Apostila para pintor industrial
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Rua Vicente Apa (antiga Eloi Mendes), 81 - Centro - Duque de Caxias/RJ - BRASIL - CEP: 25.010-550
Fone RJ: (21) 3189-8001 / 2671-0544 / 2772-0319 - Fax: (21) 2671-1924 SP: (11) 3230-6511 - PR: (41) 7816-7575
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APOSTILA PARA TREINAMENTO DE
PINTORES
“Na especificação de um esquema de pintura procura-se indicar tintas de alto padrão técnico, preparo
adequado de superfície e condições de aplicação para se conseguir bom desempenho do esquema
de pintura e conseqüentemente adequado tempo de vida útil das estruturas ou equipamentos.
Entretanto por ocasião do esquema de pintura se não houver qualificação do pintor, todos os gastos
na elaboração da especificação e na aquisição dos materiais podem ser perdidos pelo fato desses
profissionais não terem os conhecimentos teóricos básicos para que, somados à capacitação prática,
permitam atingir os objetivos da PINTURA INDUSTRIA.”
O aço é o principal material utilizado pela engenharia na construção de
equipamentos e instalações. E devido sua baixa resistência à corrosão, a PINTURA
INDUSTRIAL tornou-se o principal meio de proteção anticorrosiva da era moderna.
A aplicação de PINTURA INDUSTRIAL consiste na interposição de uma película, em
geral orgânica, entre o meio corrosivo e o material metálico que se deseja proteger.
Estes revestimentos são aplicados por forma de TINTAS.
Para que serve a Pintura Industrial?
A Pintura Industrial tem uma série de utilidades, tais como: Identificação de fluidos em
tanques, reservatórios, tubulações, etc., maior ou menos absorção de calor, finalidade
estética, sinalização de estruturas e/ou equipamentos e para TRATAMENTO
ANTICORROSIVO.
Mas, o que é CORROSÃO?
Corrosão é a deterioração de um material, especialmente metálico, por ação química ou
eletroquímica do meio, e deve ser combatido, pois com a corrosão, há uma perda de
matéria (aço), o que implica na confiabilidade operacional do equipamento. O metal se
desfaz gradativamente, causando a perda total do equipamento. E no nosso caso,
minimizamos esse processo corrosivo por meio de aplicação de tintas, que formam uma
proteção por barreira impedindo a passagem das intempéries ao aço.
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Vocês pintores, sabem o que é tinta?
Tinta são substâncias químicas em forma líquida, pastosa ou em pó, que após aplicação e
cura, forma um filme seco, duro e obliterante. Seus constituintes são:
· RESINA: É o constituinte ligante ou aglomerante das partículas de pigmento e o
responsável pela continuidade e formação da película;
· PÍGMENTOS: São partículas sólidas finamente divididas que são utilizados para se
obter uma séria de propriedades, como propriedades anticorrosivas, propriedades
estéticas/decorativas e impermeabilização;
· SOLVENTES: São substâncias puras utilizadas tanto para auxiliar na fabricação das
tinas, na solubilização de resinas e no controle da viscosidade, facilitando a aplicação;
· ADITIVOS: São substâncias adicionadas em pequenas quantidades às tintas para
conferir propriedades especificas a mesma.
Para fins de proteção anticorrosiva de estruturas metálicas ou de equipamentos, um
esquema de pintura é composto, na maioria dos casos, por três tipos de tinta: Tinta de
fundo (primer), Tinta intermediária e Tinta de acabamento.
· TINTA DE FUNDO (PRIMER): São aquelas que são aplicadas diretamente ao substrato,
portanto, é a tinta responsável pela aderência do esquema de pintura ao substrato a se
proteger e são as que contêm na composição os pigmentos ditos anticorrosivos;
· TINTA INTERMEDIÁRIA: São tintas normalmente utilizadas nos esquemas de pintura
com a função de aumentar a espessura do revestimento, com o objetivo de aumentar a
proteção por barreira do mesmo. Algumas tintas intermediárias são denominadas
seladoras, que são utilizadas para selar uma película muito porosa, antes da aplicação da
tinta de acabamento, que é o caso de tintas de fundo à base de etil silicato de zinco (N-
1661) que é usado a tinta epóxi óxido de ferro (N-1202);
· TINTA DE ACABAMENTO: São as tintas que têm a função de conferir a resistência
química ao revestimento, pois são elas que estão em contato direto com o meio corrosivo,
possuem na maioria dos casos boa resistência à raios ultravioletas e são as tintas que
conferem a cor final dos revestimentos por pintura.
