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Autores do Artigo: Niraldo José Ponciano Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - CCTA Laboratório de Engenharia Agrícola - LEAG Avenida Alberto Lamego, 2000 28013-600 Campos dos Goytacazes RJ Email: [email protected] Paulo Marcelo de Souza Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - CCTA Laboratório de Engenharia Agrícola - LEAG Avenida Alberto Lamego, 2000 28013-600 Campos dos Goytacazes RJ Endereço eletrônico: [email protected] Henrique Tomé da Costa Mata Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC Departamento de Ciências Econômicas Rod. Ilhéus-Itabuna, km 16, 456650-000, Ilhéus, BA. Endereço eletrônico: [email protected] Edenio Detmann Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - CCTA Laboratório de Engenharia Agrícola - LEAG Avenida Alberto Lamego, 2000 28013-600 Campos dos Goytacazes RJ Endereço eletrônico: [email protected] José Pacelli Sarmet Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - CCTA Laboratório de Engenharia Agrícola - LEAG Avenida Alberto Lamego, 2000 28013-600 Campos dos Goytacazes RJ Endereço eletrônico: [email protected] Grupo de pesquisa: Gestão do Agronegócio Apresentação do trabalho em pôster

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Autores do Artigo:

Niraldo José PoncianoUniversidade Estadual do Norte Fluminense - UENFCentro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - CCTALaboratório de Engenharia Agrícola - LEAGAvenida Alberto Lamego, 200028013-600 Campos dos Goytacazes RJEmail: [email protected]

Paulo Marcelo de SouzaUniversidade Estadual do Norte Fluminense - UENFCentro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - CCTALaboratório de Engenharia Agrícola - LEAGAvenida Alberto Lamego, 200028013-600 Campos dos Goytacazes RJEndereço eletrônico: [email protected]

Henrique Tomé da Costa MataUniversidade Estadual de Santa Cruz – UESCDepartamento de Ciências EconômicasRod. Ilhéus-Itabuna, km 16, 456650-000, Ilhéus, BA.Endereço eletrônico: [email protected]

Edenio DetmannUniversidade Estadual do Norte Fluminense - UENFCentro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - CCTALaboratório de Engenharia Agrícola - LEAGAvenida Alberto Lamego, 200028013-600 Campos dos Goytacazes RJEndereço eletrônico: [email protected]

José Pacelli SarmetUniversidade Estadual do Norte Fluminense - UENFCentro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - CCTALaboratório de Engenharia Agrícola - LEAGAvenida Alberto Lamego, 200028013-600 Campos dos Goytacazes RJEndereço eletrônico: [email protected]

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ANÁLISE DOS INDICADORES DE RENTABILIDADE DA PRODUÇÃO DEMARACUJÁ NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Niraldo José Ponciano1

Paulo Marcelo de Souza2

Henrique Tomé da Costa Mata3

Edenio Detmann4

José Pacelli Sarmet5

RESUMOO trabalho tem como objetivo analisar a produção de maracujá na propriedade rural.Especificamente ele vai analisar os custos e a rentabilidade dos investimentos realizados paraa produção. O problema básico na produção de maracujá é, de um lado, o desconhecimento darentabilidade dessa atividade e, de outro lado, a insistência dos agricultores, na utilização demanejos inadequados no processo produtivo. Aliado a esses fatores tem-se baixaprodutividade, ineficiência dos recursos de produção e instabilidade dos preços do produto noprocesso de comercialização entre outros fatores que resultam em reflexos diretos na baixalucratividade desse empreendimento.

Palavras Chave: Maracujá, agricultura familiar, análise econômica, custo de produção.

1. INTRODUÇÃO

O Estado do Rio de Janeiro possui uma pequena extensão territorial (cerca de 0,5% doterritório nacional), elevada densidade populacional e índices relativamente favoráveis derenda média familiar “per capita”. São fatores que contribuem para que o Estado apresente-secomo o segundo maior mercado consumidor do País, atrás apenas do Estado de São Paulo.

Por um lado, essas características criam um grande desafio para os agricultoresfluminenses produzir alimentos em volume e qualidade suficientes para atender essa crescentedemanda. Por outro lado, o interesse por parte de outros Estados em disputar esse espaço écada vez mais crescente, tornando esse mercado bastante concorrido, exigindo assim,modernização, eficiência e competitividade dos agricultores locais.

A agricultura da Região Norte do Estado do Rio de janeiro que se baseava em umnúmero limitado de produtos, entre os quais se destacam, como principais atividades, a cana-de-açúcar e a pecuária bovina. Nas últimas décadas, com a perda de competitividade paraoutros estados, essas atividades vêm perdendo importância em termos de geração de renda ede emprego no meio rural. Nesse sentido, concorrer no mercado agrícola, sobreviver e serbem sucedido é o grande desafio da agricultura familiar dessa Região. Atividades quecombinem rentabilidade em pequenas propriedades representam aquelas mais apropriadas. Defato, esta situação vem ocorrendo, uma vez que um número considerável de pequenosprodutores tem explorado a fruticultura irrigada como alternativa de diversificação daprodução e otimização de renda em suas propriedades.

1 Professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, RJ. Email: [email protected] Professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail: [email protected] Professor da Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, BA. E-mail: [email protected] Professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, RJ. E-mail: [email protected] Agrônomo da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, RJ. Email: [email protected]

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O trabalho teve como objetivo determinar os indicadores de resultados econômicos daprodução de maracujá. Adicionalmente, buscou-se analisar a racionalização e oacompanhamento dos custos de produção no planejamento e no balizamento dos preços decomercialização, bem como determinar por meio das análises de sensibilidade e de risco,maior eficiência na tomada de decisão por parte dos produtores de maracujá da região NorteFluminense.

2. PANORAMA DA PRODUÇÃO DE MARACUJÁ

A produção mundial de maracujá está concentrada em onze países (Brasil, Peru,Venezuela, África do Sul, Sri Lanka, Austrália, Nova Guiné, Ilhas Fiji, Havaí, Formosa eQuênia) que são responsáveis por cerca de 85% da produção mundial. O Brasil é o principalprodutor mundial de maracujá, a evolução desta cultura, no País, foi bastante rápida, uma vezque era plantada inicialmente para uso medicinal, e somente na década de 70, que começou aser cultivada em escala industrial.

O maracujá tem se tornado uma das frutas de grande relevância para a economiabrasileira. De acordo com dados do IBGE, no período de 1990 a 2002, a área média colhidacom maracujá no Brasil foi de 34.307,77 hectares por ano, com um rendimento médio de13,91 toneladas por hectare, perfazendo uma produção média anual de 477.233,11 toneladasde frutos. A preferência tem sido pelo cultivo do maracujá azedo ou amarelo.

Os Quadros 1 e 2 apresentam a produção e a produtividade de maracujá no Brasil, nosprincipais estados produtores e na Região Norte Fluminense, que é a nossa área específica deestudo. Em termos de Estados, no período de 1990 a 2002, destacaram-se como maioresprodutores de maracujá, nessa ordem, Pará (23,70%), Bahia (18,75%), São Paulo (15,98%),Sergipe (11,10%), Rio de Janeiro (5,68%) e Minas Gerais (5,04%). Nota-se que o Estado doPará, que ainda possui a maior média de produção ao longo de todo o período analisado, e queem 1992 chegou a produzir 264.375 toneladas (47,86% da produção nacional), entretanto suaprodução de maracujá entrou em decadência a partir da segunda metade da década de 90,sequer está entre os cinco principais estados produtores nos últimos quatro anos. Suaprodução média anual nestes últimos quatro anos é de apenas 28.000 ton./ano (6,21% daprodução brasileira). No entanto, a maior produtividade média (21,90 ton./ha) ocorreu noEstado de São Paulo. Destes Estados, Minas Gerais e Bahia possuem as menoresprodutividades, 10,71 e 10,78 ton./ha, respectivamente.

