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AQUISIÇÃO DE VOCABULÁRIO DE LÍNGUA INGLESA: atividades desenvolvidas com a música
Autora: Débora Cristina de Godoi1
Orientadora: MSc. Rosangela Alves Basso2
Resumo
Este artigo é resultado de um projeto de intervenção pedagógico que teve como objetivo facilitar a aquisição de vocabulário na Língua Inglesa tendo o gênero textual música como recurso pedagógico. A pesquisa desenvolvida se define como uma pesquisa-ação, pois pesquisador e participantes atuam durante todo o processo e juntos buscam uma solução para os problemas. O material didático desenvolvido foi sob as teorias do intercionismo sócio-discursivo, e o genero escolhido foi a música. O mesmo foi aplicado em uma sala de 2 ano do Ensino Médio da rede pública, na escola Estadual Prof. Paulo Alberto Tomazinho, na cidade de Umuarama - PR. A intervenção envolveu 30 (trinta) alunos tendo o gênero textual música como possibilidades diversas de ensino e aprendizagem em Língua Inglesa. Além dos alunos, professores participantes do grupo de trabalho em rede também foram sujeitos da pesquisa. O gênero textual música é um dos recursos de linguagem que contribui para aumentar o estimulo e o interesse dos alunos, e quando trabalhada no contexto escolar, possui um grande domínio de atração, aproximando os alunos(as) ao aprendizado da leitura e da escrita. Desta forma, concluiu-se que a música é um recurso efetivo para a aprendizagem da Língua Inglesa e de linguagem simples, do cotidiano contribuindo para a aquisição do vocabulário.
Palavras-chave: Aquisição do vocabulário, gênero textual, música, língua inglesa.
1 Professor da Rede Pública Estadual de Ensino.
2 Professora do Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá
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ACQUISITION OF ENGLISH LANGUAGE VOCABULARY: activities developed with music
Abstract
This article aims to facilitate the acquisition of vocabulary in the English language with the music genre as a teaching resource in school. The research approach is qualitative, with characteristics of ethnographic research and action research. The intervention involved 30 (thirty) students from 2nd year of high school in State College Professor Paulo Alberto Tomazinho, having music genre as diverse possibilities of teaching and learning in English. It was concluded that music is an effective resource for learning the English language due to the songs use simple conversational language, with enough repetition and reinforcement of vocabulary allow dynamically. The fact that the songs have always affectionate nature contributes to heighten the sensitivity, making this genre a rich pedagogical teaching resource. The textual genre music is a language features that have the power to stimulate the interest of children and youth. When worked in the school context has a large domain of attraction, bringing students to the learning of reading and writing.
Keywords: Acquisition of vocabulary, Music, English.
Introdução
Esse artigo é resultado da pesquisa desenvolvida no Programa de
Desenvolvimento Educacional, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná
(PDE/PR). As ações apresentadas foram implementadas com os alunos do Ensino
Médio de uma escola do município de Umuarama da região noroeste do estado do
Paraná, tendo a música como instrumento didático para a aquisição do vocabulário
em Língua Inglesa.
A Língua Inglesa é uma disciplina importante para a formação dos alunos,
uma vez que a sociedade contemporânea frente ao processo da globalização exige
que estejamos cada vez mais inseridos nas mídias de comunicação e informação.
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Assim, o conhecimento de uma língua estrangeira no currículo é fundamental. Tal
exigência faz com que os alunos aprendam uma língua estrangeira, para
compreender situações e se inserirem no mercado de trabalho.
De acordo com as Diretrizes Curriculares do Estado, DCEs – Paraná de
Língua Estrangeira (2008, p.64), “[...] a aula deve ser um espaço em que se
desenvolvam atividades significativas, as quais explorem diferentes recursos e
fontes, a fim de que o aluno vincule o que esta estudando com o que o cerca.”
