Apostila Nazi-Fascismo

6
Colégio Pedro II Disciplina: História Prof: Marco Lamarão 3º ano– O surgimento e a consolidação dos fascismos na Europa. Introdução O termo nazi fascismo é a junção de duas palavras: nazismo + fascismo. Os fascismos foram regimes polícos que se formaram na Europa no perí- odo do entre guerras (1919-1939), tendo influenciado diversos regimes polícos ao redor do mundo, inclusi- ve o Brasil no período denominado Estado Novo, na Era Vargas, tema de aulas posteriores. Já o Nazismo é o nome dado ao fascismo em uma for- ma específica, a forma alemã, da qual trataremos mais detalhadamen- te a frente. Se nas aulas passadas pudemos estu- dar a crise econômica do capitalismo liberal no final da década de 1920, o nazi fascismo pode ser considerado a crise políca do liberalismo, onde os regimes polícos baseados no libera- lismo (com Parlamento, eleições, Constuição liberal, etc.) foram, na Europa, sendo substuídos por dita- duras, baseadas na concentração de poder, na censura à opinião, no par- do único, na forte dirigismo econô- mico do Estado (intervenção do Esta- do na economia: o Estado determi- nava quais seriam as áreas prioritá- rias de invesmentos econômicos, metas de produção, etc.), bastante disnto, portanto, daquilo que se acreditava ser o modelo a adotar-se por todas as “nações civilizadas” do mundo. Quais condições históricas levaram o modelo polico liberal à esta crise? 1.0 O contexto histórico da Europa no entre guerras. As consequências da 1ª Guerra Mundial. Um Fator importante que deve ser levado em conta na ascensão dos fascismos é a 1ª Guerra Mundial. Afinal ela levou a destruição sica e ao esgotamento econômico de diver- sos países europeus, mesmo vitorio- sos. A Itália, mesmo sendo parte dos declaradamente vencedores, não consegue novas conquistas territori- ais e, ao contrário, perde territórios coloniais na África. Já para a Alemanha a situação é bem mais grave. Considerada pelos trata- dos de paz da 1ª guerra como a única culpada, este país sofre pesadas pu- nições que deixa sua economia em frangalhos. Restrições militares, per- das de territórios na Europa e uma pesada indenização de guerra são algumas delas, levando ao cresci- mento de um senmento de revan- chismo alemão. Neste sendo, a des- truição sica, econômica e moral de países da Europa podem ser conside- rados importantes fatores para o surgimento e fortalecimento do nazi- fascismo. A Revolução Bolchevique de 1917 e a ascensão da esquerda socialista europeia. Além disso, a expe- riência revolucioná- ria pelo qual passa- ra a Rússia era, ao mesmo tempo, fa- tor de atração dos setores da esquerda socialista europeia que aspiravam uma revolução socia- lista na Europa e fonte de medo aos capitalistas que combateriam com todas as forças a possibilidade de transformação do capitalismo em socialismo. No entanto, as primeiras eleições do pós– guerra na Europa mostraram um crescimento dos par- dos socialistas no cenário polico. Este crescente temor contribuiu para o fortalecimento destas correntes conservadoras inspiradas no “fascismo”. A instabilidade econômica e a crise de 1929. No caso alemão, em especial, a crise de 1929 fora outro fator que contri- buiu para o fortalecimento do nazis- mo e sua chegada ao poder. A crise econômica daquele ano piora ainda mais a situação econômica alemã e leva ao verginoso crescimento do movimento nazista alemão. Atenção: a crise de 1929 não pode ser usado como fator explicavo do fascismo italiano, afinal o fascismo italiano chega ao poder em 1922, 7 anos an- tes da crise de 1929. Esta relação é válida, somente, no caso alemão. 2.0 Caracteríscas Gerais do fascis- mo. O fascismo se caracterizou por um conjunto de prácas e de ideias que não podem ser tomadas como um todo orgâ- nico ou coerente. Ou seja, dependendo do país, aquela ou esta caracterísca pode

Transcript of Apostila Nazi-Fascismo

Page 1: Apostila Nazi-Fascismo

Colégio Pedro II

Disciplina: História Prof: Marco Lamarão

3º ano– O surgimento e a consolidação dos fascismos na Europa.

Introdução

O termo nazi fascismo é a junção de

duas palavras: nazismo + fascismo.

