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Apostila: Desenvolvimento Mediúnico COLÉGIO TENDA DE UMBANDA Ensinando sobre a Religião Modulo 12

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Apostila:

Desenvolvimento Mediúnico

COLÉGIO TENDA DE UMBANDA

Ensinando sobre a Religião

Modulo 12

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Colégio Tenda de Umbanda – Apostila: Desenvolvimento Mediúnico - Ensino Religioso

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Desenvolvimento Mediúnico

Aulas 45.

O que são oferendas?

Oferendas para Orixás (por Iassan Ayporê Pery)

“Muitos médiuns vêm nos perguntar quais oferendas podemos dar no dia de determinado Orixá. Passaremos uma receita básica que pode ser utilizada para qualquer Orixá ou Entidade:

É um pacote de amor, em pó, para que qualquer brisa possa espalhar para as pessoas que estiverem perto ou longe de você; É um pedaço (generoso) de fé, em estado rochoso, para que ela seja inabalável; É algumas páginas de estudo doutrinário, para que você possa entender as intuições

que recebe;

É um pacote de desejo de fazer caridade desinteressada em retribuição, para não "desandar" a massa.

Junte tudo isto num alguidar feito com o barro da resignação e determinação e venha para o terreiro. Coloque em frente ao Congá e reze a seguinte prece: „Pai, recebe esta humilde oferenda dada com a totalidade da minha alma e revigora o meu físico para que eu possa ser um perfeito veículo dos teus enviados. Amém.‟

Pronto!

Você acabou de fazer a maior oferenda que qualquer Orixá, Guia ou Entidade pode desejar ou precisar... Você se dispôs a ser um MÉDIUM!” Ditado pelo Caboclo Pery em 07/10/2002 Centro Espiritualista Caboclo Pery

Oferendas na Umbanda

Uma visão mágica dos seus fundamentos (por Rubens Saraceni)

Eu sou umbandista e sou médium de incorporação, caso o leitor não saiba. Pois bem! Eu era um médium dedicado e aplicado e fazia ao pé da letra o que meus guias

espirituais determinavam. Quando determinavam um banho de pétalas de rosas brancas, eu

corria para comprar algumas e, antes de ir ao centro que eu frequentava, preparava meu “banho de rosas”.

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Se determinavam que eu tomasse um banho de canjica (milho de canjica fervido até a água ficar toda branca e leitosa), eu tomava meu banho de canjica sem questionar nada.

Se determinavam que eu tomasse banho com folhas (alecrim, espada-de-são-jorge, guiné, arruda, erva-cidreira, boldo, folhas de louro, manjericão etc.) eu tratava de adquirir aquela(s) recomendada(s) e tomava meu “banho de ervas”.

Se recomendavam que eu fosse à natureza e fizesse uma oferenda para um orixá ou um guia espiritual e levasse velas de determinada cor, certas bebidas, certas frutas, certas flores etc., eu procurava fazer tudo certo eu não deixava faltar nada, às vezes, até exagerava. Até aqui nada demais, porque é assim que procedem todos os médiuns umbandistas dedicados e aplicados.

Portanto, não é mérito algum meu proceder assim, pois esse é nosso dever: obedecer às orientações dos nossos guias, que nos amam e querem o melhor para nós, mesmo não sabendo como eles nos ajudam.

O fato é que eu, um curioso incorrigível, comecei a prestar atenção às oferendas e conversava com outros médiuns sobre elas.

E, em nossas ingênuas e bem intencionadas conversas sobre as “coisas” que colocávamos em nossas oferendas, não atinávamos com o poder mágico dos “elementos” que “entregávamos” aos nossos guias espirituais e aos nossos orixás.

Inclusive, as formas de indicá-las obedeciam a uma linguagem própria, pois às vezes diante de um guia para uma consulta ele dizia:

Filho, você precisa dar uma oferenda para orixá tal ou para o guia tal porque precisa fortalecê-lo. Outra vez outro guia espiritual recomendava isto: Filho, você precisa firmar uma vela de sete dias para o seu orixá; seu caboclo; seu anjo da guarda etc.,

porque ele está fraco e só assim ele poderá ajudá-lo.

Outra vez outro guia espiritual dizia isto: Filho, esta pessoa está com uma demanda, e para cortá-la, você precisa dar uma oferenda para um orixá, um guia da direita ou um guia da esquerda para ele cortá-lo e descarregá-lo.

Outra vez um guia espiritual dizia isto: Filho, esta pessoa está com uma demanda muito forte e só levando-a no ponto de força do orixá tal e fazendo uma oferenda para ele é possível ajudá-la, porque não podemos mexer nesse trabalho aqui no terreiro.

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Pois bem, nós médiuns obedecíamos e tudo ficava bem. Mas, em nossa ignorância e ingenuidade (no bom sentido, é claro) ficava a impressão de que só seriamos ajudados se “déssemos” algo em troca.

E, para complicar ainda mais o nosso aprendizado, a comunicação dos Exus e Pombas-giras colocava uma pá de cal sobre o assunto, pois diziam em alto e bom som:

De graça, Exu não faz nada!

Aí dava um nó cego em nossa religiosidade porque, em nossa ignorância e ingenuidade, eles deixavam claro que só trabalhariam em nosso benefício se fossem “pagos”.

Para piorar as coisas, ainda tinha algum Exu que dizia isto:

o Quero uma oferenda assim e assim para ajudá-lo a conseguir isso (um emprego, saúde, um relacionamento etc.) e, depois que conseguir, aí você me dará outra oferenda de agradecimento assim e assim, certo? E se não der, aí você perderá tudo o que eu lhe dei, ouviu?

Esse era o alerta extremo e fez com que muitos “pagassem” rigorosamente o que “deviam”.

Isso era assim, isso é até hoje e sempre será assim, não porque as entidades espirituais precisam ser pagas de fato, e sim porque as oferendas (ou despachos ou ebós) fornecem-lhes os recursos energéticos que precisam para poderem auxiliar-nos. Apenas a forma como pedem esses recursos deixava (e ainda deixa) uma indagação no ar:

Por que preciso pagar ou dar algo em troca para ser ajudado?

Na verdade, essa é a grande verdade jamais revelada, mesmo sendo “guias espirituais” eles precisam (em certos casos) de que lhes forneçamos os “recursos elementais” para, manipulando-os magisticamente, ajudarem-nos.

Até certo ponto, eles nos auxiliam com o que possuem em si como seus “poderes pessoais”. Mas, dali em diante, ou recebem numa oferenda ritual mágico-religiosa os elementos que precisam ou não têm como trabalhar em nosso benefício, porque só ativando os elementos magisticamente conseguirão fazer por nós o que só a “magia elemental” consegue fazer.

Talvez, se tudo tivesse sido colocado de outra forma, tudo teria sido muito mais fácil para as pessoas que precisavam de auxílio e teriam entendido que na verdade não estavam pagando nada, e sim fornecendo só os recursos elementais (ou energia dos elementos) para que as entidades pudessem trabalhar seus problemas, pois na criação tudo é energia nos mais variados graus vibratórios e “sem energia não se produz nada”.

Os elementos colocados dentro de um espaço mágico (ou em uma oferenda ritual mágico-religiosa em um ponto de forças na natureza) são as fontes naturais geradoras das energias mais “densas” que existem. Elas, quando ativadas corretamente, realizam coisas que nenhuma outra energia consegue realizar.

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Hoje, olhando com outros olhos o meu passado e o que acontece por aí afora com as “oferendas”, sinto uma imensa tristeza por não ter tido um guia espiritual ou ao menos uma só pessoa que nos explicasse essas coisas, e foi preciso que um espírito mensageiro cujo nome simbólico é “Pai Benedito de Aruanda” começasse a nos ensinar por meio dos livros psicografados por mim, fornecendo-nos gradualmente a resposta para muitas das nossas práticas “mágico-religiosas” umbandistas.

