Aprendizado Musical e Referenciais Doutrinarios a Construcao Da Performance Em Um Coro Religioso2001

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projetopUNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS APRENDIZADO MUSICAL E REFERENCIAIS DOUTRINÁRIOS: A CONSTRUÇÃO DA PERFORMANCE EM UM CORO RELIGIOSO Bianca Almeida e Silva Orientador: Prof. Dr. Ângelo Dias `

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Dissertacao de mestrado em Musica

Transcript of Aprendizado Musical e Referenciais Doutrinarios a Construcao Da Performance Em Um Coro Religioso2001

ELISEU FERREIRA DA SILVA

projetopUNIVERSIDADE FEDERAL DE GOISESCOLA DE MSICA E ARTES CNICAS

APRENDIZADO MUSICAL E REFERENCIAISDOUTRINRIOS: A CONSTRUO DA PERFORMANCE EM UM CORO RELIGIOSO

Bianca Almeida e SilvaOrientador: Prof. Dr. ngelo Dias

`

GOINIA2011BIANCA ALMEIDA E SILVA

APRENDIZADO MUSICAL E REFERENCIAISDOUTRINRIOS: A CONSTRUO DA PERFORMANCE EM UM CORO RELIGIOSO

Trabalho final (produo artstica e artigo) apresentado ao Curso de Mestrado em Msica da Escola de Msica e Artes Cnicas da Universidade Federal de Gois como requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Msica.Linha de Pesquisa: Msica, Criao e Expressorea de concentrao: Performance MusicalOrientador: Prof. Dr. ngelo Dias

Goinia2011

BIANCA ALMEIDA E SILVA

APRENDIZADO MUSICAL E REFERENCIAIS DOUTRINRIOS: A CONSTRUO DA PERFORMANCE EM UM CORO RELIGIOSO

Trabalho Final defendido no Curso de Mestrado em Msica e Artes Cnicas da Universidade Federal de Gois (produo artstica acompanhada de artigo), para obteno do grau de Mestre em Msica, aprovado em 28 de maro de 2011, pela Banca Examinadora constituda pelos seguintes professores:

___________________________Prof. Dr. ngelo Dias UFGPresidente da Banca

___________________________Prof. Dr. Vladimir Silva - UFCG

____________________________Prof. Dr. Carlos Costa - UFG

Dedico este trabalho ao meu amado esposo, Jos Cornlio, por ter me acompanhado e incentivado durante toda minha trajetria musical e profissional, desde os primeiros recitais de piano com meus alunos em Goiansia (GO), at minha insero e aprofundamento no mundo acadmico em Goinia, culminando em mais essa conquista.

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela ddiva da Msica em minha vida.

Ao meu marido, a quem tenho muito amor e admirao, por sua pacincia incrvel, cumplicidade e incentivo antes e durante o Mestrado.Aos meus Filhos Gabriel, Fernando e Miguel, a minha nora Cynthia, ao meu neto Yuri e minha me, Darcy Almeida, por compreenderem minha escolha e meu escasso tempo.Aos meus preciosos coristas e instrumentistas do Coral Vida e Luz, presenas to importantes em minha trajetria coral e razo maior na escolha do tema deste trabalho, pela seriedade com que abraaram o compromisso, dedicando 05 (cinco) horas semanais e cantando em meus dois recitais, incluindo o final de defesa.Aos preciosos assistentes de naipes do Coral Vida e Luz, Carlos Prado, Cinara Arajo, Deusdeth Alves e Raimundo Nonato, pela capacidade de orientar os coristas colaborando com o bom rendimento do grupo. querida coordenadora administrativa do Coral Vida e Luz, Iolanda Gomes, por construir uma firme estrutura possibilitando um trabalho tranquilo e seguro, alm de me aconselhar e orientar durante todo o trabalho, seja no tocante fsico quanto no espiritual. Ao querido Regente Assistente Vincius Guimares, pela valiosa contribuio nos ensaios de naipes, assistncia na regncia, aquecimento vocal, contribuindo positivamente nos recitais que constituam exigncias parciais para a obteno do ttulo de Mestre. querida corista Lorena Ferreira, pela contribuio junto ao naipe do contralto. querida amiga e corista Valria Mendes, por assumir conosco o compromisso do Coral Vida e Luz, contribuindo, por meio de orientaes vocais junto aos coristas, com a qualidade sonora do grupo. querida amiga e corista Cinara Arajo, pela fiel amizade e colaborao neste trabalho com a montagem da galeria de fotos, programas, atualizao do Curriculun Lattes e emprstimo do notebook. Ao amigo e corista Zhorzo, pela dedicao junto ao Coral Vida e Luz, com mdia, site, gravaes de vdeo com entrevistas e convite virtual do recital.Aos queridos coristas Ariana, Emerson, rika e Reuben que se dedicaram na Arte e impresso digital do cartaz do Recital preliminar do Mestrado. querida corista Deusdeth pela impresso dos programas do recital e partituras para os coristas. Irradiao Esprita Crist, atravs de sua direo, Durval Bernardes (2009-2010) e Mrio Lcio (2011), dos mdiuns da casa e comunidade em geral, pelo carinho e apoio para que este trabalho fosse realizado da melhor forma.Ao meu querido orientador, ngelo Dias, por acreditar em mim e me orientar durante todo o processo deste artigo, me compreendendo e apoiando em momentos de insegurana e de perdas familiares, alm de dedicar uma composio ao Coral Vida e Luz e a mim, preparando e regendo o grupo na estria da pea. Aos professores e funcionrios do Programa de Ps-Graduao em Msica da UFG, em particular querida professora e vice-coordenadora do programa, Fernanda Albernaz, pela ateno e orientao junto aos documentos do comit de tica. prezada professora Sonia Ray, que comps as bancas da qualificao e do Recital Preliminar, pela leitura e enriquecimento do trabalho com suas consideraes, colaborando com o resultado final.Ao prezado professor Carlos Costa, pela composio na banca final da Defesa do Mestrado/Recital, pelas suas valiosas contribuies no trabalho e palavras sempre incentivadoras junto ao Coral Vida e Luz. Ao prezado professor Vladimir Silva, membro da banca da Defesa Final, por aceitar nosso convite e por suas contribuies valiosas que muito enriqueceram o trabalho.

A arte bem compreendida poderoso meio de elevao e renovao. a fonte das mais puras alegrias; ela embeleza a vida, sustenta e consola nas provas. Quando sustentada, inspirada por uma f sincera, por um nobre ideal, a arte sempre uma fonte fecunda de instruo, um meio incomparvel de civilizao e aperfeioamento. Leon Denis

RESUMO

Este estudo enfoca o aprendizado musical em corais religiosos como fruto da conjugao das vivncias artstica e ideolgica, contribuindo para o aprofundamento da experincia humana e esttica do grupo. Utilizando o mtodo pesquisa-ao, esse trabalho descreve a metodologia aplicada em um grupo religioso de Goinia, o Coral Vida e Luz, da Irradiao Esprita Crist, que possibilitou o desenvolvimento de um amplo fazer artstico e musical, avaliando a sua contribuio para a (trans) formao educativa e humanitria dos envolvidos. Uma parte substancial das informaes recolhidas foi fruto da observao direta dos resultados obtidos em ensaios e apresentaes, bem como de entrevistas gravadas e de questionrios aplicados, estruturados e semi-estruturados. Foi possvel comprovar que, com um trabalho planejado, focado no contedo doutrinrio e musical do repertrio, a conexo com o pblico se torna muito mais slida, possibilitando ao grupo cumprir sua tarefa transformadora na sociedade.

ABSTRACT

This work focuses on the music learning in religious choirs as being the result of artistic and ideological experiences that collaborate to deepen the human and aesthetic knowledge of the group. Based upon the research-action method, this work describes the methodology applied in a religious group of the city of Goiania, the Coral Esprita Vida e Luz (Life and Light Spiritualist Choir), maintained by the Irradiao Esprita Crist. This has made possible the development of a large artistic and musical activity, followed by the evaluation of its contribution to the educational and humanitarian (trans) formation of the subjects involved. A substantial portion of the information collected was fruit of the direct observation of the results obtained in rehearsals and concerts, as well as on recorded interviews and applied structured and semi-structured questionnaires. It was possible to attest that with a qualified work, focused on the ideological and musical content of the repertoire, the connection with the public becomes much more solid, allowing the group to fulfill its transforming task in society.

LISTA DE ABREVIATURAS

ADAP. AdaptaoARR. Arranjo C. CompassoCVL Coral Vida e Luz DOM D MaiorEX. ExemploFIG FiguraGO GoisIEC Irradiao Esprita CristIFG Instituto Federal de GoisSAT Soprano, contralto e tenorSBACEM Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de MsicaSCTB Soprano, contralto, tenor e baixoSSA Soprano, soprano e contraltoSSAATTBB Soprano, soprano, contralto, contralto, tenor, tenor, baixo e baixoUFG Universidade Federal de Gois

LISTA DE FIGURAS

Figura 1CVL no Recital da disciplina Regncia da Turma do 4 ano de Educao Artstica da EMAC, UFG - Dezembro/ 1999Figura 2Grande Coro Vida e Luz, IEC; Junho/2004Figura 3 CVL na II Conveno Nacional da Associao Brasileira de Regentes de Coros, sob a regncia do maestro Emlio de Csar - Agosto / 2003Figura 4CVL na Inaugurao da Ps - Graduao, SENAI/GO - Novembro/ 2005Figura 5CVL na III Conveno Nacional da Associao Brasileira de Regentes de Coros ABRC - Agosto/ 2006Figura 6CVL na entrega de Ttulos da Academia Goiana de Letras, Cmera Municipal de Goinia - Novembro/ 2006Figura 7CVL na Noite Cultural de Bela Vista/GO - Setembro/ 2007Figura 8CVL na gravao da trilha do curta-metragem Kill - Setembro/ 2007Figura 9CVL no IV Encontro de Corais da Cidade de Gois Outubro/ 2008Figura 10CVL na Cantata de Natal da Organizao Jaime Cmara- Dezembro/ 2009Figura 11 CVL no Mercado de Clon (Palau da Musica), Valencia/Espanha Outubro/2010Figura 12 CVL no lanamento do Selo Bicentenrio de Kardec, IEC Outubro/2010Figura 13CVL em comemorao natalina, IEC Dezembro/2010Figura 14CVL no asilo Solar Colombino de Bastos, Obra Social da IEC Dezembro/2006Figura 15 CVL no VI Encontro de Coros Esprita de Braslia e II Encontro de Coros de Planaltina - Setembro/ 2002Figura 16CVL em comemorao na Loja Manica Unio Feliz, N 31 - Setembro/2002Figura 17 CVL Unificao de Corais Espritas 19 Congresso Esprita de Gois- Fevereiro/ 2003Figura 18CVL no 20 Congresso Estadual Esprita de Gois Fevereiro/ 2004Figura 19CVL no 4 Congresso Esprita Mundial, Paris (Frana) - Outubro/ 2004Figura 20CVL no 22 Congresso Esprita de Gois - Fevereiro/ 2006Figura 21CVL na Sesso Solene de Posse da Academia Esprita de Letras, FEEGO - Outubro/ 2005Figura 22 CVL no VII Encontro de Corais Espritas do Distrito Federal, Gama - Setembro/ 2004Figura 23CVL no 23 Congresso Esprita de Gois - Fevereiro/ 2007Figura 24CVL no II Encontro dos amigos de Chico Xavier, Pedro Leopoldo/MG - Abril/ 2008Figura 25CVL no III Congresso Esprita Brasileiro, Braslia/DF - Abril/ 2009Figura 26CVL no 26 Congresso Esprita de Gois - Maro/ 2010Figura 27Dinmica de memorizao dos nomes dos integrantes do CVLFigura 28Dinmica de memorizao dos nomes dos integrantes do CVLFigura 29Exerccio baseado no mtodo KodalyFigura 30Palma na coxa ( ) quando cantava a nota DFigura 31Acrescentando o estalo ( ) quando aparecia a nota RFigura 32Vocalize 01Figura 33Trecho solfejado com os coristas (c. 01 12)Figura 34Vocalize 02Figura 35Vocalize 03Figura 36Vocalize 04Figura 37Melodia utilizada para a dinmica Harmonia AfinadaFigura 38Os integrantes do CVL participando da dinmica Harmonia afinadaFigura 39Foto tirada pela corista Simoni no dia do ensaio, ilustrando as clulas rtmicas aprendidas e os nomes correspondentes. Figura 40Trecho trabalhado do Go where I send thee!Figura 41Clulas rtmicas aprendidas no ensaio de 02 de junho de 2010 do Coral Vida e Luz, considerando a semnima como o valor referencial de um tempo. Fonte: Ariana, contralto do CVL. Figura 42Exemplo de palavras com finais em s em Amor de mi alma (c. 18-22)Figura 43Ensaio do maestro ngelo Dias com o CVL

