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    Profa. Dra. Marta Regina Lopes Tocchetto email: [email protected] ; www.marta.tocchetto.com

    QMC 1036QMC 1036QMC 1036QMC 1036 QUQUQUQUMICAMICAMICAMICA AMBIENTAL E GERENCIAMENTO DE RESAMBIENTAL E GERENCIAMENTO DE RESAMBIENTAL E GERENCIAMENTO DE RESAMBIENTAL E GERENCIAMENTO DE RESDUOSDUOSDUOSDUOS

    CURSO DECURSO DECURSO DECURSO DE QUQUQUQUMICA INDUSTRIALMICA INDUSTRIALMICA INDUSTRIALMICA INDUSTRIAL

    PARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LQUIDOSQUIDOSQUIDOSQUIDOS

    QMC 1036QMC 1036QMC 1036QMC 1036 QUQUQUQUMICAMICAMICAMICA AMBIENTAL EAMBIENTAL EAMBIENTAL EAMBIENTAL E

    GERENCIAMENTO DE REGERENCIAMENTO DE REGERENCIAMENTO DE REGERENCIAMENTO DE RESSSSDUOSDUOSDUOSDUOS

    PARTE 1PARTE 1PARTE 1PARTE 1 EFLUENTES LQUIDOSEFLUENTES LQUIDOSEFLUENTES LQUIDOSEFLUENTES LQUIDOS

    Profa. Dra. Marta Regina Lopes TocchettoProfa. Dra. Marta Regina Lopes TocchettoProfa. Dra. Marta Regina Lopes TocchettoProfa. Dra. Marta Regina Lopes Tocchetto

    Departamento de Qumica UFSM (RS)

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    CURSO DECURSO DECURSO DECURSO DE QUQUQUQUMICA INDUSTRIALMICA INDUSTRIALMICA INDUSTRIALMICA INDUSTRIAL

    PARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LQUIDOQUIDOQUIDOQUIDOSSSS

    SUMRIOSUMRIOSUMRIOSUMRIO

    1. GERENCIAMENTO AMBIENTAL1. GERENCIAMENTO AMBIENTAL1. GERENCIAMENTO AMBIENTAL1. GERENCIAMENTO AMBIENTAL ...................................................................... 7777

    1.11.11.11.1 Ecoeficincia e Sustentabilidade AmbientalEcoeficincia e Sustentabilidade AmbientalEcoeficincia e Sustentabilidade AmbientalEcoeficincia e Sustentabilidade Ambiental ................................................. 7777

    1.1.1 Indstria - Ecoeficincia e Sustentabilidade ............................................................. 7

    2. EFLUENTES LQUIDOS INDUSTRIAIS2. EFLUENTES LQUIDOS INDUSTRIAIS2. EFLUENTES LQUIDOS INDUSTRIAIS2. EFLUENTES LQUIDOS INDUSTRIAIS ................................................ 10101010

    2.1 Gerao x Consumo de gua2.1 Gerao x Consumo de gua2.1 Gerao x Consumo de gua2.1 Gerao x Consumo de gua ......................................................................... 10101010

    2.2 Tratamento Fsico2.2 Tratamento Fsico2.2 Tratamento Fsico2.2 Tratamento Fsico----QumicoQumicoQumicoQumico ............................................................................... 10101010

    2.2.1 Precipitao qumica com coagulantes .................................................................... 12

    2.2.2.1 Polieletrlitos ........................................................................................ 14

    2.2.3 Nveis de tratamento ................................................................................ 15

    2.2.4 Escolha do tratamento .............................................................................................. 16

    2.2.5 Caractersticas dos efluentes industriais .................................................................. 19

    2.2.5.1 Matria orgnica .................................................................................................... 19

    2.2.5.2 DBO Demanda bioqumica de oxignio ............................................................ 20

    2.2.5.3 DQO Demanda qumica de oxignio ..................................................... 21

    2.2.5.4 Slidos totais ........................................................................................ 24

    2.2.5.5 pH.......................................................................................................................... 25

    2.2.5.6 Temperatura .......................................................................................................... 25

    2.2.5.7 Compostos txicos ................................................................................................. 26

    2.2.5.8 Nutrientes ............................................................................................................... 26

    2.2.5.8.1 Eutrofizao ........................................................................................................ 26

    2.2.6 Processos Unitrios.................................................................................................. 28

    2.2.6.1 Peneiramento ......................................................................................................... 28

    2.2.6.2 Resfriamento......................................................................................................... 29

    2.2.6.3 Gradeamento......................................................................................................... 29

    2.2.6.4 Desarenao .......................................................................................................... 30

    2.2.6.5 Reteno de gordura............................................................................................. 31

    2.2.6.6 Reteno de leo ................................................................................................... 32

    2.2.6.7 Equalizao ........................................................................................................... 34

    2.2.6.8 Correo de pH ...................................................................................................... 35

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    PARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LQUIDOQUIDOQUIDOQUIDOSSSS

    2.2.6.9 Mistura rpida ........................................................................................................ 37

    2.2.6.10 Floculao........................................................................................................... 41

    2.2.6.11 Decantao.......................................................................................................... 432.2.6.12 Flotao ............................................................................................................... 45

    2.2.6.13 Adensamento de lodo .......................................................................................... 47

    2.2.6.14 Desaguamento de lodo ........................................................................................ 48

    2.2.7 Processos Qumicos Especficos............................................................................. 55

    2.2.7.1 Recuperao de cromo......................................................................................... 55

    2.2.7.2 Oxidao de sulfetos............................................................................................. 56

    2.2.7.3 Oxidao de cianetos ............................................................................................57

    2.2.7.4 Reduo de cromo hexavalente ............................................................................ 58

    2.2.7.5 Remoo de metais pesados e outras substncias txicas ................................. 59

    2.2.7.6 Remoo de fsforo por precipitao qumica ...................................................... 60

    2.2.7.7 Remoo de nitrognio por arraste de ar .............................................................. 61

    2.3 Tratamentos Tercirios Avanados2.3 Tratamentos Tercirios Avanados2.3 Tratamentos Tercirios Avanados2.3 Tratamentos Tercirios Avanados ......................................................... 66662222

    2.3.1 Adsoro ................................................................................................................... 62

    2.3.2 Eletrodilise ..............................................................................................................632.3.3 Osmose reversa ........................................................................................................ 65

    2.3.4 Troca inica............................................................................................................... 66

    2.4 Processos Biolgicos2.4 Processos Biolgicos2.4 Processos Biolgicos2.4 Processos Biolgicos ........................................................................... 66669999

    2.4.1Consumo de nutrientes em sistemas biolgicos ...................................................... 70

    2.4.2 Tratamento aerbio .................................................................................................. 71

    2.4.2.1 Lagoas facultativas ................................................................................................ 71

    2.4.2.2 Sistema de lagoas anaerbias-lagoas facultativas ................................................ 73

    2.4.2.3 Lagoa aerada facultativa ........................................................................................ 74

    2.4.2.4 Sistema de lagoas aeradas de mistura completa lagoas de decantao ......... 75

    2.4.2.5 Lodos ativados convencional................................................................................. 76

    2.4.2.6 Lodos ativados com aerao prolongada .............................................................. 78

    2.4.2.7 Fluxo intermitente (batelada) ................................................................................. 79

    2.4.2.8 Filtros biolgicos de baixa carga ............................................................................ 80

    2.4.2.9 Filtros biolgicos de alta carga ....................................................................... 82

    2.4.3 Tratamento anaerbio ............................................................................................... 83

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    2.4.3.1 Sistema fossa sptica filtro anaerbio ............................................................... 83

    2.4.3.2 Reator anaerbio de manta de lodo ...................................................................... 84

    2.4.3.3 Disposio de efluentes no solo............................................................................ 852.2.5 Legislao ................................................................................................................. 89

    2.2.5.1 Projeto e licenciamento de ETE ............................................................................. 89

    2.2.5.2 Padres de emisso de efluentes lquidos ............................................................ 91

    2.6 Frigorficos e Abatedouros2.6 Frigorficos e Abatedouros2.6 Frigorficos e Abatedouros2.6 Frigorficos e Abatedouros ................................................................... 99992222

    2.6.1 Graxarias .................................................................................................................. 96

