(ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

136
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS SOBRE UM NOVO ESPÉCIME DE TUPANDACTYLUS IMPERATOR (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO CRATO (EOCRETÁCEO) DA BACIA DO ARARIPE, CEARÁ, NORDESTE DO BRASIL FELIPE LIMA PINHEIRO ORIENTADOR - Prof. Dr. Cesar Leandro Schultz Porto Alegre 2011

Transcript of (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

Page 1: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

SOBRE UM NOVO ESPÉCIME DE TUPANDACTYLUS IMPERATOR

(ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO

CRATO (EOCRETÁCEO) DA BACIA DO ARARIPE, CEARÁ,

NORDESTE DO BRASIL

FELIPE LIMA PINHEIRO

ORIENTADOR - Prof. Dr. Cesar Leandro Schultz

Porto Alegre – 2011

Page 2: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

SOBRE UM NOVO ESPÉCIME DE TUPANDACTYLUS IMPERATOR

(ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO

CRATO (EOCRETÁCEO) DA BACIA DO ARARIPE, CEARÁ,

NORDESTE DO BRASIL

FELIPE LIMA PINHEIRO

ORIENTADOR - Prof. Dr. Cesar Leandro Schultz

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Alexander Kellner – Museu Nacional, UFRJ

Profa. Dra. Juliana Manso Sayão – Centro Acadêmico de Vitória, UFPE

Prof. Dr. Sérgio Dias-da-Silva – Universidade Federal do Pampa, UNIPAMPA

Dissertação de Mestrado apresentada como

requisito parcial para a obtenção do título

de Mestre em Ciências.

Porto Alegre – 2011

Page 3: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

Pinheiro, Felipe Lima

Sobre um novo espécime de Tupandactylus Imperator, proveniente da formação crato (eocretáceo) da Bacia do Araripe, Ceará, Nordeste do Brasil. / Felipe Lima Pinheiro. - Porto Alegre : IGEO/UFRGS, 2011.

[135 f.] il.

Dissertação (Mestrado). - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Geociências. Programa de Pós-Graduação em Geociências. Porto Alegre, RS - BR, 2011.

Orientação: Prof. Dr. Cesar Leandro Schultz

1. Paleotologia. 2. Pterossauros. 3. Tupandactylus Imperator 4. Formação Crato. I. Título.

_____________________________

Catalogação na Publicação

Biblioteca Geociências - UFRGS Renata Cristina Grun CRB 10/1113

Page 4: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

A meus pais, Sandra e Valmiro

Page 5: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas ajudaram, de forma direta ou indireta, na elaboração desta

dissertação. Pelo apoio incondicional, agradeço, primeiramente, aos meus pais, Sandra e

Valmiro, e a meus irmãos, Sacha e Fernando. Agradeço, também, aos amigos Igor, Marina

Garruti, Juliana, Fernanda, Gabriel, João Paulo, Heitor, Aninha, Marcelo, Nicholas e Marina

Lobo.

Agradecimentos especiais aos meus colegas de trabalho da UFRGS e, mais do que

tudo, amigos:

Emilia, por uma pancada na parede que, até hoje, atormenta;

Paula, por um holocausto de borboletas no pára-brisa do carro;

Daniel, por uma desafinada memorável e pelo CS pós-expediente;

Alessandra, por um par de óculos quebrados;

Gi, por (também) gostar de bichos mortos;

Rafa, por uma (?) na Protásio;

Alexandre Lipa, pelo disco voador;

Marcel Neves, pela biografia de um paleontólogo romeno;

David, por me difamar publicamente para metade da minha lista de e-mails;

Marquinho, por meia garrafa de uísque;

Elizete, pelas receitas mágicas.

Agradeço, também, ao meu orientador, Schultz e a Marina B. Soares, por me

apoiarem mesmo quando não me conheciam.

Esta dissertação não seria possível sem a literatura fornecida por Taissa Rodrigues e

Daniel Fortier. Sou grato, também, pelo apoio manifestado por Alexander Kellner, que

permitiu o acesso a espécimes de pterossauros depositados no Museu Nacional, Artur

Andrade, que me permitiu trabalhar com o espécime CPCA 3590, Álamo Saraiva e Juliana

Sayão.

Page 6: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

―A Vida encontra um meio‖

Ian Malcom

Page 7: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

RESUMO

No ano de 2009, em uma mineradora de calcário laminado próxima à cidade de Nova Olinda

(Ceará, nordeste do Brasil), um crânio parcial de pterossauro foi encontrado. O novo material,

objeto de estudo do presente trabalho, é proveniente de estratos eocretácicos da Formação

Crato (Bacia do Araripe). Trata-se do quarto espécime conhecido de Tupandactylus imperator

(Pterosauria, Tapejaridae) e o primeiro com mandíbula associada. O estudo deste espécime

contribuiu significativamente com informações a respeito da anatomia e relações filogenéticas

de T. imperator e outros pterossauros tapejarídeos, resultando na publicação de um artigo

científico. No presente trabalho, além da descrição anatômica detalhada e estudo filogenético

do novo exemplar, revisamos a ocorrência de pterossauros no Grupo Santana da Bacia do

Araripe, com ênfase em T. imperator. Questões taxonômicas, como as relações filogenéticas

de pterossauros tapejarídeos e a validade de Tupandactylus navigans são, também, discutidas.

Page 8: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

ABSTRACT

In the year of 2009 a partial pterosaur skull was found in a limestone quarry near the city of

Nova Olinda (Ceará State, northeastern Brazil). The new material, object of study of the

present work, comes from the Early Cretaceous strata of Crato Formation, Araripe Basin,

being the fourth known specimen of Tupandactylus imperator (Pterosauria, Tapejaridae) and

the first one with associated lower jaw. The study of this specimen added new significant

information on T. imperator anatomy and phylogenetic relationships, and resulted in the

publishing of a scientific paper. At the present work we describe the new specimen in detail,

study its phylogenetic relationships and review pterosaur occurrence in the Santana Group of

Araripe Basin (with emphasis on T. imperator). Taxonomic issues as Tapejaridae relationships

and the validity of Tupandactylus navigans are also discussed.

Page 9: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

SUMÁRIO

Texto explicativo da estrutura da dissertação 9

PARTE I:

1. INTRODUÇÃO 10

2. OBJETIVOS 12

3. ESTADO DA ARTE 13

3.1. Contexto geológico 13

3.1.1. Considerações gerais sobre a Bacia do Araripe 13

3.2.2. Geologia e paleontologia do Grupo Santana 17

3.2. Os Pterosauria 24

3.2.1. Aspectos gerais 24

3.2.2. Histórico das pesquisas com pterossauros provenientes do Grupo Santana 33

3.2.3. Tupandactylus imperator 56

3.2.3.1. O problema taxonômico entre Tupandactylus imperator e

Tupandactylus navigans 62

3.2.4. Estrutura e função da crista cranial de Tupandactylus imperator 65

3.2.5. Relações filogenéticas de Tapejaridae 67

4. MATERIAIS E MÉTODOS 72

4.1. Material 72

4.2. Preparação 72

4.3. Desenho 75

4.4. Descrição anatômica e Comparação 75

4.5. Análise filogenética 76

5. ANÁLISE INTEGRADORA 78

REFERÊNCIAS 80

PARTE II: New information on Tupandactylus imperator with comments on the

relationships of Tapejaridae (Pterosauria) 91

Page 10: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

9

Sobre a Estrutura desta Dissertação:

Esta dissertação de mestrado está estruturada em torno de artigos publicados em periódicos ou

publicações equivalentes. Consequentemente, sua organização compreende as seguintes

partes principais:

a) Introdução sobre o tema e descrição do objeto da pesquisa de mestrado, onde estão

sumarizados os objetivos e a filosofia de pesquisa desenvolvidos, o estado da arte

sobre o tema de pesquisa, seguidos de uma discussão integradora contendo os

principais resultados e interpretações deles derivadas.

b) Artigo publicado em periódico ou submetido a periódico com corpo editorial

permanente e revisores independentes, ou publicações equivalentes (capítulo de livro

de publicação nacional ou internacional com corpo de revisores independentes),

escrito pelo autor durante o desenvolvimento de seu mestrado. No caso do presente

trabalho, no segundo capítulo será apresentado um artigo aceito para publicação no

periódico Acta Palaeontologica Polonica. O manuscrito foi publicado online no dia 3

de janeiro de 2011 e está disponível para download no endereço

http://www.app.pan.pl/article/item/app20100057.html.

Page 11: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

10

PARTE I

1. INTRODUÇÃO

A Bacia do Araripe, localizada no Nordeste do Brasil, há muito se destaca no meio

científico pela presença de uma rica fauna e flora fóssil. As assembléias fossilíferas,

registradas, principalmente, em rochas das formações Crato e Romualdo, mostram uma

importante sequência de ecossistemas eocretácicos. Dentre os grupos de tetrápodes

encontrados em sedimentos destas formações, os que mais se destacam são, sem dúvida, os

pterossauros. Estes arcossauros voadores constituem a primeira linhagem de vertebrados a

conquistar o ambiente aéreo, mostrando elevada diversidade durante a Era Mesozóica.

As formações Crato e, principalmente, Romualdo são consideradas

Fossillagerstätten para pterossauros, sendo fontes de fósseis relativamente comuns e

excepcionalmente bem preservados destes animais. A qualidade da preservação em

concreções carbonáticas da Formação Romualdo (um dos raros jazigos em que restos de

pterossauros são preservados tridimensionalmente) permitiu, além de abundantes estudos

taxonômicos, pesquisas de caráter biomecânico e funcional acerca destes animais. Assim,

fósseis de pterossauros provenientes da Bacia do Araripe tiveram um importante papel no

atual conhecimento das relações de parentesco, fisiologia, ecologia e biomecânica deste grupo

fóssil.

No ano de 2009, um crânio de pterossauro tapejarídeo foi encontrado por

mineradores em um jazigo de calcário laminado próximo à cidade de Nova Olinda (Ceará).

Este material, infelizmente danificado em consequência das atividades de mineração, foi

posteriormente incorporado à coleção do Centro de Pesquisas Paleontológicas da Chapada do

Araripe (Crato, Ceará) e tombado sob o número de coleção CPCA 3590. Trata-se de um

crânio parcial (apenas a região pré-orbital), com mandíbula associada, atribuído à espécie

Tupandactylus imperator Campos & Kellner 1997. O material consiste no quarto espécime

deste animal apresentado à comunidade científica, sendo o segundo formalmente descrito. Em

adição ao que já era anteriormente conhecido para a espécie, CPCA 3590 conserva uma

mandíbula quase completa e extensiva preservação de tecidos não ossificados.

O novo espécime está contribuindo consideravelmente para o conhecimento da

anatomia de Tupandactylus imperator e nas inferências sobre possíveis relações filogenéticas

Page 12: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

11

de pterossauros tapejarídeos, atualmente alvo de intensos debates científicos. A descrição

osteológica de CPCA 3590 e a investigação do posicionamento filogenético de Tupandactylus

imperator, com base no novo material, resultaram em um artigo científico, aceito para

publicação no periódico Acta Palaeontologica Polonica (segundo capítulo deste texto).

Page 13: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

12

2. OBJETIVOS

2.1. Geral

Estudar o novo material atribuído a Tupandactylus imperator (Pterodactyloidea,

Tapejaridae), proveniente da Formação Crato, Bacia do Araripe.

2.2. Específicos

Descrever detalhadamente a osteologia de CPCA 3590, um crânio de pterossauro

tapejarídeo atribuído a Tupandactylus imperator.

Descrever a ocorrência de tecidos não ossificados no novo material.

Comparar CPCA 3590 com demais táxons de pterossauros, especialmente com

espécies pertencentes ao táxon Tapejaridae.

Testar filogeneticamente o posicionamento de Tupandactylus imperator e realizar

inferências sobre as relações de parentesco entre espécies de Tapejaridae, assim como

sobre o posicionamento filogenético desta família dentro de Pterodactyloidea.

Page 14: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

13

3. ESTADO DA ARTE

3.1 Contexto geológico

3.1.1. Considerações gerais sobre a Bacia do Araripe

A Bacia do Araripe é a mais extensa e a mais geologicamente complexa das bacias

interiores do Nordeste brasileiro. Destaca-se, geomorfologicamente, pela presença da

Chapada do Araripe, um plateau alongado na direção EW, situado no limite entre os estados

do Ceará, Piauí e Pernambuco, Nordeste do Brasil. O preenchimento sedimentar da Bacia do

Araripe, entretanto, não está restrito à chapada, estendendo-se para leste e ocupando, também,

a depressão do Vale do Cariri. Esta importante bacia sedimentar intracratônica ocupa um total

de, aproximadamente, 9.000 km² (ASSINE, 1992, 2007) (Figura 1, 2).

Figura 1. Localização geográfica da Bacia do Araripe.

Page 15: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

14

Figura 2. Mapa e seção geológica da Bacia do Araripe. Fonte: Assine (2007).

Page 16: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

15

O preenchimento sedimentar da Bacia do Araripe se deu durante diferentes fases

tectônicas, ligadas ao processo de rifteamento que originou o Oceano Atlântico Sul. Tais

processos reativaram antigas falhas da província Borborema, gerando uma extensão crustal

que possibilitou a sedimentação em uma série de bacias interiores do Nordeste Brasileiro

(VALENÇA; NEUMANN; MABESOONE, 2003). Na Bacia do Araripe, a sedimentação se

deu em estágios bem definidos: uma sequência possivelmente paleozóica, formada pelos

arenitos médios a muito grossos da Formação Cariri; uma sequência pré-rifte, composta pelas

formações Brejo Santo e Missão Velha; uma sequência sin-rifte, formada pelos arenitos da

Formação Abaiara e, finalmente, uma sequência pós-rifte, caracterizada pelo complexo Grupo

Santana e pela Formação Exu. Dessa forma, a Bacia do Araripe apresentaria sedimentos que

datam desde o Paleozóico até meados do Cretáceo (ASSINE, 1992, 2007; VALENÇA;

NEUMANN; MABESOONE, 2003). Entretanto, é importante destacar que a Formação Cariri

é datada, segundo alguns autores, como neojurássica ou eocretácica, com base em icnofósseis

de vertebrados (CARVALHO; VIANA; LIMA FILHO, 1995), o que modificaria

completamente o arcabouço cronoestratigráfico da mesma.

A estratigrafia da Bacia do Araripe é, portanto, ainda controversa. O primeiro

trabalho versando sobre o assunto (SMALL, 1913) dividiu a sequência sedimentar desta bacia

em quatro unidades: conglomerado basal, arenito inferior, calcários Santana e arenito superior.

Em 1962, o trabalho clássico de Beurlen denominou as mesmas unidades como Formação

Cariri, Formação Missão Velha, Formação Santana e Formação Exu (da base para o topo).

Desde então, algumas modificações foram sugeridas, como o reconhecimento de uma

Formação Crato, proposta, pela primeira vez, por Beurlen (1963). Em 1971, Beurlen propôs a

subdivisão da Formação Santana em três membros: Crato, Ipubi e Romualdo (da base para o

topo). Posteriormente, Martill e Wilby (1993) elevaram o Membro Crato e o Membro Ipubi ao

status de formações. A proposta estratigráfica de Neumann e Cabrera (1999), a mais

amplamente aceita atualmente, reconhece um Grupo Santana, formado pelas Formações Rio

da Batateira, Crato, Ipubi, Romualdo e Arajara. O Grupo Santana sobrepõe-se

discordantemente sobre os arenitos neocomianos da Formação Abaiara e é delimitado, em seu

topo, pelos depósitos fluviais da Formação Exu (Cenomaniano) (VALENÇA; NEUMANN;

MABESOONE, 2003). Mais recentemente, o trabalho de Assine (2007) rebaixou, novamente,

as Formações Crato e Romualdo a membros da Formação Santana, enquanto a Formação

Ipubi passou a ser referida como ―camadas Ipubi‖ do Membro Crato. Neste trabalho, o autor

não faz menção a um ―Grupo Santana‖. No presente trabalho, utilizaremos a proposta

estratigráfica de Neumann e Cabrera (1999). A figura 3 sumariza as propostas estratigráficas

Page 17: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

16

já apresentadas, na literatura, para a Bacia do Araripe.

Figura 3. Sumário das propostas estratigráficas sugeridas na literatura para a Bacia do Araripe. Modificado de

Martill (2007).

Page 18: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

17

3.1.2. Geologia e paleontologia do Grupo Santana

O Grupo Santana (Figura 4) faz parte da sequência pós-rifte da Bacia do Araripe,

aflorando nas escarpas que contornam a Chapada do Araripe e, de forma mais limitada, no

Vale do Cariri (ASSINE, 2007). A formação mais antiga do Grupo Santana, Formação Rio da

Batateira (denominada Formação Barbalha por Assine (1992, 2007)), é caracterizada por

arenitos intercalados por folhelhos e alguns níveis finos de conglomerados. Nos arenitos, são

comuns estratificações cruzadas planares e acanaladas. Algumas camadas de folhelhos

betuminosos com lâminas carbonáticas (chamadas de ―Camadas Batateira‖ por Assine

(2007)), marcam o estabelecimento do primeiro sistema lacustre na bacia. Um segundo ciclo

sedimentar fluvial se sobrepõe às camadas lacustres, formando, com elas, um contato erosivo

(NEUMANN; CABRERA, 1999; ASSINE, 2007). Os folhelhos escuros da Formação Rio da

Batateira apresentam uma quantidade expressiva de fósseis, incluindo peixes do gênero

Dastilbe, vegetais, conchostráceos e palinomorfos (ASSINE, 1992).

Figura 4. Sequência sedimentar da Bacia do Araripe. Modificado de Martill (2007).

Page 19: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

18

Sobre a Formação Rio da Batateira estão depositados os calcários micríticos da

Formação Crato (Figura 5), que formam camadas lateralmente descontínuas, com espessura

ultrapassando 20 m. As camadas de calcário laminado são interdigitadas por folhelhos verdes

e, na base de cada pacote de calcário, é comum a presença de ritmitos argila-carbonato

(VIANA; NEUMANN, 1999; ASSINE, 2007). O sistema deposicional da Formação Crato é

interpretado como lacustre, com fortes ciclos sazonais e sob condições consideravelmente

quentes e secas. As regiões marginais e centrais do paleolago podem ser diferenciadas através

de comparação de fácies, mostrando que se tratava de um corpo aquoso de enormes

dimensões (VALENÇA; NEUMANN; MABESOONE, 2003). A Formação Crato aflora,

principalmente, na região NE da Chapada do Araripe, próximo aos municípios de Porteiras,

Barbalha, Crato, Nova Olinda e Santana do Cariri, no Ceará (VIANA; NEUMANN, 1999).

Estudos enfocando a sedimentologia e o paleoambiente da Formação Crato são escassos,

estando a maior parte dos trabalhos científicos publicados focados na rica fauna e flora fóssil

desse pacote sedimentar.

Martill e Heimhofer (2007) dividiram a Formação Crato em quatro membros

distintos. O mais basal deles (Membro Nova Olinda), é caracterizado por um espesso pacote

de calcário biomicrítico laminado. Acima do Membro Nova Olinda está depositado o Membro

Caldas, formado por argilitos siltosos, alguns arenitos finos a médios e finas lâminas de

calcário. O Membro Jamacaru seria, assim como o Membro Nova Olinda, formado por

pacotes de calcário laminado. A última unidade sedimentar, denominada, pelos autores, de

Membro Casa de Pedra, é formada por folhelhos negros e arenitos com intercalações de

argila.

Quanto à origem do carbonato que formou as espessas camadas de calcário laminado

da Formação Crato, Heimhofer e Martill (2007) compararam o ambiente deposicional a

grandes lagos modernos, onde a contribuição de organismos calcificantes (gastrópodes,

bivalves, carófitas e ostracodes) na produção de carbonato é relativamente pequena, quando

comparada com ambientes marinhos. A principal fonte de carbonatos seria a precipitação

inorgânica no epilímnio, associada a blooms sazonais de fitoplâncton. Combinada a altas

temperaturas ambientais, a captação massiva de CO2 pelo fitoplâncton elevaria

substancialmente o pH, condicionando a precipitação de carbonatos (HEIMHOFER;

MARTILL, 2007).

Page 20: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

19

Figura 5. Calcário finamente laminado, típico da Formação Crato.

O ambiente deposicional proposto para a Formação Crato é o de um lago protegido,

com águas extremamente paradas. Tal ambiente é inferido a partir da ocorrência de vários

metros de laminação sem nenhum indício de perturbações, tais como marcas de ondas

(BEURLEN, 1971; MABESOONE; TINOCO, 1973; HEIMHOFER; MARTILL, 2007). A

ausência de sinais de bioturbação é um forte indício de que as águas mais profundas do lago

seriam anóxicas, enquanto a presença de pseudomorfos de halita atesta que o lago

apresentaria episódios de hipersalinidade (HEIMHOFER; MARTILL, 2007). Tais condições,

não amigáveis para organismos necrófagos, foram de crucial importância na preservação de

restos esqueletais articulados de vertebrados, comuns nos calcários laminados da Formação

Crato.

Os calcários da Formação Crato são intensamente explorados como matéria-prima na

produção de cimento ou como rochas ornamentais. Assim, a maior parte do conteúdo

fossilífero associado a essas camadas sedimentares é encontrada no contexto dos trabalhos de

mineração (ANDRADE, 2007). Em muitos casos, a coleta de fósseis por pessoal não treinado

resulta em espécimes danificados. Além disso, apenas em raríssimas ocasiões, o exato

horizonte estratigráfico onde os espécimes foram coletados é conhecido, o que traz severas

Page 21: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

20

restrições ao estabelecimento de inferências implicações paleoecológicas e bioestratigráficas.

Figura 6 Alguns exemplos de fósseis encontrados na Formação Crato. A: vegetal de afinidades incertas, B: o

pterossauro Ludodactylus sibbicki, C: Cladocyclus gardneri, D: inseto tiphiídeo, E: Baeocossus cf. fortunatus,

um inseto cicadomorfo. Modificado de Martill, Bechly e Loveridge (2007).

A abundância e qualidade preservacional dos espécimes fósseis provenientes da

Formação Crato (Figura 6) faz com que esta unidade sedimentar seja considerada um dos

mais importantes Fossilagerstätten cretácicos conhecidos. Os calcários laminados de origem

lacustre, típicos da Formação Crato, preservam uma rica assembléia de artrópodes (insetos e

aracnídeos diversos, quilópodes e crustáceos) (MAISEY, 1991; GRIMALDI; ENGEL, 2001;

MARTILL; BECHLY; LOVERIDGE, 2007). A fauna de peixes inclui semionotídeos

(provavelmente, Lepidotes), amiídeos, Placidichthys, Vinctifer, Cladocyclus, Santanichthys,

Axelrodichthys (um celacantídeo) e Dastilbe. Este último é, de longe, o táxon mais bem

representado sendo Dastilbe crandalli, provavelmente, a mais abundante espécie fóssil do

Grupo Santana (MAISEY, 1991; BRITO, 2007). É notável, ainda, registro de anuros (LEAL;

Page 22: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

21

MARTILL; BRITO, 2007), tartarugas do gênero Araripemys (NAISH, 2007), lagartos

(Tijubina e Olindalacerta) (BONFIM JR.; MARQUES, 1997; EVANS; YABUMOTO, 1998),

crocodilomorfos dos gêneros Susisuchus e Araripesuchus (SALISBURY et al., 2003; FREY;

SALISBURY, 2007), pterossauros (discutidos detalhadamente em outro tópico do presente

trabalho) e aves indeterminadas (NAISH; MARTILL; MERRICK, 2007). Além disso, a

Formação Crato ainda possui um extenso, e relativamente pouco estudado, registro

paleobotânico (MAISEY, 1991; MOHR; BERNARDES-DE-OLIVEIRA; LOVERIDGE,

2007).

Figura 7. Icnofóssil de tetrápode (marca de arraste) associado aos folhelhos negros da Fm. Ipubi. Fonte:

Dentzien-Dias et al. (2010).

A Formação Ipubi, que repousa sobre os calcários laminados da Formação Crato, é

constituida, primariamente, por evaporitos associados a folhelhos verdes e pretos

(pirobetuminosos). As camadas de gipsita chegam a uma espessura máxima de 30 metros e

são lateralmente descontínuas, sendo intercaladas por folhelhos, carbonatos e arenitos. Esta

unidade sedimentar foi originada, possivelmente, em sistemas costeiros, sujeitos a variações

do nível do mar e sob condições áridas a semi-áridas (BEURLEN, 1971; ASSINE, 1992,

2007). A Formação Ipubi apresenta uma elevada complexidade faciológica, com níveis

portadores de litofácies e biofácies continentais sendo interdigitados por camadas mais

tipicamente marinhas. Representa um momento de ingressão marinha na bacia lacustre da

Formação Crato. No entanto, esta ingressão não apresentava condições marinhas normais,

pois, aparentemente, a ligação com o mar aberto não possibilitaria uma circulação normal de

águas (BEURLEN, 1971; ASSINE, 1992, 2007). Alguns autores sugerem um ambiente mais

fechado, tendo a gipsita precipitado em grandes lagos salinos intracontinentais (VALENÇA;

Page 23: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

22

NEUMANN; MABESOONE, 2003). Assine (2007) chama a Formação Ipubi de ―camadas

Ipubi do Membro Crato‖, devido, principalmente, à descontinuidade lateral das camadas e à

dificuldade de seu reconhecimento em poços e no campo. O conteúdo paleontológico da

Formação Ipubi, apesar de promissor, permanece ainda pouco estudado. Dentre os espécimes

fósseis já coletados, podemos citar ostracodes, conchostráceos, angiospermas, icnofósseis

(uma pegada associada a um tetrápode natante e uma quantidade expressiva de coprólitos de

peixes – Figura 7), peixes e uma tartaruga (VIANA; BRITO; SILVA-TELLES, 1989;

DENTZIEN-DIAS et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2010). Os fósseis estão sempre associados

aos folhelhos pirobetuminosos, lateralmente contíguos aos níveis de gipsita.

Após uma descontinuidade erosiva de curta duração, começam a serem

observadas as fácies de arenitos e conglomerados aluviais características da base da Formação

Romualdo. Em direção ao topo, observa-se uma sequência transgressiva, dando os arenitos

costeiros lugar a folhelhos verdes com assembléia fóssil típica de ambientes estuarinos ou

lagunares, com influência marinha (ASSINE, 2007). Mais para o topo, os folhelhos vão

adquirindo colorações mais escuras, sendo característico um nível, de aproximadamente 5

metros de espessura, extremamente rico em concreções carbonáticas. Este nível é um

importante marco estratigráfico, com continuidade lateral por toda a bacia e foi originado,

possivelmente, em decorrência de um evento de mortandade em massa. As concreções

carbonáticas da Formação Romualdo constituem o mais fossilífero nível estratigráfico da

Bacia do Araripe (Assine, 1992, 2007; Mabesoone & Tinoco, 1973). No topo da Formação

Romualdo, um nível de coquinas com a presença de moluscos marinhos e equinóides atesta

um ambiente de condições marinhas francas.