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Gestos sugeridos para cada nota e legenda Quadro 2 Colunas paralelas para a regncia

SUMRIO

LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................xLISTA DE FIGURAS ..................................................................................................xiLISTA DE QUADROS ..............................................................................................xiiiRESUMO....................................................................................................................viiiABSTRACT..................................................................................................................ix

PARTE APRODUO ARTSTICA - RECITAIS DE 12 /12 / 2010 RECITAL PRELIMINAR...........................................................................................................xviiNOTAS DO PROGRAMA..........................................................................................xx

DE 28 / 03 / 2011 RECITAL DE DEFESA...................................................................................................................xxiiiNOTAS DO PROGRAMA.......................................................................................xxviENCARTE COM O CD DO RECITAL ....................................................................xxix

PARTE B: APRENDIZADO MUSICAL E REFERENCIAIS DOUTRINRIOS: A CONSTRUO DA PERFORMANCE EM UM CORO RELIGIOSO

INTRODUO..............................................................................................311. O APRENDIZADO MUSICAL EM COROS RELIGIOSOS1.1 A IMPORTNCIA DA COMPREENSO TEXTUAL...........................381.2 A INSERO DA TEORIA MUSICAL NO ENSAIO CORAL..............401.3 O ENSAIO CORAL...................................................................................421.4 REFERENCIAIS DOUTRINRIOS EM GRUPOS ESPRITAS............462. CORAL ESPRITA VIDA E LUZ: UM ESTUDO DE CASO2.1 CONSIDERAES GERAIS...................................................................502.2 METODOLOGIAS APLICADAS NOS ENSAIOS..................................582.2.1 Local e participantes da pesquisa...........................................................622.2.2 Dinmicas de ensaio...............................................................................622.2.2.1 Preparao da obra Esto les digo.............................................662.2.2.2 Preparao da obra Go where I send thee ...................702.2.2.3 Preparao da obra Amor de mi alma.......................................782.2.2.4 Preparao da obra Ide e pregai ..............................................81CONCLUSO................................................................................................87REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.........................................................90ANEXO I: Partituras digitalizadas: Esto les digo, Go, Where I Send Thee!, Amor de mi alma, Ide e Pregai.......................................................................93ANEXO II: Questionrio Coristas................................................................122 ANEXO III: Regras bsicas do CVL........................................................124

PARTE A: PRODUO ARTSTICARECITAIS

RECITAL[footnoteRef:1] PRELIMINAR [1: Este Recital, que antecede o recital final de defesa, pr-requisito parcial para a obteno ttulo de mestre em Msica junto ao Programa de Ps-Graduao da EMAC-UFG, sob a orientao do Prof. Dr. ngelo Dias.]

BIANCA ALMEIDA E SILVA, regncia.12/12/2010 s 19:00Auditrio da Irradiao Esprita Crist (Goinia)

PROGRAMA:

Oreste Barbosa (1893-1966) Noite azulArranjo: Carlos VitorinoJos F. de Paula ("Peter Pan") & Giuseppe Ghiaroni Noite de luzArranjo: Lecy Jos Maria G. F. Handel (1685-1759) Vinde cantai/AleluiaAdaptao: Bianca AlmeidaDavid Meece (n1952) Razo de viverArranjo: Srgio de PaivaHarold Arlen & E.Y. Harburg Sobre o arco-risRegncia: Lorena FerreiraAutor desconhecido CativarArranjo: ngelo DiasAriovaldo Filho O amor de JesusArranjo: Luiz Pedro Silva PauloJames Wullisses Marotta FraternidadeArranjo: ngelo DiasJoo Alexandre (n.1964) Pai Nosso (Patro nia)Arranjo: Vincius Carneiro; Adaptao ao esperanto: Bianca AlmeidaSolistas: Vinicius Guimares e Emerson Lettry

Frei Fabretti, o.f.m. Salmo 22 (23)Arranjo: Vincius CarneiroSolista: Alexandre FerreiraDenes Agay (1911-2007) Uma beno antigaVerso em portugus: Fred SpannSy Miller & Jill Jackson Haja paz na TerraMilton Nascimento & Fernando Brant Encontros e despedidasArranjo: Carlos VitorinoSolistas: Ana Carolina, Juliana Martins e Emerson LettryKeith Hampton (n 1957) Praise his holy nameRegncia: Vincius GuimaresMichael Smith Agnus DeiArranjo: Bianca AlmeidaSolistas: Hlenes Lopes e Valria Mendes

Solistas:Alexandre Ferreira, tenorAna Carolina, sopranoEmerson Lettry, tenorHlenes Lopes, tenorJuliana Martins, contraltoValria Mendes, sopranoVincius Guimares, tenor

Fbio Leite, pianoHenrique Gabriel, violinoWnandyllo Ricardo, percusso

SOPRANOS: Ana Carolina; Carmen Lcia; Cristiane Afonso; Deusdete Alves; Eliete Rodrigues; rika Esmulkowski; Ethel Kristina, Geannyne Cintra, Glecy Amaro, Harumi Nagato, Joana Darc Botelho; Layane Rodrigues; Leda Pereira; Lcia Clarete; Rachel Mamare; Simone Hayashida; Simoni Urbano; Valria Mendes; Vera Lcia; Vilma Alves.

CONTRALTOS:Ariana Crita; Cinara Araujo; Donria Netto; Iolanda Gomes; Ione Marlen; Janet de Castro; Juliana Martins; Liliana Rodrigues; Lorena Ferreira; Michelle Ferreira; Silvia Patrycia; Vanderlea de Assis.

TENORES:Alexandre Ferreira; Carlos Roberto de Souza; Emerson Lettry; Francisco Heliodoro; Hlenes Lopes; Raimundo Nonato; Sebastio Tarcizio; Vinicius Guimares; Wnandyllo Ricardo.

BAIXOS:Avelino da Cunha; Carlos Prado; Eduardo Oliveira; Henrique Gabriel dos Santos; Jos Antnio Barcelos; Jos Cornlio da Silva; Jos Vanderley de Oliveira; Reuben de Freitas.

NOTAS DE PROGRAMAJos F. de Paula ("Peter Pan") & Giuseppe Ghiaroni Noite de luzOreste Barbosa (1893-1966) Noite azulG. F. Handel (1685-1759) Vinde cantai/AleluiaDavid Meece (n.1952) Razo de viverAs tradicionais melodias das canes natalinas, com mltiplas adaptaes, de acordo com cada pas, recordam ano aps ano o nascimento de Jesus, alm de retratar a fraternidade, o amor, a paz, entre outros. As primeiras datam do sculo IV e muitas dessas canes so conhecidas no mundo todo, como a Vinde cantai/Aleluia, que tem sua origem na cano inglesa Joy to the world, sobre texto escrito por Isaac Wats e inspirada no salmo 98, e cuja msica atribuda a Handel. Noite de luz cano legitimamente brasileira e foi composta em 1935 por Jos F. de Paula ("Peter Pan") e Giuseppe Ghiaroni. Noite azul foi atribuda ao jornalista, cronista e poeta brasileiro Oreste Barbosa, pela Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Msica SBACEM. Razo de viver uma verso de Avalon e adaptao de Srgio Di Paiva da cano We are the Reason, composta em 1980 pelo compositor cristo americano David Meece.

Harold Arlen (1818-1893): Sobre o Arco- Iris Sobre o arco ris, ou Over the rainbow, foi escrita em 1939 por Harold Arlen, com letra de E.Y. Harburg, para o filme O Mgico de Oz, tornando-se uma das canes mais famosas de todos os tempos. A verso em portugus, sem autor conhecido, captou a essncia de otimismo e a candura da letra original. Sua melodia melanclica e letra simples representam o desejo de uma pr-adolescente de escapar da desesperana do mundo; da tristeza da chuva ao brilho de um novo mundo "alm do arco-ris" ("over the rainbow").

Desconhecido: CativarEsta conhecida melodia teve sua origem na cano francesa popular Tous les Garons et les filles, da cantora Franoise Hardy. Composta em 1962, alcanando grande sucesso de pblico, a letra original relata os sentimentos de uma jovem que nunca conheceu o amor. Sua verso em portugus de autor desconhecido e difere totalmente da original, baseando-se no conceito central da obra de Saint- Exupry O Pequeno Prncipe. Por isso to executada no meio religioso, especialmente entre os espritas.

Ariovaldo Filho: O amor de Jesus Participando do movimento de arte esprita desde as primeiras Confraternizaes de Mocidades, organizadas no Rio de Janeiro, a partir de 1980, Ariovaldo Filho, com rara sensibilidade, nos brinda com melodias de contorno bem elaborado. O Amor de Jesus foi interpretada em um encontro de coros espritas no Rio de Janeiro, em 2004, contando com a participao de todos os grupos, tornando-se uma das peas mais executadas do repertrio.

James Wullisses Marotta FraternidadeEssa cano uma das mais conhecidas no meio esprita contemporneo, por retratar um dos princpios essncias da Doutrina. Seu autor, figura de projeo na arte esprita nacional, mineiro e membro da Unio Esprita Mineira.

Joo Alexandre Silveira (n1964) Pai NossoO autor cantor e compositor evanglico, alm de arranjador e produtor. Durante dois anos, participou do grupo MILAD (Ministrio de Louvor e Adorao), cuja proposta era evangelizar por meio da msica. A msica Pai Nosso faz parte de sua carreira solo e uma regravao que est no repertrio do disco O melhor de Joo Alexandre. O texto baseado na orao ensinada por Jesus e registrada em Mateus 6 e Lucas 11.

Frei Fabreti, o.f.m.: Salmo 22 (23) Um dos maiores compositores catlicos da atualidade, Frei Fabreti escreveu alguns dos maiores sucessos litrgicos dos ltimos vinte anos. Este poema foi adaptado do Livro dos Salmos, do Antigo Testamento. Atravs desse salmo, entramos na intimidade da relao que temos com Deus, e que nos assegura a confiana em nosso Pai Maior!

Denes Agay (1912-2007): Uma beno antigaDenes Agay, who is best known for his teaching collections, anthologies and texts for piano study, began playing piano at age 3. O compositor Denes Agay mais conhecido por suas colees de ensino, antologias e livros para o estudo do piano, Agay also composed and orchestrated music for film. bem como pela composio de msica para filmes. Entretanto, so de sua lavra diversas obras sacras. Em Uma beno antiga, Denes Agay utiliza o texto de uma beno irlandesa antiga, que encontramos em Nmeros 6.24-26. A verso em portugus de Fred Spann.

