Instituto Politeacutecnico do PortoEscola Superior de Muacutesica e das Artes do Espectaacuteculo

Curso de Mestrado em Muacutesica Interpretaccedilatildeo ArtiacutesticaUnidade Curricular Repertoacuterio I

Discente Hugo Manuel Soares de BritoNordm 4040029Instrumento Violino

Assunto Apresentaccedilatildeo da Sonata N 1 em Sol menor BWV 1001 (Adaacutegio e Fuga) de J S Bach (1685-1750)

Data da apresentaccedilatildeo 17 de Dezembro de 2008 pelas 14h30 na sala 203

Abordagem ao cadernociclo das 3 Sonatas e 3 Partitas para Violino Solo de Bach

De nome original ldquoSei Solo ndash a violino senza basso accompagnatordquo estas 3 Sonatas e 3 Partitas compoem os BWV 1001 ndash 1006 As Sonatas satildeo de 4 andamentos ndash Introduccedilatildeo (Lento) Fuga (Raacutepido) Lento Raacutepido As Partitas satildeo conjuntos de danccedilas ndash cuja base eacute Allemanda Corrente Sarabande e Giga (surgem de forma suplementar outros andamentos)

Sonata Partita

Introduccedilatildeo (Lento) Allemanda (Lento) Fuga (Raacutepido) Corrente (Raacutepido)SicilianaAndanteLargo (Lento) Sarabande (Lento)

PrestoAllegroAllegro Assai (Raacutepido) Giga (Raacutepido) ()

Compostas em 1720 (morte da sua primeira mulher Maria Barbara) durante a sua estada em Koumlthen ao mesmo tempo que escreveu muacutesica de cacircmara muacutesica sacra e coral bem como alguns dos concertos de Brandanburgo Suites para Violoncelo e Concerto para dois violinosDesconhece-se os possiacuteveis distinataacuterios destas obras bem como quem as deveria tocar pela primeira vez No entanto existem algumas curiosidades acerca deste cadernos na sua macro-forma de composiccedilatildeo Analisando a estructura organologica do violino sabemos que as sua quatro cordas soltas satildeo Sol Reacute Laacute e Mi Em esquema

Esquema de composiccedilatildeo das ldquoSonatas amp Partitasrdquo

BWV 1001 BWV 1002 BWV 1003 BWV 1004 BWV 1005 BWV 1006Sol menor Si menor Laacute menor Reacute menor Doacute Maior Mi Maior

Este modelo de composiccedilatildeo por quintas perfeitas natildeo permite apenas tonaliades sem muitas alteraccedilotildees mas mais do que isso permite captar todas as ressonacircncias e vibraccedilotildees por simpatia do proprio instrumento

Como observou o historiador Tully Potter os habilidosos escritos de Bach conferem ao solo uma harmocircnia de onde derivam vozes implicitas que natildeo estatildeo realmente presentes A Musicoacuteloga Sidney Finkelstein concorda que Bach escreveu de forma a que o ouvinte possa preencher o plano subconsciente harmocircnico sem nunca ouvir a totalidade das notas que compotildeem as harmonias Ela aplaude a elegacircncia da escrita de Bach como uma inspiraccedilatildeo que gere a economia do discurso numa continuidade de sugestatildeo de meios teacutecnicos de execuccedilatildeo Assim os saltos de grande dimensatildeo natildeo compreendem uma generalizada melodia mas sim um conjunto de fragmentos de uma completa pontuaccedilatildeo polifoacutenica Bach daacute-nos pistas para ouvir um quarteto inteiro de som a partir de um uacutenico violino A gloacuteria de Bach eacute exigir que o ouvinte se envolva no processo de preenchimento dos sons e harmonias impliacutecitas com o objectivo de criar uma imagem sonora completa para a qual ele fornece as pistas suficientes Assim a muacutesica de Bach apenas superficialmente parece simples contudo a sua arte exige que o ouvinte participe no acto de criaccedilatildeo e reembolse o esforccedilo do violinista com uma contribuiccedilatildeo muito mais pessoal e um resultado mais satisfatoacuterio do que seria normalmente experimentado por um membro passivo de uma obra convencional Bernard Jacobson constatou com alguma ironia que soacute agora agrave luz das novas tendecircncias musicais estamos suficientemente livres da tirania da melodia harmonizada para sermos capazes de ouvir Bach da forma como ele tinha destinado

Eacute geralmente aceite que a intenccedilatildeo maciccedila dA Arte da Fuga deixada inacabada pelo seu falecimento seria um somatoacuterio de sua esteacutetica Talvez as Sonatas amp Partitas sejam uma heranccedila ainda mais recente um manual de instruccedilotildees precisas destinado a fornecer aos muacutesicos de geraccedilotildees futuras uma chave de autenticidade para manifestar toda a gloacuteria de um estilo que era tudo para Bach mas que de outra forma estariam definitivamente perdidos

Bach faz ainda em vida uma transcriccedilatildeo para Alauacutede - BWV 1000 - mas apoacutes a sua morte as transcriccedilotildees das Sonatas amp Partitas alargaram-se ao orgatildeo cravo guitarra piano saxofone clarinete violeta violoncelo acordeatildeo marimba e outros instrumentos de percussatildeo (lacircminas)

Duraccedilatildeo lugar e maneira do arpejado por Radu Ungureanu

Se na eacutepoca barroca a teacutecnica de arpejar acordes representava um ornamento (um meio de enriquecer e colorir a expressatildeo musical) hoje a execuccedilatildeo dos acordes em arpejado aparece mais como uma necessidade ditada pelas exigecircncias esteacuteticas e condicionada pelo violino e arco modernos

A velocidade do arpejado prende-se naturalmente com o tempo especiacutefico de cada andamento Um arpejado raacutepido utilizado num Largo ou Grave vai discordar com o caraacutecter do conteuacutedo musical assim como a tentativa de arpejar lentamente dentro dum movimento raacutepido vai ser difiacutecil de alcanccedilar aleacutem do perigo de alterar a estrutura riacutetmica envolvente

A tendecircncia de alguns instrumentistas do seacuteculo XX de executar o arpejado a par de outros ornamentos (apojaturas mordentes portamento) a partir do tempo eliminando a possibilidade de antecipaccedilatildeo pode ter vaacuterias causas nomeadamente recolocar tambeacutem a atenccedilatildeo sobre os tratados da eacutepoca