Os fascismos foram regimes políticos

que se formaram na Europa no perí-

odo do entre guerras (1919-1939),

tendo influenciado diversos regimes

políticos ao redor do mundo, inclusi-

ve o Brasil no período denominado

Estado Novo, na Era Vargas, tema de

aulas posteriores. Já o Nazismo é o

nome dado ao fascismo em uma for-

ma específica, a forma alemã, da

qual trataremos mais detalhadamen-

te a frente.

Se nas aulas passadas pudemos estu-

dar a crise econômica do capitalismo

liberal no final da década de 1920, o

nazi fascismo pode ser considerado a

crise política do liberalismo, onde os

regimes políticos baseados no libera-

lismo (com Parlamento, eleições,

Constituição liberal, etc.) foram, na

Europa, sendo substituídos por dita-

duras, baseadas na concentração de

poder, na censura à opinião, no par-

tido único, na forte dirigismo econô-

mico do Estado (intervenção do Esta-

do na economia: o Estado determi-

nava quais seriam as áreas prioritá-

rias de investimentos econômicos,

metas de produção, etc.), bastante

distinto, portanto, daquilo que se

acreditava ser o modelo a adotar-se

por todas as “nações civilizadas” do

mundo. Quais condições históricas

levaram o modelo politico liberal à

esta crise?

1.0 O contexto histórico da Europa

no entre guerras.

As consequências da 1ª Guerra

Mundial.

Um Fator importante que deve ser

levado em conta na ascensão dos

fascismos é a 1ª Guerra Mundial.

Afinal ela levou a destruição física e

ao esgotamento econômico de diver-

sos países europeus, mesmo vitorio-

sos. A Itália, mesmo sendo parte dos

declaradamente vencedores, não

consegue novas conquistas territori-

ais e, ao contrário, perde territórios

coloniais na África.

Já para a Alemanha a situação é bem

mais grave. Considerada pelos trata-

dos de paz da 1ª guerra como a única

culpada, este país sofre pesadas pu-

nições que deixa sua economia em

frangalhos. Restrições militares, per-

das de territórios na Europa e uma

pesada indenização de guerra são

algumas delas, levando ao cresci-

mento de um sentimento de revan-

chismo alemão. Neste sentido, a des-

truição física, econômica e moral de

países da Europa podem ser conside-

rados importantes fatores para o

surgimento e fortalecimento do nazi-

fascismo.

A Revolução Bolchevique de 1917 e

a ascensão da esquerda socialista

europeia.

Além disso, a expe-

riência revolucioná-

ria pelo qual passa-

ra a Rússia era, ao

mesmo tempo, fa-

tor de atração dos

setores da esquerda

socialista europeia

que aspiravam uma revolução socia-

lista na Europa e fonte de medo aos

capitalistas que combateriam com

todas as forças a possibilidade de

transformação do capitalismo em

socialismo. No entanto, as primeiras

eleições do pós– guerra na Europa

mostraram um crescimento dos par-

tidos socialistas no cenário politico.

Este crescente temor contribuiu para

o fortalecimento destas correntes

conservadoras inspiradas no

“fascismo”.

A instabilidade econômica e a crise

de 1929.

No caso alemão, em especial, a crise

de 1929 fora outro fator que contri-

buiu para o fortalecimento do nazis-

mo e sua chegada ao poder. A crise

econômica daquele ano piora ainda

mais a situação econômica alemã e

leva ao vertiginoso crescimento do

movimento nazista alemão. Atenção:

a crise de 1929 não pode ser usado

como fator explicativo do fascismo

italiano, afinal o fascismo italiano

chega ao poder em 1922, 7 anos an-

tes da crise de 1929. Esta relação é

válida, somente, no caso alemão.

2.0 Características Gerais do fascis-

mo.

O fascismo se caracterizou por um

conjunto de práticas

e de ideias que não

podem ser tomadas

como um todo orgâ-

nico ou coerente. Ou

seja, dependendo do

país, aquela ou esta

característica pode

Page 2: Apostila Nazi-Fascismo

ser realçada, uma ou outra pode es-

tar ausente. Por esta heterogeneida-

de de casos e por ser mais um con-

junto de práticas e valores do que

um corpo doutrinário seria mais cor-

reto chamarmos-lhe pelo seu plural:

os fascismos . Contudo, de forma

esquemática, algumas ideias ou ca-

racterísticas gerais destes regimes

poderiam ser destacadas.

