Apostila Teoria Geral da Administração TGA

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CIÊNCIAS CONTÁBEIS ADMINISTRAÇÃO GERAL CONTEXTUALIZAÇÃO DO PARADIGMA CARTESIANO-NEWTONIANO APOSTILA - PARTE

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CINCIAS CONTBEIS

ADMINISTRAO GERAL

CONTEXTUALIZAO DO PARADIGMA CARTESIANO-NEWTONIANOAPOSTILA - 1 PARTE

PROFESSORA: JOELMA JACOB GARCIA 2007\2

O PARADIGMA CARTESIANO-NEWTONIANO E SUAS CONSEQNCIAS PARA A SOCIEDADE E PARA AS ORGANIZAES

Por que a sociedade atual funciona do jeito que funciona Por que vivemos numa sociedade em que preciso muita garra para sobreviver Por que precisamos sobrepujar a concorrncia, Por que competimos tanto Para alguns, essas respostas podem parecer inteis, uma vez que assim que as coisas funcionam. Podemos dizer simplesmente o seguinte: competimos por que competimos, ora bolas! Se nossa empresa no o fizer, vem outro e faz e ns estamos fora!!! Se o servio que eu ofereo (tanto faz se uma anlise patrimonial ou um software), se no for o melhor ou suficientemente bom e com preo acessvel EU ESTOU FORA! No ganho, no pago minhas contas, sou excludo do sistema. Na verdade sou includo em outros sistemas, como o cadastro dos devedores, por exemplo. Ento vamos luta. Nesta selva urbana melhor ficar esperto! A guerra dos preos, a guerra da concorrncia, a guerra da qualidade TEM QUE SER VENCIDA a qualquer custo! isso a! VALE TUDO! Soda custica no leite, viciar crianas, traficar pessoas, rgos (humanos), etc, etc, etc. De onde surgiu essa competio to violenta quais interesses todo esse movimento serve E a cultura do descartvel Das pessoas aos celulares Quais as conseqncias fsicas (materiais) e emocionais de tudo isso Por trs de todo esse quadro que presenciamos atualmente dos enormes picos de produtividade e qualidade mais profunda misria humana est uma idia, uma forma de ver o mundo, um PARADIGMA. Esse paradigma, que molda nossa viso de sociedade como o ar que respiramos. No o vemos, no o questionamos; s vezes percebemos o aroma mais ou menos agradvel, providenciamos um purificador de ar e seguimos em frente. Est a, em todos os setores da sociedade, orientando desde os nossos comportamentos, at o gerenciamento das mega organizaes, da poltica, da economia, de tudo enfim. Ns estamos to acostumados ao jeito como as coisas funcionam que no questionamos nada. S vamos seguindo junto com a galera, ou seja:

trabalhando feito loucos, cumprindo as obrigaes do nosso cargo (e que a gente tambm no faz muita questo de saber para qu desde que o salrio no atrase); curtindo muito usando drogas lcitas (e ilcitas tambm) porque a gente precisa relaxar daquela semana estressante; estudando para a prova, sem saber exatamente para qu aquele conhecimento serve; nos deixando seduzir pelo consumo de produtos, servios e imagens (muitas vezes suprfluos), que nos coloquem a moda, para sermos aceitos no grupo que estamos querendo acessar.

assim que as coisas funcionam. Para que seja possvel perceber esse ar que respiramos, preciso voltar no tempo, relembrar como as coisas funcionavam antes que essa idia se tornasse dominante... (e ela foi muito til numa determinada poca). Idade Mdia Vivia-se ao capricho dos deuses, das foras naturais. As pessoas estavam expostas s doenas, morte, misria, s intempries. A mdia de vida era de 29/30 anos a mesma do homem pr-histrico! Para Domenico De Masi (2000), no sculo XII d.c., tem incio um perodo de grande desenvolvimento tecnolgico. O fim do Imprio Romano marcado pela libertao dos seus escravos e reaparece a necessidade de tecnologia para fazer o trabalho deles. Grandes avanos foram registrados nessa poca: a inveno da plvora, a bssola, os novos arreios dos cavalos. Os culos, a imprensa e o relgio. Talvez o aspecto mais importante ocorrido nesse perodo (Idade Mdia) tenha sido a descoberta do Purgatrio. O purgatrio foi o mecanismo utilizado para uma acumulao primria que possibilitou e difundiu o desenvolvimento tecnolgico citado. A idia de que poderia haver uma situao mediadora entre o cu e o inferno no existia no imaginrio cristo e foi criada pela Igreja Catlica. E, pela primeira vez na histria da humanidade, os vivos passam a encontra-se numa situao de poder fazer alguma coisa em favor dos mortos: pagar missas e indulgncias pelo resgate da alma deles. Inaugura-se assim uma poca de especulao sobre as almas. O comrcio das indulgncias torna-se central na sociedade crist e permite uma acumulao imensa por parte das igrejas. (De Masi, 2000) Assistir ao filme Lutero d uma percepo bastante clara desse comrcio. Os sacerdotes eram proprietrios das almas das pessoas.

