Apostila_EEL521 - Eletrotécnica Geral II - MATERIAIS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS

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MATERIAIS E CIRCUITOSMAGNÉTICOSfluxo magnéticolei de faradaylei de lenz

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB

    ISEE / GESis Instituto de Sistemas Eltricos e Energia

    Grupo de Engenharia de Sistemas

    EEL401 Eletrotcnica Geral II

    MATERIAIS E CIRCUITOS MAGNTICOS

    Prof. Pedro Paulo de Carvalho Mendes

    3a Edio

    Julho 2004

  • Universidade Federal de Itajub__________________________________________________

    Materiais e Circuitos Magnticos ______________________________________________________

    ndice

  • Universidade Federal de Itajub_______________________________________________

    Materiais e Circuitos Eltricos________________________________________________ pgina 1

    CAPTUL0 01 CONCEITOS BSICOS

    ______________________________________________________________________

    1.1 INTRODUO

    As mquinas eltricas (como transformadores, motores e geradores) so

    constitudas por circuitos eltricos e magnticos acoplados entre si. Um circuito

    magntico aquele onde existe um caminho para o fluxo magntico, de forma anloga

    ao circuito eltrico, que proporciona um caminho para a corrente eltrica.

    Os materiais magnticos utilizados no desenvolvimento de circuitos magnticos

    determinam as dimenses dos equipamentos, as suas capacidades, e introduzem

    limitaes nos desempenhos, devido a saturaes e perdas. importante, portanto,

    conhecer suas caractersticas e propriedades bsicas, para possibilitar um

    desenvolvimento mais econmico e adequado dos diversos equipamentos.

    O presente captulo apresenta diversos conceitos bsicos para a teoria dos

    circuitos magnticos, como: fluxo magntico, leis de Lenz e Faraday, fluxo enlaado,

    indutncias prprias e mtuas. Nos captulos posteriores sero consideradas as

    caractersticas e propriedades bsicas dos materiais magnticos, bem como suas

    aplicaes em clculos de circuitos magnticos de configuraes diversas.

    1.2 INDUO ELETROMAGNTICA

    1.2.1 Fluxo Magntico

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    Considere um campo magntico no uniforme de mdulo B onde so colocadas

    trs espiras, conforme a figura 1.1, a seguir.

    Figura 1.1 - Espiras Colocadas em um Campo Magntico

    A espira 01 tem uma rea A1 e ela est colocada de forma perpendicular ao

    vetor campo magntico de mdulo B1. A espira 02 tem uma rea A2

    B1. A espira 03 tem uma rea A3 = A2, porm est posicionada de tal forma que existe

    um ngulo "q " entre a normal superfcie e o vetor campo magntico de mdulo B3

    (observar que B3 = B2). Pode-se perceber da figura 1.1, que:

    a) O nmero de linhas de campo que atravessa as espiras 01 e 02 igual,

    embora as reas sejam diferentes. Isto se deve ao fato do campo magntico

    B2 ser mais intenso do que o campo magntico B1 (devido a maior

    densidade de linhas de campo);

    b) O nmero de linhas de campo que atravessa as espiras 02 e 03 diferente,

    embora elas possuam a mesma rea e estejam colocadas em posies de

    densidades iguais de campo magntico. Isto acontece porque a espira 03 esta

    inclinada em relao ao vetor campo magntico 3B , formando um ngulo

    q ; portanto, a sua rea projetada na perpendicular ao campo menor que

    a rea real.

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    Assim, pode-se dizer que, o fluxo magntico que atravessa uma espira

    corresponde ao nmero de linhas de campo que passa pela mesma e depende do campo

    magntico B, da rea A da espira e do ngulo q formado entre a normal

    superfcie da espira e o campo magntico.

    De uma outra forma, pode-se dizer que o fluxo magntico corresponde ao

    conjunto de linhas de campo magntico que emerge do plo norte de um im.

    Matematicamente pode-se expressar o fluxo magntico como sendo:

    qf cos= AB (1.1)

    Ou ainda, de uma forma mais geral,

    =A

    dAnBf (1.2)

    Onde:

    f = Fluxo magntico atravs de uma superfcie;

    B = Vetor campo magntico;

    n = Vetor unitrio normal superfcie;

    dA = Elemento de rea de uma superfcie.

    Dimenses do Fluxo Magntico f :

    No sistema internacional, a unidade de fluxo magntico o Weber [Wb].

    [ ] [ ] [ ]WbWeber ==f

    A unidade [Weber] pode ser expressa, tambm, como sendo:

    [ ] [ ] [ ]MaxwelllinhasWb 88 10101 ==

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    1.2.2 Lei de Faraday

    Em 1831, o fsico ingls Michael Faraday descobriu o princpio da induo

    eletromagntica, atravs de diversas experincias. Estas experincias esto sintetizadas

    no exemplo a seguir.

    Considere uma espira circular cujos terminais foram ligados a um ampermetro,

    fechando o circuito. Considere tambm um im em forma de barra se aproximando da

    espira, conforme ilustra a figura 1.2, a seguir.

    A

    NS

    Figura 1.2 - Espira Fechada com um Ampermetro

    Faraday verificou que, enquanto ele aproximava o im da espira, a agulha do

    ampermetro se deslocava para um determinado lado (admitindo que ele estivesse

    trabalhando com um ampermetro de zero central), o que significava que havia

    aparecido no circuito uma corrente eltrica induzida. No momento em que Faraday

    parou de movimentar o im, ele notou que a corrente atravs do circuito se anulava.

    Numa terceira etapa, afastando o im da espira, o fsico ingls viu a agulha do

    ampermetro novamente se deslocar, s que para o lado oposto, sinal de que havia

    surgido, outra vez no circuito, uma corrente induzida mas de sentido contrrio quele

    com a qual ela havia aparecido na primeira vez.

    Com base nesta e em outras experincias realizadas, Faraday concluiu que:

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    Sempre que houver variao do fluxo magntico atravs de uma espira,

    surgir nesta espira uma fora eletromotriz induzida.

    A este fenmeno d-se o nome de induo eletromagntica.

    Da experincia desenvolvida por Faraday necessrio destacar que, para que

    surja uma f.e.m. induzida no circuito, no necessria a existncia de um fluxo

    magntico atravs da espira, mas sim o fato de que este fluxo deve variar no decorrer do

    tempo.

    Assim, pode-se escrever matematicamente que:

    [ ]Vdtd

    ef= (1.3)

    Onde:

    f = Fluxo magntico,varivel com o tempo, que atravessa o circuito;

    E = Forca eletromotriz induzida no circuito (ou espiral).

    1.2.3 Fatores que influem na variao do Fluxo Magntico

    a) Variao do Fluxo pela mudana da intensidade do Campo Magntico

    Considere um circuito fechado fixo e um im em forma de barra, conforme ilustra

    a figura 1.3, a seguir.

    N

    S

    im mvel

    circuito fechado

    B

    Figura 1.3 - Im se Aproximando de um Circuito Fechado Fixo

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    medida que o im se aproxima do circuito fechado, ocorre um crescimento do

    campo magntico e, portanto, h um aumento do fluxo atravs do circuito (maior

    nmero de linhas de campo o atravessam). A variao do campo magntico conduz a

    uma variao do fluxo magntico (lembrar que qf cos= AB ). Por outro lado, o fluxo

    magntico varivel faz surgir no circuito uma f.e.m. induzida (lei de Faraday). Como o

    circuito fechado, ir circular no mesmo uma corrente eltrica.

    importante observar, ainda, que o fenmeno da induo tambm ocorre

    quando se mantm o im fixo e se movimenta o circuito fechado.

    b) Variao do Fluxo pela variao da rea

    Considere um circuito fechado de rea A movendo-se no plano do papel sobre

    um campo magntico uniforme e perpendicular folha, conforme ilustra a figura 1.4, a

    seguir.

    Figura 1.4 - Circuito Fechado Entrando em um Campo Magntico

    No instante em que o circuito passa a se movimentar, penetrando no campo,

    comea a aumentar o fluxo no seu interior, pois ocorre uma variao na rea A imersa

    no campo magntico (A varia com o tempo). Aparece, ento, uma f.e.m. induzida no

    circuito, esta f.e.m. d origem a uma corrente e conseqentemente o ampermetro sofre

    uma deflexo.

    Quando o circuito estiver totalmente dentro do campo magntico, o fluxo atravs

    da rea A no mais varia e portanto, no h corrente induzida no circuito.

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    c) Variao do Fluxo pela variao do ngulo q

    Considere um circuito fechado imerso em um campo magntico uniforme de

    mdulo B, inicialmente na posio (01) perpendicular ao campo, conforme mostra a

    figura 1.5, a seguir.

    Bnn

    (1) (2)

    O

    Figura 1.5 - Espira Girando em um Campo Magntico

    Girando-se o circuito muda-se o ngulo entre a normal superfcie e o campo

    magntico. Nessas condies ocorre uma variao do fluxo atravs do circuito, esta

    variao produz uma f.e.m. induzida no mesmo e, conseqentemente, haver a

    circulao de uma corrente eltrica.

    Observao: As anlises anteriores podem ser verificadas atravs das

    expresses (1.1), do fluxo magntico e (1.3), da lei de Faraday.

    d) Variao do Fluxo pela Variao da Corrente

    Considere um circuito fechado colocado prximo de um eletroim em forma de

    barra, sendo ambos fixos, conforme ilustra a figura 1.6 a seguir.

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    ELETROIM

    CIRCUITO

    FECHADO

    i

    Figura 1.6 - Circuito Fechado Prximo de um Eletrom

    Para uma corrente i varivel injetada na bobina do eletroim, corresponder

    um fluxo magntico varivel que ir envolver o circuito fechado. Este fluxo varivel

    dar origem a uma f.e.m. induzida (lei de Faraday) e conseqentemente uma corrente

    eltrica ir circular no referido circuito.