Os fósseis preservados no núcleo das concreções carbonáticas da Formação

Romualdo estão, geralmente, não compactados e extremamente bem preservados, sendo

comum a preservação de tecidos moles (Figura 8). Os peixes, grupo mais abundante na

Formação Romualdo, possuem uma elevada diversidade, incluindo Chondrichthyes (como

Rhinobatos e Tribodus), actinopterígeos (os mais representativos sendo, provavelmente,

Vinctifer, Rhacolepis e Tharrias) e celacantídeos (Axelrodichthys e Mawsonia) (MAISEY,

1991). Dentre os tetrápodes, já foram registradas cinco espécies de tartarugas (MAISEY,

1991; OLIVEIRA, 2010), dinossauros (Angaturama, Irritator, Santanaraptor e Mirischia)

(KELLNER; CAMPOS, 1996; MARTILL et al., 1996; KELLNER, 1999; NAISH;

MARTILL; FREY, 2004), crocodilomorfos (Araripesuchus e Caririsuchus) (MAISEY, 1991),

além de uma enorme diversidade de pterossauros, que será discutida posteriormente.

Page 24: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

23

Figura 8. Exemplos de fósseis preservados em concreções carbonáticas da Fm. Romualdo. A: restos alares de

pterossauro (MPSC R1072); B: o peixe picnodontiforme Iemanja palma; C: o crocodilomorfo Araripesuchus. B

e C: modificados de Maisey (1991).

A Formação Arajara, proposta originalmente por Ponte & Appi (1990), consistiria de

um ciclo regressivo, com a retomada de um ambiente costeiro lagunal (VALENÇA;

NEUMANN; MABESOONE, 2003). A seção seria representada por uma sequência de siltitos,

folhelhos e arenitos finos argilosos, com marcas de onda e estratificações cruzadas. No entanto,

Assine (2007) afirmou que a validade desta unidade estratigráfica é questionável, dado que as

camadas, supostamente correlatas, que seriam características da formação, não possuiriam

correspondência estratigráfica, sendo, inclusive, de idades distintas.

Page 25: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

24

3.2. Os Pterosauria

3.2.1. Aspectos gerais

Ao longo da história evolutiva dos vertebrados, apenas três grupos conquistaram o

ambiente aéreo: pterossauros, aves e morcegos, nesta ordem. Estes grupos, que não possuem

relação próxima de parentesco, conseguiram tal façanha através de adaptações morfológicas

bem distintas entre si, relacionadas, principalmente, a modificações extremas nos membros

anteriores (Figura 9).

Figura 9. Diferentes morfologias adaptadas ao hábito aéreo, adotadas por tetrápodes em diferentes momentos da

história evolutiva. A: pterossauro; B: ave; C: mamífero (morcego). Modificado de Fastovsky & Weishampel

(2005).

Page 26: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

25

A primeira irradiação de vertebrados adaptados ao voo ocorreu, de acordo com o

registro fóssil, no final do período Triássico. Os protagonistas deste evento, os pterossauros,

eram arcossauros extremamente modificados, que dominaram o ambiente aéreo até o fim da

era Mesozóica (WELLNHOFER, 1991a; UNWIN, 2005). Os pterossauros são unanimemente

considerados como um grupo monofilético, já que possuem características morfológicas

completamente únicas, sendo as mais comumente citadas na literatura aquelas relacionadas ao

voo. Tais características incluem, principalmente: ossos extremamente delgados e

pneumatizados, junção coraco-esternal, fossa glenóide disposta lateralmente, esterno largo e

com espinha ventral em sua extremidade anterior, membro anterior alongado, metacarpais

alongados, presença do osso pteróide e modificações no quarto dígito (associado ao suporte

da membrana alar). As mais marcantes apomorfias craniais incluem um crânio

proporcionalmente grande, narinas externas dispostas posteriormente à fileira de dentes pré-

maxilares, longo processo postero-dorsal da pré-maxila (com contato direto com o frontal) e

ausência de fenestra mandibular externa (SERENO, 1991).

Figura 10. Representação de 1843, mostrando Pterodactylus como um mamífero marsupial. A figura original foi

apresentada por Edward Newman. Modificado Wellnhofer (1991a).

Page 27: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

26

Os mais antigos pterossauros do registro fóssil (e.g. Eudimorphodon, do Noriano

Médio da Itália) já apresentam todas as características morfológicas que definem o grupo bem

desenvolvidas, não havendo nenhuma forma de transição que ligue estes animais a outros

arcossauros. Desta forma, a origem dos pterossauros já rendeu amplos debates no meio

científico, tendo estes animais sido vinculados a diferentes grupos de vertebrados. Ao longo

da história dos estudos com pterossauros, estes já foram relacionados a aves, a criaturas

marinhas de afinidades desconhecidas e, até mesmo, a ―morcegos marsupiais‖

(WELLNHOFER, 1991a; UNWIN, 2005) (Figura 10). O primeiro cientista a reconhecer a

natureza reptiliana dos pterossauros foi Georges Cuvier que, estudando a anatomia de um

esqueleto completo de Pterodactylus antiquus, propôs que o animal se tratava de um réptil

voador (WELLNHOFER, 1991a).

Mais recentemente, debates acerca da origem e relações de parentesco entre

pterossauros e outros arcossauros vincularam estes animais a ―tecodontes‖, pseudossuquídeos,

eossuquídeos, arcossauromorfos basais e prolacetiformes (WELLNHOFER, 1991a; UNWIN,

2005; SERENO, 1991). O posicionamento filogenético mais amplamente aceito, atualmente,

para Pterosauria, situa-os, juntamente a Dinosauromorpha, no clado Ornithodira (SERENO,

1991; BENTON, 2004) (Figura 11).

Figura 11. Posicionamento filogenético de Pterosauria dentro de Archosauria. Fonte: Benton (2004).

Os pterossauros são, genericamente, divididos em dois grupos:

Page 28: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

27

―Rhanphorhynchoidea‖, um táxon parafilético, formado por pterossauros mais basais, e

Pterodactyloidea, um táxon considerado monofilético, composto por pterossauros mais

derivados (Figura 12). Os ―ranforrincóides‖ diferem dos pterodactilóides em diversas

características osteológicas. Dentre elas, as mais importantes são: fenestras nasais e pré-

orbitais separadas (confluentes em Pterodactyloidea), côndilo ocipital direcionado para trás

(nos pterodactilóides, o côndilo encontra-se direcionado ventro-posteriormente), cauda longa

(extremamente encurtada em pterodactilóides), metacarpais relativamente curtos (mais

alongados em Pterodactyloidea) e quinto dedo do autopódio posterior bem desenvolvido

(reduzido em Pterodactyloidea) (WELLNHOFER, 1991a).

Sereno (1991) já indicou a possibilidade de que ―Rhanphorhynchoidea‖ constituiria

um grupo parafilético. Tal hipótese seria, posteriormente, comprovada por análises

filogenéticas abrangentes de Pterosauria (e.g. KELLNER, 2003; UNWIN, 2003). Segundo

estas análises, alguns grupos de ―ranforrincóides‖ encontram-se mais proximamente

relacionados aos pterossauros pterodactilóides do que aos demais. A monofilia de

Pterodactyloidea, no entanto, continua bem embasada.

Figura 12. Esqueleto de Pterodactylus (um pterossauro pterodactilóide). A: vista ventral, evidenciando as

profundas modificações no membro anterior, relacionadas ao hábito aéreo; B: animal em posição de voo. Fonte:

Wellnhofer (1991a).

Page 29: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

28

Recentemente, um fóssil de pterossauro proveniente do Jurássico da China

(Darwinopterus modularis) trouxe alguma luz sobre a transição entre ―ranforrincóides‖ e

pterodactilóides. O animal apresenta crânio e vértebras cervicais derivados, tipicamente

pterodactilóides, enquanto o resto do esqueleto mostra um predomínio de características

plesiomórficas (―ranforrincóides‖). Esta combinação singular de características sugere que a

transição entre estes grupos de pterossauros se deu de forma modular, ou seja, conjuntos de

caracteres evoluíram de forma discreta e semi-independente, compondo, como um mosaico,

uma forma transicional (LÜ et al., 2010).

Embora, em alguns aspectos, a anatomia dos pterossauros permaneça conservativa,

são observadas amplas variações morfológicas dentro do grupo, principalmente no que diz

respeito a adaptações a diferentes hábitos alimentares. Tais variações incluem, além da

morfologia adaptada ao hábito piscívoro (considerado, por alguns autores, como primitivo e

inferido para gêneros como Rhamphorhynchus, Pterodactylus e Anhanguera, dentre inúmeros

outros), formas possivelmente frugívoras (e.g. Tapejara wellnhoferi), insetívoras (e.g.

Anurognathus), filtradoras (Ctenhochasma, Pterodaustro), dentre outras (WELLNHOFER,

1991a; WELLNHOFER; KELLNER, 1991; BENTON, 2004; UNWIN, 2005). As formas

adaptadas ao hábito filtrador possuem, talvez, os maiores extremismos anatômicos, que

culminam em Pterodaustro: este animal possuía mandíbulas equipadas com mais de 500

dentes extremamente longos e delgados, plenamente adaptados à apreensão de pequenos

organismos aquáticos (WELLNHOFER, 1991a; CHIAPPE et al., 2000).

Outro aspecto interessante, relacionado à morfologia e ecologia de pterossauros, é a

presença, em inúmeras formas, de uma diversidade de cristas cefálicas. Tais cristas destacam-

se tanto por sua ampla distribuição dentro do táxon quanto por uma acentuada diversidade

anatômica (WELLNHOFER, 1991a; FREY; MARTILL; BUCHY, 2003a; UNWIN, 2005).

Anteriormente, acreditava-se que tais estruturas seriam características de pterossauros

pterodactilóides. No entanto, a descoberta recente de um número de formas ―ranforrincóides‖

apresentando estruturas similares mostrou que as cristas sagitais estão bem distribuídas na

maioria dos principais clados de Pterosauria (CZERKAS; JI, 2002; DALLA VECCHIA;

WILD; HOPF, 2002; CARPENTER et al., 2003; STECHER, 2008). Dentre as funções

propostas, na literatura, para as cristas sagitais, destacam-se: 1) inserção para a musculatura

mandibular (EATON, 1910); 2) ―leme frontal‖, ajudando na manobrabilidade do animal,

quando em voo (SHORT, 1914; CHATTERJEE; TEMPLIN, 2004), 3) contrabalanço

aerodinâmico (BRAMWELL; WHITFIELD, 1974); 4) estabilização da cabeça do animal na

Page 30: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

29

água, durante o comportamento alimentar (WELLNHOFER, 1987); 5) termorregulação

(KELLNER, 1989; KELLNER; CAMPOS, 2002) e 6) display sexual e reconhecimento

intraespecífico (SHORT, 1914; WELLNHOFER, 1991a; BENNETT, 1992; CAMPOS;

KELLNER, 1997; UNWIN, 2005; ELGIN et al., 2008). A ampla variedade de morfologias e a

inferência de dimorfismo sexual em Pterosauria (e. g. BENNETT, 1992) pode ser um indício

de que a função primária das cristas fosse a de display sexual, o que é condizente com o fato

de que pterossauros eram animais primariamente visuais (WITMER et al., 2003).

Independentemente da função que tais estruturas desempenhassem, a ampla distribuição

destas no grupo sugere que estavam ligadas a uma estratégia funcional ou evolutiva

extremamente bem-sucedida (Figura 13).

Figura 13. Diversidade de cristas sagitais em pterossauros pterodactilóides. Fonte: Wellnhofer (1991a).

A fragilidade dos restos esqueletais de pterossauros traz, como consequência, uma

relativa raridade de fósseis destes animais no registro geológico. Ainda assim, o grupo possui

mais de uma centena de espécies descritas e está representado em todos os continentes

(BENTON, 2004; BARRETT et al., 2008). As condições necessárias para a preservação de

uma quantidade expressiva destes frágeis animais só se deram durante a deposição de alguns

Fossilagerstätten isolados (WELLNHOFER, 1991a; KELLNER, 1994). Desta forma, nosso

conhecimento sobre os pterossauros encontra-se, ainda hoje, extremamente tendenciado. É

consenso geral, entre os pesquisadores, que estes animais eram extremamente diversos na Era

Mesozóica, ocupando os mais diferentes nichos ecológicos, de forma semelhante às aves

atuais. No entanto, o registro fóssil favoreceu a preservação de formas piscívoras, associadas

Page 31: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

30

a ambientes lacustres ou marinhos, já que outros ambientes deposicionais (e.g. fácies

fluviais), de forma geral, não foram favoráveis à preservação destes animais.

O registro fóssil de Pterosauria pode estar, também, temporalmente tendenciado.

Recentes levantamentos mostram que mais de 60% das localidades fossilíferas com registro

de fósseis de pterossauros são do Período Cretáceo (principalmente Cretáceo Superior),

enquanto o Triássico Superior e o Jurássico Inferior são os intervalos mais pobremente

amostrados (BARRETT et al., 2008). O registro também mostra um tendenciamento

geográfico, com 40% das ocorrências advindas da Europa (BARRETT et al., 2008). Ainda

não está completamente claro o quanto deste tendenciamento está relacionado a verdadeiros

dados paleobiológicos e quanto se deve a diferentes esforços de coleta ou fatores geológicos e

preservacionais.

Dentre os depósitos com ocorrência de pterossauros, três se destacam, tanto pela

quantidade de material amostrado quanto pela qualidade da preservação: o calcário litográfico

de Solnhofen (Jurássico Superior da Alemanha), o Grupo Jehol (Cretáceo Inferior da China) e

o Grupo Santana (Cretáceo Inferior do Brasil).

Figura 14. Rhamphorhynchus, um pterossauro do calcário Solnhofen, Jurássico da Alemanha. Fonte:

Frickhinger (1994).

Page 32: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

31

O calcário Solnhofen, que aflora na Bavária, Alemanha, é explorado, como rocha

ornamental, desde o império Romano. No entanto, apenas após coletas sistemáticas

(realizadas a partir do século XVIII), seu potencial paleontológico foi reconhecido

(WELLNHOFER, 1991a; FRICKHINGER, 1994) e hoje é considerado um importante

Fossilagerstätte. Os leitos fossilíferos de Solnhofen foram depositados durante o Jurássico

Superior (Tithoniano) e, dentre a rica biota preservada nas placas de calcário finamente

laminado, um dos grupos de maior destaque é o dos pterossauros. Dali saíram os primeiros

fósseis de pterossauros descritos pela Ciência (e. g. Pterodactylus antiquus). Outras formas de

grande destaque incluem Rhamphorhynchus (Figura 14), Anurognathus, Germanodactylus,

Ctenochasma e Gnathosaurus (WELLNHOFER, 1991a).

O Grupo Jehol, localizado no oeste da província de Liaoning (China), é composto

pelas formações Yixian e Jiufotang, depositadas durante o Cretáceo Inferior, em um intervalo

de tempo intermediário entre a deposição de Solnhofen (Tithoniano) e do Grupo Santana

(Aptiano/Albiano) (WANG; ZHOU, 2003). Talvez os mais famosos fósseis do Grupo Jehol

sejam os dinossauros com penas, característicos deste pacote sedimentar, que deram luz ao

debate sobre a origem dinossauriana das aves. Não obstante, nos últimos anos, importantes

espécimes de pterossauros têm sido coletados em Liaoning, mostrando uma fauna mista, com

representantes ―ranforrincóides‖ e pterodactilóides. Dentre os táxons encontrados no Grupo

Jehol, podemos citar: Jeholopterus, Sinopterus (Figura 15), ―Huaxiapterus” e Feilongus

(WANG et al., 2002; WANG; ZHOU, 2002; LÜ; YUAN, 2005; WANG et al., 2005).

Figura 15. Sinopterus dongi, um pterossauro da Fm. Jiufotang do Grupo Jehol, China. Fonte: Wang e Zhou

(2002).

Page 33: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

32

O Grupo Santana (Aptiano/Albiano), aflorante na Chapada do Araripe, localizada no

limite entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, teve sua geologia e paleontologia

discutidas com mais detalhes no tópico 3.1.2. do presente trabalho. A partir do início dos anos

1970, os estratos sedimentares do Grupo Santana passaram a ser conhecidos não só por sua

famosa ictiofauna, mas, também, pela ocorrência de espécimes de pterossauros importantes e

excepcionalmente bem preservados. Um dos aspectos mais interessantes dos espécimes de

pterossauros desta unidade sedimentar é a ocorrência de restos esqueletais preservados

tridimensionalmente nas concreções calcárias da Fm. Romualdo, um tipo de preservação

incomum em pterossauros (Figura 16). Alguns táxons representativos desta unidade

sedimentar incluem: Anhanguera, Cearadactylus, Tapejara, Tupuxuara e Tupandactylus. Um

histórico detalhado das pesquisas com répteis voadores da Formação Santana será

apresentado no próximo tópico deste trabalho.

Figura 16. Sessões transversais de ossos longos de pterossauros. À esquerda, preservado tridimensionalmente,

um espécime da Fm. Romualdo. O espécime da direita é proveniente da Fm. Jiufotang, China. Fonte: Kellner

(2006).

Outros depósitos sedimentares com importante registro fóssil de pterossauros

incluem as Formações Niobrara e Javelina (Estados Unidos), Grupo Tugulu (China),

Cambridge Greensand (Inglaterra), dentre outros (WELLNHOFER, 1991a; BARRETT et al.,

2008).

Page 34: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

33

3.2.2. Histórico das pesquisas com pterossauros provenientes do Grupo Santana

A presença de pterossauros em rochas brasileiras já havia sido relatada por

Woodward (1891) e Mawson e Woodward (1907). Entretanto, os dois quadrados descritos

como pertencentes a um pterossauro, pelo primeiro autor, para a Bacia do Recôncavo (Bahia),

provaram, posteriormente, pertencer a um peixe celacantídeo. No entanto, um dente isolado

mencionado no segundo trabalho teve, recentemente, sua atribuição a Pterosauria confirmada

(RODRIGUES; KELLNER, 2010). Anos depois, um úmero fragmentário foi descrito por

Price (1953) para sedimentos Maastrichtianos da Formação Gramame (Paraíba) (Figura 17).

Após essas primeiras descobertas, inúmeros outros restos fósseis destes animais foram

resgatados em depósitos cretácicos brasileiros, sendo a grande maioria, proveniente de

sedimentos do Grupo Santana. Revisaremos, neste tópico, os principais trabalhos científicos

(em ordem cronológica) publicados sobre materiais pterossaurianos provenientes desta

importante unidade sedimentar.

Figura 17. Holótipo de Nyctosaurus lamegoi, a primeira espécie de pterossauro descrita para o Brasil. Escala: 5

cm.

A primeira ocorrência de pterossauro para o Grupo Santana foi relatada também por

Price, em 1971. Neste trabalho, foram descritos restos envoltos em uma concreção calcária

típica da Formação Romualdo, sendo proposta a espécie Araripesaurus castilhoi. Os ossos

(rádio, ulna, carpais, metacarpais, falanges e pteróide), apesar de fragmentários, apresentam

ótimo estado de preservação, não havendo sinais de compressão. O autor propôs, ao

Page 35: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

34

espécime, afinidades a Ornithocheiridae, uma família hoje considerada como um ―saco de

gatos‖, abrigando espécies sem relação próxima de parentesco (KELLNER, 2003). Esta

classificação foi, posteriormente, considerada dúbia por Wellnhofer (1991b).

Algumas outras espécies foram, posteriormente, descritas com base em material pós

craniano fragmentário. Podemos citar, por exemplo, Araripedactylus dehmi, descrita por

Wellnhofer (1977), com base apenas em uma falange alar, e Santanadactylus brasilensis (DE

BUISONJÉ, 1980), constituído por um conjunto escápula-coracóide direitos, além de um

úmero, também direito. Como parátipo de S. brasilensis, o autor descreveu um conjunto de

duas vértebras cervicais alongadas, encontradas na mesma localidade (mas não em

associação) que os outros restos esqueletais. Wellnhofer (1991b) e Wellnhofer e Kellner

(1991) consideraram improvável a atribuição das vértebras cervicais a S. brasilensis.

Kellner (1984) descreveu uma sínfise mandibular, triangular em seção e com uma

expansão em forma de colher em sua extremidade anterior, atribuindo o material a uma nova

espécie, que foi batizada como Brasileodactylus araripensis (Figura 18). O espécime teria,

também, afinidades com Ornithocheiridae. No mesmo ano, Campos, Ligabue e Taquet (1984)

descreveram a primeira ocorrência de preservação de tecido mole em um pterossauro do

Grupo Santana. O espécime é composto por ossos do membro inferior (fêmur, tíbia, fíbula,

metatarsais e falanges de um pé direito), além de elementos alares (rádio, ulna, carpais,

pteróide e falanges do quarto dígito). Tais elementos alares preservam, em associação, parte

da membrana alar, com ―fibras de suporte‖ associadas.

Figura 18. Holótipo de Brasileodactylus araripensis (mandíbula em norma dorsal). Escala: 5 cm.

Page 36: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

35

Um dos mais importantes materiais relacionados a Pterosauria, provenientes da Bacia

do Araripe, foi descrito em 1985 por Campos & Kellner. Trata-se de um crânio completo (sem

mandíbula associada), advindo de uma concreção calcária da Formação Romualdo. O crânio

possui um excepcional estado preservacional, apresentando pouca ou nenhuma compressão. A

característica diagnóstica mais marcante do gênero é a presença de uma crista sagital pré-

maxilar na região rostral do crânio. É notável, ainda, a presença de uma pequena crista sagital

parietal na região posterior do crânio e um alargamento rostral em forma de colher

(semelhante ao observado, anteriormente, na mandíbula de Brasileodactylus. O novo animal

foi batizado como Anhanguera blittersdorffi (Figura 19). Com base neste material, Campos e

Kellner (1985) criaram uma nova família de pterossauros pterodactilóides (Anhangueridae).

Figura 19. Crânio de Anhanguera blittersdorffi, descrito por Campos e Kellner (1985). Escala: 5 cm.

Mais um importante espécime foi descrito por Leonardi e Borgomanero (1985).

Trata-se de um crânio incompleto, com mandíbula associada, também preservado em uma

concreção calcária da Formação Romualdo. A partir do material, os autores nomearam a

espécie Cearadactylus atrox. Este pterossauro teria, como característica diagnóstica, o fato de

que as superfícies alveolares das pré-maxilas e da mandíbula não entram em contato direto em

uma região próxima à extremidade rostral. Assim, tais superfícies não entrariam em oclusão

quando o animal fechasse a boca (LEONARDI; BOGOMANERO, 1985). Tal característica

morfológica é interpretada como uma adaptação ao estilo alimentar piscívoro. É importante

notar que, na ocasião da descrição da espécie, o material não havia sido completamente

preparado. Algumas das características diagnósticas de Cearadactylus atrox provariam,

Page 37: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

36

posteriormente, ser resultado de adulterações realizadas no fóssil. No entanto, a espécie ainda

é considerada como válida (VILA NOVA; KELLNER; SAYÃO, 2010).

Posteriormente, Wellnhofer (1985), descreveu diversos materiais craniais e pós-

craniais (totalizando mais de 70 ossos individuais e dois crânios). Neste trabalho, foram

propostas três espécies do gênero Santanadactylus (S. araripensis, S, pricei e “S”. spixi)

(Figura 20), além de uma nova espécie do gênero Araripesaurus (―A”. santanae). Alguns

anos depois, ―A”. santanae seria reconhecido como representante do gênero Anhanguera

Campos & Kellner, 1985 (WELLNHOFER, 1991a). ―Santanadactylus” spixi, por sua vez,

constituiria, segundo Wellnhofer (1991a) e Bennett (1989, 1994), um pterossauro

dsungaripteróide, representando, assim, um novo gênero. Por outro lado, Kellner (1995)

propôs que, na realidade, ―S”. spixi teria afinidades com Tapejaridae.

Figura 20. Crânio parcial pertencente ao holótipo de Santanadactylus araripensis. Escala: 5 cm. Fonte:

Wellnhofer (1985).

Wellnhofer (1987) descreveu um crânio completo, com mandíbula associada, além

de uma mandíbula isolada, de um novo e interessante gênero de pterossauro para o Membro

Romualdo. A partir destes materiais, duas novas espécies foram descritas: Tropeognathus

mesembrinus (Figura 21) e Tropeognathus robustus. A principal característica que distingue

Tropeognathus de outros gêneros de pterossauros é a presença de cristas sagitais

extremamente bem desenvolvidas nas pré-maxilas e na sínfise mandibular. Tais cristas

diferem das presentes em Anhanguera tanto no tamanho quanto na morfologia já que, em

Tropeognathus, a crista pré-maxilar alcança a extremidade rostral do crânio, enquanto, em

Anhanguera, a mesma começa a uma curta distância a partir da extremidade das pré-maxilas.

No citado, o autor comentou que a função destas cristas sagitais estaria provavelmente

Page 38: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

37

relacionada à estabilização da cabeça do animal na água, quando este pescava. O gênero

Tropeognathus foi tentativamente atribuído à família Criorhynchidae por Wellnhofer (1987).

Posteriormente, Kellner e Campos (1988) consideraram as diferenças entre Tropeognathus e

Anhanguera blittersdorffi como sendo de nível específico, de modo que, naquele trabalho,

foram reconhecidas três formas distintas para o gênero Anhanguera: A. blittersdorffi, A.

mesembrinus e A. robustus. Posteriormente, Kellner e Tomida (2000) reconheceriam a

validade do gênero Tropeognathus.

Figura 21. Tropeognathus mesembrinus, holótipo em a: vista lateral esquerda e b: vista dorsal. Escala: 10 cm.

Fonte: Wellnhofer (1987).

Kellner e Campos (1988) descreveram uma nova e bizarra espécie de pterossauro

sem dentes para a Formação Santana: Tupuxuara longicristatus (Figura 22). O material

consiste de um crânio fragmentário, partes dos metacarpais I-IV direitos, fragmento da

primeira falange do dígito alar direito, fragmento do metacarpal IV esquerdo, primeira falange

do dígito alar esquerdo e uma falange ungueal. Este seria o primeiro registro de pterossauro

sem dentes para a Bacia do Araripe. Os autores citaram, como características diagnósticas,

uma crista sagital que se inicia na parte anterior da pré-maxila e é direcionada para a parte

posterior do crânio; ausência de dentes; presença de uma quilha mesial na superfície ventral

do palato; presença de foramens pneumáticos na articulação proximal da primeira falange do

dígito alar, dentre outras. Kellner e Campos (1988) afirmaram que, apesar de T. longicristatus

possuir morfologia completamente distinta de qualquer outro pterossauro conhecido,

possivelmente representando uma nova família, seriam necessários materiais mais

Page 39: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

38

conclusivos de forma a tornar possível um posicionamento taxonômico mais acurado da

espécie.

Figura 22. Crânio parcial, a partir do qual foi descrita a espécie Tupuxuara longicristatus. Escala: 5 cm.

