APRESENTAÇÃO - APEOESP - Sindicato dos Professores do Ensino … · Paulo: Contexto, 1998. 2....
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APRESENTAO
A presente edio da Revista de Educao da APEOESP contm subsdios para os professores da rede pblica estadual, associados do nosso sindicato, que se inscrevero nos prximos concursos pblicos promovidos pela Secretaria de Estado da Educao e que participaro das provas institudas pelo governo. Organizada pela Secretaria de Formao, esta publicao contm as resenhas dos livros que compem a bibliografia dos concursos, realizadas por profissionais altamente qualificados, de forma a contribuir paraque os professores possam obter o melhor desempenho nas provas. Ao mesmo tempo, no podemos deixar de registrar nossa posio contrria s avaliaes excludentes que vem sendo promovidas pela Secretaria Estadual da Educao que, alm de tudo, desrespeita os professore sao divulgar extensa bibliografia a poucos dias da prova, inclusive contendo vrios ttulos esgotados. Esperamos, no entanto, que todos os professores possam extrair desta edio da Revista de Educao o mximo proveito, obtendo alto rendimentonas provas dos concursos e avaliaes. Nossa luta por mais concursos prossegue, com a periodicidade necessria diante de uma drstica reduo no nmero de professores temporrios, agregando mais qualidade ao ensino e profissionalizando, cada vez mais, o magistrio estadual. A periodicidade dos concursos a cada quatro anos com ritmo mais acelerado nos prximos dois anos foiuma conquista nossa e vamos exigir que seja efetivada. A diretoria
Bibliografia para Histria 1. BITENCOURT, Circe Maria F. (org.). O saber histrico na sala de aula. 2. ed. So
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Paulo: Contexto, 1998.
2. BITENCOURT, Circe Maria F. Ensino de Histria fundamentos e mtodos. So
Paulo: Cortez, 2005.
3. BLOCH, Marc. Apologia da Histria ou ofcio do historiador. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2002.
4. BURKE, Peter. O que Histria Cultural? Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
5. FAUSTO, Boris. Histria do Brasil. 13. ed. So Paulo: EDUSP, 2008.
6. FERRO, Marc. A manipulao da histria no ensino e nos meios de comunicao.
A histria dos dominados em todo o mundo. So Paulo: IBRASA, 1983.
7. FONSECA, Selva G. Caminhos da Histria Ensinada. Campinas: Papirus, 2009.
8. FONSECA, Selva G. Didtica e Prtica de Ensino de Histria. Campinas: Papirus,
2005.
9. FUNARI, Pedro Paulo; SILVA, Glaydson Jos da. Teoria da Histria. So Paulo:
Brasiliense, 2008.
10. HERNANDEZ, Leila Leite. frica na sala de aula: visita histria
contempornea. 2. ed. So Paulo: Selo Negro, 2008.
11. HEYWOOD, Linda M. (Org.). Dispora negra no Brasil. So Paulo: Contexto,
2008.
12. KARNAL, Leandro (org.). Histria na sala de aula: conceitos, prticas e
propostas. So Paulo: Contexto, 2003.
13. LE GOFF, Jacques. Histria e Memria. Campinas: UNICAMP, 2003. cap.
Memria, Documento/monumento, Histria, Passado/presente.
14. PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Novos temas nas aulas de histria. So Paulo:
Contexto, 2009.
15. SOUZA, Marina de Melo. frica e o Brasil Africano. 2 ed. So Paulo: tica,
2007.
1. BITENCOURT, Circe Maria F. (org.). O saber histrico na sala de aula. 2. ed. So
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Paulo: Contexto, 1998.
l - PROPOSTAS CURRICULARES
Capitalismo e cidadania nas atuais propostas curriculares de Histria
Circe Bittencourt
A volta da Histria como disciplina autnoma, no final do perodo militar, exigia
repensar contedos e novas formas de relaes pedaggicas. Grupos sociais oriundos
das classes trabalhadoras de idades e experincias diversas, diferentes culturas,
devido ao processo migratrio, passaram a ocupar os bancos escolares, colocando
em xeque o conhecimento tradicionalmente produzido e transmitido. Em uma
sociedade consumista, responsvel por ritmos de mudanas acelerados, onde tudo
rapidamente se transforma em passado, os alunos vivem um presentesmo intenso
sem perceber os liames com o passado.
Existem clivagens e conflitos inerentes entre o currculo pr-ativo, normativo e escrito
pelo poder educacional institudo e o currculo como prtica na sala de aula ou
currculo interativo. Uma disciplina mantm-se no currculo devido sua articulao
com os objetivos da sociedade. As transformaes ocorrem quando os objetivos
mudam. Histria manteve-se devido ao seu papel de disciplina formadora da
identidade nacional. Nas propostas atuais, a questo da identidade tem sido
considerada, tendo, contudo, que enfrentar a relao nacional/ mundializao dentro
dos propsitos neoliberais. A inovao que ocorre a nfase n papel do ensino de
Histria para a compreenso do sentir-se sujeito histrico e sua contribuio para a
formao de um cidado crtico.
A cidadania, com questes relacionadas utilizao de diferentes temporalidades e diferentes sujeitos, aparece nas propostas, sendo que o capitalismo tem se transformado em objeto de estudo do ensino de Histria. O conceito de cidado normalmente limitado cidadania poltica, sendo a cidadania social pouco caracterizada. A ampliao do conceito de cidadania, com a introduo da cidadania social, confere outra dimenso aos objetivos de Histria. Os desafios enfrentados na elaborao das propostas residem em articular a produo historiogrfica que relaciona o social e o cultural com o econmico e redimensiona o poltico.
Currculos de Histria e Polticas Pblicas:
os programas de Histria do Brasil
na Escola Secundria
Katia Abud
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Os currculos e programas constituem o instrumento mais poderoso de interveno do
Estado no ensino, interferindo na formao da clientela escolar para o exerccio da
cidadania no sentido que interessa aos grupos dominantes. Nesse sentido, os
currculos no podero ser analisados independentemente dos rgos que os
produziram.
Como disciplina escolar, a Histria efetivou-se com a criao do Colgio Pedro II, em
1837, sendo seu ensino pautado por um mtodo cientfico e uma concepo de
evoluo caractersticos do final do sculo XIX.
As mudanas educacionais promovidas por Francisco Campos, aps a revoluo de
30, acentuaram a centralizao com os primeiros programas para as escolas
secundrias. Desde o incio do sculo XX, teve nfase a questo da formao da
nacionalidade e da identidade brasileira.
Nacionalismo e pensamento autoritrio caminhavam juntos, e a concepo de
realidade e de sociedade que se originava do nacionalismo e do antiliberalismo, levava
responsabilizao do Estado pela formao da nacionalidade e pela direo do
povo, que deveria ser guiado pelas elites. Nessa perspectiva, a Histria seria um
elemento poderoso na construo do Estado Nacional, em que o sentimento de
identidade permitisse o ocultamento da diviso social. Trs pilares aliceravam a
unidade nacional brasileira: unidade tnica, unidade administrativa e territorial e
unidade cultural. Os eixos dos programas eram: a formao do "povo brasileiro", a
organizao do poder poltico e a ocupao do territrio brasileiro, enfatizando os
heris que constituram a nao. A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Brasileira
(4.024/61), produto de uma "americanizao" do currculo, iniciou claramente um
processo de tecnizao da formao escolar.
Na dcada de 60, Histria e Geografia foram substitudas por Estudos Sociais e os
programas foram reduzidos a uma lista factual, numa perspectiva da Histria Poltica.
Nos anos 80, com a redemocratizao do pas, a Histria reocupou o seu espao de
disciplina autnoma.
Histria, Poltica e Ensino
Maria de Lourdes Mnaco Janotti
A destruio do passado, ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa
experincia pessoal das geraes passadas, um dos fenmenos mais
caractersticos e lgubres do final do sculo XX. Quase todos os jovens de hoje
crescem numa espcie de presente contnuo, sem qualquer relao orgnica com o
passado pblico da poca em que vivem.
Hobsbawn alerta para a possibilidade de uma inimaginvel alienao coletiva de
resultados imprevisveis. A desqualificao do passado, como experincia poltico-
social, foi absorvida at por grupos influentes de intelectuais, instaurando-se o domnio
do presentesmo, como se nisso no houvesse o perigo de interpretaes ideolgicas
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ou construes explicativas descontnuas. Temas recentes da Histria Imediata so
prestigiados. O presente passou a explicar-se a partir de si mesmo.
Na Nova Histria francesa, em menor escala, os historiadores neomarxistas ingleses e
a poltica editorial, com uns poucos autores obrigatrios tanto na produo acadmica
quanto em sala de aula, vm influenciando a formao dos professores. A
historiografia francesa est retornando poltica, devido s crticas, especialmente
inglesas, Nova Histria. O repdio Histria Poltica tradicional deveu-se
concentrao no estudo do Estado-nao, dos comportamentos individuais, dos
eventos circunstanciais e das situaes conjunturais efmeras. Sem renegar a Histria
Nova, nem as aspiraes coletivas do marxismo, os historiadores acreditam estar
realizando uma revoluo na antiga concepo de Histria Poltica, revitalizando a
anlise do contedo e trazendo-o para o estudo global da sociedade, saindo do foco
circunscrito ao da classe poltica.
Essa constatao entrecruza-se, necessariamente, Histria Poltica, Histria do
Tempo Presente (refere-se principalmente ao sc. XX) Histria Imediata (refere-se a
acontecimentos que acabam de ocorrer). O presentesmo da Histria Imediata, devido
ao julgamento rpido, pode ter consequncias na formao de jovens, podendo induzi-
los a interpretar a aparncia pelo substancial.
A formao do professor de Histria e o cotidiano da sala de aula
Maria Auxiliadora Schmidt
A formao dos professores de Histria e o cotidiano da sala de aula so pauta de
encontros, congressos e seminrios h uma dcada. Em geral, essa formao comea
e termina no curso de graduao. Depois de formado, muitas vezes o professor no
dispe de tempo e nem dinheiro para investir na sua formao profissional.
