Apostila Psicultura 26-02-09 FINAL

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_________________________________________________________________________ Piscicultura 1 ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 6 2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PEIXES............................................................... 7 2.1 ANATOMIA DOS PEIXES................................................................................................. 7 2.1.1 Morfologia externa ........................................................................................................ 8 2.1.2 Morfologia interna ........................................................................................................ 9 2.2 CADEIA ALIMENTAR DOS PEIXES ............................................................................. 14 2.2.1 Planctívoros ou planctófagos ...................................................................................... 15 2.2.2 Herbívoros.................................................................................................................... 15 2.2.3 Carnívoros.................................................................................................................... 16 2.2.4 Onívoros ....................................................................................................................... 16 2.2.5 Detritívoros .................................................................................................................. 16 2.2.6 Iliófagos ....................................................................................................................... 17 2.3 ATIVIDADE ..................................................................................................................... 17 2.3.1 Descrição do problema ................................................................................................ 17 2.3.2 Questionamento ........................................................................................................... 18 2.4 LEITURA COMPLEMENTAR......................................................................................... 19 3 AMBIENTE AQUÁTICO - PROPRIEDADES FÍSICO-QUIMICAS DA ÁGUA .... 20 3.1 TEMPERATURA .............................................................................................................. 20 3.2 TRANSPARÊNCIA .......................................................................................................... 22 3.3 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS ................................................................................... 23 3.4 POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (PH) .......................................................................... 23 3.5 OXIGÊNIO DISSOLVIDO (O 2 D) ..................................................................................... 25 3.5.1 Difusão direta .............................................................................................................. 25 3.5.2 Processo de fotossíntese ............................................................................................... 25 3.6 DIÓXIDO DE CARBONO (CO 2 ) ...................................................................................... 25 3.7 ALCALINIDADE ............................................................................................................. 26 3.8 SÓLIDOS SUSPENSOS.................................................................................................... 26 3.9 NITROGÊNIO ................................................................................................................... 27 3.10 CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS .............................................................................. 27 3.11 ATIVIDADE ..................................................................................................................... 28 3.11.1 Descrição do problema .............................................................................................. 28 3.11.2 Questionamento ......................................................................................................... 29 3.12 LEITURA COMPLEMENTAR......................................................................................... 29 4 SISTEMAS DE PRODUÇÃO ......................................................................................... 30 4.1 CLASSIFICAÇÃO DA CRIAÇÃO QUANTO A SUA FINALIDADE ............................ 30 4.1.1 Cria ou produção de alevinos ...................................................................................... 30 4.1.2 Recria, engorda ou produção de pescado ................................................................... 30 4.1.3 Exploração mista de cria e recria................................................................................ 30 4.1.4 Outros tipos de exploração .......................................................................................... 30 4.2 CLASSIFICAÇÃO DA PISCICULTURA QUANTO AO SISTEMA DE CRIAÇÃO ...... 30 4.2.1 Piscicultura extensiva .................................................................................................. 30 4.2.2 Piscicultura semi-intensiva ......................................................................................... 31 4.2.3 Piscicultura intensiva .................................................................................................. 31 4.3 QUANTIDADE DE ÁGUA X SISTEMA DE PRODUÇÃO ............................................ 31 4.3.1 Semi-intensivo.............................................................................................................. 31 4.3.2 Intensivo....................................................................................................................... 31

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    Piscicultura 1

    NDICE

    1 INTRODUO .................................................................................................................. 6

    2 CARACTERSTICAS GERAIS DOS PEIXES............................................................... 7

    2.1 ANATOMIA DOS PEIXES ................................................................................................. 7 2.1.1 Morfologia externa ........................................................................................................ 8 2.1.2 Morfologia interna ........................................................................................................ 9

    2.2 CADEIA ALIMENTAR DOS PEIXES ............................................................................. 14 2.2.1 Planctvoros ou planctfagos ...................................................................................... 15 2.2.2 Herbvoros .................................................................................................................... 15 2.2.3 Carnvoros .................................................................................................................... 16 2.2.4 Onvoros ....................................................................................................................... 16 2.2.5 Detritvoros .................................................................................................................. 16 2.2.6 Ilifagos ....................................................................................................................... 17

    2.3 ATIVIDADE ..................................................................................................................... 17 2.3.1 Descrio do problema ................................................................................................ 17 2.3.2 Questionamento ........................................................................................................... 18

    2.4 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 19

    3 AMBIENTE AQUTICO - PROPRIEDADES FSICO-QUIMICAS DA GUA .... 20

    3.1 TEMPERATURA .............................................................................................................. 20 3.2 TRANSPARNCIA .......................................................................................................... 22 3.3 CARACTERSTICAS QUMICAS ................................................................................... 23 3.4 POTENCIAL HIDROGENINICO (PH) .......................................................................... 23 3.5 OXIGNIO DISSOLVIDO (O2D) ..................................................................................... 25

    3.5.1 Difuso direta .............................................................................................................. 25 3.5.2 Processo de fotossntese ............................................................................................... 25

    3.6 DIXIDO DE CARBONO (CO2) ...................................................................................... 25 3.7 ALCALINIDADE ............................................................................................................. 26 3.8 SLIDOS SUSPENSOS .................................................................................................... 26 3.9 NITROGNIO ................................................................................................................... 27 3.10 CARACTERSTICAS BIOLGICAS .............................................................................. 27 3.11 ATIVIDADE ..................................................................................................................... 28

    3.11.1 Descrio do problema .............................................................................................. 28 3.11.2 Questionamento ......................................................................................................... 29

    3.12 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 29

    4 SISTEMAS DE PRODUO ......................................................................................... 30

    4.1 CLASSIFICAO DA CRIAO QUANTO A SUA FINALIDADE ............................ 30 4.1.1 Cria ou produo de alevinos ...................................................................................... 30 4.1.2 Recria, engorda ou produo de pescado ................................................................... 30 4.1.3 Explorao mista de cria e recria................................................................................ 30 4.1.4 Outros tipos de explorao .......................................................................................... 30

    4.2 CLASSIFICAO DA PISCICULTURA QUANTO AO SISTEMA DE CRIAO ...... 30 4.2.1 Piscicultura extensiva .................................................................................................. 30 4.2.2 Piscicultura semi-intensiva ......................................................................................... 31 4.2.3 Piscicultura intensiva .................................................................................................. 31

    4.3 QUANTIDADE DE GUA X SISTEMA DE PRODUO ............................................ 31 4.3.1 Semi-intensivo .............................................................................................................. 31 4.3.2 Intensivo ....................................................................................................................... 31

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    Piscicultura 2

    4.4 ATIVIDADE ..................................................................................................................... 32 4.4.1 Descrio do problema ................................................................................................ 32 4.4.2 Questionamento ........................................................................................................... 32

    4.5 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 32

    5 CONSTRUO DE VIVEIROS .................................................................................... 33

    5.1 FATORES DETERMINANTES PARA LOCALIZAO DE VIVEIROS ...................... 33 5.1.1 Escolha do local ........................................................................................................... 33 5.1.2 gua ............................................................................................................................. 33 5.1.3 Medidas de vazo ......................................................................................................... 34 5.1.4 Solos e seleo de equipamentos - granulometria ...................................................... 35 5.1.5 Permeabilidade ............................................................................................................ 35 5.1.6 Topografia .................................................................................................................... 36

    5.2 TIPOS DE VIVEIROS ....................................................................................................... 36 5.3 PARA CONSTRUO DE VIVEIROS ........................................................................... 37

    5.3.1 Recomendaes para tamanhos e profundidade de viveiros ...................................... 37 5.4 TIPOS DE VIVEIROS ....................................................................................................... 38

    5.4.1 Viveiros de terra (escavados) ....................................................................................... 38 5.4.2 Viveiros de alvenaria ................................................................................................... 38 5.4.3 Outros ........................................................................................................................... 38

    5.5 FORMA E DIMENSES DE VIVEIROS ......................................................................... 39 5.6 OUTRAS CARACTERSTICAS IMPORTANTES NA CONSTRUO DE VIVEIROS

    39 5.6.1 Sada de gua e Canal de Desge............................................................................. 39 5.6.2 Estruturas .................................................................................................................... 39

    5.7 PLANEJAMENTO DE UMA CRIAO ......................................................................... 42 5.7.1 Cronograma de produo e utilizao dos tanques .................................................... 43

    5.8 PROJETO PADRO PARA A PISCICULTURA EM VIVEIROS DE TERRA (PARA 15.000 M

    2 - L,5HA) ....................................................................................................................................... 44

    5.8.1 Engorda........................................................................................................................ 45 5.9 ATIVIDADE ..................................................................................................................... 47

    5.9.1 Descrio do problema ................................................................................................ 47 5.9.2 Questionamento ........................................................................................................... 48

    5.10 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 49

    6 CALAGEM E ADUBAO DE VIVEIROS ................................................................ 50

    6.1 PREPARO DOS VIVEIROS ............................................................................................. 50 6.2 ESVAZIAMENTO ............................................................................................................ 50 6.3 DESINFECO ................................................................................................................ 50

    6.3.1 Desinfeco com cal virgem (CaO) ou cal hidratada (Ca(OH)2) .............................. 50 6.3.2 Desinfeco de reas escuras e com cheiro de enxofre .............................................. 50

    6.4 APLICAO DE CALCRIO ......................................................................................... 50 6.5 OXIDAO DA MATRIA ORGNICA ....................................................................... 51 6.6 FERTILIZAO ............................................................................................................... 52

    6.6.1 Fertilizantes qumicos (N - P K) ............................................................................... 52 6.6.2 Fertilizao antes do povoamento ............................................................................... 53 6.6.3 Fertilizao aps o povoamento .................................................................................. 53 6.6.4 Recomendaes ............................................................................................................ 54

    6.1 ATIVIDADE ..................................................................................................................... 54 6.1.1 Descrio do problema ................................................................................................ 54 6.1.2 Questionamento ........................................................................................................... 54

