Apostila SENAI - Revestimento cerâmico

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Programa de Aperfeiçoamento de Processos construtivos de obras Gerentes de Obras Revestimentos cerâmicos para paredes de vedação em alvenaria

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Programa de Aperfeiçoamento de Processos construtivos de obras Gerentes de Obras

Revestimentos cerâmicos paraparedes de vedação em alvenaria

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Programa de Aperfeiçoamento de Gerentes de Obras

Processos construtivos de obras

Revestimentos cerâmicos para paredes de vedação em alvenaria © SENAI 1999

Documento elaborado pelos participantes do Programa de Aperefeiçoamento de Gerentes de Obras do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Departamnento Nacional.

Responsáveis Alberto Casado Lordsleen JuniorFernando Henrique SabbatiniMercia Maria S. Bottura de Barros

SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem IndustrialDepartamento Regional de São PauloPraça Alberto Lion, 100 01515-000 - São Paulo

Telefone: (011) 243 5000Home page: http://www.sp.senai

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Sumário

Introdução .........................................................................................................3

Caracterização do subsistema revestimento cerâmico ................................4

Camada de fixação ..........................................................................................4

Argamassa adesiva .........................................................................................4

a) Composição.................................................................................................5

b) Preparação e aplicação ...............................................................................5

c) Características exigidas...............................................................................6

Colas................................................................................................................7

Juntas ..............................................................................................................7

Entre componentes.......................................................................................8

De trabalho ...................................................................................................9

Estruturais...................................................................................................10

Considerações para elaboração do projeto de revestimentos cerâmicos 10

Parâmetros para projeto ................................................................................11

Natureza e características da base.............................................................11

Natureza e características das camadas constituintes ...............................11

Solicitações do revestimento ......................................................................12

Condições de exposição .............................................................................12

Geometria dos painéis ................................................................................13

Desenvolvimento do projeto.......................................................................13

Análise preliminar .......................................................................................13

Elaboração do projeto.................................................................................14

Criação de elementos arquitetônicos ou construtivos.................................14

Definição dos arremates no topo do edifício ...............................................15

Definição da execução de pontos críticos...................................................15

Definição dos painéis de revestimentos......................................................15

a) Revestimentos internos correntes .............................................................16

b) Revestimentos externos ............................................................................16

Definição das características das juntas entre componentes .....................18

Redefinição de projeto ...................................................................................18

Produção dos revestimentos verticais com componentes cerâmicos ......19

Cuidados básicos para a produção dos revestimentos..................................19

Compra técnica...........................................................................................19

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Estoque do material ....................................................................................20

Emprego de mão-de-obra especializada ....................................................20

Verificação e preparo do substrato ............................................................20

Limpeza de superfícies ...............................................................................21

Textura........................................................................................................21

Planeza.......................................................................................................21

Execução da camada de acabamento........................................................22

Assentamento com argamassa adesiva .....................................................22

Ferramentas e equipamentos necessários .................................................22

Preparo e aplicação da argamassa adesiva ...............................................23

Assentamento dos componentes cerâmicos...............................................25

Procedimentos gerais .................................................................................25

Aplicação de revestimentos externos .........................................................27

Aplicação de revestimentos internos ..........................................................29Execução das juntas......................................................................................29

Juntas entre componentes..........................................................................29Juntas de trabalho ......................................................................................32

Problemas em revestimentos cerâmicos verticais ......................................33Perda de aderência (descolamento) ..............................................................33Trincas, gretamento e fissuras.......................................................................35Eflorescência .................................................................................................36

Considerações finais ......................................................................................37

Bibliografias de referência .............................................................................39

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Introdução

A construção de um edifício é uma atividade complexa, que para ser conduzidacom eficácia e eficiência necessita de um amplo conjunto de ações integradase coerentes, desde a da fase de projeto e planejamento até a de produção nocanteiro de obras. Tradicionalmente, a Indústria da Construção Civil prioriza aexecução de algumas das partes do edifício, como a estrutura, adotando nasua produção ações mais ou menos completas, envolvendo a elaboração deprojetos, o plano das atividades e a execução sob controle.

Entretanto, na construção de outros subsistemas, como ocorre no caso dasalvenarias e dos revestimentos, o processo é normalmente falho, incompleto epouco eficiente. Pensa-se previamente na sua execução apenas na fase deelaboração do orçamento da obra, adotando-se alguns parâmetros que nemsempre serão os efetivamente reproduzidos no canteiro. A produção éconduzida sem se basear em um projeto específico, o que dificulta ouimpossibilita o controle contínuo de processo e de aceitação, obrigando osexecutantes a tomar decisões sobre como fazer.

O atraso tecnológico que permeia algumas das atividades na obra é, emgrande parte, responsabilidade dos técnicos, que adotam uma atitude passivafrente aos problemas. É certo, porém, que essa atitude muitas vezes éinvoluntária, sendo conseqüência de uma série de fatores: deficiência noprocesso de formação profissional dos envolvidos; pouca disponibilidade deconhecimentos técnicos relativos às atividades, resultando em uma grandecarência de informações confiáveis que possam subsidiar tomadas dedecisões; inexistência de um banco de dados técnicos, fundamentados emobras já executadas, que possa auxiliar o desenvolvimento de outros projetose, ainda, dificuldade de troca de informações no setor da construção civil.

Procurando alterar essa situação de atraso tecnológico, o grupo de pesquisa eextensão em Tecnologia e Gestão da Produção de Edifícios, da EscolaPolitécnica da USP - EPUSP, produziu diversos documentos relativos àtecnologia de produção de revestimentos no âmbito do convênio dedesenvolvimento tecnológico entre a EPUSP e a Construtora ENCOL. Estetexto foi escrito tendo como base principal o “Relatório Técnico R6-06/90 -Recomendações para a Produção de Revestimentos Cerâmicos para Paredesde Vedação em Alvenaria” [1].

A presente versão deste texto técnico tem como objetivo subsidiar o programado SENAI para capacitação do técnico/profissional e foi redigido paracomplementar e consolidar conhecimentos abordados no módulo específico decapacitação.

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Caracterização do subsistema revestimento cerâmico

Analisando sistemicamente os revestimentos cerâmicos de paredes, podemosidentificar quatro conjuntos de componentes principais: camada deregularização, a de fixação, peças cerâmicas e juntas (entre peças cerâmicas eentre painéis).

Neste capítulo, visa-se caracterizar a camada de fixação e as juntas. Ascaracterísticas da camada de regularização, executadas previamente à fixaçãoe das peças cerâmicas, são objeto de documentos de referência específicos.

Camada de fixação

A camada de fixação tem por finalidade proporcionar a aderência necessáriaentre os componentes cerâmicos e a camada de regularização. Na técnica deexecução racionalizada de revestimentos verticais podem ser empregadasargamassas adesivas ou colas.

As principais diferenças entre estas duas camadas de fixação são relativas àssuas espessuras (e consequentemente à possibilidade de absorverirregularidades da base) e à capacidade de aderência à bases não-porosas.

Argamassa adesiva

A argamassa adesiva, por vezes chamada de “cimento colante” ou “argamassacolante” (“cimento-cola” ®, é marca registrada de um fabricante e este tipo deargamassa não deve ser tratado com esta denominação). É um produtoindustrializado, composto por argamassa pré-dosada, fornecida emembalagens apropriadas, em forma de pó, no estado seco.

Este é o material mais utilizado para fixação dos componentes cerâmicos noBrasil, principalmente por suas vantagens ou pelas vantagens do método deprodução que as utiliza. Comparando-o com os métodos tradicionais, verifica-se que apresenta as seguintes vantagens:

• proporciona melhor resistência de aderência que a argamassaconvencional;

• sua retração não provoca tensões prejudiciais na camada final derevestimento (quando empregada em pequena espessura);

• permite a utilização de uma técnica de grande produtividade, mais simples elimpa.

Além disto, o custo global dos serviços, considerando o aumento deprodutividade da mão-de-obra é, normalmente, inferior ao custo dos serviçospelos métodos tradicionais e não existe incompatibilidade desta técnica defixação com as práticas atuais de regularização das superfícies de alvenaria eda estrutura com emboços de regularização.

Em comparação com o método de fixação com cola, a fixação com argamassaadesiva apresenta as seguintes vantagens:

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• maior semelhança com as argamassas convencionais que, por sua vez, sãode domínio da mão-de-obra disponível no mercado, sofrendo por isto menorrestrição;

• permite pequenos ajustes (devido a maior espessura da camada deaplicação) que compensam irregularidades nas superfícies da camada deregularização.

a) ComposiçãoA argamassas adesiva pode ser definida, com base na sua composição, comosendo uma argamassa de base cimentícia, constituída de cimento tipoPortland, grãos inertes de granulometria fina (silicosos ou calcários) e resinasorgânicas. O teor de resinas orgânicas e sua constituição definem o tipo deargamassa adesiva.

No Brasil, há pelo menos 40 anos, foi introduzida, e é a de maior emprego,uma argamassa adesiva com baixo teor de resina (teor inferior a 2% emmassa), conhecida vulgarmente, como cimento-colante. Esta argamassapermite uma aderência potencial média e tem sérias restrições para uso emfachadas, devido principalmente a seu pequeno tempo de abertura emcondições ambientais agressivas. Os fabricantes mais conceituados destasargamassas as recomendam apenas para uso interno, com destaque naembalagem para esta limitação. Recentemente, iniciou-se a comercialização deargamassa adesiva com mais teor de resinas, maior aderência potencial. Érecomendadas para exportação.

As resinas orgânicas têm papel fundamental no desempenho da argamassa.Suas principais funções são as seguintes:

• retenção de água (dada principalmente pela resina celulósica);

• melhoria da plasticidade da argamassa (ambas as resinas);

• aumento da extensão de aderência (principalmente pela ação da resinavinílica), devido à maior capacidade de molhamento da superfície dosubstrato.

b) Preparação e aplicaçãoPara o preparo da argamassa colante, basta a adição de água nas proporçõesindicadas na embalagem (geralmente 1 parte de água para 4 partes de pó),previamente ao seu emprego. No entanto, para que a argamassa possadesenvolver as características anteriormente mencionadas, deve-se esperarum tempo após a mistura do material seco com a água, de modo a permitir queos componentes ativos reajam, isto é, que se formem as cadeias de polímerosem dispersão coloidal. Este tempo é de aproximadamente 30 min, sendosuperior aos 15 ou 20 min geralmente recomendados pelos fabricantes.

