Apreciação Critica Do Livro Jesus Símbolo de Deus
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Associação Diocesana de ensino e cultura de Caruaru FACULDADE DE FILOSOFIA CIÊNCIAS E LETRAS DE CARUARUCurso: Bacharelado em Teologia - IV Período Disciplina: Cristologia IIProfessor: Pe. Eronildo CruzAluno: Francinaldo Feitoza da Cunha
A obra “Jesus símbolo de Deus”
O livro, Jesus símbolo de Deus, publicado no ano de 1999 por o padre Roger
Haigth da congregação “Companhia de Jesus”, os jesuítas, pretende apresentar um
síntese da cristologia para o mundo contemporâneo, mas devido o método por ele
utilizado e as fontes adotadas levaram a cometer graves erros teológicos e doutrinais e
também no tocante a alguns dogmas da Igreja. O livro trata-se de um ensaio sobre
teologia sistemática e em especial a cristologia e a soteriologia, mais como já deixa
claro no titulo do livro ele é recheado de graves erros que pode levar a uma má
interpretação.
Ele começa falando da pós- -modernidade, da consciência do pluralismo e da
responsabilidade diante da humanidade nestes tempos, concluindo que a teologia cristã
é uma disciplina pluralista e que esse caráter alcança a sociedade, inclusive as igrejas.
Mesmo que inspiração e inerência ainda tivessem significado, a citação de um texto não
estabelece um posicionamento teológico, possível apenas através da hermenêutica.
Dividida em 16 capítulos, a obra tem quatro partes – questões de método, fontes
bíblicas, a tradição clássica e cristologia construtiva. O autor não pretende “acomodar a
mensagem evangélica à cultura humana, e sim permitir que a substância do evangelho
assuma a forma de uma cultura local” (p. 11). Cada partes bem distinta onde, em cada
uma, ele pretender apresentar um tema da cristologia e todo o seu processo a fim de
chegar a um direcionamento para a cristologia pluralista da modernidade.
Na primeira e na segunda parte ele busca refletir sobre a teologia e a sua relação
com a cristologia. Para ele a “teologia cristã é uma disciplina pluralista, e esse
pluralismo atinge cada Igreja denominacional. As poucas premissas partilhadas por
todos os teólogos cristãos com frequência não são suficientes para assegurar a
compreensão mútua, e estão longe de permitir o consenso” (p. 17). No tocante a
cristologia ele nos afirma que esta o foco, desta, “incide sobre o próprio Jesus e a
posição por ele ocupada, relativamente a Deus e aos demais seres humanos, como
Cristo”. Ela “não pode ser negligenciada, como tampouco a cristologia pode ignorar as
respostas clássicas a essa questão que foram formuladas no período da patrística” (p.
31). É também aqui que ele apresenta sua metodologia considerada por ele como a
partir de baixo, pois parte da pessoa Jesus de Nazaré. E por fim analisa a real situação
da cristologia atual.