O primeiro trabalho com enfoque biomecânico realizado num espécime do Grupo

Santana foi realizado por Wellnhofer (1988). Com base em uma pélvis de Anhanguera, o

autor discutiu a locomoção terrestre dos pterossauros, concluindo que o fêmur não poderia se

posicionar verticalmente abaixo do corpo, o que não permitiria uma locomoção bípede

parassagital.

Uma segunda forma sem dentes foi descrita por Kellner (1989). A nova espécie,

correspondendo a um animal de pequeno porte, foi batizada de Tapejara wellnhoferi (Figura

23), sendo baseada em um crânio incompleto. Kellner (1989) citou, como características

diagnósticas da espécie, uma grande crista sagital pré-maxilar na parte anterior do crânio (que

se estende posteriormente), rostro (pré-maxilas e maxilas) inclinado ventralmente, ausência de

quilha mesial no palato (presente em Tupuxuara longicristatus) e órbita situada abaixo do

nível dorsal da fenestra naso-anterorbital. Uma característica interessante deste novo espécime

Page 40: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

39

é a grande quantidade de canais na crista sagital, atribuídos a impressões de vasos sanguíneos.

Tais canais levaram Kellner a propor uma função termorregulatória para a crista cranial desta

espécie. T. wellnhoferi é posicionado, junto a Tupuxuara longicristatus, em uma nova família

de pterossauros pterodactilóides sem dentes: Tapejaridae.

Figura 23. Holótipo de Tapejara wellnhoferi, descrito por Kellner (1989). Escala: 5 cm.

Martill e Unwin (1989) fizeram os primeiros estudos histológicos, através de

microscopia eletrônica de varredura (MEV), em um fragmento de membrana alar de um

pterossauro da Formação Romualdo. O tecido mole fosfatizado estaria, segundo os autores,

associado à ulna. Neste trabalho, os autores conseguiram identificar várias camadas de tecido,

incluindo uma fina camada de epitélio, um ―stratum vasculosum‖, um ―stratum spogiosum‖ e

uma camada de tecido muscular estriado. Foi também comentado que a intensa vascularização

do patágio poderia ser utilizada para a dissipação de calor metabólico, o que seria consistente

com a hipótese de que pterossauros possuíam voo ativo. O trabalho em questão ilustra bem o

incrível estado preservacional de alguns espécimes de pterossauros da Formação Romualdo.

Kellner (1996a) reinterpretou o tecido mole descrito por Martill e Unwin (1989),

argumentando que o mesmo não estaria associado à ulna, mas ao úmero esquerdo e a uma

costela. A principal implicação desta nova interpretação é a de que o tecido mole não estaria

Page 41: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

40

associado à membrana alar, de modo que as interpretações e modelos propostos por Martill e

Unwin (1989) estariam equivocados.

Uma pélvis quase completa, não apresentando nenhum sinal de compressão ou

distorção, foi descrita por Bennett (1990), proveniente da Formação Romualdo. Uma cabeça

de fêmur associada ao material possui morfologia similar à de Anhanguera. No entanto, o

autor preferiu não atribuir o espécime a nenhuma espécie conhecida. O estado preservacional

do espécime permitiu ao autor, inclusive, conjecturar sobre a postura do animal em terra. A

pélvis apresenta o acetábulo e a sínfise do ísquio direcionados latero-posteriormente, o que

permitiria que os membros posteriores pudessem se posicionar abaixo do corpo e servir à uma

locomoção ereta bípede.

O importante trabalho de Wellnhofer (1991b) descreveu novos elementos esqueletais

associados aos táxons Anhanguera santanae, Santanadactylus pricei, Santanadactylus

araripensis e Santanadactylus brasilensis. O material referido a A. santanae constituiu-se no,

até então, mais completo esqueleto de pterossauro proveniente da Formação Santana. Os

novos espécimes contribuíram com dados relativos às posições dos membros quando em voo

e quando em caminhada terrestre. Os dados suportaram a proposta de Wellnhofer (1988) de

que anhanguerídeos possuiriam uma postura quadrúpede quando em terra firme.

Bennett (1991), em sua tese de doutorado, incluiu táxons brasileiros em uma análise

cladística. Seus resultados suportaram a hipótese de que os gêneros Anhanguera,

Santanadactylus e Tropeognathus estariam posicionados dentro de Pteranodontidae, enquanto

“Santanadactylus” spixi e Brasileodactylus seriam integrantes do clado mais inclusivo

Ornithocheiroidea. A análise cladística de Bennett (1991) seria, posteriormente, questionada

por Kellner (1995) que, utilizando a mesma matriz de dados, obteve resultados

consideravelmente diferentes.

Wellnhofer e Kellner (1991) contribuíram com a descrição osteológica detalhada de

novos materiais referidos a Tapejara wellnhoferi. O espécime mais informativo é constituído

por um crânio quase completo, associado à mandíbula e vértebras cervicais anteriores (Figura

24). Um segundo espécime é composto pela porção anterior de um crânio, com crista pré-

maxilar rodeando a metade anterior da fenestra naso-anterorbital. Os materiais, aliados ao

holótipo de T. wellnhoferi, descrito por Kellner (1989), permitem uma reconstrução precisa do

crânio do animal, tornando T. wellnhoferi a espécie de pterossauro tapejarídeo mais bem

Page 42: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

41

estudada e bem representada do Grupo Santana. Baseando-se na morfologia do ―bico‖ do

animal, os autores sugeriram um estilo alimentar frugívoro. Dessa forma, pequenos

pterossauros cretácicos como T. wellnhoferi poderiam ter desempenhado um importante papel

na dispersão de sementes das primeiras plantas angiospermas (WELLNHOFER; KELLNER,

1991).

Figura 24. Crânio de Tapejara wellnhoferi descrito por Wellnhofer e Kellner (1991).

Hazlehurst & Rayner (1992) utilizaram, pela primeira vez, espécimes brasileiros em

estudos de biomecânica de voo de pterossauros. No trabalho, ossos alares de Santanadactylus

brasilensis foram utilizados com a finalidade de se verificar como funcionava a

movimentação na articulação da cintura escapular e suas implicações no voo. Os autores

observam que o aparato alar deste animal era capaz apenas de uma gama restrita de

movimentos, não sendo adaptada para um ―voo batido‖.

Dalla Vecchia (1993) descreveu uma segunda espécie atribuída ao gênero

Cearadactylus: C. ligabuei. Trata-se da parte anterior de um crânio, jugal esquerdo, parte do

lacrimal esquerdo e, possivelmente, parte do quadradojugal esquerdo. Em comum com C.

Page 43: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

42

atrox, C. ligabuei possuiria uma concavidade na margem alveolar da porção mais anterior da

pré-maxila, dentes pré-maxilares consideravelmente maiores que os demais, além de um

crânio longo e baixo, desprovido de crista sagital pré-maxilar, mas apresentando a porção

rostral do focinho espatulada. As duas espécies seriam distintas com base em diferenças na

forma da fenestra naso-anterorbital e no jugal, além do fato de que C. atrox possuiria uma pré-

maxila mais comprimida dorso-ventralmente (DALLA VECCHIA, 1993).

O primeiro espécime de pterossauro para a Formação Crato foi descrito por Frey &

Martill (1994). Trata-se de um esqueleto incompleto em elevado grau de articulação. Os

principais elementos não representados no espécime são o crânio, vértebras cervicais, esterno

e vértebras caudais posteriores (Figura 25). Como era de se esperar, os restos esqueletais não

foram preservados tridimensionalmente, em contraste com aqueles encontrados na Formação

Romualdo. O animal foi batizado de Arthurdactylus conandoylei e diferiria de todos os outros

pterossauros conhecidos com base em características relacionadas à cintura pélvica. Os

autores posicionaram o animal, tentativamente, dentro de Ornithocheiridae. Neste mesmo

artigo, foram documentados outros restos de pterossauros provenientes da Formação Crato,

incluindo a porção rostral de um crânio associado a mandíbulas e fragmentos parcialmente

desarticulados de uma asa.

Figura 25. Esqueleto de Arthurdactylus conandoylei, primeira espécie de pterossauro descrita para a Fm. Crato.

Escala: 20 cm. Fonte: Frey e Martill (1994).

Page 44: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

43

Uma segunda espécie do gênero Tupuxuara, T. leonardii, foi descrita por Kellner e

Campos (1994) (Figura 26). Embora fragmentário (composto apenas por fragmentos de pré-

maxilas, maxilas e palatino), o material possui, como característica diagnóstica, uma forte

quilha mesial no palato, que não se estende até a porção anterior do crânio. A presença de uma

crista pré-maxilar bem desenvolvida, assim como a morfologia geral do espécime, sugere

afinidades com Tapejaridae. A inclinação da margem dorsal da pré-maxila e a ausência de

inclinação ventral deste osso são condições similares às observadas em T. longicristatus. No

entanto, em T. longicristatus a quilha palatal é baixa e se estende até a parte mais anterior do

crânio. Outro aspecto interessante do novo material é a possibilidade de se observar um

sistema interno de trabéculas, que garantia a resistência do osso sem que houvesse um

aumento considerável na massa do mesmo (KELLNER; CAMPOS, 1994).

Figura 26. Holótipo de Tupuxuara leonardii. Escala: 5 cm.

Kellner (1995) revisou as análises cladísticas previamente realizadas utilizando

pterossauros como grupo interno. Neste trabalho, o autor discutiu a relação de Tapejaridae

com outros pterossauros. Como sinapomorfias de tapejarídeos, foram citadas uma crista

sagital pré-maxilar, que começa na parte anterior do crânio e se estende posteriormente, acima

da região ocipital, além de uma fenestra naso-anterorbital relativamente grande (mais que

45% do comprimento do crânio, em vista lateral). O autor concluiu afirmando que as

Page 45: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

44

características morfológicas de Tapejaridae sugerem que a família possua uma relação de

grupo-irmão com Azhdarchidae.

Duas caixas cranianas em perfeito estado de preservação foram descritas por Kellner

(1996b). Uma delas pertencente a Tapejara wellnhoferi e a outra a Anhanguera sp.. Uma das

conclusões interessantes obtidas através deste trabalho foi a de que pterossauros possuem

orbitoesfenóide, um osso que se pensava estar presente, dentro de Archosauria, apenas em

dinossauros. Esta observação reforça o posicionamento de Pterosauria como grupo irmão de

Dinosauria dentro do clado Ornithodira.

A segunda espécie de pterossauro para a Formação Crato foi descrita por Campos &

Kellner (1997). ―Tapejara” imperator (que viria, posteriormente, a ser renomeado como

Tupandactylus imperator (KELLNER; CAMPOS, 2007) pode ser considerada a mais bizarra

espécie de pterossauro descrita até então. Sua principal característica diagnóstica é a presença

de uma crista sagital extremamente bem desenvolvida, compondo, aproximadamente, 5/6 da

superfície lateral do crânio. T al crista é suportada, anteriormente, por um processo pré-

maxilar em forma de espinho. Outra feição importante é a presença de um processo ocipital

extremamente bem desenvolvido. A presença de uma crista pré-maxilar começando na porção

anterior do crânio, além de uma fenestra naso-anterorbital de grandes proporções, permitem

uma classificação segura dentro de Tapejaridae (CAMPOS; KELLNER, 1997).

Martill e Frey (1998) revisaram a ocorrência de pterossauros na Formação Crato,

destacando as duas espécies previamente descritas (Arthurdactylus conandoylei e Tapejara

imperator) e relatando novas ocorrências. Como exemplo, os autores citaram uma asa que

possui, em algumas falanges, uma sessão em forma de ―T‖, considerada típica de pterossauros

azhdarquídeos. Martill e Frey (1998) propuseram também a elevação da Formação Crato ao

status de Lagerstätte para pterossauros.

A asa de pterossauro relatada por Martill e Frey (1998) foi descrita detalhadamente

por Martill e Frey (1999). Trata-se da parte distal de uma asa direita, composta pelo

metacarpal alar, falanges 1 e 2 do dedo alar, porção proximal da terceira falange alar e um

provável fragmento de mais um metacarpal. Com base na já mencionada sessão em ―T‖ das

falanges 2 e 3 do dígito alar, os autores atribuíram o material a Azhdarchidae. Caso esta

classificação se provar correta, este seria o registro mais antigo de Azhdarchidae, já que os

demais registros destes pterossauros são encontrados apenas em sedimentos neocretácicos

Page 46: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

45

(MARTILL; FREY, 1999).

Kellner e Tomida (2000) descrevem Anhanguera piscator, o pterossauro mais

completo já descrito para a Formação Santana (Figura 27). Trata-se de um animal que, apesar

do enorme porte (aproximadamente 5 m de envergadura), representa um indivíduo juvenil,

como é atestado pelo grau de fusão de alguns ossos. A diagnose da espécie foi baseada,

principalmente, na morfologia da crista sagital pré-maxilar e na conformação das vértebras

caudais. O exemplar possui, ainda, sinais de patologias, como costelas com sinais de fraturas

e posterior ossificação, além de possíveis infecções ósseas no crânio. Além da descrição da

nova espécie, Kellner e Tomida (2000) fizeram uma ampla revisão de todas as espécies de

pterossauros encontradas no Grupo Santana (com a exclusão dos tapejarídeos). A principal

conclusão foi a de que o número de espécies está, no atual momento do conhecimento,

inflado, com várias espécies baseadas em materiais não diagnósticos.

Figura 27. Crânio de Anhanguera piscator, descrito por Kellner e Tomida (2000). Escala: 10 cm.

Sayão e Kellner (2000) descreveram um rostro parcial, preservado em uma placa de

calcário laminado proveniente da Formação Crato (Figura 28). A existência deste espécime

havia sido previamente relatada por Frey e Martill (1994), mas nenhuma descrição detalhada

do mesmo havia sido realizada. Baseando-se na ausência de cristas sagitais pré-maxilares e

dentárias, distância relativa entre os alvéolos e presença de um sulco na porção dorsal da

sínfise mandibular (começando já na porção mais anterior da mandíbula), o material foi

atribuído a Brasileodactylus cf. araripensis. É importante observar que o material descrito por

Sayão e Kellner (2000) não pode ser comparado com o holótipo de Arthurdactylus

conandoylei, já que este último não apresenta material cranial conhecido. A presença do

Page 47: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

46

gênero Brasileodactylus tanto na Formação Crato quanto na Formação Romualdo do Grupo

Santana mostra que havia similaridades faunísticas entre estas duas unidades estratigráficas, o

que já havia sido documentado para peixes.

A porção rostral de um crânio de pterossauro proveniente da Formação Romualdo foi

descrita por Fastnacht (2001). O autor atribuiu o material ao gênero Coloborhynchus, descrito

originalmente para o Cretáceo Inferior do Reino Unido. Fastnacht (2001) identificou

semelhanças entre este material e a mandíbula de Tropeognathus robustus e, com base nisso,

atribuiu também esta última espécie ao gênero Coloborhynchus. No mesmo trabalho, o autor

atribuiu a espécie Tropeognathus mesembrinus ao gênero Criorhynchus.

Figura 28. Rostro atribuído a Brasileodactylus cf. araripensis, descrito por Sayão e Kellner (2000).

Um dos mais impressionantes achados para a Bacia do Araripe é relatado por Kellner

e Campos (2002): Thalassodromeus sethi, um pterossauro tapejarídeo de grande porte (cerca

de 4,5 m de envergadura) (Figura 29). A mais marcante característica diagnóstica deste animal

é uma crista completamente ossificada, de grandes proporções, que possui uma peculiar

terminação em forma de ―V‖. Esta crista é formada pelas pré-maxilas, frontais, parietais e

supraocipital. A estrutura começa na região anterior do crânio e estende-se até muito além da

região ocipital. As suturas entre pré-maxilas e frontais configuram-se de forma retilínea, o que

contrasta com a condição curvilínea presente em Tupuxuara. Além disso, o animal possuía a

Page 48: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

47

porção rostral das pré-maxilas e dentários com limites dorsais e ventrais extremamente

afiados; palatinos fortemente côncavos na região anterior à crista palatal e região ocipital

comparativamente mais larga do que em outros tapejarídeos. Baseando-se, principalmente, na

morfologia peculiar do rostro do animal, Kellner e Campos (2002) sugeriram que ele se

alimentaria de forma semelhante a pássaros do gênero Rynchops (―Talha-mar‖): durante a

alimentação, o animal voaria rente à superfície da água, com a sínfise mandibular

parcialmente submersa (forma de alimentação conhecida como ―skimming‖). Outras

convergências evolutivas com Rynchops, também relacionadas a este hábito alimentar, seriam

evidências de forte musculatura na região ocipital do crânio, além de um número de pequenos

foramens na extremidade anterior das pré-maxilas (indicando forte irrigação por vasos

sanguíneos e presença de expressiva enervação). Como havia sido previamente relatado para

Tapejara wellnhoferi, T. sethi apresenta evidências de uma complexa rede de vasos

sanguíneos associada à crista sagital, o que poderia sugerir uma função termorregulatória para

esta estrutura (KELLNER; CAMPOS, 2002).

Figura 29. Thalassodromeus sethi, pterossauro tapejarídeo descrito por Kellner e Campos (2002). Escala: 20 cm.

Unwin (2002) fez uma revisão sistemática de Cearadactylus atrox. O autor

Page 49: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

48

considerou a espécie válida, baseada em características únicas, como: sínfise mandibular

espatulada, consideravelmente mais larga do que o espatulamento rostral do crânio; terceiro

dente rostral com diâmetro basal mais do que três vezes maior do que o do quinto dente

rostral; forte dimorfodontia, dentre outras. O autor classificou Cearadactylus atrox dentro de

Ctenochasmatidae, estando proximamente relacionado a Huanhepterus. Além disso, Unwin

(2002) invalidou “Cearadactylus?‖ ligabuei, referindo o material descrito por Dalla Vecchia

(1993), tentativamente, a Anhanguera. A atribuição deste espécime ao gênero Cearadactylus

já havia sido, previamente, questionada por Kellner e Tomida (2000).

Veldmeijer (2002) descreveu os materiais de pterossauros provenientes da Bacia do

Araripe depositados na coleção do Museu de História Natural de Stuttgart, Alemanha. Dentre

os materiais descritos, destacam-se uma mandíbula, identificada, pelo autor como pertencente

a Criorhynchus, além de úmeros e ulnas associadas a Santanadactylus e Coloborhynchus.

Figura 30. Crânio de Ludodactylus sibbicki. Escala: 5 cm. Fonte: Frey, Martill e Buchy (2003b).

Page 50: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

49

Frey, Martill e Buchy (2003b) reportaram um novo pterossauro pra a Formação

Crato: trata-se de um crânio praticamente completo (faltando apenas parte da crista sagital) e

excepcionalmente bem preservado (Figura 30). O animal foi batizado de Ludodactylus

sibbicki, e apresenta, como características diagnósticas: crista sagital parieto-ocipital;

presença de uma espinha lacrimal comprimida dorsoventralmente; forame lacrimal triangular,

com uma das arestas direcionada ventralmente; dentes da maxila se estendendo até mais ou

menos metade da fenestra naso-anterorbital e rostro sem sinais de crista sagital. Um aspecto

interessante deste espécime é que ele foi encontrado com uma folha encravada entre os dois

ramos mandibulares. Foi especulado que a folha teria sido confundida como comida pelo

animal e, após encravada entre os ramos mandibulares, teria impedido sua alimentação

(FREY; MARTILL; BUCHY, 2003b).

Frey, Buchy e Martill (2003) estudaram elementos da cintura escapular de Tapejara

wellnhoferi, dentre outros pterossauros. Neste trabalho, foram realizadas observações sobre o

plano de articulação úmero/fossa glenóide e suas implicações no voo. A configuração desta

articulação proveria a T. wellnhoferi um vôo relativamente instável, mas de alta

manobrabilidade.

Uma nova espécie do gênero Tupandactylus foi descrita por Frey, Martill e Buchy

(2003a). Tupandactylus navigans (referido, no trabalho original, ao gênero Tapejara), que se

diferenciava de Tupandactylus imperator, segundo os autores, pela ausência de um processo

ocipital (extremamente bem desenvolvido neste último), inclinação subvertical da espinha

supra-premaxilar e largura expressiva do processo caudal do jugal. Foram propostas, no

artigo, funções aerodinâmicas para a enorme crista cranial de T. navigans. Os autores

sugeriram que a crista poderia funcionar como vela, gerando propulsão quando o animal

voava.

Frey et al. (2003) descreveram vários espécimes de pterossauros com preservação de

tecidos moles. Dentre eles, destacavam-se alguns espécimes provenientes da Formação Crato:

os dois crânios de Tupandactylus navigans descritos por Frey, Martill e Buchy (2003a), que

preservam indícios de bicos córneos, septo craniano interno e crista não ossificada; um

espécime classificado como ?Azhdarchidae indet., que possui membranas interdigitais,

revestimento córneo nas falanges ungueais, ―almofadas‖ nos autopódios posteriores e

braquiopatágio. Além destes exemplares, foi relatada a existência de um espécime de

Tupandactylus imperator com tecido mole associado à crista sagital.

Page 51: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

50

O primeiro estudo histológico detalhado realizado em pterossauros da Formação

Santana foi publicado por Sayão (2003). As análises histológicas foram realizadas em dois

espécimes, um proveniente da Formação Crato e o outro da Formação Romualdo. Uma das

feições interessantes destacadas no trabalho foi a inferência de diferentes taxas de crescimento

em dois ossos distintos do mesmo indivíduo (o espécime preservado em concreção calcária da

Formação Romualdo). O espécime advindo da Formação Crato apresenta evidências de

rápido crescimento.

Kellner (2003) incluiu táxons terminais brasileiros em uma ampla análise

filogenética envolvendo todos os principais grupos de Pterosauria. Nesta análise, o gênero

Anhanguera foi considerado válido, tendo, como grupo-irmão, Tropeognathus e compondo,

juntamente com outros táxons, tais como Pteranodon, Istiodactylus e Ornithocheirus, o clado

Ornithocheiroidea. Tapejaridae foi considerado um grupo monofilético tendo, como grupo-

irmão, Azhdarchidae.

No mesmo volume onde foi publicada a análise de Kellner (2003), outra análise

cladística abrangente de Pterosauria foi publicada por Unwin (2003). Os resultados obtidos

por este último autor agruparam Anhanguera, Arthurdactylus e Brasileodactylus, juntamente

com outras formas, no clado Ornithocheiridae, enquanto Cearadactylus apresentaria

afinidades com Gnathosaurinae. Além disso, Tapejaridae sensu Kellner (2003) foi considerado

parafilético com respeito a Azhdarchidae, já que Unwin (2003) reconheceu o clado

Neoazhdarchia, composto por azhrdarchideos e ―tupuxuarídeos‖ (Tupuxuara e

Thalassodromeus).

Um interessante espécime, depositado na coleção do American Museum of Natural

History (Nova Iorque, EUA), foi descrito por Veldmeijer (2003a). Trata-se de um crânio

completo e elementos de um membro anterior, identificados pelo autor como pertencente a

Brasileodactylus. Este espécime já havia sido ilustrado em Maisey (1991). Em um outro

trabalho, Veldmeijer (2003b) descreveu uma nova espécie, com crista sagital rostral em forma

de quilha, proveniente da Formação Romualdo. O novo animal apresenta, além de um crânio

quase completo, inúmeros materiais pós-craniais e foi batizado de Coloborhynchus spielbergi

(Figura 31). Trata-se de um pterossauro de grande porte, com envergadura calculada em quase

6 metros.

Page 52: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

51

Figura 31. Holótipo de Coloborhynchus spielbergi. Escala: 10 cm. Fonte: Veldmeijer (2003b).

Um estudo paleoneurológico foi publicado por Witmer et al. (2003). Neste trabalho,

foram comparadas imagens obtidas através de tomografia computadorizada de um crânio de

Rhamphorhynchus e outro de Anhanguera. Os resultados mostraram que pterossauros

possuíam cérebros comparativamente menores do que os das aves. Através da orientação dos

canais semicirculares, foi determinada uma posição preferencial da cabeça horizontal para

Rhamphorhynchus e inclinada ventralmente para Anhanguera. O grande tamanho dos canais

semicirculares e a morfologia geral do cérebro e estruturas associadas sugeriram que estes

animais eram extremamente bem adaptados como predadores aéreos baseados,

principalmente, na visão.

Buffetaut, Martill e Escuillié (2004) reportaram uma interessante interação

paleoecológica preservada no registro fóssil: uma sequência de vértebras cervicais articuladas

com um de seus elementos perfurado por um dente de dinossauro espinossaurídeo (Figura

32). As vértebras pertencem a um pterossauro (segundo os autores, Ornithocheiridae)

proveniente de uma concreção da Formação Romualdo. Esse foi o primeiro registro direto de

que espinossaurídeos se alimentavam de outros animais além de peixes. Os autores sugeriram

que o terópode teria, provavelmente, se alimentado da carcaça do pterossauro. Kellner

(2004a) considerou mais provável a hipótese de predação, já que o pescoço não é uma parte

do corpo preferencialmente atacada por carniceiros e o dente não apresenta sinais de ser

decíduo, indicando que o pterossauro encontrava-se vivo na hora do ataque e ofereceu certo

grau de resistência.

Chatterjee e Templin (2004) incluíram táxons brasileiros (Tapejara wellnhoferi e

Anhenguera piscator) em uma ampla análise biomecânica, onde foram determinados

parâmetros físicos (como massa corporal) e aerodinâmicos (como velocidade de cruzeiro,

velocidade mínima e carga alar). O trabalho também discutiu aspectos relativos à locomoção

terrestre de pterossauros, além de inferir possíveis funções para as cristas sagitais destes

Page 53: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

52

animais. Para Anhanguera, por exemplo, foi proposto que a crista rostral poderia funcionar

como leme frontal, ajudando o animal em mudanças de direção, quando em voo.

Figura 32. Vértebra cervical de um pterossauro da Fm. Romualdo perfurada por um dente de dinossauro

espinossaurídeo. Escala: 2 cm em a, 1 cm em b. Fonte: Buffetaut, Martill e Escuillié (2004).

Kellner (2004b) descreveu a estrutura dos tarsos de dois pterossauros (Anhanguera

piscator e Tapejara sp.). O estudo mostrou características anatômicas compatíveis com o

posicionamento de Pterosauria como ornitodiros basais, proximamente relacionados a

Dinosauromorpha.

Kellner (2004c) dissertou sobre a monofilia de Tapejaridae. Segundo o autor, esse

clado pode ser considerado monofilético, sustentado por cinco sinapomorfias: 1) crista sagital

pré-maxilar, que começa na região anterior da pré-maxila e direciona-se posteriormente até

além da região ocipital; 2) grande fenestra naso-anterorbital, que atinge mais que 45% do

comprimento entre pré-maxila e esquamosal; 3) fino processo lacrimal do jugal; 4) órbitas

pequenas, em formato de pêra e 5) largo tubérculo na face ventro-posterior do coracóide.

Um segundo material atribuído a Thalassodromeus sethi foi descrito por Veldmeijer,

Signore e Meijer (2005). Trata-se de um fragmento rostral de mandíbula. No mesmo trabalho,

foi descrita também a primeira mandíbula completa atribuída a Anhanguera.