    2.6.2 Operao de limpeza ............................................................................................... 97

    2.6.3 Currais ......................................................................................................................98

    2.6.4 Consumo de gua ..................................................................................................... 99

    2.6.5 Uso de produtos qumicos........................................................................................ 101

    2.6.6 Caractersticas dos efluentes lquidos ...................................................................... 103

    2.6.7 Tratamento dos efluentes lquidos ............................................................................ 108

    2.6.8 Resduos slidos ....................................................................................................... 110

    3.3.3.3. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAREFERNCIAS BIBLIOGRFICAREFERNCIAS BIBLIOGRFICAREFERNCIAS BIBLIOGRFICASSSS ..................................................... 111111113333

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    1. GERENCIAMENTO AMBIENTAL1. GERENCIAMENTO AMBIENTAL1. GERENCIAMENTO AMBIENTAL1. GERENCIAMENTO AMBIENTAL

    1.11.11.11.1 Ecoeficincia e Sustentabilidade AmbientalEcoeficincia e Sustentabilidade AmbientalEcoeficincia e Sustentabilidade AmbientalEcoeficincia e Sustentabilidade Ambiental

    A integrao entre Qualidade e Meio Ambiente possibilita s instalaes a

    substituio da antiga viso, fim de tubo, por procedimentos que levam

    preveno dos impactos sade e ao meio ambiente, ou seja, a introduo do

    conceito de ecoeficincia. Essa estratgia visa prevenir a gerao de resduos,

    em primeiro lugar, e ainda minimizar o uso de matrias-primas e energia. Ossetores crticos das instalaes so os alvos para a introduo destas

    modificaes, constituindo-se, quase sempre, em solues suficientes para a

    maioria das indstrias. Maior eficincia resulta, naturalmente, em reduo de

    desperdcios e, conseqentemente, em menor gerao de resduos,

    racionalizao dos recursos naturais, aumento da produtividade e

    desenvolvimento econmico e social.

    Nesse contexto, considerando uma viso holstica do sistema de produo, odesenho do produto tem grande importncia, pois leva em conta que um dia

    este se tornar resduo. O projeto deve prever a futura desmontagem,

    facilitando a recuperao ou reciclagem. A adoo de medidas neste sentido,

    independe de regulamentaes e acordos, reflete a responsabilidade do setor

    industrial. Para assegurar a Qualidade Ambiental deve-se prever o ciclo de vida

    do produto, j na fase de concepo, identificando as matrias-primas e o

    desenvolvimento do respectivo processo produtivo, as solues para osresduos gerados atravs do gerenciamento dos mesmos e da produo,

    passando assim, a ser tratados de forma integrada, abandonando a antiga

    forma de gesto fim de tubo .

    1.1.11.1.11.1.11.1.1 IndstriaIndstriaIndstriaIndstria ---- Ecoeficincia e SustentabilidadeEcoeficincia e SustentabilidadeEcoeficincia e SustentabilidadeEcoeficincia e Sustentabilidade

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    O processo competitivo e econmico est cada vez mais fundamentado no

    emprego de medidas que permitam minimizar o consumo de matrias-primas e

    outros insumos. Assim, as indstrias esto buscando caminhos para diminuir ovolume de resduos gerados com a implantao de estratgias de recuperao

    e de reuso (EPA, 2002). H inmeras vantagens, diretas e indiretas, com a

    implantao de estratgias de recuperao. Hart apud Carlos et al. (2003),

    afirma que o alcance da sustentabilidade est associado estabilizao ou

    reduo da carga ambiental. O desenvolvimento sustentvel, a preveno e

    controle integrados da poluio, so palavras-chave para uma nova

    abordagem, visando a proteo ambiental. Atualmente se consideraindissocivel do conceito de produtividade, a minimizao de efluentes e a

    racionalizao do consumo de matrias-primas (CEPIS/OPS, 2002; NCDENR,

    2004). So diversos os benefcios advindos da implantao de programas de

    reuso e reaproveitamento:

    reduo dos custos de implantao e operao de estaes de tratamento;

    possibilidade de aumentar a produo sem ampliar as instalaes para

    tratamento de efluentes;

    aumento de produtividade e reduo de perdas decorrentes da otimizao

    do processo, da conscientizao e do envolvimento dos funcionrios.

    Projetos voltados reduo, ao reuso ou reciclagem, por exemplo, de gua e

    de produtos qumicos exigem uma viso de produtividade, em que a substncia

    a ser recuperada deve ser vista como matria-prima. Contribuindo para o

    desenvolvimento da viso de produtividade, Staniskis e Stasiskiene (2003)apresentam os aspectos-chave para o entendimento do processo de integrao

    entre meio ambiente e o crescimento econmico, ou seja:

    compreender o meio ambiente e o processo que o afeta, atravs da

    identificao na origem das provveis fontes de degradao ambiental,

    suas conseqncias e os custos de reduo, como um fundamento para

    polticas efetivas;

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    PARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LQUIDOQUIDOQUIDOQUIDOSSSS

    desenvolver indicadores de performanceambiental a serem aplicados nas

    polticas locais, regionais e nacionais;

    usar informaes ambientais para melhorar as regulamentaes pblicas e

    privadas nas decises a tomar;

    gerenciar o meio ambiente atravs da compreenso, construo,

    acumulao e disseminao do entendimento, melhorando o setor privado e

    ampliando os modelos de polticas pblicas para incluir as variveis

    ambientais.

    O cerne da questo ambiental fundamenta-se na sustentabilidade,

    conforme o conceito encontrado no Relatrio de Brundtland, ou seja,

    satisfazer as necessidades das geraes presentes sem, contudo

    comprometer a sobrevivncia das geraes futuras (Frankenberg et al.,

    2003, p.30).

    ComentrioComentrioComentrioComentrio

    A busca de novas tecnologias em substituio as poluentes tem sido uma

    forma eficaz de reduzir os problemas ambientais, mas na maioria das vezes

    isto ocorre em resposta a presses legais ou a outro risco eminente. preciso

    que se faa uma abordagem bem mais ampla e profunda incorporando-se

    gesto empresarial aes que possam acompanhar todo o processo industrial

    desde a negociao com fornecedores para a aquisio de matria-prima,

    at a disposio final ou reciclagem dos produtos consumidos introduzindo

    uma mudana organizacional consciente em prol da adequao ambiental da

    empresa industrial. A preocupao de gerenciar a natureza de forma

    equilibrada j era evidenciada por Francis Bacon, no final do ano de 1500:

    Para comandar a natureza preciso obedec-la .

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    2.2.2.2. EFLUENTES LQUIDOS INDUSTRIAIS

    EFLUENTES LQUIDOS INDUSTRIAISEFLUENTES LQUIDOS INDUSTRIAISEFLUENTES LQUIDOS INDUSTRIAIS

    2.1 Gerao2.1 Gerao2.1 Gerao2.1 Gerao xxxx Consumo de guaConsumo de guaConsumo de guaConsumo de gua

    A gua um bem inestimvel. Em nosso planeta a disponibilidade de gua

    para consumo humano dramtica. Em se tratando de gua para o consumo

    industrial, a situao bastante grave, pois alm de satisfazer as

    especificaes legais para descarte, deve-se considerar o elevado custo de

    tratamento e disposio final.

    Os despejos industriais so originados de resfriamentos, lavagens, descargas,

    extraes, tratamentos qumicos e outras operaes. So to variados quantos

    os processos de fabricao. Variam de grandes descargas de gua de

    refrigerao que causam poluio trmica at as relativamente pequenas com

    concentraes elevadas de substncias qumicas. sabido que certos

    despejos industriais ocasionam dificuldades nas estaes de tratamento.

    Metais txicos e produtos qumicos podem destruir a atividade biolgica nasestaes e cursos d gua, dificultando ou inviabilizando o aproveitamento

    posterior.

    O consumo de gua deve ser bem analisado tanto na fase de projeto da

    estao quanto na operao, visando verificar o consumo excessivo que trs

    custos significativos ao tratamento de efluentes. Com o consumo elevado de

    gua, a vazo de efluente para a ETE ser maior, consequentemente as

    unidades tero dimenses maiores, assim como o consumo de produtos

    qumicos, a energia eltrica e a potncia dos equipamentos.