A Região Norte Fluminense tem se destacado na produção de maracujá, no período de1990 a 2002, sua produção média foi de 20.412,81 toneladas por ano (75,26% da produção doEstado do Rio de Janeiro). Apesar dos técnicos considerarem sua produtividade média muitobaixa, conforme se pode observar no Quadro 2, essa Região apresenta uma produtividademédia de 18,78 toneladas por hectare por ano, em termos relativos é inferior apenas para aprodutividade do Estado de São Paulo que é de 21,90 toneladas por hectare por ano. Omercado para maracujá apresenta-se em franca expansão, tanto em termos de consumo dafruta fresca quanto de suco. O consumo in natura cresceu substancialmente nas últimas duasdécadas, em, praticamente, todas as regiões do País. O suco de maracujá destaca-se como umdos mais importantes, ocupando o segundo lugar na produção nacional, atrás do suco delaranja. Assim, o cultivo de maracujá mostra-se bastante atraente, seja para consumo naturale, principalmente, para processamento em sucos e em ingrediente de outros produtosagroindustriais.

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Quadro 1- Produção de maracujá nos principais estados, em toneladas, 1990 - 2002.

Ano Brasil Pará Sergipe Bahia MinasGerais São Paulo Rio de

JaneiroReg. NorteFluminense

1990 418.959,43 149.852,30 64.089,70 73.580,03 6.502,38 51.334,07 49.919,97 37.483,36

1991 502.434,71 214.783,52 51.808,72 88.975,75 7.943,58 69.841,84 39.186,37 31.026,94

1992 552.362,92 264.375,75 54.775,12 74.857,05 13.401,90 70.137,72 34.226,94 27.504,75

1993 476.094,77 172.223,14 60.319,33 61.220,60 24.380,19 69.193,98 34.563,23 27.339,14

1994 501.992,71 182.370,68 74.929,32 50.535,50 33.428,37 76.982,41 4.854,68 2.377,65

1995 536.013,15 169.850,08 61.418,54 92.333,91 28.528,84 90.482,88 5.419,02 3.106,97

1996 542.007,29 101.329,95 59.527,10 119.650,40 15.963,55 105.027,58 37.219,02 30.350,24

1997 473.179,56 61.586,37 52.115,85 103.900,63 27.431,22 92.348,18 29.145,48 22.246,59

1998 395.169,57 41.984,94 45.876,07 84.036,13 23.945,32 83.921,55 19.936,77 15.119,81

1999 421.854,36 30.187,00 45.953,25 88.629,32 31.754,68 78.123,93 18.106,97 14.016,80

2000 437.845,96 23.891,92 44.352,14 102.202,22 33.275,44 76.405,39 22.201,90 17.820,29

2001 467.464,00 27.500,00 35.748,00 97.647,00 31.546,00 70.835,00 16.297,00 8.222,00

2002 478.652,00 30.419,00 37.830,00 125.741,00 34.559,00 56.957,00 41.500,00 28.752,00

Média 477.233,11 113.104,20 52.980,24 89.485,35 24.050,81 76.276,27 27.121,33 20.412,81

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal.

Quadro 2- Produtividade de maracujá nos principais estados, em ton. por ha, 1990 - 2002.

Ano Brasil Pará Sergipe BahiaMinasGerais São Paulo Rio de

JaneiroReg. NorteFluminense

1990 16,54 22,49 11,28 11,01 12,39 30,14 25,84 28,50

1991 16,31 22,52 10,41 11,04 6,95 25,38 21,82 23,81

1992 16,93 24,60 11,09 10,84 7,86 21,82 18,49 19,14

1993 14,63 16,36 12,31 10,03 11,76 21,30 19,13 19,12

1994 14,99 17,28 16,51 9,03 15,79 22,92 3,60 2,40

1995 13,91 17,50 12,63 9,78 13,79 23,50 3,47 2,39

1996 12,19 12,91 11,97 9,97 5,67 22,32 23,12 23,73

1997 12,34 12,80 11,41 10,13 8,43 22,56 22,32 23,69

1998 11,97 12,16 10,30 10,00 9,80 21,63 18,41 18,97

1999 11,84 8,96 11,13 10,14 10,97 19,86 17,98 18,97

2000 13,10 8,33 11,34 13,07 11,74 20,84 18,33 18,98

2001 14,15 9,09 8,80 11,82 11,64 19,14 17,21 16,71

2002 13,76 10,49 9,12 13,09 13,19 17,97 22,03 24,68

Média 13,91 17,10 11,45 10,78 10,71 21,90 18,23 18,78

Fonte: Cálculos dos autores conforme dados do IBGE.2. MATERIAL E MÉTODOS

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2.1. Custo de produção

No cálculo do custo de produção deve constar como informação básica a combinaçãode insumos, de serviços e de máquinas e implementos utilizados ao longo do processoprodutivo. Para um dado padrão tecnológico a quantidade de cada item em particular, porunidade de área resulta num determinado nível de produtividade. Os coeficientes técnicos deprodução nada mais são do que essas quantidades de insumos consumidas por hectare dacultura, podendo ser expressas em tonelada, quilograma ou litro (corretivos, fertilizantes,sementes e defensivos), em horas (máquinas e equipamentos) e em dia de trabalho.

A produção agrícola se desenvolve em etapas distintas no tempo, por exemplo,preparo do solo, plantio, tratos culturais e colheita. O longo período para que essas etapassejam realizadas faz com que os gastos com insumos e com serviços sejam incorporados àlavoura em diferentes momentos, ao longo do processo produtivo. Como não se devemensurar valores monetários em tempos distintos deve ser feita a devida adequação. Assim,realizando os cálculos a partir dos preços praticados na época oportuna de utilização,determina-se o custo efetivamente incorrido pelo produtor.

Os procedimentos metodológicos para cálculo do custo seguem duas vertentesanalíticas: o custo total de produção e o custo operacional de produção. No contexto daavaliação econômica da empresa, o custo de produção é a remuneração de todos os fatoresutilizados no processo produtivo. Representa a compensação que os donos dos fatores deprodução, utilizados por uma empresa para produzir determinado bem, devem receber paraque eles continuem fornecendo esses fatores à empresa. Nos próximos itens, faz-se brevediscussão a respeito das metodologias para cálculo do custo de produção, tendo por base ostextos de PIZARRO e BRESSLAU (2001) e GOMES et al. (1989), e após uma descriçãoresumida de algumas medidas de resultado econômico.

2.1.1. Estrutura de custo total de produção

O custo total de produção subdivide-se em custos fixos e variáveis. Os custos variáveissão dependentes da quantidade produzida, podendo ser evitados no curto prazo com aparalisação da produção. São denominados custos fixos os itens de custo que não se alteramno curto prazo, e independem do nível de produção. No longo prazo, entretanto, esses custosnão existem, uma vez que todos os insumos podem ter seu uso alterado6. O custo total éobtido pela soma do custo fixo total e com o custo variável total. No curto prazo, ele iráaumentar somente com o aumento do custo variável total, uma vez que o custo fixo total é umvalor constante.