A vantagem dos aditivos resinosos é que eles tornam possível o espalhamentoda argamassa em espessuras reduzidas, sem ser necessário molhar a base ouos componentes cerâmicos, pois a argamassa não perde água, mantendo aplasticidade para permitir acomodação das peças. Além disto, a retenção deágua contra sucção, permite à argamassa manter água para a hidratação docimento, possibilitando mais resistência e, em conseqüência, maior poder de

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aderência. A possibilidade da espessura fina da camada de fixação é o quedefine todo o método de assentamento dos produtos cerâmicos.

c) Características exigidasA argamassa adesiva requer características:

• tempo de vida, de abertura e de ajustamento compatíveis com as condiçõesde trabalho;

• plasticidade e coesão, que permitam o espalhamento e o ajuste doscomponentes e evitem seu escorregamento da posição ajustada;

• retenção de água compatível com os componentes e com o substrato;

• espessura que não provoque tensões significativas nas interfaces deaderência e que permita uma adequada superfície de contato entre si e asuperfície do componente (mesmo que esta seja rugosa ou com saliências).

O tempo de abertura é também denominado tempo de assentamento, e podeser entendido como o tempo disponível para o trabalho de aplicação doscomponentes cerâmicos, a partir do espalhamento da argamassa no substrato.É o período entre o espalhamento da argamassa adesiva e o momento em queela não mais apresenta aderência suficiente. Este último caso é identificado aosurgir uma película esbranquiçada nos cordões de argamassa. Ao assentar umcomponente sobre esta película, ocorrerá apenas o amassamento dos cordões,sem interação entre ambos. O tempo de abertura da argamassa adesiva nãodeve ser nem demasiadamente rápido, nem excessivamente lento, poisquaisquer extremos diminuem o rendimento de aplicação e dificultam orevestimento.

O tempo de ajustamento, por sua vez, é entendido como o período no qual,após assentamento dos componentes cerâmicos com argamassa adesiva, oscomponentes podem ter sua posição corrigida, sem redução da capacidade deaderência.

Argamassa colante adequada deve apresentar, em condições ambientais deaplicação (não em laboratório), pelo menos:

• tempo de abertura de 15 min (fachadas) à 20 min (interno);

• tempo de ajustabilidade de 10 min;

• tempo de vida de mistura de 3 h.

A argamassa adesiva deve ainda ser compatível com o substrato em que seráempregada, pois, uma reação desconhecida dos materiais pode prejudicarseriamente sua união. De modo geral, a argamassa disponível é compatívelcom a maioria dos materiais empregados na camada de regularização, excetocom revestimentos à base de gesso, pois este material apresenta uma reaçãodeletéria em face do cimento presente na argamassa adesiva, podendoprovocar descolamento do revestimento. Com substrato é à base de gesso,recomenda-se o emprego de colas à base de resinas vinílicas ou acrílicas.

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Colas

As colas comumente empregadas para a fixação de componentes cerâmicossão produtos à base de resinas orgânicas. As mais empregadas são à base deresinas:

• vinílicas (cloreto de polivinila - PVA) - cola branca tradicional (Cascolar ®,Rodopás ®, etc.) empregada internamente;

• acrílicas, também cola branca, empregadas interna e externamente(Acronal ® , da Basf);

• epoxidícas (Araldite ®);

• borracha sintética (Neoprene ®, da Du Pont).

De modo geral, apresentam-se sob a forma de pastas, prontas para seremempregadas, exceto a epoxídica que é do tipo bi-componente, necessitandoprévia mistura.

O uso de colas pressupõe um substrato com grande regularidade e de baixaporosidade. Esta última ainda pode ser corrigida com “primers” seladores, masa superfície irregular não pode normalmente ser corrigida.

A necessidade da completa regularidade do substrato, decorre das reduzidasespessuras de aplicação das colas, pois estas, para que sejam técnica eeconomicamente viáveis, devem variar de 1 a 2 mm e sendo assim, nãopermitem o ajuste do componente a base que apresente desvios de planeza erugosidades localizadas superiores a 2 mm.

A porosidade relaciona-se com a absorção do substrato, que deve ser baixa.Se aplicada em substratos de elevado poder de sucção, a cola é absorvidaantes da fixação do componente, podendo comprometer seriamente aaderência. Neste caso, deve-se aplicar, no substrato, uma camada de selador,antes da cola, para diminuir seu poder de absorção. Este procedimento,entretanto, eleva o custo da camada de fixação e diminui a produtividade,reduzindo sua vantagem econômica.

A aplicação de colas com espessuras superiores às recomendadas, a fim decobrir possíveis defeitos do substrato, torna-se não só econômica comotecnicamente inviável (pelo escorregamento da peça cerâmica).

Em função destes e de outros fatores que permeiam a execução dorevestimento cerâmico no Brasil, tem-se generalizado o conceito de que ascolas são produtos de elevado custo e de difícil manuseio, não sendorecomendado seu emprego. Esta atitude pode até ser justificada,considerando-se o atual estágio tecnológico do setor da construção. Porém,não se pode perder de vista que o objetivo é avançar na busca de processosracionalizados de construir. E que, tratando-se de revestimentos cerâmicos, acola pode se tornar uma excelente opção para a execução das etapas préviasde modo organizado e controlado.

Juntas

Tendo em vista o caráter modular do revestimento com componentescerâmicos, sempre existirão juntas entre as peças. Além destas, em função das

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características da base, pode ser necessário a realização de juntas de trabalhoou de movimentação, projetada para reduzir tensões induzidas pelasdeformações da base e/ou do revestimento, e de juntas de dilatação ouestruturais, que acompanham as juntas estruturais do edifício.

Entre componentes

As juntas entre os componentes, também chamadas juntas de assentamento,são originadas pelo afastamento, durante o processo de assentamento, daspeças cerâmicas entre si, por alguns milímetros. A razão disto é melhorcompreendida pela análise das suas funções:

• reduzir o módulo de deformação do pano de revestimento e porconseqüência, aumentar sua capacidade de absorver deformaçõesintrínsecas, provocadas pelas variações térmicas e higroscópicas edeformações de amplitude normal das bases;

• absorver as variações dimensionais dos componentes cerâmicos;

• permitir alinhamentos precisos (nas duas direções ortogonais) doscomponentes, que por apresentar variações dimensionais, os esquadrosnão poderiam ser encostados uns nos outros, sem perder o alinhamento;

• permitir harmonizações estéticas que valorizem o conjunto.

Assim, as juntas são necessárias para o assentamento de componentescerâmicos. Somente materiais resilientes (pisos de borracha, placas e mantasde PVC, linóleos, papel de parede, etc.) admitem assentamento sem juntasabertas.

A espessura mínima das juntas deve ser dimensionada, também, para permitirabertura suficiente para preenchimento do material de rejunte em todo o seuespaço volumétrico.

Pode-se dispor os componentes de inúmeras maneiras. A disposição adotada,determina o tipo de junta, sendo possível três arranjos básicos: em diagonal(a), à prumo (b) e em amarração (c), conforme ilustra a figura. Das trêsdisposições apresentadas, as juntas a prumo são as mais utilizadas,principalmente porque resultam em elevada produtividade da mão-de-obra emenores desperdícios de materiais. Entretanto, tanto as juntas em diagonalcomo as em amarração foram muito empregadas no passado, podendoretornar, em função de estilos arquitetônicos determinados.

As juntas emdiagonal foram

Disposição das juntas entre componentes cerâmicos

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abandonadas principalmente devido ao custo deprodução, quando comparado com as demais, pois implica reduzidaprodutividade da mão-de-obra além de maior consumo de componentescerâmicos em função do elevado número de cortes. A disposição emamarração, por sua vez, possibilita a correção de imperfeições doscomponentes, mais facilmente que a junta à prumo, envolvendo, porém, maiornúmero de cortes e, conseqüentemente, diminuindo a produtividade.

De trabalho

As juntas de trabalho, também chamadas de juntas de movimentação, sãoobtidas pelo seccionamento a camada de acabamento do revestimentocerâmico e de toda (ou parte) a camada de regularização. A junta assim obtidadeve ser preenchida com um selante elastomérico. Descreve-se,esquematicamente, esta junta.

Estas juntas têm a finalidade de criar painéis de dimensões de modo que astensões induzidas pelas deformações intrínsecas (do próprio revestimento),somadas às deformações da base de amplitude normal, não suplantem suacapacidade resistente, permitindo dissipar as tensões induzidas, sem quesurjam fissuras que comprometam o desempenho e a integridade.

As juntas de trabalho têm, também, a função de juntas de controle. Ao seremcolocadas em posições passíveis de aparecimento de fissuras, permitem adissipação de tensões que, de outra forma, provocariam o aparecimento defissuras e trincas. Por exemplo, quando se prevê a ocorrência de deformaçõesdiferenciais de grande amplitude entre elementos da base (entre a alvenaria eum pilar, por exemplo).

(a) Seção de uma junta de trabalho típica;(b) (b) seção genérica de uma junta estrutural

Estas juntas, no momento do efeito da expansão ou contração do painel derevestimento, devem apresentar características de deformabilidadecompatíveis, a fim de absorverem os movimentos introduzidos, pois, é

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importante que o revestimento possa se movimentar livremente a fim de evitarempenamentos ou descolamentos dos elementos com relação à base.

O princípio de funcionamento desta junta é criar, no revestimento, uma regiãoaltamente resiliente, de modo a provocar a migração das tensões surgidas nopainel, dissipando-as pela deformação de um material elastomérico emantendo sua integridade.

Estruturais

As juntas estruturais, também denominadas de dilatação, são projetadas com afunção de absorver tensões surgidas com a deformação de todo o edifício demodo a manter a integridade de seus elementos estruturais e das vedações.

A especificação deste tipo de junta tem origem na elaboração do projetoestrutural, e deve ser inteiramente definida. Na figura, apresenta-se,esquematicamente, uma junta estrutural típica. Obrigatoriamente, a junta norevestimento cerâmico deve se sobrepor inteiramente à junta estrutural, ter amesma espessura e permitir deformação de amplitude semelhante a previstano projeto estrutural para a deformação do edifício.

Considerações para elaboração do projeto de revestimentos cerâmicos

A seqüência lógica de desenvolvimento de um empreendimento requer semprea elaboração do projeto previamente à sua realização. Entretanto, poucossubsistemas são realmente executados a partir de um projeto específico eainda assim, a obra chega ao seu final.

Há que se considerar, no entanto, qual o custo real do empreendimento e aque custo cada subsistema é executado quando ele não é devidamenteprojetado. Com toda a segurança, a experiência tem mostrado que o custo finalde uma atividade realizada de modo não planejado é muito superior ao de umaadequadamente projetada.

Deve-se salientar porém, que o avanço efetivo da produção somente seráalcançado com a elaboração de um projeto construtivo. Este deve conter todasas informações e parâmetros necessários para que se exerça total domíniosobre a produção, ou seja, é neste projeto que devem estar determinados osmateriais, as técnicas, os equipamentos e o tipo de mão-de-obra a seremempregados, bem como os procedimentos de controle de qualidade.

