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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE - UFAC

    CENTRO DE CINCIAS EXATAS E TECNOLGICAS - CCET

    DISCIPLINA: GERENCIAMENTO E ADMINISTRAO DE OBRAS

    CARGA HORRIA: 60 H/A

    DOCENTE: MSc. SIMONE RIBEIRO LOPES

    Rio Branco - AC, setembro de 2009

  • Gerenciamento e Administrao de Obras

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    CONTROLE DA QUALIDADE NA CONSTRUO CIVIL

    Generalidades

    A construo civil difere muito da indstria de transformao, a partir

    da qual nasceram e se desenvolveram os conceitos e metodologias relativos

    qualidade. Esforos concentrados para a implantao da Qualidade Total

    na construo tm sido verificados, ocorre, porm, que a construo possui

    caractersticas singulares que dificultam a utilizao na prtica das teorias

    modernas da qualidade. Algumas peculiaridades da construo, que

    dificultam a transposio de conceitos e ferramentas da qualidade aplicados

    na indstria, so os seguintes:

    a construo uma indstria de carter nmade;

    ela cria produtos nicos e quase nunca produtos seriados;

    no possvel aplicar a produo em linha, mas sim a produo

    centralizada;

    a construo uma indstria muito conservadora, com grande inrcia a

    alteraes;

    ela utiliza mo-de-obra intensiva e pouco qualificada, sendo certo que o

    emprego desses trabalhadores tem carter eventual e suas possibilidades

    de promoo so pequenas, o que gera baixa motivao no trabalho;

    a construo, de maneira geral, realiza grande parte dos seus trabalhos

    sob intempries;

    so empregadas especificaes complexas, muitas vezes conflitantes e

    confusas;

    as responsabilidades so dispersas e pouco definidas;

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    o grau de preciso com que se trabalha na construo , em geral, muito

    menor do que em outras indstrias, qualquer que seja o parmetro que se

    contemple: medidas, oramento, prazo, resistncia mecnica, etc.

    Alm desses aspectos, importante ressaltar que a cadeia produtiva

    que forma o setor da construo civil bastante complexa e heterognea.

    Ela conta com grande diversidade de agentes intervenientes e de produtos

    parciais criados ao longo do processo de produo, produtos esses que

    incorporam diferentes padres da qualidade e que iro afetar a qualidade

    do produto final.

    Elevar os padres da qualidade do setor de edificaes significa

    articular esses diversos agentes do processo e compromet-los com a

    qualidade de seus processos e produtos parciais e com a qualidade do

    produto final, cujo objetivo satisfazer s necessidades do usurio.

    ATIVIDADE I

    Identifique os diversos agentes intervenientes na cadeia produtiva que

    forma o setor da construo civil, ao longo de suas vrias etapas.

  • Gerenciamento e Administrao de Obras

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    ASPECTOS GERAIS DA GESTO DA QUALIDADE

    Segundo Thomaz (2001), a produo de obras e servios, em maior ou

    menor escala, sempre visou o equilbrio do trinio PREO, PRAZO e

    QUALIDADE, embora muitas vezes estes conceitos estivessem subentendidos

    nos contratos. Aspectos dbios, subentendidos e omisses, com ou sem

    inteno de dolo, tm causado inmeros prejuzos a consumidores (diretos e

    indiretos) e, mesmo que em menor proporo, at mesmo a fornecedores.

    Considerando as diferentes faces e os inmeros intervenientes no processo

    construtivo, consenso que projetos individuais de boa qualidade no

    garantem a boa qualidade global do projeto, assim como especificaes

    corretas de materiais e servios, por seu turno, no garantem a boa qualidade

    da construo.

    Do ponto de vista dos materiais e componentes, aplicando-se mesma

    linha de raciocnio, no se conseguir atingir uma qualidade pr-determinada

    atravs de controles compartimentados da matria prima, dos equipamentos,

    dos mtodos de produo, etc, sem a globalizao num nico e eficiente

    programa de qualidade.

    As normas ISO srie 9000 (9000 a 9004) procuram justamente analisar o

    conceito de QUALIDADE de forma sistmica, debruando-se sobretudo nas

    inmeras interfaces existentes desde a concepo da ideia at a

    concretizao do produto, considerando ainda os inmeros fatores materiais

    (insumos bsicos, equipamentos, processos), humanos (treinamento,

    remunerao, motivao) e gerenciais (responsabilidades, custos,

    comunicao, etc) que nela interferem.

