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Existe relação entre os Ativos Intangíveis e a Rentabilidade das Empresas Listadas no Índice Bovespa? Autores: Fabiana Decker e-mail: [email protected] Sandra Rolim Ensslin e-mail: [email protected] Diane Rossi Maximiano Reina e-mail: [email protected] Donizete Reina e-mail: [email protected] Área(s) temática(s): Relato Financeiro; Ensino e Investigação em Contabilidade RESUMO Esta pesquisa tem como objetivo verificar se existe relação entre os ativos intangíveis na rentabilidade das empresas listadas no Índice Bovespa. A amostra compreende as empresas listadas no Índice Bovespa da BM&FBovespa no período de 2006 a 2011. A pesquisa caracteriza-se como descritiva, com abordagem quantitativa. Quanto ao instrumento de coleta de dados, caracteriza-se como secundária, pois, utilizou-se de demonstrativos contidos no site da BM&FBovespa. Para atender aos objetivos da pesquisa utilizou-se dos métodos estatísticos test t-Student, e a correlação de Pearson. Os resultados encontrados evidenciam que o Grau de Intangibilidade das empresas Intangíveis-intensivas foi superior aos das empresas Tangíveis-intensivas, o mesmo aconteceu com as variáveis ROE e ROA. Quanto a correlação entre as variáveis, observou-se que há relação entre as variáveis ROE e ROA e o GI. Contudo, conclui-se que, mesmo as empresas Tangíveis-intensivas, apresentando um retorno patrimonial superior ao das empresas Intangíveis-intensivas, o segundo grupo apresentou uma correlação maior entre as variáveis, ou seja, as variáveis ROE e ROA tendem a aumentar quando a variável GI aumenta. Palavras-chave: Ativos Intangíveis. Intangíveis. Intangibilidade.

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Existe relação entre os Ativos Intangíveis e a Rentabilidade das Empresas Listadas no

Índice Bovespa?

Autores: Fabiana Decker e-mail: [email protected] Sandra Rolim Ensslin e-mail: [email protected] Diane Rossi Maximiano Reina e-mail: [email protected] Donizete Reina e-mail: [email protected]

Área(s) temática(s): Relato Financeiro; Ensino e Investigação em Contabilidade

RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo verificar se existe relação entre os ativos intangíveis

na rentabilidade das empresas listadas no Índice Bovespa. A amostra compreende as

empresas listadas no Índice Bovespa da BM&FBovespa no período de 2006 a 2011. A

pesquisa caracteriza-se como descritiva, com abordagem quantitativa. Quanto ao

instrumento de coleta de dados, caracteriza-se como secundária, pois, utilizou-se de

demonstrativos contidos no site da BM&FBovespa. Para atender aos objetivos da

pesquisa utilizou-se dos métodos estatísticos test t-Student, e a correlação de Pearson.

Os resultados encontrados evidenciam que o Grau de Intangibilidade das empresas

Intangíveis-intensivas foi superior aos das empresas Tangíveis-intensivas, o mesmo

aconteceu com as variáveis ROE e ROA. Quanto a correlação entre as variáveis,

observou-se que há relação entre as variáveis ROE e ROA e o GI. Contudo, conclui-se

que, mesmo as empresas Tangíveis-intensivas, apresentando um retorno patrimonial

superior ao das empresas Intangíveis-intensivas, o segundo grupo apresentou uma

correlação maior entre as variáveis, ou seja, as variáveis ROE e ROA tendem a

aumentar quando a variável GI aumenta.

Palavras-chave: Ativos Intangíveis. Intangíveis. Intangibilidade.

1 INTRODUÇÃO

Os Ativos Intangíveis (AIs) são um grupo dos ativos que comumente é

complexo de entender, mensurar e até estimar sua vida útil, pelo fato de que muitos

desses ativos não são evidenciados no balanço patrimonial, sendo, portanto, conhecidos

por alguns pesquisadores da área contábil como ativos invisíveis ou ativos intelectuais

(FIETZ; SCARPIN, 2008).

Contudo, ainda que esses ativos não sejam evidenciados, cria-se a expectativa de

rentabilidade e aumento de valor destes pelas empresas (BELÉM; MARQUES, 2012).

Esse fato faz com que o valor de mercado das empresas se distancie do valor contábil

destas.

Com o advento da globalização, as companhias passaram a dar um enfoque

maior para os AIs (BELÉM; MARQUES,2012). Atualmente, no mercado, nota-se que

empresas que possuem um grande valor desses ativos estão se tornando mais

competitivas que empresas que concentram seu ativo nos Ativos Tangíveis (CUNHA,

2006).

Conforme o que foi exposto, têm-se a seguinte pergunta: Qual a relação dos

Ativos Intangíveis na rentabilidade das empresas listadas no Índice Bovespa? Com o

intuito de responder à pergunta da pesquisa, apresenta-se como objetivo geral do estudo,

analisar a relação dos Ativos Intangíveis com rentabilidade das empresas pertencentes

ao Índice Bovespa da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA) no período de

2006 a 2011. Com o intuito de atingir o objetivo geral da pesquisa, os seguintes

objetivos específicos serão considerados: (i)classificar as empresas em Tangíveis-

intensivas e Intangíveis-intensivas; (ii) correlacionar o Grau de Intangibilidade das

empresas e Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE); e, (iii) correlacionar o Grau de

Intangibilidade das empresas e o Retorno sobre os Ativos (ROA).