No seu cotidiano, espera-se que ele seja o promotor da unio entre a competncia
acadmica (domnio dos saberes) e a competncia pedaggica (domnio da
transmisso do saber), aliando competncia, convices e experincias de vida. No
que se refere ao fazer histrico e ao fazer pedaggico, um desafio destaca-se: realizar
a transposio didtica dos contedos e do procedimento histrico. A transposio
didtica do fazer histrico pressupe, entre outros procedimentos, que a compreenso
e a explicao histrica sejam trabalhadas. Destacam-se a problematizao, o ensino
e a construo de conceitos, anlise causal, contexto temporal e o privilgio da
explorao do documento histrico. Mais que as determinaes causais, importante
levar o educando compreenso das mudanas e permanncias, das continuidades e
descontinuidades, exigindo do professor uma grande ateno aos diferentes ritmos
dos diferentes elementos que compem um processo histrico. O passado no pode
ser resgatado tal qual ele aconteceu; ele s pode ser reconstrudo em funo das
questes colocadas no presente. Para reconstruir o passado, o historiador manipula
as caractersticas essenciais do tempo: a sucesso, a durao, a simultaneidade, a
partir de periodizao e de recortes temporais.
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Outro elemento considerado imprescindvel ao procedimento histrico em sala de aula,
, sem dvida, o trabalho com as fontes ou documentos, que pode introduzir o aluno
no mtodo histrico.
II - LINGUAGEM E ENSINO
Livros didticos entre textos e imagens
Circe Bittencourt
O texto procura refletir sobre o conjunto de imagens mais comuns no cotidiano
escolar: as ilustraes do livro didtico.
Objeto de avaliaes contraditrias, o livro didtico continua sendo o material de
referrencia para professores e alunos. uma mercadoria com mltiplas facetas,
mas tambm um depositrio de contedos escolares, um instrumento pedaggico e
um veculo portador de valores, de ideologia, de cultura. Vrias pesquisas demonstram
como textos e ilustraes transmitem esteretipos e valores dos grupos dominantes.
Na vida escolar, o livro didtico pode ser o instrumento de reprodues ideolgicas e
do saber oficial de setores do poder e do Estado. Mas sua leitura na sala de aula
determinada pelo professor, podendo ser transformado em um recurso eficiente e
adequado s necessidades de um ensino autnomo. Os franceses destacam-se na
pesquisa de ilustraes dos livros didticos. No Brasil existem trabalhos que analisam
como determinados segmentos sociais tm sido representados, especialmente os
indgenas e os negros.
Por concretizar a noo altamente abstrata do tempo histrico, a imagem como
recurso pedaggico tem sido destacada h mais de um sculo. Observando o
percurso das ilustraes, aparecem algumas peculiaridades: a reproduo de obras
francesas nos livros de Histria Geral ou Universal, o carter mercadolgico e as
questes tcnicas de fabricao. Hoje, a ao do autor limitada, pois, nas editoras,
existem especialistas para desenvolver essa parte da produo do livro. Para Histria
do Brasil, as ilustraes mais comuns so dos desenhistas ou fotgrafos de quadros
histricos do final do sculo XIX. Dois quadros tm sido os mais reproduzidos, desde o
incio do sculo: o 7 de setembro de 1822, de Pedro Amrico, e a Primeira Missa no
Brasil, de Vtor Meirelles de Lima. A Histria poltica predominou com personagens:
Tom de Souza, Pedro lvares Cabral, D. Pedro l e D. Pedro II; dos presidentes, a
figura mais destacada Getlio Vargas e, em alguns manuais mais recentes, surgem
charges de jornais ou revistas da poca ou criadas por cartunistas.
A recorrncia das representaes indgenas fomentou uma srie de questionamentos.
Ao longo do tempo foram representados, muitas vezes, como selvagens e
responsveis pela miscigenao, preguia e averso ao trabalho produtivo. Essa
apresentao das imagens nos livros didticos de Histria, embora de maneira
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sucinta, pretende provocar algumas questes, procurando situar o professor como
leitor crtico da obra didtica.
Histria e dialogismo
Antnio Terra
Com exemplos tirados da histria da pintura, a autora pretende salientar a ideia de que
uma obra (texto, oralidade, gravura, msica, pintura, fotografia, cinema, arquitetura)
sintetiza uma srie de dilogos travados entre seu autor (um sujeito especfico) e sua
prpria poca, e sujeitos produtores de outras obras e outras culturas anteriores a ele
e num tempo futuro que vai alm do que ele - criador - poderia imaginar.
Simultaneamente, as obras referendadas explicitamente ou no em outras obras
(numa proximidade temtica ou de forma), dialogando com outros sujeitos de muitos
tempos, ganham um novo sentido a cada novo contexto expresso e criado por outros
autores e por outros leitores. a partir desses dilogos mltiplos internos s obras,
que interferem na construo de enunciados, de sentidos, que elas constrem e
comunicam, de compreenses mais diversas que delas podem ser apreendidas, que a
autora usa para falar sobre a proposta para abordagem na Histria, com base na obra
de Mikhail Bakhtin. Os estudos de Bakhtin referem-se lingustica, filosofia e literatura.
A autora transfere as reflexes de Bakhtin sobre o texto (contida em seus escritos so-
bre O problema do texto, da coletnea Esttica da criao verbal, para as possveis
consideraes da obra.
Para Bakhtin, quando estudamos o homem, buscamos e encontramos o signo em
todas as partes e devemos tentar encontrar sua significao. O homem fala atravs de
sua obra, e as Cincias Humanas no devem permitir que ele permanea mudo, mas
que se manifeste enquanto sujeito que fala, que expressa e constri sentidos,
enunciados e significaes.
Toda obra tem um autor, isto , um sujeito que fala, escreve ou desenha. Para
perceber a presena do autor, todavia, preciso distanciar primeiramente a coisa
representada (realidade) dos meios de representao (a obra - expressa em signos -,
palavras, formas, cores, etc.). No reconhecimento de que a obra no se confunde com
a realidade que se sente a presena do autor. Quando se expressa, o autor faz de si
um objeto para outro e para si mesmo, dando realidade sua conscincia.
Compreender implica a presena de duas conscincias: a conscincia do autor e a
conscincia de quem toma conhecimento da presena do autor na obra. Esse ato de
compreender dialgico, na medida que ultrapassa uma lgica previsvel, causal ou
factual, isto , a compreenso sempre diferente para leitores diferentes em contextos
diferentes.
Compreender uma obra implica, segundo Bakhtin, compreender uma diversidade de
formas e aspectos, como, por exemplo, compreender a linguagem dos signos,
compreender a obra numa linguagem conhecida e j compreendida (estilos de lngua,
estilos de textos, estilos de pintura, estilos de msica etc.) e compreender o
enunciado. No trabalho do professor de Histria, comum encontrar-se, como fonte
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de pesquisa ou de informao sobre um determinado contexto histrico, uma gravura,
uma pintura ou um texto. Podemos dizer que todos esses documentos so obras
humanas, no sendo possvel, segundo Bakhtin, l-los ou compreend-los como
simples objetos ou coisas que exemplifiquem contextos. Existem sujeitos que falam e
que constrem sentidos especficos para a realidade retratada, atravs de estilos
comuns s suas pocas, de formas, de contornos e de materialidades que so,
simultaneamente, originais. A autora apresenta ainda uma obra de Frans Post para
exemplificar, mostrando, entre outras coisas, comum acordo com a historiadora Ana
Maria de Moraes Beiluzzo: "O colorido da pintura holandesa esteve presente nos qua-
dros que compem a etapa brasileira de Frans Post, assim como a lembrana da
paisagem brasileira acompanhou o pintor em sua volta para a Europa". De acordo com
a autora, dentro da perspectiva do ensino de Histria, as reflexes de Bakhtin orientam
para outro tipo de possibilidade de estudo na utilizao dos documentos como recurso
didtico.
Por que visitar museus
Adriana Mortara Almeida e Camilo de Mello Vasconcellos
Os autores discutem as potencialidades educativas dos museus para o ensino de
Histria, atravs de uma cultura material. Para que ocorra um processo educativo,
necessrio compreender as mensagens propostas pela exposio, que foram
dispostas de maneira a constituir um discurso. So muitas as atividades realizadas em
um museu, desde a incluso ou excluso de objetos, at os recortes feitos segundo a
temtica proposta.
As exposies vm sendo repensadas no mbito de uma estrutura de comunicao
atravs de propostas museolgicas definidas, que utilizem uma linguagem de fcil
acesso aos visitantes. A ao educativa em um museu no deve estar centrada
apenas nas exposies, mas estas so os suportes essenciais que permitem e
aproximam a relao com pblico.
O contato com esses documentos materiais, a partir do suporte comunicativo das
exposies, permite-nos inserir questes relativas constituio de uma memria e da
preservao de um passado. Muitos museus brasileiros contam com departamento de
educao ou ao cultural. Considerada como um meio de comunicao, a ex-
posio tem o potencial de transmitir mensagens aos visitantes, dependendo da
clareza dos cdigos utilizados. O educador do museu poder aumentar a capacidade
de compreenso dos visitantes, adaptando e esclarecendo os cdigos da exposio
de acordo com o interesse e o perfil do pblico. As aes culturais desenvolvidas nos
Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE) e no Museu Paulista (MP) so
exemplo aos quais o professor de Histria pode recorrer.
Experincias e representaes sociais: reflexes sobre o uso e o consumo das imagens
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Elias Thom Saliba
Segundo o autor, nunca se devem subestimar a experincia pessoal e social das
pessoas e dos grupos humanos, quaisquer que eles sejam. Vivemos cada vez mais
num universo miditico, permeado pelas imagens, onde cada vez mais substitumos
nossas experincias reais pelas representaes dessas experincias. Um bombardeio
contnuo de imagens em velocidade afasta-nos cada vez mais do mundo real e tende
a diminuir o espao temporal de nossas experincias. A globalizao atingiu a mdia,
forjando, em ritmos rpidos e alucinantes, um renovado espao de circulao
internacional de imagens e de informaes. Mas tambm est em curso um processo
de maior especializao da produo cultural. Partindo dessas questes, o autor
analisa a interferncia da TV, que, se por um lado aniquila o telespectador pela
informao, por outro, no o transforma em um ingnuo zumbi. Em relao ao cinema
ele coloca que certo que hoje se admite que a imagem no ilustra nem reproduz a
realidade, mas a constri a partir de uma linguagem prpria, produzida num dado
contexto histrico. Ao utilizar um filme em um processo de ensino, o esforo do
professor deve ser o de mostrar que, da mesma forma que na Histria, o filme uma
construo imaginativa que necessita ser pensada e trabalhada interminavelmente.
