ApresentaçãO Km

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CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIRO Contexto e futuro Kátia de Marco ABGC | UCAM A cautela no termo futuro: não tem o sentido de prognósticos. potencial da cultura nas primeiras décadas do novo milênio. Minha fala será introdutória . Farei um breve traslado por reflexões que engendram luz ao foco da temática do seminário, através de uma breve contextualização conectando o aqui e agora com desdobramentos globais.

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Seminário Itinerante Economia da Cultura e Desenvolvimento ApresentaçãoMesa I | A Cultura no cenário brasileiro - contexto e futuroKátia de MarcoVisão ampliada da cultura na atualidade / a intensificação do diálogo entre cultura, desenvolvimento e sustentabilidade / o potencial econômico da cultura / a profissionalização dos setores culturais e a importância organizacional nas ações e instituições culturais/ o impacto das novas tecnologias na produção, na distribuição e consumo culturais.

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CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

Kátia de MarcoABGC | UCAM

A cautela no termo futuro: não tem o sentido de prognósticos.

potencial da cultura nas primeiras décadas do novo milênio.

Minha fala será introdutória . Farei um breve traslado por

reflexões que engendram luz ao foco da temática do seminário,

através de uma breve contextualização conectando o aqui e agora

com desdobramentos globais.

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Andrew Malraux, pensador e escritor francês, Min. da

Cultura da frança de 58 a 69, governo De Gaulle, implantou um

plano de política cultural, e elaborou uma legislação pioneira sobre

mecenato e doações. Instituiu a noção de “ação cultural”.

Procedimentos envolvendo recursos humanos e materiais para a

produção de cultura.

O séc. XX foi um século da industrialização, da tecnologia, da

democracia, do conceito dos direitos humanos, da representação

política. As pessoas vivem mais tempo, deslocam-se mais, se

comunicam mais... Entretanto vivemos igualmente um mundo de

guerras, privações, exclusões, pobreza, opressões, terrorismo e

privação das liberdades.

A cultura humaniza a economia. Existe algo além do crescimento

do PIB, dos índices superavitários, da valorização da moeda, das

balanças comerciais, da oscilação das taxas de juros, etc.

“ O século XXI será da cultura e da espiritualidade ou não será”André Malraux

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CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

I - Visão Ampliada da Cultura

II - Cultura, Desenvolvimento e Sustentabilidade

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I - Visão Ampliada da Cultura

• Globalização - dimensão processual

RAÍZES ECONÔMICAS

• Pós-modernidade - nova era global

RAÍZES CULTURAIS

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Globalização - dimensão processual O caminhar da humanidade aponta para a expansão e as

descobertas desde sempre. As expansões territoriais (cruzadas e a

expansão marítma) foram a ontologia dos processos de

globalização, motivados por fatores religiosos e econômicos.

A partir da Revolução industrial, com a passagem da tecnologia do

vapor, nas manufaturas, para a da energia elétrica, das máquinas,

geram a dicotomia homem- máquina, com a potencialização do

fazer humano em escalas massivas. Cria-se a noção das próteses

humanas.

Por outro lado atarvés das descobertas, a ciência acelera os

processos empíricos e revoluciona a história com as tecnologias

dos transportes e da comunicação.

Vamos tomar emprestado com Renato Ortiz – livro Mundialização

e Cultura – uma dimensão processual e segmentada da

globalização, como pano de fundo para pensarmos a cultura nas

suas dimensões atuais.

CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

I - Visão Ampliada da Cultura• Globalização - dimensão processual

1 - Internacionalização

2 - Globalização

3 - Mundialização

4 - Pasteurização x Singularização

• Pós-modernidade - nova era global

1 - Transitividade entre as ciências e as artes

2 - Redimensionamento do tempo e do espaço

3 - Reconfigurações entre cultura e economia

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Pós-modernidade - nova era global A era pós-moderna protagonizou uma paulatina metamorfose

renovadora da história, questionando a as antinomias como caos e

ordem, erudita e popular, local e global, continuidade e

fragmentação, amnésia e memória (Huyssen 1997:22), mudando,

enfim, noções intrínsecas às vanguardas modernas. Embaralhando

como em uma ventania as fronteiras segmentadas dos valores

modernistas e o encadeamento linear do progresso. O novo

contém o antigo, a interação aproxima os contrários e as

diferenças.