Sy Miller & Jill Jackson: Haja paz na TerraComposta pelo pianista, escritor e produtor de teatro, rdio e televiso Seymor (Sy) Miller (1908-1971) e sua esposa, principal colaboradora em sua msica, Jill Jackson (n1913), essa msica fez parte de um grande projeto pela paz mundial realizado por um grupo de jovens de diversas raas e grupos religiosos. Esses jovens saram, das montanhas onde estavam acampados, de braos dados cantando e compartilhando este cntico, pois comunicava o que estava nos seus coraes. Por essa cano expressar uma orao, seu uso ampliou-se para diversos credos. A verso em portugus de autor desconhecido.

Milton Nascimento & Fernando Brant Encontros e despedidas Cantor e compositor brasileiro reconhecido mundialmente como um dos mais influentes e talentosos, Milton Nascimento iniciou, na dcada de1960, uma frtil parceria com Fernando Brant. Encontros e despedidas fala do destino das pessoas: os encontros, os desencontros, a tristeza, a alegria das chegadas e partidas. O universo esprita costuma relacionar a letra doutrina da reencarnao, pois A vida se repete na estao. O arranjo foi dedicado ao Coral vida e Luz pelo maestro Carlos Vitorino.

Keith Hampton (n. 1957) Praise his holy nameO autor maestro e arranjador, conhecido por sua srie de spirituals. Com pores de texto de Amazing Grace e Jesus, Jesus, how I Love thee, a cano uma celebrao de grande jbilo em louvor ao Mestre dos mestres.

Michael Smith (n1957) Agnus DeiCantor, compositor, guitarrista e tecladista, o americano Michael Whitaker Smith se tornou um dos artistas mais populares da Msica Crist Contempornea. Em 1990, comps a cano Agnus Dei (Cordeiro de Deus, em Latim), que nos transporta a uma atmosfera de reverncia e confiana de que estamos verdadeiramente sob a proteo do Senhor.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOISESCOLA DE MSICA E ARTES CNICASPROGRAQMA DE PS-GRADUAO MESTRADO EM MSICA

RECITAL DE DEFESA[footnoteRef:2] [2: Recital apresentado ao Curso de Mestrado em Msica da Escola de Msica e Artes Cnicas da Universidade Federal de Gois como requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Msica. Orientador: Prof. Dr. ngelo Dias. ]

BIANCA ALMEIDA E SILVA, regncia.28/03/2011 s 13hMini-auditrio da EMAC/UFG

PROGRAMA:

Gabriel Faur (1845-1924) Cantique de Jean RacineJosef Hadar/Moxhe Dor Erev shel shoshanim Arranjo: Jack KlebanowGiulio Caccini (1551-1618) Ave MariaArranjo: Patrick LambergAdaptao: Bianca AlmeidaSolistas: Hlenes Lopes e Valria MendesRaimundo Martins (n1973) Orao de So Francisco de Assis ngelo Dias (n1964) /Cruz e Souza (1861-1898) Ide e pregai Milton Nascimento/Fernando Brant Encontro e despedidas Arranjo: Carlos VitorinoAdaptao: Bianca AlmeidaSolistas: Juliana Martins, Emerson Lettry e Teresa Cristina

Tom Jobim/Vincius de Moraes Se todos fossem iguais a vocArranjo: ngelo DiasJohn Rutter (n1945) Por belezas naturais Adaptao: Bianca AlmeidaKinley Lange (n1950) Esto les digo Soprano: Valria MendesRandall Stroppe (n1953)/Garcilaso de La Vega (1503-1536) Amor de mi almaTraditional spiritual Kumbaya Arranjo: Paul SjolundGospel Spiritual Go Where I send thee!Arranjo: Paul Caldwell/Sean IvoryAdaptao: Bianca Almeida

Solistas:Emerson Lettry, tenorHlenes Alberto, tenorJuliana Martins, mezzo-sopranoTeresa Cristina, sopranoValria Mendes, soprano

Fbio Leite, pianoHenrique Gabriel, violinoWnandyllo Ricardo, percusso

SOPRANOS: Ana Carolina; Carmen Lcia; Cristiane Afonso; Deusdete Alves; Eliete Rodrigues; rika Esmulkowski; Ethel Kristina, Flvia Andressa, Geannyne Cintra, Glecy Amaro, Harumi Nagato, Joana Darc Botelho; Layane Rodrigues; Lcia Clarete; Nina Soares; Rachel Mamare; Simone Hayashida; Simoni Urbano; Thaiana Amaro; Teresa Cristina; Valria Mendes; Vera Lcia; Vilma Alves.

CONTRALTOS:Ariana Crita; Cinara Araujo; Donria Netto; Iolanda Gomes; Ione Marlen; Janet de Castro; Jenucy Espndola, Juliana Martins; Liliana Rodrigues; Lorena Ferreira; Michelle Ferreira; Silvia Patrycia; Vanderlea de Assis; Valdenice de Assis; Zenbia Coca.

TENORES:Alexandre Ferreira; Carlos Roberto de Souza; Emerson Lettry; Francisco Heliodoro; Hlenes Lopes; Sebastio Tarcizio; Vincius Espndola; Vinicius Guimares; Wnandyllo Ricardo.

BAIXOS:Avelino da Cunha; Eduardo Oliveira; Henrique Gabriel dos Santos; Jos Antnio Barcelos; Jos Cornlio da Silva; Jos Vanderley de Oliveira; Reuben de Freitas.

NOTAS DE PROGRAMA

Gabriel Faur (1845-1924) Cantique de Jean Racine, op. 11Em 1865, o compositor francs escreveu uma das suas primeiras obras, para coro misto e rgo, composta como trabalho de graduao na Escola Niedermeyer, de Paris, conferindo-lhe o prmio de 1 lugar. Esta composio j mostrava o que haveria de se tornar um de seus estilos mais caractersticos - um padro rtmico fixo no acompanhamento, quase no variando por toda a pea. Com texto francs do grande dramaturgo dos sculos XVII e XVIII, que d nome obra, o texto uma evocao ao Cristo em versos romnticos.

Josef Hadar e Moshe Dor Erev shel shoshanim Uma tarde de rosas, como pode ser traduzida, uma potica cano de amor judaica. A melodia frequentemente usada em casamentos judaicos, em substituio tradicional marcha nupcial. no somente conhecida nos crculos israelitas e judeus, mas em todo Oriente Mdio. A msica foi composta em 1957. Durante as dcadas do 1960 e 1970, foi gravada por vrios intrpretes. Juhani Forsberg usou a melodia, o que ele pensava ser uma cano folclrica israelense, em sua cano tiell vaeltaa Ken, encontrada em um hinrio da Igreja Evanglica Luterana da Finlndia.

Giulio Caccini (1551-1618) Ave Maria A Ave Maria a mais conhecida de todas as oraes do culto catlico Virgem, cujas palavras se baseiam no Evangelho de So Lucas, na Anunciao do Anjo e Visitao de Isabel sua prima Maria. A Ave Maria atribuda a Caccini, compositor do final da renascena e incio do barroco, alcanou grande popularidade a partir do sculo XX, sendo interpretada com vrios arranjos. Interpretamos o arranjo de Patrick Lamberg com adaptao de Bianca Almeida.

Raimundo Martins (n1973) Orao de So Francisco de Assis A Orao de So francisco de Assis, tambm denominada de Orao da paz, uma orao de origem annima, que costuma ser atribuda popularmente a So Francisco de Assis. Dentre as diversas melodias utilizando o texto dessa orao est a de um compositor mais apreciados no meio musical evanglico, o compositor e professor Raimundo Martins, que desenvolve um amplo trabalho na divulgao da msica sacra, ao lado de outro cone, o tambm compositor Flvio Santos. Ambos so adventistas, e tm feito parte de um movimento em favor da msica sacra de livre expresso naquele segmento religioso, gerando acirradas polmicas em diversas pginas da Internet com o tema "Existe msica santa?"

ngelo Dias (n1964) & Cruz e Souza (1861-1898) Ide e pregai Obra composta em 2010 pelo maestro ngelo Dias, Ide e pregai foi dedicada ao Coral Vida e Luz e sua maestrina Bianca Almeida. O poema, de Cruz e Souza, integra o monumental Parnaso de Alm-tmulo, primeira obra psicografada pelo mdium Francisco Cndido Xavier (1910-2002). O texto nos convida a levar consolo, paz e fraternidade a todos os irmos famintos e torturados.

Milton Nascimento & Fernando Brant Encontros e despedidasCantor e compositor brasileiro reconhecido mundialmente como um dos mais influentes e talentosos msicos, Milton Nascimento iniciou, na dcada de 60 uma frtil parceria com Fernando Brant. Encontros e despedidas fala do destino das pessoas: os encontros, os desencontros, a tristeza, a alegria das chegadas e partidas. O universo esprita costuma relacionar a letra doutrina da reencarnao, pois A vida se repete na estao. O arranjo foi dedicado ao coral vida e Luz pelo maestro Carlos Vitorino, quando este era regente do grupo.

Tom Jobim/Vincius de Moraes Se todos fossem iguais a vocEm 1956, o poeta Vincius de Moraes fez sua primeira parceira com o ainda pouco conhecido Antnio Carlos Jobim, fazendo a trilha sonora da pea de teatro Orfeu da Conceio. Tom adotou o estilo sinfnico para compor alguns dos trechos. Segundo Vincius, entregou a pea para Tom se inteirar e quinze dias depois o chamou para mostrar a melodia de Se todos fossem iguais a voc, se empolgando e fazendo a letra na hora.

John Rutter (n1945) Por belezas naturais O compositor John Rutter, um dos maiores nomes do refinado estilo contemporneo erudito com ecos da msica popular, escreveu a pea para SATB e piano, baseada num texto de F.S. Pierpoint. Sheet Music.Neste hino, expressamos nossa gratido a Deus pelo primor da sua criao que nos cerca; por nossa capacidade de apreciar as belezas em ver e ouvir; e especialmente pelo dom maior de Deus, nosso Redentor.

Kinley Lange (n.1950) Esto les digoA letra desta pea pertence, originalmente, a um trecho bblico, Mateus 18:19-20: Onde dois ou mais estiverem reunido em meu nome, ali estarei. Composio a cappella, tem sido executado amplamente nos Estados Unidos, Canad e Europa. Sua feitura torna o idioma espanhol acessvel aos corais que no falam a lngua. Termina com um solo de uma soprano flutuando sobre o coral.

Randall Stroppe (n1953) poema: Garcilaso de La Vega (1503-1536) Amor de mi almaAtualmente Randall Stroope um dos mais ativos maestros corais e compositores que trabalham nos Estados Unidos. Esta pea uma configurao do poema Soneto V de Garcilaso de La Vega, uma expresso de amor do sculo16. Apesar de escrita com acompanhamento ao piano, pode ser executada a cappella. O poema uma expresso profunda do amor, palavras que ganham ainda mais ressonncia na composio de Stroppe, mais especialmente no modo como ele trata a ltima estrofe: Tudo o que eu tenho, eu devo a voc: / Por voc nasci, por voc que eu vivo, / Por voc eu tenho que morrer, e por voc / Eu daria meu ltimo suspiro.

Tradicional spiritual KumbayaO spiritual uma criao espontnea do africano trazido s Amricas como escravo e foi inspirado nas mensagens de Jesus Cristo, representando uma releitura da bblia atravs da msica. O spiritual Kumbaya um chamado a Deus. Um pedido de ajuda. A lngua utilizada foi um dialeto negro, usado pelas tribos africanas. Kumbaya poderia ser traduzida literalmente como "venha at aqui".