Assim, “espera-se que o aluno compreenda que os significados são sociais e
historicamente construídos e, portanto, passíveis de transformação na prática social”
(DCE, SEED, 2006, p.29)
Com esse propósito, os gêneros textuais operam na relação ensino e
aprendizagem. Dentre os gêneros textuais, a música é um recurso facilitador da
aprendizagem, pois contribui para despertar e difundir as múltiplas funções da
linguagem, proporcionando aos alunos oportunidades para agir e interagir
socialmente.
Considerando a importância de uma prática diferenciada para o trabalho
com a Língua Inglesa na sala de aula, no sentido de levar os alunos a aprender de
maneira contextualizada, justifica-se a aprendizagem por meio da música. Esse
gênero é um recurso pedagógico significativo, pois contribui para estimular o
desenvolvimento integral dos alunos nas dimensões cognitiva, motriz, afetiva, social
e cultural, sobretudo, a emoção e a audição, além de contribuir para a promoção e
aquisição do vocabulário.
Na contemporaneidade, os alunos, já nasceram na era da tecnologia, e são
totalmente digitais. Daí o desinteresse de muitos em aprender de forma
descontextualizada e sem tais recursos tecnológicos. Isso contribui para o baixo
índice de aprendizagem, implicando em dificuldades de leitura e oralidade,
sobretudo, em razão da dificuldade de compreensão de vocabulário na língua
estrangeira.
Os alunos convivem com um mundo imerso em música, ouvindo com
frequência seus MP3s, rádio F.M ou mesmo a televisão até mesmo em ambiente
escolar. Desta forma, cabe aos docentes de Língua Inglesa utilizem recursos
pedagógicos que estimulem a aprendizagem,. Neste contexto trabalhar com a
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música pode ser uma das alternativas, visto que, além de atividades prazerosas
possibilita a interação entre professor aluno, aumentando assim, o filtro afetivo e
desta forma, possibilitando a aprendizagem. Nesse contexto, faz-se necessário que
os professores atuem na perspectiva da transformação social. Para tal, cabe a eles
investir em uma prática contextualizada de ensino e aprendizagem em Língua
Inglesa na sala de aula, criando alternativas didáticas motivadoras, visando
aprendizagens significativas. Isso implica em uma postura diferenciada da
tradicional. Nesse sentido, a música é um gênero textual muito atrativo podendo
contribuir para um ensino mais significativo do idioma.
Este artigo apresenta, além da introdução, cinco partes: fundamentação
teórica, metodologia, apresentação e discussão dos resultados e conclusão.
2 A Importância da Música no Ensino da Língua Inglesa
Todo discurso se dá em interação com as pessoas em suas diferenças
sociais e culturais. Portanto, o estudo da Língua Estrangeira amplia as formas de
conhecimento do indivíduo. Segundo Bakhtin (1988), no ensino da Língua
Estrangeira, a língua é o objeto de estudo, com uma constituição heterogênea, pois
para cada variante linguística e cada grupo social, apresentam oscilações em seus
valores sociais e culturais. Também é ideológica, pois a língua é carregada de
significados culturais das comunidades que as constrói e são construídas por ela.
O plurilinguismo como política educacional é importante para a valorização e
respeito à diversidade cultural. Na aula de Língua Estrangeira os alunos precisam
ser levados a compreender a diversidade linguística e cultural, por meio de práticas
sociais significativas de leitura e escrita, incentivando-os à pesquisa e reflexão.
Os gêneros do discurso organizam a fala da mesma maneira que
constituem as formas gramaticais. Aprendemos a moldar nossa fala às formas do
gênero. Se não existissem gêneros e se não os dominássemos, se fossem criados
pela primeira vez em cada conversa, a comunicação verbal seria quase impossível.
Portanto, é fundamental que se apresentem ao aluno textos em diferentes gêneros
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textuais, mas sem categorizá-los. “O objetivo será interagir com a infinita variedade
discursiva presente nas diversas práticas sociais” (PARANÁ, 2006, p.45-46).
Por isso, a educação linguística nas escolas não pode continuar vinculada
a uma concepção de escrita “eruditizada, fechada a sete chaves pelo poder
incontestável da norma culta, acessada por poucos e, principalmente,
preconceituosa, uma vez que exclui do seu domínio grande parte da sociedade
consumidora da linguagem” como afirma (CITELLI, 2004).
