Argamassas de Revestimento

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1 Monografia "ENSAIO DE ADERÊNCIA DAS ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO" Autor: Heraldo Barbosa dos Santos Orientador: Prof. Antônio Neves Carvalho Júnior Dezembro/2008 Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de Materiais e Construção Curso de Especialização em Construção Civil

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Monografia

"ENSAIO DE ADERÊNCIA DAS ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO "

Autor: Heraldo Barbosa dos Santos

Orientador: Prof. Antônio Neves Carvalho Júnior

Dezembro/2008

Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia

Departamento de Engenharia de Materiais e Construção Curso de Especialização em Construção Civil

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Heraldo Barbosa dos Santos

"ENSAIO DE ADERÊNCIA DAS ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO "

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Construção Civil

Escola de Engenharia da UFMG

Ênfase: Tecnologia e Produtividade das Construções

Orientador: Prof. Antônio Neves Carvalho Júnior

Belo Horizonte

Escola de Engenharia da UFMG

Dezembro/2008

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por tornar possível a realização de mais este objetivo.

Agradeço aos meus pais pela minha vida e formação.

Agradeço à minha esposa e filhos pelo apoio e carinho.

Agradeço ao meu orientador Prof. Antônio Neves Carvalho Júnior.

Muito obrigado.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 8

2. OBJETIVO........................................................................................................ 10

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................ 11

3.1 – Argamassa de revestimento........................................................................ 11

3.1.1 – Estrutura dos revestimentos................................................................ 12

3.1.1.1 – Substrato....................................................................................... 12

3.1.1.2 - Chapisco........................................................................................ 14

3.1.1.3 – Emboço......................................................................................... 15

3.1.1.4 – Reboco.......................................................................................... 16

3.2 - Propriedades das argamassas de revestimentos.........................................17

3.2.1 - Propriedades no estado fresco..............................................................17

3.2.1.1 – Trabalhabilidade............................................................................17

3.2.1.2– Aderência inicial.............................................................................17

3.2.1.3 – Retenção de água.........................................................................18

3.2.1.4 – Massa específica e teor de ar incorporado....................................18

3.2.2 – Propriedades no estado endurecido.....................................................19

3.2.2.1 – Aderência.......................................................................................19

3.2.2.2 - Capacidade de absorção e deformações.......................................20

3.2.2.3– Retração.........................................................................................21

3.2.2.4 - Resistência mecânica....................................................................21

3.2.2.5 – Durabilidade...................................................................................22

3.3 - Materiais componentes das argamassas de revestimentos.........................23

3.3.1 - Aglomerantes .......................................................................................23

3.3.1.1 - Cimento..........................................................................................23

3.3.1.2 - Cal .................................................................................................26

3.3.2 – Agregados (areia natural e artificial).....................................................28

3.3.3 - Adições .................................................................................................29

3.3.4 - Aditivos..................................................................................................30

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5

3.3.5 - Água de amassamento..........................................................................31

3.4 – Tipos de preparo e fornecimento das argamassas de revestimentos..........32

3.4.1 – Argamassa dosada na obra..................................................................32

3.4.2 – Argamassa industrializada fornecida em sacos....................................32

3.4.3 – Argamassa fornecida em silos..............................................................32

3.4.4 – Argamassa dosada na central..............................................................32

3.4.5 – Serviços de revestimento.....................................................................33

3.5 – Tipos de aderência da argamassa ao substrato..........................................33

3.5.1 – Aderência mecânica.............................................................................33

3.5.2 – Aderência química................................................................................34

3.6 – Determinação da resistência de aderência à tração....................................35

3.6.1 – Execução do ensaio..............................................................................35

3.6.1.1 – Corpos-de-prova............................................................................35

3.6.1.2 – Definição da amostragem..............................................................35

3.6.1.3 – Quantidades de corpos-de-prova..................................................35

3.6.1.4 – Execução dos cortes nos corpos-de-prova....................................35

3.6.2 – Fixação das pastilhas...........................................................................36

3.6.2.1 – Preparo da superfície....................................................................36

3.6.2.2 – Colagem das pastilhas...................................................................36

3.6.3 – Ensaio...................................................................................................36

3.6.3.1 – Taxa de carregamento...................................................................36

3.6.3.2 – Acoplamento do equipamento de tração.......................................37

3.6.3.3 – Esforços de tração.........................................................................36

3.6.3.4 – Registro das cargas.......................................................................36

3.6.3.5 – Falhas de colagem das pastilhas..................................................38

3.6.3.6 – Formas de ruptura dos corpos-de-prova.......................................38

3.6.3.7 – Informações sobre o revestimento ensaiado.................................39

3.6.4 – Apresentação dos resultados................................................................40

3.6.4.1 – Cálculo da resistência de aderência à tração................................40

3.6.4.2 – Resultados.....................................................................................40

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4 – ENSAIO REALIZADO.....................................................................................41

4.1 – Características do revestimento ensaiado...............................................41

4.2 – Equipamentos e materiais de ensaio.......................................................41

4.2.1 – Célula de carga.................................................................................41

4.2.2 – Demais equipamentos......................................................................41

4.3 - Resultados do ensaio...............................................................................43

5. ANÁLISE CRÍTICA............................................................. ..............................45

6. CONCLUSÕES ................................................................................................47

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 48

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RESUMO

Para garantir a proteção dos elementos de vedação das edificações contra ações

de agentes agressivos, proporcionar estanqueidade à água, segurança ao fogo,

resistir aos desgastes superficiais, apresentar textura uniforme e contribuir com o

isolamento térmico e acústico, as argamassas de revestimentos devem ser

elaboradas e produzidas para atender as exigências das propriedades

necessárias, tanto no estado fresco quanto no endurecido a fim de assegurar o

bom desempenho, qualidade e durabilidade.

Para a produção de argamassas de revestimentos, torna-se necessária a seleção

criteriosa dos materiais a serem empregados na sua composição, juntamente

com a execução dos controles tecnológicos.

Na sua aplicação deverão ser observados os cuidados necessários com os

demais elementos que compõem a estrutura do revestimento.

Para avaliação das características e desempenho das argamassas de

revestimentos no estado fresco e endurecido, deverão ser realizados os ensaios

específicos previstos em normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas

Técnicas).

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INTRODUÇÃO

Argamassas são constituídas por materiais com propriedades de aderência e

endurecimento obtidos através da mistura de aglomerantes, agregado miúdo e

água, podendo ser empregados aditivos.

Uma argamassa de qualidade deve ser elaborada e produzida para obter o

melhor desempenho e durabilidade. Deve-se ter como enfoque algumas

propriedades, tais como: plasticidade, aderência no estado fresco e endurecido,

ausência de fissuras, resistência à abrasão e compressão, entre outras.

A qualidade da argamassa depende tanto das características dos materiais, como

do preparo e manuseio adequados (tempo de mistura, tempo de utilização,

aplicação e acabamento).

Devem ser previstos nos projetos de fachadas os detalhes construtivos que

contribuirão para um melhor desempenho do revestimento de argamassa, tais

como: juntas de trabalho, peitoris, pingadeiras, quinas, cantos e se necessário o

reforço do revestimento com telas metálicas.

Para que ocorra a união adequada da argamassa com o substrato, a mesma

deve possuir boa adesividade, ou seja, capacidade de aderência da argamassa

ao substrato no estado fresco.

O chapisco deve ser aplicado na superfície do substrato para melhorar as

condições de aderência das argamassas.

A aderência ao substrato é uma das principais propriedades exigidas a uma

argamassa de revestimento no estado endurecido.

Aderência é a resistência de arrancamento da argamassa endurecida do

substrato que é influenciada pela condição superficial do mesmo, pela qualidade

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e dosagem correta dos materiais, pela capacidade de retenção de água, pela

espessura do revestimento, entre outras.

Os substratos devem ter superfícies sólidas, limpas, dimensionalmente estáveis e

geometricamente planas. O emprego de aditivo desmoldante nas formas pode

comprometer a aderência da argamassa com o substrato, provocando

descolamentos.