Martill e Naish (2006) descreveram um crânio extremamente fragmentário que,

Page 54: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

53

segundo os autores, daria pistas sobre o desenvolvimento ontogenético da crista sagital de

Tupuxuara. Neste trabalho, foi proposto que Thalassodromeus sethi seria um sinônimo júnior

de Tupuxuara, representando um animal em avançado estágio ontogenético. Os autores

propuseram uma matriz de caracteres simplificada, que agruparia Tupuxuara junto a

azhdarchídeos como Quetzalcoatlus, o que indicaria a parafilia de Tapejaridae sensu Kellner

(2004c). O trabalho de Martill & Naish seria refutado posteriormente (KELLNER; CAMPOS,

2007).

Um dos mais completos espécimes de pterossauro para a Formação Crato foi descrito

por Sayão e Kellner (2006): um esqueleto parcial, faltando apenas uma parte da série cervical,

o crânio e os membros (Figura 33). Os autores atribuíram o espécime a Tapejaridae, com base,

principalmente, na presença de um tubérculo bem desenvolvido na margem ventro-posterior

do coracóide e na morfologia da cintura pélvica.

Figura 33. Esqueleto parcial de pterossauro tapejarídeo, descrito por Sayão e Kellner (2006). Escala: 5 cm.

Wilkinson, Unwin e Ellington (2006) discutiram a função do pteróide, utilizando

Anhanguera como modelo. Segundo os autores, o patágio sustentado por este osso poderia

funcionar como um flap frontal, aumentando a sustentação do animal quando em voo.

Page 55: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

54

Fastnacht (2007) estudou o padrão de substituição dentária de Coloborhynchus

robustus através de imagens geradas por tomografia computadorizada. O estudo mostrou que

tal padrão era coordenado, com uma substituição mais ativa nos dentes anteriores do animal, o

que é condizente com uma elevada eficiência na captura de presas.

Humphries et al. (2007) abordaram, biomecanicamente, o hábito alimentar conhecido

como skimming, usualmente proposto para alguns táxons de pterossauros, tais como

Thalassodromeus (já discutido anteriormente) e Anhanguera. Segundo os autores, este hábito

é extremamente caro energeticamente, sendo sua realização inviável para animais mais

pesados do que 1 kg. Em consequência, Thalassodromeus não poderia se alimentar desta

forma, como havia sido sugerido por Kellner e Campos (2002).

Uma revisão de Tapejaridae foi realizada por Kellner e Campos (2007). Os autores

definiram todos os táxons conhecidos pertencentes a essa família (considerada como

monofilética), realocaram Tapejara imperator a um novo gênero (Tupandactylus) e

subdividiram Tapejaridae em dois clados: Thalassodrominae e Tapejarinae. Além disso, foi

realizada uma revisão dos tapejarídeos chineses, com a sinonimização de alguns táxons. Neste

trabalho, Thalassodromeus sethi foi bem caracterizado como táxon válido e

morfologicamente distinto de Tupuxuara, refutando a idéia proposta por Martill e Naish

(2006). A principal diferença entre os dois táxons estaria na configuração do palato,

fortemente côncavo em T. sethi e convexo em Tupuxuara.

Unwin e Martill (2007) realizaram uma ampla revisão dos espécimes de pterossauros

provenientes da Formação Crato. Alguns espécimes, depositados em coleções particulares,

foram ilustrados pela primeira vez. Dentre eles, destacam-se o maior espécime conhecido de

Tupandactylus imperator e um esqueleto quase completo de um táxon ainda não descrito,

proximamente relacionado a Tupuxuara. Os autores sugeriram um novo gênero (Ingridia)

para realocar ―Tapejara” imperator. Como Kellner e Campos (2007) já haviam rebatizado o

animal, Ingridia é considerado como sinônimo júnior de Tupandactylus.

Martill e Witton (2008) descreveram um crânio de Tupuxuara com preservação

extremamente não-usual: o espécime encontra-se caoticamente fragmentado. Pelo padrão das

quebras, foram especuladas algumas eventuais causas para o evento, tais como um possível

choque durante o voo.

Page 56: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

55

Rodrigues e Kellner (2008) revisaram o gênero Coloborhynchus e, dentre outras

conclusões, invalidaram a ocorrência deste gênero na Formação Santana.

Uma nova espécie para a Formação Crato foi descrita por Witton (2008).

Lacusovagus magnificens, atribuido a Azhdarchoidea, é representado apenas por uma porção

rostral fragmentária (Figura 34). O animal não possui, aparentemente, crista sagital e possui

um rostro curto, o que o diferencia de outros azhdarcóides.

Figura 34. Holótipo de Lacusovagus magnificens, mais recente espécie descrita para a Fm. Crato. Escala: 20 cm.

Fonte: Witton (2008).

Veldmeijer, Meijer e Signore (2009) descreveram restos esqueletais de dois

espécimes (uma mandíbula quase completa e um esqueleto parcial) atribuídos, segundo os

autores, a Brasileodactylus. O segundo espécime (esqueleto parcial) foi atribuído a este

gênero devido, apenas, à ausência de uma crista sagital. Entretanto, uma vez que este

espécime não possui mandíbula, uma comparação direta com o holótipo de Brasileodactylus é

impossível.

Witton (2009) descreveu uma nova espécie de Tupuxuara para a Formação

Romualdo: Tupuxuara deliradamus, baseado em um crânio parcial e diagnosticado,

principalmente, pela presença de uma angulação proeminente (1200) da margem posterior da

fenestra naso-anterorbital (Figura 35). Um crânio completo, anteriormente ilustrado por

Veldmeijer (2006), foi também referido a T. deliradamus. Veldmeijer (2006) havia atribuído

este espécime a Tupuxuara leonardii.

Page 57: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

56

Figura 35. Holótipo de Tupuxuara deliradamus. Escala: 5 cm. Fonte: Witton (2009).

3.2.3. Tupandactylus imperator

Talvez a mais bizarra espécie de pterossauro já descrita até hoje, para o Grupo

Santana, seja Tupandactylus imperator. Este animal já chama atenção, à primeira vista,

devido ao enorme tamanho de sua crista cefálica, composta tanto por elementos ósseos quanto

por tecidos não ossificados. Esta crista compõe, aproximadamente, 5/6 da área lateral total do

crânio sendo, provavelmente, a maior estrutura deste tipo em espécies fósseis ou recentes

(CAMPOS; KELLNER, 1997) (Figuras 36, 37).

Tupandactylus imperator foi descrito, originalmente, por Campos e Kellner (1997).

Naquele artigo, o animal foi atribuído ao gênero Tapejara, já que os autores o consideraram

proximamente relacionados a Tapejara wellnhoferi, uma espécie de pterossauro proveniente

da Formação Romualdo. O holótipo, depositado na coleção do Museu de Ciências da Terra

(MCT - DNPM, Rio de Janeiro) sob o número de coleção MCT 1622-R, é representado por

Page 58: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

57

um crânio praticamente completo, sem mandíbula. O espécime está preservado em uma laje

de calcário laminado típica da Formação Crato do Grupo Santana e, apesar de relativamente

completo, não apresenta bom estado preservacional, com apenas limitado conteúdo

osteológico. Embora não relatada na descrição original, a contraparte pertencente ao holótipo

foi ilustrada por (KELLNER, 2006) e encontra-se, no momento da redação deste trabalho, em

exposição no Museu de Ciências da Terra.

Figura 36. Holótipo de Tupandactylus imperator (MCT 1622-R), descrito por Campos e Kellner (1997). Fonte:

Kellner e Campos (2007).

A primeira diagnose, proposta por Campos e Kellner (1997) na descrição original da

espécie, citou, como caracteres exclusivos de T. imperator: uma crista sagital grande e alta,

começando na extremidade anterior do crânio e estendendo-se posteriormente, muito além da

região ocipital; crista sagital dividida em duas partes, com uma porção basal completamente

ossificada e expandida anteriormente e uma porção superior composta por tecido mole, que

constitui a parte principal da crista; porção anterior e posterior do crânio com longos

processos ósseos, que suportam a porção de tecido mole da crista; fenestra naso-anterorbital

ocupando quase 60% do comprimento total do crânio (medido a partir da extremidade

anterior das pré-maxilas até a porção posterior dos esquamosais).

Page 59: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

58

Figura 37. Desenho esquemático de MCT 1622-R. Abreviaturas: cstm: crista sagital de tecido mole; fnao:

fenestra naso-anterorbital; or: órbita; pm/m: pré-maxila/maxila; ppm: processo pré-maxilar. Escala: 10 cm.

O exemplar MCT 1622-R possui comprimento e altura totais de 80 cm (sendo que 67

cm da altura correspondem à crista sagital). A obliteração quase total das suturas sugere que o

espécime represente um indivíduo adulto. O posicionamento de Tupandactylus imperator no

gênero Tapejara, (originalmente proposto na descrição original) se deu, principalmente,

devido à presença de uma inclinação ventral da porção rostral das pré-maxilas. Em outros

espécimes pertencentes ao gênero, estes ossos inclinam-se ventralmente, próximo a região

anterior do crânio. Esta característica seria, posteriormente, evidenciada também em alguns

gêneros de pterossauros chineses, como Sinopterus e ―Huaxiapterus” (WANG; ZHOU, 2003;

LÜ; YUAN, 2005). Dentre as diferenças entre T. imperator e T. wellnhoferi, Campos e

Kellner (1997) citaram a enorme extensão da crista cefálica do primeiro, além de diferentes

tamanhos relativos da fenestra naso-anterorbital, muito maior em T. imperator. Soma-se, a

isso o fato de que T. wellnhoferi era um animal de pequeno porte (1,5 m de envergadura,

Page 60: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

59

comparado aos 3 m sugeridos para T. imperator) (CAMPOS; KELLNER, 1997).

Figura 38. Espécime de Tupandactylus imperator ilustrado por Frey et al. (2003). A: visão geral do crânio, com

destaque para a presença de parte da mandíbula e hióide; B: detalhe da espinha pós-ocipital e C: detalhe da

margem dorsal do processo caudal da pré-maxila, evidenciando fortes estriamentos.

Posteriormente à descrição original de T. imperator, alguns outros materiais craniais

foram atribuídos a esta espécie. Frey et al. (2003) ilustraram um espécime (SMNK PAL 2839)

depositado na coleção do Staatliches Museum für Natukunde (Karlsruhe, Alemanha) (Figura

38). Neste trabalho, porém, nenhuma descrição do espécime foi apresentada, sendo chamada a

atenção apenas para alguns aspectos relacionados à preservação de partes moles no exemplar.

Page 61: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

60

Curiosamente, SMNK PAL 2839 apresenta a porção proximal da mandíbula preservada, além

do aparato hióide, mas alguns autores (e. g. UNWIN; MARTILL, 2007), posteriormente,

continuaram relatando que não eram conhecidos materiais mandibulares de T. imperator.

Frey, Martill e Buchy (2003a) atribuem dois crânios parciais provenientes da

Formação Crato ao gênero Tapejara. Com base nestes materiais, é proposta a espécie

“Tapejara” navigans. Detalhes sobre este táxon (proximamente relacionado a Tupandactylus

imperator) e sua debatida validade serão apresentados no tópico 3.2.3.1. deste trabalho.

Outro espécime de T. imperator foi ilustrado por Unwin e Martill (2007). Trata-se de

um crânio praticamente completo, depositado, no momento da redação do presente trabalho,

em uma coleção particular (Figura 39). Este exemplar é o maior espécime conhecido de T.

imperator e encontra-se muito bem preservado, faltando, apenas, parte da crista não ossificada

e ossos suborbitais. Além do tamanho, uma feição interessante do espécime é o de que a

porção rostral das pré-maxilas não se encontra inclinada ventralmente com a mesma

intensidade observada em outros exemplares referidos à espécie.

Figura 39. Espécime de Tupandactylus imperator ilustrado por Unwin e Martill (2007). A seta destaca o

processo pré-maxilar em forma de espinho. Escala: 10 cm.

Em um artigo sobre as relações filogenéticas de Tapejaridae, Kellner e Campos

(2007) propuseram um novo gênero, Tupandactylus, para realocar Tapejara imperator.

Naquele trabalho, foi proposta uma diagnose revisada para o gênero e espécie, englobando as

seguintes características: crista cranial alta, formada por uma porção basal ossificada e uma

Page 62: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

61

extensa área de tecido mole; porção anterior da crista grande e alta, com uma projeção óssea

em forma de espinho bem desenvolvida e orientada dorsalmente; parte posterior da porção

óssea da crista baixa e estendendo-se muito além da região ocipital.

Figura 40. Reconstrução de Tupandactylus imperator. Arte: Voltaire Neto.

Paralelamente, Unwin e Martill (2007), em um trabalho publicado alguns meses

depois do de Kellner e Campos (2007), criaram o gênero ―Ingridia” para alocar Tapejara

imperator e Tapejara navigans. Na diagnose de Ingridia, Unwin e Martill (2007) citam uma

grande crista pré-maxilar associada a uma ossificação supra-premaxilar em forma de espinho

e um rostro pré-orbital relativamente alongado. Nesse contexto, de acordo com o princípio de

prioridade (Código Internacional de Nomenclatura Zoológica), o termo Tupandactylus deve

ser utilizado, em detrimento a “Ingridia” (sinônimo júnior).

Page 63: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

62

Tupandactylus imperator (Figura 40) pode ser considerado, desta forma, como

espécie válida, apresentando características craniais que o distinguem de qualquer outra

espécie de pterossauro conhecida.

Kellner e Campos (2007) criaram um novo clado, Tapejarinae, para agrupar formas

como T. imperator, Tapejara wellnhoferi, ―Tapejara navigans‖, Sinopterus e Huaxiapterus.

Segundo os autores, estes pterossauros apresentam, em comum, uma inclinação ventral do

rostro (anteriormente considerada como diagnóstica para o gênero Tapejara); porção óssea da

crista pré-maxilar (acima da fenestra naso-anterorbital) baixa; extensão posterior da crista

cranial baixa e órbitas posicionadas em um nível apenas um pouco mais baixo do que a

margem dorsal da fenestra naso-anterorbital. No mesmo trabalho, foi criado o clado

Thalassodrominae, que agrupa formas dos gêneros Thalassodromeus e Tupuxuara (em

trabalhos anteriores, tais formas eram referidas, genericamente, como ―tupuxuarídeos‖).

3.2.3.1. O problema taxonômico entre Tupandactylus imperator e Tupandactylus

navigans

Seis anos após a descrição de Tupandactylus imperator, uma nova espécie atribuída

ao gênero Tapejara foi descrita: ―Tapejara‖ navigans. A diagnose da espécie, segundo Frey,

Martill e Buchy (2003a), inclui 1) ossos da crista maxilar/pré-maxilar estriados rostralmente e

dorsalmente; 2) processus caudalis do jugal duas vezes mais largo do que em outras espécies

do gênero Tapejara (na época, Tapejara wellnhoferi e “Tapejara” imperator); 3) tecido mole

dorsal da crista cranial sustentado por um processo supra-premaxilar vertical, em forma de

espinho e 4) processus caudalis da pré-maxila fusionado ao teto craniano. No artigo, são

citados dois espécimes para o novo táxon: o holótipo (SMNK PAL 2344) e um espécime

referido (SMNK PAL 2343) (Figura 41).

Segundo Frey, Martill e Buchy (2003a), “Tapejara” navigans (que, a partir de agora,

será referido como Tupandactylus navigans, devido a razões que exporemos a seguir) diferiria

de Tupandactylus imperator principalmente pela ausência de uma espinha ocipital

(extremamente desenvolvida em T, imperator) e pela inclinação do processo supra-premaxilar

que, em T. imperator, encontra-se inclinado caudalmente em um ângulo de,

aproximadamente, 150, enquanto que, em T, navigans, o mesmo processo encontra-se disposto

verticalmente em relação ao eixo mais longo do crânio.

Page 64: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

63

A validade de T. navigans foi, posteriormente, questionada. Segundo Kellner e

Campos (2007), observando as fotografias publicadas no trabalho de Frey, Martill e Buchy

(2003a), fica claro que a região posterior do crânio (onde estaria localizado, se presente, o

processo ocipital) está quebrada no espécime referido (SMNK PAL 2343), sendo que o

mesmo parece ocorrer também no holótipo (SMNK PAL 2344). Caso isto seja válido, a

principal diferença entre os dois táxons cairia por terra. Sayão (2007) afirmou não existirem

características exclusivas que justifiquem a separação entre T. imperator e T. navigans,

considerando os dois espécimes referidos ao segundo como Tapejara.

Figura 41: Tupandactylus navigans. A e B: foto e desenho esquemático do holótipo (SMNK 2344 PAL). C e D:

espécime referido (SMNK 2343 PAL). Fonte: Frey, Martill e Buchy (2003a).

Alguns dos caracteres diagnósticos apresentados por Frey, Martill e Buchy (2003a)

podem ser considerados problemáticos: as estriações na porção óssea da crista sagital são

Page 65: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

64

evidenciadas também em T. imperator (Figura 42); o processo caudal da pré-maxila, apesar de

separado do teto craniano em T. wellnhoferi e em tapejarídeos chineses como Sinopterus e

―Huaxiapterus‖ (WANG; ZHOU, 2003; LÜ et al., 2006, LÜ et al., 2007 ), encontra-se bem

fusionado em T. imperator, enquanto o processo caudal do jugal não pode ser bem acessado

nos espécimes conhecidos de T. imperator.

Figura 42. Margem dorsal da pré-maxila de MCT 1622-R (T. imperator), mostrando estriações pronunciadas,

em condição semelhante à observada em T. navigans,

No entanto, caso o holótipo de T. navigans não se encontre danificado na região

ocipital, a espécie possuiria características diagnósticas suficientes para ser separada, a nível

específico, de T. imperator. Soma-se às demais características propostas por Frey, Martill e

Buchy (2003a) o fato do crânio de T. imperator ser mais achatado dorso-ventralmente, sendo

a razão entre a medida a partir extremidade rostral das pré-maxilas e a porção mais caudal dos

esquamosais (comprimento total do crânio) e a medida entre a extremidade ventral dos

quadrados e a margem dorsal das pré-maxilas (dorsalmente às órbitas) de 3,6 para T.

imperator e 2,3 para T. navigans. Além disso, as fibras que compõem o componente de tecido

mole da crista cranial de T. navigans descrevem uma suave curvatura rostral (FREY;

MARTILL; BUCHY, 2003a), enquanto que, em T. imperator, as fibras curvam-se

caudalmente. Tais diferenças morfológicas entre os dois táxons não poderiam ser explicadas

Page 66: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

65

satisfatoriamente por variação individual ou diferentes estágios ontogenéticos (FREY;

MARTILL; BUCHY, 2003a). No entanto, não descartamos a possibilidade de dimorfismo

sexual, já que a maioria das características diagnósticas dos dois táxons estão relacionados à

crista cranial, uma estrutura provavelmente relacionada a display sexual e, possivelmente,

sexualmente dimórfica. Bennett (1992) relatou dimorfismo sexual em Pteranodon, baseado,

dentre outros elementos, na morfologia da crista cefálica. No entanto, este trabalho seria,

posteriormente, questionado por Kellner e Tomida (2000).

A inferência de caracteres sexualmente dimórficos pode ser realizada apenas através

do exame de uma amostragem expressiva de exemplares, o que não é o caso observado em T.

imperator (quatro espécimes conhecidos) ou T. navigans (dois espécimes conhecidos). Dessa

forma, consideramos, aqui, “Tapejara” navigans como espécie válida, distinta de

Tupandactylus imperator e pertencente ao gênero Tupandactylus. Não descartamos,

entretanto, que as diferenças entre as duas espécies possam ser explicadas por dimorfismo

sexual, o que poderia ser comprovado (ou refutado) através da descoberta e descrição de

novos exemplares, preferencialmente com elementos pós-craniais associados.

A principal apomorfia do gênero Tupandactylus seria, então, a presença de um

processo supra-premaxilar em forma de espinho, sustentando o componente não ossificado da

crista sagital. Tal caractere não é encontrado em nenhuma outra forma conhecida de

pterossauro. As diferenças entre as duas formas conhecidas pertencentes ao gênero são as que

se seguem: 1) ausência de processo ocipital em T. navigans (considerando que SMNK PAL

2344 não esteja danificado na região correspondente); 2) disposição subvertical da ossificação

supra-premaxilar em T. navigans (em T. imperator, esta estrutura possui uma pronunciada

curvatura caudal); 3) curvatura rostral das fibras que compõem o componente não ossificado

da crista sagital em T. navigans (em T. imperator as fibras descrevem uma curvatura caudal);

4) achatamento dorso-ventral mais acentuado em T. imperator do que em T. navigans.

3.2.4. Estrutura e função da crista cranial de Tupandactylus imperator

A crista sagital de Tupandactylus imperator pode ser considerada uma estrutura

completamente única. Apesar de cristas craniais serem comuns em Pterosauria, nenhum outro

táxon (com a exceção de Tupandactylus navigans, como discutiremos a seguir) apresenta uma

estrutura análoga à encontrada em T. imperator, tanto em tamanho quanto em estrutura.

Page 67: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

66

Já na descrição original da espécie, algumas inferências foram realizadas sobre as

possíveis funções desta estrutura. A função de contrabalanço aerodinâmico, proposta para

Pteranodon (EATON, 1910; BRAMWELL; WHITFIELD, 1974) foi considerada improvável

por Campos e Kellner (1997), já que, em T. imperator, a crista já começa a partir da

extremidade anterior do crânio. Segundo a proposta original de Eaton (1910), Pteranodon

necessitaria de uma estrutura que contrabalanceasse o enorme rostro do animal, o que não

parece ser o caso em T. imperator. Campos e Kellner (1997) também discutiram que, apesar

de a porção basal da crista deste táxon oferecer uma grande área para inserção da musculatura

da mandíbula (como também já havia sido proposto para Pteranodon, também por Eaton

(1910)), apenas essa função não justificaria o enorme tamanho da estrutura. Os autores

também afirmaram restar poucas dúvidas de que a crista de T. imperator possuía alguma

implicação aerodinâmica, devido ao seu grande tamanho. É especulado que, juntamente a

movimentos do aparato de voo, a crista poderia ajudar na manobrabilidade do animal. Outra

função cogitada por Campos e Kellner (1997) seria a de termorregulação: uma grande

superfície, caso intensamente irrigada por vasos sanguíneos, poderia ajudar na dissipação do

calor metabólico. No entanto, o holótipo de T. imperator não se encontra, segundo os autores,

suficientemente bem preservado para evidenciar marcas de vasos no componente ósseo da

crista sagital. Uma função termorregulatória já tinha sido proposta para a crista cranial de

Tapejara wellnhoferi (KELLNER, 1989) e seria, ainda, inferida para Thalassodromeus sethi

(KELLNER; CAMPOS, 2002). Campos e Kellner (1997) destacaram que a mais provável

função da estrutura estaria relacionada a reconhecimento intraespecífico e/ou display sexual.

Os autores afirmam, ainda, que a descoberta de T. imperator abre a possibilidade de que

outras espécies de pterossauros possuíssem tecidos moles associados aos componentes ósseos

de suas cristas sagitais, o que seria comprovado, posteriormente, em espécimes de

Pterodactylus (FREY et al., 2003) e Germanodactylus (BENNETT, 2002).

Frey et al. (2003) analisaram a estrutura das cristas sagitais de Tupandactylus

imperator e Tupandactylus navigans. Em T. navigans, os autores identificaram longas fibras

subparalelas, que emergem da margem dorsal da crista óssea e compõem a porção não

ossificada, curvando-se suavemente em sentido rostral. Na margem dorsal da parte óssea da

crista, de onde emergem as fibras, é possível visualizar estriações bem marcadas, uma

possível indicação de que as fibras penetravam o osso. Segundo os autores, o processo supra-

premaxilar em forma de espinho, que emerge da margem dorsal anterior das pré-maxilas, é

composto pelo fusionamento das fibras que compõem a porção não ossificada da crista. Frey

et al. (2003) afirmaram, ainda, que a porção óssea da crista sagital parece ser formada a partir

Page 68: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

67

da mineralização das fibras que compõem a parte não ossificada. Tais fibras seriam,

possivelmente, de natureza colágena e a crista teria, além da camada fibrosa, uma camada

intermediária (provavelmente de tecido conectivo ou adiposo) e uma camada epidérmica

externa (FREY et al., 2003).

Frey, Martill e Buchy (2003a) fizeram algumas observações sobre as possíveis

funções aerodinâmicas da crista sagital de T. imperator. Segundo os autores, como a maior

parte da crista cranial deste pterossauro está situada caudalmente ao côndilo ocipital,

movimentos laterais da cabeça resultariam em um reajustamento ―automático‖ na direção do

fluxo de vento. Desta forma, a crista funcionaria de forma parecida a um ―cata-vento‖,

mudando sempre de direção, de forma a ficar direcionada ao fluxo.

3.2.5. Relações filogenéticas de Tapejaridae

Em 1988, Kellner & Campos descreveram um interessante espécime de pterossauro,

proveniente de uma concreção calcária da Formação Romualdo. O material, consistindo no

primeiro registro de um pterossauro sem dentes para o Grupo Santana, é constituído por um

crânio incompleto e alguns fragmentos de ossos de membros anteriores. Este animal, batizado

como Tupuxuara longicristatus, já apresentava, à primeira vista, sinais de pertencer a uma

família ainda desconhecida dentro de Pterodactyloidea. No entanto, os autores afirmaram

serem necessários materiais mais conclusivos para que uma atribuição taxonômica mais

acurada pudesse ser inferida para o novo pterossauro.

Um ano depois, com a descrição de Tapejara wellnhoferi, um pequeno pterossauro

sem dentes, também proveniente da Formação Romualdo, foi proposta uma nova família de

pterossauros pterodactilóides: Tapejaridae. Este clado tem, como gênero-tipo, Tapejara e

seria, segundo Kellner (1989), diagnosticado pela seguinte série de características: 1) animais

sem dentes; 2) grande crista sagital na parte anterior do crânio, estendendo-se posteriormente;

3) fenestra naso-anterorbital grande, compreendendo quase metade do crânio em vista lateral

e 4) rostro inclinado ventralmente. Os gêneros inclusos no clado, ainda segundo Kellner

(1989) seriam Tupuxuara e Tapejara.

Kellner (1995) tentou situar filogeneticamente Tapejaridae em relação a outros

grupos de pterossauros. Naquele trabalho, o autor discutiu detalhadamente os caracteres

Page 69: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

68

potencialmente sinapomórficos para esta família e comparou Tapejaridae com outros clados

bem estabelecidos dentro de Pterodactyloidea. Kellner (1995) chegou à conclusão de que

Tapejaridae teria, provavelmente, uma relação de grupo-irmão com Azhdarchidae e seria,

também, proximamente relacionado a Dsungaripterus (o que já havia sido sugerido por

Kellner e Campos (1992) e Kellner e Hasegawa (1993)). No entanto, nenhuma análise

cladística foi realizada, sendo as inferências realizadas puramente através de comparação de

caracteres morfológicos. É interessante notar que, no referido trabalho, as características

potencialmente diagnósticas para Tapejaridae estariam restritas apenas a uma fenestra naso-

anterorbital comparativamente grande e à morfologia peculiar da crista sagital. Como foi

relatado anteriormente, Kellner (1989) reconhecia quatro características diagnósticas para a

família.