Nesse sentido, no contexto escolar, a música pode ser utilizada como um
gênero textual significativo para auxiliar os alunos no processo ensino e
aprendizagem da leitura e da escrita da Língua Inglesa, pois oferece uma
perspectiva do texto como uma unidade de linguagem social e historicamente
construída.
Ainda, a música é considerada uma linguagem universal, mas assim como
os mais diversos dialetos, varia de cultura para cultura. As diferenças envolvem a
forma de cantar, tocar, organizar os sons, definir as notas básicas e seus intervalos.
Conforme Brasil (1997), a música contempla as tradições e a cultura de diferentes
períodos da história, intervindo na harmonia dos laços sociais. Como menciona
Gardner (1994) aguçar a inteligência musical traz benefícios para a aprendizagem.
Outra questão importante é que a música sempre é associada às tradições
e às culturas de cada época, possibilitando assim, o conhecimento cultural em cada
contexto histórico. Atualmente, o desenvolvimento tecnológico aplicado às
comunicações vem modificando consideravelmente as referencias musicais das
sociedades pela possibilidade de uma escuta simultânea de toda produção mundial
por meio de discos, fitas, rádio, televisão, computador, jogos, eletrônicos, cinema,
publicidade, etc (BRASIL, 1997, p. 75).
Ainda, por não estar vinculada estritamente às emoções e ao mundo pré-
verbal, a música apresenta uma linguagem distinta, por meio da qual os seres
humanos se comunicam entre si. A música não nasceu das reflexões de Pitágoras,
nem do estudo das cordas ou das lâminas que vibram. Ela é resultado de longas e
incontáveis vivências individuais com a música e de civilizações musicais diversas.
Não se pode, portanto, espantar-se ao deparar-se com novas experiências que
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revelam as várias faces - concretas e abstratas - de que a música é constituída
(JEANDOT, 1997, p.15).
Todas essas questões sobre a essência da música acabam por ser
respondidas a partir das especificidades culturais de cada povo e, em casos
especiais, de indivíduos em suas individualidades. Para Jeandot (1997, p.18), a
definição da música como arena da arte, constituída “[...] por harmonia, melodia e
ritmo, deve ser entendida, na verdade, como arte e conhecimento sócio-cultural”. A
receptividade à música é um fenômeno corporal.
De acordo com Fonseca (2003, p. 49) seja qual for a sistematização, o
método ou a metodologia na tarefa de educar, a “[...] sua aplicabilidade estará
sujeita aos crivos ideológicos das tradições. No entanto, a cultura valorizada e
compreendida, pode ser uma forte alavanca educacional”.
No campo educacional, dentro do contexto escolar, é importante aproximar a
temática da música como signo frente ao posicionamento de Bakhtin (1998), ao
tratar do signo ideológico:
[...] a compreensão é uma resposta a um signo por meio de signos. E essa cadeia de criatividade e de compreensão ideológicas, deslocando-se de signo em signo para um novo signo, é única e contínua [...]. Essa cadeia ideológica estende-se de consciência individual em consciência individual, ligando umas às outras. Os signos só emergem, decididamente, do processo de interação entre uma consciência individual e uma outra. E a própria consciência individual está repleta de signos [...] Os signos só podem aparecer em um terreno interindividual. [...] (BAKHTIN, 1998, p.34-35).
A concepção de linguagem como interação, aponta um aspecto fundamental
para a compreensão do que se passa quando a linguagem dialógica é utilizada. Ao
separar a música na categoria de signo ideológico, presente em uma consciência
individual, é possível categorizá-la em forma da linguagem verbal ou da
comunicação social, uma vez que para o autor supracitado, os signos ideológicos
correspondem à materialização da comunicação no cotidiano.
Os sistemas ideológicos constituídos da moral social, da ciência, da arte e
da religião cristalizam-se a partir da ideologia do cotidiano, exercem por sua vez
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sobre esta, uma forte influência e dão assim normalmente o tom a essa ideologia.
