Apostila Gestão de Empreendimentos Criativos_I

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  • GESTO DE EMPREENDIMENTOS CRIATIVOS

    ETAPA 2

    CURSO 1

  • Elaborao e Gesto de Projetos Culturais Etapa 2

    Ministrio da Cultura - MinC

    Ministra da Cultura

    Marta Suplicy

    Secretrio Executivo

    Marcelo Pedroso

    Realizao:

    Secretaria de Fomento e Incentivo Cultura

    Ana Cristina da Cunha Wanzeler

    Equipe da SEFIC

    Carla Cristina Marques Diretora Interina de Gesto de Mecanismos de Fomento

    Rmulo Menh Barbosa - Coordenador-Geral de Normatizao e Orientao

    Telma Silva dos Santos Tavares - Coordenadora de Programas de Capacitao

    Tassia Toffoli Nunes - Chefe da Diviso de Anlise dos Mecanismos de Capacitao

    Secretaria da Economia Criativa

    Marcos Andr Rodrigues de Carvalho

    Equipe da SEC

    Georgia Haddad Nicolau Diretora de Empreendedorismo, Gesto e Inovao

    Dalva Regina Pereira Santos Coordenadora-Geral de Aes Empreendedoras

    Gustavo Pereira Vidigal Coordenador de Formao para Competncias Criativas

    Apoio:

    Diretoria de Direitos Intelectuais - SE

    Marcos Alves Souza -- Diretor de Direitos Intelectuais

    Francimria Bergamo Coordenadora-Geral de Difuso e de Negociao em Direitos

    Autorais e de Acesso Cultura

    FICHA TCNICA

  • Elaborao e Execuo do Projeto

    Servio Nacional de Aprendizagem Comercial SENAC DF

    Presidente do Conselho Regional

    Adelmir Arajo Santana

    Diretor Regional

    Luiz Otvio da Justa Neves

    Gerente do Centro de Educao Profissional Educao a Distncia

    Mcio Fernandes

    Gerenciamento e Superviso do Projeto

    Elidiani Domingues Bassan de Lima

    Coordenador Pedaggico do Projeto

    Alexandra Cristina Moreira Caetano

    Elaborao de Contedo

    Raquel Gondin

    Design Instrucional

    Fbia Ktia Pimentel Moreira

    Programao Visual

    Glauber Cezar Pereira

    Marlos Afonso Serpa de Lira

    Ilustrao

    Eder Muniz Lacerda

    Reviso

    Maria Marlene Rodrigues da Silva

    FICHA TCNICA

  • Sumrio

    OBJETIVOS .................................................................................................................................. 5

    DESCRITIVO DOS CONTEDOS ................................................................................................... 5

    PALAVRAS INICIAIS ..................................................................................................................... 6

    1. EMPREENDEDORISMO............................................................................................................ 7

    1.1 Empreendedor ................................................................................................................ 10

    2. EMPREENDEDORISMO CRIATIVO ......................................................................................... 13

    2.1 Empreendedor Criativo .................................................................................................. 15

    3. OS TIPOS DE EMPREENDIMENTOS CRIATIVOS ..................................................................... 19

    4. NOVOS MODELOS DE NEGCIOS (NOVOS CONCEITOS E CASES DE SUCESSO) ................... 25

    5. O ASSOCIATIVISMO, COOPERATIVISMO E OUTRAS PRTICAS COLABORATIVAS ................ 34

    6. FINANCIAMENTO COLABORATIVO PARA EMPREENDIMENTOS CRIATIVOS ........................ 38

    PALAVRAS FINAIS ...................................................................................................................... 53

    REFERNCIAS ............................................................................................................................ 54

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    Programa de Capacitao em Gesto de Projetos e Empreendimentos Criativos

    OBJETIVOS

    I Estimular a atitude empreendedora de profissionais que atuam nos setores

    criativos.

    II Capacitar os profissionais e empreendedores para o desenvolvimento de

    competncias em gesto com a finalidade de contribuir com a sustentabilidade de seus

    empreendimentos.

    DESCRITIVO DOS CONTEDOS

    - Noes sobre empreendedorismo e empreendimento criativo.

    - Os tipos de empreendimentos criativos (formais e informais).

    - Novos modelos de negcios (novos conceitos e cases de sucesso).

    - O associativismo e cooperativismo e outras prticas colaborativas.

    - Financiamento colaborativo para empreendimentos criativos (crowdfunding, moedas

    criativas etc.).

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    PALAVRAS INICIAIS

    Para acompanhar essa abordagem sobre Gesto de Empreendimentos Criativos

    importante ter acompanhado e estudado o material a respeito da Economia Criativa.

    Para um breve resgate, a Economia Criativa trata de abundncia da matria-prima

    para os bens e servios criativos como a criatividade e o conhecimento que contribui para o

    mundo atual da centralidade de intangveis, qual seja da sociedade em rede + + processos

    colaborativos + riqueza multidimensional. (DEHEINZELIN, 2013)

    No Ministrio da Cultura, definimos Economia Criativa partindo das dinmicas

    culturais, sociais, e econmicas construdas a partir do ciclo de criao, produo,

    distribuio/circulao/difuso e consumo/fruio de bens e servios oriundos dos setores

    criativos, caracterizados pela prevalncia de sua dimenso simblica. (Plano da Secretaria da

    Economia Criativa - MinC , 2012, p. 23)

    Ana Carla Fonseca Reis ressalta as quatro abordagens do conceito de Economia

    Criativa:

    Indstrias criativas, entendidas como um conjunto de setores econmicos

    especficos, conforme seu impacto econmico potencial na gerao de

    riqueza, trabalho, arrecadao tributria e divisas de exportaes.

    Economia criativa, que abrange, alm das indstrias criativas, o impacto de

    seus bens e servios em outros setores e processos da economia e as

    conexes que se estabelecem entre eles

    Cidades e espaos criativos, por sua vez vistos sob distintas ticas: de

    combate s desigualdades e violncia e de atrao de talentos e

    investimentos para revitalizar reas degradadas de promoo de clusters

    criativos

    Economia criativa como estratgia de desenvolvimento, a partir do

    reconhecimento da criatividade, portanto do capital humano, para o

    fomento de uma integrao de objetivos sociais, culturais e econmicos.

    E para trabalhar nessa nova economia, so necessrios os empreendedores

    criativos que transformam suas ideias em negcios ou empreendimentos criativos e, claro,

    saber fazer a gesto desses negcios.

    Vamos iniciar nosso estudo!

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    1. EMPREENDEDORISMO

    Empreendedorismo um dos motores fundamentais da economia dos nossos

    tempos. No Brasil, a partir dos anos noventa, a crena no emprego vitalcio e na carreira em

    uma s empresa foi sendo abandonada aos poucos por estudantes e trabalhadores. E outra

    realidade veio tona: a necessidade de desenvolver muitas habilidades e conhecimentos

    para ter um lugar e com sucesso no mundo dos negcios.

    Empreender, antes de tudo, saber reconhecer oportunidades, avaliar o valor dos

    negcios (para o mercado, para o cliente), ter ideias e usar sua criatividade para transformar

    oportunidades de negcio com a preocupao voltada a um desenvolvimento sustentvel,

    preservando recursos escassos da natureza, protegendo o meio ambiente e reduzindo a

    pobreza. Em outras palavras, o empreendedorismo promove um crculo virtuoso riqueza

    humana competitividade riqueza econmica. (DEGEN, 2009; LEITE, 2012)

    Explorando um pouco mais o tema por sua histria, a origem da palavra

    empreendedorismo inicia com o economista francs Jean-Baptiste Say, no comeo do sculo

    XIX que conceituou o empreendedor como o indivduo capaz de mover recursos econmicos

    de uma rea de baixa para outra de maior produtividade e retorno. Anos mais tarde, j no

    sculo passado, em 1942, o economista austraco Joseph Schumpeter (1883 - 1950) associou

    o termo a um processo relativo a uma pessoa com criatividade e capaz de fazer sucesso com

    inovaes. Um pouco mais adiante, em 1967 com Kenneth E. Knight e em 1970 com Peter

    Drucker foi introduzido o conceito de risco, isto , uma pessoa empreendedora precisa

    assumir determinados riscos (calculados) em algum negcio. E em 1985 com Gifford Pinchot

    foi introduzido o conceito de intraempreendedor, uma pessoa com caractersticas de um

    empreendedor atuando dentro de uma organizao (FONSECA, 2010). Ainda segundo o

    autor, uma das definies mais aceitas hoje em dia sobre o empreendedorismo dada pelo

    estudioso da rea, Robert Hirsch. Segundo ele, empreendedorismo envolve pessoas em

    um processo de criar algo diferente e com valor;

    dedicao, tempo e esforo necessrios;

    assumindo os riscos financeiros, psicolgicos e sociais correspondentes e

    recebendo as consequentes recompensas da satisfao econmica e pessoal.

    No Brasil, os anos 1990 foram cruciais para que o empreendedorismo tornasse-se

    importante. Aps a abertura de mercado promovida pelo governo de Fernando Collor de

    Mello (1990 1992), a entrada de produtos importados ajudou a controlar os preos,

    condio fundamental para a retomada do crescimento. No entanto, alguns setores

    mostraram-se incapazes de enfrentar essa competitividade (setores de brinquedos e

    confeces, por exemplo). Diante do quadro nada animador, o Pas viu-se obrigado a se

    reeestruturar para enfrentar a globalizao e a competio com o resto do mundo.

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    Empresas de todos os tamanhos e setores precisaram se rever, se reorganizar, refazer seus

    planejamentos e estratgias se quisessem competir e retomar o crescimento. (MALUF, 2009)

    Os parques tecnolgicos e as Incubadoras so criados a partir da dcada de 1990.