Tendo em vista as características das nossas edificações, a grande maioria dos

substratos é constituída por alvenarias e estrutura de concreto.

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2 – OBJETIVO

Realizar revisão bibliográfica sobre as argamassas de revestimento com

abordagem da sua estrutura, condições adequadas dos substratos, tipos de

revestimentos, propriedades no estado fresco e endurecido e materiais

empregados na sua composição. Relacionar os tipos de preparo e modalidade de

fornecimento, bem como a descrição dos procedimentos normalizados para a

execução dos ensaios de aderência à tração. Apresentar o ensaio realizado pelo

aluno em uma edificação residencial nesta capital, cujo revestimento serviu de

base para aplicação de revestimento cerâmico e a respectiva análise dos

resultados.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 – Argamassa de revestimento

Segundo a NBR 7200 (ABNT, 1998), argamassa é a mistura de aglomerantes,

agregados e água, possuindo capacidade de endurecimento e aderência.

A NBR 13281 (ABNT, 2001) prescreve que argamassa é a mistura homogênea

de agregado(s) inorgânico(s) e água, contendo ou não aditivos e adições, com

propriedades de aderência e endurecimento, podendo ser dosada em obra ou em

instalações próprias (argamassas industrializadas).

Os revestimentos de argamassa têm como função proteger os elementos de

vedação das edificações da ação direta dos agentes agressivos, auxiliar as

vedações no cumprimento das suas funções, regularizar a superfície dos

elementos de vedação, servir de base para aplicação de outros revestimentos ou

constituir-se no acabamento final.

Segundo Carasek (2007), as principais funções de um revestimento são:

• proteger a alvenaria e a estrutura contra a ação do intemperismo, no caso de

revestimentos externos;

• integrar o sistema de vedação dos edifícios, contribuindo com diversas

funções, tais como: isolamento térmico (~30%), isolamento acústica (~50%),

estanqueidade à água (~70 a 100%), segurança ao fogo e resistência ao

desgaste e abalos superficiais;

• regularizar a superfície dos elementos de vedação e servir como base para

acabamentos decorativos, contribuindo para a estética da edificação.

A NBR 13749 (ABNT, 1996) prescreve que o revestimento de argamassa deve

apresentar textura uniforme, sem imperfeições, tais como: cavidades, fissuras,

manchas e eflorescência, devendo ser prevista na especificação de projeto a

aceitação ou rejeição, conforme níveis de tolerâncias admitidas.

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3.1.1 – Estrutura dos revestimentos

O revestimento de argamassa é constituído por diversas camadas com

características e funções específicas, conforme exemplificado na figura abaixo:

Reboco

Chapisco

Figura 1 – Estrutura dos revestimentos de uma superfície pintada.

3.1.1.1 – Substrato

É a base para aplicação das camadas de revestimento, normalmente os mais

empregados são as bases de alvenaria e estrutura de concreto. O substrato,

principalmente aqueles que não são aplicados chapiscos, podem ter grande

influência na qualidade final do revestimento em função da diversidade de

características e textura: absorventes, impermeáveis, lisos, rugosos, rígidos e

deformáveis.

A NBR 7200 (ABNT, 1998) especifica que as bases de revestimentos devem

atender às exigências de planeza, prumo e nivelamento fixados nas normas de

alvenaria e estrutura de concreto. Quando a base for composta por diferentes

materiais e for submetida a esforços que gerem deformações diferenciais

consideráveis, tais como, balanços, platibandas e últimos pavimentos, deve-se

utilizar tela metálica, plástica ou de outro material semelhante na junção destes

materiais, criando uma zona capaz de suportar as movimentações diferenciais a

Pintura Substrato de Concreto ou

Substrato de alvenaria

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que estará sujeita. Alternativamente, pode ser especificada a execução de uma

junta que separe o revestimento aplicado sobre os dois materiais, permitindo que

cada parte se movimente separadamente.

Yazigi (2006) recomenda iniciar o preparo da base removendo sujeiras ou

incrustações como óleo, desmoldante e eflorescência empregando vassouras de

piaçaba, escova de aço ou equipamento de água pressurizada. Devem ser

removidos pregos, arames, pedaços de madeira e outros materiais estranhos. É

preciso preencher os vazios provenientes de rasgos, quebra parcial de blocos,

depressões localizadas e outros defeitos com argamassas de mesmo traço da

que será utilizada no revestimento. Em caso de rasgos maiores para

embutimento de instalações é necessário colocar telas de aço zincada de fio 1,65

mm e malha de 15 mm x 15 mm ou similar.

Kazmierczak, Brezezinski e Collatto (2007) em seus estudos tecnológicos sobre a

influência do substrato na resistência de aderência à tração e na distribuição de

poros de uma argamassa, demonstram na figura 2 os valores da resistência de

aderência à tração para cada tipo de substrato e preparo da base utilizada. Os

resultados foram obtidos para as idades de 7 e 28 dias levando em conta que

cada valor corresponde à média entre o mínimo de cinco determinações.

0 ,2 5 0 ,2 5

0 ,2 20 ,1 9

0 ,1 30 ,1 3

0 ,1 90 ,2 20 ,2 2

0 ,1 1

0 ,2 3

0 ,1 6

0 ,0 0

0 ,0 5

0 ,1 0

0 ,1 5

0 ,2 0

0 ,2 5

0 ,3 0

b lo c oc e râ m ic o

c o mc h a p is c o

b lo c oc e râ m ic o

s e mc h a p is c o

t i jo lom a c iç o c o m

c h a p is c o

ti jo lom a c iç o s e m

c h a p is c o

b lo c o d ec o n c re to

c o mc h a p is c o

b lo c o d ec o n c re to

s e mc h a p is c o

(M P a )

7 d ia s 2 8 d ia s

Figura 2 – Resistência de aderência à tração

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Analisando os resultados apresentados e de acordo com a norma NBR 13749

(ABNT, 1996), que prescreve os limites de resistência de aderência à tração (Ra)

para emboço e camada única, podemos comprovar que os revestimentos

aplicados sobre os substratos de bloco cerâmico chapiscado, tijolo maciço com e

sem chapisco e bloco de concreto chapiscado atenderam as exigências para

aplicação de revestimento de parede interna e teto, para a opção de acabamento

em pintura ou base para reboco em superfícies internas, pois apresentaram

resistências de aderência à tração acima dos 0,20 MPa exigidos pela norma.

Para as demais opções de acabamentos não devem ser utilizados, pois estão

abaixo dos 0,30 MPa exigidos.

3.1.1.2 – Chapisco

Camada que serve de elemento de ligação entre o revestimento e o substrato,

sua função é cobrir e regularizar a superfície da base e melhorar a aderência do

revestimento.

Carasek (2007) define chapisco como a camada de preparo da base, aplicada de

forma contínua ou descontínua, com a finalidade de uniformizar a superfície

quanto à absorção e melhorar a aderência do revestimento.

Segundo Yazigi (2006), o substrato precisa ser abundantemente molhado antes

de receber o chapisco, para que não ocorra absorção da água necessária à cura

da argamassa do chapisco. Entretanto, o autor observa que o excesso de água

(saturamento), pode ser prejudicial, uma vez que os poros saturados irão inibir o

microagulhamento da pasta de aglomerante dentro dos mesmos (mecanismo que

configura a aderência sobre substratos porosos). Neste caso, o chapisco precisa

ser feito com argamassa fluida de cimento e areia no traço 1:3 em volume, à qual

é adicionado aditivo adesivo (aplicado sobre a alvenaria e estrutura). A

argamassa tem de ser projetada energicamente, de baixo para cima, contra a

alvenaria a ser revestida. Para bases de concreto a argamassa de chapisco deve

ser preferencialmente industrializada, pois apresenta melhor aderência do que a

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preparada na obra. Neste caso a mesma é aplicada com desempenadeira

metálica dentada sobre a estrutura de concreto. O revestimento em chapisco se

fará tanto nas superfícies verticais ou horizontais de concreto como também nas

superfícies verticais da alvenaria para posterior revestimento (emboço ou massa

única). A espessura máxima do chapisco deverá ser de 5 mm. Em locais com

baixa temperatura, deve-se ter o cuidado na umidificação do substrato para

aplicação do chapisco, pois pode ocasionar excesso de umidade e inviabilizar a

aderência.