Como destacado por ARRUDA e CORRÊA (1992), os custos fixos representamgrande parcela dos custos totais das atividades agropecuárias, tendo, por isso, importânciasignificativa na determinação dos resultados econômicos da atividade. Os principais itens quecompõem o custo fixo total são: a depreciação, os gastos com mão-de-obra permanente, ocusto de oportunidade, os seguros, os impostos e os juros. Desses itens, admite-se que adepreciação e o custo de oportunidade do capital estável e da terra careçam de maioresexplicações, uma vez que os demais são de compreensão imediata.

A depreciação corresponde a um custo indireto requerido para acumular fundos parasubstituição do capital investido em bens produtivos de longa duração, inutilizados pela idade,uso e obsolescência. Pode-se dizer que ela: i) representa a perda em valor do capital pelo 6 Por definição, o curto prazo representa o período de tempo no qual pelo menos um insumo é fixo, ao passo que,no longo prazo, todos os fatores utilizados são variáveis. Desse modo, somente no curto prazo existem custosfixos, pois no longo prazo todos os insumos são variáveis e, por conseguinte, só existem custos variáveis.

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desgaste físico ocorrido durante o processo produtivo; ii) é um procedimento contábil paradistribuir o valor inicial do capital durante sua vida útil produtiva. No caso da fruticultura,especificamente, todo o capital imobilizado em benfeitorias, equipamentos de irrigação,máquinas e implementos estão sujeito à depreciação. Há várias formas de se calcular adepreciação, podendo ela ser obtida através de métodos como o linear, o do saldo decrescente,o da soma dos números naturais e o método do fundo de formação de capital (NORONHA,1987). Dentre esses métodos, o mais simples, e mais freqüentemente empregado, é o dadepreciação linear, calculado por meio da expressão:

NVV

D fit

−=

em que Dt é a depreciação em qualquer ano t, Vi o valor do capital inicial, Vf o valor residual e No número de anos de vida útil do ativo.

Todo o capital investido na empresa seja ele próprio ou tomado em empréstimo tem umcusto de oportunidade, uma vez que seu uso na empresa implica deixar de empregá-lo noutraatividade alternativa. Por definição, o retorno potencial desse capital na melhor alternativapossível de utilização forneceria uma medida desse custo de oportunidade. Como essa estimativanem sempre é fácil, é expediente comum estimar o custo de oportunidade a partir do retorno queo capital teria se, em vez de aplicado na empresa, fosse investido no mercado financeiro como,por exemplo, na caderneta de poupança.

O custo de oportunidade do capital estável e o custo de oportunidade da terra são itenscomponentes do custo fixo. O capital estável consiste de todos os recursos produtivos quepodem ser utilizados por vários períodos ou ciclos de produção. Seu custo de oportunidade éobtido pela seguinte fórmula:

iVV

Cop fi ×+

=2

em que Cop representa o custo de oportunidade, Vi o valor do capital inicial, Vf o valor residual e ia taxa anual real de juros.

Ainda que seja de posse do empresário, a terra apresenta um custo de oportunidade,uma vez que poderia estar sendo empregada em outra atividade ou mesmo arrendada a outroprodutor7. O custo de oportunidade da terra pode ser estimado com base no seu valor de venda,no valor de arrendamento, e no ganho associado ao melhor uso alternativo.

No caso da estimação baseada no valor de venda da terra, parte-se do pressuposto de queo capital empatado no recurso terra poderia ser investido no mercado financeiro, rendendo juros.Esses juros, que representariam o custo de oportunidade da terra, são calculados pela expressão:

iVCop ×=em que Cop representa o custo de oportunidade da terra, V o valor de venda no mercado local ei taxa real anual de juros.

O raciocínio embutido na estimação feita a partir do valor de arrendamento é que aterra que está sendo empregada na atividade poderia estar sendo arrendada para terceiros.Portanto, a renda que se deixa de obter por não arrendá-la equivaleria a seu custo deoportunidade.

A idéia de estimar o custo de oportunidade da terra a partir do ganho associado aomelhor uso alternativo parte da própria noção de custo de oportunidade. Por definição, o custode oportunidade de um recurso seria representado pelo retorno advindo de sua aplicação nomelhor uso alternativo. Por esse método, seria necessário estimar a rentabilidade para as demais

7 Admitindo-se que a terra seja utilizada adequadamente, obedecendo aos princípios de conservação, sua capacidadeprodutiva deve manter-se inalterada no tempo, razão pela qual ela não deve ser alvo de depreciação.

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explorações, o que, sendo complexo, contribui para que os outros dois métodos sejam maiscomumente utilizados.

São custos variáveis os custos relacionados com a aquisição e aplicação do capitalcirculante, com a manutenção e conservação do capital estável do empreendimento, bemcomo aos gastos relativos à contratação de mão-de-obra temporária. Mais especificamente,são itens que compõem o custo variável total o valor de mercado do capital circulante, opagamento da mão-de-obra temporária, os custos incorridos na manutenção e conservação docapital estável, e o custo de oportunidade do capital circulante e da mão-de-obra.

Por definição, o capital circulante é aquele que é consumido totalmente durante umciclo de produção. Assim sendo, o valor desse capital deverá ser totalmente pago pelaexploração que o utilizou. O custo representado pelo capital circulante, de que são exemplosas sementes, os fertilizantes, as rações, etc, nada mais é do que o valor de mercado dessesitens.

Sempre que o capital circulante mantiver-se empatado por um certo período, sem serimediatamente recuperado, haverá um custo de oportunidade associado a sua imobilização noempreendimento. Uma fórmula simplificadora para o custo de oportunidade do capital circulanteé a seguinte:

i x 2

V = C mop

em que: Cop é o custo de oportunidade do capital circulante; Vm seu valor de mercado e i ataxa real anual de juros.

O custo de manutenção refere-se aos itens necessários ao funcionamento do capital,constituindo-se de gastos com máquinas, como combustíveis, operadores, lubrificantes,eletricidade, etc. Já o custo de conservação do capital estável é representado pelos reparos oureformas regulares para que o capital apresente condições técnicas adequadas de uso. Refere-se a gastos incorridos em substituições de peças, revisões técnicas, etc., no caso de máquinas,e gastos feitos em reformas, pinturas, etc., no caso de benfeitorias.

Em se tratando de mão-de-obra temporária, os salários pagos constituem-se num itemde custo variável, que pode, portanto, ser suprimido na hipótese de paralisação da produção.Tal como ocorre com o capital circulante, os recursos imobilizados em salários de trabalhadorespodem apresentar um custo de oportunidade, sempre que houver um lapso de tempo entre opagamento desses salários e o advento das receitas do empreendimento. O procedimento docálculo desse custo é o mesmo utilizado para o capital circulante.

2.1.2. Estrutura de custo operacional de produção

A finalidade do uso do custo operacional é mostrar, caso a empresa não tenharemuneração igual ou superior ao custo alternativo, se e quanto ela tem de resíduo queremunera em parte o capital, o tempo, a administração e os recursos auto-renováveis. O custooperacional pode dividir-se em custo operacional efetivo e custo operacional total.

