Aquecimento Curitiba

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Do suor às lágrimas: Do suor às lágrimas: limites dos esportistas limites dos esportistas Falta de informação sobre como exercer determinadas atividades físicas, aliada à vaidade, pode causar sérios riscos de contusões em atletas, prossionais ou amadores. Conheça as principais medidas 5/6 páginas www. aquecimentocuritiba .com.br para evitar lesões por sobre- carga e, assim, deixar situa- ções de emergência para trás e alcançar a melhor posição possível no pódio: aquela que garanta a você um excelente estado de saúde. Distribuição gratuita e dirigida Quer estar no apito até a próxima Copa do Mundo? Então você não pode deixar de participar de um espaço democrático sobre o maior evento de futebol do planeta. [email protected] Quer estar 3 página Curitiba, abril de 2011 EDIÇÃO PILOTO

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Jornal para esportistas.

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Do suor às lágrimas:Do suor às lágrimas:

limites dos esportistaslimites dos esportistasFalta de informação sobre como exercer determinadas atividades físicas, aliada à vaidade, pode causar sérios riscos de contusões em atletas, profi ssionais ou amadores.Conheça as principais medidas

5/6páginas

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para evitar lesões por sobre-carga e, assim, deixar situa-ções de emergência para trás e alcançar a melhor posição possível no pódio: aquela que garanta a você um excelente estado de saúde.

Distribuição gratuita e dirigida

Quer estar no apito até a próxima Copa do Mundo? Então você não pode deixar de participar

de um espaço democrático sobre omaior evento de futebol do planeta.

[email protected]

Quer estar

3página

Curitiba, abril de 2011EDIÇÃO PILOTO

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expedienteexpediente

AQUECIMENTO CURITIBA é uma publicação mensal de Paráfrase Serviços Editoriais e Educomunicacionais.

PARÁFRASE SERVIÇOS EDITORIAISCNPJ: 12.407.874/0001-47Endereço: Rua Arroio Trinta, 295 - Campo Comprido - CEP: 81.270-030.

EQUIPE EDITORIALJornalista responsável: Hendryo André (DRT - 8402/PR)Equipe de produção: Antonio Carlos Senkovski, Eli Antonelli, Flávio Freitas, Hendryo André, Luciana Brito e Tálita Rasoto.Ilustração da capa: Daniela Zandonai

CONTATOSAcesse: www.aquecimentocuritiba.com.brSiga: @aquecimentoctbaE-mail: [email protected]

DISTRIBUIÇÃO E CIRCULAÇÃOTiragem: Edição piloto (2 mil exemplares) |distribuição gratuita e dirigidaImpressão: Gráfi ca O Estado do ParanáÁrea de cobertura: Centro, São Francisco, Rebouças, Batel, Água Verde, Portão, Novo Mundo, Santa Quitéria, Vila Izabel, Seminário, Campina do Siqueira, Bigorrilho, Mercês, Mossunguê e Campo Comprido.

O Brasil é o país do futebol, mas é bem possível acreditar que outras prá-ticas esportivas podem servir como base para a redução das desigualdades sociais e aumento da qualidade de vida. Para isso, este jornal passa a pensar na garantia do bem-estar de esportistas an-tes, durante e depois de cada atividade física. Esses são, respectivamente, o so-nho e a essência deste projeto, cujas pri-meiras páginas estão nas mãos do leitor para devida crítica.

No entanto, como não há casos con-cretos de que outros esportes podem funcionar como propulsores de uma arena de discussões culturais, utiliza-se como argumentação o próprio exemplo do futebol.

Para o professor Jocimar Daolio, doutor em Educação Física pela Uni-camp, no artigo “As contradições do futebol brasileiro”, a modalidade se popularizou por ter nas próprias regras aspectos que refl etem a cultura nacional. Ele cita o próprio papel dos árbitros para falar sobre as infl uências autoritárias na so-ciedade: “O árbitro é o senhor do jogo, com plenos poderes para marcar faltas, impedimentos, dando ou não desconto no tempo de jogo, decidir rapidamente se houve vantagem no lance por parte do jogador que sofreu falta, podendo até desconsiderar as marcações dos seus auxiliares”.

Se essa interpretação fosse levada ao pé da letra, o ingresso de mulheres no mundo do futebol, como torcedoras, jornalistas e árbitras deve ser vista com otimismo (ler entrevista com a árbitra Fran-cielli Bento da Costa, nas páginas 12 e 13). Afi nal, além de comandarem alguns dos principais espetáculos futebolísticos, as mulheres também são responsáveis por mais de 22 milhões de residências em todo país, de acordo com a última Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílios (PNAD), com dados refe-rentes a 2009. Só no Paraná, no período de um ano, a participação das mulheres como chefes de família cresceu 5%.

Mas a barreira do machismo não é tão fácil de ser rompida, como alerta Daolio, agora em entrevista ao Aqueci-mento Curitiba: “Ainda vejo o futebol como área masculina, como se as mu-lheres representassem um ‘enfeite’ do futebol que justifi ca o fato do futebol ainda ser coisa de ‘macho’. Basta no-tar as letras das canções entoadas pelas torcidas nos estádios, as manifestações da torcida, a presença quase exclusiva de homens nos estádios, os comentá-rios após os jogos feitos quase sempre por homens. As mulheres se interes-sam, mas a impressão é a de que elas se interessam por outras coisas também e dividem esse interesse, enquanto os homens se interessam quase exclusiva-mente pelo esporte”.

Para o professor, mais importante que o acesso das mulheres ao futebol profi ssional é o investimento na prática da atividade. Dessa forma, a modalidade pode perder um pouco da “masculini-dade” e levantar discussões importantes sobre a igualdade de gêneros. O mais importante, porém, é que esses projetos sejam elaborados sem demagogia, com a tentativa de incorporação de outros esportes: “Se um secretário de espor-tes ou prefeito quiser fazer uma 'média' com a população dos bairros carentes, basta fazer uma competição de futebol ou dar algumas bolas e uniformes aos times de várzea. Não há a intenção de propiciar conhecimento de outras prá-ticas esportivas. O futebol é quase ex-clusivo por vários motivos de origem sócio-antropológica, mas também por-que não se ensina outras modalidades nos clubes, nas escolas e na mídia. Isso gera um círculo vicioso: joga-se futebol porque não se conhece outras modali-dades e não se conhece outras modali-dades porque só se joga futebol. Penso que uma política pública para a área es-portiva teria que diversifi car e ampliar oportunidades de prática na perspectiva do esporte de lazer e não como esporte espetáculo” (HA).

Esporte, cultura e política Esporte, cultura e política no país do futebolno país do futebol

opinião

Na biologia, o conceito da abio-gênese – ou seja, o princípio de que a vida poderia surgir da matéria bru-ta – serviu como referencial cientí-fi co para a origem dos seres vivos durante muitos séculos. Mas faltava algo ignorado por aqueles que acre-ditavam que a vida podia brotar das pedras: uma resposta, cuja essência transformaria tudo aquilo que era sólido em pó.