    6.2 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 54

    7 ESPCIES CULTIVADAS NO BRASIL ...................................................................... 55

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    Piscicultura 3

    7.1 NATIVAS .......................................................................................................................... 55 7.1.1 Pacu (Piaractus mesopotamicus) ................................................................................ 55 7.1.2 Piau, Piauu, Piapara (Leporinus sp) ......................................................................... 55 7.1.3 Curimat ou curimba (Prochilodus scrofa) ................................................................ 56 7.1.4 Matrinch, Piraputanga (Brycon sp) .......................................................................... 56 7.1.5 Pintado, Surubim (Pseudoplatystoma coruscan) ........................................................ 57 7.1.6 Jundi (Rhamdia quelen) ............................................................................................ 57 7.1.7 Trara (Hoplias malabaricus) ...................................................................................... 58

    7.2 EXTICAS ........................................................................................................................ 59 7.2.1 Carpa cabea grande (Aristichthys nobilis) ................................................................ 59 7.2.2 Carpa capim (Ctenopharyngodon idella) .................................................................... 59 7.2.3 Carpa prateada (Hypophthalmichthys molitrix) ......................................................... 60 7.2.4 Tilpia (Oreochromis niloticus) .................................................................................. 61

    7.3 ATIVIDADE ..................................................................................................................... 61 7.3.1 Descrio do problema ................................................................................................ 61 7.3.2 Questionamento ........................................................................................................... 62

    7.4 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 62

    8 REPRODUO NATURAL E ARTIFICIAL DOS PEIXES ...................................... 63

    8.1 REPRODUO COMO UM EVENTO CCLICO ........................................................... 64 8.1.1 O ciclo anual ................................................................................................................ 64

    8.2 MECANISMOS ENDCRINOS DA REPRODUO .................................................... 64 8.3 REPRODUO NATURAL............................................................................................. 65

    8.3.1 Obtendo reprodutores .................................................................................................. 65 8.3.2 Induo da ovulao e/ ou desova .............................................................................. 65 8.3.3 Induo da desova sem tratamento hormonal ............................................................ 65 8.3.4 Induo da desova em superfcie artificial tipo kakabans ......................................... 66 8.3.5 Viveiros de desova com as caractersticas acima citadas ........................................... 66

    8.4 REPRODUO INDUZIDA ............................................................................................ 66 8.5 ORIGEM E CUIDADOS COM O PLANTEL DE REPRODUTORES ............................. 67 8.6 IDADE PARA REPRODUO ........................................................................................ 68 8.7 POCA DE REPRODUO ............................................................................................ 68 8.8 SELEO E TRANSPORTE E ACONDICIONAMENTO DE REPRODUTORES ........ 69

    8.8.1 Tamanho dos reprodutores.......................................................................................... 69 8.9 RECONHECIMENTO DO SEXO E SELEO ............................................................... 70 8.10 TRANSPORTE E ACONDICIONAMENTO ................................................................... 71 8.11 INDUO HORMONAL ATRAVS DA HIPOFISAO............................................. 72 8.12 OUTROS HORMNIOS .................................................................................................. 72 8.13 PREPARAO E INJEO DA DOSE HORMONAL ................................................... 72 8.14 HORAS-GRAU ................................................................................................................. 73 8.15 EXTRUSO E FECUNDAO ....................................................................................... 73

    8.15.1 Material necessrio .................................................................................................... 73 8.16 COLETA E PRESERVAO DE GLNDULAS PITUITRIAS .................................. 75 8.17 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE UMA DESOVA INDUZIDA .......................... 75

    8.17.1 Vantagens .................................................................................................................. 75 8.17.2 Desvantagens ............................................................................................................. 75

    8.18 OVOS DE PEIXES FERTILIZADOS ............................................................................... 76 8.19 FERTILIZAO ARTIFICIAL DOS OVOS DE PEIXES ............................................... 76 8.20 FERTILIZAO DOS OVOS PEGAJOSOS .................................................................... 76 8.21 FERTILIZAO DE OVOS NO PEGAJOSOS ............................................................. 77 8.22 DESENVOLVIMENTO DE OVOS E LARVAS E INCUBAO ................................... 77 8.23 ATIVIDADE ..................................................................................................................... 79

    8.23.1 Questionamento ......................................................................................................... 79 8.24 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 80

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    Piscicultura 4

    9 CULTIVO, NUTRIO E MANEJO ALIMENTAR .................................................. 81

    9.1 CONSRCIO PEIXES/SUNO ......................................................................................... 82 9.2 CONSRCIO PEIXES/AVES........................................................................................... 82 9.3 POLICUTIVO PARA CLIMA TEMPERADO ................................................................. 83

    9.3.1 Espcies propostas ....................................................................................................... 83 9.3.2 Proporo das espcies ................................................................................................ 84 9.3.3 Cronograma do cultivo ................................................................................................ 86

    9.4 MANEJO ALIMENTAR DOS PEIXES EM POLICULTIVO .......................................... 87 9.4.1 Alimentos ..................................................................................................................... 87 9.4.2 Freqncia de alimentao ......................................................................................... 88 9.4.3 Manejo alimentar ........................................................................................................ 88 9.4.4 Resultado Esperados .................................................................................................... 88

    9.5 NUTRIO DE PEIXES .................................................................................................. 90 9.5.1 Exigncias nutricionais dos peixes ............................................................................. 90 9.5.2 Exigncia protica ....................................................................................................... 90 9.5.3 Exigncia energtica ................................................................................................... 92 9.5.4 Exigncias vitamnico-minerais .................................................................................. 94 9.5.5 Qualidade dos ingredientes empregados para alimentao dos peixes...................... 96 9.5.6 Qualidade das raes ................................................................................................... 97

    9.6 ATIVIDADE ..................................................................................................................... 98 9.6.1 Descrio do problema ................................................................................................ 98 9.6.2 Questionamento ........................................................................................................... 98

    9.7 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 99

    10 DOENAS COMUNS NA PISCICULTURA .............................................................. 100

    10.1 ICTIOFTIRASE ............................................................................................................. 100 10.1.1 Tratamento ............................................................................................................... 100

    10.2 VERME DE BRNQUIAS (COSTIA)............................................................................ 100 10.2.1 Tratamento ............................................................................................................... 100

    10.3 SAPROLEGNOSE .......................................................................................................... 100 10.3.1 Tratamento ............................................................................................................... 100

    10.4 ARGULOSE .................................................................................................................... 101 10.4.1 Tratamento ............................................................................................................... 101

    10.5 ATIVIDADE ................................................................................................................... 101 10.5.1 Descrio do problema ............................................................................................ 101 10.5.2 Questionamento ....................................................................................................... 101

    10.6 LEITURA COMPLEMENTAR ....................................................................................... 102 11 PROCESSAMENTO DE PESCADO E COMERCIALIZAO ................................... 103

    11.1 EVISCERAO E FILETAGEM ................................................................................... 103 11.1.1 Retirada das escamas ............................................................................................... 103 11.1.2 Retirada da cabea ................................................................................................... 103 11.1.3 Eviscerao .............................................................................................................. 103 11.1.4 Fileteamento ............................................................................................................ 104

    11.2 MTODOS SIMPLES DE CONSERVAO DO PESCADO ....................................... 104 11.2.1 Resfriamento ............................................................................................................ 104 11.2.2 Qualidade do gelo .................................................................................................... 105 11.2.3 Tipo do gelo .............................................................................................................. 105 11.2.4 Quantidade de gelo .................................................................................................. 105 11.2.5 Empilhamento .......................................................................................................... 105 11.2.6 Armazenagem .......................................................................................................... 105 11.2.7 Congelamento .......................................................................................................... 106 11.2.8 Salga ......................................................................................................................... 106 11.2.9 Diferentes mtodos de salga .................................................................................... 107

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    Piscicultura 5

    11.2.10 Secagem natural .................................................................................................... 108 11.2.11 Secagem artificial .................................................................................................. 109

    11.3 ATIVIDADE ................................................................................................................... 109 11.3.1 Questionamento ....................................................................................................... 109

    11.4 LEITURA COMPLEMENTAR ....................................................................................... 109

    12 LEGISLAO AMBIENTAL ...................................................................................... 110

    12.1 INTRODUO ............................................................................................................... 110 12.2 LEGISLAO FEDERAL .............................................................................................. 111 12.3 LEGISLAO AMBIENTAL ........................................................................................ 111

    12.3.1 Licenciamento ambiental ........................................................................................ 112 12.4 LEGISLAO BSICA SOBRE PESCA E MEIO AMBIENTE ................................... 114 12.5 LEITURA COMPLEMENTAR ....................................................................................... 115

    13 LITERATURA CONSULTADA .................................................................................. 117

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    Piscicultura 6

    1 INTRODUO

    A piscicultura um tipo de explorao animal que vem se tornando cada vez mais

    importante como fonte de protena para o consumo humano, principalmente pela reduo

    dos estoques pesqueiros que, em 1991 (produo de 16.574.497 ton.), aumentou sua

    produo em 8,3% em relao a 1990 e, 100% nos ltimos oito anos. Outros fatores que

    esto favorecendo o desenvolvimento atual da piscicultura so as modificaes drsticas do

    hbitat, tais como poluio, desmatamento e represamentos. A mudana no hbito

    alimentar das pessoas, o aparecimento de novos produtos mais prticos para o consumo e a

    utilizao para lazer e esporte, tambm favoreceram o desenvolvimento da atividade.

    A exploso demogrfica e a conseqente necessidade de se produzir alimentos de

    alta qualidade, em especial aqueles oriundos da explorao animal, se constitui no fator

    bsico do extraordinrio desenvolvimento verificado na criao de peixes nos ltimos anos.

    O Brasil desponta como uma potncia de primeiro mundo em criao de peixes

    devido ao seu extenso territrio, com diferentes tipos de clima, bem como suas bacias

    hidrogrficas e represas, as quais acumulam grande quantidade de guas interiores,

    havendo assim, em sua ictiofauna, uma grande diversificao de espcies apresentando

    grande possibilidade de utilizao na produo de pescado.