Autores como Quantz Marpurg C Ph E Bach Tuumlrk etc quando explicam o modo de execuccedilatildeo dos vaacuterios ornamentos e passam a transcrevecirc-los com notas reais colocam o ritmo destes a partir do tempo evitando as antecipaccedilotildees Mas essas referecircncias tentavam abranger todas as formas de muacutesica praticadas naqueles tempos ndash incluindo conjuntos onde tal tipo de ordem era essencial

A questatildeo de arpejar em obras destinadas ao violino solo eacute uma questatildeo bastante diferente Talvez a maior semelhanccedila a encontremos com o alauacutede ndash provavelmente um dos primeiros instrumentos a desenvolver duma maneira natural a teacutecnica do arpejado O cravo o oacutergatildeo e os outros teclados utilizavam com certeza arpejado desde tempos remotos ndash no entanto sem representar uma necessidade teacutecnica indispensaacutevel

Tratando-se de muacutesica destinada a um instrumento apenas (e apenas um inteacuterprete) tal facto tem um papel essencial para a questatildeo do arpejado porque permite vaacuterias liberdades temporais flexibilizando o discurso e abrindo perspectivas diferentes para a sua resoluccedilatildeo

Recapitulando temos agrave escolha duas alternativas para colocar temporalmente o arpejado1 no tempo e2 antes do tempo

Ex Adaacutegio da 1ordf Sonata BWV 1001

Aplicando isto ao fragmento do iniacutecio do Adaacutegio da 1ordf Sonata BWV1001 entendemos que na primeira versatildeo o arpejado vai gastar algum tempo do valor meloacutedico Entatildeo o sol2 do iniacutecio vai ficar com uma duraccedilatildeo algo inferior a uma O inconveniente natildeo parece muito grave jaacute que o poderiacuteamos remediar prolongando um pouco mais a duraccedilatildeo principal Tratando-se da 1ordf nota do discurso a pulsaccedilatildeo ainda natildeo estaacute definida e uma pequena suspensatildeo ateacute podia ser bem-vinda

No 3ordm tempo utilizando a mesma teacutecnica o sol1 ficaria tambeacutem com um valor reduzido (menos que ) Mas este sol1 representa uma dissonacircncia longa colocada no tempo principal Confrontando esta funccedilatildeo com a situaccedilatildeo praacutetica resultante ndash valor diminuiacutedo em comparaccedilatildeo com a nota principal (faacute 1) e colocaccedilatildeo depois do iniacutecio do tempo ndash parece longe demais do conceito de apojatura acentuada longa e portanto longe daquilo que o texto pretendia

Se tentaacutessemos resolver o problema do arpejado pela via da 2ordf versatildeo deparar-nos-iacuteamos com outro impasse antes dos acordes a arpejar (3ordm tempo do 1ordm compasso 1ordm tempo do 2ordm compasso) existem foacutermulas riacutetmicas com notas rapidiacutessimas que natildeo permitem minimamente disponibilizaccedilatildeo temporal para nenhum arpejado

Para conseguir encontrar uma soluccedilatildeo viaacutevel devemos considerar o elemento que acabou por se envolver neste problema o iniacutecio do tempo e a sua altura de execuccedilatildeo

Lembrando mais uma vez que se trata dum texto a solo que permite flexibilidade temporal resta-nos encontrar um novo modelo

Este modelo poderaacute ser constituiacutedo pelos seguintes pontos de referecircncia1 a nota de chegada do arpejado comeccedilaraacute na altura do iniacutecio do tempo que lhe eacute destinado2 a nota de chegada cumpriraacute inteiramente a duraccedilatildeo escrita

3 o arpejado ocorreraacute antes do tempo mas depois das eventuais foacutermulas riacutetmicas pertencentes ao tempo anterior

4 as foacutermulas riacutetmicas que antecipam o tempo com o acorde em questatildeo seratildeo executadas rigorosamente e na altura prevista pelo texto

A figura I apresenta graficamente a estrateacutegia interpretativa acima descrita aplicada ao fragmento do exemplo do Adaacutegio da 1ordf Sonata BWV 1001

Figura I

Como se pode observar a principal caracteriacutestica deste modelo consiste nos intervalos temporais complementares destinados ao arpejado sem alterar a duraccedilatildeo dos tempos

A coerecircncia a continuidade e a fluecircncia do discurso natildeo vatildeo sofrer nenhum prejuiacutezo devido ao condicionamento histoacuterico-musical do ouvinte Por outras palavras o conteuacutedo real do texto vai ser reconstituiacutedo dando continuidade e aceitando os momentos dos arpejandos como ldquotempos extrardquo que natildeo fazem parte das contas da pulsaccedilatildeo

Os requisitos essenciais a cumprir seratildeo sempre a) a confirmaccedilatildeo do iniacutecio do tempo com a devida intensidade aplicada agrave nota

correspondente eb) o cumprimento correcto do ritmo escrito dentro do tempo previsto

Por outro lado o arpejado natildeo necessita de constrangimento temporal qualquer que seja a sua velocidade en nada influenciaraacute a percepccedilatildeo riacutetmica do texto

Poreacutem natildeo seraacute decerto recomendaacutevel a utilizaccedilatildeo de arpejandos lentos nas fugas assim como seratildeo de evitar os raacutepidos nos andamentos lentos

Dentro do tempo disponiacutevel o arpejado pode ser executado de vaacuterias maneiras Entre elas o haacutebito frequente de o executar em apenas duas partes constituiacutedas cada uma por duplas representa para as 6 Sonatas e Partitas para Violino Solo a uacutenica maneira sem fundamento nenhum

O prestigiado musicoacutelogo David Boyden afirma laquoThere is no evidence whatever in the early eighteenth century of the modern practice of chord-breaking where the lower two notes of a four-part chord (for instance) are played just before the beat the upper two notes then being played on the beat and sustained as a double stopraquo1

A praacutetica de executar os acordes em duas partes como fica dito deve ter surgido bastante mais tarde ndash provavelmente nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX Nas Seis Sonatas para Violino Solo op 27 (1924) de Eugegravene Ysayumle por exemplo encontramos indicaccedilotildees sobre a execuccedilatildeo dos acordes e essa teacutecnica aparece sugerida entre outras vaacuterias