Gospel Spiritual Go where I send thee!Possuindo vrias verses e arranjos, este Spiritual uma cano cumulativa e tem suas origens em um jogo infantil de prendas. Cantando em ordem decrescente, versculos bblicos do os possveis significados para cada nmero: 1- Refere-se ao menino Jesus; 2- Paulo e Silas; 3- para as crianas hebrias; 4 - Os evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e Joo; 5 - Refere-se s partes do po que foi dividido; 6 - Os dias que o mundo foi criado; 7 - Refere-se ao stimo dia que Deus descansou; 8 - Refere-se s pessoas que entraram na arca de No; 9 - Os coros de anjos; 10 - Os dez mandamentos; 11 - Os onze apstolos que foram para o cu (menos Judas Iscariotes); 12 - Os doze discpulos.

ENCARTE COM CD DO RECITAL DE DEFESA

PARTE B: APRENDIZADO MUSICAL E REFERENCIAIS DOUTRINRIOS: A CONSTRUO DA PERFORMANCE EM UM CORO RELIGIOSO

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1 INTRODUO

O canto coral uma das prticas artsticas coletivas mais difundidas no Brasil. A forma como essas atividades so realizadas, amadoristicamente[footnoteRef:3] ou no, permite que se alcance diferentes objetivos sociais, culturais e religiosos. A atividade comumente fica a cargo de regentes com formao acadmica na rea de msica ou de uma variedade de regentes amadores com pouqussimo ou nenhum conhecimento terico ou de leitura musical. [3: Segundo Junker (1999, p.1), o termo coral amador implica na realizao de uma atividade na qual seus cantores o fazem por amor msica e, nesse sentido, amadoristicamente citado nesta condio de amador. Estarei utilizando esse termo no decorrer deste trabalho.]

Apesar da falta de estudo formal presente em diversos integrantes de grupos corais amadores, inegvel que esta prtica possibilita um desenvolvimento musical, porm com variantes no processo de aprendizado. Consegue-se perceber claramente a diferena de resultados quando se tem um grupo que trabalhado pelo aprendizado do repertrio musical atravs da memorizao, realizada por repetio, e quando esse mesmo grupo passa a reconhecer a obra musical sob um olhar mais amplo: quando figuras e notas musicais so discutidas, ainda que empiricamente, no decorrer da leitura musical; quando compositor e poca so levados em considerao no ato de interpretar; quando o regente prope uma anlise mais aprofundada do texto e o grupo concebe junto interpretao. Os corais religiosos geralmente tm uma viso peculiar de sua funo dentro da tradio religiosa a que esto ligados, razo pela qual colocam, muitas vezes, a mensagem textual acima de tudo, inclusive da msica. Esta atitude, de certa forma, limita o processo interpretativo, comprometendo a obra executada, que geralmente levada ao pblico em celebraes pertinentes a cada vertente de crena. Ser que quando um coro religioso canta, deve apenas focalizar na letra, na mensagem da msica ou tambm no domnio da tcnica e na construo de uma conscincia musical mais ampla? O que diferencia a performance entre coros religiosos? Quais so os valores que motivam e transformam a eficcia pedaggica desta experincia artstica? Quais as prioridades tcnicas, musicais, vocais, administrativas, doutrinrias, educativas e artsticas do trabalho do regente de coro religioso? Qual o caminho que o regente deve seguir para desenvolver tcnicas de execuo musical voltadas variedade esttica e estilstica do repertrio destes coros? Como criar linhas de exerccios tcnicos, musicais e vocais, baseadas nestas obras? Quais os critrios metodolgicos que o regente deve estabelecer para atingir tal meta? Esta pesquisa resultado de nossa experincia pessoal, h doze anos atuando como regente do Coral Vida e Luz (CVL), uma obra social da Irradiao Esprita Crist, entidade filantrpica sediada em Goinia (GO). O grupo formado por uma mdia de cinqenta voluntrios, dentre trabalhadores, confrades e simpatizantes da doutrina esprita. Senti-me motivada em investigar este tema por conta das crticas positivas que tenho recebido de profissionais da rea e do pblico, que destacam, alm dos aspectos musicais e vocais, a garra, a fora e o dinamismo do grupo. Refletindo sobre as causas deste resultado, percebi que poderia ser fruto de um processo que tinha construdo, s vezes inconscientemente, desde o ensaio at a performance, envolvendo elementos musicais e no musicais diversos. O trabalho com o Coral Vida e Luz representou, para ns, o incio de uma nova fase profissional, pois antes me dedicava completamente ao estudo e ensino do piano. Devido ao fato de aquela experincia ser inteiramente nova, o mais natural pareceu adotar uma metodologia que desse continuidade ao que j era realizado no grupo, uma vez que, estando j estruturado, poupava-me o esforo de conceber diretrizes novas numa rea com a qual ainda no me encontrava familiarizada. Entretanto, apesar de o coro estar funcionando muito bem, algo nos inquietava em relao ao processo de aprendizagem das msicas, ainda que no conseguisse propor algo diferente por falta de bagagem nessa nova atividade musical. Com nossa formao pianstica, sempre procurara oferecer o mximo de informaes aos alunos, referentes msica a ser trabalhada. O processo metodolgico do eu canto, vocs reproduzem, to comum em se tratando de coros amadores, causava em mim certa frustrao ps-ensaio, por no me satisfazer com o limitado desenvolvimento musical e artstico possibilitado pela repetio. Incomodava-me at mesmo o automatismo dos aspectos da organizao de ensaios e apresentaes, como, por exemplo, o fato de os coristas entrarem sempre da mesma forma nas apresentaes, enfileirados, com as pastas debaixo do brao, abrindo-as em precisa coreografia ao sinal do regente. Tudo transparecia disciplina, no apenas no sentido estrito e comumente aplicado da palavra e que designa aes organizadas e harmonizadas segundo critrios pr-estabelecidos. Disciplina, porm, em uma abordagem mais ampla, fruto de um pensamento que antecede a ao, tornando-se uma vivncia, uma experincia conceitual para o indivduo em sua relao consigo mesmo e com o meio em que se insere.Em 1999, um ano depois de iniciado o trabalho junto ao CVL, ao participar de um festival de msica, tive o prazer de conhecer o grande maestro e arranjador Marcos Leite, que, com seu estilo personalssimo de conduzir o coro e com suas dinmicas de ensaio no canto coletivo, mostrou que vrios conceitos tradicionais, que definitivamente no apreciava, poderiam ser rompidos. Nos ensaios, em vrios momentos, Marcos Leite conduzia as msicas apenas danando. Em outros, suas mos pareciam desenhar as linhas meldicas no ar. Suas expresses faciais encantavam e chamavam cada vez mais o grupo a querer fazer mais. A pea era concebida da mesma forma por todos, o que deixava cada indivduo comprometido com o fazer musical coletivo. Ficvamos extremamente envolvidos pela msica que era feita e percebamos que algo diferente estava sendo realizado, quase no ortodoxo. Assim, com uma nova viso de atividade coral, retomamos os ensaios com o CVL, iniciando uma nova etapa de trabalho que se mantm em constante aprimoramento at hoje, procurando construir paradigmas diferenciados que permitam ao grupo pensar e cantar, sentir e emitir sons que interajam de forma eficaz com a letra e o contexto das peas, com mais expressividade e autonomia. Ao darmos incio a esta nova etapa, os coristas perceberam que para um bom resultado na performance, a atividade coral ia alm do simples fato de decorar a letra e cantar as notas corretas. O mote de nossos ensaios no se resumiu em apenas decorar as linhas meldicas. Do ponto de vista de CLIFTON (apud FREIRE e CAVAZOTTI, 2007, p.44), msica no um fato ou uma coisa, mas um significado constitudo pelo sujeito. Ela sempre apelante, pois convida o intrprete a assumi-la como um princpio de sua atividade artstica. Dessa forma, quando o corista comea a estudar a obra, essa est muito distante dele. Mas, as realidades que permitem o acesso obra, tais como partitura, instrumentos, elementos tcnicos de todo tipo, esto fisicamente perto dele e atravs de ensaios, que os contornos que levam os coristas a assumir a temporalidade da obra comeam a aflorar. Por esta razo, todo o trabalho do professor, neste caso especfico o regente de coral religioso, deve comear atravs do profundo conhecimento das obras que ele ir interpretar, atravs de um processo de releitura criativa, uma vez que, segundo QUINTS (2010), toda leitura autntica constitui uma recriao. Para ajudar neste processo, ainda QUINTS (1991) que prope uma leitura criativa, por ele denominada ldico-ambital. Nesta leitura, o intrprete estabelece um vnculo com a obra, um dilogo, pondo em jogo toda a sua capacidade criativa, fundando um mbito novo, uma atmosfera iluminada em que tanto ele, o intrprete, como a obra encontram sua verdade.O ensaio, em sua feio metodolgica, permite aos regentes e cantores desenvolverem um slido trabalho musical e artstico. Em um grupo coral religioso que prima por uma parte musical em simbiose com o elemento doutrinrio, o ensaio o momento mais importante, pois o resultado final depende do processo realizado antes e durante os ensaios. FIGUEIREDO (1989) ratifica essa perspectiva ao dizer que o momento da performance no pode ser o mote do processo educativo. Aprender msica uma realizao muito mais ampla do que preparar uma apresentao pblica. Envolve a capacidade de se comunicar atravs da msica de acordo com o seu ambiente cultural. Aprender msica , nesta perspectiva, um processo de envolvimento em uma atividade humana coletiva e intencional. aludir a uma memria ancestral e projetar uma nova possibilidade. Silva (2010, p.01) tambm corrobora esta opinio, afirmando que O prazer do concerto muito bom e por este motivo que todo coral trabalha. Todavia, vale a pena acrescentar que recitais, concertos ou apresentaes so os produtos finais de todo o processo de ensino e aprendizagem desenvolvido, gradualmente, ao longo de uma temporada de ensaios. Na verdade, tais atividades artsticas so ferramentas de avaliao importantes para a consistncia da execuo musical e conceb-las como primordiais, isto , como meta e objetivo exclusivos da prtica coral, significam transferir o foco de ateno do processo para o produto.

