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Camila Pati, de EXAME.COM11h48 05/07/2013 Like 92 7
CARREIRA
6 passos para aprender mais rápido (e melhor)As mudanças essenciais para turbinar a sua capacidade de aprender
“O que distingue as pessoas que chegam ao topo é que elas aprendem melhor e mais velozmente
que as outras”. Esta frase foi dita a Fernando Jucá, sócio da Atingire – empresa de treinamento
e desenvolvimento – por um ex-presidente com passagens por grandes empresas.
Na semana passada, Jucá reuniu profissionais de RH, em São Paulo, para discutir o processo de
aprendizagem. A inquietação divida pelo especialista durante o evento estava relacionada ao fato
de que muitos treinamentos oferecidos pelas empresas aos seus executivos acabam falhando noseu objetivo principal: mudar comportamentos para atingir resultados melhores.
Certamente, muitos profissionais já tiveram a sensação de tempo perdido ao serem convocados
para treinamentos na empresa. De acordo com Jucá, é comum ouvir dos executivos frases
como: não adianta realizar programas de treinamento, nessa empresa as coisas nunca mudam”,
ou “para que me inscrever em um curso de técnicas de apresentação, se não tenho o dom de
falar em público”, ou ainda “o treinamento foi bom, mas quem deveria ter participado era o
meu chefe e não eu…”.
“O que todas essas frases revelam é a ausência de uma competência fundamental atualmente: a
expertise em aprender”, diz Jucá. Esta expertise, diz ele, é fundamental, já que a partir dela o
processo de desenvolvimento de outras competências torna-se efetivo. “Há até um campo de
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pesquisa na área educacional em torno do termo heutagogia, que reflete sobre como é possível
desenvolver a nossa capacidade de aprender a aprender”, lembra o especialista
Mas, o que fazer para desenvolver esta capacidade? O que é preciso mudar para aprender mais
rápido? Segundo o especialista, algumas mudanças em relação ao que os profissionais entendem
como aprendizado são essenciais para turbinar a sua capacidade de aprender. Confira:
1. Atividade só intelectual x conexão direta com comportamentos
“O aprender é percebido como uma atividade puramente intelectual”, diz Jucá. Ou seja, você
aprendeu o nome da capital de Botswana ou quando ocorreu a Guerra do Paraguai e guarda essas
informações na cabeça. Se alguém perguntar, você responde e pronto.
O primeiro passo é mudar esta concepção de aprendizado, segundo Jucá. “Aprendizado implica a
mudança de comportamento. Se tal mudança não ocorreu, estamos falando apenas de
enciclopedismo gratuito, para gastar em almoços e festas”, explica.
2. Absorver x enriquecer ou modificar modelos mentais
Grande parte das pessoas imagina o aprendizado como um processo de absorção, pura e
simplesmente, lembra Jucá. E se aprender é mudar comportamentos, a relação direta é com
modelos mentais.
Eles são o gatilho para a mudança de comportamento, diz Jucá. “Modelos mentais são
construídos e refinados sem parar. As fontes para esse processo são quase infinitas, mesmo que
muitas vezes sutis”, explica o especialista.
Um comentário de um colega no corredor sobre o chefe pode ajustar seu modelo mental sobre
perspectivas de carreira, por exemplo. “Os resultados frustrantes de uma reunião com a equipe
de vendas podem reforçar seu modelo mental sobre o trabalho em equipe”, diz Jucá.
3. Conteúdo vem pronto de fora x o conteúdo é transformado por mim
O conteúdo vem pronto, resta absorver por meio da atividade intelectual. Este é mais um
exemplo de quão deslocado pode estar o seu conceito de aprendizado.
Jucá explica. “Há uma interação constante entre novas experiências e meus modelos mentais,uma coisa influencia a outra”, diz.
Imagine duas pessoas que participam da mesma frustrante reunião de vendas citada no item 2.
“O aprendizado ainda assim poderia ser completamente distinto”, diz Jucá.
4. Fontes formais, como livros x experiências variadas, às vezes até a leitura
De onde vem o conhecimento? “Dos livros, oras”, podem dizer alguns. “Da internet, mais
especificamente do Google, diriam outros”.
Grande parte das pessoas entende que o conhecimento está nos cursos, livros, na internet, enfim
são várias as fontes, mas todas formais. Jucá faz um contraponto: “o aprendizado vem de
experiências variadas, às vezes até a leitura”, diz Jucá.
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5. Momento específico X o tempo todo
Agora vou ler um livro, agora vou estudar, enfim só agora vou aprender. Conforme explica Jucá,
é frequente dividirmos o tempo em dois momentos: hora de trabalhar, hora de estudar.
“Pode perguntar para um executivo o que ele fez no dia. Ele vai dizer que comandou, pensou, se
comunicou, escreveu…dezenas de verbos, sem a menção da palavra aprender”, diz Jucá.
É importante desfazer essa separação. Aprender não é algo que se faz em um momentoespecífico, você aprende o tempo todo.
6. Acúmulo gradual de saber x desaprender também é essencial
“Interessante também que a atividade de aprender sempre é associada ao acúmulo gradual de
conhecimentos”, diz Jucá. É como um copo que vai sendo cheio de água, por exemplo. Você não
descarta nada, apenas inclui novas informações.
De acordo com Jucá, desaprender é o x da questão e o grande desafio para os adultos
interessados em turbinar a capacidade de aprender.
“A maior dificuldade dos adultos versus as crianças em aprender é explicada não porque não
conseguimos fazer novas conexões neurais para enriquecer nossos modelos mentais e sim porque
é muito difícil enfraquecer conexões neurais antigas, modificando então nossos modelos mentais
atuais”, diz o especialista.
Assim, não deixe que o conhecimento antigo cristalizado paralise a transformação de modelos
mentais. Por fim, fique com esta definição de aprendizado: “aprendo quando enriqueço ou
modifico meus modelos mentais, alterando meu comportamento”.
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