Maciel, Barros e Sabbatini (1998) relacionam as seguintes características dos

chapiscos:

• chapisco tradicional – argamassa de cimento, areia e água que

adequadamente dosada resulta em uma película rugosa, aderente e

resistente;

• chapisco industrializado – argamassa semelhante à argamassa colante, sendo

necessário acrescentar água no momento da mistura. A aplicação é realizada

com desempenadeira dentada somente sobre superfície de concreto;

• chapisco rolado – argamassa bastante plástica obtida através da mistura de

cimento, areia, água e adição de resina acrílica, A aplicação é realizada com

rolo para textura acrílica sobre superfícies de alvenaria e concreto.

3.1.1.3 – Emboço

Carasek (2007) define emboço como a camada de revestimento executada para

cobrir e regularizar a base, propiciando uma superfície que permita receber outra

camada de reboco ou de revestimento decorativo.

Segundo Yazigi (2006), o emboço somente poderá ser aplicado após a pega

completa do chapisco. A NBR 7200 (ABNT, 1998) explicita que este chapisco

deverá apresentar idade mínima de três dias antes da aplicação do emboço,

sendo que para climas quentes e secos, com temperaturas acima de 30 ºC, este

prazo pode ser reduzido para dois dias.

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3.1.1.4 – Reboco

É o revestimento aplicado sobre a camada de emboço ou diretamente sobre o

substrato.

Carasek (2007) define reboco como a camada de revestimento que é utilizada

para cobrimento do emboço, propiciando uma superfície que permita receber o

revestimento decorativo ou que se constitui no acabamento final.

A NBR 7200 (ABNT, 1998) prescreve que para cada aplicação de nova camada

de argamassa exige, de acordo com a finalidade e com as condições do clima, a

umidificação da camada anterior. A argamassa de revestimento não deve ser

aplicada em ambientes com temperatura inferior a 5 ºC. Em temperatura superior

a 30 ºC, devem ser tomados cuidados especiais para a cura do revestimento,

mantendo-o úmido pelo menos nas 24 horas iniciais através da aspersão

constante de água. Este procedimento deve ser adotado em situações de baixa

umidade relativa do ar, ventos fortes e insolação forte e direta sobre os planos

revestidos.

A NBR 13749 (ABNT, 1996) estabelece as seguintes espessuras para

revestimento interno e externo de paredes e tetos conforme a tabela 1:

Tabela 1 – Espessuras admissíveis de revestimentos internos e externos

Revestimento Espessura (mm)

Parede interna 5 ≤ e ≤ 20

Parede externa 20 ≤ e ≤ 30

Teto interno e externo e ≤ 20

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3.2 - Propriedades das argamassas de revestimentos

3.2.1 – Propriedades no estado fresco

3.2.1.1 - Trabalhabilidade

É a combinação das características das argamassas relacionadas com a coesão,

consistência, plasticidade, viscosidade, adesividade e massa específica.

Segundo Carasek (2007), trabalhabilidade é a propriedade das argamassas no

estado fresco que determina a facilidade com que elas podem ser misturadas,

transportadas, aplicadas, consolidadas e acabadas em uma condição

homogênea. A trabalhabilidade é uma propriedade complexa, resultante da

conjunção de diversas outras propriedades, tais como: consistência, plasticidade,

retenção de água, coesão, exsudação, densidade de massa e adesão inicial.

3.2.1.2 – Aderência inicial

É a capacidade que a argamassa apresenta para ancorar na superfície da base

através da penetração da pasta nos poros, reentrâncias e saliências seguidos do

endurecimento gradativo da pasta.

Segundo Carasek (2007), a adesão inicial, também denominada de

“pegajosidade” é a capacidade de união inicial da argamassa no estado fresco a

uma base. Ela está diretamente relacionada com as características reológicas da

pasta aglomerante, especificamente a sua tensão superficial. A redução da

tensão superficial da pasta favorece a “molhagem” do substrato, reduzindo o

ângulo de contato entre as superfícies e implementação da adesão. Esse

fenômeno propicia um maior contato físico da pasta com os grãos de agregado e

também com sua base, melhorando, assim, a adesão.

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3.2.1.3 – Retenção de água

Segundo Maciel, Barros e Sabbatini (1998), retenção de água é a capacidade que

a argamassa apresenta de reter a água de amassamento contra a sucção da

base ou contra a evaporação. A retenção permite que as reações de

endurecimento da argamassa se tornem mais gradativa, promovendo a adequada

hidratação do cimento e consequente ganho de resistência.

A determinação da retenção de água pode ser avaliada pelo método da norma

NBR 13277 (ABNT, 2005) – Argamassa para assentamento e revestimento de

paredes e tetos – Determinação da retenção de água.

3.2.1.4 – Massa específica e teor de ar incorporado

Massa específica é a relação entre a massa da argamassa e o seu volume,

podendo ser absoluta ou relativa. Na determinação da massa específica absoluta

não são considerados os vazios existentes no volume da argamassa, em

contrapartida, para determinação da massa relativa e/ou massa unitária,

consideram-se os vazios conforme afirmam Maciel, Barros e Sabbatini (1998).

De acordo com Carasek (2007), a massa específica varia com o teor de ar

(principalmente se for incorporado por meio de aditivos) e com a massa

específica dos materiais constituintes da argamassa, prioritariamente do

agregado. Quanto mais leve for a argamassa, mais trabalhável será a longo

prazo, reduzindo esforço em sua aplicação e resultando em maior produtividade.

A NBR 13278 (ABNT, 1995) prescreve que o cálculo da densidade de massa (A),

no estado fresco é realizado através da seguinte equação:

A = Mc – Mv Vr

Onde:

Mc = massa do recipiente cilíndrico, contendo argamassa de ensaio, em g;

Mv = massa do recipiente cilíndrico de PVC vazio, em gramas;

Vr = volume do recipiente cilíndrico de PVC, em cm3.

Page 19: Argamassas de Revestimento

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Teor de ar incorporado é a quantidade de ar existente em um determinado

volume de argamassa. A massa específica e o teor de ar incorporado influenciam

na trabalhabilidade das argamassas.

A NBR 13278 (ABNT, 1995) define a seguinte equação para o cálculo do teor de

ar incorporado na argamassa (Al):

Al = 100 x {1 – A/B}

Onde:

A = valor da densidade da massa

B = densidade de massa teórica da argamassa, sem vazios.

3.2.2 – Propriedades no estado endurecido

3.2.2.1 - Aderência

É a propriedade de adesão das argamassas influenciada pela condição

superficial do substrato, pelos materiais componentes da argamassa, pela

capacidade de retenção de água e pela espessura do revestimento.

Maciel, Barros e Sabbatini (1998) afirmam que a aderência é uma propriedade

que o revestimento tem em manter-se fixo ao substrato, através da resistência às

tensões normais e tangenciais que surgem na interface base-revestimento. É

resultante da resistência de aderência à tração, da resistência de aderência ao

cisalhamento e da extensão de aderência da argamassa. A aderência depende

das propriedades da argamassa no estado fresco, dos procedimentos de

execução do revestimento, da natureza e características da base e da sua

limpeza superficial. A resistência de aderência à tração do revestimento pode ser

medida através do ensaio de arrancamento por tração.

Carasek (2007) informa que a aderência da argamassa endurecida ao substrato é

um fenômeno essencialmente mecânico devido, basicamente, a penetração da

pasta aglomerante ou da própria argamassa nos poros ou entre as rugosidades

da base de aplicação. Outra parcela menos significativa que contribui para a

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aderência das argamassas aos substratos são as ligações secundárias do tipo

Van der Waals. Quando a argamassa no estado plástico entra em contato com a

superfície absorvente do substrato, parte da água de amassamento, que contém

em dissolução ou estado coloidal os componentes do aglomerante, penetra pelos

poros e pelas cavidades do substrato. No interior dos poros ocorrem fenômenos

de precipitação dos produtos de hidratação do cimento e da cal, e transcorrido

algum tempo, esses precipitados intracapilares exercem ação de ancoragem da

argamassa à base.

