Apostila Fotografia Básica
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
COLEGIADO DE ARTES VISUAIS
PROFESSOR: EURICLÉSIO BARRETO SODRÉ
LINGUAGENS DA ARTE
FOTOGRAFIA BÁSICA
MAIO DE 2013

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SUMÁRIO
1-Ementa............................................................................................................3
2-Objetivos........................................................................................................3
3-Introdução......................................................................................................3
4-As funções da fotografia..............................................................................4
5-Como é formada a imagem fotográfica.....................................................14
6-Luz..................................................................................................................16
7-Câmera...........................................................................................................20
8-Composição..................................................................................................30
9 Dicas e Reflexões.........................................................................................40
10-Outras sugestões de atividades................................................................41
11-Referências bibliográficas.........................................................................42

3
1-Ementa:
Apresentação e discussão de alguns conceitos, métodos e técnicas da
linguagem fotográfica. A arte da fotografia destacada como recurso criativo e
capaz de abarcar diversos objetivos, dentre eles comunicacionais, artísticos e
também pedagógico. Propostas e exercícios de composição e exemplos de
atividades.
2-Objetivos Específicos:
Conhecer alguns conceitos, fotógrafos, história e funções da fotografia;
Conhecer a câmera fotográfica e diversas possibilidades criativas;
Aprender e desenvolver técnicas de luz e composição;
Produzir atividades usando a fotografia como registro como também para
propostas artísticas
3- Introdução
Nesta apostila iremos falar de uma das linguagens artísticas que
impulsionou o campo vasto de indagações no século XX e também no século
XXI, que foi a fotografia. Esta que depois de quase 180 anos de inventada, faz
parte intimamente as nossas vidas e se espalha por todos os meios de
comunicação e expressão artística.
Neste capítulo teremos uma abordagem prática desta técnica, mas
primeiramente faremos algumas incursões teóricas para reflexão. Também por
aqui passarão algumas atividades que podem ser desenvolvidas em sala com
seus alunos, sobretudo no sentido de operacionalizar a fotografia e
compreender que ela pode perpassar por outras formas de expressão.

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Como a fotografia pode ser um meio intermediador de outras práticas
artísticas? Vamos tomar esta hipótese para inspirar todo nosso capítulo e
poder realizar várias intervenções poéticas.
4- As funções da fotografia
A fotografia foi descoberta oficialmente
divulgada em 1839, alguns anos
depois das pesquisas de JN Niepce
(1765- 1833), que produziu a primeira
fotografia em 1826 (Figura 01). Foi
então Louis Daguerre ( 1787-
1851)( Figura 03) que oficializa a
fotografia na França a partir de seu
processo de impressão. Ele nomeou o experimento como daguerreotipo e
assim difundiu o produto visual que foi materializado através de uma placa de
cobre coberta de nitrato de sais de prata. WH Talbot (1800-1877) em 1835
produz a primeira fotografia em negativo e anuncia seu invento também em
1839.
Além destes inventores existe a defesa no Brasil, feita por Boris Kossoy
(1941), que a fotografia teve sua descoberta independente aqui no nosso país,
por um francês que veio para o Brasil no século XIX, chamado Hércules
Florence ( 1804-1879). A fotografia se dá pela formação da imagem
sensibilizada pela luz, que captada por uma câmera , pode ser impresso
através de vários processos de revelação, ou mesmo visualizado numa tela de
computador como conhecemos atualmente.
Fig. 01 Janela de Niepce 1826 - Primeira fotografia

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Fig. 02 Paris, Louis Daguerre, 1839 Fig. 03. Daguerre.Autor: Jean B. Sabatier Blot, 1844
Temos neste capítulo o objetivo de refletir sobre a imagem fotográfica e
suas funções. Vamos discutir sobre a diversidade de interesses e impactos
deste objeto visual bastante comum no nosso dia-a-dia, aprender um pouco da
técnica, tendo em vista a sua complexidade e inseri-la na prática pedagógica
artística como linguagem que se dinamiza, sobretudo pela criatividade e
trânsito nas mais diversas formas de expressão.
Assim podemos indagar: mesmo depois de quase 180 anos da sua
invenção como a fotografia consegue exercer fascínio e encantamento? O que
tem nela que nos faz está sempre buscando e desejando sua presença nas
nossas vidas ?.
A seguir vamos discutir primeiramente sobre a fotografia como produto
e suas motivação sociais e culturais, depois iremos pontuar as questões
técnicas, para propor algumas atividades.
Hoje em dia é difícil pensarmos nos principais momentos das nossas
vidas sem um registro fotográfico. Desde o nascimento buscamos retratar as
pessoas, as festas, os encontros felizes como a família e os amigos, as
viagens por lugares memoráveis, as formaturas, os casamentos e qualquer fato
que se torne relevante merece ser marcado para posteridade.
A fotografia tem desde uma função histórica como memória, o culto da
nossa imagem, como objeto de comprovação de fatos, a veracidade, mas
também é usada como veículo de expressão de pensamentos e intensões que

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pode ser manipulado ao gosto do fotógrafo. Poderemos refletir, sobretudo, pela
capacidade ambígua que a fotografia pode proporcionar. Através dela podemos
lembrar a pessoa querida que está longe ou já faleceu, para expressar a beleza
dos lugares e das pessoas, mas também ser enganados por algo que foi
manipulado pelo fotógrafo a partir das suas escolhas e dos recursos técnicos
disponíveis. São diversos objetivos e necessidades para diversas situações.
Como já observado, a fotografia é muito usada desde a propagação de
ideais, fatos ocorridos nas sociedades, divulgar a venda de produtos e criar
idolatria das mais diversas formas. Sentimentos são vivenciados a partir da
capacidade de persuasão, impacto emocional, pois da fotografia emana muitos
atributos visuais explorados pelas artes, que são produzidos por uma técnica
diferenciada das artes mais tradicionais, mas que deixa marcado formas, cores,
o registro de algo existente e que pode nos arrematar ou nos repulsar, depende
da pessoa e do momento.
O registro técnico das formas do mundo se deu desde sua invenção,
assim a necessidade de comunicação e ampliação de uma determinada
mensagem acontece a serviço de interesses políticos, religiosos, sociais,
econômicos e culturais.
A técnica da fotografia pensando na sua básica função, é realizada pela
simples motivação de apertar um botão , apontar e disparar o click fazendo
eternizar qualquer fato banal das nossas vida. Ninguém e nada escapa, a não
ser que o fotógrafo não tenha sido rápido e competente o suficiente para
congelar a imagem. É necessário em determinadas situações um certo domínio
técnico, questão a ser ressaltada mais adiante. Independente de qualquer
coisa se alguém estiver ali como uma câmera fotográfica, mesmo sendo
indesejada, a fotografia se realiza. Assim podemos presenciar alguém
recuando ou reclamando de ser fotografado,
Muitas vezes podemos está diante de uma atitude voyerista do outro que
insiste em fazer alguém se transformar em imagem, congelar o instante, aquela
pessoa, ou aquele lugar etc. Depois da fotografia podemos levar arquivados no
computador ou imprimir qualquer coisa, ostentarmos uma imagem, ter o sorriso
ou choro de alguém, usar a nosso favor, mesmo que estejamos sujeitos a