A Inquisio aparece na histria. O texto inserido a seguir foi encontrado aps rpida pesquisa pela Web (h bastante material disponvel). impossvel ignorar o aspecto manipulador e cruel dessa perseguio, mas o que deve ficar registrado dessa leitura seu pano de fundo, ou seja, os interesses ideolgicos, polticos e econmicos que criaram esse movimento.

"No permitirs que viva uma feiticeira". (xodo Cap. XXII Versculo XVIII) No sculo IV, quando o Cristianismo se propagava, a Igreja Catlica havia tomado santurios e templos sagrados de povos pagos, para implantar sua religiosidade e erigir suas igrejas. Nos primrdios do Catolicismo, acreditavam que os pagos continuariam a freqentar estes lugares sagrados para reverenciarem seus Deuses. Mas com o passar do tempo, assimilariam o cristianismo substituindo o paganismo, atravs da anulao. Mesmo assim, por toda a parte, havia uma constante venerao s divindades pags. Ao longo dos sculos, a estratgia da Igreja Catlica no funcionou, e atravs da Inquisio, de uma forma ensandecida e sdica, as autoridades eclesisticas tentaram apagar de uma vez por todas a figura da Grande Deusa Me, como principal divindade cultuada sobre todos os extremos da Terra. O Catolicismo medieval transformou o culto Grande Deusa Me, num culto satnico, promovendo uma campanha de que a adorao dos deuses pagos era equivalente servido sat. Inquisio o ato de inquirir, isto , indagar, investigar, interrogar judicialmente. No caso da Santa Inquisio, significa "questionar judicialmente aqueles que, de uma forma ou de outra, se opem aos preceitos da Igreja Catlica". Dessa forma, a Santa Inquisio, tambm conhecida como Santo Ofcio, foi um tribunal eclesistico criado com a finalidade "oficial" de investigar e punir os crimes contra a f catlica. Na prtica, os pagos representavam uma constante ameaa autoridade clerical e a Inquisio era um recurso para impor fora a supremacia catlica, exterminando todos que no aceitavam o cristianismo nos padres impostos pela Igreja. Posteriormente, a Santa Inquisio passou a ser utilizada tambm como um meio de coao, de forma a manipular as autoridades como meio de obter vantagens polticas.

A caa s bruxas

A Santa Inquisio teve seu incio no ano de 1184, em Verona, com o Papa Lcio III. Em 1198, o Papa Inocncio III j havia liderado uma cruzada contra os albigenses (hereges do sul da Frana), promovendo execues em massa. Em 1229, sob a liderana do Papa Gregrio IX, no Conclio de Tolouse, foi oficialmente criada a Inquisio ou Tribunal do Santo Ofcio. Em 1252, o Papa Inocncio IV publicou o documento intitulado Ad Exstirpanda, que foi fundamental na execuo do plano de exterminar os hereges. O Ad Exstirpanda foi renovado e reforado por vrios papas nos anos seguintes. Em 1320, a Igreja (a pedido do Papa Joo XXII) declarou oficialmente que a Bruxaria, e a Antiga Religio dos pagos constituam um movimento e uma "ameaa hostil" ao cristianismo. Os inquisidores, cidados encarregados de investigar e denunciar os hereges, eram doutores em Teologia, Direito Cannico e Civil. Inquisidores e informantes eram muito bem pagos. Todos os que testemunhassem contra uma pessoa supostamente herege, recebiam uma parte de suas propriedades e riquezas, caso a vtima fosse condenada. Os inquisidores deveriam ter no mnimo 40 anos de idade. Sua autoridade era outorgada pelo Papa atravs de uma bula, que tambm podia incumbir o poder de nomear os inquisidores a um Cardeal representante, bem como a padres e frades franciscanos e dominicanos. As autoridades civis, sob a ameaa de excomunho em caso de recusa, eram ordenadas a queimar os hereges. Camponeses eram incentivados (ludibriados com a promessa de ascenderem ao reino divino ou atravs de recompensas financeiras) a cooperarem com os inquisidores. A caa s Bruxas tornou-se muito lucrativa. Geralmente as vtimas no

