Apostila geo brasil

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Pré-Vestibular Popular da UFF na Engenharia Geografia do Brasil 1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE DISCIPLINA: GEOGRAFIA DO BRASIL PROFESSORA: ANA PAULA POPULAÇÃO Taxa de natalidade: é a relação entre o nº de nascimentos ocorridos num determinado ano e o total de habitantes existentes nesse mesmo período num país. Taxa de mortalidade: é a relação entre o nº de pessoas que morrem num ano e o total da população existente nesse mesmo período num país. Crescimento natural ou vegetativo: é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma população num certo período de tempo. População Economicamente Ativa (PEA): é aquela que produz riqueza e é composta, em sua maioria, por adultos (entre 15 e 64 anos) e que, através da renda com o seu trabalho, seja ele formal ou informal, sustenta a economia nacional. Taxa de fecundidade: nº de filhos por mulher. Densidade demográfica: é a relação entre o nº de habitantes que vivem num país (ou região) e a área territorial ocupada por esse país. Populoso X Povoado Teoria Malthusiana: afirmava que a miséria e a pobreza resultam do desequilíbrio entre a população excessiva e a limitação dos meios de subsistência. A tecnologia agrícola evoluiu e os métodos contraceptivos ajudaram a frear a natalidade. Teoria Neomalthusiana: via com pessimismo um alto nº de nascimentos achando que isto representava um ônus muito grande para a população ativa, dificultando o seu desenvolvimento econômico. Teoria Reformista: acha que a pobreza nos países subdesenvolvidos é causada pela má distribuição de renda. Cabe ao Estado o papel de promover reformas que permitam o planejamento familiar e a conseqüente redução da natalidade. A DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA 1872 – 1940: foi marcado por altas taxas de natalidade e uma regularidade nas taxas de crescimento vegetativo. O Brasil agroexportador precisava de mão-de-obra no campo, daí a idéia de uma prole numerosa. As altas taxas de mortalidade refletem as condições sanitárias precárias que havia no país. 1940 –1960: houve uma aceleração no crescimento populacional causada por uma redução das taxas de mortalidade, graças a medidas sanitárias eficazes, campanhas de saúde pública e a cesso a medicamentos por boa parte da população. Taxas de natalidade permaneceram altas. A partir da década de 1960, houve um declínio da natalidade. Este declínio está vinculado aos novos padrões de comportamento da população quanto à procriação, derivados da urbanização ocorrida com o desenvolvimento industrial e o êxodo rural. Gravidez na adolescência e morte de homens pela violência. DISTRIBUIÇÃO POPULACIONAL NO PAÍS A ocupação da faixa litorânea deve-se essencialmente a fatores da nossa história, pelas ligações realizadas com o exterior, face à dependência externa. A evolução econômica do país, especialmente a partir dos governos de Vargas, modificou bastante este quadro. Embora as grandes concentrações ainda correspondam às áreas mais próximas ao litoral, importantes fluxos migratórios se dirigiram para o interior. Esta “marcha para o oeste” refletiu a expansão econômica do Sudeste em direção a aquela área. Também nos anos 70, a Amazônia recebeu um grande fluxo migratório. A política governamental de atração para o norte era através da concessão de terras e grandes projetos agropecuários e minerais. Apesar de tudo, a área ainda pode ser considerada um grande vazio demográfico. DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO NA ECONOMIA Setor primário: agricultura, extrativismo vegetal/mineral e pecuária. Setor secundário: indústria, construção civil e mineração. Setor terciário: comércio, serviços, transportes, comunicações, administração pública. Setor quaternário: biomedicina, biotecnologia, nanotecnologia e informática avançada. BRASIL – DISTRIBUIÇÃO SETORIAL DA POPULAÇÃO ATIVA (%) SETOR 1940 1950 1960 1970 1980 1990 Primário 65,9 60,0 51,6 44,3 29,9 27,0 Secundár io 10,3 13,6 13,2 17,8 24,4 25,0 Terciário 23,8 26,4 35,2 37,9 45,7 48,0

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Geografia do Brasil 1

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE DISCIPLINA: GEOGRAFIA DO BRASIL

PROFESSORA: ANA PAULA POPULAÇÃO

Taxa de natalidade: é a relação entre o nº de nascimentos ocorridos num determinado ano e o total de habitantes existentes nesse mesmo período num país. Taxa de mortalidade: é a relação entre o nº de pessoas que morrem num ano e o total da população existente nesse mesmo período num país. Crescimento natural ou vegetativo: é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma população num certo período de tempo. População Economicamente Ativa (PEA): é aquela que produz riqueza e é composta, em sua maioria, por adultos (entre 15 e 64 anos) e que, através da renda com o seu trabalho, seja ele formal ou informal, sustenta a economia nacional. Taxa de fecundidade: nº de filhos por mulher. Densidade demográfica: é a relação entre o nº de habitantes que vivem num país (ou região) e a área territorial ocupada por esse país.

Populoso X Povoado

Teoria Malthusiana: afirmava que a miséria e a pobreza resultam do desequilíbrio entre a população excessiva e a limitação dos meios de subsistência. A tecnologia agrícola evoluiu e os métodos contraceptivos ajudaram a frear a natalidade. Teoria Neomalthusiana: via com pessimismo um alto nº de nascimentos achando que isto representava um ônus muito grande para a população ativa, dificultando o seu desenvolvimento econômico. Teoria Reformista: acha que a pobreza nos países subdesenvolvidos é causada pela má distribuição de renda. Cabe ao Estado o papel de promover reformas que permitam o planejamento familiar e a conseqüente redução da natalidade. A DINÂMICA POPULACIONAL BRASILEIRA

1872 – 1940: foi marcado por altas taxas de natalidade e uma regularidade nas taxas de crescimento vegetativo. O Brasil agroexportador precisava de mão-de-obra no campo, daí a idéia de uma prole numerosa. As altas taxas de mortalidade refletem as condições sanitárias precárias que havia no país. 1940 –1960: houve uma aceleração no crescimento populacional causada por uma redução das taxas de

mortalidade, graças a medidas sanitárias eficazes, campanhas de saúde pública e a cesso a medicamentos por boa parte da população. Taxas de natalidade permaneceram altas. A partir da década de 1960, houve um declínio da natalidade. Este declínio está vinculado aos novos padrões de comportamento da população quanto à procriação, derivados da urbanização ocorrida com o desenvolvimento industrial e o êxodo rural.

Gravidez na adolescência e morte de homens pela violência. DISTRIBUIÇÃO POPULACIONAL NO PAÍS

A ocupação da faixa litorânea deve-se essencialmente a fatores da nossa história, pelas ligações realizadas com o exterior, face à dependência externa. A evolução econômica do país, especialmente a partir dos governos de Vargas, modificou bastante este quadro. Embora as grandes concentrações ainda correspondam às áreas mais próximas ao litoral, importantes fluxos migratórios se dirigiram para o interior. Esta “mar cha para o oeste” refletiu a expansão econômica do Sudeste em direção a aquela área. Também nos anos 70, a Amazônia recebeu um grande fluxo migratório. A política governamental de atração para o norte era através da concessão de terras e grandes projetos agropecuários e minerais. Apesar de tudo, a área ainda pode ser considerada um grande vazio demográfico. DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO NA ECONOMIA Setor primário: agricultura, extrativismo vegetal/mineral e pecuária. Setor secundário: indústria, construção civil e mineração. Setor terciário: comércio, serviços, transportes, comunicações, administração pública. Setor quaternário: biomedicina, biotecnologia, nanotecnologia e informática avançada.

BRASIL – DISTRIBUIÇÃO SETORIAL DA POPULAÇÃO ATIVA (%) SETOR 1940 1950 1960 1970 1980 1990 Primário 65,9 60,0 51,6 44,3 29,9 27,0 Secundário

10,3 13,6 13,2 17,8 24,4 25,0

Terciário 23,8 26,4 35,2 37,9 45,7 48,0

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Geografia do Brasil 2

O ESPAÇO AGRÁRIO BRASLEIRO

• A agricultura tem a finalidade de produzir alimentos e matérias-primas.

• Na agricultura existem três fatores básicos: a terra, o trabalho e o capital.

• Agricultura arcaica: quando há uso de métodos

ultrapassados, como a queimada e o aproveitamento do solo é reduzido.

• Agricultura moderna: quando há uso de adubos,

fertilizantes e máquinas com alta produtividade. • Agricultura contemporânea: quando há intensa

mecanização, altíssima produtividade e desenvolvimento da biotecnologia.

• Sistema agrícola extensivo: fator principal – a terra;

mão-de-obra – pouco qualificada e em grande quantidade; aplicação de capital – reduzida.

• Sistema agrícola intensivo: depende do volume de

capital investido (mecanização, tecnologia, insumos agrícolas) e da mão-de-obra qualificada e reduzida, superando em importância a terra.

• A agricultura deve:

a) Oferecer matérias-primas e alimentos para o setor urbano, com preços, relativamente, cada vez menos valorizados;

b) Produzir excedentes exportáveis para a obtenção de divisas;

c) Consumir, cada vez mais, produtos industrializados.

• A agricultura brasileira, nos últimos trinta anos, tem se caracterizado por dar prioridade à produção voltada para a exportação, aumento da tecnologia, expansão das fronteiras agrícolas, concentração fundiária e assalariamento do trabalhador rural.

• Todas as características que foram apontadas fazem parte de um modelo que vê na agricultura a fornecedora de matéria-prima e energia para a indústria, a produtora de alimentos para a população e, principalmente, contribuir, por meio das exportações, pra abater o pagamento dos juros da dívida externa.