Anti individualismo: A própria ori-

gem da palavra fascismo é bastante

explicativa neste sentido. A palavra

fascium designava um símbolo do

poder do Estado, representado por

30 varas atadas por uma corda. A

ideia era de que elas juntas, unidas,

seriam impossíveis de serem quebra-

das. Ao contrario, quando sozinhas,

eram fáceis de se partir. Esta metáfo-

ra era utilizada para a sociedade e o

indivíduo. Para o fascismo, o indiví-

duo deveria sacrificar parte de sua

liberdade em nome de um bem co-

mum. A liberdade individual era en-

tendida como um mal que deveria

ser combatido,

isso era a base de

um antiliberalis-

mo.

O totalitarismo:

A ideia de totali-

tarismo, utilizada

por Benito Mus-

solini (líder fascis-

ta Italiano) para valorizar o seu regi-

me, foi utilizada posteriormente aí

com um sentido pejorativo, negativo.

Mais do que um regime autoritário

que se impõe sobre a repressão ou a

violência ( o que o fascismo também

fazia), o regime totalitário é caracte-

rizado por buscar controlar todos os

âmbitos da vida social. Ele se baseia

não na violência, mas no terror, que

teme não só inimigos, como descon-

fia de aliados, buscando interferir na

forma de agir, pensar, se expressar

de toda a população. Aqueles que

não se adequarem a estas diretrizes

são eliminados da sociedade (mortos

ou exilados). Além disso, os regimes

fascistas eram totalitários porque

buscavam submeter toda a humani-

dade a esta forma de governo.

O corporativismo: Esta ideia, embora

reconhecesse a existência de classes

sociais distintas, mantinha à distância

a ideia de luta de classes, através da

afirmação de uma aceitação das hie-

rarquias, em favor de um bem co-

mum, um bem maior: o bem da na-

ção. Afinal, a sociedade era um todo

orgânico, onde cada classe deveria

desempenhar da melhor forma a sua

função, ao invés de promoverem a

desordem ou o conflito. Aqueles que

incitavam a luta de classes, como os

socialistas, deveriam ser duramente

enfrentados, aliava-se a isto o senti-

mento anticomunista propagado

pelo regime fascista. Cabe aqui des-

fazer uma afirmação presente no

senso comum: a de

que o fascismo se-

ria herdeiro ou ins-

pirado no socialis-

mo. Pois que os

fascistas se utiliza-

ram de muitas sim-

bologias importan-

tes aos comunistas,

dando outros signi-

ficados a ela, como

forma de combatê-

los e não de home-

nageá-lo. Assim, a

bandeira vermelha

da Alemanha Nazis-

ta, ou a expressão

“Nacional-socialista”

no nome do partido

nazista, ou mesmo a

instituição de 1º de

maio (dia internacional do trabalha-

dor) como feriado na Alemanha após

1933, embora tivesse semelhanças

com os símbolos socialistas, tinham

significados completamente diferen-

tes, senão opostos.

Culto à personalidade: Os regimes

fascistas depositavam a sua direção

em um grande líder que deveria ser

idolatrado de maneira “mística”. O

respeito à autoridade do Chefe da

Nação era valorizado, como condutor

legítimo dos desejos e da “vontade

coletiva”. Por isso a ditadura exerci-

da por esta figura não era só legitima

como desejada por parcelas significa-

tivas destas nações. Efetivamente, o

fascismo era um movimento de mas-

sas que tinha o apoio de amplos se-

tores da população. A figura do gran-

de líder era, a todo o momento, valo-

rizada, sua imagem repetidamente

expostas, seus discursos exausta-

mente transmitidos pelas rádios. Ain-

da mais, desprezava-se a ideia de

razão e a racionalidade, e dava-se

mais valor a fé e ao voluntarismo.

Militarismo: Embora em grande par-

te de sua existência os regimes fas-

cistas vivessem em tempos de paz, a

guerra não só era valorizada como a

sociedade se organizava em função

dela. Assim, a militarização da juven-

tude era intensa, os modos militares,

o respeito à hierarquia, a disciplina, a

obediência, eram todos valorizados

Page 3: Apostila Nazi-Fascismo

neste regime. A guerra tinha um ca-

ráter purificador, que separava os

homens covardes, dos corajosos e

deveria ser reconhecida como o ine-

vitável caminho para verdadeira paz.