E foi preciso a vinda de um espírito mensageiro chamado “Mestre Seiman Hamiser Yê” para nos abrir parcialmente os fundamentos divinos da magia, permitindo-nos uma compreensão do que já fazíamos, mas não conhecíamos seus fundamentos ocultos.

Dali em diante, tudo assumiu seu real significado.

Dar forças a um guia, não era porque ele estava fraco, e sim era fornecer-lhe os recursos elementais magísticos para que ele pudesse trabalhar em nosso benefício.

Dar determinadas frutas, bebidas, velas etc., em uma oferenda, não é porque o guia ou o orixá precise “comer e beber”, e sim porque são recursos elementais mágicos com os quais nos ajudam na solução dos nossos problemas.

Texto extraído do livro “A Magia Divina das Sete Ervas Sagradas”. Rubens Saraceni / Editora Madras

Oferendas e Assentamentos (por Rubens Saraceni)

O que são? As oferendas são atos magísticos-religiosos e os assentamentos são concentrações de forças e poderes magísticos dentro de um espaço limitado.

As oferendas podem ter várias finalidades, tais como:

1. Oferenda de agradecimento; 2. Oferenda de pedido de ajuda; 3. Oferenda de desmagiamento negativo; 4. Oferenda de descarrego; 5. Oferenda propiciatória; 6. Oferenda purificadora 7. Oferenda ritual de firmeza de forças na natureza; 8. Oferenda ritual de assentamento de forças e poderes espirituais e dignos.

Comentemos algumas dessas formas de oferenda:

1) OFERENDA DE AGRADECIMENTO

Esta oferenda é feita em função do auxílio já recebido. Muitas vezes estamos envoltos em dificuldades de tal importância que nos ajoelhamos e ali, em nossa fé, invocamos Deus e algum

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dos seus mistérios ou divindades e pedimos-lhes que nos ajudem, que depois lhes ofertaremos algo em agradecimento.

Uns fazem promessas, outros prometem uma oferenda na natureza, outros prometem dar algum auxílio aos necessitados etc.

Quando são promessas, seu cumprimento é uma questão de foro íntimo e, após cumpri-las, as pessoas sentem-se melhor e em paz com Deus e com a divindade invocada.

Quando são oferendas, a pessoa que as prometeu deverá fazê-las, pois também se sentirá melhor, e com a grata sensação do dever cumprido.

Em ambos os casos, o não cumprimento do que foi prometido acarretará cobranças conscientes que, em longo prazo, acarretarão transtornos a quem prometeu e não cumpriu.

Saibam que Deus e suas divindades são oniscientes e, por saberem as causas dos nossos desequilíbrios e das nossas dificuldades, exigem de nós atitudes que nos reequilibrem e nos livrem das nossas dificuldades.

Portanto, cumprir o que foi prometido não é dar ou fazer algo por Ele e elas, mas é fazermos algo para e por nós mesmos.

Deus e as divindades não comem, mas, ao lhes ofertarmos uma “ceia ritual” estamos compartilhando nosso sucesso e nossa vitória, atribuindo-lhes o apoio para que elas acontecessem. Ali, no momento de “comemoração”, estamos dizendo de forma simbólica que sem o seu auxílio e das divindades não teríamos tido sucesso, estamos agradecendo-lhes, e estamos dando prova de nossa fé em seus poderes, reverenciando-os com o que lhes prometemos. 2) OFERENDA DE PEDIDO DE AJUDA

Esta oferenda vai desde uma vela acesa em um castiçal, pedestal ou altar até a ida a um ponto de forças da natureza, onde abrimos um espaço mágico e depositamos dentro dele os elementos mais afins com as forças e os poderes que serão invocados. Esse tipo de oferenda é muito comum entre os umbandistas que, por terem muitas forças e poderes à disposição, às vezes a fazem para mais de uma divindade, para obterem mais rápido a ajuda solicitada. Ela é em si um ato de fé no poder de realização das forças e dos poderes das entidades de Umbanda Sagrada.

Forças são espíritos hierarquizados. Poderes são as divindades de Deus.

As forças estão assentadas nos pontos de força da natureza e estão à nossa direita e à nossa esquerda.

Os poderes estão assentados no alto e nos pontos de força da natureza, quando invocados ficam de frente para nós ouvindo e anotando mentalmente os nossos pedidos que, se forem justos e do nosso merecimento, com certeza serão realizados a nosso favor e benefício.

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Esse ato mágico encerra-se em si mesmo e a pessoa que o fez só precisa aguardar.

3) OFERENDA DE DESMAGIAMENTO

Esta oferenda deve ser feita sempre que estivermos magiados por trabalhos pesados, difíceis de serem desmanchados e anulados dentro do centro de Umbanda.

Há trabalhos de magia negativa que são fáceis de ser cortados, desmanchados e anulados. Mas há outros de tal monta que, se forem mexidos, desencadeiam reatividades incontroláveis.

Nesses casos, a ação recomendada é a pessoa magiada ir até a natureza e, dentro de um ponto de forças, invocar alguma força espiritual ou algum poder divino e confiar-lhe a neutralização e a anulação dessas magias complicadíssimas e muito perigosas.

Na natureza, a força ou o poder invocado criam um campo neutralizador ao redor da magia negativa, isolando-a e envolvendo-a de tal forma que, caso aconteçam reatividades, são contidas e neutralizadas dentro do próprio campo que as envolvem.

Não são poucos os médiuns ainda inexperientes ou os guias espirituais iniciantes que, no afã de ajudarem as pessoas magiadas, acabam desencadeando essas reatividades e complicando-se de tal forma que são obrigados a irem até a natureza e fazerem uma oferenda descarregadora para se livrarem dos efeitos negativos acarretados.

Muitos guias espirituais e médiuns já tarimbados recomendam à pessoa magiada que ela vá direto ao ponto de forças e poderes da natureza e ali, dentro dele, faça a oferenda e invoque uma força espiritual ou um poder divino para que se tome conta da magia negativa, neutralizem-na e a desmanchem. Isso é correto, pois a explosão de uma reatividade muito intensa dentro de um centro pode afetar seus campos protetores de dentro para fora, fato este que abre buracos nele, pelos quais começam a entrar hordas de espíritos perturbadores.

Há centros de Umbanda cujos campos protetores estão totalmente esburacados e seu interior é “pesadíssimo”.

4) OFERENDA DE DESCARREGO

Esta oferenda deve ser feita nos pontos de força e de poderes da natureza para que ali aconteçam os mais variados tipos de descarregos, que vão desde espíritos desequilibrados até quebrantos e mau olhado.

O descarrego não se refere só aos que projetam contra nos mental ou magisticamente, mas pode ser usado para nos livrar do que atraímos com pensamentos de baixa qualidade.

Quando estamos vibrando em nosso íntimo sentimentos negativos e nossos pensamentos tornam-se confusos, nosso magnetismo mental se negativa e baixamos nossas vibrações, imediatamente começamos a nos ligar por finíssimos cordões com espíritos desequilibrados, também vítimas dos seus sentimentos negativos.

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Essas ligações acontecem devido à lei das afinidades, que nos ensina que semelhantes se atraem.

Uma pessoa que estiver vibrando negativamente se ligará automaticamente a outras e a espíritos com o mesmo padrão vibratório. E isto só a enfraquece ainda mais porque passa a fazer parte de uma imensa rede de mentais interligados pela baixa qualidade dos seus sentimentos.

É impossível transportar para dentro de um centro de Umbanda milhares de espíritos desequilibrados. Então os guias recomendam que as pessoas nessas condições negativas sejam levadas por um médium bem preparado e que, após fazer uma oferenda às forças e aos poderes do ponto de forças da natureza, faça ali, no campo de uma divindade, um descarrego completo, livrando-a de encostos e obsessores espirituais.