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MISTURA, DILUIÇÃO E HOMOGENEIZAÇÃO DAS TINTAS
Antes e durante a aplicação, toda tinta deve ser homogeneizada para manter o
pigmento em suspensão. Paratintas de dois ou mais componentes, deve ser feito a
homogeneização de cada componente separadamente antes da mistura dos mesmos e
após a mistura, a aparência deve ser uniforme, não devendo apresentar veios ou faixas de
cores diferentes.
A mistura, homogeneização e diluição só devem ser feitas por ocasião da aplicação
A e homogeneização devem ser feitas por meio de um misturador mecânico ou
pneumático, admitindo-se a mistura manual para recipientes com capacidade de até 18l,
sendo que as tintas pigmentadas com alumínio, exceto da norma PETROBRAS N-2231,
devem ser misturadas manualmente. Em caso de tintas ricas em zinco, a mistura deve ser
sempre mecânica, mesmo para recipientes com capacidade inferior a 18l.
A diluição só deve ser feita quando há real necessidade para a aplicação das tintas e o
diluente/redutor a ser usado deve ser o especificado pelo fabricante da tinta, e não
ultrapassando o percentual máximo de diluição especificado do mesmo.
É de EXTREMA importância respeitar a proporção de mistura das tintas de mais de um
componente, indicados no rótulo do recipiente. Deve também ser respeitado, para tintas de
2 ou mais componentes, o tempo de indução e o tempo de vida útil da mistura (pot-life).
A IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO DA SUPERFÍCIE
Quanto mais limpa e isenta de contaminantes como tintas velhas mal aderidas, óleos,
graxas, carepa de laminação, sais e CORROSÃO, melhor será o desempenho do
esquema de pintura e a aderência do esquema ao substrato. Portanto, não ignorem o fato
de não poder colocar a mão em peças jateadas ou tratadas, pois nossa mão contém sal e
é oleosa, o que pode condenar e fatalmente prejudicar o bom desempenho da pintura.
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Porque não se pode pintar sobre carepa de laminação?
Algumas peças novas parecem já estarem pintadas, pois sua superfície apresenta uma
camada muito dura, uniforme e aderente ao substrato, ou até mesmo por não apresentar
inicialmente uma aparência ruim, muitas pessoas pensam que podem pintar sobre a
carepa de laminação. Mas NÃO deve!
Com o passar do tempo e a exposição do material às intempéries, devido ao coeficiente de
dilatação da carepa de laminação ser diferente do coeficiente de dilatação do aço, há o
desprendimento dessa camada rígida e conseqüentemente o encontro do meio corrosivo
com o aço, o que ocasiona na Oxidação do aço, e o desplacamento da carepa de
laminação, e, se pintado, da tinta.
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
Alguns fatores climáticos devem ser respeitados quando falamos em PINTURA
INDUSTRIAL, pois “passar por cima” de algum desses fatores pode fatalmente condenar a
integridade da película.
Os serviços de pintura devem ser realizados dentro das seguintes condições:
A umidade relativa do ar (U.R.A) máxima deve ser de no máximo 85%;
A temperatura máxima da superfície deve ser de no máximo de 52ºC, exceto para as tintas de fundo ricas em zinco à base de silicatos que, neste caso, é de 40ºC;
A temperatura mínima da superfície deve ser de no mínimo 3ºC acima do ponto de orvalho (P.O);
A temperatura ambiente deve ser de no mínimo 5ºC.
Recentemente, com a nova revisão da N-13, tintas a base de etil silicato de zinco somente devem ser aplicadas com URA acima de 60% (e até 85%, claro).