    Outra forma de reduzir o consumo de gua na indstria a recuperao

    atravs da recirculao de guas que podero ser aproveitadas em outros

    setores. o caso de guas de refrigerao e condensao.

    necessrio urgentemente agir nos processos industriais objetivando

    implementar sistemas de produo mais limpa. Trata-se, hoje, de uma questo

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    de sobrevivncia, no s dos empreendimentos, mas fundamentalmente dos

    habitantes terrestres.

    Atualmente diversas tecnologias esto disponveis, porm h diversas barreiras

    legais, financeiras, governamentais para introduzir muitas delas em nosso pas.

    H escassez de acessabilidade para o empreendedor agir e implantar solues

    para estes problemas. Tambm h carncia de cultura da gua no setor

    industrial. muito comum o desperdcio de gua quando a captao prpria,

    pois os custos se resumem ao consumo de energia para funcionamento das

    bombas e outros equipamentos.

    O fechamento de ciclos de gua em etapa especficas do processo ou mesmo

    aps o tratamento fsico-qumico permite reduo da captao de gua,

    desperdcios, alm da possibilidade de implantao de estratgias de reuso e

    recuperao de matrias primas.

    2.2 Tratamento Fsico2.2 Tratamento Fsico2.2 Tratamento Fsico2.2 Tratamento Fsico----QumicoQumicoQumicoQumico2.2.1 Precipitao2.2.1 Precipitao2.2.1 Precipitao2.2.1 Precipitao qqqqumicaumicaumicaumica com coagulantescom coagulantescom coagulantescom coagulantes

    O tratamento fsico-qumico por coagulao-floculao de guas residurias

    decorrentes de processos industriais tem sido empregado, na maioria das

    vezes, a nvel primrio, precedendo o tratamento biolgico de depurao,

    objetivando reduzir a carga orgnica afluente, resultando em um

    dimensionamento menor destas unidades. A finalidade principal deste tipo de

    tratamento a remoo de poluentes inorgnicos, matrias insolveis, metais

    pesados, matrias orgnicas no biodegradveis, slidos em suspenso, cor,

    etc.

    O tratamento fsico-qumico por coagulao-floculao difere muito pouco dos

    sistemas de tratamento empregados no tratamento de gua bruta para

    abastecimento pblico, nos quais a concepo bsica consiste em transformar

    e flocos, impurezas em estado coloidal, suspenses etc. e, posteriormente,

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    remov-los em decantadores. Para ocorrer a floculao, lana-se mo de

    coagulantes qumicos, como sais de alumnio e de ferro, que reagem com a

    alcalinidade contida ou adicionada nas guas residurias, formando hidrxidosque desestabilizam os colides, partculas em suspenso, para reduo do

    potencial zeta a valores prximos a zero, denominado potencial isoeltrico1.

    A remoo dos slidos coloidais e em suspenso pode ocorrer atravs dos

    seguintes mecanismos:

    Varredura os slidos so removidos ao serem envolvidos pelo gel do

    hidrxido, sendo posteriormente arrastados na precipitao. Os flocosformados possuem maior densidade, consequentemente, tm melhor

    sedimentao.

    Adsoro os produtos de hidrlise de cargas opostas s dos slidos

    adsorvem em sua superfcie as partculas coloidais. Como as partculas

    formadas so muito pequenas, a remoo mais eficiente por meio da

    filtrao.

    Alm dos mecanismos citados, existem as atraes atravs de foras fracas de

    Van der Walls e a adsoro atravs da formao de pontes quando se adiciona

    polieletrlitos para melhorar a coagulao-floculao e, tambm atravs da

    polimerizao dos coagulantes. Pequena parte dos slidos solveis arrastada

    juntamente com os flocos sedimentveis (co-precipitao).

    2.2.2 Precipitao2.2.2 Precipitao2.2.2 Precipitao2.2.2 Precipitao qqqqumica pelaumica pelaumica pelaumica pela vvvvariao de pHariao de pHariao de pHariao de pH

    Existe tambm a precipitao de poluentes sem ocorrer a coagulao-

    floculao, apenas pela variao do pH. Os metais pesados podem ser

    1Nas guas naturais e residurias os colides frequentemente encontram-se carregados

    negativamente que permanecem estveis graas s foras de repulso. Na coagulao h o

    agrupamento das micelas formando uma disperso tipo gel. Quando o coagulante adicionado, h reduo do potencial zeta valores muito baixos, permitindo a aglomeraoatravs de foras eletrostticas e de Van der Walls.

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    PARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LQUIDOQUIDOQUIDOQUIDOSSSS

    precipitados pela elevao do pH, na forma de hidrxidos ou carbonatos,

    fsforo na forma de fosfatos, etc.

    Quando se usa cal, o produto formado carbonato de clcio que atua como

    coagulante, conseguindo precipitar certas protenas, lignina alm dos metais

    pesados e fsforo. Sempre necessrio pesquisar o pH timo em que a

    solubilidade do slido mnima e a precipitao mxima. Quando a elevao

    ultrapassa este ponto, os slidos podem tornar-se solveis. Exemplo: efluentes

    cidos de minerao. No caso de efluentes muito alcalinos, efluentes de ltex,

    por exemplo, em que os slidos encontram-se solveis, devido a forte

    alcalinizao acima do ponto timo, necessrio adicionar cido para atingir o

    ponto timo.

    Existem substncias que tambm precipitam com cidos, como, por exemplo,

    protenas animais, encontradas em efluentes de curtumes que alm de

    precipitarem entre 8 e 8,4, precipitam tambm entre 6 e 6,5. Os corantes como

    lixvia negra, da indstria de celulose, precipitam em pH em torno de 4. Na

    maioria dos casos, a precipitao ocorre na fase alcalina.

    A adio de cal pode elevar o pH muito alm do ponto timo de coagulao,

    acarretando com isso maior consumo de coagulante. Nem todos os

    precipitantes podem ser empregados para qualquer efluente. Cada caso deve

    ser analisado separadamente, objetivando selecionar o precipitante ou os

    precipitantes que daro melhores resultados de remoo de poluentes. A

    natureza dos resduos, custos e a disponibilidade dos precipitantes so fatores

    importantes a serem considerados.

    s vezes, pode-se empregar simultaneamente a cal com sais de ferro ou de

    alumnio, inclusive polieletrlitos para obter uma melhor sedimentao dos

    slidos precipitveis pela floculao e pela formao de insolveis.

    Slidos insolveis de difcil sedimentao podem ser removidos por filtrao,

    aps a decantao ou mesmo por flotao.

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    2.2.2.1 Polieletrlitos2.2.2.1 Polieletrlitos2.2.2.1 Polieletrlitos2.2.2.1 Polieletrlitos

    Dificuldades ocorrem com a coagulao, frequentemente, ocorrem devido aos

    precipitados de baixa decantabilidade e o enrijecimento dos flocos. Os

    materiais mais usados so os polieletrlitos. Os polmeros sintticos so

    substncias orgnicas de cadeia longa e alto peso molecular, disponveis numa

    variedade de nomes comerciais. Os polieletrlitos so classificados de acordo

    com a carga eltrica na cadeia do polmero.

    Os aninicos so os que possuem cargas eltricas negativas, os carregados

    positivamente so os catinicos e que no possuem carga eltrica so os no-

    inicos. Os aninicos ou no-inicos so frequentemente usados com

    coagulantes metlicos para promoverem a ligao entre os colides, a fim de

    desenvolver flocos maiores e mais resistentes.

    A dosagem requerida de um auxiliar de coagulao geralmente da ordem de

    0,1 a 1,0 mg/L. Na coagulao de algumas guas, os polmeros podem

    promover floculao satisfatria, com significativa reduo das dosagens de

    sulfato de alumnio. As vantagens potenciais do uso de polmeros so a

    reduo da quantidade de lodo e a sua amenidade desidratao.

    Os polmeros catinicos tm sido usados com sucesso, em alguns casos como

    coagulantes primrios. Embora o custo unitrio destes polmeros seja alto, 10 a

    15 vezes maior que os custos do sulfato de alumnio, as reduzidas dosagens

    requeridas podem igualar o custo final com substncias qumicas para os dois

    casos. Adicionalmente, ao contrrio do lodo gelatinoso e volumoso oriundo do

    uso do sulfato de alumnio, o lodo formado pelo uso de polmero

    relativamente mais denso e fcil para ser desidratado, facilitando o manuseio e

    a disposio.