Na terceira parte ele começa refletido sobre a estrutura da cristologia e sua
análise está organizada em quatro seções. Ele próprio nos apresenta cada uma das partes
resumidamente. A primeira discorrerá, a largos traços, sobre a experiência religiosa
contemporânea, no contexto da historicidade e do pluralismo religioso. Proporá uma
teoria geral da religião em termos de epistemologia religiosa: todas as religiões são
funções de meios históricos. A segunda enunciará tão-somente o princípio em
consonância com o qual Jesus é o meio da fé especificamente cristã. A terceira seção
subsume a base experiencial e mediada da religião em uma teoria do conhecimento
religioso que o concebe em termos simbólicos: todo conhecimento religioso é
conhecimento simbólico. Quando o cristianismo e a cristologia são entendidos no
contexto dessa teoria, pode-se formular a tese segundo a qual a estrutura elementar da fé
cristã tem Jesus como seu símbolo mediador central em seu encontro com Deus. A
quarta seção do capítulo extrai algumas das consequências da estrutura simbólica da
cristologia que lançam luz sobre o desenvolvimento das cristologias neotestamentárias e
esclarecem a tarefa da cristologia construtiva (p. 224)
E por fim a quarta parte na qual constitui ensaio sobre cristologia construtiva e
sistemática; ele considera esses pequeno estudo como que um salto do período dos
concílios cristológicos clássicos para o período a atual. Nesta parte ele busca apresentar
uma interpretação mais detalhada da situação atual da cristologia no ocidente e seu
principal objetivo é representar e interpretar a situação da cristologia nos primórdios do
século XXI. Esta dividida em seis capítulos. Partindo das cristologia de Friedrich
Schleiermacher e de Karl Barth. Ele busca refletir a ênfase na cristologia dos dois na
qual reflete uma convicção de que a amplitude da cristologia moderna pode ser
adequadamente ilustrada pelos contrastes entre eles e pelas tensões polares que se
manifestam, quando analisados em conjunto. Assim, a partir da analise dos dois e do
campo mais abrangente das cristológias ao longo do século XX ele busca revelar certa
consistência entre as modernas cristológias, bem como a emergência de novos
problemas que requerem novas estratégias. (p. 350)
Apreciação critica do livro Jesus símbolo de Deus
Fazendo uma leitura critica do livro Jesus símbolo de Deus do padre Roger
Haigth e tomando por base e fundamentação a notificação da congregação para a
Doutrina da Fé publicada em 13 de dezembro de 2004 acerca dos erros doutrinais
expostos no livro elaboraremos uma analise critica do livro e de seu conteúdo.
A notificação aqui usada como fundamento é um esclarecimento da congregação
para todos os fieis e o povo de Deus em geral acerca dos pontos divergentes e que
contradiz a fé e a doutrina da santa Mãe Igreja. Foi a partir desses pontos divergentes
que embasamos e elaboramos nossa apreciação.
Depois de uma leitura aprofundada do livro e de uma breve apresentação do
livro na primeira parte iremos agora aqui apresentar e analisar os pontos que vão de
encontro com a doutrina da Igreja A Congregação para a doutrina da Fé, após uma
cuidadosa avaliação decidiu notificar o ordinário do autor confiando a ele diretamente o
caso. Isso foi feito em 14 de fevereiro de 2000. A causa transmitida continha uma serie
de observações e pedia ao propósito geral da companhia de Jesus que dado a conhecer
ao autor os erros presentes no seu livro, ele, fosse submetido ao esclarecimento
necessário e a retificações a fim de esclarecer os erros presentes.
De principio foi apresentado à resposta do autor mais esta não esclarecia e nem
retificava os erros assinalados. Um outro fato que chamava a atenção era a grande
difusão que o livro tinha tomado. Dai foi preciso submeter o livro a um exame doutrinal
e a uma avaliação mais apurada do método teológico utilizado chegando a conclusão de
que o livro continha graves afirmações errôneas e sua divulgação constituía um grave
dano para os fiéis. Com isso decidiu-se a publicação da nota com a identificação dos
erros teológicos e doutrinais afim de alertar os fiéis. É verdade que foi transmitida uma
segunda notificação de urgência convidando o autor a entregar no prazo de dois meses
úteis, um esclarecimento da sua metodologia e uma correção, em fidelidade ao
ensinamento da Igreja, dos erros por ele cometido no livro, mas esta foi insatisfatória.
Os erros e as afirmações contrarias as verdades de fé contidas no livro vão desde
a metodologia utilizada ao tocante a trindade e ao valor salvifico de Jesus. São
afirmações que toca a “professio fidei” da Igreja. Elencaremos aqui os pontos colocado
por a notificação e depois comentaremos cada um deles fazendo uma comparação com
o ensinamento da Igreja. Os erros são relativos à:
Preexistência do Verbo;
Divindade de Jesus;
Trindade;
Valor salvífico da morte de Jesus;
Unicidade e universalidade da mediação salvífica de Jesus e da Igreja;
Ressureição de Jesus;
Método teológico.