Segundo ROCHA (2004), se o intrprete no tiver conseguido amadurecer suas emoes e, mesmo assim, vier a apresentar-se com a obra ainda imatura, o mais provvel que ele prprio se torne refm de suas emoes e a se transforme em objeto de curiosidade e espetculo para o pblico. No canto coral, se regente e coristas no estiverem envolvidos e tomados pela msica que produzem (serem verdadeiramente os intermedirios do que esto produzindo) o resultado final torna-se fictcio. A falta de conexo e o distanciamento crtico impedem a interao com o pblico, e o artista no sensibiliza ningum, pois produzir apenas a reproduo material dos sons registrados na partitura. Em tais circunstncias, o objetivo doutrinrio fica comprometido, o que, em corais religiosos, assaz importante. A forma como os regentes trabalham nesses ensaios mostra a eficcia pedaggica da experincia artstico-ideolgica, obtendo, consequentemente um resultado satisfatrio, verdadeiro. Entretanto, nem todos os regentes tem se preocupado com a preparao do que se faz necessrio para a realizao de um bom ensaio e, em geral, o trabalho desenvolvido atravs de experimentaes que aos poucos sedimentam uma prtica (Figueiredo, 1990, p. 5). A prtica de utilizar apenas processos de memorizao para o ensino do repertrio deixa uma lacuna no aprendizado musical bem sucedido. No somos contra o processo de memorizao em sua essncia, mas a favor de um processo de memorizao no qual exista uma compreenso formal e interpretativa da obra. O problema que as escolhas de alguns regentes no criam oportunidades que favoream um aprendizado mais reflexivo. Para os coristas, a absoro do repertrio s por repetio pode trazer danos ao processo de musicalizao. Penna (2008, p. 26) afirma que em lugar da acomodao, que leva a repetir sem crtica ou questionamento os modelos tradicionais de ensino de msica, faz-se necessria a disposio de buscar e experimentar alternativas, de modo consciente. Draham (2008, p. 18) diz que precisamos tratar a memorizao como a possibilidade de reproduzir a mesma coisa em condies novas (...) ou reconstituir algo novo no mbito dos princpios assimilados. Nesse sentido, percebe-se a ineficcia de algumas metodologias que insistem em utilizar em suas dinmicas de ensaio somente a reproduo do que se ouve, seja no repetir o que o regente pede ou repetir o que se ouve em gravaes interpretadas por outros grupos musicais. A msica simplesmente acontece, porm, dentro dos parmetros estabelecidos, sem fazer-se compreendida. Em coros religiosos observa-se uma tentativa mais intensa de sensibilizao quanto mensagem textual. Porm, somente com a estrutura musical melhor compreendida a interpretao ser mais convincente e o texto melhor explorado. Este embasamento musical diferenciado se d por meio de discusses a partir das caractersticas morfo-estruturais da pea e de conceber a pea conforme o contexto scio-cultural e histrico. O que se percebe, muitas vezes, o regente expondo a pea como quer que seja cantada e coristas reproduzindo esse formato, sem a compreenso do todo, sem um questionamento. ROCHA (2004) afirma que mesmo que a execuo de um coro tenha sido isenta de erros de notas e andamentos, sua interpretao poder gerar luz, mas no calor. Em um coral religioso o objetivo doutrinrio ficar comprometido em tais circunstncias. Com muita propriedade, PERISS (2010) defende que o leitor assuma a obra como se ele mesmo a estivesse criando pela primeira vez e no como algo j fechado e definido, devendo apreender o dinamismo interno e o poder expressivo das palavras do texto, das cenas descritas, das imagens, das metforas, dos personagens em ao etc. Acredito que as discusses perifricas que ocorrem em torno da obra se tornam eficazes para a construo de uma nova leitura, de um mbito novo. Se o msico exercitar-se numa leitura dialgica, a msica no ser um mero resultado de suas intenes, nem ele um simples instrumento, indiferente de todo contexto. Faz-se necessrio o dilogo entre a obra e o executante, pois se a obra precisa ser interpretada, ela requer dilogo. Quando existe dilogo entre intrprete e obra, expande-se o mbito da realidade na qual o intrprete encontrar a forma mais adequada de sentir e passar a msica, compreender e se fazer compreendido, estar consciente de todo processo artstico e, ao mesmo tempo, fazer-se verdadeiro com o outro. Quando estas possibilidades se concretizam, ocorre o que QUINTS (apud PERISS, 2010) denomina de experincias reversveis. Estas experincias que se caracterizam por apresentar duplo sentido: entre o sujeito e um mbito h atuaes livres que complementam os dois, gerando colaborao, crescimento. So experincias de reciprocidade e correspondncia que favorecem o desenvolvimento da pessoa, pois valorizam sua iniciativa e participao: a troca torna possvel o enriquecimento mtuo e proporciona o amadurecimento humano.VYGOTSKY (1991) defende que o ser humano o resultado da interao com o meio em que vive. A atividade canto coral se prope a interagir com os valores e experincias acumuladas pelos participantes dos ensaios para construir novos conhecimentos, numa perspectiva dialtica na qual coristas e regente so agentes do processo de formao e, neste processo, cultivem saberes de uma cultura solidria e fraterna. , portanto, necessrio contribuir para o melhor esclarecimento destas questes, buscando aproximaes entre o aprendizado artstico e a performance tecnicamente fundamentada e construda a partir do desenvolvimento e aplicao de metodologias, e pelo uso de dinmicas e tcnicas de ensaio eficazes, dimensionadas dentro do universo doutrinrio religioso. Pretende-se, com isso, compreender as condies ideais para criar um encontro autntico no mbito do coral, caracterizado pela abertura e generosidade, sinceridade e confiana, cordialidade, fidelidade e pelo compartilhamento de valores. Essas virtudes so capacidades de criar encontros e de promover formas elevadas de vida.O objetivo central dessa pesquisa propor uma metodologia de trabalho para a prtica coral de grupos religiosos que permita a construo de uma performance por meio da interao entre o aprendizado musical e os referenciais doutrinrios. Por fim, cabe destacar que esta pesquisa est dividida em quatro partes, sendo elas a introduo, dois momentos e a concluso. O primeiro momento discute a importncia do aprendizado particularizado para a conquista de uma autonomia no fazer musical. Em seguida abordado a insero doutrinria em coros espritas. O segundo momento um olhar sobre nosso trabalho realizado como regente e diretora artstica do Coral Vida e Luz ao longo da histria deste grupo, e um relato sobre a elaborao e a aplicao de uma metodologia de ensaio coral com este coro. Aqui apresentada uma proposta metodolgica que trabalhamos com o coral Vida e Luz, com base nos resultados da utilizao de tcnicas de ensaio especficas e de dinmicas aplicadas. A concluso relata os principais resultados obtidos nessa pesquisa, pontuando no apenas os ganhos para o aprendizado musical no coral Vida e Luz, mas tambm os principais aprendizados alcanados pelos coristas atravs dessa prtica coral. Em anexo, encontram-se regras bsicas para uma boa harmonia do grupo no ensaio, partituras e questionrio.

1 O APRENDIZADO MUSICAL EM COROS RELIGIOSOS

1.1 A IMPORTNCIA DA COMPREENSO TEXTUAL

Uma performance coral ideal deve explorar musical e literariamente todos os elementos inerentes ao contexto histrico, cronolgico, cultural e geogrfico de uma obra. De forma mais acentuada, as sutilezas presentes no texto favorecero uma melhor interpretao da msica. As discusses perifricas possibilitaro uma melhor compreenso da mensagem e de como transmiti-la de forma mais verdadeira, chegando assim com uma vibrao diferente platia. OLIVEIRA (apud FUCCI, 2008, p.6) afirma que o cantor tem que saber em tempo real o que est cantando. Isto lhe facilita [...] a interpretao musical e, portanto, o trabalho do regente. Para se aprofundar no sentido potico e discursivo do texto, algumas consideraes devem ser estimuladas junto aos cantores: conhecer o autor do texto e o contexto em que foi escrito; refletir sobre a finalidade da mensagem textual e as possveis razes que o compositor teve ao escolher determinado texto; o que o texto pode significar para o coro; qual a mensagem textual que o grupo gostaria que o pblico compreendesse; manter um dilogo com esta ou aquela frase em particular, buscando a compreenso do seu sentido. Por isso, tambm, a importncia da traduo de textos em outros idiomas. Cada significado e pronncia exatos de cada palavra devem ser obtidos para que possa manter um dilogo com determinada frase, possibilitando ao intrprete, ao fazer a leitura de um novo texto, dar um maior sentido melodia.UNES (1998, p.21) faz uma analogia entre a figura do tradutor e a do intrprete musical. Ele questiona aquele tradutor que se coloca secundrio aos significados ou ao autor do texto original. Chama a ateno para que o tradutor seja um autor e construtor de significados. Ora, musicalmente, interpretar um texto empreendimento anlogo quele do tradutor que se debrua sobre um significado literrio. Apenas cantar o texto, sem seu sentido mais amplo, ser uma mera traduo sem significados, ou seja, uma substituio de palavras de um idioma por palavras de outro.Segundo FIGUEIREDO (2006, p. 33), para a compreenso da estrutura da obra, o trabalho j foi iniciado com o estudo do texto. Para ilustrar esse fato, FUCCI (2008, p. 6) observa que a complexa relao msica-texto revela ao intrprete as reais intenes do compositor ao escrever determinada pea, contribuindo sobremaneira para uma boa execuo. Sendo a mensagem um aspecto importante para os coros religiosos, na escolha do repertrio, o regente invariavelmente ponderar sobre a qualidade e propriedade do texto. FUCCI (2008, p.05) dirige a ateno do regente ao texto da msica para que este seja capaz de transmitir, tambm aos coralistas, a significao intrnseca pea musical e, por conseguinte, possibilitando uma melhor execuo da obra. Afirma a autora: o texto constitui uma parte essencial na interpretao da msica vocal e carrega um sentido que, conjugado ao poder do som, leva compreenso da obra executada. Nesse sentido, a anlise do texto deve ser criteriosa e sua concepo dever ser realizada pelos coristas sob a orientao do regente. Neste caso, seus critrios de escolha para a interpretao do contedo, seja entre a fidelidade ao texto ou a recriao, devem agregar valores e sentido obra. ROCHA (2004, p. 76) diz que entre execuo por obrigao contratual e vontade espontnea de fazer msica, o intrprete deve buscar um acordo que equilibre tais faces, valorizando intelecto e emoo, esprito e sentimento. ROCHA (2004, p. 78) ainda argumenta que, para se alcanar a clareza na execuo, alm da concepo textual, deve o intrprete estabelecer as dinmicas bsicas, os andamentos, as articulaes e as solues estilsticas a serem adotadas. Nesse sentido, ao enfatizar musicalmente determinadas palavras, o corista saber que o est fazendo por determinada razo, demonstrando platia uma visvel diferena em sua performance.

1.2 A INSERO DA TEORIA MUSICAL NO ENSAIO CORAL

A forma como a teoria musical encarada pelas pessoas envolvidas na atividade do canto coral amador , na maioria das vezes, equivocada, provocando at mesmo certa averso a seu estudo. OLIVEIRA E OLIVEIRA (2005, p. 29) concordam que podemos trabalhar com um coral sem incluir noes de leitura musical, mas que isso implica em srias limitaes de repertrio e progresso nos ensaios. FIGUEIREDO (2006, p.22) ratifica a importncia do estudo terico:Para um cantor de coro, o solfejo torna-se ainda mais importante, j que ele deveria ser capaz de aprender sua parte, apenas utilizando este recurso. O regente pode dar estmulo ao cantor para que procure aulas de solfejo, ou mesmo criar as condies, dentro do ambiente do coro, para que tal aula ocorra.

Como j considerado na introduo, comum encontrar corais que recorrem apenas metodologia modelo-repetio para o ensino do repertrio, limitando o processo de musicalizao. Em corais religiosos, a adoo desse mtodo, qual seja o cantar de ouvido, indcio de que alguns de seus dirigentes podem considerar que, no canto coral, a teoria musical irrelevante, j que o importante louvar a Deus. Concordamos que o atual estado da prtica do canto coral religioso no Brasil pode conduzir a esta situao, levando-se em considerao a escassez do tempo dedicado aos ensaios e a agenda sempre cheia de compromissos, no apenas no templo, mas tambm junto comunidade. No af de obter o mximo de resultado com pouco tempo de ensaio, os regentes se vem obrigados a ensinar o repertrio de forma imediatista e rpida, guardando para um futuro que nunca chega o sonho de condies ideais em que pudesse trabalhar com o grupo de forma a abranger estudos mais aprofundados. Contudo, faz-se necessrio oferecer condies para que o corista tenha acesso partitura, mesmo que seja apenas para seguir os grficos de cada linha meldica. O permanente contato com a partitura nos ensaios possibilitar uma maior familiarizao e interesse dos coristas em conhecer novos cdigos. Assim, conforme PINTO (2008, p.21), os coristas sero capazes de relacionar aspectos da escrita musical (movimento ascendente e descendente, staccato, legato, e outros) com os resultados musicais obtidos, sem que seja necessria a interveno do regente para explicitar aqueles elementos. Ainda o autor que diz:Para os cantores leigos, essa anlise meldica, a princpio, potencialmente visual e sua compreenso depende da orientao do regente. O cantor, com o tempo, passa a associar o aspecto visual com padres sonoros que foram passados pelo regente no processo de enculturao, como dito anteriormente (p. 22).