    Dos quatro casos analisados anteriormente pode-se concluir que:

    - A variao do fluxo causada, ou por mudana na intensidade do campo

    magntico, devido a aproximao relativa entre o im e o circuito (caso

    a); ou por variao da rea do circuito (caso b); ou ainda por variao

    do ngulo q (caso c), produz uma f.e.m. induzida no circuito fechado.

    Esta f.e.m. induzida por efeito de algum tipo de movimento. Desta forma

    ela denominada f.e.m. de movimento;

    - A variao do fluxo causada por variao na intensidade da corrente,

    considerando o eletroim e o circuito, fixos (caso d) produz uma f.e.m.

    induzida no circuito fechado. Esta f.e.m., que induzida, no por efeito de

    movimento, mas sim pela variao da corrente na bobina denominada

    f.e.m. de efeito transformador.

    1.2.4 Lei de Lenz

    A intensidade da corrente eltrica originada pela variao do fluxo magntico,

    num circuito fechado, puramente resistivo, dada por:

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    Re

    i = (01a Lei de Ohm)

    O estudo do sentido da corrente eltrica determinado pela Lei de Lenz, que diz

    o seguinte:

    O sentido da corrente eltrica induzida tal que seus efeitos tendem sempre

    a se opor variao de fluxo que lhe deu origem.

    Desta forma pode-se escrever a Lei de Faraday (expressa matematicamente pela

    equao 1.3), como sendo:

    [ ]Vdtd

    ef-= (1.4)

    A equao (1.4) corresponde expresso matemtica da Lei de Lenz-

    Faraday.

    1.2.5 Lei de Lenz-Faraday

    Enunciado: Sempre que houver variao do fluxo magntico atravs de um

    circuito surgir neste uma fora eletromotriz induzida. Se o circuito for fechado

    circular uma corrente induzida cujo sentido ser tal que tender a se opor s

    variaes do fluxo que lhe deu origem.

    Expresso Matemtica:

    [ ]Vdtd

    ef-=

    Onde:

    f = Fluxo magntico,varivel com o tempo, que atravessa o circuito;

    e = Forca eletromotriz induzida no circuito (ou espiral);

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    sinal = Retrata a oposio ao fluxo de origem (Lei de Lenz).

    1.3 FLUXO ENLAADO OU CONCATENADO

    Considere a barra de ferro da figura 1.7, a seguir, envolvida por uma bobina de

    N espiras.

    i

    N

    O

    a b

    Figura 1.7 - Barra de Ferro com N Espiras

    Para uma corrente i injetada no terminal a obtm-se um fluxo f no

    material ferromagntico. Na figura 1.7, este fluxo f enlaa ou concatena as N

    espiras da bobina. Assim, pode-se definir que:

    fl = N (1.5)

    Onde:

    l = Fluxo enlaado ou concatenado.

    [ ] [ ] [ ]espWbuoespitaWeber =l

    Portanto, l corresponde ao fluxo que enlaa ou envolve as N espiras da

    bobina.

    A figura 1.8, a seguir, apresenta outros exemplos.

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    (1)

    (3)

    (2)

    (4)

    oo

    12

    Figura 1.8 - Fluxos Enlaados ou Concatenados

    Na figura 1.8 pode-se observar que:

    = 22 2 fl fluxo enlaado com a bobina (02);

    = 23 1 fl fluxo enlaado com a bobina (03);

    = 24 4 fl fluxo enlaado com a bobina (04).

    Considere agora o fluxo enlaado com a bobina da figura 1.9, a seguir.

    a b

    1 2 3

    QQ Q Q

    N = 3

    Figura 1.9 Fluxo Enlaado com uma Bobina

    Se o fluxo f for varivel com o tempo obrem-se, atravs das leis de Lenz e

    Faraday, que:

    dtd

    ef-=1 (1.6)

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    dtd

    ef-=2 (1.7)

    dtd

    ef-=3 (1.8)

    Compondo, agora, as equaes (1.6), (1.7) e (1.8), vem:

    dtd

    dtd

    dtd

    eeeefff ---=++= 321 (1.9)

    Ou ainda,

    dtd

    ef-= 3 (1.10)

    Para uma bobina de N espiras obtm-se:

    dtd

    Nef-= (1.11)

    Ou de outra forma:

    dtNd

    e)( f-= (1.12)

    Com fl = N (ver equao 1.5), pode-se escrever que:

    dtd

    el-= (1.13)

    Sendo l o fluxo total enlaado ou concatenado com a bobina.

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    1.4 INDUTNCIA PRPRIA

    A indutncia prpria tambm chamada de auto- indutncia. Para entender o seu

    significado, considere inicialmente a bobina de N espiras com corrente i, da figura

    1.10 a seguir.

    i

    N

    a b

    Figura 1.10 Bobina de N Espiras com Correntes i

    A corrente i passando pela bobina de N espiras d origem a um fluxo

    enlaado l . Em determinadas condies pode-se dizer que existe uma

    proporcionalidade entre esta corrente e o fluxo enlaado por ela produzido. Esta

    constante de proporcionalidade denominada indutncia prpria da bobina, e

    normalmente representada pela letra L. Desta forma, pode-se escrever que:

    i

    Ll= (1.14)

    Ou ainda:

    iL =l (1.15)

    Como fl = N , em (1.14), vem:

    i

    NL

    f= (1.16)

    Considere agora uma corrente varivel com o tempo sendo injetada na bobina de

    N espiras da figura 1.10. Pode-se escrever que:

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    dtdi

    Ldtd =l (1.17)

    Atravs da lei de Lenz-Faraday, tem-se:

    dtd

    el-= (1.18)

    Levando (1.18) em (1.17), obtm-se:

    dtdi

    Le -= (1.19)

    Portanto, da equao (1.19), observa-se que h uma queda de tenso na bobina,

    como efeito de sua indutncia prpria. Este comportamento pode ser representado

    atravs do circuito eltrico equivalente da figura 1.11, a seguir.

    vi

    L Q

    Figura 1.11 Circuito Eltrico Equivalente

    Da equao (1.14) tem-se que a indutncia prpria apresenta uma dimenso de

    [Weber.espira]/[Ampre], esta dimenso definida como sendo [Henry] ou [H].

    importante observar tambm que, pela definio a indutncia corresponde a

    uma constante de proporcionalidade entre o fluxo enlaado e a corrente que o produz.

    Isto no verdadeiro no caso de materiais ferromagnticos onde, devido a saturao, a

    indutncia pode apresentar valores variveis com a corrente.

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    De uma forma geral, pode-se dizer que a indutncia prpria de uma bobina

    depende: das dimenses, do nmero de espiras e do meio onde se encontra esta bobina.

    1.5 INDUTNCIA MTUA

    Para entender o significado da indutncia mtua, considere a configurao com

    duas bobinas apresentada a figura 1.12, a seguir.

    iN

    1

    1

    N2

    (1)

    (2)

    Figura 1.12 - Configurao com Duas Bobinas

    A indutncia mtua retrata o efeito de uma bobina com corrente, sobre uma ou

    mais bobinas adjacentes. Na figura 1.12, tem-se uma corrente i1 passando pela bobina

    de N1 espiras. Esta corrente i1 d origem a um fluxo enlaado com a bobina de N2

    espiras, de valor 21l , ou seja:

    21221 fl = N (1.20)

    Onde:

    21f = Fluxo magntico da bobina (02), produzido pela corrente i1 ;

    N2 = Nmero de espiras da bobina (02).

    Em determinadas condies, existe uma proporcionalidade entre a corrente i1 e

    o fluxo enlaado ( 21l ), por ela produzido. Esta constante de proporcionalidade

    denominada indutncia mtua entre as bobinas 02 e 01, e normalmente representada

    por M21. Desta forma, pode-se escrever que:

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    1

    2121 i

    Ml

    = (1.21)

    Ou ainda,

    12121 iM =l (1.22)

    De (1.20) e (1.21), tem-se:

    1

    21221 i

    NMf

    = (1.23)

    Considere agora uma corrente i1 varivel com o tempo sendo injetada na

    bobina (01), da figura 1.12. Pode-se escrever que:

    dtdi

    Mdt

    d 121

    21 =l

    (1.24)

    Atravs das leis de Lenz e Faraday, tem-se que:

    dt

    de 212

    l-= (1.25)

    Levando (1.25) em (1.24), obtm-se:

    dtdi

    Me 1212 -= (1.26)

    Portanto, da equao (1.26), observa-se que h uma tenso induzida na bobina

    (02), como efeito da circulao de uma corrente varivel com o tempo na bobina (01).

    Esta tenso induzida depende da indutncia mtua entre as duas bobinas (M21).

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    De forma anloga pode-se analisar a influncia da passagem de uma corrente

    i2 pela bobina (02), sobre a bobina (01). Neste caso, tem-se uma indutncia mtua

    M12 cujo valor idntico ao da indutncia M21, anteriormente descrita.

    Da equao (1.21) tem-se que a indutncia mtua apresenta uma dimenso de

    [Weber.espira]/[Ampre], esta dimenso definida como sendo [Henry] ou [H], da

    mesma forma que a indutncia prpria.

    importante observar tambm que, pela definio a indutncia mtua

    corresponde a uma constante de proporcionalidade entre um fluxo enlaado e a corrente

    que o produz. Isto no verdadeiro para o caso em que o meio entre as bobinas

    constitudo por materiais ferromagnticos, onde as indutncias mtuas podem

    apresentar valores variveis com as correntes, em funo da saturao.