O método teológico
Ele em seu prefácio fala das motivações que levaram a elaboração do livro e as
justificações. Com isso chega ao tema da inculturação da mensagem evangélica e que
esta assuma a forma da cultura local. “Inculturar o evangelho significa permitir que a
palavra de Deus exerça um poder no interior da vida das pessoas sem, ao mesmo tempo,
impor fatores culturais alheios que dificultem a verdadeira recepção dessa palavra”.
Após justificar suas convicções nos diz: “desenvolvi esta cristologia convencido de que
o cristianismo, no século XXI, deverá enfrentar novos problemas e questões, os quais ,
por sua vez, irão efetivamente engendrar novas compreensões e padrões de
comportamento, tanto no seio das igrejas como por seu intermédio”.
Chegando ao seu método teológico, coisa que depois ao longo dos capítulos ele
vai expor e explicar, que é caracterizado como “a partir de baixo”: “se fosse uma
cristologia de cima, intitular-se-ia ‘Cristo, o sacramento de Deus’, em que sacramento é
explicitamente um símbolo do encontro humano com Deus. Por ser uma cristologia de
baixo, Jesus é chamado ‘símbolo de Deus’, pois, conquanto esse símbolo seja um
sacramento e nunca meramente um símbolo, ‘símbolo’ é a categoria interdisciplinar
mais ampla e mais conhecida”. Por isso seu método é criticado e improprio e isto o
levam a afirmar que Jesus é o símbolo de Deus ao invés de sacramento de Deus. “A
cristologia, portanto, começa com Jesus; a cristologia de baixo é aquela que principia
por Jesus de Nazaré” (p. 48).
Ele também em suas paginas coloca em duvida a autenticidade da tradição ao
afirmar que esta deve ser acolhida, mais de uma forma critica na atual situação. E ao
afirmar que se deve estabelecer uma “correlação critica”. A cerca disso nos diz a
notificação:
Mas esta "correlação crítica" traduz-se, de facto, numa subordinação dos conteúdos da fé à sua plausibilidade e inteligibilidade na cultura pós-moderna (cf. pp. 49-50, 127, 195, 241, 249, 273-274, 278-282, 330-334). Afirma-se, por exemplo, que devido à actual consciência pluralista, "não se pode continuar a afirmar ainda (...) que o cristianismo é a religião superior ou que Cristo é o centro absoluto ao qual todas as outras mediações históricas são relativas. (...) Na cultura pós-moderna é impossível pensar (...) que uma
religião possa pretender ser o centro para o qual todas as outras devem ser reconduzidas".1
No tocante as definições e formulas dogmáticas assim nos diz o autor: “na nossa
cultura não possuem o mesmo significado de quando foram elaboradas”. Justificando
que no nosso tempo e na nossa cultura não possuem o mesmo valor e o mesmo
significado de quando foram elaboradas. Toca também em outros pontos como a
cristologia e elabora seu pensamento baseado em uma historicidade radical e uma
consciência pluralista.
Acerca disso tudo nos diz a notificação:
Estas posições metodológicas conduzem a uma interpretação gravemente redutiva e desviante das doutrinas da fé, dando lugar a afirmações erróneas. Em particular, a opção epistemológica da teoria do símbolo, do modo como é compreendida pelo Autor, danifica na base o dogma cristológico que, a partir do Novo Testamento, proclama que Jesus de Nazaré é a pessoa do Filho/Verbo divino que se fez homem.
A preexistência e a divindade de Jesus
Partindo do método teológico errôneo que ele utiliza chegamos as definições
acerca da preexistência do Verbo de Deus, Jesus. O credo Niceno-Constantinopolino
nós diz: “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai
antes de todos os séculos”. Tomando por base essa orientação defina em Nicéia e
muitos outros concílios pretendemos negar as suas observações e apostasias acerca da
preexistência do Verbo. Sua hermenêutica o conduz a negar e não reconhecer,
especialmente, no Novo Testamento a base doutrinaria da preexistência do Verbo,
Jesus. Ele inclusive comentando os textos canônicos, João em especial, ele chega a
negar o prólogo que diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por
intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (Cf. Jo 1, 1-3). Para ele o
sentido de preexistência é colocado por João como meramente metafórico. A Igreja ao
contrario reconhece a legitimidade do texto de são João como canônico e professa
fielmente como uma verdade de fé, como vimos no credo anteriormente.
