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  • Curso introdutrio de

    Fundamentos daFundamentos daFundamentos daFundamentos da Fsica Experimental Fsica Experimental Fsica Experimental Fsica Experimental

    Um guia para as atividades de laboratrio

    Elaborado por:

    MaMaMaMarcia Mullerrcia Mullerrcia Mullerrcia Muller

    Jos Lus FabrisJos Lus FabrisJos Lus FabrisJos Lus Fabris

    Maio Maio Maio Maio de 2012de 2012de 2012de 2012

  • Fundamentos da Fsica Experimental Mrcia Muller e Jos Lus Fabris

    Universidade Tecnolgica Federal do Paran UTFPR Departamento de Fsica

    ii

    Prefcio

    A idia original que ser abordada neste texto a de que, por meio de uma Disciplina

    de Fundamentos da Fsica Experimental, sejam desenvolvidos elementos e habilidades

    da metodologia cientfica que possam ser empregados nas mais diversas reas do

    conhecimento. No se trata de realizar experimentos complexos, mas sim por meio de

    montagens simples, criar uma metodologia que possa auxiliar nos problemas

    enfrentados no cotidiano quer do professor, do pesquisador ou mesmo da pessoa.

    Abordaremos nas pginas seguintes questes relacionadas com a resoluo de

    problemas, desde a identificao do problema em si, passando pelo estabelecimento das

    possveis tcnicas para sua soluo, finalizando com a anlise dos resultados obtidos e

    sua concluso geral.

    Para o desenvolvimento da Disciplina, optamos por um encaminhamento um tanto

    diferente dos habitualmente encontrados nos cursos de Mtodos de Fsica Experimental.

    A idia no fazer uma abordagem dos diversos contedos necessrios ao curso na

    forma de itens fragmentados, mas sim de forma integrada ao longo de todo o trabalho.

    Assim, por exemplo, o funcionamento dos instrumentos de medio ser abordado

    medida que estes se tornarem necessrios. Tambm procuramos no nos estender

    demais abordando diversos instrumentos, mas sim fornecer as bases para compreenso e

    extenso do que h de fundamental nestes instrumentos a outros que porventura possam

    ser necessrios. Os conceitos estatsticos (erro, valor mdio, desvio padro...)

    necessrios ao tratamento de dados experimentais tambm sero apresentados segundo a

    mesma filosofia. No tocante a questo de grficos, uma importante ferramenta na rea

    experimental, procuramos fazer uma abordagem inicial que possibilite a elaborao de

    um grfico otimizado sem softwares especializados. Numa segunda etapa, os recursos

    computacionais sero ento explorados permitindo um incremento na qualidade dos

    resultados obtidos.

    Ao concluir esta Disciplina, voc dever estar apto a satisfazer as demandas diversas

    no apenas deste Curso de Licenciatura em Fsica, mas tambm dever estar mais

    preparado para o desempenho de suas futuras atuaes profissionais.

    Verso original: novembro de 2008 / Verso revisada: Maio/2012

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    iii

    ndice

    Captulo 1 - Discusso geral introdutria......................................................1

    1.1 - A metodologia cientfica na Fsica Experimental............................................1

    Captulo 2 - Medidas e seus erros.................................................................4

    2.1 - Classificao dos erros.....................................................................................4

    2.2 - Tratamentos estatsticos de medidas com erros aleatrios..............................6

    2.3 - Tratamento de medidas com erros sistemticos...............................................8

    2.4 - Incerteza padro e indicao do valor medido.................................................9

    2.5 - Algarismos significativos...............................................................................11

    2.6 Arredondamentos..........................................................................................12

    Captulo 3 - Propagao de incertezas........................................................16

    3.1 - Algumas frmulas de propagao..................................................................16

    3.2 - Estimativas de erros.......................................................................................18

    Captulo 4 Grficos..................................................................................23

    4.1 - Construo grfica.........................................................................................23

    4.2 - Ajuste de reta.................................................................................................24

    4.3 - Mtodo da mo livre...................................................................................25

    4.4 - Mtodo dos mnimos quadrados....................................................................27

    4.5 - Grficos em computador................................................................................32

    Captulo 5 Histogramas............................................................................44

    Captulo 6 Funes de distribuio .........................................................48

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    iv

    ndice de tabelas e figuras

    Tabela 1 - Espessura de uma moeda de um real, medida com um paqumetro com

    resoluo de 0.02 mm..................................................................................................3

    Tabela 2 - Espessura de uma moeda de um real, medida com um paqumetro com

    resoluo de 0.02 mm..................................................................................................3

    Tabela 3 - Frequncia de apario do valor da espessura de uma moeda de um real, ao

    longo de 8 medies.....................................................................................................3

    Tabela 4 - Exemplos de arredondamentos de nmeros...................................................13

    Tabela 5 - Dimenses do corpo de prova empregado, medidas com paqumetro de

    resoluo de ..... mm..................................................................................................14

    Tabela 6 - Idade em meses de diversas crianas e os correspondentes dados de altura..26

    Tabela 7 - Dados obtidos para perodo do pndulo em funo do comprimento do

    mesmo, e valores de perodo elevado ao quadrado....................................................34

    Tabela 8 - Valores obtidos yi (distncia focal da lente) em mm......................................44

    Tabela 9 - Tabela para construo do histograma com oito intervalos, obtida a partir dos

    dados da tabela 8. O smbolo indica intervalo fechado esquerda; note que o

    valor inicial do primeiro intervalo foi ajustado para englobar o valor mais baixo de

    yi.................................................................................................................................46

    Figura 1 - Boa exatido (accuracy) e preciso ruim.....................................................5

    Figura 2 - Boa preciso e exatido (accuracy) ruim.....................................................5

    Figura 3 - Paqumetro com nnio de 20 divises..............................................................9

    Figura 4 - Paqumetro simples com nnio de 10 divises...............................................10

    Figura 5 - Paqumetro simples com nnio de 20 divises...............................................11

    Figura 6 - rea do quadrado em funo do lado mostrando as incertezas em L e

    propagada para a rea.................................................................................................16

    Figura 7 - Leitura de uma rgua milimetrada..................................................................19

    Figura 8 - Leitura de um paqumetro...............................................................................20

    Figura 9 - Deslocamento em funo do tempo para um mvel em MRU: (a) smbolos

    muito pequenos, sem legendas, sem barras de erros; (b) grandezas sem unidade, m

    ocupao do espao, sem barras de erros...................................................................24

    Figura 10 - Deslocamento em funo do tempo para um mvel em MRU: (a) m

    ocupao do espao, linha irregular conectando os pontos; (b) diagramao

    adequada....................................................................................................................24

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    v

    Figura 11 - Reta ajustada aos pontos experimentais do deslocamento em funo do

    tempo para um mvel em MRU.................................................................................26

    Figura 12 - Grfico representando dados de medies feitas em condies de

    reprodutibilidade. A cada ponto experimental est associada uma incerteza

    estatstica diferente.....................................................................................................27

    Figura 13 - Grfico representando dados de medies feitas em condies de

    repetitividade..............................................................................................................28

    Figura 14 - Tela inicial do programa OriginTM................................................................33

    Figura 15 - Tela do programa OriginTM com a planilha de dados preenchida................34

    Figura 16 - Tela de salvamento de dados do programa OriginTM ..................................35

    Figura 17 - Tela de salvamento de dados do programa OriginTM devidamente preenchida

    e com o local de salvamento definido........................................................................35

    Figura 18 - Planilha de dados salvos...............................................................................36

    Figura 19 - Planilha de dados com a incluso de uma coluna adicional.........................36

    Figura 20 - Tela que permite inserir dados automaticamente numa coluna....................37

    Figura 21 - Preenchimento da tela que permite inserir dados automaticamente numa

    coluna.........................................................................................................................37

    Figura 22 - Tela que permite nomear uma coluna de dados............................................38

    Figura 23 - Tela da planilha de dados com o nome escolhido para cada coluna.............38

    Figura 24 - Inserindo uma coluna de erros na planilha de dados....................................39

    Figura 25 - Planilha de dados com as colunas de erros...................................................40

    Figura 26 - Planilha de dados com as colunas de erros preenchidas...............................40

    Figura 27 - Selecionando as colunas que sero plotadas.................................................41

    Figura 28 - Grfico plotado com os dados fornecidos ao programa...............................41

    Figura 29 - Procedimento ajustar de uma reta aos dados plotados..................................42

    Figura 30 - Tela final mostrando o grfico ajustado e os erros respectivos....................42

    Figura 31 - Histograma com oito intervalos para os valores medidos da distncia focal

    da lente.......................................................................................................................46

    Figura 32 - Distribuio gaussiana de probabilidades, mostrando o valor mdio medido

    e o desvio padro experimental, bem como a relao entre a probabilidade e a rea

    sob a curva.................................................................................................................49

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    Captulo 1 - Discusso geral introdutria

    Este captulo faz uma abordagem sobre a metodologia que deve ser empregada

    quando se realiza um trabalho experimental seja ele, uma simples experincia

    desenvolvida em sala de aula, ou um trabalho de pesquisa. Sero apresentadas no

    transcorrer do captulo as formas adequadas de documentar as atividades e os resultados

    obtidos. As informaes aqui obtidas devero ser aplicadas na disciplina e futuramente

    nas atividades profissionais.