conheciam seus acusadores, que podiam ser homens, mulheres e at crianas. O processo de acusao, julgamento e execuo era rpido, sem formalidades, sem direito defesa. Ao ru, a nica alternativa era confessar e retratar-se, renunciar sua f e aceitar o domnio e a autoridade da Igreja Catlica. Os direitos de liberdade e de livre escolha no eram respeitados. Os acusados eram feitos prisioneiros e, sob tortura, obrigados a confessarem sua condio hertica. As mulheres, que eram a maioria, comumente eram vtimas de estupro. A execuo era realizada, geralmente, em praa pblica sob os olhos de todos os moradores. Punir publicamente era uma forma de coagir e intimidar a populao. A vtima podia ser enforcada, decapitada, ou, na maioria das vezes, queimada.

Malleus Maleficarum

Em 1486 foi publicado um livro chamado Malleus Maleficarum (Martelo das Bruxas) escrito por dois monges dominicanos, Heinrich Kramer e James Sprenger. O Malleus Maleficarum uma espcie de manual que ensina os inquisidores a reconhecerem as bruxas e seus disfarces, alm de identificar seus supostos malefcios, investig-las e conden-las legalmente. Alm disso, tambm continha instrues detalhadas de como torturar os acusados de bruxaria para que confessassem seus supostos crimes, e uma srie de formalidades para a execuo dos condenados. Ainda, o tratado afirmava que as mulheres deveriam ser as mais visadas, pois so naturalmente propensas feitiaria. O livro foi amplamente usado por supostos "caadores de bruxas" como uma forma de legitimar suas prticas. Alguns itens contidos no Malleus Maleficarum que tornavam as pessoas vulnerveis ao da Santa Inquisio: Difamao notria por vrias pessoas que afirmassem ser o acusado um Bruxo. Se um Bruxo desse testemunho de que o acusado tambm era Bruxo. Se o suspeito fosse filho, irmo, servo, amigo, vizinho ou antigo companheiro de um Bruxo. Se fosse encontrada a suposta marca do Diabo no suspeito.

Hecatombe

Gradativamente, contando com o apoio e o interesse das monarquias europias, a carnificina se espalhou por todo o continente. Para que se tenha uma idia, em Lavaur, em 1211, o governador foi enforcado e a esposa lanada num poo e esmagada com pedras; alm de quatrocentas pessoas que foram queimadas vivas. No massacre de Merindol, quinhentas mulheres foram trancadas em um celeiro ao qual atearam fogo. Os julgamentos em Toulouse, na Frana, em 1335, levaram diversas pessoas fogueira; setecentos feiticeiros foram queimados em Treves, quinhentos em Bamberg. Com exceo da Inglaterra e dos EUA, os acusados eram queimados em estacas. Na Itlia e Espanha, as vtimas eram queimadas vivas. Na Frana, Esccia e Alemanha, usavam madeiras verdes para prolongar o sofrimento dos condenados. Ainda, a noite de 24 de agosto de 1572, que ficou conhecida como "A noite de So Bartolomeu", considerada "a mais horrvel entre as aes inquisidoras de todos os sculos". Com o consentimento do Papa Gregrio XIII, foram eliminados cerca de setenta mil pessoas em apenas alguns dias. Alm da Europa, a Inquisio tambm fez vtimas no continente americano. Em Cuba iniciou-se em 1516 sob o comando de dom Juan de Quevedo, bispo de Cuba, que eliminou