Partindo em relação aos concílios cristologicos, e em especial o de Nicéia, nos
diz à notificação que acerca do livro:
(...) Ele lê no pronunciamento do Concílio de Niceia apenas a intenção de afirmar “que nada menos que Deus era e está presente e atua em Jesus”, considerando que o recurso ao termo "Logos" deveria ser simplesmente
1 CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Notificação sobre o livro "Jesus symbol of god" do padre Roger Haight, s. J. disponível em: http://www.doctrinafidei.va/documents/ rc_con_cfaith_doc_20041213_notification-fr-haight_po.html
considerado como pressuposto, e por isso não objeto de definição, e por fim não plausível na cultura pós-moderna.2
Para ele o dogma de Nicéia não ensina a preexistência do Verbo e nem que este
era consubstancial ao Pai e por Ele gerado. Partindo de uma cristologia da encarnação
ele que afirmar que Jesus é somente e nada mais que o símbolo concreto de Deus que se
revela na historia como Logos. Esse tipo de pensamento a notificação condena dizendo:
“Esta interpretação não está em conformidade com o dogma de Niceia, que afirma
intencionalmente, também contra o horizonte cultural do tempo, a real preexistência do
Filho/Logos do Pai, que se encarnou na história para a nossa salvação”.3
O método teológico e o fato de negar a preexistência do Verbo/filho de Deus faz
com que ele meio que automaticamente caia no erro de também negar a divindade de
Jesus para ele “decerto Jesus não revela nenhuma consciência de que tinha duas
naturezas e de que estava hipostaticamente unido ao Verbo divino”(p 58). Se para ele
Jesus não preexistia como Logos no seio do Pai este por sua vez não tem também uma
existência divina. Novamente e mais uma vez chegando a ferir a fé da Igreja e fazer
uma má interpretação da Escritura e dos concílios.
Sua linguagem e terminologia utilizada nos levar a concluir e afirmar isso.
Muitas vezes e de muitos modos ele ao se referir a Jesus utiliza termos como, “deve ser
considerado divino”, “deve ser Deus verdadeiro”, “como Deus”, “símbolo de Deus” e
etc. Esses tipos de colocações deixam muitas duvidas, pois nem afirma e deixa uma
grande interrogação levando o leitor a concluir um pensamento errôneo sobre as
verdades de fé.
Trata-se, contudo, de afirmações que devem ser compreendidas à luz da sua posição sobre Jesus como "mediação" simbólica ("medium"): Jesus seria "uma pessoa finita", "uma pessoa humana" e "um ser humano como nós". O "verdadeiro Deus e verdadeiro homem" deveria ser interpretado, segundo o Autor, no sentido de que "verdadeiro homem" significaria que Jesus seria "um ser humano como todos os outros", "um ser humano e uma criatura finita"; enquanto que "Deus verdadeiro" significaria que o homem Jesus, na qualidade de símbolo concreto, seria ou mediaria a presença salvífica de Deus na história: só neste sentido ele poderia ser considerado como "verdadeiramente divino ou consubstancial a Deus".
Esta interpretação é contraria a fé da Igreja que crê e professa em Jesus Cristo,
Filho eterno de Deus, que se fez homem. Assim nos diz o concilio de Calcedônia:
Segundo, pois, os santos padres, com unanimidade ensinamos que se confesse que um só e o mesmo Filho, o Senhor nosso Jesus cristo, perfeito na sua divindade e perfeito na sua humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem “composto” de alma racional e de corpo, consubstancial ao Pai
2 CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Notificação sobre o livro "Jesus symbol of god" do padre Roger Haight, s. J. disponível em: http://www.doctrinafidei.va/documents/ rc_con_cfaith_doc_20041213_notification-fr-haight_po.html 3 Idem.