O tema proposto satisfaz as condições de Castro (1977) no que diz respeito à

originalidade, importância e viabilidade. Com o intuito de verificar a originalidade da

presente pesquisa, fez-se uma busca por estudos anteriormente realizados em principais

eventos e periódicos da área contábil. Após essa busca, fez-se a análise dos artigos

selecionados e verificou-se que cinco artigos tratavam do mesmo tema (PEREZ;

FAMÁ, 2006; CUNHA, 2006; BASSO; MARTIN; RICHIERI, 2006; CARVALHO;

KAYO; MARTIN, 2010; BELÉM; MARQUES, 2012). Porém nenhum desses estudos

aborda o foco da presente pesquisa que é analisar a relação dos Ativos Intangíveis na

rentabilidade das empresas do Índice Bovespa no período de 2006 a 2011.

Uma vez que as empresas estão buscando formas de medir seus Ativos

Intangíveis para poderem ser competitivas (MACHADO; FAMÁ, 2011), esta pesquisa

torna-se importante para o avanço do conhecimento econômico, pois se tem um

parâmetro de comparação de até que ponto os Ativos Intangíveis podem ou não gerar

riquezas econômicas para as entidades brasileiras. Esta pesquisa é viável, pois o acesso

às informações das empresas listadas no Índice Bovespa da Bolsa de Valores de São

Paulo (BM&FBOVESPA) foi efetuado por meio do banco de dados Economática®.

O seguinte estudo está organizado da seguinte forma: após esta seção de caráter

introdutório, a segunda seção é composta do Referencial Teórico que aborda

sucintamente sete conteúdos: (i) Ativos Intangíveis; (ii) Classificação dos Ativos

Intangíveis; (iii) Mensuração dos Ativos Intangíveis; (iv) Intangível e a Rentabilidade

das Empresas; (v) Grau de Intangibilidade; (vi) Retorno sobre o Patrimônio Líquido e

Retorno sobre os Ativos; e, (vii) Estudos Similares; a Seção 3 – Metodologia da

Pesquisa – é dividida em quatro partes: (i) Enquadramento Metodológico; (ii)

Procedimentos para a Revisão de Literatura; (iii) População e Amostra; e, (iv)

Procedimento para a Coleta e Tratamento dos Dados; a Seção 4 apresenta a Análise dos

Resultados; e na última seção apresentam-se as Considerações finais. Por último,

elencam-se as referências utilizadas na pesquisa.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Ativos Intangíveis

Os Ativos Intangíveis são considerados como de maior complexidade na área

contábil. Isso se deve ao fato de este ativo gerar controvérsias quanto à sua definição

(PEREZ; FAMÁ, 2006).

Em primeiro lugar, o Intangível deve ser enquadrado na condição de ativo, ou

seja, apenas é considerado ativo quando corresponde à apropriada definição; é

mensurável; é relevante; e é preciso quanto à informação (PEREZ; FAMÁ, 2006).

Para o CPC 04 (R1) (2010), Ativo Intangível é “um ativo não monetário

identificável sem substância física”, e precisa atender a dois critérios de identificação:

a) ser separável, ou seja, pode ser separado da entidade e

vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado,

individualmente ou junto com um contrato, ativo ou passivo

relacionado, independe da intenção de uso pela entidade; ou

b) resultar de direitos contratuais ou direitos legais,

independentemente de tais direitos serem transferíveis ou

separáveis da entidade ou de outros direitos e obrigações.

Para Cunha (2006), a definição de Ativos Intangíveis é simples, pois os Ativos

Intangíveis são aqueles que não possuem substância física.

Hendriksen e Van Breda (2007) afirmam que os Ativos Intangíveis são direitos e

serviços reconhecidos pelas empresas e têm a capacidade de gerar benefícios

financeiros a longo prazo, que são obtidos ou controlados pela entidade, devido a

transações ou eventos que ocorreram no passado.

2.2 Classificação dos Ativos Intangíveis

Segundo Belém e Marques (2012), os Ativos Intangíveis podem ser classificados

em “identificáveis e não identificáveis”. Para Hendriksen e Van Breda (2007), marcas

de comércios e produtos, licenças, patentes, matrizes de gravações, processos secretos,

direitos autorais, entre outros, são Intangíveis identificáveis, pois se consegue dar um

nome a esse ativo. O goodwill é considerado um Intangível não identificável, pois não

se consegue um nome para ele.

Schumpeter (1949) classifica uma parte específica do Ativo Intangível, formada

pelos ativos de desenvolvimentos tecnológicos. Para o autor, esse processo é dividido

em três partes: invenção (pesquisas e afins), inovação (novas ideias a serem propostas) e

difusão (como esse produto chegará ao mercado).

Já Kayo (2002), classifica os Ativos Intangíveis basicamente em duas partes: o

Ativo Intangível estrutural formado por marcas, patentes entre outros; e uma parte

chamada de Capital Intelectual, formada pela parcela do Intangível que não aparece nas

demonstrações financeiras.