No Brasil, a concentração fundiária tem relação com o processo histórico. Nas Capitanias Hereditárias, o capitão donatário recebia enormes pedaços de terra para explorar. Dessa situação para a criação de grandes latifúndios foi um rápido passo. Uma vez obtida a independência, a população cresce e avança para o oeste, o que determina as primeiras invasões e conflitos. Para regulamentar essa situação, é criada, em 1850, a Lei de Terras, que determina a posse privada das terras que tenham sido devidamente registradas e considera as demais como terras devolutas (pertencentes ao Estado por não possuírem donos). Sendo assim, temos um conjunto de forças de contenção, oriundo do atraso da economia rural brasileira, como os monopólios, oligopólios e latifúndios priorizando a produção voltada para a exportação e mais atualmente, as agroindústrias que formam o novo oligopólio do campo brasileiro, que resultam, além do êxodo rural, em conflitos fundiários, e geração de movimentos em prol de uma reforma agrária plena. Modernização e industrialização da agricultura e formação dos Complexos Agroindustriais apresentam características distintas. No processo de modernização, ocorreram mudanças na base técnica da produção agrícola. No processo de industrialização, a agricultura transformou-se em um ramo de produção semelhante à indústria e conectada a outros ramos de produção. O processo de modernização da agricultura (através da importação de máquinas e insumos) resultou no de industrialização (já com as máquinas e insumos produzidos no Brasil), e essas transformações, aliadas às mudanças nas relações de trabalho, resultaram na constituição do Complexo Agroindustrial na década de setenta. O processo de unificação entre a agricultura e a indústria teve conseqüências sócio-espaciais tanto no rural como no urbano. Entre elas, podemos destacar a perda da autonomia econômica do camponês para a indústria, tornando-se caudatários da mesma. O camponês ainda é exteriormente, proprietário de suas terras, porém não possuem mais a sua liberdade. A agricultura foi drenada nas duas pontas do processo produtivo: na do consumo produtivo, pelos altos preços que teve e tem que pagar pelos produtos industrializados (maquinaria e insumos) que é praticamente obrigada a consumir, e na da circulação, onde é obrigada a

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vender a sua produção por preços vis. Nesse processo temos o monopólio da produção, ou seja, a circulação está dominada pela produção, aliás, dentro do mecanismo lógico do capitalismo na indústria. A industrialização da agricultura, que é uma evidência desse processo, gera a agroindústria. É, portanto, o capital que solda novamente o que ele mesmo separou: agricultura e indústria, cidade e campo. Aqui, o capital sujeita o trabalho que se dá no campo, sujeitando assim também, a renda da terra ao capital. Além disso, esse processo de unificação entre a agricultura e a indústria acaba gerando concentração fundiária no campo, pois o pequeno produtor não consegue competir com o latifundiário, que se tornou capitalista e detentor dos meios de produção.Sendo assim, acaba por se gerar o êxodo rural no campo, refletindo em miséria, sub-emprego e aumento das áreas periféricas carentes no meio urbano. Os subsídios criam dependência, desmantelam estruturas produtivas inteiras, geram fome e pobreza onde poderia haver prosperidade. É necessário uma “globalização da agricultura”, nos moldes em que os países desenvolvidos tanto se empenham em ter na produção industrial. A visão de segurança que prevalece no mundo de hoje está centrada no controle e na garantia do território, da oferta de alimentos e da oferta de energia. Os subsídios à produção agrícola e as barreiras comerciais, que tanto têm retardado o crescimento da agricultura dos países mais pobres, são também conseqüências dessa visão. É preciso reconhecer que, se a agricultura dos países em desenvolvimento tivesse sido estimulada por um mercado livre, talvez não estivéssemos vivendo essa crise de alimentos. A globalização, que se instalou de maneira tão ampla na indústria, precisa chegar à agricultura. A chamada crise mundial de alimentos é, acima de tudo, uma crise de distribuição causada pelos subsídios e pelo protecionismo relacionados à agricultura.

Importantes transformações ocorridas na agricultura brasileira com a participação do capitalismo no campo:

a) Mecanização da lavoura, implicando,

positivamente, num aumento do rendimento e negativamente na dispensa de mão-de-obra.

b) Substituição das culturas alimentares por culturas comerciais e de exportação, de maior rentabilidade.

c) Valorização da terra como mercadoria, implicando

na concentração fundiária.

BIOCOMBUSTÍVEIS E A CRISE NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

Ultimamente houve um aumento de notícias sobre a disputa entre biocombustíveis e alimentos.Mas afinal, o preço do

feijão subiu mesmo por causa de “boom” dos biocombustíveis? O mundo vai passar fome porque resolveram transformar comida em combustível?

Analisando os fatos, é possível concluir que os EUA produzem etanol de milho, que é a base da alimentação de muitas pessoas. Sendo assim, verifica-se que o que antes era usado como alimento está virando combustível para os carros dos americanos, e que, portanto, é possível que falte alimentos.

No Brasil, o etanol é produzido a partir da cana-de-açúcar, que não é usada como base na alimentação humana. Então aqui no nosso caso não dá pra dizer que está faltando comida só porque a produção de alimentos está sendo usada para produzir energia.

Mas tanto no caso do Brasil quanto no caso dos EUA, a verdade é que essa febre dos biocombustíveis animou vários agricultores que antes plantavam arroz, feijão, batata, tomate, laranja, etc, a plantar milho no primeiro caso e cana-de-açúcar no segundo. Sendo assim, os campos que antes cultivavam feijão, agora cultivam cana. Desta forma, estamos produzindo menos feijão e conseqüentemente há menos deste produto disponível no mercado, elevando-se assim, o seu preço.

Então, em parte, o preço do feijão subiu sim por causa do aumento da produção de etanol. Mas, por outro lado, também tem que se levar em conta a elevação do preço do petróleo. E com o petróleo caro, fica caro encher o tanque dos tratores que fazem o plantio, ou que fazem a colheita. Isso também eleva o custo da aplicação de fertilizantes e agrotóxicos e do transporte do alimento do campo até o local de consumo, ou seja, o petróleo caro também impacta no preço dos alimentos.

Sendo assim, é possível concluir que se dependermos do petróleo, vamos ter que pagar caro; se usarmos biocombustíveis iremos pagar caro também.

EXERCÍCIOS

1)A participação crescente do capitalismo no campo brasileiro ocasionou relevantes transformações.

A) Cite um aspecto positivo e outro negativo da mecanização da lavoura:

B) Explique como a inserção do capitalismo no campo aumentou a concentração fundiária:

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2)As duas figuras mostram a adoção de técnicas diferentes de aproveitamento de encostas para a produção agrícola.

Figura I

Figura II

Na figura I, utiliza-se a técnica do plantio alinhado. Na figura II, o plantio é feito seguindo as curvas de nível.

Apresente as vantagens desta última técnica sobre a primeira.

REGIÃO NOROESTE FLUMINENSE

Municípios: Itaperuna, Santo Antônio de Pádua, BJesus do Itabapoana, Italva, Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula, Varre-Sai, Aperibé, Cambuci, Itaocara, Miracema e São José do Ubá. Passado: cana-de-açúcar; café; agricultura de subsidência nas fazendas de café; pecuária leiteira e indústrias de laticínios. Presente: é o maior produtor de leite do estado; indústria de laticínios; pecuária de corte e leiteira; canafruticultura; café (em escala estadual); vazio demográfico em algumas áreas por falta de perspectivas de desenvolvimento; extração de rochas ornamindústria de papel; turismo; agroindústria; metalurgia. O Noroeste Fluminense está sujeito a um período de inércia, sem grandes mudanças, onde ações pontuais tentam alterar a falta de dinamismo sócio-econômico. A falta de perspectivas de melhora futura e o quase total descaso do poder público (nas esferas municipal, estadual e nacional) contribuem para o grande êxodo populacional marcante na região. A associação entre os atores hegemônicos também

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As duas figuras mostram a adoção de técnicas diferentes rodução agrícola.

se a técnica do plantio alinhado. Na figura II, o plantio é feito seguindo as curvas de nível.

Apresente as vantagens desta última técnica sobre a

REGIÃO NOROESTE FLUMINENSE

Itaperuna, Santo Antônio de Pádua, Bom Jesus do Itabapoana, Italva, Laje do Muriaé, Natividade,

Sai, Aperibé, Cambuci, Itaocara,

açúcar; café; agricultura de subsidência nas fazendas de café; pecuária leiteira e indústrias de

é o maior produtor de leite do estado; indústria de laticínios; pecuária de corte e leiteira; cana-de-açúcar; fruticultura; café (em escala estadual); vazio demográfico em algumas áreas por falta de perspectivas de desenvolvimento; extração de rochas ornamentais; indústria de papel; turismo; agroindústria; metalurgia. O Noroeste Fluminense está sujeito a um período de inércia, sem grandes mudanças, onde ações pontuais tentam alterar

econômico. A falta de tura e o quase total descaso do

poder público (nas esferas municipal, estadual e nacional) contribuem para o grande êxodo populacional marcante na região. A associação entre os atores hegemônicos também

age no sentido de manter estruturas arcaicas de dominao lado de “ilhas” dinâmicas e bolsões de pobreza. A desertificação do solo começou nas matas devastadas no final do século XIX para a plantação de café e canaaçúcar. Com a decadência econômica, o solo empobrecido foi abandonado. Como as cidades muito comprimidos e compartimentados, se tornou muito difícil a recomposição natural. É importante destacar também a relevância do recebimento dos royalties do petróleo por parte da região. Mesmo recebendo um montante bem inferior à região Norte (zona de produção principal), ainda assim, tais cifras são fundamentais para os orçamentos municipais da região. Centro regional: Itaperuna

REGIÃO NORTE FLUMINENSE

• Municípios: Campos dos Goytacazes, São Fidélis, Cardoso Moreira, São Francisco do Itabapoana, São João da Barra, Quissamã, Carapebus, Conceição de Macabu e Macaé.

• • Passado: tradição no cultivo da cana

portuária no século XIX; indústria açucareira; ferrovias; teve a primeira usina em funcionamento na América que foi o Engenho Central de Quissamã, instalado pelo governo imperial brasileiro em 1877.

• • Presente: nas últimas décadas, as principais

transformações que vêm ocorrendo no Norte Fluminense podem ser associadas a três fatores: a exploração do petróleo na Bacia de Campos, a contínua crise do setor sucro-alcooleiro regional e a expansão da fruticultura. As alterações na configuração territorial dos municípios da região têm sido fruto de movimentos emancipatórios atrelados principalmente às novas oportuou indiretamente, surgem com a atividade petrolífera. Desde o final da década de 80, Macaé foi o centro urbano de maior crescimento da região, justamente porque lá se encontram a sede regional da Petrobrás e grande parte das instalações necessárias ao refino e distribuição do petróleo. Esta atividade reverte capitais para as prefeituras por meio do pagamento de impostos sobre o direito de exploração (royalties). A quebra do monopólio na exploração do petróleo, combinada com a recente desreservas petrolíferas no litoral da região, poderão transformar os municípios do Norte Fluminense em localização privilegiada de novos investimentos associados à operação industrial e a logística de exploração do petróleo, desde que haja ações dirigidas nesse sentido. As oportunidades de negócio são numerosas, pois os produtos demandados pelas companhias de petróleo incluem desde o atendimento médico nas plataformas, passam pela produção de equipamentos e peças especiais, e chegam ao ensino à distância e às pesquisas tecnológicas de ponta.

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age no sentido de manter estruturas arcaicas de dominação, ao lado de “ilhas” dinâmicas e bolsões de pobreza. A desertificação do solo começou nas matas devastadas no final do século XIX para a plantação de café e cana-de-açúcar. Com a decadência econômica, o solo empobrecido foi abandonado. Como as cidades da região ficam em vales muito comprimidos e compartimentados, se tornou muito difícil a recomposição natural. É importante destacar também a relevância do recebimento dos royalties do petróleo por parte da região. Mesmo recebendo um

à região Norte (zona de produção principal), ainda assim, tais cifras são fundamentais para os orçamentos municipais da região.