A funccedilatildeo do arpejado nas 6 Sonatas e Partitas para Violino Solo natildeo pode ser considerada como meio virtuosiacutestico nem coloriacutestico As razotildees que devem determinar a escolha da maneira de arpejar (cada som separado pares graduais Baixo separado e outras vozes juntas etc) seratildeo as de iacutendole contrapontiacutestica

1 David Boyden The Hystory of Violin playing from its origins to 1761 Oxford University Press 1990 New York p 436 laquoNatildeo haacute registro algum no princiacutepio do seacuteculo XVIII acerca da praacutetica moderna do arpejado onde as duas notas graves dum acorde de quatro notas (por ex) sejam tocadas antes do tempo sendo as outras duas superiores tocadas no tempo e sustentadas como cordas dobradasraquo

Gravaccedilotildees da Integral das 6 Sonatas amp Partitas BWV 1001-1006 de JSBach

Parte da obra tinham sido gravadas por Joseph Joachim em 1903 mas a primeira gravaccedilatildeo integral foi feita por Yehudi Menuhin em meados dos anos 30

bull Yehudi Menuhin 1934-1944 bull George Enescu 1948 bull Jascha Heifetz 1952 bull Joseph Szigeti 1956 bull Arthur Grumiaux 1961 bull Henryk Szeryng 1954 e 1967 bull Nathan Milstein 1956 e 1973 bull Jaap Schroumlder (Violino Barroco) bull Sigiswald Kuijken 1981 (Violino Barroco) bull Jean-Jacques Kantorow 1985 bull Itzhak Perlman 1988 bull Gidon Kremer 1980 e 2005 bull Lucy van Dael 1996 bull Ida Haendel 1996 bull Salvatore Accardo 1996 bull Vanessa-Mae 1996 bull Hilary Hahn 1997 (apenas BWV 1004ndash1006) bull Rachel Podger 1997-1999 (Violino Barroco) bull David Grimal 2000 bull Ingrid Matthews 2000 (Violino Barroco) bull John Holloway 2006 (Violino Barroco) bull Dmitry Sitkovetsky bull Oscar Shumsky bull Elizabeth Wallfisch (Violino Barroco) bull Monica Huggett (Violino Barroco) bull Thomas Zehetmair bull Shlomo Mintz bull Lara St John bull Christian Tetzlaff bull Julia Fischer 2005 (1750 Guadagnini) bull Wolfgang Schneiderhan Jan 1215 1955 (apenas BWV 1004) bull Emil Telmanyi (1954 com arco de Knud Vesterggard ndash Arco VegaBach)bull James Ehnes 2000 bull Richard Tognetti 2005 (1759 Guadagnini) bull Michael Vaiman 2006 (released 2008) bull Ilya Kaler 2006 (released 2006)

Gravaccedilotildees da Sonata BWV 1001 em Sol menor

bull Salvatore Accardo - Sonatas amp Partitas for Solo Violin bull Rachel Barton Pine - Solo Baroque bull Paul Beier - Werks for Lute VolII bull Patrick Bismuth - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Benedict Cruft - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Alex Deych - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Christiane Edinger - Sonatas and Partitas Vol 1 bull Eduardo Eguumlez - The Lute Music of JS Bach Volume 1 and Volume 2 bull James Ehnes - Six Sonatas amp Partitas for Solo Violin

Este modelo de composiccedilatildeo por quintas perfeitas natildeo permite apenas tonaliades sem muitas alteraccedilotildees mas mais do que isso permite captar todas as ressonacircncias e vibraccedilotildees por simpatia do proprio instrumento

Como observou o historiador Tully Potter os habilidosos escritos de Bach conferem ao solo uma harmocircnia de onde derivam vozes implicitas que natildeo estatildeo realmente presentes A Musicoacuteloga Sidney Finkelstein concorda que Bach escreveu de forma a que o ouvinte possa preencher o plano subconsciente harmocircnico sem nunca ouvir a totalidade das notas que compotildeem as harmonias Ela aplaude a elegacircncia da escrita de Bach como uma inspiraccedilatildeo que gere a economia do discurso numa continuidade de sugestatildeo de meios teacutecnicos de execuccedilatildeo Assim os saltos de grande dimensatildeo natildeo compreendem uma generalizada melodia mas sim um conjunto de fragmentos de uma completa pontuaccedilatildeo polifoacutenica Bach daacute-nos pistas para ouvir um quarteto inteiro de som a partir de um uacutenico violino A gloacuteria de Bach eacute exigir que o ouvinte se envolva no processo de preenchimento dos sons e harmonias impliacutecitas com o objectivo de criar uma imagem sonora completa para a qual ele fornece as pistas suficientes Assim a muacutesica de Bach apenas superficialmente parece simples contudo a sua arte exige que o ouvinte participe no acto de criaccedilatildeo e reembolse o esforccedilo do violinista com uma contribuiccedilatildeo muito mais pessoal e um resultado mais satisfatoacuterio do que seria normalmente experimentado por um membro passivo de uma obra convencional Bernard Jacobson constatou com alguma ironia que soacute agora agrave luz das novas tendecircncias musicais estamos suficientemente livres da tirania da melodia harmonizada para sermos capazes de ouvir Bach da forma como ele tinha destinado

Eacute geralmente aceite que a intenccedilatildeo maciccedila dA Arte da Fuga deixada inacabada pelo seu falecimento seria um somatoacuterio de sua esteacutetica Talvez as Sonatas amp Partitas sejam uma heranccedila ainda mais recente um manual de instruccedilotildees precisas destinado a fornecer aos muacutesicos de geraccedilotildees futuras uma chave de autenticidade para manifestar toda a gloacuteria de um estilo que era tudo para Bach mas que de outra forma estariam definitivamente perdidos

Bach faz ainda em vida uma transcriccedilatildeo para Alauacutede - BWV 1000 - mas apoacutes a sua morte as transcriccedilotildees das Sonatas amp Partitas alargaram-se ao orgatildeo cravo guitarra piano saxofone clarinete violeta violoncelo acordeatildeo marimba e outros instrumentos de percussatildeo (lacircminas)