Não era a origem da vida o que mais importava naquela lacuna igno-rada por aqueles biólogos, mas sim o viver. Perceba você, estimado lei-tor, que transformar o substantivo “vida” no verbo “viver” é criar ação ou, como preferir, é gerar vida. Des-de então, as sociedades criaram ins-tituições e organizações e, nenhuma delas, diga-se de passagem, seja para o bem ou para o mal, são frutos de geração espontânea.

Os jornais, para exemplifi car o campo de atuação deste veículo que acaba de rebentar, nasceram da di-nâmica das sociedades modernas, na qual era necessário criar um proje-to político, pautado pela razão, para combater déspotas e nobres. Emba-sadas pelos princípios de igualdade, liberdade e fraternidade (nunca atin-gidos plenamente, é bem verdade), as revoluções burguesas criaram uma nova ordem social. Alguns re-sultados desse projeto são visíveis:

melhorias no desenvolvimento a tratamentos de saúde e alcance im-pensável na área da comunicação. Porém, há muito a fazer para rear-ranjar as mazelas herdadas daquelas revoluções. Doenças como stress, le-sões por esforço repetitivo, ou ainda aquelas relacionadas ao sedentaris-mo, apenas para citar algumas, não surgiram por geração espontânea.

Em função de a sociedade como um todo ter maior acesso a infor-mações, o anseio pela qualidade de vida passou a ser algo fundamental no cotiadiano de todos. E é nesta lacuna que este jornal se origina e pretende se desenvolver de forma robusta.

A partir deste número, o leitor-esportista poderá encontrar em aca-demias, parques, clínicas de fi siote-rapia, canchas de futebol e diversos outros lugares um material voltado à prática esportiva. Aquecimen-to Curitiba circula nos seguintes bairros: Centro, São Francisco, Re-bouças, Batel, Água Verde, Portão, Novo Mundo, Santa Quitéria, Vila Izabel, Seminário, Campina do Si-queira, Bigorrilho, Mercês, Mossun-guê e Campo Comprido.

Que todos tenham sorte, e que o leitor, apesar da espontaneidade na linguagem destas linhas iniciais, ja-mais veja estas páginas como maté-ria inanimada.

Aquecimento Curitiba:Aquecimento Curitiba:jornal para esportistasjornal para esportistas

“Mais importante que o acesso das mulheres ao futebol profissional é o

investimento na prática da atividade. Dessa forma, a modalidade pode

perder um pouco da “masculinidade”e levantar discussões importantes

sobre a igualdade de gêneros

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A realização de um evento como a Copa do Mundo no Brasil e, espe-cificamente, em Curitiba, precisa ser observada de dois lados. Se a princí-pio ela pode trazer benefícios para a cidade, por conta dos investimentos em infraestrutura e da valorização tu-rística, há uma outra face geralmente encoberta que é o impulso gerado a todo um conjunto de violações de di-reitos humanos antes, durante e depois do período dos jogos.

Crianças e adolescentes são, sem dúvida, os grupos mais vulneráveis aos impactos negativos que a Copa pode trazer. A quantidade de ocorrências de exploração sexual de meninas e de meninos, por exemplo, tem tudo para aumentar, facilitada pelo fl uxo de tu-ristas que estarão por aqui. Se em mui-tos países ainda há uma visão do Brasil como “terra tropical onde tudo é per-mitido”, não é difícil imaginar com que interesses parte dos viajantes chegarão, e a rede de aliciadores estará de braços abertos para atendê-los.

É necessário, então, que desde o pla-nejamento e a execução das obras este-jamos atentos para esse cenário que se anuncia. Todos os setores políticos e eco-nômicos ligados à movimentação prepa-ratória para a Copa são co-responsáveis por ele.

Dá para ir longe nesse assunto e falar mui-to mais: é p rec i so investir em pre-venção, d i v u l -gar os canais de denúncia, reforçar a estrutura de atendimento e de responsabili-zação dos aliciadores, facilitadores e clientes...

""

Douglas Moreira - jornalista

Não há vantagem social nisso. Os inves-timentos que estão sendo feitos, ou ainda serão, dizem respeito apenas à parte eco-nômica da cidade, em nada infl uenciam no desenvolvimento social, humano, intelec-tual ou cultural da população curitibana. Além disso, acredito que a cidade não tem preparação para receber um evento dessa estirpe. É absurdo como há uma grande mobilização por parte do governo em

"Honislaine Rubik - estudante universitária

preparar um evento des-se - pela visibilidade e atração turística -, mas os pro-blemas so-ciais locais não moti-vam nenhum tipo de ação maior, que trabalhe o desenvolvimento real local.

para a Copa são coáveis por ele.

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os aliciadores, ores e clientes...

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A partir da próxima edição, o Aquecimento Curitiba mantém a coluna sobre a Copa do Mundo de 2014 e acrescenta nesta página o espaço Painel do leitor. Participe, mande sua opinião, crítica ou sugestão para [email protected]

Você ainda pode participar via Twitter (@aquecimentoctba) ou mandando correspondência para Rua Arroio Trinta, 295, Campo Comprido (CEP: 81.270-030).

Tenho certeza que não vai melho-rar. A vida do pobre não muda em nada. Pode ser que nas regiões mais ricas mude, mas nas regiões mais pobres, não. No meu bairro temos

um problema sério de segurança e mesmo

com a Copa do

""Mundo aqui tenho certeza que vai continuar a mesma coisa. Durante, vai melhorar a segurança lá na região central, mas na minha mesmo, não.Eu não gosto de futebol, os joga-dores por aí estão todos ricos e nós continuamos pobres, é um negócio que não me dá um centavo.

A Copa do Mun-do vai aju-dar muito

na questão da infraestru-

tura. Os jogos em si não alteram

muita coisa. Mas na

Vagner dos Santos - porteiro

minha área, por exemplo, vai ter mais trabalho. Vai ter mais carro circulan-do, mais carro quebrando... E isso vai gerar mais emprego. A minha irmã, que trabalha com turismo, disse que na área dela já se sente os impactos da Copa. Mas o certo é esperar um pou-co mais para saber quais impactos a Copa vai trazer.

""Marcelo C. Sikora, mecânico

Acho que ao menos temporariamente, se-

riam melhoradas questões de

segurança e infraes-

trutura em geral da cidade.

Minha área de trabalho vai fi car mais movimentada, pois para

""que a infraestrutra seja melhorada, ne-cessita-se bastante de engenharia. Acre-dito que a maioria das obras será con-centrada ao redor da Arena da Baixada, mas vão ser necessárias mudanças em toda a cidade, principalmente em hotéis e trânsito. O transporte talvez também exija alguma mudança, mas acho que só para melhorar o acesso à Arena, porque já é muito bom o transporte por aqui.