    Incubadoras de empresas e parques tecnolgicos so entidades promotoras de

    empreendimentos inovadores. A incubadora de empresas tem por objetivo oferecer suporte

    a empreendedores para que eles possam desenvolver ideias inovadoras e transform-las em

    empreendimentos de sucesso. Para isso, oferece infraestrutura e suporte gerencial,

    orientando os empreendedores quanto gesto do negcio e sua competitividade, entre

    outras questes essenciais ao desenvolvimento de uma empresa. (ANPROTEC, s.a.)

    http://www.arcamultincubadora.com.br/homepage.php

    Incubadoras de tecnologia e empreendimentos sociais - EIT e ARCA

    http://www.youtube.com/watch?v=oCWR7IjmCUA

    O Escritrio de Inovao Tecnolgica (EIT)

    e a Arca Multincubadora so duas

    organizaes que oferecem apoio e

    suporte tcnico para quem quer tocar seu

    prprio negcio ou ideia, em Mato

    Grosso.

    Tecnologia Social aquela ideia genial que

    surge para resolver um grande problema.

    Geralmente so solues simples, baratas

    e de fcil aplicabilidade (ou

    reaplicabilidade). Assim como a

    Tecnologia Social, a Economia Solidria

    considera a cultura e os saberes locais.

    Os parques tecnolgicos, por sua vez, constituem um complexo produtivo industrial

    e de servios de base cientfico-tecnolgica. Planejados, tm carter formal, concentrado e

    cooperativo, agregando empresas cuja produo se baseia em Pesquisa e Desenvolvimento

    (P&D). Assim, os parques atuam como promotores da cultura da inovao, da

    competitividade e da capacitao empresarial, fundamentados na transferncia de

    conhecimento e tecnologia, com o objetivo de incrementar a produo de riqueza de uma

    determinada regio. (ANPROTEC, s.a.)

    Os parques tecnolgicos brasileiros so:

    Porto Digital Recife (http://www.portodigital.org/)

    Parque Tecnolgico de So Jos dos Campos (http://www.pqtec.org.br/)

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    TECNOPUC - Parque Cientfico e Tecnolgico da PUCRS

    (http://www3.pucrs.br/portal/page/portal/inovapucrs/Capa/Tecnopuc)

    VALETEC - Parque Tecnolgico do Vale do Sinos

    (http://www.valetec.org.br/)

    PaqTcPB - Fundao Parque Tecnolgico da Paraba

    (http://www.paqtc.org.br/)

    BH-TEC - Parque Tecnolgico de Belo Horizonte (http://www.bhtec.org.br/)

    Parque Tecnolgico de Ribeiro Preto

    (http://fipase.com.br/pt/index.php?option=com_content&view=article&id

    =277&Itemid=53)

    Parque Tecnolgico da Bahia (http://www.secti.ba.gov.br/parque/)

    Parque Tecnolgico de Sorocaba (http://www.empts.com.br/)

    Logo depois, j no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 2002), com o

    controle da inflao e com o ajuste da economia fizeram que o Pas ganhasse estabilidade e

    respeito no cenrio mundial, e esse fato proporcionou o crescimento da economia que

    culminou, s no ano 2000, a gerao de mais de um milho de novos postos de trabalho.

    Investidores estrangeiros voltaram-se para o Brasil com outros olhos e comearam a aplicar

    seu dinheiro; com isso o Pas apresentou um aumento significativo nas exportaes.

    (MALUF, 2009; LEITE, 2012). Esse cenrio tornou propcio para que o movimento

    empreendedor instalasse-se no cotidiano brasileiro e entidades como o SEBRAE e

    universidades introduziram o ensino do empreendedorismo com propsito de promover o

    desenvolvimento e, por consequncia, um crescimento sustentvel, a incluso social e a

    reduo de pobreza, objetivos que comungam com os que esto presentes na definio da

    Economia Criativa brasileira.

    Pedindo emprestado o pensamento de Joseph Schumpeter, sem hesitao, pode-se

    afirmar que o empreendedorismo que faz com que as coisas funcionem na economia de

    um pas. E se pensarmos no Brasil, mesmo com todo progresso que temos acompanhado

    nos ltimos anos, ns continuamos sendo um dos pases com uma das maiores

    desigualdades de renda do mundo e o fenmeno do empreendedorismo aplica-se bem a

    nossa realidade.

    Alm disso, o empreendedorismo feito por pessoas que, por sua vez, colocam a

    imaginao e a criatividade para trabalharem em prol de ideias. Mais ainda, de ideias que

    possam dar origem a projetos de criao de negcios com sucesso. E de onde vm as boas

    ideias?

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    Instigados? Acompanhem o vdeo e perceba que, por trs das (boas) ideias, tambm

    h um processo: http://www.youtube.com/watch?v=a1KyeQYit1o

    Faa uma lista de todas as coisas que gosta de fazer.

    Depois faa o seguinte questionamento: que tipo de coisa voc faria,

    mesmo gratuitamente?

    Nesse momento, voc pode pensar em sonhos, no que gosta de fazer,

    em ideias, em projetos j realizados e aqueles que nunca foram realizados e em negcios.

    Esse aquecimento vai nos levar a pensar sobre o empreendedor? Quem ? O que faz ou

    deve fazer? Quais as caractersticas de um empreendedor.

    1.1 Empreendedor

    1939, apud DORNELAS, 2001)

    Para traar uma definio de empreendedor, deparamo-nos que a palavra deriva da

    palavra inglesa entrepreneur, que deriva de outra, do francs antigo, entreprendre, formada

    pelas palavras entre, derivada do latim inter que significa reciprocidade e preneur,

    tambm do latim, que significa comprador. A combinao das duas palavras significa

    intermedirio (DEGEN, 2009), que no atende por completo a compreenso do conceito

    empreendedor.

    O pensamento de Degen (2009) atende bem ao propsito de conceituar sobre o

    que empreendedor quando fala que aquele que idealiza, busca os recursos e assume

    todos os riscos comerciais, legais e pessoais de um novo negcio. Ele torna crvel, concretiza

    o que idealiza.

    Dentre as caractersticas que envolvem um empreendedor, podemos destacar:

    proatividade, no espera por outros, porque movimenta os recursos possveis (e

    at os impossveis) e faz as coisas acontecerem.

    motivao pelo que acredita e acredita, antes de tudo em si mesmo.

    no teme fracassos, pois acredita que um fracasso uma oportunidade de

    aprender a ser melhor. Mas isso no significa que seja um aventureiro.

    iniciativa, visto que inicia seus projetos de forma arrojada, assumindo riscos

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    planejados.

    capacidade de liderana e trabalho em equipe, por acreditar tanto em seu

    potencial.

    H ainda outras caractersticas que complementam essa definio, so elas:

    criatividade;

    capacidade de organizao e planejamento;

    responsabilidade;

    capacidade de liderana;

    habilidade para trabalhar em equipe;

    gosto pela rea em que atua;

    viso de futuro e coragem para assumir riscos;

    interesse em buscar novas informaes, solues e inovaes para o seu negcio;

    persistncia (no desistir nas primeiras dificuldades encontradas);

    saber ouvir as pessoas e

    facilidade de comunicao e expresso.

    A Tabela 1 ilustra os papis que podem ser assumidos pelos indivduos que querem

    iniciar um negcio prprio.

    Tabela 1 Papis do empreendedor ao iniciar um negcio

    Papis do Empreendedor Atuao Riscos

    Empreendedor Empreende (lidera) o desenvolvimento do negcio.

    Assume todos os riscos do negcio.

    Empresrio Empresaria (financia) o desenvolvimento do negcio.

    Assume (s) o risco financeiro do negcio.

    Executivo Gerencia o trabalho para o desenvolvimento do negcio.

    Assume (s) o risco profissional do negcio.

    Empregado Executa o trabalho para desenvolver o negcio.

    Assume (s) o risco do emprego do negcio.

    Fonte: (DEGEN, 2009)

    ATENO: os empreendedores que comeam um negcio prprio geralmente

    assumem no incio os quatro papis.

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    Agora, que tal conhecer um pouco mais? Por meio do vdeo A arte imita a vida:

    Wellington Nogueira e os Doutores da Alegria (http://www.doutoresdaalegria.org.br/), entre

    no universo do empreendedor social, perceba as caractersticas mencionadas, os

    relacionamentos, o conhecimento presentes.

    http://www.youtube.com/watch?v=gCi9mx1TSAY.

    Para refletir: Pense sobre quem voc e no que voc faz o

    quer fazer. A partir disso, complete o quadro a seguir

    marcando com um x a coluna que mais se relaciona a sua

    realidade:

    NOTA: 1 No Pratico / 2 Pratico pouco / 3 Posso melhorar / 4

    Pratico / 5 Pratico muito

    Caracterstica 1 2 3 4 5

    Acredita nos sonhos

    Acredita na capacidade de realiza-lo

    Passa confiana

    Contagia as pessoas

    No age isolado

    Busca informaes

    Mantm contato com boas fontes

    Planeja e avalia resultados

    Define o melhor modo de fazer

    Sabe aonde quer chegar

    Faz mudanas necessrias

    realizador

    Cumpre prazos

    firme na conduo do negcio

    Fonte: Gutierrez, 2006

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    2. EMPREENDEDORISMO CRIATIVO

    J sabemos sobre o empreendedorismo e o empreendedor, mas vamos aplic-lo a

    criatividade. Estamos falando do empreendedorismo criativo. Assim, para instigar, se

    perguntem: qual foi a coisa que voc fez que ningum mais fez? O inusitado? O diferente? O

    revelador de sua personalidade?