    1.1 - A metodologia cientfica na Fsica Experimental

    A primeira questo que deve se considerada aqui diz respeito documentao

    detalhada de todas as atividades desenvolvidas durante o perodo letivo. A melhor

    maneira de se providenciar tal documentao por meio do emprego de um caderno de

    laboratrio. Neste caderno, todas as atividades pertinentes devero ser anotadas,

    seguindo o esquema cronolgico da Disciplina. Este caderno poder ser utilizado como

    fonte de consulta individual durante as avaliaes, e ser ele prprio um dos

    instrumentos que permitir a verificao do desempenho do aluno. importante para as

    aulas de laboratrio uma calculadora simples (calculadoras de celulares no so

    adequadas).

    A cada dia, sugere-se a utilizao da seguinte sequncia de anotaes:

    Data, Experimento, Equipe

    Anote o dia em que o experimento foi realizado, o nome do experimento, e os nomes

    dos participantes da equipe encarregada da execuo das atividades.

    Objetivos

    Aqui, de forma sucinta e numerada, devero ser estabelecidos os objetivos gerais do

    experimento. A clara definio destes objetivos permitir o planejamento e

    desenvolvimento de toda a experincia.

    Os objetivos no devem ser muito extensos nem em nmero demasiado, de forma a

    no dispersar a ateno em atividades e detalhes desnecessrios. Esta parte de suma

    importncia para o sucesso do experimento, e a ela deve ser dada a devida ateno.

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    Materiais e Mtodos

    Uma vez que se tenha definido o que se deseja com dado experimento, deve-se traar

    um plano de atividades que permita alcanar os objetivos previamente estabelecidos.

    Podem compor este item a teoria necessria para a realizao do experimento, os

    equipamentos e materiais empregados no seu desenvolvimento com respectivos

    diagramas das montagens e descrio das caractersticas tcnicas dos instrumentos,

    bem como a descrio dos procedimentos empregados na realizao dos experimentos.

    Resultados Experimentais

    Nesta etapa devem ser apresentados os resultados das medies realizadas durante

    todo o transcorrer do experimento. No se deve apagar ou descartar dados suspeitos de

    estarem incorretos; isto pode resultar em dificuldades para a realizao de anlises

    posteriores. No esquea que muitos resultados importantes nas mais diversas reas do

    conhecimento humano surgiram de erros em experimentos!

    Duas importantes ferramentas que podem ser empregadas aqui so as tabelas e

    grficos. Estes so to importantes que sero discutidos em detalhes mais adiante.

    Discusses e Concluses

    Finalmente, tudo que voc realizou no experimento deve agora ser considerado. A

    interpretao dos dados aponta para alguma caracterstica ou lei? O que se pode

    aprender do que foi experimentado?

    Evite concluses e discusses que nada somam como por exemplo a teoria se

    verifica na prtica ou o experimento foi vlido!

    Voc deve ser capaz de no apenas aprender com sua prtica, mas tambm

    possibilitar as outras pessoas compreender o que foi feito, concordar ou discordar das

    concluses e seguir seus passos para refazer o mesmo experimento, eventualmente com

    uma nova abordagem ou metodologia.

    Tabelas

    As tabelas podem ser utilizadas para agrupar sries de dados coletados em

    experimentos, bem como resultados de anlises estatsticas aplicadas a estes dados.

    Deve-se tomar o cuidado para dar um nome a cada tabela, com uma legenda para

    facilitar sua compreenso. Esta legenda normalmente apresentada na parte superior da

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    tabela. Se for o caso, na tabela deve-se indicar tambm a unidade da grandeza que est

    sendo analisada.

    Veja exemplos abaixo, onde constam os dados de 8 medies do dimetro de uma

    moeda, realizada com um paqumetro com resoluo de 0.02 mm.

    Tabela 1 - Espessura de uma moeda de um real, medida com um paqumetro com resoluo de

    0.02 mm.

    Medida no. Espessura (mm)

    1 1.82

    2 1.84

    3 1.86

    4 1.84

    5 1.88

    6 1.82

    7 1.82

    8 1.80

    Outros formatos de tabela com os mesmos dados podem ser utilizados, dependendo do

    espao disponvel para apresentao ou a finalidade a que se destina.

    Tabela 2: Espessura de uma moeda de um real, medida com um paqumetro com resoluo de

    0.02 mm.

    Medida no. 1 2 3 4 5 6 7 8

    Espessura (mm) 1.82 1.84 1.86 1.84 1.88 1.82 1.82 1.80

    Tabela 3 - Frequncia de apario do valor da espessura de uma moeda de um real, ao longo de 8

    medies.

    Espessura (mm) Frequncia

    1.80 1

    1.82 3

    1.84 2

    1.86 1

    1.88 1

    Total 8

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    Captulo 2 Medidas e seus erros

    Sempre que realizamos um experimento para medir alguma grandeza o valor medido

    (ou mensurando) deve vir acompanhado de uma unidade, que pode ser expressa no

    Sistema Internacional de Unidades de Medida (SI), e da incerteza correspondente. Neste

    contexto, a incerteza pode ser definida como um parmetro que, associado ao

    mensurando, caracteriza a disperso dos valores que pode ser atribuda razoavelmente

    ao mensurando. J o erro pode ser entendido como a diferena entre o resultado de uma

    medida e o valor real do mensurando. Independentemente da forma como a medida

    realizada, por mais cuidadoso que seja o processo de medio, o resultado obtido

    sempre estar sujeito a um erro experimental. Esse erro expressa a incerteza na

    determinao do mensurando.

    2.1 - Classificao dos erros

    Os erros experimentais podem ser classificados como erros sistemticos ou erros

    aleatrios tambm chamados de erros estatsticos.

    Erros sistemticos so aqueles gerados por fontes identificveis e, portanto podem

    ser eliminados ou compensados. Os erros sistemticos numa medida experimental

    podem ser resultantes de uma limitao imposta pelos equipamentos usados, de

    variaes de parmetros externos que influenciam a grandeza que est sendo medida,

    bem como da metodologia empregada pelo operador e de aproximaes e

    simplificaes realizadas para por em prtica o experimento. Portanto, o erro

    sistemtico sempre o mesmo nos n resultados, ou seja, os resultados so todos

    desviados para a mesma direo com relao ao valor real.

    Como exemplo, erros sistemticos podem ser introduzidos em uma medida: pelo uso

    de um equipamento descalibrado ou defeituoso (termmetro, cronmetro, paqumetro,

    multmetro...), pela variao da temperatura ambiente que afeta uma medida

    espectroscpica, pelo posicionamento angular do observador ao visualizar a escala do

    equipamento (erro de paralaxe), ou ainda desconsiderando a resistncia do ar na medida

    da acelerao da gravidade baseada no tempo de queda de um corpo.

    Logo, quando o experimento idealizado deve-se tentar identificar e eliminar o

    maior nmero possvel de fontes de erros sistemticos. A soluo est, portanto, no

    adequado planejamento do experimento.

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    Os erros sistemticos fazem com que as medidas feitas estejam acima ou abaixo do

    valor real, prejudicando a exatido ("accuracy") da medida (ver figura 1).

    Figura 1 - Exatido (accuracy) ruim e preciso boa.

    Na prtica, pode ocorrer que seja dispendioso ou complicado, ou simplesmente

    desnecessrio reduzir ou corrigir os erros sistemticos (por exemplo, em experincias

    didticas, onde o maior interesse no exatamente o resultado final da medio). Neste

    caso, os erros sistemticos no corrigidos ou minimizados so chamados de erros

    sistemticos residuais. Neste texto, adotamos o ponto de vista de que as incertezas

    sistemticas residuais devem ser consideradas como incertezas estatsticas, para

    efeito de expressar a incerteza final no resultado de uma medio.

    Os erros aleatrios, por sua vez, so provocados por fatores imprevisveis e causam

    flutuaes no valor medido mesmo quando a medio repetida usando os mesmos

    equipamentos e empregando a mesma metodologia. importante salientar que estes

    erros ocorrem mesmo numa experincia bem planejada. Os erros aleatrios afetam a

    preciso ("precision") da medida (ver figura 2).

    Figura 2 Preciso ruim e exatido (accuracy) boa.

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    importante salientar que nem sempre se pode identificar as fontes de erros

    aleatrios.

    Erros aleatrios podem ser introduzidos por flutuaes nas condies ambientais:

    mudanas no previsveis na temperatura, voltagem da linha, correntes de ar, vibraes.

    Por exemplo, por correntes de ar ou vibraes numa medida de massa usando uma

    balana, causadas por passagem de pessoas perto do aparato experimental ou veculos

    nas vizinhanas.

    Os erros aleatrios podem ser minimizados reduzindo os fatores aleatrios que

    interferem no processo de medio. Outra soluo para reduzir estes erros consiste na

    repetio do experimento, sob as mesmas condies, vrias vezes seguida de um

    tratamento estatstico dos resultados.

    Existem tambm os erros grosseiros causados por enganos e que, portanto, no

    podem ser considerados erros do ponto de vista da teoria de erros. No admissvel

    apresentar resultados que contenham erros grosseiros. Quando houver suspeita da

    ocorrncia de um erro grosseiro em uma medida esta deve ser repetida, se possvel, ou

    eliminada do conjunto de dados.

    Concluindo, o erro inerente ao processo de medio e nunca completamente

    eliminado, porm podemos minimiz-lo. Costuma-se dizer que No existe medida sem

    erro.

    Uma classificao alternativa para as incertezas resultantes de medies considerar

    Incertezas do Tipo A aquelas que surgem em funo de fenmenos estatsticos ou

    aleatrios em sries de observaes, e Incertezas do Tipo B as decorrentes de qualquer

    outra fonte no estatstica de incerteza.