Os historiadores deparam-se hoje com esse fenmenofenmeno histrico inusitado: a
transformao do acontecimento em imagem. No mais a imagem alegrica que
narra, mas a imagem analgica. A TV revela s claras que a informao que faz o
acontecimento e no o contrrio. O acontecimento no um fato em si mesmo, mas
um fato no momento em que conhecido. Tanto no ngulo da produo quanto no
ngulo da difuso e da recepo, preciso um esforo analtico (e at pedaggico) no
sentido de retirar a produo das imagens do terreno das evidncias, evitando trat-
las, por exemplo, e sem mais mediaes, como documentos histricos. As imagens
so estratgias para o conhecimento da realidade, mas no constituem sucedneos
para nenhum suporte escrito. Sem comentrio, uma imagem no significa
rigorosamente nada.
Toda a ateno - de todo aquele que lida com imagens - deve voltar-se para o lado
mais invisvel, frgil, no qual talvez se encontrem os possveis vestgios de um
inconsciente visual de nossa poca.
Memria e ensino de Histria Ricardo Ori
Os ltimos anos vm sendo caracterizados por uma preocupao com a preservao
da memria histrica e, por extenso, com o patrimnio cultural. Nos anos 70 e 80,
assistimos emergncia dos movimentos sociais populares que colocaram na ordem
do dia o interesse pelo "resgate" de sua memria, como instrumento de lutas e
afirmao de sua identidade tnica e cultural. A temtica da memria do
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patrimnio histrico recente no mbito da historiografia brasileira. Isso se explica em
grande parte pelo fato de que os rgos e agncias de preservao histrica foram
sistematicamente ocupados por profissionais da arquitetura, o que levou tambm ao
privilgio do patrimnio edificado.
Patrimnio histrico revisitado
Quando se fala em patrimnio histrico, h a imediata associao com monumentos e
edificaes antigas. Isso se deve em grande medida, primeira legislao patrimonial
do pas, o Decreto-lei n 25/37, ainda em vigor, que, em seu art 1, explicita o conceito
de patrimnio histrico e artstico. Constitui o patrimnio histrico e artstico nacional o
conjunto de bens mveis e imveis no pas e cuja conservao seja de interesse
pblico, quer por sua vinculao a fatos memorveis da Histria do Brasil, quer por
seu excepcional valor arquitetnico ou etnogrfico, bibliogrfico ou artstico. Esse
conceito norteou, a poltica de preservao no pas. Priorizou-se, assim, o patrimnio
edificado e arquitetnico - a chamada "pedra e cal" - em detrimento de outros bens
culturais. Essa poltica preservacionista levada a cabo pelo Servio do Patrimnio
Histrico e Artstico Nacional (SPHAN), criado em 1937, deixou um saldo de bens
imveis tombados referentes aos setores dominantes da sociedade. Preservaram-se
as igrejas barrocas, os fortes militares, as casas-grandes e os sobrados coloniais.
Esqueceram-se as senzalas, os quilombos, as vilas operrias e os cortios. Essa
poltica objetivava passar aos habitantes do pas a ideia de uma memria unvoca e de
um passado homogneo, sem conflitos e contradies sociais. Hoje, a expresso
patrimnio histrico e artstico vem sendo substituda por patrimnio cultural, sendo
constitudo de unidades designadas de bens culturais.
Quem primeiro se preocupou com a problemtica de patrimnio cultural foi o professor
francs Hugues de Varine-Boham. Segundo ele, o patrimnio cultural pode ser dividido
em trs grandes categorias:
a) os elementos pertencentes natureza e ao meio ambiente (rios, peixes, vales e
montanhas, enfim os recursos naturais - o chamado habitat natural);
b) o conhecimento, as tcnicas, o saber e o saber-fazer (compreende, pois, toda
capacidade de sobrevivncia do homem em seu meio ambiente, incluindo os
elementos no-tangveis do patrimnio cultural);
c) os bens culturais propriamente ditos (engloba toda sorte de objetos, artefatos, obras
e construes, obtidos a partir do prprio meio ambiente e do saber fazer).
Por uma nova poltica de patrimnio histrico no Brasil: a construo de uma memria
plural Com a ampliao do conceito de patrimnio cultural, abre-se perspectiva para a
adoo de uma nova poltica de proteo. A Constituio tenta corrigir essa distoro
da poltica de preservao. Em seu artigo 215, pargrafo 1 e 2, por exemplo, ela
determina que o Estado deve proteger as manifestaes das culturas populares,
indgenas e afro-brasileiras e de outros grupos participantes do processo civlizatrio
nacional.
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Patrimnio histrico, cidadania e identidade cultural: o direito memria
A preservao do patrimnio histrico vista, hoje, prioritariamente, como uma
questo de cidadania e, como tal, interessa a todos por se constituir direito
fundamental do cidado e esteio para construo da identidade.
A identidade cultural de um pas, estado, cidade ou comunidade se faz com memria
individual e coletiva e, para isso, fundamental a questo da preservao das
memrias atravs dos patrimnios histricos.
Televiso como documento
Marcos Napolitano
No ensino, torna-se cada vez mais frequente o uso de novas linguagens, entre elas as
imagens (paradas e/ou em movimento) produzidas pela sociedade. Todo cuidado
pouco com a incorporao das novas linguagens, principalmente em uma poca de
desvalorizao do contedo socialmente acumulado pelo conhecimento cientfico. Em
se tratando de documento televisivo, alguns gneros acabam se impondo como os
mais relevantes e instigantes: o telejornal; a teledramaturgia; telefilmes, sobretudo os
seriados, sendo os mais fceis de se conseguir.
Entre o cinema e a TV, uma diferena deve ser demarcada. Enquanto o cinema
produz uma mercadoria cultural que dever ser explorada e difundida por vrios anos,
a indstria televisiva - bem como a radiofnica - tem a tendncia de produzir
programas que se consomem no instante da sua difuso. O interesse terico em torno
da televiso data dos anos 50, sendo constituda de uma "nova oralidade" substituindo
a "cultura do livro". Nessa cultura da "nova oralidade", os receptores passaram a
integrar-se, j no momento da transmisso da mensagem, numa cadeia de discusso
conjunta, trocando e reelaborando as informaes veiculadas pelos meios eletrnicos.
A televiso foi objeto de estudo de vrios tericos,entre eles: Marshall McLuhan;
Umberto Eco; Michel de Certeau; Dieter Prokop; Francesco Casetti e Roger Odin,
Jesus Martn--Barbero. O autor sugere que, no trabalho, o professor consiga toda
informao terica bsica, selecione o material a ser analisado e defina um
planejamento geral de utilizao dentro de uma atividade didtico-pedaggica.
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Histria e ensino: o tema do sistema de fbrica visto atravs de filmes Carlos Alberto Vesentini
O autor comenta experincias realizadas com a utilizao de filmes em sala de aula.
Pensou-se primeiramente no conjunto do curso a ser oferecido e em sua temtica,
procurando-se listar filmes que se relacionassem com ela. O tema discutido foi,
grosso modo, o do sistema da fbrica, implicando uma reaproximao de um tema
bastante tradicional do ensino, o da Revoluo Industrial, mas pretendendo evitar a
centralizao da discusso nos processos peculiares: a Inglaterra do final do sc. XVIII
e da primeira metade do sc. XIX. Com a redefinio do tema transparecem duas ca-
ractersticas na seleo dos filmes. De um lado, a utilizao de filmes antigos,
clssicos, com questes claras e perspectivas bem postas (alm de oscilarem entre
programa poltico, propaganda e percepo de autor). E, de outro lado, a utilizao de
filmes recentes, ampliando a temporalidade. O trabalho no se configurou como a
Histria do Cinema nem se fechou em consideraes sobre o filme como documento.
H um outro aspecto a ser enfatizado: a realizao de uma desmontagem do filme.
Sem esquecer as discusses especficas da poca, os filmes trabalhados foram:
Fritz Lang: Metrpolis (1962);
Ren Clair: A Ns a Liberdade (1931);
Charles Chaplin: Tempos Modernos (1936);
Elio Petri: A Classe Operria Vai ao Paraso.
Uma srie de questes comuns entre eles foi trabalhada:
1. O trabalho coletivo;
2. A organizao espacial;
3. Corpo e trabalho;
4. Corpo e cotidiano;
5. Cincia, tcnica, trabalho manual e trabalho intelectual;
6. Alienao no processo de trabalho e proposta poltica.
Resumo elaborado por Eliana Esteves Ribeiro
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2. BITENCOURT, Circe Maria F. Ensino de Histria fundamentos e mtodos. So
Paulo: Cortez, 2005.
Conhea a autora
Circe Bittencourt licenciada e bacharel em Histria pela Faculdade de Filosofia,
Letras e Cincias Humanas (FFLCH-USP). Fez mestrado e doutorado em Histria
Social pela FFLCH-USP. Atualmente professora de ps-graduao na Faculdade de
Educao da USP.
O livro aborda aspectos de ensino e aprendizagem de Histria do ponto de vista dos problemas tericos que fundamentam o conhecimento escolar e dos problemas das prticas em sala de aula. A Histria, enquanto conhecimento escolar, possui uma histria que brevemente apresentada, a fim de proporcionar ao leitor reflexes sobre o atual momento da disciplina no processo de reformulaes curriculares. O livro preocupa-se em fornecer fundamentos sobre a seleo de contedos e mtodos para os futuros professores ou para os que j esto enfrentando o trabalho nas salas de aula.
Parte 1
Disciplina escolar
O que disciplina escolar? No simples, existe sria polmica a respeito desse
conceito, a qual pode parecer meramente acadmico e terico, mas est relacionado a
questes mais complexas sobre a escola e o saber que ela produz e transmite, assim
como sobre o papel e o poder do professor e dos vrios sujeitos externos vida
escolar na constituio do conhecimento escolar.
Transposio didtica
Para determinados educadores, franceses e ingleses, as disciplinas escolares
decorrem das cincias eruditas de referncia, dependentes da produo das
universidades ou demais instituies acadmicas, e servem como instrumento de
vulgarizao do conhecimento produzido por um grupo de cientistas.