2.3 Mensuração dos Ativos Intangíveis

A mensuração dos Ativos Intangíveis é um dos fatores que corrobora para a

complexidade que gira em torno dos Ativos Intangíveis, suas mais variadas formas e a

diferenciação que existe entre mensurar um tangível de um intangível, faz que com a

área contábil deixe de atender às necessidades de seus usuários quanto à informação

desses ativos. (ENSSLIN; SCHNORRENBERGER, 2004).

Para o CPC 04 (R1) (2010), um Ativo Intangível só será reconhecido se a) for

provável que seus benefícios econômicos futuros esperados atribuíveis ao ativo serão

gerados em favor da entidade; b) o custo do ativo possa ser mensurado com

confiabilidade. Ainda de acordo com este CPC, “[...] um Ativo Intangível deve ser

reconhecido inicialmente ao custo”.

Para Manobe (1986), “a realidade empresarial atual tem suscitado, mais

fortemente, o desenvolvimento de trabalhos na área de mensuração dos Ativos

Intangíveis, bem como dos impactos causados ao patrimônio das organizações, tendo

em vista a relevância que tais elementos representam para o seu desempenho e

continuidade”.

2.4 Intangível e a Rentabilidade das Empresas

Os Ativos Intangíveis agregam um valor alto para as empresas, uma vez que,

para se obter um Intangível, em muitas ocasiões é preciso estudo e pesquisa, o que

acaba gerando um produto novo e de difícil imitação. Os Intangíveis possuem

características e peculiaridades próprias capazes de torná-los um diferencial para as

empresas (CARVALHO; KAYO; MARTIN, 2010).

Kayo e Famá (2004) afirmam que a interligação entre os Ativos Tangíveis e os

Intangíveis proporciona um rendimento maior para o capital das empresas. Já Rubens e

Famá (2006) complementam a ideia de que quanto maior for a parcela de Intangíveis no

total de ativo de uma empresa, maior será sua rentabilidade.

Muitos investidores agregam valor a empresas simplesmente por essas terem

uma marca consolidada, ou por terem um conjunto de Intangíveis capazes de trazer

lucratividade no futuro (SILVA; SANTOS, 2002).

2.5 Grau de Intangibilidade (GI)

Para verificar o quanto os Ativos Intangíveis têm de participação no valor de

uma empresa, utiliza-se o cálculo do Grau de Intangibilidade (GI). Diversos estudos

utilizam essa ferramenta como indicador de análise (CUPERTININO; COELHO, 2006;

PEREZ; FAMÁ, 2006; COLAUTO; NASCIMENTO; AVELINO; BISPO, 2009;

MACHADO; FAMÁ, 2011; BELÉM; MARQUES, 2012). A equação 1 mostra a

fórmula do cálculo do GI.

PLC

VMAGI =

Equação 1: Cálculo do Grau de Intangibilidade

Em que:

GI = Grau de Intangibilidade

VMA = Valor de Mercado Total das Ações

PLC = Patrimônio Líquido Contábil

O GI mede o total de participação dos Ativos Intangíveis no valor das empresas.

Quanto maior o Grau de Intangibilidade de uma empresa, maior será a parcela de

participação dos Ativos Intangíveis (PEREZ; FAMÁ, 2006).

2.6 Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) e Retorno sobre os Ativos (ROA)

Uma das maneiras de descobrir o quanto do total do capital investido retorna, é

realizado o cálculo do retorno sobre o patrimônio líquido, do inglês Returno On Equity

(ROE). Autores como Belém e Marques (2012) utilizam essa ferramenta para analisar a

relação do que foi investido e o retorno para os investidores. O ROE apresenta

percentualmente a relação entre o capital e retorno. A equação 2 mostra a fórmula do

cálculo.

ROE= PLLL

Equação 2: Cálculo do Retorno Sobre o Patrimônio Líquido

Em que:

ROE= Retorno sobre o Patrimônio Líquido

LL = Lucro Líquido do período

PL = Patrimônio Líquido

Outro índice utilizado para medir o retorno é o ROA (Retorno Sobre os Ativos).

Segundo Basso (2006), o ROA é obtido pela divisão do Lucro Antes do Imposto de

Renda e Contribuição Social (LAIR) pelo total de ativos de uma empresa.

O ROA mostra percentualmente a relação entre os ativos e o lucro, e pode ser

observado na equação 3:

AT

LAIRROA =

Equação 3: Cálculo do Retorno Sobre os Ativos

Em que:

ROA= Retorno Sobre os Ativos

LAIR = Lucro Líquido antes do Imposto de Renda e Contribuição Social

AT = Ativo Total

2.7 Estudos Similares

É importante visualizar outras pesquisas já realizadas sobre o assunto do estudo,

e obter contribuições de outros pesquisadores para a presente pesquisa. Com isso, fez-se

um processo sistematizado de busca de artigos publicados sobre o assunto (seção 3.2).

As principais contribuições identificadas desses estudos serão brevemente expostas a

seguir.

Perez e Famá (2006) analisaram o impacto dos ativos intangíveis na criação de

valor de mercado de empresas com ações negociadas na NYSE (New York Stock

Exchange) e na NASDAQ (National Association Securities Dealers Automated

Quotation). Depois de efetuado o teste t-Student e o teste bicaudal, observou-se que as

empresas que possuíam um grau maior de ativos intangíveis, geravam maior valor aos

acionistas.

