Aprendizagem da divisão e comunicação...

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Escola Superior de Educação de Setúbal Programa de Formação Contínua em Matemática para Professores dos 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico 2009 - 2010 1 Aprendizagem da divisão e comunicação matemática O João vendeu os seus jogos de consola, em segunda mão, a 8cada um. Conseguiu realizar um total de 328nessa venda. Quantos jogos vendeu? Divisão: um caminho a percorrer – Relato de sala de aula 1 Paula tinha estado a trabalhar a divisão com os seus alunos e concebeu uma situação de divisão a partir de um contexto de medida. Era sobre um amigo que tinha recentemente ganho 328a vender jogos de consola ao preço de 8cada um. Paula planeava perguntar aos seus alunos quantos jogos ele tinha vendido. Tinha dúvidas sobre a natureza desta situação, não sabia se seria um contexto rico e significativo para as crianças ou se seria demasiado “escolar”. Decidiu arriscar. Apresentação da tarefa Paula começa a aula com os alunos sentados à volta dela e conversando sobre o fim de semana. Paula – Deixem-me falar-vos do meu fim de semana. O meu amigo João vai mudar-se para Leiria. Luís – Tenho uma prima que mora lá. Paula sorri e continua – … então, este fim de semana, ele decidiu vender um conjunto de coisas que não queria levar. Depois de alguma dificuldade em livrar-se dos detalhes que os alunos queriam ver explicados ela lá conseguiu continuar. Paula – Sabem quanto dinheiro ele conseguiu só vendendo os jogos de consola? Trezentos e vinte e oito euros. Várias crianças – Uah! A como os vendeu? Paula – 8 euros cada. Um aluno – Só?! Quem me dera ter lá estado! Outro aluno – Quantos vendeu? Ele devia ter muitos. Paula – Era essa a pergunta que eu estava aqui a pensar. Pensei que talvez pudéssemos tentar descobrir hoje na hora da Matemática. Exploração da tarefa em trabalho de pares Aluno – Podemos ir já trabalhar nisso? Já sei como começar. Os alunos aceitaram a história como verdadeira apesar de não terem experimentado uma venda deste tipo. Foi realista para eles. Começam a matematizar a situação. Vão trabalhar a pares. Muitas crianças usam adições repetidas para chegar ao 328. Algumas crianças fazem pauzinhos no papel depois tentam contar grupos de 8 mas têm dificuldades. Outros usam a propriedade distributiva da multiplicação em relação à adição indo buscar factos conhecidos. No fim discutem as suas estratégias num congresso matemático. 1 Excepto os comentários incluídos em caixas sombreadas, o episódio foi adaptado de Fosnot, C., & Dolk, M. (2001). A professora descreve uma situação e coloca questões desencadeando a formulação de um problema.

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Aprendizagem da divisão e comunicação matemática O João vendeu os seus jogos de consola, em segunda mão, a 8€ cada um.

Conseguiu realizar um total de 328€ nessa venda.

Quantos jogos vendeu?

Divisão: um caminho a percorrer – Relato de sala de aula1

Paula tinha estado a trabalhar a divisão com os seus alunos e concebeu uma situação de divisão a partir de um contexto de medida. Era sobre um amigo que tinha recentemente ganho 328∈ a vender jogos de consola ao preço de 8∈ cada um. Paula planeava perguntar aos seus alunos quantos jogos ele tinha vendido. Tinha dúvidas sobre a natureza desta situação, não sabia se seria um contexto rico e significativo para as crianças ou se seria demasiado “escolar”. Decidiu arriscar. Apresentação da tarefa Paula começa a aula com os alunos sentados à volta dela e conversando sobre o fim de semana. Paula – Deixem-me falar-vos do meu fim de semana. O meu amigo João vai mudar-se para Leiria. Luís – Tenho uma prima que mora lá. Paula sorri e continua – … então, este fim de semana, ele decidiu vender um conjunto de coisas que não queria levar. Depois de alguma dificuldade em livrar-se dos detalhes que os alunos queriam ver explicados ela lá conseguiu continuar. Paula – Sabem quanto dinheiro ele conseguiu só vendendo os jogos de consola? Trezentos e vinte e oito euros. Várias crianças – Uah! A como os vendeu? Paula – 8 euros cada. Um aluno – Só?! Quem me dera ter lá estado! Outro aluno – Quantos vendeu? Ele devia ter muitos. Paula – Era essa a pergunta que eu estava aqui a pensar. Pensei que talvez pudéssemos tentar descobrir hoje na hora da Matemática. Exploração da tarefa em trabalho de pares Aluno – Podemos ir já trabalhar nisso? Já sei como começar. Os alunos aceitaram a história como verdadeira apesar de não terem experimentado uma venda deste tipo. Foi realista para eles. Começam a matematizar a situação. Vão trabalhar a pares. Muitas crianças usam adições repetidas para chegar ao 328. Algumas crianças fazem pauzinhos no papel depois tentam contar grupos de 8 mas têm dificuldades. Outros usam a propriedade distributiva da multiplicação em relação à adição indo buscar factos conhecidos. No fim discutem as suas estratégias num congresso matemático.