Duraccedilatildeo lugar e maneira do arpejado por Radu Ungureanu

Se na eacutepoca barroca a teacutecnica de arpejar acordes representava um ornamento (um meio de enriquecer e colorir a expressatildeo musical) hoje a execuccedilatildeo dos acordes em arpejado aparece mais como uma necessidade ditada pelas exigecircncias esteacuteticas e condicionada pelo violino e arco modernos

A velocidade do arpejado prende-se naturalmente com o tempo especiacutefico de cada andamento Um arpejado raacutepido utilizado num Largo ou Grave vai discordar com o caraacutecter do conteuacutedo musical assim como a tentativa de arpejar lentamente dentro dum movimento raacutepido vai ser difiacutecil de alcanccedilar aleacutem do perigo de alterar a estrutura riacutetmica envolvente

A tendecircncia de alguns instrumentistas do seacuteculo XX de executar o arpejado a par de outros ornamentos (apojaturas mordentes portamento) a partir do tempo eliminando a possibilidade de antecipaccedilatildeo pode ter vaacuterias causas nomeadamente recolocar tambeacutem a atenccedilatildeo sobre os tratados da eacutepoca

Autores como Quantz Marpurg C Ph E Bach Tuumlrk etc quando explicam o modo de execuccedilatildeo dos vaacuterios ornamentos e passam a transcrevecirc-los com notas reais colocam o ritmo destes a partir do tempo evitando as antecipaccedilotildees Mas essas referecircncias tentavam abranger todas as formas de muacutesica praticadas naqueles tempos ndash incluindo conjuntos onde tal tipo de ordem era essencial

A questatildeo de arpejar em obras destinadas ao violino solo eacute uma questatildeo bastante diferente Talvez a maior semelhanccedila a encontremos com o alauacutede ndash provavelmente um dos primeiros instrumentos a desenvolver duma maneira natural a teacutecnica do arpejado O cravo o oacutergatildeo e os outros teclados utilizavam com certeza arpejado desde tempos remotos ndash no entanto sem representar uma necessidade teacutecnica indispensaacutevel

Tratando-se de muacutesica destinada a um instrumento apenas (e apenas um inteacuterprete) tal facto tem um papel essencial para a questatildeo do arpejado porque permite vaacuterias liberdades temporais flexibilizando o discurso e abrindo perspectivas diferentes para a sua resoluccedilatildeo

Recapitulando temos agrave escolha duas alternativas para colocar temporalmente o arpejado1 no tempo e2 antes do tempo

Ex Adaacutegio da 1ordf Sonata BWV 1001

Aplicando isto ao fragmento do iniacutecio do Adaacutegio da 1ordf Sonata BWV1001 entendemos que na primeira versatildeo o arpejado vai gastar algum tempo do valor meloacutedico Entatildeo o sol2 do iniacutecio vai ficar com uma duraccedilatildeo algo inferior a uma O inconveniente natildeo parece muito grave jaacute que o poderiacuteamos remediar prolongando um pouco mais a duraccedilatildeo principal Tratando-se da 1ordf nota do discurso a pulsaccedilatildeo ainda natildeo estaacute definida e uma pequena suspensatildeo ateacute podia ser bem-vinda

No 3ordm tempo utilizando a mesma teacutecnica o sol1 ficaria tambeacutem com um valor reduzido (menos que ) Mas este sol1 representa uma dissonacircncia longa colocada no tempo principal Confrontando esta funccedilatildeo com a situaccedilatildeo praacutetica resultante ndash valor diminuiacutedo em comparaccedilatildeo com a nota principal (faacute 1) e colocaccedilatildeo depois do iniacutecio do tempo ndash parece longe demais do conceito de apojatura acentuada longa e portanto longe daquilo que o texto pretendia

Se tentaacutessemos resolver o problema do arpejado pela via da 2ordf versatildeo deparar-nos-iacuteamos com outro impasse antes dos acordes a arpejar (3ordm tempo do 1ordm compasso 1ordm tempo do 2ordm compasso) existem foacutermulas riacutetmicas com notas rapidiacutessimas que natildeo permitem minimamente disponibilizaccedilatildeo temporal para nenhum arpejado

Para conseguir encontrar uma soluccedilatildeo viaacutevel devemos considerar o elemento que acabou por se envolver neste problema o iniacutecio do tempo e a sua altura de execuccedilatildeo

Lembrando mais uma vez que se trata dum texto a solo que permite flexibilidade temporal resta-nos encontrar um novo modelo

Este modelo poderaacute ser constituiacutedo pelos seguintes pontos de referecircncia1 a nota de chegada do arpejado comeccedilaraacute na altura do iniacutecio do tempo que lhe eacute destinado2 a nota de chegada cumpriraacute inteiramente a duraccedilatildeo escrita

3 o arpejado ocorreraacute antes do tempo mas depois das eventuais foacutermulas riacutetmicas pertencentes ao tempo anterior

4 as foacutermulas riacutetmicas que antecipam o tempo com o acorde em questatildeo seratildeo executadas rigorosamente e na altura prevista pelo texto

A figura I apresenta graficamente a estrateacutegia interpretativa acima descrita aplicada ao fragmento do exemplo do Adaacutegio da 1ordf Sonata BWV 1001

Figura I

Como se pode observar a principal caracteriacutestica deste modelo consiste nos intervalos temporais complementares destinados ao arpejado sem alterar a duraccedilatildeo dos tempos

A coerecircncia a continuidade e a fluecircncia do discurso natildeo vatildeo sofrer nenhum prejuiacutezo devido ao condicionamento histoacuterico-musical do ouvinte Por outras palavras o conteuacutedo real do texto vai ser reconstituiacutedo dando continuidade e aceitando os momentos dos arpejandos como ldquotempos extrardquo que natildeo fazem parte das contas da pulsaccedilatildeo

Os requisitos essenciais a cumprir seratildeo sempre a) a confirmaccedilatildeo do iniacutecio do tempo com a devida intensidade aplicada agrave nota

correspondente eb) o cumprimento correcto do ritmo escrito dentro do tempo previsto

Por outro lado o arpejado natildeo necessita de constrangimento temporal qualquer que seja a sua velocidade en nada influenciaraacute a percepccedilatildeo riacutetmica do texto

Poreacutem natildeo seraacute decerto recomendaacutevel a utilizaccedilatildeo de arpejandos lentos nas fugas assim como seratildeo de evitar os raacutepidos nos andamentos lentos