O que é possível ser feito dentro dos centros de Umbanda os guias espirituais fazem, mas há situações tão complexas que somente descarregando tudo na natureza a pessoa ficará livre de todas as suas “ligações” com o baixo astral, e sem tumultuar o bom andamento dos trabalhos realizados dentro dos centros de Umbanda.

Texto do Livro “Rituais de Umbanda”. Rubens Saraceni / Ed. Madras

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Desenvolvimento Mediúnico

Aulas 46

Oferendas às Divindades por Rubens Saraceni

Texto do Livro Código de Umbanda

Oferendar as Divindades é um recurso de todas as religiões e cultos naturais, que têm o objetivo de levar seus adeptos e simpatizantes aos sítios da natureza, para lá estabelecerem sintonia com as Divindades Naturais. São inúmeros os benefícios, pois “de frente” para a força de Deus regente do ponto de força, passamos a absorver de forma direta as qualidades e essências ali emanadas. Os elementos materiais em oferenda (flores, frutos e bebidas) são recebidos por guardiões da natureza (encantados e naturais) e utilizados para o beneficio da pessoa, suas emanações envolvem nosso corpo energético limpando e descarregando as energias negativas. Também são levados em essência como um agrado para os tronos localizados nas dimensões paralelas habitadas por eles. Uma oferenda funciona como apresentação, onde as divindades passam a reconhecer o indivíduo como filho querido e amado, estabelecendo um vínculo maior, de forma a beneficiá-lo em sua atual encarnação. Todas estas divindades naturais e tronos localizados são conhecidos por nomes diferentes em culturas diversas, aqui abordaremos sua manifestação como Orixás, oferecendo informações simples e práticas de como e onde oferendar.

Obs.: caso suas oferendas sejam feitas em locais em que não há uma supervisão nem limpeza periódica, devem ser utilizados apenas materiais biodegradáveis e se certificar de que não há o risco de incêndio (acendendo suas velas sem o contato direto com a folhagem seca), lembrando que ali estamos com amor à natureza e nunca para degradá-la.

OXALÁ

Oxalá é o Orixá da fé, da paz e harmonia, pedimos a ele que nos fortaleça em suas qualidades. Podemos oferendar Oxalá em todos os lugares, onde sentimos a paz no contato com a natureza, assim como em campos abertos, bosques, praias limpas e jardins floridos.

Oferenda: Faça um círculo com sete velas brancas e coloque ao centro frutas diversas, coco verde (aberto), mel e flores, tudo bem arrumado, e faça seus pedidos em oração e cantos a este amado Orixá.

OYÁ-TEMPO (LOGUNAN)

Esta amada mãe do tempo atua sobre nossa religiosidade, nos ajudando a manter a ética religiosa e protegendo contra as emanações negativas provindas de sacerdotes desequilibrados e “magia negra”, na matéria e no astral. Devemos oferendar a céu aberto em locais tranquilos da natureza, pois ela age em todos eles, seu campo de atuação é o próprio “espaço-tempo” onde tudo acontece.

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Oferenda: sete velas brancas, sete velas roxas e sete velas pretas, com cada uma das cores formando o vértice de seu triângulo de forças, que deve estar com o vértice branco voltado para você.

Após acender as velas e firmar seu triângulo de forças, deve-se partir um coco seco e colher sua água. Depois deposite a água dentro de uma das partes do coco e acrescenta-se licor de anis, que é sua bebida ritual.

Também se deve partir ao meio um maracujá maduro e colocá-lo ao lado do coco, pois esta é sua fruta ritual.

Após firmar esta oferenda e cobrir a cabeça com um pano branco, diz-se o seguinte:

Amada e divina mãe Oyá, aceite esta minha oferenda como do despertar consciente de minha religiosidade e fé em nosso Divino Criador. Solicito que me receba em seu amor e me ampare em todos os sentidos durante esta minha jornada evolucionista no plano material, e que me livre das tentações, me cubra com seu véu cristalino da fé em Olorum e me conduza pelo caminho reto que conduz todos os seus filhos na direção da Luz e do nosso Pai Eterno.

Apresento -me como “fulano de tal” e solicito seu amparo e sua guia luminosa para que eu me conduza, tanto nos campos luminosos, quanto nos campos escuros, sempre iluminado pela sua luz cristalina e amparado por minha fé no nosso Divino Criador.

Salve, Mãe Divina da Fé!

Salve minha Mãe Oyá, Senhora do Tempo!

Após proferir com amor e fé esta oração, levantar a cabeça (coberta) e estender as mãos para o alto, absorvendo as irradiações cristalinas de amor e fé que ela enviará.

OXUM

Oxum representa o aspecto feminino do amor de Deus e suas qualidades de concepção. Pedimos a ela que nos ajude a equilibrar nossos sentimentos, encontrarmos no amor e também prosperidade, que nos envolva em todos os sentidos.

Oferenda: faça um círculo com sete velas brancas, sete azuis e sete amarelas intercaladas, ponha dentro flores do campo, maçãs com outras frutas e essência de rosas; champanhe e licor de cereja, cravos e canela. Ofereça a esta mãe do amor e faça seus pedidos. Oferenda feita ao lado de uma cachoeira ou rio cristalino.

OXUMARÉ

Oxumaré também é um Orixá do amor, em seu aspecto masculino e renovador. Pedimos a ele que ajude a renovar nossas emoções e que ampare em nossas mudanças de situações e relacionamentos para evitar mágoas. Este amado orixá nos ajuda a ver mais alegria na vida, ele é a serpente do amor, da kundaline, também visto como um arco íris. A exemplo de Oxum, se oferenda nas cachoeiras.

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Oferenda: Faça um círculo de velas coloridas com uma vela branca, uma vela azul, uma vela verde, uma vela dourada, uma vela vermelha, uma vela roxa, uma vela rosa e uma vela marrom terroso.

Colocar no centro um melão aberto numa das pontas e derramar dentro dele um pouco de champanhe rosé, circundado com flores do campo e mel. Acender uma vela branca no centro do círculo. Deve-se evocar Oxumaré, solicitando dele o que se deseja, mas que seja justo para que

acelere suas evoluções, já que se pedirem coisas tortas uma serpente começará a segui-los e, mais dia menos dia, serão “picados” por ela de forma que os paralisará.

OXÓSSI

Oxóssi é o caçador, Orixá da “busca”, estimula e irradia o conhecimento. Nos ajuda na arte da comunicação, na expansão em todos os sentidos. Dominando o elemento vegetal também pedimos seu auxílio para a cura através das ervas. Oferenda: Faça um círculo com sete velas brancas, sete velas

verdes e sete velas rosa; ofereça dentro do círculo cerveja e vinho doce; flores do campo e frutas variadas, tudo depositado em bosques e matas. Nos ajudará a expandir nossos conhecimentos e empreitadas.

OBÁ

Obá é a senhora da terra que dá sustentação ao vegetal, ela nos ajuda a concentrar nosso emocional nos tornando mais objetivos e diretos, saindo da dispersão e nos tornando mais “pé no chão”.

Oferenda: Faça um círculo com sete velas brancas, sete velas verdes e sete velas magenta (ou marrom). Dentro do círculo deposite um coco verde, vinho licoroso tinto, água com hortelã macerada, mel ou açúcar e flores do campo. O coco verde deve ser aberto em uma de suas pontas e o mel deve ser derramado dentro da água em seu interior, assim como se deve abrir um buraco no solo para que pelo menos metade do coco fique dentro da terra.

Portanto, deve-se levar uma ferramenta para abrir um pequeno buraco na terra.

Ao oferendar Obá solicita-se amparo e proteção nos trabalhos espirituais que serão concedidos, mas de forma silenciosa e discreta, pois assim é a natureza cósmica dessa nossa amada mãe divina da terra. Sempre que se desejar saudá-la, deve-se derramar três vezes um pouco de água na frente do altar e três vezes na frente do templo, pronunciando mentalmente ou vocalizando esta saudação-mantra: “Akirôobá-yê!” (Eu saúdo o seu conhecimento, Senhora da Terra!) ou (Eu saúdo a terra, Senhora do Conhecimento!). Esta oferenda deve ser feita próximo a matas e em contato direto com a terra.