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No que se refere aos contedos e mtodos de ensino e aprendizagem, os partidrios
da ideia de transposio didtica identificam uma separao entre eles, entendendo
que os contedos escolares provm, direta e exclusivamente, da produo cientfica e
os mtodos decorrem apenas de tcnicas pedaggicas, transformando-se em didtica.
Disciplina escolar como entidade cientifica
Para outros pesquisadores, especialmente o ingls Ivor Goodson e o francs Andr
Chervel, a disciplina escolar no se constitui pela simples transposio didtica do
saber erudito, mas antes, por intermdio de uma teia de outros conhecimentos,
havendo diferenas mais complexas entre as duas formas de conhecimento, o
cientfico e o escolar.
Andr Chervel, o crtico mais contundente da concepo de transposio didtica,
sustenta que a disciplina escolar deve ser estudada historicamente, contextualizando o
papel exercido pela escola em cada momento histrico.
Ao defender a disciplina escolar como entidade epistemolgica, relativamente
autnoma, esse pesquisador considera as relaes de poder intrnsecas escola.
preciso deslocar o acento das decises, das influncias e legitimaes exteriores
escola, inserindo o conhecimento por ela produzido no interior de uma cultura escolar.
As disciplinas escolares formam-se no interior dessa cultura, tendo objetivos prprios
e, muitas vezes, irredutveis aos da cincia de referncia, termo que Chervel
emprega em lugar de conhecimento cientfico.
A concepo de Chervel sobre a disciplina escolar provm de sue estudos da Histria
da Gramtica escolar da Frana. Pela pesquisa histrica do ensino da Gramtica em
seu pas, concluiu que a criao das famosas regra gramaticais e toda srie de
normas da lngua francesa decorreram de necessidades internas da escola, que
precisava ensinar todos os franceses a escrever corretamente de acordo com
determinados critrios a ser obedecidos por todo o meio escolar. A Gramtica, como
estudo acadmico, s passou a existir posteriormente, absorvendo e integrando os
princpios estabelecidos pela escola.
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Constituintes das disciplinas escolares
Foi importante estabelecer as finalidades de cada uma das disciplinas, explicitar os
contedos selecionados para serem ensinveis e definir os mtodos que
garantissem tanto a apreenso de tais contedos como a avaliao da aprendizagem.
As finalidades de uma disciplina escolar, cujo estabelecimento essencial para
garantir sua permanncia no currculo, caracterizam-se pela articulao entre os
objetivos instrucionais mais especficos e os objetivos educacionais mais gerais.
Compreendem-se, assim, alguns objetivos gerais ao qual a escola teve de atender em
determinados momentos histricos, como a formao de uma classe mdia pelo
ensino secundrio, a expanso da alfabetizao pelos diferentes setores sociais ou a
formao de um esprito nacionalista e patritico. Tais objetivos esto, evidentemente,
inseridos em cada uma das disciplinas e justificam a permanncia delas nos
currculos. As finalidades das disciplinas escolares fazem parte de uma teia complexa
na qual a escola desempenha o papel de fornecedora de contedos de instruo, que
obedecem a objetivos educacionais definidos mais amplos. Dessa forma as finalidades
de uma disciplina tendem sempre a mudanas, de modo que atendam diferentes
pblicos escolares e respondam as suas necessidades sociais e culturais inseridas no
conjunto da sociedade.
Outro constituinte fundamental da disciplina escolar e o mais visvel o contedo
explcito. Esse componente da disciplina corresponde a um corpus de conhecimento
organizado segundo uma lgica interna que articula conceitos, informaes e tcnicas
consideradas fundamentais. Os contedos explcitos articulam-se intrinsecamente a
outro componente da disciplina escolar: mtodos de ensino e de aprendizagem. Tais
contedos so necessariamente apresentados ao pblico por intermdio de diferentes
mtodos, indo da aula expositiva at o uso dos livros didticos ou da informtica.
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Disciplina escolar e produo do conhecimento
Ivor Goodson, para quem o prprio termo disciplina possibilita identificar distines.
O autor ingls entende a disciplina como uma forma de conhecimento oriunda e
caracterstica da tradio acadmica e, para o caso das escolas primrias e
secundrias, utiliza o termo matria escolar (school subjects). Entre ns comum, no
cotidiano escolar, utilizar o termo matria, embora no se use, nos textos oficiais
acadmicos, disciplina escolar no caso dos cursos superiores, o termo usual
disciplina, a qual, por sua vez, composta de matrias especficas, correspondentes
a divises internas das disciplinas acadmicas.
Em seus estudos empricos sobre a gnese e a trajetria de determinadas matrias
escolares, Goodson mais contundente ao tratar das relaes entre as disciplinas
acadmicas e as matrias escolares.
Ele demonstra que a interferncia do conhecimento acadmico no foi benfica para a
constituio de determinados saberes escolares, no caso de Cincias, que
inicialmente, no sculo XIX, era matria ensinada como cincia das coisas comuns
(the science of de common things) e tinha como objetivo atender aos interesses dos
alunos.
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Disciplina escolar e conhecimento histrico
O historiador francs Henri Moniot, ao debruar-se sobre a Histria enquanto disciplina
escolar, pondera sobre suas especificidades, e conclui que seu ensino, no final do sc.
XIX assegurou a existncia da Histria em grandes perodos Antiguidade, Idade
Mdia, Moderna e Contempornea , criada para organizar os estudos histricos
escolares, acabou por definir as divises da cadeira ou disciplinas histricas
universitrias assim como especialidades dos historiadores em seus campos de
pesquisa.
A articulao entre as disciplinas escolares e as disciplinas acadmicas , portanto
complexa, e no pode ser entendida como um processo mecnico e linear, pelo qual o
que se produz, enquanto conhecimento histrico-acadmico seja necessariamente
transmitido e incorporado pela escola. Os hiatos so evidentes, mas no se trata de
buscar super-los, integrando automaticamente as novidades das temticas histricas
s escolas. Os objetivos diversos impem selees diversas de contedos e mtodos.
A formao de professores, por outro lado, vem dos cursos superiores, e nesse
sentido, preciso entender a necessidade de dilogo constante entre as disciplinas
escolares e acadmicas.
Professores e disciplinas escolares
Por intermdio da concepo de disciplina escolar, podemos identificar o papel do
professor em sua elaborao e prtica efetiva. Cabe ento indagar sobre a ao e
poder dele nesse processo, uma vez que h vrios sujeitos na constituio da
disciplina escolar: desde o Estado e suas determinaes curriculares ate os
intelectuais universitrios e tcnicos educacionais, passando pela comunidade escolar
composta de diretores, inspetores e supervisores escolares e pelos pais de alunos
que, muitas vezes, se rebelam contra determinados contedos e mtodos dos
professores, forando-os a recuar em suas propostas inovadoras.
O papel do professor na constituio das disciplinas merece destaque. Sua ao
nessa direo tem sido muito analisada, sendo ele o sujeito principal dos estudos
sobre currculo real, ou seja, o que efetivamente acontece nas escolas e se prtica na
sala de aula. O professor quem transforma o saber a ser ensinado e em saber
aprendido, ao fundamental no processo de produo do conhecimento. Contedos,
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mtodos e avaliao constroem-se nesse cotidiano e nas relaes entre professores e
alunos. Efetivamente, no ofcio do professor um saber especfico constitudo, e a
ao docente no se identifica apenas com a de um tcnico ou de um reprodutor de
um saber produzido externamente.
2. Contedos e mtodos de ensino de Histria
O contexto da produo da Historia escolar significativo para identificar as relaes
entre diversos elementos constituintes da disciplina, ou seja, entre objetivos,
contedos explcitos e mtodos. A anlise da disciplina em sua longa durao visa
fornecer alguns indcios para a compreenso da permanncia de determinados
contedos tradicionais e do mtodo da memorizao, responsvel por um slogan
famoso da Histria escolar: uma matria decorativa por excelncia.
Memorizao no processo de aprendizagem
Um modelo de livro didtico muito utilizado em variadas escolas era o catecismo, e
muitos textos de Histria destinados a criana seguiam o mesmo molde. A Histria,
segundo o mtodo do catecismo, era representada por perguntas e respostas, e assim
os alunos deviam repetir oralmente, ou por escrito, exatamente as respostas do livro.
Como castigo, pela impreciso dos termos ou esquecimento de algumas palavras,
recebia a famosa palmatria ou frula. O sistema de avaliao era associado a
castigos fsicos.
Uma obra interessante, a Metodologia da Histria na aula primria, escrita, em1917,
pelo professor Jonathas Serrano da escola normal do Rio de Janeiro, indicava a
possibilidade de mudanas no mtodo do ensino de Histria para os alunos a partir de
sete anos. Sem deixar de exaltar o ensino da Histria ptria e o culto aos heris, o
autor considerava que para tornar mais eficiente a Histria biogrfica, era preciso
preparar melhor o professor. Este deveria escolher muito bem as narrativas que
pudessem despertar interesse dos alunos e tambm atentar para a importncia do uso
materiais, como mapas e gravuras.
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Estudos Sociais e os Mtodos Ativos
Os Estudos Sociais foram adotados em algumas escolas, denominadas experimentais
ou vocacionais, no decorrer da dcada de 60 do sculo XX, e, depois da reforma
educacional na fase da ditadura militar, pela lei 5.692 de agosto de 1971, na rea fio
introduzida em todo o sistema de ensino o qual ento passou a se chamar de
primeiro grau -, estendendo para as demais sries do antigo ginsio.
Estudos de Histria no secundrio
O nvel secundrio no Brasil caracterizou-se como um curso oferecido pelo setor
pblico no colgio Pedro II do Rio de Janeiro, capital do imprio e da repblica, em
Liceu Provncia, em Ginsios Estaduais Republicanos e pelo setor privado. A rede
particular de escolas, para esse nvel escolar, desempenhou e continua a
desempenhar importante papel, levando-se em conta que o secundrio foi criado para
atender formao dos setores de elite.
A Histria, tanto nas escolas pblicas como confessionais do sc. XIX, integrava o
currculo denominado de Humanismo Clssico, o qual se assentava no estudo das
lnguas, como destaque para o Latim, e tinha os textos da literatura clssica da
Antiguidade como modelo padro cultural. O currculo humanstico pressupunha uma
formao desprovida de qualquer utilidade imediata, mas era por intermdio dele que
se adquiriam marcas de presena a uma elite. Assim, o estudo do latim no visava
simplesmente formar um conhecedor de uma lngua antiga, mas servia para que o
jovem secundarista fizesse citaes e usasse expresses caractersticas de um grupo
social diferenciado do Povo Iletrado.
