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ESCOLA NOVAERENSE CURSO TCNICO EM ENFERMAGEM SADE COLETIVA MDULO II

SADE COLETIVA

Prof(a): Jennifer D. B. Melo Nome: ______________________________________________________________________

2 SUMRIO UNIDADE I SADE COLETIVA................................................................................4 1. INTRODUO ....................................................................................................................................4 2. A ENFERMAGEM EM SADE COLETIVA.....................................................................................5 3. HISTRIA NATURAL DA DOENA ...............................................................................................5 ..........................................................................................................................................6 4 DETERMINANTES SOCIAIS DE SADE (DSS)...............................................................................8 UNIDADE II PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAO....................................9 1. INTRODUO.....................................................................................................................................9 2. O PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAES (PNI)................................................................10 3. ESTABELECIMENTO DE ESTRATGIAS.....................................................................................13 4. VACINAO: CONCEITOS BSICOS...........................................................................................15 5. AGENTES IMUNIZANTES...............................................................................................................17 6. CALENDRIO BSICO DE VACINAO DA CRIANA...........................................................21 7. CALENDRIO DE VACINAO DO ADOLESCENTE................................................................24 8. CALENDRIO DE VACINAO DO ADULTO E DO IDOSO.....................................................26 UNIDADE III - VACINAS.............................................................................................28 1.BCG......................................................................................................................................................28 2. HEPATITE B.......................................................................................................................................29 3. VACINAS CONTRA POLIOMIELITE - SABIN.............................................................................30 4. DTP + Hib............................................................................................................................................31 5. DTP TRIPLICE BACTERIANA.........................................................................................................32 6. dT DUPLA TIPO ADULTA...............................................................................................................33 7. VACINA CONTRA TTANO............................................................................................................34 8. VACINA CONTRA HAEMOPHILUS INFLUENZAE DO TIPO B.................................................35 9. TRIPLICE VIRAL TRIVIRAL........................................................................................................36 10. VACINA CONTRA SARAMPO......................................................................................................37 11. VACINA CONTRA SARAMPO E RUBOLA (VACINA DUPLA VIRAL)................................38 12. VACINA CONTRA RUBOLA.......................................................................................................39 13. FEBRE AMARELA..........................................................................................................................40 14. VACINA CONTRA ROTA VRUS..................................................................................................41 15. VACINA INFLUENZA.....................................................................................................................42 UNIDADE IV - REDE DE FRIO E TRANSPORTE DE IMUNOBIOLGICOS........44 1. REDE DE FRIO...................................................................................................................................44 2. CARACTERSTICAS DAS PRINCIPAIS VACINAS.......................................................................44 3. CONCEITO E PRINCPIOS...............................................................................................................44 4. PROCEDIMENTOS BSICOS PARA ARMAZENAMENTO.........................................................44 5. ORGANIZAO DA SALA DE VACINA.......................................................................................46 6. PROCEDIMENTOS DE LIMPEZA NA SALA DE VACINAO..................................................47 UNIDADE V VIGILNCIA EPIDEMIOLGICA....................................................49 1. INTRODUO ..................................................................................................................................49 2. PROPSITOS E FUNES...............................................................................................................49 3. COLETA DE DADOS E INFORMAES........................................................................................49 4. DIAGNSTICO DE CASOS..............................................................................................................50 5. VIGILNCIA EPIDEMIOLGICA DE DOENAS EMERGENTES E REEMERGENTES.........51 6. INVESTIGAO EPIDEMIOLGICA DE CAMPO.......................................................................51 7. PROCESSAMENTO E ANLISE DE DADOS................................................................................51 8. VIGILNCIA EPIDEMIOLGICA DE DOENAS E AGRAVOS NO TRANSMISSVEIS.....51 9. NORMATIZAO.............................................................................................................................51 10. RETROALIMENTAO DO SISTEMA........................................................................................51 11. SISTEMA NACIONAL DE VIGILNCIA EPIDEMIOLGICA..................................................52 12. DOENAS DE NOTIFICAO COMPULSRIA.........................................................................52 UNIDADE VI VIGILNCIA SANITRIA................................................................54

3 1. CONTEXTO HISTRICO................................................................................................................54 UNIDADE VII TERMINOLOGIA ESPECFICA......................................................57 1. CONCEITO.........................................................................................................................................57 UNIDADE VIII DOENAS TRANSMISSVEIS......................................................58 1. TTANO..............................................................................................................................................58 2. DOENA DE CHAGAS.....................................................................................................................60 3. LEPTOSPIROSE.................................................................................................................................61 4. POLIOMIELITE..................................................................................................................................63 5. LEISHMANIOSE VISCERAL...........................................................................................................64 6. HEPATITES........................................................................................................................................66 7. ESQUISTOSSOMOSE MANSONICA...............................................................................................69 8. HANSENASE....................................................................................................................................71 9. MALRIA...........................................................................................................................................72 10. MENINGITE.....................................................................................................................................74 11. FEBRE AMARELA..........................................................................................................................76 12. TOXOPLASMOSE............................................................................................................................78 13.RICKETIOSES E FEBRE MACULOSA...........................................................................................79 14. VARICELA.......................................................................................................................................81 15. DENGUE...........................................................................................................................................82 16. TUBERCULOSE...............................................................................................................................84 17. RAIVA...............................................................................................................................................86 18. AIDS..................................................................................................................................................88 ANEXOS.........................................................................................................................91

4 UNIDADE I SADE COLETIVA

1. INTRODUO A Sade Coletiva um movimento que surgiu na dcada de 70 contestando os atuais paradigmas de sade existentes na Amrica Latina e buscando uma forma de superar a crise no campo da sade. Ela surge devido necessidade de construo de um campo tericoconceitual em sade frente ao esgotamento do modelo cientfico biologicista da sade pblica. A sade pblica entendida como vrios movimentos que surgiram tanto na Europa quanto nas Amricas como forma de controlar, a priori, as endemias que ameaavam a ordem econmica vigente e depois como controle social, buscando a erradicao da misria, desnutrio e analfabetismo. Contudo os vrios modelos de sade pblica no conseguiram estabelecer uma poltica de sade democrtica efetiva e que ultrapassasse os limites interdisciplinares, ou seja, ainda permanecia centrado na figura hegemnica do mdico. Dessa forma, muitos programas de sade pblica, endossados pela Organizao Mundial de Sade, ficaram reduzidos assistncia mdica simplificada, isto , aos servios bsicos de sade; resumindo: para uma populao pobre um servio pobre. Para a compreenso mais aprofundada do movimento da sade pblica, iniciado no auge da revoluo industrial da Inglaterra com a medicina social, passando pelo sanitarismo norte americano e a medicina preventiva, entre outros, at chegar crise epistemolgica da "nova" sade pblica e a sade coletiva, seria necessrio um aprofundamento histrico e social sobre o movimento da sade pblica at chegarmos sade coletiva. No incio do sculo XX, apesar da alta mortalidade, no existiam hospitais pblicos, apenas entidades filantrpicas, mantidas por contribuies e auxlios governamentais. Para as pessoas com melhores condies financeiras existia a assistncia mdica familiar (IYDA,1993). O hospital que havia at ento contava apenas com trabalho voluntrio, sendo um depsito de doentes que eram isolados da sociedade com o objetivo de no "contagi-la" (SCLIAR,1987). Nas primeiras dcadas do sculo, houve um grande crescimento econmico no Brasil, no entanto foi um perodo de crise scio-econmica e sanitria, porque a febre amarela, entre outras epidemias, ameaavam a economia agro exportadora brasileira, prejudicando principalmente a exportao de caf, pois os navios estrangeiros se recusavam a atracar nos portos brasileiros, o que tambm reduzia a imigrao de mo-de-obra. Para reverter a situao, o governo criou medidas que garantissem a sade da populao trabalhadora atravs de campanhas sanitrias de carter autoritrio (SCLIAR,1987). Somente na dcada de 20 que se d a primeira medida concreta, em nvel nacional, para a criao do sistema de sade pblica. A Diretoria Geral de Sade Pblica organizada pelo mdico sanitarista Oswaldo Cruz, que resolve o problema sanitrio, implementando, progressivamente, instituies pblicas de higiene e sade. Oswaldo Cruz adotou o modelo das 'campanhas sanitrias' (inspirado no modelo americano, mas importado de Cuba), destinado a combater as epidemias urbanas e, mais tarde, as endemias rurais (LUZ,1991). As campanhas de sade pblica eram organizadas de tal forma que assemelhavam-se a campanhas militares, dividindo as cidades em distritos, encarcerando os doentes portadores de doenas contagiosas e obrigando, pela fora, o emprego de prticas sanitaristas. Esta situao levou "Revolta da Vacina", no Rio de Janeiro, quando a populao revoltou-se com a obrigatoriedade da vacina contra a varola (SCLIAR, 1987). A partir de 1983, a sociedade civil organizada reivindicou, junto com um Congresso firme e atuante, novas polticas sociais que pudessem assegurar plenos direitos de cidadania aos brasileiros, inclusive direito sade, visto tambm como dever do Estado. "Pela primeira vez

5 na histria do pas, a sade era vista socialmente como um direito universal e dever do Estado, isto , como dimenso social da cidadania." (LUZ, 1991) Final do sc. XIX : aes sanitrias isoladas, combate a febre amarela - Incio XX: programas de saneamento e de controle de endemias (reforma Carlos Chagas, 1923) - 1966: INPS - estende benefcios aos trabalhadores formalmente empregados - Dcada de 70: o movimento sanitarista e a universalizao do acesso assistncia mdica - 1988-90: SUS = descentralizao e municipalizao dos servios de sade - 2001: NOAS SUS responsabilidades e aes estratgicas mnimas de ateno bsica: controle da tuberculose, eliminao da hansenase... - 2001-02: PITS, PSF, PACS e CN-DST/AIDS: descentralizao das aes de preveno e controle das DSTs

2. A ENFERMAGEM EM SADE COLETIVA Dirigir a prtica profissional no sentido da responsabilidade pela implementao das mudanas necessrias e a adoo de uma postura solidria junto a clientela atendida, reconhecendo suas principais necessidades. Reconhecer-se como sujeito/profissional ativo do processo de mudanas necessrias. Manter uma postura participativa e criativa, balizada pela realidade do exerccio profissional.

3. HISTRIA NATURAL DA DOENA o nome dado ao conjunto de processos interativos compreendendo as inter-relaes do agente, do suscetvel e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras foras que criam o estmulo patolgico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estmulo, at s alterao que levam a um defeito, invalidez, recuperao ou morte. (Leavell & Clark, 1976). 3.1 Perodo de Pr-Patognese O primeiro perodo da histria natural (denominado por Leavell & Clark [1976] como perodo pr-patognese), a prpria evoluo das inter-relaes dinmicas, que envolvem, de um lado, os condicionantes sociais e ambientais e, do outro, os fatores prprios do suscetvel, at que chegue a uma configurao favorvel instalao da doena. tambm a descrio desta evoluo. Envolve, como j foi referido antes, as inter-relaes entre os agentes etiolgicos da doena, o suscetvel e outros fatores ambientais que estimulam o desenvolvimento da enfermidade e as condies scio-econmico-culturais que permitem a existncia desses fatores.

