APOSTILA FILÓSOFOS E EDUCAÇÃO - Instituto...

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA APOSTILA FILÓSOFOS E EDUCAÇÃO MINAS GERAIS

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA

APOSTILA

FILÓSOFOS E EDUCAÇÃO

MINAS GERAIS

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OS PRÉ-SOCRÁTICOS

Os pré-socráticos são filósofos que viveram na Grécia Antiga e nas suas

colônias. Assim são chamados, pois são os que vieram antes de Sócrates,

considerado um divisor de águas na filosofia. Muito pouco de suas obras está

disponível, restando apenas fragmentos. O primeiro filósofo em que temos uma obra

sistemática e com livros completos é Platão, depois Aristóteles. Estes são chamados

de filósofos da natureza, pois investigaram questões pertinentes a esta, como de

que é feito o mundo. Romperam com a visão mítica e religiosa da natureza que

prevalecia na época, adotando uma forma científica de pensar.

Alguns se propuseram a explicar as transformações da natureza. Tinham

preocupação cosmológica. A maior parte do que sabemos desses filósofos é

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encontrada na doxografia de Aristóteles, Platão, Simplício e na obra de Diógenes

Laércio (século III d. C), Vida e obra dos filósofos ilustres.

A partir do século VII A.C., há uma revolução monetária da Grécia, e advêm a

ela inovações científicas. Isso colaborou com uma nova forma de pensar, mais

racional. Os pré-socráticos inspiraram a interpretação de filósofos contemporâneos

como Nietzsche, que nos iluminou com a sua obra A filosofia na época trágica dos

Gregos e Hegel, que aplicou seu sistema na história da filosofia.

ALGUMAS OBSERVAÇÕES ACERCA DE ALGUNS PRÉ-

SOCRÁTICOS:

O primeiro Filósogo grego conhecido foi

Tales de Mileto que viveu por volta do

ano 600 a.C. Tales na companhia de

Anaximandro e Anaxímenes defendia

que a água, o indefinido, e o ar eram o

princípio ou origem de todas as coisas.

Preocupavam-se em encontrar a

unidade por detrás da multiplicidade dos

bjectos do universo, e o princípio de explicação da natureza a partir da própria

natureza.

Heraclito acreditava na filosofia do devir, falava de um devir não puramente

linear que seria a negação absoluta do ser, mas sim do devir que se

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desenrolava no interior de um círculo. Considerava haver um ciclo do devir

que em tudo representava harmonia, com efeito na circunferência, o

começo e o fim coincidem. Defendia que de um lado existia o Logos, que

governava todas as coisas e, do outro, o devir que se desenrolava no interior

de um círculo apertado por laços poderosos. Acreditava que era no interior de

cada um de nós que se operavam as mudanças, dizia que a vida e a morte, a

juventude, a velhice e o sono eram a mesma coisa, porque estes

transformam-se naquelas e inversamente aquelas transformam-se nestes.

Era um defensor da mudança dizia que não se podia penetrar duas vezes no

mesmo rio.

O fogo de Heraclito:

Para Heraclito, o mundo era o

mesmo para todos os seres,

nenhum deus, nenhum homem o

criou; mas foi, é, e será sempre

um fogo eternamente vivo, que

com medida se acende e com

medida se apaga.

Heraclito

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Parménides foi o fundador da escola eleática. Defendia a imutabilidade e

unicidade do ser, afirmando que a multiplicidade e a mudança eram apenas

aparências. Zenão, que foi seu discípulo, viria a defender as teses de

Parménides sobre a imutabilidade do real.

A esfera de Parménides:

Parménides dizia que o

Ser é completo de todos

os lados, semelhante a

uma esfera bem

redonda.

Parménides de Élea

Anaxágoras foi o primeiro filósofo registrado pela história a ter afirmado a

existência de um princípio inteligente como causa da ordem do mundo. Para

ele o espírito é que ordenava tudo e daí tudo era causa.

Empédocles, foi o criador da teoria dos quatro elementos que vigoraria até a

era moderna: terra, água, ar e fogo, seriam os componentes últimos das

coisas, ora reunidos sob a atracção do amor, ora separados pela força da

discórdia (ou do ódio).

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PLATÃO

Platão nasceu em 427 a.C e faleceu na mesma cidade, Atenas, em 347 a.C.

Filho de uma família da aristocracia ateniense dedicada à política, foi discípulo de

Crátilo (séc. V a.C.) que por sua vez foi seguidor de Heráclito de Éfeso (séc. VI a.C.)

e, posteriormente, tornou-se discípulo de Sócrates (470-399 a.C). Fundou sua

Academia em 387 a.C., nos arredores de Atenas, em cujo pórtico figurava o lema:

“Não passe destes portões quem não tiver estudado geometria”. A academia de

Platão durou cerca de um milênio, até o momento em que Justiniano a dissolveu em

529 d.C.

O Platonismo é uma corrente filosófica baseada no pensamento de Platão.

Indica a filosofia de Platão e da sua escola, isto é, os filósofos que se situam entre o

século IV A.C. e a primeira metade do século I A.C. Cerca de um século depois da

morte de Platão, em 248 A.C., a Escola enveredou para o ceticismo sob a direção

de Arciselau (século III A.C.).