Dentro do tempo disponiacutevel o arpejado pode ser executado de vaacuterias maneiras Entre elas o haacutebito frequente de o executar em apenas duas partes constituiacutedas cada uma por duplas representa para as 6 Sonatas e Partitas para Violino Solo a uacutenica maneira sem fundamento nenhum

O prestigiado musicoacutelogo David Boyden afirma laquoThere is no evidence whatever in the early eighteenth century of the modern practice of chord-breaking where the lower two notes of a four-part chord (for instance) are played just before the beat the upper two notes then being played on the beat and sustained as a double stopraquo1

A praacutetica de executar os acordes em duas partes como fica dito deve ter surgido bastante mais tarde ndash provavelmente nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX Nas Seis Sonatas para Violino Solo op 27 (1924) de Eugegravene Ysayumle por exemplo encontramos indicaccedilotildees sobre a execuccedilatildeo dos acordes e essa teacutecnica aparece sugerida entre outras vaacuterias

A funccedilatildeo do arpejado nas 6 Sonatas e Partitas para Violino Solo natildeo pode ser considerada como meio virtuosiacutestico nem coloriacutestico As razotildees que devem determinar a escolha da maneira de arpejar (cada som separado pares graduais Baixo separado e outras vozes juntas etc) seratildeo as de iacutendole contrapontiacutestica

1 David Boyden The Hystory of Violin playing from its origins to 1761 Oxford University Press 1990 New York p 436 laquoNatildeo haacute registro algum no princiacutepio do seacuteculo XVIII acerca da praacutetica moderna do arpejado onde as duas notas graves dum acorde de quatro notas (por ex) sejam tocadas antes do tempo sendo as outras duas superiores tocadas no tempo e sustentadas como cordas dobradasraquo

Gravaccedilotildees da Integral das 6 Sonatas amp Partitas BWV 1001-1006 de JSBach

Parte da obra tinham sido gravadas por Joseph Joachim em 1903 mas a primeira gravaccedilatildeo integral foi feita por Yehudi Menuhin em meados dos anos 30

bull Yehudi Menuhin 1934-1944 bull George Enescu 1948 bull Jascha Heifetz 1952 bull Joseph Szigeti 1956 bull Arthur Grumiaux 1961 bull Henryk Szeryng 1954 e 1967 bull Nathan Milstein 1956 e 1973 bull Jaap Schroumlder (Violino Barroco) bull Sigiswald Kuijken 1981 (Violino Barroco) bull Jean-Jacques Kantorow 1985 bull Itzhak Perlman 1988 bull Gidon Kremer 1980 e 2005 bull Lucy van Dael 1996 bull Ida Haendel 1996 bull Salvatore Accardo 1996 bull Vanessa-Mae 1996 bull Hilary Hahn 1997 (apenas BWV 1004ndash1006) bull Rachel Podger 1997-1999 (Violino Barroco) bull David Grimal 2000 bull Ingrid Matthews 2000 (Violino Barroco) bull John Holloway 2006 (Violino Barroco) bull Dmitry Sitkovetsky bull Oscar Shumsky bull Elizabeth Wallfisch (Violino Barroco) bull Monica Huggett (Violino Barroco) bull Thomas Zehetmair bull Shlomo Mintz bull Lara St John bull Christian Tetzlaff bull Julia Fischer 2005 (1750 Guadagnini) bull Wolfgang Schneiderhan Jan 1215 1955 (apenas BWV 1004) bull Emil Telmanyi (1954 com arco de Knud Vesterggard ndash Arco VegaBach)bull James Ehnes 2000 bull Richard Tognetti 2005 (1759 Guadagnini) bull Michael Vaiman 2006 (released 2008) bull Ilya Kaler 2006 (released 2006)

Gravaccedilotildees da Sonata BWV 1001 em Sol menor

bull Salvatore Accardo - Sonatas amp Partitas for Solo Violin bull Rachel Barton Pine - Solo Baroque bull Paul Beier - Werks for Lute VolII bull Patrick Bismuth - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Benedict Cruft - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Alex Deych - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Christiane Edinger - Sonatas and Partitas Vol 1 bull Eduardo Eguumlez - The Lute Music of JS Bach Volume 1 and Volume 2 bull James Ehnes - Six Sonatas amp Partitas for Solo Violin

A tendecircncia de alguns instrumentistas do seacuteculo XX de executar o arpejado a par de outros ornamentos (apojaturas mordentes portamento) a partir do tempo eliminando a possibilidade de antecipaccedilatildeo pode ter vaacuterias causas nomeadamente recolocar tambeacutem a atenccedilatildeo sobre os tratados da eacutepoca

Autores como Quantz Marpurg C Ph E Bach Tuumlrk etc quando explicam o modo de execuccedilatildeo dos vaacuterios ornamentos e passam a transcrevecirc-los com notas reais colocam o ritmo destes a partir do tempo evitando as antecipaccedilotildees Mas essas referecircncias tentavam abranger todas as formas de muacutesica praticadas naqueles tempos ndash incluindo conjuntos onde tal tipo de ordem era essencial

A questatildeo de arpejar em obras destinadas ao violino solo eacute uma questatildeo bastante diferente Talvez a maior semelhanccedila a encontremos com o alauacutede ndash provavelmente um dos primeiros instrumentos a desenvolver duma maneira natural a teacutecnica do arpejado O cravo o oacutergatildeo e os outros teclados utilizavam com certeza arpejado desde tempos remotos ndash no entanto sem representar uma necessidade teacutecnica indispensaacutevel

Tratando-se de muacutesica destinada a um instrumento apenas (e apenas um inteacuterprete) tal facto tem um papel essencial para a questatildeo do arpejado porque permite vaacuterias liberdades temporais flexibilizando o discurso e abrindo perspectivas diferentes para a sua resoluccedilatildeo

Recapitulando temos agrave escolha duas alternativas para colocar temporalmente o arpejado1 no tempo e2 antes do tempo