    Algumas vezes, os polmeros catinicos e no-aninicos podem ser usados

    conjuntamente para formar um floco mais adequado, o primeiro sendo o

    coagulante primrio e o segundo um auxiliar de coagulao. Embora

    significativos progressos tenham sido feitos na aplicao de polieletrlitos, no

    tratamento de gua sua principal aplicao ainda auxiliar de coagulao.

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    Testes de floculao devem ser feitos para determinar a eficincia de um

    determinado polieletrlito na floculao de uma determinada gua.

    2.2.3 Nveis de2.2.3 Nveis de2.2.3 Nveis de2.2.3 Nveis de ttttratamentoratamentoratamentoratamento

    Dependendo das condies das guas receptoras e da eficincia dos

    processos, podemos classificar o tratamento de guas residurias em

    diferentes nveis ou fases.

    Tratamento Preliminar remove apenas slidos grosseiros, flutuantes e

    matria mineral sedimentvel. Os processos preliminares so:

    Gradeamento

    Desarenao

    Reteno de leo e gordura

    Peneiramento

    Tratamento primrio remove matria orgnica em suspenso e a DBOparcialmente. Os processos so:

    Decantao primria ou simples

    Precipitao qumica com baixa eficincia

    Flotao

    Neutralizao

    Tratamento Secundrio remove matria orgnica dissolvida e em

    suspenso. A DBO removida quase totalmente. Dependendo do sistema

    adotado a eficincia muito alta. Os processos so:

    Lodos ativados

    Lagoas de estabilizao

    Sistemas anaerbicos com alta eficincia

    Lagoas aeradas Filtros biolgicos

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    Precipitao Qumica com alta eficincia

    Tratamento Tercirio quando se pretende obter um efluente com alta

    qualidade ou a remoo de outras substncias contidas nas guas residurias.

    Os processos so:

    Adsoro em carvo ativado;

    Osmose reversa

    Eletrodilise

    Troca inica Filtros de areia

    Remoo de nutrientes

    Oxidao qumica

    Remoo de organismos patognicos

    2.2.4 Escolha do2.2.4 Escolha do2.2.4 Escolha do2.2.4 Escolha do ttttratamentoratamentoratamentoratamento

    Os processos fsico-qumicos so recomendados para a remoo de poluentes

    inorgnicos, metais pesados, leos e graxas, cor, slidos sedimentveis,

    slidos em suspenso atravs da coagulao-floculao, matria orgnica no

    biodegradvel, slidos dissolvidos por precipitao qumica e outros compostos

    por oxidao qumica.

    Na remoo de slidos volteis (dissolvidos e em suspenso), o tratamento

    biolgico o mais indicado. Num sistema de lodos ativados com aerao

    prolongada, por exemplo, a eficincia de remoo da DBO encontra-se em

    torno de 90 a 95%. Para remover slidos fixos dissolvidos, recomenda-se

    tratamentos avanados como troca inica, adsoro em leitos de carvo

    ativado e outros.

    No tratamento de esgotos sanitrios atravs da coagulao-floculao a

    eficincia de remoo da DBO situa-se entre 50 e 75% e h a remoo quase

    total dos slidos em suspenso. Para slidos efluentes industriais, a eficincia

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    de remoo bastante varivel, dependendo muito das caractersticas de cada

    efluente. A eficincia ser mais elevada, se grande parte dos slidos se

    encontrarem em suspenso. No caso de slidos dissolvidos, a eficincia muito baixa. A eficincia mais elevada de remoo de DBO dificilmente

    ultrapassa 75%. A remoo de slidos em suspenso, a eficincia geralmente

    ultrapassa 90%.

    No caso, da escolha do tratamento, dois parmetros so de grande importncia

    para avaliar o mais adequado DQO e DBO. No caso, da DQO ser menor

    que o dobro da DBO, provvel que grande parte da matria orgnica seja

    biodegradvel, podendo ser adotado os tratamentos biolgicos convencionais.

    Se a DQO for muito alm do dobro da DBO (triplo ou qudruplo) possvel que

    grande parte da matria orgnica no seja biodegradvel. Se a causa for, por

    exemplo, a existncia de celulose, que no biodegradvel e no txica,

    poder ser aplicado o tratamento biolgico. Caso a grande parte da matria

    no biodegradvel for causadora da poluio, os processos fsico-qumicos por

    precipitao qumica e coagulao-floculao podero ser os mais adequados.

    O procedimento para avaliar a eficincia, objetivando oferecer subsdios para

    estudo preliminar de projetos de tratamento de efluentes, recorrer aos

    ensaios de floculao (Jar-Test) que uma simulao do que realmente ocorre

    na estao de tratamento (Figura 1). Analisam-se parmetros de DBO, DQO,

    slidos sedimentveis, slidos volteis, etc. dos efluentes bruto e do clarificado

    obtidos no ensaio e, posteriormente, calcula-se a eficincia de remoo em

    percentagem. recomendvel efetuar cinco anlises, sendo tolervel o mnimode trs, para se ter uma boa representao e confiabilidade dos resultados.

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    Figura 1: Jar Test

    Parmetros muito importantes na caracterizao dos despejos so a variao

    de pH, temperatura, DBO, DQO, slidos totais, slidos sedimentveis e

    volteis, leos e graxas etc. O procedimento para caracterizar e determinar as

    vazes de efluentes visando o tratamento bastante complexo.

    importante observar as matrias primas, os produtos qumicos utilizados e

    consumo de gua nas diversas operaes da fbrica e etapas do processo.

    Exemplo: Num matadouro so consumidos de 1200 a 2500 L de gua por

    cabea de gado abatido, sendo as contribuies correspondentes a sala de

    matana, bucharia, triparia, midos, sanitrios, ptios, currais, lavagem de

    caminhes e outras operaes. De acordo com o fabricante, pois o consumo

    de gua varia de um matadouro para outro, este volume pode chegar a 2500L/cabea.

    O consumo de gua fundamental para determinar o dimensionamento da

    estao de tratamento, portanto cabe ao projetista considerar o nmero de

    setores e a contribuio de cada um na gerao dos efluentes.

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    2.2.5 Caractersticas dos2.2.5 Caractersticas dos2.2.5 Caractersticas dos2.2.5 Caractersticas dos eeeefluentesfluentesfluentesfluentes iiiindustndustndustndustriaisriaisriaisriais

    O conhecimento das caractersticas das guas residurias industriais, constitui-

    se no primeiro passo para o estudo preliminar do projeto e tambm permite

    estabelecer o potencial poluidor dos efluentes. A variao de concentrao em

    efluentes industriais grande, mesmo em empresas do mesmo ramo, devendo

    por tanto serem analisadas caso a caso, isto ocorre em decorrncia da

    diversidade de matrias primas e dos prprios processos.

    2.2.5.1 Matria orgnica2.2.5.1 Matria orgnica2.2.5.1 Matria orgnica2.2.5.1 Matria orgnica

    A matria orgnica um composto considerado principal poluente dos corpos

    d gua, pelo fato de ocasionar consumo de oxignio dissolvido, pois os

    microrganismos que a utilizam nas suas atividades metablicas. So

    constitudas principalmente por elementos como: C, H, O e, dependendo da

    origem podemos encontrar outros, N, P, S e Fe. Os principais compostos

    orgnicos encontrados em efluentes urbanos e industriais so protenas,

    carboidratos, lipdios, fenis, uria, surfactantes, pesticidas e outros.

    O nitrognio e o fsforo so nutrientes essenciais para o crescimento dos

    microrganismos que degradam a matria orgnica, encontram-se em elevada

    concentrao em efluentes urbanos. Protenas so encontradas em grande

    concentrao nos alimentos crus e nas carnes magras, e em pequenas

    concentraes em frutas que contm muita gua.

    Os acares, amidos e celulose so os carboidratos mais encontrados em

    guas residurias. Os acares so solveis, o amido e a celulose insolveis,

    sendo esta ltima mais resistente a degradao microbiana. A celulose

    empregada na fabricao do papel, fios de algodo, pelculas fotogrficas.