O custo operacional efetivo pode ser definido como o custo de todos os recursos deprodução que exigem desembolso por parte da empresa para sua recomposição. Correspondeapenas aos gastos efetivamente incorridos na condução da atividade, ou seja, apenas aos itensde custo considerados diretos8 (mão-de-obra, fertilizantes, defensivos, energia, combustível,manutenção, reparos, impostos e taxas, assistência técnica).

8 Os custos diretos, explícitos ou contábeis são referentes a todos os pagamentos feitos pelo uso dos recursoscomprados ou alugados. Os custos de fatores que a empresa já possui, e que por essa razão freqüentemente nãosão contabilizados, correspondem aos custos indiretos, implícitos ou econômicos.

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O custo operacional total envolve, além dos custos diretos, o valor da mão-de-obrafamiliar que, mesmo não sendo remunerada, é imprescindível à condução doempreendimento, e as depreciações, que equivalem a apenas uma parcela dos custos indiretos.Do ponto de vista teórico, o custo operacional total define o custo incorrido pelo produtor nocurto prazo para produzir e para repor a sua maquinaria e continuar produzindo.

2.2. Medidas de resultado econômico

A partir dos itens de custo considerados, podem ser calculados alguns indicadores quepermitem descrever e analisar as condições econômicas da empresa, fornecendo subsídiospara melhor eficiência em sua administração. São eles a margem bruta, a renda líquidaoperacional e o lucro.

A margem bruta é uma medida de resultado econômico que pode ser usada quando oprodutor apresentar os recursos de produção disponível e necessitar tomar decisões sobrecomo utilizar, eficazmente, esses fatores. A margem bruta pode ser definida em relação aocusto operacional e em relação ao custo total de produção.

A Margem Bruta em relação ao custo operacional total é o resultado que sobra após oprodutor pagar todas as despesas operacionais, considerando determinado preço unitário devenda e o rendimento do sistema de produção para a atividade. Corresponde à diferença entrea receita bruta, equivalente à multiplicação da quantidade produzida pelo preço do produto, eo custo operacional total.

Analogamente, a margem bruta em relação ao custo total de produção é obtidasubtraindo-se, da receita bruta, o custo total de produção. Neste caso, indica qual a margemdisponível para remunerar o risco e a capacidade empresarial do proprietário.

A renda líquida operacional ou lucro operacional mede a lucratividade da atividade nocurto prazo, mostrando as condições financeiras e operacionais da atividade agropecuária. Arenda líquida operacional é obtida pela diferença entre a receita bruta e o custo operacionaltotal, sendo destinada à remuneração do capital fixo (em terra, benfeitorias, equipamentos,animais e forrageiras não anuais) e do empresário.

Finalmente, a renda líquida total, ou lucro, é obtido subtraindo-se, da renda bruta, ocusto total incorrido na produção. Quando a renda líquida total é positiva, tem-se umasituação de lucro supernormal, visto que todos os custos de produção estão sendo cobertos,restando um resíduo que pode ser empregado na expansão do empreendimento. Situações derenda líquida total nula caracterizam lucro normal, e implicam que a atividade estará cobrindotodos os seus custos, sendo capaz de refazer seu capital fixo no longo prazo. Finalmente, umaatividade com renda líquida total negativa estaria em situação de prejuízo econômico, semcondições de se manter em operação por períodos mais longos. Neste caso, se os custosvariáveis estiverem sendo cobertos, a atividade poderia manter-se em operação, mas apenaspor determinado período, já que isso implicaria em descapitalização, e conseqüenteinviabilização do empreendimento no longo prazo.

2.3. Avaliação da viabilidade econômica

A análise da viabilidade financeira foi realizada em duas etapas, a primeira delasconsistindo na construção dos fluxos de caixa que, uma vez obtidos, possibilitaram o cálculodos indicadores de rentabilidade das atividades consideradas.

Os fluxos de caixa são valores monetários que representam as entradas e saídas dosrecursos e produtos por unidade de tempo, os quais compõem uma proposta ou um projeto deinvestimento. São formados por fluxos de entrada (receitas efetivas) e fluxos de saída(dispêndios efetivos), cujo diferencial é denominado fluxo líquido (NORONHA, 1987).

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Todos os preços empregados na análise econômica sejam de produtos ou de insumos,foram coletados na própria região, para refletir o real potencial econômico das alternativastestadas. Foram utilizados, como indicadores de resultado econômico, o Valor PresenteLíquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR) que têm, como vantagem, o fato de queconsiderarem o efeito da dimensão tempo dos valores monetários.

O VPL consiste em transferir para o instante atual todas as variações de caixaesperadas, descontá-las a uma determinada taxa de juros, e somá-las algebricamente.

∑= +

+−=n

tt

t

KFCIVPL

1 )1((1)

O VPL é o valor presente líquido; I é o investimento de capital na data zero, FCt representa oretorno na data t do fluxo de caixa; n é o prazo de análise do projeto; e, k é a taxa mínima pararealizar o investimento, ou custo de capital do projeto de investimento.

A TIR de um projeto é a taxa que torna nulo o VPL do fluxo de caixa do investimento.É aquela que torna o valor presente dos lucros futuros equivalentes aos dos gastos realizadoscom o projeto, caracterizando, assim, a taxa de remuneração do capital investido.

∑= +

+−=n

tt

t

TIRFCI

1 )1(0 (2)

2.4. A tomada de decisão sob condições de risco

Além da produtividade, outros elementos que afetam o orçamento possuemprobabilidade de variarem, como por exemplo, os preços dos insumos e produtos. É difícil deprever a que níveis estarão os preços um ano ou vários mais tarde ou é difícil estimar oscustos de oportunidade de um determinado insumo. Para estimar a amplitude desses preçosusamos o método da análise de sensibilidade.

A análise de sensibilidade consiste em medir em que magnitude uma alteraçãoprefixada em um ou mais fatores do projeto altera o resultado final. Esse procedimentopermite avaliar de que forma as alterações de cada uma das variáveis do projeto podeminfluenciar na rentabilidade dos resultados esperados (BUARQUE, 1991).

O procedimento básico para se fazer uma análise de sensibilidade consiste em escolhero indicador a sensibilizar; determinar sua expressão em função dos parâmetros e variáveisescolhidas; por meio de um programa de computação obtêm os resultados a partir daintrodução dos valores dos parâmetros na expressão; faz-se a simulação mediante variaçõesnum ou mais parâmetros e verifica-se de que forma e em que proporções essas variáveisafetam os resultados finais em termos de probabilidade.

Para avaliar o risco envolvido nos diversos sistemas, foi empregada a técnica dasimulação de Monte Carlo. O princípio básico dessa técnica reside no fato de que a freqüênciarelativa de ocorrência do acontecimento de certo fenômeno tende a aproximar-se daprobabilidade de ocorrência desse mesmo fenômeno, quando a experiência é repetida váriasvezes assumem valores aleatórios dentro dos limites estabelecidos (HERTZ, 1964). Exemplosde utilização dessa técnica para a abordagem do risco em atividades agrícolas podem serencontrados em vários trabalhos, como os de ARAÚJO e MARQUES (1997), SHIROTA etal. (1987), NORONHA e LATAPIA (1988), BISERRA (1994) e ALMEIDA et al (1985).