setenta e cinco hereges. Em 1692, no povoado de Salm, Nova Inglaterra (atual E.U.A.), dezenove pessoas foram enforcadas aps uma histeria coletiva de acusaes. No Brasil h notcias de que a Inquisio atuou no sculo XVIII. No perodo entre 1721 e 1777, cento e trinta e nove pessoas foram queimadas vivas. No sculo XVIII chegam ao fim as perseguies aos pagos, sendo que a lei da Inquisio permaneceu em vigor at meados do sculo XX, mesmo que teoricamente. Na Esccia, a lei foi abolida em 1736, na Frana em 1772, e na Espanha em 1834. O pesquisador Justine Glass afirma que cerca de nove milhes de pessoas foram acusadas e mortas, entre os sculos que durou a perseguio.

Filmes como O Nome da Rosa e Giordano Bruno so indicados para uma melhor ambientao realidade medieval. Interessante observar o movimento violento para a aniquilao do princpio feminino e tudo o que est a ele associado, abrindo espao para que valores masculinos controlassem e conduzissem a sociedade Preconceito, cobia, distoro dos fatos/realidade por interesses polticos e pessoais do clero/Roma, tirania, associao com bruxas, superstio, confrarias secretas, maonaria (inimigas da Igreja Catlica), rituais, equincios, curandeiras, crenas herticas com provas concretas de adorao ao diabo, confisses sob tortura: ... o desamparo da vtima, independentemente de quo eminente fosse, depois que a acusao fatal lhe fosse imposta; e era imposta por meio da Inquisio. A igreja destrua, literalmente, os seus inimigos. Para esse fim eram utilizadas as foras coercitivas da Inquisio, sempre a servio do papado e dos reis cristos da Europa. poca em que esse mesmo papado reivindicava ... uma soberania suprema sobre todo o mundo. (Read, 2001) Envolvidos em altas pretenses de domnio universal, a Igreja no percebe a tempo que as coisas comeam a mudar e o perigo representado pelo Estado nacional predador. No ano de 1500, o rei ingls Henrique VIII espoliou os mosteiros, tirando proveito dos interesses particulares de novas foras sociais representadas pela burguesia. Essa classe vinha com dinheiro e poder e no queria curvar-se ao poder eclesistico. Como Henrique VIII no conseguiu fazer o papa do seu tempo curvar-se sua vontade, repudiou a autoridade da Santa S. (Read, 2001) Por exemplo: navegar pelo mundo em busca de novas terras era uma afronta aos dogmas catlicos, uma vez que a Terra era plana e que o Sol girava ao nosso redor. A burguesia tinha interesse em novas riquezas a conquistar; Galileu Galilei foi excomungado pela Igreja por comprovar que somos um sistema heliocntrico. Marco Polo j havia chegado at a China. Iniciam-se as Grandes Navegaes 1492 Amrica; 1500 Brasil.

O Paradigma Cartesiano-Newtoniano A longa noite medieval, onde a Igreja e seus representantes determinavam a maior parte dos ensinamentos a respeito do homem e seu destino estava terminada. A Renascena o momento histrico que marca o renascimento do progresso humano. Tem incio, com o apoio de Francis Bacon, Leonardo Da Vinci, Ren Descartes e mais tarde Isaac Newton, a separao entre Igreja e Cincia. FRANCIS BACON (1561-1626) Filsofo e estadista ingls, colocava a utilidade prtica em primeiro lugar e seu raciocnio era o seguinte: Chega de filosofia e poesia, hora de dedicar-se ao progresso da vida cotidiana. Ele nasceu ... sob Henrique VIII, numa Inglaterra arcaica, e morre numa Inglaterra pronta para a Revoluo Industrial. Indispensveis a esta revoluo sero as descobertas da eletricidade, da mquina a vapor e da organizao cientfica, mas tambm e aqui est a nfase a primazia da razo. O homem descobre que grande parte dos problemas tradicionalmente resolvidos de modo religioso ou fatalista podem, ao contrrio, ser administrados racionalmente: seja o medo do temporal e do raio, seja a carestia, seja a ditadura. (De Masi, 2000) (Grifos meus)

Bacon, cuja influncia muitos julgam to grande e importante quanto a de Descartes, propunha a construo do conhecimento por outro caminho. Reivindicava uma nova cincia, que seria baseada em experimentos organizados e cooperativos, com o registro sistemtico dos resultados.