Belém e Marques (2012) investigaram se as empresas com o maior valor de

mercado em relação ao valor patrimonial apresentaram um maior retorno em relação ao

capital investido. Constatou-se que, mesmo não sendo reconhecidos nas demonstrações

financeiras por diversas vezes, os ativos intangíveis, geram antecipações por parte do

mercado no que se refere à precificação de fluxos de caixas futuros no valor de ações.

Destaca-se que a principal diferença entre os estudos acima citados, é que eles

verificaram a importância dos ativos intangíveis na geração de valor para os acionistas,

e não para as empresas em si.

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 Enquadramento Metodológico

A pesquisa se caracteriza como descritiva quanto aos seus objetivos, pois busca

analisar a influência que os Ativos Intangíveis possuem nas empresas listadas no Índice

Bovespa (BM&FBOVESPA) nos anos de 2006 a 2011 (GIL, 2010).

Quanto ao instrumento de coleta de dados, esta pesquisa caracteriza-se como

secundária, pois as informações foram obtidas por meio dos demonstrativos contábeis

publicados pelas empresas listadas no Índice Bovespa (BM&FBOVESPA) (BEUREN;

et al, 2010).

Quanto à abordagem do problema, a pesquisa é quantitativa, pois utilizará

métodos estatísticos como Teste t-Student e a Correlação de Pearson para alcançar seu

objetivo (RICHARDSON, 2008).

Em relação aos procedimentos técnicos, trata-se de uma pesquisa documental

por ser realizada com as demonstrações contábeis das empresas listadas no Índice

Bovespa nos anos de 2006 a 2011 (BEUREN; et al., 2010).

3.2 Procedimentos para a Revisão da Literatura

Os artigos que informam a construção do referencial teórico desta pesquisa

foram identificados por meio de uma busca realizada nos 13 periódicos vinculados aos

programas de Pós-Graduação Stricto Sensu da área de Contabilidade: Brazilian

Business Review (BBR) – FUCAPE; Revista de Administração e Contabilidade da

Unisinos (BASE) – Unisinos; Revista Contabilidade e Organizações (RCO) – USP;

Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis – UERJ; Revista

Universo Contábil – FURB; Contabilidade Vista & Revista – UFMG; Contabilidade e

Finanças – USP; Revista Brasileira de Gestão e Negócios (RBGN) – UNIFECAP;

Revista da Informação Contábil (RIC) – UFPE; Revista de Contabilidade da UFBA;

Revista Contabilidade & Controladoria – UFPR; Revista Contemporânea de

Contabilidade (RCC) – UFSC; Contabilidade Gestão e Governança – UNB.

Além dos periódicos acima mencionados, a busca foi também realizada na Base

de Dados Scielo e nos anais do Congresso da Associação Nacional de Programas de

Pós-Graduação em Ciências Contábeis (ANPCONT), do Congresso USP de

Controladoria e Contabilidade e no Congresso de Iniciação Científica USP.

O período de coleta dos artigos ocorreu nos meses de abril a maio de 2012, nos

sites dos periódicos, Base de Dados Scielo e nos eventos anteriormente citados. A

limitação temporal de busca se deu no intervalo de 2000 até 2012.

O critério para seleção dos artigos foi realizada por meio da identificação das

seguintes palavras-chave Intangível/Intangíveis, Ativo(s) Intangível/Intangíveis e

Intangibilidade no título, e/ou no resumo dos artigos. Foram encontradas 177 menções.

Excluídos da contagem artigos duplicados por terem mais de uma palavra-chave,

chegou-se ao total de 111 artigos analisados. Na sequência, procedeu-se à leitura dos

títulos e do resumo dos artigos para verificar seu alinhamento com o tema pesquisa;

nesta etapa foram selecionados 48 artigos. Procedeu-se então à leitura dos 48 artigos, a

fim de selecionar aqueles alinhados ao objetivo deste estudo ou que pudessem

contribuir na construção dos eixos teóricos. Assim, foram selecionados 15 artigos para o

referencial teórico. Cumpre esclarecer que, ao referenciar as informações citadas nos

artigos selecionados, optou-se por buscar as obras originais dos autores.

3.3 População e Amostra

A população-alvo da pesquisa é composta por 62 empresas que compõem o

Índice Bovespa da BM&FBOVESPA no período de 2006 a 2011. O levantamento

dessas empresas foi realizado na última semana de junho de 2012. Justifica-se a escolha

das empresas pertencentes ao Índice Bovespa em virtude do seu elevado nível de

confiabilidade e por representarem com fidedignidade o comportamento médio das

ações negociadas pelas empresas (BARCELLOS, 2011).

Entre as empresas que compõem o Índice Bovespa, foram excluídas 16

empresas, por não apresentarem os demonstrativos financeiros e/ou as informações

necessárias para o desenvolvimento da pesquisa. A empresa Cosan S.A. Indústria e

Comércio foi excluída por suas demonstrações contábeis serem divulgadas no dia 31 de

março de cada ano. E a empresa MMX Mineração e Metálicos S.A. não foi incluída por

seu patrimônio líquido ser negativo em alguns anos analisados o que poderia

comprometer a veracidade dos cálculos. Após esses procedimentos, constituiu-se uma

amostra formada por 45 empresas. Cumpre ressaltar que após a análise descritiva das

variáveis (conforme apresentado na subseção 3.4 Procedimento para coleta e

Tratamento dos dados) houve a necessidade de retirar da amostra as empresas que

apresentaram 5% de valores extremos maiores e 5% valores extremos menores,

resultando numa análise de 37 empresas em cada ano, no entanto, as empresas retiradas

por este processo não foram as mesmas todos os anos.

