Arborização Urbana

9
  P P L L A A N T T I I O O  E E M  Á ÁR R E E A A S S  P P Ú ÚB B L L I I C C A S S 1  André Duarte Puente 2  Luiz Antonio Piccoli 3  Maria do Carmo Sanchotene 4  Introdução As árvores definem e estruturam o espaço urbano, por essa razão plantar árvores em cidades é tarefa de grande responsabilidade. Mudas corretamente plantadas serão mais facilmente conduzidas e resultarão em árvores com melhor saúde e com condições de prosperidade no meio urbano. Qualificar o plantio significa investir em conforto ambiental e, em conseqüência, em qualidade de vida. Normas para o Plantio O plantio tecnicamente correto deve observar as seguintes normas e diretrizes, segundo o Plano Diretor de Arborização de Vias Públicas desenvolvido pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente – SMAM, em Porto Alegre, que preconiza: a) Realizar plantios durante todo o ano, utilizando mudas embaladas (muda padrão); b) Efetuar plantios apenas em ruas com passeio público definido; c) Evitar o plantio de mudas de espécies arbóreas de médio e grande porte a menos de 10 m de cruzamentos de vias sinalizadas semáforos; (Imagem da cartilha elaborada a partir do Plano Diretor de Arborização Urbana)  d) Proibir o plantio de árvores e arbustos há menos de 5 metros da confluência do alinhamento predial da esquina; e) Evitar o plantio há menos de 1,25 metros de bocas-de-lobo, caixas de inspeção e acesso de veículos; 1  Texto básico consolidado a partir de PUENTE, A D. Metodologia de Atendimento das solicitações de Plantio da Comunidade. lX ENAU. Brasília, 2001 e da Resolução nº 5 de 28 de setembro de 2006 do Conselho Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre. 2  Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre. 3  Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre. 4  Sociedade Brasileira de Arborização Urbana.

description

Arborização Urbana

Transcript of Arborização Urbana

  • PPLLAANNTTIIOO EEMM RREEAASS PPBBLLIICCAASS1

    Andr Duarte Puente2 Luiz Antonio Piccoli3

    Maria do Carmo Sanchotene4 Introduo As rvores definem e estruturam o espao urbano, por essa razo plantar rvores em cidades tarefa de grande responsabilidade. Mudas corretamente plantadas sero mais facilmente conduzidas e resultaro em rvores com melhor sade e com condies de prosperidade no meio urbano. Qualificar o plantio significa investir em conforto ambiental e, em conseqncia, em qualidade de vida. Normas para o Plantio O plantio tecnicamente correto deve observar as seguintes normas e diretrizes, segundo o Plano Diretor de Arborizao de Vias Pblicas desenvolvido pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente SMAM, em Porto Alegre, que preconiza:

    a) Realizar plantios durante todo o ano, utilizando mudas embaladas (muda padro); b) Efetuar plantios apenas em ruas com passeio pblico definido; c) Evitar o plantio de mudas de espcies arbreas de mdio e grande porte a menos de

    10 m de cruzamentos de vias sinalizadas semforos;

    (Imagem da cartilha elaborada a partir do Plano Diretor de Arborizao Urbana)

    d) Proibir o plantio de rvores e arbustos h menos de 5 metros da confluncia do

    alinhamento predial da esquina; e) Evitar o plantio h menos de 1,25 metros de bocas-de-lobo, caixas de inspeo e

    acesso de veculos;

    1 Texto bsico consolidado a partir de PUENTE, A D. Metodologia de Atendimento das solicitaes de Plantio da Comunidade. lX ENAU. Braslia, 2001 e da Resoluo n 5 de 28 de setembro de 2006 do Conselho Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre. 2 Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre. 3 Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre. 4 Sociedade Brasileira de Arborizao Urbana.

  • Distncia do eixo da muda em relao a uma caixa de inspeo (Foto do Bilogo Andr

    Duarte Puente).

    Distncia do eixo da muda em relao ao conjunto de bocas-de-lobo (Foto do Bilogo

    Andr Duarte Puente).

