Aprender e ensinar 2009 jan

3
azambuja.pro.br Rua da Bica, 410 – Conj. 192 D – 02925-000 – São Paulo/SP Tel: 55 11 3931-3849/ 9261-9649 (Claro)/ 7568-6086 (Vivo) www.azambuja.pro.br – [email protected] Aprender e Ensinar: e-Teaching – a segunda onda do EAD Antonio Cândido Carneiro de Azambuja Neto* Muito tem sido feito e falado sobre educação. Mais recentemente, com a Internet, ganhou força o que ficou conhecido com o “elearning”. Mas o que é isso? Na esteira do “eletronic-mail”, o popular e-mail, tudo o que foi levado do mundo real para a condição virtual ganhou o prefixo “e”. Decorrem daí o “e- commerce” (comércio eletrônico) e o “e-business” (negócios eletrônicos), por exemplo. A educação também foi levada para a Internet – ou melhor, essa, a Internet, nasceu no meu acadêmico. Como um depósito infinito em sua limitação de espaço, era natural que o mundo do conhecimento ocupasse um lugar de destaque na rede internacional de informação. A possibilidade efetiva de universalização do saber pela simples disponibilização do conhecimento, facultando a qualquer um o acesso à informação permitiria uma justiça social real. Todo o conhecimento já apreendido com a educação à distância (EAD) ganharia proporções astronômicas com a introdução da Internet como plataforma de disseminação desse conteúdo. Ganhou espaço na vida cotidiana o termo “e-learning” e a associação como sinônimo de educação à distância na Internet foi imediata e natural. Entretanto, essa associação carece de um melhor entendimento. Comecemos esse entendimento pela vertente semântica. Educação é uma via de mão-dupla. Compreende dois vastos mundos: o aprender e o ensinar. Cada indivíduo tem suas formas próprias de aprender. Uns mais conceituais outros práticos. Uns mais rápidos outros mais lentos. E dada a condição dialética do ser humano, a subjetividade dessa aprendizagem ganha dimensões variadas. Por outro lado, ensinar tem sido alvo de inúmeras teorias, técnicas e métodos de aplicação e de desenvolvimento do saber. No mundo do “personal computer” (PC) era natural que se desenvolvesse a EAD seguindo a vertente do “aprender a distância” uma vez que os alunos se encontram fora das salas de aulas. Tanto que as plataformas mais difundidas, bem como as iniciativas mais encontradas pelas ferramentas de busca na Internet primam pela oferta de ações de “e-learning”. Ao considerarmos a relativa facilidade e principalmente o baixo custo de oferecer conhecimento de qualidade a qualquer um que tenha acesso à grande rede, basta assegurar a identificação de quem efetivamente se submeteu à ação de aprendizagem, evitando que qualquer um possa ser certificado como detentor do conhecimento por formas pouco lícitas. Nesse sentido e para atender ao rigor acadêmico, muito foi

Transcript of Aprender e ensinar 2009 jan

Page 1: Aprender e ensinar 2009 jan

azambuja.pro.br

Rua da Bica, 410 – Conj. 192 D – 02925-000 – São Paulo/SP

Tel: 55 11 3931-3849/ 9261-9649 (Claro)/ 7568-6086 (Vivo)

www.azambuja.pro.br – [email protected]

Aprender e Ensinar: e-Teaching – a segunda onda do EAD

Antonio Cândido Carneiro de Azambuja Neto*

Muito tem sido feito e falado sobre educação. Mais recentemente, com a Internet,

ganhou força o que ficou conhecido com o “elearning”.

Mas o que é isso? Na esteira do “eletronic-mail”, o popular e-mail, tudo o que foi

levado do mundo real para a condição virtual ganhou o prefixo “e”. Decorrem daí o “e-

commerce” (comércio eletrônico) e o “e-business” (negócios eletrônicos), por

exemplo.

A educação também foi levada para a Internet – ou melhor, essa, a Internet, nasceu no

meu acadêmico. Como um depósito infinito em sua limitação de espaço, era natural

que o mundo do conhecimento ocupasse um lugar de destaque na rede internacional

de informação. A possibilidade efetiva de universalização do saber pela simples

disponibilização do conhecimento, facultando a qualquer um o acesso à informação

permitiria uma justiça social real.

Todo o conhecimento já apreendido com a educação à distância (EAD) ganharia

proporções astronômicas com a introdução da Internet como plataforma de

disseminação desse conteúdo.

Ganhou espaço na vida cotidiana o termo “e-learning” e a associação como sinônimo

de educação à distância na Internet foi imediata e natural. Entretanto, essa associação

carece de um melhor entendimento. Comecemos esse entendimento pela vertente

semântica. Educação é uma via de mão-dupla. Compreende dois vastos mundos: o

aprender e o ensinar.