Considerava ele a filosofia como uma nova tcnica de raciocnio que deveria restabelecer a cincia natural sobre bases firmes. Seu plano de ampla reorganizao do conhecimento a que chamou Instauratio Magna ("Grande Instaurao"), era destinado a restaurar o domnio do homem sobre a natureza que se acreditava ele havia perdido com a queda de Ado. O ncleo da filosofia da cincia de Bacon o pensamento indutivo apresentado no Livro II do Novum Organum, sua obra mais famosa, assim intitulada em aluso ao Organon de Aristteles. Publicada em 1620, como parte do projeto da Instauratio Magna.. Continha, segundo Bacon, em oposio a Aristteles, "indicaes verdadeiras acerca da interpretao da Natureza". Na sua viso, o verdadeiro filsofo natural (cientista da natureza) deveria fazer no s a acumulao sistemtica de conhecimentos mas tambm descobrir um mtodo que permitisse o progresso do conhecimento e no apenas a catalogao de fatos de uma realidade

supostamente fixa, ou obediente a uma ordem divina, eterna e perfeita." O saber deveria ser ativo e fecundo em resultados prticos. Filosofia Poltica. Bacon era a favor dos poderes totais do monarca, contra o poder feudal que subsistia da idade mdia. Em sua obra poltica justifica o absolutismo. O autoritarismo exercido tambm na sua utopia, uma repblica cuja felicidade vem de ser administrada por uma instituio cientfica, a Casa de Salomo, onde vivem e trabalham os sbios da "Nova Atlntida". Segundo Bacon, "conhecimento poder". Ele via a si mesmo como o inventor de um mtodo que lanaria uma luz sobre a natureza "uma luz que eventualmente haveria de revelar e tornar visvel tudo que fosse o mais escondido e secreto no universo" Tal mtodo compreendia a coleta de dados, sua cuidadosa interpretao, a realizao de experincias, para assim conhecer os segredos da natureza por meio de observaes sistemticas de suas Leis. As propostas de Bacon tiveram uma poderosa influncia sobre o desenvolvimento da cincia no sculo XVII na Europa.

O empirismo no comea com Bacon, mas dele recebeu seu instrumento vital: o mtodo experimental ou mtodo cientfico. As bases do empirismo esto no pensamento de Bernardino Telsio segundo o qual a Natureza devia ser estudada de modo natural, segundo seus prprios princpios, ou seja, pela investigao e observao. Seguiu-se a Telsio uma fase especulativa no sistemtica. Por isso o fato mais decisivo foi a colocao de Francis Bacon, que, apesar de reconhecer a existncia do conhecimento a priori, argumentou que, na verdade, o nico conhecimento que valia a pena ter (para o fim de melhorar a existncia humana) o conhecimento de base emprica do mundo natural, o qual devia ser buscado atravs de procedimentos sistemticos, mecnicos, do arranjo das informaes colhidas na experincia e observao, que podiam ser melhor conduzidas em pesquisa cooperativa e impessoal. Foi na verdade o primeiro a formular o princpio da induo cientfica.

ELIZABETH I Na passagem da Idade Mdia para Moderna ocorre o processo de centralizao do poder poltico, com o surgimento das monarquias nacionais, quando os reis comearam a concentrar o poder em suas mos. Esse processo encontra trs momentos bem demarcados: uma fase feudal, onde os reis assumem um maior destaque entre seus vassalos, transformando o poder de direito em poder de fato; uma fase moderna (entre os sculos XV e XVI), onde os monarcas criam suas prprias instituies, como exrcitos, leis e moedas nacionais; uma fase de consolidao (entre os sculos XVI e XVII), onde a burocratizao atinge seu apogeu, definindo o conceito moderno de Estado.