    2.2 - Tratamentos estatsticos de medidas com erros aleatrios

    Os erros sistemticos ( incertezas do tipo B) desviam os valores medidos do valor

    real de uma mesma quantidade, enquanto que os erros aleatrios ( incertezas do tipo A)

    produzem uma flutuao dos resultados em torno do valor real da grandeza e portanto

    uma distribuio simtrica de erros. Assim, se as medidas forem realizadas

    cuidadosamente e com planejamento, sob as mesmas condies e mantendo a mesma

    metodologia, buscando desta maneira sempre minimizar os erros sistemticos, uma boa

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    estimativa do valor real da grandeza medida fornecida pela mdia aritmtica dos

    valores medidos. Sendo assim, o valor mais provvel da grandeza ser:

    =

    =N

    i

    iyN

    y1

    1 (1)

    Onde yi o valor obtido na i-sima medida, e N o nmero total de medidas

    realizadas.

    O valor mdio diferente do valor verdadeiro porm a incerteza associada com o

    valor mdio menor que a incerteza para cada um dos valores yi.

    Ao se realizar vrias medies da mesma grandeza nas mesmas condies, a

    incidncia de erros aleatrios faz com que os valores medidos estejam distribudos em

    torno da mdia. Espera-se que o valor mdio se torne tanto mais preciso quanto maior

    for o nmero de medidas.

    Para uma srie de medidas a disperso, que indica quanto os resultados se espalham

    em relao ao valor mdio por causa dos erros aleatrios, pode ser calculada a partir do

    desvio mdio quadrtico ou desvio padro obtido a partir dos resultados experimentais.

    Suponha que foram realizadas N medidas de uma grandeza y, que forneceram os

    valores y1, y2, y3, ... yN para a grandeza.

    Para cada medida calcula-se o desvio com relao ao valor mdio:

    yyd ii = (2)

    A melhor estimativa experimental para o desvio padro (desvio padro

    experimental) ser:

    ( )=

    N

    i

    i yyN 1

    2

    11

    (3)

    Ou ainda:

    =

    N

    ii y

    N

    Ny

    N 1

    22

    111

    (4)

    A segunda equao mais fcil de ser resolvida, pois s necessrio calcular o

    somatrio de yi2 no lugar do somatrio de ( )2yyi .

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    Se fossem realizados k conjuntos de n medies da grandeza , cada conjunto

    forneceria um valor mdio. Sendo assim, teramos k valores mdios para a grandeza.

    Estes valores mdios apresentam uma disperso em torno do valor mdio verdadeiro

    que fornecida pelo desvio padro do valor mdio m.

    ( )=

    k

    j

    mvjm yyk 1

    21 (5)

    A melhor estimativa para o desvio padro do valor mdio (pressupondo uma

    distribuio com densidade de probabilidade gaussiana):

    Nm

    = (6)

    O desvio padro do valor mdio de uma grandeza a incerteza final correspondente

    aos erros estatsticos nas medies. Esta estimativa leva em conta a disperso causada

    pelos erros estatsticos, contudo, ainda restam os eventuais erros sistemticos que

    devem ser determinados para que o resultado possa ser corrigido.

    2.3 - Tratamento de medidas com erros sistemticos

    O desvio associado aos erros sistemticos bem mais difcil de ser avaliado e no

    existe nenhum mtodo padro bem estabelecido para fazer isto. Portanto neste caso o

    bom senso do operador fundamental uma vez que, por mais bem elaborada que seja a

    experincia, sempre haver um erro sistemtico residual. Geralmente o limite de erro Lr

    estimado verificando o manual fornecido pelo fabricante dos equipamentos

    empregados. Uma relao que pode ser usada para estimar o erro sistemtico residual

    apresentada a seguir:

    2r

    r

    L (7)

    Esta relao pode ser empregada no caso de uma distribuio gaussiana de erros e

    um limite de erro com aproximadamente 95% de confiana.

    Para uma distribuio de probabilidade retangular (para rgua, paqumetro,

    cronmetro,...):

    )32(rr L

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    2.4 - Incerteza padro e indicao do valor medido

    As incertezas estatstica e sistemtica podem ser combinadas pela expresso a seguir

    fornecendo a incerteza padro p:

    222rmp += (8)

    Assim, o valor da grandeza medida expresso como:

    pyy = (9)

    Quando no existem informaes suficientes dos equipamentos o limite de erro Lr

    pode ser estimado como sendo a menor diviso ou menor leitura fornecida pelo

    instrumento.

    Por exemplo, se uma rgua usada como instrumento de medida o erro estimado

    com base na menor diviso da rgua ser 1 mm.

    Exerccio 1: A distncia focal de uma lente foi medida N=10 vezes usando uma

    rgua milimetrada. Foram obtidos os seguintes valores em mm: 204,1; 205,3; 208,0;

    207,5; 206,3; 205,5; 207,2; 204,8; 208,2; 207,1

    Calcular o valor mdio y , o desvio padro experimental , o desvio padro do valor

    mdio m, o desvio padro do erro sistemtico r, a incerteza padro p e expressar o

    valor mdio corretamente.

    Paqumetro como instrumento de medio

    O paqumetro um instrumento capaz de medir distncias com fraes de dcimos

    ou centsimos de milmetros ou polegadas. Isto possvel graas a uma escala adicional

    que desliza sobre a rgua principal chamada de nnio ou vernier.

    Figura 3 - Paqumetro com nnio de 20 divises.

    medida de dimetro externo

    medida de dimetro interno medida de profundidade

    trava

    rgua nnio

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    10

    Utilizando os bicos, as orelhas ou a haste de medio adequadamente, o instrumento

    pode realizar medidas de dimenses externa, interna e profundidade.

    Existem diferentes tipos de paqumetros, porm todos apresentam caractersticas de

    funcionamento semelhantes. O nnio tem n divises que correspondem a (N-1) divises

    da rgua principal. Esta relao pode ser encontrada facilmente quando o nnio

    posicionado sobre a rgua de tal forma que a posio dos zeros das duas escalas

    coincidam.

    Suponha, por exemplo, que o nnio tenha 10 divises que correspondem a 9 divises

    da rgua principal. Usando regra de trs simples encontramos que uma diviso do nnio

    corresponde a 9/10 de diviso da rgua ou, que a primeira diviso do nnio 1/10 mais

    curta que a da rgua principal. Assim, se a primeira diviso da rgua corresponde a 1

    mm, a primeira diviso do nnio corresponder a 0,9 mm. Consequentemente, quando

    os zeros das duas escalas coincidem, a distncia entre o 1 da escala principal e o 1 do

    nnio de 0,1 mm, entre o 2 da escala principal e o 2 do nnio de 0,2 mm e assim por

    diante. Isso permite que se mea exatamente at 0,1 mm (a resoluo do instrumento),

    pois a diferena entre a menor diviso da rgua e a menor diviso do nnio de 0,1 mm.

    Quando um objeto posicionado entre os bicos de medio, a medida L da dimenso

    do objeto corresponde a distncia entre o zero da rgua e o zero do nnio. O valor de L

    ser o valor expresso em milmetros correspondente ao nmero de divises da rgua

    antes do zero do nnio, somado a frao da menor diviso da rgua que falta para o zero

    do nnio. Esta frao obtida encontrando a diviso do nnio que coincide com a da

    rgua principal e multiplicando pela resoluo ou seja, pelo menor valor que pode ser

    medido.

    Exerccio 2: Em um paqumetro o nnio tem 10 divises que correspondem a 9

    divises da rgua principal, sendo que a menor diviso da rgua principal corresponde a

    1 mm. Qual a resoluo do instrumento? Quando realizada uma dada medida o

    nnio desliza sobre a rgua obtendo-se a leitura da figura abaixo. Qual o valor medido

    para a dimenso deste objeto?

    Figura 4 - Paqumetros simples com nnio de 10 divises.

    a) b)

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    11

    Exerccio 3: Em um paqumetro, o nnio est dividido em 20 partes, sendo que

    quando os zeros da rgua principal e do nnio so coincidentes, a 20a diviso do nnio

    coincide com a marca de 19 mm da rgua principal. Qual ser a resoluo deste

    paqumetro?

    Exerccio 4: Qual a resoluo do paqumetro da figura abaixo? Qual a leitura feita no

    instrumento?

    Figura 5 - Paqumetro simples com nnio de 20 divises.

    2.5 - Algarismos significativos

    Algarismo significativo em um nmero pode ser entendido como sendo aquele que

    sozinho tem algum significado quando o nmero escrito na forma decimal. Portanto,

    os zeros a esquerda do primeiro nmero diferente de zero so algarismos no

    significativos.

    O nmero de casas decimais que devem ser apresentadas num resultado experimental

    determinado pela incerteza padro neste resultado. No existe uma regra bem definida

    para estabelecer o nmero de dgitos da incerteza padro, porm podem ser adotadas

    algumas regras:

    A incerteza padro deve ser dada com 2 algarismos quando o primeiro algarismo

    na incerteza for 1 ou 2.

    A incerteza padro deve ser dada com 1 ou 2 algarismos quando o primeiro

    algarismo na incerteza for 3 ou maior.

    A incerteza maior do que 99 deve ser escrita usando notao cientfica ou

    trocando as unidades.

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    12

    A rigor no h problema em escrever a incerteza padro com mais de 2 algarismos

    significativos. No entanto tem-se que analisar se possvel determinar a incerteza com

    tal exatido.