Unwin e Lü (1997) consideraram problemáticas as duas características propostas por

Kellner (1995) como sinapomórficas para Tapejaridae. Segundo os autores, uma fenestra

naso-anterorbital de grande tamanho também é encontrada em azhdarquídeos, como

Quetzalcoatlus. Além disso, uma crista cefálica com morfologia semelhante à dos

tapejarídeos estaria também presente em um táxon ainda não descrito de pterossauro

dsungaripterídeo. No mesmo trabalho, Unwin e Lü (1997) especularam que Tapejaridae

poderia representar um clado parafilético, já que Tupuxuara apresentaria características

derivadas compartilhadas com azhdarquídeos e ausentes em Tapejara. Como exemplo, os

autores mencionam, apenas, um crânio alongado.

Kellner (2001), em uma análise filogenética de Pterosauria, reconheceu Tapejaridae

como grupo monofilético, sustentado pelas duas apomorfias já discutidas em Kellner (1995).

Posteriormente, em uma análise filogenética ainda mais robusta, Kellner (2003) continuou a

sustentar a monofilia de Tapejaridae. Segundo o autor, Tapejaridae comporia, junto a

Azhdarchidae, o clado Azhdarchoidea Unwin 1995. Este clado, por sua vez, estaria, junto a

Dsungaripteridae Young 1964 em um clado mais inclusivo, denominado Tapejaroidea.

Entretanto, outra análise cladística, efetuada por Unwin (2003) e publicada no mesmo volume

que Kellner (2003), reconheceu um novo clado, batizado de Neoazhdarchia, que

compreenderia Tupuxuara e Azhdarchidae, sendo sustentado pela presença de notário e perda

do contato entre os metacarpais I-III e o sincarpal distal. Além disso, Tupuxuara e

Azhdarchidae também compartilhariam um rostro comparativamente grande, formando mais

de 88% do comprimento total do crânio. Dessa forma, segundo Unwin (2003), Tapejaridae

sensu Kellner (1989) seria um clado parafilético com respeito a Azhdarchidae.

Page 70: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

69

Posteriormente, Kellner (2004c) analisou todos os argumentos pró e contra a

monofilia de Tapejaridae. Segundo o autor, os argumentos propostos por Unwin (2003) não se

encontrariam suficientemente embasados. Quanto à presença ou ausência de notário, Kellner

(2004c) afirmou que, embora essa estrutura de fato não tenha sido observada em T.

wellnhoferi, trata-se de um caractere influenciado por fatores ontogenéticos, sendo

encontrado, na maior parte das vezes, apenas em indivíduos adultos (o que não é o caso dos

espécimes referidos a Tapejara conhecidos até então). No que diz respeito à perda do contato

entre os metacarpais I-III e o sincarpal distal, também proposto por Unwin (2003) como

sinapomorfia de Neoazhdarchia, Kellner (2004c) afirmou que esta feição não pode ser

acessada em nenhum espécime conhecido de Tapejara ou Tupuxuara. Quanto ao tamanho

relativo do rostro, Kellner (2004c) apontou que, embora Tapejara realmente compreenda

animais de rostro curto, a configuração básica do rostro de Tupuxuara e azhdarquídeos é bem

diferente: Tupuxuara apresenta uma fenestra naso-anterorbital de grandes proporções, mas a

região anterior a esta abertura é curta, semelhante ao observado em Thalassodromeus e

Tapejara.

No mesmo trabalho, Kellner propôs mais três sinapomorfias para Tapejaridae, em

adição às duas anteriormente apontadas por Kellner (1995, 2001, 2003): 1) processo lacrimal

do jugal comparativamente fino; 2) órbita em forma de pêra invertida e 3) presença de um

tubérculo bem desenvolvido na margem ventro-posterior do coracóide.

Lü et al. (2006) suportaram a visão de Unwin (1997, 2003) de que Tapejaridae sensu

Kellner seria parafilético com respeito a Azhdarchidae. Os autores apontaram diferenças

morfológicas entre as vértebras cervicais de ―tupuxuarídeos‖ e Tapejaridae sensu Unwin

(2003). Lü et al. (2006) argumentaram que, já que os ―tupuxuarídeos‖ representariam um

grupo basal dentro de Neoazhdarchia, as vértebras cervicais extremamente alongadas, típicas

de Azhdarchidae, teriam surgido independentemente de outros táxons que apresentam

condição semelhante (principalmente, Ctenochasmatidae). Os autores revisaram todos os

caracteres já considerados, em trabalhos anteriores, como diagnósticos para Tapejaridae sensu

Kellner e não os consideraram fundamentados. Quanto aos caracteres que, supostamente,

indicariam a parafilia de Tapejaridae sensu Kellner, Lü et al. (2006) citaram, assim como

Unwin (2003), a presença de notário em Tupuxuara e azhdarquídeos, a perda do contato entre

os metacarpais I-III e o sincarpal distal, além de uma região pré-orbital bem desenvolvida, em

comparação ao comprimento total do crânio.

Page 71: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

70

Martill e Naish (2006) analisaram os caracteres propostos por Kellner (1989, 2003,

2004c) como sinapomórficos para Tapejaridae e, quando comparando-os com os caracteres

que sugeririam a parafilia do grupo, chegaram à conclusão de que Tapejaridae sensu Kellner

seria parafilético, em concordância com Unwin e Lü (1997) e Unwin (2003). De acordo com

os autores, a presença de uma crista sagital que se estende até a região posterior do crânio é

difícil de ser confirmada, dado que apenas poucos azhdarquídeos conhecidos preservam a

região posterior do crânio. No que diz respeito ao grande tamanho relativo da fenestra naso-

anterorbital, Martill e Naish (2006) afirmaram que tapejarídeos e azhdarquídeos não poderiam

ser confiavelmente diferenciados a partir deste caractere, dado que animais como

Zhejiangopterus possuiriam uma abertura de tamanho comparável a tapejarídeos como

Sinopterus. Segundo os autores, quando feita uma reavaliação da distribuição deste caractere

entre Tapejaridae sensu Kellner e Azhdarchidae, é encontrada uma grande variação, com as

maiores diferenças sendo encontradas não entre tapejarídeos e azhdarquídeos, e sim entre

diferentes clados de Azhdarchidae (Zhejiangopterus e Quetzalcoatlus). No entanto, é

interessante observar que, ao realizar as medições do tamanho relativo desta fenestra, Martill

e Naish (2006) utilizaram pontos de referência anatômicos diferentes daqueles utilizados por

Kellner (2003, 2004c). Com relação ao fino processo lacrimal do jugal e à órbita em forma de

pêra invertida mencionados por Kellner (2004c), Martill e Naish (2006) afirmaram que estes

caracteres não estariam restritos a Tapejaridae sensu Kellner e, além disso, alguns tapejarídeos

não os apresentariam. Os autores ainda mencionaram que um tubérculo bem desenvolvido na

margem ventro-posterior do coracóide não pode ser facilmente identificado através do exame

de exemplares de Azhdarchoidea, estando, provavelmente, ausente. No mesmo trabalho,

Martill e Naish (2006) suportaram a perda de contato entre os metacarpais I-III e o sincarpal

distal como sinapomorfia de Neoazhdarchia. Entretanto, essa afirmativa baseou-se em

materiais ainda não publicados referidos a Tupuxuara. Foram, ainda, propostas outras

potenciais sinapomorfias de Neoazhdarchia, todas baseadas em materiais não publicados.

O trabalho de Martill e Naish (2006) trouxe, também, uma análise filogenética que

sustentava Neoazhdarchia e favorecia a parafilia de Tapejaridae sensu Kellner. Segundo esta

análise, o gênero Tapejara não comporia um clado, já que, em uma das árvores mais

parcimoniosas geradas no estudo, “Tapejara” navigans formaria o grupo-irmão de um clado

formado por Sinopterus dongi, “Tapejara” imperator e Tapejara wellnhoferi. Em outras

árvores igualmente parcimoniosas, os gêneros que compõem Tapejaridae sensu Kellner

formariam grupos externos sucessivos de Neoazhdarchia (as três espécies, na época, referidas

a Tapejara, não formariam um grupo monofilético em nenhuma das topologias).

Page 72: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

71

Kellner e Campos (2007) tornaram a reconhecer Tapejaridae como monofilético e

contra-argumentaram as proposições de Martill e Naish (2006) com respeito à parafilia do

grupo. Segundo os autores, nenhum espécime conhecido, referido a Tupuxuara, apresenta os

metacarpais I-III completamente preservados, de forma a atestar se estes alcançariam ou não o

sincarpal distal. O espécime IMCF 1052 apresentaria, segundo Kellner e Campos (2007) um

longo metacarpal I (embora não completamente preservado), sendo provável que este

elemento de fato alcançaria a região carpal. Em adição, os autores apontam a natureza

ambígua deste caractere: Sinopterus jii apresenta a condição primitiva, com o metacarpal I

alcançando o carpo, enquanto em ―Huaxiapterus” corollatus, os metacarpais I-III são

reduzidos. Kellner e Campos (2007) dividiram Tapejaridae em dois subclados: Tapejarinae,

definido como todos os pterossauros mais proximamente relacionados a Tapejara wellnhoferi

do que a Thalassodromeus sethi (Tapejara, Tupandactylus, Sinopterus e ―Huaxiapterus”), e

Thalassodrominae, definido como todos os pterossauros mais proximamente relacionados a

Thalassodromeus sethi do que a Tapejara wellnhoferi (Thalassodromeus e Tupuxuara).

A monofilia de Tapejaridae sensu Kellner foi aceita em outras análises filogenéticas,

como as de Wang et al. (2005, 2008 e 2009), Lü, Xu e Ji (2008) e Andres e Ji (2008), mas

também a parafilia do grupo foi sugerida por alguns estudos cladísticos recentes (e. g. LÜ et

al., 2008; LÜ et al., 2010) Estas análises, porém, não visavam testar especificamente o

posicionamento filogenético deste táxon.

Em resumo, ambos os pontos de vista com relação à monofilia ou parafilia de

Tapejaridae seusu Kellner apresentam relevantes argumentos, estando esta questão ainda sob

constante debate no meio científico.

Page 73: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

72

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Material

Neste trabalho, utilizamos, como material para descrição anatômica, um crânio

incompleto de pterossauro, depositado na coleção do Centro de Pesquisas Paleontológicas da

Chapada do Araripe (CPCA – DNPM, Crato) sob o número de coleção CPCA 3590 (Figura

43). O material foi coletado por mineradores em uma mina de extração de calcário laminado

(Mina Triunfo, município de Nova Olinda, Ceará – 0423025/9212692 UTM) e,

posteriormente, doado ao CPCA. O espécime é, portanto, um dos poucos exemplares de

pterossauro da Formação Crato com procedência confirmada. O horizonte estratigráfico exato

onde este se encontrava, entretanto, é desconhecido.

O espécime CPCA 3590 é um crânio incompleto de pterossauro tapejarídeo (com

mandíbula associada) preservado em norma lateral direita. O espécime encontra-se

lateralmente comprimido e está depositado (parte e contraparte) em quatro placas de calcário

de cor cinza clara, litologia típica da Formação Crato. É provável que o exemplar estivesse

mais completo no momento em que foi achado, já que a placa calcária encontra-se cortada

linearmente em uma região próxima à margem posterior da fenestra naso-anterorbital. Uma

das características mais marcantes de CPCA 3590 é a preservação extensiva de tecidos não

ossificados.

4.2. Preparação

Quando doado à coleção do CPCA, o espécime aqui descrito encontrava-se quase

completamente exposto em sua face lateral direita. No entanto, porções de sedimento se

sobrepunham a algumas partes do crânio, encobrindo importantes feições anatômicas. Dentre

as partes encobertas, destacam-se a extremidade dorsal da crista sagital (incluindo parte do

processo supra-premaxilar), parte considerável do componente não ossificado da crista

sagital, o nasal e processo maxilar do jugal.

O espécime foi, então, transportado até o laboratório de Paleontologia da

Universidade Regional do Cariri (URCA), onde foi submetido a um processo de preparação

mecânica, que consistiu na remoção da rocha envolvente através do desgaste físico. Neste tipo

de metodologia, são utilizados martelos, ponteiras, equipamentos odontológicos, pincéis, etc.

Page 74: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

73

Figura 43. CPCA 3590, objeto de estudo do presente trabalho, crânio parcial atribuído a Tupandactylus

imperator. Escala: 10 cm.

Page 75: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

74

Figura 44. Desenho anatômico de CPCA 3590. A: parte e B: contraparte do espécime. Abreviaturas: apj:

processo pré-maxilar do jugal; ar: articular; dsc: crista sagital do dentário; n: nasal; pmc: crista sagital pré-

maxilar; pm/m: pré-maxila/maxila; ppm: processo posterior da pré-maxila; naof: fenestra naso-anterorbital;

rh:ranfoteca; spo: processo pré-maxilar em forma de espinho; stc: crista sagital de tecido mole.

O sedimento calcário que envolvia partes de CPCA 3590 foi removido com a

Page 76: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

75

utilização de finas ponteiras metálicas e exploradores odontológicos. Na medida em que

porções de osso eram descobertas, estas eram recobertas com Paraloid®

B-72, uma resina

acrílica que, quando solubilizada em solventes orgânicos (no caso, acetona), consegue

penetrar nos interstícios do osso, conferindo resistência e impermeabilizando o material.

4.3. Desenho

Após a preparação mecânica, o material foi fotografado, sendo as imagens tratadas

com o auxílio do programa Adobe Photoshop CS4. Os desenhos anatômicos (Figura 44)

foram realizados através do programa Inkscape, versão 0.47 (software livre).

4.4. Descrição anatômica e comparação

Depois de realizados os desenhos, foi feita uma descrição detalhada de todos os

elementos (ósseos e tecidos não ossificados) representados em CPCA 3590. A forma como o

espécime encontra-se preservado permitiu a descrição apenas de elementos ósseos dérmicos

do crânio (pré-maxila/maxila, jugal, nasal), além da mandíbula. Os tecidos não ossificados,

identificados e descritos, são os que se seguem: ranfoteca associada à extremidade rostral da

pré-maxila e dentário, prováveis picnofibras associadas à parte proximal do ramo mandibular

e tecido fibroso que compõe a porção não ossificada da crista sagital.

O espécime foi, em seguida, comparado com os demais exemplares descritos na

literatura e com espécimes visitados pelo autor nas seguintes instituições: Museu Nacional

(MN, Rio de Janeiro, RJ), Centro de Pesquisas Paleontológicas da Chapada do Araripe

(CPCA, Crato, CE) e Museu de Paleontologia de Santana do Cariri (MPSC, Santana do

Cariri, CE). Esta comparação foi feita através da observação direta dos holótipos dos

seguintes táxons de pterossauros tapejarídeos:

Tupandactylus imperator Campos & Kellner 1997 (MCT 1622-R)

Tapejara wellnhoferi Kellner 1989 (MN-6595-V)

Thalassodromeus sethi Kellner & Campos 2002 (DGM 1476-R)

Tupuxuara longicristatus Kellner & Campos 1988 (MN-6591-V)

Tupuxuara leonardii Kellner & Campos 1994 (MN-6592-V)

Page 77: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

76

Além disso, o material aqui estudado foi comparado, através de literatura, com os

seguintes táxons:

Dsungaripterus weii Young 1964

Noripterus complicidens Young 1973

Phobetor parvus Bakhurina 1982

Zhejiangopterus linhaiensis Cai & Wei 1994

Azhdarcho lancicollis Nessov 1984

Quetzalcoatlus sp.

Tupuxuara deliradamus Witton 2009

Jidapterus edentus Dong et al. 2003

Shenzhoupterus chaoyangensis Lu et al. 2008

Chaoyangopterus zhangi Wang & Zhou 2003

Sinopterus jii Lü & Yuan 2005

Sinopterus dongi Wang & Zhou 2002

“Huaxiapterus” benxiensis Lü et al. 2007

“Huaxiapterus” corollatus Lü et al. 2006

Tupandactylus navigans Frey, Martill e Buchy 2003

Tupuxuara deliradamus Witton 2009

4.5. Análise filogenética

Posteriormente, com base nos dados obtidos nesta etapa de comparações, foi

realizada uma análise cladística, com a utilização do programa TNT, versão 1.1

(GOLOBOFF; FARRIS; NIXON, 2003). Na matriz de dados, constam 19 táxons terminais e

22 caracteres, sendo três táxons terminais pertencentes a Dsungaripteridae utilizados como

grupos externos sucessivos. O grupo interno inclui táxons pertencentes a Azhdarchidae,

Tapejaridae sensu Kellner (2004c) e Chaoyangopteridae sensu Lü et al. (2008). Os caracteres

utilizados foram retirados dos trabalhos de Kellner (2003), Martill e Naish (2006), Lü et al.

(2008), sendo alguns caracteres completamente novos. A análise de parcimônia foi realizada

tendo todos os caracteres o mesmo peso. O número pequeno de táxons permitiu a utilização

da estratégia de enumeração implícita (implicit enumeration). Além da listagem dos

caracteres, codificação destes e geração da árvore mais parcimoniosa, foi realizada uma

Page 78: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

77

listagem de apomorfias. Nesta listagem, estão representadas todas as apomorfias de todos os

clados recuperados no grupo interno.

Page 79: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

78

5. ANÁLISE INTEGRADORA

O espécime CPCA 3590, proveniente das camadas de calcário laminado da

Formação Crato, consiste de um crânio parcial de pterossauro tapejarídeo, identificado como

Tupandactylus imperator por apresentar a seguinte série única de características anatômicas:

1) grande fenestra naso-anterorbital, compreendendo a maior parte da porção preservada do

crânio; 2) extremidade rostral das pré-maxilas/maxilas inclinada ventralmente; 3) crista

cranial suportada anteriormente por um processo dorsal pré-maxilar em forma de espinho,

inclinado caudalmente; 4) pré-maxilas apresentando uma lâmina convexa projetada

anteriormente (todos estes caracteres serão discutidos, em detalhe, na parte II deste trabalho).

O material aqui descrito representa o quarto espécime conhecido de Tupandactylus

imperator, sendo o segundo formalmente descrito em um trabalho científico. Além das

feições anatômicas já previamente conhecidas para esta espécie de pterossauro tapejarídeo,

CPCA 3590 apresenta estruturas únicas, como uma mandíbula praticamente completa

(ausente nos outros três espécimes) e extensiva preservação de tecidos não ossificados. Os

tecidos moles preservados incluem bicos córneos associados às pré-maxilas e dentário,

picnofibras associadas a um ramo mandibular, além do tecido fibroso que compõe a porção

não ossificada da crista sagital.

Paralelamente, o estudo de CPCA 3590 e sua comparação com outros táxons de

pterossauros (através de literatura e exame direto de espécimes), permitiu a realização de uma

análise filogenética, com o intuito de testar o posicionamento de Tupandactylus imperator

dentro de Tapejaridae, as relações internas de pterossauros tapejarídeos e a monofilia deste

clado. Questões taxonômicas, como as diferenças entre T. imperator e Tupandactylus

navigans foram, também, discutidas em detalhe.

As principais conclusões advindas do estudo de CPCA 3590 são as que se seguem:

CPCA 3590 possui características anatômicas suficientemente diagnósticas

para uma confiável atribuição a Tupandactylus imperator. O material aqui

estudado é o mais bem preservado espécime de T. imperator conhecido,

apresentando extensiva preservação de tecidos moles.

Page 80: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

79

É proposta uma diagnose revisada para a espécie T. imperator, com o

objetivo de distinguir caracteres anatômicos que a diferencie de outras

espécies intimamente relacionadas, tais como T. navigans.

A análise filogenética realizada sustenta a monofilia de Tapejaridae sensu

Kellner, Thalassodrominae e Tapejarinae.

Assim, o estudo de CPCA 3590 contribuiu com novas informações a respeito da

anatomia e relações filogenéticas de Tupandactylus imperator e outras espécies de

pterossauros tapejarídeos.

Page 81: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

80

REFERÊNCIAS

ANDRADE, J. A. F. G. 2007. Commercial exploitation of the Crato Formation. In:

MARTILL, D. M.; BECHLY, G.; LOVERIDGE, R. F. (Ed.). The Crato Fossil Beds of Brazil

– window into an Ancient World. Cambridge: Cambridge University Press. p. 63-69.

ANDRES, B.; JI, Q. 2008. A new pterosaur from the Liaoning province of China, the

phylogeny of the Pterodacryloidea, and convergence in their cervical vertebrae.

Palaeontology, v. 51, n. 2, p. 453-469.

ASSINE, M. L. 1992. Análise estratigráfica da Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil. Revista

Brasileira de Geociências, v. 22, n. 3, p. 289-300.

______. 2007. Bacia do Araripe. Boletim de Geociências da Petrobrás, v. 15, n. 2, p. 371-

389.

BARRETT, P. M.; BUTLER, R. J.; EDWARDS, N. P.; MILNER, A. R. 2008. Pterosaur

distribution in time and space: an atlas. Zitteliana, B 28, p. 61-107.

BENNETT, S. C. 1989. A pteranodontid pterosaur from the Early Cretaceous of Peru, with

comments on the relationships of cretaceous pterosaurs. Journal of Paleontology, v. 63, n. 5,

p. 669-677.

______. 1990. A pterodactyloid pterosaur pelvis from the Santana Formation of Brazil:

implications for terrestrial locomotion. Journal of Vertebrate Paleontology, v. 10, n. 1, p.

80-85.

______. 1991. Morphology of the Late Cretaceous pterosaur Pteranodon and systematics

of the Pterodactyloidea. 1991. 680 f. Tese de doutorado. University of Kansas.

______. 1992. Sexual dimorphism of Pteranodon and other pterosaurs with comments on

cranial crests. Journal of Vertebrate Paleontology, v. 12, n. 4, p. 422-434.

______. 1994. Taxonomy and Systematics of the Late Cretaceous Pterosaur Pteranodon

(Pterosauria, Pterodactyloidea). Occasional Papers of the Natural History Museum, n. 169,

p. 1-70.

______. 2002. Soft tissue preservation of the cranial crest of the pterosaur Germanodactylus

from Solnhofen. Journal of Vertebrate Palaeontology, v. 22, n. 1, p. 43-48.

BENTON, M. J. 2004. Vertebrate Paleontology. Malden: Blackwell Publishing. 472 p.

BEURLEN, K. 1962. A geologia da Chapada do Araripe. Anais da Academia Brasileira de

Ciências, v. 34, n. 3, p. 365-370.

______. 1963. Geologia e estratigrafia da Chapada do Araripe. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 17., 1963, Recife. Anais. Recife: Sociedade Brasileira de

Geologia/SUDENE. Suplementos, p. 47.

______. 1971. As condições ecológicas e faciológicas da Formação Santana na Chapada do

Araripe (Nordeste do Brasil). Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 43, p. 411-415.

Page 82: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

81

BONFIM JR., F. C.; MARQUES, R. B. 1997. Um novo lagarto do Cretáceo do Brasil

(Lepidosauria, Squamata, Lacertilia – Formação Santana, Aptiano da Bacia do Araripe).

Anuário do Instituto de Geociências, v. 20, p. 233-240.

BRAMWELL, C. D.; WHITFIELD, G. R. 1974. Biomechanics of Pteranodon. Transactions

of the Royal Society London B, n. 267, p. 503-581.

BRITO, P. M. 2007. The Crato Formation fish fauna. In: MARTILL, D. M.; BECHLY, G.;

LOVERIDGE, R. F. (Ed.). The Crato Fossil Beds of Brazil – window into an Ancient

World. Cambridge: Cambridge University Press. p. 429-443.

BUFFETAUT, E.; MARTILL, D. M.; ESCUILLIÉ, F. 2004. Pterosaurs as part of a spinosaur

diet. Nature, v. 430, p. 33.

BUISONJÉ, P. H. 1980. Santanadactylus brasilensis nov. gen., nov. sp., a long-necked, large

pterosaurier from the Aptian of Brasil. Proceedings B, v. 83, n. 2, p. 145-172.

CAMPOS, D. A.; KELLNER, A. W. A. 1985. Panorama of the Flying Reptiles Study in Brazil

and South America. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 57, n. 4, p. 453-466.

______; ______. 1997. Short Note on the First Occurrence of Tapejaridae in the Crato

Member (Aptian), Santana Formation,, Araripe Basin, Northeast Brazil. Anais da Academia

Brasileira de Ciências, v. 69, n. 1, p. 83-87.

______; LIGABUE, G.; TAQUET, P. 1984. Wing membrane and wing supporting fibers of a

flying reptile from the Lower Cretaceous of the Chapada do Araripe (Aptian, Ceará State,

Brazil). In: SYMPOSIUM ON MESOZOIC TERRESTRIAL ECOSYSTEMS, 3., 1984,

Tubingen. Short Papers, p. 37-39.

CARPENTER, K.; UNWIN, D.; CLOWARD, K.; MILES, C.; MILES, C. 2003. A new

scaphognathine pterosaur from the Upper Jurassic Morrison Formation of Wyoming, USA.

Geological Society, London, Special Publications, v. 217, p. 45-54.

CARVALHO, I. S.; VIANA, M. S. S.; LIMA FILHO, M. F. 1995. Os icnofósseis de

dinossauros da Bacia do Araripe (Cretáceo Inferior, Ceará – Brasil). Anais da Academia

Brasileira de Ciências, v. 67, p. 433-442.

CHATTERJEE, S.; TEMPLIN, R. J. 2004. Posture, locomotion, and paleoecology of

pterosaurs. Geological Society of America, Special Papers, n. 376, p. 1-64.

CHIAPPE, L. M.; KELLNER, A. W. A.; RIVAROLA, D.; DAVILA, S.; FOX, M. 2000.

Cranial Morphology of Pterodaustro guinazui (Pterosauria: Pterodactyloidea) from the Lower

Cretaceous of Argentina. Serial Publications of the Natural History Museum of Los

Angeles County, n. 483, p. 1-19.

CZERKAS, S. A.; JI, Q. 2002. A new rhamphorhynchoid with a headcrest and complex

integumentary structures. In: CZERKAS, S. J. (Ed.). Feathered Dinosaurs and the Origin

of Flight. Blanding: The Dinosaur Museum. 136 p.

DALLA VECCHIA, F. M. 1993. Cearadactylus? Ligabuei nov. sp., a new early Cretaceous

(Aptian) pterosaur from Chapada do Araripe (Northeastern Brazil). Bollettino della Società

Page 83: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

82

Paleontologica Italiana, v. 32, n. 3, p. 401-409.

______; WILD, R.; HOPF, H.; R. J. 2002. A crested rhamphorhynchoid pterosaur from the

Late Triassic of Austria. Journal of Vertebrate Paleontology, v. 22, n. 1, p. 196-199.

DENTZIEN-DIAS, P. C.; FIGUEIREDO, A. E. Q.; PINHEIRO, F. L.; SCHULTZ, C. L. 2010.