    De uma forma geral pode-se dizer que a indutncia mtua entre duas bobinas

    adjacentes depende: da distncia entre as bobinas, das dimenses fsicas das duas

    bobinas, do nmero de espiras em cada bobina, e do meio considerado.

    1.5.1 Coeficiente de Acoplamento

    Na figura 1.12, a corrente i1 na bobina (01) estabelece um fluxo magntico

    total 1f . Parte deste fluxo total atravessa a bobina (02), mais precisamente a parcela

    21f . A relao entre a parcela de fluxo magntico 21f e o fluxo total 1f

    denominada coeficiente de acoplamento (K) e pode ser expresso por:

    2

    12

    1

    21

    ff

    ff

    ==K (1.27)

    Da expresso (1.23) tem-se que:

    1

    21221 i

    NMf

    =

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    De forma anloga pode-se escrever que:

    2

    12121 i

    NMf

    = (1.28)

    Como M12=M21, tem-se:

    22112 MMM = (1.29)

    E ainda,

    =

    2

    121

    1

    212

    2

    iN

    iNM

    ff (1.30)

    Levando (1.27) em (1.30), vem:

    =

    2

    121

    1

    212

    22

    iN

    iNKM

    ff (1.31)

    Ou ainda,

    =

    2

    22

    1

    11

    22

    iN

    iNKM

    ff (1.32)

    Como,

    1

    111 i

    NLf

    = (1.33)

    2

    222 i

    NLf

    = (1.34)

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    Temos que:

    21 LLKM = (1.35)

    Onde:

    K = Coeficiente de acoplamento;

    L1 = Indutncia prpria da bobina (01);

    L2 = Indutncia prpria da bobina (02);

    M = Indutncia mtua entre as bobinas (01) e (02).

    1.6 PERGUNTAS PROPOSTAS

    Responda as seguintes perguntas:

    01) O que um circuito magntico? Onde so utilizados?

    02) Por qu importante o estudo de circuitos magnticos?

    03) O que se entende por fluxo magntico atravessando uma espira?

    04) Do que depende um fluxo magntico?

    05) Quais so as unidades de fluxo magntico que normalmente utilizadas?

    06) Fale sobre a experincia realizada por Michael Faraday.

    07) Qual o significado da lei de Faraday?

    08) O que uma f.e.m. de movimento? Onde se aplica? D exemplos.

    09) O que uma f.e.m. de efeito transformador? Onde se aplica? D um

    exemplo.

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    10) Qual o significado da lei de Lenz?

    11) Qual o significado de fluxo enlaado?

    12) D exemplos de fluxos enlaados com bobinas.

    13) O fluxo enlaado tem o mesmo significado que o fluxo concatenado?

    14) O que a indutncia prpria de uma bobina?

    15) Qual a relao entre a indutncia prpria e o fluxo enlaado?

    16) O que voc entende por indutncia mtua entre duas bobinas?

    17) Qual a unidade da indutncia prpria?

    18) Qual a unidade da indutncia mtua?

    19) O que o coeficiente de acoplamento?

    20) Qual a relao entre a indutncia mtua de duas bobinas e as suas

    respectivas auto-indutncias? Faa uma deduo matemtica.

    1.7 PROBLEMAS PROPOSTOS

    Resolva os seguintes problemas:

    01) Considere um fluxo magntico de 3000 linhas. Calcule seu valor em Weber.

    02) Qual a densidade de fluxo em Tesla quando existe um fluxo de 0.0006

    [Wb] atravs de uma rea de 0.0003 m2?

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    03) Determine a polaridade magntica do eletroim da figura a seguir (utilize a

    regra da mo direita):

    04) O fluxo de um eletroim de 06 [Wb]. O fluxo aumenta uniformemente at

    12 [Wb] num intervalo de 02 [s]. Calcule a tenso induzida numa bobina que contenha

    10 espiras, se a bobina estiver parada dentro do campo magntico.

    05) No problema anterior, qual o valor da tenso induzida se o fluxo

    magntico permanecer constante em 06 [Wb] aps 02 [s]?

    06) Um im permanente desloca-se dentro de uma bobina e produz uma

    corrente induzida que passa pelo circuito da mesma, conforme figura a seguir.

    Determine a polaridade da bobina e o sentido da corrente induzida.

    07) Uma bobina de 100 espiras, com auto- indutncia de 10 [H], percorrida por

    uma corrente de 05 [A], que tem uma taxa de variao de 200 A/s. Calcular o

    fluxo enlaado com a bobina e a f.e.m. induzida na mesma.

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    08) Uma bobina tem uma indutncia prpria igual a 5 [H] e corrente i dada

    por: ( )tii MX = 377sen . Fazer o grfico do fluxo magntico, do fluxo enlaado e da f.e.m. induzida em funo do tempo.

    09) Qual a densidade de fluxo de um ncleo que possui 20000 linhas e uma

    rea da seo reta de 5 [cm2]?

    10) Complete o quadro a seguir com os valores que esto faltando. Todas as

    respostas devem ser dadas em unidades do Sistema Internacional.

    f B A

    0.000035 [Wb] ? 0.001 [m2]

    ? 0.8 [T] 0.005 [m2]

    10000 [linhas] ? 02 [cm2]

    0.000090[Wb] ? 0.003 [m2]

    11) No campo estacionrio de uma bobina de 500 espiras, calcule a tenso

    induzida produzida pelas seguintes variaes de fluxo:

    (a) 04 [Wb] aumentando para 06 [Wb] em 01 [s];

    (b) 06 [Wb] diminuindo para 04 [Wb] em 01 [s];

    (c) 4000 linhas de fluxo aumentando para 5000 linhas em 5.10-6 [s];

    (d) 04 [Wb] constante durante 01 [s].

    12) Em um par de bobinas acopladas, a corrente contnua na bobina (01) de 05

    [A] e os fluxos correspondentes 11f e 21f so, respectivamente, 20000 e 40000

    [Maxwell]. Sendo N1 = 500 e N2 = 1500, os totais de espiras, determinar L1, L2, M e K.

    13) Duas bobinas L1 = 0.8 [H] e L2 = 0.2 [H] tm um coeficiente de

    acoplamento K = 0.9. Determinar a indutncia mtua entre elas, bem como a relao

    N1/N2.

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    14) Duas bobinas cujas respectivas auto- indutncias so L1 = 0.05 [H] e L2 =

    0.20 [H] tm coeficiente de acoplamento igual a 0.5. A bobina (2) tem 1000 espiras.

    Sendo ( )ti = 400sen051 a corrente na bobina (01), determinar a tenso na bobina (02) e o fluxo mximo estabelecido pela bobina (01).

    15) Duas bobinas tm coeficiente de acoplamento igual a 0.85 e a bobina (01)

    tem 250 espiras. Com i1 = 02 [A] na bobina (01), o fluxo total 1f = 0.0003 [Wb].

    Reduzindo-se i1 linearmente at zero, em dois milissegundos a tenso induzida na

    bobina (02) fica igual a 63.75 [V]. Determinar L1, L2, M e N2.

    16) O coeficiente de acoplamento de duas bobinas, respectivamente, com N1 =

    100 e N2 = 800 espiras 0.85. Com a bobina (01) aberta e uma corrente de 05 [A] na

    bobina (02), o fluxo 2f 0.00035 [Wb]. Determinar L1, L2 e M.

    17) Duas bobinas idnticas tm indutncia equivalente de 0.08 [H], quando

    ligadas em srie aditiva, e de 0.035 [H], quando em srie subtrativa. Quais so os

    valores de L1, L2, M e K?

    18) Duas bobinas idnticas tm L = 0.02 [H] e coeficiente de acoplamento K =

    0.8. Determinar M e as duas indutncias equivalentes, admitindo que elas estejam

    ligadas em srie aditiva e em srie subtrativa.

    19) Duas bobinas cujas indutncias esto na relao de quatro para um tm

    coeficiente de acoplamento igual a 0.6. Ligadas em srie aditiva, sua indutncia

    equivalente 44.4 [mH]. Determinar L1, L2 e M.

    20) Qual a indutncia de uma bobina que induz 20 [V], quando a corrente que

    passa pela bobina varia de 12 para 20 [A] em 2 [s]?

    21) Uma bobina tem uma indutncia de 50 [mH]. Qual a tenso induzida na

    bobina quando a taxa de variao da corrente for de 10000 [A/s]?

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    22) Uma determinada bobina de 20 [mH] opera com uma frequncia de 950

    [kHz]. Qual a reatncia indutiva da bobina?

    1.8 BIBLIOGRAFIA

    [1] Robert Stein and William T. Hunt Jr., Electric Power System Components

    - Transformers and Rotating Machines, Van Nostrand Reinhold Company,

    1979.

    (Ver captulo 02 - pgs. 10 a 14);

    [2] Milton Gussow, Eletricidade Bsica, Coleo Schaum, Editora McGraw-

    Hill do Brasil, Ltda, 1985.

    (Ver captulo 09 - pgs. 232 a 235, captulo 12 - pgs. 307 a 316);

    [3] Joseph A. Edminister, Circuitos Eltricos, Coleo Schaum, Editora

    McGraw-Hill, Ltda e Makron Books do Brasil Editora Ltda, 1991.

    (Ver captulo 01 - pgs. 6 e 7, captulo 13 - pgs. 362 a 365);

    [4] Paul A. Tipler, Fsica, Volume 2a, Editora Guanabara Dois S.A., Segunda

    Edio, 1986.

    (Ver captulo 27 - pgs. 764 a 766, captulo 28 - pgs. 775 a 781 e 784 a

    786);

    [5] David Halliday e Robert Resnick, Fundamentos de Fsica, Parte 03 -

    Eletromagnetismo, LTC - Livros Tcnicos e Cientficos Editora Ltda, 1991.