Com o passar das décadas o termo pós-moderno é difundido e seus

desdobramentos amadurecem, além de suas raízes culturais

originárias, principalmente falando da literatura, arquitetura e artes

visuais, para a esfera social, política e econômica, ressaltando suas

características redefinidoras de uma nova época, alicerçada pelo

fenômeno da globalização, em todo seu redimensionamento

temporal e espacial proporcionados pelos avanços tecnológicos

comunicacionais. A ARTE COMO ANTENA E ESPELHO.

Jean François Lyotard em seu antológico livro “A Condição Pós-

moderna” 5, de 1979, que se configura um dos primeiros ensaios

filosóficos sobre a questão e o primeiro estudo que tratou a pós-

modernidade como uma mudança global na condição humana.

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Primeira instância – Internacionalização - domínio geográfico, (tecnologia dos transportes) conquista de territórios para o poder das monarquias e do clero, e para o conhecimento do planeta. Globalização na esfera geográfica (a expansão marítma, expedições coloniais, terrestre e aérea) / o encurtamento das distâncias e a percepção de novas fronteiras/ a formação de uma nova cartografia mundial/ a interação dos povos.

CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

I - Visão Ampliada da Cultura

• Globalização - dimensão processual

1 - Internacionalização

• domínio geográfico

• formação de uma nova cartografia mundial

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Segunda Instância – Globalização -a esfera econômica na busca de ampliação de novos mercados a partir da tecnologia industrial / a expansão do comércio entre as nações / Intensificação globalismo de mercado. Aperfeiçoa-se a fundação da ciência da administração e da economia. Taylor funda a Administração científica em 1903,

Henry Ford experiência a logística da produção em série, Henri

Fayol funda a teoria clássica 1916 com os preceitos básicos de

prever, organizar, comandar, coordenar, controlar. Mais adiante, surgem as empresas multinacionais , e depois as transnacionais – empresas sem pátria, descentralizadas Instituições transnacionais, quando as corporações ganham os mercados com seu mimetismo cultural independente de suas raízes nos países de origem. Ex. Nike. A determinação econômica identificada por Karl Marx na sua filosofia do Materialismo Histórico, redesenha uma nova dimensão do capital/ formação dos centros financeiros das grandes cidades que pertencem ao mundo global. Foi este o terreno fértil para o desenvolvimento do capitalismo, o que Marx chamou de acumulação primitiva do capital, através do determinismo econômico/

CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

I - Visão Ampliada da Cultura

• Globalização - dimensão processual

2 - Globalização

• esfera econômica

• ampliação de novos mercados pela escala industrial

• novas configurações organizacionais

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Terceira instância – Mundialização – a globalização na esfera cultural. O desenvolvimento das tecnologias comunicacionais ampliaram o acesso ao conhecimento e a informação. A língua, a escrita, a gravação, a reprodução, o livro, a biblioteca, o telégrafo, telefone, cinema, tv, computador, satélite, o chip, a fibra ótica,a internet, a banda larga, os smartphones . A virtualidade através da inclusão digital, traz nova visão de mundo global. A disseminação das tecnologias da comunicação fizeram da informação o que Muniz Sodré chama de ouro pós-moderno. Este novo equilíbrio de valor, se dá em novas dimensões: de um lado, o valor entre as riquezas naturais, matérias primas, bens e recursos materiais escassos, e do outro, a informação, como recurso, bem imaterial, inesgotável, com potencial de valor de troca, gerador de poder, de inclusão e exclusão entre os povos, na era do conhecimento, que imputa à cultura novos lugares, novos usos e novas valorações (valor simbólico e valor econômico).

CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

I - Visão Ampliada da Cultura

• Globalização - dimensão processual

3 - Mundialização

• âmbito cultural

• desenvolvimento das tecnologias comunicacionais

• informação como valor

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• homogeinização das culturas hegemônicas – prognósticos e teorias sociológicas mais alarmistas que identificavam uma tendência massiva na homogeinização cultural dominante. Entre ocidente e oriente, ricos e pobres, diferentes etnias.... Prevendo quadros isolados de xenofobia como resistência.

• assincronias de tempos sociais, políticos e econômicos – a idéia de pastiche e camadas, de todos os tempos no tempo presente, no que N.G.Canclini chamou de Culturas Híbridas. Através de prospecções e de diferentes tempos territoriais, remetendo ao conceito de culturas híbridas de Canclini, de assincronias de tempos sociais, econômicos e políticos no mesmo tempo cronológico.