    Exemplos: Se o valor calculado da incerteza padro for 0,132 m, a forma mais

    adequada para indicar esta incerteza ser 0,13 m ou 13 cm. Se por outro lado a incerteza

    calculada for 3,49 cm, ela pode ser indicada como 3,5 cm ou 3 cm. Porm, usando a

    regra, uma incerteza calculada levemente diferente da anterior, 3,51 cm por exemplo,

    pode ser escrita como 3,5 cm ou 4 cm. Assim, os valores prximos, 3,49 e 3,51, seriam

    arredondados para 3 ou 4 que so valores bem diferentes. Este problema desaparece se a

    incerteza indicada com 2 algarismos significativos. Uma incerteza de 800 m deve ser

    escrita com notao cientfica como 8,0 x 102 m ou 8 x 102 m e a incerteza calculada de

    0,09623 cm, como 0,096 cm ou 0,10 cm.

    No se deve usar mais do que dois algarismos significativos para expressar a

    incerteza, uma vez que muito difcil de se obter a incerteza com tal preciso.

    2.6 - Arredondamentos

    Nos exemplos acima ocorreram alguns arrendondamentos aps se truncar o

    resultado. A necessidade de realizar arredondamentos ocorre frequentemente uma vez

    que o resultado obtido aps operaes realizadas com 2 ou mais quantidades devem ser

    escritos com o mesmo nmero de algarismos significativos. O arredondamento tambm

    deve ser empregado para eliminar algarismos significativos excedentes. Supondo que a

    quantidade precisa ser arredondada num dado algarismo X. Por exemplo, a grandeza

    ...W,YXABC... . O arredondamento deve seguir as seguintes regras:

    Se aps o algarismo X tem-se um conjunto ABC entre 000 e 499, este conjunto

    deve ser simplesmente eliminado ( o arredondamento para baixo).

    Se aps o algarismo X tem-se um conjunto ABC entre 500 e 999, este conjunto

    deve ser eliminado e o algarismo X deve ter o seu valor aumentado de 1 ( o

    arredondamento para cima).

    No caso X500000..., o arredondamento deve ser tal que o algarismo X seja par

    depois do arredondamento.

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    13

    Tabela 4 - Exemplos de arredondamentos de nmeros.

    2,42 2,4

    3,789 3,79

    4,4499 4,4

    5,4500 5,4

    5,5500 5,6

    Exerccio 5: Um resultado experimental e a respectiva incerteza padro so calculados,

    obtendo-se:

    y = 0,0004639178 m

    = 0,000002503 m

    Represente corretamente estas grandezas (em metros e em milmetros) levando em

    conta as regras aprendidas de algarismos significativos e arredondamentos. Usar

    notao cientfica se necessrio.

    Experimento 1: Elabore no seu caderno de laboratrio uma descrio do

    experimento de acordo com o roteiro a seguir:

    Data:______________________

    Experimento: Medida das Dimenses de Corpos de Prova Utilizando o Paqumetro

    Equipe:_____________________________________________________________

    Objetivos:

    Empregar corretamente o paqumetro para determinao das dimenses de

    corpos de prova

    Determinar os erros aleatrios e sistemticos envolvidos no experimento

    Expressar os valores medidos e suas incertezas padro

    Materiais e Mtodos:

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    14

    Teoria: Sero utilizados os conceitos estatsticos de valor mdio, desvio padro

    experimental , desvio padro do valor mdio m, o desvio padro do erro sistemtico

    r e incerteza padro p.

    Equipamentos e materiais: Paqumetro com resoluo de ..... mm, corpo de

    prova com forma ......, feito de .... e com dimenses a serem determinadas.

    Procedimentos empregados: Para cada dimenso do corpo de prova, foram

    realizadas 10 medies com o paqumetro.

    Resultados experimentais:

    Os resultados das medies para cada uma das dimenses do corpo de prova esto

    apresentados na tabela 1.

    Tabela 5 - Dimenses do corpo de prova empregado, medidas com paqumetro de resoluo de ..... mm.

    medida Dimenso 1 (mm) Dimenso 2 (mm) .....

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    Clculos: Com os dados da tabela 1, foram encontradas as grandezas estatsticas

    associadas, para cada dimenso medida. (Apresentar os resultados e expressar os

    valores medidos com as respectivas incertezas padro.)

    Discusses e Concluses:

    Comente os resultados, compare os valores obtidos e as incertezas padro, discuta

    possveis fontes de erro, indique o que poderia ser feito para reduzir as incertezas....

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    15

    Exerccio 6:

    a) Escrever em m, cm, mm:

    0,0035 km = .......................m = .............................cm = ...........................mm

    b) Escrever em m2, cm2, mm2:

    0,0035 km2 = ........................ m2 = .......................cm2 = ......................... mm2

    c) Escrever em cm3:

    3875 mm3 = ............................................................................................... cm3

    d) Escrever corretamente em cm3:

    (3875 247) mm3 ................................ cm3

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    16

    Captulo 3 - Propagao de incertezas

    A propagao de incertezas ocorre quando uma grandeza obtida indiretamente a

    partir de valores obtidos experimentalmente para outras grandezas. Como cada valor

    experimental possui uma incerteza padro, estas incertezas iro se propagar para a

    grandeza indireta. E o valor da grandeza ser expresso como:

    ww

    Onde w a grandeza obtida indiretamente e w a incerteza propagada.

    Como exemplo, suponha que se deseje determinar a rea de um quadrado de lado L,

    cuja incerteza padro (na medida de L) L, dada pela eq. (8). No possvel medir

    diretamente a incerteza A na rea A=L2, mas esta incerteza certamente maior que L,

    e deve ser obtida por meio de propagao de incertezas (veja a figura 6):

    0 1 2 3 4

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    16

    L

    L

    A =

    L

    (mm

    )

    L (mm)

    Figura 6 rea do quadrado em funo do lado mostrando as incertezas em L e propagada para a

    rea.

    Em L = 2 mm, uma incerteza L= 0,5 mm equivale a uma incerteza de

    A= 2 mm.

    3.1 - Algumas frmulas de propagao

    As relaes que permitem calcular a incerteza propagada para alguns casos comuns

    so mostradas a seguir.

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    17

    a) Se a grandeza obtida pela soma ou subtrao:

    ...= zyxw (10)

    A incerteza propagada calculada como:

    ...222 +++= zyxw (11)

    Onde zyx ,, e so as incertezas padro associadas com cada uma das grandezas

    medidas diretamente.

    b) Se a grandeza obtida por uma relao linear:

    baxw += (12)

    Onde a e b so constantes, a incerteza propagada ser dada por:

    xw a = (13)

    c) Se a grandeza obtida pelo produto ou por uma razo:

    xyw = ou y

    xw = (14)

    Nestes casos a incerteza propagada ser:

    22

    +

    =yx

    wyx

    w

    (15)

    OBS: Para o clculo da propagao da incerteza em x2, a expresso (17) deve ser

    utilizada, com p=2 e q=0.

    d) Se a grandeza obtida pelo produto de grandezas elevadas a certas potncias p e

    q:

    qp yxw = (16)

    A incerteza propagada ser:

    22

    +

    =

    yq

    xpw

    yxw

    (17)

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    18

    Nota: Todas as expresses apresentadas aqui podem ser encontradas a partir da equao geral.

    K+

    +

    +

    = 22

    22

    22

    2zyxw

    z

    w

    y

    w

    x

    w (18)

    Exerccio 7: Considere a pea retangular com as seguintes medidas:

    L1 =(50,000,05) mm

    L2 =(20,000,05) mm

    L3 =(15,000,01) mm

    a) Determine a rea A1 com a incerteza correspondente.

    b) Determine o volume V desta pea com a incerteza correspondente.

    Exerccio 8: Considere um cilindro de altura (LL) e raio (RR). Encontre as relaes

    que fornecem: a rea da base A, o volume do cilindro V, e as incertezas propagadas para

    estas grandezas.

    Exerccio 9: Encontre a incerteza propagada para o permetro de um retngulo de lados

    A e B.

    3.2 - Estimativas de erros

    Existem algumas regras gerais para efetuar a leitura de instrumentos de medio e

    fazer as estimativas das incertezas correspondentes. Alguns exemplos sero discutidos a

    seguir.

    Como regra geral, quando realizada uma medida com um determinado instrumento

    de medio, o valor medido deve ser representado com todos os dgitos que o

    instrumento permite ler diretamente, mais um dgito que deve ser estimado pelo

    observador. O ideal medir vrias vezes a grandeza calcular a mdia e o desvio padro

    para determinar a incerteza estatstica. Entretanto, quando somente uma medida

    realizada, existe a possibilidade de estimar a incerteza estatstica a partir do limite do

    erro estatstico.

    L1 L2

    L3

    A1

    L

    R

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    19

    O limite de erro estatstico definido como:

    eeL 3= (19)

    O limite de erro estatstico possibilita o estabelecimento de um intervalo de

    confiana com 99,7% de possibilidade de acerto, quando os erros estatsticos seguem

    uma distribuio gaussiana.

    Podemos citar como exemplo uma medida realizada com uma rgua graduada em

    milmetros. O valor medido deve incluir a frao de milmetro que pode ser estimada

    pelo observador. Considere a leitura indicada na rgua da figura 7.

    Figura 7 - Leitura de uma rgua milimetrada.

    A medida indicada diretamente pela rgua 11 milmetros e a frao de milmetro

    pode ser estimada como 0,3 mm. Assim, o resultado de medio e 11,3 mm. O erro de

    medida pode ser considerado aleatrio, e se diferentes pessoas realizarem a leitura da

    rgua os resultados podem flutuar provavelmente entre 11,0 mm e 11,6 mm. Pode

    parecer grande esta flutuao, mas no se deve esquecer que tambm existe um erro

    associado com o ajuste do zero da rgua.