    (Ver captulo 32 - pgs. 189 a 194, captulo 33 - pgs. 219 a 222 e 227 a

    228);

    [6] Curso Completo de Eletricidade Bsica, U. S. Navy, Bureau of Naval

    Personnel, Training Publications Division, Hemus Livraria Editora Ltda.

    (Ver captulo 08 - pgs. 209 a 213 e 220 a 222, captulo 10 - pgs. 241 a 248

    e 254 a 259);

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    [7] L. Bessonov, Applied Electricity for Engineers, MIR Publishers -

    Moscow, 1973.

    (Ver captulo 04 - pgs. 114 a 122 e 127 a 129).

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    CAPTUL0 02 MATERIAIS MAGNTICOS

    ______________________________________________________________________

    2.1 INTRODUO

    Desde a antiguidade os gregos j conheciam o fato de que certas pedras tinham a

    capacidade de atrair pequenos pedaos de alguns metais. Como muitas destas pedras

    foram encontrados em Magnsia, na sia Menor, os gregos chamaram a substncia de

    magnetita ou magntica. Esta substncia (Fe3O4) constitui o que se chama na atualidade

    de ims naturais.

    Por volta de 2630 a.C., os chineses perceberam que pequenas barras de um certo

    minrio tinham a estranha propriedade de apontar sempre em direo ao plo norte, o

    que levou descoberta da bssola, que nada mais do que um pequeno im natural.

    Alm dos ims naturais, existem nos dias de hoje, ims desenvolvidos pelas

    mos do homem, so os chamados ims artificiais.

    Um im qualquer apresenta duas regies bem distintas, prximas as quais as

    aes magnticas so mais intensas; pode-se verificar esta propriedade jogando limalha

    de ferro nas proximidades de um im em forma de barra. A limalha ser atrada pelo

    im e se concentrar em grande parte nas extremidades dele.

    Estas regies so denominadas plos do im. A extremidade que aponta em

    direo ao norte chamada de plo norte do im e a outra extremidade o plo sul. Os

    dois plos de um im, ou seja, os plos norte e sul, formam um dipolo magntico.

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    Para se distinguir os plos costume hachurar o plo norte, conforme ilustra a

    figura 2.1 a seguir.

    N S

    Figura 2.1 - Plos Norte e Sul de um Im

    Os plos de mesmo nome se repelem (observar figura 2.2), enquanto que os

    plos de nomes contrrios se atraem (conforme figura 2.3).

    NS

    S NS

    S

    N

    N

    Figura 2.2 Repulso dos Plos

    NS

    SNS

    S

    N

    N

    Figura 2.3 Atrao dos Plos

    O que acontecer se tentar dividir ao meio o im apresentado figura 2.1? Sero

    obtidos plos norte e sul separados?

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    No, na realidade impossvel separar os plos de um im. Portanto, no caso da

    diviso ao meio, seriam obtidos dois novos ims menores (com plos norte e sul) e

    assim sucessivamente caso fossem realizadas novas divises.

    A figura 2.4, a seguir, ilustra esta condio.

    SN

    N NS S

    Figura 2.4 - Inseparabilidade dos Plos

    Portanto, os plos norte e sul de um im so inseparveis. Isto ocorre porque a

    estrutura magntica mais simples que existe na natureza o dipolo magntico

    elementar. Em outras palavras, os ims, ou os materiais (de uma forma geral), possuem

    uma infinidade de dipolos magnticos elementares, como queles apresentados

    esquematicamente figura 2.5 a seguir.

    Figura 2.5 Dipolos Magnticos Elementares

    Os dipolos magnticos elementares (d.m.e.) so os responsveis pelas

    propriedades magnticas da matria e esto associados aos eltrons.

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    2.2 CLASSIFICAO DOS CORPOS QUANDO A IMANTAO

    Os corpos podem ser classificados de acordo com o grau de orientao de seus

    dipolos magnticos elementares, ou seja, eles podem ser classificados quanto a sua

    imantao. A seguir sero apresentadas trs disposies possveis para os dipolos

    magnticos elementares.

    2.2.1 Corpo Fortemente Imantado

    A figura 2.6, a seguir, apresenta uma disposio tpica de um corpo fortemente

    imantado.

    Figura 2.6 Corpo Fortemente Imantado

    Como pode ser observado, o corpo fortemente imantado aquele que apresenta

    uma forte orientao dos dipolos magnticos elementares.

    2.2.2 Corpo Fracamente Imantado

    Um corpo fracamente imantado aquele que demonstra uma ligeira orientao

    dos dipolos magnticos elementares, como pode ser observado figura 2.7, a seguir.

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    Figura 2.6 Corpo Fracamente Imantado

    2.2.3 Corpo No-Imantado Diferentemente dos dois casos anteriores, pode-se dizer que em um corpo no-

    imantado a disposio dos dipolos magnticos elementares aleatria, ou seja, no h

    uma orientao definida. A figura 2.8, a seguir, ilustra esta condio.

    Figura 2.8 Corpo No-Imantado

    Alguns materiais e substncias podem assumir a caracterstica de imantao

    forte, outros no. importante portanto que se faa uma classificao magntica para os

    mesmos. Isto pode ser realizado, dividindo-os em grupos diferenciados quanto

    possibilidade de orientao dos dipolos magnticos elementares.

    Esta classificao ser realizada no item seguinte.

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    2.3 CLASSIFICAO MAGNTICA DOS MATERIAIS E SUBSTNCIAS

    Os materiais e substncias so classificados magneticamente, ou seja,

    classificados de acordo com a capacidade de orientao dos d.m.e (maior ou menor).

    Costumam ser considerados trs grupos distintos: ferromagnticos, paramagnticos e

    diamagnticos. Estes grupos sero apresentados a seguir.

    2.3.1 Materiais Ferromagnticos

    So materiais que possibilitam uma orientao abundante para os seus dipolos

    magnticos elementares, isto , podem ser fortemente imantados quando da ao de um

    campo magntico externo. De uma forma geral, estes materiais tendem a alinhar seus

    d.m.e. de forma paralela ao campo magntico aplicado. Fenmeno deste tipo ocorre em

    materiais como: ferro, nquel, ao, cobalto, etc.

    2.3.2 Materiais Paramagnticos

    A caracterstica magntica deste tipo de material a de permitir apenas uma leve

    orientao dos d.m.e., de forma paralela ao campo magntico externo que lhe

    submetido. Boa parte dos chamados materiais isolantes classificada como

    paramagntica. Podem ser citados exemplos como: madeira, vidro, ar, etc.

    2.3.3 Materiais Diamagnticos

    De forma semelhante aos materiais paramagnticos, os diamagnticos permitem

    apenas uma orientao muito fraca dos seus d.m.e., quando da ao externa de um

    campo magntico. Entretanto, estes materiais apresentam uma caracterstica toda

    peculiar, que de alinhar os d.m.e. de forma antiparalela ao campo exterior, ou seja,

    orientam os d.m.e. em sentido contrrio ao campo magntico aplicado. So exemplos

    deste tipo magntico: a gua, o cobre, a prata, o ouro, o diamante, etc.

    Como pode ser observado nos exemplos anteriores, so classificados como

    diamagnticos os chamados metais nobres (ouro, prata, cobre, etc).

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    Alguns materiais no permitem uma forte orientao dos d.m.e., outros

    permitem e outros ainda so encontrados na natureza com caractersticas magnticas

    acentuadas. Os materiais que permitem uma forte orientao dos d.m.e. podem ser

    chamados de ims, sendo caracterizados como artificiais ou naturais, conforme ser

    visto no item seguinte.

    2.4 TIPOS DE IM

    Os ims podem ser classificados em trs tipos: im natural, im artificial

    permanente e im artificial transitrio.

    As principais caractersticas destes ims sero consideradas neste item.

    2.4.1 Ims Naturais

    Ims naturais so materiais com caractersticas magnticas prprias, obtidas

    diretamente da natureza. Estes materiais, que foram utilizados inicialmente na

    confeco de bssolas, apresentam uma orientao bem definida dos dipolos

    magnticos elementares (d.m.e.).

    Exemplos de Ims Naturais

    Minrios como a magnetita (Fe3O4)

    Tabela 2.1 Exemplos de Ims Naturais

    2.4.2 Ims Artificiais Permanentes

    So materiais que apresentam comportamentos distintos quando da presena ou

    no de um campo magntico externo, ou seja: na ausncia de um campo magntico

    externo estes materiais apresentam, de uma forma geral, uma disposio aleatria para

    os seus d.m.e. Sendo submetidos a um campo externo, tendem a alinhar os d.m.e. no

    sentido deste campo, ficando ento imantados. Supondo agora que o campo externo seja

    retirado, boa parte dos d.m.e. permanecer com a orientao anterior, podendo-se dizer,

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    portanto, que o material permanecer imantado. Esta caracterstica de imantao

    residual (ou permanente) depende do tipo de material considerado.

    Exemplos de Ims Artificiais Permanentes

    Algumas ligas metlicas como: ao, ao-carbono (ao com elevado teor de carbono), alnico 5

    (liga composta por: alumnio, nquel e cobalto), etc.

    Tabela 2.2 Exemplos de Ims Artificiais Permanentes

    2.4.3 Ims Artificiais Transitrios

    Estes materiais tambm apresentam comportamentos distintos quando da

    presena ou ausncia de um campo magntico externo, a saber: na ausncia de um

    campo magntico externo estes materiais apresentam, como os anteriores, uma

    disposio aleatria para os seus d.m.e. Sendo submetidos a um campo externo,

    promovem um alinhamento dos d.m.e. no sentido deste campo, ficando ento

    imantados. No caso da retirada do campo externo, uma parcela reduzida dos d.m.e.

    permanecer com a orientao anterior, podendo-se dizer que o material praticamente

    perder sua imantao.