Helder S. Mott, engenheiro elétrico

""participeparticipe

opinião: copa 2014

Alexandre Beltrão, analista de manutenção

Discordo do fato de acontecer investi-mento público em propriedade priva-da. Outro ponto negativo da vinda da Copa, e não só para Curitiba, é a falta de clareza dos gastos públicos. Isso já ocorre e agora com obras grandiosas como as que acontecerão, teremos muita falcatrua e desvio de dinheiro.

Acredito que o Brasil não está sufi cien-te desenvolvido, maduro e idôneo para sediar este tipo de evento com a respon-sabilidade com que deve ser conduzido. Portanto, com todos os prós e contras acredito que não deveríamos sediar a Copa, sem antes dar o mínimo necessá-rio à população mais carente.

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10/04ESPORTE: Atletismo (5 ou 10 km)EVENTO: Joinville 10KLOCAL: Joinville (SC); Joinville Garten ShoppingINÍCIO: 08h00INSCRIÇÕES: até 07/04 (R$ 50)INFORMAÇÕES: www.joinville10k.com.br

15 a 17/04EVENTO: 2ª Etapa Copa Pinhais de AutomobilismoLOCAL: Curitiba (PR); Autódromo InternacionalINFORMAÇÕES: www.autodromodecuritiba.com.br

16 e 17/04EVENTO: Curso de Arbitragem de NataçãoLOCAL: Campo Grande (MS)INSCRIÇÕES: até 14/04 (R$ 40)INFORMAÇÕES: www.webesportes.com.br

16 e 17/04ESPORTE: Natação (50 metros)EVENTO: Campeonato Catarinense Absoluto - Seletiva MocócaLOCAL: Palhoça (SC)INSCRIÇÕES: até 16/04INFORMAÇÕES: www.webesportes.com.br

19/04ESPORTE: Atletismo (4,4 ou 8,9 km)EVENTO: 4ª Etapa Circuito da Lua CheiaLOCAL: Curitiba (PR); Parque TinguiINÍCIO: 20h30INSCRIÇÕES: até 12/03, às 16h00 (R$ 25)INFORMAÇÕES: www.clickcorridas.com.br

30/04ESPORTE: Atletismo (5 ou 10 km)EVENTO: 4ª Etapa Corrida do CaquiLOCAL: Campina Grande do Sul (PR);INÍCIO: 16h00INSCRIÇÕES: até 26/04, às 18h (R$ 30)INFORMAÇÕES: www.clickcorridas.com.br

30/04 a 01/05EVENTO: 2ª Etapa Campeonato Paranaense de MotovelocidadeLOCAL: Curitiba (PR); Autódromo InternacionalINFORMAÇÕES: www.autodromodecuritiba.com.br

* A programação também está disponível no site ** Para divulgar seu evento mande e-mail para

[email protected]

abrilConfira a programação

esportiva para este mês

calendário

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Prevenção émelhor remédiocontra lesões em corredores

"4-7-4", gritou duas ou três vezes em vão o condutor da cerimônia de premiação da Corrida Rústica de Arau-cária, realizada em fevereiro, no Parque Cachoeira. Mão na cumbuca: “4-7-0!”, insistiu com tamanha empolgação mes-mo ao descobrir que o dono do número anterior não estava entre os consolados. Das arquibancadas, o sorriso de Sebas-tião Maria dos Santos, de 52 anos, foi irônico ao apontar a inscrição 472, es-tampada na camisa pelos 10 quilôme-tros da prova, completados em 40 mi-nutos, o que garantiu a ele o primeiro lugar na categoria 50-54 anos e o 43º geral. Não foi a primeira vez que a im-precisão dos números foi confl ituosa na vida daquele homem.

O ano era 2004, mas quem pretende correr os olhos por estas linhas pode se frustrar por não ter sido duas ou três décadas antes. Prova de que a matemá-tica não é exata pelo menos quando o assunto é a vida. A juvenil paixão pe-las práticas esportivas não foi sufi ciente para que o sorriso contagiante de Se-bastião fosse substituído pela expressão de esforço característica aos atletas que disputam corridas de longa distância. Na época, aos 45 anos, aceitou partici-par de uma corrida de rua. E não é que gostou da experiência?

Passados seis anos, a sala da casa, em Araucária, teve a decoração forçadamente remodelada: a coleção de bonés – daque-les de propaganda, quase sempre ligados à área da mecânica, profi ssão do prota-gonista – foi substituída por troféus e medalhas. As primeiras são lembranças gostou da experiência? medalhas. As primeiras são lembranças

InvestimentosO orçamento do Ministério do Esporte foi o que mais cresceu este ano. Em 2011, a pasta vai receber R$ 2,5 bilhões, valor 63% maior se comparado ao orçamento do ano passado. O destino da maior parte do dinheiro, no entanto, está voltado à Copa do Mundo e às Olimpíadas. Só em 2011, a publicidade ofi cial previu R$ 44,2 milhões com gastos em propaganda, valor superior, por exemplo, ao programa Bolsa Atleta (R$ 40 milhões), cuja função é a de fi nanciar o treinamento de mais de três mil competidores de várias modalidades, inclusive atletismo.Segundo o Ministério, nas duas gestões do presidente Lula foram recuperados ou construídos mais de 12 mil espaços destinados à prática do esporte, números que apontam para quase R$ 3 bilhões em 8 anos. Um aspecto curioso é que, apesar de ter tido o maior crescimento percentual em relação a 2010, a pasta está entre as cinco com menores orçamentos.

% maior do e às plo,

de consolação, o prêmio de grande va-lor àqueles que amam o esporte. As úl-timas, inclusive a do dia da entrevista, de pódios. Os números, como de costume na vida do personagem, não são pre-cisos, mas se estima que haja mais que uma centena de prêmios. “Olha como

as coisas são”, zomba Sebastião ao tra-zer na palma da mão o símbolo de um primeiro lugar, “você corre 21 quilôme-tros para ganhar um troféu deste tama-nho”. Gargalhadas tomam o ambiente. Apesar do tom de brincadeira, a conversa é séria. A falta de investimentos em espor-tes como o atletismo (ver quadro ao lado) se torna obstáculo para a maioria dos pratican-tes. Sebastião, por exemplo, só é atleta em função da disposição para os treinos, sem-pre realizados antes ou depois do horário de expediente. Nesse sentido, o ritmo dos treinamentos é ditado por ele mesmo, fato que, em situações normais, poderia provo-car sérias lesões. “Vou contar uma coisa: eu não gosto de alongar e o aquecimento eu só faço no início das corridas”, conta o atleta de condições físicas invejáveis, já que nesses seis anos não teve contusões: “Às vezes, de-pois de uma corrida, chego em casa e tenho que usar um analgésico, mas é da carga de exercícios”.

limites físicoslimites físicospara para esportistasesportistas

Antonio C. Senkovski / Aquecimento

Falta de investimentos no esporte preocupa atleta. Só em 2011, valor destinado a obras para Copa do Mundo são próximos a todo o orçamento para as demais modalidades esportivas nos últimos oito anos

atletismo

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Lesões porsobrecarga

Este ano, o evento que comemorou os 121 anos de emancipação política de Araucária foi a quarta competição dispu-tada por Sebastião. Só no ano passado, ele participou de 32 provas, quatro a me-nos que em 2008, números que somados (sem contar os treinos) apontam para mais de 800 quilômetros, média de uma corrida com 12 quilômetros de percurso a cada dez dias. “A gente só não vai para provas em lugares mais distantes por falta de incentivo fi nanceiro mesmo”, relata ao exibir a medalha da sua primeira partici-pação na Maratona Internacional de São Silvestre, em 2010.