Da amostra selecionada, foi elaborada uma lista, em ordem alfabética, das

empresas pertencentes ao Índice Bovespa (Quadro 1) obtida no sítio eletrônico da Bolsa

de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA).

Quadro 1: Amostra da Pesquisa

RAZÃO SOCIAL

ALL

AMERICA

LATINA

LOGISTIC

A S.A.

BRASKEM

S.A.

CESP – CIA

ENERGETI

CA DE

SÃO

PAULO

DIAGNOST

ICOS DA

AMERICA

S.A.

GAFISA

S.A.

ITAU

UNIBANC

O

HOLDING

S.A.

LOJAS

RENNER

S.A.

ROSSI

RESIDENC

IAL S.A.

TIM

PARTICIP

ACOES

S.A.

CIA

BEBIDAS

DAS

AMERICA

S –

AMBEV

BRF –

BRASIL

FOODS

S.A.

CIA

HERING

CENTRAIS

ELET

BRAS S.A.

ELETROB

RAS

GERDAU

S.A.

KLABIN

S.A.

NATURA

COSMETIC

OS S.A.

BANCO

SANTAND

ER

(BRASIL)

S.A.

ULTRAPA

R

PARTICIP

ACOES

S.A.

BANCO

BRADESC

O S.A.

BROOKFIE

LD

INCORPOR

AÇÕES

S.A.

CIA

PARANAE

NSE DE

ENERGIA

– COPEL

ELETROPA

ULO

METROPO

LITANA

ELETRECI

DADE SÃO

PAULO

S.A.

METALUR

GICA

GERDAU

S.A.

LIGHT S.A. OI S.A.

CIA

SIDERURG

ICA

NACIONA

L

USINAS

SID DE

MINAS

GERAIS

S.A.-

USIMINAS

BRADESP

AR S.A. CCR S.A.

CPFL

ENERGIA

S.A.

EMBRAER

S.A.

GOL

LINHAS

AEREAS

INTELIGE

NTES S.A.

LOCALIZA

RENT A

CAR S.A.

CIA

BRASILEI

RA DE

DISTRIBUI

CAO

SOUZA

CRUZ S.A.

VANGUAR

DA AGRO

S.A.

BANCO

BRASIL

S.A.

CIA

ENERGETI

CA DE

MINAS

GERAIS –

CEMIG

CYRELA

BRAZIL

REALTY

S.A.

EMPREEN

DIMENTO

S E

PARTICIP

AÇÕES

FIBRIA

CELULOSE

S.A.

ITAUSA

INVESTIM

ENTOS

ITAU S.A.

LOJAS

AMERICA

NAS S.A.

PETROLEO

BRASILEI

RO S.A.

PETROBR

AS

TELEFÔNI

CA

BRASIL

S.A

VALE S.A.

Fonte: Elaborado pelos autores

3.4 Procedimento para Coleta e Tratamento dos Dados

A fonte de coleta dos dados é secundária, as informações foram coletadas por

meio dos Demonstrativos Contábeis disponibilizados pelas empresas no Banco de

Dados Economática® em julho de 2012.

Para atender ao primeiro objetivo específico, que é o de classificar as empresas

em Tangíveis-intensivas e Intangíveis-intensivas, foi calculado o Grau de

Intangibilidade (GI) das empresas.

Para verificar a existência de extremos na amostra selecionada para a pesquisa,

realizou-se uma análise descritiva sobre as variáveis calculadas: Mediana, Média e

Desvio Padrão. Quando se têm medianas e médias próximas, significa que não há

valores extremos que estejam prejudicando a média (COLAUTO et al. , 2009). Já o

desvio padrão é calculado para verificar a variação do conjunto de valores que estamos

analisando (BARBETTA, 2010).

Na Tabela 1, é possível observar a discrepância entre a mediana e média de

todos os anos analisados. Isso significa que a amostra se apresentou assimétrica durante

todo o período analisado. Percebe-se que o valor máximo do Grau de Intangibilidade da

amostra variou entre 1.983,89, em 2006, e 765,80, em 2011. Nota-se a discrepância da

amostra ao verificar o mínimo do Grau de Intangibilidade que variou entre 1,10, em

2006, e 0,58, em 2011. Verifica-se também que o desvio padrão, mostrou-se acima da

média das empresas analisadas, evidenciando que há valores discrepantes que estão

provocando uma alta variabilidade dos dados analisados e demonstrando médias não

condizentes com a real situação da amostra.

Tabela 1: Análise descritiva do Grau de Intangibilidade do total da amostra

Anos Mediana Média Desvio Padrão Máximo Mínimo N.

2006 5,50 50,98 294,79 1983,89 1,10 45

2007 5,61 74,93 451,23 3033,61 1,01 45

2008 2,91 16,78 86,29 582,01 0,41 45

2009 4,43 45,49 263,71 1774,44 1,40 45

2010 3,54 40,42 231,75 1559,78 1,12 45

2011 3,01 21,67 113,58 765,80 0,58 45

Fonte: Elaborado pelos autores

Com a intenção de retirar os valores extremos da amostra retirou-se da amostra

os 5% de valores extremos maiores e os 5% valores extremos menores, “[...] para que a

distribuição dos valores se torne mais simétrica e amostra mais homogênea”

(COLAUTO et al., 2009). Realizada a exclusão dos extremos, retirou-se da amostra 8

empresas, em cada ano analisado. A Tabela 2 evidencia a nova análise descritiva da

amostra sem os valores extremos.