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3.2 Preveno Winslow, citado por Leavel & Clark (1976), define: "Sade pblica a cincia e a arte de evitar doenas, prolongar a vida e desenvolver a sade fsica e mental e a eficincia, atravs de esforos organizados da comunidade, para o saneamento do meio ambiente, o controle de infeces na comunidade, a organizao de servios mdicos e paramdicos para o diagnstico precoce e o tratamento preventivo de doenas, e o aperfeioamento da mquina social que ir assegurar a cada indivduo, dentro da comunidade, um padro de vida adequado manuteno da sade".

7 3.2.1 Preveno Primria Promoo da Sade feita atravs de medidas de ordem geral. - Moradia adequada. - Escolas. - reas de lazer. - Alimentao adequada. - Educao em todos dos nveis Proteo Especfica - Imunizao. - Sade ocupacional. - Higiene pessoal e do lar. - Proteo contra acidentes. - Aconselhamento gentico. - Controle dos vetores. A ateno primria sade, tambm denominada cuidados primrios de sade (em Portugal) e ateno bsica (governo do Brasil), foi definida pela Organizao Mundial da Sade em 1978 como: Ateno essencial sade baseada em tecnologia e mtodos prticos, cientificamente comprovados e socialmente aceitveis, tornados universalmente acessveis a indivduos e famlias na comunidade por meios aceitveis para eles e a um custo que tanto a comunidade como o pas possa arcar em cada estgio de seu desenvolvimento, um esprito de autoconfiana e autodeterminao. parte integral do sistema de sade do pas, do qual funo central, sendo o enfoque principal do desenvolvimento social e econmico global da comunidade. o primeiro nvel de contato dos indivduos, da famlia e da comunidade com o sistema nacional de sade, levando a ateno sade o mais prximo possvel do local onde as pessoas vivem e trabalham, constituindo o primeiro elemento de um processo de ateno continuada sade. (Declarao de Alma-Ata) De acordo com Barbara Starfield, as principais caractersticas da ateno primria sade so:

Constituir a porta de entrada do servio espera-se da APS que seja mais acessvel populao, em todos os sentidos, e que com isso seja o primeiro recurso a ser buscado. Continuidade do cuidado a pessoa atendida mantm seu vnculo com o servio ao longo do tempo, de forma que quando uma nova demanda surge esta seja atendida de forma mais eficiente; essa caracterstica tambm chamada de longitudinalidade. Integralidade o nvel primrio responsvel por todos os problemas de sade; ainda que parte deles seja encaminhado a equipes de nvel secundrio ou tercirio, o servio de Ateno Primria continua co-responsvel. Alm do vnculo com outros servios de sade, os servios do nvel primrio podem lanar mo de visitas domiciliares, reunies com a comunidade e aes intersetoriais. Coordenao do cuidado mesmo quando parte substancial do cuidado sade de uma pessoa for realizado em outros nveis de atendimento, o nvel primrio tem a incumbncia de organizar esses cuidados, j que freqentemente so realizados por profissionais de reas diferentes, e que portanto tm pouco dilogo entre si.

3.2.2 Preveno Secundria Diagnstico Precoce - Inqurito para descoberta de casos na comunidade. - Exames peridicos, individuais, para deteco precoce de casos. - Isolamento para evitar a propagao de doenas.

8 - Tratamento para evitar a progresso da doena. Limitao da Incapacidade - Evitar futuras complicaes. - Evitar seqelas. 3.2.3 Preveno Terciria Reabilitao (impedir a incapacidade total). Fisioterapia. Terapia ocupacional. Emprego para o reabilitado

4 DETERMINANTES SOCIAIS DE SADE (DSS) So as condies sociais em que as pessoas vivem e trabalham ou as caractersticas sociais dentro das quais a vida transcorre. Alguns determinantes da sade so biolgicos ou esto sob maior controle do indivduo; outros, de abrangncia coletiva, so dependentes dos condicionantes polticos, econmicos, sociais, culturais e ambientais, assim como de polticas pblicas de sade e extrasetoriais; Para alcanar sade necessrio atuar sobre o universo dos determinantes pessoais e coletivos; Articula condies de vida e estilo de vida. Condies de vida: Condies materiais necessrias subsistncia, relacionadas nutrio, habitao, ao saneamento bsico e s condies do meio ambiente. Estilo de vida: Formas social e culturalmente determinadas de vida, que se expressam no padro alimentar, no dispndio energtico cotidiano no trabalho e no esporte, hbitos como fumo, lcool e lazer.

Por que enfatizar os determinantes sociais? - Os determinantes sociais tem um impacto direto na sade; - Os determinantes sociais estruturam outros determinantes da sade; - So as causas das causas.

9 UNIDADE II PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAO 1. INTRODUO O planejamento bsico para o desenvolvimento de qualquer ao ou servio, permitindo a sistematizao e a coordenao do processo de trabalho, a racionalizao dos recursos disponveis, a definio de estratgias e a avaliao dos servios, com a conseqente tomada de decises e redefinio de rumos, caso necessrio. Quando realizado a partir da instncia mais prxima da populao a instncia municipal o planejamento rene condies para resolver efetivamente os problemas enfrentados pelos executores das aes. A partir da, as demais instncias regional, estadual e nacional se organizam e se preparam para apoiar tcnica, operacional e financeiramente a esfera executora do Sistema nico de Sade (SUS), o que deve estar explicitado nos respectivos planos. O Programa Nacional de Imunizaes (PNI), na rea da sade, uma prioridade nacional, com responsabilidades dos governos federal, estadual e municipal. O alcance dos objetivos e a adoo de estratgias com um mnimo de unidade exigem a articulao dessas instncias, de forma a compatibilizar atividades, necessidades e realidades, num esforo conjunto. Hoje, com o estabelecimento de condies de gesto para o municpio e para o estado, pela Norma Operacional Bsica do SUS (NOB/SUS-96), a habilitao a essas condies significa a declarao pblica de compromissos assumidos pelo gestor perante a populao sob sua responsabilidade, traduzidos em requisitos e prerrogativas. A principal prerrogativa para o municpio habilitado a transferncia regular e automtica de recursos federais para o Fundo Municipal de Sade. Entre os requisitos vinculados mais diretamente ao trabalho de vacinao, tem-se a elaborao do Plano Municipal de Sade e a comprovao da capacidade para o desenvolvimento de aes de vigilncia epidemiolgica. O municpio, por menor que seja, a partir do momento em que se habilita a receber os recursos da Unio, comea a ser exigido e cobrado no sentido de programar e ofertar em seu territrio, pelo menos, os servios bsicos, inclusive domiciliares e comunitrios, de responsabilidade tipicamente municipal. A vacinao um servio bsico, passando, obrigatoriamente, a ser planejada no conjunto das aes oferecidas pela rede de servios de sade. De outro lado, com o surgimento de estratgias especficas voltadas transformao do modelo de ateno sade, como o Programa de Sade da Famlia e o Programa de agentes comunitrios de sade, a populao passa a ser vista, cada vez mais, no seu todo e as aes passam a ser dirigidas s pessoas, individual e coletivamente. Com isso, no se justifica um plano de vacinao isolado; o trabalho casa a casa ou a mobilizao ou a montagem de operaes de campo somente para vacinar. As oportunidades so potencializadas, oferecendo-se outros servios identificados pela equipe local de sade como necessrios para aquela populao determinada. A instncia nacional, no tocante vacinao, continua a exercer as funes de normalizao e de coordenao, alm de promover as condies e incentivar o gestor estadual no sentido de que esta ao se integre, de forma definitiva, s demais aes ofertadas pelo sistema de sade de cada municpio. Mesmo na estrutura nacional, o PNI se integra definitivamente epidemiologia e a projetos mais abrangentes, no mbito da promoo da sade e da ateno sade de crianas, adolescentes, gestantes, idosos e outros grupos. Continua, tambm, como funo da instncia nacional o apoio e a cooperao tcnica para implementar aes destinadas ao controle de agravos que possam constituir risco de disseminao nacional ou no caso da adoo de instrumento ou mecanismo de controle que exige uma utilizao rpida e abrangente, como o caso das campanhas nacionais de vacinao.

10 2. O PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAES (PNI) O PNI foi institudo em 1973 como uma forma de coordenar aes que se caracterizavam, at ento, pela descontinuidade, pelo carter episdico e pela reduzida rea de cobertura. Estas aes conduzidas dentro de programas especiais (erradicao da varola, controle da tuberculose) e como atividades desenvolvidas por iniciativa de governos estaduais, necessitavam de uma coordenao central que lhes proporcionasse sincronia e racionalizao. A Lei n 6.259, de 30/10/1975, regulamentada pelo Decreto n 78.231, de 12/08/1976, institucionaliza o PNI e define competncias que podem ser consideradas vlidas at o momento: implantar e implementar as aes do Programa, relacionadas com as vacinaes de carter obrigatrio; estabelecer critrios e prestar apoio tcnico e financeiro elaborao, implantao e implementao do programa de vacinao (...); estabelecer normas bsicas para a execuo das vacinaes; supervisionar (...) e avaliar a execuo das vacinaes no territrio nacional(...); (...) analisar e divulgar informaes referentes ao PNI. 2.1. Objetivos do PNI O PNI, no momento atual, tem como objetivos: contribuir para a manuteno do estado de erradicao da poliomielite; contribuir para o controle ou erradicao: - do sarampo; - da difteria; - do ttano neonatal e acidental; - da coqueluche; - das formas graves da tuberculose; - da rubola em particular a congnita; - da caxumba; - da hepatite B; - da febre amarela; - da raiva; - das doenas invasivas causadas por Haemophilus influenzae tipo b; e contribuir para o controle de outros agravos, coordenando o suprimento e a administrao de imunobiolgicos indicados para situaes ou grupos populacionais especficos, tais como: - vacina contra a meningite meningoccica tipo C; - vacina contra a febre tifide; - vacina contra a hepatite A; - vacina acelular contra a difteria, o ttano e a coqueluche; - vacina contra a infeco pelo pneumococo; - vacina contra influenza; - vacina de vrus inativado contra a poliomielite; - vacina contra a raiva humana clula diplide; - imunoglobulina anti-hepatite B; - soro e imunoglobulina anti-rbica; - soro e imunoglobulina antitetnica - vacina e imunoglobulina antivaricela zster; e - soros antipeonhentos para acidentes provocados por serpentes, aranhas e escorpies. 2.2. Estrutura do PNI Na instncia nacional o Programa de Imunizaes responsabilidade da Fundao Nacional de Sade (FUNASA), do Ministrio da Sade, sendo integrante da estrutura do Centro Nacional de Epidemiologia (Cenepi), estruturando-se em trs coordenaes cujas