Ultranacionalismo: Como você já

deve ter percebido, o sentimento

nacionalista era exagerado nestes

discursos e servia como mais um ele-

mento para fortalecer a unidade so-

cial. Aliada à ideia do militarismo e

de que a guerra era inevitável, o dis-

curso ultranacionalista era fortaleci-

do pela ideia de um inimigo estran-

geiro que deveria ser, uma hora ou

outra, combatido.

Embora não fossem as únicas, estas

características permitem delinear,

em linhas gerais, algumas caracterís-

ticas dos regimes fascistas que teve

nos casos italiano e alemão as suas

principais expressões.

3.0 O fascismo Italiano

O fascismo surgiu na Itália por obra,

principalmente, de Benito Mussolini,

um jornalista, que fundou em 1919, o

Fasci Italiani di Combatimento, algo

que poderia ser traduzido como

“Grupos Italianos de Combate”. Até

1914, Mussolini era integrante do

Partido Socialista Italiano, tendo sido

expulso deste por ter sido favorável a

entrada da Itália na 1ª Guerra Mundi-

al, posição contrária a defendida pelo

partido. Despois da expulsão, Musso-

lini se alista no exército Italiano e luta

na guerra entre 1915-17.

Embora esteja ao lado dos vencedo-

res na 1ª grande guerra, a Itália sofre

perdas de territórios coloniais, sendo

a sua vitória na guerra conhecida,

por isso, como “Vitória Mutilada”.

Nas eleições de 1919 na Itália, logo

após o fim da 1ª Guerra Mundial, o

partido socialista italiano sai vence-

dor, obtendo 32% dos votos. Em

1921, uma ala do partido socialista

sairá deste e fundará o Partido Co-

munista Italiano que era liderado,

dentre outros, por Giacomo Matteoti

e Antônio Gramsci. O desempenho

eleitoral do partido de Mussolini não

fora expressivo, obtendo algo em

torno de 5% dos votos. Assim, Mus-

solini transforma seu partido em

uma milícia paramilitar que tinha

como alvos privilegiados os partidos

de esquerda, seus sindicatos e jor-

nais, eram os “Camisas Negras”, por

conta da cor da roupa que usavam.

Em 1921, esta milícia se transforma

no Partido Fascista, conquistando

diversos militantes e em muito pouco

tempo, o partido alcança a marca de

200 mil filiados. Nestas eleições

(1921), os

fascistas

elegeram

35 deputa-

dos. Em

1922, no

Congresso

do Partido

Fascista em

28 de outu-

bro, os seus

militantes

resolvem

fazer uma

“Marcha sobre Roma”, onde busca-

vam pressionar pela participação dos

fascistas no poder. Como os fascistas

tinham a simpatia da burguesia italia-

na, pois acreditava-se que os fascis-

tas eram a força mais eficaz no com-

bate ao crescimento do comunismo,

o rei italiano indica Mussolini ao car-

go de Primeiro- Ministro, marcando a

chegada dos fascistas ao poder na

Itália.

Entre 1922 e 1925, os esquadrões

fascistas passam a combater os soci-

alistas e comunistas. Governos de

inspiração socialistas são dissolvidos,

jornais incendiados e fechados, parti-

dos intimidades, militantes agredi-

dos, passeatas socialistas são inter-

rompidas. Em 1924, no dia 10 de ju-

lho, o militante comunista Giacomo

Matteotti fora assassinado, depois de

ter denunciado em discurso as agres-

sões praticadas pelos fascistas aos

comunistas. Em 1926, Antônio

Gramsci, então deputado do Partido

Comunista é preso com outras lide-

ranças, e só será liberto meses antes

de sua morte. Com o desmonte das

organizações comunistas, o fascismo

teve campo livre para o seu cresci-

mento. Nas eleições de 1924, os fas-

cistas obtém a marca de 65% dos

votos. Mussolini não assume a res-

ponsabilidade pelo atentado a

Matteotti. Alguns grupos antifascitas

tentam a reação o que leva ao fecha-

mento, por parte de Mussolini, do

Congresso Italiano. Ainda em 1925,

todos os partidos da Itália, exceto o

fascista, são postos na ilegalidade e

fechados.