• representação global das diversidades culturais – processos de singularização. Efeito inverso ao preconizado pelos alarmistas da globalização. Singularização do consumo, de etnias, comunidades, minorias, redes sociais, a detenção de todos os elos da produção e distribuição. Vemos centros de cultura institucionalizando as singularidades. Museus de etnias, de gêneros, de segmentos excluídos de toda ordem.

CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

I - Visão Ampliada da Cultura

• Globalização - dimensão processual

4 - Pasteurização x Singularização

• homogeneização das culturas hegemônicas

• assincronias de tempos sociais, políticos e econômicos

• representação global das diversidades culturais

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CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

I - Visão Ampliada da Cultura

• Pós-modernidade - nova era global

1 - Transitividade entre as ciências e as artes

2 - Redimensionamento do tempo e do espaço

3 - Reconfigurações entre cultura e economia

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• ruptura de fronteiras especializadas do conhecimento ao contrário da tendência modernista de especialização, as ciências se interligam para enriquecer suas abordagens e objetos de estudo.... bem como a interpenetração das áreas do saber, abrindo o diálogo e a interação dos conhecimentos científico, filosófico, artístico e religioso, são experiências históricas inéditas que desenham nossa atualidade.

• Ex. declaração de cientista colisão de dois feixes de partículas subatômicas em energia inédita. O bóson de Higss, chamada partícula de Deus. Sendo uma experiência que reabre o debate entre ciência e religião.

• interação e fusão entre os meios de Questões como a transitividade entre as linguagens expressivas, traduzidas na miscigenação dos meios de expressão, por meio da diluição das fronteiras especializadas, foram guinadas radicais na renovação da imagem e do pensamento (Jameson 1995:120). Ex. a arte conceitual e a ciberarte.

CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

I - Visão Ampliada da Cultura

• Pós-modernidade - nova era global

1 - Transitividade entre as ciências e as artes

• ruptura de fronteiras especializadas do conhecimento

• interação e fusão entre os meios de expressão

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Coelho – Eduardo KacBioArte

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• aceleração dos processos históricos

Redimensionamento do Tempo - Fazemos parte das gerações da segunda metade do século XX, que usufruem os avanços científicos das tecnologias de informação e comunicação (TICs). Fomos testemunhas do paulatino processo de encurtamento virtual das distâncias, da noção de tempo estendido, criando a ilusão de uma aceleração nos processos empíricos e históricos, devido à agilização que a tecnologia impõe ao tempo, prorrogando a expectativa de vida das populações. Da energia elétrica a internet / da carroça ao foguete / da fotografia ao satélite.

• encurtamento virtual das distâncias

Redimensionamento do Espaço . Já mencionamos ser a pós-modernidade um conceito que tem como alicerce uma reflexão radical sobre as noções de tempo e espaço. Os avanços científicos das tecnologias da comunicação corroboraram para o encurtamento virtual das distâncias, promovendo uma aceleração nos processos históricos As distâncias geográficas foram encolhidas em tempo de percurso pela tecnologia dos transportes no século XX, a tecnificação da transmissão de dados e imagem em tempo real, a telepresença da cisco. A ampliação das audiências sem fronteiras, na instantaneidade do tempo real.

CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

I - Visão Ampliada da Cultura

• Pós-modernidade - nova era global

2 - Redimensionamento do tempo e do espaço

• aceleração dos processos históricos

• encurtamento virtual das distâncias

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Fonte: Jornal O Globo, 2007

Taxa de natalidade x taxa de mortalidade

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I - Visão Ampliada da Cultura

• Pós-modernidade - nova era global

3 - Reconfigurações entre cultura e economia

• tecnologia e cultura - artesanato e indústria

• informação como bem de consumo e poder

• tecnologia e cultura – artesanato e indústria Dessacralização da Arte - o distanciamento elitista da “alta arte”29, que a resguardava em templos sagrados - museus, galerias, igrejas e palácios - limitando o acesso e sua compreensão a uma minoria iniciada, foi sendo minorado com a inserção ampliada da arte nas ruas, nos meios de comunicação, na arte popular e midiatizada nos veículos disponibilizados pela indústria cultural. As teorias da comunicação são enfocadas com ênfase crescente a partir da importância assumida pela informação como bem de consumo mercadológico, trazendo à tona dois emblemas da pós-modernidade – a tecnologia e a cultura, esta última como novo locus que condensa lazer, informação e interesses capitalistas, corporificados no que se convencionou chamar de Indústria Cultural.