11 competncias esto estabelecidas na Portaria n 410, de 10 de agosto de 2000 (publicada no DOU, de 18/08/2000), a saber: Coordenao-Geral do Programa Nacional de Imunizaes (CGPNI): - coordenar, propor normas e supervisionar a utilizao de imunobiolgicos; - coordenar e propor normas relativas ao sistema de informaes para as imunizaes; - elaborar indicadores das aes de imunizaes para anlise e monitoramento; - propor o esquema bsico de vacinas de carter obrigatrio; - coordenar a investigao de eventos adversos temporalmente associados vacinao; - elaborar programao de necessidades para a execuo das aes de imunizaes; - propor aes relativas qualidade e segurana dos imunobiolgicos; - participar da elaborao e acompanhar a execuo das aes na Programao Pactuada e Integrada de Epidemiologia e Controle de Doenas (PPI-ECD); e - executar as aes de imunizaes de forma complementar ou suplementar em carter excepcional, quando for superada a capacidade de execuo dos estados ou houver riscos de disseminao em instncia nacional. Coordenao de Imunobiolgicos (COIMU): - elaborar as normas tcnicas de acondicionamento e conservao para distribuio dos imunobiolgicos; - prestar suporte tcnico s centrais nacional, estaduais, regionais e municipais da rede de frio; e - elaborar a programao das necessidades de imunobiolgicos a serem utilizados pelo Programa Nacional de Imunizaes, bem como acompanhar o processo de aquisio, produo nacional e controle de qualidade. Coordenao de Normatizao do Programa Nacional de Imunizaes (Conpi): - coordenar e elaborar normas de vigilncia dos eventos temporalmente associados vacinao; - coordenar, definir fluxos de informao e supervisionar as aes de desenvolvimento, aperfeioamento e manuteno das bases de dados do Sistema de Informaes em Imunizaes; - consolidar e analisar as informaes produzidas e elaborar indicadores visando subsidiar as aes desenvolvidas e o seu monitoramento; e - elaborar normas relativas s imunizaes. 2.3. Estabelecimento de normas tcnicas O desenvolvimento do Programa orientado por normas tcnicas estabelecidas nacionalmente. Essas normas referem-se conservao, ao transporte e administrao dos imunobiolgicos, assim como aos aspectos de programao e avaliao. Para assegurar a aceitao e uniformidade de uso em todo o pas, as normas so estabelecidas com a participao dos estados e municpios, por meio dos rgos responsveis pela operacionalizao do Programa, alm de outras instituies representadas, principalmente, no Comit Tcnico Assessor em Imunizaes, criado pela Portaria n 389, de 06/05/1991. O Comit integrado por representao da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), por pediatras e infectologistas das cinco macrorregies do pas, bem como por tcnicos das demais reas do Cenepi e da prpria CGPNI. As normas e orientaes tcnicas, gerenciais e operacionais so sistematizadas e divulgadas por meio de documentos tcnicos, normativos e operacionais, disseminados por toda a rede de servios. 2.4 Metas nacionais de vacinao Para alguns imunobiolgicos necessrio manter uma unidade de cobertura em mbito nacional ou macrorregional, a fim de que a vacinao resulte em impacto sobre a situao da

12 doena ou agravo objeto de controle. Por isso, o planejamento das atividades nas diferentes instncias considera algumas metas nacionais, a saber: administrar as vacinas contra a poliomielite, contra a hepatite B, contra o sarampo, contra a febre amarela, contra o Haemophilus influenzae tipo b, a trplice bacteriana (DTP) e a BCG-ID em todas as crianas com menos de um ano de idade; e a vacina trplice viral (contra o sarampo, a caxumba e a rubola) nas crianas com um ano de idade; administrar essas mesmas vacinas nas crianas com menos de cinco anos de idade, que no foram vacinadas ou que no completaram o esquema bsico no primeiro ano de vida; administrar a vacina dupla adulto (dT) nas mulheres grvidas, principalmente aquelas que residem nos municpios considerados de risco e alto risco para o ttano neonatal; e administrar a vacina trplice viral nas crianas at 11 anos de idade, no vacinadas anteriormente. A alta incidncia de outras doenas previnveis pela vacinao ou a existncia de outros grupos de risco (mulheres em idade frtil, escolares, agricultores, profissionais de sade) exigem, tambm, a definio de metas nacionais para, por exemplo: administrar as vacinas contra a meningite, contra a hepatite B e contra a febre amarela em grupos especficos; administrar a dupla tipo adulto (dT) nas mulheres de 12 a 49 anos, nos escolares, nos trabalhadores da construo civil, nos idosos, etc.; administrar a vacina contra a rubola nas mulheres, por ocasio do ps-parto ou do ps-aborto imediato; administrar imunobiolgicos especiais, prioritariamente nos imunodeprimidos; administrar os soros antitetnico, antidiftrico e anti-rbico nas situaes indicadas; administrar os soros especficos nos acidentes provocados por animais peonhentos. 2.4.1 Menores de um ano: meta operacional bsica A meta operacional bsica vacinar 100% dos menores de um ano com todas as vacinas indicadas para o primeiro ano de vida. No caso da vacina DTP, por exemplo, considera-se a meta alcanada quando todas as crianas menores de um ano receberem as trs doses bsicas. Este critrio aplicado a todas as vacinas que tm esquema bsico com mais de uma dose. Quando as coberturas obtidas nos menores de um ano no so plenamente satisfatrias, as crianas no vacinadas (suscetveis) vo se acumulando no grupo de um a quatro anos. Este resduo de crianas a vacinar no grupo de um a quatro anos pode ser calculado com maior preciso quando o registro da vacina administrada feito por ano de vida. 2.4.2 Meta para gestantes No existe frmula especfica para o clculo do nmero de gestantes a vacinar em cada rea, ou para calcular o nmero de doses necessrio. Estes dados podem ser estimados a partir de alguns parmetros, como: as gestantes vacinadas, com trs ou mais doses da trplice ou dupla (DT, dT) ou TT, h menos de cinco anos, no necessitam de nenhuma dose; as gestantes vacinadas com trs ou mais doses da trplice ou dupla (DT, dT) ou TT, h mais de cinco anos, necessitam de uma dose; as gestantes nunca vacinadas, necessitam de trs doses; a demanda de gestantes ao servio e capacidade do mesmo em vacinar as que no comparecem. 2.4.3 Meta para mulheres em idade frtil Mulheres em idade frtil so aquelas que esto na faixa de 12 a 49 anos. A vacinao desse grupo pode assegurara eliminao do ttano neonatal e o controle da sndrome da rubola congnita, uma vez que essas mulheres ao engravidarem estaro adequadamente protegidas. O grupo de mulheres em idade frtil tem importncia pelo fato de a vacinao da gestante apresentar poucos resultados, especialmente por ser difcil identificar as mulheres que iro engravidar ano a ano, bem como aquelas que j tomaram alguma dose da vacina contra o

13 ttano, em gestao anterior ou nos ltimos cinco anos. Soma-se a isso a baixa cobertura do pr-natal na rede de servios. A assistncia gestante precria e, quando ocorre, no orienta adequadamente para a vacinao. A populao de mulheres em idade frtil tem por base estimativas do IBGE, que estabelece um percentual da populao geral correspondente a esse grupo. Para estimar a necessidade de vacinas, considerar as gestantes e mulheres em idade frtil j vacinadas com dT ou TT e com a trplice viral ou com a vacina contra a rubola. A realizao de inqurito de cobertura nesse grupo populacional certamente vai orientar melhor a instncia municipal no planejamento dessas atividades. 3. ESTABELECIMENTO DE ESTRATGIAS No processo de planejamento, aps o estabelecimento das metas a serem alcanadas, necessrio definir as estratgias que permitiro a consecuo das mesmas. Estratgia pode ser definida como o caminho escolhido para atingir determinada meta. o como fazer. Para a vacinao no existe uma estratgia exclusiva, a melhor aquela que assegura a obteno e a manuteno de altas coberturas, ou seja, aquela que permite oferecer o imunobiolgico a maior quantidade possvel de pessoas que dele necessita, no menor prazo, dentro das metas propostas. As estratgias podem ser utilizadas de forma isolada ou combinadas, j que no existe uma soluo nica. A escolha de uma ou outra forma de trabalhar leva em conta as caractersticas do territrio e da populao, assim como a capacidade instalada e os ndices de cobertura que vm sendo alcanados. So estratgias bsicas de vacinao: a vacinao na rotina dos servios de sade; a campanha de vacinao; e a vacinao de bloqueio. A definio das estratgias a serem adotadas feita no momento do planejamento, pois na dependncia do que for estabelecido so delineadas as formas de gerenciamento dos recursos necessrios: materiais, financeiros e humanos. importante incluir no planejamento os recursos para a realizao de bloqueio (vacinao quando da ocorrncia de caso ou surto de doenas que so objeto de programas de controle ou erradicao) mesmo considerando que uma estratgia adotada em situaes inesperadas. Ao propor a realizao de qualquer uma das estratgias fundamental considerar a necessidade de capacitao dos recursos humanos (treinamento, atualizao) e de aes para mobilizao e envolvimento dos diversos segmentos da comunidade, seja para divulgar informaes, seja para participar da vacinao. 3.1. Vacinao de rotina A vacinao de rotina consiste no atendimento da populao no dia-a-dia do servio de sade. O trabalho rotineiro proporciona o acompanhamento contnuo e programado das metas previstas, facilitando o monitoramento sistemtico (mensal ou trimestral), de forma a identificar em tempo hbil se as metas esto sendo alcanadas. Quando so detectadas coberturas vacinais abaixo dos percentuais estabelecidos, necessrio identificar mecanismos para superao dos problemas. Um desses mecanismos a chamada intensificao da rotina que consiste em trabalhar o dia-a-dia de forma mais dinmica, tornando a vacinao mais acessvel populao suscetvel, o que inclui, certamente, a vacinao extramuros. A intensificao da rotina bastante vlida, principalmente quando preciso cobrir bolses de suscetveis. vlida, da mesma forma, em regies de difcil acesso e com dificuldade de deslocamento, como, por exemplo, conglomerados em zona rural, aldeias indgenas, populaes s margens de rios, nos garimpos, em ilhas, em assentamentos, etc. A vacinao extramuros, quando bem programada, em termos de recursos humanos e materiais, e realizada de forma sistemtica, apresenta resultados proveitosos para a cobertura dessas populaes.