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A Histria e o currculo cientfico
A Histria integrou-se, nesse currculo, sem maiores problemas. Seus objetivos
continuaram ainda associados formao de uma elite, mas com tendncia mais
pragmticas. E a disciplina passou a ter uma funo pedaggica mais definida em
relao sua importncia na formao poltica dessa elite.
A Histria das civilizaes e a Histria do Brasil destinavam-se a operar como
formadoras da cidadania e da moral cvica. Um dos objetivos bsicos da Histria
escolar era a formao do Cidado poltico, que, em nosso caso, era o possuidor do
direito ao voto. A Histria do Brasil servia para possibilitar, s futuras geraes dos
setores de elite, informaes acerca de como conduzir a nao ao seu progresso, ao
seu destino de Grande Nao.
3. Nas atuais propostas curriculares
Renovaes curriculares
Os currculos escolares tem sido objetivo de muitas anlises que situam seu
significado poltico e social, e essa dimenso precisa ser entendida para
determinarmos o direcionamento da educao escolar e o papel que cada disciplina
tende a desempenhar na configurao de um conhecimento prprio da sociedade
contempornea.
No Brasil, as reformulaes curriculares iniciada no processo de democratizao, na
dcada de 80 do sculo XX, pautaram-se pelo atendimento s camadas populares,
como enfoques voltados para uma formao poltica que pressupunha o fortalecimento
da participao de todos os setores sociais no processo democrtico. Juntamente com
tais propsitos, foram introduzidos, nas diversas propostas que estavam sendo
elaboradas, tambm os projetos vinculados aos das polticas liberais, voltada pra os
interesse internacionais. Como parte da poltica federal, alinhado ao modelo liberal, o
MEC comprometeu-se realizar total reformulao curricular, que abarcasse todos os
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nveis de escolarizao do infantil ao superior, para atender aos novos pressupostos
educacionais.
Atualmente, a ideia de currculo concebida em todas as suas dimenses
distinguindo-se o currculo formal (o pr-ativo ou normativo), criado pelo poder estatal
o currculo real (ou interativo), correspondente ao que, efetivamente, realizado na
sala de aula por professores e alunos, e o currculo oculto constitudo por aes que
impem normas e comportamentos vividos nas escolas, mas sem registros oficiais,
tais como discriminaes tnicas e sexuais, valorizao do individualismo, ausncia ou
valorizao do trabalho coletivo, etc. Estudos recentes incluem, ainda, o currculo
avaliado, que se materializa pelas aes dos professores e das instituies ao
medirem o domnio dos contedos explcitos pelos alunos e incorpora valores no
apenas instrucionais, mas tambm educacionais, como as habilidades tcnicas e
prticas da cultura letrada.
Quanto s concepes de currculo, os autores mais importantes so: Ivor Goodson,
Michael Apple, Jimeno Sacristn, Antonio Flavio Moreira, Toms Tadeu da Silva e
Thomas Popkewitz.
Mtodos e novas tecnologias
As mudanas culturais provocadas pelos meios audiovisuais e pelos computadores
so inevitveis, pois geram sujeitos com novas habilidades e diferentes capacidade de
entender o mundo. Para analisar essas mudanas, h a exigncia de novas
interpretaes aos atuais meios de comunicao, que ultrapassem aquelas que os
consideram degenerescncias ou involuo. Interpretaes permeadas de preconceito
no possibilitam um entendimento das configuraes culturais emergentes e, portanto,
dificultam todo dialogo como o nosso aluno. Por outro lado, e este o mais importante
desafio para os professores, no se pode tambm ser ingnuo em relao a essa
nova cultura.
Portanto, os mtodos, nos processos de renovao curricular, relacionam-se a essa
srie de problemas do mundo tecnolgico, com o entendimento de que tais
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tecnologias no so inimigas, mas tambm no so produtos que podem ser
utilizados sem uma crtica profunda do que transmitem, das formas individualistas de
comunicao e de lazer que estabelecem, do fortalecimento do iderio que promove
uma submisso irrestrita ao domnio da mquina, como instrumento educativo,. O uso
de computadores, programas televisivos, filmes, jogos de vdeo game corresponde a
uma realidade da vida moderna com a qual crianas e jovens tem total identificao, e
tais suportes merecem ateno redobradas e mtodos rigorosos que formulem
prticas de uso no alienado.
Propostas curriculares para os diferentes nveis
a) Histria para alunos de primeira quarta srie.
As formulaes para o ensino de Histria a partir das sries ou ciclos iniciais do
ensino fundamental sofrem variaes, mas visam a ultrapassar limitao de uma
disciplina aprendida com base nos efeitos dos heris e dos grandes personagens,
apresentados em atividades cvicas e com figuras atemporais.
b) Histria para alunos de quinta oitava srie
As propostas para as sries ou ciclos finais do ensino fundamental matem, como
nas anteriores, a caracterizao disciplinar, ministrada por um professor
especialista. Dessa forma, os fundamentos tericos e metodolgicos so
apresentados de maneira que explicitem os pressupostos da Histria a ser
ensinada.
c) Histria para o Ensino Mdio
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A Histria proposta para o ensino mdio pelos PCN mantm a organizao dos
contedos por temas, mas sem elenc-los ou apresentar sugestes, como foi feito
para os demais nveis. Tem como preocupao maior aprofundar os conceitos
introduzidos a partir das sries iniciais e ampliar a capacidade do educando para o
domnio de mtodos da pesquisa histrica escolar, reforando o trabalho
pedaggico com propostas de leitura de bibliografia mais especfica sobre o tema
de estudo, e com possibilidade de dominar o processo de produo de
conhecimento histrico pelo uso mais intenso de fontes de diferentes naturezas.
No inclui, entre seus objetivos, a formao de um historiador, mas visa dar
condies de maior autonomia intelectual ante os diversos registros humanos,
assim como aprofundar o conhecimento histrico da sociedade contempornea.
Sobre os objetivos do ensino de Histria
Um dos objetivos centrais do ensino de Histria, na atualidade, relaciona-se sua
contribuio na constituio de identidades. A identidade nacional, nessa perspectiva
uma das identidades a serem constitudas pela Histria escolar, mas, por outro lado,
enfrenta ainda o desafio de ser entendida em suas relaes com o local e o mundial.
Temas para o ensino de Histria
A organizao de estudo de Histria por temas produz, assim, vrios problemas que
precisam ser esclarecidos. Um deles o de distinguir entre Histria temtica, tal qual
os historiadores a concebem na realizao de suas pesquisas, e Histria ensinada por
eixos temticos. Essa distino fundamental tem sido pouco explicitada nas propostas
curriculares, o que induz os vrios equvocos na prtica escolar.
A seleo temtica proposta pelos PCN visa a ultrapassar os problemas e sugere,
assim, a preocupao em discernir a Histria temtica, produzida pelos historiadores,
da Histria por eixos temticos ou temas geradores, produzida pelos currculos
escolares.
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Os temas de ensino de Histria propostos pelos PCN so, por outro lado articulados
aos temas transversais: meio ambiente, tica, pluralidade cultural, sade, educao
sexual, trabalho e consumo. Essa proposta de temas interdisciplinares gera novos
desafios para o ensino de Histria. Um deles articular os contedos tradicionais,
como os de uma Histria poltica ou econmica, com contedos caractersticos de
outras disciplinas, como o caso do meio ambiente ou questes de sade.
Mtodos e contedos escolares, uma relao necessria.
1) Contedos histricos
Contedos escolares e tendncias historiogrficas
a) Histria como narrativa: a Histria pode ser concebida como uma narrativa
de fatos passados. Conhecer o passado dos homens , por principio, uma
definio de Histria, e aos historiadores cabe recolher, por intermdio de uma
variedade de documentos, os fatos mais importantes, orden-los
cronologicamente e narr-los. A reconstituio do passado da nao por
intermdio de grandes personagens serviu como fundamento para a Histria
escolar, privilegiando-se estudos das aes polticas, militares e das guerras, e
a forma natural de apresentar a histria da nao era por intermdio de uma
narrativa.
b) De uma Histria econmica Histria social: no decorrer XX, a produo
historiogrfica passou a disputar espao com as novas cincias sociais que se
constituam na busca de compreenso da sociedade, especialmente a sociologia,
a antropologia e a economia. Como consequncia dessa disputa houve uma
renovao na produo Historiogrfica com paradigmas que visam ultrapassar o
Estoicismo. O historiador Seu Flamarem, ao sintetizar as tendncias desse
percurso Historiogrfico, identifica duas filiaes bsicas entre os anos de 1950 e
1968: escola dos Anlise e o dos Marxismo. O paradigma Marxista,
desenvolvido paralelamente ao do grupo dos Anlise, tem como princpio o carter
cientfico do conhecimento histrico, e o enfoque de sua anlise a estrutura e a
dinmica das sociedades humanas. A anlise Marxista parte das estruturas
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presentes com a finalidade de orientar a prxis social, e tais estruturas conduzem
percepo de fatores formados no passado cujo conhecimento til para
atuao na realidade hodierna. Existe assim uma vinculao epistemolgica
dialtica entre presente e passado.
c) Entra em cena a Histria cultural: a Histria cultural que atualmente procura
vincular a micro Histria com a macro Histria e tem sido conhecida como nova
Histria cultural, com propagao em escala mundial. Essa tendncia renovou a
Histria das mentalidades, e, sobretudo, a velha Histria das ideias, inserindo-as
em uma perspectiva sociocultural preocupada no apenas com o pensamento das
elites, mas tambm com as ideias e confrontos de ideias de todos os grupos
sociais.
d) Histria do tempo ou presente como Histria: para os pesquisadores da rea
de ensino de Histria, torna-se fundamental o domnio conceitual da Histria do
tempo presente, a fim de que o ensino da disciplina possa cumprir uma de suas
finalidades: libertar o aluno do tempo presente algo paradoxal primeira vista.