O sindicalismo na Itália fora desarti-

culado através do Pacto do Palácio

de Vindoni, onde somente os sindica-

tos reconhecidos pelo Estado poderi-

am negociar com os patrões. Era o

Estado Corporativista. Este Estado foi

aperfeiçoado pela Carta del Lavoro

(1927) que buscava arbitrar (em ge-

ral, em favor da burguesia italiana) os

Page 4: Apostila Nazi-Fascismo

conflitos entre trabalhadores e bur-

gueses. Nunca é demais lembrar que

esta Carta del Lavoro foi a inspiração

para Getúlio Vargas, no Brasil, criar a

Consolidação das Leis Trabalhistas

(CLT) que, ainda hoje, vigoram em

nosso país.

Em 192, o governo fascistas e a Igreja

católica assinam o Tratado de Latrão,

pondo fim a chamada Questão Ro-

mana, onde Igreja e o Estado italiano

disputavam o controle sobre Roma.

Com o tratado se cria o Estado do

Vaticano e se institui o catolicismo

como religião oficial da Itália.

Na economia, a forte intervenção do

Estado (politica protecionista, política

de construção de obras públicas e

geração de empregos e uma política

de contenção salarial) permitem o

crescimento da produção e o fortale-

cimento da economia italiana. Já a

sociedade começava a se organizar

de acordo com os preceitos fascistas,

o lema: “Crer, obedecer e combater”

passou a ser repetido pela juventude.

Ainda em 1929, Mussolini promove

um plebiscito para avaliar o seu go-

verno, onde recebe a aprovação de

98% da população. Com isto, Musso-

lini se torna Duce (do latim: dux=

chefe).

4.0 O nazismo alemão

A situação da

Alemanha no

pós-guerra

era muito

mais crítica

do que a da

Itália. O Tra-

tado de Ver-

salhes coloca

a culpa da 1ª

Guerra na

Alemanha e

obriga este país a sofrer severas pu-

nições. A restrição dos exércitos, as

perdas territoriais, a pesada indeni-

zação eram alguns dos aspectos que

tornavam a situação da Alemanha

crítica.

O crescimento da esquerda comu-

nista na Alemanha também pode ser

observado no período logo após a 1ª

Guerra Mundial. A liga Espartaquis-

ta, que logo será o Partido Comunista

alemão, comandado principalmente

por Rosa Luxemburgo, após uma sé-

rie de levantes entre 1918-1919, con-

segue o controle da região da Baviera

e funda nesta localidade a República

soviética da Baviera. O governo da

república de Weimar busca reprimir

este levante e, com o auxílio dos frei-

korps (corpos de voluntários), não só

dissolvem os comitês revolucionários

como assassinam Rosa Luxemburgo e

Karl Liebknecht.

Em 1919, Hitler, integrante das for-

ças alemãs que participaram da 1ª

guerra mundial onde é ferido e con-

decorado com a Cruz de Ferro, se filia

ao Partido dos Trabalhadores Ale-

mães e objetiva combater o cresci-

mento do comunismo. Em 1920, ele

transforma o partido no Partido Naci-

onal- Socialista dos Trabalhadores

Alemães (NSDAP) ou Partido Nazista.

Em 1923, depois de inflamados dis-

cursos em uma cervejaria que servia

de ponto de encontro das lideranças

nazistas em Munich, Hitler e os de-

mais nazistas saem em marcha, pro-

curando repe-

tir o feito itali-

ano de um

ano antes.

Contudo, não

obtém o mes-

mo êxito e

Hitler, dentre

outros, é pre-

so. Na prisão

Hitler escreve um livro denominado

Mein Kampf (Minha Luta, em portu-

guês) onde sintetiza algumas ideias

do Nazismo. Nesta obra Hitler formu-

la ideias antissemitas, afirmando que

grande responsabilidade do desastre

econômico alemão era culpa dos ju-

deus, pois, de um lado, eram os capi-

talistas mais avarentos e, de outro,

os propagadores do comunismo. Os

alemães seriam um povo superior

(superioridade racial) e por isso, de-

veria evitar miscigenações com raças

inferiores (o ideal de raça pura) a fim

de manter intacta a sua condição de

ariano (arianismo), por serem superi-

ores era legítimo que estes povos

buscassem sua expansão territorial

(espaço vital ou expansionismo). Es-

tas ideias diferenciam o nazismo dos

demais fascismos.