    Exemplos de Ims Artificiais Transitrios

    Ferro, ligas metlicas como o ferro-silcio, etc.

    Tabela 2.3 Exemplos de Ims Artificiais Transitrios

    2.5 INFLUNCIA DA TEMPERATURA

    A experincia mostra que, acima de um determinado valor de temperatura os

    materiais ferromagnticos perdem as suas propriedades magnticas principais, ou seja,

    perdem a orientao de seus d.m.e. Este valor de temperatura denominado Ponto

    Curie ou Temperatura de Curie, de um dado material.

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    A tabela 2.4, a seguir, apresenta o ponto Curie e o ponto de fuso de alguns

    materiais ferromagnticos importantes.

    Materiais Ponto Curie

    [C]

    Ponto de Fuso

    [C]

    Nquel 358 2566

    Ferro 770 1535

    Cobalto 1131 1480

    Tabela 2.4 - Ponto Curie e Ponto de Fuso de Alguns Materiais

    2.6 CAMPO MAGNTICO DE UMA BARRA IMANTADA

    Considere um condutor por onde passa uma corrente i, conforme ilustra a

    figura 2.9 a seguir.

    i

    Figura 2.9 Condutor com Corrente

    A passagem da corrente pelo condutor d origem a um campo magntico ao seu

    redor. Se a corrente for varivel o campo magntico ser varivel. Se por outro lado a

    corrente for constante, o campo magntico tambm ser constante.

    De acordo com o modelo de Ampre, todos os campos magnticos, de uma

    forma ou de outra, provm de correntes. Nos ims naturais, e em outros materiais

    magnetizados, estas correntes se devem ao movimento intrnseco dos eltrons atmicos.

    Embora estes movimentos sejam complexos, pode-se admitir, para este modelo, que os

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    movimentos sejam equivalentes a espiras fechadas, conforme ilustra a figura 2.10 a

    seguir.

    Figura 2.10 Movimento dos Eltrons em uma Barra Imantada

    Se o material for homogneo, a corrente resultante, em qualquer ponto no

    interior da barra, nula, graas ao cancelamento das correntes vizinhas. No entanto, em

    virtude de no haver cancelamento na superfcie do material, o resultado destas espiras

    equivale a uma corrente perifrica, denominada corrente superficial de Ampre. Esta

    corrente superficial semelhante a uma corrente de conduo real em uma bobina (ou

    solenide) de espiras justapostas, ou seja, uma bobina de espiras muito prximas umas

    das outras. O campo magntico devido a uma corrente superficial o mesmo que o

    provocado por uma corrente superficial em uma bobina.

    Seja M a corrente superficial de Ampre por unidade de comprimento da

    superfcie de um im linear cilndrico. A grandeza correspondente na bobina o produto

    in , sendo n o nmero de espiras por unidade de comprimento ( lN / ) e i a

    corrente que passa em cada espira.

    Na regio interna de uma bobina, o campo magntico aproximadamente igual

    a:

    l

    iNinB

    == 000 mm (2.1)

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    Esta aproximao ser boa desde que o ponto considerado para o campo

    magntico no esteja prximo das extremidades da barra.

    Substituindo a corrente por unidade de comprimento da bobina, n.i, pela corrente

    superficial de Ampre que lhe corresponde, por unidade de comprimento do im, M,

    tem-se para o campo magntico no interior do im, longe das extremidades, que:

    MBm = 0m (2.2)

    Atravs deste modelo possvel fazer uma analogia entre o campo produzido no

    interior de uma bobina, quando por ela circula uma corrente i, ou seja:

    inB = 00 m

    Com o campo magntico no interior de um im, produzido pela chamada

    corrente superficial de Ampre,

    MBm = 0m

    Portanto, M, no caso do im natural, corresponde ao produto in , no caso

    de uma bobina ou solenide. Assim, pode-se escrever que:

    l

    iNinM

    == (2.3)

    2.7 MAGNETISMO EM MEIOS MATERIAIS

    Considere um material (por exemplo o ferro) em forma de barra cilndrica

    introduzida em uma bobina de N espiras, confo rme ilustra a figura 2.11 a seguir.

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    Figura 2.11 - Material Dentro de Uma Bobina

    Para uma corrente i injetado no ponto a, surgir um campo magntico total

    B. Este campo magntico formado pela ao da corrente i que passa pelas N

    espiras da bobina e pela ao da corrente superficial de Ampre, no material.

    Desta forma, pode-se analisar o comportamento do dispositivo da figura 2.11

    anterior (na verdade um eletrom) fazendo-se uma separao dos efeitos. Para tanto,

    considere inicialmente apenas a bobina de N espiras, conforme apresentado figura

    2.12 a seguir.

    Figura 2.12 - Bobina de N Espiras com Corrente

    A passagem da corrente pela bobina dar origem a um campo magntico B0,

    no seu interior, que poder ser escrito como sendo:

    l

    iNinB

    == 000 mm (2.4)

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    Onde:

    l = Comprimento da bobina.

    Portanto, o campo magntico B0 ser produzido apenas pela passagem da

    corrente i na bobina.

    Definindo agora o produto in como sendo a intensidade de campo

    magntico (H), ou seja:

    l

    iNinH

    == (2.5)

    Tem-se em (2.4) que:

    HB = 00 m (2.6)

    Onde:

    B0 = Campo magntico no interior da bobina ou solenide [ ]2/ mWb ; 0m = Permeabilidade magntica do vcuo, de valor igual a [ ]mH /104 7-p ;

    H = Intensidade de campo magntico [ ]mEA / .

    A expresso (2.6) apresenta o campo magntico causado apenas pela passagem

    da corrente pela bobina.

    Introduzindo o material cilndrico na bobina, conforme indicado figura 2.11

    anterior, ir aparecer no interior deste material um campo magntico total B. Isto

    ocorre porque agora os dipolos magnticos elementares estaro sujeitos ao do

    campo externo B0, e desta forma proporcionaro o surgimento de uma corrente

    superficial de Ampre por unidade de comprimento (M). Esta corrente superficial dar

    origem a um campo magntico Bm, conforme visto anteriormente (observar expresso

    2.2).

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    Portanto, o campo magntico total B ser formado pela ao conjunta dos

    campos B0 e Bm, ou seja:

    mBBB += 0 (2.7)

    Das expresses (2.2) e (2.6), pode-se escrever que:

    MHB += 00 mm (2.8)

    Ou ainda,

    ( )MHB += 0m (2.9)

    A equao (2.9) pode ser colocada ainda na seguinte forma vetorial:

    ( )MHB += 0m (2.10)

    Onde:

    B = Vetor densidade de campo magntico;

    H = Vetor intensidade de campo magntico;

    M = Vetor de magnetizao, sendo o seu mdulo igual corrente superficial

    de Ampre por unidade de comprimento (M).

    2.8 SUSCEPTIBILIDADE E PERMEABILIDADE MAGNTICAS

    Nos materiais e substncias paramagnticas e diamagnticas, existe uma

    proporcionalidade entre a corrente superficial de Ampre por unidade de comprimento

    (M) e a intensidade de campo magntico (H). Esta relao de proporcionalidade pode

    ser expressa por:

    HxM m = (2.11)

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    Onde:

    xm =

    Constante de proporcionalidade entre M e H, definida como sendo

    a susceptibilidade magntica do material ou substancia (grandeza

    adimensional).

    Levando (2.11) em (2.9), obtm-se:

    ( )HxHB m += 0m

    Ou ainda,

    ( ) HxB m += 10m (2.12)

    Definindo agora,

    ( )mx+= 10mm (2.13)

    De onde tiramos a relao,

    HB = m (2.14)

    Onde:

    m = Permeabilidade magntica do material [ ]mH /

    Da expresso (2.13), pode-se fazer a seguinte relao:

    0

    1mm=+ mx (2.15)

    Como pode ser observado, o valor mx+1 corresponde a relao da

    permeabilidade magntica do material pela permeabilidade magntica do vcuo. Assim

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    sendo, mx+1 pode ser chamada de permeabilidade magntica relativa do material, ou

    seja:

    0

    1mmm =+= mr x (2.16)

    Portanto, a expresso (2.12) pode ser escrita ainda sob a forma:

    HHB r == mmm 0 (2.17)

    Onde:

    rm = Permeabilidade magntica relativa do material ou substancia (grandeza

    adimensional)

    Definidas as diversas caractersticas magnticas bsicas para os materiais e

    substncias, pode-se passar agora a uma anlise do comportamento magntico dos

    materiais paramagnticos, diamagnticos e ferromagnticos.

    2.9 PARAMAGNETISMO

    Este fenmeno est associado aos materiais e substncias paramagnticas. O

    paramagnetismo apresenta as seguintes caractersticas bsicas:

    a) Na ausncia de um campo magntico externo os dipolos magnticos

    elementares se apresentam dispostos de forma aleatria, sem indicar

    nenhuma orientao predominante. A figura 2.13 a seguir ilustra esta

    condio.

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    Figura 2.13 Disposio Aleatria dos D.M.E.

    b) Na presena de um campo magntico externo os dipolos magnticos

    elementares se alinham fracamente e de forma paralela ao campo aplicado.

    A figura 2.14 a seguir ilustra esta condio.

    B

    Figura 2.14 Disposio Fracamente Orientada dos D.M.E.

    c) Retirando o campo externo os dipolos magnticos elementares voltam a

    uma disposio aleatria. A figura 2.15 a seguir ilustra esta condio.