    Os lipdios (gorduras, leos e graxas) so insolveis em gua e solveis em

    solventes orgnicos (hexano, clorofrmio, benzeno). So encontrados em

    carnes, cereais e algumas frutas. No so facilmente degradados pelos

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    microrganismos. A concentrao de matria orgnica expressa a partir da

    anlise de DBO e DQO.

    2.2.5.2 DBO2.2.5.2 DBO2.2.5.2 DBO2.2.5.2 DBO DemandaDemandaDemandaDemanda bbbbioqumica deioqumica deioqumica deioqumica de ooooxignioxignioxignioxignio

    O principal efeito da poluio orgnica em um curso d gua o decrscimo

    de oxignio dissolvido. A DBO representa a quantidade de oxignio necessria

    para oxidar biologicamente a matria orgnica. uma medida indireta da

    quantidade de carbono biodegradvel. um dos parmetros mais importantes

    na medio da poluio orgnica e da quantidade de material orgnico para

    efeito de dimensionamento de reatores biolgicos.

    A estabilizao completa demora, em termos prticos, vrios dias (cerca de 20

    dias ou mais para esgotos domsticos). Convencionou-se proceder a anlise

    no 5 dia (DBO5). Para esgotos domsticos tpicos, esse consumo do quinto dia

    pode ser relacionado com o consumo total final (DBOu). O teste realizado a

    uma temperatura de 20 C, j que temperaturas diferentes interferem no

    metabolismo bacteriano, alterando os resultados.

    Simplificadamente, o teste da DBO pode ser entendido da seguinte forma: no

    dia da coleta determinada a concentrao do oxignio dissolvido (OD) da

    amostra. Cinco dias depois, com a amostra mantida em um frasco fechado e

    incubada a 20 C determina-se a nova concentrao, j reduzida, devido ao

    consumo de oxignio durante o perodo. A diferena entre o teor de OD no dia

    zero e no dia 5 representa o oxignio consumido para a oxidao da matriaorgnica, sendo, portanto, a DBO5.

    No caso de esgotos, alguns aspectos de ordem prtica fazem com que o teste

    tenha algumas adaptaes (diluio da amostra). Os esgotos urbanos

    possuem DBO na ordem de 300 mg/L, ou seja, 1 L de esgoto consume

    aproximadamente 300 mg de oxignio em 5 dias. O teste permite:

    Indicao aproximada da frao biodegradvel do esgoto;

    Indicao de taxa de degradao do despejo;

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    Indicao da taxa de consumo de oxignio em funo do tempo;

    Determinao aproximada da quantidade de oxignio requerido para a

    estabilizao da matria orgnica presente.

    No entanto, tambm apresenta limitaes:

    Pode-se encontrar valores baixos de DBO5 caso os microrganismos no

    estejam adaptados ao despejo;

    Os metais pesados e outras substncias txicas podem matar ou inibir os

    microrganismos;

    H necessidade de inibio dos organismos responsveis pela oxidao da

    amnia, para evitar o consumo de oxignio para nitrificao (demanda

    nitrogenada) interfira na demanda carboncea;

    A relao DBOu/DBO5 varia em funo do despejo;

    A relao DBOu/DBO5 varia, para um mesmo despejo, ao longo da linha do

    tratamento da ETE;

    O teste demora 5 dias, no sendo til para controle operacional de umaETE.

    Apesar das limitaes, o teste da DBO continua sendo extensivamente

    utilizado.

    2.2.5.3 DQO2.2.5.3 DQO2.2.5.3 DQO2.2.5.3 DQO DemandaDemandaDemandaDemanda qqqqumica deumica deumica deumica de ooooxignioxignioxignioxignio

    Quantidade de oxignio necessria para oxidar quimicamente a matria

    orgnica. No teste de DQO, alm da matria orgnica biodegradvel, tambm

    oxidada a no biodegradvel e outros compostos inorgnicos, como os

    sulfetos. tambm usado na quantificao de matria orgnica, principalmente

    quando h a presena de substncias txicas.

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    PARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LQUIDOQUIDOQUIDOQUIDOSSSS

    A relao DQO/DBO importante no estudo de possveis tipos de tratamento,

    haja vista que importante saber o grau de biodegradabilidade das guas

    residurias, como tanto pode-se eliminar os testes de DBO, caso se chegue aconcluso que h uma relao praticamente constante.

    A principal diferena com relao ao teste de DBBBBO que este se relaciona a

    oxidao bioqumicabioqumicabioqumicabioqumica da matria orgnica, realizada inteiramente por

    microrganismosmicrorganismosmicrorganismosmicrorganismos. J a DQQQQO corresponde a oxidao qumicaqumicaqumicaqumica da matria

    orgnica, obtida atravs de um forte oxidanteforte oxidanteforte oxidanteforte oxidante (dicromato de potssio) em meio

    cido. Principais vantagens:

    O tempo de realizao da anlise, 2 a 3 horas;

    O resultado do teste d uma indicao do oxignio requerido para

    estabilizao da matria orgnica;

    O teste no afetado pela nitrificao, dando uma indicao da oxidao

    apenas da matria carboncea e no da nitrogenada.

    As principais limitaes so:

    No teste de DQO so oxidadas tanto a frao biodegradvel quanto a

    frao inerte do despejo. O teste superestima, portanto, o oxignio a ser

    consumido no tratamento biolgico;

    O teste no fornece informaes sobre a taxa de consumo da matria

    orgnica ao longo do tempo;

    Certos constituintes inorgnicos podem ser oxidados e interferir no

    resultado.

    Para esgotos urbanos brutos, a relao DQO/DBO varia em torno de 1,7 a 2,4.

    Para efluentes industriais, a relao bastante varivel. Dependendo da

    magnitude da relao pode-se tirar concluses sobre a biodegradabilidade e do

    processo de tratamento a ser empregado.

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    PARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LQUIDOQUIDOQUIDOQUIDOSSSS

    Relao DQO/DBO baixa

    A frao biodegradvel elevada;

    Indicao para tratamento biolgico.

    Relao DQO/DBO elevada

    A frao inerte (no biodegradvel) elevada;

    Se a frao no biodegradvel no for importante em termos de poluio do

    corpo receptor: possvel indicao de tratamento biolgico;

    Se a frao no biodegradvel for importante em termos de poluio do

    corpo receptor: possvel indicao de tratamento fsico-qumico.

    A relao DQO/DBO varia tambm medida que o esgoto passa pelas

    diversas etapas do tratamento. A tendncia da relao aumentar, medida

    que a frao biodegradvel vai sendo reduzida, ao passo que a frao inerte

    permanece inalterada (tratamento biolgico) (Quadro 1). Assim, o efluente final

    do tratamento biolgico possui valores da relao DQO/DBO, usualmente

    superior a 3,0.

    Quadro 1: DBO e DQO de alguns despejos industriais

    FONTEFONTEFONTEFONTE POLUENTEPOLUENTEPOLUENTEPOLUENTE DBODBODBODBO

    (mg/L)(mg/L)(mg/L)(mg/L)

    DQO (dicromato)DQO (dicromato)DQO (dicromato)DQO (dicromato)

    (mg/L)(mg/L)(mg/L)(mg/L)

    Acar carboidratos 850 1150

    cervejaria Carboidratos e protenas 550 320

    lavanderias Carboidratos, sabes e

    detergentes

    1600 2700

    Polpa de madeira Carboidratos, lignina, sulfatos 25000 76000

    Refinaria de petrleo Fenis, hidrocarbonetos,sulfetos,

    mercaptanas, cloretos

    850 1500

    curtume Protenas, sulfetos, lcalis 3300 5100

    Esgoto domstico Slidos, leos, graxas,

    carboidratos e protenas

    300 300

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    PARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LQUIDOQUIDOQUIDOQUIDOSSSS

    2.2.5.4 Slidos totais2.2.5.4 Slidos totais2.2.5.4 Slidos totais2.2.5.4 Slidos totais

    Slidos totais so os slidos que permanecem como resduo da evaporao de

    uma amostra a temperatura de 105 C (inclui os slidos dissolvidos e os slidos

    suspensos).