O projeto de revestimento pode ser desenvolvido em conjunto com o projetoarquitetônico ou posteriormente. É essencial porém, que contemple todas asespecificações gráficas e descritivas que definam completamente como omesmo deverá ser executado. Estas referem-se, por exemplo: à definição dacomposição e dosagem das argamassas e da espessura das camadasmoldadas com estas; à definição dos componentes cerâmicos; à definição dedetalhes construtivos necessários ao bom desempenho do revestimento; àdefinição de detalhes que incrementem a produtividade do processo; àdefinição dos parâmetros de controle e especificações de desempenho.

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Parâmetros para projeto

Os principais parâmetros a serem considerados ao projetar o revestimento são:a natureza e as características da base e das camadas constituintes; assolicitações de obra; as solicitações durante sua vida útil; as condições deproteção e de contorno e a geometria dos painéis a serem revestidos.

Natureza e características da base

A base de um sistema de revestimento pode ser constituída por componentesde alvenaria de diferentes tipos como, por exemplo, de blocos cerâmicos,blocos de concreto, e também por elementos estruturais como vigas e pilaresde concreto armado.

Cada um destes elementos, quando inseridos na vedação, apresenta umcomportamento distinto frente as diversas solicitações e, portanto, a baseadquire importância para o desempenho do revestimento, pois trata-se do seusuporte.

Natureza e características das camadas constituintes

Na elaboração de projetos de revestimento, deve-se considerar ascaracterísticas de cada uma das camadas que o compõe, isto é, materiaisconstituintes, espessura, técnicas mais adequadas para a produção, etc.

No que se refere às camadas constituídas por argamassa, apresentam-se, aseguir, algumas das informações mais importantes, que precisam serabordadas a fim de subsidiar as decisões de projeto do revestimento cerâmico.

A camada de preparo da base ou chapisco, deve, necessariamente, seraplicada nas superfícies de fachada, podendo ser omitida nos revestimentosinternos em locais cujas solicitações, em relação à aderência, apresentem valorinferior às que ocorrem na fachada.

A camada de regularização da base deve ser projetada com a espessuramínima necessária para atender as funções do revestimento, quais sejam:

• superfícies internas: 10 mm;

• superfícies externas: 20 mm.

A necessidade de maior espessura para o revestimento externo é justificadapelo maior grau de solicitação sofrido por esta camada, tanto em termos dedeformações como pela constante presença de água de chuva. Cabe ressaltarque a estanqueidade do revestimento deve ser garantida pela camada deregularização e não pela camada de acabamento.

A camada de regularização deverá ser sarrafeada a partir de mestras definidascom precisão e apresentar acabamento desempenado (com desempenadeirade madeira), a fim de que apresente planicidade, textura e regularidadeadequadas. A planicidade poderá ser verificada com o auxílio de uma réguametálica com 2 m de comprimento, sendo passada em todas as direções. Emnenhum ponto deverá haver desvio superior a 3 mm, seja em termos dedepressões ou abaulamentos.

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A argamassa a ser empregada nestas camadas deve ser constituída porcimento, cal ou saibro e areia, em proporções a serem determinadas com baseem uma metodologia racional de dosagem de argamassa.

A definição da espessura da camada de fixação é função tanto dascaracterísticas do tardoz do componente que, se apresentar grandes oupequenas saliências necessitará de uma camada mais ou menos espessa,respectivamente, como das condições de regularidade superficial do substrato.

Em relação aos componentes cerâmicos disponíveis no mercado, a espessurada argamassa adesiva aplicada com desempenadeira de aço dentada podevariar de 2 a 5 mm, podendo superar o extremo superior nos casos em que airregularidade superficial é elevada (nestes casos é tecnicamentedesaconselhado o emprego de argamassa colante com as formulaçõesatualmente empregadas no Brasil). Em função da espessura da camada, oconsumo de material será diferenciado podendo variar de 3,5 a 9,0 Kg deargamassa por metro quadrado de revestimento.

Solicitações do revestimento

As solicitações de obra durante a vida útil do revestimento condicionam ascaracterísticas que o revestimento deve apresentar como: resistênciamecânica, comportamento térmico, resistência aos raios solares e intempéries,etc. Neste caso, cada camada deve dar a sua contribuição para o adequadodesempenho do conjunto.

A base e a camada de regularização são solicitadas ao longo da construção doedifício, principalmente quando se tratar de vedações externas. Ambas deverãoapresentar características mecânicas que lhes permitam resistir a ação dasintempéries sem que haja alteração de sua superfície, a fim de que sejapossível a execução da camada final sobre um substrato íntegro e resistente.

Quanto à camada final, pode-se dizer que será solicitada a partir do momentode sua execução até o final de sua vida útil. Os revestimentos cerâmicosapresentam, como grande vantagem, elevada resistência superficial emanutenção de suas cores mesmo sob condições adversas, porém por setratarem de componentes modulares, os principais problemas concentram-senas juntas, tanto entre os componentes como nas de movimentação ouconstrutivas.

Portanto, a fim de que o revestimento não se deteriore precocemente, faz-senecessário que as juntas sejam projetadas de modo a resistirem às solicitaçõesdevido à presença de água, variações térmicas, ação de agentes químicos ebiológicos, etc.

Condições de exposição

Ao elaborar o projeto dos revestimentos deve-se considerar sob que condiçõesestes serão executados. No caso de edifícios habitacionais e comerciais,quando o revestimento é interno, as condições de proteção durante a execuçãoestão garantidas.

No caso de fachadas, recomenda-se considerar as solicitações, a seguirrelacionadas, a fim de que possam ser especificados os materiais e as técnicas

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de execução compatíveis com as mesmas: clima predominante na região;intensidade pluviométrica; temperaturas máximas e mínimas diárias epossibilidade de ocorrência de chuvas ácidas, etc.

Condições mais severas de exposição exigirão o emprego de camadas deregularização e acabamento de maiores resistências mecânica e à penetraçãode água de chuva, bem como, uma execução cuidadosa das juntas entrecomponentes e de movimentação.

Geometria dos painéis

As dimensões dos painéis de revestimento interferem no seu desempenhoprincipalmente pelo potencial de deformações que apresentam.

Ao elaborar o projeto, as dimensões máximas deverão ser consideradas, a fimde que possam ser definidas as juntas de movimentação (de trabalho) noslocais mais adequados, evitando-se desta forma, o surgimento de problemasdecorrentes da ausência das juntas, e fissuras e descolamentos.

A definição da geometria dos painéis auxilia também na distribuição doscomponentes a serem utilizados, bem como na definição da paginaçãomodular1. Esta, quando definida na fase de projeto, conduz à racionalizaçãodas atividades de canteiro, evitando-se possíveis erros ou alterações naconcepção original do revestimento, além de diminuir os desperdícios.

Desenvolvimento do projeto

Para organizar as atividades de concepção e desenvolvimento do projeto derevestimento, propõe-se que o trabalho seja subdividido em três etapas.

A primeira envolve a análise preliminar dos demais projetos do edifício, paraidentificar e conhecer as especificações produzidas para os demais sistemas.

Com os subsídios da primeira etapa, desenvolve-se a etapa de especificaçõese elaboração do projeto de revestimento, na qual devem ser considerados osparâmetros anteriormente abordados e a necessidade de adoção de detalhesconstrutivos específicos, como juntas, pingadeiras, contra-marcos, etc., entreoutros.

Na terceira etapa, de redefinição do projeto, as diretrizes globais do projetopoderão ser reavaliadas admitindo-se correções para as especificaçõesinicialmente elaboradas, principalmente em decorrência das reaiscaracterísticas da obra, da alteração da programação das atividades, dadisponibilidade de materiais, etc.

Análise preliminar

O projeto dos revestimentos deve considerar os demais projetos construtivosdo edifício, envolvendo, em particular, os de alvenaria e de piso. Quando estes

1 Entende-se por paginação modular a definição em projeto da posição de todos os componentes cerâmicos e dasespessuras de juntas entre eles, obedecendo as dimensões modulares dos mesmos, de modo a criar painéis apenascom peças inteiras ou de dimensões submodulares.

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não existirem, as informações deverão ser obtidas dos projetos tradicionaiscomo arquitetônico, estrutural, instalações e impermeabilização.

Destes projetos, deverão ser analisados e identificados os seguintes aspectos:

⇒ do projeto de alvenaria:

• locais que receberão revestimento em componentes cerâmicos;

• espessuras das vedações verticais;

• características das fachadas como dimensões, tipos, posicionamento e dasaberturas existentes, presença de ressaltos estruturais, etc.;

• presença de recortes, de detalhes construtivos como pingadeiras, peitoris eplatibandas;

• tipos e características dos revestimentos de piso, etc.;

• dimensões dos componentes estruturais;

• existência de juntas estruturais;

• localização dos pontos de água, luz e energia elétrica;

• tipo e posição de tubulações a serem embutidas na alvenaria;

• tipos de espelhos das caixas e de canoplas das torneiras e registros aserem utilizados.

⇒ do projeto de piso:

• deve-se verificar as possíveis interferências dos sistemas deimpermeabilização empregados no piso das áreas molháveis, com asvedações verticais.

Após a identificação de todas estas especificações faz-se necessáriocompatibilizá-las entre si, iniciando a elaboração do projeto propriamente dito.

Elaboração do projeto

O projetista de revestimento vertical deve ter como meta proporcionar oadequado funcionamento do revestimento durante toda a vida útil do edifício.

Para isto, pode-se lançar mão de uma série de recursos como, emprego demateriais de comprovada qualidade, elaboração de detalhes construtivosespecíficos, especificação de adequadas técnicas de execução, visandoproporcionar condições de funcionalidade ao revestimento.

A seguir, são relacionadas algumas recomendações para a elaboração doprojeto, reunindo, pelo menos as principais diretrizes para que, tomadas comoreferência, sejam ponto de partida para a definição do projeto.

Criação de elementos arquitetônicos ou construtivos

Recomenda-se criar elementos específicos, principalmente nas fachadas, paraafastar e diminuir a incidência das águas de chuva, minimizando o efeito nestasuperfície e melhorando o comportamento dos revestimentos.

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Estes elementos podem ser de diversas naturezas como, por exemplo, osapresentados a seguir:

• uso de peitoris avançados nas janelas, com proteção mínima de 25 mm;

• especificação de lajes com ressaltos nas fachadas, permitindo adescontinuidade do painel de revestimento, proporcionando-lhe maiorcapacidade de absorver deformações;

• especificação de revestimentos diferenciados sobre os componentesestruturais, permitindo a construção de juntas entre estes e a vedação;

• execução de vergas e contravergas salientes ou algum outro detalhe emrelevo, que avance sobre a fachada funcionando como pingadeiras ediminuindo as dimensões do painel de revestimento.