segundo a divindade e consubstancial a nós segundo a humanidade, semelhante em tudo a nós, menos no pecado (cf. Hb 4,15), gerado do Pai antes dos séculos segundo a divindade e, nestes últimos dias, em prol de nós e de nossa salvação, “gerado” de Maria, a Virgem, a Deípara, segundo a humanidade.(Ds 451)
E o IX sínodo de Toledo em 675/676 na sua profissão de fé completa:
Professamos também que o Filho é nascido da substância do Pai, sem inicio, antes dos séculos, porém não criado: pois nem o Pai existiu jamais sem o Filho, nem o Filho sem o Pai. E contudo, o Pai não é do Filho como o Filho do Pai, pois o Pai não recebeu a geração do Filho, mas o Filho do Pai. O Filho é portanto Deus pelo Pai, o Pai ao invés é Deus, mas não pelo Filho; ele é de fato Pai do Filho, não Deus pelo Filho; este, ao contrário, é Filho do Pai e Deus pelo Pai. Todavia, o Filho é igual em tudo a Deus Pai, já que o seu nascimento nem teve inicio, nem cessou num determinado momento. (....) Este Filho é também Filho por natureza, não por adoção, ele que Deus Pai, como se deve crer, gerou não por vontade, nem por necessidade, já que em Deus não cabe qualquer necessidade, nem a vontade precede a sabedoria.(Ds 526)
A Santíssima Trindade
Conforme estamos apresentando os pontos divergentes e errôneos o levam a
também formular uma errada doutrina trinitária. Tudo isso em consequência
primeiramente do método e depois de algumas afirmações por ele feitas. Acerca da
pessoa de Jesus Cristo nos diz ele que “Jesus Cristo é como filho, a segunda pessoa da
trindade, Deus como reconciliador; Jesus Cristo não é um arremate da criação, mas um
inesperado milagre em um mundo dissoluto. Tendo sua origem como a segunda pessoa
da divina trindade, Jesus de Nazaré é o Verbo de Deus” (p. 360). O fator de Jesus
chamar Deus de Pai e até mesmo o de atribuírem a Jesus o nome de Cristo é uma
Linguagem simbólica pois para ele “A categoria do símbolo é utilizada aqui como base
para a descrição de todo conhecimento religioso da realidade transcendente. A revelação
ocorre no âmbito da experiência humana através da mediação simbólica” (p. 236).
Ele é critico da doutrina da Trindade imanente e vê certa inferência da
experiência de Deus em Jesus e na comunidade com o Espirito santo não chegando a
afirmar a realidade da diferenciação das pessoas no interior da divindade mais coloca
questionamentos que levam a reflexão sobre esse ponto.
Para definir sua doutrina trinitária ele se utiliza do pensamento de Friedrich
Schleiermacher e de Karl Barth e sobre este ultimo ele nós diz: “Ele propõe uma
clássica união enhipostática, ou seja, a natureza humana de Jesus Cristo não tem
nenhuma personalidade ou existência por si própria, mas subsiste na pessoa do verbo, e
existe pelo poder do verbo” (p. 361).
Sabemos perfeitamente que esta não é a visão da Igreja e não estamos aqui de
acordo com suas convicções para refutar esse argumento nos utilizaremos dos escritos
de Leão Magno que nos diz na sua carta a Torríbio, bispo de Astorga, intitulada quam
laudabiliter: “a fé católica professa a Trindade da Divindade de tal modo homoúsios
“igual na essência”, que crê que o Pai e o Filho e o Espirito Santo são indivisos sem
confusão , sempiternos sem tempo, iguais sem diferença, já que não a unicidade da
pessoa, mas da essência realizada a unidade na Trindade (...)”. (DS, 284).