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reclamações ou processos judiciais. O limite é determinado pela nossa cultura,
pela ética que a sociedade determina , o fotógrafo também está sujeito às leis,
pois mais vulneráveis que elas sejam. É em virtude destas e outras situações
que podemos entender o poder da fotografia para nós.
A fotografia acaba muitas vezes revelando o indesejável, por isso o
conflito de interesse pode acontecer, depende das relações entre objeto e
fotógrafo. Quem é que não se arrumou antes de sair numa foto, fez uma pose,
ou buscou deixar em ordem o ambiente para que ele pudesse ser registrado?
Mostrar o lado positivo é algo que está na nossa natureza, deixar registrados
os momentos felizes e mais forte do que querer lembrar as tristezas.
Na verdade é o fotógrafo quem vai determinar isso, depende de quem
ele está a serviço, ou se ele está livre para propor algo que expresse seu olhar
diante do fato.
Você pode está agora pensando que muito disso não é nada de novo,
mas é assim que podemos redimensionar todo um projeto pedagógico, que
esteja preparado para um universo extremamente rico de situações,
indagações e imaginações. Ao querer aprender a fotografar melhor, ou usar da
fotografia como técnica artística, devemos levar em consideração muitos dos
fatores motivacionais, pois a técnica estará apenas a nosso serviço.
Nas artes visuais temos a intensão de produzir coisas criativas, mas
poucas vezes estamos preparados o suficiente para ter o acesso mais
produtivo daquela linguagem.
Para avançarmos mais um pouco, temos outros exemplos que a
fotografia traz. Paisagens raras, produtos alimentícios, objetos de consumo e
pessoas que admiramos ou aprendemos a admirar por causa da imagem.
Conhecemos belos trabalhos produzidos a partir das superproduções
profissionais para a publicidade e a televisão, maquiagens, figurinos
caríssimos, cenários em estúdios ou em externas e locações para vender uma
imagem de alguém ou de um produto.

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Fig.04 Prédio em Dubay- Emirados Árabes Fig. 05 fotografia de moda
Muitas vezes se tem uma grande equipe ao redor do fotógrafo, que pode
favorecer as imagens que conhecemos. Um fotógrafo pode precisar de um
maqueador, uma figurinista, um cenógrafo, assistentes para auxiliar no
direcionamento da luz ou para depois também fazer ajustes na imagem digital.
Forma-se, então, um grupo a serviço de algo que pode durar apenas
alguns minutos que é o suficiente para congelar a imagem, o click da câmera.
O tempo de produção pode ser extremamente longo, mas o click é de apenas
Fig.06 . Fotografia de produto 1 Fig.07 . Fotografia de produto 2

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segundos, depois tem também os processos de manipulação digital e
impressão.
Fig. 08 . Fotografia de Annie Leibovitz, 2005
Muitos suportes são usados, jornais, revistas, outdoor, cartazes em
papel, tecidos e mais recentemente o computador, a internet e toda a
tecnologia digital, determinante nas últimas décadas, sobretudo na modificação
da imagem. A imagem está a serviço de uma idealização, por isso é que é
importante pensar nela esteticamente. O conhecimento que temos do desenho,
da pintura e de toda história da arte é determinante para ousarmos numa
fotografia. Sabemos que as artes estão intimamente ligadas a um propósito, ao
olhar e a sensibilidade do artista. A história comprova a relação que o homem
tem com a beleza, querer exibir , impor sua imagem ou ostentar seu mundo
particular. Sempre foi importante para as pessoas aparecer nas pinturas,
depois nas fotografias, ser conhecido por todos através dos meios de
reprodução da imagem.
Os jornais, as revistas e a internet assim trabalham, são suportes que
vendem uma imagem determinada, faz milhares de pessoas conhecerem

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alguém, respeitar, ou mesmo difamar. Ficar famoso se tornou um valor muito
forte. Os políticos, como também os artistas e atletas são fotografados, deles
são vendidas muitas imagens e fazem multidões consumir seus produtos e
suas ideias.Assim que conhecemos a reprodução da imagem, tudo ficou muito
mais fácil de ser divulgado.
Depois da fotografia pudemos também inventar o cinema, que é outro
veículo de grande impacto para nossa sociedade. Por enquanto estamos
falando apenas de fotografia, ela é muito usada pelos jornais para ajudar na
comunicação do fato. A própria imagem foi adquirindo status independente do
texto escrito. Segundo um pensamento bastante comum “ uma imagem fala
mais do que mil palavras”, podemos assim entender todo o potencial que tem
uma fotografia.
Fig 09. Autor: Alain Barbezat National Geographic
Um jornal ou a revista pode dar sua interpretação e assim influenciar
milhares de pessoas. . Mostrar a expressão visual de alguém acaba dando um
significado maior à informação, compromentendo governos e políticas ao
julgamento daqueles que se deixaram influenciar pela fotografia. O fato pode
ser manipulado à favor da imagem e vice-e-versa. Há uma relação forte que
determina as mudanças.