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A Academia de Platão

A Academia platônica assemelhava-se a uma

congregação religiosa, consagrada a Apolo e às musas.

Platão afirmava a existência de uma verdade suprema:

as Ideias das formas ideais, eternas, imutáveis e

incorruptíveis, das quais se origina o mundo sensível, tal

como o percebemos, e que é sujeito ao devir, à

corrupção e à morte.

A Academia foi fundada por Platão em 387 A.C. Seu nome é alusivo ao herói

de guerra Academo, que havia doado aos atenienses um terreno, nos arredores de

Atenas, onde se construiu um jardim aberto ao público.

De uma maneira geral, os elementos centrais do pensamento platônico são:

naturais;

a filosofia;

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Períodos

O platonismo é geralmente dividido em três períodos:

-II D.C.;

enístico: mais

que um período do platonismo, é considerado por muitos como uma verdadeira

corrente filosófica propriamente dita.

Esta subdivisão foi operada

por estudiosos dos tempos recentes.

Todos (médio ou neoplatônicos),

embora ampliando e modificando o

significado originário da filosofia de

Platão, pretendiam estar em linha de

continuidade com a doutrina do

mestre. Consideravam-se, sobretudo,

como simples exegetas, mais do que

inovadores.

Assim como todos os pensadores que, ao longo dos séculos, filiaram-se ao

pensamento platônico (Plotino, Agostinho, Ficino), os neoplatônicos eram

convencidos de que a verdade fosse algo que se descobria e não se inventava.

Portanto o modo mais autêntico de fazer filosofia consistiria na reflexão sobre as

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verdades eternas, imutáveis e universais das Ideias - primeiramente descobertas por

Platão.

Pode-se dizer, portanto, que o platonismo foi sempre entendido pelos

platônicos como uma única corrente filosófica, que sempre permaneceu fiel a si

mesma, ora como forma de interpretação, ora como reelaboração do pensamento de

Platão.

ARISTÓTELES

Aristóteles nasceu no ano de 385 a.C. em Estagiros, cidadezinha da Trácia

fundada por colonos gregos no lugar onde hoje se situa Stavro, na costa setentrional

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do mar Egeu. Era ainda muito jovem quando morreu seu pai, Nicômaco, médico

bastante famoso, neto de Esculápio. Um amigo da família, Próxeno, que morava em

Estagiros, se encarregou de sua educação.

Aos dezessete anos, foi para Atenas prosseguir seus estudos. Em 367,

quando Platão retorna da Sicília e retoma seu magistério na Academia, Aristóteles

aparece como um de seus alunos mais assíduos e se distingue por seu ardor e pela

excepcional inteligência. Depois de alguns anos de estudo, rompe subitamente com

Platão, mas sem cessar de testemunhar-lhe respeito e continuando a conservar do

mestre uma grata lembrança. Permanece, no entanto, em Atenas até 347; presume-

se que teria fundado uma escola retórica que lhe valeu grande reputação.

De 347 a 342, Aristóteles deixa Atenas. Torna-se como que um embaixador

oficioso junto a Filipe, que acaba de subir ao trono da Macedônia e é quase seu

amigo. Mais tarde o encontramos junto com outros alunos de Platão, como

Xenócrates, na Eólida, junto a Hérmias, tirano de Atárnea, que seguiu seus cursos

em Atenas e está contente por tê-lo junto a si. Permanece na corte do tirano até a

morte de Hérmias, que será estrangulado pelos persas. Hérmias deixa uma filha e

uma sobrinha. Aristóteles casa-se com a sobrinha. Não se sentindo em segurança

em Atárnea, parte para Mitilene, onde permanece até 342.

Vai então à Macedônia, onde o chamava Filipe para lhe confiar à educação

de seu filho Alexandre, de treze anos. O filósofo esforça-se por desenvolver nele as

qualidades de moderação e de razão que lhe parecem essenciais para a conduta de

um soberano. Alexandre sente por seu mestre um grande apego, que conservará

até quando suceder a seu pai.

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Todavia, Alexandre parte em conquista da Ásia em 335, e Aristóteles

considera que seu papel terminou. Deixa Alexandre e retorna a Atenas. O ensino de

Platão na Academia tem sequencia com Xenócrates. Aristóteles, então, abre uma

escola perto do templo de Apolo Lício, donde o nome de escola do Liceu que lhe foi

dado. Aristóteles expõe suas ideias enquanto passeia com seus discípulos, e é por

isso que são chamados peripatéticos, do grego nFpínaTov, que significa “lugar de

passeio". O ensino de Aristóteles compreende duas séries de aulas: de manhã, trata

das questões puramente teóricas, no ensino exotérico reservado aos iniciados.

À tarde, Aristóteles se dirige a um público mais amplo: as questões tratadas

são mais acessíveis. A retórica ocupa um lugar importante; é o ensino exotérico.

Durante doze anos, prossegue suas aulas, não sem publicar numerosas obras que

abordam todos os domínios do saber humano. Com a morte de Alexandre, em 323,

os partidários da Macedônia veem-se ameaçados de morte e de perda dos bens

pelo partido nacional ateniense, dirigido por Demóstenes. Aristóteles, pró-

macedônio, é acusado. Sem aguardar o julgamento que deve condená-lo, deixa

Atenas e vai para Cálcis, na ilha de Eubéia.