    Distncia do eixo da muda em relao ao incio do rebaixo do meio-fio, considerado complementarmente o alinhamento da entrada de veculos no imvel (Foto do Bilogo Andr Duarte Puente).

    f) Evitar o plantio h menos de 3 metros de hidrantes;

    Distncia do espcime e do antigo canteiro em relao ao

    hidrante (Foto do Bilogo Andr Duarte Puente). g) Evitar o plantio h menos de 2m de postes com ou sem transformadores, de acordo

    com a espcie arbrea, normalmente de pequeno porte;

  • O local em que foi solicitado plantio (marcado com um X), apresenta-se com eqidistncia inadequada em relao ao poste e a boca-de-lobo (Foto do Bilogo Andr Duarte Puente).

    h) Prever covas com dimenses mnimas de 0,60 m x 0,60 m x 0,60 m, respectivamente,

    comprimento, largura e profundidade. Reaproveitar o material retirado da cova, sempre que o mesmo for de boa qualidade, adicionando composto orgnico na proporo de 1/3 em relao ao material total que dever preencher a cova;

    i) Preservar de forma definida e notria os limites da rea do canteiro onde a muda dever ser implantada;

    j) Promover o tutoramento utilizando suportes que no danifiquem o torro e no coloque em risco a estabilidade da muda;

    k) Utilizar amarrilhos que no provoquem injrias ao caule e ramos da muda; l) Utilizar protetor em todas as mudas plantadas, especialmente em ruas com trnsito

    intenso de pedestres e veculos;

    Mudas com tutor e diferentes modelos de protetores.

  • m) Assegurar condies de irrigao seja atravs do poder pblico municipal seja pela comunidade.

    Em funo das diretrizes mencionadas, foi construda uma "Ficha de Avaliao de Solicitao de Vistoria que permite avaliar a convenincia do plantio solicitado e, em caso positivo, a exata localizao da muda a ser plantada no passeio pblico, definindo os afastamentos em relao estrutura fsica, infra-estrutura de base e elementos urbanos existentes. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre (SMAM) recebe, em mdia, 400 expedientes solicitando plantios individuais em vias pblicas por ano, dos quais cerca de 60% so indeferidos pelo fato da calada no dispor de local conveniente. Nesses casos, o requerente recebe uma correspondncia informando os motivos do indeferimento. Os plantios deferidos nem sempre so executados nas esperas (canteiros) existentes na calada providenciadas pelo proprietrio do imvel. Muitas vezes essas esperas so fechadas e abertas em outro local do passeio tendo em vista a observncia das normas tcnicas de plantio adotadas pela Secretaria. Alguns insistem em escolher a espcie a ser plantada em frente a sua propriedade, entretanto, essa definio de competncia tcnica.

    A espcie a ser adotada definida segundo os seguintes critrios:

    espcie predominante na rua e condies de adaptao da mesma ao local; largura do passeio pblico e da pista de rolamento; presena de recuo de jardim; presena de redes areas; presena de marquises; caractersticas do trnsito local; e disponibilidade do Viveiro Municipal e do mercado em geral.

    A SMAM constituiu uma turma com sete funcionrios, entre os quais cinco arboristas, um pedreiro e um motorista. A turma tem acompanhamento permanente por tcnico, que vistoria os locais, avalia as solicitaes e faz a programao dos servios a serem executados. Os funcionrios receberam curso de treinamento para capacitao relativa a plantio e conduo da vegetao no meio urbano.

    A turma foi dotada dos seguintes materiais e equipamentos:

    para abertura e conserto da pavimentao do passeio picareta, ponteiro,

    p-de-cabra, martelo, marreta (5kg), balde-de-pedreiro, colher-de-pedreiro, desempenadeira, nvel-de-madeira, cimento e areia.

    para plantio e transplante p-de-corte, p-de-concha, p-de-bico, p-cavadeira, enxada, enxado, chibanca, marreta (3kg), machadinha, carrinho-para-aterro e regador.

    para poda de Conduo tesouras-de-poda, tesouras-de-longo-alcance e serras-manuais e moto-serra para pequenos servios.

  • A turma utiliza um veculo para atendimento das vistorias e um caminho para a realizao dos servios. Est prevista a aquisio de um destocador, equipamento utilizado para remover (desgastar) os tocos remanescentes de servios de remoes de rvores nos canteiros das caladas. A solicitao de plantio feita por um muncipe gera o plantio em outros locais da mesma rua, bem como o transplante de mudas mal localizadas e a realizao de pequenos servios de conduo das mudas e das rvores existentes naquele logradouro, desde que necessitem de servios de poda de pequena monta. A realizao dos servios na rua precedida da distribuio de panfletos nas residncias que explicam e justificam os servios que sero feitos. Os servios no solicitados so executados somente aps comunicao ao proprietrio. A comunidade tem se mostrado receptiva, agradecida e colaborado na irrigao. O rendimento mdio mensal da turma constituda de 228 mudas plantadas, 78 mudas retutoradas e 300 indivduos conduzidos (podados), com vistas formao adequada do vegetal ao meio urbano. Execuo de Plantio

    Uso de martelete para rompimento de asfalto e placas de concreto que possam dificultar o uso da perfuratriz (Foto do Bilogo Andr Duarte Puente).