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Fig. 10 Serra Pelada- Pará, Sebatião Salgado, 1986
Esta questão das novas tecnologias também é muito importante para
entendermos o mundo atual, a produção e recepção dos novos suportes.
Vamos tratar de técnicas e assim vamos observar que a possibilidade de
manipulação é muito grande.
A fotografia no seu processo primário é a captação de uma determinada
imagem, mais recentemente ela pode ser concebida como seu processo de
edição, pois são inúmeras as possibilidades de mudanças do arquivo original,
determinantes para o produto que conhecemos. Quantas vezes nos
deparamos com uma imagem vistosa, colorida, que desconfiamos da sua
veracidade, ou uma pessoa se apresenta tão bonita, logo afirmamos que ela foi
tratado no computador, pois quando já vimos a pessoa em outras situações,
contrariamos logo a fotografia.
Ser uma verdade ou uma ficção, ser algo ambíguo é próprio da
fotografia. Assim temos nela muitas possibilidades de representação. São
muitos os recursos, softwares os mais diversos são criados pelas empresas de
informática, somos capazes de ser transformados no computador, parecer mais
jovens ou mais velhos,mais magros ou mais gordos, mais altos ou mais baixos,
ficar mais bonitos ou mais feios, mudar de roupa e até está em lugares que
nunca pisamos os pés. Mesmo antes da computação gráfica era possível fazer
determinadas modificações. Existem vários tipos de softwares para

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manipulação de imagens como o photoshop, corelphotopaint, photoscape,
guimp, lightrrom, dentre outros
Fig. 11 Fotografia manipulada. Autor: Primo Tacca Neto, 2012
Os artistas também usavam da fotografia para expressar imagens
abstratas e revelar coisas estranhas aos nossos olhos. A surpresa, o
encantamento, a ambiguidade, de alguma forma a fotografia pode nos
espantar, nos cativar, criar diversas realidades, fazer pensar sobre nossa
condição humana e o mundo ao nosso redor, são os olhares e a sedução
provocada pela imagem.

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Fig 12. Autor: Marcus Ramos, 2012 Fig. 13. “Rayograph”, Man Ray, 1922
Alguns teóricos ,que você encontrar na bibliografia básica no final do
capítulo, pensaram a fotografia, discutiram a sua importância histórica, cultural,
social e política, como também sobre sua capacidade de envolver o espectador
psicológica e emocionalmente. Muitas vezes não estamos conscientes do que
nos faz encantar ou rejeitar numa fotografia, também mesmo o conhecimento
não nos deixa imune o suficiente, mas é importante para desenvolvermos uma
atitude crítica e positiva. O estudo é importante para apurarmos nossa
sensibilidade e usar a fotografia, ao invés de ser manipulados por ela. Esta
importância já temos observado diariamente, pois a fotografia faz parte do
nosso dia-a-dia.
Precisamos aqui investir num estudo não só técnico, mas criativo e
crítico, saber usar da fotografia não só como processo em si, mas também
como ponto de partida para outras criações, mediar a sua leitura para que
nossos alunos possam também ter uma independência criativa e ser muito
mais do que consumidores, como alertamos no capítulo anterior.
Nas artes tradicionais se aprendia a técnica do desenho, da gravura, da
pintura, é a partir da fotografia que muita coisa foi repensada , as técnicas
tradicionais continuam tendo sua importância, porém hoje temos mais

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possibilidades e é por isso que iremos aprender com a fotografia tudo isso. As
teorias precisam se relacionar com técnica, fazer um diálogo produtivo, facilitar
o processo de aprendizagem, mover as fronteiras e
fazer o indivíduo mais livre e independente, assim
acreditamos no poder educacional das artes.
5 - Como é formada a imagem fotográfica
O princípio da fotografia está
na câmara escura, muito antes da fotografia ser
inventada em 1839, já havia sido descoberto o
modo como a imagem pode refletir.
No tópico anterior pudemos discutir sobre
questões subjetivas da apropriação da imagem, seu
poder e sua lógica cultural. É importante
salientarmos que há séculos o homem já vem
desejando produzir imagens do mundo real. Iremos
nortear mais um pouco sobre história para depois
adentrarmos na técnica propriamente dita, ou ela
pode ir aparecendo de acordo com nossas
fundamentações.
A fotografia se dá pela captação da luz por
meio de uma lente que inside sobre uma superfície
( negativo ou CCD) e depois fixada. Vamos falar de
dois procedimentos ao mesmo tempo, logo em
seguida a técnica irá nos mostrar que as
habilidades básica são as mesmas. Conhecemos a
fotografia analógica que se dá pela utilização do negativo fotográfico, depois
a revelação com uso de produtos químicos com o negativo para depois a
Fig. 14. Filme
fotográfico .

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Fig.15 (página anterior) Modo de captura e revelação analógica e Fig. 16
(acima). Modo de Captura e revelação da imagem digital
imagem ser fixada num papel( observe quadro ao lado). O fotógrafo precisa
neste caso de um laboratório de revelação, com amplicadores, bacias com
revelador, fixador e água para lavar o papel, em depois secar.
A fotografia digital (observe Fig. 16) acontece
por meio de uma câmera digital, no lugar do
negativo existe um sensor eletrônico embutido
na câmera chamado de CCD ( Charge Couple
Device), que passa por armazenamento em
cartões de memória e impressão através de um
computador. Esta é a diferença, enquanto na
fotografia analógica precisava de um laboratório
mais espaçoso, com ampliadores, bacias com
revelador, fixador e água para lavar, na
fotografia digital podemos dizer que passa por
um processo “seco”, são arquivos digitais,
formados por algoritmos numéricos lidos por
placas eletrônicas e armazenadas no
computador. Veja quadro do processo digital na
página seguinte)
Esta é resumidamente uma explicação,
porém daremos ênfases ao procedimento da
tecnologia digital, que neste caso é mais
acessível para os professores e alunos nos dias
de hoje, pois qualquer aparelho celular ou
câmera compacta já tem a tecnologia que
favorece esta agilidade e praticidade, se pode
visualizar a imagem no ato. Como exemplo da
técnica analógica podemos fazer uma atividade
com a técnica da foto na lata, também chamada

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Fig. 18. Autor desconhecido
de “pinhole”, que significa buraco de agulha. Veja mais adiante a explicação do
exercício.
Apesar das mudanças na tecnologia, a formação da imagem na câmara
ainda é o mesmo, sendo ela analógica ou digital. Não há diferenças básicas
entre fotografia analógica e digital, pois o procedimento de captação é o
mesmo.
Para se realizar a fotografia precisamos entender que temos a luz deve
ser compreendida igualmente através de dois processos, tempo de exposição
(obturador) e abertura ( diafragma). Como destaca Langford (2009, p.51) “A
quantidade de exposição à luz é , em sua maior parte, controlada por uma
combinação do tempo que o obturador está aberto e o diâmetro do feixe de luz
que atravessa a lente”.
A câmera fotográfica pode ser facilmente comparada com o olho
humano observe ilustração abaixo:
6– Luz
A luz é a matéria prima da
fotografia, por isso se diz que
fotografia é “ escrita da luz”, todo o
esforço dos primeiros fotógrafos foi de
captar e sensibilizar o suporte com a
Sensor: chip eletrônico sensível à
luz que fica atrás das lentes. O Chip
é um microprocessador autônomo
composto de vários circuitos
Fig.17. Desenho do olho e da câmera