    Constituem-se em simples guias (adoo no obrigatria, portanto)

    para implementao da qualidade em qualquer setor produtivo de bens e

    servios, alm de poderem orientar as relaes comerciais entre produtores e

    consumidores.

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    O termo QUALIDADE tem sido definido, inclusive na norma ISO 8.4021,

    como a totalidade de caractersticas de um produto que lhe confere a

    capacidade de satisfazer as necessidades explcitas dos seus usurios.

    Considerando que essa satisfao pode ser atingida com desperdcios de

    matrias primas e insumos, riscos sade ou segurana dos operrios na linha

    de produo, e ainda com contaminaes e outros processos degenerativos

    da natureza, prope-se a seguinte definio:

    QUALIDADE: conjunto de propriedades de um bem ou servio que redunde

    na satisfao das necessidades dos seus usurios, com a mxima economia

    de insumos e energia, com a mxima proteo sade e integridade fsica

    dos trabalhadores na linha de produo, com a mxima preservao da

    natureza.

    Para melhor compreenso da proposta de um Programa de

    Qualidade, convm a adoo da seguinte terminologia:

    a) Controle da qualidade: tcnicas operacionais e atividades de

    acompanhamento e comprovao da qualidade, podendo ocorrer em

    diferentes nveis;

    b) Poltica da qualidade: intenes e diretrizes globais de uma organizao

    relativas qualidade, formalmente expressas pela alta administrao.

    Traduzida geralmente atravs de um MANUAL DA QUALIDADE, documento

    de carter geral para todas as obras, produtos ou servios da empresa;

    c) Gesto da qualidade: funo gerencial que implementa a poltica da

    qualidade definida pela alta administrao da organizao;

    1 ISO - International Organization for Standardization. Norma ISSO 8.402/93: Gesto da qualidade e

    garantia da qualidade - Terminologia.

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    d) Manual da qualidade: conjunto de procedimentos tcnicos e

    operacionais, definindo os nveis da qualidade de um determinado

    produto ou servio, bem como as formas de obteno e controle da

    qualidade almejada;

    e) Sistema da qualidade: estrutura organizacional, com definio de

    responsabilidades, procedimentos, processos e recursos para

    implementao da gesto da qualidade;

    f) Garantia de Qualidade (Qualidade total): conjunto de medidas orientadas

    para conseguir a qualidade e para evitar ou detectar erros em todas as

    fases do processo construtivo. Traduz-se na demonstrao documentada

    de que foram efetuados todos os controles pertinentes da qualidade;

    g) Programa de qualidade (ou plano de qualidade): aplicao das diretrizes

    gerais da poltica da qualidade da empresa a uma rea ou servio

    especfico (observando, portanto, as adaptaes e detalhamentos

    necessrios);

    h) Custos da qualidade: custos direcionados para obteno,

    acompanhamento e demonstrao da qualidade, incluindo despesas

    operacionais (equipes, ensaios, etc) e custos resultantes de produtos no

    conformes;

    i) No conformidade: no atendimento de um produto ou servio a uma

    determinada especificao, intencionalmente ou no. A no

    conformidade intencional, obviamente, deve ser repelida por todas as

    partes, pois alm de representar riscos para os consumidores implica quase

    sempre em concorrncia desleal entre produtores;

    j) Certificao da conformidade: processo desenvolvido por entidade de

    terceira parte, independente do produtor, que reconhece a eficincia de

    um determinado sistema de qualidade.

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    A busca da qualidade, vai muito alm do simples controle da

    produo ou do produto acabado. H necessidade de perfeita organizao

    para a qualidade, integrao entre pessoas e departamentos, motivao e,

    acima de tudo preparao tcnica. Para Deming (1990), existem quatorze

    princpios bsicos para desenvolvimento e gesto da qualidade:

    1) estabelecer a filosofia da contnua melhoria da qualidade de produtos e

    servios;

    2) adotar a nova filosofia, em todos os nveis;

    3) no se basear nos controles do produto final para atingir a qualidade;

    4) no fechar negcios considerando apenas o fator preo;

    5) melhorar constantemente todos os processos de planejamento, produo

    e controles;

    6) implantar o continuado treinamento da fora de trabalho;

    7) incentivar o desenvolvimento das lideranas;

    8) eliminar o receio dos trabalhadores em exporem suas opinies;

    9) eliminar a compartimentao entre departamentos ou setores da

    empresa;

    10) eliminar slogans, dogmas e metas de produo para a fora de

    trabalho;

    11) estabelecer metas de produo somente para as gerncias;

    12) Eliminar prmios baseados unicamente na produo;

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    13) Instituir programas de aperfeioamento para os funcionrios de todos os

    nveis;

    14) Motivar a todos para que as transformaes na empresa possam ser

    atingidas.