    ClassificaoClassificaoClassificaoClassificao quanto a:quanto a:quanto a:quanto a:

    Tamanho e estado: slidos em suspenso; slidos dissolvidos.

    Caractersticas qumicas: slidos volteis; slidos fixos.

    Decantabilidade: slidos sedimentveis; slidos no sedimentveis.

    O teor de slidos dissolvidos representa a quantidade de substncias

    dissolvidas na gua, que alteram suas propriedades fsicas e qumicas da

    gua. O excesso de slidos dissolvidos na gua pode causar alteraes no

    sabor e problemas de corroso.

    Os slidos em suspenso provocam a turbidez da gua gerando problemas

    estticos e prejudicando a atividade fotossinttica.

    Classificao pelas caractersticas qumicas: T = 550 C, fraofraofraofrao orgnicaorgnicaorgnicaorgnica oxidada (slidos volteisslidos volteisslidos volteisslidos volteis), enquanto que a inorgnicainorgnicainorgnicainorgnica representada pelos

    slslslslidos fixosidos fixosidos fixosidos fixos (Figura 2).

    Figura 2: Representao esquemtica da determinao de slidos totais

    Slidos totais

    Slidos volteis

    Slidos

    suspensos

    Slidos

    dissolvidos

    Slidos fixos

    Slidos volteis

    Slidos fixos

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    PARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LQUIDOQUIDOQUIDOQUIDOSSSS

    2.2.5.5 pH2.2.5.5 pH2.2.5.5 pH2.2.5.5 pH

    Mede a concentrao hidrogeninica, ons H+, de guas residurias. A

    eficincia da precipitao qumica, assim como da coagulao-floculao

    dependem do pH do efluente a ser tratado e do ponto timo para ocorrncia

    das reaes.

    2.2.5.6 Temperatura2.2.5.6 Temperatura2.2.5.6 Temperatura2.2.5.6 Temperatura

    Do ponto de vista do tratamento biolgico aerbio, temperaturas altas

    diminuem a concentrao de oxignio dissolvido e interferem na velocidade de

    degradao, elevando a atividade dos microrganismos com acrscimo do

    consumo de oxignio. Nos sistemas anaerbios, as temperaturas muito baixas

    (abaixo de 30 C) retardam o processo de digesto. Nos sistemas fsico-

    qumicos por coagulao-floculao, existe influncia na formao de flocos,

    sendo as temperaturas mais altas favorveis (at certo limite) acelerando a

    reao. A temperatura da gua residuria pode ser decorrente do processo

    industrial ou das condies climticas da regio.

    2.2.5.72.2.5.72.2.5.72.2.5.7 Compostos txicosCompostos txicosCompostos txicosCompostos txicos

    Nas guas residurias industriais, compostos txicos, tais como, cianetos,

    sulfetos e metais pesados como cromo, cobre, chumbo, nquel, cdmio,

    mercrio etc. so encontrados em altas concentraes em despejos industriais

    (galvanoplastia, por exemplo). Em muitos casos o tratamento biolgico torna-se

    invivel devido a toxidez.

    2.2.5.8 Nutrientes2.2.5.8 Nutrientes2.2.5.8 Nutrientes2.2.5.8 Nutrientes

    Os nutrientes principalmente, nitrognio e fsforo so considerados essenciais

    ao crescimento dos microrganismos responsveis pela degradao das guas

    residurias. As principais fontes de nitrognio so protenas e uria.

    Detergentes sintticos e protenas so as fontes de fsforo. Algumas indstrias

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    possuem caractersticas ideais para o tratamento biolgico so: laticnios,

    matadouros, frigorficos e alimentares.

    Uma das principais preocupaes com os nutrientes a eutrofizao de corpos

    d gua, considerando que efluentes, mesmo tratados, podem carrear

    concentraes destes nutrientes, suficientes para proliferar grande quantidade

    de algas.

    2.2.5.8.2.2.5.8.2.2.5.8.2.2.5.8.1 Eutrofizao1 Eutrofizao1 Eutrofizao1 Eutrofizao

    As algas so plantas simples, a maioria microscpica. Incluem plantas de

    movimentao livre, fitoplnctons e algas bnticas fixas. Ambas obtm energia

    do processo da fotossntese.

    A eutrofizao o crescimento excessivo das plantas aquticas, a nveis tais

    que causa interferncias indesejveis nos corpos d gua. O processo mais

    freqente em lagos, lagoas e represas. As principais causas da eutrofizao

    so: ocupao por matas e florestas (decomposio de material), agricultura

    (fertilizantes) e urbanizao (assoreamento, drenagem pluvial e esgotos). Estas

    aes oferecem condies para o desenvolvimento de algas e, ainda so fonte

    de N e P, como a agricultura e os esgotos.

    Figura 3: Eutrofizao de um aude

    Autor: Sten Porse (www.dicionario.pro.br)

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    PARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LQUIDOQUIDOQUIDOQUIDOSSSS

    Os principais efeitos da eutrofizao so:

    Problemas estticosProblemas estticosProblemas estticosProblemas estticos diminuio do uso da gua para recreao,

    balneabilidade e outros usos em geral, devido as freqentes floraes das

    guas, crescimento excessivo da vegetao, distrbios com mosquitos e

    insetos, maus odores e mortandade de peixes.

    Condies anaerbias no fundo do corpo d guaCondies anaerbias no fundo do corpo d guaCondies anaerbias no fundo do corpo d guaCondies anaerbias no fundo do corpo d gua no fundo predominam as

    condies anaerbias em funo da deposio de slidos e a reduzida

    penetrao de oxignio, bem como a ausncia de fotossntese (falta de luz).

    Com a anaerobiose, predominam condies redutoras, com compostos eelementos no estado reduzido o ferro e o mangans encontram-se na forma

    solvel, trazendo problemas ao abastecimento; o fosfato encontra-se tambm

    na forma solvel, representando uma fonte interna de fsforo s algas e o gs

    sulfdrico causa problemas de toxicidade e mau cheiro.

    Mortandade de peixesMortandade de peixesMortandade de peixesMortandade de peixes em funo das condies de anaerobiose e aumento

    da concentrao de amnia toxicidade da amnia (NH3) maior que a forma

    NH4+.

    Problemas com o abastecimento de gua industrialProblemas com o abastecimento de gua industrialProblemas com o abastecimento de gua industrialProblemas com o abastecimento de gua industrial elevao dos custos de

    tratamento e maior consumo de produtos qumicos, devido a alterao de

    sabor, cor, odor; maior concentrao das algas e maior freqncia na limpeza

    dos filtros.

    DesaparecDesaparecDesaparecDesaparecimento gradual do lagoimento gradual do lagoimento gradual do lagoimento gradual do lago em decorrncia da eutrofizao e do

    assoreamento, aumenta o acmulo de matrias e de vegetao. O lago setorna cada vez mais raso, at vir a desaparecer. Esta tendncia de

    desaparecimento de converso de brejos ou reas pantanosas irreversvel,

    porm geralmente lenta. A interferncia do homem pode acelerar o processo.

    2.2.2.2.2.2.2.2.6666 Processos UnitriosProcessos UnitriosProcessos UnitriosProcessos Unitrios

    2.2.2.2.2.2.2.2.6666.1 Peneiramento.1 Peneiramento.1 Peneiramento.1 Peneiramento

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    PARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LPARTE 1: TRATAMENTO DE EFLUENTES LQUIDOQUIDOQUIDOQUIDOSSSS

    Tem como principal finalidade remover slidos grosseiros suspensos das

    guas residurias com granulometria superior a 0,25 mm. H dois tipos de

    peneiras: esttica e rotativa. As peneiras estticas ou hidrodinmicas so muitoempregadas na indstria de celulose e papel, txtil (remoo de fios e fibras),

    frigorficos, curtumes, fbricas de sucos e tambm na remoo de slidos

    suspensos de esgotos sanitrios.