De acordo com NORONHA (1987), a seqüência de cálculos para a realização dasimulação de Monte Carlo é a seguintes: (1) Identificar a distribuição de probabilidade decada uma das variáveis relevantes do fluxo de caixa do projeto; (2) Selecionar ao acaso umvalor de cada variável, a partir de sua distribuição de probabilidade; (3) Calcular o valor do

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indicador de escolha cada vez que for feito o sorteio indicado no item 2; (4) Repetir oprocesso até que se obtenha uma confirmação adequada da distribuição de freqüência doindicador de escolha. Essa distribuição servirá de base para a tomada de decisão.

A Figura 1, adaptada de CASAROTTO FILHO e KOPITTKE (2000), ilustra oprocesso de simulação de Monte Carlo para uma situação de quatro variáveis.Dada a impossibilidade de se estudar a distribuição de probabilidade de todas as variáveis, amelhor alternativa consiste em identificar, mediante análise de sensibilidade, aquelas quetêm maior efeito sobre o resultado financeiro do projeto. Outro aspecto é que, emboraexistam, estatisticamente, vários tipos de distribuições de probabilidade, a tarefa de identificara distribuição específica de uma determinada variável é freqüentemente custosa. Em face dadificuldade envolvida na identificação das distribuições de probabilidade de cada uma dasvariáveis mais relevantes, é procedimento usual empregar a distribuição triangular, como sefez no presente trabalho. Essa distribuição é definida pelo nível médio mais provável ou moda(m), por um nível mínimo (a) e um nível máximo (b) que é importante quando não se dispõede conhecimento suficiente sobre as variáveis.

Fonte: CASAROTTO FILHO e KOPITTKE (2000).Figura 1 – Processo de simulação de Monte Carlo para uma situação de quatro variáveis

I n íc io

R e s o lu ç ã o d e t e r m in ís t ic a

E s t im a r d is t r ib u iç ã o m a is a d e q u a d a a c a d a v a r iá v e l

S e l e ç ã o d a v a r i á v e l 1

S e l e ç ã o d a v a r i á v e l 2

S e l e ç ã o d a v a r i á v e l 3

S e l e ç ã o d a v a r i á v e l 4 C á l c u l o d o i n d i c a d o r

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Por meio da utilização do programa Excel, propõe-se uma distribuição deprobabilidade para cada uma das variáveis, nesse caso a distribuição triangular. Mediante ageração de números aleatórios, valores são obtidos para essas variáveis, daí resultando váriosfluxos de caixa e, conseqüentemente, vários indicadores de resultados para o projeto. Pelarepetição desse procedimento um número significativo de vezes, gera-se a distribuição defreqüências do indicador do projeto, que permite aferir a probabilidade de sucesso ouinsucesso do mesmo.

2.5. Fonte dos dados

Os dados de coeficientes técnicos e os dados de preço, utilizados no fluxo de caixaforam obtidos a partir de experiências de produção desenvolvidas em localidades específicasda região Norte do Estado do Rio de Janeiro. Na obtenção dessas informações, foi defundamental importância o auxílio dos técnicos da EMATER, conhecedores da realidadelocal.

O Quadro 3 apresenta a descrição e a organização dos itens que compõem oscoeficientes técnicos e o custo de produção da cultura do maracujá. A partir das basesconceituais estabelecidas, foi construída essa estrutura de custo, o demonstrativo da geraçãodo resultado econômico, bem como planilhas para o cálculo dos custos primários, margem decontribuição, custos totais e preços unitários dos produtos, com a finalidade de mostrar aimportância, em especial para o planejamento e acompanhamento da geração de resultadoscorrentes e, por outro lado, para a determinação de bases de referência sólidas face aoprocesso de fixação de preços de venda para os produtos.

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Quadro 3 - Organização dos itens de coeficientes técnicos e de custo de produção de maracujá

ITENS DE COEFICIENTES TÉCNICOS ITENS DE CUSTO DE PRODUÇÃO1. MUDAS A - CUSTOS FIXOS2 FERTILIZANTES 1. Depreciação Nitrogênio (uréia) 1.1. Terra Matéria orgânica 1.2. Equipamento de irrigação Calcário 1.3. Outros equipamentos Cloreto de potássio 1.4. Espaldeiramento Super fosfato simples 1.5. Capital investido na cultura FTE BR 12 2. Custo de oportunidade

3 DEFENSIVOS 2.1. Terra Formicidas e cupinicidas 2.2. Equipamento de irrigação Espalhante adesivo 2.3. Outros equipamentos Inseticidas e acaricidas 2.4. Espaldeiramento Fungicidas e herbicidas 2.5. Capital investido na cultura

4 OUTROS INSUMOS E SERVIÇOS Energia B - CUSTOS VARIÁVEIS Análise de solo 1. Capital circulante Pulverizador 1.1. Fertilizantes Sacarias e embalagens Nitrogênio (uréia) Fretes Cloreto de potássio Estacas ou mourões de 2,60 metros Super fosfato simples Arame ovalado 1.2. Defensivos Barbante Espalhante adesivo

5 OPERAÇÕES MACANIZADAS Inseticidas e acaricidas Aração Fungicidas Calagem Herbicidas Gradagem 1.3. Outros insumos e serviços

6 MÃO-DE-OBRA Energia Calagem Fretes Coveamento 1.4. Mão-de-obra Plantio e replantio Roçada e capina Roçada e capina Polinização Desbrota/poda/condução Irrigação Polinização Serviços de colheita e embalagens Irrigação Controle fitossanitário Montagem de espaldeiramento Adubação de cobertura Serviços de colheita e embalagens 1.5. Outros Controle fitossanitário Administração Adubação de cobertura Impostos e taxas

7. EQUIPAMENTO DE IRRIGAÇÃO 2. Custo de oportunidade do capital8. TERRA circulante9. OUTROSAdministração, impostos e taxas C - CUSTO TOTAL (A + B)PRODUTIVIDADE PREÇO DO MARACUJÁ

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A planilha de custo busca contemplar todos os itens de dispêndio, explícitos ou não,que são assumidos pelo produtor, desde as fases iniciais de correção e preparo do solo até afase inicial de comercialização do produto. Neste caso específico, o cálculo do custo deprodução de maracujá foi associado ao nível médio de tecnologia e preços de fatoresutilizados na Região Norte Fluminense em 2003. Assim, o custo é obtido mediante amultiplicação da matriz de coeficientes técnicos pelo vetor de preços dos fatores, conformeestá apresentado no quadro 4.

Quadro 4- Coeficientes técnicos e fluxo de caixa da cultura do maracujá na Região NorteFluminense, em 2003.

ESPECIFICAÇÃOUNIDA-

DEQde.