Toda essa carga de exercícios faz de Sebastião uma potencial vítima de lesões por sobrecarga, que costumam prejudi-car esportistas que têm displicência nos alongamentos, ou que usam calçados im-próprios. Posturas incorretas na hora da atividade, falta de descanso e excesso de exercícios também podem facilitar a inci-dência de dessas lesões (ver quadro abaixo).

É recomendável que os praticantes de corridas façam musculação de três a quatro vezes por semana, alongamentos antes e depois de cada corrida e aulas de alongamento de duas a três vezes por se-mana, fortalecendo e aumentando a fl e-xibilidade da musculatura. Sebastião não segue parte dessas recomendações, mas alterna a corrida com outra atividade: o ciclismo. Em doses fortes, o atleta conta sobre o que classifi ca como “passeios”: já pedalou até Londrina, por duas oportu-nidades, e Assis Chateaubriand, no oeste paranaense. “Não me sinto atleta de ci-clismo. Considero que andar de bicicleta é uma diversão”.

Para a psicóloga Elizabeth Tramujas, os atletas se sentem como oponentes de si mesmos, o que faz com que o espíri-to de competição se projete em marcas individuais: “É uma das mais bonitas ba-talhas que o ser humano trava: a consigo próprio! A dor, a disciplina, o empenho, isso tudo remete ao atleta um desafi o, que claro, se revela não só no corpo, mas em outras áreas de sua vida. Os exercícios

físicos obviamente trazem um bem-estar físico e emocional, pois a partir deles me-lhoramos aspectos metabólicos impor-tantes para um maior equilíbrio bio-psí-quico. Quanto à dose certa, eu diria que é uma questão de bom senso”.

Em relação à vaidade, a psicóloga destaca que a cultura ocidental é refém da estética corporal, alcançada princi-palmente por meio da prática esportiva: “Todo atleta é vaidoso. Já na Grécia An-tiga, os jogos olímpicos eram um desfi le de corpos esculturais e saudáveis, pesso-as especiais, treinadas desde tenra idade.

Isso nos remete a uma situação psico-lógica, mitológica, na qual a vaidade, a imponência e outros atributos relaciona-dos ao ego estão presentes. Nada disso é inerente a nós, seres mortais, eu diria até que é saudável, desde que vivencia-dos como parte da psique, mas, quando o homem tenta viver este mito, entrar nesta situação como sua realidade, neste momento ele poderá sucumbir, pois um mito não é para ser vivido, mas elabora-do dentro da subjetividade. Se isso não se faz nesta esfera, torna-se patológico, destrutivo” (HA).

tendinites no tendão de Aquilesexcesso de esforço e contato do tênis com o tendão. Em caso de reincidência é aconselhável a troca de atividade física. A melhor opção é o ciclismo

osteotite do púbisé uma infl amação que ocorre em função do movimento oscilante das pernas na atividade. Manifesta-se em quem dá passadas muito longas durante a corrida. A recuperação é lenta e o atleta deve evitar até mesmo outras atividades físicas

joelho de corredorcausado em corredores iniciantes e em profi ssionais; pode-se evitar com o fortalecimento de músculos, ossos, tendões e ligamentos

Sem orientação, a prática da corrida pode provocar vários problemas, tanto para atletas profi ssionais, quanto para ama-dores e, principalmente, iniciantes. As fraturas por stress, por exemplo, ocorrem em função do esgotamento muscular proveniente do excesso de atividades. Durante o tratamento, é necessário interromper a atividade por algumas semanas, mas ela pode ser substituída pelo ciclismo. Outro ponto im-portante é quanto à volta: é recomendável que se corra ini-cialmente em superfícies macias como grama ou areia.Outro cuidado deve ser com as torções. Existem três graus de entorses: estiramento excessivo, mas sem afetar os liga-mentos (grau I); ruptura parcial dos ligamentos (grau II); ruptura total dos ligamentos (grau III), sendo necessário fazer cirurgia. É sempre indicado após uma torção fazer compressas de gelo para evitar edema (junção de líquido) e diminuir a infl amação. No caso desta lesão deve-se fi car sem correr até fazer uma consulta a um médico.

para evitarcorrer atrásdos médicos

periostite tibialFrequente em atletas que correm em terrenos duros e acidentados. Use calçado estável e com bom sistema de amortecimento

Antonio C. Senkovski / Aquecimento

Desde 2008, atleta disputou 72 corridas. Sem contar treinos, média é de uma corrida de 12 quilômetros a cada dez dias

Divulgação/Sxc.hu

“É uma das mais bonitas batalhas que o ser humano trava: a consigo

próprio! A dor, a disciplina, o empenho, isso tudo remete ao atleta um desafio,

que claro, se revela não só no corpo

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Irmãos de bola e sangueIrmãos de bola e sangue

EM CAMPO de terra não se dis-tingue uma equipe da outra pela cor da camisa. Depois de alguns lances, o que sobra das cores dos panos vêm em uma escala de tons de barro. No Campo Comprido dos anos 70, no qual se esten-dia dezenas de campos improvisados à luz dos pinhais, havia um time diferente. Não precisava de esforço para fi rmar sua identidade. Era uma equipe cujo escudo estava dentro das veias. Armando, Alte-vir, Altair e Aroldo, um time de irmãos e mais alguns amigos (ver box).

Fotos de Altevir Rasoto: ex-goleiro e meia-esquerda do lendário time dos irmãos preserva as lembranças de uma equipe que, desde os anos 70, faz parte da memória do bairro Campo Comprido

Fotos: arquivo pessoal

Armando - pivôAltevir - ala-esquerda

Altair - goleiroAroldo - ala-direita

Marquinhos - armaçãoPig - armação

Neri - armaçãoFoguetinho - ala-esquerda

Time dos irmãosFoto

: sxc

.hu

Em pé: Aroldo, Altair e AltevirAgachados: Renatinho, Marquinhos e Armando

reaquecidas

“Não tinha moleza não, nós en-trávamos pra ganhar. O povo ficava meio impressionado, quem era de fora, porque parecia que a gente estava bri-gando. Os outros times tinham medo de jogar com a gente”, lembra o ex-jogador do time lendário dos irmãos e agora consultor tributário, Altevir Ra-soto. E completa: “Tinha que ser time muito bom pra gente perder. Sempre tinha caras muito bons no nosso time. Mesmo nas brincadeiras, jogávamos sério”.