    Figura 4 Peneira estticaFonte: www.vibrotex.com.br

    2.2.2.2.2.2.2.2.6666.2 Resfriamento.2 Resfriamento.2 Resfriamento.2 Resfriamento

    Despejos muito quentes, como os provenientes da indstria txtil, devem ser

    reduzidos a valores timos, para no prejudicar a floculao ou a solubilizao

    de oxignio em tanques de aerao de lodos ativados. Para lanamento no

    corpo receptor, a legislao federal limita a 40 C CONAMA 357/2005. Empequenas indstrias, tanques de equalizao podem ser dimensionados com

    superfcie maior, para haver melhor contato com a atmosfera e reteno mais

    prolongada. Em grandes indstrias, podem ser empregados tanques com

    aspersores de ar ou torres de resfriamento. A reduo de temperatura no

    mnimo de 10 C.

    2.2.2.2.2.2.2.2.6666.3 Gradeamento.3 Gradeamento.3 Gradeamento.3 Gradeamento

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    As grades, na maioria das vezes, fazem parte da primeira etapa de remoo de

    slidos, retendo material grosseiro em suspenso e corpos flutuantes. Tm a

    vantagem de, alm de remover slidos, proteger os equipamentossubseqentes (bombas, registros, vlvulas de reteno, tubulaes) e evitar

    obstrues e danos causados por estes materiais. As grades podem ser

    simples ou mecanizadas.

    Figura 5: Gradeamento para separao de slidos grosseiros

    2.2.2.2.2.2.2.2.6666.4 Desarenao.4 Desarenao.4 Desarenao.4 Desarenao

    As caixas de areia tm como objetivo reter substncias inertes, como areias e

    slidos minerais sedimentveis, originrias de guas residurias, que provm

    da lavagem de frutas, pisos e esgotos urbanos. de grande importncia a

    remoo destas substncias para proteger bombas, vlvulas de reteno,

    registros, canalizaes, evitando entupimento e abraso.

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    As caixas de areia podem ser simples ou mecanizadas, sendo as primeiras

    utilizadas em pequenas e mdias estaes. O mais comum uso de caixas em

    cmara dupla, podendo retirar uma cmara para limpeza, enquanto o efluenteflui pela outra (Figura 6).

    Figura 6: Caixas de areia

    So dimensionadas para uma velocidade mdia de 30 m/s, com variao de +

    20 %. A velocidade s se manter nos valores recomendados, se houver,

    jusante, dispositivo para controlar o nvel, podendo ser um medidor de vazo

    Parshall (Figura 7).

    Figura 7: Medidor de vazo tipo Parshall

    Fonte: www.agetec.com.br

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    2.2.2.2.2.2.2.2.6666.5 Reteno de gordura.5 Reteno de gordura.5 Reteno de gordura.5 Reteno de gordura

    As caixas retentoras de gordura so unidades destinadas a reter gorduras e

    materiais que flotam naturalmente. So utilizadas no tratamento preliminar de

    guas residurias de frigorficos, curtumes, laticnios, matadores. O princpio de

    separao se d por diferena de densidade. Em matadouros e curtumes, as

    gorduras recuperadas tm valor comercial (sabo, rao).

    A caixa deve ser construda de forma que o lquido tenha permanncia

    tranqila durante o tempo em que as partculas, a serem removidas, percorram

    desde o fundo at a superfcie lquida. O tempo de deteno dever situar-seentre 3 a 5 minutos, se a temperatura do lquido se encontrar abaixo de 25 C.

    Acima de 30 C, o tempo poder chegar at 30 minutos.

    O formato da caixa dever ser retangular, possuindo duas ou mais cortinas,

    uma prxima a entrada para evitar a turbulncia do lquido e a outra prxima

    sada. Em um dos lados da caixa dever ter uma calha para remoo da

    gordura (Figura 8).

    Figura 8: Caixa retentora de gordura

    2.2.2.2.2.2.2.2.6666.6 Reteno de leo.6 Reteno de leo.6 Reteno de leo.6 Reteno de leo

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    As caixas retentoras de leo ou caixas separao gua/leo se destinam a

    remover leo das guas residurias provenientes de postos de lavagem e

    lubrificao de veculos, oficinas mecnicas. O princpio similar s caixasretentoras de gordura porque, o leo menos denso que a gua, tendendo a

    flotar (Figura 9). Uma vez que as guas residurias provenientes de lavagem

    de veculos arrastam grande quantidade de areia e outros materiais inertes,

    conveniente que as caixas retentoras de leo sejam precedidas de unidades de

    desarenao.

    Figura 9: Caixa de reteno de leo

    Para guas residurias provenientes de atividades industriais, como, por

    exemplo, da indstria petroqumica, onde as vazes so considerveis e as

    concentraes de leos so elevadas, recomenda-se a adoo de caixas API

    ou tanques de flotao. Como nas caixas de gordura, o lquido dever ter

    permanncia tranqila e o mesmo tempo de deteno.

    O formato da caixa dever ser retangular, possuindo duas cortinas, uma

    prxima a entrada para evitar a turbulncia do lquido e a outra prxima

    sada, imersa at perto do fundo para que os slidos sedimentveis sejam

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    arrastados com o efluente. A forte inclinao do fundo em direo sada evita

    o acmulo de slidos grosseiros sedimentveis.

    Existem leos solveis e insolveis em gua. Os solveis so os mais difceis

    de serem removidos, enquanto que os insolveis so mais fceis, sendo

    removidos na superfcie. As indstrias que mais geram este tipo de efluente

    so: mecnica, automobilstica, refinaria, e outras.

    Os leos solveis para serem removidos requerem reduo de solubilidade. Os

    meios fortemente cidos ou fortemente alcalinos diminuem a solubilidade,

    sendo neste caso usados cidos ou lcalis e tambm dispersantes.Coagulantes so utilizados para a separao de leos solveis juntamente com

    o lodo, enquanto que os leos insolveis so removidos pela superfcie.

    2.2.2.2.2.2.2.2.6666.7 Equalizao.7 Equalizao.7 Equalizao.7 Equalizao

    Tem como principal finalidade regular a vazo que deve ser constante nas

    unidades subseqentes. praticamente impossvel operar a estao sem ter avazo regularizada, pois variaes bruscas impossibilitam o funcionamento de

    tanques de correo de pH, floculadores e decantadores, provocando tambm

    cargas de choque em tanques de aerao de lodo ativado.

    Alm de regular vazes tm a finalidade de homogeneizar o efluente, tornando

    uniformes: pH, temperatura, turbidez, DBO, DQO, cor, etc. Tanques com nveis

    variveis so utilizados para atender as duas finalidades.

    O formato do tanque dever ser de seo quadrada, se a agitao for com

    aerador de superfcie (Figura 10). necessrio instalar sistemas para mistura

    atravs de aerador de superfcie, agitador mecnico, borbulhador e outros

    equipamentos.

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    Figura 10: Tanque de equalizao com aerador de superfcie

    Nos tratamentos anaerbios, a agitao dos efluentes no pode ser realizada

    por aeradores de superfcie ou difusores de ar, por transferirem oxignio

    dissolvido massa lquida, que considerado inibidor do processo. O indicado

    uso de mixxers. No caso de tratamento fsico-qumico por precipitao

    qumica, a aerao com bolhas de ar, alm de agitar, tambm favorece aremoo de slidos em suspenso.

    2.2.2.2.2.2.2.2.6666.8 Correo de pH.8 Correo de pH.8 Correo de pH.8 Correo de pH

    A necessidade de correo de pH decorre da coagulao exigir valor timo,

    quando ocorre a formao dos flocos. Por isso, importante ensaios de

    floculao, visando determinar este valor. No caso de efluentes alcalinos, como

    de industriais txteis, aps a homogeneizao, necessrio pesquisar o pH

    timo de coagulao e corrigi-lo, usando cido sulfrico ou gs carbnico,

    antes da cmara rpida de mistura.

    Nos sistemas biolgicos aerbios, a faixa ideal de pH situa-se entre 6,5 e 8,5

    para o crescimento normal dos microrganismos. Nos sistemas anaerbios,

    devido a maior sensibilidade das bactrias, a faixa ideal mais estreita, 6,3 a7,8. s vezes, possvel o lanamento no reator biolgico de efluentes com pH

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    alcalino, acima da faixa, devido ao efeito tampo, conferido pelo sistema

    carbnico: gs carbnico, bicarbonato e carbonato.

    A correo de pH uma soluo tcnica e econmica, pois alm dos

    coagulantes serem mais caros que os cidos, so necessrias dosagens

    menores de corretivos: 1 ppm de cido sulfrico equivale a 2,5 ppm de sulfato

    de alumnio.