O desempenho da economia alemã

começa a melhorar em 1924, graças

ao auxílio americano para isso, e o

crescimento dos nazistas diminuí. A

milícia nazista se chamava SA e usava

camisetas pardas com um bracelete

com o símbolo nazista. O partido na-

zista não ia bem nas eleições, domi-

nadas pelos sociais democratas, até a

crise econômica de 1929. A retirada

dos capitais americanos e a crise in-

flacionária levam a situação econô-

mica alemã ao caos. Nas eleições de

1930 os nazistas conquistaram 107

cadeiras de deputados, contra 12

anteriormente. Animado, Hitler re-

solve se candidatar à presidência e

disputa com o Marechal Hindenburg,

em 1932.

Contudo,

Hitler aca-

ba derrota-

do, obten-

do 37% dos

votos con-

tra 53% de

Hinden-

Page 5: Apostila Nazi-Fascismo

burg. No entanto, a derrota nas elei-

ções não detém o partido Nazista

que continua com suas agitações nas

ruas e os ataques aos partidos de

esquerda. Nas eleições parlamenta-

res deste mesmo ano o crescimento

dos nazistas era patente, eles obtive-

ram 230 cadeiras. Com o apelo de

grandes industriais, em 29 de janeiro

de 1933, Hitler é nomeado Chanceler

alemão pelo Marechal Hindenburg:

os nazistas chegam ao poder.

Assim, Hitler pode dar andamento a

uma série de mudanças radicais de

caráter fascista na sociedade alemã.

Em 1934, um incêndio no parlamento

alemão é atribuído ao Partido Comu-

nista e, diante desta situação, Hitler

decreta estado de emergência e de-

termina o fechamento do partido

comunista bem como de muitos sin-

dicatos onde este partido tinha influ-

encia. Além disso, judeus, esquerdis-

tas e democratas são expurgados do

serviço público alemão. Crianças e

pessoas portadoras de necessidades

especiais- físicas ou mentais- passa-

ram a ser eliminadas. Criou-se cam-

pos de concentração e a Gestapo

(policia secreta do estado). Questio-

nado por setores do nazismo por sua

aproximação com grandes capitalis-

tas alemães, em especial pela AS,

tratou de eliminar a dissidência e

extinguiu a SA através da ação da SS

(esquadrão de proteção).

Ainda em 1934, o Mal. Hindenburg

morre dando condições de Hitler

acumular o cargo de primeiro Minis-

tro e de Presidente da Alemanha. Era

o início do Terceiro Reich. Um impor-

tante elemento na construção do

nazismo foi a propaganda. Deixada a

cargo do Ministro Goebbels, a cultura

e a literatura alemã irão sofrer ações

no sentido da “purificação” sendo

perseguidos autores e artistas que

propagassem outros valores. É co-

nhecido o episódio da queima de

livros em praça pública. Em 1937,

fora organizada a mostra de “arte

degenerada” que era como ser refe-

riam os nazistas as artes produzidas

pelas “raças inferiores”. Nas escolas,

o culto ao Füher era bastante forte,

desde cedo as crianças alemães

aprendiam a cultuar Hitler. Os brin-

quedos também faziam o seu papel

educativo, ao ressaltar símbolos do

nazismo. As casinhas de boneca vi-

nham com a foto do Hitler na sala de

jantar. Os discursos de Hitler e os

atos nazistas eram transmitidos pelas

rádios e transformados em docu-

mentários que passavam nos cine-

mas alemães.

Em 1935, as leis de Nuremberg insti-

tuem e regulamentam a perseguição

aos judeus e continham medidas

como: proibição do casamento de

um ariano com um judeu, proibidos

destes de ocupar determinadas pro-

fissões.

A economia alemã, contudo, conse-

gue reencontrar o seu crescimento

devido ao forte intervencionismo do

Estado e ao fato de a indústria militar

ser bastante estimulada. Este fortale-

cimento militar alemão, contrariando

o tratado de Versalhes e a ideia do

expansionismo alemão serão dois

importantes fatores que desemboca-

rão na 2ª Guerra Mundial.

Bibliografia recomendada:

GRAMSCI, Antônio. Cadernos do Cárcere.

Vol. 1. Rio de janeiro: Civilização Brasilei-

ra, 4ª ed., 2006.

HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: O

breve século XX- 1914-1991. São Paulo:

Companhia das letras, 1995.

LENHARO, Alcir. Nazismo: o triunfo da

Vontade. 4 ed. São Paulo: Ática, 1994.

SILVA, Francisco C.T. da, Os fascismos. In:

REIS FILHO, Daniel Aarão. Século XX. Vol.

II: o tempo das crises. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2000.