    Assim, podemos estimar o limite de erro aleatrio ou estatstico como Le = (11,6 -

    11,0) /2 = 0,3 mm e desta forma obter a incerteza estatstica:

    mm 0,13= ee

    L (20)

    Existe ainda o erro limite de calibrao Lr (que corresponde a um erro sistemtico),

    representado pela menor diviso da escala, no caso Lr =1 mm. A incerteza sistemtica

    associada ser (ver eq. 7):

    mm 0,3 32= rr

    L (21)

    A incerteza padro obtida conforme a equao 8:

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    20

    mm 0,3 22 += rep (22)

    E o resultado da medio pode ser escrito como:

    ( )mmy 3,03,11 = (23)

    Neste caso a incerteza estatstica desprezvel em comparao com a incerteza

    sistemtica representada pelo limite de calibrao e a incerteza padro pode ser

    representada pela metade da menor diviso ou menor leitura fornecida pelo

    equipamento. No entanto, podem existir situaes nas quais os erros aleatrios so

    comparveis ou at maiores do que os erros de calibrao. Nestes casos adotar a metade

    da menor diviso como incerteza, resulta em incertezas subestimadas. Na medio de

    um comprimento com uma rgua existem vrias fontes de erros como variaes na

    graduao original da escala, variaes na graduao devido a efeitos trmicos ou

    deformaes, erro de leitura associado com paralaxe ou avaliao da frao, erro de

    posicionamento e alinhamento do objeto, etc.

    Quando um paqumetro utilizado, pode acontecer a situao de nenhuma marca do

    nnio coincidir exatamente com uma marca da rgua. Portanto, deve ser estimado o

    algarismo seguinte. Por exemplo, considere a situao da figura 8.

    Figura 8- Leitura de um paqumetro

    Duas marcas do nnio (7 e 8) se aproximam de marcas da rgua. Verificamos que a

    primeira est mais prxima da marca da rgua do que a segunda, logo podemos estimar

    o prximo algarismo como 1, 2, 3, 4 ou 5. A leitura pelo nnio pode ser admitida como

    0,73 mm, resultando num valor medido de 2,73 mm. O limite de erro estatstico na

    avaliao do ltimo dgito menor ou igual a 4 (0,05mm-0.01mm=0,04) mm e portanto

    a incerteza associada ser:

    mm 0,013304,0

    3== ee

    L (24)

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    21

    O limite de erro de calibrao, que a menor leitura do paqumetro, ser 0,1 mm no

    caso de um paqumetro com nnio de 10 divises e fornece uma incerteza:

    mm 0,03 2

    = rrL

    (25)

    Assim, a incerteza padro ser:

    mm 0,03 22 += rep (26)

    No caso de um cronmetro digital disparado e parado manualmente o limite de erro

    estatstico pode ser estimado lembrando que existe um erro associado ao incio e final

    da cronometragem devido ao operador.

    Pode-se admitir o limite de erro estatstico como sendo de Le = 0,5 s e o desvio

    padro:

    s 0,17 3== ee

    L (27)

    A menor leitura do cronmetro 0,01 s e, portanto, o desvio associado que

    corresponde ao erro de calibrao (ou sistemtico) de 0,005 s.

    Este caso um exemplo onde a incerteza estatstica bem maior que a incerteza de

    calibrao do instrumento.

    Quando nas medidas empregado um equipamento digital possvel estimar o

    ltimo dgito da leitura por meio das flutuaes observadas neste dgito. bvio que

    para isto de suma importncia escolher uma escala adequada para a medio. Por exemplo, usando um multmetro digital a medio indicou 1,34 _ V. O ltimo dgito

    oscilou entre 1 e 5, e portanto podemos estimar o ltimo dgito como sendo 3. O limite

    de erro estatstico neste caso ser estimado como 0,003 V, e o desvio padro

    correspondente como 0,001 V.

    Experimento 2: Usando os resultados obtidos no experimento 1 e seguindo um

    roteiro semelhante, calcular o volume do corpo de prova (paraleleppedo) e expressar o

    resultado com a incerteza propagada.

    zyxV ..= , 222

    +

    +

    =zyx

    V zyx

    V

    , VVV =

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    22

    Experimento 3: Pndulo simples: Usar um pndulo simples com pequenas

    oscilaes para calcular a acelerao da gravidade local (com propagao de erros) sem

    tcnicas grficas. Para um valor de L, medir diversos T.

    Elaborar o roteiro para realizao do experimento, anexar teoria e avaliar

    corretamente todas as fontes de erro envolvidas. A propagao de erros em g dada por:

    22 2

    +

    =TL

    g TLg

    Avalie o resultado para as seguintes condies:

    1. Calculando a mdia das vrias medidas de L e T.

    2. Usando os valores de L e T obtidos com uma nica medida e estimando as

    incertezas.

    3. Calculando a mdia das vrias medidas de T e estimando a incerteza para

    uma nica medida de L.

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    23

    Captulo 4 - Grficos

    A apresentao de resultados de experincias e medies em formato grfico pode

    ser considerada um captulo em separado na fsica experimental, tamanha a diversidade

    de opes e a quantidade de dados que podem ser extrados deles.

    No entanto, algumas normas gerais devem ser observadas logo de incio para que se

    possa tirar o mximo proveito dos grficos.

    4.1 - Construo grfica

    Deve-se tomar o cuidado para dar um nome a cada grfico, com uma legenda para

    facilitar sua compreenso. Esta legenda normalmente apresentada na parte inferior do

    grfico.

    Os grficos devem conter nos seus eixos o nome da grandeza que est sendo

    mostrada e sua respectiva unidade. Os nmeros que vo indicar a escala de valores da

    grandeza sob considerao devem ser de tamanho adequado, sem um nmero excessivo

    de casas decimais.

    Eventualmente pode-se indicar a existncia de um fator multiplicador comum a todos

    os valores na prpria legenda do eixo. Para a marcao de cada dado deve ser escolhido

    um smbolo de tamanho adequado, sobre o qual tambm devem ser apresentadas as

    respectivas barras de erro de cada medida (tenha em mente que nenhuma medio

    isenta de erro!).

    Se aos dados experimentais for ajustada uma curva que siga uma lei fsica ou apenas

    uma linha para facilitar a visualizao, isto deve ser claramente dito (use legendas para

    identificar cada caso).

    Tambm se deve tomar o devido cuidado para que os pontos experimentais do

    grfico no fiquem acumulados em apenas uma regio; todo o espao disponvel deve

    ser utilizado, o que facilita no s a interpretao como a obteno de valores.

    A seguir, nas Figuras 9 e 10, so mostrados alguns grficos, indicando o que deve ser

    buscado para uma boa diagramao.

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    24

    0 2 4 6 8 10

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    (a)

    0 5 10 15 20 25 30

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30(b)

    es

    pa

    o

    tempo

    Figura 9 - Deslocamento em funo do tempo para um mvel em MRU: (a) smbolos muito pequenos,

    sem legendas, sem barras de erros; (b) grandezas sem unidade, m ocupao do espao, sem barras de

    erros.

    -4 -2 0 2 4 6 8 10 12

    -5

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30(a)

    de

    slo

    ca

    me

    nto

    (m

    )

    tempo (s)

    0 2 4 6 8 10

    0

    5

    10

    15

    20

    25 (b)d

    es

    loc

    am

    en

    to (

    m)

    tempo (s)

    pontos experimentais

    ajuste linear

    x(t) = -2.70 m + 2.71 t

    Figura 10 - Deslocamento em funo do tempo para um mvel em MRU: (c) m ocupao do espao,

    linha irregular conectando os pontos; (d) diagramao adequada.

    4.2 - Ajuste de reta

    Um problema frequentemente encontrado no tratamento de resultados experimentais

    o ajuste dos dados. O procedimento de ajustar uma funo a um conjunto de dados

    experimentais conhecido como regresso. O problema pode ser formulado da seguinte

    maneira:

    Duas grandezas x e y so relacionadas pela expresso analtica abaixo:

    ( ),...,, baxfy = (28)

    Onde f uma funo conhecida e a,b,... so parmetros desconhecidos.

    Experimentalmente so determinados os pares de valores ( ) Niyx ii ,...,2,1 para , = e

    se quer determinar os parmetros a,b,... de tal maneira que a curva ( ),...,, baxfy =

    melhor se aproxime dos valores experimentais.

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    25

    Quando a relao analtica entre x e y linear, uma reta ajustada ao conjunto de

    dados experimentais e a regresso dita linear. Neste caso a expresso analtica que

    relaciona x com y :

    baxy += (29)

    Para efetuar o ajuste dos dados experimentais a funo dada pela equao 29

    preciso encontrar os parmetros desta reta de maneira que ela se aproxime o mximo

    possvel dos pontos experimentais ( ) , ii yx .

    Vamos discutir dois mtodos que podem ser empregados para resolver este

    problema:

    O mtodo da mo livre

    O mtodo dos mnimos quadrados

    Ambos tratam de adaptar ao conjunto de pontos experimentais a reta que mais se

    aproxime de todos eles ao mesmo tempo.

    4.3 - Mtodo da mo livre

    O mtodo da mo livre utiliza o bom senso do observador j que ele mesmo ter

    que ajustar a melhor reta a partir da observao visual do conjunto de pontos ( ) , ii yx .

    Utilizando uma rgua transparente posicionada sobre o grfico contendo todos os

    pontos experimentais, o observador pode escolher a reta que passa pelo meio da

    distribuio dos pontos. Este procedimento tenta garantir que a distncia entre a reta e

    os pontos experimentais seja minimizada. Obviamente o mtodo fornece resultados

    aproximados uma vez que a escolha da melhor reta subjetiva e depende muito da

    prtica e bom senso do observador.