1 Excepto os comentários incluídos em caixas sombreadas, o episódio foi adaptado de Fosnot, C., & Dolk, M. (2001).

A professora descreve uma situação e coloca questões desencadeando a formulação de um problema.

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Discussão da tarefa: o congresso matemático Paula – Então, Carlos vamos começar por ti? Carlos vem para a frente da turma e exibe orgulhosamente o seu cartaz. Contou de 1 em 1 mas registou apenas os múltiplos de 8 até 328 para não se perder à medida que avançava.

Carlos – Depois contei todos os números. Ele vendeu 41 jogos. Os colegas concordaram com a resposta. Paula – Muito bem! Mas tiveste muito trabalho. O teu método, Nuno, também deu muito trabalho. Fizeste pauzinhos não foi? Nuno fez pauzinhos e agrupou-os em grupos de 8. A professora tenta estabelecer uma ligação entre a estratégia de Carlos e de Nuno. Pretende que eles dêem atenção à eficácia ao longo da conversa por isso vai sublinhando subtilmente o tédio e a dificuldade das suas estratégias de contagem. Nuno – Sim, demorei muito tempo – admite Nuno – Nem consegui acabar.

Nuno mostra a seu trabalho à turma. Desenhou e agrupou com círculos vários grupos mas desenhar 328 pauzinhos leva muito tempo, especialmente quando é preciso ir contando várias vezes para circundar de oito em oito. Completou 32 grupos e portanto não tem ainda a resposta.

Carlos – Foi por isso que eu fiz assim. Quando consegues o primeiro grupo escreves 8, depois o segundo jogo é 16. Nuno conta os seus tracinhos e concorda abanando a cabeça. Paula – O método do Carlos é um bocadinho mais rápido não é? Talvez à medida que formos mostrando as nossas estratégias vamos descobrindo processos mais rápidos. Era bom termos o trabalho mais facilitado, não era? Fazer o registo da contagem parece facilitar. Jaime e Sofia porque não apresentam a seguir? Vocês também arranjaram uma maneira de registar as contagens, não foi? Estes alunos usaram uma estratégia de subtracções sucessivas. Paula pede-lhes para apresentarem a seguir, evidenciando a conexão entre adição repetida e subtracção sucessiva. À medida que eles apresentam a professora vai apontado na cartolina do Carlos 328 … 320, 312 etc.

A professora gere a participação dos alunos, iniciando a discussão da tarefa pela apresentação das estratégias matematicamente menos poderosas.

O aluno explica o seu raciocínio. A professora suscita a reflexão sobre a estratégia apresentada, tentando estabelecer uma ligação com a estratégia de outros alunos.

Um aluno, por sua iniciativa, compara publicamente a sua estratégia com a do colega, justificando. A professora gere a participação dos alunos, enfatizando a importância de encontrar estratégias matematicamente mais poderosas e salientando um processo que facilita a sua descoberta.

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Paula – É um pouco como o Carlos fez mas a andar para trás. Portanto, em ambas as maneiras não nos perdemos nas contagens. Para a frente com adição, como o Carlos, para trás com subtracção, como o Jaime e a Sofia. Miguel – Mas isso ainda é muito trabalho. Olha a quantidade de papel que vocês gastaram. Laura e Alice concordam e perguntam – Podemos partilhar o nosso? Temos uma maneira mais rápida. Colocam o seu cartaz ao lado do cartaz do Jaime e da Sofia. Laura – Nós começámos por adicionar 8, mas depois escrevemos 6 deles e percebemos que sabíamos que 6x8 é 48. E escrevemos isso. Alice – Depois são dois 48’s. Faz 96. E isso é 12 oitos. Depois nós somámos outro 48, e outro. Continuámos assim até ao 288. Laura – Pois foi e depois tivemos um problema. Não podíamos por mais 48… só 40. Paula – Como sabiam quando parar? Laura – Porque tínhamos de chegar ao 328.