Tabela 2: Análise descritiva do Grau de Intangibilidade da amostra sem os

dados extremos

Anos Mediana Média Desvio

Padrão Máximo Mínimo N.

2006 5,50 5,82 2,47 13,72 2,71 37

2007 5,61 5,91 2,24 10,75 2,81 37

2008 2,91 3,27 1,33 6,54 1,59 37

2009 4,43 5,00 2,08 10,41 1,88 37

2010 3,54 4,73 2,99 13,51 1,56 37

2011 3,01 3,92 3,02 14,65 1,04 37

Fonte: Elaborado pelos autores

Verifica-se que, com a eliminação dos dados extremos, a mediana e a média

estão mais próximas uma da outra, ou seja, há uma simetria maior entre os dados. Nota-

se também que, após a exclusão das informações extremas, a média foi superior ao

desvio padrão durante todo o período analisado.

Para atingir o segundo e o terceiro objetivo específico, foram desenvolvidas as

seguintes hipóteses: H0: Não existe diferença na rentabilidade obtida pelas empresas

Intangíveis-intensivas e Tangíveis-intensivas; H1: As empresas Intangíveis-intensivas

possuem uma rentabilidade maior que as empresas Tangíveis-intensivas; H2: As

empresas Tangíveis-intensivas possuem uma rentabilidade maior que as empresas

Intangíveis-intensivas.

O teste das hipóteses foi realizado por meio do software SPSS versão 19, para o

Test-t utilizou-se o nível de significância (α) de 5%, considerando possível erro pela

inferência estatística (MACHADO; FAMÁ, 2011).

Por último, para verificar a correlação entre o Grau de Intangibilidade (GI), o

retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) e o Retorno sobre os Ativos (ROA), foi

utilizado o coeficiente de correlação linear de Pearson, desenvolvido por meio do

software SPSS versão 19. Barbetta (2010) afirma que o valor r do coeficiente varia entre

-1 e +1, sendo constatada maior correlação dos valores próximos do 1 positivo, e

comprovando inexistência de correlação quando o valor for 0.

4 RESULTADOS

4.1 Análise do Grau de Intangibilidade por suas características

Para satisfazer o primeiro objetivo deste estudo, classificou-se a amostra da

pesquisa em duas categorias: as empresas que, no ano, apresentaram um Grau de

Intangibilidade maior que a mediana, foram consideradas como Intangíveis-intensivas;

por sua vez, foram chamadas de Tangíveis-intensivas as empresas que obtiveram um

Grau de Intangibilidade abaixo da mediana amostral. Autores como Kayo (2002), Perez

e Famá (2006), Belém e Marques (2012) também utilizaram esse método para

classificar as empresas.

Depois de realizada essa classificação, calculou-se o Grau de Intangibilidade

médio, assim como o Retorno sobre o Patrimônio Líquido e o Retorno sobre os Ativos

médio anual, chegando assim à Tabela 3.

Tabela 3: GI, ROE e ROA médio por ano

Ano Intangível Tangível

GI ROE ROA GI ROE ROA

2006 7,52 22,54% 9,88% 4,03 14,28% 6,76%

2007 7,74 27,05% 12,59% 3,97 13,69% 6,79%

2008 4,18 16,08% 8,18% 2,31 7,48% 4,14%

2009 6,45 22,50% 10,55% 3,46 10,65% 4,92%

2010 6,62 21,05% 10,06% 2,74 13,39% 6,92%

2011 5,43 16,67% 7,83% 2,14 10,24% 5,78%

Fonte: Elaborado pelos autores

Nota-se que as empresas classificadas em Intangíveis-intensivas possuíram um

ROE e um ROA superior ao das empresas Tangíveis-intensivas.

4.2 Análise do Test t-Student para o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) e

o Retorno sobre os Ativos (ROA)

Para verificar a influência que o Grau de Intangibilidade exerce sobre o

patrimônio líquido e sobre os ativos foram elaboradas as seguintes hipóteses: H0: Não

existe diferença na rentabilidade obtida pelas empresas Intangíveis-intensivas e

Tangíveis-intensivas; H1: As empresas Intangíveis-intensivas possuem uma

rentabilidade maior que as empresas Tangíveis-intensivas; H2: As empresas Tangíveis-

intensivas possuem uma rentabilidade maior que as empresas Intangíveis-intensivas.

Com as hipóteses elaboradas, aplicou-se o Test t-Student, com um nível de significância

(α) 5% para verificarmos se a hipótese H0 seria aceita, eliminando-se as demais

hipóteses, ou se seria rejeitada e, assim, aceitando-se uma das hipóteses restantes. A

Tabela 4 demonstra os resultados obtidos no Test t-Student para as variáveis GI e ROE e

as variáveis GI e ROA no período-alvo do estudo.