Primeira evidência icnológica de um tetrápode natante no Membro Crato (Cretáceo Inferior),

Formação Santana (Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil). Revista Brasileira de

Paleontologia, v. 13, n. 3, p. 257-260.

EATON, G. F. 1910. Osteology of Pteranodon. Memoirs of the Connecticut Academy of

Arts and Science, n. 2, p. 1-38.

ELGIN, R. A.; GRAU, C. A.; PALMER, C.; HONE, D. W. E.; GREENWELL, D.; BENTON,

M. J. 2008. Aerodynamic characters of the cranial crest in Pteranodon, Zitteliana, B 28, p.

167-174.

EVANS, S. E.; YABUMOTO, Y. 1998. A lizard from the Early Cretaceous Crato Formation,

Araripe Basin, Brazil. Neues Jahrbuch für Geologie und Paläontologie, Monatsefte, v. 6,

p. 349-364.

FASTNACHT, M. 2001. First record of Coloborhynchus (Pterosauria) from the Santana

Formation (Lower Cretaceous) of the Chapada do Araripe, Brazil. Paläontologische

Zeitschrift, v. 75, n. 1, p. 23-36.

______. 2007. Tooth Replacement Pattern of Coloborhynchus robustus (Pterosauria) From the

Lower Cretaceous of Brazil. Journal of Morphology, v. 269, n. 3, p. 332-348.

FASTOVSKY, D. E.; WEISHAMPEL, D. B. 2005. The Evolution and Extinction of the

Dinosaurs. Cambridge: Cambridge University Press. 485 p.

FREY, E.; BUCHY, M-C.; MARTILL, D. M. 2003. Middle- and bottom-decker Cretaceous

pterosaurs: unique designs in active flying vertebrates. Geological Society, London, Special

Publications, v. 217, p. 267-274.

______; MARTILL, D. M. 1994. A new Pterosaur from the Crato Formation (Lower

Cretaceous, Aptian) of Brazil. Neues Jahrbuch für Geologie und Paläontologie, v. 194, p.

379-412.

______; ______; BUCHY, M-C. 2003a. A new species of tapejarid pterosaur with soft-tissue

head crest. Geological Society, London, Special Publications, v. 217, p. 65-72.

______; ______; ______. 2003b. A new crested ornithocheirid from the Lower Cretaceous of

northeastern Brazil and the unusual death of an unusual pterosaur. Geological Society,

London, Special Publications, v. 217, p. 55-63.

______; SALISBURY, S. W. 2007. Crocodilians of the Crato Formation: evidence for

enigmatic species. In: MARTILL, D. M.; BECHLY, G.; LOVERIDGE, R. F. (Ed.). The Crato

Fossil Beds of Brazil – window into an Ancient World. Cambridge: Cambridge University

Press. p. 463-474.

______; TISCHLINGER, H.; BUCHY, M-C.; MARTILL, D. M. 2003. New specimens of

Page 84: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

83

Pterosauria (Reptilia) with soft parts with implications for pterosaurian anatomy and

locomotion. Geological Society, London, Special Publications, v. 217, p. 233-266.

FRICKHINGER, K. A. 1994. Die Fossilien von Solnhofen. Korb: Goldschneck-Verlag. 336

p.

GOLOBOFF, P. A.; FARRIS, J.S.; NIXON, K. 2003. TNT: Tree analysis using New

Technology. Version 1.1. Software livre, disponível em

http://www.zmuc.dk/public/phylogeny/TNT.

GRIMALDI, D.; ENGEL, M. S. 2001. Evolution of the Isects. Cambridge: Cambridge

University Press. 772 p.

HAZLEHURST, G.; RAYNER, J. 1992. An unusual flight mechanism in the Pterosauria.

Palaeontology, v. 35, n. 5, p. 927-941.

HEIMHOFER, U.; MARTILL, D. M. 2007. The sedimentology and depositional environment

of the Crato Formation. In: MARTILL, D. M.; BECHLY, G.; LOVERIDGE, R. F. (Ed.). The

Crato Fossil Beds of Brazil – window into an Ancient World. Cambridge: Cambridge

University Press. p. 44-62.

HUMPHRIES, S.; BONSER, R. H. C.; WITTON, M. P.; MARTILL, D. M. 2007. Did

Pterosaurs Feed by Skimming? Physical Modelling and Anatomical Evaluation of an Unusual

Feeding Method. PLoS Biology, v. 5, n. 8, p. 1647-1655.

KELLNER, A. W. A. 1984. Ocorrência de uma mandíbula de Pterosauria (Brasileodactylus

araripensis, nov. gen., nov. sp.) na Formação Santana, Cretáceo da Chapada do Araripe,

Ceará, Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 33., 1984, Rio de Janeiro.

Anais. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Geologia. p. 578-590.

______. 1989. A New Edentate Pterosaur of the Lower Cretaceous from the Araripe Basin,

Northeast Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 61, n. 4, p. 439-445.

______. 1994. Remarks on pterosaur taphonomy and paleoecology. Acta Geologica

Leopoldensia, n. 39/1, v. 17, p. 175-189.

______. 1995. The relationships of the Tapejaridae (Pterodactyloidea) with comments on

pterosaur phylogeny. In: SYMPOSIUM ON MESOZOIC TERRESTRIAL ECOSYSTEMS

AND BIOTA, 6., 1995, Beijing. Short Papers, p. 73-77.

_____. 1996a. Reinterpretation of a remarkably well preserved pterosaur soft tissue from the

Early Cretaceous of Brazil. Journal of Vertebrate Paleontology, v. 16, n. 4, p. 718-722.

______. 1996b. Description of the Braincase of Two Early Cretaceous Pterosaurs

(Pterodactyloidea) from Brazil. American Museum Novitates, n. 3175, p. 1-34.

______. 1999. Short note on a new dinosaur (Theropoda, Coelurosauria) from the Santana

Formation (Romualdo Member, Albian), Northeastern Brazil. Boletim do Museu Nacional,

n. 49, p. 1-8.

______. 2001. New hypothesis of Pterosaur Phylogeny. In: BARROS, L. M.; NUVENS, P.

C.; FILGUEIRA, J. B. M. (Ed.). I e II Simpósios sobre a Bacia do Araripe e bacias

Page 85: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

84

interiores do Nordeste, Comunicações. Crato. p. 249-258.

______. 2003. Pterosaur phylogeny and comments on the evolutionary history of the group.

Geological Society, London, Special Publications, v. 217, p. 105-137.

______. 2004a. On a pterosaur neck with a dinosaur tooth: scavenging or predation? Natura

Nascosta, n. 29, p. 37-39.

______. 2004b. The Ankle Structure of Two Pterodactyloid Pterosaurs from the Santana

Formation (Lower Cretaceous), Brazil. Bulletin of the American Museum of Natural

History, n. 285, p. 25-35.

______. 2004c. New information on the Tapejaridae (Pterosauria, Pterodactyloidea) and

discussion of the relationships of this clade. Ameghiniana, v. 41, n. 4, p. 521-534.

______. 2006. Pterossauros: os Senhores do Céu do Brasil. Rio de Janeiro: Vieira & Lent,

175 p.

______; CAMPOS, D. A. 1988. Sobre um Novo Pterossauro com Crista Sagital da Bacia do

Araripe, Cretáceo Inferior do Nordeste do Brasil. Anais da Academia Brasileira de

Ciências, v. 60, n. 4, p. 459-469.

______; ______. 1992. A new tapejarid from the Santana Formation (Lower Cretaceous) from

the Araripe Basin, Northeast Brazil. Journal of Vertebrate Paleontology, v. 12 (supl. 3), p.

36-37.

______; _____. 1994. A New Species of Tupuxuara (Pterosauria, Tapejaridae) from the Early

Cretaceous of Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 66, n. 4, p. 467-473.

______; ______. 1996. First Early Cretaceous theropod dinosaur from Brazil with comments

on Spinosauridae. Neues Jahrbuch für Geologie und Paläontologie, v. 199, n. 2, p. 151-

166.

______; ______. 2002. The Function of the Cranial Crest and Jaws of a Unique Pterosaur

from the Early Cretaceous of Brazil. Science, v. 297, p. 389-392.

______; ______. 2007. Short note on the ingroup relationships of the Tapejaridae

(Pterosauria, Pterodactyloidea). Boletim do Museu Nacional - Geologia, n. 75, p. 1-14.

______; HASEGAWA. 1993. Postcranial skeleton of Tupuxuara (Pterosauria,

Pterodactyloidea, Tapejaridae) from the Lower Cretaceous of Brazil. Journal of Vertebrate

Paleontology, v. 13 (supl. 3), p. 44.

______; TOMIDA, Y. 2000. Description of a new species of Anhangueridae

(Pterodactyloidea) with comments on the pterosaur fauna from the Santana Formation

(Aptian-Albian), northeastern Brazil. National Science Museum Monographs, n. 17, p. 1-

135.

LEAL, M. E. C.; MARTILL, D. M.; BRITO, P. M. 2007. Anurans of the Crato Formation. In:

MARTILL, D. M.; BECHLY, G.; LOVERIDGE, R. F. (Ed.). The Crato Fossil Beds of Brazil

– window into an Ancient World. Cambridge: Cambridge University Press. p. 444-451.

Page 86: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

85

LEONARDI, G.; BORGOMANERO, G. 1985. Cearadactylus atrox nov. gen., nov. sp. novo

Pterosauria (Pterodactyloidea) da Chapada do Araripe, Ceará, Brasil. Coletânia de Trabalhos

Paleontológicos, v. 2, p. 75-80.

LÜ, J.; GAO, Y.; XING, L.; LI, Z.; JI, Q. 2007. A New Species of Huaxiapterus (Pterosauria:

Tapejaridae) from the Early Cretaceous of Western Liaoning, China. Acta Geologica Sinica,

v. 81, n. 5, p. 683-687.

______; JIN, X.; UNWIN, D. M.; ZHAO, L.; AZUMA, Y.; JI, Q. 2006. A New Species of

Huaxiapterus (Pterosauria: Pterodactyloidea) from the Lower Cretaceous of Western

Liaoning, China with Comments on the Systematics of Tapejarid Pterosaurs. Acta Geologica

Sinica, v. 80, n. 3, p. 315-326.

_____; UNWIN, D. M.; XU, L.; ZHANG, X. 2008. A new azhdarchoid pterosaur from the

Lower Cretaceous of China and its implications for pterosaur phylogeny and evolution.

Naturwissenschaften, v. 95, n. 9, p. 891-897.

______; ______; JIN, X.; LIU, Y.; JI, Q. 2010. Evidence for modular evolution in a long-

tailed pterosaur with a pterodactyloid skull. Proceedings of the Royal Society B, v. 277, p.

383-389.

______; XU, L.; JI, Q. 2008. Restudy of Liaoxipterus (Istiodactylidae: Pterosauria), with

comments on the Chinese istiodactylid pterosaurs. Zitteliana, B 28, p. 229-241.

______; YUAN, C. 2005. New Tapejarid Pterosaur from Western Liaoning, China. Acta

Geologica Sinica, v. 79, n. 4, p. 453-458.

MABESOONE, J. M.; TINOCO, I. M. 1973. Paleoecology of the Aptian Santana Formation

(Norheastern Brazil). Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, v. 14, p. 97-118.

MAISEY, J. G. (Ed.). 1991. Santana Fossils – An Illustrated Atlas. Neptune: T. F. H.

Publications. 459 p.

MARTILL, D. M. 2007. The age of the Cretaceous Santana Formation fissil Konservat

Lagerstätte of north-east Brazil: a historical review and an appraisal of the

biochronostratigraphic utility of its paleobiota. Cretaceous Research, v. 28, p. 895-920.

______; BECHLY, G.; LOVERIDGE, R. F. (Ed.). 2007. The Crato Fossil Beds of Brazil –

window into an Ancient World. Cambridge: Cambridge University Press. 625 p.

______; CRUICKSHANK, A. R. I.; FREY, E.; SMALL, P. G.; CLARKE, M. 1996. A new

crested maniraptoran dinosaur from the Santana Formation (Lower Cretaceous) of Brazil.

Journal of theGeological Society, v. 153, p. 5-8.

______; FREY, E. 1998. A new pterosaur Lagerstätte in N. E. Brazil (Crato Formation;

Aptian, Lower Cretaceous): preliminary observations. Oryctos, v. 1, p. 79-85.

______; ______. 1999. A possible azhdarchid pterosaur from the Crato Formation (Early

Cretaceous, Aptian) of northeast Brazil. Geologie en Mijnbouw, v. 78, p. 315-318.

______; HEIMHOFER, U. 2007. Stratigraphy of the Crato Formation. In: MARTILL, D. M.;

BECHLY, G.; LOVERIDGE, R. F. (Ed.). The Crato Fossil Beds of Brazil – window into an

Page 87: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

86

Ancient World. Cambridge: Cambridge University Press. p. 25-43.

______; NAISH, D. 2006. Cranial crest development in the azhdarchoide pterosaur

Tupuxuara, with a review of the genus and tapejarid monophyly. Palaeontology, v. 49, n. 4, p.

925-941.

______; UNWIN, D. M. 1989. Exceptionally well preserved pterosaur wing membrane from

the Cretaceous of Brazil. Nature, v. 340, p. 138-140.

______; WILBY, P. R. 1993. Stratigraphy. In: MARTILL, D. M. (Ed.). Fossils of the Santana

and Crato formations, Brazil. Field Guides to Fossils, 5. London: The Palaeontological

Association. p. 20-50.

______; WITTON, M. P. 2008. Catastrophic failure in a pterosaur skull from the Cretaceous

Santana Formation of Brazil. Zitteliana, B 29, p. 175-183.

MAWSON, J.; WOODWARD, A. S. 1907. On the Cretaceous Formation of Bahia (Brazil),

and on the vertebrate fossils collected therein. Quarterly Journal of the Geological Society,

v. 63, p. 128-139.

MOHR, B. A. R.; BERNARDES-DE-OLIVEIRA, M. E. C.; LOVERIDGE, R. F. 2007. The

macrophyte flora of the Crato Formation. In: MARTILL, D. M.; BECHLY, G.; LOVERIDGE,

R. F. (Ed.). The Crato Fossil Beds of Brazil – window into an Ancient World. Cambridge:

Cambridge University Press. p. 537-565.

NAISH D. 2007. Turtles of the Crato Formation. In: MARTILL, D. M.; BECHLY, G.;

LOVERIDGE, R. F. (Ed.). The Crato Fossil Beds of Brazil – window into an Ancient

World. Cambridge: Cambridge University Press. p. 452-457.

______; MARTILL, D. M.; FREY, E. 2004. Ecology, Systematics and Biogeographical

Relationships of Dinosaurs, Including a New Theropod, from the Santana Formation

(?Albian, Early Cretaceous) of Brazil. Historical Biology, v. 16, n. 2, p. 57-70.

______; ______; MERRICK, I. 2007. Birds of the Crato Formation. In: MARTILL, D. M.;

BECHLY, G.; LOVERIDGE, R. F. (Ed.). The Crato Fossil Beds of Brazil – window into an

Ancient World. Cambridge: Cambridge University Press. p. 525-533.

NEUMANN, V. H.; CABRERA, L. 1999. Uma nueva propuesta estratigráfica para la

tectonosecuencia post-rifte de la cuenca de Araripe, nordeste de Brasil. In: SIMPÓSIO

SOBRE O CRETÁCEO DO BRASIL, 5., 1963, Rio Claro. Boletim. Rio Claro: UNESP. p.

279-285.

OLIVEIRA, G. R.; SARAIVA, A. A. F.; SILVA, H. P.; KELLNER, A. W. A. 2010. Preliminary

note on the first Record of Paleomedusoides (Testudines, Pleurodira) in the Ipubi Formation,

Santana Group, Araripe Basin. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PALEONTOLOGIA DE

VERTEBRADOS, 7., 2010, Rio de Janeiro. Boletim de Resumos. Rio de Janeiro:

UNIRIO/DNPM. p. 53.

PONTE, F. C.; APPI, C. J. 1990. Proposta de revisão da coluna litoestratigráfica da Bacia do

Araripe. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 36., 1990, Natal. Anais. Natal:

Sociedade Brasileira de Geologia. p. 211-226.

Page 88: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

87

PRICE, L. I. 1953. A presence de Pterosauria no Cretáceo Superior do estado da Paraíba.

Notas Preliminares e Estudos, v. 71, p. 1-10.

______. 1971. A Presença de Pterosauria no Cretáceo Inferior da Chapada do Araripe, Brasil.

Anais da Academia Brasileira de Ciências, n. 43, p. 451-461.

RODRIGUES, T.; KELLNER, A. W. A. 2008. Review of the pterodactyloid pterosaur

Coloborhynchus. Zitteliana, B 28, p. 219-228.

______; ______. 2010. Note on the pterosaur material described by Woodward from the

Recôncavo Basin, Lower Cretaceous, Brazil. Revista Brasileira de Paleontologia, v. 13, n.

2, p. 159-164.

SALISBURY, S. W.; FREY, E.; MARTILL, D. M.; BUCHY, M-C. 2003. A new mesosuchian

crocodilian from the Lower Cretaceous Crato Formation of north-eastern Brazil.

Palaeontographica, Abteilung A (Paläozoologie – Stratigraphie), v. 270, p. 3-47.

SAYÃO, J. M. 2003. Histovariability in bones of two pterodactyloid pterosaurs from the

Santana Formation, Araripe Basin, Brazil: preliminary results. Geological Society, London,

Special Publications, v. 217, p. 335-342.

______. 2007. Pterossauros do Membro Crato: Revisão sistemática e descrição de novos

exemplares. 2007. 136 f. Tese (Doutorado em Zoologia) – Museu Nacional, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

______; KELLNER, A. W. A. 2000. Description of a pterosaur rostrum from the Crato

Member, Santana Formation (Aptian-Albian) Northeastern Brazil. Boletim do Museu

Nacional – Geologia, n. 54, p. 1-8.

______; ______. 2006. Novo esqueleto parcial de pterossauro (Pterodactyloidea, Tapejaridae)

do Membro Crato (Aptiano), Formação Santana, Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil.

Estudos Geológicos, v. 16, n. 2, p. 16-40.

SERENO, P. C. 1991. Basal Archosaurs: Phylogenetic Relationships and Functional

Implications. Journal of vertebrate Paleontology, v. 11, n. 4 (suplemento), p. 1-53.

SHORT, A. R. 1914. Wing adjustments of pterodactyls. The Aeronautical Journal, v. 18, p.

336-343.

SMALL, H. 1913. Geologia e suprimento de água subterrânea no Ceará e parte do Piauí.

Inspeção de Obras Contra Secas, Série Geológica, v. 25, p. 1-180.

STECHER, R. 2008. A new Triassic pterosaur from Switzerland (Central Austroalpine,

Grisons), Raeticodactylus filisurensis gen. et sp. nov. Swiss Journal of Geosciences, v. 101,

n. 1, p. 185-201.

UNWIN, D. M. 2002. On the systematic relationships of Cearadactylus atrox, an enigmatic

Early Cretaceous pterosaur from the Santana Formation of Brazil. Mitt. Mus. Nat.kd. Berl.,

Geowiss, v. 5, p. 239-263.

______. On the phylogeny and evolutionary history of pterosaurs. Geological Society,

London, Special Publications, v. 217, p. 139-190.

Page 89: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

88

______. 2005. The Pterosaurs: from deep time. New York: Pi Press. 246 p.

______; LÜ, J. 1997. On Zhejiangopterus and the relationships of pterodactyloid pterosaurs.

Historical Biology, v. 12, p. 199-210.

______; MARTILL, D. M. Pterosaurs of the Crato Formation. In: MARTILL, D. M.;

BECHLY, G.; LOVERIDGE, R. F. (Ed.). The Crato Fossil Beds of Brazil – window into an

Ancient World. Cambridge: Cambridge University Press. p. 475-524.

VALENÇA, L. M. M.; NEUMANN, V. H.; MABESOONE, J. M. 2003. An overview on

Callovian-Cenomanian intracratonic basins of northeast Brazil: onshore stratigraphic record

of the opening of the southern Atlantic. Geological Acta, v. 1, n. 3, p. 261-275.

VELDMEIJER, A. J. 2002. Pterosaurs from the Lower Cretaceous of Brazil in the Stuttgart

Collection. Stuttgarter Beiträge zur Naturkunde Serie B (Geologie und Paläontologie), n.

327, p. 1-27.

______. 2003a. Preliminary description of a skull and wing of a Brazilian Cretaceous

(Santana Formation; Aptian-Albian) pterosaur (Pterodactyloidea) in the collection of the

AMNH. PalArch, series vertebrate palaeontology, v. 0, n. 0, p. 1-14.

______. 2003b. Description of Coloborhynchus spielbergi sp. nov. (Pterodactyloidea) from

the Albian (Lower Cretaceous) of Brazil. Scripta Geologica, v. 125, p. 35-139.

______. 2006. Toothed pterosaurs from the Santana Formation (Cretaceous; Aptian –

Albian) of northeastern Brazil. A reappraisal on the basis of newly described material.

2006. 269 f. Tese de doutorado. Proefschrift Universiteit Utrecht, Munich.

______; MEIJER, H. J. M.; SIGNORE, M. 2009. Description of Pterosaurian

(Pterodactyloidea: Anhangueridae, Brasileodactylus) remains from the Lower Cretaceous of

Brazil. Deinsea – Annual of the Natural History Museum Rotterdam, v. 13, p. 9-40.

______; SIGNORE, M.; MEIJER, H. 2005. Description of two pterosaur (Pterodactyloidea)

mandibles from the Lower Cretaceous Santana Formation, Brazil. Deinsea – Annual of the

Natural History Museum Rotterdam, v. 11, p. 67-86.

VIANA, M. S. S.; NEUMANN, V. H. L. 1999. O Membro Crato da Formaçao Santana,

Chapada do Araripe, CE – Riquíssimo registro de fauna e flora do Cretáceo. In:

SCHOBBENHAUS, C.; CAMOS, D. A.; QUEIROZ, E. T.; WINGE, M.; BERBERT-BORN,

M. L. C. (Ed.). Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. Brasília: DNPM/CPRM –

Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP), v. 01, p. 113-120.

______; BRITO, P. M.; SILVA-TELLES, A. C. 1989. Paleontologia de uma camada de

folhelhos pirobetuminosos do Membro Romualdo, Formação Santana, na Mina Pedra Branca,

Município de Nova Olinda, Ceará. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE

PALEONTOLOGIA, 11., Anais, Curitiba: UFPR/SBP, p. 207-217.

VILA NOVA, B. C.; KELLNER, A. W. A.; SAYÃO, J. M. 2010. Short Note on the

Phylogenetic Position of Cearadactylus atrox, and Comments Regarding Its Relationships to

Other Pterosaurs. Acta Geoscientica Sinica, v. 31, sup. 1, p. 73-75.

Page 90: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

89

WANG, X.; KELLNER, A. W. A.; JIANG, S.; MENG, X. 2009. An unusual long-tailed

pterosaur with elongated neck from western Liaoning of China. Anais da Academia

Brasileira de Ciências, v. 81, n. 4, p. 793-812.

______; ______; ZHOU, Z.; CAMPOS, D. A. 2005. Pterosaur diversity and faunal turnover

in Craceous terrestrial ecosystems in China. Nature, v. 437, p. 875-879.

______; ______; ______; ______. 2008. Discovery of a rare arboreal Forest-dwelling flying

reptile (Pterosauria, Pterodactyloidea) from China. Proceedings of the National Academy of

Sciences, v. 105, n. 6, p. 1983-1987.

______; ZHOU, Z. 2003. A new pterosaur (Pterodactyloidea, Tapejaridae) from the Early

Cretaceous Jiufotang Formation of western Liaoning, China and its implications for

biostratigraphy. Chinese Science Bulletin, v. 48, n. 1, p. 16-23.

______, ______; ZHANG, F.; XU, X. 2002. A nearly completely articulated

rhamphorhynchoid pterosaur with exceptionally well-preserved wing membranes and ―hairs‖

from Inner Mongoloa, northeast China. Chinese Science Bulletin, v. 47, n. 3, p. 226-230.

WELLNHOFER, P. 1977. Araripedactylus dehmi nov. gen., nov. sp., ein neuer Glugsaurier

aus der Unterkreide von Brasilien. Mitt. Bayer. Staatsslg. Paläont. Hist. Geol., v. 17, p. 157-

167.

______. 1985. Neue Pterosaurier aus der Santana-Formation (Apt) der Chapada do Araripe,

Brasilien. Palaeontographica Abt, v. 187, p. 105-182.

______. 1987. New Crested Pterosaurs from the Lower Cretaceous of Brazil. Mitt. Bayer.

Staatsslg. Paläont. Hist. Geol., n. 27, p. 175-186.

______. 1988. Terrestrial locomotion in pterosaurs. Historical Biology, v. 1, p. 3-16.

______. 1991a. The Illustrated Encyclopaedia of Pterosaurs. New York: Crescent Books.

192 p.

______. 1991b. Weitere Pterosaurierfunde aus der Santana-Formation (Apt) der Chapada do

Araripe, Brasilien. Palaeontographica Abt. A, v. 215, p. 43-101.

______; KELLNER, A. W. A. 1991. The Skull of Tapejara wellnhoferi Kellner (Reptilia,

Pterosauria) from the Lower Cretaceous Santana Formation of the Araripe Basin,

Northeastern Brazil. Mitt. Bayer. Staatsslg. Paläont. Hist. Geol., v. 31, p. 89-106.

WILKINSON, M. T.; UNWIN, D. M.; ELLINGTON, C. P. 2006. High lift function of the

pteroid bone and forewing of pterosaurs. Proceedings of the Royal Society B, v. 273, p. 119-

126.

WITMER, L. M.; CHATTERJEE, S.; FRANZOSA, J.; ROWE, T. 2003. Neuroanatomy of

flying reptiles and implications for flight, posture and behaviour. Nature, v. 435, p. 950-953.

WITTON, M. P. 2008. A new azhdarchoid pterosaur from the Crato Formation (Lower

Cretaceous, Aptian?) of Brazil. Palaeontology, v. 51, n. 6, p. 1289-1300.

______. 2009. A new species of Tupuxuara (Thalassodromidae, Azhdarchoidea) from the

Page 91: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

90

Lower Cretaceous Santana Formation of Brazil, with a note on the nomenclature of

Thalassodromidae. Cretaceous Research, v. 30, n. 5, p. 1293-1300.

WOODWARD, A. S. 1891. Evidence if the occurrence of pterosaurians and plesiosaurians in

the Cretaceous of Brazil, discovered by Joseph Mawson. Annals and Magazine of Natural

History, v. 6, n. 8, p. 314-317.

Page 92: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

91

PARTE II

A segunda parte desta dissertação consiste no artigo entitulado ―New information on

Tupandactylus imperator with comments on the relationships of Tapejaridae (Pterosauria)‖,

aceito para publicação na revista Acta Palaeontologica Polonica e disponível para download

a partir do dia 3 de janeiro de 2011, no endereço:

http://www.app.pan.pl/article/item/app20100057.html.

Page 93: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

92

This is a PDF file of the manuscript

that has been accepted for publication.

