Apresentação 1

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A metáfora do impacto é inadequada A atividade humana é uma relação entre pessoas vivas, entidades ma- teriais – naturais e artificiais, ideias e representações – elas precisam estar jun- tas para que seja desenvolvida uma técni- ca. Para muitos, a tecnologia – novidade – causa “impacto” na sociedade, já que as técnicas são criadas pelo próprio homem, fruto de uso intensivo de ferramentas. Mas, não é possível a tecnologia causar im- pacto, uma vez que ela não vem de outro planeta (é criada pela própria sociedade) ela condiciona - abre possibilidades - para o surgimento de novas invenções. Como exemplo, temos o estribo, uma criação que abriu a possibilidade para o surgimento do feudalismo, mas não foi fator determi- nante dele por se tratar de um conjunto de coisas. Uma técnica é produzida dentro de uma cultura e uma sociedade e encontra-se condicionada por suas técnicas. “A TÉCNICA” OU “AS TÉCNICAS”? A s técnicas são produtos da socieda- de, por isso é errado dizer ou estu- dar o impacto da tecnologia sobre a sociedade. E é impossível separar os seres humanos de suas criações e signos. As tec- nologias são produtos de uma sociedade e de uma cultura. Por trás das técnicas, vem: idéias e jogos de estratégias da sociedade variadas. As técnicas condicionam a socie- dade, mas não a determina. A técnica abre muitas possibilidades na sociedade que, muitas vezes, sem as quais, seria impossí- vel alguns avanços. Não devemos comparar técnicas, como boas ou ruins, pois isso vai depender do que ela é e o contexto que foi usada, ou seja por trás das técnicas reagem idéias, projetos sociais, interesses econômicos. As máquinas a vapor do século XIX e a che- gada do computador pessoal nos anos 80 servem como exemplos de atividades dife- rentes em épocas diferentes.

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A metáfora do impacto é inadequada

A atividade humana é uma relação entre pessoas vivas, entidades ma-teriais – naturais e artificiais, ideias

e representações – elas precisam estar jun-tas para que seja desenvolvida uma técni-ca.

Para muitos, a tecnologia – novidade – causa “impacto” na sociedade, já que as técnicas são criadas pelo próprio homem, fruto de uso intensivo de ferramentas. Mas, não é possível a tecnologia causar im-pacto, uma vez que ela não vem de outro planeta (é criada pela própria sociedade) ela condiciona - abre possibilidades - para o surgimento de novas invenções. Como exemplo, temos o estribo, uma criação que abriu a possibilidade para o surgimento do feudalismo, mas não foi fator determi-nante dele por se tratar de um conjunto de coisas. Uma técnica é produzida dentro de uma cultura e uma sociedade e encontra-se condicionada por suas técnicas.

“A TÉCNICA” OU “AS TÉCNICAS”?

As técnicas são produtos da socieda-de, por isso é errado dizer ou estu-dar o impacto da tecnologia sobre a

sociedade. E é impossível separar os seres humanos de suas criações e signos. As tec-nologias são produtos de uma sociedade e de uma cultura. Por trás das técnicas, vem: idéias e jogos de estratégias da sociedade variadas. As técnicas condicionam a socie-dade, mas não a determina. A técnica abre muitas possibilidades na sociedade que, muitas vezes, sem as quais, seria impossí-vel alguns avanços.

Não devemos comparar técnicas, como boas ou ruins, pois isso vai depender do que ela é e o contexto que foi usada, ou seja por trás das técnicas reagem idéias, projetos sociais, interesses econômicos. As máquinas a vapor do século XIX e a che-gada do computador pessoal nos anos 80 servem como exemplos de atividades dife-rentes em épocas diferentes.

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A TECNOLOGIA É DETERMINANTE OU CONDICIONANTE?

A presença do ciberespaço favorece a evolução de civilizações, já que as técnicas são produzidas dentre de

uma cultura e a sociedade está condicio-nada às suas técnicas. Quando se diz con-dicionada é no sentido de que abre novas possibilidades que alguns aspectos cultu-rais não poderiam existir sem sua presen-ça, logo se trata de um conjunto de proces-sos, que juntos e interligados condicionam uma sociedade como um todo, porém não a determina.

Como exemplo, a invenção do estribo per-mitiu o desenvolvimento de uma nova for-ma de cavalaria pesada, a partir da qual foram construídos o imaginário da cava-laria e as estruturas políticas e sociais do feudalismo. No entanto, o estribo, enquan-to dispositivo material, não e a “causa” do feudalismo europeu, somente. O seu uso permitiu que os cavaleiros se equilibras-

sem em seus cavalos, possibilitando lon-gas viagens, rapidez na montaria e maior sobrevivência nas batalhas.

Outro exemplo é a prensa de tipos móveis de Gutenberg, que não determinou o movi-mento da Reforma religiosa, nem dos ide-ais iluministas, porém seu o seu uso, talvez os ideais dos movimentos não tivessem a repercussão e intensidade que tiveram logo se trata de uma técnica que condicio-nou, mas não determinou os movimentos.

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A TECNOLOGIA É DETERMINANTE A ACELERAÇÃO DAS ALTERAÇÕES

TÉCNICAS E A INTELIGÊNCIA COLETIVA

A velocidade em que ocorrem as al-terações técnicas gera uma certa estranheza no usuário, pois até os

mais antenados com estas novas tecnolo-gias encontram-se ultrapassados pelo fato de as mudanças tecnológicas serem tão rápidas. Isso ocorre pelo fato de que nin-guém consegue participar ativamente des-sas transformações. Conclui-se que quan-to mais rápida é a aceleração técnica, mais nos parece vir do exterior por nunca estar-mos completamente envolvidos por estas mudanças.

E é nesse contexto que entra a inteligência coletiva, um dos principais motores da ci-bercultura. Quanto mais a inteligência cole-tiva se desenvolve, melhor é a apropriação dessas alterações técnicas pelos indivíduos e menos são os efeitos de exclusão.

A INTELIGÊNCIA COLETIVA, VENENO E REMÉDIO DA CIBERCULTURA

Apesar de fornecer um ambiente pro-picio para o desenvolvimento da inteligência coletiva, o ciberespaço

não determina automaticamente este de-senvolvimento. E, ao mesmo tempo em que serve como um suporte para esta inte-ligência, o ciberespaço encontra nela uma condição para o seu desenvolvimento.

Da mesma forma que encontramos este su-porte para a inteligência coletiva, também observamos na orbita das redes digitais interativas tipos de formas novas de iso-lamento e de sobrecarga cognitiva, de de-pendência, de dominação, de exploração e mesmo de bobagem coletiva.

Nos casos em que a inteligência coletiva se desenvolve de maneira eficaz graças ao ci-berespaço, ela acaba causando o efeito de acelerar cada vez mais o ritmo da alteração

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tecno-social, tornando ainda mais neces-sária a participação ativa na cibercultura, tendendo a excluir de maneira mais radi-cal ainda os que não entram no ciclo posi-tivista da alteração, de sua compreensão e apropriação.

A inteligência coletiva, ao mesmo tem-po que favorece a cibercultura, sendo um remédio para os que mergulham em seus turbilhoes e conseguem controlar a própria deriva no meio de suas correntes, se torna um veneno para aqueles que da cibercultu-ra não participam.