REGIÃO NORTE FLUMINENSE

Campos dos Goytacazes, São Fidélis, Cardoso Francisco do Itabapoana, São João da Barra,

Quissamã, Carapebus, Conceição de Macabu e Macaé.

tradição no cultivo da cana-de-açúcar; área portuária no século XIX; indústria açucareira; ferrovias; teve a primeira usina em funcionamento na América Latina que foi o Engenho Central de Quissamã, instalado pelo governo imperial brasileiro em 1877.

nas últimas décadas, as principais transformações que vêm ocorrendo no Norte Fluminense podem ser associadas a três fatores: a exploração do

eo na Bacia de Campos, a contínua crise do setor alcooleiro regional e a expansão da fruticultura. As

alterações na configuração territorial dos municípios da região têm sido fruto de movimentos emancipatórios atrelados principalmente às novas oportunidades que, direta ou indiretamente, surgem com a atividade petrolífera. Desde o final da década de 80, Macaé foi o centro urbano de maior crescimento da região, justamente porque lá se encontram a sede regional da Petrobrás e grande parte das

necessárias ao refino e distribuição do petróleo. Esta atividade reverte capitais para as prefeituras por meio do pagamento de impostos sobre o direito de exploração (royalties). A quebra do monopólio na exploração do petróleo, combinada com a recente descoberta de novas reservas petrolíferas no litoral da região, poderão transformar os municípios do Norte Fluminense em localização privilegiada de novos investimentos associados à operação industrial e a logística de exploração do

ções dirigidas nesse sentido. As oportunidades de negócio são numerosas, pois os produtos demandados pelas companhias de petróleo incluem desde o atendimento médico nas plataformas, passam pela produção de equipamentos e peças especiais, e chegam ao

à distância e às pesquisas tecnológicas de ponta.

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Agroindústria açucareira; Pólo de Fruticultura Irrigada; favelização; especulação imobiliária; turismo. Centros regionais: Campos dos Goytacazes e Macaé.

REGIÃO DAS BAIXADAS LITORÂNEAS Municípios: Araruama, Armação de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Marica, Rio Bonito, Rio das Ostras, São Pedro de Aldeia, Saquarema e Silva Jardim. Passado: exploração de sal; produção de laranja; pesca; criação de gado; caminho para a penetração no Norte Fluminense. Presente: Turismo de veraneio; grande participação do setor terciário; turismo; transporte; comunicações; construção civil; maior urbanização; formação de sítios em municípios mais interioranos (Casimiro de Abreu, Silva Jardim e Cachoeiras de Macacu); especulação imobiliária; imobiliária; degradação ambiental; maior ligação à região metropolitana depois da construção da BR101 em 1970; pecuária leiteira; citricultura; vestuário de moda praia, fábrica da Schincariol em Cachoeiras de Macacu. Centro regional: Cabo Frio

REGIÃO SERRANA Municípios: Bom Jesus, Cantagalo, Carmo, Cordeiro, Duas Barras, Macuco, Nova Friburgo, Petrópolis; São José do Vale do Rio Preto; São Sebastião do Alto; Santa Maria Madalena; Sumidouro; Teresópolis e Trajano de Morais. Passado: ouro (Cantagalo); agricultura de subsistência; área de fixação de imigrantes europeus; agricultura; pecuária. Presente: indústria têxtil; turismo; veraneio; comércio; prestação de serviços; metalurgia; indústrias mecânica, de matéria plástica e editorial e gráfica; horticultura; avicultura; agroindústria; pecuária leiteira; Cantagalo possui jazidas de calcário e, por conseguinte, apresenta indústrias cimenteiras de grande porte; floricultura. A família pluriativa é produto da expansão das atividades de turismo e veraneio que, juntamente com a presença de outros serviços e algumas indústrias, vêm oferecendo outras alternativas de sobrevivência às famílias rurais, e deve ser encarada antes de tudo como uma estratégia de sobrevivência dos pequenos produtores com o objetivo de garantirem a sua reprodução enquanto produtores rurais. Ao invés de constituir-se em solução para os problemas do campo, esta é antes de tudo, reflexo da condição de subordinação e exploração ao qual estes pequenos produtores estão submetidos. Isto porque além de trabalhar na própria produção, a família também atua em serviços nas funções de jardineiros, caseiros, empregados de

pousadas, construção civil. A Região Serrana caracteriza-se pela significativa diversificação da sua economia, com destaque, sobretudo, pela existência do pólo de moda íntima de Nova Friburgo, pelo crescimento da produção de hortigranjeiros para o atendimento do mercado consumidor da Região Metropolitana e pela intensificação das atividades ligadas ao turismo.

Centros regionais: Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. REGIÃO METROPOLITANA

Municípios: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, São Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica e Tanguá. Passado: área portuária; ferrovias; processo de ocupação estreitamente ligado à expansão do município do Rio de Janeiro, já que este último constitui-se no ponto de partida para a expansão da região, que teve início nas proximidades do Morro do Castelo e Praça XV, junto ao primeiro porto da cidade; foi tanto a capital colonial quanto a federal (administração pública); café; cana-de-açúcar; e prestação de serviços.

Preente: turismo; uma das características principais da região é a concentração. Concentração tanto do ponto de vista demográfico quanto econômico, assim como no que tange aos serviços referentes aos setores financeiro, comercial, educacional e de saúde, bem como órgãos e instituições públicas. Possui uma grande variedade de indústrias. Se destaca no contexto regional, no que tange não somente à concentração populacional, mas principalmente, no que diz respeito aos fluxos de investimentos, já que é para tal região que convergem a maioria destes fluxos. Quanto ao peso do setor de serviços na economia regional, este é bastante evidente em praticamente todos os municípios da região, mais especialmente na cidade do Rio de Janeiro, fruto das funções administrativas exercidas pela mesma no período em que foi capital colonial e federal. Entretanto, apesar do crescimento econômico e do dinamismo apresentado, constitui-se também um espaço marcado por acentuadas disparidades e contradições sociais, evidenciados pela distribuição desigual dos serviços e equipamentos urbanos, a crescente demanda por habitação, marcada pelo aumento das submoradias e pela expansão das favelas, a intensa degradação do meio ambiente, violência e o conseqüente esgotamento dos recursos naturais. Centro regional: Rio de janeiro REGIÃO CENTRO-SUL FLUMINENSE

Municípios: Três Rios, Areal, Comendador Levy Gasparian, Paraíba do Sul, Sapucaia, Vassouras, Paty do

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Alferes, Mendes, Miguel Pereira e Engenheiro Paulo de Frontin. Passado: caminho para Minas na época do ouro; economia cafeeira; e comunicação entre diferentes regiões através do entroncamento rodo-ferroviário. Presente: metalurgia; indústria de alimentos, de matérias plásticas, de máquinas e equipamentos e de bebidas; pecuária de corte e leiteira; indústria química e farmacêutica; construção civil; setor terciário; atividade turística e de veraneio; agricultura (tomate, chuchu, cenoura, alface, manga, maracujá, goiaba, e banana); sítios de fim de semana; turismo rural. Centro regional: Três Rios.

REGIÃO DO MÉDIO VALE DO PARAÍBA

Municípios: Volta Redonda, Barra Mansa, Piraí, Itatiaia, Porto Real, Resende, Quatis, Rio Claro, Pinheiral, Barra do Piraí, Valença e Rio das Flores. Passado: área de passagem para Minas e São Paulo; café; rede ferroviária; pecuária. Presente: metalurgia; siderurgia; 2ª maior bacia leiteira do estado, CSN; indústria automobilística ( Volkswagem, Peugeot e Citroen); setor de comércio e de serviços; indústria química, de alimentos e têxtil; região mais dinâmica e industrializada do interior do estado; Centro regional: eixo Resende-Volta Redonda-Barra Mansa. REGIÃO DA BAÍA DA ILHA GRANDE (COSTA VERDE/LITORAL SUL FLUMINENSE)

Municípios: Angra dos Reis, Parati, Itaguaí e Mangaratiba. Passado: área portuária de escoamento da produção mineira de ouro e café do Vale do Paraíba; cultivo de banana; atividade pesqueira. Presente: turismo; usinas nucleares; prestação de serviços; comércio; cultivo de banana, mandioca, palmito e cana-de-açúcar; Terminal Marítimo de Petróleo da Petrobrás; a abertura da Rodovia Rio-Santos favoreceu uma maior integração e desenvolvimento; especulação imobiliária; degradação ambiental. Centro regional: Angra dos Reis.

MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO Da fundação da cidade do Rio de Janeiro, em 1565, até a fusão dos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, em 1975, o Rio de Janeiro teve um grande peso político na

história do país, já que durante 197 anos foi a capital federal (1763/1960) e, nesta condição, era o centro repercussão da política nacional. A presença dos três poderes e de toda a máquina administrativa deu à cidade uma grandiosidade que a distanciou do interior. Esse distanciamento foi agravado com a transferência da capital do país para Brasília, já que foi criado o Estado da Guanabara que, mais tarde, em 1975, seria unido ao Estado do Rio de Janeiro, dando origem ao atual estado. O lugar escolhido para a fundação da cidade em 1565, por Estácio de Sá, foi o Morro Cara-de-Cão, junto ao Morro de Pão-de-Açúcar, na entrada da Baía de Guanabara. Alguns anos depois, a sede da cidade foi transferida para o Morro do Descanso, mais tarde denominado Morro do Castelo.

O relevo e a hidrografia tiveram grande influência na organização do espaço da cidade, já que o mar e o morro determinavam a ocupação do espaço.

Na fase inicial as pessoas preferiam morar nos morros, porque eram lugares mais seguros e arejados. As partes mais baixas eram, em geral, alagadiças, úmidas e abafadas. O homem, para aumentar o espaço a ser ocupado, arrasou morros, aterrou lagoas, canalizou rios e abriu túneis. No início do século XX, o centro do Rio passou por uma grande reforma urbanística. O prefeito Pereira Passos criou a Avenida Central e a cidade ganhou ares parisienses. Mais tarde, o Morro do Castelo foi arrasado para aterrar parte do mar. Nesse aterro foi construído o Aeroporto Santos Dumont. O mesmo aconteceu com o Morro de Santo Antônio, com o seu material foi feito o aterro do Flamengo.

A maior parte do relevo do município é constituída por planícies com menos de 100 metros de altitude e maciços que correspondem à divisão da Serra do Mar

• Maciço do Gericinó no norte do município. • Maciço da Pedra Branca, na Zona Oeste. • Maciço da Tijuca, que separa a Zona Norte da Zona

Sul.

Devido ao processo de ocupação mais intenso, o Maciço da Tijuca deve ser mais bem estudado. Possui uma área de 119 km2 , é conhecido por abrigar a maior área de floresta urbana no mundo. Ao longo dos anos, tem perdido boa parte de sua área verde e, as principais causas do desmatamento são incêndios provocados por balões, queima de lixo e queima para ocupação desordenada, não só pr favelas, mas também por condomínios d classe média e alta. O desmatamento traz sérios riscos à população. O deslizamento de encostas é o mais visível, mas há outros menos perceptíveis a curto prazo, como o empobrecimento

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da biodiversidade, desestabilização do microclima e o abastecimento de água.

Desde o final do século XIX, a cidade expandiu-se em duas direções: a Zona Sul, que tornou-se atraente para as camadas de maior poder aquisitivo devido às vantagens locacionais que oferecia, e a Zona Norte, que, recebendo menores investimentos, vai ser ocupada por populações de menor renda. No centro da cidade concentram-se as atividades comerciais e financeiras

Com o objetivo de tornar o centro da cidade também um pólo turístico, os órgãos municipais vêm pondo em prática um projeto de revitalização do centro, e para isto, conta com parcerias do governo federal e da iniciativa privada.

Assim, foram recuperados prédios históricos, igrejas, monumentos, teatros e cinemas. Na Rua Primeiro de Março foi criado um “corredor cultural” que inclui o Centro Cultural Banco do Brasil, a Casa França-Brasil, e o Paço Imperial. A Praça Tiradentes e a Cinelândia voltaram a exibir peças teatrais e filmes capazes de atrair públicos de todas as idades. A Lapa recuperou o seu glamour. A Rua do Lavradio atrai os interessados em mobiliários e peças de antiquários.