No seu ponto de vista todos os ensinamentos do Novo testamento não devem ser
interpretados a luz de uma Trindade Imanente. Mas sugere uma sucessiva inculturação
que levaria a hipostasiar os símbolos “Logos e Espirito” o que seria duas metáforas de
duas diversas mediações históricos-salvífico do Deus Uno e Único. Contra essas
colocações também adverte a notificação da Doutrina da Fé:
Uma visão como esta, correspondente à teoria da experiência religiosa em geral, leva o Autor a abandonar a compreensão correcta da própria Trindade, interpretada "como uma descrição de uma vida interior de Deus diferenciada" (p. 484). Como consequência, "uma noção de Deus como comunidade, a ideia de hipostasiar as diferenciações em Deus e de as chamar pessoas, de tal forma que elas estejam em comunicação dialógica recíproca, são contrárias ao ponto principal da própria doutrina" (p. 483), ou seja, "que Deus é uno e único"4
Suas ideias e colocações são contrarias a fé católica por apresentar uma visão
contraria sobre a unicidade de Deus na Trindade. Em relação a isso poderíamos elencar
diversas definições de vários concílios realizados ao longo da historia da Igreja dentre
ele o Concilium Lateranense IV e também a definição de Adeodato II no XI sínodo de
Toledo que diz: “Confessamos e cremos que a Santa e Inefável Trindade, Pai, Filho e
Espirito Santo, por natureza é um só Deus de uma Única substância, de uma única
natureza, de uma única majestade e força (DS, 525).
O valor salvífico da morte de Jesus
Atribuindo o significado da morte de Jesus para seus seguidores, os discípulos,
como uma interpretação gradual a luz do Antigo Testamento e do evento pascal ele
tenta retirar ou replicar o valor sacrificial, expiatório e redentor da morte de Jesus.
Nesse caso, seu caráter simbólico implica que os fatos narrados acerca de Jesus, ou do encontro dos discípulos com Jesus, ou do desaparecimento de seu corpo, não devem ser tomados como relatos históricos descritivos, e sim como afirmações que expressam a experiência e a convicção da comunidade quanto à realidade ontológica de que Jesus se encontra vivo, ressuscitado e exaltado junto a Deus. (p. 246)
4 CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Notificação sobre o livro "Jesus symbol of god" do padre Roger Haight, s. J. disponível em: http://www.doctrinafidei.va/documents/ rc_con_cfaith_doc_20041213_notification-fr-haight_po.html
Afirma ainda que não seria necessário que Jesus tenha considerado a si mesmo
como Salvador universal. Para ele “O caráter simbólico do conceito de ressurreição tem
incidência sobre a afirmação contemporânea de que Jesus ressuscitou. ‘Ressurreição’ é
um termo simbólico” (p. 247). Pois essa linguagem tradicional que prega o sofrimento,
o sacrifício de Jesus a Deus, a morte para cumprir a Justiça de Deus não encontra mais
sentido no mundo de hoje. Isto ofende a sensibilidade da pós-modernidade e levanta
barreiras para um apreço positivo de Jesus Cristo. Tudo não passou de uma
interpretação metafórica e simbólica partindo da experiência de Jesus como mediador
da salvação de Deus.
As cristologias neotestamentárias são interpretações de Jesus; são afirmações simbólicas. Comportam uma referência a Jesus de Nazaré, agora experienciado como vivo e exaltado junto a Deus. Sua lógica parte da memória de jesus, condicionada pela experiência dele como o mediador da salvação de Deus, em direção àquele que agora de acha junto a Deus e é chamado messias ou Cristo. (p. 248)
A este respeito nós diz a fé da Igreja no decreto de Iustificatione do concilio
tridentino no qual encontramos no Denzinger numero 1522.