3.2.2.2 - Capacidade de absorção e deformações

De acordo com Maciel, Barros e Sabbatini (1998) é a propriedade que o

revestimento apresenta quando exposto a pequenas tensões, devendo suportar

as mesmas sem apresentar rupturas ou deformações que comprometam sua

estrutura, aderência, estanqueidade e durabilidade.

Segundo Carasek (2007) as deformações podem ser de grande ou de pequena

amplitude. O revestimento só tem a responsabilidade de absorver as

deformações de pequena amplitude que ocorrem em função da ação da umidade

ou da temperatura e não as de grande amplitude, provenientes de outros fatores,

como recalques estruturais, por exemplo.

A capacidade de absorver deformações depende:

• do módulo de deformação da argamassa - quanto menor for o módulo de

deformação (menor teor de cimento), maior a capacidade de absorver

deformações;

• da espessura das camadas - espessuras maiores contribuem para melhorar

essa propriedade; entretanto, devem-se tomar cuidado para não se ter

espessuras excessivas que poderão comprometer a aderência;

• das juntas de trabalho do revestimento - as juntas delimitam panos com

dimensões menores, compatíveis com as deformações, contribuindo para a

obtenção de um revestimento sem fissuras prejudiciais;

Page 21: Argamassas de Revestimento

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• da técnica de execução - a compressão após a aplicação da argamassa e,

também, a compressão durante o acabamento superficial, iniciado no

momento correto, vão contribuir para o não aparecimento de fissuras. O

aparecimento de fissuras prejudiciais compromete a aderência, a

estanqueidade, o acabamento superficial e a durabilidade do revestimento.

3.2.2.3 – Retração

A retração ocorre devido à perda rápida e acentuada da água de amassamento e

pelas reações na hidratação dos aglomerantes, fatos que provocam as fissuras

nos revestimentos. As argamassas ricas em cimento apresentam maiores

disponibilidades para o aparecimento de fissuras durante a secagem.

Segundo Fiorito (2003), o endurecimento da argamassa é acompanhado por uma

diminuição do volume em função da perda de água evaporável ocasionada pelas

reações de hidratação. Mesmos após a secagem notamos variações

dimensionais em função do grau higrométrico do ambiente, tal fenômeno é

conhecido como “retração”.

Carasek (2007) afirma que a retração é resultado de um mecanismo complexo,

associado com a variação de volume da pasta aglomerante e apresenta papel

fundamental no desempenho das argamassas aplicadas, especialmente quanto à

estanqueidade e à durabilidade.

3.2.2.4- Resistência mecânica

De acordo com Carasek (2007), a resistência mecânica diz respeito à

propriedade dos revestimentos de possuírem um estado de consolidação interna

capaz de suportar esforços mecânicos das mais diversas origens e que se

traduzem, em geral, por tensões simultâneas de tração, compressão e

cisalhamento.

Page 22: Argamassas de Revestimento

22

A NBR 13281 (ABNT, 2001) prescreve que os requisitos mecânicos e reológicos

das argamassas devem estar em conformidade com as exigências indicadas na

tabela 2:

Tabela 2 – Exigências mecânicas e reológicas para argamassas

Características Identificação Limites Método

I ≥ 0,1 e < 4,0

II ≥ 4,1 e ≤ 8,0 Resistência à compressão aos

28 dias (MPa) III > 8,0

NBR 13279

Normal ≥ 80 e ≤ 90 Capacidade de retenção de água (%)

Alta > 90 NBR 13277

A < 8

B ≥ 8 e ≤ 18 Teor de ar incorporado (%)

C > 18

NBR 13278

3.2.2.5 – Durabilidade

É a propriedade que a argamassa apresenta para resistir ao ataque de meios e

agentes agressivos, mantendo suas características físicas e mecânicas

inalteradas com o decorrer do tempo e de sua utilização.

De acordo com Maciel, Barros e Sabbatini (1998), durabilidade é uma

propriedade do período de uso do revestimento no estado endurecido e que

reflete o desempenho do revestimento frente às ações do meio externo ao longo

do tempo. Alguns fatores prejudicam a durabilidade dos revestimentos, tais como:

fissuração, espessura excessiva, cultura e proliferação de microorganismos,

qualidade das argamassas e a falta de manutenção.

3.3 - Materiais componentes das argamassas de reves timentos

3.3.1 - Aglomerantes

Conforme definido por Silva (1991), aglomerantes são substâncias finamente

pulverizadas que, pela mistura com água, formam uma pasta que tem poder

cimentante, isto é, podem ligar materiais pétreos. O endurecimento se dá

Page 23: Argamassas de Revestimento

23

lentamente e é resultante de uma reação química, física ou físico-química entre o

aglomerante e a água.

3.3.1.1 - Cimento

De acordo com o Boletim Técnico BT-106 (ABCP, 2002), cimento Portland é um

pó fino com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece

sob ação da água. Depois de endurecido, mesmo que seja novamente submetido

à ação da água, o cimento Portland não se decompõe mais.

O cimento Portland é composto de clínquer e de adições. O clínquer é o principal

componente e tem como matérias-primas o calcário e a argila. A rocha calcária é

primeiramente britada, depois moída e em seguida misturada, em proporções

adequadas com argila moída. A mistura formada atravessa então um forno

giratório de grande diâmetro e comprimento, cuja temperatura interna chega a

alcançar 1450 oC. O intenso calor transforma a mistura em um novo material,

denominado clínquer, que se apresenta sob a forma de pelotas. Na saída do

forno o clínquer, ainda incandescente, é bruscamente resfriado para

posteriormente ser finamente moído, transformando-se em pó. O clínquer em pó

tem a peculiaridade de desenvolver uma reação química em presença de água,

na qual ele, primeiramente, torna-se pastoso e, em seguida, endurece, adquirindo

elevada resistência e durabilidade. Essa característica adquirida pelo clínquer faz

dele um ligante hidráulico muito resistente.

As adições são misturadas ao clínquer na fase de moagem e permitem a

fabricação dos diversos tipos de cimento Portland disponíveis no mercado. As

adições são o gesso, a escória de alto-forno, os materiais pozolânicos e os

carbonáticos. O gesso tem como função básica controlar o tempo de pega, isto é,

o início do endurecimento do clínquer moído quando este é misturado com água.

Caso não se adicionasse o gesso à moagem do clínquer, o cimento, quando

entrasse em contato com a água, endureceria quase que instantaneamente, o

que inviabilizaria seu uso nas obras. Por isso, o gesso é uma adição presente.

Page 24: Argamassas de Revestimento

24

Segundo Bauer (2000) os constituintes fundamentais do cimento Portland são: a

cal (CaO), a sílica (SiO2), a alumina (Al2O3), o óxido de ferro (Fe2O3), certa

proporção de magnésia (MgO) e uma pequena porcentagem de anidrido sulfúrico

(SO3), que é adicionado após a calcinação para retardar o tempo de pega do

produto. Cal, sílica, alumina e óxido de ferro são os componentes essenciais do

cimento Portland, e constituem, geralmente, 95% a 96% do total na análise de

óxidos. A magnésia, que parece permanecer livre durante todo o processo de

calcinação, está usualmente presente na proporção de 2 a 3%, limitada pelas

especificações ao máximo permissível de 6,4%. Os óxidos menores comparecem

em proporção inferior a 1%, excepcionalmente 2%.

Em relação às propriedades físicas do cimento Portland, Silva (1991) considera

três aspectos distintos: propriedade do produto na sua condição natural em pó,

na mistura do cimento e água em proporções convenientes e na mistura da pasta

com agregados. Já as propriedades químicas estão diretamente ligadas ao

processo de endurecimento por hidratação.