Tabela 4: Test t -Student para GI versus ROE e GI vesus ROA

Test t-Student para GI versus ROE

Inta

ngív

eis Test t 2006 2007 2008 2009 2010 2011

stat t 13,794 22,994 15,104 14,985 9,122 7,080

p-value 0,000 0,000 0,000 0,000 0,00 0,00

Tan

gíve

is Test t 2006 2007 2008 2009 2010 2011

stat t 19,987 23,382 22,318 21,179 17,482 16,975

p-value 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

Test t-Student para GI versus ROA

Inta

ngív

eis Test t 2006 2007 2008 2009 2010 2011

stat t 14,071 22,916 15,184 5,471 7,991 7,107

p-value 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

Tan

gíve

is Test t 2006 2007 2008 2009 2010 2011

stat t 20,313 22,668 24,625 20,860 17,574 16,172

p-value 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

Fonte: Elaborado pelos autores

Para Marocco (2003), quanto menor for o p-value, menores são as chances de

erro nos resultados estatísticos, fazendo com que H0 seja rejeitada.

Observando a tabela X, percebe-se que a hipótese nula de que não existe

diferença na rentabilidade obtida pelas empresas Intangíveis-intensivas e Tangíveis-

intensivas deve ser rejeitada, pois se verifica um valor p-value em 0,000, que há

diferença entre os resultados obtidos pelas Intangíveis-intensivas e as Tangíveis-

intensivas. Este fato ocorre paras duas variáveis confrontadas com o Grau de

Intangibilidade (GI).

Nota-se que a hipótese verdadeira aceita foi a H2, em ambos os casos, ou seja, o

ROE e o ROA das empresas Tangíveis-intensivas obtiveram um desempenho superior

que o ROE e ROA das empresas Intangíveis-intensivas. Isso significa que o retorno do

patrimônio líquido e o retorno dos ativos dessas empresas são superiores se comparado

ao outro grupo.

Tal fato não corrobora a pesquisa realizada por Belém e Marques (2012) que

investigaram o ROE das empresas listadas na BM&FBOVESPA, no período de 2000 a

2010, e constataram que as empresas Intangíveis-intensivas apresentaram maior

rentabilidade que as empresas Tangíveis-intensivas.

Perez e Famá (2006) encontraram um resultado divergente, relativo ao desempenho

superior das Tangíveis-intensivas sobre as Intangíveis-intensivas, no seu estudo sobre a

geração de valor aos acionistas por meio dos Ativos Intangíveis. Na ocasião, as

Intangíveis-intensivas obtiveram um desempenho superior ao das Tangíveis-intensivas.

4.3 Análise da correlação entre Grau de Intangibilidade e o Retorno sobre o

Patrimônio Líquido

Depois de realizada a classificação das empresas em Intangíveis-intensivas e

Tangíveis-intensivas, foi utilizado um método estatístico para verificar a correlação

existente entre as variáveis. Para tal, utilizou-se o coeficiente de correlação linear de

Pearson (r). Com a tabela 5 podemos analisar os resultados encontrados para a

correlação entre o Grau de Intangibilidade (GI) e o Retorno sobre o Patrimônio Líquido

(ROE).

Tabela 5: Correlação de Pearson entre o GI e o ROE

Correlação de Pearson entre o GI e o ROE

Intangíveis-Intensivas Tangíveis-Intensivas

2006 GI X ROE

Pearson

Correlation 0,120 GI X ROE

Pearson

Correlation 0,042

Sig. (2-tailed) 0,625 Sig. (2-tailed) 0,868

N 19 N 18

2007 GI X ROE

Pearson

Correlation 0,608 GI X ROE

Pearson

Correlation 0,505

Sig. (2-tailed) 0,006 Sig. (2-tailed) 0,033

N 19 N 18

2008 GI X ROE

Pearson

Correlation 0,370 GI X ROE

Pearson

Correlation 0,302

Sig. (2-tailed) 0,119 Sig. (2-tailed) 0,223

N 19 N 18

2009 GI X ROE

Pearson

Correlation 0,400 GI X ROE

Pearson

Correlation 0,563

Sig. (2-tailed) 0,090 Sig. (2-tailed) 0,015

N 19 N 18

2010 GI X ROE

Pearson

Correlation 0,567 GI X ROE

Pearson

Correlation 0,347

Sig. (2-tailed) 0,011 Sig. (2-tailed) 0,158

N 19 N 18

2011 GI X ROE

Pearson

Correlation 0,598 GI X ROE

Pearson

Correlation 0,535

Sig. (2-tailed) 0,005 Sig. (2-tailed) 0,027

N 20 N 17

Fonte: Elaborado pelos autores

Pode-se observar com a tabela 5 que o resultado da correlação r indicou que

houve relação entre as variáveis GI e ROE, ou seja, quanto maior for o GI, maior será o

ROE. Nota-se também que, o grupo das Intangíveis-intensivas, obteve uma correlação

positiva de Pearson superior ao grupo das Tangíveis-intensivas, na maioria dos anos

analisados, com destaque para o ano de 2007, na qual a correlação r chegou mais

próximo do 1 positivo. O único período na qual as Tangíveis-intensivas obtiveram um

desempenho superior ocorreu no ano de 2009. Percebe-se que os dois grupos obtiveram

um forte correlação positiva, indicando que os valores são aceitos em níveis de

significância elevados.