Nenhuma cidade do Brasil ou do mundo mantém tão próximos os dois opostos da pirâmide social quanto o Rio. É o modelo carioca de segregação. Nos anos 90, o encarecimento dos imóveis expulsou da Zona Sul setores de classe média, o que acentuou a elitização desses bairros. Ao mesmo tempo, as favelas da região não pararam de crescer. De todas as partes da cidade, e de outros municípios e estados, novos moradores desembarcaram nos morros em busca de melhores oportunidades de emprego e salário na área nobre da cidade.

Diferentemente de outras cidades, onde os moradores pobres foram empurrados para a periferia, como guetos, o Rio descobriu um jeito de misturar asfalto e favela.

O Rio de Janeiro foi capital do país por quase 200 anos. Nos anos 70, o Brasil tinha dois centros financeiros: Rio e São Paulo. Nos anos 80, diversos grupos transferiram sedes ou a tesouraria de suas empresas para São Paulo. O mercado financeiro do Rio tornou-se apêndice das bolsas paulistas. Afora todos esses itens, a fusão do Estado da Guanabara com o antigo Estado do Rio foi tão ruim para a cidade que o primeiro prefeito, Marcos Tamoio, chegou a dizer: “Transformaram um estado rico em um município pobre”.

Desta forma, o aumento da violência na cidade está associado ao seu esvaziamento financeiro, à perda de importância política e a falta de oportunidades de trabalho. Passamos a assistir a expansão do trabalho informal, a deterioração dos serviços públicos, o aumento do processo de favelização e o crescente poderio dos traficantes. Nos anos 80 e 90, a mídia divulgava, de forma insistente, os arrastões em nossas praias e o poder dos chefões do tráfico; os camelôs vendiam mercadorias contrabandeadas sem qualquer repressão. Andar de ônibus tornou-se uma aventura. O medo da bala perdida passou a unir os cidadãos de todas as classes sociais, bairros e idades.

No início do século XX, o Rio de Janeiro passava por um processo de modernização. A idéia dos governantes era transformar o Rio em uma “cidade das luzes”, como Paris. Ruas foram alargadas, cortiços destruídos. O Centro da cidade deixou de ser um lugar de becos escuros e passou a ter o formato dos dias atuais. Só havia um “pequeno” entrave: o povo!

Modernizar era na visão dos governantes, impor medidas à população da capital federal. Além de destruir moradias populares, o governo tornou obrigatória a vacinação contra doenças como febre amarela e varíola. Talvez você esteja pensando: “ora, vacinações em massa são importantes para a erradicação de doenças”. Certamente, só que para aquelas pessoas, a vacinação representava uma intervenção direta no cotidiano, que se refletia em um controle do governo na moradia e no corpo dos indivíduos. Aceitar a vacinação tinha o mesmo significado de aceitar a demolição de sua residência para passar uma avenida. Outro fator que contribuiu para eclosão da revolta foi o desconhecimento a respeito da vacinação. No início do século XX, poucos sabiam o que era vacinação e para que servia.

A Revolta da Vacina, em si, não foi um movimento organizado. As ações dos revoltosos baseavam-se no quebra-quebra. O governo reprimiu as ações, que se espalharam por toda a cidade do Rio de Janeiro.

O nome Revolta da Vacina, em si, não reflete o verdadeiro conteúdo deste movimento: a resistência popular às diversas intervenções do governo federal em remodelar o espaço urbano e adequá-lo aos padrões de modernização do início do século XX.

A partir dos anos 50, vários fatores contribuíram para a degradação da Baía de Guanabara:

• Aterros, como o Aterro do Flamengo, a ponte Rio-Niterói, a estrada Niterói-Manilha e recentemente a Linha Vermelha,

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obras rodoviárias que resultaram em prejuízo da baía;

• Instalação de indústrias poluidoras, principalmente químicas, farmacêuticas e refinarias;

• Expansão urbana que leva ao despejo de 8,5 toneladas de lixo doméstico em suas margens, com a liberação de cerca de 800 litros/dia de chorume.

A poluição por óleo é, talvez, uma das formas mais freqüentes de contaminação das águas. São lançadas diariamente, em média, 9 toneladas de óleo na baía, onde a refinaria Duque de Caxias contribui com cerca de 30% do total, os estaleiros e dois mil postos de gasolina com mais 2,5 toneladas/dia de óleo. Todos esses fatores levaram a uma mudança radical na qualidade das águas, flora, fauna, balneabilidade das praias e declínio da pesca na baía.

A indústria naval que chegou a concentrar mais de 40 mil trabalhadores entrou num período de estagnação no fim da década de 70 e, somente agora, o quadro começa a ser revertido. A participação do capital estrangeiro foi a forma encontrada para dar gás ao combalido setor naval brasileiro. A recuperação está trazendo cada vez mais postos de trabalho ao setor.

EXERCÍCIOS

Trem da Central

Empurra pra entrar dez mil

nesse trem da Central do Brasil

Eu já vou na porta pra saltar em Bangu

sei que vou ser chutado e pisado pra chuchu

No outro dia não saltei onde moro

me chutaram do trem na estação de Deodoro (...)

(César Cruz / Silvinha Drumond – 1959)

Avenida Brasil, tudo passa, quem não viu?

De lá pra cá, daqui pra lá eu vou (ah, como vou)

Com meu amor vou viajando nessa Avenida

pela faixa seletiva no sufoco dessa vida

tudo passa, quem não viu?

Uma confusão de coisas assim é a Avenida Brasil

Linha Vermelha vem cortando a Maré (...)

Do importado à carroça o contraste social

Nesse rio de asfalto o dinheiro fala alto

É a filosofia nacional (...)

(Jefinho / Dico da Viola / Jorge Gannen – 1994)

1) Tanto a marcha do carnaval de 1959 quanto o samba-enredo da Mocidade Independente de Padre

Miguel de 1994 fazem referência às condições da circulação urbana na cidade do Rio de Janeiro.

Uma característica associada aos meios de transporte preservada durante o tempo decorrido entre os dois momentos retratados e sua conseqüência urbana são:

(A) estatização do sistema de transporte – intensificação da ocupação da periferia

(B) longa duração dos movimentos pendulares – aceleração do processo de favelização

(C) prioridade para o transporte de massa – incentivo ao processo de segregação urbana

(D) custo elevado de tarifas – concentração espacial de comércio e serviços na Área Central

2) O desmonte do Morro do Castelo, em 1922, e a reabilitação do Paço Imperial, a partir de 1985, são exemplos de ações políticas que se baseiam em distintas concepções de preservação de sítios históricos.

Os fatores ideológicos que nortearam tais ações nesses momentos históricos de mudança e de permanência, respectivamente, são:

(A) superação da ordem colonial e resgate da memória social

(B) negação da origem européia e estruturação do poder público

(C) difusão dos princípios positivistas e construção da cidadania ativa

(D) substituição do ideário monárquico e emergência da cultura popular

4) O mapa mostra a intensidade do processo de favelização no município do Rio de Janeiro, ao longo da década de

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Geografia do Brasil 9

1990. O crescimento da população nessas comunidades e a distribuição das mesmas no espaço urbano podem ser explicados, respectivamente, por:

(A) estagnação dos níveis de escolaridade e oferta igualitária dos serviços públicos

(B) redução do valor dos salários e concentração espacial das atividades tecnológicas

(C) segregação de parte da classe trabalhadora e acesso desigual à rede de transporte

(D) desaceleração dos fluxos migratórios e crescimento acentuado da especulação fundiária

“Os limites de Vila Isabel são tão confusos que a estátua de Noel Rosa pode estar fora do bairro. O monumento fica na Praça Maracanã, no início do Boulevard Vinte e Oito de Setembro, no Maracanã. Estranho, não? Como Vila Isabel está entrelaçada com Andaraí, Grajaú, Engenho Novo,Tijuca e Maracanã, essa geografia confunde a população.”

(Adaptado de Notícias da Vila. Faculdade de Comunicação Social / UERJ. Rio de Janeiro, maio, 2002.)

5) O texto apresenta a dificuldade no reconhecimento de limites geográficos estabelecidos para determinado lugar. A origem desta dificuldade está relacionada ao seguinte fator:

(A) a dinâmica sócio-espacial que cria limites territoriais difusos

(B) as tradições culturais que produzem espaços indiferenciados

(C) a ação dos interesses econômicos que impedem a delimitação dos espaços

(D) os fluxos sociais que cristalizam a divisão político-administrativa dos lugares

6) Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-2001), divulgados pelo IBGE, mostraram que a taxa de desemprego no Estado do Rio de Janeiro atingiu seu nível mais alto, chegando a 12,2% da força de trabalho. Com relação ao desemprego no Estado do Rio de Janeiro, são corretas as afirmativas abaixo, à exceção de uma. Identifique-a:

A) O Rio de Janeiro vem perdendo empresas para outros estados.

B) A taxa de desemprego no Rio de Janeiro tem sido mais significativa na região metropolitana.

C) A indústria do petróleo, um dos sustentáculos econômicos do Rio de Janeiro, é intensiva em mão-de-obra.

D) Uma elevada parcela dos trabalhadores no Rio de Janeiro encontra-se na informalidade.

E) O Rio de Janeiro é a metrópole com o menor percentual de trabalhadores qualificados.

O CLIMA NO BRASIL

Tempo: é o estado momentâneo da atmosfera em determinado lugar. Clima: a sucessão dos estados de tempo de um determinado lugar, em um determinado período de tempo vão determinar o seu tipo de clima. Nossa principal fonte energética ou de calor é a radiação emitida pelo Sol. Entretanto, o aquecimento da atmosfera é feito de maneira indireta. Em primeiro lugar ocorre o aquecimento da superfície terrestre e, a seguir, a superfície emite o calor da radiação solar para o ar atmosférico, aquecendo-o. Daí, temperatura costuma ser definida como a quantidade de calor existente na atmosfera.

Fatores do clima:

a) Latitude: a temperatura diminui com o aumento da latitude, uma vez que a fonte de calor, isto é, a radiação é mais intensa no Equador e diminui no sentido dos pólos.

b) Relevo/ Altitude: chuvas orográficas/ como a Terra é aquecida de forma indireta e por raios refletidos, a temperatura diminui à medida que estamos em pontos mais elevados.

c) Correntes Marítimas: as correntes marítimas exercem grande influência sobre a temperatura e a umidade. As correntes frias tornam o ar mais frio e seco, enquantoas correntes quentes tornam o ar mais quente e úmido.

d) Continentalidade e Maritimidade: as áreas próximas ao mar têm temperaturas mais amenas porque a água do mar se aquece mais lentamente que os continentes. Em compensação, os mares se resfriam também de modo mais lento. As áreas distantes do mar têm temperaturas mais acentuadas, porque as rochas e o solo perdem calor muito rápido e o ar sobre elas logo se resfria. Amplitude térmica corresponde à diferença entre temperaturas máximas e mínimas. Assim, tanto maior será a amplitude térmica quanto mais nos afastarmos do mar.