    O gerente moderno encarado como um facilitador de aes, um

    coordenador de objetivos, segundo Ishikawa (1986), o princpio

    fundamental do bom gerenciamento permitir que os subordinados faam

    pleno uso de sua capacidade. Assim, para os mestres e encarregados dos

    canteiros de obras poderiam ser definidas as seguintes funes:

    gerenciamento / implementao do sistema da garantia da qualidade;

    relacionamento humano / comunicao / treinamento das equipes;

    anlise dos projetos (construtibilidade, consumo de materiais, etc);

    previso de materiais, ferramentas e equipamentos;

    recebimento e prvia conferncia de materiais (quantidade, tipo,

    qualidade);

    anlise de falhas construtivas / preveno de riscos e acidentes;

    superviso, auxlio, recebimento dos servios;

    superviso geral do canteiro de obras, alojamentos, almoxarifados, etc;

    realimentao da gerncia da obra / diretoria da empresa.

    SISTEMAS DA QUALIDADE

    Define-se sistema como um conjunto de elementos dinamicamente

    relacionados entre si, formando uma atividade que opera sobre entradas e,

    aps processamento, as transforma em sadas, visando sempre atingir um

    objetivo. O propsito do Sistema da Qualidade de uma construtora

    assegurar que seus produtos e seus diversos processos satisfaam s

    necessidades dos usurios e s expectativas dos clientes externos e internos.

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    As normas internacionais definem o Sistema de Qualidade como

    estrutura organizacional, responsabilidades, procedimentos, processos e

    recursos para implementao da gesto da qualidade, ressaltando que o

    sistema precisa ser to abrangente quanto necessrio para atingir aos

    objetivos da qualidade. Obtm-se, assim, as vantagens decorrentes dessa

    abordagem, como:

    viso de conjunto: possibilita um planejamento estratgico, voltado para a

    otimizao do todo, e no de partes do processo;

    objetivos comuns: facilita a compreenso de cada funcionrio e

    departamento do seu papel no conjunto, tornando mais fcil o trabalho

    em equipe;

    Integrao de reas: propicia a combinao de esforos, antes isolados,

    dos diversos departamento, alcanando a sinergia2.

    Normas ISO 9000

    A International Organization for Standardization (ISO), entidade

    internacional de normalizao, criou na dcada de 80, uma comisso tcnica

    para elaborar as normas voltadas para os Sistemas da Qualidade, procurando

    uniformizar conceitos, padronizar modelos para a garantia da qualidade e

    fornecer diretrizes para implantao de gesto da qualidade nas

    organizaes. Resultou desse trabalho a srie de normas ISO 9000, lanada

    em 1987, que rene as normas mais completas e atualizadas sobre o assunto,

    hoje adotadas por mais de 45 pases, dentre os quais os da Comunidade

    Europia. No se trata de especificaes de produtos e sim de normas

    sistmicas, que estabelecem os elementos do sistema de Gesto e Garantia

    da Qualidade a serem considerados pelas empresas. No Brasil, a ABNT adotou

    a mesma numerao da srie ISO 9000, chamando-a de srie NBR 09000.

    2 Associao simultnea dos diversos setores constituintes do sistema que contribuem para uma ao

    coordenada e comum.

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    O Instituto Nacional de normalizao, Metrologia e Qualidade

    Industrial (INMETRO) tambm registrou a srie com uma numerao

    semelhante: NBR 19000.

    As normas ISO 9001 a ISO 9003 tm por objetivo assegurar ao

    comprador, em situaes contratuais, que os procedimentos foram seguidos,

    devendo ser consideradas como requisitos mnimos, para que se mantenha

    certo padro da qualidade da organizao. Dentre as normas da srie para

    fins contratuais, a ISO 9001 a mais completa, tendo as demais (ISO 9002 e

    ISO 9003) um padro de exigncia decrescente. Tais normas especificam

    requisitos do sistema da qualidade a ser pactuado entre fornecedor e

    consumidor, visando a garantia da qualidade externa do bem ou servio

    adquirido. As trs normas ISO, complementam (e no substituem) requisitos

    tcnicos especificados para produtos ou servios, devendo ser empregadas

    em conjunto com a norma ISO 9000.