    O termo empreendedorismo criativo/ empreendedores criativos caracteriza

    empreendedores de sucesso e talento que so capazes de transformar ideias em produtos

    ou servios criativos para a sociedade. Eles lidam com formao estratgica, design

    organizacional e liderana em um contexto cultural/criativo. O empreendedorismo, nesse

    sentido, descrito como uma nova forma de pensar, uma nova atitude: a busca por

    oportunidades dentro de um cenrio cultural e, a partir dele, os negcios criativos so

    criados. (UNCTAD, 2013)

    O empreendedorismo criativo parte de uma ideia, de um sonho, de uma fantasia de

    um indivduo. No entanto, o que e como pensa desse indivduo difere de outros

    pertencentes aos empreendimentos dos mercados de massa e tradicional ou mesmo o

    social, porque os criativos agora que despertam para novas oportunidades, para mercados

    que ainda no foram criados, para ofertas e demandas por produtos e servios que esto

    para acontecer. Desse ponto, a forma de estruturar o negcio muda j que os negcios

    criativos tm variveis e indicadores diferenciados (KRULIKOWSKI, 2013). Vale lembrar que

    estamos tratando de negcios em que as atividades produtivas tm como processo

    principal um ato criativo gerador de valor simblico, elemento central da formao do preo,

    e que resulta em produo de riqueza cultural e econmica (BRASIL, 2011, p.22).

    Para esclarecer melhor, esses negcios criativos pensam em bens e servios que

    possuem um valor agregado especial e, muitas vezes, intangvel, se comparados com o

    modelo padro de negcios. No caso, como medir alguns tpicos relacionados

    materialidade e esttica de uma exposio de artes visuais? Como calcular, a priori, a

    demanda de espectadores para um determinado filme produzido no centro oeste brasileiro?

    Nos resultados desses negcios, h de considerar o interesse do pblico, a disponibilidade

    da renda para a cultura, para o entretenimento, o conhecimento do pblico, o crescimento

    esttico e cultural, enfim, vrios outros indicadores alm de simplesmente o padro: Lucro.

    (KRULIKOWSKI, 2013). Este deve ser a consequncia de todo o trabalho da cadeia produtiva

    de um negcio criativo.

    Nesse momento, voltamos ao pensamento de Joseph Schumpeter e da situao

    brasileira. Juntamos os dois por acreditar ser possvel reduzir a desigualdade entre os ricos e

    os pobres por meio da criatividade dos empreendedores criativos. Eles podem elaborar

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    solues em bens e servios voltados ao bem-estar da populao brasileira, permitindo

    expandir, a produo voltada aos chamados setores criativos.

    Schumpeter (1942), no seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia, aborda que

    os empreendedores podem colaborar na formao da riqueza de um pas como sendo os

    agentes do que ele chamou de processo de destruio criativa. Por meio desse processo,

    so gerados, constantemente, novos produtos, servios, mtodos de produo e mercados.

    (DEGEN, 2009). E esse gerar incessante est intrinsicamente relacionado com a destruio

    dos produtos e servios do mercado, substituindo por outros novos, eficientes e baratos.

    Parece estranho, mas esse movimento de criar / destruir / recriar /criar s pode ocorrer

    alicerado na disponibilidade da criatividade do seu povo, dos seus empreendedores. Para

    atualizar o pensamento, em entrevista a Raul Perez, Bob Caspe (2013), professor, consultor,

    empreendedor e uma das vozes mais ativas no cenrio internacional quando o assunto o

    desenvolvimento de novos negcios, afirma que "estamos nos movendo para uma era onde

    a constante reinveno necessria e a vida empreendedora a nica que vai funcionar."

    Quanto situao brasileira, apesar dos tempos estranhos em que vivemos, o

    cenrio no nosso Pas, de uma forma geral, continua promissor. O brasileiro tem acesso ao

    conhecimento formal e sua renda aumentou consideravelmente; e esses fatores permitiram

    a criao de um ambiente muito favorvel para todos os negcios relacionados economia

    criativa. Com maior renda, escolaridade, poupana e planejamento de vida, fato que o

    consumo cultural e simblico aumenta, e muito.

    Precisamos ainda observar as chamadas TICs Tecnologias da Informao e

    Comunicao pois elas possibilitam que pequenos empreendedores possam competir com

    maior igualdade no mercado. Um exemplo disso so pessoas que utilizam as redes sociais

    tanto para fazer a publicidade de seus produtos como tambm as utilizam como canal de

    venda. Basta acompanhar o caso de Adriana Piorski, jovem empreendedora que iniciou suas

    atividades customizando camisas na faculdade de moda e hoje tem, alm da loja fsica, seu

    site (www.piorski.com.br) e a loja no facebook (Piorski Loja). Para um museu, livraria, sebos,

    msicos, designers e tantos outros crivosos custos para colocar seus produtos para venda

    online so menores que no ambiente fsico.

    J o site de comparao de preos Buscap (http://www.buscape.com.br/), que

    nasceu no ano 1999 com um investimento modesto do ento estudante de engenharia

    eltrica Romero Rodrigues e trs colegas, para manter o site no ar. Para que o projeto

    decolasse, foi preciso vencer a desconfiana dos varejistas, que no tinham interesse em

    abrir seus preos para serem comparados na internet. Mas em pouco tempo o site cairia nas

    graas dos consumidores online e se tronaria uma das principais portas de entrada para o

    comrcio eletrnico no Pas.

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    Outro exemplo o Oppa (http://www.oppa.com.br/), empresa especializada no

    comrcio eletrnico de mveis e objetos decorativos. A empresa apresenta projetos feitos

    por jovens brasileiros e tambm por designers renomados, com foco no smart design e em

    peas inovadoras.

    De onde vm as boas ideias? Um excelente vdeo de Steven Johnson, um dos principais pensadores da cultura digital, divagando sobre o processo criativo para gerao de ideias. Assim como a abordagem do Design Thinking, Johnson galga sua teoria na intuitividade e espontaneidade para proposies criativas.

    http://www.youtube.com/watch?v=zmj1lX2TMxc&feature=share

    2.1 Empreendedor Criativo

    E quem est por trs do empreendimento criativo? Pode ser uma equipe, dois a trs

    pessoas, mas certamente ter um criativo. O empreendedor criativo aquele indivduo que

    intenciona mudar o mundo, contribuir com a cultura, ter condies de viver e ter sucesso

    por meio do seu fazer, da sua arte. So indivduos inovadores, criativos e extremamente

    envolvidos na prpria ideia, no se atendo, muitas vezes, a dimenso financeira o que lhes

    importa escrever um roteiro, fazer um arranjo, bolar aquela receita, modelar um vestido,

    criar o adereo com aquele determinado material encontrado na natureza ou simplesmente

    descartado, encenar aquela pea, realizar o filme que est na cabea h tempos. Seu fazer

    um ato criativo gerador de valor simblico. (KRULIKOWSKI, 2013).

    Segundo a definio da British Council (2012), o empreendedor criativo :

    algum que trabalhe no setor criativo, que seja capaz de demonstrar sucesso empresarial

    nos termos clssicos do crescimento do negcio (lucro, participao de mercado,

    funcionrios) e / ou em termos de sua reputao (criatividade, qualidade e esttica), entre

    seus pares;

    algum que trabalhe no setor criativo e que tenha desenvolvido um empreendimento de

    sucesso (em termos de impacto e abrangncia) social ou sem fins lucrativos neste setor;

    algum que trabalhe no setor criativo, que tenha demonstrado liderana e promovido o

    desenvolvimento do setor em seu pas e

    De onde vm as boas ideias? #Designthinking

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    algum que trabalhe no setor criativo, que tenha desenvolvido iniciativas (exposies, feiras

    comerciais, festivais etc.) e que desenvolva e faa crescer o mercado desse setor em seu

    pas.

    A mesma instituio tambm elegeu as qualidades do empreendedor criativo que

    so as seguintes:

    Capacidade empreendedora:

    o Assumir riscos: algum que possa avaliar, apreciar e enfrentar riscos, com as

    habilidades/iniciativa para levar com sucesso suas ideias adiante.

    o Paixo por seu setor criativo: os empreendedores criativos so os mediadores que

    trazem produtos criativos para o mercado e precisam de habilidade para reconhecer

    talentos, respeitar, entender e gerenciar a criatividade.

    o Habilidades corporativas: tino comercial, conscincia comercial, capacidade gerencial,

    viso e estratgia.

    o Habilidades interpessoais: capacidade para vender uma ideia, negociar e colaborar em

    rede.

    Inovao / desenvolvimento de novos modelos de negcio:

    o Encontra maneiras novas e inovadoras de levar o trabalho criativo ao pblico e s

    comunidades novos modelos de produo, distribuio, valor com destaque para os

    benefcios sociais, econmicos e culturais ao faz-lo.

    o Ideias originais, flexibilidade e autoconfiana para lev-los ao mercado.

    Capacidade de liderana e potencial para mudar o seu setor

    o Capacidade de liderana: ter a viso de combinar suas habilidades criativas e

    empreendedoras para ser um lder na sua comunidade criativa em nvel nacional.

    o Capacidade de compartilhar as lies de sua experincia com outros.

    o Agente de mudana: capacidade de fazer a diferena no apenas como uma pessoa

    bem sucedida em termos de negcios, mas que tambm intervm no mercado interno

    para causar impacto positivo em termos de infraestrutura.

    Conscincia de mercado e compreenso

    o Conscincia de mercado: conhecimento da situao do mercado local e seu papel nele.

    o Capacidade de identificar lacunas no mercado e aproveitar essas oportunidades,

    transformando-as em solues reais.

    Empreendedorismo e criatividade tem uma relao muito forte. No entanto, falta

    aos setores criativos um pensamento mais prtico e voltado ao mercado. fato que a taxa

    de sobrevivncia das micro e pequenas empresas, aps dois anos, de 73,1%. (SEBRAE,

    2013). Assim sendo, o empreendedor criativo precisa desenvolver um senso maior de

    planejamento e organizao. Parece que no combina o processo de criar e o de planejar.

    Um estaria ligado ao caos, a um processo ldico, atemporal e outro seria um processo

    programado, organizado. Apesar de no parecer lgico, o planejamento que vai possibilitar

    que a criatividade aflore e que a fora empreendedora seja mais bem utilizada. utpico

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    pensar que o processo criativo no pode estar condicionado a recursos financeiros ou a

    prazos.