Na Inglaterra em meados do sculo XVI, o governo da rainha Elizabeth, representa o apogeu

do absolutismo. A consolidao de uma monarquia absolutista, centralizada, foi um elemento importante para o notvel desenvolvimento econmico do pas no sculo XVII. Para isso, os governos de Henrique XVIII e de sua filha Elizabeth I, foram decisivos, pois unificaram o pas, dominaram a nobreza, afastaram a ingerncia do poder papal, criaram a igreja nacional inglesa, confiscaram as terras da Igreja Catlica e obtiveram xito na disputa de domnios coloniais com os espanhis.

Filha de Henrique VIII e Ana Bolena, Elizabeth assumiu o poder em 1558, aps a morte de sua meia irm Maria Tudor, governando a Inglaterra at 1603. Sua forma absoluta de governo, sempre tentou evitar a convocao do Parlamento, criado pela Magna Carta de 1215, de quem dependia a aprovao da cobrana de impostos. O Igreja Anglicana, criada na Inglaterra por Henrique VIII, que mesclava caractersticas catlicas e calvinistas, foi utilizada com sabedoria pela rainha, que valorizando o contedo calvinista, pressionava a nobreza (de maioria catlica), ao mesmo tempo em que obtinha apoio da burguesia (de maioria calvinista).

Elizabeth I demonstrou todo seu poder, quando mandou decapitar sua prima catlica Mary Stuart, rainha deposta da Esccia, apoiada pelo papa e pelo rei Filipe II da Espanha. Em 1558, ao destruir a Invencvel Armada enviada pelos espanhis, contribuiu para o incio da hegemonia inglesa na navegao e no comrcio internacional com o estmulo para construo naval, resultando num grande avano econmico, com destaques para indstria de tecidos de l e para explorao das minas de carvo. A formao da Companhia das ndias Orientais dominou grande parte do trfico de escravos africanos para a Amrica. A concesso de monoplios protegia as companhias comerciais e a elevao de impostos alfandegrios garantia o xito da indstria de manufaturas.

A prosperidade econmica dinamizou a sociedade, onde a nobreza progressista, (gentry), visando ampliar suas reas de pastagem, levou a aprovao dos cercamentos (enclousures), liberando mo de obra barata no campo, absorvida posteriormente nas cidades pelo processo de industrializao. Os pequenos agricultores, camponeses com posse mas sem a propriedade legal da terra (yeomen), passam a produzir para o mercado e os artesos tiveram suas atividades regulamentadas em 1653 pelo famoso Estatuto dos Artesos. Em 1572 aprovada a a Lei dos Pobres, obrigando o pagamento de um imposto aos habitantes das comunidades para amparar a populao mais pobre.

No contexto de transio para a Idade Moderna o reinado de Elizabeth I foi fundamental para desintegrao do feudalismo, onde a frgil monarquia medieval evoluiu na direo de uma monarquia centralizada e forte, contribuindo para expanso do capitalismo REN DESCARTES (1596-1650)

o maior expoente dessa poca. A partir da dvida mais radical

Descartes propunha a

construo do conhecimento por via da matemtica, a qual permitira uma cincia geral que tudo explicaria em termos de quantidade, independentemente de qualquer aplicao a objetos particulares. Todos os fenmenos, inclusive os sentidos, podiam ser explicados racionalmente, matematicamente, em termos de movimento de corpos. Uma espcie de metafsica mecanicista. Seu mtodo, que exps no seu " O Discurso do Mtodo", 1637, (hoje conhecido como mtodo cartesiano) era de dvida: tudo era incerto at que fosse confirmado pelo raciocnio lgico a partir de proposies auto-evidentes, ao modo da geometria. Com sua afirmao "Penso, logo existo", acabou por separar a mente do corpo. "Dessa forma, apesar de o esprito, a mente e o corpo serem considerados como partes do ser humano, eram vistos como elementos separados e estanques."(Pietroni, 1988). Descartes, porm, foi alm da afirmao filosfica, direcionando sua ateno para o corpo humano e seu funcionamento, argumentando que este deveria ser dividido at a sua menor poro, afim de se encontrar a melhor soluo para os problemas.