    ETAPAS DO PROCESSO DE PRODUO

    Na construo o processo de produo pode ser decomposto em

    quatro etapas de curta durao relativa: planejamento, projeto, fabricao

    de materiais e equipamentos e execuo. Aps a produo, segue-se uma

    etapa final de longa durao, a de uso, em que esto envolvidas as

    atividades de operao e manuteno da edificao. O nvel de

    desempenho e satisfao proporcionado pela construo aos usurios vai

    depender em muito da qualidade obtidas nas quatro etapas de produo

    do empreendimento, assim como dos servios de operao e manuteno,

    durante o uso. A origem dos problemas est distribuda nas diversas etapas do

    processo de produo e de uso da edificao. Em cada etapa do processo,

    o Controle da Qualidade dever ter uma meta especfica a fim de obter-se

    um resultado final que satisfaa s exigncias do usurio, conforme indicado

    na Tabela 1 a seguir:

  • Gerenciamento e Administrao de Obras

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    Tabela 1 - Metas do controle da qualidade a serem atingidas por etapa do

    processo produtivo.

    CONTROLE DA QUALIDADE

    Metas do controle da qualidade a serem atingidas

    Planejamento atender s normas gerais de desempenho, do Cdigo de

    Edificaes do municpio e de regulamentos

    Projeto atender s normas especficas de desempenho e s

    normas de documentos prescritivos

    Materiais produzir e receber de acordo com o especificado

    Execuo atender ao projetado e ao especificado

    Uso assegurar a adequada utilizao da edificao

    MECANISMOS DE CONTROLE DA QUALIDADE

    A organizao e implementao do Controle da Qualidade na

    construo deve envolver um mecanismo duplo de ao: o controle de

    produo e o controle de recebimento. O primeiro exercido por quem gera

    produtos em uma das etapas do processo: planejamento, projeto, fabricao

    e execuo. Pode ser entendido como a sistemtica que auxilia o promotor,

    o incorporador ou o proprietrio a conseguir o produto especificado da forma

    mais racional e econmica possvel. O controle de recebimento, por outro

    lado, exercido por quem fiscaliza e aceita os produtos e os servios

    executados nas vrias etapas do processo, ou seja, pelo promotor, pelo

    incorporador, pelo proprietrio ou por seus prepostos. Trata-se de exercer um

    controle no instante da passagem de uma atividade para outra ou de uma

    etapa para outra, em que geralmente ocorre a transferncia de

    responsabilidade.

    A Tabela 2 apresenta um resumo da dinmica de organizao do

    Controle da qualidade, podendo-se observar que o controle de produo e

    o controle de recebimento no so iguais nem podem ser confundidos,

    apesar de complementares e necessrios para o sucesso de um programa de

    controle da qualidade.

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    Tabela 2 - Mecanismos de controle da qualidade.

    Controle de Produo Controle de Recebimento

    O que ? controle dos fatores que

    intervm na qualidade comprovao da conformidade

    Por que se faz?

    assegurar que se alcance

    a qualidade especificada

    ao mnimo custo possvel

    verificar que se alcanou, como

    mnimo, a qualidade especificada

    Quem o faz? o promotor o promotor, o incorporador, o

    proprietrio e seus prepostos

    Como se faz? inspeo contnua inspeo intermitente

    Quais as variveis

    de controle?

    as que intervm no

    processo produtivo

    as representativas da qualidade

    especificada

    Atua sobre o processo o produto

    A experincia tem demonstrado que existem quatro nveis de Controle

    da Qualidade na construo civil, que vo ocorrendo sucessivamente

    medida que h um progresso na implementao dos programas de Controle

    da Qualidade, conforme indicado na Tabela 3, a seguir:

    Tabela 3 - Padres de controle da qualidade na construo.