    Desta forma, vale pensar que os empreendimentos criativos necessitam de

    gesto. Isso significa dizer que os criativos precisam saber se organizar e estabelecer

    objetivos, que nada mais ter o hbito do planejamento para equacionar aonde se quer

    chegar (objetivos / resultados) com os valores e princpios que essas organizaes

    acreditam; entre as necessidades atuais do negcio e as futuras; entre os fins desejveis e os

    recursos/meios disponveis. Saber fazer a gesto do empreendimento criativo conhecer e

    se pautar no novo modelo econmico baseado nestes princpios verdadeiros e humanos -

    diversidade cultural, inovao, sustentabilidade e incluso social - que so a base para a

    economia criativa. (BRASIL, 2011; KRULIKOWSKI, 2013).

    Um negcio, nos atuais dias de acirrada competitividade, para desenvolver e

    permanecer no mercado, no pode mais ser feito na base do amadorismo ou sem foco e

    orientao para resultados. Sim, fato que alguns empreendimentos ficam anos na etapa de

    planejamento e nada produzem enquanto outros, mesmo sem estruturao, organizao

    mnimas, se aventuram nas ruas vendendo seus produtos e/ou servios. Mas no h como

    trabalhar bem nos extremos, por muito tempo. preciso equilbrio.

    Para que esse equilbrio ocorra, o empreendedor criativo deve pensar em um

    instrumento muito eficiente que o plano de negcio. Em outras palavras, um documento

    contendo informaes compatveis com a realidade do mercado, uma espcie de guia para

    as atividades que devero seguir ao longo de um perodo. Com isso, esse empreendedor no

    perder o foco e ter uma base para poder trabalhar os seus negcios criativos e,

    consequentemente, o mercado poder responder e entender as suas expectativas. Mas essa

    histria de Plano de Negcios, veremos um pouco adiante, ok?

    Outra coisa que no podemos esquecer: um criativo precisa estar atento aos editais

    de apoio produo nas esferas federal, estadual e municipal. Para tanto, deve-se

    acompanhar os sites das Secretarias de Cultura (municpio e estado) e do Ministrio da

    Cultura (Secretaria da Economia Criativa / Secretaria do Audiovisual), alm da Lei Rouanet.

    Como pontuou Igor Krulikowski em entrevista ao site Empreendedores Criativos

    (www.empreendedorescriativos.com.br), h um indicativo de alterao da Lei Rouanet que

    pode trazer benefcios para todos os empreendimentos criativos, e, a partir dessa alterao,

    os criativos tero a possibilidade de pensar melhor na diversificao de receitas e de

    financiamento. No entanto, enquanto no h alterao na lei, o que esses empreendedores

    devem fazer, tanto agora, com o mercado aquecido e com boas oportunidades para os

    prximos anos, como a qualquer tempo trabalhar no que ele melhor sabe fazer, seu ofcio,

    mas sem esquecer a dimenso mercadolgica relao com seus fornecedores, clientes e

    parceiros, sua imagem e a sustentabilidade do seu negcio.

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    Acompanhem o que ocorreu com a cidade do Recife (cidade criativa?), por meio

    dessa histria retirada do site Escola de Criatividade:

    (http://escoladecriatividade.com.br/2013/06/negocios-movidos-a-ideias-parte-1/).

    Ateno aos grifos.

    Imagem do Delta Zero centro da cidade do Recife - Pe

    No ano 2000, o decadente centro histrico de Recife recebeu investimentos que o

    transformaram num prestigiado polo de tecnologia. A revista Business Week elegeu-o como

    um dos dez locais do mundo onde o futuro do planeta pensado. A consultoria A.T. Kearney

    classificou o Porto Digital como o maior e mais rentvel parque tecnolgico do Pas. Com 135

    empresas, o polo pernambucano movimenta R$ 500 milhes por ano com o

    desenvolvimento de softwares. Agora, aposta na chamada economia criativa para se

    reinventar. No ms passado (jan. 2012), foi lanado o Delta Zero Base Recife de Criao.

    Trata-se da primeira investida do polo fora da tecnologia da informao. O novo brao de

    capacitao investir R$ 8,3 milhes em empresas ligadas msica, publicidade, ao

    cinema, a games e animao. Iniciativas como essas fazem parte de um movimento indito

    no Brasil para alavancar a economia criativa. E procuram resolver um problema de escala do

    setor. A economia tradicional no suporta o que considera amadorismo dos criativos em

    gesto. J os criativos tm dificuldades para lidar com a frieza dos nmeros. Os dois lados

    no dialogam, e os negcios travam na largada, diz Francisco Saboya, diretor do Porto

    Digital. Queremos potencializar essa criatividade e gerar escala.

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    Em um exerccio anterior, foi solicitado que fosse feita uma lista de coisas

    que voc gosta de fazer. A partir dessa lista, para cada coisa que gosta de

    fazer, tente associ-la a um possvel negcio. No desista de desafiar sua

    imaginao. Voc vai se surpreender quantas possibilidades de negcios

    (criativos) podem surgir.

    3. OS TIPOS DE EMPREENDIMENTOS CRIATIVOS

    Tipos de empreendimentos criativos? So muitos, se pensarmos nos setores

    criativos que compem a Economia Criativa. E como est o negcio criativo no Brasil? E o

    trabalhador criativo? No Brasil, prevalecem os pequenos negcios e, alm das micro e

    pequenas empresas, os empreendedores individuais e as pessoas fsicas compem a rede

    organizacional da Economia Criativa. Os vrios tipos de empreendimentos criativos

    negcios que envolvem artistas, produtores, tcnicos, publicitrios, designers, arteses,

    turismlogos, muselogos, gestores pblicos e administradores, entre outros - apresentam-

    se em diferentes estgios de maturidade empresarial e a excessiva informalidade dos

    modelos de negcios desafia a utilizao de tcnicas gerenciais, das teorias da administrao

    e elaborao de polticas pblicas para os setores. (OBSERVATRIO DAS MICRO E PEQUENAS

    EMPRESAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2012).

    Bom, antes de iniciar essa abordagem, vamos acompanhar o vdeo da estilista

    Marina Sasseronque mostra sua trajetria iniciada como uma intraempreendedora criativa

    trabalhando com estilistas como Alexander Herchcovitch e Huis Clos e depois se tornou

    empreendedora do seu prprio negcio abrindo sua webstore (formal). Por meio de sua

    histria, observamos a formao dessa empreendedora e a formao do seu negcio.

    Perceba que a criativa est to envolvida no seu fazer que se focasse no processo criativo,

    misturando o negcio ao ato de criar.

    http://arte1.band.uol.com.br/aposta-6/

    Fonte: Arte 1 Programas Vdeos estilo Arte 1 - Aposta

    http://www.nuageloja.com.br/

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    Quem trabalha dentro da Economia Criativa pensa de uma maneira no tradicional

    e prope ao mercado e sociedade diferentes processos, produtos e relacionamentos. Seja

    em negcios voltados tanto gastronomia, patrimnio material e imaterial, festas religiosas,

    games, softwares, design como pessoas que pensem em mobilidade urbana, em

    responsabilidade social, em intervenes urbanas (...) solues, ou ainda, empreendimentos

    que tragam retorno real (financeiro e simblico) para os realizadores criativos-

    empreendedores, mas, sobretudo, para a sociedade.

    O Brasil encontra-se alinhado com a tendncia internacional que de reconhecer a

    importncia do conhecimento e a criatividade como insumo de produo, assim como o

    papel transformador que eles tm. Desta forma, tanto no Brasil como em outros pases,

    surgiram modelos de negcios e setores novos, criativos fomentando a gerao de

    empregos e riqueza. (FIRJAN, 2012).

    Quanto aos dados, o Brasil apresentou em 2011 um nmero de 243 mil empresas

    no ncleo da economia criativa. Estamos falando de empresas formalizadas que trabalham

    diretamente com algum setor criativo. Em uma perspectiva mais ampla, os nmeros

    demonstram que toda a cadeia economia criativa, incluindo as atividades relacionadas e as

    de apoio (VER O que significa), movimenta mais de dois milhes de empresas brasileiras

    (FIRJAN, 2012). Desse total de empresas, grande parte dos empreendimentos da cadeia

    criativa micro e pequenas empresas, conforme grfico a seguir:

    O que significa?

    Atividades relacionadas ao ncleo dos setores criativos so as

    atividades econmicas que proveem diretamente bens e servios aos

    empreendimentos do ncleo.

    Atividades de apoio ao ncleo dos setores criativos so as

    atividades econmicas que do suporte s dinmicas dos empreendimentos do ncleo,

    como por exemplo, distribuio de produtos que podem ser realizados por empresas de

    logsticas (economia tradicional).

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    GRFICO 1 Taxa de crescimento da quantidade de micros e pequenas empresas em

    setores da cadeia criativa e mdia brasileira entre 2006 e 2010

    Fonte: Observatrio das micro e pequenas empresas do Rio de Janeiro, 2012.

    Podemos observar o crescimento em quase todo o Pas dos empreendimentos

    criativos. Vale ressaltar que estamos abordando somente os negcios criativos formais. Em

    relao ao emprego formal, a cadeia criativa no Brasil ocupou cerca de 2% (ou 820 mil) dos

    44 milhes de empregados formais em 2010. Verifica-se, no grfico abaixo, a distribuio

    dos empregados formais nos setores criativos nos estados brasileiros:

    GRFICO 2 - Proporo de trabalhadores ocupados em micro e pequenas empresas em

    setores da cadeia criativa e nos demais setores por unidade da federao e mdia brasileira

    em 2010.

    Fonte: Observatrio das micro e pequenas empresas do Rio de Janeiro, 2012.

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    Interessante perceber no grfico que Roraima apresenta o mesmo crescimento (3%)

    dos empregos formais criativos que o Rio de Janeiro, So Paulo e Distrito Federal, j

    esperado, por ter historicamente uma estrutura econmica mais favorvel, alm de outras

    condies como a posio estratgica, acessibilidade a recursos.