    O desenvolvimento da piscicultura com espcies autctocnes tem sido uma

    preocupao constante nos pases tropicais. Por isso, pesquisadores tm-se preocupado em

    identificar espcies que disponham de condies que possibilitem sua explorao em

    cultivos semi-intensivo e intensivo. A crescente demanda de protena de origem animal

    obriga-nos a buscar o aprimoramento das tcnicas de produo de alimento, visando

    explorao econmica e racional das espcies.

    Dentro da realidade brasileira, a piscicultura sem dvida reconhecida como uma

    atividade capaz de produzir protena de origem animal de alto valor biolgico, rica em

    vitaminas e minerais, a um custo relativamente inferior as demais criaes, devido

    pequena utilizao de insumos e a possibilidade do aproveitamento de resduos

    agropecurios no utilizados para o consumo humano.

    O objetivo deste manual dar uma informao bsica para quem pretende iniciar na

    atividade de criao de peixes. Esta atividade uma alternativa para o produtor diversificar

    o potencial de sua propriedade, produzindo uma fonte de protena animal a baixo custo e,

    conseqentemente, aumentar a renda da famlia rural.

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    Piscicultura 7

    2 CARACTERSTICAS GERAIS DOS PEIXES

    Estes animais pertencem classe dos OSTEICHTHYES (peixes sseos), ao Filo

    CHORDATA e ao SUBFILO VERTEBRATA.

    2.1 ANATOMIA DOS PEIXES

    Corpo achatado lateralmente e dividido em cabea, tronco e calda

    Nadadeiras pares e impares

    Boca de localizao terminal

    Corpo revestido por escamas ganide, ciclide e ctenide

    Algumas espcies no apresentam escamas, tendo o corpo revestido por pele

    Apresentam grande quantidade de glndulas mucides

    Aparelho digestivo completo

    Dentes Homodontes, Polifiodontes e Acrodontes

    Terminao anal separada da urogenital

    Abertura urogenital independente da anal

    Ausncia de vlvula espiral

    Aparelho respiratrio do tipo branquial e pulmonar

    Quatro pares de arcos branquiais de localizao lateral nas paredes farngeas

    Brnquias protegidas por um par de placas sseas (oprculos)

    Sistema esqueltico de natureza ssea

    Vrtebras do tipo anficlicas

    Sistema circulatrio do tipo fechado simples e venoso

    Nadadeira caudal homocerca e dificerca

    Corao com um sinus, uma aurcula, um ventrculo e um bulbo

    Sangue: hemcias elpticas e nucleadas

    Sistema nervoso com 10 pares de nervos cranianos

    Sistema sensorial bem diferenciado com linhas laterais, rgos visuais, olfativos, tteis e eltricos

    Presena de cavidade peritonial e pericrdica

    Presena de bexiga natatria com funo hidrosttica, auditiva, respiratria e de emisso de rudos

    Sistema reprodutor desenvolvido e duplo

    So diicos e raramente apresentam dimorfismo sexual

    Geralmente ovparos com fecundao externa, raramente ovovivparos ou vivparos

    Sistema excretor formado por dois rins (mesonfrons)

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    Piscicultura 8

    2.1.1 Morfologia externa

    Apresentam corpo de forma fusiforme, achatada transversalmente e fusiforme nas extremidades

    O corpo dividido em trs pores: cabea, tronco (sem limites ntidos) e cauda

    A boca de localizao terminal com aspecto de uma fenda transversal.

    As duas fossas nasais no tm comunicao com a boca e esto localizadas diante dos olhos

    Duas narinas dispostas uma de cada lado da cabea

    Dois oprculos laminados recobrindo as brnquias e dispostos atrs dos olhos com a borda posterior livre

    Nos bordos da boca podem se observar duas pequenas barbas com funo ttil

    O tronco limita-se anteriormente com a cabea pela borda posterior dos oprculos e com a cauda na altura das aberturas urogenital e anal

    No tronco encontra-se duas nadadeiras torcicas, duas plvicas ventrais e a dorsal formada por uma nica pea

    Na cauda existem duas nadadeiras impares: a caudal e anal, esta ltima disposta atrs do nus

    A nadadeira caudal do tipo homocerca por apresentar dois lobos iguais separados pela terminao da coluna vertebral

    Corpo apresenta-se revestido externamente por um dos trs tipos de escamas: ganides, ciclides ou ctenides

    Duas linhas laterais percorrem longitudinalmente o tronco e cauda ao longo da poro mdia do corpo, formando os rgos sensoriais.

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    Piscicultura 9

    Figura 1: Anatomia externa de peixes telesteos.

    Fonte: LOPES, P.

    2.1.2 Morfologia interna

    2.1.2.1 Sistema Tegumentar

    A pele constituda por duas partes: a epiderme e a derme

    Epiderme

    Constituda por numerosas camadas de clulas epiteliais de revestimento. Possui

    uma camada basal geradora chamada de Camada de Malpighi, responsvel pela elaborao

    das clulas da epiderme. Nesta camada so encontradas as glndulas de muco elaboradas

    nas camadas mais profundas (Camada de Malpighi), rompendo-se na superfcie corprea e

    eliminado uma substncia mucilaginosa responsvel pela lubrificao corprea (diminuindo

    o atrito na gua e permitindo um maior deslizamento).

    Os pigmentos existentes logo abaixo da epiderme so responsveis pela colorao

    dos peixes. O tipo de pigmento varia em natureza e aspecto.

    Derme

    Constituda por um tecido conjuntivo de preenchimento formado por clulas, fibras

    conjuntivas, vasos sanguneos e nervos. Entre e derme a epiderme existe uma condensao

    de tecido conjuntivo, que forma a membrana basal.

    Os cromatforos so clulas especiais localizadas na camada mais externa da

    derme e esto relacionados com a absoro de luz. No interior dos cromatforos so

    encontrados grnulos de melanina. As cores so fornecidas por pigmentos como: lipforos

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    Piscicultura 10

    ou xantforos (pigmento amarelo) e leucforos ou iridicitos (pigmento branco, prateado ou

    metlico).

    As escamas recobrem o corpo dos peixes e so de natureza drmica, apresentando-

    se de dois tipos:

    Escamas ganides - desenvolvem-se inteiramente na derme possuindo forma rmbica (pontuda) e articuladas uma nas outras. So de ocorrncia em peixes

    antigos sendo raros nos peixes atuais.

    Escamas ciclides - so as mais comuns e predominantes nos peixes atuais. De origem drmica, recobrem integralmente o corpo dos telesteos. Apresentam borda

    livre e arredondada. Possui uma camada de dentina e no ocorre em tecido sseo.

    2.1.2.2 Sistema Muscular

    Constitudo por musculatura esqueltica estriada com forma de W aberto para trs. Esta musculatura se estende pelo corpo e cauda. dividida por segmentos com bandas

    de tecido conjuntivo. Os msculos da cabea e nadadeiras so menores e rudimentares.

    2.1.2.3 Sistema Esqueltico

    ossificado e dividido em trs pores: axial, zonal e apendicular.

    Esqueleto Axial

    Constitudo por cabea, coluna vertebral, costelas e esterno.

    Esqueleto zonal

    Constitudo pelas costelas ou por ossos isolados depositados nos septos

    intermusculares.

    Esqueleto apendicular

    constitudo pelas nadadeiras pares torcicas e plvicas com tamanhos, forma e

    localizao variveis. As nadadeiras impares, dorsal, ventral e caudal tambm so

    amplamente variveis. As nadadeiras caudais possuem dois tipos morfolgicos

    fundamentais: homocerca e dificerca.

    As nadadeiras homocercas caracterizam-se por apresentar dois lobos, um superior e

    outro inferior, simtricos entre eles esta a terminao da coluna vertebral.

    As nadadeiras dificercas apresentam um s lobo com a coluna vertebral no seu

    interior ou dois simtricos externos, com a terminao da coluna vertebral.

    2.1.2.4 Sistema Digestrio

    Constitudo pela boca (com dentes e glndulas anexas), faringe, esfago, estmago,

    intestino delgado e nus.

    Boca

    Situada na extremidade anterior da cabea, do tipo terminal. Apresenta dentes do

    tipo acrodonte, homodonte e polifodonte. Os dentes participam do mecanismo de apreenso

    dos alimentos. A lngua de forma alongada, pouco mvel e localizada no assoalho da

    boca. Esta participa tambm da apreenso dos alimentos empurrando-os para o interior da

    faringe.

    Faringe

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    Piscicultura 11

    a continuao direta da boca. No apresenta limites precisos constituindo uma

    ampla bolsa em cujas paredes laterais se encontram as brnquias.

    Esfago

    Apresenta a forma de um tubo curto que se abre diretamente no estmago.

    Estmago

    uma dilatao do tubo digestivo com aspecto de uma bolsa. Esta bolsa fornece um

    esboo de uma pequena e grande curvatura.

    Intestino

    um tubo relativamente longo com vrias alas terminando no nus, na confluncia

    do corpo com a cauda. Entre o estmago e o intestino, existe uma vlvula denominada

    pilrica, responsvel pela regulagem da passagem dos alimentos. Entre o estmago e o

    intestino ocorre numerosos cecos pilricos.

    2.1.2.5 Sistema Respiratrio

    completo do tipo braquial, constitudo por quatro pares de brnquias pectinada

    (filamentosas). As brnquias situam-se bilateralmente nas paredes laterais da faringe. So

    sustentadas pelos 30 ao 60 par de arcos viscerais. As brnquias protegidas por uma lmina

    ssea denominada oprculo. Os oprculos so constitudos por um conjunto de ossos.

    O processo respiratrio ocorre quando a gua atravs de uma corrente contnua

    entra pela boca, banha as brnquias, enquanto a tampa opercular se mantm colada ao

    tronco. Em seguida a boca se fecha, abrindo as fendas operculares, propiciando a passagem

    de gua para o meio exterior. A permanncia da gua no interior da faringe e em contato

    com as brnquias possibilita as trocas gasosas entre o oxignio dissolvido na gua e o gs

    carbnico (hematose).