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ELEMENTOS CLIMÁTICOS

a) Umidade Atmosférica: é a presença do vapor de água na atmosfera.

b) Temperatura: é a quantidade de calor existente na atmosfera.

c) Pressão atmosférica: é a força que o ar exerce sobre a Terra(peso do ar). Dois fatores provocam variações na pressão atmosférica: altitude e temperatura. Quanto maior a altitude, menor a pressão; quanto maior a temperatura, menor a pressão. As diferenças entre as regiões de alta e baixa pressão provocam a formação dos ventos. VENTOS É o ar em movimento, deslocando-se de uma área de alta pressão (anticiclone) para uma de baixa pressão (ciclone) e pode ser quente ou frio, seco ou úmido, conforme as características da atmosfera do local de origem. Há vários tipos de ventos. Uns são constantes e outros periódicos. Os ventos constantes são chamados alísios e contra-alísios. Os ventos alísios sopram das zonas de alta pressão para as de baixa pressão. Quando atingem o Equador, esses ventos se aquecem e sobem, porém, nas maiores altitudes voltam a se resfriar e retornam às zonas de origem, formando os contra-alísios. Observe a figura abaixo:

As brisas sopram do mar para a terra e ora sopram da terra para o oceano, inversamente, devido à diferença de aquecimento entre as terras e as águas do mar.

BRISA MARÍTIMA

BRISA TERRESTRE

MASSAS DE AR São porções de ar que ao se deslocarem influenciam o clima e o tempo em diversos lugares do planeta. Elas podem ser, de acordo com o local de origem, frias ou quentes, secas ou úmidas.

Massas de ar que atuam no Brasil: a) Equatorial Atlântica (MEA): é uma massa

quente e úmida que atua no litoral das regiões Norte e Nordeste do país.

b) Equatorial Continental (MEC): é quente e úmida, sendo responsável pelas chuvas de verão em boa parte do país na época do verão. No inverno ela recua, permitindo o avanço da MPA .

c) Tropical Atlântica (MTA): é uma massa quente e úmida que provoca chuvas orográficas no Sudeste e chuvas frontais no Nordeste.

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d) Tropical Continental (MTC): é uma massa quente e seca, com isto provoca estabilidade no tempo das áreas que alcança.

e) Polar Atlântica: é uma massa fria que toma três trajetórias no Brasil. No litoral provoca as chuvas frontais, no interior provoca geadas, chuvas, neve nas áreas elevadas durante o inverno e quando consegue chegar à Amazônia Ocidental provoca uma queda na temperatura conhecida por friagem.

Massa de ar é uma parcela extensa e espessa da atmosfera, com milhares de quilômetros quadrados de extensão, que apresenta características próprias de pressão, temperatura e umidade, determinadas pela região na qual se originam. Conforme a zona em que se desenvolvem são classificadas como equatoriais (quentes e muito húmidas), tropicais (quentes) e polares (frias) ou massas de ar marítimas (geralmente muito húmidas) e massas de ar continentais (geralmente secas). . Quando uma massa de ar se desloca,a sua parte dianteira passa a ser conhecida por frente.

CHUVA OROGRÁFICA OU DE RELEVO

Quando parcela do ar encontra um obstáculo, que pode ser uma montanha, acaba por sofrer ascensão. Ao subir, o ar esfria-se, condensa-se e forma uma nuvem. Como a umidade torna-se muito elevada, ocorre a precipitação, normalmente do lado onde houve o “ataque” da massa de ar, ou seja, o lado barlavento da encosta. Quando essa massa consegue atravessar o topo da montanha e passar para o outro lado da mesma, já perdeu umidade fazendo com que o clima do lado sotavento seja quente e seco.

CHUVA FRONTAL

O tipo chuva frontal é aquele em que o ar quente, com bastante umidade, recebe o ar frio que se desloca. A zona de contato entre o ar quente e o ar frio chama-se frente. Isso ocorre porque as massas de ar são deslocadas da área de pressão alta para as áreas de pressão baixa. Se você mora no Sul ou no Sudeste do Brasil, já deve ter ouvido algum comentário do tipo: "Está se aproximando uma frente fria" . Como você viu, isso acontece porque as

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massas de ar frio tendem a se deslocar em direção às zonas mais quentes. Nesse caso, o que ocorre é um choque de um ar de origem polar com a massa de ar quente que na ocasião cobre o território em que você se encontra. Quando se dá o avanço do ar frio, o ar quente, por ser mais leve, é empurrado para cima, o que também ocasiona um movimento de convecção. O ar quente sobe, perde temperatura, se condensa e se precipita.

CHUVA CONVECTIVA

O forte calor, a vegetação florestal densa e a grande quantidade de rios caudalosos provocam grande evaporação de água, que se acumula no ar atmosférico. No decorrer do dia, a temperatura vai se elevando e a evaporação se intensifica, formando nuvens carregadas de umidade. O vapor de água contido nessas nuvens se eleva em conseqüência do aquecimento e, ao atingir maiores altitudes, resfria-se e se precipita. Esse tipo de precipitação é denominado chuva convectiva e sua ocorrência é comum nos fins de tarde.

OS COMPLEXOS REGIONAIS BRASILEIROS

Nas últimas décadas uma outra proposta de regionalização vem ganhando espaço nas publicações geográficas e na imprensa em geral. Trata-se da divisão do país em três grandes complexos regionais, individualizados segundo critérios geoeconômicos. Essa delimitação não leva em conta as fronteiras entre os estados: o norte semi-árido de Minas Gerais, por exemplo, integra o Complexo Regional Nordestino; metade do território do Maranhão integra o Complexo Amazônico, a outra metade pertence ao Complexo Regional Nordestino.

O Centro-Sul destaca-se como centro econômico do Brasil, concentrando 70% da população nacional e a maior parte da produção industrial e agropecuária do país. O Nordeste individualiza-se pela estagnação econômica, pela repulsão populacional e pela disseminação da pobreza, expressa nos altos índices de mortalidade infantil, subnutrição e analfabetismo. O Complexo Amazônico caracteriza-se pela presença da floresta equatorial, pelas baixas de densidades populacionais e ainda pelo processo de ocupação recente ,ligado aos grandes projetos agropecuários e minerais.

CENTRO-SUL E INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

• É a região geoeconômica mais dinâmica do Brasil. • Concentra a maior parte da produção industrial do

Brasil • Desenvolve uma agropecuária moderna • Pratica uma agricultura mais desenvolvida e

mecanizada • É a sede das principais empresas financeiras • Apresenta a maior taxa de urbanização • Nela se localizam as duas cidades mais populosas

do país: São Paulo e Rio de Janeiro • Nela se situa o centro político e administrativo do

país: Brasília • Milhões de brasileiros pobres e miseráveis • A maior concentração de favelas e cortiços • Situação social de fome e desnutrição • Desemprego e subemprego • Violência urbana • Altos índices de poluição ambiental • Climas: Tropical litorâneo úmido (sudeste);

Subtropical úmido (Sul); Tropical (Centro-Oeste)

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• Vegetação: Mata Atlântica ou Floresta Tropical; Mata Subtropical, Araucária ou dos Pinhais; Campos (Pampas Gaúchos); Cerrado e Pantanal.

. Extrativas vegetais minerais

. Transformação bens de consumo bens de capital duráveis A INDÚSTRIA NO BRASIL não duraveis

República Velha (oligarquias cafeeiras) = transição de uma economia agrário-exportadora para urbano-industrial Criação de infra-estrutura com a economia cafeeira Substituição de importações com Vargas a partir de 1930 (indústrias de base e de bens de consumo); capital estatal

Forte presença do Estado na industrialização (regulamentação do mercado de trabalho e criação de estatais)

JK = indústria automobilística (oligopólio) e de equipamentos elétrico/eletrônicos; implementação de rodovias

Segunda Guerra mundial = tecnologia própria; mercado consumidor nacional; alavancada na industrialização brasileira

Governos militares = aumento da infra-estrutura; busca por matéria-prima; incentivos fiscais para as multinacionais

Anos 80 = crise; recessão; “década perdida para a América Latina”

Anos 90 = fim do “Estado empresário” com as privatizações e fim do protecionismo e dos monopólios (Neoliberalismo)

Desconcentração industrial

Desemprego estrutural K

ESTATAL ESTRANGEIRO NACIONAL

Industrialização clássica = países desenvolvidos

Industrialização tardia = países subdesenvolvidos Indústrias tradicionais Indústrias de ponta

TEXTO PARA REFLEXÃO: A EVOLUÇÃO DO HOMEM E A GÊNESE INDUSTRIAL

A evolução do macaco antropóide para o homem atual foi de relevante importância para a gênese do processo industrial, no qual, a nossa sociedade está inserida. O fato de esses macacos começarem a perder o hábito de se servirem das mãos para caminhar e foram se adaptando a posição vertical, foi o passo decisivo para a transformação do macaco em homem.

Já que as mãos ficaram livres da marcha quadrúpede, as mesmas começaram a ganhar novas funções, sofreram adaptações, aprimorando cada vez mais o trabalho do homem. E a parti de então, elas podiam adquirir capacidades novas e a agilidade assim adquirida, foi transmitida de geração em geração.

Sendo assim, como citou Friederich Engels em sua obra, “A Dialética da Natureza”, “Portanto a mão não é apenas o órgão do trabalho, ela é também o produto do trabalho.” (Pág. 174). E o resultado desse trabalho constante se adaptando sempre à operações novas, juntamente com o desenvolvimento anatômico relativo aos músculos e tendões que foram transmitidos hereditariamente, temos então o alcance da mão humana ao mais alto grau de perfeição, criando afinamentos técnicos que possibilitaram realizar operações cada vez mais complexas.

Mas é importante ressaltar que esse desenvolvimento manual teve conseqüências sobre o resto do corpo, já que as mãos fazem parte de um organismo como um todo. Com isso, o homem passou a ter domínio sobre a natureza, melhorando a sua qualidade alimentícia, o que culminou num grande progresso em relação ao seu horizonte, alargando-o, permitindo que ele percebesse nos elementos naturais, propriedades novas que até então, haviam sido ignoradas por ele.

O homem passou a criar ferramentas que lhe possibilitaram caçar com mais facilidade, o que interferiu relevantemente

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na sua alimentação. O aumento da ingestão de carne, e conseqüentemente, de proteínas, resultou num grande desenvolvimento de seu cérebro e lhe deu mais força física, tornando-o mais independente e mais dominador da natureza, sobressaindo-se em relação às outras espécies.

Além disso, a alimentação carnívora possibilitou a utilização do fogo e a dominação dos animais, fazendo com que o mesmo se dispusesse cada vez mais sedentário e assim, progrediu em relação à sua vida em sociedade, aprofundando cada vez mais os laços entre os membros da mesma.

Com isso, a vida em sociedade culminou na necessidade latente de uma maior comunicação entre os membros, fazendo com que a emissão de sons cada vez mais aprimorados gerasse um desenvolvimento da laringe, um órgão novo que possibilitou a evolução de sons primários em sílabas pronunciadas em seqüência, evoluindo assim, para a linguagem falada, que nasceu do trabalho e o acompanha sempre.

