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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO – PPGE SILVIA JANINE RODRIGUES DA COSTA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA DO COTIDIANO: estratégias de ação no jogo de bola de gude Itajaí 2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO – PPGE

SILVIA JANINE RODRIGUES DA COSTA

APRENDIZAGEM MATEMÁTICA DO COTIDIANO:

estratégias de ação no jogo de bola de gude

Itajaí

2011

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UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura - ProPPEC Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE

Curso de Mestrado Acadêmico

SILVIA JANINE RODRIGUES DA COSTA

APRENDIZAGEM MATEMÁTICA DO COTIDIANO: estratégias de ação no jogo de bola de gude

Dissertação apresentada ao colegiado do PPGE como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação pela Universidade do Vale do Itajaí. Linha de Pesquisa: Cultura, Tecnologia e Aprendizagem Grupo de Pesquisa: Informática na Educação Orientador: Prof. Dr. André Luis Alice Raabe

Itajaí 2011

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FICHA CATALOGRÁFICA

C823a

Costa, Silvia Janine Rodrigues da, 1971-

Aprendizagem matemática do cotidiano [manuscrito]: estratégias de ação no

jogo de bola de gude / Silvia Janine Rodrigues da Costa. – Itajaí, 2011.

136 f. : il., fig., gráfs., quadros

Inclui apêndices e anexos

Referências: f. 96-97.

Dissertação apresentada ao colegiado do PPGE como requisito parcial para a

obtenção do grau de mestre em Educação pela Universidade do Vale do Itajaí.

Linha de Pesquisa: Cultura, Tecnologia e Aprendizagem. Grupo de Pesquisa:

Informática na Educação, 2011.

“Orientador: Prof. Dr. André Luis Alice Raabe”.

1. Aprendizagem de matemática. 2. Estratégias de ensino e aprendizagem. 3.

Teoria dos campos conceituais. 4. Método clínico de Piaget. I. Raabe, A. L. A.. II.

Título.

CDU: 371.3

Magda Cristina Possamai – CRB 14ª/1122

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UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura - ProPPEC Programa de Pós - Graduação em Educação - PPGE

Curso de Mestrado Acadêmico

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

SILVIA JANINE RODRIGUES DA COSTA

APRENDIZAGEM MATEMÁTICA DO COTIDIANO: estratégias de ação no jogo de bola de gude

Dissertação avaliada e aprovada pela Comissão Examinadora e referendada pelo Colegiado do PPGE como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação.

Itajaí, 29 de agosto de 2011

Membros da Comissão Orientador _____________________________

Prof. Dr. André Luis Alice Raabe

Membro Externo _____________________________ Prof. Dr. José Aires de Castro Filho

Membro Representante do Colegiado _____________________________ Profª. Dra. Verônica Gesser

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que ao me proporcionar a graça de atingir este objetivo, aumenta

minha responsabilidade na missão que me foi concedida, dar mais sentido à vida

daqueles alunos que por mim passam.

Ao meu esposo, pela sua grande paciência com minhas ausências, noites em

claro e pelo apoio constante e incondicional nos momentos de desânimo, vontade de

desistir, sendo minha mola propulsora e maior responsável por ter vindo e chegado

até aqui.

Aos meus pais, que desde que me conceberam sempre sonharam que o meu

futuro fosse o que é o meu presente.

À minha colega de trabalho, Ivone Cavília, pela sua disposição, parceria,

companheirismo e apoio incondicional numa fase muito importante de minha

carreira.

Ao meu querido orientador professor Dr. André Luis Alice Raabe, pela sua

paciência com minhas limitações e compreensão nos momentos de frustrações.

A toda equipe do PPGE, que me acolheu de braços abertos e fez um

excelente trabalho de lapidação nesta nova Silvia Janine Rodrigues da Costa.

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RESUMO

Este trabalho busca elementos que permitam criar alternativas para melhorar a aprendizagem dos alunos com dificuldades em matemática, auxiliando na recuperação e atendimento daqueles que vivenciam dificuldades de aprendizagem. Também busca mostrar o quanto o professor pode tirar proveito das estratégias de ação utilizadas nas situações problemas propostas aos seus alunos em seus conhecimentos prévios. Entende-se que ao envolver elementos que a criança já trás no seu cotidiano cultural como os jogos e jogos virtuais, e suas estratégias de ação em torno disso, estaremos explorando alternativas promissoras para ampliar a motivação e a satisfação na aprendizagem matemática. Sendo assim, esta pesquisa aponta possíveis influências nas estratégias adotadas pelos alunos ao solucionarem problemas ligados ao campo aditivo, conforme Vergnaud (2009), em diferentes contextos: (i) jogo de bola de gude; (ii) jogo de bola de gude virtual. A pesquisa aconteceu com alunos do 2º Ano e 3º Ano (7 e 8 anos respectivamente) que freqüentam a Classe de Apoio Pedagógico (CAP), na Escola Básica João Paulo II, Itajaí – Santa Catarina – Brasil. A pesquisa seguiu um roteiro de realização de um pré-teste com objetivo de fazer uma pré-análise informal da construção de seus conceitos matemáticos. Num segundo momento foram realizadas partidas de bola de gude real, das quais as bolinhas que eram “tecadas” pelos alunos valiam pontos e aplicava-se o método clínico de Jean Piaget com perguntas formuladas com base nas Teorias dos Campos Conceituais (VERGNAUD, 2009). Num terceiro momento foram realizadas novas partidas de bola de gude nas mesmas condições de entrevista feitas anteriormente, mas com um software chamado Jogar Bola de Gude. Nos registros coletados em filmagens das realizações das partidas dos jogos foram levantadas as seguintes estratégias de ação: contar dedos, contar bolinhas, cálculo mental, sequência numérica e memorização. Concluiu-se que as estratégias utilizadas foram praticamente as mesmas em ambos os contextos destes jogos. A estratégia de contar bolinhas foi utilizada apenas no contexto real. Os alunos se sentiram mais influenciados a resolver problemas matemáticos aditivos utilizando a estratégia do cálculo mental, sendo esta a que mais se destacou nas três categorias dos campos conceituais de Vergnaud e nas duas formas de jogo. Palavras-Chaves: Aprendizagem de Matemática, Estratégias de Ensino e

Aprendizagem, Teoria dos Campos Conceituais, Método Clínico de Piaget.

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ABSTRACT

This research aims to create alternatives to improve students' learning in mathematics, aiding in the recovery and care of those who experience learning difficulties. It also seeks to show how the teacher can take advantage of the action strategies used in problem situations offered to students in their prior knowledge. It is understood that using cultural elements from the child’s daily life, such as video games, and its associated action strategies, we explore promising alternatives to increase motivation and satisfaction in learning mathematics. Therefore, this research points to possible influences on the strategies adopted by students to solve problems related to the additive field as defined by Vergnaud (2009), in different contexts: (i) the game of marbles, (ii) the game of virtual marbles. The research was conducted with students in the 2nd and 3rd years (7 and 8 years old respectively) attending the Educational Support Class (CES) at the João Paulo II Primary School in Itajaí - Santa Catarina - Brazil. The research carried out a pre-test in order to make an informal analysis of the pre-construction of the student’s mathematical concepts. In a second stage, marble matches were held, and analyzed using the clinical method of Jean Piaget, with questions based on theories of conceptual fields (Vergnaud, 2009). In the third step, we carried out new matches using marbles under the same conditions, but with the software called Playing Marbles. The analysis of the recorded interactions showed the adoption of the following action strategies by the students: counting fingers, counting marbles, mental calculation, number sequence and memorization. We concluded that the strategies used were practically the same in both contexts of games. The strategy of counting marbles was used only in the real marble context. Students solved additive mathematical problems, mainly using the mental calculation strategy, which was highlighted in the three categories of Vergnaud's conceptual fields and the two forms of game.

Key words: Mathematics learning, teaching learning strategies, Conceptual fields Theory, Piaget Clinical Method.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Tripé da Formação dos Conceitos ............................................................ 35

Figura 2 - Campo Conceitual ..................................................................................... 36

Figura 3 - Relações Ternárias I ................................................................................. 41

Figura 4 - Relações Ternárias II ................................................................................ 41

Figura 5 - Jogo Bola de Gude da Icon Games .......................................................... 62

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1-Reações Observáveis no Exame Clínico ................................................. 25

Quadro 2-Abordagens da Tecnologia Educacional .................................................. 30

Quadro 3-Perfil Frente às TICs ................................................................................. 31

Quadro 4-Categorias de Problemas Com Uma Transformação ................................ 41

Quadro 5-Esquemas De Representação Das Relações Ternárias .......................... 47

Quadro 6-Primeira Categoria .................................................................................... 47

Quadro 7-Segunda Categoria ................................................................................... 47

Quadro 8-Terceira Categoria ..................................................................................... 48

Quadro 9-Quarta Categoria ....................................................................................... 48

Quadro 10-Quinta Categoria ..................................................................................... 48

Quadro 11-Sexta Categoria....................................................................................... 49

Quadro 12-Análises da Segunda Categoria .............................................................. 50

Quadro 13-Análises da Quarta Categoria ................................................................. 53

Quadro 14-Problemas do Tipo Multiplicativo ............................................................. 56

Quadro 15 - Perfil dos Sujeitos de Pesquisa ............................................................. 61

Quadro 16 - Configurações do Software Jogar Bola de Gude ................................. 64

Quadro 17 - Roteiro de entrevista do jogo real no dia 19/10/2010 ........................... 69

Quadro 18 - 1ª Categoria - Estratégia de Contar Bolinhas ........................................ 78

Quadro 19 - 1ª Categoria - Estratégia de contar os Dedos ....................................... 79

Quadro 20 - 1ª Categoria - Estratégia de Memorização ........................................... 79

Quadro 21 - 3ª Categoria - Estratégia de Contar os Dedos ..................................... 82

Quadro 22 - 3ª Categoria - Estratégia de Contar Bolinhas ........................................ 83

Quadro 23 - 3ª Categoria - Estratégia de Memorização ........................................... 83

Quadro 24 - 2ª categoria - Estratégia de Memorização ............................................ 85

Quadro 25 - 2ª Categoria - Estratégia Mental ou de Memorização .......................... 86

Quadro 26 - 2ª Categoria - Estratégia Mental ou de Memorização ou de Sequência

Numérica ................................................................................................................... 86

Quadro 27 - 3ª Categoria - Estratégia de contar Dedos ............................................ 88

Quadro 28 - 3ª Categoria - Estratégia de Cálculo Mental .......................................... 89

Quadro 29 - Panorâmica das Estratégias de Ação ................................................... 91

Quadro 30– Roteiro de Exame na 2ª Partida de Jogo Real do dia 19/10/2010 ....... 101

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Quadro 31– Roteiro de Exame da Análise dos Resultados das Duas Partidas do dia

19/10/2010 .............................................................................................................. 104

Quadro 32– Roteiro de Exame do Jogo Real no dia 21/10/2010 ............................ 107

Quadro 33– Roteiro de Exame de Análise dos Resultados da 1ª Partida do dia

19/10/2010 com a Partida do dia 21/10/2010 .......................................................... 111

Quadro 34- Roteiro de Exame de Análise dos Resultados da 1ª Partida do dia

19/10/2010 com a Partida do dia 21/10/2010 .......................................................... 114

Quadro 35– Roteiro de Exame da 2ª Partida de Jogo Real do dia 22/10/2010 ....... 116

Quadro 36– Roteiro de Exame de Análise das Duas Partidas de Jogo Real do dia

22/10/2010 .............................................................................................................. 117

Quadro 37– Roteiro de Exame do Jogo Virtual do dia 26/10/2010 ......................... 119

Quadro 38 – Roteiro de Exame do Jogo Virtual do dia 26/10/2010 ........................ 122

Quadro 39– Roteiro de Exame do Jogo Virtual do dia 28/10/2010 ......................... 126

Quadro 40 – Roteiro de Exame do Jogo Virtual do dia 28/10/2010 ........................ 129

Quadro 41 – Roteiro de Exame de Jogo Virtual do dia 29/10/2010 ........................ 133

Quadro 42 – Roteiro de Exame de Jogo Virtual do dia 29/10/2010 ........................ 135

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1-Estratégias de Ação na 1ª Categoria do Jogo Real .................................. 76

Gráfico 2- Estratégias de Ação na 2ª Categoria do Jogo Real ................................ 79

Gráfico 3-Estratégias de Ação na 3ª Categoria do Jogo Real .................................. 80

Gráfico 4-Estratégias de Ação na 1ª Categoria do Jogo Virtual ............................... 83

Gráfico 5-Estratégias de Ação na 2ª Categoria do Jogo Virtual ............................... 84

Gráfico 6-Estratégias de Ação na 3ª Categoria do Jogo Virtual ............................... 86

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CAP - Classe de Apoio Pedagógico

TIC - Tecnologias da Informação e Comunicação

PUC/SP – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

ProInfo – Programa Nacional de Informática na Educação

SBGAMES – Simposio Brasileiro de Jogos e Entretenimento Digital

PC – Personal Computer

Mhz – mega-hertz

Mb - megabyte

ME – Millennium Edition (Edição do Milênio)

XP – eXtreme Programming (Programação Extrema)

BPP – bits por pixel

CRNS - Centre National de Recherches Scientifiques (Centro Nacional de

Investigação Científica)

PUC/RJ – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

OA – Objeto de Aprendizagem

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

2. ESTUDOS ACERCA DE JEAN PIAGET .............................................................. 19

2.1 OS ESQUEMAS DE PIAGET NOS ESTÁGIOS COGNITOS ........................... 19

2.2 ASSIMILAÇÃO, ACOMODAÇÃO E EQUILIBRAÇÃO DOS ESQUEMAS ....... 21

2.3 MÉTODOS DE COLETA DE PESQUISA......................................................... 21

2.4 CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DOS TIPOS DE REAÇÃO ........................... 25

2.5 REGRAS PARA A INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ........................... 25

3. USO DE TICS NO SUPORTE A ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM ................. 28

4. TEORIAS DOS CAMPOS CONCEITUAIS ........................................................... 34

4.1 CAMPO CONCEITUAL .................................................................................... 34

4.2 CÁLCULO RELACIONAL ................................................................................. 36

4.3 RELAÇÃO ....................................................................................................... 36

4.4 TIPOS DE RELAÇÕES .................................................................................... 37

4.5 A NUMERAÇÃO E AS QUATRO OPERAÇÕES ............................................ 42

4.6 OS PROBLEMAS DE TIPO ADITIVO .............................................................. 44

4.7 NOÇÃO DE GRUPO ........................................................................................ 53

4.8 OS PROBLEMAS DE TIPO MULTIPLICATIVO ............................................... 54

4.9 TEOREMAS DE AÇÃO .................................................................................... 56

5. METODOLOGIA ................................................................................................... 59

5.1 SUJEITOS DA PESQUISA .............................................................................. 59

5.2 MATERIAIS UTILIZADOS ................................................................................ 60

5.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA .................................................................... 63

6.SÍNTESE DAS OBSERVAÇÕES DA PESQUISA ................................................. 73

6.1 ANÁLISE DO PRÉ TESTE .............................................................................. 73

6.2 ANÁLISES DAS PARTIDAS DOS JOGOS ...................................................... 75

6.3 OBSERVAÇÕES GERAIS ............................................................................... 88

7. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 92

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 96

APÊNDICES ............................................................................................................. 98

ANEXOS ................................................................................................................. 135

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1. INTRODUÇÃO

Neste trabalho cujo tema é Aprendizagem Matemática Do Cotidiano:

estratégias de ação no jogo de bola de gude serão verificadas as estratégias

utilizadas por crianças para realizar cálculos de operações de adição e subtração

numa situação cotidiana bastante comum que é a brincadeira do jogo da bola de

gude.

Sou professora de matemática na rede pública municipal há quase vinte anos.

Minha afinidade com a disciplina já era perceptível desde meu período estudantil,

quando meus colegas de sala de aula me procuravam para ajudá-los em suas

dificuldades de entender a disciplina, dando-lhes aulas particulares. Quando fiz o

curso de magistério em meu ensino médio este sentimento se tornou mais forte

ainda, pois naquela época já havia falta de professores de matemática. Iniciei meus

estudos no ensino superior na UNIPLAC, em Lages, SC, freqüentando três períodos

do curso de Licenciatura em Matemática. Vim para Itajaí em busca de novas

oportunidades e já ao chegar assumi aulas de matemática. Meus pais vieram e

trouxeram a transferência de instituição. Então conclui o curso de Ciências 1º Grau

em 1995 e de Ciências – Habilitação Plena em Matemática em 1998, todos dois pela

UNIVALI. Mais tarde fiz especialização Latu Sensu em Metodologia do Ensino da

Matemática, em 2004.

Minha trajetória foi pautada em valorizar toda e qualquer forma de resolução

matemática que os alunos adotassem como melhor maneira de aprender os

conteúdos que lhes eram apresentados. Quando havia um determinado tipo de

operação que possibilitava mais de uma forma de resolver, mostrava-lhes todos os

caminhos possíveis, esquemas e estratégias que poderiam optar por utilizar.

Perguntava-lhes qual das estratégias eles achavam mais viável para sua forma de

entender e chegar ao resultado corretamente. Aquela que fosse escolhida pela

maioria, era adotada nas atividades para realizar os cálculos necessários. Nas

avaliações, procurava não só observar o resultado final, mas exigia deles que

colocassem toda a resolução feita, para mostrar o caminho que levou a dar

determinada resposta.

Há neste trabalho o intuito de fazer com que os profissionais da educação

mais diretamente envolvidos com o ensino da matemática tratem as estratégias de

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ação que o aluno trás consigo em suas vivências como um novo olhar em sua

prática pedagógica.

A Teoria dos Campos Conceituais do Psicólogo Gérard Vergnaud tem

contribuído muito neste sentido, trazendo luz às diferentes formas de elaborar

problemas matemáticos. Vergnaud (1990, p. 133, apud FRANCHI, 1999, p.157)

define como

uma teoria cognitivista que visa fornecer um quadro coerente e alguns princípios de base para o estudo do desenvolvimento e da aprendizagem de competências complexas, notadamente das que relevam das ciências e das técnicas.

Gérard Vergnaud é um seguidor do psicólogo Jean Piaget e, assim como ele

e com o auxílio do Método Clínico, podemos fazer investigações acerca das

demonstrações dos alunos quanto à maneira que eles organizam suas idéias e os

“esquemas” por estes elaborados para conduzir seu raciocínio lógico e, assim

chegar ao resultado.

Para avaliar a lógica da criança basta, em geral, conversar com ela e também observá-la entre outras crianças. Para avaliar suas crenças, é preciso um método especial, que reconhecemos de imediato ser difícil, laborioso e que necessita de uma perspicácia adquirida em pelo menos um ou dois bons anos de treinamento. (PIAGET, s/d, p.06)

Para Piaget (1975) a aprendizagem se dá através da invenção e da

descoberta. As estruturas, os esquemas, os conceitos, as idéias, são criados,

construídos por um processo de auto-regulação, ou seja, alguns aspectos serão

mantidos e outros corrigidos de acordo com o objetivo que se pretende alcançar.

Nesse processo, erros e acertos são inevitáveis, fazem parte do processo e,

portanto não devem ser negados e nem evitados com punições, mas sim

problematizados e transformados em situações de aprendizagem.

As entrevistas realizadas em experiências como jogos, brincadeiras,

simulação de situações como ir ao supermercado, fazer a medição das áreas da

escola ou até uma receita de culinária, etc, são exemplos de como o professor pode

investigar os esquemas utilizados pelos alunos para resolverem problemas

matemáticos.

Atualmente, com a disseminação da tecnologia, os computadores com seus

jogos virtuais e softwares também passaram a ser encontrados na escola. Com

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relação este fato, tem-se a crença de que eles possuem uma interface que chama a

atenção dos estudantes e podem ser aproveitados como instrumentos

impulsionadores para reduzir os problemas de aprendizagem da matemática. Além

disso, permitem simular problemas do mundo real de forma abstrata, servindo como

uma possível ponte entre o raciocínio operatório concreto e o operatório formal,

conforme definidos por Piaget. Tem-se como princípio ou hipótese que o software

tem um design visual que chama a atenção das crianças. Por mais que o

computador tenha uma resposta dada, pode ser aproveitado como instrumento

estimulador para se chegar à situações reais e, assim, trabalhar os campos

conceituais.

As instituições governamentais têm realizado fortes investimentos na

educação para melhorar baixos índices de aprendizagem, tais como instalação de

salas de informática nas escolas, cursos de capacitação on-line para professores.

Para conhecer a realidade da educação brasileira, o governo realiza procedimentos

de avaliação para verificar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).

Um exemplo disto é a Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização – ABC.

Ela consiste numa prova com parceria do movimento Todos Pela Educação, do

Instituto Paulo Montenegro/Ibope, Fundação Cesgranrio e Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). A avaliação utilizou a mesma escala de

desempenho adotada pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB),

exame aplicado pelo Ministério da Educação (MEC) aos alunos do 5° e 9° do ensino

fundamental. Por esse modelo, o aluno tem o aprendizado considerado adequado

quando atinge 175 pontos. Ela foi aplicada no primeiro semestre de 2011 a seis mil

alunos de escolas municipais, estaduais e privadas de todas as capitais do País.

Seu objetivo era conferir o nível de aprendizado das crianças no início da vida

escolar, após os três primeiros anos de estudo.

Nos resultados obtidos no conhecimento dos participantes em matemática, a

média nacional foi de 171,1 pontos - abaixo do nível determinado como aprendizado

adequado. O aluno precisaria atingir 175 para ser considerado apto a resolver

problemas envolvendo notas e moedas, além de dominar a adição e a subtração.

Apenas 42% do total dos avaliados atingiram esse patamar. As habilidades dos

estudantes com os números também foi superior na rede privada, cuja média foi

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211,2 pontos contra 158 na pública. Os alunos do Norte e Nordeste também tiveram

resultados inferiores – 152,6 e 158, 2 pontos respectivamente – em relação aos

participantes do Sul (185 pontos), Sudeste (179 pontos) e Centro-Oeste (176

pontos).

Percebe-se nestes dados, o quanto ainda precisa ser feito para melhorar a

aprendizagem da matemática. Sendo assim, este trabalho busca por elementos que

permitam criar alternativas para melhorar a aprendizagem dos alunos com

dificuldades em matemática, auxiliando na recuperação e atendimento daqueles que

vivenciam dificuldades de aprendizagem em matemática. Também busca mostrar o

quanto o professor pode tirar proveito das estratégias de ação utilizadas nas

situações problemas propostas aos seus alunos em seus conhecimentos prévios.

Entende-se que ao envolver elementos que a criança já trás no seu cotidiano cultural

como os jogos e jogos virtuais, e suas estratégias de ação em torno disso,

estaremos explorando alternativas promissoras para ampliar a motivação e a

satisfação na aprendizagem matemática. Com auxílio do método de observação, o

professor pode analisar de que forma diferentes contextos tais como os jogos e o

uso da TICs podem influenciar neste processo, por isso aproveitou-se uma idéia

lançada pelo próprio Vergnaud de realizar uma pesquisa voltada para o Jogo de

Bola de Gude.

Uma das maiores contribuições da Teoria dos Campos Conceituais é

justamente analisar os fatores que interferem no sucesso da criança em resolver

problemas. Desta forma, o problema desta pesquisa pode ser enunciado da seguinte

forma: “Como variam as estratégias de ação dos alunos nas diferentes categorias

dos campos conceituais aditivos para resolução de problemas matemáticos

envolvendo o jogo de bola de gude em versão real e virtual?”.

Para responder a esta pergunta, tem-se como objetivo geral analisar a

influência das categorias dos campos conceituais aditivos nas estratégias de ação

utilizadas pelos alunos em suas resoluções de problemas matemáticos e em

diferentes situações do cotidiano. Estas categorias são as formas de se enunciar um

problema matemático composto de começo, chamado por Vergnaud de “estado

inicial”, meio que se trata do número com sinal da operação do problema, e que na

“estado final” ou como popularmente falamos, a conseqüência da situação.

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Para melhor organização do processo, foram estabelecidos os seguintes

objetivos específicos:

• Verificar os esquemas de representação através um pré-teste com problemas

matemáticos dos campos conceituais aditivos.

• Conduzir experimentos com alunos que apresentam problemas de aprendizagem

em matemática utilizando o método clínico para auxiliar na identificação das

estratégias utilizadas.

• Apontar as estratégias utilizadas para resolução de problemas no jogo de bola de

gude real e no jogo utilizando o computador.

Acredita-se por hipótese que os alunos utilizarão praticamente os mesmos

esquemas tanto no ambiente concreto (cotidiano), quanto no virtual (computacional)

nas três categorias dos campos conceituais aditivos de Vergnaud, com o diferencial

de no contexto real eles poderem contar com o contato físico com as bolinhas,

sendo esta uma opção de estratégia a mais. Como a proposta é observar tais

estratégias em entrevista realizando cálculos mentalmente e expressando a

resolução oralmente, provavelmente as crianças utilizarão mais o método de

contagem através dos dedos, que já é bastante utilizado em sala de aula.

O trabalho inicialmente apresenta toda a fundamentação teórica de estudo da

pesquisadora que consistiu na Teoria dos Campos Conceituais, nas Teorias de Jean

Piaget e o uso das TICs nas escolas.

A seguir apresenta os procedimentos metodológicos realizados com os

sujeitos de pesquisa que foram os alunos do 2º Ano e do 3º Ano do Ensino

fundamental que freqüentam a Classe de Apoio Pedagógico (CAP) da Escola Básica

João Paulo II, na cidade de Itajaí – Santa Catarina – Brasil para resolverem

problemas matemáticos. A coleta de dados consistiu inicialmente na aplicação de

um pré-teste, com perguntas relativas a problemas aditivos, para uma pré-análise da

forma com que estas crianças pensam e representam seus conceitos, bem como

suas resoluções matemáticas. A seguir foram realizadas partidas do jogo de bola de

gude de forma real e cotidiana com os alunos num terreno com espaço no interior do

ambiente escolar. Durante o transcorrer do jogo foram feitas perguntas relacionadas

aos campos conceituais com suas bolinhas ganhas e perdidas. O jogo possui

inúmeras regras que variam culturalmente de região para região. Mas de um modo

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geral, o objetivo é colocar bolinhas em círculos ou buracos determinados e

desenhados ao chão. Nestas idas e vindas de colocar e tirar bolinhas, o jogador

ganha e perde bolinhas, de acordo com determinações acordadas com o grupo

inicialmente. Para finalizar, foram realizadas novas partidas deste mesmo jogo com

um software denominado Jogar Bola de Gude, com perguntas semelhantes à

situação de jogo real. Em seguida serão apresentadas as análises dos dados

adquiridos nos registros de filmagens destas partidas realizadas com as crianças

nos dois últimos momentos citados anteriormente

Por fim a pesquisadora apresentará suas conclusões finais acerca da

pesquisa.