    Estrutura branquial

    De aspecto pectinado com duas fileiras de brnquias em cada arco branquial. O

    corpo da brnquia constitudo de uma estrutura esqueltica (raios branquiais) de natureza

    ssea ou cartilaginosa. Interiormente as brnquias so percorridas por uma abundante rede

    capilar responsvel pelo processo de hematose. Os capilares penetram nas brnquias atravs

    de dois ramos aferentes procedentes do tronco principal da artria aorta ventral que

    transporta o sangue venoso do corpo para as brnquias. Aps as trocas gasosas, o sangue

    sai das brnquias atravs de dois ramos eferentes que lanam o sangue arterial no interior

    do corpo da artria aorta dorsal no sentido ventro-dorsal.

    Bexiga natatria

    um saco grande de paredes finas, ligadas faringe por um ducto pneumtico.

    Preenchida pelos gases (N, O, CO2) Localiza-se na poro dorsal da cavidade do corpo.

    Seu revestimento interno pode ser liso, alveolado ou septado, mas sempre simulando

    aspecto de um pulmo. O canal de comunicao entre s bexiga natatria e o esfago ou

    faringe denomina-se Ducto Pneumtico.

    Funes da bexiga natatria:

    Hidrosttica:

    Sua funo de regular a descida ou ascenso dos peixes em relao superfcie da

    gua. Para tanto os peixes absorvem gases existentes no interior da bexiga atravs da

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    Piscicultura 12

    corrente sangunea com eliminao conseqente pelas brnquias. Desta forma os peixes

    conseguem atingir grandes profundidades, assim como no mecanismo inverso, onde ocorre

    a subida em direo a superfcie.

    Acstica:

    Alguns peixes possuem divertculos oriundos da bexiga natatria em direo ao

    interior da cabea at atingir o ouvido interno. A, ocorre uma srie de 3 a 4 pequenos ossos

    denominados ossculos de Weber. Estes, por sua vez, procedem de vrtebras modificadas,

    que se ligam ao nervo auditivo. Atravs de mecanismos complexos, onde o nervo auditivo

    estimulado, observa-se a propagao para os ossculos de Weber e da para a bexiga

    natatria, permitindo a variao de presso gasosa no seu interior. A vibrao destes

    ossculos aumenta a capacidade auditiva destes peixes.

    Emisso de rudos

    Algumas bexigas possuem diversas cmaras separadas umas das outras por septos.

    Desta forma conseguem produzir rudos pela contrao rpida de sua musculatura, forando

    a passagem dos gases pelas diversas cmaras, pondo em vibrao os septos existentes.

    Respiratria

    Sua funo uma das mais importantes, exclusiva dos peixes fisstomos

    (pulmonados). Devido permeabilidade do ducto pneumtico ocorre a passagem do ar do

    ambiente, fornecendo um tipo de respirao semelhante a dos tetraplides. Este fenmeno

    ocorre com o Pirambia (peixe da Amaznia) que chega a superfcie da gua, provocando

    uma longa respirao de ar, mergulhando em seguida. No perodo de seca, estes animais

    podem permanecer durante longo tempo no lodo. Para tal constroem uma cpsula de

    gelatina que envolve seu organismo e retirando o oxignio diretamente da atmosfera. Esse

    processo estende-se at o retorno do perodo das chuvas.

    2.1.2.6 Sistema Circulatrio

    constitudo pelo sistema sanguneo (sangue, corao, artrias, veias e capilares) e

    pelo sistema linftico (linfa, vasos linfticos e gnglios linfticos).

    Corao

    constitudo por um tubo musculoso envolvido por uma camada pericrdica. O

    corao localiza-se abaixo da bolsa farngea ou regio branquial. Possui trs camadas de

    tecidos, endocrdio, miocrdio e epicrdio.

    Principais artrias

    1 artria aorta ventral (canaliza o sangue do corpo para o corao)

    2 artrias aortas dorsais (transporta o sangue do corao para as brnquias e destas para todo o corpo).

    2.1.2.7 Sistema Nervoso

    Apresenta duas substncias nervosas concntricas, a branca externa e a cinzenta

    interna. A massa branca representa os tratos nervosos constitudo por conjunto de axnios

    orientados craniocaudalmente e ricos em mielina. A massa cinzenta indicativa de

    estruturas celulares nervosas e de axnios sem mielina envolvente. Envolvendo o conjunto

    do sistema nervoso central (crebro, cerebelo e bulbo) ocorre uma estrutura espessa, mais

    ou menos rgida, denominada meninge responsvel pela proteo das estruturas nervosas.

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    Piscicultura 13

    2.1.2.8 Sistema Sensorial

    Compreende um conjunto de estruturas especializadas para as sensibilidades:

    gustativas, olfativas, auditivas, tctil-dolorosa-trmica, e pressorreceptoras.

    Sensibilidade gustativa

    muito rudimentar devido ao tipo de deglutio ser muito rpida

    Existem clulas epiteliais especializadas entre as criptas da lngua

    Terminaes nervosas sensitivas do glossofarngeo esto presentes na faringe, tambm, relacionadas com a degustao.

    Sensibilidade olfativa

    Muito desenvolvida nos peixes

    Atravs dos dois sacos olfativos o cheiro captado do meio, estes sacos esto protegidos pelos ossos do crnio

    Recebem estmulos qumicos

    No possui ligaes com a boca, apenas um poro aberto na superfcie do corpo junto aos cantos da boca

    A gua a cada instante mudada permitindo o animal sensibilidade odorfera de certas molculas

    Das clulas epiteliais partem filamentos nervosos para o interior do crnio, formando o nervo olfativo e este atinge os lobos olfativos

    Sensibilidade auditiva

    Apresentam canais semicirculares cujas paredes so revestidas por clulas sensitivas relacionadas com o mecanismo de equilbrio

    No interior dos canais semicirculares aparecem dois pequenos grnulos, os otlitos, constitudos por carbonato de clcio em suspenso na endolinfa

    Os otlitos participam no mecanismo reflexo de equilbrio do ser

    Sensibilidade visual

    pouco desenvolvida

    Possuem dois globos oculares bem diferenciados

    O globo ocular apresenta a forma de um esferide com ntido achatamento antero-posterior

    Este formato de olho condiciona, desta maneira, a formao da imagem atrs da retina o que possibilita viso a longa distncia em detrimento de objetos colocados

    prximos dos olhos

    No apresentam glndulas lacrimais

    Esclertica - camada mais externa, parenta em seu interior placas cartilaginosas destinadas a dar maior proteo ao globo ocular, principalmente nas grandes

    profundidades onde a presso muito grande

    Coride - a segunda capa formada pela camada vascular, responsvel pela alimentao sangunea das estruturas do olho

    Sensibilidade ttil

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    Piscicultura 14

    Muito desenvolvida e especializada

    Ocorrem terminaes sensitivas em todo corpo do animal localizadas nas pores superficiais da camada drmica, com funo de percepo dos diferentes tipos de

    estmulos

    Linha lateral - formada por dois canculos situados logo abaixo da epiderme e abertos na superfcie corprea por inmeros poros que permitem a passagem e

    circulao de gua do meio ambiente. As paredes internas destes canculos possuem

    clulas especiais Neuromastos - que atuam como estruturas pressorreceptoras (presso da gua). Na cabea a linha lateral encontra-se modificada (ampola de

    lorenzini) no sentido de responder aos estmulos das variaes trmicas da gua.

    2.1.2.9 Sistema Excretor

    Apresenta-se disposto bilateralmente ao longo do tronco, diante da coluna vertebral

    Os rins em nmero de dois so do tipo mesonefros. Possuem colorao vermelha vinho;

    De cada rim parte um canal excretor que se estende at o orifcio urogenital

    2.1.2.10 Sistema Reprodutor

    Apresentam sexos separados

    Apresentam gnadas pares situadas no interior da cavidade celomtica

    Os machos apresentam dois testculos. Destes partem dois canais deferentes que se abrem no interior do poro genital, comum ao aparelho urinrio

    As fmeas apresentam dois ovrios. Destes partem dois ovidutos que por sua vez, tambm se abrem no poro genital.

    2.2 CADEIA ALIMENTAR DOS PEIXES

    Todas as larvas de peixe, qualquer que seja a espcie, aps a absoro do saco

    vitelino, alimentam-se do plncton, sendo que algumas espcies do preferncia ao fito e

    outras ao zooplncton. A tilpia, peixe de regime alimentar preferencialmente planctfagos,

    aps a absoro das reservas contidas no saco vitelino, passa a alimentar-se de algas,

    enquanto que a trara e o dourado, espcies carnvoras, preferem o zooplncton.

    A alimentao dos peixes pelo plncton pode-se dar direta ou indiretamente. Alguns

    deles podem ingerir diretamente os organismos planctnicos, entretanto, para muitos outros

    o fitoplncton constitui apenas um elo inicial da cadeia alimentar, pois que ele serve de

    alimento a protozorios e estes a rotferos, microcrustceos, larvas de insetos, vermes e

    outros animais que por sua vez constituem o alimento dos peixes. Mesmo os peixes

    carnvoros, comem outros peixes que se alimentam dos organismos planctnicos. Atingida

    a fase de alevino o regime alimentar do peixe defini-se, porm, existem certas espcies que

    permanecem fitoplanctfagas durante toda a vida.

    De acordo com a diversidade dos alimentos, os peixes so divididos em:

    eurifgicos, quando consomem vrios itens alimentares; estenofgicos, quando consomem

    pouca diversidade de itens; e monofgicos quando existe o domnio de um item.

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    Piscicultura 15

    De acordo com a natureza do alimento, as espcies so classificadas em: herbvoras,

    carnvoras, onvoras e detrifagas (incluindo plncton), mas tambm so reconhecidas as

    espcies ilifagas e algumas que poderiam ser chamadas de especialistas, embora todas as

    outras citadas tambm sejam especialidades.

    2.2.1 Planctvoros ou planctfagos

    So assim denominados os peixes que se alimentam predominantemente de

    plncton.