Mas, ao mesmo tempo, esses produtos ideológicos constituídos conservam
constantemente um elo orgânico vivo com a ideologia do cotidiano; alimentam-se de
sua seiva, pois, fora dela, morrem, assim como morrem, por exemplo, a obra literária
acabada ou a idéia cognitiva se não são submetidas a uma avaliação crítica viva.
Ora, essa avaliação crítica, que é a única razão de ser de toda produção ideológica,
opera-se na língua da ideologia do cotidiano. Esta coloca a obra numa situação
social determinada. A obra estabelece assim vínculos com o conteúdo total da
consciência dos indivíduos receptores e só é apreendida no contexto dessa
consciência que lhe é contemporânea. “A obra é interpretada no espírito desse
conteúdo da consciência (dos indivíduos receptores) e recebe dela uma nova luz”
(BAKHTIN, 2009, p.123).
A partir da concepção de linguagem adotada por Bakhtin (1992) pode-se
salientar que a produção de um enunciado artístico encontra-se no plano do
discurso de um sujeito histórico, que busca sempre uma resposta funcional do
interlocutor, não exclusivamente uma decodificação dos signos musicais. Daí pensar
que a música assume uma interação social mediada por sua linguagem interativa,
sócio-histórica-ideológica.
Ao estabelecer uma relação cotidiana com a música em sala de aula é
possível construir uma prática pedagógica transformadora nas aulas de Língua
Inglesa favorecendo a ampliação do vocabulário. O uso apropriado de diferentes
discursos é aprendido sempre que os sujeitos interagem com diferenciados grupos
sociais (ANTUNES, 2002). Em um primeiro momento, o âmbito familiar, por meio de
intervenções sistemáticas dos adultos mais experientes, o indivíduo aprende o uso
informal da linguagem; já para a linguagem formal, embora não seja o único, a
escola é considerada um dos espaços mais privilegiados.
Nesse sentido, a música possibilita que as pessoas se expressem e falem
de si (seus sonhos, desejos, descobertas, angústias, dúvidas e experiências), de
sua família e do mundo (TATIT, 2007). Assim pensando, é importante organizar o
tempo e o espaço na escola para que o gênero textual “música” adentre o ambiente
escolar, estimulando os alunos a participar ativamente do processo ensino e
aprendizagem.
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Assim, as situações de comunicação diferenciam-se no emprego do grau de
formalidade ou de informalidade exigida, dependendo muito do assunto tratado, das
relações entre os interlocutores e da interação comunicativa. A maioria dos alunos
adquire a capacidade de uso da oralidade em contextos comunicativos diferenciados
(MACHADO, 2005). A experiência linguística dos alunos em Língua Inglesa pode ser
ampliada no contexto escolar por meio de situações diversificadas possibilitados
pela linguagem textual da música, favorecendo a prática da oralidade e da escrita.
Isso pressupõe o ensino-aprendizagem do uso de diferentes recursos da
linguagem, adequando-os às diversas situações, ao grau de formalidade necessária,
aos objetivos pretendidos, ao interlocutor. O trabalho com o gênero música oferece
aos alunos a oportunidade de os mesmos ampliarem o seu vocabulário, facilitando a
construção de diálogos significativos em Língua Inglesa.
Segundo Marcushi (2010), a construção do significado da linguagem é
concebida como um produto da interação entre o leitor e o texto. Ao ler uma letra de
uma música, por exemplo, os alunos podem trazer para o ato da leitura seu
conhecimento da língua, tomada esta holisticamente, favorecendo uma
compreensão integrada do texto.
É no jogo discursivo que os alunos utilizam a linguagem na escola
(MARCUSHI, 2010). Assim, se no trabalho com a Língua Inglesa, o professor
contemplar a linguagem enquanto discurso e se o trabalho com o texto foi
devidamente encaminhado com a superação do domínio do gráfico é provável que
os alunos possam aventurar-se na leitura e escrita de textos autônomos.
O aprendizado da leitura e da escrita em Língua Inglesa deve conceber a
educação escolar como uma prática capaz de criar condições para que todos os
alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários para
construir instrumentos de compreensão da realidade e de participação nas relações
sociais, políticas e culturais cada vez mais amplas.