Segundo o Boletim Técnico BT-106 (ABCP, 2002), existem no Brasil diversos

tipos de cimento Portland, que diferem entre si, principalmente pela sua

composição. Os principais tipos empregados nas diversas obras de construção

civil são:

• cimento Portland comum;

• cimento Portland composto;

• cimento Portland de alto-forno;

• cimento Portland pozolânico.

Os seguintes tipos de cimento são consumidos em menor escala em função da

oferta ou das suas características especiais de aplicação:

• cimento Portland de alta resistência inicial;

• cimento Portland resistente aos sulfatos;

• cimento Portland branco;

• cimento Portland de baixo calor de hidratação;

Page 25: Argamassas de Revestimento

25

• cimento para poços petrolíferos.

(Todos os tipos de cimento mencionados são regidos pelas normas da ABNT).

O primeiro cimento Portland lançado no mercado brasileiro foi o conhecido CP,

correspondendo atualmente ao CPI, um tipo de cimento Portland comum sem

quaisquer adições além do gesso que é utilizado como retardador da pega. Ele

acabou sendo considerado na maioria das aplicações usuais como termo de

referência para comparação com as características e propriedades dos tipos de

cimento posteriormente aparecidos. Foi a partir do amplo domínio científico e

tecnológico sobre o cimento Portland comum que puderam desenvolver outros

tipos de cimento, cujo objetivo inicial foi de atender aos casos especiais. Com o

tempo verificou-se que alguns desses cimentos, inicialmente imaginados como

especiais, tinham desempenho equivalente ao do cimento Portland comum

original, atendendo plenamente às necessidades da maioria das aplicações

usuais e apresentando, em muitos casos, inclusive, alguma vantagem adicional.

A partir dos bons resultados dessas conquistas e a exemplo de países

tecnologicamente mais avançados, como o da União Européia, surgiu no

mercado brasileiro em 1991 um novo tipo de cimento, o cimento Portland

composto, cuja composição é intermediária entre os cimentos Portland comuns e

os cimentos Portland com adições (alto-forno e pozolânico), estes últimos já

disponíveis há algumas décadas. A tabela 3 apresenta a composição dos

cimentos Portland comuns e compostos.

Tabela 3 - Composição dos cimentos Portland comuns e compostos

Composição (% em massa)

Tipo de Clínquer Escória Material Material

Cimento Sigla + Granulada pozolânico Carbonático

Portland gesso de alto-forno (Sigla Z) (Sigla F)

(Sigla E)

Norma Brasileira

CP I 100 - Comum

CPI-S 99-95 1-5 NBR 5732

CPII-E 94-56 6-34 - 0-10

Composto CPII-Z 94-76 - 6-14 0-10 NBR 11578

CPII-F 94-90 - - 6-10

Page 26: Argamassas de Revestimento

26

Em relação aos cuidados necessários no armazenamento do cimento Portland,

Bauer (2000) recomenda que o local deve estar isento de qualquer risco que

possa causar a hidratação. A embalagem de papel dos sacos de cimento não

garante a impermeabilização necessária, razão pela qual não se deve armazenar

cimento por muito tempo. Os barracões para armazenamento de cimento devem

ser bem cobertos e fechados, devendo o assoalho estar acima do nível do solo.

3.3.1.2 – Cal

A NBR 7175 (ABNT, 2003) define cal hidratada como um pó obtido pela

hidratação da cal virgem, constituído essencialmente de uma mistura de hidróxido

de cálcio e hidróxido de magnésio, ou ainda, de uma mistura de hidróxido de

cálcio, hidróxido de magnésio e óxido de magnésio.

O processo industrial consiste nas seguintes operações:

• extração da matéria-prima e britagem;

• seleção da faixa granulométrica ótima e transporte para o forno;

• calcinação e controle do grau de calcinação;

• moagem adequada para cada tipo de hidratador;

• armazenamento da cal virgem;

• hidratação e moagem;

• ensacamento e distribuição para comercialização.

Segundo a ABPC, na construção civil a cal é utilizada principalmente na forma

hidratada, como componente fundamental no preparo de argamassas de

assentamento e de revestimento de grande durabilidade e ótimo desempenho.

Bauer (2000) afirma que a cal hidratada oferece sobre a cal virgem algumas

vantagens, entre elas a maior facilidade de manuseio, transporte e

armazenamento. É um produto pronto para ser utilizado, eliminando em canteiro

a operação de extinção e de envelhecimento. Sendo um produto seco e

pulverulento, oferece maior facilidade de mistura na elaboração das argamassas

do que a pasta de cal resultante da cal virgem.

Page 27: Argamassas de Revestimento

27

A NBR 7175 (ABNT, 2003) especifica três tipos de cal hidratada, CH-I, CH-II,

CH-III e define os requisitos químicos e físicos conforme tabelas 4 e 5.

Tabela 4 – Exigências químicas

Limites Requisitos

CH I CH II CH III

Na fábrica ≤ 5 % ≤ 5 % ≤ 13 % Anidrido carbônico(CO2)

No depósito ≤ 7 % ≤ 7 % ≤ 15 %

Óxidos de cálcio e de magnésio não hidratado calculado (CaO+MgO)

≤ 10 % ≤ 15 % ≤ 15 %

Óxidos totais na base de não-voláteis

(CaO + MgO) ≥ 90 % ≥ 88 % ≥ 88 %

Tabela 5 – Exigências físicas

Limites Requisitos

CH I CH II CH III

Peneira 0,600 mm ≤ 0,5 % ≤ 0,5 % ≤ 0,5 % Finura (% retida acumulada) Peneira 0,075 mm ≤ 10 % ≤ 15 % ≤ 15 %

Retenção de água ≥ 75 % ≥ 75 % ≥ 70 %

Incorporação de areia ≥ 3,0 ≥ 2,5 ≥ 2,2

Estabilidade Ausência de cavidade ou protuberâncias

Plasticidade ≥ 110 ≥ 110 ≥ 110%

3.3.2 – Agregados (areia natural e artificial)

Conforme definições de Bauer (2000), agregado é o material particulado,

incoesivo, de atividade química praticamente nula, constituído de misturas de

partículas cobrindo extensa gama de tamanhos. Ressalta, também, que as areias

de rio provêm de depósitos sedimentares que se formam nos leitos de alguns

rios, cuja extração se faz por dragas de sucção que bombeiam a água, contendo

de 5 a 10% de areia, para lagoas de decantação, de onde o material é retirado.

Podem ser retiradas de depósitos aluvionares em fundos de vales cobertos por

capa de solo, cuja extração é realizada por escavação mecânica ou por desmonte

hidráulico.

Page 28: Argamassas de Revestimento

28

Podemos afirmar que são materiais de formato granular, relativamente inertes e

classificados com base na sua composição granulométrica. De acordo com a sua

origem podem ser definidos como natural ou artificial.

• Agregados naturais - são obtidos através da exploração de jazidas naturais ou

retirados dos leitos dos rios através de dragagem.

• Agregados artificiais – são obtidos através de processos industriais como a

britagem de rochas.

A NBR 7211 (ABNT, 1983) classifica como agregado miúdo as areias de origem

natural ou resultante do britamento de rochas estáveis, ou mistura de ambas,

cujos grãos passam pela peneira ABNT 4,8 mm ficam retidos na peneira ABNT

0,075 mm. Define, também, que a granulometria determinada segundo a NBR

7217, deve cumprir os limites de apenas uma das zonas indicadas na tabela 6.

Tabela 6 – Limites granulométricos de agregado miúdo

Porcentagem em peso, retida acumulada na peneira AB NT

Zona 1 Zona 2 Zona 3 Zona 4 Peneiras

ABNT

(muito fina) (fina) (média) (grossa)

9,5 mm 0 0 0 0

6,3 mm 0 a 3 0 a 7 0 a 7 0 a 7

4,8 mm 0 a 5 (A) 0 a 10 0 a 11 0 a 12

2,4 mm 0 a 5 (A) 0 a 15 (A) 0 a 25 (A) 5 (A) a 40 (A)

1,2 mm 0 a 10 (A) 0 a 25 (A) 10 (A) a 45 (A) 30 (A) a 70 (A)

0,6 mm 0 a 20 21 a 40 41 a 65 66 a 85

0,3 mm 50 a 85 (A) 60(A) a 88 (A) 70(A) a 92 (A) 80(A) a 95

0,15 mm 85(B) a 100 90(B) a 100 90(B) a 100 90(B) a 100

A: Pode haver uma tolerância de até um máximo de 5% em um dos limites

marcados com a letra A ou distribuídos em vários deles.