This file will be reviewed by the authors and editors

before the paper is published in its final form.

Please note that during the production process errors

may be discovered which could affect the content.

All legal disclaimers that apply to the journal pertain.

Page 94: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

93

New information on Tupandactylus imperator, with comments on the relationships of

Tapejaridae (Pterosauria)

FELIPE L. PINHEIRO, DANIEL C. FORTIER, CESAR L. SCHULTZ, JOSÉ ARTUR, F. G. DE ANDRADE,

and RENAN A. M. BANTIM

Pinheiro, F.L., Fortier, D.C., Schultz, C.L., De Andrade, J.A.F.G., and Bantim R.A.M. New

information on Tupandactylus imperator, with comments on the relationships of Tapejaridae

(Pterosauria). Acta Palaeontologica Polonica 56(X): xxx-xxx. doi:10.4202/app.2010.0057

Abstract

A new specimen of Tupandactylus imperator Campos and Kellner, 1997, comprising an

incomplete skull with associated lower jaw, is described. The material provides new

information on the anatomy of this pterodactyloid pterosaur, especially with respect to the

morphology of the lower jaw, the first one formally described for the species. Phylogenetic

analysis supports Tapejaridae sensu Kellner (2004), as well as monophyly of Tapejarinae and

Thalassodrominae.

Keywords: Tapejaridae, Tupandactylus imperator, phylogeny, Crato Formation, Brazil.

Felipe L. Pinheiro [[email protected]], Daniel C. Fortier

[[email protected]] and Cesar L. Schultz [[email protected]],

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Setor de Paleovertebrados, Av. Bento

Gonçalves, 9500 - Bloco J, Prédio 43127, Campus do Vale, Agronomia - Porto Alegre, Rio

Grande do Sul, Brasil. CEP: 91509-900;

José Artur F. G. de Andrade [[email protected]], Centro de Pesquisas

Paleontológicas da Chapada do Araripe, Departamento Nacional de Produção Mineral,

Praça da Sé, 105 – Crato, Ceará, Brasil. CEP: 633100-440;

Page 95: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

94

Renan A. M. Bantim [[email protected]], Universidade Regional do Cariri,

Laboratório de Paleontologia, Rua Cel. Antônio Luis, 1161, Pimenta – Crato, Ceará, Brasil.

CEP: 63100-000.

Received 22 June 2010, accepted 24 December 2010, available online 3 January 2010.

Introduction

The pterosaur assemblage from the Santana and Crato formations (Araripe Basin,

northeastern Brazil) has attracted the attention of researchers primarily due to the exceptional

preservation and diversity of its taxa. On some rare occasions, however, what actually claims

most attention is the anatomical extremism of some species. One of the best examples is the

pterosaur Tupandactylus imperator (Campos and Kellner, 1997). When it was first described

(referred, at the time, to the genus Tapejara), this bizarre pterosaur was enigmatic for the

huge size of its cranial median crest which comprised approximately 5/6 of the total lateral

area of the skull (Campos and Kellner 1997).

Campos and Kellner (1997) placed T. imperator within Tapejaridae, a clade of

pterodactyloid pterosaurs supported by five synapomorphies: 1) comparatively large

nasoantorbital fenestra, forming 45% or more of the skull length; 2) long median crest,

formed mostly by the premaxillae, arising from the rostral terminus of the skull and

extending posteriorly; 3) thin subvertical lacrimal process of the jugal; 4) small reverse pear-

shaped orbit; and 5) a broad and well-developed tubercle at the ventro-posterior margin of

the coracoid (Kellner, 2004). Monophyly of the Tapejaridae sensu Kellner has been recently

questioned (Unwin and Lü 1997; Unwin 2003; Martill and Naish 2006; Lü et al. 2006).

After the first description of T. imperator, further cranial remains have been referred

to this taxon (Fig. 1). Frey et al. (2003) documented an incomplete skull housed at the

Page 96: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

95

collection of the Staatliches Museum für Naturkunde, Karlsruhe, Germany (SMNK PAL

2839) (Fig. 1C). The proximal portion of the lower jaw is preserved, though this was not

mentioned in the description. Unwin and Martill (2007) illustrated a more complete, well-

preserved specimen without lower jaw, presently housed in a private collection (Fig. 1D). At

least two more, hitherto undescribed specimens are housed in private collections. Only one of

them has associated lower jaws (David Martill, personal communication, 2010).

Figure 1 near here

All the fossil remains attributed to T. imperator are restricted to the biomicritic

laminated limestones of the Crato Formation (?Aptian) in the Araripe Basin (Campos and

Kellner 1997; Frey et al. 2003 and Unwin and Martill 2007). This stratigraphic unit,

interpreted as deposited in a low-energy lacustrine environment, is known for its abundant

and diversified fossil fauna which is composed by plant remains, arthropods, fishes, anurans,

lizards, crocodylomorphs, pterosaurs and birds (Neumann and Cabrera 1999; Viana and

Neumann 2002; Heimhofer and Martill 2007).

The laminated limestones of Crato Formation are intensely exploited and, usually,

new fossils are discovered during commercial prospecting (Andrade 2007). Thus, the

specimens lack their stratigraphic context and are often damaged. In the year 2009, at the

Mina Triunfo quarry (city of Nova Olinda, Ceará province, 0423025/9212692 – UTM) (Fig.

2), a pterosaur skull and lower jaw were found. The new specimen is here identified as T.

imperator based on the presence of a spine-like dorso-posteriorly oriented process and an

anteriorly projecting convex blade on the premaxillae (see below). Likely the specimen was

Page 97: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

96

complete at the time of the finding. Due to the activities of quarry workers, however, the

occipital and temporal portions of the skull were lost. This new material, although

incomplete, is the best-preserved T. imperator known so far. It allows, as well, a better

comprehension of its phylogenetic relationships and the possibility of testing the monophyly

of the Tapejaridae.

Figure 2 near here

Institutional abbreviations: CPCA, Centro de Pesquisas Paleontológicas da Chapada do

Araripe (Departamento Nacional de Produção Mineral, Crato, Brazil); MCT, Museu de

Ciências da Terra (Departamento Nacional de Produção Mineral, Rio de Janeiro, Brazil);

SMNK, Staatliches Museum für Naturkunde (Karlsruhe, Germany).

Systematic paleontology

Pterodactyloidea Plieninger 1901

Tapejaridae Kellner 1989

Tapejarinae Kellner and Campos 2007

Genus Tupandactylus Kellner and Campos 2007

Tupandactylus imperator (Campos and Kellner 1997)

Material.—CPCA 3590, an incomplete skull and lower jaw with associated soft tissues

(Figure 3)

Page 98: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

97

Locality, horizon and age.—The specimen comes from the laminated limestone of the Crato

Formation, (Araripe Basin, northeastern Brazil) and was collected by quarrymen at Mina

Trinfo (Nova Olinda city, Ceará Province, UTM 0423025/9212692). Although the precise

stratigraphic horizon from where the specimen was collected remains unknown, the light gray

color of the sediment and its style of lithification are compatible with the basal layers of the

biomicritic limestone package of the Crato Formation, which is usually interpreted as Aptian

(Pons et al. 1990; Assine 2007).

Emended diagnosis.—tapejarid pterosaur with an occipital process that reaches about the

length of the rest of the skull (measured from the tip of the premaxillae to the squamosals); an

extremely large soft-tissue median cranial crest supported anteriorly by a spine-like, caudally

inclined suprapremaxillary process; soft-tissue component of the cranial crest composed of

parallel fibers curving in caudal direction; an anteriorly projecting convex blade on the

premaxillae and a lower jaw bearing a very deep rounded median mandibular crest with a

steep rostral margin forming an angle of approximately 60 degrees with the mandible.

Figure 3 near here

Description

Specimen CPCA 3590 is preserved in four limestone slabs. When the slabs were

split the skull was divided along a sagittal plane with considerable bone substance in both

slab and counterslab. Here we consider the slabs with bones preserved in internal view as

counterslab. The counterslabs contains only a restricted portion of the antorbital part of the

cranium (premaxilla, maxilla, anterior process of the jugal, nasal and the proximal extremity

Page 99: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

98

of the lower jaw; Fig. 3C, D). The two remaining slabs preserve, in addition to the structures

mentioned above, both bony and soft-tissue components of the median crest, as well as the

dorsal margin of the nasoantorbital fenestra and the distal portion of the lower jaw (Fig. 3A,

B). The rostral margin of the premaxilla is exposed in internal view only in the counterslab.

The skull is seen in a right lateral aspect and all the bones of the counterslabs are actually

remains of the right side of the skull in internal view. The lower jaw is dislocated from its

original position, now lying diagonally across the skull covering the middle part of the

nasoantorbital fenestra. The rostral tip of the mandible lies adjacent to the anterior bony

component of the median cranial crest. The mandible is arranged with its ventral margin

placed upwards. Therefore, this structure is preserved in left lateral aspect.

The temporal and occipital portion of the specimen was cut off, probably by

quarrymen, and the region posterior to the nasoantorbital fenestra as well as a considerable

portion of the soft-tissue cranial crest are therefore missing. The skull has preserved length of

333 mm and is 670 mm high. The lower jaw has a total length of 305 mm. There is only

sparse evidence of sutures between bones. The size of the skull, when compared with other

specimens referred to T. imperator, is compatible with the hypothesis that the specimen

represents a mature individual, although CPCA 3590 is slightly smaller than the holotype of

T. imperator (MCT 1622-R; Fig. 1B; Campos and Kellner 1997) and the specimen illustrated

by Unwin and Martill (2007) is the biggest known so far. It is likely that T. imperator could

reach 3-4 m of wingspan, though the absence of postcranial remains associated with this

species makes any estimative merely tentative.

Premaxillomaxilla: The premaxillomaxilla is completely preserved but the rostral end of the

premaxilla is intact only in the counterslab of the specimen. There is no visible suture

between premaxilla and maxilla, which is common among most pterosaurs, even in

presumably juvenile specimens, and was previously reported in Tapejaridae (Kellner 1989;

Page 100: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

99

Lü and Yuan 2005). Ontogenetic studies reveal that the fusion between the premaxilla and the

maxilla occurs very early in the ontogeny of pterodactyloid pterosaurs (Kellner and Tomida

2000). The anterior margin of the premaxillary bony crest is badly preserved. In this region

the bone is broken, with numerous fragments scattered adjacent to the skull. It is likely that

fragmentation occurred before burial. The rostral end of the beak is inclined ventrally at an

angle of about 15 degrees against the posterior process of the maxilla. The dorsal element of

the premaxilla forms the bony component of the median cranial crest as well as a considerable

portion of the anterodorsal margin of the nasoantorbital fenestra. In CPCA 3590, and in other

skulls referred to T. imperator, the cranial median bony crest rises anteriorly as a plate-like

element with an anteriorly projecting convex blade that marks a well-distinguished change in

the direction of the anterior margin of the premaxilla, from a sub-vertical to a more dorso-

posterior orientation (at an angle of about 15 degrees). The dorsal-most portion of the

premaxillae forms a spine-like dorso-posteriorly oriented process that supports the huge soft-

tissue element of the cranial crest. The premaxilla has a very slender posterior process that

forms the anterior part of the dorsal margin of the nasoantorbital fenestra. The dorsal margin

of the posterior process of the premaxilla is strongly striated. Here, the parallel fibers that

compose the soft-tissue median crest originated, with the fibers penetrating the bone, as was

observed by Frey et al. (2003) for SMNK PAL 2839.

At the rostral end of the premaxilla there is a dark structure with a smooth

appearance when compared with the rough bony surface. This structure is identified as a

remnant of a rhamphotheca (Fig. 4C).

Nasals: In CPCA 3590, the right nasal is preserved in internal view in the counterslab of the

specimen and has a triangular outline, with a sharp anterior process. The bone is dorsally

articulated with the posterior process of the premaxilla and ventrally forms the dorsoposterior

margin of the nasoantorbital fenestra. The frontonasal and the lacrimonasal sutures are not

Page 101: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

100

preserved.

Jugal: Only the slender maxillary process of the jugal is preserved. Together with the

posterior process of the maxilla, the maxillary process of the jugal forms the ventral margin

of the nasoantorbital fenestra. In CPCA 3590 these bones are partially dislocated in a region

close to the mid-line of the total longitudinal extension of the opening. In CPCA 3590 the

lacrimal and most of the jugal are broken and the posterior region of the skull, including the

frontoparietal and the caudally-orientated parietal process, are missing.

Lower jaw: The edentulous lower jaw has a total length of 305 mm and does not preserve any

sign of sutures. Although the dorsal margin of the dentary part of the mandible is badly

preserved, a depression is discernible, following the ventrally turned premaxillomaxilla. The

mandibular symphysis extends into a deep ventral bony crest that reaches a maximum height

of 93 mm and occupies approximately the anterior half (51%) of the mandible. The margin of

the crest is asymmetrically convex with the anterior margin being steeper than the caudal one,

almost reaching the rostral symphyseal extremity of the dentary, which has a sharp, very

discrete anterior projection. The mandibular rami are longitudinally slender and bear a small

retroarticular process. Similar to the upper jaw, the anterior extremity of the mandibles is

covered by a smooth unossified structure, likely a remnant of a keratinous rhamphotheca

(Fig. 4D). At the middle of the left mandibular ramus there are small filamentous structures

of uncertain affinities. Most of the filaments are curved, the biggest ones reaching 8 mm and

0.8 mm thick (Fig. 4A).

Figure 4 near here

Page 102: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

101

Soft-tissue median crest: The soft-tissue component of the cranial median crest in CPCA

3590 is extremely well-preserved and shows a pattern of sub-vertical fibers that begins at the

dorsal margin of the premaxilla and extends to the dorsal extremity of the crest (Fig. 4B). At

the posterior-most preserved portion of the crest the fibers are vertically arranged for most of

their extension, describing a slight caudally directed curvature at the top of the crest. Toward

the anterior part of the skull, the fibers become more dorso-posteriorly orientated, the most

anterior ones almost reaching the inclination of the supra-premaxillary process. The fibers

run parallel to each other with no sign of cross-over. The dorsal margin of the premaxilla is

vertically striated, indicating that the fibers mineralize at that spot.

Discussion and comparisons

CPCA 3590 is referred to Tupandactylus imperator based on the presence of the

following diagnostic anatomical features: 1) a very large nasoantorbital fenestra, comprising

most of the preserved length of the skull; 2) rostral end of premaxillomaxilla turned ventrally;

3) cranial crest supported anteriorly by a spine-like and slightly caudally-inclined supra-

premaxillary process; and 4) premaxillae bearing an anteriorly projecting convex blade. The

two latter features are exclusive for T. imperator. The main autapomorphy distinguishing T.

imperator from other tapejarids is a caudally orientated occipital process that reaches nearly

the size of the rest of the skull measured from the anterior tip of the premaxilla to the

posterior extremity of squamosals (Campos and Kellner 1997; Kellner and Campos 2007).

This feature, however, is not preserved in CPCA 3590. Tapejara wellnhoferi also has an

occipital process, mainly formed by the frontoparietals with the contribution of the

supraoccipital ventrally (Wellnhofer and Kellner 1991). Although the real extension of this

process cannot be inferred from the known specimens of T. wellnhoferi, it is unlikely that it

Page 103: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

102

reached the dimensions observed in T. imperator, which may reflect ontogenetic differences

among specimens. An occipital process also occurs in the Chinese tapejarids from the

Jiufotang assemblage (Aptian, western Liaoning province). Sinopterus dongi has a short

frontoparietal posterior process that differs from T. imperator both in size and morphology; in

S. dongi the structure is curved dorsally (Wang and Zhou 2003). The conditions for

Sinopterus jii and ―Huaxiapterus” corollatus remain unknown (Lü and Yuan 2005; Lü et al.

2006). ―Huaxiapterus” benxiensis has a long occipital process that, like in S. dongi, curves

dorsally (Lü et al. 2007).

As observed in other T. imperator specimens and in SMNK PAL2344 (the best-

preserved Tupandactylus navigans known so far), in CPCA 3510, the posterior extension of

the premaxillae articulates with nasals and frontoparietals. This contrasts with the condition

observed in other tapejarinid pterosaurs such as T. wellnhoferi and S. dongi, where there is a

short space between these bones and the posterior extension of the premaxilla runs parallel to,

but not in direct contact with, nasals and frontoparietal (Wellnhofer and Kellner 1991; Wang

and Zhou 2003). It remains unclear whether or not this condition is due to the ontogenetic

stage of the specimens, since adult individuals of T. wellnhoferi and S. dongi remain

unknown.

Following Frey and Martill (2003), the main differences between T. navigans and T.

imperator are the lack of an occipital spine in the former and the inclination of the leading

edge of the soft-tissue crest, which stands vertical to the long axis of the skull in T. navigans

whereas in T. imperator it is inclined caudally. This difference in the inclination of the supra-

premaxillary process is well marked in T. imperator by an anteriorly projecting convex blade

on the premaxilla. This projection is, therefore, diagnostic of T. imperator. It is also

noteworthy that the skull of T. imperator is more flat than that of T. navigans, with a length-

height ratio of about 3.6 for T. imperator and 2.3 for T. navigans (whereby the length is

Page 104: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

103

measured from the tip of the premaxilla to the caudal margin of the squamosal and the height

from the quadrate condyle to the dorsal margin of the premaxilla dorsal to the orbits).

Provided the holotype of T. navigans completely preserves the occipital region, the presence

or absence of an occipital process is sufficient to distinguish these two species. However, the

referred specimen of T. navigans (SMNK PAL 2343) is abraded in occiput and in the

holotype (SMNK PAL 2344) the posterior extension of the frontoparietals, where the

occipital spine would be presumably located, is eroded. The integrity of the holotype of T.

navigans has been previously questioned by Kellner (2007). Although it is improbable that

the differences between the two taxa could be interpreted as ontogenetic variation (Frey and

Martill 2003), we do not discard the possibility of sexual dimorphism, considering the fact

that most of the differences between the two species are associated with the cranial median

crest, a structure probably related to sexual display and, therefore, most likely to be sexual

dimorphic (Elgin et al. 2008). The hypothesis that sexual dimorphism in Pterosauria is

associated with cranial crests has been proposed previously by Bennett (1992). Nevertheless,

it was later questioned by Kellner and Tomida (2000). In the specific case here discussed, the

issue can be only solved in the light of new specimens.

CPCA 3590 is the first known specimen of T. imperator that preserves a nearly

complete mandible. There is sparse information about one other specimen with a complete

mandible which is presently housed in a private collection (David Martill, personal

communication, 2010). Specimen SMNK PAL 2839 preserves a fragmentary but yet

undescribed lower jaw and a pair of hyoids. Although not much can be said about the lower

jaw of CPCA 3590 due to the lack of sutures between bones, its structure is similar to that of

T. wellnhoferi in the presence of a very deep ventral median crest in the symphyseal area. In

CPCA 3590, however, the crest is deeper and more asymmetrically rounded than that of T.

wellnhoferi (Fig. 5B). Furthermore, the deepest part of the mandibular crest in CPCA 3590

Page 105: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

104

lies more anteriorly when compared with T. wellnhoferi, which has a pointed set-off

symphyseal beak anterior to the crest (Wellnhofer and Kellner 1991). Jiuofutang Formation

tapejarids such as S. dongi, Sinopterus jii, ―H”. corollatus and ―H”. benxiensis all show a

low, blade-like crest comparatively longer than that of CPCA 3590 and T. wellnhoferi with

respect to the mandibular length (Wang and Zhou 2003; Lü and Yuan 2005; Lü et al. 2006;

Lü et al. 2007; Fig. 5). In this respect, the lower jaws of the Chinese tapejarids are more

comparable with the ones of some azdharchoid pterosaurs such as Bakonidraco galaczi Ösi et

al., 2005. In CPCA 3590 the dorsal margin of the mandible has a gentle anterior concavity

following the ventrally turned rostral portion of premaxillomaxilla. This concavity is better

developed in T. wellnhoferi (Wellnhofer and Kellner 1991). The lower jaw of CPCA 3590

bears a ventrally sloping retroarticular process similar to the one of T. wellnhoferi, although

smaller.

The filamentous structures associated with the left mandibular ramus resemble the

pycnofibres described by Kellner et al. (2010). Pycnofibres are hair-like structures that

covered most of the pterosaur body. The composition of these fibers is unknown but is likely

that they were mostly composed by keratin (Kellner et al. 2010). Pycnofibres associated with

the mandibular rami could suggest that, in T. imperator, the rhamphotheca was restricted to

the symphyseal region of the lower jaw.

Figure 5 near here

Structure and morphology of the cranial crest: A soft-tissue cranial crest showing a

pattern of sub-parallel vertical fibers has been already reported for Tupandactylus navigans.

Page 106: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

105

In this pterosaur, however, these fibers gently curve rostrally (Frey and Martill 2003), while

in CPCA 3590 they curve caudally.

In the holotype of Tupandactylus imperator (MCT 1622-R) the soft tissue crest is

preserved as an impression of a triangular patch dorsal to the bony crest (Campos and Kellner

1997). For that reason T. imperator has been repeatedly depicted with a ―sail-shaped‖ median

crest with a deeply concave caudal margin. However, considering the bad preservation of

MCT 1622-R, it is unlikely that the crest morphology as preserved represents its actual shape

in life. Although incomplete, the cranial crest of CPCA 3590 (the best-preserved known so

far) shows a dorsal margin posterior to the suprapremaxillary ossification describing a

curvature that suggests that the dorsoposterior contour of the crest must have been convex

rather than concave (Fig. 6). This convex margin of the cranial crest is consistent with the

condition observed in the specimen illustrated by Unwin and Martill (2007; fig. 17.9; at time

of publication stored in a private collection) as well as with the morphology proposed by Frey

et al. (2003: fig. 10). A fibrous crest supporting a soft-tissue element, both anchored in the

bony premaxillary crest, as illustrated by Frey et al. (2003) could not be observed in CPCA

3590. Here, the fibers of the soft-tissue crest remain uniform throughout the extension of this

structure. Some differences in the color pattern in different portions of the crest are likely a

result of differential oxidation. Because only the anterior part of the crest is preserved,

nothing can be said about density variations in the posterior part of this structure.

Figure 6 near here

It was proposed that the function of the cranial crest of T. imperator was related to a

Page 107: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

106

self-adjustment rudder system (Frey and Martill 2003). Turns of the head at low flight speeds

would result in an automatic readjustment into the wind direction, like a weather vane.

However, experimental data corroborating this hypothesis are still unpublished. Cranial

sagittal crests are extremely frequent among Pterodactyloidea and, as recent finds suggest,

were also present in a considerable number of long-tailed pterosaurs (Czerkas and Ji 2002;

Dalla Vecchia et al. 2002; Carpenter et al. 2003; Stecher 2008). The great variety and

distribution of cranial crests between pterosaur clades, culminating in the huge bony crest

showed by Thalassodromeus sethi (Kellner and Campos 2002), suggest that they were linked

to either a successful functional or reproductive strategy such as specific recognition or

sexual display. Pterosaur neuroanatomy indicates that these animals were mostly visual-based

(Witmer er al. 2003), a fact that also corroborates a sexual display function for the headcrests.

A thermoregulatory function was proposed for the cranial crests of Tapejara wellnhoferi

(Kellner 1989) and T. sethi (Kellner and Campos 2002). This was mostly based on branching

channels on the bony surface of the crests, interpreted by these authors as indicative of the

presence of blood vessels. Though the huge bony crest of T. sethi could actually work as a

heat-dissipation structure, this function would probably be better performed by the patagia,

the same being valid for T. wellnhoferi. There is no sign of similar channels in CPCA 3590

but this could be influenced by the laterally compressed preservation of this specimen.

Phylogenetic relationships of Tupandactylus imperator: The completeness of the new

specimen of Tupandactylus imperator described here, together with previously described

remains, allow testing the phylogenetic relationships of Tupandactylus imperator through a

comprehensive cladistic analysis.

Kellner (2003) was the first to include Tupandactylus imperator in a phylogenetic

Page 108: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

107

analysis (Tapejara imperator at that time), recovering a close relationship among Tapejara,

Tupandactylus and Tupuxuara. However, this work and further analyses (e.g. Kellner 2004;

Wang et al. 2005, 2008; Martill and Naish 2006; Lü et al. 2010) used a reduced taxa sampling

of Tapejaridae. The analysis presented here includes all described species of Tapejaridae

sensu Kellner and Campos (2007), except Tupuxuara longicristatus Kellner and Campos

(1998), due to its incompleteness. It also includes three species that comprise the

Chaoyangopteridae sensu Lü et al. (2008). The analysis has the objective to test the

monophyly of Tapejaridae.

The dataset is based on 19 taxa and 22 characters. Three Dsungapteridae taxa were

selected as successive outgroups, and the ingroup includes Azhdarchidae, Tapejaridae sensu

Kellner and Campos (2007) and Chaoyangopteridae sensu Lü et al. (2008) taxa (see

appendix). Characters are from Kellner (2003), Martill and Naish (2006), Lü et al. (2008) and

some are new (see appendix).

Figure 7 near here

This phylogenetic dataset was analyzed with equally weighted parsimony using

TNT v. 1.1 (Goloboff et al. 2003). The low number of taxa allowed us to perform an exact

search strategy using the ―implicit enumeration‖ option. This analysis resulted in only one

most parsimonious tree (Fig. 7) of 37 steps (CI = 0.83, RI = 0.9).

The most parsimonious tree of this analysis depicts Tapejaridae as a monophyletic

group, supported by three synapomorphies (see appendix for list of apomorphies), in

agreement with previous works (Kellner 2004; Wang et al. 2005, 2008, 2009; Andres and Ji

Page 109: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

108

2008). Also, Thalassodrominae Kellner and Campos 2007 (Thalassodromeus sethi and

Tupuxuara) and Tapejarinae (Tapejara wellnhoferi, Tupandactylus, ―Huaxiapterus” and

Sinopterus) were recovered as monophyletic groups (Fig. 8).

Andres and Ji (2008) recovered a monophyletic clade composed by the

Chaoyangopteridae sensu Lü et al. (2008). In the analysis proposed by the authors, this clade

has a sister-group relationship with the Azhdarchidae.

According to our analysis, the Chaoyangopteridae sensu Lü et al. (2008)

(Chaoyangopterus Wang and Zhou 2006, Jidapterus Dong et al. 2005 and Shenzhoupterus

Lü et al. 2008) are a clade within Tapejaridae and form a sister-group relationship with

Tapejarinae. To avoid nomenclatural incoherence, we suggest name change to

Chaoyangtopteridae, being henceforth called Chaoyangopterinae (Lü et al. 2008), a clade

defined as all pterosaurs more closely related to Chaoyangopterus zhangi than to Tapejara

wellnhoferi. In our analysis, the clade is supported by a dorsal margin of nasoantorbital

opening bounded by a slender bar (character 8). Eopteranodon lacks a more accurate

description and illustration in order to provide a precise attribution to Chaoyangopterinae.

The position of Eoazhdarcho remains dubious because cranial remains referred to this species

are still unknown. It is noteworthy that, mainly due to the limited anatomical information

provided at the original descriptions of most Chaoyangopteridae (sensu Lü et al. 2008) taxa,

the phylogenetic relationships of these enigmatic pterosaurs are still controversial.