Ex Adaacutegio da 1ordf Sonata BWV 1001

Aplicando isto ao fragmento do iniacutecio do Adaacutegio da 1ordf Sonata BWV1001 entendemos que na primeira versatildeo o arpejado vai gastar algum tempo do valor meloacutedico Entatildeo o sol2 do iniacutecio vai ficar com uma duraccedilatildeo algo inferior a uma O inconveniente natildeo parece muito grave jaacute que o poderiacuteamos remediar prolongando um pouco mais a duraccedilatildeo principal Tratando-se da 1ordf nota do discurso a pulsaccedilatildeo ainda natildeo estaacute definida e uma pequena suspensatildeo ateacute podia ser bem-vinda

No 3ordm tempo utilizando a mesma teacutecnica o sol1 ficaria tambeacutem com um valor reduzido (menos que ) Mas este sol1 representa uma dissonacircncia longa colocada no tempo principal Confrontando esta funccedilatildeo com a situaccedilatildeo praacutetica resultante ndash valor diminuiacutedo em comparaccedilatildeo com a nota principal (faacute 1) e colocaccedilatildeo depois do iniacutecio do tempo ndash parece longe demais do conceito de apojatura acentuada longa e portanto longe daquilo que o texto pretendia

Se tentaacutessemos resolver o problema do arpejado pela via da 2ordf versatildeo deparar-nos-iacuteamos com outro impasse antes dos acordes a arpejar (3ordm tempo do 1ordm compasso 1ordm tempo do 2ordm compasso) existem foacutermulas riacutetmicas com notas rapidiacutessimas que natildeo permitem minimamente disponibilizaccedilatildeo temporal para nenhum arpejado

Para conseguir encontrar uma soluccedilatildeo viaacutevel devemos considerar o elemento que acabou por se envolver neste problema o iniacutecio do tempo e a sua altura de execuccedilatildeo

Lembrando mais uma vez que se trata dum texto a solo que permite flexibilidade temporal resta-nos encontrar um novo modelo

Este modelo poderaacute ser constituiacutedo pelos seguintes pontos de referecircncia1 a nota de chegada do arpejado comeccedilaraacute na altura do iniacutecio do tempo que lhe eacute destinado2 a nota de chegada cumpriraacute inteiramente a duraccedilatildeo escrita

3 o arpejado ocorreraacute antes do tempo mas depois das eventuais foacutermulas riacutetmicas pertencentes ao tempo anterior

4 as foacutermulas riacutetmicas que antecipam o tempo com o acorde em questatildeo seratildeo executadas rigorosamente e na altura prevista pelo texto

A figura I apresenta graficamente a estrateacutegia interpretativa acima descrita aplicada ao fragmento do exemplo do Adaacutegio da 1ordf Sonata BWV 1001

Figura I

Como se pode observar a principal caracteriacutestica deste modelo consiste nos intervalos temporais complementares destinados ao arpejado sem alterar a duraccedilatildeo dos tempos

A coerecircncia a continuidade e a fluecircncia do discurso natildeo vatildeo sofrer nenhum prejuiacutezo devido ao condicionamento histoacuterico-musical do ouvinte Por outras palavras o conteuacutedo real do texto vai ser reconstituiacutedo dando continuidade e aceitando os momentos dos arpejandos como ldquotempos extrardquo que natildeo fazem parte das contas da pulsaccedilatildeo

Os requisitos essenciais a cumprir seratildeo sempre a) a confirmaccedilatildeo do iniacutecio do tempo com a devida intensidade aplicada agrave nota

correspondente eb) o cumprimento correcto do ritmo escrito dentro do tempo previsto

Por outro lado o arpejado natildeo necessita de constrangimento temporal qualquer que seja a sua velocidade en nada influenciaraacute a percepccedilatildeo riacutetmica do texto

Poreacutem natildeo seraacute decerto recomendaacutevel a utilizaccedilatildeo de arpejandos lentos nas fugas assim como seratildeo de evitar os raacutepidos nos andamentos lentos

Dentro do tempo disponiacutevel o arpejado pode ser executado de vaacuterias maneiras Entre elas o haacutebito frequente de o executar em apenas duas partes constituiacutedas cada uma por duplas representa para as 6 Sonatas e Partitas para Violino Solo a uacutenica maneira sem fundamento nenhum

O prestigiado musicoacutelogo David Boyden afirma laquoThere is no evidence whatever in the early eighteenth century of the modern practice of chord-breaking where the lower two notes of a four-part chord (for instance) are played just before the beat the upper two notes then being played on the beat and sustained as a double stopraquo1

A praacutetica de executar os acordes em duas partes como fica dito deve ter surgido bastante mais tarde ndash provavelmente nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX Nas Seis Sonatas para Violino Solo op 27 (1924) de Eugegravene Ysayumle por exemplo encontramos indicaccedilotildees sobre a execuccedilatildeo dos acordes e essa teacutecnica aparece sugerida entre outras vaacuterias

A funccedilatildeo do arpejado nas 6 Sonatas e Partitas para Violino Solo natildeo pode ser considerada como meio virtuosiacutestico nem coloriacutestico As razotildees que devem determinar a escolha da maneira de arpejar (cada som separado pares graduais Baixo separado e outras vozes juntas etc) seratildeo as de iacutendole contrapontiacutestica

1 David Boyden The Hystory of Violin playing from its origins to 1761 Oxford University Press 1990 New York p 436 laquoNatildeo haacute registro algum no princiacutepio do seacuteculo XVIII acerca da praacutetica moderna do arpejado onde as duas notas graves dum acorde de quatro notas (por ex) sejam tocadas antes do tempo sendo as outras duas superiores tocadas no tempo e sustentadas como cordas dobradasraquo

Gravaccedilotildees da Integral das 6 Sonatas amp Partitas BWV 1001-1006 de JSBach