B: Para agregado miúdo artificial este limite poderá ser 80%.

Segundo Silva (1991), os agregados devem ser isentos de substâncias nocivas

que prejudiquem as reações e o endurecimento. Nas areias naturais podem ser

encontradas partículas de argila e silte (material pulverulento), húmus (impurezas

Page 29: Argamassas de Revestimento

29

orgânicas), torrões de argila, gravetos, micas, sais, etc. Já nas areias artificiais há

elevado teor de material pulverulento que exige maior quantidade de água e

reduz a aderência da pasta de cimento.

3.3.3 – Adições

São materiais em pó empregados na elaboração das argamassas a fim de alterar

determinadas propriedades do material no estado fresco e/ou endurecido,

tornando-o mais manuseável ou incrementando suas características em relação à

resistência físico-química.

Segundo a NBR 13529 (ABNT, 1995), adições são materiais inorgânicos naturais

ou industriais finamente divididos, adicionados às argamassas para modificar as

suas propriedades e cuja quantidade é levada em consideração no proporciona

mento.

Segundo Carvalho Júnior (2005), adições são materiais finamente divididos, com

capacidade de conferir algumas propriedades à argamassa. Na maioria das

vezes, não possuem poder aglomerante, atuando como agregados, e, de modo

geral, possuem poder aglutinante (promovem a liga). As adições mais comuns

presentes nas argamassas são as pozolanas (materiais provenientes de rochas

vulcânicas, resíduos de termoelétricas e outros que apresentem atividade

pozolânica), o pó calcário, também conhecido como filler (material finamente

dividido constituído essencialmente de calcário ou dolomitos) e os pigmentos que

apenas conferem à argamassa coloração, não interferem em resistência

mecânica e se diferenciam entre si pelos tipos: orgânicos e inorgânicos.

3.3.4 – Aditivos

São produtos químicos que se adicionam ao traço das argamassas com a

finalidade de melhorar suas características relativas à plasticidade, tempo de

utilização, resistência mecânica, impermeabilidade, aparência e durabilidade.

Page 30: Argamassas de Revestimento

30

Bauer (2000) faz uma severa recomendação quanto à qualificação do pessoal

que diretamente emprega o aditivo, não somente na obra, mas nos próprios

fabricantes que ficariam resguardados das conseqüências do mau emprego de

seus produtos.

Os principais aditivos empregados nas argamassas são:

• incorporadores de ar que melhoram a plasticidade e a adesão inicial e

aumentam a retenção de água. Entretanto, reduzem as resistências à

compressão, flexão e aderência;

• plastificantes que melhoram a trabalhabilidade das argamassas. Segundo

SILVA (1991), ocorre redução na quantidade de água e conseqüente aumento

da resistência com menor consumo de cimento e diminuição da retração;

• retentores de água diminuem a absorção de água pelo substrato, evaporação

e exsudação de água da argamassa fresca;

• retardadores de pega retardam o início da hidratação do cimento;

• adesivos proporcionam aderência química com o substrato;

• hidrofugantes reduzem a absorção de água da argamassa, sem impedir a

troca de gazes com o meio;

• impermeabilizantes reduzem a permeabilidade, porém não garantem a

impermeabilização total devido suas falhas quando ocorrem novas fissuras no

revestimento. Silva (1991) ressalta que podem agir de dois modos: por

obturação dos poros ou por ação repulsiva sobre a água.

3.3.5 - Água de amassamento

A água destinada ao amassamento da argamassa deve ser armazenada em

caixas estanques e protegidas a fim de evitar a contaminação por substâncias

estranhas. Em caso de dúvida sobre a qualidade da água, ou quando for

constatada qualquer contaminação, amostras devem ser coletadas para análise.

A princípio considera-se que toda água potável é apropriada para uso em

argamassa.

Page 31: Argamassas de Revestimento

31

Silva (1991) denomina água de amassamento como a água usada na confecção

da argamassa. Ressalta que deve ser livre de impurezas que afetem sua reação

com o cimento.

A NBR 11560 (ABNT, 1990) especifica como regra geral que as águas potáveis são consideradas satisfatórias desde que apresentem os seguintes valores: • pH entre 6,0 e 8,0;

• Matéria orgânica (em oxigênio consumido) = 5 mg/l;

• Resíduos sólidos = 4000 mg/l; • Sulfatos (em íons SO2 ) = 300 mg/l;

• Cloretos (em íons cl-) = 250 mg/l;

• Açúcar = ausente.

3.4 – Tipos de preparo e fornecimento das argamassa s de revestimentos

De acordo com Maciel, Barros e Sabbatini (1998) a produção de argamassa

significa a mistura ordenada dos seus materiais constituintes, nas proporções

estabelecidas e por um determinado período de tempo, utilizando equipamentos

específicos para este fim. Quanto à maneira de produção a argamassa pode ser

preparada em obra, industrializada fornecida em sacos ou silos. Cada um desses

tipos de argamassa interfere nas atividades de produção e no seu

sequenciamento, na escolha das ferramentas e equipamentos necessários para

produção, bem como na adequação do próprio canteiro de obras.

3.4.1 – Argamassa dosada na obra

As quantidades dos materiais constituintes são medidas e transportados até ao

equipamento de mistura. Os equipamentos necessários são a betoneira ou

argamassadeira, carrinhos-de-mão ou padiolas, pás e peneiras.

4

Page 32: Argamassas de Revestimento

32

3.4.2 – Argamassa industrializada fornecida em saco s

O material em pó é adicionado na quantidade específica no equipamento de

mistura, seguida da adição de água. Os equipamentos necessários são a

argamassadeira e os recipientes para a adição da água.

Segundo Alves (2006), os ingredientes dessas argamassas podem ser um ou

mais aglomerantes, material inerte e ainda outros aditivos para permitir maior

ancoragem mecânica e química.

3.4.3 – Argamassa fornecida em silos

A medição é mecanizada, onde o equipamento de mistura pode ser acoplado no

próprio silo ou outro equipamento localizado nos pavimentos do edifício onde se

efetua a mistura. Os equipamentos são os específicos para este sistema.

3.4.4 – Argamassa dosada na central

Nas argamassas dosadas em central são realizados todos os controles de

qualidades dos materiais onde são medidos em massa ou em volume, misturados

e transportados em caminhão betoneira. Os equipamentos necessários são o

laboratório, a pá carregadeira, a central dosadora e o caminhão betoneira.

3.4.5 – Serviço de revestimento

A NBR 7200 (ABNT, 1998) apresenta o seguinte organograma para o

acompanhamento do serviço de revestimento conforme Figura 3.

Page 33: Argamassas de Revestimento

33

Figura 3 – Organograma para acompanhamento dos serviços de revestimento.

3.5 – Tipos de aderência da argamassa ao substrato

A NBR 13528 (ABNT, 1995) define aderência como propriedade do revestimento

de resistir a tensões normais ou tangenciais atuantes na interface dos substratos.

3.5.1 – Aderência mecânica

É a penetração da pastas da argamassa nos poros ou entre a rugosidade da

base de aplicação caracterizada pela indentação ou engaste entre as partículas

do substrato e da argamassa.