    Classificam-se em:

    Seletores: selecionam suas presas individualmente;

    Filtradores passivos: abrem boca e nadam, deixando que os rastros concentrem as partculas;

    Filtradores ativos ou bombeadores: o peixe fica parado ou ligeiramente em movimento fazendo bombear gua com movimentos ativos da cavidade boca-branquial.

    2.2.1.1 Tilpia

    Durante seu primeiro estgio de crescimento, que vai do nascimento at atingir

    3,5cm de comprimento, a Tilapia rendalli alimenta-se exclusivamente de microorganismos

    pertencentes ao fitoplncton e neste estgio, mesmo que haja na gua onde elas se

    encontram abundncia de organismos animais, estes no so encontrados em seu estmago.

    No segundo estgio de crescimento, de 3,5 at 10 cm de comprimento, d-se uma transio

    alimentar de algas para vegetais superiores e finalmente no terceiro estgio, de 10 cm em

    diante, a alimentao feita exclusivamente na base de vegetais superiores. Entretanto,

    outras espcies do gnero Tilapia, como T. galillaea e T. esculenta, so exclusivamente

    fitoplanctfagas, alimentado-se de algas durante toda sua vida.

    2.2.2 Herbvoros

    So peixes que selecionam alimento vegetal vivo: vegetais superiores, macro e

    microalgas bentnicas e fitoplncton. Embora o peixe que se alimenta de fitoplncton possa

    ser denominado herbvoro, essa expresso mais apropriada para os que se alimentam

    principalmente de vegetais multicelulares, devido s adaptaes anatmicas necessrias

    para utilizar esses vegetais e s implicaes ecolgicas de tal atividade. Os mecanismos

    digestivos usados para destruir a celulose da clula vegetal, os herbvoros marinhos so

    classificados em quatro grupos:

    Os que digerem o alimento em estmagos com alta acidez;

    Os que trituram o alimento por meio de dentes faringeanos;

    Os que trituram o alimento por meio de um estmago muscular;

    Os que mantm microorganismos que fermentam o alimento em uma poro da parte posterior do intestino.

    Na reviso sobre peixes herbvoros de gua doce, cita experimentos nos quais

    peixes perdiam peso quando alimentados somente com plantas e que o recuperavam quando

    a dieta era completamente com protena animal. Isso permite deduzir que, na natureza,

    peixes herbvoros precisam complementar suas dietas com protena animal; comenta

    tambm sobre a ao negativa dos taninos na digestibilidade das plantas. Observou que, no

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    Piscicultura 16

    Rio Negro (Amaznia), os peixes herbvoros preferem frutas e sementes, ingerindo poucas

    folhas.

    Hyporhamphus melanochir herbvoro de dia e carnvoro de noite.

    2.2.3 Carnvoros

    So peixes que selecionam alimento animal vivo, incluindo zooplncton. Quando o

    alimento constitudo principalmente por peixe chamado de piscvoro ou ectifago;

    quando os crustceos, carcinfago, quando por moluscos, malacfago, quando por

    cefalpodos, teutfago, quando por insetos, insetvoro etc.

    Nos rios e pequenos lagos, os insetos tm uma importante participao na dieta do

    peixe, os quais, geralmente, esto presentes o ano inteiro, embora estejam mais disponveis

    na poca das cheias. Os insetos adultos podem flutuar ou afundar, ao carem na gua ou ser

    carregados pela chuva, podendo tambm ser capturados por peixes especializados quando

    pousam perto da superfcie da gua. Entre as formas larvais, as de vida aqutica so mais

    usadas como alimento, mas tambm so aproveitadas larvas terrestres.

    O canibalismo tem importantes implicaes na auto-ecologia das espcies, porque

    geralmente funciona como uma forma de autocontrole populacional, acentuando-se quando

    as condies de alimentao so inadequadas ou por convenincia de adultos, como ocorre

    em algumas espcies de Hoplias, Cichla, Salminus, etc. Atribui aos desenhos e ao colorido

    de Cichla ocellaris, que aparecem em exemplares a partir de determinado tamanho, a

    funo de alertar os exemplares maiores da prpria espcies para evitar o canibalismo.

    2.2.4 Onvoros

    So peixes que utilizam de alimento animal e vegetal vivo, em partes bastante

    equilibradas. Quando h certo domnio de algum dos itens. Referem-se s espcies como:

    onvoras com tendncia a carnvoras, ou onvoras com tendncia a herbvoras. Em relao

    ecologia trfica, usa o termo onvoro para referir-se s espcies que se utiliza de alimentos

    pertencentes a dois ou mais nveis trficos. O peixe carnvoro combina ingesto de

    alimento animal, que de alto valor energtico, porm requer certo esforo para obt-lo,

    com ingesto de alimento vegetal, que de baixo teor energtico, porm pode ser obtido

    com menor esforo, com a condio de ter capacidade para digeri-lo, conforme observado

    em Lagodon rhomboides.

    2.2.5 Detritvoros

    So peixes que se alimentam de matria orgnica de origem animal em putrefao

    e/ou matria vegetal em fermentao. difcil reconhecer um detritvoro na natureza

    atravs do exame de contedo estomacal, porque um animal j morto pode ter as mesmas

    caractersticas de um animal morto pelo predador, assim como fica difcil reconhecer o

    detrito vegetal do semi-digerido. Alguns detritvoros, talvez todos, tm suas dietas

    complementadas com algas e bactrias, como Mugil cephalus, Tilapia mossambica e

    Hutilus rutilus.

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    Piscicultura 17

    2.2.6 Ilifagos

    So peixes que ingerem substrato formado por lodo ou areia, que por si s no

    representa um tipo de alimento. O substrato ingerido porque nele so encontrados os

    alimentos procurados (animal, vegetal ou detrito) sendo que esses peixes contam com um

    aparelho digestivo adaptado para selecion-lo. Conseqentemente seria mais apropriado

    denominar o hbito de ingerir substrato, junto com o tipo de alimento usado, como:

    ilifago-detritvoro, para diferenci-lo do detritvoro que no ingere lodo etc. O estudo

    alimentar de um ilifago deve incluir a correta separao do substrato inerte.

    Os principais alimentos includos no lodo so:

    Organismos microscpicos de superfcie;

    Detrito planctnico sedimentado;

    Detrito de macroflora;

    Detrito de fauna nectnica e bentnica;

    Matria coprognica;

    Detrito orgnico;

    Detrito inorgnico.

    Ex.: Curimbat (Prochilodus scrofa)

    O curimbat o peixe mais comum dos nossos rios, principalmente em So Paulo,

    onde ocorre na proporo de 70% do total dos vrios peixes. uma espcie de dentio

    atrofiada, que se alimenta de algas contidas no lodo. Estes peixes possuem um estmago

    musculoso, semelhante moela das aves, adaptado, portanto, a digerir a carapaa silicosa

    das diatomceas. Estas constituem seu principal alimento, o que foi constatado atravs de

    estudos do contedo estomacal desses peixes.

    Ex.: Saguir (curimatus sp)

    Peixe destitudo de dentio, de tamanho pequeno e muito comum em nossas guas,

    quer paradas, quer correntes. Alimenta-se o saguir da matria orgnica contida no lodo,

    especialmente das algas.

    Ex.: Cascudo (Plecostomus sp)

    O regime alimentar dos cascudos muito especializado, pois os mesmos alimentam-

    se exclusivamente de algas, dando preferncia aos locais pedregosos onde estas se

    acumulam. Nunca se conseguiu criar uma s larva desse peixe com microcrustceos. A

    preferncia dos cascudos pelas algas de tal ordem que quando presos em aqurios durante

    algum tempo, aderem aos vidros, limpando-os das algas que a costumam acumular-se, da

    serem chamados de "limpa-vidros".

    2.3 ATIVIDADE

    2.3.1 Descrio do problema

    Um tanque de criao de peixes, apesar de total ou parcialmente controlado, constitui um sistema ecolgico complexo que deve ser conhecido e estudado, pois todos os

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    Piscicultura 18

    seus aspectos (qualidade da gua, temperatura, oxignio dissovido, etc.) sofrem ao do

    meio ambiente. Assim, sendo um tanque de piscicultura um ecossitema, ainda que artificial,

    deve-se conhecer os organismos que o compe bem como a cadeia alimentar em que eles

    esto inseridos para saber as perdas de energia entre organismos produtores at os

    decompositores. Texto intitulado Piscicultura, retirado do site http://www.criareplantar.com.br/aquicultura/piscicultura/zootecnia.php?tipoConteudo=text

    o&idConteudo=283.

    2.3.2 Questionamento

    Sobre a criao de peixes em tanques e o ecossistema presente nestes, conceitue:

    a) Aquicultura

    b) Piscicultura

    c) Plncton

    d) Bentos

    e) Macrfitas aquticas

    Resposta:

    a) Aqicultura o processo de produo em cativeiro de organismos com hbitat predominantemente aqutico, em qualquer estgio de desenvolvimento, ou

    seja: ovos, larvas, ps-larvas, juvenis ou adultos.

    b) A piscicultura um dos ramos da aqicultura, que se preocupa com o cultivo de peixes.

    c) So organimos microscpicos que possuem pequena capacidade de movimentao e portanto flutuam livremente nas guas. Podem ser de origem

    animal (zooplncton) ou vegeteal (fitoplmcton) e constituem a base da cadeia

    alimentar. O zooplncton representado, no tocante a piscicultura, pelos

    protozorios, rotferos e microcrustceos . J o fitoplncon composto por

    organismos autotrficos (produtores) respresentados por alguns tipos de

    bactrias e algas de diferentes classes.

    d) Organismos que habitam o fundo (sendimento) dos tanques, representados, entre outros, por larvas de insetos, algas, moluscos, algumas bactrias e fugos.

    De modo geral estes so os responsveis pela decomposio e reciclagem dos

    nutrientes.

    e) Vegetais superiores que permanecem ou no enraizados, no fundo dos tanques. Podem ou no estar totalmente submersas e algumas flutuam sobre a

    superfcie da gua e permancem com as razes submersas. Geralmente esto

    relacionadas com a presena de matria orgnica na gua.