Parte da obra tinham sido gravadas por Joseph Joachim em 1903 mas a primeira gravaccedilatildeo integral foi feita por Yehudi Menuhin em meados dos anos 30

bull Yehudi Menuhin 1934-1944 bull George Enescu 1948 bull Jascha Heifetz 1952 bull Joseph Szigeti 1956 bull Arthur Grumiaux 1961 bull Henryk Szeryng 1954 e 1967 bull Nathan Milstein 1956 e 1973 bull Jaap Schroumlder (Violino Barroco) bull Sigiswald Kuijken 1981 (Violino Barroco) bull Jean-Jacques Kantorow 1985 bull Itzhak Perlman 1988 bull Gidon Kremer 1980 e 2005 bull Lucy van Dael 1996 bull Ida Haendel 1996 bull Salvatore Accardo 1996 bull Vanessa-Mae 1996 bull Hilary Hahn 1997 (apenas BWV 1004ndash1006) bull Rachel Podger 1997-1999 (Violino Barroco) bull David Grimal 2000 bull Ingrid Matthews 2000 (Violino Barroco) bull John Holloway 2006 (Violino Barroco) bull Dmitry Sitkovetsky bull Oscar Shumsky bull Elizabeth Wallfisch (Violino Barroco) bull Monica Huggett (Violino Barroco) bull Thomas Zehetmair bull Shlomo Mintz bull Lara St John bull Christian Tetzlaff bull Julia Fischer 2005 (1750 Guadagnini) bull Wolfgang Schneiderhan Jan 1215 1955 (apenas BWV 1004) bull Emil Telmanyi (1954 com arco de Knud Vesterggard ndash Arco VegaBach)bull James Ehnes 2000 bull Richard Tognetti 2005 (1759 Guadagnini) bull Michael Vaiman 2006 (released 2008) bull Ilya Kaler 2006 (released 2006)

Gravaccedilotildees da Sonata BWV 1001 em Sol menor

bull Salvatore Accardo - Sonatas amp Partitas for Solo Violin bull Rachel Barton Pine - Solo Baroque bull Paul Beier - Werks for Lute VolII bull Patrick Bismuth - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Benedict Cruft - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Alex Deych - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Christiane Edinger - Sonatas and Partitas Vol 1 bull Eduardo Eguumlez - The Lute Music of JS Bach Volume 1 and Volume 2 bull James Ehnes - Six Sonatas amp Partitas for Solo Violin

3 o arpejado ocorreraacute antes do tempo mas depois das eventuais foacutermulas riacutetmicas pertencentes ao tempo anterior

4 as foacutermulas riacutetmicas que antecipam o tempo com o acorde em questatildeo seratildeo executadas rigorosamente e na altura prevista pelo texto

A figura I apresenta graficamente a estrateacutegia interpretativa acima descrita aplicada ao fragmento do exemplo do Adaacutegio da 1ordf Sonata BWV 1001

Figura I

Como se pode observar a principal caracteriacutestica deste modelo consiste nos intervalos temporais complementares destinados ao arpejado sem alterar a duraccedilatildeo dos tempos

A coerecircncia a continuidade e a fluecircncia do discurso natildeo vatildeo sofrer nenhum prejuiacutezo devido ao condicionamento histoacuterico-musical do ouvinte Por outras palavras o conteuacutedo real do texto vai ser reconstituiacutedo dando continuidade e aceitando os momentos dos arpejandos como ldquotempos extrardquo que natildeo fazem parte das contas da pulsaccedilatildeo

Os requisitos essenciais a cumprir seratildeo sempre a) a confirmaccedilatildeo do iniacutecio do tempo com a devida intensidade aplicada agrave nota

correspondente eb) o cumprimento correcto do ritmo escrito dentro do tempo previsto

Por outro lado o arpejado natildeo necessita de constrangimento temporal qualquer que seja a sua velocidade en nada influenciaraacute a percepccedilatildeo riacutetmica do texto

Poreacutem natildeo seraacute decerto recomendaacutevel a utilizaccedilatildeo de arpejandos lentos nas fugas assim como seratildeo de evitar os raacutepidos nos andamentos lentos

Dentro do tempo disponiacutevel o arpejado pode ser executado de vaacuterias maneiras Entre elas o haacutebito frequente de o executar em apenas duas partes constituiacutedas cada uma por duplas representa para as 6 Sonatas e Partitas para Violino Solo a uacutenica maneira sem fundamento nenhum

O prestigiado musicoacutelogo David Boyden afirma laquoThere is no evidence whatever in the early eighteenth century of the modern practice of chord-breaking where the lower two notes of a four-part chord (for instance) are played just before the beat the upper two notes then being played on the beat and sustained as a double stopraquo1

A praacutetica de executar os acordes em duas partes como fica dito deve ter surgido bastante mais tarde ndash provavelmente nas primeiras deacutecadas do seacuteculo XX Nas Seis Sonatas para Violino Solo op 27 (1924) de Eugegravene Ysayumle por exemplo encontramos indicaccedilotildees sobre a execuccedilatildeo dos acordes e essa teacutecnica aparece sugerida entre outras vaacuterias

A funccedilatildeo do arpejado nas 6 Sonatas e Partitas para Violino Solo natildeo pode ser considerada como meio virtuosiacutestico nem coloriacutestico As razotildees que devem determinar a escolha da maneira de arpejar (cada som separado pares graduais Baixo separado e outras vozes juntas etc) seratildeo as de iacutendole contrapontiacutestica

1 David Boyden The Hystory of Violin playing from its origins to 1761 Oxford University Press 1990 New York p 436 laquoNatildeo haacute registro algum no princiacutepio do seacuteculo XVIII acerca da praacutetica moderna do arpejado onde as duas notas graves dum acorde de quatro notas (por ex) sejam tocadas antes do tempo sendo as outras duas superiores tocadas no tempo e sustentadas como cordas dobradasraquo

Gravaccedilotildees da Integral das 6 Sonatas amp Partitas BWV 1001-1006 de JSBach

Parte da obra tinham sido gravadas por Joseph Joachim em 1903 mas a primeira gravaccedilatildeo integral foi feita por Yehudi Menuhin em meados dos anos 30

bull Yehudi Menuhin 1934-1944 bull George Enescu 1948 bull Jascha Heifetz 1952 bull Joseph Szigeti 1956 bull Arthur Grumiaux 1961 bull Henryk Szeryng 1954 e 1967 bull Nathan Milstein 1956 e 1973 bull Jaap Schroumlder (Violino Barroco) bull Sigiswald Kuijken 1981 (Violino Barroco) bull Jean-Jacques Kantorow 1985 bull Itzhak Perlman 1988 bull Gidon Kremer 1980 e 2005 bull Lucy van Dael 1996 bull Ida Haendel 1996 bull Salvatore Accardo 1996 bull Vanessa-Mae 1996 bull Hilary Hahn 1997 (apenas BWV 1004ndash1006) bull Rachel Podger 1997-1999 (Violino Barroco) bull David Grimal 2000 bull Ingrid Matthews 2000 (Violino Barroco) bull John Holloway 2006 (Violino Barroco) bull Dmitry Sitkovetsky bull Oscar Shumsky bull Elizabeth Wallfisch (Violino Barroco) bull Monica Huggett (Violino Barroco) bull Thomas Zehetmair bull Shlomo Mintz bull Lara St John bull Christian Tetzlaff bull Julia Fischer 2005 (1750 Guadagnini) bull Wolfgang Schneiderhan Jan 1215 1955 (apenas BWV 1004) bull Emil Telmanyi (1954 com arco de Knud Vesterggard ndash Arco VegaBach)bull James Ehnes 2000 bull Richard Tognetti 2005 (1759 Guadagnini) bull Michael Vaiman 2006 (released 2008) bull Ilya Kaler 2006 (released 2006)