O trabalho e a especialização da linguagem falada foram importantes fatores que auxiliaram na evolução contínua do cérebro do macaco até atingir o desenvolvimento e perfeição do cérebro do homem. E por esse mesmo caminho, houve também o desenvolvimento dos órgãos dos sentidos, que resultou num maior grau de aperfeiçoamento do homem em relação às outras espécies animais.

“O desenvolvimento do cérebro e dos sentidos que lhe estão subordinados, a clareza crescente da consciência, o aperfeiçoamento da faculdade de abstração e do raciocínio atuaram sobre o trabalho e a linguagem e foram pouco a pouco novas impulsões para o aperfeiçoamento destes. Tal aperfeiçoamento não terminou no momento em que o homem ficou definitivamente separado do macaco; pelo contrário, de uma maneira geral ele foi prosseguindo. Com progressos diferentes em grau e em direção entre os diversos povos e nas diferentes épocas, progressos interrompidos aqui e além por uma regressão local ou temporária, ele avançou de um passo vigoroso, recebendo por um lado uma nova e poderosa impulsão e por outro lado uma direção maior definida de um novo elemento que surgiu com o homem acabado: a sociedade.” (ENGELS, Friederich - “A Dialética da Natureza”, páginas 176 e 177).

Sendo assim, o trabalho se inicia quando o homem começa a fabricar ferramentas e armas cada vez mais complexas, sendo estas utilizadas tanto para a caça/pesca, quanto para a sua defesa pessoal, o que demonstra a evolução do mesmo e fomenta o aumento da ingestão de proteínas para que seu cérebro pudesse se desenvolver continuamente.

Juntamente com a vida em sociedade, o sedentarismo, o aprimoramento de suas técnicas, o domínio da natureza, veio a emancipação do homem, fazendo com que o mesmo aprendesse a viver sob todos os climas, do mesmo modo que aprendeu a comer tudo o que era comestível, culminando então, na sua diáspora por toda a parte habitável da terra, por todo o ecúmeno terrestre.

“ Graças à ação conjugada da mão, dos órgãos da palavra e do cérebro, não só em cada indivíduo, mas na sociedade inteira, os homens foram podendo realizar operações cada vez mais complexas e impor-se atingindo fins cada vez mais elevados. De geração em geração, o próprio trabalho foi-se tornando diferente, mais perfeito, mais variado. A agricultura veio acrescentar-se à caça e à criação; à agricultura vieram acrescentar-se a fiação, a tecelagem, o trabalho dos metais, a olaria, a navegação. A arte e a ciência apareceram, enfim, paralelamente ao comércio e à indústria, as tribos transformaram-se em nações e em estados, o direito e a política desenvolveram-se e com eles, o reflexo fantástico das coisas humanas no cérebro dos homens: a religião. Perante todas estas formações que começaram por apresentar-se como produtos do cérebro e que pareciam dominar as sociedades humanas, os produtos mais modestos do trabalho manual passaram para segundo plano; e tanto mais, quanto a cabeça que estabelecia o plano do tratamento da sociedade (por exemplo na família primitiva), permitir-se fazer executar por outras mãos que não as suas, o trabalho projetado. Foi ao espírito, ao desenvolvimento e à atividade do cérebro que foi atribuído todo o mérito do desenvolvimento rápido da sociedade; os homens habituaram-se a explicar a sua atividade pelo seu pensamento em vez de a explicarem pelas suas necessidades (que no entanto se refletem no seu espírito, tornam-se conscientes), e foi assim que com o tempo se assistiu ao nascimento da concepção idealista do mundo que, sobretudo depois do declínio da antiguidade, dominou os espíritos.” (ENGELS, Friederich - “A Dialética da Natureza”, página 180).

Posteriormente a todo esse processo, veio o desenvolvimento do camponês-artesão durante o feudalismo, porém, é importante ressaltar que a sociedade feudal não se apoiava no capital e sim, na transferência de parte da produção para o senhor feudal. No feudalismo não há propriedade privada, o senhor feudal não era o dono da terra e sim do domínio; o feudalismo era um sistema em que se possuía a renda da terra; era um sistema de troca, de renda em trabalho em forma de proteção militar; era a terra o meio de produção principal; era um sistema de obrigações; o feudalismo possuía uma natureza militarista,

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Geografia do Brasil 15

caracterizada na fidelidade ao senhor, que é bem representada na relação soberania e vassalagem.

Mas o desenvolvimento latente do camponês-artesão resultou no artesanato como uma forma de indústria caracterizada por ser uma economia familiar autônoma e integrada, fazendo com que da mercadoria “força de trabalho” (M – D – M) viessem todas as outras mercadorias.

A combinação de atividades artesanais num mesmo espaço, criando uma divisão interna de trabalho e fazendo com que os artesãos se tornem empregados, culminou no surgimento do capital industrial manufatureiro, produzindo mercadorias ao invés de subsistência somente, tornando assim, a manufatura uma propriedade de um comerciante que conseguiu uma acumulação mercantil na forma monetária, sendo o intermediador mercantil o dono da manufatura.

A crise no sistema feudal levou ao avanço da manufatura, que é uma forma de transição do artesanato para a indústria, levando ao surgimento do capitalismo mercantil e do Renascimento. Juntamente com a manufatura, surge o relógio mecânico pra controlar o trabalhador e conseqüentemente a produção.

Lentamente as relações de troca vão aumentando e o dinheiro surge como ponte dessa troca, mas a Europa não tinha metais suficientes para manter o crescimento capitalista, daí a necessidade das Grandes Navegações, a Expansão Marítima. E é o Brasil com o seu ouro que vai alimentar a Revolução Industrial.

No início da acumulação mercantil, não havia relação de trabalho no campo, ou seja, o camponês tinha uma relação mais subjetiva com a terra.

Mas com a expropriação fundiária, toda a família camponesa foi expulsa do campo para as cidades buscando emprego nas manufaturas, porém, essa oferta de emprego não era suficiente, causando um aumento de camponeses desempregados nas cidades, o que gerou um ambiente próprio para a exploração das indústrias/fábricas, posteriormente, durante a Revolução Industrial, o que auxiliou no acúmulo de riquezas na forma de capital nas mãos dos capitalistas. É um momento de grande miséria, mas por mais que houvesse o êxodo rural, o campo não se esvaziou, permitindo a produção de alimentos para atender a cidade.

Desta forma, é possível perceber a relação que a evolução do macaco antropóide para o homem completo tem com a

gênese do processo industrial, processo esse, que se estende até os dias atuais, já que o desenvolvimento das habilidades do homem proporcionou um acúmulo de excedentes que posteriormente foram usados como mercadoria, gerando assim um acúmulo primitivo de capital. E esse capital acumulado, juntamente com todo o organismo desenvolvido do homem, fomentou esse embrião industrial, fomentou o embrião da gênese do capital industrial.

PETITO, A. P. B./2008.

Bibliografia: ENGELS, Friederich - “A Dialética da Natureza”

REGIÃO NORDESTE

É formada por oito estados mais o centro-leste do Maranhão e o norte de Minas Gerais. Aspectos físicos ou naturais

• É dividida em quatro sub-regiões: a) Zona da Mata: faixa litorânea.

b) Agreste:área de transição entre a Zona da Mata

e o Sertão.

c) Sertão:área semi-árida do interior.

d) Meio-Norte ou Zona dos Cocais: área de transição entre a caatinga e a Floresta Amazônica.

AGROINDUSTRIA DA CANA-DE-AÇUCAR

• Cana: planta nativa da Ásia, aperfeiçoada pelos portugueses na ilha de Açores, Cabo Verde e Madeira.

• Foi introduzida no século XVI em Pernambuco.

• Fatores favoráveis:

a) Clima quente e úmido (clima tropical úmido)

b) Rios que correm do interior para o litoral facilitando o transporte do açúcar até os portos para ser exportado para a Europa

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Geografia do Brasil 16

c) Abundância de madeira na Mata Atlântica utilizada no transporte, combustível e em habitações.

d) Maior proximidade com Portugal – menor

custo com transporte e) Grande mercado europeu porque a produção

era escassa.

• Desmatamento da Zona da Mata: 1º) Desde o início da colonização com a extração de pau-brasil. 2º) Agroindústria açucareira

• Com a introdução da agroindústria açucareira a Zona da Mata tornou-se a área econômica mais importante no Brasil nos séculos XVI e XVII, atraindo um grande fluxo populacional.

• O capital comercial e o grande mercado europeu incentivaram a plantação de cana-de-açúcar na colônia sob o regime da colonização por exploração.

• O açúcar modificou o espaço em torno dele e

estruturou uma sociedade sob esse mesmo comando.

• Criação de atividades acessórias: tabaco para a troca por escravos, gado e agricultura de subsistência.

• Decadência do açúcar na segunda metade do século XVII com a produção de açúcar nas Antilhas e a descoberta do açúcar de beterraba. O Nordeste tornou-se área de repulsão populacional e esse fluxo se dirigiu posteriormente para a região das minas no século XVII com a descoberta da mineração.

SITUAÇÃO ECONOMICA DA ATUAL ZONA DA MATA

• Possui atividade açucareira e produção de álcool, porém quem lidera é São Paulo.

• Extrativismo mineral: sal marinho

• Atividade industrial: bens de consumo duráveis,

não duráveis e intermediários.

Agreste

• Área de transição entre a Zona da Mata e o Sertão.

• Possui os climas e a s vegetações das áreas em volta.

• Área de planaltos (paredões rochosos) com a

ocorrência de chuvas orográficas ou de relevo, o que acaba intensificando a seca no sertão.

• Área de produção de gêneros de subsistência para a Zona da Mata (agricultura,carne,leite), baseado em pequenas e médias produções, sendo resultado da repartição de grandes propriedades.

• Área fornecedora de mão-de-obra para a Zona da

Mata na época do corte da cana, como bóias-frias ou trabalhadores temporários nas usinas.

Sertão

• Clima tropical semi-árido: altas temperaturas e amplitude térmica elevada; chuvas irregulares e mais concentradas no verão por causa da irregularidade das massas de ar.

• A seca ocorre quando não há chuva no período previsto.

• Caatinga: vegetação xerófila.

• Rios temporários e rios perenes.

• Atividades econômicas: pecuária e agricultura

Meio-Norte ou Zona dos Cocais

• Área de transição entre o sertão semi-árido e a Amazônia úmida.

• Vegetação: mata de transição – marca a

passagem da caatinga para a Floresta Amazônica.

• A vegetação é composta por palmeiras

(babaçu), também chamada de Mata dos Cocais de Babaçu.

• Atividades econômicas: agricultura de arroz

nas áreas de várzeas, extrativismo vegetal e cultura de algodão.

• Indústrias: beneficiamento de matéria –prima

oriunda do extrativismo vegetal, têxtil e siderurgia que aproveita o minério de ferro vindo da Serra dos Carajás, no Pará.

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Geografia do Brasil 17

• Aumento do polígono das secas e do processo de desertificação.

O ATUAL QUADRO SOCIAL ECONÔMICO DO NORDESTE

• A seca não é responsável pela miséria e pobreza – motivos

a) As secas ocorrem no Sertão e não na Zona da Mata. b) Há grande concentração de propriedade de terra c) Grande parte da população tem baixa renda.

d) A migração de nordestinos, principalmente para São Paulo e Rio de Janeiro, não é causada pela seca e sim, pelas péssimas condições de vida, pela miséria. Há migração oriunda do Agreste e da Zona da Mata.