14 A intensificao da rotina implica, portanto, no desenvolvimento de aes fora do servio de sade, com a equipe em busca dos no vacinados, exigindo a organizao de equipes extrasfixas, mveis ou para a vacinao casa a casa. Neste tipo de trabalho fundamental o papel da superviso para garantir a qualidade e os resultados esperados. Esta organizao tambm deve ser adotada tanto nas campanhas como na vacinao de bloqueio. 3.1.1. Vacinao casa a casa Conhecida tambm como operao limpeza, a vacinao casa a casa adotada, geralmente, em situaes especiais, como, por exemplo, em surtos localizados. Esta estratgia, da mesma forma que as equipes mveis, garante o alcance de toda a populaoalvo, com a obteno de altas coberturas, mas requer tambm grande mobilizao de recursos humanos e materiais. A vacinao feita na casa das pessoas, visitando-se todos os domiclios de cada rua, quarteiro ou bairro. Cada equipe tem um croqui da sua rea de atuao. O trabalho avaliado diariamente a partir do registro das intercorrncias, como por exemplo: casas fechadas, crianas doentes, crianas sozinhas, ausncia de crianas no momento da passagem da equipe, etc. Os vacinadores devem ter um posto fixo de referncia para apoio, suprimento, guarda de vacinas e outros insumos. 3.2. Campanha de vacinao A campanha uma ao que tem um fim determinado e especfico. uma estratgia com abrangncia limitada no tempo, que visa, sobretudo, a vacinao em massa de uma determinada populao, com uma ou mais vacinas. A intensa mobilizao da comunidade, principalmente por meio dos veculos de comunicao de massa, e, tambm, a ampliao do nmero de postos, faz com que a populao fique mais prxima da vacina, possibilitando o alcance de maiores contingentes e a obteno de altos ndices de cobertura. Considerando o alto custo financeiro e a grande mobilizao de recursos (humanos, institucionais) e da comunidade, a oportunidade da campanha deve ser aproveitada para administrar todas as vacinas em crianas ou em outros grupos de risco, iniciando ou completando o esquema de vacinao estabelecido. 3.3. Vacinao de bloqueio A vacinao de bloqueio uma atividade prevista pelo sistema de vigilncia epidemiolgica, sendo executada quando da ocorrncia de um ou mais casos de doena prevenvel pela vacinao, quando este fato provoca uma alterao no esperada no comportamento epidemiolgico da doena. Com o bloqueio a cadeia de transmisso de doena interrompida, mediante a eliminao dos suscetveis, em curto espao de tempo. A rea onde a vacinao ser realizada definida em funo da situao epidemiolgica da doena, da sua transmissibilidade (taxa de ataque secundrio) e do modo como ocorre o caso ou casos. O trabalho pode ser limitado moradia do doente, ao seu local de trabalho ou de estudo; pode, da mesma maneira, abranger as residncias vizinhas, ou estender-se a um ou mais quarteires ou mesmo a todo um bairro, vila ou municpio. 3.4. Aproveitamento de todas as oportunidades de vacinao Uma das causas das baixas coberturas de vacinao a perda de oportunidades para vacinar crianas. O trabalho das equipes de sade com a populao e as organizaes da comunidade permite um melhor aproveitamento das oportunidades. Para superar as perdas, uma tarefa essencial procurar sensibilizar todos os profissionais da equipe de sade para que se envolvam na atividade de vacinao. importante capacit-los no sentido de vacinar oportunamente todas as crianas menores de um ano e aquelas com menos de cinco anos, que no foram vacinadas na idade correta e com as doses indicadas, bem como as gestantes e outros grupos de risco.

15 Os profissionais devem, tambm, estar atentos e utilizar todos os contatos para perguntarem aos pais se os seus filhos esto vacinados ou se lhes falta alguma dose, o mesmo fazendo em relao aos adultos e s gestantes. Nesses contatos importante destacar o valor do Carto da Criana ou de outro documento que comprove a vacinao, bem como a necessidade de traz-lo sempre que vier ao servio de sade. Caso a pessoa no disponha do comprovante, naquele momento, esgotar todas as possibilidades para averiguar o estado vacinal da mesma, revisando, inclusive, arquivos do servio de sade. Se for preciso, abrir novo comprovante. necessrio, ainda, que todos os profissionais estejam informados e participem das atividades extramuros (campanhas, intensificaes, bloqueios, busca de faltosos, busca de no vacinados, etc.), ou seja, de todas as atividades realizadas com a finalidade de aumentar a cobertura ou diminuir a perda de oportunidades, buscando, principalmente, completar o esquema de cada criana, antes do primeiro ano de vida ou at os cinco anos de idade. 4. VACINAO: CONCEITOS BSICOS 4.1. Fundamentos imunolgicos O processo imunolgico pelo qual se desenvolve a proteo conferida pelas vacinas compreende o conjunto de mecanismos atravs dos quais o organismo humano reconhece uma substncia como estranha, para, em seguida, metaboliz-la, neutraliz-la e/ou elimin-la. A resposta imune* do organismo s vacinas depende basicamente de dois tipos de fatores: os inerentes s vacinas e os relacionados com o prprio organismo. 4.1.1. Fatores prprios das vacinas Os mecanismos de ao das vacinas so diferentes, variando segundo seus componentes antignicos, que se apresentam sob a forma de: - suspenso de bactrias vivas atenuadas (BCG, por exemplo); - suspenso de bactrias mortas ou avirulentas (vacinas contra a coqueluche e a febre tifide, por exemplo); - componentes das bactrias (polissacardeos da cpsula dos meningococos dos grupos A e C, por exemplo); - toxinas obtidas em cultura de bactrias, submetidas a modificaes qumicas ou pelo calor (toxides diftrico e tetnico, por exemplo); - vrus vivos atenuados (vacina oral contra a poliomielite e vacinas contra o sarampo e a febre amarela, por exemplo); - vrus inativados (vacina contra a raiva, por exemplo); - fraes de vrus (vacina contra a hepatite B, constituda pelo antgeno de superfcie do vrus, por exemplo). 4.1.2. Fatores inerentes ao organismo que recebe a vacina: mecanismos bsicos da resposta imune Vrios fatores inerentes ao organismo que recebe a vacina podem interferir no processo de imunizao, isto , na capacidade desse organismo responder adequadamente vacina que se administra: - idade; - doena de base ou intercorrente; - tratamento imunodepressor. H dois mecanismos bsicos de resposta imune: os inespecficos e os especficos. 4.1.2.1. Mecanismos inespecficos Os fatores inespecficos da resposta imune so constitudos por mecanismos superficiais e mecanismos profundos que dificultam a penetrao, a implantao e/ou a multiplicao dos agentes infecciosos, tais como:

16 - barreira mecnica constituda pela integridade da pele e das mucosas; - flora microbiana normal (microbiota) da pele e de mucosas, que se ope colonizao de microorganismos (particularmente bactrias e fungos); - secreo cutnea (de glndulas sudorparas e sebceas), contendo cidos graxos e cido lctico; - secreo mucosa e atividade das clulas ciliadas do epitlio das vias respiratrias; - fluxo lacrimal, salivar, biliar e urinrio; - peristaltismo intestinal; - acidez gstrica e urinria; - alcalinidade do suco pancretico; - ao mucoltica e bactericida da bile; - ao da lisozima presente na lgrima, na saliva e nas secrees nasais; - fatores sricos e teciduais, constitudos por betalisina, complemento, intrferon, fibronectina, lactoferrina, tuftisina, espermina (secreo prosttica) e protamina (no esperma); - inflamao; - fagocitose. 4.1.2.2. Mecanismos especficos A evoluo biolgica levou ao aprimoramento da resposta imune dos organismos superiores, quanto aos agentes infecciosos, possibilitando proteo especfica e duradoura contra os patgenos pelos quais foram estimulados. O antgeno encontra-se no agente ou na substncia reconhecida como estranha pelo organismo, podendo ser componente de bactrias, vrus, etc. Depois de sua penetrao, atravs da pele e/ou de mucosas (portas de entrada), atinge a circulao sangnea e linftica e alcana os rgos linfides secundrios (gnglios linfticos, bao e ndulos linfides). O antgeno sofre processamento inicial e, aps esse processamento, o mesmo, agora fragmentado, apresentado aos linfcitos envolvidos na fase efetora da resposta imune. Os linfcitos, originrios das clulas primordiais da medula ssea, sofrem nos rgos linfides primrios (timo e bursa de Fabricius ou equivalente, no caso do homem a medula ssea) processos de diferenciao celular, de que resulta o aparecimento dos linfcitos T e B, cujas atividades so distintas e complementares. Os linfcitos diferenciam-se em linfcitos T no timo e em linfcitos B na bursa de Fabricius (nas aves) ou medula ssea (no homem). Linfcitos T e B apresentam em sua membrana receptores especficos, determinados geneticamente com combinaes diversificadas na seqncia dos seus peptdeos e diferentes conformaes estruturais, o que possibilita alta seletividade de sua ligao com antgenos diversos. As linhagens de linfcitos T e de linfcitos B dotadas dos mesmos receptores constituem os clones; a grande variedade de clones existentes que garante a ampla diversidade da resposta imune. Da interao dos antgenos com os receptores dos linfcitos T e B resulta o estmulo dessas clulas; com as alteraes subseqentes do seu metabolismo, os linfcitos entram em fase de ativao. 4.1.2.2.1. Imunidade celular Como resultado da ativao de linfcitos T, d-se o aparecimento de diversas subpopulaes dessas clulas: linfcitosT-auxiliares, linfcitos T-supressores, linfcitos Tcitotxicos, linfcitos T responsveis pelas reaes de hipersensibilidadetardia e linfcitos Tmemria. Os mediadores das respostas dos linfcitos T so substncias solveis de baixo peso molecular denominadas linfocinas. Os linfcitos T-memria so responsveis pela conservao da lembrana do primeiro contato com o antgeno, fato que proporciona resposta intensa e imediata, com curto perodo de latncia, num segundo contato desses linfcitos com o antgeno que determinou o seu aparecimento (resposta secundria). A imunidade celular responsvel predominantemente pela proteo especfica contra infeces intracelulares, causadas por vrus, bactrias, fungos e protozorios. Linfcitos T-citotxicos estimulados so capazes de lisar clulas infectadas quando determinantes antignicos do patgeno se expressam em sua membrana. Lise de clulas infectadas tambm pode ser provocada por citotoxicidade mediada