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PELÍCULA: Cada demão de tinta deve estar isenta (durante e após exposição) de falhas e
defeitos, como:
· ESCORRIMENTO: Defeito ocorrido durante a aplicação da pintura em formas de ondas ou
gotas. Suas principais causas são: aplicação excessiva de tinta, diluição excessiva de tinta
e erro na proporção de mistura de tintas com mais de 1 componente;
· EMPOLAMENTO: Também chamado de “bolhas”, é um defeito estrutural da película,
caracterizado pelo aparecimento de saliências que variam de tamanho e intensidade. Suas
principais causas são: Formação gasosa cuja origem, geralmente, se deve a retenção de
solvente, motivado por não respeitar o intervalo mínimo para repintura e poliuretanos
quando aplicados sob condições de alta umidade ou contaminados com água, tendem a
apresentar esse defeito;
· ENRUGAMENTO: Defeito que torna a pintura semelhante à superfície de um papelão
ondulado e/ou conrrugado e é típico das tintas alquídicas ou óleo-resinosas. Suas
principais causas são: Ocorre quando não se respeita os intervalos para repintura, a ação
do solvente da demão anterior e ocorre quando tinta aplicada com espessura excessiva;
surgindo após secagem/cura;
· FENDIMENTO: Pintura com rachaduras/trincas que podem chegar até o substrato. Ocorre
quando se movimenta muito uma superfície (entorta), e é uma característica das tintas
ricas em zinco à base de silicatos quando aplicadas em espessura excessiva;
· CRATÉRAS: Também chamado de “olho de peixe”, é um defeito na película seca,
caracterizado por uma depressão arredondada sobre a superfície pintada. Ocorre devido à
contaminação do substrato com água, óleos, graxa, etc., e quando há retenção de gases
na película anterior;
· IMPREGNAÇÃO DE ABRASIVO E/OU MATERIAIS ESTRANHOS: Nada mais é de que a
Inclusão de pêlos, fiapos, sujeira na película da tinta, devido a contaminantes que não
foram removidos da película antes da aplicação de tinta, tais contaminantes podem vir do
ar e o material para aplicação pode estar sujo ou contaminado;
· DESCASCAMENTO: Defeito causado pela perda de aderência da película seca,
espontânea ou provocadamente. Ocorre pela Contaminação da superfície principalmente
por óleo, sal, graxa, água, umidade, etc., devido a tintas incompatíveis, superfícies de difícil
aderência (lisas, com pouca rugosidade) ou pela falta de um primer de aderência, por
condensação no substrato ou aplicação de tinta sobre superfície não tratada;
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· ENFERRUJAMENTO: É a degradação da película em relação ao meio, com visível
deterioração do substrato. Ocorre quando há defeitos visíveis na película da tinta,
causados ou não por danos mecânicos e pela deposição de espessura insuficiente ao
substrato, pois a película da tinta não é capaz de cobrir os picos e os vales, deixando o aço
em contato direto com o meio corrosivo, causando a Ferrugem, que é o produto de
corrosão;
· PULVERIZAÇÃO SECA (OVERSPRAY): Defeito estrutural da película decorrente da
pulverização deficiente, de modo que as partículas não se aglutinem, resultando espaços
intersticiais ou poros na película, com penetração dos agentes corrosivos. O filme seco fica
poroso, assim como uma lixa fina, mas ao passar dos dedos não sai pó. Ocorre
principalmente por realização da aplicação em tempo com muito vento, em aplicação de
tintas em superfícies muito elevadas e pela distância incorreta da pistola em relação ao
substrato.
· AMPOAMENTO/GIZAMENTO: Não confundir com defeito, é apenas uma
falha característica das tintas de resinas epóxi quando expostas ao sol, onde a película
perde seu brilho e solta um pó esbranquiçado que sai ao passar dos dedos.
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PRINCIPAIS NORMAS DE TINTAS:
N-1202: TINTA EPÓXI ÓXIDO DE FERRO
Tinta de fundo utilizada por diversos esquemas de pintura e dentro do campo da
PETROBRAS, esta tinta é utilizada com a função de tinta intermediária seladora (ou tie-
coat) em esquemas de pintura com tintas de fundo ricas em zinco à base de silicatos (ex.:
N-1661) e tem a função de evitar a formação de bolhas na aplicação da tinta de
acabamento.
N-1259: TINTA DE ALUMÍNIO FENÓLICA
Tinta de acabamento muito utilizada em esquemas que vão ser expostos em diversos tipos
de ambientes, exceto em condições de imersão e em meios ácidos e alcalinos fortes. Deve
se tomar muito cuidado o intervalo de pintura e a aplicação, do contrário pode causar o
ENRUGAMENTO;
A mistura e homogeneização deve ser sempre feito manualmente e após mistura da resina
oleosa (componente A) e a pasta de alumínio (componente B), a tinta pode ser guardada e
reaproveitada, porém apresentará um aspecto com menos brilho.
