alm de informarem o
consumidor, tambm incentivam os fabricantes a produzirem de uma forma que cause
menos impactos ao meio ambiente. Entretanto, para que essa estratgia d certo,
necessrio que voc, consumidor, d preferncia s mercadorias que possuem os
selos ambientais no momento da compra.
2.7. MAQUIA GE M VER DE (GRE ENWAS H ING )
J est virando moda as empresas associarem seus produtos a aes sociais e
de defesa do meio ambiente, com o objetivo de sensibilizar os consumidores e
construir uma imagem de empresa responsvel. Mas ser que tais empresas
desenvolvem realmente aes importantes para o meio ambiente? Ou esto usando a
questo ambiental como campanha de marketing?
O termo maquiagem verde aplica-se a empresas que no realizam, de fato,
aes efetivamente teis ao meio ambiente, mas aparentam uma atitude
socioambiental. Basta observar as propagandas que tais empresas divulgam.
http://www.abnt.org/
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H as que afirmam estarem investindo no jovem (em educao pblica, por
exemplo), pois este investimento gera retorno em sustentabilidade, o que muito
interessante. Mas, na prtica, no h uma ao ou projeto ambiental da empresa que
traga benefcios ou resultados para o meio ambiente. No entanto, a empresa transmite
a imagem de que investe em sustentabilidade.
H, tambm, os bancos que investem em preservao de reas florestais para
compensar o CO emitido pelos veculos e casas de seus clientes de seguros. Ao
proteger seu automvel ou casa, o segurado passar a preservar, por meio do banco,
uma determinada rea de mata nativa, que ir reter o equivalente ao que foi emitido na
residncia ou pelo veculo.
No seria mais apropriado que tais bancos criassem incentivos para induzir o
cliente a mudar seus hbitos e reduzir suas prprias emisses. No uma maravilha?
Eu posso emitir CO vontade, pois estou pagando. Cmodo, no ?!
(Fonte: http://drang.com.br/blog/2008/02/25/marketing-verde/)
Esta nova tendncia "verde" do mercado estimula empresas a aproveitar o
momento para associar seus produtos a atributos eco-amigveis duvidosos e
oportunistas, sem critrios claros que respaldem suas pretenses ambientalistas, ou,
ainda, atravs da apresentao de smbolos e apelos visuais que podem induzir o
consumidor a concluses erradas sobre o produto ou servio que deseja comprar.
Nessa "corrida maluca pelo verde" fica cada vez mais difcil para o consumidor, e
muitas vezes para a prpria imprensa e formadores de opinio, identificar o que um
produto genuinamente sustentvel e outro encoberto por uma "maquiagem verde".
Ao mesmo tempo em que temos os consumidores brasileiros preocupados com
as consequncias das mudanas climticas, abertos a identificar produtos que possam
contribuir para um mundo melhor, acontece uma corrida de publicitrios e
marqueteiros buscando atender essa demanda. Nesse esforo, muitas vezes podem
ser ultrapassados os limites da tcnica e da tica.
A publicidade enganosa ("Maquiagem Verde" ou Greenwashing") provoca uma
distoro na capacidade decisria do consumidor, que se estivesse mais bem
informado, no adquiriria o que foi anunciado.
Com o objetivo de descrever, entender e quantificar o crescimento do
Greenwashing no mercado, a consultora de marketing ambiental canadense
TerraChoice desenvolveu uma metodologia de pesquisa, em que, atravs dos padres
observados, classificou tais apelos falsos ou duvidosos em sete categorias, chamadas
de Os sete pecados da rotulagem ambiental (The seven sins of greenwashing).
http://drang.com.br/blog/2008/02/25/marketing-verde/
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(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.
Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)
O desafio e a inteno dos Sete pecados da rotulagem ambiental
desencorajar as empresas a utilizarem o greenwashing atravs do fornecimento de
ferramentas prticas aos consumidores para que estes possam ficar mais alertas na
hora da escolha de produtos e servios, e tambm encorajar o esforo pr-
sustentabilidade exposto de forma clara e verdadeira (TerraChoice Enviromental
Marketing Inc. www.sinsofgreenwashing.org).