    Observa-se, portanto, que Roraima, apesar de apresentar na economia formal um

    desenvolvimento inferior a RJ, SP e DF, apresenta na economia criativa uma posio de

    crescimento equivalente a esses estados. Indicando, assim, a economia criativa como uma

    alternativa produtiva para o crescimento no apenas para a regio de Roraima, mas para

    outras que se encontrariam na mesma situao de crescimento econmico formal.

    Quando falamos de empreendimentos formais abordamos negcios que seguem a

    legislao trabalhista vigente no nosso Pas e que geram emprego e renda corroborando

    para o crescimento econmico e social do local, ou ainda, para o desenvolvimento local. Na

    economia criativa, os empreendimentos esto organizados segundo uma lgica vocacional,

    conforme a figura:

    FIGURA 1 Classificao dos Setores Criativos

    FONTE: UNCTAD, 2008 apud Plano da Secretaria da Economia Criativa, 2011

    A partir de cada lgica vocacional (patrimnio cultural, artes, mdias e criaes

    funcionais) esto associados os negcios. Desta forma, eis alguns exemplos de negcios

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    formais criativos no respectivo grupo setorial (OBSERVATRIO DAS MICROS E PEQUENAS

    EMPRESAS DO RIO DE JANEIRO, 2012).

    Patrimnio cultural Empreendimentos voltados a estimular o desenvolvimento de

    servios qualificados de atendimento ao pblico, desenvolvimento de roteiros, catlogos e

    mapas de visitao (Empresas de Turismo; Secretarias de Cultura); planejamento de

    programao, pesquisa, documentao, restaurao, aquisio e manuteno de acervos

    (secretaria de Cultura; escritrio de arquitetura; consultoria); gesto de livrarias, museus e

    centros culturais; manuteno do patrimnio material e imaterial; polticas para parques

    arqueolgicos, zoolgicos e jardins botnicos, entre outros. A cultura popular tambm ,

    potencialmente, grande fornecedora de contedos para os demais setores.

    Artes Visuais, cnicas, dana e performticas, alm da msica - empreendimentos

    voltados a servios especializados em filmagem, gravaes, fotografia e reprodues;

    (produtoras; estdios de gravao); criao de sites, marcas, portais (agncia de publicidade

    e propaganda); servios de restaurao, pintura, escultura (escritrios de arquitetura /

    designers de interiores); gesto de espetculos e direo de arte; criao de cenografia,

    figurinos, acessrios e adereos (autnomos; produtoras; companhia de teatro, de dana);

    logstica especializada; atendimento ao pblico (empresas de treinamento de pessoas);

    marketing cultural (agncia de propaganda e publicidade; consultoria); servios de

    iluminao, som, imagem (produtoras; autnomos); e gesto de entretenimento em geral.

    Mdias Empreendimentos de publicidade (agncias), mdia impressa (grficas),

    novas mdias e audiovisual (agncias) estimulam servios de publicao, reproduo e

    impresso; gesto de agncias de jornais, peridicos e empresas de publicidade; produo,

    gravao, finalizao e ps-produo de filmes, vdeos e games (produtoras; universidades);

    sistemas de distribuio e exibio de audiovisual; criao e distribuio de programas de

    televiso e rdio (rede de TV; empresas retransmissoras;) gesto de produtoras;

    radiodifuso; servios de roteirizao; servios de projeo, servios de negcios de mdia

    especializada; software, contedos digitalizados etc.

    Criaes funcionais Empreendimentos voltados ao design grfico, web design,

    joias e acessrios, moda, servios de estilismo, interiores - arquitetura, publicidade e novas

    mdias, entre outros, como escritrios tcnicos de arquitetura e engenharia e ateliers de

    design. Os setores funcionais tambm so ferramentas de transversalidade e integrao

    intersetorial da Economia Criativa, gerando servios de planejamento; organizao e

    exibio de feiras profissionais; publicidade; paisagismo entre outros.

    A seguir apresentamos o escopo dos setores contemplados pelas polticas pblicas do MinC.

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    FIGURA 2 Escopo dos Setores Criativos- Ministrio da cultura (2011)

    FONTE: Plano da Secretaria da Economia Criativa, 2011

    No entanto, sabemos que h um nmero imenso de empreendimentos e de

    criativos que esto na informalidade e isso dificulta a elaborao de polticas pblicas

    capazes de garantir a valorizao e o adequado fomento da cadeia produtiva desses

    empreendimentos. Segundo o Ministrio da Cultura (MinC), dado o alto grau de

    informalidade da Economia Criativa brasileira, boa parte da produo e circulao domstica

    de bens e servios criativos nacionais no incorporada aos relatrios estatsticos. (BRASIL,

    2011, p.30). Os poucos dados existentes no nos permitem compreender as caractersticas e

    potenciais desta economia. D para perceber o tamanho do desafio.

    Os trabalhos e empreendimentos informais sustentam uma parcela da populao

    brasileira e considerada parte integrante da populao economicamente ativa cria,

    produz, fornece e consome. No Brasil, o contingente de mo de obra informal soma 44,2

    milhes de pessoas, em torno de 22% do total da populao brasileira, estimada em 193

    milhes, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) em sua Sntese de

    Indicadores Sociais Uma anlise das condies de vida da populao brasileira 2012.

    (SARAIVA; MARTINS, 2012).

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    O emprego informal aquele no qual a pessoa trabalha sem condies

    regulamentadas pelo governo, ou seja, aquele em que no tem vnculo empregatcio, o

    trabalhador no possui registro em carteira, no podendo usufruir dos benefcios que lhes

    so de direito, como FGTS, direito licena maternidade, ao auxlio do governo em caso de

    desemprego. So includas nessa situao as pequenas empresas que no pagam taxas e

    impostos. (ALONSO, s.a).

    Mergulhando um pouco mais nessa questo, podemos identificar as atividades

    produtivas que so realizadas margem da lei, especialmente da legislao trabalhista

    vigente em um determinado pas. Aqui se enquadram as pessoas que trabalham por conta

    prpria, grande parte dos quais no contribui previdncia, os trabalhadores sem carteira

    assinada e os no remunerados. Dentro da Economia Criativa, podemos citar artesos, micro

    e pequenos empreendimentos no segmento de moda vesturio, moda ntima, praia,

    acessrios, linha casa, mesa e banho blogueiros, gerao de contedos de audiovisual

    (autnomos); designers grficos, artistas plsticos, msicos, comrcio nas ruas artista de

    rua, feiras de artesanato entre outros. importante notar que as atividades realizadas pelo

    emprego informal esto presentes no setor tercirio da economia.

    Os empreendimentos criativos formais e informais tm em comum o incomum,

    ou melhor, o diferencial vinculado identidade dos processos e das caractersticas dos bens

    e servios produzidos. E para criar essa identidade, os empreendedores criativos devem

    pensar e repensar suas atividades em como se posicionar no mercado. Nesta busca, novas

    estratgias, novos arranjos e modelos de negcios iniciam-se com o propsito de

    compartilhar conhecimentos, de aprender a reduzir os custos de produo, agregar valor aos

    processos assim como a seus bens e servios e possibilitando que eles cheguem ao

    consumidor da melhor maneira possvel a um preo justo. Mas do que se trata o tema -

    novos modelos de negcios? Vamos averiguar.

    4. NOVOS MODELOS DE NEGCIOS (NOVOS CONCEITOS E CASOS DE

    SUCESSO)

    Iniciamos esse tpico abordando um exemplo de arranjo de negcios em que os

    empreendimentos formais e informais unem-se para que seus bens e servios possam ser

    produzidos e cheguem at ao consumidor final, beneficiando toda a cadeia produtiva. Esse

    vdeo apresentado no evento 15 x 15 Ideias Transformadoras, realizado pela Escola de

    Criatividade de Curitiba, em agosto de 2012, mostra um modelo de negcios entre formais e

    informais e como eles, juntos, uniram seus fazeres e saberes para mudar a realidade social.

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    Programa de Capacitao em Gesto de Projetos e Empreendimentos Criativos

    www.solidarium.org.br

    http://www.youtube.com/watch?v=8xJaSSelw88&list=UUW-

    7Zy62jy7mE-Mn6vCUGsg#t=366

    Os empreendimentos brasileiros sentem os efeitos das duas crises mundiais (2008 e

    2012), a concorrncia dos produtos oriundos da China e outros pases asiticos e as altas

    taxas de tributos. Mas esses fatos, apesar da natureza limitadora, servem quase como

    incentivos para que sejam criadas novas vises de mundo e novas perspectivas de trabalho.

    A criatividade parece se intensificar em momentos de dificuldade.

    Criatividade humana est relacionada desde a capacidade de criar o novo, como o

    de reinventar, desconstruir paradigmas tradicionais, compreender e relacionar pontos

    aparentemente desconexos e, com isso, encontrar solues tanto para os antigos como para

    os novos problemas. Na economia, a criatividade uma matria-prima renovvel cujo

    estoque tende a crescer com o uso. Ademais, a concorrncia entre agentes criativos, em

    vez de saturar o mercado, atrai e estimula a atuao de novos produtores. (REIS, 2008, p.16).

    A criatividade reconhecida tambm, sobretudo, no contexto da Economia Criativa, como

    combustvel de inovao.

    Puxando um pouco pela memria, j abordamos, em outro momento sobre

    territrio criativo, mas vale retificar que a criatividade s se constitui em um territrio, ou

    seja, em um espao localizado geograficamente, fisicamente assentado, com autonomia

    administrativa e, acima de tudo, em dinmica mutao produzida pelas pessoas que l vivem

    e suas relaes fsicas, sociais, culturais e econmicas. (REIS, 2008). E por meio dessas

    relaes que as pessoas conseguem se unir - uns locais mais, outros menos - para realizao

    de diversas atividades de dimenso simblica com uma identidade cultural prpria. nessa

    interao que so produzidos os diferenciais competitivos de mercado que esto imbricados

    nos bens e servios criativos produzidos.