17 por anticorpos, cujas clulas efetoras so os linfcitos K (killer), que correspondem a cerca de 5% dos linfcitos do sangue, providos de receptores para a frao Fc de anticorpos da classe IgG. 4.1.2.2.2. Imunidade humoral O estmulo antignico dos linfcitos B determina a formao de clone de linfcitos Bmemria e a transformao de outros linfcitos B em plasmcitos, responsveis pela produo de substncias com estrutura bem definida, com alto peso molecular, denominadas imunoglobulinas - que recebem o nome de anticorpos quando so capazes de reagir com o antgeno responsvel pelo seu aparecimento (imunidade humoral). As respostas de imunidade humoral so mais duradouras quando h participao de linfcitos T-auxiliares na ativao de linfcitos B (ou seja, quando os antgenos so T-dependentes). Trs classes de imunoglobulinas sricas (IgM, IgG e IgA) e as IgA-secretoras (liberadas na superfcie das mucosas dos tratos respiratrio, intestinal e genitourinrio) atuam na imunidade contra os agentes infecciosos. Na resposta da imunidade humoral que se segue ao primeiro contato com o antgeno (resposta primria) h um perodo de latncia de alguns dias ou algumas semanas entre o estmulo e o aparecimento de anticorpos sricos: de incio aparecem os anticorpos da classe IgM (cujo desaparecimento geralmente se d no fim de algumas semanas ou meses), seguidos pelos anticorpos das classes IgA e IgG. Os anticorpos da classe IgG so detectados no sangue durante tempo prolongado, constituindo a sua presena indicao de imunidade ou contato prvio com o antgeno em questo. A resposta imune humoral primria no depende da participao da imunidade celular, tmica, sendo por isso denominada Tindependente. A resposta humoral secundria, que ocorre no segundo contato com o antgeno, aps curto perodo de latncia, relacionada fundamentalmente com o acentuado aumento da concentrao srica de IgG, tambm denominada resposta do tipo booster ou anamnstica. A resposta humoral secundria se traduz por imunidade rpida, intensa e duradoura e dependente da participao da imunidade celular, tmica, sendo, por isso, chamada de Tdependente. A imunidade humoral e os mecanismos de defesa antiinfecciosos inespecficos com que se associa (particularmente a fagocitose e a ativao do sistema complemento por via clssica) so responsveis pela neutralizao de toxinas e de alguns vrus, pela opsonizao de bactrias capsuladas e pela lise de bacilos gram-negativos entricos. 5. AGENTES IMUNIZANTES 5.1 Natureza A vacina o imunobiolgico que contm um ou mais agentes imunizantes (vacina isolada ou combinada) sob diversas formas: bactrias ou vrus vivos atenuados, vrus inativados, bactrias mortas e componentes de agentes infecciosos purificados e/ou modificados quimicamente ou geneticamente. 5.1.2. Composio O produto em que a vacina apresentada contm, alm do agente imunizante, os componentes a seguir especificados: a) lquido de suspenso: constitudo geralmente por gua destilada ou soluo salina fisiolgica, podendo conter protenas e outros componentes originrios dos meios de cultura ou das clulas utilizadas no processo de produo das vacinas; b) conservantes, estabilizadores e antibiticos: pequenas quantidades de substncias antibiticas ou germicidas so includas na composio de vacinas para evitar o crescimento de contaminantes (bactrias e fungos); estabilizadores (nutrientes) so adicionados a vacinas

18 constitudas por agentes infecciosos vivos atenuados. Reaes alrgicas podem ocorrer se a pessoa vacinada for sensvel a algum desses componentes; c) adjuvantes: compostos contendo alumnio so comumente utilizados para aumentar o poder imunognico de algumas vacinas, amplificando o estmulo provocado por esses agentes imunizantes (toxide tetnico e toxide diftrico, por exemplo). 5.1.3. Origem Laboratrios nacionais e estrangeiros fornecem as vacinas para uso no Brasil. Embora a maioria dos agentes imunizantes seja produzida a partir de cepas ou linhagens de bactrias ou vrus em instituies de referncia da Organizao Mundial da Sade (OMS) - assim como so padronizados os meios de cultura e as clulas usadas em cultura de tecido para produo de vacinas -, existem particularidades no processo de produo de cada laboratrio; tambm variam os conservantes, estabilizadores e adjuvantes utilizados. Esses fatores contribuem, eventualmente, para que as vacinas apresentem diferenas em seu aspecto (presena de floculao) ou de colorao (a vacina contra o sarampo, por exemplo, apresenta-se, s vezes, depois da reconstituio, com tonalidades que variam do rseo ao amarelado). 5.1.4. Controle de qualidade O controle de qualidade das vacinas realizado pelo laboratrio produtor e deve obedecer a critrios padronizados, estabelecidos pela OMS. Aps aprovao em testes de controle do laboratrio produtor, cada lote de vacina submetido anlise no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Sade (INCQS) do Ministrio da Sade. S depois a vacina liberada para uso, garantida sua segurana, potncia e estabilidade. 5.1.5 Conservao As vacinas precisam ser armazenadas e transportadas de acordo com as normas de manuteno da rede de frio, as quais devero ser seguidas rigorosamente. Nenhuma das vacinas deve ser exposta luz solar direta. 5.1.6. Vias de administrao Para cada agente imunizante h uma via de administrao recomendada, que deve ser obedecida rigorosamente. Caso isso no seja atendido, podem resultar em menor proteo imunolgica ou maior freqncia de eventos adversos. Por exemplo, a vacina contra hepatite B deve ser aplicada por via intramuscular, no vasto lateral da coxa ou deltide, no se devendo utilizar a regio gltea, pela possibilidade de aplicao em tecido gorduroso e assim obter-se menor proteo contra a doena. As vacinas que contm adjuvantes, como a trplice DTP, se forem aplicadas por via subcutnea podem provocar abscessos. O mesmo pode acontecer se a vacina BCG for aplicada por via subcutnea, em vez de intradrmica. J as vacinas contra febre amarela, trplice viral contra sarampo caxumba e rubola, monovalente contra sarampo, por exemplo, devem ser aplicadas por via subcutnea. 5.2 Pessoa a ser vacinada O Programa Nacional de Imunizaes tem como objetivo, em primeira instncia, o controle de doenas imunoprevenveis atravs de amplas coberturas vacinais, para que a populao possa ser provida de adequada proteo imunitria contra as doenas abrangidas pelo programa. Entretanto, continua sendo comum em nosso pas a adoo de falsas contraindicaes vacinao, apoiadas em conceitos desatualizados, com perda de oportunidade de vacinao durante os encontros da criana ou da famlia com o servio de sade e o conseqente prejuzo da cobertura vacinal. 5.2.1. Contra-indicaes 5.2.1.1. Contra-indicaes gerais

19 As vacinas de bactrias ou vrus vivos atenuados no devem ser administradas, a princpio, em pessoas: a) com imunodeficincia congnita ou adquirida; b) acometidas por neoplasia maligna; c) em tratamento com corticosterides em esquemas imunodepressores (por exemplo, 2mg/kg/dia de prednisona durante duas semanas ou mais em crianas ou doses correspondentes de outros glicocorticides) ou submetidas a outras teraputicas imunodepressoras (quimioterapia antineoplsica, radioterapia, etc). 5.2.1.2. Contra-indicaes especficas Mencionadas nos itens relativos a cada vacina. 5.2.1.3. Adiamento de vacinao Deve ser adiada a aplicao de qualquer tipo de vacina em pessoas com doenas agudas febris graves, sobretudo para que seus sintomas e sinais, assim como eventuais complicaes, no sejam atribudos vacina administrada. Tambm deve ser adiada a aplicao de vacinas em pessoas submetidas a tratamento com medicamentos em doses imunodepressoras, por causa do maior risco de complicaes ou da possibilidade de resposta imune inadequada. Como regra geral, a aplicao de vacinas deve ser adiada por um ms aps o trmino de corticoterapia em dose imunodepressora ou por trs meses aps a suspenso de outros medicamentos ou tipos de tratamento que provoquem imunodepresso. Aps transplantede medula ssea, o adiamento deve ser por um ano (vacinas novivas) ou por dois anos (vacinas vivas). O uso de imunoglobulinas tambm deve adiar a aplicao de algumas vacinas vivas, como as contra sarampo e rubola. O prazo de adiamento depende da dose de imunoglobulina aplicada. Isso no se aplica s vacinas oral contra poliomielite e contra febre amarela, cuja resposta imune no afetada pelo uso de imunoglobulinas. No h interferncia entre as vacinas utilizadas no calendrio de rotina do PNI, que, portanto, podem ser aplicadas simultaneamente ou com qualquer intervalo entre si. Uma exceo, por falta de informaes adequadas, a vacina contra febre amarela: recomenda-se que seja aplicada simultaneamente ou com intervalo de duas semanas das outras vacinas vivas. 5.2.2. Falsas contra-indicaes No constituem contra-indicao vacinao: a) doenas benignas comuns, tais como afeces recorrentes infecciosas ou alrgicas das vias respiratrias superiores, com tosse e/ou coriza, diarria leve ou moderada, doenas da pele (impetigo, escabiose etc); b) desnutrio; c) aplicao de vacina contra a raiva em andamento; d) doena neurolgica estvel (sndrome convulsiva controlada, por exemplo) ou pregressa, com seqela presente; e) antecedente familiar de convulso; f) tratamento sistmico com corticosteride durante curto perodo (inferior a duas semanas), ou tratamento prolongado dirio ou em dias alternados com doses baixas ou moderadas; g) alergias, exceto as reaes alrgicas sistmicas e graves, relacionadas a componentes de determinadas vacinas; h) prematuridade ou baixo peso no nascimento. As vacinas devem ser administradas na idade cronolgica recomendada, no se justificando adiar o incio da vacinao. (Excetuam-se o BCG, que deve ser aplicado somente em crianas com >2kg). i) internao hospitalar - crianas hospitalizadas podem ser vacinadas antes da alta e, em alguns casos, imediatamente depois da admisso, particularmente para prevenir a infeco pelo vrus do sarampo ou da varicela durante o perodo de permanncia no hospital.

20 Deve-se ressaltar que histria e/ou diagnstico clnico pregressos de coqueluche, difteria, poliomielite, sarampo, rubola, caxumba, ttano e tuberculose no constituem contraindicaes ao uso das respectivas vacinas. importante tambm dar nfase ao fato de que, havendo indicao, no existe limite superior de idade para aplicao de vacinas, com exceo das vacinas trplice DTP e dupla tipo infantil. 5.3. Associao de vacinas A administrao de vrios agentes imunizantes num mesmo atendimento conduta indicada e econmica que, alm de facilitar a efetivao do esquema, permite, em reduzido nmero de contatos da pessoa com o servio de sade, vacinar contra o maior nmero possvel de doenas. Devem ser consideradas diferentemente a vacinao combinada, a vacinao associada e a vacinao simultnea. Na vacinao combinada dois ou mais agentes so administrados numa mesma preparao (por exemplo, vacina trplice DTP, vacinas duplas DT e dT e vacina oral trivalente contra a poliomielite, que contm os trs tipos de vrus atenuados da poliomielite). Na vacinao associada, misturam-se as vacinas no momento da aplicao, o que pode ser feito, por exemplo, entre determinadas apresentaes (marcas) das vacinas contra Haemophilus influenzae do tipo b e vacina trplice DTP. Chama-se a ateno para o fato de que a autorizao para o uso dessas misturas tem que ser precedida de estudos que autorizem seu emprego, especficos para cada produto a ser associado. Na vacinao simultnea, duas ou mais vacinas so administradas em diferentes locais ou por diferentes vias num mesmo atendimento (por exemplo, a vacina trplice DTP por via intramuscular, a vacina contra o sarampo por via subcutnea, o BCG por via intradrmica e a vacina contra a poliomielite por via oral). As vacinas combinadas a serem usadas so as registradas e licenciadas para uso no Brasil. A associao de vacinas s permitida para vacinas e fabricantes especficos, de acordo com as recomendaes de cada produto. Em relao s vacinas includas no PNI, as aplicaes simultneas possveis no aumentam a freqncia e a gravidade dos efeitos adversos e no reduzem o poder imunognico que cada componente possui quando administrado isoladamente. 5.4. Situaes especiais 5.4.1. Surtos ou epidemias Em vigncia de surto ou epidemia de doena cuja vacinao esteja includa no PNI, podem ser adotadas medidas de controle que incluem a vacinao em massa da populaoalvo (estado, municpio, creche etc), sem necessidade de obedecer rigorosamente aos esquemas do Manual. 5.4.2. Campanha de vacinao Constitui estratgia cujo objetivo o controle de uma doena de forma intensiva ou a ampliao da cobertura vacinal para complementar trabalho de rotina. 5.4.3. Vacinao de escolares A admisso escola constitui momento estratgico para a atualizao do esquema vacinal. A vacinao de escolares deve ser efetuada prioritariamente na primeira srie do primeiro grau, com a finalidade de atualizar o esquema de imunizao. 5.4.4. Vacinao de gestantes No h nenhuma evidncia de que a administrao em gestantes de vacinas de vrus inativados (vacina contra a raiva, por exemplo) ou de bactrias mortas, toxides (toxide tetnico e toxide diftrico) e de vacinas constitudas por componentes de agentes infecciosos