ANO 1PREÇOANO 1

VALORANO1

Qde.ANO 2

PREÇOANO 2

VALORANO2

1 MUDAS MIL 0,90 160,00 144,00 0,00 0,00 0,002 FERTILIZANTES NITROGÊNIO (UREIA) T 0,40 800,00 320,00 0,45 800,00 360,00 MATÉRIA ORGÂNICA M3 20,00 30,00 600,00 0,00 0,00 0,00 CALCÁRIO T 3,00 80,00 240,00 0,00 0,00 0,00 CLORETO DE POTÁSSIO T 0,60 620,00 372,00 0,75 620,00 465,00 SUPER FOSFATO SIMPLES T 0,25 460,00 115,00 0,40 460,00 184,00 FTE BR 12 SC/25KG 2,00 34,00 68,00 0,00 0,00 0,003 DEFENSIVOS FORMICIDAS E CUPINICIDAS KG 3,00 11,00 33,00 0,00 0,00 0,00 ESPALHANTE ADESIVO L 2,50 7,50 18,75 2,50 7,50 18,75 INSETICIDAS E ACARICIDAS L 3,00 40,00 120,00 2,00 40,00 80,00 FUNGICIDAS KG 10,00 30,00 300,00 6,00 30,00 180,00 HERBICIDAS L 6,00 15,00 90,00 2,00 15,00 30,004 OUTROS INSUMOS E SERVIÇOS ENERGIA KW/H 944,44 0,18 170,00 45.0 0,18 81,00 ANÁLISE DE SOLO UD 1,00 20,00 20,00 0,00 0,00 PULVERIZADOR UD 2,00 95,00 190,00 0,00 0,00 0,00 SACARIAS E EMBALAGENS MIL 0,30 50,00 15,00 0,00 0,00 0,00 FRETES T 18,00 18,00 324,00 32,00 18,00 576,00 ESTACAS DE 2,60 METROS DÚZIA 52,00 76,00 3.952,00 0,00 0,00 0,00 ARAME OVALADO KM 3,50 120,00 420,00 0,00 0,00 0,00 BARBANTE KG 3,00 4,10 12,30 0,00 0,00 0,005 OPERAÇÕES MACANIZADAS ARAÇÃO H/T 4,00 35,00 140,00 0,00 0,00 0,00 CALAGEM H/T 2,00 35,00 70,00 0,00 0,00 0,00 GRADAGEM H/T 4,00 35,00 140,00 0,00 0,00 0,006 MÃO-DE-OBRA CALAGEM D/H 1,00 15,00 15,00 0,00 0,00 0,00 COVEAMENTO D/H 14,00 15,00 210,00 0,00 0,00 0,00 PLANTO E REPLANTIO D/H 3,00 15,00 45,00 0,00 0,00 0,00

Continuação

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Quadro 4- Continuação

ESPECIFICAÇÃOUNIDA-

DEQde.

ANO 1PREÇOANO 1

VALORANO1

Qde.ANO 2

PREÇOANO 2

VALORANO2

ROÇADA E CAPINA D/H 6,00 15,00 90,00 4,00 15,00 60,00 DESBROTA/PODA/CONDUÇÃO D/H 29,00 15,00 435,00 0,00 0,00 0,00 POLINIZAÇÃO D/H 30,00 15,00 450,00 40,00 15,00 600,00 IRRIGAÇÃO D/H 10,00 15,00 150,00 5,00 15,00 75,00 MONTAGEMESPALDEIRAMENTO D/H 30,00 15,00 450,00 0,00 0,00 0,00 COLHEITA E EMBALAGENS D/H 40,00 15,00 600,00 80,00 15,00 1.200,00 CONTROLE FITOSSANITÁRIO D/H 20,00 15,00 300,00 13,00 15,00 195,00 ADUBAÇÃO DE COBERTURA D/H 12,00 15,00 180,00 4,00 15,00 60,007. EQUIPAMENTO DEIRRIGAÇÃO KIT 1,00 2.808,70 2.808,70 0,008. TERRA HÁ 1,00 2.708,33 2.708,33 9 OUTROS ADMINISTRAÇÃO % 1,00 3,00% 182,70 1,00 3,00% 182,70IMPOSTOS E TAXAS % 1,00 2,30% 140,07 1,00 2,30% 140,07 1. PRODUTIVIDADE E RECEITA KG e R$ 15.000,00 0,33 4.950,00 25.000,00 0,33 8.250,00

2. VALOR RESIDUAL DA TERRA 2.708,333. VALOR RESIDUAL DO EQUIP.

DE IRRIGAÇÃO 2.303,134. VALOR RESIDUAL DO

ESPALDEIRAMENTO 3.867,44

FLUXO DE CAIXA -11.688,84 12.641,39

Fonte: Dados levantados na Região Norte Fluminense em 2003.

Observa-se que o fluxo de caixa é medido em valores (R$), estes valores resultaramdas entradas e saídas dos recursos e produtos ao longo do ciclo de produção de maracujá queforam de dois anos. Nota-se que no segundo ano (último ano do horizonte de planejamento)foi feito a liquidação do projeto. Os insumos que ainda não foram exauridos sãocontabilizados como receitas neste último ano. Dessa forma, os valores residuais da terra(R$2.708,33), do equipamento de irrigação (R$2.303,13) e do espaldeiramento (R$3.867,44)entraram como receitas no fluxo de caixa.

O dimensionamento e o controle dos custos somados com a estrutura de receitas sãofundamentais para se obter o resultado econômico, o que propicia a análise econômica daatividade produtiva, bem como uma série de informações de muita utilidade para o controlede custos em vários níveis, para o processo decisório estratégico empresarial e,fundamentalmente, para a escolha e construção de sistemas de determinação de custos dereferência para a fixação de preços de vendas para os produtos. Assim, deve-se entender aestrutura de custos e o demonstrativo de receitas, como instrumentos “ex-ante” para decisõesestratégicas e “ex-post” para revisões corretiva-estratégicas dos resultados das atividadesprodutivas analisadas.

A partir do monitoramento desses custos de produção é possível o acompanhamentoda evolução da participação dos diferentes itens de custos no conjunto das atividades dapropriedade; a ordenação e a definição de estratégias específicas para a administração de todoo empreendimento; o nível estimado do resultado econômico obtido e, finalmente,informações acerca da possibilidade de se obter maior eficiência dos recursos produtivos.

O quadro 5 mostra que a planilha está organizada de maneira a separar oscomponentes de acordo com sua natureza contábil e econômica. Em termos contábeis, os

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custos variáveis são separados em despesas de custeio e manejo da lavoura, despesas de pós-colheita e despesa financeira, esta última incidente sobre o capital de giro utilizado. Os custosfixos são diferenciados em depreciação do capital fixo e demais custos fixos envolvidos naprodução e remuneração dos fatores terra e capital fixo.

Quadro 5 – Custo de produção de maracujá na Região Norte Fluminense, em 2003.

CUSTO DE PRODUÇÃO R$ %

A-CUSTOS FIXOS 6.938,30 53,301. Depreciação 6.390,18 49,091.1. Terra 0,00 0,001.2. Equipamento de irrigação 505,57 3,881.3. Outros equipamentos 82,00 0,631.4. Espaldeiramento 966,86 7,431.5. Capital investido na cultura 4.835,75 37,152. Custo de oportunidade 548,13 4,212.1. Terra 162,4998 1,252.2. Equipamento de irrigação 89,37 0,692.3. Outros equipamentos 6,15 0,052.4. Espaldeiramento 145,03 1,112.5. Capital investido na cultura 145,07 1,11 B- CUSTOS VARIÁVEIS 6.078,3 46,701. Capital circulante 5.734,27 44,051.1. Fertilizantes nitrogênio (uréia) 360,00 2,77 cloreto de potássio 465,00 3,57 super fosfato simples 184,00 1,411.2. Defensivos espalhante adesivo 18,75 0,14 inseticidas e acaricidas 80,00 0,61 fungicidas 180,00 1,38 herbicidas 30,00 0,231.3. Outros insumos e serviços energia 81,00 0,62 fretes 900,00 6,911.4. Mão-de-obra roçada e capina 60,00 0,46 polinização 600,00 4,61 irrigação 75,00 0,58 serviços de colheita e embalagens 1.800,00 13,83 controle fitossanitário 195,00 1,50 adubação de cobertura 60,00 0,461.5. Outros administração 365,39 2,81 impostos e taxas 280,13 2,152. Custo de oportunidade do capital circulante 344,06 2,64CUSTO TOTAL 13.016,63 100,00