    Assim sendo, os negcios criativos devem ser pensados tambm de maneira

    dinmica para atender a mercados emergentes (bens e servios ainda no contemplados,

    necessidades e desejos dos consumidores que ainda no foram despertados, solues a

    problemas das cidades). Isso quer dizer, os empreendedores devem planejar suas atividades

    para escapar de uma demanda estagnada (a baixa ou no procura por seus bens e servios),

    criando novos (e rentveis) fluxos de receita e achar vantagem competitiva. Lembre-se de

    que esses empreendimentos tm o potencial de criar empregos que fixam populaes em

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    seus locais de origem por meio da gerao de renda utilizando elementos das culturas

    regionais. Por sua vez, isso tambm um exemplo de sustentabilidade, pois contribui para a

    reduo de grandes conglomerados urbanos com os seus problemas amplamente

    conhecidos. No entanto, preciso que esses empreendimentos desenvolvam um processo

    sistemtico para reformular seu modelo de negcios.

    Sucintamente esse processo consiste de trs etapas:

    1. identificar uma tarefa importante (ainda no contemplada) que um cliente visado precisa

    realizar;

    2. criar um modelo capaz de cumprir essa funo de forma rentvel por um preo que o cliente

    esteja disposto a pagar e

    3. executar com esmero o modelo e buscar aprimor-lo (pondo prova premissas essenciais e

    fazendo ajustes medida que for aprendendo mais).

    Ao falar de empreendimentos importante trazer o conceito de escalabilidade, fundamental para pensar em modelos de negcio de sucesso, que podem crescer.

    Escalabilidade a capacidade de uma estrutura de negcio de atender a uma demanda crescente de uso. Isso se alcana por meio da otimizao dos recursos de infraestrutura, extraindo o mximo possvel dos recursos disponveis. (In: http://blog.redehost.com.br/dicas/a-escalabilidade-para-o-real-crescimento-da-sua-empresa.html, acesso em fev.2014). Entretanto a escalabilidade no se alcana apenas com otimizao de recursos de infraestrutura e/ou mquinas.

    Escalabilidade, nos setores criativos e servios, o termo usado para qualificar produtos e servios que podem crescer com escala, ou seja, aumentar o nmero de clientes e vendas (receita) de forma que esse crescimento seja maior do que o aumento da estrutura e dos recursos utilizados (custos) resultando em maiores lucros. um dos principais critrios numa deciso de investimento. (ABStartups, 2014)

    Aprofundando um pouco mais, o Design Thinking, uma ferramenta de inovao,

    uma abordagem predominantemente de gesto, que se vale de tcnicas que os designers

    usam para resolver problemas, uma forma de ter outro olhar sobre o empreendimento.

    Design thinking, segundo Tim Brown (2010), a incorporao dos mtodos de

    soluo de problemas e de gerao de ideias dos designers organizao tradicional,

    trabalhando com e, vez por outra, contra- a rea de pesquisa e desenvolvimento (P&D)

    tradicional.

    A misso do design thinking traduzir observaes em insights, e estes em

    produtos e servios para melhorar a vida das pessoas. (BROWN, 2010, p.46).

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    O texto a seguir explica as tcnicas do Design Thinking e foi condensado por Marcos

    Hashimoto (2012), professor de empreendedorismo da Escola Superior de Propaganda e

    Marketing ESPM. Vamos acompanhar:

    Insight: Observar a vida de outros. Ao nos deparamos com um problema, devemos nos livrar

    das amarras impostas pelas solues baseadas na forma tradicional de pensar. Os insights

    so descobertas que surgem repentinamente depois de um momento de reflexo e

    contemplao sobre a situao que queremos resolver. O insight decorrente de muita

    observao do comportamento das pessoas e da forma como elas lidam com a situao

    problema, como improvisam, como reduzem o impacto, como contornam de diversas formas

    as limitaes impostas. Para transformar essas observaes em insights, preciso tambm

    se colocar na pele de outro e tentar viver o mesmo problema. Essa empatia ajuda o design

    thinker (a pessoa que pensa o negcio) a explorar as perspectivas de quem est dentro do

    problema, suas interaes com o ambiente e suas limitaes na visualizao de caminhos

    inovadores.

    Mapa mental: O paradoxo entre o pensamento convergente (pensamento orientado para

    obter uma nica resposta a uma determinada situao - nada criativa) e divergente

    (pensamento que tenta procurar todas as respostas possveis para uma determinada

    situao, escolhendo a melhor forma de resolver o problema - muito criativo). O design

    thinking uma jornada por diferentes estados mentais. Nela, preciso desenvolver o

    pensamento divergente, um modelo mental de busca de alternativas, caminhos, solues,

    respostas, possibilidades que sejam, sempre que possvel, criativas, lgicas, estruturadas,

    estranhas, factveis, duvidosas, de todo tipo, para ento explorar o pensamento convergente,

    no qual se usam critrios prticos para decidir entre as alternativas, comparando-as umas

    com as outras e testando algumas delas. Os modelos mentais so muito diferentes, e o maior

    desafio considerar os dois lados do crebro para pensar, ora de forma analtica, ora de

    forma sinttica.

    Prototipagem: Construindo para pensar. Um prottipo uma verso fsica de um produto

    antes de ser fabricado. Ao fazer um prottipo, estamos pensando com as mos, explorando

    fisicamente o abstrato, abrindo a mente para novas possibilidades e comparando pontos de

    vistas diferentes. Muitas coisas surgem a partir de um prottipo, mas no apareceriam numa

    verso em duas dimenses, no papel. O prottipo pode ser algo malfeito, barato, terminado

    rapidamente e at improvisado o que importa a sua capacidade de aprimorar uma ideia.

    Coisas intangveis podem ser prototpicas tambm. O storytelling (contao de histria como

    forma de atrair a ateno do pblico) da indstria cinematogrfica, as experincias simuladas

    nos ramos de servios ou as maquetes de projees do futuro para o desenvolvimento de

    estratgias organizacionais so bons exemplos.

    Pensamento integrativo: Tirando a ordem do meio do caos. uma habilidade tpica de

    pessoas que exploram ideias opostas para construir uma nova soluo, ao contrrio da

    maioria, que s leva em considerao um modelo por vez. Os pensadores integradores

    sabem como ampliar o escopo das questes relevantes ao problema e resistem lgica do

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    isso ou aquilo para favorecer a lgica do isso e aquilo e veem relaes no lineares e

    multidirecionais como uma fonte de inspirao, no de contradio. Quem se destaca como

    pensador integrativo recebe a desordem de braos abertos, admite bem a existncia da

    complexidade, pois consegue identificar padres no meio da complexidade e sintetiza novas

    ideias a partir de fragmentos. Para isso, ele, s vezes, d alguns passos atrs para conseguir

    ver o todo de forma contemplativa, na esperana de que seu crebro identifique algo que se

    sobressaia diante da complexidade e do excesso de variveis que compe esse todo.

    Pensamento visual: A cincia do guardanapo. Algumas pessoas s conseguem se expressar

    ou entender a partir de desenhos, grficos, imagens ou qualquer representao visual que v

    alm de palavras e nmeros. Muitas grandes ideias de hoje comearam com um esboo de

    um modelo em um guardanapo de papel numa conversa entre duas pessoas, regada

    cerveja ou vinho. Nem preciso saber desenhar, o importante conceber uma imagem

    mental da ideia. como se fosse uma etapa anterior do prottipo, s que em duas

    dimenses apenas.

    Depois dessa leitura, vamos ter alguns insights observando a histria de Joo

    Marcello Bscoli, empreendedor criativo, em seu depoimento na web srie Os criativos.

    Ele revela as ideias e o cotidiano de gente que inspira, inova e renova o jeito de pensar e agir

    diante dos desafios do novo milnio. Joo Marcelo fala da Trama, o seu principal

    empreendimento, que revolucionou o mercado da msica com inmeras novidades,

    formatos e modelos de negcios, at hoje utilizados e reproduzidos por todo o mercado.

    Fala tambm de gesto, inovao e modelo de negcios no mundo da msica.

    (EMPREENDEDORES CRIATIVOS, 2013)

    http://trama.uol.com.br/homepage.jsp

    http://www.youtube.com/watch?v=C6Y9QCEbqKg#t=17

    Depois de assistir ao vdeo sobre a Trama, pegue um papel,

    1. identifique as trs etapas do processo para a criao de um modelo

    de negcios e

    2. descreva o Design Thinking da Trama a partir das tcnicas dessa

    abordagem.

    Na reportagem a seguir do Jornal O Povo (Fortaleza-Ce), percebemos outro estilo de

    negcio. As criativas da marca Catarina Mina (http://www.catarinamina.com/) trabalham

    com os conceitos de comrcio justo e sustentabilidade, por meio de parcerias com ONGs,

    cooperativas e artess.

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    A Catarina Mina rene a criatividade da designer Celina Hissa, da estilista Joana de

    Paula e de muito mais gente. Inovam na matria-prima para a criao dos seus produtos,

    vivenciaram experincias que geraram outras tomadas de deciso, recebem seus clientes em

    um show room em um bairro nobre da cidade, enquanto a linha de produo fica no centro

    da cidade (estratgia para baixar os custos), mas ainda tm a loja virtual e atuam nas redes

    sociais (https://www.facebook.com/BolsasCatarinaMina); tambm trabalham com

    assessoria de comunicao para expandir seu campo de atuao, sua visibilidade e por

    consequncia sua carteira de clientes e fazem parcerias tanto com o Sebrae como com uma

    consultoria especializada voltada para o desenvolvimento do produto. Em outras palavras,

    aprendem vivenciam desaprendem e aprendem de novo, nunca sozinhas, em equipe,

    num trabalho colaborativo.