Em semelhança a este trabalho, Magina & Campos (2004) realizaram um

estudo diagnóstico com turmas das quatro séries iniciais do ensino fundamental,

visando diagnosticar as competências das crianças em lidar com situações-

problema, no campo aditivo. O mesmo foi realizado a partir da elaboração, aplicação

e análise de um teste escrito em folha que foi aplicado, coletivamente contendo

cinco situações-problema relativas às operações de adição e subtração. Percebe-se

que Magina & Campos apenas investigaram os esquemas de representação. Já este

trabalho investiga esquemas de ação, apesar de também aplicar um pré teste, mas

apenas como primeiro contato, com intuito de se obter as primeiras noções dos

sujeitos envolvidos na pesquisa. Sua viabilidade também se encontra amparada em

pesquisa similar realizada por Freire (2007) na Universidade Federal do Ceará que

pesquisou a contribuição de um objeto de aprendizagem denominado Balança

Interativa no auxilio da aprendizagem do pensamento algébrico, observando os

esquemas de ação dos alunos nas perguntas que lhes eram feitas frente às

situações propostas pelo material tecnológico utilizado.

Vejamos a seguir os estudos teóricos realizados pela pesquisadora para

fundamentar sua pesquisa.

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2. ESTUDOS ACERCA DE JEAN PIAGET

Iniciamos nossa fundamentação discutindo as teorias de Jean Piaget. Este

estudo teve como objetivo relembrar e aprimorar os conhecimentos da pesquisadora

destas teorias, para que se pudesse realizar os procedimentos metodológicos com

maior eficácia.

2.1 OS ESQUEMAS DE JEAN PIAGET NOS ESTÁGIOS COGNITIVOS

Esquemas são as formas como o ser humano interage com o mundo. Nesse

processo, ele organiza mentalmente a realidade para entendê-la, desenvolvendo a

inteligência. Tais interações evoluem progressivamente conforme a faixa etária e as

experiências individuais. Eles podem ser classificados como sendo esquemas de

ação (motores) e esquemas de representação (conceituais), o conceito de modelo

está ligado aos esquemas de representação. Para Piaget, representação é a

capacidade de pensar um objeto através de outro, e é por esse motivo que estão

diretamente relacionados ao conceito. Nos esquemas conceituais, para construir o

conceito, o indivíduo não “traz” o objeto inteiro, mas apenas características ou

propriedades fundamentais, ou essenciais, para construir uma representação, o

esquema, desse objeto. Assim, o conhecimento é, na verdade, uma representação

da realidade, ou seja, representar significa tornar presente novamente. Isso é a

abstração. Abstrair é, na verdade, “descolar” do objeto real. O conceito só passa a

ser conceito quando ele se “descola” do objeto.

Quando Piaget postula sua teoria sobre o desenvolvimento da criança,

descreve-a, basicamente, em 4 estados, que ele próprio chama de fases de

transição (Piaget, 1975 apud Tafner, s/d).

No estágio sensório-motor (0 – 2 anos), o bebê começa a construir

esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. Exemplo: o bebê pega o que

está em sua mão; "mama" o que é posto em sua boca; "vê" o que está diante de si.

Aprimorando esses esquemas de ação, é capaz de ver um objeto, pegá-lo e levá-lo

a boca.

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Quando, durante o segundo ano, a representação vai completar a ação, graças a interiorização progressiva das condutas, poderíamos, portanto, esperar que o conjunto das operações sensório-motoras passasse tão somente do plano da ação para o da linguagem e do pensamento e que a organização dos esquemas se prolongasse diretamente em um conceito de sistemas racionais. (PIAGET, 1996 p.364)

No estagio pré-operatório( 2 – 7,8 anos), a criança já possui capacidade de

substituir um objeto ou acontecimento por uma representação, e esta substituição é

possívelgraças à função simbólica. Assim este estágio é também muito conhecido

como o estágio da Inteligência Simbólica. Ela é egocêntrica, ou seja, centrada em si

mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro; não aceita a

idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por quês"); já pode agir

por simulação, "como se"; possui percepção global sem discriminar detalhes; deixa

se levar pela aparência sem relacionar fatos.

Exemplo: mostram-se para a criança, duas bolinhas de massa iguais e dá-se

a uma delas a forma de salsicha. A criança nega que a quantidade de massa

continue igual, pois as formas são diferentes. Não relaciona as situações.

Imitar, representar e classificar é típico da inteligência pré-operatória

O estágio operatório-concreto (8 – 11 anos) é o momento onde a criança já

desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, causalidade,..., sendo

então capaz de ordenar e relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da

realidade. Apesar de não se limitar mais a uma representação imediata, ainda

depende do mundo concreto para abstrair.

Um importante conceito desta fase é o desenvolvimento da reversibilidade, ou

seja, a capacidade da representação de uma ação no sentido inverso de uma

anterior, anulando a transformação observada.

Exemplo: despeja-se a água de dois copos em outros, de formatos diferentes,

para que a criança diga se as quantidades continuam iguais. A resposta é afirmativa

uma vez que a criança já diferencia aspectos e é capaz de "refazer" a ação.

No estágio operatório-formal (8 – 14 anos), a representação agora permite à

criança uma abstração total, não se limitando mais à representação imediata e nem

às relações previamente existentes. Agora ela é capaz de pensar logicamente,

formular hipóteses e buscar soluções, sem depender mais só da observação da

realidade. Em outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu

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nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio

lógico a todas as classes de problemas.

Exemplo: se lhe pedem para analisar um provérbio como "de grão em grão, a

galinha enche o papo", a criança trabalha com a lógica da idéia (metáfora) e não

com a imagem de uma galinha comendo grãos.

2.2 ASSIMILAÇÃO, ACOMODAÇÃO E EQUILIBRAÇÃO DOS ESQUEMAS

Piaget (1996, p.358) conceitua assimilação como “utilização do meio externo

pelo indivíduo para alimentar seus esquemas hereditários ou adquiridos” e

acomodação é um “ajustamento destes esquemas às particularidades das coisas

assimiladas”. Dessa forma, ele acredita que

a inteligência se origina, com efeito, de um estado no qual a acomodação ao meio está indiferenciada da assimilação das coisas aos esquemas do indivíduo e se desenvolve até chegar a um estado no qual a acomodação dos esquemas múltiplos se tornou distinta de sua respectiva e recíproca assimilação. (PIAGET, 1996, p.358)

Por exemplo: para aprender uma operação matemática, a criança pode

utilizar manipulação de objetos como esquema de ação entender a situação que lhe

é proposta. Isto é assimilação. A partir do momento que sua inteligência consegue

absorver novas assimilações, ou seja, novos esquemas dentro desta mesma

situação e com grau mais elevado de dificuldade, aparece a acomodação. A todas

essas idas e vindas de assimilar e acomodar novos esquemas Piaget chama de

equilibração.

2.3 MÉTODOS DE COLETA DE PESQUISA

2.3.1 Método dos Testes

Consiste em submeter a criança a provas organizadas de maneira a

satisfazer às duas condições que se seguem: por um lado, a pergunta será idêntica

para todos os sujeitos e feita sob as mesmas condições; por outro, as respostas

dadas pelos sujeitos serão levadas a uma contabilização ou a uma escala que

permita compará-las , qualitativamente ou quantitativamente. (s/d, p.6)

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O defeito essencial do teste é o de falsear a orientação do pensamento da

criança que se interroga, ou pelo menos de se arriscar falseá-la. Teremos resultados

que não se devem deixar de conhecer, mesmo se devidos à fabulação, ou seja,

àquela tendência que tem as crianças de inventar mitos quando se embaraçam com

uma pergunta. Se testadas desta forma crianças de todas as idades, de quase nada

adiantaria, pois pode acontecer que a criança nunca tenha colocado a questão da

mesma maneira ou mesmo que nem tenha questionado à respeito (Ex. conceito do

Sol) (s/d, p.7).

A arte do clínico consiste em não fazer responder, mas em fazer falar

livremente e em descobrir as tendências espontâneas, em vez de canalizá-las e as

conter. Consiste em situar qualquer sintoma dentro de um contexto mental, em vez

de fazer abstração do contexto (s/d, p.7).

2.3.2 Método de Observação

Piaget diz que “Toda pesquisa sobre o pensamento da criança deve partir da

observação, e retornar à ela para controlar as experiências que esta observação

pode inspirar. Trata-se do estudo das perguntas espontâneas das crianças”. (s/d,

p.7)

Quando se empreende uma investigação dessa ordem sobre um grupo de

explicações de crianças torna-se importante, a fim de orientar a pesquisa, partir-se

de algumas perguntas espontâneas formuladas por crianças da mesma idade ou

mais jovens e aplicar essa mesma forma às perguntas que se pretende fazer às

crianças que serão os sujeitos da pesquisa. Dessa forma, se perceberá se as

representações obtidas das crianças correspondem ou não às perguntas que fazem

e à própria maneira com que formulam essas perguntas (s/d, p.8)

Obstáculos que limitam o uso da observação: 1)Egocentrismo intelectual da

criança; 2)Dificuldades de discernir, na criança, o jogo da crença (s/d, p.9).

A observação pura torna-se impotente para discernir entre a crença e a

fabulação (s/d, p.10).

Especificamente no estilo desta pesquisa, a observação está voltada às

respostas dadas pelas crianças para a pesquisadora.

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2.3.3 Método de Exame Clínico

Reúne os recursos do teste e da observação direta, procurando evitar os

inconvenientes citados acima (s/d, p.10).

O clínico pode, ao mesmo tempo: 1)Conversar com o doente, seguindo-o em

suas respostas de forma a nada perder do que poderia surgir diante de idéias

delirantes; 2)conduzi-lo suavemente às zonas críticas (nascimento, raça, bens,

títulos, talentos), sem saber naturalmente aonde irá aflorar a idéia delirante, porém

mantendo constantemente a conversa sobre terreno fértil(s/d, p.10).

Dessa forma o exame clínico participa da experiência no sentido de que o

clínico coloca problemas, realiza hipóteses, faz variar as condições em jogo e enfim

controla cada uma de suas hipóteses no contato com as reações provocadas pela

conversa. O exame clínico também inclui a observação direta, no sentido de que o

bom clínico, ao dirigir, se deixa dirigir, e ao levar em conta todo o contexto mental,

ao invés de se tornar vítima de erros sistemáticos como é freqüente no

experimentador puro (s/d, p.10).

Observe no quadro 1, as reações que são observáveis pelo exame Clínico

(s/d, p.12):

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REAÇÃO CONCEITO

NÃO IMPORTISMO

Quando a pergunta feita aborrece a criança, ou, de maneira geral, não provoca nenhum esforço de adaptação, a criança responde a qualquer coisa e de qualquer forma, sem mesmo procurara divertir-se ou construir um mito.

FABULAÇÃO Quando a criança, sem mais refletir, responde a pergunta inventando uma história em que não acredita, ou na qual crê por simples exercício verbal.

CRENÇA SUGERIDA

Quando a criança se esforça para responder, mas a pergunta é sugestiva, ou procura simplesmente agradar a examinador, sem apelar sua própria reflexão. Neste caso incluímos a perseveração, devido ao fato de as perguntas serem feitas de forma sugestivas. Nos outros casos a perseveração é uma forma do não importismo.

CRENÇA ESPONTÂNEA

Quando a criança não precisa raciocinar para responder à pergunta, e pode dar uma resposta imediata porque já formulada ou formulável. Essa ocorre quando a pergunta não é nova para a criança e quando a resposta é fruto de uma reflexão anterior e original. Excluímos naturalmente deste tipo de reflexão, como de resto de cada um dos precedentes, as respostas influenciadas pelos ensinamentos recebidos anteriormente ao interrogatório. Ocorre aí um problema distinto e muito complexo, que consiste em discernir, nas respostas recebidas, o que provém da criança e o que foi inspirado pelo grupo adulto.

CRENÇA DESENCADEADA

Quando a criança responde com reflexão, extraindo a resposta de seus próprios recursos, sem sugestão, mas sendo a pergunta nova para ela. A crença desencadeada é necessariamente influenciada pelo interrogatório, pois a maneira pela qual a pergunta é feita e apresentada à criança a força a raciocinar em uma certa direção e a sistematizar o seu conhecimento de uma certa forma. É porem um conjunto original do pensamento da criança, uma vez que nem o raciocínio feito para responder à pergunta, nem o conjunto de conhecimentos anteriores que utiliza durante a sua reflexão, são diretamente influenciados pelo experimentador. A crença desencadeada não é nem propriamente espontânea,nem sugerida: é o produto de um raciocínio feito sob comando, ma com recurso de materiais (conhecimentos da criança, imagens mentais, esquemas motores, etc.) e de instrumentos lógicos (estrutura do raciocínio, orientações do pensamento, hábitos intelectuais, etc.) originais.

Quadro 1-Reações Observáveis no Exame Clínico (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

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2.4 CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DOS TIPOS DE REAÇÃO

• O que distingue crença sugerida do não importismo é o fato de a crença

sugerida ser momentânea. Basta uma contra sugestão, deixando de falar

alguns instantes e interrogando novamente e indiretamente sobre as mesmas

questões para a criança mudar seus conceitos. Mas há crianças que mudam

sem precisar de contra sugestões. Aconselha-se continuar o interrogatório em

profundidade, variando o enunciado das perguntas. A fabulação é bem

mais rica e sistematizada e o não importismo constitui-se um ponto morto,

sem ramificações (s/d, p.18).

• A contra sugestão não elimina a resposta fabulada por que o fabulador resiste

a quem contradiz e fabula mais ainda quando objeções de maior pressão são

apresentadas. Para despistá-la sugere-se o aumento no número de

interrogatórios (s/d, p.19).

• Aparecem respostas fabuladas quando se interroga um grande número de

crianças de mesma idade, constatando-se que a resposta suspeita é comum

a todas ou que é de uma ou outra criança (s/d, p.19).

• As chances de fabulação com menos evidência aparecem quando se interroga

um grande número de crianças de diferentes idades. Pode ser que a resposta

suspeita (aquela que é por hipótese geral para as menores idades)

desapareça e dê lugar a uma resposta de outro tipo. Aconselha-se a dividir as

crianças em dois estágios distintos. Se houver um estágio intermediário, (s/d,

p.19).

• As respostas de crianças mais jovens não são fabuladas. Constata-se uma

desaparição progressiva e não súbita destas respostas ao longo da série de

crianças classificadas por idades intermediárias (s/d, p.20).

• No que diz respeito ao desencadeado e ao espontâneo, só distinguimos

através de pura observação. (s/d, p.20)

2.5 REGRAS PARA A INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

O pesquisador precisa pontuar os princípios gerais que os guiará na

interpretação das respostas, ou seja, qual orientação do pensamento que conduz a

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criança a certas respostas mais que outras, quando sua reação é do tipo

desencadeada. (s/d, p.21)

Ao receber uma resposta desencadeada, o pesquisador poderá estar diante

de duas situações: ou considerar esta resposta como espontânea ou ele precisará

fazer uma explicação da pergunta para a criança, levando em conta não a resposta,

mas a forma como esta conduziu sua resposta. Isto leva o pesquisador a duas

soluções extremas: 1)Rejeitar todo resultado do interrogatório, pois ele pode falsear

perspectivas e então se aconselha partir para a observação pura. 2)Considerar

qualquer resposta desencadeada como sendo a expressão do pensamento

espontâneo da criança. (s/d, p.22)

De qualquer forma, é importante que o pesquisador valorize toda e qualquer

resposta, mesmo sendo desencadeada, buscando nela a orientação do pensamento

utilizada pela criança para chegar à sua conclusão. (s/d, p.23)

Ainda deve-se levar em conta o fato de que o pensamento da criança se

destina desde a sua linguagem oral a ser conduzida pelo pensamento do adulto em

seu processo de socialização. (s/d, p.25)

Como saber se as crenças são impostas pelos adultos ou pensamentos

originalmente infantis? Apesar de a criança copiar o adulto em tudo, algumas dessas

cópias contém elementos de espontaneidade. Na verdade sua imitação é seletiva,

onde alguns traços são copiados de saída e outros são eliminados com o passar dos

anos. (s/d, p.26)

Num exame clínico, consideramos a criança não como um ser de pura

imitação, mas como um organismo que assimila as coisas para si, seleciona, digere-

as segundo sua própria estrutura. (s/d, p.27)

Muitas vezes, uma crença infantil é apenas réplica de uma conversa ouvida.

Então como discernir num resultado de exame clínico, a parte da própria criança e

parte das conversas ouvidas e incorporadas por elas?

1. A originalidade da crença, uma vez que crianças de mesma idade tem as mesmas

representações.

2. Na medida em que a criança e a crença evoluem, também evoluem seus

conceitos em torno desta crença.

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3. Se tal crença for originalmente do pensamento infantil, esta não desaparecerá

bruscamente.

4. As crenças infantis são resistentes à novas sugestões.

5. Esta mesma crença apresenta inúmeras ramificações, reagindo sobre outras

representações afins.

Talvez estes critérios não permitam perceber a descoberta do produto pelo

ensinamento adulto na idade em que a criança compreende tudo que lhe é dito. Isto

significa que a partir deste momento a criança não é mais criança e sua estrutura

mental torna-se a de um adulto. (s/d, p.28)

Apresentados estudos sobre as teorias de Piaget, abordaremos no próximo

capítulo as discussões dos estudos das TICs no ambiente escolar.

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3. USO DE TICS NO SUPORTE A ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM

Neste capítulo pretende-se apontar iniciativas do uso de TICs em atividades

de aprendizagem, especificamente nesta pesquisa, voltadas à aprendizagem da

matemática.

Os computadores encontram-se auxiliando e influenciando o dia-a-dia de

cada um. Sendo assim as escolas devem acompanhar e inserir as novas tecnologias

no seu programa educacional, para que não caiam no atraso funcional do ensino

obsoleto.

Almeida (2000. vol 1 p.12) afirma:

Os computadores possibilitam representar e testar idéias ou hipóteses, que levam à criação de um mundo abstrato e simbólico, ao mesmo tempo que introduzem diferentes formas de atuação e de interação entre as pessoas. Essas novas relações, além de envolverem a racionalidade técnico-operatória e lógico-formal, ampliam a compreensão sobre aspectos sócio-afetivos e tornam evidentes fatores pedagógicos, psicológicos, sociológicos e epistemológicos.

A escola, por meio do uso de redes de comunicação e recursos multimídia

pode proporcionar aos alunos ambientes que lhes permitam melhor aproveitamento

dos conhecimentos adquiridos em sua vida escolar.

Deve-se lembrar que o computador não ensina, mas cria condições de

aprendizagem mais fáceis e rápidas. Nesta hora o professor passa de repassador de

conhecimentos para criador de ambientes de aprendizagem, além de facilitador do

processo de desenvolvimento intelectual do aluno.

Seymour Papert, pesquisador do Massachusetts os Technology – MIT nos

Estados Unidos, criou uma linguagem de programação – a linguagem LOGO –

baseada em princípios da inteligência artificial e, para explicar sua proposta dessa

linguagem, descreve duas abordagens que caracterizam o uso do computador na

educação, conforme Almeida (2000, p. 24-40) mostra no quadro 2:

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Abordagem Instrucionista Abordagem Construcionista

• A instituição adquire programas educacionais e transfere para o computador a perspectiva de instrução. • O professor não precisa estar bem preparado; ele somente selecionará o software com o conteúdo previsto. • O software instrucionista não deixa explícito o pensamento do aluno que o utiliza.

• O computador não é o detentor do conhecimento, mas sim uma ferramenta utilizada pelo aluno com finalidade de “buscar informações” em redes de comunicação. • O professor apenas cria um ambiente que estimule-o a pensar, que o desafie a aprender e a construir conhecimentos individualmente ou em parcerias.

Quadro 2 - Abordagens da Tecnologia Educacional (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

O Laboratório de Informática Educativa se constitui em um lugar de encontro

do docente e seus alunos com a tecnologia. Observe o quadro 3 que seguem

apresentando o perfil ideal tanto dos alunos quanto dos professores frente às TICs –

Tecnologias de Informação e Comunicação, num Laboratório de Informática

Educativa.

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PERFIL DO ALUNO Ensino Fundamental

Ensino Médio Séries iniciais Séries Finais

• Explora as TICs • Desenvolve sua

aprendizagem, utilizando o software educativo.

• Conhece as TICs e as utiliza em sua aprendizagem

• Produz material educativo utilizando as

TICs. • Utiliza as TICs para

socializar sua aprendizagem.

• Ele investiga, explora, avalia as aplicações das

TICs, para usá-la constantemente.

• Cria ambientes culturais, desenvolve seus trabalhos em equipe para

resolver situações problemas.

• Construindo e fortalecendo sua aprendizagem.

PERFIL DO PROFESSOR Ensino Fundamental

Ensino Médio Séries Iniciais Séries Finais

• Pesquisa, avalia, e seleciona o software

educativo. • Desenvolve estratégias

para melhorar a aprendizagem.

• Conhece as TICs, produz material utilizando-as.

• Usa a WEB para socializar a aprendizagem

de seus alunos. • Desenvolve suas aulas

de forma a levar os alunos a usarem as TICs

corretamente.

• Conhece as TICs e pesquisa junto com seus alunos sobre as mesmas, criando sempre situação

problema e colocando em prática estratégias para

resolvê-la. • Cria com seus alunos ambientes virtuais para intercâmbios culturais.

Quadro 3 - Perfil Frente às TICs (Fonte: Brandão, s/d, slide 5 e 6)

No Brasil, as TICs estão sendo introduzidas nas escolas do seguinte modo:

(Itajaí, 2003)

I. Nas escolas públicas através do Ministério da Educação e das Secretarias de

Educação, com o Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo);

II. Nas escolas particulares com marketing promocional dos proprietários dessas

escolas e por pressão dos pais.

O uso do computador e dos recursos das TICs a eles associados pode

acontecer de duas maneiras:

I. facilitando as rotinas de ensinar e aprender, com o computador

desempenhando o papel de orientador;

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II. organizando ambientes de forma a encorajar os alunos a resolverem situações

problemas e tornando o professor capaz de identificar e respeitar o estilo de

pensamento de cada educando.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs - defendem a utilização das

tecnologias nas escolas nos mais diversos níveis e áreas curriculares. Políticas

governamentais como o Programa Nacional de Informática Educativa (PROINFO) e

a Rede Interativa Virtual de Educação (RIVED), Um computador por aluno (UCA)

dentre outras, são as formas de incentivo que o governo tem proporcionado à alunos

e educadores para tornar as aulas mais atrativas. (CASTRO FILHO, et all, 2008)

Os PCNs (2001, p. 43) afirmam que o impacto trazido pelo surgimento de

novas tecnologias através de novos produtos, especialmente na disciplina de

matemática com uso da calculadora eletrônica e do computador, faz com que a

educação dos tempos modernos exija uma nova dimensão do conhecimento e da

competência dos alunos na utilização destes recursos, o que obriga os profissionais

desta área a pensar em novas maneiras de se aprender e ensinar Matemática, além

do que, a função do professor torna-se extremamente importante, ou seja, mediar o

processo ensino/aprendizagem no contexto tecnológico.

Nos PCNs também encontramos sugestões de como os computadores

podem ser aproveitados nas aulas de matemática:

• como fonte de informação, poderoso recurso para alimentar o processo de ensino aprendizagem; • como auxiliar no processo de construção do conhecimento; • como meio de desenvolver a autonomia pelo uso de softwares que possibilitem pensar, refletir e criar soluções; • como ferramenta para realizar determinadas atividades – uso de planilhas eletrônicas, processadores de textos, banco de dados, etc (2001, p. 44)

Ao contrário do que se pensa o computador não substituirá o professor. Mas

contribuirá estabelecendo nova relação professor-aluno, com maior proximidade,

interação e colaboração e reforçará o papel dele em sua preparação, condução e

avaliação do processo de ensino e aprendizagem. Isso define uma nova visão deste

profissional, que para manter sua boa atuação, se obriga a continuar em formação

permanente ao longo de sua carreira. (PCNs, 2001. p. 44)

Muitas instituições de ensino superior vêm ampliando e aprimorando

pesquisas acerca da inclusão digital nas escolas. Um exemplo disto é o site

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Educação Matemática e Novas Tecnologias na Universidade Federal do Rio Grande

do Sul (UFRGS), que foi criado no ano de 2000, sob a responsabilidade da

professora Maria Alice Gravina. Seu propósito foi a construção de material de apoio

para disciplina de mesmo nome, do curso de Licenciatura em Matemática.

Inicialmente o site teve como objetivo a organização e produção de material de

forma a trazer subsídios para o ensino da matemática escolar em ambientes

informatizados. Seleção cuidadosa de softwares e elaboração de sugestões de

atividades que fizessem uso destes foi motivo de concentração de esforços de

alunos e bolsistas do curso. Atualmente ele apresenta materiais que tratam do

potencial da tecnologia informática no âmbito da educação matemática escolar.

Estes materiais são softwares que viabilizam práticas pedagógicas que colocam os

alunos no papel de ativos aprendizes. Hoje, pensando-se naqueles professores

ainda com pouca experiência na utilização desta tecnologia, o site também

apresenta atividades que podem servir como ponto de partida para trabalho em sala

de aula.

Alguns exemplos de softwares encontrados neste ambiente:

• Softwares de Geometria: Cabri-Geometry, Cinderella, Curve Expert, Dr Geo,

Euklid, Geometria Descritiva, Geoplan, Geospace, Great Stella, Poly, Régua

E Compasso, Shapari, Sketchpad, S-Logo, Wingeom.

Softwares de Álgebra: Winmat.

• Softwares de Funções: Graphequation, Graphmatica, Mathgv, Modellus, Ratos,

Vrum - Vrum, Winplot.

• Softwares Recreativos: Oog, Polytris, Tangram, Tess, Torre De Hanoi, Winarc.

O Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira – Projeto Proativa –

da Universidade Federal do Ceará (UFC) também vem realizando pesquisas acerca

do desenvolvimento de objetos de aprendizagem (OA), recursos digitais (vídeo,

animação, simulação etc). Nestes OA professores e alunos explorem conceitos

específicos em matemática, ciências, linguagem etc.

Embora não haja ainda um consenso sobre sua definição, vários autores

concordam que objetos de aprendizagem devam: (1) ser digitais, isto é, possam ser

acessados através do computador, preferencialmente pela Internet; (2) ser

pequenos, ou seja, possam ser aprendidos e utilizados no tempo de uma ou duas

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34

aulas; (3) focalizar em um objetivo de aprendizagem único e (4) serem de fácil

utilização. A criação de objetos de aprendizagem voltada para o ensino tem crescido

bastante. (CASTRO FILHO, et all, 2008)

No Brasil, existe a Rede Interativa Virtual de Educação (RIVED), um

programa da Secretaria de Educação a Distância - SEED, que tem por objetivo a

produção de conteúdos pedagógicos digitais, na forma de objetos de aprendizagem

O projeto desenvolve módulos educativos apoiados em OA para serem integrados

no currículo do ensino médio, de modo a ampliar as ferramentas de ensino-

aprendizagem disponíveis para professores e alunos. (CASTRO FILHO, 2008). Um

exemplo disso é a pesquisa em torno do pensamento algébrico dos alunos no OA

denominado Balança Interativa.

Trata-se de um OA que faz a simulação de uma balança de dois pratos na

forma de um jogo, o qual consiste em descobrir os valores desconhecidos

associados a letras. (CASTRO FILHO, et all 2008)

Constatou-se de modo geral nesta pesquisa que as características deste OA

favoreceram o surgimento de formas de raciocínio próximas do pensamento

algébrico, pelo fato de estes trabalharem com incógnitas, equações, inequações e

comparações entre pesos desconhecidos. Foi percebida também a construção de

um pensamento abstrato e o entendimento das noções algébricas. (CASTRO

FILHO, et all, 2008)

Ainda dentro das fundamentações teóricas, veremos no próximo capítulo as

Teorias dos Campos Conceituais.