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Em termos econômicos, os componentes do custo são agrupados, de acordo com suafunção no processo produtivo, nas categorias de custos variáveis, custos fixos, custooperacional e custo total. Nos custos variáveis são agrupados todos os componentes queparticipam do processo, na medida que a atividade produtiva se desenvolve, ou seja, aquelesque somente ocorrem ou incidem se houver produção. Enquadram-se aqui os itens de custeio,as despesas de pós-colheita e as despesas financeiras. Nos custos fixos, enquadram-se oselementos de despesas que são suportados pelo produtor, independentemente do volume deprodução, tais como depreciação, seguros, manutenção periódica de máquinas e outros.

Observa-se que enquanto os custos variáveis decorrentes de insumos e serviçoscorresponderam 46,70 %, os custos fixos representaram mais da metade (53,30 %) dos custosda produção de maracujá. Estes por sua vez foram constituídos dos custos de depreciação dositens de capital e dos custos de oportunidade. Nota-se que são elevados os custos diretamenteligados à estrutura do capital deste empreendimento, o que indica que é grande a participaçãode capital estável em terra, equipamento de irrigação, espaldeiramento e nos demais capitaisde investimentos na cultura do maracujá.

A figura 2 mostra a participação de cada grupo de insumo na composição de gastos docapital circulante. Verifica-se que a mão-de-obra consome quase metade (49%) do capitalcirculante. Cada hectare de maracujá gasta, em média, 341 diashomem no ciclo de dois anos. As atividades de colheita e deembalagem absorvem 64% de toda a mão-de-obra, as demaisatividades demandam os seguintes percentuais de mão-de-obra:roçada e capina (2%), irrigação (3%), controle fitossanitário(7%), adubação de cobertura (2%) e polinização (22%). Além damão-de-obra, os gastos com fertilizantes e defensivos também são relativamenteelevados no capital circulante.

Figura 2 – Participação dos diversos grupos de insumos no capital circulante

Participação dos diversos grupos de insumos no capital circulante

18%

5%

17%

49%

11%

1.1. Fertilizantes 1.2. Defensivos 1.3. Outros insumos e serviços 1.4. M ão-de- obra 1.5. Outros

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A análise de viabilidade econômica é de suma importância para que umempreendimento seja lucrativo e bem sucedido, principalmente quando se refere a setores demercados competitivos, como no caso da agricultura, onde a maioria das atividades apresentabaixa rentabilidade. Para assegurar uma margem líquida satisfatória, não é suficiente apenasum bom planejamento da produção, mas também, uma comercialização adequada e umequilíbrio do capital imobilizado e do capital de giro. Assim, deve ser prioritário o gerencia-mento como estratégia para melhorar o potencial produtivo e competitivo do produtor rural.

O funcionamento de qualquer empreendimento no mercado exige a aquisição devários tipos de recursos (trabalho humano, terra, insumos, máquinas e equipamentos, etc.),pelos quais deve-se pagar pela sua utilização, estes pagamentos configuram-se como os custosda empresa. O dimensionamento destes custos por parte dos produtores, freqüentemente éequivocado, principalmente pelo fato deles não considerarem os custos de depreciação, umtipo especial de pagamentos que, ao longo de um determinado período (a vida útil oueconômica da máquina, ou o ciclo do padrão tecnológico, por exemplo) deve servir paraacumular um montante de dinheiro que seja suficiente para a reposição ou renovação total ouparcial destes recursos produtivos.

A utilização por parte do empreendimento de recursos produtivos geradores de custosfixos (que independem das oscilações no nível de atividades) resulta no estabelecimento derelações específicas entre o nível de atividades operacionais (volume de produção) e omontante de lucros obtido. Tais relações caracterizam-se pela ocorrência do efeito dealavancagem operacional, que ocasiona a variação mais do que proporcional dos lucros apartir de uma dada modificação no volume de produção e vendas. Esse tipo de análise permiteverificar o volume de atividades operacionais que afeta o montante e a margem de lucro.Assim como, a partir de qual volume de produção e vendas o produtor pode obter lucros emsuas operações produtivas.

O quadro 6 apresenta os principais indicadores econômicos obtidos a partir da planilhade custo. O custo operacional é composto de todos os itens de custos variáveis e a parcela doscustos fixos diretamente associada à implementação da lavoura. Difere do custo total apenaspor não contemplar a renda dos fatores fixos, consideradas aqui como remuneração esperadasobre o capital fixo e sobre a terra. O custo total de produção compreende o somatório docusto operacional mais a remuneração atribuída aos fatores de produção.

O custo operacional efetivo de R$5.734,27, que nada mais é do que o capitalcirculante e que consiste nos gastos com fertilizantes, com defensivos, com mão-de-obra, comenergia, com fretes, com impostos e com administração. O custo operacional total foi deR$12.124,45, que representa os custos variáveis (custo operacional efetivo mais o custo deoportunidade do capital circulante) adicionado do valor da depreciação do capital estável. Ocusto total de produção de R$13.016,63 que engloba os custos variáveis e custos fixos. É omesmo que dizer que o custo total de produção representa o custo operacional totaladicionado das remunerações ou dos custos de oportunidade do capital investido em terra,equipamentos de irrigação e outros equipamentos, espaldeiramento e capital investido nacultura. Para a remuneração do capital investido, foi considerada uma taxa de 6%a.a. sobre ocapital médio empatado na atividade.

Como a renda ou valor da produção desse empreendimento é de R$13.200,00,portanto superior ao custo operacional total, isso garante a reposição de todo o capitalconsumido no processo produtivo e ainda sobra um lucro operacional ou renda líquidaoperacional de R$ 1.075,55.

A margem bruta foi de R$7.465,73 que representa o lucro sobre os custos cominsumos e serviços. É importante ter cautela na análise desse indicador que é parcial, pois da

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renda bruta (valor da produção) desconta apenas o custo operacional efetivo, ou seja, aindaresta para ser descontado depreciação e custo de oportunidade do capital investido.

Quadro 6 – Indicadores econômicos da produção de maracujá, em 2003.

INDICADORES ECONÔMICOS Unidade Valor

Custo operacional efetivo R$ 5.734,27

Custo operacional total R$ 12.124,45

Custo total de produção R$ 13.016,63

Custo operacional efetivo unitário R$/kg 0,1434

Custo operacional total unitário R$/kg 0,3031

Custo total unitário R$/kg 0,3254

Valor da produção R$ 13.200,00

Margem bruta R$ 7.465,73

Lucro operacional R$ 1.075,55

Lucro ou renda líquida R$ 183,37

Ponto de equilíbrio kg 39.444,34

Preço de equilíbrio R$/kg 0,3254

VPL 2% R$ 704,68

VPL 6% R$ 237,00

VPL 8% R$ 16,15

VPL 10% R$ -196,67

VPL 12% R$ -401,89

TIR % 8,15

Por outro lado, a renda líquida total ou lucro foi de apenas R$183,37, aparentementereduzida para um hectare de maracujá, mas indica que o produtor conseguiu remunerar todosos fatores de produção que foram empregados no processo produtivo, incluindo custosvariáveis, depreciações e custos de oportunidade do capital.