Em seu livro acima mencionado,encontram-se os princpios da sua filosofia: 1. Princpio da Dvida Sistemtica ou da Evidncia nada aceitar sem que seja evidentemente provado (a intuio no vale como forma de conhecimento) 2. Princpio da Anlise e da Decomposio dividir e decompor cada problema o situao para melhor anlise e soluo (no v a interao do grande Todo) 3. Princpio da Sntese ou da Composio compreenso que parte do mais simples para o mais complexo (dificuldade de integrao da complexidade) 4. Princpio da Enumerao ou da Verificao fazer contagens e recontagens, verificaes e revises to gerais para que haja segurana de que nada foi omitido ou esquecido (controle do controle, centralizao, diviso entre o pensar o e o fazer). (Chiavenato 1983)

Descartes e Bacon, contemporneos, propem dois caminhos diversos para a busca do conhecimento, o dedutivo e o indutivo e representam os dois plos do esforo pelo conhecimento na idade moderna: o racional e o emprico.

Depois que a astronomia de

Coprnico e Galileu foi aceita, a firme associao entre a

religio, os princpios morais e o esquema descritivo da natureza at ento prevalecente foi abalada. A nova filosofia pe tudo em dvida, o mundo, Deus, o homem.

Da Vinci resolveu estudar o corpo humano "atravs da dissecao e no apenas atravs da inferncia e da intuio" (Pietroni, 1988) e

Para Newton, o Universo era governado pela razo, sendo os acontecimentos resultados de leis matemticas e no influncia dos deuses. Esclarece, ento, o poder do racional ou razo, lanando as bases para o mtodo cientfico. Para qu queremos Deus, se temos Newton? Surge o racionalismo em meados do sculo XVIII. Planejar o futuro, que no depende mais do capricho dos deuses, mas do modo pelo qual ns o prevemos e o preparamos cientificamente. (De Masi, 2000) A idia de tirar o poder da Igreja deu to certo, que as coisas no pararam mais. Naquela poca, foi a burguesia, uma classe social inteira, que compreendeu que tinha chegado a sua vez. E se aproveitou disso: atravs das revolues burguesas, milhares de novos crebros atingiram a liderana das diversas naes. (De Masi, 2000) O movimento da Reforma da Igreja fragmentou a unidade crist que vigorava h tanto tempo. A revoluo Francesa (1789) tambm espoliou e quase destruiu a Igreja Catlica e Napoleo aprisionou um papa para que assistisse, impotente, a auto coroao de um aventureiro. Darwin, com sua descrio da evoluo da espcie humana, contribuiu para diminuir mais ainda a influncia da Igreja nos meios cientficos. Assim, o homem passou a ter padres a cuidarem do esprito, mdicos encarregados do corpo e s mais tarde (fins do sculo XIX) que a mente humana passou a ser estudada atravs dos trabalhos de Freud. O mtodo cientfico proposto por Descartes e comprovado por Newton incorporou-se a todas as reas do conhecimento humano. Em 1776, o economista Adam Smith (criador da Escola Clssica da Economia) ... j visualizava o princpio da especializao dos operrios em uma manufatura de agulhas e j enfatizava a necessidade de se racionalizar a produo. O princpio da especializao e o princpio da diviso do trabalho aparecem em referncias interessantes em seu livro Da Riqueza das Naes... Para ele ... a origem da riqueza das naes reside na diviso do trabalho e na especializao das tarefas, preconizando o estudo de tempos e movimentos que, mais tarde, Taylor e Gilbreth iriam desenvolver como a base fundamental da Administrao Cientfica nos Estados Unidos. (...) O bom administrador, segundo ele, deve preservar a ordem, a economia e a ateno, no devendo se descuidar dos aspectos do controle e da remunerao dos trabalhadores. (Chiavenato, 1983) Enfocando especificamente a nova forma de organizao que despontava, pode-se citar os seguintes eventos:

- 1776: mquina a vapor (James Watt). A Riqueza das Naes (vantagens da diviso e especializao do trabalho). Comea a Revoluo Industrial (RI) na Inglaterra. Dividiu-se em duas fases: - 1780 a 1860: 1a. RI (carvo e do ferro) - 1860 a 1914: 2a. RI (ao e eletricidade) 1a. Revoluo Industrial (4 fases): 1a. fase - mecanizao da indstria e da agricultura (mq. fiar, tear hidrulico, tear mecnico e descaroador de algodo - no mesmo espao de tempo, o escravo fazia 5 libras de algodo e a mq. 1000). 2a. fase - aplicao da fora motriz indstria. Mquina a vapor (1776) d incio grande transformao das oficinas que, mais tarde, seriam as indstrias. 3a. fase - desenvolvimento do sistema fabril. O arteso e sua pequena oficina patronal desapareceram para dar lugar ao operrio, s fbricas e s usinas baseadas na diviso do trabalho. Grandes massas humanas deslocam-se do campo para a cidade, provocando crescimento urbano desorganizado. 4a. fase - aceleramento dos transportes e comunicaes. As rodas das mquinas a vapor so substitudas por hlices; aperfeioa-se a locomotiva vapor e surge a 1a. estrada de ferro na Inglaterra em 1825 e depois nos EUA em 1829. Morse inventa o telgrafo eltrico e Graham Bell o telefone (1835 e 1876). Acentua-se cada vez mais o controle capitalista sobre todas as atividades econmicas. 2a. Revoluo Industrial (a partir de 1860) Caractersticas: - substituio do ferro pelo ao; - substituio do vapor pela eletricidade e derivados do petrleo; - desenvolvimento da mquina automtica e alto grau de especializao do trabalho; - cincia passa a dominar a indstria; - transformaes radicais nos transportes. Vias frreas melhoradas e ampliadas; Benz constri automveis na Alemanha (1880); Ford inicia a produo do seu modelo T (1908); Dumont voa em 1906 em Paris; - desenvolvem-se novas formas de org capitalista - o capitalismo industrial d lugar ao capitalismo financeiro; - expanso industrial.

Da calma produo industrial, o homem passou para o regime de produo atravs das mquinas. Essa brusca mudana se deu pelos seguintes motivos: - transferncia das habilidades dos artesos para as mquinas (mais produo, maior quantidade, maior qualidade, reduo dos custos); - substituio da fora do animal ou humana pela mquina (maior produo, maior economia). O homem foi substitudo pelas mquinas naquelas tarefas em que se podia automatizar e acelerar pela repetio. Com o aumento dos mercados, conseqncia dos preos baixos, as fbricas passaram a necessitar de grandes quantidades de mo de obra. A mecanizao do trabalho levou diviso do trabalho e simplificao das operaes, com tarefas semiautomatizadas. Com a violenta e sbita competio, desaparece a pequena oficina familiar; aquela que podia se mecanizar crescia e a que no tinha condies financeiras para isso, fundia-se com outras j instrumentalizadas, aparecendo as fbricas. O crescimento industrial era improvisado e baseado no empirismo. Muitas pessoas passaram a trabalhar juntas (de 12 a 13 horas por dia) num ambiente perigoso, insalubre gerando acidentes e epidemias e com salrios baixssimos. Aparece uma nova classe social - o proletariado que, com essa convivncia, comea a desenvolver uma crescente conscincia da precariedade de suas condies de vida e de trabalho e da intensa explorao por uma classe social economicamente mais favorecida. Na Inglaterra, o Estado passa a intervir baixando leis que protejam a integridade fsica dos trabalhadores. Os problemas administrativos comearam a surgir, pois era preciso gerir uma grande massa humana ao lado de mquinas que tornavam-se cada vez mais complexas. O trabalho foi se subdividindo em tarefas especializadas alienando o homem do valor social de seu trabalho; os empresrios, por sua vez, passaram a considerar os operrios uma grande massa annima, preocupados com a maior produo e com os aspectos mecnicos e tecnolgicos desta; ao lado de todo esse problema de gesto e coordenao de pessoal apareciam os conflitos e reivindicaes da classe operria. Assim, a RI, embora tenha provocado uma profunda modificao na estrutura empresarial e econmica da poca, no chegou a influenciar diretamente os princpios de administrao ento utilizados pelas empresas. Conseqncias da R. I.: - crescimento desorganizado e acelerado das organizaes, aumentando-lhes o tamanho e complexidade; - a necessidade de aumentar-lhes a eficincia e competncia a fim de fazer frente concorrncia.

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Bibliografia DE MASI, Domenico. O cio Criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. READ, Piers Paul. Os Templrios. Rio de Janeiro, Imago Ed., 2001. FILMES: Lutero; Elizabeth; O Nome da Rosa, Giordiano Bruno