Essa aparente contradio ocorre porque o domnio de uma Histria presente
fornece contedos, mtodos de anlise do que est acontecendo e as
ferramentas intelectuais que possibilitam aos alunos a compreenso dos fatos
cotidianos desprovidos de mitos ou fatalismos desmobilizadores, alm de situar os
acontecimentos em um tempo histrico mais amplo, em uma durao que contribui
para a compreenso de uma situao imediata repleta de emoes.
Presente como Histria, ou tambm Histria imediata, tambm comentada nas
aulas de Histria quando acontecimentos mais trgicos so divulgados pela mdia,
como uma espcie de exigncia por parte do aluno e pelo prprio compromisso do
professor com a formao poltica deles. Entretanto, a Histria do tempo presente
possui exigncias metodolgicas e conceituais, para que no se transforme em
repeties de ensaio jornalstico pouco profundo nas anlises. Um ponto crucial
situar essa histria dentro do conceito de contemporneo e situar sua
periodizao. Com base no conceito de longa durao, pode se perceber que a
histria do presente tem outras escalas de tempo e espao.
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No que se refere ao tempo, a concepo de contemporneo est associada a uma
temporalidade de mudanas aceleradas, e, no que se refere ao espao, trata-se
pensar em uma Histria mundial.
Histria Nacional ou Mundial
a) Tendncias e perspectivas do ensino de Histria no Brasil
Os contedos de Histria do Brasil so apresentados, na maior parte dessas obras
escassamente. A diminuio dos contedos referentes ao Brasil explica-se, no pela
sua insero em uma Histria integrada, mas pela opo terica que continua
priorizando apenas as explicaes estruturais para as situaes nacionais ou
regionais. a Histria do Brasil aparece como um apndice da Histria Global. E sua
existncia deve ao desenvolvimento do capitalismo comercial,a partir da expanso
martima europeia. A macro Histria, pela lgica, a chave para a compreenso de
nossa condio de pas permanentemente perifrico do sistema econmico capitalista.
A Histria do Brasil precisa necessariamente ser e estar integrada Histria Mundial
para que seja entendida em suas articulaes como a Histria em escala mais ampla
em sua participao nela. A Histria mundial no pode estar limitada ao conhecimento
sobre a Histria do mundo, que na realidade a Histria da Europa. No se trata de
negar a importncia e o legado da Europa para a nossa Histria; trata-se, antes, de
no omitir outras Histrias de nossas heranas americanas e africanas.
b) Histria regional e nacional
A Histria regional passou a ser valorizada em virtude da possibilidade de
fornecimento de explicaes na configurao, transformao e representao social
do espao nacional, uma vez que a Historiografia nacional ressalta as semelhanas,
enquanto a regional trata das diferenas e da multiplicidade. A Histria regional
proporciona na dimenso do estudo do singular, um aprofundamento do conhecimento
sobre a Histria nacional, ao estabelecer relaes entre as situaes Histricas
diversas que constituem a nao.
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c) Cotidiano e Histria local
Os estudos da Histria do cotidiano conduziram historiadores franceses, brasileiros e
argentinos, entre outros, elaborao de coletneas sobre a Histria da vida privada,
tendo, entretanto, o cuidado de no situar os temas da vida cotidiana de forma isolada
dos contextos histricos e dos temas tradicionais. Por exemplo, os autores da obra
Historia da vida privada no Brasil advertem que a reconstituio de aspectos
cotidianos, e da vida privada, se fez no processo histrico da formao brasileira.
No se pretendeu a reconstituio de hbitos, gestos e amores como se estes nada
tivessem que ver com a organizao mais ampla da sociedade, da economia, do
estado.
A Histria local, por outro lado, tem sido elaborada por historiadores de diferentes
tipos. Polticos ou intelectuais de diversas provenincias tm se dedicado a escrever
Histrias locais com objetivos distintos, e tais autores geralmente so criadores de
memrias mais do que efetivamente de Histria. A memria sem duvida aspecto
relevante na configurao de uma Histria local tanto para historiadores quanto para
ensino.
d) Histria local ou Historia do lugar
A Histria do lugar como objetivo do estudo ganha, necessariamente, contornos
temporais e espaciais. No se trata, portanto, ao se proporem contedos escolares da
Histria local, de entend-los apenas na Histria do presente ou de determinado
passado, mas de procurar identificar a dinmica do lugar, as transformaes do
espao articular esse processo s relaes externas, a outros lugares.
Aprendizagens em Histria
O conhecimento histrico no se limita a apresentar o fato no tempo e no espao acompanhado de uma srie de documentos que comprovam sua existncia. preciso ligar o fato a temas e aos sujeitos que o produziam para busca uma explicao. E para explicar e interpretar os fatos, preciso uma anlise, que deve obedecer a determinados princpios.
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Nesse procedimento, so utilizados conceitos que organizam os fatos, tornando-os inteligveis. (Bittencourt, Circe)
A formao de conceitos: confronto entre Piaget e Vygotsky
Para Piaget, a apreenso dos conceitos s ocorrer quando houver uma maturao
interna e biolgica por parte do indivduo. Piaget no considera relevante a interao
do indivduo em seu meio social, ou seja, para este autor no importa a histria de
vida dos educandos.
Segundo Bittencourt, em contraposio s ideias piagetianas, encontramos as ideias
de Vygotsky que valoriza o conhecimento prvio do aluno, chamado de conhecimento
espontneo, e busca relacion-lo ao conhecimento cientfico, reconhecendo assim a
importncia da Escola na formao de conceitos, pois essa capacidade s se obtm
atravs da aprendizagem organizada e sistematizada.
Vygotsky, embora reconhea os estgios de desenvolvimento cognitivo, defende que a
formao de conceitos depende muito do meio social e da vida cotidiana de cada
criana. Portanto, para ele, a criana no aprende s na escola; preciso respeitar o
conceito prvio que o aluno possui e buscar aproximar essa bagagem de senso
comum ao conhecimento academicamente produzido de forma sistematizada.
Reflexes sobre o conhecimento prvio dos alunos.
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As novas interpretaes sobre a aprendizagem conceitual e a importncias das
interferncias sociais e culturais nesse processo erigiram o aluno e seu conhecimento
prvio como condio necessria para a construo de novos significados e
esquemas. Como consequncia, a psicologia social passou a contribuir para reflexo a
cerca das sequncias de aprendizagens, partindo do conhecimento prvio dos alunos.
No que se refere ao conhecimento histrico, essa posio torna-se ainda mais
relevante, levando em conta as experincias histricas vividas pelos alunos e as
apresentaes da Histria apresentada pela mdia cinema e televiso em particular -
por parte das crianas e dos jovens em seu cotidiano. A Histria escolar no pode
ignorar os conceitos espontneos formados por intermdio de tais experincias.
Conceitos fundamentais
a) Histria e conceitos: no exerccio do seu oficio, os historiadores empregam
conceitos especficos especialmente produzidos para a compreenso de
determinado perodo histrico. Segundo alguns historiadores existem as
noes histricas singulares, tais como renascimento, mercantilismo,
descobrimento da Amrica, feudos medievais, cruzadas, repblica velha.
Muitos dos conceitos criados pelos historiadores tornaram-se verdadeiras
entidades a designar povos, grupos scias, sociedades, naes: povos
brbaros, bandeirantes, colonato, donatrios das capitanias, patriciado
romano, democracia ateniense, mercadores. Esse conceito tem sido
consolidado pela comunidade de historiadores e so delimitados no tempo e no
espao. A histria escolar utiliza essas noes e conceitos com bastante
familiaridade, a ponto de acabarem por designar contedos programticos e
constiturem captulos de livros didticos.
b) Apreenso de conceitos histricos na escola: o conhecimento histrico
escolar, comparado ao historiogrfico, informaes e acrescenta o autor
francs Henri Moniote valores, especialmente os cvicos, que se relacionam
formao da cidadania.
As especificidades dos conceitos histricos, a ser apreendidos no processo de
escolarizao, tm conotaes prprias de formao intelectual e valorativa, e a
preciso conceitual torna-se fundamental para evitar deformaes ideolgicas. A
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Histria possui um contedo escolar que necessita estar articulado, desde o incio
da escolarizao, com os fundamentos tericos para evitar conotaes meramente
morais e de sedimentao de dogmas. Para Moniote, o ensino da disciplina
justia-se em todo o processo de escolarizao, se estiver aliado necessidade de
domnio e preciso de conceitos. Dessa concepo, vem suas criticas teoria
piagetiana dos estgios de desenvolvimento, a qual serviu para impedir o ensino
da Histria para crianas e jovens de determinadas faixas etrias.
Pilar Maetro, historiadora espanhola em seu texto Um nueva concepcion del
apredizage de la Histria critica as interpretaes e as pesquisas baseadas nas
concepes piagetianas, e afirma que a convico de impossibilidades de um
conhecimento slido da Histria escolar teve consequncias considerveis,
levando a disciplina a tornar-se um saber secundrio. Considera ainda que,
embora tenha havido interferncia de outros fatores para a criao dessa viso,
sobretudo o iderio de uma sociedade industrial e tecnocrtica, que proclama as
virtudes do conhecimento cientfico e tcnico, certo que esta teoria concedeu
respaldo cientfico a essa limitao distorcida do papel da Histria do currculo.
Conceitos histricos fundamentais (noo de tempo e de espao)
Uma reflexo inicial sobre as noes de tempo necessria para esclarecer as
especificidades do tempo histrico. H o tempo vivido, o tempo de experincia
individual: o tempo psicolgico os acontecimentos agradveis parecem passar
rpidos e os desagradveis parecem durar mais tempo.
O tempo vivido tambm o tempo biolgico que se manifesta nas etapas de vida
da infncia, adolescncia, idade adulta e velhice. Na nossa sociedade, o tempo
biolgico marcado por anos de vida geralmente comemorados nas festas de
aniversario, evidenciado em idades bem limitadas, que possibilitam a entrada na
escola, na vida adulta a maioridade -, o direito de votar, de dirigir automveis, o
alistamento militar... Em culturas indgenas, as passagens do tempo biolgico,
embora no sejam delimitadas por idades, tem marcas ritualsticas importantes,
-
realizadas por cerimnias que indicam as fases de crescimento e de novas
responsabilidades perante a comunidade.
O tempo concebido varia de acordo com as culturas e gera relaes diferentes
como o tempo vivido.