    O cido sulfrico um acidificante muito utilizado, porm seu manuseio merece

    cuidados: os recipientes e equipamentos devem ser resistentes corroso e

    recomenda-se utiliz-lo diludo. Para maior segurana operacional, a diluiodeve ser feita cido gua e nunca o contrrio, pois pode haver projeo de

    cido no operador.

    Atualmente bastante difundido o uso do gs carbnico para correo do pH,

    no tocante manipulao do produto e corroso dos equipamentos.

    No rebaixamento de pH de efluentes alcalinos contendo sulfetos, no

    recomendado o uso de gs carbnico ou cidos devido a formao de gs

    sulfdrico. Uma das solues usar sulfato ferroso e aerao para precipitar os

    sulfetos sob a forma de hidrxido frrico e rebaixar o pH, atravs dos produtos

    da hidrlise do sulfato ferroso.

    Por outro lado, se o efluente for cido, a correo poder ser feita com

    alcalinizantes: soda custica, carbonato de sdio, amonaco ou a cal que o

    produto mais utilizado. A cal deve ser adicionada em duas ou mais etapas, no

    caso de efluentes com pH muito baixo (abaixo de 3).

    A neutralizao de efluentes pode ser conseguida tambm pela reunio de

    efluentes cidos e alcalinos gerados na prpria indstria. o caso de efluentes

    de galvanoplastia, em que se renem os despejos do tanque de oxidao de

    cianetos e os cidos do tanque de reduo de cromo.

    O pH timo de floculao depende muito do coagulante utilizado. Se for usado

    sulfato de alumnio, o valor timo deve situar-se entre 5 e 8. No caso, docloreto frrico, o pH ideal para floculao se situa entre 5 e 11. No caso, de

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    efluentes industriais, em muitos casos, o cloreto frrico mais utilizado por ter

    faixa mais larga de pH.

    A correo de pH deve ser feita em tanques especiais e no no tanque de

    equalizao ou de mistura rpida. mais prtico e econmico uniformizar

    primeiro no tanque de equalizao e depois corrigi-lo no tanque de correo de

    pH, para atender a faixa de coagulao.

    2.2.2.2.2.2.2.2.6666.9 Mistura rpida.9 Mistura rpida.9 Mistura rpida.9 Mistura rpida

    A mistura do coagulante e do efluente provoca a hidrlise, polimerizao e a

    reao com a alcalinidade, formando hidrxidos denominados gis, produzindo

    na soluo ons positivos que desestabilizaro as cargas negativas dos

    colides e slidos em suspenso, permitindo a aglomerao das partculas e,

    consequentemente a formao de flocos. Os flocos assim formados podem ser

    separados por decantao, flotao ou filtrao. A reao do coagulante com a

    alcalinidade ocorre em curtssimo espao de tempo, em torno de 1 segundo.

    A mistura feita atravs de misturadores mecnicos ou hidrulicos, que fazem

    a disperso do coagulante na massa lquida e, com energia suficiente para a

    disperso total. realizada em tanques especficos situados montante da

    unidade de floculao (mistura lenta). O misturador hidrulico muito utilizado

    em estao de tratamento de gua para abastecimento pblico, que poder ter

    uma calha Parshall, cujo ressalto fornece a energia especfica para a mistura

    rpida (Figura 11).

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    Figura 11: Ressalto hidrulico para mistura rpida

    Outros dispositivos podem ser utilizados: canais de entradas de bombas,

    canalizaes, difusores, etc. (Figura 12). A aplicao da soluo de coagulante

    deve ser a montante do ponto de maior agitao nos sistemas hidrulicos e,

    nos pontos de maior turbulncia da hlice do agitador em sistemas

    mecanizados.

    Figura 12: Mistura rpida do floculante e polieletrlito (unidade de flotao)

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    A mistura rpida tambm pode ser utilizada para elevar o pH com alcalinizante

    (cal, p.ex.), objetivando provocar a precipitao qumica dos metais pesados

    ou de matria orgnica como algumas protenas. O carbonato formado tambmatua como coagulante. Neste caso, no necessria a implantao de

    floculador e, sim decantador. A dosagem de cal deve ser determinada pelo

    ensaio Jar-Test. A lignina encontrada em efluentes de indstria de papel pode

    ser removida por precipitao qumica (pH em torno de 12), matria orgnica

    no biodegradvel e encontra-se solvel.

    Reaes

    Formao de hidrxidos (gel)

    Sulfato de alumnio com alcalinidade natural de bicarbonato de clcio

    Al2(SO4)3.18 H2O + 3 Ca(HCO3)2 3 CaSO4 + 2 Al(OH)3 + 6 CO2 +

    18 H2O

    Cloreto frrico com alcalinidade natural de bicarbonato de clcio

    2 FeCl3 + 3 Ca(HCO3)2 2 Fe(OH)3 + 3 CaCl2 + 6 CO2

    Sulfato ferroso com alcalinidade natural de bicarbonato de clcio e aerao

    FeSO4 + Ca(HCO3)2 Fe(OH)2 + CaSO4 + 2 CO2

    4 Fe(OH)2 + O2 + 2 H2O 4 Fe(OH)3

    Sulfato ferroso com alcalinidade natural de bicarbonato de clcio, adio de cal

    e aerao

    FeSO4 + 7 H2O + Ca(HCO3)2 Fe(HCO3)2 + CaSO4 + 7 H2O

    Fe(HCO3)2 + 2 Ca(OH)2 Fe(OH)2 + 2 CaCO3 + 2 H2O

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    4 Fe(OH)2 + O2 + 2 H2O 4 Fe(OH)3

    Formao de carbonato de clcio (insolvel)

    Cal e alcalinidade natural de bicarbonato de clcio

    2 Ca(OH)2 + Ca(HCO3)2 2 CaCO3 + 2 H2O

    Cal e gs carbnico

    2 Ca(OH)2 + H2CO3 CaCO3 + 2 H2O

    O carbonato de clcio atua como se fosse coagulante.

    Formao de produtos de hidrlise

    Hidrlise do sulfato de alumnio, formando o hidrxido de alumnio

    Al2(SO4)3 2 Al3+aq + SO42-aq

    Al3+aq + 3 H2O Al(OH)3 s + 3 H+aq

    Hidrlise do cloreto frrico, formando hidrxido frrico

    FeCl3 Fe3+aq + 3 Cl-aq

    Fe3+aq + 3 H2Ol Fe(OH)3 s + 3 H+aq

    Hidrlise do sulfato ferroso, formando hidrxido ferroso

    FeSO4 Fe2+aq + SO42-aq

    Fe2+aq + 2 H2Ol Fe(OH)2 s + 3 H+aq

    A formao de H+ no meio diminui o pH.

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    Figura 13: Tanque mecanizado de mistura rpida

    2.2.2.2.2.2.2.2.6666.10 Floculao.10 Floculao.10 Floculao.10 Floculao

    Aps a coagulao no tanque de mistura rpida, o efluente passa para a

    unidade subseqente de mistura lenta, cujo gradiente de velocidade passa de

    200 a 300 s-1 para 20 a 80 s-1, objetivando fazer com que os cogulos, que so

    partculas desestabilizadas, tendam a formar partculas maiores denominadasflocos.

    A formao de flocos se d medida que h colises entre as partculas. Alm

    disso, importante salientar que, para haver a formao de flocos

    perfeitamente grandes e com densidade suficiente para boa sedimentao, o

    tempo de agitao dever ficar em torno de 30 minutos. A formao de bons

    flocos ocorre quando se emprega dosagem de coagulante adequada, que sofre

    influncia do pH e outros fatores. Pequenas dosagens no chegam a atingir

    prximo do ponto isoeltrico, enquanto altas dosagens podem reverter o sinal

    das cargas, reesestabilizando-as, sendo ambas prejudiciais.

    Nos efluentes industriais, tem-se verificado que os flocos formados necessitam

    de maior densidade para poderem sedimentar em decantadores. Recorre-se,

    ento, aos auxiliares de coagulao, que so os polieletrlitos que aumentam a

    velocidade de sedimentao dos flocos e a resistncia s foras de

    cisalhamento.

    entrada

    coagulante

    sada

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