    PADRES DE CONTROLE DA QUALIDADE NA CONSTRUO

    Padro Definio

    1 Sistema tradicional de superviso. No existe controle da qualidade no

    conceito atual

    2 Desenvolve-se um controle de recebimento

    3 Desenvolve-se um controle de produo absolutamente independente

    do controle de recebimento

    4 Desenvolve-se um controle de produo combinado com um controle

    de recebimento

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    PRINCPIOS DA QUALIDADE TOTAL

    Qualidade pode ser definida como um conjunto de aes que visam

    alcanar e superar os desejos e a satisfao dos clientes. Obras de qualidade3

    - e que definem a competitividade de quem as faz - so aquelas que

    atendem s expectativas do cliente e s necessidades do usurio. Qualidade

    Total obtm-se com o envolvimento de todos os colaboradores da empresa,

    sem exceo, abrangendo todos os processos. Trata-se de uma nova

    mentalidade a ser implantada, pois compreende o entendimento, a

    aceitao e a prtica de novas atitudes e valores a serem incorporados

    definitivamente ao dia-a-dia da empresa. Tais atitudes, valores, objetivos e

    instrumentos esto presentes, em essncia, nos Dez Princpios da Qualidade

    Total, a saber:

    total satisfao dos clientes;

    gerncia participativa;

    desenvolvimento dos recursos humanos;

    constncia de propsitos;

    aperfeioamento contnuo;

    gerncia de processos;

    delegao;

    disseminao de informaes;

    garantia da qualidade;

    no aceitao de erros.

    3 Obras de qualidade no so, necessariamente, as luxuosas, caras e bonitas.

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    EXIGNCIAS DO USURIO

    As expectativas do usurio so, dentre outras:

    a segurana estrutural: estabilidade e resistncia mecnica;

    a segurana ao fogo: limitaes do risco de incio e propagao do fogo;

    segurana em caso de incndio;

    a segurana utilizao: no uso e operao e a intruses;

    a estanqueidade: aos gases, lquidos e ps;

    o conforto higrotrmico: temperatura e umidade do ar e das paredes;

    a pureza do ar: ar no poludo e limitaes de odores;

    o conforto visual: iluminao, aspecto dos espaos e das paredes, dos

    pisos e dos tetos, vista para o exterior;

    o conforto acstico: isolao acstica e nveis de rudo;

    o conforto ttil: eletricidade esttica, rugosidade, umidade, temperatura

    da superfcie;

    o conforto antropodinmico: aceleraes, vibraes e esforos de

    manobra, ergonomia4;

    a higiene: cuidados corporais, abastecimento de gua, remoo de

    resduos (esgoto, lixo e outros);

    a adaptao utilizao: nmero, dimenses, geometria e relaes de

    espaos e de equipamentos necessrios;

    a durabilidade: conservao do desempenho ao longo da vida til;

    4 Conjunto de estudos que visam organizao metdica do trabalho em funo do fim proposto e

    das relaes entre o homem e a mquina.

  • Gerenciamento e Administrao de Obras

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    a economia: custo inicial e custos de operao, manuteno e reposio

    durante o uso.

    TIPOS DE ERROS QUE AFETAM A QUALIDADE

    1. Fatores tcnicos

    Planejamento

    Projeto

    Fabricao de matrias

    Execuo

    Uso e manuteno

    2. Fatores de Gesto e Organizao

    Comprometimento da alta administrao

    Definio de responsabilidade e autoridade

    Marketing

    Informao e comunicao

    Seleo e contratao

    Condies de trabalho

    3. Fatores Humanos

    Formao

    Motivao

    Negligncia

    Excesso de confiana

    Intencionais

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    ATIVIDADE II

    Relacione os fatores introdutores da qualidade que induzem baixa e

    alta qualidade.

    ATIVIDADE III

    Para que serve o gerenciamento?

    Quais os principais objetivos que gerentes e coordenadores devem ter

    quando esto gerenciando uma obra, para conseguir os resultados previstos

    no contrato de execuo?

    OBJETIVOS DO GERENCIAMENTO DE OBRA

    Executar a obra:

    De acordo com a qualidade especificada em projeto;

    No prazo previsto no contrato;

    Dentro do oramento previsto no contrato;

    Com segurana.

    De acordo com a qualidade especificada em projeto - o projeto define

    a qualidade da obra porque contm todos os dados e informaes tcnicas

    necessrias sua execuo: desenhos, especificaes de materiais e

    servios, normas tcnicas a serem seguidas, dentre outros. Sempre que for

    possvel no se deve colocar em Licitao, ou contratar, ou iniciar uma obra

    com base em um projeto simplificado (projeto bsico). Deve-se sempre licitar

    e contratar a firma (construtora, montadora ou instaladora) com base no

    projeto completo (projeto executivo). Isso porque aps a contratao da

    obra, o projeto passa a ser imutvel.

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    Frequentemente h necessidade de alterao ou complementao

    do projeto, algumas vezes acrescentando-se uma quantidade maior de

    servio a ser executada e/ou trazendo informaes detalhadas (especficas)

    do projeto original, poca da contratao.