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luz. Sem a luz nada podemos ver, pois é sem ela também que nunca teríamos
a fotografia. A luz é um fluxo de energia que se propaga a partir do sol ou de
uma fonte radiante semelhante.
Precisamos entender que é importante para o fotógrafo interpretar a luz
e usar da técnica para melhor captá-la. Estudaremos os quatro aspectos
básicos para produção da fotografia: Luz, Tema, Composição e Exposição,
além das funções básicas da câmera.
A seleção de uma determinada luz influencia em como a foto será vista,
pois compondo de cores e tons, sombras e nuances, enfatizamos um ou outro
determinado ângulo. Com a luz podemos por exemplo dar um carga dramática
utilizando altas sombras ou contra-luzes e imprimir diversas aparências e
sensações através do tipo de iluminação disponível ou elaborada. Podemos
utilizar da luz do sol, ou usar lâmpadas as mais diversas. Os fotógrafos de
estúdio detém de uma quantidade de luzes as mais diversas, que favorecem
várias imagens, para poder expressar um determinada idéia ou sentimento.
Desejamos mostrar algo ao fotografar, a luz será uma destas coisas
essenciais para a fotografia. Primeiramente sabemos que temos a luz natural,
vinda do sol. Para Langford (2009, p.42) “ a luz visível é um fluxo de energia
que se propaga a partir do sol ou de uma fonte radiante semelhante”. A luz
como fenômeno foi estudada pelos cientistas, os fotógrafos precisam ter
algumas informações para poder melhor gerir seu trabalho. Veja mais algumas
informações técnicas sobre a luz destacadas por Langford (2009, p.42/43):
1- A luz comporta-se como se movesse em ondas, como
ondulações se espalham pela superfície da água.
Variações nos comprimentos de onda dão aos nossos
olhos a sensação de cores diferentes ( ver figura 19);
2- A luz se propaga em linha reta ( dentro de uma substância
ou meio uniforme). Você pode ver “ feixos” e “ eixos” da
luz solar e na maneira como as sombras são projetadas
( ver ilustração);
3- A luz se move a uma grande velocidade
(aproximadamente 300.000 quilômetros por segundo no

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vácuo). Ela se move não tão rapidamente no ar quando no
vácuo mais lentamente em substâncias mais densas,
como a água ou o vidro.
4- Além de propriedade de ondas, a luz também tem
propriedades de partículas, consistindo em partículas de
energia ou “fótons”. Esses fótons provocam alterações
químicas nos filmes fotográficos e resposta eletrônica nos
sensores de câmeras digitais, etc. Quanto mais intensa a
luz, mais fótons ela contém.
Figura 19. A luz do sol se decompõe em cores, que é o tipo e comprimentos de ondas possíveis se ser
visualizado.
A luz viaja como ondas de radiação eletromagnéticas. Os raios
do sol movem-se em linha reta, mas vibram em todas as
direções perpendiculares a sua trajetória. Quando atngem um
Não precisamos entender tudo de
física para interpretar a luz, mas é
fundamental termos uma base para
entendermos como se inicia este
processo, pois a luz é condição
básica. Vamos compreender melhor
as diferentes tipos de luz ao longo do
dia. Para a fotografia é importante
compreendermos algumas variações
luz. Ao nascer do sol, nós temos uma
luz
Fig. 20. Faixa de cores do espectro visível

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objeto, partes do espectro visível são absorvidas por ele. Outras são
espalhadas ou refletidas, e são elas que percebemos como cores. Uma folha,
por exemplo, absorve todos os raios, exceto o verde.( Novo Guia de fotografia
National Geografic, 2011).
Ao nascer do sol, nós temos uma luz mais branca e um maior
comprimento de sombras, ideal para paisagens, as cores ficam mais fiéis aos
motivos fotografados também.
Ao meio dia, com o sol bem acima das nossas cabeças, temos sombras
mais curtas e raios mais fortes, provocando o que chamamos de luz dura, se
caso o sol estiver incidindo direto, sem nuvens.
Fim de tarde, temos uma luz mais quente ( alaranjados) e difusa, com
sombras longas e suaves. Este é um bom horário para fotografas à vontade.
Então podemos também dividir as luzes em:
Luz dura, que inside direto sobre o objeto, pode ser de qualquer fonte
luminosa, lâmpada, vela, sol. O que caracteriza a luz dura, são sombras bem
marcadas, desenham os objetos e são mais escuras.
Luz difusa, são luzes que sofrem um pequeno bloqueio de seus raios,
assim um nuvem, ou qualquer objeto que bloquei parcialmente a luz, pode
amenizar os raios luminosos, um papel de seda, um vidro leitoso. Com a luz
difusa nós temos sombras mais suaves e que podem valorizar as cores e
formas, sem marcar muito. Observem os exemplos abaixo.
Fig.21 Final de tarde. Autor: Araquém Alcântara Fig. 22. National Geographic

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Fig 23. Luz Dura. Autor anônimo Fig. 24. Luz difusa. Autor: Euriclésio Sodré
7 - Câmera
Já levantamos uns conceitos básicos sobre
luz, agora vamos ao nosso equipamento de
captação, que é câmera fotográfica. Toda
tecnologia tem se desenvolvido no sentido
de melhor captar as formas do mundo e
como também extrapolar os limites do
visível.
A Câmera é dotada de corpo e lente ( Figura 25). Nós temos as câmeras
profissionais e as câmeras compactas. A grande maioria adquire as
compactas, sobretudo pela simplicidade de manusear, mas também pelo seu
valor de mercado. Atualmente temos outros meio de fotografar através de um
telefone celular, que tenha esta função, um tablete etc. Gostaria de alertar que
a forma como orientamos o estudo da fotografia, na sua maior parte, está
ligado ao equipamento que detém dos recursos técnicos, assim celulares e
outros instrumentos nós estaremos destacando como alternativa em alguns
momentos das atividades. De qualquer forma acompanhe estes ensinamentos
que serão úteis em qualquer situação.
Corpo
Lente
Fig. 25. Câmera fotográfica digital