Definição dos arremates no topo do edifício

Recomenda-se adotar detalhes construtivos adequados ao acabamento dorespaldo e da platibanda do edifício, a fim de evitar possíveis infiltrações deágua. Seguem algumas sugestões:

• quando existir beirais, deve-se procurar especificá-los sempre providos decalhas para captação de água, sendo que na especificação do sistema decaptação de águas pluviais, considerar as declividades necessárias aoadequado escoamento das mesmas;

• revestir adequadamente o topo das platibandas, usando preferencialmenteum sistema de impermeabilização ou ainda, o próprio material cerâmicocom rejunte garantidamente estanque.

Definição da execução de pontos críticos

Durante a elaboração do projeto deve-se identificar e detalhar a execução depontos críticos, como:

• arestas vivas das vedações internas, onde se deve, empregar cantoneirasmetálicas para perfeito acabamento e proteção;

• encontros de paredes e pisos, visando ao arremate das juntas. Neste ponto,é possível fazer uma junta de movimentação sem implicações estéticas,sendo o local preferencial para posicioná-la; os arremates junto aos pontosde água e caixas elétricas. Nestes casos, a canopla das torneiras eregistros e os espelhos das caixas devem possibilitar um arremate perfeitocom o revestimento, devendo-se ter cuidados especiais com os cortes doscomponentes;

• encontro dos revestimentos com as esquadrias (janelas e portas), sendoque, neste caso, os marcos e contra-marcos ou mesmo os batentes devemdeterminar o nivelamento da superfície final do revestimento, e a guarniçãodeve proporcionar bom acabamento.

Definição dos painéis de revestimentos

Deve-se definir painéis de revestimentos cujas dimensões permitam suportardeformações decorrentes das distintas solicitações. Para o desvinculamento,

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podem ser empregadas juntas de movimentação, sendo que algumas diretrizespara a sua definição são apresentadas a seguir:

a) Revestimentos internos correntesPara revestimentos internos correntes, isto é, em edifícios habitacionais ecomerciais, em geral, não se faz necessário a execução de juntas demovimentação, além da junta horizontal no encontro da parede com o piso,pois, neste caso, as tensões surgidas podem ser dissipadas por juntas entrecomponentes. Nos revestimentos internos, os painéis e os componentesempregados são de reduzidas dimensões e o nível de solicitações é baixo.Cabe ressaltar, entretanto, caso existam superfícies a serem revestidas dedesenvolvimento horizontal muito extenso, que se pode aproveitar o encontrodo revestimento com as aberturas, principalmente as portas, para que ali sejafeita uma junta vertical.

b) Revestimentos externosPara o posicionamento das juntas de movimentação nos revestimentosexternos, deve-se considerar a amplitude das tensões que possam ocorrer. Onível de tensões, porém, não é de fácil definição, uma vez que decorre de umconjunto extenso de variáveis, como, por exemplo, as condições de exposição,o grau das solicitações da base, a tipologia estrutural.

Assim, com as orientações aqui apresentadas, pode-se projetar o revestimentode fachada com margens de segurança que reduzam, ao mínimo, aprobabilidade de ocorrência de trincas e fissuras ao longo de sua vida útil.

Quanto ao valor da espessura da junta de movimentação, tanto na direçãovertical como na horizontal, recomenda-se o intervalo entre 8 e 12 mm. Écorrentemente aceito que uma junta de movimentação deve ser dimensionadapara absorver a no máximo 30% de sua espessura. Assim, uma junta de 10mm poderia absorver deformações de até 3 mm.

1) Juntas horizontais: executadas em cada pavimento podendo estarlocalizadas o mais próximo do encontro dos componentes estruturais e daalvenaria, no piso do pavimento e nas aberturas de janelas ou ar condicionado.

2) Juntas verticais: o posicionamento das juntas verticais deve ser tal que opainel tenha dimensões de 9m2 à 30m2. Dentro desta ampla faixa de variaçãopode-se distinguir duas condições extremas: a mais desfavorável, que exigepainéis de no máximo 9m2 pode ser caracterizada pelos fatores que seguem:emprego de peças cerâmicas com menos de 5 juntas verticais entrecomponentes por metro linear; cor “quente” (tonalidades escuras ou na faixa dovermelho), fosco; fachada com insolação total em grande período do dia(norte); elevado índice de insolação; estrutura muito deformável (laje cogumelo)e fachada sem aberturas e sem descontinuidades.

O outro extremo, o mais favorável pode ser caracterizado pelos fatores queseguem: emprego de peças com 5 ou mais juntas verticais entre componentespor metro linear, cor clara (branco, areia, gelo por exemplo), brilhante; fachadasem insolação em grande período do dia (sul); estrutura rígida (pórtico);fachada com muitas e grandes aberturas e com recortes.

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No caso de situações intermediárias, deve-se definir a distância das juntasconsiderando-se os dados anteriormente colocados e as característicasespecíficas da fachada a ser revestida.

Para a distribuição das juntas verticais, deve-se considerar que as arestas dosedifícios são pontos críticos de concentração de tensões. As publicaçõestécnicas (normas e especificações) internacionais recomendam sempreprojetar juntas de movimentação verticais o mais próximo possível das arestas,numa distância máxima de 60 cm. Na figura, esta situação é esquematizada,bem como, o detalhe de uma junta típica.

Posicionamento das juntas de trabalho

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Definição das características das juntas entre componentes

A escolha das dimensões das juntas entre componentes é funçãoprincipalmente do material de que estes são feitos, da sua qualidade euniformidade dimensional, das suas dimensões, do nível de solicitações a queo revestimento estará submetido e das exigências estéticas de projeto.

Na tabela 3.1 apresentam-se espessuras de juntas mínimas recomendadas,considerando-se que os componentes cerâmicos sejam de boa qualidade.

Tabela 3.1 Dimensões mínimas para as juntas entre componentes cerâmicos

Área dos componentes A (cm2)

Revestimento interno(mm)

Revestimento externo (mm)

A ≤ 250 1,5 4,0

250 < A ≤ 400 2,0 5,0

400 < A ≤ 600 3,0 6,0

600 < A ≤ 900 5,0 8,0A > 900 6,0 10,0

Redefinição de projeto

Esta etapa desenvolve-se em paralelo com a obra e pode ser consideradacomo atividade eventual de correções e ajustes das especificaçõesestabelecidas. Espera-se que grande parte das especificações iniciais semantenham. No entanto, em função das características próprias da construçãocivil, a implantação de correções e redefinições, até mesmo nos últimosestágios das atividades de execução é uma dinâmica necessária.

Considerando-se este fato, sob o ponto de vista do controle de qualidade deexecução e aceitação dos serviços, esta dinâmica é valiosa. Entretanto, à faltade especificações e definições claras de projeto, deve ser evitada.

Basicamente, os seguintes tipos de especificações poderiam ser definidos:

a) espessura da camada de regularização, principalmente em função da faltade nivelamento da base;

b) alteração da composição e dosagem das argamassas tanto em função daalteração da espessura da camada como da variação das característicasdos materiais de construção (principalmente dos agregados);

c) alteração das técnicas de execução devido a alterações em “a” e “b”;

d) alteração nas especificações da camada de fixação em função dos desviosencontrados na camada de regularização;

e) alteração das dimensões dos painéis de revestimento e das juntas entrecomponentes, da modulação; da paginação; dos locais de recortes, etc.,caso os componentes cerâmicos aceitos em obra não atendam àsespecificações preliminares ou, as condições de obra ou de exposiçãotenham se alterado muito em relação as previstas;

f) alteração de detalhes como peitoris, pingadeiras e contra-marcos.

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Produção dos revestimentos verticais com componentes cerâmicos

A produção do revestimento cerâmico é entendida, neste trabalho, como oconjunto de atividades necessárias à adequada execução da camada deacabamento e compreende os seguintes aspectos: verificação e preparo dosubstrato; aplicação da camada de fixação; assentamento dos componentes;execução do rejuntamento e limpeza e execução das juntas de movimentação.

Para que o revestimento proporcione o desempenho esperado, é necessárioque se tome uma série de cuidados ao longo do processo de produção, queenvolve desde a compra dos componentes e da argamassa adesiva até alimpeza e manutenção do revestimento executado.

Cuidados básicos para a produção dos revestimentos

O método de execução, aqui proposto, visa reunir parâmetros para que asatividades sejam realizadas de modo programado e racionalizado, evitando-sedesperdícios e possíveis fontes de problemas.

Compra técnica

Os componentes cerâmicos são classificados pela própria indústria,considerando-se as variações que podem ocorrer em suas dimensões,tonalidade, regularidade superficial, etc. Conforme os critérios da fábrica,defeitos grosseiros, como cavidades, trincas, etc., são eliminados da linha deprodução.

Assim, ao especificar um lote de determinado padrão de qualidade, não sedeve receber material de qualidade inferior. São necessário, pois, critérios bemdefinidos de compra e aceitação destes materiais. O conjunto destes critériospode ser chamado de controle de qualidade de compra e recebimento decomponentes cerâmicos, e exige uma metodologia específica para serimplementado.

A compra técnica deve ser estendida também à argamassa adesiva.Inicialmente, é necessário conhecer-se as características técnicas das marcasidôneas disponíveis, para então optar pela compra do lote. Como sistemática,pode-se recolher aleatoriamente amostras das diversas marcas e fazer algunstestes de simples e rápida execução, como tempo de abertura, tempo deajustabilidade e tempo de vida útil da argamassa. Com estes dados, e o custode cada produto, é possível decidir qual argamassa apresenta maior eficiência,isto é, que proporciona melhor qualidade por menor custo. Para uma compramelhor fundamentada recomenda-se a avaliação da resistência de aderênciapotencial e para argamassas flexíveis a capacidade de absorver deformações.

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Estoque do material

Os cuidados a serem observados estão relacionados às possíveis perdas edeterioração que podem decorrer de um mau armazenamento dos materiais.

No que se refere aos componentes cerâmicos, suas características deresistência e durabilidade, permitiriam estocagem a “céu aberto”. Porém, sobestas condições, os componentes sujeitam-se a um elevado grau de umidade eacúmulo de pó sobre sua superfície, podendo prejudicar suas característicasde aderência ao substrato. Além disso, deixando-se este tipo de materialexposto, corre-se o risco de perdas excessivas, principalmente em decorrênciado manuseio indevido, pela destruição das caixas de papelão. Recomenda-seque, uma vez recebido o material na obra, ele seja protegido de intempéries e,de preferência, seja estocado em local de acesso restrito.