Morre ali um ano depois, em 322, aos 63 anos. Deixa dois filhos, uma menina,

Pítia, com o nome de sua mulher, e um menino, Nicômaco, com o nome de seu pai.

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ABSTRAÇÃO

Na filosofia, abstração é um processo (ou, para alguns, um alegado processo)

na formação de conceitos reconhecendo um grupo de características comuns nos

indivíduos, e tendo isso como base, forma-se um conceito desta característica. A

noção de abstração é importante para o entendimento de algumas controvérsias

filosóficas em relação ao empirismo e ao problema dos universais. Também se

tornou recentemente popular na lógica formal como abstração predicada. Outra

ferramenta filosófica para a discussão sobre abstração é espaço do pensamento.

A Lógica de Port-Royal, resumiu a estreita relação do processo de abstração

com a natureza do homem, dizendo: ―a limitação da nossa mente leva-nos a só

compreender as coisas compostas quando as consideramos em suas partes e

contemplamos as faces diversas com que elas se nos apresentam, isto é, o que se

costuma chamar conhecer por abstração.

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A abstração é a operação mediante a qual alguma coisa é escolhida como

objeto de percepção, atenção, observação, consideração, pesquisa, estudo, etc. e

isolada de outras coisas. Ela é inerente a qualquer procedimento cognitivo. Segundo

Aristóteles, o processo todo do conhecimento pode ser descrito com ela; sendo que

Tomás de Aquino reduz todo o conhecimento intelectual à operação de abstrações.

O homem cria por abstração.

É o ato de separar mentalmente um ou mais elementos de uma totalidade

complexa (coisa, representação, fato), os quais só mentalmente podem subsistir fora

dessa totalidade. (cf.: Aurélio).

SILOGISMO

Um silogismo (do grego antigo, "conexão de ideias", "raciocínio"; composto

pelos termos σύν "com" e λογισμός "cálculo") é um termo filosófico com o qual

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Aristóteles designou a argumentação lógica perfeita, constituída de três proposições

declarativas que se conectam de tal modo que a partir das primeiras duas,

chamadas premissas, é possível deduzir uma conclusão. A teoria do silogismo foi

exposta por Aristóteles em Analíticos anteriores.

Num silogismo, as premissas são um ou dois juízos que precedem a

conclusão e dos quais ela decorre como consequente necessário dos antecedentes,

dos quais se infere a consequência. Nas premissas, o termo maior (predicado da

conclusão) e o termo menor (sujeito da conclusão) são comparados com o termo

médio, e assim temos a premissa maior e a premissa menor segundo a extensão

dos seus termos.

Um exemplo clássico de silogismo é o seguinte:

Todo homem é mortal.

Sócrates é homem.

Logo, Sócrates é mortal.

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SÓCRATES

Sócrates nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 470 aC, e tornou-se

um dos principais pensadores da Grécia Antiga. Podemos afirmar que Sócrates

fundou o que conhecemos hoje por filosofia ocidental. Foi influenciado pelo

conhecimento de outro importante filósofo grego: Anaxágoras. Seus primeiros

estudos e pensamentos discorrem sobre a essência da natureza da alma humana.

Sócrates era considerado pelos seus contemporâneos um dos homens mais

sábios e inteligentes. Em seus pensamentos, demonstra uma necessidade grande

de levar o conhecimento para os cidadãos gregos. Seu método de transmissão de

conhecimentos e sabedoria era o diálogo. Através da palavra, o filósofo tentava levar

o conhecimento sobre as coisas do mundo e do ser humano.

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Conhecemos seus pensamentos e ideias através das obras de dois de seus

discípulos: Platão e Xenofontes. Infelizmente, Sócrates não deixou por escrito seus

pensamentos.

Sócrates não foi muito bem aceito por parte da aristocracia grega, pois

defendia algumas ideias contrárias ao funcionamento da sociedade grega. Criticou

muitos aspectos da cultura grega, afirmando que muitas tradições, crenças religiosas

e costumes não ajudavam no desenvolvimento intelectual dos cidadãos gregos.

Em função de suas ideias inovadoras para a sociedade, começa a atrair a

atenção de muitos jovens atenienses. Suas qualidades de orador e sua inteligência,

também colaboraram para o aumento de sua popularidade. Temendo algum tipo de

mudança na sociedade, a elite mais conservadora de Atenas começa a encarar

Sócrates como um inimigo público e um agitador em potencial. Foi preso, acusado

de pretender subverter a ordem social, corromper a juventude e provocar mudanças

na religião grega. Em sua cela, foi condenado a suicidar-se tomando um veneno

chamado cicuta, em 399 AC.

Algumas frases e pensamentos atribuídos ao filósofo Sócrates:

- A vida que não passamos em revista não vale a pena viver.

- A palavra é o fio de ouro do pensamento.

- Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância.

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- É melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal.

- Alcançar o sucesso pelos próprios méritos. Vitoriosos os que assim procedem.

- A ociosidade é que envelhece, não o trabalho.