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Abaixo podemos ter exemplos da evolução da câmera fotográfica, desde
modelos do século XIX , até as atuais, passando pelas compactas,
profissionais.
Critérios para escolha de uma câmera:
- Resolução: definida em pixels;
-Conveniência: o que deseja fazer, especificidade do trabalho;
-Controle criativo: criação de imagens usando velocidade e abertura da lente;;
-Custo: condição financeira
Tipos de câmeras
Câmeras monoreflex- SLR: lida com muitas situações diferentes, de 35mm de
duas objetivas;
Câmeras de médio formato: imagem maior que 35mm, resolução alta;
dimensões do negativo: 6x4,5cm, 6x6cm,6x 7cm.
Câmeras compactas: tipo comum, pequena, de fácil uso e de carregar.
Câmeras digitais: modelo de bolso, monoreflex digital com objetiva
intercambiável, Chassis digitais( médio formato)
Outros tipos: instantânea, subaquática,estereoscópias( duas fotos ao mesmo
tempo), espiã, binocular, de grande formato, panorâmica, em celulares.
Em 1888: Kodak fabrica primeiras câmeras com filme
fotográfico de rolo e serviço de processamento no
laboratório químico. Famosa frase “ Você clica a foto e
nós fazemos o resto. Idéia de praticidade comodidade..

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Figura 25: Câmera com tripé Século XIX Figura 26: Câmera de Grande formato 1840
Fig 27 . Ilustração anatômica da câmeta profissional Fig.28. Câmera Compacta
È simples identificar que há diferenças técnicas importantes entre a
profissional e compacta simples, vamos por partes, é sempre bom conhecer o
ideal. Em trabalhos que requerem algo mais elaborado, com exigências
maiores, se faz necessário investir para ter um equipamento mais sofisticado.
Vamos então ver a diferença entre elas.
Para começo de conversa precisamos destacar que existem as câmeras
analógicas, as que usam filme e as câmera digitais, com o sensor digital que
tem três camadas de cor luz, azul, verde e vermelho, no lugar do filme.

23
Fig.29 . Ilustração detalhada do Sensor digital Fig. 30 Canais de cor RGB presentes no sensor
É fundamental termos em mente para que queremos ter uma câmera ,
pois existem inúmeros tipos e formatos. Todas as câmeras terão a
possibilidade de ser usada com o recurso automático, que é quando a câmera
resolve todo o processo e é disparada, sem nenhum controle do fotógrafo.
Então veja bem, decida suas prioridades e objetivos. Vamos ficar
atentos agora a uma gama de palavras técnicas, que podem ser bastante
novas no seu vocabulário, nisso a fotografia tem muitas, inclusive não só
palavras mas números também. Vamos ver alguns aspectos desta decisão no
tange a imagem digital:
Resolução: é a capacidade de ampliação da imagem. Um "pixel" é um
elemento "atómico" de uma fotografia contendo informação da luminosidade de
um só canal: vermelho (R), verde (G) ou azul (B) como visto na figura 30
acima. Quanto mais pixels tive mais poder de ampliação, assim se você quer
fazer um pôster grande para por na sua sala, é necessário ter uma câmera com
alta resolução. Para apenas visualização na tela do computador ou publicação
na internet, você usa uma resolução mais baixa. Veja a fotografia de frutas
abaixo, quando ampliamos na tela do computador podemos visualizar estes
quadradinhos ao lado, eles são os pixels.

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Fig.31.Fotografia normal como vemos
Fig. 32 Ampliação máxima na tela
Fig. 33. Proporção do sensor em relação ao filme.
3.6- Controle criativo: é a capacidade de
manusear as funções da câmera para obter
imagens diferenciadas, usando o zoom da lente, o
obturador, o diafragma ( iremos detalhar mais
adiante). Se você quer dar nitidez a um objeto em
detrimento do outro, precisa de uma câmera mais
equipada, semiprofissional ou profissional, que
tenha vários recursos. Com uma câmera simples,
Resumo
Resolução: -Quantidade de pixels utilizados na imagem digital, como também a quantidade de informação que o pixel traz para compor uma imagem.
-A resolução efetiva do CCD é medida em Megapixels.Ex.: Nikon D300S 12 Megapixels.
-A resolução máxima da imagem, é o número de pixels na largura por altura.
Ex. Nikon D300S : 4.288 x 2.848= 12.212.244 pixel / ~ 12 MP
As câmeras dão opções de resolução: alta, média e baixa:4.288 x 2.848 ( “large”),
3.216x 2.136 (“ medium”), 2.144 x 1.424 (“small”)
Nas câmeras profissionais a proporção é 2X3 ( como no negativo de 35mm, que o formato é 24X 36 mm). Nas demais a proporção varia 3X4, 4X5 16X9mm.
Quando se diz full frame é que o sensor é equivalente ao tamanho do negativo fotográfico de 35 mm (24X36mm). Observe figura XX a cima que compara a proporção do sensor com o filme fotográfico.

25
você aponta para o objeto, ela dispara automaticamente e depois faz o resto
com resultados simples e práticos.
Questões de conveniência e custo, depende de cada um, a facilidade de
uma câmera pequena de ser transportada, ou valor dela for determinante você
deve saber na hora de comprar. Existem vários tipos de compactas: compacta
básica( muito pouco controle criativo, baixa resolução custo baixo) compacta
zoom ( com pequena lente acoplada, pouco controle criativo), a compacta de
luxo ( lente melhor que as demais compactas, resolução média) Existem as
câmeras monoreflex básicas e profissionais (com média resolução, alto
controle criativo).
Fotografar é articular técnica e olhar, equipamento e sensibilidade.
Podemos transformar em imagem qualquer coisa dependendo da nossa
técnica e sensibilidade. Inúmeras imagens só ficam interessantes se a câmera
poder registrar, assim ela precisa ter disponível os recursos e você saber
manusear. Mesmo que você apenas tenha uma câmera compacta para
trabalhar com seus alunos, se faz necessário ter algumas informações
sobretudo por que na oportunidade de melhorar seu trabalho você poderá
revisar estas informações.
O controle criativo é feito no modo manual da câmera. A partir de agora
teremos informações essenciais. Existem alguns recursos básicos para melhor
captar a imagem, interpretar a luz, seja a câmera de filme ou digital.Vamos
usar mais o termo “sensor”, pois hoje a gama de aparelhos digitais são
superiores.
Tempo de exposição, está ligado à velocidade de disparo, medida em
segundos ou frações de segundos, expresso por exemplo: 5’’ ( 5 segundos),
quando mais tempo expomos o sensor, mais ele será sensibilizado pela luz.
Assim é obturador funciona como uma cortina na câmera, que cobre o sensor
e dispara a depender do tempo que o fotógrafo escolheu, pois é ele que faz a
leitura do movimento do objeto a ser fotografado. Podemos expor o sensor a
mais de uma hora ou milionésima parte de um segundo, depende da sua
câmera.