Os indicadores de rentabilidade obtidos mostram que para taxas de desconto menoresdo que 8,15% o valor presente líquido apresentou-se positivo indicando que a produção demaracujá apresenta-se como uma atividade viável para a região. Entretanto para taxas dedesconto maiores do que 8,15% o valor presente líquido mostra-se negativo, e, portanto,inviável economicamente. É importante ressaltar que está em vigor o Programa Frutificar, dogoverno estadual, que tem linha de crédito específica para algumas frutíferas, com recursosemprestados a uma taxa anual de 2%, sem correção monetária.

No que se refere aos resultados da análise de sensibilidade, mostrando o efeito, sobre ataxa interna de retorno da produção de maracujá, advindo de uma variação, no sentidodesfavorável, de 1% nos preços de insumos e produtos. Nota-se que o preço do produto foi avariável de maior impacto sobre a taxa interna de retorno. Assim, para uma queda de 1% nopreço recebido pelo agricultor, ocorreria, no sistema proposto para maracujá uma redução de1,90% na taxa interna de retorno. Para uma elevação de 1% no preço pago pelo produtor nos

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insumos, ocorreria a redução percentual na taxa interna de retorno. Dessa forma, os itens quemais afetaram os resultados financeiros da produção de maracujá foram mão-de-obra (1,06%),fertilizantes (0,37%), equipamento de irrigação (0,35%), terra (0,35%), estacas (0,15%),defensivos (0,14%), outros insumos (0,14%), impostos e taxas (0,10%), frete (0,08%),operações mecanizadas (0,04%) e mudas (0,03%).

É importante dizer que o produtor rural convive com a incerteza freqüentemente e umadas finalidades da avaliação econômica de projetos é diminuir o grande risco assumido nasdecisões, interessando ao produtor saber qual a margem de segurança dos resultados daanálise, antes de tomar sua decisão final. A avaliação econômica baseada nos indicadores e naanálise de sensibilidade é necessária, porém insuficiente para uma tomada de decisão segura,cabendo assim, acrescentar a análise de risco para oferecer uma estimativa quantitativa.

Nesse sentido, a análise de sensibilidade realizada anteriormente é apenas o primeiropasso para lidar com riscos uma vez que considera a influência das variáveisindependentemente, quando se sabe que variáveis positivamente correlacionadas devem seranalisadas em conjunto. A Figura 3 mostra a distribuição de probabilidade acumulada do VPLobtido mediante Simulação de Monte Carlo.

Figura 3 –Distribuição de probabilidade acumulada do Valor Presente Líquido obtidamediante Simulação de Monte Carlo para a produção de maracujá na Região NorteFluminense

É importante que se tenha noção das probabilidades de ocorrência de situaçõesadversas, bem como suas conseqüências sobre os resultados do projeto. Sabe-se que asinformações usadas na avaliação de projetos são sempre projeções para o futuro dos valoresdas variáveis que formam o fluxo de caixa e, portanto, são estimativas sujeitas a erros. Comessa análise têm-se condições de oferecer as probabilidades de que o projeto venha a reduzircertos valores especificados.

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

-6000 -4000 -2000 0 2000 4000 6000 8000 10000

V P L (R $)

Pro

babilid

ade ac

umulad

a

V P L 6% V P L 12%

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Observa-se pela simulação que a probabilidade do produtor obter um VPL negativo éde 36% quando se considera uma taxa de desconto de 12%. Entretanto essa probabilidade doempreendimento conseguir VPL negativo reduz-se para 26% quando utilizamos 6% comotaxa de desconto.

O processo de agroindustrialização pode reduzir os riscos inerentes ao mercado, esseprocesso traria, como vantagens adicionais, a garantia de assistência técnica, a incorporaçãode novas tecnologias de produção, entre outros. Entretanto, não deve ser desconsiderado queas vantagens advindas desse processo podem ser anuladas em razão dos conflitos entreagricultores e agroindústrias. Para o produtor, especificamente, situações desfavoráveispodem ocorrer nos casos de manipulação, pelas agroindústrias, dos padrões de qualidade pararegular preços e entregas, de utilização da recepção tardia para reduzir o preço, ou dedefasagem na correção dos preços previstos nos contratos.

4. CONCLUSÕES

A cultura do maracujá possui elevado potencial de expressão econômica e social, umavez que gera em média dois empregos por hectare ao ano. A produtividade dessa cultura aindaé baixa e ocorrem alguns fatores que dificulta a redução nos custos de produção. Assim, énecessário que se resolvam problemas relacionados aos sistemas adequados de irrigação emanejo, às doenças típicas do maracujá, à utilização de uso de defensivos, ao melhoramentodas variedades e ao desenvolvimento de embalagens apropriadas.

Apenas com a resolução desses problemas, o produtor poderá produzir frutos dequalidade, minimizando o prejuízo ao meio ambiente e ao consumidor, e aspirar ao mercadoexterno, uma vez, que as exportações do maracujá in natura é reduzida em relação àsexportações brasileiras de outras frutas frescas. Conclui-se que parte dos problemasrelacionada a variações de preços pode ser minimizada com planejamentos adequados deprodução de maracujá irrigado nos períodos de entressafra e com o acompanhamento doscustos de produção para ser balizado nos contratos com agroindústrias processadoras.

Pode se concluir que é cada vez mais crescente a necessidade do agricultor brasileiroproduzir em condições altamente competitivas, o que passa necessariamente pelaracionalização dos custos, uma vez que, na ausência de interferências governamentais, acompetição interna e externa passa a ser dada pelo uso mais eficiente dos recursosdisponíveis, ou seja, através dos custos de produção. Portanto, o conhecimento e domíniodessa variável passam a desempenhar um papel crucial para o sucesso da atividade agrícola.

No sistema proposto para o cultivo do maracujá, o custo incorrido no pagamento demão-de-obra, depois do preço do produto, foi o item de maior importância na determinação darentabilidade dessa cultura, merecendo ainda destacar os custos com fertilizantes, comequipamento de irrigação, o preço da terra, o custo com estacas e com defensivos. Dessaforma, o preço do maracujá foi o item cuja variação teve maior impacto sobre suarentabilidade, esse é um problema da maior relevância, pelo fato da presença do risco devariação de preços. Assim, a comercialização apresenta-se como um dos problemas para afruticultura, e o processo de agroindustrialização, já em curso na região, surgiria como formade amenizar a instabilidade do preço pago ao produtor.

Dessa forma, apesar das condições favoráveis ao desenvolvimento maracujá na RegiãoNorte Fluminense e do financiamento subsidiado do governo do Estado com recursosemprestados a uma taxa anual de 2%, sem correção monetária. O fato, entretanto, é que essefinanciamento obriga o agricultor a entregar pelo menos metade da safra planejada para aagroindústria local. Nesse sentido, os produtores têm reclamado do preço baixo fixado pelaagroindústria e da obrigatoriedade de entregar 50% da safra planejada, que por sua vez

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consideram que a produtividade do programa de financiamento é elevada em relação àquelaque os produtores têm conseguido.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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