- O início da sabedoria é a admissão da própria ignorância.

- Chamo de preguiçoso o homem que podia estar melhor empregado.

- Há sabedoria em não crer saber aquilo que tu não sabes.

- Não penses mal dos que procedem mal; pense somente que estão equivocados.

- O amor é filho de dois deuses, a carência e a astúcia.

- A verdade não está com os homens, mas entre os homens.

- Quatro características deve ter um juiz: ouvir cortesmente, responder sabiamente,

ponderar prudentemente e decidir imparcialmente.

- Quem melhor conhece a verdade é mais capaz de mentir.

- Sob a direção de um forte general, não haverá jamais soldados fracos.

- Todo o meu saber consiste em saber que nada sei.

- Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus.

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A FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

A Filosofia contemporânea (ou pós-

moderna) é a Filosofia que se encontra no

período histórico do final do século XIX até

os dias de hoje. Caracteriza-se por uma

visão crítica frente a moral, à religião e a

ciência. Assim, os filósofos pós-modernos

procuram criticar as bases morais da

sociedade ocidental, questionar o

cristianismo e os abusos da Ciência. Há, também, uma crítica especialmente forte

quanto à Política, que sofreu tantas reviravoltas nesse período no Ocidente.

Uma das correntes filosóficas dessa época é o Idealismo. Explicaremos sobre

essa abaixo:

IDEALISMO

O Idealismo é uma corrente filosófica que emergiu apenas com o advento da

modernidade, uma vez que a posição central da subjetividade é fundamental na

modernidade. Seu oposto é o materialismo.

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Tendo suas origens a partir da revolução filosófica iniciada por Descartes,

associada a Kant até Hegel, que seria talvez o último grande idealista da

modernidade. Muitos, ainda, acreditam que a teoria das ideias de Platão é

historicamente a primeira dos idealismos, em que a verdadeira realidade está no

mundo das ideias, das formas inteligíveis, acessíveis apenas à razão.

Definição de idealismo

É muito difícil resumir o

pensamento idealista, uma vez que há

divergências de perspectivas teóricas

entre os filósofos idealistas. De todo modo, podemos considerar o primado do Eu

subjetivo como central em todo idealismo, o que não significa necessariamente

reduzir a realidade ao pensamento. Assim, na filosofia idealista, o postulado básico é

que Eu sou Eu, no sentido de que o Eu é objeto para mim (Eu). Ou seja, a velha

oposição entre sujeito e objeto se revela no idealismo como incidente no interior do

próprio eu, uma vez que o próprio Eu é o objeto para o sujeito (Eu).

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Ideias básicas do Idealismo

1. Qualquer teoria filosófica em que o mundo material, objetivo, exterior só pode ser

compreendido plenamente a partir de sua verdade espiritual, mental ou subjetiva.

Seus opostos seriam representados pelo realismo ('na filosofia moderna') e

materialismo;

1.1 No sentido ontológico, doutrina filosófica, cujo exemplo mais conhecido é o

platonismo, segundo a qual a realidade apresenta uma natureza essencialmente

espiritual, sendo a matéria uma manifestação ilusória, aparente, incompleta, ou mera

imitação imperfeita de uma matriz original constituída de formas ideais inteligíveis e

intangíveis;

1.2. No sentido epistemológico, tal como ocorre no kantismo, teoria que considera o

sentido e a inteligibilidade de um objeto de conhecimento dependente do sujeito que

o compreende, o que torna a realidade cognoscível heterônoma, carente de

autossuficiência, e necessariamente redutível aos termos ou formas ideais que

caracterizam a subjetividade humana;

1.3 No âmbito prático, cujo exemplo mais notório é o da ética kantiana, doutrina que

supõe o caráter fundamental dos ideais de conduta como guias da ação humana, a

despeito de uma possível ausência de exeqüibilidade integral ou verificabilidade

empírica em tais prescrições morais.

2 Propensão a idealizar a realidade ou a deixar-se guiar mais por ideais do que por

considerações práticas;

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3 Teoria ou prática que valoriza mais a imaginação do que a cópia fiel da natureza.

Seu oposto seria o realismo.

Glossário

Idealismo absoluto: Doutrina idealista inerente ao hegelianismo, caracterizada pela

suposição de que a única realidade plena e concreta é de natureza espiritual, sendo

a compreensão materialística ou sensível dos objetos um estágio pouco evoluído e

superável no paulatino desenvolvimento cognitivo da subjetividade humana.

Idealismo dogmático: Idealismo, especialmente o berkelianismo, que se caracteriza

por negar a existência dos objetos exteriores à subjetividade humana [Termo

cunhado pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) para designar uma

orientação idealista com a qual não concorda.]. Seu oposto seria o idealismo

transcendental.

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Idealismo imaterialista: Idealismo defendido por Berkeley (1685-1753) que,

partindo de uma perspectiva empirista, na qual a realidade se confunde com aquilo

que dela se percebe, conclui que os objetos materiais reduzem-se a ideias na mente

de Deus e dos seres humanos; berkelianismo, imaterialismo.