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35

4. TEORIAS DOS CAMPOS CONCEITUAIS

Neste capítulo apresentaremos os estudos realizados acerca das teorias do

psicólogo Gèrard Vergnaud.

Em uma entrevista dada para Gabriel Pillar Grossi na Revista Nova Escola,

Vergnaud (2008) explica que a Teoria dos Campos Conceituais “é o resultado de

muita pesquisa com estudantes, que nos leva a compreender como eles constroem

conhecimentos matemáticos. Ela é fundamental para ensinar a disciplina, pois

permite prever formas mais eficientes de trabalhar os conteúdos”.

4.1 CAMPO CONCEITUAL

As explicações que seguem são a interpretação que MAGINA et.al (2001) na

obra Repensando Adição e Subtração: Contribuições da Teoria dos Campos

Conceituais fazem do conceito de Campo Conceitual.

Campo conceitual é, para Vergnaud, é um espaço ocupado por um conjunto

informal e heterogêneo de problemas, situações, conceitos, relações, estruturas,

conteúdos e operações de pensamento, conectados uns aos outros e,

provavelmente, entrelaçados durante o processo de aquisição. O domínio de um

campo conceitual não ocorre em alguns meses, nem mesmo em alguns anos. Ao

contrário, novos problemas e novas propriedades devem ser estudados ao longo de

vários anos se quisermos que os alunos progressivamente os dominem. De nada

serve tentar contornar as dificuldades conceituais; pois elas são superadas na

medida em que são encontradas e enfrentadas, mas isso não ocorre de um só golpe

Um conceito (C) se forma com conjunto de situações (S), invariantes (I) e

formas de linguagem (L).

As situações são as histórias de vidas, as experiências das crianças no meio

que elas vivem. São situações variadas que dão sustentação à operacionalidade de

um conceito que, por sua vez, é entendido através de uma diversidade de situações

práticas e teóricas que envolvem atividades com materiais concretos, com

movimentos corporais, com jogos e atividades coletivas, com atividades individuais e

que comportam variadas e complexas propriedades. Elas podem ser ditas

situações de estruturas aditivas quando compreendem as que requerem

resoluções de adição, subtração, ou as duas combinadas. Ou situações de

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36

estruturas multiplicativas se estas requererem multiplicação, divisão ou ainda

combinação de ambas. Pode-se também pensar em situação como um dado

complexo de objetos, propriedades e relações num espaço e tempo determinado,

envolvendo sujeito e ações.

As invariantes são as várias formas que o aluno “cria” procedimentos para

resolver situações. Podemos dizer que, num jogo, suas regras são suas invariantes.

A linguagem faz uma intersecção entre as situações e as invariantes. De

forma mais simples, a linguagem é responsável pela representação simbólica do

procedimento utilizado pela criança para chegar a determinada resolução de

problema.

Para melhor entendermos, a figura 1 mostra um tripé que subjaz a formação

de cada conceito:

Figura 1 - Tripé da Formação dos Conceitos (Fonte: Magina, 2001)

Uma situação envolve vários conceitos, e um conceito forma-se com várias

situações. Por isso forma-se assim um campo conceitual conforme figura 2:

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37

Figura 2 - Campo Conceitual (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

Para um indivíduo operacionalizar um conceito (C), ele manifesta uma variedade

de ações ao qual chamamos de esquemas. Piaget foi o primeiro a desenvolver o

conceito de esquema para “totalidades dinâmicas”. Mas esquema é uma forma

estrutural da atividade, a organização invariante da atividade do sujeito sobre uma

classe de situações dadas.

4.2 CÁLCULO RELACIONAL

A seguir temos as explicações dadas pelo próprio Vergnaud em sua obra A

Criança, a Matemática e a Realidade traduzida recentemente para a língua

portuguesa pela professora pesquisadora Maria Lucia Faria Moro (2009).

Vergnaud diz que “todo raciocínio matemático pode ser analisado como

cálculo relacional”. (2009. p.81).

4.3 RELAÇÃO

“A noção de relação consiste em estabelecer relações (conexões) e organizá-

las em sistemas. Há relações entre objetos no espaço, entre quantidades físicas,

entre fenômenos biológicos, sociais, psicológicos” (2009. p.23)

C

C

C C

C

C C

C

C

C

C

C

C

C

C

C

C

C

C C

C

C

C

C

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4.4 TIPOS DE RELAÇÕES

4.4.1 Relações Binárias

São as relações “que ligam dois elementos entre si” (2009. p.23).

4.4.1.1 Formas de Representação

• Linguagem natural: cinco é menor que 10.

• Escrita algébrica: 5 < 10.

• Esquema sagital: Rogério

(Rogério acima de Pedro)

Pedro

• Tabela cartesiana ou matriz:

Pedro Rogério João Pedro X

Rogério João

• Correspondência entre conjuntos:

4.4.1.2 Exemplos de Problemas Com Relações Binárias

a. Qual é o dobro de 6?

b. Qual número é o sucessor de 124?

4.4.2 Relações Ternárias

São relações “que ligam três elementos entre si” (2009. p.24)

Pedro

João

Rogério

João

Rogério

Pedro

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4.4.2.1 Formas de Representação

• Linguagem natural: quatro mais três é igual a sete.

• Esquema sagital: +3 4 7

• Esquema de Eller Venn (para conjuntos)

• escrita algébrica: 4 + 3 = 7

• tabela cartesiana:

+ 1 2 3 4

1

2

3

4 7

4.4.2.2 Modelos de Composições Entre Relações Binárias e Ternárias

• Primeiro Modelo: Lei de Composição Binária: “Podemos frequentemente colocar

uma relação binária sob a forma de uma composição de dois elementos com o

resultado dessa composição” (2009. p. 57). Exemplo: sete é quatro a mais que três,

pode-se escrever:

7 = 3 + 4 ou

4 + 3 = 7 ou

7 – 4 = 3 ou

7 – 3 = 4

Vergnaud explica que:

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Em todos esses casos, dois elementos são compostos entre si para formar um terceiro elemento: é o que os matemáticos convencionaram chamar de “uma lei de composição binária” ou uma “operação binária”: a adição, a subtração, a multiplicação, a divisão de dois números, a intersecção de dois conjuntos são leis de composição binária. (2009. p. 58)

Por outro lado, “se toda lei de composição binária a * b = c (* = sinal da

composição) é uma relação ternária, uma vez que ela enuncia uma relação entre

três elementos a, b e c. Porém, nem toda relação ternária pode ser sempre

representada pela lei binária: é o caso, sobretudo, da relação “entre””. (Vergnaud,

2009. p.59)

� Segundo Modelo: Elemento, Relação-Elemento, Elemento: Colocamos em

evidência dois elementos ligados numa relação, considerando esta relação

também como um elemento (2009. p.59). Exemplos: “sete é quatro a mais que

três”. “Para ir de três a sete, é preciso juntar quatro”. Neste caso, os números 7

e 3 são chamados de elementos e o número 4 é chamado de relação-elemento.

+4 3 7

4.4.2.3 Exemplos de Problemas com Relações Ternárias

Os problemas com relações ternárias mostram sequências de

transformações. De acordo com o modelo ternário:

transformação estado inicial estado final

Quando o problema exige apenas uma transformação, ele pode ser

identificado em três tipos de categorias, conforme resume o quadro 4:

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CATEGORIA EXEMPLO CÁLCULO RELACIONAL

CORRESPONDENTE 1ª) Conhecendo o estado inicial e a transformação,

encontrar o estado final.

“Eu tinha 13 bolinhas, perdi 4, quantas tenho agora?”

-4 13 x

Cálculo do estado inicial pela aplicação da

transformação direta -4 ao estado final 13.

2ª) Conhecendo a transformação e o

estado final, encontrar o estado inicial.

“Ganhei 6 bolinhas. Agora tenho 12. Quantas eu tinha

antes de jogar?” +6

x 12

Cálculo do estado final pela inversão a

transformação direta +6 e a aplicação da

transformação inversa -6 ao estado final 12.

3ª) Conhecendo o estado inicial e o

estado final, encontrar a transformação.

“Tinha 8 bolinhas. Acabei de jogar uma partida e agora

tenho 14.O que aconteceu na partida?

x 8 14

Cálculo da transformação pela diferença entre o

estado inicial 8 e o estado final 14.

Quadro 4 - Categorias de Problemas Com Uma Transformação ( Fonte: Vergnaud, 2009, p.63)

Quando o problema possibilita várias transformações, acaba gerando outras

subcategorias de problemas e composição de transformações, proporcionando

outros inúmeros possíveis caminhos para encontrar o resultado do problema.

Exemplo: “Num jogo de dados, Marcos obteve 12 pontos ao todo, aparecendo o

número 5 na primeira rodada e o número 4 na terceira rodada Qual número

apareceu na segunda rodada do jogo? (Sanchez; Liberman, 2004).

x 4 5 y 12

Este é um exemplo dos mais simples, mas que proporciona mais de uma

forma de transformação. Veja os caminhos possíveis de se obter o mesmo

resultado:

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• Diminuindo o estado final 12 com o estado inicial 5. O resultado (elemento) desta

operação sendo calculado com a transformação -4.

x -4 -5 12

Figura 3 - Relações Ternárias I (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

• Calculando o estado inicial 5 com o transformador +4. Depois diminuindo o

estado final 12 com o resultado da operação feita inicialmente.

+4 5 12

x -

Figura 4 - Relações Ternárias II (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

4.4.3 Relações Quaternárias

São relações que “ligam quatro elementos entre si. Elas aparecem na forma a

está para b assim como c está para d”. (2009. p.24).

4.4.3.1 Formas de Representação

• linguagem natural: dezoito sobre quinze é igual a seis sobre cinco.

• escrita algébrica: 18

15= 6

5

• esquema sagital: 18

15 6

5

4.4.3.2 Exemplo de Problema com Relação Quaternária

a. “Em um banco, constatou-se que um caixa leva, em média 5 minutos para

atender 3 clientes. Qual é o tempo que esse caixa vai levar para atender 36

clientes? (Giovanni, 1998. p.205)

y

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43

4.5 A NUMERAÇÃO E AS QUATRO OPERAÇÕES

Para Vergnaud ou a criança enuncia a sequência numérica por simples

recitação (decoreba de palavras) ou por contagem (com os dedos). Diz ainda que “o

sistema de numeração é quem dá suporte, permitindo a construção de tais

conceitos” (2009. p.167).

4.5.1 A Adição

Suponhamos que uma criança de seis anos conta as crianças sentadas em

volta de uma mesa. Ela primeiro conta quatro meninas e depois três meninos e para

encontrar o total ela reconta tudo: um, dois, três... sete. Poderemos estar seguros

que a criança compreendeu que quatro mais três é igual a sete?

Observa-se neste exemplo que a contagem é de pura recitação, e a

intervenção de um adulto fazendo esta criança reservar quatro dedos para meninas

e três dedos para meninos é que possibilita esta nova informação a esta criança.

4.5.2 A Subtração

Nesta operação, a forma coerente de operar é a de acrescentar a reserva ao

algarismo a subtrair no passo seguinte, como no exemplo:

62

-38

24

Tirar oito de dois não dá, eu faço oito menos doze, acho quatro e sobra um.

Um com três é quatro. Tiro quatro de seis e acho dois.

Essa forma de cálculo relacional é mais incompreensível para a maioria das

crianças pequenas. Mais simples é fazer como para a adição, mas com um

procedimento inverso, trocando uma barra ou um grupo de primeira ordem pelas

unidades, uma placa ou um grupo de primeira ordem, etc., que resulta nas seguintes

escritas sucessivas: (2009. p.181)

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barras unidades

1. 6 2

-3 8 __________________________

2. 5 2 {Eu quebro uma barra, me sobram 5 e fico com 12 unidades

-3 8 2 4 {doze menos oito ou oito tirado doze} igual a quatro

{cinco menos três ou três tirado de cinco} igual a dois

Vergnaud considera este método bastante pesado, mas por outro lado é o

mais significativo e preferido para as crianças. Mesmo assim, ocasiona dificuldades

que podem persistir em certas crianças em toda sua vida escolar. Há pedagogos

que ensinam a subtração através da adição com vazios, isto é, por uma operação

arranjada como uma adição onde constam o operando e o resultado, o que não é

aconselhado por este autor:

38 +. .

62

4.5.3 A Multiplicação

Partir de um material para ensinar a multiplicação leva obrigatoriamente a

introduzir a multiplicação como adição reiterada de uma mesma quantidade e, em

conseqüência, a fazer do multiplicando uma medida, e do multiplicador um simples

operador sem dimensão física.

3 doces 3 doces

+ 3 doces 3

+ 3 doces x 4

+ 3 doces 12

12 doces 12 doces

De modo geral, as crianças apresentam dificuldade coma reserva da adição,

que aumenta na multiplicação (2009. p.185):

6 1

quatro x 4

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45

32

x 9 288

Também como multiplicação por base 10. mas neste caso o professor pode

contar com auxílio de material de bases múltiplas (material dourado).

Outra dificuldade é realizar a multiplicação com auxílio das propriedades de

distribuição e relação à adição (2009. p.186). Exemplo:

n 116 = (n 100) + (n 10) + (n 6) 36 = 30 +6 (decomposição aditiva)

36= (3 10) + 6 (decomposição multiplicativa)

4.5.4 A Divisão

Vergnaud diz que:

Em um plano conceitual, enquanto a adição, subtração e a multiplicação são sempre exatas, no sentido de que o resultado resulta efetivamente da aplicação do operador ao operando, a divisão, por sua vez, não é sempre exata e o quociente não é por si só, o resultado da aplicação do operador ao operando. O verdadeiro resultado é o par (quociente, resto), podendo ser o resto nulo. [...]. No plano da s regras operatórias propriamente ditas, a divisão evidentemente é a mais complexa das quatro operações por que implica, ao mesmo tempo, a subtração, a multiplicação e a busca por tateio ou enquadramento dos algarismos do quociente. Não é surpreendente se inúmeras crianças a dominam mal, no final do ensino básico I. (2009. p.190).

4.6 OS PROBLEMAS DE TIPO ADITIVO

“Por problemas do tipo aditivo, estamos entendendo todos aqueles cuja solução exige tão somente adições e subtrações, do mesmo modo pelo qual entendemos por “estruturas aditivas” as estruturas em que as relações em jogo são formadas exclusivamente por adições ou subtrações“ (Vergnaud, 2009. p.197).

4.6.1 Números Naturais e Números Relativos

“Os números mais simples são os que correspondem às medidas dos

conjuntos de objetos isoláveis, aos cardinais: 1, 2, 3, 4, 5,... etc. Os matemáticos

chamam esses números de “números naturais”, a eles acrescentando o número 0,

que corresponde à medida do conjunto vazio. Eles designam Ν o conjunto de

números naturais. Para nossos estudos chamaremos de números sem sinal.”(2009.

p. 198)

Ν = {0, 1, 2, 3, ..., n, ...}

1

reserva

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Se os números naturais são números sem sinal, eles não podem representar

transformações positivas ou negativas. Faz-se necessário utilizar outro conjunto de

números dotados de sinais, os “números relativos”. Estes representam

adequadamente as transformações aditivas (adições e subtrações), acrescentando

ou retirando elementos. Os matemáticos o representam pela letra Ζ .(2009. p.199).

Ζ = {...,-n, ..., -5, -4, -3, -2, -1, 0, +1, +2, +3, ..., +n ...}

Em nosso estudo, os números naturais representam medidas de conjuntos de

objetos isoláveis (elementos). Os números inteiros representam as transformações

que essas medidas sofrem. (2009. p.199).

4.6.2 Relações Aditivas

“As relações aditivas são relações ternárias que podem ser encadeadas de

diversas maneiras e resultar em uma grande variedade de estruturas aditivas”

(2009. p.200).

Para melhor compreendermos essas distinções, o caminho mais simples para

o professor é dar exemplos no interior de um mesmo domínio de referência, escrever

uma forma de representação que possibilite a compreensão da melhor maneira

possível. O problema é que a representação em forma de equação provoca

dificuldades e é onde estão as maiores confusões que as crianças fazem. Por outro

lado muitos professores de ensino elementar (séries iniciais do ensino fundamental,

para nós brasileiros) se utilizam das equações como representação matemática. É

por isso que a equação é estudada mais profundamente nas séries iniciais do ensino

secundário (séries finais do ensino fundamental no Brasil). Aconselha-se ao

professor que evite esta aplicação no ensino elementar e; se o fizer, fique ciente das

barreiras e dificuldades que as mesmas provocam (2009. p. 200 e 201).

4.6.3 Esquemas De Representação Da Interpretação Das Relações Ternárias

Nesta nossa leitura, representaremos as relações ternárias com os seguintes

esquema, como mostra o quadro 5:

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Equações Símbolo Representa

+ A adição de dois números naturais. + A adição de um número natural e um número relativo.

+ A adição de dois números relativos.

n número natural

(-n) ou (+n) número relativo Quadro 5-Esquemas De Representação Das Relações Ternárias (Fonte: Vergnaud, 2009, p.202)

4.6.4 Categorias de Relações Ternárias Com Mais de Uma Transformação

As relações ternárias podem ser melhor diferenciadas e compreendidas sob

seis categorias (2009. p.202 a 206) nos quadros 6, 7, 8, 9, 10, 11:

• Primeira categoria: duas medidas se compõem para resultar em uma medida.

Ex.: Paulo tem 6 bolinhas de gude de vidro e 8 bolinhas de gude e metal. Ele tem em tudo 14 bolinhas. 6, 8 e 14 são números naturais.

Esquema Correspondente Equação Correspondente 6

14

8

6 + 8 = 14 (adição de dois números naturais)

Quadro 6 - Primeira Categoria (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

• Segunda Categoria: uma transformação opera sobre uma medida para resultar

em uma medida.

Ex 1.: Paulo tinha 7 bolinhas de gude antes de jogar. Ganhou 4 bolinhas. Ele agora tem 11. 7 e 11 são números naturais; +4 é um número relativo

Esquema Correspondente Equação Correspondente +4

7 11 7 + (+4) = 11 (adição de um número

natural com um número relativo) Ex 2.: Paulo tinha 7 bolinhas de gude antes de jogar. Perdeu 4 bolinhas. Ele agora

tem 3. 7 e 11 são números naturais; +4 é um número relativo Esquema Correspondente Equação Correspondente

-4 7 11

7 + (-4) = 11 (adição de um número natural com um número relativo)

Quadro 7- Segunda Categoria (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

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• Terceira Categoria: uma relação liga duas medidas. Ex .: Paulo tem 8 bolinhas de gude. Tiago tem 5 menos que Paulo. Então Tiago tem

3. Esquema Correspondente Equação Correspondente

8

-5

3

8 + (-5) = 3 (Neste caso há uma relação entre dois valores e não uma

transformação)

Quadro 8 - Terceira Categoria (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

• Quarta Categoria: duas transformações se compõem para resultar em uma

transformação.

Ex .: Paulo ganhou ontem 6 bolinhas de gude e hoje perdeu 9 bolinhas. Em tudo, ele perdeu 3. +6, -9, -3 são números relativos

Esquema Correspondente Equação Correspondente +6 -9

-3

(+6) + (-9) = (-3) (adição de duas transformações, ou seja, de dois

números relativos)

Quadro 9 - Quarta Categoria (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

• Quinta categoria: uma transformação opera sobre um estado relativo (uma

relação) para resultar em um estado relativo, que não deixa de ser uma

transformação.

Ex .: Paulo devia 6 bolinhas de gude para Henrique. Ele devolveu 4. Agora, ele lhe deve somente 2 bolinhas.

Esquema Correspondente Equação Correspondente +4

-6 -2 (-6) + (+4) = (-2) (adição de dois estados relativos)

Quadro 10-Quinta Categoria (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

• Sexta categoria: dois estados relativos (relações) se compõem para resultar em

um estado relativo.

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Ex 1.: Paulo deve 6 bolinhas de a Henrique, mas Henrique lhe deve 4. Então, Paulo deve 2 bolinhas a Henrique. -6, +4, -2 são números relativos

Esquema Correspondente Equação Correspondente -6

-2

+4

(-6) + (+4) = (-2) (adição de dois estados relativos entre as mesmas

pessoas)

Ex 2.: Paulo deve 6 bolinhas de gude a Henrique e 4 bolinhas a Antônio. Ao todo, ele deve 10 bolinhas.

Esquema Correspondente Equação Correspondente -6

-10

-4

(-6) + (-4) = (-10) (adição de dois estados relativos entre pessoas

diferentes)

Quadro 11-Sexta Categoria (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

“A complexidade dos problemas de tipo aditivo varia não apenas pelas

diferentes categorias de relações numéricas, mas pelas diferentes classes (tipos) de

problemas que podem ser formulados para cada categoria”. (2009. p. 206)

4.6.5 Análise dos Problemas Referentes à Segunda Categoria

Relembrando que o esquema é

b a c

Faremos agora uma análise com seis exemplos de problemas de segunda

categoria, através do quadro 12:

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50

Exemplo Esquema 1. Havia 17 pessoas dentro de um ônibus, subiram 4. Quantas pessoas estão ali dentro agora?

+4

17 x

2. Um paulistano viaja de carro em férias. Ao sair de São Paulo seu velocímetro marca 63.809 km. Na volta marca 67.351 km. Quantos quilômetros ele percorreu durante as férias?

x

63.809 67.351

3. Henrique acaba de achar R$2,60 na calçada. Ele os colocou no seu moedeiro. Ele tem agora, em tudo R$3,90. Quanto dinheiro ele tinha em seu moedeiro antes do achado?

+2,60

x 3,90

4. João tem 9 balas. Ele deu 4 para sua irmãzinha. Com quantas ele ficou?

-4 9 x

5. Paulo acabou agora um jogo de bolinha de gude. Ele tinha 41 bolinhas antes de jogar e agora ele tem 29 Quantas bolinhas ele perdeu?

x

41 29 6. Em 1974, a população de Paris era de 2.844.000 habitantes. Em cinco anos a cidade havia perdido 187.000 habitantes. Quantos habitantes Paris tinha em 1969?

-187.000

x 2.844.000

Quadro 12-Análises da Segunda Categoria (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

Os exemplos 1 e 4 são mais simples devido ao fato que a situação faz com

que a criança apenas realize uma transformação direta ao estado inicial. A única

diferença é que no exemplo 1 a transformação foi de adição (o que é sempre

possível de se realizar). No exemplo 2 a transformação só acontece se o estado

inicial for suficientemente maior. E para as crianças é uma das maiores dificuldades,

pois sua mente não consegue visualizar a situação de “dar 4 balinhas se e somente

se tem 3 balinhas”. As transformações dar, perder, descer, diminuir são de

significação própria e formam par com as transformações opostas receber, ganhar,

subir, aumentar.

Os exemplos 2 e 5 são mais complexos, mas podem ser aplicados com

crianças a partir dos 6 anos, desde que com valores bem menores aos utilizados

nos exemplos em questão. Para se obter sucesso, o professor pode utilizar do

procedimento complemento que busca acrescentar ou tirar ao estado inicial para

chegar ao estado final. Este não obriga a criança raciocinar sobre a transformação

de outra forma a não ser direta. E se ela não consegue encontrar imediatamente o

complemento, ela pode mesmo fazer tentativas e corrigir-se em função do estado

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obtido. No exemplo 5, a criança pode assim aplicar a 41 a transformação -10, o que

dá 31; depois, -11, o que dá 30, enfim, -12, o que dá 29, o resultado buscado.

Chegando a conclusão de que Paulo perdeu 12 bolinhas. Outro procedimento é o de

diferença que busca, através da subtração do estado final pelo inicial chegar ao

valor da transformação como resultado da operação. Ao contrário do complemento,

este obriga a criança a raciocinar de pronto sobre a transformação, calculando

diretamente a subtração. Ou seja, 41 – 29 = 12(2009. p. 210).

Os exemplos 3 e 6 são ainda mais complexos que os anteriores pois os

resultados são obtidos apenas por inversão da transformação direta, ou seja,

realizando a operação inversa à situação. Para estes exemplos há dois

procedimentos:

• Complemento: busca diretamente o que é preciso acrescentar no b para

encontrar o valor de c. Isso somente é possível com transformação positiva e

com números que se prestam ao cálculo mental.

• Estado inicial hipotético: formula uma hipótese sobre certo estado inicial e

aplica-lhe uma transformação direta, encontrando um estado final. Corrigimos

a hipótese comparando-a com o resultado obtido. Admite-se que os exemplos

3 e 6 não se encaixam neste procedimento. Mas citamos outro exemplo:

Roberto distribui uma bala a cada um de seus 7 colegas. Assim, ele distribui 7

balas. Sobram-lhe 4. Quantas balas ele tinha antes da distribuição? As

crianças pensam este problema da seguinte forma: “Se Roberto tem 10 balas

e dá 7 balas, sobram 3 para ele. Não é isto, eu preciso mais. Se Roberto tem

11 balas e dá 7, ele fica com 4. É isto... ele tinha 11 balas”. (2009. p. 211)

O professor deve estar atento ao interpretar as condutas das crianças e a não rejeitar como errados os caminhos não clássicos que ela pode empregar. Mesmo diante dos insucessos das crianças, sobre os quais não temos mesmo aqui a possibilidade de nos estender, frequentemente existem elementos que permitem ver o que a criança compreendeu e o que ela não compreendeu, e de, assim sendo, apoiar-se nos próprios insucessos para fornecer as explicações necessárias. (2009. p.212)

No exemplo 2, os números utilizados (63.809 e 67.351) não permitem utilizar

o procedimento de complemento, obrigando a realizar a operação pelo procedimento

de diferença, que e mais complexo racionalmente falando. Mas se no lugar destes

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colocar os valores 15.000 e 17000, a solução seria muito mais facilitada para ambos

procedimentos citados. (2009. p. 213)

A forma com que aparecem as informações dos problemas exerce uma

influência crucial na complexidade dos mesmos. Se o professor em sua prática

pedagógica tem o hábito de fornecer apenas enunciados necessários e suficientes,

aconselha-se em habituar a criança a receber também enunciados com informações

inúteis, para que ela possa aos poucos, em suas relações, selecionar por conta

própria o que perceber ser relevante à situação sugerida. (2009. p.213). Vergnaud

ainda afirma que “uma situação real comporta, em geral, a par de informações

suficientes, informações inúteis, por vezes prejudiciais, que devem ser descartadas,

e informações que, embora necessárias, não são expressas e pedem uma busca

específica”. (2009. p.213).

No que concerne ao tipo de conteúdo ou situação sugerida no problema e as

relações que se estabelecem, estes considera-se de papel importante na resolução

a que se propõe.

4.6.6 Análises dos Problemas das Demais Categorias de Relações Aditivas

A primeira categoria de relações aditivas, nas quais duas medidas se compõem

para resultar em uma medida, dá lugar apenas a duas grandes classes de

problemas (2009. p.215):

1. Conhecendo-se duas medidas elementares, encontrar a composta. Pode se

representá-la da seguinte forma:

a

x

b

Exemplo: Tem 4 meninas e 5 meninos sentados à mesa. Quantas crianças tem

ao todo? Esta primeira classe se resolve por uma adição, cuja dificuldade pode

variar, como vimos antes, em função dos números dados, do conteúdo e da forma

das informações.