O título de lenda não é exagero. Ain-da hoje, duas décadas depois da última partida dos irmãos, há gente que passa pela casa do último dos jogadores e lem-bra-se das pedaladas, bicicletas, faltas... E da fi rmeza do time. Altevir ainda está na mesma terra que sujava as camisas, lugar da comprida quantidade de cam-pinhos de outrora. Lembra desse tempo nem sempre com precisão, mas a im-pressão que se tem é a de que a qualquer momento entrará em campo.

A sensação transmitida pela memória aquecida, porém, não refl etiria o gosto dos atletas do time por práticas de alon-gamento ou aquecimento. “A gente não fazia nenhuma preparação física, nem aquecimento, nem alongamento. Aque-cer era dar uns chutes no goleiro, isso sim. É de admirar que não tivemos ne-nhum problema grave”.

A história contada numa interrupção ao hábito quase sagrado de ver futebol nas quartas-feiras, pouco trouxe à tona fraturas traumáticas. São poucas as con-tusões do time, mesmo com uma rotina puxada com jogos de duas ou três ho-ras, duas vezes por semana. Um dedo quebrado do irmão gêmeo Altair e uns poucos arranhões aqui e ali. E até para remediar a dor o time contava com um “segredo”.

“Me machuquei no interior uma vez e uma senhora que tinha aqui tirou aque-la dor com a mão. Ela usava um aparelho de massagem, mas ela tinha mesmo o dom com a mão. Ela dissolvia qualquer problema nas costas. Tinha até gente de faculdade que vinha pra aprender as téc-nicas que ela usava”.

As primeiras peladas, que começa-ram no pátio de uma oficina mecânica, não demoraram para se transformar nos “rachas”. Era um futebol qualifi-cado, conforme conta Altevir. Havia até mesmo jogadores que se consagra-ram profissionalmente em clubes fa-mosos da capital. “No banco de reser-vas tinha cara que jogou no Coritiba, o Foguetinho, jogou junto com a gente por muitos anos”.

O melhor jogo? Aquele no qual o ci-negrafi sta do Canal 4 fi lmou a decisão de um dos tantos campeonatos. Jogo televisionado, emoção pura contada em detalhes. A imagem do jogo na descri-ção é quase como o barro que nunca sai das camisetas sujas. Não importa o sabão que se use, sempre estará impreg-nada na memória, embora alguns deta-lhes apaguem. As imagens não foram gravadas e o placar do jogo não está vivo com precisão. “Mas nós ganha-mos”, comemora (ACS).

A história de um time cujo escudocorria nas veias

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vale_tudovale_tudona conversa comna conversa com

WanderleiSILVA

Lutador curitibano deMMA é considerado o

maior atleta de vale-tudode todos os tempos

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aquecimento || 9

Galo - 55 a 61Pena - 62 a 66Leve - 66 a 70

Meio-médio - 71 a 77Médio - 78 a 84

Meio-pesado - 85 a 93Pesado - mais de 91

MeM

MeiPe

O VALE-TUDO pagou caro por va-ler tanto. O resultado? A troca de nome: a Mistura de Artes Marciais (MMA), do inglês Mixed Martial Arts, passou a desig-nar um dos esportes mais populares da atualidade. Nessa arena, com fi sionomia de poucos amigos, forte, carrancudo e, por vezes assustador, está o curitibano Wanderlei Silva, um dos atletas mais co-nhecidos de MMA do planeta, ao lado dos também curitibanos Anderson Silva e Shogun, além do manauara José Aldo.

Com 84 quilogramas, o limite da cate-goria peso-médio (ver categorias do UFC, abaixo), Wanderlei não necessita de mais que cinco minutos de conversa para demonstrar que a aparência não revela a identidade. Ele é sim-plesmente calmo e animado.

Aos 34 anos, o atleta tem uma vida eco-nômica estável. Já chegou a faturar U$ 1 mi-lhão em apenas uma luta no Pride, o extinto campeonato japonês de vale-tudo. “Já pas-sei por muita difi culdade. Agora minha vida mudou. Eu não sabia que ia dar certo, mas ‘papai do céu’ sempre soube”, conta.

Wanderlei começou a praticar artes marciais aos 13 anos. O objetivo era au-mentar a afi nidade com o sexo oposto: “Meu irmão fazia capoeira e musculação e fazia sucesso com as mulheres. Então resolvi seguir o caminho”. Foi então que começou a lutar Muay Thai.

Sete anos depois se tornou pro-fi ssional e, desde então, coleciona no currículo 44 lutas ofi ciais, segundo a Ultimate Fighting Championship (UFC), a principal competição norte-americana de MMA. São 33 vitórias, 10 derrotas e um empate técnico. Ele explica que as derrotas foram em função de alguns erros pessoais e que não há nenhum ad-versário que esteja “engasgado na gar-ganta”. Mas sorri ternamente quando perguntado se é motivo de pesadelos para alguém.

Na última década, o atleta trocou os ringues brasileiros pelos japoneses e norte-americanos. Exemplo de ta-manho sucesso do esporte em outros países é o reconhecimento que Wan-derlei teve após uma luta na terra do sol nascente: no dia seguinte a um con-fronto teve seu nome esteve estampado na capa de oito jornais. Além disso, o curitibano também foi ator de um fi lme naquele país sobre lutas marciais. “No Japão, o vale-tudo passava em canais abertos. Além disso, a transmissão era exibida para 42 países. Isso fez a gente ser mais reconhecido”, explica o luta-dor curitibano.

Sobre o relativo anonimato no Brasil – apesar de sucesso no MMA, ele é mais conhecido no Paraná – Wanderlei é en-fático: “Até acho bom que o MMA não seja um esporte de massa aqui. Existem torcedores, mas não são fanáticos como no futebol. Lá no Japão já fui abastecer o carro depois de uma luta e o frentista falou que eu precisava proteger mais a retaguarda”.

Família e estudoO lutador conta que a família não o

apoiou na escolha da profi ssão, embo-ra tenha havido isenção: “Certa vez, um tio veio visitar a gente. Quando eu abri a porta para ele entrar, o homem tomou um susto. ‘Sofreu um acidente?’. Respon-di que tinha acabado de sair de uma luta. Então ele aconselhou que eu largasse essa vida. Foi a única vez que alguém da mi-nha família falou isso para mim. Sorte que eu não segui o conselho”.

Em nome da profi ssão, abandonou a escola após concluir o Ensino Médio, mas acredita que a educação é importan-te na vida de qualquer pessoa: “Pretendo voltar a estudar depois que me aposentar. Ainda não sei qual o curso, mas acho que preciso pensar no futuro. Hoje tenho uma condição fi nanceira boa, mas amanhã...”.

Ele pretende se aposentar com 40 anos, mas já abriu uma academia em Las Vegas, a Wand Fight Team, ganhadora de um prêmio oferecido pelo MMA. Caso a paixão pelo esporte o impeça de parar de lutar, Wanderlei garante que o intervalo entre os confrontos deve aumentar. Con-siderado o maior lutador de vale-tudo da história, o atleta disputa, em média, qua-tro lutas por ano.