HAAS-KARDOZOS (apud PINTO, 2008, p. 18) afirma que a intimidade com a escrita musical o meio mais rpido e natural para que o aluno se familiarize com os mecanismos da linguagem musical. Para autores como FIGUEIREDO (2006), PINTO (2008) e SILVA (2010), o contedo apresentado pela partitura deve ser um objetivo comum do coro e do regente para uma interpretao musical slida e consistente. A esta altura, desperta no cantor a importncia de conhecer o mximo de elementos musicais, pois com tal habilidade ele pode contribuir com sua parte e ter um melhor aproveitamento do ensaio com questes que vo alm do mero aprendizado da melodia de cada naipe (PINTO, 2008, p. 18). Desde que optamos pelo aprendizado consciente, em detrimento do velho mtodo leigo de repetio automtica, todo corista passou a ter uma partitura nos ensaios, ao invs de somente a letra digitada. Isso possibilita, ainda que de forma incipiente, uma anlise mais direta da pea trabalhada, mesmo que o cantor no domine os princpios de leitura musical. Acompanhar o grfico da linha meldica de cada naipe facilita a movimentao dentro da linha meldica. Reconhecer caractersticas morfo-estruturais da pea (sees, vozes, instrumento acompanhador, sistema, coda, ritornelos, tonalidade), permite estabelecer associaes entre a msica e o texto. Paralelamente, chamamos a ateno dos msicos sobre os aspectos de contedo espiritual das composies, e como isso se relaciona forma, ao gnero, ao estilo etc. Estudamos o compositor e o perodo da composio, as caractersticas de seu estilo e como a obra em estudo se encaixa em sua produo total. Esses elementos proporcionam aos coristas uma melhor viso das caractersticas principais da composio. Identificar esses elementos aproximar o cantor da msica, buscando desenvolver um reconhecimento da partitura desde o seu primeiro contato, visando outra leitura mais consciente dos elementos musicais e textuais.

1.3 O ENSAIO CORAL

Cantar a essncia da experincia coral. Para muitos cantores, em um coro amador, o regente coral a nica fonte de instruo que possuem em termos de desenvolvimento vocal. Conseqentemente, imperativo que os regentes planejem atividades dirias que ofeream aos cantores a oportunidade de crescerem vocalmente, lado a lado com momentos prazerosos e motivadores. O desenvolvimento vocal uma busca constante e deve fazer parte de cada ensaio. MATHIAS (1986) afirma que esta estrutura, se utilizada de forma consciente, aumenta a compreenso do processo de cantar e desenvolve tcnicas de canto que podem ser aplicadas msica que est sendo ensaiada. Segundo FIGUEIREDO (2006, p.14), o ensaio o grande encontro entre os coristas e o seu regente, intermediado pela partitura. Nesse sentido, a atitude do regente nos ensaios crucial, buscando a ativao da voz j na fase de desenvolvimento de habilidades e aperfeioamento do conjunto: os coristas precisam perceber, nos primeiros momentos, que h um alto nvel de expectativa.A maioria das pessoas que procura um coro religioso o faz porque querem cantar; praticar sua f por meio da msica. Dessa forma, observa-se certa fragilidade musical em apresentaes de coros que acreditam que o importante apenas louvar a Deus, sem tambm se preocupar com o crescimento musical individual e coletivo. Para que possamos realizar nosso objetivo maior, que a de transmitir determinada mensagem, faz-se necessrio que haja competncia no grupo para interpretar a pea em questo. Concordamos com a afirmao de LUST (2010, p.01), de que o simples fato de que nos agradam certas harmonias e melodias, no nos capacitam apresent-las ao Criador como oferta de louvor e adorao. Compete ao regente construir esse diferencial durante os ensaios. Nesse sentido, os coristas devem ser motivados a compreenderem a diferena do fazer consciente durante o processo.Convm aqui frisar que no estamos dissociando a doutrina religiosa do aprendizado musical, mas buscando apontar o ideal sonoro numa performance final quando a experincia artstica se d na compreenso do todo.Atravs de ensaios, comeam a aflorar no intrprete os indcios que o levam a assumir a temporalidade da obra. Para isso, preciso levantar informaes a respeito do perodo histrico, do compositor e da obra; assim como do autor do texto. Entretanto, por parte do regente, a anlise da msica e do texto, a deteco de problemas e as estratgias a serem utilizadas nos ensaios devem ser preparados antecipadamente. O regente deve planejar como apresentar, de forma palatvel aos coristas, a anlise realizada da obra. ZANDER (2003, p.218) diz que o importante na anlise que esta no seja, para os leigos, demasiado acadmica e o ensaio no perca sua espontaneidade musical e que, neste sentido, o regente deve programar um plano bem organizado de uma maneira enrgica e entusistica, inspirando nos coristas durante os ensaios um desejo de cantar e de se aperfeioarem. Esse o momento para trabalhar, tambm, aspectos relacionados percepo auditiva que sero necessrios execuo da pea. Momento tambm de mostrar a estrutura da pea, marcando os lugares de respirao, mapeando frases, dinmicas, articulaes, melodia, harmonia, contraponto, relao do acompanhamento com as linhas de canto, caso seja acompanhada etc. Todo esse trabalho consciente dos elementos musicais evitar os possveis erros cometidos em uma primeira leitura de uma obra musical.De acordo com FERNANDES (2006), o relaxamento corporal e os vocalizes devem fazer parte de todos os ensaios. A tcnica vocal ser uma excelente ferramenta para os coristas no incio dos ensaios. Para muitos, a tcnica vocal se limita a simples exerccios de aquecimento, que produzem pouco ou nenhum benefcio ao desenvolvimento vocal em longo prazo. H os que se prendem ao uso de alguns determinados exerccios ou mtodos aprendidos em alguma escola de canto, sem discernir se esses contribuiro para o desenvolvimento da sonoridade das vozes. Existem aqueles que, por no planejar seus ensaios e a aplicao da tcnica vocal no repertrio, utilizam um nmero exagerado de vocalizes aprendidos em cursos diversos, acreditando que conseguiro bons resultados atravs deste trabalho. Os vocalizes desenvolvero as habilidades vocais dos coristas e prepararo para o repertrio que ser trabalhado no dia. Dessa forma, os mesmos devem estar relacionados ao repertrio e ao estilo vocal do grupo, buscando utilizar clulas rtmicas mais complexas e/ou intervalos meldicos complicados das peas que sero ensaiadas no dia ou fazer vocalizes com as frases de ritmos ou dico difceis. Essa sintonia da tcnica vocal com as peas, certamente resultar em um ensaio mais produtivo, alm de mais dinmico. ALVARENGA (2006, p.01) corrobora essa opinio, afirmando que a tcnica vocal deve estar o mais prximo do objetivo musical do grupo, ajudando assim na compreenso das msicas cantadas:(...) se o repertrio tem por caracterstica, gneros especficos da msica brasileira, pode ser vantajoso extrair as estruturas rtmicas do arranjo para serem praticadas isoladamente em vocalizes. Se h muitas canes no modo menor natural 1, os vocalizes podem j antecipar esta informao. Caso tenha muitos cromatismos 2 dificultando a percepo harmnica 3, produtivo vocalizar mudando a tonalidade para que o grupo construa, aos poucos, a imagem harmnica. Se o arranjo pede que um naipe mude subitamente de timbre em um trecho, preciso treinar essa agilidade tambm fora da msica, aproveitando a oportunidade para sugerir o mesmo exerccio todos os naipes. Se uma determinada frase musical longa devendo ser cantada sem cortes, antes mesmo de comear a ensinar a nova msica, antecipar este momento no aquecimento vocal pode tornar o aprendizado mais fcil. Quando a frase musical aparecer na cano, muitos cantores logo a reconhecero como o tema do aquecimento vocal e certamente estaro mais receptivos tanto msica quanto prpria prtica da tcnica vocal.

Todavia, crucial que o trabalho com tcnica vocal no se limite ao incio dos ensaios, mas o permeie todo, possibilitando uma realizao do repertrio com melhor qualidade artstica. Conforme ALVARENGA (2006) faz-se importante conectar treinamento vocal e exigncias do repertrio. Aproximar os vocalizes do cancioneiro realizado, fazendo com que aqueles fiquem cada vez mais musicais. Essas atitudes tornaro os ensaios mais eficazes, pois estaro aproveitando o mximo do pouco tempo que dedicado aos ensaios. Outra ferramenta importante nos ensaios so as dinmicas de grupo, que alm de colaborarem com a apresentao, integrao e descontrao, permitem avaliar o funcionamento do prprio grupo, valorizando cada pessoa e reconhecendo a importncia de todos. Dinmicas para fortalecer o trabalho de concepo sonora da pea, de equilbrio entre as vozes, dentre outras, devem ser realizadas para que o aprendizado se torne mais prazeroso. Homogeneidade e equilbrio so dos mais importantes aspectos da sonoridade de um coro e, por isso, devem ser trabalhados sistematicamente pelo regente nos ensaios. Segundo FERNANDES (2006), para a realizao de um trabalho satisfatrio preciso que se entenda que o equilbrio sonoro est relacionado quantidade de som, enquanto que a mistura homognea do som est relacionada sua qualidade. Para BRANDVIK (1993, apud FERNANDES, p. 174), se o regente pretende alcanar um som homogneo, ele deve estar constantemente atento a quatro elementos: afinao, cor sonora de cada vogal, volume e ritmo. Segundo o autor, trata-se de um processo contnuo que no pode ser limitado ao planejamento de ensaio da primeira semana e depois esquecido. uma habilidade de escuta, disciplina que deve ser praticada consistentemente. Durante os ensaios, vital atentar para as possveis falhas durante a execuo tais como: nota errada, desafinao, respirao em lugares no definidos, problemas de dico, emisso vocal etc. Segundo FERNANDES (2006), a conscientizao dos cantores a respeito desses aspectos individuais fundamental para que se trabalhe o coletivo da sonoridade coral (homogeneidade, equilbrio, afinao e preciso rtmica). FERNANDES (2006, p. 4) sintetiza alguns aspectos que exercem influncia, direta ou indiretamente, sobre o resultado sonoro de uma obra na performance: a) em que circunstncias e para que tipo de pblico a obra foi escrita; b) as possveis condies acsticas das salas de concerto bem como o tipo e o tamanho dos grupos vocais e instrumentais para os quais a obra foi composta; c) o sistema e o padro local de afinao; d) a cor ou qualidade sonora das vozes e dos instrumentos; e) as variaes de mtrica, fraseado, articulao e dinmica; f) o significado do texto e as formas regionais de pronncia deste texto.Existem tambm aqueles que acreditam que, por saberem ler a partitura, no precisam participar exaustivamente dos ensaios como os outros que aprendem apenas de ouvido. O saber solfejar no isenta o corista de freqentar os ensaios, pois o ensaio no realizado apenas para leitura de notas. Se assim o fosse, um coro profissional no necessitaria de ensaios, bastando apenas se encontrarem nas apresentaes pblicas.Mesmo em um ensaio planejado no qual ocorram dvidas ou dificuldades durante o aprendizado, a flexibilidade deve existir. Automaticamente utilizamos de dinmicas de canto em grupo ou outra ferramenta para que aquele problema, em particular, seja sanado. Entretanto, mesmo sendo o regente criativo, planejar ainda o melhor para o bom andamento do trabalho.