.
1. Pecado do custo ambiental camuflado
uma declarao de que um produto verde baseado apenas em um atributo
ou em um conjunto restrito de atributos ambientalmente corretos sem ateno a outras
importantes questes ambientais, talvez at mais importante que o prprio atributo
destacado (como o consumo de energia, o aquecimento global etc.).
Exemplo: o papel no necessariamente ambientalmente prefervel apenas pelo
fato de vir de uma floresta plantada sustentavelmente. Outras importantes questes no
processo de produo do papel, tais como a emisso de gases de efeito estufa ou a
utilizao de cloro no branqueamento do papel podem ser igualmente importantes.
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.
Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)
2. Pecado da falta de prova
uma declarao de que o produto ambientalmente correto, porm no se
encontra facilmente informaes que possam suportar e comprar tais declaraes
ambientais, ou seja, faltam informaes de suporte facilmente acessveis ou uma
certificao confivel de terceira parte que prove o aspecto ambientalmente correto
declarado.
http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdfhttp://www.sinsofgreenwashing.org/http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf
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Exemplo: produtos como guardanapos ou papel toalha que declaram vrias
porcentagens de contedo reciclvel ps-consumo sem fornecer evidncias. Ou ainda
produtos que dizem no ser testados em animais, mas no comprovam tal afirmao;
eletrodomsticos que promovem sua eficincia energtica sem certificao de
terceiros etc.
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.
Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)
3. Pecado da incerteza
cometido quando uma declarao to pobre ou abrangente que seu real
significado pode no ser compreendido pelo consumidor.
Exemplos:
No txico Tudo txico em dosagens suficientes. gua, oxignio, sal etc.
so todos potencialmente perigosos.
Natural Arsnio, urnio, mercrio, formaldedo etc. so todos naturais, mas
venenosos.
Verde, Amigo do Meio Ambiente, Ecologicamente Correto (e mais outras
variaes de terminologia) so algumas caractersticas sem significado se no
conterem alguma explicao.
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.
Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)
4. Pecado do culto a falsos rtulos
cometido quando um produto, atravs de palavras ou imagem, d a impresso
de endosso da terceira parte quando, na verdade, este endosso no existe, em outras
palavras: falsos rtulos.
Exemplo: algumas marcas de desodorantes e outros produtos spray/aerossol do
a impresso de uma certificao do apelo No contm CFC Inofensivo Camada
de Oznio. Na verdade trata-se apenas de uma imagem, no uma certificao de
terceiros.
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.
Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)
5. Pecado da irrelevncia
cometido quando uma declarao ambiental, que pode ser verdadeira, no
importante ou intil para os consumidores que buscam produtos ecologicamente
http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdfhttp://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdfhttp://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf
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preferveis. Pelo fato de ser irrelevante, distrai o consumidor na busca por opes mais
verdes.
Exemplo: O exemplo mais frequente de apelo irrelevante est relacionado ao
Clorofluorcarboneto (CFC) principal contribuinte para a destruio da camada de
oznio. Tal substncia j est banida por lei h 30 anos, mesmo assim muitos
produtos ainda apresentam o apelo No contm CFC como sendo uma aparente
vantagem ambiental.
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.
Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)
6. Pecado do menos pior
Corresponde a declaraes ambientais que podem ser verdadeiras na categoria
do produto, mas que podem distrair o consumidor do maior impacto ambiental da
categoria do produto como um todo.
Exemplos: Cigarros orgnicos podem ser uma escolha mais responsvel para
fumantes, mas no deveramos desencorajar os consumidores de fumar? Assim como
veculos que tm como combustvel o etanol; inseticidas e pesticidas que se
apresentam como ecologicamente mais corretos, etc.