As caixas de componentes, que em geral contêm de 1 a 2 m2 de revestimento,ao serem estocadas, devem ser empilhadas até uma altura máxima em tornode 1,5 m sobre base resistente, a fim de que sejam evitados possíveis danos eaté uma altura compatível com a capacidade suporte sobre laje.

A argamassa adesiva, por sua vez, merece cuidados maiores, pois contémcimento em sua composição, devendo assim, ser protegida de intempéries eumidade. Recomenda-se estocá-la em local fresco e seco, distante de paredese teto; respeitar o tempo de armazenamento recomendado pelo fabricante; nãoformar pilhas com mais de 15 sacos para que se evite o empedramento domaterial e utilizar inicialmente o material que esteja estocado há mais tempo.

Em hipótese alguma, deve-se utilizar argamassa com prazo de validadevencido ou que tenha iniciado seu processo de hidratação devido a problemasde armazenamento.

Emprego de mão-de-obra especializada

O uso de materiais de boa qualidade, a especificação de técnicas de execuçãoadequadas não resultam, necessariamente, num revestimento comdesempenho desejado, pois, esse desempenho é determinado, também, peloemprego de uma mão-de-obra capacitada e consciente de suaresponsabilidade frente ao que se espera do produto final.

Assim, para obter produtos da melhor qualidade possível, com os materiaisadequadamente utilizados e com uma produtividade satisfatória, deve-se alocaroperários cujo trabalho seja reconhecidamente de qualidade, procurandosempre aprimorar suas habilidades com treinamento específico, competição,integração entre equipes, estímulo econômico, a partir da qualidade eprodutividade obtidos, entre outros.

Verificação e preparo do substrato

O substrato para a camada de acabamento do revestimento cerâmico,geralmente o emboço de regularização, deve ter suas características avaliadase corrigidas, quando não atenderem as especificações. O preparo do substratocorresponde às atividades de verificação da planeza, textura e limpezasuperficial do mesmo. Normalmente, se o emboço foi feito sobre controle e

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dentro das especificações, pode ser necessário somente a limpeza da suasuperfície.

Limpeza de superfícies

Os revestimentos deverão ser aplicados sobre superfícies isentas de quaisquersubstâncias que possam prejudicar sua aderência. Alguns dos prováveiscontaminantes e os procedimentos para sua eliminação são:

• partículas soltas e resíduos de argamassas - podem ser removidosempregando-se lixas, escovas ou jatos de água sob pressão moderada;

• manchas de óleo, graxa ou outras substâncias gordurosas - removíveisatravés de lavagem com solução de soda cáustica de baixa concentração, eposterior lavagem com água limpa em abundância ou, de preferência, águasob pressão moderada, aquecida e com detergentes específicos;

• manchas de bolor, fungos e outros microrganismos - removíveis comsolução de hipoclorito de sódio (água sanitária ou de lavanderia) e posteriorlavagem em abundância (também a água sob pressão é adequada).

Nos casos em que seja necessária a lavagem do substrato, deve-se esperarque este seque completamente antes da aplicação da camada de fixação.

Textura

A textura da camada de regularização, deve ser do tipo áspero, sendo obtidamediante desempenamento leve com desempenadeira de madeira, após osarrafeamento.

Essa textura permite um grau de aderência compatível com a maioria dassituações de exposição do revestimento e ainda, menor consumo deargamassa adesiva do que a superfície simplesmente sarrafeada. Além disso,a operação de desempeno permite maior planeza do substrato, característicaimportante para a qualidade final e melhora a estanqueidade do conjunto.

Planeza

Os revestimentos não devem ser aplicados em substratos cujo desvio deplaneza seja superior a 3 mm, verificado com uma régua de 2 m decomprimento em todas as direções.

Nos casos em que a superfície apresentar desvio superior a este valor dereferência, os mesmos deverão ser corrigidos previamente à aplicação daargamassa adesiva. Esta correção, quando localizada, pode ser feita medianteaplicação prévia de uma fina camada da própria argamassa adesiva (1 a 3mm), sendo que o revestimento somente deve ocorrer cinco dias após aaplicação.

Maiores cuidados deverão ser observados durante os revestimento externos.Neste caso, a verificação deverá ser feita considerando-se o edifício como umtodo e não pavimento a pavimento, pois pequenos desvios no prumo de umadeterminada fachada, podem causar problemas na modulação doscomponentes nas fachadas adjacentes.

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Recomenda-se, para os revestimentos externos, a descida de fios de prumodistanciados de no máximo 1,5 m; devendo existir sempre um fio de cada ladodas aberturas existentes (janelas, ar-condicionado, etc.), a fim de que ocontrole do alinhamento dos componentes seja facilitado.

Recomenda-se, ainda, que, antes do início dos trabalhos de revestimento,propriamente dito, sejam verificadas as reais dimensões de cada fachada, pelomenos a cada dois ou no máximo três pavimentos, para que as possíveisirregularidades possam ser conhecidas e previamente solucionadas.

Execução da camada de acabamento

Assentamento com argamassa adesiva

O assentamento dos componentes cerâmicos deve ser feito o mais tardepossível, a partir da execução da camada de regularização. Recomenda-se oprazo mínimo de sete dias para os revestimentos internos e quinze dias paraos de fachada, a fim de permitir que ocorram a maior parte das tensões deretração do substrato, minimizando seu efeito na camada final.

Após a verificação e a correção do substrato conforme, tem início a aplicaçãoda argamassa adesiva. Os procedimentos adotados visam à produtividade equalidade dos revestimentos.

Ferramentas e equipamentos necessários

O início dos trabalhos de revestimento se dá a partir da disponibilização deferramentas e equipamentos a serem utilizados ao longo do processo deprodução. A seguir, são listados aqueles usualmente empregados para umaadequada execução do revestimento.

a) para verificação e preparo do substrato:

• prumo;

• esquadro;

• mangueira de nível;

• régua de alumínio (15 cm menor que o pé direito do pavimento);

• régua de alumínio (0,70 m a 0,80 m);

• metro articulado com 2 m;

b) preparo e aplicação da argamassa:

• colher de pedreiro 9”;

• caixote para preparo da argamassa com dimensões de: profundidade - 0,18m; largura - 0,55 m e comprimento - 0,70 m; sobre pés de 0,70 m de altura;

• balde para transporte da água de assentamento;

• desempenadeira dentada de aço, com o cabo fechado de ambos os lados,com dimensões dos dentes de 6x6 mm, afastados um do outro de 6 mm,para espessuras de até 2,5 mm da camada de fixação ou de 8x8 mm por 8mm de afastamento para espessuras de até 3,5 mm;

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c) para preparo e aplicação dos revestimentos cerâmicos:

• riscador com broca de vídea de ¼” devidamente afiada;

• cortador mecânico (vídea), por exemplo, Fermat ® , referência 2G 40;

• lima triangular de 30 a 40 cm;

• torquês pequena (a menor peça existente no mercado);

• torquês média;

• colher de pedreiro pequena sem o ferro na ponta do cabo;

• espátula de 1”;

• placa de compensado de 0,35 m x 0,80 m;

• serra elétrica tipo Makita ® com disco diamantado;

• furadeira e serra-copo;

• rodo pequeno para aplicação do rejunte.

Preparo e aplicação da argamassa adesiva

a) Recipiente de misturaA argamassa deverá ser preparada em um caixote próprio, cujas dimensões,especificadas anteriormente, além de considerar os aspectos ergonômicos,proporcionando maior produtividade ao operário, considera também o volumede material que os sacos de argamassa contém e ainda, a possibilidade de setransitar com o mesmo nas áreas de banheiro cujas dimensões da porta sãocomumente de 60 cm.

Para o preparo da argamassa, o caixote deverá estar isento de resíduo quepossa alterar as suas características, como argamassas velhas, água, etc.

b) Proporções e condições de misturaA quantia de água a ser misturada, para o preparo é função da composição daargamassa adesiva, podendo variar de um produto para outro. Deve seradicionada em volume suficiente para que a argamassa seja trabalhável, isto é,para que possa ser adequadamente espalhada pela superfície. Para asargamassas usualmente disponíveis no mercado, sob condições normais detemperatura, a proporção a ser utilizada é de quatro partes de argamassa parauma de água.

Após a adição da água é necessário que o material seja devidamentemisturado até que se mantenha uma pasta consistente, de boa trabalhabilidadee sem que apresente grumos. A mistura é feita com o auxílio da colher depedreiro.

A consistência ideal da mistura poderá ser observada aplicando-se um poucode argamassa sobre o substrato com a desempenadeira dentada. Os cordõesresultantes deverão estar bem aderidos, não devendo fluir ou abater-se.

Não é permitido o acréscimo de mais água após a mistura inicial, porém épossível que a argamassa que caia durante a execução do revestimento sejareaproveitada, desde que não tenha sido contaminada por resíduos ou materialpulverulento.

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c) Repouso da argamassaO tempo recomendado pelos laboratórios de pesquisa, para repouso daargamassa com resina celulósica após o preparo, é de 30 min. Entretanto, naspróprias embalagens do material, as recomendações para este tempo variamde dez a quinze minutos. Recomenda-se pois, que seja feita uma avaliaçãovisual das características de trabalhabilidade da argamassa a fim de identificaro tempo ideal. Quanto maior o tempo de repouso, melhores as característicasde trabalhabilidade e de desempenho da argamassa endurecida. Entretanto,não se deve ultrapassar o prazo de 30 minutos, pois o tempo útil será deduzidodo mesmo prazo, podendo diminuir a produtividade dos operários.

d) EspalhamentoApós o preparo, a argamassa deverá ser espalhada cuidadosamente sobre asuperfície utilizando-se a desempenadeira de aço dentada, anteriormenterecomendada. A indicação de uso de uma desempenadeira com o cabofechado em ambos os lados visa proporcionar segurança e energia naaplicação da argamassa.

Inicialmente, a argamassa deve ser aplicada com o lado liso dadesempenadeira, imprimindo-se uma pressão suficientemente forte para que aargamassa tenha aderência ao substrato, buscando, ainda, uniformizar-se asuperfície. Em seguida, passa-se a desempenadeira com o lado dentado, queresultará na formação dos cordões, cuja altura resultante é dependente do tipode desempenadeira utilizada.Recomenda-se que seja empregada a desempenadeira de dentes de 8x8x8mm para revestimentos externos. Esta também deve ser empregada nosrevestimentos internos, quando a área do componente for superior à 250 cm2.Para revestimentos internos com peças inferiores a esta área, utiliza-se adesempenadeira de dentes 6x6x6 mm.

A formação dos cordões deve ser feita passando-se sobre a argamassaespalhada na base a desempenadeira inclinada de aproximadamente 60 graus,conforme figura.

Recomenda-se que a espessura da camada de fixação varie de 2 mm a ummáximo de 5 mm. Quando há necessidade de uma espessura de argamassasuperior a 5 mm, é porque existe uma base mal acabada ou porque oscomponentes cerâmicos empregados apresentam empeno excessivo.