2. Conhecendo-se a composta e uma das elementares, encontrar a outra. Sua

representação apresenta-se assim:

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a

c

x

Exemplo: Um agricultor tem 56 há de terras dos quais 17 há em floresta e

capoeira; o resto é cultivável. Qual é a área cultivável que ele tem disponível? Nesta

classe de problema se resolve normalmente por uma subtração, mas ela pode

também ser resolvida igualmente pelo procedimento de complemento.

A quarta categoria de relações aditivas, aquela em que as duas

transformações se compõem para resultar em uma transformação, exige uma

análise um pouco mais longa. Para facilitar nossa compreensão, dividimos em duas

grandes classes de problemas (2009. p.216):

1. Conhecendo-se as elementares, encontrar a composta. Como mostram os

exemplos analisados no quadro 13:

João jogou duas partidas de bolinha de gude. Na 1ª partida ele ganhou 16 bolinhas. Na segunda partida ganhou

9. Ao final, o que aconteceu?

Neste caso, é preciso juntar dois números positivos, sem dificuldades.

João jogou duas partidas de bolinha de gude. Na primeira partida ele ganhou 16 bolinhas. Na segunda

perdeu 9. Ao final, o que aconteceu?

Faz-se necessário juntar dois números de sinais contrários, resumindo-se numa

subtração onde retira-se do valor absoluto da primeira transformação o valor absoluto da segunda transformação que é menor.

João jogou duas partidas de bolinha de gude. Na primeira partida ele ganhou 9 bolinhas. Na segunda

perdeu16. Ao final, o que aconteceu?

É preciso juntar dois números de sinais contrários, mas subtraindo o valor absoluto da primeira transformação, que é positiva do valor da segunda. Obviamente para a criança este exemplo é mais difícil que os

demais. Quadro 13-Análises da Quarta Categoria (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

Observa-se que a dificuldade não é a mesma, pois há transformações tanto

de duas positivas, como de duas negativas e ainda transformações de sinal

contrário. Neste último tipo de transformação as crianças apresentarão dificuldades

de acordo com a grandeza dos valores numéricos das mesmas.

2. Conhecendo-se a composta, e uma das elementares, encontrar a outra

elementar. Exemplo: Pedro jogou duas partidas de bolinha de gude. Durante a

primeira partida, ele ganhou 7 bolinhas. Ele jogou a segunda partida. Fazendo as

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contas para as duas partidas, ele viu que perdeu ao todo duas bolinhas. Que

ocorreu na segunda partida? “Este exemplo é resolvido com sucesso por uma

pequena proporção de crianças com aproximadamente 10 anos de idade, embora a

operação numérica seja uma adição muito simples (7 + 2). Evidentemente, é no

cálculo relacional que é necessário buscar as razões dessa dificuldade”. (2009.

p.219)

Na quinta categoria, cuja transformação opera sobre um estado relativo,

serão reencontradas as classes já estudadas na segunda categoria (busca do

estado final, da transformação, do estado inicial), mas com subclasses mais

numerosas, aumentando mais ainda as possibilidades para o sinal e o valor absoluto

das operações.

Na sexta categoria, em que dois estados relativos se compõem em um

estado relativo, serão reencontradas, com subclasses igualmente mais numerosas,

as classes estudadas no caso da primeira categoria.

4.7 NOÇÃO DE GRUPO

Estudando nos problemas do tipo aditivo os números naturais e relativos, os

estados e transformações das relações aditivas, observa-se os grupos que se

formam com suas propriedades, de maneira que algumas servem para um conjunto

numérico, outras propriedades servem apenas para outro conjunto e ainda há

aquelas que servem para ambos conjuntos. Essas propriedades se transformam em

leis de composição dos seus elementos.

4.7.1 Lei De Composição Interna E Lei De Composição Externa: Os Três Tipos De

Adições

4.7.1.1 Composição Interna

A composição interna acontece entre dois elementos de um mesmo conjunto

numérico que resultam em outro elemento (seja ele estado final ou transformador)

também pertencente a este mesmo conjunto. (2009. P.235)

Exemplos:

• A adição de dois números naturais: 8 + 6 = 14

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• A adição de dois números relativos: (+8) + (+6) = (+14)

4.7.1.2 Composição Externa

A composição externa ocorre entre elementos que pertencem a conjuntos

numéricos diferentes.

Exemplo

• A operação de um número relativo sobre um número natural: 8 + (+6) = 14

8 + (-6) = 2

Dos três exemplos acima citados, somente o terceiro é exemplo de grupo.

Neste caso este faz uma ressalva importantíssima quando diz que:

É somente na escola secundária, e os programas atuais o tornam como objetivo das séries de sexta e quinta, que a estrutura de grupo e, notadamente, a do grupo dos relativos é estudada [...]. Pode-se levar esse estudo sem dificuldade com as crianças, mesmo nas séries dos cursos elementares, mas sob a condição de que sejam escolhidos exemplos simples, que apelem a noções facilmente compreendidas pela criança, e desde que não se force em demasia o formalismo, o que somente é possível na escola secundária. (2009. p.236)

O ensino ou nível secundário no sistema de ensino francês atende alunos na

faixa etária de 11 a 14 anos aproximadamente. E nesse nível as séries “sixième” e

cinquième” tem, respectivamente, alunos de 11 e 12 anos de idade. Os alunos da

classe elementar 1 (CE1) são aqueles com 7 e 8 anos; e a classe elementar 2 (CE2)

tem 9 e 10 anos.

4.8 OS PROBLEMAS DE TIPO MULTIPLICATIVO

O campo conceitual da multiplicação trata das situações cujo tratamento

envolve uma ou mais multiplicações ou divisões. Trata-se de uma relação

quaternária entre quatro quantidades (elementos) e dois tipos de medidas. Exemplos

no quadro 15:

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PROBLEMA ESQUEMA ANÁLOGO

1. Tenho 3 pacotes de iogurte. Há 4 iogurtes em cada pacote. Quantos iogurtes eu tenho?

pacotes iogurtes 1 4 3 x

2. Minha mãe quer comprar tecido a R$24,80 o metro para fazer um vestido e um paletó. Ela necessita de 3,50 metros de tecido. Quanto ela deverá comprar?

metros reais 1 24,80 3,50 x

3. Paguei R$12,00 por 3 garrafas de vinho. Quanto custa cada garrafa?

garrafas reais 1 x 3 12

4. Pedro tem R$12,00 e quer comprar pacotes de bala a R$4,00 o pacote. Quantos pacotes ele pode comprar?

pacotes reais 1 4 x 12

5. Uma corrida de automóveis tem 247,760 km de percurso. Um carro consome 6,785 litros a cada 100 quilômetros. Quanto ele consumirá durante essa corrida?

quilômetros litros 100 6,785 247,760 x

6. Vou comprar 12 garrafas de vinho a R$19,50 por três garrafas. Quanto vou gastar?

garrafas reais 3 12,50 12 x

7. 3 novelos de lã pesam 200 gramas. São necessários 8 para fazer um pulôver. Qual vai ser o peso do pulôver?

novelos gramas 3 200 8 x

Quadro 14-Problemas do Tipo Multiplicativo (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

No exemplo 1 e no exemplo 2 a diferença se deve ao fato de que aparece no

primeiro valores de números inteiros e no segundo valores de números decimais. A

introdução da multiplicação como adição reiterada (3 pacotes de 4 iogurtes é 4

iogurtes mais 4 iogurtes mais 4 iogurtes) pode ser realizada com mais facilidade com

valores inteiros. Para que a criança compreenda que o preço de 3,50 metros é o

preço de 1 metro, mais o preço de1metro, mais o preço de 1metro, mais o preço de

0,50 metros; e que isto é o mesmo que multiplicar o preço de 1 metro por 3,50;

serão necessárias explicações suplementares. (2009. p. 241)

A forma com que se apresentam os exemplos 3 e 4 são de outra natureza. No

exemplo 3 é preciso encontrar o valor unitário, conhecendo-se o elo de

correspondência entre duas grandezas de natureza diferente. Para isso, divide-se

R$12,00 por 3 para encontrar x reais. Já no exemplo 4 divide-se R$12,00 por 4 para

se obter x pacotes. (2009. p.242)

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Nos exemplos 5, 6 e 7 o esquema é o mesmo dos quatro primeiros. Mas o

que difere é o fato de o denominador dos três últimos ser diferente de 1, constituindo

ilustrações mais complexas da mesma relação quaternária.(2009. p. 246)

4.9 TEOREMAS DE AÇÃO

São as formas de se representar os esquemas de ações em situações

problemas que envolvem adição e subtração.

Na ação de juntar, a criança estica os dedos. Ela não conta bombons, mas

seus dedos o representam em sua imaginação. Em situação contrária, ela recolhe

os dedos que representam bombons consumidos. (NUNES, et all., 2005. p. 46)

Há formas diferentes de resolver problemas com montantes ausentes. Uma é usar blocos ou dedos. Uma criança pode contar cinco dedos (ou blocos), memorizar onde este conjunto de cinco terminou, mas seguir adiante contando até oito e então contar novamente apenas os elementos que foram acrescentados ao cinco para chegar a oito. [...] Uma outra forma de resolver o problema de montante ausente é por subtração, uma estratégia de resolução de problemas que depende da capacidade da criança em percebera subtração como inverso da subtração. (NUNES & BRYANT, 2005, p. 119)

Na solução destes problemas, as relações parte-todo se aplicam a qualquer

objeto, seja ele dedo, traço, papel, bolinha, por que o que importa não é o objeto

utilizado, mas sim a ação e seu resultado. Implicitamente a criança reconhecerá

nestes objetos o resultado representado por eles (NUNES, et all., 2005. p. 47).

Nunes, et all (2005. p. 48) acredita que

a criança já compreende a possibilidade de coordenar a resolução prática de problemas, obtida através de seus esquemas de ação, e o sistema de numeração já está começando a “aprender matemática”, isto é, a usar os instrumentos e símbolos da matemática para resolver problemas.

Daí o motivo pelo qual se acredita na necessidade de se aproveitar seus

conhecimentos prévios e seus próprios esquemas de ação e trabalhar juntamente

com o sistema de numeração, para que a criança consiga resolver problemas. Sem

isso, ela não conseguirá dar uma resposta numérica, por não saber contar.

NUNES (et all., 2005), realizou uma pesquisa com crianças do segundo ao

quinto ano do ensino fundamental com problemas matemáticos aditivos e, de modo

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geral, constatou que desde o segundo ano (antiga primeira série) os alunos

conseguem realizar tal correlação.

4.9.1 DESENVOLVIMENTO DO RACIOCÍNIO ADITIVO

Raciocínio Aditivo são as formas de se pensar as operações de adição e

subtração. Para NUNES (et all., 2005), podemos pensar nos desenvolvimentos do

raciocínio aditivo envolvendo três fases:

• Primeira fase: as crianças usam seus esquemas de ação de juntar e separar

apenas de maneira direta e independente um do outro (problemas diretos), sem

perceber a relação existente entre os dois.

• Segunda Fase: as crianças compreendem a relação inversa entre a adição e

subtração (problemas inversos).

• Terceira fase: é a fase em que a criança consegue estabelecer relações

comparativas entre quantidades de objetos e/ou pessoas entre si, juntamente

com as duas primeiras fases de juntar e retirar.

Os problemas elaborados de acordo com a primeira ou a segunda fase

sempre envolvem uma transformação. Já os da terceira fase não envolvem

transformações e são conhecidos como “problemas comparativos”. Neste último

caso verifica-se se os alunos compreendem a palavra “mais” no sentido de

comparação.

Pelas pesquisas realizadas, NUNES, et all.,(2005, p.55) confirma as teorias

sugeridas por Piaget, quando afirma que existem três esquemas de ação

relacionados ao raciocínio aditivo: juntar, retirar e colocar em correspondência.

Para que o professor possa planejar uma avaliação do desenvolvimento

conceitual, faz-se necessário observar quatro critérios (2005. p. 60):

• a situação problema é melhor compreendida se for apresentada à criança com

um mínimo de instruções verbais e mais visualmente, com ilustrações, por

exemplo;

• as questões mais próximas da realidade do aluno são as mais fáceis de serem

resolvidas;

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• sugere-se incluir numa mesma situação problema itens de experiências

distintas;

• o ideal também é incluir uma variedade de representações que o aluno pode

apresentar em suas resoluções (esquemas de representação).

Feito o planejamento, experimenta-se estes critérios com grupos pequenos de

alunos, observando todo o desenvolvimento do processo.

Por fim, aplica-se o mesmo numa amostra mais ampla, com gráficos de

referência aos demais professores, para que se aplique em amostras de pesquisas

maiores. (NUNES, et all., 2005. p. 61)

Feita toda amostragem dos estudos realizados para fundamentar este

trabalho, passamos a apresentar a seguir a metodologia utilizada para coletar os

dados desta pesquisa.

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60

5 METODOLOGIA

Neste capítulo será feito relato dos procedimentos metodológicos realizados

para este trabalho.

A pesquisa é de caráter qualitativo, sendo utilizado principalmente o método

Clínico Experimental de Jean Piaget juntamente com método de observação durante

todo percurso e com as Teorias dos Campos Conceituais de Vergnaud dando

suporte às perguntas feitas aos alunos.

5.1 SUJEITOS DA PESQUISA

Os indivíduos objeto da pesquisa são os integrantes de uma turma da Classe

de Apoio Pedagógico (CAP) na Escola Básica João Paulo II, em Itajaí – SC - Brasil,

abrangendo dez alunos do segundo e do terceiro ano (sete e oito anos de idade

respectivamente).

As turmas de CAP compreendem em média cinco alunos por seção, sendo

atendidas em horário contraturno duas vezes por semana, com carga horária de

4h/a semanais de reforço escolar. São alunos com dificuldades na disciplina de

Português e/ou Matemática. A CAP é um projeto da Rede Municipal de Itajaí que

atende alunos de Séries Iniciais do Ensino Fundamental e que já existe há mais de

dez anos. Seu objetivo é reduzir os índices de dificuldade de aprendizagem e

analfabetismo.

Para esta pesquisa foi elaborado um horário especial com alunos pré-

selecionados pela professora da CAP. Segue o quadro15 com a relação dos alunos

e seu perfil na CAP:

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NOME ANO PERFIL Augusto Gabriel dos

Santos 2º Dificuldade na leitura e escrita. Disperso.

Desinteressado

Victor Mateus Gomst 2º

O que leva esse aluno a ter dificuldade é a falta de concentração. Qdo se propõe a realizar uma

atividade com interesse, consegue bons resultados.

José Paulo Madeiro da Costa

Chegou em nossa escola vindo de outro estado com muita dificuldade de aprendizagem

principalmente em português.Na matemática, possui ótimo raciocínio lógico.

Ketlyn Albina Severino 3º Raciocínio lento o que dificulta sua aprendizagem. Tem evoluido bastante.

Vitor Hugo Barbetta Ribeiro 2º

Aluno muito disperso, não consegue concentrar-se nas atividades, o que dificulta sua

aprendizagem.

Erick Gilliard Geraldo 3º O que dificulta sua aprendizagem é o fato de ser

muito lento para realizar as atividades.Possui ótimo raciocinio lógico.

Cauã 2º Aluno muito disperso e lento, porém não

apresenta grandes dificuldades de aprendizagem.

Paulo Jendigk 2º Aluno especial (possui laudo). Tem bastante interesse e consegue realizar as atividades

propostas com auxílio.

Ingrid 2º

Aluna repetente e com grande dificuldade de aprendizagem. Não retém informações. Está ainda em processo de alfabetização. Grande

dificuldade em matemática mesmo para resolver questões simples de adição e subtração.

Rayssa 2º

Baixa visão. É uma aluna interessada, porém com extrema dificuldade tanto em português qto em matemática. Não está alfabetizada.Recebe atendimento do CEMESPI uma vez por semana

por causa da sua deficiência visual. Quadro 15 - Perfil dos Sujeitos de Pesquisa (Fonte: Elaborado pela pesquisadora)

5.2 MATERIAIS UTILIZADOS

5.2.1 O Jogo De Bola De Gude

A origem exata dos jogos com bolas de gude não é clara, mas os relatos e

registros históricos, arqueológicos e culturais sugerem que o hábito é muito antigo.

As primeiras notícias são do ano 3.000 a.C.: bolinhas foram encontradas em

túmulos egípcios dessa época, segundo o pesquisador Roberto Azoubel. O Museu

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Britânico tem em seu acervo bolinhas da Ilha de Creta (Grécia) datadas de 2.000

a.C., feitas de materiais diversos. Também há registros da brincadeira no Império

Romano, inclusive entre adultos, segundo o historiador Câmara Cascudo, autor do

livro “Dicionário do Folclore Brasileiro”. (Duarte, 2003)

As primeiras bolas de gude não eram de vidro. Romanos brincavam com

nozes, que acabaram tornando-se símbolo da infância e dando origem à expressão

nuces relinquere (que significa “deixar as nozes”) para se referir à passagem para a

vida adulta. Avelãs, castanhas, azeitonas e sementes com formas arredondadas

também eram populares. Já foram usados como material para confeccionar bolas

madeira, pedras, mármore, argila e cerâmica. O mais usado atualmente é o vidro.

Foi com bolas de vidro que a brincadeira chegou ao Brasil, trazida pelos

colonizadores portugueses e aqui este esporte passou a ser um jogo para crianças.

O nome “gude” vem de “gode”, que se referia a pequenas pedras arredondadas.

Também eram de vidro as bolinhas de gude usadas pelos norte-americanos, que

importaram a brincadeira dos colonizadores ingleses. (Costa, RevistaUol. s/d)

As regras utilizadas para este jogo variam de região para região. Búlica,

borroca, fubeca, ximbra e berlinde são alguns dos mais populares. De modo geral

consiste em o jogador ter uma bolinha que é utilizada por ele para tecar (bater)

naquelas outras bolinhas que estiverem ao chão. Cada jogador traz de casa sua

coleção de bolinhas, que pode crescer ou diminuir, dependendo de seu desempenho

em jogo e das regras acordadas no início. Existem bolas de tamanhos e cores

diferentes, algumas de uma cor só e outras com detalhes internos chamados de

“olho de gato”. Todas elas funcionam do mesmo jeito. Ao final ganhará aquele que

tiver acertado (tecado) o maior número de bolinhas de gude.

5.2.2 O Jogo De Bola De Gude Virtual

As gerações pós-computador brincam cada vez menos nas ruas. Pensando

nisso, o programador carioca José Lucio Mattos da Gama, conhecido como

SLotman, após terminar o curso de Design e Desenvolvimento em Jogos 3D da

PUC/RJ em 2003, resolveu levar a tradicional brincadeira para o mundo virtual e

criou, em 2005, o jogo eletrônico Bola de Gude pela sua empresa Icon Games. São

três modalidades diferentes (mata-mata, búlica e buraco) e podem participar até

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quatro jogadores simultaneamente. O sucesso é traduzido nos prêmios: o jogo ficou

com o segundo lugar no Festival de Jogos Independentes no SBGames 2005, e o

primeiro, no CDG 2006 (ambos concursos nacionais). O jogo ainda recebeu a nota

98% do popular site de jogos independentes Bytten em 2006. (Costa, RevistaUol.

s/d)

Figura 5 - Jogo Bola de Gude da Icon Games (Revista Uol)

Neste software encontram-se dois tipos de jogos: local, quando todos os

jogadores se reúnem e manipulam o jogo num mesmo computador; ou em rede,

quando jogam cada um no seu computador com configuração de comunicação de

jogo via internet.1

Seguem as outras opções oferecidas pelo software no quadro 16:

1 A configuração mínima necessária tem por requisitos mínimos exigidos para o bom

funcionamento: PC com processador de 500Mhz, com 64Mb de RAM e placa 3D com 32Mb compatível com Direct-X 7, 30Mb de espaço disponível em disco rígido, sistema operacional Windows 98/ME/2000/XP/7 (site oficial).

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64

Vídeo

Resolução 800x600 1024x768 512x384 640x480 Cor 16 BPP 32 BPP

Detalhe Alto Baixo Médio Modo Tela Cheia Janela

Áudio

Volume Música

Podem ser sintonizados de 0% a 100%. Volume Áudio

Jogadores Pode configurar de 01 a 04 jogadores, com seus devidos nomes ou fictícios, podendo ainda ser pessoas ou o próprio computador como

adversários.

Jogo

Início Aleatório Proximidade Bolas 15 25 35 50

Linguagem Auto Português Inglês Tutorial Sim Não

Regras

Mata-Mata

Neste modo você deve tecar o maior número de bolas. A cada bola tecada, você recebe um ponto. Quando acabarem as bolas, que tiver mais pontos

será o vencedor da partida.

Búlica

Neste modo você deve entrar nos círculos espalhados. O círculo da vez fica iluminado. Após percorrer todo o caminho, você vira o “papão” e

poderá tecar as outras bolas.

Buraco

Neste modo você deve jogar as bolas espalhadas pela fase no círculo no centro do campo. Cada acerto

vale um ponto e o jogador só perde a vez quando não conseguir colocar a bola dentro do círculo.

Quadro 16 - Configurações do Software Jogar Bola de Gude (Fonte: site oficial Icon Games)

5.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

5.3.1 Pré-Teste Dia 14/10/2010

No primeiro encontro com os alunos foi aplicado um pré-teste composto de

cinco problemas matemáticos ligados ao campo conceitual aditivo e com questões

voltadas a identificação da percepção dos alunos sobre as estratégias utilizadas. Em

cada problema foi deixado um espaço para as resoluções dos alunos com seus

esquemas matemáticos. Abaixo deste espaço foram colocadas linhas para que

estes alunos descrevessem como foi realizada a operação, o que ele utilizou como

suporte para pensar a operação e chegar ao resultado. Este primeiro contato serviu

para que a pesquisadora conhecesse suas limitações com relação à disciplina de

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matemática, bem como seus esquemas de representação diante de perguntas com

direcionamentos orientados pelas Teorias dos Campos Conceituais.

5.3.2 Partidas de Bola de Gude no Contexto Real

5.3.2.1 Dia 19/10/2010

No primeiro dia de realização das partidas compareceram os alunos: Paulo,

Erick, Cauã, Ketlyn, Rayssa, Augusto, Ingrid, Vitor e José. A regra de jogo utilizada

neste dia foi do mata-mata.

Foi feita uma demarcação ao chão do começo desta partida e dada uma

rápida explicação da forma com que se jogam as bolinhas e da regra de jogo aos

participantes. Para melhor organização foi feita uma fila para dar a vez de jogo aos

alunos.

As bolas que eles acertavam na vez foram inseridas em um recipiente a parte

das que foram tecadas anteriormente.

Para exemplificar observe o quadro 17 com o roteiro do exame clínico

realizado neste dia. Os demais roteiros estão nos apêndices A, B, C, D, E, F, G, H, I,

J, K, L e M, vide páginas 97 A 133 deste trabalho.

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:06:57 Erick

Quantas bolinhas você tem?

4. Respondeu

mentalmente e rapidamente,

sem dificuldades.

Quantas bolas você tinha antes?

1.

O que aconteceu? Aumentou ou diminuiu?

Aumentou.

Quantas bolas que aumentou?

3.

00:08:13

Grupo de alunos em relação ao

jogo do Érick

Pessoal, quantas bolas o Érick tinha no começo

do jogo? 1.

A expressão “chegar à” fez com que os

alunos parassem para

pensar na resposta e

apenas o José

Depois acertou quantas bolas? 3.

Então ele ficou com... 4. Quantas bolinhas ele

tem agora? 13.

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66

Se ele tinha 4 e agora tem 13, quantas bolas

ele ganhou nesta última rodada?

13.

conseguiu respondê-la

sem problemas.

13? Não. Ele tinha quatro e agora tem 13.

Para chegar a 13 bolinhas quantas bolas

teve que acertar?

Rayssa respondeu

10.

4 mais 10 dá 13? José

respondeu 9.

00:11:21 José

Quantas bolinhas você tem?

8 Respondeu sem

grandes dificuldades.

Quantas bolinhas você tinha antes?

Nenhuma.

Então estava com quantas bolinhas antes?

0 bolinhas.

00:12:04 Ingrid

Quantas bolas você tem? 7

Ela respondeu certo por causa do Erick. Mas

por si só apresentou

muita dificuldade de

raciocínio.

Quantas bolas você tinha antes? 2

Então aumentou quantas bolas? 7

Não. Você ficou com 7, mas isso não é

quantidade de bolas que aumentou. Quantas

bolas a mais obteve?

Érick respondeu 5

e Ingrid respondeu

5.

00:13:27 Érick

Quantas bolinhas você tinha ali?

13. Respondeu mentalmente e rapidamente,

sem dificuldades

Quantas você tem aqui? 3. Quantas bolinhas você

tem ao todo? 16.

00:17:05 José

Quantas bolas você tinha

8 e agora fiquei com

9.

Ele consegue raciocinar e

expressar suas formas de

operacionalizar mentalmente.

Por que ficou com 9 bolinhas agora?

Por que acertei uma bolinha só.

00:19:57 Ingrid

Você tinha quantas? 7 Neste momento respondeu com

facilidade devido ao fato de a pergunta se de forma

aditiva.

Quantas bolinhas você acertou nessa rodada? Acertei 2.

Então quantas que você tem agora? 9.

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67

00:20:39 Érick Quantas que você ficou

agora?

Eu tinha 16. E agora 17,

18.

Acerto 2 e respondeu

contando no dedos.

00:21:50 Cauã

Quantas bolinhas você tem? 3

Não tem muita dificuldade com

pequenas quantidades de cálculo mental.

Mas errou tentando

responder rapidamente

Quantas você tinha antes 2

Agora tem quantas?

4. Parou pra pensar e depois

respondeu 5

00:23:35 Ketlyn

Quantas bolas você tem aqui? 4.

Não apresentou dificuldades.

Quantas você tinha antes?

1.

Agora ficou com quantas?

4.

4. Você tinha 1 e agora tem 4 e acertou quantas

então? 3

00:24:40 Vitor

Você tinha quantas antes?

1 Como se tratam de valores

pequenos ele não apresentou dificuldades em demonstrar seu cálculo mental

E agora tem quantas? 2 2? São 2 bolinhas que

estão na sua mão? 3

Por que agora tem 3? Por que

acertei 2. Aumentou 2? Sim.

00:25:30 José

Quantas você acertou aqui?

3 Fez gesto que iria contar com as mãos, mas

acabou operando

mentalmente a situação sem

problemas

Quantas que você tinha antes?

9

Então passou para quantas agora no total?

Deixa eu ver...12

00:29:05 Paulo

Quantas que tu tens agora então?

Antes é 9. Por se tratar de um valor acima de 10 o aluno não conseguia raciocinar “o

que faltava para chegar a”.

E agora quantas que tu tens?

Não sei.

Quantas que tu acertaste aqui?

Hum...10, 11, 12

12 agora? Balançou

respondendo sim.

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Então quantas bolinhas acertou agora 9

Você tinha 9. Agora você tem 12. Significa

que você acertou...

Não respondeu

Vamos contar. Você tem 11. Antes você

tinha 9. Então quantas bolinha que você

acertou?

9

Não. Nesta rodada de agora. Se você tinha 9 e agora está com 11e por

que você acertou quantas bolinhas?