Cada indivíduo tem suas formas próprias de aprender. Uns mais conceituais outros

práticos. Uns mais rápidos outros mais lentos. E dada a condição dialética do ser

humano, a subjetividade dessa aprendizagem ganha dimensões variadas.

Por outro lado, ensinar tem sido alvo de inúmeras teorias, técnicas e métodos de

aplicação e de desenvolvimento do saber. No mundo do “personal computer” (PC) era

natural que se desenvolvesse a EAD seguindo a vertente do “aprender a distância”

uma vez que os alunos se encontram fora das salas de aulas. Tanto que as plataformas

mais difundidas, bem como as iniciativas mais encontradas pelas ferramentas de busca

na Internet primam pela oferta de ações de “e-learning”.

Ao considerarmos a relativa facilidade e principalmente o baixo custo de oferecer

conhecimento de qualidade a qualquer um que tenha acesso à grande rede, basta

assegurar a identificação de quem efetivamente se submeteu à ação de aprendizagem,

evitando que qualquer um possa ser certificado como detentor do conhecimento por

formas pouco lícitas. Nesse sentido e para atender ao rigor acadêmico, muito foi

Page 2: Aprender e ensinar 2009 jan

2

desenvolvido no que se chamou de “LMS – Learning Manangement System“ (Sistemas

de Gerenciamento da Aprendizagem). Desde “logins” e senhas pessoais, a “logs” que

registram períodos de conexão, áreas e conteúdos acessados, passando por ações

cruzadas de atividades “on-line” e “off-line” até testes presenciais realizados em salas

físicas especialmente contratadas para esse fim, muito foi feito e os resultados

apresentados são mais que satisfatórios.

A melhoria da conectividade e a proliferação do acesso à rede em banda larga

permitem agora o desenvolvimento da segunda vertente ou a segunda onda do EAD

na Internet. Refiro-me ao ensinar a distância, ou por analogia, ao “e-teaching”.

A disponibilização de conexões que permitem a navegação “on-line” em tempo real de

imagem e voz com qualidade, as plataformas de vídeo conferência baseadas na web,

abrem portas para um sem número de salas de aulas conectadas à Internet,

possibilitando uma interatividade jamais imaginada e agregando valor incalculável ao

desenvolvimento do saber. Supor uma aula onde o professor, especialista em

determinado tema, a partir de sua base – laboratório, área de teste ou afim – exponha

seu conhecimento utilizando-se de ferramentas audiovisuais (PowerPoint,

apresentações, vídeos, imagens, arquivos sonoros, entre outros) a grupos de alunos

concentrados em salas de aulas preparadas para esse fim (datashow, telão, web-cam,

microfones e equipamentos de som) espalhadas por todo o globo terrestre é hoje algo

factível, real e acessível a custos módicos.

Mais ainda, a interatividade, a troca efetiva de experiências exclusivas de quem se

submeteu à determinada condição é também real visto que as salas estão também

conectadas entre si e a troca é multilateral, num sistema onde trocar é construir

habilidades.

Nessa segunda onda a EAD ganha seu caráter globalizador ao tornar o planeta algo

pequeno frente ao tamanho do universo disponível. Com o “e-teaching” inicia-se a

formação do profissional global apto a enfrentar realidades também globais.

Submeter-se a uma educação global passa a permitir o acesso, a conhecer

antecipadamente, realidades diferentes ampliando a capacidade de conhecimento e

consequentemente competência na identificação e solução de problemas ou

aproveitamento de oportunidades.

As plataformas de vídeo conferência baseadas na web disponíveis estão cada vez mais

acessíveis e versáteis, compatibilizando amigabilidade de uso e disponibilidade de

recursos. Por sua vez, a oferta de cursos usando tais recursos tem também permitido o

desenvolvimento de metodologias cada vez mais inovadoras e eficientes em sua ação

de promover a difusão do saber.

A interatividade e o consequente “networking”, tão importante no mundo dos

negócios globalizados são assegurados, garantindo a harmonia e a qualidade do

ambiente de ensino-aprendizagem. Apoiar, promover e fundamentalmente

reconhecer a contribuição do “e-teaching” é papel de todos, principalmente daqueles

responsáveis pela tomada de decisão sobre verbas de treinamento das muitas

Page 3: Aprender e ensinar 2009 jan

3

empresas que buscam na qualificação de seus profissionais a perenidade eficiente de

seus negócios.

*Antonio Candido Carneiro de Azambuja Neto

Especialista em política e estratégia pelo NAIPPE/USP, Economista e professor do curso

de Administração da Universidade Guarulhos e Faculdade Anhanguera.