21 (vacina contra infeco meningoccica e vacina contra hepatite B, por exemplo) acarrete qualquer risco para o feto. As vacinas vivas (vacina contra sarampo, contra rubola, contra caxumba, contra febre amarela, BCG) so contra-indicadas em gestantes. Contudo, quando for muito alto o risco de ocorrer a infeco natural pelos agentes dessas doenas (viagens a reas endmicas ou vigncia de surtos ou epidemias), deve-se avaliar cada situao, sendo vlido optar-se pela vacinao quando o benefcio for considerado maior do que o possvel risco. Grvida comunicante de caso de sarampo, com condio imunitria desconhecida, deve receber imunoglobulina humana normal (imunizao passiva). Aps a vacinao com vacinas de vrus vivos recomenda-se evitar a gravidez durante um ms. Entretanto, se a mulher engravidar antes desse prazo, ou se houver aplicao inadvertida durante a gestao, o risco apenas terico, e assim no se justifica o aborto em nenhum desses casos. 5.4.5. Infeco pelo vrus da imunodeficincia humana (HIV) - aids As pessoas com infeco assintomtica pelo HIV comprovada por testes sorolgicos podero receber todas as vacinas includas no PNI. Em HIV - positivos sintomticos, isto , pacientes com aids, deve-se evitar as vacinas vivas, sempre que possvel, especialmente o BCG, que contra-indicado. Nos pacientes com aids pode-se ainda lanar mo da vacina inativada contra poliomielite, disponvel nos Centros de Referncias de Imunobiolgicos Especiais (CRIEs). 5.5. Eventos adversos aps as vacinas A ocorrncia de algum evento adverso aps a vacinao (por exemplo, doenas ou sintomas leves ou graves) pode ser causada pela vacina, pois nenhuma delas totalmente isenta de riscos; com grande freqncia, entretanto, o que ocorre uma associao temporal entre o sintoma ou a doena e a aplicao da vacina, sem relao de causa e efeito. 6. CALENDRIO BSICO DE VACINAO DA CRIANA

22

23 IDADE VACINAS BCG - ID DOSES DOENAS EVITADAS dose Formas graves de tuberculose nica 1 dose Hepatite B 2 dose Hepatite B

Ao nascer Vacina contra hepatite B (1) 1 ms Vacina contra hepatite B

2 meses

Vacina tetravalente (DTP Difteria, ttano, coqueluche, meningite e outras 1 dose + Hib) (2) infeces causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b VOP (vacina oral contra plio) VORH (Vacina Oral de Rotavrus Humano) (3) 1 dose Poliomielite (paralisia infantil) 1 dose Diarria por Rotavrus

Difteria, ttano, coqueluche, meningite e outras Vacina tetravalente (DTP 2 dose infeces causadas pelo Haemophilus influenzae tipo + Hib) b VOP (vacina oral contra 2 dose Poliomielite (paralisia infantil) plio) 4 meses VORH (Vacina Oral de 2 dose Diarria por Rotavrus Rotavrus Humano) (4) Difteria, ttano, coqueluche, meningite e outras Vacina tetravalente (DTP 3 dose infeces causadas pelo Haemophilus influenzae tipo + Hib) b 6 meses VOP (vacina oral contra 3 dose Poliomielite (paralisia infantil) plio) Vacina contra hepatite B 3 dose Hepatite B Vacina contra febre dose 9 meses Febre amarela amarela (5) inicial 12 dose SRC (trplice viral) Sarampo, rubola e caxumba meses nica 15 VOP (vacina oral contra reforo Poliomielite (paralisia infantil) meses plio) DTP (trplice bacteriana) 1 Difteria, ttano e coqueluche reforo 2 DTP (trplice bacteriana Difteria, ttano e coqueluche 4-6 reforo anos SRC (trplice viral) reforo Sarampo, rubola e caxumba 10 anos Vacina contra febre reforo Febre amarela amarela (1) A vacina contra hepatite B deve ser aplicada preferencialmente dentro das primeiras 12 horas de vida, ou, pelo menos, antes da alta da maternidade. Nos estados da Amaznia Legal (Amazonas, Amap, Acre, Par, Rondnia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranho), Esprito Santo, Santa Catarina, Paran e Distrito Federal, vacinam-se contra hepatite B os menores de 15 anos. No restante do pas, vacinam-se os menores de dois anos. Em todo o territrio nacional, vacinam-se os grupos de risco, com a primeira dose em qualquer idade, a segunda e a terceira doses, respectivamente, aps 30 e 180 dias da primeira dose. Em caso de atraso na aplicao da segunda dose, observar o intervalo mnimo de dois meses entre a

24 segunda e a terceira dose. O mesmo esquema se aplica s outras faixas etrias. (2) O esquema de vacinao atual feito aos 2, 4 e 6 meses de idade com a vacina Tetravalente e dois reforos com a Trplice Bacteriana (DTP). O primeiro reforo aos 15 meses e o segundo entre 4 e 6 anos. (3) possvel administar a primeira dose da Vacina Oral de Rotavrus Humano a partir de 1 ms e 15 dias a 3 meses e 7 dias de idade (6 a 14 semanas de vida). (4) possvel administrar a segunda dose da Vacina Oral de Rotavrus Humano a partir de 3 meses e 7 dias a 5 meses e 15 dias de idade (14 a 24 semanas de vida). O intervalo mnimo preconizado entre a primeira e a segunda dose de 4 semanas. (5) A vacina contra febre amarela est indicada para crianas a partir dos 09 meses de idade, que residam ou que iro viajar para rea endmica (estados: AP, TO, MA MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), rea de transio (alguns municpios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e rea de risco potencial (alguns municpios dos estados BA, ES e MG). Se viajar para reas de risco, vacinar contra Febre Amarela 10 (dez) dias antes da viagem. Requer revacinao a cada 10 anos. Nas reas endmicas (onde h casos humanos) a idade mnima de vacinao de seis meses. Nas reas onde h apenas casos em macacos (reas enzoticas ou epizoticas) a idade mnima de vacinao de nove meses. (6) O intervalo mnimo entre as doses da vacina trplice DTP de 30 dias. (7) O intervalo mnimo entre as doses da vacina oral contra poliomielite de 30 dias. (8) O intervalo mnimo entre as doses da vacina contra Hib de 30 dias. Crianas de 12 a 23 meses que no completaram o esquema de trs doses ou que no se vacinaram no primeiro ano de vida devero fazer apenas uma dose da vacina contra Haemophilus influenzae do tipo b. (9) O intervalo mnimo entre a terceira dose de DTP e o reforo (quarta dose) de seis meses. (10) A criana que chegar aos 12 meses sem a vacina contra sarampo deve receber, a partir dessa idade, preferencialmente, a trplice viral. Em no havendo disponibilidade, administrar dose nica contra sarampo. (11) A dupla do tipo adulto (dT), contra difteria e ttano, deve ser aplicada dez anos depois da ltima dose da trplice (DTP) e repetida a cada dez anos. Em caso de gravidez, ou ferimentos de alto risco para ttano, deve-se aplicar dose de reforo se decorridos cinco anos ou mais da ltima dose.

6.1. Vacinao de rotina da gestante A nica vacinao de rotina das gestantes contra o ttano, geralmente combinada com a vacinao contra difteria. Outras vacinaes podero ser consideradas, dependendo de circunstncias especiais, como a vacinao contra raiva e febre amarela. Se a gestante j foi vacinada com trs doses ou mais de vacina contra ttano (DTP, DT, dT ou TT), fazer mais uma dose, se j decorreram mais de cinco anos da ltima dose. Se fez menos de trs doses, completar trs doses. Se nunca foi vacinada ou se a histria vacinal for desconhecida ou no-conclusiva, aplicar trs doses da vacina dupla dT, comeando na primeira consulta do pr-natal. Pode ser adotado um dos dois seguintes esquemas: a) trs doses aplicadas com intervalo de dois meses, mnimo de um ms, entre a primeira e a segunda doses, e de seis meses entre a segunda e a terceira (esquema 0, 2, 8); b) trs doses aplicadas com intervalos de dois meses, mnimo de um ms, (esquema 0, 2, 4). Nota: Se no for possvel aplicar as trs doses durante a gestao, a segunda deve ser aplicada 20 dias ou mais antes da data provvel do parto. O esquema de trs doses, neste caso, dever ser complementado posteriormente.

7. CALENDRIO DE VACINAO DO ADOLESCENTE

25 IDADE VACINAS Hepatite B DOSES DOENAS EVITADAS

1 dose Contra Hepatite B

dT (Dupla tipo 1 dose Contra Difteria e Ttano De 11 a 19 anos (na primeira visita adulto) (2) Febre amarela (3) Reforo Contra Febre ao servio de sade) Amarela SCR (Trplice dose Contra Sarampo, viral) (4) nica Caxumba e Rubola 1 ms aps a 1 dose contra Hepatite B Hepatite B 2 dose contra Hepatite B

6 meses aps a 1 dose contra Hepatite B

Hepatite B

3 dose contra Hepatite B

2 meses aps a 1 dose contra Difteria e Ttano

dT (Dupla tipo adulto)

2 dose

Contra Difteria e Ttano

4 meses aps a 1 dose contra Difteria e Ttano

dT (Dupla tipo adulto)

3 dose

Contra Difteria e Ttano

a cada 10 anos, por toda a vida

dT (Dupla tipo adulto) (5) Febre amarela

reforo

Contra Difteria e Ttano

reforo Contra Febre Amarela

(1) Adolescente que no tiver comprovao de vacina anterior, seguir este esquema. Se apresentar documentao com esquema incompleto, completar o esquema j iniciado. (2) Adolescente que j recebeu anteriormente 03 (trs) doses ou mais das vacinas DTP, DT ou dT, aplicar uma dose de reforo. necessrio doses de reforo da vacina a cada 10 anos. Em caso de ferimentos graves, antecipar a dose de reforo para 5 anos aps a ltima dose. O intervalo mnimo entre as doses de 30 dias. (3) Adolescente que resida ou que for viajar para rea endmica (estados: AP, TO, MA, MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), rea de transio (alguns municpios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e rea de risco potencial (alguns municpios dos estados BA, ES e

26 MG). Em viagem para essas reas, vacinar 10 (dez) dias antes da viagem. (4) Adolescente que tiver duas doses da vacina Trplice Viral (SCR) devidamente comprovada no carto de vacinao, no precisa receber esta dose. (5) Adolescente grvida, que esteja com a vacina em dia, mas recebeu sua ltima dose h mais de 5 (cinco) anos, precisa receber uma dose de reforo. A dose deve ser aplicada no mnimo 20 dias antes da data provvel do parto. Em caso de ferimentos graves, a dose de reforo deve ser antecipada para cinco anos aps a ltima dose.