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Os padrões de tempo são exibidos também desta desta forma, por
exemplo:1/1000 ( com barra entre os números)– mil partes de um minuto,
assim você está mandando o obturador agir mil vezes mais rápido que um
minuto. Quanto mais rápido menos luz é captada.
A velocidade será medida a depender do ambiente, quando estiver muita
luz no ambiente, para não estourar a fotografia e vermos uma área branca e
objetos sem nitidez. Quando mais rápido articular o obturador, menos luz vai
sensibilizar o sensor. Desta forma se o ambiente estiver pouco iluminado, você
precisa de uma baixa velocidade para dar tempo da luz sensibilizar o sensor e
você obter a imagem que deseja. Então resumindo pouca luz - mais tempo,
muita luz- menos tempo, ou seja, como citei no início, ser bastante rápido,
conforme a necessidade. Do contrário se tiver pouca luz no ambiente e você for
rápido no obturador, poderá ficar tudo escuro na imagem. ( veja quadro com
padrões de velocidade).
Abertura é preciso identificar na câmera uma numeração que se destina
ao diafragma ( veja Figura 34 a seguir). A abertura do diafragma é outro
recurso importante, trabalha em paralelo com o tempo. Uma lente que fique
bastante aberta no momento da exposição irá deixar entrar mais luz, se ela
estiver mais fechada entrará menos luz. A abertura também influenciará na
profundidade de campo, ou seja, objetos mais nítidos em uma área da imagem
mais que outros.
Abaixo você pode observar, quanto menor o número maior a abertura.
Há uma relação inversa, é preciso ficar atento a isso, maior abertura menor
número, entre este números há aberturas intermediárias, observe na sua
câmera ( caso ela tenha esta configuração de abertura). Existem nas lentes
estas cortinas ( obturador)que se abrem e fecham de acordo com o tempo de
exposição, as abertura são pré-determinadas pelo fotógrafo ante do click.

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Figura 34. Aberturas aproximadas do diafragma
Fig. 35 Diaframa aberto em f /2.8 a f /4 Fig. 36. Diaframa fechado entre f16 e f 22
Profundidade de Campo:
é a distância entre o objeto mais
próximo e o mais distante- ambos bem
focados- numa imagem. Ela é
determinada pelo tamanho da abertura
e pela distância de onde se faz o foco.
Em condições normais, quanto maior a
abertura ou mais longa a distância
focal, menor a profundidade.
É a distância expressa
em milímetros entre o
centro da lente e o
lugar em que seus
raios de luz se
concentram no sensor
digital ou no filme.

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Fig 37. Autor: Euriclésio Sodré Fig. 38 Marilyn Monroe. Cartier Bresson,déc.de 1950
Resumindo: em qualquer situação deve-se medir o Obturador ( tempo
de exposição) e o Diafragma ( abertura) para poder obter a imagem desejada.
No geral, em dias de muita luz, ajusta mais rápido o tempo de exposição do
que em dias mais nublados. No caso da fotografia noturna temos algumas
particularidades. Precisamos estudar o manual de cada câmara, cada modelo
trás algumas nomenclaturas e símbolos diferentes, mas no geral tem-se uma
padronização, apenas a interface é diferenciada, existem algumas
possibilidades a mais em umas do que nas outras. Observe na figura abaixo o
padrão mais conhecido.
Prioridade exposição Prioridade de abertura

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Fig. 39. Modos de escolha padrão para exposição
3.7 Fotometria: que dizer medir a luz no modo Manual, a maioria das
câmeras tem este recurso, você pode observar um gráfico dentro do visor, no
qual apareça uma numeração para menos e para mais, quando você mover o
cursor até o número 0 (zero) indica que há condições ideais de luz, em regras
gerais neste caso o fotógrafo pode disparar seu click.
Veja os exemplos na figura abaixo:
Fig. 40 Gráfico da fotometria presente no corpo da câmera
Manual
Macro Automático
Retrato
Paisagem
Programado
Noite
Movimento

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Outra informação importante é a Sensibilidade do ISO. Quanto mais
alto o ISO, mais sensibilidade do sensor no caso digital, antigamente era o
filme, como já pontuamos. É importante destacar este outro recurso, pois num
dia ensolarado o Isso deve ser baixo. A noite ou em condições de pouca luz e
na ausência do flach usa-se ISO mais alto. Quanto mais alto o ISO também há
a possibilidade de granulação ou ruído da imagem, pois ele vai captar todos os
detalhes e informação visuais no objeto, exacerbando numa textura muitas
vezes incômoda. Existem variações de ISO de 6 a 6.400 ou mais dependendo
da câmera. Você deve pesquisar isso independente se sua câmera for
compacta ou profissional, nos celulares básicos que fotografam não existem
muitas destas variações e possibilidades.
Lembre-se
As três condições básicas de luz as quais a câmera dever ser programada
para melhor atender às melhores possibilidades escolhidas:
TEMPO DA LUZ ( Obturador)
QUANTIDADE DA LUZ (diafragma)
SENSIBILIDADE DO SENSOR OU FILME ( ISO)
8 -Composição
Há algumas dicas para composição na fotografia, que podem ser vistas
como regras, mas também como possibilidade criativa na hora de expressar
uma idéia. No geral se recomenda entender o que se quer fotografar para
melhor selecionar aquilo que vai ser visto. Existem então alguns exemplos que
são difundidos em muitos livros e manuais de fotografia. O livro Fotografia
Básica da Langford, é utilizado como base em vários temas deste capítulo nos
trás boas referências.
Faça vários exercícios baseados nos exemplos a seguir:
Sentido de leitura; o olhar do espectador é guiado pela posição que
ocupa a imagem principal. Tradicionalmente na nossa cultura ocidental lemos

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da esquerda para direita, assim isso influencia na interação também com as
imagens. Na figura logo a abaixo o olhar de Sally Mann nos direciona para fora
do quadro, o contrário, na outra figura da direita dela, a fotografia invertida,
criamos um diálogo melhor através com a menina em destaque.
http:// o m/
Fig. 41. Fotógrafa Sally Mann. Autor desconhecido
Momentos, vivências, emoções: costumamos registrar nosso dia-a-
dia, em algumas ocasiões isso nos ajuda a manter a memória em momentos
de satisfação, aprendizado, de interação e festa com a família ou amigos,
situações que podem ser simples, mas que deixam uma lembrança registrada
e de muito valor simbólico.
Na verdade este tipo é muito usado, pois com câmera digital, a qualquer
momento isso é possível, vamos observar mais nossas experiências e assim
congelar estes momentos valorizando-os na imagem.
Fig.42 Autor Euriclesio B. Sodré Fig. 43. Autor: anônimo
Diagnonais: ao invés de fazer as imagens só na frontal, é possível obter
imagens mais dinâmicas aos nossos olhos, isso demonstra mais criatividade na
percepção dos espaços.