N-1277: TINTA DE FUNDO EPÓXI PÓ DE ZINDO AMIDA CURADA
A tinta de fundo epóxi rica em zinco é bastante usada em retoques para esquemas de
pintura cuja tinta de fundo é rica em zinco à base de silicatos, porém só até 120ºC de
temperatura de operação.
N-1661: TINTA DE ZINCO-ETIL SILICATO
Tinta de fundo rica em zinco com alto teor de zinco na composição. Sua cura não é afetada
se após aplicação, a U.R.A atingir ou superar 85%. O controle de espessura deve ser
muito rígido, pois em espessura excessiva pode ocasionar o FENDIMENTO. Requer o
máximo de limpeza possível da superfície. A mistura, homogeneização e a aplicação deve
ser feito com uso de um agitador mecânico/pneumático afim de manter o pó de zinco em
suspensão.
N-2198: TINTA DE ADERÊNCIA EPÓXI-ISOCIANATO ÓXIDO DE FERRO
Tinta condicionadora de aderência para aplicação de esquemas de pintura em aço
galvanizado e alumínio.
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N-2231: TINTA DE ETIL SILICATO DE ZINDO-ALIMÍNIO
Tinta utilizada para proteção anticorrosiva de estruturas metálicas ou de equipamentos
sujeitos a altas temperaturas (até 500ºC). É utilizada em revestimento único (uma demão
apenas). Requer o máximo de limpeza possível da superfície. A mistura, homogeneização
e a aplicação deve ser feito com uso de um agitador mecânico/pneumático afim de manter
o pó de zinco em suspensão.
N-2288: TINTA DE FUNDO EPÓXI PIGMENTADA COM ALUMÍNIO
É utilizada, principalmente, em esquemas de pintura para proteção de superfícies ferrosas,
preparadas por meio de ferramentas mecânicas e é uma alternativa de revestimento para
os casos que não se é possível realizar tratamentos com Jateamento abrasivo, são
denominadas tinas “surface tolerant”.
N-2492: ESMALTE SINTÉTICO BRILHANTE
Tinta de acabamento alquídica brilhante utilizada em esquemas de pintura para atmosferas
de baixa a média agressividade. Não necessita de lixamento após passado o intervalo
máximo para repintura, apenas um “trapeamento” com solvente da própria tinta pois
apresentam boa aderência entre demãos. Não tem resistência química.
N-2628: TINTA EPÓXI-POLIAMIDA DE ALTA ESPESSURA
Tinta de alto teor de sólidos. É utilizada como tinta intermediária para encorpar a película
ou em alguns casos tintas de acabamento.
N-2629: TINTA DE ACABAMENTO EPÓXI SEM SOLVENTE
Tinta de alto teor de sólidos. É indicada, principalmente, para pintura interna de tanques de
produtos claros.
N-2630: TINTA EPÓXI-FOSFATO DE ZINDO DE ALTA ESPESSURA
Tinta com alto teor de sólidos. Tinta de fundo sobre a qual se pode aplicar uma série de
tintas de acabamento. Contém a presença de um pigmento anticorrosico atóxico chamado
fosfato de zinco. São fornecidas nas cores branco, vermelho óxido e cinza.
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N-2677: TINTA DE POLIURETANO ACRÍLICO
Tinta de acabamento fornecida em dois componentes. Apresentam boa resistência à
radiação solar e boa retenção de cor e brilho.
N-2678: TINTA EPÓXI POLIAMIDA PIGMENTADA COM ALUMÍNIO
Mesma função e características da norma N-2288, porém com agente de cura poliamina.
N-2680: TINTA EPÓXI, SEM SOLVENTES, TOLERANTE A SUPERFÍCCIES MOLHADAS
Tintas de fundo/acabamento aplicável a superfícies de aço-carbono secas, com umidade
residual ou molhadas, portanto as restrições de ponto de orvalho e umidade relativa do ar
não são aplicáveis. É isenta de solvente, tem 100% de sólidos.