XANGÔ

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Xangô nos ajuda em todas as questões judiciais e desequilíbrios emocionais, lembrando que ele traz em si estas qualidades divinas, não devemos utilizar da sua força a nosso bel prazer, em detrimento aos direitos de outrem, pois Xangô é imparcial. Devemos nos colocar de frente para ele como quem se coloca de frente para a própria justiça do Criador.

Oferenda: Fazer um círculo com sete velas brancas, sete vermelhas e sete marrom; depositando dentro cerveja escura, vinho tinto doce e licor de ambrósia; flores diversas, tudo colocado em uma cachoeira, montanha ou pedreira.

IANSÃ

Esta amada mãe é um orixá dos ventos, aplicadora da lei na vida dos seres emocionados pelos vícios. Ela nos ajuda a encontrar a melhor direção a seguirmos em nossa jornada. Guerreira, nos ajuda a vencer as dificuldades do caminho.

Oferenda: faça um círculo com sete velas brancas, sete amarelas e sete vermelhas; depositando ao centro champanhe branca, licor de menta e de anis ou de cereja; rosas e palmas amarelas, tudo colocado em uma pedreira, campo aberto, beira mar, cachoeiras...

OGUM

Um dos Orixás mais conhecidos e cultuados, Ogum é o grande vencedor das demandas, nos traz a coragem e determinação. Manifesta -se em ordenação na nossa vida, muitas vezes tirando a imagem errônea que temos de nós mesmos e daqueles que nos cercam. Torna as pessoas mais “retas” e justas. É muito evocado para ajudar nas dificuldades materiais. Oferenda: Faça um círculo com sete velas brancas, sete azuis e sete vermelhas; depositando em seu interior cerveja, vinho tinto licoroso; flores diversas e cravos, depositados nos campos, caminhos, encruzilhadas etc.

EGUNITÁ

Amada mãe do fogo que purifica, aplicadora da Justiça Divina na vida dos seres racionalmente desequilibrados. Purifica os excessos emocionais, desvirtuados e viciados. Solicitamos muito o amparo desta mãe para cortar “magia negra” e descarregar energias negativas.

Oferenda: sete velas vermelhas, sete velas douradas, sete velas azuis, sete velas amarelas e treze velas brancas; um copo com água, um copo com licor de menta; uma pemba vermelha e uma pemba branca. ]

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Observem que as 13 velas brancas formam duas linhas, uma vertical e outra horizontal, dentro do losango.

Após firmar este ponto de forças de Egunitá no solo, deve-se, então, colocar dentro do losango um copo com licor de menta e outro com água, uma pemba branca e outra vermelha. Depois se deve cercar a oferenda com flores de palmas vermelhas, para só então se apresentar a ela, solicitando que ela atue a seu favor com seus aspectos (qualidades, atributos e atribuições) positivos, que são os que a Umbanda permite, aceita e a eles recorre para anular os

aspectos negativos utilizados pelos magos negros que pululam na periferia da Umbanda e do Candomblé, em uma faixa sombria e negativa, totalmente fora da Lei, mas dentro da faixa vibratória onde Egunitá atua com seus aspectos negativos, executando seres que atuam de forma contrária aos princípios luminosos da Lei Maior.

Sempre que se oferendar à orixá Egunitá, deve -se oferendar à senhora Pomba-gira do Fogo com rosas vermelhas, velas vermelhas e champanhe rosé.

OBALUAYÊ

Orixá que rege a estabilidade e evolução dos seres, tem qualidades mobilizadoras e transmutadoras. Como evoluir é crescer mentalmente, passar de um estágio para o outro, este amado Orixá nos ajuda a passar pelos momentos difíceis, sempre com calma, resignação e perseverança. Orixá curador por excelência, nos ajuda a passar do estado de doença para a cura.

Oferenda: faça um círculo com sete velas brancas e deposite dentro vinho rosé licoroso, água potável, coco fatiado coberto com mel e pipocas, rosas, margaridas e crisântemos, tudo colocado no cruzeiro do cemitério, à beira-mar ou à beira de um lago.

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NANÃ

Nanã é o arquétipo da velha senhora, rege a maturidade, atua preferencialmente no racional dos seres. Tem facilidade de decantar nosso emocional nos preparando para uma nova vida mais equilibrada. Precisando de suas qualidades, força e atuação em nós ou em terceiros basta oferendar e pedir sua ajuda e proteção.

Oferenda: faça um círculo com sete velas brancas, sete roxas e sete rosas; colocando ao centro do círculo champanhe rosé, calda de ameixa ou de figo; melancia, uva, figo, ameixa e melão, tudo à beira de um lago ou mangue.

IEMANJÁ Amada mãe da geração da vida e da maternidade. Sempre pedimos sua proteção para começar algum projeto novo, para nos amparar e dar condições de sermos melhores mães e pais para nossos filhos. Sua força e proteção abrange muitos outros campos através de suas qualidades, atributos e atribuições.

Oferenda: faça um círculo com sete velas brancas, sete azuis e sete rosas; colocando no centro champanhe, calda de ameixa ou de pêssego, manjar de coco, arroz-doce e melão, rosas e palmas brancas, tudo depositado à beira-mar.

OMULU

Omulu rege os términos, o fim, a morte e o desencarne. Atua paralisando os seres desequilibrados e desvirtuados no sentido da Vida, e atuações negativas. Também é um Orixá curador, visto que podemos entender a cura como o fim da doença, assim o pedimos que nos ajude também neste aspecto divino.

Oferenda: sete velas brancas, sete pretas e sete vermelhas, água, coco, vinho doce licoroso, mel, pipoca e um pouco de sal grosso dentro de um pires.

As velas podem ser acesas em um triângulo com a vela branca no Norte, a vermelha no Leste e a preta no Oeste. Ou podem ser acesas em círculos, com as brancas no interior, as vermelhas no círculo do meio e as pretas no círculo mais externo. Só depois de acendê-las é que se colocam dentro do círculo e diretamente sobre a terra os alimentos e bebidas que recomendamos.

A água deve ser colocada em um copo, o vinho em uma taça, o coco ralado ou fatiado deve ser colocado em um prato, o mel e o sal grosso em um pires ou pratinho de plástico, a pipoca deve ser colocada em um prato, que também pode ser de plástico branco.

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Desenvolvimento Mediúnico

Aulas 47.

Oferendas Básicas Umbandistas

(por Rubens Saraceni)

Oferenda ao Orixá Oxalá

Toalha ou pano de cor branca; • velas brancas; • frutas brancas (melão, goiaba etc.); • vinho branco doce ou suave; • flores brancas (todas); • fitas brancas; • linhas brancas; • comidas brancas (canjica, arroz doce, coalhada adocicada etc.); • pães; • mel; • farinha de trigo (para circular e fechar por fora as oferen-das); • coco seco e sua água colocada em copos; • coco verde com uma tampa cortada e um pouco de mel derramado dentro da sua água; • água em cálices ou copos; • pedras de cristais de quartzo branco (se for solicitado); • pembas brancas (em pedra ou em pó); • milho verde em espiga, cru e ainda leitoso.

Oferenda ao Orixá Oxumaré

Toalha ou pano de cor azul celeste; • velas brancas e azul celeste; • fitas brancas e fitas azul celeste (ou todas as cores); • linhas brancas e linhas azul celeste; • frutas sementeiras (melão, maracujá, mamão, pinha etc.); • água em copos; • vinho branco seco; água adocicada com açúcar ou mel; • flores coloridas; • coco verde; • licor ou suco de maracujá; • farinha de arroz (para circular e fechar a oferenda); • semente de feijão branco semicozida e misturada ao mel de abelha; • açúcar, colocado em um prato branco e regado com mel de abelha; • pembas coloridas.