Page 34: Argamassas de Revestimento

34

Carasek (2007) descreve que quando a argamassa no estado plástico entra em

contato com a superfície absorvente do substrato, parte da água de

amassamento, que contém em dissolução ou estado coloidal os componentes do

aglomerante, penetra pelos poros e cavidade do substrato. No interior dos poros

ocorrem fenômenos de precipitação dos produtos de hidratação do cimento e da

cal, e após algum tempo, esses precipitados intracapilares exercem ação de

ancoragem da argamassa a base. Em seus estudos micro-estruturais

empregando microscópio eletrônico de varredura, confirmou que a aderência

decorre do intertravamento principalmente da etringita (um dos produtos de

hidratação do cimento) no interior dos poros do substrato. Tendo em vista o

mecanismo de ligação, pode-se concluir que quanto melhor for o contato entre a

argamassa e o substrato, maior será a aderência obtida. Dessa forma, a

aderência está diretamente relacionada com a trabalhabilidade (ou reologia) da

argamassa, com a energia de impacto no processo de execução, das

características e propriedades dos substratos e de fatores externos. A figura 4

ilustra os principais fatores que exercem influência na aderência.

Figura 4 – fatores que exercem influência na aderência de argamassa sobre base

porosa.

ARGAMASSA

EXECUÇÃO

ADERÊNCIA CONDIÇÕES

CLIMÁTICAS

SUBSTRATO

Reologia, adesão inicial, retenção de água, etc.

Temperatura e vento.

Sucção de água, rugosidade, porosidade, etc.

Energia de impacto, projeção mecanizada, limpeza e preparo da base, cura, etc.

Page 35: Argamassas de Revestimento

35

3.5.2 – Aderência química

A aderência química é proporcionada com a introdução de aditivos adesivos que

possuem a capacidade de melhorar a aderência das argamassas. Os aditivos

adesivos podem ser à base de PVA, polímeros e resinas. A introdução destes

produtos se apresenta como uma opção para revestimento em bases com

condições de porosidade, rugosidade e absorção de água incompatível com o

desenvolvimento do sistema de aderência mecânico, como estruturas metálicas.

3.6 – Determinação da resistência de aderência à tr ação

A NBR 13528 (ABNT, 1995) prescreve o método para determinação da

resistência de aderência à tração de revestimento de paredes e tetos de

argamassas inorgânicas de acordo com a seguinte metodologia:

3.6.1 – Execução do ensaio

3.6.1.1 - Corpos-de-prova

Os corpos-de-prova podem ser preparados in situ, em revestimento de

construção acabada, antigas ou recentes, ou preparados em laboratório, em

revestimentos aplicados sobre painéis de alvenaria, componentes de alvenaria

(blocos e tijolos), placas de concreto, etc.

3.6.1.2 – Definição da amostragem

Para amostragem, definir a área de revestimento necessária ao número de

corpos-de-prova a ser ensaiado.

Page 36: Argamassas de Revestimento

36

3.6.1.3 – Quantidades de corpos-de-prova

Devem-se ensaiar pelo menos seis corpos-de-prova, para cada situação,

espaçados entre si e dos cantos ou quinas em no mínimo 50 mm.

3.6.1.4 – Execução dos cortes nos corpos-de-prova

Para corpos-de-prova de seção circular, o corte deverá ser realizado antes da

colagem da pastilha, para corpos-de-prova de seção quadrada, o corte deverá ser

realizado após a colagem da pastilha. O corte deve ser executado a seco ou com

água, conforme as características da argamassa. Quando o corte é feito a úmido,

fazê-lo com antecedência suficiente para que o revestimento esteja seco no

momento da colagem da pastilha. O corte não deve comprometer a integridade

do revestimento. O corte deve ser feito até 5 mm dentro do substrato, no caso de

avaliação da aderência entre camadas de revestimento, aprofundar o corte 5mm

além da camada de interesse.

3.6.2 – Fixação das pastilhas

3.6.2.1 – Preparo da superfície

Escovar e remover partículas destacáveis da superfície dos corpos-de-prova,

completar a limpeza utilizando uma fita crepe para remoção de partículas soltas.

3.6.2.2 – Colagem das pastilhas

Para a colagem de pastilhas circular em superfície vertical é necessário colocar

uma tira de papelão para impedir o escorrimento da cola e o deslizamento da

pastilha. A superfície da pastilha deve estar isenta de quaisquer resíduos de

ensaios anteriores, a cola deve ser aplicada com uma espátula sobre o

revestimento durante cerca de 30 segundos. O excesso de cola deve ser

Page 37: Argamassas de Revestimento

37

removido completamente com auxílio de uma faca ou estilete. Para a colagem de

pastilhas de seção quadrada, deve-se evitar o deslizamento da pastilha.

3.6.3 – Ensaio

3.6.3.1 – Taxa de carregamento

A taxa de carregamento deve ser selecionada conforme a tabela 7, em função da

resistência de aderência à tração provável e de tal modo que o ensaio dure entre

10 e 80 segundos.

Tabela 7 – Taxa de carregamento para corpos-de-prova de seção circular de 50

mm de diâmetro.

Resistência de aderência Taxa de carregamento

(MPa) (N/s)

Até 0,20 5

Acima de 0,20 a 0,50 25

Acima de 0,50 a 1,00 100

Acima de 1,00 200

Nota:

Para corpos-de-prova de seção quadrada de 100 mm, multiplicar a taxa de

carregamento por 5.

Page 38: Argamassas de Revestimento

38

3.6.3.2 – Acoplamento do equipamento de tração

Acoplar o equipamento de tração à pastilha conforme ilustra a figura 5.

Figura 5 – esquema para realização do ensaio.

3.6.3.3 – Esforço de tração

Aplicar o esforço de tração perpendicularmente ao corpo-de-prova com a taxa de

carregamento escolhida, até a ruptura do corpo-de-prova.

3.6.3.4 – Registro das cargas

Anotar a carga de ruptura do corpo-de-prova, em N;

3.6.3.5 – Falhas de colagem das pastilhas

Deve-se examinar a pastilha do corpo-de-prova arrancado quanto a eventuais

falhas de colagem. Em caso de falha desta natureza a determinação deve ser

repetida.

Page 39: Argamassas de Revestimento

39

3.6.3.6 – Formas de ruptura dos corpos-de-prova

Examinar e registrar a forma de ruptura do corpo-de-prova conforme as situações

das figuras abaixo:

Figura 6 (a) – Ruptura na interface do revestimento com o substrato.

Figura 7 (b) – Ruptura da argamassa de revestimento.

Figura 8 (c) – Ruptura do substrato.

Page 40: Argamassas de Revestimento

40

Figura 9 (d) – Ruptura na interface do revestimento com a cola.

Figura 10 (e) – Ruptura na interface da cola com a pastilha.

3.6.3.7 – Informações sobre o revestimento ensaiado

A espessura do revestimento e de suas camadas constituintes devem ser

medidas e registradas.

3.6.4 – Apresentação dos resultados

3.6.4.1 – Cálculo da resistência de aderência à tra ção

A resistência de aderência à tração é calculada pela seguinte fórmula:

Ra = P A

Ra = resistência de aderência à tração (MPa);

P = carga de ruptura (N);

A = área da pastilha (mm2);

Page 41: Argamassas de Revestimento

41

Nota:

• a carga (P) e a área (A) devem ser registradas na fórmula em números inteiras,

enquanto que os valores de resistência de aderência à tração devem ser

expressos com duas casas decimais;

• o cálculo da média e do coeficiente de variação da resistência de aderência à

tração somente pode ser feito para as pastilhas que apresentarem a mesma

forma de ruptura.

3.6.4.2 – Resultados

O documento de apresentação dos resultados do ensaio deve fazer referência a

Norma 13528 e incluir as seguintes informações:

• identificação da argamassa de revestimento;

• identificação do substrato;

• modo de preparo da argamassa;

• modo de aplicação da argamassa;

• identificação das paredes ou tetos em que os corpos-de-prova foram

ensaiados;

• seção dos corpos-de-prova (circular ou quadrada);

• tipo de corte (a seco ou com água) e a sua profundidade;

• características do equipamento de tração utilizado e taxa de carregamento;

• data ou período dos ensaios;

• valor da resistência de aderência à tração, forma de ruptura ocorrida e

espessura do revestimento em cada corpo-de-prova.

Page 42: Argamassas de Revestimento

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4 - ENSAIO REALIZADO

4.1 – Características do revestimento ensaiado

• Especificação: argamassa dosada em central – traço 1:6 – Tipo: REA

Tabela 8 – Traço da argamassa do ensaio.