1.4 REFERENCIAIS DOUTRINRIOS EM GRUPOS ESPRITAS

Neste trabalho, em virtude do objeto de pesquisa envolver a atividade doutrinria e musical do Coral Vida e Luz, da Irradiao Esprita Crist, o enfoque ser consoante com a viso esprita de arte, resultado dos referenciais ideolgicos da doutrina esprita, percebendo a interao da experincia esttica com a religiosa. Delimitar o universo infinito da Arte algo paradoxal, mas para que possamos nos sintonizar com essa comunho entre ideologia e arte espritas, faz-se necessrio uma viso do que a Doutrina Esprita.O Espiritismo, surgido na Frana, no sculo XIX, a organizao em moldes cientficos e filosficos contemporneos de duas vertentes do pensamento religioso que sempre acompanharam a humanidade: a comunicabilidade com o plano espiritual e a crena na reencarnao. Desde os ensinos de Buda, Krishna, Scrates, Plato e Aristteles, dentre tantos, passando pelo judasmo, a crena na imortalidade da alma e das oportunidades infinitas de evoluo pela volta ao corpo fsico eram plenamente conhecidas. O pedagogo francs Hippolyte Lon Denizard Rivail (1804-1869) que, mais tarde, adotou o pseudnimo Allan Kardec, para diferenciar a Codificao Esprita dos seus inmeros trabalhos pedaggicos publicados anteriormente , compilou (no criou) os princpios da Doutrina que , a um s tempo, religio, cincia e filosofia. Esta elaborao, ou, como conhecida, Codificao, foi o resultado de milhares de mensagens recebidas ao longo dos anos, a partir de 1854, em reunies espritas, no apenas na Frana, onde Kardec trabalhou, mas em todo o mundo. Recolhidas, catalogadas, analisadas, comparadas e submetidas a rigorosa triagem cientfica, estas pginas eram obtidas por diversos mdiuns por meio da psicofonia[footnoteRef:4] e da psicografia[footnoteRef:5], e enfeixadas pelo Prof. Rivail, sob os auspcios da Espiritualidade Superior. Em grande parte dos contatos, havia propriamente sesses de perguntas e respostas, como entrevistas, nas quais os conceitos apreendidos iam se completando e aprofundando, sob a orientao do Plano Maior. O resultado foram cinco livros, que formam as chamadas Obras bsicas do Espiritismo, contendo todos os princpios decantados das mensagens e comunicaes recolhidas por Kardec. So eles: [4: Fenmeno que ocorre quando um esprito se manifesta oralmente pelo mdium.] [5: Fenmeno que ocorre quando um esprito se manifesta escrevendo pelo mdium.]

1. O Livro dos Espritos (1857)2. O Livro dos Mdiuns (1861)3. O Evangelho segundo o Espiritismo (1864)4. O cu e o inferno (1865)5. A Gnese (1868)

Os dez pontos fundamentais da Doutrina Esprita segundo as Obras Bsicas so:1. Deus, nosso Pai, a suprema inteligncia do Universo e criador de todas as coisas. Ele eterno, nico, todo-poderoso, soberanamente justo e bom;2. Como atributo de Sua lei de justia equnime, criou todos os espritos iguais, simples e ignorantes, e a todos, sem exceo, destinou a felicidade plena;3. A todos conferiu o livre arbtrio, para que nossa felicidade seja fruto de nossa prpria caminhada evolutiva, por meio das experincias felizes ou dolorosas que nos proporcionam nossas escolhas; 4. Ainda segundo Sua justia, e pela lei de causa e efeito, o que fazemos ser sempre nossa responsabilidade, sendo que os erros cometidos sero reparados por meio de circunstncias anlogas, em outras oportunidades;5. Para que se concretize Sua justia, a reencarnao o veculo supremo e inexorvel que nos possibilita o soerguimento constante, apesar das incontveis quedas a que nossa condio humana ainda nos sujeita;6. Pela reencarnao, temos sempre a possibilidade de crescimento e reparao dos erros, numa ascenso inevitvel, pois ningum ser excludo, num futuro ainda a distncia inimaginvel, do rol daqueles abenoados pela angelitude;7. O nico roteiro de nossa redeno pelo amor o Evangelho, trazido por Jesus do Mais Alto pela vontade do Pai, para que tivssemos no Mestre nosso modelo e guia;8. Pela possibilidade da comunicao disciplinada com o plano espiritual, benfeitores, sob a gide de Jesus, nos auxiliam na senda evanglica da reforma ntima, focada no amor a Deus e ao prximo, e na busca da vivncia da f, do perdo incondicional, da humildade e da caridade moral e material;9. A prece a fora maior da vida, a oportunidade de agradecer e louvar, o blsamo das feridas morais e fsicas, a consolao nos momentos de aflio;10. A fraternidade e o amor universais sero, um dia, o resultado de nossa evoluo lenta e rumo a mundos mais felizes, pois, como nos deixou dito o Mestre, um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que tambm vs, vos ameis uns aos outros. Nisto conhecero todos que sois meus discpulos (...). (Jo13:34-35)

No meio esprita, o ideal da prtica artstico-ideolgica no estanque, j que entendemos ser a arte esprita bastante flexvel, capaz de fazer bem s pessoas, lev-las a pensamentos e sentimentos superiores, instigar a reforma ntima, independente de rtulos (FONSECA, 2008) Nesse sentido, em se comparando o trabalho de diversos coros espritas, possvel concluir que cada grupo tem um perfil, onde tiveram a liberdade de optar pelo seu estilo, repertrio, locais de apresentaes etc. Para o artista esprita, o mais importante que a msica cumpra seu papel de elevao. Para isto o que conta a boa inteno (Jesus no corao) e a sintonia com o Alto (prece e caridade) para captao das mais sublimes harmonias. (FONSECA, 2008, p.19). Geralmente, o princpio norteador de um coro esprita o mesmo da casa qual pertence seu regente/coordenador. Apesar da unicidade do pensamento filosfico, cientfico e religioso que norteia as instituies espritas, fruto do seu embasamento terico na Doutrina, cada casa possui suas prprias variantes ideolgicas, de acordo com seus interesses na comunidade a que serve. Em um seminrio no Centro Esprita Paz e Amor (Goinia, GO), DIAS (2010), regente do Coral Esprita Vozes da Terra, assim definiu a relao ideologia/arte na prtica coral religiosa: A comunho entre ideologia e arte ocorre quando a aplicao do conhecimento musical se torna apenas um dos meios para a construo de uma performance musical diferenciada, capaz de transcender os limites do sonoro e atingir um nvel sublime de comunicao entre o ser artista-esprito e o a ser ouvinte-esprito.

Perguntei aos integrantes do CVL se era possvel defender uma ideologia com arte e se cada canto coral tem uma ideologia. A linguagem utilizada por eles na resposta a prpria da ideologia esprita. Alguns jarges so utilizados, entretanto, foi realizada uma transcrio fidedigna de um depoimento que expressa amplamente esses conceitos em um coro confessional.

A meu ver extremamente possvel, vivel e recomendvel a defesa de uma ideologia via ao artstica. A arte musical, teatral, a dana, a pintura e tantas outras tm o total domnio do principal agente mobilizador, a comoo. A pessoa sensibilizada se torna participante da mesma ideologia que a tocou. (...) A beleza atrai, o exemplo arrasta, mas s o amor constri. A beleza, ingrediente principal da arte, seja ela qual for, consegue mobilizar aquele que sensibilizado. No caso da ideologia do Amor a Deus e ao Prximo, nada melhor que este agente (a arte) para compartilhar dos princpios e levantar seguidores. Identifico-me com a opinio que cada canto coral tem uma ideologia prpria. Cada canto coral tem a sua realidade, o seu contexto, as suas limitaes e suas possibilidades. Um coro profissional tem seu intuito de comoo para a perfeio da musicalidade, um coro amador tem o seu intuito de comoo para a alegria, um coro de estudantes de msica tem o seu fundamento no aprendizado e um coro vinculado a uma religio tem a inteno baseada nos ensinamentos de sua crena. Mesmo dentro da realidade esprita, os coros podem divergir em seus interesses, alguns existem com o intuito de atividade teraputica para seus integrantes e socializao nas atividades do centro, outros com a finalidade de divulgar o espiritismo, outros com o desgnio de convencer pelo bem e outros ainda que detenham todas estas funes em sua razo de existncia. (ARIANA, contralto)

Esse depoimento consegue sintetizar a resposta dos outros coristas, revelando a conscientizao possvel em um coro religioso e leigo. Essa conscientizao faz-se necessria para uma melhor realizao do objetivo proposto na arte esprita. 2. CORAL ESPRITA VIDA E LUZ: UM ESTUDO DE CASO

Esta segunda parte um relato sobre a aplicao de uma metodologia coral, no perodo de maro de 2010 a fevereiro de 2011, elaborado para o Coral Vida e Luz. Apresento um breve histrico desde sua formao inicial e caractersticas da prtica deste coro sob nossa regncia; apresentamos a metodologia de ensaio e descrevemos caractersticas de sua aplicao; analisamos os resultados obtidos; e, por fim, propomos diretrizes para sua edificao (ou aperfeioamento).

2.1 CONSIDERAES GERAIS

Em 1982, quando a Irradiao Esprita Crist (IEC), entidade filantrpica sediada em Goinia (GO), estava prestes a concluir reformas e ampliaes em suas estruturas fsicas, a Mocidade e trabalhadores da casa se uniram para a realizao de uma cantata nas festividades de Natal. Sob a coordenao da pianista Alexandrina Vieira, essa primeira formao coral manteve suas atividades at 1984, quando houve uma interrupo. Com o objetivo de se apresentarem nas principais festividades daquela casa esprita, em 1991 a atividade coral foi retomada com o maestro Lecy Jos Maria e, na segunda metade do ano de 1995, ficou sob a batuta do maestro Vincius Carneiro. No ano de 1996, o coro passou por modificaes, compondo-se basicamente de diretores, trabalhadores e voluntrios da Instituio. Agora sob a regncia do maestro Carlos Vitorino, adquiriu o nome de Coral Vida e Luz, em escolha democrtica entre os participantes e com total aprovao da diretoria da Casa. Os ensaios tinham uma dinmica diferente, fosse no trabalho vocal ou na distribuio de encontros, passando para duas vezes semanais com durao total de trs horas. A partir de 1998, assumimos a regncia e a direo artstica do grupo. At ento, era apenas integrante do coro e trabalhadora da Casa.

Figura 1: CVL no Recital da disciplina Regncia da Turma do 4 ano de Educao Artstica da EMAC/UFG - Dezembro/ 1999

Aos poucos, o grupo foi adquirindo um novo perfil, estendendo seu repertrio aos vrios estilos de msica coral. O nmero de cantores, que at ento ficava em torno de 25 integrantes, foi aumentando gradualmente, e em 2007 j contava com 51 membros, sendo 20 sopranos, 16 contraltos, 8 tenores, 6 baixos, com faixa etria entre 14 e 80 anos e um co-repetidor (pianista), que foi contratado pelo grupo a partir de 2002. A percusso e o violino foram acrescentados ao grupo depois de apresentaes em que estes msicos foram convidados e continuaram participando integralmente das atividades como voluntrios, assim como a nossa atividade como regente. Sentimos a necessidade de aumentar o tempo dos ensaios e estes passaram a ter a durao de cinco horas semanais, mantendo o nmero de ensaios. Em pocas que precedem o Natal, ou por ocasio de algum projeto a ser realizado, normalmente so marcados ensaios de naipes que so realizados em outros horrios, sendo eles na prpria sede da IEC ou em casas dos coristas. Normalmente esses ensaios extras duram de uma hora e meia a duas horas, sob a orientao de monitores de naipes[footnoteRef:6]. [6: Os monitores de naipes so coristas que tem condies de ensaiar seus naipes sem a presena do regente. So responsveis para ajudar na afinao do coro. Esse trabalho com monitores faz parte da proposta deste estudo.]