9

9 para chegar à 11. 10.. 11 Então quantas bolinhas

acertou 11. Não 2.

00:31:10 Ketlyn

Quantas que tu tens agora 5

Não obteve dificuldades.

Quantas que tu tinhas antes 4

O que aconteceu? Aumentou 1

bolinha.

00:31:45 Victor

Quantas que você acertou nessa rodada? 2.

Respondeu com auxílio da

pesquisadora.

Quantas bolinhas que você tem agora

6.

Quantas bolinhas que você tinha então?

6.

6? Vamos contar 1, 2 , 3, 4, 5. Você acertou

agora... 2.

Ficaste com... 5. Quantas bolinhas que tu

tinhas antes? 3.

00:32:39 José

Quantas que tu tinhas José? 12.

Também respondeu a

estrutura aditiva na forma de subtração

mentalmente sem problemas.

12? E agora ficou com quantas? 13.

Acertou quantas? 1.

00:34:37 Ingrid

Quantas que tu tens agora? Ai eu tinha 9 Não tem

dificuldade para operacionalizar

a expressão Quantas que você

acertou nessa rodada? 3.

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Então quantas bolinhas que tu tens? 12.

“todo”.

00:37:42 Paulo Não acertou nenhuma e

continuou tendo quantas?

11 Demorou um

pouquinho para se lembrar.

00:38:33 José. Acertou 2. Quantas que você tinha antes?

13 Sem

dificuldades de memorização.

Quadro 17 - Roteiro de entrevista do jogo real no dia 19/10/2010 (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

O aluno Augusto não obteve pontos e a aluna Rayssa apenas 2. O que não

tornou possível fazer mais intervenções no exame clínico. Como ainda houve tempo

de filmagem, uma partida pela regra mata-mata (vide roteiro no apêndice A).

Como tínhamos pouco tempo para concluir a partida, resolvemos retornar

para a sala de aula e conversar sobre os resultados obtidos até aquele momento.

(apêndice B).

5.3.2.2 Dia 21/10/2010

A regra de jogo a ser utilizada neste dia foi búlica. Compareceram os alunos

Paulo, Ketlyn, Rayssa, Augusto, Ingrid, Vitor e José.

Após quase oito minutos de filmagem, a aluna Ingrid foi o primeiro papão do

jogo. O segundo foi José (apêndice C).

De volta na sala da CAP fizemos análises dos resultados, comparando os

resultados da primeira rodada do dia 19/10 com a rodada do dia 21/10 (apêndice D).

Constatou-se maiores dificuldades em responder às perguntas pois os valores

numéricos dos resultados finais são bem maiores que os resltados parciais das

partidas.

5.3.2.3 Dia 22/10/2010

No terceiro dia deste contexto iniciamos utilizando a regra do buraco. Os

alunos que compareceram foram: Victor Mateus, Érick, José, Paulo, Ketlyn, Vitor

Hugo, Ingrid. O aluno Vitor Hugo, por intermédio de pedido próprio e com a

autorização da mãe, entrou no terceiro dia da pesquisa, com um combinado de

colaborar para permanecer e contribuir com os trabalhos que já estavam em

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70

andamento. Este aluno fazia parte da CAP, mas já havia sido dispensado por parte

de sua professora e retornou apenas para participar da pesquisa.

Após 19 minutos e 22 segundos de jogo, os alunos Ketlyn, José, Ingrid e

Victor Mateus estavam com apenas 1 ponto cada. Paulo fez 2 pontos; Vitor Hugo e

Érick não haviam pontuado ainda. A pesquisadora não estava conseguindo, com

estes resultados, fazer as intervenções no qual o método clínico e os campos

conceituais sugerem. Esta regra de jogo não vinha ao encontro aos objetivos que se

pretendia atingir, pois os alunos demoravam para acertar as bolas no buraco. Sendo

assim, a mesma decidiu iniciar uma nova partida pela regra do jogo mata-mata

(apêndice E).

Foi feita uma segunda partida pela regra mata-mata (apêndice F). Quando

esta foi encerrada, houve tempo para realizarmos uma discussão de análises dos

resultados das partidas (apêndice G).

5.3.3 Bola de Gude no Contexto Virtual

5.3.3.1 Dia 26/10/2010

No primeiro dia do contexto virtual e tal como no contexto real, as partidas

foram jogadas pela regra de mata-mata.

Foram instalados três computadores na sala da CAP. Os alunos se reuniram

em grupos de três ou quatro em cada computador. A pesquisadora iniciou

mostrando o software e sua forma de utilização (apêndice H).

Este primeiro momento foi de entrosamento dos alunos com o software com

um trabalho coletivo. A seguir, para que todos pudessem ser entrevistados os alunos

foram separados, sendo que os que não eram entrevistados no momento ficavam

com a professora da CAP na biblioteca ao lado usufruindo do jogo. Enquanto isto, os

alunos entrevistados apareciam na filmagem jogando o software e passando pelo

exame clínico com a pesquisadora.

A pesquisadora ficou numa posição de costas para os alunos, em função do

espaço físico, sendo possível agora sem o barulho dos demais alunos, fazer um

exame mais detalhado e que atendia a todos os envolvidos (apêndice I).

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5.3.3.2 Dia 28/10/2010

Na aula anterior fizemos a versão virtual do jogo na regra de mata- mata com

alguns alunos, sem concluir com os demais. Assim neste dia iniciamos com a

conclusão da regra de mata-mata com aqueles que não participaram

individualmente antes (apêndice J).

Ainda estava faltando analisar individualmente a aluna Ketlyn pela regra de

jogo mata-mata. Então formamos um novo grupo com os mesmos alunos da partida

anterior, retirando apenas o Érick, em razão de ele ser o que menos apresentava

dificuldades, para realizar novos treinos de cálculo mental com os demais que

permaneceram no exame. Os alunos Victor e Cauã não compareceram neste dia

(apêndice K).

A seguir uma nova equipe foi organizada para jogar o software pela regra de

búlica. Foi relembrada a partida realizada no contexto real, onde os alunos tinham

que, com sua bola principal ultrapassar quatro círculos. Após esta etapa de passar

pelos círculos, a sua bola principal se tornaria “papão” no jogo para bater nas

demais bolas ao chão e pontuar. A diferença deste para o software, é que no

computador a regra solicita que primeiramente passe por cinco círculos destacados.

Foram mostrados alguns macetes de acerto da bola no círculo.

A partida iniciou no tempo 00:57:13 da filmagem com os alunos Érick, Ingrid,

Paulo e Vitor Hugo. Até o tempo 01:04:34 ninguém havia se tornado “papão” do

jogo, ou seja havia começado a pontuar ainda. Por esta razão foi iniciada uma nova

partida com os alunos Augusto, José e Rayssa no tempo 01:05:02. O software

também considera ponto quando a bola entra no círculo, mas mesmo assim, para se

ter uma noção, no tempo de filmagem de 01:09:17 ninguém havia se tornado

“papão” e o aluno José tinha 3 pontos, sendo a maior pontuação conseguida até

então.

Esta regra exige por parte do jogador bons reflexos visuais e motores da mão,

ao clicar no moderador de velocidade da bola principal, de acordo com sua distância

em relação ao círculo para onde esta precisar ser inserida. Alguns alunos já

conseguiam ter noções de ângulo e deslocamento da bola para colocá-la no círculo

desejado, como por exemplo, rebatendo-a do muro virtual, fazendo com que esta

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retorne e entre no círculo que se pretende, ou empurrando uma bola que já esteja ali

dentro para fora, para que a outra ocupe o espaço desejado.

Sendo assim, tal como no contexto real, esta regra não contemplou os

objetivos a que se pretende atingir neste trabalho e as partidas foram consideradas

inválidas, devido à dificuldade que os alunos encontraram em conseguir pontuar nas

mesmas.

5.3.3.3 Dia 29/10/2010

Foi dada uma explicação da regra do buraco no software, que seria utilizada

neste dia. Tal como na regra da búlica, aos poucos os alunos, percebendo que

podem tecar a bola principal pelo lado e não apenas pela frente, obtêm noções de

ângulo e deslocamento, para colocá-la no buraco. Esta regra também exige por

parte do jogador bons reflexos visuais e motores da mão, para clicar no moderador

de velocidade da bola principal atingindo a outra bola a ser colocada no círculo, de

acordo com sua distância em relação a este. Os alunos Rayssa, Ketlyn e Cauã

faltaram neste dia.

Na primeira partida participaram os alunos José, Victor, Vitor e Érick. O

primeiro ponto surgiu após o tempo de 00:06:25 com o aluno Victor. Após dez

minutos de filmagem, com várias rodadas realizadas entre eles, apenas Victor, Vitor

e Érick haviam conseguido um ponto apenas. Então foi montada uma nova equipe

para uma segunda partida da regra de buraco que foram Augusto, Ingrid, Paulo.

Após aproximadamente oito minutos de partida e várias rodadas realizadas, o

primeiro ponto surgiu com Augusto, no tempo 00:15:15 da filmagem. Ninguém mais

pontuou.

Para os objetivos propostos deste trabalho, esta regra também se tornou

inviável, devido ao fato de que nos raros momentos em que os alunos conseguiam

colocar bola no círculo, acontecia com apenas uma bola, dando apenas um ponto

por vez. Sendo assim, no tempo de filmagem 00:18:40 a pesquisadora optou em

realizar novas partidas pela regra mata-mata (apêndice L).

Iniciou uma nova partida pela regra de mata-mata com os alunos Vitor, José,

Victor e Érick (apêndice M).

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73

Ao final da coleta foi feito um agradecimento à direção da escola, à professora

da CAP, aos alunos e aos pais pela colaboração em toda a organização da coleta.

No próximo capítulo serão apresentadas as discussões e análises destas

coletas de dados.

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6 SÍNTESE DAS OBSERVAÇÕES DA PESQUISA

Neste capítulo será feita discussão das análises das coletas de dados que se

encontram registradas tanto nas folhas dos pré-testes, como nas filmagens das

partidas de jogos realizadas.

6.1 ANÁLISES DO PRÉ TESTE

O conceito de esquema é particularmente bem adaptado para designar e analisar classes de situação para os quais o sujeito dispõe em seu repertório, a um momento dado de seu desenvolvimento e sob certas circunstâncias, de competências necessárias ao tratamento relativamente imediato da situação. Mas ele é igualmente válido para a descoberta e invenção em situação de resolução de problemas. Muitos esquemas são evocados sucessivamente e mesmo simultaneamente em uma situação nova para ao sujeito. VERGNAUD (1995, apud FRANCHI, 1999. p.166)

Na realização do pré-teste e já na primeira pergunta, os alunos perceberam a

necessidade de diminuir passos, mas ao realizá-lo, precisaram contar com ajuda de

outros recursos. Por isso suas estratégias descritas em seus depoimentos foram:

“Eu fiz no material dourado.”, “Usei ou contei os dedos.”, “Eu fiz com bolinhas no

papel.”, “Tem que diminuir os passos ou fiz continha de menos pra saber.” e um

aluno descreveu “Eu fiz de cabeça.”.

As crianças encontraram mais facilidade para resolver a segunda pergunta,

devido ao fato de a situação estar mais próxima de suas realidades. Nela

apareceram apenas dois valores que determinavam um tipo de transformação, o que

mentalmente facilita-lhes seu raciocínio. A maioria descreveu “Eu fiz de cabeça” e

apenas um aluno respondeu “Eu contei nos dedos”.

A quarta pergunta também possui apenas dois valores, mas o fato de se

tratarem de figurinhas repetidas fez com que eles confundissem esta situação de

subtração com adição, onde boa parte deles acertou com resposta desencadeada

pela pesquisadora. Suas estratégias foram: “Eu fiz com palitinhos.”, “Eu fiz ou contei

com os dedos”, ”Eu pensei tirar 13 das 25 e ficar com 12”, “Eu pensei ou soube de

cabeça”, “Não dá pra colar figurinhas repetidas” e “Tem que tirar as repetidas”.

A terceira e a quinta pergunta foram os maiores desafios devido ao fato de

aparecerem três valores para serem trabalhados na situação problema, e que de

acordo com as idéias de Vergnaud, aparecendo mais do que uma transformação,

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abre-se o leque para várias formas de resolução, aumentando por conseqüências as

categorias conforme fundamentação mostrada anteriormente, algo que para a mente

das crianças com acompanhamento de reforço escolar conseguir dominar, somente

com muito desencadeamento por parte da pesquisadora. Mas estas perguntas foram

colocadas propositalmente por terem sido o primeiro contato com os alunos e

também para testar os seus limites com relação à disciplina e às situações que lhes

foram propostas. Daí na terceira pergunta surgiram as seguintes colocações: “Eu

juntei os bombons.”, “Eu calculei ou contei com material dourado.”, “Eu somei ou

juntei nos dedos.”, “Fiz palitinhos e juntei tudo.”, “Tem que juntar os bombons.” e “Eu

fiz de cabeça.”. A quinta pergunta foi resolvida pelos seguintes processos: “Eu fiz ou

somei na folha.”, “Eu somei os pontos no dado.”, “Eu somei ou contei nos dedos.”,

“Eu soube ou pensei de cabeça juntar os pontos e diminuir 12” e “Pra chegar falta 3”.

Observação importante: para que os alunos pudessem descrever seus

raciocínios de forma correta e legível, a pesquisadora contou com o auxílio da

professora regente da CAP, pois como nem todos se encontravam plenamente

alfabetizados.

Durante a seleção dos problemas do pré-teste, não foi levado em

consideração por parte da pesquisadora que havia crianças que ainda não

dominavam a subtração com reserva e isto só foi percebido ao ler as respostas

dadas pelos alunos na primeira questão, onde a maioria não conseguiu resolver.

Eles descreveram em seus esquemas de representação colocando o número vinte e

nove acima do oitenta e um, pois ao contrário não conseguiam ou não haviam

aprendido ainda a “emprestar dez para ficar com onze e tirar nove”. Já a segunda e

a quarta questão se encontravam mais dentro da realidade dos alunos, que não

encontraram problemas em diminuir. Apesar de a terceira questão ser uma operação

de adição, cuja afinidade deles é maior, eles enfrentaram dificuldades para entender

e chegar a esta conclusão por que, de acordo com Vergnaud, ela apresenta mais de

uma transformação, o que para crianças desta faixa de idade que foram envolvidas

na pesquisa é algo mais difícil de dominar. Foi preciso desencadear este problema

mostrando a eles que a quantidade de bombons solicitadas era o “todo” da caixa. A

quinta questão foi uma situação parecida, pois aparece o estado inicial (cinco pontos

no dado), um estado final (doze pontos no total), uma transformação (quatro pontos)

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e tinha que encontrar outra transformação, que se tratava do segundo lançamento

do dado. Estas duas questões foram colocadas propositalmente para que a

pesquisadora percebesse suas limitações com relação à disciplina, já que se tratava

do nosso primeiro contato. Para ela ficou comprovada a dificuldade que as crianças

na faixa de 7 e 8 anos tem com este tipo de situação, conforme orientações da teoria

de Vergnaud

6.2 ANÁLISES DAS PARTIDAS DOS JOGOS

O trabalho apresentado se resume em uma palavra: Estratégia. Ela vem do

grego antigo stratègós (de stratos, "exército", e "ago", "liderança" ou "comando"

tendo significado inicialmente "a arte do general") e designava o comandante militar,

à época de democracia ateniense. No dicionário Aurélio significa: arte militar de

planejar operações de guerra. / Arte de combinar a ação das forças militares,

políticas, morais, econômicas, implicadas na condução de uma guerra ou na

preparação da defesa de um Estado. / Arte de dirigir um conjunto de disposições:

estratégia política. / Fig. Habilidade, astúcia, esperteza: contornou a dificuldade com

estratégia. / Fig. Ardil, manha, estratagema.

A pesquisadora define-a em sua experiência como uma ação refletida e

executada automaticamente. Ela é percebida nos gestos demonstrados fisicamente.

Como as crianças que foram pesquisadas encontram-se no estágio operatório

concreto, estas ações aparecem com mais ênfase. Na matemática também

denominamos culturalmente as estratégias como macetes para chegar ao resultado

de uma conta. Então veremos logo a seguir os macetes que as crianças utilizaram

nos dois contextos. Daí se deu o subtítulo a este trabalho de “estratégias de ação”

no jogo de bola de gude.

Inicialmente vamos relembrar as três categorias dos campos conceituais

aditivos, quando o problema permite uma transformação, que é o caso desta

pesquisa.

Vergnaud (2009) afirma que, numa situação problema aparecem três valores

numéricos onde um é denominado estado inicial da situação problema. Outro é

considerado como transformação e o resultado da operação é chamado de estado

final. Nesta pesquisa considerou-se o resultado parcial do jogo de bola de gude

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como estado inicial, a quantidade de bolas tecadas nas rodadas como

transformação e a pontuação total adquirida nas rodadas como estado final. Logo,

as perguntas feitas às crianças que exigia delas o cálculo do total de pontos fazem

parte da primeira categoria. Nas perguntas da segunda categoria, elas deveriam

calcular ou relembrar qual era o total de pontos adquiridos anteriormente ou

inicialmente e na terceira categoria, calcular ou relembrar a quantidade de bolas

tecadas no último momento ou última rodada da partida.

Lembremo-nos da problemática proposta nesta pesquisa: “como variam as

estratégias de ação dos alunos nas diferentes categorias dos campos conceituais

aditivos para resolução de problemas matemáticos envolvendo o jogo de bola de

gude em versão real e virtual?

Para respondê-la, foram construídos gráficos estatísticos com tabulações das

estratégias que apareceram nas filmagens realizadas das partidas de jogo real e

virtual e em cada categoria. Dessa forma, podemos perceber até que ponto estas

estratégias poderão aparecer mais em uma versão de jogo ou em outra ou ainda em

ambas, de acordo também com ritmo de aprendizagem dos sujeitos de pesquisa

envolvidos.

6.2.1 ESTRATÉGIAS UTILIZADAS NO CONTEXTO DO JOGO REAL

6.2.1.1 Primeira Categoria

Mental

22

55%

Contar os dedos

4

10%

Contar

bolinhas

6

15%

Sequência

Numérica

4

10%

Memorização

4

10%

Mental

Contar os dedos

Contar bolinhas

Sequência Numérica

Memorização

Gráfico 1 - Estratégias de Ação na 1ª Categoria do Jogo Real

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Conforme mostra acima o gráfico 1, na 1ª categoria do contexto real, onde

as crianças deveriam pensar no total de pontos, a maioria realizou seus cálculos

pela estratégia “mental” ou como na linguagem deles, “de cabeça”. Os sujeitos

envolvidos na pesquisa tinham mais facilidade com a operação de adição, o que fez

com que poucas respostas precisassem ser intermediadas. Bastava perguntar-lhes

“quantas bolas tem ao todo?”, que as respostas vinham imediatamente. Os

momentos de desencadeamento aconteceram mais no final das partidas, quando já

tinham uma quantidade grande de bolas adquiridas e os alunos não davam conta de

fazer os cálculos mentalmente. A maior influência exercida então foi a da estratégia

utilizada com o contato físico na “contagem das bolinhas”, para conseguirem

encontrar o resultado da situação problema proposta naquele momento. Observe

esta situação no quadro 18:

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:55:44 Érick

Quantos pontos tem? Contou as bolinhas e falou 32.

Conseguiu responder com

auxílio das próprias bolinhas.

Quantos pontos você tinha antes?

Perdi as contas.

Vamos supor que fossem 25. Quantas bolinhas faltam para

chegar a 32.

9

Conte as bolinhas com a professora.

26, 27, 28, 29, 30, 31, 32. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7.

Então 25 bolinhas, com mais 7 dá quantas

bolinhas aqui? 32.

Quadro 18 - 1ª Categoria - Estratégia de Contar Bolinhas (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

Na estratégia de “contar os dedos”, eles utilizaram estes ao invés das

bolinhas, auxiliados pela pesquisadora, que os conduzia a este procedimento para

visualizar a situação e conseguir acertar o resultado. A estratégia da “sequência

numérica” também foi utilizada. Ela consistia em o aluno se lembrar do resultado

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79

anterior e dali fazer as contagens progressivas dos sucessores a este valor, como

no quadro 19:

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

01:09:34 Paulo

Quantas que tu tens agora? 2.

Na verdade mostrou-se cansado da

atividade, sua postura pareceu de uma criança como diz Piaget com atitude de não importismo.

Quantas que tu tinhas antes? 0.

Não. Não me lembro.

Você não fez 18 pontos?

Ah, sim.

Quantos tu tens agora? 2 Então quantos pontos tu

fizesse hoje? 18.

Junta os 18 com os 2 pontos, quanto que

fica?

Gesticulou não saber.

Depois do 18 o que que vem? 19.

Depois do 19. 20. Então quantos pontos

ganhaste hoje? 20

Quadro 19 - 1ª Categoria - Estratégia de contar os Dedos (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

A estratégia de “memorização” foi utilizada para comparar resultados finais

das partidas. Por aqui poderia se perceber também as noções que os alunos tinham

acerca de valores maiores, menores ou iguais, como ilustra o quadro 20:

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:57:26 Augusto Não acertou nada

ontem e hoje bateu Record com 13.

Fiquei com 13.

Respondeu sem que eu

perguntasse, já se acostumando com o exame.

Quadro 20 - 1ª Categoria - Estratégia de Memorização (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

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80

6.2.1.2 Segunda Categoria

Mental

5

71%

Memorização

2

29% Mental

Memorização

Gráfico 2- Estratégias de Ação na 2ª Categoria do Jogo Real

Como nesta etapa de jogo real a pesquisadora já havia orientado aos alunos

que sempre antes da sua vez de jogar, relembrassem o total parcial de pontos

obtidos até então (o quanto de bolas tinham antes de tecarem, ou seja, o estado

inicial), não apareceram muitas perguntas da 2ª categoria e, nas poucas, apenas

uma precisou ser intermediada. Nesta categoria, este total parcial obtido e lembrado

era a própria resposta da entrevista e, para que a mesma exercesse alguma

influência nas estratégias das crianças, a pesquisadora evitava perguntar-lhes no

começo da rodada quantas bolinhas elas tinham, até que realizassem as suas

jogadas.

De qualquer forma pode-se afirmar que, pela maneira rápida que a maioria

das crianças respondeu a esta situação na entrevista, uma influência desta categoria

neste contexto seja a utilização da estratégia da “memorização”, ou seja, de lembrar

o quanto de bolas tinham antes, sem precisar realizar cálculos. Num exemplo foi

perguntado: “Quantas bolinhas você tem agora?” A resposta foi: “Vinte e dois”.

“Quantas bolinhas que você acertou nessa rodada?”. O aluno respondeu: “Duas”.

“Então quantas bolinhas você tinha antes?”. “Dezoito”. Imediatamente a

pesquisadora retornou perguntando “Hã?”. O aluno percebendo a reação

imediatamente falou relembrando: “Vinte, vinte”. A grande maioria usufruiu de

estratégia “mental” da subtração, apenas pelo fato da quantidade bolas disponíveis

ser pequena.

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81

6.2.1.3 Terceira Categoria

Mental; 28; 62%Contar bolas; 5;

11%

Contar dedos; 10;

22%

Memorização;

2; 5%

Mental

Contar bolas

Contar dedos

Memorização

Gráfico 3-Estratégias de Ação na 3ª Categoria do Jogo Real

Mesmo com a maioria acertando cálculos na estratégia “mental”, conforme

mostrou anteriormente o gráfico 3, os alunos apresentaram neste contexto de jogo

real mais dificuldades na 3ª categoria, onde precisavam calcular as bolas tecadas no

momento. Isto exigia deles a operação de subtração, onde foram detectadas as

maiores barreiras enfrentadas pelos mesmos. A expressão que eles tinham bastante

dificuldade em lidar era “quantas bolas faltam para atingir ou chegar à tantos

pontos?”. Esta frase com certeza precisou de muito desencadeamento ao longo das

entrevistas. Em determinados momentos ficava a impressão de que havia

dificuldades até na sequência numérica, ou seja, sair de um número para chegar em

outro. Os alunos ficavam nervosos e não se lembravam “qual número que vinha

depois de". Eles precisavam saber quantas bolas tinham ao todo, relembrar quantas

bolas tinham antes, para daí resolver quantas bolas acertou na rodada. Todo este

percurso era um caminho muito grande a ser percorrido pelos seus pensamentos e

os alunos não davam conta da situação problema sozinhos. Foram necessárias

muitas intervenções para que as suas mentes se condicionassem a fazer cálculos

contando ainda com o suporte de contagens progressivas. Daí a melhor influência

foi a estratégia de “contar com os dedos”, conforme exemplo mostrado no quadro

21:

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82

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

01:00:45 Erick

Tu tens 13 bolas. Quantas bolas acertou

na primeira rodada? 17.

Por se tratar de um valor acima

de 10, ele sentiu dificuldade em

lidar com a expressão “falta para atingir para

chegar” para poder

operacionalizar mentalmente.

Houve necessidade de desencadeamen

to da pesquisadora.

Pra ti chegar nos 17 pontos falta acertar quantas bolinhas?

6.

Novamente. Para acertar 17 bolinhas

precisa acertar quantas bolinhas?

7

Será? Conta nos dedos 14, 15, 16, 17, 18. 19, 20? Mas você não fez

20 pontos na primeira e sim 17. Você já tem 13

então quantas que estão faltando?

3.

3? Preciso saber quantas pedras

precisará acertar para ter 17 pontos de novo.

9.

Não. Conta comigo nos dedos 14, 15, 16... Nossa 4.

Quadro 21 - 3ª Categoria - Estratégia de Contar os Dedos (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

Também puderam realizar cálculos pela “contagem de bolas” com ajuda da

contagem progressiva, como no quadro 22:

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Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:55:44 Érick

Quantos pontos tem? Contou as bolinhas e falou 32.

Conseguiu responder com

auxílio das próprias bolinhas.

Quantos pontos você tinha antes?

Perdi as contas.

Vamos supor que fossem 25. Quantas bolinhas faltam para

chegar a 32.

9

Conte as bolinhas com a professora.

26, 27, 28, 29, 30, 31, 32. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7.

Então 25 bolinhas, com mais 7 dá quantas

bolinhas aqui? 32.

Quadro 22 - 3ª Categoria - Estratégia de Contar Bolinhas (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

Outra estratégia descoberta por eles foi a da “memorização”, ou seja, lembrar

apenas pontos obtidos, conforme é ilustrado no quadro 23:

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:39:34 Augusto

Quantas bolinhas você tem agora

5.

Percebe-se que foi lembrado e não calculado.

Quantas você tinha antes?

4.

Então quantas bolinhas você marcou agora

nesta rodada? 1.

Quadro 23 - 3ª Categoria - Estratégia de Memorização (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

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84

6.2.2 ESTRATÉGIAS UTILIZADAS NO CONTEXTO DO JOGO VIRTUAL

6.2.2.1 Primeira Categoria

Mental; 22; 96%

Sequência

Numérica; 1; 4%

Mental

Sequência Numérica

Gráfico 4-Estratégias de Ação na 1ª Categoria do Jogo Virtual

Conforme mostra o gráfico 4 acima, o menor grau de dificuldades do

contexto virtual foi na 1ª categoria, pois os alunos não precisavam fazer muito

esforço em responder seu total de pontos e não era necessário neste caso que os

alunos ficassem se lembrando de quantos pontos possuíam antes, como foi

orientado no contexto anterior. Bastava eles olharem na tela do computador que o

software lhes mostrava o resultado obtido. Somente um caso utilizou a estratégia de

“sequência numérica” fazendo contagem progressivamente a partir dos pontos

adquiridos anteriormente. Daí a razão pela qual não se pode constatar alguma

influência de estratégia que fosse exercida por esta categoria nas crianças. Por

estas razões a pesquisadora tomou cuidado em fazer perguntas mais voltadas às

outras categorias.