    Uma vez ajustada a melhor reta aos dados experimentais, pode-se determinar os

    valores das constantes a e b que correspondem aos coeficientes angular e linear da reta,

    respectivamente.

    ( )( )

    c

    si

    si

    yb

    xx

    yya

    =

    =

    (30)

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    26

    Onde isis xxyy ,,, so pontos pertencentes a reta escolhida, e yc corresponde a leitura

    no grfico onde a mesma intercepta o eixo y.

    0 5 10 15 200

    30

    60

    90

    120

    150

    180

    210

    xs xi

    ys

    yi

    yc

    COEF. ANGULAR: a=150/15=10 m/s

    (20-5)=15

    (21

    0-6

    0)=

    15

    0

    (5,60)

    (20,210)

    DE

    SL

    OC

    AM

    EN

    TO

    (m

    )

    TEMPO (s)

    Figura 11 - Reta ajustada aos pontos experimentais do deslocamento em funo do tempo para um

    mvel em MRU.

    Exerccio 10: Foram efetuadas as medidas das alturas de vrias crianas com idades

    diferentes e os dados obtidos so apresentados na tabela abaixo. Estime o erro

    estatstico para a medida de altura realizada usando uma escala milimetrada. Suponha

    insignificante o erro na idade em meses (as crianas so medidas exatamente no dia em

    que fazem o aniversrio mensal). Encontre a melhor reta que se ajusta aos dados

    experimentais e a expresso obtida de correlao entre idade e altura.

    Tabela 6 - Idade em meses de diversas crianas e os correspondentes dados de altura.

    Idade (meses) 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29

    Altura (cm) 76,1 77 78,1 78,2 78,8 79,7 79,9 81,1 81,2 81,8 82,8 83,5

    Faa um grfico das alturas (eixo y) contra as idades (eixo x). Ajuste uma reta usando o

    mtodo da mo livre e a partir do grfico encontre os coeficientes linear e angular da

    reta. Expresse os resultados encontrados na forma da equao de uma reta.

    Experimento 4: Determinao da acelerao da gravidade utilizando um pndulo

    simples (sem propagao de erros para g) com tcnica grfica. Para o pndulo simples, a

    relao entre o perodo e o seu comprimento dada pela expresso:

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    27

    Lg

    Tg

    LT

    22 4 2

    == (31)

    Esta a equao de uma reta baxy += , onde y=T2 e x=L, com coeficiente linear

    b=0 e coeficiente angular g

    a24= .

    Neste experimento, medir uma nica vez o perodo do pndulo para pequenas

    oscilaes e diferentes comprimentos (logo, a tcnica de estimativa de erros deve ser

    empregada para L quanto para T). Encontrar a acelerao da gravidade usando mtodo

    de ajuste a mo livre.

    Ateno: Pense na dificuldade da medio (meio da bolinha, comeo do fio, disparo do

    cronmetro,...) e avalie o processo para estimar as incertezas estatsticas para L e T.

    Cuidado: Deve ser feito o grfico de T2 x L para resultar uma reta (este processo chama-

    se linearizao). Como se mede T, o erro deve ser propagado para T2.

    4.4 - Mtodo dos mnimos quadrados

    O mtodo dos mnimos quadrados pode ser deduzido para medies feitas em

    condies de repetitividade (N medies feitas sob as mesmas condies) ou em

    condies de reprodutibilidade (N medies feitas sob condies diferentes). Exemplos

    de medies feitas em condies de reprodutibilidade so aquelas realizadas por meio

    de diferentes mtodos, diferentes experimentadores ou diferentes instrumentos de forma

    que a distribuio dos erros estatsticos pode ser diferente para cada medio. Neste

    caso, a cada um dos valores medidos est associada uma incerteza padro diferente. A

    situao descrita pode ser visualizada com a ajuda da figura 12.

    0 2 4 6 8 100

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    f(x

    )

    x

    Figura 12 - Grfico representando dados de medies feitas em condies de reprodutibilidade. A

    cada ponto experimental est associada uma incerteza estatstica diferente.

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    28

    Na deduo do mtodo as variveis xi so consideradas isentas de erros, e so

    consideradas somente as incertezas estatsticas em fi(x), ou seja, em yi. No entanto,

    quando as incertezas em xi so significativas elas podem ser transferidas para as

    variveis yi. Existem regras para isso, mas esse procedimento no ser abordado neste

    texto.

    Na deduo do mtodo dos mnimos quadrados so usadas somente incertezas

    estatsticas, desconsiderando as incertezas sistemticas (no entanto, as incertezas

    sistemticas residuais devem ser consideradas). Isto justificado pelo fato do erro

    sistemtico desviar todos os pontos experimentais numa mesma direo, o que s afeta

    o coeficiente linear da reta e no o angular. O mtodo dos mnimos quadrados minimiza

    a soma dos desvios ao quadrado dos pontos experimentais relativamente a reta ajustada,

    obviamente no sendo influenciado pelo erro sistemtico. Vale observar que se a

    determinao do coeficiente linear um dado importante no experimento, os possveis

    erros sistemticos devem ser identificados e eliminados a priori.

    Quando as medidas so feitas sob as mesmas condies, ou seja, em condies de

    repetitividade, os dados so levantados por um mesmo experimentador e com os

    mesmos instrumentos. Nessa situao a incerteza padro para todos os valores de y a

    mesma e a soluo simplificada. Veja o exemplo da figura 13.

    0 2 4 6 8 100

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    f(x

    )

    x

    Figura 13 - Grfico representando dados de medies feitas em condies de repetitividade.

    Sendo assim, o mtodo dos mnimos quadrados permite ajustar retas a pontos

    experimentais em diferentes condies: pontos com incertezas arbitrrias para as

    grandezas x e y, pontos com incertezas iguais para as grandezas x e y, e reta passando

    pela origem. Neste mtodo as equaes que fornecem os valores das constantes de

    ajuste a e b em cada situao so deduzidas usando conceitos matemticos. Em suma o

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    29

    mtodo consiste em encontrar os valores dos coeficientes a e b que fornecem o menor

    valor possvel para a soma dos quadrados das distncias verticais da reta a cada um

    dos pontos experimentais.

    Na situao em que as incertezas em fi(x) so iguais (condio de repetitividade) as

    equaes mostram que os valores de a e b so independentes da incerteza padro nos

    pontos experimentais. Isto interessante pois mostra que se pudermos supor que as

    incertezas so aproximadamente iguais, mesmo que o valor destas incertezas no seja

    conhecido possvel fazer o ajuste da reta e encontrar os valores de a e b.

    Se a incerteza padro p (dos dados experimentais) conhecida, as incertezas em

    cada parmetro, a e b, podem ser obtidas.

    Ajuste de reta a pontos experimentais com incertezas iguais

    Conforme o mtodo dos mnimos quadrados, os melhores valores para a e b e para as

    suas incertezas so dados pelas expresses a seguir se as incertezas para os diferentes

    pontos puderem ser consideradas aproximadamente iguais.

    2

    11

    2

    111

    =

    ==

    ===

    N

    i

    i

    N

    i

    i

    N

    i

    i

    N

    i

    i

    N

    i

    ii

    xxN

    yxyxN

    a (32)

    2

    11

    2

    =

    ==

    N

    i

    i

    N

    i

    i

    a

    xxN

    N (33)

    2

    11

    2

    111

    2

    1

    =

    ==

    ====

    N

    i

    i

    N

    i

    i

    N

    i

    i

    N

    i

    ii

    N

    i

    i

    N

    i

    i

    xxN

    xyxxy

    b (34)

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    30

    2

    11

    2

    1

    2

    =

    ==

    =

    N

    i

    i

    N

    i

    i

    N

    i

    i

    b

    xxN

    x

    (35)

    Ajuste de reta passando pela origem a pontos experimentais com incertezas iguais

    No caso particular de uma reta passando pela origem as expresses acima so

    simplificadas e temos:

    =

    =

    =

    N

    i

    i

    N

    i

    ii

    x

    yx

    a

    1

    2

    1 (36)

    =

    =

    N

    i

    i

    a

    x1

    2

    (37)

    Coeficiente de correlao

    Para avaliar o quanto os valores observados esto prximos da reta ajustada pelo

    mtodo dos mnimos quadrados usado o coeficiente de correlao linear R (coeficiente

    de Pearson).

    11 + R (38)

    Quanto mais prximo de -1 ou +1 melhor ser o ajuste.

    O coeficiente de correlao de Pearson calculado pela relao:

    2

    11

    22

    11

    2

    111

    .

    =

    N

    i

    N

    i

    N

    i

    N

    i

    N

    i

    N

    i

    N

    ii

    yyNxxN

    yxyxN

    R (39)

    Exerccio 11: Usando os dados fornecidos no exerccio 10 e as expresses do

    mtodo dos mnimos quadrados calcule os coeficientes da reta e expresse os resultados

    encontrados na forma da equao de uma reta. Compare os resultados obtidos e tire

    concluses sobre a aplicao destes dois mtodos.

    Experimento 5: Determinao da acelerao da gravidade utilizando um pndulo

    simples. Usar os dados do experimento 4 para encontrar a acelerao da gravidade

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    31

    usando mtodo grfico com utilizao do mtodo dos mnimos quadrados. Cuidado,

    lembre-se que o grfico deve ser de T2 x L para resultar numa reta. Estime os erros nas

    medidas de perodo usando as tcnicas de estimativas de erros estudadas. Ser preciso

    propagar o erro para o T2. Usar para isso a frmula de propagao de potncia (equao

    17).