A vontade de alguns indivduos integrarem o CVL e em funo de suas inexperincias com a atividade canto coral, resultou no projeto do Grande Coro Vida e Luz. Todos poderiam participar desse grande coro, oportunizando que esses coristas tivessem mais experincias com o canto, atravs de um repertrio especfico. Os ensaios deste grande grupo eram apenas aos domingos das 18h s 20h, e o coro menor, digamos, o oficial, continuava ensaiando at as 21h, alm dos ensaios de quarta-feira. Dessa forma, o repertrio do grupo oficial, era trabalhado separadamente. Foi uma experincia enriquecedora, no qual pudemos adquirir vrios coristas desse projeto, estando conosco at os dias de hoje. Infelizmente no demos prosseguimento a esse projeto em funo do convite para participarmos do IV Congresso Esprita Mundial, realizado em Paris, Frana. Tivemos que dedicar um maior tempo aos ensaios do grupo menor, como conseqncia, perdemos o objetivo maior, que era de proporcionar o canto coral a todos que desejassem. Est em nossos planos a continuao desse projeto ainda no ano de 2011.

Figura 2: Grande Coro Vida e Luz, IEC - Junho/2004

Embora vrios coristas possuam maior qualificao musical e vocal, a maioria entrou sem nenhuma formao, e essa foi sendo adquirida nos ensaios e ampliada extra-coro, conforme a necessidade e iniciativa dos prprios coristas. O corista Vincius Guimares, 21 anos, iniciou no grupo com 14 anos, sem experincia alguma. Atualmente, bacharel em Regncia Coral e Regente Assistente do CVL. Lorena Ferreira, 19 anos, acadmica em Msica pela UFG. Quando iniciou no CVL, tinha grandes dificuldades vocais e hoje atua no grupo como assistente de naipe e tambm de regncia. Aos poucos, novas funes foram acrescentadas ao coral, dentre elas, assistentes de naipes, regentes assistentes e atribuies administrativas que, a priori, eram de responsabilidade nica do coordenador administrativo. Outros coristas que se propuseram a colaborar mais com o grupo ficaram responsveis pela obteno das cpias de partituras, preparao da sala de ensaio, lista de presena/atrasos e relatrio de ensaio, elaborao e manuteno do site e blog do CVL. As regras foram construdas conforme as necessidades surgiam e atualmente cada corista recebe um texto com as Regras Bsicas (anexo III) para ser um colaborador[footnoteRef:7] do coral. [7: Convidado para ensaiar o CVL, o maestro Vladimir Silva, professor da Universidade Federal de Campina Grande, utilizou a frase: O corista tem que colaborar e no apenas participar; sintetizando o ideal de postura do bom corista. O colaborador aquele que no vai apenas cantar, mas que participa por inteiro da atividade coral e colabora com seu crescimento. ]

Conquanto o grupo tenha a msica religiosa como referncia, seu repertrio bastante ecltico, transitando pela msica popular e peas em outras lnguas, como, o latim, ingls, hebraico, espanhol, esperanto, francs e italiano. O Vida e Luz tambm interpreta peas de compositores contemporneos, spirituals e msica folclrica, sejam elas a capella ou com acompanhamento instrumental. Esse repertrio contribuiu tambm na insero do grupo em eventos culturais no religiosos.

Figura 4: CVL na Inaugurao da Ps - Graduao, SENAI/GO - Novembro/ 2005Figura 3: CVL na II Conveno Nacional da Associao Brasileira de Regentes de Coros, sob a regncia do maestro Emlio de Csar - Agosto / 2003

Figura 6: CVL na entrega de Ttulos da Academia Goiana de Letras, Cmera Municipal de Goinia - Novembro/ 2006Figura 5: CVL na III Conveno Nacional da Associao Brasileira de Regentes de Coros ABRC - Agosto/ 2006

Figura 8: CVL na gravao da trilha do curta-metragem Kill - Setembro/ 2007Figura 7: CVL na Noite Cultural de Bela Vista/GO - Setembro/ 2007

Figura 9: CVL no IV Encontro de Corais da Cidade de Gois Outubro/ 2008Figura 10: CVL na Cantata de Natal da Organizao Jaime Cmara- Dezembro/ 2009

Figura 11: CVL no Mercado de Clon (Palau da Musica), Valencia/Espanha Outubro/2010Figura 12: CVL no Recital Preliminar para a obteno do titulo de Mestre de Bianca Almeida - Dezembro/ 2010

Ao longo de sua trajetria, o grupo tornou-se bastante expressivo e tem sido utilizado como excelente veculo no processo de harmonizao nos trabalhos regulares e em datas comemorativas das Obras Sociais da IEC.

Figura 12: CVL no lanamento do Selo Bicentenrio de Kardec, IEC Outubro/2010oFigura 13: CVL em comemorao natalina, IEC Dezembro/2010

Figura 14: CVL no asilo Solar Colombino de Bastos, Obra Social da IEC Dezembro/2006

O grupo exerce atividades tambm em hospitais, abrigos, casas de recuperao, creches, igrejas e/ou ncleos de atendimento fraterno, nesta capital e em outras cidades no Brasil e no exterior sem distino de credo religioso e situao scio-econmica.

Figura 15: CVL no VI Encontro de Coros Espritas de Braslia e II Encontro de Coros de Planaltina - Setembro/ 2002

Figura 17: CVL Unificao de Corais Esprita 19 Congresso Esprita de Gois- Fevereiro/ 2003

Figura 19: CVL no 4 Congresso Esprita Mundial, Paris (Frana) - Outubro/ 2004

Figura 16: CVL em comemorao Loja Manica Unio Feliz, N 31 - Setembro/2002

Figura 18: CVL no 20 Congresso Estadual Esprita de Gois Fevereiro/ 2004

Figura 20: CVL no 22 Congresso Esprita de Gois - Fevereiro/ 2006

Figura 21: CVL na Sesso Solene de Posse da Academia Esprita de Letras, FEEGO -Outubro/ 2005

Figura 22: CVL no VII Encontro de Corais Espritas do Distrito Federal, Gama - Setembro/ 2004

Figura 23: CVL no 23 Congresso Esprita de Gois, Fevereiro/ 2007

Figura 25: CVL no III Congresso Esprita Brasileiro, Braslia/DF - Abril/ 2009

Figura 24: CVL no II Encontro dos amigos de Chico Xavier, Pedro Leopoldo/MG - Abril/ 2008

Figura 26: CVL no 26 Congresso Esprita de Gois - Maro/ 2010

Muitos desses trabalhos realizados esto disponveis na internet, no site www.coralvidaeluz.org.br.

2.2 METODOLOGIA APLICADA AOS ENSAIOS

O programa de musicalizao com o Coral Vida e Luz foi elaborado em janeiro de 2010 e sua aplicao foi planejada para o retorno aos ensaios do coro, que estava em recesso, no final do ms. Este programa esteve vinculado ao repertrio que seria trabalhado durante o ano de 2010 e fevereiro de 2011, sendo interpretado em outubro do ano de 2010, durante o VI Congresso Mundial Esprita, em Valncia, Espanha. A escolha do repertrio tambm foi influencia do tempo de realizao do mestrado, considerando a implementao de pesquisa (elaborao do projeto, coleta e anlise dos dados). A elaborao deste programa norteou-se pelos princpios da pesquisa-ao. Esse tipo de pesquisa foi utilizado por parecer bastante adequado quando compartilhamos da realidade e das condies especficas em que o processo realizado. Para alcanar os objetivos, estabelecemos as seguintes etapas especficas: 1) Observao direta nos ensaios do Coral Vida e Luz durante o perodo de cinco meses (setembro, outubro, novembro e dezembro de 2010 e Janeiro de 2011). 2) Foram observados, analisados, avaliados e registrados os ensaios elaborados por ns, de acordo com os seguintes critrios/categorias: Aplicao do roteiro de trabalho; Concepo dos mecanismos de avaliao da eficcia dos paradigmas propostos; Planejamento e seleo de repertrio especfico; Elaborao de dinmicas de grupo e musicais voltadas para consolidao dos objetivos.3) Observao das apresentaes do coral Vida e Luz, momentos nos quais foram analisados, avaliados e registrados aspectos carentes de reestruturao j que a aplicabilidade do repertrio tambm foi objeto de anlise nesta pesquisa. 4) Realizao de entrevistas dirigidas ou no, relatos de campo pelos coristas e/ou pesquisadora e material udio-visual, verificando a contribuio social e cultural desta atividade para os coristas e comunidade;

O objetivo deste estudo no descrever os ensaios detalhadamente e nem analisar as peas, porm observar alguns aspectos relevantes ocorridos nos mesmos e relacion-los a algumas questes ora levantadas. E essa observao foi feita a partir de nossa experincia pessoal como regente do Coral Vida e Luz. Portanto, as figuras do observador e do regente se misturam. A proposta foi elaborada a partir do repertrio escolhido. O nvel de dificuldade das peas varia de mdio a difcil:Gabriel Faur (1845-1924) Cantique de Jean Racinengelo Dias/Cruz e Souza (dedicada ao Coral Vida e Luz) Ide e Pregai Giulio Caccini (1551-1618) Ave MariaArr. Patrick LambergAdap. Bianca AlmeidaMilton Nascimento/Fernando Brant Encontro e Despedidas Arr. Carlos VitorinoAdap. Bianca AlmeidaTom Jobim/Vincius de Moraes Se todos fossem iguais a vocArr. ngelo DiasJohn Rutter (n1945) Por Belezas Naturais Adap. Bianca AlmeidaKinley Lange (n1950) Esto Les Digo Randall Stroppe (n1953)/Garcilaso de La Vega (1503-1536) Amor de mi almaTraditional spiritual Kumbaya Arr. Paul SjolundGospel Spiritual Go Where I Send Thee!Arr. Paul Caldwell/Sean IvoryAdap. Bianca Almeida Raimundo Martins Orao de So Francisco de Assis Josef Hadar/Moxhe Dor Erev Shel Shoshanim Arr. Jack Klebanow

Foi elaborado um cronograma de ensaios e de apresentaes. Nos ensaios, analisamos cada pea que era introduzida, e foram levantadas informaes a respeito dos estilos e perodos histricos e dos compositores das obras, alm dos autores dos textos. Os textos, quando estavam em outras lnguas, foram traduzidos e discutidos com todo o grupo para que a mensagem fosse concebida da mesma forma e, assim, passar a verdade que gostaramos que chegasse ao pblico. Sua forma foi percebida, marcaram os lugares de respirao, mapearam as frases, as dinmicas, os ritornelos, as articulaes etc.Essa anlise inicial, com marcaes, auxiliou na interpretao, tornando compreensveis as nfases/valorizaes que devem ser realizadas em determinadas frases ou palavras. Dessa forma, os coristas ficaram atentos ao sentido do que se deveria fazer, e no apenas memorizar o que deveriam cantar naquele momento forte ou piano, sem a fundamentao da proposta. No soaria verdadeiro ao pblico, j que tambm no ficara claro para o grupo. A partir dessa discusso, a concepo da sonoridade das peas foi construda: Nos ensaios foram realizados aquecimentos do grupo corporal e vocal. Nos exerccios vocais tambm foram utilizados trechos das peas que foram ensaiadas em cada dia. Nos exerccios corporais fizemos exerccios de conscincia corporal, alongamentos, relaxamentos, dentre outros.Entretanto, alguns desafios foram encontrados ao aplicar a proposta inicial deste estudo. Diversas razes contriburam para que a estratgia fosse alterada no decorrer deste processo. fato notrio entre os regentes que atuam no Brasil a constatao de que em coros leigos existe uma grande rotatividade de pessoal, movida pelas mais diversas justificativas. Apesar dessa renovao ser interessante ao grupo, que oportuniza a mais pessoas vivenciarem a msica, os cantores novatos sempre precisam passar por uma adaptao vocal e interao com o repertrio, o que, de certa forma, faz com que o trabalho retroceda um pouco a cada vez. Esta situao se agrava porque, por serem aqueles leigos, o aprendizado das msicas mais lento, o que retarda sua contribuio efetiva ao coro. A convivncia em um grupo heterogneo, em que existem cantores que se encontram em outros nveis de desenvolvimento vocal e de vivncia musical/maturidade das msicas diferentes, um dos grandes de