Idealismo transcendental (também chamado formal ou crítico): Doutrina kantiana,

segundo a qual os fenômenos da realidade objetiva, por serem incapazes de se

mostrar aos homens exatamente tais como são, não aparecem como coisas-em-si,

mas como representações subjetivas construídas pelas faculdades humanas de

cognição. Seu oposto seria o idealismo dogmático.

Preste atenção

nesse glossário.

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RENÉ DESCARTES: UMA BREVE BIOGRAFIA

Uma personalidade dominante da história intelectual ocidental, René

Descartes foi um filósofo, fisiologista e matemático francês, nascido em 31 de março

de 1596, em La Haye, na província de Touraine. Ele foi um contemporâneo de

Galileu e Pascal e, portanto trabalhou sob as mesmas influências religiosas

repressoras da Inquisição.

Cedo em sua vida, pouco após ter se alistado no exército, em 1617,

Descartes descobriu que tinha talento para matemática, de modo que ele passou a

maior parte de seus anos militares e subsequentes (ele pediu demissão quatro anos

mais tarde) estudando matemática pura, especialmente geometria analítica, que se

tornou o campo ao qual fez suas maiores contribuições. Em 1626 ele se estabeleceu

em Paris, mas foi persuadido a mudar-se para a Holanda em 1628, país que estava,

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então, no auge do seu poder. Ali ele morou e trabalhou pelos próximos 20 anos,

devotando seu tempo e esforços ao estudo da matemática e filosofia, na

perseguição da verdade. Em 1649, foi convidado para ser professor da Rainha

Cristina da Suécia, mudando-se para Estocolmo, mas morreu poucos meses após

chegar, de pneumonia aguda, em 11 de fevereiro de 1650.

Os trabalhos de Descartes em filosofia e ciência foram publicados em cinco

livros: Le Monde (O Mundo), uma tentativa de descrever o universo físico, o

Discours de la Méthode Pour Bien Conduire Sa Raison et Chercher La Vérité Dans

Les Sciences (Discurso sobre o Método de Bem Conduzir sua Razão e Procurar a

Verdade nas Ciências), seu trabalho mais importante; Meditationes, um sumário de

suas ideias filosóficas em epistemologia, Principia

Philosophiae (Princípios da Filosofia), cuja maior parte

foi devotada à física, especialmente as leis do

movimento, e Les Passions de L'ame (As Paixões da

Alma), sua mais importante contribuição à fisiologia e

à psicologia. As contribuições de Descartes à física

foram feitas principalmente na óptica, mas ele

escreveu extensamente sobre muitos outros temas,

incluindo biologia, cérebro e mente. Ele não foi um

experimentalista, no entanto.

O esteio da filosofia de Descartes pode ser resumida por sua famosa frase

em latim: Cogito, ergo sum (penso, logo existo). Ele foi o primeiro a levantar a

doutrina do dualismo corpo/mente, a propor uma sede física para a mente, e a

maneira como ela se inter-relaciona com o corpo. Portanto, ele discutiu temas

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importantes para as neurociências, que vieram a dominar os quatro séculos

seguintes, tais como a ação voluntária e involuntária, os reflexos, consciência,

pensamento, emoções, e assim por diante.

DEUS, A CIÊNCIA E O LIVRE-ARBÍTRIO.

Para Descartes, o Deus criador transcende radicalmente a natureza. Deus Foi

"inteiramente indiferente ao criar as coisas que criou". Não se submeteu a nenhuma

verdade prévia. Em virtude do poder de seu livre-arbítrio, criou as verdades. Eis por

que Deus quer que a soma dos ângulos de um triângulo seja igual a dois ângulos

retos.

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Acrescentemos que, para Descartes, Deus criou o mundo instante por

instante (é a "criação contínua"). O tempo é descontínuo e a natureza não tem

nenhum poder próprio. As leis da natureza só são o que são a cada momento, em

virtude da vontade do criador. É importante compreender que essa transcendência

radical de Deus possui duas consequências fundamentais. O livre-arbítrio humano e

a independência da ciência.

1. - O homem não é uma parte de Deus. A transcendência do criador afasta

qualquer panteísmo. O homem, simples criatura ultrapassada por seu criador

(concebo Deus porque descubro em mim a marca de sua infinitude, mas não o

compreendo), recebo, assim, uma autonomia que será perdida no sistema panteísta

de Spinoza. O homem é livre, pode dizer sim ou não às ordens de Deus. É certo

que, na Quarta Meditação, Descartes fala da liberdade esclarecida, dessa liberdade

que não pode tratar da verdade ou do bem, dessa liberdade que é antes um estado

de libertação do que uma decisão pura, situada além de todas as razões. Mas nos

Princípios e sobretudo nas cartas ao Pe. Mesland, de 2 de maio de 1644 e 9 de

fevereiro de 1645, Descartes afirma radicalmente o livre-arbítrio, o poder de recusar

a Verdade e o Bem até mesmo na presença da evidência que se manifesta. Esses

textos esclarecem a teoria do juízo presente na Quarta meditação. O entendimento

concebe a verdade e é a vontade que dá as costas a ou afirma essa verdade. Deus

propõe e o homem, por intermédio de seu livre-arbítrio, dispõe. Desse modo, Deus

não é o culpado dos meus erros nem dos meus pecados. Sou eu que me engano,

sou eu que peco. Meu livre-arbítrio me faz merecedor ou culpado.