Cartaz do Jaime e da Sofia Cartaz da Laura e da Alice

É muitas vezes difícil para os alunos compreenderem as estratégias que são muito diferentes da sua própria. Jaime e Sofia subtraíram e sabiam que tinham que parar no zero. Será que entendem a estratégia de Laura e de Alice? E qual o sentido que Carlos e Nuno dão a esta estratégia? Paula – Nuno, estás a compreender? Podes ajudar-me, isto seria mais rápido não achas? Poupava o trabalho de fazer todos os pauzinhos e de contar, não era Carlos? Carlos abana a cabeça com ar desorientado. Paula – Quem pode ajudá-lo?

A professora faz um ponto de situação, relacionando as estratégias apresentadas e salientando os aspectos comuns.

A professora coloca questões de modo a promover o pensamento matemático dos alunos e incentiva-os a responsabilizarem-se pela aprendizagem dos colegas.

Os alunos interagem entre si, argumentando os seus raciocínios. A professora coloca questões que promovem a tomada de consciência do próprio pensamento dos alunos.

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Jaime oferece-se para explicar. Enquanto o faz, Paula constrói seis filas com 8 cubinhos cada. Coloca uma fila no chão de modo a que Carlos e Nuno vejam bem, e depois outra… à medida que as coloca lado a lado pede a Nuno que encontre os números no seu cartaz. Paula – Então Carlos quando elas chegaram ao 48, disseram que eram 6 jogos. Quantos eram no teu trabalho? Carlos – Seis. Paula continua – E o 96? Quantos jogos são? Carlos olha para o 8 do seu cartaz e conta a partir daí. Carlos – Doze. Curiosamente Carlos não consegue logo perceber que se 48 são 6 jogos, o 96 corresponderia a 12. Nem conta a partir do 48. Volta ao 8, ao princípio. É muito difícil para as crianças compreenderem como os números podem ser usados para contar objectos agrupados e ao mesmo tempo contar os grupos. Carlos consegue contar cada grupo de 8 como um. Demonstra-o quando conta, apontando. O seu cartaz mostra saltos de oito e cada salto é para ele um jogo. Neste sentido conta grupos e elementos ao mesmo tempo. Mas Laura e Alice estão a tratar quarenta e oito (6x8) como uma unidade. Adicionam grupos de 48’s e cada um destes grupos representa seis jogos. Carlos e Nuno esforçam-se por compreender. Paula continua procurando criar pontes de compreensão. Pede autorização a Carlos para escrever no seu cartaz. (Os cubos continuam no chão dispostos de forma rectangular – 6x8). Como Carlos autoriza, Paula desenha saltos de antes do 8 (para vir desde 0) até ao 48.

Paula – Quantos jogos são, Carlos? Carlos – Seis. Paula escreve 6x8, seis jogos sobre o primeiro “salto”. Paula – Nuno podes verificar? Podes construir com as filas de cubos? Nuno tinha usando pauzinhos para contar, portanto os cubos estão mais próximos da sua maneira de pensar. Cada cubo é como se fosse um pauzinho. E a fila é como o grupo que ele circundou. Paula quer ter a certeza que Nuno tem oportunidade de arranjar as filas num modelo rectangular e relacioná-lo com os saltos no cartaz de Carlos. Continua a marcar os saltos e Nuno a fazer filas de cubos. Quando as representações estão completas, dirige-se a Laura e Alice.

A professora coloca questões de modo a incentivar o pensamento matemático dos alunos, desafiando-os a clarificar os seus raciocínios.

A professora introduz uma representação que permite criar pontes de compreensão entre as diferentes estratégias e coloca questões de modo a incentivar o pensamento matemático dos alunos.