TRENTO, Ângelo. Fascismo Italiano. São

Paulo: Ática, 1986.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1) (Unesp 2012) Nas primeiras se-quências de O triunfo da vontade [filme alemão de 1935], Hitler chega de avião como um esperado Messias. O bimotor plaina sobre as nuvens que se abrem à medida que ele des-ce sobre a cidade. A propósito dessa cena, a cineasta escreveria: “O sol desapareceu atrás das nuvens. Mas quando o Führer chega, os raios de sol cortam o céu, o céu hitleriano”.

(Alcir Lenharo. Nazismo, o triunfo da vontade, 1986.)

O texto mostra algumas característi-cas centrais do nazismo:

a) o desprezo pelas manifestações de massa e a defesa de princípios religi-osos do catolicismo.

b) a glorificação das principais lide-ranças políticas e a depreciação da natureza.

c) o uso intenso do cinema como propaganda política e o culto da figu-ra do líder.

d) a valorização dos espaços urbanos e o estímulo à migração dos campo-neses para as cidades.

e) o apreço pelas conquistas tecnoló-gicas e a identificação do líder como um homem comum.

Page 6: Apostila Nazi-Fascismo

2)(Ufu 2011) Sobre as características da propaganda nazista, assinale a alternativa correta.

a) A ascensão de Hitler se deu pela natureza científica de suas afirma-ções, sendo a propaganda e o terror utilizados apenas quando se tratava da oposição política.

b) A propaganda utiliza fundamentos dissociados da cultura e das disposi-ções sociais da população, por esta razão usa de insinuações indiretas, veladas.

c) O terror e a propaganda tiveram semelhante grau de importância no estabelecimento da ideologia nazista, ao mostrar à população os benefícios de quem a ela aderisse e o horror destinado aos inimigos.

d) A ameaça, a efetiva violência, o uso político da ciência e a propagan-da alinhada aos princípios culturais de um povo nunca foram usados co-mo estratégia de doutrinação das massas.

3) (Enem 2009) A primeira metade do século XX foi marcada por confli-tos e processos que a inscreveram como um dos mais violentos perío-dos da história humana.

Entre os principais fatores que estive-ram na origem dos conflitos ocorri-dos durante a primeira metade do século XX estão

a) a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do totalitarismo.

b) o enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a corrida nuclear.

c) o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a Revolução Cuba-na.

d) a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o expansionismo soviéti-co.

e) a Revolução Bolchevique, o imperi-alismo e a unificação da Alemanha.

4) INTERTEXTO Bertold brecht Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negro Em seguida levaram alguns operários Mas não me importei com isso Eu também não era operário Depois prenderam os miseráveis Mas não me importei com isso Porque eu não sou miserável Depois agarraram uns desemprega-dos Mas como tenho meu emprego Também não me importei Agora estão me levando Mas já é tarde. Como eu não me importei com nin-guém Ninguém se importa comigo.

Este texto foi escrito pelo dramatur-go comunista alemão Bertold Brecht. E relata a perseguição sofrida por cidadãos durante o regime nazista alemão. Destaque 3 características do nazismo que podemos depreen-der a partir da leitura do texto. Justi-fique sua resposta.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5)Documento 1:

Sem a possibilidade que lhe foi

dada de empregar homens de nível

inferior, o Ariano nunca teria po-

dido dar os primeiros passos na

estrada que devia conduzi-lo à

civilização [...].

Assim, a existência de homens in-

feriores foi um dos fundamentos

essenciais para a elaboração de

civilizações superiores; pois com-

pensava a penúria de recursos

materiais sem os quais um pro-

gresso posterior é inimaginável.

Incontestavelmente, a primeira

civilização da humanidade des-

cansava menos sobre a domestica-

ção do animal que sobre o empre-

go de homens inferiores.

Adolfo Hitler. Mein Kampf ("Minha Lu-

ta"). HITLER, A. Mein Kampf. Apud

MATTOSO, Kátia M. de Queirós (Org.).

"Textos e documentos para o estudo da

história contemporânea (1789-1963)".

São Paulo: HUCITEC, Ed. da Universi-

dade de São Paulo, 1977. p. 178.

Documento 2:

Partindo desses elementos da pro-

paganda nazista, atenda às solicita-

ções seguintes.

a) Que aspecto da ideologia nazis-

ta esses documentos expressam?

____________________________

____________________________

____________________________

____________________________

____________________________

____________________________

____________________________