Na sociedade capitalista, tempo dinheiro, no se pode perder tempo, e as
pessoas so controladas pelo relgio. Para alguns grupos indgenas brasileiros, e
mesmo de outros lugares essa concepo, gera algumas perplexidades. Uma
delas receber dinheiro pelo tempo de trabalho, e no pelo produto realizado. Tal
procedimento provoca, vezes, a incompreenso de muitos povos indgenas que
trabalham como assalariados para os brancos e acolhem mal a ideia das oito
horas de trabalho, os feriados de domingos, uma vez que o tempo cclico o mais
significativo para eles, e indica outras formas de ordenar o trabalho ou mesmo o
descanso, o lazer, a festas, associando-o ao tempo da chuva, da seca, de plantar
e colher e dos respectivos rituais. A semana de sete dias no faz parte do tempo
indgena, das aldeias, bem como os anos, os meses, as mudanas dos fusos
horrios.
Historiadores e o tempo histrico
Tempo e espao constituem os materiais bsicos dos historiadores. De fato,
qualquer escrita da Histria fundamenta-se em uma dimenso temporal e espacial.
Um dos objetivos bsicos da Histria compreender o tempo vivido em outras
pocas e converter o passado em nossos tempos. A Histria prope-se reconstituir
o tempo, distante da experincia do presente e, assim, transform-lo em tempos
familiares para ns.
Tempo histrico e espao
Os historiadores, alm de se preocuparem em situar a aes humanas no tempo,
tm a tarefa de situ-las no espao. No se pode conceber um fazer humano
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separado do lugar onde esse fazer ocorre. O ambiente natural ou urbano, as
paisagens, o territrio, a trajetrias, os caminhos por terra e por mar so
necessariamente parte do conhecimento histrico. Mudanas dos espaos
realizadas pelos homens assim como as memrias de lugares tambm integram
esse conhecimento.
Tempo histrico e ensino
Tempo/Espao e mudana social.
Entre os conceitos histricos fundamentais destacam-se
a) o tempo histrico
b) o espao;
Mas ressaltamos que a cronologia se faz necessria, porm as crianas devem entender que existem outras temporalidades, que o tempo percebido pelas diversas sociedades de maneira diferente, importante ainda ressaltar a diferena entre tempo cronolgico de tempo histrico que igual a tempo vivido. Em suma importante que os alunos conheam a cronologia os marcos, porm no de uma forma rgida.
A Histria prope-se a reconstruir os tempos distantes da experincia do presente e
assim transform-los em tempos familiares para ns.
(...) Assim podemos considerar que a funo do professor possibilitar ao estudante
a reflexo sobre o presente pelo estudo do passado.
A prtica de ensino de Histria, com alunos de diversos nveis de escolarizao,
demonstrou alguns dos obstculos enfrentados pelo professores para efetivar essa
um dos objetivos bsicos da Histria compreender o tempo vivido de
outras pocas e converter o passado em nossos tempos.
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aprendizagem. O aspecto que estes destacaram, como a maior dificuldade dos alunos,
relaciona-se localizao ou identificao dos acontecimentos no tempo; mais
especificamente identificao dos sculos e do perodo antes do Cristo (a.C) e
depois de Cristo (d.C). E s dataes decorrentes dessa diviso temporal.
Verificou-se assim que o tempo histrico, ao qual os professores se referiam, limitava-
se a se ao tempo cronolgico.
Tempo era, portanto sinnimo de tempo histrico.
No caso do ensino do tempo cronolgico para as sries iniciais, interessante vincul-
los noo de gerao. Pais, avs, os vestgios do passado de pessoas ou familiares
mais velhos mostram um momento diferente do atual, revelando uma Histria e as
transformaes sociais possveis de serem percebidas nas relaes com o tempo
vivido da criana.
Procedimentos metodolgicos no ensino de Histria
Mtodos tradicionais versus Mtodos inovadores
Existe uma ligao entre o mtodo tradicional e uso de lousa, giz e livro didtico: o
aluno, em decorrncia da utilizao desse material, recebe de maneira passiva uma
carga de informaes que, por sua vez, passam a ser repetidas mecanicamente, de
forma oral ou por escrito, com base naquilo que foi copiado no caderno ou respondido
nos exerccios propostos pelos livros.
As mudanas de mtodos e contedos precisam ser entendidas luz da concepo
de tradio escolar, sendo necessrio perceber, por intermdio desse conceito, dois
aspectos fundamentais.
1. Cria-se a ideia de que em educao preciso sempre inventar a roda, embora
baste verificar que muito do que se pensa ser novo j foi experimentado muitas
outras vezes.
2. Entender que muito do tradicional deve ser mantido, porque a prtica escolar j
comprovou que muitos contedos e mtodos escolares tradicionais so
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importantes para a formao dos alunos e no convm que sejam abolidos ou
descartados em nome do novo.
Reflexes sobre o mtodo dialtico em situao pedaggica
O mtodo dialtico corresponde a um esforo para um progresso do conhecimento
que surge no confronto de teses opostas: o pr e o contra, o sim e o no, a afirmao
e a negao. O confronto das teses opostas possibilita a elaborao da crtica. Esse
mtodo pretende chegar ao conhecimento de determinado objetivo ou fenmeno
defrontado teses contrarias, divergentes. Tais teses, no entanto, no so apenas
divergentes; so opostas e por vezes contraditrias, e necessria qualidade que se
confrontam pelas contradies. Muito estudiosos, especialmente, os filsofos,
destacando-se os alemes Friedrich Hegel (1770-1831) e Karl Marx (1818-1883),
dedicaram-se explicitao do mtodo dialtico e de suas reflexes derivam muitos
estudos sobre a questo.
Um ponto inicial, ao se propor a introduo do mtodo dialtico no ensino, identificar
o objeto de estudo para os alunos e situ-los como um problema (com prs e contras)
a ser desvendado com a utilizao da anlise da decomposio de elementos, para
posteriormente esse objeto voltar a ser entendido como um todo.
Representaes sociais e princpios metodolgicos de pesquisa em sala de aula
A representao social entendida como uma modalidade particular de conhecimento.
O termo designa, ao mesmo tempo, o produto, o processo, os contedos de
conhecimento e os mecanismos de constituio e de funcionamento do produto.
Considerando a representao social na situao educacional, o fundamental
identificar os conhecimentos adquiridos pela experincia de vida, pela mdia etc. Que
estejam solidamente enraizados, porque so uma construo pela qual o jovem se
apropria do real, tornando-o inteligvel. Mas a representao social ultrapassa essa
atividade de conhecimento prtico e preenche igualmente uma funo de
comunicao. Ela permite s pessoas se inseriram em um grupo e realizarem trocas,
intervindo na definio individual e social, na forma pela qual o grupo se expressa. O
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jovem (adverte Denise Jodelet, outra estudiosa das representaes sociais) possui
domnio pertinente sobre numerosos objetos de estudo. Pertinente porque adaptado
aos problemas que ele teve de conhecer ou resolver, e no pertinente do ponto de
vista que a priori interessa ao professor, preocupado com o entendimento cientfico do
objeto ou, pelo menos, da matria ensinada. Aquele conhecimento tem, alem do mais,
um carter de autoridade, legitimidade, porque por meio dele que o indivduo
estabelece comunicao com o grupo ao qual pertence.
As representaes como instrumento de avaliao e diagnstico
Ao possibilitar, por intermdio de debates e discusses orais, e de respostas a
questionrios cuidadosamente preparados, a exposio das representaes sociais
dos alunos sobre determinado objeto, criam-se condies para que eles identifiquem
os diferentes tipos de conhecimento:
o proveniente da vivncia, das formas de comunicao diria que organizam
suas representaes sobre a realidade social (expressa notadamente pelas
expresses eu penso, eu acho, na minha opinio...),
e o conhecimento sobre essa mesma realidade proveniente do mtodo
cientfico.
Ademais, fazer emergirem as representaes sociais dos alunos sobre o objeto de
estudo, no decorrer das aulas, permite, ao professor, meios de avaliar os prprios
alunos e o curso em sua integralidade.
Procedimento metodolgico em prticas interdisciplinares
Meio ambiente e Histria
A Histria ambiental foi se constituindo basicamente em torno de um objetivo comum:
investigar como os homens, em diferentes sociedades, ao longo dos sculos, foram
afetados pelo meio ambiente, e, de maneira recproca, como o ambiente foi afetado
pelos homens. Os historiadores esclarecem que a Histria ambiental trata do papel e
do lugar da natureza na vida do homem Worster (1991). Vrios temas passaram a
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constitu-la e um levantamento parcial demonstra o crescimento da rea entre os
historiadores brasileiros, embora sejam os norte americanos e europeus os lderes
dessa produo.
A Histria do meio ambiente no Brasil fortaleceu-se com a contribuio de um norte
americano, o brasilianista Warren Dean, que em meados dos anos 80, se dedicou a
analisar a relao entre a sociedade e o meio ambiente no Brasil.
Interdisciplinaridade e prtica de ensino de Histria ambiental
Alguns princpios fundamentais que devem permear e estruturar as disciplinas
envolvidas em trabalho que se baseiam na concepo de conhecimento escolar
integrado. Para a educao ambiental, um dos princpios articuladores o da natureza
ser dinmica e no poder ser entendida como esttica, sendo necessrio perceb-la
em seu movimento. Outro principio aparentemente obvio, mas pouco explicito, o que
estabelece o homem como parte integrante da natureza.
Estudo do meio como prtica interdisciplinar
O estudo do meio uma prtica pedaggica que se caracteriza pela
interdisciplinaridade. Em relatos de escolas anarquistas de So Paulo do inicio do
sculo XX, j se nota a preocupao dos educadores da linha pedaggica de Ferrer
de colocar o aluno em contato com o meio social ou em situao de observao direta
dos fenmenos naturais, para lhe proporcionar um estudo mais interativo e envolvente.
O educador francs Celestin Freinet foi um dos ardentes defensores do estudo da
realidade prxima do aluno, sendo esta prtica uma das bases de seu mtodo.
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O estudo do meio orienta-se tambm para o atendimento da formao intelectual dos
alunos. Um objetivo central dessa prtica o desenvolvimento da capacidade de
observao do educando. A observao como procedimento de investigao em, um
estudo do meio, destacada por Ligia Possi (1993): observao simples,
observao participante e observao sistemtica.