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6.2.2.2 Segunda Categoria

Contar Dedos; 2;

6%

Memorização; 17;

47%

Sequência

Numérica; 4; 11%

Mental; 13;

36%

Contar Dedos

Memorização

Sequência Numérica

Mental

Gráfico 5-Estratégias de Ação na 2ª Categoria do Jogo Virtual

Na aplicação das regras de jogo búlica e buraco não se conseguia fazer muita

intervenção, por que a quantidade de pontos adquirida era muito pequena. Não

passava de um ponto por rodada. Neste caso percebeu-se através do gráfico 5

acima que, na 2ª categoria, a estratégia de “memorização” se destacou como maior

influenciadora aos alunos, até por que a esta altura eles já estavam bastante

adaptados ao processo, principalmente para aqueles alunos com dificuldades em

realizar a subtração mentalmente. Observe o quadro 24:

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:25:26 Ingrid

Uau! 4. Quantos pontos você tem agora?

13. Somente se

baseando em memorização é

que a aluna respondeu às

perguntas.

Quantas bolas você acertou agora?

4.

Então quantos pontos que tu tinhas antes?

Na tela tem 13.

Agora tá marcando 13. Mas o que estava

marcado antes do 13? 9.

Quadro 24 - 2ª categoria - Estratégia de Memorização (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

Apesar disso, havia momentos em que, pelas reações dos alunos, não se

soube definir se sua estratégia foi “mental” ou propriamente de “memorização”,

como no quadro 25:

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86

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:31:03 Ketlyn

E a Ketlyn? 7. Respondeu

rapidamente, sem

dificuldades.

Acertou quantas? 2. 2 Já melhorou. Então tinha quantos pontos

antes? 5.

Quadro 25 - 2ª Categoria - Estratégia Mental ou de Memorização (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

Outra dúvida ficou na estratégia da “sequência numérica”. Não se sabia se ele

utilizou o antecessor ou, memorizou, ou ainda calculou pela forma “mental” o

resultado do momento. Um exemplo foi esta situação ilustrada no quadro 26:

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:16:53 Augusto

Quantos pontos ficou agora? 6

Ás vezes ele demonstra certa dificuldade com cálculo mental de subtração.

Quantas bolas você acertou agora 5.

Não. Quantas bolas você acertou agora?

5.

Não. Quantas bolinhas você bateu agora?

1.

Então quantas que tu tinhas antes?

5.

Quadro 26 - 2ª Categoria - Estratégia Mental ou de Memorização ou de Sequência Numérica (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

Apareceram também alguns poucos alunos realizando cálculos pela

“contagem dos dedos”. Foi perguntado: “quantos pontos tem agora no total?”. O

aluno respondeu: “Doze”. “E quantos pontos tinha antes?”. A resposta foi “Nove”,

mas a ação foi de diminuir três dedos com ajuda da contagem regressiva. Às vezes,

dependendo da forma que lhe era direcionada a pergunta, alguns alunos confundiam

os pontos no total, com os pontos da rodada.

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87

6.2.2.3 Terceira Categoria

Memorização; 4;

18%

Mental; 11; 50%

Contar Dedos; 7;

32%

Memorização

Mental

Contar Dedos

Gráfico 6-Estratégias de Ação na 3ª Categoria do Jogo Virtual

A 3ª categoria deste contexto se destacou pela dificuldade que as crianças

demonstraram ao serem interrogadas com perguntas utilizando o uso do pronome

interrogativo por que. “Se tinha nove pontos na tela antes, por que agora ela mostra

treze?” Outra situação que se repetiu e que novamente os alunos mostraram

dificuldade foi na expressão “chegar para”. Conforme observa-se no gráfico 6 acima

a maioria dos problemas foi resolvido pelo cálculo mental. Mas uma influência

percebida aqui foi da estratégia de ajuda pela “contagem dos dedos”, pois

novamente não tinham o contato físico com as bolas. Em casos mais extremos de

dificuldade a pesquisadora intermediava com um pedaço de papel e caneta,

solicitando aos alunos que desenhassem bolinhas e riscassem aquelas que fossem

eliminadas (subtraídas), para que pudessem chegar ao resultado. Comprova-se

nesta experiência a fase em que estas crianças se encontram como explicam as

teorias de Jean Piaget. Em alguns momentos conseguiam abstrair o resultado

mentalmente. Em outros elas ainda sentiam falta de tatear as bolas, não se

desprendendo muito ainda do concreto. Observe isto no quadro 27:

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Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:56:15 Vitor

Na primeira partida fez quantos pontos? 8.

A pesquisadora utilizou de sequência

numérica para desencadear a

resposta e conseguir que a

criança compreendesse

a situação proposta.

Não. Na primeira rodada. Não lembra

quantos fizesse? Não.

Vou dar uma lembrada. Na primeira fez 17

pontos. Quantos pontos fez agora?

Olhou para o

computador e respondeu

13. Não. Foi 11. Do 11 para

chegar em 17 pontos quantos pontos

faltaram?

10.

Não chute a resposta. Pense.

Contou nos dedos e não

disse a resposta

Entendeu o que a dona Silvia te perguntou?

Fez gesto que sim,

apesar de não dizer o resultado.

O 11 está atrás do 17. Do 11 pra chegar lá no

17, quanto que vai estar faltando?

Vou ter que diminuir.

Então diminua. Como vai fazer isso? Conte

nos dedos

Contando seus dedos ele falou 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17.

Então do 11 para chegar ao 17 faltou... 6.

Quadro 27 - 3ª Categoria - Estratégia de contar Dedos (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

Há também quem tenha aproveitado a estratégia de “memorização”, tentando

mostrar à pesquisadora que sabia realizar cálculos mentalmente. Mas suas

respostas eram tão imediatas, que foi percebido o método citado. Exemplo:

“;Quantos pontos ao todo agora?”. A criança falou: “Doze”. E quantos pontos tinha

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antes?” Sua resposta foi “Onze”. A pesquisadora prosseguiu: Você acertou nessa

rodada...” Respondeu rapidamente: “Uma bola.”

Alguns alunos tinham tanta dificuldade, que não perceberam que a conta que

estavam fazendo se referiam justamente às bolas que haviam acertado naquela

rodada. Mesmo assim, para surpresa, não houve muitas intermediações e a grande

Ismaelmaioria realizou os procedimentos por intermédio de cálculo “mental”, como

no quadro 28:

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:20:07 Victor

Quantos pontos você tem agora?

15. Com valores pequenos ele

domina a operação de

adição mentalmente.

Quantos pontos você tinha antes?

13

Por quê agora ficou 15? Juntou 3 com 12 e ficou 15.

Quadro 28 - 3ª Categoria - Estratégia de Cálculo Mental (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

6.3 OBSERVAÇÕES GERAIS

No início das partidas, e com poucas bolas pontuadas disponíveis, os alunos

se utilizam mais do cálculo mental ou da memorização, ou seja, quando se lembram

dos resultados anteriores, na pergunta da situação que se vive naquele instante. Na

medida em que o jogo avança, aumentam as pontuações e junto com elas, os

desafios nos questionamentos realizados.

Das três formas utilizadas como regras de jogo (mata-mata, búlica e buraco),

se obtém melhor sucesso no exame pela regra do mata-mata. Com mais bolas

disponíveis é possível pontuar mais. Assim, o examinador consegue usufruir das

três categorias para melhor observar como as crianças manipulam suas estruturas

aditivas.

A ordem com que se utilizam os contextos influencia no resultado das partidas

subseqüentes. A mente da criança aos poucos se condiciona e acostuma-se com o

processo. De maneira que ela saberá no seu decorrer o que lhe será questionado,

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90

qual resposta deverá dar e quais estratégias suas estruturas aditivas utilizarão, de

acordo com suas habilidades naquilo que lhe estiver sendo proposto. Por outro lado,

o examinador também vai conhecendo-os aos poucos, conseguindo observar suas

limitações individuais e qual das categorias cada uma delas tem mais dificuldades

de realizar seus cálculos matemáticos.

No jogo real, as crianças podem utilizar a estratégia de contagem das

bolinhas nas três categorias existentes. As estruturas aditivas daquelas que

demonstram mais afinidade com a disciplina utilizam o próprio cálculo mental como

forma de chegar ao resultado correto. Na primeira categoria desta versão (total de

pontos adquiridos) e na terceira categoria (pontos da rodada) aparece mais a

contagem de bolinhas ou dos dedos. A terceira categoria não conta muito com a

memorização, tendo em vista uma grande quantidade de bolas disponíveis para

bater. O aluno não se preocupa em contar no momento das tecadas quantas bolas

vem pegando. Vai batendo, coletando e deixando para contar depois. Por isso

aparece mais a estratégia do contato físico. Ele tem tantas bolinhas na sua mão que

no final da rodada não dá conta de calcular mentalmente quantas bolinhas pegou

naquele momento. Então esta estratégia aparece mais na segunda categoria

(pontos parciais da partida). Além disso, a criança pode demonstrar seus cálculos

através de contagem regressiva e progressiva para resolver os problemas que lhe

são propostos neste caso.

No jogo virtual, a primeira categoria só é possível de ser aplicada pelo

examinador se este colocar o sujeito da pesquisa numa posição que não lhe permita

olhar na tela do computador ou escondê-la momentaneamente, tendo em vista que a

tela exibe o resultado que lhe é solicitado neste caso. Tanto na segunda como na

terceira categoria o aluno pode usufruir de contagem nos dedos e da contagem

progressiva e regressiva para realizar seus cálculos. Obviamente na terceira

categoria este aluno terá menos dificuldades para se lembrar quantas bolinhas tecou

naquele instante. Mas se suas dificuldades persistirem, o professor poderá lhe

propor desenhar as bolinhas num papel para que este aluno consiga visualizar a

situação problema em que se encontra.

Os alunos demonstraram maior domínio quantos lhes foi questionado quantas

bolas tem “ao todo”. Esta pergunta é feita para a primeira categoria. As maiores

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dificuldades dos alunos estavam em responder perguntas referentes à segunda e

terceira categoria, onde o “vilão” dos alunos estava em perguntar quantos pontos ou

quantas bolas “faltam para” se obter tantos pontos. Esta dificuldade apareceu em

ambos contextos de jogos.

Enfim, este estudo que tinha como foco as estratégias de ação utilizadas

pelos alunos em suas resoluções de problemas matemáticos no jogo de bola de

gude em diferentes contextos, traz os resultados finais de forma sucinta no quadro

29 que segue:

Contextos dos Jogos

Jogo Real Jogo Virtual

Categorias de

Vergnaud 1ª Categoria 2ª Categoria 3ª Categoria 1ª Categoria 2ª Categoria 3ª Categoria

Estratégias de Ação

Utilizadas pelos

Alunos

• Mental • Contar dedos

• Contar bolinhas

• Sequência Numérica

• Memorização

• Mental • Memorização

• Mental • Contar bolinhas

• Contar dedos • Memorização

• Mental • Sequência

Numérica

• Mental • Contar dedos • Memorização

• Sequência Numérica

• Mental • Memorização • Contar dedos

Quadro 29 - Panorâmica das Estratégias de Ação (Fonte: elaborado pela pesquisadora)

Conforme mostra o quadro 28, nas partidas de jogo de bola de gude real, as

crianças responderam ás perguntas referentes à primeira categoria dos campos

conceituais de Gerard Vergnaud, realizando operações aditivas influenciados pelas

estratégias de ação de cálculo mental, utilizando os seus próprios dedos, com

auxílio das próprias bolinhas de gude. Esta categoria também levou os alunos a

utilizarem a estratégia de sequência numérica, ou seja, através da contagem da

ordem crescente e decrescente e/ou também chegavam ao resultado pelo

antecessor e sucessor. Em alguns poucos momentos da entrevista, não se soube

nesta estratégia de ação, se o resultado era reconhecido como quantitativo de fato

ou se era pura memorização mecânica de ordem numérica. Os alunos também

foram influenciados a utilizar a estratégia de memorização, que consiste em lembrar

pontuações anteriores ou resultados parciais. As perguntas da segunda categoria

influenciaram os alunos a realizar cálculos através da estratégia de ação do cálculo

mental e também da memorização. Na terceira categoria apareceu a influência as

estratégias de ação de cálculo mental, contagem de bolinhas de gude e dos dedos e

memorização. Nas partidas de jogo de bola de gude virtual realizadas com o

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software Jogar Bola de Gude, os alunos foram influenciados a responder às

perguntas da primeira categoria através de estratégias de ação de cálculo mental e

de sequência numérica nas mesmas situações citadas anteriormente, apesar de ter

sido pouco utilizada. As perguntas da segunda categoria tiveram como destaque a

influência da utilização da estratégia de memorização, mas também houve situações

em que apareceram as estratégias de contar os dedos, sequência numérica e

cálculo mental. As estratégias de ação utilizadas nas situações problemas referentes

à terceira categoria foram de memorização, cálculo mental e contagem dos dedos.

No próximo capítulo serão apresentadas as conclusões finais desta pesquisa.

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7 CONCLUSÕES

Este trabalho teve a intenção de analisar a influência das categorias dos

campos conceituais aditivos nas estratégias de ação utilizadas pelos alunos em suas

resoluções de problemas matemáticos e em diferentes situações do cotidiano.

A coleta de dados foi realizada com crianças da Classe de Apoio Pedagógico

de Itajaí que freqüentam o 2º e o 3º Ano das Séries Iniciais (1ª e 2ª série), através do

método clínico, com suporte das teorias dos campos conceituais na elaboração das

perguntas.

A questão problema era: “como variam as estratégias de ação dos alunos nas

diferentes categorias dos campos conceituais aditivos para resolução de problemas

matemáticos envolvendo o jogo de bola de gude em versão real e virtual?

Assim, analisando a evolução das entrevistas feitas com as crianças, chega-

se às seguintes conclusões que seguem:

Pela sua experiência com o ensino da matemática, a pesquisadora levantou

inicialmente a hipótese de que os alunos utilizariam praticamente as mesmas

estratégias de ação tanto no ambiente concreto (cotidiano), quanto no virtual

(computacional) e nas três categorias dos campos conceituais aditivos de Vergnaud.

Sob o diferencial de que no contexto real eles poderiam ainda contar com a

estratégia do contato físico com as bolinhas, como alternativa a mais. Acreditou-se

também que a estratégia mais utilizada seria a contagem dos dedos, por já ser

bastante utilizada em sala de aula.

A estratégia de ação de contagem dos dedos influenciou muito em ambos

contextos, apesar de não ter sido a que mais se destacou conforme a pesquisadora

acreditava inicialmente. Para sua surpresa, a estratégia de ação que mais se

destacou foi a de cálculo mental. Acredita-se que isto se deva ao fato de alguns dos

sujeitos de pesquisa que freqüentam a CAP estar ali mais por suas dificuldades em

língua portuguesa, e terem uma facilidade um pouco maior com matemática. Como

os valores dos resultados eram pequenos, principalmente no início das partidas,

mesmo com suas limitações, eles ora davam conta de realizar cálculos mentais, ora

apresentavam certa dificuldade, que obrigava esta pesquisadora a desencadear as

situações propostas no devido instante. Mesmo assim, poucos foram os

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desencadeamentos que não foram compreendidos pelas crianças a ponto de

necessitar o auxílio dos dedos no domínio do cálculo.

As estratégias de sequência numérica e de memorização não haviam sido

previstas anteriormente. Elas forma percebidas pela pesquisadora ao assistir as

filmagens realizadas, analisando os dados coletados. A estratégia de memorização

foi uma estratégia bastante influente, principalmente na segunda e terceira

categoria, pois para os alunos responderem às perguntas destas categorias, eles

precisavam realizar cálculos mentais de subtração, o que não era muito natural, em

função de suas dificuldades. Aos poucos eles foram percebendo que poderiam

contar com esta opção de estratégia para darem a resposta correta às perguntas,

sem precisar se dar ao trabalho de calcular. A estratégia de ação de sequência

numérica contou em alguns poucos momentos com um auxílio da estratégia de

contagem dos dedos, para que os alunos pudessem visualizar nos dedos a

contagem progressiva ou regressiva realizada.

Tal como foi previsto inicialmente, apenas no jogo real apareceu a estratégia

de ação de contar bolinhas de gude, como influência específica deste contexto. As

estratégias também foram praticamente as mesmas, por que a forma de interrogá-

los foi semelhante em ambas formas de jogo.

Pelo que foi percebido nesta pesquisa, acredita-se que o jogo no computador

não envolve riscos de limitar o aluno em seu desenvolvimento, já que suas

estratégias de ação se repetiram no decorrer do processo. Obviamente é necessário

um planejamento antecipado com um bom aproveitamento do software, no objetivo a

que se pretende atingir, para que as TICs possam de fato contribuir com a

aprendizagem.

Apesar dos imprevistos citados, consideram-se as hipóteses iniciais como

comprovadas. Quando fala em suas teorias sobre esquemas de ação, Piaget remete

a estratégias motoras ou demonstrações físicas. Os esquemas de representação

têm haver com conceitos. Quando Vergnaud realizou sua pesquisa, ele a fez numa

época em que as tecnologias ainda não tinham tanto enfoque como hoje e foi

realizada apenas com jogo de bola de gude real. Outra observação que se faz é que

ela é voltada para os esquemas de representação, como foi mostrada na

fundamentação teórica. Por isso Vergnaud chama suas teorias de campos

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95

“conceituais”. A pesquisadora considera que seu trabalho contribui servindo como

pequeno complemento ao que Vergnaud deixou para a ciência e sociedade.

Enquanto Vergnaud trata de esquemas de representação com jogo de bola de gude

real, a pesquisadora trata dos esquemas de ação (estratégias) tanto no jogo real,

quanto no virtual pela realidade tecnológica em que a sociedade e a escola se

encontram atualmente.

Muitos dos conceitos matemáticos criados pela ciência começam a se tornar

mais teorias de estudos de certa etapa escolar em diante, estando fora da realidade

do aluno e fazendo com que este não consiga visualizar concretamente tais

conceitos. Por conseqüência, o aluno vê na disciplina de matemática algo que é de

difícil compreensão e fora do seu contexto. Daí a importância de o professor ter um

olhar que aproveite ao máximo cada oportunidade que tiver de utilizar o cotidiano

para este perceber em seus alunos quais são as suas estratégias utilizadas.

Cabe lembrar aqui o que foi discutido inicialmente a respeito daqueles

profissionais que ainda insistem em avaliar seus alunos somente pelo resultado final.

Enquanto esta cultura ainda estiver sendo difundida, continuarão havendo as

famosas “colinhas” e o professor nunca saberá até que ponto o aluno realmente

obteve o conhecimento da causa necessário à situação que lhe tiver sido proposta.

Há também aqueles alunos que, em determinado tipo de operação, inventam

qualquer tipo de número e sinal em seus esquemas de representação, tentando

enganar o professor mostrando que realizou o processo e colando o resultado final

corretamente, por que o professor já mostrou em outras situações que considerou o

resultado certo, sem ter prestado atenção ao desenvolvimento todo.

A pesquisadora deseja que este trabalho fique como uma sugestão aos

colegas profissionais, principalmente aqueles mais diretamente ligados ao ensino da

disciplina de matemática, e que os resultados desta pesquisa sejam utilizados em

outras amostras de sujeitos de pesquisa, talvez invertendo a ordem com que foram

trabalhados os contextos para verificar o aparecimento das suas estratégias de

ação. Se a pesquisadora repetisse este trabalho, ela o mudaria neste sentido. Outra

sugestão seria realizar um pós-teste com as mesmas perguntas, para ver se

mudaria algo nos esquemas tanto de ação quanto de representação das crianças.

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96

Houve um crescimento considerável por parte da pesquisadora quanto à

utilização do método clínico. A pesquisadora tinha um conhecimento considerado

por ela mínimo neste aspecto. Na verdade a rotina da disciplina já conduz o

professor a utilizá-lo e já era realizado pela pesquisadora em sua prática

pedagógica, mas sem a estrutura de planejamento que o método naturalmente

conduz, conforme orienta Piaget. Outro grande aprendizado está na estruturação

dos problemas matemáticos propostos por Vergnaud. Quando a pesquisadora

planejar novas atividades neste sentido, o fará pensando com carinho no estado

inicial, na transformação e no estado final do problema. A partir de agora a

pesquisadora também tem um novo olhar nos softwares que não são educativos,

procurando formas de serem aproveitados para este fim, tornando as aulas mais

atrativas.

No software utilizado nesta pesquisa, aparece o resultado parcial na tela do

computador. Este detalhe parece insignificante, mas pode provocar alterações nos

dados coletados, pois a resposta parcial da tela também pode ser uma resposta que

a criança nem pensa em calcular e sim olhar na tela que lá estará o resultado

correto. É claro que a finalidade do criador deste software é puramente a diversão.

Sendo assim, a pesquisadora sugere aos construtores de softwares que ao criarem

jogos com finalidade educativa, que o façam colocando em suas configurações a

opção de aparecer os resultados parciais ou não aparecer. Assim se um professor

utilizar um jogo, ele poderá questionar o aluno quanto aos resultados parciais e

finais, para realizar cálculos mentais e trabalhar melhor a sua memorização nas

respostas a serem dadas.

Por fim este trabalho lembra que nos esquemas de representação descritos

no roteiro de suas resoluções matemáticas é que se percebem as estratégias de

ação utilizadas pelo aluno para chegar corretamente ao resultado. Vê-se ainda, o

quanto o cotidiano e os conhecimentos prévios podem contribuir para com a

aprendizagem da matemática.

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97

REFERÊNCIAS

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BRANDÃO, Marise Martins. Recursos de Tecnologia Educacional. s/d. 22 slides. BRYANT, Peter; NUNES, Terezinha. Crianças Fazendo Matemática. São Paulo: ArtMed, 1997. CASTRO-FILHO, J. A. FREIRE, R. S., FERNANDES, A. C. E LEITE, M. A.. Quando objetos digitais são efetivamente para aprendizagem: o caso da matemática. Anais do XIX Simpósio Brasileiro de Informática na Educação. Fortaleza, CE. 2008. COSTA, Cíntia. Como Jogar Bola de Gude. Revista Uol. Disponível em <http://criancas.hsw.uol.com.br/bola-de-gude.htm> Acesso em 15 ago. 2010.

DUARTE, Orlando. História dos Esportes. 4. ed. São Paulo: Editora Senac, 2003. 555p. FRANCHI, Anna; et al. Educação Matemática: uma Introdução. São Paulo: EDUC, 1999. 208p. FREIRE, Raquel Santiago. Objetos de Aprendizagem Para o Desenvolvimento do Pensamento Algébrico No Ensino Fundamental. 2007. 132 f – Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira, Universidade Federal do Ceará. 2007 GIOVANNI, José Ruy; CASTRUCCI, Benedito; GIOVANNI JR, José Ruy. A Conquista da Matemática Nova. São Paulo: FTD, 1998. GRAVINA, Maria Alice; SANTAROSA, Lucila Maria. A Aprendizagem Da Matemática Em Ambientes Informatizados. In: IV CONGRESSO RIBIE. Brasília: 1998. 24p.

GROSSI, Gabriel Pillar. Todos perdem quando não usamos a pesquisa na prática. Revista Nova Escola, 215 ed. São Paulo, 2008. MAGINA, Sandra; CAMPOS, Tânia M. M.; NUNES, Terezinha; GITIRANA, Verônica. Repensando Adição e Subtração: Contribuições da Teoria dos Campos Conceituais. São Paulo: Proem, 2001. MAGINA, Sandra; CAMPOS, Tânia: As Estratégias Dos Alunos Na Resolução De Problemas Aditivos: Um Estudo Diagnóstico. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2004.

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98

MENEGHELLO, Marinez; PASSOS, Ângela. De Olho no Futuro: Matemática 3º Ano. São Paulo: Quinteto Editorial, 2008. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 2001. 148p. NUNES, Terezinha; et all. Educação Matemática: Números e Operações Numéricas. São Paulo: Cortez Editora, 2005. PIAGET, Jean. A Construção do Real na Criança. Trad. de Ramon Américo Vasquez. São Paulo: Ática, 1996. 392p.

PIAGET, Jean. A Formação Do Símbolo Na Criança: Imitação, Jogo e Sonho, Imagem e Representação. Trad. de Álvaro Cabral e Christiano Monteiro Oiticica. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975. 370p.

PIAGET, Jean. A Representação do Mundo da Criança. Trad. de Rubens Fiuza. Rio de Janeiro: Record, s/d, edição original em francês 1926. SANCHEZ, Lucília B.; LIBERMAN, Manhúcia P.; WEY, Regina L. da M. Fazendo e Compreendendo Matemática: 1ª Série. 4. Ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Caderno Metodológico de Tecnologias Educacionais. Itajaí: PMI/SED, 2003.142p.

TAFNER, Malcon. A Construção Do Conhecimento Segundo Piaget. Disponível em <http://www.cerebromente.org.br/n08/mente/construtivismo/construtivismo.htm> Acesso em: 19 set. 2010. VERGNAUD, Gérard. A Criança, a matemática e a Realidade. Trad. De Maria Lucia Faria Moro. Curitiba: Editora UFPR, 2009. 322p

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APÊNDICES

APÊNDICE A - Quadro 30 – Roteiro de Exame na 2ª Partida de Jogo Real do dia 19/10/2010

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:53:35 José

Quantos pontos fez na 1ª rodada ao todo?

Ao todo 15. Parou para pensar um pouco, mas respondeu

corretamente.

Se tens 9, para alcançar o mesmo número de pontos que fez antes

faltam quantas bolinhas?

Ah... 6.

00:56:09 Ingrid

Quantos pontos você fez na primeira vez?

13.

Houve necessidade de interferência da professora com

resposta desencadeada

devido à dificuldade que

a aluna demonstrou ao

lidar com a expressão “falta para chegar à”.

Tu tens 4. Para você atingir novamente os 13 pontos faltam quantas

bolinhas?

Pensou e disse 4.

Você tem 4. Para chegar aos 3 pontos

que você fez na primeira vez, vai

precisar bater quantas bolinhas?

13.

Não. Tens 4. Digo para chegar a 13. Do 4 para

atingir 13 faltam quantas bolinhas?

13

Não. Tens 4. Depois do 4 o que que vem?

5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12,

13... Conta quantos dedos

usou 9.

Tu tens 4. Par você alcançar os 13 pontos que você ganhou na primeira vez, estão faltando quantas

pedras?

Pensou e não

respondeu.

Quantos dedos nós contamos aqui?

9.

Então tu tens agora 4 bolas. Para fazer 13

9.

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100

pontos de novo tens que acertar quantas

bolas?

01:00:45 Erick

Tu tens 13 bolas. Quantas bolas acertou

na primeira rodada? 17.

Por se tratar de um valor acima

de 10, ele sentiu dificuldade em

lidar com a expressão “falta para atingir para

chegar” para poder

operacionalizar mentalmente.