    Aplicao no gerenciamento - sempre que houver alterao no

    projeto aps a contratao, necessariamente alterar-se-o o preo e o prazo

    da obra. Portanto, manter preo e prazo depende direta e

    proporcionalmente da manuteno do contrato celebrado.

    No prazo previsto no contrato - este o objetivo mais difcil de ser

    alcanado. No Brasil, a despeito das inmeras justificativas existentes, muitas

    obras excedem o prazo contratual. Na Europa e Amrica do Norte, o prazo

    considerado o objetivo mais importante e tem que ser cumprido na execuo

    de obras. Os gerentes (do CONTRATANTE e CONTRATADO) devem aplicar

    procedimentos para cumprir o prazo contratual.

    Aplicao no gerenciamento - o prazo sempre estabelecido pelo

    CONTRATANTE e precisa ser cumprido, via de regra, para remunerar o capital

    investido. Alm disso, cada dia de atraso, aumenta os custos diretos e indiretos

    para o CONTRATADO.

    Dentro do oramento previsto no contrato - executar a obra dentro do

    oramento previsto, dispensa comentrios e importante para o

    CONTRATANTE. Portanto, o desafio do gestor do contrato, bem como dos seus

    coordenadores, ser gerenciar a obra para conseguir que seja executada at

    o final, sem acrscimos do preo contratual.

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    Aplicao no gerenciamento - para o CONTRATADO, gerenciar a

    execuo da obra dentro do valor celebrado em contrato (sem acrscimo

    dos custos diretos), garante a rentabilidade orada, ou seja, cada centavo

    gasto alm do previsto, corresponde a um centavo a menos na margem

    orada. E para o CONTRATANTE, evita-se os transtornos decorrentes dos

    aditivos.

    Com segurana - a preveno de acidentes do trabalho de

    responsabilidade dos gerentes do CONTRATANTE e da CONTRATADA. Deve-se

    aplicar a metodologia prevista nas Normas Regulamentadoras do Ministrio

    do Trabalho (no que couber) e ainda, s Normas e Procedimentos para a

    preservao do meio ambiente e de sustentabilidade do CONTRATANTE,

    estabelecidas para cada obra.

    Aplicao no gerenciamento - o acidente deve ser evitado sempre,

    porque at mesmo aqueles sem vtimas, podem causar prejuzos e

    dependendo do vulto, poder causar atraso no cronograma da obra.

    FASES DA GESTO DO CONTRATO E DO GERENCIAMENTO DA OBRA

    1a FASE: PLANEJAMENTO E ORAMENTO DA OBRA PARA LICITAO

    A primeira fase da gesto antecede a obra. a fase na qual o

    CONTRATANTE tem grande responsabilidade e envolvimento porque inclui:

    a) A deciso das caractersticas tcnicas de como ser a obra, de acordo

    com os investimentos possveis;

    b) A preparao dos documentos para a obteno das Licenas

    necessrias;

  • Gerenciamento e Administrao de Obras

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    c) A Licitao, a contratao e a gesto do projeto e do oramento

    (estimativa de custo) da obra;

    d) A elaborao dos anexos tcnicos do Edital contendo: o projeto, as

    especificaes tcnicas, as Normas e procedimentos tcnicos do

    CONTRATANTE, as Normas e os procedimentos de segurana, e os

    procedimentos e instrumentos de gesto do contrato de execuo da

    obra;

    e) A Licitao da obra e a contratao da firma vencedora.

    A fase muito importante e tem influncia no resultado a ser obtido

    com a gesto do contrato da obra porque na elaborao da proposta de

    preo so gerados os dados numricos gerais para serem gerenciados

    durante a execuo da obra (dimenses, quantidades, prazos e valores).

    2a FASE: PROGRAMAO DA OBRA APS A CONTRATAO

    A segunda fase do gerenciamento ocorre logo aps a contratao.

    Nela, a obra programada detalhadamente, a partir dos dados numricos

    gerados na primeira fase. As tarefas e os dados numricos so detalhados

    para tornar mais preciso o gerenciamento da obra.

    difcil obter-se um bom resultado gerenciando itens gerais da obra,

    como por exemplo, a estrutura de concreto. Deve-se gerenciar a obra passo

    a passo, tarefa por tarefa.

    No exemplo da estrutura de concreto, trata-se de uma atividade

    geralmente difcil de gerenciar porque no se tem os elementos precisos, os

    quais devem ser tarefas com dados numricos detalhados...