Oferenda ao Orixá Oxóssi

Toalha ou pano verde; • velas branca e verde; • fitas branca e verde; • linhas branca e verde; • frutas de qualquer espécie; • comidas (moranga cozida, milho verde em espiga e cozido, maçã cozida e regada com mel ou açucarada, doces cristalizados); • vinho tinto; cerveja branca; • sucos de fruta; • pembas brancas e verdes; • fubá (para circular e fechar a oferenda).

Oferenda para o Orixá Xangô

Toalha ou pano marrom; • velas branca e marrom; • fitas branca e marrom; • linhas branca e marrom; • frutas (abacaxi, melão, manga, melancia, figo, caqui, laranja, goiaba vermelha); • vinho tinto seco; cerveja preta; • comidas (quiabos picados em rodelas e levemente cozido, rabada cozida com cebolas cortadas em rodelas); • pembas branca, marrom e vermelha; • licor de chocolate.

Oferenda ao Orixá Ogum Toalha ou pano vermelho; • velas branca e vermelha; • fitas branca e vermelha; • linhas branca e vermelha; • cordões branco e vermelho; • flores (cravo e palmas vermelhas); •

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frutas (melancia, laranja, pera, goiaba vermelha, ameixa preta, abacaxi, uvas); • licor de gengibre; • cerveja branca; pembas branca e vermelha; • comida (feijoada).

Oferenda para o Orixá Obaluayê

Toalha ou pano branco; • velas brancas; • fitas brancas; • linhas brancas • flores (crisântemos brancos, quaresmeira); frutas (pinha, caqui e coco seco); • comidas (pipoca estalada, batata doce roxa cozida e regada com mel de abelha, beterraba cozida e regada com mel; mandioca cortada em “toletes” cozida e açucarada; • bebidas (vinho branco licoroso, água em copos, licor de ambrósia); • pembas brancas.

Oferenda para a Orixá Oyá-Logunan (Tempo)

Toalha ou pano branco; • velas branca e azul escuro; • fitas branca e azul escuro; • linhas branca e azul escuro; • pembas branca e azul; • copo ou quartinha com água; • licor de anis; • frutas (laranja, uva, caqui, amora, figo, romã, maracujá azedo); flores (do campo, palmas brancas, lírios brancos).

Oferenda para a Orixá Oxum

Toalha ou pano dourado, azul e rosa; • velas rosa, amarela e azul; • fitas rosa, amarela e azul; • linhas rosa, amarela e azul; • pembas rosa, amarela e azul; • flores (rosas brancas, amarelas e vermelhas); • frutas (cereja, maçã, pera, melancia, goiaba, framboesa, figo, pêssego etc.); • bebidas (champanhe de maçã, de uva e licor de cereja).

Oferenda para o Orixá Omulu

Toalhas ou panos branco e preto sobrepostos formando oito pontas ou bicos; • velas branca, preta e vermelha; • fitas branca, preta e vermelha; • linhas branca, preta e vermelha; • pembas branca, preta e vermelha • flores (crisântemos, flores do campo, rosas brancas); frutas (maracujá, ameixa preta, ingá, figo); • comidas (pipocas estaladas e regadas com mel, coco seco fatiado e regado com mel, batata doce roxa cozida e regada com mel, bistecas ou fatias de carne de porco regadas com azeite de dendê; • bebidas (água em copos, vinho branco licoroso, licor de hortelã).

Oferenda para a Orixá Obá

Toalha ou pano vermelho ou magenta; • velas vermelha ou magenta; • fitas vermelha ou magenta; linhas vermelha ou magenta; • pembas vermelhas; • frutas (todas); bebidas (licor);flores (do campo, jasmim, rosas vermelhas). Oferenda para a Orixá Egunitá

Toalha ou pano laranja; • velas laranja e vermelha; • fitas laranja; • linhas laranja; • pembas laranja;frutas (laranja, abacaxi, pitanga, caqui); bebidas (licor de menta, champanhe de sidra); • flores(palmas vermelhas).

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Oferenda para a Orixá Iansã

Toalha ou pano branco e amarelo; • velas branca e amarela; • fitas amarelas; • linhas amarelas;pembas amarelas;frutas (laranja, abacaxi, pitanga, uva, morango, ambrósia, melancia, melão amarelo, pêssego e goiaba vermelha); • bebidas (champanhe de uva ou de sidra; • flores amarelas; • comidas (acarajé; abacaxi em calda, arroz-doce com bastante canela em pó por cima).

Oferenda para a Orixá Nanã Buroquê

Toalha ou panos lilás ou florido; • velas lilás; • fitas lilás; • linhas lilás; • pembas lilás; • flores (do campo, lírios e crisântemos); • frutas (uva, melão, manga, mamão, maracujá doce, framboesa, amora, figo); • bebidas (champanhe rosé, vinho tinto suave, licor de amora, licor de framboesa, licor de morango).

Oferenda para a Orixá Iemanjá

Toalhas branca ou azul claro; • velas branca ou azul claro; • fitas branca ou azul claro; • linhas branca ou azul claro; • pembas branca ou azul claro; • flores (rosas brancas, palmas brancas, lírio branco) frutas (melão em fatias, cerejas, laranja lima, goiaba branca, framboesa); • bebidas (champanhe de uva e licor de ambrósia); • comidas (manjares; peixes assados; arroz doce com bastante canela em pó).

Oferenda para o Orixá Exu

Toalhas ou panos preto e vermelho; • velas preta e vermelha; • fitas preta e vermelha; • linhas preta e vermelha; • pembas preta e vermelha; • flores (cravo vermelho); • frutas (manga, mamão, limão); • bebidas (aguardente de cana de açúcar, uísque, conhaque) • comidas (farofa com carne bovina ou com miúdos de frango, bifes de carne ou de fígado bovino fritos em azeite de dendê e com cebolas, bifes de carne ou de fígado bovino temperado com azeite de dendê e pimenta ardida).

Oferenda aos Pretos Velhos • Toalha ou pano branco; • velas brancas; • fitas brancas; • linhas brancas; • pembas brancas; • frutas de todas as espécies; • bebidas (café, vinho doce, cerveja preta, água de coco, vinho

branco licoroso); • flores (crisântemos brancos, margaridas, lírios brancos); • comidas (arroz doce, canjica, bolo de fubá de milho, milho cozido, doce de coco, doce de abóbora, doce de cidra, coco fatiado, quindim).

Oferenda aos Baianos

• Toalha ou pano branco (ou amarelo); • velas branca e amarela; • fitas branca e amarela; • linhas branca e amarela; • pembas branca e amarela; • frutas (coco, caqui, abacaxi, uva, pera, laranja, manga, mamão); • bebidas (batida de coco, de amendoim, pinga misturada com água de coco); • flores (flor do campo, cravo, palmas); • comidas (acarajé, bolo de milho, farofa, carne seca cozida e com cebola fatiada, quindim).

Oferenda aos Boiadeiros

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• Toalha ou um pano (branco, vermelho, amarelo, azul-escuro, marrom); • velas branca, vermelha, amarela, azul-escura, marrom; • fitas branca, vermelha, amarela, azul-escura, marrom; • linhas branca, vermelha, amarela, azul-escuro, marrom; • pembas branca, vermelha, amarela, azul-escuro, marrom; • frutas (todas); • bebidas (vinho seco, aguardente, batidas, conhaque, licores); • flores (do campo, palmas, cravos); • comidas (feijoada, charque bem cozido, bolos).

Oferenda aos Marinheiros

Toalha ou pano branco; • velas branca e azul claro; • fitas branca e azul claro; • linhas branca e azul claro; • pembas branca e azul claro; • flores (cravos brancos, palmas brancas); • frutas (várias); • comidas (peixes assados, peixes fritos, peixes cozidos, camarões, farofa com carne); • bebidas (rum, aguardente).