Fama de “brigão”A serenidade é uma marca no lutador.

Ele relembra um assalto em que levaram o seu carro. “O cara pediu para eu tirar a jaqueta. Então falou para o outro: ‘O cara é forte’. O outro respondeu: ‘Mas não tem peito de aço’”. Wanderlei concor-dou plenamente com o assaltante: “Não tenho mesmo cara. Leve tudo que vocês quiserem”. O assaltante aceitou o conse-lho do campeão.

Essa reação pode confundir muitas pessoas, já que os lutadores são vistos como brigões: “Estamos tentando derru-bar essa ideia. Tem uma idade que isso se torna complicado. Você passa na rua e os homens olham para a sua namorada e você não pode fazer nada. Ou algumas vezes encaram você por nada. Hoje não ligo mais para isso”.

PreparaçãoO MMA é uma junção de várias artes

marciais e, dependendo do evento, são proibidos alguns golpes. “Eu me adapto ao adversário e à competição”, explica Wanderlei sobre o tempo de prepara-ção – os adversários são conhecidos, em média, dois meses antes de cada con-fronto. A rotina de lutador não é fácil. Durante as manhãs ele pratica em torno de duas horas de luta. À tarde, trabalha a preparação física. Questionado sobre se há muitos ferimentos durante os trei-nos, Wanderlei é irônico: “Não acontece muito não...”. Um momento de pausa e o desfecho seguido de gargalhadas: “É só um ferimento a cada dois dias” (HA).

“Em nome da profissão, abandonou a escola após concluir o Ensino

Médio, mas acredita que aeducação é importante na vida de qualquer pessoa: “Pretendo voltar

a estudar depois que me aposentar. Ainda não sei qual o curso, mas

acho que preciso pensar no futuro. Hoje tenho uma condição

financeira boa, mas amanhã...”

Ficha técnica

lutas

4433 Vitórias

10 derrotas

1 empate

2004lutador do ano

(Sherdog)

2005Condecorado como maior lutador de

vale-tudo da história

kgcategorias

Atleta, de 36 anos, pretende lutarpelo menos mais quatro anos

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10 || Aquecimento

Por vezes a comparação entre artista e jogador de futebol é feita. Essa aproxi-mação se deve ao fato de a bola descre-ver nos pés do atleta profi ssional uma encenação que desafi a as leis da física.

Mas existem situações em que o jogador, apesar de saber que a partida dura 90 minutos, quer por quer que a jogada fi nal seja triunfante – é a melhor maneira de perceber o delírio do públi-co após o apito fi nal. Para o sucesso da jogada, ela deve começar a ser pensada ainda no vestiário, quando o jogador tenta traçar a estratégia para protagoni-

fratura exposta

atleta-artista eatleta-artista ea jogada desleala jogada desleal

zar uma encenação quase perfeita.É mais ou menos essa a essência do

causo do atleta-amador Marcos Paulo, o Marquinho. Em meio à roda de amigos depois de uma partida de futebol, ele se recorda de uma história que expõe uma fratura "daquelas".

Quando saía do expediente, Marqui-nho recebeu um convite para participar de um pagode:

– Maurício [um amigo] ligou quando eu estava saindo do trabalho e disse que ti-nham seis mulheres no pagode. Eu aceitei o convite e fui. Só que chegou meia-noite

e minha esposa ligou preocupada. Então pedi para o Maurício me deixar a duas quadras do Terminal do Sítio Cercado. No caminho eu comecei a me esmurrar, dava baitas tapas em mim mesmo, me sujei e ainda joguei meu celular fora. Quando cheguei em casa a família toda estava me esperando preocupada – até a sogra estava lá. Cheguei chorando e fi z o maior teatro. Disse que tinham me assaltado perto do terminal.

No fi nal de semana seguinte, Marqui-nho participou de um campeonato de futebol. Os amigos, sabendo da cena dra-

mática, a cada gol feito comemoravam como se estivessem assaltando o pro-tagonista. Era uma jogada desleal no atleta-artista.

– Pedi para que eles parassem com aquilo, afi nal, a minha mulher estava vendo o jogo e não entendia a come-moração.

Passado o susto, o casamento e os pagodes prosseguiram. Mas, espere um pouco, identifi car o personagem pode ser um carrinho desleal:

– Pode publicar sim, já estou separa-do mesmo (HA).

conquiste este espaço

visão apurada é sinalde sucesso para

toda grande parceria

[email protected]

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aquecimento || 11

vaidadevaidadetira atleta de campotira atleta de campo

Se você, esportista, passou por alguma situação inusitada durante uma atividade esportiva entre em contato: [email protected]

Hendryo André/Aquecimento

ERA A semi-final da 1ª Copa de Fu-tebol da Integração Metropolitana e o clima de decisão imperava no vestiário da equipe do Quatro Barras. Para aumen-tar a tensão, naquela manhã do segun-do domingo de agosto de 2010, o jogo que definiria a vaga na final era na casa do adversário, o Araucária. Como na primeira partida o placar havia termi-nado em 1 a 1, e gol fora de casa era um dos critérios de desempate, o zero no placar garantiria vaga ao Araucária.

Faltavam poucos instantes para a partida começar. Dentro do vestiário todos os jogadores do Quatro Barras estavam prontos para entrar em cam-po, uniformizados e ansiosos, exceto o jogador Sandro Samuel Tives, de 23 anos, que resolveu caprichar no visu-al e dar aquela “arrumada” no cabelo antes do jogo no Estádio Municipal Emílio Gunha, em Araucária. Time todo em campo, menos Tives, claro, que voltou ao vestiário.

Mas a vaidade lhe custaria caro. Enquanto o time já estava em campo, Samuel estava no vestiário arrumando o cabelo. Porém, não contava com um entrave pelo caminho: o zelador do Es-tádio, no exercício de sua função, por medida de segurança, trancou o vestiá-rio com o atacante ainda se aprontando.

No início, Sandro pensou que fos-se uma brincadeira dos colegas. Em seguida ouviu os gritos exaltados dos torcedores. Fato: o jogo havia come-çado sem ele. Então percebeu que, apesar do visual apresentável, não se-ria visto. Tanta vaidade para nada. O jogadodor estava fora (pelo menos do primeito tempo).

Para piorar, as tentativas de conta-tar algum companheiro do time que pudesse destrancá-lo foram frustradas. Lógico, os jogadores estavam em cam-po e os celulares no banco de reservas ou no vestiário. Não teve jeito, du-rantes 45 minutos o jogador teve que

acompanhar a partida preso no vestiá-rio ao som da torcida. Foi um primeiro tempo angustiante em que Sandro ou-viu apenas duas comemorações.

Após o apito final do primeiro tempo, o vestiário foi reaberto para o intervalo. Os jogadores do Quatro Barras se assustaram quando o viram – pensaram que ele havia saído um pou-co depois e ficado no banco. Pior que ter ficado preso foi saber que ninguém sentiu sua falta. Explicado o ocorri-

do, a situação foi motivo de piadas e rendeu-lhe alguns apelidos como “mo-delinho” e outros que o atleta preferiu não mencionar.