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2. - Do mesmo modo, a transcendência de Deus vai tornar possível uma ciência

puramente racional e mecanicista da natureza.

a) A natureza, segundo Descartes, não possui dinamismo próprio. Todo dinamismo

pertence ao criador. Na medida em que a natureza é despojada de toda

profundidade metafísica, Descartes pode eliminar as noções aristotélicas e

medievais de forma, alma, ato e potência. Toda finalidade desaparece e a natureza

é reduzida a um mecanicismo inteiramente transparente para a linguagem

matemática. A natureza nada tem de divino, é um objeto criado, situado no mesmo

plano da inteligência humana, e, por conseguinte, inteiramente entregue à sua

exploração. Isto consiste, ao mesmo tempo, na rejeição de todo naturalismo pagão

(a natureza não é uma deusa) e na fundamentação metafísica do racionalismo

científico.

b) Nem tudo tem o mesmo valor na obra científica de Descartes. Se sua ótica e suas

considerações sobre a expressão algébrica das curvas (ele é, juntamente com

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Fermat, o inventor da geometria analítica) constituem incontestável contribuição

científica, sua física (dada, aliás, mais como uma possibilidade racional do que como

a verdade certa) não passa de um romance. Mas o espírito dessa física e da

fisiologia cartesiana - que não passa de um capítulo da física - nada mais é do que o

espírito do mecanicismo. Quando Descartes declara que os animais são máquinas,

ele coloca, em princípio, que é possível explicar as funções fisiológicas por

intermédio de mecanismos semelhantes àqueles que fazem mover os autômatos

que vemos "nos jardins de nossos reis". O detalhe das explicações não passa de um

sonho. Mas a direção tomada é a ciência moderna. Para Descartes, o mundo físico

não possui mistérios. As coisas se determinam reciprocamente (leis do choque), por

contato direto, num espaço em que não existe o vazio.

O PROBLEMA DO HOMEM: A MORAL

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1. - No Discurso sobre o Método, Descartes adota

uma moral provisória - pois a ação não pode

esperar que a filosofia cartesiana engendrasse

uma nova moral. Recordemos seus três preceitos:

a) Submeter-se aos usos e costumes de seu país.

b) Antes mudar os próprios desejos que a ordem

do mundo e vencer-se a si próprio do que à

fortuna.

c) Ser sempre firme e resoluto em suas ações; saber decidir-se mesmo na ausência

de toda evidência, à semelhança do viajante perdido na floresta que, ao invés de

ficar fazendo voltas, adota uma direção qualquer e nela se mantém! (O

cartesianismo, antes de ser uma filosofia da inteligência, é uma filosofia da vontade).

2. - É certo que a moral definitiva de Descartes não apresenta uma unidade perfeita.

Influências estoicas, epicuristas e cristãs estão presentes nela. Mas, na realidade,

essa complexidade reflete a própria complexidade da condição humana. No plano

das ideias claras e distintas, Descartes separa claramente as duas substâncias,

alma e corpo: a essência da alma é pensar; a do corpo é ser um objeto no espaço. E

no entanto, o pensamento está preso a esse fragmento de extensão. A alma age

sobre o corpo e este age sobre ela. (Para Descartes, o ponto de aplicação da alma

ao corpo é a glândula pineal, isto é, a epífise.) Mas isso não esclarece a união da

alma e do corpo, que é um fato de experiência, puramente vivido e ininteligível.

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Na medida em que Descartes considera o homem no que ele tem de

essencial, enquanto espírito, ou quando se ocupa do composto humano, sua moral

assume aspectos diferentes:

a) Consideremos o homem enquanto espírito, enquanto liberdade: o valor supremo é

a generosidade. "A verdadeira generosidade que faz com que um homem se estime,

no ponto máximo em que ele pode legitimamente estimar-se, consiste, em parte, na

consciência de que nada lhe pertence verdadeiramente, exceto essa livre disposição

de suas vontades... e em parte no sentimento de uma firme e constante resolução

de bem usá-la, isto é, de nunca lhe faltar vontade para empreender e executar todas

as coisas que julgar melhores, o que é seguir a virtude perfeitamente".

b) Se considerarmos o homem enquanto espírito unido a um corpo, somos

obrigados a levar em conta as paixões, isto é, a afetividade em sentido amplo.

Paixão é, para Descartes, tudo o que o corpo determina na alma. E Ele, que nada

tem de asceta, acha que devemos antes dominá-las do que desenvolvê-las. Isso

porque ele se coloca do ponto de vista da felicidade. O bom funcionamento do

corpo, as ligações harmoniosas entre os espíritos animais e os pensamentos

humanos são altamente desejáveis. A moral surge, então, como uma técnica de

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felicidade e, nessa técnica, a medicina desempenha importante papel. A moral surge

aqui como uma aplicação direta ao mecanicismo cartesiano.

UTILITARISMO

Em Filosofia, o utilitarismo é uma doutrina ética que prescreve a ação (ou

inação) de forma a aperfeiçoar o bem-estar do conjunto dos seres envolvidos. O

utilitarismo é então uma forma de consequencialismo, ou seja, ele avalia uma ação

(ou regra) unicamente em função de suas consequências.