    A estimativa de T2 deve levar em considerao a propagao de erros na

    potncia T2:

    Da equao 16, qp yxw = , com q = 0, p = 2 e x = T, w = T2

    e da equao 17:

    22

    +

    =y

    qx

    pwyx

    w

    TTT TT

    T

    222

    22 =

    = (40)

    Note que o erro propagado para os valores de perodo ao quadrado no so iguais.

    No entanto iremos sup-los como aproximadamente iguais, o que vai nos permitir a

    utilizao das equaes do mtodo dos mnimos quadrados para incertezas iguais, que

    so mais simples.

    OBS: Para o clculo de a , usar o valor mdio de 2T .

    A validade dessa aproximao ser verificada na prxima seco.

    Tendo o desvio padro para o T2 podemos calcular o coeficiente angular a da

    melhor reta e seu erro a. (reta passando pela origem).

    Tendo sido calculado o coeficiente angular a da melhor reta e seu erro a podemos

    obter o g e seu erro g:

    2T

    2

    2

    1

    2

    1

    T

    ii

    ii

    N

    i

    i

    N

    i

    ii

    Ty

    Lx

    x

    yx

    a

    =

    =

    =

    =

    =

    =

    =

    =

    N

    ii

    a

    x1

    2

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    32

    Para encontrar o erro em g ser preciso propagar a incerteza:

    Da equao 12, , com a =42, b =0 e x=a-1, w=g=42a-1 e da

    equao 13:

    Da equao : com q = 0, p = -1 e x = a w = a-1

    e da equao:

    Finalmente:

    4.5 - Grficos em computador

    A utilizao de computadores e programas especficos para a construo de grficos

    uma poderosa ferramenta que pode ser empregada no tratamento de dados e anlise de

    resultados experimentais.

    Normalmente, os programas utilizam rotinas baseadas no mtodo dos mnimos

    quadrados para obter a funo analtica que melhor se ajusta aos dados experimentais.

    Utilizaremos o programa OriginTM para construo de grficos com auxlio de

    computador. Os dados empregados sero aqueles obtidos no experimento 4, onde foram

    medidos os perodos de oscilao T do pndulo simples para diferentes comprimentos L

    do pndulo. Para cada par (L, T), uma nica medio de cada grandeza foi realizada,

    sendo as incertezas encontradas atravs da tcnica da Estimativa de Erros (item 3.2)

    Ao iniciar o programa, uma tela semelhante a figura 14 deve aparecer.

    1222

    22

    44

    4

    ..

    0 , reta da eq. a com comparando

    4 2

    ====

    =+=

    ==

    aa

    gg

    aangcoef

    ebbaxy

    Lg

    Tg

    LT

    '' bxaw +=

    xw a '= 1

    24 = ag

    qp yxw =

    22

    +

    =

    yq

    xpw

    yxw

    2

    21 11

    aaa aa

    a

    =

    =

    a

    g

    a

    aag

    == 2

    24

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    33

    Figura 14 - Tela inicial do programa OriginTM.

    As colunas A(X), B(Y), C(Y), ... no Worksheet Data1, servem para a insero dos

    dados coletados. Para o pndulo simples, a relao entre o perodo e o seu comprimento

    dada pela expresso (31). Embora no seja necessria a linearizao dos grficos

    quando se faz o tratamento dos grficos com auxlio do computador, optaremos pela

    linearizao para possibilitar a comparao com os resultados do experimento 5 (item

    4.4).

    Lg

    Tg

    LT

    22 4 2

    ==

    Esta a equao de uma reta baxy += , onde y=T2 e x=L, com coeficiente linear

    b=0 e coeficiente angular g

    a24= . Assim, devemos inserir na coluna A(X) os dados

    referentes aos valores de L, na coluna B(Y) os dados referentes aos valores de T, e na

    coluna C(Y) ainda inexistente os dados referentes a T2. O ajuste de uma reta aos dados

    experimentais no grfico de L (no eixo X) contra T2 (no eixo Y) permitir encontrar a

    acelerao da gravidade g a partir do coeficiente angular pela expresso a

    g24= .

    Suponha que os resultados encontrados para as medies sejam os mostrados na tabela

    7. Estamos supondo que os valores de L e T foram medidos apenas uma nica vez, de

    forma que os erros estatsticos devem ser encontrados utilizando a tcnica da estimativa

    de erros (seco 3.2).

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    34

    Tabela 7 - Dados obtidos para perodo do pndulo em funo do comprimento do mesmo, e valores de

    perodo elevado ao quadrado.

    L(mm) T(s) T2 (s2)

    150,3 0,79 0,6241

    217,7 0,92 0,8464

    242,1 1,03 1,0609

    303,6 1,12 1,2544

    404,5 1,29 1,6641

    423,2 1,31 1,7161

    Posicione o cursor do mouse na clula A(1) e clique sobre a mesma com o boto

    esquerdo do mouse (todos os cliques so com o boto esquerdo, a menos que se

    especifique o contrrio), insira o dado correspondente. Adote o mesmo procedimento

    para inserir os dados nas outras clulas. Aps a introduo dos dados de L e T nas

    colunas A(X) e B(Y) respectivamente, a tela deve se apresentar como a da figura 15.

    Note que o separador decimal que deve ser empregado (vrgula ou ponto) depende da

    configurao do computador.

    Figura 15 - Tela do programa OriginTM com a planilha de dados preenchida.

    Salve o projeto em algum local, clicando em File Save Project As. A tela abaixo

    deve aparecer:

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    35

    Figura 16 - Tela de salvamento de dados do programa OriginTM .

    possvel definir a pasta (pr-existente) onde o projeto ser salvo (por exemplo,

    Salvar: Apostila), bem com um nome para o projeto (por exemplo, Nome do arquivo:

    PenduloSimples). A tela deve aparecer como na figura 17.

    Figura 17 - Tela de salvamento de dados do programa OriginTM devidamente preenchida e com o local

    de salvamento definido.

    Aps pressionar a tecla Salvar, o programa deve retornar a tela como a da figura 18.

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    36

    Figura 18 - Planilha de dados salvos.

    Note que ainda precisamos inserir os dados de T2, e para isto necessria a incluso

    de mais uma coluna no Worksheet. Clique em Column Add new Columns, defina o

    nmero de novas colunas necessrias (no caso 1) e pressione OK. O programa retorna

    uma tela como na figura 19 . No esquea de salvar o seu projeto regularmente para

    evitar perda de dados.

    Figura 19 - Planilha de dados com a incluso de uma coluna adicional.

    Agora voc pode inserir manualmente os dados de T2 na coluna C(Y), ou ento

    realizar esta tarefa automaticamente. A segunda opo mais rpida quando se tem um

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    37

    grande nmero de dados. Posicione o cursor na primeira clula da coluna C(Y), no caso

    C(1), e clique ali. Clique com o mouse em Colum Set Column Values, e a tela deve

    se apresentar como na figura 20.

    Figura 20 - Tela que permite inserir dados automaticamente numa coluna.

    Digite no espao em azul a expresso matemtica que deve ser efetuada, ou seja,

    elevar a coluna B(Y) ao quadrado (col(B)^2), e indique a quais clulas a expresso deve

    ser aplicada, ou seja, For row [i] 1 to 6. A tela deve estar como na figura 21.

    Figura 21 - Preenchimento da tela que permite inserir dados automaticamente numa coluna.

    Aps pressionar OK, a coluna C(Y) estar preenchida com os valores de T2.

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    38

    Quando um Worksheet comea a apresentar muitas colunas com dados, possvel

    criar uma descrio adicional (um rtulo ou label) para identific-las. Para isto, clique

    com o boto direito sobre a clula A(X) para selecionar esta coluna, clique em

    Properties e no espao Column Label digite um nome para esta coluna (por exemplo,

    L (mm)). A tela deve estar como na figura 22.

    Figura 22 - Tela que permite nomear uma coluna de dados.

    Pressione OK e nomeie da mesma forma as colunas B(Y) e C(Y). Aps isto, a tela

    deve estar como na figura 23.

    Figura 23 - Tela da planilha de dados com o nome escolhido para cada coluna.

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    39

    O prximo passo definir os erros experimentais que sero considerados no grfico.

    No exemplo, ser utilizada a tcnica de Estimativa de Erros (seco. 3.2). Conforme

    discutido na seco onde foi apresentado o Mtodo dos Mnimos Quadrados (seco

    4.4), apenas os erros estatsticos (aleatrios e sistemticos residuais) devem ser

    considerados, deixando de lado os erros sistemticos.

    Utilizando as equaes 20, 21 e 22, a incerteza medida no comprimento do pndulo

    L com uma rgua graduada em milmetros L =0,5 mm, para todos os valores medidos.

    Insira uma nova coluna D(Y), clique com o boto direito sobre ela, posicione o

    mouse sobre Set As e depois sobre XError, clicando a com o boto esquerdo. Antes do

    clique a tela deve se apresentar com no figura 24.

    Figura 24 - Inserindo uma coluna de erros na planilha de dados.

    Nomeie a coluna como, por exemplo, Er(L) para indicar o Erro de L, e introduza os

    valores estimados de L (0,5 mm). J a estimativa de T2 deve levar em considerao a

    propagao de erros na potncia T2.

    Veja como isto foi feito na descrio do experimento 5. Novamente, considerando

    apenas os erros estatsticos (aleatrios e sistemticos residuais), a incerteza na medida

    do perodo de T = 0,17 s (veja eq. 27), para todos os valores de T medidos.

    No entanto, a incerteza no ser a mesma para todos os valores de T2, devendo ser

    calculada individualmente para cada valor especfico de T (equao 40). Introduza uma

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    40

    nova coluna E(Y), associe-a ao erro de Y (Set As, YError) e atribua um nome

    (Properties, Column Label) como por exemplo Er(T^2).