Do exposto, o gênero música é um instrumento facilitador da aprendizagem
na Língua Inglesa por incorporar a utilização de diferentes formas de organização
textual.
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3 Metodologia
A pesquisa desenvolvida e aplicada se caracteriza por pesquisa com
pesquisa-ação com bases etnográficas. André (1995) entende que a pesquisa-ação
delimita um plano de ação baseado em objetivos, envolvendo um processo de
acompanhamento da ação planejada e no relato do processo. Este tipo de pesquisa
pode receber o nome de intervenção.
A partir da abordagem etnográfica de pesquisa em educação, conforme o
entendimento de André (1995) buscou-se entender o universo cultural da sala de
aula caracterizada pelo contato direto do pesquisador com a realidade pesquisada,
com o objetivo de descrever uma situação, desvendando seus significados.
Participaram da proposta de intervenção 30 (trinta) alunos do 2º Ano do
Ensino Médio do Colégio Estadual Prof. Paulo Alberto Tomazinho, tendo o gênero
textual música como possibilidades diversas de ensino e aprendizagem em Língua
Inglesa.
As estratégias de ação contemplaram momentos de ação e reflexão da
seguinte forma:
a) Diagnóstico inicial: para verificar os conhecimentos prévios dos alunos.
A busca de informações obtidas foi inserida no jogo cooperativo, onde cada
momento representou uma conquista baseada no diálogo com os participantes.
b) Apresentação da proposta aos alunos: ações com o uso real da língua,
preparando os alunos, estimulando-os e criando um clima favorável, motivador e de
confiança para proporcionar condições de mudança e interesse, alcançando, assim,
os objetivos inicialmente definidos com base nos objetivos da pesquisa-ação, que é
resolver ou esclarecer os problemas identificados na situação observada.
c) Apresentação e seleção do gênero textual música: ação propriamente
dita, constituindo-se na concretização da ação planejada e nos ajustes e alterações
necessárias à execução da tarefa, com vivências práticas para a exploração do
vocabulário a partir do gênero música, sempre de forma lúdica e prazerosa;
- Avaliação final para verificar o conhecimento apreendido.
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Nas estratégias pretendeu-se ressaltar os pontos essenciais para o
desenvolvimento de atividades significativas; tendo o gênero textual música como
recurso pedagógico nas aulas de Língua Inglesa no Ensino Médio. Além do aspecto
cultural como alvo principal da pesquisa as atividades buscou-se praticar a
pronúncia, enriquecer o vocabulário, desenvolver a leitura e praticar a escrita,
explorando todo o aspecto linguístico
As referidas ações foram sistematizadas e organizadas na unidade temática
(material didático), em forma de oficinas pedagógicas, elencando as alternativas
metodológicas para o desenvolvimento das atividades. Para tanto foi trabalhado três
músicas, as quais foram escolhidas devido os temas que elas retratavam, afim de
trabalhar questões sociais pertinentes a vida e interesse dos alunos.Os dados foram
coletados por meio dos registros das observações em sala, sobretudo, por meio dos
discursos dos alunos e da participação. Os mesmos foram analisados sob as teorias
apresentadas na seção anterior.
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4 Resultados e Discussão da Implementação com os Alunos
Inicialmente esclareceu-se a intenção de trabalhar com músicas. Como
forma de aproximação, os alunos foram levados a se expressar em relação à
disciplina de Língua Inglesa e sobre a possibilidade de aprender por meio da
música. Conversamos sobre o gosto musical deles, qual o estilo de música eles mais
gostam de ouvir, que ritmos preferem, se entendem o significado da música. Foi
realizado um debate e, posteriormente, os alunos foram levados a interagir com o
texto respondendo a um quiz. Após os debates e socialização com outros grupos,
solicitou-se que os alunos fizessem um levantamento das respostas pare detectar o
índice obtido a respeito das respostas afirmativas e negativas (yes/no) sobre os
questionamentos propostos.