Filosoficamente, pode-se resumir a doutrina utilitarista pela frase: Agir sempre

de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar (Princípio do bem-estar

máximo).

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Trata-se então de uma moral eudemonista, mas que, ao contrário do

egoísmo, insiste no fato de que devemos considerar o bem-estar de todos e não o

de uma única pessoa.

Antes de quaisquer outros, foram Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart

Mill (1806-1873) que sistematizaram o princípio da utilidade e o aplicaram a

questões concretas – sistema político, legislação, justiça, política econômica,

liberdade sexual, emancipação feminina, etc.

Em Economia, o utilitarismo pode ser entendido como um princípio ético no

qual o que determina se uma decisão ou ação é correta, é o benefício intrínseco

exercido à coletividade, ou seja, quanto maior o benefício coletivo, tanto melhor a

decisão ou ação.

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Princípio da Utilidade

John Stuart Mill foi um dos filósofos que se debruçaram sobre o princípio da

utilidade. Bentham expõe o conceito central da utilidade no primeiro capítulo do livro

Introduction to the Principles of Morals and Legislation (―Introdução aos princípios

da moral e legislação‖), da seguinte forma:

― Por princípio da utilidade, entendemos o princípio segundo o qual toda ação,

qualquer que seja, deve ser aprovada ou rejeitada em função de sua tendência de

aumentar ou reduzir o bem-estar das partes afetadas pela ação. (...) Designamos

por utilidade a tendência de alguma coisa em alcançar o bem-estar, o bem, o belo, a

felicidade, as vantagens, etc. “O conceito de utilidade não deve ser reduzido ao

sentido corrente de modo de vida com um fim imediato".

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Perspectiva moral e política: Características gerais

O utilitarismo, concebido como um critério

geral de moralidade pode e deve ser aplicado

tanto às ações individuais quanto às decisões

políticas, tanto no domínio econômico quanto nos

domínios sociais ou judiciários. O Utilitarismo é

um tipo de ética normativa -- com origem nas

obras dos filósofos e economistas ingleses do

século XVIII e XIX, Jeremy Bentham e John

Stuart Mill, -- segundo a qual uma ação é

moralmente correta se tende a promover a

felicidade e condenável se tende a produzir a infelicidade, considerada não apenas a

felicidade do agente da ação, mas também a de todos os afetados por ela.

O utilitarismo rejeita o egoísmo, opondo-se a ideia de que o indivíduo deva

perseguir seus próprios interesses, mesmo à custa dos outros, e se opõe também a

qualquer teoria ética que considere ações ou tipos de atos como certos ou errados

independentemente das consequências que eles possam ter.

O utilitarismo assim difere radicalmente das teorias éticas que fazem o caráter

de bom ou mal de uma ação depender do motivo do agente porque, de acordo com

o Utilitarismo, é possível que uma coisa boa venha a resultar de uma motivação ruim

no indivíduo.

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Antes, porém, desses dois autores darem forma ao Utilitarismo, o

pensamento utilitarista já existia, inclusive na filosofia antiga, principalmente no de

Epicuro e seus seguidores na Grécia antiga. E na Inglaterra, alguns historiadores

indicam o Bispo Richard Cumberland, um filósofo moralista do século XVII, como o

primeiro a apresentar uma filosofia utilitarista. Uma geração depois, Francis

Hutcheson, com sua teoria do "sentido interior da moralidade" ("moral sense")

manteve uma posição utilitarista mais clara. Ele cunhou a frase utilitarista de que "a

melhor ação é a que busca a maior felicidade para o maior número de indivíduos".

Também propôs uma forma de "aritmética moral" para cálculo da melhor

consequência possível. David Hume tentou analisar a origem das virtudes em

termos de sua contribuição útil.

O próprio Bentham disse haver descoberto o "princípio de utilidade" nos

escritos de vários pensadores do século XVIII como Joseph Priestley, um clérigo

dissidente famoso por haver descoberto o oxigênio, e Claude-Adrien Helvétius, autor

de uma filosofia de meras sensações, de Cesare Beccaria, jurista italiano, e de

David Hume. Helvétius foi posterior a Hume e deve ter conhecido seu pensamento,

e Beccária o de Helvétius.

Outro apoio ao Utilitarismo é

o de natureza teológica, devido a

John Gay, um filósofo estudioso da

Bíblia que argumentava que fazer a

vontade de Deus era o único critério

de virtude, mas que, devido à

bondade divina, ele concluía que

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Deus desejava que o homem promovesse a felicidade humana.

Bentham, que aparentemente acreditava que o indivíduo, no governo de seus

atos iria sempre buscar maximizar seu próprio prazer e minimizar seu sofrimento,

colocou no prazer e na dor ambos a causa das ações humanas e as bases de um

critério normativo da ação.

À arte de alguém governar suas próprias ações, Bentham chamou "ética

particular". Neste caso a felicidade do agente é o fator determinante; a felicidade dos

outros governa somente até o ponto em que o agente é motivado por simpatia,

benevolência, ou interesse na boa vontade e opinião favorável dos outros.