Oferenda para os Erês

Velas branca, cor-de-rosa e azul claro; toalha ou panos cor-de-rosa e azul claro • fitas branca, cor-de-rosa e azul claro; • linhas branca, cor-de-rosa e azul claro; • flores (todas); • frutas (uva, pêssego, pera, goiaba, maçã, morango, cerejas, ameixa); • comidas (doces de frutas, arroz doce, cocadas, balas, bolos açucarados, quindins); • bebidas (refrigerantes, água de coco, suco de fruta).

Oferenda para os Exus Mirins

Toalhas ou panos preto e vermelho; • velas bicolores preta e vermelha; • fitas preta e vermelha; linhas preta e vermelha; • pembas preta e vermelha; • flores (cravos); • frutas (manga, limão, laranja, pera, mamão); • bebidas (licores, cinzano, pinga com mel) • comidas (fígado bovino picado e frito em azeite de dendê, farofas apimentadas). Oferenda para Pomba-gira Toalha ou pano vermelho; • velas vermelhas; • fitas vermelhas; • linhas vermelhas; • pembas vermelhas; • flores (rosas vermelhas); • frutas (maçãs, morangos, uvas rosadas, caqui); • bebidas (champanhe de maçã, de uva, de sidra, licores).

Oferendas para Caboclos(as)

As oferendas para os Caboclos e as Caboclas, no geral, são iguais às dos Orixás que os regem. No parti-cular, são acrescentados elementos indicados por eles.

Texto extraído do livro “Rituais Umbandistas - Oferendas, Firmezas e Assentamentos”. Rubens Saraceni / Ed. Madras

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Desenvolvimento Mediúnico

Aulas 48.

Alguns Pontos Riscados Universais.

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Vamos dar um exemplo:

Pegamos o ponto de Caboclo, bem sabemos que este ponto riscado e Universal na linha de Caboclos e isto servem para todos que estão aqui, bem continuando, se seu Caboclo não lhe apresentou nenhum ponto riscado este ponto riscado você pode fazer para entra em contato com ele.

Caso você não incorpore pode se abrir o ponto para chamar as força de um Caboclo de devoção para entrar em contato com o magnetismo dos caboclos que e potencialmente expansor e ele ampliam os nossos sentidos sensoriais também os sentidos mediúnicos, ré energiza o campo vibratório espiritual os nossos chacras e trás a vitalidade espiritual que buscamos naquele momento.

Este ponto pode ser riscado na sua casa ou para você para trazer toda esta energia para sua casa ou para você.

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Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória. Desenvolvimento Mediúnico.

Afinal, o que é macumba?

Macumba é uma espécie de árvore africana (foto acima) e também um instrumento musical utilizado em cerimônias de religiões afro-brasileiras (foto abaixo), como o Candomblé e a Umbanda. O termo, porém, acabou se tornando uma forma pejorativa de se referir a essas religiões, sendo utilizado também (de forma errada) para descrever o que, na realidade, são oferendas.

Das religiões de matriz africana, Macumba é uma forma variante do Candomblé que existe só no Rio de Janeiro. O preconceito foi gerado porque, na primeira metade do século

XX, igrejas neopentecostais e alguns outros grupos cristãos consideravam profana a prática dessas religiões. Com o tempo, quaisquer manifestações dessas religiões passaram a ser tratadas como “macumba”.

Oferenda não é “magia negra”

As oferendas nos cruzamentos ganharam fama de “macumba” porque são uma das expressões mais visíveis dessas religiões fora dos Templos. Mas, na verdade, eles são oferendas em geral preparadas para o orixá Exu, geralmente pedindo proteção. São colocadas em encruzilhadas porque esses lugares representam a passagem entre dois mundos. Existem, sim, despachos feitos para fazer mal aos outros, mas a Umbanda não pratica esse tipo de magia inconsequente.

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Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória. Desenvolvimento Mediúnico.

As fases de um médium na Umbanda?

Desde que foi concebido no ventre de sua mãe terrena, este mentor lhe acompanha. Vou denominá-lo de Caboclo X. Protegeu sua gestação turbulenta e, no dia do seu nascimento, o envolveu com fluidos e vibrações de boas vindas. Cresceu com conforto material, mas com grande desconforto emocional, motivo que lhe causou forte rebeldia em sua adolescência. Foi quando começou a se abrir para o mundo, não da maneira como devia, mas do jeito que teve condições.

Se envolveu com pessoas ruins que o levou a uma vida escura da Terra. Caboclo X nada podia fazer; lhe foi ordenado que apenas o assistisse sem se envolver, pois sabia que no momento certo se encontrariam. Caboclo X tinha como missão preparar o jovem médium para o tal encontro. Na sua juventude começou se dar conta do que sua vida estava se tornando.

Foi quando começou a procurar ajuda espiritual e por muitas religiões e filosofias passou sem que seu coração fosse tocado. Caboclo X já havia preparado seu médium e era a hora de cuidar de seu tutelado. Invocou seu irmão falangeiro e juntos desceram à crosta terrestre. Quando chegaram na casa do tutelado ele estava em sono profundo tendo pequenos delírios causados pelos espíritos trevosos que há muito lhe acompanhavam. Caboclo X e seu irmão são falangeiros de Oxóssi e, naquele momento, irradiaram no local uma forte luz para afastar os quiumbas. Eles eram tão covardes que nem reagiram, sumiram num passe de mágica. Caboclo X imantou o corpo de seu tutelado com uma mistura de ervas espirituais para lhe curar as chagas abertas pelos quiumbas. Nesta noite falou com ele em sonho e lhe mostrou onde encontraria a paz espiritual.

Alguns dias depois, o tutelado já estava mais calmo e sentiu imensa vontade de ir a um Terreiro que conheceu quando criança. Caboclo X o esperava, Aruanda estava em festa, chegou o grande dia. Quando o tutelado viu a chegada de Caboclo X logo foi apossado de um imenso desejo de estar naquela Gira (era seu irmão falangeiro agindo em seu mental). No momento do passe espiritual se abraçaram, o tutelado não entendia por que tanta atenção e carinho, mas correspondia. E assim foram por alguns meses, Caboclo X cuidando de sua mente e seu espírito.

O tutelado ficou amigo do médium e em pouco tempo começou seu desenvolvimento espiritual. O irmão falangeiro de Caboclo X moldava seu espírito e logo o tomou por completo. Foi coroado pelos Orixás e firmada sua Linha. Era belo e emocionante como ia de vento em popa sua mediunidade, tinha resignação perante seus mentores e humildade. Em pouco tempo estava ficando conhecido. E foi neste momento que o grande médium sofreu sua maior provação: se manter humilde diante de tantos elogios.

Começa então o grande sofrimento dos que o rodeiam. Mais uma vez Caboclo X tinha que assistir sem interferir. Seu tutelado apossado por um sentimento de poder e cego pela vaidade já sentia-se superior a Caboclo X, virou-lhe as costas e quis seguir sua vida e seus conceitos já deturpados. Caboclo X sofre e chora sua distância e acredita no retorno de seu tutelado, não só Caboclo X assim como seu irmão falangeiro e toda a Linha de espíritos da luz que o acompanha.

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É triste vê-lo tomado pelos espíritos trevosos que um dia já o acompanharam…

Salve, Caboclo X e seu irmão Falangeiro!

Obrigado pela oportunidade de mostrar pela visão de um encarnado que vivenciou as “fases de um médium” que, assim como vós, também sofre em ver seu tutelado afastado de sua vida umbandista. Vida esta que presenciei dia a dia, a disciplina, a responsabilidade e acima de tudo a grande humildade ensinada por vós e todos espíritos de luz que nos orientava.