    Objetivo da atividade: Discutir alguns conceitos que sero abordados no decorrer

    do contedo desta apostila.

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    Piscicultura 19

    2.4 LEITURA COMPLEMENTAR

    BARCELLOS, J.G. Policultivo de Jundis, Tilpias e carpas Uma alternativa de produo para a piscicultura rio-grandense. Editora UPF. 2006, 127p.

    MOREIRA, H.L.M. et al. Fundamentos da Moderna Aqicultura. Editora Ulbra-RS,

    2001, 199 p.

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    Piscicultura 20

    3 AMBIENTE AQUTICO - PROPRIEDADES FSICO-QUIMICAS DA GUA

    A gua o composto considerado como a essncia da Terra e domina por completo

    a composio qumica de todos os organismos, alm de ser o meio onde vivem os peixes.

    Sendo assim especificamente, as suas caractersticas regulam eficazmente o metabolismo

    do ecossistema a variaes climticas e geogrficas. Essas variaes so decorrentes da

    interao.

    Calor Especfico - quantidade de calor necessrio para elevar em um grau

    centgrado, um grama de gua -por definio corresponde a uma caloria (1,0 cal), este valor

    considerado alto; Calor de vaporizao - a gua possui um alto valor para esta

    caracterstica, sendo que a 10 C de 540 cal/g.

    Viscosidade - capacidade de oferecer resistncia ao movimento - com 30 C a gua

    tem a metade da viscosidade que cinco graus centgrados. Portanto a viscosidade diminui

    com a temperatura;

    Densidade -a gua apresenta densidade varivel, de acordo com as condies do

    meio, a maior densidade da gua atingida a zero grau centgrado

    A gua, por suas peculiares caractersticas lquido-slidas, tornam-na um ambiente

    estratificvel que influencia sobremaneira as dinmicas qumicas e biolgicas dos corpos

    d'gua (no nosso caso viveiros). Entretanto comparando-a com o meio areo, apresenta-se

    como um meio temperado, onde as flutuaes extremas de suas caractersticas e

    temperatura se encontram mais amortizadas que no meio areo.

    A seguir passaremos a tratar especificamente de cada um dos principais fatores

    abiticos que geram efeito sobre a vida aqutica, bem como das principais interaes que

    ocorrem entre eles, e tambm sobre a qualidade de gua para piscicultura.

    3.1 TEMPERATURA

    Atravs da conduo, a radiao incidente na gua transformada em energia

    calorfica e nela se propaga, de molcula para molcula. Este processo de absoro de

    energia trmica mais intenso quanto mais se aproxima da superfcie da gua,

    principalmente at um metro de profundidade, dessa forma, na ausncia de fatores que

    provoquem a movimentao (turbulncia) da gua (atravs do vento do funcionamento de

    aeradores, infusores de ar, motores, etc) ocorre estratificao da coluna d'gua, tornando-a,

    teoricamente, como mostra a Figura 2.

  • _________________________________________________________________________

    Piscicultura 21

    Figura 2: Esquema de estratificao trmica de um ambiente aqutico.

    Fonte: MOREIRA et al. (2001).

    Essas diferenas trmicas observadas nestas camadas fazem com que hajam

    diferentes valores de densidade em cada uma delas, o que impede que ocorra a mistura

    d'gua em toda a coluna, dessa forma, na ausncia de fatores que provoquem turbulncia na

    gua, no haver distribuio uniforme de calor. Quando o ambiente aqutico apresenta-se

    estratificado teoricamente, normalmente apresenta-se estratificado para quase todos os

    outros fatores fsicos e qumicos, com efeitos sobre as condies biolgicas do ambiente,

    devido grande inter-relao entre todos estes fatores. Este fenmeno muito mais

    freqente e com maiores conseqncias em regies tropicais, devido s maiores

    temperaturas observadas, pois os limites entre as camadas tornam-se, como j ditos

    barreiras fsicas, o que pode influenciar na qualidade da gua nas diferentes camadas, um

    exemplo quanto a distribuio espacial dos gases e nutrientes no ambiente aqutico.

    Em um ambiente aqutico estratificado, a concentrao de gases e sais, como O2,

    CO2, PO3 apresenta comportamento diferenciado em cada camada, e pode ser ilustrada na

    Figura3.

    Figura 3: Demonstrao exemplificando a estratificao dos gases e sais no meio aqutico.

    Fonte: MOREIRA et al., 2001.

    RADIAO

    RADIAO

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    Piscicultura 22

    Este exemplo mostra que nesse tipo de ambiente, o extrato superior rico em O2,

    favorecendo a permanncia de peixes. Entretanto, quanto a produtividade primria

    (fitoplncton) no apresenta-se favorvel devido s baixas concentraes de CO2 e PO3,

    trazendo conseqncias na produo de zooplncton na coluna de gua, devido a que seu

    substrato (fitoplncton) encontra melhores condies no estrato inferior do viveiro, a qual

    no possui concentrao satisfatria de O2, vital para a sobrevivncia.

    De maneira geral a distribuio e disponibilidade de gases e sais na coluna d'gua

    afeta diretamente a distribuio e a sobrevivncia dos organismos aquticos. Desta forma

    valido pensar que a estratificao trmica em viveiros de piscicultura no uma

    caracterstica desejvel, visto que suas implicaes biolgicas, principalmente quanto ao

    aspecto da distribuio de O2 na coluna d'gua que em situaes de alta demanda biolgica,

    pode tornar-se limitante para o bom desenvolvimento, ou at para a sobrevivncia dos

    peixes. Da a importncia do uso, quando necessrio, de aeradores, que alm de atuarem

    como oxigenadores, ainda desempenham papel importante na desestratificao dos

    ambientes aquticos.

    A temperatura interfere diretamente na solubilidade de gases, velocidade de reaes

    qumicas, circulao de gua, metabolismo dos peixes, etc. A faixa ideal das espcies

    tropicais est entre 20 a 30C, sendo o nvel timo para a maioria entre 25 e 28C.

    Temperaturas inferiores a 20C normalmente afetam o metabolismo dos peixes tropicais,

    acarretando diminuio de apetite e das taxas de crescimento. A temperatura letal muito

    varivel entre espcies, sendo de 5C para as carpas, 10C para as tilpias e 15C para

    tambaqui e pacu. O controle de temperatura pode ser feitos por meios artificiais com o uso

    de aquecedores, mas invivel economicamente. A temperatura que convm considerar

    no a da gua de alimentao do viveiro, mas sim a gua dos viveiros onde os peixes

    vivem. Por isso, ao se construir um viveiro, deve-se escolher um local bem exposto ao sol e

    ao vento, onde possa tirar o maior rendimento de ambos.

    3.2 TRANSPARNCIA

    A transparncia est relacionada com o material em suspenso, tanto mineral como

    orgnico. Quanto mais plncton, menor a transparncia.

    O disco de Secchi o equipamento usado para medir esse parmetro. Uma

    transparncia ideal da gua de um viveiro medida pelo disco de Secchi est em torno de 30

    e 40 cm, indicando uma boa produo biolgica nos viveiros. As guas de cor esverdeada

    ou azulada so geralmente boas. As amareladas ou acastanhadas, provenientes de pntanos,

    so cidas e imprprias para culturas de peixes.

    A figura abaixo (Figura 4) ilustra a medio da transparncia atravs do uso do

    disco de Secchi.

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    Piscicultura 23

    Figura 4: Disco de Secchi.

    Fonte: SOSINSKI & CAMARGO (1996).

    3.3 CARACTERSTICAS QUMICAS

    Toda gua na natureza deriva da precipitao atmosfrica, produto da condensao

    do vapor de gua no ar (chuva), e contm vrios compostos nitrogenados, sulfatos, cloretos,

    etc., cuja quantidade varia no somente com o local, como com as estaes do ano.

    Em todo o trajeto, a gua dissolve numerosas substncias do solo, que a tornam uma

    soluo mais ou menos diluda de sais minerais e 12 compostos orgnicos. Alm dessas

    substncias dissolvidas, a gua arrasta no seu caminho partculas no-solveis, colides e

    partculas maiores, tornando-se uma suspenso mineral ou orgnica. A gua o solvente

    universal encontrado na natureza. Ela dissolve os gases como O2, N2, CO2, CH4, H2S, entre

    outros; os sais minerais e substncias orgnicas, etc. Todos esses gases so de fundamental

    importncia para a piscicultura. O valor pisccola de uma gua depende essencialmente da

    natureza do terreno com o qual a gua est em contato.

    3.4 POTENCIAL HIDROGENINICO (pH)

    O processo de dissociao da molcula de gua liberando ao meio certa quantidade

    de ons H+ sem quebrar o equilbrio (H2O = H

    + + OH).

    Quando a quantidade de ons H+ igual de ons OH- em uma soluo, ela dita

    como neutra. J quando h uma vantagem para os ons H+ a soluo dita como cida, quando o contrario alcalina ou bsica. O pH, que definido como logaritmo negativo da

    concentrao molar de ons hidrognio a medida que expressa a acidez ou alcalinidade de

    uma soluo e, alm de ser influenciado pela quantidade de ons H+ e OH, ainda afetado

    fortemente por sais, cidos e bases que ocorram no meio.

    Os valores de pH variam de 1,0 a 14,0 sendo que abaixo de 4,0 fatal maioria dos

    peixes, entre 5,0 e 6,0 causa queda no desenvolvimento, entre 6,5 a 9,5 permite um

    desenvolvimento satisfatrio, entre 7,0 a 8,5 a faixa ideal ao desenvolvimento dos peixes

    e, acima de 11,0 letal.