Para Bentham, a regra de se buscar a maior felicidade possível para o maior

número possível de pessoas devia ter papel primordial na arte de legislar, na qual o

legislador buscaria maximizar a felicidade da comunidade inteira criando uma

identidade de interesses entre cada indivíduo e seus companheiros. Aplicando

penas por atos mal-intencionados, o legislador seria prejudicial para um homem que

causasse danos ao seu vizinho. O trabalho filosófico mais importante de Bentham,

An Introduction to the Principles of Morals and Legislation ("Uma introdução aos

princípios de moral e legislação"), de 1789, foi

pensado como uma introdução a um projeto de

Código Penal.

Jeremy Bentham atraiu jovens

intelectuais como discípulos, entre eles o

economista David Ricardo, James Mill e o jurista

John Austin. Mais tarde John Stuart Mill, filho de

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James Mill, defendia o voto feminino, a educação paga pelo Estado para todos, e

outras propostas radicais para sua época, com base na visão utilitarista de que tais

medidas eram essenciais à felicidade e bem estar de todos, assim como também a

liberdade de expressão e a não interferência do governo quando o comportamento

individual não afetasse as outras pessoas. Seu ensaio "Utilitarianism," publicado no

Fraser's Magazine (1861), é citado como uma elegante defesa da doutrina Utilitarista

e considerada ser ainda a melhor introdução ao assunto, apresentando o Utilitarismo

como uma ética tanto para o comportamento do indivíduo comum quanto para a

legislação social.

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ATIVIDADES DE FIXAÇÃO

1- Os pré-socráticos são filósofos que viveram na Grécia Antiga e nas suas

colônias. Assim são chamados, pois são os que vieram antes de Sócrates,

considerado um divisor de águas na filosofia. Muito pouco de suas obras

está disponível, restando apenas fragmentos. O primeiro filósofo em que

temos uma obra sistemática e com livros completos é:

a) Platão

b) Aristóteles

c) Tales de Mileto

d) Sócrates

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2- O primeiro filósofo grego conhecido na história foi:

a) Platão

b) Aristóteles

c) Tales de Mileto

d) Sócrates

3- Tales de Mileto tinha como filosofia que:

a) Deus era o criador de todas as coisas.

b) A água, o indefinido, e o ar eram o principio ou origem de todas as coisas.

c) O homem era o criador de todas as coisas.

d) Todas as alternativas estão erradas.

4- O criador da teoria dos quatro elementos foi:

a) Anaxágoras

b) Tales de Mileto

c) Empédocles

d) Platão

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5- Platão nasceu em 427 a.C e faleceu na mesma cidade, Atenas, em 347

a.C. Filho de uma família da aristocracia ateniense dedicada à política, foi

discípulo de Crátilo (séc. V a.C.) que por sua vez foi seguidor de Heráclito de

Éfeso (séc. VI a.C.) e, posteriormente, tornou-se discípulo de:

a) Tales de Mileto

b) Sócrates

c) Pitágoras

d) Rosseau

6- De uma maneira geral, os elementos centrais do pensamento platônico são:

a) A doutrina das ideias, onde os objetos do conhecimento se distinguem das

coisas naturais;

b) A superioridade da sabedoria sobre o saber, uma espécie de objetivo político

para a filosofia;

c) A Dialética, enquanto procedimento científico.

d) Todas as respostas estão corretas.

7- Sobre Aristóteles marque a alternativa incorreta:

a) Aristóteles nasceu no ano de 385 a.C.;

b) Aristóteles nasceu em Estagiros, cidadezinha da Trácia fundada por

colonos gregos no lugar onde hoje se situa Stavro, na costa setentrional

do mar Egeu.

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c) Seu pai morreu quando era mais velho, este chamava Nicômaco,

engenheiro bastante famoso, neto de Esculápio.

d) Um amigo da família, Próxeno, que morava em Estagiros, se encarregou

de sua educação.

8- O primeiro filho de Aristóteles chamou:

a) Filipe

b) Alexandre

c) Próxero

d) Todas as respostas estão erradas.

9- Sócrates nasceu em:

a) Galiléia

b) Atenas

c) Russia

d) Trácia

10- Sócrates foi influenciado filosoficamente por:

a) Platão

b) Aristóteles

c) Anaxágoras

d) Tales de Mileto

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BILIOGRAFIA BÁSICA

CHAUÍ, Marilena. Convite á Filosofia. São Paulo: Ática, 1999.

COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2000.

PRADO JUNIOR, C. O que é Filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1983.

REALE, M. Introdução a Filosofia. São Paulo: Saraiva, 1988.

SANCHEZ VASQUEZ, Adolfo. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

ARANHA, M.L ; MARTINS, M.H.P. Filosofando: introdução a filosofia. São Paulo:

moderna, 1993.

BUARQUE, Cristovam. A desordem do progresso. São Paulo: paz e terra, 1993.

CIVITA, Victor. A história da filosofia. Coleção de pensadores. São Paulo: Nova

Cultural, 1999.

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GABARITO

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Curso:_____________________________________________________________

Disciplina:__________________________________________________________

Data de envio: __________/____________/_________________.

Questão Letra

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Assinatura do Aluno