    Figura 2.15 Disposio Aleatria dos D.M.E.

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    d) A disposio dos dipolos magnticos elementares sensvel s variaes de

    temperatura. Para elevadas temperaturas a orientao dos d.m.e.

    extremamente fraca, devido s vibraes trmicas.

    e) Em temperaturas extremamente baixas, prximas do zero absoluto, os

    d.m.e. tendem a apresentar uma forte orientao, caracterizando um

    comportamento semelhante ao dos materiais ferromagnticos;

    f) A susceptibilidade magntica positiva e bastante reduzida, ou seja:

    10

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    a) Na ausncia de um campo magntico externo os dipolos magnticos

    elementares se apresentam dispostos de forma aleatria, sem indicar

    nenhuma orientao predominante. A figura 2.16 a seguir ilustra esta

    condio.

    Figura 2.16 Disposio Aleatria dos D.M.E.

    b) Na presena de um campo magntico externo os dipolos magnticos

    elementares se alinham fracamente e de forma antiparalela ao campo

    aplicado. A figura 2.17 a seguir ilustra esta condio.

    B

    Figura 2.17 Disposio Fracamente Orientada dos D.M.E.

    c) Retirando o campo externo os dipolos magnticos elementares voltam a

    uma disposio aleatria. A figura 2.18 a seguir ilustra esta condio.

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    Figura 2.18 Disposio Aleatria dos D.M.E.

    d) A disposio dos dipolos magnticos elementares pouco sensvel s

    variaes normais de temperatura.

    e) A susceptibilidade magntica negativa e bastante reduzida, ou seja:

    10 ->>>> mx

    Isto ocorre porque a orientao dos d.m.e. fraca e se apresenta de forma

    antiparalela ao campo magntico externo;

    f) A permeabilidade magntica pouca coisa inferior a permeabilidade

    magntica do vcuo, podendo-se considerar at que:

    0mm @

    Desta forma, a permeabilidade magntica relativa praticamente unitria,

    ou seja:

    1@rm

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    Exemplos de Materiais Diamagnticos

    Bismuto, cobre, diamante, ouro, prata, sdio, hidrognio, dixido de carbono, nitrognio, gua,

    mercrio, etc.

    Tabela 2.6 Exemplos de Materiais Diamagnticos

    2.11 FERROMAGNETISMO

    O ferromagnetismo um fenmeno que ocorre em materiais e substncias como:

    Exemplos de Materiais Ferromagnticos

    - Ferro

    - Nquel

    - Cobalto

    - Ligas Metlicas Ao

    Ao-Carbono (ao com maior teor de carbono);

    Ferro-Silicio (96% Fe, 04% Si);

    Mumetal (77% Ni, 16% Fe, 5% Cu, 2% Cr);

    Alnico 5 (24% Co, 14% Ni, 8% Al, 3 Cu);

    Permalloy (55% Fe, 45% Ni);

    Etc.

    Tabela 2.7 - Exemplos de Materiais Ferromagnticos

    A caracterstica fundamental dos materiais ferromagnticos a de admitir com

    facilidade elevadas magnetizaes.

    De uma forma geral, o ferromagnetismo apresenta as seguintes propriedades

    bsicas:

    a) Os dipolos magnticos elementares so agrupados em diversos setores,

    formando regies dentro do material, com orientao bem definida. Este

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    agrupamento de d.m.e. chamado de domnio magntico elementar e

    uma propriedade bsica dos materiais ferromagnticos. A figura 2.19 ilustra

    esta condio.

    Figura 2.19 Domnios Magnticos Elementares

    b) Para um material que no tenha sofrido qualquer imantao, os domnios

    magnticos elementares se apresentam dispostos de forma aleatria,

    conforme ilustra a figura 2.20 a seguir.

    Figura 2.20 Disposio Aleatria dos Domnios Magnticos

    Obs.: Uma exceo importante a dos ims naturais, que apresentam

    orientao in natura dos domnios magnticos elementares.

    c) Supondo que o material do item anterior seja submetido a um campo

    magntico externo, haver uma tendnc ia de orientao rpida dos domnios

    magnticos elementares, de forma paralela ao campo aplicado. A figura 2.21

    ilustra esta condio.

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    B

    Figura 2.21 Orientao dos Domnios Magnticos Elementares

    d) Considerando agora a retirada do campo magntico externo, haver uma

    perda da orientao dos domnios magnticos elementares que poder ser

    pequena ou elevada, dependendo do tipo de material empregado. Esta

    condio est retratada figura 2.22 a seguir.

    Figura 2.22 Orientao Residual dos domnios Magnticos

    Portanto os materiais ferromagnticos tendem a ficar com uma imantao

    residual ou remanescente.

    e) Os materiais ferromagnticos perdem as suas propriedades de orientao

    dos domnios magnticos elementares, quando submetidos a elevadas

    temperaturas. A temperatura limite para a perda de imantao destes

    materiais chamada de ponto Curie ou temperatura de Curie. partir

    desta temperatura os materiais ferromagnticos apresentam propriedades

    magnticas semelhantes as dos materiais paramagnticos.

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    2.11.1 Curva de Saturao

    Seja o dispositivo composto por uma bobina e um ncleo de material

    ferromagntico, da figura 2.23 a seguir.

    Figura 2.23 Bobina com Material Ferromagntico

    Para uma corrente contnua i injetado no ponto a, obtm-se um campo

    magntico B. Aumentando-se gradualmente o valor desta corrente, haver uma

    elevao tambm gradual do campo magntico B. Na verdade, o que est ocorrendo,

    uma orientao lenta dos domnios magnticos elementares do material. Quando

    praticamente todos estes domnios estiverem orientados, mais difcil ficar o incremento

    no campo magntico total que circunda o dispositivo. Neste ponto diz-se que o material

    est chegando a saturao. Portanto, a saturao de um material corresponde condio

    de quase totalidade de orientao dos domnios magnticos elementares.

    A figura 2.24, a seguir, ilustra a condio de saturao ocorrida no material, com

    o aumento do valor da corrente i.

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    Figura 2.24 Curva de Saturao (B x i) do Material

    Da equao (2.5), tem-se que:

    liN

    inH==

    Tomando o valor da corrente, vem:

    NlH

    i=

    Como, o nmero de espiras (N) e o comprimento (l) da bobina, so constantes,

    existe uma relao de proporcionalidade entre a corrente (i) e a intensidade de campo

    magntico (H). Desta forma, a curva de saturao do material pode ser modificada,

    simplesmente atravs de mudana de escala na sua abscissa. Esta condio

    apresentada figura 2.25.

    Figura 2.25 Curava de Saturao (B x H) do Material

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    Como pode ser observada, at a saturao do material, a permeabilidade

    magntica permanece praticamente constante. A partir da seu comportamento passa a

    ser eminentemente varivel, caracterizando uma no- linearidade entre B e H. Assim

    sendo, pode-se dizer que: nos materiais ferromagnticos a permeabilidade magntica

    ( m ) varivel, devido a saturao.

    Na figura 2.25, o valor HS corresponde a intensidade de campo magntico

    saturante, ou seja, o valor de H para o qual o material comea a sofrer o efeito da

    saturao. A densidade de campo magntico correspondente vale BS.

    A tabela 2.8 a seguir apresenta valores das densidades de campo magntico

    BS, bem como permeabilidades magnticas relativas ( rm ), para alguns materiais

    ferromagnticos.

    Material Ferromagntico

    Campo Magntico Bs (Tesla)

    Permeabilidade Relativa ( rm )

    Ferro (temperado) 2.16 5500

    Ferro-Silicio 1.95 7000

    Permalloy 1.60 25000

    Mumetal 0.65 100000

    Tabela 2.8 Valores de BS e m para a Alguns Materiais

    2.11.2 Ciclo de Histerese No dispositivo da figura 2.23, considere uma corrente alternada senoidal i (do

    tipo apresentado figura 2.26 a seguir), sendo injetada no ponto a.

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    Figura 2.26 Corrente Alternada Senoidal

    A passagem desta corrente pela bobina dar origem a um campo magntico

    varivel B. A corrente i proporcional a intensidade de campo magntico H,

    desta forma, medida que a corrente varia, a intensidade de campo magntico tambm

    varia. Esta variao ir ocasionar uma alterao no campo magntico total do

    dispositivo.

    A figura 2.27, a seguir, mostra como ser o comportamento do campo magntico

    B, para um ciclo completo da corrente alternada senoidal representada pela figura

    2.26.

    Figura 2.27 Curva B x H (Ciclo de Histerese)

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    O ponto (01) corresponde condio inicial, a corrente nula e o material no

    apresenta qualquer imantao. O ponto (02) est associado condio de mxima

    corrente no sentido positivo. Para este valor de corrente tem-se o valor mximo positivo

    da densidade de campo magntico (Bmx). No ponto (03), a corrente se anula e o

    material mantm um magnetismo residual ou remanescente (Br) positivo, ou seja,

    permanece uma determinada orientao dos domnios magnticos elementares. A partir

    deste ltimo ponto, at (04), a corrente cresce negativamente at atingir seu mximo

    valor. No ponto (04) tem-se a correspondente densidade de campo magntico mxima

    em sentido contrrio (ou negativa). Finalmente em (05), a corrente se anula novamente,

    restando no material um magnetismo residual (Br) negativo.

    Ao percurso fechado da figura 2.27 (curva B x H) d-se o nome de ciclo de

    histerese. Portanto, a cada ciclo da corrente alternada i corresponde um ciclo da

    curva B x H.

    A figura 2.28 a seguir apresenta, com maiores detalhes, alguns valores

    importantes de densidade de campo magntico (B) e de intensidade de campo

    magntico (H), do ciclo de histerese.