8. CALENDRIO DE VACINAO DO ADULTO E DO IDOSO IDADE A partir de 20 anos VACINAS DOSES DOENAS EVITADAS dT (Dupla tipo 1 dose Contra Difteria e Ttano adulto)(1) Febre amarela dose Contra Febre Amarela (2) inicial SCR (Trplice dose Contra Sarampo, Caxumba e viral) (3) nica Rubola 2 meses aps a 1 dose dT (Dupla tipo 2 dose Contra Difteria e Ttano contra Difteria e Ttano adulto) 4 meses aps a 1 dose dT (Dupla tipo 3 dose Contra Difteria e Ttano contra Difteria e Ttano adulto) dT (Dupla tipo reforo Contra Difteria e Ttano a cada 10 anos, por toda a adulto) (4) vida Febre amarela reforo Contra Febre Amarela 60 anos ou mais Influenza (5) dose Contra Influenza ou Gripe anual Pneumococo (6) dose Contra Pneumonia causada pelo nica pneumococo (1) A partir dos 20 (vinte) anos, gestante, no gestante, homens e idosos que no tiverem comprovao de vacinao anterior, seguir o esquema acima. Apresentando documentao com esquema incompleto, completar o esquema j iniciado. O intervalo mnimo entre as doses de 30 dias. (2) Adulto/idoso que resida MS, RO, AC, RR, AM, PA, BA, MG, SP, PR, SC e RS) MG). Em viagem para ou que for viajar para rea endmica (estados: AP, TO, MA, MT, GO e DF), rea de transio (alguns municpios dos estados: PI, e rea de risco potencial (alguns municpios dos estados BA, ES e essas reas, vacinar 10 (dez) dias antes da viagem.

(3) A vacina trplice viral - SCR (Sarampo, Caxumba e Rubola) deve ser administrada em mulheres de 12 a 49 anos que no tiverem comprovao de vacinao anterior e em homens at 39 (trinta e nove) anos. (4) Mulher grvida que esteja com a vacina em dia, mas recebeu sua ltima dose h mais de 05 (cinco) anos, precisa receber uma dose de reforo. A dose deve ser aplicada no mnimo 20 dias antes da data provvel do parto. Em caso de ferimentos graves, a dose de reforo dever ser antecipada para cinco anos aps a ltima dose. (5) A vacina contra Influenza oferecida anualmente durante a Campanha Nacional de Vacinao do Idoso.

27 (6) A vacina contra pneumococo aplicada durante a Campanha Nacional de Vacinao do Idoso nos indivduos que convivem em instituies fechadas, tais como casas geritricas, hospitais, asilos e casas de repouso, com apenas um reforo cinco anos aps a dose inicial.

28 UNIDADE III - VACINAS

1.BCG Principio ativo: Bactria Viva Atenuada A vacina BCG (Bacilo Calmette-Gurin) utilizada para a preveno da tuberculose, tendo sido obtida a partir da cultura de um bacilo de tuberculose bovina, em 1906. A partir de 1973, a via oral foi abandonada no Brasil, passando-se via intradrmica na vacinao rotineira, que utiliza, desde 1925, a amostra conhecida como BCG Moreau. Dose e via de administrao Injeta-se 0,1 ml de suspenso, por via intradrmica, utilizando-se seringa de 1 ml e agulha 0,45 mm x 13 mm, no limite inferior da regio deltoideana do brao direito. Indicaes A vacinao deve ser feita a partir do nascimento, ainda na maternidade. Desde que no tenha sido administrada na unidade neonatal, a vacina deve ser feita ao completar o primeiro ms de vida ou no primeiro comparecimento unidade de sade. Pessoas com qualquer idade podem ser vacinadas. Recm-nascidos filhos de mes HIV - positivas e crianas soropositivas para HIV podero ser vacinados, desde que no apresentem sinais e sintomas de AIDS. Os vacinados, nessas condies, devero ser acompanhados nas unidades de referncia para AIDS. Os profissionais de sade no-reatores ao PPD e que entram em contato com pacientes com tuberculose e AIDS tambm devero ser vacinados. Contra-indicaes A Organizao Mundial de Sade estabeleceu as seguintes contra-indicaes para vacinao com BCG: Absolutas: Imunodeficincias de qualquer natureza; Relativas: Peso inferior a 2 kg, hipogamaglobulinemia, desnutrio grave, erupo cutnea generalizada, tratamento com corticides e citostticos, doenas agudas febris, piodermite generalizada e doenas crnicas. Evoluo da leso seguinte a evoluo da reao vacinal: ndulo local que evolui para pstula, seguida de crosta e lcera, com durao habitual de seis a 10 semanas, dando origem quase sempre a pequena cicatriz. Durante a fase de lcera, pode haver o aparecimento de secreo. Efeitos adversos A vacina BCG considerada segura, com baixa incidncia de efeitos adversos, no provocando reaes sistmicas. Algumas complicaes relatadas referem-se a tcnicas inadequadas, tais como: aplicaes profundas e contaminao. Tambm pode ocorrer formao de quelide, linfadenite simples ou supurada, abscesso, ulcerao local grande e persistente. A disseminao generalizada do BCG est, em geral, associada o quadro de imunodeficincia celular, sendo muito rara, com incidncia aproximada de 0,02 casos por milho. As complicaes mais simples, em geral, evoluem espontneamente para a cura, mas as mais graves so tratadas com drogas para tuberculose. Conservao e validade Conservar entre +2C e +8C. A vacina inativa-se rapidamente quando exposta diretamente a raios solares; no h, porm, risco de inativao se for exposta luz artificial. Aps a reconstituio, a vacina deve ser utilizada no prazo mximo de seis horas. O prazo de validade indicado pelo fabricante e deve ser respeitado rigorosamente.

29 2. HEPATITE B Principio Ativo: antgeno de superfcie do vrus B (AgHBs) em levedura Forma farmacutica e apresentao Recomenda-se aplicar a vacina via intramuscular (vasto lateral esquerdo), dose de 0,5 ml ate 10 anos e 1ml em indivduos a partir dos 11 anos. Uso peditrico e adulto. Em crianas com mais de dois anos de idade, pode ser aplicada na regio deltide. No deve ser aplicada na regio gltea, pois a adoo desse procedimento se associa com menor produo de anticorpos, pelo menos em adultos. Farmacodinmica As vacinas contra a hepatite B disponveis no Brasil so produzidas por engenharia gentica por meio da insero de um plasmdeo contendo o antgeno de superfcie do vrus B (AgHBs) em levedura. As vacinas no promovem infeco, pois no contm DNA viral. A vacinao induz apenas produo do anti- HBs. As vacinas podem conter ou no timerosal e o AgHBs adsorvido ao hidrxido de alumnio. Tambm esto disponveis formulaes combinadas com outras vacinas. Deve ser conservada entre +2C e +8C. O congelamento inativa a vacina. Depois de aberto o frasco-ampola de mltiplas doses, a vacina poder ser utilizada durante at o final do prazo de validade, desde que tenha sido manipulada com tcnicas corretas de assepsia. O prazo de validade indicado pelo fabricante e deve ser respeitado rigorosamente. Indicaes As vacinas esto indicadas de forma universal para todas as crianas e adolescentes e para adultos pertencentes aos grupos de risco: politransfundidos, pacientes submetidos dilise, profissionais da sade, contactantes domiciliares com portador crnico, parceiro sexual de portador crnico, usurios de drogas injetveis, pessoas de vida sexual promscua, imigrantes de reas endmicas. Os recm-nascidos de mes portadoras do vrus B tm grandes risco de adquirir a infeco ao nascer e, destes, 90% evoluem para doena crnica. Para prevenir a transmisso para o recm-nascido muito importante que a vacina contra hepatite B seja aplicada universalmente em todos os recm-nascidos, rotineiramente, logo aps o nascimento, nas primeiras 12 a 24 horas de vida. Quando a me for HBeAg positiva, possvel, embora no esteja provado, que o uso adicional e simultneo de imunoglobulina hiperimune contra hepatite B confira pequeno aumento na proteo. muito importante que o esquema vacinal seja completado com mais duas doses um e seis meses aps a primeira. No caso de gestantes AgHBs positivas, que sejam tambm HIV positivas, ou se a criana nascer com 2.000 g ou menos, ou 34 semanas de gestao ou menos, alm da vacina, recomenda- se a imunoglobulina hiperimune contra hepatite. Para os recm-nascidos de mes positivas para o AgHBs no h contra-indicao ao aleitamento materno, desde que sejam adequadamente imunizados. Contra-indicaes As contra-indicaes vacina so restritas. Pessoas que apresentaram reaes graves aps a vacinao, tais como anafilaxia, no devem continuar o esquema. Posologia Os esquemas mais utilizados freqentemente so de trs doses nos momentos zero, um e seis meses aps a primeira dose. O intervalo recomendado entre a primeira e a segunda dose de um ms, e entre a segunda e terceira de, no mnimo, dois meses. A terceira dose deve ser administrada aps os seis meses de idade. Se a vacinao for interrompida, no necessrio recomear o esquema, apenas complet-lo. Eventos adversos Os eventos adversos mais comuns so a dores no local da aplicao (3% a 29%) e febre baixa (1% a 6%); so mais freqentes em adultos que em crianas nas primeiras doses e tendem a