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.
Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)
7. Pecado da mentira
cometido atravs de declaraes ambientais que so simplesmente falsas.
Exemplos: produtos falsamente declarados como sendo certificados ou
registrados por sua eficincia energtica, mas tal certificado no foi encontrado
quando verificado sua veracidade.
(Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.
Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)
Para no serem rotuladas de greenwashing, as empresas devem ficar atentas ao
contedo de suas campanhas publicitrias, investirem, de fato, em sustentabilidade e
tomar alguns cuidados:
Conhecer profundamente os princpios e aes para que se alcance o
desenvolvimento sustentvel;
Fazer uma profunda e sincera avaliao dos impactos socioambientais da sua
empresa, produtos ou servios;
http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdfhttp://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdfhttp://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf
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Garantir a real sustentabilidade em todos os aspectos, como os impactos
causados na produo, distribuio e disposio dos produtos;
Fiscalizar constantemente as aes de sustentabilidade que sua empresa
promete.
(Fonte: http://empresaverde.blogspot.com.br/2011/05/voce-sabe-o-que-e-greenwashing.html)
2.8. D ICAS P RTICA S PARA U M C ON S UMO SU STENT VEL
Obs. Essa lio foi elaborada com base na cartilha Pequeno guia de consumo
em mundo pequeno. Disponvel em:
http://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/pequeno_guia_consumo_em_um_mu
ndo_pequeno.pdf
Entrando em casa
Cancelar o envio de correspondncia que no lhe interessa, pode ser uma
tima opo para reduzir o consumo de papel.
Na sala
http://empresaverde.blogspot.com.br/2011/05/voce-sabe-o-que-e-greenwashing.htmlhttp://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/pequeno_guia_consumo_em_um_mundo_pequeno.pdfhttp://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/pequeno_guia_consumo_em_um_mundo_pequeno.pdf
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Que tal s trocar de celular quando parar de funcionar? Ser que voc precisa
comprar outro s porque tem mais recursos que voc nem vai usar?!
Se preferir ler texto impresso, faa assinatura comunitria de jornais e revistas
com amigos e vizinhos. Alis, quantos produtos poderiam ser compartilhados?
Em festas e reunies, possvel usar menos descartveis. possvel contratar
utenslios, e at decorao reutilizveis.
Brinquedos com pilhas brincam sozinhos. Crianas adoram companhia. Bons
brinquedos so aqueles que instigam o raciocnio, a curiosidade e permitem a
interao. O melhor brinquedo para seus filhos? Voc.
No guarda-roupa
Quando suspeitar de uso de mo-de-obra infantil ou escrava na confeco do
produto, no compre. Um sapato feito em sofrimento no bom para caminhar
em paz. Sustentabilidade pressupe generosidade. Fique de olho nas etiquetas
e busque informaes sobre formas de trabalho nos pases de origem. Prefira
sempre o feito aqui por perto.
Que tal comprar em brechs, reformar e customizar roupas, sapatos e
acessrios? Quando no for usar mais, doar uma excelente opo.
Muitas cidades j tm feiras de trocas. tambm uma excelente forma de
mudar o guarda-roupa. Que tal voc organizar uma feira em seu bairro?
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1. Rena ao menos dez participantes que possam levar bens e/ou servios para trocar. Valem de
alimentos caseiros, roupas, livros e objetos usados aula de violo, corte de cabelo e coisas fora do
mercado formal, como cuidar do gato ou fazer as compras.
2. Defina a data, a periodicidade e o local, que pode ser o clube, o salo de festas do condomnio
ou um galpo alugado, por exemplo. L, os participantes vo expor suas mercadorias como quiserem:
numa barraquinha de feira, numa mesa, toalha no cho e por a vai.