Aditivos Cimento Areia

natural Areia

artificial Filito Água

LA200 Sikanol

Kg m3 m3 m3 l/m 3 l/m 3 l/m 3

236 0,480 0,384 0,318 290 3,30 0,18

• Aplicação: revestimento externo para aplicação de revestimento cerâmico.

• Idade do revestimento: >28 dias.

• Data do ensaio: 18/12/97

• Substrato: alvenaria de bloco cerâmico chapiscado.

4.2 – Equipamentos e materiais do ensaio

4.2.1 - Célula de carga

• Marca: Kratos

• Modelo: III

• Capacidade: 200 Kg (leitura digital)

• Série: IBG5622

4.2.2 – Demais equipamentos

• Base para tração mecânica;

• Jogos de pastilhas;

• Dispositivo de corte;

• Cola a base de resina epóxi, etc.

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4.3 – Resultados do ensaio.

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5. ANÁLISE CRÍTICA

Para que os revestimentos apresentem resistências de aderência adequadas com

as prescrições normativas, deverão ser observados alguns procedimentos a fim

de garantir a qualidade da estrutura do revestimento.

Na aplicação do chapisco, torna-se necessário alguns cuidados, tais como,

eliminação das sujeiras e incrustações, preenchimento correto dos vazios ou

rasgos e traços adequados. É recomendável que seja realizada a cura do

chapisco para que o mesmo possa receber a camada de reboco e/ou emboço,

senão a ligação entre ambos ficará comprometida.

Já em relação ao revestimento, o mesmo deverá possuir boa trabalhabilidade e

retenção de água que possibilitará boa adesividade inicial. A trabalhabilidade

poderá ser melhorada através da adição de aditivos incorporadores de ar, porém

devem-se levar em conta os cuidados em sua dosagem para não prejudicar sua

aderência e resistência.

A aderência do revestimento está relacionada, também, com a capacidade de

absorção quando submetida a pequenas deformações.

Para obtenção de revestimentos duráveis são necessários cuidados com os

materiais a serem empregados na sua composição. Deverão ser realizados todos

os controles de qualidades especificados pela ABNT para verificação das

condições dos materiais, observando os cuidados necessários para seu

manuseio, armazenamento e dosagem.

Após o endurecido, a aderência do revestimento poderá ser avaliada através da

execução do Ensaio de Resistência de Aderência à Tração conforme especifica a

NBR 13528 (ABNT, 1995).

Page 45: Argamassas de Revestimento

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Para a realização do ensaio apresentado no item 4.3, foram usadas pastilhas de

seção 5 x 5 cm, contrariando a NBR 13528 (ABNT, 1995) que especifica pastilhas

de seção 10 x 10 cm, tal procedimento foi adotado em função da capacidade de

leitura máxima de 200 Kg da célula de carga.

Formas de ruptura apresentado pelo revestimento ensaiado:

• Corpo-de-prova 01 – na seção da pastilha foi observado 80% de chapisco e

20% de alvenaria, ou seja, ocorreu descolamento do chapisco com ruptura do

substrato;

• Corpo-de-prova 02 e 04 – a seção da pastilha apresentou 100% de

argamassa, a ruptura ocorreu na camada do revestimento;

• Corpo-de-prova 05 – a seção da pastilha apresentou 80% de chapisco e 20%

de argamassa, ou seja, houve descolamento do chapisco e ruptura da

camada do revestimento;

• Corpo-de-prova 06 – a seção da pastilha apresentou 100% de chapisco, neste

caso ocorreu à ruptura na interface chapisco e substrato.

Os resultados do ensaio apresentaram Resistências de aderências em média

13% acima do especificado pela NBR 13749 (ABNT, 1996), exceto o resultado do

corpo-de-prova 01 que ficou 23% abaixo do especificado. Analisando o item 5.7.2

da norma supracitada, podemos afirmar que os resultados estão aprovados, pois

o revestimento com idade superior a 28 dias apresentou para o grupo com seis

ensaios, pelo menos quatro resultados superiores aos indicados na tabela 9.

Tabela 9 – Limites de resistência de aderência à tração (Ra).

Local Acabamento Ra

Pintura ou base para reboco

≥ 0,20 Interna

Cerâmica ou laminado ≥ 0,30

Pintura ou base para reboco

≥ 0,30 Parede

Externa

cerâmica ≥ 0,30

Teto ≥ 0,20

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As espessuras do revestimento que variaram entre 20 e 23 mm estão de acordo

com as especificações da NBR 13749 (ABNT, 1996), conforme tabela 10.

Tabela 10 – Espessuras de revestimentos internos e externos

Tipo de revestimento Espessuras (e) (mm)

Parede interna 5 ≤ e ≤ 20

Parede externa 20 ≤ e ≤ 30

Tetos internos e externos e ≤ 20

6. CONCLUSÕES

Para que uma argamassa de revestimento apresente bom desempenho,

qualidade e durabilidade, alguns cuidados deverão ser observado na sua

elaboração, produção e aplicação.

Na elaboração das argamassas de revestimentos devem ser levadas em conta

todas as propriedades exigidas para o estado fresco e endurecido. Para os

aglomerantes, agregados e adições devem ser observados todos os cuidados

necessários desde a sua seleção, armazenamento e controle de qualidade. Os

materiais componentes deverão atender as exigências das normas especificas

para que possam ser empregados nos traços.

Para a produção das argamassas de revestimento, há diversas opções, tais

como, dosadas no canteiro de obra, dosada na central, industrializadas ou

fornecidas em silos. A opção que apresenta maior risco de ocorrer irregularidades

na produção é a argamassa dosada no canteiro de obra, pois há grande

possibilidade de ocorrência de falhas que poderão comprometer a qualidade e

durabilidade, portanto é recomendável maior atenção nas operações desse

processo produtivo.

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47

Na aplicação da argamassa de revestimento deverão ser obedecidos alguns

procedimentos em relação ao tempo a ser empregado na mistura, no tempo de

utilização da argamassa, na aplicação e nas formas de acabamento.

Assim sendo, podemos afirmar que se obedecidas às recomendações registradas

no resumo bibliográfico e as demais recomendações que não fizeram parte do

escopo deste trabalho, poderemos garantir que o revestimento apresentará bom

desempenho, durabilidade e qualidade.

Page 48: Argamassas de Revestimento

48

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023: informação e

documentação - Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7175: cal hidratada para

argamassas. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7200: execução de revestimento

de paredes e tetos de argamassas inorgânicas - Procedimento. Rio de Janeiro:

ABNT, 1998.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7211: agregados para concreto

- Especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1983.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7217: determinação da

composição granulométrica. Rio de Janeiro: ABNT, 1987.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 11560: água destinada ao

amassamento do concreto – Qualidade e controle. Rio de Janeiro: ABNT, 1990.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13277: argamassa para

assentamento de paredes e revestimento de paredes e tetos – determinação da

retenção de água. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13278: argamassa para

assentamento e revestimento de paredes e tetos - Determinação da densidade

de massa e do teor de ar incorporado. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13281: argamassa para

assentamento e revestimento de paredes e tetos – Requisitos. Rio de Janeiro:

ABNT, 2001.

Page 49: Argamassas de Revestimento

49

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13528: revestimento de parede

e tetos de argamassas inorgânicas – Determinação da resistência de aderência à

tração. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13529: revestimento de paredes

e tetos de argamassas inorgânicas. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13749: revestimento de paredes

e tetos de argamassas inorgânicas – Especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1996.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724: informação e documento

trabalhos acadêmicos - apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

Associação Brasileira de Cimento Portland. BT 106: guia básico de utilização do

cimento Portland. São Paulo: ABCP, 2002.

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em: www.abpc.org.br. Acesso em: 13 out. 2008.

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mecânico. 2005. 331 f. Tese de Doutorado apresentado ao curso de Pós-

graduação em Engenharia Metalúrgica e de Minas - Universidade Federal de

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FIORITO, Antônio J. S. I. Manual de Argamassas e Revestimentos. 1ª Ed. São

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