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Espalhamento de argamassa com desempenadeira dentada

Em condições normais de tempo e de temperatura, e considerando umoperário de média produtividade, não se recomenda espalhar a argamassasobre área superior a 1 m2. Esta área deve ser ainda menor nos casos em quea superfície a ser revestida apresenta muitos recortes, como é o caso daquelasem que se concentram as instalações hidráulicas.

A aplicação dos componentes sobre a argamassa deverá ocorrer após oespalhamento da argamassa e antes da formação de uma películaesbranquiçada sobre os cordões. Caso a película venha a se formar, a pastadeverá ser retirada, a superfície deverá ser cuidadosamente limpa,espalhando-se nova camada de argamassa.

Assentamento dos componentes cerâmicos

Os procedimentos para o assentamento do revestimento cerâmico apresentamdiferenças em ambientes internos ou externos. Assim, neste trabalho elesserão tratados separadamente. No entanto, algumas considerações sãocomuns a ambas as situações e serão inicialmente abordadas.

Procedimentos gerais

a) Molhagem da basePara o assentamento cerâmico com argamassa adesiva, em condiçõesambientais normais, não é necessária a pré-molhagem da base e doscomponentes cerâmicos, procedimentos usuais no método tradicional. Aprincipal justificativa deste fato é devido a propriedade de retenção de águada argamassa adesiva, que permite que ela, mesma espalhada em espessuras

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finas, mantenha a água necessária para promover as aderências argamassa-base e argamassa-componente e para a hidratação do cimento.

Entretanto, quando as condições ambientais são agressivas, como porexemplo, sob: insolação direta; temperaturas muito altas; ação intensa deventos e ou em situações de baixa umidade relativa do ar, pode ser necessárioo umedecimento do substrato para que a cura da argamassa adesiva não sejaprejudicada e garanta-se a aderência necessária, nem haja prejuízo naprodutividade (o tempo de abertura pode ser muito pequeno, em condiçõesdesfavoráveis).

b) Manipulação dos componentes cerâmicosOs componentes, não deverão, em nenhuma hipótese, ser molhados ouumedecidos. A pré-molhagem das peças cerâmicas pode saturar totalmente osporos superficiais e prejudicar o processo de aderência mecânica (sucçãocontínua, pela base, da pasta cimentícia da argamassa de fixação).

Nos casos em que os componentes cerâmicos apresentem a superfícierecoberta por pó ou outros contaminantes, os mesmos deverão ser retiradosutilizando-se apenas do escovamento a seco. Na hipótese de isto serimpossível e houver a necessidade de utilizar água para limpeza, a mesmadeve ser feita com antecedência, e os componentes só poderão ser utilizadosquando a superfície de assentamento estiver seca.

c) Colocação do componente cerâmicoA melhor forma de garantir contato de 100% da superfície da peça cerâmicacom a argamassa adesiva e, consequentemente, a máxima aderência, éaplicar cerca de 2 cm das peças já assentadas, conforme a figura, arrastando apeça até a posição final através de movimentos de vai e vem sob pressão. Oprocedimento de colocar diversas peças na posição e apenas “bater” em suasuperfície, tentando esmagar os cordões, é desaconselhável pois, podeprovocar uma diminuição muito significativa da aderência potencial.

d) Galgamento do painelO galgamento do painel (em revestimentos com componentes modulares) é aoperação de materialização no local, antes do assentamento das peças, damodulação projetada. Nesta operação, são determinadas as distâncias(horizontais e verticais) entre fiadas sucessivas, de modo a posicionar as peçasde forma otimizada.

Para efeito de galgamento os painéis planos são definidos:

• nos revestimentos internos - por paredes ou trechos de paredeinterrompidos por elementos que quebrem a continuidade do plano a serrevestido (pilares e vigas em outros planos, mudança no tipo dorevestimento no mesmo plano, etc.);

• nos revestimentos externos - panos contínuos entre juntas de trabalho(horizontais e verticais) ou limitados por qualquer elemento que quebre acontinuidade do plano (pingadeiras de fachada, quinas, vigas e pilaresaparentes ou salientes, mudança do tipo de revestimento, etc.).

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Técnica recomendada para obter-se a máxima aderência componente-argamassa adesiva

e) Corte de peças cerâmicasOs cortes das peças cerâmicas deverão ser devidamente planejados eexecutados antes que se processe a aplicação da argamassa adesiva.

As arestas resultantes dos cortes deverão ser cobertas pelas canoplas dastorneiras e registros ou pelas placas ou espelhos das caixas de luz, de modoque resultem em arremates perfeitos.

Para o caso de revestimentos cerâmicos de menor resistência mecânica, comopor exemplo no caso dos azulejos, os cortes retos poderão ser feitosempregando-se o riscador (com ponta de vídea), sendo empregada a torquêsquando necessitar de cortes circulares. Quando a peça for de maior resistênciacomo os demais tipos de componentes cerâmicos, deve-se empregar, no casode cortes retos um cortador mecânico (por exemplo, da marca “Fermat”,modelo 2G 40), ou elétrico (por exemplo, Makita com disco diamantado), sendoque para cortes circulares pode-se empregar a furadeira de bancada providade serra-copo diamantada com guia interna.

Aplicação de revestimentos externos

a) Sequência de execução Os revestimentos de fachada são executados normalmente, no Brasil, com oemprego de balancins (equipamentos montados em obra com um conjunto decatracas e suspensos, através de cabos de aço, em vigas presas na coberturado edifício). Em outros países, os equipamentos mais utilizados são o andaimefachadeiro estático e o andaime fachadeiro móvel (de suspensão elétricaapoiado no solo), muito mais eficazes e seguros. No balancim as condições de

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trabalho são críticas e limitam a racionalidade e produtividade na execução dosrevestimentos cerâmicos.

A seqüência mais adequada a este tipo de equipamento é a execução de cimapara baixo em panos contínuos (sem mudança de direção). Isto facilita, por umlado, o aprumamento das juntas verticais e dificulta o nivelamento entre panoscontíguos ortogonais.

b) Galgas verticais: de painéis e intermediáriasA galga entre juntas de trabalho de todo o edifício (ou entre linhas de referênciaou de painéis) pré-estabelecida deve ser marcada em todas as fachadasortogonais para servir de referência para o “fechamento” no mesmo nível detodas as fiadas horizontais.

Normalmente, em um trabalho de qualidade, a determinação destas referênciasé feita pela marcação prévia nos cantos convexos das suas extremidades equando os balancins descem, executando os painéis com estas marcaçõespara materializar (riscando sobre o emboço) a posição da junta que irá servirde referência.

Como o balancim desce de 1 a 1,5 metros de cada vez, deve-se obter galgasintermediárias entre as galgas de referência que permitam a execução defiadas horizontais perfeitas na faixa de trabalho, sem perder a condição defechamento das linhas que circunscrevem o edifício.

O prumo das juntas verticais é obtido com o auxílio de arames de fachada. Aqualidade do serviço é normalmente função da quantidade destes arames.Para revestimentos com peças de grandes dimensões é usual que eles sejamposicionados entre cada duas ou três peças. Recomenda-se que a distânciaentre eles não ultrapasse um metro.

c) Condições ambientaisDurante a execução do revestimento externo deve-se considerar ainda ascondições ambientais. Deve-se evitar camada de acabamento sob tempochuvoso ou excessivamente quente e ensolarado. No caso da execução sobchuva, pode haver uma lavagem da camada de fixação, comprometendo aaderência do componente ou também uma saturação completa do emboço,também prejudicial para aderência do conjunto. No caso de sol excessivo, podehaver evaporação acentuada da água de amassamento da argamassa, vindotambém a comprometer a aderência.

Quando não for possível evitar estas condições, alguns cuidados especiaisdeverão ser tomados, como, por exemplo, proteger a área a ser revestida,cobrindo-a com lonas plásticas.

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Aplicação de revestimentos internos

a) Sequência de execuçãoInternamente, existe uma diferença nos procedimentos de execução emambientes que apresentam forro falso. Quando o forro não existe, deve-separtir com o componente inteiro do teto, enquanto nos casos em que exista oforro, utilizam-se apenas componentes inteiros, a partir do piso até a últimafiada na altura do forro. Exceto por esta particularidade, os demaisprocedimentos são basicamente os mesmos, existindo ou não o forro falso.

Recomenda-se que o início do revestimento interno se dê a partir da linha devisão do operário quando agachado (de cócoras), na posição de trabalho,tendo sequência para a parte superior. Somente depois de executada estaparte é que o operário deve finalizar a faixa inferior.

b) Fiada de referência horizontalA posição da fiada mestra, ou de referência deve ser posicionadaaproximadamente no terço inferior da altura do painel. Para posicioná-la, énecessário, após estabelecida a galga vertical do painel, dividi-la em três partese materializar a linha superior da fiada mestra, riscando-a no emboço. Nestaoperação são empregados: o nível de mangueira, a régua de alumínio e ometro ou trena. A precisão admitida é de 1/1500, para serviços de superiorqualidade.

Execução das juntas

As juntas aqui consideradas são as que se encontram entre componentes e asde trabalho. Em alguns textos, são definidas juntas chamadas construtivas, porexemplo. Situam-se na junção do painel com elementos adjacentes (sem serde movimentação) - pisos, pilares, saliências ou com outros tipos derevestimento. Não são aqui consideradas ou porque não diferem das juntasentre componentes ou porque não têm função de juntas, mas de detalhesconstrutivos, de arremate do serviço.

Juntas entre componentes

Os principais requisitos de desempenho de uma junta entre componentes são:horizontalidade, verticalidade e uniformidade de espessura, a fim de atender àsnecessidades estéticas da camada de acabamento; estanqueidade, evitandoinfiltrações e capacidade de absorver deformações.

A fim de atender aos requisitos relativos à estética do revestimento,recomenda-se o emprego de um espaçador durante a fixação doscomponentes de modo a proporcionar uniformidade de espessura. Além disso,recomenda-se a contínua verificação do nivelamento, aprumamento ealinhamento das juntas através de linhas de referência.

a) Prazo de execução

Recomenda-se que o rejuntamento dos componentes, respeite um prazomínimo de 72 horas, após sua fixação. Esta orientação tem justificativa nanecessidade de evitar o surgimento de tensões, originadas da retração daargamassa de fixação e permitir que a camada de revestimento trabalhe

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integradamente, somente após a resistência de aderência atingir determinadonível, dado pelo grau de hidratação do cimento.