    Figura 2.28 Ciclo de Histerese

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    Na figura 2.28, podem ser observados os seguintes valores:

    Br = Magnetismo Residual ou Remanescente a densidade de campo

    magntico que permanece no material aps a retirada do campo magntico externo, ou

    seja, quando a corrente i se anula. Corresponde a orientao remanescente dos

    domnios magnticos elementares do material;

    Bmx = Densidade de Campo Magntico Mxima corresponde ao mximo

    valor de campo magntico no material. produzido pelo valor mximo da corrente i

    na bobina;

    Hc = Fora Coercitiva ou Coerciva a intensidade de campo magntico

    necessria para eliminar o magnetismo residual ou remanescente do material.

    Com relao polarizao, pode-se observar na figura 2.28 as seguintes

    caractersticas dos materiais ferromagnticos:

    01o Quadrante B (+) e H (+) Mesmos Sentidos

    02o Quadrante B (+) e H () Sentidos Opostos

    03o Quadrante B () e H () Mesmos Sentidos

    04o Quadrante B () e H (+) Sentidos Opostos

    Tabela 2.9 Caractersticas dos Materiais Ferromagnticos

    Os sentidos opostos, verificados nos quadrantes pares (02 e 04), ocorrem

    devido ao processo de desimantao do material, ou seja, a eliminao do magnetismo

    residual atravs da inverso no sentido da corrente i (e conseqentemente a inverso

    da intensidade de campo magntico H).

    2.11.3 Materiais Magnticos Duros e Moles

    a) Materiais Magnticos Duros

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    Estes materiais apresentam as seguintes caractersticas bsicas:

    - Ciclo de Histerese

    Apresentam elevado magnetismo residual o que implica na necessidade de uma

    elevada fora coercitiva. Conseqentemente a rea do ciclo de histerese grande, como

    pode ser observado atravs da figura 2.29 a seguir.

    Figura 2.29 Ciclo de Histerese dos Materiais Magnticos Duros

    - Aplicao

    So utilizados como ims permanentes e em dispositivos e equipamentos que

    requerem elevado grau de magnetismo residual, como: alto-falantes, telefones,

    medidores, etc.

    A seguir esto listados alguns exemplos de materiais magnticos duros:

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    Exemplos de Materiais Magnticos Duros

    Ao-Carbono (ao com maior teor de carbono)

    Alnico 5 (24% Co, 14% Ni, 8% Al, 3% Cu)

    Alcomax (24% Co, 14% Ni, 8% Al, 3% Cu, 1% Nb)

    Bismanol (MnBi)

    Tabela 2.10 Exemplos de Materiais Magnticos Duros

    b) Materiais Magnticos Moles

    Estes materiais apresentam as seguintes caractersticas bsicas:

    - Ciclo de Histerese

    Apresentam magnetismo residual bastante reduzido, o que implica na

    necessidade de uma fora coercitiva de pequena intensidade. Conseqentemente a rea

    do ciclo de histerese reduzida, como pode ser observado atravs da figura 2.30 a

    seguir.

    Figura 2.30 Ciclo de Histerese dos Materiais Magnticos Moles

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    - Aplicao

    Por apresentarem reduzidas reas dos ciclos de histerese, os materiais

    magnticos moles so utilizados na confeco de ncleos de transformadores e

    mquinas eltricas rotativas. Como ser visto posteriormente, a rea do ciclo de

    histerese est associada s perdas no ncleo, que so indesejveis em equipamentos de

    alto rendimento (perdas reduzidas), como o caso dos transformadores e das mquinas

    rotativas.

    A seguir esto listados alguns exemplos de materiais magnticos moles:

    Exemplos de Materiais Magnticos Moles

    Ferro

    Aos-Doces (aos com baixos teores de carbono)

    Ferro-Silcio (96% Fe, 4% Si)

    Mumetal (77% Ni, 16% Fe, 5% Cu, 2% Cr)

    Permalloy

    Tabela 2.11 Exemplos de Materiais Magnticos Moles

    2.12 CORRENTES PARASITAS OU DE FOUCAULT

    Seja o condutor com corrente i varivel, mostrado figura 2.31 a seguir.

    Figura 2.31 Condutor com Corrente

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    A corrente i varivel d origem a um campo magntico varivel ao redor do

    condutor.

    Seja aproximar deste condutor uma determinada espira fechada. Atravs do

    princpio da induo eletromagntica sabe-se que, um campo magntico varivel d

    origem a uma f.e.m. induzida. Portanto, ir aparecer na espira uma f.e.m. induzida e

    como a espira est fechada haver circulao de uma corrente. Este fato pode ser

    verificado figura 2.32 a seguir.

    Figura 2.32 Espira Fechada Prxima de um Condutor com Corrente

    Seja agora aproximar do condutor uma determinada barra de ferro cilndrica.

    Esta barra estar sujeita ao do campo magntico varivel (B), como pode ser

    observado figura 2.33 a seguir.

    Figura 2.33 Barra Cilndrica Prxima de um Condutor com Corrente

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    Nos ncleos magnticos macios, como aquele da figura 2.33, so encontradas

    imperfeies. Algumas delas formam trajetrias fechadas, como espiras, e apresentam

    uma determinada condutncia eltrica. A presena de um campo magntico variando

    atravs destas pequenas espiras (ver figura 2.34) dar origem a correntes eltricas

    induzidas.

    Figura 2.34 Barra de Ferro Cilndrica com Imperfeies

    Estas correntes induzidas, circulando no material, causam perdas por dissipao

    de calor (efeito Joule). Portanto, quanto maior o nmero de trajetrias e quanto maiores

    forem as suas condutncias (ou menores as suas resistncias), maiores sero as perdas

    no ncleo, pelo efeito Joule.

    Para uma determinada trajetria fechada (espira), tem-se que:

    re

    i = (2.10)

    Onde:

    I = Corrente induzida na espira;

    e = F.e.m. induzida na espira;

    r = Resistncia da trajetria fechada (espira).

    Estas correntes induzidas no material (i) so chamadas de correntes

    parasitas ou correntes de Foucault e provocam:

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    - Perdas por efeito Joule;

    - Aquecimento do material (ncleo magntico);

    - Reduo na orientao dos domnios magnticos elementares.

    Na maioria das aplicaes, as correntes de Foucault so indesejveis. Desta

    forma, importante desenvolver um procedimento para evit- las.

    As correntes parasitas (ou de Foucault) podem ser reduzidas atravs da

    laminao do ncleo magntico. O efeito deste processo pode ser verificado figura

    2.35 a seguir.

    Figura 2.35 Laminao do Ncleo Magntico

    Da figura 2.35, v-se que atravs da laminao do ncleo magntico possvel

    aumentar as resistncias eltricas das trajetrias fechadas (r) e conseqentemente

    reduzir a intensidade das correntes parasitas (i). Notar que entre cada lmina ou chapa

    existe uma pelcula isolante, que causa a elevao das resistncias das espiras.

    2.13 PERGUNTAS PROPOSTAS

    Responda as seguintes perguntas:

    01) Por qu no se consegue isolar o plo norte do plo sul, em um im natural?

    02) O que so os dipolos magnticos elementares?

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    03) Como so classificados os corpos quanto imantao?

    04) Qual o significado de imantao?

    05) Como so classificados magneticamente os materiais e substncias?

    06) O que um im natural?

    07) Quais so os tipos de ims artificiais?

    08) Qual a diferena bsica entre um im artificial permanente e um im

    artificial transitrio?

    09) Qual o significado do ponto Curie?

    10) Como surge o campo magntico em um im natural?

    11) O que a corrente superficial de Ampre? Qual o seu efeito?

    12) Determine o campo magntico no interior de um solenide ou bobina.

    13) Qual o significado da intensidade de campo magntico? Como determin-

    la?

    14) O que acontece quando se introduz um material ferromagntico dentro de

    uma bobina com corrente?

    15) Qual a diferena entre densidade de campo magntico e intensidade de

    campo magntico? Como so representadas? Quais as suas unidades usuais?

    16) Qual o valor da permeabilidade magntica do vcuo? Como

    representada?

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    17) Qual o significado do vetor de magnetizao?

    18) O que a susceptibilidade magn tica de um material? Como

    representada? Qual a sua unidade?

    19) A susceptibilidade magntica definida para todos os materiais? Por qu?

    20) O que a permeabilidade magntica? Como representada? Qual a sua

    unidade usual?

    21) O que a permeabilidade magntica relativa? Como representada? Qual

    a sua unidade usual?

    22) Qual a diferena entre a permeabilidade magntica e a susceptibilidade

    magntica? Faa uma demonstrao matemtica.

    23) Quais so as principais caractersticas dos materiais paramagnticos?

    24) Quais so as principais caractersticas dos materiais diamagnticos?

    25) Cite exemplos de substncias e materiais paramagnticos?

    26) Cite exemplos de substncias e materiais diamagnticos?

    27) Por qu as substncias diamagnticas possuem 10 ->>>> mx ?

    28) Por qu as substncias paramagnticas possuem 10

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    31) Por qu os materiais ferromagnticos so facilmente imantados?

    32) Cite exemplos de materiais ferromagnticos.

    33) O que so as ligas metlicas?

    34) Como a influncia da temperatura nos materiais ferromagnticos?

    35) Por qu ocorre a saturao do campo magntico em um material

    ferromagntico?

    36) Qual o significado da curva de saturao de um material

    ferromagntico? Como pode ser obtida?

    37) A permeabilidade magntica de um material ferromagntico

    constante? Explique.

    38) Qual o significado de no-linearidade?

    39) O que uma curva de magnetizao?

    40) Qual o significado do ciclo de histerese? Como pode ser obtido? Explique.