A “indústria da seca”

• Beneficiamento dos grandes proprietários, que muitas vezes são políticos, em relação às ajudas governamentais.

• As obras de abertura de estradas e de construção de açudes são feitas nas grandes propriedades, com mão-de-obra barata (frente de trabalho).

• Envio de cestas de alimentos do governo federal

que são distribuídas pelos coronéis.

TEXTO PARA REFLEXÃO: A SUDENE E A INDUSTRIALIZAÇÃO DO NORDESTE

A SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), projetada pelo economista Celso Furtado, foi criada em 1959, durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek. Seu objetivo era promover o desenvolvimento social e econômico da Região Nordeste, através de planejamento regional e da coordenação dos órgãos federais que aí atuam, como é o caso do Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra as Secas).

Inicialmente, a Sudene elaborou o então chamado Plano Diretor para o Desenvolvimento do Nordeste. Aí estavam

estabelecidos projetos de energia elétrica, de rodovias, de habitação popular, de abastecimento de água e de construção de rede de esgoto para as cidades, de agricultura, de industrialização e de irrigação de terras, esta, inclusive, com a assistência de técnicos de Israel.

Com o Golpe de Estado de 64, o novo governo federal alterou objetivos iniciais da Sudene, que passou a ser um órgão preocupado sobretudo com a industrialização do Nordeste, principalmente com a implantação de complexos industrias petroquímicos, cloroquímicos, alcooquímicos e de outros ramos industriais.

Para atrair as indústrias para o Nordeste, a Sudene ofereceu vantagens, como pagamento de menos impostos, empréstimos de dinheiro a juros baixos, facilidades para comprar o terreno para instalar a indústria, etc.

Por volta de 1975, a Sudene retomou, em parte, seus objetivos iniciais, passando a coordenar vários programas para o Nordeste. Entretanto, apesar da atuação da Sudene e do desenvolvimento industrial do Nordeste, os graves problemas sociais dessa região não foram resolvidos. A miséria e a pobreza da sua população continuam ou até se agravaram, pois ainda não foi resolvido o problema fundamental, que é a questão da distribuição da riqueza ou da renda.

Adas, Melhem. “O Brasil e suas regiões geoeconômicas” Vol. 2 – págs 77 e78.

AMAZÔNIA

• Relevo: Planície de Várzea, Platôs e Planaltos (das Guianas e Central).

• Clima Equatorial: Quente e úmido com baixa

amplitude térmica.

• Vegetação: Floresta Amazônica – floresta equatorial latifoliada, densa, sem vegetação rasteira, árvores de grande porte e heterogênea.

a) Mata de Igapós: Área sempre inundada pelos rios (Vitória-Régia)

b) Mata de Várzea: Área sujeita a inundações na época de cheias (Seringueira)

c) Mata de Terra firme: Área livre das inundações (Mogno)

• Solo: Pobre, ácido, dependente da floresta; possui fina camada de matéria-orgânica e sem a floresta fica sujeito à desertificação e lixiviação.

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Geografia do Brasil 18

• Hidrografia: Bacia Amazônica e Bacia do Tocantins.

• Não é o “pulmão do mundo”.

• Agricultura: Policultura de subsistência e soja

para exportação (+atualmente).

• Extrativismo vegetal: Drogas do Sertão (cacau, cravo, castanha-do-pará e urucum), madeira, borracha.

• Extrativismo mineral: Ouro, diamante (garimpo),

minério de ferro, manganês e alumínio (bauxita).

• Construção de hidroelétricas.

• Zona Franca de Manaus: criada em 1967 – multinacionais.

• Área pouco povoada

• Causas do desmatamento:

a) A prática da agricultura de

subsistência (agricultura itinerante) e extração de lenha.

b) A formação de pastagens para a criação de gado.

c) A inundação de áreas da Floresta Amazônica para a construção de barragens das hidroelétricas.

d) A exploração de madeira realizada por empresas nacionais que destroem não somente as espécies vegetais que lhes interessam, mas também outros vegetais.

EXERCÍCIOS

01) UFF 2000 Sub-Regiões do Nordeste

Assinale a opção que apresenta a seqüência

correta da numeração.

(A) 2, 3, 1, 4

(B) 3, 1, 4, 2

(C) 2, 3, 4, 1

(D) 2, 4, 1, 3

(E) 3, 2, 1, 4

2) UFF 1999 O controle e a distribuição da água, por meio de obras de engenharia, tem sido a forma pela qual os governos vêm enfrentando a questão da seca no Nordeste semi-árido. Seguindo este modelo histórico, a solução desta questão refere-se, atualmente, à:

(A) canalização e perenização dos rios Jaguaribe e Parnaíba;

Assinale a opção que apresenta a seqüência

correta da numeração.

(A) 2, 3, 1, 4

(B) 3, 1, 4, 2

(C) 2, 3, 4, 1

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Geografia do Brasil 19

(D) 2, 4, 1, 3

(E) 3, 2, 1, 4

2) UFF 1999 O controle e a distribuição da água, por meio de obras de engenharia, tem sido a forma pela qual os governos vêm enfrentando a questão da seca no Nordeste semi-árido. Seguindo este modelo histórico, a solução desta questão refere-se, atualmente, à:

(A) canalização e perenização dos rios Jaguaribe e Parnaíba;

(B) criação de grandes represas nos rios temporários da região;

(C) transposição das águas do rio São Francisco para outras áreas do semi-árido;

(D) perfuração e multiplicação de poços artesianos pela zona semi-árida;

(E) irrigação das várzeas criadas pelo curso do rio São Francisco.

03) UERJ 1999 Leia o trecho do roteiro do filme “Central do Brasil”, dirigido por Walter Salles:

“70 - Sertão – Externa - Noite

O caminhão está parado no meio do mato próximo da estrada. César e Dora estão sentados no chão junto a uma fogueirinha. Josué ficou no caminhão.

César:

- É, no sertão também faz frio.”

A característica climática do sertão nordestino que se relaciona ao frio referido no texto acima é:

(A) intensificação de secas no verão

(B) expressiva amplitude térmica diária

(C) regularidade na distribuição das chuvas

(D) permanente atuação da massa equatorial continental

04) UNIFICADO “A vida na fazenda se tornara difícil. Sinhá Vitória se benzia tremendo, manejava o rosário, mexia os beiços rezando rezas desesperadas. Encolhido no banco do copiar, Fabiano espiava a caatinga amarela, onde as folhas secas se pulverizavam, trituradas pelo

redemoinhos, e os garranchos se torciam, negros e torrados.”

Ramos,Graciliano.Vidas Secas

Acerca do tipo de vegetação em destaque no texto acima, é correto afirmar que:

(A) vem expandindo-se em todas as sub-regiões do Nordeste, devido à ação das secas periódicas;

(B) está associado à ocorrência do clima semi-árido, predominante no sertão nordestino;

(C) justifica a chamada “indústria da seca”, devido ao mau aproveitamento dos seus recursos;

(D) é uma conseqüência biogeográfica do fenômeno “El Nino” que impede as chuvas no Nordeste;

(E) ocorre, predominantemente, no Agreste, dificultando as atividades produtivas e provocando migração.

5) A grandiosa área da Floresta Amazônica não é mais tão grandiosa assim. Atividades econômicas estão sendo desenvolvidas na região sem tanta preocupação com o meio ambiente. Cite 2 dessas atividades explicando como elas se relacionam com o crescente desmatamento existente na região norte do Brasil:

6) Observando o climograma abaixo, cite qual clima ele representa e em qual região ele ocorre, abordando as suas características fundamentais:

7) As hidrelétricas são consideradas formas “limpas” de obtenção de eletricidade, porém, sua implementação acarreta sérios danos sócio-ambientais. Descreva 2 desses problemas ocasionados pela construção das hidrelétricas na Amazônia:

8) A Floresta Amazônica caracteriza-se por sua vegetação densa, heterogênea, com árvores de grande porte. Qual é a característica desse tipo de formação vegetal que está relacionada ao seu processo de

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Geografia do Brasil 20

transpiração? Como se chama tal processo e qual a sua importância para a manutenção do clima da região?

9) A exuberância da Amazônia esconde uma certa fragilidade em relação à manutenção da floresta. Caracterize o componente desse ecossistema responsável por essa fragilidade:

10) Cite quais os governos que foram fundamentais para o desenvolvimento industrial brasileiro, explicando a atuação do Estado neles:

11) No Brasil, as queimadas consomem todos os anos uma grande quantidade de biomassa.

Considerando os desequilíbrios ambientais provocados pela retirada da cobertura vegetal, analise as seguintes afirmativas:

I - O aumento do processo erosivo acarreta o empobrecimento dos solos. II - O assoreamento dos rios compromete os ecossistemas aquáticos. III - A diminuição da evapotranspiração altera o regime de chuvas. IV - A ruptura das cadeias alimentares provoca o aumento de pragas e doenças.

Assinale a opção que apresenta as afirmativas corretas.

(A) As afirmativas I e II estão corretas; (B) As afirmativas III e IV estão corretas; (C) As afirmativas I e IV estão corretas; (D) As afirmativas II, III e IV estão corretas; (E) Todas as afirmativas estão corretas.

12) “A guerra fiscal é, na verdade, uma guerra global entre os lugares”.

Milton Santos, Folha de São Paulo.

De que forma os estados e municípios competem entre si praticando a guerra fiscal?

13) O que se entende pela expressão “substituição de importações”? Qual foi a sua importância no governo em que foi adotada?

O TRANSPORTE E A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO

• Circulação de mercadorias e pessoas no espaço.

• Fatores fundamentais: custo e tempo.

• O sistema de transporte brasileiro foi implantado com base em uma economia determinada por um modelo exportador primário: riquezas minerais e agrícolas transportadas do interior do país para os portos litorâneos.

• Transporte rodoviário: grande incentivo com JK

para atrair as indústrias automobilísticas; tornou-se o principal meio de transporte no país; é um sistema frágil.

• Transporte hidroviário: o custo/km é 2X mais

baixo que a ferrovia e 5X menor que o da rodovia; causa problemas ambientais devido às alterações feitas nos rios para torná-los navegáveis, o que provoca modificações em suas características de fluxo, afetando a biodiversidade das regiões por onde passam.

• Transporte ferroviário: implantação e

desenvolvimento associado ao ciclo do café; prioridade ao transporte de cargas, mas o transporte de pessoas vem aumentando gradativamente. É mais adequado para áreas com grandes extensões de terras.

• Transporte marítimo: iniciou-se com a

manutenção do pacto colonial e atualmente está voltado para uma maior participação do país na economia global.

• Transporte multimodal: é a combinação entre

diferentes modalidades de transportes como alternativa para diminuir custos, estimular a produção e integrar regiões isoladas.

EXERCÍCIOS

1. (UERJ) “SEM CAMINHÃO O BRASIL PÁRA.”