Se essa experiência teve um lado po-sitivo, pode-se dizer que foi o fato de Sandro não ter assistido aos dois gols que provocaram a eliminação do Qua-tro Barras. E, é claro, a estreia dessa história neste espaço. Afinal, um fato assim merece aparecer aqui, na coluna Vestiário (FF).

“No início Sandro pensou quefosse uma brincadeira dos colegas.

Em seguida, ouviu os gritos exaltados dos torcedores. fato: o jogo havia

começado sem ele. Entãopercebeu que, apesar do visual

apresentável, não seria visto

vestiário

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Profissão exige esforço físico e mental;árbitr@s se deslocam, em média,

10 quilômetros por partida

ANO de 1982 não deve trazer boas recordações aos amantes de fute-bol, já que a data marca a eliminação da mais brilhante seleção brasileira

que não pôde ver seu talento reluzir na amarelinha. A Copa da Espa-nha foi conquistada pelos italianos, que nas quartas-de-final, elimi-

naram o time comandado por Zico. No entanto, daquele Mundial há uma herança que marca o futebol do país: pela primeira vez

um árbitro brasileiro apitou o jogo final.Foi no mesmo ano em que Arnaldo César Coelho ditava as

regras na Espanha que, distante da Europa, mais precisamen-te em Barbosa Ferraz, no interior paranaense, nascia Fran-cielli da Costa Bento. Passados 28 anos, ela divide a carreira de árbitra da Fifa, pela Federação Mineira de Futebol, com a de estudante. Boa aprendiza dos bancos escolares, ela não incorpora um único juiz como modelo – nem mes-mo aquele que escreveu o nome da arbitragem nacional na

história do futebol –, ao contrário do que costumam fazer aqueles que sonham com a carreira de jogador: “Busco sem-

pre observar os pontos positivos em cada árbitro para tentar trazer para meu modo de arbitrar”.Estudiosa da profissão, Francielli analisa que as partidas estão cada

vez mais dinâmicas, o que faz com que os erros de arbitragem se tornem comuns. Por isso, ela vê com bons olhos o uso de mais um assistente

atrás de cada gol, experiência que está em teste nos estaduais do Rio de Ja-neiro e São Paulo, “desde que”, é claro, “eles não interfiram em marcações

da arbitragem principal”.

autoridade deautoridade de

esportistaesportista

perfil

@ - Quando você ver este símbolo nas páginas do Aquecimento Curitiba, não se assuste. Trata-se de uma maneira de incluir tanto o gênero masculino (o) quanto o feminino (a) em uma mesma palavra/expressão.

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Foto: arquivo pessoal

Francielli é integrante do quadro de árbitros da Fifa desde 2010

se você precisa diagramar ou revisar livros, revistas ou ou-

tros materiais,não perca mais tempo

nósajudamos

você[email protected]

paráfraseserviçoseditoriais

Como e quando surgiu a ideia de vi-rar árbitra?FRANCIELLI DA COSTA BENTO – Sempre gostei muito de esporte, e sempre observava os árbitros de todas as modalidades, achava os gestos e a postura bonitos. Mas a vontade apare-ceu com a oportunidade e o desafi o de apitar o meu primeiro jogo em um cam-peonato “varzeano” na minha cidade: o campeonato do Zé do Côco.

O árbitro da partida não apareceu e o senhor Zé do Côco – sem ter o que fa-zer – perguntou se eu teria coragem de apitar para ele. Como ele sabia que eu jogava futebol deduziu que eu também poderia apitar.

Foi o máximo: marquei faltas, pê-nalti e até expulsei... Era como se eu sempre tivesse apitado, e depois disso os times desse campeonato começaram a pedir que eu apitasse sempre os jo-gos até surgir a oportunidade de fazer o curso na Liga Local.

Quais os benefícios que você sentiu com a profi ssão? Você pratica quais tipos de atividades físicas para exer-cer a profi ssão?

Ser árbitro mudou muito a minha vida, me fez fi car mais madura e segura, além de me fazer apreender a ter contro-le sobre minhas emoções. Hoje sou uma pessoa muito racional e busco sempre ser a mais correta possível em todas as minhas decisões. É como se eu vivesse dentro de um campo de jogo 24 horas [por dia]. Sem contar os benefícios físi-cos que a prática das atividades nos pro-porciona, como uma saúde diferenciada.

Atualmente treino com o professor Guido Baecker que, junto com o instru-tor físico da Fifa Dionísio, desenvolve uma planilha de treinamento com corri-das, reforço muscular, resistência, tiros e outros.

Você se considera tão atleta quanto um jogador?

O árbitro é sim um atleta, pelo me-nos o de futebol. Se não se prepara com treinamentos puxados todos os dias da semana, não consegue acompanhar as

partidas, hoje cada vez mais dinâmicas.Só que apesar da semelhança do ár-

bitro com os atletas, a realidade não é a mesma. Temos que nos preparar, mas muitas das vezes fazemos isso por nós mesmos, pois temos que arrumar tem-po para treinar e se aperfeiçoar, e ainda temos que trabalhar em outras profi s-sões, o que é hoje uma grande barreira. Muitas vezes nos vemos divididos entre o amor pela arbitragem e as necessida-des do trabalho.

Em algum momento virou atleta por pensar na questão de saúde ou de vaidade?Não, a questão de sermos como atletas é apenas uma consequência do trabalho e dos treinamentos, mas obviamente que melhora muito a estética e a saúde, o que nos deixa mais vaidosos. Agora, quem quer se tornar um árbitro não pode ir pensando em status ou jogos de grande expressão, pois o caminho é duro até lá, sem contar que quando atingimos a meta a difi culdade para se manter é maior. Só que todos temos um pouquinho de ár-bitro dentro de nós e é só aperfeiçoá-lo. E se você tem esse sonho vá atrás dele e não deixe ninguém dizer que você não é capaz, pois a vida é feita de barreiras para serem ultrapassadas.

Qual foi a situação mais curiosa como árbitra?

Uma situação bem curiosa que me lembro foi quando eu ainda trabalhava pela Liga Local. Foi em um campeona-to amador: quando cheguei ao campo ele estava sem as devidas marcações. Eu já tinha avisado que não ia iniciar o jogo enquanto não fi zessem as marca-ções. Então foi chegando o horário da partida e nada de marcarem. Foi quan-do falei que não faria o jogo, pois não atenderam ao meu pedido. Logo che-gou o responsável e perguntou se po-diam fazer a marcação com farinha de trigo, pois foi só o que conseguiram en-contrar. E assim foi, dei alguns minutos para eles fazerem e, logo em seguida, iniciamos o jogo. Foi um jogo tranquilo (HA e TR).