Houve necessidade de desencadeamen

to da pesquisadora.

Pra ti chegar nos 17 pontos falta acertar quantas bolinhas?

6.

Novamente. Para acertar 17 bolinhas

precisa acertar quantas bolinhas?

7

Será? Conta nos dedos 14, 15, 16, 17, 18. 19, 20? Mas você não fez

20 pontos na primeira e sim 17. Você já tem 13

então quantas que estão faltando?

3.

3? Preciso saber quantas pedras

precisará acertar para ter 17 pontos de novo.

9.

Não. Conta comigo nos dedos 14, 15, 16...

Nossa 4.

01:03:42 Cauã

Quantos pontos fez na primeira rodada? 6

Sem dificuldades. Então já alcançou os 6

pontos? sim.

01:05:20 Victor

Quantas bolas você já tinha? 10. Para somar

mentalmente não apresentou

dificuldades. Agora acertou... 1

E ficou com 11.

01:06:29 Rayssa

Quantas bolas tu tens? 8 Para conseguir ultrapassar a contagem dos

10 mentalmente ela fechou os

olhos e contou a sequencia de 8

até 12. Mas demonstrou não

apresentar dificuldade em

lidar com a expressão “ao

Agora acertou 4. 4.

Quantas bolinhas tens agora?

Pensou e não

respondeu.

Junta as 8 bolinhas com estas 4 aqui. Quantas

bolinhas vai dar ao todo?

12

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101

todo”.

01:07:31 Ingrid

Quantas bolas você tem? 4 Soma

mentalmente com facilidade. E com mais esta que

acertou? 5

01:08:12 Erick

Quantas que já tinha? 13 Contou as bolinhas

acertadas nesta rodada que estavam em suas mãos.

E agora.. 14, 15, 16,

17, 18.

Quadro 30– Roteiro de Exame na 2ª Partida de Jogo Real do dia 19/10/2010

APÊNDICE B - Quadro 31 – Roteiro de Exame da Análise dos Resultados das Duas Partidas do dia 19/10/2010

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

01:09:50 Victor

Quantos pontos fez na primeira vez? 6

Pensou um pouco para responder a expressão “a

mais”.

E na segunda 11 O que aconteceu?Teve mais ou menos pontos

na segunda? Mais.

Quantos pontos a mais? 5

01:10:12 José

Fez quantos pontos na primeira rodada?

15. Não demonstrou

dificuldade de raciocínio na expressão

“diferença de pontos”.

E na segunda 10. O que aconteceu da

primeira para a segunda?

Menos pontos na segunda.

Deu diferença de quantos pontos? 5

01:10:47 Rayssa

Quantas bolinhas na primeira?

2. Apresentou muita

dificuldade para lidar com

expressões que exigem

operação de subtração,

principalmente em se tratando

de valores maiores que 10.

E na segunda? 12. Quantos pontos você

aumentou? 14.

Seria ao todo 14, mas não é. Do 2 pra ficar

com 12 quantas bolinhas a mais você

conseguiu?

12.

Não você teve na primeira 2 pontos. Na Aumentou.

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102

segunda ficou com 12. Aumentou a quantidade de bolas ou diminuiu?

Quantas bolas que aumentou? Se tu tinhas

2 e ficou com 12 quantas bolas a mais

você conseguiu?

12

Não. Mostre-me os seus dedos. Tinha 2 bolas. A partir do 2 conte até 12

bolas.

3, 4 , 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11,

12.

Quantas bolas você fez?

Pensou e não

respondeu Conta quantos dedos usou pra contar até 12

14.

10.

01:13:00 Ingrid

Quantos pontos na primeira? 13.

Apenas conseguiu chegar ao

resultado com interferência da pesquisadora.

E na segunda? 5. Aumentou ou diminuiu? Diminuiu.

Quantas bolinhas a menos, ou seja, deixou

de acertar quantas bolinhas para alcançar

13 pontos?

5.

Não. Você tinha 13 e ficou com 5. Quantas bolinhas que faltaram

para chegar a 13 pontos?

Pensou e não soube

dizer.

Conte comigo com os dedos 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13. Quantos dedos

tem aqui

13.

Quantos dedos foram utilizados aqui?

8.

Então 5 para chegar a 13 bolas faltam...

8.

01:14:33 Érick

Na primeira rodada... 17 Como os valores eram próximos ele

não apresentou dificuldades em

realizar a subtração da

Na segunda rodada... 18

O que aconteceu? Obtive bolas

a mais

Quantas a mais 1.

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103

diferença de pontos entre uma e outra

rodada.

01:14:50 Augusto

Na primeira 0.

Talvez o nervosismo da filmagem tenha

deixado encabulado, fazendo com que errasse

suas primeiras respostas.

Na segunda 1.

Conclusão Não respondeu.

Aumentou uma pedra? Foi isso?

Diminuiu.

Diminuiu? Na primeira você não acertou

nenhuma bolinha. Na segunda você acertou

uma. O que aconteceu?

Aumentou.

Quantas? 1.

01:15:23 Cauã

Na primeira rodada... 6 Demonstrou não

ter dificuldade com “diferença

de valores”

E na segunda 6 E daí, aumentou ou

diminuiu? No mesmo

A mesma coisa Quantas bolas você tem agora?

12

01:15:40 Paulo

Quantas você acertou na primeira rodada?

0. Num primeiro momento ele

causa impressão de

não memorizar dados, mas com desencadeamen

to é possível fazê-lo

organizar as idéias para

realizar operações

mentais, desde que com valores

pequenos.

Não. Na primeira partida.

12

E agora ficou com... 0.

Aumentou ou diminuiu? Diminuiu

01:16:17 Ketlyn

Quantas bolas na primeira?

5. Sem dificuldades de

raciocínio, apenas de

expressão oral, devido à timidez,

principalmente da câmera

E na segunda? 0.

O que aconteceu? Diminuiu.

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filmadora. Quadro 31– Roteiro de Exame da Análise dos Resultados das Duas Partidas do dia 19/10/2010

APÊNDICE C - Quadro 32– Roteiro de Exame do Jogo Real no dia 21/10/2010

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:12:49 José

Você conseguiu na primeira rodada 3

pedras e agora fez 16. Quantas bolinhas você

acertou agora?

8.

Pensou bastante e

ameaçou utilizar os dedos para contar e dar a resposta, mas

não foi necessário.

Calculou mentalmente.

3 bolinhas com 8 dá 16? Ah. 13.

00:16:41 José

Quantas bolinhas você tinha antes?

16. Em se tratando de uma

subtração acima de dez no

começo ele mostrou

insegurança. Mas parou pra pensar e deu a resposta certa.

E agora tu tens... 20.

Isto significa que agora você acertou... 4.

00:18:49 Ketlyn

Quantas bolas você tem agora?

9.

Pensou um pouco para dar

a resposta certa.

Quantas você tinha antes?

Na primeira vez tinha 4

e na segunda

fiquei com 5 Quantas bolas

aumentou da 1ª para a segunda jogada?

4.

Você tinha 4 e foi para 5. Quantas bolinhas

acrescentou? 1

Depois do cinco passou pra quantos? 9

Se você tinha 5 e ficou com 9, então quantas

bolas você acertou 4.

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105

agora nesta última jogada?

00:20:30 José

Quantas que tu tens? 26 Como já estava mais

acostumado à entrevista não

sentiu mais dificuldades em

responder perguntas que

envolvem subtração,

apesar de não demonstrar

muita dificuldade.

Quantas que você acertou agora 3

Quantas que você tinha antes então?

23

00:22:00 Paulo

Vamos contar quantas bolinhas você ganhou

nesta rodada.

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8.

Como foi a primeira rodada de acertos como papão, não teve dificuldades. O

objetivo foi verificar a sua

memorização de resultados em

rodadas anteriores.

Quantas bolinhas você tinha antes? 0 bolinhas.

00:23:37 Ketlyn

Quantas bolas acertou nesta jogada? 1. Não tem

dificuldade com situações de

cálculo aditivo. Então ficou quantas

bolas agora? 10.

00:25:22 Paulo

Quantas que você tinha no começo?

8. Em se tratando

de racionar “para chegar a”

o aluno apresentou

dificuldades. Seu olhar

demonstrava não entender a

situação, apesar da condução da

professora.

E agora tem quantas bolinhas você?

11.

Se você tinha 8 e agora tem 11, quantas bolas

você acertou nesta jogada?

8.

Do 8 para chegar no 11, como fazemos esta

continha? Conte do 8 até o 11. O que vem

depois do 11

9, 10, 11

Quantas bolinhas você ganhou agora? 3.

00:29:07 José Quantas bolinhas ao

todo? 24. Sem

dificuldades.

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106

00:29:58 Paulo

Você tem.. 13

Novamente a mesma

dificuldade, e através de

desencadeamento da professora foi mostrado à

ele que “11 para chegar à 13

faltam 2”. Mas ele continuou com olhar de

quem não entendeu a situação.

Você tinha... Hum... 11. Quantas bolas você

acertou nessa rodada? 13?

Vamos contar.

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9,

10, 11, 12, 13.

Tinha 11. Depois do 11 o que vem?

12

Depois do 12? 13 Quantos dedos eu

tenho aqui? 2

Então quantas bolinhas você acertou ali?

2 (a professora mostrando os dedos para ele).

00:32:53 Ketlyn

Quantas que tu tens agora? 11.

Como se trata de um valor

pequeno para ela não houve dificuldades.

E quantas tinha antes? 10.

Então agora acertou... 1.

00:33:44 Rayssa

Quantas bolas você tem agora? 5.

Chegou na resposta com

auxílio da professora.

Quantas bolas você acertou agora?

Não respondeu.

Tinha quantas bolinhas? 1 E agora tu tens... 5.

Quer dizer que você acertou quantas bolinhas agora?

5.

Não. Tinha 1 e agora tem 5 acertou nessa

jogada... 4

00:35:54 Augusto

Quantas bolas tu tens agora? 3 Soube

responder por se tratar de

valores pequenos.

Quantas tu tinhas antes?

Antes tinha 1 e agora acertei 2.

00:38:29 Paulo

Acertou quantas bolinhas agora?

2. Com um pouquinho de condução por

parte da professora ele

chegou no resultado. Mas

Você tinha antes... 13

E agora ficou com 13, 14, 15.

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107

demonstrou ter mais domínio

mental da adição

00:39:34 Augusto

Quantas bolinhas você tem agora 5.

Com valores pequenos ele

consegue calcular

mentalmente

Quantas você tinha antes? 4.

Então quantas bolinhas você marcou agora

nesta rodada? 1.

00:42:32 Augusto

Quantas tu tens agora? Contou e disse 9.

Até respondeu corretamente, mas o valor numérico aumentou

fazendo com que ele

pensasse na resposta que iria

dar.

Quantas que tu tinhas antes?

5

Então quantas que você acertou agora?Se tu

tinhas 5 e agora tens 9 significa que você bateu

quantas bolinhas agora?

4.

00:46:19 Augusto

Quantas que tu tinhas antes?

Contou e disse 9.

Como já estava mais

acostumado com o exame clínico, não apresentou dificuldades

neste momento da entrevista.

Quantas tu tens agora 12

Então quantas pedrinhas você acertou

nessa jogada? 3.

00:47:31 Victor Quantas bolinhas tu

tens? 2.

Com uma quantidade

muito pequena não foi possível

continuar o exame com ele.

Quadro 32– Roteiro de Exame do Jogo Real no dia 21/10/2010

APÊNDICE D – Quadro 33 – Roteiro de Exame de Análise dos Resultados da 1ª Partida do dia 19/10/2010 com a Partida do dia 21/10/2010

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:54:00 Victor Na rodada de ontem o Victor fez 6 e hoje fez 5.

Diminuiu Valores muito pequenos que

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Aumentou ou diminuiu? não deram dificuldade de

resposta Diminuiu quantas

bolinhas? 1.

00:54:20 José

O José fez 15 na primeira rodada e 24 na segunda aumentou ou

diminuiu?

Aumentou.

Apesar da câmera ele se

sentiu à vontade para dizer de forma bem espontânea

seus procedimentos.

Quantas bolas aumentou?

Pensaram para

responder e apenas o José falou

9. Como você chegou a

esta conclusão?De que maneira chegou na

resposta?

Contando com os dedos.

Mas qual foi a conta que você usou pra chegar

na resposta?

Contei nos dedos a

partir do 16 até o 24 deu

9.

00:55:25 Rayssa

De 2 bolinha para 5, aumentou o resultado

ou diminuiu? Aumentou.

Estava muito nervosa diante

da câmera e isto atrapalhou um pouco o exame com ela. Deu uma resposta dada por outro

aluno no final do seu exame.

Quantas bolas que aumentou?

Não respondeu.

Tinha 2. Hoje fez 5. Significa que você ganhou quantas

bolinhas a mais hoje?

5.

Não. Se tinha 2 e ficou com 5, quantas bolinhas

você ganhou hoje?

Não respondeu.

Pra você chegar no cinco, quantas bolinhas você precisou acertar

hoje?

Não respondeu.

Veja as bolinhas que a professora mostra.

Ontem foram 2 bolinhas. Uma, duas.

Hoje 5. Quantas bolinhas formaram 5

com as duas?

13.

13 não. Três Ela deu esta resposta por

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109

que escutou um aluno

falar e não tendeu direito.

00:57:09 Ingrid Ontem você fez 13 e

hoje 0. Então continuou com quantas?

13.

Valores pequenos então

ela não apresentou

qualquer dificuldade em

responder.

00:57:26 Augusto Não acertou nada

ontem e hoje bateu Record com 13.

Fiquei com 13.

Respondeu sem que eu

perguntasse, já se acostumando com o exame.

00:57:37 Paulo

Se ontem acertou 12 e hoje acertou 15,

quantas pedrinhas a mais você acertou?

3 Foi rápido na

resposta neste momento.

00:58:02 Grupo

A Ketlyn acertou 5 ontem e hoje acertou

11. Significa que acertou quantas mais?

José respondeu

6.

A aluna Ketlyn já tinha ido

embora, e por isso foi

solicitada a participação da

Ingrid para analisar os

resultados da outra. Ela

demorou para responder e só conseguiu dar resposta com

interferência da professora

contando com palitinhos no

quadro.

Como a gente faz essa conta? Se ela tinha 5 e

agora ela tem 11, quantas ela acertou? Depois do 5 vamos

contar até 11.

6, 7, 8, 9, 10, 11.

Quantas pedrinhas a mais ela ganhou?

Ingrid respondeu 6

01:00:36 Grupo

Quantas bolinhas o Victor ganhou ao todo?

Ninguém respondeu.

O grupo parou pra pensar por

se tratar de uma soma relativa

maior para suas mentes.

Ao todo significa tudo junto. As bolinhas de

ontem com as bolinhas de hoje.

Victor falou 11.

01:01:13 José A vez do José. Como faremos esta conta?

Não consigo fazer de

Para realizar esta operação

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110

cabeça, vou precisar

fazer nos dedos.

mentalmente foi praticamente

impossível para todos, inclusive para o próprio José que é um dos que tem

menos dificuldades

com matemática, tendo que

apelar para a operação de

forma escrita e tradicional para

chegar à resposta correta

Conte os dedos.

Contou os dedos

mostrados pela

professora e pelo Victor 15 dedos.

Para fazer a soma foi ao

quadro contar

bolinhas. Contou

novamente tudo e disse

29. 29? E se fizermos a

conta assim: (a professora mostrou a

conta armada no quadro)

Aí dá 39.

01:04:55 Rayssa

Quantas bolas você tem ao todo?

Não respondeu.

O nervosismo e a ansiedade atrapalham a

aluna, fazendo com ela não consiga em

certos momentos raciocinar o

caso da operação.

Quantas bolas você no total, tudo junto?

12.

12? O que é a expressão ao todo para

ti?

Não respondeu.

Juntar o que você ganhou ontem com o

que você ganhou hoje.

Não respondeu.

Se tu tinhas 2 bolas e hoje ganhou 5, então quantas que tu tens?

3.

Faça aqui no quadro 2 bolinhas. Coloque 5

bolinhas do lado destas. Conte quantas bolinhas

tu tens então.

Tudo junto?

Sim. 7.

01:06:42 Ingrid Quantas bolinhas tu

tens? 13.

Como tinha nada na

primeira rodada foi fácil para ela

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111

resolver rapidamente.

01:06:49 Grupo

O Érick ficou com quantas? 17.

Os alunos Érick e Cauã faltaram

neste dia e o Augusto obteve

resultados parecidos, por

isso foram analisados no grupo que não

apresentou dificuldades.

O Augusto ficou com quantas? 13

O Cauã ficou com quantas?

6.

01:07:01 Paulo

Se tu tinhas 12 e hoje ganhou 15, quantas bolinhas você tem?

Desenhou bolinhas no quadro para

resolver.

Para dar o resultado contou

nos dedos separado a casa

das unidades(2+5),

da casa das dezenas(1+1)

Vamos juntar (a professora armou a

conta no quadro. 27

01:09:07 Grupo

Quantas bolas a Ketlyn tem?

A Rayssa respondeu tem 5+11.

Como já estávamos no

final do processo do dia

a Rayssa sentiu-se mais à

vontade para participar e estava mais

calma, conseguindo pelo menos

dizer a operação que

deveria ser realizada. Não deu resposta

correta por que sua mente ainda não dá conta de números acima

de 10.

E quanto é 5+11? Rayssa falou 21.

Não. José falou

16.

Quadro 33– Roteiro de Exame de Análise dos Resultados da 1ª Partida do dia 19/10/2010 com a Partida do dia 21/10/2010

APÊNDICE E – Quadro 34 - Roteiro de Exame de Análise dos Resultados da 1ª Partida do dia 19/10/2010 com a Partida do dia 21/10/2010

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112

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:25:22 Victor

Quantas bolas que você tinha antes 10. Os valores eram

de fácil operação mental de

adição.

Quantas que você acertou agora? 4

Então você ficou com... 14.

00:27:49 Victor

Quantas que você acertou agora?

4 Como outro

aluno respondeu por ele não pude

fazer novo exame.

E quantas que você tinha antes?

14.

Quantas bolas você tem?

O Aluno Érick

respondeu 18.

00:30:51 Érick

Quantas bolas você tem?

Contou as bolinhas e respondeu

14.

Apresentou dificuldade para

entender a expressão “para

chegar à”.

Quantas bolas você acertou na outra

rodada? 7.

e agora ficou com... 14 Quantas pedrinhas você acertou para chegar a

14? 13.

Você tinha 7. Agora tem 14. Quantas bolinhas são necessárias para

chegar a 14.

5

Conte a partir do 7. 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14.

Conte 7 pedras 1, 2, 3, 4, 5,

6, 7. A partir do 7 conte

essas pedras que não contou ainda.

8, 9, 10, 11, 12, 13, 14

Conte quantas bolas você tem aqui.

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7.

7 bolinhas mais 7 bolinhas dá... 14.

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113

00:33:59 Paulo Quantas acertou? 2

Mais entrosado com o trabalho, o aluno fez as

indagações por iniciativa própria. E quantas tem agora? 11, 13.

00:35:39 Érick

Quantas bolas você tem agora?

Contou e falou 19.

Ainda estava inseguro com a expressão “14 para chegar a

19”, mas pareceu mais

atento às perguntas que lhe eram feitas.

Quantas bolinhas você tinha na outra rodada? 14.

E agora tu tens... 19. Quantas bolinhas você

acertou? Não soube responder.

Conta 14 bolinhas no chão.

Contou.

Quantas bolinhas tem fora do copinho?

5.

14 bolinhas com mais 5 bolinhas...

19.

00:37:17 José Quantas bolinhas tem? 3.

Com poucas bolas não houve

como fazer novas

indagações.

00:39:36 Victor

Quantas bolinhas tu tens? 20.

Quis responder rapidamente e

errou o resultado

Quantas que tu tinhas antes? 18.

Acertou quantas agora? 3. Não. Quantas... 2.

00:40:47 Ingrid

Quantas que tu tens? Tinha 5 e acertei 2.

A esta altura já estava mais

entrosada com o trabalho e a adição com

valores pequenos é

uma operação na qual ela

domina melhor mentalmente.

Ficou com... 7.

00:41:50 Érick

Quantas bolinhas você tem agora?

22 Responde precipitadamente, mas já está entrosado com

a atividade.

Quantas bolinhas você acertou nesta rodada?

2

Quantas bolinhas você tinha antes? 18.

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114

Hã? 20

00:43:23 Vitor Quantos pontos você

tem agora? 2. Acertei 1 e tinha 1.

Respondeu sem problemas.

00:44:40 Paulo

Quantos pontos você tem? 18 Respondeu na

forma aditiva. Desta forma ele

consegue raciocinar

rápido.

Tem certeza, já contou?

Tinha 17, acertei 1 e fiquei com

18. Quadro 34- Roteiro de Exame de Análise dos Resultados da 1ª Partida do dia 19/10/2010 com a Partida do dia 21/10/2010

APÊNDICE F - Quadro 35– Roteiro de Exame da 2ª Partida de Jogo Real do dia 22/10/2010

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:47:45 Vitor

Quantos pontos você tem agora?

Contou as bolinhas e respondeu

7. Respondeu a adição sem nenhuma

dificuldade. Se você juntasse estes pontos com os da outra partida quantos pontos

teria?

9.

00:50:35 Érick Quantos pontos pontos você tem agora?

Contou as bolas 19.

Não prestou atenção

mentalmente na quantidade de

bolas que acertou.

00:53:03 José

Quantos pontos você tem

8.

Ainda não havia se habituado à

expressão “falta para chegar a”.

Quantas que tu tinhas antes? 3.

Então agora acertou quantas bolinhas? 8.

Não. Você tinha 3 e agora ficou com 8. Do 3

para chegar no 8 significa que você

bateu quantas bolinhas?

5.

00:55:44 Érick Quantos pontos tem? Contou as bolinhas e falou 32.

Conseguiu responder com

auxílio das

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115

Quantos pontos você tinha antes?

Perdi as contas.

próprias bolinhas.

Vamos supor que fossem 25. Quantas bolinhas faltam para

chegar a 32.

9

Conte as bolinhas com a professora.

26, 27, 28, 29, 30, 31, 32. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7.

Então 25 bolinhas, com mais 7 dá quantas

bolinhas aqui? 32.

00:59:12 Vitor

Quantos pontos que tu tens agora?

Contou as bolinhas no

chão e respondeu

15. Contou com ajuda das bolinhas.

Você lembra quantos pontos tinha antes de

fazer 15? 9.

Então quantas pedrinhas você acertou

nessa rodada? 15

Não. 15 tu tens ao todo. 6.

01:00:24 José

E agora? Tenho 9 Mais adaptado ao trabalho. Respondeu

mentalmente.

Quantas acertou agora? 1

Então tinha antes... 8

01:01:44 Victor

Quantas bolinhas tu tens agora? 4

Respondeu corretamente

por se tratar de valores

pequenos. E quantas tinha antes 1 e acertei

3.

01:02:26 José

Quantas que tu tens agora?

Contou as bolinhas e falou 11.

Contou com auxílio dos

dedos na última pergunta.

E tinha antes... 9. Então você acertou? 11 Não. Tu tinhas 9 e

agora estás com 11. Significa que você acertou quantas

pedrinhas agora?

2

01:04:00 Érick Quantas bolas que tu

tens agora? Não sei. Acertou com certo auxílio da

memória da Vai ao cantinho contar 35.

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116

as bolinhas professora com relação aos

seus resultados. Lembra que você tinha

32? Sim.

Agora fez 35, então quantas bolas acertou

desta vez? 3.

01:04:54 Ingrid

Quantas bolinhas tu tinhas antes?

3 Pareceu mais entrosada, mas na verdade se

tratava de valores

pequenos, ao qual ela

dominou bem.

Para chegar a 5 bolinhas, quantas

bolinhas você acertou agora?

2

Quadro 35– Roteiro de Exame da 2ª Partida de Jogo Real do dia 22/10/2010

APÊNDICE G – Quadro 36 – Roteiro de Exame de Análise das Duas Partidas de Jogo Real do dia 22/10/2010

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

01:08:10 Victor

Quantas bolas que você tinha antes? 20 O colega atrás

dele falou ao seu ouvido. Então 20 com 5

bolinhas... 25

01:08:28 Érick

Tinhas 23. Agora fez quantos pontos?

35

Mesmo com auxílio da

armação da conta no papel, ele utilizou os dedos para ajudá-lo na

colocação do resultado.

Como você saberá quantos pontos tens

agora?

Não respondeu, começou a contar com

bolinhas 12 bolinhas? Isto é a

diferença entre 23 e 35, mas não foi esta a pergunta que te fiz.

Quero saber quantos pontinhos dá tudo

junto?

Aí não sei.

Então vamos fazer aqui no papel mesmo. 23 + 35. Faz aqui pra ver se

você consegue.

58.

01:08:37 José Quantos pontos fez na

primeira partida? 9 Não mostrou dificuldade de

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117

Não. A primeira partida de mata-mata. Não foi

3? Foi.

cálculo mental para adicionar.

E agora fez quantos? 11. 3 bolinhas com 11 deu... 14 bolinhas.

01:09:34 Paulo

Quantas que tu tens agora?

2.

Na verdade mostrou-se cansado da

atividade, sua postura pareceu de uma criança como diz Piaget com atitude de não importismo.

Quantas que tu tinhas antes?

0.

Não. Não me lembro.

Você não fez 18 pontos? Ah, sim.

Quantos tu tens agora? 2 Então quantos pontos tu

fizesse hoje? 18.

Junta os 18 com os 2 pontos, quanto que

fica?

Gesticulou não saber.

Depois do 18 o que que vem?

19.

Depois do 19. 20. Então quantos pontos

ganhasse hoje? 20

01:10:46 Vitor

Você tinha 2 na primeira É. Pensou um

pouco para dar o resultado.

E agora obteve... 15 Quantos pontos você

fez hoje ao todo? 17.

01:11:03 Ingrid

Tens quantas bolinhas agora?

Tenho 5.

Usou os dedos de forma

discreta para realizar o calculo.

Quantas tu fizeste antes?

8.

Então 8 com 5 bolinhas, quantos ponto você fez

hoje? Hoje?

Junta os 8 pontos com os 5 pontos de agora? 13

Quadro 36– Roteiro de Exame de Análise das Duas Partidas de Jogo Real do dia 22/10/2010

APÊNDICE H - Quadro 37 – Roteiro de Exame do Jogo Virtual do dia 26/10/2010

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:16:22 José Quantos pontos você tinha antes?

5 Com uma quantidade

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118

E agora ficou com... 6 pequena de bolas ele não

encontrou dificuldades em

responder

Acertou quantas bolas? 1

00:16:53 Augusto

Quantos pontos ficou agora?

6

Ás vezes ele demonstra certa dificuldade com cálculo mental de subtração.

Quantas bolas você acertou agora 5.

Não. Quantas bolas você acertou agora?

5.

Não. Quantas bolinhas você bateu agora?

1.

Então quantas que tu tinhas antes?

5.

00:17:32 Vitor

Quantos pontos tu tens agora?

7. Não tem dificuldade em cálculo mental,

com valores pequenos.

Quantos pontos acertou nessa rodada? 1.

Então quantos pontos você tinha antes? Eu tinha 6.