Observou-se que a maioria dos alunos afirmou gostar de músicas na Língua
Inglesa, assegurando que o ritmo é envolvente. Apesar de gostarem da música, o
levantamento realizado pelos alunos demonstrou que a maioria não entende o
significado da música, ou seja, os alunos não conseguem traduzir a música. A
respeito disto, alguns alunos se posicionaram da seguinte maneira:
Eu gosto muito de música estrangeira, e escuto o dia todo, mas não sei o que elas querem dizer. Eu gostaria muito de conseguir entender, até porque, muitas vezes a música é legal, mas a mensagem nem sempre é boa (Aluna 1). Minha mãe sempre fala para mim que eu fico ouvindo essas músicas e não sei o que elas querem dizer, daí ela fala para mim que se eu gosto deste tipo de música, porque eu não aprendo inglês, daí vou saber o que elas dizem. Seria bom se na aula de Inglês a gente aprendesse mais sobre isto (Aluna 2).
O interesse do professor por aquilo que os alunos já conhecem foi uma
preocupação prévia sobre o tema que ia ser desenvolvido. É um cuidado preliminar
que visa saber quais “pré-ocupações” que estão nas mentes e nos sentimentos dos
escolares. Isso possibilita ao professor desenvolver um trabalho pedagógico mais
adequado, a fim de que os educandos, nas fases posteriores do processo,
apropriem-se de um conhecimento significativo para suas vidas.
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Como atividade complementar, apresentou-se um vídeo com a música
Talking to the Moon. Após a apresentação do vídeo foi entregue a letra da música.
A música fala de alguém que está em algum lugar lá fora, longe e alguém a quer de
volta. Quando o quarto a noite é iluminada pelas estrelas, ele senta sozinho falando
com a lua, na esperança de que a sua amada esteja do outro lado, falando com ele
também. Ele se sente sozinho, conversando com a lua e se preocupa com o que as
pessoas pensam. Fala em sentir-se ora como uma pessoa famosa, ora louca. Ele
questiona o porque de todas as noites falar com a lua, tentando chegar até a pessoa
mada, na esperança de que ela esteja do outro lado, falando com ela também, ou se
ele é apenas um tolo sozinho conversando com a lua.
Após as discussões sobre a música, os alunos foram separados em dois
grandes grupos para listar as palavras da música com seus devidos significados. Os
alunos utilizaram um dicionário da Língua Inglesa, com a mediação contínua da
professora. Logo após, os alunos socializaram os conhecimentos, por meio de
cartazes, confeccionados pelos grupos. Os tópicos linguísticos trabalhados nesta
parte foram o vocabulário, adjetivos, sinônimos e antônimos. As atividades foram
variadas e elaboradas para instigar a criatividade dos alunos (estudo do alfabeto,
jogos de forca, exercícios de enumerar a segunda coluna de acordo com a primeira).
As falas a seguir expressam as ideias compartilhadas em sala:
Eu gostei de ouvir a música e fazer as atividades lembrando da música (Sujeito 5).
Fazia tempo que eu não brincava de forca. Eu ganhei, mas nem sempre a gente ganha. Na música o cantor fala que estava sozinho, mas aqui na sala a gente está em grupo e todo mundo construiu alguma coisa (Sujeito 7).
Ouvir a música e depois se reunir em grupo foi muito bom para aprender a letra, aprender o vocabulário, vou me lembrar do significado da letras dessa música . aprender inglês assim é muito mais fácil.(Sujeito 8).
Ainda, na sequencia, como complementação da atividade, foi feito um
estudo da biografia do autor da música, Bruno Mars. O texto trabalhado era na
língua alvo. Após, a leitura e compreensão do mesmo fez-se um debate sobre o
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cantor e compositor da música e da própria letra. Os alunos demonstraram interesse
em participar da atividade.
Eu gostei de aprender inglês com música (Aluno 1).
Ele sofreu para chegar onde chegou, usou a inteligência e criatividade. Hoje ele é famoso (Aluno 4). Essa letra fala de muitas coisas da vida da gente, de amor. Ele fala com a lua porque sentia saudades das pessoas, acho que é isso (Aluno, 5).