  • Gerenciamento e Administrao de Obras

    19

    Formas das vigas e lajes da cobertura do reservatrio

    Quais elementos desta tarefa devero ser gerenciados?

    RELAO DE ELEMENTOS A SEREM GERENCIADOS EM UMA TAREFA

    Dimenso, rea ou volume - com base nas plantas de forma do projeto;

    Materiais e componentes - tipos e qualidade dos materiais, componentes

    e equipamentos a serem utilizados;

    Quantidades - qual a quantidade necessria de materiais e componentes?

    Equipamentos de execuo - padro previsto no projeto, mtodo

    estudado para esta obra e de acordo com as Normas Tcnicas e

    especificaes de projeto;

    QUAL O MELHOR MTODO DE EXECUO?

    Ser considerado o melhor, aquele que atender s quatro condies

    de execuo em conjunto.

    Menor custo de execuo;

    No prazo previsto no Diagrama de Precedncia PERT/CPM;

    Na qualidade definida no projeto;

    Com segurana.

    Pode ser executado utilizando equipamentos ou ferramental ou

    manualmente, desde que atenda s quatro condies.

  • Gerenciamento e Administrao de Obras

    20

    LIMITE DE TOLERNCIA

    a variao quantitativa para mais ou para menos em relao ao

    padro estabelecido, que ser admitida como correta na execuo de uma

    tarefa, podendo ocorrer na dimenso, volume, prazo, valor ou outro

    indicador.

    Na execuo de qualquer tarefa sempre haver uma diferena em

    relao ao padro estabelecido, por menor que seja. Ento, deve-se

    combinar com quem vai executar a tarefa, antes de inici-la, qual a

    variao quantitativa que ser aceita.

    As Normas Tcnicas da ABNT preveem os principais limites de

    tolerncia. Quando no houver na Norma, deve-se estabelecer em comum

    acordo com quem vai executar. Este tipo de planilha enquadra-se nas

    exigncias da ISO 9000 e registra como e quando foi feito o controle de

    qualidade da tarefa e o responsvel pelo controle.

    Exemplo de aplicao do limite de tolerncia no controle da

    qualidade das formas da obra do reservatrio...

    Figura 1 - Vista montante da montagem das formas do reservatrio

    principal para concretagem at o nvel 90/20.

  • Gerenciamento e Administrao de Obras

    21

    PLANILHA DE VERIFICAO

    TAREFA: Execuo da montagem das formas das vigas e lajes da cobertura do

    reservatrio

    CONTINUAO dos elementos da tarefa anterior...

    Mo de obra - quais categorias profissionais, quanto tempo leva cada um

    para executar 1 m (m ou m), quantidade de horas por categoria e totais;

    Custo dos materiais e componentes;

    1 2 3 4 5

    DATA: __________________________________________

    A

    verificao durante a execuo

    Critrio: A - aprovado R - reprovadoQuantidade: 800 m

    ENCARREGADO: ___________________________________________________________

    VISTO: ______________________________________________________

    A

    A

    A

    A

    A

    A

    R A

    R A

    A

    A

    R A

    A

    A

    A

    R A

    Resultado do

    controle

    Verificao Final

    A

    A

    A

    A

    A

    5 mm

    5 mm

    8 mm

    5 mm

    zero

    Controles

    R A2 mm

    2 mm

    2 mm

    2 mm

    2 mm

    5 mm

    Nivelamento de fundo de

    viga7

    8

    9

    10

    11

    Prumo de pilar

    Nivelamento de laje

    Alinhamento das vigas

    Limpeza das formas

    Transporte de eixos para

    assoalhos de laje

    2

    3

    4

    5

    6

    Encontro de pilar e viga

    com viga

    Medidas de vos de laje

    L T (+ -)

    1Transporte de nvel no

    pontalete guia

    Distribuio de escoras

    da viga

    Distribuio dos paineis

    de laje

    ITEM SERVIO

  • Gerenciamento e Administrao de Obras

    22

    Custo / hora da mo de obra;

    Custo / hora dos equipamentos de execuo;

    Custo de execuo do m (m ou m), e do total da tarefa;

    Preo de execuo da tarefa m (m ou m);

    Prazo de execuo da tarefa - em dias (ou horas);

    Tarefa - Exemplo:

    - A execuo de 800 m de formas das vigas e lajes da cobertura do

    reservatrio;

    - Prazo da tarefa: 16 dias de produo, correspondendo a 22 dias do

    calendrio, considerando-se que no haver trabalho aos sbados e

    domingos;