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Fig. 44. São Paulo. Autor: Thomas Farkas, 1945
Centro de Interesse: é onde localizamos dentro da fotografia aquilo que
estamos chamamos atenção, mas nem sempre o centro de interesse é o centro
da foto, é o o lugar que queremos que se torne o centro das atenções.Observe
as três fotografias abaixo, a diferença entre elas é o lugar que a igreja, motivo
em destaque chama atenção mas se posiciona em diferentes lugares da
imagem.
Observ e
Fig. 45. Olinda. Autor: Adelmo Santos
Princípio do terços: uma das composições mais destacadas nas aulas,
pois existem determinados pontos imaginários no espaço bidimensional que
atraia a percepção. Sempre que algo estiver no cruzamento destes pontos

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verifica-se maior atração do olhar. Estes pontos também são chamados pontos
de interesse, pois exercem um impacto visual. Aprofunde seus conhecimentos
sobre esta técnica consultando o blog
http://paulofreirefotografia.blogspot.com.br. Veja esquema abaixo. Observe
também ( Figura 46) que a modelo se encontra no cruzamento de alguns dos
pontos.
Fig.45 Regra dos terços Fig. 46 Foto: Léo Moraes
Observe na foto acima que a modelo se encontra no cruzamento de alguns
dos pontos.Você situar o motivo em qualquer destes pontos e observe com
atrai o olhar.
Moldura: dá um destaque espacial ao motivo fotografado, cria uma área de
concentração determinada por linhas ao redor. Observe como as sombras ao
redor do barco funciona como uma moldura.

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Fig.47. Autor: Marcelo dos Santos
Referência: determina a proporção das partes envolvidas, é assim que
temos a dimensão do motivo ou mesmo ser confundidos pela ausência de
outra imagem para comparação. Nas duas fotos abaixo você observa uma
forma aberta numa geleira, na foto seguinte alguém ao fundo desta forma, se
você analisar a presença humana como referência na pderia afirmar que
tamanho teria a forma por si só..
Fig.48 Bruno Sellmer, 2008
Vertical e horizontal Imagens horizontais pedem mais
espaço para os lados, e figuras verticais
pedem proporcionalmente mais espaço
para cima e para baixo. Ao fotografar
em uma dessas posições você inclui ou
exclui os motivos dependendo, dando
destaque a outras formas ao redor.
Observe que na segunda imagem além
da igreja aparecem os casarios ao
redor.

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Fig. 49 e Fig 50. Igreja de Nosso Senhor dos Passos, Salvador. Autor:Euriclésio Sodré, 2012
Primeiro plano: aquilo que está mais perto do campo de visão do
fotógrafo cria uma área de interesse muito maior, enfocando partes
privilegiadas de algo em detrimento de outras coisas que ficarão mais para
traz.
Fig.51 Autor: Adelmo Santos, 2003
Cortes ou ênfase: em algumas situações é necessário fazer cortes para
enfocar somente um detalhe da imagem, você destaca apenas algo e exclui
todo resto, dando destaque com foco aproximado.

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Fig 52. Infanta, Ralph Gibson, 1987 Fig.53 Akira, Autor: Mario Cravo Neto, 1992
Profundidade de Campo: são as variações de nitidez que você realiza,
algumas partes ficam visíveis outras ficam mais borradas, fora de foco. O
espectador consegue ver mais uma determinada forma em detrimento da outra,
que permanece na fotografia, mas diferenciada. Revise o tópico sobre de
abertura quando falamos de luz.
Fig.54 Laróyè, Mario Cravo Neto, 2001
Ponto de vista: é o lugar onde o fotógrafo se posicionou, embaixo, em
cima em relação ao motivo. Esta posição vai também destaca uma aspecto da

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percepção psicológica do motivo, visto de baixo, altivez, de cima recluso,
inferior. Pode haver distorções ou até abstrações, como é o caso da Fig. 55 na
qual a fotografia foi feita vista de baixo de uma árvore de Natal. Na Fig .56, a
bailarina vista de cima , tal imagem também oculta partes do corpo na sua
roupa, por isso apresentam expressividades diferentes pelos ângulos que são
captadas.
Fig. 55 Autor: Bruce Wagner, 2012 Fig. 56. Autor Erivan Moraes, 2013
Texturas e formas : é outro aspecto da imagem, no qual as formas
contém impressões visuais diferentes que enriquecem e destacam seu
conteúdo e sobressaindo as nuances da imagem.
Fig 57. Autor: Bill Brandt, Fig.58 Edward Weaston

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Cores e valores tonais: as cores são elementos de expressividade
determinantes na imagem. São elas que primeiro atingem nossa percepção e
assim influenciam no nosso estado mais sensível. Mesmo atento a outras
questões ( passagem do tempo, memória) como o retrato da garota afegã, as
cores dos turbantes são muito acentuados no plano da fotografia, assim como
a surpreendente coloração da água na outra fotografia de Ernest Hass.
Fig. 59. Garota Afegã. Steve McCurry,1985/2002 Fig. 60 ”Green wave”, Ernest Haas, 1963
Movimento: as coisas e as pessoas estão também em constante
movimento, precisamos entender o momento de captação para que possamos
fazer o click certo. Se nossa câmera for capaz de congelar ( dependendo da
rapidez do obturador) assim operamos, pode congelar de maneira precisa.
Dependendo do poder de captação é possível traduzir que naquele momento
haverá uma imagem que expresse uma confusão de linhas em movimento,
pois o motivo está saindo do lugar. Na Figura XX o fotógrafo consegue
congelar a onça pintada, deixando um fundo como se estivesse em movimento.
Na Figura XX Mario Cravo Neto, deixa que o movimento se expresse e partes
do corpo das crianças fiquem totalmente ofuscadas pelo movimento,
possivelmente pela baixa velocidade em contraste a rapidez dos corpos.