Acompanhei com resignação e muito companheirismo todo desenvolvimento de seu tutelado e, assim como ele, um grande amor e carinho aflorou dessa relação entre encarnados e a espiritualidade presente. Acabamos todos, em suma, sendo desenvolvidos, pois muito de leigo era nosso estágio até então.

De leituras e conversações, frases marcam e lições são transportadas para muitas realidades da nossa vida. O “livre arbítrio”, entendido a fundo, é o que mais nos ensina. Nesse caso, a vaidade é um sentimento que todos temos, basta ter controle sobre sua vibração.

Assisti com muita pena a vaidade aflorando e sua baixa vibração se instalando em meu lar, destruindo o amor, carinho e companheirismo que ali existia, apesar de caminhos tortuosos os quais trilhamos muitas vezes, mas resistíamos, levantando-nos sempre. Mas este sentimento inadmissível a um médium não só o afastou da espiritualidade como abandonou a família, divergiu com os amigos, toda conduta e ensinamentos extinguiram-se.

Espero que a todos os médiuns fique, desse pequeno depoimento, um alerta para que a vaidade não destrua seus caminhos, pois somos todos pessoas comuns, iguais perante as leis Divinas; somente emprestamos nossa matéria a serviço da caridade suprema e não temos nem como nos julgarmos melhores que ninguém por isso.

Ao irmão Falangeiro de Caboclo X, fica aqui a minha saudade, pois não mais nos falamos com o afastamento de seu tutelado, mas sinto sua vibração e proteção e agradeço sempre.

Continuemos então fazendo nossas orações, emanando vibrações positivas para que esse médium que outrora foi tão dedicado, volte à sua missão terrestre e que seus mensageiros possam trabalhar novamente transmitindo os ensinamentos com a força de nosso Pai Maior.

Oxalá! Saravá filhos de Umbanda!

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Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória. Desenvolvimento Mediúnico.

Lições de 7 Médiuns que fracassaram

O texto abaixo é uma versão editada de fragmentos retirados do excelente livro “Os Mensageiros”, de Chico Xavier, por André Luiz, Editora FEB. Trata-se de relatos nos quais médiuns desencarnados que falharam em suas missões e, de volta ao Nosso Lar, apresentam reflexões oportunas a todos nós. Livremente editado por mim, Alexandre Cumino.

PRIMEIRO CASO:

“Aos vinte anos de idade fui chamado à tarefa mediúnica… A vidência, a audição e a psicografia que o Senhor me concedera, por misericórdia… Entretanto, apesar das lições maravilhosas de amor evangélico, inclinei-me a transformar minhas faculdades em fonte de renda material… Não era meu serviço igual a outros? Não recebiam os sacerdotes católicos-romanos a remuneração de trabalhos espirituais e religiosos? Se todos pagávamos por serviços ao corpo, que razões haveria para fugir ao pagamento por serviços à alma?

Debalde, movimentaram-se os amigos espirituais aconselhando-me o melhor caminho. Em vão, companheiros encarnados chamavam-me a esclarecimento oportuno. Arbitrei o preço das consultas, com bonificações especiais aos pobres e desvalidos da sorte, e meu consultório encheu-se de gente.

SEGUNDO CASO:

Grande número de famílias abastadas tomou-me por consultor habitual para todos os problemas da vida. As lições de espiritualidade superior, a confraternização amiga, o serviço redentor do Evangelho e as preleções dos emissários divinos ficaram à distância. Não mais a escola da virtude, do amor fraternal, da edificação superior, e sim a concorrência comercial, as ligações humanas legais ou criminosas, os caprichos apaixonados, os casos de polícia e todo um cortejo de misérias da Humanidade, em suas experiências menos dignas… E transformei a mediunidade em fonte de palpites materiais e baixos avisos.

– Mas a morte chegou… a ronda escura dos consulentes criminosos, que me haviam precedido no túmulo, rodeou-me a reclamar palpites e orientações de natureza inferior. Queriam notícias de cúmplices encarnados, de resultados comerciais, de soluções atinentes a ligações clandestinas. Gritei, chorei, implorei, mas estava algemado a eles por sinistros elos mentais…

TERCEIRO CASO:

Fiz quanto pude – exclamava uma velhinha simpática para duas companheiras que a escutavam atentamente – … mas… e o marido? Amâncio nunca se conformou. Se os enfermos me procuravam no receituário comum, agravava-se-lhe a neurastenia; se os companheiros de doutrina me convidavam aos estudos evangélicos, revoltava-se,

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ciumento. Que pensam vocês? Chegava a mobilizar minhas filhas contra mim. Como seria possível, em tais circunstâncias, atender a obrigações mediúnicas?

Todavia – ponderou uma das senhoras que parecia mais segura de si –, sempre temos recursos e pretextos para fugir às culpas. Encaremos nossos problemas com realismo. Há de convir que, com o socorro da boa vontade, sempre lhe ficariam alguns minutos na semana e algumas pequenas oportunidades para fazer o bem. Para trabalharmos com eficiência – tornou a companheira, sensata –, é preciso saber calar, antes de tudo. Teríamos atendido perfeitamente aos nossos deveres, se tivéssemos usado todas as receitas de obediência e otimismo que fornecemos aos outros.

Não executei minha tarefa mediúnica em virtude da irritação que me dominou, dada a indiferença dos meus familiares pelos serviços espirituais. Nossos instrutores, aqui, muito me recomendaram, antes, que para bem ensinar é necessário exemplificar melhor. Entretanto, por minha desventura, tudo esqueci no trabalho temporário da Terra.

Não suportava qualquer parecer contrário ao meu ponto de vista, em matéria de crença, incapaz de perceber a vaidade e a tolice dos meus gestos. Preparei-me o bastante para resgatar antigos débitos e efetuar edificações novas; contudo, não vigiei como se impunha. O chamamento ao serviço ressoou no tempo próprio, orientando-me o raciocínio a melhores esclarecimentos; nossos instrutores me proporcionavam os mais santos incentivos, mas desconfiei dos homens, dos desencarnados e até de mim mesma. Nos estudiosos do plano físico, enxergava pessoas de má fé; nos irmãos invisíveis, presumia encontrar apenas galhofeiros fantasiados de orientadores e, em mim mesma, receava as tendências nocivas. Muitos amigos tinham-me em conta de virtuosa, pelo rigor das minhas exigências; todavia, no fundo, eu não passava de enferma voluntária, carregada de aflições inúteis… […] o receio das mistificações prejudicou minha bela oportunidade.

– É, minha amiga – tornou a interlocutora –, é tarde para lamentar. Tanto tememos as mistificações, que acabamos por mistificar os serviços do Cristo.

QUARTO CASO:

É Faltou-me o amparo da esposa. Enquanto a tive a meu lado, verificava-se profundo equilíbrio em minhas forças psíquicas. A companhia dela, sem que eu pudesse explicar, compensava-me todo gasto de energia mediúnica. Minha noção de balanço estava nas mãos de minha querida Adélia. Esqueci-me, porém, de que o bom servo deve estar preparado para o serviço do Senhor, em qualquer circunstância…

Quando me senti sem a dedicada companheira, arrebatada pela morte, amedrontei-me, por sentir-me em desequilíbrio e, erradamente, procurei substituí-la, e fui acidentado. Extremamente ligada a entidades malfazejas, minha segunda mulher, com os seus desvarios, arrastou-me a perversões sexuais de que nunca me supusera capaz. Voltei, insensivelmente, ao convívio de criaturas perversas e, tendo começado bem, acabei mal.

QUINTO CASO:

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No quadro dos meus trabalhos mediúnicos, estava a recordação de existências pregressas mas existe uma ciência de recordar, que não respeitei como devia. Sentia, intuitivamente, a vívida lembrança de minhas promessas em “Nosso Lar”. Tinha o coração repleto de propósitos sagrados. Trabalharia. Espalharia muito longe a vibração das verdades eternas. Contudo, aos primeiros contatos com o serviço, a excitação psíquica fez rodar o mecanismo de minhas recordações adormecidas, como o disco sob a agulha da vitrola, e lembrei toda a minha penúltima existência, quando envergara a batina, sob o nome de Monsenhor Alexandre Pizarro, nos últimos períodos da Inquisição Espanhola.