Figure 8 near here

It is noteworthy that our analysis is congruent with the proposition of Kellner and

Page 110: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

109

Campos (2007) that ―Huaxiapterus” jii should be renamed to Sinopterus jii. Therefore, as

―H”. jii is the type species of the genus Huaxiapterus, “Huaxiapterus” corollatus and

“Huaxiapterus” benxiensis still need a new generic name (Kellner and Campos 2007).

Lü et al. (2010) also recovered a monophyletic Tapejarinae, but all taxa laid in a

polytomy. The analysis presented here recovered a monophyletic Tapejarinae, positioned as

the sister group of Chaoyangopterinae. The Brazilian tapejarines form a monophyletic group,

whilst the Chinese tapejarines form a paraphyletic group. It suggests that the Tapejarinae

originated in China and then dispersed to South America.

The monophyly of Tapejaridae: When Kellner (1989) described Tapejara wellnhoferi, this

new pterosaur species was, together with Tupuxuara longicristatus (a taxon named one year

before: Kellner 1988), placed in a new clade of pterodactyloid pterosaurs: the Tapejaridae

Kellner 1989. Some years later, some other pterosaur species such as Tupandactylus

imperator, Tupandactylus navigans, Thalassodromeus sethi, Tupuxuara leonardii, as well as

a series of toothless pterosaurs from the Jiufotang Formation (China) were positioned within

this clade. According to Kellner (2004), the Tapejaridae clade is supported by five

synapomorphies (listed in the introduction of the present paper).

Unwin (2003) proposed a new taxon (Neoazhdarchia) including Tupuxuara

longicristatus, Quetzacoatlus northropi, their most recent common ancestor and all its

descendents. This clade was supported by the presence of a notarium and the loss of contact

between metacarpals I-III and the syncarpal. After Unwin (2003), a notarium is reported for

azhdarchids and Tupuxuara but is absent in Tapejara. According Unwin (2003), in Tapejara

at least one metacarpal retains the contact with the syncarpal. An additional character

supporting Neoazhdarchia would be a long rostrum, measured from the anterior margin of the

Page 111: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

110

orbit to the anterior end of the premaxillae, with more than 88% of the total skull length,

contrasting with Tapejara which, after Unwin (2003), has a rostrum of only 70% of the total

skull length. Therefore, following Unwin and Lü (1997) and Unwin (2003), the Tapejaridae

sensu Kellner would be paraphyletic with respect to Azdharchidae. This was further

supported by Martill and Naish (2006) and Lü et al. (2006).

The analyses of Kellner (2003, 2004), Wang et al. (2005, 2008, 2009) and Andres

(2008) supported monophyly of the Tapejaridae sensu Kellner. According to Kellner (2007)

the loss of contact of metacarpals I-III with the syncarpal is not conclusive for Tupuxuara due

to the fact that these structures are not completely preserved in any known specimen of this

taxon. Kellner (2004) argued that the presence of a notarium is a dubious feature because this

structure is only observed in ontogenetically mature individuals. With respect to the

comparative length of the rostrum, Kellner (2004) argued that, although there is a difference

between the taxa, the basic configuration and proportions of the skull in Tupuxuara and

azhdarchids are distinct, with Tupuxuara having a larger nasoantorbital fenestra and a shorter

rostrum (anterior to the nasoantorbital fenestra) in respect to the total length of the skull. This

configuration is also observed in Thalassodromeus.

It is also noteworthy that in most of the Brazilian tapejarines postcranial elements

are missing (e.g. Tupandactylus imperator and Tupandactylus navigans) or are only known

from immature individuals (e.g. Tapejara wellnhoferi; Wellnhofer and Kellner 1991; Kellner

2004). Some of the Chinese Tapejarinae are also known only from juveniles (Kellner and

Campos 2007). Therefore, the absence of structures such as a notarium could be biased by

ontogenetic factors. Besides this, the condition of the contact between metacarpals I-III and

the syncarpus cannot be accessed. According to Lü et al. (2003) ―Sinopterus gui‖ has a

notarium. However, Kellner and Campos (2007) stated that in ―S. gui‖ a notarium is in fact

absent and, based also on other anatomical and biometrical features such as the proportions

Page 112: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

111

between femur and tibia, synonymized this species with Sinopterus dongi.

In our phylogenetic analysis the Tapejaridae sensu Kellner is supported by three

synapomorphies: 1) nasoantorbital fenestra forming 45% or more of the skull length

measured from the tip of premaxilla to the caudal terminus of the squamosal 2) orbit reverse

pear-shaped and 3) very thin sub-vertically orientated lacrimal process of the jugal.

It is noteworthy that a ―long sagittal crest made mostly by the premaxillae that starts

at the rostral end of the skull and extends posteriorly‖, advocated by Kellner (2003, 2004)

and Kellner and Campos (2007) as a synapomorphy of Tapejaridae, is broad enough to

agglutinate two very distinct morphologies: In Tapejarinae, the premaxillary crest has a

constriction dorsal to the nasoantorbital fenestra, whereas in thalassodrominids this structure

remains high dorsal to the nasoantorbital fenestra and extends posteriorly together with the

frontoparietals forming a high laterally compressed post-occipital crest.

Although it is probable that a broad tubercle situated at the ventroposterior margin of

the coracoid is indeed a synapomorphy of Tapejaridae, as was proposed by Kellner (2003,

2004) this character was so far observed only in T. wellnhoferi and T. leonardii. The presence

of a coracoid tubercle among the Chinese tapejarids could be only confirmed through a closer

examination of the specimens.

Conclusions

CPCA 3590 has sufficient diagnostic features that allow its accurate identification as

Tupandactylus imperator. The specimen constitutes the best-preserved T. imperator known

so far. It preserves associated soft tissues such as a soft-tissue headcrest, a ramphotheca and,

probably, pycnofibres. Probably the most interesting feature of the new specimen is the

Page 113: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

112

associated lower jaw, which has a morphology similar to the one observed for Tapejara

wellnhoferi. A revised diagnosis is proposed for the species, with new characteristics related

to the lower jaw and the sagittal cranial crest.

The cladistic analysis showed that Tupandactylus imperator, together with

Tupandactylus navigans, Tapejara wellnhoferi, Sinopterus and ―Huaxiapterus” forms a

monophyletic group, the Tapejarinae, in agreement with Kellner (2007). Thalassodrominae

and Tapejaridae are also considered monophyletic taxa.

Acknowledgements

The authors would like to thank Dr. David Martill (University of Portsmouth, UK) and Dr.

Alexander Kellner (Museu Nacional, Brazil) for the valuable discussions on tapejarid

pterosaurs; Dr. Álamo Feitosa Saraiva (Universidade Regional do Cariri, Brazil), Ana Emilia

Figueiredo (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brazil) and Paula Dentzien-Dias

(Universidade Federal do Piauí) for field support in the Araripe basin; Alessandra Boos and

Marcel Santos (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brazil) for text revision and the

anonymous quarry worker for donating the specimen described herein to a public scientific

collection. The manuscript was considerably improved with the suggestions made by the

anonymous reviewers. This work was partially funded by the Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) and the Fundação Cearense de Apoio ao

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP).

References

Andrade, J. A. F. G. 2007. Commercial exploitation of the Crato Formation. In: D. M.

Page 114: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

113

Martill, G. Bechly and R. F. Loveridge (eds.), The Crato Fossil Beds of Brazil –

Window into an Ancient World, 63-69. Cambridge University Press, Cambridge.

Andres, B. and Ji, Q. A new pterosaur from the Liaoning Province of China, the

phylogeny of the Pterodactyloidea, and convergence in their cervical vertebrae.

Palaeontology 51: 453-469.

Assine, M. L. 2007. Bacia do Araripe. Boletim de Geociências da Petrobras 15: 371-389.

Bennett, S. C. 1992. Sexual dimorphism of Pteranodon and other pterosaurs, with comments

on cranial crests. Journal of Vertebrate Paleontology 12: 422-434.

Campos, D. A. and Kellner, A. W. A. 1997. Short note on the first occurrence of Tapejaridae

in the Crato Member (Aptian), Santana Formation, Araripe Basin, Northeast Brazil.

Anais da Academia Brasileira de Ciências 69: 83-87.

Carpenter, K., Unwin, D. M., Cloward, K., Miles, C. and Miles, C. 2003. A new

scaphognathine pterosaur from the Upper Jurassic Morrison Formation of Wyoming,

USA. Geological Society, London, Special Publications 217: 45-54.

Czerkas, S. A. and Ji, Q. 2002. A new rhamphorhynchoid with a headcrest and complex

integumentary structures In: Czerkas, S. J. (ed.), Feathered Dinosaurs and the Origin

of Flight, 15-41. The Dinosaur Museum Publications, Blanding, Utah, USA.

Dalla Vecchia, F. M., Wild, R., Hopf, H. and Reitner, J. 2002. A crested rhamphorhynchoid

pterosaur from the Late Triassic of Austria. Journal of Vertebrate Paleontology 22:

196-199.

Elgin, R. A., Grau, C. A., Palmer, C., Hone, D. W. E., Greenwell, D. and Benton, M. J. 2008.

Aerodynamic characters of the cranial crest in Pteranodon. Zitteliana B 28: 167-174.

Page 115: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

114

Frey, E. and Martill D. M. 2003. A new species of tapejarid pterosaur with soft-tissue head

crest. Geological Society, London, Special Publications 217: 65-72.

Frey, E., Tischlinger, H., Buchy, M. and Martill, D. M. 2003. New specimens of Pterosauria

(Reptilia) with soft parts with inplications for pterosaurian anatomy and locomotion.

Geological Society, London, Special Publications 217: 233-266.

Goloboff, P.A., Farris, J.S. and Nixon, K. 2003. TNT: Tree analysis using New Technology.

Version 1.1. Program and documentation available at

http://www.zmuc.dk/public/phylogeny/TNT/.

Heimhofer, U. and Martill, D. M. 2007. The sedimentology and depositional environment of

the Crato Formation. In: D. M. Martill, G. Bechly and R. F. Loveridge (eds.), The

Crato Fossil Beds of Brazil – Window into an Ancient World, 44-62. Cambridge

University Press, Cambridge.

Kellner, A. W. A. 1989. A new edentate pterosaur of the Lower Cretaceous from the Araripe

Basin, northeast Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências 61: 439-446.

Kellner, A.W.A. 2003. Pterosaur phylogeny and comments on the evolutionary history of the

group. Geological Society, London, Special Publications 217: 105-137.

Kellner, A.W.A. 2004. New information on the Tapejaridae (Pterosauria, Pterodactyloidea)

and discussion of the relationships of this clade. Ameghiniana 41: 521-534.

Kellner, A.W.A. and Campos D. A. 2002. The function of the cranial crest and jaws of a

unique pterosaur from the Early Cretaceous of Brazil. Science 297: 389-392.

Kellner, A.W.A. and Campos D. A. 2007. Short note on the ingroup relationships of the

Tapejaridae (Pterosauria, Pterodactyloidea). Boletim do Museu Nacional 75: 1-14.

Page 116: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

115

Kellner, A. W. A. and Tomida, Y. 2000. Description of a new species of Anhangueridae

(Pterodactyloidea) with comments on the pterosaur fauna from the Santana Formation

(Aptian-Albian), Northeastern Brazil. National Science Museum Monographs 17.

Kellner, A. W. A., Wang, X., Tischlinger, H., Campos, D. A., Hone, D. W. E. and Meng, X.

2010. The soft tissue of Jeholopterus (Pterosauria, Anurognathidae, Batrachognathinae)

and the structure of the pterosaur wing membrane. Proceedings of the Royal Society B

277: 321-329.

Lü, J. and Yuan, C. 2005. New tapejarid pterosaur from Western Liaoning, China. Acta

Geologica Sinica 79: 453-458.

Lü, J., Jin, X., Unwin, D. M., Zhao, L., Azuma, Y. and Ji, Q. 2006. A new species of

Huaxiapterus (Pterosauria: Pterodactyloidea) from the Lower Cretaceous of Western

Liaoning, China with comments on the Systematics of Tapejarid Pterosaurs. Acta

Geologica Sinica 80: 315-326.

Lü, J., Gao, Y., Xing, L., Li, Z., and Ji, Q. 2007. A new species of Huaxiapterus (Pterosauria:

Tapejaridae) from the Early Cretaceous of Western Liaoning, China. Acta Geologica

Sinica 81: 683-687.

Lü, J., Unwin, D.M., Xu, L. and Zhang, X. 2008. A new azhdarchoid pterosaur from the

Lower Cretaceous of China and its implications for pterosaur phylogeny and evolution.

Naturwissenschaften 95: 891-897.

Lü, J., Unwin, D.M., Jin, X., Liu, Y. and Ji, Q. 2010. Evidence for modular evolution in a

long-tailed pterosaur with a pterodactyloid skull. Proceedings of the Royal Society B

227: 383-389.

Martill, D. M. and Naish, D. 2006. Cranial crest development in the azhdarchoid pterosaur

Page 117: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

116

Tupuxuara, with review of the genus and Tapejarid monophyly. Palaeontology 49:

925-941.

Neumann,V. H. and Cabrera, L. 1999. Una nueva propuesta estratigráfica para la

tectonosecuencia post-rifte de la cuenca de Araripe, noreste de Brasil. In: Simpósio

Cretáceo Brasileiro 5: 279-285.

Pons, D., Berthou, P. Y. and Campos, D. A. 1990. Quelques observations sur la palynologie de

l'Aptien supérieur et de l'Albien du Bassin d'Araripe (N-E du Brésil). In: Campos, D. A.,

Viana, M. S. S., Brito, P. M. and Beurlen, G. (eds.) Atas do simpósio sobre a Bacia do

Araripe e das bacias interiores do nordeste 1: 142-252.

Stecher, R. 2008. A new Triassic pterosaur from Switzerland (Central Austroalpine, Grisons),

Raeticodactylus filisurensis gen et sp. Nov. Swiss Journal of Geosciences 101: 185-

201.

Unwin, D. M. 2003. On the phylogeny and evolutionary history of pterosaurs. Geological

Society, London, Special Publications 217: 139-190.

Unwin, D.M. and Lü, J. 1997. On Zhejiangopterus and the relationships of pterodactyloid

pterosaurs. Historical Biology 12: 199-210.

Unwin, D. M. and Martill, D. M. 2007. Pterosaurs of the Crato Formation. In: D. M. Martill,

G. Bechly and R. F. Loveridge (eds.), The Crato Fossil Beds of Brazil – Window into

an Ancient World, 475-524. Cambridge University Press, Cambridge, UK.

Viana, M. S. S. and Neumann, V. H. L. 2002. Membro Crato da Formação Santana, Chapada

do Araripe, CE. In: Schobbenhaus,C.; Campos,D.A.; Queiroz,E.T.; Winge, M.;

Berbert-Born,M.L.C. (eds.), Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil, 113-120.

DNPM/CPRM - Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP),

Page 118: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

117

Brasília, Brazil.

Wang, X. and Zhou, Z. 2003. A new pterosaur (Pterodactyloidea, Tapejaridae) from the

Early Cretaceous Jiufotang Formation of western Liaoning, China and its implications

for biostratigraphy. Chinese Science Bulletin 48: 16-23.

Wang, X., Kellner, A.W.A., Zhou, Z. and Campos, D.A. 2005. Pterosaur diversity and faunal

turnover in Cretaceous terrestrial ecosystems in China. Nature 437: 875-879.

Wang, X., Kellner, A.W.A., Zhou, Z. and Campos, D.A. 2008. Discovery of a rare arboreal

dorest-dwelling flying reptile (Pterosauria, Pterodactyloidea) from China. Proceedings

of the National Academy of Sciences 105: 1983-1987.

Wang, X., Kellner, A.W.A., Jiang, S., Meng, X. 2009. An unusual long-tailed pterosaur with

elongated neck from western Liaoning of China. Anais da Academia Brasileira de

Ciências 81: 793-812.

Wellnhofer, P. and Kellner, A. W. A. 1991. The skull of Tapejara wellnhoferi Kellner

(Reptilia, Pterosauria) from the Lower Cretaceous Santana Formation of the Araripe

Basin, Northeastern Brazil. Mitt. Bayer. Staatssamml. Palaont. Hist. Geol. 31: 89-106.

Witmer, L. M., Chatterjee, S., Franzosa, J. and Rowe, T. 2003. Neuroanatomy of flying

reptiles and implications for flight, posture and behavior. Nature 425: 950-953.

Page 119: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

118

Figure captions

FIGURE 1. The four known specimens of Tupandactylus imperator: (A) CPCA 3590, the

specimen described herein; (B) MCT 1622-R, the holotype, described by Campos and

Kellner (1997); (C) SMNK PAL 2839, illustrated by Frey et al. (2003); (D). The specimen

housed at a private collection, illustrated by Unwin and Martill (2007). Scale bars: 10 cm.

FIGURE 2: Location map of the Mina Triunfo quarry, Ceará Province, northeastern Brazil.

FIGURE 3: CPCA 3590, a Tupandactylus imperator specimen from the Crato Formation

(?Aptian), Brazil: photographs and drawings. (A and B) Specimen in right lateral aspect; (C

and D) counterpart of the specimen. Scale bar: 10 cm.

FIGURE 4: Soft-tissue preservation in CPCA 3590. (A) probable pycnofibres associated with

the left mandibular ramus; (B) pattern of subvertical parallel fibers that compose the soft-

tissue component of the cranial crest; (C) probable rhamphotheca associated with the tip of

the premaxillae; (D) probable rhamphotheca associated with the anterior end of the dentary.

Abbreviations: dsc, dentary symphyseal crest; mr, mandibular ramus; n, nasal; pm/m,

premaxilla-maxilla. Scale bars: 200 mm.

FIGURE 5: Variation of mandibular morphology in Tapejaridae: (A) Tupandactylus

imperator; (B) Tapejara wellnhoferi; (C) Sinopterus dongi and (D) Tupuxuara leonardii.

Drawings are not to scale.

FIGURE 6: Cranial crest morphologies reconstructed for Tupandactylus imperator: (A) ―sail-

shaped‖ morphology, suggested by the holotype (MCT 1622-R) and (B) rounded

morphology, suggested by CPCA 3590 and the specimen stored in a private collection.

FIGURE 7: Most parsimonious tree of 37 steps recovered in the cladistic analysis. 1,

Azhdarchoidea; 2, Azhdarchidae; 3, Tapejaridae; 4, Thalassodrominae; 5,

Page 120: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

119

Chaoyangopterinae; 6, Tapejarinae.

FIGURE 8: Biochronology of Azhdarchoidea, based on the most parsimonious tree recovered

by our analysis and recorded temporal range.

Page 121: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

120

Page 122: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

121

Page 123: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

122

Page 124: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

123

Page 125: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

124

Page 126: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

125

Page 127: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

126

Page 128: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

127

Page 129: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

128

APPENDIX 1

Measurements of CPCA 3590

A. Maximum height of the nasoantorbital fenestra: 101.31 mm

B. Mandibular length: 304.72 mm

C. Dentary sagittal crest height (maximum height between the dorsal and ventral margins

of the deepest part of the mandible): 92.75 mm

D. Maximum preserved length: 333.48 mm

E. Total height (measured from the ventra-lmost extremity of the premaxillae to the

dorsal extremity of the soft-tissue median crest): 599.25 mm

Page 130: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

129

APPENDIX 2

List of characters employed in the phylogenetic analysis

Twenty-two characters were used, some based on Kellner (2003), Martill and Naish (2006)

and Lü et al. (2008), and some are new. The characters are listed here (arranged per

anatomical region) and their respective sources are cited along with the character number of

the original publication. All characters were set as non-additive.

Skull

Character 1 (Kellner, 2003: char. 4): Rostral end of premaxillae/maxillae downturned: absent

(0), or present (1).

Character 2 (modified from Kellner 2003: char. 8): Naris and antorbital fenestra: confluent,

shorter than 45% of the skull length (0), or confluent, longer than 45% of the skull length (1).

Character 3 (Kellner 2004: char 10): Orbit pear-shaped: absent (0), or present (1).

Character 4 (modified from Kellner 2003: char. 10): Position of the orbit relative to the

nasoantorbital fenestra (naris + antorbital fenestra): same level or higher (0), orbit slightly

lower than the dorsal level of the nasoantorbital fenestra (1) or orbit leveled with the ventral

half of the nasoantorbital fenestra (2).

Character 5 (modified from Kellner 2003: char. 12): Premaxillary sagittal crest: high,

displaced backward, near the anterior margin of the nasoantorbital fenestra, reaching the skull

roof above the orbit, and extending backwards (0), starting at the anterior portion of the skull

and extended posteriorly above the occipital region without constriction above the

nasoantorbital fenestra (1), starting at the anterior portion of the skull and extended

Page 131: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

130

posteriorly above the occipital region with a constriction above the nasoantorbital fenestra

(2), starting at the posterior half of the nasoantorbital fenestra (3), or absent (4).

Character 6 (modified from Martill and Naish 2006: char. 2): Suprapremaxillary spine-like

process: absent (0), or present (1).

Character 7 (NEW): Anterior portion of the premaxillary crest (anterior to the nasoantorbital

fenestra): low (0), or high, above the dorsal margin of the premaxillae (above the

nasoantorbital fenestra) (1).

Character 8 (Lü et al. 2008: char.8): Dorsal margin of nasoantorbital opening bounded by

slender bar: absent (0); present (1).

Character 9 (NEW): Rectangular protuberance at the premaxillary crest: absent (0), or present

(1).

Character 10 (modified from Kellner 2004: char. 18): Lacrimal process: broad (0), or thin,

subvertical (1).

Character 11 (modified from Kellner 2004: char. 20): Bony parietal crest: present, ―finger-

like‖ without dorsal curvature (0), present, ―finger-like‖ with accentuated dorsal curvature

(1), present, constituting the base of a posterior element of the premaxillary crest (2), or

present, short, flange-like (3).

Character 12 (modified from Kellner 2003: char. 27): Palatal ridge: discrete, tapering

anteriorly (0), strong, confined to the posterior portion of the palate (1), or absent (2).

Character 13(NEW): Palate: concave (0), or convex (1).

Character 14 (modified from Kellner 2003: char 33): Dentary bony sagittal crest: absent (0),

blade-like and shallow (1), or massive and deep (2).

Page 132: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

131

Character 15 (modified from Kellner 2003: char 34): Teeth present (0), or absent (1).

Axial skeleton

Character 16 (modified from Kellner 2003: char 41): Notarium: present (0), or absent (1).

Character 17 (modified from Kellner 2003: char 44): Lateral pneumatic foramen on the

centrum of the cervical vertebrae: present (0), or absent (1).

Character 18 (modified from Kellner 2003: char 45): Midcervical vertebrae: short, subequal

in length (0), elongated (1), or extremely elongated (2).

Character 19 (modified from Kellner 2003: char 47): Neural spines of the midcervical

vertebrae: tall, blade-like (0) or extremely reduced or absent (1).

Appendicular skeleton

Character 20 (Kellner 2004: char 56): Deep coracoidal flange: absent (0), or present (1).

Character 21 (Kellner 2003: char. 56): Proportional length of the humerus plus ulna relative

to the femur plus tibia (hu+ul/fe+ti): humerus plus ulna about 80% or less of femur plus tibia

length (hu+ul/fe+ti<0.80) (0), or humerus plus ulna larger than 80% of femur plus tibia

length (hu+ul/fe+ti>0.80) (1).

Character 22 (Kellner 2003: char. 55): Proportional length of the humerus relative to the

femur (hu/fe): hu/fe ≤0.80 (0) or 1.4 > hu/fe >0.80 (1)

Page 133: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

132

APPENDIX 3

List of character scores

Character scores for the taxa used in this work. Nineteen taxa were used in this analysis,

coded for 22 characters. Three Dsungaripteridae (Dsungaripterus weii, Phobetus parvus and

Noripterus complicidens) were used as successive outgroups. 16 ingroup taxa include three

Azhdarchidae (Quetzalcoatlus sp., Azhdarcho lancicollis and Zhejiangopterus linhaiensis)

and 14 Tapejaridae (see below).

Dsungaripterus weii 00000 00000 00000 00000 00

Phobetor parvus 00000 00000 1?000 ????? ??

Noripterus complicidens ???0? 0000? ????0 ?000? 00

Quetzalcoatlus sp. 00023 00000 ?2001 01211 00

Azhdarcho lancicollis ???2? 00?0? ????1 0121? ??

Zhejiangopterus linhaiensis 00024 00000 ???01 0?211 00

Tupuxuara leonardii 01121 00001 21101 00000 00

Tupuxuara deliradamus 01121 00001 21101 ????? ??

Thalassodromeus sethi 01121 00001 21001 ????? ??

Tapejara wellnhoferi 11112 01001 02021 10000 00

Tupandactylus imperator 11112 11001 0??21 ????? ??

Tupandactylus navigans 11112 11001 ????1 ????? ??

Page 134: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

133

Sinopterus dongi 11?12 0000? 1??11 1?1?0 10

Sinopterus jii 1???2 0000? ???11 1?1?? 10

“Huaxiapterus” corollatus 11??2 0101? ???11 1?1?1 01

“Huaxiapterus” benxiensis 11?12 01011 1??11 1?11? 00

Chaoyangopterus zhangi 0???? 0010? ???11 1?1?? 00

Shenzhoupterus chaoyangensis 01124 0010? 3??11 1?1?1 00

Jidapterus edentus 0???? 0010? ????1 ??1?? 01

Page 135: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

134

APPENDIX 4

List of unambiguous apomorphies

The apomorphy list here is provided only for the ingroup and its internal nodes. The

relationships of Dsungaripteridae and Azhdarchidae were not tested in this work.

Azhdarchidae + Tapejaridae: 4(1), 5(4), 15(1)

Azhdarchidae: 17(1), 18(2), 19(1), 20(1)

Tapejaridae: 2(1), 3(1), 10(1)

Thalassodrominae: 5(1), 11(2), 12(1)

Thalassodromeus sethi: no autapomorphies

Tupuxuara: 13(1)

Tupuxuara leonardi: no autapomorphies

Tupuxuara deliradamus: no autapomorphies

Chaoyangopterinae: 8(1)

Chaoyangopterus: no autapomorphies

Shenzhoupterus: no autapomorphies

Jidapterus: no autapomorphies

Tapejarinae: 1(1), 5(2)

“Huaxiapterus” + (Tapejara + Tupandactylus): 7(1)

Page 136: (ARCHOSAURIA, PTEROSAURIA), PROVENIENTE DA FORMAÇÃO …

135

Tapejara + Tupandactylus: 11(0), 14(2)

Tapejara wellnhoferi: no autapomorphies

Tupandactylus: 6(1)

Tupandactylus imperator: no autapomorphies

Tupandactylus navigans: no autapomorphies

“Huaxiapterus”: 9(1)

“Huaxiapterus” benxiensis: no autapomorphies

“Huaxiapterus” corollatus: no autapomorphies

Sinopterus: 21(1)

Sinopterus dongi: no autapomorphies

Sinopterus jii: no autapomorphies