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    Piscicultura 24

    Em viveiros de piscicultura o pH influenciado pela concentrao de ons H+

    originados da dissociao do cido carbnico (H2CO3 2 H + CO3-2), pelas reaes de

    ons carbomato e bicarbonato (CO3-2 + H2O< >HCO3 + OH; H2O < > H2CO3+OH), pelo

    processo de fotossntese da respirao (CO3-2+ H2O c/ luz < > s/ luz CH2O + O2), por

    causas do manejo como adubao e calagem, ou mesmo pela poluio. Ainda importante

    salientar que aliteraes no pH da gua podem causar mortalidade nos peixes. Essas

    alteraes em diferentes propores, dependendo da capacidade de adaptao da espcie,

    atravs da maior ou menor dificuldade de estabelecer o equilbrio osmtico em nvel de

    brnquias, podem determinar grandes dificuldades respiratrias nas espcies ou indivduos

    menos versteis ou resistentes, levando-os morte.

    O comportamento do pH no perodo de 24 horas de um dia, segue de maneira

    diretamente proporcional o do O2D (oxignio dissolvido) e, inversamente o do CO2 (Figura

    5). Portanto intensos "blooms" de algas, em viveiros com baixas taxas de renovao de

    gua, dependendo da densidade de estocagem, podero apresentar altas taxas de

    mortalidade de peixes, principalmente durante a noite e na madrugada devido s altas

    concentraes de CO2 no meio oriundo do processo de respirao. Este gs quando esta

    livre no meio aqutico, reage com a gua promovendo a liberao de ons CO2 + H2O < >

    H2CO3 + H+ < > CO3-2 + H

    +, consequentemente baixando o pH e, devido ao conjunto

    destes processos, a concentrao de O2 poder chegar a zero.

    Figura 5: Comportamento do pH, O2 dissolvido e CO2 livre para um ciclo dirio de 24

    horas em um ambiente aqutico.

    Fonte: MOREIRA et al. (2001).

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    Piscicultura 25

    3.5 OXIGNIO DISSOLVIDO (O2D)

    O oxignio o gs mais importante para os peixes, por isso, em termos de

    piscicultura a ele que devemos dar maior importncia. As fontes de O2 so: a atmosfera e

    a fotossntese.

    Sem o oxignio dissolvido na gua, os peixes de cultivo e todos os outros

    organismos aquticos no podem sobreviver. Existem duas fontes naturais de obteno de

    oxignio:

    3.5.1 Difuso direta

    Atravs do contato e penetrao direta do ar atmosfrico na gua. O O2 da atmosfera

    entra na gua principalmente por mistura mecnica, provocada pela ao dos ventos, por

    correntes naturais de massas hbridas e agitaes causadas pela topografia do terreno. A

    concentrao do oxignio na gua varia com a sua temperatura (relao

    concentrao/temperatura est intimamente ligada), bem como a solubilidade desse gs

    depende ainda da presso atmosfrica. A solubilidade do oxignio na gua diminui

    medida que a temperatura aumenta. Em temperatura alta, os peixes logo utilizam o O2D da

    gua, podendo ocorrer mortalidade por asfixia. A solubilidade de O2D diminui com a

    reduo da presso atmosfrica. A solubilidade do O2D na gua baixa com o aumento da

    solubilidade.

    3.5.2 Processo de fotossntese

    A liberao de oxignio na gua, mediante processo fotossinttico pelo fitoplncton

    (algas, em especial), a principal fonte de obteno do O2D em um sistema de cultivo de

    peixes. Durante o processo fotossinttico pelos rgos clorofilados dos vegetais, o gs

    carbnico (CO2) desdobrado sob a ao dos raios solares. Enquanto o carbono (C)

    utilizado para a sntese de hidratos de carbono e carbonatos, o oxignio expelido,

    contribuindo e muito para a oxigenao da gua. Sem a luz solar, importantssima para esse

    processo, o oxignio expelido durante as horas do dia em que ela suficiente para essa

    funo fisiolgica e at onde possa penetrar em quantidade suficiente. noite, h consumo

    de O2D e no produo.

    Em guas turvas e com baixa transparncia, a produo fotossinttica pode diminuir

    ou at mesmo parar. Pode-se notar, portanto, que o processo fotossinttico dos organismos

    clorofilados est limitado s camadas superficiais de gua, onde a maior parte da luz

    absorvida.

    3.6 DIXIDO DE CARBONO (CO2)

    um gs que apresenta uma grande importncia no meio aqutico, como visto

    anteriormente o (O2 dissolvido em pH). Esse gs pode causar problemas para a piscicultura,

    no entanto, seus efeitos patognicos so geralmente causados pela asfixia que pode

    provocar. Nem sempre o CO2 txico para os peixes; a maior parte das espcies podem

    sobreviver por vrios dias em gua contendo mais que 60 mg/l, desde que esta gua

    apresente um aporte substancial de O2 para o peixe e, como j foi visto, normalmente as

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    Piscicultura 26

    altas concentraes de CO2 na gua esto sempre acompanhadas de baixas concentraes

    de O2, por terem estes comportamentos inversamente proporcionais.

    Considerando-se os processos naturais no ambiente, particularmente altas

    concentraes de CO2 ocorrem em viveiros aps grande mortalidade de fitoplncton, aps a

    desestratificao trmica e quando o clima apresenta-se nublado.

    de difcil constatao, tendo em vista que ele se transforma em carbonatos e

    bicarbonatos, mas sabido que capaz de acidificar a gua quando esta apresenta baixa

    alcalinidade. H estudos que indicam que em guas com concentraes de CO2 superiores a

    20mg/litro, tem-se constatado a existncia de leses calcificadas, isto pode se agravar em

    guas com baixas concentraes de magnsio (guas moles), nesta condio, 30 mg de CO2

    na gua pode levar o pH da mesma a 4,8.

    3.7 ALCALINIDADE

    a capacidade da gua em neutralizar cidos. Refere-se concentrao total de sais

    na gua, sendo expressa em miligrama por litro, em equivalente de carbonato de clcio

    (CaCO3), bicarbonato (HCO3 ), carbonato (CO3), amnia (NH3), hidroxila (OH), fosfato

    (PO4-2), slica (SiO4) e alguns cidos orgnicos podem reagir para neutralizar ons

    hidrognio (H+). Para viveiros de piscicultura so desejveis valores de alcalinidade acima

    de 20mg/l, sendo que valores entre 200-300mg/l so os mais indicados. Um resumo do

    significado da alcalinidade no viveiro est descrito abaixo:

    Zero: gua extremamente cida, deve-se corrigir com compostos calcrios;

    5-20mg/l: Alcalinidade muita baixa, pH varia muito e a gua no muito produtiva;

    25-100mg/l: O pH pode continuar variando mas a produtividade aumenta consideravelmente;

    100-200mg/l: Nveis timos de produtividade.

    3.8 SLIDOS SUSPENSOS

    Os slidos suspensos correspondem a partculas de alimento no consumidos, fezes

    ou matria inorgnica em suspenso na coluna d'gua. A gua suja prejudica o peixe de

    duas formas:

    Direta - pelos ferimentos ou acmulos nas brnquias, comprometendo a respirao dos animais;

    Indireta - pela diminuio da penetrao de luz na gua, reduzindo a produtividade natural do viveiro.

    Teores de 10 g/l so suportados por espcies tropicais, sendo o nvel ideal de 2 g/l.

    O Filtro mecnico simples pode diminuir os mesmos, sendo que um filtro de 0,35 m de

    camada filtrante (cascalho de 7 mm), 0,30m de altura, 1,20 m de comprimento e 0,90 m de

    largura filtra um canal de alimentao com descarga de 36 l/s.

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    Piscicultura 27

    3.9 NITROGNIO

    O nitrognio apresenta-se presente no meio aqutico de diferentes formas: N2 (no

    utilizvel), como constituinte de compostos orgnicos dissolvidos (purinas, aminas,

    aminocidos, protenas etc), na forma de compostos particulados (plncton e detritos), na

    forma de nitratos e nitritos (NO3 e NO2, respectivamente) e na forma de nitrognio

    amonical (NH3/NH4+).

    De modo geral o ciclo do nitrognio est mais interligado s aes biolgicas. O

    nitrognio origina-se de aportes fluviais e lenis freticos, da decomposio da matria

    orgnica e da fixao biolgica. Os nitratos e o amnio so as principais formas

    assimilveis pelos produtores, os nitritos ocorrem em baixas concentraes (predomina em

    um meio anaerbio), pode tambm ser assimilvel e txico aos organismos aquticos em

    elevadas concentraes. O nitrito aps absorvido pelos peixes, reage com a hemoglobina

    para formar a meta-hemoglobina, esta no efetiva no transporte de O2. Portanto uma

    continuada absoro do nitrito pode levar os peixes morte por hipxia e cianose. O nvel

    de nitrito no meio no deve exceder a 0,15 mg/l.

    3.10 CARACTERSTICAS BIOLGICAS

    Um viveiro de criao de peixes, apesar de ser um ambiente total ou parcialmente

    controlado, no deixa de constituir um sistema ecolgico que deve ser estudado, pois todas

    as outras modalidades sofrem influncia das condies biolgicas do meio (Figura 6), alm

    das condies citadas nos tpicos anteriores. de fundamental importncia o

    monitoramento do plncton (Figura 7).

    Plncton so todos os organismos aquticos incapazes de vencerem correntes. Sua locomoo por conta prpria muito pequena, algumas espcies locomovem-se na

    vertical.

    Classificao:

    - Fitoplncton: frao vegetal composta de algas microscpicas, como, por exemplo,

    as algas verdes, os dinoflagelados, etc.

    - Zooplncton: frao animal composta por microcrustceos, coppodos, rotferos,

    etc.

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    Piscicultura 28

    Figura 6: Distribuio dos organismos no meio aqutico.

    Fonte: LOPES, P.

    Figura 7: Exemplos de alguns organismos do fito e zooplnctons.

    Fonte: LOPES, P.