• informação como bem de consumo e poder A posmodernidade embasa a cultura como indústria e produto. a constatação que dq que a cultura vem se tornando objeto de negociações em tratados de livre-comércio e de políticas de integração e inclusão social e econômica. 94 na França as ind. Cult. Foram alocadas em igualdade com as outras pela OMC nos tratados de livre comércio. viés econômico – Quando instituições poderosas como a União Européia, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, as maiores fundações internacionais começam a tratar a cultura como esfera crucial para investimentos, a

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cultura e as artes são tratadas como qualquer outro recurso. Cultura como catalisadora do desenvolvimento humano. Atualizando essa linha de pensamento, trazemos à tona recentes conceitos propostos por George Yúdice, em A Conveniência da

Cultura (2004), acerca da ideia de que a cultura, diante das novas dimensões da informação aliada à informatização (Castells 1999), passa a ser vista como ativo econômico, recurso valioso comparado aos recursos naturais, indo além de seu intrínseco valor intangível e simbólico (Bourdieu 1974), agregando o patamar da mensuração de um real valor, ainda que subjetivo, enquanto bem e serviço, diferente de qualquer mercadoria-tipo, até porque não está sujeita a escassez, já que falamos de idéias, como as commodities esgotáveis (Tolila 2007:29). Reconfigurações entre Cultura e Economia: torna-se relevante entendermos a mudança do eixo da economia para a cultura. O entendimento da cultura expandida pela tecnologia como oxigênio para a metamorfose e renovação do capitalismo.

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O tempo e espaço são relativizados

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A título de ilustração, inseridos na ideia de mudança de patamar no qual a cultura orbitava, visando enfatizar a temática de ampliação de sua função ao configurar-se como instrumental de desenvolvimento, remetemos à afinidade marxista entre os representantes da Escola de Frankfurt, com foco em Frederic Jameson , nos desdobramentos dos valores das teorias do materialismo histórico de Karl Marx [1868], ilustrados em prognósticos para a nova era. Jameson (1995) antecipa teses, no que se refere às tendências evolutivas da cultura no desenvolver das novas condições produtivas, no que o autor chama de “capitalismo tardio” (ibid:13). O determinismo econômico como estrutura da metáfora da clássica pirâmide de Marx se depara com um novo tipo de mercadoria, a informação, produto de cotação cada vez mais valorizada no mundo pós-moderno, corolário das tecnologias de comunicação massificadas pela indústria cultural. Desse modo, a informação e a cultura, enquanto conhecimento e ideologia, situadas originalmente no cume do diagrama da pirâmide, na superestrutura, no pós-modernismo, são deslocadas para a infraestrutura, nicho da base econômica, como fator estrutural determinante (Jameson 1995). Visualizando essa operação ideária, é como se invertêssemos a pirâmide marxista, feito uma ampulheta que esgota seu tempo

“O que significa o capitalismo quando o conhecimento, e não o dinheiro, governa?”Peter Drucker

Referência à metáfora da "Pirâmide Marxista”

INFRAESTRUTURA

SUPERESTRUTURA

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para começar de novo, e constatássemos que, sob a égide dos processos globalizantes e das tecnologias da informação, a cultura passa a integrar este locus determinante ora ocupado restritamente pela esfera econômica. Como se, transferida do topo e da condição de efeito, passasse a funcionar como causa geradora de valor agregado ao fator econômico. Cai como uma luva a pergunta de Peter Drucker: “o que significa o capitalismo quando o conhecimento, e não o dinheiro, governa?” (2001:129). Ilações à parte, a pós-modernidade suscita o entendimento da cultura expandida em seus usos e funções, a ponto de sua detenção e propriedade tornarem-na geradora de poder. Ou seja, funcionando mesmo como o que Muniz Sodré (1996) chamou de “ouro pós-moderno”, imputando à trilogia da cultura, tecnologia e informação, focos de poder econômico e político, ou ainda, voltando ao universo marxista, fatores geradores de uma nova “mais-valia”, em uma metafórica “acumulação avançada” do capital (Marx 2003 [1868]).

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Fonte: Jornal O Globo, 2007

Mudanças no poder hegemônico internacional

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Liberdade gera responsabilidades e escolhas necessitam de

informação.

CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

II - Cultura, Desenvolvimento e Sustentabilidade

“As liberdades não são apenas os fins primordiais do desenvolvimento, mas também seus meios principais.”

Amartya Sen

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CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

II - Cultura, Desenvolvimento e Sustentabilidade

1 - Novas conceituações e configurações

� Cultura

� Desenvolvimento

� Sustentabilidade

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• conceito polissêmico

Raymond Willians, autor do livro palavras-chave, classifica a cultura como uma das 3 palavras mais difíceis de conceituar na língua inglesa de vido a sua complexa etmologia. Em sua acepção mais longínqua a matriz latina colere significava cultivar, habitar. Em final do séc. XVIII o termo germânico Kultur remetia aos aspectos espirituais de uma comunidade. Na lingua Inglesa o termo Civilization remetia aos aspectos materiais (técnicos, cultura material) e do pensamento (social e político) de um povo. Entre tantos autores que estudaram a cultura como objeto da antropologia, como Edward Tylor, Alfred Kroeber, Franz Boas, Clifford Geertz, citaremos neste artigo um conceito secular e epígono de extrema atualidade no que tange ao espectro aberto e transdisciplinar de cultura, cunhado por Aristóteles há 24 séculos, que a define por exclusão do que não é regido por leis naturais. Trazendo para o universo da experiência, seria como se o choro fosse natureza, e o riso, cultura (id., ibid), ou seja, como se a ideia de cultura fosse a expressão das sensibilidades cognitivas.

CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

II - Cultura, Desenvolvimento e Sustentabilidade

1 - Novas conceituações e configurações

� Cultura

• conceito polissêmico

• objeto da Antropologia

• transversalidade conceitual e instrumental

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• objeto da Antropologia

Como objeto de estudo da Antropologia, na dicotomia natureza e cultura o inglês Edward Tylor, cita a primeira definição de cultura em seu livro Primitive Culture em 1871, sintetizando em inglês a palavra Culture. Mais adiante, Franz Boas com seu método comparativo, e Kroeber, em seu artigo “O superorgânico” , (como sendo a superação dos limites da natureza, através da do intelecto). Na visão antropológica, a Cultura, é vista como expressão de um povo, conjunto de crenças, idéias, hábitos, costumes, valores e símbolos... (Roque Laraia, Cultura como um conceito antropológico, zahar)

• transversalidade conceitual e instrumental

Hoje sabemos a cultura como um sistema dinâmico e multidisciplinar, um bem subjetivo, simbólico, de valor intangível, que passa a ser mensurável em rentáveis mercados e que, ao mesmo tempo, atua como instrumento e canal condutor do diálogo entre diversas áreas do conhecimento. A cultura como segmento social amplia sua tradicional legitimidade para além do campo formal das artes, da identidade de um povo, do folclore e do patrimônio, superando sua especificidade enquanto objeto de estudo da antropologia e de outras ciências sociais, para atingir segmentos diversos do desenvolvimento humano e as esferas da gestão. Diante dessa dimensão holística, a cultura configura-se na atualidade como um dos setores de maior crescimento nas economias pós-modernas, assumindo papéis balizadores em estratégias políticas, posicionando-se de maneira transversal nos programas de governo de diversas pastas ministeriais entre as nações.

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O entendimento da cultura como campo ampliado diante das novas dimensões assumidas na contemporaneidade, cultura já expandida em escala de produto – bem de consumo e indústria –, distribuição maciça, reverte-se em oxigenar novas configurações no caminho do capital nas sociedades pós-industriais (Jameson 1995; Benjamin 1969), gerando emprego, divisas, renda e desenvolvimento socioeconômico.

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• concepção desenvolvimentista – estado

A concepção progressista de que desenvolver é crescer. Noção de desenvolvimento via industrialização e substituição de importações no governo JK. Entre os anos de 40 a 80 a população brasileira triplicou. Ênfase nas coisas materiais e nos índices meramente econômicos. O milagre brasileiro ilustra bem esta dimensão. Modelo autoritário e concentrador de renda. Daí vem a inflação, défict público, dívida externa... o que ele pensa em fazer para melhorar o quadro: reduzir as txs de juros, crédito subsidiado.