30 desaparecer em 24 a 48 horas. Raramente podem ocorrer reaes alrgicas. A incidncia de anafilaxia de, aproximadamente, 1/600.000 aplicaes. Uma reviso da literatura mundial sobre eventos adversos s vacinas recombinantes, desde a sua introduo, concluiu que o nmero de eventos adversos muito pequeno comparado ao grande nmero de vacinados, correspondendo a um para 15.500 doses distribudas. Os benefcios obtidos com a vacina superam em muito os raros riscos de eventos 3. VACINAS CONTRA POLIOMIELITE - SABIN Poliomielite Uma doena infecciosa aguda em humanos, particularmente crianas, causada por qualquer um dos trs sorotipos do poliovirus humano. (POLIOVIRUS HUMANO 1-3). Normalmente, a infeco limitada ao trato gastrointestinal e nasofaringe e freqntemente asstomtica. O sistema nervoso central, principalmente a medula espinhal, pode ser afetado, levando a uma paralisia rapidamente progressiva, FASCICULAES grosseiras e hiporeflexia. Os neurnios motores so afetados primariamente. A encefalite tambm pode ocorrer. O vrus se replica no sistema nervoso e pode causar perda neuronal significativa, marcadamente na medula espinhal. Uma condio correlata rara, a poliomielite que no originada por poliovirus, pode resultar de infeces por enterovirus que no so poliovirus. SABIN Princpio Ativo: Vacina poliomieltica oral Formas farmacuticas e apresentaes A administrao da vacina deve ser exclusivamente oral. A dose imunizante (0,1 ml) corresponde a 2 gotas. Deve-se assegurar que a dose administrada foi totalmente ingerida, uso peditrico. Indicaes Preveno da poliomielite . Contra-indicaes - Imunodepresso congnita, hereditria ou adquirida - Gravidez - Hipersensibilidade a qualquer componente da vacina, inclusive neomicina , uma vez que a vacina pode conter traos deste antibitico. Posologia A vacinao consiste em: Vacinao primria: 3 doses com intervalo de dois meses, com a primeira dose administrada aos 2 meses de idade. Reforo: uma dose administrada um ano aps a ltima dose da srie primria. Reaes adversas a medicamentos Raramente observa-se reaes adversas ou colaterais aps a administrao da vacina poliomieltica oral. A ocorrncia de reao anafiltica tambm rara. O risco da ocorrncia de poliomielite paraltica associada vacinao com a vacina poliomieltica oral (OPV) em indivduos no imunes de: - Aproximadamente 1 caso/5 milhes de doses distribudas, em adultos que habitam o mesmo domiclio que crianas vacinadas com a vacina poliomieltica oral (OPV); - Aproximadamente 1 caso/3,2 milhes de doses distribudas, em todas as crianas vacinadas com a vacina poliomieltica oral (OPV) ou contatos prximos sadios;

31 - Aproximadamente 1 caso/2,6 milhes de doses distribudas, em todas as situaes (crianas vacinadas imunodeficientes ou sadias e contatos prximos sadios ou imunodeficientes). 4. DTP + Hib Haemophilus influenzae tipo b Tipo de H. influenzae isolada mais frequentemente do biotipo I. Antes da disponibilidade de vacina, era uma das causas principais da meningite infantil. Difteria Uma infeco localizada das membranas mucosas ou da pele causada por cepas toxignicas do CORYNEBACTERIUM DIPHTHERIAE. Ela caracterizada pela presena de uma pseudomembrana no stio de infeco. A TOXINA DIFTRICA, produzida pelo C. diphtheriae, pode causar miocardite, polineurite e outros efeitos txicos sistmicos. Ttano Uma doena causada pela tetanospasmina, uma toxina protica potente produzida pelo CLOSTRIDIUM TETANI. O ttano ocorre freqentemente aps um ferimento agudo, tal como uma ferida por perfurao ou por lacerao. O ttano generalizado, a forma mais comum, caracterizado por contraes musculares tetnicas e hiperreflexia. O ttano localizado apresenta-se como uma condio atenuada com manisfestaes restritas dos msculos prximos ao ferimento. Ele pode progredir para a forma generalizada. Coqueluche Uma infeco respiratrio causada pela BORDETELLA PERTUSSIS e caracterizada por tosse paroxstica que termina numa inspiraao prolongada e estridulosa (tosse comprida Princpio Ativo: Vacina conjugada com protena tetnica contra Haemophilus influenzae tipo b combinada com vacina adsorvida contra difteria, ttano e coqueluche Formas farmacuticas e apresentaes A vacina conjugada com protena tetnica contra haemophilus influenzae tipo b combinada com vacina adsorvida contra DIFTERIA, TTANO E COQUELUCHE deve ser administrada por via intramuscular de uso peditrico. No utilize a vacina por via intravascular ou subcutnea. Em crianas com menos de 2 anos de idade recomenda-se aplicar a vacina na regio nterolateral da coxa ou nas ndegas. Em crianas acima de 2 anos aplicar a vacina na regio do msculo deltide. Indicaes Esta vacina e recomendada para lactentes a partir de 2 meses de idade, para a preveno conjunta de infeces invasivas causadsa pelo Haemophilus influenzae tipo b ( meningite , epiglotite , septicemia , celulite , artrite , etc.), de difteria , ttano e coqueluche . A vacina conjugada com proteina tetanica contra haemophilus influenzae tipo b combinada com vacina adsorvida contra difteria, ttano, coqueluche e polimielite inativada no protege contra doenas causadas por outros tipos de Haemophilus influenzae e nem contra meningites de outras origens. Contra-indicaes - Hipersensibilidade a qualquer componente da vacina inclusive a neomicina , a estreptomicina e a polimixina B , uma vez que a vacina pode conter traos destes antibioticos. - Reao adversa grave associada injeo previa da vacina (febre >= 40C, choro persistente, convulses, estado semelhante ao choque, num perodo de ate 48 horas).

32 - Estado febril e infeco aguda, uma vez que os sintomas da doena podem ser confundidos com eventuais eventos adversos da vacina. - Distrbios do sistema nervoso central em evoluo, associados ou no com convulses (encefalopatia progressiva ou epilepsia no controlada). Posologia Recomenda-se a administrao de 3 doses da vacina (0,5 ml) com intervalo de 1 a 2 meses seguidas de um reforo um ano aps a terceira dose. Reaes adversas a medicamentos A administrao da vacina conjugada com protena tetnica contra haemophilus influenzae tipo b combinada com vacina adsorvida contra difteria, ttano e coqueluche no produz eventos adversos com gravidade e/ou freqncia significativamente diferentes daquelas registradas quando a vacina conjugada com protena tetnica contra haemophilus influenzae tipo b e a vacina adsorvida contra difteria, ttano e coqueluche so administradas simultaneamente, porm em diferentes stios de aplicao. As seguintes manifestaes podem ser observadas com o uso da vacina conjugada com protena tetnica contra haemophilus influenzae tipo b combinada com vacina adsorvida contra difteria, ttano e coqueluche : febre entre 38c e 39c, com resoluo num perodo de at 48 horas, acompanhada de irritabilidade; letargia; sonolncia; vmito; diarria; anorexia e endurao (que pode persistir por algumas semanas), eritema, aumento da sensibilidade, edema, sensao de calor e/ou dor no local da injeo. A incidncia e a gravidade das reaes locais podem ser potencialmente influenciadas por fatores individuais, stio, via e mtodo de administrao. Tambm foram relatadas, com menor freqncia, febre acima de 39c (com resoluo em um perodo de 48 horas), urticria, erupo na pele e choro incomum. As complicaes neurolgicas devidas ao componente b. pertussis so excepcionalmente observadas (convulses, encefalite e encefalopatias), sendo 100 a 1.000 vezes menos freqentes do que aquelas observadas no curso da doena natural.

5. DTP TRIPLICE BACTERIANA Princpio Ativo: Vacina adsorvida contra difteria, ttano e coqueluche Formas farmacuticas e apresentaes A vacina adsorvida contra difteria, ttano e coqueluche deve ser administrada por via intramuscular, uso peditrico. Em crianas com menos de 2 anos de idade deve-se aplicar a vacina na parte ntero-lateral superior da coxa ou nas ndegas. Em crianas acima de 2 anos, aplicar a vacina no brao. Indicaes Preveno da difteria , ttano e coqueluche , em crianas de 2 meses a 7 anos de idade. Contra-indicaes Hipersensibilidade a qualquer componente da vacina. Reao adversa grave associada injeo prvia da vacina. Neste caso, a imunizao subseqente deve consistir apenas dos toxides diftrico e tetnico. Estado febril e infeco aguda, uma vez que os sintomas da doena podem ser confundidos com eventuais eventos adversos da vacina. Distrbios do sistema nervoso central em evoluo, associados ou no com convulses (encefalopatia progressiva ou epilepsia no controlada).

33 Posologia Vacinao primria: 3 injees com intervalo de 60 dias. Nas regies onde a coqueluche representa um risco importante para os lactentes, a imunizao com a vacina adsorvida contra difteria, ttano e coqueluche deve ser iniciada assim que possvel, sendo a primeira dose administrada com 6 semanas de idade e as duas doses subseqentes administradas com 10 e 14 semanas de idade. Reforo: uma injeo administrada um ano aps a ltima injeo da srie primria, seguida por uma injeo 5 anos mais tarde. Reaes adversas a medicamentos As seguintes manifestaes podem ser observadas com o uso da vacina adsorvida contra difteria, ttano e coqueluche : febre entre 38C e 39C, com resoluo num perodo de at 48 horas, acompanhada de irritabilidade, sonolncia, vmito e anorexia; endurao (que pode persistir por algumas semanas), eritema , aumento da sensibilidade, edema e/ou dor no local da injeo. A incidncia e a gravidade das reaes locais podem ser potencialmente influenciadas por fatores individuais, stio, via e mtodo de administrao. A ocorrncia de febre ou de reaes locais aps a aplicao da vacina adsorvida contra difteria, ttano e coqueluche aumenta com o aumento do nmero de doses aplicadas, ao passo que outras reaes adversas como vmito e irritabilidade ocorrem menos freqentemente com o aumento do nmero de doses. Notas: 1) O intervalo mnimo entre as doses de 30 dias; 2) O aumento do intervalo entre as doses no invalida as feitas anteriormente, e, portanto, no exige que se reinicie o esquema; 3) Recomenda-se completar as trs doses no primeiro ano de vida; 4) No se usa a vacina trplice DTP a partir de sete anos de idade. Reforo: entre seis a 12 meses depois da terceira dose do esquema bsico, de preferncia no 15. ms de idade, simultaneamente com a dose de reforo das outras vacinas do Calendrio de Vacinao. Nota: Em caso de ferimento com alto risco de ttano antes dos sete anos de idade, e j decorridos mais de cinco anos da quarta dose, aplicar mais uma dose da DTP. Conservao: Deve ser conservada entre +2C e +8C. O congelamento inativa a vacina. Depois de aberto o frasco-ampola de mltiplas doses, a vacina poder ser utilizada at o final do prazo de validade, desde que tenha sido manipulada com tcnicas corretas de assepsia. O prazo de validade indicado pelo fabricante e deve ser respeitado rigorosamente.

6. dT DUPLA TIPO ADULTA Princpio Ativo: Vacina Dupla Formas farmacuticas e apresentaes A vacina deve ser agitada fortemente e aplicada por via intramuscular profunda na regio do glteo, no msculo lateral da coxa; em crianas com mais de dois anos de idade pode ser aplicada na regio deltide (brao), uso adulto e peditrico. Indicao Imunizao ativa contra a difteria e o ttano em indivduos acima dos 7 anos de idade. Anticorpos especficos so observados 15 dias a 20 dias aps 3 dose da imunizao bsica.

34 A adsoro dos antgenos pelo hidrxido de alumnio (adju