Esse resultado não corrobora com Colauto et al. (2009), que investigaram a

evidenciação de Intangíveis não adquiridos nos relatórios de administração das

companhias, separadas por nível de governança. No estudo, não foi encontrada

correlação entre a intangibilidade e as características evidenciadas no relatório de

administração.

4.4 Análise da correlação entre Grau de Intangibilidade e Retorno sobre os Ativos

Efetuada a análise da correlação entre as variáveis Grau de Intangibilidade (GI)

e Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), fez-se o mesmo procedimento para

verificar se há correlação entre as variáveis Grau de Intangibilidade (GI) e Retorno

sobre os Ativos (ROA). O resultado pode ser visto na tabela 6, a seguir.

Tabela 6: Correlação de Pearson entre o GI e o ROA

Correlação de Pearson entre o GI e o ROA

Intangíveis-Intensivas Tangíveis-Intensivas

2006 GI X

ROA

Pearson

Correlation 0,253 GI X ROA

Pearson

Correlation 0,357

Sig. (2-tailed) 0,296 Sig. (2-tailed) 0,146

N 19 N 18

2007 GI X

ROA

Pearson

Correlation 0,542 GI X ROA

Pearson

Correlation 0,415

Sig. (2-tailed) 0,017 Sig. (2-tailed) 0,087

N 19 N 18

2008 GI X

ROA

Pearson

Correlation 0,553 GI X ROA

Pearson

Correlation 0,415

Sig. (2-tailed) 0,014 Sig. (2-tailed) 0,087

N 19 N 18

2009 GI X

ROA

Pearson

Correlation 0,499 GI X ROA

Pearson

Correlation 0,605

Sig. (2-tailed) 0,029 Sig. (2-tailed) 0,008

N 19 N 18

2010 GI X

ROA

Pearson

Correlation 0,707 GI X ROA

Pearson

Correlation 0,311

Sig. (2-tailed) 0,001 Sig. (2-tailed) 0,208

N 19 N 18

2011 GI X

ROA

Pearson

Correlation 0,734 GI X ROA

Pearson

Correlation 0,533

Sig. (2-tailed) 0,000 Sig. (2-tailed) 0,028

N 20 N 17

Fonte: Elaborado pelos autores

Nota-se que, em todos os anos estudados, foi encontrada correlação de Pearson

(r) positiva entre as variáveis GI e ROA, ou seja, quando uma variável aumenta, a outra

tem o mesmo comportamento. Observa-se que as empresas chamadas Intangíveis-

intensivas obtiveram as maiores correlações r, na maior parte do período estudado,

chegando ao ápice no ano de 2011, quando foi encontrado um resultado para a

correlação r positiva de 0,734, e com uma alta significância estatística. Para se ter uma

comparação com as empresas Tangíveis-intensivas, o maior resultado encontrado para

essa correlação foi 0,605 em 2009.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Alinhados ao objetivo principal apresentado, elaboraram-se os seguintes

objetivos específicos que nortearam a pesquisa: (i) classificar as empresas em

Intangíveis-intensivas e Tangíveis-intensivas; (ii) correlacionar o Grau de

Intangibilidade das empresas com o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE); e, (iii)

correlacionar o Grau de Intangibilidade das empresas com o Retorno sobre os Ativos

(ROA).

O primeiro objetivo foi sanado ao se calcular a mediana do Grau de

Intangibilidade (GI) das empresas e separar em Intangíveis-intensivas as empresas com

um GI superior ao da mediana, e em Tangíveis-intensivas as empresas com um GI

inferior ao da mediana. Observou-se que as empresas Intangíveis-intensivas obtiveram

um ROE e um ROA superior ao das empresas Tangíveis-intensivas em todo o período

estudado.

Para responder aos dois objetivos seguintes, foram elaboradas as hipóteses: H0;

H1; e H2. Elaboradas as hipóteses, aplicou-se o Test t-Student para verificar se a hipótese

nula H0 seria aceita ou rejeitada. Verificou-se que a H0 foi rejeitada, evidenciando que

havia diferença entre a rentabilidade obtida pelas empresas Intangíveis-intensiva e

Tangíveis-intensivas. A hipótese aceita para o ROE e para o ROA foi a H2 As empresas

Tangíveis-intensivas possuem uma rentabilidade maior que as empresas Intangíveis-

intensivas.

De um modo geral, o que pode ser observado é que as empresas Intangíveis-

intensivas têm agregado ao seu retorno uma forte parcela dos Ativos Intangíveis. Isso

pode ser visto ao se fazer o cálculo do índice de correlação linear de Pearson. Contudo,

ao se aplicar o Test t-Student, percebe-se que o retorno patrimonial e o dos ativos se

mostraram melhor no grupo das Tangíveis-intensivas. Esse fato pode ter ocorrido

devido à parcela dos Ativos Intangíveis que não são evidenciados nas demonstrações

contábeis das empresas.

Como limitação para esse trabalho, pode-se citar: i) o fato de que muitas

empresas do índice precisaram ser excluídas da amostra por não apresentarem seus

balanços no período analisado, ou por terem patrimônio líquido negativo, e por

conterem valores discrepantes, ou seja, destoavam da maioria das empresas da amostra;

ii) a mediana utilizada para a classificação das empresas em Tangíveis-intensivas e

Intangíveis-intensivas são validas somente para esta amostra.

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