“Apesar da semelhança do árbitro com os atletas, a realidade não é a

mesma. Temos que nos preparar, mas muitas das vezes fazemos isso por

nós mesmos, pois temos que arrumar tempo para treinar e se aperfeiçoar,

e ainda temos que trabalharem outras profissões

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Tentação por emagrecer fazesportistasdeixarem de lado dieta equilibrada

Muita gente sabe que praticar exercícios físicos contribui para um melhor funcionamento do corpo. Mas o que muitos esquecem é que só se exercitar não basta. É preciso saber conciliar a prática esportiva a uma boa alimentação e assim garan-tir a energia necessária para manter a boa disposição do corpo e da men-te. E a regra vale para todos, sejam profissionais ou atletas de fim de semana.

Os cuidados com a alimentação começam antes dos exercícios, já que o ideal é não fazer nenhuma atividade de estômago vazio. De acordo com a

nutricionista Karla Pedral Cunha, deve-se procurar “sempre comer alimentos leves meia hora antes [da atividade físi-ca], como frutas e cereais”.

Outra orientação é não exagerar. Contudo, quem esqueceu essa dica e passou da conta no almoço ou no chur-rasco do fi m de semana, a nutricionista aconselha a esperar, no mínimo, uma hora para iniciar uma prática esportiva, caso contrário a pessoa poderá passar mal durante a atividade física.

E por falar em churrasco, vale lem-brar aos amantes de esporte de fi m de semana que a combinação entre carne assada e cerveja somadas à prática de es-portes pode representar grandes riscos à saúde. “Existem casos de pessoas que sofreram ataque cardíaco durante a rea-lização de atividade esportiva. Tem que ter precaução, principalmente se a pes-soa for sedentária, o coração dela não está acostumado”, alerta a nutricionista.

Além de se alimentar de forma cor-reta antes da atividade física, é impor-tante se hidratar constantemente duran-te os exercícios. A ingestão de líquidos faz com que o corpo reponha parte do que é perdido durante o esforço físico.

Segundo o nutrólogo Maximo Asi-nelli, em dias de intensas atividades físicas é importante beber no mínimo dois litros e meio de água para garantir a reposição às perdas líquidas por meio do suor e excrementos. Além disso, a água ajuda a hidratar e fornecer ao or-ganismo as substâncias necessárias para o equilíbrio das funções vitais.

Para quem não gosta ou não tem o hábito de tomar água, há alternativas de outros líquidos que hidratam e ainda re-põem as energias, como a água-de-coco e os hidrotônicos. “Os hidrotônicos possuem sais minerais e são bem com-pletos, e não engordam”, conta Karla Pedral Cunha. Ela indica o produto

para atletas que perdem muito líqui-do durante atividade física.

Já a água-de-coco é rica em vi-taminas, minerais, aminoácidos, car-boidratos, antioxidantes, enzimas e outros nutrientes fundamentais para o bom funcionamento do organis-mo. Ela deve ser consumida de pre-ferência na "embalagem" natural.

Depois de ter praticado o exer-cício físico ou a atividade esportiva é hora de repor as energias. Os ali-mentos indicados pela nutricionista são os mesmos do início: comidas leves, frutas e cereais. Dentre as fru-tas, a banana é uma boa pedida, pois auxilia na recuperação muscular e dá vigor. “Muitas pessoas costu-mam eliminar a banana da dieta por acharem que ela engorda, mas, ao contrário do que pensam, ela pos-sui poucas calorias”, afi rma Asinelli (FF).

suplemento

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DESDE A infância, as pessoas já de-monstram interesses perante tudo o que é novo, misterioso, desconhecido e que envolve emoção. E isso gera a busca pela aventura e pelo prazer de sentir a adrenalina nas alturas. E na década de 1980, por causa dessa busca pela aven-tura, surgiu o ecoturismo. Ecoturismo? O que é isso?

O ecoturismo e o turismo de aven-

tura são atividades ligadas à natureza e devem tanto atender ao desenvol-vimento do turismo quanto à conser-vação da natureza. Isso só é possível quando há um planejamento cuidadoso com a participação da população resi-dente, do pessoal de manejo das unida-des de conservação e do setor turístico. Pela riqueza de ecossistemas e de bio-diversidade, o Brasil é um país privile-

giado para a exploração das atividades de ecoturismo e turismo de aventura. Com isso, começaram a surgir os Par-ques Nacionais e Unidades de Conser-vação, que são áreas naturais de grande importância, instituídos para preser-vação, pesquisa, educação ambiental e lazer. Os objetivos dessas unidades são preservar a biodiversidade e os ecossis-temas, protegendo as espécies de fauna e fl ora mediante o uso sustentável dos recursos.

No Paraná, o ecoturismo e o turis-mo de aventura podem ser bem explo-rados pela sua diversidade de atrativos. Um dos mais conhecidos do estado é o Pico do Marumbi, que possui 1.547 metros de altura e é o ponto preferi-do para a prática de montanhismo, por proporcionar escaladas em todas as modalidades e graus de difi culdade. Está localizado no Parque Estadual do Pico do Marumbi, inaugurado em 1990. O complexo conta também com cacho-eira de aproximadamente 50 metros. Porém, a dica para quem busca pelo tu-

turismo eturismo emeio ambientemeio ambiente

ecoturismo

rismo ecológico no Paraná é a Reserva Natural de Salto Morato, em Guaraque-çaba, e o Canyon de Guartelá, na cidade de Tibagi.

A Reserva Natural do Salto Morato, protegido pela Fundação O Boticário, é muito procurada por praticantes de ecoturismo pelo fato de possuir rica fauna e fl ora, sendo o seu principal atra-tivo uma queda d’água de 80 metros. A reserva é refúgio para os que procuram descanso, contemplação e contato di-reto com a natureza. E quem procura o lugar leva a responsabilidade de con-tribuir para a conservação da natureza, única forma de garantir a vida no pla-neta.

Já a região do Canyon de Guartelá atrai turistas interessados em aventura e esportes radicais. É protegida pelo Par-que Estadual de Guartelá, inaugurado em 1992. São praticadas atividades de rafting nas corredeiras do rio Iapó, tri-lhas para observação da fl ora e fauna dentro do parque, além do interesse pe-las inscrições rupestres (EA).

O ecoturismo é para todos os gostos, porém, o que todos precisam ter é a consciência ambiental, ou seja, cuidar do nosso patrimônio e cuidar da natureza.

Eis algumas dicas para evitar danos ao meio ambiente:- Evite jogar materiais não degradáveis (plásticos ou outros) no ambiente;- Preserve a vegetação nativa. Não desmate! Não coloque fogo!- Ensine às crianças amor e respeito pela natureza.O Parque Estadual do Guartelá funciona de quarta a domingo e feriados na-cionais das 8 às 18 horas e não é cobrada taxa de entrada. Para a visita nas pinturas rupestres é necessário a prévia contratação de condutor local (EA).

Ecoturismo

Como se divertir sem destruir a natureza no Paraná

Equipe do Aquecimento Curitiba está preparando para a próxima edição uma reportagem especial sobre o Pico Paraná, a maior montanha da Região Sul do país, com 1922 metros de altitude

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