Todas as atividades desenvolvidas tinham como meta favorecer o trabalho
em grupo, discussões em classe dirigidas pelo professor e algumas reflexões
individuais, por meio de debates com provocações pertinentes ao assunto com toda
a classe.
Dando sequencia, iniciou-se uma conversa sobre o amor, sobre
relacionamentos. Foi comentado a respeito do primeiro amor. Para ampliar as
discussões realizou-se a leitura do texto First Love. O texto tratou da importância do
primeiro amor na vida de uma pessoa. O texto mostrou três fases do amor. A
resposta inicial física é 'luxúria'. A queda no amor é chamado de "atração". O
compromisso emocional, necessária para manter um relacionamento, é o 'anexo'.
Na sequencia, comentou-se sobre o texto apresentado. Em grupo, eles
discutiram sobre as três fases do amor propostas no texto, quais as diferenças entre
o amor de um adolescente e o de um adulto, se o namoro é importante para os
adolescentes, quais as experiências amorosas mais importantes para eles e por
quê. Essa discussão objetivou aproximar os alunos com a realidade, preparando-os
para ouvir a música Just So You Know. A música fala de amor, de alguém que está
perdidamente apaixonado, mas que não se sente no direito de amar. O texto da
música fala de um sentimento sem controle que a pessoa quer evitar. Ao final, a
pessoa declara um amor impossível, pois a outra pessoa não sabe desta paixão, por
isso, não vê como concretizar este amor.
A linguagem musical amplia a consciência, possibilitando a transposição das
abstrações em situações concretas, determinando maneiras de falar, agir, pensar e
entender o mundo. Por isso, o estudo organizado com esse gênero auxilia as
atividades escolares, ajudando os alunos a entenderem a Língua Inglesa numa
perspectiva transformadora (TATIT, 2007).
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Na sequência, os alunos ouviram a música Just So You Know. Após ouvi-la
realizou-se um levantamento das palavras conhecidas pelos alunos. Após a leitura
da letra da música e das discussões acerca do significado observou-se maior
descontração e consequentemente maior interesse pela aula e por aprender inglês.
Como atividade complementar optou-se por utilizar o bingo como estratégia para a
compreensão dos verbos presentes na música. Na atividade, os alunos tiveram que
circular os verbos do texto, observar a sua grafia, realizar a tradução e finalmente
pronunciá-lo de maneira correta.
A partir da música, de forma descontraída, os alunos foram levados a
compreender o Simple Past tempo este mais usado para indicar ações passadas,
sejam elas curtas, longas ou repetidas, contanto que já tenham acabado e tenham
tempo definido. Explicou-se que os verbos são classificados como regulares
(acrescentam-se ed) e irregulares (não seguem regras). Comentou-se que em frases
afirmativas utiliza-se verbo no Past Tense, e nas frases negativas ou interrogativas
usa-se o auxiliar do passado – Did ou Didn’t (did not).
Na sequência, foram trabalhadas várias palavras da música, no sentido de
ampliar o vocabulário. Outra atividade de pratica oral para aquisição de vocabulário
spelling bee (soletração e tradução da palavra soletrada) foi desenvolvida. O gênero
música permite criar situações de aprendizagem significativas em sala de aula,
contribuindo para ampliar a capacidade de comunicação dos alunos, garantindo-lhes
um espaço de descobertas (MIRANDA, 2003).
Algumas falas dos alunos no decorrer das aulas ilustram a questão:
Quando a gente escuta a música nem sempre presta atenção na pronúncia e na tradução das palavras, fica preocupado somente com o ritmo. Nesta aula eu gostei muito de trabalhar com a música, a professora deveria fazer sempre assim, eu gostei (Aluno 1). Eu adoro essa música que a professora trabalhou, mas eu não sabia o que ela dizia, agora que eu sei que ela fala de amor e de um amor tão complicado, eu gosto mais ainda. A partir de agora eu vou tentar traduzir as músicas que eu gosto, quero saber do que elas falam, acho que vou gostar de fazer isso (Aluna 2). Essa maneira que a professora trabalhou é muito boa, nem parece aula. A gente aprende sem ficar cansada e com vontade de ir embora. As aulas poderiam ser sempre assim, até de outras matérias (Aluna 3).