O rejuntamento não deve ultrapassar o tempo mínimo pois, a junta expostapermite acúmulo de sujeira, que dificulta a aderência do material de rejunte.Isto se justifica, também, porque sem o rejuntamento, o revestimento ficasujeito a danos eventuais devido ao fato de que cada peça deve resistirsozinha (sem o reforço dado pelo intertravamento lateral) esforços acidentais.

Em fachadas, esse procedimento é relativamente difícil de ser implantado pelacontinuidade requerida pelos executantes no serviço de assentamento (aoperação de subir o balancim para fazer o rejuntamento parcial é repudiadacom a justificativa que prejudica muito a produtividade).

Como o atraso no rejuntamento é benéfico em fachadas, no sentido deabsorver deformações estruturais, pode-se optar por rejuntamento somenteapós o término de todo o assentamento, cuidando-se que as condições delimpeza da junta não prejudiquem a aderência.

b) Limpeza

Para que o rejuntamento possa ser iniciado, é necessário que as juntasestejam devidamente limpas, sendo que a limpeza pode ser feita com umavassoura ou com uma escova de piaçava para que sejam eliminados todos osresíduos que possam prejudicar a aderência do material de rejunte, como porexemplo, poeira e resíduos soltos de argamassa adesiva.

Além dos cuidados com a limpeza, em condições de tempo excessivamenteseco e com elevada temperatura, é possível que seja necessário oumedecimento das juntas previamente à sua execução, principalmente quandoforem empregadas argamassa e pastas convencionais (produzidas na própriaobra), cujo poder de retenção de água é reduzido. Sob condições ambientesnormais, ou no emprego de argamassas e pastas industrializadas, oumedecimento da junta não é necessário.

Nas fachadas, quando o rejunte for feito após o término do assentamento detodo o pano, a limpeza deve ser feita por lavagem com água.

c) Características do material de rejunte e das juntasO material de rejunte pode ser produzido na própria obra, como as pastas eargamassas à base de cimento branco ou serem adquiridos pré-dosados e pré-misturados. Estes são produzidos industrialmente e comercializados em pó,sendo constituídos por argamassa cimentícia aditivada.

Em juntas de espessura reduzida, isto é, com até 2 mm, é comum o empregode pastas de cimento com alvaiade (ou caulim) na proporção de 3 partes para1, respectivamente (todas composições em volume de materias secos).Quando as juntas são de espessura média, isto é, entre 2 e 5 mm, adota-seargamassa de traço 1:1 (uma parte de cimento e uma parte de inerte, podendoeste ser a areia fina e ou o alvaiade). Para juntas de mais de 5 mm adota-seum traço 1:2 (cimento:inerte). Para as juntas mais espessas pode-se empregar-se, também, argamassa adesiva como material de rejunte.

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Estes materiais de rejunte tradicionais não são resilientes e por isto têmcapacidade limitada para absorver deformações. Para incrementar estapropriedade é comum a adição de resinas vinílicas ou acrílicas disponíveis naforma de colas ou emulsões para pinturas. A adição destas resinas melhoratambém a estanqueidade e dificulta a fixação de microorganismos por diminuira porosidade superficial, além de permitir melhor acabamento. Recomenda-seuma mistura de uma parte de resina para 12 a 15 partes em volume de materialem pó.

Hoje, com a disponibilidade no mercado de materiais específicos para orejuntamento, pode não se justificar a produção deste material em obra. É maisracional o emprego dos produtos industrializados uma vez que estes, além deapresentar uma dosagem (em tese) controlada e uniforme, podem já trazerincorporadas as adições que permitem melhor desempenho do rejunte, comopor exemplo, resinas com capacidade de reter água, que diminuem o potencialde fissuração; fungicidas e resinas elastoméricas. Além disso, são de mais fácilprodução em obra, pois basta que sejam misturadas previamente com água.

d) ExecuçãoNos casos de rejuntamento de materiais cerâmicos de superfície porosa,recomenda-se, antes da aplicação do rejunte, que se passe uma camada decera incolor nos componentes a fim de que o material de rejunte não sejaabsorvido pelo componente, correndo o risco de manchá-lo devido ao seupotencial de absorção. Esta situação é mais delicada e sensível no emprego derejunte colorido, notadamente os de cores fortes.

Com os cuidados iniciais observados, a pasta ou argamassa de rejuntamentodeverá ser espalhada de modo que penetre uniformemente nas juntas, com oauxílio de um rodo pequeno, em movimentos alternados (semelhante aolimpador de pára-brisas).

Após o espalhamento de material de rejuntamento, as juntas poderão serfrisadas com madeira ou ferro redondo recurvado ou dando outro formatoconforme especificações de projeto. Este procedimento permite maiorcompacidade da junta, diminuindo sua porosidade e, conseqüentemente,aumentando sua estanqueidade.

Com as pastas de cimento, recomenda-se uma limpeza, no dia seguinte, porescovação do pó depositado nas peças cerâmicas, seguido de pano úmido.Com argamassa (que contenham areia), a limpeza deve ser feita tão logo oendurecimento da mesma o permita (algumas horas).

Os materiais com resinas elastoméricas, no entanto, devem ser limposrapidamente, cerca de 10 à 15 minutos após a aplicação, pois a secagem domesmo sobre a cerâmica implica em difícil remoção. As recomendações sãoválidas para cerâmicas esmaltadas de superfície não-porosa. Em casocontrário, deve-se avaliar a capacidade de manchamento do rejunte e adotartécnicas de proteção ou limpeza adequadas.

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Juntas de trabalho

Os materiais normalmente indicados para execução dessas juntas são osselantes elastoméricos, como os de silicone, acrílicos, poliuretânicos e depolisulfetos.

A espessura das juntas de trabalho pode ser a mesma das juntas entrecomponentes, mantendo-se a modulação. A capacidade de absorverdeformações, o nível de deformação previsto e o espaçamento entre juntasdefinem sua espessura.

Na sua execução, deve-se obedecer às características definidas em projeto.Normalmente, as juntas de trabalho em fachada são preenchidasconcomitantemente com as juntas entre componentes, para aproveitar a subidado balancim.

A recomendação é seguir uma seqüência de operações: corte com Makita doemboço sob a junta (até aproximadamente 50% da espessura do emboço);limpeza e eventual aplicação de primer, selador ou “Liquibase”; colocação daespuma limitadora de profundidade e proteção das bordas do revestimentocerâmico com fita crepe; aplicação do selante com moldagem da forma exteriorda junta e retirada da fita crepe após cura (ou recomendação do fabricante domesmo). Deve-se evitar condições climáticas agressivas, principalmente chuva(antes, durante e após a selagem da junta).

As posições das juntas de trabalho devem estar claramente definidas noprojeto de revestimento e a sua execução deve seguir estritamente o que foiprojetado.

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Problemas em revestimentos cerâmicos verticais

Um problema patológico pode ser entendido como uma situação em que oedifício ou uma sua parte, num determinado instante da sua vida útil, nãoapresenta o desempenho previsto.

O problema é identificado, de modo geral, a partir das manifestações ousintomas que se traduzem por modificações estruturais e/ou funcionais noedifício ou na parte afetada, representando os sinais de aviso dos defeitossurgidos.

Considerando todas as etapas do processo de produção de edifícios, pode-sedizer que a maior parte dos problemas que ocorrem ao longo de sua vida útil,tem origem nas fases de elaboração do projeto e de execução.

Os problemas originados na fase de projeto, ocorrem de modo geral, por doismotivos: inexistência de um projeto especifico em que sejam definidas ascaracterísticas do revestimento como um todo ou ainda por erros de concepçãodurante a elaboração do projeto, pois quando este existe, está limitado aosefeitos arquitetônicos, em que muitas vezes suas diretrizes são dadasindependentemente das condições reais de exposição e dos requisitos básicosa sua construção.

No que se refere à fase de execução dos serviços de revestimento éimprescindível que os técnicos envolvidos com a produção dos mesmostenham o domínio das corretas técnicas, conhecendo, ainda, os possíveisproblemas.

Embora se reconheça a dificuldade para dominar a tecnologia de projeto e deexecução dos revestimentos, principalmente em função da falta dedisponibilidade de profissionais com formação adequada para enfrentar essasituação, é necessário adotar uma metodologia de desenvolvimento do projetoque contemple todos os detalhes executivos; a especificação de materiaiscompatíveis com as condições de uso; a interação do revestimento com asdemais partes do edifício como esquadrias, pisos, instalações, etc., fornecendoassim, os subsídios necessários para desenvolvimento dos serviços em obra,minimizando ou eliminando as improvisações e as decisões no momento daexecução.

Os principais problemas encontrados nos revestimentos cerâmicos sãoabordados a seguir.

Perda de aderência (descolamento)

A perda de aderência pode ser entendida como um processo em que ocorremfalhas ou ruptura na interface dos componentes cerâmicos com a camada defixação ou na interface desta com o substrato, devido as tensões surgidasultrapassarem a capacidade de aderência das ligações.

Com relação aos sintomas, pode-se observar, inicialmente, a repercussão deum som oco em alguns componentes, seguido do descolamento dos mesmos,podendo ocorrer, eventualmente, o descolamento imediato.

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Uma observação não sistemática parece indicar que, em geral, o descolamentoacontece depois de passado o primeiro ano da ocupação do edifício, podendose manifestar em casos isolados ou em grandes painéis. Parece ocorrer, commaior freqüência, nos primeiros e últimos pavimentos, provavelmente emfunção do maior nível de solicitação a que estes estão sujeitos.

As causas do descolamento dos componentes podem ser diversas, sendo umadas mais importantes a instabilidade do suporte, devido à acomodação doconjunto da construção, à fluência da estrutura de concreto armado e asvariações higrotérmicas e de temperatura.

O ritmo de construção atual tem levado a fixação dos componentes cerâmicosnum estágio da obra em que o suporte foi recentemente executado,apresentando-se ainda muito úmido. Em conseqüência, as modificaçõesdimensionais, devido à acomodação ou à retração do conjunto, não foramdesenvolvidas completamente.

Além disto, pode-se citar como possíveis causas: o grau de solicitação dorevestimento; as características das juntas de assentamento e demovimentação; a ausência de detalhes construtivos (contravergas, juntas decanto de parede, etc.) e de especificação dos serviços de execução; aimperícia ou negligência da mão-de-obra; a utilização do adesivo com prazo devalidade vencido; a fixação dos componentes cerâmicos após o vencimento dotempo de abertura da argamassa adesiva e a presença de pulverulência ou demateriais deletérios nas superfícies de contato (base-regularização-componente cerâmico), fatores que nem sempre são observados quando daexecução do revestimento.

A combinação dos fatores anteriormente citados com a variação de umidade aque o suporte está sujeito pode produzir a concentração de esforços locais deelevada intensidade de modo que se perca a aderência dos componentes,quando as tensões ultrapassarem o limite da resistência. É sabido que mesmoos suportes mais antigos ficam sujeitos a variações dimensionais causadaspela reumidificação, principalmente nos locais em que os revestimentos estãosujeitos à vapor d'água. Assim, mesmo para o caso de antigas construções épossível encontrar problemas.