    Reportagem em:

    http://www.opovo.com.br/app/opovo/econo

    mia/2013/11/09/noticiasjornaleconomia,3160

    759/consultoria-especializada-para-

    potencializar-o-negocio.shtml

    Dica: depois da leitura da reportagem, explorem

    o site e avaliem a histria da marca e a

    diversidade dos produtos.

    Agora, no vdeo a seguir, apresentamos outro exemplo de negcio criativo, ou

    melhor, outro modelo de pensar um negcio criativo. Ele apresenta Letcia Sabino uma das

    criadoras do Sampap, movimento que incentiva a descoberta cultural da cidade de So

    Paulo por meio de caminhadas. No vdeo, Letcia conta como conseguiu criar uma viso de

    negcio para seu projeto e como a diversidade entre os participantes auxiliou em seu

    desenvolvimento como empreendedora criativa. Todo mundo criativo desde que esteja

    em um ambiente propcio, afirma. (EMPREENDEDORES CRIATIVOS, 2013).

    http://www.sampape.com.br/

    http://www.empreendedorescriativos.com.br/webserie/

    OBS.: Explore o site.

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    Para finalizar, selecionamos dois casos de empreendimentos criativos que tm um

    formato mais comercial, ou seja, que possuem uma viso de gesto mais maturada -

    planejamento, objetivos e metas, processos de trabalhos definidos, cadeia produtiva

    estabelecida - ao mesmo tempo em que no abrem mo de criar e amparar seu diferencial

    em caractersticas prprias.

    O primeiro sobre o arquiteto Marko Brajovic, scio-fundador e diretor criativo do

    ateli que leva seu nome. O croata radicado em So Paulo apresenta o escritrio de onde

    saem os projetos do Ateli Marko Brajovic, que atua nas reas de arquitetura, cenografia,

    design e ambientes interativos e multissensoriais, como ele mesmo define. Ele explica o

    modelo de trabalho da empresa, apoiado no esquema de colaborao e liderana

    distribuda, onde cada arquiteto responsvel por todo o processo criativo de suas

    realizaes. (EMPREENDEDORES CRIATIVOS, 2013)

    www.markobrajovic.com

    http://www.youtube.com/watch?v=mGDYbEGaqo8#t

    =224

    Note que o empreendedor adota uma

    estratgia de autonomia tanto na captao de

    recursos, como na criao de seus bens e servios. O

    player final, ou seja, o cliente, ele o foco da questo.

    Por fim, apresentamos um caso de grande repercusso a Porta dos Fundos, um

    coletivo criativo que produz contedo audiovisual voltado para a web com qualidade de TV e

    liberdade editorial de internet. (PORTA DOS FUNDOS, 2013)

    Lanado em 2012, esse canal mais acessado no YouTube Brasil. Em menos de um

    ano de existncia, a PORTA DOS FUNDOS tornou-se o canal brasileiro na internet a atingir

    mais rapidamente a marca de um milho de inscritos e venceu o prmio da

    APCA (Associao Paulista dos Crticos de Arte) de Melhor Programa de Humor Para TV

    (PORTA DOS FUNDOS, 2013) e a surpreendente marca de 2.235.975 milhes de exibies at

    o momento em que acabo de escrever essa frase. Esses nmeros expressivos podem ser

    explicados pelo fato de o grupo conseguir juntar amigos com boas ideais e os seus fazeres

    para fazer um humor com total liberdade de criao no desenvolvimento das peas que so

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    veiculadas de forma indita e exclusiva todas as segundas-feiras e quintas-feiras, s 11h, no

    canal oficial do grupo no Youtube. (SANTANA, 2013).

    Site do grupo: http://www.portadosfundos.com.br/

    Site no Youtube:

    http://www.youtube.com/user/portadosfundos?feature=

    watch

    Com o sucesso e consequente crescimento, o grupo teve que se organizar para

    acompanhar a demanda do pblico. Isso significa, o empreendimento teve formalizar suas

    relaes, contratar empregados, fazer negociaes com fornecedores, atender seus clientes

    e criar um portflio de produtos. Os clientes so empresas como a Fiat, Spoletto, Visa entre

    outros. Uma grande emissora de TV aberta contratou o grupo para o seu staff. E o portflio

    dos produtos inclui ERROS DE GRAVAO: http://youtu.be/XtHkHujlgiA/ MAKING OF:

    http://youtu.be/uHVRwVR1dtI / CAMISAS: http://loja.portadosfundos/ LIVRO:

    http://goo.gl/F8idv7/APP PARA ANDROID: http://goo.gl/BGUHjr /APP PARA IPHONE -

    http://goo.gl/knGlP / APP PARA WINDOWS PHONE: , alm do site e um filme programado

    para o ano de 2014. Mas com tudo isso o grupo societrio no pensa em deixar a internet,

    canal que consagrou o grupo.

    Apresentamos ainda o exemplo do Produo Cultural no Brasil (http://www.producaocultural.org.br/) cujo projeto conceitual traz como objetivo consolidar a formao de um acervo (fsico e virtual) que permita dar acesso pblico e difundir experincias pessoais e coletivas dentro do contexto cultural brasileiro. Com isso, busca-se a expanso das possibilidades de informao e dilogo, no apenas durante as entrevistas realizadas, mas, sobretudo, diante dos possveis desdobramentos que as pautas dos registros iro gerar.

    O projeto uma realizao da Casa da Cultura Digital e da Secretaria de Polticas Culturais do Ministrio da Cultura, com oramento obtido via Cinemateca Brasileira e Associao Amigos da Cinemateca. A execuo responsabilidade da Beijo Tcnico Produes Artsticas, Garapa Coletivo Multimdia e FLi Multimdia, em parceria com a Azougue Editorial.

    O Produo Cultural no Brasil rene mais de 600 minutos de entrevistas com quem faz e multiplica a cultura brasileira.

    http://www.producaocultural.org.br/category/videos/

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    Por esses exemplos, percebe-se que no h uma receita, uma nica forma de

    organizar um negcio, sobretudo se esse pertence Economia Criativa. As possibilidades so

    muitas e, como j dito antes, criatividade gera criatividade. No entanto, atentem para um

    detalhe: esses modelos de negcios so modelados e orientados para um trabalho

    colaborativo e compartilhado que trazem alguns benefcios como:

    Acessibilidade: Os produtos

    oriundos desses empreendimentos com

    natureza colaborativa circulam mais

    facilmente nos mercados (feiras,

    festivais, mercados itinerantes entre

    outros), alm da facilidade da

    negociao e compra dos insumos.

    Visibilidade e distribuio dos bens e

    servios criativos para o

    consumo/fruio do pblico.

    Personalizao: A partir da cultura do lugar onde se imagina, planeja e se produz, a

    criatividade e conhecimento dos empreendedores cria-se uma identidade dos bens e

    servios criativos.

    Inovao: Explorao com sucesso de novas ideias referentes ao produto, a novos mercados,

    a novos modelos de negcio, a novos processos e a mtodos organizacionais, ou ainda, a

    novas fontes de suprimentos.

    Produtividade: H uma consequncia no trabalho colaborativo em toda cadeia produtiva

    (atividade-fim atividade relacionada e atividade de apoio): o aumento da produtividade.

    Alm desses benefcios, quando conseguimos trabalhar de forma colaborativa, em

    uma equipe (interna e com outros empreendimentos), outros quatro benefcios podem ser

    ativados.

    Reduo de riscos: Os medos da no aceitao dos bens e servios pelo mercado (ver

    http://www.saiadolugar.com.br/estrate

    gia/arranje-clientes-antes-de-escrever-

    seu-plano-de-negocios/), problemas

    contbeis e jurdicos

    (http://www.saiadolugar.com.br/dia-a-

    dia-do-

    empreendedor/legislacao/perguntas-

    ao-especialista-direito-empresarial/),

    ficar na mo de fornecedores ou ainda

    depender de poucos clientes podem ser

    reduzidos no trabalho colaborativo.

    Acessibilidade

    Personalizao Inovao

    Produtividade

    Reduo de risco

    Colaborao Mobilidade

    Reduo de

    custos

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    Colaborao: Atividades realizadas de forma cooperativa entre dois ou mais indivduos e

    ainda empresas. Com a internet e acesso a tecnologias, diversos sistemas colaborativos

    especializados puderam ser criados e/ou aprimorados.

    Mobilidade: Aqui focamos a mobilidade tecnolgica, que pode favorecer o aquecimento de

    mercado em vrios setores, ampliado com a entrada da internet 4G no Brasil, trazendo

    melhoria no servio de internet. A tendncia aumento do nmero de usurios,

    contribuindo para consolidao do cenrio mvel no mbito de negcios. Para o setor

    varejista, vender tornou-se mais prtico, informar tornou-se mais rpido e a credibilidade

    dos usurios vem crescendo e aumentando a demanda de servios e produtos disponveis

    por meio dos dispositivos mveis. Ver mais em: http://webinsider.com.br/2013/03/14/as-

    empresas-precisam-pensar-cada-vez-mais-em-mobilidade/#sthash.OaEokg6b.dpuf

    Reduo de custos: O velho ditado produzir mais com menos permanece vlido no

    ambiente de negcios criativos. E quando falamos menos, isso est relacionado aos custos.

    Para reduzir os custos de criar, produzir e distribuir, devemos realizar uma anlise rpida,

    porm profunda, dos processos da empresa, seguida da elaborao de um conjunto de

    aes, com o comprometimento do empreendedor criativo e sua equipe e o alinhamento

    estratgico do negcio. Como resultado, espera-se obter um plano de aes nico de

    reduo sustentvel de custos.

    Os benefcios no ocorrem isoladamente e quanto mais houver gerao de

    benefcios, ou seja, quanto mais trabalho colaborativo, mais os negcios potencializam-se.

    No podemos falar de trabalho colaborativo sem pensar em prticas j existentes,

    pensadas a partir de necessidades de uma determinada populao e datadas em uma

    realidade econmica, politica e social, mas que hoje elas reinventam. Estamos falando do

    associativismo e do cooperativismo, no caso, dentro da Economia Criativa.