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Eu pedi para minha mãe me colocar em um curso de Inglês, quero aprender mais sobre essa língua. Depois dessa aula eu aprendi muita coisa, é muito legal aprender coisas que a gente gosta (Aluna 4).
Assim, por meio da linguagem musical, as possibilidades de expressão oral
e escrita são enriquecidas, ampliando e aperfeiçoando o discurso da Língua Inglesa,
de maneira a tornar o aluno um usuário competente da língua. A linguagem verbal,
tanto na modalidade oral, quanto na escrita, é constituída na interação entre as
pessoas e, portanto, se torna significativa quando utilizada pelo sujeito para
compreender o mundo em que vive e atuar sobre ele (BAKTHIN, 2009).
O gênero música é reconhecido por sua estabilidade linguística e por sua
capacidade de evidenciar eventos comunicativos recorrentes, o que leva à
convencionalidade de sua utilização. “O conceito de gênero, nesses termos,
pressupõe uma interconexão entre fatores textuais (da linguagem) e fatores
contextuais (das relações sociais envolvidas)” (BAKHTIN, 1986, p. 76-77).
Vale destacar que o aluno foi considerado o centro do processo de ensino e
aprendizagem da Língua Inglesa. Já a música foi usada como um instrumento
catalisador para propor aos alunos momentos de descontração e estudo, auxiliando
a agir no interior do aluno de modo, auxiliando-os a externarem a linguagem.
5 Conclusão
O gênero textual música é um dos recursos de linguagem que tem o poder
de estimular o interesse de crianças e jovens. Quando trabalhada no contexto
escolar, a música possui um grande domínio de atração, aproximando os alunos(as)
ao aprendizado da leitura e da escrita. Por essa razão, a música é uma linguagem
sígnica e ideológica.
Os resultados da investigação demonstram que a música é um recurso
relevante para a aprendizagem de línguas, constituindo-se em uma estratégia
afetiva que abarca a dimensão afetiva do aluno, motivando-o para a aprendizagem
de línguas.
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A música é um recurso efetivo para a aprendizagem da Língua Inglesa,
apresentando uma linguagem simples, do cotidiano, com bastante repetição o que
possibilita o reforço do vocabulário de maneira dinâmica.
A música motivou os alunos a aprender, proporcionando um elo entre a
linguagem da escola e o mundo. Ao referir-se ao trabalho com música evidencia-se
que este gênero textual constitui-se em um instrumento efetivo para o aprendizado
da língua estrangeira, pois além de ser utilizado como terapia é considerado
como um recurso ideal para transmitir ideias e informações, fazendo parte da
comunicação social, trazendo à tona a vivacidade da língua e, por conseqüência,
proporciona o desenvolvimento integral do aluno.
Neste caminhar, professor e alunos tiveram a possibilidade de refazer-se a
cada instante, desafiando-se reciprocamente na busca de respostas para as
atividades e os conteúdos que lhes foram sendo apresentados. As atividades com a
música possibilitaram momentos coletivos, onde estimulados e orientados pelo
professor os alunos foram desafiados a mostrar o conhecimento que possuíam
sobre o trabalho realizado, neste caso, tiveram a oportunidades de ampliar seu
vocabulário da Língua Inglesa.
Infere-se que pelas suas características, a música precisa se fazer presente
em várias outras estratégias de aprendizagem, podendo, portanto, ser trabalhada
com mais efetividade pelos docentes na escola.
Assim sendo, o docente de línguas interessado em melhorar a sua prática
pode valer-se da música como recurso didático-pedagógico, pois esta ferramenta
quando aplicada na sala de aula contribui para ensinar, compartilhar ideias e
sentimentos, divertir, acalmar e conectar os aprendizes. Nas aulas de inglês, em
especial, a música constitui-se como um importante elemento cultural e um caminho
alternativo para mediar a cultura dos alunos e o ensino de línguas.
Referências
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