E fazendo um paralelo com a necessidade do mundo e da pregação do valor
salvífico de Cristo na pós-modernidade podemos tomar por base e fundamento de
nossas ideias a Lumem Gentium do concilio ecumênico Vaticano II no numero três
quando ao se Referir a Igreja e a sua missão e fundação no Próprio cristo nos diz:
Tal começo e crescimento exprimem-nos o sangue e a água que manaram do lado aberto de Jesus crucificado (cfr. Jo. 19,34), e preanunciam-nos as palavras do Senhor acerca da Sua morte na cruz: “Quando Eu for elevado acima da terra, atrairei todos a mim” (Jo. 12,32 gr.). Sempre que no altar se celebra o sacrifício da cruz, na qual “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1 Cor. 5,7), realiza-se também a obra da nossa redenção. Pelo sacramento do pão eucarístico, ao mesmo tempo é representada e se realiza a unidade dos fiéis, que constituem um só corpo em Cristo (cfr. 1 Cor. 10,17). Todos os homens são chamados a esta união com Cristo, luz do mundo, do qual vimos, por quem vivemos, e para o qual caminhamos.
Como vimos atestado e comprovado por diferentes concílios de diferentes
tempos esta posição do autor é equivocada e não está em comunhão com a fé e doutrina
da Igreja que reconhece e sempre reconheceu em Jesus Cristo uma autentica
intencionalidade Redentora em relação a sua Morte. Em relação aos textos do novo
testamento “A Igreja vê nas afirmações do Novo Testamento, que se referem
especificamente à salvação, e em particular nas palavras da instituição da Eucaristia,
uma norma da sua fé acerca do valor salvífico universal do sacrifício da cruz”.5
Unicidade e universalidade da mediação salvífica de Jesus e da Igreja
5 Idem.
No tocante esse ponto o padre Roger formado por uma ideologia de que Jesus é
um símbolo de Deus em suas ações mediadoras de Deus retira de Jesus o valor
Salvífico, universal e único operado por Jesus e transmitido a sua Igreja que é seu
Corpo. Desse modo a presença e ação de Jesus é ser símbolo de Deus, isto é, ser uma
mediação da experiência de Deus na história de maneira direta e ainda não elaborada,
pois a salvação em toda a sua universalidade pertence somente a Deus.
Aqui ele sugere que passemos de uma cristologia propriamente dita para um
teocentrismo, pois “só Deus realiza a salvação, e que a mediação universal de Jesus não
é necessária”. Pois Jesus na posição de símbolo representa somente um objeto da ação
de Deus na humanidade. “Deus não agiu por meio de Jesus de maneira historicamente
empírica. Deus atuou por meio de Jesus como que por um meio, de modo que o evento
salvífico ocorre no drama da revelação e da fé em cada fiel e em cada comunidade como
um todo” (p. 35). A salvação de Deus não esta unicamente ligada a Jesus de Nazaré.
Este “seria ‘normativo’ para os cristãos, mas ‘não-constitutivo’ para as outras
mediações religiosas” nos adverte a notificação acerca de seu pensamento. Assim ele
sugere em relação a missão universal da Igreja que tenha “a capacidade de reconhecer
outras religiões como mediações da salvação de Deus no mesmo nível do cristianismo”.
É impossível para ele em uma sociedade pós-moderna uma religião pensar e
pretender que possa ser o centro para onde todas as outras possam ser conduzidas. Não é
possível, pois estes mitos e concepções estão praticamente superadas. A notificação
buscando corrigir essas ideias diz:
Esta posição teológica nega fundamentalmente a missão salvífica universal de Jesus Cristo (cf. At 4, 12; 1 Tm 2, 4-6; Jo 14, 6) e, por conseguinte, a missão da Igreja de anunciar e comunicar o dom de Cristo salvador a todos os homens (Mt 28, 19; Mc 16, 15; Ef 3, 8-11), ambas testemunhadas com clareza pelo Novo Testamento e sempre proclamadas pela fé da Igreja.6
Na fé da Igreja e em suas declarações e definições afirmamos e sustentamos que
esta posição é errônea e que vai de encontro com os ensinamentos conciliares e
doutrinas da Mãe Igreja. Esta reconhece que:
A tese que nega a unicidade e universalidade salvífica do mistério de Jesus Cristo também é apresentada. Tal posição não tem fundamento bíblico. Na verdade, a verdade de Jesus Cristo, Filho de Deus, Senhor e único Salvador, que através do evento da sua encarnação, morte e ressurreição trouxe a história da salvação para a realização, e que tem nele a sua plenitude e no centro, deve ser acreditava firmemente como um elemento constante da fé da Igreja.7
6 CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Declaração dominus Iesus: sobre a unicidade e universalidade salvifica de Jesus cristo e da su Igreja. 7ª ed. São Paulo: Paulinas, 2000, n. 13.7 CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Notificação sobre o livro "Jesus symbol of god" do padre Roger Haight, s. J. disponível em: http://www.doctrinafidei.va/documents/ rc_con_cfaith_doc_20041213_notification-fr-haight_po.html
Outras considerações finais
Orientado e guiado por essas considerações de que Jesus é o símbolo isto é , o
objeto de Deus e que a mensagem neotestamentaria é metafórica ele coloca em coloca
em duvidas muitas outras verdades de fé e em relação a vida de Jesus. Um ponto para o
qual a otificação chama a atenção é a Ressureição de Jesus. Acerca disso nos diz o
padre Roger: “Do ponto de vista dos discípulos e dos seres humanos em geral, a
ressurreição envolve simbolicamente a salvação” (p. 246). Ele tenta refazer a partir de
sua ideia de símbolo o anuncio da ressureição. “O caráter simbólico do conceito de
ressurreição tem incidência sobre a afirmação contemporânea de que Jesus ressuscitou.
‘Ressurreição’ é um termo simbólico” (p. 247). Para ele a ressureição é uma atitude
unicamente que pode ser reconhecida no valor a partir da fé e da esperança, é uma uma
realidade transcendente. “Fé e revelação não são conhecimentos no sentido de qualquer
forma de conhecimento de que dispomos neste mundo, pois seu objetivo é
essencialmente transcendente” (P 25). Para ele todo o evento pascal não passa de uma
metáfora criada por os discípulos ao lembrarem das revelações que Deus tinha
manifestado na pessoa de Jesus.
Ele também acorre em erro em muitos outros pontos. Como dissemos no inicia
tudo é fruto de seu primeiro erro que é o método teológico e a tentativa de apresentar
uma cristologia que favorece toda a sociedade pluralista do Século XXI. A santa mae
Igreja guarda e conserva valores e verdade desde sua fundação que fazem parte do
Depositum Fidei a ela confiado por o próprio Cristo e que não podem ser alterados. A
interpretação de nosso autor, o padre Roger, é errônea e leva a uma posição
incompatível com a doutrina da Igreja, como nos alerta a notificação. “Ela é elaborada
com base em pressupostos erróneos e não com base nos testemunhos do Novo
Testamento, segundo os quais as aparições do Ressuscitado e o sepulcro vazio estão na
base da fé dos discípulos na ressurreição de Cristo e não o contrário”.8 Assim criticamos
e negamos as ideias e convicções por ele apresentadas e defendida, isto para
salvaguardar a fé da Igreja e sua doutrina.
Referencias bibliográficas
1. CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Notificação sobre o livro
"Jesus symbol of god" do padre Roger Haight, s. J. disponível em:
8 CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Notificação sobre o livro "Jesus symbol of god" do padre Roger Haight, s. J. disponível em: http://www.doctrinafidei.va/documents/ rc_con_cfaith_doc_20041213_notification-fr-haight_po.html
http://www.doctrinafidei.va/documents/rc_con_cfaith_doc_20041213_notificati
on-fr- haight_po.html acessado em 04 de dezembro de 2014 as 15hs.
2. _________ Declaração Dominus Iesus: sobre a unicidade e universalidade
salvifica de Jesus cristo e da su Igreja. 7ª ed. São Paulo: Paulinas, 2000, n. 13.
3. CONSTITUIÇÃO Lumem Gentium sobre a Igreja. In: CONCÍLIO VATICANO
II. 1962-1965. São Paulo: Paulus, 2007.
4. DENZINGER, H. Compêndio dos símbolos, definições e declarações da fé e da
moral. São Paulo: Paulinas/Loyola, 2007.
5. HAIGHT, Roger. Jesus, símbolo de Deus. São Paulo: Paulinas, 2003.