    5. O ASSOCIATIVISMO, COOPERATIVISMO E OUTRAS PRTICAS

    COLABORATIVAS

    Vamos comear com a seguinte pergunta: por que se associar? Uma resposta bem

    simples: porque a unio faz a fora. Clich, talvez, mas fcil constatar que verdadeira.

    Sozinhos, o gasto de energia e tempo muito mais demorado. No tpico anterior, j foram

    expostos os vrios benefcios de se trabalhar de maneira compartilhada e de juntos

    encontrar melhores alternativas de resolver problemas comuns.

    E por que no nos associamos mais? Por que, quando se trata de negcios, nem

    sempre buscamos a via da cooperao? O ambiente da Economia Criativa propicia essa

    associao j que os setores que a compem dialogam entre si. Como vender um produto de

    moda sem fazer a publicidade dele? Um game sem roteiristas, designer grfico e

    programadores? Um museu sem atividade turstica em uma cidade?

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    fato que o assunto associativismo e cooperativismo enfrenta muitas barreiras e

    preconceitos. Isso ocorre porque h muita gente e empresas que acreditam que se associar

    perda de tempo e acabam ficando mopes, pois no conseguem ver os fatores positivos,

    pois ficam receosos de expor a frmula mgica do seu sucesso aos concorrentes.

    (GUTIERREZ, 2006).

    Nos negcios criativos, essas barreiras so mais fceis de serem enfrentadas, pois o

    que faz o empreendimento criativo nico ter o diferencial, a identidade, oriundo da

    criatividade, do conhecimento, da criao dos processos e dos seus bens e servios. Quando

    a concorrncia perceber, entender e copiar, voc j estar na fase do desaprender, da

    destruio criativa, ou seja, inovando e criando outras coisas.

    Assim, devemos pensar que as associaes e cooperativas so alternativas de

    integrao e de formao de parcerias-chave, visando a novas oportunidades. E, fato que,

    cada vez mais, no Brasil e no mundo, sustentado pelas Tecnologias de Informao e

    Comunicao - TICs, mais empreendimentos aproximam-se de outros, sobretudo, os

    criativos. Por que ser?

    Deve ser pelo motivo que um empreendimento, depois de iniciadas suas atividades,

    precisa manter-se no mercado e para isso, vem o questionamento: como ser competitivo

    com os recursos (limitados) que possuo? Bem, cooperar pode ser a resposta.

    O que significa? (1)

    Cooperativismo um movimento, uma filosofia de vida e um modelo

    socioeconmico capaz de unir desenvolvimento econmico e bem-estar

    social. Seus referenciais fundamentais so: participao democrtica,

    solidariedade, independncia e autonomia. o sistema fundamentado na reunio de

    pessoas e no no capital. Visa s necessidades do grupo e no do lucro. Busca prosperidade

    conjunta e no individual. Essas diferenas fazem do cooperativismo a alternativa

    socioeconmica que leva ao sucesso com equilbrio e justia entre os participantes.

    (ORGANIZAO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS, s.a).

    O que significa? (2)

    O associativismo surgiu j nos primrdios da humanidade, quando o

    homem percebeu a necessidade de viver em grupos para caar, defender-se

    e cultivar. Na era industrial, foi obrigado a se organizar mais para enfrentar

    as condies precrias de trabalho e na era atual, a era do conhecimento, necessrio

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    buscar o desenvolvimento econmico e social por meio de grupos estruturados e

    preparados. Com a globalizao e a competio, precisamos em nosso Pas de

    empreendedores que acreditem no associativismo, que percebam e valorizem essa forma de

    representatividade e se tornem os agentes da construo de uma sociedade de resultados.

    (ANDRADE, 2005).

    J vimos a reportagem sobre a Catarina Mina (Fortaleza) e sua forma colaborativa

    de trabalho. Acompanhe o texto sobre o designer Gilson Martins da cidade do Rio de

    Janeiro.

    Gilson Martins descobriu nas sobras e

    retalhos do corte das bolsas que eram

    dispensadas em sua fbrica, uma possibilidade de

    perceber e apresentar o Rio de Janeiro de uma

    forma inovadora, transformando esse lixo em

    novos produtos de design. A ideia de aproveitar

    as suas prprias ex-costureiras de comunidades carentes na produo desse trabalho,

    batizado de Lixo Nobre, resultou em uma linha sofisticada e artesanal com grande

    importncia no Brasil e no mundo. O luxo da ideia mostra a reciclagem e a responsabilidade

    social traduzidas no conceito de sustentabilidade.

    Explore o site e conhea os produtos oriundos da forma colaborativa de trabalho

    http://www.gilsonmartins.com.br/recicla/lixonobre_linha.html

    Outra prtica colaborativa so os Arranjos Produtivos Locais (APLs).

    Segundo a compreenso do Ministrio

    stitucionais."

    A diferena para outros setores econmicos que nos arranjos intensivos em

    cultura a relao no apenas mercadolgica e o maior capital a capacidade criativa do ser

    humano.

    O Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES, 2003) define

    APL como: uma concentrao geogrfica de empresas e instituies que se relacionam em

    um setor particular. Inclui, em geral, fornecedores especializados, universidades, associaes

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    de classe, instituies governamentais e outras organizaes que proveem educao,

    informao e/ou apoio tcnico e entretenimento.

    Trazendo para os setores da economia criativa, os arranjos produtivos culturais

    devem se enquadrar nos campos do Patrimnio (material, imaterial); Expresses Culturais

    (artesanato, culturas populares, culturas indgenas, culturas afro-brasileiras, artes visuais,

    arte digital); Artes de Espetculo (dana, msica, circo, teatro); Audiovisual e Livro, Leitura e

    Literatura (cinema e vdeo, publicaes e mdias impressas); e Criaes Culturais Funcionais

    (moda, design e arquitetura).

    Segundo o BNDES, os APLs so sistemas de produo que so enraizados ao local

    graas a vantagens competitivas que aquela prpria localizao proporciona. As vantagens

    competitivas esto, em geral, associadas ao cooperada e maior facilidade de

    aperfeioamento do conhecimento tcnico e comercial. E, graas a elas, pequenas e mdias

    empresas enraizadas em seu local de origem se tornariam mais capacitadas a competir com

    grandes empresas globais.

    Lastres e Cassiolato (2003, p.4,5 apud AQUINO e BRESCIANI, 2005) caracterizam os

    APLs segundo: 1) dimenso territorial; 2) diversidade de atividades e atores econmicos,

    polticos e sociais; 3) conhecimento tcito; 4) inovao e aprendizado interativos; 5)

    governana; 6) grau de enraizamento.

    Em outra forma de caracterizao, Arbix (2004, p.7-8 apud AQUINO e BRESCIANI,

    2005) caracteriza os APLs por: 1) aglomerao de empresas de pequeno e mdio porte que

    exploram uma mesma atividade econmica; 2) existncia de cooperao e troca de

    informaes entre em empresas; 3) existncia de cultura comum e relaes de confiana

    entre empresas; 4) existncia de apoio institucional pblico ou privado s atividades comuns

    ao setor.

    O APL uma forma de organizao produtiva importante para o desenvolvimento

    das organizaes, cujo planejamento estratgico deve integrar interesses dos diversos

    agentes envolvidos pblicos e privados promover a sustentabilidade econmica, social e

    ambiental das regies em que se instalam.

    Pensando no seu negcio (ou naquele que pretende abrir), quais seriam

    as possibilidades de associaes / parcerias e quais benefcios poderiam

    ser gerados para seu empreendimento?

    1. Imagine e anote que benefcios seus parceiros podem ter ao se associar

    com voc.

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    Programa de Capacitao em Gesto de Projetos e Empreendimentos Criativos

    Para ajudar nessa atividade, ao mesmo tempo, pensar no seu (futuro) negcio,

    podemos utilizar uma ferramenta chamada de Mapas Organizacionais (existem outras). Essa

    ferramenta til porque permite visualizarmos atores (pessoas envolvidas) a ser

    considerados na elaborao de um projeto.

    Inicialmentetodos os atores so localizados independentemente no cenrio

    organizaconal e atribuda a sua relevncia para o projeto. Uma boa prtica fazer a

    distino entre os diferentes nveis administrativos (por exemplo, nacional, regional, distrital

    e local), bem como os trs setores bsicos (governo, setor privado e no governamental).

    Como alternativa, podemos aplicar outros critrios de categorizao relevantes para

    elaborao do projeto, por exemplo, relevncia de uma organizao para atingir os objetivos

    (crculo interno: crculo saltos/ exteriores: baixo).

    Tomando como

    modelo a figura ao lado,

    sugerimos primeiro recolher

    todos os nomes dos atores

    (parcerias, associaes) em

    cartes e, em seguida, localiz-

    los no cenrio para permitir

    uma discusso sobre a sua

    correta posio no mapa. Essa

    discusso geralmente revela

    muitos dados e informaes

    importantes que podem surgir

    da anlise desse mapa.

    6. FINANCIAMENTO PARA EMPREENDIMENTOS CRIATIVOS

    Dentro do cenrio criativo, a forma de captar recursos financeiros que possibilitem

    tornar viveis as ideias de negcios criativos tambm criativa criatividade gera

    criatividade. Nesse tpico, abordaremos uma maneira de como pensar e planejar seu

    negcio e, em seguida, apresentar uma forma captar financiamento para ele.

    No podemos buscar financiamento para nossas ideias se no contemplarmos

    todos, ou quase todos, pontos relativos viabilidade dele. Estamos falando do

    empreendimento em si, dos bens e servios suas caractersticas, preos, perfil do pblico-

    alvo (necessidades, desejos, problemas), canais de promoo dos produtos e de

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    relacionamento com o cliente, sem esquecer-se das parcerias, dos fornecedores, dos

    recursos, das atividades do empreendimento e que tudo isso tem um custo. Concordo,

    muita coisa para pensar e organizar, mas possvel de fazer.

    Para captar recursos financeiros par