• concepção neoliberal – mercado

Já os neoliberais preconizavam as leis do mercado e o equilíbrio entre oferta e demanda, dizendo que “crescer só não basta , se não se consegue absorver este exército industrial de reserva, e equilibrar as oportunidades e a linha de pobreza”. Mas acreditam que a química de o mercado ter o poder de regular para a estabilização e o equilíbrio como o espaço mágico das trocas. A concepção neoliberal defende a cultura no seu Potencial Econômico – a percepção da cultura como recurso da economia para movimentar cifras, gerar riquezas, produtos, bens e serviços, através das suas cadeias de produção, gerar empregos e participar de índices econômicos, PIB, IDH... A cultura como

CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

II - Cultura, Desenvolvimento e Sustentabilidade

1 - Novas conceituações e configurações

� Desenvolvimento

• concepção desenvolvimentista - estado

• concepção neoliberal - mercado

• concepção sustentável - sociedade

Page 28: ApresentaçãO Km

indústria ( gerando produtos e comportamentos massivos) . Cultura cai nas amarras dos interesses do capital de mercado, como indústria e produto, abrindo a guarda de sua função simbólica e espiritual, - cautela dos métodos estratégicos.

• concepção sutentável – sociedade

Nova noção de capital social. O papel da sociedade civil - O desenvolvimento visto como inclusão social – exercício à cidadania/ a fraca premissa da teoria econômica neoliberal, que incentivou os investimentos da sociedade civil na cultura, educação e ambiente. /a falência das ideologias / a dissolução da bipolaridade entre EUA e US / o descrédito da esfera política tomada pelo vírus da corrupção / da sazonalidade partidária / a perda de força das representações classistas e dos sindicatos e dos partidos / da militância política ideológica / os movimentos estudantis / o individualismo gerado pelos preceitos neoliberais... Este certo desencantamento do mundo contribuiu para o surgimento de novas narrativas e do empoderamneto da sociedade civil, a voz política de segmentos sociais, os processos de singularização. A institucionalização desta tendência representada pelas ONGs e OSIPs. Década de 70 – Green Peace / ONU///////. Produzindo uma Cultura da minorias, a cultura da Paz, da diversidade Cultural. Cultura como regeneração social e urbana. Como uma cadeia que se retroalimenta. O IDH - índice foi criado pelos economistas Mahbub ul Haq e Amartya Sen criaram o IDH como contraponto às análises meramente econômicas, que só consideram o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O IDH mede a qualidade de vida com base em indicadores de saúde, educação e renda per capita.

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• fundamentação semântica

Em 1986 houve o acidente no reator atômico em Chernobyl/Ucrânia. Foi um desastre sem proporções históricas: 100 x + radiação que Hiroshima e Nagasaki. Área de 40.00km a ser evacuada. 3.4 milhões de pessoas afetadas/ 15 mil mortos/ Alertou a humanidade sobre a sobrevivência do planeta e o convívio com uma nova era da escassez. Em 1987 Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, cunhou o Relatório Nosso Futuro Comum, definindo o conceito de desenvolvimento sustentável. Chamado de Relatório de Brundtland de 1988. Deste modo o conceito de sustentabilidade nasce nas esferas ambientais e migra como uma nova visão de mundo para as outras esferas. Conceituando sustentabilidade como a “capacidade conceitual e estratégica de atender as necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras”. Hoje falamos em sustentabilidade como a capacidade de projetos, programas e organizações, de gerar recursos através de receitas advindas do equilíbrio de cadeias produtivas setorizadas em equilíbrio. Diferença de captação de recursos para sustentabilidade. Negócios verdes, sustentáveis e inteligentes.

• difusão pluridisciplinar

Para ilustrarmos a atualidade das novas dimenções que a informação como tecnologia e como ativo econômico assume, citando os recentes conceitos de George Yúdice, em seu livro A

CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

II - Cultura, Desenvolvimento e Sustentabilidade

1 - Novas conceituações e configurações

� Sustentabilidade

• fundamentação semântica

• difusão pluridisciplinar

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Conveniência da Cultura – cultura como recurso econômico, comparado aos recursos naturais, escassos. Devendo ser gerenciada a fim de garantir equilíbrio de interesses entre criadores, empresas, e sociedade. Comparada aos recursos naturais a pertinência dos conceitos de biodiversidade e sustentabilidade.

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Artista Baiaino líder espiritual da Comunidade Nagô -

CULTURA NO CENÁRIO BRASILEIROContexto e futuro

“Evoluir sem perder a essência.”

Mestre Didi

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Obrigada pela atençã[email protected]