3. Crie uma moeda social, uma nota com nome e identidade visual prprios, que no tem valor
fora da feira como o dinheiro do jogo Banco Imobilirio, lembra? Imprima cerca de 50 unidades por
pessoa (veja como cada participante consegue a moeda no item 4). O papel da moeda permitir as
trocas indiretas, do contrrio, voc poderia querer uma caneca, mas o dono dela no gostou de nada
que voc tem a oferecer e a, como ficaria?
4. Organize um banco, que compra com a moeda social uma cota dos produtos ou servios
durante a feira. Essa a forma de colocar as moedas em circulao para a feira comear. Por isso, as
pessoas devem se dirigir ao banco logo na chegada (os produtos ou servios adquiridos pelo banco, por
sua vez, podem ser revendidos na prpria feira ou vendidos fora dela, e os recursos obtidos, usados na
organizao do prprio evento).
5. Defina o valor dos produtos ou servios levados para trocar. Cada feira cria seu prprio
parmetro de valores. Por exemplo: um eletrodomstico em bom estado pode valer de 10 a 20 moedas
sociais; uma massagem, de 5 a 10; e uma camisa nova, 8..
6. Leve tambm materiais reciclveis para vender ou doar ao banco. No primeiro caso, o banco
vende os resduos indstria da reciclagem. No segundo, ele os doa para cooperativas de catadores.
7. Guarde no banco as moedas sociais que sobrarem. Voc ir receb-las de volta na edio
seguinte da feira.
No escritrio
Se for montar ou reequipar sua casa, prefira mveis usados, caso no possa
restaurar os que j tm. E s compre madeira certificada, de manejos que
respeitem a vida da floresta.
Seja qual fora a sua profisso, fique antenado nas questes de
sustentabilidade. Cada vez mais, faro parte do seu dia a dia no trabalho.
No banheiro
Os cosmticos feitos com produtos orgnicos so uma alternativa aos
convencionais.
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Na cozinha
Voc no precisa de tanta carne, cuja produo tem grande impacto ambiental.
S de gua, por exemplo, um quilo de carne bovina, at chegar sua mesa,
exigiu pelo menos 15000 litros.
Estoques de peixes e frutos do mar esto ameaados pela sobrepesca e
poluio. Varie o cardpio: evite atum (albacora), lagostas e badejo, e prefira
sardinhas e anchovas.
Armazenar alimentos em potes com tampas uma tima opo para evitar
embrulhos descartveis.
Prefira alimentos cultivados em sua regio, pois seu transporte consomem
muita energia e geral considervel poluio.
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ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS
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Sirva-se s do que for comer. O desperdcio de alguns a falta de alimentos
para muitos outros.
Facilite (e torne menos custoso) o tratamento de esgotos no despejando leo
na pia. Ao descer pelo ralo, o leo vai para a rede de esgoto e pode entupir as
tubulaes e contaminar a gua. Cada litro de leo despejado no esgoto tem
capacidade para poluir cerca de um milho de litros de gua. Veja duas opes
de como lidar com a sobra de leo em sua casa:
o Armazene e leve a um posto de coleta: Coloque a sobre da fritura em
uma garrafa PET limpa e entregue em um posto de coleta para que seja
reciclado corretamente. Pesquise e conhea os locais prximos da sua
casa.
o Transforme-o em sabo caseiro: Voc mesmo pode dar um novo destino
ao leo de cozinha. A receita simples e pode ser feita em casa:
Materiais: 5 litros de leo de cozinha usado, 2 litros de gua, 200 mililitros
de amaciante, 1 quilo de soda custica em escama. Preparo: Coloque
cuidadosamente a soda em escamas no fundo de um balde e acrescente
a gua fervendo. Mexa at diluir todas as escamas da soda e depois
adicione o leo e mexa. Em seguida, adicione o amaciante e mexa
novamente. Jogue a mistura numa frma e espera secar. Corte o sabo
em barras.
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Na varanda/terrao
Reserve um cantinho verde na varanda (na cozinha ou na rea de servio) para
um tempo seu com a terra. Utilize aquele p de caf com adubo.
No deixar gua nos p