Um cartaz com os dizeres acima está afixado na maioria dos caminhões que circulam pelas nossas estradas. Tendo como referência principal o modelo que de desenvolvimento que criou o chamado “milagre econômico brasileiro” da década de 70, podemos afirmar que o conteúdo explicado no cartaz torna evidente a:

a) necessidade do uso do caminhão pelo seu menor custo, em contraste com o fracasso do transporte ferroviário, mais oneroso;

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Geografia do Brasil 21

b) perversidade do modelo baseado no “rodoviarismo”, que transforma o caminhão no meio prioritário de transporte de carga no país;

c) terceirização da economia brasileira, com cargas predominantes leves, adotando-se o caminhão pela possibilidade de transporte porta-a-porta (mais barato);

d) qualidade da malha rodoviária brasileira, o que justifica a preferência pelo caminhão para o transporte de cargas pesadas;

e) vantagem do uso do caminhão em relação a outros tipos de transporte, representada pelo baixo custo de manutenção das estradas.

2. Dados estatísticos veiculados por várias fontes revelam que não foram as grandes metrópoles que mais cresceram no Brasil na década de 90, mas sim as cidades médias. Duas causas diretas para esse fenômeno são:

a) Sobrecarga das áreas metropolitanas, fixação dos trabalhadores rurais no campo.

b) Redirecionamento dos fluxos migratórios internos; dispersão espacial de diversos setores produtivos.

c) Incentivos fiscais por parte das periferias locais; melhoria da qualidade de vida nas grandes metrópoles.

d) Desaceleração do crescimento populacional; dinamização do setor agrário nas imediações das médias cidades.

PENGE 01 GEOGRAFIA DO BRASIL

1) Observe as pirâmides etárias do Estado do Rio de Janeiro nos anos de 1991 e 2000, que apresentam as freqüências percentuais das classes de idade em intervalos de cinco anos.

Identifique:

A) duas mudanças na estrutura da população entre os dois momentos;

B) uma conseqüência socioeconômica para cada uma dessas mudanças.

2) Brasil – População por grupos de idade (1991-1996)

Grupos de idade 1991 1996

até 14 anos 34,73% 31,62%

de 15 a 64 anos 60,45% 63,01%

a partir de 65 anos 4,83% 5,37%

(Adaptação de dados do IBGE divulgados por O Globo,06/08/97)

A mudança no perfil demográfico brasileiro, expressa pelo envelhecimento da população, reforçou o discurso governamental para as reformas na Previdência Social, hoje já encaminhadas, com a proosta de aumento da idade mínima para a aposentadoria. Todavia, outros estudiosos, inclusive demógrafos do IBGE, vêm ressaltando a necessidade de reorientação da política econômica, para priorizar o aspecto social no tratamento da questão.

Se, por um lado, a mudança na estrutura etária favoreceu os os argumentos governamentais sobre a necessidade de reforma na Previdência, poderia também, por um outro lado, ter despertado a sensibilidade para um dos maiores prblemas da atualidade: o desemprego.

a) Cite dois fatores que explicam a mudança ocorrida no perfil demográfico brasileiro manifestada acima.

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Geografia do Brasil 22

b) Explique como a geração de empregos seria uma opção para o enfrentamento das mudanças recentes na estrutura etária da população brasileira, no que diz respeito à situação da Previdência Social.

3) Até outro dia, a empresa privada brasileira com maior número de empregados era a Volkswagem, com 30775 postos de trabalho. No momento, a montadora está passando a faixa de campeã de empregos para, imaginem, a Mc Donald’s. A rede de fast food terá 32000 empregados até dezembro – número que, em dois anos, chegará a 51000. (Revista Veja, Edição 1560, 19/08/98)

a) Cite e explique um fator determinante para a redução de empregos no setor industrial.

b)Exponha duas razões para a concentração maior de empregos no setor terciário (comércio e prestação de serviços) no país.

PENGE 02 GEOGRAFIA DO BRASIL

1) A devastação da vegetação original foi uma das marcas mais expressivas do modelo econômico adotado em nosso país. Atualmente, o desmatamento alcança quase 40% do território nacional, promovendo diferentes problemas sócio-ambientais. Relacione as atividades sócio-econômicas predominantes na faixa litorânea do país com o processo de desmatamento.

2) Como os complexos agroindustriais modificaram o tipo de cultura existente no Brasil?

3) Sabendo-se como se encontra a estrutura fundiária no Brasil, faça a co-relação da mesma com o modelo histórico de ocupação das terras brasileiras:

PENGE 03 GEOGRAFIA DO BRASIL

“Florestas de pequenas e ameaçadoras plaquinhas que avisam: “Resposta Armada!” crescem nos

gramados cuidadosamente aparados do West Side de Los Angeles. Até mesmo os bairros mais ricos

se isolam atrás de muros guardados por polícia privada armada e por moderníssimos equipamentos

de vigilância eletrônica. Nós vivemos em cidades brutalmente divididas entre “células fortificadas” da sociedade afluente e “lugares de terror” onde a polícia guerreia contra o pobre criminalizado.”

(Adaptado de DAVIS, Mike. Cidade de Quartzo. São Paulo: Página Aberta, 1993.)

1O texto acima descreve um processo socioespacial que também pode ser observado em metrópoles brasileiras, como o Rio de Janeiro. A partir dessa comparação,

A) identifique esse processo e aponte o fator comum que o desencadeou nas duas cidades;

B) cite duas ações do Estado que reforçam esse processo na cidade do Rio de Janeiro.

2 Correlacione as seguintes sub-regiões do Rio de Janeiro:

1- NORTE 2- NOROESTE 3- REGIÃO DOS LAGOS 4- REGIÃO SERRANA 5- CENTRO-SUL 6- METROPOLITANA 7- MÉDIO PARAÍBA 8- LITORAL SUL

( ) Área marcada por intenso processo de desertificação.

( ) Área tradicionalmente voltada para a produção de cana-de-açúcar que vem perdendo em importância para o petróleo.

( ) Possui a maior concentração populacional.

( ) Área produtora de hortifrutigranjeiros e possui indústrias têxtil e cimenteira.

( ) No passado a extração de sal era a sua base econômica e atualmente sofre com a poluição e a especulação imobiliária.

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Geografia do Brasil 23

( ) Foi uma grande produtora de café e atualmente se destaca na siderurgia.

( ) O turismo rural tem sido importante para a sua economia.

( ) Co-existem a beleza natural de suas praias e usinas nucleares

3 (UFRJ/2008) “O espaço é a acumulação desigual de tempos”. (Milton Santos)

Indique como a imagem acima expressa o conteúdo da afirmativa do importante geógrafo.

PENGE 04 GEOGRAFIA DO BRASIL

1) (UFF/2008) O gráfico abaixo apresenta dados obtidos em uma pesquisa realizada entre 1993 e 1997, quando foram registrados os números médios mensais de mortes (maiores de 64 anos) e internações por problemas respiratórios atribuíveis a poluentes atmosféricos (poeiras) no Município de São Paulo.

a) Indique o período do ano em que as mortes e internações se intensificaram, especificando os meses em que as médias de internações atingiram ou estiveram próximas dos valores máximos.

b) Explique de que maneira as condições climatológicas e ambientais influenciaram no aumento das mortes e internações.

2) (UFF/2008) “O modelo de desenvolvimento adotado pelos países centrais e por parte dos países periféricos gerou impactos ambientais que ultrapassam os limites territoriais das unidades políticas, sem respeitar os limites elaborados pela geografia e pela história dos lugares e de quem os habita.” (RIBEIRO, W. C. A ordem ambiental internacional. São Paulo: Contexto, 2001, p. 12.)

a) Mencione três eventos vinculados diretamente a impactos ambientais, que exemplifiquem a afirmativa do autor.

b) Explique um dos eventos mencionados no item anterior.

3) (UERJ/2008) Como pode ser observado na figura, a Terra possui uma inclinação de 23º27´em relação ao plano de sua órbita em torno do Sol, o que gera vários fenômenos físicos. Aponte duas alterações, uma no clima e outra na duração dos dias e das noites, que a ausência dessa inclinação provocaria.

PENGE 05 GEOGRAFIA DO BRASIL

1) Caracterize os governos Collor e FHC em relação a sua política industrial:

2) Sabendo-se que, após 1930 o desenvolvimento industrial foi impulsionado, caracterize as formas industriais presentes no território brasileiro apresentadas abaixo e suas subdivisões:

A) Indústrias extrativas

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Geografia do Brasil 24

B) Indústrias de transformação 3) Relacione a Segunda Guerra Mundial com o processo de industrialização brasileiro:

PENGE 06 GEOGRAFIA DO BRASIL

Asa Branca

Quando olhei a terra ardendo qual fogueira de São João,

Eu perguntei a Deus do céu, ai! por que tamanha judiação.

Que braseiro! Que fornalha! Nenhum pé de plantação.

Por falta d’água perdi meu gado, morreu de sede meu alazão.

Até mesmo a asa-branca bateu asas do sertão.

Então, eu disse: Adeus, Rosinha! Guarda contigo meu coração.

Hoje longe, muitas léguas, numa triste solidão,

Espero a chuva cair de novo pra eu voltar pro meu sertão.

Quando o verde dos teus olhos se espalhar na plantação,

Eu te asseguro, não chores não, viu? Eu voltarei pro meu sertão.(...)

Luiz Gonzaga

1) Retratado na canção Asa Branca, o sertão nordestino se caracteriza como uma sub-região marcada por fortes conflitos.

Analise as condições sociais do sertão nordestino, tendo em vista sua estrutura econômica e fundiária:

2 (UFRJ/2008) Analise os dois perfis de solo a seguir.

Identifique qual dos dois perfis é típico do semi-árido nordestino brasileiro. Justifique sua resposta com base na noção de intemperismo.

3AAmazônia é, sobretudo, diversidade.” GONÇALVES, Carlos Walter Porto – Amazônia, Amazônias, p.09, 2005.

A frase acima apresenta uma característica básica da Amazônia, já que a floresta reúne diversidades em vários campos. Apresente e explique 3 dessas diversidades encontradas nesses diferentes campos:

PENGE 07 GEOGRAFIA DO BRASIL

1. (UNICAMP) A situação dos transportes de carga no Brasil é ilustrada na tabela abaixo:

RODOVIÁRIO 55%

FERROVIÁRIO 23%

HIDROVIÁRIO 01%

OUTROS 21%

a) Explique porque, no Brasil, os transportes mais baratos são o hidroviário e o ferroviário:

b) Por que, apesar dos custos, a maior parte dos transportes de carga no Brasil é feita por rodovias?

2. “O processo de urbanização, acelerado a partir de 1950, está associado ao processo de industrialização. As migrações do campo para a cidade passaram a ocorrer onde havia um forte fator de atração representado pela oferta de empregos industriais urbanos.”

a) Cite e explique dois fatores que impulsionaram o processo de urbanização brasileiro:

b) Relacione o Estatuto do Trabalhador Rural com a formação dos centros urbanos no Brasil

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Geografia do Brasil 25

3. “A cidade é o lugar em que o mundo se move mais; e os homens também. A co-presença ensina aos homens a diferença. Quanto maior a cidade, mais numeroso e significativo o movimento, mais vasta e densa a co-presença e também maiores as lições e o aprendizado.” (Santos, Milton – Globalização e Meio)

a) Cite um exemplo de contraste social existente no meio urbano explicando como se dá a sua existência:

b) Explique o seguinte trecho do texto acima: “... quanto maior a cidade, mais numeroso e significativo o movimento, mais vasta e densa a co-presença ...”