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Fig. 61 Autor desconhecido Fig. 62 Mário Cravo Neto, 2001
Equilíbrio e Linhas: as linhas são elementos gráficos que estimulam
nossos olhos, elas enriquecem o espaço que a imagem ocupa, nos dão noções
de direção ou mesmo confusão. A fotografia é como qualquer arte visual, são
suas linhas, cores, texturas e elementos sensíveis que mobilizam nossas
sensações e estimulam nossa capacidade de contemplação da beleza e ou do
estranho, sempre trabalhando uma reflexão qualquer, emotiva ou intelectual.
Decerta forma estass questões formais estão atreladas também á noção do
equilíbrio que a fotografia pode proporcionar
Fig. 63 Autor: Cristiano Mascaro Fig. 64. Autor: Joel Meyerowitz, 2008
Estas são apenas algumas dicas comuns em qualquer curso de
fotografia. Você pode compreender e interpretar a fotografia de diversas
maneiras, extrapolar estas regras, mas sobretudo compreender como elas
criam um impacto visual e influenciam na nossa percepção. O universo da
fotografia é muito amplo, existem inúmera técnicas e equipamentos para
favorecer muito do que vemos nas belas fotografias, acredito que neste
fascículo você teve um pouco de informações desta linguagem. De qualquer
forma para início de conversa ( claro que ficamos por aqui, é força de
expressão), você pode começar mesmo com sua câmera compacta ou celular,
o importante é se desprender ludicamente para todas as possibilidades
oferecidas.
Agora você pode fazer pelo menos uma fotografia de cada exemplo e
analisar o resultado comparando com outras fotos que não usou estas regras.
Veja mais alguns pontos a serem resumidos antes de buscar aplicar em sala
de aula

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9 DICAS E REFLEXÔES:
Razões pessoais para fotografar:
• Agenda visual: documentar o dia-a-dia, passeios, festas,etc
• Manipular ou interpretar a realidade: realizar imagens que extrapolem a
idéia de realidade, com distorções, imagens abstratas.
• Explorar suas próprias ideias ( desejos, identidade, raça, sexo, metáfora,
fantasia...): expressar idéias sobre determinadas visões políticas,
ideológicas, guardar imagens de objetos de desejo, persuadir.
• Fascinação despertada pelo equipamento em si, apelo em apertar os
botões: gosto pelo equipamento, aprender as técnicas, exibir
conhecimento técnico, etc.
• Capturar sua visão sem necessidade de desenhar laboriosamente:
poder fotografar algo para não precisar de desenhar ou pintar,
praticidade, objetividade em documentar para cumprir algum uso técnico
com a imagem.
• Prazer na composição visual: fotografar para testar efeitos visuais
diferentes, perspectivas, cores e formas exóticas, apelo às formas, cores
e texturas, gosto por diferentes resultados estéticos.
Lembre-se:
- Antes de fotografar confira se as baterias estão recarregadas;
- Descarregue o cartão de memória antes da próxima saída, para você
não perder de fotografar por ter seu cartão cheio;
- Se possível tenha sempre outro cartão de memória de reserva e outra
bateria carregada.
- Depois de fotografar salve suas fotos numa pasta do computador
coloque ano e título da pasta, assim você tem um banco de dados bem
organizado na hora de procurar aquela foto preferida, sobretudo para
fazer uma boa ampliação.
Para Refletir
Existem muitos conceitos que são estimulados, de tantos que podemos pensar
temos na fotografia: Visão realista –Traço – Reflexo – Marca –Ilusão –

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Coincidência - Procedimento mecânico- Símbolo – Registro – Magia - Culto,
Objetividade – Memória – Subjetividade – Identidade - Objeto de desejo –
Referência – Temor – Fascínio - Coleção - Realidade – congelar o fato – Pose
– Click –Apontar – Atirar - Roubar - Recorte espaço-temporal. Que mais
podemos refeltir? Escreve uma frase sobre cada uma dessas palavras, e em
outras que você pensou a respeito da fotografia.
Anotações_______________________________________________________
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10 -OUTRAS SUGESTÕES DE ATIVIDADES:
1-Peça para os alunos fazerem retratos dos seus colegas, pode ser com
qualquer câmera ou celular, depois explore com eles vários significados
que podem ser levantados na interpretação das fotografias.
2- Peça seus alunos para reunir fotografias para montar um álbum criativo que chamamos de Scrapbook. O Scrapbook é composição artística com imagens fotográficas, poesias, diversos adereços e enfeites que combinem com o estilo da pessoa, e que tenham a ver com o momento que ela registrou em fotos. Faça uma pequena pesquisa na internet ( google) e veja vários exemplos para inspirar você e toda turma. Bom trabalho!
Materiais a serem usados: tesoura, cola, cartolina, papeís coloridos, pequenos
adesivos variados, Veja ilustrações:

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Fig. 65. Materiais diversos para colagem Fig.66. Scrapbook
11 Referências:
1. BLAIR, James P. Novo Giuia de Fotografia National Geographic. James
P. Blair, Scott S. Stuckey, Priit Vesilind; tradução Camila Wermer. – São
Paulo: Ed. Abril, 2011.
2. DUBOIS, Phillippe. O ato fotográfico. Campinas: Papirus, 1994.
3. HEDGECOE, John. O novo Manual de fotografia:guia completo para
todos os formatos. Tradução de assef Nagio Kfouri e Alexandre Roberto
de Caralho.- 3ª Ed.- São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007.
4. KUBRUSLY, Cláudio A. O que é fotografia.. – São Paulo: Brasiliense,
2007.
. 6. LANGFORD, MIchael. FOX, Ana. SMITH, Richard Sawdon.Fotografia
basica de Langford: guia completo para fotógrafos.traduçao Edson
Furmankiewizc. 8ª ed.Porto Alegre: Bookman,2009.
7. MACHADO, Arlindo. Imagens técnicas: da fotografia à síntese numérica.
Imagens, n.3. Campinas: Editora da UNICAMP, dez.1999. p. 9-14.
8. SONTAG, Susan. Sobre Fotografia. Tradução Rubens Figueiredo. – São
Paulo: Companhia das Letras, 2004.

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