Pode-se conhecer, inicialmente, o tipo de ruptura ocorrida, verificando-se oestado do verso dos componentes (tardoz) e o estado do substrato,identificando se a ruptura se deu entre a camada de fixação com ocomponente, desta com o substrato, ou mesmo do próprio substrato.

Além destas informações, deve-se tentar levantar as características dosmateriais e da mão-de-obra empregados, o período de execução dorevestimento e ainda, as condições de exposição a que os componentesestiveram sujeitos ao longo da sua vida útil, as características do substrato(resistência mecânica, umidade, etc.), dentre outros.

A partir das informações obtidas, faz-se um diagnóstico do problema, sendoque qualquer que seja ele, deve ser registrado com documentos devidamenteelaborados, obtendo como resultado parte do domínio tecnológico sobre oassunto, além de promover uma possível retroalimentação das informações

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obtidas, a fim de prevenir ou detectar os principais agentes responsáveis pelosdescolamentos.

O problema do descolamento do componente cerâmico é mais acentuado noscasos em que eles são assentados por argamassa convencional, queapresenta um elevado índice de umidade em sua constituição, além deapresentar elevada espessura uma vez que é a própria argamassa deregularização. Nos casos de emprego da argamassa adesiva, quando omaterial é de garantida qualidade e respeitou-se o seu tempo de aberturadurante a execução, este problema é bastante reduzido pois trabalha-se comum substrato mais seco e uma argamassa de reduzida espessura.

Trincas, gretamento e fissuras

Estes fenômenos caracterizam-se por apresentar uma perda de integridade dasuperfície do componente cerâmico, podendo até mesmo levar ao seudescolamento. A trinca, pode ser entendida como a ruptura no corpo da peça,sob a ação de esforços, provocando a separação de suas partes e ‚manifestada através de linhas estreitas que configuram o grau de sua abertura,sendo que, em geral, apresenta-se com dimensões superiores a 1 mm. Ogretamento e o fissuramento, por sua vez, são aberturas liniformes queaparecem na superfície do componente, provenientes da ruptura parcial de suamassa, ou seja, a ruptura que não divide o seu corpo por completo. Sãocaracterizadas por apresentarem, aberturas inferiores a 1 mm.

As manifestações destes problemas podem surgir de maneira generalizada nospainéis revestidos, ou até‚ mesmo, em um único componente cerâmico, emquaisquer direções, horizontal, vertical e/ou diagonal, sendo as possíveiscausas atribuídas a:

• dilatação e retração do componente cerâmico: que podem ocorrer devido àvariação térmica ou de umidade no corpo cerâmico, que geram um estadode tensões internas que propicia o aparecimento destas manifestaçõespatológicas;

• deformação estrutural excessiva: estas deformações podem introduzirtensões na alvenaria que, eventualmente, ficam submetidas à diferentesesforços que nem sempre são completamente absorvidos sendo, então,distribuídos, pelo menos em parte, para os revestimentos. Caso estastensões tenham intensidade superior às suportáveis pelo revestimento,fatalmente poderão ocorrer o seu descolamento ou levando aoaparecimento de trincas ou fissuras na sua superfície;

• ausência de detalhes construtivos: alguns importantes detalhes construtivoscomo as vergas e contravertas nas aberturas das janelas e portas; aspingadeiras nas janelas e platibandas e as juntas de movimentação dosrevestimentos, podem auxiliar no bom desempenho dos revestimentos;

• a retração da argamassa convencional: este fenômeno pode gerar norevestimento o denominado efeito "beliscão", que ocorre com o emprego deargamassa convencional para o assentamento dos componentescerâmicos. Após a fixação do componente a argamassa adere firmementeao seu corpo e, sob o efeito de retração da mesma, pela secagem, promove

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um aperto ou "beliscão" no corpo cerâmico, resultando em tensões quetendem a tornar a superfície da face convexa e tracionada, favorecendo oaparecimento de fissuras e/ou trincas.

Os problemas de trincas e fissuras têm sido observados com maior freqüêncianos primeiros e últimos pavimentos, o que possivelmente, é resultado da faltade especificação de juntas de movimentação e detalhes construtivosadequados para as solicitações sofridas por estes pavimentos. Neste sentido,avalia-se que muito ainda tem para ser estudado, de modo a encontrarcondições de produção específicas para os pavimentos mais críticos, bemcomo para os casos de grandes panos de fachadas, que também sofrem sériosproblemas por falta de conhecimento do seu comportamento.

Eflorescência

A eflorescência é um problema que pode apresentar diferenciados níveis degravidade, desde a simples alteração da aparência da superfície onde sedeposita, até‚ mesmo o descolamento dos revestimentos e degradação dapintura, quando existente.

Pode ser entendida como a formação de um depósito cristalino (sal) numadeterminada superfície devido a ação do meio ambiente ou ainda, por açãoquímica. Geralmente, é causada pelo movimento da água através de ummaterial poroso, onde são carreadas substâncias solúveis que serãodepositadas sobre sua superfície após a evaporação da água. Sendo assim,são necessários, para o aparecimento do fenômeno, ao mesmo tempo, apresença de substâncias solúveis, de água, de um meio de transporte dessasolução para a superfície e a sua evaporação.

As substâncias solúveis são geralmente sais inorgânicos como os sulfatos desódio, de potássio, de cálcio, de magnésio e os carbonatos de sódio e depotássio, que podem ter diversas origens. As possíveis fontes de sais solúveisdurante a fabricação de componentes cerâmicos são: matérias primascerâmicas; água usada na fabricação; reação de componentes da massa comóxidos de enxofre do combustível, durante a secagem e início da queima;defloculantes, além de outras substâncias solúveis adicionadas à massa.

Existem tratamentos especiais que podem ser empregados para a eliminaçãodesses sais na fase de produção do componente, como por exemplo otratamento com carbonato ou hidróxido de bório que é introduzido na massa defabricação do biscoito. Porém, seu alto custo o inviabiliza, sendo raramenteempregado. Outra solução é a queima dos componentes a temperaturassempre superiores a 1100 oC que permite a dissociação dos sais fazendo comque sua parte leve seja queimada e a pesada seja incorporada à malhacristalina, estabilizando-se.

Tendo em vista que os atuais processos de produção dos componentescerâmicos envolvem sempre temperaturas superiores a esta, a probabilidadeda presença de sais solúveis nos componentes fica reduzida. Entretanto, umavez aplicados, existem outras fontes de sais tais como: os componentes dealvenaria; a argamassa da camada de regularização e de fixação; a pasta ouargamassa empregadas no rejuntamento; a água (utilizada na construção,

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proveniente dos vários tipos de umidade, ou empregada na limpeza) e osprodutos de limpeza em geral.

A ação dos sais solúveis do cimento Portland, principal aglomerante dasargamassas, é importante fonte de eflorescência nos revestimentos, devendo-se minimizar seu emprego.

O transporte da água que conduz os sais até a superfície, ocorre através dosporos dos componentes. A água pode surgir na fase de execução das diversascamadas do revestimento, por infiltração em trincas e fissuras, devido avazamentos nas tubulações, à condensação de vapor da atmosfera dentro deparedes ou ainda à combinação destes processos.

Para que seja constatada a eflorescência, é necessário que a água evapore edeixe um depósito salino. Há, contudo, casos em que a solução não chega acristalizar-se como em ambientes constantemente úmidos, ou no caso de saisde difícil secagem, como o cloreto de cálcio, carbonato de potássio e silicatosalcalinos. Portanto, esse tipo de eflorescência aparecerá como uma exsudaçãona superfície, mais ou menos viscosa dependendo da sua composição econcentração.

Frente à complexidade que envolve o problema é quase impossível garantir aeliminação da eflorescência manifestada nos revestimentos. Entretanto, pode-se restringir o seu aparecimento tomando-se algumas providências.

a) reduzir o consumo de cimento Portland na argamassa de regularização oque é possível a partir de uma dosagem racional à exemplo do que vemocorrendo com a produção dos contrapisos; ou ainda especificando cimentocom baixo teor de álcalis para a produção destas argamassas;

b) utilizar componentes cerâmicos para revestimento de qualidade garantida eisentos de umidade residual;

c) garantir o tempo necessário para completa secagem de cada camadaconstituinte do subsistema revestimento;

d) evitar o uso de ácido clorídrico (impropriamente chamado de "ácidomuriático") durante a limpeza do revestimento logo após a execução do rejunte.E, caso se faça indispensável o seu emprego, empregá-lo em fracasconcentrações e sem abundância.

A simples lavagem da superfície do revestimento, na maioria dos casos, écapaz de removê-la, podendo porém, voltar a surgir, em função das condiçõesambientais serem ou não propícias. Ao longo do tempo, os sais vão sendoeliminados, tendendo ao desaparecimento do fenômeno.

Considerações finais

Este documento procurou descrever, de forma sucinta, o atual estágio dedesenvolvimento tecnológico no campo dos revestimentos cerâmicos paravedações verticais. O conteúdo do documento que o originou, que éapresentado neste de forma resumida, é o resultado de uma ampla pesquisabibliográfica sobre o tema, bem como de uma série de observações realizadas

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em canteiros de obras, somadas à experiência dos profissionais envolvidos noprojeto de pesquisa original.

Esta pesquisa evidencia que hoje se tem um bom domínio da tecnologia deprodução dos componentes cerâmicos, e tem sido significativo o avanço naprodução dos materiais destinados à camada de fixação e ao seurejuntamento. Estas razões ajudam a explicar porque os revestimentoscerâmicos têm conseguido manter seu espaço no mercado nacional, tanto paraa execução de revestimentos internos das áreas molháveis comoprincipalmente nos revestimentos de fachadas de edifícios.

No entanto, o avanço na produção dos componentes e dos materiaiscomplementares não vêm sendo acompanhado pela tecnologia de execução dorevestimento como um todo. Na maioria das vezes, o que se observa é que aprodução de revestimentos cerâmicos fica sob exclusiva responsabilidade dosexecutantes (operários), uma vez que inexistem as especificações de projeto,de execução e de controle de qualidade.

Como se procurou deixar claro neste trabalho, a produção de um revestimentocerâmico compatível com as condições de utilização e as exigências do usuárioé resultado de um conjunto complexo de atividades. Sabe-se que muitasdestas atividades não são corriqueiramente desenvolvidas na construção civilno Brasil. Por isto, ocorrem desperdícios, problemas e custos incompatíveis.Mas esta situação pode e deve ser mudada, sendo o caminho natural começara aprender as tecnologias envolvidas.

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