    3.11 ATIVIDADE

    3.11.1 Descrio do problema

    A gua um dos recursos mais importantes do planeta. Vrios autores tm discutido a respeito das limitaes desse recurso e traado estimativas preocupantes quanto

    disponibilidade de gua para a populao crescente. Em regies que apresentam uma

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    Piscicultura 29

    abundncia da rede hdrica, como o Brasil, esperada uma maior dificuldade para

    percepo da fragilidade e das limitaes desse recurso, porm, para os pases

    desenvolvidos ou em desenvolvimento localizados em regies ridas ou semi-ridas, as

    limitaes de gua no se tratam de uma previso alarmista, pois os recursos j se

    encontram sob forte estresse. O desenvolvimento da piscicultura est possibilitando ampliar

    a produo mundial de pescado, estabilizada a alguns anos pelos limites da produo

    pesqueira. Por outro lado, de acordo com Bastian (1991), uma atividade causadora de

    potencial degradao ambiental. No Brasil, j comeam a surgir alguns casos isolados para

    os quais a implantao de unidades de piscicultura encontra dificuldades junto aos rgos

    ambientais, inclusive com a proibio de sua instalao, devido qualidade do efluente

    produzido pelo cultivo. Caracterizao e tratamento do efluente das estaes de piscicultura Revista UNIMAR 19(2):537-548, 1997 (http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevUNIMAR/article/viewPDFInterstitial/453

    8/3077).

    3.11.2 Questionamento

    A partir da leitura do artigo citado acima, escreva um resumo (com no mximo duas

    pginas) sobre o tratamento de efluentes de estaes de piscicultura.

    Objetivo da atividade: Desenvolver a leitura e escrita tcnica dos alunos.

    importante que esta atividade seja individual, de forma que todos treinem a escrita.

    3.12 LEITURA COMPLEMENTAR

    BOYD, C. Manejo do solo e da qualidade da gua em viveiros para aqicultura.

    Departament of Fisheries and Allied Aquacultures. Editora Mogiana Alimentos S.A. 1997,

    55p.

    POLI, C.R. et al. Aqicultura: experincias brasileiras. Florionpolis: Editora

    Multitarefa, 2003, 455 p.

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    Piscicultura 30

    4 SISTEMAS DE PRODUO

    4.1 CLASSIFICAO DA CRIAO QUANTO A SUA FINALIDADE

    4.1.1 Cria ou produo de alevinos

    Explorao em que peixes so passados a terceiros para serem recriados ou usados

    em povoamentos e repovoamentos de guas pblicas ou particulares. considerada a fase

    mais lucrativa; entretanto, exige demanda favorvel por alevinos na regio, maior

    dedicao por parte do produtor, maior ocupao de mo-de-obra especializada e

    instalaes de equipamentos mais complexos.

    4.1.2 Recria, engorda ou produo de pescado

    Explora-se a capacidade de ganho de peso e crescimento dos animais, englobando a

    fase de alevinagem at o abate. menos lucrativa que a fase de cria, entretanto,

    caracteriza-se por exigir menor dedicao do piscicultor, necessitar de menor ocupao de

    mo-de-obra, sendo essa menos qualificada, necessitar de instalaes e equipamentos

    menos complexos, podendo ser realizada em represas rurais, arrozais inundados, represas

    ou viveiros com ou sem integrao com outras exploraes agropecurias e por ser

    dependente da oferta de alevinos, demanda e preo de pescado na regio.

    4.1.3 Explorao mista de cria e recria

    Produz alevinos para uso prprio ou para terceiros.

    4.1.4 Outros tipos de explorao

    Para fins de lazer (povoamento de represa e pesque-pague). Para fins sanitrios

    (controlar a proliferao de insetos ou animais vetores de doenas).

    4.2 CLASSIFICAO DA PISCICULTURA QUANTO AO SISTEMA DE

    CRIAO

    O peixe, ao contrrio dos outros animais terrestres, pode ser criado de vrias

    maneiras diferentes, dependendo das condies da propriedade, tipo de alimento, espcie

    considerada e aceitao de mercado. possvel dividir didaticamente o sistema de criao

    em extensivo, semi-extensivo e intensivo.

    4.2.1 Piscicultura extensiva

    Explorao em que o homem interfere o mnimo possvel nos fatores de

    produtividade (apenas realiza o povoamento inicial do corpo d'gua). Caracteriza-se pela

    impossibilidade de esvaziamento total do criadouro, impossibilidade de despesca, ausncia

    de controle da reproduo dos animais estocados, presena de peixes e aves predadoras,

    ausncia de prticas de adubao, calagem e alimentao, alimentao apenas da

    produtividade natural e, pela produtividade baixa, dificilmente ultrapassa 400 kg/ha/ano.

  • _________________________________________________________________________

    Piscicultura 31

    4.2.2 Piscicultura semi-intensiva

    Sistema de explorao em que o homem interfere em alguns fatores de

    produtividade. Caracteriza-se pela possibilidade de esvaziamento total do criadouro,

    possibilidade de despesca, controle da reproduo dos animais estocados, ausncia ou

    controle de predadores, presena de prtica de adubao, calagem e, opcionalmente, uma

    alimentao artificial base de subprodutos regionais, manuteno de uma densidade

    populacional correta durante o perodo de cultivo, produtividade que pode chegar a

    10ton./ha/ano, sistema racional e econmico de produo recomendado para criao de

    peixes tropicais e por abranger ainda consorciaes com sunos, aves, arroz, etc.

    4.2.3 Piscicultura intensiva

    Sistema de explorao em que os fatores de produo so controlados pelo homem.

    Caracteriza-se por apresentar densidade populacional elevada de peixes por volume d'gua,

    alimentao artificial exclusivamente base de raes balanceadas, necessidade de alto

    fluxo de gua ou uma recirculao forada devido a alta densidade populacional,

    produtividade elevada, podendo ultrapassar 90 kg/m3/ano, sistema racional de custo

    elevado, com mo-de-obra especializada e alto nvel de mecanizao.

    4.3 QUANTIDADE DE GUA X SISTEMA DE PRODUO

    A quantidade mnima de gua que se deve dispor depende de vrios fatores. Deve

    ser no mnimo suficiente para repor as perdas por evaporao e por infiltrao e, satisfazer,

    em parte, as necessidades de oxignio dos peixes.

    4.3.1 Semi-intensivo

    A renovao de gua pode variar de 5 a 30% por dia;

    A vazo pode variar de 10 a 50 litros/s/h (estimada no perodo seco);

    O nvel de oxigenao deve ser maior ou igual a 5 mg/l;

    A estocagem pode ser de 1 kg de peixe/m2. Quantidades maiores podem causar problemas na produo e sade dos peixes.

    4.3.2 Intensivo

    Renovao de gua varia entre 100 a 200% por dia (Ex.: truta);

    Vazo de 200 a 500 l/s/ha;

    Nvel de oxignio entre 5 e 10 mg/l (dependendo da espcie);

    Densidade de 50 a 600/m3 permitida (Ex: tilpias em gaiola podem produzir de 50 a 300 kg/m

    3/safra).

  • _________________________________________________________________________

    Piscicultura 32

    4.4 ATIVIDADE

    4.4.1 Descrio do problema

    Desde meados de 1970, estudos envolvendo estresse tm sido freqentemente realizados no campo da fisiologia de peixes. No ambiente, a resposta ao estresse pode ser

    vista como a capacidade dos peixes mobilizarem as reservas de energia de forma a evitar ou

    vencer imediatamente situaes de ameaa. Em piscicultura intensiva, a situao de

    estresse est constantemente presente, e pode afetar o desempenho produtivo dos peixes,

    prejudicando o estado de sade e aumentado a suscetibilidade a doenas. Texto retirado do artigo de reviso Estresse dos peixes em piscicultura intensiva (http://www.pisciculturapaulista.com.br/pdf/estresse_peixes.pdf).

    4.4.2 Questionamento

    A partir da leitura deste texto, responda as seguintes perguntas:

    a) Quais os fatores que afetam a sobrevivncia dos peixes aps o estresse de captura, confinamento, pesagem, carregamento, transporte e descarregamento?

    b) Cite prticas de manejo que auxiliam na preveno do estresse?

    Resposta:

    a) Espcie, qualidade da gua nos tanques de produo (temperatura, CO2, oxignio dissolvido, amnia), estado nutricional dos peixes, existncia de

    alguma doena, estratgia de despesca e transporte e intensidade e durao do

    estresse.

    b) Dentre os fatores que auxiliam na preveno do estresse, destaca-se a depurao dos peixes, pois a produo de amnia e o consumo de oxignio

    aumentam consideravelmente aps a alimentao. Recomenda-se um jejum de

    48 horas antes do transporte, pois os peixes se recuperam mais rapidamente

    do estresse. Alm disso, os peixes bem depurados entram nos tanques de

    transporte com trato digestivo praticamente vazio, reduzindo impacto do

    material fecal na gua de transporte. O uso de anestsicos, por exemplo,

    tambm auxilia na diminuio do estresse, medida que reduzem a atividade

    e o metabolismo dos peixes, reduzindo injrias fsicas, consumo de oxignio,

    excreo de metablicos txicos e grande economia de oxignio. Porm o uso

    deve ser moderado, pois algumas espcies so mais sensveis, podendo no

    tolerar alguns anestsicos nas doses recomendadas.

    Objetivo da atividade: Discutir prticas de manejo visando a reduo do estresse

    em sistemas intensivos, bem como abordar os mecanismos de ao do estresse sobre a

    produo.

    4.5 LEITURA COMPLEMENTAR

    POLI, C.R. et al. Aqicultura: experincias brasileiras. Florionpolis: Editora

    Multitarefa, 2003, 455 p.

  • _________________________________________________________________________

    Piscicultura 33

    5 CONSTRUO DE VIVEIROS

    5.1 FATORES DETERMINANTES PARA LOCALIZAO DE VIVEIROS

    5.1.1 Escolha do local

    A escolha do local para construo de viveiros para aqicultura deve satisfazer

    algumas condies, a fim de otimizar a ocupao do terreno, minimizar custos de

    implantao, e de que as futuras instalaes possam oferecer condies para um bom

    manejo. Para isto devem ser analisados, prioritariamente, os seguintes itens: gua, solo e

    relevo.

    5.1.2 gua

    A gua deve existir em qualidade e quantidade suficientes para viabilizar a

    implantao de um projeto de piscicu