Materiais Didticos: concepo e uso.
Materiais didticos para a Histria escolar
Para Bittencourt, o livro didtico e as imagens so interferidos por fatores mercadolgicos, tcnicos e editoriais. A pesquisadora ressalta que devido s imagens dos livros didticos brasileiros serem reprodues feitas por desenhistas, ( reduz os gastos), no apresenta informaes para a uma integral anlise.Por conceber as imagens como elementos importantes para a aprendizagem dos alunos, a autora assinala que os professores devem estar em alerta para as falhas que podem ter esse material didtico e a suas implicaes no aprendizado dos alunos. Ressalta ainda que as imagens no devam ser ferramentas decorativas, mas sim propiciadoras da apreenso e entendimento dos alunos sobre os assuntos. Bittencourt afirma que o professor deve ensinar ao seu aluno, a ler a imagem como objeto e como sujeito
Os suportes informativos correspondem a todo discurso produzido com a inteno de
comunicar elementos do saber das disciplinas escolares. Nesse sentido temos toda a
srie de publicaes de livros didticos e paradidticos, Atlas, dicionrios, apostilas,
cadernos, alem das produes de vdeo, CDS e DVDS e material de computador. Os
O estudo do meio um mtodo de investigao cujos
procedimentos se devem ater a dois aspectos iniciais. O primeiro
deles que esse mtodo um ponto de partida, no um fim em
si mesmo. O segundo que sua aplicao resulta sempre de um
projeto de estudo que integra ou parcial.
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suportes informativos pertencem ao setor da indstria cultural e so produzidos
especialmente para a escola, caracterizando por uma linguagem prpria, por um tipo
de construo tcnica que obedece a critrios de idade, vocabulrios, extenso e
formatao de acordo com princpios pedaggicos.
Material didtico: instrumento de controle curricular
Um aspecto fundamental a ser considerado em anlise sobre material didtico o
papel de instrumento e de controle do ensino por parte dos diversos agentes do poder.
Michel Apple, no artigo Controlando a forma do currculo, alerta para a relao entre
produo e consumo de material didtico e desqualificao do professor. O
despreparo do professor, resultante de cursos sem qualificao adequada, e as
condies de trabalho na escola, muitas vezes, favorecem, segundo o autor, uma
cultura mercantilizada que transforma cada vez mais a escola em um mercado
lucrativo para a indstria cultural, com oferta de materiais que so verdadeiros pacotes
educacionais.
Livro didtico: um objeto cultural complexo
A produo da literatura didtica tem sido objeto de preocupaes especiais de
autoridades governamentais, e os livros escolares sempre foram avaliados segundo
critrios especficos ao longo da Histria da educao. Os livros de Histria,
particularmente, tm sido vigiados tanto por rgos nacionais como internacionais,
sobretudo aps o fim da Segunda Guerra Mundial. A partir da segunda metade do
sculo passado, divulgam-se estudos crticos sobre os contedos escolares, nos quais
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eram visveis preconceitos, vises estereotipadas de grupos e populaes. Como se
tratava da fase ps-guerra, procurava-se evitar, por intermdio de suportes
educacionais, qualquer manifestao que favorecesse qualquer sentimento de
hostilidade entre os povos. Nessa perspectiva, a Histria foi uma das disciplinas mais
visadas pelas autoridades. Essa vigilncia visvel ainda na atualidade, como bem o
demonstra a imprensa peridica.
A familiaridade como o uso de livro didtico faz com que seja fcil identific-lo e
estabelecer distines entre ele e os demais livros. Entretanto, trata-se de objeto
cultural de difcil definio, por ser obra bastante complexa, caracterizada pela
interferncia de vrios sujeitos em sua produo, circulao e consumo. Pode
assumir funes diferentes, dependendo das condies, do lugar e do momento em
que produzido e utilizado nas diferentes situaes escolares. um objeto de
mltiplas facetas, e para sua elaborao existem muitas interferncias.
Entre livros didticos pesquisados, os de Histria tem sido os mais visados. Em estudo
recente sobre o predomnio de investigao da produo didtica nessa rea a partir
da segunda metade do sculo passado na Alemanha e na Europa em geral, a
historiadora Verena R Garcia destaca o papel poltico dos manuais escolares de
Histria, considerando-os verdadeiras autobiografias dos Estados modernos. Tendo
em vista o momento poltico do ps-guerra, perodo extremamente complexo para as
relaes entre pases participantes da Segunda Guerra Mundial - explica a
pesquisadora - houve a criao na Alemanha, de uma instituio encarregada de
revisar os manuais escolares. O objetivo inicial era detectar erros e preconceitos no
livro didticos por intermdio de estudos comparativos em escala internacional.
Caracterizao dos livros de Histria
Certas pesquisas sobre livros didticos permitem identificar algumas caracterstica
dessa produo e mostram que ela esta em processo de mudana.
Um dos mais importantes pesquisadores de livros didticos, o historiador francs Alain
Choppin, tem afirmado que os manuais esto, na atualidade, convertendo-se de uma
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ferramenta polifnica, com varias funes. As funes atuais do livro didtico so:
avaliar a aquisio dos saberes e competncias; oferecer uma documentao
completa provenientes de suportes diferentes; facilitar aos alunos a apropriao de
certos mtodos que possam ser usados em outras situaes e em outros contextos.
Do ponto de vista da forma, entre ns, os livros didticos tm sofrido muitas mudanas
nos ltimos anos, e se adaptado ao referencial do Programa Nacional do Livro
Didtico.
Os livros so produzidos em forma de colees, que se destinam s diferentes sries
do ensino fundamental e, obrigatoriamente, apresentam o livro do aluno e do
professor.
Sua importncia reside na explicitao e sistematizao de contedos histricos
provenientes das propostas curriculares e da produo historiogrfica. Autores e
editoras tm sempre, na elaborao dos livros, o desafio de criar esse vnculo.
Contedos pedaggicos
Os contedos tm outra caracterstica que precisa ser analisada: a articulao entre
informao e aprendizagem. A anlise do discurso veiculado pelo livro didtico
indissocivel dos contedos e tendncias historiogrficas de que portador.
Entretanto, deve-se levantar algumas questes sobre essa qualificao impositiva do
texto, ao se ater s relaes entre o contedo da disciplina e o contedo pedaggico.
importante perceber a concepo de conhecimento expressa no livro; alm de sua
capacidade de transmitir determinado acontecimento histrico, preciso identificar
como esse conhecimento deve ser aprendido. O conjunto de atividades contidas em
cada parte ou capitulo fornece as pistas para avaliar a qualidade do texto no que se
refere s possibilidades de apreenso do contedo pelos estudantes. O conhecimento
contido nos livros depende ainda da forma pela qual o professor o faz chegar ao aluno.
Prticas de leitura de livros didticos
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A utilizao do livro didtico pelos professores bastante diversa. Algumas das
pesquisas sobre esse tema revelam que no existe modelo definido e homogneo nas
prticas de leitura, conforme pressupunha muitas das anlises sobre a ideologia dos
contedos escolares das obras didticas.
o poder da ideologia reside em uma imposio sem mediaes e toda ideologia integralmente incorporada por alunos e professores. (?)
Embora no se possa negar e omitir o papel dos valores e da ideologia nas obras
didticas, as concluses de muitas das atuais pesquisas sobre as prticas de leitura
desse material tem apontado para a importncia das representaes sociais na
apreenso de seu contedo e mtodo. A recepo feita pelos os usurios variada,
at porque o pblico escolar no construdo por um grupo social homogneo.
Usos didticos de documentos
Os documentos tambm so materiais mais atrativos e estimulantes para os alunos e
esto associados aos mtodos ativos ou ao construtivismo, conforme algumas
justificativas de algumas propostas curriculares.
Mtodos de anlise de documentos
O primeiro passo o professor saber como o documento utilizado na investigao
do historiador, para, em seguida, poder apropriar-se do procedimento de anlise tendo
em vista outras situaes de estudos histricos.
A compreenso de um documento em toda sua complexidade deve tambm se pautar
pela reflexo de outro historiador.
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O uso de documentos nas aulas de Histria justifica-se pelas contribuies que pode
oferecer para o desenvolvimento do pensamento histrico. Uma delas facilitar a
compreenso do processo de produo do conhecimento histrico pelo entendimento
de que os vestgios do passado se encontram em diferentes lugares, fazem parte da
memria social e precisam ser preservados como patrimnio da sociedade.
Documentos escritos: jornais e literatura
Os documentos escritos so os mais comuns e os que, tradicionalmente, tm sido
usados por historiadores e professores nas aulas de Histria. No raro, encontramos
documentos, usados com fins pedaggicos, em muitos livros didticos, ou em
coletneas, que selecionam textos escritos de diferente natureza, tais como textos
legislativos, artigos de jornais e revistas de diferentes pocas, trechos literrios e, mais
recentemente, poemas e letras de msicas.
Literatura Como Um Documento Interdisciplinar
Romances, poemas, contos so textos que contribuem, pela sua prpria natureza,
para trabalhos interdisciplinares. O uso de textos literrios, por outras disciplinas, faz
parte de uma longa tradio escolar, que remonta a poca em que dominava o
perodo humanstico.
Atualmente, a literatura integra os contedos das aulas de Lngua Portuguesa, mas
tem sido utilizada por outras disciplinas, a ponto de existirem muitos exemplos de
atividades integradas entre duas ou mais tendo por base textos literrios. Para o caso
da Histria, o enlace como o ensino de literatura sempre desejvel. Muitas prticas
de ensino optam pelo relato de lendas a alunos das sries iniciais do ensino
fundamental como meio de introduzir conhecimentos histricos, alm de procurar
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favorecer o gosto pela leitura por intermdio de uma literatura adequada a essa faixa
etria.
Documentos Escritos Cannicos
Entre os documentos escritos, os produzidos pelo poder institucional so bastante
usuais na pesquisa historiogrfica, notadamente naquela afinada com a tradio de
uma Histria poltica que se preocupa com o poder institucional e privilegia o papel do
Estado nas transformaes histricas. O ensino de Histria pautado por essa linha no
se utilizou, no entanto, de documentos legislativos.
Em livros didticos, no comum encontrar documentos provenientes do poder
institucional para serem explorados do ponto de vista pedaggico. So