    - Datas de incio e de trmino da tarefa: a ser iniciada no dia 45 e concluda

    at o dia 67, para se cumprir o prazo previsto no Diagrama de Precedncia

    PERT/CPM de 22 dias corridos;

    - Mo de obra prevista para executar a tarefa: devero trabalhar 5

    carpinteiros e 5 ajudantes. Calculado com base em quanto tempo leva cada

    carpinteiro para executar 1 m de forma;

    - Custo / hora do carpinteiro e servente;

    - Quantidade de materiais necessrios;

    - Tarefas: anterior e posterior a esta;

    - Equipamentos e ferramental de execuo: tipos mais adequados e custo /

    hora;

  • Gerenciamento e Administrao de Obras

    23

    - Segurana: procedimentos e equipamentos de segurana individual e

    coletivo;

    - Procedimentos ambientais e de sustentabilidade;

    - Valor da tarefa prevista em contrato;

    - E outros dados numricos e informaes tcnicas.

    3 FASE - OPERAO E CONTROLE DA EXECUO DA OBRA

    A terceira fase corresponde a execuo da obra, com base na

    programao detalhada das tarefas, elaborada na segunda fase do

    gerenciamento.

    De acordo com a qualidade definida pelo projeto;

    No prazo previsto no contrato;

    Dentro do oramento previsto no contrato.

    E com segurana;

  • Gerenciamento e Administrao de Obras

    24

    O CONCEITO DE GERENCIAMENTO A SER ADOTADO PARA SE

    CONSEGUIR OS QUATRO PRINCIPAIS OBJETIVOS

    Conceito: o gerenciamento consiste em atividades associadas com:

    planejamento, programao e organizao, direo e controle dos recursos

    organizacionais para objetivos de curto e mdio prazo, visando a

    complementao de objetivos especficos, dentro de um perodo

    determinado.

    Planejamento: o processo de tomada de decises interdependentes,

    visando uma situao futura desejada, ou seja, so decises tomadas no

    presente, que resultam em implicaes futuras.

    Aplicao no Gerenciamento: no se consegue os quatro objetivos

    analisados anteriormente, sem aplicar o planejamento. Uma atividade de

    gesto que no inclua o planejamento no pode ser considerada

    gerenciamento.

    O planejamento inclui atividades de mdio e longo prazo, e inclui

    dados e informaes gerais, sem detalhamento. Faz parte da primeira fase do

    gerenciamento: a fase de preparao da proposta para Licitao.

    Organizao: a ao atravs da qual se estabelece a melhor forma

    de se compor os recursos fsicos, humanos e financeiros para se obter o melhor

    desempenho.

    Programao: o planejamento detalhado, e pode ser realizado a

    curto prazo.

    Aplicao no Gerenciamento: a organizao uma atividade que

    deve ser aplicada durante toda a execuo da obra.

  • Gerenciamento e Administrao de Obras

    25

    A programao a atividade que detalha os dados numricos

    definidos na fase de Licitao, para serem gerenciados. Gerenciam-se dados

    numricos. Quanto mais detalhados os dados numricos para serem

    gerenciados, mais fcil ser conseguir os quatro objetivos. Deve ser aplicada

    na segunda fase do gerenciamento, logo aps a assinatura do contrato de

    obra.

    Direo: a ao atravs da qual se define quando, como, onde e

    por quem, e com quais recursos devem ser executadas as tarefas planejadas.

    a execuo da obra com base na programao.

    Aplicao no Gerenciamento: a direo uma atividade que deve

    ser aplicada na terceira fase do gerenciamento (durante a execuo da

    obra), com base na programao. Deve contar com a participao dos

    gerentes e coordenadores. Resulta das decises tomadas por cada um que

    est gerenciando a obra, para complementar e adaptar a cada momento

    as definies da programao, face realidade do momento.

    Controle: tem dois conceitos...

    1. S existe controle da execuo de uma tarefa da obra quando se

    compara o que est sendo executado com o que estava previsto na

    programao. No havendo previso na programao, no h como

    controlar. Aplica-se este conceito aos desenhos e especificaes do

    projeto, ao prazo, ao custo, ao progresso fsico e outros itens.

    2. a ao de medir o resultado de uma atividade (antes de iniciar, durante

    a execuo e aps a mesma) e comparar o resultado obtido com o

    padro estabelecido, para verificar se atende aos limites de tolerncia.