    A tela deve estar como na figura 25.

    Figura 25 - Planilha de dados com as colunas de erros.

    Para calcular os erros associados a cada valor de T2, posicione o cursor na primeira

    clula da coluna E(yEr) e clique ali. Clique com o mouse em Colum Set Column

    Values e digite a expresso para clculo de cada erro, conforme a equao 40:

    2*col(B)*0.17

    Ao final desta etapa, a tela deve se apresentar como na figura 26.

    Figura 26 - Planilha de dados com as colunas de erros preenchidas.

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    41

    Para plotar o grfico, clique em Plot Scatter, e selecione as colunas adequadas

    para formar o grfico, conforme a figura 27.

    Figura 27 - Selecionando as colunas que sero plotadas.

    Clique em OK e o grfico deve aparecer como na figura 28. No caso, o erro

    associado ao eixo X menor que o tamanho dos smbolos, e no aparece no grfico.

    Figura 28 - Grfico plotado com os dados fornecidos ao programa.

    Clicando duas vezes sobre a legenda de cada eixo (X Axis Title e Y Axis Title),

    possvel atribuir a legenda adequada, respectivamente L (mm) e T2 (s2).

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    42

    Para ajustar uma reta, clique sobre Tools Linear Fit (ver figura 29) marque a

    opo Through Zero uma vez que para este problema a reta deve passar pela origem,

    desmarque a opo Use Reduced Chi^2 para que o erro no seja subestimado,

    marque a opo Error as Weight para indicar que as barras de erro devem ser

    consideradas no ajuste, e clique sobre Fit (ver figura 30). Obs. importante: A opo

    Analysis Fit Linear no obriga a passagem da reta pela origem, o que nesse caso

    poderia resultar num erro maior e no corresponde realidade do problema.

    Figura 29 - Procedimento ajustar de uma reta aos dados plotados.

    O valor do coeficiente angular ajustado aparece no quadro Results Log.

    Figura 30 - Tela final mostrando o grfico ajustado e os erros respectivos.

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    43

    Conforme j discutimos, este valor est relacionado com g atravs da relao:

    2

    22 792067,9607

    004109,0)14159,3.(44

    s

    mm

    Bg ===

    J a estimativa de g deve levar em considerao a propagao de erros. Da equao

    12, baxw += , com a=42, b=0 e x=B-1, w=g=42B-1, e da equao 13:

    xw a = 124 = Bg (41)

    Da equao 16, qp yxw = , com q = 0, p = -1 e x = B, w = B-1, e da equao 17:

    22

    +

    =y

    qx

    pwyx

    w

    2

    12

    1 11BB

    BB

    B BBBB

    ==

    = (42)

    Substituindo a equao (42) na equao (41) temos o erro propagado para g:

    22

    42

    22 / 776489,1220

    004109,0

    10 22094,544 smm

    x

    B

    Bg ===

    (43)

    Como esta incerteza maior do que 99, vamos mudar as unidades para express-la

    corretamente (com dois algarismos significativos):

    2 2,1s

    mg = e ( ) 2 2,16,9 s

    mg =

    Deve ser notado que a incerteza relativa aqui razoavelmente elevada, sendo igual a

    %12%100 =g

    g (44)

    O resultado desta incerteza inerente ao processo da estimativa dos erros

    experimentais, onde valores superestimados de incertezas so preferidos a valores

    subestimados quando apenas uma medida de cada parmetro realizada.

    Experimento 6: Com os dados do experimento 4, empregar a tcnica computacional

    descrita no item 4.5 para calcular o valor da acelerao da gravidade g, utilizando

    grficos e a propagao de erros.

    Observao: Se desejssemos reduzir os valores de incertezas no experimento

    anterior para uma estimativa mais precisa de g, deveramos substituir a tcnica de

    Estimativa de Erros pela tcnica da realizao de vrias medidas de T e L para cada

    valor de L, e calcular os Erros Estatsticos conforme apresentado no item 2.2.

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    44

    Captulo 5 - Histogramas

    O histograma um tipo de grfico particularmente til quando se deseja mostrar os

    resultados de um grande nmero de medies da mesma grandeza, que devido a erros

    de medio, apresenta uma grande flutuao estatstica, ou ento quando se deseja

    conhecer a flutuao estatstica de uma certa grandeza em torno de seu valor mdio.

    Num histograma no so mostrados individualmente os pontos medidos, mas sim se

    mostra a frequncia F(yi) com a qual um dado valor aparece, ou ento a frequncia com

    que estes valores aparecem dentro de uma faixa de valores y.

    Um histograma um grfico composto por retngulos cuja base (eixo horizontal)

    corresponde ao intervalo de classe e a altura (eixo vertical) a respectiva freqncia.

    A frequncia de apario normalmente expressa como a frequncia relativa ao

    nmero total N de eventos,

    N

    yNyF ii

    )()( = (45)

    onde N(yi) o nmero de vezes que o evento i aparece. Claro que N(yi) ser

    proporcional ao intervalo y da faixa, e esta deve ser escolhida de modo a resultar em

    um grfico compreensvel.

    O histograma fornece informao sobre a forma, o ponto central, a amplitude e a

    simetria da distribuio.

    Como exemplo, imagine que a medio da distncia focal y de uma lente

    convergente resultou nos valores constantes da tabela 6, ordenados segundo a ordem

    crescente dos N = 60 valores medidos.

    Tabela 8 - Valores obtidos yi (distncia focal da lente) em mm

    204 206 208 210 211 218 219 222 222 223 227 229 230 232 235 235 235 235 237 237 237 237 238 238 239 239 239 239 239 240 240 241 243 244 244 246 246 248 248 249 250 250 253 256 257 257 257 259 259 260 262 265 267 268 269 269 269 273 285 289

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    45

    Como primeiro passo para a elaborao do histograma, deve-se determinar o valor de

    y, de forma que N(yi) seja da ordem de 10 para intervalos prximos do valor mdio

    (isso reduz a incerteza quando se deseja determinar o valor verdadeiro Nv(yi) por um

    processo probabilstico).

    Uma estimativa inicial do intervalo y :

    mmN

    yyy 11

    60

    204289minmax

    =

    = (46)

    onde 860 =N corresponde ao nmero de intervalos a ser empregado para

    construo do histograma.

    A determinao do valor central yi de cada um destes intervalos tambm

    importante. A escolha mais conveniente aquela onde o centro do intervalo central

    coincida com o valor mdio dos N = 60 resultados:

    mmmmmm

    yN

    yN

    jj 243 05.24360

    145831

    1===

    = (47)

    A partir destes valores podemos calcular os limites do intervalo central como

    }{ }{ 5.248;5.2372/;2/ =+ yyyy , (48)

    e a partir da estabelecer todos os outros intervalos.

    Isso permite classificar os dados numa tabela de frequncias absolutas N(yi) ou

    relativas F(yi)=N(yi)/N, bem como a densidade de probabilidade definida como:

    y

    yFyH iie

    =)(

    )( (49)

    Conhecida esta densidade de probabilidade, a probabilidade de ocorrer um resultado

    no intervalo pequeno {yi;y} pode ser escrita como:

    yyHPyP ieii = ).()( (50)

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    46

    Tabela 9 - Tabela para construo do histograma com oito intervalos, obtida a partir dos dados da

    tabela 8. O smbolo indica intervalo fechado esquerda; note que o valor inicial do primeiro

    intervalo foi ajustado para englobar o valor mais baixo de yi.

    yi

    (mm)

    yi_central

    (mm)

    N(yi) F(yi) He(yi)

    (10-3 mm-

    1)

    204.0

    215.5

    210 5 0.08 7.6

    215.5

    226.5

    221 5 0.08 7.6

    226.5

    237.5

    232 12 0.2 18.2

    237.5

    248.5

    243 17 0.28 25.7

    248.5

    259.5

    254 10 0.17 15.1

    259.5

    270.5

    265 8 0.13 12.1

    270.5

    281.5

    276 1 0.02 1.5

    281.5

    292.5

    287 2 0.03 3.0

    200 220 240 260 280 300

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    He(y

    i) x

    10

    -3m

    m-1

    y (mm)

    Figura 31 - Histograma com oito intervalos para os valores medidos da distncia focal da lente.

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    47

    Experimento 7: Com os dados da tabela 8, refazer as contas que levaram

    construo da tabela 9, e a partir da utilizar o programa OriginTM para construo do

    histograma da figura 31.

    Comentrios:

    1. Aps inserir os dados no Worksheet, selecione PlotColumn e faa as

    associaes das colunas adequadas com os eixos do grfico.

    2. Tecle com o boto direito do mouse sobre o grfico e selecione Plot Detail na

    aba Spacing e ajuste para 0 % o Gap Between Bars (a separao entre as barras verticais

    ser ajustada para zero).

    3. Faa os demais ajustes necessrios ao grfico.

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    48

    Captulo 6 Funes de Distribuio

    Quando se realiza um experimento, normalmente estamos interessados na

    determinao de certa grandeza chamada mensurando. No entanto, como regra geral, o

    valor verdadeiro de um mensurando uma quantidade sempre desconhecida, que s

    pode ser determinado aproximadamente devido a erros de medio. A exceo quando

    se deseja realizar a aferio de um instrumento pela medio de um padro primrio ou

    de uma grandeza exata (como a velocidade da luz, por exemplo) onde o valor

    verdadeiro conhecido. A situao mais comum , por exemplo, em uma experincia

    didtica, a medio de uma grandeza para a qual o valor verdadeiro j conhecido com

    boa aproximao (ou pelo menos com um erro muito menor do que aquele re