00:19:23 Rayssa

Quantos você fez agora? 3 Pareceu um

pouco embaraçada por estar diante da filmagem, mas

já está mais adaptada ao trabalho de entrevista.

E quantos pontos você tinha antes?

16

E agora tem quantos pontos?

18.

Depois do 16... 17, 18, 19 Então quantos pontos

você tem agora? 19

00:20:07 Victor

Quantos pontos você tem agora? 15. Com valores

pequenos ele domina a

operação de adição

mentalmente.

Quantos pontos você tinha antes? 13

Por quê agora ficou 15? Juntou 3 com 12 e ficou 15.

00:21:50 Augusto

Quantos pontos tem? 13 No contexto virtual ele

estava mais empolgado com a atividade em

função do resultado e

sentia mais à vontade para

fazer as

Quantos que tu tinhas antes?

Eu tinha 12 e acertei 1

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119

colocações diante das

perguntas que lhe eram feitas.

00:28:08 Paulo

Quantos pontos que tu tens 11

A resposta foi desencadeada

pela pesquisadora, apesar de o

aluno mostrar entendimento pela situação.

E quantos pontos tu tinhas antes? 10.

Chegou a 11 por que acertou... 1.

00:35:42 Victor

Quantos pontos têm agora? 6.

Não apresentou dificuldades.

Acertou quantas pedras?

1.

Então tinha quantas bolinhas antes?

5.

00:36:23 Rayssa

Você tem 14 pontos.Quantas

pedrinhas você acertou agora?

4

Apresentou dificuldades em

entender a expressão “tirar para ficar com”.

Então quantos pontos que tu tinhas antes? Tens 14, acertou 4, antes estava com

quantos?

14

Não. Como você descobre esta

resposta? Vamos raciocinar:

Não sei.

Você tem que tirar 4 bolas das 14 pra saber quantas que tu tinhas antes. Se tu tens 14 e

tira 4, com quantos pontos tu ficas?

12.

Quadro 37– Roteiro de Exame do Jogo Virtual do dia 26/10/2010

APÊNDICE I – Quadro 38 – Roteiro de Exame do Jogo Virtual do dia 26/10/2010

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

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120

00:41:55 Victor

Quantas bolas você acertou agora? 2.

Valores muito pequenos. O

aluno não apresentou

dificuldades de cálculo mental.

Com 2 bolas que acertou antes ficou

com... 4.

00:42:19 Vitor

Quantos pontos tem? 4. Quantos pontos tinha

antes? 2.

E agora?

Com 2 pontos

fiquei com 4.

00:42:55 Ingrid

Quantos pontos? Eu tinha 2. E agora ficou com... 3.

Por que acertou quantas? 1.

00:43:15 Paulo E o Paulo? Nada.

Nada? Quantos pontos que tens então?

4.

00:43:45 Victor Quantos pontos tu tens? 0.

Fez 0 pontos e ficou com quantos no total?

4.

00:44:08 Vitor

Quantos pontos você tinha antes?

Eu tinha 4.

E agora... Agora tenho

7.

Por que? Por que acertei 3 bolinhas.

00:47:35 Paulo

Quantos pontos agora Paulo? 4

A questão serve para observar

sua memorização à

ação anterior. Valores

pequenos também

facilitavam o processo.

Quantos que tinha antes?

3. Agora é 4.

00:47:58 Victor Oh!Quantos pontos 8

Tinhas quantos antes? 6 e acertei 2.

00:51:32 Ingrid Quantos pontos agora? Tinha 6 e

agora estou com 7

00:51:22 Vitor

Quantos pontos ao todo agora? 12

E quantos pontos tinha antes? 11

Acertou nessa rodada... 1 bola.

00:52:46 Paulo Quantos pontos? 8

Passou na frente de alguém

Passei.

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121

De quem? Dela

(referindo-se à Ingrid

00:53:48 Grupo

Quem fez mais pontos? Victor

levantou a mão.

Sem considerações. Todos foram rápidos nas respostas.

Depois do Victor Mateus quem teve mais pontos?

Vitor Hugo levantou a

mão. Depois quem teve mais

pontos? Ingrid falou:

o Paulo.

E quem ficou em último nessa rodada?

Ingrid respondeu:

Eu.

00:54:15 Victor

Você lembra quantos pontos fez na primeira

partida? Sim.

Seu olhar era de quem não entendeu a

situação. Com o desencadeamen

to da pesquisadora é

que ele entendeu o

significado da pergunta.

Quantos? 23 Para alcançar 23,

precisa de quantos pontos?

Não respondeu.

Como você vai fazer esta conta? Pensou

como? 15.

Não. Pare e pense. Agora tu tens 13. Antes tu tinhas 23. Do 13 para

você chegar lá no 23 quantos pontos

faltaram?

30.

Não é isto. Se o 13 está atrás do 23, representa quantos pontos atrás?

Não respondeu.

Depois do 13 o que que vem? Conta nos teus

dedos. Quantos dedos você utilizou?

10.

Então do 13 para chegar lá no 23 faltaram

quantos pontos? 10.

00:56:15 Vitor

Na primeira partida fez quantos pontos?

8. Quando o aluno foi questionado se entendeu a forma com que a pesquisadora perguntou, ele respondeu que

Não. Na primeira rodada. Não lembra

quantos fizesse? Não.

Vou dar uma lembrada. Na primeira fez 17

Olhou para o

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122

pontos. Quantos pontos fez agora?

computador e respondeu

13.

sim, mas com um olhar de

quem apenas falou para agradar a

pesquisadora, quando na

verdade não entendeu. De acordo com

Piaget, quando isto acontece a criança coloca ao pesquisador

uma crença sugerida.

Não. Foi 11. Do 11 para chegar em 17 pontos

quantos pontos faltaram?

10.

Não chute a resposta. Pense.

Contou nos dedos e não

disse a resposta

Entendeu o que a dona Silvia te perguntou?

Fez gesto que sim,

apesar de não dizer o resultado.

O 11 está atrás do 17. Do 11 pra chegar lá no

17, quanto que vai estar faltando?

Vou ter que diminuir.

Então diminua. Como vai fazer isso? Conte

nos dedos

11, 12, 13, 14, 15, 16,

17. Então do 11 para

chegar ao 17 faltou... 6.

00:58:33 Ingrid

Quantos pontos fez na primeira partida? Não lembro.

Apresentou dificuldade de

memorização e seu olhar era de

quem não estava

entendendo a situação “falta

para chegar a”. Somente depois

de muita intervenção e

desencadeamento a aluna

visualizou a resposta em seus dedos,

mas continuou sem entender.

Não lembra? 9. Agora tens quantas bolinhas? 6.

7. Sete pontos para chegar a 9 pontos

quantos pontos faltaram? Conte depois

do 7 nos dedos.

8, 9.

Quantos dedos você usou?

Não respondeu.

Quantos dedos eu estou segurando? 2.

Quadro 38 – Roteiro de Exame do Jogo Virtual do dia 26/10/2010

APÊNDICE J - Quadro 39 – Roteiro de Exame do Jogo Virtual do dia 28/10/2010

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123

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:03:35 Érick

Quantos pontos tu tens agora 6.

Usou os dedos para realizar a

subtração.

E quantos pontos tu tinhas antes? 2.

Então você acertou quantas bolas agora?

4.

00:04:30 Augusto.

Quantos pontos tu tinhas antes?

1. Como foram valores

pequenos, não encontrou

dificuldade para realizar o cálculo.

Quantos bolas você bateu agora?

2.

Então com quantos pontos você ficou? 3.

00:05:20 Rayssa

Quantos pontos você tem agora?

4

Mostrou um certo

nervosismo no começo das

perguntas, mas depois entendeu

a situação.

Quantas bolas você acertou?

4.

Não. Você tem 4 pontos ao todo. Quantas bolas que bateu nessa vez?

2.

Então. Você tem 4 pontos e bateu em 2

neste momento. Quantas pontos que tu

tinhas antes?

2.

00:06:19 Érick

Quantos pontos você tem agora?

Olhou para a tela do

computador e respondeu

9.

O fato de ver o seu resultado n

tela, facilitou que

respondesse as perguntas,

apesar de não ter muita

dificuldade.

Quantos pontos você tinha antes?

6.

Então nessa rodada você bateu em...

3 bolas.

00:06:47 José Tem quantos pontos

agora?

Não olhou para o

computador, parou para pensar e

respondeu 8.

Não apresentou grandes

dificuldades, apenas para memorizar

dados anteriores de

pontos Quantas bolas você 3.

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124

bateu nessa rodada? adquiridos. Então quantos pontos

você tinha antes? 5.

00:07:23 Augusto

Quantos pontos você fez agora, nesta

rodada? 4.

Ele ficou preocupado em responder aos

pontos que estavam sendo mostrados na

tela do computador,

não prestando atenção à

pergunta feita. Mas apesar

disso, considerou-se este momento

como uma evolução ao processo.

Não. Você tinha 4. Quantas bolinhas você bateu na tela agora?

6.

Ainda não entendeu. Quantas bolas você\ê acabou de bater neste

momento?

2.

Então com quantos pontos você ficou?

6.

00:07:57 Rayssa

Ficou quantos pontos 5. Respondeu rapidamente, estando mais

atenta ao processo.

Tinha quantos pontos antes?

4.

00:08:15 Érick

Tu tens 12 pontos e acertou 3. Então

quantos pontos tu tinhas antes?

9. Eu estava com 12 e

acertei 3 e por isso

estava com 9.

Contou nos dedos para

conseguir dar a resposta.

00:08::50 José

Quantos pontos você fez agora?

1. Respondeu sem

dificuldades. Quantos pontos tinha antes?

8.

00:09:10 Augusto

Com quantos pontos você ficou agora? 7.

Neste momento mostrou-se

bastante atento ás perguntas

que fiz, estando mais adaptado

ao exame clínico.

E quantos pontos tinha antes? 6.

Ficou com 7 por que acertou quantas? 1.

00:09:49 Érick

Quantas bolas você acertou? 2. Respondeu

tranquilamente e rapidamente. Se você ficou com 14 é

por que tinha quantos 12.

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125

pontos antes?

00:10:10 José

Quantos pontos você ficou agora? 11.

Quantos pontos tinha antes? 9.

00:10:39 Rayssa

Só 1bola. Quantos pontos tu tens?

6. Aos poucos esta

aluna mostra E quantos pontos tinha antes?

5.

00:11:14 Grupo

Quem está em primeiro lugar?

Érick levantou a

mão A esta altura da entrevista

observa-se uma maior intimidade

deste grupo com o exame

clínico.

Quem está em segundo lugar?

Rayssa respondeu:

“o José”. Quantos pontos a mais o Érick tem do José? 4.

Para o Jospe alcançar o Érick ele tem fazer quantos pontos?

Rayssa falou “4”.

00:12:40 Érick

Quantos pontos obteve ao todo agora 16. Respondeu de

forma precipitada. E quantos pontos tinha

antes? 14, quero dizer, 15.

00:13:00 José

Quantos pontos ficou agora

14. Ele se preocupou em responder de

forma a lembrar-se quem vinha antes do 14, e não subtraindo 1 dele próprio.

E quantos tinha antes? 13.

00:13:20 Augusto

Quantos bolas bateu agora?

1. Mostrou-se mais acostumado ao ritmo do exame,

apesar de ter calculado

mentalmente valores

pequenos.

Ficou com quantos pontos? 10

Então quantos pontos tinha antes? 9.

00:18:00 José

Você tem 17 e acertou 3 bolas. Você chegou aos 17 pontos por que tinha quantos pontos antes?

16, 11, 13, ou melhor,

14.

Observou-se para subtrair 17-3, ele se utilizou

de contagem regressiva para dar a resposta.

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126

00:19:25 Rayssa

Quantos pontos tens agora? 11

Idem à situação do José acima. E quantos pontos tinha

antes? 10

00:22:30 Grupo

Quem foi o campeão? Érick

levantou a mão. Com os pontos

sendo mostrados na

tela do computador, não foi difícil

para eles descobrirem

quem ganhou de quem, por

não precisarem memorizar seus

resultados finais.

Com quantos pontos? 21.

Em segundo lugar... José falou: “Eu”

Com quantos pontos? 19

Em terceiro lugar...

Augusto levantou a

mão e disse “Eu”

Quantos pontos você ganhou Augusto?

Ele respondeu

“15”.

Em último lugar... Rayssa

falou “Eu”.

Com quantos pontos? O grupo falou “12”.

Quadro 39– Roteiro de Exame do Jogo Virtual do dia 28/10/2010

APÊNDICE K – Quadro 40 – Roteiro de Exame do Jogo Virtual do dia 28/10/2010

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:25:15 Rayssa

Quantos pontos ficou agora? 5.

Perdeu mais a timidez da câmera,

respondendo com

tranqüilidade, apesar de

serem valores pequenos e de

fácil cálculo mental.

E quantos pontos tinha antes

4.

00:25:50 Augusto

Quantos pontos Augusto

Olhou para a tela dos

seus pontos e falou “4”.

Idem à situação anterior da

Rayssa. E quantos pontos tinha

antes? 2.

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127

Se você tinha 2 e acertou 4 significa que acertou quantas bolas

agora?

2.

00:26:45 José

Quantos pontos fez agora? 2 Novamente seu

gesto pareceu ser de alguém

fazendo contagem

regressiva de cabeça.

Quantos pontos você tem agora? 5

Então quantos pontos que tinha antes?

Parou pensou e

respondeu 3.

00:28:19 Augusto Quantos pontos que tu

tinhas antes? 5 e agora acertei 2.

Para se lembrar teve que parar para pensar.

00:28:40 Rayssa

Com quantos pontos ficou?

9. Demonstrou concentração no

trabalho para responder

rapidamente.

E quantos pontos tu tinhas antes mesmo? 7.

00:31:03 Ketlyn

E a Ketlyn? 7.

Respondeu rapidamente,

sem dificuldades.

Acertou quantas? 2. 2 Já melhorou. Então tinha quantos pontos

antes? 5.

00:32:48 José

Quantos pontos tu tinhas antes? 11.

E ficou com 13 por que acertou...

2 bolas.

00:33:46 Rayssa Quantos pontos? Tinha 11 e agora 13.

Mais familiarizada

com o processo, nem foi

necessário entrar em

detalhes de entrevista.

00:38:44 Augusto Quantos pontos ficou agora?

17.

A esta altura do jogo, este aluno já tinha estava apresentando

noção de ângulo e deslocamento

de bolas, mesmo sem

saber a nomenclatura

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128

deste conteúdo matemático.

00:45:45 Grupo Quem foi campeão?

José respondeu

“Eu”. Rayssa se manifestou

feliz dizendo “fiquei em segundo”

00:46:29 José

Você fez mais pontos nesta partida ou na

outra? Nessa.

Contou nos dedos.

Você se lembra quantos pontos fez na primeira?

Não.

Na primeira você fez 19. Quantos pontos

faltaram para chegar nos 25 da segunda

partida?

20. 21, 22, 23, 24, 25.

Dá 7 pontos.

Tem certeza? Conta comigo 20,... Quantos

pontos? 6.

00:47:31 Augusto

Quantos pontos fez na primeira partida?

Lembra-se? Não.

fez 15. Nesta rodada fez... 22.

Do 15 para chegar ao 22, quantos pontos a mais você fez agora?

7.

00:48:14 Rayssa

Quantos pontos fez na primeira vez? Lembra-

se? Não. O fato de lidar

com valores maiores deixou a aluna ansiosa

e impaciente com os cálculos

errados que realizava, devido ao

nervosismo demonstrado

estando sendo cobrada por último nesta

etapa.

12. Na segunda fez... 22. Quantos pontos a mais

você fez agora? 8.

Conte do 12 para chegar lá no 22.

Não deu conta da situação.

Imagine a situação: a Ketlyn tem 15 anos e

você tem 13 anos. Quem é a mais velha?

Ela.

Então 15 são quantos a mais que 13?

Não soube responder.

Você já está no 13. Ah, são 2.

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129

Onde que não está ainda? 14 e 15.

Então se está nos 12 pontos para chegar aos

22?

2. Mas estava ficando

nervosa por que já estava

sozinha na sala com a

pesquisadora e a

câmera.

Não. Não deu conta da situação.

Conte os dedos da professora a partir do

12.

13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22. São 10.

Quadro 40 – Roteiro de Exame do Jogo Virtual do dia 28/10/2010

APÊNDICE L - Quadro 41 – Roteiro de Exame de Jogo Virtual do dia 29/10/2010

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

00:19:56 Ingrid

Quantos pontos você tinha? Tinha 1.

Neste início ela estava um

pouco nervosa e confundia a pergunta de

quantas bolas acertou,

achando que se tratava de pontuação

geral.

Quantas bolas você acertou? 4.

E agora ficou com... 5.

00:20:28 Paulo

Quantos pontos você tinha antes? 3.

Pensou pra responder, mas o fez de forma espontânea.

Mas não continuou por que o aluno Augusto o

E agora bateu em quantas bolas? 2.

E agora ficou com... 5.

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130

interferiu.

00:21:28 Ingrid

Quantos pontos você tem? 8.

Ao ter que realizar cálculo

mental de subtração para dar a resposta,

observou-se que a mesma

não estava prestando atenção à

situação no momento,

confundindo pontos de

rodada com pontos de

partida de jogo. Após várias

intervenções da pesquisadora é

que ela percebeu a

situação em que se encontrava.

E quantos pontos você tinha antes? 5.

Se tu tinhas 5 pontos antes e agora tens 8,

significa que fez quantos pontos agora?

8.

Não. Você tinha 5 pontos. Agora tem 8. Então quantas bolas você acertou neste momento para ter 8

pontos?

8.

Não. Quantas bolas você bateu nesta última

rodada que jogou? 2.

Só duas? Olhe para os meus dedos. 5 bolas

antes. Conte depois do cinco até chegar no 8.

6, 7, 8.

Então quantas bolas você bateu? (Mostrei os

dedos contados) 8.

Você não lembra quantas bolas você

acertou nesta última vez que jogou?

Olhava para a tela com o resultado e respondeu

8. Não. 8 pontos

representa todos os pontos que você fez no total, ao todo. Eu estou perguntando quantas bolinhas você acertou

apenas nesta última vez que jogou.

3.

00:23:23 Augusto

Quantos pontos tu tens agora? 4. Pareceu atento

à situação, respondendo rapidamente.

E quantos que tu tinha antes?

2.

00:23:36 Ingrid

Quantos pontos fez agora?

1. Depois dos questionamento

s realizados anteriormente, ela estava mais

E agora ao todo tens... Olhou para

a tela e falou 9.

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131

concentrada no processo

0:24:07 Augusto Se tu tens 7 e tinhas 4, significa que acertastes

quantas bolas? 3.

Parou para pensar, mas ele

se ateve em lembrar-se da situação, não

realizar o cálculo mental.

O questionamento

serve para testar a atenção

do mesmo à situação, como

vimos anteriormente com a Ingrid.

00:24:33 Paulo

Quantos você tem agora? 8.

A princípio respondeu

rapidamente sem prestar atenção o

processo, mas depois do

desencadeamento da professora

ficou mais atento.

E quantos pontos tinha antes? 5.

Não. Quantas bolas acertou agora?

2

E ficou com 8 pontos. Sim.

Significa que você tinha quantos pontos antes?

6.

00:25:26 Ingrid

Uau! 4. Quantos pontos você tem agora? 13.

Somente se baseando em

memorização é que a aluna

respondeu às perguntas.

Quantas bolas você acertou agora?

4.

Então quantos pontos que tu tinhas antes?

Na tela tem 13.

Agora tá marcando 13. Mas o que estava

marcado antes do 13? 9.

00:26:00 Paulo

Quantos tens agora? 10. A esta altura do jogo ele

demonstrou maior

adaptação ao processo.

E quantos pontos tu tinhas antes? 8.

E por que ficou 10 agora?

Por que acertei 2.

00:27:05 Ingrid

Se tu tens 14 e acertou uma, é por que tu tinhas quantos pontos antes?

Não respondeu.

Para conciliar pontos atuais com pontos anteriores e Você tem 14 pontos. 1.

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132

Acertou agora... perceber que precisava

realizar cálculo mental de

subtração, foi necessário

muito desencadeamento por parte da pesquisadora.

Uma bola. Tira essa uma bola das 14. Quantos pontos

sobram?

Não respondeu.

14 bolinhas tira uma bolinha sobram quantas

bolinhas? 13.

00:27:57 Augusto

Tinha quantos pontos antes? 10.

Pensou um pouco para dar as respostas,

devido à mudança de

direcionamento da pergunta, de acordo com os

campos conceituais.

E aí somou com quantos pontos que

você fez agora? 2.

Por isso agora você tem quantos pontos?

12.

00:29:19 Ingrid

Quantas bolas você acertou agora? 2. Novamente a

situação se repete. Mas

nota-se que em determinado momento ela

presta atenção ao processo, mas em outro momento fica

completamente sem entender

ou sem prestar atenção ao que

lhe é questionado,

estando cansada e

respondendo qualquer coisa que vier à sua imaginação,

sem interesse de continuar participando.

Pode ser sinal de não

importismo,

Ficou com quantos pontos ao todo? 17.

Então significa que tinha quantos pontos antes?

16.

Não. Você tem 17. Tira duas bolas, ou seja,

dois pontos. Com quantos pontos você

fica?

17.

Não conte os 17. Conte dois antes do 17, vai

parar em qual número? Quem vem antes do

17?

18.

Não este número vem depois. Quero saber

antes? Quem vem antes na contagem regressiva?

Pensou e falou 16.

E antes ainda do 16. 17. Não, este vem depois. Eu quero saber antes

do 16 ainda. 17.

Antes do 17 vem 16. E agora antes ainda do

16... 17

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133

Não é o 17. Ele já está depois. Por exemplo, o Paulo vem antes de ti. Quem vem antes do Paulo neste jogo?

Augusto.

conforme sugere Jean Piaget. Mas

como a aluna está de costas

para a câmera e fala muito

baixinho, não tem como

perceber em seu olhar qual é

a sua real postura.

Então. O 17 não pode vir antes do 16 por que já está depois. Então

quem vem antes do 16 na contagem?

13.

Não. Não lembra? Dezessete tira dois,

quanto que dá? Faça 17 bolinhas neste papel. Risque 2 bolas. Conte

quantas que não riscou.

15.

15.bolas. Antes do 16 não é o 15? Entendeu

agora? Sim.

00:36:44 Ingrid Quantos pontos tens

agora? 18. Agora

respondeu rápido. E quantos tinha antes? 17.

00:37:38 Paulo

Quantos pontos tinha antes?

Não entendi sua

resposta. Falou muito baixo, mas percebi que

errou.

No começo, mesmo de

costas para a câmera, me pareceu já

cansado do jogo e sem interesse

em se concentrar e

realizar cálculos mentais. Com o desencadeamen

to da pesquisadora ele acabou

respondendo corretamente.

Quantos pontos tens agora? (mostrei o placar na tela do computador)

14.

Se tirar um ponto do 14, significa que tinha

quantos pontos antes? 13.

Quadro 41 – Roteiro de Exame de Jogo Virtual do dia 29/10/2010

APÊNDICE M – Quadro 42 – Roteiro de Exame de Jogo Virtual do dia 29/10/2010

Tempo Da Filmagem

Aluno Entrevistado

Perguntas Feitas Pelo Examinador

Respostas Dadas Pelo

Aluno entrevistado no momento

Observações do examinador

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134

00:41:55 Érick

Quantos pontos tu tinhas antes?

Pensou, contou nos

dedos e falou 3. Se atrapalhou

confundindo com o placar da

partida.

Não. Você marcou 4 agora no placar da tela.

Quantas bolas foram batidas agora?

2.

Então antes você tinha... 2.

00:42:32 Victor

Quantos pontos tu tinhas antes?

4. Neste começo de partida mostra-se

concentrado e interessado em

participar do processo.

Daí acertou quantas bolas agora?

3.

Ficou com... 7.

00:42:58 José Só 1? Quantos pontos

tinha antes? 3. Sem

dificuldades neste começo. E agora ficou com... 4.

00:43:12 Vitor Quantos pontos então?

Acertei 1 antes e agora

acertei 2.

Bastante interessado e concentrado, respondeu

rapidamente. Então ficou com... 3 pontos

00:44:05 Érick

Quantos pontos tem agora? 6.

Para dar sua resposta, o

aluno se valeu do cálculo mental da subtração.

Quantos pontos tinha antes? 4.

00:44:26 Victor

Quantos pontos tem agora? 10.

Respondeu pela memorização da situação e não

pelo cálculo mental.

E quantos pontos tinha antes?

7.

Isto por que acertou... Não soube responder.

Se tu tinhas 7 e agora tem 10 é por que

acertou quantas bolas agora?

3.

00:45:10 José Quantos pontos tem

agora? 6.

E quantos tinha antes? 4.

00:45:58 Victor Você fez dois pontos. Quantos pontos tem

agora? 12.

Respondeu rápido,

mostrando-se

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135

E quantos pontos tinha antes?

10. adaptado ao processo e

concentrado.

00:46:57 Vitor Uau! 2 pontos!

Eu tinha 3 pontos e

agora tenho 5.

Não foi preciso fazer as

indagações. Ele por conta própria se manifestou

colocando seu raciocínio.

00:47:57 Victor

Acertou quantas bolas agora? 3.

Ele confundiu pontos no total com pontos na rodada. Pensou um pouco mas

respondeu corretamente.

Então quantos pontos tinha antes?

12.

00:49:58 Érick

Fez quantos pontos agora?

2. Quer realizar

cálculos mentais rapidamente. Mas às vezes se atrapalha.

Então ficou com quantos pontos?

11

E quantos pontos tinha antes?

17.

Hã? Ah, não! 9.

00:51:18 José

Quantos pontos tem agora no total? 12. Realizou a

subtração nos dedos para dar

a resposta. E quantos pontos tinha

antes? 9.

00:53:30 Vitor Estava com quantos pontos?

Tinha 8 pontos e

agora acertei duas

bolas e fiquei com

10.

Bastante participativo.

Quadro 42 – Roteiro de Exame de Jogo Virtual do dia 29/10/2010

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ANEXOS ANEXO 1: Pré-teste aplicado:

Universidade Do Vale Do Itajaí Programa De Pós-Graduação Mestrado Em

Educação – PPGE Mestranda: Silvia Janine Rodrigues da Costa

Secretaria Municipal de Educação Escola Básica João Paulo II

Classe de Apoio Pedagógico (CAP) Professora Regente: Ivone Cavília

ALUNO:________________________________________________SÉRIE:_______

Verificação de Aprendizagem

1) Antônio está a 29 passos de Cássia e a 81 passos de Andréia. Encontre, em passos, a distância que separa Cássia de Andréia. ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2)Para viajar de uma cidade a outra, um veículo consumiu 10 litros de combustível. Ele saiu da cidade com 28 litros. Quantos litros ele possui agora?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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137

3)Uma criança consumiu 8 bombons em um dia, no outro dia consumiu outros 4

bombons. Agora a caixa contém 10 bombons. Com quantos bombons a caixa estava

cheia?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4)Tenho 25 figurinhas, mas 13 são repetidas. Quantas figurinhas posso colar em meu álbum? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5)Num jogo de dados, Marcos obteve 12 pontos ao todo, aparecendo o número 5 na primeira rodada e o número 4 na terceira rodada Qual número apareceu na segunda rodada do jogo? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________