Gravaccedilotildees da Sonata BWV 1001 em Sol menor

bull Salvatore Accardo - Sonatas amp Partitas for Solo Violin bull Rachel Barton Pine - Solo Baroque bull Paul Beier - Werks for Lute VolII bull Patrick Bismuth - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Benedict Cruft - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Alex Deych - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Christiane Edinger - Sonatas and Partitas Vol 1 bull Eduardo Eguumlez - The Lute Music of JS Bach Volume 1 and Volume 2 bull James Ehnes - Six Sonatas amp Partitas for Solo Violin

Gravaccedilotildees da Integral das 6 Sonatas amp Partitas BWV 1001-1006 de JSBach

Parte da obra tinham sido gravadas por Joseph Joachim em 1903 mas a primeira gravaccedilatildeo integral foi feita por Yehudi Menuhin em meados dos anos 30

bull Yehudi Menuhin 1934-1944 bull George Enescu 1948 bull Jascha Heifetz 1952 bull Joseph Szigeti 1956 bull Arthur Grumiaux 1961 bull Henryk Szeryng 1954 e 1967 bull Nathan Milstein 1956 e 1973 bull Jaap Schroumlder (Violino Barroco) bull Sigiswald Kuijken 1981 (Violino Barroco) bull Jean-Jacques Kantorow 1985 bull Itzhak Perlman 1988 bull Gidon Kremer 1980 e 2005 bull Lucy van Dael 1996 bull Ida Haendel 1996 bull Salvatore Accardo 1996 bull Vanessa-Mae 1996 bull Hilary Hahn 1997 (apenas BWV 1004ndash1006) bull Rachel Podger 1997-1999 (Violino Barroco) bull David Grimal 2000 bull Ingrid Matthews 2000 (Violino Barroco) bull John Holloway 2006 (Violino Barroco) bull Dmitry Sitkovetsky bull Oscar Shumsky bull Elizabeth Wallfisch (Violino Barroco) bull Monica Huggett (Violino Barroco) bull Thomas Zehetmair bull Shlomo Mintz bull Lara St John bull Christian Tetzlaff bull Julia Fischer 2005 (1750 Guadagnini) bull Wolfgang Schneiderhan Jan 1215 1955 (apenas BWV 1004) bull Emil Telmanyi (1954 com arco de Knud Vesterggard ndash Arco VegaBach)bull James Ehnes 2000 bull Richard Tognetti 2005 (1759 Guadagnini) bull Michael Vaiman 2006 (released 2008) bull Ilya Kaler 2006 (released 2006)

Gravaccedilotildees da Sonata BWV 1001 em Sol menor

bull Salvatore Accardo - Sonatas amp Partitas for Solo Violin bull Rachel Barton Pine - Solo Baroque bull Paul Beier - Werks for Lute VolII bull Patrick Bismuth - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Benedict Cruft - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Alex Deych - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Christiane Edinger - Sonatas and Partitas Vol 1 bull Eduardo Eguumlez - The Lute Music of JS Bach Volume 1 and Volume 2 bull James Ehnes - Six Sonatas amp Partitas for Solo Violin

bull George Enescu - Bach Violin Concerto No 2 in E bull George Enescu - Enesco Plays Bach Sonatas bull George Enescu - George Enescu the Legendary Violinist bull Sergio Fiorentino - Sergio Fiorentino plays Johann Sebastian Bach VolI bull Julia Fischer - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Eliot Fisk - Sonatas amp Partitas for solo violin bull Gregory Fulkerson - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Paul Galbraith - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Nicholas Goluses - Sonatas transcribed for guitar bull Carlo Grante - Three Sonatas for Violin Solo bull Arthur Grumiaux - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Ida Haendel - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Jascha Heifetz - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Jascha Heifetz - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull John Holloway - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Leigh Howard Stevens - Bach on Marimba bull Monica Huggett - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Beverley Johnston - Marimbach bull Oleg Kagan - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Jean-Jacques Kantorow - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Gidon Kremer - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Gidon Kremer - Sonatas and Partitas for Violin Solo bull Sigiswald Kuijken - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Sigiswald Kuijken - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Yehudi Menuhin - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Yehudi Menuhin - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull PJ Merola - JS Bach on Marimba bull Jose Miguel Moreno - De Occulta Philosophia bull Nathan Milstein - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Nathan Milstein - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Shlomo Mintz - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Nigel North - Bach on the Lute Volume 1 bull Christopher Parkening - Fugue from Violin Sonata No 1 bull Itzhak Perlman - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Rachel Podger - Sonatas and Partitas for Solo Violin Vol 1 bull Aaron Rosand - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Jacqueline Ross - Sonatas and Partitas for solo violin Vol I bull Benjamin Schmid - Sonatas and Partitas for Solo Violin (with piano accompaniment by

Robert Schumann) bull Heacutelegravene Schmitt - Sonatas amp Partitas for Violin Solo bull Jaap Schroder - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Andres Segovia - The HMV Recordings 1927-1939 bull Oscar Shumsky - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Joseph Silverstein - Music for Solo Violin bull Scott Slapin - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Stephen Stubbs - Lute Works bull Lara StJohn - Bach the concerto album bull Josef Suk - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Henryk Szeryng - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Joseph Szigete - Sonatas amp Partitas for Solo Violin bull Mela Tenenbaum - Sonatas and Partitas for Solo Violin bull Christian Tetzlaff - Sonatas and Partitas for Solo Violin

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