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Paula – O que acham meninas? Isto traduz o vosso pensamento? As alunas dizem que sim. Paula – Alguém tem perguntas? Mónica que tem estado atenta, mas calada, tem um ar intrigado e diz que sim. Mónica – Porque é que vocês fizeram 6x8? Várias crianças parecem ter a mesma dúvida. Alice e Laura encolhem os ombros e dizem: “Não sei”. A pergunta de Mónica é pertinente. Ela própria tinha usado 10x8 – uma estratégia ainda mais eficiente. A multiplicação por 10 é um horizonte importante para ser alcançado pelos alunos. Mas para tal, têm de compreender o sistema posicional e o padrão de resultados a ele associado. De outra maneira multiplicar por dez não é diferente de multiplicar por seis. Paula quer aproveitar este momento. Paula – Por exemplo, Mónica, como fizeste? Tens uma sugestão? A Mónica traz o seu cartaz onde escreveu 80+80+80+80. Mónica – Eu fiz oitentas. Depois soube que eram 41 jogos. Paula – Como terá ela chegado ao 80? O Nuno (com ar completamente baralhado) – Se calhar foi um bom palpite. Paula – Foi palpite Mónica? Mónica – Não. Com 10 é mais fácil. Eu sabia que 10x8 é 80. É fácil. Então sabia que era 10 jogos mais 10 jogos, mais 10 jogos, mais 10 jogos. Isso era 320 euros… por isso era mais um jogo. Ele vendeu 41 jogos. Miguel – Isso é mais ou menos como o meu. Mas eu fiz 4x8 primeiro. Eu sabia que era 32. E depois 10 vezes é 320. Mónica e Miguel estão a usar estratégias muito eficazes. A de Miguel é a base do algoritmo da divisão. Apesar de ser tentador encorajar todos os alunos a usar este tipo de estratégias (mais eficazes) eles precisam de tempo para as explorar e as compreender por si próprios. Se a aprendizagem é um processo de desenvolvimento então é impossível conseguir que todas as crianças atinjam os mesmos níveis de compreensão ao mesmo tempo.

E a comunicação matemática? Todo este relato dá expressão a aspectos importantes da comunicação na sala de aula, evidenciando-se o modo como a professora gere as interacções na turma. Através das intervenções que faz, organiza a comunicação fazendo, nomeadamente pontos de situação em momentos oportunos que permitem dar visibilidade ao foco da troca de ideias e à relação entre elas. Além disso, estas intervenções suscitam a reflexão sobre estratégias apresentadas, promovem a tomada de consciência, pelos alunos, do seu próprio pensamento e incentivam o pensamento matemático. Possibilitam, ainda, clarificar ideias, obter pistas sobre o pensamento dos alunos e criar pontes de compreensão entre diferentes estratégias. Os alunos participam do discurso da aula apresentando explicações e justificações e questionando os colegas. O congresso matemático, tal como foi organizado, constituiu um contexto favorável a este tipo de interacções.

A professora coloca questões que promovem a tomada de consciência do pensamento dos alunos e incentiva-os alunos a colocarem questões aos colegas. Os alunos interpelam os colegas procurando justificações.

A professora coloca questões para procurar pistas sobre a forma de pensar dos alunos e incentiva os “autores” das estratégias a explicá-las aos colegas.

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Para que ocorra uma comunicação multidireccional com estas características, é fundamental a existência de uma certa cultura de sala de aula. Nesta cultura é fundamental que os alunos se responsabilizem por explicarem e justificarem as suas ideias, por se ajudarem mutuamente, por escutarem atentamente o que dizem os colegas, por se interpelarem uns aos outros orientados pelo respeito mútuo, por se exprimirem de modo a que todos, e não apenas o professor, possam ouvi-los e por participarem organizadamente (Boavida et al., 2008). Encontramos, neste relato, exemplos de que a professora procura constituir e manter uma cultura deste tipo. Por exemplo, quando, ao observar a dificuldade de Carlos, pergunta “Quem pode ajudá-lo?” procura ensinar os alunos que todos são responsáveis pela aprendizagem de todos. Também quando intervém dizendo “Alguém tem perguntas?” e Mónica, na sequência, questiona os colegas “Porque é que vocês fizeram 6x8?”, legitima a possibilidade da existência de interacções entre os alunos tendo em vista uma maior compreensão do que é dito. Não é simples constituir e manter culturas com estas características. Não basta fazer emergir ideias dos alunos. É, também, essencial “o professor saber o que fazer com estas ideias de modo a que a turma trabalhe colectivamente no sentido de chegar a consensos fundamentados e matematicamente relevantes sobre o significado de ideias matemáticas importantes” (Boavida et al., 2008, p. 123). No entanto, este é um desafio que não pode ser evitado que se pretende que a comunicação matemática seja uma capacidade transversal a todo o ensino e aprendizagem da Matemática, tal como é preconizado pelo actual programa do ensino básico (Ponte et al., 2007) Referências Boavida, A. M., Paiva, A. L., Cebola, C. Vale, I. & Pimentel, T. (2008). A experiência

matemática no ensino básico. Lisboa: ME/DGIDC. Fosnot, C., & Dolk, M. (2001). Young mathematicians at work: constructing multiplication and

division. Portsmouth, NH: Heinemann. Ponte, J. P., Serrazina, L., Guimarães, H., Breda, A., Guimarães, F., Sousa, H., Menezes, L.,

Martins, M. E. e Oliveira, P. (2007). Programa de Matemática do Ensino Básico. Lisboa: ME – DGIDC.