SEXTO CASO:

Foi, então, que abusei da lente sagrada a que me referi. A volúpia das grandes sensações, que pode ser tão prejudicial como o uso do álcool que embriaga os sentidos, fez olvidar os deveres mais santos… não estava satisfeito senão com rever meus companheiros visíveis e invisíveis, no setor das velhas lutas religiosas. Impunha a mim mesmo a obrigação de localizar cada um deles no tempo, fazendo questão de reconstituir-lhes as fichas biográficas, sem cuidar do verdadeiro aproveitamento no campo do trabalho construtivo.

“A audição psíquica tornou-se-me muito clara; entretanto, não queria ouvir os benfeitores espirituais sobre tarefas proveitosas e sim interpelá-los, ousadamente, no capítulo da minha satisfação egoística. “Não faltaram generosas advertências”. Mas, qual! Eu não queria saber senão das minhas descobertas pessoais.

SÉTIMO CASO:

“Tínhamos quatro reuniões semanais, às quais comparecia com assiduidade absoluta. Confesso que experimentava certa volúpia na doutrinação aos desencarnados de condição inferior. Para todos eles, tinha longas exortações decoradas, na ponta da língua. Aos sofredores, fazia ver que padeciam por culpa própria. Aos embusteiros, recomendava, enfaticamente, a abstenção da mentira criminosa. Os casos de obsessão mereciam-me ardor apaixonado. Estimava enfrentar obsessores cruéis para reduzi-los a zero, no campo da argumentação pesada. Somente aqui, de volta, pude verificar a extensão da minha cegueira.

“Por vezes, após longa doutrinação sobre a paciência, impondo pesadíssimas obrigações aos desencarnados, abria as janelas do grupo de nossas atividades doutrinárias para descompor as crianças que brincavam inocentemente na rua. Isso, quanto a coisas mínimas, porque, no meu estabelecimento comercial, minhas atitudes eram inflexíveis. Raro o mês que não mandasse promissórias a protesto público. Lembro-me de alguns varejistas menos felizes, que me rogavam prazo, desculpas, proteção. Nada me demovia, porém. Os advogados conheciam minhas deliberações implacáveis. Não conseguia perceber que a existência terrestre, por si só, é uma sessão permanente. Passei para cá, qual demente necessitado de hospício. Tarde reconhecia que abusara das sublimes faculdades do verbo. Como ensinar sem exemplo, dirigir sem amor? Entidades perigosas e revoltadas aguardaram-me à saída do plano físico…

É alguns bons amigos me trouxeram até aqui. E imagine o irmão que meu Espírito infeliz ainda estava revoltado.

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– Desde então, minha atitude mudou muitíssimo, entendeu?

“.. a multiplicidade de fenômenos e as singularidades mediúnicas reservam surpresas de vulto a qualquer doutrinador que possua mais raciocínios na cabeça que sentimentos no coração.”

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Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória. Desenvolvimento Mediúnico.

Posso ser médium em dois Terreiros ao mesmo tempo?

Assim que começamos a trabalhar enquanto médiuns de incorporação, a curiosidade e o desejo de novas experiências é enorme. No meu caso, passei a ler muito sobre este assunto, a tentar aprender cada vez mais sobre este meu novo papel, e queria que houvesse Giras todos os dias, o tempo todo, para desenvolver cada vez mais a minha mediunidade de incorporação e para conhecer todas as falanges e linhas de trabalho da Umbanda.

Movida pelo curiosidade, comecei inclusive a procurar outros Terreiros de Umbanda para conhecer outros praticantes e tentar estar mais envolvida na religião – o que não era muito fácil, estando longe do Brasil. Ainda assim, encontrei alguns Terreiros e decidi ir conhecer um deles.

Quando tomei esta decisão, com alguma ansiedade, não levei em conta muitas coisas importantes: deveria falar com o meu Pai de Santo? Poderia incorporar na Gira do outro Terreiro? Ir noutro Terreiro poderia me prejudicar de alguma forma? Nem sequer pensei sobre tudo isso.

Ao chegar na Gira do outro Terreiro, logo reparei nas diferenças em comparação com o meu: o altar era bastante diferente, o ritual era diferente, a forma de cantar os Pontos era diferente, dentre outras coisas. Eu não conhecia nenhum Terreiro para além daquele que frequentava, e essas diferenças me fizeram pensar até que ponto os dirigentes das diferentes casas poderiam trabalhar cada qual à sua maneira, sem colocar em causa a Umbanda enquanto religião.

Quando começou a Gira, comecei a sentir a vibração forte das entidades e a ter a sensação de incorporação. Não sabia se poderia deixar isso acontecer ou não, e neste momento a dirigente da casa, percebendo o que se passava, veio falar comigo e me autorizou a ir para o lado de dentro, para trabalhar com os outros médiuns da casa. Assim o fiz e tudo correu bem.

Após a Gira conversei um pouco com a dirigente e ela disse que eu poderia frequentar aquele Terreiro se quisesse, desde que o meu Pai de Santo autorizasse. Fiquei feliz da vida, pois dividida entre os dois Terreiros eu teria Giras pelo menos três vezes por semana!

Decidi assumir este compromisso com o outro Terreiro e continuei a ir às Giras sem falar sobre o assunto com o meu Pai de Santo. Eu sentia que tinha que ser livre para viver a minha religião da forma que quisesse e que, da mesma forma que os católicos podem frequentar diferentes igrejas, espíritas podem frequentar diferentes Centros, os umbandistas também poderiam frequentar diferentes Terreiros, sem qualquer mal.

Contudo, com o passar do tempo, as coisas começaram a não correr bem. Algo dentro de mim me dizia que aquela situação não parecia correta. Decidi, então, falar com o meu Pai de Santo e explicar o que estava acontecendo. Ele não ficou bravo ou chateado por eu estar frequentando outra casa, apenas me explicou:

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“Quando trabalhamos em um Terreiro, trabalhamos com toda a família espiritual comprometida com ele. Temos as falanges que fazem a proteção do nosso Terreiro e que trabalham na Gira, que acompanham os médiuns e auxiliam os consulentes. Cada Terreiro tem uma família espiritual, como se fosse uma tribo indígena, e as tribos não se misturam. As entidades que trabalham com você fazem parte das falanges que estão neste Terreiro, e por isso não poderão trabalhar noutro. Por isso, trabalhar em dois Terreiros ao mesmo tempo poderá te trazer confusão e prejudicar o seu trabalho na mediunidade”.

Esta explicação me fez todo o sentido. Meu Pai de Santo disse que se eu quisesse frequentar outros Terreiros poderia fazer, mas que eu deveria ficar na assistência, do lado de fora, para que não houvesse nenhuma confusão no meu trabalho mediúnico. Por isso, parei de ir às Giras do outro Terreiro, decidi me dedicar à casa que eu frequentava desde o início e a ter cuidado com a ansiedade de experimentar tudo ao mesmo tempo. O meu Terreiro era bom para mim, não havia razão para procurar outros lugares e poder me prejudicar.

Com o tempo, fui aprendendo que os umbandistas ouvem muitas contradições sobre este assunto. Alguns dirigentes inclusive proíbem os filhos da casa de frequentar outras casas, mesmo que seja na assistência. Temos que ter cuidado e tentar perceber esta questão à luz da doutrina da Umbanda. Conhecer outras realidades, conhecer outros médiuns e dirigentes e visitar outra casa não nos traz mal nenhum e não prejudica o nosso desenvolvimento. Mas incorporar e trabalhar, devemos os fazer somente no Terreiro do qual escolhemos fazer parte, sendo fiéis à família espiritual que ali trabalha conosco.