    41) O que magnetismo residual ou remanescente?

    42) O que fora coerciva ou coercitiva?

    43) O que pode ser feito para eliminar o magnetismo residual de um material?

    Explique!

    44) Qual a importncia do magnetismo remanescente? Cite exemplos.

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    45) Que valor define a densidade de campo magntico mxima, no ciclo de

    histerese?

    46) Quando submetidos a um campo magntico externo, os materiais

    ferromagnticos sempre orientam os seus domnios magnticos elementares de forma

    paralela ao mesmo? Explique detalhadamente.

    47) Em termos de magnetizao, qual o efeito de uma corrente alternada

    senoidal?

    48) Quais so as caractersticas bsicas de um material magntico duro? Onde

    so usados?

    49) Quais so as caractersticas bsicas de um material magntico mole? Onde

    so usados?

    50) O que so as correntes de Foucault?

    51) Como surgem as correntes de Foucault?

    52) Como reduzir as correntes de Foucault?

    53) Quais so os feitos das correntes de Foucault?

    54) Qual a diferena entre correntes de Foucault e correntes parasitas?

    55) Qual o significado de cada um dos smbolos a seguir:

    B, H, n, N, m , 0m , rm , mx , L, l ?

    56) Quais so as dimenses usuais dos seguintes parmetros e variveis:

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    B, H, n, N, m , 0m , rm , mx , L, l ?

    2.14 BIBLIOGRAFIA

    [1] Milton Gussow, Eletricidade Bsica, Coleo Schaum, Editora McGraw-

    Hill do Brasil, Ltda, 1985.

    (Ver captulo 09 - pgs. 217 a 229);

    [2] Paul A. Tipler, Fsica, Volume 02a, Editora Guanabara Dois S.A.,

    Segunda Edio, 1986.

    (Ver captulo 29 - pgs. 803 a 819);

    [3] David Halliday e Robert Resnick, Fundamentos de Fsica , Parte 03 -

    Eletromagnetismo, LTC - Livros Tcnicos e Cientficos Editora Ltda, 1991.

    (Ver captulo 34 - pgs. 241 a 257);

    [4] L. Bessonov, Applied Electricity for Engineers, MIR Publishers -

    Moscow, 1973.

    (Ver captulo 03 - pgs. 89 a 95);

    [5] Syed A. Nasar, Mquinas Eltricas, Coleo Schaum, Editora McGraw-

    Hill do Brasil, Ltda, 1984.

    (Ver captulo 01 - pgs. 01 a 05);

    [6] Encyclopedia Britannica, Magnetism.

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    CAPTUL0 03 CIRCUITOS MAGNTICOS

    ______________________________________________________________________

    3.1 INTRODUO

    Os circuitos magnticos utilizam materiais ferromagnticos no sentido de

    direcionar e elevar a induo magntica (e conseqentemente o fluxo magntico). Isto

    possvel uma vez que os materiais ferromagnticos possuem altas permeabilidades.

    A figura 3.1, a seguir, apresenta um exemplo tpico de circuito magntico. Nesta

    configurao, pode-se notar o direcionamento do fluxo magntico proporcionado pela

    forma do ncleo.

    Figura 3.1 Ncleo Magntico

    3.2 EFEITO DA DISPERSO

    Os circuitos magnticos tambm so sujeitos aos efeitos da disperso. Assim,

    considere inicialmente a bobina ou solenide da figura 3.2 a seguir.

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    i

    N

    a b

    B

    dispersodisperso

    Figura 3.2 Efeito da Disperso em um Solenide

    Como pode ser observado, ocorre nas extremidades da bobina uma determinada

    disperso do campo magntico atravs do ar (pode-se ver, na figura, uma reduo da

    densidade de campo magntico B, nas extremidades). Este fenmeno conhecido

    como efeito das extremidades ou disperso.

    Considere agora o circuito magntico apresentado de forma esquemtica figura

    3.3 a seguir.

    Figura 3.3 Efeito da Disperso em um Ncleo Magntico

    Neste caso, o efeito da disperso tambm ocorre nas extremidades da bobina.

    Entretanto, devido alta permeabilidade proporcionada pelo material ferromagntico

    que constitui o ncleo, este efeito de disperso ser bastante reduzido. Observar que a

    alta permeabilidade oferece um caminho mais adequado circulao do fluxo

    magntico. Portanto, quanto maior for a permeabilidade do ncleo, menor ser o efeito

    da disperso de fluxo magntico pelo ar.

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    Da figura 3.3 tem-se que:

    dt fff +=

    Onde:

    tf = Fluxo magntico total produzido pela corrente;

    f = Fluxo magntico que circula pelo ncleo;

    df = Fluxo magntico de disperso pelo ar.

    Para materiais de alta permeabilidade tem-se que:

    dff >>>

    3.3 EQUACIONAMENTO

    3.3.1 Determinao de B e H

    Considere o circuito magntico da figura 3.4 a seguir. Para a linha mdia do

    mesmo pose-se escrever que:

    [ ]2/ mWbA

    Bf= (3.1)

    Onde:

    B = Densidade de campo magntico de cada uma das pernas do ncleo

    magntico;

    f = Fluxo magntico que circula atravs de cada uma das pernas do

    ncleo magntico;

    A = rea da seo reta transversal de cada uma das pernas do ncleo

    magntico.

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    Figura 3.4 Circuito Magntico

    A densidade de campo magntico B pode ser expressa por:

    ( ) HxB m += 10m

    Ou ainda,

    HB = m

    Portanto, determinado o valor de B (conforme expresso 3.1), e de posse da

    curva de saturao do material, pode-se calcular o valor da intensidade de campo

    magntico H correspondente, para cada uma das pernas do ncleo magntico.

    Desta forma, considere a curva de saturao apresentada figura 3.5 a seguir.

    Figura 3.5 Curva de Saturao do Material

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    Para cada valor de B haver um valor de H correspondente. Assim, pode-se

    escrever tambm que:

    [ ]mAEBH /m

    = (3.2)

    3.3.2 Definio de Fora Magnetomotriz

    Foi visto anteriormente que:

    liN

    inH==

    Desta forma, pode-se escrever tambm que:

    iNlH =

    Define-se como fora magnetomotriz, o produto lH ou o produto iN ,

    ento:

    [ ]AEiNlHF == (3.3)

    Onde:

    F = Fora magnetomotriz (ou simplesmente f.m.m.).

    Esta definio realizada como uma analogia fora eletromotriz nos circuitos

    eltricos. Tal correspondncia ser analisada no item seguinte.

    3.4 ANALOGIA ELETROMAGNTICA

    3.4.1 Introduo

    Seja o circuito eltrico da figura 3.6 a seguir.

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    Figura 3.6 Circuito Eltrico

    Para este circuito eltrico podem ser escritas as seguintes equaes:

    iRe =

    Sendo:

    Al

    Al

    R

    ==s

    r

    E ainda,

    lA

    G = s

    Onde:

    e = Fora eletromotriz (f.e.m.);

    R = Resistncia eltrica total do circuito;

    G = Condutncia eltrica total do circuito;

    i = Corrente eltrica que passa pelo circuito eltrico;

    l = Comprimento total do condutor;

    A = rea da seo reta transversal do condutor;

    r = Resistncia eltrica do material utilizado como condutor;

    s = Condutividade eltrica do material utilizado como condutor.

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    Seja agora o circuito magntico apresentado figura 3.7:

    Figura 3.7 Circuito Magntico

    Na figura 3.7, tem-se que:

    F = Fora magnetomotriz (f.m.m.);

    N = Nmero de espiras da bobina;

    I = Corrente que circula na bobina;

    f = Fluxo magntico que circula pelo ncleo.

    Observando as figuras 3.6 e 3.7, pode-se concluir que: enquanto no circuito

    eltrico circula uma corrente eltrica i, no circuito magntico circula um fluxo

    magntico f . Por outro lado, no circuito eltrico existe uma fonte de fora

    eletromotriz e e no circuito magntico existe uma fonte de fora magnetomotriz F.

    Portanto, pode-se fazer a seguinte analogia entre os dois circuitos:

    i f e F

    Para o circuito eltrico, pode-se escrever que:

    iNlHF ==

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    l

    Al

    BlHF

    ===

    mf

    m

    f

    m

    =

    Al

    F (3.4)

    No circuito eltrico, pose-se escrever que:

    iRe =

    Al

    Al

    R

    ==s

    r

    i

    Al

    e

    =s (3.5)

    Comparando as equaes (3.4) e (3.5), pode-se observar uma analogia entre os

    seguintes termos:

    Al

    R

    =s

    e Am

    1

    A primeira relao corresponde resistncia (R) do circuito eltrico. A segunda,

    portanto, corresponderia a uma certa resistncia do circuito magntico. Atravs desta

    analogia, define-se:

    [ ]1-

    = HA

    lRe m

    (3.6)

    Onde:

    Re = Relutncia magntica do ncleo ou do circuito magntico.

    Desta forma pode-se escrever que:

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    f= eRF (3.7)

    Onde (3.7) uma equao anloga lei de Ohm no circuito eltrico.

    Por outro lado, o inverso da relutncia magntica definido como sendo a

    permencia magntica (Pe), de forma anloga a condutncia (G) no circuito eltrico.

    Desta forma, pode-se escrever que:

    [ ]HlA

    RP

    ee

    == m1 (3.8)

    3.4.2 Clculo da Indutncia do Circuito Magntico

    Sabe-se que:

    iLN == fl

    Onde:

    l = Fluxo enlaado ou concatenado;

    L = Indutncia da bobina.

    Portanto,

    lN

    iL

    fl ==

    Mas como,

    NlH

    iiNlH==

    E ainda,