    Perfuratriz que, acoplada a um trator, utilizada para abertura

    inicial das covas.

  • Abertura de covas em canteiro central (Foto do Bilogo Andr Duarte Puente).

    Fixao do tutor na cova (Foto do Bilogo Andr Duarte Puente).

    Conforme j citado anteriormente, as covas devem ter como dimenses mnimas 0,60m x 0,60m x 0,60m. Por ocasio da escavao, a camada de solo frtil deve ser separada e reservada para posterior utilizao no fundo da cova. O material escavado a seguir deve ser misturado com composto orgnico curtido em quantidade equivalente a 1/3 do volume total da cavidade, e poder ser utilizado para completar o preenchimento da mesma. Em se tratando de solos urbanos totalmente alterados, o contedo da cova deve ser integralmente removido e desprezado. Aps, deve ser preenchida com terra e composto orgnico na proporo de 1/3 em relao ao material total que ir preencher a cova. Os tutores devem ser de eucalipto com altura de 2,50m e dimetro de 8 a 12 cm, devidamente apontados. As mudas de espcies arbreas devero receber, pelo menos, um tutor, enquanto as palmeiras devero receber, no mnimo, dois tutores. Observe na figura adiante que o tutor cravado no fundo da cova, visando a sua efetiva fixao! As mudas devem ser amarradas aos tutores em dois pontos, usando corda de sisal. Os amarrilhos utilizados no podero provocar injrias ao caule e ramos da muda. As mudas devero estar corretamente implantadas e apresentar bom estado fitossanitrio por ocasio do recebimento do servio.

  • Amarrao da muda ao tutor em X

    (sistema convencional). Finalizao da amarrao.

    Uso de duplo tutoramento com amarrao cruzada (novo sistema possibilitando uma maior flexibilidade do vegetal quando

    sob influncia dos ventos).

    Finalizao da amarrao.

  • Padro de muda e detalhamento de cova.

    Responsabilidade Tcnica Os servios de plantio devero ser executados sob a responsabilidade de um tcnico, que poder ser um bilogo, engenheiro agrnomo ou engenheiro florestal, o qual apresentar uma ART (Anotao de Responsabilidade Tcnica) emitida pelo Conselho Regional correspondente.

    Caber ao responsvel tcnico, alm da superviso dos servios:

    selecionar pessoalmente as mudas correspondentes s espcies exigidas; promover a disposio das mudas na rea a ser tratada conforme a espcie

    e o Projeto a ser executado; apresentar cpia do registro do viveiro onde procedem as mudas no rgo

    estadual competente. Concluso O sucesso da arborizao de uma cidade depende das condies de implantao das mudas. fundamental que o poder pblico esteja atento no s s demandas advindas do prprio rgo resultantes do exerccio dirio da atividade de manejo da vegetao urbana, mas tambm s demandas da comunidade. Em se tratando de solicitao de plantio, se o rgo municipal competente no comparece quando chamado, o solicitante

  • planta por conta e, nesses casos, quase invariavelmente planta mal. O resultado desastroso e o municpio arca com as conseqncias. Referencial bibliogrfico IPEF Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais. Produo de mudas por propagao

    vegetativa. So Paulo: Internet, 2003. IPEF Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais. Mtodos de quebra de dormncia de

    sementes. So Paulo: Internet, 2003. IPEF Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais. Recomendaes de adubao em

    espcies tpicas da Mata Atlntica: So Paulo: Internet, 2003. MACEDO, A.C. Produo de mudas em viveiros Florestais. So Paulo: Cmara Brasileira

    do Livro, 1993. PAIVA, H. D. Produo de mudas. Srie Arborizao Urbana. Viosa: Aprenda Fcil

    Editora, 2001, 130p. PORTO ALEGRE. Plano Diretor de Arborizao para Vias Pblicas. 1999. Porto

    Alegre/RS. PORTO ALEGRE. Viveiro Municipal: produo, pesquisa e educao ambiental. Porto

    Alegre, 1992. PUENTE, A D. Metodologia de Atendimento das solicitaes de Plantio da Comunidade.

    IX ENAU. Braslia, 2001. SANCHOTENE, Maria do C. Aspects of Urban Forest in Brasil. Journal of

    Arboriculture, Savoy: ISA, v. 20, n. 1, p. 61-67. 1994.